CINE TROPICÁLIA - BRUNO FERREIRA BONFIM - 2018

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RESUMO Este trabalho parte da proposta de introduzir o contexto histórico do cinema com a cidade de Marília/SP, a partir de uma análise dos Cinemas que existiram na cidade de Marília durante sua história, com a intenção de estabelecer um sentimento de conexão com a cidade com a arte do Cinema dentro de sua história e desenvolvimento. A partir da relação estabelecida entre cinema e cidade, este trabalho pretende estabelecer a criação de um novo Cinema dentro da cidade de Marília/SP a fim de se tornar uma construção que reflita a relação do Cinema com a cidade de Marília e que se torne uma alternativa as presentes salas de cinema dentro de shoppings.. Para seu desenvolvimento foi utilizado a análise do histórico de Marília/SP e sua relação com o Cinema, a fim de denominar sua importância para o desenvolvimento da cidade, e também históricos sobre o Cinema e Cineteatros, para melhor contextualizar o motivo e proposta do tema. Palavras – chave: Cineteatro, Marília, Cinema


ABSTRACT This work is part of the proposal to introduce the historical context of cinema with the city of Marilia / SP, based on an analysis of the Movie Theaters that existed in the city of Marilia during its history, with the intention of establishing a sense of connection with the city with the art of Cinema within its history and development. Based on the relationship established between cinema and city, this work intends to establish the creation of a new Movie Theater in the city of Marilia / SP in order to become a construction that reflects the relation of Cinema with the city of Marilia and becomes and alternative to the present movies inside of shopping malls. For its development was used the analysis of the historical of Marilia / SP and its relation with the Cinema, in order to denominate its importance for the development of the city, and also historical about Cinema and Movie Theater, to better contextualize the motive and proposal of the theme Keywords: Movie Theater, cinema, marilia


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 11 1.1. JUSTIFICATIVA 13 2. COLETA DE DADOS 14 2.1. CINETEATROS 16 2.2. HISTÓRIA DO CINEMA 20 2.2.1. História do Cinema no Brasil 26 2.3. CINETEATROS EM MARÍLIA, SÃO PAULO 27 2.4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 31 2.4.1. Normas de funcionamento de um Cinema 32 2.4.2. Código de Obras e Edificações do Município de Marília 34 2.5. ANÁLISE DE PROJETOS CORRELATOS 38 2.5.1. ÉTOILE CINEMA 38 2.5.2. GAUMONT-PATHÉ CINEMAS/ CINEMA ALÉSIA 46 2.5.3. BUSAN CINEMA CENTER 51 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 56 3.1. PROBLEMATIZAÇÃO 56 3.2. OBJETIVOS 57 4. VIABILIDADE TÉCNICA 58 4.1. BREVE HISTÓRICO DO MUNICIPIO DE MARÍLIA 60 4.2. ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO 62

4.2.1. TERRENO 01 62 4.2.2. TERRENO 02 66 4.2.3. TERRENO 03 70 4.2.4. CONCLUSÃO - ESCOLHA DO TERRENO 73 5. MATERIAIS E MÉTODOS 74 5.1. PROGRAMAS DE NECESSIDADES 76 5.2. PRÉ-DIMENSIONAMENTO 78 5.3. ORGANOGRAMA 80 5.4. FLUXOGRAMA 81 5.5. PARTIDO ARQUITETÔNICO 84 6. MEMORIAL JUSTIFICATIVO 86 7. CONCLUSÃO 89 8. REFERÊNCIAS 90


Scarface (1983)

“Say Hello to my little friend!”


1 INTRODUÇÃO 1.1 JUSTIFICATIVA


Este trabalho tem a proposta de trazer uma análise sobre o patrimônio cultural dos Cinemas que existiram em Marília/SP1 nos anos de fundação da cidade, e com resultado dessa análise, propor um projeto arquitetônico de um novo Cinema dentro de Marília, a fim de servir como um resgate cultural da cidade e também de alternativa aos presentes cinemas dentro de shoppings em Marília. Pretende-se estabelecer, com a implantação do Cinema, algo que se torne uma estrutura viável de realização, utilizando registros históricos de Marília e sua relação com o Cinema para reforçar e justificar o argumento de seu patrimônio histórico. Se faz necessário levar em conta a viabilidade de tal projeto, pois é de senso comum que Cinemas com estruturas próprias não são mais algo que são de uso comum atualmente no Brasil, portanto faz-se necessário justificar sua viabilidade de implantação, já que é uma construção que é reflexão de outra década. Como parte do início do fundamento de um argumento, pode-se encontrar que, segundo pesquisas, houve um aumento dos hábitos culturais no Brasil, segundo uma pesquisa da FecomércioRJ2 em conjunto com a Ipsos3 , ocorreu um crescimento dos hábitos culturais entre brasileiros nos últimos oito anos, principalmente no âmbito do Cinema. O que leva a interpretar que o Cinema ainda tem sua atração e importância, devido a sua maior procura, o que ajuda a reforçar o argumento da implementação do Cinema, para que ele não seja apenas um “elefante branco”, e que tenha apelo

comercial. Pensando nisso, consegue-se traçar, juntamente ao valor cultural dos cineteatros antigos de Marília, um paralelo entre o aumento dos hábitos culturais, que reforça a viabilidade do projeto. Cabe ressaltar, que durante pesquisas, foi identificado que o cinema fez grande parte da história de Marília, cenário que, ainda hoje pode ser descrito por cidadãos da terceira idade. Historicamente os cineteatros foram resultado do avanço de Marília e ao mesmo tempo responsável pela sua evolução cultural, que teve grande impacto no espaço social da época, e podemos identificar tal memória, diante de relatos orais, tais relatos que foram encontrados no trabalho de Thiago Henrique de Almeida Bispo (BISPO, 2016, pg.48), em um dos seus encontros com Roberto Cimino, filho de Roberto Caetano Cimino, um dos “fundadores” do Cine Clube da cidade de Marília.

1 O município de Marília, que está localizado na XIª Região Administrativa do Estado de São Paulo, completou, em 04/04/2018, 89 anos de emancipação política; contém uma população de 235.234 habitantes (segundo estimativa do IBGE/2017) e está distante da capital por 443km por rodovia.

Seguindo essas informações, que serão tratadas mais à frente no trabalho, pode-se retratar a importância do Cinema no desenvolvimento de Marília. E enfim o projeto final propõe ser o retrato da cultura do Cinema que fez parte de Marília, e ao mesmo ser um instrumento viável de uso em seu lado comercial, buscando superar os existentes Cinemas dentro dos Shoppings em Marília, com maiores atrativos, salas, e layout adaptado, usufruindo de cafeteria e pequenas áreas de alimentação, para aumentar o fluxo dentro do Cinema.

2 Fecomércio - Federação do comércio do Rio de Janeiro. Representante dos interesses de todo o

comércio de bens, serviços e turismo do Rio. Rio de Janeiro, 2018. ³ IPSOS Ipsos Group S.A. é uma empresa de pesquisa de mercado global e uma empresa de consultoria com sede mundial em Paris, França.

3 IPSOS Ipsos Group S.A. é uma empresa de pesquisa de mercado global e uma empresa de consultoria com sede mundial em Paris, França.

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Agora tem uma característica do cine Marília, lá pelos anos 50 que foi muito bacana eram as matines, que eram só no cine Marília, tanto as sessões matinais e vespertinas que eram aos domingos, eram filas quilométricas, ia todo mundo pro cine Marília. Começava-se com seriado, eu me lembro do O Cobra, Zorro... Era tudo no cine Marília, era aquela coisa todo mundo batendo o pé no chão quando o mocinho pegava o bandido, aquele barulhão era uma coisa de doido! Isso era fabuloso. Aquilo era em massa, todo mundo vibrava junto! (ROBERTO CIMINO apud ALMEIDA BISPO, 2017).


O projeto busca contribuir para a cidade de Marília como um todo, sendo um meio de entretenimento e um referencial histórico sobre o desenvolvimento de Marília, podendo se tornar até um ícone da cidade, visto seu apelo histórico.

1.1 JUSTIFICATIVA

Este projeto torna-se importante devido ao patrimônio cultural que ele representa e resgata, e também por ser uma alternativa aos cinemas localizados dentro dos Shoppings em Marília, com o objetivo de se tornar a melhor opção, quando alguém pensar em assistir um filme, entregando uma maior gama de salas de cinema e propor um espaço de interação social satisfatório, resultado de sua adaptação de layout para estabelecer e criar um fluxo comercial dentro do Cinema, tornando-o não apenas um espaço de resgate e patrimônio cultural, mas sim uma viável alternativa e opção de entretenimento. Porém é sempre de importância retratar seu valor cultural, pois dada é a importância de tal estudo e a realização de seu projeto arquitetônico pois o tema se encontra em um limiar de resgate cultural e necessidade de fornecer um acesso a tal espaço cultural com um olhar mais voltado a seu valor e qualidade. O estudo de tal forma de espaço cultural, denominado cinema, agregado ao valor cultural de uma cidade, especialmente no caso de Marília, acaba criando uma maior identidade e responsabilidade social e cultural, considerando seu resgate cultural e histórico. Considera-se também o valor de tal projeto, desde que este serve de fomentação social e econômica, movimentando o fluxo urbano da cidade destinado ao uso de tais instrumentos culturais.

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2 COLETA DE DADOS 2.1 CINETEATROS 2.2 HISTÓRIA DO CINEMA 2.2.1 HISTÓRIA DO CINEMA NO BRASIL 2.3 CINETEATROS EM MARÍLIA, SÃO PAULO 2.4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.4.1 NORMAS DE FUNCIONAMENTO DE UM CINEMA 2.4.2 CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DO MUNICÍPIO DE MARÍLIA 2.5 ANÁLISE DE PROJETO CORRELATOS


Window Shopping in NYC

Breakfast At Tiffany’s (1961)


2.1 CINETEATROS Para compreender os Cinemas em seu quesito espacial, deve-se traçar um limiar histórico que vai até o começo do cinema. No capítulo sobre o histórico do cinema, foi encontrado conceitos como Vaudevilles e Nickelodeons, que foram os “palcos” para ajudar o cinema a criar popularidade. Vaudevilles eram a versão americana dos grandes cafés de paris, onde eram apresentados vários tipos de atrações e coisas curiosas para o público. Uma visão geral sobre os Vaudevilles pode ser feita por Khairy (2010): A principal ideia por trás de uma casa de vaudeville era exibir atos ao vivo, cada um durando entre cinco a dez minutos para uma audiência. Enquanto a classe alta não se aventuraria nessas casas, no final de 1800 eram a forma dominante de entretenimento em massa. Os atos geralmente mostram os atos incomuns, ou cômicos, e vários outros atos divertidos, como performances mágicas. Seu sucesso foi provavelmente devido ao preço de admissão muito barato, entre cinco a dez centavos. Houve também uma mudança semanal de atos e isso funcionou perfeitamente, porque os artistas viajariam de todo o país para realizar seus atos para públicos diferentes em diferentes estados. Dessa forma, sempre houve algo novo para o público e os artistas estavam constantemente no emprego. Este método foi chamado de circuito de vaudeville interestadual e foi uma das principais razões pelas quais as pessoas foram atraídas para essas casas semana após semana. (KHAIRY, 2010, tradução nossa).

Os Vaudevilles são resultados do conceito de apresentar filmes para grandes públicos, o que serviu de grande ajuda para o desenvolvimento de um Cineteatro, onde você pode tem pessoas em conjunto assistindo ao filme.

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Os Vaudevilles que deram o estopim para o conceito do que entendemos hoje como um Cinema moderno. E, na época, foi a partir dos Vaudevilles que surgiram o os Nickelodeons, lugares que eram focados apenas na apresentação de filmes, ao invés de várias apresentações como acontecia nos Vaudevilles. Todos esses ambientes só puderam ser de grande ajuda para o cinema em geral por conta das grandes audiências, e do valor baixo da entrada para consumo, como conceitua Khairy: Pode-se ver claramente como casas de vaudeville desencadeou a idéia de um teatro moderno. A atmosfera amigável e a audiência lotada levam a nickelodeons. Nickelodeons então coexistiria com casas de vaudeville, mas principalmente focado em curtas em vez de atos. Mais tarde, os teatros de luxo foram construídos e eles se tornaram o lugar para os fãs de filmes, mas tudo começou com essas casas antigas de vaudeville que apresentaram a simples idéia de uma audiência sentada para desfrutar de algum tipo de entretenimento por um baixo preço de admissão. Isso ajudou a indústria do cinema a encontrar seu público-alvo, todos. (KHAIRY, 2010, tradução nossa)

parecia que todos amavam os filmes, que ficavam tão fascinados pelas imagens reais projetadas na tela que fez até um homem sacar sua pistola e atirar na imagem de um ladrão durante um filme. Para Bartels (2010), Davis logo percebeu que os filmes eram a próxima “grande coisa” que iria atingir a indústria do entretenimento, o que o fez decidir exibir esses filmes separadamente de seus outros negócios. Ele então se juntou a um nativo de Pittsburgh5 , John P. Harris, um empregado respeitado e seu cunhado, para abrir um Nickelodeon na Smithfield Street em Pittsburgh em 19 de junho de 1905.

