Grãos Brasil 57

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Editorial Ano XI • nº 57 NOVEMBRO / DEZEMBRO

FICHA TÉCNICA Caros Amigos e Leitores

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Gerente de Marketing Marcos Ricardo da Silva Colaborador Antonio Painé Barrientos

Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale Produção Arte-final, Diagramação e Capa Marcos Ricardo da Silva

Esta é a última edição do ano que chega a suas mãos, obrigado por receber-nos e compartilhar conosco esta nova entrega. Sem duvidas a continuidade na tarefa de difusão e conscientização é a chave para que os técnicos e as empresas não percam seu foco em um constante melhoramento. Apresentamos tecnologias de comprovada eficácia e que estão economicamente ao alcance e pode justificar-se pelos resultados que geram. Sabemos dos elevados custos da produção e comercialização de grãos, o que afeta a rentabilidade, por isto o que fica a nosso alcance e otimizar os processos, para diminuir gastos e quebras técnicas.Os armazéns devem dar o máximo de serviço possível para melhorar seus resultados. Está em sua etapa final o Livro de Atualização Nº 2 - Aeração e Refrigeração, esperamos apresenta-lo nos próximos meses. Nesta edição apresentamos interessantes informações sobre controle de pragas, comercialização, tecnologia de conservação (distribuidor de grãos), logística, certificação das unidades armazenadoras, informatização, silo bolsa, logística e muitos outros assuntos que com certeza ajudarão a enriquecer cada vez mais os conhecimentos daqueles que trabalham com a Pós-colheita de grãos e sementes. Desejamos aproveitar esta ultima edição do ano para agradecer seu permanente apoio, assim como o de numerosas empresas e instituições que nos acompanham. Desejamos para vocês felizes festas, junto a seus amigos e família e que 2013 seja um ano de boas colheitas em todos os sentidos. Grãos Brasil, Da Semente ao Consumo está sempre junto a vocês. Que Deus abençoe suas casas e trabalhos.

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(44) 3031-5467 02 | www.graosbrasil.com.br| Novembro / Dezembro 2012

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



FICHA TÉCNICA

Indice

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Certificação de unidades armazenadoras: Informatização da unidade O uso eficaz do Sistema Silo Bolsa na produção de sementes

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Distribuidor: Imprescindível na armazenagem prolongada

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Instrução Normativa 41 do MAPA sobre Certificação de Unidades Armazenadoras em janeiro de 2013 Produçao Agrícola para 2013 - Perspectivas

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Repelentes não tóxicos de insetos em materiais de empacotamento para a proteção de alimentos

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Logística deficiente ameaça os resultados da safra recorde Processo de armazenagem pode reduzir vitamina A em produtos derivados do milho

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Tratamento Curativo

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Controle Integrado de Insetos

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Qualidade de Produtos Armazenados

Setores

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Editorial

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Não só de pão...

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Cool Seed News

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Utilíssimas


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Informatização

Certificação de unidades armazenadoras: Informatização da unidade Estima-se que na próxima safra, período 2012/13, a produção nacional de grãos atinja a casa dos 180 milhões de toneladas. Um aumento que pode chegar a quase 15 milhões de toneladas se compararmos a safra passada, de pouco mais de 165 milhões de toneladas, segundos dados da Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB).

Engº Agrônomo Marcos Freitas Agrotis Agroinformática Auditor Técnico do Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras marcosfreitas@agrotis.com

Cenário... Atualmente, a capacidade estática de armazenamento de grãos no país gira em torno de 142,9 milhões de toneladas. Cerca de 75% dessa capacidade está por conta da iniciativa privada. Outros 20,5% por conta das cooperativas e 4,5% por conta de órgãos públicos. Quanto a sua localização, as Unidades de Armazenamentos (U.A's) concentram-se em sua grande maioria - cerca de 44% na Zona Urbana. Enquanto que, na Zona Rural este valor fica em 36,5%, e no nível de fazenda, este percentual não chega aos 14%. A maioria das U.A's encontram-se próximos as cidades, o que exige uma grande movimentação de grãos oriundos dos campos de produção, ou já estocados nas U.A's localizadas nas Zonas Rurais. Estima-se que a perda anual ocorrida no armazenamento e transporte de produtos como milho, soja, trigo e outros grãos, atinja cifras acima de R$ 2 bilhões de Reais. Problemas comuns a muitas U.A's, é a questão da operacionalização dos processos de recebimento, classificação e guarda dos produtos agrícolas. A começar por critérios para a construção e instalação das unidades. Ainda sem contar a baixa capacidade de armazenamento que o país possui, existem problemas com a falta de modernização das máquinas, equipamentos e estruturas, além é claro, da falta de mão de obra capacitada. Consoante aos problemas relacionados à armazenagem e atendendo os anseios reivindicados pelos segmentos que se relacionam com os prestadores de serviços de armazenagem, idealiza-se um sistema de certificação das unidades armazenadoras de produtos agropecuários. Este sistema tem por objetivo nortear a padronização e a modernização das atividades de guarda e conservação dos produtos agropecuários. 06 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

Certificação... O sistema de certificação, criada pela lei nº 9.973, de 29 de maio de 2000, e regulamentada pelo decreto nº 3.855, de 3 de julho de 2001, que institui o Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras, visa a regulamentação do setor, e busca a uniformização dos procedimentos operacionais, estabelecendo as condições técnicas e operacionais para a qualificação dos armazéns destinados à guarda e conservação de produtos agropecuários. O Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras foi desenvolvido de acordo com as regras e os procedimentos do Sistema Brasileiro de Certificação - SBC. Sistema esse, instituído pelo Conmetro - Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. O organismo de Acreditação do SBC é o Inmetro. O Inmetro acredita aos Organismos Certificadores de Produtos - OCP's, a condução da certificação de conformidade. A Certificação de Conformidade é um documento emitido pela OCP, de acordo com as regras de um sistema de certificação e que atesta a qualidade de um sistema, processo, produto ou serviço. O documento é emitido com base em normas. "A certificação é obrigatória para as pessoas jurídicas que prestam serviços remunerados de armazenagem de produtos agropecuários."


Informatização Atualmente, e após algumas reconsiderações sobre requisitos técnicos a serem adotados e novo escalonamento de implantação (IN nº 41, de 14 de dezembro de 2010), a Instrução Normativa nº 29, de 8 de junho de 2011 do Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA é a que está valendo. Nela estão aprovados os Requisitos Técnicos Obrigatórios ou Recomendados para Certificação de Unidades Armazenadoras em Ambiente Natural. Conforme a instrução, as unidades armazenadoras foram divididas ou enquadradas em função da sua localização e de suas características operacionais em nível fazenda, coletor, intermediário e terminal. Os requisitos técnicos foram classificados como Obrigatório (O) e Recomendados (R), sendo os requisitos obrigatórios subdivididos em (O1), requisito obrigatório no momento da vistoria da unidade armazenadora pela entidade certificadora; (O2), requisito obrigatório para todas as unidades armazenadoras cujo início das obras se deu após a publicação da Instrução Normativa n.º 41/2010, no Diário Oficial da União - DOU em 15/12/2010, pelo MAPA; (O3), requisito obrigatório que deverá ser cumprido no prazo de até três anos após a publicação da Instrução Normativa n.º 41/2010, no Diário Oficial da União - DOU em 15/12/2010, pelo MAPA; (O4), requisito obrigatório que deverá ser cumprido no prazo de até cinco anos após a publicação da Instrução Normativa n.º 41/2010, no Diário Oficial da União DOU em 15/12/2010, pelo MAPA. Para acontecer a certificação, é necessária ainda, a observância das legislações e normas pertinentes à atividade

de armazenamento, além dos requisitos técnicos recomendados ou obrigatórios preconizados na citada instrução normativa. Exigências da Instrução Normativa - Informatização e Controles Gerenciais Um dos requisitos obrigatórios (O1), verificado no momento da vistoria da unidade armazenadora pela entidade certificadora é a informatização da Unidade. Segundo a instrução, o escritório deve possuir um ambiente específico para arquivo dos documentos e demais materiais de escritório, e também, deverá possuir, no mínimo, equipamentos de

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Informatização

FICHA TÉCNICA Diferenciais para o setor armazenador. A competitividade do setor de armazenagem obriga cada vez mais os prestadores de serviços deste ramo a obter, com credibilidade, precisão e rapidez, informações confiáveis para seus clientes e fornecedores. Com o nível de controle oferecido pelo software Agrotis Armazenagem, é possível aperfeiçoar as cobranças, através do cadastro de coeficientes para as taxas de serviços de secagem, armazenagem, expedição/carga, recepção/descarga, limpeza, expurgo e seguro, todos com opção de fixação de data de validade, permitindo a cobrança dos serviços prestados de forma quinzenal, mensal ou pelo período estocado. Ainda como diferencial, é possível a integração de equipamentos eletrônicos de pesagem, medição de umidade, ph e impurezas.

informática que possibilitem a geração de relatórios atualizados sobre entradas, saídas e saldos de estoques, por produto e proprietário. Documentos como os Romaneios ou controles de recepção, devem conter informações, no mínimo, sobre a identificação do proprietário da carga e do produto, a pesagem (tara e bruto) e a qualidade do produto apurada no recebimento. Toda ocorrência operacional relativa aos estoques depositados, desde o seu recebimento até a sua expedição, deverá ser registrada de forma auditável, de preferência digitalmente, para que seja possível rastrear, por proprietário dos estoques, os procedimentos que foram adotados durante o período de armazenamento, de acordo com as orientações do Responsável Técnico. Sejam essas informações, relatórios sobre expurgos, aeração com data, hora e condições psicrométricas, e relatórios da termometria. Uso do software Agrotis Armazenagem para o gerenciamento de unidades armazenadoras. A complexidade dos processos administrados por uma unidade armazenadora de grãos exige um sistema de gestão específico para realizar o controle, integração e acompanhamento de todas as atividades e serviços, desde a chegada do caminhão no pátio da unidade até a posterior expedição ou comercialização do produto, garantindo toda a segurança e confiabilidade no armazenamento e processamento dos dados referentes a tal serviço. Um eficiente controle dos processos operacionais de uma Unidade Armazenadora garante, não só um diferencial na administração, como também o cumprimento da nova legislação, requerida pala instrução normativa nº 29, de 8 de junho de 2011. "A informatização da unidade armazenadora é requisito obrigatório para atender os processos de certificação. E em se tratando de utilidade, é um dos requisitos obrigatórios que mais vai auxiliar o(s) proprietário(s) das unidades armazenadoras a gerenciar suas atividades..." O software Agrotis Armazenagem possui ferramentas para gerenciar com maior eficiência e segurança a unidade armazenadora. Os processos de recebimento, romaneios de entradas e saídas, classificação e beneficiamento, tabelas de descontos e controles de saldos próprios e de terceiros são alguns dos processos abordados pelo sistema. O sistema também realiza o gerenciamento de contratos de depósitos, item abordado pela legislação pertinente. 08 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

Benefícios oferecidos pelo software: - Controla processos de recebimento, classificação e processamento dos produtos recebidos; - Geração de relatórios atualizados sobre entradas, saídas e saldos de estoques, por produto e proprietário; - Administração de contratos de depósito, compras/vendas a fixar/fixados, trocas e CPR's; - Cálculo de desconto por quebra-técnica; - Controle de serviços de armazenagem, classificação, secagem, expurgo, ensaque, e outros. - Cobranças ou descontos físicos (em grãos) ou financeiros; - Permite o cadastro de várias moedas, equivalência-produto, com cotações diárias; - Posição física e financeira em tempo real, de todo o estoque de grãos, por cliente ou unidade de armazenagem; - Tabelas de descontos de impurezas, umidade, grãos ardidos, chochos e quebrados; - Análise financeira em diferentes moedas (cotações), permitindo operações de Barter (trocas); - Transferências de saldos entre clientes; - Integração entre matriz e filiais, totalizando a posição dos estoques por unidade e por clientes/cooperados. Referências no setor. Atuando há 22 anos no desenvolvimento de software para toda a cadeia do agronegócio, a Agrotis Agroinformática possui experiência consolidada na área. Através de uma equipe de Engenheiros Agrônomos, Administradores e Analistas de Sistemas, a Agrotis mantém parcerias com mais de 2000 mil clientes em todo o país. Cerealistas e Cooperativas nos Estados do RS, PR, SP, MG e MT já utilizam o software Agrotis Armazenagem em seus processos. Todas partiram de uma necessidade de apuração mais enxuta de seus custos de armazenagem e aumento da eficiência nas cobranças por serviços realizados para terceiros. Adicionaram mais profissionalismo nos procedimentos operacionais da unidade e criaram dessa forma, maior credibilidade perante aos seus clientes.


