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¦ Editorial ¦ Ano XI • nº 72

Maio / Junho 2015

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Administrador Marcos Ricardo da Silva Colaborador Antonio Painé Barrientos

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Grãos Brasil é por Você! Caros Amigos e Leitores Uma vez mais junto com você para fazer chegar a melhor tecnologia para o Brasil. Temos mais de uma década trabalhando sem descanso para que a boa tecnologia, já provada, possa chegar da forma mais pura possível para os responsáveis do manejo pós-colheita de grãos e sementes. Não só com a forma tradicional em papel, alias também em forma digital estamos chegando de forma rápida a uma maior quantidade de armazéns, por isto ficamos gratos que vocês invistam seu tempo. Lembramos que é necessário atualizar-se, capacitar-se, participar de maneira que safra após safra se implemente um melhor manejo, com menos perdas e gastos. Nesta edição apresentamos matérias sobre secagem do Dr. Adriano Afonso, tecnologia de cacau, um interessante informe da professora Dra. Vildes Scussel e sua equipe, sementes do Dr. Flavio Lazzari, atualidade do comercio de nosso amigo Osvaldo Pedreiro entre outras. Também apresentamos uma matéria sobre mistura de grãos. Este é um tema de grande importância, já que na pós colheita tem que dar-se o beneficio da forma, ou seja, que o grão que sai do armazém deve ser melhor que o grãos que ingressa no mesmo. Como isto desde o ponto de vista individual e impossível, deve ser feito visando o conjunto. A mistura necessita de conhecimentos de qualidade dos responsáveis, instalações onde seja possível a classificação ou segregação, e por tanto os mecanismos de mistura. Seguimos com nossa tarefa de treinamento e cursos para os armazéns do Brasil, mais também em outros países da região, como Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia, estamos chegando com a mensagem da Pós-Colheita de Precisão, uma tecnologia de custo praticamente zero que leva a eliminar as quebras técnicas indesejáveis. Os deixo em boas mãos, obrigado aos anunciantes, editorialistas, assinantes e leitores em geral por acompanhar-nos no desafio de todos os dias. Que Deus abençoe seus trabalhos e famílias. Com afeto.

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 15

A Importância do Teor de Umidade Inicial de Armazenamento de Sementes de Soja no Crescimento Fúngico e na Redução da Germinação | Flavio A. Lazzari e outros Sucesso na Operação de Secagem: Tipos de Ventiladores em Secadores (Parte II) | Adriano Divino Lima Afonso

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A Dança dos Preços e a Incerteza do Mercado | Osvaldo J. Pedreiro

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Mistura de Grãos | Domingo Yanucci

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Segurança e estratégias de controle para o cacau (theobromacacaol) na redução de contaminantes biológicos | Heloisa Helena Kreibich e Vildes Maria Scussel

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Resfriamento de soja durante o armazenamento para preservar a qualidade dos grãos | Valmor ZieglerI e outros

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Setores

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Editorial

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Não só de pão...

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Cool Seed News

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Utilíssimas


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¦Sementes¦ A quantidade de água presente na semente tem sido comumente denominada de Teor de Umidade (TU), Grau de Umidade (GU), Conteúdo de Água (CA), Porcentagem de Água (PA) e é geralmente expressa em “base úmida” (bu%). Neste trabalho usaremos a expressão Teor de Umidade (TU) por ser o termo consagrado pelo uso geral.

A Importância do Teor de Umidade Inicial de Armazenamento de Sementes de Soja no Crescimento Fúngico e na Redução da Germinação Por: Flavio A. Lazzari, Paulo Roberto Vale da Silva Pereira, Airton R. P. Junior, Carla F. H. Sandini e Victor Goltz

O TU é o fator mais importante para a manutenção da vida da semente em condições de clima tropical e subtropical; pois, fungos diversos, de campo e/ou de armazenamento, podem colonizar, invadir e crescer no tegumento e no interior do embrião da semente matando o mesmo. Sementes individuais com embrião morto não germinam e provocam a redução do PG de lotes de sementes. Para o crescimento fúngico, o TU do lote ou de sementes individuais precisa estar 0,5-1,0 pontos percentuais (pp) acima do limite mínimo. Existe uma relação entre os níveis de umidade e o crescimento de diferentes fungos de campo e de armazenamento em sementes de soja. Quanto maior for o TU da semente, maior será a velocidade do crescimento fúngico, mais espécies de fungos irão crescer e maior será a redução na germinação de lotes de sementes. Na prática, a germinação de sementes de soja oscila de ano para ano, dependendo muito das condições climáticas durante a fase final da maturação fisiológica e colheita da semente. Sabe-se que o excesso de chuvas prejudica a colheita, 06 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2015

recebimento, secagem e armazenamento de sementes. Também, em anos bons para a colheita de sementes de soja,

Flavio Lazzari| Eng. Agronomo | flaviolazzari@gmail.com


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¦Sementes¦ lotes de alta qualidade no momento de sua colheita perdem germinação após alguns poucos meses de armazenamento. Muito disso deve-se ao desconhecimento da importância que pequenas variações no TU no início da estocagem das sementes tem para permitir a colonização e crescimento que leva à perda da germinação ao longo do tempo resultante da morte do embrião causada pelos fungos. Fungos de campo são organismos dos gêneros Alternaria, Clasdoporium, Fusarium, Helminthosporium e Rhizopus que requerem altos TU, acima de 18%, e uma faixa bem ampla de temperaturas,variando de abaixo de zero a 30°C, para crescerem em sementes. Fungos de armazenamento, dos gêneros Eurotium, Aspergillus e Pencillium, são organismos que crescem em sementes de cereais e oleaginosas na faixa de umidade variando de 13-18% após a colheita e durante o armazenamento. Eurotium herbariorum apresenta reprodução sexuada e assexuada. Quando o estágio sexual (teleomorfo) está presente o nome Eurotium é usado, mas quando predomina o estágio assexuado ou anamorfo o nome é Aspergillus glaucus. No presente trabalho, optamos pelo uso de Aspergillus glaucus, por ser o nome comumente usado para este fungo em grãos armazenados. As espécies A. flavus e A. niger crescem em temperaturas na faixa de 10-45°C; enquanto que Penicillium cresce em temperaturas que vão de – 5°C (cinco graus abaixo de zero) a 40°C. A faixa ideal de temperatura para o crescimento de fungos de armazenamento é de 20-35°C. Esporos destes fungos estão sempre presentes nas estruturas de processamento e de armazenamento de sementes, seja em moegas, pés de elevadores, equipamentos, sementes descartadas, e principalmente na poeira e no ar ambiente, constituindo o inoculo inicial para que ocorra a deposição dos mesmos sobre o tegumento e hilo das sementes vindas do campo (Christensen e Meronuck 1986; Lazzari 1988, 1990, 1997; Bullermann 2007). Dependendo das características do tegumento da semente, isto é, quantidade de poros, ceras, lignina, capacidade de embebição e velocidade de perda de água, e outros fatores isolados e/ou associados à colonização,a penetração através das paredes do tegumento e do embrião e o posterior crescimento externo se dará em diferentes velocidades. Existem grandes diferenças entre diferentes variedades de soja quanto à velocidade da infecção fúngica. Os principais fatores que permitem a infecção e a velocidade do crescimento fúngico em sementes de soja são: TU inicial da semente, temperatura da semente, tempo e condições de armazenamento. O TU inicial da semente é de longe o mais importante de todos para que ocorra a infecção e o crescimento de fungos, tanto de campo quanto de armazenamento após a colheita da semente, em condições tropicais e subtropicais. Sementes de soja armazenadas com TU médios na faixa de 13-14% não estão seguras quanto aos riscos de infecção 08 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2015

e do rápido desenvolvimento fúngico. Determinar o teor de umidade médio inicial de armazenamento de sementes de soja é importante, porém, é a variação existente entre os TU de sementes individuais que é de extrema importância para evitar perdas na germinação provocadas pelos fungos de armazenamento (Lazzari 1988, 1990). Em virtude dos custos relacionados ao descarte de lotes de semente de soja pela perda de germinação durante o armazenamento, as dúvidas existentes em relação aos fatores que provocam isso e a falta de informações mais específicas em relação à importância da umidade inicial de armazenamento, foi executado este experimento com três variedades de sementes de soja. Portanto, os objetivos principais deste trabalho foram demonstrar: 1. O comportamento do TU inicial de sementes de soja durante o armazenamento; 2. A evolução da infecção e do crescimento fúngico; 3. A perda da germinação relacionada ao TU inicial e à infecção fúngica. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido na Unidade de Beneficiamento de Sementes e no Laboratório de Análise de Sementes da Cooperativa Agrária Agroindustrial, Colônia Vitória, Distrito de Entre Rios, Município de Guarapuava, Paraná -como parte do Projeto de Qualidade de Soja. Semente de soja de 3 variedades denominadas de Lote 1, Lote 2 e Lote 3 colhidos com 14,3%; 13,7% e 15,4% de umidade, respectivamente, sem secagem artificial, foram armazenadas em três silos cilíndricos de madeira com um tubo vertical central para aeração, modelo ”kongskilde” 4,70 m de diâmetro por 7,2 m de altura com capacidade para 90 t,equivalente a 1500 sacas de 60 kg de capacidade,e mantidas sob aeração contínua com um ventilador com motor de 12,5CV. No primeiro dia de armazenamento, amostras de 3,0kg foram retiradas de cada variedade dos silos em três níveis de altura: inferior, médio e superior e três níveis de distância horizontal: centro (próximo ao tudo vertical de aeração), meio e lateral (próximo à parede) do


