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¦ Editorial ¦ Ano XV • nº 87

Novembro / Dezembro 2017

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Administradora Giselle Pedreiro Bergamasco Colaborador Antonio Painé Barrientos Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 3304-6522 | 99162-6522 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos -ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale

Caros Amigos e Leitores Estamos na era da inovação. Passamos da pós-colheita tradicional para a aperfeiçoada, graças às inovações técnicas e estamos passando para a pós-colheita de precisão graças às inovações tecnológicas. Esta inovação, a busca de se fazer as coisas de maneira diferente, mais fácil, mais ajustada, mais rentável e produtiva, é o que motiva a superação de nosso manejo de grãos e sementes, dia a dia. Para avançar na inovação é imprescindível que se tenha pesquisa e difusão da tecnologia, por isso consideramos a Grãos Brasil como uma ferramenta de bem público para levar a vocês as práticas de manejo e os equipamentos que melhor ajudam a nos superarmos. Mas para que a inovação seja uma realidade é necessário que você, que adquire tecnologia, que é o responsável do manejo, se ocupe de implementar o que hoje se propõe como bom e novo. Vemos com tristeza como muitas empresas ainda compram tecnologia do século passado, como se não existissem novas demandas do setor, necessidade de maior eficiência e uma maior demanda de qualidade nos grãos. Como dizia Albert Einstein, “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Então a resposta é que, temos que dar uma volta a nosso parafuso interior e mudar atitudes, de maneira a aceitar desafios que nos permitam melhorar os processos, a qualidade final da mercadoria e em definitiva a rentabilidade de nosso querido setor. Recentemente desenvolvemos cursos em El Salvador (América Central), Uruguai e Paraguai. Brasil também demanda permanentemente cursos de treinamento de pessoal. Nesta edição tratamos de vários temas de interesses, através de prestigiosos profissionais. Nosso objetivo é atender aos profissionais que desejam trabalhar cada dia melhor. Que Deus abençõe sua família e trabalho. Com afeto.

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Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 06

QUEBRA TÉCNICA X UMIDADE | Eng. Domingo Yanucci

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TOXIDADE DOS TRICOTECENOS - Um problema para o Milho e Trigo | Prof. Dr. Sergio Paulo Severo de Souza Diniz Trigo: uma nova alternativa de produção | Pror. Carlos Caneppele e outros RESFRIAMENTO: Uma Tecnologia Importante Para a Manutenção da Qualidade de Feijão durante o Armazenamento | Prof. Dr. Valmor Ziegler e Eng. Angélica Demito

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TEMPO DAS VACAS GORDAS | Oswaldo J. Pedreiro

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Enquanto safra bate recorde, infraestrutura de escoamento deixa a desejar

27

J-Sytem Bequisa

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Equipamento de dosagem integral | Eng. Guillermo Romero

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Operação retira cerca de duas toneladas de feijão com insetos do mercado no PR MAPTECO – MANUAL DE PROCEDIMENTOS TÉCNICOS OPERACIONAIS Amostragem em Caminhões Conflitos e Soluções na Classificação de Produtos Vegetal | Eng. Agr. Ivonete Teixeira Rasêr

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Grãos: Americanos cortam custos para não perder mercado

Setores

02

Editorial

37

Não só de pão...

04 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017

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Cool Seed News



¦Tecnologia¦ QUEBRA TÉCNICA X UMIDADE

Eng. Domingo Yanucci | Consulgran - Granos - Grãos Brasil

Na prática diária resulta impossível trabalhar com como ocorria décadas atrás. quebras técnicas calculadas ao mesmo nível que a 3. Lembramos que partimos de amostras pouco umidade de comercialização. Fazer desse jeito é afetar representativas, analizadas por equipamentos diretamente a rentabilidade da empresa responsável de medição aproximada e sobretudo que o que de secagem e conservação (cooperativa – cerealista – se determina é um teor de umidade médio. O indústria – etc.). responsável pelo manejo de grãos sabe que a A tecnologia disponível hoje não permite um ajuste conservação não só depende da média de umidade para trabalhar com semelhante nível de exatidão. mas também do leque de variações entre a umidade Sempre quem recebe vai sofrer uma série de limitantes maior e menor dentro do lote. Quanto maior é este que o levarão, por necessidade, a diminuir a umidade por leque mais perigosa a conservação, e os cerealistas debaixo da umidade de comercialização. se encontram na obrigação de baixar a umidade Vejamos alguns dos aspetos técnicos: para a média ponderada ideal de conservação para 1. Amostragem: As normas de amostragem estabelecidas estão por debaixo das necessárias para obter uma amostra representativa, sobretudo quando a mercadoria chega da lavoura com características heterogêneas. Por ex: diferenças de umidade dentro da mesma partida de 1,5 % fazem necessários mais Devemos chamar de 20 amostras no caminhão para que o a atenção sobre erro seja menor de 0,2%. (este é um erro a rentabilidade admissível e desejável). Algumas vezes praticamente negativa não se dispõe da possibilidade de pegar dos que manejam grãos, amostra da boca inferior de inspeção, o que sustentam suas qual afeta ainda mais a representatividade empresas em função da amostra, prejudicando a quem recebe de outros serviços que o grão. prestam. 2. Os determinadores de umidade rápidos também são motivos de erro, falar de 0,2 Eng. Domingo Yanucci graosbr@gmail.com % é um valor razoável. Claro que este erro pode ser a favor ou contra, mas dada a elevada capacidade que se apresenta no setor, não existe a tendência de se medir 06 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017


Acesse: www.graosbrasil.com.br diminuir a níveis mais ou menos seguros à umidade dos grãos mais úmidos. 4. A grande maioria dos armazens não dispõem da necessária quantidade de silos de classificação e de moegas de recepção, assim como de secadores, para poder classificar por umidade e outras características comerciais. Isto gera necessariamente uma mistura, que leva a que se seque abaixo do limite estabelecido na comercialização, para poder conservar adequadamente. 5. A grande maioria dos secadores não dispõem de equipamentos de monitoramento e automatização, que permitiriam uma secagem mais uniforme, então para assegurar-se a conservação, os responsáveis devem secar em média ponderada um poco abaixo da base de comercialização. 6. A aeração, como método de esfriamento mais comum, onde o responsável não controla as condições ambientais. Leva-se ao longo dos meses a perda de umidade no armazenagem. O que agrava as perdas de pós-colheita. A aeração ascendente, junto com a combinação de baixa umidade do ar, faz com que se agrave mais a perda de umidade no armazenagem. 7. Os erros antes mencionados e os elevados custos de uma recusa, nos levam a raciocinar que, para evitar problemas nas entregas, o responsável pela mercadoria tome uma margem de segurança (colocando os grãos entre 0,5 a 1 % abaixo da base de comercialização). Basta analizar as umidades dos grãos comercializados para ver que quase sempre se encontram 0,3 – 0,6 - 1 % abaixo do padrão de comercialização. Portanto sem se calcular a quebra técnica por umidade tomando como umidade final a umidade da base de comercialização, está se considerando uma realidade declarada falsa, e sendo injusto com o setor que tem a responsabilidade de acondicionar e conservar os grãos. Por esta razão, sabiamente, as normas tradicionais estabelecem uma umidade final de cálculo na tabela de quebras, abaixo da tolerância de comercialização. Podese discutir qual poderia ser esta diferença, se 0,5 %, 1 % ou 1,5 %. Em princípio, como opinião pessoal, acredito que não deve ser menor do que 0,5 % e pelo que se vê, seria mais razoável estar próximo de 1%. Devemos chamar a atenção sobre a rentabilidade praticamente negativa dos que manejam grãos, que sustentam suas empresas em função de outros serviços que prestam. Se eliminamos este margem razoável no cálculo da quebra técnica, as perdas (que sempre se produzem na pós-colheita) superarão as quebras técnicas e por ela se gerarão maiores quebras que agravarão ainda mais a situação do setor cerealista. Muito mais poderíamos argumentar, mas com o acima exposto, entendo ter sido suficientemente claro. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 07


¦Fungos¦ TOXIDADE DOS TRICOTECENOS

Um problema para o Milho e Trigo Prof. Dr. Sergio Paulo Severo de Souza Diniz | DBP - Universidade Estadual de Maringá

