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INTRODUÇÃO Estamos vivendo em uma era na qual a praticidade e o dinheiro é quem modelam nossas posturas e necessidades, nos seduzindo e segando a tal ponto que não pensamos nos efeitos colaterais acarretados por essa obsessão, e as consequências estão presentes e nos afetando diretamente, com a escassez de água potável; a degradante produção de energia elétrica por meio das usinas térmicas e nucleares para suprir a demanda populacional já que as usinas hidroelétricas não possuem o nível de água necessária para a produção; problemas de saúde causados pela poluição, estres do dia a dia e má qualidade de vida; o clima instável devido a fragilidade do ecossistema, que prejudica a produção de alimentos além de trazer uma independência pessoal que afasta as pessoas nos privando dos privilégios e prazeres da interação em grupo. A constante extração de matérias primas e agressão abusiva a natureza, gerou um desiquilíbrio no ecossistema e preocupação no destino da constante evolução tecnológica. Para que o planeta e a vida humana não entre em colapso, medidas devem ser tomadas e algumas delas são a inserção de práticas ecológicas e de sistemas sustentáveis no nosso cotidiano, deste modo poupando o meio ambiente e, tal ação é estimulada pela lei nº 12.836, de julho de 2013 1, que traz algumas modificações no Estatuto da Cidade; apoiando a adesão de sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que possibilitem a redução no impacto ambiental e na economia dos recursos naturais. A conscientização dos problemas que geramos já existe, mas há um certo receio em relação a aderirmos algumas soluções encontradas, pois para nós são novidades que até então não faziam parte da nossa cultura; portanto para que haja uma comoção da população em relação ao movimento sustentável elas precisam sentir e vivenciar algumas experiências nas quais estas práticas foram aplicadas para que haja a aceitação e confirmação de sua eficiência. As medidas para desacelerar e amenizar os impactos ambientais gerados pela nossa vivencia devem ser implantadas para que uma qualidade de vida melhor prevaleça, e a vida na Terra perdure, assim a inserção da ecovila urbana se faz presente, pois esta leva em consideração as questões sociais, ambientais, culturais e
1
Lei nº 12.836, de julho de 2013, que altera os arts. 2º, 32 e 33 da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 – Estatuto da Cidade, encontra-se em anexo A.
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econômica; e no ano de 1998, foi considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como umas das 100 melhores práticas para o desenvolvimento sustentável. 2
2
What is an Ecovilage? [on line]. Disponível em: http://gen.ecovillage.org/en/article/what-ecovillage. Acessado em 29 abr. 2016
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1
ECOVILA URBANA VIVER BEM Morando desde muito pequena em uma residência rural, criei um vínculo e
respeito muito grande pela natureza, não só por sua beleza natural e paz de espírito, porque ela é a responsável por manter o equilíbrio da Terra, por nos manter vivos em diferentes aspectos. O que teve grande influência na escolha de minha futura profissão, foi eu presenciar o vasto e vivido verde da cidade sendo liquidado e substituído por um mar de concreto, e isso está nos trazendo vários problemas, como as temidas ilhas de calor, alagamentos, problemas de saúde e doenças novas, falta de água e energia elétrica, falta de alimentos, alterações climáticas significativas, entre muitos outros, problemas ambientas que proporcionaram a ONU uma previsão de catástrofe em nível mundial para o ano de 2050, onde estima-se que mais de 3 bilhões passem a viver em estado de extrema pobreza, sendo 155 milhões destes, habitantes da América Latina e também do Caribe. Os problemas vêm se agravando cada vez mais, pois a percepção da perda da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos são mais difíceis de serem notados, por isso há uma certa dificuldade das pessoas se darem conta da existência de alguns problemas gerados pela degradação do meio ambiente. Vivenciando tudo isso, e temendo o futuro incerto, mas cheio de previsões catastróficas que nos aguardam, nasceu em mim um anseio por um lugar melhor para vivermos, por isso vejo a necessidade de conciliar a construção civil com o meio ambiente, onde pequenas ações fazem grande diferença. Portanto a sustentabilidade já fazia parte do meu tema, desde que inicie o curso, e dada a hora de escolher o tema, a ideia de elaborar uma vila para que eu pudesse aplicar as técnicas de conforto ambiental e sustentabilidade me atraíram, foi quando em meio a uma pesquisa tomei conhecimento das ecovilas, da qual a urbana muito me atraiu, se encaixando perfeitamente ao meu propósito e a maneira como penso, onde o processo de revitalização deve ser gradual, de maneira racional e sem ser radical, já que está não implica o desligamento com o meio urbano, pois mudanças bruscas geram certa resistência, e de uma maneira geral, a mudança de hábito sempre será um desafio. Assim sendo cada vez mais atrativo a população em geral, já que a ideia é reverter o quadro em que vivemos hoje.
19
1.1
JUSTIFICATIVA É de geral conhecimento que hoje levamos uma vida atribulada, competitiva e
solitária, consequências de uma sociedade escrava do sistema capitalista, onde trabalhamos incansavelmente para contribuir e também para suprir nossas próprias necessidades como a moradia, alimentação, saúde, vestimenta, entre outros. A ambição do mercado mundial, traz a concorrência entre as pessoas, as levando ao individualismo, exclusão social, falsas amizades e o egoísmo, onde elas não confiam mais umas nas outras as obrigando a abrir mão do companheirismo, da amizade e da cooperação. Outro fator que está também influi é sobre as estruturas urbanas, pois o poder de compra acreditado pelo capitalismo gera o crescimento das malhas urbanas de maneira desordenada e rápida sem um planejamento futuro, pois tempo é dinheiro, deixando assim as cidades um caos de concreto que líquida o verde, as matas, degrada os rios, o solo, o ar e o clima. O sistema transformou nossos hábitos, modo de pensar, agir, costumes e principalmente as necessidades com os seus avanços tecnológicos e as comodidades, nos tornando predadores de nossa própria existência a tal ponto que passamos a questionar o que será do futuro e, como irão viver as próximas gerações, salientando também a ruptura perturbadora que se seguirá em relação a demografia e a condição social, pois os meios de subsistência já estão seriamente afetados, como no caso da agricultura, que com o clima imprevisível se torna improdutiva, rendendo muitos prejuízos ao agricultor, o obrigando a abandonar a prática. Os cortes constantes de água e energia elétrica e as mudanças climáticas irregulares, são indícios de que a natureza já está em seu limite e que não tem muito mais para nos oferecer devido a nossa exploração, extração e degradação excessiva, pois vivemos uma era de consumismo exagerado, onde as pessoas mostram o seu “poder” através de aquisições, tendo muito mais do que realmente necessitam, consequentemente descartando muito mais do que a natureza produz ou pode absorver, deste modo causando um grande colapso no nosso perfeito ecossistema, que diretamente nos afeta, mas um dos grandes contribuintes neste cenário é o ramo da construção civil, que hoje é a atividade que mais gera resíduo sólido no mundo, além de que um projeto mal elaborado também contribui para um consumo excessivo de água e energia além de não proporcionar uma boa qualidade de vida aos moradores.
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A ONU lançou no ano de 2013, um relatório na qual confere o aumento e intensificação dos desastres por causas naturais, como os furacões, terremotos, tempestades, e deslizamentos de solo, trazendo muitas perdas, tanto humanas como também financeiras. Por outro lado, muitas técnicas já foram desenvolvidas prezando uma construção sustentável em harmonia com o meio ambiente através de técnicas construtivas e sistemas que introduzem em nosso cotidiano o uso do que a natureza nos fornece sem degradá-lo ou abusar, no entanto, estes meios muitas das vezes, possuem um custo inicial elevado, e algumas por serem técnicas mais recentes geram um certo receio nos moradores de aplica-las ou um pré-conceito sobre algo desconhecido, mas elas não entendem que com o avanço das técnicas e da tecnologias, os problemas do passado podem não existir mais, assim como o alto investimento inicial pode ser recuperado e transformado em lucro a longo prazo. A cidade de Marília, está em uma crescente fase de expansão, onde no ano de 2015 abrigou uma população estimada em 232.006 pessoas, 15.261 habitantes a mais que no ano de 2010 de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com isso, o número de construções vem aumentando juntamente com os frequentes lançamentos de novos condomínios e loteamentos que se estendem pela periferia da cidade, alastrando cada vez mais o mar de concreto e problemas, pois o número de pessoas que investem em construções ecologicamente corretas é mínimo. E como diz Vick Arroyo3: “Cabe a nós olhar para nossas casas e nossas comunidades, nossas vulnerabilidades e nossa exposição ao risco, e encontrar formas não apenas de sobreviver, mas de prosperar, e cabe a nós planejar e preparar[...]” 4. Por isso a inserção de uma ecovila urbana na cidade de Marília se faz necessária, porque assim as pessoas poderão ter acesso a construção e sistemas sustentáveis, além de poder conviver em meio a natureza e das práticas saudáveis proporcionadas pelo espaço verde e amplo, e ver que tudo isso funciona, é bom e é benéfico para
3
Vick Arroyo é diretora executiva e professora do Centro Clima Georgetown da universidade da Georgetown University Law Center, em Washington, Estados Unidos. 4
ARROYO, V. Vamos nos preparar para nosso novo clima. Tradução Raissa Mendes. In: TEDGLOBAL 2012: RADICAL OPENNESS, 2012, Edinburgh. Palestra... Edinburgh: [s.n.], 2012. Disponível em: https://www.ted.com/talks/vicki_arroyo_let_s_prepare_for_our_new_climate/transcript?language=ptbr. Acessado em: 28 abr. 2016.
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nós mesmos e para o meio ambiente; além da questão da vila que leva em consideração a reintegração da convivência em grupos, onde um coopera com o outro, nos inserindo novamente no contexto da amizade, colaboração e amor ao próximo em meio ao bem estar mútuo com a natureza , na tentativa de recuperá-la e não degradá-la, mas sempre continuando a evoluir conscientemente; assim permitindo com que as futuras gerações também usufruam de um lugar saldável para se viver e conviver.
1.2
CONCEITOS
1.2.1 Ecovila
As ecovilas estão sendo implantadas ao redor do mundo todo, e são uma tendência de estilo de vida, e de acordo com a GEN, ecovila é uma comunidade organizada de maneira intencional ou tradicional, que utiliza processos participativos locais em um todo voltado para a sustentabilidade de maneira ecológica, econômica, social e cultural na busca de se reconstituir os ambientes naturais e os sociais5, afirma Albert Bates, um dos secretários regionais do Global Ecovillage Network (GEN), e também um dos fundadores do Ecovillage Network of the America (ENA); a respeito das ecovilas: “[...]
representam uma solução universal: pacifista voluntária,
culturalmente sensível, democrático, espiritualmente sintonizados em harmonia com o mundo natural.”6 As Ecovilas não precisam necessariamente surgir do zero, um empreendimento novo, mas pode partir de vilas, comunidades, condomínios já existentes onde os moradores partilham do interesse de preservar o meio ambiente através da introdução do conceito sustentável no modo de viver e morar. É um local habitado por um grupo de pessoas que realmente se importam, prezam as relações humanas, se apoiam e respeitam uns aos outros e ao meio
5
What is an Ecovillage? [on line]. Disponível em: http://gen.ecovillage.org/en/article/what-ecovillage. Acessado em: 28 abr. 2016. 6
BATES, A. A ecovillage roots (and Branches): when, where and how we reinvented this ancient village concept. Communities Magazine, v. 113, 2003. Disponível em: http://ena.ecovillage.org/index.php?option=com_content&amp%3Bview=article&amp%3Bid=71. Acessado em: 04 mai. 2016.
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ambiente, com um profundo sentimento de união e de fazer parte de uma grande família, onde todos podem opinar e participar das tomadas de decisão, além viver de maneira inofensiva em meio a natureza com o propósito de lutar pela preservação e manutenção do meio ambiente através de meios que permitam a continuidade da vida humana sem um prazo definido e que também seja de qualidade. As ecovilas tem como objetivo intensificar as relações entre as pessoas não apenas da ecovila, mas também ao redor dela, incentivar a colaboração mútua, promover saúde e hábitos sustentáveis e ecológicos, promover as diferentes culturas, introduzir as diferentes técnicas sustentáveis e ecológicas nos hábitos pessoais e nas moradias ,compartilhar ideias e conhecimentos entre os próprios moradores e também a todos que estejam interessados ao modo de vida adotado, tornando os estilo de vida um exemplo. Tal pretensão sustentável prega a utilização de materiais ecologicamente corretos, o reaproveitamento, reuso e a reciclagem daquilo que já teve uma primeira utilidade, fonte de energia renováveis, aproveitar e utilizar sem abuso do que a natureza fornece, plantio sem agrotóxicos, entre outros.
1.2.1.1 Ecovila urbana
As ecovilas urbanas possuem as mesmas essências de uma ecovila rural, mas estão localizadas em meio a malha urbana, facilitando o acesso a materiais recicláveis além de aproveitar a infraestrutura já fornecida pela cidade, mas também pode dificultar por ter que passar por um processo de aprovação na prefeitura respondendo a lei de Uso e Ocupação do Solo e as legislações municipais, estaduais, federais, ambientais e etc., além de que ainda respondem as obrigações de cidadão. A sua localização possibilita que os moradores não abandonem totalmente o seu estilo de vida, permitindo que elas usufruam da infraestrutura das cidades, como trabalhar, passear, estudar, cuidar da saúde, etc., já que os moradores das ecovilas urbanas não serão isentos de pagar os impostos cobrados pelo governo, mas tudo isso sem deixar de lado o espírito e o sustentável.
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Como afirma Branco: “quando é dito que devemos criar responsabilidade sobre o modo de vida que vivemos, não quer dizer que devemos abandonar os hábitos e a cultura que se tem, mas sim, adotar um nível de consumo racional. ”7
1.2.1.2 Ecovila rural
A ecovila rural foram as percursoras do conceito, e como o próprio nome indica, deve estar obrigatoriamente localizada no meio rural, pois assim os moradores terão um contato maior com a natureza ao mesmo tempo que fazem uso das técnicas sustentáveis e ecológicas. A ideia de uma ecovila rural é viver e gerar condições através daquilo que eles próprios produzem e reaproveitar ao máximo todo o lixo gerado, onde possuem um desapego maior ao estilo de vida que viviam, sendo uma mudança mais extrema, onde alguns se tornam vegetarianos, naturalistas e até mesmo abrem mão dos bens materiais, tornando o custo de vida muito baixo, desde que para a implantação deste tipo de comunidade não é necessária a aprovação por parte da prefeitura, apenas o pagamento do imposto cobrado sobre a Propriedade Territorial Rural. A principal característica da ecovila rural é a prática da permacultura, que é um sistema de produção orgânica, que não agride solo, além de utilizar agentes ecológicos em sua produção, como adubos gerados pelo processo de compostagem e de esterco.
1.2.2 Sustentabilidade
Conceito que surgiu em 1987, sendo assim recente, definida durante a no Relatório de Brundtland8, e como o próprio nome indica, a sustentabilidade tem o papel de preservar e sustentar o que a natureza nos forneceu, dado então com a capacidade do ser humano poder viver em um ambiente sem prejudica-lo ou degradálo.
7
BRANCO, A. C. Permacultura propõe uma nova forma de habitar o mundo [on line]. Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=804130. Acessado em: 19 fev. 2016. 8
Documento elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente, apresentado no ano de 1987 com a proposta de desenvolvimento sustentável, pensando no presente com e no futuro.
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A sustentabilidade se encontra presente no âmbito econômico, social, cultural e educacional, pois a sua pratica requer e influi nos vários campos que compõe a sociedade, para que estes se desenvolvam e progridam sem afetar o meio ambiente em que vivemos. Por isso a elaboração de planos, soluções e tudo o mais são elaborados e estudados a fim de se introduzirem no cotidiano e na cultura das pessoas para que essas possam contribuir para uma manutenção e preservação coletiva ao meio ambiente, garantindo uma qualidade de vida para nós hoje e também para as próximas gerações que estão por vir, dando assim um sentido de continuidade da humanidade.
1.2.2.1 Sustentabilidade na construção civil
A sustentabilidade na construção civil é um conceito novo, que é aplicado através de técnicas, tecnologias e metodologias que ocorrem durante e após o processo de construção. Na arquitetura, a sustentabilidade tem o papel de reduzir os impactos ambientais de maneira ecológica e correta além de incitar o desenvolvimento social e cultural sendo economicamente viável através de técnicas e tecnologias inovadoras e da utilização do que já existe em torno. Portanto deve-se atender as necessidades do programa e do usuário sem deixar de lado a preservação do ambiente em torno.
1.2.2.2 Desenvolvimento sustentável
O assunto já vinha sendo discutido há muito tempo atrás, 1960 e 1980, no entanto
não
recebiam
a
atenção
e
consideração
devida.