Pós-Colheita Silo Bolsa de Precisão

FICHA TÉCNICA

O uso eficaz do Sistema Silo Bolsa na produção de sementes IpesaSilo na Produção de sementes O SILO BOLSA é inestimável como ferramenta para segregar os grãos na hora da colheita. Nas próprias áreas de produção, permite o crescimento das empresas de sementes sem complicar a gestão no local de recepção e organiza muito melhor o trabalho de seleção de material que é enviado para a embalagem final.

Hector Daniel Malinarich Depto de Eng. Agr. da Universidade Federal de Viçosa alacerda@ufv.b

O SILO BOLSA é inestimável como ferramenta para segregar os grãos na hora da colheita. Nas próprias áreas de produção, permite o crescimento das empresas de sementes sem complicar a gestão no local de recepção e organiza muito melhor o trabalho de seleção de material que é enviado para a embalagem final. A produção de sementes requer muito cuidado para obter um produto que atenda às necessidades do mercado. Desde o início da colheita, o monitoramento deve ser seguido com rigor para controlar as pragas e doenças e evitar, tanto quanto possível, qualquer stress que possa comprometer a viabilidade dos grãos produzidos. Os grãos são muito sensíveis a problemas climáticos e bióticos, refletindo na energia do embrião da semente produzida. Mas depois de ter alcançado o objetivo inicial de produzir uma semente com maior potencial para gerar uma planta vigorosa, deve-se trabalhar para manter esse potencial durante o armazenamento e processamento de estágio até a hora de novas plantações para manter suas melhores características. O sistema de armazenamento em Silo Bolsa permite manter isolados lotes individuais, realizar controles de qualidade antes da embalagem além de permitir a entrada organizada de cultivos iguais, independentemente da procedência, evitando perda de tempo e de recursos. Para as sementes comerciais, este processo é mais complexo porque ele acrescenta o fato de ter vários cultivos que criam uma complicação, o dever de preservar a identidade dos lotes a fim de se identificar e evitar a mistura de variedades, bem como evitar a mistura de lotes de alta qualidade com outros que comprometam o produto final. Tudo isto deve ser feito no turbilhão da cultura, na confluência dos lotes de

plantio de diferentes origens. Aumento dos custos que gera o sobredimensionamento da estrutura para atingir estes objetivos são a principal preocupação e um dos grandes obstáculos para a hora de tentar aumentar os volumes de processamento e, consequentemente, aumentar o tamanho da empresa. Tudo isto é agravado, especialmente, no caso da soja, que não aceita atrasos na colheita, como uma chuva inesperada, a incidência de doenças de fim de ciclo, a deiscência das vagens causa grandes perdas de volume e de qualidade. Isso concentra a colheita para poucos dias e requer grandes quantidades de recursos para o transporte e recepção. O medo de técnicas desconhecidas e o risco de comprometer com o seu uso uma trajetória obtida com anos de trabalho fez, inicialmente, os responsáveis técnicos e os cultivadores de sementes desconfiarem de seu uso. Porém, depois dos estudos realizados pelo Dr. Juan Carlos Rodrigues

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Silo Bolsa

e sua equipe no INTA Balcarce, a partir de 2001, foram dissipando medos e colocando a tecnologia na forma e no momento certo para executá-lo. Visto assim, os dois maiores produtores de sementes do oeste baiano começaram no ano de 2008, a entregar para seus produtores associados, silo bolsas para que ensacassem a sua produção por um período curto. Permitindo assim, fazer a análise de qualidade do grão colhido e organizando a entrada dos cultivos, minimizando os riscos de misturas de cultivos de grãos de qualidade ou de renda insuficiente para ser vendida como semente. O primeiro fato que compreenderam é que o SILO BOLSA, no caso de produção de sementes, não é uma ferramenta de armazenamento, mas um instrumento de seleção. Materiais sem qualidade de germinação são comercializados como grãos comuns, de consumo, quando e

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como o produtor preferir. Desta forma, cada lote permanece no SILO BOLSA por um período médio de menos de um mês, quando enviam caminhões para retirar e fazer a entrada na unidade de processamento. Isso maximiza a utilização da infraestrutura de classificação, permitindo aumentar significativamente a capacidade operacional. Algo semelhante ocorre com as empresas de industrialização de arroz, que geralmente são os fornecedores de sementes aos produtores no nordeste do Uruguai, principalmente na área da Rocha. Já na Argentina, tanto para soja como para trigo, é realizada uma operação similar em todas as regiões produtivas e, no caso de espécies destinadas à forragem, como aveia, quando a demanda supera a oferta, recorre-se em algumas áreas para as sementes armazenadas em silos para suprir as que estão faltando. A técnica de armazenamento de grãos em sacos plásticos, uma das mais bem sucedidas e difundidas na última década, não só no MERCOSUL, mas em lugares tão diversos como Austrália e Ucrânia, Canadá, África do Sul e Sudão, tem grande flexibilidade de utilização, o que lhe permite adaptar-se às necessidades dos produtores, e armazéns industriais para resolver alguns problemas que surgem na complexa cadeia de processos que cada um destes grupos apresenta. Os produtores de sementes encontraram com o SILO BOLSA uma ferramenta que lhes permite tornar mais eficiente e menos estressante uma etapa fundamental no seu processo de produção.


DistribuidordedeAcidentes Grãos Prevenção

Distribuidor: Imprescindível na armazenagem prolongada Eng. Domingo Yanucci

Nós que penteamos os cabelos brancos já sabemos que quase 90% dos deteriores nos armazéns se dão abaixo do ponto de carga. Pelo conhecido fenômeno de segregação que leva a que a matéria estranha, material pesado, terra, etc., se acumulem debaixo do ponto de carga do depósito e o material mais leviano fica na periferia deste ponto. Não é estranho ter 2 a 4 pontos de diferença entre o peso hectolítrico do centro e das laterais de um silo. Este fenômeno é universal e acontece por mais limpo que esteja o grão. Ao produzir-se a segregação, a coluna debaixo do ponto de carga tende a esquentar, por sua própria natureza inicial e por ser normalmente maior a distancia que deve passar a aeração, isto leva a problemas sérios no caso que não se detecte a tempo. O esquentamento do coração do silo faz que a aeração não seja eficiente, somando horas de aeração sem resultado

Eng. Domingo Yanucci. Consulgran - Revista Grãos Brasil gerencia@graosbrasil.com.br (044) - 3031-5467 para a região perigosa, que causa quebras técnicas no resto da mercadoria. Muitas vezes ao estar o armazém completo, não da para trasilar, às vezes o trasile sobre si mesmo não resolve todo o problema. Por isto na maioria dos países se opta por usar distribuidores, máquinas mais ou menos simples que evitam a concentração do material perigoso. Sempre comento que em minha primeira viajem aos EUA, não encontrei um só silo, dos muitos que visitei em 8 estados, sem distribuidor. Claro está que me seguiu chamando a atenção que em nossa região ainda seja uma raridade. Seria motivo de uma profunda analise estudar as razões que levam a que algo tão útil, econômico e conveniente como um distribuidor não seja exigido quando se pensa em um depósito de grãos. Existem distintos tipos de

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Distribuidor de Grãos distribuidores. Com motor e bandeja, condutos múltiplos, cone rotativo, bandeja rotativa, etc. Sobre tudo no caso de mercadoria que deve ficar muito tempo armazenado, sem movimentar-se, se recomenda este tipo de equipamentos. Recomendações de instalação do cone distribuidor O cone deve ser instalado abaixo do ponto de carga do silo (dentro do silo), a 30 cm de distancia da boca do duto de baixada. Deve-se cuidar que a veia de grão passe sobre o centro do cone, de maneira que permita uma distribuição uniforme da mercadoria. Desta forma o grão faz que o cone gire sobre um mesmo ponto e não oscile (balance).

O cone distribuidor possui uma borboleta superior por onde se passam os cabos de aço que o prende ao teto. Os tetos normais o que suportam cabos de termometria, suportarão o cone sem problemas. O distribuidor é instalado e se deixa sempre colocado. Só se faz o trabalho de colocação uma vez. Pode-se aproveitar quando o silo esta cheio para entrar e pendura-lo devidamente. Devem-se ter todos os cuidados normais de ingresso aos silos. Nunca realizar o trabalho sozinho, sempre deve ter alguém fora do silo e contar com os materiais necessários para executar o trabalho. Com os elementos necessários se instala em poucos minutos. Uma vez disposto ver como o grão incide no cone e se esta girando convenientemente e distribuindo a mercadoria.

Ter em conta a relação entre a distancia do grão mais curta e mais cumprida que deve atravessar o ar

A - Caminho mais curto B - Caminho mais longo X=B A

Distribuidor de tipo cone Vista lateral

Segregação

Material Pesado Material Leve

Distribuidor de tipo cone Vista superior 12 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012


Certificação

Brasil inicia aplicação da Instrução Normativa 41 do MAPA sobre Certificação de Unidades Armazenadoras em janeiro de 2013 Nova legislação deve melhorar a qualidade dos alimentos e zelar pela competitividade do país no mercado externo de grãos

No início de 2012, o Brasil deu início a uma nova e importante etapa para melhorar o controle de qualidade dos grãos armazenados. Entrou em vigor a Instrução Normativa 41 do MAPA sobre Certificação de Unidades Armazenadoras, com base na Lei da Armazenagem 9.973, que tornou obrigatória a certificação de unidades armazenadoras de grãos. A IN 41 estabeleceu que, no primeiro ano, 15% da capacidade instalada das empresas armazenadoras estivessem certificadas. A partir de 2013, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento inicia o processo de fiscalização para acompanhar a aplicação da legislação. "Estamos investindo na formação profissional de nossos fiscais a fim de zelar pelo cumprimento da legislação", destaca Carlos Alberto Nunes Batista, Secretário-Executivo da Comissão Técnica Consultiva do Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras. A expectativa é que esta legislação dê um passo significativo em termos de qualidade do alimento que vai para o consumidor, além de assegurar a competividade brasileira tanto no mercado interno como externo. "Em termos de país, um programa forte de certificação sinaliza seriedade para os compradores de grãos e não deixa margem para que se coloque em dúvida a qualidade do alimento produzido", explica Irineu Lorini, pesquisador da Embrapa Soja na área de controle de qualidade de grãos armazenados e presidente da Abrapos (Associação Brasileira de Pós-Colheita). Para que a exigência da certificação seja cumprida, fiscais federais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, participaram de um treinamento sobre o Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras, realizado na Embrapa Soja, em Londrina, PR, de 19 a 23 de novem-

Assessoria de Imprensa - Embrapa Soja Redação: Carina Rufino(MTB3914/PR), com colaboração de Beatriz Bevilaqua Carina@cnpso.embrapa.br bro. O evento foi organizado pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo e executado pela Coordenação-Geral de Infraestrutura Rural e Logística da Produção (CGLOG/DIEL), ambas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Para o fiscal federal agropecuário, Nelson Guedes, o treinamento foi bastante importante para a sua capacitação profissional. "Só assim podemos avançar nas questões de segurança alimentar e modernização do segmento", explica. Inês Tutida destacou que o treinamento permitiu aprofundar o conhecimento da norma. "Tivemos a oportunidade de esclarecer algumas dúvidas", explica. Para Elisangela Pinto Figueiredo, que também participou do treinamento, apesar de a norma ser recente, representa um ganho para a sociedade. "Ainda é tudo muito recente. Esperamos a melhoria do alimento para o consumidor dentro de alguns anos", completa. "A nova legislação vem sendo bem acolhida pelo setor. As empresas estão acelerando a certificação para não ficarem na ilegalidade", explica Lorini. O controle de pragas de armazenagem é essencial para a produção de alimentos sem contaminação por insetos. A presença de insetos em silos pode modificar a cor, o cheiro e o sabor dos grãos e os insetos também podem degradar proteínas. "Por isso, os programas de controle de qualidade são tão importantes para o país", salienta o pesquisador Marcelo Álvares de Oliveira, pesquisador da Embrapa Soja na área de qualidade e certificação de produtos. Informações para contato no Ministério da Agricultura: Carlos Alberto Nunes Batista Departamento de Infraestrutura, Logística e Parcerias Institucionais - DIEL/SDC - Esplanada dos Ministérios, Bloco "D", (Anexo B) - Brasília - DF carlos.nunes@agricultura.gov.br (61) 3218.2376 - 3218.2836

