Revista suínoBrasil 4º TRI 2024

Page 1


PROJEÇÕES APONTAM NOVO RECORDE DE EXPORTAÇÃO SUÍNA NO BRASIL PARA 2025

pág. 28 Wagner Yanaguizawa

Analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil, com foco no mercado de proteína animal

INCERTEZAS GLOBAIS E OPORTUNIDADES PARA A SUINOCULTURA BRASILEIRA

Oano de 2025 desponta no horizonte com um misto de oportunidades e incertezas. O setor de suinocultura brasileira, que tem mostrado resiliência e crescimento nos últimos anos, deve enfrentar um cenário global repleto de variáveis que podem alterar os rumos do mercado. Entre os desafios, destaca-se a influência do cenário político internacional, notadamente os impactos que o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode causar.

Impactos Globais e Reflexos no Brasil

O posicionamento dos Estados Unidos será um dos principais fatores a moldar o comércio global de proteínas e grãos. Especialistas apontam que o retorno de Trump pode representar um ano de turbulências, seja em virtude de uma postura mais competitiva com a China, o que poderia abrir novas oportunidades para o Brasil, ou por uma política de fortalecimento do comércio bilateral entre EUA e China, o que poderia diminuir o espaço do Brasil no mercado internacional.

Essa incerteza, aliada à importância estratégica dos EUA na produção global de milho, soja e proteínas, afeta diretamente as cadeias de aves, suínos e bovinos. O primeiro trimestre de 2025 será crucial para entender os impactos de longo prazo das políticas americanas e seus reflexos para o agronegócio brasileiro.

Cenário Nacional:

Estabilidade e Cautela

No mercado interno, 2025 traz projeções de equilíbrio na oferta e demanda de proteínas. Segundo o USDA, a produção brasileira de carne suína deve crescer 1,2%, atingindo 4,6 milhões de toneladas. Apesar da estabilidade nas exportações, que devem representar 32,6% da produção total, a suinocultura se beneficia de um aumento na competitividade frente às outras proteínas, em especial a carne bovina, cuja produção tende a recuar devido à retenção de fêmeas.

Para o frango, as expectativas também são positivas, com um aumento de 0,7% na produção e de 2% nas exportações, consolidando o Brasil como líder global nesse segmento. Já o mercado de grãos, base para a alimentação animal, não deve apresentar grandes sobressaltos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção brasileira de milho e soja mantém uma trajetória de crescimento moderado, garantindo certa previsibilidade nos custos de produção.

Riscos e Prioridades

A estabilidade esperada para 2025, no entanto, depende de fatores críticos. A ausência de eventos sanitários é o mais importante deles. A manutenção da vigilância nas granjas e o fortalecimento de programas de biosseguridade serão determinantes para evitar impactos negativos, especialmente em um ano onde o mercado já se prepara para possíveis turbulências externas.

Reflexões para o Futuro

O Brasil tem demonstrado sua força como protagonista no mercado global de proteínas, mas o cenário internacional exige estratégias cada vez mais robustas. A suinocultura brasileira precisa se preparar para 2025 com um olhar atento às tendências globais e ao comportamento dos principais players internacionais, especialmente os EUA e a China.

Com a perspectiva de equilíbrio entre oferta e demanda e uma posição consolidada nas exportações, o setor inicia o ano com bases sólidas. O sucesso dependerá, porém, da capacidade de adaptação às incertezas que surgirão no caminho. Que 2025 seja um ano de aprendizado, crescimento e oportunidades para a suinocultura brasileira.

Boa leitura!

José Antônio Ribas Júnior

EDITOR

AGRINEWS

PUBLICIDADE

Priscila Beck +55 (15) 9 9682-2274 priscila@agrinewsgroup.com

DIREÇÃO TÉCNICA

José Antônio Ribas Jr. Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida César Augusto Pospissil Garbossa

COORDENAÇÃO TÉCNICA E REDAÇÃO

Cândida P. F. Azevedo suinobrasil@grupoagrinews.com

ANALISTA TÉCNICO

Henrique Cancian

COLABORADORES

Sérgio de Miranda Pena

José Arcínio de Assis

Ana Norte

Matheus Costa

Wagner Yanaguizawa

Flávio de Aguiar Coelho

Fernanda Mariane dos

Santos

Jose Alfonso Echavarria

Martinez

Cesar Augusto Pospissil

ADMINISTRAÇÃO

Victoria Yasmim Domingues Contato (41) 9209-1549

Garbossa

Losivanio Luiz de Lorenzi

Valesca R. Lima

Kallita L. S. Cardoso

Giovanna H. A. Santana

Mariana V. Holanda

Milena S. Rodrigues

Amoracyr J. C. Nuñez

Vivian V. Almeida

Chantal Farmer

Avenida: Adalgisa Colombo, 135. Jacarépaguá. Rio de Janeiro – RJ. Cep.: 22775-026 suinobrasil@grupoagrinews.com https://porcinews.com/

Preço da assinatura anual: Brasil 30 $ Internacional 90 $ Revista Trimestral

ISSN 2965-4238

04

Medidas morfométricas de suínos como ferramenta de predição de peso corporal

Sérgio de Miranda Pena¹ e José Arcínio de Assis² ¹Zootecnista, MsC e DsC em Nutrição de produção de não ruminantes, Professor Doutor, IF Sudeste MG, Campus Rio Pomba ²Mestrando em Nutrição e Produção Animal, IF Sudeste MG, Campus Rio Pomba

16

10

Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Lucas Avelino Rezende Consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

22

Streptococcus suis: avanços no controle e desenvolvimento de vacinas

Ana Norte1 e Matheus Costa2

1Universidade de Saskatchewan 2Utrecht University

Fortalecendo a barreira intestinal como primeira linha de defesa

Equipe técnica Adisseo

28

Projeções apontam novo recorde de exportação suína no Brasil para 2025

Wagner Yanaguizawa

Analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil, com foco no mercado de proteína animal

Distribuição ideal de ordem de partos em granjas suinícolas:

Estratégias para maximizar produtividade

Flávio de Aguiar Coelho, Fernanda Mariane dos Santos, Jose Alfonso Echavarria Martinez, Cesar Augusto

Pospissil Garbossa

Laboratório de Pesquisa em Suínos – FMVZ/USP

Efeitos da suplementação de ácidos orgânicos e mananoligossacarídeo na saúde de suínos em fase de creche desafiados por Salmonella Typhimurium 34 53 40

Furtado JCV¹, Miranda

A¹, Ternus EM², Sato JP³, Piroca L4, Andretta I¹, et al

¹Laboratório de Ensino Zootécnico - LEZO, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-BR; ²Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Estadual de Santa Catarina, UDESC, Lages-BR; ³ Dr. Bata Brazil, Chapecó-BR; 4Vetanco Brasil, Chapecó-BR

Presidente da ACCS Resiliência é a nossa característica 46

Losivanio Luiz de Lorenzi

48

Uso de casca de soja na alimentação de suínos com ênfase na saúde intestinal

Valesca R. Lima¹, Kallita L. S. Cardoso², Giovanna H. A. Santana², Mariana V. Holanda³, Milena S. Rodrigues³, Amoracyr J. C. Nuñez4 e Vivian V. Almeida4

¹Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Escola de Veterinária e Zootecnia - UFG

²Graduanda em Medicina Veterinária, Escola de Veterinária e Zootecnia - UFG

³Graduanda em Agronomia, Escola de Agronomia - UFG

4Professor(a) Adjunto(a), Escola de Veterinária e Zootecnia – UFG

Otimizando a saúde intestinal e reduzindo os custos das dietas de suínos com o uso da Protease Jefo

Dr. Heitor Vieira

Rios e Dra. Marcia de Souza Vieira

Especialista em Serviços Técnicos Aves e Suínos LATAM – Jefo

Suplementação de lisina no final da gestação para estimular o desenvolvimento mamário de porcas primíparas 57

Chantal Farmer

Agriculture and Agri-Food Canada, Sherbrooke Research and Development Centre, Sherbrooke, Québec, Canada

MEDIDAS MORFOMÉTRICAS DE SUÍNOS COMO FERRAMENTA DE PREDIÇÃO DE PESO CORPORAL

Sérgio de Miranda Pena1 e José Arcínio de Assis2

1Zootecnista, MsC e DsC em Nutrição de produção de não ruminantes, Professor Doutor, IF Sudeste MG, Campus Rio Pomba

2Mestrando em Nutrição e Produção Animal, IF Sudeste MG, Campus Rio Pomba

INTRODUÇÃO

O Brasil tem sido destaque na produção de carne suína, sendo o quarto maior

Um dos desafios enfrentados pelos produtores de suínos tem sido a determinação do peso corporal dos animais, pois nem sempre há disponibilidade de balanças próximas aos animais na propriedade rural e, assim, os suínos podem sofrer estresse ao serem deslocados para o local de pesagem, muitas vezes expostos ao sol.

Minimizar o estresse durante a pesagem é importante para garantir melhores resultados zootécnicos e o bem-estar dos animais.

Além de ser comum balanças eletrônicas apresentarem defeito e dependência de energia elétrica no local de pesagem Marshall et al., 2023; Thapar et al., 2023.

O conhecimento do peso corporal dos suínos é extremamente importante para possibilitar a oferta de dietas que atendam às necessidades nutricionais dos mesmos em diferentes estágios de crescimento, ainda, para aplicação de doses corretas de medicamentos, monitorar a saúde dos animais, acompanhar seu crescimento, para definir quando estão aptos para o abate ou para a atividade reprodutiva Zhang et al., 2021.

Uma das maneiras de se estimar o peso corporal de suínos é através das medidas morfométricas, como o perímetro torácico ou circunferência torácica, pois há estudos que comprovam uma alta correlação entre estas duas variáveis.

