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¦ Editorial ¦ Ano XV • nº 84

Maio / Junho 2017

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Administradora Giselle Pedreiro Bergamasco Colaborador Antonio Painé Barrientos Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 3304-6522 | 99162-6522 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos -ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale

Caros Amigos e Leitores Mais uma vez estamos em suas mãos com a melhor tecnologia para o nosso querido Brasil. Nós que trabalhamos com seriedade e honestidade temos uma mistura de emoções, por um lado a tristesa de tanto roubo organizado, que sem dúvida afeta mais as classes economicamente debilitadas, por outro a alegria de ver que esta surgindo um novo país, onde a impunidade deixa de ser parte do cotidiano. Tenhamos esperança de que sairemos fortalecidos, sobretudo se soubermos escolher nossos representantes e controlar suas ações. Neste novo país a verdadeira revolução passa pela capacitação. É imprescindível cada dia ser mais eficientes, aproveitar melhor os recursos, tirar o maior proveito possível das instalações, diminuir gastos, evitar perdas e ganhar em segurança e higiene. Esta capacitação deve se dar em todos os segmentos, nos governamentais, nos níveis educativos, no setor de pesquisas, nas empresas, nos funcionários, etc.. Todos devemos trabalhar em busca de um futuro melhor e entrarmos definitivamente no seculo XXI com a segurança de que nossos filhos terão um país em crescimento e em paz. A Grãos Brasil pretende colocar o seu grão de areia neste castelo que temos para construir. Com o apoio de editorialistas e empresas comprometidas com o desenvolvimento de nossa especialidade e do país. Nesta edição apresentamos muita informação prática que entendemos ser de seu interesse. Lembre-se que é muito importante analizar o que é e o que se pode ajustar no manejo habitual de maneira a implementar o que se recomenda nas diferentes matérias. Nos próximos meses estaremos trabalhando não só no Brasil, também chegaremos a Bolivia, Paraguai, Argentina, El Salvador, Colombia e México. Tratando de sempre aprender mais coisas para chegar a pós-colheita de precisão. Que Deus abençõe sua família e trabalho. Com afeto.

Produção Arte-final, Diagramação e Capa

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Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 06

REFRIGERAÇÃO DE GRÃOS E SEMETES - Você, esta na espera do frio? Para milhares chegou em dezembro! | Eng. Domingo Yanucci

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O fungo do genero Penicillium e suas micotoxinas de importância na produção de alimentos | Marcella Nunes Pereira e outros

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Fatores de pré-colheita e de armazenamento que interferem na qualidade do feijão caupi | Dr. Nathan Levien Vanier e outros

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Pequenas e grandes empresas devem apostar em treinamentos para retomar o crescimento

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O resfriamento artificial pode substituir o emprego de inseticida na manutenção da qualidade de trigo armazenado | Kelly Pelc da Silva e outros Boas Práticas na Pós-Colheita de Grãos de Soja - Parte II | Eng. Agr. Dr. Ricardo Tadeu Paraginski e outros

28 40

ELEVASILOS - 3 e 5 Toneladas

Setores

02

Editorial

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Não só de pão...

04 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017

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Cool Seed News


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¦Tecnologia¦ REFRIGERAÇÃO DE GRÃOS E SEMETES

Você, esta na espera do frio? Para milhares chegou em dezembro! Eng. Domingo Yanucci | Consulgran - Granos - Grãos Brasil

Nosso continente esta desenvolvendo uma experiência de milhares de usuários de resfriamento diz transformação tecnológica que não nos coloca o contrário. Não detalharemos nesta matéria os benefícios definitivamente nenhum Século XXI. Tecnologia de amostragem, testes, limpeza, secagem, armazenagem, diretos que tem o resfriamento artificial, considerando controle de pragas, conservação, transporte os problemas de insetos, fungos, respiração, perda, (elevador de canecos - fitas - etc.), aspirações de pó, níveis de umidade, TAS, diminuição de custos de energia acondicionamento e etc, permitiram uma evolução elétrica, pesticidas e levando a qualidade dos alimentos a sua maxima expresão. nunca vista anteriormente. Se o seu problema é controle de pragas, sendo sem Sabemos que muitos armazenistas sofrem com as perdas e armazenamentos defeituosos, seja por falta de dúvida, a temperatura o principal fator que afeta o capacidade operacional ou por erros de amostragem, que causam muitos problemas no Brasil. No entanto, aqueles que estiverem acessando a A REFRIFERAÇÃO é tecnologia disponível expressam claramente uma tecnologia cada qual é o caminho a percorrer. vez mais usada em Neste caso, queremos destacar no que se nosso continente. refere ao resfriamento de grãos e sementes, Praticamente todo o tecnologia que é conhecida há várias décadas; Brasil requer ar mais frio, que inicialmente foi desenvolvida em países além do que a natureza frios como Alemanha e Itália e que na última proporciona, para década com a adaptação às condições regionais FACILITAR E OTIMIZAR da América Latina e com a Cool seed permitiuA CONSERVAÇÃO. Este se dar um salto qualitativo e significativo. investimento se paga no Sabemos que o frio é um dos melhores primeiro ano de uso, já companheiros dos responsáveis pelo que DIMINUI PERDAS armazenamento. Mercadorias perecíveis e gera um grão mais (armazenamento de dias ou semanas) a natural. cadeia de frio é obrigatória. Para os grãos e as sementes, parecem ainda para muitos, uma Eng. Domingo Yanucci espécie de luxo. Um investimento distante graosbr@gmail.com entre sua lista de prioridades. No entanto, a 06 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017


Acesse: www.graosbrasil.com.br potencial de deterioração dos insetos, o resfriamento vai dar excelentes resultados. Cada vez mais valorizado livre de insectos vivos, insetos mortos, grão livre de agrotóxicos. Se o seu problema são os fungos, com baixas temperaturas o desenvolvimento é muito mais lento, aumentando significativamente os tempos de armazenamento seguro. Devemos nos lembrar que a variável tempo raramente mencionada é fundamental no armazenamento. Os fungos são a principal causa de perda qualitativo-quantitativo e produtores de micotoxinas muito perigosas para os consumidores.

Se o seu problema é a perda de matéria seca no armazenamento, por cada 5 ºC que a temperatura baixa a perda baixa a metade, ou seja, no verão se conseguiu 10 ºC menos que de costume, a perda é reduzir a ¼ do que a atual (começa a ter excedente). Se o seu problema é a perda de peso por causa da umidade, devido por exemplo a uma armazenagem mais segura ou a que refaz a secagem por aeração excessiva em momentos inapropriados, refrigeração dá a solução. Se você tiver restrições na secagem porque seu armazém recebe mais grãos úmidos do que pode secar porque os silos pulmão não dá conta, etc., a refrigeração permitirá fazer a manipulação mais eficiente. Se você é incapaz de manter os níveis de energia e poder germinativo devido às condições climáticas de sua região, o resfriamento é a resposta adequada para manter a qualidade no topo. A primeira coisa que se afeta em um grão armazenado é o relacionado com a germinação, evitando sua perda, portanto, evita tudo o que vem depois, ardidos, danificado, mofados, acidez, etc... Se você quiser evitar que o carregamento de seu barco sofra aquecimento espontâneo ou seu cliente se queixe das condições de seu acondicionamento de grãos, a refrigeração vai entregar os grãos ou sementes com alta capacidade de armazenamento.

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 07


¦Tecnologia¦ 0,15 US$ /kwh, temos uma despesa de:... USD 0,60 /t Qual é o mais econômico em um armazenamento de grãos? Manipulação: Pesticidas: Secagem: Peneira:

0,6 US$/t 1 US$/t 4 US$/t 0,6 US$/t

O mito do alto investimento Um armazém de 50.000 t envolve um investimento da ordem de 6.000.000 US$; para esta instalação uma máquina grande de resfriamento avaliada em 150000 US$, é o 2,5% do investimento total. O mito de que, nas regiões mais frias, não é necessário Mesmo nas regiões mais frias, no verão, é difícil armazenar grãos com menos de 20 ºC. Com resfriamento alcançamos 15 ºC na temporada quente, reduzimos pela metade a respiração, impedindo o desenvolvimento de insetos, etc... E o mais importante é poder resfriar sem secagem (se este é o objetivo) porque incorporamos o ar com a temperatura e a umidade desejada. A velocidade também é um fator a se considerar, com uma ventilação convencional vai levar 10-15 dias e com refrigeração 1.