Os Nickelodeons merecem destaque por serem os locais que criaram o conceito de um espaço só para a exibição de filmes, tendo sua origem com Harry Davis1 , que segundo Bartels (2010), o valor de entretenimento das imagens em movimento tornou-se evidente para Davis quando ele começou a mostra-los nos locais dos quais ele era dono, os museus de dez centavos2 , as galerias de penny3 e as playhouses4 , como atrações adicionais. Para Davis 2

1 Harry Davis, nascido na Inglaterra em 1870, imigrou para os Estados Unidos aos nove anos e dois anos depois

entrou no mundo do espetáculo como um ladrão de carnaval. Ele rapidamente aprendeu habilidades empresariais eficazes e como atrair multidões, descobrindo uma paixão pelo campo. No momento em que invenções como o Kinetoscope de Edison, o Cinematógrafo francês e o Vitascope americano entraram na cena, Davis foi um dono bem-sucedido de vários “museus de dez centavos”, galerias de penny e playhouses em vários locais.

2 Instituições populares no final do século 19 nos Estados Unidos. Eram centros de entretenimento e educação moral para a classe trabalhadora. 3 Um prédio ou salão, com em um parque de diversões, com várias máquinas de venda e venda de moedas, shows de peep e cabines de fotografia. 4 Termo que podia se referir ao teatro.

5 Cidade do oeste da Pensilvânia.

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Uma avaliação sobre a estrutura dos Nickelodeon nos traz uma estrutura primitiva do conceito que temos hoje. Os teatros de nickelodeon eram pequenos, teatros improvisados que foram transformados de ex-salões de dança, óperas e lojas remodeladas para os primeiros cinemas da América. Os exteriores dos nickelodeons foram projetados para atrair potenciais clientes de teatro. As lâmpadas brancas e incandescentes iluminavam as fachadas dos teatros e iluminavam o nome do teatro na frente do prédio. Nickelodeons em centros urbanos apresentava enormes sinais elétricos e pintados, anunciando momentos emocionantes dos longasmetragens, bem como as atrações futuras. Música e ruído também eram importantes para o esquema publicitário dos teatros. Os expositores incorporaram fonógrafos nos exteriores de seu teatro para ressonar o som de uma trombeta, na esperança de atrair clientes potenciais. O exterior alto e vibrante dos nickelodeons contrastava com a simplicidade do seu design de interiores. (WIKISPACES, 2008, tradução nossa)

O interior era considerado algo muito desagradável para os espectadores, sendo lugares apertados e sem ventilação, com varias cadeiras apertas e um ambiente escuro: Os interiores dos teatros de nickelodeon eram negros e embalados com filas de cadeiras e bancos de madeira. O típico teatro nickelodeon poderia assentar em qualquer lugar de cinquenta a duzentas pessoas. O arranjo dos assentos era desconfortável, e a escuridão dos teatros fazia com que os espectadores passassem para cima e para baixo pelos corredores enquanto procuravam seus assentos. O motivo prático da falta de iluminação foi o projetor de filme nickelodeon-era, um mecanismo que exigia escuridão completa para conseguir uma imagem nítida na tela. Os críticos dos nickelodeons alegaram que seus interiores escuros representavam não apenas uma ameaça à segurança, mas uma ameaça moral também. Os reformadores sociais alegaram que o ambiente escuro incentivava a intimidade e a promiscuidade entre jovens casais que participaram dos filmes juntos. Em resposta a essas críticas, os opulentos teatros e palácios de imagens que marcaram o fim da era do nickelodeon freqüentemente apresentavam alguma forma de iluminação interior, bem como os portadores que patrulhavam o teatro em busca desses casais abertamente afetuosos. (WIKISPACES, 2008, tradução nossa)

Nesses locais os filmes que eram apresentados tinham 18

pouca duração, foi a partir do surgimento de filmes longos que se fez necessário mudar a estrutura do local para receber esses filmes com maior duração, os chamados Teatros de Luxo, que abrigavam muito mais pessoas e tinham a estrutura de um teatro comum, com a tela de projetor no palco para a apresentação do filme. Foi com a chegada dos teatros de luxo que o público começou a deixar de frequentar locais como os Vaudevilles e os Nickelodeons, pois a grande novidade e algo que atraía o público agora eram os filmes de longa duração, que só poderiam ter espaço nos teatros de luxo, e estes teatros ofereciam muito mais conforto e uma melhor condição de apresentação. Uma observação sobre tudo isso pode novamente ser feito por Khairy: Agora que a indústria do cinema estava crescendo, o teatro de luxo ofereceu muito mais do que as velhas casas de entretenimento da moda. Em primeiro lugar, eles eram muito maiores, tendo a capacidade de manter uma capacidade de até 6000 lugares. Havia a mudança semanal casual do programa e, a cada semana, o exterior decorativo iluminaria um novo título de filme em lâmpadas coloridas. Eles também ofereceram um melhor serviço para uma grande quantidade de mão-de-obra necessária para operar um teatro de luxo, desde a venda de ingressos até os passageiros a seus assentos, etc. Naturalmente, com um melhor serviço e um ambiente mais limpo, os preços subiram. Em vez de pagar cinco ou dez centavos, os bilhetes custam entre um e dois dólares. (KHAIRY, 2010, tradução nossa)

Neste conceito, pode se entender a construção da definição que entendemos hoje como cinema, uma vez que a demanda e a procura aumentaram em relação aos filmes, resultando em um espaço somente para o consumo deste tipo de entretenimento, que entendemos como Cinema, onde é reservado um espaço, com cadeiras e uma tela para projeção dos filmes. O que evoluiu de espaços pequenos para grandes teatros próprios para sua exibição, que entendemos como Cinemas.


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2.2

HISTORIA DO CINEMA

O cinema teve grande importância no quesito artístico e evolução na história, tendo início no começo do século XX, quando deu começo a uma era na tecnologia do uso da imagem, consistindo em seu começo uma mistura a outras formas de expressão culturais. No começo do século XX, o cinema inaugurou uma era de predominância das imagens. Mas quando apareceu, por volta de 1895, não possuía um código próprio e estava misturado a outras formas culturais, como os espetáculos de lanterna mágica, o teatro popular, os cartuns, as revistas ilustradas e os cartões-postais. Os aparelhos que projetavam filmes apareceram como mais uma curiosidade entre as várias invenções que surgiram no final do século XIX. Esses aparelhos eram exibidos como novidade em demonstrações nos círculos de cientistas, em palestras ilustradas e nas exposições universais, ou misturados a outras formas de diversão popular, tais como circos, parques de diversões, gabinetes de curiosidades e espetáculos de variedades. (MASCARELLO, MANEVY, et al., 2006)

O cinema faz parte não apenas de uma revolução de como tratar a imagem, mas também do uso dos instrumentos óticos, das pesquisas com imagens fotográficas e do entretenimento popular, sendo os filmes, uma continuação em tradições já existentes, sendo uma delas o uso de projeções em lanterna mágica. Os filmes são uma continuação na tradição das projeções de lanterna mágica, nas quais, já desde o século XVII, um apresentador mostrava ao público imagens coloridas projetadas numa tela, através do foco de luz gerado pela chama de querosene, com acompanhamento de vozes, música e efeitos sonoros. Muitas placas de lanterna mágica possuíam pequenas engrenagens que permitiam movimento nas imagens projetadas. O uso de mais de um foco de luz nas apresentações mais sofisticadas permitia ainda que, com a manipulação dos obturadores, se produzisse o apagar e o surgir de imagens ou sua fusão. (MASCARELLO, MANEVY, et al., 2006)

Até então podemos ver que o cinema era algo em conjunto com outras mídias culturais da época, fazendo grande parte de 20

exibições públicas, com o uso da Lanterna Mágica como algo simplesmente curioso, parte de uma diversão pública. Não existe alguém que seja creditado por ser o “descobridor” do cinema, nem o inventor, segundo Mascarello, et al (2006, p. 17) o cinema foi “uma conjunção de circunstâncias técnicas aconteceu quando, no final do século XIX, vários inventores passaram a mostrar os resultados de suas pesquisas na busca da projeção de imagens em movimento”. Foram com invenções como o Quinetoscópio1 e o Cinematógrafo2 em que surgiram as primeiras exibições de filmes.

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1 Quinestocópio – Instrumento de projeção de filmes. Possui um visor através do qual podia se assistir, quando em sí inserido uma moeda a exibição de uma pequena tira de um filme em repetição. 2 Cinematógrafo – Aparelho criado pelos irmãos Lumière com base no aperfeiçoamento do Quinestocópio de Thomas Edison, que segundo seus criadores permitira registrar uma série de instantâneos fixos em fotogramas, que criava a ilusão de movimento.


Uma observação sobre o Cinematógrafo pode ser avaliada, já que na época, foi interpretado como algo que não iria “vingar”, que não passaria de um mero divertimento, e que logo as pessoas iriam desistir dele. No dia da primeira exibição pública de cinema - 28 de dezembro de 1895, em Paris -, um homem de teatro que trabalhava com mágicas, Georges Mélies, foi falar com Lumiere, um dos inventores do cinema; queria adquirir um aparelho, e Lumiere desencorajou-o, disse-lhe que o “Cinematógrapho” não tinha o menor futuro como espetáculo, era um instrumento científico para reproduzir o movimento e só poderia servir para pesquisas. Mesmo que o público, no início, se divertisse com ele, seria uma novidade de vida breve, logo cansaria. Lumiere enganou-se. Como essa estranha máquina de austeros cientistas virou uma máquina de contar estórias para enormes platéias, de geração em geração, durante já quase um século? (BERNADET, 1996, p. 125).

Nos primeiros anos do Cinema algo que foi fundamental para o desenvolvimento e difusão dos cinemas e filmes, foi a existência dos chamados Cafés, lugar onde era difundido os filmes, onde eram mostradas as recém invenções relacionadas à imagem em movimento. O Grand Café, em Paris, onde o invento dos Lumière foi demonstrado para o público, em 28 de dezembro de 1895, era um tipo de lugar que foi determinante para o desenvolvimento do cinema nos primeiros anos. Nos cafés, as pessoas podiam beber, encontrar os amigos, ler jornais e assistir a apresentações de cantores e artistas. A versão norte-americana dos cafés eram os vaudeviles, uma espécie de teatro de variedades em que se podia beber e conversar, que tinha se originado dos salões de curiosidades. Os vaudevilles eram, em 1895, a forma de diversão de uma boa parcela da classe média. Eram bastante populares nos EUA e suas apresentações podiam incluir atrações variadas: performances de acrobacia, declamações de poesia, encenações dramáticas, exibição de animais amestrados e sessões de lanterna mágica. Esses atos, de 10 a 20 minutos, eram encenados em sequência, sem nenhuma conexão entre si. (MASCARELLO, MANEVY, et al., 2006, p. 19, 20). 8

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Considerando esses primeiros anos do cinema, para ser mais exato nos primeiros 20, as coisas ainda caminhavam para o desenvolvimento de uma narrativa satisfatória, pois o cinema ainda se encontrava misturado a outras fontes de cultura, como principalmente o teatro e os vaudevilles. Os filmes ainda estavam para se tornar algo com sua própria linguagem. Nesse período, por estar misturado a outras formas de cultura, como o teatro, a lanterna mágica, o vaudeville e as atrações de feira, o cinema se encontraria num estágio preliminar de linguagem. Os filmes teriam aos poucos superado suas limitações iniciais e se transformando em arte ao encontrar os princípios específicos de sua linguagem, ligados ao manejo da montagem como elemento fundamental da narrativa. (MASCARELLO, MANEVY, et al., 2006, p. 22)

Pode-se definir, que o cinema em seu começo, era algo totalmente diferente do que é hoje, pois no contexto de sua época, o cinema era algo visto como uma atração, com uma intenção exibicionista, apenas com seu desenvolvimento através dos anos que podemos ver uma aproximação do que estamos acostumados a lidar hoje. O período em que o cinema era algo que tinha formato de atração, – misturado a outras mídias culturais – foi denominado como “cinema de atrações”. Para o historiador Tom Gunning, o cinema da primeira década tem uma maneira particular de se dirigir ao espectador, que configura o que ele chamou de “cinema de atrações”. Inspirado no trabalho teatral de Sergei Eisenstein nos anos 1920, Gunning propôs que o gesto essencial do primeiro cinema não era a habilidade imperfeita de contar histórias, mas, sim, chamar a atenção do espectador de forma direta e agressiva, deixando clara sua intenção exibicionista. Nesse cinema de atrações, o objetivo é, como nas feiras e parques de diversões, espantar e maravilhar o espectador; contar histórias não é primordial. (MASCARELLO, MANEVY, et al., 2006, p. 24).

