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Os Pataxós
Pataxó é água da chuva batendo na terra, nas pedras, e indo embora para o rio e o mar ”Kanátyo Pataxó, Txopai e Itôhâ, 1997
O povo indígena Pataxó atualmente vive na região do Extremo Sul da Bahia, nos Municípios de Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro, Itamarajú e Prado. Historicamente, o povo indígena Pataxó ele sempre viveu na região desde o Rio São Mateus, no Espírito Santo, passando por uma parte de Minas Gerais e Bahia. Então os Pataxós eram um povo Nômade, não tinha morada fixa. Desde os primeiros contatos há relatos históricos de que, por exemplo, hoje uma das cidades Prado e Guaratiba, foram os locais onde se avistou os Pataxós e onde foram feitos os primeiros contatos entre Pataxós e não índios
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Língua, identidade e resgate
Os Pataxó falam o português, mas usam um pequeno vocabulário resgatado de sua língua nativa, pertencente à família linguística maxakali. Um conjunto de famílias linguísticas diferentes constitui um tronco-linguístico que, nesse caso, é o Macro-Jê.
Resgatar um idioma é também uma forma de preservação da memória de um povo. Por isso, um grupo de pesquisadores Pataxó se dedica ao processo de retomada de sua língua. Para eles, trata-se de uma reconstrução coletiva!
Os rituais pataxó
A forma com que nos casamos mudou muito com o tempo, não é? Com o povo Pataxó, também foi assim. Há relatos de que, antigamente, o casamento era realizado entre primos, que deveriam provar sua força com um desafio: os noivos em potencial precisavam carregar uma tora de madeira!
O Awê é outro ritual bastante tradicional entre o grupo indígena. O termo se refere a diferentes momentos de festa, marcados por coreografias específicas. O caium, bebida alcoólica produzida a partir de raízes e tubérculos, não pode faltar!
Localização de aldeias Pataxó no sul da Bahia Você provavelmente já ouviu falar no povo Pataxoop, comumente chamado de Pataxó, que vive no sul da Bahia e no norte de Minas Gerais É que essa população está em contato com os não indígenas desde o século 16!
Os Pataxó vivem em diversas aldeias no extremo sul do Estado da Bahia e norte de Minas Gerais Há evidências de que a aldeia de Barra Velha existe há quase dois séculos e meio, desde 1767. Em contato com os não índios desde o século XVI e muitas vezes obrigados a esconder seus costumes, os Pataxó hoje se esforçam para avivar sua língua Patxohã e rituais "dos antigos" como o Awê.
Os registros históricos comprovam que a presença dos Pataxó na região entre o rio de Porto Seguro e a margem norte do rio São Mateus, no atual estado do Espírito Santo, remonta ao século 16.
Nessa época os Pataxó já eram alvo de hostilidades e privações por parte dos colonos, do mesmo modo que eram constantes os conflitos com outros povos indígenas, muitos dos quais suscitados pelos portugueses, que estabeleciam alianças com alguns deles, em troca de ferramentas, para indispô-los contra os Pataxó e Botocudo, considerados os mais recalcitrantes.
Grupos aparentemente aliados aos portugueses também se beneficiaram dessa situação, pois, mediante promessas de paz e conversão ao cristianismo, costumavam imputar aos Pataxó e Botocudo “todas as hostilidades e carnagens ” (Revista Trimensal de História e Geographia, 1846)
Na segunda metade do século 18, há notícia da existência de 12 aldeias de “índios bravos”, localizadas no entorno do Monte Pascoal O cronista Luis dos Santos Vilhena recomendou, à época, a conservação e o aumento da vila do Prado, tendo em vista a sua relativa proximidade das referidas aldeias e a necessidade de favorecer a produção de seu “fertilíssimo terreno” e servir, simultaneamente, de barreira e obstáculo aos seus habitantes, os “bárbaros Pataxó que infestam toda a grande comarca de Porto Seguro” (Vilhena, 1969, p 535)
Os Pataxó falam o português, mas usam um pequeno vocabulário resgatado de sua língua nativa, pertencente à família linguística maxakali Um conjunto de famílias linguísticas diferentes constitui um tronco-linguístico que, nesse caso, é o Macro-Jê
Receitas de comidas e bebidas tradicionais Pataxó...Mãgute!!!
Peixe na patioba, farinha de puba, bolo de puba, beiju de puba, beiju de coco, cauim e muito mais sabores e saberes
Cada povo tem o direito de preservar suas práticas tradicionais de produção e consumo de alimentos, pois tais práticas constituem-se em patrimônio cultural, conformando-se como elementos identitários dessas coletividades e dos indivíduos que pertencem a elas. Esses aspectos são marcados no sistema alimentar e integram o saber-fazer culinário e os sabores que teimam em permanecer no ser Pataxó Os Pataxó acessam diversos e parcos habitats florestais para coleta de resinas, fibras, sementes, frutas, óleos e lenha Dos rios e córregos, quase secos pela total devastação da mata ciliar, ainda conseguem obter a água e os diversos e persistentes peixes que, capturados através de técnicas tradicionais, irão compor o cardápio da família Dos ecossistemas costeiros, principalmente dos manguezais, são obtidos crustáceos, peixes e moluscos, deveras apreciados. Todas as aldeias aguardam ano após ano a "época da fartura" dos manguezais, quando os Pataxó que vivem na costa capturam esses animais para a alimentação e troca com os índios agricultores de regiões mais centrais A criançada se esbalda e os adultos fazem festa! Do mar, vêm os peixes e os camarões, também muito apreciados e importantes na dieta e na culinária indígena. Dos recifes coralíneos obtém-se uma iguaria ímpar: o ouriço-domar, animal desprezado pelos moradores da cidade e desejado pelos nativos Essa fonte ecossistêmica fragilizada e historicamente violada, de biodiversidade e agrobiodiversidade, somada ao conhecimento indígena e os aprendizados com outros povos, gerou uma culinária ímpar, que resiste enquanto elemento identitário pataxó