Se você quer reduzir seus custos de electricidade, a refrigeração permite que você resfrie uma vez e não haverá necessidade de ventilação contínua praticamente durante todos os meses de armazenamento. Se as excessivas perdas de limpeza te preocupam, implementar o resfriamento permite ser menos exigente no nível de limpeza para garantir a conservação. A nível de cerealistas, cooperativas, moinhos, fábricas de ração e sementes, óleo, etc., as máquinas de refrigeração permitirão dar um salto qualitativo na gestão, permitindo alcançar a pós-colheita de precisão. Em climas mais temperados a diferença entre a refrigeração artificial e o frio natural é de 6 meses, para muitas regiões mais quentes nunca se logra naturalmente níveis de temperatura de 15 ºC nos grãos. Por exemplo, por 1000 t de um valor de US$ 250/t, reduzimos a perda na ordem de US$ 10000, pelo fenômeno da respiração. Evitamos a evolução do ataque dos insetos de campo, diminui significativamente a despesa em inseticidas, e muitos outros benefícios derivados da inativação de fungos ou seu desenvolvimento lento. Os mitos que surgiram sobre o resfriamento que discutimos em outro artigo publicado em grãos: O mito da elevada despesa Por ex. Uma máquina de refrigeração de 1000 t por dia, consome 180 tendo KWh, 4.0 Kwh/t, um valor de 08 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017


O mito de que uma máquina grande resolve tudo Por exemplo, se tivermos uma máquina grande (capacidade de resfriamento de 1000 t/dia) pode trabalhar teoricamente mais de 300.000 t em um ano. Para uma recepção de 60000 t por mês, o investimento se paga em um ano. A verdade é que, se a capacidade de recepção excede significativamente o resfriamento, diariamente vamos ter uma remanescente que vai demorar para refrigerar. Um nível é definido para cada situação ótima, máquina um limite recomendado e um limite máximo. Por exemplo para uma máquina de 1000 toneladas por dia, o ideal é não exceder 30000 t de recepção por mês, o limite recomendado é de 50.000 t por mês e o máximo 60000 t por mês. Então paga-se máxima em 2 anos. Considere que nós geralmente colhemos no verão, o Outono colhemos grãos como milho e soja e em algumas áreas também se colhe no inverno. Então em realidade a refrigeração tem um uso longo. Se recomenda não tardar em investir em uma tecnologia que solucione muitos problemas e que se paga sozinha. Adaptar suas instalações, gestão e produtos, é a melhor tecnologia de pós-colheita de hoje, permitirá chegar a ser uma empresa de ponta. Acompanhe esta tecnologia, veja o que já consegueram seus colegas, consulte o seu técnico de confiança. O século XXI ainda está esperando.

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¦Fungos¦ O fungo do genero Penicillium e suas micotoxinas de importância na produção de alimentos Marcella Nunes Pereira, Juliana Regina da Silva e Vildes Maria Scussel | LABMICO - UFSC

O Penicillium sp. é um gênero fúngico bastante conhecido e estudado por suas utilizações e seus efeitos deletérios. Algumas espécies possuem bastante valor econômico, como o P. camembert e o P. roqueforti, que são de importância na indústria alimentícia sendo fundamentais na produção dos queijos Camembert, Roquefort e Brie. Da mesma maneira, as espécies P. hrysogenum e P. notatum são utilizadas na produção da Penicilina, o antibiótico mais antigo e ainda hoje utilizado. Em contrapartida, o Penicillium juntamente com o Aspergillus, são os fungos de maior importância como causa da deterioração dos alimentos (Figura 1). O Penicillium possui um número elevado de espécies e uma possibilidade maior de habitats favoráveis ao seu desenvolvimento. O substrato deve conter sais minerais, formas de carbono, atividade de água (aw) e pH adequados para sua proliferação (Scussel, et al, 2017).

Figura 1. Estruturas de fungo filamentoso - gênero Penicillium - que se desenvolve em alimentos com baixa umidade (cereias e leguminosas) e frutas (cítricas, incluindo maçãs) visualizadas por microscopia eletrônica de varredura ( 25 µm )

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Alimentos, Armazenagem e Micotoxinas de Penicillium Os fungos do gênero Penicillium conseguem sobreviver tanto no solo como no interior de grãos e sementes, onde produzem suas micotoxinas, as quais podem gerar quadros de intoxicação no homem e em animais. As culturas de algodão, amendoim, ervilha, feijão, soja, arroz (incluindo o irrigado), cevada, milho, sorgo, trigo bem como maçã e pastagens são as mais atingidas (Figura 2). O fungo causa a descoloração das sementes, redução na germinação, perda da matéria seca, alteração no valor nutricional e, em condições favoráveis, produção de toxinas.

Figura 2. Principais culturas (leguminosas / cereias / frutas) passíveis de contaminação por fungos de armazenagem do gênero Penicillium e grãos embolorados.


Eng. Domingo Yanucci | graosbr@gmail.com GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 11


¦Fungos¦ O cuidado na colheita é importante, devendo-se priorizar a utilização de equipamentos regulados para evitar danos aos grãos, e as instalações de armazenagem devem ser adequadas e condições de temperatura e umidade controladas. Quaisquer impurezas, grãos danificados e materiais estranhos devem ser removidos, e os grãos submetidos à secagem para reduzir, eficientemente, teor de umidade a níveis que não permitam o desenvolvimento desse fungo além da temperatura durante a armazenagem dos grãos ser monitorada, o controle de insetos e roedores também deve ser realizado periodicamente. Estes causam danos aos grãos, favorescendo a proliferação fúngica e, consequentemente, a produção de suas micotoxinas (Tabela 1). Tabela 1. . Micotoxinas do gênero Penicillium, suas respectivas espécies produtoras e órgão(s) / sistema(s) alvo(s) no organismo animal e humano.

* Abordadasnaedição 82 SNC: sistema nervoso central (Scussel et al, 2017)

Penicillium de importância na Rizicultura Assim como todos os cereais, a armazenagem incorreta do arroz (de sequeiro e irrigado) pode gerar proliferação fúngica, com destaque para algumas espécies do gênero Penicillium, produtoras de micotoxinas, que compõem um quadro denominado “toxicoses do arroz amarelo”. O P. citreoviride se desenvolve em temperaturas entre 27 e 30°C e aw entre 0,8 e 0,9. É o principal produtor de citreoviridina, uma micotoxina apontada como causa de uma patologia oriental chamada de Beribéri cardíaco. Acomete jovens e adultos saudáveis, que apresentam um quadro de neurite, fraqueza geral, paralisia, deterioração mental e problemas cardíacos. Pode levar ao óbito em poucos dias. O P. citrinum (Figura 3) é uma espécie mesofílica, que cresce em temperaturas entre 5 e 37°C, aw de 0,8 a 0,84 e pH entre 2 e 10 (WHEELER et al, 1991). Já o P. veridicatum é fungo psicrófilo, que suporta até -2°C e tem seu melhor desenvolvimento a 23° e aw de 0,8 a 0,81. Ambas espécies produzem a citrinina, uma toxina de ação renal e hepática, principalmente em monogásticos, como os suínos¸ caninos e aves domésticas. Portanto, a importância das matérias primas a serem utilizadas para as rações (arroz, milho, soja). Esta sustância provoca nefrose e é altamente teratogênica. Há ainda outras micotoxinas de importância no arroz, como a luteoskirina, cicloclorotina e a islanditoxina, todas produzidas pelo P. islandicum. Este fungo se desenvolve em temperaturas entre 10 e 38°C, aw de 0,83-0,86 e pH entre 2,1 e 9,2. Estas toxinas têm sua ação definida apenas em estudos


GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 13


¦Fungos¦ utilizando ratos, que apresentaram danos hepáticos, chegando até a cirrose severa (PITT; HOCKING, 1997; SCUSSEL, 1998).

Figura 3. Penicillium citrinum em meio de cultura PDA (http:// thunderhouse, 2017).

Há ainda outras micotoxinas de importância no arroz, como a luteoskirina, cicloclorotina e a islanditoxina, todas produzidas pelo P. islandicum. Este fungo se desenvolve em temperaturas entre 10 e 38°C, aw de 0,83-0,86 e pH entre 2,1 e 9,2. Estas toxinas têm sua ação definida apenas em estudos utilizando ratos, que apresentaram danos hepáticos, chegando até a cirrose severa (PITT; HOCKING, 1997; SCUSSEL, 1998). Penicillium de importância na cultura de frutas O Penicillium expansum é uma espécie fúngica psicrófila, isto é, resistente a baixas temperaturas, suportando até -6°C. Seu ótimo de crescimento ocorre entre 25 e 35°C, atividade de água entre 0,82 e 0,83 e não necessita de grandes quantidades de oxigênio para se proliferar. Ele atinge principalmente maçã, pêra, cidra, laranja, causando a “doença do bolor azul” e sua toxina pode passar para os sucos. A presença do fungo causa aparência de podridão, com manchas macias e aquosas, que se separam com facilidade da parte sadia da fruta (Figura 4). Em condições favoráveis pode produzir a patulina (também conhecida como clavicina, claviformina ou expansina). Esta toxina pode causar danos ao DNA dos mamíferos e levar ao stress oxidativo, que provoca alterações celulares durante sua transformação e diferenciação (Pitt; Hocking, 1997). A fruta com patulina, que por uma deficiência no controle de qualidade da matéria prima nas indústrias, usadaspara produção de sucos, resultando em altas concentrações da micotoxinas nessas bebidas. Outras espécies de Penicillium produtoras de micotoxinas As rubratoxinas (A e B) são produzidas pelo P. rubrum, que se desenvolve em temperaturas entre 12 e 30°C, aw de 0,84 e suportam pH de até 2. Estas toxinas atuam no sistema nervoso central e no fígado, atingindo principalmente suínos, equinos, bovinos e aves. A rubratoxina B é classificada como mutagênica e teratogênica. As espécies de P. cyclopium e P. puberulum crescem em temperaturas entre -2° e 30°, aw de no mínimo 0,81 e seu desenvolvimento é estimulado por níveis de dióxido 14 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017

Os fungos são os principais fatores que afetam a qualidade dos grãos e sementes. Geram também perdas de peso seco, já que consomem o que pretendemos conservar. Como se isto fora pouco, produzem micotoxinas altamente prejudiciais para os que consomem os grãos.