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Mercado

Produçao Agrícola para 2013 - Perspectivas "Lança o teu pão sobre as águas, e depois de muitos dias o acharás" (Eclesiastes 11:1)

Osvaldo J. Pedreiro Novo Horizonte Assessoria osvaldo.pedreiro@uol.com.br

Essa frase consta da Bíblia Sagrada, e foi escrita pelo sábio Salomão há mais de 2 mil anos. O que Salomão quis dizer com essa frase? Na verdade, a história conta que o Rio Nilo, desde os tempos remotos da história tem seus períodos de cheia, e nessa época ele inunda boa parte do solo ribeirinho. Para entender melhor, vamos transcrever um pouco da história do Rio Nilo: As nascentes do rio ficam no limite onde hoje é a Uganda, Etiópia, Sudão e deságua no Mar Mediterrâneo. As estações dos anos eram determinadas pelas cheias, sendo elas: - 1ª Estação: inundação - ocorria de julho a outubro. - 2ª Estação: cultivo da terra - ocorria de novembro a fevereiro. - 3ª Estação: colheita - ocorria de março a junho. Todos os anos, entre os meses de julho a outubro os egípcios aguardavam as cheias e o húmus acumulado no leito fertilizava a terra garantindo a prática agrícola. A grande preocupação da população nesses meses era com as enchentes acima de 8 metros cuja vazão era mais demorada, impedindo o preparo da terra para semeadura. Para aproveitar as águas do Nilo foram construídos diques, reservatórios e canais de irrigação. O Lago de Méris, reservatório construído no Baixo Egito, é um exemplo desse trabalho, que durante os períodos de estiagem abasteciam as terras localizadas ao norte do território. As águas do Nilo, além de favorecer a agricultura, também eram utilizadas para beber, pescar e como meio de transporte de pessoas e mercadorias. Muito bem. Nós aqui no Brasil e na América do Sul, não temos esse tipo de técnica para controlar o plantio de produtos agrícolas, mas temos um regime de chuvas teoricamente normal para as principais áreas de produção com o Centro Oeste (chuvas regulares), a Região Sul (chuvas irregulares com mais frequência) e as demais regiões que entra ano e sai ano e sempre tem uma nova surpresa. Neste ciclo de safra 2012/2013, a despeito de algumas áreas isoladas terem registrado um menor índice de precipi14 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

tação pluviométrico que resultou em atrasos de plantio, replantio em algumas áreas; por outro lado tivemos excesso de chuvas, déficit hídrico em outras, mas de uma maneira geral ainda estamos vivenciando um clima se não excelente, pelo menos favorável a resultados talvez até recordes em comparação com anos anteriores. A tradição do mercado diz que "a chuva produz grãos" (em Inglês: "rain makes grain"), por isso a gente costuma dizer que o mercado sobe e desce em função do clima no mundo. Quem é produtor sabe que precisa da chuva para semear, precisa da umidade para o desenvolvimento das plantas, e precisa de um bom e generoso volume hídrico para obter bons resultados de produtividade seja para milho, seja para soja ou trigo ou para ter uma boa pastagem para engordar o seu gado!... DADOS ESTATÍSTICOS - O VAI E VEM DOS PREÇOS Neste ano de 2012 tivemos uma série de fatores que contribuíram para os altos e baixos do mercado. - SOJA: Começamos 2012 com perspectiva de recorde de produção, mas com os problemas climáticos surgidos ao longo dos dias tivemos uma queda de produção que a cada relatório se via com tristeza a safra se deteriorando e os preços atingindo níveis jamais alcançados nos últimos 30 anos. Vimos as previsões se reduzirem em 9 milhões de toneladas, um desespero das indústrias em busca de receberem os volumes comprados e já compromissados, e o mercado a cada dia registrando recordes de preços; passamos de R$40,00 a saca no interior do MT para R$75,00 em menos de 3 meses, e atingimos a cifra de R$80,00 a saca em meados de julho/agosto de 2012. Para maior desespero a safra Norte Americana também sofria severo revés na sua produtividade em consequência da terrível seca que assolou o país num recorde de mais de 30 anos que não acontecia tamanha catástrofe, e a produção deles recuou de 90 milhões para 72 milhões de toneladas conforme relatório do USDA anunciado no inicio de Novembro. Com tantas notícias ruins vimos a Bolsa de Chicago atingir US$17,60 por bushel na cotação da soja, e os preços aqui no Brasil baterem próximos de R$100,00 a saca base Porto de Paranaguá!... Nesse período - entre agosto de setembro deste ano -, a safra 2013 brasileira chegou a ser negociada a R$66,00 no interior do Paraná para entrega em Fevereiro/2013, e no por-


Mercado

Fonte: CMEGROUP to foi negociada a R$78,00 a saca!... Terminada a colheita Norte Americana, em Novembro tivemos a correção final nos números de produção para 73 milhões de toneladas na soja, e ao mesmo tempo as primeiras estimativas de produção brasileira para 2013 indicando algo acima de 80 milhões de toneladas - mais um recorde de produção!... A partir desses relatórios as cotações na Bolsa de Chicago entraram em queda constante, descendo de US$17,50 para US$14,50 o bushel e ainda segue pressionado com o desenvolvimento satisfatório da safra 2012/13 em toda a América do Sul, demonstrando que a pressão por falta de produto já foi superada e a expectativa é de que não teremos problemas de abastecimento daqui pra frente praticamente no mundo inteiro. Os preços negociados durante Novembro de 2012, para entrega entre Março e Maio de 2013 passaram a ser cotados entre R$57 e R$60 no interior, e nos Portos entre R$62 e R$66 a saca. Para ajudar ainda mais - pensando do lado positivo e de bons resultados para o bolso popular - as primeiras previsões de produção de soja nos EUA devem atingir entre 92 e 94 milhões de toneladas para 2013!... Chuvas boas estão previstas para todas as áreas produtivas, tanto no Hemisfério Norte quanto no Hemisfério Sul, e a menos que tenhamos alguma surpresa pelo caminho, esperase que tenhamos SAFRA CHEIA E ABUNDANTE, com preços mais razoáveis para todos e felicidade geral das bocas famintas do povo que habita este planeta! Veja a seguir o gráfico de soja de Março/2013 na CBOT:

MILHO: Há dois pontos importantes a serem analisados: - Primeiro, a quebra de produção da safra norte americana, que sofreu terrivelmente com a seca que assolou os EUA e reduziu a safra de milho, de 370 milhões de toneladas para 273 milhões de toneladas, e que provocou impressionantes altas nas cotações de milho, de soja e de trigo na Bolsa de Chicago, sendo que as cotações de milho se aproximaram do recorde de US$8,00 por bushel!... - Segundo, a super safra brasileira (somando-se a safra de verão e a "safrinha" que, como dissemos na reportagem da edição anterior da Revista Grãos Brasil, é covardia chamar de "safrinha"...) superando em toneladas o tamanho da safra de soja brasileira: segundo o relatório de Novembro da CONAB, a produção brasileira de milho nesta safra 2011/ 2012 deve se confirmar em 72,981 milhões de toneladas. Os produtores brasileiros tiveram um ganho extraordinário na venda de milho por conta da quebra de safra norte americana, tendo o Brasil assumido boa parte da demanda internacional e batendo recordes de exportação de milho a níveis de 19 milhões de toneladas previstas para embarques até fevereiro/2013 ainda conforme relatório da CONAB. Com essa explosão nas exportações, os preços internos do milho superaram a melhor das expectativas, tendo sido negociado em Novembro a R$32,50 e a R$36,00 no interior do Paraná e em Paranaguá respectivamente, e no Mato Grosso variando de R$18 a R$26,00 a saca - valores nunca antes atingido nessas regiões!... A seguir, o gráfico de milho Dezembro/2012 na CBOT:

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Mercado

Fonte: CMEGROUP PERSPECTIVAS PARA 2013 Levando-se em consideração esses dados, pode-se antecipar que os preços não devem recuar até que a safra de milho de verão para 2012/2013 seja conhecida - e tudo leva a crer que haverá efetiva redução de área plantada de milho em favor da soja que apresentou ganhos insuperáveis nesta temporada!... Há de se considerar, ainda, que a safra de verão que está sendo plantada no Brasil deve registrar novos recordes de produção de soja - a previsão mais pessimista fala em 79 milhões de toneladas - podendo chegar a 83 milhões se o clima favorecer com está favorecendo até este momento!... Em relação à produção de milho, mesmo havendo redu-

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ção de área no plantio de verão ainda teremos uma produção estimada em 72 milhões de toneladas - bem próximo ao total registrado para a temporada que estamos vivenciando. Outro fator muito importante a ser considerado: se tudo correr bem, os norte americanos podem produzir entre 90 e 94 milhões de toneladas de soja e próximo de 370 milhões de toneladas de milho para a safra de 2013 (conforme previsão do USDA de Novembro/2012). Assim, não se pode dizer que o ano vai ser ruim de preços para o produtor, mas é melhor se prevenir pois os altos preços para soja e milho podem ter sido já atingidos e muita coisa ruim haverá que acontecer para novos recordes de preços em todo o mundo!... Melhor ficar atento ao clima mundial, e ao panorama sócio-econômico especialmente da Zona do Euro que continua com sérios problemas de liquidez e ajustes fiscais para que tenhamos bons ventos no ano de 2013. DESEJAMOS UM FELIZ NATAL A TODOS, E QUE 2013 SEJA REPLETO DE BOAS ATITUDES DO HOMEM PARA QUE DEUS POSSA DERRAMAR AS BENÇÃOS QUE ELE TEM RESERVADO A TODOS OS QUE NELE CONFIAM!...


Controle de Pragas

Repelentes não tóxicos de insetos em materiais de empacotamento para a proteção de alimentos A qualidade e a salubridade dos produtos agrícolas duráveis brutos e processados se devem manter desde o momento em que se empacotam até que chegam ao consumidor e se consomem

Shlomo Navarro Food Technology International Consultancy Ltd., Israel e-mail: snavarro@ftic.info

Simcha Finkelman Food Technology International Consultancy Ltd., Israel

Isto se logra mediante o uso de diferentes tipos de pacotes com propósitos de fazê-los mais atrativos para a promoção de sua venda e, sobre tudo, para fornecer uma barreira física contra influencias externas prejudiciais, como são as pragas. O controle de pragas (insetos) de produtos alimentícios duradouros depende em grande parte da higiene, a um alcance limitado no uso de fumigantes nas matérias primas e nos meios físicos depois que se processam. A aplicação de um número limitado e seletivo de inseticida de contato para tratamento de superfícies está permitida nas fabricas processadoras de alimentos, mas seu uso diretamente no alimento processado não está permitido devido a sua toxicidade. Por este motivo a possibilidade de infestação e contaminação da mercadoria por insetos nas etapas de pós-fabricação é um problema importante. Um grande inconveniente dos materiais de empacotamento é que as pragas podem penetrar neles (Navarro et al, 1998;. Riudavets et al, 2007a;. 2007b;.

