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¦ Editorial ¦ Ano XI • nº 64 Janeiro | Fevereiro 2014

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Gerente de Marketing Marcos Ricardo da Silva Colaborador Antonio Painé Barrientos Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 9945-8565 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale Produção Arte-final, Diagramação e Capa Marcos Ricardo da Silva

Caros Amigos e Leitores Um novo ano, novas colheitas e novos desafios. Obrigado por nos receber em suas empresas. Toda equipe de Grãos Brasil com mais de 30 anos de experiência na especialidade e com 10 chegando por este meio a vocês, faz o necessário para que a melhor informação e tecnologia cheguem a suas mãos. O Brasil esta destinado a ser um dos mais importantes países do mundo em exportação de agro-alimentos e é nossa obrigação buscar a eficiência em cada um deles da cadeia. Muitas obras de infraestrutura, rodovias e portos, entre outras deverão ser feitas. E também são essenciais novos armazéns, com uma concepção moderna, considerando as bases da pós-colheita de precisão. Além das 6 edições em papel você receberá 6 edições do Gr@os News. Também esta em preparação um cartaz de Boas Praticas de Manejo. Jornadas de Atualização: Estamos programando estas reuniões em distintos pontos do país, caso que vocês tenham interesse em sediar alguma destas atividades não duvide em contatar-nos. Técnicos de alto nível palestrarão sobre os temas de interesse da região, na oportunidade de visitar armazéns e intercambiar experiência. É outra forma que tem a Grãos Brasil, da Semente ao Consumo, de estar perto de você. O Brasil tem mudado e seguirá mudando ainda mais, pela força da sociedade produtiva e pela demanda internacional, já fico para traz a ideia de que o brasileiro não gosta de ler, a presença por 10 anos de nossa publicação, assim como seu crescimento, são uma amostra do apoio do setor de grãos e sementes, a trabalhos sérios de difusão de tecnologia. Por isto é recomendável que mais empresas que desejam posicionar-se no setor participem ativamente, projetando-se a partir destas paginas. Nesta edição apresentamos trabalhos de primeiro nível sobre conservação e armazenagem, Agronegócio, Manejo, Eficiência Energética, Silo Bolsa entre outros, todos produzido por profissionais altamente capacitados. A eles nosso muito obrigado por compartilhar suas experiências.

Sigamos avançando, que Deus abençoe vocês, seus lares e empresas.

Com afeto.

Ligue e Assine:

(44) 3031-5467 02 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 06

A Pujança do Agronegócio Brasileiro

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Perdas na colheita | Super safra = Super perdas

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Solução de Eficiência Energética para Aeração de Silos de Armazenagem de Grãos

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Procedimentos para Armazenagem em Silo Bolsas

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Para as cadeias produtivas do arroz e de feijão: é preciso inovar! Cuidando da sua Safra - Armazenagem com Qualidade

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Afinal, sabemos plantar mas não sabemos administrar a logística? Uso do bioetanol na extração de óleo de grãos vegetais e produção de biodiesel Aeração de grãos | Aplicabilidade e Riscos Efeitos do Refriamento Artificial no Armazenamento do Arroz com Casca sobre a Qualidade Industrial

Setores

02

Editorial

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Não só de pão...

04 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

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Cool Seed News

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Utilíssimas


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 05


¦Agronegócio¦ O rápido crescimento da população e a crescente urbanização são os fatores de maior redução da área agrícola. Para criar condições de vida humana, necessitamos, em média, de 0.1 ha por pessoa. Isso significa 8 MILHÕES de ha por ano, convertidos a uso não agrícolas (resultado do acréscimo de 80 MILHÕES de pessoas por ano no mundo).

A Pujança do Agronegócio Brasileiro Por: Egon Nort |Autor do Livro: BRASIL COMPETITIVO - Reformas Estruturais Já! | egon.nort@gmail.com

Índia, China e vários outros países estão sofrendo a diminuição de água para irrigar suas lavouras, pelo excesso de bombeamento dos lençóis subterrâneos. Em outras palavras, quase 200 MILHÕES de indianos e 150 MILHÕES de chineses estão produzindo alimentos com água bombeada que é maior do que as águas das chuvas que normalmente deveriam recompor os lençóis subterrâneos. A situação é desesperadora, pois muitos poços já secaram. As 230 mil pessoas que acrescentamos no mundo a cada dia, necessitam de 80 mil toneladas de cereais, ou seja, duas mil carretas carregadas de grãos a cada ano. Um trabalho realizado pela Food and Agriculture Organization (FAO) revela que grande parte do mundo ficará sem água em 30 anos. Grande parte dos Estados Unidos, Europa Ocidental, e parte do Planalto do México, as áreas centrais da região Oeste da Argentina e do Nordeste do Brasil correm o perigo da escassez total. A demanda mundial de alimentos está em alta, e os preços também continuam subindo. De 2003 a 2011 os preços subiram 100%; em 2003 exportávamos 30 BILHÕES de dólares e em 2011 passamos de 70 BILHÕES. De acordo com a FAO, o consumo mundial de alimentos vai dobrar até 2050, mas o de carnes deverá triplicar nesse período. Os asiáticos, em especial, estão consumindo cada vez mais carne e produtos industrializados. O nosso grande trunfo é que o Brasil pode expandir bem mais a produção: plantamos 50 MILHÕES de hectares e temos mais 90 MILHÕES disponíveis para lavrar. Se acrescentarmos a conversão das pastagens em plantações, teremos mais de 06 |Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

130 MILHÕES de hectares, sem tocar na floresta Amazônica. Para alimentar 10 BILHÕES de pessoas em 2050, a própria FAO afirma que será preciso elevar a oferta de alimentos em 70%. Para isso acontecer, a América Latina e África, as duas últimas fronteiras com novas áreas ainda disponíveis, deverão fornecer mais 120 MILHÕES de hectares. O Brasil tem muito potencial, pois tem 22 por cento da terra disponível no mundo para investimentos agrícolas. Em 2009, nos tornamos o terceiro maior produtor de alimentos do mundo e deveremos ser o maior em 2019. Os grandes ganhos de produtividade no agronegócio devem-se principalmente à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). A produtividade média na Agricultura cresceu 150% de 2006 a 2010, de 1.250 para 3.150 kg por ha, e a pecuária bovina pulou de 10 para 42 kg por ha segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A EMBRAPA desenvolveu-se muito nas últimas décadas e mantém hoje mais de 70 acordos bilaterais, com mais de 50 países e 90 instituições para desenvolver projetos conjuntos. Por falta de infraestrutura e CUSTO BRASIL, o Brasil deixou de ser imbatível nos custos da produção de soja. O frete passou de 30 dólares por t em 2003 para 100 dólares em


Acesse: www.graosbrasil.com.br 2011. É importante que o governo tome providencias para manter nossa competitividade. Essas providencias terão que ser urgentes, pois a China e outros países continuam comprando terras em diversos países e assim a concorrência tende a aumentar. Entre 2006 e 2008, as cotações dos alimentos básicos aumentaram 60% e os grãos chegaram a duplicar. Tudo indica que os valores ficarão acima dos níveis de 2006 no médio prazo. Isso beneficia muito o Brasil e ao mesmo tempo aumenta o sofrimento e a fome das populações de países pobres que se multiplicam sem parar por falta de planejamento familiar. A alta dos alimentos está afetando 4 BILHÕES de pessoas. Filipinas, por exemplo, é um país pobre com cem MILHÕES de habitantes e, como não tem planejamento familiar, terá 140 MILHÕES de pessoas em 2050. O país tem sido afetado pelo aumento de preço dos alimentos e hoje é um dos maiores importadores de arroz do mundo. O pior é que, devido ao rápido aumento da população, há escassez de áreas para as lavouras. Como o dinheiro está escasso para importar alimentos, estão comendo menos. Segundo a FAO e OCDE, o Brasil vai "puxar" a produção agrícola nos próximos 10 anos, pois seu crescimento chega a ser quatro vezes maior que alguns grandes produtores estrangeiros. Hoje quase 1 BILHÃO de pessoas nos países de Terceiro Mundo não possuem meios de se alimentar suficientemente. A maioria dos países em desenvolvimento produz agora menos alimentos que no princípio dos anos 80. Pouquíssimos países estão tendo êxito concreto na redução do crescimento populacional. As projeções prevêem que, se não houver Planejamento Familiar, haverá um aumento de 2 BILHÕES de habitantes até o ano 2050, dos quais 90% nos países em desenvolvimento e a maioria já nascerá pobre. Nos países pobres,

quase 50% das mulheres são responsáveis por lavrar a terra e prover comida para a família. Se fosse dada a elas mais acesso à terra e o apoio técnico necessário, poderíamos diminuir em 10% o número de famintos, mas sem planejamento familiar e com cada vez mais bocas para alimentar essa situação também será temporária. A agricultura gasta 70% da água doce usada no mundo. O Brasil é dono de 14% da água doce do mundo e de 30% dos mananciais subterrâneos. Este é o nosso grande diferencial. Exportamos água em forma de alimentos para mais de 1 BILHÃO de pessoas que já não tem mais de onde bombear água para produzir alimentos. Quase a metade de tudo que o Brasil exportou de janeiro a setembro de 2013 foi de produtos agrícolas, cerca de 80 BILHÕES de dólares. Se não houvesse este saldo positivo das exportações já estaríamos falidos. Nos próximos 10 anos a produção brasileira de soja deverá chegar a 90 MILHÕES de toneladas. E, com aumento populacional o setor de alimentos deverá crescer 20% em 10 anos. Até 2023 teremos um crescimento de 80% na produção de frangos; 60% na carne bovina e de mais de 50% na carne suína. Temos a (BR FOODS) BRFS uma das maiores indústrias de alimentos do mundo e juntamente com as outras empresas e com todo o setor do agronegócio brasileiro, estaremos aptos a construir o maior mercado de alimentos do mundo. O grande foco inicial certamente será a China, que com as melhorias de renda da população, terá muito dinheiro para comprar mais alimentos. Para concretizar este plano precisamos da audácia dos empresários e grande dinamismo de nossos representantes na OMC (Organização Mundial do Comércio). Além disso, é necessária a formação de recursos humanos em marketing e gerências internacionais com fluência em inglês para ampliar com urgência nosso mercado externo já conquistado. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 07


¦Manejo¦ A produção agrícola brasileira apresenta expressivo crescimento nos últimos 40 anos (Figura 1). As culturas da soja e do milho se destacam neste cenário, sendo amplamente semeadas nas diversas regiões brasileiras e alcançando altos patamares de produtividade.

Perdas na colheita Super safra = Super perdas O Brasil alcançou na safra 2012/13 uma produção total de grãos de 186,82 milhões de toneladas. Para alcançar este patamar foi necessário semear 53,26 milhões de hectares. As grandes áreas semeadas e os altos tetos produtivos alcançados impulsionam o Brasil às primeiras posições no ranking de produtores de alimentos no cenário mundial.

Eng. Agrícola Evandro Marcos Kolling kolling@utfpr.edu.br

Emerson Trogello Agrônomo

Figura 1. Série histórica de produção dos principais grãos estocados nas unidades armazenadoras. Fonte: Conab (2013).