Figura 4. Penicillium expansum em maçã e laranja (http://www. agronomicabr.com.br e autores).

de carbono acima de 10%. O P. cyclopium, juntamente com o Aspergillus flavus, produz o ácido ciclopiazônico, uma importante toxina que atinge principalmente as culturas de milho. Esta substância é neurotóxica e provoca uma severa síndrome convulsiva, podendo ser fatal. Já o P. puberulum produz o ácido penicílico, que possui atividade carcinogênica, e seus quadros de intoxicação aguda se caracterizam por tremores e convulsões. Por fim, as micotoxinas tremogênicas são um grupo de toxinas (tremortinas A, B e C, fumitremortinas A e B, triptoquivalona e jantitrems A, B e C, roquefortina), produzidas pelas espécies: P. cyclospium, P. palitans, P. verruculosum, P. janthinellum e P. roqueforti (Figura


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5). Estas toxinas atuam no sistema nervoso central, provocando tremores corporais, diurese, convulsões, perda da coordenação motora e até morte.

spp.) para matérias primas e alimentos processados/ beneficiados.

Figura 5. Penicillium roqueforti em meio de cultura PDA (http://www.mnhn.fr/fr)

Limites máximos permitidos nos alimentos Embora haja uma grande gama de micotoxinas (Tabela 1) produzidas por fungos do gênero Penicillium, muitas delas não possuem limite máximo tolerável (LMT) estabelecido pela legislação brasileira. Sendo para patulina estabelecendo um LMT de 50 µg/kg no suco ou polpa de maçã (ANVISA, 2011). Cabe salientar que muitas toxinas produzidas pelo gênero fúngico - Aspergillus - também são produzidas por Penicillium tais como: as aflatoxinas e ocratoxina A. A agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da RDC 7 (BRASIL, 2011), estabeleceu os LMTs para diversas micotoxinas de armazenagem (incluindo as produzidas por Penicillium

Marcella Nunes Pereira marcella.mnp@gmail.com


¦Tecnologia¦ Fatores de pré-colheita e de armazenamento que interferem na qualidade do feijão caupi Eng. Agr. Igor da Silva Lindemann | Mestrando - UFPEL Eng. Agr. Cristiano Dietrich Ferreira | Doutorando - UFPEL Gustavo Heinrich Lang | Mestrando - UFPEL Dr. Galileu Rupollo | UFPEL - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” Dr. Moacir Cardoso Elias | UFPEL - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” Dr. Nathan Levien Vanier |UFPEL - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”

Os feijões fazem parte da cultura gastronômica brasileira. O mais consumido pertence à espécie Phaseolus vulgaris, mas tem aumentado a importância do feijão caupi (Vigna unguiculata L.), também considerado excelente fonte de carboidratos, proteínas, minerais e fibras dietéticas. O carboidrato é o componente quantitativamente predominante, mas é a proteína, cuja constituição é semelhante à de origem animal, que desperta o interesse do consumidor, seja por questões culturais ou financeiras. A qualidade da proteína do feijão é considerada inferior à dos produtos de origem animal por causa do baixo teor de aminoácidos sulfurados. No entanto, geralmente os feijões são consumidos juntamente com cereais, como o arroz, os quais são ricos em aminoácidos sulfurados e deficientes em lisina. Os feijões, ricos em lisina, quando combinados com cereais, dão origem a dietas com adequado balanço proteico. Pesquisas científicas demonstram que além de carboidratos e proteínas, o feijão possui compostos fenólicos que atribuem a ele um caráter de alimento funcional, com capacidade antioxidante, antimutagênica, anti-inflamatória e até mesmo anti-hipertensiva, auxiliando na prevenção de doenças crônicas e degenerativas. Esses compostos estão distribuídos majoritariamente no tegumento, mas também são 16 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017

encontrados no cotilédone. Nos grãos, esses compostos são os principais responsáveis pela cor do tegumento, servindo como proteção ao ataque de patógenos ou como atrativos para a dispersão dos grãos na natureza. Assim como ocorre em outros feijões, os compostos fenólicos são responsáveis por conferir ampla variedade de cores ao tegumento do feijão caupi. Algumas variedades são mais suscetíveis à alteração de cor quando armazenadas, como o feijão caupi denominado “bico de ouro”, enquanto outras mantêm a cor original. Estima-se que existam aproximadamente 20 subclasses de feijão caupi, além das classes tradicionais branca, preta, vermelha e misturada apresentadas na Instrução Normativa Nº 12, de 28/03/2008, MAPA (BRASIL, 2008). O feijão caupi é historicamente cultivado em pequenas propriedades das regiões Norte e Nordeste do país, mas atualmente também tem sido cultivado em grandes propriedades do Centro-Oeste brasileiro. De forma análoga ao feijão comum (Phaseolus vulgaris L.), plantas de feijão caupi possuem hábito de crescimento indeterminado, sendo comum encontrar vagens verdes e vagens secas na mesma planta ao final do ciclo da cultura, especialmente em variedades que não passaram por um processo de melhoramento genético. O fato de ter vagens em diferentes estágios prejudica


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Quando uma dona de casa abre um pacote e coloca o feijão na água, imagina sua indignação ao ver os insetos flutuando, os grãos furados. Para que isto não ocorra é imprescindível prestar atenção na pós-colheita.

o desprendimento dos grãos da planta no momento da trilha e, para minimizar este problema, é comum que se faça o arranquio manual nas pequenas propriedades, com subsequente agrupamento das plantas em pequenos montes, com as raízes posicionadas para cima (Figura 1A). Dessa forma, as plantas são mantidas sob o sol até que o teor de água reduza a ponto de possibilitar a trilha. Em propriedades maiores esse procedimento não é viável, sendo comum a utilização de herbicidas pré-colheita para dessecar as plantas e, então, viabilizar a colheita mecanizada (Figura 1B). 1A

1B

Figura 1. Colheita manual (1A) e mecanizada (1B) do feijão caupi. Fonte: 1 – Folha de Londrina - O Jornal do Paraná. 1B – Autores.

A aplicação de herbicidas em pré-colheita é uma técnica comum, principalmente no Mato Grosso. Porém, não há produtos registrados para essa finalidade no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA). É possível que a aplicação não regulamentada, sem estudos que avaliem riscos aos consumidores, aos trabalhadores e ao meio ambiente, e sem especificações técnicas, altere a qualidade dos grãos e a sua segurança para quem os consome. Estudos preliminares realizados no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (Labgrãos) da UFPel indicam que a aplicação de herbicida pode, de fato, comprometer a integridade celular dos grãos, expondo o conteúdo celular à oxidação, principalmente dos compostos fenólicos, que estão envolvidos diretamente nas reações de escurecimento. No aprofundamento do tema, outros estudos estão sendo conduzidos para que a cadeia produtiva disponha de informações mais confiáveis sobre efeitos desta prática na qualidade do feijão, e quais as influências deste manejo na suscetibilidade dos grãos às alterações de qualidade durante o armazenamento. O processo de mudança de cor (Figura 2), ou brilho no caso dos feijões pretos, se dá principalmente pela oxidação de metabólitos secundários, como proantocianidinas nos feijões de tegumento vermelho enquanto as antocianinas são responsáveis pela cor nos feijões de tegumento preto. Esses metabólitos são extremamente suscetíveis à alterações por fatores abióticos, como temperatura, teor de água e luminosidade.

Figura 2. Escurecimento dos grãos após o armazenamento por quatro meses em diferentes temperaturas (4, 15, 20, 25 e 35°C, respectivamente).


¦Tecnologia¦ Trabalhos científicos realizados no Labgrãos-UFPel mostram que a temperatura é um dos principais fatores responsáveis pela alteração na cor em variedades suscetíveis ao escurecimento (Figura 3). Com base nos valores de a*, que indicam as variações de cor dos grãos em um eixo colorimétrico que varia do verde ao vermelho, comprova-se que a temperatura de armazenamento exerce importante efeito no escurecimento do tegumento do feijão caupi “bico de ouro” ao longo de um ano de armazenamento. Figura 3. Variações na cor do feijão caupi armazenado em diferentes temperaturas por um ano. Quanto maior o valor de a*, mais vermelho é o tegumento do feijão.