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¦Transportadores¦ ¦Gestão¦ ¦Sementes¦ silo, com uma sonda de 1,75 m de comprimento e misturadas. Após duas semanas as três variedades foram beneficiadas, embaladas em sacos de 50 kg de ráfia e empilhadas em lotes. Amostras eram retiradas a cada 30 dias aleatoriamente com um calador manual das sementes ensacadas durante todo o período de armazenagem de 180 dias. Amostras retiradas da mesma variedade de sementes eram misturadas para compor a amostra de trabalho de aproximadamente 3,0 kg usada para as seguintes análises: Teor de Umidade, Infecção Fúngica através do plaqueamento em dois meios de cultura e Poder Germinativo. Teor de Umidade (TU%): Foi determinado através do aparelho de umidade Supermatic (A/S N. Foss Electric) com cinco repetições de 210 g por variedade e por data de amostragem. Utilizou-se a média das cinco repetições sendo os valores expressos em base úmida (bu). Poder Germinativo (PG%): Determinado em rolo de papel,em cinco repetições de 400 sementes por variedade por data de amostragem,conforme as normas de análise de sementes. Plaqueamento em Meio de Cultura: Realizado em dois meios de cultura: Meio Ácido de Batata Dextrose Ágar (MABDA) e Meio de Agar com Suco de Tomate (MAST). Sementes de soja foram retiradas aleatoriamente da amostra de trabalho a cada 30 dias de cada variedade, durante os 180 dias do período de armazenamento.Eram lavadas com uma solução de 2,0% de hipoclorito de sódio (NaOCl) durante 1 minuto e meio em um recipiente com tampa telada permitindo derramar a solução e retendo as semente. Após a lavagem procedeu-se ao plaqueamento de 15 sementes por placa de Petri em quatro repetições para cada variedade nos dois meios de cultura. O número total de sementes plaqueadas por variedade foi de 120 sementes, 15 sementes/placa x 4 repetições = 60 sementes x 2 meios de cultura. As placas foram incubadas em temperatura ambiente por 5-7 dias e posteriormente feita a leitura para identificação e contagem dos fungos. Para auxiliar na identificação dos fungos usou-se uma lupa estereoscópica e um microscópio (Sauer e Burroughs 1986). Os valores são apresentados em porcentagem de sementes infectadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Teor de Umidade (TU%) Observa-se que o TU inicial das variedades de soja dos Lote 1, Lote 2 e Lote 3 (Tabela 1) estavam acima do nível considerado seguro para evitar infecção e desenvolvimento fúngico, conforme citado por Christensen e Meronuck (1986) e Lazzari (1988, 1990, 1997). 10 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2015

Tabela 1. Teor de Umidade (TU%) das variedades de sementes de soja do Lote 1, Lote 2 e Lote 3 durante 180 dias de armazenamento em temperatura ambiente.

Os valores numéricos são a média de 5 repetições de 210 g cada, antes do ensaque (dia 1) e após o ensaque (30 a 180 dias). Durante o período de armazenagem a temperatura variou de 0 a 28°C e a umidade relativa de 25 a 85%.

Aos 90 dias de armazenamento, os TU das variedades do Lote 1: 14,3%; Lote 2: 13,1% e Lote 3: 14,5% encontravamse em níveis ainda bastante altos e favoráveis para permitir a infecção e sustentar o crescimento rápido de fungos de armazenamento. Aos 120 dias, houve uma redução bastante acentuada no TU das variedades, sendo que o Lote 1 com 11,3%; Lote 2 com 10,9% e Lote 3 com 12,6%. As variedades dos Lotes 1 e 2 apresentavam umidade numa faixa considerada tecnicamente segura para evitar a infecção e o desenvolvimento de fungos. Já o Lote 3 até os 150 dias ainda apresentava riscos para o desenvolvimento de A. glaucus. Os dados do TU% obtidos mostram que durante os primeiros 90 dias, as três variedades de soja estavam com seu TU% numa faixa de risco para a infecção por fungos de armazenamento. Semente de soja na faixa de 13-14,0% de umidade é considerada soja úmida. Christensen e Meronuck (1986) e Lazzari (1988, 1990) apontam que o TU de soja 0,5 pp acima de 12,0% permite a infecção e crescimento lento de Aspergillus restrictus. Sementes infectadas internamente criam condições mínimas de umidade devido à própria atividade fúngica para sustentar o seu desenvolvimento, mesmo que o TU da semente esteja próximo ao limite considerado seguro. Poder Germinativo (PG%): A bio-deterioração ou morte do embrião da semente é medida pela perda do poder germinativo. Houve uma redução acentuada no poder germinativo do Lote 1 , caindo de 98,0 para 79,0%; provocando a retirada do lote para venda como semente. Já o Lote 2 e Lote 3 mantiveram padrões acima de 80,0%. O Lote 3 destacou-se pela menor perda em germinação durante os 180 dias de armazenamento apesar de ter sido a variedade com o TU mais alto no inicio do armazenamento (Tabela 2), o que pode ser uma característica da variedade. Observa-se que após os 90 dias de armazenamento a queda no PG é abruto para todas as variedades: Lote1, Lote 2 e Lote 3 coincidindo com os níveis mais altos de infecção fúngica. Tabela 2. Porcentagem de Germinação (PG%) em rolo de papel para três variedades de semente de soja durante 180 dias de armazenamento.

Os valores numéricos são a média de 5 repetições de e 100 sementes, antes do ensaque (dia 1) e após o ensaque (30 a 180 dias).


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¦Sementes¦ Pode-se correlacionar a perda de germinação com a manutenção do TU a níveis elevados e ao aumento da infecção fúngica comprovado pela crescente porcentagem de sementes infectadas mês a mês. Plaqueamento das Sementes: Meios de cultura são ferramentas importantes para o isolamento e quantificação de fungos presentes em sementes. Convém observar que cada meio de cultura é seletivo para determinadas espécies de microrganismos. Assim, o uso de dois meios é recomendado. Neste caso usou-se o MABDA – Meio Ácido de Batata Dextrose Agar e o MAST – Meio de Agar com Suco de Tomate. Observa-se que já havia infecção fúngica no início do experimento em razão do TU elevado, ocorrendo um aumento acentuado na microflora das sementes de soja nos primeiros 60-90 dias de estocagem (Tabela 3), decrescendo dos 150 aos 180 dias para os Lotes 1 e Lote 3, acompanhando a redução do TU%. Para a variedade do Lote 2 houve aumento da infecção fúngica no final do período, provavelmente pela presença de alguns grãos individuais com TU mais elevados. Tabela 3. Porcentagem de Infecção Fúngica (PIF%) em sementes de soja antes do ensaque e ensacadas das variedades do Lote 1, Lote 2 e Lote 3 durante 180 dias de armazenamento.

Os valores numéricos são a média dos resultados obtidos dos dois meios de cultura antes do ensaque (dia 1) e após o ensaque (30 a 180 dias).

Enquanto o TU das sementes se mantinha alto, ocorria aumento gradativo da infecção fúngica e redução na germinação das sementes de forma aparentemente interdependente e sincronizada (Figura 1). Christensen e Meronuck (1986) e Lazzari (1990) relatam a infecção de sementes de soja com 12-12,5% de umidade por Aspergillus restrictus, fungo de armazenamento de crescimento lento. As espécies de fungos detectadas foram: A. glaucus, A. flavus, A. ochraceous e A. candidus, seguidas de espécies de Penicillium e Fusarium (Tabela 4). A predominante foi A.glaucus, que é um organismo muito abundante e adaptado para crescer na faixa de umidade de 13-18% em soja e causa a morte do embrião da semente. Tabela 4. Gêneros de fungos predominantes e porcentagem das sementes de soja infectadas das variedades do Lote 1, Lote 2 e Lote 3 durante 180 dias de armazenamento.

Os valores numéricos são a média dos resultados obtidos de 120 sementes plaqueadas em dois meios de cultura antes do ensaque (dia 1) e após o ensaque (dias 30 a 180). 12 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2015

O nível de infecção fúngica total cresceu gradativamente e atingiu seu ponto máximo aos 90 dias de armazenagem da semente, decrescendo em seguida com a redução do TU. A explicação para este fato é que inicialmente os TU% das variedades de soja estavam muito acima do que é considerado seguro para se armazenar semente, resultando na proliferação dos fungos. Com o passar dos meses, a semente entrou em equilíbrio, perdeu umidade tornando difícil a sobrevivência dos fungos. Aspergillus spp., que inicialmente infectava em torno de 23% das sementes, atingiu o nível máximo aos 90 dias com 74% e ao final de 180 dias foi isolado de aproximadamente de 6% das sementes. Isso se deve ao que o baixo teor de umidade das sementes de soja aos 180 dias não permitia o desenvolvimento mais ativo desses microorganismos. O crescimento fúngico e a consequente perda na germinação só não foram maiores devido às baixas temperaturas noturnas que ocorrem no Centro-Sul do Paraná a partir de abril, principalmente nos meses de inverno de junho a setembro. Os esporos de fungos germinam e crescem primeiro no tegumento de sementes individuais mais úmidas. Assim, determinar o TU de sementes individuais de soja, no momento da colheita, é muito importante para, se necessário, aplicar ferramentas e/ou de tecnologias que ajudam a reduzir a velocidade do crescimento dos fungos já na fase inicial de armazenamento. Portanto, deve-se iniciar o controle nas primeiras horas, e assim manter pelos próximos dias, semanas e meses até que as sementes estejam com TU de 12% ou abaixo. Conclusões e Recomendações: 1. O comportamento do TU de sementes de soja durante o armazenamento depende do TU inicial e das características morfológicas e intrínsecas de cada variedade. Demonstrou-se que o TU inicial de armazenamento das sementes de soja das variedades


