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¦ Editorial ¦ Ano XI • nº 71

Março / Abril 2015

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci

Grãos Brasil é por Você! Caros Amigos e Leitores

Colaborador Antonio Painé Barrientos

Grande é nossa alegria de chegar a vocês com esta nova edição de Grãos Brasil, da Semente ao consumo. Seja na versão em papel ou digital.

Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br

Estamos em tempos de desafios, onde devemos ajustar até os mínimos detalhes para otimizar os processos de manejo de grãos. Cuidado em acreditar que você já chegou a uma situação onde nada interessante pode ser feito. Justamente essa situação de aparente comodidade é a mais perigosa, porque que você não se ocupa de ver onde pode melhorar.

Administrador Marcos Ricardo da Silva

Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 3304-6522 | 9162-6522 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos -ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale

A tecnologia progride sempre e desde o desenho de um novo armazém ate as políticas de acondicionamento e conservação, hoje estão sendo revisadas. Muitas empresas do Brasil já ingressaram dentro do comceito da pós-colheita de precisão, mas a maioria ainda tem manejos tradicionais. Por isto as tarefas de capacitação e conscientização devem seguir ocupando a os técnicos que trabalhamos na especialidade. Nesta edição apresentamos informação sobre armazenagem, acondicionamento, conservação, qualidade, segurança, economia, entre outros, fruto de anos de experiências na matéria, que esperamos que seja úteis para vocês. Se sua empresa esta necessitando um ajuste tecnológico ou o seu pessoal requer atualização, consulte a nosso equipe da Grãos Brasil, que com o maior prazer daremos um apoio confidencial e direcionado. Que Deus abençoe seus trabalhos e famílias. Com afeto.

Produção Arte-final, Diagramação e Capa

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Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 06

Sucesso na Operação de Secagem: Vazão de Ar (Parte I)

12

Armazenamento de arroz em casca

17

Perdas Invisíveis na Armazenagem

19

A Energia Elétrica na Pós-Colheita

21

Armazenagem – Projetar para Qualidade

26

Recomendações Tecnicas Para Secagem De Grãos

32

Os Insetos no Silo Bolsa

36

Os desafios do consumo mundial de grãos

Setores

02

Editorial

40

Não só de pão...

04 | Revista Grãos Brasil |Março / Abril 2015

38

Cool Seed News

40

Utilíssimas


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¦Secagem¦ O processo de secagem de grãos tem por finalidade retirar parte da água contida no produto agrícola, reduzindo a disponibilidade interna no grão, contribuindo para reduzir ou evitar o desenvolvimento de pragas, particularmente de insetos e microrganismos.

Sucesso na Operação de Secagem: Vazão de Ar (Parte I)

Por: Eng. Agrícola Adriano Divino Lima Afonso |Prof. Ajunto UNIOESTE/Campus Cascavel-PR

O processo de secagem é normalmente realizado em equipamentos denominados de secadores de grãos, sendo que esses são projetados e desenvolvidos para retirar de determinada quantidade de produto agrícola, uma determinada quantidade de água em um determinado período de tempo, ou seja, projetado para atingir determinado rendimento de secagem. O rendimento de secagem projetado para o secador somente irá atingir sua capacidade plena de retirada de água se os parâmetros utilizados pelo projetista do equipamento ocorrerem como previsto durante o desenvolvimento do projeto do secador de grãos. Dessa forma, ao projetar o secador, o projetista prevê a existência de uma séria de variáveis ou parâmetros de dimensionamento os quais irão afetar o rendimento do equipamento, tais como espécie de produto agrícola a ser seco, temperaturas do ar de secagem e do produto, condições climáticas de operação do equipamento, entradas e distribuições de ar no interior do equipamento, capacidade estática do equipamento, teores de umidade do produto na entrada e saída, quantidade de calor disponibilizado, vazão de ar dos exaustores, sistemas internos de distribuição de produto e do ar de secagem na câmara de secagem, dentre outros. Portanto, quanto o equipamento é operado na prática, 06 |Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2015

durante o processo de secagem de algum produto agrícola há muitas variáveis que irão interferir direto e indiretamente no rendimento do secador de grãos. Dentre essas variáveis, duas podem ser consideradas as mais importantes para o sucesso no processo de secagem: quantidade de calor disponibilizado pela queima do combustível na fornalha e, vazão de ar disponibilizado pelos exaustores do secador.

Eng. Agr. Adriano Divino Lima Afonso - adriano.afonso@unioeste.br


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¦Secagem¦ A vazão de ar disponibilizada pelos exautores do secador é uma variável importante para o sucesso no rendimento de secagem, pois o ar ao passar entre os grãos no interior da câmara de secagem terá a finalidade de absorver o vapor de água que é liberado pelo produto agrícola durante o processo de retirada de água ou de secagem. Assim, a água contida no interior do produto agrícola ao ser evaporada é absorvida pelo ar que atravessa a massa de grãos no interior da coluna de secagem do secador. Dessa forma, quanto maior for a quantidade de ar que atravessa a massa de grãos, maior será a quantidade de água absorvida e, consequentemente, melhor será o rendimento do processo de secagem. Além disso, o ar insuflado ou succionado pelos exaustores tem a finalidade de transportar o calor disponibilizado pela queima do combustível na fornalha até a massa de grãos contida no interior da câmara de secagem, onde o calor será utilizado para a evaporação de água do produto agrícola. Portanto, é fundamental que a vazão de ar do secador de grãos seja devidamente regulada afim de realizar a evaporação de água no grão e a retirada do vapor d’água do interior do secador. A necessária e correta vazão de ar dos exaustores de um secador de grãos é dimensionada ou calculada essencialmente em função da quantidade de água que o mesmo irá retirar durante o processo de secagem. O ar ambiente tem uma determinada capacidade máxima de absorção de vapor de água em função de sua temperatura e pressão atmosférica. A quantidade de água na forma de vapor que o ar pode absorver por volume irá variar de 0% (para a condição de ar extremamente seco) até 100% (para a condição de ar extremamente úmido ou saturado). A propriedade termodinâmica relacionada a medida da quantidade de vapor d’água presente no ar ambiente em determinado volume de ar é denominada de umidade relativa do ar.

Figura 1. Detalhe dos exaustores de ar de um secador de grãos.

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O projetista, ao projetar o equipamento e calcular a vazão de ar necessária em um secador de grãos, irá considerar que a condição média da umidade relativa do ar na saída da câmara de secagem do ar ou do exaustor será na ordem de 80%. Na prática, caso o secador de grãos seja operado com a correta vazão de ar para a qual foi dimensionado, o ar na saída do secador ou de exaustão terá uma umidade relativa média em torno de 80%, ou seja, abaixo de sua condição máxima de saturação que é 100%, dentro de uma margem de segurança de projeto. Para que o ar de exaustão saia em média com umidade relativa de 80%, o projetista considerou em seus cálculos as quantidades de produto agrícola a ser seco e de água que será evaporada. Dessa forma, faz-se necessário um certo volume de ar por período de tempo (m3/h) afim de que uma determinada quantidade de água seja retirada de uma determinada quantidade de produto agrícola, reduzindo o teor de umidade de 18% (inicial) para 13% (final). Para exemplificar o descrito acima, consideremos um determinado secador de grãos comercial com capacidade de secagem dinâmica de 100t/h, o qual possui 3 exaustores uma vazão de ar total de 255.000 m3/h, projetado para secar o produto com teor de umidade inicial de 18% para final 13%, quando operado com temperatura do ar de secagem a 100ºC. Assim, para secar 100 toneladas de produto em uma hora de 18% para 13% de teor de umidade, o secador terá que retirar cerca de 5.900 kg de água em uma hora, significando que, cada metro cúbico de ar que passar pelo produto terá quer absorver aproximadamente 23 gramas de vapor de água. A quantidade de 23g de água absorvida do produto por m3 de ar, acrescido da quantidade de vapor de água existente no ar antes do mesmo passar pela câmara de secagem, corresponde a aproximadamente uma umidade relativa média de 80% do ar de exaustão para determinada temperatura e pressão, ou


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¦Transportadores¦ ¦Gestão¦ ¦Secagem¦

seja, a quantidade de 29 g/m3, acrescida da já existente no ar, representa uma umidade relativa de 100% para as mesmas condições de temperatura e pressão, sendo que 29 g é a quantidade máxima de vapor de água que um metro cúbico de ar poderá absorver. Caso o secador seja operado com vazão de ar menor do que a estabelecida no projeto do equipamento, por exemplo, operado com 60% da vazão total de ar, implicará na redução da vazão total de ar do secador para cerca de 153.000 m3. Nesse caso, a quantidade de água absorvida pelo ar deverá ser de 39 g/m3 para reduzir o teor de umidade de 18% para 13%. Como a quantidade máxima de absorção de vapor de água pelo ar é de 29 g/m3, o ar não absorverá toda a água evaporada pelo produto no interior da câmara de secagem, por conseguinte, o equipamento não secará o produto de 18% para 13%. Dessa forma, se o equipamento for operado na situação de vazão de ar reduzida, acarretará a redução do rendimento de secagem, podendo, nesse caso, o produto permanecer por maior período de tempo na câmara de secagem, pela redução do fluxo de grãos na saída do equipamento ou, a necessidade de passagem do produto por mais de uma vez pelo secador. Em ambos os casos, o rendimento horário do secador reduzirá, secando menor quantidade de produto por hora, reduzindo a capacidade dinâmica do secador. Em analogia, a vazão de ar dos exaustores do secador é semelhante a uma toalha de banho. A toalha tem uma capacidade máxima de absorção de água para uma determinada dimensão, ou seja, quanto maior a dimensão da toalha maior será a absorção de água e melhor irá realizar a secagem, por 10 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2015