Nathan Levien Vanier nathanvanier@hotmail.com 18 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017

O escurecimento dos grãos de feijão caupi, bem como de outras espécies e variedades do gênero Phaseolus sp., como o feijão carioca, é visto e assimilado pelo consumidor como um produto velho, ruim de cozinhar e que não forma caldo espesso. O tempo de cocção elevado é um problema comum em todas as variedades de feijões quando armazenados inadequadamente, porém é mais acentuado no feijão comum. O aumento no tempo de cocção é determinado por vários mecanismos, que ainda não estão totalmente elucidados. Porém, há um consenso de que o armazenamento inadequado favorece (a) interações entre proteínas e amido, (b) polimerização de compostos fenólicos e (3) complexação de minerais com a parede celular das células do cotilédone e do tegumento do feijão, aumentando a dificuldade de separação celular e de entrada de água para gelatinização do amido durante o processo de cocção. Além disso, todos esses fatores podem prejudicar a saída de elementos hidrossolúveis, como a proteína, responsáveis por espessar o caldo do feijão. Outros trabalhos com feijão desenvolvidos no Labgrãos-UFPel possibilitaram observar que o aumento mais significativo no tempo de cocção se dá para os grãos armazenados com maiores teores de água. Estudos mostraram elevação do tempo de cocção do feijão caupi de 17 para 30 minutos ao final de um ano de armazenamento, quando armazenados com 16% de umidade a 25°C. Grãos armazenados com 13% de umidade a 15°C e a 25°C mantiveram tempo de cocção semelhante aos grãos recém colhidos (18 e 22 minutos, respectivamente), deixando evidente o efeito que a umidade exerce no aumento do tempo de cocção do feijão caupi durante o armazenamento. Embora haja um incremento no tempo de cocção no feijão caupi, esse


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Figura 4. Variações na cor do feijão carioca armazenado em diferentes atmosferas e temperaturas por um ano. Quanto maior o valor de a*, mais vermelho é o tegumento do feijão.

comportamento é mais acentuado no feijão comum. O feijão comum armazenado em condições inadequadas pode desenvolver o defeito intitulado “difícil de cozinhar” (do inglês “hard-to-cook” ou simplesmente HTC). Enquanto que no feijão caupi são observados aumentos próximos a 13 minutos ao final de um ano de armazenamento, o feijão preto armazenado por um ano em condições semelhantes pode apresentar tempo de cocção superior a 130 minutos. Além do manejo de temperatura e umidade, a atmosfera controlada ou modificada no armazenamento é uma alternativa utilizada para auxiliar na conservação dos grãos no armazenamento (Figura 4). Controlar ou alterar o ambiente de armazenamento tem por bases a redução da concentração de oxigênio e a elevação nas concentrações de nitrogênio ou de dióxido de carbono. Com base em estudos desenvolvidos também no Labgrãos-UFPel, o armazenamento de feijão carioca em atmosfera modificada com nitrogênio ou com CO2 é uma alternativa, tecnicamente positiva, que favorece significativamente a conservabilidade dos grãos, associado a isto está o armazenamento em temperaturas baixas, ao redor de 15°C.

O armazenamento em atmosfera controlada e a utilização de baixas temperaturas favorece o manejo de pragas. Baixas concentrações de oxigênio e baixas temperaturas retardam o ciclo evolutivo dos insetos que atacam feijões armazenados, como o Acanthoscelides obtectus e o Zabrotes subfasciatus (Figura 5). Além disso, a utilização dessas técnicas propicia um ambiente desfavorável para o desenvolvimento de fungos e outros microrganismos oportunistas que se estabelecem em condições favoráveis, possibilitando a redução total ou parcial da utilização de produtos químicos.

Figura 5. . Principais insetos praga do feijão armazenado. Fonte: Agência Embrapa de Informação Tecnológica.

Vale ressaltar que o manejo de temperatura, umidade e atmosfera de armazenamento se tornam viáveis no armazenamento do feijão caupi devido a sua grande valorização no período de entressafra, principalmente quando há escassez de outras variedades de feijões, como o feijão carioca.


¦Atualidade¦ Pequenas e grandes empresas devem apostar em treinamentos para retomar o crescimento

É preciso criar um plano de ação de desenvolvimento, com trilhas de aprendizagem e objetivos de cada ação Investir em treinamento e desenvolvimento é prioridade para algumas corporações e, devido a um grande trabalho de conscientização, muitas já sabem que isso pode fazer a diferença entre o fracasso e a longevidade de suas atividades. Dados da pesquisa realizada em 2016, pela Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), mostram que o volume de horas de treinamento por colaborador no Brasil foi 33% superior ao registrado no ano anterior, ou seja, subiu de 16,6 horas para 22 horas, em média. Ainda assim, nota-se que o país ainda está atrás dos indicadores das empresas dos Estados Unidos. Para se ter uma ideia, as multinacionais realizaram neste ano 38% a mais do que às nacionais. A indústria é o setor que mais treina em volume de horas (24 horas por colaborador) e o comércio o que menos treina, tendo como média 15 horas de treinamento por colaborador. Alexandre Slivnik, especialista em gestão de pessoas, com experiência em excelência e atendimento pela universidade de Harvard e diretor da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), explica que um plano de treinamento eficaz deve seguir alguns processos, para que as etapas sejam eficazes. "A primeira fase é fazer adequadamente o LNT – Levantamento das Necessidades do Treinamento, pois é preciso entender objetivamente as necessidades reais da organização e também as competências a serem desenvolvidas em cada colaborador”, explica 20 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017

Após esse passo, é preciso criar um plano de ação de desenvolvimento, com trilhas de aprendizagem e objetivos de cada ação. E, após a aplicação do treinamento, mensurar o ROI (retorno do investimento). O que muitas organizações estão fazendo é proporcionar treinamentos diferenciados aos seus colaboradores, como, por exemplo, viagens de incentivo. “Com isso, ao bater suas metas e objetivos, os colaboradores são premiados e as empresas aproveitam para colocar ações


Acesse: www.graosbrasil.com.br de desenvolvimento. Assim, eles podem aliar diversão, experiência prática e muito conhecimento”, destaca Alexandre. Outro fator que influencia na qualidade e na eficácia do treinamento é a possibilidade que o colaborador tem em escolher o que pode ajudar a melhorar o seu desempenho. "É fundamental ouvir o que a equipe tem a dizer sobre o que deseja aprender, porém, a empresa precisa mapear as competências necessárias para cada cargo (com suas forças e fraquezas). Trata-se de uma via de mão dupla, onde as vontades de ambos devem estar conectadas para que o desenvolvimento, de fato, aconteça”, aponta o especialista em gestão de pessoas. Dependendo das características das pessoas e dos negócios, as aulas podem ser presenciais ou online, porém, o ideal segundo Alexandre, é não rotular todos como se fossem iguais. “Para algumas pessoas, o digital é mais efetivo do que o presencial. Por isso, é importante estudar a característica do grupo e direcionar para as ações mais efetivas. Em uma turma heterogênea, gosto sempre de sugerir a mescla entre presencial, vivencial e digital, o que hoje é chamado de “blended learning””, avalia o palestrante. Infelizmente, boa parte das empresas ainda focam muito no treinamento técnico. "Essa modalidade ainda é importante, porém, sem a questão comportamental aliada à questão técnica, o treinamento não é efetivo. A boa notícia é que já existe um processo de mudança e as empresas estão atentas à importância sobre a disseminação da cultura. Essas, estão um passo à frente e, certamente, são as que, em um futuro breve, serão as mais amadas por seus colaboradores e clientes e, consequentemente, conseguirão melhores resultados”, conclui Slivnik.

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¦Tecnologia¦ O resfriamento artificial pode substituir o emprego de inseticida na manutenção da qualidade de trigo armazenado Kelly Pelc da Silva | Programa de Pós Graduação da UPF - Passo Fundo - RS Volnei Luiz Meneghetti | Instituto Federal de Farroupilha, Panambi, RS Luiz Carlos Gutkoski | Fac. de Agronomia e Medicina Veterinária - UPF, Passo Fundo - RS