Dessa forma, é possível desenvolver modelos de regressão linear e não linear, para determinar de forma indireta o peso corporal dos animais Walugembe et al.,2014; Mohamamd et al., 2018.

INFLUÊNCIA GENÉTICA NAS MEDIDAS CORPORAIS

Devido às variações genéticas dos suínos não é recomendável usar a mesma equação de predição de peso para todas as raças ou combinação dessas, como os híbridos comerciais, pois animais que depositam mais proteína muscular tendem a ganhar mais peso corporal que suínos com maior deposição de gordura, e assim influenciar no perímetro torácico dos animais.

Na China, por exemplo, há raças locais que possuem menor taxa de crescimento corporal e maior deposição de gordura, quando comparadas com raças introduzidas naquele país, como Landrace e Large White ou Yorkshire Wang et al., 2017.

Tal situação evidencia que é necessário desenvolver equações de predição de peso específicas para cada raça ou linhagem.

No Brasil, ocorre de maneira similar, onde as raças consideradas nacionais, como a Piau, possuem constituição genética diferente dos animais híbridos comerciais, oriundos de raças estrangeiras de alta produção.

Enquanto, os suínos da raça Piau depositam grande quantidade de gordura corporal, os animais híbridos, depositam muita proteína muscular Figueiredo et al., 2022.

PREDIÇÃO DO PESO DO PERNIL

Além da predição de peso corporal, outra informação que poderia contribuir na tomada de decisão seria predizer o peso do pernil dos suínos, um dos principais cortes nobres dos animais, ainda no animal vivo (ABCS, 2010)

Tal conhecimento poderia contribuir, por exemplo, na escolha do melhor momento para o abate. Assim, o desenvolvimento de equações que associam medidas morfométricas com o peso de pernil poderiam tornar possível obter tal informação de forma indireta.

DISPOSITIVO DE PREDIÇÃO DE PESO FOI DESENVOLVIDO

À partir das evidências de que medidas corporais poderiam tornar possível a predição de peso de suínos, sob orientação do professor Sérgio de Miranda Pena do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba, foi desenvolvido um dispositivo, CARTA PATENTE Nº BR 102021022844-0, com a marca registrada: Pesapig.

MARGEM DE ERRO DO DISPOSITIVO DE PREDIÇÃO DE PESO, PESAPIG

A exatidão média avaliada em condições de campo, tem sido ao redor de 94%, quando comparada com o peso de suínos obtidos por meio de balança digital.

Salienta-se que, a exatidão poderá ser maior ou menor a depender da constituição genética dos animais, manejo nutricional, sanidade, etc.

Trata-se de uma fita métrica graduada em centímetros, por meio da qual é possível obter o peso corporal, 5 a 121 kg e do pernil, 3,7 a 12,8 kg de suínos de alto potencial genético para deposição de carne magra, destinados ao abate, além do peso corporal de suínos da raça nacional Piau, 18 a 77 kg.

OUTROS ESTUDOS

Para estimar o peso corporal

Num estudo realizado por Iwasawa et al. (2004) com fêmeas gestantes, verificaram-se que o perímetro caudal (flancos) também pode ser usado com a mesma acurácia que o perímetro torácico.

Além disso, os autores destacam que a medição nos flancos é mais segura e mais rápida para o operador, pois o mesmo não se arrisca a possíveis ataques pelo animal, na frente da gaiola.

Numa pesquisa realizada por Walugembe, et al. (2014) observou-se que o perímetro torácico foi o mais importante preditor de peso, com R²=0,84. Os autores também avaliaram outras medidas corporais como circunferência dos flancos, comprimento, largura e altura do animal.

Numa pesquisa com suínos em diferentes condições de manejo, Sungirai et al. (2014) notaram que além do perímetro torácico, o peso corporal dos animais pode ser estimado também pela idade, R²=0,96 e comprimento dos suínos, R²=0,95.

Os autores salientaram que os modelos de estimativa de peso por medidas corporais muitas vezes são válidos para uma população específica de animais, sendo que nem sempre pode ser extrapolada para todas as condições de criação e manejo.

Numa pesquisa realizada por Marshall et al. (2023), com 157 pequenos produtores de suínos em Uganda, com animais de diversos perfis genéticos, em que que foram avaliadas medidas corporais como perímetro torácico, altura e comprimento do animal, constatou-se que o melhor preditor simples foi o perímetro torácico, sendo a equação seguinte a mais indicada: Peso (kg)=(0,4011+perímetro torácico (cm) * 0,0381)³.

Nesse estudo, ainda verificou-se num questionário aplicado que 83% dos entrevistados subestimaram o peso dos animais ao tentar estimar o peso dos mesmos, visualmente sem o uso de balança, sendo destacada a falta de balança em diversas propriedades rurais.

Num importante estudo Groesbeck et al 2002 encontraram enorme correlação entre o perímetro torácico e o peso dos animais (R²=0,98), sendo a seguinte equação obtida: Peso (lb)=10.1709*perímetro torácico-205.74919.

Num trabalho desenvolvido por Costa, 2022, com suínos Piau no Brasil, foi possível obter a equação de predição seguinte: PC= -26,392 ± 2,28 + 0,136 ± 0,04 x CC + 0,606 ± 0,06 x CT (R2 =0,93; P<0,001), em que:

PC = peso corporal (kg),

CC= comprimento de carcaça (cm) e

CT= circunferência torácica (cm).

Essa equação evidenciou que a CT e a CC são suficientes para predizer PC dos suínos “tipo banha” pesando entre 6,5 e 31,0kg.

Para estimar o peso de cortes de carne

O uso de medidas corporais para predizer o peso de cortes e características de carcaça também foi investigado por Portillo-Salgado et al. (2022) com uma ave nativa do México, semelhante ao Peru.

Entre as medidas destacaram o perímetro torácico, circunferência do corpo, comprimento do corpo, comprimento da asa, comprimento da quilha, comprimento e diâmetro da canela. Tais autores concluíram que as equações obtidas nos estudos possuíam média a alta acurácia e poderiam ser usadas por pesquisadores.

Informações acerca da predição de peso de cortes nobres para suínos, com base em medidas morfométricas são escassas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O perímetro torácico é uma excelente variável para predizer o peso corporal de suínos de alto potencial genético para deposição de carne magra na carcaça destinados ao abate, assim como para animais da raça Piau. Além disso, tal medida permite estimar o peso de pernil de suínos.

O dispositivo de predição de peso está disponível no mercado, a baixo custo e pode ser usado pelos suinocultores, como ferramenta auxiliar no dia a dia.

Medidas morfométricas de suínos como ferramenta de predição de peso corporal BAIXAR EM PDF

Referências sob consulta aos autores.

IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PARA CONTROLE DE DIARREIA EM LEITÕES DE MATERNIDADE

Lucas Avelino Rezende

Consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica.

Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiroambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como:

Leitões de baixo peso ao nascer

Baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio

Má Higiene da gaiola de parição

Ingestão de leite e colostro insu cientes e

Número insu ciente de tetos para a prole

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as:

Coccidiose

Rotaviroses

Clostridioses

Colibacilose

Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo:

01 02 03 04

Ordem de nascimento

Peso ao nascer

Ingestão de colostro e

Níveis séricos de imunoglobulina G (IgG)

Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão à doenças e à saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

Saúde intestinal

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia.

Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como:

Monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença,

Incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos)

Realizar necropsias e exames complementares à detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Em um estudo de caso controle realizado por Kongsted et al. (2018), foi demonstrado que 24% dos leitões inicialmente diagnosticados com diarreia foram considerados saudáveis ou famintos na necropsia e 9% dos leitões inicialmente considerados saudáveis foram diagnosticados com enterite post-mortem.

Esse mesmo estudo demonstrou que o isolamento de bactérias como E. coli ou C. difficile não foi suficiente para afirmar que a causa principal de diarreia na maternidade são esses patógenos.

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote.

Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnóstico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.

Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.

Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.

Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fezes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles:

Cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias

PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e

Histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões.

Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões.

Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade BAIXAR EM PDF

STREPTOCOCCUS SUIS: AVANÇOS NO CONTROLE E DESENVOLVIMENTO DE VACINAS

Ana Norte, Matheus Costa Universidade de Saskatchewan Utrecht University

Streptococcus suis (S.suis) é um dos patógenos mais importantes da indústria suinícola. De

distribuição mundial, ele possui caráter endêmico nos principais rebanhos suínos. O seu impacto resulta em grandes prejuízos econômicos para a indústria devido a: 03 02 01

Perdas por mortalidade

Uso de antimicrobianos, e gastos com vacinas autógenas e

Métodos diagnósticos (Neila-Ibáñez et al., 2021).

Além disso, S. suis é um problema de saúde pública devido ao seu alto potencial zoonótico; felizmente, ele nunca foi isolado em casos humanos no Brasil (Soares et al., 2015).

Surtos de Streptococcus suis em humanos já foram reportados em alguns países do Sudeste Asiático, como Tailândia e China, caracterizados por quadros clínicos de:

Meningite, Sepse, e Perda de audição (Kerdsin, 2022; Yu et al., 2006).

Fatores de risco importantes para a transmissão para humanos são o consumo de carne suína crua ou mal cozida, e exposição ou trabalho com suínos (Rayanakorn et al., 2018).

S. suis é uma bactéria gram-positiva e anaeróbia facultativa encapsulada que coloniza o trato respiratório e digestivo dos suínos (Haas and Grenier, 2018).

A transmissão pode ser tanto vertical como horizontal através do contato direto entre portadores ou doentes e animais susceptíveis (Amass et al., 1997). A transmissão aerógena já foi comprovada em condições experimentais (Berthelot-Hérault et al., 2001).

