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¦ Editorial ¦ Ano XI • nº 65 Março | Abril 2014

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Administrador Marcos Ricardo da Silva Colaborador Antonio Painé Barrientos Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 9945-8565 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale Produção Arte-final, Diagramação e Capa Marcos Ricardo da Silva

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Caros Amigos e Leitores

O custo de não fazer é maior que o custo de fazer! Gosto desta frase que se adequa a muitas coisas que vivemos atualmente. Podemos ver que existe tecnologia que muitas empresas usam já a vários anos, já outras estão esperando. Mas esperando o que? Se falamos de tecnologia que esta provada e aprovada, sem duvidas o custo de não usa-la é maior que o custo de pô-la em pratica. E bom refletir sobre esta Idea, porque se algo deve ser feito, quanto antes se faça é melhor. O mesmo passa com a capacitação dos funcionários, podemos assegurar que não tem nada que de melhor resultado que dar conhecimentos certos aos funcionários. Pobres daqueles que acreditam que já tem todo o conhecimento necessário. Por isto nosso trabalho não para, porque é imprescindível ajudar na difusão da tecnologia. De que serve uma boa Idea se esta não se difunde e fica em uma gaveta de um escritório? Obrigado aos excelentes profissionais que aportam suas experiências e também as empresas que apoiam as tarefas da Grãos Brasil e finalmente obrigado a você por dedicar um pouco de seu valioso tempo. Sigamos avançando, que Deus abençoe vocês, seus lares e empresas.

Com afeto.

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 06

Mudando Paradigmas da Armazenagem

08

No armazém, proteja os grãos

10

Gestão de Ativos uma nova fronteira no Agronegócio

13

Na Copa da Produção não conseguimos ser Campeões

15 20

Controle de roedores nas unidades armazenadoras de grãos Limites, tolerâncias e padrões

25

Micotoxinas: Riscos a Saúde Humana e Animal

30

Frete para escoar safra recorde sobe menos com agendamento compulsório Seca - Aeração

32 34

Efeitos do Refriamento Artificial no Armazenamento do Arroz com Casca sobre a Qualidade Industrial

Setores

02

Editorial

35

Não só de pão...

04 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2014

38

Cool Seed News

40

Utilíssimas


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 05


¦Resfriamento¦ Nós que trabalhamos a varias décadas vemos com grande alegria os progressos tecnológicos do setor armazenista.

Mudando Paradigmas da Armazenagem Resfriamento - A Tecnologia Superadora Por: Domingo Yanucci |Consulgran - Grãos Brasil | graosbr@gmail.com 1) 2) 3) 4) 5) 6)

Basta ver como estão muitos armazéns que ainda trabalham concebidos na década de 70 e comparar com a tecnologia que atualmente se dispõe. Hoje todos os aspetos foram aprimorados. Na última década se desenvolveu da mão de Cool Seed o resfriamento de grãos e isto significou mais que um progresso, porque não se trata de fazer algo mas rápido ou mais fácil ou mais económico, temos uma mudança de paradigmas na armazenagem de grãos e sementes. Para deixar isto claro vamos ver o que se entende por paradigma. "Paradigma é um termo com origem no grego "paradigma" que significa modelo, padrão. No sentido lato corresponde a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação. São as normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites". "O norte-americano Thomas Samuel Kuhn (1922-1996), físico e filósofo da ciência, no seu livro "A Estrutura das Revoluções Científicas" designou como paradigma as "realizações científicas que geram modelos que, por período mais ou menos longo e de modo mais ou menos explícito, orientam o desenvolvimento posterior das pesquisas exclusivamente na busca da solução para os problemas por elas suscitados." Já vimos o que é um paradigma, agora porque falamos que o resfriamento muda os paradigmas e não e só uma nova tecnologia que se soma? Para explicar isto veremos uma serie de exemplos em vários aspetos fundamentais do trabalho do armazenista. 06 |Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2014

Quebras técnicas; Controle de pragas; Umidade de armazenagem; Manejo da conservação e secagem; Perdas quali-quantativas; Custos e benefícios.

1) As quebras técnicas estabelecidas oficialmente nos distintos países do mundo se baseiam em experiências mais ou menos praticas, a partir de muitas safras se definem quebras técnicas de armazenagem, secagem, limpeza, movimentação, etc.. Por exemplo, é comum resgatar como quebra técnica de armazenagem um índice referente à perda de peso por respiração dos grãos e principalmente dos fungos que acompanham sempre os grãos. Assim se determina para um lapso uma porcentagem de peso do grão ingressado. Mas os valores de quebras técnicas estão gerados dentro de um manejo tecnológico tradicional onde não estava presente o resfriamento artificial. Com a incorporação desta tecnologia todas as quebras técnicas na prática são menores, o que permite, fazendo um manejo honesto, que sempre sobre grão. Situação que seria impensada dentro do manejo sem resfriamento. 2) O controle de pragas tradicional se definia em 3 etapas: a) limpeza e tratamento de instalação, b) tratamento preventivo com residuais e c) tratamento curativo (expurgo). Com a incorporação do resfriamento este paradigma também mudou. Sabemos que a temperatura é o fator que mais afeta a vida dos insetos, ao baixar a temperatura desde o inicio da armazenagem de forma drástica, o comportamento destas pragas muda e podemos assumir novas praticas de conservação. Com boas limpezas e tratamentos de instalação, complementando com o resfriamento, se pode ter uma mercadoria livre de insetos e de inseticidas. 3) As umidades de comercialização e armazenagem estão estabelecidas em função dos níveis de temperatura da região ou pais em questão para a época da conservação. Assim, por exemplo, os Estados Unidos pode armazenar com mais umidade que Brasil, porque as temperaturas médias na época da armazenagem são 10 a 20ºC menores que aqui. O armazenista tradicional sabe que não pode mudar o clima da região, então tem que adaptar a umidade do grão ao clima, isto significa que ao conservar por mais de 4 meses um milho devemos armazenar a 13,5%, no caso de dispor de resfriamento podemos armazenar a 14,5% e com maior tranquilidade. O mesmo podemos falar para soja, trigo, etc.. Esta é uma mudança de paradigma muito forte.


Acesse: www.graosbrasil.com.br 4) Manejo da conservação e secagem. Ao poder esfriar de forma imediata ao ingresso ao deposito, independente das condições climáticas, geramos uma série de possibilidades de manejo muito interessantes. Por exemplo, podemos armazenar com mais unidade antes da secagem e por mais tempo, podemos conservar grãos levemente úmido pra misturar com o que se colhe mais seco com posterioridade, podemos secar até um ponto onde seja possível conservar com frio, podemos secar todo calor e terminar o processo de secagem com a máquina de resfriamento. Ou seja, o resfriamento nos permite uma série de alternativas que não estavam em nossos manejos habituais, ganhando flexibilidade na armazenagem. 5) As perdas quali-quantitativas, que estão sempre presentes na pós-colheita, passam a ser uma historia antiga. Sabemos que não podemos melhorar cada grão de forma individual, mas sempre podemos melhorar o conjunto. E se diminuímos a uma mínima expressão os fungos e a respiração dos grãos, evitamos os insetos, podemos armazenar evitando a secagem em excesso, todo isto faz que dentro das normas de comercialização estabelecidas, sobre grão. 6) Contrariamente ao que muitos que são contra a mudanças falam, os custos diminuem notavelmente, já que são muitos os aspetos de importância econômica que atuam a favor do armazenista. Menos perdas, menos energia elétrica, menos combustível. E da mão de um grão de melhor qualidade. Que nos permite chegar a mercados mais exigentes e as-

segurarmos melhores preços e retornos para nosso armazém. Podemos abundar em outros aspetos positivos que rogam uma mudança nos paradigmas da armazenagem, mas entendemos que com o já dito é suficiente para que você compreenda nosso ponto de vista. O que aqui está escrito não se trata de especulações teóricas, muito mais que isto são os benefícios que os armazenistas que incorporaram o resfriamento artificial disfrutam safra trás safra. Por isto encorajamos a você que ainda não se sumo a esta tecnologia, que pesquise, que veja como estão trabalhando as empresas de ponta que acederem a tecnologia de Cool Seed já faz vários anos.

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¦Manejo¦ Grande parte dos produtos estocados são perdidos por causa da ação de pragas. Elas são as maiores causadoras de perdas físicas. No seu correto manejo está a solução.

No armazém, proteja os grãos Por: Irineu Lorini |Pesquisador Embrapa Trigo | irineu.lorini@embrapa.br

A necessidade crescente de produtos para suprir a demanda mundial de alimentos, tendo em vista o crescimento populacional, exige que a qualidade do grão colhido na lavoura seja mantida, com o mínimo de perdas, até o consumo final. Estima-se que de cerca de 80 milhões de toneladas de grãos produzidas anualmente no Brasil, 20% são desperdiçados no processo de colheita, no transporte e no

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armazenamento, e que metade dessas perdas são devido ao ataque de pragas durante o armazenamento. As pragas são as maiores causadoras de perdas físicas, além de serem responsáveis pela perda na qualidade dos grãos e dos subprodutos, no momento que são destinados à comercialização e ao consumo. Existem dois importantes grupos de pragas que atacam esses grãos no armazenamento, que são os besouros e as traças. Nos besouros encontram-se as espécies mais importantes por causarem os maiores danos e justificarem a maior parte do controle preventivo. Os principais são o besourinho dos cereais (Rhyzopertha dominica) que ataca o trigo e arroz, os gorgulhos (Sitophilus oryzae e S. zeamais) que atacam o milho, trigo e arroz, Cryptolestes ferrugineus, Oryzaephilus surinamensis e Tribolium castaneum, que atacam todos os tipos de grão. As espécies de traças mais importantes são a traça do milho (Sitotroga cerealella), as traças das farinhas que atacam a superfície do grão (Plodia interpunctella, Ephestia kuehniella e Ephestia elutella). Fatores que elevam perdas Fatores como armazéns inadequados, sujeira nas instalações de armazenagem, poucos inseticidas registrados para o controle das pragas, resistência das pragas aos inseticidas, falta de preocupação do armazenador com a presenças das pragas e pouco treinamentos para fazer o controle, entre outros, têm contribuído para que ocorram elevadas perdas de grãos, tanto na quantidade como na qualidade desses. Frequentemente, observa-se apodrecimento de grandes quantidades de grãos nos armazéns, problemas na comercialização de grãos devido a presença de insetos, farinha com a presença de restos de insetos, problemas oriundos da má-conservação dos grãos. A solução para essa situação passa pela execução do manejo integrado das pragas, que prevê que se esteja informado a respeito da situação dos grãos e da unidade armazenadora, a identificação das espécies e das populações da praga ocorrentes, a associação de medidas preventivas e curativas de controle das pragas, o conhecimento dos inseticidas recomendados e sua eficiência, a resistência das pragas aos inseticidas em uso, a análise econômica do custo de controle e das perdas a serem evitadas e, também, a adoção de rigoroso sistema de monitoramento das pragas, da temperatura e da umidade da massa de grãos.


