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¦ Editorial ¦ Ano XV • nº 83

Março / Abril 2017

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Administradora Giselle Pedreiro Bergamasco Colaborador Antonio Painé Barrientos Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 3304-6522 | 99162-6522 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos -ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale Produção Arte-final, Diagramação e Capa

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(44) 3031-5467 02 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

Caros Amigos e Leitores A Grãos Brasil, da semente ao consumo, chega a suas mãos com interessantes temas de atualidade. Mostrando a melhor tecnologia que está disponível para otimizar os processos de pós-colheita. A grande produção, fruto do esforço dos fazendeiros e das próprias condições agro-meteorológicas, expomos os pontos mais fracos de nosso sistema de manejo e comercialização de grãos. É hora de investir inteligentemente, e temos 3 grandes áreas: A infraestrutura básica que esta nas mãos do governo, as infraestrutura de manejo (armazéns) que devem realizar as empresas, e também com o investimento em capacitação. Sempre dizemos que o mais importante é o responsável do armazém, o que na especialidade do café era chamado como “Fiel do armazém”, ele deve receber informação e formação, de maneira que possa otimizar os processos. Sabemos que a operação mais importante é a amostragem e monitoramento, e tudo o que implique melhorias nestes trabalhos resulta em um manejo mais eficiente. Hoje temos informação que permitem passar do manejo tradicional a um tecnificado, com um custo praticamente zero, melhorando o controle de pragas, a secagem, a aeração, etc. etc., diminuindo gastos e perdas. Nesta edição apresentamos matérias de grande atualidade, relacionadas a milho, soja, trigo, qualidade, fungos, insetos, comercialização. Se desejar ter edições anteriores, solicite-nos, lembre-se que pode receber a revista em seu formato digital, sem custo e em forma rápida e direta em seu computador. Obrigado a você leitor, editoralistas e empresas anunciantes, que com seu apoio fazem tornar possível que cheguemos às suas mãos. Esperamos seus aportes, críticas e sugestões. Juntos fazemos uma especialidade melhor. Que Deus abençoe sua família e trabalho. Com afeto.

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 06

Boas Práticas na Pós-Colheita de Grãos de Soja - Parte I | Eng. Agr. Dr. Ricardo Tadeu Paraginski e Outros

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USA - Milho transgênico contra Aspergillus flavus e o Aspergillus parasiticus | Miguel Angel Criado

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1/35/380/1500 | Eng. Domingo Yanucci

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Uma Grande Verdade: A Carne é Fraca | Oswaldo J. Pedreiro

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A Verdadeira Origem Do Fioccopan – Farinha De Empanamento Lipófoba (Com Baixa Absorção De Óleo) Armazenamento de grãos em Silo bolsa Conceitos Básicos

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Setores

02

Editorial

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Não só de pão...

04 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

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Cool Seed News

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Utilíssimas


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¦Tecnologia¦ Boas Práticas na Pós-Colheita de Grãos de Soja - Parte I Eng. Agr. Dr. Ricardo Tadeu Paraginski | Instituto Federal Farroupilha – Campus Alegrete Luana Haeberlin| Graduando de Engenharia Agrícola do Instituto Federal Farroupilha Samuel Martens | Graduando de Engenharia Agrícola do Instituto Federal Farroupilha

A cultura da soja (Glycine max L. Merril) vem apresentando um aumento de produção a cada ano. Este crescimento ocorre devido ao elevado valor de mercado observado na cultura nos últimos anos, assim como os altos teores de proteínas e lipídios, que permite grande utilização na alimentação humana, animal e produção de biocombustíveis, além de ser a commodity com maior impacto no PIB do setor. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, apenas atrás dos EUA. Na safra

Figura 1. Diversos setores de utilização dos grãos de soja produzidos no Brasil. 06 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

2015/2016 a produção brasileira atingiu 95,63 milhões de toneladas, com produtividade média de 2.882 kg por hectare no total de 33,17 milhões de hectares de área cultivada, sendo esta produção utilizada em diferentes setores, conforme apresentado na Figura 1. Desta maneira, os grãos de soja produzidos, que são utilizados nos diferentes setores agroindústrias do país, necessitam de armazenamento adequado, para garantir


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¦Tecnologia¦ a disponibilidade de matéria prima de qualidade na entressafra. Contudo, tem-se observado no setor é que ainda existem deficiências no armazenamento dos grãos de soja (Figura 2) que reduzem a qualidade da matériaprima, e em muitos casos, impossibilitam sua utilização.

Figura 2. Qualidade de grãos de soja observados durante a comercialização no Brasil ao longo do ano.

O armazenamento inadequado de grãos de soja propicia a formação de grãos avariados, tais como grãos ardidos, mofados, fermentados, germinados e queimados, que além de apresentarem riscos para o consumo humano e animal, em consequência da formação de micotoxinas, também reduzem o rendimento no processamento industrial devido à perda de qualidade da matéria prima. A qualidade de armazenamento está relacionada com a qualidade inicial dos grãos, todavia durante o período de armazenamento, os grãos são influenciados por fatores externos como temperatura, umidade dos grãos, umidade relativa do ar, atmosfera de armazenamento, teor de grãos quebrados, teor de impurezas, presença de micro-organismos, insetos, ácaros e tempo de armazenamento (Figura 3), que podem provocar perdas qualitativas e quantitativas dos grãos, além da formação de calor, devido a reação exotérmica.

Figura 3. Fatores que interferem na qualidade de armazenamento de grãos.

Dentre as perdas observadas nos grãos, podese destacar as quantitativas, que são representadas pelas perdas de peso e umidade dos grãos, provocadas pelos processos de respiração e busca pelo equilíbrio 08 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