Os tricotecenos são todos metabólitos tricíclicos e o nivalenol (NIV) desempenham papel de importância. sesquiterpenoides produzidos por um número considerável Tem sido comprovada a produção do deoxinivalenol (DON) de fungos, incluindo Fusarium, Myrothecium, Stachybotrys, por várias espécies de Fusarium que colonizam espigas de Trichoderma e Cephalosporium. Bioquimicamente os cereais acarretando a podridão. tricotecenos atuam pela inibição de vários aspectos da síntese protéica nas células eucarióticas. Sendo a mais potente deste grupo de micotoxinas a toxina T-2. Os tricotecenos são toxinas que podem causar aos homens e animais problemas como vômitos, hemorragias, recusa do alimento, necrose da epiderme, aleucia tóxica alimentar Alimentos susceptíveis, (ATA), redução do ganho de peso, da produção são representados de ovos e leite, interferência com o sistema por espigas de milho, imunológico e morte. Ocorrem em grãos como em especial quando o milho, trigo, cevada e outros. as colheitas são feitas É um grupo de aproximadamente 40 tardiamente. micotoxinas produzidas por fungos do gênero Fusarium. Dentre as principais do grupo podem Prof. Dr. ser mencionadas: Deoxinivalenol (DON), Sergio Paulo Severo de Souza Diniz Nivalenol (NIV) e Toxina T-2. spssdiniz@gmail.com Na micotoxicose aguda os tricotecenos afetam os centros de produção de sangue, o sistema nervoso, o trato gastrointestinal e o sistema cardiovascular. Dentre os tricotocenos deoxinivalenol (DON) 08 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017


1. Deoxinivalenol As espécies de Fusarium produtoras de deoxinivalenol e nivalenol também produzem zearalenona. Também outras espécies Cephalosporium, Myrothecium, Trichoderma, Sachybotrys, Microdochium nivale secretam esta toxina em meio de cultura. O primeiro isolamento dessa toxina foi feita de Fusarium roseum, por Monoaka no Japão em 1972. Dentre os fungos produtores estão: Fusarium roseum, F. tricinctum, F. equiseti, F. toxicum, F.verticillioides, Cephalosporium, Myrothecium, Trichoderma, Sachybotrys, Microdochium nivale. Os alimentos susceptíveis são principalmente, o centeio, trigo, feijão, milho e outros cereais, e os derivados destes. Temos como animais sensíveis, os suínos e outros animais de criação. A contaminação por essa toxina acarreta, diarréias e perda de peso, necrose da epiderme, hemorragia, respiração problemática. Deoxinivalenol Características Químicas Fórmula Química: C15H20O6 Peso Molecular: 296,33 g /mol Nome: “12,13. Epoxi-3, 7,15-triiydroiytricotec-9-en-8-one; deoxinivalenol”. Propriedade Física: Agulhas finas em acetato de etil mais éter de petróleo Ponto de Fusão: 151 – 153º Índice de refração: [a]25D + 6,35º em etanol DL50: 70 – 76,7 mg/ Kg em ratas

2. NIVALENOL O nivalenol (NIV) é uma micotoxina pertencente ao grupo dos tricotecenos, que em conjunto com o deoxinivalenol (DON), a fusarenona X e a toxina T-2, são perigosos aos animais e humanos. As espécies de Fusarium produtoras dessas toxinas produzem também a zearalenona nos grãos por elas colonizadas. As espécies produtoras de nivalenol são mais comuns na Austrália e Japão, sendo menos expressivas nas Américas.


¦Fungos¦ Os níveis de nivalenol foram relacionados com a presença de Fusarium chlamydosporum e F. equiseti, em cultivares de “pearl millet”. A ocorrência de diferentes espécies de Fusarium em grãos de cereais é mundialmente reconhecida. Sendo, o grupo dos tricotecenos, o principal, e, portanto, o nivalenol está incluído (Bottalico, 1998). Em 1968, Tatsuno e equipe fizeram o primeiro Isolamento desta micotoxina, extraída de Fusarium nivale. Os principais fungos produtores são o Fusarium nivale, Fusarium chlamydosporum, Fusarium equiseti, Fusarium poae e Fusarium culmorum. Dentre os alimentos susceptíveis estão o trigo, farinha, pão, farinha de milho, milho pipoca, milho, cevada, centeio, entre outros. Os animais sensíveis são os que consomem principalmente o milho, o trigo e seus derivados; portanto homens e animais no geral. A toxicidade desta micotoxina se reflete em diarréias e perda de peso, necrose da epiderme, hemorragia, respiração problemática. Nivalenol Características Químicas Fórmula Química: C15H20O7; Peso Molecular: 312,32 g/mol; Nome: "(3", 4B, 7")-1 2,13-Epoxi-3, 4,7,15-tetrahidroxitricothec-9-en -8-one; Propriedade Física: Cristais; Ponto de Fusão: 222 – 223º C; Índice de refração: [a]24D + 21,54º em etanol; Solubilidade: levemente solúvel em água, solúvel em solventes orgânicos polares; DL50: 40mg / 10g em ratos

3. TOXINA T-2 Cerca de 80 tipos de tricotecenos já foram identificados. A toxina T-2 é um metabólito secundário produzido por fungos pertencentes ao gênero Fusarium. Esta micotoxina atua sobre o sistema nervoso, imunológico e digestivo de aves e suíno; como demais tricotecenos acarreta imunossupressão, hemorragias no trato gastrointestinal e recusa alimentar, além de ataxia, inibição da síntese de proteínas. 10 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017

O ambiente propício a biossíntese desta toxina é constituído pela temperatura de 8 a 27ºC com alta umidade (atividade de água superior a 0,95). O primeiro isolamento desta toxina, ocorreu em 1968, a partir de culturas de Fusarium trincinctum, tendo sido realizada por J. C. Bamburg. Tendo sido identificados como fungos produtores os Fusarium graminearum, F.culmorum, F. crookwellense, F. roseum, F.trincinctum, e F. verticillioides. Alimentos susceptíveis, são representados por espigas de milho, em especial quando as colheitas são feitas tardiamente. Os animais sensíveis compreendem o homem e animais que se alimentam de milho e seus derivados, principalmente. Os efeitos citotóxicos em seres humanos e animais incluem redução na produção dos componentes sangüíneos, necrose de pele, inflamação e necrose do aparelho digestivo e destruição da medula óssea. Em mamíferos, redução no consumo de alimentos e menor crescimento, dermatite nos pés, nas pernas e pálpebras. Em aves, baixa produção de ovos, necrose dos tecidos linfáticos, necrose da medula óssea e da vesícula biliar, hipertrofia hepática, hemorragias viscerais, edema subcutâneo, redução da quantidade de ovos eclodidos, diminuição da espessura da casca do ovo, rejeição do alimento e redução da imunidade. Toxina T-2 Características Químicas Fórmula Química: C24H34O9 Peso Molecular: 466,53 g/mol Nome: a(3a, 4b,8a)-12,13,-Epoxitricothec-9-ene-3,4,8,15tetrol 4,15-diacetate 8-(3-methilbutanoato); fusariotoxina T-2; insariotoxina; micotoxina T-2; Propriedade Física: Estado cristalino Ponto de Fusão: 151 - 152 ºC Índice de refração: [a]26D = + 15° em etanol; Solubilidade: Livremente solúvel em álcool, etil, acetato de etil, clorofórmio, DMSO solventes orgânicos, ligeiramente solúvel em éter de petróleo, pouco solúvel em água; DL50: 4,0 mg/Kg para ratazana; 5,2 mg/Kg para ratos; Dose oral por dia (peso vivo)


Eng. Domingo Yanucci | graosbr@gmail.com GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 11


¦Trigo¦ Trigo: uma nova alternativa de produção Andressa Mendes A. Maciel | Graduanda em Agronomia - UFMT Bruna Regina Blanger | Engenheira Agrônoma - UFMT Pror. Carlos Caneppele | Professor UFMT Hortêncio Paro | Engenheiro Agrônomo - EMPAER

