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ARQUITETURA

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CAPA

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O PASSADO NO PRESENTE

POR SHAYLA SILVA

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NO ESTILO RETRÔ, ELEMENTOS DECORATIVOS FAZEM ALUSÃO À ESTÉTICA DO PASSADO, INCORPORANDO-SE AOS TEMPOS MODERNOS COM AR DE CONTEMPORANEIDADE

De certa forma, seja na moda, na arte, na cultura, sempre estamos em busca de um resgate do passado, inspirando-se no que os outros tempos deixaram marcado em nossas memórias. E é claro que na arquitetura não seria diferente. A decoração retrô está aí para provar que, em meio a Era Moderna, ainda é possível afagar alguns de nossos anseios saudosistas, e é um estilo que faz bastante sucesso entre o público. Basta dar uma pesquisada em apps de imagens para encontrar inúmeras inspirações de projetos. “Como o retrô tem características mais marcantes das décadas de 50 a 80, que foram décadas bem coloridas, principalmente com estampas, geralmente este estilo de decoração tem cores bem expressivas e demarcadas, principalmente com azul, preto, vermelho, amarelo e laranja. Os móveis retrô tem uma geometria interessante, cores vibrantes, cara de aconchego, um ar de nostalgia, e algo que lembre ‘casa de vó’”, explica a arquiteta Sabrina Gnipper sobre alguns dos elementos característicos de uma décor com pegada retrô. Mas não é porque trazemos estas referências estéticas do passado para dentro de casa que o ambiente precisa ficar com ares de antiquado. “Tem cores que se adaptam muito bem ao contemporâneo, além do mais, é sustentável e essa pegada é moderna, atrai jovens e pessoas preocupadas com o novo conceito de décor que mistura o retrô e o novo”, conta a arquiteta Pati Cillo. Gnipper sugere que, para alcançar harmonia, invista-se em peças e elementos-chaves, sempre levando em consideração os gostos particulares do cliente e o porquê dele querer apostar neste estilo. “Se for cor, a gente tenta abusar um pouco mais das cores, se for pelo design, a gente pode até trabalhar com cores mais neutras, mas com móveis que tenham essas características geométricas e de design mais demarcados, e se for mais por uma questão de memória afetiva, procuro identificar quais peças geram essa sensação no cliente.” Em um dos projetos de Pati Cillo, pensado para um cliente que ama cores e coleciona funkos e brinquedos, a decoração retrô foi mesclada ao estilo industrial. Nele, a arquiteta explorou o colorido no papel de parede e nos brinquedos, usando também de elementos que resgatassem a memória afetiva. Sobre o toque retrô dado aos ambientes, o destaque ficou por conta do mobiliário. “Neste estilo, onde deixamos a base bem cinza e neutra, estes móveis fazem total diferença, por trazerem um colorido bem interessante e desenho de algumas peças que não encontramos mais”, explica Cillo. Um dos fatores instigantes do estilo retrô é poder ressignificar as peças, reformando-as ou até mesmo dando novas utilidades a elas. É isso que a arquiteta se refere como “sustentável” mais acima, e o que tornou a decoração do apartamento muito mais

RETRÔ VS VINTAGE

No RETRÔ, existe uma releitura de peças ou de características que marcaram uma época. Ou seja, uma peça, um artigo ou móvel retrô podem ser novos, fabricados na atualidade, mas com inspiração estética das décadas passadas. “Por exemplo, uma cômoda estilo Luiz XV ou pés palito em um rack, são peças que podem ser fabricadas hoje em dia, mas fazem uma referência a móveis de outras épocas”, explica Sabrina Gnipper. Já no VINTAGE, “são peças, de fato, originais de época”, reforça a arquiteta, geralmente garimpadas em antiquários ou herança de família, que se encontram em bom estado de conservação ou que passaram por restauração. Outra diferença está na época. O conceito do “vintage” remete a algo clássico, do final do século XIX até a década de 60, e o “retrô”, no que se refere à decoração, incorpora elementos com referências dos anos 50 aos 80, principalmente. criativa, dando bossa aos ambientes, como a própria arquiteta disse. O móvel “farmacinha”, em estrutura metálica e vidro, teve suas ferragens revisadas e foi utilizado como cristaleira. O carrinho da Varig manteve sua cor azul original e foi transformado em um minibar. E também temos a mesa com aspecto de madeira demolida que serviu para abrigar a vitrola e os discos de vinil – outros elementos decorativos muito utilizados no retrô.

MÓVEIS E REVESTIMENTOS

Como já visto, os móveis desempenham um papel relevante na decoração retrô. “A caracterização de um móvel retrô se dá pelo desenho dele, pela época em que foi produzido, os materiais, cores e o aspecto que já foram usados, e ali tem muita história pra contar, o que nos chama pra arquitetura afetiva que tanto nos acolhe”, revela Cillo. Segundo Sabrina Gnipper, os “pés palitos”, cores vibrantes, estampas – que foram muito empregados entre as décadas de 50 e 70 – e a madeira em si são aspectos bem característicos dos móveis retrô. “A melhor forma de utilizar esses móveis, como eles têm bastante personalidade, é com um fundo mais neutro, ou pegar alguns móveis como protagonistas, por exemplo, poltrona, rack, penteadeira, mesa de cabeceira, para fazer uma alusão a épocas passadas”, aconselha a ar-

quiteta. Outra dica é combiná-los com elementos decorativos como tapetes, almofadas e quadros, para criar uma composição entre si. A depender do ambiente, podemos explorar alguns elementos específicos. Gnipper nos deixou alguns exemplos. QUARTOS: quadros ou objetos decorativos que remetem a outras épocas. SALAS: poltronas e racks com pés palitos, além de estampas na cortina, nos sofás, nas almofadas, nos tapetes e nos puffs. COZINHAS: eletrodomésticos modernos fabricados com inspiração na estética dos de décadas passadas, como batedeira, geladeiras, frigobar etc. Por falar em cozinhas, dentro do universo da decoração retrô, elas são um verdadeiro sucesso. Além de fornecerem a oportunidade de explorar o “antigo”, nos mais diversos eletrodomésticos – e melhor, contando com a tecnologia atual –, este espaço da casa, segundo Gnipper, está muito ligado à memória afetiva. “As pessoas gostam de privilegiar este ambiente de forma retrô justamente pela memória afetiva que esse cômodo traz, pois quando a gente fala de cozinha, a gente lembra da mãe, avó ou bisavó cozinhando, das confraternizações, de datas comemorativas em que a casa ficava cheia ou dos encontros em família aos domingos.” Nos revestimentos, são explorados a geometria e, também, as cores vibrantes, tais como o azul, o vermelho, o preto e o branco – comumente usadas nas lanchonetes dos anos 50 e 60 – e que hoje são mais empregadas nos projetos comerciais. Já nos residenciais, a arquiteta Sabrina indica a aposta em papéis de parede e tecidos com formatos geométricos e coloridos inspirados nos utilizados antigamente.

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