Gb78 small

Page 1




¦ Editorial ¦ Ano XIII • nº 78

Maio / Junho 2016

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Administradora Giselle Pedreiro Bergamasco Colaborador Antonio Painé Barrientos Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 3304-6522 | 9162-6522 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos -ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale Produção Arte-final, Diagramação e Capa

MidiaLab Propaganda

www.midialabpropaganda.com.br | contato@midialabpropaganda.com.br

Ligue e Assine:

(44) 3031-5467 02 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

Caros Amigos e Leitores É com grande prazer que chegamos às suas mãos mais uma vez, cumprindo com o nosso trabalho de levar a vocês a melhor tecnologia da especialidade. Entramos, não com pouco esforço, em uma nova etapa produtiva no Brasil. Com objetivos mais pragmáticos veremos como se reforça toda a cadeia produtiva, de comercialização, processamento, industrialização e exportação dos grãos. Na capa pode observar + Eficiência – perda, obviamente a eficiência se refere ao alcance dos objetivos com o mínimo custo, considerando os temas de segurança, higiene e meio ambiente. A perda pode ser que você não enxergue, mas sempre se da na pós-colheita. É possível que as quebras técnicas sejam uma grande parte das perdas, mas elas sempre estão presentes e cabe a nós, responsáveis do manejo diminuir as perdas a uma mínima expressão. Este é o caminho que devemos seguir para passar de um manejo tradicional a outro otimizado e chegar ao fim a PósColheita de Precisão. Como sabem tratamos de chegar a vocês não só através da Grãos Brasil e a Gr@os News, mas também mais de perto através de assistência técnica, jornadas , cursos, etc.. É com prazer que lhes informamos já termos definidas nossas Jornadas de Atualização e pós-colheita de Precisão em: Luiz Eduardo Magalhães (BA), Uberlândia (MG), Rio Verde (GO), Dourados (MS), Chapecó (SC) e duas cidades ainda a serem definidas em Mato Grosso. Também gerenciado pela Revista Granos (língua espanhola) estamos com atividades em Paraguai, Argentina, Uruguai, Bolívia, etc. Nesta edição apresentamos informações interessantes, referida ao controle de pragas, logística, silo bolsa, comercialização, e as clássicas seções fixas, as que temos como a de Fungos com a responsabilidade da Dra. Maria Vildes Scussel. Quero destacar o trabalho do Dr. Juarez de Sousa e Silva, na área de difusão e capacitação, ele esta produzindo vídeos que seguramente serão de utilidade para os que pretendem ingressar ao campo de nossa especialidade. Muito obrigado aos profissionais que contribuem com suas experiências e as empresas e instituições que encontram na Grãos Brasil uma ferramenta para ajudar o setor a trabalhar cada dia melhor. Que Deus abençoe sua família e trabalho. Com afeto.

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 06

Armazenamento de Milho: Resfriamento como Alternativa para Obtenção de Matéria Prima de Alta Qualidade| Eng. Ricardo Tadeu Paraginski e outros

Setores

02

Editorial

37

Não só de pão...

04 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

38

Cool Seed News

40

Utilíssimas


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 05


¦Agronegócios¦ Agronegócio: Cadeias produtivas e logística Por: Dr. Luís César da Silva|Universidade Federal do Espírito Santo – UFES | CCA

As mudanças sociais, econômicas e de mercado das últimas décadas em nível mundial fizeram estabelecer o agronegócio globalizado. Cenário em que as relações fornecedores clientes são fortemente pautadas em padrões de qualidade física, sanitária, nutricional de matérias primas agroalimentares e derivados. Desse modo, empreendedores do agronégocio são obrigados ao contínuo aprimoramento de práticas que objetivam: (i) analisar e otimizar os fluxos operacionais; (ii) eliminar as atividades que não agregam valor; (iii) reduzir custos; (iv) reduzir os prazos de entrega; (v) melhorar o fluxo de informação entre os componentes da cadeia produtiva; e (vi) ofertar produtos de qualidade. Essas práticas traduzem em desafios aos empreendedores, pois, antes tinham foco restrito aos mercados domésticos, e agora são instigados a buscar novas oportunidades em mercados externos. Sendo assim, surgiu à necessidade continua da adoção de tecnologias relacionadas a temáticas, tais como: BFP - Boas Práticas de Fabricação, APPCC - Análise de Perigos em Pontos Críticos de Controle, organização de cadeias produtivas; alimentos orgânicos; normas de comercialização de commodities agrícolas; padrões de qualidade de alimentos em termos físico-químico, nutricional e sanitária; rastreabilidade; logística; identidade preservada; métodos de controle de processos e padrões ISO (International Organization for Standardization). Nestes termos, para o cenário proposto, tem-se que o empreendedor individualmente possui dificuldades em alcançar padrões qualidades. E isso é mais acentuado quanto os concorrentes estão vinculados a cadeias produtivas devidamente estruturadas e gerenciadas. Sendo assim, paradigmas quanto aos preceitos da competição têm sido 06 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

alterados, pois, para um empreendimento gerar resultados financeiros positivos, este necessita estar inserido em uma cadeia produtiva organizada e apoiada em um sistema logístico eficiente. Na atualidade para implementação e gestão de cadeias produtivas, bem como de sistemas logísticos, têm sido empregadas técnicas, tais como: (1) PDCA (Plan, Do, Check, and Action) - visa organizar e propor sequência de operações para otimizar processos produtivos; (2) JIT (Just in Time), MRP (Materials Resource Planning) e ERP (Enterprise Resource Planning) – objetivam planejar os processos de produção levando em conta a demanda e a quantidade

Dr. Luís César da Silva | silvalc@agais.com


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 07


¦Agronegócios¦ de matéria prima necessária; (3) PDM (Product Data Managment): implica no uso de recursos contábeis e de informática para monitorar em tempo real a movimentação de matérias primas e produtos acabados; e (4) SCM (Supply Chain Managment) – tem por meta planejar, gerenciar, implementar e otimizar: (i) a movimentação de matérias primais e produtos acabados, (ii) o emprego de recursos tecnológicos, financeiros, mão de obra e de outras espécies, e (iii) o intercambio de informações deste a base dos processos produtivos até o mercado consumidor, isto nos dois sentidos. Portanto, o sucesso de empreendimentos do agronegócio está estritamente relacionado à aplicabilidade dos conceitos cadeia produtiva e logística, que são tratados a seguir. CADEIA PRODUTIVA Cadeia Produtiva, ou o mesmo que supply chain, pode ser definida como um conjunto de elementos (“empresas” ou “sistemas”) que interagem em um processo produtivo para oferta de produtos ou serviços ao mercado consumidor. Especificamente, para matérias primas agroalimentares e derivados, cadeia produtiva pode ser visualizada como a ligação e inter-relação de vários elementos segundo uma lógica para ofertar ao mercado commodities agrícolas in natura ou processadas. Commodities são ativos negociados sob forma de mercadorias em bolsa de valores, como por exemplo: café, soja e açúcar. Neste contexto, conforme a metodologia de proposta pela EMBRAPA, as cadeias produtivas do agronegócio são caracterizadas por possuírem cinco segmentos, Figura 1, que envolvem os seguintes atores: 1. Fornecedores de Insumos: referem às empresas que têm por finalidade ofertar produtos tais como: sementes, calcário, adubos, herbicidas, fungicidas, máquinas, implementos agrícolas e tecnologias; 2. Agricultores: são os agentes cuja função é proceder ao uso da terra para produção de commodities tipo: madeira, cereais e oleaginosas. Estas produções são realizadas em sistemas produtivas tipo fazendas, sítios ou granjas; 3. Processadores: são agroindustriais que podem pré-beneficiar, beneficiar, ou transformar os produtos in-natura. Exemplos: (a) pré-beneficiamento - são as plantas encarregadas da limpeza, secagem e armazém de grãos; (b) beneficiamento - são as plantas que padronizam e empacotam produtos como: arroz, amendoim, feijão e milho de pipoca; (c) transformação - são plantas que processam uma determinada matéria prima e a transforma em produto acabado, tipo: óleo de soja, cereal matinal, polvilho, farinhas, álcool e açúcar; 4. Comerciantes: Os atacadistas são os grandes distribuidores que possuem por função abastecer redes 08 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

de supermercados, postos de vendas e mercados exteriores. Enquanto os varejistas constituem os pontos cuja função é comercializar os produtos junto aos consumidores finais; e

Figura 1 – Representação esquemática de uma cadeia produtiva de produto de origem vegetal, segundo metodologia da EMBRAPA