Acesse: www.graosbrasil.com.br Descreveremos a seguir as medidas de controle preventivo, que é o mais importante segmento nas estratégias de controle integrado das pragas desses produtos armazenados. O controle preventivo pode ser realizado da forma física, com uso dos pós inertes, ou da forma química, com o emprego dos inseticidas químicos residuais. Utilização dos pós inertes O uso dos pós inertes para controlar pragas de produtos armazenados é bem antiga, porém o registro de um produto formulado para ser empregado no controle destas pragas no Brasil tem apenas alguns meses. Esse produto disponível no mercado tem como ingrediente ativo a terra de diatomáceas, proveniente dos fósseis de algas diatomáceas, sendo dióxido de sílica o componente básico. Esse produto com nome comercial de Insecto é um inerte que controla todos os besouros pragas de grãos armazenados, bastando ser misturado com os grãos secos de trigo, milho e arroz em casca, na dose de 1,0 kg de Insecto por tonelada de grão. Atua na praga por dessecação logo após o contato desta com o produto. Pesquisas realizadas na Embrapa Trigo em Passo Fundo, com as pragas principais de cereais no Brasil demostraram excelente performance da terra de diatomáceas. Por ser praticamente atóxico, pode ser facilmente manuseado pelos operadores de armazéns, de forma segura, e também apresenta um longo período de proteção da massa de grãos, sem deixar resíduos nos alimentos que chegam ao consumidor. Pode ser uma alternativa para controlar as raças das pragas resistentes aos inseticidas químicos sintéticos, e com isto ser usado no manejo integrado de pragas de grãos armazenados. Inseticidas químicos Os inseticidas químicos protetores aplicados diretamente sobre os grãos, para prevenir os danos das pragas, são os mais empregados na atualidade. Após os grãos terem sido limpos e secos, expurgados ou não, deverão ser guardados em armazéns previamente higienizados, por um período variável, dependendo do consumo e do interesse de cada armazenador. Se o período de armazenagem for superior a 3 meses, pode-se fazer o tratamento preventivo dos grãos para proteção contra as pragas. Esse tratamento consiste em aplicar inseticidas líquidos sobre os grãos, no momento de carregar o armazém, na correia transportadora, e homogeneizá-los, de forma que todo o grão receba inseticida. Este inseticida protegerá o grão contra o ataque de pragas que tentarão se instalar na massa de grãos, por um período não inferior a seis meses. A pulverização deve ser realizada com os grãos descansados, ou seja, não efetuar o tratamento com a massa de grãos quente, logo após esta ter saído do secador. Os grãos quentes apresentam uma série de inconvenientes para o tratamento, que pode resultar em ineficácia. Assim, é aconselhável deixar os grãos esfriarem por alguns dias para, depois, fazer a pulverização com os inseticidas e proceder à armazenagem adequada. Para este tratamento, é necessário instalar adequadamen-

te o equipamento de pulverização, que pode ser específico ou adaptado a partir de um pulverizador de lavoura. Deve-se instalar uma barra de pulverização, com 3 ou 5 bicos, sobre a correia transportadora, no túnel ou na passarela, distribuídos de maneira que todo o grão receba inseticida. Também devem ser colocados tombadores sobre a correia transportadora para que os grãos sejam misturados quando estiverem passando sob a barra de pulverização. Durante este processo, devem ser verificadas a vazão dos bicos e a da correia transportadora. Se houver necessidade, deve-se fazer o ajuste de acordo com as doses de inseticidas e de calda por tonelada de grãos. Recomenda-se a dose de 1,0 a 2,0 litros de calda/t, a ser pulverizada sobre os grãos. Para o arroz e trigo, onde o besourinho dos cereais e os gorgulhos são as pragas mais importante, recomenda-se o uso de dois inseticidas combinados para se obter eficácia no tratamento. Pode-se usar um inseticida piretróide (ProStore 25 CE na dose de 16 ml/t de grãos ou K-Obiol 25 CE na dose de 14 ml/t de grãos) e um inseticida fosforado (Actellic 500 CE na dose de 14 ml/t de grãos ou Sumigran 500 CE na dose de 16 ml/t de grãos). É necessário o uso de um inseticida de cada grupo para conseguir o controle das diferentes pragas do arroz e trigo. Para o milho a ser armazenado basta usar um inseticida fosforado, Actellic 500 CE na dose de 14 ml/t de grãos ou Sumigran 500 CE na dose de 16 ml/t de grãos, para se obter controle, pois apenas os gorgulhos atacam estes grãos. Não se deve realizar o tratamento via líquida na correia transportadora, caso exista infestação de qualquer praga na massa de grãos, pois poderá resultar em falhas de controle e início de um problema de resistência das pragas aos inseticidas. A resistência das pragas geralmente inicia devido ao uso inadequado das medidas de controle e dos inseticidas. Não se deve esquecer que, para se obter um longo período de proteção dos grãos, devem-se fazer pulverizações mensais nas paredes do armazém e sobre a superfície da massa de grãos armazenados, o que evitará a entrada de qualquer inseto no grão estocado. Estas medidas bem aplicadas, associadas ao manejo integrado de pragas em grãos armazenados, garantirão a qualidade do milho, trigo, soja e arroz a serem comercializados e consumidos, após o período necessário de armazenamento.

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¦Gestão¦ ¦Transportadores¦ A estimativa de produção da soja na safra 2014 é de 90.261.260 toneladas, indicando um crescimento de 10,5% frente a 2013 segundo fontes do IBGE.

Gestão de Ativos uma nova fronteira no Agronegócio Seus ativos estão preparados para receber e expedir e não te deixarem na mão? Por: Eng°Letieri Dias Pires |Asset maintenance supervisor | letieri.pires@adm.com Sabemos que temos necessidades de investimento em logística e armazenamento, pois a produção cresce num patamar acima do escoamento e armazenamento. Estamos batendo recorde atrás de recorde na produção de soja, e precisamos que os ativos estejam disponíveis e confiáveis para atender a produção. Torna-se essencial uma efetiva gestão de ativos. Esse cenário nos revela muitos entraves, desafios e oportunidades, que exigem o conhecimento de experiências técnicas operacionais de sucesso e soluções inovadoras que possibilitam obter uma gestão dos ativos com a qualidade esperada, dentro do prazo e custo estipulados, resultando no retorno financeiro desejado pelos acionistas e produtores. Gestão de Ativos: gerenciamento adequado durante toda a vida dos ativos físicos de uma organização de modo a maximizar o seu valor. Nesse estudo abordaremos a manutenção planejada que é parte imprescindível para uma boa gestão dos ativos. Ativo Físico: um item de valor econômico, comercial ou de troca (dinheiro, edifícios, equipamentos e propriedades das empresas).

O Setor de manutenção muitas vezes é visto como o mais caro da empresa, no qual se tem custos com reparos, trocas, perdas e substituições. Contudo, se avaliarem bem poderão encontrar soluções para mudar esse quadro, passando a ter menos custos e gerando mais lucros que é o que todos buscam. Nem sempre esse objetivo é atingido, por muitos motivos. Numa boa gestão de ativos precisamos ter uma boa manutenção planejada.

“Não é mais aceitável que os equipamentos ou sistemas parem de modo não previsto”.

Figura 1: Ativo Físico 10 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2014

Manutenção Planejada: consiste em detectar e tratar as anormalidades dos equipamentos antes que eles produzam defeitos ou perdas. O objetivo principal é o desenvolvimento de um sistema que promova a eliminação de atividades não programadas de manutenção. Os nomes podem até variar, mas o conceito deve estar bem compreendido. A firme conceituação permite a escolha do tipo mais conveniente para um determinado equipamento, instalação ou sistema. Consideramos bastante adequada a seguinte classificação em função dos tipos de manutenção:


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦ de. É de suma importância que cada plano conste os equipamentos de segurança necessários para a realização das tarefas. Na determinação dos intervalos de tempo (periodicidades), como na dúvida, temos a tendência de sermos mais conservadores, os intervalos normalmente são menores que o necessário, o que implica em paradas e troca de peças desnecessárias. Então, o plano deve ser ajustado conforme a realidade do serviço. A preventiva tem grande aplicação em instalações ou equipamentos cuja falha pode provocar catástrofes ou riscos ao meio ambiente. Conceituaremos manutenção corretiva, mas não é nosso foco, pois é uma manutenção que nos dias de hoje nos traz grandes prejuízos. Manuntenção Corretiva É a atuação para correção da falha ou do desempenho menor que o esperado. Corretiva vem da palavra CORRIGIR. De acordo com a ABNT (Associação Brasileira de normas Técnicas), Manutenção Corretiva é a “manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane, destinada a colocar um item em condições de executar uma função requerida”. Observe que esta definição omite o caráter planejamento em tal tipificação. sendo mais conhecida como “apagar incêndios”. Vantagens: - não exige acompanhamentos e inspeções nas máquinas. Desvantagens: - as máquinas podem quebrar durante os horários de produção; - as empresas tem que utilizar máquinas de reserva; - há necessidade de se trabalhar com estoques. Manutenção Preventiva É a atuação realizada para reduzir ou evitar falhas ou queda no desempenho, obedecendo a um planejamento baseado em Intervalos definidos de TEMPO. Um dos segredos de uma boa preventiva está na determinação dos intervalos de tempo.Abaixo um modelo de um plano de manutenção preventiva de secador de grãos. Podemos observar que o plano está dividido por tarefas, onde cada tarefa é feita com os tempos pré-determinados e a quantidade de colaboradores a realizarem o serviço, para que possamos determinar HH (Homem Hora) de cada ativida-

Figura 2: Falta de manutenção adequada no Silo MANUTENÇÃO PREDITIVA, também conhecida por manutenção sob condição ou manutenção com base no estado do equipamento, pode ser definida da seguinte forma: É a atuação realizada com base na condição ou desempenho dos equipamentos, cujo acompanhamento obedeça a uma sistemática. Através de técnicas preditivas é feito o monitoramento do equipamento.

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¦Gestão¦ A manutenção preditiva é a primeira grande quebra de paradigma na manutenção e é aquela que se intensifica à medida que o conhecimento tecnológico se desenvolve e os custos ficam acessíveis, os equipamentos que permitam avaliação confiável das instalações e sistemas operacionais em funcionamento. Existem varias técnicas preditivas, bastante usadas, mas mencionaremos 3 técnicas mais usadas e de grande utilidade são elas: Análise de Óleo; Termografia; Vibração A análise de óleo permite identificar os primeiros sintomas de desgaste de um componente. A identificação é feita a partir do estudo das partículas sólidas que ficam misturadas com os óleos. Tais partículas sólidas são geradas pelo atrito dinâmico entre peças em contato. O laboratorista, usando técnicas adequadas, determina as propriedades dos óleos e o grau de contaminantes neles presentes. É a análise que vai dizer se o óleo de uma máquina ou equipamento precisa ou não ser substituído e quando isso deverá ser feito. Temos varias empresas no mercado que fazem essas análises com preços acessíveis A análise das vibrações permite observar a evolução do nível de vibrações, sendo possível obter informações sobre o estado da máquina. Por meio da medição e análise das vibrações de uma máquina em serviço normal de produção detecta-se, com antecipação, a presença de falhas que devem ser corrigidas: · rolamentos deteriorados; · engrenagens defeituosas; · acoplamentos desalinhados; · rotores desbalanceados; · folga excessiva em buchas; · problemas aerodinâmicos; · problemas hidráulicos; · cavitação. O aparelho empregado para a análise de vibrações é conhecido como analisador de vibrações. No mercado há vários modelos de analisadores de vibrações, dos mais simples aos mais complexos.

Figura 3: Medidor de vibração NK 300 Teknikao A análise de termográfica é uma técnica de ensaio nãodestrutivo que permite o sensoriamento remoto de pontos ou superfícies aquecidas por meio da radiação infravermelha. Os técnicos sabem que temperaturas anormais costumam indicar um problema potencial. Às vezes, dependendo da situação, apenas sentir a máquina com as 12 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2014

costas da mão pode ajudar a determinar se a temperatura está dentro dos limites aceitáveis. Claro que esse método tem graves restrições de segurança, especialmente com máquinas rotativas e equipamentos elétricos! A termografia permite visualizar o calor. A radiação infravermelha da aplicação é convertida em uma imagem visual por uma câmera termográfica. As diferentes temperaturas são indicadas como cores ou tons de cinza diferentes. As câmeras termográficas permitem comparações de temperatura sobre uma área ampla, permitindo que pontos quentes potencialmente problemáticos sejam localizados rapidamente. Quando o custo da câmera termográfica é compensado pela economia em redução de paradas e custos de manutenção, geralmente o investimento se paga em pouco tempo.