outro lado, reduzindo o tamanho da toalha a mesma se tornará úmida e não irá secar por completo. Dessa forma, quanto se reduz a vazão de ar no secador, está indiretamente reduzindo a quantidade de vapor de água que o ar que será retirado no processo de secagem, pois o ar atingirá a condição de saturação e, por conseguinte, não irá realizar a necessária absorção da quantidade de vapor de água liberado pelo produto agrícola no interior da coluna de secagem. Operacionalmente e na prática as vazões de ar são reduzidas pelos operadores de fornalha ou de secadores de grãos por meio do fechamento total ou parcial das venezianas de entrada de ar ambiente que possuem os secadores. O fechamento das venezianas tem por objetivo a manutenção da temperatura do ar de secagem e a redução da colocação de combustível na fornalha, particularmente de lenha, que é o combustível largamente utilizado no processo de secagem e que demanda mão de obra. Em se mantendo as venezianas corretamente abertas de tal forma a fornecer a quantidade de ar correta, de acordo com a demanda do equipamento, a temperatura do ar de secagem irá reduzir, sendo necessário a colocação de maior quantidade de combustível ou lenha para aumentar e manter a temperatura a nível recomendado. A colocação de maior quantidade de lenha na fornalha em um mesmo período de tempo demanda maior esforço físico pelos operadores da fornalha, por conseguinte, preferem fechar as venezianas de entrada de ar do secador afim de manter a temperatura do ar de secagem.

Figura 2. Detalhe de uma veneziana de entrada de ar em secador de grãos.

Portanto, para que se tenha sucesso no processo de secagem por meio de maior rendimento, faz-se necessário a correta regulagem das entradas de ar do equipamento de secagem com finalidade de possibilitar que o secador opere com a vazão de ar projetada, retirando a máxima quantidade de vapor de água desprendida pelo produto agrícola na câmara de secagem.


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¦Manejo¦ A estimativa de safras da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) do mês de janeiro apontou que serão colhidos, no Brasil, em 2015, mais de 12,1 milhões de toneladas de arroz em casca. Se esta projeção se confirmar, teremos produção 0,6% maior em 2015 do que em 2014.

Armazenamento de arroz em casca

Defeitos metabólicos podem ser reduzidos com manejo tecnológico adequado à conservação dos grãos Por: Eng. Agr. Nathan Levien Vanier|Pós-Doutorando da UFPel em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Jean Ávila Schwartz|Acadêmico em Agronomia | DCTA-FAEM-UFPel Márcio Peter|Acadêmico em Agronomia | DCTA-FAEM-UFPel Daiane Kröning|Acadêmico em Agronomia | DCTA-FAEM-UFPel Juciano Gabriel da Silva|Acadêmico em Agronomia | DCTA-FAEM-UFPel Prof. Dr. Moacir Cardoso Elias|Depto de Ciência e Tec. Agroindustrial | UFPel

Dentre as preocupações comuns entre as cadeias produtivas de alimentos, a sociedade e os órgãos de governo, estão a disponibilidade de alimentos e a qualidade dos alimentos disponíveis para o consumo. O arroz, por estar presente diariamente na mesa de 95% dos brasileiros, é a principal fonte de energia e nutrientes da população, e, portanto, demanda atenção redobrada nos processos de produção, pós-colheita e industrialização para que quantidade e qualidade caminhem juntas. Em relação à qualidade, após a maturação dos grãos na lavoura, os cuidados para a preservação do arroz durante o armazenamento devem começar ainda na etapa de colheita, passando por manejo tecnológico adequado no transporte, na recepção, na pré-limpeza, na secagem e no armazenamento dos grãos. A respiração e o metabolismo ativo dos grãos e dos organismos associados são intensificados em condições adversas, geralmente de temperatura e umidade, e o manejo inadequado pode promover o aumento no teor de grãos amarelos, manchados, ardidos e mofados. Estes são os denominados defeitos metabólicos em arroz. A classificação de arroz no Brasil é regulamentada pela Instrução Normativa MAPA N°06 de 2009. De acordo com esta IN, grãos 12 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2015

amarelos, manchados, ardidos e mofados são assim definidos: (1) grãos amarelos - apresentam coloração amarela no todo ou em parte, variando de amarelo claro ao amarelo escuro, e que contrasta com a amostra de trabalho; (2) grãos manchados - aqueles grãos

Eng. Agr. Nathan Levien Vanier - : nathanvanier@hotmail.com


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¦Manejo¦ que apresentarem manchas escuras provenientes de processo de fermentação em menos de ¼ (um quarto) da área do grão; (3) grãos ardidos - grãos que apresentarem, no todo ou em parte, coloração escura proveniente do processo de fermentação, sendo também considerados ardidos os grãos descascados e polidos, inteiros ou quebrados, que apresentarem alteração na sua coloração normal, de marrom escuro a parcialmente preto, resultante do processo de fermentação, assim como os grãos e o fragmentos de grão, totalmente preto, encontrado no arroz beneficiado integral e no arroz beneficiado polido, além dos grãos que apresentarem coloração escura em mais de ¼ (um quarto) da sua área, e, no caso do parboilizado, os amarelos destoantes de tom escuro, sejam eles amarronzados ou avermelhados; e (4) grãos mofados: grãos que apresentarem contaminações fúngicas (mofo ou bolor) visíveis a olho nu. Na Figura 1 são apresentadas imagens dos defeitos metabólicos em arroz beneficiado polido. Figura 1. Defeitos metabólicos em arroz branco polido.

A. Grãos amarelos

C. Grãos ardidos

B. Grãos picados ou manchados

D. Grãos mofados

A seguir serão abordados cuidados e medidas de manejo tecnológico a serem tomados nas etapas de pré-armazenamento e armazenamento, para que tenhamos grãos sadios, com baixo teor de defeitos metabólicos e máximo rendimento de grãos inteiros, ao término do período de armazenamento. Espera para secagem Grãos de arroz cultivados em sistema irrigado no Sul do país são colhidos, de forma geral, com umidade próxima a 20%. Após a colheita mecanizada, os grãos são transportados até as unidades armazenadoras. Com o déficit em unidades armazenadoras em nível de propriedade rural, verificado no Brasil, os grãos são geralmente levados diretamente às indústrias de arroz, muitas vezes distantes dos locais de produção. Neste percurso, grãos úmidos são colocados nas carrocerias de caminhões, cobertos com lona, sem aeração natural, e submetidos a altas temperaturas durante o trajeto do local de produção até a indústria ou unidade coletora. A irradiação que incide nos grãos cobertos com a lona, aliada ao metabolismo ativo do próprio grão, promove temperaturas que muitas vezes 14 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2015

ultrapassam 40°C. Danos imediatos não são perceptíveis, mas em curto, médio e longo prazos é intensificado o teor de defeitos metabólicos. Este é o denominado “efeito latente”. Ao chegar ao local de destino ainda há outro agravante para a qualidade do arroz: as extensas filas para descarregamento. É comum caminhões aguardarem uma noite para, então, descarregarem os grãos. Em noites frias, existe o risco de condensação do vapor d’água presente na massa de grãos acondicionada nas carrocerias dos caminhões. Este é um prato cheio para a atividade de fungos e mesmo bactérias naqueles pontos mais úmidos. Após o descarregamento em moegas, os grãos devem ser limpos e secos. O tempo de espera para secagem e as condições de condicionamento dos grãos durante este período são fatores determinantes para o posterior aumento no teor de defeitos metabólicos no armazenamento. Danos latentes oriundos da demora para secagem dos grãos úmidos e da alta temperatura no local de espera para secagem, seja em moega, silo pulmão ou em depósitos, podem ser reduzidos com manejo adequado na espera para secagem. O ideal é que durante a espera para limpeza e/ou secagem os grãos sejam mantidos em silos pulmão com aeração ou mesmo em silo com resfriamento artificial, caso as condições


Acesse: www.graosbrasil.com.br psicrométricas do ar não sejam adequadas à conservação dos grãos. Secagem A secagem do arroz é realizada predominantemente por método intermitente, onde as operações de carga e descarga não são simultâneas e o contato entre ar e grãos é descontínuo. O contato dos grãos com o ar aquecido ocorre na câmara de secagem, não havendo esse contato durante as passagens dos grãos na descarga, no elevador e na câmara de equalização (impropriamente também denominada câmara de repouso). Os baixos riscos de danos e choque térmicos apresentados pelos métodos intermitentes fazem-no o mais indicado para a secagem de grãos de arroz. A eficiência da secagem depende dos gradientes de pressão interna do grão e da umidade. Para que se obtenha bom rendimento de grãos inteiros após a secagem é importante respeitar os limites de temperatura do ar de secagem e da massa de grãos. Dependendo do desenho do secador e das especificações, a secagem intermitente pode utilizar temperaturas do ar de 70 a 120°C, na entrada do secador, podendo ir aumentando gradualmente até a penúltima ou a última hora de secagem, quando a temperatura

deve começar a ser reduzida para evitar fissuras em função do gradiente de pressão interna do grão. A ocorrência de fissuras, que não é perceptível imediatamente, provoca a ocorrência de grãos quebrados quando do beneficiamento, é também muito prejudicial durante o armazenamento, por favorecer as atividades biológicas dos próprios grãos e dos organismos associados, intensificando a incidência de defeitos metabólicos.

