Vol. 18 núm. 4 (2023)
NUTRIÇÃO ANIMAL
UM QUEBRA-CABEÇA DE MÚLTIPLAS FACES
NUTRIÇÃO ANIMAL EM 2023: SOLUÇÕES E DESAFIOS O ano de 2023 para a nutrição animal foi uma verdadeira montanha russa de emoções e ou uma “caixa de surpresas”, como preferirem. Todos os setores relacionados a produção animal passaram por momentos que exigiram cautela, serenidade e muita resiliência. No setor da nutrição animal não foi diferente, a luta de cada dia para manter os animais – economicamente e ou tecnicamente nutridos, a partir de dietas viáveis com um olhar de custo benefício instável, enfrentando cenários gigantes adversos, permite afirmar a todos que superaram que: não foi apenas um ano difícil, mas sim um ano de grande aprendizados. O mercado iniciou o ano, ainda tentando surfar a onda e consequências globais da guerra entre dois grandes produtores mundiais de grãos. Afetando cotações e cenários. Criando dificuldades de planejamento. Fato que ficou explícito na radical mudança de contexto no instante seguinte. Ao decorrer do ano, condições climáticas afetaram e afetam lavouras em diversos países e impactaram as safras de grãos. No Brasil, esperamos o que poderá acontecer com a estimada diminuição da área plantada de milho nesta safra 2023/2024 e o aumento na área de soja.
Voltando ao cenário 2023, com o mercado de grãos desfalcado e os preços cada vez maiores, o setor de nutrição animal precisou lutar e buscar alternativas e tecnologias para seguir firme e forte. Vimos no decorrer do ano a busca por grãos substitutos, ingredientes alternativos e o aumento do uso dos coprodutos nas dietas dos animais. Além dos coprodutos mais tradicionais - utilizados a mais tempo - como a polpa cítrica e os subprodutos de caroço de algodão, temos visto novas alternativas como bagaço de diversas frutas, e o aumento de pesquisas e uso referente a proteína de insetos. O ano de 2023 foi desafiador (o que parece não ser mais novidade em nosso setor) e, mais uma vez o agronegócio conseguiu se manter firme em seu propósito. Seguimos produzindo alimentos de qualidade para o Brasil e o Mundo. Alimentando nossos planteis, atentos e sempre evoluindo em bem estar animal, sustentabilidade e tudo acerca destes temas relevantes ao futuro. Somos o Agro e o Agro não para.
Boa leitura! Equipe nutriNews Brasil Por José Antônio Ribas Jr
EDITOR AGRINEWS
PUBLICIDADE Simone Dias nutribr@grupoagrinews.com DIREÇÃO TÉCNICA José Antônio Ribas Jr. COORDENAÇÃO TÉCNICA E REDAÇÃO Tainara C. Euzébio Dornelas redacao@grupoagrinews.com ANALISTA TÉCNICO Camila Leandro Ferreira COLABORADORES Abdelhacib Kihal Alberto Morillo Alujas Alex Maiorka Emanuel Isaque C. da Silva Fábio Bittencourt Lorenna Nicole Araújo Santos Luisa Nora Maria Letícia Bonadiman Mariani Stelio Bezerra Pinheiro de Lima ADMINISTRAÇÃO Merce Soler Tel: +34 677 51 88 54 nutribr@grupoagrinews.com redacao@grupoagrinews.com www.nutrinews.com Avenida: Adalgisa Colombo, 135. Jacarépaguá. Rio de Janeiro – RJ. Cep.: 22775-026 A revista nutriNews Brasil é uma publicação nacional, editada em português, cujo editorial é direcionado à nutrição animal, incluindo nutricionistas, fábricas de ração e alimentos para animais, instituições de ensino, sindicatos, empresas e o Ministério da Agricultura e Pecuária. Os artigos, bem como informes publicitários não expressam a opinião dos editores. É proibida a divulgação total ou parcial de conteúdos publicados sem a autorização dos editores.
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ISSN 2965-3371 nutriNews Brasil 4o Trimestre 2023
1
CONTEÚDOS A
BE TA L
202 3
de premix 04 Formulação mineral para não ruminantes Emanuel Isaque C. da SIlva Zootecnia, UFRPE
14
Oligossacarídeos em dietas para monogástricos Maria Letícia Bonadiman Mariani, Kendel Fleurimont, Isabella de Camargo Dias, Vivian Izabel Vieira, Alex Maiorka Universidade Federal do Paraná
23
Insetos na alimentação de aves: o futuro que nunca deixou de existir Stelio Bezerra Pinheiro de Lima¹, Luciana Barboza Silva² e Leilane Rocha Barros Dourado³ ¹Zootecnista, Professor - Universidade Federal do Piauí; ²Entomóloga, Professora -Universidade Federal do Piauí; ³Médica Veterinária, Professora - Universidade Federal do Piauí
2 nutriNews Brasil 4o Trimestre 2023
30 Tabela de enzimas e fitogênicos Edição Brasil
35
Acidificantes: como influenciam a saúde intestinal do leitão Alberto Morillo Alujas
Dr. em Medicina Veterinária e Administrador de Tests and Trials, S.L.U.