Junto ao histórico crescimento produtivo seguem os mesmos problemas de logística, infra-estrutura e de prestação de serviço do passado. Alguns seguimentos da agricultura brasileira avançaram muito pouco ou simplesmente continuam a ser tratados com descaso. A colheita, beneficiamento, armazenamento e o transporte dos grãos ainda representam os grandes entraves do setor, e implicam em grandes perdas quantitativas e qualitativas. Quando da etapa de colheita, um dos primeiros estudos referente às perdas na colheita de grãos ocorreu em Illinois, EUA, no ano de 1927. Os pesquisadores, estudando a colheita da soja evidenciaram uma perda de 11,6%. Quarenta e um anos depois, em 1968, estudo semelhante evidenciou perda média de 9,2% (MENEZES et al., 1985). Atualmente, admite-se em safra brasileira, para a cultura da soja, perdas de uma saca por hectare (60 kg ha-1) (MESQUITA et al., 2002), já para a cultura do milho admite-se uma perda de 120 kg ha-1. Pesquisas evidenciam perdas variáveis, vindo a apresentar amplitude de 24 a 126 kg ha-1 com a cultura da soja (CAMPOS et al., 2005). CHIODEROLI et al. (2012) apresentam perda de 62 kg ha-1 para a cultura da soja. Perdas maiores, de 13% ou 238 kg ha-1 com a cultura do arroz são mencionadas por FONSECA e SILVA (1997); ainda para o arroz, REIS et al. (2013) apresentam dados mais atuais de 94 kg ha-1. No08 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

toriamente as perdas variam em função do tipo de cultura empregada. As perdas no momento da colheita da cultura dependem de inúmeros fatores como: topografia do terreno, uniformidade de distribuição das plantas na área, umidade dos grãos, arquitetura, manutenção e regulagem da colhedora, tecnificação dos operadores, entre outras. Ao longo dos anos verificamos grandes avanços tecnológicos em maquinaria, assim, estando os grãos em condições adequadas de colheita, as perdas dessa etapa dependem quase que exclusivamente da interação homem-máquina. De consenso entre estudiosos, tem-se que a eficiência no processo de colheita depende do conhecimento do operador em relação a máquina utilizada, e da definição das possíveis regulagens de acordo com a exigência da cultura e terreno (PINHEIRO NETO e TROLI, 2003; CAMPOS et al., 2005; FERREIRA et al., 2007). A etapa da colheita é o momento em que se aplica a mais alta tecnologia do setor agrícola, embarcada em máquinas que se desenvolve a cada ano em busca de produtividade e redução de perdas. No entanto, como essas incríveis máquinas estão sendo operadas? Em que circunstância e com que responsabilidade? Fato, é que além de toda a adversidade climática, os produtores, principalmente pequenos e médios, ainda sofrem com a má qualidade do serviço executado, ou prestado por colheitas terceirizadas. A repercussão disso é a perda, presente no momento da colheita do grão e evidente em dias posteriores a ela, quando nos deparamos com uma "ressemeadura natural da cultura". Na ultima safra registramos algumas perdas ocasionadas pela colheita, identificadas na Figura 2. São casos distintos, de pequenas e grandes áreas, de colheita própria e terceirizada. As imagens representam o produto perdido (soja) germinado, ou seja, sem considerar o que foi perdido e não germinou.


Acesse: www.graosbrasil.com.br A

B

Figura 2. Ressemeadura da cultura da soja ao final da safra de 2012/13, provocada pela perda de grテ」os no momento da colheita. Fonte: KOLLING, 2013. GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 09


¦Manejo¦ ¦Transportadores¦

Façamos algumas inferências a partir das imagens apresentadas: Na coluna "A" estão representadas propriedades que terceirizaram a colheita, são áreas pertencentes a pequenos produtores. É sensível ao olhar a quantidade de soja emergida, certamente surpreenderia qualquer pesquisador quanto a germinação e vigor dessas plantas (embora algumas já apareçam amareladas pela dessecação). Em uma das propriedades analisadas contou-se 116 plantas de soja em um metro quadrado. Embora não se tenha utilizado nenhum critério cientifico para escolha deste metro quadrado, poderia certamente encontrar um, com mais plantas. Para termos idéia do que isso representa, se considerarmos as 320 mil plantas ha-1 recomendadas pela Embrada Soja em termos de população de semeadura, significa dizer que as perdas observadas em um hectare poderiam semear quase quatro hectares. Bem, não são lavouras de produção de semente, mas certamente o que foi perdido não alimentará outra coisa, a não ser pragas. Ainda, se considerarmos um peso de 1000 grãos como sendo 170g, o que é modesto, perdemos 3,7 sacas ha-1, ou 222 kg ha-1, perda apresentada anteriormente para o arroz em 1997. Essa perda representa praticamente o custo da colheita terceirizada. Além de representar quase o custo da colheita, as perdas podem ser maiores se considerarmos a necessidade de eliminar essas plantas para eventual nova semeadura. Quando trabalhamos com a sucessão soja/milho segunda safra, os problemas podem ser ainda maiores. O que preocupa ainda mais é a sucessão soja RR/Milho RR, sendo que a soja RR passaria a representar uma planta daninha a cultura do milho RR, inviabilizando a tecnologia de resistência ao glifosato. Notoriamente, se avaliarmos a coluna "B", verificamos uma perda sensivelmente menor, ou simplesmente aceitável. Certamente o item responsabilidade de operação é ou-

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tro, tratando-se de lavouras em que o proprietário executa ou controla a execução do serviço. De qualquer forma, ainda assim identificamos pontos que chamam a atenção. Nesta condição as maiores perdas são identificadas nas beiradas (margens da lavoura), nas curvas de nível (basões) ou em condições de terrenos de maior inclinação e/ou dificuldade de operação das máquinas. Isso é agravado quando se destina máquinas menores, que são também as mais antigas, para colherem nestes trechos. A pratica é comum em grandes áreas, a fim de que as máquinas maiores e mais modernas executem à colheita de áreas planas e longas de modo a alcançar o maior rendimento de colheita, ou seja, colher mais em menos tempo. De modo geral, o processo de colheita é feito sempre às pressas, e isso se deve a dificuldades quanto ao transporte (em algumas regiões) e principalmente a falta de sistemas de estocagem/armazenamento. A maioria dos agricultores brasileiros não são donos do seu produto, visto que tão logo colham, necessitam depositar aos cuidados de terceiros e/ou cooperativas, de onde dificilmente vão retirar para negociar com outros compradores, quando já não antecipam as vendas, com prazo para entrega, para tentar garantir o preço e a liquidação de seus custeios. Bem, o que fazer para mudar essa realidade? esse é um desafio para agricultores, profissionais da área, para as cooperativas e empresas do setor, e para a política agrícola do país. Muito se tem para fazer, mas para começar, temos que promover uma mudança cultural ou de postura de todos envolvidos no processo, é preciso preparar-se para a colheita, mas principalmente acompanhar e "fiscalizar" a operação.


¦Eficiência Energética¦ A eficiência energética consiste em obter o melhor desempenho na produção de um serviço com o menor gasto de energia. Num momento em que a economia se mostra instável, as empresas têm procurado alternativas para ganhar competitividade, principalmente através da diminuição de custos e aumento da produtividade, sendo a eficiência energética uma ação fundamental.

Solução de Eficiência Energética para Aeração de Silos de Armazenagem de Grãos Nesse contexto, está a redução do consumo de energia através da utilização de máquinas mais eficientes, capazes de produzir mais com menos. E quando se fala em uso de eletricidade, deve-se pensar nos motores, que figuram entre obtida. O controlador analisa ainda a temperatura e umidaos principais consumidores de energia por seu amplo uso na de do ambiente para definir a ventilação necessária. indústria. Os silos são abastecidos com os produtos soja, milho e A WEG, em conjunto com a sua revenda Maratec e a empre- sorgo. A solução de eficiência energética foi aplicada mansa Agroindustrial Rezende, aplicaram uma solução de eficiên- tendo a igualdade de nível, tempo de aeração, potência dos cia energética para a aeração dos silos de armazenagem de motores, especificação dos ventiladores, enfim, mantendo a grãos na Fazenda Ponte de Pedra em São Gabriel D'Oeste (MS). igualdade do processo. Em cada uma das situações foi mediOs resultados foram efetivos na economia de energia, além do o consumo de energia, obtendo uma expressiva redução dos reflexos na qualidade do produto, funcionalidade do sis- como mostram os dados a seguir. tema e ganhos produtivos para a empresa. A solução consiste na aplicação do Motor WMagnet acionado por um Inversor de freqüência interligado ao controlador de Aeração EF-ENERGY, não sendo necessária a substituição do sistema de termometria (sensores e cabos) usualmente já presentes nos silos. Abaixo segue a ilustração da solução. O Controlador de Aeração permite a seleção do tipo de produto (grãos) no silo, identifica sua temperatura e nível e envia sinal ao Inversor para controle da vazão no conjunto Tabela 1. Especificação técnica Motor/ Ventilador. Fornecer exatamente a ventilação que o produto precisa é a razão da grande economia Foram realizadas as medições com o

Figura 1. Ilustração da solução.

analisador de energia para comparação do consumo de energia elétrica entre os motores e com diferentes produtos armazenados, conforme demonstrado nos gráficos da próxima pagina. As medições comprovam que o projeto proporcionou uma substancial economia de energia elétrica, conforme demonstrado nos resultados abaixo: - Redução de 81% no consumo de energia elétrica armazenando o produto soja; - Redução de 78% no consumo de energia elétrica armazenando o produto milho; - Redução de 56% no consumo de energia elétrica armazenando o produto sorgo. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 11


¦Eficiência Energética¦ nível no silo; - Automatização do sistema.

Foto 1. Motor WMagnet acionado pelo inversor de frequência CFW 11 e Controlador de Aeração EF-ENERGY

Obtendo assim, um retorno em 10 Meses do investimento aplicado. Além de ganhos como: - Redução da demanda de energia; - Aumento da qualidade do produto, devido a melhor precisão e uniformidade de temperatura e umidade; - Controle preciso de temperatura, umidade dos grãos e

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¦Silo Bolsa¦ O problema causado pela falta de unidades armazenadoras de grãos no Brasil que comporte a produção nacional está se tornando algo histórico em nosso país. A cada safra um novo recorde de produção de grãos é alcançado, porém os desafios com a armazenagem e conservação dos produtos desmotivam alguns agricultores.

Procedimentos para Armazenagem em Silo Bolsas

Prof. Dr. Carlos Caneppele Universidade Federal de Mato Grosso caneppele@ufmt.br

Eng. Agro. Edwaldo Dias Bocuti Mestrando em Agricultura Tropical- UFMT Ed.bocuti@hotmail.com A busca por novas alternativas para o armazenamento de grãos que contemple a conservação do produto vegetal e que seja viável economicamente para o produtor se tornou imprescindível. No ano safra 2013 uma alternativa encontrada pelos produtores de grãos no estado de Mato Grosso, foi à utilização dos silos bolsas ou silobag. Este produto utiliza da atmosfera modificada para conservação dos grãos. O principio técnico da armazenagem de grãos secos em silos bolsas, baseia-se no consumo de O2 (Oxigênio) pela massa de grãos armazenada, transformando a atmosfera interna em CO2 (Dioxido de Carbono,) esta atmosfera modificada inibe a sobrevivência de insetos e a proliferação de fungos. Porém, este método não é tido como eficaz no controle de fungos, devendo assim atribuir este efeito, principalmente a umidade dos grãs armazenados. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), em julho de 2013, foram vendido para o estado de Mato Grosso uma quantidade de silos bolsas com capacidade de armazenar 2,4 milhões de toneladas de grãos. Segundo fabricantes, em comparação aos silos tradicionais, o sistema de silos-bolsa proporciona uma grande redução nos custos de armazenagem, diminuindo-os para aproximadamente R$ 1,00 por saca, e o produto pode ficar até um ano dentro das estruturas. Este trabalho tem como objetivo apresentar algumas características do silo bolsa, assim como informar passo a passo o funcionamento do enchimento e extração dos grãos nessa estrutura. O silo bolsa é constituído geralmente por três camadas de

polietileno que conferem elasticidade e resistência as bolsas. Externamente tem cor branca, facilitando a reflexão dos raios solares, reduzindo em até 20% a temperatura interna no silo. Internamente apresenta cor preta, o que exclui completamente a possibilidade de penetração de luz no interior do silo, evitando possibilidades de germinação dos grãos armazenados. As bolsas silos para grãos secos variam em comprimento e diâmetro, os fabricantes apresentam pelo menos três variações em cada uma dessas grandezas, porém a mais observada no campo são as que apresentam 60 metros de comprimento e diâmetro com 2,7 metros, a espessura dessa bolsa é de 250 micras e capacidade 180 a 220 toneladas. A umidade dos grãos que vão ser armazenados é um dos fatores mais importantes para manter sua qualidade, esta umidade varia de acordo com o produto vegetal que se deseja armazenar, em geral os silos bolsas são indicado para soja, milho, girassol, trigo, sorgo, feijão e Arroz. Logo a umidade ideal varia de acordo com o produto que se pretende armazenar, os fabricantes colocam que a umidade de armazenamento é a mesma umidade na qual serão comercializados. É essencial que o agricultor siga as recomendações, em condições ambientais semelhantes à indicada pelo fabricante. O enchimento e extração de grão das bolsas silos utilizase máquina apropriada denominada de embutidora e extratora, respectivamente. Estas garantem exata colocação de grãos na bolsa, respeitando limites estipulados por fabricantes, e durante o processo de extração de grãos algumas extratoras além de promover a retirada dos grãos ainda recolhem a silo bolsa envolvendo-o na forma de um pacote, o que facilita sua retirada do campo e posterior destinação GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 13


