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¦ Editorial ¦ Ano XIII • nº 77

Março / Abril 2016

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Administradora Giselle Pedreiro Bergamasco Colaborador Antonio Painé Barrientos Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 3304-6522 | 9162-6522 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos -ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale Produção Arte-final, Diagramação e Capa

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O tempo sempre é o AGORA. Caros Amigos e Leitores Por mais difícil e complicado que pareça. O Brasil esta despertando para um futuro melhor. Um futuro de regras claras, sem privilégios obscuros, onde não seja só um ou poucos que se beneficiam. Ondem muitos impostos que são pagos, retornem para a sociedade em forma de infraestrutura, escola, segurança, etc.. Onde os trabalhos honrados, os sacrifícios de tantos empreendedores e trabalhadores da terra, não se vejam mal remunerados porque existe um frete caríssimo (para pagar o combustível de uma petroleira esvaziada em seus recursos), onde existam rodovias em bom estado, facilitando o escoamento da safra e evitando milhares de mortes por ano. Vamos avançar para um futuro que deverá ser melhor, onde o Brasil volte a ser a terra de oportunidades aos investidores honestos, onde não se busque o negócio espúrio, onde o ganho rápido à margem da lei seja punido com rigor. Porque esta roubalheira atual faz com que hospitais não possam atender nossos filhos, e da mesma forma com todos os serviços básicos que por lei o brasileiro deveria receber. Como em todas as coisas a conscientização e a participação da maioria é que faz a diferença. Como falava Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”. Desculpem o desabafo, mas mesmo nós que trabalhamos em uma especialidade, dentro de uma linha de produção, devemos estar conscientes do momento histórico que atravessamos, e expor a todos o nosso ponto de vista para o bem da comunidade. Nesta edição vocês encontrarão matérias muito interessantes e lembrem que os editorialistas se encontram à sua disposição se desejarem aprofundar em algum aspecto. Também tenho a grande alegria de informar que a Dra. Vildes Maria Scussel e sua equipe serão responsáveis de agora em diante de uma coluna sobre fungos, um dos principais responsáveis pela perda de matéria seca e qualidade na armazenagem e manuseio de grãos. Para todas as coisas é necessário despertar. Despertar para a tecnologia, para a participação, para o desenvolvimento e aperfeiçoamento, etc.. Um dos grandes objetivos da Grãos Brasil é ajudar neste crescimento intelectual, motor das mudanças que nos levarão a um futuro melhor. Obrigado aos profissionais que reportam suas experiências, às empresas que veiculam seus anúncios e aos milhares de leitores da Grãos Brasil e do Grãos News. Que Deus abençoe sua família e trabalho. Com afeto.

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 06

Armazenamento de Milho: Resfriamento como Alternativa para Obtenção de Matéria Prima de Alta Qualidade| Eng. Ricardo Tadeu Paraginski e outros

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Parâmetros operacionais de secagem de soja e medidas de manejo tecnológico para redução das perdas no armazenamento| Eng. Bruno Artur Rockenbach e outros

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Qualidade e Segurança de Grãos - Fungos| Ph.D. Vildes M. Scussel

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Quebra-Técnica X Matéria Seca| Ph.D. Valdecir Dalpasqualle

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Revolução Do Frio - Adote a Tecnologia do Frio e seja um Ganhador Eng. Domingo Yanucci

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Engenharia Mega no processo de secagem de grãos

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Dicas de Conservação de Soja| Eng. Domingo Yanucci

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Pra não dizer que não falei da Soja| Osvaldo J. Pedreiro

Setores

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Editorial

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Não só de pão...

04 | Revista Grãos Brasil | Março/Abril 2016

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Cool Seed News

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Utilíssimas


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 05


¦Tecnologia¦ Armazenamento de Milho: Resfriamento como Alternativa para Obtenção de Matéria Prima de Alta Qualidade

Por: Eng. Ricardo Tadeu Paraginski|Prof. Instituto Federal Farroupilha | ricardo.paraginski@iffarroupilha.edu.br Lanes Beatriz Acosta Jaques |Graduanda Engenharia Agrícola | Instituto Federal Farroupilha Anderson Ely |Graduando Engenharia Agrícola | Instituto Federal Farroupilha

A produção brasileira de grãos de milho na safra de 2013/2014 foi aproximadamente 81 milhões de toneladas (CONAB, 2014), sendo este total de produção utilizado de diferentes formas, como alimentação animal, industrialização, consumo in natura, ou mesmo para exportação, necessitando os grãos possuírem qualidade elevada para atender a necessidade dos consumidores. Porém, apesar de toda a demanda de consumo, os grãos de milho muitas vezes são armazenados de forma incorreta, pois no momento da colheita os armazéns estão lotados, com outras espécies de grãos, que apresentam maior valor de mercado, fazendo parte de um cenário, conforme observado na Figura 1. Na Figura 1A, a produção de milho na safrinha, encontra no momento da colheita silos cheios, sendo a produção é deixada exposta a intempéries climáticas, como sol e chuva, e isto se deve principalmente a baixa capacidade estática de armazenamento em silos verticais (Figura 1B), que não suportam toda a produção. Uma alternativa que vem surgindo para os produtores são silos emergenciais (silo bolsa), que permitem o armazenamento por curtos períodos, devido a não se ter um controle no interior dessas estruturas de plástico (Figura 1C), porém este sistema apresenta elevados riscos para os produtores que o utilizam. 06 | Revista Grãos Brasil | Março/Abril 2016

(A)

(B)

(C)

Figura 1. Cenários do armazenamento de grãos de milho no Brasil.

Assim, devido a falta de estruturas de armazenamento, muitas vezes os grãos perdem qualidade, e chegam as indústrias com características que reduzem os rendimentos e a qualidade dos produtos obtidos. Desta forma, o produtor e as indústrias devem buscar boas condições de armazenamento para manutenção da qualidade desses produtos, surgindo assim o resfriamento artificial como uma alternativa para esses produtores, pois a matéria prima exigida deve apresentar elevada qualidade nutricional e tecnológica, seja para utilização nos processos de moagem úmida (wet milling) e/ou moagem seca. No processo de moagem úmida, obtem-se a grande maioria dos produtos, como amido, dextrose, xaropes, fibras, óleo, e alguns produtos fermentados. Já no processo de moagem seca, ocorre a produção de canjica, fubá mimoso, fubá comum, podendo o gérmen quando retirado pelos desgerminadores,


Acesse: www.graosbrasil.com.br ser utilizado para a extração de óleo. Para que os grãos estejam disponíveis durante todo o ano com qualidade elevada, estes necessitam ser armazenados em boas condições, entretanto apenas a redução da umidade até níves próximos a 13% não é suficiente, principalmente nas regiões mais quentes, como o centro-oeste brasileiro. Dentre os fatores que interferem na qualidade de armazenamento, além da umidade dos grãos, fatores ambientais como temperatura e umidade relativa do ar (URA) apresentam elevada importância, sendo que condições de elevada temperatura, aliada a URA elevada reduzem a qualidade dos grãos em pequeno intervalo de tempo, porém poucos trabalhos foram realizados até o momento para avaliar a qualidade do produto, principalmente após o crescimento do uso de resfriamento artificial de grãos no Brasil. Assim, buscando informações do comportamento dos grãos de milho submetidos ao resfriamento artificial, foi realizado um estudo com armazenamento nas temperaturas de 5, 15, 25 e 35°C durante 12 meses, ao abrigo da luz em sistema semi-hermético. Foram utilizados grãos com 14% de umidade, do grupo semi-duro, classe amarela, submetidos ao expurgo com fosfeto de alumínio (Gastoxin® B57) antes do armazenamento para evitar a influência dos insetos nos resultados. As avaliações foram realizadas no início, aos 3, 6, 9 e 12 meses de armazenamento. Na Figura 2 são

apresentadas as amostras durante o armazenamento.

Figura 2. Amostras de grãos de milho durante o armazenamento nas diferentes temperaturas utilizadas no experimento.

1. Classificação dos grãos A classificação dos grãos foi realizada por classificador oficial de grãos registrado no MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento com número EAC 1.867, de acordo com a Instrução Normativa MAPA n° 60, de 22 de dezembro de 2011, publicada no D.O.U de 23.11.2011. Os defeitos identificados e pesados para tipificação foram ardidos, chochos, imaturos, fermentados, germinados, gessados e mofados.

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¦Tecnologia¦ Tabela 1. Classificação dos grãos de milho armazenados nas temperaturas de 5, 15, 25 e 35°C durante 12 meses em sistema semihermético, de acordo com o regulamento técnico do MAPA (BRASIL, 2011).

* AP – Abaixo do padrão de comercialização.