44
Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
66
Congelamento para a segurança alimentar de dietas comerciais fabricadas à base de ingredientes de uso humano para cães e gatos Lorenna Nicole Araújo Santos, Heloísa Lara Silva, Laiane da Silva Lima, Eduarda Lorena Fernandes, Renata Bacila M. dos Santos de Souza, Daniele Cristina de L. Escrobot, Ananda Portella Félix Universidade Federal do Paraná
Luisa Nora
Zootecnista – UDESC/CEO; Mestre em Zootecnia. Doutoranda do Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular – UDESC/CAV
52
Kolin Plus, uma alternativa mais ecológica ao cloreto de colina Equipe técnica Natural Remedies
58
Fundamentos da nutrição de peixes Prof. Dr. Fábio Bittencourt GEMAq - Grupo de Estudos em Manejo na Aquicultura (Study Group on Management in Aquaculture) - UNIOESTE
nutrinews.com 3 nutriNews Brasil 4o Trimestre 2023
FORMULAÇÃO DE PREMIX MINERAL PARA NÃO RUMINANTES
Nutrição
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva Técnico em Agropecuária. Acadêmico em Zootecnia pela UFRPE
O
s premixes são misturas de vitaminas, microminerais, ou ambos, que são primordiais
para o ótimo desempenho produtivo e reprodutivo dos animais. Visam o auxílio na sanidade e no bem-estar durante o
Sendo assim, os microminerais são essenciais, pois participam
ciclo produtivo da granja, favorecendo os
de rotas metabólicas, da
melhores índices de eficiência da ração no
digestão, da reprodução
que diz respeito à máxima eficiência no
e inúmeros processos
consumo, na deposição de músculo, nas
fisiológicos.
características reprodutivas etc.
4 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Formulação de premix mineral para não ruminantes
As pré-misturas possuem a finalidade de garantir que as exigências dietéticas em microminerais sejam supridas, uma vez que a ração formulada pode conter déficit destes compostos. Na prática os premixes microminerais são incorporados na razão de 0,2 a 0,5% do concentrado.
Importância dos microminerais
Alguns microminerais são facilmente encontrados nos ingredientes que
Os microminerais devem estar
compõem a ração dos animais, como
para a manutenção das atividades fisiológicas, bem como para a sanidade do mesmo. Apesar das quantidades diminutas, são essenciais para a
ração à base de alimentos alternativos pode conter microminerais suficientes para o atendimento das exigências de um coelho, por exemplo;
reprodução, metabolismo e demais
sendo assim, não há necessidade
funções do corpo. Para
de suplementação extra ou
monogástricos o cobre (Cu),
Nutrição
presentes no organismo animal
preocupação com balanceamento.
ferro (Fe), iodo (I),
Entretanto, em outros casos, os ingredientes da ração podem não
manganês (Mn),
conter as exigências do animal, sendo
selênio (Se) e
ao concentrado.
zinco (Zn) são os mais importantes.
necessário a adição de um suplemento
A Tabela 1 apresenta as funções e deficiências dos microminerais para as espécies não ruminantes.
5 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Formulação de premix mineral para não ruminantes
Nutrição
MICROMINERAL
FUNÇÕES
SINAIS DE DEFICIÊNCIAS
Cu
Participa na síntese da hemoglobina. Participa na respiração celular. Essencial na formação óssea e na manutenção da mielina do SNC. Envolvido na síntese de queratina, componente do pelo. Componente de enzimas oxidativas. Manutenção da musculatura cardíaca.
Anemia. Crescimento retardado do osso. Despigmentação do pelo e pele. Ataxia em suínos (dorso curvado), membro posterior fica paralisado. Poedeiras reduzem a produção de ovos e eclodibilidade. Em coelhos causa anemia, alopecia e degeneração da pele. Em éguas causa ruptura da artéria uterina no pré-parto. Em equinos causa diarreias. Hipertrofia cardíaca em suínos.
Fe
Confere a cor vermelha ao sangue. Transporte de O2. Participa de coenzimas e enzimas. Participa de produtos (ovo = 1-1,5 mg; leite = 1-1,2 mg/L). Componente de proteínas e enzimas envolvidas no transporte e armazenamento de O2, transporte de elétrons e geração de energia. Funções antioxidantes e pró-oxidantes benéficas e síntese de DNA.