Athanassiou et al, 2011). O grau de infestação de pragas dos alimentos empacotados depende das espécies de pragas que participam, o tempo de exposição à invasão de pragas e as condições ambientais imperantes. O uso de produtos não tóxicos, extratos crus de neem ou a cúrcuma, capazes de repelir insetos, para proteger os produtos alimentícios empacotados de pragas, se propôs e se concedeu uma patente (Navarro et al., 1998). Este enfoque foi desenvolvido na base da hipótese de que muitos vegetais produzem produtos químicos que as protegem contra os insetos e os extratos destas plantas podem afetar o metabolismo de outras espécies de insetos que não são as que atacam diretamente a planta da qual derivam os químicos. A pesquisa de substancias de origem natural é um enfoque importante para o desenvolvimento de um balanço ambiental. É uma antiga prática na Índia rural misturar folhas secas de neem e cúrcuma em pé com o grão armazenado, assim também as usam entre a roupa para manter longe os insetos (Jotwani e Srivastava, 1984;. Jilani et al, 1988, Koul, 1992). Azadiractina, extratos alcoólicos e aquosos de sementes de neem e as formulações enriquecidas não têm, de acordo com todas as provas realizadas ate o momento, toxicidade

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Controle de Pragas oral ou dérmica para os mamíferos. As flores e as folias de neem são ingeridas como um vegetal na Ásia (Índia, Birmânia, Tailândia) (Schmutterer, 1988). Na prática tradicional, as folias de neem se misturam com o grão guardado e se armazenam por 3 a 6 meses (Anónimo, 1992). A cúrcuma, Curcuma longa L., e uma erva tropical da família endêmica Zingiberaceae do sul de Ásia. O pó aromático de cor amarela e seus rizomas maduros se utilizaram nos países de Ásia por muitos séculos como um corante vegetal para as sedas e tecidos de algodão. Ainda são utilizados em alimentos como condimento, especialmente como um ingrediente essencial do curry em pó, na medicina como estomacal, laxante e na cura para enfermidades do fígado e também como um repelente de uma formiga na Índia (Su et al., 1982). Jilani et al., (1988) afirmou que o óleo da cúrcuma não só repele Tribolium castaneum (Herbst.), também interfere com sua reprodução e desenvolvimento normais. O presente trabalho se realizou para avaliar as substancias ativas dos extratos de Rizomas C. longa para desenvolver melhores materiais de empacotamento de alimentos que sejam repelentes de insetos e posam prevenir a penetração de insetos dentro dos pacotes. As substancias repelentes de insetos que foram desenvolvidas não são tóxicas para os seres humanos, são compatíveis ambientalmente e adequadas para proteger os alimentos e similares da infestação por insetos. A identificação das substancias ativas tem levado ao registro de varias patentes abaixo a marca comercial de Biopack.

Prova de Penetração

Figura 2: Dispositivo usado na prova de penetração. De cima para abaixo se lê: Célula superior - Malha de arame - Disco de película - Célula inferior Resultados e Discussão

Materiais e Métodos Insetos Rhyzopertha dominica F. T. castaneum. Prova de Repelência O bioensaio de repelência se desenhou para provar a eficácia na prevenção que os insetos se movimentam sobre um papel tratado com óleo de cúrcuma ou outros compostos biologicamente ativos ou misturas. (Fig. 1).

Figura 1: Adultos de T. Castaneum concentrados na área não tratada na prova de repelência. 18 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

Interpretação dos Resultados: A prova de repelência é uma prova direta da capacidade da amostra analisada para repelir os insetos, os outros dois bioensaios revelarão um efeito combinado dos componentes antialimentação e os componentes de repelência sobre os insetos. A prova "escolha" indica os efeitos combinados de ambos componentes antialimentação e repelente para evitar a perfuração. Difere da prova "não escolha" onde os componentes repelentes melhoraram a perfuração e os componentes antialimentação evitaram a perfuração. A partir dos dados dos três bioensaios se pode extrair a conclusão em quanto ao efeito antialimentação de a prova.


Controle de Pragas Por exemplo, na prova "escolha", no caso que os insetos não perfurem a parte do papel impregnada, e só perfurem a parte não tratada e os resultados de repelência mostrarão que a amostra avaliada tinha baixa eficácia como repelente, se concluiu que a amostra continha componentes antialimentação. Quando a amostra teve uma alta repelência, a prova de "escolha" mostrou uma alta eficácia inclusa na presença de baixo efeito antialimentação. Em tal caso, a prova "não escolha" daria um resultado de eficácia negativa. Esta eficácia negativa pode reduzir-se só quando componentes antialimentação estavam presentes na prova. Quando o efeito de antialimentação foi maior que a repelência, se obteve um valor positivo em eficácia.

Figura 3: Perfurações de penetração feitos por adultos de Ryzopertha Dominica na área não tratada da prova "escolha" para penetração.

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Controle de Pragas As provas de penetração de insetos em películas de embalagens A literatura descreve uma serie de métodos ideados para determinar a penetração de insetos. Navarro et al., (1998) desenvolveu um método confiável e simples, de menor custo que os que utilizam perfis metálicos. O dispositivo de prova (Fig. 2) foi o mesmo que na prova de "não escolha" anterior, com a película de empacotamento a avaliar-se substituindo o papel, e se permitiu a avaliação do material depois de tempos de exposição extremadamente curtos. Conclusão Navarro et al., (2010) demonstraram nas provas que os óleos essenciais de cúrcuma e varias frações de óleo de cúrcuma tem efeitos de repelência e antialimentação sobre insetos de armazenamento. O resíduo sólido do óleo-resina de cúrcuma tem um forte efeito antialimentação. Também se demonstrou que a atividade integrada apresentada por vários compostos e responsáveis pela elevada atividade do óleo essencial e suas frações como repelente e antialimentação. O óleo-resina de cúrcuma e seus componentes proporcionam um sistema versátil com variados componentes para integrar-se e ser compatível com os materiais de empacotamento de alimentos, e como resultado conduzir a os materiais de empacotamento a serem mais eficazes e impermeáveis contra diversas pragas. Como resultado de diversas fontes de rizoma e métodos de extração, existe uma grande variação em a composição de

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os óleos essenciais comerciais de cúrcuma e óleo-resina. Deve considerar-se que cada lote comercial de óleo-resina de cúrcuma, óleo essencial, TOSR ou fração de óleo para a produção de material de empacotamento impermeável a pragas deve ser cuidadosamente e exaustivamente revisado por sua atividade biológica e sua composição química.


Logística

Logística deficiente ameaça os resultados da safra recorde

Luiz Silveira e Ronaldo Luiz Sou Agro

Especialistas apontam necessidade de medidas emergenciais para escoar produção Mas os representantes do setor demonstram mais preocupação com o ano de 2013. "Em 2012 tivemos uma situação inusitada, na qual as colheitas de açúcar e de soja atrasaram, diluindo o transporte e mascarando nossos problemas logísticos", recorda o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho. "Nos 20 anos em que estou nesse negócio, 2013 está despontando como o pior na logística", completa Nascimbeni.

O déficit de infraestrutura logística no Brasil é um velho conhecido de governos e empresas, mas a safra recorde que deve ser colhida em 2013 está impondo preocupações com os gargalos de curtíssimo prazo. Os executivos e empresários do agro alertam para a necessidade de medidas emergenciais para utilizar ao máximo a capacidade de escoamento das estradas, hidrovias, rodovias e portos. O Ministério dos Transportes já está trabalhando com entidades do setor para realizar uma operação emergencial de escoamento de milho do Centro-Oeste para o Nordeste, segundo o coordenador geral de planejamento da Secretaria Nacional de Política de Transporte do ministério, Luiz Ribeiro. O volume, no entanto, ainda é pequeno. "A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai fazer uma consulta pública para escolher um operador logístico para remover 100 mil toneladas de milho", detalhou Ribeiro na quarta-feira (28), ao participar de um fórum organizado em São Paulo pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove) e pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag). A questão de longo prazo é que a produção agrícola cresce mais rápido do que a infraestrutura logística. Entre 2009 e 2013, em apenas quatro safras, a produção anual de grãos deve saltar 32%, de 135,4 milhões de toneladas para 178,9 milhões. Mas em 2013, o problema de escassez de transporte deve ser agravado pela falta de caminhões e caminhoneiros, alerta o diretor de logística da trading Noble Brasil, Ricardo Nascimbeni, que é membro do comitê de logística da Abiove. "Só o crescimento da safra demandaria 20 mil caminhões a mais, mas o que vimos é o licenciamento de pesados e semipesados novos cair 30% em 2012", alerta ele. Já é rotina ver, no pico da safra, montanhas de grãos armazenadas a céu aberto e filas de caminhões nos portos.

Lei do descanso dos caminhoneiros Além disso, transportadores, caminhoneiros autônomos e contratantes de frete assinalaram no fórum a necessidade de se flexibilizar a aplicação da nova lei dos caminhoneiros, que exige novas paradas temporárias, períodos mínimos de descanso e jornadas máximas ao volante. "Se não houver ajustes na lei, haverá êxodo de caminhoneiros e o custo do frete vai aumentar de 35% a 70%", diz o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nélio Botelho. "Se não ocorrerem mudanças na lei, a pressão por custos no transporte aumentará, o que poderá se refletir no preço dos alimentos, por exemplo", Carvalho. A aplicação da lei foi adiada por seis meses, até março de 2013, mas Botelho não acredita que as empresas, os motoristas e as estradas terão se adaptado a tempo. "Defendemos a redução das horas ininterruptas de descanso de 11 para oito, e que o ponto de parada fique a cargo do motorista, porque falta de pontos de parada nas rodovias é um problema que não se resolve em menos de oito anos", afirma o representante da categoria. Soluções emergenciais Para minimizar os prejuízos que a deficiência de transportes deve gerar em 2013, Nascimbeni defende, além da flexibilização da nova lei, um plano emergencial de utilização máxima da capacidade logística do País. Dentre as medidas, ele cita como exemplo a criação de um regime especial de tributação para as operações de transporte intermodal, nas quais a carga passa de um meio de transporte para outro. "Essas operações têm uma complexidade tributária que pode ser rapidamente resolvida, no caminho de se ter certeza de que todo o transporte existente seja disponibilizado", defende. Diante da falta de caminhões e da pequena malha ferroviária e hidroviária do País, o executivo da Noble defende ainda que o governo prorrogue a redução das taxas de juros para a compra de caminhões novos no Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que está em 2,5% até o fim do ano. A Abag e a Abiove decidiram enviar uma carta à Casa Civil da Presidência da República solicitando medidas emergenciais para o escoamento da safra recorde. Outras entidades presentes no fórum também poderão ser signatárias. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 21


Qualidade

Processo de armazenagem pode reduzir vitamina A em produtos derivados do milho

Guilherme Viana Embrapa Milho e Sorgo gfviana@cnpms.embrapa.br

As principais conclusões da pesquisa foram reduções de 12,4% dos carotenóides pró-vitamina A na canjica, 24,3% no fubá e de 19,4% no creme de milho

Reduções significativas de carotenóides precursores da pró-vitamina A foram verificadas durante o armazenamento de derivados de milho em condições reais de comércio de venda a varejo, ou seja, nas prateleiras de supermercados, onde o consumidor final adquire esses produtos. Essa foi a principal conclusão da cientista de alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), apresentada durante o simpósio “Qualidade Nutricional”, realizado durante o quinto dia da IV Reunião de Biofortificação no Brasil, que aconteceu em Teresina-PI. Estudos foram realizados pela equipe da cientista durante oito períodos de armazenamento, variando de 0 a 24 dias, em condições reais presenciadas pelos consumidores nas gôndolas dos supermercados, a 27°C e com 14 horas diárias de luz. Foram observadas as reduções de carotenóides em três produtos derivados de milho bastante consumidos no Brasil: canjica, fubá e creme do cereal. “É um estudo importante para analisarmos como poderemos otimizar a biodisponibilidade de carotenóides pró-vitamina A. Isso significa o desenvolvimento de embalagens específicas que armazenem em melhores condições esses nutrientes”, pondera Maria Cristina. As principais conclusões da pesquisa, desenvolvida em 2010, foram reduções de 12,4% dos carotenóides pró-vitamina A na canjica (durante o 14° dia de armazenamento), 24,3% no fubá (no sétimo dia) e de 19,4% no creme de milho, 22 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

observada no 10° dia de armazenagem. Diante disso, a cientista alerta para a necessidade de desenvolvimento de novos processos e o uso de embalagens especiais para promover o aumento da retenção de carotenóides de produtos de milho a serem validados no programa de biofortificação. “A determinação da retenção real dos carotenóides é essencial para a determinação do volume de produto a ser consumido para alcance do efeito biológico esperado”, conclui. Caldo do feijão concentra maioria dos nutrientes Hábito no Brasil, o consumo do feijão com o caldo apresenta mais benefícios que o simples sabor. “O consumo dos grãos cozidos com o caldo retém minerais que são perdidos durante o processo de maceração, que é deixar o feijão de molho na água antes do cozimento, hábito comum entre as donas de casa brasileiras”, observa Priscila Zaczuk Bassinello, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO). Ou seja, deve-se consumir o feijão com o caldo sem passar previamente pelo processo de maceração, em que a água é descartada e, consequentemente, os macro e micronutrientes também. Segundo a pesquisadora, o caldo concentra até 73% dos minerais. “Portanto, recomendamos o cozimento em panela de pressão como o método mais eficiente para a retenção de ferro e zinco”, afirma Priscila. Uma porção de 170 gramas de feijão, consumida no dia a dia dos brasileiros durante o almoço, por exemplo, fornece 10% das necessidades diárias de cálcio e zinco, 20% das necessidades de fósforo, manganês e magnésio e de 29% a 55% das de ferro, para mulheres e homens, respectivamente.


