Suplemento literário Posfácio

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METAPAPEL Suplemento Literário Editora: Graziela dos Santos Repórteres: Graziela dos Santos / Laio Araujo / Thamara Bogolenta Revisão: Graziela dos Santos Diagramação, layout e arte final: Thais Borelli (colaboração) Imagens: Graziela dos Santos / Thais Borelli (colaboração) Orientador: Moacir Assunção O suplemento literário Posfácio é uma publicação única criada para a disciplina de Processo de Captação e Edição em jornalismo Impresso (PROCEDJI), do 2º ano do curso de Jornalismo, da Universidade São Judas Tadeu (USJT). Jornal Posfácio, edição única, São Paulo, novembro 2013.

editorial Ler é algo que se aprende desde muito cedo e após adquirir essa habilidade, torna-se algo inconsciente, como se já fosse algo desde o nascimento. Ninguém se dá conta da importância da leitura até se deparar com pessoas que não tiveram oportunidade de desenvolver esse aprendizado. Para a maioria das coisas do dia a dia é preciso ler, seja no trabalho, na faculdade, na rua, no almoço, descansando... Então, por que não dar valor aos livros? Por que existem tantas pessoas que consideram uma perda de tempo parar tudo durante meia hora do dia para ler “um capítulo”? Não sabemos e nem entendemos esse tipo de atitude. Através deste trabalho, pudemos perceber que o futuro dos livros e a juventude talvez não estejam tão perdida quanto se imagina, e que o QUERER APRENDER e a sede pelo saber pode ser renovada dia a dia, se tiver o incentivo necessário e um mínimo de interesse. Graças às facilidades trazidas com a internet, conseguir um livro para ler não é apenas para quem tem dinheiro “sobrando”, até por que antes mesmo da explosão dos e-books já existiam os sebos. Literatura, então, faz parte da vida de muito mais pessoas do que é possível contar, e deveria fazer parte da vida de todos. Através da leitura é possível visitar outros mundos, fazer novos amigos e aprender coisas diversas. Exercite sua leitura diariamente, nem que seja começando pelo Posfácio!

é sentir sentir sentir

Em uma folha, dessas de papel - como esta ofertante de valores infindáveis, maleável -suficientemente maleável para ceder para dobrar-se impotente à vontade do ignorado, - pedra de esteio na argamassa encontrada, plena, reconhecida barreira sobrepõe-se mente humana. Mas é breve o regozijo, é breve o engodo alento. Surge, espectro de força, senhora de dizeres, a pena vã, negra e comunicativa. O papel perde integridade, une-se ao escrito para ser, depois, como culpado, rasgado em rebentos que, unidos, mostrariam em desencontro a lágrima do pedaço perdido.

Roberto Juliano é professor de literatura e gramática. Como escritor, publicou três livros e está preparando o próximo, com poesias, intitulado “Tabu”, o qual esta poesia faz parte.


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Ilustração Foto: Thais Borelli e Graziela dos Santos

Um conselho aos censores de plantão: leiam uma biografia Por Samir Thomaz Quem leu Anjo pornográfico, a biografia de Nelson Rodrigues (1912-1980) magistralmente escrita pelo jornalista e escritor Ruy Castro nos anos 1990, há de se lembrar que até a página 110 do livro, de um total de 464, o biógrafo ainda não tinha entrado na vida de Nelson propriamente. O escritor ocupou essas primeiras páginas na descrição do nascimento do jornal O Globo, que posteriormente se transformaria no império da Rede Globo, no qual despontavam o jovem jornalista Roberto Marinho e onde trabalhava o pai de Nelson Rodrigues. Antes de se aprofundar na saga trágica que foi a vida do dramaturgo, Ruy Castro ainda dedicaria algumas páginas à vida de Mário Filho, irmão de Nelson, morto precocemente e envolvido no contexto do nascimento dos grandes clubes de futebol do Rio de Janeiro – não por acaso o Maracanã de chama oficialmente estádio Mário Filho – e, de quebra, na criação das grandes escolas de samba cariocas, embrião do que se vê hoje na Marquês de Sapucaí. Até a publicação dessa obra, Nelson Rodrigues era visto como o sujeito mal humorado e reacionário que havia apoiado o golpe de 1964 e contribuído com os sucessivos governos militares.

Além disso, diante da temática de suas peças, era tido também como um autor pervertido, beirando o pornográfico – donde o título irônico da biografia. Sua única virtude parecia ser o talento como dramaturgo, apesar dos temas, e Ruy Castro mostra de forma singular e pungente toda a atmosfera que cercou a estreia da peça Vestido de noiva, em 1943, que seria um divisor de águas na história do teatro brasileiro, mais ou menos aquilo que Memórias póstumas de Brás Cubas foi para a literatura brasileira no final do século XIX. Em outras palavras, ao escrever a biografia de Nelson Rodrigues, Ruy Castro traçou, com a competência que lhe confere o status de maior biógrafo brasileiro, um panorama importante da história cultural do século XX no Rio de Janeiro e no Brasil. Um estudante de jornalismo que não ler Anjo pornográfico não poderá ser considerado um jornalista completo ao se formar, porque nas páginas de Anjo pornográfico Ruy Castro descreve a genealogia não apenas do jornalismo brasileiro, mas de várias áreas importantes do cenário cultural em nosso país, como o teatro, a literatura, a política e o futebol. Ao final da leitura, o que se erige da história é um Nelson Rodrigues humano, com virtudes e defeitos,

que sofre com as várias mortes trágicas em sua família, e que arranca risos e lágrimas dos leitores. A história de que contribuía com os militares cai por terra com os fatos contados em minúcias sobre a prisão de seu filho Nelson Rodrigues Filho, barbaramente torturado nos porões da repressão. E ainda que não fosse por isso, Nelson foi o responsável pela soltura de muitos presos políticos no final dos anos 1960. Por que resgatei a biografia do Ruy Castro para discorrer sobre a polêmica das biografias que vem tomando as páginas dos jornais nas últimas semanas? Simplesmente porque intuo que nenhum ou poucos dos membros do famigerado grupo autodenominado “Procure saber”, orientados pela ex-mulher do Caetano Veloso, Paula Lavigne, que estão à frente da censura prévia para se escrever uma biografia, leram a biografia do Nelson Rodrigues. Chego a pensar que não têm o costume de ler biografias sérias, como a escrita pelo Ruy Castro, ou a de Olga Benário Prestes escrita pelo Fernando Morais, ou o perfil traçado pelo jornalista norte-americano Gay Talese sobre o cantor Frank Sinatra (sem o consentimento deste), ou, ainda, a biografia do boxeador Muhammad Ali, escrita pelo competentíssimo editor-chefe

da revista New Yorker, David Remnick, que, ao contar a história do lutador, traça todo o panorama da luta pelas causas civis dos Estados Unidos nos anos 1960 e da própria história do boxe naquele país. Se lessem, não dariam os exemplos simplórios e até ridículos que deram – a história escrita por Guilherme de Pádua sobre seu relacionamento com Daniela Perez até o assassinato da atriz – para defenderem seus argumentos. Se tivessem lido algumas dessas biografias, emblemáticas por serem o modelo de como se deve escrever a história de alguém com perícia literária e seriedade, talvez entendessem o que significa esse gênero literário tão importante para a história cultural de qualquer país. Censurar previamente uma biografia é censurar a história. Samir Thomaz

é jornalista com especialização em globalização e cultura. Trabalhou como editor nas editoras Ática e Moderna; atualmente está na Dóxa Edições. É escritor de ficção e não-ficção juvenil e adulta, tendo lançado cinco livros.