Figura 2. Grãos quebrados.

Carregamento de silos O carregamento dos silos é uma etapa que faz a diferença na conservação dos grãos. Ainda que a operação de limpeza dos grãos tenha sido corretamente realizada, é na forma de carregamento que se consegue melhorar de maneira efetiva a utilização da porosidade da massa de grãos. Quando a distribuição dos grãos é feita de forma incorreta nos silos, há acúmulo de impurezas em certos pontos da massa de grãos, o que acaba por dificultar a passagem de ar por esses pontos durante a aeração, diminuindo, assim, a conservabilidade dos grãos. No centro dos graneleiros há uma tendência natural de maior concentração de impurezas, e a operação de carregamento deve maximizar a presença de macroporos, principalmente nestes locais, para que o ar percorra e resfrie estes ambientes de forma eficiente e uniforme. Dessa forma, o carregamento deve ser iniciado com aqueles grãos mais secos, que apresentem umidade igual ou inferior a 13%, pois estes dificilmente apresentam problemas de conservação devido a sua baixa umidade. Quando o carregamento atingir entre um terço e a metade da altura do silo, é importante proceder a intrassilagem parcial (remoção dos grãos pela parte inferior e recarga pela parte superior do silo), redistribuindo grãos danificados e impurezas, e desconcentrando a produção de calor metabólico, além de reduzir a compactação e suas consequências. Após a remoção de boa parte da massa de grãos, até que haja formação de um cone invertido, deve-se continuar o carregamento do silo, nivelando a parte superior para facilitar a uniformidade da aeração. Na parte mais alta, no último terço do silo, se possível, o carregamento deve ser feito com grãos que apresentam grau de umidade mais baixo, pois é a região mais distante da entrada do ar de aeração, a mais difícil de remover e onde há grandes riscos de condensação de água pelas correntes convectivas. Aeração A aeração tem como objetivo manter os grãos a uma GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 15


¦Manejo¦ temperatura suficientemente baixa e uniforme para assegurar uma boa conservação, através da redução das atividades metabólicas dos próprios grãos e dos organismos associados. Para minimizar perdas, de forma geral, o sistema de aeração deve ser mantido ligado ininterruptamente quando o armazém estiver carregado com grãos “quentes” (acima da temperatura desejada para um armazenamento seguro) recém vindos da secagem, até que a temperatura dos grãos entre em equilíbrio com a temperatura do ar ambiente, o que é verificado através da termometria. É a chamada aeração de resfriamento. Para auxiliar na tomada de decisão sobre quando proceder a aeração de resfriamento, ao se verificar focos de aquecimento na massa de grãos, são levados em conta dois fatores: a umidade relativa do ar e a diferença de temperatura entre o ar e os grãos. O diagrama da aeração de grãos serve de auxílio (Figura 3).

Figura 3. Diagrama de aeração de grãos. Fonte: Lasseran (1978).

Mesmo que não haja foco de aquecimento, o sistema de aeração deve ser ligado no mínimo uma vez a cada 60 dias, evitando a anaerobiose e como conseqüência o desenvolvimento de leveduras. Além disso, este procedimento é importante para uniformizar a temperatura da massa de grãos e dificultar a formação de correntes convectivas. As correntes convectivas ocorrem quando a temperatura externa ao silo é diferente da temperatura do ambiente interno. Um exemplo é o que ocorre em dias quentes, onde a temperatura externa ao silo é maior do que no seu interior, fazendo com que os grãos mais próximos às paredes se aqueçam mais do que os outros. Dessa maneira, o ar intersticial se aquece próximo da parede, fazendo com que sua densidade diminua e sejam formadas correntes convectivas ascendentes de ar mais aquecido junto da 16 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2015

parede, criando um gradiente térmico e fazendo com que ocorra formação de correntes convectivas descendentes de ar menos aquecido nas regiões mais internas do silo. O contrário pode ocorrer quando a temperatura externa for menor do que a temperatura no interior do silo. Exaustão Para remover o ar saturado dos silos e reduzir perdas ocasionadas pela formação de correntes convectivas e pela condensação de água nos silos, existem equipamentos auxiliares de aeração que executam adequadamente essa tarefa. São os exaustores, que podem ser naturais ou mecânicos. Estudo recente realizado pela equipe de pós-graduandos e professores do Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, mostrou benefícios do uso de exaustores para a redução da incidência de grãos manchados, para obtenção de maior rendimento de grãos inteiros e para obtenção de grãos mais brancos ao final de 9 meses de armazenamento, com menor gasto de energia nas necessárias operações de aeração. Quando o ar saturado oriundo da formação de correntes convectivas não é removido eficientemente pelo sistema de exaustão localizado na cobertura dos silos, há risco de condensação do vapor d’água. Se isto acontecer, fungos e inclusive bactérias terão condições propicias para atuarem na massa de grãos, aumentando a incidência de defeitos metabólicos nos grãos. Outros estudos, realizados pela mesma equipe de pesquisadores e disponíveis em publicações especializadas, em livros e na página www.labgraos.com.br mostram benefícios de manejo de secagem e de manejo de armazenamento, aplicação de terras de diatomáceas e uso de frio na armazenagem de arroz em casca e seus efeitos na qualidade e na industrialização.


¦Armazenagem¦ A alguns anos atrás, identificávamos com certa facilidade a quebra de peso na armazenagem no momento do embarque do produto. Essas perdas eram visualizadas pelo balanceiro ou pessoal do carregamento baseado no enchimento do caminhão x peso da carga.

Perdas Invisíveis na Armazenagem Por: Eng. Silvio José Kolling |Equipasa

A identificação visual dava-se em função dos caminhões truck ou toco terem caçambas de pequenas dimensões, obrigando ao uso do “fominha” para alcançar o peso desejado. Para aqueles que nunca ouviram falar do “fominha”, tratava-se de tábuas que eram acrescidas à caçamba do caminhão para aumentar o volume da carga, ou seja, caber mais grãos, como mostra a figura 1.

Estudos atuais vieram para elucidar e comprovar cientificamente a existência dessas perdas. Pesquisa realizada pelo INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA GOIANO, com milho armazenado em silos metálicos pelo período de 60 dias, concluiu entre outros resultados que o grão armazenado de forma convencional ficou com o peso específico 4,1% abaixo do peso, com que

foi originalmente armazenado, em comparação com produto cujo silo era atendido pelo Sistema de Exaustão Cycloar, como mostra o gráfico da figura 2.

Eng. Silvio José Kolling - Equipasa GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 17


¦Armazenagem¦ Quanto mais leve o grão, mais espaço ocupará para alcançar o mesmo peso, ou seja: se esse produto for embarcado com peso específico de 763kg/m³, a altura da camada de grãos nesses mesmos vagões será de 1,40m. (ver figura 4)

A quebra de peso identificada pode ser atribuída, tanto pela redução de umidade, que nesse estudo foi de 2% e quanto pela atividade respiratória mais intensa da massa de grãos armazenada, o que leva a queima dos carboidratos e gorduras que constituem a matéria seca desses grãos. Por incrível que pareça, a grande maioria dos armazenadores já está acostumado a essa redução natural de peso. Nos dias de hoje, essa diferença, nem sempre é identificada pelo armazenador que não estiver atento ao assunto, podendo passar, inclusive, despercebido por ocasião do embarque desse grão. Para demonstrar a sutileza do problema, façamos um ensaio a partir de um silo com capacidade para 50.000 sacos com base no resultado da pesquisa. Considerando que o silo de 50.000 sacos possui 4.000m³ de volume. Considerando que o peso específico normal de um milho de boa qualidade é armazenado com 795kg/m³. Considerando que a compactação da massa armazenada é de cerca de 5%, teremos um peso total de 3.339.000kg dentro do nosso silo. Para expedição de 50.000 sacos em cargas de bi trem com vagões de 7,50m de comprimento e peso líquido de 38.000kg, necessitaremos 88 caminhões. Se o volume desse mesmo silo que foi armazenado com peso específico de 795kg/m³ for expedido com 763kg/m³, a quebra de peso será de 2050 sacos. Isso mesmo, 2050 sacos que desaparecerão nas caçambas dos caminhões sem serem percebidos. Vejamos como é fácil perder 2050 sacos.

Tendo nesse caso, cada bi trem, dois vagões de 7,50m de comprimento x 2,37m de largura de caçamba útil. Se embarcarmos um produto com peso específico de 795kg/ m³, a camada de grãos nos vagões será de 1,34m, conforme demonstrado na figura 3.

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A diferença na camada de grãos é de apenas 5,6cm (56mm) a mais. Quase imperceptível. Dessa maneira, lá se vão 2050 sacos sem que o armazenador se dê conta. Como esse estudo foi elaborado com milho, cujo valor médio gira em torno dos R$ 22,00/saco (02/2015), o prejuízo aqui será de R$ 45.100,00. Se transferirmos esses parâmetros para o mesmo volume de soja (02/2015), essa questão girará em torno dos R$ 110.700,00. O cálculo acima baseou-se no volume de um silo de 50.000 sacos. Se extrapolarmos para capacidades maiores, os números serão assustadores. De acordo com os resultados dessa pesquisa, a utilização do Sistema de Exaustão Cycloar mostrado na figura 5, constituise instrumento importante para a redução desse problema, minimizando as perdas crônicas da armazenagem.