Apesar de causar doença em suínos de qualquer idade, atinge mais comumente animais na fase pós-desmame, entre 5 e 10 semanas de idade, em que os níveis de anticorpos maternos diminuem. Os sinais clínicos mais comuns são:

Alterações do sistema nervoso central (opistótono, ataxia, incoordenação)

Claudicação

Febre

Hiporexia/anorexia

Depressão

Esta bactéria pode causar septicemia, meningite, pneumonia, endocardite, poliartrite, choque séptico e morte súbita (Gottschalk and Segura, 2019).

O controle baseia-se na mitigação de fatores estressantes (má qualidade do ar, variações bruscas de temperatura, presença de patógenos do complexo de doenças respiratórias dos suínos) e no uso preventivo de antimicrobianos, porém isso pode acarretar aumento de resistência antimicrobiana e transmissão desses genes para outros microrganismos (Holden et al., 2009).

Existem 29 sorotipos de Streptococcus suis, e os mais predominantes no leste canadense são o 2, 9, 3, ½, e 7, com 15% das cepas não tipáveis (Goyette-Desjardins et al., 2014).

No Brasil, o sorotipo 2 é considerado predominante em isolados clínicos (Martinez et al., 2003; Matajira et al., 2019; Rocha et al., 2012).

Apesar de pesquisas indicarem diversos antígenos para potenciais vacinas, a grande dificuldade é a considerável diversidade genética e fenotípica de S. suis e a falta de modelos animais padronizados (Segura et al., 2020).

Existem vacinas comerciais, porém os produtores utilizam vacinas autógenas com o sorotipo mais específico de sua granja.

Estas vacinas são produzidas a partir do isolamento de cepa específica causadora da doença por um laboratório credenciado, inativação do isolado geralmente com formalina, e adição de um adjuvante (Baums et al., 2010).

Entretanto, estas vacinas não são testadas em termos de segurança, imunogenicidade, ou proteção, o que gera incerteza em relação ao devido controle da doença (Rieckmann et al., 2020).

A pressão pela redução do uso de antimicrobianos na suinocultura faz com que as vacinas autógenas sejam uma ferramenta largamente utilizada, mesmo sem dados de sua eficácia e impacto econômico.

O uso de vacinas autógenas possui algumas limitações que precisam ser esclarecidas através de novos estudos. A primeira delas é a vacinação de porcas, tanto o número de doses necessárias como a transferência de imunidade passiva protetiva aos leitões.

Um estudo de 2021 (Corsaut et al., 2021) utilizou uma vacina autógena com o sorotipo 7 e o adjuvante hidróxido de alumínio após inativação com formalina.

Enquanto as porcas receberam duas doses com 7 e 3 semanas pré-parto, leitoas de reposição receberam 3 doses, sendo as duas primeiras durante a quarentena, e a terceira 3 semanas pré-parto. Em porcas, a vacinação aumentou os níveis de IgG1 e principalmente IgG1 e IgG2 nas suas leitegadas (leitões com 7 dias de vida).

A vacinação em leitoas de reposição aumentou a quantidade e concentração de anticorpos totais. Porém, os níveis de anticorpos em leitões caíram drasticamente com 18 dias de vida para ambos os grupos, faixa etária crucial para a infecção por S. suis.

Além disso, a atividade de opsonofagocitose dos anticorpos de leitões de leitoas vacinadas, isto é, a capacidade do anticorpo de neutralizar o patógeno, não teve diferença estatística com a de leitões de leitoas não vacinadas.

Em um outro estudo da mesma autora, porcas receberam duas doses com 3 e 5 semanas pré-parto de uma vacina com adjuvante óleo-em-água e o mesmo sorotipo 7; houve aumento de anticorpos, principalmente IgG1, mas a transferência de anticorpos da porca para os leitões foi a mesma entre os grupos vacinado e controle (Corsaut et al., 2020).

Uma segunda questão importante sobre as vacinas autógenas é a sua formulação.

Um estudo de 2021 comparou o uso de seis diferentes adjuvantes comerciais na formulação da vacina autógena: Alhydrogel, Emulsigen-D, Quil-A Montanide, ISA 206, Montanide ISA 61 e Montanide ISA 201.

A vacina formulada com Montanide ISA 61, um adjuvante a base de óleo mineral, induziu um aumento expressivo de anticorpos incluindo IgG1 e IgG2, e gerou proteção total contra mortalidade, além de redução dos sinais clínicos e morbidade pós-desafio intraperitoneal. Os outros dois adjuvantes da Montanide geraram proteção parcial após o mesmo desafio (Obradovic et al., 2021).

A terceira e última questão sobre as vacinas autógenas é o correto diagnóstico do agente causador de doença na granja, e caso seja S. suis, os sorotipos predominantes. Uma vacina autógena com múltiplos sorovares (2, ½, 5, 7 e 14) foi administrada em marrãs em três doses (20, 16 e 3 semanas pré-parto).

Houve aumento expressivo de IgG1 e IgG2, e um aumento parcial na atividade de opsonofagocitose. No mais, os anticorpos maternos persistiram nos leitões por cinco semanas. Porém, não foi possível avaliar a eficácia da vacina devido ao baixo número de casos de estreptococose na granja (Jeffery et al., 2024).

Mesmo com os desafios citados aneriormente, existe uma luz no fim do túnel. Pesquisadores das Universidades de Montreal e Alberta, ambas no Canadá, estão desenvolvendo uma vacina para S. suis a partir de componentes da cápsula do patógeno.

Esses componentes são oligossacarídeos, isto é, açúcares, que interagem com o sistema imune do suíno e permitem o reconhecimento da bactéria. Este tipo de vacina, chamada de glico-conjugada, é muito comum em humanos, mas não é uma opção explorada em animais.

Os açúcares são sintetizados em laboratório, já que sua estrutura é conhecida, porém o grande desafio é produzi-los de maneira rápida e econômica. A próxima etapa do projeto será elaborar diferentes formulações da vacina afim de atingir uma alta performance e baixo custo de produção.

Streptococcus suis: avanços no controle e desenvolvimento de vacinas

BAIXAR EM PDF

Referências bibliográficas sob consulta aos autores.

FORTALECENDO A BARREIRA INTESTINAL COMO PRIMEIRA LINHA DE DEFESA

Equipe técnica Adisseo

Nossas expectativas em relação aos suínos modernos são altas. No entanto, devido aos vários desafios que eles enfrentam no dia a dia, essa espécie geralmente não consegue atingir seu potencial genético em termos de crescimento e conversão alimentar.

Trabalhando em uma abordagem holística que envolve o foco em diferentes áreas:

Garantir a segurança da ração

Lidar com os desa os ambientais e

A solução para limitar o impacto dos desafios nos animais é aumentar sua resiliência natural; isso permite garantir o máximo desempenho.

Entretanto, como isso pode ser alcançado?

Otimizar as funções intestinais.

Vamos dar uma olhada mais de perto nas soluções da Adisseo para aprimorar as funções intestinais, particularmente a barreira intestinal como a primeira linha de defesa.

A Adisseo está focada no fortalecimento das funções intestinais com aditivos nutricionais comprovados, reconhecendo o papel crucial do trato gastrointestinal como a primeira linha de defesa contra patógenos.

Existem três etapas em que o intestino desempenha sua função de barreira:

Através de uma microbiota saudável

Mantendo uma forte integridade intestinal e, nalmente,

Por meio de seu sistema imunológico.

Este artigo se concentrará na melhoria da microbiota e da integridade intestinal através da utilização de ácidos graxos de cadeia curta e média.

BUTIRATO

Entre os ácidos graxos de cadeia curta, o butirato é particularmente conhecido por seus efeitos favoráveis no intestino.

Ele reduz a expressão de citocinas pró-inflamatórias e modula positivamente a atividade dos macrófagos. Além disso, o butirato é conhecido por auxiliar a proliferação e diferenciação das células epiteliais intestinais.

Uma microbiota mais resiliente

Em primeiro lugar, o butirato, através da melhoria da integridade intestinal e melhor digestibilidade de nutrientes tem efeito indireto na composição da digesta, o que, consequentemente, afeta a modulação da microbiota.

Além disso, o butirato tem efeito comprovado no controle de bactérias Gram-negativas nocivas, como Salmonella e E. coli, particularmente no intestino grosso.

Pesquisas destacam que o butirato pode desempenhar um papel significativo no combate à Salmonella na produção de suínos, pois reduz a colonização da bactéria ao afetar seus genes.

Desenvolvimento epitelial

Além disso, o butirato estimula o desenvolvimento epitelial, aumentando a taxa de regeneração celular, acelerando a maturação e diferenciação dos enterócitos e promovendo a cicatrização da mucosa, resultando na melhor absorção e otimizando a utilização de nutrientes.

Ao melhorar o desenvolvimento intestinal, o butirato ajuda a minimizar a síndrome do intestino permeável. Ademais, o butirato demonstrou aumentar a espessura da camada de muco.

Em resumo, o butirato é excelente para melhorar a função da barreira intestinal.

Butirato de liberação precisa

Para maximizar seus efeitos, o butirato deve ser liberado por todo o trato digestivo. No entanto, os sais de butirato – a forma mais comumente utilizada – se dissociam rapidamente no estômago e são absorvidos na região gastrointestinal superior.

A Adisseo desenvolveu duas abordagens principais para solucionar esta questão:

Uma é o uso de um revestimento de gordura de alta qualidade (Adimix® Precision). Graças a esta tecnologia, que chamamos de liberação precisa, a lipase irá quebrar a matriz de gordura protetora do butirato revestido permitindo sua liberação ao longo de todo trato digestivo.

A outra tecnologia é o uso de glicerídeos de butirato (FRA® Butyrin). Essas mono, di e tributirinas são compostas por uma estrutura central de glicerol e uma a três cadeias de ácido butírico. A lipase irá quebrar a matriz de gordura protetora do butirato revestido ou duas cadeias laterais de ácido butírico da tributirina.

Ambos os mecanismos resultam na liberação de butirato onde ele é necessário: no intestino. E por último, mas não menos importante: ambas tecnologias garantem um odor neutro nesses produtos.