Figura 4: Análise termográfica de um acoplamento

PREVENTIVA X PREDITIVA MANUTENÇÃO PREVENTIVA é aquela que ocorre antes da quebra da máquina. Sua função é evitar que haja uma parada não programada na produção devido a qualquer falha do equipamento. Alguns exemplos de práticas de manutenção preventiva: - Troca de óleo lubrificante segundo as especificações do fabricante; - Limpeza; - Troca de peças por tempo de uso, e não por análise do estado real; - Conferência dos ajustes, mesmo que não haja sinais de que estes estejam fora dos limites de tolerância. MANUTENÇÃO PREDITIVA, a grosso modo, é um aperfeiçoamento da preventiva. Através de equipamentos, softwares e instrumentos, ela prevê quando uma falha poderá ocorrer. A grande diferença entre preditiva e a preventiva é sua assertividade. Enquanto a manutenção preventiva troca uma peça pura e simplesmente pelo seu tempo de uso, a preditiva analisa sua condição real. A troca, então, só será realizada se o estado da peça em questão estiver fora dos padrões normais, não importando seu tempo de uso. Fica óbvia sua vantagem sobre a preventiva, pois, além de trocar somente o que se faz necessário, isto acontece em tempo hábil antes da quebra.


¦Mercado¦ De um lado os produtores norte-americanos avisam que não tem mais soja pra vender, e ainda faltam 6 meses para terminar o ano safra (31 de agosto). De outro lado os mercados físicos sul-americanos oferecem pressão de venda de soja, com poucos tomadores neste tempo.

Na Copa da Produção não conseguimos ser Campeões Todos afirmam que a demanda chinesa superou todas as expectativas e se agrava a crise de escassez de produto no mercado norte-americano. Neste caso é muito favorável que os preços da CBOT tenham maior desempenho baseado no mercado doméstico norte-americano. No dia 31/03 o USDA divulgou o seu relatório de estoques semestrais de produto que vieram praticamente dentro da expectativa do mercado. *USDA ESTIMA PLANTIO DE MILHO NOS EUA EM 2014 EM 91,691 MILHÕES DE ACRES, ANTE 95,365 MILHÕES EM 2013 E 92,748 MILHÕES DA PROJEÇÃO DO MERCADO;

Osvaldo J. Pedreiro Novo Horizonte Assessoria osvaldo.pedreiro@uol.com.br

*USDA ESTIMA PLANTIO DE SOJA NOS EUA EM 2014 EM 81,493 MILHÕES DE ACRES, ANTE 76,533 MILHÕES EM 2013 E 81,075 MILHÕES DA PROJEÇÃO DO MERCADO; *USDA ESTIMA PLANTIO TOTAL DE TRIGO NOS EUA EM 2014 EM 55,815 MILHÕES DE ACRES, ANTE 56,156 MILHÕES EM 2013 E 56,277 MILHÕES DA PROJEÇÃO DO MERCADO; *MILHO MAIO/2014 PASSA A SUBIR EM CHICAGO APÓS PROJEÇÃO DE PLANTIO NOS EUA MENOR QUE A ESPERADA PELO MERCADO *SOJA MAIO/2014 SOBE EM CHICAGO APÓS USDA APONTAR ESTOQUES NOS EUA MAIS APERTADOS QUE O ESPERADO PELO MERCADO Por conta dos números apresentados, é de se esperar que

o mercado da CBOT possa registrar cotações entre 15,50 a 16,00 por bushel para a soja, em conseqüência dos baixos estoques do produto nos EUA e que pode provocar uma procura por soja sul americana para suprir o que falta para cumprir o restante do ano-safra norte americano. O USDA, independente desse relatório, já sinalizou que a safra 2014/15 poderá mostrar os preços da soja ao nível de US$9,65 por bushel, antecipando que os produtores norteamericanos irão aumentar a área de plantio de soja em detrimento do milho. A relação milho/soja para o produtor norte-americano sempre se baseia na proporção 2x1 para tomar a decisão do que vai ser plantado, e considerando que a cotação de milho

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 13


¦Mercado¦ ARGENTINA - Os produtores argentinos de soja negociaram 89% da safra 2012/13, segundo levantamento divulgado por SAFRAS & Mercado, com base em dados recolhidos pelo Ministério da Agricultura daquele país (Minagri, na sigla em espanhol). Em igual período do ano passado, a comercialização envolvia 100%. Levando-se em conta uma safra estimada em 49,1 milhões de toneladas, o volume de soja já comprometido chega a 43,761 milhões de toneladas.

hoje está ao nível de US$4,87 por bushel, a impressão que se tem é de que as cotações da soja na CBOT deveriam cair substancialmente. Mas não é isso que estamos assistindo nos últimos tempos. Será que o mercado está focado no que o USDA tem anunciado, ou está simplesmente comprando no preço que consegue e se abastecendo como pode? A economia norte-americana pode entrar em colapso pela escassez de produtos, uma vez que o milho, por exemplo, tem 50% de sua produção voltada para o consumo doméstico deles, e se houver uma redução de plantio podemos ter um salto violento nas cotações o que vai provocar uma inflação sem medida para o povo norte-americano, e conseqüentemente vai mexer com o resto do mundo, já que o mundo depende e muito do que o norte-americano produz e joga no mercado. Por outro lado, há notícias de que a China está fazendo o seu jogo comercial de maneira auspiciosa: A CHINA COMPRA SOJA DA AMÉRICA DO SUL, E VENDE PARA OS ESTADOS UNIDOS QUE ESTÁ COM ESTOQUES BAIXOS! Com certeza, a China compra mais barato e vende mais caro para os norte-americanos!... Ou eu estou inventando moda? Veja o comentário inserido nos relatórios de Safras & Mercado um dia após o relatório do USDA: CHINA - A China teria revendido aos Estados Unidos entre 8 e 10 cargas de soja brasileira com embarque entre abril e julho. Rumores de mercado dão conta ainda de que os chineses teriam cancelado ou atrasado a entrega de cerva de 20 cargas da América do Sul. Estes boatos têm crescido de intensidade no mercado nos últimos dias. A posição da China seria o reflexo dos elevados estoques locais e de uma possível queda na demanda, em decorrência da gripe aviária. 14 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2014

Como se pode notar, há muita fofoca no mercado, e as cotações de soja na CBOT já bateram os níveis de US$15,00 por bushel para o mês de Maio/2014, fundamentado nos baixos estoques norte americanos, e a grande dificuldade na logística brasileira onde segundo pudemos apurar, ainda temos navios aguardando carga nos portos brasileiros que já deveriam ter sido carregados em Janeiro e Fevereiro!.. Essa situação grave na logística nós comentamos na edição anterior, e vem se confirmando infelizmente pois nada foi feito para que não houvesse tantos congestionamentos nos terminais portuários principalmente Santos e Paranaguá. Parece que nosso governo está muito mais preocupado em investir nos países vizinhos ao invés de resolver os problemas internos que dificultam o escoamento da safra de grãos no Brasil. Voltamos ao ponto de partida: o produtor brasileiro sabe muito bem plantar, mas não consegue bons resultados na hora de comercializar sua produção, ficando à mercê dos problemas de logística que só contribuem para que os especuladores e intermediários tenham bons lucros em cima do que se produz com tanto sacrifício!... Este é o panorama de hoje no Brasil, às vésperas da COPA DO MUNDO DO FUTEBOL - acredite se quiser!


¦Controle de Pragas¦ A produção nacional de grãos aumenta a cada ano, resultado do incremento da produtividade, expansão de áreas agrícolas, e principalmente do aumento da utilização de novas tecnologias durante o processo produtivo.

Controle de roedores nas unidades armazenadoras de grãos

Entretanto, apesar destes incrementos, os baixos investimentos em infraestrutura, principalmente nas etapas de préarmazenamento e armazenamento, tem tornado estas um dos principais gargalos da produção de grãos. Grãos armazenados estão sujeitos aos danos causados tanto por fatores abióticos, como umidade relativa e temperatura do ar, como por fatores bióticos, como fungos, insetos, ácaros, roedores e pássaros. Os danos causados por umidade e temperatura são facilmente controlados, com a adoção de práticas adequadas no recebimento dos grãos, realizando secagem para teores próximos a 12% de umidade, o que diminui a atividade metabólica dos grãos, evitando à formação de bolsas de calor no interior dos silos, que provocam alterações irreversíveis, causando defeitos que além de reduzirem o valor de comercialização do produto, podem levar os grãos do interior do silo de armazenamento a combustão, se práticas adequadas de aeração e transilagem não forem realizadas quando diagnosticada as alterações pelo sistema de termometria. Dentre os fatores bióticos, os fungos são organismos produtores de micotoxinas, que desvalorizam o produto e ameaçam a saúde humana e de animais, podendo causar danos ao sistema nervoso e órgãos vitais do organismo, comprometendo todo o sistema produtivo, reduzindo os ganhos de peso e as taxas de reprodução, e podem levar os animais a morte, principalmente suínos e aves. A presença de oxigênio no ambiente de armazenamento, aliado ao aumento de temperatura devido ao processo respiratório dos grãos, resulta em ambiente favorável para os fungos, que exigem temperatura para o desenvolvimento entre 25 e 30 °C e umidade relativa mínima para germinação dos esporos de 65%. Além dos fungos, o ataque de insetos em grãos, quando não adotadas práticas adequadas de armazenamento podem resultar em perdas de peso da massa de grãos, redução da germinação, redução do valor comercial do produto e formação de bolsas de calor. O ataque de insetos aos grãos pode iniciar na lavoura ainda, com as pragas de infestação cruzada, desta maneira, práticas preventivas de controle, com aplicação de agroquímicos, devem ser utilizadas para evitar a deteriora-

Eng. Agr. Dr. Moacir Cardoso Elias Eng. Agrônomo, Dr., Professor Titular da FAEM - UFPel eliasmc@ufpel.edu.br

Eng. Agr. Ricardo Tadeu Paraginski Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos FAEM - UFPel paraginskiricardo@yahoo.com.br

Eng. Agr. Dr. Maurício de Oliveira Professor Adjunto da FAEM - UFPel mauricio@labgraos.com.br ção dos grãos e também inibir a presença e o desenvolvimento destes no interior da unidade de armazenamento.

Figura 1: Grãos atacados por insetos durante o armazenamento, resultando em produto com menor qualidade tecnológica e valor comercial.

O controle de insetos, ácaros e fungos, e das alterações abióticas, podem ser manejados com a redução da umidade dos grãos a níveis corretos antes do armazenamento, além de uma adequada manutenção da temperatura interna dos grãos, com a utilização de sistema de termometria corretamente dimensionado, sendo que ao ser diagnosticado pontos de aquecimento com o sistema termométrico em locais isolados, deve-se imediatamente ligar o sistema de aeração, para reduzir a temperatura, e realizar-se uma amostragem, para identificação da presença de insetos, e caso esta for confirGRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 15


¦Controle de Pragas¦ mada, deve-se realizar um expurgo, o mais rápido possível, sempre com o acompanhamento de um responsável técnico. Dentre estes fatores bióticos citados, um que apresenta elevada importância, e pode causar sérios problemas são os roedores, entretanto muitas vezes pouca atenção é dada a esse grupo pragas. A presença de roedores na unidade de armazenamento de grãos está mais relacionada com as condições externas e internas de limpeza da unidade de armazenamento, do que propriamente as condições dos grãos, onde os roedores podem se desenvolver, e posteriormente atacarem a massa de grãos. Os roedores de importância em armazenamento de grãos e derivados pertencem à classe dos Mamíferos, à ordem Rodentia, à família Muridae e aos gêneros Mus e Rattus. As espécies sinantrópicas (que convivem com o homem) mais comuns de ratos e ratazanas são Mus musculus (camundongo), Rattus rattus (rato de telhado) e Rattus norvegicus (ratazana) (Figura 2).

Figura 2: As espécies mais comuns de roedores danosos para o armazenamento de grãos. Fonte: Adaptado de Elias (2013).