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¦Sementes¦ estudadas estava e se manteve alto; acima de 13,0 -14,0% por 90 dias. Este período prolongado de TUs altos favoreceu o rápido crescimento fúngico. 2. A evolução da infecção e do crescimento fúngico ocorreu de forma rápida e gradativa até os 90 dias de armazenamento, correlacionada com o teor de umidade elevado. Os fungos predominantes foram Aspergillus glaucus, A. flavus e espécies de Penicillium e Fusarium. 3. A perda da germinação está relacionada ao ativo crescimento fúngico que ocorreu nas sementes nos primeiros 90 dias de armazenagem. A gradativa redução do PG das sementes de soja coincide com o período de TU elevado, acima de 12%, e pelo ativo e gradativo aumento do desenvolvimento fúngico que foi sempre crescente até 60-90 dias de armazenagem. Podemos afirmar que existe uma relação direta entre o TU inicial de armazenamento de sementes de soja acima de 12,0% com o rápido crescimento fúngico que mata o embrião das sementes infectadas e causa redução no poder germinativo do lote. Diferentes variedades de soja podem ter comportamento diferenciado quanto à velocidade e quantidade de água perdida ao longo do tempo, mas todas sofrerão invasão fúngica e perdas do PG, se o TU inicial de armazenamento for mantido alto por mais de 24 horas ou alguns dias. Devido à tendência de se colher sementes de soja cada vez mais cedo e mais úmidas, recomenda-se o uso de um determinador de umidade para mediro TU de sementes individuais, pois a média do TU não fornece uma boa informação sobre a variabilidade dos TUs de sementes individuais existentes numa mesma amostra. A aeração de lotes de sementes de soja com TU de 13-18,0% ou acima usando ar resfriado a 12°C e 70% de umidade relativa de forma contínua reduz e inibe o desenvolvimento dos fungos de armazenamento do gênero Aspergillus. Equipamentos de resfriamento artificial estão disponíveis no mercado e são especialmente úteis para a conservação da qualidade de sementes em regiões com condições de temperatura e umidade

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desfavoráveis para o armazenamento. Cautela ao se resfriar sementes de soja muito úmidas, isto é, com TU na faixa de 1825% ou mais, pois a alta umidade da semente associada à baixa temperatura do ar insuflado não inibem o desenvolvimento de fungos dos gêneros Penicillium e Fusarium. Para lotes de sementes de soja muito valiosos pode-se, emergencialmente, associar a aplicação de uma mistura de fungicidas de ação sistêmica e de ação de contato, a fim de retardar e mesmo inibir a infecção fúngica, enquanto se mantém as sementes em resfriamento contínuo. Para inibir o dano que pode ser causado pelos fungos de armazenamento de crescimento lento (A. restrictus e A. glaucus), deve-se preparar a semente para estocagem por períodos de 6 meses ou acima, através da aeração imediata após a colheita com ar resfriado, secá-la o mais rápido possível a TU de 12,0% ou abaixo e armazená-la em ambiente climatizado. Sugere-se, em estudos futuros, não misturar as amostras das sementes retiradas dos diferentes pontos de dentro do silo. Consideramos existir dentro da massa de sementes de soja uma variação maior entre a porção de sementes mais secas e mais úmidas do que a mostrada neste trabalho, para o TU, Infecção Fúngica e Germinação. Manter separadas as amostras de sementes de soja retiradas de diferentes alturas e de diferentes distâncias em relação ao centro do silo ou da pilha, pois informações importantes são perdidas ao misturá-las. Sugere-se medir o TU de sementes individuais de soja das amostras coletadas, pois essa informação é muito valiosa para se determinar os riscos da infecção fúngica nas sementes mais úmidas, onde os fungos crescem preferencialmente. Com tais informações pode-se antecipar a tomada de medidas preventivas para retardar ou inibir a infecção e/ou desenvolvimento fúgico. Agradecimentos: Os autores são gratos à Cooperativa Agrária Agroindustrial, Colônia Vitória, Distrito de Entre Rios, Município de Guarapuava – PR; CNPQ e UFPR pelo apoio logístico e financeiro que permitiu a realização deste trabalho e à Profa. Dra. Sonia M. N. Lazzari pela revisão deste documento.


¦Secagem¦ Para dar movimentação ao ar no interior do secador e estabelecer a vazão de ar necessário ao processo de secagem são utilizados exaustores ou ventiladores, que podem ser do tipo axial ou centrífugo.

Sucesso na Operação de Secagem: Tipos de Ventiladores em Secadores (Parte II)

Por: Eng. Agrícola Adriano Divino Lima Afonso |Prof. Ajunto UNIOESTE/Campus Cascavel-PR

Para dar movimentação ao ar no interior do secador e estabelecer a vazão de ar necessário ao processo de secagem são utilizados exaustores ou ventiladores, que podem ser do tipo axial ou centrífugo. Considerando a mesma potência de acionamento, o ventilador axial caracteriza-se por disponibilizar maior vazão de ar e menor pressão de ar, enquanto que o ventilador centrífugo é caracterizado por disponibilizar menor vazão de ar e maior pressão de ar. Usualmente, os primeiros secadores de grãos eram projetados para operarem com ventiladores centrífugos. Pela necessidade de grandes vazões de ar no sistema de secagem, os ventiladores centrífugos utilizados nos secadores eram grandes e demandavam grande potência instalada, onerando os custos de implantação e operação do sistema de secagem. Além disso, pela característica de fornecerem maior pressão de ar, muitos dos equipamentos de secagem com ventiladores centrífugos apresentam-se com problemas quanto ao fluxo de grãos nos interiores das câmaras de secagem e resfriamento. Era comum nesses secadores a retenção da massa de grãos no interior das câmaras, reduzindo a descarga de grãos e, consequentemente, o rendimento de secagem do secador, além de aumentar o risco de incêndio no equipamento de secagem. Na década de 90 os projetistas substituíram os ventiladores centrífugos nos novos secadores por ventiladores ou exaustores axiais. A introdução dos exaustores axiais no sistema de

secagem possibilitou a redução da potência instalada no secador, com ganho de aumento na vazão de ar do sistema de ventilação, além de possibilitar que mais de um exaustor fosse montado no secador, melhorando a distribuição de ar no interior do equipamento de secagem. A Figura 1 mostra o esquema de montagem do secador com ventilador centrífugo e com exaustores axiais.

Eng. Agr. Adriano Divino Lima Afonso - adriano.afonso@unioeste.br GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 15


¦Secagem¦

Figura 2. Esquema do secador de grãos que opera com exaustor centrífugo e pressão interna positiva.

Figura1. Esquema dos secadores com exaustor centrífugo (A) e axial (B) e que operam com pressão interna negativa.

A maioria dos exaustores acoplados nos secadores de grãos existentes no Brasil são montados de tal forma que succionam o ar do interior do secador, ou seja, os equipamentos de secagem operam com pressão interna negativa. Na Figura 2, tanto o secador com exaustor centrífugo quanto axial opera com pressão negativa, sendo o ar succionado pelas aberturas de portas e venezianas existentes na fornalha, nos misturadores de ar e no secador, além do ar ambiente que entra diretamente pela câmara de resfriamento. Atualmente, a maioria dos secadores que são montados no Brasil opera com exaustores axiais, pois possuem menor potência instalada em comparação com os exaustores centrífugos, além do ganho de aumento na vazão de ar. Mas há disponibilidade no mercado de secadores que operam com exaustor centrífugo e pressão interna positiva. Esses secadores tem uma concepção diferente de operação e foram adaptados de secadores com conceito norte americano. 16 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2015

Quanto ao número de exaustores nos equipamentos de secagem depende essencialmente da concepção de projeto do secador de grãos. Para secador com maior capacidade dinâmica de secagem é normalmente utilizado mais de um exaustor, com finalidade de melhor distribuição interna do ar de secagem e resfriamento nas câmaras de secagem e de resfriamento, respectivamente, bem como fracionar a potência instalada do motor elétrico que aciona o exaustor. Por exemplo, um secador com capacidade dinâmica de 100 t/h possui uma vazão total de ar de aproximadamente 300.000m3/h, sendo necessário uma potência elétrica total de 90cv. Dessa forma o projetista pode escolher dois exaustores com vazão de ar unitária de 150.000m3/h e potência de 45cv ou ainda, três exaustores com vazão de ar unitária de 100.000m3/h e potência de 30cv. Além de uma melhor distribuição de ar no interior do secador, o fracionamento da potência com a utilização de mais de um exaustor montado no secador possibilita a substituição de componentes elétricos necessários para acionamento dos motores de componentes onerosos de maiores dimensões (cabos elétricos) e mais complexos (chave comutadora, proteção elétrica) por componentes menores (fios elétricos) e mais simples (chave triângulo/estrela).


Em relação ao posicionamento de montagem dos exaustores no secador, há no mercado diferentes configurações, que vão desde a colocação dos exaustores no topo do secador até próximo a sua base, mas sempre montados em paralelos para somarem as vazões de ar e manter a pressão de ar necessária de projeto (Figura 3).