Maior crescimento em condições de desafios

Para comprovar o conceito de butirato de liberação precisa, a Adisseo conduziu um experimento na Universidade de Bolonha.

Os resultados mostraram que o butirato não revestido (Adimix® Pure) e o butirato revestido de liberação precisa (Adimix® Precision) reduziram pela metade a mortalidade em leitões desmamados desafiados com E. coli.

No entanto, o revestimento de alta qualidade do Adimix® Precision foi necessário para maximizar o efeito no ganho médio diário (Figura 1) e na morfologia das vilosidades intestinais, o que provavelmente melhora a digestão e absorção, reduzindo o risco de diarreia.

Sem desa o Com desa o Ganho de peso diário (g)

Pure

Precision

1. Ganho médio diário em leitões desmamados desafiados com uma cepa patogênica de E. coli recebendo nenhum suplemento, Adimix® Pure ou Adimix® Precision em sua dieta.

Figura

ÁCIDO LÁURICO

O ácido láurico, um ácido graxo de cadeia média com 12 átomos de carbono, é conhecido por auxiliar no equilíbrio do microbioma intestinal, mas de forma diferente do butirato.

Produtos à base de ácido láurico, especialmente os glicerídeos de ácido láurico, inibem fortemente bactérias Gram-positivas patogênicas como o Streptococcus suis, ao mesmo tempo que estimulam a colonização de bactérias benéficas como Lactobacillus e Bifidobacterium.

Este microbioma bem equilibrado ativa o sistema imunológico e oferece proteção ao impedir a entrada de patógenos nocivos na corrente sanguínea, fornecendo ao animal energia e suporte nutricional.

Glicerídeos de ácido láurico

A Adisseo desenvolveu o FRA® C12, produto que tem em sua composição alfa-monoglicerídeos de ácido láurico, resultado da esterificação do ácido láurico com uma molécula de glicerol.

Sua estrutura molecular específica permite que esses glicerídeos exerçam efeitos antipatogênicos ainda mais fortes em comparação ao ácido láurico livre.

Isso ocorre por interferência no metabolismo celular e ataque às membranas celulares bacterianas e aos vírus envelopados, resultando em danos consideráveis a uma ampla gama de patógenos.

Um patógeno a ser levado a sério

A eficácia dos produtos à base de ácido láurico contra estreptococos é particularmente interessante.

O Streptococcus suis é um patógeno importante na suinocultura, afetando principalmente leitões recémdesmamados.

Ele causa septicemia com morte súbita, meningite, artrite e endocardite. O S. suis sobrevive na poeira e nas fezes, podendo ser isolado de quase todos os suínos na granja.

A transmissão ocorre por inalação, ingestão e contato nariz a nariz. No entanto, as reprodutoras também são uma importante fonte de infecção no parto através do contato com a vagina e também na amamentação.

Redução de S.suis em leitões recémnascidos

Em um recente experimento de campo realizado em uma granja comercial na Espanha, as porcas receberam glicerídeos de ácido láurico (FRA® C12) em suas dietas uma semana antes do parto e durante a lactação Foram coletadas, no dia do nascimento, amostras de leitões de porcas do grupo controle e do grupo de tratamento.

Os resultados mostraram que os glicerídeos de láurico reduziram significativamente a contagem de células de S. suis nas fezes e nos swabs bucais dos leitões recém-nascidos em 35% e 11%, respectivamente.

Tabela 1. Desempenho de leitões de porcas que receberam ácido láurico (FRA® C12) em suas dietas em comparação com o grupo controle.

Controle FRA® C12 Diferença

Peso ao nascer (kg) 1,21 1,60 +33%

Peso ao desmame (kg) 5,00 7,29 +46%

Crescimento (g/d) 158 234 +48%

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão, a Adisseo se dedica a melhorar a resiliência animal, fornecendo soluções personalizadas para os desafios da suinocultura moderna.

Além disso, a E. coli nas fezes dos leitões foi reduzida em 47%, destacando o efeito positivo do ácido láurico no microbioma tanto das porcas quanto de seus filhotes.

A menor pressão de infecção por S. suis combinada com um microbioma mais equilibrado permitiu um crescimento mais rápido dos leitões durante a lactação, resultando em um peso ao desmame significativamente maior como mostra a tabela a seguir.

Nossas soluções à base de ácidos graxos de cadeia curta e média, como Adimix® Precision e FRA® C12, oferecem benefícios únicos para a barreira intestinal como primeira linha de defesa, e são apoiadas por pesquisa e inovação contínuas.

Convidamos você a explorar nossas soluções e a se tornar nosso parceiro para otimizar a sua produção de suínos. Juntos, podemos garantir o máximo desempenho e um futuro mais saudável para a suinocultura.

Fortalecendo a barreira intestinal como primeira linha de defesa BAIXAR EM PDF

PROJEÇÕES APONTAM NOVO RECORDE DE EXPORTAÇÃO SUÍNA NO BRASIL PARA 2025

Wagner Yanaguizawa

Analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil, com foco no mercado de proteína animal

Avolatilidade continuará a impactar o mercado global de suínos, apesar de uma leve melhora nas margens em importantes regiões produtoras. A lenta recuperação dos rebanhos de matrizes, devido a questões sanitárias, clima e geopolítica, deve manter a oferta global apertada em 2025.

O mercado brasileiro, no entanto, deve continuar se recuperando em termos de margens e viabilizando a expansão da oferta, impulsionado tanto pela demanda interna, quanto pela demanda externa.

Mas vale lembrar que, de uma maneira geral, os protocolos de prevenção adotados resultam em queda nos números de novos casos em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A Peste Suína Africana (PSA) permanecerá como uma preocupação central, especialmente no hemisfério norte com a chegada das estações mais frias.

Os esforços para desenvolver uma vacina comercial eficaz continuarão intensos, e alguns países, como China e Filipinas, já têm optado por utilizar a vacina ainda em fase experimental.

A Europa e o Sudeste Asiático têm sido as regiões mais afetadas, com novos casos surgindo tanto em javalis selvagens quanto em criações comerciais.

Na China, apesar da melhora recente nas margens de produção, a expansão do rebanho suíno continua enfrentando desafios devido à persistente tendência à liquidação de matrizes como estratégia para redução de custos.

Isso se deve a uma combinação de preços baixos do suíno vivo e novos casos de PSA, resultando em maior oferta de animais, especialmente matrizes reprodutoras. Em Jul/24, o rebanho de matrizes caiu 5,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

É importante lembrar que a liquidação de reprodutoras aumenta a oferta no curto prazo, mas reduz a produção de leitões no médio e longo prazo.

A desvalorização da carne bovina, combinada com a recuperação dos preços da carne suína no final do primeiro semestre, deve manter a competitividade alta no mercado local pelo menos na primeira metade de 2025.

Além disso, mudanças no padrão de consumo chinês, buscando maior custo-benefício, novas experiências no setor de serviços e mais qualidade nutricional, continuarão a criar oportunidades para outras proteínas, como aves, pescados e carne bovina.

Entendemos que as importações chinesas do Brasil terão maior estabilidade no próximo ano em comparação com os anteriores.

Ainda, a investigação chinesa antidumping na UE-27 que deve reduzir a oferta de miúdos suínos e a expectativa de aumento nos casos de PSA manterão a volatilidade alta, mas projetamos um ligeiro aumento de 0,5% na produção chinesa no próximo ano no comparativo anual.

Já nos Estados Unidos, após uma forte queda no rebanho de matrizes suínas no quarto trimestre de 2023, o volume de reprodutoras se manteve estável na primeira metade do ano, permitindo uma leve recuperação na oferta e no rebanho no terceiro trimestre de 2024.

O aumento das exportações tem favorecido as margens dos processadores e a queda nos custos de alimentação tem melhorado a produtividade, com pesos médios de carcaças maiores. Apesar da recuperação lenta do rebanho de matrizes, projetamos um aumento de 0,5% na produção de carne suína no próximo ano.

Com relação às exportações, após embarcar o maior volume da história em Jul/24, com cerca de 131 mil toneladas, as vendas de carne suína brasileira no mercado externo continuaram fortes, com Out/24 registrando o segundo maior volume de 128 mil toneladas, um aumento de 40% com relação ao mesmo mês do ano anterior.

A China permanece como o maior importador do Brasil, apesar da queda de 41% no acumulado do ano. A participação chinesa caiu para 18% do volume total exportado, o menor nível desde 2019.

Apesar da redução nas vendas para a China, o volume total exportado pelo Brasil até Out/24 aumentou 9% em relação ao ano anterior. Isso mostra que os processadores brasileiros têm conseguido redirecionar parte da carga destinada ao gigante asiático para novos mercados.

Mesmo com a queda de 4,5% nos preços médios de exportação, o faturamento total está 5% maior no comparativo anual, mostrando que o maior volume compensou a desvalorização dos preços.

As Filipinas, o Chile e o Japão registraram aumentos significativos em suas importações de carne suína brasileira, com crescimentos de 98%, 34% e 137%, respectivamente. Nessa ordem, os países agora ocupam a segunda, terceira e quinta posição entre os principais importadores do produto.

O aumento de plantas habilitadas para exportação para esses países, devido ao acordo de pré-listagem, deve continuar a abrir oportunidades nesses mercados por mais um ano.

Em 2025, fatores como biossegurança, alta competitividade de preços no mercado internacional e potencial para aumentar o volume exportado devem continuar favorecendo o Brasil no comércio global. Projetamos um novo recorde nas exportações, com aumento de 2 a 3% em relação ao ano anterior.

Mercado

No mercado interno, após os preços do suíno vivo atingirem em Out/24 o maior nível desde Fev/21 e os custos de alimentação terem se mantido estáveis durante a segunda metade desse ano, a forte recuperação das margens deve manter atrativo o aumento do alojamento de leitões.