¦Tecnologia¦ A Energia Elétrica na Pós-Colheita Por: Eng. Domingo Yanucci |Consulgran - Granos - Grãos Brasil | graosbr@gmail.com

O manejo de grãos requer o uso de uma grande força motriz: elevadores, secadores, aerações, peneiras, aspirações, redlers, dentre outros. Sempre que pensamos em energia elétrica, um dos insumos básicos, dois são os aspetos a considerar: 1. O custo do Kw/h (considerando horas picos)(energia reativa) 2. Gasto por tonelada (Kwh/t). Se você pergunta quanto gasta de energia, o pessoal responsável pelos pagamentos informará a você, tantos reais para este mês. Com este dado, simplesmente dividindo os reais pelos KW/h, obtemos o valor da unidade de energia elétrica. Mas se você pergunta aos responsáveis do manejo de grãos, quantos KWH gasta por tonelada, normalmente não encontra resposta. Dentre os índices de eficiência um dos mas básicos é o que se refere a KWh/tonelada. Cada ano o consumo de energia é diferente, pois depende de quanto se liga o secador e os outros equipamentos. Cada armazém, de acordo com o seu desenho e ao manejo que faz, tem um índice diferente de uma safra para outra. Como saber que beneficio ou perjuizo sobre o uso da energia elétrica para nosso armazém, nos da uma determinada pratica sim não temos calculado esse índice para ele? Recomendamose a todos os responsáveis do manejo de grãos que calculem para suas unidades o índice de eficiência

referido ao consumo elétrico, É tão valioso como medir a temperatura em um ser humano. Como saber se estamos gastando muito ou pouco, como saber se estamos gastando mais ou menos?, Só calculando este simples índice. O consumo normal está entre 3 e 4 KWh/tonelada armazenada. Mas isto é bastante variável. Quanto menos adequado for o desenho do armazém, muitas máquinas de baixa capacidade, maior é o gasto de KWh por tonelada. Dentro da pós colheita você tem quatro índices básicos: a) Toneladas trabalhadas por cada funcionário , b) Combustível consumido por cada tonelada secada, c) Sobras ou faltas de grãos, variação da qualidade e d) o índice de eficiência do consumo elétrico.

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¦Tecnologia¦ Faça seus cálculos para saber onde está havendo deficiência operacional e como melhorar seu manejo. Hoje temos tecnologia para diminuir o consumo de energia por tonelada em 30% a 40%. Vemos a continuação um exemplo, só para mostrar a forma de cálculo (não tome em conta os valores, porque estes variam de região em região, etc.)

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Média ponderada do ANO: R$/KWh: 0.23 TONELADAS armazenadas: 4.200 KWh / t: 3.96


¦Armazenagem¦ Uma unidade Armazenadora atualmente deve ser projetada para ter um sistema de qualidade contínuo em todas as suas etapas, ou seja, módulos de Recepção, Limpeza, Secagem, Armazenagem e Expedição.

Armazenagem – Projetar para Qualidade Por: Adriano Mallet |Diretor Técnico da Agrocult

O equilíbrio de todas as etapas e suas compatibilidades de fluxo (t/h) proporciona uma qualidade final de produto armazenado, rentabiliza a safra do Produtor Rural e aumenta a renda no campo. As unidades antigas tinham seus projetos desenvolvidos para receber, limpar, secar e armazenar, somente com o objetivo final de estocagem e comercialização sem agregar valor ao produto. Os projetos atuais de uma unidade armazenadora visam levar a um patamar de qualidade de armazenagem de forma a manter a “Identidade Preservada” dos grãos colhidos na lavoura, perpetuando sua origem e mantendo a “rastreabilidade” no processo de certificação de produto para comercialização aos grandes compradores internacionais e consumidores internos e exigentes. Para atingir este estágio, necessitamos projetar as unidades observando alguns itens de extrema relevância técnica para adquirirmos o novo conceito “Garantia de Qualidade Armazenada”. Na recepção, necessitamos ter inicialmente um sistema de eliminação ou captação de pó. O pó é o maior agente de contaminação numa unidade e sendo aspirado pelos seres humanos pode causar doenças mortais e alergias no corpo. Os projetos das moegas devem ser dimensionados para

receber produtos de diversas características, segmentando conforme o perfil de colheita (produto sujo-úmido, sujo-seco, limpo-seco, seco-sujo e outras, variações como percentual de impurezas, umidade e variedades do próprio produto). Desta forma, devemos projetar as moegas segmentadas (moegas duplas, moegas divididas, moegas duplas e divididas ou em forma de bateria). Estas opções de recebimento viabilizam a segmentação de recebimento. Com este processo bem realizado, as demais atividades terão seu rendimento melhor, pois trabalharão com produtos homogêneos.

Adriano Mallet - Agrocult GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 21


¦Armazenagem¦ O fluxo (t/h) de ligação entre os módulos é realizado por transportadores e canalizações (elevadores de caçamba, transportadores de corrente e helicoidais, correias transportadoras, chupins e outros tipos) e devem ter uma compatibilidade de fluxo e um dimensionamento de capacidade de 30% acima dos módulos (ex: módulo com 100 t/h – capacidade recomendada de 130 t/h), evitando os estrangulamentos de fluxo entre eles. Para canalização, respeitar sempre a inclinação mínima, para termos um escoamento dentro do fluxo necessário. Para sementes a inclinação deverá ser menor que o padrão em relação ao grão comercial. Para redução de custos, quando trabalhamos com grãos limpos e secos (pós secador) poderemos ter uma inclinação menor que a tradicional, reduzindo altura de elevadores e custos de energia elétrica (quanto menor altura do elevador, menor a potencia necessária - CV). Este sistema de interligação dever ser muito bem dimensionado e utilizado os dispositivos recomendados para minimizar os danos físicos nos grãos (uso de amortecedores de linha, para grandes distâncias de tubulação em queda vertical), e amortecedores na entrada das máquinas, direcionando de forma correta o produto no interior da máquina, evitando caminhos preferenciais e desgastes.

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No módulo de limpeza houve uma grande mudança de conceito, pois hoje projetamos um “Sistema de Limpeza” analisando o grau de impurezas e umidade da massa de grãos que será processada, itens fundamentais para o dimensionamento do sistema. Quanto maior for o grau de impureza, menor será a capacidade, pois a máquina deverá ter mais tempo disponível para realização da limpeza. Para realizar este processo, regulamos a entrada de produto nas peneiras, através dos registros. O mesmo ocorre para a umidade, quando maior for a umidade dos grãos mais lento será seu escoamento sobre as peneiras, acarretando necessidade de redução do fluxo de entrada. Exemplificando: uma máquina de limpeza de 100 t/h, para processar grãos com 18% de umidade e 4% de impureza, caso receba um produto com 6% de impurezas e 20% de umidade terá uma redução de 18% e 10% respectivamente, tendo uma redução acumulativa de 26,2% com a capacidade


Acesse: www.graosbrasil.com.br ciclo de produção, iniciando pelo preparo da terra, plantio, aplicação de defensivos e compra de máquinas, convergem para a estocagem. Momento de maior importância no processo, onde o produtor pode manter seus investimentos e rentabilizar o negócio, ou perder todo o trabalho realizado anteriormente. Este é o momento da verdade, um projeto destinado à qualidade de armazenagem, terá seu desenvolvimento para diminuir ao máximo as perdas qualitativas e quantitativas.

final ficando em 73,8 t/h. Analisando no conceito de sistema no momento de projetar, iremos colocar uma com capacidade de 150 t/h ou duas de 80t/h=160 t/h (ver modelos de capacidades existentes no mercado) primando pela qualidade de limpeza e manutenção do fluxo. Dentro deste módulo possuímos a Casa de Máquinas e Moegas. Estes locais devem ser dimensionados para possibilitar uma boa movimentação para operação e possuir um sistema de captação de pó, tanto na moega como na limpeza, como também, sistema de exaustão, observando ambiente amplo com circulação de ar, para evitar o acúmulo de gases e concentração de pó. Quando maior for a circulação de ar, maior será a qualidade de trabalho e menor contaminação e poluição atmosférica. Na secagem (módulo), devemos observar os mesmos aspectos da limpeza, incluindo as condições climáticas da região. Secar soja numa região com umidade relativa alta e temperaturas baixas é diferente que secar no Centro Oeste, com umidade relativa baixa e temperaturas altas. Neste último, o rendimento do secador é melhor e, consequentemente, a capacidade de secagem aumenta (t/h) e o consumo de energia diminui (lenha). Considerando estes aspectos, dimensiona-se qual o secador mais adequado para sua região, lembrando sempre que os secadores devem ter uma capacidade mínima de 30% acima da especificação nominal, para atender estas variáveis e agilizar o processo de descarga na primeira carga e em caso de secagem intermitente. Todos os processos em uma unidade convergem para a armazenagem e conservação dos grãos. Podemos até afirmar que todos os investimentos e aplicações feitos durante o