Os resultados indicam que até os 6 meses de armazenamento, os grãos foram classificados como Tipo 1 em todas as temperaturas de armazenamento, entretanto dos 6 aos 12 meses de armazenamento, houve uma redução da qualidade do produto, sendo estes classificados como Abaixo do Padrão e Tipo 3, nas temperaturas de 25 e 35°C, respectivamente, e ao final de 12 meses de armazenamento, sendo classificados como Tipo 1 apenas os armazenados na temperatura de 15°C. Esta redução da tipificação do produto foi resultado do incremente de grãos mofados, ocasionado pelo desenvolvimento fúngico nos grãos.

relacionado a produção de micotoxinas, que quando produzidas pelos fungos, apresentam elevado potencial carcinogênico. O desenvolvimenteo fúngico em grãos é resultado de práticas inadequadas de armazenamento, principalmente temperatura e umidade elevadas. Dentre os gêneros de fungos mais importantes de armazenamento estão Fusarium e Aspergillus, onde a contaminação pode ocorrer ainda no campo durante o cultivo, ou mesmo durante o processamento, armazenamento e transporte. 3. Qualidade do óleo A avaliação da qualidade do óleo foi realizada pela determinação do índice de acidez, de acordo com as normas do Instituto Adolfo Lutz para análises de alimentos (2004), e os resultados expressos em mg de NaOH por 100 gramas de amostra.

2. Teor de grãos mofados Foram considerados para quantificação do teor de mofados, grãos ou pedaços de grãos que apresentavam contaminações fúngicas (mofo ou bolor) visíveis a olho nu, independentemente do tamanho da área atingida, bem como os grãos ou pedaços de grãos que apresentam coloração esverdeada ou azulada no germe, produzida pela presença de fungos, conforme a IN MAPA Nº 60/2011. Os resultados foram expressos em percentagem (%). Figura 4. Acidez do óleo dos grãos de milho armazenados nas temperaturas de 5, 15, 25 e 35°C durante 12 meses em sistema semihermético.

Figura 3. Teor de grãos mofados dos grãos de milho armazenados nas temperaturas de 5, 15, 25 e 35°C durante 12 meses em sistema semi-hermético.

O teor de grãos mofados aumentou nas quatro temperaturas ao final de doze meses de armazenamento, sendo os maiores valores foram observados nos grãos armazenados a 25°C, reduzindo a qualidade final do produto e aumentando os riscos para os consumidores, principalmente 08 | Revista Grãos Brasil | Março/Abril 2016

Os grãos de milho possuem entre 2 e 6% de óleo, onde aproximadamente 85% estão associados principalmente ao escutelo onde se localiza o gérmen, e durante o armazenamento, estes lipídios de superfície sofrem hidrólise para formar ácidos graxos livres. Os resultados de acidez indicaram um aumento na acidez do óleo ao longo do período de armazenamento, sendo que os maiores incrementos foram observados nos grãos armazenados na temperatura de 25°C, resultado de hidrólise e oxidação dos lipídios, aumentando o teor de ácidos graxos livres. A análise do teor de acidez, tradicionalmente realizada para acompanhar a qualidade de armazenamento, é uma variável de grande importância, porque durante o armazenamento as alterações ocorrem mais rapidamente nos lipídios, que são quimicamente menos estáveis que o amido e as proteínas, sendo possível observar redução da qualidade dos grãos. 4. pH dos grãos O pH foi determinado segundo método proposto por Rehman et al.(2002), onde determinou-se o pH de um filtrado de 2 gramas de amostra moída (80 mesh tamanho)


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¦Transportadores¦ ¦Gestão¦ ¦Tecnologia¦ em 20 mL de água destilada, utilizando um eletrodo de vidro pH metro (Pye Unicam, Inglaterra).

5. Solubilidade proteica A solubilidade de proteínas em água foi determinada de acordo com o método descrito por Liu et al. (1992), com modificações, e determinadas pela relação do teor de proteína solúvel com o teor de proteína bruta.

Figura 5. pH dos grãos de milho armazenados em diferentes temperaturas durante 12 meses em sistema semi-hermético.

Os resultados indicaram que houve redução nos valores de pH dos grãos com o aumento do tempo de armazenamento, e as maiores reduções foram observadas com o aumento da temperatura de armazenamento, principalmente a 35°C, e juntamente com a acidez do óleo, são parâmetros para avaliação da qualidade dos grãos. As maiores reduções do pH da farinha observadas a 35°C, indicam maiores quantidades de íons H+ dispersos, e maiores alterações na qualidade dos grãos, entretanto no valor da acidez dos lipídios, as alterações foram menores, quando comparados aos grãos armazenados nas temperaturas de 5, 15 e 25°C, provavelmente devido a redução da umidade dos grãos na temperatura de 35°C, onde os valores reduziram de 14% para 7,79% ao final de 12 meses de armazenamento, devido ao equilíbrio higroscópico dos grãos.

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Figura 6. Proteína solúvel dos grãos de milho armazenados em diferentes temperaturas durante 12 meses em sistema semi-hermético.

Os resultados indicaram que houve uma redução para os grãos armazenados nas temperaturas de 5, 25 e 35°C, sendo as maiores alterações observadas na temperatura de 35°C, indicando um fortalecimento das interações proteicas, e afetando características tecnológicas importantes para o processamento industrial dos grãos. Trabalhos realizados com milho mostram que alterações nas proteínas são os principais fatores que provocam alterações nas propriedades reológicas relacionadas a alterações dos grãos durante o armazenamento, sendo que um pequeno aumento nas ligações dissulfídicas da estrutura proteica, pode reduzir a solubilidade e afetar o processo de gelatinização da farinha.


Acesse: www.graosbrasil.com.br 6. Propriedades do amido extraído O amido dos grãos de milho foi extraído ao final de 12 meses de armazenamento pelo processo de moagem úmida, tradicionalmente utilizado na indústria alimentícia, e utilizou-se temperatura de 50°C durante 20 horas para hidratação dos grãos, com posterior moagem e separação da fração proteica do amido com centrifugação, e secagem do amido isolado na temperatura de 40°C durante 12 horas. Os parâmetros colorimétricos foram determinados em colorímetro Minolta modelo CR-300 com 10 determinações em cada amostra. O teor de proteína bruta e lipídios foram realizados de acordo com metodologia da Association of Official Analytical Chemists (AOAC, 2006). Tabela 2. Rendimento de extração, parâmetros de cor e pureza do amido isolado de grãos de milho armazenados nas temperaturas de 5, 15, 25 e 35°C durante 12 meses em sistema semi-hermético.

Valores com letras diferentes em cada coluna são significativamente diferentes (p≤0,05). b L* (100= branco; e 0= preto), e b* (positivo= amarelo; e negativo= azul). a

Os resultados indicaram que o menor rendimento de extração de amido foi encontrado para os grãos armazenados na temperatura de 35°C, sendo que para as demais temperaturas não houve diferença estatística, quando comparado aos valores observados no início do armazenamento. Juntamente com a redução do rendimento de extração na temperatura de 35°C, houve uma redução do valor L* e um aumento do valor b* do perfil colorimétrico, resultado do incremento do valor residual de proteína no amido, que era 0,23% e passou para 0,74% ao final de 12 meses. Esse aumento observado no teor residual de proteína é resultado do fortalecimento das ligações dissulfídicas durante o armazenamento, observadas pela redução da solubilidade proteica, que dificultam a separação do amido e da proteína durante o processo de moagem úmida, tradicionalmente utilizada para extração de amido de milho. O aumento do valor b* indica que o amido extraído dos grãos armazenados a 35°C ao final de 12 meses de armazenamento, apresenta uma coloração mais amarela, sendo esta característica indesejada pelos consumidores, além desse resíduo proteico afetar negativamente as propriedades de pasta, viscoamilográficas, térmicas e de cristalinidade do amido. Desta forma, muitas vezes para atender essas exigências, são realizados tratamentos químicos com hipoclorito de sódio, ou outros agentes

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¦Tecnologia¦ clarificantes, de acordo com o que está previsto na legislação, para promover um branqueamento do amido. O uso de resfriamento artificial, com manutenção das temperaturas dos grãos de milho próximo a 15oC, resulta: • Menor teor de grãos mofados; • Maior teor de germinação; • Maior qualidade tecnológica dos grãos, observados pelos valores de pH, solubilidade proteica, condutividade elétrica; • Melhor cor dos grãos, principalmente a coloração amarelada que é desejada pelos consumidores, melhor rendimento de extração, pureza e cor do amido isolado; • Manutenção das propriedades de pasta, térmicas, morfológicas e de cristalinidade do amido, similar ao inicial. Portanto, a utilização da técnica de resfriamento artifical, reduzindo à temperatura de armazenamento de grãos de milho para valores próximos a 15°C é uma alternativa para a manutenção da qualidade do produto, principalmente quando se busca rendimento industrial maior, produtos e derivados de maior qualidade. Grãos de milho destinados ao processamento de moagem úmida necessitam ser

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armazenados em temperaturas inferiores a 35°C, pois os resultados mostraram que a qualidade do amido é reduzida. Além disso, a tipificação do produto é afetada em temperaturas de 25 e 35°C, juntamente com aumento da acidez do óleo e redução do pH dos grãos, confirmando que o uso de resfriamento dos grãos, com armazenamento em temperaturas de 15°C, além de auxiliar no controle de pragas durante o armazenamento, mantém a qualidade da matéria-prima por maiores períodos de tempo.