Qualidade Arroz parboilizado O arroz, também hábito diário do brasileiro e companheiro inseparável do primeiro legume, tem seu consumo indicado na forma parboilizado. Segundo pesquisas conduzidas pela Embrapa Arroz e Feijão, a parboilização seguida do polimento resulta em 18% a mais de retenção mineral do que apenas o polimento. “As perdas provocadas pelo polimento são ainda mais significativas para o ferro do que para o zinco”, mostra a pesquisadora Priscila Bassinello, da Embrapa Arroz e Feijão. Outros efeitos do processamento do arroz apresentados durante o simpósio foram perdas de ferro que variam entre 50% e 65% dependendo da cultivar durante o processo de cozimento. Comparando o arroz integral ao polido, os resultados mostram que as concentrações de ferro e de zinco são maiores no grão do arroz integral. “A concentração média de ferro no arroz integral foi de 1,44 mg/100 g e no poilido de 0,61 mg/100g”, revela a pesquisadora.Ainda segundo ela, o zinco foi o nutriente que menos sofreu variação e relação aos dois tipos de arroz. No arroz integral, a média foi de 2,93 mg/100g e no polido, de 2,33 mg/100g. A programação da IV Reunião de Biofortificação no Brasil incluiu palestras, painéis, visitas técnicas, reuniões, debates e simpósios. A temática passa por questões ligadas à pesquisa em agricultura, saúde e nutrição, passando pelo papel da agricultura frente às tendências em alimentação e impacto na nutrição e saúde; até a pesquisa em biofortificação no mundo Os trabalhos serão publicados na forma de resumos expandidos nos Anais da reunião. Eles ficarão disponibilizados em

CD-ROM e no site do projeto BioFORT, no endereço www.biofort.com.br. Mais informações: Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO) da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) (31) 3027-1272 ou ace@cnpms.embrapa.br .

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Fumigação

Tratamento Curativo O Tratamento Curativo - a Fumigação, é o processo melhor para que se tenha respostas eficazes a custos menores e sobretudo, com maior segurança do ponto de vista das contaminações por resíduos de agroquímicos.

Arnaldo Cavalcanti Rezende arnaldo_rezende@terra.com.br

Consiste na aplicação de inseticidas na forma sólida (Fosfina), que em contato com o ar transforma-se em gás, promovendo a eliminação dos insetos, em todos os seus estágios de desenvolvimento, agindo no seu sistema respiratório. A operação de fumigação apesar de simples deve ser sempre entendida como uma ação técnica onde parâmetros de temperatura do ar e do ambiente, umidade relativa do ar, nível e tipo de infestação, cálculo da dosagem, material para vedação e possibilidade efetiva de vedação, devem ser considerados para o seu sucesso e segurança. No Brasil a Fosfina (PH3) é o único fumigante registrado para o controle de pragas de grãos armazenados e produtos processados. Nos últimos anos, são cada vez maiores as limitações quanto ao uso de produtos para fumigação. Em nosso caso vamos analisar a Fosfina. Entre essas podemos nos referir aqueles diretamente relacionados com a possibilidade de desenvolvimento da resistência pelas pragas a esse fumigante. A resistência é a consequência de práticas erradas na fumigação, particularmente pelos problemas relativos à Dosagem, Vedação e Tempo de Exposição, fatores importantíssimos e fundamentais para uma boa fumigação. Quando não estritamente observados, restringem consideravelmente as possibilidades de aplicação da Fosfina. Em nível mundial, são muito escassas as alternativas eficazes para substituir a Fosfina. Assim, a compreensão de realizar-se fumigações tecnicamente corretas é o caminho que devemos nos conscientizar. Procurando melhorar os procedimentos de fumigação, novos métodos de aplicação podem contribuir para a otimização dos resultados. Entre as tecnologias desenvolvidas, esperam-se bons resultados das misturas com CO2, das 24 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

combinações com calor ou do sistema de circulação constante, bem como de Geradores de Fosfina (Detia Degesch), Fosfina Pura em Cilindros - Fosfoquim, entre outros, que buscam melhorar a difusão do gás. Considerando o nível de tecnologia necessário e seus custos, estes métodos não são aplicáveis no momento em todos os países. Por outro lado, a utilização correta da combinação dos três fatores - Dosagem, Vedação e Tempo de Exposição, requerem melhor conhecimento, tendo em vista termos a garantia de continuidade de controles de pragas de grãos armazenados e produtos processados, sem riscos de resistências dos insetos à Fosfina. Para nortear esse processo de Controle de Pragas, dentro do contexto da filosofia do Manejo Integrado de Pragas, proporemos algumas recomendações básicas que permitirão ações eficazes, com respostas eficientes, tendo em vista as crescentes dificuldades no controle dos insetos que atacam os grãos armazenados CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA FOSFINA Gás Tóxico e Inflamável Limite de Tolerância: IPVS - 200 ppm (0,02%) LT (Brasil) - 0,23 ppm (0,000023%) LT (EUA) - 0,3 ppm (0,00003%) Temperatura de Auto-Ignição: 38ºC Limite de Inflamabilidade no ar: Limite Inferior: 1,79 %Limite Superior: desconhecido Densidade relativa do gás: 1,184 A FUMIGAÇÃO CORRETA LIBERAÇÃO DO GÁS O Fosfeto de Alumínio é um inseticida fumigante largamente utilizado, que libera o gás Fosfina, altamente tóxico, inodoro (Quando pura) e incolor, com alta capacidade de expansão. O inseticida fumigante mundialmente utilizado é o FOSFETO DE ALUMÍNIO - marca comercial GASTOXIN, apresentado sob as 03 formulações abaixo: - Pastilhas de 0,6 g - liberam 0,2 g de gás Fosfina; - Pastilhas de 3,0 g - liberam 1 g de gás Fosfina; - Sache de 34 g - liberam 11,3 g de gás Fosfina. Estas formulações são comercializadas em vários tipos de embalagens para atender as diversas situações dos usuários.


Fumigação FORMA DE AÇÃO DO GÁS FOSFINA A fosfina, com grande poder de expansão, penetra na massa de grãos ou outros materiais, difundindo-se em todas as direções, atravessando o produto a ser expurgado e matando todas as formas do inseto em seu interior. A difusão da fosfina é auxiliada pela movimentação do ar existente no interior da massa, em silos, graneleiros e pilhas de sacarias (correntes de convecção). Os grãos e sementes são seres vivos, que respiram normalmente, com tendência a aquecer o interior da massa e facilitando a movimentação do gás. A Fosfina mata os insetos agindo no seu sistema respiratório, inibindo sua respiração. Por este motivo, é mais difícil desenvolver-se resistência genética dos insetos ao gás, ao contrário dos inseticidas fosforados, piretróides e carbamatos, que agem no sistema nervoso dos insetos, permitindo com isto que os mesmos desenvolvam mecanismos fisiológicos de resistência.

O gás é liberado quando a umidade do ar entra em contato com o produto, segundo a fórmula:

BENEFÍCIOS DO USO DA FOSFINA - Único produto/método que elimina todas as formas dos insetos; - não afeta a germinação e o vigor das sementes; - Não altera o sabor e não deixa odores nos alimentos; - Não deixa resíduos tóxicos nos produtos tratados, após o escape do gás para a atmosfera; - A Fosfina, após liberada no ar, forma compostos inócuos não causando qualquer impacto ambiental; - A Fosfina é a última barreira contra os insetos de produtos armazenados. Não existe outro produto sendo desenvolvido para esta finalidade, com sua segurança, eficiência, a

A reação acima é catalisada pela umidade presente no ar atmosférico. Portanto, quanto maior o teor de umidade presente no ambiente de fumigação, maior a velocidade de liberação da Fosfina. Por outro lado, em se tratando de um gás, quanto maior a temperatura do material ou ambiente a ser fumigado, maior a velocidade de difusão da Fosfina. Em condições de temperatura de 25ºC a 28ºC e umidade relativa do ar entre 60% e 65%, a liberação da Fosfina se inicia por volta de duas horas após a abertura da sua embalagem, quando em contato com o ar. Por ser inodoro, o odor que se sente inicialmente é a da amônia, adicionada para, entre outras funções, servir como gás de alerta. Desta forma, os cuidados de segurança são exigidos desde o início da operação. O Manual Técnico do Fabricante fornece todas as orientações a serem observadas em casos de emergência, bem como os níveis (em ppm) de criticidade das concentrações de Fosfina. Após a reação de liberação da Fosfina, é formado um pó residual composto basicamente por Hidróxido de Alumínio ou Magnésio, que deverá ser descartado segundo as recomendações a seguir detalhadas, conforme instruções do fabricante. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 25


Fumigação razão de algumas exceções, é de 2,0 g de Fosfina por m³. (Vide recomendações dos fabricantes) No caso em não ser possível obter a cubagem de produto a ser fumigado, poderá ser utilizado a densidade desse produto, disponível no site dos fabricantes. Grãos e produtos alimentícios ensacados: Fazer o cálculo do volume ocupado pelo produto a ser expurgado (cubagem), inclusive eventuais espaços vazios na pilha, multiplicando comprimento x largura x altura, a ser coberto pela lona para expurgo.

baixo custo, daí a preocupação para que seja corretamente utilizada, dentro do manejo de produtos armazenados. FATORES QUE INFLUENCIAM A LIBERAÇÃO DE FOSFINA Dois fatores são decisivos para que o fosfeto de alumínio libere a Fosfina: Temperatura do ar: quanto maior a temperatura, mais rápida será a reação química que libera a fosfina. Abaixo de 10ºC (temperatura do ar no interior do armazém, ou na massa de grãos, ou na câmara do sistema de aeração do silo) não se recomenda o expurgo, mesmo porque nesta temperatura já não há atividade biológica dos insetos. Umidade relativa do ar: quanto maior for a U.R (%), mais rápida será a liberação da fosfina. Assim, quando a U.R. no local onde foi aplicada a Fosfina, no interior da massa de grãos, sistema de aeração, interior do armazém estiver abaixo de 30%, é desaconselhável o expurgo. Quando estiver na faixa de 30 a 40% a experiências têm demonstrado que alguns artifícios auxiliam bastante a decomposição do produto: colocação de bandejas com água na parte interna do ventilador da aeração, ligando-o por alguns minutos antes da colocação do fumigante. E, no caso de armazéns de sacaria, molhar o piso com bastante água, por baixo dos paletes, algumas horas antes da colocação da lona e do produto. DOSAGEM, TEMPO DE EXPOSIÇÃO E VEDAÇÃO A resposta da fumigação depende, fundamentalmente, do emprego combinado e correto da dosagem, da Vedação e do Tempo de Exposição. DOSAGEM As dosagens indicadas pelos fabricantes estão associadas a concentração mínima de Fosfina a que os insetos, em seus diversos estágios de desenvolvimento, devem ser submetidos por um determinado período mínimo de exposição, para que sejam eliminados totalmente. Tendo em vista que a concentração inicial de Fosfina tem efeito anestésico para os insetos, é necessário que as concentrações indicadas de Fosfina sejam garantidas pelo tempo mínimo de exposição para eliminar todos os insetos e todas as suas formas de desenvolvimento, presentes. Pois, a redução da atividade respiratória dos insetos, provocado pelo stress, significa também a redução da inalação do gás. Considerando que a Fosfina é um gás e que se expandirá em um espaço e por entre os grãos, a dosagem sempre será calculada pelo volume (m³) de produto ou espaço a ser fumigado e não em relação ao peso de produto a ser fumigado. A dosagem registrada para o produto, via de regra em 26 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