O trigo tem se destacado pela sua importância para a cultivado desde a Região Sul até a região de Cerrado, no economia global, por ser um dos três cereais mais cultivados Brasil Central. no mundo. O trigo era inicialmente consumido em grãos, em forma de papa, mis¬turado com peixes e frutas. Por volta de 4.000 a.C., os egípcios descobriram o processo de fermentação do cereal e, a partir dessa descoberta, produzi¬ram o pão. O grão foi se espalhando pelo mundo. As sementes de trigo chegaram ao Brasil em 1534, e as primeiras lavouras começaram a ser cul¬tivadas Os preços do trigo no em São Vicente-SP. No entanto, só adquiriram Brasil são formados importância econômi¬ca no Brasil colonial, em no mercado externo, meados do século XVII, quando semeados no basicamente nos Estados Rio Grande do Sul e em São Paulo. No século Unidos e Argentina XIX, houve a disseminação da ferrugem, doença que se alas¬trou nas lavouras de trigo, fato que, Prof. Carlos Caneppele juntamente com a abertura dos portos e com caneppele@ufmt.br a intensificação do contrabando na região do Prata, contribuiu para o quase desaparecimento da cultura do trigo no Brasil. No século XX, houve a concessão de incentivos financeiros à produção, o que favoreceu o aumento da produtividade do grão. Atualmente no Brasil, o trigo está sendo 12 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017


GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 13


¦Trigo¦

Figura 1 - Trigo de sequeiro na fase inicial de desenvolvimento

Nosso país possui uma área próxima a 59 milhões de hectares cultivada. Em 2 milhões de hectares são cultivados trigo, e sua produção atingiu 5,5 milhões de toneladas na safra 2015/2016, com uma produtividade de 2,26 tonelada/ha. Esse cres-cimento da produção se deve, principalmente, à recuperação da produtivi¬dade. Além da Região Sul, tradicionalmente produtora, o trigo irrigado, no cerrado, tem hoje importância estratégica. Na região do Brasil Central (Mi¬nas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia), o trigo pode

ser produzido em dois sistemas de cultivo: de sequeiro ou safrinha, a par¬tir da segunda quinzena de janeiro; e no sistema irrigado, sob pivô central, com semeadura a partir da segunda quinzena de abril. A produção brasileira de trigo não atende nem a metade do consumo interno. O país é totalmente dependente do mercado internacional para o complemento de seu suprimento. Os preços do trigo no Brasil são formados no mercado externo, basicamente nos Estados Unidos e Argentina, países tradicionais exportadores ao Brasil. Mesmo com uma safra, em 2015/16, de 5,5 milhões de tone¬ladas e consumo de 10,4 milhões, o país importou 5,5 milhões toneladas, praticamente 53% da demanda nacional. Ou seja, a soma da produção e da importação foi superior ao consumo interno de trigo. A região Sul é a grande produtora de trigo no país. Mato Grosso consome anualmente 120 mil toneladas de farinha de trigo, das quais 90% são importadas. Hoje, cerca de 60% a 70% da farinha de trigo importada consumida no Estado vem da Argentina. Os rendimentos do trigo nessa região estão acima de 120 sc/ha no cul¬tivo irrigado e de 40 sc/ha no sequeiro. O preço médio é de R$ 45,12/sce o custo de produção é de aproximadamente R$ 3.800,00/ha para o trigo irrigado e R$ 1.600,00/ha trigo sequeiro. A qualidade do grão é o diferencial da região, apresentando trigo das classes pão e melhorador na maioria das áreas experimentais.

Figura 2 - Colheita das áreas de trigo irrigado em Nova Mutum-MT

A região promove as primeiras colheitas do Brasil, o que garante liquidez com melhores preços. Em Mato Grosso, experimentos apontam bom potencial produti¬vo para o trigo, além de ser uma alternativa viável para os agricultores diversificarem a produção, rotacionarem culturas e colocar o estado entre os fornecedores de um cereal de qualidade. Apesar disso, ainda não há produção relevante. Diversas pesquisas são efetuadas no estado, tanto de sequeiro quanto irrigado, com destaque para os municípios Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Primavera do Leste, Campo Verde e Rondonópolis, todos muito bem sucedidos do ponto de vista técnico. 14 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017


Acesse: www.graosbrasil.com.br Muitos experimentos vêm sendo executados no estado, com posterior elaboração de um boletim sobre os resultados obtidos. A seguir serão apresentados os dados das amostras de trigo oriundas dos ensaios realizados no estado de Mato Grosso.As análises tecnológicasforam realizadas no Laboratório do NTA (Núcleo de Tecnologia e Armazenagem) da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Cuiabá/MT, o laboratório possui todos os equipamento e aparelhos necessários para classificação física do trigo, de acordo com a Instrução Normativa do MAPA IN nº 38 de 30/11/2010. No ano de 2017, foram avaliadas amostras dos seguintes ensaios: Cultivo Sequeiro: 1. Fundação Mato Grosso - Fazenda Cachoeira – Itiquira - MT; 2. Fazenda Bahia – Orlando Polato – Pedra Preta - MT; 3. Instituto Mato-grossense de Algodão – IMA – Campo Verde - MT; 4. Fazenda Santa Cruz – Sérgio de D´Marco e Outros -Itiquira - MT; 5. Fazenda Debortoli - Odair Debortoli - Campo Verde - MT; 6. Assist Consultoria e Experimentação agronômica – Campo Verde – MT; 7. Fazenda Gazieiro – Dionizio Gazieiro - Campo Verde - MT.

Cultivo Irrigado: 8. Fazenda Sossego - Sr. Lino José Ambiel - Nova Mutum – MT. As análises realizadas para os ensaios conduzidos no Estado de Mato Grosso foram ás seguintes: • Determinação do Grau de Umidade (%) • Produtividade (kg/ha); • Número de plantas por metro linear, altura e acamamento; • Peso de mil sementes (g); • Peso do Hectolitro (kg/hl). • Falling Number - Número de queda, (segundos). • Análise de qualidade tecnológia de farinha – Alveografia; Síntese dos Resultados obtidos Para as análises realizadas no Falling Number resultados de todos os ensaios foram satisfatórios para a comercialização, sendo classificada a farinha como classe melhorador com resultados acima de 300 segundos (s). A massa específica de todas as amostras analisadas tiveram resultados que possibilitam a comercialização, acima de 72 (kg.hl-1) pela IN 38. E todas as amostras estão na faixa de 13% de umidade, ideal e recomendado para a boa conservação na armazenagem.


¦Trigo¦

Hortêncio Paro - hortencioparo@hotmail.com

Para as análises de alveografia, todas as amostras apresentaram resultados dentro dos pontos exigidos pelo mercado de panificação, ou seja força de glúten e relação entre tenacidade e extensibilidade equilibrados. Produções de sequeiro apresentam boa viabilidade em Mato Grosso. O trigo seria excelente alternativa na sucessão da soja, com grande potencial para impulsionar a produtividade da oleaginosa, por promover a rotação de cul¬turas, o controle de pragas e melhoramento do solo. Ainda que, do ponto de vista técnico, o trigo produzido no Mato Grosso apresenta excelente desenvolvimento, no entanto a cultura esbarra em impasse econômico. Exis¬tem diversos produtores dispostos a cultivar o trigo, mas ainda não o fazem por não haver uma empresa compradora consolidada em âmbito estadual, que assegure ao produtor a comercialização. O empresariado, por sua vez, não investe pelo fato de ainda não haver produção significativa. O fato de o trigo cultivado no Mato Grosso se enquadrar facilmente como melhorador, atrai a atenção de empresas do setor de transformação. Entretanto, o gran¬de gargalo continua sendo a comercialização. Porém esse cenário vem se modificando, o grupo “Dona Hilda”, está com um projeto adiantado para a instalação de uma indústria no Distrito Industrial, em Cuiabá/MT, o que facilitaria muito o transporte e comercialização do trigo no estado. Neste contexto, a Câmara Técnica do Trigo no Estado de Mato Grosso, em suas reuniões periódicas, busca alternativas para solucionar o impasse e, entre outras ações, verifica a possibilidade de a Conab ajudar na deman¬da por possíveis políticas públicas para incentivar o setor junto às instân¬cias competentes. O principal foco das reivindicaçães é o estabelecimento de um Preço Mí¬nimo mais adequado como forma 16 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017