A partir daí, começava o desenvolvimento dos filmes, servindo por enquanto, como um simples instrumento que demonstrava movimento. Até o começo desse período, os filmes tinham in22

tenção apenas de mostrar as coisas que poderiam ser mostradas por movimento, sem ainda conter uma narrativa, ou uma história. Existem duas maneiras de se interpretar a comunicação de um filme, segundo Gaudreault (1989), os modos de comunicação de um relato são: a mostração e a narração, onde a mostração retrata uma encenação, e a narração envolve uma descrição e manipulação de acontecimentos por intermédio de um narrador. Isso leva os primeiros anos do cinema a serem polarizados em duas fases, a primeira sendo correspondente ao cinema das atrações, e a segunda corresponde ao chamado “período de transição”, quando os filmes passar a ter uma lógica narrativa. Seguindo esta lógica o cinema pode ser dividido em fases: O período do primeiro cinema pode ser dividido em duas fases. A primeira corresponde ao domínio do “cinema de atrações” e vai dos primórdios, em 1894, até 1906-1907, quando se inicia a expansão dos nickelodeons e o aumento da demanda por filmes de ficção. A segunda vai de 1906 até 19131915 e é o que se chama de “período de transição”, quando os filmes passam gradualmente a se estruturar como um quebracabeça narrativo, que o espectador tem de montar baseado em convenções exclusivamente cinematográficas. É o período em que a atividade se organiza em moldes industriais. (MASCARELLO, MANEVY, et al., 2006, p. 25, 26)

O período de transição marca o começo da evolução do que vemos no cinema como é hoje, e é a partir daí que surge industrialização do cinema, em um período que foi de 1907 a 1913. Foi durante este período que os filmes começam a ser mais longos e começam a surgir filmes com narrativa solida e temas variados. De 1907 a 1913, o cinema pouco a pouco organiza-se de forma industrial, estabelecendo uma especialização das várias etapas de produção e exibição dos filmes, e transforma-se na primeira mídia de massa da história. Os filmes passam a ser mais compridos, atingindo um tamanho médio de mil pés (um rolo) e duram cerca de 15 minutos. Usam mais planos e contam histórias mais complexas. Os cineastas experimentam várias técnicas narrativas. Os primeiros longas-metragens, com mais de uma hora, serão exceção nesse período e só se generalizarão após a Primeira Guerra Mundial. (MASCARELLO, MANEVY, et al., 2006, p. 37)


Podemos ver que o resultado da industrialização do cinema se dá em conta da maior demanda que ocorreu em relação aos exibidores, o que se leva a interpretar que o cinema teve crescente popularidade durante este período. A partir daí temos a transição para os longas-metragens, onde os filmes começam a ganhar ainda mais força, atraindo cada vez mais público para os teatros das cidades. Em 1913, a indústria cinematográfica começou a ganhar respeitabilidade, dirigindo uma parcela cada vez maior do público para teatros luxuosos e mais caros. Poucos anos depois, em 1917, a maioria dos estúdios norte-americanos já se localizava em Hollywood e a duração dos filmes tinha aumentado de um rolo para 60 ou 90 minutos. (MASCARELLO, MANEVY, et al., 2006, p. 49)

Com todos esses desenvolvimentos durantes todos esses anos de cinema, em algum momento o cinema deveria atingir seu auge, e segundo Mascarello, et al (2006, p. 50) “Em 1917, o cinema estava livre da dependência de outras mídias. Aliás, agora, o cinema era a mídia mais importante do século XX”. O cinema desde então passou por evoluções em técnica e em estilos relacionada aos filmes, como esse é um lado mais artístico por parte dos filmes, tais questões vão ser deixadas de lado nesse histórico, se restringindo apenas na evolução tecnológica e contexto histórico do cinema. Mas vale ressaltar que há todo um apreço com a relação artística do cinema, como a criação de estilos de filmes como os Westerns1 , Noir2 , e etc. O próximo passo na história do cinema e de seu desenvolvimento tecnológico vem com a utilização da cor, e o uso do som. O uso de cor nos cinemas não foi algo que só veio a aparecer muito depois no cinema, existiam técnicas de aplicação de cor aos filmes já nos anos 1910, uma dessas técnicas era a pintura a mão. Técni1 Westerns – famosos filmes de “cowboy” com temática de faroeste, composto de um gênero clássico do cinema americano. 2 Noir – definição derivada do francês “film noir”, ou “filme negro”, são destacados como romances policiais, filmes policiais.

ca que consistia na pintura a mão de quadro a quadro dos filmes. Porém essa técnica não teve apelo. Para Neale (1985) apesar do potencial artístico, filmes pintados à mão morreram em sua infância. Em meados dos anos 1900, a duração média dos filmes tinham aumentado e o número de locais de exibição exigindo impressões se multiplicou, bem como a pintura de filmes inteiros quadro a quadro com um pincel se tornou economicamente inviável. Foi com a técnica chamada Technicolor que o cinema ganhou vida através da cor. Techicolor segundo Misek (2010, p. 25), foi uma companhia criada nos anos 1915, por três estudantes do M.I.T 3 , Herbert Kalmus, Daniel Comstock, e W. Burton Wescott. Technicolor foi o nome da companhia e também o nome do processo do qual era usado para aplicar cor nos filmes naquela época. A Technicolor teve vários métodos de processos de aplicação de cor nos filmes nos anos de sua criação e aperfeiçoamento, porém todas elas consistiam, segundo Misek (2010, p. 26) em um processo que envolvia usar uma câmera de divisor de feixe, que dividia a luz que passava pelas lentes em dois ou três feixes, sendo que cada um destes, passava por um filtro diferente de cor e expunha um preto e branco negativo.

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Masachussets Institute of Technology – Faculdade de Masachussets.

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No que diz respeito ao som, o que motivou a criação de novas tecnologias para seu uso, foi em relação a sincronização do áudio com as imagens projetadas, que era o principal desafio nessa época. Segundo um artigo da National Science and Media Museum (A very short history of Cinema, 2011), as primeiras tentativas de conseguir sincronizar áudio com imagem foi através de um aparelho chamado cilindro fonográfico. Já pelo início da década de 30, quase todos os filmes tinham som e cor presentes em suas exibições. No início da década de 1930, quase todos os longasmetragens foram apresentados com som sincronizado e, em meados da década de 1930, alguns também estavam em cores. O advento do som assegurou o papel dominante da indústria americana e deu origem à chamada “Era de Ouro de Hollywood”. Durante as décadas de 1930 e 1940, o cinema era a principal forma de entretenimento popular, com pessoas freqüentando os cinemas duas vezes por semana. Na Grã-Bretanha, os maiores atendimentos ocorreram em 1946, com mais de 31 milhões de visitas ao cinema a cada semana. (MUSEUM, 2011) “Tradução nossa”.

Em 1952 chega ao cinema o processo chamado “Cinerama”, para manter o público interessado no cinema, este processo segundo o National Science and Media Museum (2011), consistia em usar três projetores e uma tela larga e profundamente curva, juntamente com o som surround multi-trilha. Porém: No entanto, era tecnicamente complicado, e o cinema widescreen não começou a ser amplamente utilizado até a introdução do CinemaScope em 1953 e Todd-AO em 1955, que utilizavam projetores únicos. CinemaScope tinha espremido opticamente imagens em filme de 35mm que foram expandidas lateralmente pela lente do projetor para ajustar a largura da tela; Todd-AO usou um filme de 70mm de largura. No final da década de 1950, a forma da tela do cinema tinha mudado efetivamente, com proporções de aspecto de 1: 2.35 ou 1: 1.66 tornando-se padrão. (MUSEUM, 2011) “Tradução nossa”.

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Com a mudança implicada pelo cinerama, podemos ver a mudança no formato da tela e seu aspecto. Algo que impactou o cinema e tem seu uso encontrado até hoje, nas famosas telas IMAX. Que explica o National Science and Media Museum: Também foram desenvolvidos sistemas especiais de tela grande com filme de 70 mm. O mais bem-sucedido foi IMAX, que em 2008 tinha 311 telas ao redor do mundo. Durante muitos anos, os cinemas IMAX mostraram filmes especialmente feitos em seus formatos únicos 2D ou 3D, mas eles estão exibindo cada vez mais versões de filmes populares que foram remasterizados digitalmente no formato IMAX, muitas vezes com cenas adicionais ou efeitos 3D. (MUSEUM, 2011) “Tradução nossa”.

Depois de tantas evoluções nesse campo do cinema, o impacto digital é o que reflete a atual situação do cinema. Nos últimos 20 anos, a produção cinematográfica foi profundamente alterada pelo impacto da rápida melhoria da tecnologia digital. Embora as produções ainda possam ser filmadas no filme (e mesmo isso está se tornando menos comum), a maioria dos processos subsequentes, como edição e efeitos especiais, são realizados em computadores antes que as imagens finais sejam transferidas de volta ao filme. A necessidade dessa transferência final está diminuindo à medida que mais cinemas investem na projeção digital, capaz de produzir imagens de tela que rivalizam com a nitidez, detalhe e brilho da projeção cinematográfica tradicional. Nos últimos anos, houve um ressurgimento de interesse em recursos 3D, tanto animados como em ação, provocados pela disponibilidade de tecnologia digital. (MUSEUM, 2011) “Tradução nossa”.

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A tecnologia 3D e o interesse nessa tecnologia pode ser considerado o principal impacto na indústria do cinema atualmente, tendo uma grande porcentagem dos filmes atuais sendo filmados com esse aspecto. Pode-se concluir que o cinema foi algo de grande impacto na história, desde o uso de novas tecnologias relacionadas a imagem em movimento, até cair no dia a dia das massas e refletindo toda nossa cultura, o que a torna uma das maiores industrias da história.

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HISTORIA DO CINEMA NO BRASIL

2.2.1 A relação do cinema e o Brasil dá início no final do século XIX, quando ocorre a primeira exibição de cinema no país, mais precisamente em julho de 1896, na cidade do Rio de Janeiro, a película escolhida era dos irmãos Lumière que tinha o nome de “Saída dos Trabalhadores da Fábrica Lumière”. Segundo Diana (2017), desde a estreia cinematográfica no país, abre-se a primeira sala de cinema para o público em Rio de Janeiro por incentivo dos irmãos italianos Paschoal Affonso e Segreto. Irmãos estes, que foram os pioneiros do cinema no Brasil. Tiveram alguns problemas iniciais quanto a respeito do estabelecimento do cinema no Brasil, que segundo Diana (2017) era a falta de eletricidade que somente foi resolvida em 1907 com a implantação da Usina Ribeirão de Lages, no Rio de Janeiro, a partir da resolução desse problema o número de salas de cinema no Rio cresceram consideravelmente. No início, os filmes eram de caráter documental. Em 1908, o cineasta luso-brasileiro António Leal apresenta sua película “Os Estraguladores”, considerado o primeiro filme de ficção brasileiro, com duração de 40 minutos. (DIANA, 2017).

Na década de 30 fora criado o primeiro estúdio de cinema Brasileiro, o “Cinédia”, com as produções “Limite” (1931), de Mario Peixoto; “A Voz do Carnaval” (1933) de Ademar Gonzaga e Humberto Mauro e “Ganga Bruta” (1933) de Humberto Mauro, (DIANA, 2017). O caráter da importância do cinema nacional pode ser interpretado como algo de relevância para o contexto da época, onde podemos encontrar a partir da década de 40 movimentos e estilos próprios. A Atlântica e as Chanchadas, filmes cômicosmusicais de baixo orçamento junto com a Atlântida Cinematográfica 26

fundada em 18 de setembro de 1941 no Rio de Janeiro por Moacir Fenelon e José Carlos Burle. (DIANA, 2017). Criação da Vera Cruz, que foi baseado no cinema americano, onde os produtores buscavam realizar produções mais sofisticadas. Mazzaropi1 foi o maior sucesso do estúdio Diana (2017). Cinema Novo e Cinema Marginal, de caráter revolucionário, o Cinema Novo era focado nas temáticas de cunho social e político, mais tarde, em fins da década de 60 e início da 70, surge o cinema marginal denominado “Udigrudi” (1968-1970). Baseado no cinema experimental de caráter radical. (DIANA, 2017). Os anos 70 retomam o as produções de baixo custo, criadas pelo movimento “Boca de Lixo”, realizando os filmes com o estilo pornochanchadas, que eram comédias baseadas nas comédias italianas e com forte teor erótico. (DIANA, 2017). Depois de todo esse histórico do cinema no 13 brasil, houve um momento de crise do cinema dentro do Brasil, com vários fatores influenciando no declínio do cinema na época, como retrata Diana (2017):

1 Mazaroppi – Filme de 1949


2.3

As coisas só melhoram na segunda metade da década de 90, quando o cinema ganha força com novos filmes, esses anos ficaram nomeados como “Cinema de Retomada”, depois de anos com o cinema em crise. (DIANA, 2017). Com a chegada do século XXI, o espaço cinematográfico se intensifica no cenário mundial, com filmes brasileiros chegando a concorrer a Oscars1.

Foi durante o primeiros anos de crescimento de Marília (1915 – 1928), que os cinemas começaram a criar apelo e popularidade, onde começou a surgir os primeiros cinemas, estabelecendo uma relação entre crescimento e cultura:

CINEMAS EM MARÍLIA, SÃO PAULO

Com a chegada do videocassete nos anos 80 no país, a proliferação de locadoras marca essa década no país. Nesse momento, o fim da ditadura e o despontar de uma crise econômica no pais, leva o cinema nacional a sofrer um grande declínio. Assim, os produtores não tinham dinheiro para produzir seus filmes e os expectadores, da mesma forma, já não apresentava as mesmas condições para assistir esses filmes. Na década de 80 merecem destaque: “Jango”(1984), de Sílvio Tendler e “Cabra marcado para morrer” (1984), de Eduardo Coutinho. (DIANA, 2017).