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Top Top Literatura

Jornalistas e escritores, ofícios que se confundem De Machado de Assis à Vanessa Bárbara, as profissões sempre caminharam juntas Por Laio Araujo

Desde o surgimento da profissão de jornalista, as crônicas, livros reportagem, jornalismo literário, e outros gêneros textuais sempre estiveram navegando entre o hardnews jornalístico e pela literatura. Dos grandes nomes brasileiros que fizeram e fazem parte desta história, são poucos aqueles que nunca flertaram com o jornalismo. Pense em escritores como Mario de Andrade, Millôr Fernandes, Machado de Assis, Ruy Castro, e eles terão sido escritores-jornalistas. Hoje, a conotação dada a isso é bem distinta da proveniente do século XIX e XX, aonde os jornais eram bem diferentes do que são hoje. Segundo a pesquisa realizada na hemeroteca do Governo do Estado de São Paulo, o maior acervo digital de periódicos do Brasil, notase este “velho namoro”. Em jornais como O Illustrada, caderno cultural datado de 1876 a 1898, e a revista Klaxon, responsável por divulgar os ideais do Modernismo e da Semana de Arte de 1922, a inserção de poesias e de textos conceituais era algo comum no jornalismo. Outro exemplo importante é o

jornal A Cigarra (Rio de Janeiro), que tinha como diretor de redação o poeta Olavo Bilac. O periódico era cheio de ilustrações e de textos que tratavam de assuntos a cerca do cotidiano carioca, mas suas publicações duraram apenas um ano (entre 1929 e 1930). Mais atual do que A Cigarra, e também de grande importância, é a revista Senhor. Ícone do chamado Jornalismo Cultural, ela teve em suas páginas textos de Jaguar, Clarice Lispector, Vinícius de Morais, Maria Otto Carpeaux, Paulo Francis, e o folhetim de “Vida e morte de Quincas Berro d’Água”, escrito por Jorge Amado. A este ícone da imprensa brasileira, que durou de 1959 a 1964, o jornalista e cronista Ruy Castro compilou os melhores textos nos livros

O jornal A Cigarra era editado pelo poeta Olavo Bilac - Ilustração: Google imagens

“O Melhor da Senhor”, e “Uma Senhora Revistas”. A antiga relação entre literatura e jornalismo já recebeu inúmeros prêmios; o mais recente foi dado a Audálio Dantas, conhecido por estar à frente do Sindicado dos Jornalistas quando houve a morte do também jornalista Vladimir Herzog, por forças de repressão militar. Dantas contou essa história no livro “As duas guerras de Vlado Herzog”, que lhe rendeu o prêmio Jabuti na categoria “Reportagem”. Ele também fez uma compilação das maiores e melhores reportagens de sua carreira no livro “Tempo de Reportagem”, lançado pela editora LeYa. Também ganhadora do prêmio jabuti com a obra “O livro amarelo do terminal”, a jornalista Vanessa Bárbara escreveu sobre a rotina da rodoviária do Tiête, em São Paulo. Com apenas 31 anos, ela escreve no blog da editora Companhia das Letras, na revista Piauí, têm uma coluna no jornal O Estado de S. Paulo, e foi selecionada pela revista Granta, em 2012, para a coletânea “Os melhores jovens escritores brasileiros”.


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Cabine Literária: um canal, dois perfis, e milhares de livros

Conheça a cara do vlog literário através de Danilo e Gabriel, a dupla que transformou a maneira de fazer resenhas Por Graziela dos Santos

Danilo Leonardi à esquerda, e Gabriel Utiyama à direita – Foto: Graziela dos Santos

Motivados por seu amor à literatura, Danilo Leonardi e Gabriel Utiyama mantém o canal no Youtube Cabine Literária, no qual fazem resenhas, críticas de livros, falam sobre lançamentos e outros assuntos do meio literário. A ideia surgiu quando Danilo, ao olhar para sua estante e perceber que a última vez que havia lido um livro já passava de um mês, pensou em gravar sua opinião sobre a próxima obra que lesse para publicá-la na internet. Assim, se alguém gostasse de seu vídeo e deixasse um comentário pedindo outros, seria uma maneira de incentivá-lo a ler mais, como costumava fazer anteriormente. Dessa maneira, nasceu o Cabine Literária. Ao tentar definir o canal, Gabriel conta que, apesar de ter começado a participar mais tarde, abraçou o projeto de coração e acredita que o Cabine seja uma boa ferramenta para disseminar um pouco mais de cultura entre os jovens. “É um canal que a gente se incentiva a ler para incentivar os outros a lerem”, explica. Cada vez mais, o projeto tem atraído pessoas interessadas em saber o que acontece no meio literário através de seus vídeos, e que estão prontos tanto para opinar como para ouvir suas opiniões. Ele conta que, embora haja pessoas mais velhas, a maioria do público é jovem, coisa que é muito boa, pois é o público que eles buscam, inicialmente. “Todo mundo vive falando que o brasileiro não lê, mas não é a realidade que eu e o Danilo vivemos, junto com esse pessoal que acompanha a gente”, opina. Durante pouco mais de 1 ano, Danilo deu sozinho seguimento à ideia, até que Gabriel começasse sua participação. O primeiro contato que ele teve com o canal foi como telespectador, até porque os dois não se conheciam. Os primeiros vídeos de que participou foram em um formato que não existe mais, o do Cabine Club, que era um apanhado de vídeos do público

do próprio canal, opinando sobre livros que leram. Depois, surgiu o Cabine HQ, com Gabriel já fazendo parte oficial do projeto; e pouco depois ele começou a falar também sobre literatura. Mas a proposta de Danilo vai além da mera divulgação literária; o que ele pretende a cada vídeo é gerar identificação no público-leitor, com a intenção de que cada um entenda a importância de desenvolver uma visão mais crítica na hora da leitura. “Nós queremos fazer com que as pessoas leiam, e queremos que elas criem consciência crítica”, explica Danilo. Há todo momento eles incentivam a troca de informações por meio de comentários sobre o vídeo, com opiniões em relação à leitura do livro tema. O logotipo do Cabine espelha bem essa ideia: “é um menino sentado num troninho lendo, e representa as pessoas que leem porque gostam, porque a pessoa que lê por prazer, lê em qualquer lugar”, explica. O vlog (site pessoal que contém vídeos) é atualizado constantemente, tendo em média três vídeos por semana. Segundo o que contam, não houve uma fama instantânea; isso foi acontecendo aos poucos e somente agora têm sido reconhecidos quando saem com maior frequência. Às vezes acontece na rua, em livrarias e principalmente em eventos literários, como a Bienal do Livro. A recepção do público é sempre muito boa, com muito carinho; nunca ninguém chegou xingando-os (no máximo, isso só aconteceu via internet). Na época em que o Cabine surgiu, foi justamente quando os vlogs estavam em alta, com PC Siqueira e Felipe Neto (vlogueiros famosos), mas ainda não existia nenhum que se propusesse a fazer resenhas. Talvez seja por isso que o formato do canal tenha passado por diversas modificações no estilo de opinião, linguagem, apresentação, e outras. O primeiro livro comentado por Danilo, por exemplo, nem chegou a entrar no ar porque não estava de acordo com o que ele queria passar (Musashi, de Eiji Yoshikawa). Como não havia um modelo em que se basear, foi preciso


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Terça-feira, 05 de Novembro de 2013 Ele só relê um livro se tiver motivo para procurar outros sentidos além do já tirado durante a primeira leitura. “Eu sempre fui muito chato, no sentido crítico. Eu critico tudo. É meu jeito de ser, eu nasci pra isso”, comenta. Seu gosto pela leitura nasceu com os gibis da Turma da Mônica e livros de Pedro Bandeira (como A Droga da Obediência). Além de prático, Danilo se considera um tanto neurótico e ansioso, por isso acaba evitando ler os comentários dos fãs todos os dias, fazendo-o somente quando se sente mais tranquilo para isso.