de garantir ao produtor um melhor parâ¬metro de comercialização. Recentemente foi aprovada a Lei nº 10.443 de 03/10/2016, do Programa de Desenvolvimento da Competitividade da Cadeia Produtiva do Trigo em Mato Grosso (PROTRIGO), que tem como finali¬dade fomentar a triticultura no estado e reflete anos de esforços da Câmara Técnica do Trigo junto aos órgãos competentes. A promulgação da Lei estadual dá força, coesão e ainda maior pujança à causa de se incentivar e impulsionar a triticultura em âmbito estadual por meio de objetivos como o crescimento e modernização do parque in¬dustrial de transformação tritícola no estado, aumento da importância e da participação da produção estadual de trigo, bem como desenvolvimento de todas as etapas da cadeia, intensificação das pesquisas de novas tecnologias aplicáveis à cultura, estabelecimento de mecanismos que garantam a comercialização, ampliação da triticultura como alternativa economica¬mente viável como cultura de inverno, promoção da geração de renda, en¬tre outras finalidades. Considerações Finais Em suma, é bastante elevado o potencial do trigo em Mato Grosso e diversos experimentos apontam excelentes resultados do ponto de vista agronômico. Temos um potencial para mais de 1 milhão de hectares para trigo de sequeiro e mais de 100.000 hecatres para trigo irrigado. Trata-se de excelente alternativa como cultura de inverno no estado, com maior resistência à seca do que o milho e desempenhando im¬portante papel na sucessão da soja. Entretanto, o avanço do trigo em Mato Grosso ainda esbarra na questão comercial. Existe a solicitação e a neces¬sidade de políticas públicas para o trigo de Mato Grosso, de modo a dar o impulso inicial para que a cultura quebre esse impasse econômico e se de¬senvolva em âmbito estadual. O importante incentivos a pesquisa, com estudos voltados ao desenvolvimento de cultivares adaptadas e manejo adequado ao cerrado.

Figura 3 - colheita das áreas de trigo irrigado


¦Resfriamento¦ RESFRIAMENTO: Uma Tecnologia Importante Para a Manutenção da Qualidade de Feijão durante o Armazenamento Prof. Dr. Valmor Ziegler | Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha Eng. Angélica Demito | Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos – UFPEL

O feijão faz parte da base da alimentação dos brasileiros anual de aproximadamente 4 milhões de toneladas. Apesar e, juntamente com o arroz formam a famosa dobradinha disto, a produção brasileira é geralmente insuficiente para “feijão com arroz”, a qual se completam em nutrientes importantes para o organismo humano. O feijão do gênero Phaseolus apresenta várias espécies com ampla variedade de coloração. São exemplos os feijões carioca, roxo, mulatinho e preto. O controle dos No Brasil, o feijão de maior consumo é o fatores que interferem carioca, que corresponde a cerca de 70% da na qualidade dos produção nacional, sendo que 53% da área grãos durante o cultivada é semeada com este tipo de grão. armazenamento, além O feijão preto é mais popular no sul do país, de reduzir a taxa podendo ser encontrado também nos estados do respiratória, reduzem a Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espirito Santo. O velocidade de uma série feijão carioca é mais popular na região Sudeste, de reações químicas e Centro Oeste e parte do Nordeste. Existe ainda enzimáticas uma produção considerável de feijão caupi (Vigna unguiculata), também conhecido como Angélica Demito Feijão Macassar ou Feijão Fradinho, os quais são demito@coolseed.com.br especialmente produzidos e apreciados pelos consumidores do Nordeste do país. Em relação ao senário mundial, o Brasil alterna com a Índia o posto de país maior produtor mundial de feijão, com produção média GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 17


¦Resfriamento¦ abastecer o mercado interno, necessitando importar este produto de outros países da América Latina e dos Estados Unidos. A colheita do feijão acontece em épocas específicas durante o ano, que podem variar em função da região de produção, enquanto que o seu consumo se estende por todo o ano, necessitando de técnicas adequadas de armazenamento para a manutenção da qualidade desses grãos por longos períodos de armazenamento. O consumidor está cada vez mais exigente e qualquer alteração na qualidade dos grãos, como o endurecimento e a coloração, são facilmente perceptíveis pelos consumidores e definem a escolha do produto no momento da compra. Os principais fatores que interferem na qualidade dos grãos durante o armazenamento são a temperatura no ambiente de armazenamento, umidade dos grãos, umidade relativa do ar no ambiente de armazenamento e qualidade inicial dos grãos. O controle desses fatores é imprescindível para o controle da taxa respiratória dos grãos, pois, os grãos são armazenados vivos e, portanto, respiram, consumindo as reservas energéticas dos grãos, produzindo calor, gás carbônico e água, consequentemente proporcionando a redução da massa específica dos grãos. O controle dos fatores que interferem na qualidade dos grãos durante o armazenamento, além de reduzir a taxa respiratória, reduzem a velocidade de uma série de reações químicas e enzimáticas que ocorrem no interior dos grãos e que afetam diretamente a sua qualidade como um todo e consequentemente o seu desempenho de panela. Nesse contexto, abordaremos na sequência alguns aspectos operacionais do resfriamento aplicado em grãos de feijão e seus benefícios sobre alguns parâmetros de qualidade. Benefícios do resfriamento sobre alguns parâmetros de qualidade de grãos de feijão Tempo de cocção Um dos principais parâmetros de qualidade avaliados em grãos de feijão é o tempo de cocção, pois reflete diretamente o desempenho de panela desses grãos e é facilmente influenciado pelas condições de armazenamento dos grãos. Ferreira (2014) estudou o armazenamento de grãos de feijão preto armazenados em dois níveis de umidade (14 e 17%), nas temperaturas de 11, 18, 25 e 32ºC, durante 12 meses e os resultados do tempo de cocção estão apresentados na Tabela 1. Os resultados desse estudo demonstram um expressivo aumento no tempo de cocção, de acordo com o aumento do tempo e da temperatura de armazenamento. Verificase ainda que os grãos de feijão preto armazenados com 17% de umidade a 32°C já apresentaram HTC (Hard-ToCook/difícil de cozinhar) com 4 meses de armazenamento e, após 12 meses de armazenamento, o único tratamento que não apresentou HTC foi o armazenamento a 11°C. Considera-se HTC aqueles grãos de feijão que apresentam tempo de cocção acima de 180 minutos. O aumento do tempo de cocção, verificado nas 18 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017

temperaturas mais elevadas de armazenamento, é resultado de um conjunto de reações, cuja velocidade é reduzida quando se aplica a refrigeração. Dentre essas reações destaca-se a complexação entre pectina-cátionfitato, a compactação das células de parede, a interação entre proteínas e amido e ligações de taninos e outros compostos fenólicos com proteínas, além da lignificação da lamela média. O conjunto dessas reações prejudica a absorção de água pelo grão, demorando mais tempo para cozinhar. Tabela 1 - Efeitos da temperatura (11, 18, 25 e 32ºC) e do teor de água (14 e 17%) no tempo de cocção (minutos) de grãos de feijão preto armazenados durante 12 meses.

As condições de armazenamento não afetam somente a qualidade dos grãos de feijão preto. Um estudo realizado por Zambiasi (2015), avaliou os efeitos do armazenamento de grãos de feijão carioca, durante 90 dias, em diferentes condições de temperatura. Os resultados do tempo de cocção desse estudo, conforme apresentados na Figura 1, demonstram que o armazenamento dos grãos de feijão carioca na temperatura de 15ºC, não apresentou alterações relevantes no tempo de cocção ao longo do armazenamento, por outro lado, os grãos armazenados na temperatura de 30ºC apresentaram expressivo aumento no tempo de cocção ao longo do armazenamento, representando cerca de 8 minutos de aumento após 90 dias. Os fenômenos que provocam o aumento de cocção em grãos de feijão carioca são muito semelhantes aos descritos anteriormente para o feijão preto.

Figura 1 - Tempo de cocção (min) dos grãos de feijão carioca armazenados durante 90 dias em diferentes condições. Onde: T1-temperatura de 15°C, T2-temperatura de 30°C, T3-temperatura ambiente e T4-temperatura da fazenda (19°C). Fonte: Zambiasi (2015).