higroscópico, respectivamente. Já nas perdas qualitativas, destacam-se as perdas de sabor, odor, valor nutricional, metabólitos, parâmetros fisiológicos (germinação e vigor), e aumento do risco de micotoxinas, além da desvalorização de mercado. Desta forma, para garantir a qualidade dos grãos, necessita-se etapas de pós-colheita adequadas para manutenção da qualidade dos grãos, sendo assim, o Grupo Pós-Col do IFFarroupilha elaborou um Guia de Boas Práticas para Armazenamento de Soja, que resumidamente será apresentado em Parte I e Parte, buscando elencar as principais ferramentas que devem ser adotadas nas Unidades de Armazenamento e Beneficiamento de Grãos. BOAS PRÁTICAS NA PÓS-COLHEITA DE GRÃOS DE SOJA • Manejo pré-colheita; • Identificação da qualidade dos grãos; • Cuidados na pré-limpeza e limpeza dos grãos; • Cuidados na secagem; • Cuidados no carregamento de silos e armazéns; • Manejo de Termometria e Aeração; • Manejo Integrado de Pragas de Grãos Armazenados; • Controle das condições atmosféricas do ambiente; • Redução do metabolismo dos grãos; • Manutenção dos equipamentos da unidade; 1. Manejo Pré-Colheita A limpeza e preparo da unidade armazenadora deve ser realizado no período de entressafra, geralmente nos meses de novembro, janeiro e dezembro, onde a produção do ano já foi expedida, devendo-se eliminar todas as sobras de grãos, detritos e restos de embalagens. Esta limpeza deve ser feita dentro dos armazéns, silos e equipamentos, bem como da área externa da unidade, sendo recomendado proceder a pulverização de toda a unidade com inseticidas adequados, para eliminar possíveis insetos e larvas remanescentes, além de criar barreiras para novas infestações. 2. Identificação da qualidade dos grãos A avaliação da qualidade dos grãos no momento da recepção ou expedição é fundamental para determinar valor de mercado, e também a quais etapas de póscolheita, como pré-limpeza, limpeza e secagem, os grãos precisarão ser submetidos. Desta forma, no momento da recepção deve ser realizado procedimentos corretos de amostragem, homogeneização e avaliação das amostras, devendo-se seguir os procedimentos determinados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), bem como coletar algumas informações, como cultivar (Convencional, RR, Intacta, Inox), local de produção, sistema de colheita e hora de colheita, sendo todas estas para facilitar a tomada de decisão no interior da unidade. Dentre as ferramentas para amostragem,


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¦Tecnologia¦ devemos utilizar amostrador composto ou pneumático, sempre coletando o número mínimo de pontos estabelecidos. Como exemplo, em um equipamento de transporte de até 15 toneladas, devem ser coletados no mínimo 5 pontos. Ressalta-se, que as coletas devem ser realizadas abrangendo toda a profundidade da camada de grãos e que após coletadas, essas amostras devem ser homogeneizadas em homogeneizadores do “Tipo Boerner ou Jones”, e posteriormente quarteadadas nos mesmos equipamentos para obtenção da amostra de trabalho, para realização de análises compulsórias de determinação de umidade, matérias estranhas e impurezas e para identificação dos defeitos, e tipificação final, devendo-se todos esses procedimentos realizados serem descritos em um Procedimento Operacional Padrão (POP). 3. Cuidados na pré-limpeza e limpeza dos grãos A avaliação dos grãos realizada na recepção, pode determinar se esses grãos precisam da realização de etapas de pré-limpeza e limpeza. Recomenda-se, que quando necessária secagem dos grãos, os níveis de matérias estranhas e impurezas, devem ser reduzidos para valores inferiores a 4%, já para armazenamento, esses níveis devem ser reduzidos para valores inferiores a 1%. As etapas de pré-limpeza e limpeza, devem ser realizadas com máquinas de ar e peneiras, que utilizam princípios de vazão de ar e também de peneiras de diferentes tamanhos para obtenção dos níveis desejados. A presença de matérias estranhas no interior das amostras no momento da secagem, dependendo do tempo de permanência destas no interior dos silos, pode provocar incêndio, e colocar em risco toda a unidade armazenadora. Já a permanência de grãos no interior dos silos, pode favorecer o desenvolvimento de microorganismos, e além disso dificultar o processo de aeração dos silos, pois interfere na frente de aeração, conforme observado na Figura 4.

4. Cuidados na secagem A secagem é etapa fundamental na conservação de todos os grãos, e caracteriza-se como o processo de remoção de água dos grãos até os níveis que permitam o armazenamento por períodos mais ou menos longos. O teor de água adequado para o armazenamento depende da espécie e do período que se pretende armazenar os grãos, sendo que além da umidade, fatores como temperatura, umidade relativa do ar, pragas e doenças podem interferir na qualidade. No caso de grãos de soja, a maturação fisiológica ocorre nos grãos com níveis de umidade entre 45 e 50%, sendo a colheita mecânica realizada com teores entre 20 e 14%, e recomendase o armazenamento com teores inferiores a 11% para armazenamento de até 1 ano, e entre 9 e 10% para períodos de armazenamento superiores a 1 ano, sendo portanto a secagem indispensável no processo de armazenamento de grãos de soja. Dentre os métodos de secagem disponíveis para grãos de soja, podemos adotar métodos naturais, adaptados ou tecnificados, conforme as diversas situações existentes. Entretanto como a maior parte da soja é produzida em grande escala, os sistemas tecnificados são os mais utilizados, caracterizados nos sistemas de secagem contínua e seca-aeração (Figura 5). O sistema de secagem contínua pode utilizar temperaturas do ar na entrada do secador de 70 a 130°C, sendo que desse modo a massa de grãos não pode conter muitas impurezas e matérias estranhas. Em sua operação, deve ser feita inspeção diária e remoção de poeiras para evitar incêndio, além de realizar o acompanhamento da temperatura da massa dos grãos, que deve ser inferior a 43ºC. Este sistema é muito utilizado na secagem de grãos de soja, em virtude dos mesmos não possuírem danos térmicos, assim, podese utilizar a secagem contínua, que ao final se obterá um produto de qualidade elevada.

Figura 5. Sistema de secagem contínuo (A) e detalhe do ventilador utilizado no sistema misto (B) utilizados para a grãos de soja.

Figura 4. Matérias estranhas e impurezas observadas no interior de silos que interferem na qualidade de armazenamento de grãos. 10 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

O sistema misto, também chamado de seca-aeração, caracteriza-se pelos grãos passarem inicialmente por uma secagem preliminar convencional seguida por uma secagem estacionária. Na secagem preliminar convencional, os grãos perdem parte da água, em geral até cerca de dois a três pontos percentuais de umidade acima do que se deseja como adequada para o final da operação. Nessa etapa, podem ser empregadas temperaturas de 60 a 90*C, em que é usado um secador


Eng. Domingo Yanucci | graosbr@gmail.com GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 11


¦Tecnologia¦ Outro parâmetro que deve ser considerado é a redução do tempo de espera dos grãos para secagem. Muitas vezes os grãos chegam até a unidade de armazenamento, e devido à um fluxo elevado de produto, acabam permanecendo nas moegas (Figura 6), onde, na maioria dos casos, ocorre o aquecimento destes grãos. Em curto prazo, este aquecimento não representa problemas, porém ao longo do período de armazenamento, estes grãos que sofreram aquecimento antes do processo de secagem, tendem a desenvolver uma maior quantidade de defeitos metabólicos, os quais reduzem a tipificação final do produto e podem comprometer o valor de comercialização. Desta forma, recomenda-se que na espera do processo de secagem, os grãos permaneçam no interior de silos pulmões que possuem sistema de resfriamento natural ou artificial, pois tem como principal objetivo reduzir a temperatura da massa de grãos, para valores próximos a 15ºC, visando a redução da atividade metabólica e das alterações destes grãos.