Logotipo do Cabine Literária – Por Danilo Leonardi

aprender por meio da experimentação: acertando e errando. Entre as mudanças, a mais recente é o formato de resenhas que passaram a ser críticas. Antes, os meninos davam opiniões mais “leves”, dizendo o que tinham achado do livro, da linguagem, das personagens, sem entrar em tantos detalhamentos. “Agora a gente pode analisar o livro de uma forma mais crítica e não simplesmente opinativa”, explica Gabriel. Ao falar sobre a forma que passou a enxergar a leitura após adquirir prática em criticar livros, Danilo confessa: “Às vezes eu sinto falta de ler só pra me entreter, do tipo, ai, me deixa ser burro! Não consigo mais simplesmente LER o livro”. Ele conta que é praticamente impossível ler de uma forma menos técnica, sem usar a bagagem de análise que já tem. “Você acaba adivinhando muitas coisas sobre o enredo antes que aconteçam porque começa a ver padrões”, completa. Embora essas leituras também sejam por diversão, eles não conseguem diferenciar necessariamente um livro para se divertir de um para trabalho, pois não acreditam que “livros para se divertir” tenham de ser livros ruins. “As pessoas acham que

leitura divertida é leitura ruim, que é leitura de banca de jornal, mas não é! Dá pra você ter uma leitura leve e boa ao mesmo tempo”, critica Danilo, com o que Gabriel concorda. A maior parte dos livros que resenham provém de parcerias com editoras, mas eles também costumam comprar outros títulos de seu interesse além dos que recebem com as parceiras, mas estes também acabam se tornando material para o Cabine. “Geralmente a gente lê já pensando no canal”, conta Danilo. Danilo, que tem como livro preferido “Macunaíma” (de Mario de Andrade) devido a sua linguagem diferenciada na época em que foi escrito, se diz uma pessoa muito prática e que não tem o costume de reler livros. “Eu não leria um livro de novo só por ler, tudo leva muito tempo e eu preciso de tempo”, ele diz, explicando que demora um pouco mais para terminar uma obra porque costuma parar e refletir sobre determinados trechos, procurando entender o motivo para o autor ter escrito “aquela frase daquela maneira”; essas são coisas que o deixam intrigado e o ajudam a fazer suposições sobre a história.

Já Gabriel age de maneira diferente; costuma ler cada comentário no momento em que chegam ao seu celular. Porém, também não faz releituras de livros inteiros; no máximo, relê trechos que mais lhe chamaram a atenção. A única exceção, nesse caso, é “O Pequeno Príncipe” (de Antoine de Saint-Exupéry), que ele ganhou de sua mãe aos 11 anos e lê uma vez por ano. “Ela me disse que no dia em que eu não tirasse mais nada do livro era para parar de lê-lo”, comenta, relembrando que já faz essa leitura há 14 anos. Começou a ler graças à série Harry Potter (de J. K. Rowling), quando ganhou o primeiro volume de uma tia, a quem ele confere a “culpa” por hoje fazer resenhas. Gabriel ainda conta que não tem um único livro preferido, e que isso varia de acordo com o momento que estiver vivendo, contato que não seja um livro mal escrito e cheio de erros gramaticais básicos, que não faça sentido ou não tenha uma continuidade no enredo. É fascinado pela temática zumbi, incluindo nessa preferência o sobrenatural, monstros e ficção científica. Em relação ao novo formato de livros, o virtual, ambos são a favor dessa adaptação das obras.

Gabriel gosta por motivos práticos, principalmente na hora de carregar grandes livros na mochila ou optar por levar seu kindle com mais de uma obra “dentro”. “Eu não tenho o apego que tantas pessoas têm com o livro físico, mas se eu realmente gosto do livro ou se tem uma edição que é diferente, tenho vontade de tê-lo”, comenta. E a facilidade se estende para além do momento da leitura; é possível adquirir obras que estão em pré-venda, por exemplo, e no dia do lançamento o livro chega ao aparelho sem a necessidade de enfrentar filas ou aguardar que o correio entregue. Antes de conhecer o kindle, Danilo achava que era algo que faria doer a vista, como acontece com leituras ao computador; não achava que seria confortável. Depois que começou a utilizá-lo, achou muito útil e de grande praticidade na hora da leitura e até para “virar as páginas” dos e-books. Além do Cabine, eles tem outro canal chamado Gayrotos, criado na época em que os dois namoravam (atualmente, eles são grandes amigos) com o intuito de mostrar como é a vida de um casal homossexual, sem criar estereótipos ou piadinhas de mau gosto. Mesmo após o término, eles continuaram com este projeto, que tem menos assiduidade de vídeos do que o canal literário. Atualmente, o Cabine conta com mais uma integrante, Lúcia Robertti, que entrou para a equipe recentemente, o que dará uma terceira faceta à programação do projeto, junto ao site que está à caminho. Mas isso já é assunto para um outro capítulo.


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Foto: Google imagens

A nova cara do mercado editorial brasileiro

Mudanças geradas pelo advento da internet, editoras e livrarias precisaram se adequar ao gosto do público e mudar a maneira de vender livros

Por Graziela dos Santos, Laio Araujo e Thamara Bogolenta

Graças à evolução tecnológica, todas as áreas profissionais precisaram se adaptar às mudanças sofridas na maneira de executar determinadas funções, independente da área de atuação. Com o mercado editorial não foi diferente; a questão crucial que ainda não pode ser respondida é a que corresponde ao futuro dos livros. Cada vez mais editoras e lojas estão aderindo à publicação de obras no formato de e-book, que é o livro virtual, apostando em descontos para quem os adquire em comparação aos volumes físicos. No Brasil, essa estratégia ainda não demonstra relevância no bolso, pois os preços apresentam diferenças de até R$ 15,00. Outra possibilidade estudada para ser utilizada no mercado editorial brasileiro é a chamada Bundling, que é a venda conjunta de livros digitais e físicos com descontos em um dos formatos, bastante utilizado pelo site de vendas Amazon. Para que os autores não tenham desvantagens na hora de publicar, as editoras têm buscado alternativas diferenciadas de publicação que sejam viáveis, principalmente para os novos escritores que estão surgindo. As editoras pequenas, por exemplo, estão optando pela forma de contrato paga (o autor arca com um valor definido para que seu livro seja publicado), enquanto a empresa se responsabiliza pelo registro da publicação (ISBN), correções, capa, formatação e todo o trabalho de divulgação e distribuição. Já as editoras maiores estão investindo, desde agosto, no lançamento de Mega-Sellers, que são as publicações com tiragens iniciais que ultrapassam o número de exemplares dos Best-Sellers. Segundo o consultor editorial Carlo Carrenho, o número de tiragens é a garantia do quanto a editora está investindo em um livro; e embora esta seja uma estratégia que envolve riscos, acaba gerando maior segurança para as livrarias comprarem mais volumes de um lançamento.