Por serem roedores, necessitam roer para desgastar os dentes, que crescem cerca de 4 mm por semana, têm sempre a coroa cortada em bisel, em função do tipo de desgaste e apre-

sentam 5,5 na escala de dureza, o que lhes permite roer e abrir orifícios numa série de materiais, como metais (ferro, cobre, alumínio, chumbo, com durezas de 4,0 - 3,0 - 2,0 - 1,5), madeira, sacaria, barro, tijolos e até concreto. Causam danos em encanamentos, instalações elétricas, quadros de comando, podendo provocar incêndios (curtos-circuitos), além de danos em embalagens e equipamentos. Esses roedores destroem cerca de dez vezes o que podem realmente consumir. Um casal num armazém consome aproximadamente 14 kg de alimento entre o outono e o inverno. O mais grave, porém, é que neste período (meio ano) expelem como excremento, correspondente quantidade de resíduos sólidos, e mais de 5,5 litros de urina, além de perderem milhares de pelos, contaminando os produtos dos quais se alimentam. Ratos e ratazanas se reproduzem de 6 a 12 vezes por ano, com uma média de 8 crias por parto, as quais, por sua vez, atingem a capacidade de reprodução aos 3 ou 4 meses. Há estimativas de que, em muitas comunidades do mundo a população de roedores seja igual à humana e de que eles possam destruir anualmente quantidades de alimentos equivalentes ao consumo de 10 milhões de pessoas. A importância dos roedores também é ressaltada pelo fato de estes animais constituírem um sério perigo à saúde humana e de animais domésticos. São portadores ou transmissores de doenças graves, como leptospirose, toxoplasmose, cólera, tifo murino, peste bubônica, salmonelose, entre outras, seja por mordedura direta, por deposição de urina e excrementos, ou através de seus endo e exoparasitos. A eficiência no controle depende da correta identificação da espécie presente no armazém e no conhecimento de seus hábitos (Tabela 1).

Tabela 1: Características das espécies mais comuns de roedores danosos para o armazenamento de grãos.

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Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦ A ratazana e os camundongos se afastam somente cerca de 20 a 40 metros de suas tocas; já o rato dos telhados tem área de ação mais ampla. A identificação de cada um desses ratos pode ser realizada pelas fezes, sendo que cada um apresenta uma característica distinta, como pode ser observado na Figura 3, identificando-se qual das espécies está presente, para adotar o método de controle mais adequado e eficiente.

Figura 3: Características das fezes para identificação das espécies de roedores: camundongos (A), rato de telhado (B) e ratazana (C).

Diferentemente do que ocorre com as indústrias, para as quais há legislação específica da ANVISA e fiscalização por órgãos da saúde no controle de roedores, para o setor armazenista não há regramento formal, o que não significa que não deva haver. Ao contrário, o controle deve existir, por iniciativas próprias e por consequências de conscientização de necessidade. A efetividade no combate aos roedores se apoia basicamente no conhecimento de sua biologia e de seus hábitos. O combate deve ser sistemático, constante e

realizado de forma integrada. Além dos conhecimentos sobre biologia, hábitos, preferências alimentares, locais de reprodução e intensidade de infestação, uma parte importante na eficiência e na eficácia dos programas de controle é a identificação dos sinais de infestação. Esses incluem, principalmente, as trilhas, os derramamentos de produtos, os furos abertos em vasilhames, sacaria e/ou outros materiais no interior dos armazéns e as manchas de urina. De maneira geral, ao se adotar medidas de controle de roedores nas unidades armazenadoras deve-se, primeiramente, identificar possíveis locais que servem de abrigo aos roedores (ninhos, esconderijos) e, em seguida, identificar a espécie a ser controlada. A presença de grandes quantidades de resíduos próximos às unidades de armazenamento (Figura 4A), e restos de matérias estranhas e impurezas do processo de limpeza dos grãos, que permanecem por longos períodos no interior das unidades (Figura 4B) devem ser imediatamente eliminadas, pois além de ser fonte de alimentação para os roedores, servem como abrigo e proteção. A limpeza das unidades armazenadoras consiste na eliminação de todos os resíduos nas instalações, no armazém que receberá o produto, nos corredores, nas passarelas, nos túneis, nos elevadores e nas moegas. Esses locais devem ser varridos, e os resíduos de grãos e pó coletados, devem ser

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¦Controle de Pragas¦ cas, e caminho de acesso a outros compartimentos do armazém. No começo é conveniente serem colocadas poucas armadilhas, bem distribuídas, sendo aumentado o seu número conforme a eliminação dos roedores. Este método requer o exame diário de cada armadilha e a sua preparação para o funcionamento contínuo. Figura 4: Ambientes em condições inadequadas nas unidades de armazenamento: depósito de sacarias no interior das unidades de armazenamento (A), e restos de grãos no interior dos silos por longos períodos (B). Fonte: Emater, 2007.

eliminados. Aconselha-se queimar ou enterrar esse material para evitar à proliferação de insetos e de fungos, que poderão reinfestar as unidades armazenadoras. Após essa limpeza, os locais podem ser higienizados através de termo nebulização e/ou pulverização com inseticidas, para eliminar os insetos presentes em paredes e equipamentos, que auxiliam também no controle de roedores, devido à manutenção da limpeza dos locais (Figura 5).

Figura 5: Procedimentos de limpeza adotados durante o manejo integrado de pragas para auxiliar no controle de roedores: limpeza no interior do silo (A), e limpeza no interior do túnel de descarregamento (B).

Logo, a realização de uma limpeza adequada na unidade armazenadora é premissa básica para a eficiência no controle dos roedores. Muitos armazenistas preferem além de uma limpeza, adotar o controle biológico, mantendo gatos e corujas no interior dos armazéns para realizar o controle dos roedores, porém somente o uso destes não é eficiente, sendo necessária a adoção de outros métodos, como o uso de produtos químicos. A instalação de caixas porta-isca (Figura 6), contendo isca granulada ou parafinada associada à formulação em pó é, na maioria dos casos, eficiente no controle de camundongos e ratazanas.

Figura 6: Modelo de portaisca comercial disponível para auxiliar no controle de roedores.

A instalação de porta-iscas deve ser realizada em pontos estratégicos da unidade, onde o trânsito dos roedores é mais intenso, principalmente em locais próximos as paredes e outras estruturas (Figura 7). Usadas geralmente como complemento de outros métodos de controle, devem ser colocadas em lugares estratégicos: caminho habitual, saída de to18 | www.graosbrasil.com.br | Março / Abril 2014

Figura 7: Porta-isca instalado em local estratégico para auxiliar no controle de roedores na unidade de armazenamento de grãos.

De acordo com a biologia destes animais, a alimentação é realizada em locais protegidos, onde o ataque de seus possíveis predadores (gatos, cobras, corujas) é dificultado. Este aspecto justifica, portanto, a disposição de iscas dentro das caixas. A utilização de uma formulação em pó associada à outra isca é um ponto chave para o sucesso no controle. A presença do rato preto ou, também chamado, rato de telhado, implica na instalação de iscas nas partes mais altas das unidades armazenadoras e depósitos. Neste caso, as iscas parafinadas são as mais indicadas. Como não há legislação específica, os armazenistas e os produtores podem terceirizar os serviços com empresas idôneas, credenciadas, registradas e devidamente equipadas, ou estabelecer seus próprios programas operacionais de controle. Para serem utilizados produtos químicos no manejo, pelo seu grau de toxicidade e pelos riscos que oferecem, deve haver Responsável Técnico (R.T.), habilitado, devidamente registrado no respectivo Conselho Profissional, pois se trata de atribuição profissional com sombreamento (pode ser exercida por mais de uma profissão), sob a pena de ser caracterizada a atividade como exercício ilegal de profissão. Quem contrata os serviços tem o direito e o dever de exigir do prestador todas as garantias técnicas e legais para sua efetivação.


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦ Portanto, práticas adequadas de manejo no interior das unidades armazenadoras devem ser adotadas para evitar a deterioração dos grãos e preservar a qualidade do produto, evitando o ataque de roedores e outras pragas durante o período de armazenamento. Dentre as práticas indicadas para controle de alterações por fatores bióticos e/ou abióticos, temos: - Limpeza e higienização do ambiente; - Secagem dos grãos até umidade adequada de armazenamento; - Aeração, com sistema dimensionado corretamente; - Limpeza dos grãos, eliminando matérias estranhas e impurezas, dando um destino adequado a esse resíduo; - Realização de aeração periodicamente, para evitar a formação de correntes convectivas que podem provocar a condensação na parte superior ou inferior do silo, e após favorecer o desenvolvimento de insetos e fungos; - Utilização de respiros e/ou exaustor na superfície dos silos; - Utilização de sistema de termometria, para diagnóstico de focos de aquecimento no interior da massa de grãos; - Manejo adequado de insetos, fungos, ácaros, pássaros e roedores; - Utilização de porta-iscas nas unidades para controle de roedores;

- Realizar manutenção periódica de portas-isca; - Quando identificado à presença de insetos no interior da unidade de armazenamento, identificar primeiramente a espécie, para após adotar o sistema mais adequado de controle, de acordo com a biologia de cada espécie;

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¦Qualidade¦ No processo de produção e comércio de sementes são utilizados parâmetros que indicam a qualidade da semente que se está produzindo ou colocando no mercado, os quais são aferidos por limites, tolerâncias e padrões.

Limites, tolerâncias e padrões Por: Geri Eduardo Meneghello e Silmar Teichert Peske | silmar@seednews.inf.br Entende-se por limite um percentual ou quantidade acima ou abaixo da qual não se aceita para comercialização ou procedimento tecnológico (colheita, secagem, etc), enquanto tolerância se convencionou considerar a quantidade máxima de um contaminante num lote de sementes. Por outro lado, entende-se por padrão um conjunto de atributos da semente que levam as empresas a colocarem no mercado lotes de sementes com determinado padrão de qualidade (alto, baixo). Neste artigo serão abordados diversos exemplos, para ilustração. Limites e tolerâncias para atributos estipulados por normas de governo Germinação O melhor exemplo que se tem é o limite mínimo de germinação permitido por lei (normas) para a comercialização das sementes, que, em geral, é de 80%, dependendo do país, da espécie e da categoria de sementes. Há países que ainda utilizam 70% como limite mínimo, entretanto são poucos e tendem a desaparecer devido aos avanços tecnológicos e a facilidade de comunicação. Em relação a espécies, o milho se destaca como o mínimo da germinação de 85%, isto devido à tecnologia de colheita, que é efetuada próximo do ponto de maturidade fisiológica. Quanto a categorias, alguns países colocam um limite mínimo inferior a 80% para a categoria de semente básica, por entender que o atributo mais importante desta categoria seja a sua pureza genética.

Figura 1: Inspeção de campo

A germinação das sementes é considerada por muitos profissionais como o mais importante atributo de qualidade, pois é o indicativo do estabelecimento das plantas no cam20 | www.graosbrasil.com.br | Março / Abril 2014

po, e quanto maior o seu percentual melhor será o estabelecimento em termos de uniformidade e distribuição das plantas. Neste sentido, muitas empresas, apesar da lei estipular um mínimo de 80% de germinação, adotam limites mínimos superiores. No Brasil, há empresas que somente colocam no mercado lotes de sementes com germinação superior a 90%. Em sementes de milho a grande maioria das empresas já está adotando este procedimento, enquanto em soja ainda são poucas as empresas que utilizam o limite mínimo da germinação como 90%, entretanto estão aumentando. O limite mínimo de 80% para germinação foi estabelecido há mais de meio século na maioria dos países, significando que de cada 100 sementes colocadas para germinar, 80 originarão uma planta normal. Este valor é obtido propiciando-se às sementes as melhores condições de germinação, ou seja, com umidade, temperatura, luz e substrato adequados. Entretanto, como em condições de campo isto raramente ocorre, o percentual de emergência a campo é geralmente inferior ao da germinação. Isto está sendo uma das principais razões para que as empresas estipulem como mínimo uma percentagem superior a 80% para que não ocorram muitas falhas no campo. Atualmente, há tecnologia para obtenção de sementes de alta qualidade em quantidade. Misturas varietais Este também é um indicador de qualidade estabelecido por norma governamental, em que se permite um máximo inferior a 1% quando determinado através da inspeção de campo, e em número de sementes - em geral inferior a cinco por 700 gramas de sementes -, quando determinado em laboratório de análise de sementes. Procura-se estabelecer tolerâncias de campo que possuam uma relação com a tolerância de laboratório. Assim, 0,1% de tolerância a campo significa praticamente a mesma coisa que cinco sementes em 700 gramas. Em soja, por exemplo, 700 gramas de sementes podem ter desde 3.500 sementes até 6.300 sementes (5 a 9 sementes por grama), em que cinco sementes representam em média 0,1%. A determinação da tolerância em nível de campo envolve amostragem, cujo tamanho deverá ser tal que, se forem encontradas até três misturas varietais, o campo ainda pode ser colhido como semente. Isto significa que o tamanho da amostra deve englobar 300 plantas e, caso sejam encontradas três misturas varietais, o campo ainda pode ser colhido para semente. Quanto menor a tolerância, maior deverá ser o tamanho da amostra, de tal forma que com tolerância zero o