contínuo adaptado (o ar aquecido é insuflado em ambas as câmaras - a de secagem e a originalmente destinada ao arrefecimento quando do método contínuo). A secagem estacionária é realizada em um silo secador (fundo falso e chapas perfuradas), com ar sem aquecimento até obterse a umidade desejada aos grãos. Este é um sistema que praticamente não causa danos mecânicos, nem danos ou choques térmicos, e que permite a obtenção de secagem mais rápida e mais uniforme. A etapa de aeração é fundamental nesse processo, uma vez que os grãos são colocados ainda “quentes” no interior do silo secador, desse modo, deve-se imediatamente ligar os exaustores no momento em que os grãos são depositados no silo, para que ocorra a redução da umidade destes, até os níveis desejados, sendo indispensável o dimensionamento adequado dos ventiladores.

12 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

Figura 6. Moegas lotadas aguardando espaço no interior dos secadores (A) e silos pulmões (B).

5. Cuidados no carregamento de silos e armazéns O processo de carregamento de silos e armazéns é fundamental importância para que se tenha uma uniformidade da massa de grãos de soja. Deve-se evitar o acúmulo de matérias estranhas, impurezas e grãos quebrados em pontos específicos do interior do silo, que podem dificultar a aeração dos grãos. Desta forma, recomenda-se realizar o carregamento do silo até 1/3


GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 13


¦Tecnologia¦ de sua capacidade, realizar a remoção do produto da parte central, e após voltar a realizar o carregamento até 2/3, remover novamente a parte central, realizar o carreamento total, remover a parte central, e por fim realizar o carregamento total do silo, respeitando a distância de 1,2 a 1,5 metros da distância entre a massa de grãos e a cobertura do silo. A manutenção desta distância na cobertura do silo é fundamental para facilitar as trocas gasosas na cobertura, e evitar também que ocorra a condensação na superfície da massa de grãos. Para auxiliar nas trocas gasosas e evitar que ocorra a condensação, a utilização de exaustores é fundamental, conforme observado na Figura 7.

Figura 7. Sistemas de trocas de ar utilizados na cobertura dos silos verticais.

Para a manutenção das características do interior da massa de grãos, é necessário ter como primeiro princípio de conduta a redução da temperatura do grão e, por conseguinte, intervir quando a temperatura do ar for inferior em alguns graus à temperatura do grão. São levados em conta dois fatores restritivos: a umidade relativa do ar e a diferença de temperatura entre o ar e o grão, em que o diagrama de aeração (Figura 8) de grãos pode auxiliar nesses casos. Quando os grãos estiverem ligeiramente úmidos, a diferença de temperatura entre o ar e os grãos é mais importante do que a umidade relativa do ar, mas quando a umidade dos grãos estiver próxima das normas comerciais, são igualmente importantes esses dois fatores, devendo ser evitada a ventilação quando a umidade relativa estiver acima de 70-75%, e se a diferença de temperatura entre o ar e os grãos for menor do que 3 a 5ºC. Entretanto, se for necessário escolher entre duas alternativas (risco de aquecimento ou perda de peso por perda d’água) as condições de qualidade dos grãos no momento devem ser balizadoras da decisão.

6. Manejo de Termometria e Aeração Se a aeração tem por objetivo assegurar uma boa conservação do grão através do resfriamento e manutenção da temperatura em níveis adequados, a termometria é o meio utilizado para medir esta temperatura. Isto é feito através de uma rede de sensores dispostos estrategicamente na massa de grãos. Estes sensores são na verdade transdutores, ou seja, sensores cuja variação de uma grandeza elétrica se dá de forma, aproximadamente, proporcional à variação de temperatura. A colocação de sensores em pontos considerados críticos, e o número de sensores utilizados devem ser adequados para que o manejo da aeração possa se dar de forma eficiente. A Instrução Normativa Nº 29 de 2011, que determina as condições mínimas para a Certificação de Unidades Armazenadoras de Grãos no Brasil, recomenda um número de sensores compatível com o tipo da estrutura e a capacidade estática do armazém, sendo o mínimo a ser usado, de um ponto de leitura a cada 150 m3 de capacidade estática de armazenamento.

Figura 9. Diagrama da Aeração de grãos. Fonte: Adaptado de Lasseran (1978).

Figura 8. Detalhes de sistema de termometria e aeração de silo vertical. 14 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

Outro importante princípio a ser observado na aeração é intervir preventivamente, e não corretivamente, para remediar uma elevação de temperatura pelo aquecimento natural do grão, pois só ocorre aumento de temperatura quando há metabolismo e, aí, as perdas já são irreversíveis. Modernamente, a recomendação indica evitar ligar o ventilador nas horas em que as umidades relativas do ar forem muitas elevadas, entretanto, se continuar aumentando a temperatura dos grãos, para se


Acesse: www.graosbrasil.com.br dar início à operação de aeração, deve ser considerada a diferença em relação à temperatura histórica de equilíbrio, registrada pelo sistema de leituras diárias através da termometria. Desta forma, a umidade e temperatura do ar e dos grãos influem no equilíbrio higroscópico, sendo que no caso de soja, se ultrapassar 2ºC, deve ser iniciada a aeração, mesmo em dias chuvosos, pois o aumento de temperatura em grãos armazenados indica ação respiratória, que ocorre na forma de dinâmica metabólica, podendo levar à autocombustão. Além disso, quando o ar entra em contato com o ventilador e com as paredes do sistema de transporte, o atrito das moléculas provoca aumentos de sua temperatura e a consequente redução de sua umidade relativa, o que favorece a aeração. Portanto a utilização de boas práticas no armazenamento e de grãos de soja é fundamental para manutenção da qualidade da matéria-prima para exportação e industrialização, sendo fundamentais alguns cuidados, como o manejo pré-colheita, avaliação da qualidade da matéria-prima que está ingressado na unidade, manejo das etapas de pré-limpeza, limpeza e secagem, e também cuidados que devem ser adotados no manejo dos grãos já no interior dos silos. Na próxima Edição, teremos a continuação dos cuidados que devem

ser adotados no guia de Boas Práticas de Manejo PósColheita para grãos de soja.


