Marco Polo Vol. 2 - Na Corte do Grande Khan

Page 1

na corte do grande khan

Texto: Éric Adam, Didier Convard Desenho: Fabio Bono Cor: Dimitri Fogolin (GOTEM STUDIO) Conceção geral: Christian Clot Tradução: Ana Maria Pereirinha Revisão: Elisabete Lucas


Título original Marco Polo — 2. À la cour du grand Khan Autores Éric Adam, Christian Clot, Didier Convard e Fabio Bono © Éditions Glénat, Adam, Clot, Convard e Bono, 2014 Todos os direitos reservados Tradução Ana Maria Pereirinha Revisão Elisabete Lucas Fotocomposição Gradiva Impressão e acabamento ACD PRINT, S. A. Reservados os direitos para Portugal por Gradiva Publicações, S. A. Rua Almeida e Sousa, 21 – r/c esq. — 1399-041 Lisboa Telef. 21 393 37 60 — Fax 21 395 34 71 geral@gradiva.mail.pt 1.a edição julho de 2022 Depósito legal 501 385/2022 ISBN 978-989-785-156-8

Editor GUILHERME VALENTE

NOTA Dada a imperatividade de utilização do chamado «novo acordo ortográfico» para os livros serem disponibilizados nos estabelecimentos de ensino, a Gradiva segue esta norma ortográfica nas obras que o público escolar e académico lerá com proveito acrescido.


1292. AO LARGO DA SUMATRA.

SENHOR POLO, EXIJO QUE ME DEIXE IR A TERRA! HÁ MAIS DE TRÊS SEMANAS QUE NAVEGAMOS...

COMO DESEJAR, PRINCESA KOKEJIN, MAS IRÁ ACOMPANHADA POR UMA ESCOLTA. ESTA SELVA ESTARÁ SEM DÚVIDA CHEIA DE ANIMAIS SELVAGENS.

3


É A VOZ DE NEMENG!

É HORRÍVEL! TODOS MORTOS!

PRINCESA, TEMOS DE REGRESSAR AO BARCO! CORRA!!

GRRÃO! GRRÃO!

GRRÃO!

SÃO ELES! OS HOMENS -CÃES!

POR DEUS! DEPRESSA, LANÇAI TODAS AS CHALUPAS AO MAR! A PRINCESA ESTÁ EM PERIGO!

FORÇA! REMAI! REMAI! OU VAMOS PERDÊ-LOS NA SELVA!

ESTÃO PERDIDOS! NUNCA MAIS OS ENCONTRAREMOS! NÃO, MARCO, TU CONHECES -ME, NÃO HÁ ANIMAL NO MUNDO QUE EU NÃO CONSIGA DESCOBRIR.

REPARA, MEU AMIGO... SEJAM ANIMAIS OU DEMÓNIOS, SENTEM -SE EM CASA NESTE INFERNO, MAS NÃO DEIXAM MENOS PISTAS. SEGUE-ME.

ÓTIMO, APRESSEMO-NOS! VAMOS PERSEGUI -LOS ANTES QUE A NOITE CAIA.


COMO VAIS TU SEGUIR AS PISTAS? É QUASE NOITE. DAQUI A POUCO NÃO VEMOS NADA, E NÃO PODEMOS ACENDER ARCHOTES OU SEREMOS AVISTADOS... PELO CHEIRO! NÃO SENTES ESTE FEDOR, UMA MISTURA DE IMUNDÍCIE, URINA... E MORTE!? VAMOS SEGUI-LO!

TENS ALGUM PLANO, MARCO?

CANIBAIS!

POR SÃO MARCOS, ELES VÃO COMER A PRINCESA SE NÃO ATACARMOS IMEDIATAMENTE.

NEM MAIS UM PASSO! DEITEM-SE... VAMOS RASTEJAR.

AU AU!

AU AU!

TENHO! CONTAS ATÉ CEM E INVESTES COM OS TEUS HOMENS CONTRA ESSA HORDA DE SELVAGENS. ATRAI -OS PARA LESTE, ENQUANTO EU LIBERTO KOKEJIN. ENCONTRAMO-NOS NA PRAIA.

JÁ CALCULAVA. MARCO, O AUDACIOSO, NÃO TEM MEDO DE NADA!

... QUARENTA, QUARENTA E UM, QUARENTA E DOIS...

... QUARENTA E TRÊS, QUARENTA E QUATRO, QUARENTA E CINCO...


... NOVENTA E OITO, NOVENTA E NOVE...

CEM!

ESTÁ SALVA, PRINCESA!

EU SABIA QUE VIRIA, SENHOR MARCO. AGRADEÇO ÀS DIVINDADES CELESTES POR NÃO TER CHEGADO DEMASIADO TARDE.

PARA A PRAIA! CORRAM! CORRAM E MATEM!

ONDE ESTÁ O MARCO? JÁ CÁ DEVIA ESTAR COM A PRINCESA!

6


NÃO AGUENTO MAIS, SENHOR MARCO. TENHO A GARGANTA A ARDER.

AH, ESTÁ TUDO BEM. AQUI VÊM ELES! PREPAREMO-NOS PARA LANÇAR OS BOTES.

SÓ MAIS UM ESFORÇO, PRINCESA. JÁ VEJO A PRAIA.

POR TENGRI, O ETERNO!