Além do feijão preto e carioca, as condições de armazenamento afetam também a qualidade dos grãos de feijão caupi. Um estudo realizado por Dos Santos (2016)


Acesse: www.graosbrasil.com.br avaliou os efeitos do armazenamento de grãos de feijão caupi, armazenados em dois níveis de umidade (13 e 16%), em duas temperaturas (15 e 25ºC), durante 12 meses. Os resultados do tempo de cocção desse estudo estão apresentados na Figura 2. Os resultados desse estudo demonstram que, para cada umidade de grãos estudada, o tempo de cocção apresentou os maiores aumentos ao longo do armazenamento quando estocados na temperatura de 25ºC, em comparação com a temperatura de 15ºC.

Tabela 2 - Efeitos da temperatura (11, 18, 25 e 32ºC) e do teor de água (14 e 17%) na dureza (N) de grãos de feijão preto armazenados durante 12 meses.

O defeito conhecido como HTC, ocasionado pelas inúmeras reações citadas anteriormente, provoca também redução do valor nutricional dos grãos e um elevado gasto energético para que seja consumido, sendo muitas vezes descartados pela falta de mercado comprador. Por isso, uma alternativa para minimizar ou evitar esse defeito é a utilização da refrigeração durante o período de armazenamento. Além dos parâmetros de tempo de cocção e dureza abordados até aqui, outros aspectos relacionados com o desempenho de panela também são importantes. Os grãos Figura 2 - Tempo de cocção (min) dos grãos de feijão caupi armazenados com duas umidades iniciais, em duas temperaturas, durante doze meses. Fonte: Dos Santos (2016).

Dureza A dureza dos grãos de feijão permite expressar numericamente a força necessária para deformar os grãos após o processo de cocção, estando associado intimamente com o tempo de cocção, sendo mais um parâmetro importante para avaliação da qualidade dos grãos. Ferreira (2014) estudou o armazenamento de grãos de feijão preto armazenados em dois níveis de umidade (14 e 17%), nas temperaturas de 11, 18, 25 e 32ºC, durante 12 meses e os resultados de dureza estão apresentados na Tabela 2. Observa-se que a dureza aumentou, após 12 meses de armazenamento, de acordo com o aumento da temperatura de armazenamento.

... o armazenamento dos grãos de feijão carioca na temperatura de 15ºC, não apresentou alterações relevantes no tempo de cocção ao longo do armazenamento. Valmor Ziegler vamgler@hotmail.com




¦Resfriamento¦ de feijão que apresentam elevado tempo de cocção e dureza, não conseguem proporcionar um caldo consistente conforme o desejado, explicado por alterações na estrutura das proteínas e do amido, bem como a complexação entre essas moléculas, o que impede a sua lixiviação para o caldo no momento da cocção, deixando o feijão “aguado”, como é popularmente conhecido. Considerações finais O armazenamento de grãos de feijão preto, carioca e caupi entre as temperaturas de 11 e 18ºC proporciona as mínimas alterações no tempo de cocção e na dureza, consequentemente garantindo um bom desempenho de panela desses grãos. Por outro lado, quanto maior a temperatura de armazenamento utilizada, mais rápido se desencadeiam uma série de reações químicas e enzimáticas no interior dos grãos que resultam no aumento do tempo de cocção e da dureza.

resfriamento ganhou o nome de dinâmico, devido ao produto que está sendo resfriado estar em movimento. O feijão pode ser resfriado no momento da recepção, caso for armazenado em big bags e, depois quando o mesmo for para o empacotamento pode ser resfriado novamente. O que orientara o operador sobre a necessidade de realizar ambos resfriamentos, será o período que o produto permanecerá armazenado em big bags.

Métodos de Resfriamento Artificial de Grãos. Já vimos os benefícios do resfriamento artificial para feijão, agora veremos de que forma resfriar. Resfriamento Estático: Quando o feijão é armazenado em tulhas ou silos, podemos insuflar ar a 10° C na massa de grãos, neste caso feijão, o nome resfriamento estático é devido a massa de grãos estar em repouso quando é resfriada. O sucesso do resfriamento depende do volume de produto armazenado, pois, quanto maior a capacidade estática dos silos, mais será a estabilidade térmica, ou seja, quanto maior o volume, mais tempo este produto se manterá frio.

Resfriamento Dinâmico Este método é bastante aplicado em sementeiras, pois é indicado para produtos que ficarão vários meses armazenados em sacas ou big bags. O frio é aplicado no fluxo do beneficiamento, este 22 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017

Armazém climatizado Em regiões onde a temperatura ambiente alcança temperaturas medias acima de 27°C durante o período de armazenamento sugerimos que após o resfriamento no sistema dinâmico os big bags sejam levados e acondicionados em armazéns climatizados, estes armazéns não necessitam temperaturas tão baixas quanto as câmaras frias, pois quando levamos produto resfriado para o interior do barracão, a função da climatização é apenas de manter o produto resfriado. Ao contrário das câmaras frias que tem um alto consumo de energia elétrica, o armazém climatizado tem baixo consumo, pois o maior responsável pela climatização do armazém será o produto que já vem frio do beneficiamento para o armazenamento.


¦Comercialização¦ TEMPO DAS VACAS GORDAS

Oswaldo J. Pedreiro | Novo Horizonte Assessoria e Consultoria

O Brasil é realmente o país do futuro, como já dizia o de sete anos de perdas das lavouras por falta de chuva e poeta. outros efeitos climáticos que impediram a produção de Difícil é adivinhar como será esse futuro, porque a cada dia que passa nos deparamos com novos depoimentos, novos escândalos e cada vez mais envolvendo políticos do alto clero (na linguagem brasiliana), e até mesmo os grandes empresários brasileiros, que viram ou fizeram suas empresas crescerem acima do normal a curtíssimo prazo O dado utilizado para em consequência de negociatas e de operações exemplificar essa clandestinas ou irregulares sob o ponto de vista tendência é que 90% da lógico e decente. produção do milho do A história antiga conta um sonho de Faraó, MT da safra 2016/2017, interpretado por José, que significava sete anos que foi recorde, já foi de vagas gordas, que seriam devoradas por sete vendida, de acordo com anos de vacas magras, antevendo a grande fome o Instituto de Economia que ocorreu lá na região do Egito e com certeza Agrícola do MT (Imea) conhecida por todos. Oswaldo J. Pedreiro Pois bem: o ditado diz que os acontecimentos contato@nhassessoria.com.br na terra se repetem de tempos em tempos, apenas mudando um pouco as aparências, mas no fundo, no fundo é tudo igual, o que já foi no passado, se repete no presente e assim a vida vai caminhando. Na história antiga houve enorme produção de trigo nos 7 anos de fartura (vacas gordas), seguido GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 23


¦Comercialização¦ alimentos, só restando o próprio Egito para abastecer a fome do mundo naquela época. Só que não tinha como usar subterfúgios para se conseguir alimentos! Tinha que pagar pelo alimento, ou então morrer de fome! Qual a diferença, ou qual a semelhança entre esse acontecimento e a situação atual em que vivemos? A escassez de alimentos hoje em dia não corre mais como no relato acima, mas sempre há uma ou outra região do mundo que se depara por problemas climáticos que dificultam ou destroem a produção de alimentos, ensejando assim uma corrida aos países que conseguem produzir e dispor de produtos para o resto do mundo. Os negócios fluem conforme a disponibilidade financeira de cada comprador, e disposição dos vendedores em aceitar a condição proposta. Os produtores brasileiros tendem a vender mais os grãos quando o Real desvaloriza em relação ao Dólar. É o que explica o agrônomo norte-americano Michel Cordonnier para o público internacional. O dado utilizado para exemplificar essa tendência é que 90% da produção do milho do MT da safra 2016/2017, que foi recorde, já foi vendida, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola do MT (Imea). Essas vendas aumentaram cerca de 5% principalmente devido a desvalorização do Real, que chegou a R$3,30 em Outubro.