¦Silo Bolsa¦ forma adequada, agora é só dar inicio ao enchimento do silo. Para o sucesso do sistema é fundamental o correto enchimento da bolsa, retirando dela a maior quantidade de ar possível durante seu enchimento. A dilatação da bolsa requer bastante atenção, pois caso sofra muita dilatação pode-se romper. Essa dilatação deve ser controlada através da embutidora, a qual determina esta dilatação por meio do freio e ainda deve ser acompanhada e medida na régua que vem empresa nas bolsas. 8° O fechamento do silo bolsa ocorre da mesma forma que foi realizada na extremidade inicial. Porém existem alguns fabricantes que trazem modelos próprios de realizar essa atividade. Oriente-se pelas instruções do manual contido junto ao silo bolsa.

final. O preço desse conjunto de maquinários está em aproximadamente em R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). Passo a passo enchimento de silo. 1º - Escolha do local solo firme e bem drenado, fácil acesso e fazer controle de plantas daninhas. Não é interessante nesta área a presença de tocos, pedras e restos de culturas, evitando a ocorrência de perfurações na bolsa. As bolsas silo devem está espaçadas umas das outras por meio de corredores de dois metros de largura. Com auxilio de um estilete abra a caixa do silo bolsa. Muito cuidado para não perfuram o mesmo. 2º - Retire a bolsa silo da caixa colocando diretamente no solo. 3º - Abra o silo sem retirar a faixa que envolve a bolsa ainda dobrada. Retire apenas a fita adesiva e abra o silo. 4º Mantenha as faixas que prendem o silo bolsa, forçando as suas dobraduras permanecerem inalteradas. Encaixe o silo bolsa na embutidora, a qual é composta basicamente pela caçamba, túnel e freio. Para isso devemos achar o centro do silo bolsa e levantar até o cabide metálico o que facilita muito a correta posição de encaixe 5º Com guindaste manual realiza-se o levantamento do silo bolsa. Em seguida retira as faixas que prendem as dobraduras do silo bolsa e verifica se elas permanecem bem acomodadas/colocadas sobre o túnil, facilitando assim, seu desdobramento a medida que os graos vão enchendo o silo. Agora com a regulagem adequada do freio ajustado este permetira que a embutidora junto com o trator desloque-se para frente a medida que vai ocorrendo o preenchimento do silo bolsa pelos grãos. O trator deve está com freio de mão solto e no ponto morto. Regular a bandeja inferior da embutidora, a qual permitirá o perfeito deslizamento da bolsa. 6° Para fazer o fechamento da extremidade inicial do silo bolsa, deve-se soltar a quantidade de dobras suficiente para amarrar a extremidade , Com auxilio de uma corda amarre-o de forma que não solte ao dar inicio ao embutimento. Se necessário faça algumas dobras na bolsa, de forma que o amarrio fique em baico da dobradura. 7° Com todos os itens anteriores verificados e realizados de 14 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

Cuidados a serem observados O sistema silo bolsa é sem dúvida a opção mais econômica e eficiente de armazenamento, porém é necessário observar alguns detalhes que poderão levar ao sucesso do empreendimento. Em caso de milho direto da lavoura deverá observar a umidade e teor de impurezas nos níveis aceitáveis de armazenagem. O local onde serão colocadas as bolsas deve ser de solo firme e plano, compactado e um pouco inclinado para evitar acumulo de água; Para evitar o rompimento de a embalagem manter a regulagem do freio evitar mudanças constantes da regulagem; No início da bolsa, dobrá-la com o feche voltado para baixo e que o grão fique em cima; Fazer o alinhamento do trator, para que a bolsa seja preenchida em linha reta; A utilização de carreta graneleira ou equipamentos similares, que garantam alto fluxo e grande volume no enchimento, pois isso será a garantia de uma uniformidade, impedindo a formação de bolsões de ar; Manter á distância de 3,0m entre as bolsas para facilitar


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦ grão armazenado para verificação de sua qualidade, utilizando um calador manual com três divisões, após a retirada de a amostra fazer a vedação com fita adesiva; No final da bolsa, deve-se passar o feche, dobrá-lo para baixo e cobri-lo com terra; Cuidado que o silo Bolsa quando está cheio, devido à pressão, poderá rasgar de forma contínua e derramar o produto. Evitar equipamentos cortantes; Na comercialização realizar a classificação física do produto dfe acordo com as normas do MAPA. o movimento de caminhões e limpeza da área; Não ultrapasse a marca final da bolsa, no momento do carregamento;. Manter o local isolado e afastado de animais que poderão danificar o silo bolsa; Sempre que observar furo fazer a vedação com a fita adesiva especial imediatamente; A umidade recomendada para armazenagem em silo bolsa não poderá ser superior a 14% para milho; Sempre colocar o produto limpo com no máximo 1% de impurezas e estas impurezas deverá estar secas; Fazer o tratamento preventivo contra pragas de grãos armazenados, utilizando produtos adequados (líquidos pós ou gás); Mantenha o terreno limpo, para evitar a presença de restos de grãos e roedores; Fazer as vistorias diariamente para verificar vazamento, umidade, presença de insetos, se possível retirar amostra do

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¦Produção¦ A principal palavra que permeia as diversas cadeias produtivas mundo afora é inovação, assim como ocorre em quase todos os setores da sociedade. Não é de hoje que se sabe que a inovação decidirá quem serão os líderes e quem serão os seguidores.

Para as cadeias produtivas do arroz e de feijão: é preciso inovar!

Isto não seria diferente com os alimentos mais arraigados na cultura do brasileiro: o arroz e o feijão. Juntos, eles se complementam como fonte de carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais, além de compostos bioativos, sendo importantes instrumentos de erradicação da fome no mundo todo. Do ponto de vista da alimentação e da nutrição, já foram denominados de par perfeito. O arroz é consumido por mais de 2/3 da população mundial. A produção brasileira - "que vai muito bem, obrigado!" corresponde a cerca de 1,5 % do que é produzido no mundo. Quanto ao feijão, que alguns denominam de feijão nosso de cada dia tal é sua participação nos hábitos alimentares brasileiros, o Brasil alterna com a Índia o rótulo de maior produtor mundial, ano após ano. Porém, por vezes, a produção brasileira de arroz e de feijão sequer consegue abastecer o mercado interno. As produções de arroz e feijão no Brasil, no último ano, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), foram de 11,599 e 2,918 milhões de toneladas, respectivamente, sendo necessário importar 501 e 581 mil toneladas para suprir a demanda nacional destes alimentos. Por que não produzimos mais? Por que não incrementamos a fatia brasileira no mercado mundial de arroz e de feijão? Bem, as respostas não são tão simples quanto parecem. Para o produtor, é mais vantajoso plantar soja do que arroz, por exemplo. Além de ser mais vantajoso financeiramente (basta comparar o preço dos insumos e do grão de cada uma destas commodities), a comercialização de soja, de forma geral, é mais segura quanto ao estabelecimento de preços e dos padrões de classificação. Já em relação ao feijão, embora o preço do saco por vezes apresente valor muito atrativo, chegando à casa dos 300 reais, apenas o brasileiro aprecia o feijão carioca, que corresponde a 70% do consumo de feijão no país. Além deste hábito cultural, a dificuldade em conservar a qualidade tecnológica dos grãos de feijão durante o armazenamento é um empecilho à existência de estoques reguladores de feijão. E onde entra a inovação nesta conversa? Só será possível aumentar a participação brasileira no mercado mundial de 16 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

Nathan Levien Vanier M. Sc., Doutorando da UFPel em Ciência e Tecnologia de Alimentos Pesquisador na Western Regional Research Center do United States Department of Agriculture nathanvanier@hotmail.com

Moacir Cardoso Elias Prof. Dr. do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia "Eliseu Maciel", UFPel. eliasmc@uol.com.br arroz e de feijão com a inovação. Inovação, principalmente, na pós-colheita e na indústria. Vale ressaltar que é um equívoco colocar sobre as costas da indústria a obrigação de desenvolver mercado e, sem suporte algum, ser a responsável pelo desejo que podemos chamar de "a grande virada" no mercado de arroz e feijão. Produtores, pesquisadores, comercializadores: todos precisam encontrar a sua importância e ajudar na busca por inovação. Mas vamos ao que interessa: para o produtor, para o negociante, para o industrialista e para o varejista, o arroz e o feijão são considerados negócio. Para o consumidor, esta dupla é alimento! E é este consumidor que busca, no alimento, não apenas nutrientes para a manutenção do seu organismo, mas a satisfação psicológica, social e cultural. Se pensarmos no arroz e no feijão apenas como fontes de carboidratos e proteinas, bons e baratos, para encher a barriga do brasileiro, certamente não desenvolveremos mercado e não haverá crescimento. Onde esta a inovação nisso? Qualquer indústria qualificada sabe industrializar um bom arroz longo fino, branquinho, que fica soltinho ao ser cozido, e assim atende à preferência de consumo do brasileiro. Qualquer indústria de feijão que se preze sabe industrializar um feijão carioca novo, clarinho, brilhoso, limpo, com baixo tempo de cocção e que fica macio após cozido. É isto que a grande maioria dos brasileiros gosta.


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦ Os filmes biodegradáveis vão ao encontro da sustentabilidade, que é tão preconizada pelos consumidores. A extrusão é a forma mais simples para elaborar filmes biodegradáveis à base de amido, água e algum polímero plastificante (geralmente glicerol). Para elaborar estes filmes, o amido deve ser isolado dos grãos de arroz e de feijão. Uma das dificuldades em usar amido para a produção de filmes biodegradáveis é a sua elevada viscosidade, retrogradação e natureza hidrofílica. Daí a necessidade em utilizar aditivos. Porém, já se conhece uma ampla gama de combinações de polímeros, aditivos e amidos que podem ser aplicadas na produção de biofilmes pelo processo de extrusão. A pergunta agora é: Como expandir mercado? Como agregar valor? Para isso, precisamos pensar no alimento com funções nutricionais, psicológicas, sociais e culturais. Precisamos do olhar além-fronteiras, continuar aperfeiçoando aquilo que garante o abastecimento do mercado interno, e desenvolver produtos com valor agregado para atingir os consumidores mundo afora. Existem diversas alternativas conhecidas para utilização de produtos secundários da indústria de arroz, como grãos quebrados e quirera, e/ou de feijões endurecidos, rejeitados pelos consumidores na forma de grãos cozidos. O que fazer? Vender arroz quebrado e quirera para o continente africano ou agregar valor a estes produtos e vender para países ricos? Vender matéria-prima ou produto industrializado? Continuar produzindo feijão para o mercado interno ou expandir a produção e diversificar a gama de produtos industrializados feitos com feijão? A seguir serão discutidas algumas alternativas para as indústrias de arroz e de feijão, no que se refere à diversificação de produtos, aproveitamento de subprodutos e agregação de valor. 1. Produtos extrusados A extrusão permite o preparo de massas, biscoitos e filmes biodegradáveis de diversas fontes botânicas. A técnica consiste na transformação de farinhas cruas em produzidos cozidos, estáveis no armazenamento, com melhores características de sabor e de textura, através da utilização de elevada temperatura e elevada pressão por um curto período. Cereais e outros grãos há muito tempo têm sido estudados como fontes para produtos extrusados e sua excelente aptidão é evidenciada pelas propriedades de expansão e textura. Estudos recentes foram realizados com feijões, apresentando bons resultados. Fora do país, massas com farinha de arroz e chips de arroz e de feijão são bastante comuns nos supermercados, sendo muito aceitos, principalmente, por pessoas com ascendência asiática ou pessoas que sofrem de doença celíaca. No caso particular do feijão, a extrusão permite o aproveitamento do feijão envelhecido, que não tem mais aceitação no mercado convencional. Produtos extrusados obtidos com a utilização de farinha de feijão velho apresentam características muito semelhantes aos produtos extrusados obtidos com a utilização da farinha de feijão recém colhido.