Anemia hipocrômica microcítica – hipocrômica = índice de cor e microcítica = tamanho da hemácia. Diarreia. Aumento dos movimentos respiratórios. Taquicardia. Em coelhos a anemia não é frequente. Leitões podem morrer devido a baixa reserva de Fe (suplementação na 1ª semana). Crescimento retardado. Pelagem áspera. Palidez. Anóxia. Coração e baço aumentados. Fígado gorduroso. Ascite. Aglomeração de células eritroblásticas na medula óssea.
I
Integrante dos hormônios da tireóide (controlam o metabolismo). Tiroxina regula hipotálamo e hipófise. Atua no crescimento, desenvolvimento e maturação física e mental; manutenção do metabolismo basal e produção de calor. Estimula crescimento e desenvolvimento do esqueleto (estímulo à produção do GH).
Bócio – manter os níveis de tiroxina no sangue. Leitões – ausência de cerdas, edema, pele grossa e pescoço intumescido. Em coelhos causa transtornos reprodutivos. Pelame opaco, alopecia, espessamento cutâneo, crescimento retardado, problemas de calcificação óssea, letargia, inapetência, intolerância ao frio e hipotermia.
Tabela 1. Principais funções e deficiências.
6 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Formulação de premix mineral para não ruminantes
FUNÇÕES
SINAIS DE DEFICIÊNCIAS
Mn
Desenvolvimento da matriz óssea. Ativador de enzimas. Essencial para a reprodução e funcionamento do SNC. Participa no metabolismo de proteínas, lipídeos e carboidratos; envolvido na gliconeogênese. Indispensável à fertilidade (deficiência causa aborto e baixa fertilidade).
Perose em aves. Encurtamento e má formação dos ossos das pernas (arqueamento e rigidez óssea). Suínos ficam com patas curtas e curvas. Poedeiras e matrizes reduzem a produção de ovos e eclodibilidade. Problemas na fertilidade de éguas e garanhões. Claudicação em suínos. Aumento do depósito de gordura em marrãs gestantes, com nascimento de leitões fracos.
Se
Associado à vitamina E, evitando a oxidação dos tecidos, mantendo a integridade da parede celular. Através da glutationa peroxidase destrói os peróxidos, recuperando as membranas. Com os eritrócitos, reduz a hemólise. Nos capilares evita microhemorragias e edemas. Nos músculos evita a degeneração muscular.
Distrofia muscular nas aves associada a diátese exudativa, nos músculos peitorais. Problemas reprodutivos. Causa miopatias com degradação da musculatura lisa, cardíaca e esquelética. Em equinos causa diminuição da imunidade e crescimento, inquietação, rigidez muscular, dificuldade de amamentação, dispneia, edema pulmonar, elevação das frequências cardíaca e respiratória.
Zn
Participa de sistemas enzimáticos. Multiplicação celular. Biossíntese de ácidos nucleicos; polimerases de RNA e DNA. Metabolismo hormonal. Resposta imune. Estabilização de ribossomos e membranas. Metabolismo proteínas e carboidratos. Integridade dos tegumentos. Atua no processo de calcificação óssea. Síntese vitamina A. Constituinte da insulina.
Paraqueratose (suínos) ao redor dos olhos e patas, com rachaduras na pele e cascos. Problemas reprodutivos. Baixo desempenho. Empenamento deficiente. Letargia. Diarreia. Em coelhos pode causar infertilidade, problemas tegumentares, de pelame e perda de apetite. Em equinos causa diminuição do consumo, baixo desempenho e diminuição do crescimento.
Nutrição
MICROMINERAL
Tabela 1. Principais funções e deficiências.
7 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Formulação de premix mineral para não ruminantes
FORMULAÇÃO DE PREMIX MINERAL Para a formulação de pré-misturas minerais é necessário seguir alguns passos (Figura 1).
Formulação
Fontes comenciais
Carazterização do animal
Exigências nutricionais
Nutrição
Composição das fontes Figura 1. Passos para a formulação de um premix mineral.
FORMULAÇÃO DE PREMIX MINERAL
1º Passo: Determinação das exigências microminerais e das fontes comerciais disponíveis no mercado:
A formulação de premix micromineral segue os parâmetros de cálculos do vitamínico, no entanto apresenta diferenças importantes.