Durante essa época em que a cidade começa a se consolidar, pode-se observar um grande aumento na quantidade de salas de projeções, como o Cine Municipal (1927), Cine Popular (1929) fundado por Said Nunes e Arquimedes Manhães, Teatro São Bento (1929), Cine Teatro São Luiz (1930) fundado por Frediano Giometti. Ilustrando assim a demanda existente na cidade para a construção e manutenção dessas salas. Tais indícios históricos demonstram o potencial de crescimento urbano e populacional que havia em Marília, refletindo também em seus aspectos culturais, como a princípio, o cinema e seus pormenores como comércios de produtos cinematográficos encontrados na Avenida São Luís, entre outros que se relacionam com esse objeto de estudo. (ALMEIDA BISPO, 2017, pg.3)

Pode-se compreender a relação cultural entre Marília e o cinema, o que, com tempo, acaba por criar uma herança cultural, definindo um valor ainda maior entre o relacionamento cultural entre Marília com o cinema. O que reforça a estrutura dos Cinemas antigos, não se limita apenas ao fato de ser uma novidade, mas sim a questões sociais à quais a ele são atribuídos, o tornando parte de um movimento de arte, com o início do movimento do cineclubismo. A história do cinema mundial reserva um capítulo à parte ao cineclubismo, prática social que surge poucos anos após o aparecimento do cinematógrafo dos Lumière, em 1885. Os esforços para datar seu começo apontam, como início oficial, o cineclube fundado pelo fracês Louis Dellue. (SILVA, 2008:141).

1 Oscars – O Oscar, também conhecido como o Oscar, é um conjunto de 24 prêmios de mérito artístico e técnico da indústria cinematográfica norte-americana, concedidos anualmente pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), para reconhecer a excelência no cinema. realizações avaliadas pela filiação votante da Academia.

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Uma análise sobre o cineclubismo, como retrata, Almeida Bispo (2017, pg.4):

Esta prática social está diretamente relacionada com um conhecimento mais profundo sobre o cinema e também sob um olhar diferenciado em relação ao que está sendo visto. A identificação do cinema não somente como um espaço de sociabilidade, entretenimento e mercado, mas sim um espaço que traz uma linguagem artística com um propósito cultural. (ALMEIDA BISPO, 2017, pg.4).

Dentro dessa análise cria-se o pensamento e a primeira visão do cinema como arte, reforçando seus aspectos culturais dentro da cidade. O cineclube de Marília pode ser considerado resultado ao conceito do cineclubismo, onde observa-se que o papel do cineclube é desenvolver um “sistema” de análise, debates e críticas, que até então poderiam passar despercebidas por olhos menos atentos, criando uma tradição dentro dos cineclubes. (ALMEIDA BISPO, 2017) Na cidade de Marília os cineclubes exerciam diversas atividades durante a semana. Em domingos na parte da manhã eram realizados sessões de cinema para o público infantil, tendo ao final destas sessões, aulas de arte baseadas no que acabara de ser visto (ALMEIDA BISPO, 2017) Com avaliações como estas pode se perceber o impacto social que o cinema teve dentro de Marília, o que não limita sua importância apenas a conceitos culturais, mas também às pessoas em si. São históricos como este que demonstram a importância cultural do cinema dentro de Marília. O primeiro cinema de Marília foi estabelecido em 1927, esse cinema era conhecido como Cinema Municipal ou Cine Municipal, fundado por Francisco Rodrigues Souto1 , que era localizado na Rua Tamandaré, posteriormente Ceará e hoje é conhecido como 9 de julho, quarteirão com as ruas São Luiz e XV de novembro 1 Responsável pela fundação do cinema na cidade de Marília

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(ALMEIDA BISPO, 2017). Um cinema que pode ser considerado importante durante a história do crescimento de Marília foi o Cine Theatro São Bento, onde os espetáculos eram anunciados por tabuletas colocados nos pontos principais da cidade e pelo caminhão do José Zéio. Na carroceria, Atílio Cizotto e sua bandinha. Na frente, o propagandista Ramos fantasiado como o “mocinho” do dia (Carlitos, King Kong, Tarzam) e atrás do veículo a molecada. Era uma festa na cidade vibrante dos anos 30. Ramos era tão esperto que na troca do rolo dos filmes anunciava a atração do dia seguinte através de uma espécie de megafone à boca. Gritava a toda voz. “Rio Rita”, com John Bools inaugurou o cinema falado da cidade (ALMEIDA BISPO, 2017)

Dentro deste contexto, vale ressaltar que existia um contato direto com o imaginário das pessoas em relação ao cinema, onde este se torna alvo de grande expressão cultural e também serve de encontro entre os moradores. (ALMEIDA BISPO, 2017) No ano de 1941, na Avenida Sampaio Vidal, fora inaugurado um dos cinemas com maior importância na cidade, o Cine Marília, com lotação para 1500 assentos e 700 gerais. Uma melhor visão sobre a importância deste cinema e todo seu contexto, pode ser avaliado pelo estudo e aplicação da História Oral, por Almeida Bispo (2017) no contexto dos antigos cinemas que existiam em Marilia, onde ele utiliza da memória de alguns cidadãos para estruturar todo o valor cultural e de memória que esses cinemas possuem. Estas memórias podem ser encontradas em algumas das entrevistas realizadas com Roberto Cimino, filho de Roberto Caetano Cimino, que foi um personagem importante e ativo no contexto cultural dos Cinemas da cidade. Vale citar um relato que já foi citado na introdução, mas


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que é importante para contextualizar o valor social que o Cine Marília tinha na vida dos moradores da cidade. Agora tem uma característica do cine Marília, lá pelos anos 50 que foi muito bacana eram as matines, que eram só no cine Marília, tanto as sessões matinais e vespertinas que eram aos domingos, eram filas quilométricas, ia todo mundo pro cine Marília. Começava-se com seriado, eu me lembro do O Cobra, Zorro... Era tudo no cine Marília, era aquela coisa todo mundo batendo o pé no chão quando o mocinho pegava o bandido, aquele barulhão era uma coisa de doido! Isso era fabuloso. Aquilo era em massa, todo mundo vibrava junto! (ALMEIDA BISPO, 2017)

A partir deste relato pode-se claramente entender a importância do cinema na vida dessas pessoas da época, o que claramente define a importância social e cultural do cinema dentro da cidade de Marília. Um relato de Roberto Cimino sobre como era o cinema reforça como era o contato com a estrutura do cinema. Você chegava até a bilheteria com ingresso e era visto rigorosamente o lance da idade. Daí você entrava e tinha um grande salão, tinha uma bombonière e também nesse salão um grande sofá estilo módulos para as pessoas se sentarem e logo após a passagem do bilhete tinha uma porta com cortina. A saída era por outra porta que ficava do lado oposto, assim quem entrasse não tinha contato

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nenhum com quem saía (ALMEIDA BISPO, 2017)

Almeia Bispo (2017), traz uma análise sobre a experiência de se vivenciar o cinema nesta época, onde comparando os cinemas antigos aos atuais, ele reflete que há uma diferença entre estes, sendo os cinemas atuais espaços criados para serem consumidos, e não ocupados, como os antigos cinemas em Marília. Nesta análise ele completa sobre o “ritual” de se ir ao cinema, - que pode ser entendido como resultado da análise do espaço do cinema – onde existia a antecedência de se ir ao cinema, a existência de filas de espera, que em relatos de Roberto Cimino (2016, apud ALMEIDA BISPO, 2017) “os filmes bons tinham filas enormes de dobrar dois quarteirões, normalmente eram filmes do Mazzaropi; Os dez mandamentos e Trapézio também tiveram filas assim!”, isso fazia parte do ritual da ida do Cinema. (ALMEIDA BISPO, 2017) São em análises como essas que pode se determinar o fluxo cultural e retratar como era o cinema naqueles tempos, retratando o cinema em Marília como algo fundamental para o seu desenvolvimento urbano, cultural e social.

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A Clockwork Orange (1971)

“There was me, that is Alex, and my three droogs...”

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2.4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.4.1 NORMAS DE FUNCIONAMENTO DE UM CINEMA 2.4.2 CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DO MUNICÍPIO DE MARÍLIA 2.5 ANÁLISE DE PROJETO CORRELATOS

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2.4.1 NORMAS DE FUNCIONAMENTO DE UM CINEMA

As normas do funcionamento do cinema são um agrupamento de leis e regulamentos necessários para o funcionamento correto de uma sala de cinema. No contexto geral do trabalho, é considerado o espaço para as salas de cinema, e os regulamentos necessários a seu funcionamento. Considerado o projeto como um Cineteatro, leva-se em conta a não obrigatoriedade de uma lei de uso especifico para este tipo de empreendimento, levando-se apenas em conta as leis e regulamentos para as salas em si, que irão dispor do uso do público. O ponto de partida para o funcionamento das salas de cinema se dá em sua estrutura, que é dimensionada de acordo com a quantidade de salas de exibição e do público à ela estimada. A composição básica a ser estimada para o cinema deve ser formado por: a) Sala de exibição: composta por cadeiras, tela de projeção, sala de projeção e equipamentos audiovisuais. b) Bilheteria: local de compra dos ingressos. c) Sala de espera: local que as pessoas irão aguardar antes do início da sessão. d) Lanchonete ou Bombonière: destinado a compra de petiscos, bebidas e pequenos lanches para serem degustados durante a sessão de cinema. e) Banheiros: à dimensionados de acordo com a quantidade de pessoas esperadas no cinema, obedecendo as normas de acessibilidade. f) Administração: local a ser realizado etapas administrativas referentes ao dia-dia do cinema. As normas que regulam o funcionamento de alguns destes elementos, como as Salas de Exibição, começam a partir da NBR 32

1186, que trata do projeto e instalação de salas de projeção cinematográfica. Bem como as normativas da Ancine nº 128/2016, que dispõe das normas gerais e critérios básicos de acessibilidade visual e auditiva nos segmentos de distribuição e exibição cinematográfica. O segmento que compreende as atividades de Exibição Cinematográfica é regido pela classe do CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), que compreende a projeção de filmes em salas de cinema, cineclubes, salas privadas e outros locais de exibição, ela abrange as empresas que apresentam a produção cinematográfica ao público espectador. (SEBRAE, 2016) São de importância normativa a realização do atendimento as Leis, Decretos e Medidas Provisórias Federais que são fundamentais para o regulamento e funcionamento de projetos que se encontram no âmbito de exibição cinematográfica, das quais se destacam a Lei Federal 8.069/1990, que dispõe do Estatuto da Criança e do Adolescente; Lei Federal 8.078/1990, sobre a proteção do consumidor; Lei Federal nº 9.610/1998, altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e outras providências; Lei Federal nº 40.454/2002, dispõe sobre remissão da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica – CONDECINE, de que trata a Medida Provisória nº 2.228-1/2001, e dá outras providências. Segundo o (SEBRAE, 2016), em como um montar um cinema, reforçasse composto de regulamentos da Ancine que determinam o conjunto técnico de funcionamento do cinema que devem ser conferidos para elegibilidade: Instruções Normativas Ancine nº 128/2016 – dispõe sobre as normas gerais e critérios básicos de acessibilidade visual e auditiva a serem observados nos segmentos de distribuição e exibição cinematográfica, que confere ao prédio em questão o cumprimento de questões de acessibilidade ao prédio;


Instruções Normativas Ancine nº 127/2016 – posterga o prazo previsto para vigência do Sistema de Controle de Bilheteria da Instrução Normativa nº 123, de 22 de dezembro de 2015; Instruções Normativas Ancine nº 103/2012 – estabelece procedimentos para a apresentação, análise e credenciamento de projetos com vistas à habilitação ao Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica – RECINE, instituído pela Lei nº 12.599, de 23 de março de 2012; Instruções Normativas Ancine nº 88/2010 – regulamenta o cumprimento e a aferição da exibição obrigatória de obras cinematográficas brasileiras de longa metragem pelas empresas proprietárias, locatárias ou arrendatárias de salas ou complexos de exibição pública comercial e dá outras providências; Instruções Normativas Ancine nº 67/2007 – regulamenta o cumprimento e a aferição da exibição obrigatória de obras cinematográficas brasileiras de longa metragem pelas empresas proprietárias, locatárias ou arrendatárias de salas ou complexos de exibição pública comercial e dá outras providências; Instruções Normativas Ancine nº 65/2007 – regulamenta o procedimento de envio obrigatório de relatórios de comercialização pelas empresas distribuidoras de obras audiovisuais para salas de exibição e dá outras providências; Instruções Normativas Ancine nº 63/2007 – define cineclubes, estabelece normas para o seu registro facultativo e dá outras providências; Instruções Normativas Ancine nº 61/2007 – regulamenta a elaboração, a apresentação e o acompanhamento de projetos de infraestrutura técnica para o segmento de mercado de salas de exibição. Referente as saídas de emergências, deve se verificar, conforme as normas do Corpo de Bombeiros, tais como: • Portas com trava antipânico (no mínimo, 1,20 m de

largura); • Luz de emergência no auditório (a cada 15 metros) e na cabine; • Sinalização das entradas e saídas (ou com cores fortes); • Detectores de fumaça e extintores de incêndio de fácil acesso; • Corredores de circulação entre as cadeiras e as paredes; • Corrimãos nos degraus ou rampas e o espaço destinado a cadeiras de rodas; • Recomenda-se um extintor a cada 20 m; • Outras normas a ser seguidas são: • NBR 9077– Saídas de emergência em edifícios; • NB-1186- Projetos e instalações de salas de projeção cinematográfica; • NBR 9050 - Acessibilidades a edificações, mobiliário,espaços e equipamentos urbanos