5. Mercado consumidor: é o ponto final da comercialização constituído por grupos de consumidores. Este mercado pode ser doméstico, se localizado no país, ou externo quando em outras nações. Conforme a Figura 1, os atores do sistema cadeia produtiva estão sujeitos a influências de dois ambientes: institucional e organizacional. O ambiente institucional refere aos conjuntos de leis ambientais, trabalhistas, tributárias e comerciais, bem como, as normas e padrões de comercialização. Portanto, são instrumentos que regulam as transações comerciais e trabalhistas. O ambiente organizacional é estruturado por entidades na área de influência da cadeia produtiva, tais como: agências de fiscalização ambiental, agências de créditos, universidades, centros de pesquisa e agências credenciadoras. As agências credenciadoras podem ser órgãos públicos como às secretarias estaduais de agricultura ou empresas privadas. Estas em alguns casos possuem a função de certificar se um determinado seguimento da cadeia atende quesitos para comercialização e/ou exportação. Isso ocorre, por exemplo, na certificação de: (i) produtos com Identidade Preservada – IP; e (ii) segmentos da cadeia produtiva quanto aos atendimentos de padrões de qualidade internacionais, tais como as séries ISO 9000. Aplicabilidade do Conceito de Cadeia Produtiva O entendimento do conceito de cadeia produtiva possibilita: (1) visualizar a cadeia de forma integral; (2) identificar as debilidades e potencialidades; (3) motivar o estabelecimento de cooperação técnica; (4) identificar gargalos e elementos faltantes; e (5) certificar quanto aos fatores condicionantes de competitividade em cada segmento. Sob a ótica de cada participante, elemento da cadeia, a maior vantagem da adoção do conceito está no fato de permitir entender a dinâmica da cadeia, principalmente, na compreensão dos impactos decorrentes de ações internas e externas, respectivamente. Por exemplo, no caso de ações internas pode ser citado o efeito decorrente da organização de agricultores em cooperativas. Nesta situação por meio das cooperativas os


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 09


¦Transportadores¦ ¦Gestão¦ ¦Agronegócios¦

Figura 2 – Representação de uma cadeia produtiva tipo dedicada

associados: (i) compram e comercializam insumos, (ii) armazenam e comercializam commodities, e (iii) beneficiam ou transformam matérias primas. Isto geralmente imprime maior grau de competitividade para o grupo de associados. Como ações externas podem ser citadas os impactos decorrentes, por exemplo, da: (i) alteração ou criação de alíquotas de impostos, (ii) imposição de barreiras alfandegárias aos produtos destinados a exportação, (iii) normatização de procedimentos de classificação, e (iv) definição de exigências por parte do mercado consumidor quanto aos padrões de qualidades física, sanitária e nutricional. Formatação de Cadeias Produtivas A constituição das cadeias produtiva não segue padrões pré-estabelecidos. Pois, cada arranjo depende de inúmeras variáveis, que normalmente estão associadas aos contextos regionais e as exigências de mercado. No caso específico das cadeias produtivas de produtos de origem vegetal são apresentados dois exemplos nas Figuras 2 e 3. Na Figura 2 é representada uma cadeia produtiva dedicada. Isto significa que fluxos de insumos, matérias primas, produtos e capitais, bem como, os repasses de tecnologia ocorrem sob regências contratuais. E estes são estabelecidos para garantir a fidelidade entre os segmentos e elementos da cadeia. Sob esse cenário são definidas estratégias para o estabelecimento de competitividade e o uso dos recursos de logística. É amplamente reconhecida, que a cooperação entre os segmentos e elementos da cadeia é a ferramenta mais eficaz para o sucesso no mercado interno e externo. Ou seja, quanto mais efetiva é a cooperação; maior presença de mercado e competitividade são estabelecidas. Na Figura 3 é representada uma cadeia produtiva com integração horizontal. Neste caso os elementos de um dado segmento podem executar a mesma função em várias cadeias, como também, vários elementos podem executar a mesma função em um dado segmento. Neste caso, há maior liberdade dos elementos quanto ao repasse de produtos. No entanto, isto faz requerer maior grau de capitalização e de capacidade gerencial dos elementos. 10 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

Figura 3 – Representação de uma cadeia produtiva com integração horizontal

LOGÍSTICA Logística pode ser conceituada como o conjunto de métodos de controle contábil, tributário, financeiro e operacional dos fluxos de matérias primas e produtos acabados deste os pontos de fornecimento até os pontos consumidores, envolvendo fatores, tais como: estruturas de armazenagem; plantas de pré-beneficiamento, beneficiamento, ou de transformação, estações de transbordos, modais de transporte e meios de comunicação. Ao ser analisado os conceitos de logística e cadeia produtiva conclui-se que estes são indissociáveis. Uma vez que logística implica em promover a dinâmica entre os elementos de uma cadeia produtiva de tal forma estabelecer tráfegos de informações, recurso financeiro, matérias prima e produtos acabados. O estabelecimento da logística no que refere ao tráfego de informação implica no uso de meios de comunicação como a escrita, correios, telefonia, internet, rádio e televisão. Assim são estabelecidas formas de comunicação que podem abordar situações, tais como: (i) a divulgação de normas, (ii) a emissão de pedidos de compra, (ii) a reclamações do mercado consumidor quanto ao não atendimento de padrões, e (iii) a realização de campanhas publicitárias com o objetivo de aumentar as vendas. O tráfego de recursos financeiros em um sistema de logística refere-se a fatores, tais como: a lógica do fluxo de ordens de pagamento, o pagamentos de tributos, o estabelecimento de contratos futuros e as operações de cambio. No que se refere ao tráfego de matérias primas e produtos acabados são empregados os modais aéreo, rodoviário, ferroviário, dutoviário e aquaviário. O emprego do modal aérea no Brasil é aplicado ao transporte de produtos perecíveis como frutas, exemplo mamão no estado do Espírito Santo, e pescados in natura. O modal rodoviário é caracterizado pela (i) maior


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 11


¦Agronegócios¦ flexibilidade na escolha de rotas em razão da densidade das malhas viárias existentes; (ii) a flexibilidade de horários devido a não existência de esquemas rígidos de controle de tráfego; (iii) a possibilidade de efetuar o transporte deste o ponto de partida ao de chegada sem necessidade de transbordo; (iv) a possibilidade de integrar a sistemas intermodal e multimodal; e (v) alto custo de manutenção dos veículos e dos eixos de transporte. O modal ferroviário caracteriza por possuir grande capacidade de carga em relação ao seu custo operacional, pois com 1 litro de óleo diesel, um caminhão pode deslocar 30,0 t por 1,0 km, enquanto o trem movimenta 125,0 t por 1,0 km. No transporte de commodites agrícolas tem sido caracterizado pelo transporte intermodal rodoferroviário, em que são utilizadas estações de transbordo em que são descarregados os caminhões e carregados os vagões. O modal aquaviário pode-se caracterizar como fluvial, lacustre e marítimo. No Brasil a fluvial tem sido empregada para o escoamento da safra de soja na Região Centro Oeste, enquanto a marítima para cargas como carnes congeladas, madeira e grãos. E por fim o dutoviário tem sido empregado no interior do estado de São Paulo para escoar a produção de álcool. A escolha do transporte apropriado para uma dada carga fundamenta-se escolha do modal, sendo necessário considerar: (i) o tamanho do lote – o que pode ser expresso em unidade de volume ou de peso; (ii) a quantidade de lotes a serem carreados por um dado eixo de transporte, o que define a densidade de transporte que é expressa em

12 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

toneladas por km (t/km); (iii) à distância a ser percorrida, e (iv) as características da mercadoria, tais como: valor, perecibilidade e periculosidade.


¦Capacitação¦ Aulas sobre Pós-Colheita de Produtos Agrícolas Por: Prof. Pesquisador Juarez de Sousa e Silva|UFES | CCA

Há mais de quarenta anos, em associação com os meus colegas e alunos, tento acumular conhecimento e experiência profissional na área de Pós-colheita de Produtos Agrícolas. Antes, como professor e pesquisador efetivo da Universidade Federal de Viçosa, e hoje como professor voluntário e pesquisador do CP-Café (Consórcio Pesquisa Café), continuo participando de uma das equipes mais ativas do Brasil no que se refere à pós-colheita. Dessa forma, as 116 aulas organizadas e gravadas por mim e disponibilizadas no YouTube (https://www.youtube.com/ user/juarezufv/playlists), é um registro de partes dos conhecimentos adquiridos por nossa equipe, que vem, de maneira responsável, estudando e trabalhando para o engrandecimento da área de estudo e da agricultura brasileira. Todas as aulas disponibilizadas, apesar de resumidas, é uma pequena parte do futuro curso de Pós-graduação (Lato Sensu) em Pós-colheita de Produtos Agrícolas. As aulas reais, apresentadas em PowerPoint, além de uma grande variedade de materiais para leituras adicionais, possuem links para aulas práticas, material selecionado na Internet e uma lista de exercícios de fundamental importância para a consolidação do assunto estudado e que serão usados como parte das avaliações. O curso completo possui 16GB de informações além de

uma série de planilhas (Engenharia no Pré-processamento) programadas para facilitar a realização de grande número de cálculos envolvidos nos processos pós-colheita. Os exercícios envolvem questões discursivas e objetivas. Apresentamos, também, problemas e questionamentos