Figura 3. Montagem dos exaustores na lateral, topo e base do secador de grãos.

Normalmente, quando instalados no topo ou na base do secador, os exaustores são montados em linha, um ao lado do outro, além de possuírem um sistema composto de tampas para fechamento quando o mesmo não está funcionando, afim de evitar a entrada de água de chuva. No entanto, o posicionamento de montagem mais comum é a colocação dos exaustores na lateral do secador. Nesse caso há diferentes configurações de montagem, dependendo do projeto de concepção do secador, tanto em relação ao número de exaustores definidos pelo projetista, mas também relacionado com as dimensões do equipamento de secagem, principalmente em relação a largura do secador ou de sua câmara de secagem (Figura 4). No posicionamento dos exaustores deve ser considerado também o afastamento ou a distância de montagem do exaustor em relação a câmara de secagem, pois se a distância for pequena, os exaustores irão, preferencialmente, succionar o ar com maior intensidade na região central, em detrimento das regiões laterais do secador.

Figura 4. Diferentes configurações de posicionamentos de exaustores montados na lateral do secador de grãos. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 17


¦Secagem¦ O importante na configuração dos exaustores é que seja mantida uma distribuição interna uniforme do ar nas câmaras de secagem e resfriamento, principalmente próximo as laterais do secador, regiões essas que possuem comumente deficiência de ar. Muitas vezes há uma distribuição uniforme de pressão interna no secador, nas diferentes regiões nas câmaras de secagem e resfriamento, tanto em relação ao alinhamento vertical quanto horizontal. No entanto, quando se trata de vazão de ar, há normalmente uma formação interna de linhas de fluxo que privilegiam a região central do secador, principalmente se os exaustores são montados unicamente formando um alinhamento vertical. Dessa forma, como mostra a Figura 5, a distribuição interna de ar no secador não é regular e, por conseguinte, o processo de secagem não será uniforme, com o produto secando mais rápido na região central do que nas regiões laterais do secador.

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Figura 5. Distribuição preferencial das linhas de fluxo de ar no interior do secador.


¦Mercado¦ A Dança dos Preços e a Incerteza do Mercado Por: Osvaldo J. Pedreiro |Novo Horizonte Assessoria | osvaldo.pedreiro@uol.com.br

Está cada vez mais difícil e complicado dimensionar o mercado de commodities no mundo, e mesmo os melhores analistas de mercado estão encontrando dificuldades para definir realmente onde vamos parar, ou melhor, pra onde vamos com tantas variáveis mudando a cada dia. Em princípio o clima nos EUA se mostrava inteiramente favorável a uma superprodução de milho, soja e trigo como nunca se tinha visto, quando de repente surge uma tempestade tropical ao longo da Costa do Golfo que alaga boa parte das lavouras já plantadas e em bom desenvolvimento vegetativo, e ainda mais uma tempestade sendo aguardada para os próximos dias e que pode provocar mais estragos nas lavouras. Diante dessas variáveis (digamos aguardadas, mas não em tamanha intensidade), os fundos de investimento resolveram ajustar suas posições e passaram a aumentar suas posições compras e fazendo com que as cotações tivessem correções positivas ao redor de 40 pontos ao longo de 10 dias durante este mês de Junho, onde as lavouras apresentavam acima de 73% de boas e excelentes, mas que agora podem sofrer perdas e talvez replantio de boas áreas de produção afetadas pelas tempestades. Apesar disso ainda temos a crise econômica que continua dificultando as aquisições de produtos por parte dos grandes consumidores – principalmente a China -, somadas às dificuldades normais de logística na América do Sul (com atrasos de até 60 dias nos embarques), provocando incertezas e afastando os participantes do mercado, pois se de um lado há a expectativa de uma grande safra no mundo todo, os produtores se retraem acreditando que as perdas podem se acentuar e eles vislumbram melhores preços para os seus produtos mais adiante. Apresentamos a seguir os últimos números dos levantamentos de safra do USDA para registro e análise:

Aqui no Brasil a CONAB também publicou seu relatório mensal de estimativa de safras, que apresentamos na sequência:

Fonte: CONAB Junho/2015

Os números são expressivos, e nos remetem a um panorama otimista de retomada dos estoques mundiais que se encontravam abaixo das expectativas. Resta esperar que o clima permita atingir esses números, e que nenhuma outra surpresa venha atrapalhar o andamento dos negócios. A crise financeira que o Brasil está atravessando atualmente tem obrigado os grandes consumidores a alongar os prazos de pagamento dos produtos adquiridos, o que dificulta o interesse de venda nas origens, que apesar de tudo ainda estão de certa forma capitalizados, e preferem aguardar melhores momentos para realizar novas vendas. Temos o problema grave de armazenagem, o que pode forçar novas vendas em volumes consideráveis, pois a colheita da safrinha de milho está recém começando, e vai exigir espaços nos armazéns que estão ocupados por outros produtos. Aí a grande dúvida: QUAL PRODUTO VAI SOFRER QUEDA MAIOR NOS PREÇOS DE VENDA? Está aberta a sessão de apostas! Quem se habilita???

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¦Armazenagem¦ A mistura dos grãos de diferentes qualidades é um manejo básico da pós-colheita. Todo armazenista deve conhecer as bases científicas das misturas.

Mistura de Grãos

Por: Eng. Domingo Yanucci |Grãos Brasil - Consulgran | graosbr@gmail.com

Como sempre falamos a pratica de amostragem e monitoramento é fundamental para conhecer os parâmetros de qualidade de cada espécie e o armazenista deve respeitar, dentro do possível, a classificação em diferentes depósitos. O beneficio da mistura é um dos aspectos economicamente mais interessantes na pós-colheita de grãos. Nas próximas linhas apresentamos alguns conceitos básicos da mistura e os resultados da subtração e adição de mercadoria no granel. Determinação de Mistura: 2 Fatores Neste caso se devem conhecer a priori 3 fatores a) Valor 1 = V 1 b) Valor 2 = V 2 c) Valor buscado = V B Logo se aplica o seguinte esquema: Matematicamente deve fazer: V 1 - V B = (Y) V 2 - V B = (X) Do anterior se desprende que em a mistura devem considerar-se: (X) Partes de V 1 (Y) Partes de V 2 Vemos Um exemplo: V 1 = 10% DE DANADO NO TRIGO 22 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2015

V 2 = 2% V B = 5% 10% (3)

5%

2% (5)

Na mistura deve usar: 10% - 5% : 5 partes do granel de 2% e 2% - 5% : 3 do granel de 10% Podemos fazer uma comprovação para determinar se o calculo realizado esta correto. Comprovação No seguinte calculo temos a comprovação se a mistura foi calculada adequadamente: V 1 x (X) = a V 2 x (Y) = b (X)+(Y) / a+b a+b / (X)+(Y) = V B Para o exemplo: 10% x 3 = 30 2% x 5 = 10 8 40 40/8 = 5% (V B)


Acesse: www.graosbrasil.com.br Resultados de Misturas Aleatórias Em muitos casos se misturam distintas partidas sem um cálculo prévio, por ex. Por não dispor de outro depósito, isto leva a que a qualidade do conjunto mude: Ex.) Se misturamos: 100 t de soja com 1% de danado, com 20t com 8% de danado Que passara com a mercadoria resultante se é misturada uniformemente ? 100 t x 1% = 100 20 t x 8% = 160 120t 260 Então: 260 / 120 = 2,17 % A nova partida alcançara um 2,17 % de danado. Determinação de Mistura: 3 Fatores Neste caso partimos de 4 dados: V1 - V2 - V3 - VB Exemplo V 1 = 1% V 2 = 15% V 3 = 10% VB = 5% Portanto se requer para a mistura: V1 V2 V1 V3 VB VB (X) (Y) (Z) (V) Ex.) 1% 10%

5%

15% 4%

1%

10% 5% 5% 4%

Portanto se requer: (X + Z) PARTES DE V 1........... (15 % de V1) Y PARTES DE V 2................... (4% de V2) V PARTES DE V 3................... (4% de V3) Comprovação: 15 x 1% = 15 4 x 10% = 40 4 x 15% = 60 23 115 115 / 23 = 5% (V B) Resultado da Subtração Em alguns casos se conhece com precisão como entra o grãos, então se pode calcular o estado geral, mas ao despachar uma parte pode sair um pouco distinta a média calculada, portanto caberia perguntarmos: como fica o granel ? Ex.) Se temos 1000 t com 4% de danado e descarregamos 200 t com 2%, como fica o granel ? 1000 t X 4% = 4000 -200 t X 2% =- 400

800 t 3600 3600 / 800 = 4,5% O granel fica em conjunto com um 4,5% de danado. E muito recomendável, dispor de tabelas para o grão e fator que nos interesse, com o intuito de facilitar a geração da mistura. Por exemplo a continuação Apresentamos um quadro de mistura de milho, por o fator umidade. O mesmo nos informa quantas partes do silo úmido se devem misturar com uma parte do silo seco, de acordo com qual seja o nível de umidade em questão.

NOTA: Quer dizer que se dispomos de grão com 13,5% e de 16,5 % deveria misturar-se media parte do úmido com uma parte do seco para chegar a aproximadamente 14,5%. (Ex. 50 t de úmido por cada 100 t de seco). Para facilitar a homogeneização se recomenda aerar o equivalente as horas necessárias para esfriar tudo o granel.