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2.4.2

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DO MUNICIPIO MARÍLIA

Para a estruturação do projeto previsto, considerando o âmbito municipal, deve se tomar em conta as leis e ao código de obra da cidade residente, no caso, Marília, SP, no que se diz respeito a isso, é referência o Código de Obras de Marilia, conjunto de normas que diz respeito a qualquer construção, reforma e ampliação de edifícios efetuada a qualquer título no território do município, sendo regulada presente Lei, que obedece às normas federais e estaduais relativas à matéria, tais normas são definidas dentro da Lei Complementar nº42, de 28 de setembro de 1992. (MARÍLIA, 2016) Dentro do Código de Obras de Marília, é de interesse normativo para a estruturação do projeto que este trabalho propõe, cumprir a seção XVIII, artigo 102, que se refere a locais de reunião, tais como Cinema, Teatros e similares, onde estes devem cumprir às normas da ABNT e às normas do Corpo de Bombeiros: 1. A lotação máxima de salas de espetáculos com cadeiras fixas corresponde a um lugar por cadeira, e em caso de salas sem cadeiras fixas, será calculada da seguinte forma: a) Na proporção de um lugar por metro quadrado de área de piso útil da sala; b) Opcionalmente, na proporção de um lugar a cada 1,60m² de área construída bruta, respeitado a àlinea “a”. 2. Ter instalação sanitária para cada sexo, de acordo com o Código Sanitário Vigente do Estado de São Paulo; 3. Fica assegurado ás pessoas portadoras de deficiência física o dispostos nos artigos 45, 46, 54, e 70 deste Código. O artigo 102 do Código de Obras de Marília torna-se a referência 34

para cumprimento de outros regulamentos, tais como os artigos 45, 46, 54, e 70, que são destinados às pessoas portadoras de deficiência física e que devem ser levados em conta para estruturação do projeto: • Art. 45 - Além do disposto no artigo anterior, nos Edifícios Públicos, fica assegurado, o acesso de pessoas portadoras de deficiência física, para isto o imóvel deveráser, obrigatoriamente, dotado de rampa com largura mínima de 1,20m (um metro e vintecentímetros), para vencer o desnível entre o logradouro público ou área externa ao pisocorrespondente a soleira de ingresso às edificações. (MARÍLIA, 2016) •Art. 46 - Com finalidade de assegurar o uso por pessoas portadoras de deficiência física, o único ou pelo menos um dos elevadores deverá: a) estar situado em local a eles acessível; b) estar situado em nível com o pavimento a que servir ou ser interligado ao mesmo por rampa; c) ter cabine com dimensões internas mínimas de 1,10m (um metro e dez centímetros) por 1,40m (um metro e quarenta centímetros); d) ter porta com vão de 0,80 (oitenta centímetros); e) servir ao estacionamento. • Art. 54 - Nos estacionamentos de edifícios públicos, deverão ser previstas vagas para veículos de pessoas portadoras de deficiência física, sendo que naqueles com mais de cem (100) vagas, tres por cento (3%) das mesmas deverão ser reservadas para deficientes físicos.


• Art. 70 - Serão obrigatórias instalações sanitárias para pessoas portadoras de deficiência física, separadas por sexo, de acordo com a ABNT NBR 9050. Sobre a estrutura das salas de cinema, pode-se retirar a base para as normativas a partir da Recomendação Técnica da Associação Brasileira de Cinematografia, ABC, que diz respeito a Arquitetura de Salas de Projeção Cinematográfica. No que diz respeito aos aspectos físicos da Sala de Projeção, temos uma divisão entre fatores que devem ser levados em conta a respeito de suas implantações normativas, que são: • • • • • • • •

Dimensões da Tela; Implantação das Poltronas; Implantação da Cabine de Projeção; Acústica da Sala; Tempo de reverberação; Iluminação da Sala; Condições de conforto térmico; Acessibilidade.

As principais funções a serem administradas são a respeito das dimensões da Tela, confere ABC (2010), A largura (L) da tela de projeção deve ser igual ou, preferencialmente, superior à metade da distância (D) entre a tela e face anterior do encosto da poltrona instalada na última fileira. Alternativamente, é aceitável que a largura (L) seja igual ou, preferencialmente, superior à distância (D) dividida por 2,9.

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A tela de projeção pode ser plana ou curva. Sendo curva, o seu raio de curvatura (R) deve ser superior a duas vezes a distância (D) entre a tela e a face anterior do encosto da poltrona mais afastada da tela. (ABC, 2010) Outra importante fator é sobre a implantação das Poltronas, aplica-se, segundo a ABC (2010), A distância mínima (Dmin) entre a tela de projeção e a poltrona mais próxima a ela deve ser igual ou, preferencialmente, superior a 60% da largura (L) da tela no formato 1:2,35. (FIGURA 16) Os ângulos máximos de visão do espectador sentado na poltrona mais próxima da tela devem ser iguais ou, preferencialmente, inferiores a: a) 30 graus em relação a um plano horizontal (α) que passe pelo centro da altura da tela; b) 40 graus em relação a um plano horizontal (β) que passe pela borda superior da tela. (ABC, 2010) Todos os assentos devem estar compreendidos, em planta baixa, entre dois planos verticais que passem pelas extremidades laterais da tela formando um ângulo (γ) de 106º com o plano da tela (FIGURA 16). (ABC, 2010) Todas as linhas de visão devem estar compreendidas, em corte longitudinal, abaixo de um plano que passe pela borda superior da tela, inclinado 110º em relação ao plano da ela (FIGURA 17). (ABC, 2010) As poltronas devem ser dispostas de forma a se garantir um escalonamento visual igual ou, preferencialmente, superior a 0,15m (correspondente à distância entre o topo da cabeça e o nível dos olhos), considerando-se uma altura de 1,20m entre o nível dos olhos e o piso (FIGURA 18). (ABC, 2010)

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As poltronas devem ser intercaladas entre fileiras dispondo-as de modo que num grupo de cinco poltronas quatro formem um retângulo e uma fique no centro. (ABC, 2010) O ângulo θ formado pelo eixo perpendicular ao plano do encosto da poltrona e uma reta perpendicular ao centro da largura da tela, para cada poltrona, deve ser igual ou, preferencialmente, inferior a 15⁰ θ ≤ 15⁰ (FIGURA 19). (ABC, 2010) O espaçamento entre as poltronas, medido da face anterior de um determinado encosto até a face anterior do encosto imediatamente à frente (ou atrás) deve ser igual ou, preferencialmente, superior a 1,00m. (ABC, 2010) Referente ao uso de solo, deve-se analisar a lei de zoneamento de Marília – SP, onde será localizado o projeto. No que diz a respeito, a lei de Zoneamento de Marília dita as regras de uso de solo e terreno mediante áreas de interesse, nomeadas de acordo com suas áreas especificas, ditando qual empreendimentos podem ser realizados em tais áreas, sendo necessário identificar em qual classe de empreendimento o projeto em questão se encontra, para então verificar no mapa de zoneamento de Marília se os terrenos de interesse aceitam o tipo de empreendimento alvo.

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2.5 ANÁLISE DE PROJETO CORRELATOS 2.5.1 ÉTOILE CINEMA

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Para desenvolver o estudo de viabilidade deste tema, foi necessário realizar uma pesquisa sobre os cinemas que não estão dentro dos shoppings atualmente, para assim traçar uma relação entre a proposta deste tema e projetos que já tenham propostas e modelos construtivos semelhantes. O primeiro projeto que foi encontrado, foi o Etoile Lilas Cinema, projetado pelo Hardel et Le Bihan Architectes. O projeto foi realizado em Paris, com o objetivo de se tornar mais um atrativo centro no leste da cidade. O projeto é resposta a todo um conjunto de acontecimentos, pois desde que um anel rodoviário de Paris chamado Périphérique foi coberto, se tornou uma ambição dos residentes e autoridades de transformar a Zona de Desenvolvimento Conjunto da Porte de Lilas . A parte do anel rodoviário de Périphérique que não foi coberto, pelas perturbações que ele causava foi substituída por uma nova e movimentada vizinhança que recebeu uma série de habitações, atividades e parques e o Cinema Étoile vem como um toque final as transformações no local, e também responde à escassez de cinemas no leste de Paris. (ARCHDAILY, 2012)

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O cinema fica localizado na Place du Maquis do Vercors, ele funciona como um elementro central dentro do bairro, ecoando um contexto urbano profundamente polarizado. Este cinema é participante ativo na renovação do XX Distrito de Paris. (ARCHDAILY, 2012) O projeto encontrou dois desafios em sua concepção, que foram o desafio urbano, que dizia respeito a integração cultural no contexto da periferia de Paris, e um desafio funcional, ligado a articulação das sete telas de cinema com fluxos de visitantes que vem e vão, em relação a quadra onde o projeto se encontra. (ARCHDAILY, 2012)

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O plano de desenvolvimento urbano que está relacionado a este projeto é a busca da melhora das conexões entre Paris e suas periferias, reforçando a vizinhança de Porte de Lilas. É por conta disso que o cinema é projetado como um cinema urbano, sendo verticalizado considerando a relação física e visual com seu contexto. O edifício é dividido em dois volumes (Cinema e Lojas), tornando o espaço publico da quadra voltada para ambos os usos estabelecendo a facilidade de passagem entre um e outro. (ARCHDAILY, 2012)


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Ao Norte concentra-se o volume alto e compacto que abriga as salas de exibição, uma sobre as outras. O volume do prédio é uma extensão da via Paris-Subúrbios. Ao Sul se encontra um volume mais baixo que se volta para o Pavillon de Cirque, estes dois volumes delineiam a quadra, que define suas relações com o solo. Um grande terraço destinado à arte do cinema paira sobre o volume que acomoda as lojas. (ARCHDAILY, 2012) De acordo com a análise do ArchDaily (2012) sobre o Étoile, o cinema apresenta sete salas e 1499 lugares. As salas 5, 6 e 7 estão na cobertura do volume das lojas. A sala 3 está enterrada no hall de entrada. As salas 1, 2 e 4 se encontram sobrepostas no hall, dando ao edifício uma qualidade monumental.

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aberturas e passagens é enfatizada para criar múltiplas possibilidades de entradas e saídas. Estes caminhos através dos volumes correspondem a muitas vistas panorâmicas para a praça, para o bairro ou para a cidade, para cima e para baixo, perto ou distante.

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Sobre o terraço, que se estende como um terraço aberto, que está acima dos edifícios de lojas, tendo capacidade para 400 pessoas. Possui 700m², coberto e aquecido no inverno, o terraço proporciona vistas panorâmicas para a cidade e a vizinhança. O terraço é conectado com o hall de entrada por duas escadarias e com as salas de exibição 1 e 2. O espaço do terraço pode ter sua configuração alterada de acordo com seu uso, seja para festas, coquetéis, projeções ao ar livre, eventos, festivais de filmes, etc. (ARCHDAILY, 2012) O hall de entrada, serve como uma extensão da praça dentro do edifício para uma das ruas. As três salas de projeção estão suspensas sobre este espaço, empilhadas para aumentar a capacidade, liberando o espaço para a passagem e permanência dos visitantes. (ARCHDAILY, 2012) Sobre a distribuição, a descrição do ArchDaily (2012) contextura bem o sistema de distribuição que envolve os volumes das salas de projeções, orquestrando suas fachadas opacas. A riqueza das

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O hall de entrada é acessado pela praça, a oeste. A fachada sul apresenta uma vista para o Cirque, para o Périphérique e para a Porte de Bagnolet. O lado leste se volta para Les Lilas e para a Rue du Docteur Gley. O Jardin Serge Gainsbourg e Saint-Denis são visíveis da fachada norte. Nos espaços de entrada para as salas de projeção e nas saídas, a cidade é um plano de fundo. (ARCHDAILY, 2012)

Em relação ao fluxo dos visitantes o edifício do cinema é projetado em torno do empilhamento estrutural e funcional das salas de exibição que estão envoltas em uma estrutura de concreto preto. Os movimentos de visitantes antes e depois dos filmes são tratados diferentemente, onde se tem três escadas rolantes sobrepostas de entrada, envoltas em vidro, proporcionam acesso para as salas, em uma extensão do hall; as escadas de saída das salas estão ao ar livre, apesar de protegidas. (ARCHDAILY, 2012). Uma melhor análise sobre o fluxo do cinema pode ser melhor descrita pelo artigo do ArchDaily (2012):

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Abrindo caminho para as áreas de espera antes das salas, partindo após os filmes, o fluxo de visitantes se torna um elemento de projeto, da mesma forma que os movimentos dos usuários do metrô e dos ônibus, ou veículos do anel Périphérique. O complexo do cinema oferece, deste modo, muitas vistas para pedestres, dialogando com seus entornos imediatos (a praça, o anel Périphérique, o jardim na cobertura) e com paisagens mais distantes (Saint-Denis e os vales de Seine-et-Marne). (ARCHDAILY, 2012)

