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Arquitetura sobre palafitas
from Nos meandros do Chandless: desenvolvimento sustentável através da pesquisa e ecoturismo na Amazônia
Parque Estadual do Chandless, AC | Elaborado pela autora - Giovanna Ferraz de Arruda
Viver nas áreas de várzea é essencialmente adaptar-se aos períodos de Enchente, Cheia, Vazante e Seca: as habitações são construídas com a premissa de superar as estações e adequarse a elas. Assim, as construções ribeirinhas podem ser palafitas ou flutuantes. As flutuantes podem ser consideradas as mais adaptadas, já que permitem maior flexibilidade por flutuarem e acomodaremse às variações do rio. Já as palafitas possuem menos capacidade de adaptação, são afastadas do solo com estacas de madeira fixadas em terra firme.
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Na concepção de novas propostas é essencial demonstrar soluções que atendam aos obstáculos ambientais das áreas de várzea e complementam aquelas já existentes, evoluindo a forma de se estabeler nestes ambientes. (OLIVEIRA JUNIOR, 2009)
No perímetro de estudo, as construções são essencialmente palafitas desde os períodos de ocupação histórica, quando os seringueiros passaram a construir suas habitações nas margens do rio.
Segundo Weimer (2012), as construções ribeirinhas são manifestações construtivas da população e devem ser entendidas como “(...) arquitetura popular: aquela que é própria do povo e por ele é realizada” (WEIMER, 2012, p. XLI). As características da arquitetura popular são, entre outras, sua simplicidade, adaptabilidade e criatividade. O fato de os materiais utilizados serem fornecidos pelo meio ambiente configuram o caráter da simplicidade, e as técnicas construtivas que se adequam às circunstâncias locais retratam a adaptabilidade da construção. Para a concepção formal funcional e o uso eficiente dos materiais de construção, é necessária uma solução criativa. (WEIMER, 2012, p. XLI-XLII)
No caso dos ribeirinhos que se estabelecem nas margens dos rios amazônicos, a adaptabilidade está relacionada à conformação com a sazonalidade do rio: os ribeirinhos foram obrigados a criar adaptações para suas construções de forma a conviver harmonicamente com os fenômenos naturais que enfrentam anualmente. (OLIVEIRA JUNIOR, 2019)
As casas ribeirinhas do Parque Estadual do Chandless são construídas com a madeira paxiúba (Socratea exorrhiza), abatidas e serradas no local. A estrutura consiste em pilares e vigas com amarrações em tesouras para sustentação da cobertura. A cobertura é de palha ou de telha metálica. As vedações são feitas com tábuas de madeira dispostas verticalmente e fixadas com pregos.
Capítulo 02: Ecoturismo e Pesquisa
Na visão de Karola Tippmann e Donald Sinclair, o turismo sustentável é aquele que procura proteger e preservar os recursos naturais ao mesmo tempo que possibilita uma experiência satisfatória ao visitante e gera benefícios econômicos às comunidades locais.. Na Amazônia, o turismo sustentável deve funcionar como um mecanismo que auxilia o processo de conservação da natureza, fortalece a economia das comunidades e acrescenta valor nas tradições culturais locais. (LEGRAND, SIMONS-KAUFMANN e SLOAN, 2012 p. 37)
Em meio às mudanças climáticas globais, a Amazônia desenvolveu uma reputação como o último “resort selvagem” e o pulmão verde do mundo. Isso juntamente com sua história e cultura, funciona como principais atrativos para turistas potenciais. (LEGRAND, SIMONS-KAUFMANN e SLOAN, 2012 p. 37)
A implementação de atividades sustentáveis que visem a valorização do ambiente biológico e cultural é uma oportunidade de gerar renda monetária para a região. O planejamento turístico que envolva as comunidades locais e a conscientização ambiental é uma forma de desenvolvimento econômico juntamente com o estímulo do interesse em sustentabilidade. (LEGRAND, SIMONS-KAUFMANN e SLOAN, 2012 p. 37)
Rio Purus, AC | Elaborado pela autora - Giovanna Ferraz de Arruda