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2ª edição São Paulo / 2015 EDITORA AQUARIANA
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FERNANDO COELHO O veterano poeta e jornalista, baiano de Conceição do Almeida radicado em São Paulo, Fernando Coelho, honra a Focus ao publicar na antologia pela segunda vez, além do belíssimo prefácio escrito por ele no primeiro número da série, em 2005. Com 10 livros publicados e marcante presença no jornalismo brasileiro, Fernando lança agora pela editora Aquariana sua obra mais recente, Balada de Itapuã. Fernando Coelho trabalhou na TV Globo de São Paulo, na TV Cultura e na TV Bandeirantes. Implantou e foi o diretor geral da TV Legislativa, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e da Câmara de Vereadores de São Paulo. Foi diretor de Promoçãoe Comunicação do IPHAN. Atualmente é o diretor geral da Companhia de Comunicação, empresa especializada em marketing e assessoria de imprensa. Ivan de Almeida Poeta e Jornalista
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Como amarrar no laço de fita esta Balada de Itapuã, que há tanta beleza (no quintal do teu olhar) que há medo. Baladas tecidas no limiar da linguagem e dos silêncios, raios de sol, estrias da lua, danação, beleza e encanto de Itapuã no horizonte poético deste escutador de silêncios e estrelas. Nestas baladas, criador e criatura atravessam suas fronteiras do medo e desespero. Se Itapuã lhe dá água na boca e nos olhos, sua Balada de Itapuã escorre o leite materno que alimenta nossa alma de poeta. Nesta baladas, Itapuã é farol e abismo atraindo o poeta que não dorme, embriagado de mar, e lágrimas sem sono, em sal vivo, vão parar não sabem onde, talvez no vácuo da lua nova da memória da meninice difusa no temporal, magnetizando-se. Que prá te viver, vou viver no fim do horizonte. Que prá te soluçar, vou naufragar na chuva do sertão.
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Que abriga cardumes pintados de quietude. Do quintal, os olhos do poeta pescam da letra o timbre do amor e ama inteira, a (in) finita Itapuã. Nesta casa de areia e pérola, pedra preciosa que ronca, Balada de Itapuã, leio a vida, leio o tempo, e, é agora. Lita Passos é poeta, atriz, professora e administradora. Nascida em Cruz das Almas, recôncavo baiano, é uma das mais produtivas intelectuais da nova geração. É integrante da Academia de Letras do Recôncavo – ALER. Seus livros: Mão Cheia e Flores de Fogo. Participou da coletânea Mapa das Ilusões com Conteúdo Suspeito.Também está na antologia Nosotros, Brasil/Espanha. Presença marcante em vários projetos literários: Porto da Poesia – Bienal do Livro de 2005 -, Poesia na Boca da Noite, Imagem do Verso, Soltando o Verbo, Verso em Câmara, Caruru dos 7 Poetas, a Importância do Livro – Fundação Cultural da Bahia -, e Uma Prosa Sobre Verso. Atua em diversos recitais de poesia e peças teatrais. Vai publicar Rosário de Lembranças, sua mais recente obra.
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Itapuã é o quintal dos olhos do poeta Fernando Coelho; a poesia dele é minha varanda: dela avisto a cidade inteira; percebo que não é apenas um retrato na parede – como disse o outro confrade mineiro falando de sua Itabira; a Itapuã de Fernando é online: canta exercendo interação com o cantador; e viceversa; musapoeta coincidem em toda a extensão; Fernando Coelho fotografa Itapuã com palavragrande-angular; ambos se identificam no mesmo escopo: cidade-poesia se tornam unas indivisíveis; lendo este belíssimo livro visitei-recitei a belíssima Itapuã em voz alta. Evandro Affonso Ferreira Evandro Affonso Ferreira, ex-publicitário, é um dos mais exuberantes fenômenos literários da atualidade. Seus três primeiros livros: Grogotó, Araã! e Catrâmbias!. Assinou contrato com a Record para publicar uma trilogia: Vim Vi Perdi, Lembrate de que deves morrer e Minha mãe se matou sem dizer adeus. São três romances pequenos, todos com um único parágrafo. Foi apresentado na literatura pelo poeta, tradutor e ensaísta José Paulo Paes. Mereceu elogios de Millôr Fernandes, de professores da USP, da Unicamp e de Milton Hatoun. Já foi publicado em Portugal e finalista do Portugal Telecon e do Jabuti. Ganhou destaque na literatura pelo chamado rebuscamento da linguagem. Tem um dicionário próprio de quase 2 mil palavras sonoras compiladas ao longo de quinze anos. Carta Capital, Entrelivros e Bravo já quiseram compará-lo a Guimarães Rosa porque Evandro Affonso Ferreira é dono de linguagem diferente. Uma requintada linguagem.
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8 Itapuã, sou tua ilha de palavras e desencantos. É de tarde que morro de dúvida, todo dia. Sou teu bóia-fria de lábios de cana de açúcar.
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10 Olha Itapuã, sou a tua outra, ou aquele outro, Que te beija a franja arranhada de distâncias.
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18 Lá fora, ao largo, o cascalho das esquinas Impiedosas do oceano, Que imprimem fantasmas nas ondas Me leva e desliza no centenário barco sem porto. Não há leme. De fora, vem um vento azul e me arrefece. Não chego nem dou adeus.
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21 Sou teu carteiro e não sei onde te deixar.
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22 Os piratas me borrifam com gim. Minha quilha de trapos e abandonos se inclina Para o teu raso. Hรก uma flor de luar no cardume de tainhas.
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27 Nela tudo é completamente gravidez, Mas que não há filhos, nem hereditariedades, Nem nenhum esperma dos antepassados.
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28 O que pode ser ela, tão letalmente dispensável, Como grãos de esperança que comemos ao dormir?
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29 O que vem com ela, que surge tão totalmente só, Que nem sombra tem, nem gestos, nem passos?
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32 Me deita em ti, Itapuã.
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