Formular um suplemento micromineral para éguas com 450 kg de PV, consumo de ração de 10 kg/dia, no primeiro
MINERAL
EXIGÊNCIA (mg/kg)
FONTE COMERCIAL
CONCENTRAÇÃO (%)
Cu
9
Sulfato de Cobre
25
Fe
36
Sulfato Ferroso
20
Mn
36
Carbonato de Manganês
46,7
Se
0,09
Selenito de Sódio
45
Zn
36
Sulfato de Zinco
22,2
I
0,315
Iodato de Cálcio
62,8
semestre de gestação. A concentração do premix na ração é de 0,4%.
Tabela 2. Exigência de minerais via fonte comercial
8 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Formulação de premix mineral para não ruminantes
2º Passo: Determinação da concentração do premix para 1 kg de suplemento:
100% / 0,4% de concentração = 250 vezes em 1 kg
4º Passo:
Calcular a exigência em mg/kg de
Transformar a exigência em mg/kg de
premix. Multiplicar cada micromineral pelo
premix para g/kg dividindo mg/kg por
fator 250, encontrado no passo 2:
1000:
EXIGÊNCIA (mg/kg de premix)
MINERAL
EXIGÊNCIA (mg/kg)
EXIGÊNCIA (mg/kg de premix)
9
2.250
Cu
2.250/1000 =
2,25
Fe
36
9.000
Fe
9.000/1000 =
9
Mn
36
9.000
Mn
9.000/1000 =
9
Se
0,09
22,5
Se
22,5/1000 =
0,0225
Zn
36
9.000
Zn
9.000/1000 =
9
I
0,315
78,75
I
78,75/1000 =
0,07875
MINERAL
EXIGÊNCIA (mg/kg)
Cu
Fator
x 250 =
Tabela 3. Transformação mg/kg para g/kg.
Nutrição
3º Passo:
Tabela 4. Exigência em mg/kg de premix.
9 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Formulação de premix mineral para não ruminantes
5º Passo: Determinar a quantidade de cada fonte comercial para suprir a exigência de microminerais:
100 x exigência / concentração da fonte
Cobre:
Selênio:
100 g de Sulfato de Cu: 25 g de Cu
100 g de Selenito de Na: 45 g de Se
X: 2,25
X: 0,0225
X = 9 g de Sulfato de Cobre
Ferro:
X = 0,05 g de Selenito de Sódio
Zinco:
Nutrição
100 g de Sulfato de Fe: 20 g de Fe X:
100 g de Sulfato de Zn: 22,2 g de Zn
9
X:
X = 45 g de Sulfato de Fe
Manganês:
9
X = 40,54 g de Sulfato de Zinco
Iodo:
100 g de Carbamato de Mn: 46,7 g de Mn
100 g de Iodato de Ca: 62,8 g de I
X: 9
X = 19,27 g de Carbonato de Manganês
10 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Formulação de premix mineral para não ruminantes
X: 0,07875
X = 0,13 g de Iodato de Cálcio
6º Passo: fonte, somar e encontrar a quantidade de veículo que se deve utilizar:
FORMULAÇÃO FINAL PARA 1 Kg DE PREMIX Produto/Ingrediente
Quantidade (gramas)
Sulfato de Cobre
9
Sulfato Ferroso
45
Carbonato de Manganês
19,27
Selenito de Sódio
0,05
Sulfato de Zinco
40,54
Iodato de Cálcio
0,13
Soma das fontes:
114
Veículo
886
TOTAL
1000
Nutrição
Montar tabela com a quantidade de cada
Tabela 5. Formulação final.
O veículo é milho ou farelo de soja, utilizados para dar volume e quantidade para a mistura de premix, o que facilita a mescla na máquina.
O premix pode contemplar vitaminas e os microminerais, sendo estes misturados na máquina juntos. Lembre-se que os valores das fontes não devem exceder 1 kg, devendo haver espaço para o veículo.
Formulação de premix vitamínico para não ruminantes
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11 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Formulação de premix mineral para não ruminantes
OLIGOSSACARÍDEOS EM DIETAS PARA
MONOGÁSTRICOS
Oligossacarídeo
Maria Letícia Bonadiman Mariani1, Kendel Fleurimont2, Isabella de Camargo Dias3, Vivian Izabel Vieira4, Alex Maiorka5 1 Graduanda em Zootecnia da UFPR, 2Graduando em Agronomia da UFPR, 3 Doutoranda em Ciências Veterinárias da UFPR, 4Doutoranda em Zootecnia da UFPR, 5 Professor Titular de Nutrição Animal da UFPR
INTRODUÇÃO O foco desse material é abordar sobre uma classe de carboidratos conhecida por oligossacarídeos, e quando falamos em dietas para frangos de corte, o ingrediente rico nessa classe de carboidratos é o farelo de soja.