O projeto se conclui como o resultado a um problema social – falta de cinemas na região – e como um projeto que faz parte de um desenvolvimento urbano, levando em conta que ele faz parte de um processo de revitalização e mudança de um bairro. É interessante notar como ele não é considerado um shopping, ou coisa do tipo, ele é considerado um cinema como um todo, feito para exibição de filmes, ele é o mais próximo de um Cineteatro “moderno”, tendo o foco na exibição de filmes, porém com adicionais para o direcionamento de mantenho do fluxo de clientes no edifício. 45


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2.5.2 GAUMONTPATHÉ CINEMAS/ CINEMA ALÉSIA

Um projeto com um contexto interessante é o Cinema Alésia, que faz parte de uma cadeia de Cinemas da rede Gaumont Pathé, este projeto se encontra em Paris, que é resultado da proposta de renovar um edifício que esteve existente no local atual deste cinema. A proposta, segundo um artigo do Architecture Labs (2018), veio também com um pensamento amplo, do qual se baseia em transformar a imagem da cadeia de cinemas do qual esse complexo faz parte, com o objetivo de tornar estas construções em espaços culturais de alta qualidade, animados dia e noite e suficientemente flexíveis para acomodar um programa variado, misturando cinema com outros eventos culturais: a imagem do cinema da cidade seria totalmente

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repensado. Com esse projeto, a Gaumont Pathé pretende abrir um novo capitulo para a arquitetura cinematográfica, onde a ênfase está no conforto, bem como na qualidade audiovisual dos cinemas, mas também no original, e generosos espaços públicos para antes e depois do filme. (ARCHITECTURELABS, 2017, tradução nossa)

O cinema está localizado a beira de um grande espaço público, a fachada principal está voltada para o oeste, no amplo Boulevard du Général Leclerc, uma importante via publica no sul de Paris e ela ocupa um local bastante profundo, com uma segunda fachada na rua lateral, Rue d’Alésia. (ARCHITECTURELABS, 2017, tradução nossa) A fachada principal do Boulevard du Général Leclerc é longa (cerca de 25 metros) e está enquadrada por dois edifícios adjacentes, muito diferentes: um prédio de sete andares à direita, um prédio de dois andares, de uso misto, esquerda. (ARCHITECTURELABS, 2017, tradução nossa)

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Segundo o artigo do (ARCHITECTURELABS, 2017), o projeto tem o objetivo de trazer um novo cinema para o século XXI, ele vista dois objetivos em sua estrutura arquitetônica: • Mostrar as salas de cinemas e identifica-las visualmente como espaços físicos, tanto de dentro como de fora. • Mostrar os filmes diretamente da fachada. Neste projeto os filmes tem foco e não os teatros. As fachas são cobertas por painéis de LED que é usada para exibir uma variedade de animações: extratos de filmes, imagens fixas, cores e imagens abstratas, que podem ser usadas para trazer a fachada para a vida. Os meios pelo qual o projeto deseja fazer o cinema retomar sua posição dentro da cidade são: internamente, a arquitetura tem como objetivo de exibir os volumes incomuns e espetaculares do cinema, enquanto externamente se envolve em extratos de filmes e imagens em movimento, que também falam de cinema. (ARCHITECTURELABS, 2017, tradução nossa)

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No interior, que é bem vasto, a entrada é feita através de um grande salão que percorre toda a profundidade do edifico que liga as duas fachadas do prédio e consequentemente as duas ruas destas fachadas, o Boulevard de Général Leclerc e a Rue d.Alésia. O salão de recepção do prédio é bem iluminado e arejado, e é neste espaço que se encontratodos os serviços de recepção: a entrada pela rua Boulevard é a venda de ingressos, um ponto de informações, pontos automatizados de ingressos e bebidas, com uma área de estar e um café. Para além do salão, à esquerda, encontra-se o acesso as salas de cinema, acima e abaixo. (ARCHITECTURELABS, 2017) Dentro desta variedade de escadas, passarelas e escadas rolantes, grandes áreas de assentos diferenciados são organizadas. Estes pontuam os espaços públicos, proporcionando mais espaços para sentar e conversar antes de ir ver um filme. Com as costas voltadas para a fachada, esses pequenos anfiteatros se dirigem para a parede do cinema, na qual imagens em movimento podem ser projetadas e vistas a partir do assento. Uma prévia do filme, por exemplo… (ARCHITECTURELABS, 2017, tradução nossa)

As salas de cinema são organizadas dentro do edifício para que praticamente todos os volumes sejam visíveis e identificáveis. O conteúdo do projeto forma uma espécie de escultura vertical, onde os teatros se encaixam como um quebra-cabeça. (ARCHITECTURELABS, 2017, tradução nossa) 35

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As escadas com assentos nos teatros são visíveis na parte de baixo, formando magníficos tetos escalonados. Estes tetos são estendidos para o espaço adjacente para criar áreas que são parcialmente colocadas no átrio: pequenos anfiteatros que se inclinam para as entradas das salas de cinema, que criam espaços para projeções informais. (ARCHITECTURELABS, 2017) O público é recebido com um vasto espaço sob camadas de escadas que também são assentos para a interação social e as projeções informais, é como se a sala de cinema se expandisse para além das fronteiras da sala, abraçando todo o interior e exterior do prédio. (ARCHITECTURELABS, 2017)

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O projeto conta com uma área de 3.600m² com um programa de oito salas de cinema, com um total de 1380 lugares ao todo, com bilheteria, espaço do átrio, e escritórios da administração, o escritório responsável pela viabilização do projeto é a Manuelle Gautrand Arquitetura, de Paris. Este projeto é um ótimo exemplo, a âmbito de comparação, ao Cineteatro a ser implantado na cidade de Marília proposto por este trabalho, pois este compõe vários elementos dos quais estão sendo considerados para a estruturação arquitetônica e viabilidade de projeto de um novo Cineteatro em Marilia.


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2.5.3 BUSAN CINEMA CENTER

Este projeto foi criado a partir do Festival Internacional de Cultura Aquitetônica de Busan, na Coréia do Sul, que buscava um novo Centro de Cinema de Busan, que abrigaria o Festival Internacional de Cinema de Busan. Segundo o artigo do ArchDaily(2013), o projeto visa proporcionar uma nova intersecção entre espaço público, programas culturais, entretenimento , tecnológia e arquitetura, criando um marco vibrante dentro da paisagem urbana. O projeto aborda o tema do telhado como um elemento arquitetônico, a equipe que trabalhou no projeto retirou inspiração nas cúpulas da era renascentista e barroca, e muito no telhado da casa de Oscar Niemeyer no Rio de Janeiro.

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O telhado é uma parte muito importante no partido arquitetônico da obra, o telhado funciona como uma cobertura de espaço livre de colunas que mais se aproxima da ideia de um teto “voador”. Elementos no telhado no exterior saturado de LED que funcionam como um céu virtual conectam objetos construção e zonas de praça em um espaço urbano público continuo e multifuncional. O objetivo é tornar mídia, tecnologia, entretenimento e lazer são mesclados em uma arquitetura aberta de experiências de eventos variáveis e personalizadas, neste contexto se cria um espaço responsivo e mutável de fluxos, que atua como um catalisador urbano para o intercambio e a transformação cultural. Uma análise sobre a superfície de LED pode ser feita no artigo do ArchDaily (2013, tradução nossa), a superfície de iluminação LED dinâmica que cobre os tetos ondulados das coberturas das coberturas exteriores dá ao Busan Cinema Centre a sua característica iconográfica simbólica e representativa. Os programas de iluminação artística adaptados aos eventos do BIFF ou do Município de Busan podem ser criados por artistas visuais e exibidos através do teto em gráficos completos de movimento, criando uma situação urbana animada à noite, mas também visível durante o dia. Enquanto os cinemas estão localizados em um prédio de montanha, o espaço público do Centro é compartilhado entre um cinema ao ar livre e um enorme espaço público que é chamado de Área do Tapete Vermelho - área de recepção.O Tapete Vermelho é na verdade tridimensional: através de uma rampa que leva ao longo de um cone duplo, os convidados de honra chegam ao salão de recepção. Cada uma das duas áreas é coberta por um telhado enorme, uma delas medindo 60 x 120 metros - o tamanho de um campo de futebol - e cantilevering 85 metros. (ARCHDAILY, 2013)

O prédio contém salas de cinema, salas de convenções, espaços para escritórios, estúdios criativos e áreas para refeições, 52


em uma mistura de espaços públicos internos e externos protegidos e interligados. (ARCHDAILY, 2013) O design destes espaços foram projetados para suportar funcionalidades flexíveis e hibridas que podem ser usadas tanto durante o período anual festivo como no uso diário sem interrupção. (ARCHDAILY, 2013)

39 “As zonas urbanas definidas por superfícies funcionais no plano são ainda mais articuladas em um diálogo seccional entre as formas “chão” revestidas de pedra da Montanha Cinema e BIFF Hill, e os elementos “céu” revestidos de metal e LED dos telhados. A materialidade dos objetos do edifício diferencia os espaços e articula o conceito arquitetônico. Através da sua forma, colocação e materialidade, as várias partes criam uma tensão dinâmica e informal entre o solo e o telhado”. (ARCHDAILY, 2013)

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Há também a analise sobre a parte dos cinemas e os teatros deste complexo, como conceitua o artigo do ArchDaily: A separação estrutural completa entre o teatro e os cinemas do Cinema Mountain garante um isolamento acústico ideal para o espaço do teatro, que é projetado como um salão flexível de primeira classe com assentos em dois níveis e linhas de visão ideais e acústica ajustável. Um estágio do tipo proscênio flexível com estágios laterais e torre de mosquete acomoda torres acústicas móveis usados para fechar o volume do palco para concertos e teatro operativo, mas pode ser facilmente movido para teatro, musicais e outros eventos encenados. O palco inclui um elevador na frente que pode fornecer assentos adicionais, um fosso de orquestra ou extensão de palco como preferir. Cortinas de rastreamento horizontal ao longo das paredes da câmara de audiências podem ser escondidas ou implantadas para ajustar a acústica do espaço. (ARCHDAILY, 2013)

O interessante desse projeto é como ele próprio se denomina, sendo considerado um centro de Cinema, desde que sua criação foi a partir de um Festival, porém é interessante perceber como ele evolui do simples fato de ter salas de cinema para se tornar quase que um complexo com várias atividades comerciais e culturais, onde já nas próprias descrições da obra, que transita entre o público e o privado, unindo mídia, cultura e entretenimento. Este projeto serve de inspiração para a estruturação do projeto proposto por este trabalho, demonstrando que mais coisas além somente do cinema podem coexistir dentro do espaço proposto pelo trabalho.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA 3.1 PROBLEMATIZAÇÃO Dado o fundamento da realização do projeto sendo baseado em um contexto histórico referente a cidade de Marília e sua relação com o cinema, cria-se o desafio da adaptação de um novo Cinema no cenário atual, visto que atualmente, as salas de cinemas são concentradas dentro de Shoppings Centers. O desafio então, se estabelece com a análise do atual cenário, que cria a dificuldade de estruturação de um Cinema com estrutura própria em um contexto não habituado a ele, uma vez que sua existência provém do fator determinante de época, ao qual tais estabelecimentos existiam até um período de tempo, e atualmente já não são frequentados. A solução para este desafio torna-se a adaptar algo que era de época no contexto atual da sociedade, estabelecendo em sua estrutura elementos que criem atrativos para fluxo, o tornando um estabelecimento de uso frequente, bem tal como em sua época.

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3.2 OBJETIVOS O objetivo deste trabalho é retratar a relação do cinema com Marília, a fim de informar e mostrar a importância que este teve no desenvolvimento da cidade. E a partir deste conceito, adaptar e implantar a um novo Cinema dentro de Marília, a fim de se tornar uma alternativa viável ao consumo de entretenimento e ao mesmo tempo ser algo que represente o resgate cultural de Marília com o cinema. Com a importância do cinema no histórico de Marília, a construção de um novo Cinema recebe uma carga histórica e uma razão para existência, tornando as atividades ali exercidas algo de real valor cultural para cidade, não se limitando apenas ao consumo de entretenimento. A resolução dos desafios em trazer esse tipo de edifício que é marcado por época para um contexto atual é a questão de atualização e adaptação de sua estrutura, tendo o foco do edifício na exibição de filmes, porem reservar espaços para outros tipos de empreendimentos para manutenção de fluxo, como restaurantes, etc.

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Iron Man (2008)

“Truth is... i am Iron Man.”