Armazenagem A Armazenagem de Grãos está alicerçada em três grandes pilares, com a premissa de já termos executado a secagem e limpeza de acordo com os padrões atuais de qualidade de processamento e das especificações (instruções) do fabricante: 1- Monitoramento da massa de grãos; 2- Aeração; 3 - Sistema de Exaustão, também chamada hoje de Aeração Natural ou Intensificada. Para o monitoramento, possuímos sistemas de gerenciamento que coletam dados através de sensores instalados no interior da massa de grãos, que são monitorados por software, proporcionando ao armazenador uma relação de dados para tomadas de decisões rápidas e assertivas. Aeração, também tem sua importância, deve ser dimensionada para as condições de armazenamento conforme perfil da região, não desconsiderando o histórico climático. Sistema de Exaustão: Sobre os itens mencionados acima temos o “Sistema de Exaustão” que é um novo conceito na armazenagem, fundamental para termos uma qualidade. Esta aeração natural ou intensificada proporciona equalização do ar entre a massa de grãos e a cobertura do telhado, diminuindo o calor proveniente da radiação solar e eliminando o “bolsão de ar quente” (massa de ar quente e saturada), bem como a condensação sob o telhado, nas chapas laterais dos silos e paredes dos armazéns e o consequente gotejamento sobre os grãos. Este sistema proporciona outros benefícios relevantes como uniformidade na massa de grãos, aeração permanente e contínua (extrai calor do ambiente, pó, gases, umidade do ar), evita o apodrecimento (deterioração, mofo, germinação), inibe a proliferação de pragas e, aliado a tudo isso, preserva a estrutura física do ambiente, pois evitando a condensação, elimina itens como o surgimento de pontos de corrosão na estrutura metálica do telhado, o umedecimento das correias (borracha) dos transportadores dos armazéns com carga realizada por Correia Transportadora (Cinta Transportadora) e o sobre-aquecimento nos acionamentos aumentando a vida útil dos mesmos e suas transmissões. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 23


¦Armazenagem¦ como Automação, Sistemas de Exaustão e Controle a Distância da massa de grãos e, aliado a tudo, a capacitação dos operadores. Estar preparada para futuras ampliações e localizada em ponto de fácil logística na propriedade é importante e estratégico para o crescimento, tendo sempre como princípio o fato de ser um local limpo, de fácil circulação e operação. Estes são alguns de muitos detalhes que devemos observar quando da elaboração de um projeto e construção de Instalações de Armazenagem.

As unidades atuais devem ser projetadas com critérios que proporcionam segurança de operação, qualidade garantida, compatibilidade de fluxo em relação aos módulos e recebimento da produção (safra). Os poços de elevadores e moegas devem ser projetados de forma que sua profundidade não ultrapasse o nível do lençol freático, evitando infiltração de água. Construir túneis e caneletas com dimensões que possibilitem acesso de forma direta e fácil para ocasiões de extrema urgência (acidente) é importante e aqueles que estão localizados sob baterias de silos, armazéns e moegas, devem ter sistemas de circulação de ar e possibilitar a passagem de pessoas, quando necessário. Todos os poços e túneis devem ser projetados para evitar o depósito de gases oriundos do processo respiratório do grão e deterioração do mesmo. Instalações elétricas devem ser aparentes e superiores, com proteção contra roedores e outros. As unidades armazenadoras devem focar a sua concepção num projeto que garanta a qualidade final do produto armazenado, segurança, valorização dos benefícios e ferramentas que hoje estão disponíveis aos armazenadores,

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Projetar Segurança. Projetar para segurança operacional é o principal foco dos armazenadores e nossa responsabilidade é relacionar alguns detalhes para aplicar na obra: • Projetar a instalação armazenadora, destinando locais para depósito de materiais como ferramentas, lenha, peças de reposição, sucatas, combustíveis, embalagens de produtos, etc... • I dentificação dos equipamentos a nível visual do operador, instalação de placas identificando setores da Unidade (recepção, almoxarifado, laboratório, etc.). • Pintura de segurança nos pontos de perigo (amarelo/ laranja). • U tilização de EPIs (máscaras para proteção contra pó, luvas, botas de segurança, capacetes, óculos de segurança, trava-quedras). • Projetar fechamento (importante a possibilidade de passagem de ar) nas bordas dos poços com porta de inspeção para evitar quedas de pessoas. • Guarda corpo nos elevadores, passarelas e demais locais necessários. • Proteção nos acionamentos (polias e correias). • Luminárias a prova de explosão. • Sistema de renovação de ar em poços e túneis, para retirada de gases acumulados.


Acesse: www.graosbrasil.com.br • P rojeto de sistema de combate a incêndios. • Projeto sistema de proteção contra fenômenos naturais. • V isitantes devem sempre ser acompanhados por profissional da unidade. • Identificar os operadores nas atividades noturnas na unidade, sempre com duas pessoa ou mais. • Utilização de equipamentos de proteção coletiva EPCs (lanternas apropriadas, detector de gases, sistema de captação de pó, aparelhos de comunicação (radio), sistema de renovação de ar/exaustão). Importante é termos o conhecimento da necessidade de uma higienização, um plano de manutenção preventiva e corretiva e de um programa de capacitação dos operadores que atuam nas áreas operacionais, o programa deve possibilitar treinamento e reciclagem. Isto contribui para a qualidade e a rentabilidade da safra armazenada. Uma equipe capacitada para operação, com o domínio das melhores práticas, complementa e garante uma safra rentável.

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¦Secagem¦ A operação de secagem de grãos em geral, é a etapa fundamental no recebimento, sendo a operação de menor custo e rápida que assegura menores perdas quantitativas e qualitativas durante a armazenagem.

Recomendações Tecnicas Para Secagem De Grãos Por: Dr. Carlos Caneppele |Professor da Universidade Federal de Mato Grosso – caneppele@ufmt.br

Os grãos atingem a maturidade fisiológica no campo (máxima massa seca e máxima qualidade) e assim começa o armazenamento no campo, sujeitos a condições adversas de temperatura, umidade, ataque de pássaros, insetos e microorganismos. Aguardar chegar no teor ideal de água para o armazenamento, os grãos podem começar o processo de deterioração, perda de qualidade e perdas de peso de matéria seca. A secagem tem o objetivo de manter a qualidade física, nutricional e sanitária dos grãos para melhor potencial de armazenamento e a comercialização sem descontos na classificação física. A secagem de grãos reduz o teor de água, após o ponto de maturidade fisiológica, após colheita, em nível adequado para a boa conservação. VANTAGENS As principais vantagens de colher grãos com grau de umidade alta (20%) e proceder à secagem são: Menor consumo de matéria seca, pela redução do processo 26 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2015

de produção de CO2, preservando a qualidade quando colhido; Antecipação de colheitas, evitando a deterioração no campo, ataque de pragas, insetos, pássaros e microorganismos; evitar a danificação mecânica, devido à colheita dos grãos com teores de água muito baixo; Liberação da área para a próxima semeadura da mesma ou de outras culturas, aproveitando a umidade do solo e dos nutrientes; Menores perdas de grãos por deiscência natural e de plantas tombadas; Possibilidade de colher mais horas por dia, obtendo-se assim maior capacidade de colheita; Liberação da área para a próxima semeadura da mesma ou de outras culturas, aproveitando a umidade do solo e dos nutrientes; EQUILÍBRIO HIGROSCÓPIO Os grãos são higroscópicos, absorverá ou perderá umidade em função da umidade relativa do ar (UR) e da temperatura. Portanto para cada percentual de umidade relativa a uma determinada temperatura, os grãos terão um percentual de umidade equivalente


Acesse: www.graosbrasil.com.br (Equilíbrio Higroscópio). Importante é observar que a relação entre umidade relativa e umidade dos grãos não é linear, apresentando curvas em forma de “S” (cúbica), sendo acentuada em baixas e altas umidades relativas do ar e moderada na faixa de 30 a 70%, chamada de curva de equilíbrio higroscópico de grãos.

Tabela 1 - Teor de água de equilíbrio de grãos em diversas umidades relativas e temperaturas.

Figura 1 - A forma de perda e ganho de umidade em função da Umidade relativa do ar e umidade dos grãos.

Os principais fatores que influenciam no equilíbrio higroscópio são: 1. Os constituintes químicos: Os grãos oleaginosos entram em equilíbrio higroscópio em teores de água mais baixos quando comparados com outros tipos de grãos. 2. Temperatura ambiental: Quanto mais alta a temperatura mais baixa será o grau de umidade dos grãos. 3. Efeito da histerese: Os grãos no processo de absorção (ganho de água) entram em Equilíbrio Higroscópio em teores de água mais baixos em relação ao processo de desorção (perda de água). 4. Umidade relativa: A umidade relativa do ar de armazenamento de grãos influencia no teor de água dos mesmos, umidades relativas baixas por longo período de tempo reduzem o teor de água dos grãos armazenados.