¦Secagem¦ Parâmetros operacionais de secagem de soja e medidas de manejo tecnológico para redução das perdas no armazenamento Bruno Artur Rockenbach | Eng. Agrônomo, Mestrando da UFPel em Ciência e Tecnologia de Alimentos | brunorockenbach7@hotmail.com Miriã Miranda Silveira | Acadêmica em Agronomia, bolsista de Iniciação Científica DCTA-FAEM-UFPel | miri.silveira@homail.com Franciene Almeida Villanova | Engª. Agrônoma, Mestranda da UFPel em Ciência e Tecnologia de Alimentos | franciene@labgraos.com.br Nathan Levien Vanier | Prof. Dr. do Depto de Ciência e Tecnologia Agroindustrial UFPel. | nathanvanier@hotmail.com Moacir Cardoso Elias | Prof. Dr. do Depto de Ciência e Tecnologia Agroindustrial UFPel. | eliasmc@uol.com.br Maurício de Oliveira | Prof. Dr. do Depto de Ciência e Tecnologia Agroindustrial UFPel. | mauricio@labgraos.com.br

A produção de grãos com elevada qualidade requer, entre outras recomendações, que o produto seja colhido sadio e no momento adequado, reduzindo as perdas ocasionadas no campo pela ação de insetos, microrganismos e intempéries climáticas. Os processos que definem o sucesso no armazenamento de grãos de soja são realizados, principalmente, na safra, assim que os grãos são colhidos. A limpeza, a secagem, o método de carregamento dos silos e graneleiros, a termometria, a aeração e o sistema de exaustão são considerados pontos-chave para a conservação dos grãos no armazenamento. Uma vez que os grãos são geralmente colhidos com umidade elevada, a secagem constitui uma das operações de primordial importância entre as técnicas envolvidas na conservação da qualidade e na manutenção do valor nutritivo de produtos de origem vegetal.Por se tratar de grão oleaginoso, a soja possui baixa higroscopicidade, e o grão atinge o equilíbrio higroscópico com um teor de água menor se comparado a grãos que possuem alto teor de carboidratos, como o arroz e o milho. A recomendação para

armazenamento de soja, para adequada conservação dos grãos é que o teor de água não ultrapasse 12%. No entanto, vender soja com 12% de umidade, representa deixar de ganhar 2% de toda a massa comercializada, já que a base de teor de água para a comercialização da soja nos mercados nacional e internacional é 14%. O armazenamento por período prolongado a 14% de umidade, especialmente em um país tropical como o Brasil, onde a temperatura média diária é relativamente alta, pode ocasionar perdas na qualidade dos grãos. Em tais condições, a atividade de água (Aw) permite a intensificação das reações químicas e enzimáticas, a aceleração do metabolismo e ainda viabiliza o desenvolvimento de fungos e bactérias. Um aumento de 5°C implica na duplicação da taxa metabólica, e aumento do consumo de matéria seca. Os prejuízos causados em grãos armazenadas com umidade acima da recomendada e temperatura elevada são notados na forma de defeitos metabólicos, que são aqueles que evoluem com o tempo de armazenamento, como os grãos manchados, fermentados, ardidos e queimados, por exemplo, (Figura 1). GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 13


¦Secagem¦ Figura 1. Grãos de soja fermentados (A), ardidos (B) e queimados (C).

(A)

(B)

(C)

Pesquisas realizadas no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (LABGRÃOS), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), acerca do armazenamento de grãos de soja sob influência de diferentes condições de umidade e temperatura, apontam que o armazenamento de soja com teor de água acima de 12% e temperaturas de armazenamento superiores a 25°C proporcionam aumentos significativos na acidez lipídica, alterações de cor e reduções no peso de mil grãos, no peso volumétrico, no índice de solubilidade proteica e no teor de óleo, entre outras. O aumento na acidez lipídica é fruto da rancificação hidrolítica, promovida pela ação de enzimas lipases. As lípases catalisam a hidrólise de óleos e gorduras liberando ácidos graxos, diacilgliceróis, monoacilgliceróis e glicerol. Enzimas lipoxigenases são favorecidas por atividade de água e temperatura elevadas. As lipoxigenases catalisam a oxidação de ácidos graxos poliinsaturados, gerando hidróperóxidos na presença de oxigênio. O produto da reação é instável e se degrada espontaneamente em compostos de menor massa molecular e aroma característico de ranço. O armazenamento com grau de umidade próximo a 14% por longos períodos é possível. No entanto, neste caso, medidas especiais de aeração ou de resfriamento artificial – quando as condições ambientais do ar não permitirem arrefecimento da massa de grãos – são tecnologias valiosas para garantir a conservabilidade. A determinação do grau de umidade dos grãos antes, durante e após a secagem é realizada por métodos diretos e/ou indiretos. Os métodos diretos (desidratação em estufa, destilação e evaporação direta da água em banho de óleo) mensuram o real conteúdo de água presente no grão. Possuem exatidão, mas sua execução exige tempo prolongado e trabalho meticuloso, sendo usualmente utilizados para a calibração dos medidores indiretos. Os métodos indiretos envolvem a medição de uma propriedade elétrica, química ou outra da amostra. Neste caso o teor

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de água é determinado matematicamente, relacionando a propriedade elétrica, por exemplo, com o teor de água. Como vantagem, os equipamentos que determinam o teor de água por método indireto apresentam fácil manuseio, leitura direta e rapidez da operação, porém são menos precisos do que os diretos. O erro na determinação de umidade na etapa de secagem pode ser crucial para a etapa de armazenamento. De forma geral, quando os métodos indiretos apontam umidade dos grãos quentes de 14,0%, base para comercialização, os grãos estão com cerca de 13,0% de umidade. Esta diferença de 1%, portanto, é a quantidade de grãos de soja que o produtor deixará de ganhar ao entregar o produto a empresa compradora, sendo esta uma das origens da quebra técnica. O termo “quebra técnica” engloba todas as perdas de caráter quantitativo, que podem ser decorrentes de diversos fatores como o desenvolvimento de fungos, ataque de insetos, roedores e até por erros na determinação de umidade dos grãos. As maiores disparidades de leitura entre os aparelhos de medição indireta com o equipamento de medição direta (leitura real) ocorrem quando os grãos estão quentes, saindo do secador. Isto acontece por causa do aumento da pressão interna do grão com o aquecimento dos mesmos. Logo, aumenta a taxa de difusão e, assim, ocorrem os erros de leitura dos medidores indiretos. A orientação para os operadores da secagem é utilizar os dois métodos paralelamente, para algumas amostras específicas, criando uma curva comparativa de avaliação. Dessa forma, são aliadas a alta precisão dos métodos diretos e a rapidez de determinação de métodos indiretos. Os secadores mais utilizados para a secagem de soja no Brasil são os denominados convencionais de fluxo contínuo, com calhas paralelas ou colunas, que utilizam como combustível a lenha. Os secadores de fluxo contínuo possuem como principal características a velocidade de operação, atenuação de danos mecânicos e utilização de altas temperaturas. O principal cuidado na utilização deste método é o risco de dano térmico. Os principais parâmetros que devem ser considerados e irão definir a eficiência deste método de secagem são a temperatura do ar de secagem, a temperatura da massa de grãos, a umidade relativa do ar de secagem, a vazão de ar do secador, a pressão de funcionamento do secador e o fluxo de passagem dos grãos pela torre de secagem. A secagem continua pode utilizar temperaturas do ar de 70°C a 130°C na entrada do secador, desde que os grãos não contenham muitas impurezas e matérias estranhas, e que seja feita inspeção diária com remoção de palhas e poeiras para evitar incêndios. No entanto, é recomendado que o operador da secagem não utilize temperaturas superiores a 110°C, e através do controle da temperatura de massa de grãos (≤ 40°C), bem como, através da observação dos grãos na saída do secador, defina uma temperatura que melhor otimize o processo para o seu equipamento, evitando danos térmicos aos grãos. O controle da temperatura do ar secagem deve ser realizado administrando a queima do combustível,