Exemplo de mistura soja danada Depois de realizar um cálculo de mistura para um item em particular se deve realizar a constatação para outro, ou outros, itens que pode encontrar-se com risco de estar acima das normas de comercialização. Exemplo de mistura soja danada Se dispõe de 3 partidas A, B e C , com o seguinte porcentagem de soja danada: A: 100 % B: 1 % C: 0 % Para chegar ao2 % de danado em o granel final. Ex.) 100% 1% 1% 0% 2% 2% 1% 98% 2% 1% Devemos misturar: 1t de A, (98+2)t de B e 1t de C. Agora bem: Que sucede por exemplo com o rubro matérias estranhas (ME) ? Por Ex. se temos: A: 0,3 % B: 0,9 % C: 1,2 % t ME A 1 0,3 B 100 0,9 C 1 1,2 102

t x ME 0,3 90 1,2 91,5

91,5/102 = 0,89 % ME GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 23


¦Armazenagem¦ Base ME Entramos dentro da base por ME. Se temos a seguinte situação de ME: A: 0,1 % B: 0,95% C: 15 %

t ME t x ME A 1 0,1 0,1 B 100 0,95 95 C 1 15 15 102 110.1

110.1/102 = 1,08 % ME Entramos por cima da base por ME. NOTA: No caso que pela segunda categoria analisada superemos a base especificada nas normas de comercialização se deverá recalcular a mistura, diminuindo na mistura a parte que se encontra mais elevada na primeira categoria analisada e que participe na segunda categoria considerada. Para o caso do exemplo apresentado, se deve realizar um cálculo de mistura por categoria ME entre C e A e a parte resultante desta mistura, misturar com B, realizando novamente os passos descritos. Ex. A: 0,1 % C: 15 % 0,1 % 15% 0,8 % 14,2 0,7 Correspondem 21t de A + 1 de C Para danado temos: t Da. t x Da A 1 100 2100 C 21 0 0 22 2100 Resultante: 2100/22 = 95,5 % de danado

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Para a mistura de X e B por danado temos: 95,5% 1% 2 1 93,5 Corresponde 93,5t de B + 1t de X Corresponde 0,045t de A + 0,95t de C + 93,5t de B Como vemos não podemos aproveitar ao máximo a base de danado já que superamos a base de ME Quando se trata de fatores que podem afetar a conservação, por exemplo umidade, se deve ser cuidadoso, não realizar as misturas na carga de camião e sim com antecipação, de maneira que com vários dias de aeração, se tenda a uma homogeneização do granel.


¦Cacau¦ O cacau (Theobroma cação L), utilizado em tempos primórdios como moeda de troca, na civilização Asteca, era consumido como bebida em cerimônias especiais, onde os grãos eram triturados juntamente com um vegetal picante (Capsicum spp). Contudo, foi considerada bebida amarga não apropriada para consumo humano pelos conquistadores da América, que o substituíram por açúcar - dando origem ao produto, conhecido atualmente como chocolate (Martini, 2004).

Segurança e estratégias de controle para o cacau (theobromacacaol) na redução de contaminantes biológicos Heloisa Helena Kreibich | Mestranda em Ciência dos Alimentos PhD. Vildes Maria SCUSSEL | Profa. Ciência dos Alimentos | Universidade Federal de Santa Catarina

Foi dessa forma que o chocolate, através da colonização, se difundiu pela Europa, iniciando a importação das sementes de cacau. No Brasil, foi cultivado primeiramente na Amazônia, seguindo para o Pará, até chegar à Bahia, onde melhor se adaptou ao solo. O cultivo do cacau foi uma das principais atividades desenvolvidas na Microrregião Sul da Bahia, a qual compreende os municípios de Ilhéus e Itabuna. O plantio desse fruto contribuiu para o desenvolvimento dessas duas cidades e as demais que estavam em seu entorno, bem como para colocar o Brasil entre os maiores exportadores de cacau em nível internacional nos anos 30 até a chegada da doença da vassoura-de-bruxa (Moniliophtora perniciosa) que reduziu a sua produção (Efraim, 2009). Os principais países produtores de cacau são a Costa do Marfim, Indonésia, Gana, Nigéria, Camarões, Brasil, Equadore Togo, os quais detêm 90% de toda área colhida de cacau. Somente os países africanos somam 65% desse total, sendo que a Costa do Marfim e Gana lideram com 24 e 18% da produção, respectivamente. O Brasil ocupa a sexta posição com 7,3% (654 mil hectares) e o estado da Bahia produz 65% do total do cacau brasileiro (FAO, 2011).

Heloisa Helena Kreibich - heloisaufsc@hotmail.com GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 25


¦Cacau¦

Ao lado da indiscutível importância econômica, o cacau tem um grande valor ecológico. Cultivado racionalmente, em condições que se assemelham às do seu habitat natural, em florestas, com um sombreamento permanente de árvores de maior porte, o cacaueiro protege o solo dos efeitos da erosão e da lixiviação (carreamento de elementos nutritivos pelas águas). Suas plantações substituem a floresta original sem destruir o ambiente ecológico existente, preservando a heterogeneidade e com ela o microclima e a vida das espécies vegetais e animais das áreas cultivadas (Efraim, 2009). Características do cacaueiro e seus frutos O cacaueiro é árvore essencialmente tropical, cultivado a temperaturas acima de 20ºC durante o ano todo. Exige solos profundos com espessa camada de húmus (Batalha, 2009). A plante fica em viveiro por cerca de um ano, é depois transplantada e cresce ramificada, sendo podada no terceiro ano. Começa a produzir aos 4 anos, atingindo plena produtividade aos 12 anos e produz até 35 anos em média. O fruto aparece na árvore, 4 a 6 meses após a floração e é composto de casca, polpa e sementes ou amêndoas, sendo que somente a casca pesa 75% do total. Os frutos são de forma e tamanho semelhantes a um melão (Martini, 2004). As sementes que constituem o cacau e que interessa à indústria processadora têm forma variável medindo 2 e 1 cm de (comprimento e largura), sendo cerca de 20 a 50 por fruto. As sementes estão envolvidas pela polpa branca, constituída por um conjunto de células esponjosas mucilaginosas contendo água, frutose, glicose, sacarose, ácido cítrico e vários sais inorgânicos, através da placenta. (Figura 1). A testa (película protetora da semente) secreta a mucilagem e atua como via de transporte entre os cotilédones e a polpa mucilaginosa. O cotilédone (contém material nobre para a fabricação do chocolate) apresenta células contendo reservas proteicas, lipídicas, amido e células polifenólicas. No tecido fresco predominam células contendo numerosos e regulares glóbulos lipídicos que revestem ordenadamente a face interna da membrana celular. As células polifenólicas apresentam um grande e único vacúolo preenchido por polifenois sendo responsáveis pela cor dos cotilédones (Martini, 2004).

Figura 1. Fruto de cacau (corte transversal): (a) cotilédone; (b) placenta e (c) polpa mucilaginosa (Martini, 2004).

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O cacau possui uma composição química única, com mais de 500 compostos, dentre os quais merecem destaque as metilxantinas. Classificadas como alcaloides purínicos, são consideradas substâncias estimulantes, e as encontradas no cacau são: teobromina (em maior concentração), e a cafeína (Borcherset al, 2000). Há importantes razões de interesse no estudo do grupo das metilxantinas (Afoakwa, 2007). Entre elas, está a contribuição do sabor amargo do chocolate, juntamente com compostos formados durante a torração; e também porque possuem efeitos farmacológicos benéficos (sobre os sistemas nervoso, cardiovascular, gastrintestinal, respiratório e renal).

Figura 2. Semente de cacau (corte longitudinal): (a) casca/testa; (b) cotilédone; (c) gérmen ou embrião (Efraim, 2009).

Contaminantes do cacau A Monilliophtora perniciosa é o agente etiológico da doença vassoura-de-bruxa do cacaueiro (Theobroma cação L.), a qual constitui na principal limitação para a produção de cacau. No Brasil tem causado sérios problemas econômicos, sociais e ecológicos, principalmente na Bahia, onde perdas ocasionadas pelo fungo chegaram a atingir 100% em algumas fazendas (Faleiro et al, 2004; Rubini et al, 2005). A Figura 3 apresenta as características de um cacaueiro infectado. Nos brotos vegetativos das árvores infectadas


Acesse: www.graosbrasil.com.br surgem grupamentos de flores anormais hipertrofiadas que originam frutos deformados, com aspecto de morango, os quais morrem prematuramente. Os frutos infectados ainda jovens apresentam aspecto longo/fino, semelhante à cenoura, enquanto que os mais desenvolvidos, ao atingirem a fase adulta, exibem manchas negras, textura dura, denominada podridão negra. As vassouras formadas que, de início são verdes, após 4 a 6 semanas morrem, adquirindo coloração castanha escura (Scarpari, 2005). Beneficiamento do cacau As sementes deverão sofrer diversas transformações, ou após retirada do tegumento (casca) e germe para a obtenção das amêndoas que são matéria prima para obtenção de produtos (pasta de cacau, manteiga de cacau, cacau em pó e chocolate) (Beckett, 1994). As etapas doprocesso de beneficiamento do cacau são: • Cura: separação das sementes da polpa. • Fermentação: que leva ao aumento / inchaço das amêndoas (que logo perdem água e adstringência), adquirindo a coloração marrom escura pela mudança dos polifenóis em função da acidez provocada pela alteração de pH.O processo é concluídoentre seis e oito dias e é realizado com a intenção de produzir os precursores do sabor e do aroma característicos desejados. Ao final da fermentação,

Figura 3. Cacaueiro: (a) infectado por Monilliophtora perniciosa (fungo vassoura-de-bruxa); (b) não infectado; (c/d) árvores com sintomas da doença causada pelo fungo (Meinhardt, 2008).