Juarez de Sousa e Silva | juarez.ufv.dea@hotmail.com


¦Capacitação¦ de vários tipos, alguns teóricos e outras de conteúdo prático. Com níveis de dificuldade variados, permitirão aos estudantes progredirem no aprendizado à medida que forem resolvendo os exercícios propostos. Embora o curso e seus elementos básicos apresentem os conteúdos necessários às soluções dos problemas, o estudante não deve ficar preso apenas a eles. Durante o curso é exigido leituras de revistas e livros de áreas afins, bem como pesquisas na Web, para atualização continuada. Propositadamente, colocamos em vários módulos deste curso, questões que envolvem pesquisas. Com isso, queremos indicar ao futuro profissional a procurar outras fontes de informações. Embora fosse nosso desejo, não temos condições de entrar em muitos detalhes e nem esgotar o assunto na conclusão do curso. Portanto, no final de cada módulo são apresentadas as fontes mais importantes para ajudar nas soluções dos exercícios e para facilitar aqueles que desejarem mais informações sobre os conteúdos abordados. O Material que disponibilizamos gratuitamente no YouTube (https://www.youtube.com/user/juarezufv/ playlists) além de fornecer ao principiante os conceitos básicos sobre a Pós-colheita de produtos agrícolas, tem a finalidade de mostrar ao futuro “profissional estudante” a quantidade de assuntos que deverão ser trabalhado, em

14 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

profundidade, para que possa lograr sucesso ao final do curso. Esperamos que, ao final do curso, o novo profissional possa contribuir com o aumento da eficiência da empresa onde trabalha, e participar de maneira efetiva com o aperfeiçoamento de seus comandados. Para aqueles que irão exercer a nobre função de ensinar, esperamos que, com a conclusão do curso foi dado o primeiro passo para novas experiências e conhecimentos.


¦Tecnologia¦ Inativação Enzimática e um novo aliado na Alimentação Saudável Por: Engº Marco Vezzani|Diretor de Inovação Zini Alimentos | marco@zini.com.br

A utilização da fibra de trigo e sua sucessiva reincorporação nas farinhas integrais ou nos produtos alimentícios definidos como “funcionais”, sempre encontraram um obstáculo: o sabor desagradável do produto final devido à rápida rancificação que sofre o próprio farelo. A rancificação do farelo é resultado da sua atividade enzimática, mais propriamente é devida à ação de uma enzima chamada LIPOXIDASE, que catalisa a oxidação dos ácidos graxos polinsaturados. O resultado é o surgimento de radicais que podem afetar outras moléculas, inclusive as proteínas, dificultando inclusive a digestão. Mesmo que seja realizada a remoção do hidrogênio do grupo metilênico, a reação poderá persistir de forma não enzimática, com o aparecimento de hidroperóxidos em razão do consumo de oxigênio e formações de duplas ligações conjugadas. Portanto, somente uma simples elevação da temperatura do farelo seco não bloqueia a ação enzimática e as conseqüências descritas. Para conquistar esse resultado, é necessário ter um veículo de condução térmica que atua predominantemente sobre as enzimas, permitindo sua inativação. E agora esta forma de aquecimento, por choques térmicos seguidos em alta frequência, é possível utilizando uma tecnologia exclusiva da ZINI Brasil, pioneira no tratamento térmico de fibras. OS PRINCÍPIOS DA INATIVAÇÃO A perfeita inativação enzimática dos farelos foi conseguida, em tempos recentes, pela utilização de tecnologia de tratamento em película dinâmica, desenvolvida na Itália pela divisão de Pesquisa e Desenvolvimento da ZINI

Prodotti Alimentari Srl. A solução se baseia na submissão de cada partícula do farelo de trigo a múltiplos estágios de tratamento. As partículas da fibra, individualmente dosadas, são alimentadas num reator que promove a polinização e a homogeneização do alimento (farelo cru) num ambiente propício para inativação (aquecimento controlado em HTST). Uma turbina coloca o produto em movimento sinusoidal, em alta freqüência e baixa amplitude, desencadeando sucessivos choques térmicos e mecânicos, resultando na completa inativação enzimática. Simultaneamente à alimentação do farelo, ar aquecido também é injetado em equicorrente, realizando troca térmica por convecção com o substrato. Na medida em que o farelo realiza trocas térmicas concomitantes, por condução e convecção, o mesmo tende a perder suas características iniciais e sofre resfriamento, intensificando desta forma a amplitude dos choques térmicos. Tais choques não tem mais finalidade de inativação enzimática, que já ocorreu na etapa anterior do processo, mas de completa pasteurização da fibra e ajuste do teor final desejado de umidade. Após percorrer todo o módulo de tratamento térmico, em um período de tempo que pode variar entre 20 e 60 segundos, a fibra já seca é expelida e conduzida até um sistema pneumático de resfriamento, do qual é retirada por separação de fases.


¦Tecnologia¦ Agora a fibra está sem amargor, e seu uso em produtos integrais não prejudica a qualidade ou vida útil dos mesmos. Agora a fibra tem nome: é FIBRAZIN. A PRIMEIRA FIBRA DE TRIGO SEM AMARGOR E COM ALTA DIGESTIBILIDADE As aplicações de FIBRAZIN são múltiplas e inovadoras. O tema é bastante complexo pela interação deste novo ingrediente com inúmeros produtos funcionais integrados à alimentação moderna. Nas farinhas integrais, se pode utilizar essa fibra de trigo sem prejudicar a shelf life do produto. Basta adicionar FIBRAZIN na farinha normal, produzida no moinho convencional, dentro da proporção desejada e que normalmente respeite a proporção inicial farelo/farinha para obter-se uma farinha integral de elevada estabilidade. Em inúmeros produtos de forno ou alimentícios, o uso de FIBRAZIN permite melhorar o flavor e o aroma dos produtos finais, eliminando aquele fator tradicional limitante de uso que tem condicionado os formuladores industriais. A tecnologia e o tratamento descritos já estão disponíveis no Brasil, com uma unidade de última geração que a ZINI implantou como integração com sua unidade ZINI Flours. A nova unidade industrial da ZINI opera até na forma de prestação de serviço e elimina aos moinhos convencionais ou usuário tradicional qualquer necessidade de investimento. FIBRAZIN, do ponto de vista enzimático, microbiológico

16 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

e organoléptico, permite dar aquele passo à frente que os cada vez mais bem informados e atentos consumidores de produtos funcionais exigem da indústria de produtos integrais. Agora ficou fácil, gostoso e saudável introduzir ou aprimorar a produção de uma ampla gama de produtos considerados tradicionalmente hipercalóricos, oferecendo mais saúde para o consumidor.


¦Informe Empresarial¦ Bases da Armazenagem em Silo Bolsa

Esta tecnologia é nova para alguns, mas já foi totalmente desenvolvida em nossa região. Vários anos de pesquisa e implementação, nos mais diversos climas do mundo, mostraram como esta ferramenta de armazenamento de grãos e sementes, pode cumprir com sucesso seus objetivos. Foi desenvolvido para os casos onde não se dispõem de armazenagem convencional ou onde é necessária uma maior segregação dos produtos. Claro que deve se adaptar a cada grão e condição de armazenamento e deve cumprir algumas exigências básicas. Apresentamos abaixo as bases de uma armazenagem eficiente com silo bolsa plástico: 1. O principio básico é manter os grãos em uma atmosfera modificada, COM BAIXA CONCENTRAÇÃO DE OXIGÊNIO e com alta concentração de anidrido carbônico (CO²). Desta forma diminuem o risco de insetos e fungos, que são os maiores causadores do aumento da temperatura dos grãos, iniciando processos de decomposição e perda. 2. O s grãos devem ter a máxima qualidade para o

embolsado, com relação a danos mecânicos e devem estar limpos, para manter a qualidade durante mais tempo.

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 17


18 | Revista Gr達os Brasil | Maio / Junho 2016


3. A técnica de enchimento requer eliminar a maior quantidade de oxigênio da bolsa. Não se deve deixar a bolsa solta, nem sobrecarregar a capacidade de estiramento aconselhado pelos fabricantes. 4. A qualidade da bolsa é fundamental. Esta deve permitir um adequado estiramento, sem perder sua capacidade de conter os grãos e sua impermeabilidade por um longo tempo. 5. O lugar onde se instala a bolsa deve ser elegido com precaução, longe de alamedas antigas ou de outras fontes de rotura. O piso deve ser firme e liso, sem irregularidades nem restos de cultivos que possam romper a base ao estirar-se. Isto também facilita o esvaziado da mesma. 6. Como regra geral: deve-se conhecer a qualidade dos grãos que se armazenam e o risco que representam em cada setor, registrando a umidade e a qualidade com que ingressam os grãos na bolsa. Quanto menor umidade, melhor conservação. Em sementes as condições são mais estritas. 7. Ao aumentar a temperatura exterior se incrementa a possibilidade de deterioração, porque em algumas regiões convêm agregar uma tela de sombreamento para proteger, no período entre a primavera/verão, especialmente para sementes. 8. Na planificação deve-se ter em conta o “esquema de ordenamento do armazém na lavoura”. 9. Entre as vantagens desta prática podemos mencionar economia nos custos por logística e o melhor planejamento da comercialização. O embolsamento de grãos secos se apresenta hoje como uma boa alternativa para a armazenagem que permitirá realizar um bom direcionamento dos lotes. 10. O controle do estado da bolsa e dos grãos em seu interior, durante todo o processo, tem que ser permanente e cuidadoso com monitoramentos em forma constante. Se deve manter o lugar limpo e livre restos de grãos. Dentro dos custos de um silo-bolsa, se deve ter em conta, o monitoramento permanente das bolsas durante o período de armazenamento. Fonte: INTA.