Os principais oligossacarídeos presentes no farelo de soja são: a rafinose e a estaquiose. Ambos são formados por cadeias curtas de galactose, glicose e frutose que se ligam entre si. No geral, esses compostos influenciam de maneira benéfica a microbiota intestinal, porém podem causar efeitos negativos uma vez que são considerados fatores anti qualitativos.
14 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Oligossacarídeos em dietas para monogástricos
Diante disso, vale lembrar que quando discutimos formulação de dietas de animais monogástricos, é fundamental mencionar os dois principais ingredientes utilizados: o milho e o farelo de soja. A nível mundial, na safra 2022/23 foram produzidas pouco mais de 369 milhões de
Embora o milho seja a matéria-prima mais utilizada em termos de quantidade dentro
toneladas de soja e o Brasil foi o país que
de uma dieta, o farelo de soja representa
liderou o ranking de produção, seguido
cerca de 35% (Rostagno et al., 2017)
Oligossacarídeo
pelos Estados Unidos (USDA, 2023).
quando falamos em rações para frangos
De acordo com a Companhia Nacional
de corte, em particular.
de Abastecimento (Conab, 2023),
O farelo de soja é o produto obtido após
na safra 2022/23 a produção foi de
o processo de extração do óleo, diversas
aproximadamente 155 milhões de
características fazem do farelo uma matéria-
toneladas, e os estados que mais se
prima amplamente utilizada na alimentação
destacaram produção de soja foram o
animal, dentre elas, o alto teor de proteína
Mato Grosso, Paraná, Goiás e Rio Grande
que varia entre 46 e 52%, além disso, é uma fonte que tem alta digestibilidade
do Sul (Tabela 1).
de energia, ou seja, o animal consegue aproveitar os nutrientes de maneira eficiente e expressar em um melhor desempenho zootécnico (Pacheco et al., 2013; Lv et al., 2015).
Tabela 1. Índices de produção de grãos de soja dos principais estados do Brasil.
Mato Grosso
Paraná
Goiás
Rio Grande do Sul
Produção (milhões de toneladas)
46.600,5
22.384,9
17.734,9
13.018,4
Área plantada (milhões de hectares)
12.086,0
5.799,2
4.547,4
6.555,1
Produtividade (kg/ha)
3.773
3.860
3.900
1.986
Adaptado de Conab (2023).
15 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Oligossacarídeos em dietas para monogástricos
No estudo de Ibánez et al. (2020), os autores analisaram estudos científicos que avaliaram a composição química e qualidade
Em termos de composição química o farelo de soja tem em torno de 45% de proteína bruta, 4,86% de fibra bruta, 1,95% de extrato etéreo, 6% de cinzas e 17% de outros compostos.
proteica do farelo de soja entre os anos de 2002 e 2018 em diversos países, incluindo os maiores produtores, Brasil, Estados Unidos, Argentina e Índia. Nesse estudo foi constatado que a composição química do farelo de soja, inclusive de oligossacarídeos,
é diferente em relação a localização geográfica onde é produzido e processado como descrito na Tabela 2.
Tabela 2. Composição nutricional e qualidade da proteína do farelo de soja de diferentes origens geográficas.
Brasil
Estados Unidos
Argentina
Índia
Proteína bruta (%)
47
46,4
45,5
46,3
Extrato etéreo (%)
1,78
1,67
1,66
1,11
Sacarose (%)
5,24
6,99
6,41
4,19
Estaquiose (%)
3,80
4,77
4,15
3,97
Rafinose (%)
1,33
0,95
1,15
1,70
FDN1 (%)
10,8
8,69
9,57
13,0
Potássio (%)
2,12
2,21
2,32
2,02
KOH2 (%)
78,2
82,1
76,6
79,3
TIA3 (mg/g)
2,76
3,18
2,47
2,96
AU4 (mg N/g)
0,023
0,024
0,012
0,046
Oligossacarídeo
Item
1
FDN – Fibra em detergente neutro
2
KOH – Solubilidade proteica em KOH
3
TIA – Atividade de inibidor de tripsina
4
AU – Atividade ureática
16 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Oligossacarídeos em dietas para monogástricos
Os oligossacarídeos são produzidos a partir de fontes vegetais, como legumes e grãos integrais (Mussatto e Mancilha, 2007), por meio de processos físico-químicos ou processos enzimáticos de hidrólise de polissacarídeos não amiláceos (PNA) (Courtois 2009; Zhao et al. 2017; Morgan et al., 2019).
OLIGOSSACARÍDEOS Por definição, oligossacarídeos são carboidratos que possuem de 2 a 10 unidades de monossacarídeos podendo ser linear ou ramificado e conectados por ligações α e/ ou β-glicosídicas (Patel et al., 2014). Eles atuam como nutrientes para microrganismos benéficos que atuam no trato gastrointestinal, tais como as bactérias dos gêneros Bifidumbacterium e Lactobacilus (Patel e Goyal, 2011).