2. Pratos de rápido preparo Não é novidade para ninguém que nos países mais desenvolvidos, principalmente Estados Unidos e Canadá, o consumidor tem o hábito do Fast Food. E existem duas vertentes principais que dividem os consumidores nesta situação: (1) pessoas que levam para o trabalho algum prato previamente preparado ou prato de rápido preparo; ou (2) pessoas que comem lanches. Para as pessoas que não preferem se alimentar com lanches, a praticidade no preparo da refeição é fundamental. O feijão já deve ser hidratado e apresentado em latas, vidros ou outras embalagens, de forma similar àquela em que a ervilha e o milho em conserva são comercializados no Brasil. O arroz deve ser apresentado ao mercado com temperos, algum tipo de carne e/ou vegetais desidratados, em caixas, o que reduz o tempo de preparo da refeição. O Canadá não tem a mesma tradição para produção e consumo de feijão que o Brasil. Mesmo assim, o país criou uma instituição denominada Pulse Canada, com o principal intuito de desenvolver a cadeia produtiva de feijão comum, feijão caupi, ervilha, lentilha, fava, entre outros. Acontece que a criação de produtos à base de feijões e as exportações alavancaram nos últimos anos, fruto do trabalho conjunto de produtores, industriais, negociadores e pesquisadores na busca por informação, novos produtos e novos mercados.

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¦Produção¦ 3. Amido isolado de arroz e de feijão O amido é o principal constituinte dos grãos de arroz e de feijão. Estimativas apontam a produção mundial de amido ao redor de 4 milhões de toneladas, sendo o milho a principal fonte utilizada para sua extração. No Brasil, a mandioca é utilizada como fonte de amido, para utilização no preparo de polvilhos e produtos de confeitaria. Métodos eficientes de extração de amido de arroz e de feijão são conhecidos. O processo de extração úmida é o mais aplicado. Por que não utilizar o amido de arroz quebrado, quirera ou grãos com defeitos (que não comprometam a saúde) para elaboração de pães e produtos de confeitaria, por exemplo? Por que não isolar o amido de feijão endurecido como forma de aproveitar grãos sem valor comercial, para alimentos desde que sadios, ou para fins industriais não-alimentícios? Existem diversas aplicações para o amido nas indústrias alimentícias, como comida para bebê, maionese, aromatizantes, sopas, pudim, margarina, talharins, macarrões, pães, conservantes, espessantes e xarope de amido, e não-alimentícias, como adesivos, aditivos para tintas, fitas, vestuário, engomagem, reagentes, pílulas, pó para aspersão, dextrinas para indústria de papel e muitas outras aplicações. O comportamento do amido em água, durante o aquecimento, varia de acordo com a espécie botânica. Isso poderia ser um entrave para utilização de amido de arroz ou de feijão ao invés de amido de milho e de mandioca, com características viscoamilográficas conhecidas e trabalhadas. No entanto, muitas pesquisas apresentam possibilidades de modificação das propriedades do amido através de meios químicos, físicos e enzimáticos, originando amidos com as mais variadas propriedades viscoamilográficas. Um ponto que pesa a favor do amido de feijões é o seu baixo índice glicêmico comparado ao amido de cereais. Isso o torna atrativo para os consumidores atentos à saúde. Ter baixo índice glicêmico significa ter uma liberação mais controlada de glicose para o sangue após a refeição, havendo melhor regulação de açúcar disponível no organismo. Este é um aspecto positivo para redução dos riscos de diabetes tipo 2, redução dos riscos de doenças cardiovasculares e para redução do risco de câncer de cólon. Dessa forma, produtos especiais elaborados com amido de feijões podem ter excelente aceitação dos consumidores que visam os benefícios à saúde proporcionados pelo alimento. O amido de arroz tem características interessantes. Os grânulos são pequenos e se apresentam retidos em matriz protéica bastante resistente, razões que determinam lentidão em sua liberação e conseqüente hidrólise, fazendo com que sejam reduzidos os picos glicêmicos e essa é uma característica importante especialmente para consumidores com problemas relacionados à hiperglicemia. 4. Isolado protéico de feijão O feijão é um alimento rico em proteínas (20-25%). Costuma-se salientar que é uma fonte de proteína rica e barata para os países em desenvolvimento. Isolados protéicos são utilizados em diversos alimentos no mundo todo. A soja, por exemplo, é amplamente utilizada nos países asiáticos na ela18 | www.graosbrasil.com.br | Janeiro / Fevereiro 2014

boração de tofu, tempeh e "leite de soja". Embora a soja apresente teor mais elevado de proteínas do que o feijão, estudos mostram que as propriedades de gelificação da proteína de feijão são melhores do que as propriedades de gelificação da proteína de soja. Além disso, a atividade emulsificante e a estabilidade de formação de espuma - importantes propriedades funcionais das proteínas se equivalem. A proteína do feijão, portanto, pode ser isolada para aplicação em diversos produtos da indústria alimentícia e nãoalimentícia, sendo uma alternativa interessante para aproveitamento dos feijões endurecidos, sem aceitação para consumo na forma de grãos cozidos. Essa proteína isolada de feijão pode ser utilizada na indústria de panificação, confeitaria, bebidas e embutidos. De acordo com estudos recentes, a hidrólise de proteína de feijão pode melhorar as características nutricionais e de textura do isolado protéico. Sabe-se que a proteína de feijão, apesar de apresentar boa composição de aminoácidos, tem baixa digestibilidade em função da presença de inibidores enzimáticos e lectinas. Tratamentos enzimáticos fracionam a proteína de feijão em peptídeos com propriedades funcionais e nutricionais diferenciadas. Por apresentar melhores propriedades nutricionais e muitas vezes melhores propriedades funcionais, dependendo das condições de preparo do hidrolisado, estes produtos tendem a ganhar espaço num mercado crescente por produtos que propiciam benefícios à saúde do consumidor. No caso do arroz, além de ser rico em gordura e fibras, o farelo pode ser utilizado como fonte protéica para produção de isolados. A utilização dos alimentos com o intuito de promover benefícios à saúde da população é uma preocupação real


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦ dos países mais desenvolvidos, onde os dados são alarmantes. A Pulse Canada informou que aproximadamente 6% dos canadenses e 7% dos americanos têm diabetes, e que diabetes é a principal causa das mortes no México. Aproximadamente 2/3 dos adultos nos Estados Unidos têm sobrepeso e ao menos 1/3 são obesos. Segundo a mesma instituição, as principais doenças que atingem a população nos países desenvolvidos são as doenças cardiovasculares, a obesidade e o diabetes, o que faz com que aumente a busca por informação e alimentos mais saudáveis à população. Este é o interesse dos governos de alguns países, inclusive, pois os gastos com saúde pública e serviço social "arrombam" os cofres públicos. 5. Compostos bioativos com características funcionais e nutracêuticas Os compostos fenólicos presentes no pericarpo do arroz vermelho e do arroz preto, e também no tegumento do feijão, apresentam propriedades antioxidante, antiinflamatória e capacidade de reduzir o risco de alguns tipos de câncer. Convém definir que alimento funcional é aquele capaz de reduzir o risco de alguma doença, enquanto alimento nutracêutico é aquela capaz de prevenir e curar. A caracterização dos antioxidantes em arroz de pericarpo vermelho ou preto e em feijões têm sido alvo de diversos estudos. No Canadá, em 2008, estudos mostraram que esses apresentam capacidade superior de um extrato de feijão preto em inibir a atividade de Cicloxigenase-1 (uma das enzimas responsáveis pelo processo inflamatório) do que a tradicional aspirina. É verdade que muito ainda tem que ser estudado a respeito, mas os indícios são promissores. Tais compostos podem ser isolados e utilizados na elaboração de produtos

alimentícios. De forma geral, quanto mais envelhecido o grão, maior sua atividade antioxidante dos compostos fenólicos presentes. 6. Arroz parboilizado e a formação de amido resistente O amido resistente é a fração de amido não digerida no intestino delgado de indivíduos saudáveis, sendo fermentada no intestino grosso. As atuações do amido resistente são similares às da fibra alimentar, incluindo efeito pré-biótico, atuando no metabolismo lipídico, reduzindo o colesterol e os riscos de colite ulcerativa e de câncer de cólon. O amido resistente, por não ser digerido no intestino delgado, também atua na redução da glicemia pós-prandial. Dentre os alimentos ricos em carboidratos, o arroz é um dos cereais de maior destaque, pois se trata de alimento básico para a maioria da população mundial. O arroz é consumido preferencialmente na forma de grãos brancos polidos, obtidos por processo convencional de industrialização, e se caracteriza como um alimento que apresenta limitado conteúdo de fibra alimentar. Vários estudos mostram que o arroz parboilizado é excelente fonte de carboidratos complexos, possuindo teores significativos de vitaminas do complexo B, F e minerais. Os carboidratos presentes no arroz não teriam apenas caráter energético, mas também complexas funções fisiológicas, inclusive em conseqüência da formação de substâncias com ação semelhante a das fibras, como o amido resistente, que atua na manutenção da glicemia. O arroz parboilizado apresenta menor índice glicêmico quando comparado ao arroz branco polido. Estas são apenas algumas alternativas possíveis para aproveitamento/agregação de valor para o arroz e o feijão. Algumas podem parecer visionárias, para um futuro muito distante, porém é necessário sempre ter a consciência de que a inovação decidirá quem serão os líderes e quem serão os seguidores. "Desenvolvimento de produtos", "produtos diferenciados", "nicho de mercado", "agregar valor", "inovar": estas são as palavras mais comuns nos congressos e em exposições de ambos os segmentos, arroz e feijão, que se apresentam como a "bola da vez". Para isso acontecer, há de se investir em conhecimento, tecnologia, capacitação de profissionais, produção de genótipos com requisitos técnicos adequados, prospecção e desenvolvimento de novos mercados. E é claro, saber com clareza aonde se quer chegar! Com a bola os setores envolvidos (produtores, cientistas, investidores, industriais, órgãos de governo e de fomento) para que as cadeias produtivas sejam cada vez mais fortalecidas. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 19


¦Qualidade¦ Estaremos recebendo mais uma nova colheita de grãos, que poderá ser recorde novamente devido as tecnologias aplicadas no campo, que são os principais motivos de sermos a cada ano, mais talentosos em produção. Todo esse volume terá que ser armazenado adequadamente e com garantia de qualidade, segurando a nossa integridade alimentar.