¦Tecnologia¦ USA - Milho transgênico contra Aspergillus flavus e o Aspergillus parasiticus Miguel Angel Criado| Diario El Pais de España

Pesquisadores dos Estados Unidos mudaram um gene de milho que bloqueia a aparição de toxinas de dois fungos da pós-colheita. Além de afetar a produção, estas toxinas são agentes cancerígenos muito potentes e, sobretudo em países em desenvolvimento, provocam mortes, principalmente em crianças. O estudo mostrou que, enquanto o milho convencional tinha uma elevada concentração da toxina, os grãos transgênicos não. Cereais, como o milho ou o trigo, e frutos secos, como nozes, amendoim ou pistaches, se vêem atacados por diversas espécies de fungos. Mas tem dois especialmente perigosos, o Aspergillus flavus e o Aspergillus parasiticus. Durante seu metabolismo, ambos geram aflatoxinas que envenenam o fruto. Em seres humanos, essas micotoxinas estão relacionadas com a aparição de câncer hepático. Também podem provocar nas crianças o síndrome de Reye o kwashiorkor, uma das doençass infantis mais dramáticas. Cerca de 20.000 indivíduos, a maioria menores, morrem a cada ano por ingerir comida com aflatoxinas. A FAO estima que 25% das colheitas estão contaminadas com alguma micotoxina. Embora se pesquise com vários cereais resistentes ou se use a luta biológica, propagando produtos não tóxicas de Aspergillus, não há um método preventivo realmente eficaz. A principal medida para evitar que a comida contaminada chegue aos humanos ou animais é jogar fora. Cada ano se retiram dos silos uns 16 milhões de toneladas de milho, em especial nos países onde 16 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

mais faz falta. Mas, dada a inter relação entre o fungo e seu hospedeiro, por que não provar, interferir, em seu metabolismo mudando algo no milho ?

Miguel Angel Criado


Acesse: www.graosbrasil.com.br Esta técnica tem, também, a vantagem de que poderia, teoricamente, funcionar também com outros grãos ou frutos afetados por aflatoxinas. Mas palavras como transgênico unidas a alimentos, despertam temores e suspeitas, especialmente na Europa. "Sabemos que os organismos modificados geneticamente provocam controvérsia", reconhece a biotecnóloga americana. Mas, como diz Schmidt: "Este milho modificado geneticamente poderia diminuir a exposição à alimentos contaminados de uns 4.500 millões de pessoas dos países menos desenvolvidos do planeta".

"Inserir uma porção de ADN que produz uma pequena molécula de ARN que, quando o grão está infectado por Aspergillus, pode migrar até o interior da célula do fungo", explica a pesquisadora da Universidade de Arizona (USA) e diretora do estudo, Monica Schmidt. A molécula de ácido ribonucleico interfere na expressão de um gene específico que está atrás da aparição da aflatoxina no fungo. Esta técnica de manipulação genética usa uma variante chamada interferência por ARN. Nesta pesquisa, publicada na Science Advances e financiada pela Fundação Bill y Melinda Gates, a particularidade é dupla. Por um lado, se modifica geneticamente o milho para que altere a genética do fungo. Por outro, se faz usando uma molécula que pode passar do cereal ao fungo. "O milho gera este ARN de forma constante durante todo o desenvolvimento dos grãos", salienta Schmidt. Isso o protegeria até o momento da colheita. No estudo, os pesquisadores expuseram plantas manipuladas para expressar esta molécula e plantas convencionais a 100.000 esporos de A. flavus. Nos dois, o fungo prosperou. Mas comprovaram que as transgênicas não tinham nem restos de aflatoxinas, enquanto que nos usados como controle, a concentração de toxina foi entre uma e 10 partes por milhão. Assim necessitaram de mais estudos, mas não detectaram nenhuma outra mudança no fungo e em especial, no milho.


¦Tecnologia¦ 1/35/380/1500

Eng. Domingo Yanucci| Consulgran - Granos - Grãos Brasil | graosbr@gmail.com

Quero apresentar este enfoque com a finalidade de esclarecer a relação de valores que temos em nossa especialidade de pós-colheita. Vejamos o que significam estes números: 1: Tonelada de capacidade de armazenagem (estática) 35: R$/t ano , gasto médio para o manejo de uma tonelada em um ano. 380: R$/t, investimento por tonelada de capacidade estática para uma armazenagem nova, considerando equipamentos de recepção, secagem, limpeza,armazenagem, etc.. 1500: R$/ano, valor médio da mercadoria manejada em um ano , considerando 2 a 3 vezes cada tonelada de capacidade estática. Os números, que logicamente são aproximados, tem por finalidade exemplificar qual é a nossa realidade e ver com clareza como devemos priorizar. Os gastos estão compostos por tudo o que se tem no ato produtivo, considerando salários, energia elétrica, combustíveis, manutenção, seguros, aluguel, etc.. Estão incluídos os operativos, recepção, amostragem, acondicionamento, conservação, escoamento. Normalmente em um armazém que tem secagem, 30% é gasto com mão de obra, 30% com energia elétrica, 20% com combustível e os 20% restante outros gastos. Nesta apresentação (35R$/t por ano), não estão incluídos os gastos administrativos. Nossa experiência em cálculo de custos operativos nos mostram valores da ordem de 35R$/t, claro que vocês devem concretizar suas próprias determinações para conhecer 18 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

melhor sua realidade. Também se recomenda calcular os seguintes índices de eficiência: kwh/t, toneladas por funcionário, unidades de combustível por ponto de umidade a extrair por tonelada. Passar de um silo a outro gasta 0,40R$/t, controlar as pragas 2,5R$/t, secagem 8R$/t a 12R$/t, peneirar 1,0R$/t, aerar 1,0R$/t, refrigerar 2,0R$/t. Estes são gastos por ano. 380R$/t é o valor médio de um investimento em uma instalação nova, por tonelada de capacidade de armazenagem. Este é um valor médio. Tem armazéns de 300R$/t e outros de 500R$/t, dependendo basicamente das capacidades relativas dos centros de pré-processamento (proporcionalmente mais caros) e de armazenagem. Os silos e mais ainda os graneleiros, são mais econômicos por tonelada do que as máquinas de recepção e préprocessamento (secagem-limpeza). Aqui, destaca-se a diferença entre barato e econômico. Lamentavelmente, pode ser por desconhecimento, se optar por instalações mais baratas, com tecnologia obsoleta (de 30 anos atrás) ,que se resultam antieconômicas. Por isso, é bom esclarecer, sobretudo para os que têm a responsabilidade de compra de instalações, seja para ampliações ou armazéns novos, que as tecnologias mínimas que se devem dispor para serem usadas por 20 ou 30 anos , tenham uma razoável economia e respondam aos critérios básicos de desenho. Toda instalação deve considerar: Simultaniedade – Flexibilidade – Capacidade corretiva – Capacidade de ampliação – Aspectos de manutenção, segurança e economia.