mantendo o exaustor em plena vazão de ar. É de fundamental importância para a conservação de grãos de soja que a secagem seja realizada de forma rápida e eficiente, no menor intervalo possível entre a colheita e o armazenamento. Porém, muitas vezes os grãos permanecem por dias na caçamba de caminhões, nas filas para descarregamento, ou em compartimentos inadequados sem sistema de aeração e termometria. Para agravar ainda mais a situação, a secagem, quando efetuada, é realizada com temperaturas elevadas para que o processo seja rápido, com o objetivo de redução da umidade do produto no menor intervalo de tempo possível. Esta situação é comum no Brasil. O processo de secagem, independente do sistema utilizado, é composto por duas etapas hidrotérmicas distintas e complementares, que incluem difusão da água do interior do grão para a periferia e a evaporação da água periferia, sendo a primeira endotérmica e a segundo isoentálpica. A água que está aderida na periferia do grão é facilmente removida por evaporação. Já a água que está na parte mais interna do grão precisa sofrer difusão para a parte mais externa e ser evaporada. No caso de grãos úmidos submetidos a secagem rápida a altas temperaturas, como citado anteriormente, não há tempo para difusão da água que está na parte mais interna para a parte mais periférica do grão. Neste caso teremos os grãos popularmente denominados “olho de gato” (periferia clara e centro escuro). Em secadores de fluxo contínuo é comum não ocorrer a redução da umidade até o nível desejável em apenas uma passagem pela torre de secagem, sendo necessário recircular esses grãos pelo interior do secador. A recirculação pode ser imediata ou após um período de repouso, à noite ou após o pico de safra. Quando a recirculação é realizada de maneira imediata, o aumento excessivo de temperatura com o objetivo de adicionar energia na forma de calor ao ar de secagem pode comprometer o tegumento dos grãos, ocasionando rupturas que serão a porta de entrada para fungos e bactérias (Figura 2). Temperaturas do ar de secagem acima de 110°C, no período final de secagem, podem promover a ruptura do tegumento da soja.

Figura 2. Grãos de soja com ruptura do tegumento ocasionada pela alta temperatura de secagem.


¦Secagem¦ O processo recomendado para a secagem de grãos de soja colhidos com umidade elevada, próximas a 22%, é uma redução parcial da umidade com apenas uma passada pela câmara de secagem. Posteriormente os grãos devem ser transportados até um silo-pulmão, o qual deve ser carregado com o sistema de aeração já em funcionamento. Outra estrutura da unidade armazenadora, como um silo aerador ou silo com resfriamento artificial, também pode ser utilizado para alocar os grãos que após uma passagem pela câmara de secagem apresentarem teor de água entre 15 e 16%. A energia térmica presente no grão devido ao calor utilizado durante a secagem, juntamente com a diferença de potencial entre a parte mais interna e a externa do grão (gradiente hídrico), gerado a partir da evaporação da água da periferia, permite uma maior difusão das moléculas de água. Após algumas horas, o processo de difusão da água já terá ocorrido e os grãos devem retornar do silo-pulmão para o secador. A secagem é completada até que os grãos atinjam o grau de umidade desejado para o armazenamento. O processo de secagem pode ser otimizado com a utilização de silo-pulmão dotado de sistema de aeração com elevado fluxo de ar, aumentando a taxa de difusão e, dessa forma, reduzindo o tempo total de secagem. A secagem contínua de soja com 20% de umidade até 12%, sem que a difusão de água no grão seja favorecida, pode culminar no aumento de temperatura da massa de grãos no período final da secagem. Isto acontece quando o processo isoentálpico não é respeitado. Na Figura 3 é apresentado um estudo de caso realizado pela equipe do LABGRÃOS da UFPel.

Figura 3. Temperatura do ar de secagem e da massa de grãos em soja submetida a secagem em coluna inteira. Umidade inicial de secagem: 20%. Umidade final de secagem: 12%. Com aproximadamente 100 minutos de secagem a temperatura do ar excedeu 110°C. As setas indicam pontos críticos, onde a temperatura da massa de grãos chegou a exceder 45°C.

Ao receber grãos com umidade próxima a 18% a orientação é ajustar o fluxo de grãos para realizar a secagem com uma única passagem dos grãos pela torre secagem ou realizar a recirculação da massa de grãos pelo interior do secador. Nessa condição de umidade (18%) a difusão da água 16 | Revista Grãos Brasil | Março/Abril 2016

das camadas mais internas para as mais externas é dificultada e sua eficiência depende do aumento na entalpia do sistema de secagem, pelo aquecimento do ar. Na última hora de secagem os operadores não devem utilizar temperaturas de secagem superiores a 100°C na entrada de ar do secador, pois nesta fase da secagem o teor de água presente nos grãos é baixo e o processo isoentálpico é dificultado. Como resultado têm-se o acúmulo de energia nos grãos, na forma de calor, elevando o gradiente de pressão interno. Embora a utilização de alta temperatura nesta fase da secagem não apresente dano imediato, visível a olho nu, o dano latente acontece e pode intensificar a incidência de defeitos metabólicos ao longo do armazenamento. Para evitar danos latentes, a temperatura da massa de grãos deve ser baixa, de preferência inferior a 40°C. Na Figura 4 é apresentado um estudo de caso realizado pela equipe do LABGRÃOS-UFPel em sistema de secagem contínuo, utilizando meia coluna com arrefecimento. Neste método, a parte superior da câmara de secagem é utilizada para secagem enquanto a parte inferior é utilizada para arrefecimento, passando apenas ar ambiente por entre a massa de grãos. A principal vantagem do método em meia coluna com arrefecimento é que os grãos já chegam arrefecidos no silo aerador ou no armazém graneleiro.

Figura 4. Temperatura do ar de secagem e da massa de grãos em soja submetidTemperatura do ar de secagem e da massa de grãos em soja submetida a secagem em meia coluna com arrefecimento. Umidade inicial de secagem: 17,5%. Umidade final de secagem: 12,5%. Em nenhum momento a temperatura do ar excedeu 100°C e a da massa de grãs 42°C.

A utilização de práticas inadequadas de secagem, aliada a permanência dos grãos no interior dos silos ou armazéns por longos períodos em temperaturas elevadas, acelera o processo metabólico e intensifica a ocorrência de alguns defeitos, como grãos ardidos, mofados e queimados (Figura 1), durante o processo de armazenamento, comprometendo a tipificação final do produto no momento da comercialização. A soja comercializada no Brasil é classificada em dois grupos: soja destinada ao consumo in natura (grupo I) e soja destinada a outros usos (grupo II). A maior parte


Acesse: www.graosbrasil.com.br da soja comercializada é enquadrada no grupo II, sendo, as especificações de qualidade balizadas pela Instrução Normativa MAPA N°11, de 15 de maio de 2007 (Tabela 1). O armazenamento dos grãos de soja é facilitado quando uma secagem correta é realizada, geralmente até teor próximo a 12%, pois nessa condição a atividade metabólica do grão é baixa, ocorrendo à redução da atividade da água para níveis inferiores a 0,6. A baixa atividade de água, dificulta a ocorrência de rancidez hidrolítica na fração lipídica, responsável pela formação de odores desagradáveis, desenvolvimento fúngico e aparecimento de defeitos nos grãos que podem comprometer a aptidão comercial do produto. Tabela 1. Limites máximos de tolerância, expressos em porcentagem, para a soja do Grupo II. Fonte: Intrução Normativa MAPA N°11, de 15 de maio de 2007.

Fonte: Intrução Normativa MAPA N°11, de 15 de maio de 2007.


¦Fungos de Armazenagem¦ Qualidade e Segurança de Grãos - Fungos Por: Vildes M Scussel, Ph.D., P.D|PLaboratório de Micotoxicologia e Contaminantes Alimentares – LABMICO

Depto. de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Ciências Agrárias Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – Brasil

Estamos iniciando uma nova coluna na Revista Grãos Brasil em que serão abordados temas relacionados a FUNGOS e os grãos. Terá um crescendo de informações desses organismos vivos cuja proliferação interfere coma qualidade e segurança de grãos desde seu desenvolvimento ainda na planta, passando pela armazenagem (nas Unidades Armazenadoras de grãos – UAGs) até sua comercialização (para consumo humano/exportação e/ou animal). Alterações nas características da matéria prima utilizada nas indústrias de alimentos podem influenciar nos padrões de qualidade (FÍSICA: desenvolvimento das massas; QUÍMICA: formação / presença de enzimas necessárias ao desenvolvimento de textura, flexibilidade; alterações sensoriais e nutricionais) e segurança (FUNGOS- DETERIORANTES: proliferação, micoses/ TOXIGÊNICOS: toxinas, intoxicações) de seus produtos. Embora diferentes contaminantes possam chegar aos grãos tais como: AGROTÓXICOS (inseticidas/fungicidas: provenientes de aplicações no campo; em correias transportadorase fumigaçõesnos grãos já armazenados), METAIS PESADOS (poluição ambiental, resíduos de agrotóxicos), HIDROCARBONETOS POLINSATURADOS AROMÁTICOS (ambiente: chaminés industriais / queimadas / poluição de rodovias e processos de pré-armazenagem: secagem), FEZES & URINA (pombos / roedores: acarretando 18 | Revista Grãos Brasil | Março/Abril 2016

doenças) e ORGANISMOS VIVOS (insetos / ácaros / leveduras / bactérias), um em particular desse grupo, os FUNGOS que podem levar às grandes perdas inclusive através dos metabólitos tóxicos formados- as micotoxinas – foco dessa Coluna.