Brasil e outros países da região são deficitários em infraestruturas de armazenagem convencional, o que gera muitas perdas qualitativas e quantitativas em todas as safras. Em alguns pontos do Brasil, os grãos ficam nas intempéries sobre o chão.




¦Quebra Técnica¦ Impureza Zero na Armazenagem Por: Silvio José Kolling |Equipasa - Tecnologia em Armazenagem e Conservação de Grãos.

A medida que as margens de lucro vão ficando cada vez mais limitadas, a conservação do grão armazenado vai se tornando mais criteriosa. Tratada como agronegócio, hoje as planilhas e estatísticas da administração começam a ocupar espaço de maneira irrevogável em todos os segmentos dessa atividade tão importante para a economia do país. Novos instrumentos, a exemplo do sistema de exaustão, se aliam às soluções mais conhecidas como aeração, termometria e automação. Esses recursos tecnológicos têm contribuído de maneira consistente na manutenção da qualidade do grão armazenado. O treinamento de profissionais com foco nessa atividade tem sido motivo de investimento por parte dos produtores armazenadores e empresas que tem no grão a razão da sua existência. Hoje, falar-se em grãos estragados já não faz mais parte da linguagem desse meio. Variações de peso hectolítrico (PH) passaram a fazer diferença como indicadores de cuidado com o produto armazenado. Índices como 1%, 2% de quebra de peso passaram a ser contabilizados com mais apreensão, uma vez que percentuais tão insignificantes representam grandes valores no trato do agronegócio. Se tomarmos como exemplo um volume de soja bastante comum nos dias de hoje como 500.000 sacos a um valor hipotético de R$ 50,00/saco - para uma redução de PH de 2%, teremos uma diferença de 10.000 sacos, o que corresponde a um montante de R$ 500.000,00. 22 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

Os números nesse segmento são expressivos e motivo de redobrada atenção. Sabe-se que o mercado admite algo em torno de 1% de impureza agregada, na aquisição de grãos. Em sua maioria, os armazenadores têm mantido essa impureza guardada em sua unidade, utilizando-se de recursos como espalhadores de grãos (figura 1) com as mais diversas formas construtivas, com o objetivo de distribuir essa impureza a fim de que não seja motivo de transtornos na conservação do produto.

Silvio José Kolling | silviokolling@equipasa.com.br



¦Quebra Técnica¦

Como o mercado paga por esse resíduo, muitos entendem que removê-lo seria uma perda financeira inadmissível. O que a realidade nos tem mostrado é que a manutenção dessa impureza agregada à massa Utilizando-se da quantidade de 500.000 sacos acima sugerida, podemos facilmente incorporar 300.000kg de impurezas impregnadas de fungos e outros micro-organismos que serão diretamente responsáveis pelas alterações iniciais de comportamento da massa de grãos. Em uma armazenagem de produto com 14% de umidade e uma temperatura de 24°C , teremos uma umidade intersticial na casa dos 75%, ou seja, um clima apropriado para o desenvolvimento desses organismos dispersos nesse ambiente. A manifestação desses invasores passará a ser percebida quando a influência da temperatura oriunda da sua atividade, entrar em contato com o sensor da termometria que as vezes está distante do ponto de origem do problema, conforme demonstrado na figura 2.

Até que seja possível a percepção da alteração da temperatura, o comportamento da massa de grãos em torno da impureza já está de alguma forma afetada, seja pelo ataque direto de micro-organismos e insetos, seja pelo aumento da atividade respiratória resultante. Em qualquer uma das alternativas já se poderia contabilizar redução de peso específico. Uma vez detectada a alteração de temperatura, via de regra inicia-se o procedimento de aeração visando a estabilização da mesma em parâmetros aceitáveis. Amplamente difundido, o uso da aeração em condições que visem a readequação da temperatura, constitui-se um 24 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

processo quase sempre secante. Comumente encontramos produtos que mesmo armazenados com umidade de 14%, foram expedidos com teor bem abaixo desse índice. É possível perceber-se a relação direta da impureza (Figura 3) sobre a estabilidade térmica da massa de grãos quando há concentração dessa no centro do silo, local onde a maioria dos fabricantes de equipamentos disponibiliza um pêndulo termométrico.

Embora ainda não existam estudos específicos com a finalidade de mensurar a perda de peso produzida pela permanência da impureza na massa de grãos, já se pode facilmente perceber que na maioria das vezes em que o sistema de aeração foi acionado em caráter corretivo, houve relação direta com a presença de impurezas e o resultado final foi a perda de umidade contabilizada na


Acesse: www.graosbrasil.com.br expedição. Se todo o armazenador fizesse teste de ph, perceberia que suas perdas durante o período de armazenagem são mais acentuadas do que a conhecida quebra de umidade. A eliminação total da impureza na armazenagem, além de proporcionar a redução da quebra de peso do produto armazenado em valores superiores ao peso da impureza, também contribui para diminuição dos custos com energia elétrica. Entre outros benefícios já observados com o uso dessa prática, está a redução na proliferação de pragas e seus custos de controle. A utilização de sistema de limpeza mais apurada, em se tratando da armazenagem de milho para utilização “in natura” ou misturados a ração destinada à alimentação animal aponta outro importante benefício: também estará contribuindo para a eliminação da sílica (SiO2) agregada ao grão por ocasião da secagem que se utilize de combustíveis vegetais, demonstraram redução na mortalidade de suínos. Armazenadores que já se utilizam dessa limpeza apurada, dão-nos informação de que o produto isento de impurezas tem sido alvo da preferência dos seus consumidores, não só pela qualidade garantida com boa arma-

zenagem, como pela melhor apresentação do produto embarcado. Esse procedimento, também tem se mostrado importante instrumento para melhoria da salubridade do ambiente de trabalho tendo em vista a redução drástica do pó normalmente gerado durante a movimentação dos grãos e depositado por toda a estrutura da unidade. Não é para menos que alguns armazenadores já se utilizam da prática de limpeza total ou impureza “0” na armazenagem.


¦Fungos¦ Fungos – Principais Gêneros e Espécies, Classificação e Micoflora de Grãos Por: Vildes M Scussel, Ph.D., GD Savi, Dr; AM Kluczkovski, Dr; JR Silva, MSc; C Soares, BSc Laboratório de Micotoxicologia e Contaminantes Alimentares – LABMICO Depto. de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Ciências Agrárias Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – Brasil

Os fungos são a maior causa de deterioração tanto na campo quanto na armazenagem de sementes e grãos. São a segunda causa, depois dos insetos, que leva à perda total em armazens em todo o mundo. De fato, na armazenagem comercial, em países tecnologicamente mais avançados, onde insetos e roedores são efetivamente controlados, os fungos são considerados o principal problema. São os principais responsáveis pelas doenças em planta vivas, e de deterioração em partes de plantas, grãos e sementes após colheita. São conhecidos como causadores de aquecimento de grãos, levam à perda do poder germinativo, descoloração, redução do valor nutricional, bem como à alterações no odor (mofado, azedo). A sua ação, mesmo quando ainda invisíveis, leva à grandes perdas na armazenagem. Em estágio mais avançado da deterioração, estágio em que os fungos produzem uma massa vísivel de esporos e grãos estragados (torrão), é que se torna possível a observação do prejuízo causado por eles. 26 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

Ph.D. Vildes M. Scussel | vildescussel_2000@yahoo.co.uk


Acesse: www.graosbrasil.com.br

Qualquer um que armazena sementes ou grãos, armazena também fungos (e seus esporos). Portanto, há necessidade de conhecer mais sobre este grupo de microrganismos e as condições, sob as quais, eles se desenvolvem para poder tomar medidas que possam controlar ou reduzir sua ação. A infecção por fungos de sementes e grãos pode ocorrer em diversos estágios da cadeia alimentar: inicia-se no campo e continua durante a maturação, colheita, secagem, armazenamento, transporte e processamento. Inclusive na armazenagem do produto já transformado. Os fungos são classificados de acordo com o conteúdo de umidade do grão, a umidade relativa (UR) presente e o estágio de infecção, em fungos de CAMPO e de ARMAZENAGEM. Importante lembrar que fungos são encontrados espalhados no ar e solo, podendo contaminar e se desenvolver em qualquer sustrato que esteja em condições favoráveis.