No entanto, o setor ainda enfrenta um sentimento de cautela devido aos desafios dos últimos três anos e aos riscos de um cenário de sobreoferta pressionar novamente a lucratividade do setor produtivo.

A competitividade com relação à carne bovina também merece atenção especial, pois a expectativa de preços maiores durante o próximo ano pode elevar também as cotações da carne suína, não só pela forte correlação entre as carnes, mas também por conta de um cenário provável de migração de consumo para proteínas mais baratas em detrimento da carne bovina.

1 a 2% em relação ao ano anterior.

Atenção especial deve ser dada às questões climáticas, especialmente no plantio do milho safrinha, que pode ser limitado pelos atrasos na semeadura da soja, elevando os preços da ração.

Questões geopolíticas, como a eleição de Donald Trump nos EUA e uma possível nova fase da guerra comercial com a China, além da investigação anti-dumping chinesa na UE-27, devem continuar trazendo volatilidade ao comércio global e podem criar oportunidades para as exportações brasileiras.

Projeções apontam novo recorde de exportação suína no Brasil para 2025 BAIXAR EM PDF

Disponível em:

DISTRIBUIÇÃO IDEAL DE ORDEM DE PARTOS EM GRANJAS SUINÍCOLAS: ESTRATÉGIAS PARA MAXIMIZAR A PRODUTIVIDADE

Flávio de Aguiar Coelho¹, Fernanda Mariane dos Santos¹, Jose Alfonso

Echavarria Martinez¹, Cesar Augusto Pospissil Garbossa¹

¹Laboratório de Pesquisa em Suínos – FMVZ/USP

Apermanência da matriz suína no plantel, bem como o equilíbrio no estoque de animais por ordem de paridade, são fatores críticos para o sucesso produtivo e econômico dos rebanhos suínos modernos.

O desempenho máximo das porcas ao longo de sua vida produtiva na granja é obtido na terceira a quinta ordem de parto.

A partir do sexto ciclo produtivo, observa-se uma redução de desempenho, que representa o momento ideal para uma decisão técnica e econômica sobre a permanência ou a remoção da matriz do sistema.

Em geral, matrizes com sete ou mais partos são removidas devido à idade e ao desempenho produtivo decrescente, sendo que a paridade da matriz impacta diretamente o desempenho da leitegada.

A gestão da longevidade do plantel reprodutivo pode ser traduzida pela análise de vida útil média dos rebanhos. Plantéis que alcançam estabilidade apresentam baixos índices de descarte involuntário, o que permite decisões mais controladas sobre a permanência das matrizes no sistema.

Esse equilíbrio torna a produção mais rentável, pois os dias não produtivos das leitoas de reposição são diluídos ao longo de sua vida produtiva, reduzindo o custo final do suíno produzido.

Destaca-se, ainda, a elevada produtividade das matrizes jovens contemporâneas, que têm alcançado, em média, mais de 14 leitões nascidos por parto — um excelente parâmetro para a seleção com foco na produtividade futura.

Embora a terceira ordem de parto seja reconhecida pela maior parte dos estudos como o ponto de recuperação do investimento financeiro feito na marrã de reposição, nem todas as matrizes atingem essa longevidade mínima.

Manter matrizes por mais tempo no plantel, especialmente após a sexta ordem de parto, pode comprometer a gestão da atividade e exige atenção redobrada dos envolvidos.

Em um cenário ideal, que reflete a estabilidade do plantel reprodutivo, uma taxa de reposição anual próximo de 45% condiz com aproximadamente 55% das porcas em até sua terceira paridade e uma maior porcentagem de porcas com estágio de três a cinco ordens de parto, permitindo a renovação completa do plantel de matrizes a cada 2,3 anos, o que garante um retorno econômico máximo com alta produtividade e avanço genético no rebanho.

Fêmeas

Visto tal cenário a condição a ser alcançada, o planejamento estrutural por ordem de parto deve propor a inserção de marrãs de forma contínua, isto é, a cada ciclo produtivo, distribuindo as paridades em cada ciclo, o que oferece estabilidade na entrega de leitões desmamados.

Assim, o estoque de paridades do plantel atinge a estabilidade com 17% de fêmeas nulíparas gestantes, 15% de porcas de ordem de parto um, 14% de ordem de parto dois, 13% de ordem de parto três, 12% de ordem de parto quatro, 11% de ordem de parto cinco, 10% de ordem de parto seis e 8% de porcas com sete ou mais partos (Figura 1), o que representa 45% das porcas do plantel na faixa de maior produtividade e 25% das matrizes descartadas até a terceira ordem de parição.

Esses valores estão em conformidade com a literatura, que relata taxas de retenção entre 70% e 77% até a terceira ordem de parto, destacando as falhas reprodutivas como as principais causas de descarte das matrizes.

No entanto, adotar uma taxa de reposição anual inferior ao ideal implica em reduzir o porcentual de porcas em até a terceira paridade, no aumento da proporção de porcas mais velhas no sistema e na extensão do ciclo de renovação do plantel para até três anos, o que culmina em um atraso genético significativo.

Granjas que, por algum motivo, optam por praticar uma menor taxa de reposição anual passam, inicialmente, por um intervalo temporal curto em que a proporção de matrizes em estágio de alta produtividade é maior (Figura 2, distribuição OP do tipo N), mas não permanente, pois à medida que o plantel vai envelhecendo ficam mais frequentes as falhas reprodutivas, as intervenções no parto, maiores perdas por natimortalidade e baixo desempenho na lactação, o que vai levar a uma distribuição de ordem de parto de “J” invertido (Figura 3)

(2007).

Figura 1. Distribuição ideal de ordem de parto. Fonte: Adaptado de Antunes
Ordem de parto
Nuliparas

Figura 2. Distribuição de ordem de parto tipo “N” Fonte: Adaptado de Antunes (2007).

tipo “J” invertido ordem

Figura 3. Distribuição de ordem de parto tipo “J” invertido Fonte: Adaptado de Antunes (2007).

Nesse contexto, uma menor taxa de remoção e a economia na aquisição de novas matrizes entram em conflito com a queda na produtividade, uma vez que a permanência de porcas menos produtivas no sistema tende a comprometer o retorno financeiro.

A introdução de marrãs no sistema é uma solução eficaz para mitigar os impactos causados pelo excesso de matrizes mais velhas, exigindo, no entanto, uma taxa de reposição mais elevada, o que vai levar a uma distribuição de OP do tipo “L”, Figura 4.

Distribuição tipo “L” de ordem de parto

Ordem de parto

4. Distribuição de ordem de parto tipo “L”

Adaptado de Antunes (2007).

Esse cenário se assemelha à condição inicial de povoamento do plantel, mas com o desafio adicional de gerenciar porcas jovens e velhas em um mesmo sistema.

Fêmeas
Figura
Fonte:
Nuliparas
Nuliparas

Quando os valores de reposição ultrapassam o ideal recomendado, a prevalência de porcas jovens pode atingir até 60%, o que intensifica os desafios sanitários, nutricionais e de manejo específicos a esse grupo etário.

Matrizes jovens são mais suscetíveis à perda de peso durante a lactação, além de enfrentarem desafios relacionados à sobrevivência embrionária, à taxa de parição e ao tamanho das leitegadas futuras.

Por exemplo, porcas de segunda paridade, frequentemente, apresentam taxas de parição mais baixas e ninhadas menores em comparação às porcas de primeira paridade.

Esse desempenho inferior é frequentemente atribuído ao desenvolvimento inadequado das fêmeas até o início da primeira lactação, combinado com perdas na saúde geral, fatores que contribuem para o descarte precoce e caracterizam a chamada “síndrome do segundo parto”.

De fato, os riscos aumentam com a elevação da proporção de porcas com menor adaptação do estado de saúde aos desafios do sistema, o que pode inflar os índices de mortalidade e descarte de fêmeas.

Dados recentes indicam taxas de mortalidade de porcas superiores a 10%, com um aumento de 7% na última década, afetando principalmente matrizes até a segunda paridade.

Esse padrão contraria a expectativa em sistemas comuns, onde a mortalidade geralmente aumenta com a idade ou paridade avançada, e reforça a justificativa para a adoção de taxas de reposição mais elevadas como estratégia para mitigar perdas.

É importante destacar que um bom planejamento estratégico, que visa a distribuição ideal de ordens de parto em cada ciclo produtivo, deve atentar sobre a quantidade de leitoas de reposição que entram no plantel a cada ciclo, bem como, cumprir o alvo de cobertura condizente com a demanda da produção.

Essa abordagem requer uma seleção rigorosa que impacta diretamente a manutenção da leitegada, no manejo reprodutivo eficiente — incluindo protocolos que garantam a identificação precisa do cio e o número adequado de inseminações —, no manejo nutricional ajustado a cada fase da gestação e lactação, e em práticas sanitárias que elevem a imunidade do plantel.

Esses fatores combinados são cruciais para embasar decisões técnicas e econômicas sobre a permanência ou o descarte das matrizes no sistema, garantindo a sustentabilidade e a produtividade do rebanho.

Contudo, o planejamento estrutural voltado à estabilização do sistema deve ser direcionado para alcançar uma distribuição ideal das matrizes por ordem de parto. Esse planejamento deve priorizar a qualidade das leitoas de reposição, com foco na promoção da longevidade produtiva e no retorno econômico sustentável do rebanho.

Distribuição ideal de ordem de partos em granjas suinícolas: Estratégias para maximizar a produtividade BAIXAR EM PDF

Fêmeas

EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÁCIDOS ORGÂNICOS E MANANOLIGOSSACARÍDEO NA SAÚDE DE SUÍNOS EM FASE DE CRECHE DESAFIADOS POR SALMONELLA

TYPHIMURIUM

Furtado JCV¹, Miranda A¹, Ternus EM², Sato JP³, Piroca L4, Andretta I¹, et al

¹Laboratório de Ensino Zootécnico - LEZO, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-BR;

2Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Estadual de Santa Catarina, UDESC, Lages-BR; ³ Dr. Bata Brazil, Chapecó-BR; 4Vetanco Brasil, Chapecó-BR

*Autor para correspondência: vieirajulio16@gmail.com

A fase de creche é um dos períodos mais críticos na vida dos suínos, uma vez que ocorrem mudanças abruptas incluindo:

Separação da mãe

Troca de uma dieta líquida (leite) para dieta sólida e

Mistura de leitegadas de diferentes origens.