Ph.D. Vildes M. Scussel | vildescussel_2000@yahoo.co.uk


Acesse: www.graosbrasil.com.br OBJETIVO: A Coluna visa trazer informações sobre os fungos de campo, de armazenagem, os efeitos da carga fúngica sobre os grãos, fatores que favorecem seu desenvolvimento, métodos de controle, prevenção, formação de micotoxinas e descontaminação. Os temas que estarão nos próximos exemplares serão por ordem: (a) Principais gêneros e espécies de fungos de campo e de armazenagem e suas características; (b) Fungos indicadores de qualidade de grãos armazenados; (c) Gêneros Alternaria, Fusarium, Aspergilluse Penicillium incluindo Rhysopus e Mucor, suas espécies, implicações de sua presença no desenvolvimento de grãos (campo, colheita e armazenagem); (d) Leveduras; (e) Fatores climáticos e interiores que favorecem a proliferação e seu controle; (f) Legislação (nacional / internacional); (g) Interação entre fungos e insetos; (h) Coleta de amostras –representatividade e planos de amostragem (à granel/ sacas); (i) Exigências das industrias de alimentos (produtos a base de carboidratos/farinha – panificação/massas/ biscoitos/confeitaria) e de rações (bovinos/suínos/aves/ pets); (j) Toxigenicidade de cepas; (k) Aplicação de BPM/A e APPCC nas UAGs e (l) Laboratório de análises para avaliar a segurança de grãos.

Scussel, VM; Christ, D; Valmorbida, R; Kreibich, H; Savi, GD. (2015) Características microscópicas de deteriorações em grãos de soja por fungos e enzimas. VII Congresso Brasileiro de Soja & Mercosoja’ 2015, 22-25/Junho Florianópolis, SC.

Figura 1. Microscopia eletrônica do fungo do gênero Aspergillus em grãos de soja deriorados (Scussel et al, 2015).




¦Quebra Técnica¦ Quebra-Técnica X Matéria Seca Por: Ph.D. Valdecir Dalpasqualle| Consultor E3 Eficiência Energética

O que quebra-técnica de um lote de produtos agrícolas (arroz, feijão, milho, soja, trigo,...) tem em comum com a quantidade de matéria seca nessa massa? Muitos problemas em uma unidade de armazenagem desses produtos não existiriam, ou poderiam ser minimizadas se a quantidade do material de interesse fosse determinada com base na sua matéria seca. Mas, por que, então, as empresas não agem dessa maneira? Talvez, as contas com umidade precisassem ser mais discutidas. Por exemplo, um mesmo lote de um produto agrícola pode ter massa diferente em tempos distintos, porque a quantidade de umidade presente nele pode alterar. O restante do material, a matéria seca, não sofre mudanças significativas, o que permite saber se diferentes massas totais são as mesmas em tempos diferentes. Mas, antes de se mostrar números a respeito disso, é recomendável conhecer a forma de expressar umidade em base úmida, ou em base seca. Umidade base úmida é a relação entre a quantidade de umidade presente em uma massa e a sua quantidade total, ou seja, essa mesma quantidade de umidade mais aquela de matéria seca. Como é uma relação entre uma parte do material pelo seu total, basta multiplicar essa proporção por 100 e ela passa a ser a porcentagem de umidade. Por exemplo, uma tonelada de soja com 20% de umidade contém 200kg de umidade e os restantes 800kg, de matéria seca. Por outro lado, se a forma de expressar umidade for base seca, as coisas são um pouco diferentes. Umidade base seca é a proporção entre a quantidade de umidade em um lote e a matéria seca presente nele. Assim, aquela mesma tonelada de soja com 20% de umidade tem a proporção de 200kg de água pelos 800kg de matéria seca, ou seja, 200/800 = 0,25 base seca. Nesse caso, é incorreto dizer 25% base seca, apenas porque a proporção foi multiplicada por 100, uma vez que o valor em base seca não expressa a proporção de quanto de um material existe 22 | Revista Grãos Brasil | Março/Abril 2016

em toda a massa. Por isso, quando se expressa um valor de umidade em porcentagem não é preciso dizer “porcentagem base úmida”. Se ele estiver corretamente representado em porcentagem, só pode ser em base úmida. Mostra-se, a seguir, como evitar problemas com quebratécnica de um lote de produtos agrícolas, com base em dados entre duas empresas comerciais, sem as identificar. Uma delas contratou um armazém da outra, para guardar 410.710 sacos de soja, com umidade média de 12,77%, ou 87,23% de matéria seca, o que foi quantificado como 24.642.600kg de massa total, mas 21.495.739,98kg de matéria seca, o que deverá ser o valor tratado na devolução da soja. A quantidade de impurezas presente nesse lote

Ph.D. Veldecir Dalpasquele | dalpasquale@secarmazena.com.br



¦Quebra Técnica¦ não foi descontada. Algum tempo depois, o lote foi devolvido, agora como 410.430 sacos, mas as impurezas, na ordem de 0,076%, foram deduzidas, o que resultou em um lote de 410.118 sacos de soja. Assim, a proprietária do lote clamou falta de 592 sacos de soja, a diferença entre as massas entrega e devolvida (410.710 – 410.118). Dois pontos básicos não foram abordados até aqui: a umidade do lote devolvido não era a mesma de quando foi entregue, pois, ao retornar, ele estava com umidade média de 13,14%, talvez devido ao ar recebido durante a armazenagem, que gerou esse pequeno reumedecimento da massa; o segundo ponto a ser discutido deve ser as perdas de 0,5% aceitas em todas as transferências de massas de produtos agrícolas, por perdas durante a sua movimentação, ou pelas sobras no armazém, nos transportadores, ou mesmo por queda dos veículos usados no transporte. Mas, afinal, qual é a quantidade exata de soja a ser devolvida? As devidas avaliações podem ser feitas tanto com umidade em base úmida, com em base seca. Nessa última forma é mais rápido e pode ser mais fácil de entender, porque se usa a quantidade invariável do produto, a matéria seca. Conforme já indicado, 410.710 sacos de soja foram entregues, o que foi quantificado como 24.642.600kg. Este último valor pode estar correto, pois é o resultado de leituras feitas na balança, mas o número de sacos foi obtido

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de maneira incorreta. Um saco de soja tem a massa de 60kg somente quando ela estiver com 14% de umidade. Como o lote tinha umidade média de 12,77%, cada saco teria a massa de 59,15kg, ou seja, na verdade foram entregues 416.584,3 sacos. Durante a armazenagem, a soja deve ter recebido ar ambiente para não aquecer a massa, mas com condições de reumedecê-la levemente até 13,14% de umidade, o que corresponde a 86,86% de matéria seca. Aquela massa inicial de matéria seca permite identificar que, com essa umidade, o lote passa a ser de (21.495.739,98/0,8686) 24.747.670,78kg. Como a empresa proprietária identificou e descontou 0,076% de impurezas, a massa a ser entregue deveria ser de (24.747.670,78/(1-0,00076)) 24.766.393,24kg, mas é preciso descontar 0,5% das perdas por movimentação da massa. Assim, a quantidade de soja a ser devolvida deve ser (24.766.393,24*0,995) 24.642.561,27kg. Como ela recebeu 24.642.600kg, faltam apenas 8,73kg de soja, ou seja, nenhuma quebra-técnica realmente ocorreu. O serviço prestado pela locadora do armazém de boa qualidade. Assim, ao invés de uma disputa por 592 sacos de soja indevidamente avaliados, pode-se chegar ao consenso de tudo foi devolvido, segundo as normas oficiais de mercado. Perdas de 0,5% por movimentação são uma realidade incontestável. O que se espera é a correta avaliação da variação na massa total, preferencialmente usando umidade base seca.


¦Refrigeração¦ Revolução Do Frio

Adote a Tecnologia do Frio e seja um Ganhador

Por: Eng. Domingo Yanucci | Consulgra - Granos - Grãos Brasil | graosbr@gmail.com

Toda a produção de grãos depende em grande parte do clima da região e a Pós-Colheita não se diferencia muito disto. Por isso as normas de comercialização estão feitas considerando as condições climáticas predominantes, já que não tem sentido produzir e comercializar se não existe a possibilidade de conservar. Então os standards e bases de comercialização estabelecem níveis de humidade, avariados, picados, ardidos, glúten, etc., se definem quebras técnicas por secagem, limpeza, manipulação, respiração, etc., para um determinado grão, em um determinado clima. Agora, há poucos anos temos a possibilidade de sair da dependência climática para a Pós-colheita de grão, sementes, pellets, etc. Dotando nossas instalações de uma tecnologia que parecia distante: a refrigeração de Cool Seed! As normas de comercialização não vão mudar rapidamente, mas incorporando a tecnologia de refrigeração podemos aproveitar uma oportunidade valiosíssima. Essencialmente com um investimento de menos de 3% das instalações (uma só vez) se ganha entre 30 e 40% a mais em todas as safras.

