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Covid 19 não foi um evento isolado:

Cientista do Laboratório Secreto de Porton Down faz alertas sobre possíveis novas epidemias no mundo

Ainterseção preocupante entre mudanças climáticas, urbanização acelerada e a estreita convivência entre humanos e animais levanta sérias preocupações sobre as possibilidades de futuras pandemias. Nesse contexto crítico, um dos centros de pesquisa cientí ica mais sigilosos do Reino Unido, o notório Porton Down, emerge como um farol de esperança na prevenção desses cenários sombrios.

O renomado jornalista cientí ico James Gallagher, da BBC, recentemente teve acesso exclusivo às instalações fortemente protegidas do remoto Porton Down, situado nas proximidades da pitoresca cidade de Salisbury, na Inglaterra. Os cientistas nesse enclave especializado agora operam a partir do inovador Centro de Avaliação e Desenvolvimento de Vacinas, empregando sua experiência e conhecimento adquiridos durante a pandemia de SARS-CoV-2 para salvar vidas e reduzir a necessidade de isolamento social em futuras crises pandêmicas.

“É evidente que a covid-19 não representa um incidente isolado”, enfatiza a professora Jenny Harries, diretora-executiva da Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido (UKHSA), responsável pela administração desse epicentro de pesquisa cientí ica.

“Ainda que a covid-19 tenha sido o marco de saúde pública do último século, não podemos subestimar a probabilidade de uma próxima pandemia ocorrer antes de um século se passar”, argumenta Harries.

Porton Down, reconhecido como um dos raros refúgios capazes de conduzir estudos sobre os vírus e bactérias mais letais, conta com instalações que abrigam patógenos temíveis, incluindo o Ebola, devidamente armazenados em congeladores de alta segurança. Ademais, ediícios adjacentes abrigam instituições como o Laboratório de Ciência e Tecnologia de Defesa, uma divisão vital do Ministério da Defesa britânico, notório por suas contribuições para a investigação sobre o agente nervoso Novichok, responsável por envenenamentos ocorridos na região.

Porém, a mais recente adição ao complexo, o Centro de Desenvolvimento e Avaliação de Vacinas, surgiu como resposta direta à pandemia de covid-19. Agora, à medida que a intensidade da crise diminui, esse centro se concentra na proatividade, direcionando esforços em três frentes de ameaça:

1- Infecções resistentes: As superbactérias, cada vez mais refratárias aos an bió cos, representam um desafio médico crescente.

2- Novas ameaças conhecidas: A exemplo das variantes de covid-19 e a possível disseminação da gripe aviária, cujos desdobramentos podem ser altamente problemá cos.

3- “Doença X”: Um cenário imprevisível, como o surto de covid-19, que pode abalar o mundo sem aviso.

Emerge uma abordagem ambiciosa para enfrentar a pró- xima ameaça, materializada no projeto “Missão 100 Dias”. Esse audacioso esforço busca desenvolver uma vacina contra um novo patógeno em apenas 100 dias, em marcante contraste com a tradicional década necessária para tais empreitadas. Notavelmente, as vacinas contra a covid-19 emergiram em tempo recorde, salvando estimadas 14 milhões de vidas nos primeiros 12 meses após sua introdução.

“Ainda que tenhamos alcançado avanços históricos em velocidade e disponibilidade de vacinas, podemos vislumbrar um cenário onde tais recursos estariam disponíveis mais precocemente, o que teria resultado em uma recuperação mais rápida e em um menor número de vítimas”, compartilha a professora Isabel Oliver, diretora cientí ica da UKHSA.

A esperança, impulsionada pelas lições extraídas da pandemia de coronavírus, reside na capacidade de nos prepararmos melhor para o futuro. A professora Harries fala sobre uma abordagem preventiva, onde a antecipação e a contenção de pandemias emergentes são os pilares, contrapondo o passado de reação a crises.

Confrontados com um mundo em constante mutação, o desa io é claro: a ciência deve permanecer à frente das ameaças invisíveis, defendendo nossa segurança e bem-estar. Porton Down, com sua pesquisa pioneira, ilumina o caminho em direção a um futuro mais resiliente diante das incertezas que o amanhã pode trazer.

Nicole Cunha/ Da Redação

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