Cuidando da sua Safra Armazenagem com Qualidade Por: Eng. Adriano Mallet| Agrocult Consultoria | Nesta ocasião, reforçar algumas instruções referentes ao funcionamento e manutenção dos equipamentos e também para uma conservação e armazenagem correta, é extremamente importante. A base inicial é ter um plano de trabalho de prevenção dos equipamentos no período entre safra, onde devemos preparar a Unidade para receber atividades e ações de manutenção preventiva e consequentemente corretiva. Um plano bem elaborado proporciona ao armazenador reduções de custos quando da necessidade de aquisição de peças de reposição e contratações de serviços, devido ter a condição de tempo para troca e disponibilidade de mão de obra, sem paralisar o funcionamento no período de safra, evitando filas de caminhões na recepção e atrasos na colheita. Etapa inicial é executar uma limpeza (higienização - lavagem), removendo os resíduos de grãos existentes e depositados sobre pisos, moegas, poços e túneis, pois a decomposição forma gases que são mortais e de ação rápida. Retirar o pó acumulado, o qual é um dos maiores agentes de contaminação e proliferação de pragas. Na sequencia realizar ações mecânicas como

Eng. Adriano Mallet - Agrocult Consultoria e Treinamenos 20 | www.graosbrasil.com.br | Janeiro / Fevereiro 2014

agrocult@agrocult.com.br

revisão de rolamentos, correias, motores, reapertos, lubrificações e troca de peças desgastadas. Para uma ótima e segura armazenagem, a limpeza dos grãos é muito importante. Esta etapa podemos considerar como o filtro da unidade armazenadoras. Este processo funcionando adequadamente,facilita aeração, expurgo com maior eficácia, reduz a emissão de pó, acumulo de palha no interior do secador, obstruções na canalização e concentração no interior da massa de grãos, gerando pontos aquecimento. Iniciamos com uma limpeza periódica no interior da máquina com ar comprimido, especificamente na câmara gravitacional - local onde ocorre a captação do pó e das impurezas leves. No quadro das peneiras estão as esferas de borracha que têm por função retirar as impurezas e grãos retidos nos furos das próprias peneiras. A verificação do estado das esferas de borracha otimiza a limpeza dessas áreas, evitando a redução da capacidade de produção pela diminuição da área de processo (esfera de boa qualidade, ao deixa cair no piso, de forma vertical, deverá retornar aproximadamente de 70% da altura). Importante, também, é a distribuição uniforme dos grãos sobre área de peneiras, regular a entrada para que ocorra a distribuição. Em caso de substituição de bielas ou tensores das caixas de peneiras, devemos trocar sempre o conjunto (direito/esquerdo), independentemente de ser metálica ou de madeira. Isso manterá a equilíbrio do conjunto e, consequentemente, o balanço dinâmico, evitando fissura na estrutura da maquina. Regular os registros de ar que atravessam a massa de grãos, arrastando o pó e as impurezas leves para o ciclone, observar o sistema de captação de pó, não deixando pó/cascas precipitar na canalização de ligação (máquina-ciclone) e manter regulado o saco de coleta de pó sempre estufado é fundamental para aumentar a eficiência da captação. Para maquinas de grandes capacidades, recomendamos automatizar o recolhimento das impurezas, devido ao grande volume que é gerado durante o funcionamento. O principal objetivo da secagem é reduzir a unidade do grão a níveis


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦

processáveis e armazenáveis. No secador, verificar o sistema de descarga, observando o nivelamento da mesa de descarga e, caso for do modelo pneumática, cuidar das pressões necessárias de trabalho, do sistema de lubrificação do cilindro pneumático e do funcionamento do compressor de ar, seguindo instruções do fabricante. Caso o sistema for por eclusas, observar existência de pás quebradas, esta situação gera secagem desuniforme. A limpeza deve ser periódica no interior (torre). A realização é conforme características dos grãos recebidos (percentual de impurezas), a limpeza deve ser definida como tarefa padrão, com base em horas de trabalho. O não cumprimento desta instrução poderá provocar incêndios e danos na estrutura do secador gerando custos para reposição das peças danificados devido à temperatura elevada. Cuidar para que a entrada do produto seja sempre de forma vertical, através do uso de amortecedores que têm como objetivo amenizar a queda do produto, reduzindo danos físicos, e direcionar verticalmente para o interior, de forma que a distribuição seja homogênea na torre de secagem. A utilização de amortecedor deve ocorrer na entrada de todos os equipamentos. Operar o secador sempre nas temperaturas especificadas pelo fabricante. Secagens a altas temperaturas provocam danos aos grãos, como redução do valor nutritivo (queima de proteínas, carboidratos, vitaminas, etc..), fissuras na parte externa (casca) que facilitam a penetração de pragas. Após a operação, deixar o secador trabalhar por 20 minutos, para que ocorra a secagem da umidade no interior do mesmo, eliminando a saturação e possíveis focos de oxidação nas chapas. Com a torre de secagem carregada, relugar as pressões de trabalho do secador através de manômetro. Verificar funcionamento do controle de nível, termômetros e do quadro de comando geral. Na fornalha, verificar as condições das grelhas da câmara de combustão, das paredes internas, do quebra chamas, e a limpeza do redemoinhador. Para uma operação adequada, os cinzeiros deverão ser limpos e abertos, a lenha (seca) distribuída sobre toda a grelha e a porta da fornalha deve permanecer fechada, forçando o ar a passar pela câmara de combustão. As pressões de trabalho da fornalha e do secador devem ser monitoradas pelo manômetro durante todo o funcionamento, instalado junto ao secador em locais indicados e visíveis. Ele deve ser observado, em caso de alteração das pressões, o operador deverá regular novamente o siste-

ma para manter os índices especificados e observar o que gerou a desregulagem. Geralmente é por excesso de alimentação de lenha, aumentando a temperatura e obrigando abertura da entrada do ar natural. A economia de lenha esta relacionado diretamente com uma alimentação continua da câmera de combustão e distribuição da lenha na mesma. As oscilações de temperatura provocam secagem não uniforme e quando a temperatura se eleva acima do limite, surgem riscos de incêndio. Por isso, é ideal manter a alimentação contínua de lenha deixando a temperatura de secagem dentro dos parâmetros determinados. Quando em situação de incêndio deve-se abrir a chaminé, fechar a alimentação de grãos e agilizar a descarga, desligar os exaustores, abafar a fornalha fechando os cinzeiros, fechar entradas de ar no secador, identificar ponto do incêndio, aguardar a conclusão da queima e, após, promover uma limpeza. Lembramos que o incêndio sempre inicia onde há concentração de impurezas e este é o principal motivo para a realização de limpezas. Em caso de reincidência de incêndio no mesmo local, deverá ser feito uma inspeção criteriosa, pois poderá existir alguma peça obstruir o fluxo do grão na torre e retenção de palhas/vages. Evite utilizar água para apagar incêndios. A etapa da armazenagem de grãos para o produtor é a hora da verdade. Todas as fases anteriores irão terminar neste ambiente onde guardaremos nosso produto. Desta forma, qualquer processo realizado de forma inadequado, as consequências como perdas qualitativas e quantitativas surgirão nesta etapa final. Para reduzir riscos de perdas, devemos ter antecipadamente uma boa limpeza, secagem homogêne/padrão e distribuição da massa de grãos mais uniforme possível. Tudo sustentado por 3 itens: aeração, termometria e exaustão. Devemos ter o conceito de que guardar com qualidade exige recipientes higienizados. Silos ou Armazéns devem ser preparados criteriosamente para receber a safra, que ficará depositada por tempo indeterminado. Logo, existe a necessidade de realizar uma limpeza retirando todos os resíduos de grãos, impurezas e focos de contaminação. Nos Silos devemos limpar as paredes internas, canaletas e as chapas perfuradas de aeração (desobstrução dos furos) e verificar a existência de infiltração de umidade. Lubrificar o espalhador de grãos, os registros de descarga, o ventilador e a rosca

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¦Qualidade¦ varredoura, quando houver e o fechamento da porta de inspeção pela parte interna do silo. Verificar a fixação dos cabos de termometria e o seu funcionamento (calibragem anual), testando os sensores de temperatura e suas conexões. Quando iniciar a carga, observar o funcionamento do espalhador de grãos (giro), em momento de paradas, nivelar o talude interno para termos uma aeração uniforme, iniciar o processo de aeração por insuflação e monitorar as temperaturas da massa. A aeração deverá ser acionada com base nas informações recebidas da estação meteorológica e com analise das tabelas de equilíbrio higroscópico. Na descarga dos grãos, iniciar sempre pelo registro central (para silos verticais). Na sequência, acionar os demais, observando o comportamento do talude interno, concluindo o processo através da rosca varredora. Para os armazéns, as instruções são similares. Jamais caminhar sobre a massa de grãos, caso seja necessário, fazer somente com utilização de sistema de segurança e acompanhado. Os transportadores são fundamentais para manter a capacidade de processamento (fluxo). Nos elevadores de caçambas, devemos seguir as instruções de manutenção como fixação das caçambas e seu desgaste, alinhamento das calhas e correias das caçambas e a tensão desta última, e regulagem do freio contra recuo, dispositivo que evita embuchamento do elevador no caso de falta de energia, retirar as impurezas que ficam acumuladas no funil de saída para evitar obstrução de passagem dos grãos, reduzindo a capacidade de transporte. A alimentação deve ser feita somente com as caçambas em movimento, não ultrapassando a capacidade máxima especificada, caso contrário ocorrerá embuchamento no pé. Evitar parada com as caçambas cheias de grãos, que provoca sobra carga quando da nova partida, causando danos no motor/motoredutor e transmissões. Estas instruções de operação são válidas e se aplicam aos demais transportadores. Nas correias transportadoras, deve-se verificar o alinhamento e se os roletes estão girando livremente. Cuidar da tensão da correia através dos esticadores (manual ou por contra peso). Se estiver operando acima da tensão, haverá redução na capacidade de transporte, por não poder formar a superfície adequada para transportar o volume. Com tensão abaixo do especificado, provoca desalinhamento e pos-

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síveis danos na borracha. Na questão segurança, não deslocar o carro de despejo lateral com a correia em movimento e observar que roletes trancados, quando a correia em funcionamento, geram aquecimento na mesma (borracha) provocando risco de incêndio e explosão em ambientes confinados com pó. Nos transportadores helicoidais, é importante manter os mancais lubrificados e observar a regulagem do caracol (helicóide), mantendo-o nivelado e alinhado, não permitindo o contato deste com a calha. Cuidar que o afastamento entre o helicoide e a calha seja entre 5 a 8 mm, ou maior que o grão, evitando danos mecânicos no mesmo. O grande item de desgaste é a bucha interna dos mancais intermediários, esta deve ser substituída quando o caracol iniciar o contato direto com a calha e danificar o grão (quebrar). São algumas instruções técnicas para iniciar o recebimento da sua colheita. Importante é termos um plano de manutenção preventiva e corretiva e de um programa de capacitação dos operadores. Uma equipe capacitada para operação, com o domínio das melhores práticas, complementa e garante uma armazenagem segura. Conservação de grãos consiste em cuidar corretamente do mesmo, deste a recepção até guardar final em silos e armazéns, mantendo a integridade original da lavoura.


¦Logística¦ Afinal, sabemos plantar mas não sabemos administrar a logística?

Osvaldo J. Pedreiro Esta é a pergunta que se faz no momento em que a colheita da maior safra brasileira de soja da história começa a ser colhida. Os números variam entre 88 e 91 milhões de toneladas, com os mais renomados institutos de pesquisas internacionais variando suas previsões para cima e para baixo sempre de olho nos relatórios climáticos anunciados semanalmente. Uma verdadeira guerra de números especulativos, e que só conseguem dificultar a comercialização da safra no Brasil, pois o produtor sempre acredita que "amanhã vai subir mais" e decide segurar o produto como pode. Pois é aí que mora o perigo! Na contramão da comercialização vem o custo logístico que envolve armazenagem e frete principalmente. Os transportadores ficam de olho no tamanho do volume a ser escoado daqui pra ali e começa o jogo do sobe e desce nos valores de frete, travando qualquer negociação que se tenta desenvolver. Não bastassem os baixos estoques norte americanos e o apetite voraz dos chineses principalmente a buscar cada vez mais a soja que esteja disponível no mercado para fazer frente ao grande e crescente consumo do seu povo que não pára de comer!... que coisa hein?!... Um regimezinho aí ficaria bom não é mesmo? Mas como parar de comer se a cada dia tem mais boca para ser alimentada? Aí não dá mesmo, e temos que administrar essa demanda com muito juízo e com muita tecnologia para produzir mais e mais o que o mundo tanto almeja! Mas não podemos ficar à espera de que os governantes assumam as rédeas e resolvam a situação. Cada um de nós, envolvidos nessa roda de produção/oferta/demanda/logística temos que arregaçar as mangas e sair em busca de soluções para o caos que se avizinha. Sabemos que a região de maior produção no Brasil é o Mato Grosso em larga escala, mas que depende dos Estados do Centro-Sul para colocar os seus produtos e continuar a produzir o quanto mais puderem, e que tem como concorrente direto a produção regional dos demais Estados (MS, GO, MG, SP, PR, SC e RS) - não desprezando os demais Estados que produzem menos, mas que também fazem parte do mesmo processo -,

Novo Horizonte Assessoria osvaldo.pedreiro@uol.com.br

disso se aproveitam os setores de transporte para lucrar o mais que puderem e exorbitam nos preços de fretes em detrimento dos que produzem com suor e lágrimas. Não tenho nada contra os nossos amigos caminhoneiros, mas como já tivemos oportunidade de comentar em edições anteriores, quem mais lucra no agronegócio brasileiro é quem não pega na enxada para preparar o solo e produzir riquezas para alimentar o povo brasileiro e os países que chegam ao Brasil para buscar o que não acham no resto do mundo para seu próprio sustento. A falta de estrutura nas fazendas em todo o Brasil é o fator principal pelo desequilíbrio das receitas oriundas do processo produtivo do agronegócio; e o produtor brasileiro já demorou demais para entender que deveria estar investindo nesse setor para maximizar seus lucros e ter o seu produto muito mais valorizado do que ficar à mercê das esmolas que o governo pode oferecer em termos de ajuda financeira para perdas sucessivas de safras por este ou aquele motivo. Era o que eu tinha por hora; falei e disse. Um abraço a todos e bons negócios.