Vocês podem facilmente diminuir suas perdas de 1 a 2% do volume armazenado, e isto faz uma enorme diferença. Lucro mínimo em percentagem: Diminuição de perdas de peso: • Por humidade: 0,5 % • Por respiração: 0,3 % • Por manuseio: 0,2 % Diminuição de perdas de qualidade: Poder e energia germinativa – fungos – insetos – etc: 0,5 % Isto no que diz respeito ao peso do produto (Capital) que vocês estão manejando. A este deve-se somar as vantagens econômicas que surgem pela diminuição de: • Gastos de praguicida: R$ 0,80 – 2,00/t • Gastos de energia eléctrica: R$ 0,8 0 /t Melhor uso das instalações (secagem – aeração – peneiras) e qualidade do produto final: • Ganho de R$ 4,00 – 8,00 /t GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 25


¦Refrigeração¦ Como sabemos a secagem é a prática mais onerosa, ao incorporar a refrigeração podemos aumentar a humidade de saída do secador, aumentar o rendimento da máquina, diminuir o gasto de secagem. Lembremos que se podem usar os mesmos dutos de aeração que dispõe atualmente as instalações (sempre que estejam bem dimensionados), logrando resfriamentos de 3 a 4 vezes mais rápidos a menores níveis de temperatura e com ar de humidade ótima. Com a refrigeração se terá um manejo de secagem mais seguro, mais econômico e rentável. Então, se tomarmos um grão de R$ 800,00/t, os 2 % que é fácil de se recuperar nas perdas atuais significam R$ 16,00/t. praticamente 40 % de seu custo atual. A refrigeração não só é a melhor ferramenta para conservação, mas também é uma ferramenta magnífica para o acondicionamento (complementando a secagem), podemos refrigerar antes de entrar na secagem, para desafogar o secador e permitir secar de maneira mais eficiente; podemos secar até um nível menor, refrigerar e depois voltar ao secador ou algo ainda melhor, trabalhar com o secador a todo calor, e retirar o grão ainda quente com 1 a 2 % sobre a base e logo em seguida ao repouso (tempering) dar refrigeração para terminar de secar e resfriar a mercadoria. Com isto a última passagem pelo secador poderá ser de 60 a 100 t/h (mais de 50 % de aumento no rendimento), diminuindo o consumo de combustível em 30 % e ganhando notavelmente em qualidade. O custo de secagem diminui de 30 a 40 %, ou seja, da ordem de R$ 4,00 a 8,00/t. QUEBRANDO MITOS O mito do gasto elevado Por ex. Uma máquina de refrigeração de 1000 t por dia, consume 180 KWh, ou 4,5 Kwh/t, tomando um valor de 0,4/ kwh, temos um gasto de R$ 1,80/t O que é mais econômico em um armazém? Praticamente nada: • Manuseio: R$ 2,00/t • Praguicida: R$ 4,00/t • Secagem: R$ 16,00/t • Peneira: R$ 2,40/t O mito do investimento elevado Um armazém de 50.000 t implica em um investimento em torno de R$ 24.000.000,00 para a instalação de uma máquina grande de refrigeração estaria em R$ 600.000,00 ou 2,5 % do investimento total. Com um investimento de 2 a 3 % sobre o total se muda para melhor todo o armazém. O mito que em regiões mais frias não é necessária a refrigeração Ainda em regiões mais frias é difícil no verão os grãos atingirem menos de 20ºC. Com a refrigeração levamos a 15ºC em época mais quente, reduzindo a respiração pela metade, impedindo o desenvolvimento dos insetos, etc.. E algo mais importante, podemos resfriar sem secagem (se 26 | Revista Grãos Brasil | Março/Abril 2016

este é o objetivo) porque incorporamos ar com a temperatura e a umidade desejada. A rapidez também é um fator a se considerar, com uma aeração convencional levaríamos de 10 a 15 dias, e com a refrigeração apenas 1 (Um) dia. O mito de que uma máquina grande resolve todo Por exemplo: se temos uma máquina grande (capacidade de 1000 t/dia de resfriamento) podemos resfriar teoricamente mais de 300.000 t em um ano. Para uma recepção de 60.000 t/mês, o investimento se amortiza em um ano. A verdade é que se a capacidade de recepção supera em muito a capacidade de refrigeração, vai gerar um remanescente diário que vai demorar para ser refrigerado. Por isso, para cada máquina se estabelece um nível ótimo, um limite recomendável e um limite máximo. Por exemplo: para uma máquina de 1000 t/dia, o ideal é não superar as 30.000 t de recepção por mês, o limite ótimo recomendado é de 50.000 t/mês e o máximo 60.000t/mês. Desta forma se amortiza no máximo em 2 anos. Consideremos que normalmente temos a colheita de verão, a de outono e em algumas regiões a de inverno. Assim que a refrigeração na verdade vamos utilizála largamente. É recomendável não se demorar em investir em tecnologia que dê retorno. Adotar e adaptar suas instalações, manuseios e produtos com a melhor tecnologia de póscolheita da atualidade, transformando-se em uma empresa de ponta, cada dia mais rentável e que oferece uma matéria prima de qualidade garantida. Tenha em conta que o frio é maravilhoso para nossa póscolheita, mas a tecnologia deve chegar de mãos confiáveis com experiência, com um ótimo serviço de pós-venda; para isso que existe a Cool Seed. O que aconteceria em sua casa se você comprasse alimento para 6 meses e não tivesse geladeira? Não é brincadeira, é uma oportunidade. “Quando os ventos de mudança sopram, algumas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento” (Érico Veríssimo).


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¦Refrigeração¦

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¦Informe Empresarial¦ Engenharia Mega no processo de secagem de grãos

Panorâmica das instalações destinadas a fabricação de secadores.

A empresa sediada em Lincoln, Buenos Aires, é líder em sua especialidade. Para alcançar este objetivo desenvolveram o sistema de secagem analisando as necessidades de seus clientes e a fisiologia das sementes. Hoje, exportam 70% de sua produção. Os grãos, como é bem conhecido, não podem ser conservados em armazém se não estiverem secos. A questão é determinar quando um grão é considerado “seco”. Como regra geral para os cereais, uma umidade de 15% se considera o limite máximo. Mas este valor é relativo, pois depende de diversos fatores. Em um país de clima frio, um cereal como o trigo pode se conservar a 15% de umidade, mas em lugares de clima quente, a umidade de conservação deverá ser de 12 - 13%. Os grãos oleaginosos, por diversas razões, têm que ser armazenados em níveis de umidade ainda menores, entre 10 e 11%, ou até mais baixas, como no caso da colza. Na Argentina, uma das empresas líderes na fabricação de secadores de grãos, é a Engenharia Mega, estabelecida na localidade bonaerense de Lincoln, no noroeste da província. Conta com 150 funcionários no total, onde 35 estão

dedicados a tarefas de instalações e obras de gás, e 115 para planta de secadores. Novo ABC Rural visitou a empresa de secadores Mega, onde conversou com seus diretores, o Engenheiro Marcelo Lombardo e Marcelo Valfioran que, por sua vez, é o titular da Câmara Argentina de Fabricantes de Maquinaria Agrícola (Cafma). Treinamento dos usuários O principal produto da Mega é o secador de grãos, mas também conta com uma divisão que trabalha em instalações de gás a nível industrial, quer sejam redes ou subestações de regulagem. “A raiz do secador, se inicia com o desenvolvimento de fornos para queima de biomassa (resíduos de arroz, sabugo de milho, etc.) para que os usuários possam contar com energia renovável e combustível de graça para a secagem. Toda América do Sul trabalha com biomassa e os únicos países que queimam diesel são Venezuela e Argentina”, comentou Valfiorani. Para alcançar o objetivo de ser a principal exportadora destas máquinas a nível país, os diretores e todo o plantel GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 29


¦Informe Empresarial¦ de funcionários da Mega necessitou trabalhar com provas e erros, da mão de distintos clientes. “Às vezes se fazem desenvolvimentos por exigências do mercado ou do cliente, mas muitas vezes se fazem colaborações. No caso da secagem de grãos “sementes” (que é destinado ao plantio) o cliente nos ensina. Ensinou-nos a ver a secagem não de um ponto de vista termodinâmico, e sim de um ponto de vista fisiológico. Ao invés de secar como engenheiros mecânicos, devemos começar a secar como engenheiros agrônomos”, explicou Lombardo e confessou que “foi a partir dai que passamos a ver a secagem deste outro modo. Nos localizamos dentro da semente para avaliar a necessidade que o grão tem e como tem que migrar a água para que tenha poder germinativo, energia e vigor”. Em outros segmentos, como as fábricas de óleo, a empresa recebe as exigências do cliente. Ali não importa tanto o cuidado do grão, e sim a eficiência do custo-produção. Tem que secar rápido e com pouco consumo de combustível. Neste caso, vamos até a empresa e trabalhamos com eles para buscar o resultado ótimo. Em algumas ocasiões a empresa deve adaptar-se ao que o cliente requer e com base nisto se analisam distintos sistemas. “No caso do Brasil, que produz ração e café, uma das empresas necessitava de um sistema de secagem especial e, em conjunto, analisamos o processo e se adaptou a máquina para produzir a secagem que eles estavam necessitando”, comentou Valfiorani. Por sua vez, indicou que “o conceito de funcionamento é nosso mas devemos adaptar o secador às condições climáticas e de cultivos de cada país. Na Rússia colhem o milho sobre as nevadas e com uma umidade altíssima. Não é o mesmo sistema de secagem que fazemos na América do sul.”