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4 VIABILIDADE TÉCNICA 4.1 BREVE HISTÓRICO DA CIDADE DE MARÍLIA 4.2 ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO (ANÁLISE DOS POSSIVEIS TERRENOS) 4.2.1 TERRENO 01 4.2.2 TERRENO 02 4.2.3 TERRENO 03 4.3 CONCLUSÃO - ESCOLHA DO TERRENO

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4.1

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BREVE HISTÓRICO DA CIDADE DE MARÍLIA


A história de Marília começa no ano 1923, quando Antônio Pereira da Silva e seu filho José Pereira da Silva foram os primeiros pioneiros a descobrir as terras ali próximas aos rios Feio e Peixe, cujo nome escolhido foi Alto Cafezal. O estado territorial de Marilia remete as antigas fazendas de famílias como a dos Bomfim e a dos Nogueira, algumas das áreas dessas famílias foram loteadas e foi a partir daí que coube o nascimento do processo civilizatório da cidade de Marília. Consta-se que o nome dado a Marília provem a partir da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, que ao decorrer de seus ramais, deveriam ser criados nomes em ordem alfabética, e devido a posição de futura cidade, o

ramal estava na letra M, então o nome da cidade deveria começar com M. Marília foi elevada à categoria de município em 1928, pois até então ela era considerada distrito de Cafelândia. Os principais motores da economia de Marilia durante seus primeiros anos foram o café, e respectivamente foi substituído pelo ganho com o algodão, e com a expansão da industrialização, houve um aumento na malha ferroviária e rodoviária, com isso Marília ligou-se a outras regiões até o norte do Paraná. Com a industrialização, na década de 70 o setor alimentício tomou grande parte de Marília, além de vários cursos universitários que fomentaram o comércio na região. Hoje, Marília é considerada a Capital Nacional do Alimento.

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4.2 ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO

4.2.1 TERRENO 01

DEFINIÇÃO ( tabela 2 )

O primeiro terreno se encontra na Av. das Industrias em esquina com a R.José Bonifácio. O terreno encontra-se em uma região considerada ZEC 2, que tolera empreendimentos comerciais de C-1 a C-4, como pode ser visto na tabela a baixo: TABELA 1 ÁREA MÍNIMA DO LOTE

USOS ZONA permitido

tolerados

R-1, S-1, R-3 R-1, S-1, R-3

RECUOS MÍNIMOS T.O

frente(m)

300

4

50

1

400

4

75

5

50

1

C-1

ZEC2

laterais(m)

C.A

fundos(m)

C-3

400

4

80

2

R-5

400

4

80

2

C-4, C-2, S-2

600

4

80

2

A classe do projeto a ser desenvolvido está definido como C-4, seguindo as definições da tabela abaixo, considerando o projeto como um comércio de grande porte, que comporta empreendimentos como shoppings e afins. Como não há uma classe especifica para um Cineteatro, deve-se considerar a classe como algo similar de outro empreendimento, no caso foi considerado a similaridade com a de um shopping.

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R-1

Residencial Unifamiliar

R-2

Residencial Multifamiliar Vertical

R-3

Residencial Multifamiliar Horizontal

R-4

Conjunto Residencial de Caráter Social

R-5

Conjunto Residencial Horizontal (Condomínio Fechado)

R-6

Condomínio Residencial Vertical

C-1

Comércio local de uso cotidiano compatível com o Uso Residencial

C-2

Comércio de transição, compatível ou não com o Uso Residencial

C-3

Conjunto Comercial e de Serviços

C-4

Comércio de Grande porte - Obrigatoriedade de estacionamento

C-5

Comércio setorial, cuja natureza exige confinamento ou área especifica

S-1

Serviços não incômodos, compátiveis com o Uso Residencial ou exercidos na própria residência

S-2

Serviçoes de caráter intermitente, compatíveis ou não com o uso Residencial

S-3

Conjunto de prestação de Serviços

S-4

Serviços de âmbito geral

C-5

Serviços especiais que exigem áeas específicas com acessos compatíveis

E-1

Uso Institucional

E-2

Uso Institucional com Restrições

I-1

Uso Industrial Permitido

I-2

Uso Industrial com Restrições


Para criar um âmbito de comparação justo, todos os terrenos aqui analisados terão padrões de comparação para que assim haja igualdade em seu julgamento para melhor análise e escolha para o terreno a ser desenvolvido o projeto. Os principais pontos a serem conferidos e análisados seriam: localização, proximidade ao centro de Marília, ruas e avenidas com bom fluxo próximos, desnível e distância a empreendimentos que possam fornecer conflito de interesse.

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Para criar um âmbito de comparação justo, todos os terrenos aqui analisados terão padrões de comparação para que assim haja igualdade em seu julgamento para melhor analise e escolha para o terreno a ser desenvolvido o projeto. Os principais pontos a serem conferidos e analisados seriam: localização, proximidade ao centro de Marília, ruas e avenidas com bom fluxo próximos, desnível e distancia a empreendimentos que possam fornecer conflito de interesse. Este terreno tem boa localização referente ao centro da

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cidade, estando em uma Avenida paralela à Avenida Sampaio Vidal, rua de grande fluxo de Marília, que distribui o fluxo de pessoas para o centro da cidade e afins. Esta localização é muito boa considerando o fator de proximidade ao Centro e devido ao grande fluxo de pedestres e carros, gerando possível consumidores. O terreno tem uma área quadrada de 9.644,10m², tem bom desnível, sendo considerado em âmbitos de projeto, que pode facilitar a viabilização do projeto sem grandes complicações.


Um ponto negativo seria um empecilho referente ao fluxo de carros e pedestres, pois em alguns dias da semana acontece uma feira nas ruas adjacentes ao terreno, que inflige em um problema para o futuro estacionamento e o controle de fluxo para dentro do terreno. Devido as complicações que pode se encontrar na moção de se retirar este evento que ali acontece, pode se tornar inviável o uso deste terreno por conta deste empecilho.

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4.2.2 TERRENO 02 O segundo terreno encontra-se na Avenida Vicente Ferreira com a R.Alvarenga Peixoto, próximo ao Estádio do MAC. O terreno encontra-se numa área considerada como ZEC 1, que compreende os empreendimentos na tabela abaixo: TABELA 3 ÁREA MÍNIMA DO LOTE

USOS ZONA permitido

tolerados

R-1, S-1 R-2, R-3

RECUOS MÍNIMOS T.O

C.A

4

50

1

4

*75

5

70

1,6

frente(m)

C-1

ZEC1

laterais(m)

fundos(m)

C-3, C-4

4

70

1,6

R-5

4

50

1

70

1,6

C-2, S-2 E-1

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4

O projeto como já descrito, se compreende como a classe C4, portanto é suportado pela área em que o terreno em questão está. Este terreno faz esquina com uma rotatória que fica de frente a um posto de gasolina, além de receber um ponto de ônibus na rua Tomas Gonzaga, que proporciona um trafego continuo durante o dia, proporcionando possíveis consumidores.

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O acesso ao terreno recebe o fluxo de veículos a partir da Av. Das Esmeraldas e da Av. Tiradentes, que são de grande fluxo durante o dia, decorrente ao trânsito para o centro da cidade. Devido a esta característica, a posição do terreno é muito positiva em contexto com o centro, que pode proporcionar muitos consumidores durante a dia/semana. O terreno em si possui boa distribuição e tamanho contendo área de 7732.94m², que pode gerar grandes frutos em relação ao projeto arquitetônico, tendo bom espaço para usufruir de estacionamento e partido arquitetônico, baseado no programa de necessidades, além de contar com boa arborização em ambos as laterais do terreno, o que é um ponto positivo em relação a insolação. 47

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68


O acesso para este terreno vem da rotatória proveniente da Av. Tiradentes com a Av. Das Esmeraldas, que se encontra com a Av. Vicente Ferreira, avenida que leva acesso ao terreno. Esta rotatória se encontra em uma posição anterior ao Shopping Esmeralda, dando referência a um ponto em que possa fornecer um conflito de interesse, porém a localização do Terreno 1 é mais próxima referente a sua distância da Rotatória, sendo mais próximo da rotatória do que o Shopping Esmeralda, o que pode oferecer uma leve vantagem, contribuindo para uma diminuição no conflito de interesse.

Outra questão seria a relativa proximidade ao Shopping Esmeralda, podendo gerar conflitos de consumo e empreendimento, pois o Shopping Esmeralda também conta com um Cinema. Porém como o foco do projeto a ser desenvolvido é em relação as salas de Cinema, este problema pode ser resolvido pois a projeto arquitetônico será todo voltado ao melhor uso das salas e maior variedade, o que implica em melhor qualidade de exibição, criando um maior referencial comercial em contexto com o Shopping Esmeralda, uma vez que este tem o espaço das salas de cinema limitado ao contexto projetual da estrutura de um Shopping.

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4.2.3 TERRENO 03 O terceiro terreno encontra-se na Av. Das Esmeraldas, em uma zona denominada ZEC 1, que acopla o tipo de categorização necessária para implementação do Cinema. A posição deste é relativo a extensão da Av. Das Esmeraldas, estando localizado a frente do Shopping Esmeralda. O fluxo que passa por essa avenida seria muito interessante para o composto do Cinema, servindo como fonte de clientes, como em todos os outros, já que esse é o primeiro ponto a ser preenchido. O que acontece é que para chegar até ele você antes 50

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passa pelo Shopping Esmeralda, o que inflige em um ponto negativo, pois reflete em um conflito de interesse, questão a ser analisada. A área em que o terreno se encontra é a zona considerada como ZEC 1 (tabela 3), que considera empreendimentos da classe C4, no qual o futuro projeto se encaixa. O terreno possui um desnível consideravelmente bom, que não inflige nenhum tipo de dificuldade perante execução de obra, o único ponto a considerar é a questão da arborização presente dentro do terreno, que seria necessário a remoção de pequenas arvores distribuídas pelo terreno.


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O entorno do terreno é composto por áreas residenciais, o que poderia ser um fator de complicação, porém considerando as questões de fluxo e o

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tipo de empreendimento - que atribui o isolamento acústico -, esse fator não é um determinante fator negativo para a posição do terreno. O tamanho do terreno é um

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ótimo fator para sua escolha perante a necessidade de uma boa área de estacionamento, o que neste caso o terreno daria conta dessa necessidade.


O terreno que foi escolhido para o desenvolvimento do projeto será o Terreno 02, compreendendo seu bom posicionamento e o potencial de fluxo que o empreendimento pode receber a partir destes dois fatores. Com esse terreno existe um potencial de questionamento a partir dos consumidores, fazendo com que exista uma alternativa e opção próxima ao Shopping Esmeralda quando se pensa em assistir a um filme, lembrando que um dos objetivos do Cineteatro é oferecer uma maior gama de salas e opções para melhor atender à aqueles que procuram este tipo de entretenimento, se

4.2.4 CONCLUSÃO ESCOLHA DO TERRENO

tornando um competidor que com o boca a boca e conhecimento se torne a primeira opção na mente do consumidor no momento de escolher o local de ir se assistir a um filme. Neste terreno também é interessante a questão verticalização, que ajuda a criar um melhor partido arquitetônico, gerando uma maior imponência que pode ser crucial observando o momento de escolha do consumidor. E novamente referente ao posicionamento do terreno, ele se encaixa perfeitamente na proposta em que este trabalho propõe, podendo gerar grandes frutos referente a sua localização e estrutura do terreno.

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Inglourious Basterds (2009)


5 MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES 5.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTO 5.3 ORGANOGRAMA 5.4 FLUXOGRAMA 5.5 PARTIDO ARQUITETÔNICO

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5.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES

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Setor de Exibição •Salas de projeção; •Bilheteria; •Foyer; •Copa para funcionários; •Área de Exposição; •Foyer VIP (Acesso de funcionários); •Sala de Espera; •Lanchonete ou Bomboniere; •Banheiros; •Administração;

Setor de Alimentação •Praça de Alimentação; •Banheiros; •Lanchonetes;

Setor de Serviços •Estacionamento; •Carga/Descarga; •Central de Ar Condicionado; •Área de Serviço; •Central de Energia;

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SETOR DE EXIBIÇÃO AMBIENTE

5.2. PRÉ-DIMENSIONAMENTO

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ÁREA ÚTIL(m²)

DESCRIÇÃO

Foyer

25

Espaço de espera entre as salas de projeção, espaços para sentar

Bomboniere/ Dep. Alimentos e Administração

220

Espaço com balcão de atendimento para compra de alimentos

Área de exposição

300

Destinado a apresentação de fotos e histórico do cinema em Marília e no Brasil, além de espaço para artistas

Café/Lounge

300

Espaço de encontro entre sessões

Sanitários

90

Disponível para clientes

Copa para Funcionários

100

Vestiário para Funcionários

200

05 Salas de Cinema

1400

Salas de tamanhos variados com capacidade variada

Bilheteria

80

Local para retirada dos ingressos

Foyer Vip

60

Foyer com acesso as salas de projeção do setor de serviço

Uso para Funcionários Uso de funcionários


SETOR DE ALIMENTAÇÃO AMBIENTE

ÁREA ÚTIL(m²)

DESCRIÇÃO

Praça de Alimentação

300

Reservado as mesas e Lanchonetes

Lanchonetes

25(cada)

Lanchonetes a serem distribuídas dentro da praça de alimentação

SETOR DE SERVIÇO AMBIENTE

ÁREA ÚTIL(m²)

DESCRIÇÃO

Central de Ar Condicionado

-

Reservado a equipamentos de ar condicionado à locais sem abertura

Central de Engergia

-

Local que distribui energia ao edíficio

Estacionamento

-

Estacionamento de clientes

Carga/Descarga

-

Pátio Reservado a carga e descarga

Área de Serviço

-

Área reservado a funcionários

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5.3. ORGANOGRAMA

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5.4. FLUXOGRAMA

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5.5 PARTIDO ARQUITETÔNICO

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Para definir o partido arquitetônico é necessário retomar o contexto ao qual este projeto está inserido, que é de resgate cultural e de adaptação de um veículo construtivo e modalidade que hoje em dia caiu em desuso. A partir disso, compreende-se que o estilo arquitetônico que mais predominava nos antigos cineteatros, era o Art Deco, tanto que o antigo Cinema de Marília predominava este estilo. Trazendo o conceito dos Cinemas antigos para o cenário arquitetônico atual, e aplicando-o aos estilos hoje predominantes, propõe-se realizar uma mistura entre estilos, afim de criar uma linguagem que demonstre a passagem de tempo, juntado o antigo junto ao novo. O estilo que mais se encaixaria para esta proposta, devido ao seu estilo arquitetônico e sua concepção visual, seria o estilo Brutalista, que criaria um ótimo composto visual para o prédio junto a proposta de se utilizar elementos do Art Deco no composto visual do prédio. A união entre o Brutalista e o Art-Deco, trará uma linguagem própria para o complexo, tornando-o algo único e resultado de um pensamento sobre como seria sua concepção nos dias de hoje.