Segundo o site PublishNews, o mês de outubro fechou o ranking de editoras que mais tiveram vendas empatado entre a Record e a Sextante, cada uma com 17 títulos, seguidas pela Intrínseca, com 16 obras. Em quarto lugar ficou a editora LeYa, que no mês anterior havia ficado em décimo primeiro no patamar.

E-books: a biblioteca a um clique Para uma palavra tão diminuta, e-book nada mais é do que a facilidade de ler diversos títulos sem ter de ocupar espaços em prateleiras infinitas. Com o desenvolvimento da internet, desde 1960, muitas coisas já foram substituídas e modificadas, e os livros também passaram por essas adequações. Os benefícios dessa nova forma de ler são diversos, como, por exemplo, não pesar na bolsa, custar menos do que o preço dos impressos e não gastar papel – o que envolve a questão de sustentabilidade. Aparelhos como o Kindle possibilitam carregar estante de livros de uma só vez. A capacidade de guardar conteúdo desses aparelhos é semelhante a dos pen-drives. Um e-book, com uma memória de aproximadamente 4 GB de memória, armazena cerca de 3,5 livros de uma única vez. Mas há quem acredite que tal tecnologia não seria capaz de acabar com os tradicionais do livros impressos, pois existem pessoas que não se adaptaram ao novo formato e a questão dos direitos autorais também interfere na confiabilidade das obras virtuais.


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As bibliotecas também já estão se adequando ao modelo virtual de leitura. Nos EUA, Europa e Oceania existem bibliotecas públicas que disponibilizam o empréstimo de livros digitais, através do download dos arquivos e para a “devolução” é feita pelo bloqueamento do código das obras através do endereço IP (identificação de um dispositivo) dos aparelhos em que foram lidos. No Brasil, ainda não há esse modelo, mas a Biblioteca de São Paulo oferecem e-books para que sejam lidos dentro do estabelecimento. No universo on-line, existem sites que disponibilizam obras de domínio público para download gratuito, como o Livros Grátis; Virtual Books; PDL; entre outros.

O mercado livreiro paulista São Paulo é a maior metrópole do país e é considerada o centro econômico da América Latina. Só na capital, o número de habitantes chega há 12 milhões. A demanda por compra de livros é cada vez mais intensa, tendo o correspondente de 40% de todas as livrarias em seu estado. Segundo o Diagnóstico do Setor Livreiro de 2012, um estudo encomendado pela ANL (Associação Nacional do Livro), ainda que as pequenas livrarias, com apenas uma ou duas lojas, ocupem 65% do mercado, a relevância das grandes redes sobe de 6% para 15% no mercado. Isso se dá porque as grandes redes estão apostando cada vez mais em aberturas de novas lojas, com serviços diversos, diferente das pequenas livrarias, que nem sempre tem condições para atualizarem-se. O maior exemplo disso são as vendas virtuais, que são feitas somente por 27% do setor livreiro. No entanto, 54% das restantes pretendem começar a comercializar esse tipo de conteúdo nos próximos anos.

Os e-books estão conquistando cada vez mais o público-leitor e o mercado editorial - Foto: Google imagens

Nizia Maria Souza Villaça, professora da Universidade do Rio de Janeiro, não acredita que a literatura impressa perca seu espaço, levando em consideração que uma mídia que surge não é capaz de acabar com outra já existente. Sabendo que a resposta para este impasse só poderá ser dimensionada daqui há alguns anos, é possível supor que os e-books ganharão cada vez mais espaço no mercado, principalmente para novos autores que buscam um espaço para mostrar seu trabalho. A editora e livraria Saraiva, por exemplo, tem o projeto “Publique-se!”, o qual o autor pode publicar seu livro em formato de e-book e determinar o próprio ganho com os direitos autorais.

A concentração de livrarias na região Sudeste do Brasil possui 60% do total de das existentes em todo o país, enquanto as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte possuem juntas 21%. No estado de São Paulo, segundo o Levantamento Anual de Livrarias (também organizado pela ANL), são 989 livrarias, sendo que o total do mercado livreiro brasileiro chega a 3481, ou seja, cerca de 28% concentra-se no estado. A última pesquisa realizada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) sobre a Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, demonstra que o segmento geral de livros rendeu 4,2% de vendas em 2012 a mais do que em 2011, sendo que a saída dos didáticos caiu 10% e a de religiosos 18%. Além das livrarias, existem também os sebos, que comerciam livros raros, antigos e usados à preços mais baixos e acessíveis. A tradição destes locais no centro da cidade é muito grande; o Sebo Messias, por exemplo, possui um acervo de 200 mil livros e existe desde 1970, estendendo seus serviços até por meio da internet. Outros sebos tradicionais são o Red Star, especializado em livros de Direito, e o Sebo Central, que trabalha com títulos jurídicos; os dois ficam próximos à USP (Universidade de São Paulo).

A livraria Martins Fontes, localizada na Av. Paulista, é uma das preferidas pelo público em geral - Foto: Goolge imagens


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A partir da leitura é possível fugir da correria do dia a dia e relaxar a mente - Imagem: Graziela do Santos

“Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro” Em citação livre à música de Djavan, a cidade de São Paulo tem um incontável número de espaços de lazer destinados à leitura. Dentre esses espaços, muitas são financiadas pelo Governo Municipal e Estadual, e é servido gratuitamente à população. Em muitos desses locais as pessoas vão apenas para passar o dia lendo, procurando sair da rotina estressante da cidade grande. Dentre esses espaços, existem as bibliotecas espalhadas pela capital. A Biblioteca CCSP (Centro Cultural de São Paulo), localizada na rua Vergueiro, possui mais de 120 mil livros e recebe mais de mil visitantes diariamente. Ela disponibiliza serviços de contação de histórias infantis e a gibiteca Henfil, que possui cerca de 10 mil títulos. A maior biblioteca de São Paulo é a Mario de Andrade, que possui cerca de três milhões de itens, contendo também periódicos, mapas, mídias diversas, e oferecendo ao público atrações culturais (saraus, palestras, debates e cinema). Não são somente as bibliotecas que são visitadas pelos leitores assíduos, mas também locais como parques e cafeterias têm seu público-leitor. A Starbucks é uma rede de cafeterias que possui diversas sedes espalhadas por São Paulo, e recebe leitores, escritores, desenhistas, e artistas em geral que costumam passar o dia no ambiente tranquilo e agradável se dedicando às suas preferências intelectuais. Na rua Fradique Coutinho, está localizado o Coffe Lab, que conta com um ambiente caseiro, de luz baixa e nenhum incômodo na hora da leitura; o local tem baristas especializados , prontos para dar uma aula de como fazer café. Além de espaços reservados a um público que busca tranquilidade, nos parques Villa-Lobos, Ibirapuera e Trianon podem ser vistos como verdadeiros refúgios para quem tem uma horinha no meio do dia a dia e quer ler, contando com bancos e áreas verdes extensas para relaxar durante a leitura.