Além disso, quando o desmame é realizado precocemente, o trato gastrointestinal dos suínos ainda é imaturo o que compromete os processos de digestão e absorção dos nutrientes.

Esses fatores resultam em um desequilíbrio na microbiota intestinal dos animais, o que pode comprometer a saúde, bem-estar e desempenho zootécnico.

Associado a esses fatores, existe uma crescente demanda para substituição do uso de antibióticos promotores de crescimento nos sistemas de produção.

Portanto, diferentes aditivos são testados para modular a microbiota intestinal e minimizar os efeitos dos desafios sanitários na saúde de leitões nessa fase da produção, como ácidos orgânicos (AO) e prebióticos. Contudo, as informações disponíveis sobre a interação destes aditivos com desafios com Salmonella ainda são escassas.

Objetivou-se com o presente estudo avaliar o efeito da suplementação de ácidos orgânicos combinados com mananoligossacarídeo (AOM) sobre a temperatura retal, incidência de febre, excreção e quantificação de Salmonella Typhimurium nas fezes de leitões na fase de creche desafiados por Salmonella Typhimurium.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi dividido nas fases de adaptação (pré-desafio) e experimental (pós-desafio), cuja duração de cada uma foi de 5 e 14 dias; respectivamente.

Vinte e oito leitões machos não castrados (Large White × Landrace) desmamados aos 28 dias foram aleatoriamente distribuídos em um dos quatro tratamentos:

Controle (CON; sem suplementação de aditivo)

Suplementação total com alta dose (STAD; inclusão de 2 kg/ton de AOM durante todo o período experimental)

Suplementação com baixa dose (SBD; inclusão de 1 kg/ton de AOM somente no período pós-desa o) e

Suplementação com alta dose (SAD; inclusão de 2 kg/ton de AOM somente no período pós-desa o).

Após o período de adaptação, os animais foram inoculados oralmente com uma dose de 5 mL contendo 109 UFC/ml de Salmonella Typhimurium.

Durante o período experimental, a temperatura retal foi monitorada duas vezes ao dia.

Amostras de fezes foram coletadas diretamente do reto dos leitões nos dias 1, 3, 5, 7 e 14 pós-desafio a fim de verificar a excreção e a quantificação de Salmonella Typhimurium, de acordo com a metodologia de Número Mais Provável (NMP).

Durante todo o período experimental os animais foram mantidos sob temperatura controlada com água e ração ad libitum. Os animais foram considerados a unidade experimental.

Os procedimentos estatísticos (análise de variância) foram realizados utilizando o procedimento GLIMMIX do software SAS 9.3. Diferenças foram avaliadas pelo teste de comparações múltiplas de Tukey ao nível de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve diferença entre os tratamentos para a temperatura retal (P=0,44). A ocorrência máxima de leitões com febre (temperatura retal maior que 39,8 °C) aconteceu 3 dias após o desafio, com redução gradual até o final do experimento.

Fabà et al. (2020) observou que a prevalência máxima de febre em suínos foi no quarto dia após desafio por Salmonella spp. No presente estudo, foi observado uma maior frequência de febre (P<0,05) para animais do tratamento CON (75% dos animais), seguido pelo tratamento SBD (25%), SAD (15%) e STAD (0%) no terceiro dia pós desafio.

Ao final do experimento (dia 14), a ocorrência de leitões positivos para excreção de Salmonella Typhimurium foi de 63% para o tratamento CON, 25% para o SAD, 13% para o STAD e 0% para o grupo SBD (Tabela 1).

Durante todo o período pós-desafio, a frequência média de leitões excretando Salmonella Typhimurium foi maior para os animais do grupo CON (P<0,05), quando comparado aos outros tratamentos. Além disso, houve maior quantificação de Salmonella Typhimurium nos animais do grupo CON (P<0,05) em relação aos demais.

Tabela 1 - Frequência e quantificação de Salmonella Typhimurium (NMP) em amostras fecais de leitões suplementados com ácidos orgânicos e mananoligossacarídeo em diferentes períodos e doses. 1Erro padrão; 2Probabilidade do efeito de tratamento; 3Analisado considerando medidas repetidas ao

Por mais que a ênfase no controle da salmonelose se dê na fase de terminação devido ao risco de contaminação das carcaças no abate, minimizar a excreção de Salmonella spp. na fase de creche é uma estratégia eficiente para reduzir a sua prevalência nas próximas fases da produção, principalmente por conta da principal forma de transmissão ser fecal-oral.

Alguns estudos corroboram com o efeito positivo de AOM encontrados neste trabalho, como em Ternus et al. (2022), no qual comprovou que a suplementação desses aditivos em conjunto traz resultados semelhantes ao de APC, podendo ser alternativa na nutrição de suínos em fase de creche.

As ações benéficas do AO e do MOS incluem:

Modulação da microbiota intestinal

Redução do pH do TGI e

Favorecimento da proliferação de bactérias bené cas.

Esses mecanismos de ação podem explicar a menor excreção de ST, menor frequência de animais positivos para ST e menor ocorrência de animais com febre nos tratamentos suplementados quando comparados ao tratamento CON.

CONCLUSÃO

A suplementação de ácidos orgânicos combinados com mananoligossacarídeos na dieta de leitões na fase de creche pode reduzir os efeitos negativos causados pelo desafio de Salmonella Typhimurium.

Efeitos da suplementação de ácidos orgânicos e mananoligossacarídeo na saúde de suínos em fase de creche desafiados por Salmonella Typhimurium BAIXAR EM PDF

Referências sob consulta aos autores.

suínoBrasil, sua revista sustentável do agro!

A sustentabilidade está no alimento que você consome, na roupa que você veste e até nas informações que você lê!

Nossas revistas utilizam tintas offset convencional de alto brilho, composta por 70% de soja e livre de óleos minerais! Além disso, o nosso papel possuí o selo FSC, certificação que garante a rastreabilidade dos produtos desde a floresta até o produto final, assegurando a produção de forma social, econômica e ecologicamente correta.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

RESILIÊNCIA É A NOSSA CARACTERÍSTICA

Nos últimos anos, os suinocultores brasileiros enfrentaram desafios sem precedentes, especialmente devido aos altos custos de produção, que colocaram à prova a capacidade de resiliência de cada produtor.

Em meio a uma crise histórica, muitos tiveram de ajustar suas operações, e infelizmente, algumas propriedades não conseguiram atravessar as turbulências.

Foram tempos de dificuldades, margens reduzidas e até dívidas acumuladas. A cada novo obstáculo, os produtores foram pressionados a resistir e a inovar, sem previsão de alívio no curto prazo.

Em 2024, o cenário começou a mostrar sinais de recuperação. O mercado finalmente trouxe uma oportunidade para os suinocultores que perseveraram alcançassem resultados positivos.

O aumento nas cotações permitiu, em muitos casos, o primeiro alívio financeiro após anos de dificuldades. Com isso, aqueles que mantiveram a atividade puderam começar a quitar dívidas acumuladas, honrar compromissos e reinvestir para a melhoria em suas propriedades. Esse período de estabilidade econômica permitiu que muitos revissem seus planejamentos, preparando-se para o futuro com perspectivas renovadas de crescimento e equilíbrio.

No entanto, mais do que resiliência, o momento demanda uma maior atenção por parte das lideranças políticas e econômicas. A suinocultura é uma atividade estratégica para o agronegócio e à economia brasileira e seus desafios não podem ser enfrentados apenas com a força e o empenho dos produtores.

É fundamental que governos e instituições apoiem o setor com políticas públicas que possam mitigar os impactos de crises futuras e incentivar práticas que tornem a produção viável.

A Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) seguirá defendendo esses interesses, buscando sensibilizar as autoridades para a importância do setor e para a necessidade de um ambiente mais favorável aos suinocultores.

Em 2024, ficou claro que a suinocultura brasileira é feita de homens e mulheres que não desistem, que se adaptam e seguem em frente, mas que também precisam de suporte.

A ACCS reforça que, com um esforço conjunto, é possível fortalecer ainda mais o setor, garantir sua competitividade e evitar que a história de dificuldades se repita.

Resiliência é a nossa característica BAIXAR EM PDF

USO DE CASCA DE SOJA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS COM ÊNFASE NA SAÚDE INTESTINAL

Valesca R. Lima1, Kallita L. S. Cardoso2, Giovanna H. A. Santana2, Mariana V. Holanda3, Milena S. Rodrigues3, Amoracyr J. C. Nuñez4 e Vivian V. Almeida4

1Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Escola de Veterinária e Zootecnia - UFG

2Graduanda em Medicina Veterinária, Escola de Veterinária e Zootecnia - UFG

3Graduanda em Agronomia, Escola de Agronomia - UFG

4Professor(a) Adjunto(a), Escola de Veterinária e Zootecnia - UFG

INTRODUÇÃO

O uso de coprodutos agroindustriais na dieta de suínos é uma das estratégias nutricionais praticadas para reduzir o custo de produção, visto que a alimentação representa cerca de 70% dos custos totais na atividade suinícola.

Devido à importância da cultura da soja para o agronegócio nacional e ao grande volume de material processado diariamente, a casca de soja surge como um interessante ingrediente alternativo para ser empregado nas formulações de rações, especialmente em regiões em que há alta oferta desse coproduto agroindustrial, como é o caso do CentroOeste e Sul do Brasil.