1. Introdução A necessidade crescente de suprir a demanda mundial de alimentos exige que a qualidade do grão colhido seja mantida com perdas mínimas nas operações de pós- colheita. As características do grão, bem como sua composição variam com as condições operacionais de colheita, pós-colheita e processamento. A fim de manter a qualidade deve ser empregado técnicas adequadas nas operações de manejo pós-colheita do grão de trigo. O teor de água, a temperatura e o tempo de armazenamento são variáveis importantes na manutenção da qualidade do grão. Na armazenagem o grão é exposto a vários fatores físicos, químicos e biológicos com redução de matéria seca e dos atributos de qualidade, sendo a deterioração inevitável. Por isso, durante o armazenamento devem serem controlados os fatores adversos visando prolongar a qualidade tecnológica e fisiológica. Entre os métodos físicos empregados para preservar a qualidade de trigo armazenado, o uso de baixa temperatura apresentase como técnica consagrada de manejo. O propósito da técnica de resfriamento artificial é reduzir a quebra técnica, incidência de insetos-praga, fungos e alterações físicoquímicas dos grãos. A temperatura e o teor de água influenciam na intensidade de respiração do grão e com o aumento pode 22 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017

elevar a deterioração. O processo inicia com o aumento da umidade devido à condensação de água e a criação de bolsas de calor na massa de grãos. As consequências desse fenômeno podem induzir a perda da capacidade de germinação, perda de matéria seca, aumento de fungos e por fim perdas qualitativas e quantitativas dos grãos armazenados. Com teores de água superiores a 15% o desenvolvimento de fungos se torna mais favorável na massa de grãos. Para armazenamento seguro de grãos, tanto temperatura quanto teor de água devem ser controlados em teores compatíveis com o período de armazenamento. Para melhor conservação, a condição requerida é manter os grãos de trigo limpos, íntegros e secos. O resfriamento artificial ajuda manter as características tecnológicas e fisiológicas dos grãos armazenados. Com a finalidade de ampliar conhecimentos acerca de armazenamento com ar resfriado artificialmente, desenvolveu-se o presente trabalho que objetivou avaliar efeitos da temperatura em ambiente natural e resfriado com e sem o emprego de terra de diatomácea e, do tempo de armazenamento na qualidade de grãos de trigo. 2. Metodologia 2.1 Material O trabalho foi realizado com grãos de trigo do genótipo


Acesse: www.graosbrasil.com.br BIO 112143, colhido na safra 2015, fornecido pela empresa Biotrigo Genética, sendo realizado os experimentos no laboratório de Cereais da Universidade de Passo Fundo. Os tratamentos realizados foram ambiente natural com inseticida (TI), ambiente resfriado artificialmente (TR) e ambiente resfriado artificialmente com adição de terra de diatomácea (TD). Para cada tratamento foram seis repetições e as análises realizadas no mínimo, em duplicata, nos tempos zero, 2, 4, 6 meses. O inseticida empregado foi o organofosforado pirimifósmetil na dosagem recomendada pelo fabricante (12 mL do produto comercial/ tonelada de grão, diluídos em 1 litro de água). O inseticida foi dissolvido em água destilada e misturado na massa de grãos. O volume de calda aplicado em 8 kg de grãos foi 10 mL. A terra de diatomácea foi empregada na dosagem de 1 grama por kilograma de grãos e realizado a mistura em misturador laboratorial em velocidade média pelo tempo de 3 minutos. 2.2 Métodos 2.2.1 Incidência de fungos A incidência dos fungos foi realizada com o uso de gerbox (caixa plástica) e o meio de cultura PDA (Potato Dextrose Ágar). Para o teste foram utilizados 200 grãos por tratamento, com 4 replicatas de 50 grãos. A análise de

incidência de fungos nos grãos foi realizada sete dias após o plaqueamento e quantificando o número de grãos infectados sob lupa estereoscópica sendo considerado infectado o grão com presença de conídio de fungos patogênicos. Os resultados foram expressos em porcentagem de grãos contaminados. 2.2.2 Teor de água O teor de água foi determinado pelo método da estufa na temperatura de 105 ± 3ºC, com circulação de ar, por 24 horas, realizado de acordo com o método oficial de análises de sementes preconizado pelo Ministério da Agricultura. 2.2.3 Peso do hectolitro O peso do hectolitro dos grãos foi determinado em balança marca Dalle Molle, realizado de acordo com o método oficial de análise de sementes, em três triplicatas. Os resultados foram expressos em kg.hL-1. 2.2.4 Massa de mil grãos A massa de mil grãos foi realizada de acordo com método oficial de Análise de Sementes, em triplicata, com a contagem de 1000 grãos e a massa determinada em balança de precisão. Os resultados expressos foram a


¦Tecnologia¦ média das replicatas, em gramas. 2.2.5 Teor de proteína bruta As proteínas foram determinadas por Espectrômetro do Infravermelho Proximal (NIR) utilizando a curva de calibração construída a partir de método recomendado pela American Association of Cereal Chemists (AACCI, 2010). Os resultados médios das leituras foram expressos em porcentagem e em base seca. 2.2.6 Teor de lipídios A determinação de lipídios foi realizada pelo método Bligh e Dyer (1959). Esta análise baseia-se na quantidade de material extraído por solvente e o uso de 3 gramas de grãos moídos. 2.2.7 Teor de acidez graxa A determinação de acidez graxa foi realizada de acordo com o método nº 939.05 da AOAC (1995) e se fundamenta na titulação com solução padrão alcalina dos lipídios extraídos por Bligh e Dyer e quantificação de ácidos graxos livres presentes, usando indicador fenolftaleína. 2.3 Análise estatística O processamento de dados e a análise estatística foram realizados com o uso do programa estatístico Sisvar® Versão 4.3, Build 75. A significância dos dados foi testada pela análise de variância (Anova) a 5% de probabilidade de erro e, nos modelos significativos, as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey 95% de intervalo de confiança. 3. Resultados e Discussão Entre os fungos de armazenamento identificados no trabalho destacaram-se os gêneros Fusarium e Aspergillus (Figura 1). Para todas as espécies de fungos foi verificado redução significativa ao longo do tempo de armazenamento (dados não apresentados). Figura 1. Contagem dos fungos de armazenamento em trigo armazenado em ambiente natural (TI), ambiente resfriado (TR) e ambiente resfriado com terra de diatomácea (TD) por 0, 2, 4 e 6 meses.

Para os fungos Aspergillus niger e Aspergillus flavus houve incidência mais expressiva entre o início até o quarto mês de armazenamento, ressaltando que estes fungos podem estar presentes em grãos recém colhidos e pode ocorrer proliferação ao longo do armazenamento. As baixas incidências destes fungos nas condições de 24 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017

armazenamento estudadas podem ser atribuídas aos teores de água nos grãos, que estando abaixo de 15% desfavorece o desenvolvimento da microflora (FLEURATLESSARD, 2017). O resfriamento artificial também limitou o crescimento fúngico. Este comportamento já foi verificado por Lahouar et al. (2016) para o fungo Aspergillus flavus, que apresentou redução ao longo do armazenamento resfriado. Os baixos valores na contagem de fungos nos grãos armazenados indicaram que as condições empregadas foram favoráveis para a manutenção das qualidades fisiológica e tecnológica dos grãos de trigo armazenado. O teor de água do grão é um dos parâmetros mais importantes a ser monitorado durante o armazenamento. As variações do teor de água dos grãos de trigo armazenado estão apresentadas na Tabela 1. Tabela 1. Umidade dos grãos do trigo armazenado no sistema a granel em ambiente natural com inseticida (TI), ambiente resfriado (TR) e em ambiente resfriado com terra de diatomácea (TD) por 0, 2, 4 e 6 meses

Resultados são médias de seis determinações ± desvio padrão. As médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p>0,05).

Os resultados do teor de água variaram significativamente (p≤0,05) entre tratamentos e tempos de armazenamento, exceto para TR. Os maiores valores de umidade no final do período de armazenamento foram verificados em TD, sem diferir de TR. Com o tempo de armazenamento ocorreu redução do teor de água nos tratamentos TI e TD. A redução de água em TI pode estar relacionada com as variações da umidade relativa do ar ambiente e da temperatura. Porém, foram baixas em todos os tratamentos estudados, o que possivelmente não comprometeu as condições fisiológicas e tecnológicas dos grãos de trigo armazenados. Quando os grãos são mantidos em baixos níveis de teor de água e de temperatura, a respiração do grão, a migração de umidade e o aquecimento da massa tem efeitos reduzidos, preservando assim a qualidade no armazenamento. Isso vai de acordo com Laca et al. (2006) que mantiveram os grãos com 13% de umidade e em constante umidade relativa do ar constante e que ocorreu manutenção da qualidade dos grãos durante o armazenamento. Quando o armazenamento é realizado em temperatura e umidade adequadas o grão fica em bom estado por longos períodos (FLEURAT-LESSARD, 2017). Os valores de PH variaram significativamente (p≤0,05) entre os tratamentos estudados (Tabela 2). Os maiores valores de PH foram verificados em TI, seguidos de TR e TD. Aos seis meses de armazenamento o PH em TI foi 78, 25 kg/ hL, enquanto em TD de 71,35 kg/hL. Os menores valores de PH em TD foram devido ao emprego de terra de diatomácea que afeta as propriedades de escorrimento do grão,


Acesse: www.graosbrasil.com.br levando a um aumento artificial do volume e a consequente redução da massa. Com o tempo de armazenamento não se verificou variação de PH. Estes resultados indicaram manutenção de qualidade dos grãos armazenados. Strelec et al. (2010) observaram redução de peso hectolitro com o aumento do período de trigo armazenado em ambiente natural. Neste trabalho não se verificou redução de PH com o tempo de armazenamento o que pode ter ocorrido devido as condições de armazenamento do trigo. Tanto no ambiente natural quanto no resfriado, os valores de umidade e de temperatura foram relativamente baixos, mantendo os valores de PH durante o armazenamento (KARAOGLU et al., 2010). Tabela 2. Peso do Hectolitro (PH) de trigo armazenado no sistema a granel em ambiente natural com inseticida (TI), ambiente resfriado (TR) e em ambiente resfriado com terra de diatomácea (TD) por 0, 2, 4 e 6 meses

Resultados são médias de seis determinações ± desvio padrão. As médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p>0,05).