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A importância do incentivo à leitura na infância

“O desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que principia no lar, aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora.” (Bamberger)

Por Thamara Bogolenta A prática da leitura se faz presente na vida de muitas crianças desde o momento em que começam a compreender o mundo à sua volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que as cercam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que se vive no contato com um livro, sempre estão, de certa forma, lendo, mesmo que em muitas vezes, não se deem conta disto.

A doutora em Letras Lia Cupertino Duarte, “estimular o hábito de leitura da literatura dos filhos será muito mais fácil se os próprios pais gostarem de ler e fizerem isso com frequência”. Os primeiros livros direcionados ao público infantil surgiram no século XVIII. Autores como La Fontaine e Charles Perrault

por meio da industrialização, expandindo assim, a produção de livros. A partir daí, os laços entre a escola e literatura começam a se estreitar, pois para adquirir livros era preciso que as crianças dominassem a língua escrita e cabia à escola desenvolver esta capacidade. De acordo com as escritoras Lajolo & Zilbermann, “a escola passa a habilitar as crianças para o consumo

Reconhecer a importância da literatura infantil e incentivar a formação do hábito de leitura na idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é o que pode fazer a diferença entre conseguir interpretar melhor o mundo a sua volta e ter uma mente com possibilidades menos desenvolvidas. Neste sentido, a literatura infantil pode ser um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa.

Com todas essas atividades, os livros acabam ficando esquecidos ou são usados somente se a pessoa não tiver nenhuma outra atividade em mente. Porém, para que um criança dê importância aos livros e gosto pelo ato de ler, depende da família e de seus professores exercer essa influência.

Nos dias atuais, a dimensão de literatura infantil é muito mais ampla e importante. Ela proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo indiscutíveis. Segundo a escritora de literatura infantil Fanny Abramovich, quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor, perda, além de ensinarem infinitos outros assuntos. O ato de ler não representa apenas a capacidade de decodificação, já que esta não está imediatamente ligada a uma experiência, fantasia ou necessidade do indivíduo. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs – 2001), a decodificação é apenas uma das várias etapas de desenvolvimento da leitura. A compreensão das ideias percebidas, a interpretação e a avaliação são as outras etapas que se fundem ao ato da leitura. Dessa maneira, trabalhar com a diversidade textual, segundo os PCN’s, fazendo com que os indivíduos desenvolvam significativamente as etapas de leitura, é contribuir para a formação de leitores competentes.

Segundo o Diagnóstico feito em 2012 pela Associação Nacional de Livrarias (ANL), o gênero infantil da literatura aparece em evidência no mercado editorial atual, representando 74% dos livros comercializados entre 716 livrarias consultadas no país. Embora haja muitas crianças que leem por obrigação (tanto nas escolas como em casa), há também aquelas que o fazem por gosto. Atualmente, muitos professores reclamam do desinteresse dos alunos pela leitura. Existem vários fatores que contribuem para que isso ocorra; por exemplo, os alunos preferem ler revistas por não terem uma biblioteca em casa; outros preferem cinema, TV e rádio. Provavelmente, o fato mais agravante é o da expansão da internet e da tecnologia, que transforma celulares e computadores nos “brinquedos” preferidos.

lúdica e que fizessem pequenas viagens em torno do cotidiano, ou que tivessem a afirmação da amizade centrada no companheirismo, no amigo da vizinhança, da escola e da vida.

Quanto mais novas as crianças são incentivadas a ler, mais fácil será para elas desenvolver o gosto pela literatura - Ilustração: Graziela dos Santos

escreviam suas obras enfocando, principalmente, os contos de fadas De lá para cá, a literatura infantil foi ocupando seu espaço e apresentando maior relevância, e mais autores começaram a surgir, como Hans Christian Andersen, os irmãos Grimm e Monteiro Lobato, no Brasil, imortalizados pela grandiosidade de suas obras. Nessa época, a literatura infantil era tida como mercadoria, principalmente para a sociedade aristocrática. Com o passar do tempo, a sociedade cresceu e modernizou-se

das obras impressas, servindo como intermediária entre a criança e a sociedade de consumo”. Até as duas primeiras décadas do século XX, as obras didáticas produzidas para a infância apresentavam um caráter ético-didático, ou seja, o livro tinha a finalidade única de educar, apresentar modelos e moldar a criança, de acordo com as expectativas dos adultos. As obras não tinham o objetivo de tornar a leitura uma fonte de prazer ou de retratar a aventura pela aventura. Havia poucas histórias que falavam da vida de forma l


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Terça-feira, 05 de Novembro de 2013

Os bares são santuários da literatura marginal Pequenos redutos das periferias se tornam palco de grandes saraus da cidade

Por Laio Araujo e fazer com que eles participem. “Nos bares quebra-se a hegemonia do artista como Deus intocável, um ser distante. Não há espaço para estrelas, o objetivo é formar constelação”, completa Brisant. A agitadora cultural Maria Vilani, mãe do rapper Criolo, organiza no Grajaú (zona Sul de São Paulo) organiza eventos coletivos de arte marginal com apresentações e saraus há mais de 23 anos. Em resposta ao que ela pensa sobre a importância da literatura independente, optou por fazê-lo com um poema criado especialmente para a ocasião:

SARAUS POÉTICOS O poema é um instrumento Com o qual o poeta pode Espargir a poesia que habita Em si e além de si Em tudo há poesia Na beleza das flores Nas ações das pessoas E até nas intempéries da vida As pessoas se reúnem em um sarau no bar do Zé do Batidão para mais uma Cooperifa - Foto: Marina Vergueiro/UOL

“Quarta-feira à noite, não pode faltar!” No bairro do Parque Santo Antonio, a concentração de pessoas no Bar do Zé do Batidão é presidida pelo poeta Sergio Vaz. Ele, na frente de todos, pega o microfone, bem embaixo de uma grande faixa escrita “Cooperifa”, e começa a declamar suas poesias. Esse ritual semanal já dura 12 anos, e é considerado o maior sarau de São Paulo. Os resultados aparecem cada vez mais. Neste ano, foi feita pela primeira vez uma mostra de literatura marginal fora do país. O evento “Antropofagia periférica: a periferia no centro” foi realizado entre os dias 22 e 31 de maio na Alemanha, passando por Berlim, Hamburgo e Colônia. Além disso, a Cooperifa já está em sua 6º Mostra Cultural, realizada em diversos pontos da parte periférica da Zona Sul de São Paulo. “Hoje tem cinema na laje”, diz o banner de apresentação do evento. No mesmo bar do Zé do Batidão às vezes ocorrem sessões de cinema para o público. O evento conta com a participação de grupos de rap, dança, oficinas de arte, entre outras manifestações. Neste ano, a Cooperifa também comemorou a sexta edição do “Chuva de Livros”, evento onde são distribuídos cerca de 800 livros para os frequentadores do sarau, e o “Ajoelhaço”, que sempre acontece durante a Semana Internacional da Mulher, quando todos os homens ajoelham-se e pedem desculpas às mulheres. Outro sarau que se tornou bastante conhecido, e nasceu nas mesas de bar, é o Sarau do Binho.