TEMPO DE EXPOSIÇÃO O Tempo mínimo de Exposição depende da temperatura e da umidade relativa do ar, da formulação utilizada*, além de outros fatores como a possibilidade de existência comprovada de populações tolerantes/resistentes à Fosfina, níveis de infestação e, eventualmente, espécies de insetos. Embora os fabricantes façam indicações dos Tempos Mínimos de Exposição para uma fumigação eficaz, pode-se aplicar o seguinte princípio: Quanto maior o tempo que a Fosfina terá para agir, melhor é o resultado. Lembrando que a concentração mínima letal de Fosfina deve ser mantida por todo o período de fumigação. Como visto anteriormente, a concentração mínima de Fosfina para eliminar os insetos em todos os seus estágios de desenvolvimento deve ser mantida por um período mínimo de exposição. Assim, este fator é determinante para respostas positivas de um processo de fumigação. * Para o caso do sache, o material da embalagem absorve uma parte da umidade do ar, o que tem como consequência geração de Fosfina mais lenta. Condição que deve ser considerada ao se determinar o Tempo de Exposição. Lembrando que a temperatura e a umidade do ar influenciam na liberação da Fosfina, as seguintes observações práticas podem ser utilizadas para orientação do expurgo correto:


Fumigação VEDAÇÃO Fator que determina a manutenção da concentração mínima ideal para eliminar os insetos em todas as suas fases de desenvolvimento. Caso ocorra a redução da concentração de Fosfina, como consequência de uma vedação indesejada, seja pelo uso de lonas de fumigação inadequadas/defeituosas, as pragas podem se recuperar depois de um determinado período de tempo sem ter recebido a dose letal. Lembrando que o gás é extremamente expansivo e penetrante, dispersando-se para todos os lados, é necessário que sejam vedados com lona própria para expurgo, de PVC ou Polietileno, espessura mínima de 150 micras, todas as possíveis saídas que permitam escape do gás: superfície da massa, sistemas de, aeração, válvulas de saída de grãos, junção da lona com cabos de termometria com fita adesiva, bem como colocando "cobra de areia" em todos os pontos onde a lona toca o piso (pilhas de sacaria) ou as paredes (silo ou graneleiro). Atentar para o fato de que o gás Fosfina jamais atingirá uma concentração mortal para os insetos, principalmente para as formas jovens se ele tiver, um ponto para escapar para fora da massa a ser expurgada. Salientamos que eventual (e não recomendado) aumento da dosagem não significa que possamos reduzir o tempo de exposição. Maiores tempos de exposição garantirão melhores respostas da fumigação, sobretudo em níveis mais elevados de infestações e em algumas espécies de insetos.

Dentro deste entendimento, podemos afirmar que o tempo de exposição poderá compensar eventuais adversidades nos teores de umidade e temperatura, na ação efetiva sobre todas as formas de desenvolvimento dos insetos e também na ação sobre grandes volumes de produtos a serem fumigados. CUIDADOS NA OPERAÇÃO DO PROCESSO DE FUMIGAÇÃO Constituindo uma operação em que envolve riscos, esta deve conter todo sentimento de profissionalismo, onde a capacitação e a consciência da atitude são fatores determinantes para que a fumigação transcorra com eficiência e sem acidentes. Formação da Equipe. A equipe de fumigação, coordenada por um elemento ex-

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Fumigação - Promover a sinalização da área e local com uso de "bandeiras" de sinalização; - Certificar-se da ausência de pessoas não autorizadas no local de fumigação e, se necessário, evacuar o local; - Preparar a equipe e checar responsabilidades e EPI's; - Não fumar, beber ou comer durante a operação de fumigação; - Ler atentamente o Manual do Fabricante, observando criteriosamente suas recomendações. - Seguir criteriosamente as recomendações de vedação necessárias para a eficiência e segurança da operação de fumigação. - A dosagem deve ser rigorosamente observada, segundo as instruções do fabricante.

periente, deverá ser reunida para receber as orientações da operação de expurgo, bem como as responsabilidades individuais de cada elemento naquele procedimento. "A leitura atenta do Manual do Fabricante é obrigatória para toda a equipe." O elemento que compõe a equipe de fumigação não poderá ter histórico de doenças hepáticas, estarem bem nutridos, não estarem sob efeitos de medicamentos, além de serem capacitados. Equipamentos de Proteção Individual. Os EPI's devem ser constituídos de macacão, dotados de calças e mangas compridas, botas e luvas de PVC, capacetes, máscara e filtros adequados. Para as máscaras recomendamos as do tipo "panorâmicas" e os filtros, os combinados para gases ácidos e vapores orgânicos. Entendemos importante salientar que os EPI's deverão estar rigorosamente em condições adequadas de uso, particularmente os filtros e máscaras, para que permitam total segurança na operação. O Coordenador da Equipe e o Técnico de Segurança "serão responsáveis pela manutenção e a limpeza dos EPI's (as máscaras devem ser imersas em solução de Milton a 20%, por 15 minutos) ". Observar que cada fabricante estabelece o tempo de uso para os filtros. Entretanto, considerando as variações das concentrações de fosfina a que são submetidas, recomendamos que se avalie a sua eficiência a partir da percepção de odor de amônia, partindo da premissa que o respirador está corretamente fixado à face. RECOMENDAÇÕES PARA A OPERAÇÃO DE FUMIGAÇÃO - Com antecedência de 24 horas toda a indústria ou unidade armazenadora deve ser notificada da data e local da operação de expurgo, bem como o período em que a mesma irá ocorrer; 28 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

Atenção: "As dosagens nunca devem ser alteradas, seja para compensar eventuais vazamentos (Neste caso, recomendamos a solução do problema ou não se realizar a operação de fumigação), seja para compensar altas infestações de insetos". Cuidados na abertura das embalagens de Fosfina. Em se tratando de um inseticida que libera gás, o armazenamento inadequado, sob alto calor, poderá acarretar a pressurização da embalagem diante do aumento da pressão interna. Diante deste fato, recomendamos inicialmente proceder a sua despressurização no lado externo dos locais de expurgo, mediante a abertura parcial das garrafas de Fosfina, posterior fechamento e, no caso das latas de sache, proceder a um pequeno furo para o mesmo objetivo. No caso de uso de lonas para expurgo, estas nunca devem ser de materiais reciclados (Lonas pretas), apenas será permitido a utilização de lonas de PVC ou Polipropileno, ambas específicas e recomendadas para a fumigação. Durante a operação de fumigação não se recomenda o uso de pendentes de luz, apenas se os mesmos estiverem em reais condições adequadas e com protetores para lâmpadas. Nenhum sistema de ventilação ou exaustão poderá estar ligado durante a operação de fumigação. Esta medida apenas deve ser adotada ao final da operação, com vistas à aeração do ambiente e, se necessário, do produto. TIPOS DE PROCESSOS DE FUMIGAÇÃO (EXPURGOS) A aplicação da Fosfina, segundo a sua apresentação: pastilhas, comprimidos, saches ou mesmo na forma de Fosfina pura em gás, as formas de aplicação serão distintas, em que pese algumas delas ainda não disponíveis em nosso país. APLICAÇÃO DA FOSFINA ATRAVÉS DE SONDAS MANUAIS Provavelmente a forma mais utilizada em nosso país, por se apresentar como um processo em que não se movimenta os grãos, a Fumigação se dá com os grãos estáticos em silos, armazéns graneleiros ou outra forma de armazenamento. As sondas podem ser de canos galvanizados ou de PVC, normalmente com 1,5" a 2,0" polegadas de diâmetro e comprimento aproximado de 2,0 m, com uma ponteira especial (Foto abaixo) para permitir a aplicação do Fumigante na profundidade desejada. Durante a aplicação deve-se adotar medidas de cuidados para que não ocorra "embuchamento" de pastilhas ou comprimidos no interior da sonda. A aplicação deve ser contínua, porém sem pressa, para que esses materiais fluam pelas sondas até os locais que queremos aplicar o fumigante.


Fumigação Com larga utilização em países da América do Norte, américa Latina e Europa, o equipamento ainda não está disponível no Brasil.

Inserimos as sondas até o máximo da profundidade possível. Puxa-se bruscamente por uns 10 cm para que a ponteira se abra no interior do produto a ser fumigado e, a proporção que se vai aplicando o produto, ao mesmo tempo vamos movimento a sonda no sentido de retira-la, e nesse movimento contínuo, vamos aplicando o fumigante. Não se recomenda aplicar mais de 1,0 kg de produto por "ponto de sondagem". APLICAÇÃO DA FOSFINA ATRAVÉS DE EQUIPAMENTOS APLICADORES NAS CORREIAS TRANSPORTADORAS Os "Dosadores de Fosfina", são equipamentos que aplicam as pastilhas e comprimidos de Fosfina diretamente sobre os grãos que estão sendo transportados pelas correias transportadoras. Muito utilizado anteriormente, apresentam o inconveniente de que o processo de fumigação deve ser ininterrupto, para evitar que o produto aplicado libere a Fosfina e o enchimento do silo ou do septo do graneleiro ainda não tenha sido completado, comprometendo o resultado da Fumigação, além de possíveis riscos de acidentes pela presença da Fosfina no ambiente. Por outro lado, deve manter total vigilância sobre o equipamento, seja para mante-lo abastecido, seja para evitar que ocorra o possível travamento do equipamento, em razão de eventual "embuchamento" provocado pelo pó das patilhas ou comprimidos reagidos no interior do seu depósito. APLICAÇÃO DA FOSFINA ATRAVÉS DE EQUIPAMENTOS DENOMINADOS GERADORES DE FOSFINA Consiste em uma nova forma de aplicação da Fosfina, em grandes concentrações, através da mistura do ar com CO2 e Fosfina. O Gerador de fosfina Degesch apresenta inúmeros benefícios, como a segurança de aplicação e, sobretudo, na medida em que a Fosfina é injetada na massa de grãos, se dilui permitindo a imediata ação letal sobre os insetos presentes.