¦Cacau¦ as amêndoas apresentam um teor de umidade de 50% a 60%. (Oetterer et al, 2006).

• Secagem: durante a perda de água, ocorrem reações químicas estabilizando a cor marrom e deixando o cacau com umidade mínima para o armazenamento. A secagem é realizada em pátios/mesas, colocando as amêndoas espalhadas sobre o lastro, onde ficam expostos ao sol. As enzimas presentes atuam no interior das amêndoas, promovendo as reações químicas de cura que reduzem a acidez, dando origem ao sabor, aroma e cor característicos do chocolate. O processo dura entre 4 e 5 dias resultando em um produto com umidade final de cerca de 7% (Beckett, 1994). • Armazenagem: as amêndoas são ensacadas e direcionadas para ambientes de armazenagem (1º. - Fazenda; 2º. – Intermediários / cooperativas) chegando, através de transporte por caminhões, às fábricas. Nessa etapa, ainda apresentam impurezas (como restos de areia, pequenas pedras, fios de sacos, sementes podres e até pedaços de ferro). As amêndoas são então colocadas em peneira oscilante/vibratória, que age com um sistema de sucção que (em pouco tempo) realiza a operação de limpeza e calibra os grãos por tamanhos. Através de esteiras, elas são levadas até o sistema de torrefação (Nachtigall, 1999; Oetterer, 2006). • Torrefação: as amêndoas são colocadas no alto de uma torre por onde vão caindo sustentadas por uma corrente de ar aquecido a 120ºC (15 min - 2 hs), provocando aquecimento gradual das amêndoas até que cheguem ao fundo torradas e com 2,5% de umidade, perdendo 6% de seu peso inicial. O principal objetivo da torrefação é o desenvolvimento do aroma (Bastos, 2003).

Figura 4. Fruto de cacau (corte transversal): (a) cotilédone; (b) placenta e (c) polpa mucilaginosa (Martini, 2004).

• Trituração: separa as amêndoas das cascas, além da redução a pedaços cada vez menores através de um triturador com cilindros especiais. As cascas são separadas por peneiragens sucessivas, através de sistemas de 28 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2015

ventilação e sucção, aproveitando-se as amêndoas (para o processamento do chocolate), porém as cascas são descartadas, porém parte pode ser utilizada (fabricação de manteiga de cacau e produção de fibras alimentares) (Oetterer, 2006). • -Moagem:as amêndoas são desintegradas em moinho, formando, assim, uma pasta fluída (quase líquida) chamada de pasta de cacau, de aroma agradável devido ao elevado teor de gordura presente nas amêndoas (que supera 50% de sua composição). A pasta de cacau é mantida líquida por calefação. Ao ser resfriada forma blocos, o que as transforma em tabletes de cacau utilizados no preparo dos chocolates (Bastos, 2003). A partir da solubilização e prensagem da pasta, esta é transformada em dois produtos diferentes conforme o tratamento que receber: manteiga de cacau ou torta de cacau (Beckett, 1994).

Figura 5. Produtos derivados de cacau: (a) pasta (principal matéria prima do chocolate); (b) manteiga (fabrico de chocolate e cosméticos) e (c) torta (fabrico de chocolate em pó e achocolatados) (Oetterer; Reginato-d’arce; Spoto, 2006).

Armazenagem como método de conservação e qualidade das amêndoas do cacau A qualidade dos grãos de cacau depende de muitos fatores tais como: (a) a variedade do cacaueiro, (b) manejo agronômico, (c) fatores do solo, (d) condições climáticas e a (e) tecnologia pós-colheita aplicada. Desta forma, a qualidade, sabor e aroma das amêndoas de cacau dependerão das habilidades e bons cuidados tomados pelos técnicos responsáveis. Portanto, é necessária a avaliação dos parâmetros físicos, químicos e organolépticos que permitem determinar a qualidade em relação à variedade e ao meio ambiente (Brunetto et al, 2007). O armazenamento das amêndoas para exportação assume importância devido ao longo tempo em que o cacau pode permanecer armazenado. Começa na fazenda produtora em sacos de aniagem (60 kg) por cerca de 30 dias, fica nas cooperativas vários meses e nos armazéns dos portos aproximadamente por 15 dias (Beckett, 1994). Conservar um produto agrícola por espaço de tempo superior a 2 ou 3 meses não é tarefa fácil, principalmente quando se está em um clima quente e úmido. A amêndoa armazenada deve ter 7% de umidade e estar em equilíbrio com a umidade relativa (UR) do ar (70%). Se aparecer mofo (presença de fungos) na armazenagem é porque a secagem foi lenta (falta de sol) ou ocorreu chuva sobre ela. É recomendado fumigação com brometo de metila ou névoa de pibutrina pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC, 2013). A temperatura do armazém deve ser elevada para manter a UR do ar a 70%. Em dias de chuva, é necessário fechar as janelas e usar aquecedor solar sobre os telhados. Normalmente, a temperatura no armazém


Acesse: www.graosbrasil.com.br deve estar 5ºC acima do ambiente à sombra, sendo que há armazéns que usam ar condicionado e controlam a UR (Lima, 2007). Neste caso, o tempo de armazenagem é indefinido. Os armazéns devem ser exclusivos e não ter outro aroma que possa ser absorvido pelas amêndoas e interferir/reduzir/piorar a qualidade para exportação (Lima, 2007). A CEPLAC se encarrega, na região cacaueira, de dar assistência técnica para a construção dos armazéns. Essa assistência ensina como controlar o ataque de insetos e roedores, como manter um bom nível de higiene (como exterminar pragas e como controlar a umidade e a temperatura). Contaminantes biológicos no cacau e produtos processados Assim como sua matéria-prima (o cacau), os produtos de chocolate são frequentemente atacados por diversas pragas que proliferam em climas quentes nas fábricas e armazéns, como também por predadores oportunistas, como ratos, baratas e formigas, cujos fragmentos podem ser incorporados durante a preparação da massa de chocolates (Kreibich, 2013). A presença de sujidades nos alimentos é um indicador de descuido com o controle higiênico sanitário durante o processamento e armazenamento do produto. Por esta razão a microscopia vem sendo adotada como prática corrente na avaliação de qualidade dos alimentos (in natura e processado, incluindo cacau e produtos de chocolate), auxiliando assim nesse controle e fornecendo dados auxiliares para a qualidade (Kreibich,2013; Kreibich et al, 2014; 2015).

INSETOS - a presença de insetos em produtos industrializados pode indicar falha no processo de fabricação ou erros no armazenamento da matéria prima. Esta negligência pode levar determinados produtos a um nível de infestação consideravelmente perigoso à saúde humana, pois os insetos carrearem em suas patas, aparelho bucal e nos excrementos agentes patogênicos, como bactérias, fungos e vírus (Lorini, 2002; Melloet al., 2004; Gredilha et al., 2007; Kreibich et al, 2014). Esses insetos são capazes de perfurar as embalagens de forma tão discreta que os furos não podem ser facilmente percebidos a olho nu (o que faz o consumidor pensar que elas já estavam dentro do produto quando foram fabricadas). É fato que as pragas de cereais (carunchos e traças) podem penetrar embalagens de produtos alimentícios, no entanto é possível ocorrer em pontos de venda, na própria residência do consumidor, além da fábrica. Um produto com 3 meses de fabricação contendo larvas vivas: sua infestação pode ter sido ocasionada em fases posteriores à produção, por onde foi transportado / armazenado / comercializado (Silva Junior, 1996). ÁCAROS - as condições de armazenamento também favorecem o desenvolvimento de ácaros, estando diretamente relacionadas, entre outros fatores, com o grau de limpeza dos depósitos, UR, temperatura e infestação de insetos (Lorini, 1998). Estes ácaros são causadores de possíveis dermatites alérgicas, presentes nos produtos armazenados, especialmente nos alimentos com alto teor de gorduras e/ou proteínas, como: Tyrophagus putrescentiae, Acarus siro e Lepidoglyphus destruc-

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¦Cacau¦ tor. O alimento industrializado pode ser uma fonte veiculadora de ácaros, desencadeando reações alérgicas por contato, ingestão e inalação. O controle desses ácaros é dificultado, pelo fato de passarem despercebidos (tamanho reduzido). Porém, quando detectados, podem ser controlados através de alterações nas condições ambientais e estruturais de seu armazenamento (Lorini, 1998; Lorini, Miike, Scussel, 2002).

UR acima de 75%, sendo que a UR acima de 85% e temperatura em torno de 27°C favorecem o crescimento e a produção de AFLs. (Pereiraet al., 2002) . O crescimento fúngico e produção de micotoxinas em amêndoas do cacau podem ocorrer em diversas fases do desenvolvimento, maturação, colheita, transporte, processamento ou armazenamento dos grãos (Kreibich et al, 2015).

Figura 7. Amêndoas de cacau torradas – baixa qualidade. (Beckett,1994).

Figura 6. Contaminantes biológicos detectados em produtos de chocolate: (a) em embalagem do produto e (b) no conteúdo interno do produto (Kreibich et al, 2014).