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¦Biocombustivel¦ Antes da década de 1960 já havia preocupação ambiental com as fontes de energia esgotáveis do mundo e o aquecimento global. A alta energia demandada nos setores industriais e domésticos, somada aos problemas de poluição causados pelo uso de combustível fóssil tem aumentado o interesse e necessidade de desenvolver formas de aproveitamento de energia de fontes renováveis de menor impacto ambiental.

Uso do bioetanol na extração de óleo de grãos vegetais e produção de biodiesel

Marisa Aparecida Bismara Regitano d´Arce Doutora em Ciência de Alimentos Professora Titular da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo- ESALQ/USP Laboratório de Óleos e Gorduras, ESALQ/USP marisadarce@usp.br

agroindustrial, florestal, doméstica, entre outras. No Brasil, desde a década de 1920, existem relatos de testes realizados com combustíveis alternativos e renováveis em motores pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT). O Brasil possui grande potencial para produção de biocombustível com o cultivo principalmente de cana-de-açúcar e de oleaginosas, sendo atualmente o bioetanol de cana-de-açúcar e o biodiesel de óleo de soja os mais produzidos e utilizados no país. O biodiesel é um combustível formado por ésteres de ácidos graxos, também chamados de ésteres alquílicos de ácidos carboxílicos de cadeia longa. Este biocombustível é obtido principalmente por uma reação chamada de transesterificação, a qual ocorre entre óleo vegetal ou gordura animal (triacilglicerol), com álcool de cadeia curta como o metanol e o etanol e na presença de um catalisador (Figura 1). O álcool é chamado de aceptor de acila e, ao reagir com os triacilgliceróis, fornecerá o grupo alquila (metila, etila, propila e butila) e produzirá ésteres metílicos ou etílicos quando o metanol ou etanol for utilizado, respectivamente. Nesta reação, para cada quilo de óleo, aproximadamente um quilo de biodiesel e 0,1 quilo de glicerol são produzidos.

Naiane Sangaletti Gerhard Doutora em Ciências na área de Química na Agricultura e no Ambiente Laboratório de Óleos e Gorduras, ESALQ/USP

Thais Maria Ferreira de Souza Vieira Doutora em Ciência de Alimentos Professora Titular da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo- ESALQ/USP Laboratório de Óleos e Gorduras, ESALQ/USP Desde então, institutos e empresas de pesquisas vêm desenvolvendo e aperfeiçoando formas de produção de biocombustíveis para reduzir o consumo de derivados de petróleo e, com isso diminuir a emissão dos gases do Efeito Estufa. Embora o petróleo seja um combustível fóssil abundante no planeta, ele é limitado. Além disso, muitos países dependem de sua importação e sofrem com as oscilações do preço desta matéria-prima e seus derivados, como é o caso da gasolina e do diesel. Assim, uma das alternativas adotadas foi a produção de biocombustíveis utilizando matérias-primas de fontes renováveis, as quais são provenientes de plantas, biomassa 24 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

Figura 1. Reação de transesterificação para obtenção de biodiesel

O principal fator econômico restritivo na cadeia produtiva de biodiesel está em seu custo relacionado com a produção e processamento da matéria-prima principal (oleaginosa). É frequente a discussão sobre estratégias de minimização dos custos de produção. Além dos insumos diretamente utilizados, como óleo e o álcool, a logística do produto tem grande peso. A ideia da unidade de extração do óleo junto da produção de biodiesel vem sendo proposta, entretanto elas geralmente são construídas longe dos centros consumidores, o que gera gasto com transporte do produto. Se estas unidades estiverem nos centros consumidores de biodiesel, o problema resumirá no transporte de grãos e coprodutos (farelo e glicerol). A matéria-prima lipídica representa até 80% do custo do produto. Portanto é desejável que a


Acesse: www.graosbrasil.com.br extração da fração lipídica da matriz oleaginosa seja eficiente e simples, com eliminação de etapas de processamento e baixa geração de resíduos; e que a matéria graxa apresente características adequadas para possibilitar elevados rendimentos em biodiesel. O óleo vegetal pode ser extraído por prensa ou por solvente. A prensagem é o processo mais recomendado para matériasprimas com teores de óleo acima de 20% de óleo. A extração por solvente é uma alternativa mais eficiente à prensagem para a extração do óleo de grãos oleaginosos, sobretudo para os que têm teores não tão elevados de óleo, como a soja. A extração do óleo geralmente é realizada com solventes derivados do petróleo, como o hexano, que solubiliza o óleo intracelular, sem reagir com outros componentes da matéria oleaginosa. Porém, este solvente apresenta algumas desvantagens, tais como inflamabilidade, explosividade e toxidez. Sabe-se que alguns solventes como n-heptano, n-propanol, álcool isopropílico e etanol podem ser utilizados como solventes alternativos na extração de óleo de soja. O etanol foi empregado como solvente na extração de óleo, pela primeira vez, em uma instalação industrial, por volta do ano de 1934 na China. Desde esta época, já se falava na viabilidade técnica e de energia em utilizar o etanol como substituto do hexano. Esse fato somado à disponibilidade do bioetanol no Brasil, o Laboratório de Óleos e Gorduras do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da ESALQ/

USP desde a década de 1980, vem aperfeiçoando a extração de óleo em que o etanol é o solvente. Extração de óleo com etanol Nas extrações de óleo de soja com hexano, a miscela (mistura de óleo mais solvente) deve ser destilada para a separação do óleo bruto que segue para o refino e do solvente, o qual é recuperado por condensadores e reutilizado em extrações posteriores. O farelo obtido neste processo deve ser dessolventizado (recuperação do solvente) e tostado para ser consumido como alimento. Entretanto, a tostagem é a etapa que mais consome energia no processo de extração de óleo devido às elevadas temperaturas necessárias para remover o solvente residual e principalmente eliminar as substâncias indesejáveis e tóxicas (compostos antinutricionais) do farelo. Ao contrário do hexano, o uso de etanol como solvente na extração de óleo elimina a etapa de destilação do solvente e o de refino da miscela extraída, ao resfriá-la até 30ºC, gerando uma miscela rica em óleo (miscela rica) e outra miscela rica em álcool (miscela pobre). A eficiência da extração do óleo de soja com etanol chega até 83%, gerando um teor de óleo residual no farelo de 4,2% em extrator intermitente com recirculação de miscela pobre e etanol 99% e temperatura de 78°C por 4 horas. A vantagem deste processo é que a miscela pobre, contendo até 91% de etanol, é reutilizada no processo de extração, e a miscela rica, com até

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¦Biocombustivel¦ 90% em massa de óleo e até 8% em massa de etanol, pode ser utilizada diretamente para produção de biodiesel sem a necessidade de dessolventização e de etapas de refino (Figura 2).

Figura 2. Fluxograma do processo de extração de óleo de soja utilizando hexano (A) e etanol (B) como solvente.

Além disso, a substituição do hexano pelo etanol promove um pré-refino, com a remoção parcial dos fosfolipídeos e dos ácidos graxos livres no óleo de soja e a extração de compostos indesejáveis, como o ácido clorogênico no girassol, gossipol no caroço de algodão e aflatoxina no amendoim. A extração com etanol agrega valor aos produtos e coprodutos do processo por destoxificar farelo e dispensar a degomagem e a neutralização de óleos, tornando o processo mais econômico energeticamente e limpo ambientalmente por gerar menos resíduos. O farelo de soja proveniente da extração de óleo com etanol apresenta alto teor de proteína (48%), coloração mais clara, além da baixa toxidez do solvente (Figura 3).

Figura 3. Soja laminada antes (A) e depois (B) da extração de óleo com etanol.

Um período de extração do óleo de quatro horas à temperatura de 78 °C (ponto de ebulição do etanol) é suficiente para eliminar os compostos antinutricionais sem tratamento térmico adicional e ainda manter o elevado teor protéico para formulação de alimentação animal (Figura 2 (B)). Além disso, agentes de flatulências como os oligossacarídeos presentes na soja, que não são degradados por processos térmicos, são removidos do farelo graças ao emprego do etanol (REGITANO-D'ARCE, 2006b). 26 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

Produção de biodiesel com miscela rica A matéria-prima lipídica, o tipo de álcool (chamado de aceptor de acila na reação) e o tipo de catalisador utilizados na reação de transesterificação são os componentes químicos que podem interferir no rendimento final do biodiesel. A característica química e qualidade do material lipídico vão definir o tipo de catalisador será usado. Os catalisadores são substâncias químicas ou enzimáticas que aceleram a reação, reduzindo o tempo de produção e alcançando elevados rendimentos de um produto. Os catalisadores homogêneos mais usados e os mais comuns são os alcalinos (NaOH e KOH) e os alquilados metálicos (metóxido ou etóxido de sódio), de fácil emprego e de custo acessível. Entretanto, para alcançar altos teores de ésteres, estes catalisadores exigem uma matéria-prima pura, principalmente livre de água e de ácidos graxos livres. Já os catalisadores homogêneos ácidos são os mais indicados para as matérias-primas com elevado teor de ácidos graxos livres e água, sendo os ácidos sulfúrico, clorídrico, sulfônico e fosfórico os mais utilizados. Porém, são pouco aplicados porque a reação é lenta e danificam os equipamentos. Os catalisadores heterogêneos incluem resinas trocadoras de íons, complexos metálicos, polímeros orgânicos e os biocatalisadores (enzimas). Estes catalisadores apresentam vantagens sobre os homogêneos por serem facilmente separados do produto, reduzirem significativamente o número de etapas de purificação e possibilitarem a sua reutilização. O metanol é o álcool mais utilizado na produção de biodiesel pela rápida conversão e altos rendimentos no processo, entretando tem a desvantagem de ser derivado de petróleo e altamente tóxico comparado ao etanol. Já o etanol é de mais fácil manuseio, de fonte renovável e de uso plenamente justificável em um país como o Brasil. A transesterificação com etanol como aceptor de acila e catalisador alcalino vem sendo cada vez mais investigada e aperfeiçoada, apresentando resultados comparáveis aos provenientes do uso de metanol. Matérias-primas como o óleo de soja bruto não podem ser utilizadas diretamente para a produção de biodiesel. Há a necessidade da degomagem e da neutralização para a remoção dos fosfolipídeos e ácidos graxos livres, respectivamente. A água e a acidez do óleo afetam negativamente o rendimento da esterificação. Teores de ácidos graxos livres superiores a 0,5% e de água maior que 0,3% provocam a formação de sabões quando catalisadores alcalinos são utilizados, reduzindo o rendi-


Acesse: www.graosbrasil.com.br mento do biodiesel. Além disso, os fosfolipídios, por serem bons agentes emulsificantes, dificultam a etapa de purificação do biodiesel, quando é aplicado catalisador alcalino e são altamente danosos para o catalisador enzimático. A miscela rica, proveniente da extração de óleo de soja com etanol, apresenta 0,3% de água, 0,4% de ácido graxo livre e 0,6% de fosfolipídeos, sem passar por etapas de refino. Estas características químicas permitem a produção de biodiesel por transesterificação direta entre a miscela rica e o etanol (aceptor de acila), utilizando catalisador alcalino (hidróxido de sódio) e enzimático (Figura 4).