CASCA DE SOJA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS

Historicamente, na nutrição de suínos, as fibras dietéticas eram consideradas como fatores antinutricionais, uma vez que reduzem a digestibilidade dos nutrientes. Isso ocorre pois os suínos não produzem enzimas capazes de degradar materiais fibrosos, o que pode resultar em piora no desempenho zootécnico.

Contudo, o uso crescente de coprodutos da agroindústria, bem como a adequação de metodologias para determinar o teor da fibra dietética contida nos alimentos, possibilitou novas abordagens sobre a importância de ingredientes fibrosos na nutrição de suínos, sobretudo na promoção da saúde intestinal.

A casca de soja é um coproduto fibroso que corresponde à película externa que envolve o grão, proveniente do processo de extração do óleo de soja.

Por definição, fibra dietética corresponde à fração do alimento que não é digerida pelas enzimas endógenas secretadas pelos suínos, mas que é passível de fermentação microbiana no intestino grosso.

Essa fermentação ocorre principalmente no ceco e colón e resulta na produção de ácido lático, ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), principalmente acético, propiônico e butírico, além de gases, tais como H2, CO2 e CH4.

A maior parte do ácido butírico é metabolizada no próprio epitélio intestinal, enquanto os ácidos acético e propiônico são metabolizados no fígado.

Estudos mostram que os AGCC suprem de 5 a 28% das necessidades de energia para mantença dos suínos, sendo essa variação observada devido à solubilidade da fibra presente na dieta.

As fibras dietéticas podem ser subdivididas em frações solúveis e insolúveis em função das diferenças existentes em relação às suas propriedades físico-químicas:

Solubilidade em água,

Viscosidade,

Capacidade de retenção de água e

Fermentabilidade.

É importante destacar que, por não haver padronização na indústria de moagem da soja, a composição química e energética da casca de soja pode apresentar grande variabilidade.

Além disso, a presença de maior ou menor quantidade de vagem, resíduos de caule, partes da planta e de outros materiais aumentam essa variabilidade, o que afeta diretamente o teor de fibra dietética total da casca de soja, bem como de suas frações solúvel e insolúvel.

De maneira geral, estudos que envolvem a avaliação do teor nutricional da casca de soja têm demonstrado que a porção insolúvel da fibra é predominante nesse coproduto.

PAPEL DA FIBRA INSOLÚVEL NA SAÚDE

INTESTINAL

A fibra insolúvel é capaz de aumentar de volume por captar água do estômago, provocando enchimento físico do espaço estomacal e sensação de saciedade, com consequente redução no consumo de ração pelo animal.

Adicionalmente, a fibra insolúvel absorve água do lúmen intestinal, com consequente aumento do volume fecal, seja por sua própria massa ou pela água que a mantém ligada.

Como resultado, as fezes tornam-se mais macias e de fácil eliminação, o que indica que a fibra insolúvel é benéfica no tratamento da constipação.

A presença de fibra insolúvel na dieta acelera a taxa de passagem da digesta pelo trato gastrointestinal e, consequentemente, reduz o tempo disponível para a proliferação de bactérias patogênicas.

Todavia, a diminuição do tempo de trânsito no intestino diminui o período de exposição dos nutrientes às enzimas digestivas e pode resultar em menor digestibilidade da ração fornecida aos suínos.

Por fim, a fibra dietética insolúvel possui baixo grau de fermentabilidade, o que implica em limitada quantidade de AGCC produzidos e, portanto, aproveitados pelo animal.

Outro aspecto que merece destaque é a potencial ação abrasiva que as fibras insolúveis causam no intestino. O epitélio intestinal é revestido por uma camada de muco, que funciona como barreira física para a penetração de antígenos microbianos.

Grande parte do muco intestinal é composto por água e mucinas, o que explica sua característica viscoelástica. As mucinas são glicoproteínas ricas em treonina, aminoácido essencial que normalmente é considerado o segundo ou terceiro aminoácido limitante em dietas de suínos à base de milho e farelo de soja.

A importância da treonina se dá pela sua participação na síntese de proteínas, mucina no trato gastrointestinal e imunoglobulinas.

Dessa forma, a exigência de treonina para suínos alimentados com ingredientes fibrosos na dieta deve ser maior para manutenção da integridade da mucosa intestinal.

Caso não haja essa suplementação adicional de treonina, o animal direcionará maior parte da treonina dietética para manter as funções do intestino, em detrimento do seu crescimento.

Como material indigestível, a fibra insolúvel pode remover a camada de muco que recobre o epitélio intestinal por acelerar a taxa de fluxo da digesta.

A disfunção da barreira epitelial leva ao aumento da permeabilidade intestinal, que, por sua vez, perturba a homeostase imunológica e induz respostas inflamatórias. Neste sentido, o processo inflamatório desencadeado no intestino favorece o estado de disbiose, também conhecido por desequilíbrio da microbiota intestinal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A compreensão da complexa interação entre nutrição e saúde intestinal, além de viabilizar o uso da casca de soja na alimentação de suínos, pode gerar estratégias nutricionais otimizadas para aumentar a lucratividade dos sistemas comerciais de suínos.

Recomendações atuais sugerem limitar a inclusão de casca de soja a 15% em dietas para suínos em crescimento e terminação a fim de evitar prejuízos no desempenho zootécnico.

Entretanto, os resultados sobre a necessidade de cada fração fibrosa na promoção da saúde intestinal dos suínos ainda são escassos. Finalmente, as exigências de treonina descritas nas tabelas nutricionais para suínos não levam em consideração a inclusão de ingredientes fibrosos nas dietas.

Sendo assim, por não contemplarem o aumento da exigência de treonina que ocorre com a utilização de ingredientes fibrosos nas rações, os programas nutricionais apresentam limitações para maximizar a produtividade e a lucratividade da atividade suinícola.

Uso de casca de soja na alimentação de suínos com ênfase na saúde intestinal BAIXAR EM PDF

OTIMIZANDO A SAÚDE

INTESTINAL E

REDUZINDO

OS CUSTOS DAS DIETAS DE SUÍNOS COM O USO DA PROTEASE JEFO

Dr. Heitor Vieira Rios1 e Dra. Marcia de Souza Vieira1

1Especialista em Serviços Técnicos Aves e Suínos LATAM – Jefo

Aproteína representa aproximadamente 10-30% do total dos componentes da dieta para suínos. Cerca de 10 a 20% da proteína presente nessas dietas não é utilizada pelos animais (Figura 1).

Essa fração de proteína não utilizada pelo animal terá dois destinos principais:

Será utilizada para a fermentação de bactérias produtoras de amônia e outros gases que afetam a saúde dos animais e a qualidade do ar.

Será excretada, aumentando o impacto ambiental da produção suína.

Figura 1. Digestibilidade proteica de diferentes matérias-primas utilizadas em dietas para suínos. Fonte: Tabelas Brasileiras de Aves e Suínos, 2024 (Rostagno et al., 2024).

Uma melhor utilização da proteína alimentar pode ser alcançada com ferramentas tecnológicas, como proteases exógenas.

As proteases exógenas permitem a utilização de dietas com baixa proteína bruta e aminoácidos, resultando em:

Manutenção do desempenho

Economia nos custos de alimentação

Redução do impacto ambiental

No entanto, existem variações dentro da classe de proteases exógenas. As diferenças podem ser caracterizadas segundo a atividade proteolítica (monocomponente vs multicomponente).

Uma protease monocomponente é composta por uma única protease e/ou exibe uma única atividade proteolítica, enquanto a protease multicomponente apresenta mais de uma atividade proteolítica.

A protease multicomponente tem a vantagem de atuar em um amplo espectro de ingredientes convencionais e alternativos, incluindo ingredientes de origem vegetal e animal.

Dessa forma, a Protease Jefo, uma protease multicomponente, oferece diversas vantagens e maior flexibilidade ao nutricionista, ampliando suas ferramentas e permitindo a utilização de diferentes estratégias nutricionais (Figura 2).

Enzima Multicomponente

Atua em uma ampla gama de matérias-primas de origem animal e vegetal

Reduz proteínas não digeridas no intestino grosso

Melhora a saúde intestinal e reduz o impacto ambiental

Degrada fatores antinutricionais

Previne queda de desempenho

Mitiga o efeito negativo do estresse por calor

Resultados consistentes em condições de alta temperatura

Estável sob processo térmico

Atividade garantida

Matriz dinâmica ou aplicação "on top"

Para um benefício econômico preciso e adaptado a cada formulação de dieta ou melhor desempenho

Figura 2. Principais características e vantagens da Protease Jefo.

Um melhor aproveitamento da proteína dietética também é de interesse veterinário. A fração da proteína não digerida pelas proteases endógenas é fermentada pela microbiota intestinal, o que favorece a proliferação de bactérias potencialmente patogênicas e sua presença no ambiente da granja.

Devido ao seu amplo espectro de ação, a Protease Jefo pode atuar sobre a fração que escapa da digestão convencional, reduzindo a quantidade de proteína disponível para ser fermentada por bactérias patogênicas.

Além disso, diversas fontes proteicas, como o farelo de soja, são ricas em fatores antinutricionais, como os inibidores de tripsina e as proteínas alergênicas. Estes fatores reduzem a digestibilidade da dieta, causam inflamação e aumentam a permeabilidade intestinal.

Abertura das uniões estreitas intercelulares

Transcelular Paracelular

Alérgeno alimentar

Bactérias bené cas

Alérgeno alimentar

Bactérias bené cas

Intestino mais permeável

A Protease Jefo hidrolisa estes fatores antinutricionais, transformando-os em nutrientes para o animal, promovendo um ambiente intestinal mais saudável, melhorando a qualidade da microbiota, reduzindo os custos associados à inflamação e otimizando o desempenho.

Bactérias patogênicas

A Protease Jefo também é uma ferramenta valiosa para mitigar os impactos negativos do estresse por calor.