Marcelo Valfiorani (esq.) e Marcelo Lombardo, diretores de Mega. 30 | Revista Grãos Brasil | Março/Abril 2016

Uma das naves da planta industrial da Mega, em Lincoln, Buenos Aires.

Amplo mercado Na América do Sul, os principais destinos de exportação para os produtos da Engenharia Mega são México, Venezuela, Chile, Brasil, Uruguai, Colômbia, Peru e Paraguai. Na Europa, as principais vendas se efetuam para a Espanha, França, Hungria, Romênia, Rússia, Ucrânia, Servia e Kasaquistão, além de já exportarmos algumas unidades para a Ásia e Estados Unidos, onde também se podem ver equipamentos amarelos. “Sempre é importante estar buscando novos mercados. Nós exportamos ce rca de 70% do que produzimos”, comentou Valfiorani e comentou que em alguns países como Brasil, se não existe algum financiamento interno fica difícil que produtores ou empresários adquiram os secadores. “Então, começamos a produzir máquinas no Brasil, para que sejam mais acessíveis. Ali existe o Finame, um sistema financeiro que exige que 60% da máquina seja fabricada ali”. Também, comentou que nos Estados Unidos venderam algumas máquinas e entraram no Canadá com máquinas muito grandes, onde a particularidade é que trabalham com 25 graus abaixo de zero. “Por esta razão tivemos que mudar nossas máquinas. Todas estas coisas fazem com que estejamos sempre trabalhando para melhorar e inovar”. Visão de futuro Por sua parte, o Engenheiro Lombardo deu detalhes de como estão trabalhando de imediato o que se recebe como pedido. “Estamos transitando ate um novo sistema ou forma de secagem de grãos e isto é no que trabalhamos todos os dias. Na Mega já produzimos uma mudança em relação ao que era a secagem original, porque trabalhamos focados a diferentes segmentos”, comentou.


Na empresa fazemos o máximo para reduzir os custos. “Temos que idealizar todo um sistema que faz um processo. As máquinas têm que ser adaptadas a cada mercado porque não é a mesma que vai tratar um grão que depois será semente, e a que vai tratar de um grão para indústria que depois vai se partir em mil pedaços para extrair óleos e/ou farelos”. Desta maneira se fazem equipamentos muito mais eficientes, econômicos e mais adaptados a cada processo. “Esta é a visão que temos”, comentou. Com respeito a eficiência do trabalho dentro da Mega, é como trabalhar para maximizar custos e níveis de produções, Lombardo comentou que estavam em 8 quilos de produção por hora/home e hoje se encontram em 18 quilos. “Não é um número que nos sirva para compararmos com outras empresas, mas sim para ver internamente e darmos conta que aumentamos mais que o dobro da produção”, indicou. Realizaram um modelo de máquina que é totalmente galvanizada, sem pintura e vai reduzir o tempo de montagem do módulo, algo que para os compradores externos é muito relevante já que se envia completamente desmontada. “Então trabalhamos em um desenho para melhorar a montagem e facilitar o trabalho dos compradores. Isto também é eficiência” ,assegurou. Para lembrar Dentro de uma empresa que é tão jovem e que em tão pouco tempo já viveu um grande salto de qualidade e expansão, existem infinitas anedotas e sensações. Consultado por algumas delas, Lombardo contou que para ele “foi inacreditável estar em Ucrânia, com uma paisagem cheia de neve e gelo e de repente ver a máquina amarela imponente. Isto foi impactante. Ser uma empresa que tem só 15 anos e de pronto estar em outra ponta do mundo e ver numa lavora o que a gente idealizou e produziu, é algo incomparável”.

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¦Pós-Colheita de Soja¦ Dicas de Conservação de Soja Por: Eng. Domingo Yanucci | Consulgra - Granos - Grãos Brasil | graosbr@gmail.com

A soja é o grão mais importante de nossa América do sul. Brasil é o segundo produtor do mundo e Argentina o terceiro. A soja é um de nossos principais produtos de exportação, seja como grão inteiro, como farinha ou óleo. Mas, como sabemos, não se trata de um cereal, é um oleaginoso (tem 20 % de óleo em sua composição) e seu comportamento, assim como os fatores que afetam sua conservação, são diferentes. No próximo quadro Nº1 observamos para distintos níveis de umidade relativa (entre 25-30ºC) a umidade de equilíbrio do grão de soja:

Normalmente gera-se uma sucessão ecológica, já que uma espécie cria condições favoráveis para outra espécie (de maior requerimento de umidade) que a sucederá, acelerando o ritmo de deterioração.

Quadro 1

Vemos como o incremento de 5% (de 65 a 70%) leva a um incremento de 12,5 a 13% (eleva 0,5%), porém o incremento de 75 a 80% e 80 a 85% a um aumento de 2% no grão de soja. Quanto maior é a umidade relativa mais água livre (disponível para o deterioro). Micro-organismos: Estamos falando de FUNGOS os mais importantes, capazes de causar diversas deteriorações no granel. As espécies que encontramos são as mais comuns de que em outros grãos. No quadro Nº2 podemos ver as espécies predominantes em diferentes níveis de umidade.

C: conidios

CP: conidiophopros

MY: micelio

Quadro 2

Zonas de Conservação ótima de soja Muitos anos atrás a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) referência em cereais, 32 | Revista Grãos Brasil | Março/Abril 2016


Acesse: www.graosbrasil.com.br Em soja temos que fazer alguns ajustes neste gráfico, já que os níveis de umidade de equilíbrio são menores (Para a mesma temperatura e umidade relativa, a umidade da soja é menor que a dos cereais), também devemos saber que as principais pragas (insetos e ácaros) que atacam os cereais não geram dano na soja, inclusive insetos gorgulhos (sitophilus) quando se colocam em contato com a soja morrem em poucos dias. Vemos um quadro referido à conservação de soja: Figura Nº2

mostra neste gráfico abaixo, como se relacionam as variáveis temperatura e umidade, e como se comporta os fungos, insetos, ácaros e a germinação. Gráfico de conservação de cereais Fig. Nº1

Sabemos que podemos encontrar alguns carunchos, sobre tudo nas matérias estranhas da soja, mas não temos ataques sérios; Nos últimos anos o Lasioderma serricorne F. (besourinho-do-fumo) gero danos importantes nos graneis de soja. O que motiva programas de controle específicos.

No próximo quadro vemos quantas horas leva-se para incrementar 5ºC a temperatura da massa de grãos, de acordo com a umidade ou temperatura, para distintas espécies. Veja como a Soja leva mais horas que o milho para elevar sua temperatura, os aquecimentos são mais lentos. Quadro Nº3 - Horas para um aquecimento de 5ºC

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¦Pós-Colheita de Soja¦ Nunca se devem considerar os fatores isolados, já que sempre se dá uma interação entre eles. Na Fig. Nº 2 relacionamos algumas variáveis estudadas e na Fig. Nº 3 apresentamos o T.A.S. (Tempo de Armazenagem Seguro).

O tempo é uma variável muito importante para o desenvolvimento dos fungos. De acordo com a Nº1 podemos dizer que no ponto de temperatura 25ºC e umidade 14% existe a possibilidade de desenvolvimento de fungos e, portanto esquentamento e a deterioração. Isto é correto, porém, obviamente que tudo requer um tempo para expressar um nível prático, por esta razão podemos falar de um TAS, tempo durante o qual não existem deteriores importantes no granel, e temos uma perda de matéria seca menor de 0,5 %, mantendo as condições de temperaturas e umidade.

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De acordo com a Fig. Nº 2 podemos armazenar sem problemas uma soja de 15% a 25ºC durante 20 dias. Agora bem, se conseguirmos baixar a temperatura a 15ºC o TAS chega aproximadamente 60 dias e a 10ºC e 15% de umidade podemos ter um TAS de 3 a 4 meses.