Recentemente, um estudo publicado por Jahan
Essas bactérias são capazes de transformar os oligossacarídeos solúveis em ácidos orgânicos,
et al. (2022) trouxe uma série de informações
principalmente os ácidos graxos de cadeia curta (acetato, propionato
para aves (Tabela 3). Os autores abordaram os principais impactos do uso de oligossacarídeos
e butirato) que melhoram a saúde
derivados de PNA e como a sua utilização é
gastrointestinal (Tuohy et al., 2005).
capaz de melhorar a saúde gastrointestinal e o
sobre fontes vegetais e técnicas de produção de
Oligossacarídeo
oligossacarídeos comumente usados em dietas
desempenho dos animais.
Tabela 3. Efeito da suplementação dietética de oligossacarídeos derivados de polissacarídeos não amiláceos na composição da microbiota do ceco das aves.
Tipo de oligossacarídeo
Nível de suplementação
Idade das aves
Tipo de dieta
Efeito
Referência
Frutooligossacarídeos (FOS)
0 mg/kg 4000 mg/kg
1 a 35 dias
Trigo e farelo de soja
Aumento de Lactobacillus e redução de coliformes.
Akbaryan et al. (2019)
Galactooligossacarídeos (GOS)
0 mg/kg 1000 mg/kg 2000 mg/kg 5000 mg/kg
1 a 35 dias
Milho e farelo de soja
Aumento de Lactobacillus
Yousaf et al. (2017)
Isomaltooligossacarídeos (IMO)
0 mg/kg 5000 mg/kg 10000 mg/kg
1 a 42 dias
Milho e farelo de soja
Aumento de Lactobaccillus e Bifidobacterium; Redução de Escherichia coli;
Mookiah et al. (2014)
Xilooligossacarídeos (XOS)
0 mg/kg 5000 mg/kg
1 a 39 dias
Trigo, centeio e farelo de soja
Aumento da abundância de Clostridium cluster XIVa; Aumento de Lactobacillus
Maesschalck et al. (2015)
Isomaltooligossacarídeos (IMO); Rafinose (RFO); Quitooligossacarídeo (COS)
3 g/kg IMO 3 g/kg de RFO 3 mg/kr COS
Trigo, milho e farelo de soja
Aumento na abundância de Bacteroidetes, Tenericutes, Euryarchaeota, e Spirochaetae
Chang et al., (2022)
1 a 56 dias
Adaptado de Jahan et al. (2022)
17 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Oligossacarídeos em dietas para monogástricos
RAFINOSE A rafinose é formada pela adição sucessiva de porções de glicosil a um indicador de sacarose no grão de soja durante o processo de amadurecimento (Amuti e Pollard, 1977). As rafinoses desempenham funções fisiológicas importantes como no aumento da resistência a seca e a baixas temperaturas, na respiração durante a germinação e no prolongamento da vida útil das leguminosas (Gu et al., 2018). Mesmo a rafinose sendo considerada um fator anti qualitativo para os animais de produção,
Oligossacarídeo
estudos recentes demonstram que esse composto pode ser utilizado como substância funcional com atividade prebióticas (Amorim et al., 2020).
A ausência da enzima alfagalatosidase, responsável pela hidrolise da rafinose, no trato gastrointestinal superior de monogástricos faz com que a rafinose não seja quebrada e por sua vez, permaneça íntegra até a porção inferior do intestino onde ocorre a absorção (Fleming, 1981; Kaczmarek, 2014; Zartl et al., 2018).
O fato da rafinose não ser digerida no trato gastrointestinal superior despertou interesse científico nesse composto.
Pesquisas demonstraram que a rafinose auxilia no crescimento de bactérias proteolíticas, não exerce efeito adverso sobre o sistema imunológico, aumenta a concentração de ácidos graxos de cadeia curta no ceco e quando inoculado in ovo, melhora os parâmetros de desempenho zootécnico de frangos de cortes (Bednarczk et al., 2011).
O farelo de soja pode conter de 4 a 6% de rafinose em sua composição (com base na
matéria seca) e além de ser um fator anti qualitativo resistente ao processamento térmico (Zang et al., 2019) ainda pode ser responsável pelo aumento da viscosidade da digesta, o que acaba interferindo na
digestão dos nutrientes (KasprowiczPotocka et al., 2022).