DESCARTE - EMBALAGENS, SACHE E PÓ RESIDUAL. As latas (Sache) e garrafas jamais devem ser reutilizadas, por conterem resíduos de Fosfina. Após o uso, essas embalagens devem ser furadas, amassadas e, juntamente com os demais componentes, serem encaminhadas para um Posto de Recepção de Embalagens de Praguicidas. O pó residual remanescente da reação dos comprimidos e pastilhas de Fosfeto de Alumínio ou Magnésio, bem como o sache, deve ser desativado conforme as recomendações dos fabricantes em seus Manuais do Produto e Bulas. Cuidados nas Operações de Fumigação - Leitura do Manual do produto produzido pelo fabricante; - Treinamento de pessoal envolvido na operação de fumigação; - Observação incondicional dos fatores básicos de uma fumigação: Vedação, Dosagem e Tempo de Exposição; - Os produtos armazenados devem estar limpos de forma a permitir a circulação homogênea da fosfina; - Os grãos armazenados não devem estar úmidos, pois o excesso de umidade interfere diretamente na eficácia da fumigação; - Manutenção das estruturas de armazenamento, válvulas de descarga e dutos de aeração, em particular, tendo em vista manter a integridade da vedação destes locais; - Cuidados com os cabos de termometria por ocasião do carregamento dos graneleiros, para que não se afaste de suas posições, fato que poderá comprometer as leituras das temperaturas, bem como a aplicação das lonas de fumigação; - Uso de lonas de fumigação próprias e adequadas para esse fim, podendo ser de Polietileno ou PVC, com espessuras mínimas de 150 micras; - Concentração de pastilhas e/ou comprimidos de fosfina em poucos pontos de aplicação na massa de grãos; - Implantação de um sistema regular de procedimentos de medidas de aplicação de praguicidas residuais, em forma de controles mensais, mediante a profilaxia das estruturas de armazenamento, equipamentos e sobre sacos e da massa de grãos armazenadas. DISCUSSÃO FINAL Ao longo da apresentação acima, nos referimos a questões importantes quanto à Dosagem, Vedação e Tempo de Exposição, ressaltamos a importância das concentrações letais mínimas de Fosfina para eliminar os insetos em todas as suas fases de desenvolvimento, mas também, lembramos que o Tempo de Exposição está associado à temperatura e umidade do ar ambiente, níveis populacionais dos insetos presentes em uma fumigação, espécies desses insetos, entre outras características. Considerando a grande diversidade cultural, de clima, técnica e sobretudo de recursos existentes em nosso país, não é a hora de fazermos uma reflexão sobre os procedimentos de fumigação? Não será a hora de uma reflexão sobre a maneira como adotamos as recomendações dos fabricantes quanto ao uso da Fosfina? Vejamos: - Estruturas de armazenamento nem sempre adequadas GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 29


Fumigação ou mesmo em bom estado de conservação que nos garanta impermeabilidade à Fosfina. Portanto, concentrações de Fosfina inferior à necessária para eliminar os insetos. - Populações de insetos tolerantes/resistentes (embora por serem individuais, tornam-se fáceis de manejar essas condições com a própria Fosfina). - Lonas impróprias/danificadas. - Características individuais de cada espécie de inseto (Rhyzopertha sp, por exemplo). - Inexistência de um praguicida melhor e de baixo custo, como a Fosfina, para o controle das pragas de grãos armazenados e produtos processados. - Fumigações realizadas sem qualquer critério técnico (Aplicação de Fosfina pela aeração, ou sem vedação adequada ou inexistente, prática do uso do chamado "fominha", etc). Nossa reflexão não deveria se orientar na experiência dos inúmeros países, desenvolvidos, "ou não", que além de seguirem rigorosamente os procedimentos indicados pelos fabricantes, adotam o monitoramento das concentrações letais mínimas de Fosfina para eliminar todos os insetos em todas as suas fases de desenvolvimento? Proponho essas reflexões como forma de nos comprometermos com os resultados dos procedimentos de fumigação, bem como buscar a forma mais adequada de controle dos insetos, principalmente porque a tecnologia está disponível, o problema é o seu mal uso.

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Micotoxinas

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Controle de Pragas

Controle Integrado de Insetos O melhor método de controle de insetos é prevenir a infestação com o uso do manejo integrado de pragas e boas práticas sanitárias. Os grãos devem ser armazenados de maneira a prevenir infestação.

Estas condições incluem umidade, temperatura, armazém limpo (por dentro e fora), boa vazão específico de aeração e adequado monitoramento. Os grãos devem estar livres de insetos quando inicia a armazenagem. Durante muitos anos, muitos dos inseticidas de contato e fumigantes vão deixando de se usar por decisões regulatórias, seja por razões de saúde ou segurança e vão sendo substituídos por produtos superiores. Temos poucos produtos químicos disponíveis no arsenal que podemos usar para combater as infestações. Devido a isto são cada vez mais importantes as técnicas de manejo na armazenagem e o tratamento dos "commodities". Nas próximas linhas discutimos as técnicas de tratamento que estão disponíveis no controle de insetos. A primeira consideração deveria ser o armazém ou instalação que deveria ser limpa a fundo e tratar, o antes possível, com inseticidas de contato (residuais), fumigantes ou terra de diatomáceas, o produto deveria chegar a todos os rincões, gretas, etc. e deixar as superfícies livres de insetos. Quando o grão é posto no armazém, o mesmo pode ser expurgado, e rotegido nas superfícies com a aplicação de inseticidas de contacto aprovados ou terra de diatomáceas, para prevenir a infestação. Isto deve ser acompanhado de um adequado sistema de monitoramento, podem usar as armadilhas de grãos (com ou sem feromônios). Programar sistemas de monitoramento é fundamental, devem-se registrar 32| www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

Jeremiah B. SULLIVAN Sullivan & Associates

as observações de acordo com um plano pré-estabelecido. Ao deixar de usar o brometo de metilo, a fosfina (fósfuro de hidrogênio) se converte no principal fumigante disponível para o controle de uma infestação. É fundamental para o sucesso alcançar uma adequada concentração do gás em um determinado ambiente, por um suficiente período de tempo, de maneira de obter um completo controle. Isto significa 100% de mortos e 0% de sobreviventes. Desde a introdução do fósforo de hidrogênio como fumigante em 1934, muitos expurgos não funcionarão por uma inadequada hermeticidade, falhas na dosagem e deficiente tempo de exposição, o que resulta em um controle parcial. Como resultado se incrementou a tolerância e eventualmente a resistência em alguns países. O uso de pequenas concentrações por um tempo prolongado pode resultar em um incremento da resistência a este fumigante. É recomendável para os grandes armazéns o uso de sistemas de recirculação de maneira a alcançar, em todo o volume, uma adequada concentração para obter o controle da infestação. O "JSYSTEM", método de recirculação, foi desenvolvido e patenteado na década de 70 e muitas instalações permanentes, tanto em silos como em graneleiros horizontais, foram realizadas; nos 80' o sistema foi aper-


Controle de Pragas

feiçoado e aplicado a massa de grãos em trânsito. Ao deixar de usar o brometo de metilo muitas firmas iniciaram trabalhos para encontrar um sistema substitutivo. Um procedimento utilizado foi a combinação de técnicas de fumigação e calor, outro dióxido de carbono e baixos níveis de fosfina para expurgar moinhos e outros produtos empacotados. Este procedimento e muito efetivo e logra alcançar 100% de mortos em 24 hs de expurgo. Nos últimos tempos se desenvolveu o "TURBO GENERADOR HORN". Controlado por computador libera fósfuro de hidrogênio gerado no mesmo equipamento a partir de fosfeto de magnésio em grânulos, o gás depois é impulsionado ao armazém a expurgar por uma série de dutos de PVC que se encontram na instalação. O gás e introduzido com ajuda de ventiladores, isto permite expurgar grandes armazéns em forma muito rápida. Grandes instalações podem alcançar a concentração necessária em 24hs. Os resíduos da reação se dissolvem na água resultando uma solução aquosa de carbonato de magnésio. O Turbo Generador Horn, foi desenvolvido com sucesso na Argentina, Chile e outros países. Sem duvidas com o passar do tempo este sistema se incrementará. Outros sistemas utilizando cilindros com 100% de fósfuro de hidrogênio estão sendo estudados e podem estar disponíveis para um futuro próximo. O futuro mostra grandes possibilidades tanto para o generador como para os cilindros, o que permite expurgar os depósitos de fora, sem resíduos remanentes, o que permite também uma aeração mais rápida e mais completa. A disponibilidade de dutos para a aplicação de fumigantes nos depósitos, de forma simultânea em distintos pontos, permite encurtar o tempo. Isto também permite agregar gás se ocorre alguma perda, manter melhor os níveis de gás necessários e poupar praguicida, comparado com outros sistemas tradicionais menos controlados. Por tanto os tabletes, pastilhas, pellets, sacolas e pla-

cas ficarão para ser usadas em situações particulares. Muitas alternativas estão sendo desenvolvidas. Uma de elas é o tratamento com calor em moinhos e fabricas de alimentos. Claro que esta tecnologia não se pode usar em no caso que danifique o produto que pretendemos conservar ou aos equipamentos em uso. Outro problema que necessita ser considerado e o nível de temperatura exterior. Os sistemas de resfriamento permitem controlar as pragas, e diminuir a deteriorização por fungos e por tanto a geração de micotoxinas. Este método é particularmente útil nos meses de verão, com temperaturas ambientes elevadas. Sem duvidas o resfriamento é um método eficaz para preservar a qualidade dos grãos. Existem pesquisas com o uso de gases inertes tais como o nitrogênio e o dióxido de carbono como fumigantes. Estes gases são utilizados com altas concentrações e por vários dias, dentro de uma pequena margem de temperaturas são eficazes. Outros fumigantes estão sendo avaliados, por exemplo para tratamentos no campo. Terras de diatomáceas também estão sendo usados para o tratamento de depósitos vazios ou em combinação com expurgos para ajudar a proteger a massa de grãos. É evidente que uma adequada sanidade se pode alcançar com expurgo, resfriamento ou aeração de resfriamento (onde o clima permite) e o uso de preventivos, de maneira integrada. Um adequado treinamento no uso destes métodos é essencial. Práticas de controle inadequadas podem levar a gerar resistências. Um adequado controle de pragas só é possível se conhecemos que insetos pretendemos controlar e o comportamento da espécie (ecologia - ciclo de vida -etc.) e os procedimentos a serem usados para alcançar-lo.

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Manejo de Qualidade

Qualidade de Produtos Armazenados O Brasil nos últimos anos tem destacado no comercial internacional como exportador de “commodities” agrícolas como - soja “in natura”, café “in natura” e industrializado, açúcar, suco de laranja e carnes de aves, suínos e bovinos.

Introdução Na atualidade, são notórias as maiores exigências dos consumidores finais e importadores quanto à qualidade físico-química, nutricional e sanitária de alimentos, o que às vezes tornam barreiras comerciais quando padrões não sãos atendidos. Por outro lado, órgãos como a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FDA (U.S. Food and Drug Administration), ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) têm continuamente atualizado normas considerando aspectos de padronização comercial e de segurança alimentar. Essas exigências formatadas como informações, necessitam percorrer os elos das cadeias produtivas, para que em cada um deles sejam adotadas políticas de gestão da qualidade. E nesse contexto, os administradores de unidades armazenadoras devem ater a gestão da qualidade em conformidade as exigências de cadeias produtivas como as de óleos comestíveis, produtos panificados, massas e carnes. Conceito de Qualidade Aplicado a Armazenagem de Grãos Segundo preceitos da área "Administração da Produção" a qualidade de um produto pode ser expressa segundo oito dimensões (Figura 01), que quando estendidas a armazenagem de grãos podem assim ser definidas: 34 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

Dr. Luís César da Silva Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Centro de Ciências Agrárias - CCA e-mail: silvalc@agais.com

a) Características - As características de grãos e, ou sementes são expressas segundo as: (a) propriedades físicas: teor de água (ou o mesmo que teor de umidade), teor de umidade de equilíbrio, dimensões, massa específica, ângulo de repouso e porosidade; (b) propriedades térmicas: calor específico e calor latente de vaporização; (c) propriedades biológicas/físico-químicas: testes de vigor e germinação, acidez de óleos e composição centesimal. Dentre estas, algumas são empregadas para avaliação de desempenho na industrialização, outras são empregadas para valoração econômica e comercialização e outras destinam a fomentar estudos científicos como os de modelagem e simulação computacional das operações de secagem e aeração. No caso do trigo, por exemplo, a massa específica expressa no formato Peso Hectolítrico - PH informa a quantidade de massa (kg) contida em um volume de 100 litros. Para a indústria moageira o maior PH implica em maior rendimento na produção de farinha. b) Confiabilidade - Grande parte da produção de grãos do Brasil é destinada as cadeias produtivas de carnes. Caso típico é o da produção de milho estimada em 55 milhões de toneladas ano, em que 70% é destinada a avicultura, 24% a suinocultura, 4% a bovinocultura e 2% a alimentação humana e exportação. Aves e suínos são altamente suscetíveis a intoxicação por micotoxinas, sendo assim, as empresas das cadeias produtivas de carne são exigentes quanto à qualidade dos ingredientes empregados na elaboração das rações animal. Desse modo, para grãos e derivados além dos padrões de classificação dedica-se especial atenção aos níveis de micotoxinas como as: aflatoxinas, ocratoxinas, zearalenonas, fumonisinas e tricoticenos. Dentre outros danos, as intoxicações por micotoxinas retardam o desenvolvimento dos animais, reduzem as taxas de conversão alimentar e, ou causam morte dos animais. Fatos que configuram como prejuízo. No que se refere ao consumo de grãos e derivados