PROCESSO DE SECAGEM SECAGEM - Consiste em remover parte da água contida nos grãos, ao nível máximo de umidade, no qual possa ser armazenado com sanidade, sem perder as qualidades físicas e nutricionais. O princípio de secagem é baseado na pressão de vapor: quando é maior nos grãos ocorre à secagem, quando a condição ambiente tiver maior pressão de vapor, os grãos irá absorver água. Para efeitos práticos, apesar de não ser muito preciso, utiliza-se a umidade relativa do ar (UR) como referência para observar se os grãos irá perder, ganhar ou manter sua umidade em determinada condição atmosférica. MÉTODOS DE SECAGEM Secagem Natural Este sistema utiliza o ar e o calor (energia) para evaporar a umidade dos grãos, que a natureza oferece. É um método de secagem utilizado para pequenas quantidades e diferentes tipos de grãos. ( forrageiras, café, arroz em casca, feijão etc.). O método consiste em colocar uma camada de 10 cm de grãos espalhados em cima de um terreiro, lona plástica ou telado. É necessário que os grãos sejam movimentados, para que os mesmos


¦Secagem¦ fiquem expostos aos raios solares e trocam calor com os demais grãos. A secagem natural, apesar de não estar sujeita a riscos de danificação mecânica e altas temperaturas, estas ficam dependentes das propriedades físicas do ar, as quais muitas vezes não são adequadas para secagem de grãos com alta umidade. Em regiões onde a umidade relativa no período de colheita é baixa, e as possibilidades de chuva são reduzidas, a secagem natural pode ser utilizada em larga escala. Secagem Artificial Neste método de secagem se modificam as propriedades físicas do ar por meio de uma Fornalha (lenha, resíduos agrícolas), fonte calórica, desde solar até elétrica. É caracterizado pelo fato de que o ar que atravessa a massa de grãos é forçado. O fluxo de grãos no secador pode ser estacionário, contínuo e intermitente. Método Estacionário: O método de secagem estacionária consiste em forçar o ar através de uma massa de grãos sem que esta se movimentar. Para um adequado funcionamento da secagem estacionária deve-se observar: a) Fluxo de Ar - O ar possui duas funções no processo de secagem: a.1) Criar condições para que os grãos percam umidade por evaporação, através do transporte de calor desde a fonte até o local de secagem (câmara de secagem). a.2) Levar a umidade retirada dos grãos para fora do sistema de secagem, permitindo que continue a evaporação da umidade que migrou do interior para a superfície dos mesmos. Assim, o ar deve possuir uma velocidade para transferir calor e umidade dos grãos. O fluxo de ar em secadores estacionários deve estar na faixa de 4 a 11 m³/min/tonelada de grãos. Não é aconselhável utilizar fluxos de ar inferior a 4m³/min/tonelada, pois o processo de secagem será lento, podendo comprometer a secagem; por outro lado o fluxo de ar superior a 11 m³/min/tonelada fará com que a potência do ventilador seja muito alta para fornecer a quantidade de ar necessária. b) Umidade relativa do Ar -. Neste método, os grãos secam por camadas, formando-se uma frente de secagem, onde a primeira camada é aquela que fica mais próxima da entrada do ar e a última, aquela que fica mais distante. No caso dos silos metálicos a frente de secagem pode ser de baixo para cima como de cima para baixo, enquanto nos de insuflação radial ocorre do centro para a periferia do secador. A primeira camada não para de secar até o momento que entra em equilíbrio com a Umidade Relativa 28 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2015

do ar de secagem. Deve-se observar que não ocorra secagem excessiva nas camadas mais próximas à entrada do ar. Se a Umidade Relativa do ar for inferior a 40% os grãos entrarão em equilíbrio higroscópico a teores de água muito baixos, provocando danos mecânicos nos grãos. A camada de grãos distante da entrada de ar deverá secar tão rapidamente possível, para que não ocorram deterioração e perda de qualidade. c) Temperatura do ar de secagem - Em virtude dos grãos permanecerem em contato com o ar até o momento em que estejam secas, deve-se tomar cuidado com a temperatura do ar de secagem, pois os grãos tendem a ficar, depois de um certo tempo, com a mesma temperatura do ar de secagem. Para obter umidade relativa do ar próxima de 40%, não há necessidade de elevar a temperatura até níveis que possam prejudicar a qualidade. d) Danificação mecânica - Muitas vezes no momento da carga dos silos secadores, os grãos são lançados de alturas e podem ocorrer danos mecânicos. Um cuidado para reduzir os danos mecânicos é o uso de amortecedores de fluxo de grãos; estes amortecedores de impactos são localizados no tubo de ligação do elevador com o silo secador. No momento da carga do secador recomenda-se ligar o ventilador de fluxo de ar para amortecer o impacto dos mesmos com o fundo dos silos. e) Capacidade de secagem - Esses secadores apresentam baixa capacidade de secagem, no entanto toda a energia gasta para aquecer é aproveitada na retirada de água dos grãos.


Acesse: www.graosbrasil.com.br e secagem o mais rápido possível. b) Danos mecânicos Os grãos suscetíveis a danos mecânicos, a exemplo da soja, milho, feijão e outras, podem ser afetadas ao passarem muitas vezes pelos elevadores. Recomenda-se o uso de elevadores de caçambas de descarga por gravidade ou os elevadores de correntes, amortecedores de fluxos, e os ventiladores ligados ao se fazer a carga dos silos secadores.

Método Contínuo: Esse método consiste em fazer passar os grãos uma só vez pela fonte de calor, de tal maneira que entrem úmida no topo e estão saído com umidade de armazenagem na base do secador. Para que ocorre a secagem em uma só passagem pelo secador, é necessário que se elevem a temperatura do ar de secagem ou se retarde o fluxo de grãos dentro da câmara de secagem, a fim de que permaneça o tempo suficiente para perderem a água em excesso. Com o aumento da temperatura ou do tempo de exposição dos grãos ao ar quente, corre-se o risco de trincamento que depois no armazenamento apresentam excesso de grãos quebrados na classificação física. Durante o processo de secagem pode ocorrer incêndos em secadores por diferentes causas. O excesso de impurezas dentro do secador, devido não se deslocarem na mesma velocidade dos grãos e o arraste de fagulhas entrando em contato com grãos, palhas aquecidas pode também provocar a combustão. De acordo com as recomendações, recomenda-se seguir os procedimentos para apagar incêndio em secadores em operação.

c) Temperatura de secagem No processo deve-se observar atentamente a temperatura do ar de secagem, pois esta pode influenciar na temperatura da massa de grãos devido o tempo de exposição ao calor. A temperatura intergranular durante a secagem não pode ultrapassar determinados valores que variam em função do teor de água no momento da secagem. Em teores de água mais elevados deverá utilizar temperaturas do ar de secagem baixos. A temperatura máxima do ar de secagem no duto de entrada do ar quente varia com o tipo de secador (continuo, estacionário e intermitente), teor de água dos grãos, espécies. d) Quebra de umidade na secagem O teor de água dos grãos é expresso em porcentagem e esta referência pode ser feita de duas formas: 1) Ubu - umidade referente à base úmida, isto é, a massa de água dividida pela massa total; 1) Ubs - umidade referente à base seca, isto é, a massa de

CONSIDERAÇÕES GERAIS a) Demora na secagem Os grãos devem permanecer úmidos o menor tempo possível, pois a alta umidade é o fator que mais influencia a qualidade sanitária dos mesmos. Grãos com 20% de umidade não devem permanecer mais que 12 horas aguardando a secagem. Assim que as condições de campo permitir realizar-se a colheita GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 29


¦Secagem¦ água dividida pela massa seca. A expressão da umidade em relação à base úmida é utilizada nas operações comerciais de grãos e nas unidades de beneficiamento, secagem e armazenagem. Além do conhecimento do teor de água dos grãos, é importante conhecer o cálculo da percentagem da perda de peso de uma massa de grãos no processo de secagem. Os grãos passam de uma umidade maior para outra umidade menor, pelo processo de secagem, e tem o seu peso diminuído. Para calcular a percentagem de quebra de umidade na secagem utiliza-se a seguinte equação: % Quebra = (UI – UF/100 – UF) x 100 onde: % Quebra - Percentagem de água retirada durante a secagem; UI - Umidade dos grãos antes da secagem; UF - Umidade dos grãos após a secagem. O tempo de secagem não é exato entre diferentes lotes, pois depende de muitas variáveis que envolvem o processo durante a secagem. Estas variáveis, como umidade relativa a temperatura do ar ambiente, a umidade do ar que sai do secador, após sua passagem pela massa de grãos, o grau de limpeza dos grãos, o fluxo

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do ar secante e entre outros. Qualquer variações destas, o tempo de secagem será alterado, portando recomeda-se acompanhar o processo, com coletas periódicas de amostras para conferir a umidade dos grãos e assim decidir pelo término da secagem.



¦Controle de Pragas¦ Dentro do ecossistema de pós-colheita os insetos são uma variável de grande importância. Elos são capazes de atacar tanto na lavora como em depósitos e causar severos danos no caso que não se eliminam oportunamente.

Os Insetos no Silo Bolsa

Por: Eng. Domingo Yanucci |Consulgran - Granos - Grãos Brasil | graosbr@gmail.com

De origem subtropical, demandantes de temperaturas medias, não toleram o frio, se adaptaram a viver na massa de grãos, onde encontram proteção, alimento em abundancia e onde praticamente não tem inimigos naturais. A umidade normal de colheita, conservação e comercialização não resulta limitante para as pragas de grãos armazenados. Se bem todos são insetos aeróbicos, necessitam oxigeno para viver, suas aptidões biológicas permitem ser um problema mais a considerar na armazenagem nos silos bolsa. Para conhecer um pouco melhor estes potenciais inimigos de nossa conservação abordaremos os seguintes tópicos: a) Quais são as pragas potencialmente mais perigosas? b) Como é o ciclo de vida dos insetos? c) Que entendemos por infestação oculta? d) Como se movem as pragas no granel? e) Como a atmosfera afeta as pragas? a) Quais são as pragas potencialmente mais perigosas? As mais perigosas são as que voam e as que podem atacar na lavora. Dentro de estas temos o Sitophilus orizae L. (gorgulho do arroz), Sitophilus zeamais M. (gorgulho do milho), Tribolium castaneum H. (tribolio castaño – caruncho) – Ryzopertha dominica F. (barrenador dos cereais) – Cryptolestes pusillus M. (caruncho achatado) – Acontoscelides obtectus L. (gorgulho do feijão). Os gorgulhos (exceto o do feijão), carunchos e barrenadores atacam principalmente a cereais (trigo – cevada – arroz - centeio – aveia – sorgo – milho), os carunchos podem atacar sementes como girassol. No Brasil se registraram ataques de Lasioderma cerricorne L. (caruncho do fumo) na soja. Entre os lepidópteros, as traças (Ephestia spp. – Plodia spp.) se detectaram atacando o granel do silo bolsa. Normalmente com exceção do gorgulho do feijão, as pragas não podem cumprir más de um ciclo na lavora e comumente se colheita com o que chamamos infestação oculta. As pragas podem originar-se na lavoura ou podem encontrarse nas colheitadeiras, transportes, etc., não devidamente 32| Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2015