¦Tecnologia¦ Vamos ver na ilustração as diferenças entre um silo tradicional e um moderno, considerando os princípios de Conservação.

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centrais um cartaz esquematizando os PONTOS CRÍTICOS:

R$ 750.000 Diferença: R$ 75.000

O silo chamado moderno tem maior quantidade de ar, mais cabos de termometria, espalhador, melhor sistema de exaustores, descarga por gravidade, conta horas, etc.., o que dá uma diferença relativamente pequena entre o valor de um silo e outro. Pode-se dizer que quando se vai tomar uma decisão sobre instalações, deve-se ter muita precaução, porque a mesma vai durar de 20 a 30 anos. Frequentemente, confunde-se o barato com o econômico. Por se tratar de muito capital, valores realmente milionários, os inversionistas buscam imobilizar o menos possível, gerando menores passivos. Isto somado ao desconhecimento generalizado pelas melhores alternativas tecnológicas, o que resulta em gastos e danos oriundos dessa decisão pelo barato, para as próximas décadas. Vamos analisar claramente o que é antieconômico optar por tecnología obsoleta. Por outro lado as empresas provedoras, desejando não perder o cliente na competição, oferece o tradicional, gerando as mínimas mudanças possíveis. Pode-se observar claramente as melhoras nas novas instalações, mas sem dúvidas elas estão longe de satisfazer a demanda atual do manejo de grãos e muito menos a dos anos por vir. Esses 380 R$/t que se usou no esquema numérico vão amortizar em muitos anos, por exemplo no silo em 30 anos, o secador em 20 anos, etc.. Dependendo da região e outros fatores, um armazém recebe por ano um volume equivalente a 2 – 3 vezes sua capacidade estática; é o que chamamos comumente giros. Por isso tomamos um preço médio e falamos de um valor em mercadoria de 1500 R$/ano. Veja em relação de valores que se trata de: • 50 vezes maior ao que o se gasta por tonelada por ano. • 4 vezes maior ao investimento que vai se amortizar em 30 anos. Sem dúvidas os grãos são a estrela do filme, é o que justamente queremos conservar, mantendo suas atitudes, qualidade e quantidade, de uma forma segura e econômica. Várias edições atrás apresentamos em nossas páginas 22 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

Somando as perdas mínimas esperadas chegamos a 2% e sabemos que não são poucos os armazéns que tem perdas de 6% – 8% – 10%. Agora veja, evitar o 1,0% de perda equivale a 43 % dos gastos do armazém (15 R$/t ano). Por isso sempre dizemos que a Pós-colheita é o negócio do centavo, pois se trata de um encadeamento de processos que com a soma de pequenas perdas leva a situações graves. No caso do exemplo do silo de 5000t , com dois giros ao ano, estamos falando de uma perda de R$75.000,00, tomando um valor de 750R$/t; ou seja, em uma safra pagase a diferença de investimento entre um silo tradicional e um moderno e logo passa ser lucro.


Acesse: www.graosbrasil.com.br O econômico é investir naquele que nos permita mais eficiência, menores perdas, alcançar uma relação custo benefício mais favorável que os competidores, dar serviços ajustados com a demanda internacional. Muita gente ainda confunde o conceito de QUEBRA TÉCNICA com o de PERDA. Tempo atrás, usava- se a quebra técnica para os dois conceitos, por isso, é preciso esclarecer: QUEBRA TÉCNICA é um desconto para quem entrega a mercadoria no armazém, que serve para compensar perdas de peso impossíveis de evitar com a tecnologia de uso massivo tradicional. PERDA: é toda perda de peso ou de qualidade que se gera no armazém por diversos motivos (fungos – insetos – sobresecagem – erro de amostragem ou análises - etc..) Portanto, se há falta de produto de 1,0% e a quebra técnica realizada foi de 2,0%, a perda real foi de 3,0%. Isto deve ser esclarecido e não confundir perda com falta de produto; ainda há quem fale “ não tenho perda em meu manejo”, coisa que é impossível. O que sucede é que a quebra técnica realizada cobre as perdas. Logicamente que é bom ter excedente , mas perdas sempre existem. Por outro lado, há as perdas de qualidade, que podem afetar diretamente o preço dos lotes. Para terminar pode-se concluir: não confundir barato com econômico, buscar a tecnologia que permita maior eficiência, diminuir os gastos e sobretudo as perdas a uma

mínima expressão, de maneira que nunca falte grão e que a qualidade do que se venda seja melhor do que ingressa.


¦Mercado¦ Uma Grande Verdade: A Carne é Fraca Por: Oswaldo J. Pedreiro | Novo Horizonte Consultoria e Assessoria

A operação Carne Fraca da Polícia Federal deixou em alerta agricultores das principais áreas produtoras do Brasil, com expectativas de que o saldo exportável e os estoques de soja e milho do Brasil possam aumentar com uma queda nos embarques de carnes devido a embargos internacionais aos produtos brasileiros. Com uma maior oferta de grãos - matéria-prima das rações para aves, suínos e bovinos-, os preços da soja e do milho devem ser pressionados, potencialmente desestimulando investimentos e expansões de áreas plantadas em regiões como o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), no caso de os desdobramentos da operação da PF se prolongarem. Regiões do Matopiba, onde os preços dos grãos são naturalmente mais baixos em função dos custos logísticos, estão entre aquelas com maior crescimento de área plantada, pela maior disponibilidade de terras --um ritmo de expansão que poderia ser colocado em xeque em um eventual cenário de preços mais baixos. "A agricultura vai sofrer também, os preços vão cair", disse à Reuters o superintendente de Desenvolvimento Econômico do governo do Estado de Tocantins, Vilmar Carneiro. Na avaliação da autoridade, o Brasil vai demorar para recuperar sua condição exportadora anterior à operação Carne Fraca, uma vez que os processos de liberações de frigoríficos são morosos, com muitos importadores se 24 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

aproveitando da situação de fragilidade do país. Tocantins, com pouco mais de 1 milhão de hectares destinados à soja e ao milho na safra atual, ampliou em

Oswaldo J. Pedreiro | contato@nhassessoria.com.br


Acesse: www.graosbrasil.com.br quase 10 por cento o plantio da oleaginosa. Mas ainda teria 8 milhões de hectares de terras disponíveis, sendo considerado um dos Estados com maior disponibilidade de área, segundo dados do governo local. Uma solução para os agricultores seria exportar os grãos que não forem utilizados pela indústria produtora de carnes do país, diante de uma esperada queda nas exportações de proteína animal, disse o superintendente de Desenvolvimento do Tocantins. "Vamos ter crescimento na forma de exportação de proteína vegetal", opinou ele, durante um evento no terminal ferroviário de Porto Nacional, da empresa de logística integrada VLI. RETRAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES Até o momento neste ano as exportações de milho estão lentas, com produtores retraídos diante de um preço enfraquecido pela grande oferta esperada no Brasil e Argentina, além do câmbio atual, que reduz a competitividade do cereal brasileiro. "As exportações vão depender do mercado (preços) e câmbio. Dependendo de como for, vai ficar milho para o mercado interno, que paga um pouco melhor", afirmou à Reuters o coordenador de negócios da multinacional Cargill, Lucas Horst Maidana, no mesmo evento, realizado em parceria com o Rally da Safra, acompanhado pela Reuters nos Estados do Matopiba esta semana.