Fungos e toxinas - as amêndoas de cacau e seus produtos processados armazenados representam excelente campo para a proliferação dos fungos, principalmente quando os princípios básicos de secagem adequada e armazenamento correto são desconhecidos ou desprezados (Fonseca, 2009). Em condições favoráveis de temperatura e umidade, estes fungos podem crescer em certos alimentos, resultando na produção de aflatoxinas (AFLs) (Scussel, 1998, 2000, 2002). As AFLs são metabólicos secundários, tóxicos, produzidos por algumas linhagens de fungos toxigenicos (Aspergillus flavus, A. parasiticus e A. nomius) que podem causar maiores danos aos seres humanos e animais (Heathcote, 1984; Lazaris, 1997; Scussel 1998). Possuem alta toxicidade (propriedades carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas), principalmente a AFB1 e ampla ocorrência. Através de estudo de prevalência concluiu-se que a contaminação de grãos por fungos aflatoxigênicos como A. flavus é predominante sobre o A. parasiticus e sua produção é favorecida por temperaturas entre 23-26°C e

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Os fungos podem promover prejuízos significativos aos alimentos. Podendo alterar as condições físicas dos produtos, reduzir o valor nutritivo, alterar o aspecto externo, produzir AFLs e favorecer a ação de outros agentes de deterioração, como leveduras, bactérias e insetos (Fonseca, 2009).Quando presentes em sementes ocasionam perda do poder germinativo, e na manteiga de cacau afetam a qualidade, promovendo descoloração, e aromas desagradáveis (Kreibich, 2013; Kreibich et al, 2015). Nem todos os fungos produzem toxinas, de forma que a simples presença de fungos em um alimento não implica em que toxinas tenham sido ou venham a ser produzidas. Por outro lado, a simples ausência de sinais visíveis de emboloramento também não pode ser interpretada como ausência de toxinas, pois essas podem permanecer em um alimento mesmo depois que o fungo que a produziu, tenha desaparecido do produto processado (Scussel, 2002). Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle para sujidades, fungos e micotoxinas A higienização na indústria de alimentos visa basicamente à preservação da pureza, e qualidade microbiológica dos alimentos. Auxilia, portanto, na obtenção de um produto que, além das qualidades nutricionais e sensoriais, tenha boa condição higiênico-sanitária - não oferecendo riscos à saúde do consumidor. Assim, contribui decisivamente para a produção de alimentos dentro de padrões microbiológicos recomendados


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pela legislação. A higienização correta tem papel relevante quando se observam os aspectos econômicos e comerciais. A produção de alimentos seguindo normas adequadas de controle de qualidade viabiliza os custos de produção e satisfaz aos anseios dos consumidores. (Andrade, 1996). Através do programa Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), são identificados os perigos potenciais à segurança do alimento, desde a obtenção das matérias-primas (semente / amêndoa) até o consumo do produto final (chocolate), estabelecendo medidas de controle e monitoramento que garantam, ao final do processo, a obtenção de um alimento seguro e com qualidade. É uma fiscalização na qual são analisados todos os possíveis riscos à segurança alimentar (INPPAZ, 2001). O sistema APPCC contribui para uma maior satisfação do consumidor, tornando as empresas mais competitivas, conquistando novos mercados (nacionais e internacionais), promovendo redução de perdas de matérias-primas. É recomendada, por organizações nacionais (Ministério de Agricultura - MAPA e Agencia Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA) e internacionais (Organização Mundial do Comércio - OMC, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura - FAO, Organização Mundial da Saúde – OMS, Mercado Comum do Sul da América -MERCOSUL) e é exigido pela Comunidade Européia e Estados Unidos (INPPAZ, 2001).

humana são aquelas detectadas macroscopicamente e/ou microscopicamente capazes de veicular para os alimentos agentes patogênicos ou de causar danos ao consumidor, abrangendo insetos (baratas, formigas, moscas que se reproduzem ou que tem por hábito manter contato com fezes, cadáveres e lixo, bem como barbeiros e outros reconhecidos como vetores em qualquer fase de desenvolvimento, vivos ou mortos, inteiros ou em partes), roedores (rato, ratazana e camundongo, inteiros ou em partes), outros animais (morcego e pombo, inteiros ou em partes), excrementos de animais, exceto os de artrópodes considerados próprios da cultura e do armazenamento, parasitos (helmintos e protozoários, em qualquer fase de desenvolvimento, associados a agravos à saúde humana), objetos rígidos (pontiagudos e/ou cortantes), que possam causar lesões/danos à saúde do consumidor (pedras, dentes, fragmentos de osso, de caroço ou de metal, fragmentos de vidro e filmes plásticos). Larvas não fazem mal diretamente a saúde, porém seria muito difícil aceitar a presença de larvas ao encontrá-las em produtos de chocolate (BRASIL, 2014). Já os padrões MICROBIOLÓGICOS são definidos conforme da Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (CNPPA - Res. Nº 12/78) em contagem padrão em placas (máximo 5x104/g); bactérias do grupo coliforme (máximo 102/g); bactérias do grupo coliforme de origem fecal (ausência em 1); clostrídios sulfito redutores a 44ºC (máximo 2x10/g); Staphylococcus aureus (ausência em 0,1 g); salmonela (ausência em 25g) e fungos e leveduras (máximo 103/g). Deverão ser efetuadas determinações de outros microrganismos e/ou de substâncias tóxicas de origem microbiana, sempre que se tornar necessária à obtenção de dados adicionais sobre o estado higiênico-sanitário dessa classe de alimento, ou quando ocorrerem tóxico infecções alimentares. Ações devem ser aplicadas desde o manejo do cultivo das diversas matérias primas (Boas Práticas de Manejo), na fabricação dos alimentos durante as etapas de produção (APPCC, ISO, PDCA), além de trabalho de esclarecimento da responsabilidade de produtores, transportadores, distribuidores, e comerciantes de alimentos que contribuirão para a diminuição de exposição da população ao consumo de alimentos contaminados e consequentemente a diminuição dos riscos à saúde.

Legislação Conforme a ANVISA, a nova resolução (RDC 7/2011), dispõe limite máximo tolerável (LMT) para micotoxinas em alimentos. Regulamenta valores para as seguintes micotoxinas: AFLs (AFB1+AFB2+AFG1+AFG2 e AFM1), OTA, DON, FBs (FB1 + FB2), PAT e ZON, tanto em alimentos prontos para oferta ao consumidor como em matérias- primas. Os limites máximos toleráveis de AFLs (AFB1+AFB2+AFG1+AFG2)), para grãos de cacau e seus subprodutossão de 5 µg/kg (Brasil, 2011). Uma nova legislação entrou em vigor em dez/2013, prorrogando o prazo do LMT para 2017, permitindo que os produtores de grãos e da indústria possam se adaptar à legislação, sem causar uma escassez de alimentos. Com relação a sujidades, conforme a RDC 14/2014, especifica que MATÉRIAS ESTRANHAs indicativas de riscos à saúde GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 31


¦Resfriamento¦ A soja é a oleaginosa mais produzida no Brasil, cultivada de sul a norte do país, com estimativa, segundo a CONAB, de quase 95 milhões de toneladas na atual colheita, o que representa um crescimento de 9,8% em relação à safra anterior, de 2014.

Resfriamento de soja durante o armazenamento para preservar a qualidade dos grãos

Valmor ZieglerI; Cristiano Dietrich FerreiraI; Rodrigo Fernadez dos SantosI; Bruno Artur RockenbackI; Wilner Brod PeresI; Miriã Miranda SilveiraI; Willian Von AhnI; Moacir Cardoso Elias

Profa. Ciência dos Alimentos | Universidade Federal de Pelotas |Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” |Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos A soja é a oleaginosa mais produzida no Brasil, cultivada de sul a norte do país, com estimativa, segundo a CONAB, de quase 95 milhões de toneladas na atual colheita, o que representa um crescimento de 9,8% em relação à safra anterior, de 2014. Os grãos de soja têm excelentes propriedades tecnológicas e são altamente nutritivos, constituídos por aproximadamente 20% de óleo e 40% de proteínas e participam da composição de aproximadamente 60% dos produtos industrializados, podendo esse percentual ser ainda maior dependendo da região do mundo. Na pós-colheita, o armazenamento é uma etapa imprescindível para suprir a demanda dos grãos durante o período de entre safra, além de possibilitar o abastecimento do mercado interno e, principalmente, a exportação em momentos economicamente viáveis. Para que esse grão seja comercializado e posteriormente consumido, deve ser assegurada a manutenção da qualidade, a qual é associada ao teor de óleo e sua acidez, à integridade física, e à incidência de defeitos, principalmente oriundos da contaminação por fungos e insetos durante o armazenamento. Esses são responsáveis por perdas físico-químicas e tecnológicas importantes, além de aumentar os custos nos processos de industrialização. O ataque de pragas e o metabolismo dos grãos são diretamente influenciados pela umidade e pela temperatura dos grãos, pela temperatura e pela umidade relativa do ambiente de armazenamento, pelo manejo tecnológico praticado e pela integridade física dos grãos. Secagem, controle de termometria, aeração, exaustão, resfriamento e manejo integrado de pragas fazem parte das tecnologias mais utilizadas atualmente na busca da manutenção da qualidade dos grãos durante o armazenamento. No presente artigo são abordados os benefícios e os cuidados necessários na utilização da tecnologia de refrigeração de grãos de soja em silos metálicos e armazéns graneleiros. O primeiro e mais importante cuidado a ser considerado no ambiente de armazenamento, no interior dos silos e dos armazéns graneleiros, é o fato de haver um ecossistema que inclui metabolismos integrados, os quais são influenciados por fatores abióticos e bióticos. Em consequência disso, no 32| Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2015

resfriamento de grãos usando ar do ambiente natural mesmo em regiões de clima frio, há riscos de elevadas umidades relativas do ar que favorecerem a atividade microbiana e ativam o metabolismo intrínseco, comprometendo a qualidade dos grãos. A refrigeração dos grãos deve ser feita com ar submetido à desumidificação e à redução da temperatura para valores próximos a 14°C. Com uso de ventiladores, o ar desumidificado e frio é colocado para dentro dos silos metálicos (Figura 1A) e armazéns graneleiros (Figura 1B) através dos dutos de aeração.