A
expressão
desenvolvimento sustentável foi estabelecida no ano de 1987, através do relatório final gerado pelo debate do assunto na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD); onde o termo define ser aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”. Há uma grande resistência por parte das grandes empresas e indústria mundiais quando o assunto se trata de desenvolvimento sustentável, que por sinal são os que mais contribuem para a degradação ambiental; pois para eles quanto mais as pessoas consumirem mais elas vão ganhar, e com a política verde, eles terão
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muitas restrições para continuar produzindo, o que pode gerar uma redução na produção, além de um elevado investimento para tornar o processo de produção o mais ecologicamente correta. Um pouco desta resistência também se dá pelos incentivos governamentais, como no caso do Brasil, onde ouve o inflamado incentivo ao consumismo, como por exemplo a compra de automóveis com a redução de impostos para evitar o ingresso em meio à crise econômica que derrubou muitos países, mas com essa medida compulsiva, os problemas ambientais estão se agravando, como o aumento da poluição e do lixo industrial, a necessidade de se ampliar a malha viária, além de gerar um grande transtorno na mobilidade humana.
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2
COLETA DE DADOS
2.1
SURGIMENTO DAS ECOVILAS Por volta de 1930 ouve a formação de grupos de pessoas que haviam repulsa
por viver em sociedade e nos cetros urbanos, pois consideravam o sistema falho, então formavam comunidades distantes da malha urbana, no entanto estes movimentos não duravam muito tempo, pois os pioneiros envelheciam e os jovens não estavam interessados em viver longe da sociedade e dos benefícios dos centros urbanos, quadro que veio a mudar depois da inserção dos conceitos ambientais a estas, pois há a criação de um novo estilo de vida fundamentado em um bem pessoal e também maior. De acordo com Bates, os primeiros indícios de formação de comunidades de cunho sustentável utilizando o termo ecovila surgiram por volta de 1979, em um centro educacional concebido pela revista Mother Earth News na Carolina do Norte, onde um grupo de edifícios receberam um sistema experimental de energia e jardins orgânicos e, simultaneamente na Alemanha e Dinamarca. No primeiro em Gorleben, surgiu como uma forma de protesto por ativistas anti-nucleáres que lutavam contra o descarte de resíduos nucleares na cidade, onde no local foi criada uma aldeia ecológica, que mais tarde foi removida, mas que deixou o conceito intacto na Alemanha, onde no ano de 1985 foi criada a revista Ökodorf9 Informationen, divulgando o conceito ecovila. O segundo, parte da evolução das comunidades intencionais cohousing10 e habitações cooperativas, para um enfoque mais ecológico. No mesmo pais, em 1993, um pequeno grupo de comunidades cria a primeira rede de ecovilas, a Danish Ecovillage Network, que serviu de modelo para a criação de ecovilas maiores. No ano de 1987, é criado o fundo de caridade Gaia Trust, pelo Casal Hildur Jackson, advogada e ativista ambiental; e Ross Jackson, programador de
9
Palavra alemã que significa ecovila.
10
São comunidades urbanas que respeitam o meio ambiente, onde os moradores compartilham espaços e experiências com seus vizinhos, e as residências são construídas umas de fronte a outra separadas por jardins e áreas de lazer; há também a divisão de trabalho para a manutenção dos espaços de uso comum. (SARMATS, L.; LACERDA, M.; VASCONCELOS, Y. Como funciona uma cohounsing?. Revista Vida Simples, 2009. Disponível: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/cidade/conteudo_418857.shtml. Acessado em: 07 mai. 2016.
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computação; com o intuito de estimular e incentivar o movimento de ecovilas em escala global. Em 1991, contrataram o casal de editores Diana e Robert Gilman, que a tempo já vinham falando sobre as ecovilas; para impulsionar o movimento, através da catalogação dos esforços que realizavam as diversas comunidades de cunho sustentável ao redor do mundo, e apresentando a filosofia e os princípios das ecovilas, criando assim o Relatório Gilman, que representa o marco inicial das ecovilas. Em 1995 o movimento tomou forma com o encontro em Findhorn, das ecovilas existentes na Índia, Austrália, Dinamarca e Estados Unidos e Escócia, formando o Global Ecovillage Network (GEN), que criou 3 secretarias administrativas, onde cada uma ficou responsável por supervisionar e desenvolver programas que incentivem a proliferação do movimento pela Europa e África, Ásia e Oceania, e nas Américas; uma quarta foi criada em Copenhagen como sede para administrar todas as secretarias e buscar financiadores para o projeto. Durante a transição do século 21, milhares de ecovilas já haviam sido registradas pela GEN, e vários deles, desenvolveram programas envolvendo universidades, e programas de viagem incentivando as pessoas a conhecerem as instalações e estilo de vida das ecovilas. Com toda essa repercussão e reconhecimento do movimento pela ONU, como uma das 100 melhores práticas em busca do desenvolvimento sustentável no ano de 1998, a GEN passou a ser um órgão importante em meio a política, servindo também como orientador para as consultas vindas do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. As ecovilas tem como base de formação os dos documentos elaborados durante as várias edições da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, como a Agenda 21, a Carta Brundtland e o mais recente O Futuro que Queremos. De acordo com dados levantados por Siqueira11, hoje não temos com exatidão o número certo de ecovilas e comunidades intencionais, pois nem todas estão registradas e outras ainda seguem o estilo de vida tradicional em áreas rurais distantes dificultando o mapeamento, por isso com base em levantamento ocorrido no final de 2015 pela Fellowship for Intentional Community (FIC) 12 e pelo GEN, estimasse que
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SIQUEIRA, G. M. V. Ecovilas e comunidades no Brasil [on line]. Disponível em: http://www.irradiandoluz.com.br/2015/10/ecovilas-e-comunidades-no-brasil.html. Acessado em: 21 mar. 2016. 12
A Fellowship for Intentional Community é uma organização sem fins lucrativos que se dedica ao incentivo da cultura cooperativa. (FELLOWSHIP FOR INTENTIONAL COMMUNITY. Welcome to the
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haja pelo 3.000 espalhadas pelo mundo, onde 463 deste número represente o número de Ecovilas.
Figura 1- Localização das comunidades intencionais ao redor do mundo
FONTE: http://www.irradiandoluz.com.br/2015/10/ecovilas-e-comunidades-no-brasil.html, 2015.
No Brasil, estão registrados no GEN e FIC, 99 comunidades intencionais, das quais 17 são ecovilas, mas estes não são números exatos já que a Associação Brasileira das Comunidades Alternativas (ABRASCA) e o Movimento Brasileiro de Ecovilas (BEM) também possuem membros, mas não disponibilizam dados. No país as ecovilas estão espalhadas pelos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Maranhão, Paraíba, Amazonas, Pará e Roraima. No estado de São Paulo, o número de comunidades e ecovilas é estimado em 20.
2.2
DESAFIOS E BENEFÍCIOS ENCONTRADOS EM ECOVILAS
2.2.1 Desafios e dificuldades
Como em qualquer lugar, as ecovilas também encontram desafios e passam por dificuldades tanto em sua infraestrutura, como também nas relações humanas, por isso listo algumas das dificuldades e desafios que muitas ecovilas encontraram durante a sua formação e no desenvolver do estilo da que ainda é novidade no país: Fellowship for Intentional Community [on line]. Disponível em: http://www.ic.org/. acessado em: 19 jun. 2016.
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Preservar a natureza existente durante a construção e vivencia na ecovila: as instalações e estruturas a serem construídas devem se adequar ao terreno e as vegetações existentes e não ao contrário, onde estas devem ser alteradas somente caso não tenha outra solução.
Reaproveitar o maior número possível dos resíduos sólidos gerados: a grande maioria da população mariliense não possui os hábitos de separar o lixo para a reciclagem já que a própria cidade fornece o serviço de coleta seletiva, motivando os moradores a descartarem todo o lixo gerado de maneira inadequada, não permitindo que nada possa ser reaproveitado, no entanto uma nova conscientização surge com o conceito de ecovila, na qual o processo de reciclagem e reaproveitamento é de suma importância.
Construir de maneira a agredir minimamente o entorno e introduzir técnicas sustentáveis e ecológicas as instalações: muitas das técnicas sustentáveis além de possuírem um preço inicial elevado exige uma mão de obra mais específica que é escassa no país, já que são tidas como novidades, a população tem a cultura de construir utilizando técnicas construtivas tradicionais que geram muitos resíduos sólidos e tem um custo inicial relativamente baixo, já que se trata de um sistema comum, dificultando assim o objetivo de alcançar o ideal de uma ecovila, por isso; no entanto hoje estão sendo desenvolvidos muitos materiais ecológicos com a intenção de substituir muitos dos convencionais que agridem o meio ambiente, com preços acessíveis.
Conciliar o estilo de vida capitalista ao estilo que presa a manutenção e a preservação do meio ambiente além do coletivismo: um dos fatores que leva a degradação ambiental é a extração excessiva de matéria prima estimulada pelo consumismo desenfreado da qual somos culpados, por isso o estilo de vida pregada nas ecovilas exige uma maior conscientização dos nossos atos sobre o meio ambiente, onde nossas ações devem afetar minimamente o ambiente natural da qual estamos rodeados, e para isso, as ecovilas pregam a reciclagem, o cultivo sem agrotóxicos, a compostagem, carona amiga,
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construções ecologicamente corretas, espírito de grupo e a colaboração e respeito entre os semelhantes.
Desistência dos moradores por não conseguirem se encaixar no estilo de vida das ecovilas quando submetidos a muitas mudanças, ou quando entre os moradores são gerados o individualismo e o desafeto: mesmo possuindo os mesmos ideais, em meio a grande quantidade de membros, há a presente desinteligência entre os moradores causadas pelos diferentes modos de pensar e agir, porque como de praxe, cada pessoa possui uma personalidade, provocando assim desistência por parte dos moradores em continuar vivendo em grupos; outro fator que também influi em tal decisão é a mudança brusca proposta principalmente nas comunidades rurais, que são mais radicais, por isso uma ecovila com uma quantidade razoável de habitantes, que permita a interação e convivência entre os moradores sem grandes desentendimento e a introdução de um estilo de vida que permita aos moradores a não abrir mão de tudo que conquistaram e conhecem, mas sim a conciliarem os princípios e de maneira gradual, irem se adaptando e se aprofundarem no espírito naturalista seja muito mais atrativo, já que continuamos respondendo ao sistema capitalista que rege o país e as nossas obrigações como cidadãos.
A maioria das pessoas que se utilizam as técnicas sustentáveis são da classe média e da alta, tornando as ecovilas elitistas, além de criar uma distinção entre os moradores, gerando assim conflitos: no entanto se tratando de um empreendimento onde há a exigência de todas as instalações de utilizarem de tais tecnologias, haverá um redução nos custos devido a compra em grande escala, além de que uma mesma construtora e empresas a serem contratadas podem ficar responsáveis por todo o empreendimento.
Não existe uma legislação específica para tal empreendimento, apenas normas ambientais e incentivos por parte da legislação: pela ecovila urbana ser um empreendimento que está chegando ao Brasil, o país não possui uma normatização específica para tal empreendimento, no entanto uma ecovila urbana está sendo implantada no país, da qual o Dr. Ms. Arq. Flávio Januário José, idealizador do empreendimento, criou diretrizes para o desenvolvimento
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de ecovilas urbanas no país como tema de tese para seu doutorado, das quais achou necessária para a consumação da Ecovila Sta. Margarida, e que servirá como base para a projeção da Ecovila Viver Bem.
2.2.2 Benefícios
Apesar das dificuldades, as ecovilas trazem muitos benefícios tanto para os moradores, para a sociedade e consecutivamente para o meio ambiente, das quais algumas vou citar:
A prática sustentável continua promovendo o desenvolvimento de tecnologias alternativas em prol de melhorias e até desenvolvimento de novas técnicas assim promovendo um desenvolvimento sustentável.
Estimula e revive as interações humanas, e o espírito de grupo, já que a ecovila parte da convivência em grupos, que juntos realizam várias atividades em prol da própria comunidade e dos moradores.
Diminuição nos índices de poluição com a prática da carona amiga, onde os moradores dão caronas uns aos outros para diminuir a emissão de CO 2, além da prática do ciclismo e da reciclagem.
Diminuição na produção de resíduos sólido através da utilização de materiais ecológicos e recicláveis, permitindo o reaproveitamento daquilo que seria descartado.
Diminuição da extração de recursos naturais com a obrigatoriedade de não degradar o meio ambiente e de praticar a reciclagem, o reaproveitamento e consumir apenas o necessário.
Diminuição da possibilidade de enchentes, erosão do solo e ilhas de calor causadas pela impermeabilidade do solo com a utilização de sistemas de drenagem naturais, onde o solo permeável e as valetas biológicas permitem a percolação da água para os lençóis freáticos e ameniza as ilhas de calor causadas pela grande quantidade de pavimentação nos solos e construções
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que absorvem o calor através da grande quantidade de vegetações no solo, que ajuda na não erosão do solo; e também nos telhados e paredes.
Baixo custo na conta de energia elétrica e de água através dos sistemas de captação de água das chuvas e da reutilização e tratamento das águas cinzas provenientes de pias, ralos e máquinas de lavar roupas em ambientes onde não há a necessidade da utilização de água potável; e também a produção de energia limpa através da captação da energia solar pelas placas fotovoltaicas e também pela força do vento pelo sistema eólico através dos cata-ventos; além de tecnologias que permitem a economia de energia como os aquecedores solares, lâmpadas LED e espelhos d’água.
Vida mais saudável e de qualidade através da vivencia em meio a natureza, praticando caminhadas e pedaladas, uma alimentação mais saudável já que a própria ecovila produz os seus alimentos sem a utilização de agrotóxicos e um lugar mais agradável e relaxante para viver.
Aumento das áreas verdes decorrentes da preservação das vegetações existente e implantação de paisagismo em toda a extensão do empreendimento ocupando as áreas que em um empreendimento residencial comum seria coberto por asfalto ou concreto.
Maior contato com a natureza promovendo para as crianças um ambiente mais agradável para crescerem e mais adequado para brincar e interagir com maior segurança com outras crianças, além de proporcionar aos moradores um ambiente mais aconchegante e tranquilo, permitindo após uma longa jornada de trabalho um lugar especial para relaxar e descontrair, pois a natureza e a vegetação possuem o poder de transmitir boas sensações como a de liberdade e o bem-estar.
Maior interatividade humana já que um dos princípios é a interação e apoio entre os moradores, onde de maneira coletiva e cooperativa lutam por um lugar
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melhor para viver em prol de um futuro melhor e saudável, reestabelecendo novamente a interação de maneira presente entre pessoas.
2.3
LEITURA DE PROJETOS
2.3.1 Ecovila Santa Margarida
Figura 2 - Localização pelo Google Earth da ecovila Sta. Margarida
FONTE: https://www.google.com.br/maps/place/Ch%C3%A1cara+Santa+Margarida,+Campinas++SP/@-22.7886983,47.0669422,761m/data=!3m1!1e3!4m2!3m1!1s0x94c8c16faa080d01:0xea5bc4cc7e69e64b, 2016. Figura 3 - Localização pelo Google Earth da ecovila Sta. Margarida em meio a malha urbana
FONTE: https://www.google.com.br/maps/place/Ch%C3%A1cara+Santa+Margarida,+Campinas++SP/@-22.7886983,47.0669422,761m/data=!3m1!1e3!4m2!3m1!1s0x94c8c16faa080d01:0xea5bc4cc7e69e64b, 2016.
34 Figura 4 - Limites da área de implantação da ecovila Sta. Margarida pelo Google Earth
FONTE: Flávio Januário José, Diretrizes para o desenvolvimento de ecovilas, 2014.
A ecovila urbana Sta. Margarida, que tem a pretensão de ser 100% sustentável, se localiza em Barão Geraldo, Campinas - São Paulo, se encontra em processo final de aprovação pela Prefeitura Municipal de Campinas, processo que vem lentamente se desenrolando a mais de 4 anos, pois, mesmo este não transgredindo nenhuma legislação vigente e sendo apenas complementar trazendo benefícios como maior eficiência, qualidade e baixo custo para a cidade, o país ainda não possui diretrizes suficientes para o tipo de empreendimento em desenvolvimento, como afirma Januário em reportagem: 13
No Brasil ainda não existe uma ecovila urbana implantada com diretrizes suficientes para a caracterização de uma ecovila de fato. O que existem são bairros verdes, com algumas casas e famílias seguindo conceitos sustentáveis ou unidades residenciais em áreas urbanas que também seguem estes conceitos. A Santa Margarida, se o município colaborar analisando adequadamente os projetos dentro dos prazos, provavelmente será a primeira ecovila urbana do Brasil.
Projeto e trabalho utilizados como referência no presente trabalho, foram elaborados pelo arquiteto e urbanista Flávio Januário José, que fez do empreendimento tese para seu doutorado “Diretrizes para o Desenvolvimento de Ecovilas Urbanas”, servindo como modelo de processo participativo e popular pela ONU, em Dakar, Senegal, na Conferência The Global Ecovilage Summit14 em 2014; 13
Barão tem primeira ecovila urbana do país: já reconhecido internacionalmente, projeto está em fase final de aprovação na Prefeitura de Campinas. Jornal todo dia, Campinas, 11 dez. 2015. Disponível em: http://anterior.tododia.uol.com.br/?TodoDia=especiaiseMateria=545. Acessado em: 28 fev. 2016 14
A Conferência The Global Ecovilage Summit promovida pela GEN, ocorreu em Senegal no ano de 2015, mobilizou 40 nações em uma cúpula, onde diferentes assuntos a respeito de ecovilas foram
35
tem a intenção de transmitir e instigar a introdução de técnicas e sistemas sustentáveis.