Ainda segundo o Imea, a desvalorização do Real levou a uma melhora nos preços em Outubro com uma média de R$16,74 por saca de 60 kg pagos ao produtor. Durante o pico da colheita em Junho e Julho, o preço do milho havia caído para R$12 a R$14 a saca aproximadamente. Para a safrinha do ano que vem, que será plantada em Janeiro/Fevereiro, os produtores do MT venderam antecipadamente 11,8% da produção. Isso representa um avanço de 6,5% durante o mês de Outubro. Cerca de um ano atrás, o número de produtores que haviam vendido em contratos antecipados era de 25,5% da produção, numa média de R$16,77 a saca. As vendas antecipadas são menos atraentes porque os preços são baixos. No ano passado, os valores eram muito 24 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017


Acesse: www.graosbrasil.com.br mais altos nessa época do ano depois de uma seca que assolou o centro do País. Segundo as previsões, a nova safra de milho do MT está estimada em uma redução de 4 milhões de toneladas em relação à safra anterior. A SOJA TAMBÉM TEM SUA VEZ Se o Brasil tem alcançado excelente progresso na produção do milho, sempre é bom e oportuno registrar que somos o segundo país do mundo a produzir soja em volume respeitável, ficando ligeiramente atrás dos EUA e sob a visão de que a qualquer momento haveremos de ocupar o primeiro lugar no mundo, basta que o clima seja favorável e os governantes não criem obstáculos que possam desencorajar o produtor brasileiro de investir em suas lavouras. Apesar dos problemas climáticos nos EUA, tivemos que competir por baixo devido aos altos custos praticados no Brasil – e é por isso que comentamos acima, se o governo não atrapalhar os planos, ainda seremos os maiores exportadores de soja nos próximos anos! Tomara que não se repita a história antiga, onde depois de um bom período de vacas gordas, o mundo teve que enfrentar as vacas magras e amargar perdas e ausência de alimentos provocados por intempéries e/ou por desmandos dos governantes da época!... Eis o resumo das exportações de milho e soja/2017:

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¦Logística¦ Enquanto safra bate recorde, infraestrutura de escoamento deixa a desejar País comemora produção de 224 milhões de toneladas de grãos, mas desconsidera os percalços e perdas decorrentes de estradas esburacadas, ferrovias e portos deficientes A viagem por até 1.500 quilômetros de estrada termina às margens da BR-050 em Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde o agendamento prévio para descarregar a carga de grãos colhidos no interior de Goiás ou do Mato Grosso reserva mais seis horas de espera. Dos tombadores de carretas, a soja alimenta seguidamente o armazém e de lá escorre sobre esteiras para tulhas que carregam dois vagões de trem a cada quatro minutos. Outra longa jornada começa, agora pelos trilhos, em direção ao Porto de Santos (SP), destino que vai impor mais 36 exaustivas horas até que os navios graneleiros estejam carregados e os trens prontos para o retorno. Na contramão da rotina de percalços, o Brasil festeja a produção recorde de 224,2 milhões de toneladas esperadas neste ano, desconhecendo o caminho de risco e perdas embarcado sobre uma infraestrutura deficiente. As baixas já começaram a surgir e os prejuízos não se limitam aos efeitos da chuva e do atoleiro que os brasileiros viram pela TV na BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), dando acesso à produção de soja aos portos do Norte. A esse gargalo crítico para a distribuição e o embarque sobretudo de soja e milho produzidos nas novas fronteiras agrícolas do país, juntam-se obstáculos em série e que ganham mais projeção num ano em que o agronegócio promete salvar a economia brasileira de novo retrocesso. Os produtores e a indústria da logística lutam para reduzir o impacto de uma cadeia de problemas, desde a baixa oferta e deterioração de armazéns, além do crédito caro para estocagem nas fazendas. As dificuldades passam, de fato, pelas estradas esburacadas ou sem manutenção adequada, mas existe ainda pouca oferta de terminais multimodais que preparam as cargas para o trem, e, por último, há um conjunto de deficiências nos portos, sem contar a escassez de recursos destinados às hidrovias. No polo agrícola do Noroeste de Minas Gerais, a falta de investimentos no asfalto, por si, eleva em mais de 30% o custo de transporte da soja produzida em União e região ao porto seco de Pirapora, distante 450 quilômetros, reclama José Carlos Ferigolo, diretor de Agricultura do sindicato local dos produtores rurais. De Pirapora, toda a soja segue por ferrovia para ser embarcada ao exterior no Porto de Tubarão (ES). “Estamos num momento de muita cautela não só com o escoamento da produção, mas 26 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017

também com o volume baixo das chuvas. Como a condição do armazenamento está aquém do que precisamos, contamos é com o escoamento”, afirma. Vem de longa data o pedido, sem sucesso, dos produtores para que o poder público invista no asfaltamento da estrada que liga Brasilândia a Buritizeiro, obras que poderiam, segundo Carlos Ferigolo, reduzir em 220 quilômetros a rota das carretas de grãos até Pirapora. O tempo de despacho da soja, ainda durante a colheita, é crucial para que os produtores evitem represamento do grão quando chegar o momento de despachar o milho das fazendas. A má qualidade do pavimento das rodovias impõe perdas estimadas em R$ 3,8 bilhões por ano ao Brasil, segundo estudo encomendado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). EM CIMA DO CAMINHÃO A dependência também alta do transporte rodoviário afeta os produtores de açúcar, que trabalham com números históricos de produção em Minas, estimada em cerca de 4 milhões de toneladas neste ano, de acordo com o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos. Com o início da safra em abril, as deficiências do sistema de escoamento preocupam, uma vez que o produto passará a competir com os grãos pela logística de distribuição. Campos diz que impactos sobre a produção no polo do Triângulo Mineiro podem vir em razão das más condições da Brs 427, entre Uberaba e Conceição das Alagoas; 365, de Uberlândia ao trevo de Ituiutaba e 255, que liga Frutal a Iturama. Os problemas no asfalto se avolumam, como observa Jeferson de Gaspari, diretor administrativo e financeiro do grupo usineiro CMAA/Vale do Tijuco, se considerados a limitação da frota, caminhoneiros descapitalizados e os investimentos restritos nas ferrovias e hidrovias. “A primeira grande dificuldade está na dependência do modal rodoviário. Cerca de 70% da nossa produção é inteiramente escoada pelas estradas a um custo relevante”, afirma. O transporte por caminhão ao longo dos 800 quilômetros que separam a usina do Porto de Santos custa ao redor de R$ 150 por tonelada. No modal misto com a ferrovia, os gastos cairiam R$ 30 a R$ 40 por tonelada de açúcar, nas estimativas de Gaspari.


¦Tecnologia¦


¦Tecnologia¦

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¦Tecnologia¦ Equipamento de dosagem integral Eng. Guillermo Romero | FUGRAN C.I.S.A. Equipamento de aplicação de inseticidas líquidos para grãos armazenados: MODERNO, SEGURO E CONFIÁVEL É cada vez mais importante garantir a qualidade das aplicações de inseticidas, não só para assegurar que ele expressa seu pleno controle potencial, maximizando nosso investimento no produto, mas também para garantir mercadorias que atendam às condições de mercado cada vez mais exigentes, em termos de segurança, observando os limites máximos de resíduos permitidos, tudo isso com a maior segurança para as pessoas e o meio ambiente. Permite a aplicação de 2 inseticidas diferentes no mesmo ponto de aplicação, ao administrar a quantidade precisa de cada inseticida no fluxo de água garantindo o trabalho do operador, minimizando as chances de erro, a exposição ao pesticida e a repetição das operações. Principais vantagens • Segurança no manuseio dos inseticidas: uma vez que

não há necessidade de realizar qualquer transferência ou diluição, basta descobrir o recipiente original do inseticida, colocar o inseticida correto e pronto para trabalhar. • Uso racional da água: o Fugran SG 300 está conectado a uma entrada de água de um tanque ou da rede e apenas o necessário é usado porque evita a preparação de caldo em um tanque que na maior parte do tempo gera superávit. • Uso adequado e racional do inseticida, pois o dispositivo, por meio de uma regulação de dose correta e simples, requer apenas o que é necessário, evitando o uso excessivo devido à má administração. • Segurança de dosagem: uma vez que o processo de seleção de dose a ser aplicado é extremamente simples e confiável. • Garantir a qualidade original do inseticida, pois é mantida em sua embalagem original. • Poupança de inseticidas: uma vez que, ao evitar a preparação do caldo, não há riscos que tenhamos