Os resultados de MMG não variaram significativamente (p>0,05) entre tratamentos e tempos de armazenamento estudados (Tabela 3). As condições empregadas nos

tratamentos preservaram a qualidade dos grãos armazenados. Sawant et al. (2012) relataram que MMG diminui com o tempo de armazenamento em ambiente natural. Tabela 3. Massa de mil grãos (MMG) de trigo armazenado no sistema a granel em ambiente natural com inseticida (TI), ambiente resfriado (TR) e em ambiente resfriado com terra de diatomácea (TD) por 0, 2, 4 e 6 meses

Resultados são médias de seis determinações ± desvio padrão. As médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p>0,05).

A ausência de alterações na MMG indica que ocorreu baixa taxa de metabolismo em todos os tratamentos no período de armazenamento estudado, pois os grãos foram mantidos limpos, íntegros e secos. Mesmo no tratamento com armazenamento em ambiente natural as condições foram favoráveis devido à ausência de pragas pelo uso do inseticida pirimifós-metil. A ausência de variações de MMG ao longo do tempo, inclusive em TI, pode ter sido em virtude de poucas variações de umidade relativa do ar e da temperatura ambiente. Mas ainda assim pode-se afirmar que existe uma melhor preservação dos grãos, quando armazenados em ambiente resfriado.

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¦Tecnologia¦ A ausência de alterações na MMG indica que ocorreu baixa taxa de metabolismo em todos os tratamentos no período de armazenamento estudado, pois os grãos foram mantidos limpos, íntegros e secos. Mesmo no tratamento com armazenamento em ambiente natural as condições foram favoráveis devido à ausência de pragas pelo uso do inseticida pirimifós-metil. A ausência de variações de MMG ao longo do tempo, inclusive em TI, pode ter sido em virtude de poucas variações de umidade relativa do ar e da temperatura ambiente. Mas ainda assim pode-se afirmar que existe uma melhor preservação dos grãos, quando armazenados em ambiente resfriado. Os resultados de teor de proteína bruta dos grãos de trigos variaram significativamente entre tratamentos no tempo seis meses (p≤0,05) e com o período de armazenamento, apresentando valores de 12,27% no tempo zero e 10,26% no tempo seis meses, em média. Os maiores valores de proteínas foram verificados no tratamento com terra de diatomácea (Tabela 4). As proteínas do trigo são sensíveis ao armazenamento, por isso a mesma foi utilizada como um dos indicadores de qualidade do grão armazenado. Em consonância com este trabalho, Polat (2013) relatou diminuição de teor de proteína bruta com o aumento do tempo de armazenamento. No entanto, Gutkoski et al. (2009) encontraram um acréscimo no teor de proteínas no período de 12 meses de armazenamento, justificado pelo desenvolvimento de microflora fúngica. Neste trabalho, a redução de proteínas pode ter ocorrido devido o metabolismo do grão. Bhattacharya e Raha (2002) afirmam que a proteína bruta serve como fonte preliminar de carbono e nitrogênio para o crescimento e o metabolismo dos fungos. Porém, as condições de armazenamento de grãos empregadas neste trabalho não foram propicias para o crescimento de fungos, logo este fator não influenciou no teor de proteína bruta.

o armazenamento pode ter ocorrido devido à respiração do próprio grão, dos processos de oxidação, da ação de enzimas, dentre outros fatores. A fração lipídica é usada como indicador de armazenamento por ser mais suscetível e maior em relação aos demais constituintes presentes nos grãos (ELIAS et al., 2009). Estes resultados estão em acordo com Rupollo et al. (2004) e Marini et al. (2005), que verificaram redução no teor de lipídios com o aumento do tempo de armazenamento de grãos. Tabela 5. Teor de lipídios dos grãos do trigo armazenado no sistema a granel em ambiente natural com inseticida (TI), ambiente resfriado (TR) e em ambiente resfriado com terra de diatomácea (TD) por 0, 2, 4 e 6 meses

Resultados são médias de seis determinações ± desvio padrão. As médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p>0,05).

A avaliação de acidez graxa se constitui em um eficiente parâmetro para avaliação da conservabilidade de grãos durante o armazenamento. A Tabela 6 apresenta os valores de acidez graxa de grãos armazenados. A acidez graxa dos grãos de trigo variou significativamente (p≤0,05) entre tratamentos e tempos de armazenamento. Embora significativo, a variação foi muito baixa, ocorrendo o inverso do esperado. Ou seja, o índice de acidez diminuiu com o tempo de armazenamento. Os maiores valores foram verificados no trigo armazenado em ambiente natural. A acidez graxa serve como indicador do processo de rancidez hidrolítica dos lipídios e o aumento é indicador de alterações na qualidade do grão. Tabela 6. Acidez graxa dos grãos do trigo armazenado no sistema a granel em ambiente natural com inseticida (TI), ambiente resfriado (TR) e em ambiente resfriado com terra de diatomácea (TD) por 0, 2, 4 e 6 meses

Tabela 4. Teor de proteína bruta de trigo armazenado no sistema a granel em ambiente natural com inseticida (TI), ambiente resfriado (TR) e em ambiente resfriado com terra de diatomácea (TD) por 0, 2, 4 e 6 meses

Resultados são médias de seis determinações ± desvio padrão. As médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p>0,05). Resultados são médias de seis determinações ± desvio padrão. As médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p>0,05).

O teor de lipídios dos grãos de trigo reduziu com o período de armazenamento, exceto para TD. A redução no teor de lipídios está relacionada com o metabolismo do grão e o processo deteriorativo. Segundo Marini et al. (2005), a velocidade das alterações dos lipídios depende da umidade, da temperatura e do tempo de armazenamento. Os autores verificaram que os lipídios se degradam com o tempo de armazenamento. Neste trabalho, a redução pode ser explicada pelo fato dos lipídios presentes nos grãos estarem na forma de triglicerídeos, e a redução durante 26 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017


Acesse: www.graosbrasil.com.br Nithya et al. (2011), estudando o armazenamento de grãos de trigo verificaram que a acidez graxa das amostras aumentou com o tempo de armazenamento. O comportamento inverso verificado neste trabalho pode ser explicado em virtude dos grãos de trigo estarem armazenados em condições favoráveis devido a poucas variações de umidade do grão e da temperatura ambiente, específico para o TI. A redução de acidez graxa no final do armazenamento pode ter ocorrido em função da rancidez oxidativa dos ácidos graxos liberados na rancidez hidrolítica, ocorrida antes da secagem dos grãos. 4. Conclusões As características de qualidade dos grãos de trigo nãos se alteraram durante o armazenamento de grãos de trigo em ambiente natural com inseticida e resfriado artificialmente sem ou com terra de diatomácea. Nos grãos foi verificado redução da contagem de fungos, umidade, proteínas e lipídios. Com o tempo de armazenamento os valores de peso do hectolitro e massa de mil grãos não variaram significativamente. O resfriamento artificial é efetivo na conservação da qualidade tecnológica e fisiológica de trigo armazenado, com a indicação de terra de diatomácea para prevenir possíveis perdas devido ao ataque de insetos-praga. Com o resfriamento artificial não se tem a necessidade de emprego de inseticidas, o que

valoriza o trigo armazenado visando a comercialização para novos mercados como a de produção de farinha de trigo de grão inteiro.

Luiz Carlos Gutkoski gutkoski@upf.br


¦Tecnologia¦ Boas Práticas na Pós-Colheita de Grãos de Soja - Parte II Eng. Agr. Dr. Ricardo Tadeu Paraginski | Instituto Federal Farroupilha – Campus Alegrete Luana Haeberlin | Graduando de Engenharia Agrícola do Instituto Federal Farroupilha Samuel Martens | Graduando de Engenharia Agrícola do Instituto Federal Farroupilha A soja é um grão muito nobre e muito importante para a economia Brasileira. Se queremos ter mínimas perdas e manter a qualidade na etapa da pós-colheita é fundamental atender a todos os pontos da cadeia. Desde a recepção, amostragem, classificação, padronização e armazenagem. Sempre se deve estar atento aos detalhes. Aproveitem esta matéria.