Figura 5 - Projeto da ecovila urbana Sta. Margarida
FONTE: Flávio Januário José, Diretrizes para o desenvolvimento de ecovilas, 2014. Figura 6 - Projeto conceitual
FONTE: Flávio Januário José, Diretrizes para o desenvolvimento de ecovilas, 2014.
desenvolvidos e compartilhados, como: o progresso, desafios, e as conquistas por parte de integrantes e celebres nomes que lutam pela causa, e também de como cooperar com os governos e continuar evoluindo, a partir daí um plano de estratégia também foi elaborado para como proceder durante o processo de transição para ecovila.
36 Figura 7 - Implantação do empreendimento
FONTE: http://ecovilasantamargarida.blogspot.com.br/, 2013. Figura 8 - Projeto urbanístico legal
FONTE: Flávio Januário José, Diretrizes para o desenvolvimento de ecovilas, 2014.
37 Figura 9 - Projeto desenvolvido para a sede da ecovila Sta. Margarida
FONTE: Flávio Januário José, Diretrizes para o desenvolvimento de ecovilas, 2014. Figura 10 - Residências com tipologias diversificadas utilizando os materiais locais ou renováveis
FONTE: Flávio Januário José, Diretrizes para o desenvolvimento de ecovilas, 2014.
38 Figura 11 - Residência piloto 01
FONTE: Flávio Januário José, Diretrizes para o desenvolvimento de ecovilas, 2014.
Contando com uma área de 89.987,66 m² em meio a malha urbana, a comunidade que conta com 51 famílias, mas que não residem ainda no local, faz o uso da terra através de atividades coletivas e ministrando cursos e oficinas voltadas a sustentabilidade e ecologia na edificação já existente no local, que servia como sede da Fazenda.
Figura 12 - Casarão existente que serve como espaço para as atividades comunitárias aos associados
FONTE: http://baraoemfoco.com.br/barao/noticias/2015/ecovila/ecovila2.htm, 2015.
39
A proposta da ecovila leva em consideração a diversidade cultural, social e econômica, onde devem ser inclusos a natureza e os seres vivos, conciliando a construção com tudo o que é essencial para a manutenção da vida humana. Com a pretensão de praticar a inclusão social, inicialmente o empreendimento tinha o objetivo de criar lotes de diferentes dimensões e edificações, de modo mesclado, com a pretensão de que todos pudessem usufruir da vivencia na ecovila, mas de acordo com a lei de zoneamento da cidade, a proposta não poderá ser executada. O projeto também apresenta a introdução do sistema traficc calming 15, onde a pista tem um estreitamento próximo as esquinas ou locais que há a necessidade da redução de velocidade, e nestes estreitamentos são feitos jardins de chuva, que são interligados as Biovaletas, que funcionam como uma drenagem natural da água recebida, reduzindo assim as possibilidades de erosão do solo. Outros sistemas também foram propostos como: piso intertravado nas faixas laterais do leito carroçável; cada lote será responsável por seus efluentes, devendo fazer o tratamento necessário para sua reutilização; banheiro seco; reutilização das águas cinzas nos vasos sanitário para aqueles que não aderirem a técnica do banheiro seco; sistema de aquecimento solar de água; captação, armazenamento e reuso da água da chuva; reservatórios para captação e retardo da água da chuva16; sistema de compostagem; horta orgânica em pelo menos 1% da área correspondente ao terreno; geração de energia sustentável por placas fotovoltaicas; sistema construtivo racional, ecológico e sustentável.
15
É um conjunto de técnicas que visam a redução dos problemas de trânsito ao mesmo tempo que proporciona um ambiente mais seguro e agradável com base na mudança do volume de tráfego e do comportamento dos motoristas. (ESTEVES, R. Traffic Calming [on line]. Disponível em: http://www.cicloativismo.com/mobilidade-urbana/trafic-calming/. Acessado em: 04 mai. 2016.) 16
Sistema que consiste em captar grande parte da água precipitada em reservatórios que ficam responsáveis por permitir a infiltração da água de maneira controlada no solo ou armazenamento, para diminuir o volume de água que cairá nas redes de esgoto e leitos de rios, além das valas de drenagem, assim evitando enchentes.
40 Figura 13 - Sistema de filtragem de água por zonas de raízes existente na ecovila Sta. Margarida
FONTE: http://baraoemfoco.com.br/barao/noticias/2015/ecovila/ecovila9.htm, 2015.
Presando
a
natureza,
a
infraestrutura
deve
seguir
o
conceito
de
sustentabilidade e obedecer às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e se ajustar ao que já se encontra na gleba, para não prejudicar nenhum elemento natural existente.
Figura 14 - Organograma da Ecovila Sta. Margarida
FONTE: Flávio Januário José, Diretrizes para o desenvolvimento de ecovilas, 2014.
76
3
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1
PROBLEMATIZAÇÃO As cidades estão crescendo, as nações estão fervorosamente desenvolvendo,
e o planeta está desastrosamente sendo degradado. Nossas atividades cotidianas estão gerando muitos problemas ao meio ambiente, mas a principal que intensifica este fator é a construção civil, um dos mais potentes motores da economia; da qual estima-se que de todo o resíduo sólido gerado, mais de 50% são provenientes da tal atividade. Além de gerar muitos resíduos, a construção civil também é responsável por utilizar de 20 a 50% dos recursos naturais extraídos, como os agregados, madeira e matérias primas como o zinco e o cobre, estes que tem uma estimativa de durar até apenas daqui 50 anos aproximadamente. Devido a estes fatores é fundamental que a ideologia ecológica e sustentável passe a fazer parte da construção civil, com propostas e técnicas construtivas que auxiliam na preservação e manutenção do meio ambiente, mas sem deixar de atender as necessidades e expectativas dos usuários, pois a construção, na sua maioria, é a consumação de um sonho.
3.2
OBJETIVOS O dado trabalho será realizado com o intuito de se iniciar um estudo mais
aprofundado sobre as diferentes técnicas e tecnologias que estão sendo introduzidas no ramo da construção civil no âmbito da sustentabilidade e ecologia, para que quando profissional, eu possa colocar em prática tudo aquilo que foi objeto de pesquisa, e também que eu seja capaz de convencer as pessoas a aderirem a pratica do desenvolvimento sustentável, e quando feito, que elas possam usufruir e constatar que funciona, é benéfico e que estão colaborando para a recuperação do nosso lar, consecutivamente para a melhora da qualidade de vida de todos.
77
4
VIABILIDADE TÉCNICA
4.1
ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO A Proposta foi feita pensando no fato da cidade não possuir muitos
empreendimentos sustentáveis, mas estar em constante crescimento, o que não condiz com a realidade que vivemos e muito menos com a qual o mundo se encontra, pois, hoje estamos passando por um período de descobertas, mudanças, e temores em relação ao meio que estamos inseridos, não nos permite mais continuar com o estilo de vida e pensamentos que pode se dizer, estão estagnados no tempo, o mercado da construção civil evoluiu, e continua evoluindo cada vez mais em direção a um desenvolvimento sustentável e limpo, e é nosso dever e obrigação utilizar as fornecidas técnicas para que todos colaborem no projeto de recuperação do ecossistema natural da Terra. Portanto o projeto da Ecovila Urbana Viver Bem, vem com a principal motivação fornecer aos moradores uma visão diferente de estilo de vida, uma que agride menos o meio ambiente e propõe a recuperação das interações humanas, assim pretendendo difundir a ideia sustentável e ecológica pela cidade, e futuramente pelo país.
4.2
HISTÓRIA DE MARÍLIA A formação da cidade se inicia no ano de 1913, quando Antônio Carlos Ferras
Sales abre um picadão de 147 quilômetros de extensão a partir da estação de Presidente Pena até platina, picadão que cortava a rua Nove de Julho. A cidade foi resultado da junção de três patrimônios, criados entre os anos de 1919 a 1926, dando origem aos principais bairros da cidade, onde temos o Alto Cafezal ao noroeste, o bairro mais antigo, patrimônio de José Pereira da Silva; Vila Barbosa ao sudeste, formada por Almeida e Nogueira; e o patrimônio Marília ao leste, por Bento de Abreu Sampaio Vidal, considerado o fundador da cidade; sendo a que mais se desenvolveu. Ainda em 1926, foi nomeada Vila e no final do mesmo ano passou a ser Distrito de Paz; em 1928 passou a ser Município e em 1933 recebeu o título de Comarca. No ano de 1928, o município já possui mais de 300 edificações, 12 milhões pés de café, farmácias, 3 escolas, igrejas sendo construídas, água encanada, Santa Casa e até mesmo um hotel, e a população chegava a 15 mil habitantes.
78
O seu rápido crescimento e a forte produção de café, traziam indícios de que a cidade seria próspera, atraindo visionários, fazendo com que pela primeira vez na história da ferrovia nacional, uma companhia executasse uma linha de penetração, que passou pelo município, com a estação Marília, nome escolhido por Bento de Abreu, que ao mais tardar veio dar nome ao município; seguindo em direção ao Paraná, que potencializou o desenvolvimento de toda a Alta Paulista. De acordo com os documentos da Seção de Estatística da Prefeitura, a estatística predial no ano de 1933, era de 1.862 edificações, no ano de 1934, o número subiu para 2.075, com uma população estimada em 64.885 no município, e em 1935 estimasse que a população chegava a 75.000. A média de casas construídas no ano de 1944, com apenas dezessete anos de idade, eram de três casa por dia, a população aumentava na medida em que a lavoura e a indústria se desenvolviam. Número de prédios existentes na cidade desde o ano de 1929:
1929..........1.084
1930..........1.120
1931..........1.453
1932..........1.643
1933..........1.862
1934..........2.075
1935..........2.846
1936..........3.254
1937..........3.637
1938..........4.005
1939..........4.098
1940..........4.643
1941..........4.782
1942..........4.898
1943..........4.938
1944..........5.048
1945..........5.217
1946..........5.683
79
Percebe-se que assim como a maioria das cidades em um febril processo de crescimento, não ouve nenhuma preocupação com o meio ambiente ou planejamento urbano, também porque naquela época não eram tão perceptíveis e claras as consequências. Hoje, com 84 anos de existência, a cidade abriga uma população de aproximadamente 232 mil habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)26 de 2015, em uma área de 1.170,515 Km², a cidade se encontra na 23ª posição do ranking das mais desenvolvidas do país, de acordo com o Sistema da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN)27, dados gerados com base em: emprego e renda; educação e saúde. A cidade atrai cada vez mais indústrias de grande porte, devido ao seu estável desenvolvimento econômico e social, e também pela recente lei sancionada por Vinícius Camarinha, que reduz a taxa de imposto nas áreas da Tecnologia da Informação, transporte público e Construção civil, este último com um pacote que permite que as construtoras tenham uma diminuição das despesas tributárias dos materiais utilizados. Atualmente, em meio a toda essa ânsia de desenvolvimento há o “bum” da construção civil em Marília, no entanto, ainda temos poucos exemplos de arquitetura sustentável, no entanto temos o residencial Costa do Ipê, que conta com regimentos internos que inserem um pouco da sustentabilidade em sua estrutura, assim como as residências modelo que também presam o conceito, mas que, infelizmente não é seguida por seus moradores.
4.3
O LOCAL O projeto será implantado na cidade de Marília, interior de São Paulo, situada
a aproximadamente 443 Km de distância por rodovia da capital paulista, e se encontra na parte ocidental da Serra de Agudos, com 490º 56’ 46” de longitude e 230º 13’ 10” de latitude sul.
26
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, é a principal fornecedora de dados e informações do Brasil, atuando nos vários segmentos sociais, governamentais, federais e municipal. 27
O Sistema FIRJAN se trata de uma organização não governamental e sem fins lucrativos, que tem como objetivo apoiar, incentivar, informar, e dar soluções que estimulem o desenvolvimento e sucesso da indústria, através de consultorias servidas a empresas. (Sistema FIRJAN: em um único lugar, soluções para a indústria crescer [online]. Disponível em: http://www.firjan.com.br/o-sistema-firjan/. Acessado em: 06 mai. 2016.)
80
Figura 68 - Cidade de Marília
FONTE: https://www.google.com.br/maps/place/Mar%C3%ADlia,+SP/@-22.2289689,49.9208754,12z/data=!4m5!3m4!1s0x94bfd72c62b64a63:0xa6490d177f5adcfa!8m2!3d22.2175846!4d-49.9505291, 2016.
O terreno de 300 m de testada e 450 de profundidade de área igual a 135.000 m² escolhido para a implantação da Ecovila urbana Viver Bem se encontra na Rua dos Cristais, no Jardim Tangará, onde hoje é uma grande área de pasto. Figura 69 - Localização do terreno
FONTE: Arquivo pessoal, 2016.
81 Figura 70 - Localização do terreno pelo Google Earth
FONTE: https://www.google.com.br/maps/place/R.+dos+Cristais++Jardim+Maria+Izabel,+Mar%C3%ADlia+-+SP,+17516-050/@-22.2196176,49.9233319,2971m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x94bfd0b143c37d69:0xe3277adb715bf81b! 8m2!3d-22.2223575!4d-49.9299928, 2016.
Local que considero ideal para a implantação do empreendimento, consiste em uma grande extensão livre dentro da cidade, que é uma das características exigidas para a efetivação do ideal ecovila urbana, que é trazer uma vida mais natural em meio a malha urbana, que permita que os moradores continuem a ater acesso aos programas e estrutura oferecida pela cidade, mas com uma visão e modo de vida mais sustentável e ecológica, e a localização do terreno é muito promissora pois se encontra bem próximo a escolas, hospitais, serviços de saúde, centros comerciais, grandes supermercados, escritórios e até mesmo da rodovia. Analisando o terreno, pude verificar que o vento predominante sopra do Sudeste; é uma área descampada por ser um pasto; possui desnível; fica próximo a represa Cascata, mas fora da área de preservação permanente com mais de 100 metros de distância da represa; e também há em atual processo de construção a Al. Joaquim Cavina, que liga o bairro do aeroporto ao Jardim Tangará, permitindo uma mobilidade maior para quem mora ao redor ou passa por ali.
82 Figura 71 - Situação atual do terreno
FONTE: Acervo pessoal, 2016. Figura 72 - Ao redor do Terreno
FONTE: Acervo pessoal, 2016.
83 Figura 73 - Atual situação do terreno
FONTE: Acervo pessoal, 2016. Figura 74 - Atual situação do terreno
FONTE: Acervo pessoal, 2016.
84 Figura 75 - construções existentes ao redor
FONTE: Acervo pessoal, 2016.
Figura 76 - Construções existentes ao redor
FONTE: Acervo pessoal, 2016.
85 Figura 77 - Construções existentes ao redor do terreno
FONTE DA FIGURA: Acervo pessoal, 2016. Figura 78 - Levantamento planimétrico
FONTE: Acervo pessoal, 2016.
86
Figura 79 - Cortes
FONTE DA FIGURA: Acervo pessoal, 2016.
87
4.4
ACESSIBILIDADE Presando o conforto e a integração de todos os morador e visitante, a Ecovila
Urbana Viver Bem, seguirá as diretrizes oferecidas pela NBR 9050/2004, que regulariza a questão da acessibilidade em edificações e aos espaços urbanos, além de especificar as condições dos mobiliário e equipamento; que será aplicada em toda sua infraestrutura, desde as ruas e calçadas com seus dispositivos sensoriais e de acesso, até os sanitários com suas dimensões e mobiliários adequados para atender a necessidade de todos de maneira confortável sem diferenciações, não privando ninguém de usufruir do empreendimento, assim permitindo que todos sejam iguais independentemente de suas limitações.