desinsetadas. No caso de pragas que estão nas máquinas de manipule-o, podemos ampliar a lista a outras espécies comuns na armazenagem. b) Como é o ciclo de vida dos insetos? Os insetos que atacam grãos armazenados são todos de metamorfoses completa (exceto o Liposcelis spp. “piolho dos livros”). Isto significa que passam basicamente pelas etapas de ovo, larva, pupa e adulto. As etapas de ovo e pupa são as de menor ritmo respiratório, sendo as outras etapas (larva – adulto) as mais ativas e as que normalmente causam dano direto na mercadoria. No caso das pragas de infestação primaria (que passam parte de sua vida dentro do grão aparentemente sadio) as larvas se alimentam dentro do grão e passam dentro o estado de pupa, sendo o adulto, no caso que complete o ciclo, o que causa um furo ao sair do grão. Naturalmente em boas condições de temperatura o ciclo se cumpre entre 30 e 45 dias, dependendo da espécie. A falta de oxigeno e o aumento na concentração de CO2 interrompe o ciclo, podendo causar a morte das pragas. As formas ovo e pupa, que por exemplo no caso do Sitophilus se encontram dentro do grão, tem um baixo ritmo respiratório, lembremos que nestes estádios o inseto não se move nem se alimenta, isto facilita uma maior tolerância natural aos inseticidas fumegantes e também uma maior tolerância para a diminuição da concentração de oxigeno e aumento de dióxido de carbono. c) Que entendemos por infestação oculta? Tradicionalmente entendemos como infestação oculta aquela que vem dentro do grão aparentemente sadio e que é impossível de detectar por métodos tradicionais. Mas em realidade podemos estender o conceito aqueles casos onde a infestação, sem ser interna, é suficientemente pequena para que passe desapercebida com as técnicas de amostragem em uso. Os que estuda o tema concluem que é necessário peneirar 30 a 50 kg de amostra cada 30000 kg para detectar uma infestação baixa ou moderada. Na


Acesse: www.graosbrasil.com.br prática nunca se chega a estes niveis, por tanto podemos assumir que se a infestação está presente não está sendo detectada. Para evitar dores de cabeça futuras se recomenda assumir que as pragas estão presentes e atuar em consequência. d) Como se movem as pragas em o granel? A mobilidade das pragas depende de vários fatores, por ex. como já mencionamos o estágio de ovo e de pupa não tem mobilidade própria, o estágio larval depende da espécie, para o caso das pragas de infestação primaria, que são capazes de gerar o grão furado, a larva só se move dentro de um grão, os de infestação secundaria como os carunchos tem uma mobilidade maior. Para o caso dos adultos a mobilidade também muda, espécies como os carunchos e os sitophilus (gorgulhos), se movem muito mais que os Rizopertha sp.. Os fatores externos mais influentes são a temperatura e a disponibilidade de oxigeno. Outro fator é o efeito das feromonas na população. A temperatura ótima se encontra entre os 25 e 32º C e quanto mais ótima maior atividade biológica, consumo, reprodução, os ciclos são mais breves, em definitiva maior potencial de dano. Quando se enrrarece a atmosfera do ar do granel, os insetos buscam ar mais puro, desta forma atuam as prub traps (armadilha) que praticamente usam este principio para atrair as pragas ao seu interior. O mesmo pode ocorrer com o silo bolsa, onde o inseto buscara a perfuração por onde consegue mais oxigeno. Entre as pragas artrópodes além dos insetos temos os ácaros (que requerem mais umidade e toleram menor temperatura) estas pragas dentro de seu ciclo tem uma forma chamada hipopus, que é a forma de resistência destas espécies, com tolerância a gases praguicidas e a falta de oxigeno. Insetos como o Cryptolestes spp. (caruncho achatado), que já demostraram resistência a fosfina, se mostram como tolerantes a falta de oxigeno. Devemos ter em conta que os insetos respiram por espiráculos, orifícios que se encontram espalhados em o abdômen e o tórax, e as pragas tem a possibilidade de abrir e fechar a vontade, dependendo da atmosfera reinante. Isto permite-lhes aguantar um tempo em atmosferas agressivas. Os espiráculos se comunicam a canais internos (traqueais) que distribuem o O2 para as células do inseto. O sistema circulatório não intervém no intercambio de gases. Músculos na região abdominal podem ajudar na difusão dos gases (entrada de O2 e saída de CO2) Ver Fig 1.

(em altas concentrações) e 50% mais pesado que o ar. Não se recomenda respirar atmosferas com mais de 5% de CO2. Muitos anos atrás em instalações da JNG se usou o CO2, em sua forma sólida, como gelo seco, para ajudar ao expurgo (distribuição) com brometo de metilo. Numerosos estudos de laboratório mostram como respondem os insetos a atmosferas modificadas, e isto depende de seu estádio, idade, temperatura e umidade do grão, da composição da atmosfera modificada, sendo outro fator fundamental o tempo de exposição. A redução da concentração de O2 diminui toda degradação com O2. Pode levar a morte a organismos aeróbicos e reduze a atividade de fungos. Para que obter resultados óptimos devemos ter aumento de CO2 e diminuição de O2. Se trata de gases que se encontram naturalmente em a atmosfera, para dar una combinação letal se deve assegurar a estanqueidade. As mudanças de concentração de CO2 e de O2, atuam potenciando-se. Uma das vantagens da atmosfera modificada é que não deixa resíduos nem afeta as características organolépticas dos produtos a conservar. A umidade e a temperatura do granel afetam a resposta dos insetos para modificação da atmosfera no silo bolsa. A menor umidade, maior a mortalidade. Isto pode ser devido a que se intensificam os efeitos de dessecação.No caso da temperatura o efeito é inverso a menor temperatura, diminui o metabolismo do inseto (consume menos oxigeno) e a mortandade é menor. Os insetos são muito más tolerantes a altas concentrações de CO2 que os mamíferos e são capazes de sobreviver por longos períodos com altas concentrações, sobre todo com baixas temperaturas. A bibliografia recomenda uma relação concentração de CO2 x tempo superior a 12000 para alcançar bons resultados com os insetos. Aqui alguns estudos: Ex.) Controle de Sitophilus oryzae e S. granarius: Com 80% de CO2 e 20 % O2 se teve maior controle que com 100% de CO2. Ex.) S. granarius a 20º C e 20% de O2 alcanço 99,9% de mortalidade em 19,5 dias. A maior temperatura menos tempo. Ex.) Ovos de Tribolium não evolucionam com CO2 encima de 20%, ainda com O2 perto de 19%.

e) Como a atmosfera afeta as pragas? Está claro que quanto más racional e menor seja o uso de praguicidas melhor será para o meio ambiente e para a sociedade em definitiva, por isto sistemas que se baseiam em princípios físicos, que não desenvolvem tolerância devem ser bem recebidos. O armazenamento hermético já foi usado por a civilização egípcia, o aumento de CO2 e a diminuição de O2 não só ajudam na luta contra os insetos e ácaros, mas também afeta o desenvolvimento de microorganismos aeróbicos e a liberação de sustanças cancerígenas (micotoxinas). Em condições normais a atmosfera contem um 78% de nitrogênio, um 21% de oxigeno, 0,9% de argóm e um 0,03% de anidrido carbónico (CO2). Ver Fig 2. O CO2 é um gás incoloro, não inflamável, com um cheiro picante GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 33


¦Controle de Pragas¦

Ex.) Altos níveis de CO2 com O2 de menos de 2%, a mortandade é menor que com níveis de CO2 do ordem de 60% (Sitophilus e Ryzopertha). Esta maior tolerância a concentrações elevadas de CO2 pode dever-se a um efeito narcótico do gás sobre a praga. As pupas são mais tolerantes (mortandade em 7 dias) e os adultos os mais sensíveis (mortandade em 36 horas) a concentrações de 15 a 100 % de CO2. Ex.) 30% CO2 e 4-6% de O2, mortandade em 4 dias de Ryzopertha e Tribolium adultos. Ex.) A maior nível de umidade do grão, se requer maior concentração de CO2 para ser efetivo. (mais é um fator menos importante que a temperatura e a concentração de gases). Ex.) A menor temperatura mais tempo se requer para chegar a mortandade total com uma determinada concentração de CO2. Ex. 7 semanas para mortandade total em expurgos com CO2 a 5º C. Outros estudos mostram mortandade total em poucas horas (4 – 6) com temperaturas de 30º C e concentrações de CO2 99 %. Modo de ação: O CO2 é um poderoso anestésico. A exposição a níveis de gás não letais de qualquer forma alargam o desenvolvimento, por ex. 10% CO2, 10% de O2 e 80% de N, demorarem 11 dias más em cumprir o ciclo que os insetos em atmosfera normal (Sitophilus a 30º C). A postura da fêmea cai a um 20% do normal. O CO2 estimula a respiração dos insetos, causando a apertura dos espiráculos (estigmas), o que ajuda também a perder agua. Se recomenda concentrações de CO2 de 20 a 40% para que com a diminuição de O2, lograr uma maior e más rápida mortandade. A família do Tribolium parece ser menos sensível a redução da concentração de O2 e o aumento de CO2. Outros insetos com maior tolerância são os Cryptolestes spp. e as traças. Trabalhos de White e Jayas mostram que com uma relação concentração de CO2 tempo de exposição (ct-produto) de 9744%h se logra um controle total de insetos. CO 2 e fosfina: A elevação da temperatura, eleva a taça metabólica e por o tanto o consumo de O2 e facilita a ação da fosfina. A maior temperatura e concentração de CO2, a fosfina se distribui melhor. Com concentrações de CO2 encima de 35% a eficácia da fosfina diminui por efeito de narcoses. Varias espécies de insetos tem ruas metabólicas anaeróbias alternativas, que permite seguir sobrevivendo em atmosferas com baixa concentração de O2. 34 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2015