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦ tamanho da amostra é o campo de produção como um todo. Esta é a razão de não se estabelecer tolerâncias que inibam a produção de sementes. Plantas daninhas Este item é bastante importante para evitar a contaminação de áreas com invasoras, que competem com os cultivos por água, nutrientes e luz. À semelhança das misturas varietais, a tolerância para plantas daninhas é estipulada por normas específicas e contempla a parte de campo (plantas) e de laboratório (sementes). A contaminação de lotes com sementes de plantas daninhas é um dos pontos críticos no comércio internacional de sementes, em que as tolerâncias não são iguais entre os países, podendo ocorrer, inclusive, que uma determinada invasora seja tolerada num país e proibida em outro. O que realmente irá prevalecer é a tolerância adotada pelo país importador. Pendão polinizador Este é um outro contaminante que ocorre na produção de sementes de milho híbrido. Pois, para a produção do híbrido, há necessidade de que a parte masculina (pendão) da planta de milho, que irá funcionar como mãe, seja retirada para não haver autopolinização. Este processo requer que seja repetido várias vezes, pois os pendões não amadurecem de forma sincronizada, o que pode ocasionar o escape de algum pendão, cuja tolerância é inferior a 1%. O pendão polinizador pode ocasionar realmente graves inconvenientes na produção de milho híbrido, pois em F1 (o híbrido) irá aparecer a planta que foi autofecundada sendo diferente das outras. O híbrido é uma população uniforme, e qualquer planta diferente é sinal que o processo de produção não foi bem conduzido. Para minimizar este problema, as empresas de sementes adotam tolerâncias inferiores as estipuladas por normas de produção. Há situações em que as normas permitem um valor, entretanto, para comercialização, é necessário ser mais rígido, como é o caso do pendão polinizador. Para se ter uma ideia de quantos pendões são permitidos em um campo de produção de sementes de milho híbrido, será apresentado a seguir um exemplo. Considerando uma tolerância de 0,02%, em um campo de produção de 48 hectares com uma população de plantas de 70.000 plantas/ha, das quais 32 ha são com a fêmea e 16 com o macho, o resultado será uma tolerância de 448 plantas fêmeas com pendão, dentre as 2.240.000 plantas fêmeas (32 x 70.000) o que para muitas empresas é muito, pois cada pendão possui milhares de grãos de polén, razão pela qual estabelecem uma tolerância mais baixa. Isolamento No processo de produção de sementes são tomados procedimentos para evitar contaminações genéticas e misturas varietais, que variam conforme as espécies e o modo de

Figura 2: Controles

polinização. Para espécies que se autopolinizam, como arroz, soja e trigo, as normas de produção estabelecem a observação de uma distância mínima de três metros entre duas cultivares. Mesmo havendo autopolinização, pode ocorrer alguma fecundação cruzada; assim, os três metros de isolamento minimizam o inconveniente. Outra razão da distância entre as cultivares é para evitar misturas varietais no momento de colher as sementes. Para espécies de polinização cruzada, como o milho, a distância entre campos de produção de sementes é de 200 metros. Sementes adventícias A adoção dos materiais geneticamente modificados (GM) fez com que aparecesse um novo contaminante, que são as sementes GM em materiais convencionais, as quais foram denominadas de sementes adventícias, quando o evento está liberado no país, e de LLP (Low Level Presence), quando o material está presente no país, porém ainda não foi liberado. O estabelecimento de tolerância para esta contaminação é essencial para o comércio doméstico das sementes, assim como para a exportação. Várias entidades do setor de sementes estão trabalhando no assunto, como Abrasem, SAA, ISF e a OECD; entretanto, quem estabelece a tolerância é o governo, através de normas específicas. No Brasil há uma tolerância para o algodão de 1% de sementes adventícias. Validade da Análise de Sementes A deterioração das sementes é inexorável, podendo ser minimizada através de tecnologia apropriada, entretanto, após algum tempo, as sementes perderão a viabilidade. Assim, o teste de germinação, realizado nos lotes de sementes, e registrado no boletim de análise de sementes para comercialização, possui uma validade, que no Brasil é de seis meses para condição de armazenamento convencional. O potencial de armazenamento varia entre as espécies, entre variedades e mesmo entre lotes de sementes, sendo difícil estabelecer um período em que todas as sementes permanecerão viáveis. Para evitar maiores inconvenientes, se estabeleceu a validade do teste de germinação de seis meses, recomendando-se que o teste seja realizado pouco tempo após GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 21


¦Qualidade¦ a colheita. Por outro lado, para sementes em embalagens impermeáveis, a validade do teste de germinação é de três anos, pois a umidade das sementes encontra-se entre 4 e 7%, o que minimiza o processo de deterioração, aumentando o potencial de armazenamento. Também é evidente que em condições normais de armazenamento, em regiões tropicais, as sementes terão um menor potencial de armazenamento do que em condições de clima temperado. Limites e tolerâncias estipulados por controle interno de qualidade Umidade da semente O metabolismo das sementes é fortemente influenciado pelo seu grau de umidade; assim, dependendo de seu percentual, teremos uma ideia do seu potencial de armazenamento ou se poderá desencadear o processo de germinação, por exemplo. Neste sentido, se convencionou para sementes o percentual de 13% como parâmetro de comercialização, ou seja, toda semente com mais de 13% terá seu peso ajustado para 13%. Por outro lado, lotes de sementes com menos de 13%, em geral não sofrem ajuste em seu peso; isto principalmente por possuírem um maior potencial de armazenamento. A umidade das sementes é um atributo de qualidade que se determina e se acompanha em várias etapas do processo de produção e beneficiamento das sementes, requerendo determinadores de umidade rápidos e periodicamente calibrados.

Figura 3: Limites e Tolerâncias Estipuladas Por Lei (Normas)

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Figura 4: Limites e Tolerâncias para controle interno de qualidade

Colheita de milho em espiga A produção de sementes de milho em quantidade e qualidade envolve a colheita em espiga, para que as sementes que estão na extremidade da espiga (as redondas) não sofram deterioração de campo. A secagem natural no campo das sementes de milho desde o ponto de maturidade fisiológica até 13% de umidade requer, em geral, mais de um mês. Neste sentido, a pesquisa recomenda que as sementes de milho sejam colhidas em espiga quando estiverem numa faixa de umidade entre 30-35%. Acima de 35% haverá muitas sementes imaturas, afetando a sua qualidade fisiológica. Por outro lado, abaixo de 30%, haverá muitas sementes que poderão estar deterioradas por terem atingido o ponto de maturidade fisiológica há muito tempo. Praticamente todas as empresas que se dedicam ao negócio de sementes de milho possuem secadores em espiga, para possibilitar a colheita das sementes com umidade entre 30-35%.

Colheita de sementes de soja O processo de maturação das sementes de soja é desuniforme, sendo normal verificar-se, na mesma planta, sementes com mais de 50% de umidade e sementes já aguardando serem colhidas, com 12-13% de umidade. Isto é um fator que dificulta a produção de sementes de soja, requerendo que a colheita seja realizada de tal maneira que algumas sementes ainda estejam com alta umidade e que outras estejam pouco tempo aguardando a colheita. Assim, recomenda-se começar a colheita tão logo a umidade das sementes esteja com 18% (média), pois neste ponto há poucas sementes


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦ imaturas e poucas sementes deterioradas. As imaturas podem ser separadas no processo de beneficiamento, enquanto as deterioradas permanecem com o mesmo tamanho e peso de uma semente viável, sendo praticamente impossível a sua separação do meio do lote de sementes. Na recepção das sementes na UBS, caso não se observe a olho nu sementes imaturas, é sinal que algumas permaneceram muito tempo no campo para que todas estivessem secas no momento da colheita. Isto é válido praticamente para todas as espécies. Temperatura de secagem Para serem secas, as sementes necessitam que o ar de secagem seja seco e, para isso, recomenda-se, na maioria dos casos, aquecer o ar para diminuir a umidade relativa e, assim, ter um baixo ponto de equilíbrio higroscópico entre a semente e o ar que a rodeia. Entretanto, a semente pode ser afetada por altas temperaturas, recomendando-se que a temperatura máxima da semente seja 43ºC no final do processo, ou seja, quando a semente estiver entre 13-14% de umidade. Em geral, o controle da temperatura se processa no ar de secagem, entretanto é fácil relacionar a temperatura do ar de secagem de um determinado tipo de secador com a temperatura da semente. Por exemplo, nos secadores intermitentes é normal o ar estar a 60-70ºC e a temperatura das sementes estar abaixo de 40ºC. Fluxo de ar de secagem A secagem das sementes é influenciada pelo fluxo de ar, pois este irá fornecer a energia para a secagem, assim como transportar a umidade para fora do ambiente de secagem. Para isso necessita um fluxo adequado. Para secadores estacionários, o fluxo do ar deve estar entre 4 e 20 m³/min/t , pois abaixo deste valor a secagem será muito lenta, e acima irá perder eficiência devido ao aumento da pressão estática. Por outro lado, para secadores intermitentes, o fluxo de ar deve ser, no mínimo, 50 m³/min/t para ter uma adequada velocidade de secagem. Danificação Mecânica As sementes possuem três partes: o embrião, que originará uma nova planta; um tecido de reserva para nutrição da plântula; e a proteção (tegumento, casca). Qualquer uma que faltar afetará a semente. Numa produção comercial de sementes a proteção é a parte que normalmente é mais afetada, pois os processos de colheita e beneficiamento envolvem golpes na semente. Muitos trabalhos já foram realizados para minimizar a danificação nas sementes e, atualmente, já se possui colhedoras e elevadores que praticamente não causam danos às sementes. Mesmo assim, é normal os lotes de sementes, especialmente de soja, apresentarem um percentual de sementes danificadas, estabelecendo-se como 10% o valor máximo para um lote não ser descartado. Há testes rápidos, que em poucos minutos determinam o percentual de sementes danificadas num lote de sementes, sendo essencial no

momento da recepção das sementes na UBS. Temperatura de Germinação As sementes, para germinarem, necessitam de água, temperatura adequada, luz e um substrato. Em relação à temperatura há, para cada espécie, uma temperatura ótima, uma mínima e uma máxima. Para o teste de germinação utiliza-se a temperatura ótima, a qual varia de espécie para espécie, entretanto muitas possuem como temperatura ótima de 25ºC. Esta temperatura ótima pode ser encontrada nas regras de análise de sementes, sendo junto com a umidade o fator que mais influencia os resultados de germinação. Desta maneira, termômetros calibrados são ferramentas essenciais na condução dos teste de germinação. Umidade Relativa do Ar (UR) As sementes entram em equilíbrio higroscópico com a UR; assim, no processo de secagem das sementes em secadores estacionários, em que as sementes permanecem estáticas do início ao fim da secagem, alguns cuidados devem ser tomados para uma secagem eficiente. Neste tipo de secador a UR deve estar entre 40 e 70%. Acima desta faixa as sementes praticamente não irão secar, pois o ponto de equilíbrio higroscópico será alto. Por outro lado, com UR abaixo de 40%, o ponto de equilíbrio higroscópico das sementes será inferior a 8%, o que acarretará a secagem desuniforme das sementes. O controle principal nos secadores estacionários é a UR. Retenção de peneira As sementes de milho e soja são normalmente classificadas em diferentes tamanhos para facilitar a semeadura e o comércio. Um lote de sementes classificado apresenta menos falhas e duplos no momento da semeadura, bem como uma menor variação em seu peso de mil sementes. Para verificação da eficiência do processo de classificação das sementes, é realizado o teste de retenção de peneira, que consiste em verificar o percentual de sementes pequenas que permaneceram junto com as grandes. No controle interno das empresas, toda vez que a retenção das sementes pequenas for superior a 5% em soja, o lote retorna para ser classificado. Peso da saca de sementes As sementes são comercializadas por peso, apesar de a densidade de semeadura ser estabelecida por sementes por metro linear ou plantas por m². No Brasil, convencionou-se utilizar como peso máximo de uma saca de semente 40Kg (soja, trigo, arroz), apesar de já haver várias empresas de sementes comercializando as sementes em sacas de 25kg. Outro aspecto a ser registrado é que em milho as sementes são comercializadas, em sua grande maioria, em sacas com 60.000 unidades, significando que o peso da saca irá variar com o tamanho das sementes. Para soja, as empresas estão considerando colocar 200.000 sementes por saca. Realmente, o mais importante é o número de sementes por saca, GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 23