Manejo de Qualidade por humanos, a confiabilidade está fundamentada em preceitos de segurança alimentar em que a contaminação por resíduos de defensivos agrícola, micotoxinas, toxinas alimentares e agentes patológicos devem respeitar os níveis de tolerâncias permitidos em legislações específicas. c) Conformidade - A conformidade está associada ao atendimento dos padrões de classificação e aos preceitos de segurança alimentar, os quais nos últimos anos têm sido atualizados com maior frequência com vista tornarem as normas brasileiras consonantes as normas internacionais. Desse modo, o país garante maior presença no mercado internacional. d) Durabilidade - Quando o foco é alimentos, a durabilidade é tratada como vida de prateleira, período que o produto pode ser consumido sem riscos para saúde do consumidor. Os riscos estão associados a possíveis agentes químicos e, ou biológicos gerados durante a degradação do produto. Portanto, para que os grãos armazenados não entrem em degradação as Boas Práticas de Armazenagem de Grãos - BPAG devem ser observadas, pois, se os grãos são adequadamente secos e armazenados, os índices de infestação por fungos e insetos são baixos, consequentemente, maior será a durabilidade do pro-

duto alcançando cinco anos ou mais. e) Desempenho - Refere-se ao rendimento no beneficiamento e, ou na indústria de transformação. Para arroz, no beneficiamento são determinados a renda e o rendimento. A renda corresponde à percentagem arroz beneficiado obtida de uma amostra de 100g de arroz em casca. Enquanto, o rendimento refere às frações percentuais de grãos inteiros e quebrados presentes na amostra arroz beneficiado. A renda e o rendimento definem o valor da remuneração do produtor, bem como, a estratégia de beneficiamento a ser empregada para maximizar o lucro do beneficiador. Para o café arábica é utilizado o teste de xícara para definir qualidade bebida tipificada como mole, dura, rio e riada. Dentre elas a bebida mole implica em melhor qualidade resultado da genética apurada, tratos culturais realizados apropriadamente e secagem e armazenagem realizadas com esmeros cuidados. Café de melhor qualidade implica em maior valor de comercialização e maiores possibilidades de elaboração de blends destinados à exportação. f) Serviço - O serviço refere à competência técnica, idoneidade e cordialidade no atendimento dos clientes depositários e dos clientes consumidores dos produtos armazenados. E a qualidade do serviço está fun-

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Manejo de Qualidade damentada nas estratégias de comunicação e de fornecimento de informações claras quanto aos procedimentos de classificação e de tarifação de serviços. Implica também na disponibilidade de informações quanto à rastreabilidade dos produtos armazenados no que se refere a origem, espécie, variedade, defensivos utilizados, horas de aeração realizadas e ocorrências durante o período de armazenagem. Empresas no Brasil tem ganhado concorrências em processos de exportação por apresentarem mais organizadas na coleta e disposição de informações dos produtos comercializados. g) Estética - A metodologia usual para avaliação da estética fundamenta-se em avaliações laboratoriais em que a partir de amostra de grãos busca-se quantificar os teores de umidade e impurezas; presença de material estranho; presença de insetos vivos ou mortos ou partes destes; índices de grãos inteiros, quebrados, mal formados e infestados por fungos e, ou insetos; massa especifica - PH; odores, etc. Desse modo, segundo as quantificações das avaliações citadas é determinado o padrão do produto, o que definirá a aceitação para consumo e comercialização, como também, será definido o preço do produto. h) Qualidade percebida - A qualidade percebida está associada à imagem e reputação construída pela empresa ao longo de sua existência na prestação de serviço na área de armazenagem. Desse modo, clientes depositários e clientes que adquirem os produtos armazenados desenvolvem confiabilidade de capacidade técnica e idoneidade moral em relação à empresa. Isso abre portas para o mercado. A mensuração da qualidade percebida pode ser executada por meio de questionários de levantamento de opinião e índices de transação da empresa. Ponderações Finais A gestão da qualidade dos produtos armazenados em unidades armazenadoras, como em outros empreendimentos agroindústrias, deve ter por foco o atendimento dos padrões comerciais e dos preceitos de segurança alimentar. Associados a isso, a empresa também deve ater a outros aspectos que refletem a qualidade percebida, que são os cuidados com saúde e segurança dos colaboradores e a preservação do meio ambiente. É importante ressaltar que o sucesso do processo de gestão da qualidade fundamenta-se em colabores adequadamente treinados, remunerados e estimulados a cooperar. Nesse artigo, didaticamente as dimensões da qualidade foram discutidas separadamente, no entanto, não há linhas limítrofes que as individualizam. Porém, sabe-se que para alcançá-las é necessária dentre outros procedimentos a adoção das Boas Práticas de Armazenagem de Grãos - BPAG, observando: - Setor de Recepção: a) receber o produto com o teor 36 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2012

de umidade adequado, ideal abaixo de 25%; b) separar a massa de grãos segundo o teor de umidade, exemplo moega 01 produto com teor de umidade inferior a 18%; moega 02 entre 18 a 22% e na moega 03 acima 23%. c) reduzir o período de tempo entre a colheita e a operação de secagem, isso para evitar a proliferação fungos intermediários, principalmente, do gênero Fusarium. Estes infestam na massa de grãos quando o teor de umidade apresenta entre 18 e 28% e metabolizam micotoxinas como as zearalenonas, que quando consumidas continuamente por animais leva a ocorrência de aborto, natimortos, falso cio, prolapso retal e da vagina, infertilidade e enfeminização dos machos com desenvolvimento de mamas; d) utilizar silos pulmões adequadamente dimensionados em que o fluxo de ar aplicado esteja entre área de passagem do ar de 230 a 470 L de ar ambiente/minuto/ metro cúbico de produto; - Setor de Pré-limpeza e Limpeza: e) conduzir as operações de pré-limpeza e limpeza adequadamente para evitar perdas de grãos, e eliminar partículas de solo e restos vegetais que dificultam a operação de aeração durante a armazenagem e são vetores de esporos de fungos e bactérias, bem como, de insetos nas diferentes fases de desenvolvimento; - Setor de Secagem: f) Monitorar o processo de secagem de tal forma minimizar a ocorrência de danos mecânicos e térmicos no produto e obter ao final do processo produto com teor de umidade homogêneo com valor próximo a 13%. Recomenda-se o uso da técnica de seca-aeração para minimizar a ocorrência de danos mecânicos e térmicos. Grãos trincados e quebrados favorecem a proliferação de fungos e insetos; - Setor Armazenagem: g) adotar o corretamente Manejo Integrado de Pragas - MIP no controle de roedores, insetos, pássaros e ácaros para que a massa de grãos não torne vetor para proliferação de doenças e causas de intoxicação por defensivos agrícolas, principalmente inseticidas; h) monitorar a temperatura da massa de grãos, pois elevação de temperatura indica a proliferação de fungos, bactérias e, ou insetos e consequentemente a degradação do produto; e i) aerar a massa de grãos sempre que possível observando as condições psicrométricas, para que não ocorra o umedecimento ou a super-secagem do produto armazenado.


Aeraテァテ」o

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Fungos - Seu controle

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EVENTOS A SEREM PROMOVIDOS PELA ABRAPOS EM 2013 A Associação Brasileira de Pós-Colheita – ABRAPOS, cumprindo sua missão estatutária que é de “Utilizar todos os meios ao seu alcance, para a redução dos índices de perdas de grãos durante e após a colheita em benefício tanto do produtor quanto consumidor” apresenta a programação dos eventos que promove no ano de 2013, como segue abaixo: 1) O primeiro evento é o I Simpósio de Pós-colheita de Grãos do Mato Grosso do Sul (ISPGMS2013), que será realizado entre os dias 10 a 12 de abril de 2013, no Centro de Convenções do Sindicato Rural de Dourados, Rua Valério Fabiano, 100, na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul. A realização deste evento é da Cooperativa LAR e contará com vários co-promotores. Para este simpósio estamos disponibilizando a partir de hoje a reserva e venda de estandes para patrocinadores/ expositores interessados a estar presente no evento e expor seus produtos, serviços e equipamentos, conforme procedimentos e valores abaixo discriminados como investimento. A planta baixa do evento será disponibilizada em breve. A reserva garante prioridade de escolha do estande, desde que formalizada para elaboração de contrato. Existem 30 estandes disponíveis. 2) O segundo evento é o V Simpósio Matogrossense de Póscolheita de Grãos (VSMPG2013), a ser realizado nos dias 10 e 11 de setembro de 2013 na cidade de Sinop, MT. Para este simpósio estamos disponibilizando a partir de hoje a reserva e venda de estandes para patrocinadores/expositores interessados a estar presente no evento e expor seus produtos, serviços e equipamentos, conforme procedimentos e valores abaixo discriminados como investimento. A planta baixa do evento será disponibilizada em breve. A reserva garante prioridade de escolha do estande, desde que formalizada para elaboração de contrato. Existem 20 estandes disponíveis.. 3) O terceiro evento é o II Simpósio Goiano de Pós-colheita de Grãos (IISGPG2013), a ser realizado nos dias 23 e 24 de outubro de 2013 na Associação dos Funcionários da Comigo, na cidade de Rio Verde, Goiás. Para este simpósio estamos disponibilizando a partir de hoje a reserva e venda de estandes para patrocinadores/expositores interessados a estar presente no evento e expor seus produtos, serviços e equipamentos, conforme procedimentos e valores abaixo discriminados como investimento. A planta baixa do evento será disponibilizada em breve. A reserva garante prioridade de escolha do estande, desde que formalizada para elaboração de contrato. Existem 15 estandes disponíveis. 4) Ainda não confirmado, o VI Simpósio Sul de Pós-colheita de Grãos (VISSPG2013), poderá ser realizado no Rio Grande do Sul. Caso confirme a realização, em breve avisaremos o local, data e cidade do evento. Estamos em tratativas para promover também este evento. Este evento seguirá o mesmo 40 | www.graosbrasil | Novembro / Dezembro 2012

padrão e valores de estandes dos anteriores. Esperamos contar com todas as empresas ligadas a póscolheita de grãos nestes eventos, apresentando seus produtos, equipamentos e serviços em benefício da sociedade brasileira. Replique este edital para os interessados e relacionados ao seus contatos. É importante que todos recebam esta mensagem. Atenciosamente, Irineu Lorini Presidente da Abrapos

Financiamentos à Irrigação e à Armazenagem totalizam R$ 70,9 milhões A avaliação das contratações do crédito agrícola é atualizada mensalmente pelo Grupo de Acompanhamento de Crédito Rural do Mapa O Plano Agrícola e Pecuário 2012/13 aprimorou os instrumentos de apoio financeiro à implantação de sistemas de irrigação e o fortalecimento da rede de armazenagem da produção rural brasileira. Por meio do Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem (Moderinfra) já foram contratados R$ 70,9 milhões, entre os meses de julho e outubro deste ano, de um total de R$ 500 milhões disponibilizados para alavancar o setor. Pela operação, os produtores pagam juros de 5,5% ao ano. O financiamento permite a ampliação e construção de unidades armazenadoras localizadas em áreas urbanas, sendo que a capacidade de armazenagem deve ser proporcional à produção agropecuária do beneficiário. Dos recursos destinados ao Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais (Moderagro), foram aplicados entre julho e outubro R$ 132,7 milhões, de um total destinado de R$ 950 milhões. Comparativamente a igual período do ano anterior, foram aportados R$ 125,5 milhões sobre um montante de R$ 850 milhões programados. Para o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Caio Rocha, o resultado revela a robustez da agricultura, bem como o aprimoramento dos instrumentos de apoio ao produtor. "Tanto o Moderinfra, como o Moderagro demonstram que a preocupação do Governo com a infraestrutura e o desenvolvimento rural está em ascensão e isso pode ser verificado pela captação dos recursos se comparado ao mesmo período de 2011/12", salientou. Rocha destacou ainda que a renda do produtor rural está refletida no crescente acesso ao crédito para a renovação da sua infraestrutura. A avaliação das contratações do crédito agrícola, atualizada mensalmente, é realizada pelo Grupo de Acompanhamento do Crédito Rural do Mapa.




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