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¦Mercado¦ produtoras do Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí, as produtividades devem ser elevadas, beneficiadas pelas chuvas, mas o agricultor não vê muito para comemorar. "Vai produzir bem mais, mas a questão é o preço, que vai ser ridículo", disse Bortolozzo Jr. Alguns produtores da região do Matopiba temem que o preço do milho possa cair para cerca de 20 reais a saca, quando entrar a segunda safra em mais alguns poucos meses. Esse valor seria menos da metade que os agricultores receberam na temporada passada, quando as cotações foram infladas pela severa quebra.

Segundo Maidana, se o produtor vendesse parte do milho para a exportação, ele valorizaria o produto que sobraria para o mercado interno. "Mas até o momento ele tem feito poucos negócios para exportação", comentou. As exportações de milho, que tradicionalmente ganham força no segundo semestre, poderiam crescer este ano para 26 milhões de toneladas, ante 18 milhões em 2016, segundo dados da Agroconsult, organizadora do Rally da Safra, com uma expectativa de safra recorde de 95 milhões de toneladas. Mas tais previsões foram feitas antes da eclosão da operação Carne Fraca. Caso essas exportações não se confirmem, poderão elevar ainda mais os estoques de milho, já estimados pelo governo (Conab), ao final da temporada 2016/17, nos maiores volumes da história. PRODUÇÃO PREOCUPADA Enquanto esperam produtividade elevada na safra de milho este ano, alguns produtores têm o ânimo contido com a expectativa de preços menores do que no ano passado, quando a severa quebra de produção elevou fortemente as cotações. E mais recentemente estão ficando preocupados com os efeitos da Carne Fraca. O agricultor Sérgio Luis Bortolozzo Jr., da Canel, que planta em uma das melhores áreas de Uruçuí (PI), afirmou que muitas das consequências da operação Carne Fraca ainda são incertas. Mas ele vê como preocupante os efeitos para os preços. "Se diminuirmos o consumo de carne, como vai consumir mais (milho), uma vez que 100 por cento do grão é para alimentação animal?", questionou Bortolozzo Jr., gerente de manejo da Canel, uma empresa de propriedade familiar que se instalou no Piauí em 1988. Bortolozzo diz que a Canel, que planta cerca de 15 mil hectares, entre soja, milho e algodão, ainda poderia expandir a área agrícola em mais 5 mil hectares. "Mas não vamos abrir (na próxima safra)", afirmou ele, lembrando que o mercado não está favorável. Nas áreas visitadas pela Reuters nas principais regiões 26 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

O IMPACTO NO COMPLEXO SOJA Com a redução das exportações de carne já conhecida no mercado, é evidente que o achatamento dos preços da soja e do farelo de soja, que na sua maior proporção se destina à fabricação de ração animal, seja para bovino, suíno, avicultura e outros, a tendência é que vai sobrar mais produto aqui no mercado interno pela própria razão de não se consumir alimento para engorda já que não vai ter pra quem vender. Também é de se esperar que essa onda da CARNE FRACA seja superada e o mercado volte ao normal, mas quem arriscaria em prognosticar uma data para que isso ocorra? Enquanto isso, a nosso ver a tendência do mercado é de redução de preços infelizmente para o agricultor, que além das perdas já assumidas em algumas regiões devido à qualidade inferior da soja que está sendo colhida principalmente no MT, GO e até o MATOPIBA, ainda vai ter que se acostumar a vender seus produtos a preços indubitavelmente mais baixos. Esperar para vender depois que a onda passar é outro problema, pois a safrinha de milho mais uns dias começa a ser colhida e não vai ter espaço de armazenagem para se guardar dois produtos simultaneamente. Infelizmente essa é a realidade atual. Se correr, o bicho pega, e se ficar o bicho come! A seguir as últimas estimativas de produção conhecidas para vossa apreciação e análise dos fatos.


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¦Mercado¦

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¦Informe Empresarial¦ A Verdadeira Origem Do Fioccopan – Farinha De Empanamento Lipófoba (Com Baixa Absorção De Óleo)

FIOCCOPAN foi inventado em Bolonha - 1909

Contamos nesta matéria histórica como surgiu o conceito do famoso produto para empanamento da ZINI, que todos acham ser “moderno” quando na realidade tem mais de 100 anos. O BISAVÔ POMPEO – Um padeiro inovador Como testemunhado nesta foto de 1909, o Sr. Pompeo Vezzani fazia parte da sociedade de mútuo socorro dos fabricantes de pão de luxo, em Bolonha, norte da Itália. Era uma espécie de “Sindicato de Categoria” que servia até para cuidar dos sócios numa época em que não havia INSS, seguro doença, e todas proteções que as leis trabalhistas trouxeram tanto para os trabalhadores como para os “patrões”. O convívio no Sindicato servia também como troca de informações, experiências, sugestões, etc. num momento em que a experiência industrial ainda era reduzida na Itália mas necessitava produzir de forma mais racional num cenário econômico que estava rapidamente e serenamente se desenvolvendo (a chamada “Belle Epoque”). Tal Sindicato reunia padeiros mais qualificados porque pelo tema “Pane di Lusso” se entendia todo tipo de produto forneado fabricado fora do lar. Biscoitos, bolos, pão com azeite, pão com azeitonas, 30 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

salsicha, nozes, etc. Naquela época o pão comum ou popular era na realidade produzido em casa, num forno a lenha que toda mãe sabia operar e utilizava nada mais que farinha de trigo integral, sal e fermento natural, a famosa “Pasta Madre” ou “Pasta Acida” que todos conservavam. Não haviam supermercados nem as padarias como hoje conhecemos. Mas lojas de pão, bolos, doces que no pós-guerra começavam a se dar ao luxo de fabricar pães ou derivados que não serviriam apenas para matar a fome. Eram o esboço das modernas doceiras. A FARINHA DE ROSCA DA ÉPOCA Bem conhecido já em 1909, o conceito de utilizar sobras de pão para fazer uma farinha de empanamento se estendia cada vez mais para preparar carnes e verduras “à milanesa”. Aliás um invento de 1200-1300 que de Milano se espalhou pelo mundo inteiro com sua utilidade econômica (aproveitamento de sobras de alimento) e