variável em função da espécie vegetal, localização geográfica e condições climáticas. São chamados de FUNGOS DE CAMPO porque invadem as sementes antes da colheita, enquanto as plantas estão em crescimento no campo. Uma exceção é o milho armazenado na espiga onde pode ser também atacado por típicos fungos de campo após a colheita. Os fungos de campo exigem umidade alta para se desenvolverem: conteúdo de umidade - em equilíbrio com UR de 90 a 100% que no cereal significa um conteúdo de 22 a 23% em peso úmido ou 30 a 33% em peso seco (Scussel, 1998, 202). Estes fungos podem descolorir e causar enrugamento das sementes, enfraquecer ou matar o embrião, bem como causar doenças nas plantas de tais sementes. Eles podem afetar a qualidade de grãos para vários usos. Os danos resultantes da invasão de fungos causados antes da colheita, podem ser detectados por análise de rotina de inspeção. Eles não continuam crescendo na armazenagem, devido ao controle da umidade pela aeração. Contudo, esporos podem sobreviver por vários anos no grão seco, mas morrem rapidamente em grãos armazenados com conteúdo de umidade em equilíbrio com UR de 70 a 75%. Algumas espécies de Fusarium quando desenvolvidas em sementes podem causar scab em trigo e cevada ou podridão da espiga de milho. Dependendo da espécie de Fusarium e condições em que invadiu o grão, pode produzir toxinas (deoxinivalenol / fumonisinas / zearalenona). A Alternaria, um dos fungos de campo considerados mais comuns, é encontrada principalmente sob a casca (pericarpo) de grãos de trigo levando a sua descoloração. Contudo, quando seu desenvolvimento não for intenso, pode co-existir sem causar maiores danos.

CLASSIFICAÇÃO DOS FUNGOS E EFEITOS NOS GRÃOS

FUNGOS DE CAMPO Há uma enormidade de gêneros fungicos que proliferam no campo, sendo os mais representativos a Alternaria, Fusarium, Cladosporium e Helmintosporium. A micoflora é

Características das colônias de fungos de CAMPO Alternaria: micélio de coloração verde-acinzentada. Os conidióforos são escuros, simples, com cadeia de conídios simples ou ramificadas; os conídios escuros, apresentam tipicamente septos transversais e longitudinais (possuem formas variadas, clavados, elípticos ou ovoides). Fusarium: micélio bastante desenvolvido, com apaGRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 27


¦Fungos¦ rência algodonosa, freqüentemente com coloração róse-violeta ou amarela, tanto no micélio como no meio em que se desenvolve. Conidióforos variáveis, finos e simples ou curtos, ramificados irregularmente. Conídios hialinos, variáveis, ocorrendo principalmente dois tipos: o macroconídio, multicelular, ligeiramente curvo, ou inclinado nas extermidades afiladas, tendo tipicamente forma de canoa e o microconídio que é unicelular, ovóide ou oblongo, isolado ou em cadeia

Cladosporium: micélio septado e escuro. Conidióforos também de colocarão escuros, com ramificação variável na porção mediana ou superior (agrupados ou isolados). Os conídios escuros, geralmente unicelulares quando novos e bicelulares quando maduros, são variáveis em forma e tamanho (ovóides ou cilíndricos ou tipicamente em forma de limão). Helminthosporium: micélio septado, extenso, geralmente de coloração verde-acinzentado. Conidióforo curto ou longo, septado, simples ou ramificado, ligeiramente regular ou curvo. Conídios escuros, tipicamente com mais de três células, cilíndricos ou elípticos, às vezes ligeiramente curvo, com extremidades arrendondadas.

FUNGOS DE ARMAZENAGEM Os fungos de armazenagem compreendem cerca de 10 a 15 grupos de espécies de Aspergillus, dos quais somente 5 ou 6 são conhecidos como de deterioração (quando está levemente avançada) e várias espécies de Penicillium. Invadem os grãos ocorrendo geralmente durante o armazenamento. Não invadem de forma intensa os grãos antes da colheita. Algumas espécies de Penicillium são fungos de campo, outros fungos de armazenagem. São encontrados em grande número no ar, poeira, solo, nos resíduos de grãos. São encontrados normalmente na película de grãos e sementes sob forma de esporos, e irão se desenvolver tão logo estejam em condições adequadas de umidade e temperatura. Todos os fungos de armazenagem tem habi28 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2016

lidade de crescer em materiais onde a umidade está em equilíbrio com UR de 70 a 90%.

Todos estes fungos são comuns em uma variedade de material de origem vegetal e animal. Alguns crescem, inclusive em materiais de residências tais como: almofadas, cortinas, tapetes e enchimento de travesseiros, levando à alergias respiratórias e os seus esporos podem estar em um número imenso no ar dessas residências. Em um estudo, foram isoladas 3.000.000 colônias de Aspergillus e Penicilium por grama de poeira doméstica. Eles são muito comuns em armazens e elevadores (correias transportadoras) onde grãos frescos colhidos são manuseados e são muito mais abundantes no ar do elevador terminal. Foram detectados esporos de fungos de armazenagem em milhões por grama de poeira coletada destes elevadores terminais (fonte: material embolorado residual do próprio elevador e de caminhões). Os dois grupos mais consistentemente associados a início de deterioração em grãos (trigo, arroz, sorgo, milho, cevada) são o A. restrictus E. Smith e o A. glaucus (sinômino Eurotium sp.) com formação de blue eye – seu crescimento no interior nutritivo do germem.

Em grãos em que a umidade em equilíbrio é menor que 78 ou 80%, estas são as únicas espécies que podem crescer mesmo em lotes com umidade maiores, estas espécies são as primeiras a crescerem e são seguidas de A. candidus, A. ochraceus (sinômimo A. alutaceus), A. versicolor, A. flavus e Penicilium viridicatum (sinônimo P. verucosum). Existe uma quase que regular successão ecológica: inicialmente ocorre um lento a moderado aumento de A. restrictus e A. glaucus, seguido de A. candidus e A. flavus. Quando cerca de 5 a 10% de grãos forem invadidos pelas duas espécies acima, é indicativo que a deterioração está em progresso e


Acesse: www.graosbrasil.com.br Características das colônias de fungos de ARMAZENAGEM Aspergillus: micélio septado, ramificado, usualmente incolor. Conidióforos erguidos simples, terminando uma dilatação globosa ou elíptica, freqüentemente originando-se de uma célula basal (foot cell). A partir da vesícula podem originar-se métulas filiades a partir das quais se agrupam os conídios (que são unicelulares, esféricos e de coloração variada). Penicillium: micélio septado, ramificado, usualmente incolor. Conidióforos aéreos, septados, perpendiculares a hifa submersa da qual imergem. Podem ser ramificados ou não; no primeiro caso, formam estruturas características (arranjo em vassoura). Os conidióforos podem apresentar nas extermidades a métula e a filiade a partir da qual se agrupam os conídios. Estes são hialinos e coloridos, unicelulares e esféricos.

se os grãos não se aqueceram ainda, logo acontecerá. Todos estes fungos invadem o embrião ou germe das sementes preferencialmente e algumas vezes, exclusivamente. O embrião de cereais contem mais óleo que o endosperma e portanto a uma dada UR terá um conteúdo de umidade em equilíbrio mais baixa que o endosperma. Os A. halophilicus, A. restrictus, A. glaucus, A. candidus, A. ochraceus e A. flavus são indicadores de deterioração em sementes e grãos causando danos no germe, descoloração, alterações nutricionais, perda de matéria seca e os primeiros estágios de aquecimento. O A. restrictus tem crescimento lento e é do mesmo grupo do A. glaucus. O A. flavus embora seja considerado fungo de armazenagem ele é classificado como fungo overlaping, ou seja pode ser tanto fungo de campo como de armazenagem. Pode invadir sementes de milho, algodão e amendoim no campo. Importante salientar que a maioria destes fungos pode ser toxigênica, isto é: produzir toxinas, as micotoxinas, que levarão a perda na qualidade do grão a ser comercializado tanto para consumo humano como animal.