“Uma Andorinha só não faz verão, mas pode acordar o bando todo”, é a maxima de Binho - Foto: Divulgação

No entanto, este não tem mais um local fixo. Por oito anos eles se mantiveram firmes no bar, mas como o estabelecimento não tinha licença para eventos daquele porte (o número de visitantes crescia cada dia mais), a Prefeitura acabou fechando o local. Porém “o Sarau do Binho vive” (frase utilizada pelas pessoas que acompanham seu movimento itinerante), ainda que sem lugar especifico para a realização de seus eventos. Uma amostra do apelo da população pela literatura marginal é a participação por dois anos consecutivos destes saraus na Virada Cultural de São Paulo, promovido pela Secretária de Turismo e a Secretaria da Cultura. Em 2012, coube a Binho apresentar seu sarau na virada, e em 2013 ficou por conta do Sergio Vaz. Às sextas, no Relicário Rock Bar, localizado no distrito do Grajaú, acontece o Sarau Sobrenome Liberdade, organizado e criado pelo poeta Ni Brisant, que prefere não informar seu nome verdadeiro, escritor do livro “Tratado sobre o coração das coisas ditas”. Com pouco mais de um ano de funcionamento, foi lançada a primeira coletânea de poesias do evento, intitulada “Antes de ser um manifesto”. Quando questionado sobre o que o motiva a levar cultura a um bar da periferia, ele responde: “Mais do que levar cultura e poesia aos moradores da periferia, o significado maior é surpreendê-los, mostrando que há arte em tudo e que são eles os protagonistas. Fazer sarau em bar significa ser, de fato, uma flor no asfalto”. Dentre os poetas presentes nesta coletânea, estão Daniel Minchoni, organizador do sarau Menor Slam do Mundo, na Guilhermina (Zona Leste de São Paulo) e do Sarau do Burro, e Rafael Canervalli, criador do MAP (Movimento Aliança da Praça) e organizador do Sarau na Praça, que acontece na Praça do Forró, em São Miguel Paulista. A intenção desses saraus é alcançar o público

O cotidiano e seus percalços Impedem-nos de sentirmos E admirarmos a poesia Em tudo que há O poeta é necessário Pois ao abstrair Os percalços da vida Capta e desvela essa poesia O fenômeno SARAUS POÉTICOS Que invade a periferia É sinônimo do desejo Do distanciamento Daquilo que nos priva Do DIREITO A interiorização E a harmonização do ser O ser humano é humano Em qualquer estância Nos centros, nas bordas E nas pontas Nas bordas e nas pontas Há uma tendência à brutalização do ser Via negação ou dificultação Ao acesso aos meios de cultura Os SARAUS POÉTICOS É o resultado De lutas indormidas Pelo direito a SER HUMANO.

Maria Vilani organiza eventos voltados à cultura independente há mais de 23 anos - Foto: Divulgação


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Terça-feira, 05 de Novembro de 2013

A arte marginal transformada em literatura

Conheça Cristiano Onofre, um professor de literatura que se tornou escritor para criar o que sempre quis ler e ver

Por Graziela dos Santos Desde cedo envolvido com arte e literatura independente, o escritor carioca Cristiano Onofre decidiu lançar seu primeiro livro, o Câmera Lenta, sem contar com apoio editorial algum. Toda a divulgação foi feita por meio do “boca a boca”, fazendo a venda via correio e nos festivais punks pelo Brasil afora. Ao todo, a obra têm três contos, descrevendo situações horríveis e personagens reais até demais (descrição da contracapa). Outra maneira que encontrou para divulgar, mais informal ainda do que as outras, foi deixar alguns volumes em livrarias grandes, escondidos entre outros títulos e convidar pelo Facebook quem estivesse por perto para ir lá “roubar” da prateleira. O “Câmera Lenta” é composto por contos. Sobre qual assunto eles falam? O primeiro conto trata sobre a vida de um rapaz chamado Jaime, que acorda após ter ficado 5 anos em coma, vítima de um atropelamento. Junto ao Jaime, existem outros personagens, e cada capítulo é narrado por um deles em primeira pessoa. No decorrer, as histórias e as personagens se cruzam em determinados pontos da narrativa. Já o segundo, conta a história de um rapaz que volta para se vingar de um abuso sexual que sofreu quando era criança. E o terceiro é relacionado com o primeiro, então se eu contar, estraga um pouco (risos). De onde você tira inspiração para escrever e quais suas influências? Ah, da vida… por exemplo, hoje enquanto vinha para a entrevista um cara tentou suicídio se jogando no trilho do metrô e ficou tudo parado. Esse é o tipo de coisa que te faz pensar “pô, tem coisa nessa vida que precisa ser relatada”; as particularidades do cotidiano são tão medonhas, cruas e sombrias. É esse tipo de coisa que me inspira a escrever. A inspiração não vem da beleza da vida, vem quando alguma coisa me choca, como hoje. Você tem o costume de ler muito? A toda hora. Quadrinho, livro, fanzine, jornal, blog… Isso me influencia bastante. E não só livros, mas também filmes e música.

Comecei a escrever o Câmera Lenta depois que comecei a ter mais contato com o cinema coreano; por exemplo, A trilogia da vingança e Oldboy (ambos de Park Chan-Wook). Coisas assim me trazem inspiração porque aquilo também é arte, né. Tem filmes que são melhores do que muitos livros (sem querer comparar cinema e literatura); quero dizer que a gente é fruto do que a gente leu e viu. Por isso, nem gosto muito de falar “ah, essa é a minha história”. Não tem essa, aquilo é o que eu vi, assisti, li, rola uma construção antes disso. Como você começou a se interessar por literatura? Desde moleque minha família me enfiava gibis por goela abaixo. Fui alfabetizado em casa pela minha mãe, e desde então, sempre li muitos livros e quadrinhos. Mas a vontade de ser escritor bateu mesmo foi quando percebi que podia ser escritor. Quando descobri todo esse universo dentro do punk, que me mostrou que eu podia publicar fanzines, e que não precisava de uma editora tradicional pra lançar um livro. Depois de interagir com todo esse ambiente autônomo do punk, era óbvio que uma hora ou outra eu ia cair na literatura, que sempre foi o meu fraco (ou forte, sei lá). Comecei tendo banda e com zines, e por último fiz esse livro. Este é seu primeiro livro, certo? Antes dele, você escreveu em outros formatos? Livro sim, mas escrevi fanzines desde moleque e publiquei textos em blogs. Comecei com esse negócio de arte com o punk, quando conheci o “do it yourself” (faça você mesmo), eu vi que eu não precisava esperar que surgisse algo legal; vi que eu podia fazer algo que eu quisesse ler. Se queria ler um quadrinho que não existia, não ia esperar alguém criar; eu fazia um quadrinho que me agradasse. Você é professor de literatura; de que forma isso colaborou para a sua entrada na literatura? Isso colaborou do jeito mais controverso possível (risos). Quando se está dentro da academia se vê muita gente te dizendo o que é certo, um tanto de cara que fez doutorado e acabou esquecendo a essência de como aquilo funciona, e só fica na regra.