4.5
SISTEMAS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS ADOTADAS
4.5.1 Sistema de Aquecimento Solar (SAS)
Um dos maiores consumidores de energia são os chuveiros elétricos, e a população brasileira tem como hábito tomar muitos banhos ao decorrer de um dia, tendo um consumo excessivo de energia elétrica, e como a região recebe uma grande incisão solar anualmente o sistema de aquecimento de água se torna bem eficaz e conveniente, e de acordo com Venâncio28, cada m² de coletor, pode evitar vários problemas e também gerar benefícios como evitar a inundação de uma área equivalente a 56m² para a construção de usinas hidrelétricas; economizar aproximadamente 55Kg de gás de cozinha em 1 ano; gera mais empregos com a fabricação do sistema; economiza cerca de 215Kg de lenha; racionaliza 66 litros de óleo diesel por ano; diminui a necessidade da utilização de energia proveniente das usinas nucleares; economia de 73 litros de gasolina por ano e também reduz os gastos com energia elétrica. Com base em informações coletadas na cartilha do Instituto Nacional do Cobre (Procobre)29, o sol é capaz de fornecer uma demanda anual 15 mil vezes maior que o
28
VENÂNCIO, H. Minha casa sustentável: guia para uma construção residencial responsável. Ilustrações de Adriano Segantinni. 2. Ed. Vila Velha, ES: Edição do Autor, 2010. p. 111. 29
INSTITUTO BRASILEIRO DO COBRE. Qualidade em instalações de aquecimento solar: boas práticas [on line]. São Paulo, 2009. Disponível em:
88
total de energia consumida pela população mundial, portanto se torna muito conveniente utilizar essa energia para nosso benefício, e o método mais desenvolvido para o aproveitamento da energia solar entre as renováveis, é o sistema de aquecimento de água por energia solar. Os aquecedores solares são fáceis de instalar, utilizar, geram uma redução no consumo de energia elétrica e de gás que consequentemente agridem menos o meio ambiente, no entanto, é essencial que se escolha um sistema que seja compatível ao clima local, que seja estalado corretamente e que utilize materiais de qualidade, assim permitindo que a vida útil do sistema perdure por mais de 20 anos; e os benefícios de sua utilização são potencializados pelo fato do país estar localizado entre o Trópico de Capricórnio e o Equador, extensão que recebe uma grande quantidade de luz solar. O projeto e a instalação seguirão as diretrizes apresentadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na NBR 15569/2008: Sistemas de Aquecimento Solar de Água em Circuito Direto - Projeção e Instalação30. O SAS é composto principalmente por:
Coletor Solar: é a peça responsável por captar e absorver a radiação
solar, deste modo aquecendo a água que corre por seu interior. Estes coletores podem ser fechados planos, abertos planos ou tubos de vácuo, e no momento da escolha deve se levar em consideração que cada tipo está diretamente relacionado a temperatura e a aplicação do fluído aquecido, onde o primeiro é mais indicado para fins sanitários podendo atingir até 80ºC, sendo este o escolhido para o empreendimento da Ecovila Urbana Viver Bem; o segundo para piscinas e o último trabalha de maneira mais eficiente em temperaturas elevadas, como em industrias e para a refrigeração solar. O coletor de plano fechado é composto por uma caixa com isolamento térmico; tubos de cobre, por suportarem altas temperaturas sem perder suas características, que são chamadas de flauta; placas absorvedoras que são aletas de cobre, por serem bons condutores térmicos permitindo a diminuição da quantidade de material condutor, consequentemente diminuindo o peso da peça, e estas são pintadas de
http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Qualidade_em_Instalacoes_de_Aquecimento_Sol ar.pdf. Acessado em: 25 maio 2016. p. 3. 30
Norma em anexo B.
89
preto para absorver mais calor; uma cobertura de vidro ou outro material translúcido e, no final todas as camadas são vedadas juntas.
Figura 80 - Coletor fechado plano
FONTE: Qualidade em instalações de aquecimento solar: boas práticas. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Qualidade_em_Instalacoes_de_Aquecim ento_Solar.pdf, 2009. Figura 81 - Coletor aberto plano
FONTE: Qualidade em instalações de aquecimento solar: boas práticas. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Qualidade_em_Instalacoes_de_Aquecim ento_Solar.pdf, 2009.
90 Figura 82 - Coletor de tube de vácuo
FONTE: Qualidade em instalações de aquecimento solar: boas práticas. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Qualidade_em_Instalacoes_de_Aquecim ento_Solar.pdf, 2009.
Reservatório Térmico: também conhecido como Boiller, podem ser
metálicos ou de plástico; de plano horizontal ou vertical; de baixa ou alta pressão. Os reservatórios são os responsáveis por armazenar e manter aquecida a água que vem das placas coletoras para poder serem usadas no início da manhã ou final da tarde, períodos onde não há uma grande incisão solar, no entanto, são os períodos que mais se utilizam água aquecida.
Figura 83 - Boiller metálico
FONTE: Qualidade em instalações de aquecimento solar: boas práticas. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Qualidade_em_Instalacoes_de_Aquecim ento_Solar.pdf, 2009
91
Os reservatórios são constituídos por um corpo externo, camada de isolamento térmico, corpo interno, tubulações e para combater a corrosão o metal utilizado é o anodo sacrifício, e como opcional há também um sistema auxiliar de aquecimento por resistência elétrico ou termostato para os períodos de chuva.
Figura 84 - Composição de um reservatório metálico
FONTE: Qualidade em instalações de aquecimento solar: boas práticas. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Qualidade_em_Instalacoes_de_Aquecim ento_Solar.pdf, 2009.
Princípios de funcionamento: existem dois sistemas, o de termossifão,
com circulação natural, e o bombeado, por circulação forçada. O sistema passivo, por termossifão é composto por: 1-
Coletor solar;
2-
Boiller;
3-
Reservatório de água fria;
4-
Sifão, que impede que a água quente retorne para o reservatório de água fria;
5-
Respiro para a retirada do ar e vapor;
6-
Alimentador de água fria, mais trecho com tubulação específica para água
quente; 7-
Dreno.
92
Figura 85 - Sistema por termossifão
FONTE: Qualidade em instalações de aquecimento solar: boas práticas. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Qualidade_em_Instalacoes_de_Aquecim ento_Solar.pdf, 2009. Figura 86 - Requisitos a serem seguidos para um bom funcionamento
FONTE: Qualidade em instalações de aquecimento solar: boas práticas. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Qualidade_em_Instalacoes_de_Aquecim ento_Solar.pdf, 2009.
Neste processo a água circula pelo sistema de maneira natural através da força da gravidade propulsionada pela própria água em suas diferentes temperaturas e
93
densidades, onde a água quente se torna mais leve, e a fria mais densa, provocando a movimentação, que pode ser intensificada caso a quantidade de energia solar que recebe seja maior, sendo o mais indicado devido ao seu funcionamento e a manutenção, mas deve se atentar aos desníveis e posicionamento dos equipamentos para que funcione satisfatoriamente, onde a diferença de nível entre os reservatórios é o responsável por manter o boiller sempre cheio, definindo a pressão que a água irá correr pelo sistema; a diferença de nível entre o boiller e a placa do coletor faz que a água não circule no sentido reverso quando não há insolação e também deve se utilizar a quantidade mínima de tubos necessários para que não haja tanta perda de carga. Este sistema é recomendado para locais menores, onde o volume de armazenamento tende de ser até no máximo 1000 litros. O sistema ativo, por bombeamento, é composto por: 1- Coletor solar; 2- Reservatório térmico; 3- Reservatório de água fria; 4- Válvula de retenção; 5- Controlador diferencial de temperaturas; 6- Sensor de temperatura; 7- Respiro para a saída do ar e vapor; 8- Bomba hidráulica; Figura 87 - Sistema por bombeamento
FONTE: Qualidade em instalações de aquecimento solar: boas práticas. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Qualidade_em_Instalacoes_de_Aquecim ento_Solar.pdf, 2009.
94
Neste processo a água é forçada a circular por uma bomba hidráulica quando o controlador diferencial de temperatura detectar energia solar suficiente para ser capitada pelos coletores. Este é recomendado para instalações de grande porte ou quando não houver a possibilidade de se instalar o sistema de termossifão. Outros fatores a serem levados em consideração é a sua orientação e inclinação no momento em que os coletores forem instalados, pois estes devem ser locado de modo a receber a maior quantidade de energia solar pelo maior tempo possível. Em grande parte do país, os coletores devem ser instalados com a face orientada para o norte geográfico e com uma inclinação semelhante a latitude da cidade, mas devido ao período de inverno acresce-se 10º a mais, e pôr fim a inclinação dos coletores nunca deve ser inferior a 10º e caso seja superior a 30º, há a necessidade de se acrescentar outro coletor para compensar as perdas de energia no inverno. Para o sistema por bomba hidráulica, há a necessidade de especificar como este será controlado, para que haja a maximização do aproveitamento da energia solar e minimizar a utilização do sistema de aquecimento de apoio que pode ser a gás ou elétrico, que são automaticamente ativados quando a demanda de energia solar não é o suficiente; o posicionamento dos sensores de temperatura estabelece a temperatura máxima a ser atingida pelo sistema de aquecimento de apoio; e o esquema elétrico que em circuito primário as bombas trabalham com o tipo diferencial, em função da diferença entre as temperaturas da saída da bateria dos placas coletoras e do boiller.
95 Figura 88 - Influência do grau de inclinação na quantidade de coletores e em sua funcionalidade
FONTE: Qualidade em instalações de aquecimento solar: boas práticas. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Qualidade_em_Instalacoes_de_Aquecim ento_Solar.pdf, 2009. Figura 89 - Sistema de aquecimento de água
FONTE: http://www.ipt.br/noticias_interna.php?id_noticia=484, 2012.
96
4.5.2 Biovaletas e jardins de chuva
As Biovaletas e os jardins de chuva são técnicas semelhantes que consistem em escoar a água pluvial de áreas impermeáveis através de valas e depressões como indicam Cormier e Pellegrino31. As Biovaletas, também conhecidas como valetas de biorretenção, sistema de drenagem urbana, que seguem as especificações da ABNT NBR 12266/199232 sobre projeto e execução de valas para drenagem urbana; geralmente usado em ruas e estacionamento, são valetas extensas, lineares e estreitas, que podem ser vegetadas ou forradas com pedras, ambos elementos filtrantes, fazendo a limpeza da água durante seu processo de percolação no solo ou escoamento para os jardins de chuva, deste modo impedindo que boa parte dos resíduos poluentes cheguem aos rios e de acordo, e de acordo com Keeler e Burke: 33
Esse tratamento funciona como um sistema de filtragem baseado no solo e na vegetação, capaz de remover os poluentes com diferentes processos físicos, biológicos e químicos. [...] Devido à complexidade de suas camadas, o sistema de biorretenção é considerado bastante eficaz na remoção de poluentes das águas pluviais. Figura 90 - Sistema de uma biovaleta
FONTE: www.revistas.usp.br/paam/article/download/105962/111750, 2008. 31
CORMIER, N.S.; PELLEGRINO, P. R. M. Infra-estrutura verde: uma estratégia paisagística para a água urbana. Paisagem Ambiente: Ensaios, São Paulo, n. 25, p. 125 – 142, 2008. Disponível em: www.revistas.usp.br/paam/article/download/105962/111750. Acessado em: 10 maio 2016. 32
33
Norma em anexo C.
KEELER, M.; BURKE, B. Fundamentos de projetos de edificações sustentáveis. Tradução Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2010. 362 p.
97
Existem alguns requisitos para que a Biovaleta seja eficaz e eficiente como: o seu fundo deve se encontrar em nível ou com uma depressão de até 4% na direção do tubo de drenagem caso haja; descompactar cerca de 15 a 30 cm do fundo da vala para aumentar a capacidade de absorção do solo; e as pedras a serem utilizadas no sistema devem ser previamente lavadas para não inutilizarem as Biovaletas.
Figura 91 - Biovaleta existente em Northwest Seattle
FONTE: http://www.djc.com/news/en/11135643.html, 2000.
Os jardins de chuva são depressões que capturam e absorvem a água pluvial através de seu solo poroso, modificado por compostos e insumos, removendo as impurezas através das bactérias e microrganismos residentes no solo, além das vegetações que também ajudam na rápida evaporação e absorção da água pelo processo de evotranspiração. Dependendo da altimetria dos canteiros e do local onde foram locadas, haverá a necessidade da utilização de extravasores para que toda a água acumulada seja absorvida em poucas horas, diminuindo a possibilidade de existirem poças de água parada.
98 Figura 92 - Sistema de um jardim de chuva
FONTE: www.revistas.usp.br/paam/article/download/105962/111750, 2008. Figura 93 - Jardim de chuva na Pensilvânia
FONTE: http://cchra.com/about/history, 2009.
4.5.3 Captação da água da chuva
O sistema de capitação de água da chuva levará em consideração a ABNT NBR 15527/200734, que regulamenta a respeito do reaproveitamento de água proveniente da chuva com fins não potáveis, e a ABNT NBR 10844/198935, que traz especificações para as instalações prediais de águas pluviais. 34
Norma em anexo D.
35
Norma em anexo E.
99
De acordo com Kwok e Grondzik36, a água pluvial coletada pode ser utilizada em várias atividades substituindo a utilização da água potável nas irrigações, lavagem, refrigeração e no uso em sanitários, assim diminuindo a possibilidade de enchentes, alagamentos e deslizamento causados pela descarga rápida de água no solo, além de diminuir o consume de água potável com o auxílio de vasos sanitários com sistemas econômicos e consecutivamente menor custo, além de permitir que a água seja utilizada como apoio em emergências ou como fonte complementar. A coleta da água que cai nas coberturas das construções é realizada pelas calhas, que através dos tubos de queda, levam a água até uma caixa de filtragem de areia que remove os resíduos, e depois a água é armazenada em cisternas, que podem ser enterradas ou não, consecutivamente a enterrada necessita de uma bomba e as não enterradas utilizam a força da gravidade, tendo uma economia de energia; as cisternas devem possuir um ladrão para quando estas encherem, além de drenos no seu fundo caso seja necessário esvaziar o reservatório. Para calcular a dimensão necessária para o reservatório em relação ao plano que irá coletar a água por um ano é utilizada a fórmula = A x I x P x D; que conforme a sequência significa: Área de captação vezes o Índice pluviométrico anual, vezes o Potencial do telhado, vezes a água Descartada. Figura 94 - Sistema de captação de água da chuva com cisterna não enterrada
FONTE: http://meumundosustentavel.com/wp-content/uploads/2011/01/condominios.jpg, 2011.
36
KWOK, A. G.; GRONDZIK, W. T. Manual de arquitetura ecológica. Tradução técnica Alexandre Salvaterra. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 279.
100
As cisternas também funcionam como dispositivos de infiltração, permitindo o amortecimento do contato da água com o solo para que não haja uma saturação instantânea; ou direcionamento da água caso esta leve para as redes pluviais.
Figura 95 - Sistema de captação e absorção da água
FONTE: http://www.forumdaconstrucao.com.br/materias/imagens/01003_03.jpg, 2014. Fluxograma 1 - Ciclo de uso, tratamento e reuso de água
FONTE: JORGE, M. Aurelio, 2008.
101
Mediante a uma pesquisa de volume pluviométrico da cidade de Marília, foi obtido o índice médio anual de precipitação da cidade, que é tido como o mais alto da região centro-sul do estado de São Paulo, com 1570mm de acordo com Nery, Silva e Carfan37, assim viabilizando a implantação do sistema no empreendimento, já que a cidade possui o clima tropical semi-úmido, sendo quente com as secas nos invernos e úmido com as chuvas que ocorrem no verão.
Tabela 1 - Média do clima e nível pluviométrico anual estimado
FONTE: http://www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima_muni_329.html, 2016.
37
NERY, J. T.; SILVA, E. S.; CARFAN, A.C. Distribuição da precipitação pluvial no estado de São Paulo [on line]. Disponível em: http://www.ourinhos.unesp.br/Home/Pesquisa/GruposdeEstudo/Clima/Simposios/084.pdf. Acessado em: 06 maio 2016. p. 7.
102 Tabela 2 - Relatório das precipitações de chuva de marília
FONTE: http://www.udop.com.br/download/estatistica/economia_chuvas/1993a2016_historico_marilia _unimar.pdf, 2016.
4.5.4 Compostagem
O sistema de compostagem irá atender as exigências da ABNT NBR 13591/1996, com o propósito de reaproveitar os resíduos sólidos gerados pelas residências e até mesmo restos vegetais de plantas e árvores. De acordo com Godoy: 38
A compostagem é o processo biológico de decomposição e de reciclagem da matéria orgânica contida em restos de origem animal ou vegetal formando um composto. A compostagem propicia um destino útil para os resíduos orgânicos, evitando sua acumulação em aterros e melhorando a estrutura dos solos. Esse processo permite dar um destino aos resíduos orgânicos agrícolas, industriais e domésticos, como restos de comidas e resíduos do jardim. Esse processo tem como resultado final um produto - o composto orgânico - que pode ser aplicado ao solo para melhorar suas características, sem ocasionar riscos ao meio ambiente.
O composto final gerado, é utilizado como adubo e substrato, devolvendo ao solo seus nutrientes para que não empobreçam e aumente a sua capacidade de absorção e retenção da água, deste modo evitando a utilização de fertilizantes químicos e erosões no solo.
38
GODOY, J. C. Compostagem [on line]. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_consumo/_arquivos/compostagem.pdf. Acessado em: 26 maio 2016.
103
Figura 96 - Composto orgânico
FONTE: http://www.ecycle.com.br/component/content/article/67/2368-o-que-e-como-fazercompostagem-compostar-composteira-tecnica-processo-reciclagem-decomposicao-destinoutil-solucao-materia-organica-residuos-solidos-lixo-organico-urbano-domestico-industrialrural-transformacao-adubo-natural.html, 2014.
Muitos resíduos podem fazer parte do processo de compostagem como os restos orgânicos de alimentos, aparas de grama, folhas, rocha, palha, podas de árvores, restos orgânicos de matéria prima de industrias, ervas daninhas, madeira, entre outros. As composteiras são estruturas feitas para receber, promover e facilita o processo quando há um volume relativamente baixo de resíduos gerados ou falta de espaço, podendo estas serem um barril, caixa de madeira, caixa de alvenaria, cercado de tela de arame, etc., tendo seu fundo aberto e um tampa na parte de cima para proteger a mistura. Há também a técnica de compostagem por leiras, que são montes em formato piramidal que possuem uma dimensão de no máximo 1,50 m de altura, com uma largura de até 2m e comprimento de 5 metros, sendo necessária uma cobertura feita com grama ou folhas de bananeira para proteger a mistura da chuva. Este é o processo mais barato, simples, mas de qualidade, no entanto seu processo pode varia de 3 meses a 2 anos dependendo do material a ser composto e as condições térmicas que é exposta através das revolvas nas leiras.