MICROFLORA DO GRÃO Microflora externa: a região externa de grãos contém uma microflora extremamente variável e composta por microorganismos que têm nestes vegetais seu habitat natural bem como, por contaminantes do solo, ar, etc. Na grande maioria são saprófitas, mas parasitas também podem ocorrer. Nestas condições, a microflora externa é composta de: (a) PARASITAS localizados parcialmente na superfície e parcialmente no interior dos tecidos; (b) SAPRÓFITAS aderentes a semente e (c) SAPRÓFITAS que se desenvolveram na superfície da semente. A microflora externa é constituída geralmente por FUNGOS, LEVEDURAS E BACTÉRIAS, sendo estas últimas, em geral, mais numerosas. As bactérias mais comumente presentes estão incluídas nas famílias Pseudomonadaceae, Micrococcaceae, Lactobacillaceae e Bacillaceae. No geral são saprófitas incluindo organismos esporulados ou não, psicrófilos, mesófilos e termófilos, aeróbios e anaeróbios. No aspecto prático, não tem a mesma importância que os fungos na deterioração de cereais. Leveduras tem sido constatadas na superfície de cereais geralmente em números não significativos. Entre os gêneros mais freqüentes destacam-se Candida, Sporotrichum, Torulopsis, etc. Os fungos são comumente detectados na superfície de cereais são: espécies de Penicillium e Colletotrichum, seguido de Aspergillus, Alternaria, Helminthosporium, Fusarium, Cladosporium, Mucor, etc (Scusel, 2009). GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 29


¦Fungos¦ Microflora interna: a microflora interna de cereais é composta de parasitas e saprófitas. Particularmente em regiões tropicais, a incidência é mais elevada, favorecida pela maior umidade relativa do ambiente e temperatura mais altas, que possibilitam uma maior infestação dos grãos durante o desenvolvimento e maturação. A detecção da contaminação interna pode ser efetuada pela observação direta dos grãos que exibem alterações (grãos mumificados, descoloração dos embriões) ou pelo exame microbiológico realizado pela semeadura de grãos desinfetados externamente em placas de Petri contendo meios de cultura, seguido de incubação e observação do desenvolvimento. Tanto fungos como bactérias podem contaminar a porção interna dos grãos. Espécies parasitas são mais freqüentes, embora também saprófitas possam ocorrer. Entre os fungos saprófitas ou parasitas não obrigatórios, comumente são relatadas espécies de Aspergillus, Penicillium, Alternaria, Rhizopus dentre outros.

Dentre os microorganismos contaminantes de cereais, os fungos ocupam posição de destaque, merecendo, portanto, maiores considerações. Mais de 150 espécies de fungos já foram isoladas de grãos de cereais. A maior ou menor infestação dos grãos é função do fungo contaminante, do estágio de desenvolvimento do grão, da sua susceptibilidade e das condições climáticas.

“No próximo número da Revista Grãos Brasil, abordaremos o tema: “Fungos Indicadores de Qualidade na Armazenagem de Grãos”


¦Capacitação¦ Expurgo de Grãos e Sementes

Por: Eng. Domingo Yanucci|Consulgran - Granos - Grãos Brasil | graosbr@gmail.com Eng. Arnaldo Cavalcanti Rezende|Consultor | arnaldo.rezende@terra.com.br

Sabemos que várias pragas importantes atacam quando os grãos ainda estão na lavoura, chegando a nosso armazém grãos com uma infestação oculta. Sabemos que os sistemas de amostragem são insuficientes para detectar pequenas infestações, mas os melhores sistemas de amostragem práticos não tem capacidade de identificar grãos com infestação oculta. Ver Foto 1, Grãos de trigo com infestação oculta de Sitophilus spp. (gorgulho).

Uma vez armazenado muitos são os fatores que afetam a conservação e a vida das pragas. (Ver figura 1). Pelo comentado devemos ser bem conscientes na hora de falar sobre as caraterísticas de um grão ou semente que ingressa no armazém. Em realidade nunca podemos afirmar que não tem infestação.

Sabemos que a base do sucesso no controle de pragas é a limpeza e o tratamento de instalação. Alguns estudiosos falam que 70 % do sucesso dependem da eliminação dos focos que permanecem de uma colheita para outra. Todos os armazéns devem ter máquinas aspiradoras, nebulizadores, pulverizadores, etc. para realizar as práticas e tratamentos de forma adequada.

Eng. Arnaldo Cavalcanti Rezende | Consultor GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 31


¦Pós-Colheita de Soja¦ Figura 1 - Fatores bióticos e abióticos que afetam a massa de grãos

O uso de água, a pressão e os tratos adequados para realizar uma boa limpeza, assim não se pode duvidar em usar ela quando for possível. Claro que como falamos não se pode evitar que ingressem ao nosso armazém os insetos que atacam na lavoura. Por isto cabe perguntarmos o que podemos e o que devemos fazer? Para dar resposta a esta situação devemos levar em conta entre outras coisas: Quanto tempo ficará o grão armazenado em nosso armazém? Temos condições de resfriar os grãos? A empresa realiza tratamento com inseticidas residuais quando recebe o produto? No caso em que o grão saia rapidamente não dando tempo para a proliferação das pragas, pode se evitar o tratamento. Lembremos que a temperatura é o principal fator que afeta a vida dos insetos (Ver Figura 2). Assim que, baixando a temperatura, podemos considerar que praticamente dobrará o tempo necessário para um inseto completar seu ciclo de vida. Neste caso também podemos evitar tratamentos. No caso em que a empresa realize tratamento com residuais, depois do acondicionamento, este tratamento pode eliminar uma pequena infestação que chega da lavoura, mas não de forma rápida (pode demorar de 3 a 4 semanas). Figura 2 - Resposta de várias espécies aos níveis de temperatura.

As pragas não manifestam resistência ou tolerância a fatores físicos, como a temperatura ou a falta de oxigênio. Em geral as medidas físicas são muito efetivas e sempre devem fazer parte integrante do pacote de controle de pragas. No caso do grão ficar armazenado também se pode fazer o expurgo, com o objetivo de eliminar qualquer infestação, seja ela oculta ou pequena. Mas é importante respeitar a dosagem que se recomenda, assim como a vedação e o tempo de exposição do gás. Não se pode pensar que para uma pequena infestação podemos usar menos dosagem. Ao contrário, no caso das infestações ocultas, onde a praga se encontra em estágio de ovo, larva, pupa ou pré-adulto dentro do grão, o gás necessita alcançar no ar inter-granário uma forte concentração para ingressar nas estruturas do grão e chegar a atingir o inseto que está protegido. Vejamos no próximo quadro os produtos e as dosagens: INSTALAÇÕES Produtos Líquidos

Produtos em pó Sempre falamos que quanto mais se reforcem estes tratamentos de aplicação, melhor cobertura teremos. PREVENTIVOS Produtos Líquidos

Quanto menos produtos inseticidas residuais sobre os grãos, melhor. 32 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016


Acesse: www.graosbrasil.com.br

Expurgo

Eng. Arnaldo Cavalcanti Rezende|Consultor | arnaldo.rezende@terra.com.br

O único produto disponível na prática é a fosfina (PH3), gás que se libera do fosfeto de alumínio ou de magnésio. FATORES QUE INFLUENCIAM A LIBERAÇÃO DE FOSFINA Dois fatores são decisivos para que o fosfeto de alumínio libere a Fosfina: • Temperatura do ar: quanto maior a temperatura, mais rápida será a reação química que libera a fosfina. Abaixo de 10ºC (temperatura do ar no interior do armazém, ou na massa de grãos, ou na câmara do sistema de aeração do silo) não se recomenda o expurgo, mesmo porque nesta temperatura já não há atividade biológica dos insetos. • Umidade relativa do ar: quanto maior for a U.R (%), mais rápida será a liberação da fosfina. Assim, quando a U.R. no local onde foi aplicada a Fosfina, no interior da massa de grãos, sistema de aeração, interior do armazém estiver abaixo de 30%, é desaconselhável o expurgo. Quando estiver na faixa de 30 a 40% a experiência tem demonstrado que alguns artifícios auxiliam bastante a decomposição do produto: colocação de bandejas com água na parte interna do ventilador da aeração, ligando-o por alguns minutos antes da colocação do fumigante. E, no caso de armazéns de sacaria, molhar o piso com bastante água, por baixo dos pallets, algumas horas antes da colocação da lona e do produto. DOSAGEM, TEMPO DE EXPOSIÇÃO E VEDAÇÃO A resposta da fumigação depende, fundamentalmente, do emprego combinado e correto da dosagem, da Vedação e do Tempo de Exposição.