¦Qualidade¦ pois é este que melhor se relaciona com a população de plantas por área. Embalagem Impermeável Há alguns tipos de sementes em que se diminui a umidade das sementes para aumentar seu potencial de armazenamento, e, para que a umidade não volte a subir, as sementes são colocadas em embalagem impermeável, como latas ou envelopes de alumínio. A umidade das sementes para embalagens impermeáveis deve situar-se entre 4 e 7%. Abaixo de 4% pode afetar a qualidade fisiológica das sementes, enquanto com umidade acima de 7%, as sementes ainda possuem um metabolismo tal que poderá afetar o seu armazenamento por períodos mais longos. Exemplos de uso de embalagem impermeável são sementes de alto valor, como de hortaliças e flores e acessos de banco de germoplasma. Vigor Testes para avaliação do vigor das sementes já foram descritos há praticamente meio século, sendo testados para várias espécies. Atualmente, a International Seed Testing Association (ISTA) possui em suas regras para análise de sementes vários testes descritos com metodologia detalhada. O vigor é importante principalmente para se ter uma ideia da capacidade do lote de sementes superar condições adversas, assim como o seu potencial de armazenamento. O teste de germinação não fornece estas informações.

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Entre os vários testes de vigor já pesquisados, se destacam três, que no Brasil são amplamente utilizados nos controles internos de qualidade das empresas. São eles o Teste de Frio, o Envelhecimento Acelerado e o de Tetrazólio. O vigor de um lote de sementes é considerado alto, médio e baixo, que varia entre as empresas, entretanto parece haver consenso de que quando um lote apresentar 80%, no mínimo, este é de alta qualidade. Como são estabelecidos os limites e/ou tolerâncias Os valores dos limites e/ou tolerâncias estabelecidos por normas governamentais são estabelecidos por consulta pública, recebendo sugestões dos atores da cadeia de sementes, como os produtores, obtentores, agricultores, pesquisadores, responsáveis técnicos e associações de classe do agronegócio. O fator principal levado em consideração é o científico e tecnológico, entretanto o senso comum também é considerado, pois numa cadeia como a de sementes pode haver conflito de interesse para determinado atributo. Por outro lado, os valores dos limites e/ou tolerância estabelecidos para o controle interno de qualidade de uma empresa são estabelecidos também por avanços científicos e tecnológicos, porém levando também em consideração aspectos de eficiência e eficácia e um padrão de qualidade que a empresa deseja ostentar no mercado. Alguns limites e/ou tolerâncias merecem ser revistos periodicamente para adequação aos avanços científicos e tecnológicos. Somente não se faz ajustes quando não se analisa.


¦Micotoxinas¦ Quando considerarmos os riscos e a origem das micotoxinas, deveremos nos ater ao estudo e conhecimento dos fungos que as produzem.

Micotoxinas: Riscos a Saúde Humana e Animal Por: Evilásio Pontes de Melo | VETSCIENCE - Pesquisa e Desenvolvimento| evilasio@vetscience.com.br Há uma gama enorme de fungos capazes de produzir as mais variadas toxinas, entretanto a produção ou não destas estão intimamente relacionadas às interações entre o grau de contaminação x manejo grão x meio ambiente. Segundo Krabbe 2003, a etapa de secagem constitui um momento crucial, uma vez que por razões de logística na recepção de grãos úmidos procedentes das lavouras e as dificuldades de secagem destes grãos, pelo longo tempo de secagem e o sub-dimensionamento da estrutura de secagem em relação à concentração da colheita, muitas vezes os grãos permanecem nos caminhões ou em silos pulmões aguardando a secagem por tempo demasiadamente longo, quando se desencadeia um processo de aquecimento dos mesmos, que é simplesmente a conseqüência da ação de fungos causando sérios danos. Muitas vezes devido a múltiplos fatores e ou em uma tentativa desesperada de contornar ou amenizar os problemas, adota-se um processo de secagem com temperaturas demasiadamente altas, causando perdas nutricionais e danos mecânicos nos grãos, rompendo a sua epiderme (grãos trincados) em maior ou menor grau, até mesmo o completo rompimento dos mesmos. Qualquer dano na epiderme dos grãos constitui em porta de entrada para fungos durante a armazenagem. As condições de lavoura também têm uma importante participação no grau de contaminação. Já se sabe que sistemas de cultivo como plantio direto, pela permanência dos restos culturais de ciclos anteriores sobre o solo, e, portanto expostos e contaminados por fungos, constituem a principal fonte de inoculo para o novo ciclo de cultivo. Evidentemente, que é incontestável o benefício deste sistema de cultivo, seja sobre o aspecto econômico ou sobre o aspecto de conservação do solo. Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por uma variedade de fungos, especialmente por espécies dos gêneros Aspergillus, Fusarium e Penicillium. Na posição de um dos países líderes na produção de alimentos agrícolas e de commodities, o Brasil possui condições ambientais excelentes para o crescimento de todos esses fungos micotoxigênicos (Freire et al., 2007). Geralmente classificam-se os fungos como sendo de campo ou armazenagem; as espécies do gênero Fusarium normalmente são agentes patogênicos das plantas e produzem suas micotoxinas antes, durante ou imediatamente após a colheita, já as espécies do gênero Aspergillus e Peniciliium produzem suas toxinas durante a secagem e armazenagem

(Andretta, 2011). O termo micotoxina é derivado da palavra grega "mykes" que significa fungo e "toxicum" que significa veneno ou toxina. Quando produzidos em associação com alimentos, ração animal e forragens, os metabólitos tóxicos podem ser ingeridos pelo homem e animais, provocando as micotoxicoses (Gonçalez et al., 2005. citada por Boeira, 2012). Micotoxinas são compostos orgânicos de baixo peso molecular e não possuem imunogenicidade. Os fungos crescem e se proliferam bem em cereais como o amendoim, milho, trigo, cevada, sorgo e arroz, onde geralmente encontram um substrato altamente nutritivo para o seu desenvolvimento. No Brasil devido ao seu clima (tropical e subtropical), oferece fatores como temperatura (25-30o C) e umidade (maior que 13,0%), que potencializam o desenvolvimento de fungos. Entretanto outros fatores não relacionados ao clima, mas ligados ao manejo de grãos (pH, taxa de oxigenação, período de armazenamento, grau de contaminação, condições físicas dos grãos ou sementes), também são decisivos para o crescimento fúngico. Mais de quatrocentas micotoxinas, conhecidas na atualidade, são produzidas por aproximadamente uma centena de fungos. Estas possuem efeitos deletérios conhecidos, pois atacam vários órgãos e tecidos causando lesões com modos de ação diversos, podendo ser; nefrotóxicas, hepatóxicas, neurotóxicas, imunotóxicas, teratogênicas, carcinogênicas, estrogênicas etc. Para complicar, algumas toxinas não produzem sinais aparentes. A contaminação de alguns ingredientes da dieta pode levar a ingestão de níveis de micotoxinas potenciais para reduzir o desempenho animal, Jobim et al 2001. Podemos listar algumas das micotoxinas (conhecidas) que causam danos aos humanos e animais (Figura 01).

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¦Micotoxinas¦ Figura 02 - Esquema de biotransformação e eliminação das aflatoxinas em aves - Santurio 2000.

A principal via de exposição às micotoxinas é através da ingestão de alimentos contaminados, apesar de existirem casos esporádicos de inalação de micotoxinas e contacto dermal. Quando presentes em níveis elevados na dieta alimentar, podem conduzir a problemas agudos de saúde e no limite, levar até à morte, Fernandes 2001. O homem pode ser contaminado por micotoxinas através do consumo de alimentos processados ou in natura. Também pode ingerir carne de animais alimentados com ração contaminada, pois a toxina pode ser transmitida pelo corpo do animal a partir da ingestão de carne, leite e ovos. Micotoxinas, 2009. A aflatoxina é a mais temida e estudada dentre as micotoxinas, podendo estar na forma B1, B2, G1 e G2. Quando encontrada no leite está na forma M1 e M2. Quanto à toxicidade, a ordem é B1 > G1 > B2 > G2. A G1 apresenta 50% da toxicidade da B1 (SCUSSEL, 1998).

OCRATOXINA Pode se apresentar do tipo A, B e C. A ocratoxina A (OTA) é uma micotoxina com propriedades cancerígenas, nefrotóxicas, teratogénicas e imunotóxicas. É produzida por fungos da espécie Penicillium e Aspergillus e ocorre naturalmente em todo o mundo em diversos produtos vegetais, como a cevada, o café em grão, o cacau e os frutos secos. Foi também detectada em produtos à base de cereais, em especiarias, em vinho, em cerveja, em suco de uva e em produtos de origem animal, caso dos rins de suínos. A sua ocorrência ubíqua no meio ambiente resulta numa provável e inevitável exposição humana, Nogueira e Oliveira 2006. As condições para produção são: atividade de água entre 0,90 a 0,93, temperatura de 12 a 24oC, umidade dos grãos de 16%, em um período de 7 a 14 dias. A toxina é muito estável a altas temperaturas.

Estrutura química das Aflatoxinas - (A) Afla.B1; (B) Afla.B2; (C) Afla.G1 e (D) Afla.G2 - Hussein e Brasel, 2001.

Na prática é a mais temida, pela sua toxicidade e freqüência com que ocorre. É produzida por Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e Aspergillus nominus. Em Humanos diversos autores têm reportado à presença de aflatoxinas no soro e em biópsias de fígado de pacientes com câncer hepático. Entretanto, a hipótese de que a ingestão de aflatoxinas constitui fator de risco para o Carcinoma Hepatocelular (CHC) no homem é melhor amparada por evidências experimentais e epidemiológicas (Oliveira e Germano, 1997). Em aves Santurio demonstra os problemas bem como a sistemática de biotransformação, ação e eliminação das aflatoxinas (figura 02). As melhores formas de prevenir a contaminação dos alimentos por aflatoxinas são: boas práticas agrícolas de transporte, manufatura e armazenagem, seguidos de boas práticas de fabricação durante o manuseio, processamento e distribuição (GONÇALVEZ et al,2004). 26 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2014

Principais sintomas de intoxicação: o Queda no desempenho; o Redução no consumo de alimentos; o Enterites o Danos aos rins e fígado. A ocratoxina possui elevado tempo de semi-vida no leite, no sangue, no fígado e nos rins de animais, apresenta uma elevada persistência na cadeia alimentar. Com toxicidade comprovada é aconselhável a redução de ingestão alimentar desta micotoxina. VOMITOXINA Esta toxina pertence ao grupo dos tricotecenos, que são


Acesse: www.graosbrasil.com.br mais de 30 toxinas importantes. São produzidas por vários tipos de fungos, mas o de maior destaque são as espécies do gênero Fusarium. As condições para produção são: atividade de água entre 0,91 a 0,93, temperatura de 4 a 36oC, umidade dos grãos de 19%, em um período de 7 a 14 dias. Principais sintomas de intoxicação: o Rejeição da dieta; o Vômito após ingestão da dieta; o Redução no desempenho.