Tratamentos sanitários para cereais: Podemos definir 3 tipos de tratamentos: 1) Os de instalação (servem para romper o ciclo de sucessivas infestações). Todas as máquinas involucradas em colheita, transporte, embolsado, etc., devem ser perfeitamente limpas e desinsectadas. Para isto, uma vez limpas se recomenda o uso de praguicidas residuais de amplo espetro (PRAE) (podemos usar piretroides em alta doses ou misturas de organo fosforados e piretroides).Se bem é só um paliativo, quanto menos grano se derrame perto das bolsas melhor. 2) Tratamentos preventivos com agrotóxicos residuais sobre os grãos. Os cereais podem tratar-se com piretroides a doses completa ou com misturas de organofosforado e piretroides. Sim não conhecemos o tempo de armazenagem pode usar-se a doses da etiqueta ou ate um 20% menos, em cereais acondicionados, considerando o tempo de carência. E possível usar agrotóxicos em pó ou líquidos. Estes inseticidas podem controlar uma pequena infestação e prevenir futuras infestações, assim como eliminar adultos que podem sair de dentro do grão. Os pioneiros no uso do silo bolsa usavam pirimifos metil 50 e podemos perguntar por que usar um inseticida sendo que o silo hermético criaria uma atmosfera inviável para as pragas. A experiência da a resposta correta: Não temos 100% de seguridade de que se mantenha a hermeticidade, existem múltiplos fatores que podem levar a rotura da bolsa, entrada de ar e em definitiva dar condições para que as pragas (insetos) sejam um problema, ade más podemos assumir que sempre chegam insetos com a colheita e que as modificações da atmosfera requere semanas e não eliminaram o 100 % das diferentes especes em todos seus estádios. Sem duvidas o silo bolsa bem trabalhado evita que as pragas sejam um problema serio, sem embargo a terapêutica preventiva dará uma maior proteção do grão, incluso dependendo da doses/produto/ tempo, depois da extração do silo bolsa. 3) Tratamento com fumegantes: Estes produtos liberam fosfina, necessitam da estanqueidade (hermeticidade) que oferece o silo bolsa, podem eliminar todo tipo de infestação oculta e não deixam resíduos perigosos, por o tanto não dão proteção posterior. La maior concentração de CO2 em a bolsa, favorece a eficiência da fosfina e isto somado a uma longa exposição brinda alta eficiência a este tratamento. Obviamente sim se recorre a perfurar para colocar as pastilhas é necessário um bom selado posterior. E interessante diferenciar um tratamento curativo de um tratamento por as duvidas. Em o primer caso se detecto uma infestação e se busca erradicar a praga e em segundo no sabemos sim tem infestação e para evitar problemas futuros se concreta um expurgo por qualquer eventualidade. Por tanto o tratamento 1 sempre deve ser realizado e podemos optar por o 2 para os cereais em condicções (secos) ou por o tratamento 3. Como não podemos ter plena seguridade de manter a estanqueidade absoluta do silo bolsa, é recomendável, sobre todo para armazenagens mais prolongados (1 o mais meses), realizar tratamentos sanitários sobre cereais. De qualquer forma desde o ponto de vista sanitário os conceitos chaves junto com a prevenção são o monitoramento e/ ou amostragem. Isto nos permite ter um conhecimento de fatores como insetos, fungos, temperatura, umidade, etc.



¦Comércio¦ Os desafios do consumo mundial de grãos Por: Osvaldo J. Pedreiro |Novo Horizonte Assessoria osvaldo.pedreiro@uol.com.br Desde a antiguidade, quando José (hebreu) foi levado como escravo para o Egito, e lá se transformou no primeiro Ministro da Agricultura mundial, tendo sido nomeado pelo Faraó como o segundo homem a comandar todo o reino dominado pelos egípcios, a história nos mostra que os países dominantes têm o poder de determinar o que se deve plantar, o que consumir, e quanto custará o alimento para sobrevivência de toda a humanidade. Não se trata de nova ideologia, de novos parâmetros para definir como se deve fazer para saciar a fome do mundo, mas com certeza essa força econômica, essa tecnologia reservada para poucos, essa ganância por auferir cada vez mais lucros exorbitantes em detrimento dos menos favorecidos, tem alavancado essa incessante queda de braços entre quem produz e quem precisa comprar. A cada relatório anunciado vemos que novos países (no sentido amplo de novos mercados consumidores) estão vindo para o mercado adquirir o alimento que não conseguem produzir em seus territórios, e daí busca da melhor forma possível achar uma maneira de trocar o que precisa por aquilo que ele tem pra oferecer, estamos falando de países digamos “emergentes” em termos de novos mercados de consumo, e ainda o constante aumente de consumo da China. Na última semana de Março de 2015 o USDA anunciou o primeiro relatório com a intenção de plantio da nova safra de verão do hemisfério norte, indicando que haverá um aumento de produção de soja e outros produtos, como mostram os números no quadro a seguir:

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Com esse quadro, o aumento da área nos Estados Unidos não deveria ser um motivo de preocupação para o mercado ou fator de pressão sobre as cotações, uma vez que a demanda continuará consumindo toda a soja que ainda há para ser produzida, seja em grão como matéria-prima ou na forma de seus subprodutos. A cada ano aumenta a demanda e países exóticos como a Tailândia, Bangladesh, Vietnã, Egito, por exemplo, estão aumentando sua participação no mercado como importadores. E isso, é claro, sem mencionar as crescentes importações da China. Exportações Brasileiras Os chineses já importaram um volume considerável de soja brasileira da safra que está sendo colhida e as vendas continuam aceleradas no Brasil. Em março, os produtores participaram ativamente da comercialização e realizaram muitos negócios e as exportações do país somaram 6,769 milhões de toneladas, contra 2,836 milhões de fevereiro. Nos três primeiros meses do ano, as vendas nacionais já totalizam 9,690 milhões de toneladas. O Brasil tem observado um incremento no fluxo dos embarques de soja nos portos de Santos e Paranaguá que tem incentivado significativamente o aumento das vendas no país. A postura do produtor brasileiro deve ser a de continuar vendendo sua safra à medida que as oportunidades forem aparecendo. “A oferta não pode aparecer antes da demanda. Se o comprador sente falta daquele produto, ele vai oferecer um preço de resgate”. Há, ao largo dos portos brasileiros, navios esperando para embarcar cerca de 20 milhões de toneladas. O mercado tem agora um potencial bem mais forte e mais claro de poder retomar os patamares superiores a US$ 10,00 por bushel na Bolsa de Chicago. Acreditamos que o comportamento do dólar a nível mundial deve interferir nas cotações diárias do mercado de commodities, ora forçando novas altas, ora oferecendo momentos de realização de lucros para os investidores internacionais, e isso é o que vai determinar o comportamento dos participantes em relação à sua demanda. Aqui no Brasil devemos ainda conviver com uma série de incertezas quanto à nossa economia, nossa política desastrosa de total abandono, a decepção do povo brasileiro em relação aos atos que o governo vem tomando e que vai na contramão dos anseios da população, e que seguramente vai ter influência – E MUITA!... – no comportamento dos preços do nosso mercado em geral, culminando com possíveis índices inflacionários maiores do que aqueles já conhecidos, e reduzindo ainda mais o poder aquisitivo do povo brasileiro!... QUE DEUS ORIENTE AS AUTORIDADES CONSTITUÍDAS A GOVERNAR COM SABEDORIA!


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¦Utilíssimas ¦ Jornadas de Actualización Post-cosecha de Precisión

Revista Granos & Postcosecha Latino Americana Já está nos armazens, laboratórios, corretores de grãos, etc. a última edição da Revista Granos & Postcosecha Latino Americana - De La Semilla Al Consumo. Nesta edição notas muito interessantes sobre qualidade, controle de pragas, manutenção, tecnologia, refrigeração e informes empresariais, junto com informações sobre cursos e seminários da especialidade. Interessados em assinar enviar email para: consulgran@gmail.com

Com grande participaão dos responsávies pelo armazenamento de grãos da região de Montevideo, - Uruguai, realizamos uma Jornada de Atualização no 17 de Março nas instalações da empresa de Tecnología Industrial de Montevideo, contamos também com apoio da empresa Tesma de Argentina e de Ariel Bogliaccini de Plan de Silos de Uruguay. Se trataron los temas de Control de Plagas, Aireación y Secado. Nossas próximas jornadas serão no Paraguai, Bella Vista (25 de Junho), Argentina, Rojas (20 de Julho), Uruguai, Nueva Palmira (23 de Julho) e na Bolivia, Santa Cruz de la Sierra (12 de Agosto).




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