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6 MEMORIAL JUSTIFICATIVO

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O

Cine Tropicália vem como alternativa aos atuais cinemas em shoppings, buscando resgatar o antigo louvor dos Cinemas antigos. Desde a procura do terreno, a proposta deste projeto requer um terreno que tenha posição privilegiada em relação ao maior fluxo de pedestres em Marília: O centro. Por este pensamento, os filtros da escolha dos terrenos foram dos que estão próximos ao centro. Neste caso o terreno de escolha fora o da Avenida Vicente Ferreira, por conta da sua posição relativa ao centro e ao fluxo que nele flui. A privilegiada posição deste terreno, e a relação Norte/Sul, bem como a implantação, sendo próximo a uma rotatória e com o entorno bem arborizado, tornaram os pensamento iniciais do terreno incluir manter essa arborização a fim de tornar as árvores como parte do projeto em si, além de que, em relação à rotatória, dedicar a entrada/saída de veículos ao Sul da implantação, a fim de garantir um fluxo seguro na via Thomas Gonzaga, bem como na Avarenga Peixoto, em consideração de fluxo no quarteirão. O acesso para o complexo se dá pelas duas ruas adjacentes, sendo estas a Thomas Gonzaga e a Avarenga Peixoto, constituindo assim como entradas Norte (Avarenga) e Sul (Thomas), a entrada Sul, acaba acontecendo com a proposta de receber todo fluxo de entrada e saída dos carros, perante isso a necessidade de haver espaço de manobra e de estacionamento foram saciadas, além dos carros, o fluxo de pedestres nessa área também foi considerada por conta do fluxo de pedestres na rua Thomas Gonzaga, devido ao ponto de ônibus no lado Sul do terreno, por este motivo o lado Sul da construção recebe um Hall de entrada que se projeta abaixo da escadaria que recebe a função de se tornar um espaço de interação social. A entrada pela parte Norte do projeto é prevista para fluxo a pé, que constitui um “corredor” por baixo das rampas existentes que levam à frente do terreno e a um pequeno hall de recepção que

recebe mobiliários externos para interação social fora do prédio. A concepção da forma é baseada no contexto de criar um partido que consagre o brutalismo e o art-deco, com isso foi pensada uma forma simples, baseada em 2 pavimentos, onde todo o programa de necessidade e a forma se distribuem a partir de um bloco central onde fica a sala maior - e principal - de cinema, tendo na parte norte um bloco inteiro com as salas de cinema menores se conectando ao primeiro pavimento. Com a estruturação do bloco principal central, foi proposto o seu piso acima do 1º pavimento, que dá forma ao 2º pavimento, considerando pisos intermediários que se tornam as salas de projeção. Este projeto também tem a proposta dese tornar um “ponto de encontro” como antigamente, visto isso, foi adicionado uma grande escadaria com degraus de grande profundidade, que se encontra com a rua Thomas Gonzaga, a fim de servir de espaço de interação social. Baseado no programa de necessidades, o projeto foi dividido em 4 setores: alimentação, exibição, serviço e exposição. O Setor de Exibição foi posicionado de uma maneira que torne o bloco central e o adjacente serem conectados facilmente pelo foyer, que fornece acesso as salas de cinema. As salas de exibição foram constituídas seguindo as normas de composição para auditórios, aplicando materiais como paredes em drywall com lã de vidro para isolamento acústico, tendo em sua totalidade 6 salas. O acesso as salas 05 a 02 se dá pelo corredor destas, que é acessado pelo foyer no 1º pavimento, que também conta com um elevador de acessibilidade para o piso. A sala 01, por se encontrar em uma posição de maior sala, se encontrando no pavimento 2º, é acessada por uma escada e um elevador de acessibilidade, que parte do foyer e leva a um pequeno hall, onde se encontra a porta de entrada para a sala 01, bem como 87


acesso a banheiros exclusivos ao uso do 2º pavimento. Referente ao Setor de Serviço, este foi posicionado de acordo com o estabelecimento da área do estacionamento, que gera o fluxo dentro de sua divisão entre acesso de clientes e acesso de serviço perante o térreo onde se encontra o setor de alimentação, assim o setor de serviço, que pode ser acessado pela rua Avarenga Peixoto, consegue levar o fluxo dos funcionários para todas as áreas do prédio, sendo o uso deste bloco dividido entre funcionários do cinema e funcionários das lanchonetes franqueadas. Neste setor, os espaços foram incluídos em todos os pavimentos, que partem do estacionamento privativo dos funcionários, se conectando ao volume como um todo na parte posterior do prédio. Neste Setor foi aplicado o fluxo entre pavimentos a partir de escadas e áreas destinadas aos usos de funcionários respeitando o programa de necessidades, e a partir destes espaços, é feita a conexão entre os outros setores. Dispondo também, neste setor, áreas de depósito e elevadores de serviço, bem como monta-carga para fornecer manutenção e produtos à sala 01. No setor de exibição, também se encontra a área de exposição, que junto ao contexto da obra de se tornar um “ponto de encontro” é um espaço que se tornou junto a forma da escadaria, podendo receber fluxo diretamente das escadas, com acesso a uma porta principal. Destinado ao resgate cultural da relação de Marilia com o cinema, toda a área de exibição é constituída em sua totalidade em uma forma simples, com painéis de vidro para “abraçar” o espaço externo, com pilares inspirados no estilo brutalista apoiando a rampa de saída que acontece dentro deste espaço, se tornando parte da exposição. O interior busca referências em tendências modernas bem como o uso de elementos paramétricos como o forro ondulado em madeira que está sobre a área de alimentação da cafeteria. Os materiais buscam trazer referências dos dois partidos arquitetônicos que são influência para obra: o brutalismo e o art-deco. Por esta via, o uso do concreto aparente unido com elementos em dourado, buscam retratar o requinte dos dois mundos, criando um equilíbrio visual que 88

se torna único para o contexto da obra. A fachada é o ponto alto da obra, seguindo inspiração no art-deco e brutalismo, foi encontrado um ponto de equilíbrio entre os padrões encontrados no art-deco e as formas simples do brutalismo com cores escuras, onde por trás do painel em mosaico se encontra concreto aparente nas paredes, nos pilares, e nas vigas aparentes. A partir disto foi elaborado um painel em mosaico com placas de fibrocimento, que são “quebrados” com um “rasgo”, que interrompe o padrão, e neste perfil é encontrado dentro da sua curva fitas em led, que tornam este composto uma referência as grandes fachadas iluminadas dos antigos cinemas, porém com um toque moderno, criando um encontro entre o antigo e o moderno. A escadaria reserva espaço dentro de um aglomerado de degraus de 1 metro de profundidade que em sua lateral, reserva espaço para blocos para servirem de espaço para sentar e interagir, com arvores plantadas nestes blocos de concreto. O projeto conta com um painel parametrizado no bloco de conjunto de salas de 05 a 02, que remete aos padrões encontrados nos interiores de obras que utilizam do art-deco, a partir destes padrões foi desenvolvido um painel que conta com uma malha parametrizada que forma um padrão distinto que cria uma composição entre o brutalista e o art-deco, remetendo-se aos dois. Para atender a demanda de acessibilidade, o projeto conta com elevadores de acesso a todas as áreas de interação principal, como ao foyer do 1º pavimento e acesso a sala 01 do 2º pavimento. O fluxo de entrada e saída dos espectadores são definidos a partir dos funcionários do cinema, que tanto podem liberar as saídas das salas pelas rampas adjacentes ao setor de exibição, bem como para dentro do Cinema, dando acesso e retorno ao Foyer. As rampas além de serem um desafio em uma construção como essa, se tornaram também palcos de beleza dentro do partido, usando em sua estrutura a estrutura pêndula, onde as rampas ficam suspensas por cabos de acesso e alguns pilares auxiliares nos patamares que necessitam.


7 CONCLUSÃO

Este projeto representa buscar a memória de Marília na sua relação com o cinema e seu desenvolvimento na forma do Cine Tropicália, que trará grandes frutos no psicológico do Mariliense lembrando aqueles que residem em Marília não só da importância do Cinema na história de Marília mas como também como uma arte em geral. A funcionalidade deste projeto e a simplicidade na concepção de sua forma podem se tornar algo simples e viável de execução, tornando o algo de viável realização. Este torna-se um ponto de encontro entre gerações e novas gerações, que poderam se reecontrar em um antigo - agora novo - ponto de encontro, desde as grandes escadarias, até as salas de cinema, que poderam gerar experiências para os cidadões que ali frequentarem. Por fim este projeto pode agregar valor ao futuro da historia de Marília relembrando seu passado com o Cinema e a sua conexão com a arte dos filmes.

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8 REFERÊNCIAS

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Figura 1 - Foto mostrando a placa que diz: "Vaudeville e fotoplays, 4 shows diários" Figura 2 - O primeiro Nickelodeon Figura 3 - Interior do Nickelodeon de Pittsburgh Figura 4 - Teatro de Virginia 1921 Figura 5 - Teatro de Isis o primeiro teatro de luxo de Houston, EUA Figura 6 – Quinestocópio Figura 7 - Cinematógrafo dos Irmãos Lumière Figura 8 - Lanterna mágica do século XIX Figura 9 - Um titulo de cartão para um desenho do Pato Donald com o texto dizendo: in Technicolor - Em Technicolor Figura 10 - Cilindro Fonográfico Figura 11 - Uma configuração de projeção em Vitaphone em uma demonstração de 1926 Figura 12 - Cinema com tela de 70mm, como são hoje em dia. Figura 13 - Selos dedicados ao cinema Brasileiro, neles são mostrados Adhemar Gonzaga, Carmen Miranda, Carmen Santos e Oscarito. (1990) Figura 14. Cine Theatro São Bento (1929) Figura 15. Cine Marília Figura 16 - Dimensões da Tela Figura 17 - Implantação das Poltronas - Distância mínima Figura 18 - Posição e Linha de Visão de Poltronas Figura 19 - Posicionamento de Poltronas Figura 20 - Exterior 01 (Fotografia) Etoile Cinema Figura 21 - Exterior 02 (Fotografia) Etoile Cinema Figura 22 - Planta Térrea (Etoile Cinema) Figura 23 - Exterior 03 (Fotografia) Etoile Cinema Figura 24 - Elevação A - Etoile Cinema Figura 25 - Planta Segundo Andar (Etoile Cinema) Figura 26 - Planta do Terceiro andar (Etoile Cinema) Figura 27 - Corte Esquemático (Etoile Cinema) Figura 28 - Planta do Quarto Pavimento (Etoile Cinema) Figura 29 - Elevação B Figura 30 - Foto da Fachada (Cinema Alésia )

Figura 31 - Fachada do Cinema Alésia Figura 32 - Implantação - Planta de Situação, Cinema Alésia Figura 33 - Planta Terrea (Cinema Alésia) Figura 34 - Interior Alésia Cinema 01 Figura 35 - Interior 02 (Cinema Alésia) Figura 36 - Planta Segundo Pavimento (Cinema Alésia) Figura 37 - Exterior Busan Cinema Center Figura 38 - Perspectiva exterior Busan Cinema Center Figura 39 - Corte - Busan Cinema Center Figura 40 - Planta Baixa - Busan CInema Center Figura 41 - Perspectiva interior Busan Cinema Center Figura 42 - Vista do mapa da implantação do terreno 01 Figura 43- Vista geral do Terreno 01 Figura 44 - Implantação Terreno 01 Figura 45 - Foto de local 01 (terreno 02) Figura 46 - Foto de Local 02 (terreno 02) Figura 47 - Vista do mapa da implantação do terreno 02 Figura 48 - Planta do Terreno 02 com Curvas de Nivel Figura 49 - Foto de Local 03 (terreno 02) Figura 50 - Vista do mapa da implantação do terreno 03 Figura 51 - Implantação - Terreno 03 Figura 52 - Vista frontal e de vias- Terreno 03 Figura 53 - Vista frontal e de vias 02 - Terreno 03 Figura 54 - Organograma Figura 55 - Fluxograma Figura 56 - Organograma em Terreno 01 Figura 57 - Organograma em Terreno 02

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