104 Figura 97 - Composteira de madeira
FONTE: http://ecohospedagem.com/que-tal-transformar-os-restos-de-alimentos-emadubo/, 2012. Figura 98 - Compostagem em leiras
FONTE: http://amigosdemaua.net/boas%20praticas/compostagem/central%20de%20compostagem.h tm, 2011.
105
Para se desenvolver a compostagem é necessária que o processo ocorra em área sombreada e em contato com o solo; o material a ser transformado em composto deve ser previamente triturado ou picado; deve ser colocado primeiro os materiais maiores, como os galhos de árvores; madeiras ou outro material com mais de 20 cm, seguido pelos menores como restos de comida, aparas de grama e folhas; manter a mistura sempre fofa e aerada; para a proteção da mistura e para mente-la úmida e aquecida, é necessário cobri-la com alguma vegetação ou folhas, como gramas ou folhas de bananeira; sempre fornecer água para que a mistura sempre permaneça húmida, mas sem exagerar na quantidade e para finalizar, deve-se verificar eventualmente a que temperatura se encontra o material , caso esteja muito elevada, há a necessidade de abrandá-la, para que os agentes responsáveis pelo processo morram. Para que haja um produto final de qualidade, onde a coloração do composto deve variar entre preto ou marrom escuro, com uma consistência granulada e homogenia, sem resquícios de identificação do material decomposto ou cheiro desagradável, onde a massa final deve ter no máximo a metade do volume da massa inicial. E para isso os resíduos precisam ser submetidos a alguns fatores que influem no seu processo de formação como:
Carbono
e
nitrogênio
são
os
responsáveis
pela
proliferação
dos
microrganismos que ajudam na decomposição dos materiais mais fibrosos e rijos;
Oxigênio é vital para os microrganismos degradantes, por isso há a necessidade de revolver a mistura para que haja a aeração dos resíduos;
Umidade é muito importante no processo de dissolução dos nutrientes orgânicos do solo, mas é importante salientar que a porcentagem ideal de água no processo de compostagem é de 50%, pois caso haja mais água, o processo passará a ser anaeróbica, acelerando o processo, assim gerando mal cheiro e diminuição das atividades metabólicas dos microrganismos;
Calor é o indicador das atividades microbianas, que quanto mais elas trabalham mais a temperatura aumenta, e a temperatura mais indicada para que sejam eliminadas as sementes provenientes das ervas daninhas, insetos e patógenos presente na mistura, a temperatura deve variar entre 35º a 60ºC.
O processo de compostagem traz muitas vantagens, tais como:
106
Formação de apenas gás carbônico (CO2), água (H2O) e húmus, e por ser um processo de degradação por fermentação através de agentes aeróbicos, há a inexistência da formação do gás metano (CH4) que é 23 vezes mais agressivo que o CO2;
Redução da quantidade de lixo descartado, e consecutivamente a quantidade de aterros sanitários que devem ser feitos, diminuindo também os gastos referentes a tal atividade;
Devolve os nutrientes para o solo os mantendo férteis;
4.5.5 Pavimento intertravado permeável De Acordo com as informações obtidas no Manual de Pavimento Intertravado 39, e presando a ABNT NBR 15953/ 201140 que traz os métodos de execução do pavimento intertravado com peças de concreto; NBR 9781/201341 com especificações e métodos de ensaio sobre peças de concreto para pavimentação garantindo assim a durabilidade e resistência das peças de concreto; e a NBR 16416/201542 com os requisitos e procedimentos necessários para a execução do pavimento permeável de concreto; temos as diretrizes necessárias para a introdução da técnica no projeto. O pavimento intertravado permeável é basicamente o assentamento de blocos de concreto pré-moldados com uma paginação como a de um quebra cabeça, permitindo que um bloco trave o outro, sobre uma camada de assentamento de 50 mm, e está sobre uma camada de base e sub-base granular para a filtração e armazenamento temporário, este suportando no mínimo 32%, mas preferencialmente 80% da água que escorre pelos espaçamentos entre as peças devido a deposição de material sedimentar que se acumulará ao passar dos anos; também pode haver uma tubulação de drenagem em meio a sub-base que fica sobre o subleito, caso haja a necessidade desta água ser direcionada. O pavimento precisa ter no mínimo 5% de inclinação para não haver a redução da velocidade de infiltração da água, e no máximo
39
PORTLAND, Associação Brasileira de Cimento. Manual de pavimento intertravado: passeio público. São Paulo, 2010. 36p. 40
Norma em anexo F.
41
Norma em Anexo G.
42
Norma em anexo H.
107
20%, além de evitar a instalação em locais com menos de 30 m de distância de corpos d´água, para não comprometer a estrutura do pavimento. Estes são os fatores que o torna um sistema de drenagem, contribuindo com a diminuição de superfícies impermeáveis
Figura 99 - Corte de um pavimento intertravado permeável
FONTE: http://www.abcp.org.br/conteudo/wpcontent/uploads/2011/06/Cartilha_Pav_Intertravado_Permeavel_v1.pdf. Pavimento Intertravado Permeável: melhores práticas, 2011.
Para uma melhor ilustração do processo temos os detalhamentos das seguintes etapas: 1º. Preparação do solo: o subleito pode ser o existente no local ou emprestado, que deve ter um índice de suporte Califórnia (CBR)43 superior a 2% e a expansão volumétrica do solo deve ser inferior ou equivalente a 2%. Esta camada deve estar totalmente livre de material orgânico e já na inclinação especificada em projeto.
43
Ensaio criado pelo Departamento de Estradas de Rodagem da Califórnia, com a intenção de avaliar a resistência dos solos compactado e saturado à penetração, processo onde um pistão com secção transversal de 3 pol2 penetra a amostra a uma velocidade de 0,05 pol/min. Daí é tirado a porcentagem da resistência à penetração, sendo tido como 100% o valor correspondente à penetração em uma amostra de brita graduada de alta qualidade, que é tida como referência. (FORTES, R. M. Índice de suporte Califórnia (ISC) ou CBR (Califórnia) [on line]. Disponível em: http://www.latersolo.com.br/wpcontent/uploads/2015/02/4-CAPACIDADE-DE-SUPORTE-CBR.pdf. Acessado em: 28 maio 2016.)
108 Figura 100 - Preparação do solo
FONTE: http://www.abcp.org.br/conteudo/wpcontent/uploads/2011/06/Cartilha_Pav_Intertravado_Permeavel_v1.pdf. Pavimento Intertravado Permeável: melhores práticas, 2011.
2º. Colocação da manta geotêxtil não-tecido: posicionada sobre a extensão do subleito, tem a função de evitar o carreamento de finos para a sub-base.
Figura 101 - Colocação da manta geotêxtil
FONTE: http://www.abcp.org.br/conteudo/wpcontent/uploads/2011/06/Cartilha_Pav_Intertravado_Permeavel_v1.pdf. Pavimento Intertravado Permeável: melhores práticas, 2011.
3º. Sub-base e base: a sub-base deve ter a espessura entre 100 mm a 150 mm, devendo ser compactada com placa vibratória ou rolo compactador, assim como a camada base de 100 mm.
109 Figura 102 - execução da sub-base e da base
FONTE: http://www.abcp.org.br/conteudo/wpcontent/uploads/2011/06/Cartilha_Pav_Intertravado_Permeavel_v1.pdf. Pavimento Intertravado Permeável: melhores práticas, 2011.
4º. Assentamento das peças de concreto pré-moldadas: após a fixação das contenções laterais para estabilizar o plano horizontal, a camada de assentamento é disposta de maneira uniforme, nivelada com espessura suficiente para que depois de compactada reste uma fresta de 50 mm. Depois de nivelada, o tráfego sobre a área é restritamente proibido, pois senão, o trabalho já realizado deverá ser refeito; então daí são locadas as peças de concreto sem alterar a espessura da camada de assentamento, devem estar alinhadas e ter as dimensões da junta uniforme.
Figura 103 - Assentamento das peças de concreto pré-moldado
FONTE: http://www.abcp.org.br/conteudo/wpcontent/uploads/2011/06/Cartilha_Pav_Intertravado_Permeavel_v1.pdf. Pavimento Intertravado Permeável: melhores práticas, 2011.
110
5º. Rejunte: é espalhado o rejunte seco sobre as peças, criando uma fina camada em toda a área em pavimentação, depois há a varrição tirando os excessos e deixando uma distância de 5mm até o parte superior das peças.
Figura 104 - Rejunte
FONTE: http://www.abcp.org.br/conteudo/wpcontent/uploads/2011/06/Cartilha_Pav_Intertravado_Permeavel_v1.pdf. Pavimento Intertravado Permeável: melhores práticas, 2011.
6º. Compactação: com placas vibratórias, a compactação é a última etapa do processo, acomodando as peças na camada de assentamento, onde a placa vibratória deve sobrepor entre 15 a 20 cm a cada passada sobre o anterior, também há a necessidade de mesclar a compactação com o rejuntamento, até que toda o pavimento tenha sido preenchido até atingir 5 mm da face superior do pavimento.
Figura 105 - Compactação
FONTE: http://www.abcp.org.br/conteudo/wpcontent/uploads/2011/06/Cartilha_Pav_Intertravado_Permeavel_v1.pdf. Pavimento Intertravado Permeável: melhores práticas, 2011.
111
O pavimento intertravado é uma técnica ecológica que traz muitos benefícios como:
Baixo custo na sua infraestrutura já que é assentada diretamente no
Redução no consumo de energia possibilitado pela sua coloração clara,
solo;
que permite uma reflexão de 30% da iluminação incidente em relação ao pavimento flexível;
Por ser constituído por uma malha de peças pré-moldadas, ele permite
uma manutenção rápida quase sem perda de materiais e liberação de tráfego instantânea;
Retardo da chegada da água ao sistema de drenagem;
Vida útil estimada em até 20 anos se baseando em uma solicitação de
eixo padrão de carga equivalente a 80 kN.
Maior conforto térmico proporcionado pela coloração clara da peça,
reduzindo a porcentagem de absorção de energia, assim diminuindo a formação de ilhas de calor, tendo uma redução de até 17ºC.
Redução no custo de materiais de sinalização e pintura, pois as
diferentes cores de peças de concreto permitem a formação de figuras e palavras com o próprio material, assim aumentando até o tempo de uma manutenção de sinalização até a outra, pois o material não sofre uma descoloração acentuada e a movimentação é mínima, deste modo não descaracterizando os sinais. Para uma boa durabilidade do pavimento, é recomendado que a cada ano, haja a limpeza com equipamento de aspiração para remover as sujeiras que se acumulam nos rejuntes, assim também como a retirada de ervas daninhas que podem crescer entre as juntas, pois se essa manutenção não for feita, estima-se que em até 10 anos o pavimento perde em até 90% a sua capacidade de absorção, caso isso aconteça há a necessidade de trocar todo o rejunte, no entanto se a peça estiver em boas condições, estas podem ser reaproveitadas.
4.5.6 Piscina natural
As piscinas naturais ou biológicas são tidas como lagoas conciliadas com o paisagismo que não necessitam de cloro, este que traz muitos inconvenientes como
112
problemas de pele, desconforto em relação ao produto na pele, cabelo e olhos; problemas de saúde como disfunção no sistema digestivo e bronquite crônica quando exposto com muita frequência em altos níveis de cloro com pontua Macedo44. Para se manterem limpas e higiênicas, elas utilizam plantas aquáticas como gentes naturais para a limpeza e manutenção da água, que por valia é considerada mais saudável e limpa do que a das piscinas tradicionais, além de que as aturais com seus elementos, trazem um ambiente mais aconchegante, belo e natural, se livrando de produtos químicos. Mas para a elaboração e execução devem ser levas em consideração as normas estabelecidas pela ABNT NBR 11238/199045, para garantir que os usuários tenham mais segurança e higiene nas piscinas; e a ABNT NBR 1081846 que traz as condições de qualidade da água das piscinas.
Figura 106 - Piscina natural de Márcio Kogam e Renata Tilli
FONTE: http://ecosys.com.br/portfolio/piscinanaturalsemiformal/, 2013
44
MACEDO, E. B. A viabilidade da implantação de piscinas biológicas no Brasil. In CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, 9, 2013, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: UFRR, 2013. p. 2. 45
Norma em anexo I.
46
Norma em anexo J.
113 Figura 107 - Piscina natural
FONTE: http://ecosys.com.br/portfolio/piscinanaturalsemiformal/, 2013.
O tanque é composto geralmente por uma área balneária, espaço para banho e um jardim aquático, onde as plantas se encontram dentro do plano d’água, estando algumas emersas e outras submersas, trabalhando como filtros através do processo de fotossíntese, onde elas liberam oxigênio, fazendo a função antisséptica, além de fornecer mais energia aos zooplânctons, que são seres vivos microscópicos que existem na água, fazendo a função de eliminar as bactérias e algas, deste modo criando um ciclo natural de filtragem e renovação.
114 Figura 108 - Sistema de filtragem natural
FONTE: https://arquiteturadesonho.files.wordpress.com/2013/12/t13_2013_0022.pdf. Erica Brotherhood Macedo, 2013. Figura 109 - Ciclo de uma piscina natural
FONTE: http://www.ecoeficientes.com.br/o-que-e-e-como-fazer-piscina-natural/, 2014.
115
Alguns itens e procedimentos são essências para a execução e caracterização de uma piscina natural, onde temos: 1.
Água: esta deve passar por um processo de tratamento para tirar o cloro
existente antes de encher a piscina caso a água seja proveniente da rede pública de abastecimento, e essa água desclorada, passa a se tornar potável durante o processo de circulação no sistema natural, sendo mais translúcida e leve pela ausência de produtos químicos. 2.
Pedras: estas são para compor um cenário mais natural e podem
também auxiliar no processo de filtragem, onde as mais indicadas para a utilização por não soltarem minerais são os granitos, gnaisses e os seixos. 3.
Areia: o material natural é essencial para conferir acabamento a piscina
cobrindo a manta do fundo até as bordas. 4.
Manta de borracha: é fundamental para a infraestrutura, a qualidade e
durabilidade da piscina natural, o material que é instalado acima de uma tela drenante para que não seja perfurado, esta que é instalada diretamente na terra do tanque; tem a função de impedir que a piscina perca água e que esta não seja contaminada pela água existente no solo. 5.
Bomba de baixo consumo: as bombas submersas utilizadas para a
movimentação e circulação da água, fazendo com todo o líquido do tanque passe pela zona de filtragem natural das plantas, possui várias vantagens se comparada a tradicional, pois são silenciosas, o motor se resfria mais rapidamente por estar na água e consomem 60% menos energia que a tradicional. 6.
Filtro biológico e lâmpada ultravioleta: estes são para garantir melhor
conforto, na qual o primeiro, também conhecido como peneira curva, é responsável pela retirada de sujeiras grandes que flutuam na face da água e, o segundo é para eliminar bactérias, germes e algas que consomem os micronutrientes que são benéficos trazidos pela existência de plantas. 7.
Peixes: estes são facultativos, mas os peixes são responsáveis por se
alimentarem de larvar de insetos e limo das pedras. Os mais recomendados são:
Carpas
116 Figura 110 - Carpas
FONTE: http://rlrjumbismoplanet.blogspot.com.br/2014/06/carpa-ornamentalcarpavermelhacarpa.html, 2014.

Curimbas
Figura 111 - Curimba
FONTE: http://www.guiadapesca.com/?p=17, 2014.

Piraputangas
Figura 112 - Piraputanga
FONTE: http://colunas.revistaepoca.globo.com/viajologia/2009/09/. Haroldo Castro, 2009.
117
Lambaris
Figura 113 - Lambari
FONTE: http://ruralcentro.uol.com.br/eventos/i-curso-de-criacao-do-lambari-da-mataatlantica-1884. Agenor de Campos, 2011.
Mato grossos Figura 114 - Mato grosso
FONTE: http://peixeseaquarios.com.br/peixe-mato-grosso/, 2014.
Tetras Figura 115 - Cardial tetra
FONTE: http://www.aquariumgurus.com/5-cool-types-of-tetra-fish/, 2015.
118 Figura 116 - Rummy-nose tetra
FONTE: http://www.aquariumgurus.com/5-cool-types-of-tetra-fish/, 2015. Figura 117 - Bleeding heart tetra
FONTE: http://www.aquariumgurus.com/5-cool-types-of-tetra-fish/, 2015.
8.
Plantas aquáticas: são as responsáveis pela oxigenação e filtragem da
água, absorção dos resíduos gerados pelos peixes. Para maior conhecimento, algumas das plantas que podem ser usadas tanto nas bordas como no seu interior são:
Acorus gramineus: popularmente conhecido como bandeira doce, pode ser cultivada em pleno sol ou meia sombra ás margens de rios e lagoas. Figura 118 - Bandeira doce
FONTE: http://www.jardineiro.net/plantas/acorus-acorus-gramineus.html, 2015.
119
Acrostichum danaeifolium: chamada de samambaia gigante do brejo, ela pode ser cultivada em pleno sol em margem de tanques e rios.