18 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Oligossacarídeos em dietas para monogástricos
A suplementação com rafinose para frangos de corte é algo promissor e pouco estudos foram conduzidos investigando o impacto no desempenho. Porém, Zhu et al. (2021) em um estudo sobre os efeitos da suplementação sobre microbiota cecal e a concentração de indol e escatol, mostraram que o uso de 0,6%
de rafinose é capaz de reduzir a formação dos compostos responsáveis pelo odor da digesta cecal em comparação aos animais que consumiram a dieta sem farelo de soja perfil da microbiota.
suínos, os autores avaliaram a inclusão de 0,2 e 0,5% de rafinose na dieta e observaram que houve uma redução no desempenho na fase de crescimento, diminuição no consumo de ração e aproveitamento dos nutrientes, ao mesmo tempo foi observada uma melhora na morfologia intestinal (Zeng et al., 2021).
Oligossacarídeo
na composição, e ainda pode melhorar o
Outro estudo, porém, conduzido com
19 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Oligossacarídeos em dietas para monogástricos
A estaquiose é um alfa-galacto-oligossacarídeo consistindo por duas unidades de: α-galactose, uma α-glicose e
De acordo com Teague et al. (2023) o uso tanto de rafinose, quanto de estaquiose na dieta de frangos de corte é capaz de influenciar não apenas o desempenho
uma β-frutose (Muland Perry, 1994).
Assim como a rafinose, a estaquiose também é considerada um fator anti qualitativo resistente ao processamento térmico, e no
caso do farelo de soja pode representar 5 a 6% (Sorensen et al., 2011). No estudo conduzido por Zhu et al.
Oligossacarídeo
(2021) o uso de 0,6% de estaquiose na dieta de frangos de corte foi capaz de promover efeito benéfico nos parâmetros de fermentação cecal, foi observada
dos animais, mas também pode atuar na integridade e qualidade intestinal e na composição da microbiota.
Os autores relataram que o uso desses dois oligossacarídeos em conjunto teve efeito na taxa de conversão alimentar de frangos de corte em fase de crescimento (0 a 21 dias),
as aves alimentadas com 0,9% e 1,8% apresentaram uma melhora na conversão alimentar em relação as aves que não receberam suplementação na dieta.
uma melhora no perfil da microbiota, além disso houve também redução na formação dos compostos que provocam odor cecal, indol e escatol.
Em relação a alfa que representa o número e abundância de espécies de bactérias dentro de uma comunidade, e a beta diversidade
que relaciona a composição de espécies e suas abundancias entre comunidades, o estudo de Teague et al. (2023) mostra que os níveis crescentes de rafinose e estaquiose influenciaram a alfa e beta diversidade da microbiota (Figura 1), com destaque para a abundância de bactérias do gênero Ruminococcus e Bifidobacterium representadas no gráfico abaixo pelas frações azul claro e amarelo escuro (Figura 2).
20 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Oligossacarídeos em dietas para monogástricos
6.5
a
a
b
6.0
c
c
5.5 5.0
3.6 %G I_
SP
OS
2.7 %G I_
SP
OS
1.8 %G I_
SP
OS
0.9 %G
I_ SP
SP
I
OS
4.5
Figura 1. Níveis crescentes de suplementação com rafinose e estaquiose (GOS) e o efeito na composição da microbiota cecal. Adaptado de Teague et al. (2023).
Ruminococcus Clostridiales Faecalibacterium
Oligossacarídeo
Lachnospiraceae Lactobacillus
1.00
Oscillospira Bifidobacterium Ruminococcaceae Coprococcus
0.75
Blautia Subdoligranulum Clostridium Dorea
0.50
Bacillaceae Coriobacteriaceae cC_115 Bacteroides
0.25
Erysipelotrichaceae RF39 Enterobacteriaceae others
S
I_ 3 SP
.6%
GO
S
I_ 2 SP
.7%
GO
S GO
I_ 1 SP
.8%
GO .9%
I_ 0 SP
SP
I
S
0.00
Figura 2. Alfa diversidade representada pelo índice de Shannon da comunidade da microbiota intestinal de frangos de corte alimentados com níveis crescentes de rafinose e estaquiose. Adaptado de Teague et al. (2023).