Na Edição anterior começamos a discutir alguns itens que devem ser considerados nas Boas Práticas de PósColheita de Grãos de Soja, como a identificação da qualidade dos grãos, cuidados nos processos de pré-limpeza, limpeza, secagem e carregamento de silos e armazéns, além do manejo da termometria e aeração. Cabe salientar que os grãos de soja são constituídos principalmente por lipídios e proteínas, possuindo compostos com características benéficas para a saúde, como isoflavonas, saponinas, fitoesteróis e oligossacarídeos, auxiliando na prevenção de doenças gastrointestinais, redução do colesterol cardiovascular, câncer, diabetes e obesidade, exigindo cuidados elevados para manutenção das características de seus metabólitos. De maneira geral, as unidades responsáveis pelas operações de secagem, armazenamento e beneficiamento de grãos não apresentam capacidade para processar em tempo hábil o elevado volume de grãos recebidos, principalmente no pico da safra, já que muitas vezes estas unidades encontram-se subdimensionadas ou com mãode-obra pouco qualificada. Logo, as operações da etapa de pré-armazenamento não são corretamente executadas e, assim, resultam em perdas, as quais tendem a se agravar na etapa posterior: o armazenamento. Nesta etapa, as 28 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017

perdas de qualidade não podem ser recuperadas, apenas mantidas de acordo com as características de recepção. Estas perdas muitas vezes são intensificadas pela adoção de práticas inadequadas durante a limpeza, a secagem e o armazenamento dos grãos. Na secagem, a utilização de temperatura maior do que a recomendada causa dano térmico nos grãos. No armazenamento, as perdas qualitativas e quantitativas são maiores quanto maior for à umidade, o teor de impurezas e a temperatura da massa de grãos. Nesta edição, continuaremos a ver os demais itens, e cuidados que devem ser tomados, considerando manejo integrado de pragas, controle das condições atmosféricas do ambiente, redução do metabolismo dos grãos e também padrões de manutenção de equipamentos que devem ser considerados. Manejo Integrado de Pragas Dentre os principais problemas que reduzem a disponibilidade de grãos de boa qualidade para o consumo estão a deterioração causada por insetos, fungos, roedores, pássaros e ácaros, que podem atacar os grãos e causar redução da qualidade final deste produto (Figura 1). Perdas no peso de grãos, ocasionadas por pragas em armazéns, presença de fragmentos de insetos nos subprodutos


Acesse: www.graosbrasil.com.br alimentares, deterioração da massa de grãos, contaminação fúngica e presença de micotoxinas, causam efeitos negativos na saúde humana e animal, dificuldades para exportação de produtos e subprodutos brasileiros, devido ao potencial de risco de contaminação, e constituem um dos problemas que a incorreta armazenagem de grãos traz para a sociedade brasileira.

Figura 1. Grãos de soja atacados por fungos (A) e insetos (B).

O controle de pragas de produtos armazenados depende praticamente da combinação de métodos operacionais, físicos e biológicos que podem ser integrados para aumentar a eficiência do controle de pragas, visto que os insetos que atacam grãos armazenados se caracterizam por elevada capacidade reprodutiva e número elevado de gerações em curto período de tempo. O ataque de insetos em grãos, quando não adotadas práticas adequadas de armazenamento podem resultar em perdas de peso da massa de grãos, redução da germinação, redução do valor

comercial do produto e formação de bolsas de calor. Assim, o Manejo Integrado de Pragas de Grãos Armazenados (MIP Pragas) prevê conhecimentos sobre a situação dos grãos e da unidade armazenadora, identificação de espécies e de populações de pragas ocorrentes, limpeza e higienização das instalações, associação de medidas preventivas e corretivas de controle de pragas, conhecimento dos inseticidas recomendados e sua eficiência e a existência de pragas resistentes a estes, análise econômica do custo de controle e das perdas a serem evitadas, a necessidade de um rigoroso sistema de monitoramento de pragas, de temperatura e de umidade da massa de grãos. Algumas práticas de manejo são indispensáveis para um adequado MIP, como: • Manejo, higienização e limpeza do ambiente • Manejo preventivo físico com uso de pós-inertes • Manejo preventivo químico com uso de inseticidas líquidos • Manejo curativo com uso de expurgo • Métodos alternativos de controle O MIP depende do entendimento do ecossistema de armazenagem, incluindo dinâmica de população de pragas e métodos mais precisos de monitoramento desses níveis populacionais. Segundo o hábito alimentar, as pragas


¦Tecnologia¦ podem ser classificadas em primárias ou secundárias. O ataque de insetos aos grãos pode iniciar na lavoura, com as pragas de infestação cruzada, desta maneira, práticas preventivas de controle com aplicação de agroquímicos devem ser utilizadas para evitar a deterioração dos grãos e também inibir a presença e o desenvolvimento destes no interior da unidade de armazenamento. Além de práticas com utilização de manejo preventivo físico com uso de pós-inertes (terra de diatomácea), manejo preventivo químico com uso de inseticidas líquidos (cipermetrina, deltametrina), e manejo curativo com uso de expurgo (fosfina), sendo que uma das práticas mais recomendadas é a realização de limpeza das unidades (Figura 2), que deve ser realizada periodicamente.

Figura 2. Práticas de limpeza realizadas em unidades de armazenamento de grãos de soja, indispensáveis para um correto Manejo Integrado em Pragas de Grãos Armazenados.

Além do efeito da presença de insetos na massa de grãos, o ataque de fungos é a segunda causa de deterioração e perdas na armazenagem de grãos, sendo que nos grãos de soja seu ataque é mais intenso. Os danos causados por estes micro-organismos nos grãos estão relacionados às seguintes alterações: (1) aparecimento de manchas e descoloração, (2) alterações no odor, (3) aquecimento e compactação da massa de grãos, (4) produção de toxinas (micotoxinas), (5) redução do poder germinativo e vigor de sementes e (6) alterações na composição química e nutricional dos grãos e (7) consumo de matéria seca. A razão do grande sucesso dos fungos é a sua reprodução através de esporos, que podem ser transportados por água, vento, plantas, produtos e subprodutos. O crescimento fúngico e a produção de micotoxinas pode ocorrer nas diversas fases de desenvolvimento, maturação, colheita, transporte, processamento ou armazenamento dos grãos, entretanto, no armazenamento é fundamental a redução da atividade de água dos grãos para evitar o desenvolvimento destes. Desta forma, alguns trabalhos realizados com armazenamento de grãos de soja (Figura 3) em diferentes temperaturas e umidades comprovam isso. O aumento no teor de grãos mofados observado na Figura 3 indica que na umidade de 12%, o teor de grãos mofados permaneceu constante durante os 180 dias de armazenamento. Já na umidade de 15%, apenas os grãos armazenados na temperatura de 35ºC obtiveram níveis de 100% de grãos mofados, porém nas temperaturas de 15 e 25ºC, os teores de grãos mofados foram superiores a 20%. Aos 90 dias os grãos armazenados nas três temperaturas com 18% de umidade já apresentavam 100% de grãos mofados, indicando a baixa qualidade tecnológica deste produto, sendo considerado abaixo do padrão básico de comercialização, ou seja, com baixo valor de mercado. 30 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017

Figura 3. Teor de grãos mofados ao longo do período de armazenamento de seis meses de soja nas temperaturas de 15, 25 e 35ºC com teores de umidade de 12% (A), 15% (B) e 18% (C).

De acordo com alguns trabalhos realizados, o aumento do desenvolvimento fúngico é resultado de práticas inadequadas de armazenamento, principalmente temperatura e umidade, e os gêneros de fungos mais importantes associados são Fusarium, Penicillium e Aspergillus. A contaminação pode ocorrer no campo durante o cultivo, e o desenvolvimento durante o processamento, armazenamento ou transporte, onde condições de umidade e temperaturas elevadas favorecem o desenvolvimento. O desenvolvimento de fungos,


Acesse: www.graosbrasil.com.br níveis de oxigênio e altos níveis de dióxido de carbono retardam a taxa de respiração e aumentam o período de conservação, sendo utilizadas com sucesso para manter a qualidade de grãos, entretanto poucos trabalhos foram realizados com grãos de soja. O armazenamento em atmosfera modificada consiste em alterar as proporções dos componentes atmosféricos normais no ambiente de armazenamento, principalmente de dióxido de carbono e nitrogênio, sendo o aumento dos níveis de nitrogênio mais seguro, devido a alta toxicidade que concentrações elevadas de dióxido de carbono possuem. Entretanto, com todos esses efeitos benéficos da atmosfera modificada para grãos armazenados, até o momento não se utiliza esta tecnologia no armazenamento de grãos, principalmente devido ao alto custo e a falta de informações tecnológicas nas principais regiões produtoras do país.

além de causar uma redução natural do valor nutricional dos grãos, pode resultar na produção de micotoxinas, que possuem potencial carcinogênico quando ingeridas na alimentação, seja do grão in natura ou dos derivados obtidos. A presença de oxigênio no ambiente de armazenamento, aliado ao aumento de temperatura devido ao processo respiratório dos grãos, resulta em ambiente favorável para os fungos, que exigem temperatura para o desenvolvimento entre 25 e 30°C e umidade relativa mínima para germinação dos esporos de 65%, sendo esses encontrados em grande número no ar, poeira, solo e nos resíduos dos grãos, e desenvolvem-se quando encontram condições adequadas de umidade e temperatura no ambiente. Controle das condições atmosféricas do ambiente Durante a colheita, os grãos de soja geralmente são colhidos com umidade superior a recomendada para armazenamento, necessitando de secagem, porém muitas vezes os produtores não possuem sistemas e condições adequadas para essa operação, armazenando os grãos úmidos, na grande maioria com teores próximos a 16%. Trabalhos realizados afirmam que vários fatores interferem na qualidade dos grãos durante o armazenamento, como umidade e temperatura dos grãos, temperatura e umidade do ar, presença de grãos quebrados, matérias estranhas e impurezas, ataque de insetos, ácaros e microrganismos, manejo tecnológico e tempo de armazenamento. As atmosferas modificadas de armazenamento oferecem uma das mais bem sucedidas técnicas de preservação para grande variedade de produtos agrícolas e alimentos. Baixos