Figura 119 - Samambaia gigante do brejo
FONTE: http://www.taxateca.com/ordenpolypodiales.html, 2008.
Colocasia esculenta var. aquatilis: popularmente conhecida como taro, pode ser cultivado em pleno sol ou meia sombra podendo ser cultivado nas margens como no interior de tanques e lagoas. Figura 120 - Taro
FONTE:http://www.jardineiro.net/plantas/taro-colocasia-esculenta.html, 2014.
Colocasia esculenta var. illustris: comumente chamada de taro imperial, pode ser plantada a meia sombra ou em pleno sol, em margens de tanques ou no interior de espelhos d’água rasos.
120 Figura 121 - Taro imperial
FONTE: http://davesgarden.com/guides/pf/showimage/307409/, 2011.
Cyperus alternifolius: conhecida como sombrinha chinesa, é indicada para plantio em pleno sol e em margem de tanques, lagos e canais. Figura 122 - Sombrinha chinesa
FONTE: http://www.jardineiro.net/plantas/sombrinha-chinesa-cyperus-alternifolius.html. Célio Maeda, 2015.
Cyperus giganteus: popularmente chamado de papiro, se trata de uma planta ornamental que pode ser cultivada na água com a base submersa em pleno sol.
121 Figura 123 - Papiro
FONTE: http://www.jardineiro.net/plantas/sombrinha-chinesa-cyperus-alternifolius.html. Célio Maeda, 2013.
Cyperus prolifer: conhecido como papirinho, é uma planta ornamental que pode ser cultivada tanto nas margens como no interior com a base submersa em lagos, espelhos d’água e tanques em pleno sol.
Figura 124 - Papirinho
FONTE: http://davesgarden.com/guides/pf/showimage/24965/, 2003.
122
Eichhornia crassipes: comumente nomeada de aguapé, se trata de uma planta aquática flutuante, que deve ser retirada parcialmente de tempo em tempo para que não tome conta da superfície da água.
Figura 125 - Aguapé
FONTE: http://www.jardineiro.net/plantas/aguape-eichhornia-crassipes.html. Raquel Patro, 2014.
Eichhornia paniculata: popularmente chamada de mureré, é uma planta aquática que deve ter a raiz no lodo e cultivada em pleno sol.
Figura 126 - Mureré
FONTE: http://www.jardineiro.net/plantas/murere-eichhornia-paniculata.html. Rodrigo Black, 2015.
Equisetum giganteum: conhecido como cavalinha gigante, deve ser cultivada em locais úmidos como em margem de tanques e lagos a pleno sol.
123
Figura 127 - Cavalinha gigante
FONTE: https://ast.wikipedia.org/wiki/Equisetum_giganteum#/media/File:Equisetum_giganteum_ies.jp g. Frank Vincentz, 2007.
Equisetum hyemale: são as chamadas cavalinhas, deve ser cultivada em locais úmidos ou secos e ensolarados.
Figura 128 - Cavalinhas
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Equisetum_hyemale_2011_Tokyo.jpg, 2011.
Hedychium coronarium: conhecida como gengibre branco, deve ser cultivada em pleno sol e em locais úmidos, com em margens de lagos e espelhos d’água.
124 Figura 129 - Gengibre branco
FONTE: http://www.jardineiro.net/plantas/gengibre-branco-hedychium-coronarium.html. Raquel Patro, 2013.
Iris pseudacorus: popularmente conhecida como íris amarelo, é uma planta que necessita de solo altamente úmido e muito sol.
Figura 130 - íris amarelo
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/Iris_pseudacorus#/media/File:Iris_pseudacorus_2.jpg. Franz Xaver, 2012.
Íris spuria: tida como íris aquática, deve ser plantada em jardins aquáticos ou locais permanentemente alagados em pleno sol.
125 Figura 131 - Íris aquática
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Iris_spuria_ssp_maritima_4_(Espagne).jpg, 2009.
Lasia spinosa: conhecida como lásia, pode ser cultivada apenas em meia sombra, à beira de lagos e até mesmo com a base submersa.
Figura 132 - Lásia
FONTE: http://ornamentals23.rssing.com/chan-14108806/latest.php. Wilson Wong, 2010.
Ludwigia helminthorrhiza: conhecida com lombrigueira, é uma planta aquática flutuante em qualquer tipo de jardim aquático, mas deve ser podada periodicamente.
126 Figura 133 - Lombrigueira
FONTE: http://atrium.andesamazon.org/image_info.php?type=specimen&id=42060&scrollTop=125. Householder, J. E., 2009.
Montrichardia linifera: popularmente chamada de aninga açu, é uma planta ornamental que prospera em lama, podendo ser cultivada em tanques, lagos e espelhos d’água. Figura 134 - Aninga açu
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/Montrichardia_linifera#/media/File:Montrichardia_linifera. jpg. Chris Krambeck, 2006.
Nelumbo nucifera: conhecida como lótus, é uma planta aquática emersa, que pode ser cultivada em pleno sol, em tanque e lagos com água parada e profundidade de 20 a 40 cm, onde seus rizomas embutem no lodo.
127 Figura 135 - Lótus
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/Nelumbo_nucifera#/media/File:Sacred_lotus_Nelumbo_ nucifera.jpg, 2008.
Nymphaea alba: comumente chamada de ninfeia branca, é uma planta aquática emersa, que deve ser cultivada em pleno sol, em lagos e tanques de água parada com profundidade de 30 a 50 cm para que ela possa enraizar seus tubérculos no lodo.
Figura 136 - Ninfeia branca
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/Nymphaea_alba#/media/File:Nymphaea_alba_0002.JP G, 2009.
Nymphaea caerulea: popularmente chamada de ninfeia azul, é uma planta aquática emersa que deve ser cultivada em pleno sol em águas calmas com profundidade de 50 a 70 cm para que seus tubérculos tenham contato com o lodo.
128 Figura 137 - Ninfeia azul
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/Nymphaea_caerulea#/media/File:160604_kewgardens-waterlily-house_3-640x480.jpg, 2004.
Nymphaea rubra: conhecida como ninfeia vermelha, é uma planta aquática emersa enraizada no lodo, que se revigora em pleno sol e deve ser cultivada em águas calmas com uma lâmina de 40 a 50 cm de profundidade.
Figura 138 - Ninfeia vermelha
FONTE: https://en.wikipedia.org/wiki/Nymphaea_pubescens#/media/File:2007_nymphaea_rubra.jpg, 2007.
Philodendron brasiliense: chamado de banana do brejo, pode ser cultivado em margens de córregos e lagos.
129 Figura 139 - Banana do brejo
FONTE: https://miliauskasarquitetura.wordpress.com/2012/11/. Lilian Miliauskas, 2012.
Philodendron tweedianum: comumente conhecida como Guaimbê do brejo, pode ser exposta a pleno sol e em margens de córregos e lagoas.
Figura 140 - Guaimbê do brejo
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Philodendron_tweedianum.JPG?uselang=pt-br, 2013.
Philodendron uliginosum: seu nome popular é Guaimbê da serra, pode ser plantado em pleno sol em locais úmidos como em beira de tanques.
130 Figura 141 - Guaimbê da serra
FONTE: http://l.yimg.com/g/images/spaceout.gif. Mauricio Mercadante, 2013.
Philodendron undulatum: chamada de Guaimbê da folha ondulada, pode ser cultivada em pleno sol ou em meia sombra e sobrevive em ambientes aquáticos.
Figura 142 - Guaimbê da folha ondulada
FONTE: http://l.yimg.com/g/images/spaceout.gif, Mauricio Mercadante, 2012.
Pistia stratiotes: conhecida como alface d’água, é uma planta aquática flutuante que se prolifera rapidamente, por isso há a necessidade de fazer a retirada parcial da planta para que não cubra toda a superfície.
131 Figura 143 - Alface d’água
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/Pistia_stratiotes#/media/File:Pistia_stratiotes_1.jpg, 2005.
Pontederia cordata: chamada de mururé, é uma planta aquática que deve ser cultivada em pleno sol, em beira de lagos, rios e córregos e com as raízes debaixo d’água. Figura 144 - Mururé
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/Pontederia_cordata#/media/File:Pontederia_cordata_S.j pg, 2006.
Spathiphyllum cannifolium: conhecida como lírio da paz, deve-se cultivar em meia sombra e pode estar dentro da água com a base submersa.
132 Figura 145 - Lírio da paz
FONTE: http://www.jardineiro.net/plantas/lirio-da-paz-gigante-spathiphyllumcannifolium.html, 2014.
Typhonodorum lindleyanum; popularmente chamado de banana d’água, viceja em meio ao lodo na água a uma profundidade de até 1,50 m. Figura 146 - Banana d’água
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/Typhonodorum_lindleyanum#/media/File:Typhonodorum lindleyanum1.jpg, 2008.
Victoria amazônica: popularmente conhecida como vitória régia, é uma planta aquática emersa que deve ser cultivada em água parada com lâmina de água entre 40 a 80 cm de profundidade.
133 Figura 147 - Vitória régia
FONTE: https://flic.kr/p/nixbxM. Ronald Poels, 2009.
Zantedeschia aethiopica: tida como copo de leite, esta planta pode ser cultivada em pleno sol ou em meia sombra, é também apropriada para ser cultivada nas margens e no interior dos lagos e tanques.
Figura 148 - Copo de leite
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/Zantedeschia_aethiopica#/media/File:Pianta_di_calla._F oto_Giovanni_Dall%27Orto,_1-June-2006.jpg. Giovanni Dall'Orto, 2006.
As piscinas naturais possuem muitas vantagens como:
Custo inicial mais elevado ao de uma piscina tradicional, mas o custo e a quantidade de manutenção são bem menores, recuperando a diferença do investimento em até 5 anos.
Ambiente natural, ecológico e saudável, por não utilizar produtos químicos.
O tempo gasto para realizar a manutenção da piscina pé bem menor pois não é preciso fazer muitas coisas.
134
A tela utilizada para impermeabilizar tem um menor custo e maior durabilidade em relação ao acabamento em betão.
Economiza até 90% mais em relação à uma piscina tradicional.
A água é inofensiva para a saúde humana e o meio ambiente.
E também as suas desvantagens, tais quais a necessidade de uma empresa especializada em piscinas biológicas e não se recomenda fazer uma piscina natural maior do que 100 m² no Brasil, pois com o aumento da temperatura da água a produção de oxigênio diminui, gerando assim um desiquilíbrio no miniecossistema da piscina.
4.5.7 Placas fotovoltaicas
O sistema de recurso energético sustentável, consiste em transformar a energia solar captada por placas fotovoltaicas em energia elétrica, sendo uma tecnologia promissora, já que transforma a matéria prima fornecida por uma fonte perpétua sem agredi-la, assim como afirma Venâncio: “ É um sistema formado por células solares que transformam a luz do sol em energia elétrica. Com o desenvolvimento do sistema fotovoltaico, presume-se que esta será a principal matriz energética no futuro”.47 As placas fotovoltaicas devem obedecer às normas estabelecidas pela ABNT NBR 10899/198848 de conversão fotovoltaica de energia solar.
Figura 149 - Placa fotovoltaica
FONTE: https://celulasfotovoltaicas.wordpress.com/2013/05/15/placas-fotovoltaicas/, 2013.
47
VENÂNCIO, H. Minha casa sustentável: guia para uma construção residencial responsável. Ilustrações de Adriano Segantinni. 2. Ed. Vila Velha, ES: Edição do Autor, 2010. p. 117. 48
Norma em anexo K.
135
O sistema é basicamente composto por: 1.
Módulo: são as placas que ficam expostas a radiação solar, onde em seu interior se encontram várias células solares que ficam conectadas para gerar tensão e corrente entre elas produzindo energia em uma corrente contínua, portanto ela realiza o processo de conversão de energias.
2.
Controlador de carga: tem a função de conduzir a energia produzida no módula através de fios para a bateria, e este tem a função de evitar uma sobrecarga.
3.
Bateria: armazena toda a energia gerada.
4.
Inversor: Transforma a energia corrente contínua em energia corrente alternada, para que possa abastecer a edificação com diferentes tensões, e também para que a energia excedente produzida possa ser enviada e armazenada pela concessionária e em caso de baixa produção, também fazer uso da energia fornecida pela rede elétrica pública, no entanto este último só ocorrerá caso o sistema fotovoltaico esteja interconectado à rede elétrica pública, caso não esteja, há a necessidade de se realizar um prédimensionamento mais rigorosa para a quantidade de energia que deve ser gerada para a quantidade de produtos eletrônicos que ela terá que suprir sem que haja falta de energia.
Figura 150 - Sistema fotovoltaico
FONTE: Heliomar Venâncio, 2010.
136
Hoje no mercado existem 3 tipos de módulos que são os painéis de silício monocristalino, que é tido como o sistema mais eficiente e mais caro, onde temos vários círculos presos a uma estrutura, e sua densidade de energia de pico pode chegar a 118-129 W/m²; painéis de silício policristalino, possuem uma aparência granular ou cristalino, onde as células cobrem toda a face superior do módulo sem o fechamento de vidro, diminuindo as chances de quebrar, e sua densidade de energia de pico é próxima ao do monocristalino; e as placas de película de silício, também não possui vidro e tem toda a sua superfície revestida com as células fotovoltaicas, mas possuem uma aparência mais uniforme e é a que menos perde energia quando submetida a altas temperaturas, ela possui dois modelos, o rígido com densidade de energia de pico de 54-65 W/m², e a flexível com densidade de até 32W/m². As placas fotovoltaicas não precisam mais necessariamente ficarem nos telhados ou nas coberturas, hoje elas estão compondo fachadas e se tornando elementos decorativos, sendo aplicadas como cortinas de vidro e até mesmo fechamento de coberturas. O sistema fotovoltaico possui muitas vantagens como: a venda da energia excedente produzida para as concessionárias de energia; é uma fonte de energia renovável e limpa já que não libera CO2; a cada m² de placa fotovoltaica evita a emissão de aproximadamente 2 toneladas de CO2; é um processo silencioso; por ser uma produção in loco não há a necessidade de haver linhas de transmissão e também podem ser removidos e reinstalados caso necessário. No entanto também possui seu lado negativo com o alto custo para a aquisição e implantação causado pela taxa de importação, já que as células solares não são tratadas no país, e também por ser uma técnica recente para os brasileiros. Para auxiliar a produção de energia é necessário que produtos como lâmpadas LED, planos de iluminação natural e sistemas de aquecimento solar façam parte do conjunto. Outro ponto importante é que as placas sejam acessíveis para que haja manutenção e limpeza para que não percam a sua eficiência.
137
4.5.8 Ligth Steel Framing
O sistema Light Steel Framing (LSF), no português literal, estrutura de aço a seco, que é constituído por módulos pré-fabricados de painéis de aço estruturais formados a frio e zincados, que são feitos sob medida para cada projeto em específico, e toda a sua estrutura possui uma distribuição equilibrada de esforços.
Figura 151 - Estrutura de construção em LSF
FONTE: Fernando Cesar Firpe Penna, 2009.
Se trata de um processo rápido, resistente, leve e principalmente ecológico, já que utiliza materiais recicláveis; gera pouco resíduo por se tratar de peças sob medida; por ser um sistema a seco, não havendo o grande consumo de água como nas edificações convencionais; produz 5 vezes menos CO2 que uma construção tradicional e também consome menos energia durante o processo de construção e até mesmo depois, pois as vedações possuem um vão no meio que pode ser preenchido com isolantes térmicos e acústicos, proporcionam um ótimo conforto térmico e acústico.
138 Figura 152 - Vedação e tratamento termo acústico
FONTE: Fernando Cesar Firpe Penna, 2008.
Para uma maior segurança e durabilidade, os perfis metálicos que compõem a estrutura devem seguir as normas estabelecidas pela ABNT NBR 15253/2005, que traz uma relação de qual perfil deve ser utilizada para cada situação. As construções em LSF, possuem todos os seus perfis ligados por parafusos autobrocantes, e para a vedação, deve ser deixada uma junta de dilatação entre as placas a fim de evitar futuras fissuras, e estas placas podem ser de:
Oriented Strand Board (OSB): placa formada por lascas de madeira, sendo proveniente de reciclagem e reaproveitamento de restos do material, e é geralmente utilizada em tapumes devido ao seu baixo custo, no entanto para ser utilizada no fechamento da estrutura, ela recebe tratamento de impermeabilização e contra parasitas
Figura 153 - Placa de OSB
FONTE: André Santos Ribeiro Coelho, 2014.
139
Plywood: painéis de madeira em formas de lâminas que possuem função estrutural.
Figura 154 - Lâmina de plywood
FONTE: André Santos Ribeiro Coelho, 2014.
Placa cimentícia: placas produzidas com fibras e cimento, conferindo ao material durabilidade e resistência mecânica, além de já dar acabamento, podendo ser instalada desde que tenha mais de 10 mm de espessura, diretamente sobre a estrutura metálica protegida com uma membrana de vapor, ou sobre as também protegidas placas de OSB ou plywood com espessura inferior.
Figura 155 - Placa cimentícia como vedação externa
FONTE: Fernando Cesar Firpe Penna, 2008.