MARCO! NUNCA SABEREI QUE GÉNIOS TE PROTEGEM! QUANTAS VEZES JÁ ENGANASTE A MORTE?

CONTAMOS MAIS TARDE!

7


DEVO CONFESSAR-TE, MEU TIO, QUE TEMO ACABAR OS MEUS DIAS ENVOLTO NOS VELUDOS E NA SEDA DE UM GORDO MERCADOR VENEZIANO.

MEU FILHO! QUE SUSTO PARA UM HOMEM DA MINHA IDADE! QUANDO DEIXARÁS TU DE DESAFIAR O DESTINO?

NÃO VIVESTE JÁ AVENTURAS SUFICIENTES NOS ÚLTIMOS VINTE ANOS PARA NÃO ARRISCARES DE NOVO A VIDA, AGORA QUE A NOSSA FORTUNA ESTÁ FEITA?

TINHA TRINTA E OITO ANOS E TINHA VISTO TANTAS MARAVILHAS, TANTOS MILAGRES, QUE O MEU APETITE POR NOVAS DESCOBERTAS ERA INSACIÁVEL. E SABIA QUE O MUNDO APENAS ME HAVIA DESVENDADO UMA ÍNFIMA PARTE DOS SEUS PRODÍGIOS E DOS SEUS HORRORES.

REPARA, SÜBÖTEI, MEU AMIGO: ESTES HOMENS -CÃES COMEM CARNE HUMANA. NÓS ACHAMOS ISSO ATROZ E TERRÍVEL, MAS CONVÉM, NO ENTANTO, CONSIDERAR QUE CADA POVO VIVE SEGUNDO AS SUAS PRÓPRIAS REGRAS.

ÀS VEZES, MARCO, NÃO TE ENTENDO DE TODO. ESTES SELVAGENS SÓ MERECEM A MORTE!

TENS TODA A RAZÃO, TUDO ISTO NÃO PASSA DE FILOSOFIA. O IMPORTANTE É TER SALVADO A PRINCESA DAS PRESAS DESSES MONSTROS.


NUNCA CONSEGUIREMOS PASSAR! ELES SÃO MUITO NUMEROSOS, NÃO SERÁ POSSÍVEL REPELIR UMA ABORDAGEM!

SÜBÖTEI, VAI -ME BUSCAR LUME!

TENHO UMA IDEIA!

ENTENDIDO!

ENTRE OS INÚMEROS TESOUROS QUE TRAZIA DO PAÍS DO GRANDE KHAN, HAVIA «PAUS DE PÓLVORA NEGRA», QUE PERMITIAM FAZER SOLTAR FLORES DE SOL EM PLENA NOITE.


CATORZE ANOS ANTES, NA BAÍA DE HAKATA, COSTA OCIDENTAL DO JAPÃO.

SAÚDO-VOS, HOJO TOKIMUNE, ESPADA FLAMEJANTE DO IMPERADOR GO-UDA.

BEM -VINDO, JIMGIM, SEGUNDO FILHO DE KUBLAI. QUE SEJAM LOUVADOS OS DEUSES DO VENTO QUE VOS CONDUZIRAM ATÉ NÓS.

IRÁ, POR FIM, EXPLICAR-ME A RAZÃO DE ME TER ENVIADO UM EMISSÁRIO A SOLICITAR COM INSISTÊNCIA ESTE ENCONTRO SECRETO? NÃO IGNORO QUE O VOSSO IMPERADOR ESTÁ PRONTO A CEDER ÀS EXIGÊNCIAS DE MEU PAI. POR OUTRO LADO, TAMBÉM NÃO IGNORO QUE A CASTA DOS SAMURAIS, DE QUE VÓS SOIS O SHOGUN, SE OPÕE TERMINANTEMENTE À SUBMISSÃO. ... MAS O QUE GANHAIS VÓS COM ESTA TRAIÇÃO? NÃO SOIS O PRIMEIRO HERDEIRO DO TRONO...

É CERTO QUE OS MEUS SAMURAIS SÃO OS GUERREIROS MAIS VALOROSOS DO MUNDO, NO ENTANTO, O EXÉRCITO MONGOL TEM TANTOS SOLDADOS QUANTAS ESTRELAS HÁ NO CÉU.

BEM SEI. EU TRATAREI DO MEU IRMÃO MAIS VELHO, ZHENJIN. É SABIDO QUE TEM UMA SAÚDE MUITO DELICADA... QUANTO A VÓS, SEGUNDO O NOSSO ACORDO, CUMPRE-VOS DESBARATAR O EXÉRCITO DE MEU PAI.

CONCEDO QUE SIM, MAS PODEMOS FAZER COM QUE OS DEMÓNIOS DOS MARES NOS DEEM UMA AJUDA.

10

IGNORAVA QUE TIVÉSSEIS PODERES MÁGICOS, MEU CARO JIMGIM. COMO OS DEMÓNIOS SÃO NORMALMENTE SURDOS ÀS NOSSAS SÚPLICAS, CONTO MAIS COM A MINHA LÂMINA DO QUE COM A SUA INTERVENÇÃO.

ORA ORA, TOKIMUNE, NUMA GUERRA, O ESPÍRITO E O ARDIL SÃO ARMAS TÃO CORTANTES COMO O SABRE. EIS O QUE VAMOS FAZER...


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.