Acesse: www.graosbrasil.com.br gastronômica porque mantém a carne macia, não perde água, forma uma casca saborosa, uniforme e permite valorizar até cortes de carne de segunda qualidade ou em tiras/pedaços. Além, claro, de reaproveitar o pão “raffermo” dos dias anteriores. Só havia um problema: quanto mais o pão seco, moído e até peneirado fosse fermentado, mais encharcado o prato à milanesa se apresentaria. Perderia aquela crocância que faz parte do apelo gastronômico moderno. Deixaria o prato cheio de óleo ou gordura: o guardanapo, o sistema digestivo... enfim, um produto saboroso e rápido, ideal para saciar o apetite (também de novidades) do pós-guerra e seguro – pois as altas temperaturas envolvidas na fritura acabavam sanitizando eventuais falhas higiênicas. Mas um alimento nada leve e digerível. Não existia na época o temor das gorduras no sangue, medo de enfarte e a correlação entre gordura absorvida e os malefícios no sistema circulatório. Alimentação hipercalórica e sedentarismo eram situações recentes e raras. Havia, sim, a preferência implícita por um empanamento seco e crocante, em contraponto à um bife encharcado e esponjoso. Mas era principalmente o aspecto econômico que marcava a diferença.

Inventor do Panetone criou também a farinha de rosca

No século passado (e no anterior), se utilizavam para fritar exclusivamente banha suína ou o escasso azeite extra vigem de oliva (primeira prensagem), que eram caros e utilizados para várias atividades nas casas de Bolonha. Serviam como remédio, como cosméticos, para iluminação e eram guardados como poupança ou economia doméstica. Economizar gorduras ou o azeite de oliva, sim, seria da maior importância e interesse para a época. Meu bisavô Pompeo I descobriu como obter isto na fritura. Guardou seu segredo a sete chaves porque sua farinha lipófoba o diferenciava dos demais padeiros da sua própria Associação. Só ele conhecia a receita.

Foi sua herança para meu avô Enrico (1890 – 1972) que a passou para meu pai Pompeo II (1924 – 2015), que a repassou para mim, com a condição que não a revelasse.

A LINHA CONTÍNUA DA FARINHA LIPÓFOBA Foi só nos anos 80 que meu pai Pompeo II resolveu criar uma linha automática para produzir esta “farinha de empanar”, a fim de atender um mercado que tinha se tornado industrial. “Low Oil Absortion” – Linguagem moderna de um invento antigo. O empanamento saiu do sistema doméstico de moer o pão velho seco com a mesma rosca que moía o grão de café (daí o nome de “farinha de rosca” em português) para ser considerado uma matéria prima ou ingrediente alimentar no mercado doméstico ou no food service. Assim meu pai Pompeo resolveu aplicar industrialmente os preceitos do seu avô xará e desenvolveu uma linha contínua e automática que procura reproduzir industrialmente todas as orientações recebidas. A receita permaneceu praticamente a mesma, e a granulometria foi adaptada aos padrões modernos. O uso do pão integral foi retomado dentro da nova visão, que precisaria integrar nossa alimentação com fibras vegetais. A densidade aparente foi acertada de forma a evitar o efeito esponja. A cor é a mesma, levemente dourada, que se diferencia de todas as demais durante a fritura. Nada tão complexo: o segredo está na seleção criteriosa das matérias-primas, que precisam ser saudáveis e ter suas características específicas monitoradas. Na prática Pompeo II aplicou a receita manual do seu avô, mas a reproduziu em escala industrial. Colocou seu talento mecânico a serviço da saúde pública e da economia de escala. A EVOLUÇÃO Se examinarmos o produto FIOCCOPAN® da ZINI Brasil de hoje e o original produzido pelo bisavô, encontramos basicamente 3 diferenças: GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 31


¦Informe Empresarial¦ A ECONOMIA GERADA Com o invento da farinha lipófoba, a proposta era poupar azeite por razões econômicas, não por saúde. Nos dias de hoje o tema da economia, redução de custos e sustentabilidade voltaram a ser decisivos na escolha de uma técnica gastronômica moderna. Assim sendo são 2 as consequências práticas da escolha de FIOCCOPAN LIPÓFOBO no cardápio: • A FARINHA FIOCCOPAN LIPÓFOBA – GRATUITA!!!: Em virtude da tecnologia intrínseca, o cliente pode optar pelo FORNECIMENTO GRATUITO, caso opte por repassar para a ZINI o valor do óleo economizado, algo entre 40% e 80%. Quem acha que o invento do bisavô é caro, pode obtê-lo de graça somente assinando este contrato.

1. Sem adição de sal (Cloreto de Sódio - NACL) e açúcar: Antigamente pão sem sal não era pão. Recentemente o sal e o açúcar se tornaram vilões da alimentação. Então por que deixar o sal na farinha de empanamento quando podemos utilizar o próprio forno de cozimento do pão para dar aquele sabor que se chama “reação de maillard” (meu bisavô nem imaginava)? Então retiramos o sódio, sem perder as características organolépticas do empanado. 2. Superpasteurizado: Não existia na época uma grande preocupação com a microbiologia. As condições de armazenamento do pão específico para farinha lipófoba de 1909 eram bem precárias. Como nos dias de hoje, FIOCCOPAN® sempre acompanha carnes e derivados: a microbiologia passou à ser considerada em primeiro lugar. Ignorando a tese de Pompeu I, de que o empanado passaria por uma fritura a ± 200°C, e assim eliminaria qualquer microorganismo. Tão verdadeiro que por si só já justificaria a fritura na cozinha: mas as normas higiênicas atuais obrigam à uma contagem bacteriana reduzida, o que passou à ser garantido na saída do forno idealizado pelo Pompeo II. 3. Embalagens herméticas e seladas: Sempre atenta às necessidades modernas, a Farinha de Empanamento Lipófoba ZINI é embalada em sacos plásticos padronizados e valvulados. O cliente ZINI pode retirar a quantidade desejada e voltar a selar a válvula. Recurso este nem imaginável na época do meu bisavô: previne que a farinha de rosca se torne alvo fácil de todos e quaisquer micro-organismos saprofitários, roedores e insetos originais do trigo (por exemplo carunchos). 32 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017

• FIOCCOPAN LIPÓFOBO: FINALMENTE O AZEITE NA FRITURA: A inovação da lipofobia permite utilizar azeite na fritura como na época do Pompeo I. Porque a economia demonstrada de até 40-80% de óleo graças ao invento dele, torna a fritura saudável em sinergia com o uso do óleo de Oliveiras (que agora estão produzindo até no Brasil). Tema este fascinante porque permite uma total revisão dos conceitos de alimentação a da fritura.