¦Tecnologia¦ sobre o produto preparado, como acontece com o equipamento tradicional. • Grande autonomia de trabalho: com apenas 20 litros de inseticida, podemos tratar de 1000 a 2000 toneladas de acordo com a dose selecionada sem parar. • Evite erros: devido à repetitividade no processo de preparação, uma vez que ter uma alta autonomia de trabalho impede-nos de repetir o processo de preparação de caldo como em equipamentos tradicionais. • Reduza o tempo morto no aplicativo ao máximo, É cada vez mais apenas interrompa o tempo suficiente para importante garantir mudar o recipiente de inseticidas e podemos a qualidade das continuar. aplicações de • O dispositivo tríplice: lavado / prático e seguro inseticidas, não só nos permitirá realizar a tarefa de forma rápida para assegurar que e sem nenhum inconveniente para o operário ele expressa seu pleno que manuseia, desta maneira nos asseguramos controle potencia... que todas as embalagens utilizadas estaram em condições para sua aplicação final; por outro Eng. Guillermo Romero lado o líquido resultante ficará retido no funil garomero@fugranarg.com.ar do dispositivo tríplice lavado e assim poderemos recuperar para ser reutilizados sobre grãos ou para qualquer inconveniente para o operador; desta tratamento de instalações. forma nos certificamos que todos os recipientes • Fugran SG 300 se encontra montado sobre um usados estarão em condições para sua utilização carro de aço inoxidável que evita a deterioração na final; por outro lado, o líquido resultante será retido estrutura, leve e fácil de transportar permitindo a na tremonha do dispositivo de lavagem tripla e aplicação em vários pontos dentro do armazém. podemos • O dispositivo de lavagem tripla é prático e seguro e nos permitirá realizar a tarefa rapidamente e sem Equipamento opcional • Medidor de Fluxo: Ele nos permitirá manter registros parciais ou totais das quantidades de líquido (caldo) aplicadas no trabalho realizado e para manter uma estatística do produto aplicada, fazendo uma relação de litros / dose. • Painel automático: permite parar a operação em caso de falhas, seja quando o nível do tanque de água é baixo, corte na rede de água ou quando o pico do módulo de aplicação está obstruído. • Sensor de tipo capacitivo: é colocado no canal de alimentação de grãos no ponto de aplicação, de modo que, quando não há material a ser tratado, o equipamento para automaticamente até detectar a presença novamente. Este dispositivo permite-nos colocá-lo no modo manual ou automático, conforme determinado pelo usuário, para evitar o tratamento de cereais que atravessa a tubagem quando se determinou não tratá-lo. Sistema de alarme e indicadores de falha: através de um alarme de som e luz informa-nos que o equipamento entrou em falha e parou, este dispositivo ajuda o operador a detectar a parada quando está longe do equipamento ou não pode detectar visualmente a obstrução nos bicos da aplicação. 30 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017


¦Pragas¦ Operação retira cerca de duas toneladas de feijão com insetos do mercado no PR

Auditores fiscais federais agropecuários colheram na última semana amostras de 60 produtos de origem vegetal nos cinco maiores polos produtores do Paraná. O objetivo foi checar a qualidade da farinha de trigo disponível ao consumidor final. Na operação, em fiscalização aos depósitos de produtos no comércio, foram apreendidas cerca de duas toneladas de feijão com insetos vivos. A operação, chamada de Conformidade 2, é uma iniciativa do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Superintendência Federal Agropecuária do Paraná (Sipov /SFA-PR) e faz parte de um esforço da entidade de fiscalizar a qualidade e a conformidade de produtos e suas embalagens. "Além de garantir que os produtos à venda estão dentro das regras, a presença da fiscalização nos estabelecimentos tem ocorrido de maneira mais organizada e abrangente, permitindo que sejam constatados problemas com outros produtos, como foi o caso do feijão apreendido pela equipe de auditores do escritório de Londrina", explica o chefe do Sipov/SFA-PR, auditor fiscal federal agropecuário Glauco Bertoldo. A iniciativa teve início em julho deste ano, com a operação Conformidade 1. Foram colhidas 87 amostras de milho pipoca, canjica de milho, amendoim, ervilha e lentilha. As embalagens de amendoim estavam fora do padrão exigido, e foram detectados problemas na qualidade da ervilha. "As embalagens de amendoim estavam de acordo com uma instrução normativa que já foi revogada, mas os embaladores tinham até o mês de agosto para se adequar às novas regras. Parte das amostras de ervilha estava fora do padrão, e as empresas produtoras foram autuadas", conta o auditor fiscal agropecuário José Roberto Viccino. Os dois produtos serão fiscalizados novamente em 2018. A segunda etapa da iniciativa batizada de Prosit ocorreu em outubro e teve foco no rótulo das cervejas importadas e comercializadas no Estado do Paraná. Foram recolhidas 124 amostras, de 24 importadoras em 18 estabelecimentos

comerciais. Todas as amostras apresentaram problemas na rotulagem. "As empresas serão autuadas e convocaremos os importadores para orientá-los sobre os problemas encontrados", explica a auditora fiscal agropecuária Claudia Hirt dos Santos, também do Sipov-PR.

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 31


¦Tecnologia¦ MAPTECO – MANUAL DE PROCEDIMENTOS TÉCNICOS OPERACIONAIS AMOSTRAGEM EM CAMINHÕES

OBJETIVO Obter porção representativa do lote de grãos, com o intuito de indicar sua natureza, qualidade e tipo. Essa amostra deverá ter características similares, em todos os aspectos, às médias do lote do qual foi retirada. Esta instrução operacional visa, principalmente, a verificação das condições dos grãos, para sua comercialização e armazenagem em função da identificação se suas características básicas. Essas características que orientam a atividade armazenadora são estabelecidas a partir da determinação, por meio de amostragem efetuada e através de aparelhagem especializada, do teor de umidade, percentual de impurezas, sanidade e tipo do produto submetido à análise desde a sua entrada na unidade armazenadora. MATERIAIS Calador duplo ou composto para granel – Constituído de dois tubos metálicos, um dentro do outro, com espaço mínimo entre eles. Cada um dos tubos possui uma série de aberturas, eqüidistantes entre si, cada uma correspondendo a um comprimento interno. Este tubo pode ser girado, abrindo ou fechando as aberturas do tubo externo. Alguns são dotados de um “T” na extremidade superior ou de um helicóide na ponta, para facilitar a penetração do coletor na massa de grãos, girando-se à 32 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017

semelhança de parafuso. Depois de introduzido na massa de grãos, abrem-se os compartimentos, e com pequenos movimentos, no sentido longitudinal, recolhem-se as amostras em diferentes alturas da massa de grãos; fecham-se os compartimentos e retira-se o calador. O comprimento do calador do tipo duplo pode atingir até 3 metros, com diâmetro aproximado de 3 cm.

Figura 1 -Calador composto

Sonda Pneumática É um equipamento que retira as amostras através de sucção dos grãos. O uso desse equipamento na recepção de grãos em Unidades Armazenadoras ou Terminais que recebem grandes quantidades de produtos já beneficiados ou seja, seco e limpo é fundamental devido a rapidez com que as amostras são extraídas.


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Figura 2 -Amostrador pneumático

AMOSTRAGEM Pontos de amostragem – Os procedimentos para retirada de amostras e o número de pontos de coletas estão definidos nos respectivos Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade do MAPA Utilizando-se calador composto ou pneumático, as coletas devem ser em diferentes pontos do caminhão, conforme especificação abaixo.

Cinco pontos de amostragem para cargas até 15 toneladas. Os pontos devemser distantes 50 cm do lado.

Figura 3 - Extração de amostras de vagão com uso de amostrador pneumático

Amostras As amostras coletadas conforme instruções acima, serão reduzidas por meio de divisões sucessivas e em partes iguais até chegar a 01 kg. Separar em 03 vias, uma via para amostra de trabalho, outra para arquivo e outra para o cliente. As amostras obtidas deverão ser lacradas e identificadas de modo a garantir a identidade e sua integridade. A amostra que permanecer na Unidade será arquivada em local arejado, sem a ação de chuva, vento e raios solares e de forma cronológica. O produto restante deverá retornar ao lote.