Figura 4. Produção de biodiesel a partir de miscela etanólica rica em óleo de soja

Em recente trabalho de nossa autoria, a reação de transesterificação foi realizada com miscela rica e etanol na proporção 1,12:0,62 g de miscela rica:etanol 99%, e catalisador alcalino (0,6% NaOH). Após 60 minutos de reação à temperatura de 30°C foi alcançado rendimento de 97,2% de ésteres etílicos, o que torna o processo vantajoso energeticamente quando comparado ao processo industrial convencional que utiliza temperaturas superiores a 60°C. Além do alto rendimento, o biodiesel produzido a partir de miscela rica apresentou todos os parâmetros dentro dos limites determinados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biodiesel (ANP), o que permite sua comercialização no Brasil. A Novozym®435 é o nome comercial da lipase B da Candida antartica, imobilizada em resina de acrílico (polimetilmetacrilato). É a lipase mais investigada como catalisador enzimático por sua robustez e, especificidade e excelente conversão de ésteres, chegando a 99% de rendimento na produção de biodiesel. Entretanto, o rendimento em ésteres etílicos foi de 85,4% na transesterificação direta de miscela rica e etanol (proporção 1,12:0,23 g miscela rica:etanol 99%) e 9,5% de catalisador à temperatura de 40°C por 24 horas. Foi observado que os fosfolipídeos e o glicerol são adsorvidos na superfície da resina que suporta a lipase dificultando o contato da enzima com o substrato. Além disso, o fósforo e o etanol

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¦Biocombustivel¦ podem provocar envenenamento catalítico e desnaturação da lipase, respectivamente, provocando a desativação do catalisador. Em nossa pesquisa em colaboração com a Universidade de la Frontera doChile, foi observado que 5% de cosolvente (terc-butanol), retardou em três ciclos a desativação da lipase Novozym®435. Além disso, o rendimento de ésteres etílicos alcançou 94% na presença de 5% de ter-butanol. Isto demonstrou que o terc-butanol manteve o glicerol e os fosfolipídeos dissolvidos no substrato, retardando o contato destas impurezas a Novozym®435. Assim, o biodiesel proveniente da miscela rica por catalisador alcalino ou enzimático pode ser uma alternati-

va promissora para localidades distantes de grandes centros abastecedores de diesel. O processo contribui para a redução de gasto de energia podendo ocorrer em uma única planta, utilizando somente etanol como solvente na extração e aceptor de acila na reação de transesterificação, reduzindo a produção de resíduo gerado em uma indústria de refino de óleo. O uso de miscela rica em óleo, não refinada, nesta reação, reduz o custo da matéria-prima na produção de biodiesel. O uso do etanol na extração do óleo e produção de biodiesel demonstrou ser um processo sustentável quanto aos aspectos ambientais, energético e econômico.


¦Aeração¦ A aeração é uma das operações do pré-processamento de grãos, em que, por meio da passagem de um fluxo de ar, em condição ambiente, pela massa de grãos é renovado o ar do espaço intergranular. Fato esse, que propicia os seguintes benefícios: (a) remoção de odores, (b) homogeneização do teor de umidade do produto, e (c) uniformização da temperatura do produto.

Aeração de grãos Aplicabilidade e Riscos No entanto, para alcançar esses benefícios o sistema deve ser apropriadamente operado, e ter sido adequadamente dimensionado e implantado. Na operação, especial atenção deve ser dada as condições psicrométricas do ar ambiente. Pois, se o fluxo de ar aplicado possuir baixa umidade relativa, ocorrerá a supersecagem do produto. Por outro lado, se a umidade relativa do ar for alta, aumentará a disponibilidade de água no espaço intergranular, propiciando a proliferação de fungos. O desenvolvimento de fungos na massa de grãos traz danos como: geração de odores, aumento da temperatura, metabolização de micotoxinas, e o aumento dos índices de grãos ardidos. Desse modo, devido à importância do tema, aeração dos grãos armazenados, discorre-se a seguir sobre: (i) o sistema de aeração; (ii) a operação; e (iii) os riscos das ocorrências da supersecagem ou reumedecimento. Sistema de aeração O sistema de aeração é constituído pelo ambiente de armazenagem, ventilador, duto condutor e dutos de distribuição. a) O ambiente de armazenagem O ambiente de armazenagem configura-se como um ecossistema instalado no interior dos silos ou das células dos graneleiros. Este ecossistema possui elementos vivos e não vivos, denominados como bióticos e abióticos, respectivamente. Os bióticos são a massa de grãos, insetos, fungos, bactérias e ácaros. E abióticos correspondem o ar intergranular, as impurezas e os remanescentes de defensivos químicos empregados no controle de pragas. Os elementos bióticos ao respirarem geram calor, água e gás carbônico. E isso é potencializado, quanto maior for a temperatura e a disponibilidade de água no ambiente. No caso específico dos grãos, quanto maior for a taxa de respiração, mais acelerado será a transformação da matéria seca do produto em calor, água e gás carbônico. O que configura como perdas quantitativas. Para evitar essa perda, o ideal é armazenar milho, soja ou trigo com o teor de umidade próximo a 13% e a temperatura inferior a 20 °C. A exceção dos grãos, os demais elementos do ecossistema estão dispersos no espaço intergranular. O volume desse espaço é calculado empregando o valor da propriedade física dos grãos denominada porosidade. Essa propriedade tratase da razão percentual entre o volume intergranular e o volume total da massa de grãos. Para milho, soja e trigo os valores da porosidade são, aproximadamente, 40, 38, e 45%, respectivamente.

Dr. Luís César da Silva Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Centro de Ciências Agrárias - CCA silvalc@agais.com Desse modo, para milho com massa específica de 0,75 t/ m³, ao ser considerado um silo com as dimensões representadas na Figura 01, tem-se que dos 305 m³ ocupados pelo produto, 122 m³ (=0,40 x 305) corresponde ao volume do espaço intergranular.

Figura 1. Sistema de aeração - unidade silo.

Portanto, é nesse volume de 122 m³, é que estão presentes o ar, as impurezas, os remanescentes de defensivos, esporos de fungos e suas formas vegetativas, bactérias, os insetos nos diferentes estágios de desenvolvimento, e os ácaros. b) Os ventiladores Os ventiladores são bombas projetadas para imprimir fluxos de ar ou de gases. Imprimir fluxo traduz em estabelecer uma vazão, exemplo 100 m³ de ar/min, a uma determinada pressão, exemplo, 30 milímetros de coluna de água (30 mm de c. a.) Para definição do valor da vazão, deve-se observar o fluxo de ar indicado para operação. Por exemplo, para operação de aeração de grãos armazenados em silos recomendase fluxos de ar entre 30 a 100 L de ar/min/m³ de produto, enquanto em graneleiros os valores devem variar de 100 a 200 L de ar/min/m³ de produto. Os maiores valores para os graneleiros devem à maior dificuldade em atingir a todos os pontos da massa de grãos. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 29


¦Aeração¦ Desse modo, tomando silo representado na Figura 01, considerado a necessidade de aplicação de um fluxo de 50 L de ar/ min/m³ de produto, e o volume de produto igual a 305 m³, é calculado que será necessário a aplicação de uma vazão de 15.250 L de ar/min (= 50x305), o mesmo que, 15,3 m³ de ar/min. Portanto, o ventilador a ser adquirido deve imprimir uma vazão de no mínimo 15,3 m³ de ar/min. Além da vazão, para especificar um ventilador é necessário determinar a pressão a ser aplicada. Essa pressão deve possuir uma magnitude que permita vencer as resistências impostas ao fluxo, que são: (i) as rugosidades das superfícies internas dos dutos, (ii) a chapa perfurada dos dutos de distribuição, (iii) a altura da coluna de grãos, (iv) o produto, (v) a compactação da massa de grãos, e (vi) o teor de impureza do produto. O somatório dessas resistências denomina-se perda de carga, ou queda de pressão, que tem o valor expresso em milímetros de coluna de água (mm c. a.) ou centímetros de coluna de água (cm c. a.). Normalmente, para medição dessas pressões empregam-se manômetros em "U" carregados com água. Para o silo representado na Figura 01, tem-se que para garantir vazão de 15,3 m³ de ar/min, o ventilador deverá imprimir uma pressão 3,7 milímetros de coluna de água (mm c. a.). Esse valor foi definido em função da perda de carga relativa à coluna de grãos, o que pode ser estimado como base nos Gráficos ou Equações de Shedd, que são específicos para cada tipo de produto. Além disso, na prática é acrescido um valor percentual (50 a 100%) relativo às demais perdas de carga. c) Os dutos condutores e de distribuição Os dutos condutores são projetados para promover à conexão do ventilador a câmara "plenum" dos silos, ou aos dutos de distribuição, que possuem a face superior cobertas em chapas perfuradas, por onde o fluxo de ar é introduzido à camada de grãos. Dessa forma, a área de chapa perfurada pode corresponder a toda base do silo, ou então, as diferentes disposições representadas na Figura 02. O valor da área de chapa perfurada dependerá da intensidade da vazão. E o número de dutos é definido, de tal forma garantir a uniformidade do fluxo de ar por toda seção do silo.

cos, como representado na Figura 03a, são estabelecidos microclimas que configuram como uma finíssima camada de ar. As condições psicrométricas nesse microclima são definidas segundo o teor de umidade e temperatura dos grãos. Assim, quanto maior é o teor de umidade do produto, maior será a disponibilidade de vapor nesse microclima, como também, quanto maior a temperatura do produto maior será o aporte calórico nessa finíssima camada de ar. Ao acondicionar os grãos em silos, ou graneleiros, ocorre à sobreposição dos microclimas, estabelecendo assim, no espaço intergranular, uma massa de ar que tem as condições psicrométricas reguladas pela massa de grãos.

Figura 3. Representação do microclima na superfície dos grãos.

Para estimar as condições psicrométricas do ar do espaço intergranular empregam-se as tabelas ou equações de equilíbrio higroscópico, que são especificas para cada produto. O ideal seria que os sistemas de termometria contassem com sensores de temperatura e umidade relativa. Exemplificando o uso da tabela, é apresentada Tabela 01 que traz os teores de umidade de equilíbrio para milho. Para situação de equilíbrio higroscópico não há troca de vapor entre os grãos e o ar circunvizinho. Desse modo, por exemplo, se o produto armazenado apresentar temperatura de 20 °C e o teor de umidade igual a 13,2%, conclui-se que a umidade relativa do ar no espaço intergranular é de 65%. Ao dividir esse valor por 100, tem-se que a atividade aquosa nesse ambiente será 0,65. O desenvolvimento dos fungos e bactérias durante o período de armazenagem é regulado pelo nível de atividade aquosa e temperatura no espaço intergranular.

Figura 2. Representação das configurações de áreas de chapa perfurada na base de silos.

Para os casos de silo, ou graneleiros, em que a altura de grãos exceda a 6,0 metros de coluna de grão, ao invés de se utilizar dutos distribuidores cobertos por chapas perfuradas são empregadas às estruturas denominadas casamatas. Tabela 1. Teores de umidade de equilíbrio para milho

Operação - Riscos de supersecagem e reumedecimento Os grãos, como outros materiais biológicos, são higroscópicos, ou seja, possuem a capacidade de trocar água na forma de vapor com o ambiente. Sobre os materiais biológi30 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

Na Tabela 02 são apresentados os valores de atividade aquosa no espaço intergranular para temperaturas de 26 a 30 °C, e as respectivas espécies de fungo que tem condições


Acesse: www.graosbrasil.com.br propícias para proliferação.

Tabela 2. Valores de atividade aquosa no espaço intergranular para temperatura de 26 a 30 °C, e as espécies de fungo que proliferam nessas condições

Na condução da operação de aeração as tabela ou as equações de equilíbrio higroscópico devem ser empregadas para evitar a supersecagem ou o reumedecimento da massa de grãos. Vide os cenários apresentados. Cenário 1: Suponha que no silo representado na Figura 01 esteja armazenado milho com teor de umidade de 13,2% e temperatura de 20 °C. O operador da unidade constatou que a temperatura e umidade relativa do ar ambiente são 30 °C e 60%, respectivamente. Pergunta: A operação de aeração pode ser realizada?