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Dom Pedro II que inventou as coxinhas e Pompeo Vezzani I que inventou FIOCCOPAN viveram quase na mesma época.

CONCLUSÃO Mesmo sendo impossível revelarmos a técnica original do padeiro Pompeo I para obtenção do resultado lipófobo (promessa de família), nossos clientes e consumidores continuam desfrutando dela. Esperamos que durante muito tempo possamos passar adiante um invento tão interessante e simples. Como dizia meu pai Pompeo II: “O difícil é inventar o simples”. ZINI BRASIL Alimentos de última geração Setor ZINI FLOURS ENRICO VEZZANI Imigrante – Macarroneiro – Ambientalista comunica@zini.com.br Inserido na Bibliotecnica ZINI www.zini.com.br/bibliotecnica Tel 11 3931.7993 / Fax: 11 3931-9743 Rua Francisco Rodrigues Nunes, 131 Limão – São Paulo/SP – Brasil www.zini.com.br Visite ZINI ITÁLIA: www.pastazini.it ...Estes italianos inventam cada uma...

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34 | Revista GrĂŁos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2017


¦Informe Empresarial¦ Armazenamento de grãos em Silo bolsa Conceitos Básicos

A condição básica para obter os melhores resultados é acondicionar os grãos na umidade recomendada, evitando teores altos, o que diminui diretamente o tempo possível de permanência nas bolsas. Outra condição é a qualidade dos grãos, evitando os com muito dano mecânico, que tenham sofrido avarias climáticas ou que estejam com impurezas. Isso influenciará diretamente como o grão irá se comportar durante o período de armazenamento. Tornar o ambiente hermeticamente fechado é o conceito básico do sistema de armazenamento utilizando se o silo bolsa, daí a importância de uma criteriosa operação no momento do enchimento. No armazenamento hermético a atmosfera é modificada, onde ocorre redução do oxigênio e aumento da concentração de dióxido de carbono, diferente do que ocorre no armazenamento tradicional. Essa condição é desfavorável aos insetos, os vilões contra a manutenção da qualidade dos grãos e também aos fungos, evitando o aquecimento dos grãos, colaborando assim para o controle dos mesmos. A atenção a esses princípios básicos colabora para a manutenção da qualidade do grão, durante o período do armazenamento e possibilita sua utilização por períodos maiores.

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MIDIOGRAF


¦Utilíssimas ¦ Jornada De Atualização Em Uruguai

No da 16 de março nas instalações da Sociedade Rural de Dolores (Soriano – Uruguai) concretizamos uma nova Jornada de Atualização, Pós-colheita de precisão. Tratamos de temas relacionados à Soja e Milho, que são os principais grãos a trabalhar nos próximos meses, com temas como secagem, conservação, resfriamento, controle de pragas. Um tema especial foi o de Organização de pessoal. Sabemos que o mais importante na pós-colheita é o chefe de Armazém e abaixo de sua responsabilidade encontramos as áreas de qualidade, manejo e manutenção de instalações, além do pessoal temporário. Participaram prestigiosas empresas da região: Cargill de Uruguay – SOFORUTA – Remiplat – Del Carmen A.C.I.S.A. – El Chajá Acopios – Barraca Erro – Prolesa – Veterinaria Bortagaray – Fadisol S.A. y la Asociación de Comerciantes de Granos . As próximas tarefas nos levarão ao Paraguai, terra onde poucos brasileiros estão produzindo com a melhor tecnologia.

GRANOS SAC 2017 XX EXPO PÓS-COLHEITA INTERNACIONAL

Nos dias 13 e 14 de setembro se concretizará pelo vigésimo ano consecutivo o maior evento da especialidade Latino América,nas instalações do Hotel Ariston; importante cidade de Rosario (Santa Fé),principal centro agro industrial exportador do mundo. Agende estas datas, e uma oportunidade única no ano. Dia 13 e 14 se desenvolverão as palestras, mesas redondas, exposição, reconhecimentos, etc. e o dia 15 (sexta feira) se realizaram visitas a modernas instalações da região. Se tem interesse em participar contate com a Grãos Brasil e nos encarregamos de facilitar suas reservas.

AVESUI 2017 - 25, 26 e 27 de abril de 2017

GRANOS, da Semente ao Consumo Nova Edição

Nossa irmã em língua espanhola lanço no mês de abril a edição 116, seguindo uma trajetória de mais de 22 anos ininterruptos de difusão da melhor tecnologia de manejo de grãos e sementes em pós-colheita. Granos é uma publicação pioneira em latino América que está cada vez mais comprometida em chegar a todos os países de hispano falantes. Recentemente apresentou-se um novo logo composto com as bandeiras dos principais países onde chegam, já em sua versão em papel ou digital.

Um dos pontos fortes do evento é a grande presença internacional , não só de expositores mas também de compradores. Enquanto empresas de diversos países escolhem a AveSui para buscar oportunidades no mercado brasileiro - seja com instalação de fábricas ou fazendo parcerias com empreendedores locais - visitantes da América Latina se destacaram nos negócios gerados na feira. Entre os expositores internacionais, a grande presença das empresas chinesas consolidou novamente a parceria comercial ÁsiaBrasil na cadeia de aves e suínos. Pioneira na realização de parcerias, joint ventures e novos negócios, a AveSui se consolidou como ponto de encontro do setor de aves e suínos da América Latina por oferecer aos seus visitantes oportunidades de contato direto com novas empresas, tecnologias e soluções para produção de proteína animal vindas do Brasil e do mundo todo. Acesse o site e saiba como participar www.avesui.com. Local: CentroSul, Florianópolis (SC) Informações: www.avesui.com E-mail: avesui@gessulli.com.br

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¦ CoolSeed News ¦

38 | Revista Grãos Brasil | Março / Abril 2017


¦ CoolSeed News ¦

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DO BRASIL

ZHENGCHANG DO BRASIL Tecnologia "4 em 1" - Projetos completos para Armazenagem de Grãos

Referência no mercado de armazenamento de grãos na China. Linha de produção avançada e automatizada. Silos Helicoidais e Corrugados, além de todos os equipamentos necessários. Com mais de 1.000 projetos de armazenamento de grãos entregues em todo o mundo.



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