Oito pontos de amostragem para cargas de 15 a 30 toneladas.

Onze pontos de amostragem para cargas de 30 a 50 toneladas. Quantidade de amostra a extrair Na amostragem propriamente dita, deverão ser retiradas 20 kg por cada carga. Procedimento operacional propriamente dita As amostras deverão ser coletadas com a introdução em posição obliqua do calador na massa de grãos devendo atingir até o fundo do caminhão devido a: • A parte superior da massa de grãos pode ter sofrido influencia do vento, chuva e sol. • As impurezas mais pesadas acomodam-se no fundo o vagão. • Da mesma forma os grãos mais leves tendem a subir. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 33


¦Tecnologia¦ Conflitos e Soluções na Classificação de Produtos Vegetal Eng. Agr. Ivonete Teixeira Rasêr| ITR Treinamento | clavegetal@gmail.com

Como a Classificação é um instrumento de apoio a comercialização é comum existirem conflitos entre as partes e para resolve-los ós temos a arbitragem. A arbitragem é uma nova classificação de um produto já classificado e houve uma discordância por uma das partes interessadas. No Brasil a lei nº 9972/2000 indica através da Instrução normativa s MAPA 06/2001 que estipula os procedimentos na arbitragem de uma classificação. A arbitragem deve ser efetuada por profissionais habilitados no produto indicado pelas partes questão conflitando. A arbitragem é solicitada pela parte discordante junto a Empresa classificadora do produto. Para a realização desta arbitragem é composta por um número ímpar de classificadores objetivando não existir empate no julgamento. Esta nova análise é realizada na contra prova da 34 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017

empresa que realizou a primeira classificação, que por imposição da legislação deve ser mantida em arquivo por um prazo mínimo de quinze dias em se tratando de grãos ou conforme entendimento entre as partes a realização de uma nova amostragem no lote em questão em conformidade com as normas legais de coleta de amostra. (cada produto tem suas especificação de coleta). Recentemente tive a oportunidade de visitar a Câmara Arbitral na Bolsa de Cereais em Rosário na Argentina, aonde pudemos presenciar o processo de arbitragem. No caso é um Órgão privado independente e aceito palas partes aonde prevalece sua total imparcialidade quanto aos resultados verificados. Seria muito interessante que no Brasil existisse um Órgão independente e com estrutura adequada para realizar tal atividade. Pois são grandes os números de reclamações principalmente por parte dos produtores no momento da expedição final do produto.


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¦Tecnologia¦ Grãos: Americanos cortam custos para não perder mercado

Por outro lado, investimento em insumos continua maior Os produtores norte-americanos de soja e milho estão tentando cortar o máximo de custos que podem para continuar competitivos contra os produtores do Brasil e da Argentina. Quatro anos seguidos de oferta expressiva reduziram a renda agrícola e tem colocado os produtores com altos custos sob pressão financeira. Como reação, produtores dos Estados Unidos compraram sementes mais baratas, gastaram menos com fertilizantes e atrasaram compra de equipamento. Mas novas previsões de colheitas grandes e altos custos de combustível fazem do ano que vem seja um ano difícil, mais uma vez. "A coisa mais lógica a fazer seria parar de produzir", afirmou o produtor Tom Giessel, de 64 anos, e que tem uma propriedade de dois mil hectares no Kansas. O agricultor cortou tudo que pode para reduzir custos, mas ainda amarga um prejuízo de US$ 15 mil somente em milho nesta temporada "Eu estou me queimando e não estou muito diferente do resto aqui", contou Giessel em reportagem da agência Reuters. O setor agrícola dos Estados Unidos sofreu com 36 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017

aumentos de mão-de-obra, combustível e eletricidade. Os bancos também liberaram menos empréstimos para o setor. Mesmo com os corte expressivos dos produtores em insumos, os três items fizeram com que os custos de produção subissem 1,3% em 2017 - a primeira vez que houve aumento desde 2014. O custo total dos insumos baixou de US$ 350,49 bilhões em 2014 para 310,29 bilhões em 2016, segundo o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Na John Deere, a queda de vendas nos Estados Unidos e Canadá foi de 5%. O mesmo aconteceu com o grupo Case New Holland. Por outro lado, mesmo com todos esses cortes, o gasto dos americanos com insumos é ainda mais alto que no Brasil e na Argentina. A média de investimento latinoamericano em soja é de US$ 115 por acre, enquanto nos Estados Unidos é de US$ 163 por acre. No milho, a Argentina investe US$ 200 por acre, enquanto os americanos colocam US$ 310 por acre. Brasil e Argentina juntos possuem 42% do mercado global de milho, enquanto os Estados Unidos correspondem a 31% do mercado sozinhos.



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¦ UTILISSIMAS¦ III Simpósio de Pós-colheita de grãos do Estado de São Paulo

Estão abertas as inscrições do III Simpósio de Pós-Colheita de Grãos do Estado de São Paulo (IIISPGSP2017), a ser realizado nos dias 29, 30 de novembro e 1 de dezembro de 2017 no PALAZZO GARIBALDI na cidade de Avaré, SP. Esta é a terceira edição do evento promovido pela ABRAPOS.

CURSO EM EL SALVADOR

Foi realizado nos dias 25 e 26 de outubro um curso sobre o tema de pós-colheita em El Salvador, América Central. O principal palestrante foi o Eng. Domingo Yanucci que falou sobre os temas de OTIMIZAÇÃO – CONSERVAÇÃO – CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS, entre outros. O curso foi organizado por Guadalupe Galo, diretora de Capacitação de Alimentos S.A de C.V, e contou com o apoio de Coexport. Agradecemos a Guadalupe Galo por sua participação e esperamos que a região siga se desenvolvendo.

JORNADA DE GRÃOS FINOS

No dia 08 de novembro realizou-se uma nova Jornada de capacitação na especialidade de pós-colheita de grãos finos ( trigo – cevada) na Associação Agro Pecuaria de Dolores, Soriano, Uruguay. Entre outros temas, foram apresentados: • Tratamentos prévios na colheita • Recepção (Amostragem – Insetos – Fungos). • Armazenamento – Conservação • Silo bolsa • Cerâmicas antidesgaste. A jornada foi coordenada pelo Eng. Domingo Yanucci da Consulgran – Revista Granos – Revista Grãos Brasil que foi também o principal palestrante e contou com o apoio de VIRPO. Funcionários de: Calpryca - Cofco International Cargill - Materia Oriental Sa - Oroblen Sa (El Chajá Acopios)Tridelen - Ministerio De Ganadería Agricultura Y Pesca - Maisor S.A, prestigiaram este evento. 40 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2017

Dia do Trigo reforça a importância do grão para a economia global

Apesar dos números de relevância, o Brasil ainda não alcançou a autossuficiência na produção do grão 10 de novembro é a data escolhida para comemorar o dia de um dos mais importantes cereais cultivados pelo homem. Base da alimentação humana, o trigo é o segundo grão mais produzido no mundo com volume estimado em 730 milhões de toneladas (World Wheat Production 2016/2017), tendo um peso importante na economia agrícola global. No Brasil, a maior parte da produção (87%) se encontra na região Sul. Antes, por ser caracterizado como uma cultura de inverno, o trigo era cultivado somente nessa região, mas graças ao avanço da tecnologia foi difundido para o Sudeste e Centro-Oeste. Atualmente, o Brasil, que é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de grãos, ainda se vê diante da necessidade de importação de algumas commodities para atendimento do consumo interno. Esse é o caso do trigo, cuja produção brasileira é notadamente inferior à demanda de abastecimento e faz com que a produção seja totalmente absorvida pelas indústrias nacionais. Em 2017, a produção de trigo no país foi de 4,9 milhões de toneladas e manteve a necessidade de importação em 7,0 milhões de toneladas. A produção do grão não conseguiu atender à demanda interna dos moageiros, tendo em vista outros fatores além do volume de produzido, como logística e armazenamento. Aspectos relacionados à logística de suprimento do trigo influenciam na decisão dos agentes de comercialização e de industrialização do grão, tanto na aquisição como no transporte da matéria-prima.

Revista Granos

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