DOSAGEM As dosagens indicadas pelos fabricantes estão associadas à concentração mínima de Fosfina a que os insetos, em seus diversos estágios de desenvolvimento, devem ser submetidos por um determinado período mínimo de exposição para que sejam eliminados totalmente. Tendo em vista que a concentração inicial de Fosfina tem efeito anestésico para os insetos, é necessário que as concentrações indicadas de Fosfina sejam garantidas pelo tempo mínimo de exposição para eliminar todos os insetos e todas as suas formas de desenvolvimento, presentes. Pois, a redução da atividade respiratória dos insetos provocada pelo stress, significa também a redução da inalação do gás. Considerando que a Fosfina é um gás e que se expandirá em um espaço entre os grãos, a dosagem sempre será calculada pelo volume (m³) de produto ou espaço a ser fumigado e não em relação ao peso de produto a ser fumigado. A dosagem registrada para o produto, via de regra, apesar de algumas exceções, é de 2,0 g de Fosfina por m³. (Vide recomendações dos fabricantes) No caso em que não seja possível obter a cubagem de produto a ser fumigado, poderá ser utilizada a densidade desse produto disponível no site dos fabricantes. Grãos e produtos alimentícios ensacados: Fazer o cálculo do volume ocupado pelo produto a ser expurgado (cubagem), inclusive eventuais espaços vazios na pilha, multiplicando comprimento x largura x altura, a ser coberto pela lona para expurgo. TEMPO DE EXPOSIÇÃO O Tempo mínimo de exposição depende da temperatura e da umidade relativa do ar, da formulação utilizada*, além de outros fatores como a possibilidade de existência GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 33


¦Pós-Colheita de Soja¦ comprovada de populações tolerantes/resistentes à Fosfina, níveis de infestação e, eventualmente, espécies de insetos. Embora os fabricantes façam indicações dos Tempos Mínimos de Exposição para uma fumigação eficaz, pode-se aplicar o seguinte princípio: Quanto maior o tempo que a Fosfina terá para agir, melhor é o resultado. Lembrando que a concentração mínima letal de Fosfina deve ser mantida por todo o período de fumigação. Como visto anteriormente, a concentração mínima de Fosfina para eliminar os insetos em todos os seus estágios de desenvolvimento deve ser mantida por um período mínimo de exposição. Assim, este fator é determinante para respostas positivas de um processo de fumigação. *Para o caso do sachê, o material da embalagem absorve uma parte da umidade do ar, o que tem como consequência geração de Fosfina mais lenta. Condição que deve ser considerada ao se determinar o Tempo de Exposição. Lembrando que a temperatura e a umidade do ar influenciam na liberação da Fosfina, as seguintes observações práticas podem ser utilizadas para orientação do expurgo correto: Acima de 25 ºC Sementes em geral - 96 h Grãos ou sementes de feijão - 72 h Grãos armazenados, farinhas, cacau, fumo, algodão em pluma.( Ensacado 120 hs - Silos metálicos graneleiros 240 h) Entre 15 ºC e 25 ºC Aumentar o tempo acima sugerido em 20%, exceto para sementes. Inferior a 15 ºC Fica impossibilitada a fumigação Fonte: BEQUISA VEDAÇÃO Fator que determina a manutenção da concentração mínima ideal para eliminar os insetos em todas as suas fases de desenvolvimento. Caso ocorra a redução da concentração de Fosfina, como consequência de uma vedação indesejada, seja pelo uso de lonas de fumigação inadequadas/defeituosas, as pragas

podem se recuperar depois de um determinado período de tempo sem ter recebido a dose letal. Lembrando que o gás é extremamente expansivo e penetrante, dispersando-se para todos os lados, é necessário que sejam vedados com lona própria para expurgo, de PVC ou Polietileno, espessura mínima de 150 micras, todas as possíveis saídas que permitam escape do gás: superfície da massa, sistemas de aeração, válvulas de saída de grãos, junção da lona com cabos de termometria com fita adesiva, bem como colocando “cobra de areia” em todos os pontos onde a lona toca o piso (pilhas de sacaria) ou as paredes (silo ou graneleiro). Atentar para o fato de que o gás Fosfina jamais atingirá uma concentração mortal para os insetos, principalmente para as formas jovens se houver um ponto para escapar para fora da massa a ser expurgada. Salientamos que eventual (e não recomendado) aumento da dosagem não significa que possamos reduzir o tempo de exposição. Maiores tempos de exposição garantirão melhores respostas da fumigação, sobretudo em níveis mais elevados de infestações e em algumas espécies de insetos. Dentro deste entendimento, podemos afirmar que o tempo de exposição poderá compensar eventuais adversidades nos teores de umidade e temperatura, na ação efetiva sobre todas as formas de desenvolvimento dos insetos e também na ação sobre grandes volumes de produtos a serem fumigados. CUIDADOS NA OPERAÇÃO DO PROCESSO DE FUMIGAÇÃO Constituindo uma operação em que envolve riscos, esta deve conter todo sentimento de profissionalismo, onde a capacitação e a consciência da atitude são fatores determinantes para que a fumigação transcorra com eficiência e sem acidentes. Formação da Equipe A equipe de fumigação, coordenada por um elemento experiente, deverá ser reunida para receber as orientações da operação de expurgo, bem como as responsabilidades individuais de cada elemento naquele procedimento. “A leitura atenta do Manual do Fabricante é obrigatória para toda a equipe.” Os participantes da equipe de fumigação não poderão ter histórico de doenças hepáticas, estarem bem nutridos, não estarem sob efeitos de medicamentos, além de serem capacitados. Equipamentos de Proteção Individual (EPI) Os EPI’s devem ser constituídos de macacão, dotados de calças e mangas compridas, botas e luvas de PVC, capacetes, máscara e filtros adequados. Para as máscaras recomendamos as do tipo “panorâmicas” e os filtros, os combinados para gases ácidos e vapores orgânicos. Entendemos importante salientar que os EPI’s deverão estar rigorosamente em condições adequadas de uso, particularmente os filtros e máscaras, para que permitam total segurança na operação.

34 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016


O Coordenador da Equipe e o Técnico de Segurança “serão responsáveis pela manutenção e a limpeza dos EPI’s (as máscaras devem ser imersas em solução de Milton a 20%, por 15 minutos) ”. Observar que cada fabricante estabelece o tempo de uso para os filtros. Entretanto, considerando as variações das concentrações de fosfina a que são submetidas, recomendamos que se avalie a sua eficiência a partir da percepção de odor de amônia, partindo da premissa que o respirador está corretamente fixado à face. RECOMENDAÇÕES PARA A OPERAÇÃO DE FUMIGAÇÃO • Com antecedência de 24 horas toda a indústria ou unidade armazenadora deve ser notificada da data e local da operação de expurgo, bem como o período em que a mesma irá ocorrer. • Promover a sinalização da área e local com uso de “bandeiras” de sinalização; • Certificar-se da ausência de pessoas não autorizadas no local de fumigação e, se necessário, evacuar o local; • Preparar a equipe e checar responsabilidades e EPI’s; • Não fumar, beber ou comer durante a operação de fumigação; • Ler atentamente o Manual do Fabricante, observando criteriosamente suas recomendações. • Seguir criteriosamente as recomendações de vedação necessárias para a eficiência e segurança da operação de fumigação. • A dosagem deve ser rigorosamente observada, segundo as instruções do fabricante. Atenção: “As dosagens nunca devem ser alteradas, seja para compensar eventuais vazamentos (Neste caso, recomendamos a solução do problema ou não se realizar a operação de fumigação), seja para compensar altas infestações de insetos”. Cuidados na abertura das embalagens de Fosfina Em se tratando de um inseticida que libera gás, o armazenamento inadequado, sob alto calor, poderá acarretar a pressurização da embalagem diante do aumento da pressão interna. Diante deste fato, recomendamos inicialmente proceder a sua despressurização no lado externo dos locais de expurgo, mediante a abertura parcial das garrafas de Fosfina, posterior fechamento e, no caso das latas de sachê, proceder a um pequeno furo para o mesmo objetivo. No caso de uso de lonas para expurgo, estas nunca devem ser de materiais reciclados (Lonas pretas), apenas será permitida a utilização de lonas de PVC ou Polipropileno, ambas específicas e recomendadas para a fumigação. Durante a operação de fumigação não se recomenda o uso de pendentes de luz, apenas se os mesmos estiverem em reais condições adequadas e com protetores para lâmpadas. Nenhum sistema de ventilação ou exaustão poderá estar ligado durante a operação de fumigação. Esta medida apenas deve ser adotada ao final da operação, com vistas à aeração do ambiente e, se necessário, do produto.