Redução do metabolismo dos grãos As alterações no interior da massa de grãos dos silos podem ser acompanhadas pelo sistema de termometria adequado e um sistema de aeração corretamente dimensionado, que possibilite trocas gasosas do interior da massa de grãos para garantir uma boa qualidade de armazenamento, evitando a formação de anaerobiose e de correntes convectivas de ar no interior dos silos, que podem provocar a condensação. A umidade elevada dos grãos, aliada a temperaturas altas, acelera o processo metabólico dos grãos, iniciando focos de aquecimento no interior da massa de grãos, acarretando em perdas elevadas, se medidas adequadas não forem realizadas. As temperaturas elevadas ajudam a provocar condensação na massa de grãos, e também aceleram suas as reações bioquímicas e metabólicas, pelas quais reservas armazenadas no tecido de sustentação são desdobradas, transportadas e ressintetizadas no eixo embrionário, reduzindo a qualidade dos grãos quando estes expostos por longos períodos, conforme pode ser observado na Figura 4 pelos resultados da condutividade elétrica dos grãos em trabalhos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa. Os resultados de condutividade elétrica, indicam aumento dos valores ao longo do período de armazenamento em todas as condições, como já esperado, porém as alterações foram mais intensas nas temperaturas e umidades mais elevados. Os valores de condutividade mais elevados durante todos os 180 dias, demonstram a ineficácia do armazenamento nestas condições por favorecer a proliferação de fungos na massa de grãos, apresentando os maiores índices de grãos mofados que influenciaram significativamente seu potencial germinativo e diminuindo a qualidade dos parâmetros fisiológicos. A leitura da condutividade elétrica pode ser utilizada para avaliar o vigor, pois está relacionado com a quantidade de íons lixiviados na solução e a integridade das membranas celulares, sendo que membranas desestruturadas e danificadas, resultado do incorreta práticas de manejo, elevam o valor da condutividade elétrica e consequentemente reduzem o vigor dos grãos e sementes. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 31


¦Tecnologia¦ reprodução e metabolismo dos insetos.

Figura 5. Sistema de armazenamento refrigerado de grãos.

Na Figura 6, observa-se grãos armazenados com teores de umidade de 12, 15 e 18% nas temperaturas de 15, 25 e 25ºC ao final de 6 meses de armazenamento, e os resultados de tipificação comercial desses grãos, de acordo com a IN MAPA N°11/2007, são apresentados na Tabela 1

Figura 4. Condutividade elétrica de grãos de soja armazenados ao longo do período de armazenamento de seis meses de soja nas temperaturas de 15, 25 e 35ºC com teores de umidade de 12% (A), 15% (B) 18% (C).

O armazenamento em sistema refrigerado (Figura 5) é uma alternativa para produtores das diferentes regiões do país, principalmente nos estados da região Centro-Oeste, onde as temperaturas são mais elevadas após a colheita dos grãos. A redução de temperatura dos grãos auxilia na manutenção da sua qualidade e a redução da temperatura ambiente, para a faixa de 15ºC, auxilia no controle de pragas, reduzindo praticamente a zero os níveis de desenvolvimento, 32 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2017

Figura 6. Aspecto visual dos de soja armazenados final de seis meses de armazenamento nas temperaturas de 15, 25 e 35ºC com teores de umidade de 12%, 15% e 18%.

Os resultados de tipificação (Tabela 1) indicam que nas temperaturas de 15 e 25ºC, os grãos forma classificados com padrão básico nas umidades de 12 e 15% até os 180 dias de armazenamento, porém os grãos com umidade de 18%, simulando grãos armazenados sem secagem, já aos 45 dias, o teor de grãos mofados foi elevado, e os grãos foram considerados Fora de Tipo. Na temperatura de 35°C o armazenamento com teor de água de 15% manteve o padrão básico por apenas 45 dias. Já para as temperaturas de 15 e 25°C o padrão básico se manteve até os 135 dias


Acesse: www.graosbrasil.com.br de armazenamento. Estes resultados devem-se ao limite máximo de grãos de soja mofados para o padrão básico é de 6%, conforme IN MAPA N°11/2007. Tabla 1. Tipificação de grãos de soja armazenados em diferentes condições ao longo de 180 dias de armazenamento em sistema semi-hermético.

Considerando os dados acima, o processo de resfriamento da massa de grãos, durante o período de armazenagem, é uma técnica eficaz e econômica para a manutenção da qualidade do produto, pois diminui a atividade da água e reduz a taxa respiratória dos grãos, e também retarda o desenvolvimento dos insetos-praga e da microflora presente, independentemente das condições climáticas da região, sendo que a presença de umidade acima de 14,5% pode resultar no desenvolvimento de mofo se a temperatura de grãos ultrapassar a faixa entre 22-24°C durante um longo período de tempo. Manutenção dos equipamentos da unidade A realização de todas as práticas de manejo deve ser efetivada durante todo o processo de recebimento e beneficiamento dos grãos, porém ao longo do ano, devese adotar conceitos de manutenção dos equipamentos, trabalhando com práticas do Triângulo Dourado da Pós-

Colheita, que consiste da ligação entre pessoal, informações e operações, conforme apresentado abaixo, visando melhorias nas técnicas de pós-colheita, além da formação e capacitação dos profissionais relacionados ao setor. Pessoal: deve-se periodicamente realizar treinamentos das pessoas que trabalham na unidade, informando e capacitando estes sobre todos os cuidados que se devem ter em todas as etapas da pós-colheita de grãos; Informações: as informações sobre manejos adotados, manutenções realizadas e também sobre tecnologias desenvolvidas, devem ser informadas a todos os segmentes da unidade, além de sempre os responsáveis técnicos buscarem informações sobre novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas no segmento. Operações: a interação entre pessoal e informação é fundamental para garantir corretas operações no interior da unidade, pois a realização de procedimentos corretos irá garantir uma matéria-prima de qualidade ao final do processo, e consequentemente um melhor valor de mercado. Portanto, as boas práticas de armazenamento de grãos de soja são fundamentais para garantir uma matéria-prima de qualidade e segurança alimentar ao consumidor. Logo deve-se adotar sempre manejos corretos, onde práticas simples, se bem executadas, garantem a manutenção das características dos grãos por longos períodos, e devemos, nós, técnicos do setor, orientar e capacitar os profissionais envolvidos nesses processos, para que possamos melhorar o cenário atual do segmento de pós-colheita.

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¦ CoolSeed News ¦

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¦ CoolSeed News ¦

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¦ Informe Empresarial¦ ELEVASILOS - 3 e 5 Toneladas ELEVA SILO 3 TONELADAS • Coluna confeccionada com chapas de aço carbono, dobradas em perfil oitavado, sem solda; • Altura da coluna: 2.600 mm; • Altura de elevação: 2.150 mm; • Capacidade de carga: 3.000 kg; • Velocidade de elevação: 220 mm/min; • Sistema de elevação: por fuso (rosca sem fim) confeccionada com eixo SAE 1020 38,1 mm, • com uma porca de trabalho, outra de segurança e lubrificação à base de graxa; • Acompanha suporte para base de alvenaria e para içar o silo; • Motorização: Motor Weg 1,5 cv, 220v e 380v trifásico, 60 Hz, redutor QG-75 INARMEG; • Tipo de pintura: líquida, em esmalte sintético (com tratamento de fundo); • Garantia: 3 (três) meses. Com suporte técnico direto de fábrica; • Peso aproximado: 160 kg; • Quadro de comando com capacidade de acionamento simultâneo para até 48 eleva silos; • Tensão: 220v – 380v.

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ELEVA SILO 5 TONELADAS • Coluna confeccionada com chapas de aço carbono, dobradas em perfil oitavado, sem solda; • Altura da coluna: 2.600 mm; • Altura de elevação: 2.000 mm; • Capacidade de carga: 5.000 kg; • Velocidade de elevação: 220 mm / min; • Sistema de elevação: por fuso (rosca sem fim) confeccionada com eixo SAE 1020 46 mm, • com uma porca de trabalho, outra de segurança e lubrificação a base graxa; • Acompanha suporte para base de alvenaria e para içar o silo; • Motorização: S E W, tensão 220v – 380v – 440v; • Tipo de pintura: líquida, em esmalte sintético (com tratamento de fundo); • Garantia: 3 (três) meses. Com suporte técnico direto de fábrica; • Peso aproximado: 360 kg; • Quadro de comando com capacidade de acionamento simultâneo para até 40 eleva silos; • Tensão: 220v – 380v – 440v.


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