140
Placa de gesso acartonado como sistema drywall: estas só podem ser utilizadas no interior da construção, pois no interior os perfis possuem dimensões menores. As placas devem ter uma espessura mínima de 12,5 mm, e é um material de fácil aplicação, de satisfatório acabamento estético e que podem ser resistentes a umidade e ao fogo.
Figura 156 - Vedação interna com gesso acartonado
FONTE: Fernando Cesar Firpe Penna, 2007.
É necessário que as placas tenham seu interior protegido com membranas de vapor, que são não tecidos, com 100% de polietileno e não possuem aditivos, resinas e nem corantes em sua composição, o permitindo ser totalmente reciclado, mas o que não o impede de possuir uma vida útil longa, e resistência contra rasgos e fissuras. Este é um material de grande importância devido ao fato dele não permitir que haja a disseminação de fungos e bactérias comprometendo a estrutura, além de mantê-la impermeável, no entanto permitindo que haja a respiração, no entanto, a face interna da membrana permite que uma vez que tenha água no interior da vedação, está saia. A fundação deve ser executada da maneira tradicional, no entanto estas passam a ter um menor dimensionamento, pois a carga a ser descarregada no solo é bem menor devido a leveza da superestrutura.
141
4.5.9 Telhado verde
Para a execução e elaboração do telhado verde, deve se consultar e levar em consideração as especificações e diretrizes fornecidas pela ABNT NBR 10844/1989, estabelece normas para as instalações prediais de águas pluviais, ABNT NBR 9952/199849 que especifica os requisitos mínimos para a aplicação de manta asfáltica com armadura para impermeabilização e a ABNT NBR 15352/2006 que fornece especificações sobre mantas termoplásticas de polietileno de alta densidade e do linear para impermeabilização. A técnica traz muitos benefícios como o aumento de superfícies que absorvem e diminuem a velocidade de escoamento da água evitando enchentes e alagamentos, traz conforto térmico e acústico no interior da construção, redução dos focos de ilhas de calor além de beneficiar a fauna local, assim como afirma Venâncio: 50 A cobertura vegetal no lugar das telhas melhora a acústica, cria o microclima interno, tornando o ambiente mais fresco e, consequentemente, reduz o consumo de energético da refrigeração. Ajuda ainda no controle do fluxo de água pluvial com a redução de enchentes, atrai a fauna local e tira “sequestra” 5Kg de CO² [sic] por m² de cobertura verde.
Existem dois tipos de coberturas verdes, as extensivas e as intensivas:
As extensivas são as mais baratas, leves e fáceis de cuidar, pois é
composta por uma fina base de solo que varia de 5 a 15 cm, no entanto possui algumas limitações, como as poucas opções de plantas a serem plantadas devido a profundidade das raízes, das quais as mais usadas são as gramas, musgos e as ervas; e a cobertura também não pode ser frequentada como em terraços, tendo apenas a função física de cobertura, esta que pode haver uma inclinação, e caso seja superior a 20º, há a necessidade de um sistema de retenção de solo. Abaixo do solo deve ser instalado e aplicado um sistema de drenagem e de impermeabilização para a retirada da água em excesso e para que não haja infiltrações na cobertura comprometendo todo o edifício, além de que deve ser previsto também um sistema de irrigação para os períodos sem chuva.
49
50
Norma em anexo L.
VENÂNCIO, H. Minha casa sustentável: guia para uma construção residencial responsável. Ilustrações de Adriano Segantinni. 2. Ed. Vila Velha, ES: Edição do Autor, 2010. p. 170.
142 Figura 157 - Corte de um telhado extensivo
FONTE: http://www.oeco.org.br/reportagens/24075-a-onda-dos-telhados-ecologicos/, 2010. Figura 158 - Telhado verde extensivo
FONTE: https://www.flickr.com/photos/miriamfaleiros/5582061976. Miriam Faleiros, 2011.
As intensivas são as que possuem um solo mais profundo, permitindo
um grande leque de opções vegetativas para compor um jardim que até mesmo permite a plantação de árvores e instalação de laguinhos e espaços para a permanência de pessoas sobre ela. As coberturas intensivas necessitam de sistema de irrigação e devem ser preferencialmente planas, mas havendo uma inclinação mínima de 2%. Este tipo de cobertura é mais caro devido a estrutura necessária para suportar o grande peso que ela gera, onde estima-se uma carga de 80 kg por m², no entanto ela se torna um ambiente da casa, onde se tem uma atmosfera diferente de qualquer outro cômodo, além de proporcionarem um conforto termo-acústico superior ao do extensivo. Antes de ser colocado o solo, a cobertura deve receber um tratamento de isolamento, para posteriormente receber a impermeabilização, seguida
143
pela barreira de raízes, depois o sistema de drenagem, a membrana de filtragem, por cima a camada de solo e por último a vegetação.
Figura 159 - Corte de um telhado verde intensivo.
FONTE: http://wwwo.metalica.com.br/artigos-tecnicos/o-que-e-e-como-fazer-um-telhadoverde, 2010. Figura 160 - Telhado verde intensivo
FONTE: http://www.engenhariaearquitetura.com.br/noticias/240/Um-Roof-Garden-no-centroda-cidade.aspx, 2011.
4.5.10 Tijolo de solo-cimento
O tijolo de solo-cimento é tido como um material ecológico de baixo impacto por poder ser produzido artesanalmente in loco, não consumir energia elétrica e não necessitar ir ao forno, assim não liberando CO2, além de possuir um custo baixo
144
devido ao principal elemento da mistura ser a terra, que caso haja as qualidades necessárias para a mistura, pode ser retirada do próprio terreno. Caso opte-se por comprar os tijolos prontos, ele possui um custo mais alto que o tijolo cerâmico, por se tratar de um processo artesanal. O tijolo é composto por um traçado de 12:1 ou 7:1, na proporção terra: cimento, na qual este último aumenta ainda mais a resistência do bloco. No entanto a mistura só produzirá um bom bloco de solo-cimento se o solo utilizado tiver algumas das seguintes características:
O solo deve ser facilmente desagregável e conter diferente minerais;
Não pode haver a existência de matéria orgânica,
Os arenosos são os que melhor funcionam;
O solo deve ter cerca de 45 a 85% de areia, 20 a 55% de silte, e menos de 20% de argila; Caso estas características não sejam suficientes para a escolha do solo
correto, existem testes caseiros que auxiliam na escolha, onde temos:
Ensaio do bolo: faz se uma pequena bola bem úmida com o solo a ser testado na palma da mão, depois esta bola deve ser golpeada até que água aflore em sua superfície, a deixando lisa e brilhante, depois deve se apertar a esfera de terra com os dedos. Durante este processo deve se observar que um bom solo precisa apenas de 5 a 10 golpes para a água aflorar, e este quando submetido a pressão a água deve desaparecer. Se a água não aflorar após 20 golpes, quer dizer que o solo não irá funcionar para a produção de tijolos de solocimento.
Ensaio de resistência seca: faz se 3 pastilhas com 3 cm de diâmetro e 1 cm de espessura e deixa secar ao sol por 3 dias, depois de seca, deve-se esmagar as pastilhas em seu plano horizontal com o a força do polegar e do indicador, caso a pastilha se desintegre em pó sem muito esforço, quer dizer que ela é ideal para a mistura. Após selecionado o solo, este deve estar seco e deve ser peneirado em uma
malha fina, para depois ser misturado com o cimento e por último a água, esta última para ser medida, deve se pegar uma porção da mistura e formar uma bola prensada na mão, e depois jogar em um chão firme de uma altura de 1 m, se a bola ao cair aparentar uma farofa quer dizer que ela está boa, se ela não esfarelar, é por que tem
145
muita água. O ponto ideal da mistura, é quando se obtém uma massa homogênea com cor e umidade uniforme, depois a mistura é compactada na forma de tijolos através de uma prensa de hidráulica e remontada em pilhas e molhadas para atinja a cura em aproximadamente 28 dias, criando um material ainda mais resistente que os tijolos de barro. Os tijolos mais comuns por permitir uma técnica construtiva e melhor funcionamento perante esforços é o com dois furos, que permite com que as colunas de sustentação da construção, as vergas e contravergas, e as instalações hidráulicas e elétricas sejam facilmente executadas, pois os blocos permitem que estes estejam embutidos em sua estrutura sem haver a necessidade de cortes assim não gerando resíduos e não utilizando muitos outros matérias que seriam necessário com uma alvenaria em bloco cerâmico, mas para isso todo o projeto de elétrica e hidráulica deve estar pronto antes de se iniciar o levantamento das alvenarias. Outras vantagens deste material é o fato de sua largura de 12,5 cm, reduz a quantidade de chapisco e reboco; traz um bom isolamento termo-acústico pelos bolsões de ar formados pela sobreposição dos buracos; permitem que os revestimentos sejam assentados diretamente sobre o tijolo com argamassa; e por ser uma peça prensada, elas apresentam superfícies planas e regulares, possibilitando a utilização do material de modo aparente, no entanto é necessário que a superfície seja impermeabilizada.
Figura 161 - Tijolo de solo-cimento com dois furos
FONTE: https://ecodomusbrasil.wordpress.com/about/, 2013.
A Alvenaria feita com estes tijolos modulares de solo-cimento devem ser de encaixe intertravado, e seu assentamento é feito com uma quantidade bem baixa de
146
argamassa, e em seus furos são passados vergalhões formando colunas que se conectam a cinta de amarração, conferindo resistência a vedação que possui uma função estrutural.
Figura 162 - Assentamento dos tijolos de solo-cimento
FONTE: https://ecodomusbrasil.wordpress.com/about/, 2013. Figura 163 - Alvenaria sendo levantada
FONTE: http://www.recriarcomvoce.com.br/blog_recriar/casa-construida-com-tijoloecologico-de-solocimento/, 2012.
147 Figura 164 - Blocos sendo utilizados como verga
FONTE: http://www.recriarcomvoce.com.br/blog_recriar/casa-construida-com-tijoloecologico-de-solocimento/, 2012.
4.5.11 Estação de tratamento de esgoto por zona de raízes
O sistema basicamente consiste no processo de tratamento físico-biológico das águas cinzas provenientes dos ralos e máquinas, estas águas são encanadas e despejadas no solo logo abaixo das raízes das plantas em tanques de filtros naturais com solo e seixos, que deve prever 1m³ para cada usuário; a fim de limpar e reutilizar a água para fins não potáveis, reduzindo o seu consumo excessivo de água potável. Para a sua limpeza e reutilização da água as estações de tratamento de esgoto (ETE) devem ser levar em consideração as normas presentes na ABNT NBR 10004/2004, que fornece diretrizes para a classificação dos tipos de resíduos, assim garantindo que a qualidade da água esteja de acordo com a ABNT NBR 7229/199351, com suas normas a respeito de tanques sépticos.
51
Norma em anexo M.
148 Figura 165 - Tratamento de esgoto por zona de raízes
FONTE: Flávio Januário, 2013. Figura 166 - Composição de um sistema ETE por raízes
FONTE: Almeida et al. 2010.
Para uma melhor compreensão do sistema, assim como detalha Lemes, o primeiro passo é dado nas fossas sépticas que coletam a água cinza e remove os resíduos sólidos que vem junto, depois o fluído é levado por tubulações que vão até a ETE, onde a água é despejada a 10 cm abaixo da superfície do tanque de concreto armado impermeabilizado, ou até mesmo uma manta impermeável diretamente sobre o poço na terra, que possui várias camadas filtrantes composta por uma camada vegetativa, uma camada com 50 cm de brita nº2, seguido por uma camada de 40 cm areia granulometria de média ou grossa, no fundo são colocados os tubos que coletarão a água já filtrada e levadas por gravidade para um reservatório, caso o
149
sistema não tenha e inclinação e desnível necessária para a condução do efluente, deve se instalar uma bomba.52
Figura 167 - Corte de uma ETE por filtro de raízes
FONTE: KAICK, T. S.; MACEDO, C. X.; PRESZNHUK, R. A. 2008.
A água através de um processo químico, biológico e físico, permitido pela estrutura filtrante e ação das bactérias que decompõe a matéria orgânica e pela vegetação, onde se indica a plantação de copos-de-leite que fornece a oxigenação que permite a ação das bactérias aeróbias. As estações de tratamento de esgoto por zonas de raízes devem levar em considerações antes de serem implantadas, fatores como: evitar que haja contaminação do solo ao redor do tanque com a água ainda não tratada, pois este pode conter agentes prejudiciais à saúde; buscar sistema de menor custo e manutenção; conscientização por parte dos consumidores em relação aos cuidados com a água e suas finalidades dentro da edificação, além de conferir a qualidade da água tratada pelo sistema de raízes, através do desenvolvimento das plantas irrigadas com esta; tornar o tanque de tratamento parte do paisagismo; beneficiar ao que sobrevivem da vida em leitos d’água, com o fornecimento de uma água mais limpa; e
52
LEMES; J. L. V. B. et al. Tratamento de esgoto por meio de zona de raízes em comunidade rural: wastewater treatment by root zone in county community. Revista Acadêmica, Ciênc. Agrár. Ambient, Curitiba, v. 6, n. 2, p. 171-172, 2008.
150
aderir um sistema que não consuma energia, que funcione pela força da gravidade e pela ação gerada pela oxigenação das plantas.
Figura 168 - Água sem tratamento e com tratamento, nessa ordem
FONTE: KAICK, T. S.; MACEDO, C. X.; PRESZNHUK, R. A. 2008.
4.5.12 Taipa de pilão Técnica construtiva milenar cuja matéria prima se trata basicamente de solo, este processo apresenta indícios de surgimento de 5000 A.C. na China e no Brasil foi utilizada em grande escala no período colonial para a construção das igrejas. A taipa de pilão é hoje considerada uma técnica sustentável e barata na construção por basicamente utilizar um material local de grande abundancia e possuir um impacto ambiental significativamente pequeno. O nome é característico do processo de execução demorado e repetitivo que consiste no apiloamento da mistura de solo em formas de madeiras denominadas taipas.
151 Figura 169 - Processo construtivo de parede de taipa de pilão
Fonte: http://futuraarquitetos.com.br/arquitetura-de-taipa-de-pilao-parte-2, 2015.
As formas de taipa são confeccionadas com Madeirit naval, material de baixo custo e fácil manuseio, estas podem apresentar vão interno de 0,30m a 1,20m responsáveis pela espessura da parede. Figura 170 - Esquema de formas de madeira
Fonte: Abdalla & Ortiz, 2013.
152 Figura 171 - Montagem das formas
Fonte: http://futuraarquitetos.com.br/arquitetura-de-taipa-de-pilao-parte-2/, 2015
A mistura de solo ideal para esse processo construtivo deve conter 30% de solo argiloso e 70% de solo arenoso e ser totalmente homogenia, quando utilizado a argila em excesso patologias como retração e fissuração podem vir a ocorrer. Para um bom desempenho de compactação é de grande importância que a umidade dessa mistura não ultrapasse a 10%, uma forma rápida e eficaz de se verificar a umidade ótima para a compactação seria a confecção de uma bola da mistura já pronta e deixalo cair de uma altura igual a 1m, se a bola partir em poucos pedaços a umidade está adequada para o processo. O solo deve ser depositado dentro das formas e compactado a cada 15cm, atualmente para garantir um trabalho bem executado e rápido o pilão pneumático vem sendo utilizado com grande frequência.
153 Figura 172 - Utilização de pilão pneumatica para compactar cada camada
Fonte: http://www.materialidade.com.br/blog/sustentabilidade/material-local-solucaosustentavel/, 2015.
Este processo construtivo garante paredes de grande beleza, com alta resistência a compressão, vida útil longa, não combustível, além de conferir excelente qualidade térmica e umidade interior entre 40% a 60% ótimo para portadores de asma e colecionadores de livros e obras de arte.
154 Figura 173 - Construção em taipa de pilão
Fonte: http://www.materialidade.com.br/blog/sustentabilidade/material-local-solucaosustentavel/, 2015.
5
MATERIAIS E MÉTODOS
5.1
PROGRAMA DE NECESSIDADES HABITAÇÃO:
Cozinha
Estar/ Jantar
Lavanderia/ Serviço
2 Dormitórios
Banho
Suíte
Banho
Lavabo
Garagem 2 Automóveis + bicicletario
Churrasqueira
LAZER:
Parque arborizado
Pomar
155
Quiosques:
Salão de festas:
WC masc./fem.
Cozinha
Depósito
Serviço
Vagas p/ estacionamento.
Piscina:
Casa de Máquinas
Depósito
Vestiários e WC masc./fem.
Solário (deck).
2 Quadras de vôlei de areia
2 Quadras de vôlei de areia
WCs
Bebedouro
Depósito.
Playground
Ciclofaixa + Cooper + Bicicletario
Espaço para meditação
Ateliê
Depósito
Academia ao ar livre
ECOVILA:
Portaria/ Recepção:
WC
Copa
Relógios de água e luz
Depósito de lixo
Funcionários:
Depósito/almoxarifado
Copa
156
5.2
WC.