TOXINA T2 Esta toxina pertence ao grupo de toxina Fumonisinas. São produzidas por várias espécies de fungos do gênero Fusarium.As condições para produção são: Atividade de água entre 0,93 a 0,97, temperatura de 4 a 36oC, umidade dos grãos de 19%, em um período de 7 a 14 dias. A máxima produção de toxina ocorre entre 8 e 15oC. Principais sintomas de intoxicação: o Queda no desempenho; o Redução no consumo de alimentos; o Imunossupressão.

Estrutura Química da Vomitoxina DON

Estrutura Química da Micotoxina T2

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¦Micotoxinasl¦

ZEARALENONA Esta toxina também é produzida por fungos do gênero Fusarium e Gibberella. Normalmente há produção desta toxina associadas com fumonisinas. As condições para produção são: atividade de água entre 0,93 a 0,97, temperatura de 4 a 36oC, umidade dos grãos de 23%, em um período de 7 a 14 dias. A máxima produção de toxina ocorre a 12oC. Principais sintomas de intoxicação: o Estrogenismos; o Inchamento, vermelhidão da vulva, hipertrofia de útero; o Atrofia de ovário e testículos; o Anestro e Redução no tamanho da leitegada.

Estrutura Química do Ácido Ciclopiazônico CPA

TOXINAS DO ERGOT Esta toxina é produzida por vários fungos do gênero Claviceps. Estas toxinas são divididas em três grupos: Ergometrina, Ergotamina e Ergotoxina, são a toxina mais importante em cada grupo: Ergometrina, Ergotamina e Ergocristina, respectivamente. É encontrado em sorgo, trigo, centeio, azevém e outros. Os principais sintomas são: lesões pustulares no focinho e gangrena das extremidades, bem como hemorragia subcutânea extensiva das extremidades. Há relatos de convulsão e crise tetânica em suínos.

Estrutura química da zearalenona (a) e de seus metabólitos (b) ?-zearalenol (R1=OH e R2=H) e ?- zearalenol (R1= H e R2=OH), Teixeira - 2010.

ÁCIDO CICLOPIAZÔNICO Ácido ciclopiazonico (CPA), é produzido por Penicillium cyclopium. Entretanto, pode ser produzido também por Aspergillus flavus, que é sabidamente produtor de aflatoxina. Pesquisadores observaram que estas duas toxinas normalmente foram encontradas associadas, inclusive com níveis mais elevados de CPA em relação à aflatoxina. Doses elevadas de CPA causaram enrijecimento dos membros. Em um trabalho de isolamento de Aspergillus flavus, de 54 isolados, 14 produziam aflatoxina e CPA. Principais sintomas de intoxicação: o Úlcera gástrica; o Hemorragias no intestino delgado e grosso; o Fígado esbranquiçado; o Danos aos rins; o Imunossupressão; o Redução no consumo; o Pelo eriçado; o Diarréias; o Podem reduzir o volume de sêmen, reduzir a concentração de espermatozóides, e aumentar o número de espermatozóides anormais.

Estrutura química da Ergotamina

ÁCIDO FUSÁRICO Esta toxina pertence ao grupo de toxina fumonisinas. São produzidas por várias espécies de fungos do gênero Fusarium. As condições para produção são: Atividade de água entre 0,93 a 0,97, temperatura de 4 a 36oC, umidade dos grãos de 19%, em um período de 7 a 14 dias. Pesquisadores observaram que todos os 78 isolados de Fusarium produziam esta toxina. Sua ação fisiológica é de reduzir a pressão sangüínea. Isto ocorre devido a ação neuroquímica no cérebro. Também se observou que esta toxina eleva as concentrações cerebrais de triptofano e serotonina. O ácido fusárico tem sido considerado com causa de vômitos e letargia em cães. Foram observados sinergismos entre ácido fusárico e fumonisina B1. Ácido fusárico foi encontrado em dietas de cães e cereais em concentrações muito mais elevadas do que


Acesse: www.graosbrasil.com.br deoxinivalenol e zearalenona. Os autores chamam atenção para a possibilidade de encontrar alta concentração de ácido fusárico em farelo de soja.

Figura 03 - Mecanismo de ação das fumonisinas - Lino et al 2004.

Estrutura química do ácido Fusárico

PATULINA Patulina Segundo ARAFAT & MUSA (1995), a toxina inibe o crescimento e a síntese de proteína em cultura de tecido hepático e isso se deve ao bloqueio da captação dos aminoácidos por meio da membrana e também à sua incorporação na proteína. Em estudo in vitro, a patulina se mostrou capaz de inativar várias enzimas, incluindo as polimerases de ácido ribonucléico e de ácido desoxirribonucléico. Em testes com seres humanos para uso como antibiótico, a patulina causou irritação estomacal, náuseas e vômitos. A ingestão prolongada de sucos de maçã e sidras contaminadas com patulina produziu desenvolvimento de câncer em alguns pacientes. Xavier, 2007.

Conclusão As micotoxinas se constituem em um problema para a produção animal, bem como de saúde pública. Todos os profissionais envolvidos na cadeia de produção alimentar devem buscar incessantemente minimizar os fatores predisponentes e a produção das mesmas. Novos métodos de prevenção, bem como uso de equipamentos cada vez mais precisos e sensíveis devem ser utilizados como ferramentas para identificar e quantificar as micotoxinas, para que sejam reduzidos os riscos de contaminações.

Estrutura molecular da Patulina. - MOSS, 2008.

FUMONISINAS As fumonisinas são um grupo de micotoxinas, descoberto em 1988 por meio do isolamento de culturas de F. verticillioides MRC 826, sendo associada a doenças animais previamente conhecidas como a leucoencefalomalácea equina e edema pulmonar suíno (Leeson et al., 1995). O efeito das fumonisinas em humanos não estão bem esclarecidos, no entanto, evidências sugerem a ocorrência de câncer de esôfago (Pitt, 2000). O modo de ação das fumonisinas relaciona-se com a sua interferência com o metabolismo da esfingosina - esfinganina (So - Sa) (Cirillo et al., 2003), tal fato altera a síntese dos esfingolipídeos, que por sua vez vão alterar toda a regulação celular, na sínteses de proteínas de membrana, no crescimento, diferenciação e morte celular (figura 03)

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¦Logística¦ Os preços de frete entre as principais regiões produtoras de grãos e os portos brasileiros estão subindo menos este ano na comparação com o ano passado, com novas restrições na chegada de caminhões ao porto de Santos forçando um maior escalonamento dos carregamentos.

Frete para escoar safra recorde sobe menos com agendamento compulsório Por: Gustavo Bonato|

Jornalista da agência Reuters no complexo portuário de Santos (SP) estão sendo obrigados a agendar a chegada de caminhões, dentro de um limite diário, numa tentativa das autoridades de evitar os grandes engarrafamentos verificados no ano passado. No início deste ano, quando os efeitos do agendamento obrigatório em Santos não estavam claros, havia expectativa de que o frete da soja iria subir 10 por cento no pico da safra, após os recentes reajustes no preço do diesel. "Os preços realmente, dependendo da região e do destino, estão um pouco abaixo do ano passado. Ano passado deu muita correria, teve empresa que não conseguiu entregar", disse o diretor de transportes da Transportes Botuverá, Santo Nicolau Bissoni, de Rondonópolis (MT). Na avaliação do executivo, as empresas exportadoras -grandes tradings que têm armazéns no interior do país e terminais nos portos-- optaram por contratos mais escalonados. No primeiro semestre de 2013, em meio a uma escassez de Em fevereiro, primeiro mês do escoamento da nova safra soja no mercado internacional após uma quebra de safra nos de soja, os preços médios de frete no país subiram entre 4 e 6 Estados Unidos, compradores correram para os portos brasipor cento ante janeiro, segundo levantamento da Esalq Log, leiros em busca da oleaginosa, provocando filas de navios e grupo de pesquisa em logística agroindustrial da Universida- congestionamento de caminhões no entorno dos terminais. Santos é o principal porto de embarques de grãos no país, de de São Paulo. Entre janeiro e fevereiro de 2013, os preços de frete de com influência sobre a cadeia logística de todo o país. O Brasil deverá colher um recorde de 85,4 milhões de grãos tinham subido 15 por cento. "A safra está se prolongando um pouco mais, e soma-se a toneladas da oleaginosa na atual temporada, segundo o Miisso o agendamento", disse Neuto Reis, diretor técnico da nistério da Agricultura, e exportar 44 milhões de toneladas NTC&Logística, associação que reúne mais de 3 mil transpor- do grão em 2014, também um volume inédito, de acordo com as indústrias. tadoras do país. "Só mudou o lugar da fila. Ao invés de esperar carregados em Santos, estão fazendo fila na origem, descarregados, vazios." A desaceleração de preços de fretes verificada no início do escoamento da safra continuou no último mês. Os preços subiram entre 7 e 9 por cento de fevereiro para março deste ano, contra alta entre 11 e 14 por cento no mesmo período do ano passado. O frete de caminhão, importante componente de custos do agronegócio no país que utiliza o modal rodoviário para escoar boa parte de sua safra, estava cotado a 311,25 reais por tonelada transportada na rota Campo Novo do Parecis (MT) a Santos, nesta quarta-feira, segundo dados da Esalq Log. O valor representa cerca de 30 por cento do preço da soja no porto. AGENDAMENTO COMPULSÓRIO Esta é a primeira safra em que os operadores de terminais 30 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2014


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TEMPO SECO E MENOS MILHO O tempo seco e uma menor exportação de milho neste início de 2014 também estão contribuindo para maior agilidade nos embarques nos principais portos, aliviando um pouco a tensão no mercado de frete rodoviário, disseram especialistas. "Tudo funcionou muito melhor este ano", disse João Birkhan, diretor da consultoria Sim Consult, de Cuiabá (MT), que monitora preços de frete em todo o país. Ele destacou que "choveu menos neste verão", o que permitiu embarques mais ágeis em portos como Santos e Paranaguá (PR). Em geral, os porões dos navios são abertos apenas com tempo seco. "Ano passado boa parte do problema foi devido à sobreposição de embarques de soja e milho", salientou o analista da Agroconsult, Marcos Rubin, lembrando que a presença de dois tipos de grãos atrasa a operação nos silos e nos equipamentos de embarque nos portos. Pela projeção do Ministério da Agricultura, o Brasil deve-

rá embarcar 64,8 milhões de toneladas de soja e milho combinados na atual temporada 2013/14, contra 69 milhões na temporada passada, devido a uma safra bem menor de milho este ano no país. Com escritório às margens de uma rodovia em Sapezal (MT), José Rodrigues, coordenador de embarques em uma pequena transportadora que contrata caminhoneiros avulsos, tem sentido uma redução nos preços oferecidos pelas tradings, após os negociantes de grãos terem tido margens afetadas pelos fretes elevadíssimos em 2013: Mas ele lembra que em sua região há dois outros fenômenos pressionando preços neste momento. Com a colheita de soja praticamente encerrada, os caminhões que antes faziam o frete entre lavoura e armazéns estão agora disponíveis para trajetos de longo curso. Outro problema é a interdição dos portos fluviais em Rondônia, devido às cheias dos rios da região. "Para Porto Velho, como (o porto) está parado lá, sobraram mil caminhões que faziam a rota", disse.

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¦Secagem¦ Desde as primeiras apresentações dos professores americanos Foster e Mc Kenzie, e os posteriores desenvolvimentos de nosso querido mestre o Eng. Carlos A. De Dios, pouco se tem avançado na adequada implementação desta interessante prática.

Seca - Aeração Princípios de Funcionamento e Principais Limitantes Por: Domingo Yanucci |Consulgran - Grãos Brasil | graosbr@gmail.com Consideremos que o calor que se produze em o secador, segue três caminhos: A) se perde, B) esquenta o grão ou C) evapora a água. Só se esquentara em excesso o grão se a secagem for violenta ou se excessivo (baixo nível de umidade). Entende-se por violento aquela secagem que implica um ritmo de evaporação muito superior ao ritmo de movimento da água dentro do grão (Ex. 5% por hora em milho - 3 % por hora em soja).