Quando eu era moleque, tive um professor de literatura no ensino fundamental que pegou um dos meus zines e usou na aula como um exemplo do que “não era literatura”, dizendo que não tinha métrica nem nada. Ele me deu inspiração para fazer o que faço hoje, porque como não quero ser aquele tipo de pessoa, quero ser exatamente o contrário, exatamente o que ofende aquele tipo de pessoa. E é isso que eu sou, o cara que vai fazer zine, literatura marginal, publicar livro de forma independente, botar livro na livraria pros outros “roubarem”. Quero é chocar esse tipo de cara mesmo. Dentro do universo acadêmico (assim como em qualquer outra esfera) a gente conhece muita gente desse tipo. E essa gama de gente me inspira a provar pra eles mesmos que estão errados e que o senso artístico deles é lamentável, que existe todo um mundo independente/marginal que pode ser muito bem explorado.

Conheça mais sobre o trabalho de escrita e ilustração do autor:

Facebook www.facebook.com/cameralenta

Tumblr anticris.tumblr.com

Capa do livro Câmera Lenta


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Terça-feira, 05 de Novembro de 2013

Das páginas às telonas, ou vice-versa

Obras literárias que são adaptadas para o cinema e filmes que viram livros, qual o melhor?

Por Thamara Bogolenta O termo “não julgue um livro pela capa” se tornou “não julgue um livro pelo filme” e está prestes a se tornar, “mão julgue um filme pelo livro”. Adaptações de livros para o cinema sempre foram muito comuns; alguns fazem jus, outros não. Independente da qualidade do roteiro do filme, adaptações sempre foram alvo de críticas, sejam elas boas ou ruins. Agora, um novo tipo de análise deve ser feita, pois transformar o roteiro de um filme em um livro se tornou algo habitual. Geralmente esse tipo de “adaptação inversa” tem como objetivo descrever o filme, mas às vezes o tema é simplesmente utilizado para a criação de mais uma história. Entretanto, para quem tem o costume de ler por prazer, se aventurar em páginas é mais incrível do que assistir a um filme. Um livro possibilita imaginar o personagem principal ou o som da correnteza que existe próxima ao castelo em que este personagem chega, ao final de sua saga. Em 2009, o aclamado diretor americano Quentin Tarantino lançou o filme Bastardos Inglórios, que tem uma ideia quase utópica a respeito da Segunda Guerra Mundial. O filme conta a história de dois planos para assassinar os líderes políticos nazistas. O final é surpreendente, mas o que realmente chamou a atenção foi o fato de o roteiro original ter chegado ao conhecimento dos fãs por meio de um livro. A obra foi publicada pela Editora Amarilys, e dá ao leitor a possibilidade de entrar diretamente na fábula pensada por Tarantino. O interessante de ler o roteiro é ver como o cineasta imaginou o filme inicialmente. Assim como nas adaptações de livros para filmes, é importante notar que o livro parece sempre se atentar aos detalhes, na importância do leitor compreender tudo e conectar o enredo aos fatos apresentados. Muitas vezes essa prática não dá certo e acaba piorando a ideia já apresentada no filme. Um exemplo comum seria Garota Infernal, também lançado em 2009, e que foi adaptado para o cinema no mesmo ano. O que piora a história é o fato de que no livro a trama é toda contada sob a perspectiva da primeira pessoa, o que impossibilita o leitor de compreender outros fatos. Independente do resultado, não se pode negar que o cinema e a leitura tem uma química inegável, afinal, como já dito antes, é comum adaptações de livros para as telas e o resultado desses trabalhos tem muitas vezes se mostrado fascinante. Sendo assim, podemos concluir que a leitura liberta a mente, e o cinema a complementa.

Parâmetro de três livros e suas adaptações Clube da Luta - Chuck Palahniuk “Só depois de perdermos tudo, é que estamos livres para fazer qualquer coisa.’’ É uma obra de Chuck Palahniuk, publicada em 1996. Tem como personagem central um jovem executivo (sem nome apresentado) que leva uma vida pacata em uma metrópole; ele sofre de insônia e é afetado pelo que podemos chamar de “doença da sociedade contemporânea informatizada”, ou simplesmente de consumismo. Mas tudo muda quando este jovem conhece Tyler Durden Em 1999, a obra foi adaptada para as telonas. Foi dirigida por David Fincher, tendo algumas mudanças em sua tradução (como no modo em que o jovem executivo conhece Tyler Durden em um avião, ao invés de uma praia de nudismo como descrito no livro). Sabemos que muitas adaptações de obras literárias para o cinema deixam de captar a subjetividade contida nas entrelinhas, assim como na linguagem e no ritmo do enredo, mas Fincher o fez bem, conseguindo captar e repassar a essência contida na obra.

Querido John - Nicholas Sparks “Aprendi a viver, ou conviver, com a falta, a perda, a ausência… Certas coisas, não vale a pena ter de volta.” Em 2010, Nicholas Sparks foi feliz ao escrever Querido John, o romance, a princípio, não tem características singulares, ao ponto de fazer com que o telespectador tenha vontade de assistir ao filme, mas no meio do enredo o fato do casal John e Savannah não serem almas gêmeas e passarem mais tempo separados do que juntos, faz crescer a vontade de descobrir o que acontecerá no final seja mais forte do que o tédio de ler mais um romance americano água-com-açúcar. Algumas diferenças entre o livro e filme são bastante evidentes, como as características de Savannah,personagem principal. Alan, um dos personagens que fazem a história girar, faz o papel do irmão de Tim, quando no filme ele aparece como filho.

Laranja Mecânica - John Anthony Burgess “Se te deixares levar pelo desespero, não terás forças nos momentos de angústia” O livro foi lançado em 1962, pelo escritor inglês John Anthony Burgess. Conta a história do jovem Alex e seus quatro amigos, que tem como diversão espancar, torturar e estuprar pessoas. No livro, o vocabulário utilizado pelo personaem central é influenciado por gírias inglesas e pela língua russa, mas o autor criou um dicionário próprio de palavras (que é incluso no final da obra). O filme foi lançado em 1971, para mostrar, de fato, as atitudes do jovem sociopata protagonista da história. A diferença mais gritante da história é justamente em torno de Alex. No livro, o uso de seu próprio vocabulário é evidente, fazendo com que o leitor recorra ao dicionário no final, enquanto se acostuma aos termos. Já no filme, poucas são as vezes em que esses termos aparecem, e quando aparecem o telespectador já está tão acostumado com as palavras que nem precisa mais pensar no contexto todo para interpretar seu significado.


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Terça-feira, 05 de Novembro de 2013

Parcerias entre editoras e blogs, uma estratégia inteligente Quem sai ganhando, afinal?