Auditório
WCs
Vagas para estacionamento
Caixa d’água no ponto mais alto do terreno
PRÉ-DIMENSIONAMENTO HABITAÇÃO: 123,26m²---Terreno:12x16=192m²--- 40 lotes=7.680,00m²
Cozinha = 7,00 m²
Estar/ Jantar = 20,40 m²
Lavanderia/ Serviço = 3,95 m²
Dormitórios = 20,00 m²
Banho = 3,60 m²
Suíte: 10,00 m²
Banho - 3,36 m²
Lavabo = 2,25 m²
Garagem 2 Automóveis + bicicletario = 25,00 m²
Churrasqueira = 13,50 m²
LAZER → PARQUE FRUTIFERO: 24.893,00m²
Pomar = 16.000,00 m²
Quiosque = 112,50 m²
Salão de festas: 235,58m²
WC masc./fem. - 37,28 m²
Churrasqueira - 5,00 m²
Cozinha - 12,00 m²
Depósito - 3,60 m²
Serviço - 2,50 m²
Vagas p/ estacionamento. - 175,20 m²
Piscina: 402,44 m²
Casa de Máquinas - subsolo
Depósito - 325,00 m²
157
Vestiários e WC masc./fem. – 27,44 m²
Solário (deck).- 50,00 m²
Quadras: 8.064,00m²
Vôlei de areia - 231,00 m²
Futebol - 7.383,00 m²
WCs em conjunto com o da piscina
Depósito. - 3,60 m²
Playground: 40,00m²
Ciclofaixa + Cooper
Bicicletario: 14,25 m²
Espaço para meditação: 25,00m²
SERVIÇO: 25.273.33 m²
Portaria: 19,60m²
Sala - 4,08 m²
WC - 1,82 m²
Copa - 3,70 m²
Relógios de água e luz - 5,00 m²
Depósito de lixo - 6,00 m²
Ateliê: 163,15 m²
2 Sala - 140,00 m²
WCs - 20,15 m²
Serviço - 3,00 m²
Funcionários: 36,58m²
Depósito/almoxarifado - 8,40 m²
Copa - 10,64 m²
2 Banhos - 5,98 m²
Vestiário - 5,04 m²
Salão de reunião: 426,00m²
Salão - 105,00 m²
WCs - 29,40 m²
Vagas para estacionamento - 292,00 m²
158
Reservatório d’água no ponto mais alto do terreno
Via: Carona amiga ~ 15.800,00m²
Ciclo faixa: 2,00m
Leito carroçável: 5,50m (tráfego lento)
Acostamento: 1,75m
Canteiro verde: 1,00m
Cooper/ calçada: 2,00m
Biovaleta: 0,80m
ÁREA MÍNIMA ESTIMADA COM ACRESCIMO DE 3%= 61.323,77m²
159
5.3
FLUXOGRAMA E ORGANOGRAMA Fluxograma 2 - Fluxograma e organograma pretendido para a Ecovila Viver Bem
FONTE: Acervo pessoal, 2016.
5.4
PARTIDO ARQUITETÔNICO Seguindo uma linha contemporânea com o enfoque na sustentabilidade, o
projeto partirá dos elementos naturais oferecidos pelo terreno a ser implantado. Fatores como a topografia, vento predominante e orientação solar, são quem nortearão o projeto, levando sempre em consideração o conforto ambiental da maneira mais ecológica possível. As edificações terão traços simétricos para a maximização da utilização dos ambientes internos, possuirão pé direito elevado e sistemas de troca de calor,
160
ambientes integrados, e as residências contarão com um pátio interno com vegetações que trarão mais conforto e harmonia para os moradores. Como sistemas construtivos teremos as paredes externas das edificações de alvenaria convencional, assim como sua fundação, por terem uma vida útil mais longa, e estas possuirão uma coloração mais clara possível para que não haja a absorção do calor e sim a reflexão dela. Os planos de vidro, com tratamentos especiais para não absorver e reter o calor, serão elementos presentes em todo o projeto, pois integrará o interno com o externo, trazendo vida as construções, além de proporcionar uma iluminação natural, ajudando na racionalização do consumo de energia elétrica. No interior, será utilizada a técnica construtiva Steel Framing Light, que é um ótimo isolante térmico e acústico, além de ser ecologicamente correta. Outras técnicas e tecnologias farão parte do projeto, como sistemas de captação de água da chuva e reuso, captação de energia solar, telhado verde, pavimento e solo permeável, entre outros, sendo estes elementos um dos grandes potenciais do empreendimento. O paisagismo será de suma importância para que esta seja uma ecovila Urbana, pois a preservação e introdução da flora são um dos principais elementos que garantem a manutenção da vida, por isso a ecovila será rodeada por uma densa arborização, e vegetações de diferentes portes, compor irão os canteiros das calçadas formando bulevares; nas divisas de terreno será feita uma barreira vegetal de médio porte; e um parque frutífero também irá compor o projeto.
5.5
MEMORIAL JUSTIFICATIVO O presente projeto da Ecovila urbana Viver Bem, tem como principal foco a
introdução de sistemas e técnicas sustentáveis e ecológicas em prol da manutenção do meio ambiente e de uma qualidade de vida e interação melhor entre os moradores das ecovila. O local do futuro empreendimento é um lugar calmo, pouco tráfego de veículos e pedestres; o terreno de é atualmente uma parte da fazenda Cascata, portanto os espaços aos lados do terreno são vazios e de fronte existem construções residenciais modernas e contemporâneas. A proposta segue a linha contemporânea de jogo de volumes e transparência além da mistura de texturas e elementos que valorizam e
161
destacam o projeto, mas que priorizam a ventilação e iluminação natural e o conforto ambiental. O empreendimento consiste em uma ampla e área de lazer, com piscina natural e vestiários, quiosques, ateliês, espaço para yoga e meditação, salão de festas, quadras de futebol e vôlei, pomares, playgrounds e espaços vazios para brincadeiras e interação; portaria; administração; espaço para funcionários, 35 residências em lotes bem amplos; depósito de lixo e leitor de água e luz próximo a portaria. As ruas e as disposição dos lotes assim como todo o layout da ecovila foram projetadas com base nas curvas de nível do terreno, para que não houvesse muita movimentação de terra, sendo o mais ecológico possível, mas que ao mesmo tempo permitisse uma boa orientação do sol e vento favorável para as edificações, assim como a caída para escoamento e coleta das águas pluviais das ruas e as coletadas pelos jardins de chuva; e distribuição de água por gravidade. A estrutura da ecovila é toda acessível, possui uma ampla área de lazer verde e grandes dimensões de lotes, amenizam o efeito de ilha de calor, trazendo um clima mais fresco e arejado, já que o vento vem da área sombreada por árvores e com um grande lago que é a piscina em direção as residências. O leito carroçável das vias, assim como os passeios e a ciclofaixa que passa pela área de lazer e cruza a ecovila, são de piso intertravado permeável, permitindo assim a percolação natural da água das chuvas, e ventilação entre os blocos de concreto, assim evitando erosões de solo, enchentes e o superaquecimento das vias. Contornando a avenida principal, temos jardins de chuva que filtram, coletam e enviam a água pluvial para as cisternas do empreendimento, assim como os coletores de águas pluviais locados em todas as vias para auxiliar em momentos de chuva forte e densa ou em períodos de muita precipitação onde o solo não é capaz de absorver a quantidade de água recebida, assim o fluído é enviado para filtros de água pluvial e armazenados em cisternas, onde está água será utilizada para a manutenção da ecovila e para regar a vegetação dos canteiros das vias e do lazer, permitindo assim uma diminuição do consumo de água potável. Ao fundo do condomínio temos uma área livre destinada a brincadeiras, atividades interativas e ao lazer dos animais de estimação. A ecovila também conta com uma área de preservação de mata, onde serão plantadas vegetações nativas da região de Marília, com a finalidade de preservar o bioma e assegurar a malha urbana mais áreas verdes, e o espaço também poderá ser utilizado para a prática de trilha, assim intensificando a interação do homem com o meio ambiente, criando assim uma
162
relação de respeito e veneração. As iluminações das vias serão de energia limpa, geradas por postes com sistema de captação de energia solar por placas fotovoltaicas e lâmpadas LED, assim durante o dia geram e armazenam a energia para funcionarem de noite, assim como os postes todas as edificações serão equipadas com placas fotovoltaicas, onde gerarão toda a energia necessária para atender as necessidades do edifício, e a mais para ser armazenada na rede da concessionária, que permite a acumulação de crédito para os períodos de chuva e baixa insolação, além de que este também pode se tornar uma renda extra para a manutenção do condomínio caso seja decidido vender a energia produzida em excedente. A portaria conta com acessos de pedestres e ciclistas, veículos de moradores e acesso de serviço, enfatizando o fato que a ecovila incentiva o uso de bicicletas e da chamada carona amiga, onde se dá carona a outras pessoas, iniciativas que ajudam na diminuição de veículos nas ruas das cidades e da emissão de gases poluentes liberados. A portaria de taipa de pilão, ao mesmo tempo que é ecológica, também imprimi uma beleza única, natural e marcante, já que é composta basicamente por solo apiloado em camadas; auxiliada pelos três planos de cobertura em estrutura metálica suspenso por cabos de aço que conferem abrigo, leveza e a sensação de um bloco solto isolado, evidenciando a taipa. Próximo a portaria também estão o depósito de lixo, onde este será recolhido pela própria ecovila, mas separado pelos moradores em sistema seletivo para reciclagem, onde cada dia da semana será para um tipo diferente de material; e o leitor de água e luz da ecovila e de todas as residências em um só lugar, assim facilitando o processo de leitura, já que mesmo gerando energia, é obrigatório o pagamento da taxa mínima da concessionária, e também para quando a produção de energia própria não for suficiente. O edifício da administração e dos funcionários braçais da ecovila, possui várias texturas em sua composição como a madeira em pergolados, está de eucalipto certificado; fachadas glazing, conferindo iluminação natural ao mesmo tempo que permite um conforto térmico interno de qualidade; concreto e a taipa de pilão. A fundação e a estrutura de concreto armado permitem paredes apenas de vedação, sendo assim, as vedações externas serão em glazing na recepção de pé direito duplo que funcionará como ponto de entrega de cartas e encomendas dos moradores; e também na sala de reunião, que poderá ser utilizada pelos moradores para outras finalidades; a vedação da área de serviço do administrativo será de taipa de pilão, as demais vedações externas serão feitas com tijolos de solo-cimento, que possui um
163
processo de produção mais ecológico, já que a cura não é feita por queima. O edifício em forma de pavilhão, orientado com as menores faces voltadas para o leste e oeste assim recebendo uma menor insolação em sua face e aberturas na orientação do vento predominante conferem maior conforto interno; as divisões internas são feitas pelo sistema Ligth Steel Framing, que produz menos resíduo e possui um bom isolamento térmico e acústico; possui sistema de captação de água da chuva em sua cobertura, que manda para o filtro de água pluvial e armazena em cisterna que leva a água para um reservatório próprio através de uma bomba de afogamento, para o uso do próprio edifício na limpeza, vasos sanitários e irrigação; placas fotovoltaicas orientadas para o norte, assim como os aquecedores solares para os vestiários dos funcionário; e também uma estação de tratamento de águas cinzas por zona de raízes, está proveniente das pias, ralos e tanques, está estação faz o processo de limpeza da água por filtração, e processos aeróbicos e anaeróbicos possibilitados pela vegetação. O salão de festa que comporta mais de 180 pessoas e possui um estacionamento próprio, em piso intertravado, locada em meio a vegetação, possui uma grande estrutura glazing que atravessa quase todo o salão e dois volumes em ângulo de taipa de pilão que são os sanitários, conferindo uma fachada imponente e marcante. Com muitas aberturas de portas e janelas voltadas para o vento dominante permitindo uma boa ventilação e natural e uma maior integração do interno com o externo, já que as portas dão para decks de madeira cobertas com pergolados de madeira de eucalipto cobertos com placas de policarbonato e forro de esteira de bambu para controlar a insolação excessiva. A edificação conta com iluminação zenital, sistema de captação de água da chuva, coletores solar e placas fotovoltaicas. A imponente e essencial área de lazer possui um paisagismo colorido e encorpado trazendo vida e alegria a ecovila, com árvores e palmeira nativa da região e plantas com grande expressão ornamental, combinados com árvores frutíferas e uma boa iluminação que atraem e agradam tanto os moradores como a fauna, assim conferindo áreas sombreadas para descanso, abertas para a prática de atividades de meditação, ornamentais para a contemplação e frutíferas para o consumo, integrando assim todos as atrações voltadas ao lazer, como: campos de vôlei e futebol para estimular a prática de esportes; piscina natural que é ecológica e sustentável , pois com a vegetação e peixes presente ela cria um mini ecossistema que renova e purifica a água sem a necessidade de agentes químicos agressivos, possibilitando aos
164
moradores se banharem em água limpas saudáveis e que trazem grande prazer á pratica, devido a piscina se parecer mais como um lago e se integrar perfeitamente em meio ao contexto que se encontra, além de permitir a interação com os peixes; quiosques com cobertura vegetal
de piaçava para piqueniques, brincadeiras e
descanso, ateliês para a pratica de curso artesanais e até mesmo produção e confecção de lembranças e artesanatos para serem vendidas durante as visitações abertas ao público para que conheçam a vida em uma ecovila urbana, assim revertendo os lucros em melhorias e manutenção á ecovila; a área de lazer também conta com playgrounds para as crianças e academia ao céu aberto para os jovens e adultos. A área de lazer conta com o sistema de compostagem dos próprios frutos, folhas e galhos de poda para a produção de seu próprio adubo natural, e também conta com o sistema de captação de água das coberturas para a irrigação dos jardim e pomares. Portanto este espaço incentiva e estimula a interação pessoal, assim melhorando e intensificando a relação entre as pessoas, permitindo que elas deixem de viver somente por meios eletrônicos e da tecnologia, tornando assim esse espaço o coração do empreendimento, que permite a intensa relação entre as pessoas e o meio ambiente. As residências com previsão de 5 moradores, há a utilização do concreto armado, tanto na fundação como na estrutura da casa, pois este é um material resistente e de vida útil longa, e como material de vedação externa temos os blocos de solo-cimento, e internamente divisórias em Ligth Steel Framing. A residência acessível possui uma previsão de elevador e banheiros que comportam estrutura para portadores de necessidades especiais. A casa de fluxo fácil possui a garagem, área gourmet, cozinha e sala de estar integrados, este último com pé direito alto conferi conforto ao ambiente; a área intima separada e restrita traz privacidade aos moradores, e a área de serviço acessada pela parte interna da casa traz maior conforto. No pavimento superior temos um mezanino que pode ser utilizado como biblioteca, escritório, sala de TV, etc. e um quarto e uma banheiro PNE, além de acessar o jardim intensivo sobre a laje, que confere a residência conforto térmico, acústico, efeito estética e aumento das áreas verdes, além de funcionar também como um filtro e coletor de águas pluviais. A residência possui sistema de aquecimento solar de água, produção de energia elétrica por placas fotovoltaicas, estação de tratamento de águas cinzas, capitação e reuso da água da chuva, compostagem, iluminação LED além de produtos de acabamento ecológicos e sustentáveis.
165
Portanto a ecovila urbana Viver Bem é um bom exemplo de arquitetura, que preza não apenas a estética e funcionalidade, mas também a sua qualidade e impacto tanto na vida dos moradores como para o meio em que será inserido.
CONCLUSÃO
166
Através da exposta pesquisa, concluo que o trabalho não pode parar por aqui, pois o que já existe pode ser aprimorado e o que não existe inventado; esta é apenas uma introdução a um universo de possibilidades ecológicas e sustentáveis que devem ser cada vez mais estudadas e desenvolvidas, já que estes são fatores fundamentais para que o arquiteto e sua obra cumpram com o dever a sociedade, que é garantir qualidade de vida, conforto, segurança e que atenda todas as suas necessidades, o que não ocorrerá caso os recursos naturais se esgotem e o meio ambiente termine de se degradar. Hoje existe uma grande preocupação com a preservação do meio ambiente, e vemos isso pelo grande número de produtos e sistemas desenvolvidos recentemente, e por serem novidade no mercado, tendem a ter um custo mais elevado do que os materiais convencionais, ou pouca mão de obra especializada, fator que influencia muitas das vezes nas tomadas de decisão das pessoas, no entanto, estas são decisões que refletem somente no preço baixo, mas não da sua eficiência, benefícios e qualidade, pois não possuem contato com o produto, mas quando as pessoas passarem a ter ciência do quão benéfica é a aquisição destes, mais delas irão aderilas, consecutivamente seu preço de adesão irá cair, possibilitando a todos terem acesso a construção e ao estilo de vida sustentável, assim cada um faz a sua parte na busca de um mundo mais sadio e melhor para vivermos. Portanto, este projeto tem a intenção de introduzir o espírito ecológico e sustentável a cidade, incentivando aos moradores a aderirem as técnicas e sistemas no seu cotidiano, pois a sustentabilidade na arquitetura não pode ser tida como uma ramificação ou um elemento, e sim como parte efetiva e principal do foco da profissão, pois ele permite o equilíbrio entre o que nós homens, evoluídos e com caprichos; queremos e do que a natureza precisa para continuar viva e consecutivamente trabalhando para que nossas próximas gerações também possam desfrutar de uma vida com qualidade, e provavelmente melhor que a nossa.
REFERÊNCIAS
167
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