¦Comércio¦ Dançando Conforme a Música

Por: Osvaldo J. Pedreiro |Novo Horizonte Assessoria

O mercado agrícola nesta temporada tem dado um excelente baile em todos os participantes. Desde meados de 2015, quando a turbulência política e econômica brasileira e também ao redor do mundo começou a mostrar suas garras, o mercado tem se comportado de maneira a fazer o mais expert pensar dez vezes antes de emitir qualquer opinião a respeito. A procura por farelo de soja principalmente dos países asiáticos tem provocado excelentes oportunidades para que os produtores de soja tanto dos EUA como do Brasil obtenham bons níveis de preço em suas vendas de soja em grãos. Devido a essa situação, eu diria que o milho deveria estar no caminho inverso, pois se as cotações mais fracas para esse produto na CBOT nos levariam a tal raciocínio, o clima adverso lá e cá tem contribuído para que ao menos no âmbito interno brasileiro se tenha uma surpreendente alta nos preços do milho e isso em plena colheita da chamada “safrinha”. As especulações em torno da possibilidade de produtores dos EUA aumentarem a área cultivada com soja em terras inicialmente previstas para o cultivo do milho permanecem no radar do mercado até o fim de junho, quando o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgará seu relatório mensal de área plantada com grãos. Alguns analistas acreditam que a migração do milho para a soja vai ocorrer, apesar de não ser possível determinar ainda a proporção. O relatório de março (de intenção de plantio) não pegou o forte movimento de alta da (cotação) soja, que começou naquele mês. Apesar da tradição dos produtores norte-americanos de cultivarem milho, a aposta é de que a melhor remuneração dos futuros da soja deve levar a alguma troca de área. O câmbio no Brasil é outro fator de influência considerável 36 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016

nesta época do ano. Brasil e Estados Unidos disputam o mercado internacional de soja em grão, já que a Argentina, terceiro maior produtor mundial da oleaginosa, concentra suas vendas externas do complexo soja no farelo. Os embarques de soja brasileira seguem em ritmo acelerado. De acordo com dados da Secretaria de Comercio Exterior (SECEX) divulgados na segunda-feira (16), as exportações de soja em grão tendem a manter o ritmo registrado em abril, quando somaram o maior volume histórico para um mês, apontou a Informa Economics. Na segunda semana de maio, foram embarcadas 2,58 milhões de toneladas do grão, enquanto na primeira já tinham sido exportadas 2,63 milhões de toneladas. Com isso, o ritmo médio de embarque por dia útil foi de 521,8 mil toneladas, 3,5% acima do verificado no mês passado

Osvaldo J. Pedreiro | osvaldo.pedreiro@uol.com.br


Acesse: www.graosbrasil.com.br e 11,7% superior a igual período de 2015. Por outro lado, o fortalecimento da moeda brasileira ante o dólar torna o produto norte-americano mais competitivo para importadores, o que pode elevar a demanda pelo grão dos EUA e as cotações da commodity em Chicago. O clima na Argentina segue como fator de preocupação no mercado, apesar de as chuvas no país terem dado trégua aos produtores. Pairam ainda dúvidas sobre as reais perdas provocadas pelo excesso de umidade em regiões produtoras e rumores de que a quebra poderia ser maior que a já estimada até agora. Nas últimas semanas, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires projetou a safra de soja argentina em 56 milhões de toneladas; a Bolsa de Comercio de Rosário havia estimado, anteriormente, 55 milhões de toneladas de produção. Outras instituições projetam entre 52 a 54 milhões de toneladas, de acordo com a Informa. “A gente ouve o mercado falando que (a Argentina) poderia perder até 10 milhões de toneladas. A colheita está na metade ainda, então a perspectiva pode mudar”, avaliou a FCStone. Investidores também aguardam dados que confirmem as previsões de maior exportação dos Estados Unidos e demanda mais elevada pelo produto do país, divulgadas na semana passada pelo USDA em seu relatório mensal de oferta e demanda. De forma geral, o governo americano elevou sua projeção de demanda e reduziu as de oferta. A perspectiva do USDA é de que as exportações da safra 2015/16 cheguem a 1,740 milhão de bushels, ante 1,705 milhão previstos em abril. Ao mesmo tempo, o USDA ajustou suas projeções para o estoque final dos EUA na temporada 2015/16 norte-americana para 10,89 milhões de toneladas, ante 12,11 milhões de toneladas em abril. Também reduziu suas estimativas para o estoque final do país em 2016/17 para 8,30 milhões de toneladas, 23,75% abaixo do volume projetado para o ciclo anterior. Analistas apontam que há alguma preocupação com possíveis cancelamentos e dúvidas se as projeções do USDA sobre demanda se confirmarão na prática. Vejam que as notícias se alternam entre favoráveis e preocupantes nas principais regiões de produção no mundo, e a decisão a ser tomada para assumir uma posição de compra ou de venda futura fica mais complicada, aumentando o risco de uma invertida na projeção de ganhos ou colocando em estado de alerta um possível desabastecimento de matéria prima para os fabricantes de ração animal e mesmo para produção de alimentos para consumo humano. Voltamos ao ponto que alertamos na edição anterior: A QUE PREÇO TEREMOS QUE PAGAR PARA OBTER O ALIMENTO? Nas primeiras semanas de Maio tivemos o anúncio dos relatórios do USDA e da CONAB mostrando os números mais recentes de projeção de OFERTA E DEMANDA cujos quadros damos a seguir para melhor esclarecimento. As cotações de soja e milho na CBOT tem retratado a situação crítica da evolução das lavouras tanto nos EUA como na América do Sul, onde a incidência de chuvas excessivas e/ou a falta de umidade tem provocado especulações as

mais diversas, com preços locais atingindo níveis quase que proibitivos para os segmentos de produção de alimentos, podendo agravar ainda mais a situação econômica dos avicultores e suinocultores em especial, que estão amargando altíssimos preços na matéria prima para manutenção de seus plantéis, o que por consequência irá trazer uma inflação ainda mais danosa para o consumidor final.

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 35


¦ CoolSeed News ¦

38 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016



¦Utilíssimas ¦ Revista Granos & Postcosecha Latino Americana Ya está disponible la versión on-line de la última edición de la Granos: https://issuu.com/graosbrasil/docs/ granos111o. Nesta última edição contamos com notas muito interessantes: Manejo de granos dañados – Nuevo escenario para el Trigoxinas – Ley de semillas – Comunicación de riesgos para agrotóxicos – La revolución del frío – Como elegir el mejor rodenticida – Aumento del área de girasol para la próxima campaña – Lluvias y calidad de la semilla de soja – Rojosoft S.R.L. entre outras. Interessados em recebê-la contatem pelo e-mail: revista.granos@gmail.com

Nota de Falecimento | Ex-diretor da Abrapos É com tristeza que comunicamos o falecimento do ex-diretor da Abrapos, ARMANDO FERREIRA FILHO - MANDUCA, no dia 15/04/2016 na cidade de Passo Fundo, RS. Manduca fez parte da diretoria da Abrapos na gestão 2006-2014, ocupando o cargo de tesoureiro. Aos familiares do Manduca nossas mais sinceras condolências. Marcelo Alvares de Oliveira Presidente da Abrapos

Eventos da ABRAPOS em 2016 A Associação Brasileira de Pós-Colheita de Grãos – ABRAPOS anuncia a realização de dois eventos no ano de 2016: • VII Simpósio Sul de Pós-colheita de Grãos, a ser realizado nos dias 28 a 30 de junho de 2016, na cidade de Erechim, RS; e, • IX Simpósio Paranaense de Pós-colheita de Grãos que será realizado, de 19 a 21 de outubro de 2016, na cidade de Campo Mourão, PR. Contamos com a participação de todos os interessados na área de pós-colheita em ambos os eventos! Para reservas, favor enviar e-mail para abrapos@abrapos. org.br e confirmar o recebimento do e-mail pelo telefone: (043) 3345-3079, falar com Vanessa Munhoz.

Definida programação da Reunião de Pesquisa de Soja O papel da inovação no fortalecimento da cadeia produtiva da soja no Brasil será destacado na palestra de abertura da 35ª Reunião de Pesquisa de Soja, que será promovida pela Embrapa Soja, nos dias 5 e 6 de julho, no Hotel Sumatra, em Londrina (PR). Também serão debatidos temas como resistência da ferrugem asiática a fungicidas, tratamento industrial da semente e inoculação, novos organismos geneticamente modificados, desafios para o uso efetivo do Manejo Integrado de Pragas, entre outros temas. A programação também irá contar com a consolidação dos relatos do desempenho da cultura da soja no Brasil, safra 2015/16, por região brasileira. Mais informações e inscrições pelo site www.rps2016.com.br (043) 3345-3079, falar com Vanessa Munhoz.

Brasil fecha 2015 superavitário no comércio com os árabes O comércio entre o Brasil e os 22 países da Liga Árabe encerrou 2015 superavitário para o lado brasileiro. A diferença entre as exportações e importações teve um saldo positivo de US$ 4,99 bilhões, alta de 153% na comparação com 2014. O total exportado em volume também cresceu 10,15% na mesma relação, para 44,18 milhões de toneladas. Já a receita recuou 9,55%, para US$12,12 bilhões, ou seja, apesar de vender mais, as divisas ficaram abaixo das de 2014. Na avaliação da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), responsável pela compilação dos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), 2015 foi influenciado pela desvalorização das commodities. Esses produtos, que perfazem 70% da pauta de exportações, tiveram depreciação média de 40% ao longo do ano, o que impactou as receitas. 40 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2016


80 ANOS DE TRADIÇÃO NO CAMPO E INOVAÇÃO TODOS OS DIAS.

Há 80 anos, a CASP oferece as melhores soluções para armazenagem de grãos, avicultura e suinocultura, levando novidades e tecnologia de ponta para o campo. Conte com a CASP e construa uma história de sucesso.

Central de Atendimento: 0800 771 0083 www.casp.com.br



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.