Figura 1. Equipamento de refrigeração insuflando ar resfriado para dentro do silo (A) e armazém (B). Fonte: LABGRÃOS-UFPEL

Valmor Ziegler - vamgler@hotmail.com


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¦Resfriamento¦ Introduzida em escala industrial há pouco mais de uma década no Brasil e em outros países latino-americanos, a tecnologia de refrigeração vem sendo amplamente utilizada para manter a qualidade dos grãos durante o armazenamento, o qual pode se estender por longos períodos. O resfriamento da massa de grãos reduz o metabolismo dos grãos e de organismos não psicrófilos associados. Quando o metabolismo dos grãos é reduzido, automaticamente há redução do consumo de suas reservas, mantendo a qualidade. Em geral, a refrigeração dos grãos ocorre a partir da base do silo e se estende até a parte superior da massa de grãos, sendo a operação interrompida quando a temperatura dos grãos que estão na parte superior atingir valores muito próximos (1 a 2ºC de gradiente) da temperatura dos grãos que estão na base do silo (Figura 2).

Figura 2. Representação esquemática da insuflação de ar refrigerado em silos. Fonte: Adaptado de DA SILVA, UFES (2013).

Estudos realizados pelo Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (LABGRÃOS) do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial (DCTA) da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) mostram que o uso de temperaturas baixas durante o armazenamento possibilita a manutenção do peso de mil grãos durante o armazenamento durante 12 meses de soja. A manutenção do peso de mil grãos representa de forma indireta que foram quantitativamente preservados os componentes majoritários dos grãos como proteínas, lipídios e carboidratos. Outro parâmetro importante para avaliar a qualidade dos grãos durante o armazenamento é a acidez lipídica. Segundo a Instrução Normativa N° 49, de 22 de dezembro de 2006 do MAPA, a acidez lipídica do óleo refinado para comercialização deve ser de no máximo 0,20mg de NaOH.g-1 para o óleo Tipo 1, enquanto que para o Tipo 2 a acidez lipídica deve estar entre 0,20 e 0,60 mg de NaOH.g-1. A acidez lipídica é uma medida indireta da atividade da lípase, uma enzima importante, a qual é diretamente influenciada pela umidade e pela temperatura dos grãos e do ambiente de armazenamento. Estudos realizados pelo LABGRÃOS mostram que a redução da temperatura de armazenamento dos grãos permite manter a acidez lipídica em valores baixos. Essa acidez tem influência 34 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2015

direta no processamento, pois uma menor acidez lipídica representa melhores rendimentos de extração, redução dos custos de refino e uma boa qualidade final do óleo que vai chegar aos consumidores. Nos últimos anos, a exportação de grãos de soja vem crescendo gradualmente, sendo que no ano de 2014 o Brasil exportou 41,9 milhões de toneladas em grãos, o que representa mais de 40% da produção brasileira de soja. O principal destino da soja é a China, onde vários produtos alimentícios são elaborados a partir da fração proteica, razão pela qual os critérios de avaliação da qualidade dos grãos não mais se limitam à fração oleosa, mas abrangem também a fração proteica. Durante o armazenamento dos grãos, várias alterações ocorrem na conformação das proteínas, que afetam propriedades importantes como a solubilidade proteica e consequentemente o rendimento e a qualidade de produtos como soymilk e tofu, elaborados em grande escala na China. Dessa forma, alguns países importadores da soja brasileira exigem um mínimo de solubilidade das proteínas, que varia de 50 a 70%, dependendo do país. A utilização do frio facilita a adequação aos padrões internacionais de solubilidade proteica, quando armazenados em temperaturas baixas. Outros trabalhos de pesquisa realizados no LABGRÃOS mostram que a refrigeração também apresenta benefícios em outros grãos como arroz, feijão, milho e trigo, pela redução do metabolismo. A refrigeração também auxilia no controle de insetos no ambiente de armazenamento com temperatura inferior a 16°C. Com a utilização da refrigeração no armazenamento dos grãos, alguns gastos são reduzidos, como o expurgo (fumigação), possíveis gastos com transilagem e/ou intransilagem, para remover bolsas de calor, somados àqueles representados pelas perdas quantitativas e de qualidade dos grãos, e isso compensa o investimento na aquisição do equipamento, gastos operacionais e com a energia elétrica necessária para o resfriamento dos grãos dentro do silo, havendo pouca necessidade de reaplicação do frio porque os grãos são maus condutores de calor, permitindo que não ocorram gradientes significativos de temperatura, o que torna a tecnologia economicamente viável. O uso da refrigeração ainda sofre resistência por parte de alguns agricultores, armazenistas e industriais de grãos porque não são muito disseminados os conhecimentos técnico e científico sobre seus benefícios, principalmente em relação ao controle de insetos. No entanto, é uma tecnologia promissora e que merece ser destacada, pois desempenha papel importante na redução das perdas na pós-colheita de grãos, que atualmente são bastante expressivas. Os autores agradecem a CAPES, CNPQ, FAPERGS e POLO DE ALIMENTOS



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¦ CoolSeed News ¦

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¦Utilíssimas ¦

Revista Granos & Postcosecha Latino Americana Já está nos armazens, laboratórios, corretores de grãos, etc. a última edição da Revista Granos & Postcosecha Latino Americana - De La Semilla Al Consumo. Nesta edição notas muito interessantes sobre qualidade, controle de pragas, manutenção, tecnologia, refrigeração e informes empresariais, junto com informações sobre cursos e seminários da especialidade. Interessados em assinar enviar email para: consulgran@gmail.com

Treinamento Eng. Domingo Yanucci e funcionários da firma Lac Lélo de Santa Catarina, em oportunidade de um treinamento sobre aeração de grãos.

Mato Grosso terá censo de armazéns A Superintendência Regional da Conab em Mato Grosso inicia, nesta semana, censo para atualização do Cadastro de Armazéns do estado. Com base nas informações coletadas, serão atualizados dados como a capacidade estática dos armazéns públicos e privados. O último recenseamento das unidades do Mato Grosso foi feito em 2009. A pesquisa será realizada em etapas ao longo de 12 meses. A meta é vistoriar todos os armazéns localizados no estado do Mato Grosso. Ao todo, 141 municípios serão visitados por 34 técnicos da regional. Esta primeira etapa contemplará 26 municípios em 25 dias. A expectativa, ao final da operação, é de aumento no número de armazéns e na capacidade estatica, assim 40 | Revista Grãos Brasil | Maio / Junho 2015

como a regularização dos agentes armazenadores que estavam fora do cadastro. Atualmente, Mato Grosso possui cadastrados 2.205 armazéns com 31,2 milhões de toneladas de capacidade, sendo que armazéns a granel representam 93% da capacidade e armazéns convencionais, 7% da capacidade. A Conab, por delegação de competência atribuida pela Lei de Armazenagem 9.973/2000 e Decreto 3.855/2001, é responsavel pela administração e controle do Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras. Conforme art 9º do Decreto, os pessoas jurídicas que desenvolvem atividades de armazenagem estão obrigadas a fornecer informações relativas às unidades armazenadoras, para inserção no referido Cadastro.

SNA defende fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário “Os cortes orçamentários conduzidos recentemente pelo Ministério da Fazenda, nos dispêndios de todos os ministérios, poderia ter sido mais efetivo com a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário e transferência de suas atribuições para o Ministério da Agricultura”. A afirmação foi feita pelo presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga. Ele lembra que, neste momento de forte restrição monetária, o fato de o governo federal aumentar recursos para o setor agropecuário reconhece a importância do setor para a economia brasileira. “Afinal, o agronegócio está salvando a balança comercial do País e não vale a pena mexer em um time que está ganhando”, justifica. No entanto, Alvarenga critica alguns privilégios concedidos: “Essa distinção entre agricultura e agricultura familiar é uma verdadeira aberração que só se justifica para acomodar grupos políticos e agradar determinados movimentos sociais (...) O que mais chama atenção é a existência de dois planos. É inexplicável distinguir plano da agricultura familiar e o da agricultura e pecuária. Será que os agricultores familiares não são considerados agricultores?” Ele condena as políticas assistencialistas. “Ao contrário, é preciso estimular o espírito empreendedor dos micro e pequenos produtores, incentivando-os à adoção de modernas tecnologias, proporcionando-lhes condições de obter maior produtividade e inserção na economia de livre mercado”, sustenta. “É plenamente justificável proporcionar aos pequenos agricultores, ou agricultores familiares, condições mais favoráveis de financiamento. No entanto, isto deveria ser feito dentro de um mesmo programa, válido para todo o setor agrícola e pecuário”, conclui o presidente da SNA.




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