Resposta: Não, pois ao consultar a Tabela 01, constata-se que para condição psicrométrica do ar ambiente, o teor de umidade de equilíbrio será de 16,1%. Portanto, se o operador insistir na condução da operação, o teor de umidade do produto poderá aumentar. Ocorrendo assim o fenômeno de reumedecimento. Nota: Nas análises dos Cenários 1 e 2 não foram consideradas a possibilidade da temperatura do fluxo de ar aumentar em razão da turbulência ocorrida no interior dos ventiladores. Nesse caso, o aumento pode atingir até 2 ºC, o que altera as condições psicrométricas do ar. No fenômeno de reumedecimento, dificilmente, toda a massa de grãos atingira o teor de umidade de 16,1%. O mais agravante desse fenômeno será o aumento de disponibilidade de água no espaço intergranular, o que fatalmente acelera a proliferação de fungos. Com a proliferação desses agentes gera-se calor, gás carbônico, água e, possivelmente, micotoxinas. O calor, água e o gás carbônico provem da respiração dos fungos. E para isso os fungos consomem os grãos, o que leva a perda de

Resposta: Não, pois ao consultar a Tabela 01, tendo por dados de entrada a temperatura e umidade relativa do ar ambiente iguais a 30 °C e 60%, respectivamente, constata-se que o teor de umidade de equilíbrio será de 11,7%. Nesse caso, se o operador insistir na condução da aeração parte ou a totalidade do produto armazenado tenderá a reduzir o teor de umidade de 13,2% para 11,7%, o que corresponde a uma quebra de umidade de 1,73% (= (13,211,7)÷(100-13,2)). O quantitativo dessa perda será função de quantas horas o sistema de aeração ficou ligado. A ocorrência da supersecagem implica que parte do produto armazenado, ou a totalidade, teve o teor de umidade reduzido abaixo do recomendado para comercialização. Se isso ocorreu, por ocasião da expedição será constatada a falta de produto. Pois, parte da água do produto foi evaporada durante a operação de aeração realizada em momento inapropriado. Cenário 2: Para o silo representado na Figura 01, onde está armazenado milho com teor de umidade de 13,2% e temperatura de 20 °C, o operador constata que a temperatura e umidade relativa do ar ambiente são 18 °C e 80%, respectivamente. Pergunta: A operação de aeração pode ser realizada?

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¦Aeração¦ massa do produto. Normalmente, no processo de reumedecimento, ocorrerá condensação do vapor de água nos pontos mais frios do produto armazenado, pois à medida que o ar perde calor para o produto, perde-se também a capacidade de transportar o vapor de água. Para evitar a supersecagem ou o reumedecimento durante a operação de aeração é extremamente necessário que o operador tenha conhecimento das condições psicrométricas do ar ambiente, disponha de informações sobre as condições de armazenagem do produto, e faça uso das tabelas ou equações de equilíbrio higroscópico para a tomada de decisão quanto ao melhor momento de conduzir a operação. As propriedades psicrométricas do ar ambiente variam ao longo do dia. Para exemplificar, na Figura 04 são representadas as variações da umidade relativa e temperatura, ocorridas na cidade de Maringá-PR durante o dia 17/03/2012. Observa-se que os maiores valores de umidade relativa ocorrem entre às 03:00 e 10:00 horas, alçando valores próximos de 90%, Enquanto, os maiores valores de temperatura ocorrem ao final da tarde com o pico de 31,1 °C às 18:00 h, nesse momento a umidade relativa foi de 50%. Quanto aos momentos propícios para aeração dos grãos, o que seria temperaturas entre 20 e 25 ºC e umidade relativa entre 60 a 70%, para o dia selecionado ter-se-ia alguns minutos por volta das 13:00 horas. Portanto, na prática, esse seria um dia impróprio para conduzir a aeração.

massa de grãos em diferentes pontos; (iii) central computadorizada - analisa os dados da termometria e os das condições psicrométricas do ar ambiente, processa o programa selecionado pelo operador que pode ser: "Secagem" (secaaeração), "Conservação" (aeração) ou "Resfriamento", e repassa informações ao sistema de acionamento dos ventiladores; e (iv) sistema de acionamento dos ventiladores: aciona os ventiladores, e se o sistema dispõem de queimadores de gás junto a entrada de ar dos ventiladores, estes poderão ser acionados caso as condições psicrométricas do ar ambiente não sejam propicias no momento do acionamento dos ventiladores.

Figura 5. Representação sistema automatizado de aeração.

O sucesso no uso dos sistemas automatizados de aeração, como também na operação manual, fundamenta-se nos seguintes cuidados: - O sistema de aplicação do ar deve ter sido devidamente projetado e implantado para garantir a aplicação do fluxo de ar desejado por toda a massa de grãos. Recomenda-se periodicamente certificar a intensidade do fluxo de ar em diversos pontos da massa de grãos; - O sistema de termometria deve estar funcionando adequadamente, e os cabos devem estar devidamente posicionados. Recomenda-se, portanto, antes do carregamenFigura 4. Variação da umidade relativa e temperatura para cidade de Maringá-PR em 17/03/2012 (Fonte: SIMEPAR).

Sistemas de aeração automatizados No mercado brasileiro são comercializados equipamentos que permitem automatizar a gestão da operação de aeração, como também, a operação de seca-aeração. Na seca-aeração os grãos são removidos do secador quentes, com até dois pontos de umidade acima do teor de umidade final desejado. Os grãos aquecidos são transportados aos silos ou células dos graneleiros, onde permanecem em descanso por 4 a 8 horas. Após esse período, é insuflado um fluxo de ar nas condições ambiente com o objetivo de remover calor e os dois pontos de teor de umidade. Após essa operação, os grãos estarão com o teor de umidade e temperatura ideais para armazenagem, e o sistema automatizado passará a gerenciar a operação de aeração. Os sistemas de aeração automatizados apresentam os seguintes elementos (Figura 05): (i) estação meteorologia - permite a obtenção das condições psicrométricas do ar ambiente; (ii) sistema de termometria - propicia obtenção da temperatura da 32| Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014


Acesse: www.graosbrasil.com.br to de silos e graneleiros a fixação dos cabos junto ao fundo dessas estruturas; e - A massa de grãos deve estar devidamente limpa, e a quantidade de impureza permitida, deve estar distribuída homogeneamente pela massa de grãos. Isso facilita a passagem do fluxo de ar. Ponderações Finais Toda unidade armazenadora deve dispor no mínimo de um pscirômetro, ou termo-higromêtro, para apoio a tomada de decisão quanto à condução da operação de aeração. E mais importante, o tomador de decisão, deve estar devidamente treinado, quanto aos conhecimentos de psicrométrica, elementos do sistema de aeração, equilíbrio higroscópico dos grãos e deterioração fúngica. A aeração conduzida em momentos impróprios traz prejuízos de ordem quantitativa, como na supersecagem, ou de ordem qualitativa, como no reumedecimento. Além disso, ocorrem custos, por exemplo, depreciação dos equipamentos e uso da energia elétrica. No entanto, se a aeração for conduzida apropriadamente, tem-se por benefícios, grãos armazenados com bom aspecto, livres de odores e micotoxinas, e homogêneos quanto à temperatura e teor de umidade. Fatos que constituem o ápice da aplicação correta das tecnologias para armazenagem de grãos.

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¦Utilíssimas ¦ Curso de Capacitação e Qualificação de Classificadores de Milho, soja e trigo. Data: 24-03 à 04-04-2014 Local: Centreinar - Viçosa/MG Vagas: 25 Carga Horária: 96 horas O Curso de Capacitação e Qualificação de Classificadores será oferecido de acordo com o que determina o Decreto nº 6.268, de 22 de novembro de 2007 que regulamenta a Lei nº 9.972, de 25 de maio de 2000, que institui a classificação de produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico e dá outras providências. Tem como objetivo Credenciar técnicos classificadores, junto ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, tornando-os aptos e legalmente habilitados para exercerem a atividade de classificação dos seguintes produtos vegetais: milho, soja e trigo. Conteúdo Programático: - Legislação - Padronização e Equipamentos - Amostragem e Determinação de Umidade - Classificação Prática: Milho - Classificação Prática: Soja - Classificação Prática: Trigo Requisitos: O candidato ao curso de Formação de Classificadores deverá apresentar os seguintes documentos comprobatórios: - Carteira de Identidade; - Cadastro de pessoa Física / CPF; - Ser Técnico Agrícola, Engenheiro Agrônomo ou possuir formação de nível superior cuja regulamentação contemple sua condição legal de exercer a Classificação de Grãos, devendo estar devidamente registrado no conselho de classe correspondente; - Cópia do documento de registro no CREA ou da carteira de classificador; - 2 fotos 3x4. Público Alvo: Técnico Agrícola, Engenheiro Agrônomo, Engenheiro Agrícola e Engenheiro de Alimentos. Inscrição: O valor total do curso é de R$1.750,00. Para quem ja possui a carteira e deseja acrescentar somente os produtos, os valores são: Produto Milho-R$500,00; Produto SojaR$500,00; Produto Trigo-R$330,00. Quem for fazer somente os produtos o valor deve ser pago à vista, 1 semana antes do curso para garantir sua vaga. Para quem for fazer o curso todo o valor é de R$1.750 a vista. A prazo será dividido em 2 parcelas, sendo a 1°paga 1 semana antes do curso e a 2°parcela 1 mes apos o treinamento. O pagamento tem que ser feito mediante deposito ou boleto, somente. O curso só será confirmado 20 dias antes de seu acontecimento, pois precisa fechar turma para que o mesmo aconteça. Obs: As pessoa que quiserem fazer a reciclagem do produto milho, poderão fazer. O valor é de R$610,00. Horario e Data: Legislação a definir Padronização e Determinação de Umidade Amostragem e Equi40 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2014

pamentos a definir CLASSIFICAÇÃO Teórica/Prática: - Milho Habilitação dia-13/03-14h as 18h; 14/03-8h as 18h; 15/03-8h as 18h; 16/03-8h ao 12h CLASSIFICAÇÃO Teórica/Prática: Milho dia: a definir CLASSIFICAÇÃO Teórica/Prática: - Soja a definir CLASSIFICAÇÃO: Teórica/Prática: - Trigo a definir Mais Informações: CENTREINAR - Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem (31) 3891-2270 / (31) 3891-8380 / (31) 3899-2783 www.centreinar.org.br

ABRAPOS apresenta o VI Simpósio Sul de Póscolheita de Grãos em Chapecó-SC em 2014 A Associação Brasileira de Pós-colheita (ABRAPOS) apresenta o VI Simpósio Sul de Pós-colheita de Grãos (VISSPG2014), a ser realizado nos dias 3 a 5 de junho de 2014 na cidade de Chapecó, SC. A realização desta edição do evento será das instituições Cooperalfa e Aurora, e contará com a co-promoção de todas as cooperativas filiadas da Aurora, da universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), das cooperativas Cotripal e Cotriel, da Emater-RS, da Embrapa Soja entre outras. Pela primeira vez este evento é realizado no Estado de Santa Catarina e a comissão organizadora definiu como tema principal Grãos sadios e a Indústria de Alimentos, onde assuntos relacionados a este serão apresentados no evento em forma de palestras e painéis. Os assuntos elencados irão discorrer sobre logística da produção, qualidade e classificação de grãos, procedimentos de secagem, contaminantes nos grãos como pragas, micotoxinas, segregação e rastreabilidade das cadeias, segurança operacional nas unidades armazenadoras, entre outros. Através das discussões sobre estes temas, o evento visa estimular a busca de resultados que promovam a qualidade e a confiança das cadeias alimentares no grão armazenado. O VI Simpósio Sul de Pós-colheita de Grãos (VISSPG2014) acontecerá na Associação Atlética e Recreativa ALFA- AARA, situada no endereço: 2o Monte Alegre, Extensão da Av. Nereu Ramos, Sentido Sul, 500 metros adiante da UNOESC, na cidade de Chapecó, SC. A indústria de equipamentos, máquinas, produtos e serviços está convidada para expor nos 25 estandes disponibilizados, trazendo as inovações tecnológicas que permitirão ao setor de pós-colheita se manter na posição de destaque no agronegócio brasileiro. Reserve seu espaço através do email abrapos@abrapos.org.br.

Revista Granos & Postcosecha Latino Americana Já esta circulando a nova edição da Revista Granos & Postcosecha Latino Americana - De La Semilla Al Consumo. No seu 19º ano de existência ela vem rechegada com o mais atual conteúdo sobre a Pós-Colheita de Grãos e Sementes na América Latina. Interessados em assinar enviar email para:

consulgran@gmail.com




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