Por Graziela dos Santos O reconhecimento das novas mídias tem se consolidado cada vez mais como formadoras de opinião aos olhos do público consumidor dessas ferramentas que a tecnologia e a internet possibilitam: as redes sociais. Uma das mudanças mais visíveis em palestras, simpósios e eventos voltados à tecnologia é a da maneira como a figura do blogueiro tem sido vista pela sociedade. Seu perfil como formador de opinião já é considerado válido por usuários da rede e por empresas que identificam oportunidades de fazer uso dessa nova imagem do blogueiro a seu favor, como o mercado editorial, por exemplo. Como uma forma de se aproximar mais do seu público-alvo, as editoras brasileiras estão adotando a ideia de travar parcerias com blogs e sites literários para que seus livros sejam resenhados sem custo adicional. Essa estratégia surgiu com editoras estrangeiras. As parcerias entre editoras e blogs costumam juntar o útil ao agradável: opiniões e críticas literárias diretamente de pessoas que têm gosto pela leitura. O trabalho informal de fazer resenhas de livros tem se tornado cada vez mais popular entre os blogueiros, pois as editoras identificaram uma saída para divulgar livros que, muitas vezes, não têm espaço para tanta publicidade na grande mídia. Em geral, os editores de blogs que se mostram interessados em fechar esses acordos gostam de ler e têm como foco de seus sites a literatura. A vantagem é que, além de escrever sobre literatura, essas pessoas também fazem parte do púbico leitor, o que gera uma confiabilidade muito grande em suas opiniões, devido ao fato de que eles escrevem suas opiniões por escolha e não por obrigação. A linguagem é muito mais solta e acessível do que críticos especializados, e a maioria trava um contato direto com quem acompanha seus sites por meio dos comentários e das redes sociais, fortes aliadas na divulgação dessas resenhas. As primeiras editoras brasileiras que aplicaram a estratégia foram a Planeta e a Record, em 2009. Através de concursos entre os sites interessados em fechar a parceria, elas pedem que o editor ou responsável pelo blog preencha um formulário, com critérios que serão avaliados para chegar aos escolhidos. Entre os pré-requisitos, eles verificam o número de acessos do site e das redes sociais incluídas; a qualidade dos textos escritos; geralmente pedem que os resenhistas residam em território nacional (por conta dos gastos com o envio dos livros, quando impressos; para e-books nem sempre isso é obrigatório) e que a temática do blog seja voltada à literatura. Porém, da mesma maneira que existem blogueiros que não respeitam as editoras parceiras e nem os escritores (com textos rasos ou críticas com teor difamatório), infelizmente também existem editoras que não cumprem os combinados, como enviar obras fora da data prevista (ou “se esquecerem” de enviar); terminar o tempo de contrato antes do previsto ou cobrar

Blogs que trabalham em parceria com editoras

apenas resenhas que falem bem das obras. É claro que a intenção dessa estratégia de parceria é promover mais vendas, mas há o fator da responsabilidade de opinião do blogueiro; é imprescindível ter sinceridade ao “falar” com quem acompanha os sites. Se um livro for considerado bom, fale bem; mas se for ruim, digne-se à sinceridade, porém com profissionalismo. Embora seja um tipo de serviço, a parceria não gera lucros para nenhuma das partes. Para o blogueiro, o único tipo de “pagamento” que recebe são os livros que são enviados e, algumas editoras, oferecem descontos em suas lojas; dinheiro não faz parte do acordo. Agora, além de listas dos mais bem vendidos, preferido do público e autores em alta, se abriu uma nova possibilidade, a das obras mais bem avaliadas. Esta é uma tendência que aumenta cada dia mais; não é preciso comprar um lançamento “às cegas”. Basta procurar sites que tenham parcerias com a editora responsável pelo título e ler críticas sobre o enredo, sem que o clímax seja estragado, já que a maioria dos escritores dessas opiniões respeita o trabalho dos autores e não revelam spoilers (revelar a trama da história). No final, todos saem ganhando: o mercado editorial tem seus livros divulgados; os títulos alcançam o público certo e os escritores das resenhas vão recheando suas estantes com novos livros. A tendência é a de que as parcerias se tornem tão comuns que possam acabar gerando um novo cargo dentro da equipe das editoras: resenhista de lançamentos. E se isso acontecer, o trabalho deixaria de ser informal e passaria a ter remuneração, o que seria o ideal.

AO gosto literatura invadindo as redes sociais por livros estendido para além das páginas, por meio da internet Por Thamara Bogolenta e Graziela dos Santos

Com a expansão da chamada “era digital”, a maioria das pessoas não consegue mais se manter off-line por muito tempo. As Redes Sociais dominaram a internet de forma gradual, até resultar no estouro de hipertecnologia que pode ser acessada de aparelhos eletrônicos diversos, como computadores, note e netbooks, celulares, tablets, entre outros. Como qualquer tipo de inovação social, existem vantagens e desvantagens que fazem com que muitas pessoas sintam-se obrigadas a controlar esse uso para não perder a vida que não acontece nas telinhas, ou seja, a vida real. As Redes mais populares entre os usuários, como o Twitter e o Facebook, são as principais responsáveis por informar aos conectados de plantão o que está acontecendo nos quatro cantos do mundo, mais até do que sites de notícias oficiais. Porém, a leitura feita através das telas não pode ser comparada a de impressos. Segundo um estudo realizado pela Universidade de Hamburgo, apenas 18% de todo o conteúdo lido na internet é absorvido, e, por isso, as informações tem sido cada vez menores e muitas vezes não são confiáveis, pois considera-se que o conteúdo on-line é muito menos supervisionado do que nas mídias tradicionais, e pode ser facilmente alterado.

favoritas, as que foram abandonadas e os próximos livros que irá ler.

Skoob à esquerda e O Livreiro à direita, ambos são redes sociais voltadas ao meio literario - Imagens: divulgação

Buscando combater essa “preguiça literária” da atualidade, surgiu junto às Redes Sociais a campanha “Saia da internet e vá ler um livro”, que incentiva os usuários a passar menos horas navegando no mundo virtual e lendo mais literatura impressa. Foram criadas também redes de compartilhamento de livros, a maioria gratuita. Um dos sites mais visitados deste segmento recebe, em média, 10 mil acessos por dia, e conta com autores como Clarice Lispector, Machado de Assis, Paulo Leminski, Caio Fernando Abreu, Paulo Coelho, e uma infinidade de outros escritores.

O ponto chave que alavancou o número de seguidores dessas redes é o de que, além de gratuitas , as páginas também possuem espaço para comentários e troca de experiências de leitura e notícias do mercado editorial, tornando a experiência online muito mais ativa. No Brasil, entre os mais acessados estão os sites “O Livreiro”, que tem como diferencial comentários dos próprios escritores, que deixam o leitor mais seguro sobre a obra, e o “Skoob”, que oferece uma ferramenta capaz de calcular o número total de páginas que o usuário já leu na vida, marcar obras

Apesar desses incentivos constantes, as gerações mais novas não conseguem se manter fora da internet. Então, sites de escrita coletiva e que cedem espaço para a publicação de histórias foram criados para trazer o mundo da literatura para dentro do universo on-line. O “Cowbird” é uma plataforma aonde quem se cadastra pode criar um texto a partir da imagem publicada por outra pessoa, assim tornando a experiência de troca e compartilhamento muito mais ativa. Já o “Wattpad” possibilita a descoberta de novos escritores; há público para quem quer publicar livros completos e para aqueles que postam um capítulo de cada vez.

Cowbird à esquerda e Wattpad à direita, as duas são redes sociais especializadas na divulgação de textos de novos escritores - Imagens: divulgação


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