Pesa que muitos acreditam que a estão aplicando, por o fato de eliminar o esfriamento no secador, isto não é assim. A continuação tratamos as bases dos distintos sistemas de seca-aeração. De forma geral estes sistemas se baseiam na extração no secador da umidade miís fácil de eliminar, a que requer menos tempo e gasto e tem menor potencial de dano ao grão; eliminando a zona de resfriamento e depois do repouso, tempering ou homogeneização, do grão quente, termina o processo de secagem e resfriamento de depósitos com aerações reforçadas. Isto permite cuidar melhor a qualidade dos distintos grãos (soja - milho), aumentar notavelmente a capacidade de trabalho do secador (50 a 100%) e alcançar uma economia geral do sistema. Mas tem como contraparte a necessidade de dispor de mais tempo para acondicionar, de aerações reforçadas e um maior nivel de capacitação e trabalho dos responsáveis. Ao não extrair os últimos pontos de umidade (o nível de umidade de saída do secador dependerá de que tão reforçada seja a aeração posterior), se trabalha com maior facilidade e seguridade na secagem. Quanto mais abaixo secamos mais custa extrair o último ponto em términos de tempo (rendimiento do secador) e de combustível (normalmente o principal rubro de gasto). Alem disto o grão se aquecera em forma excessiva quando se encontra com uma umidade cercana a base de comercialização e logicamente se submeta ao grão a elevadas temperaturas. 32| Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2014

Que significa repouso, tempering ou homogeneização ? É a etapa em que o grão é depositado em um silo ou depósito e de forma natural se produze o movimento da água interna do grão até a periferia do mesmo (de onde fica mais fácil a extração). Alguns acreditam que nesta etapa o grão não deve receber aeração e isto não é assim, nesta etapa de 5 a 10hs, o grão não deve esfriar-se com aeração. Quer dizer que um grão que sai do secador e cai dentro de um silo (com aeração ascendente), pode estar recebendo ar quente e encontrar-se em repouso. O que não deve permitir-se é que o grão se esfrie, já que desta forma se dificulta o movimento da água para a periferia e depois a evaporação e secagem do grão quando se aera com ar ambiente (estes sistemas se desenham com fluxo ascendente na aeração). Se não se da o repouso e se aera imediatamente (esfriando o grão). Então se elimina o calor eliminando muita pouca umidade, ficando a mesma dentro do grão e expondo, portan-


Acesse: www.graosbrasil.com.br to, o granel a riscos posteriores (têmpera). O último passo, a aeração reforçada (aprimorada) Dentro do que denominamos Seca-aeração, se englobam em realidade dois grandes sistemas: A) seca-aeração propriamente falada e B) pós-resfriado em graneis. E entre elas uma quantidade infinita de possibilidades. A grande variedade de depósitos onde se pode realizar a aeração reforçada e por onde os tempos de secagem-resfriado, que podem ir de 10 a 40hs, geram muitas variações e em definitiva cada instalação deve encontrar seu ponto ótimo de trabalho. E fácil aumentar em 6 a 10 vezes a vazão de resfriamento para reforçar a aeração em um silo de 300 a 700t. Mais se estamos trabalhando com silos de 2000 a 5000t., podemos ficar felizes com reforços de 2 a 4 vezes. Falando de vazão específica, que é a forma correta, um sistema de seca-aeração deve trabalhar com uma VE da ordem de 0.8 m3/min.t. e para pós-resfriamento a VE esta ao redor de 0.4 m3/min.t. Ver o seguinte quadro Nº 1. O processo de resfriamento e extração de umidade final não depende das condições climáticas e deve dar-se preferentemente em forma continua. Por esta razão quando se trabalha com grandes depósitos devemos ser cuidadoso ao realizar os cálculos, de desenho. Considerando os rendimentos de secagem, tempo de re-

pouso e ritmos de aeração. Logo do esfriado o grão pode ficar armazenado ou pode trasladar-se a outros depósitos ou despachar-se. Se o grão vai ficar armazenado pode aproveitar-se o trasile para realizar os tratamentos sanitários. Uma alternativa interessante é o uso de equipamentos de refrigeração artificial para usar depois do repouso. Trabalhando com a vazão adequada na medida que temos um ar mais frio e de menor umidade relativa, mas eficiente será o sistema, se poderá extrair mais umidade na ultima etapa do processo e deixar o grão com menor temperatura final, o que redundará em melhores condições de conservação. Principais Limitantes - Conhecimento e formação dos responsáveis. - Sistemas ou metodologias de medição de umidade pouco confiáveis. - Falta de depósitos com aeração adequadamente reforçada. - Deficientes sistemas exaustores ou extratores de ar servido dos depósitos. - Falta de armadilhas de umidade em os condutos de descarga em silos. - Falta de tempo para completar os processos adequadamente.

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¦Atualidade¦ Tive a feliz oportunidade de participar do tradicional evento Outlook Forum do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), evento onde o USDA divulgou as novas estimativas de safra e preço para as principais commodities agrícolas mundiais.

Se tudo der certo, apertem os cintos Por: Seneri Paludo |Diretor Executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso

Olhando por cima, os novos números não apresentaram nenhuma grande novidade, mas uma olhadela mais minuciosa nos mostra que tem algo interessante no ar, e é exatamente sobre isso que vou discorrer um pouco neste texto. Mas antes de falar dos números é importante destacar por que o Outlook Forum do USDA é uma referência. Primeiramente, o encontro é realizado sem interrupção há 90 anos seguidos, o que por si só já se torna uma referência. Além disso, é durante o evento que o Economista Chefe do USDA divulga os primeiros números para a próxima safra norte-americana, tornando-se base para todas as consultorias e agentes do mercado. Por fim, é no evento que pessoas do mundo todo ligadas ao agronegócio se encontram para trocar informações sobre a cadeia. Voltando aos números, do lado da oferta, o USDA di-

34 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

vulgou que a próxima safra de milho nos EUA será de 355,23 milhões de toneladas, um incremento de 1,52 milhão em relação à safra anterior, apesar de uma redução de 3,56% na área plantada. Para isso a produtividade média nos EUA terá de ser 172,92 sc/ha. Na soja os números são de uma safra de 96,61 milhões de toneladas, incremento de 7,1 milhões de toneladas em relação à safra anterior, plantando uma área recorde de 32,17 milhões de hectares e considerando uma produtividade média de 50,66 sc/ha. Do lado da demanda, para o milho, as informações não são tão boas. O governo ianque tirou o pé do programa de etanol de milho, reflexo de uma mudança de politica e também de mercado. O consumo de gasolina nos EUA está caindo, reflexo de uma população que está envelhecendo, por consequência andando menos de carro, e dos novos carros que estão mais modernos. Ainda assim a demanda continuará crescendo, mas a passo menor do que nos últimos anos. Para a soja a demanda segue em alta e a expectativa é de um esmagamento de 46,95 milhões de toneladas nos EUA, acima dos 46,27 milhões da safra passada e, mais uma vez, aumento das exportações graças a insaciável China. Por sinal, muito interessante a consideração de um palestrante que afirmou que 700 milhões de pessoas deverão mudar de classe social na China nos próximos sete anos e o que eles farão? Mudarão o habito alimentar e comprarão um smartphone. Confirmando essas estimativas, o USDA projeta que os preços médios para o próximo ano trabalhem em torno de US$ 9,65/bushel para a soja e US$ 3,90/bushel para o milho, o que seriam os menores preços dos últimos cinco anos. Traduzindo para a realidade mato-grossense


Acesse: www.graosbrasil.com.br isso significa preços próximos de R$ 31,00/sc para a soja e R$ 6,50/sc para o milho. Em bom português, apertem o cintos que o piloto sumiu, afinal hoje o custo de produção para as mesmas culturas na safra 2014/2015 está na casa dos R$ 39,00/sc e R$ 15,60/sc respectivamente. O que é interessante notar é que para isso ocorrer, ou seja, os preços caírem para os patamares anunciados, a produtividade média de soja em milho nos EUA tem que ser a maior da história daquele país, nada impossível de acontecer, todavia baseado nos recentes anos me parece ser muito otimista. A premissa para os preços do USDA está baseada em desaceleração do consumo e aumento considerável da oferta. Cá entre nós, a desaceleração do consumo até me parece real, ainda assim estamos falando de crescimento e não desaceleração. Agora do lado da oferta, particularmente, acredito que o USDA está muito otimista com a produtividade. Deste modo, basta um problema nas próximas safras ou mesmo o rumor do problema para termos bons momentos de comercialização. Agora, no frigir dos ovos, voltei dos EUA com a nítida sensação de que as contas serão sim mais apertadas nos próximos anos. Portanto volto com a máxima jorgiana: prudência e dinheiro no bolso, canja de galinha não faz mal a ninguém.


36 | Revista Grรฃos Brasil | Marรงo / Abril 2014


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 37


¦ CoolSeed News ¦

38 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2014


ツヲ CoolSeed News ツヲ

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¦Utilíssimas ¦ ERRATA Na edição nº 64 da Revista Grãos Brasil, na matéria Solução de Eficiência Energética para Aeração de Silos de Armazenagem de Grãos.A Figura 1 e a Tabela 1 sairam erradas. Segue abaixo as imagens corretas.

chados a cada ano. O INTA foi o principal gerador de tecnologia relacionada ao armazenamento de grãos em silos bolsa, principalmente por meio do trabalho do INTA Balcarce INTA e Manfredi . Mais informações: www.congresosilobolsa.com.ar

GRANOS SAC 2014 XVII EXPO POSTCOSECHA INTERNACIONAL 17 Y 18 DE SEPTIEMBRE PATIO DE LA MADERA - ROSARIO SANTA FE - ARGENTINA O tradicional evento acontece 17 e 18 de setembro, em Rosario (Santa Fe - Argentina). O evento composto por palestras, troca de experiências, apresentação de novas tecnologias, mesas redondas, etc., este eventobusca: - a atualização dos responsáveis pelo manuseio de grãos e sementes na pós-colheita; - aumentar a conscientização sobre os desafios do setor, - analisar os avanços incorporados em temáticas de armazenamento e conservação; - analisar o cenário do comércio de grãos.

Primeiro Congresso Internacional de Silo Bolsa Entre 13 e 16 de Outubro, organizado pelo INTA e Ministerio de Agricultura de la Nación, será realizado o Primeiro Congresso Internacional de Silo Bolsa para mostrar toda a tecnologia Argentina relacionada com esta inovadora e bem sucedida modaliade de armazenamento de grãos. O congresso será realizado em Mar del Plata e Balcarce e contará com apresentações magistrais, workshops, exposições, dinâmicas de campo e roda de negnegócios. Pela primeira vez a tecnologia Argentina, que é exportado para mais de 50 países e gera trabalho, riquezas e prestígio em todo o país, têm o seu próprio espaço. Os produtores, armazenistas e representantes da indústria de alimentos, podem participar de um fórum onde atualização técnica será o foco principal na busca pela melhor eficiência no uso desta tecnologia. Enquanto isso delegações estrangeiras vão aprender tudo sobre a tecnologia que está começando a ser usada com maior freqüência em diferentes países da América , Europa, Ásia e África. O Silo Bolsa na Argentina Nos últimos 15 anos Argentina começou a desenvolver fortemente a tecnologia de armazenamento de grão seco em silo bolsa e nos últimos 5 anos, este setor aumentou a sua participação, pois entre 35 e 40 milhões de toneladas de grãos são armazenados em sacos de plástico hermeticamente fe40 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2014

O evento também servirá para apresentar o décimo livro de renovação com base na segurança e saúde no grão pós-colheita. As empresas que comercializam equipamentos e tecnología em geral podem participar como patrocinadores, expositores ou Apoio, dispondo de um espaço para expor suas ofertas e interagir com os participantes. Mais informações: www.consulgran.com revista.granos@gmail.com

Revista Granos & Postcosecha Latino Americana Já está nos armazens, laboratórios, corretores de grãos, etc. a última edição da Revista Granos & Postcosecha Latino Americana - De La Semilla Al Consumo. Nesta edição notas muito interessantes sobre qualidade, controle de pragas, manutenção, tecnologia, refrigeração e informes empresariais, junto com informações sobre cursos e seminários da especialidade. Interessados em assinar enviar email para:

consulgran@gmail.com




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