Em situações de estresse por calor, observa-se uma diminuição na produção de enzimas endógenas e da expressão de proteínas de união estreita (proteínas responsáveis pela manutenção da integridade intestinal e pela redução da permeabilidade intestinal).

O aumento da inflamação intestinal pode causar uma superestimulação da resposta imune, enquanto o aumento da permeabilidade intestinal pode resultar em uma translocação de bactérias e toxinas desde o lúmen intestinal até a corrente sanguínea e outros órgãos, causando doenças sistêmicas.

Patógenos Toxinas

O uso da Protease Jefo pode compensar a baixa atividade enzimática endógena e melhorar a eficiência de utilização proteica, reduzindo a produção de calor metabólico e favorecendo a manutenção da integridade intestinal.

Devido aos seus diversos benefícios, a Protease Jefo pode ser utilizada em todas as etapas da produção e em diversos tipos de dietas, de acordo com a estratégia desejada.

Por exemplo, a Protease Jefo pode ser utilizada “on top” em uma dieta de baixa digestibilidade ou com ingredientes alternativos com o objetivo de promover a saúde intestinal e melhorar o desempenho (Figura 3a)

Outra opção é utilizar a Protease Jefo com dietas reduzidas em proteína bruta e aminoácidos com o objetivo de reduzir os custos de alimentação (Figura 3b).

Dieta padrão Dieta de baixa PB&AA + Protease Jefo

Figura 3b - Desempenho de suínos em crescimento-terminação alimentados com uma dieta de baixa proteína bruta (PB) e aminoácidos (AA), segundo a matriz da Protease Jefo, em relação à dieta padrão. abP<0,05. xyP<0,10.

Em conclusão, o uso de proteases exógenas é uma ferramenta essencial para a produção moderna de suínos.

A estratégia de utilização da protease pode variar dependendo do objetivo desejado, sendo fundamental estabelecer objetivos claros para obter o maior sucesso com seu uso.

Dieta padrão BD + Protease Jefo

Dieta de baixa digestibilidade (BD)

Figura 3a - Desempenho de leitões alimentados com uma dieta de baixa digestibilidade (maior inclusão de farelo de soja e menor inclusão de proteínas de origem animal em relação à dieta padrão), Zuo et al., 2015.

Esta é uma estratégia altamente eficaz, especialmente em animais jovens, os quais apresentam baixa produção de proteases endógenas e são alimentados com dietas contendo elevados níveis de proteína bruta.

As proteínas são moléculas complexas e as proteases apresentam especificidade para seus substratos. Por isso, o uso da Protease Jefo, a qual apresenta comprovada eficácia em estudos científicos e a campo pode ser a estratégia mais eficaz para alcançar melhores resultados produtivos.

Otimizando a saúde intestinal e reduzindo os custos das dietas de suínos com o uso da Protease Jefo BAIXAR EM PDF

Referências sob consulta aos autores.

SUPLEMENTAÇÃO DE LISINA NO FINAL DA GESTAÇÃO

PARA ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO MAMÁRIO DE PORCAS PRIMÍPARAS

Chantal Farmer

Agriculture and Agri-Food Canada, Sherbrooke Research and Development Centre, Sherbrooke, Québec, Canada

Osetor suíno enfrenta um desafio significativo: as matrizes atuais não produzem leite suficiente para sustentar o crescimento ideal de suas leitegadas. Esse problema é especialmente crítico atualmente, considerando os avanços genéticos que resultaram em um maior número de leitões por porca.

Embora a produção de leite das porcas tenha aumentado ao longo dos anos, esse avanço foi neutralizado pelo aumento do número de leitões vivos ao nascimento, sendo necessário desenvolver estratégias para aumentar a quantidade de leite disponível para os leitões lactentes.

O desenvolvimento mamário é um fator chave para a produção de leite mas, no entanto, não foram estabelecidos os requisitos nutricionais para otimizá-lo durante os períodos cruciais.

Nesse contexto, um nutriente de grande interesse é a lisina, pois é o principal aminoácido limitante na maioria das dietas para suínos.

A lisina é especialmente importante no final da gestação, quando ocorre a maior parte do crescimento fetal e do desenvolvimento mamário.

No Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sherbrooke (Agriculture and Agri-Food Canada’s Sherbrooke Research and Development Centre), foram realizados dois projetos para determinar o impacto de um aumento de 40% na ingestão de lisina entre os dias 90 e 110 da gestação sobre o desenvolvimento mamário de porcas primíparas e multíparas.

Aumento da quantidade de tecido sintetizador de leite para melhorar a produção láctea.

O número de células mamárias presentes no início da lactação é um fator crucial que determina o potencial de produção de leite da porca (Figura 1). Portanto, todas as medidas destinadas a aumentar o número de células epiteliais mamárias terão efeitos benéficos sobre o desempenho durante a lactação.

No entanto, o rápido desenvolvimento mamário só pode ser estimulado através de estratégias nutricionais ou de outras maneiras durante os períodos em que ele já está ocorrendo.

Esses períodos de rápido desenvolvimento mamário ocorrem em três momentos distintos na vida de uma porca:

1

2

Entre os 90 dias de idade até a puberdade.

Dos 90 dias de gestação até o parto.

Ao longo da lactação.

3 PRODUÇÃO DE LEITE

A nutrição no final da gestação é muito promissora para aumentar o número de células sintetizadoras de leite antes do início da lactação.

90 DIAS DE IDADE ATÉ A PUBERDADE 1

2 3

90 DIAS DE GESTAÇÃO ATÉ O PARTO

LACTAÇÃO

Figura 1. Aumento da produção de leite da porca por meio de um maior desenvolvimento mamário (Criado com BioRender.com).

Aumentar a suplementação de lisina no final da gestação pode resultar em maior produção de leite.

Para avaliar o impacto de uma dieta com 40% a mais de lisina no final da gestação, primíparas foram alimentadas com 2,65 kg de uma dieta convencional à base de milho e farelo de soja, que fornecia:

18,6 g de lisina digestível ileal padronizada (SID) por dia com as necessidades estimadas).

Ambas dietas continham a mesma quantidade de energia e foram administradas entre os 90 e 110 dias de gestação. Nesse período, as porcas jovens foram eutanasiadas para a coleta de tecido mamário, que foi dissecado e analisado quanto à sua composição.

A administração de 26 g diários de lisina SID aumentou o peso do tecido mamário sintetizador de leite (parênquima) em 44%, enquanto o peso da camada de gordura externa do tecido mamário (extraparênquima) não foi alterado.

26 g diários de lisina SID

Embora a composição do parênquima mamário não tenha sido afetada pelo tratamento dietético, as quantidades totais de cada componente do tecido, como proteína e gordura, foram maiores devido ao aumento do peso do tecido.

Figura 2. Aumento do peso do parênquima mamário associado à suplementação com 26 g de lisina SID por dia em porcas primíparas entre os 90 e 110 dias de gestação (Criado com BioRender.com).

Esses resultados indicam que aumentar em 40% a ingestão de lisina em porcas primíparas no final da gestação melhora o desenvolvimento do seu tecido sintetizador de leite.

No entanto, é importante destacar que os efeitos benéficos da adição de farelo de soja podem ser atribuídos a um maior teor de proteínas ou a maiores concentrações de aminoácidos diferentes da lisina.

Portanto, pode-se concluir que o aumento da quantidade de farelo de soja para fornecer 40% mais lisina às porcas jovens durante o último terço da gestação pode ser benéfico para a produção de leite na lactação seguinte.

Mais lisina no final da gestação não resulta em maior produção de leite em porcas multíparas.

Quando um ensaio semelhante foi realizado com porcas multíparas (2º e 3º parto), os resultados foram diferentes.

Entre os dias 90 e 110 de gestação, as porcas multíparas foram alimentadas com 2,6 kg de uma dieta convencional de milho e farelo de soja que fornecia:

14,8 g de lisina SID por dia (de acordo com as necessidades estimadas).

20,8 g de lisina SID por dia (↑40%) (a lisina adicional foi obtida através da adição de mais farelo de soja à dieta).

Diferentemente do ensaio com as porcas primíparas, ao analisar o tecido mamário no 110º dia de gestação, não foram observadas diferenças na quantidade ou composição do tecido sintetizador de leite.

Isso indica que a paridade afeta a resposta à suplementação de lisina, com efeitos benéficos observados no desenvolvimento mamário das porcas primíparas, mas não nas multíparas.

Vale a pena utilizar uma estratégia de alimentação em duas fases no final da gestação para porcas primíparas, mas não para porcas multíparas.

As recomendações atuais não são suficientes para as porcas primíparas.

Os resultados desses estudos destacam que as recomendações atuais de inclusão de lisina no final da gestação nas dietas das porcas jovens estão subestimadas, mas são adequadas para as dietas das porcas multíparas.

Adicionando 40% mais lisina na dieta, com a inclusão de farelo de soja, os produtores podem estimular, eficazmente, o desenvolvimento do tecido sintetizador de leite durante a primeira gestação, levando a uma melhor produção de leite.

Suplementação de lisina no final da gestação para estimular o desenvolvimento mamário de porcas primíparas BAIXAR PDF

Proteção das reprodutoras que você pode confiar

Garantir o futuro do seu valioso plantel de matrizes começa com suas leitoas. Somos seus parceiros na preparação e proteção desses animais tão importantes. Há quase quatro décadas, nossos serviços personalizados e soluções multifacetadas – incluindo uma tecnologia enzimática exclusiva que desativa micotoxinas e uma forma bioativa de vitamina D3 que melhora a saúde esquelética – têm assegurado o máximo desempenho ao longo da vida desde o início. Oferecemos o início ideal para suas leitoas e tranquilidade para você.

Saiba mais em

https://www.dsm-firmenich. com/anh/pt/species/swine.html

SKELETAL

Saúde óssea Competência imunológica

Saúde reprodutiva

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.