¦Comércio¦ Pra não dizer que não falei da Soja

Por: Osvaldo J. Pedreiro |Novo Horizonte Assessoria

“...CAMINHANDO E CANTANDO, E SEGUINDO A CANÇAO!...” – essa é uma parte da letra de Geraldo Vandré, que rodou o Brasil nos tempos da ditadura militar, e que muita gente que nasceu nos anos 40 e 50 com certeza deve lembrar e saber quase decór a letra!... Nós, operadores de mercado e analistas de comportamento dos produtos agropecuários, assim como na canção, a gente segue a música e dança conforme o seu ritmo que por si só varia de um tamanho que muitas vezes a gente perde o passo e tropeça no pé da dama, quer dizer, do cliente!... Mas o mercado como sempre é soberano, e não adianta você querer adivinhar ou vaticinar que vai acontecer isto ou aquilo porque no final das contas vem um el niño ou la niña e muda tudo... Haja visto que a CONAB ainda estima que a safra de soja 2015/2016 vai passar de 100 milhões de toneladas, o USDA mantém que o Brasil deve produzir também 100 milhões de toneladas, mas se você percorrer os olhos nos relatórios semanais que circulam no mercado, vai observar que muita soja que foi colhida ou que está pronta para ser colhida, apresenta um percentual elevado de avariados em função de excesso de umidade – ou pela falta de umidade em vários pontos do país -, que teoricamente pode até resultar na produção esperada, mas não vai ter o resultado financeiro esperado se a produção fosse totalmente sadia. Quase que paralelamente o milho apresenta resultados muito parecidos, porque as regiões de produção de milho e soja em sua maioria se coincidem lado a lado no plantio de safras normais, apenas variando de região para região no que se refere à já consagrada SAFRINHA que é geralmente maior do que a safra de verão. A diferença é que, enquanto para a soja o mercado aplica certos descontos em relação ao percentual de avariados (porque com aplicação de corretivos há a possibilidade de padronizar a acidez oriunda dos avariados/ardidos e que vai incidir na produção do óleo a ser consumido nos lares

brasileiros e quiçá no mundo inteiro que faz uso do óleo produzido em nossa Pátria Mãe Gentil!...), o mesmo não se aplica no caso do milho, que uma vez apresentando excesso de avariados, a indústria não recebe, os granjeiros ficam com medo de usar, restando o consumo por confinadores de gado e indústrias de bio-diesel. Se por um lado a soja permite um resultado ainda interessante para quem perdeu qualidade, no caso do milho os produtores ou detentores do produto milho em boas condições sanitárias passa a usufruir de ganhos consideráveis pela escassez de oferta e farta procura pelo milho enquadrado como CONSUMO HUMANO. Não vamos comentar níveis de preços nesta análise pois, como o mercado é muito dinâmico correríamos o risco de mencionar valores já defasados no momento de sua publicação, sejam eles em valores acima ou abaixo da expectativa para o período que se considera normal em relação ao volume de ofertas pela colheita incidente.

Osvaldo J. Pedreiro | osvaldo.pedreiro@uol.com.br GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 35


¦Comércio¦ OS RELATÓRIOS FALAM POR SI MESMOS A seguir apresentamos os últimos relatórios do USDA e da CONAB, indicando a evolução dos números ao longo do acompanhamento dos estágios de cada cultura, além de ter ainda como agravante as oscilações cambiais provocadas por escândalos políticos que distorcem qualquer melhor expectativa de preços ao longo do período comercial predominantemente disponível para os embarques da produção a que se premia em função do clima que ronda nossos já conturbados mercados.

Os números apresentados correspondem aos levantamentos efetuados no início de Março de 2016 tanto no Brasil como nos Estados Unidos, e refletem os números potenciais de cada hemisfério nas condições climáticas em atividade no período das pesquisas. É importante lembrar que a demanda da China por farelo de soja, assim como dos países emergentes que antevendo as situações de clima adverso nas várias regiões de produção em todo o mundo, às vezes provocam altas pontuais nos produtos mas que não têm continuidade que permita ganhos reais nas negociações futuras. Pelo contrário, o mercado prefere fazer a leitura do que poderá ocorrer mais adiante nas safras vindouras considerando climas normais para cada região produtora, do que apostar em situações semelhantes ao que vem ocorrendo no momento presente e que também pode mudar ao sabor das especulações econômico/políticas tanto no Brasil como na Europa – mundos diferentes mas vivendo situações de crise semelhantes e delicadas. Enquanto isso, vamos nós caminhando, cantando (chorando...) e seguindo a canção!... Sucesso em vossos negócios, é o que podemos pedir a Deus além de que Ele na sua infinita misericórdia nos proteja das más intenções dos maus governantes!... 36 | Revista Grãos Brasil | Março/Abril 2016



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¦Utilíssimas ¦ Revista Granos & Postcosecha Latino Americana Recentemente foi publicada a edição 110 da Revista Granos. Nesta última edição contamos com notas muito interessantes: Trigo argentino – Detección de Micotoxinas – Pesaje continuo – Exportación de aceite de soja a China – Bases del secado de granos – Maíz de segunda – Nuevas normas del comercio de granos – Denge en plantas de acopio – Girasol – Ingeniería Mega entre outras. Interessados em recebê-la contatem pelo e-mail: revista.granos@gmail.com

AveSui 2016 traz para o Brasil sistema AdValue: público certo, valor agregado! Comum em feiras internacionais, o sistema é uma alternativa eficiente para potencializar os negócios de cada expositor agregando ao evento um público exclusivamente interessado nas novidades do setor de aves, ovos e suínos. Reunindo dois grandes pilares do agronegócio brasileiro - avicultura e suinocultura, só na AveSui você encontra expositores dos diversos segmentos: Alimentação Animal, Ambiência, Máquinas e Equipamentos, Saúde Animal, Infraestrutura para Granja, Manejo, Logística e muitas atrações e novidades. Ocorre também o XV Seminário Técnico Científico de Aves e Suínos e I Congresso de Zootecnia de Precisão.

JORNADA DE ATUALIZAÇÃO: PÓS-COLHEITA 6º Simpósio Brasileiro de Qualidade de Arroz Com o intuito de debater com a cadeia produtiva do arroz DE PRECISÃO - DOLORES(URUGUAI) No dia 8 de março concretizamos na Cidade de Dolores (Uruguai) mais uma Jornada de atualização, com enfoque na pós-colheita de precisão, tratamos de vários aspectos desde a ótica dos cálculos. Falamos de custos, resfriamento, TAS, emulsão, misturas, quebras técnicas. Também tivemos a apresentação de software de administração de armazéns e falamos sobre a tecnologia de refrigeração artificial. As principais empresas de armazenagem da região enviaram seus representantes, com o apoio de Tesma, Cool seed, Hajnal, Rojosoft, Virpo e Tridelen, fizeram uma interessante colaboração para a tecnologia de pós-colheita. É muito bom quando vemos que os responsáveis do manejo de grãos e sementes desejam melhorar, e junto com profissionais experimentados e empresas que compartilham suas últimas tecnologias levam adiante projetos de interesses comuns. Muito obrigado aos que acompanharam este projeto. Seguiremos trabalhando por toda América do Sul, tratando de espalhar informações de utilidade.

soluções para as perdas qualitativas e quantitativas dos grãos desde a colheita até a armazenagem, bem como buscar alternativas que agreguem valor ao produto, a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), o Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (LABGRÃOS) e o Polo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul promovem o 6º Simpósio Brasileiro de Qualidade de Arroz (6º SBQA), de 3 a 5 de agosto, na Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), no Campus Universitário da UFPEL, em Capão do Leão, Rio Grande do Sul. Em sua sexta edição, estaremos reunindo renomados cientistas, atentos estudiosos e qualificados profissionais das áreas de produção, armazenagem, industrialização, controle de qualidade e nutrição, ou seja, a cadeia produtiva do arroz, para juntarmos conhecimentos e experiências que possam contribuir para melhorias no setor. Mais informações: www.labgraos.com.br/simposio

Estações meteorológicas são ferramentas fundamentais para agricultor tomar decisões com mais precisão Com objetivo de contribuir para o aumento da produtividade das lavouras e facilitar as tomadas de decisões, a Bayer trouxe à sua plataforma de serviços as estações meteorológicas. Equipamento que possibilita ao produtor rural mapear melhor a produção da fazenda. A ferramenta tem conquistado os agricultores, pois permite monitorar as mudanças climáticas contribuindo para a tomada de decisão. Para mais informações, acesse nosso site: www. bayercropscience.com.br e os nossos canais nas redes sociais: Facebook (www.facebook.com/BayerCropScience. BR); Twitter (Bayer4CropsBR); YouTube (www.youtube.com/ BayerCropScienceBR).

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