Oligossacarídeo em dietas para monogástricos
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21 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Oligossacarídeos em dietas para monogástricos
INSETOS NA ALIMENTAÇÃO DE AVES: O FUTURO QUE NUNCA DEIXOU DE EXISTIR
Entrevista
Stelio Bezerra Pinheiro de Lima¹, Luciana Barboza Silva² e Leilane Rocha Barros Dourado³ ¹ Zootecnista, Prof. De Nutrição de Não Ruminantes e Avicultura do Campus Professora Cinobelina Elvas (Bom Jesus/PI) - Universidade Federal do Piauí. e-mail: steliolima@ufpi.edu.br ² Entomóloga, Profª. De Entomologia do Campus Professora Cinobelina Elvas (Bom Jesus/PI) - Universidade Federal do Piauí ³ Médica Veterinária, Profª de Nutrição de Não Ruminantes e Avicultura do Centro de Ciências Agrárias (Teresina) - Universidade Federal do Piauí
23 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Insetos na alimentação de aves: o futuro que nunca deixou de existir
As aves, animais onívoros, sempre ingeriram várias espécies de insetos para suprir parte das proteínas e gorduras demandas ao seu “adequado” desenvolvimento e isso também acontecia com galinhas da espécie Gallus Gallus domesticus enquanto eram, predominantemente, criadas soltas, até o início do século XX. Com a implementação das tecnologias produtivas, as “galinhas” começaram a ser criadas em galpões e, portanto, passaram a consumir
Entrevista
apenas as rações processadas e
Nesse contexto, de se buscar eventuais substitutos para esses alimentos tradicionais, certamente o maior desafio é encontrar fontes viáveis para constituir a fração proteica da ração, mesmo que em associação ao farelo de soja. É claro que as farinhas de origem animal produzidas em frigoríficos e abatedouros são eficientes, mas possuem algumas limitações de uso, particularmente da opinião pública de países mais desenvolvidos que
disponibilizadas nos comedouros.
não enxergam com ‘bons olhos’ essa
Na busca por rações cada vez mais
Pesquisar e estabelecer tecnologias
equilibradas e capazes de nutrir animais cada vez mais exigentes, os nutricionistas passaram a considerar nas suas formulações de rações apenas alimentos
utilização.
de produção para as variadas espécies de insetos alimentícios, com potencial nutritivo, nos parece ser um cenário com
produzidos ou coproduzidos pelo homem
elevada perspectiva de sucesso,
e que possuíam disponibilidade ao longo
particularmente quanto as vantagens
do ano e boa densidade nutricional.
ambientais quando comparado com
Nesta edição o professor Stelio Bezerra juntamente com sua equipe, nos fornecem um panorama sobre o uso de insetos na alimentação animal! No Brasil, a tradicional dobradinha milho e farelo de soja se consolidou e é referência comparativa para qualquer avaliação nutricional de eventuais alimentos que possam ser
outras cadeias produtivas. Nesse contexto, acreditamos também que a criação de insetos não ficará restrita à produção de farinhas para eventuais inclusões em rações animais, mas será capaz inclusive de gerar alimentos direto para os seres humanos, como concentrados proteicos e fontes de fibra (quitina).
adicionados nas rações animais, sejam por aspectos nutricionais ou econômicos.
24 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Insetos na alimentação de aves: o futuro que nunca deixou de existir
Nesse cenário, já existem
Em paralelo ao debate de
legislações que regulamentam a
regulamentação, as pesquisas
utilização de insetos e farinhas na alimentação
desenvolvidas em vários países
animal. Na Europa, em 2017, foi liberada a
do mundo apontam claramente
utilização de insetos para alimentação de
à possibilidade da utilização das
animais aquáticos e em agosto de 2021 para
farinhas de insetos na alimentação
aves e suínos.
dos animais não ruminantes, particularmente os de maiores
O Ministério da Agricultura e Abastecimento
expressividades produtivas, como
(MAPA-Brasil) publicou ofício circular
aves, suínos e organismos aquáticos.
33/2023, em julho de 2023, que orienta fiscais agropecuários e produtores/ fabricantes de insetos de
Sajid et. al. (2023) afirma que as
como devem
farinhas de insetos apresentam grande
proceder para o
proteína na nutrição de aves com
estabelecimentos
diversas vantagens, incluindo seu valor
e algumas
nutricional e custo-benefício, mas que
normas para o
também existem desafios e limitações
processo de criação, processamento e comercialização de seus respectivos produtos. Apesar de ser a primeira manifestação mais sólida sobre o assunto do órgão brasileiro, o ofício não possui peso
associadas ao seu uso, incluindo a necessidade de produção de insetos em larga escala, marcos regulatórios e aceitação do consumidor.
jurídico de lei ou de decreto e, portanto, novas regras devem surgir rapidamente a medida que a cadeia cresce.
25 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Insetos na alimentação de aves: o futuro que nunca deixou de existir
Entrevista
potencial como fonte alternativa de
registro dos seus
Khalifah et. al. (2023) chama atenção ainda para as propriedades nutracêuticas das farinhas de insetos que apresentam efeitos positivos na Entrevista
produção avícola, além de serem ecologicamente corretos, com melhora no peso corporal de frangos de corte e produção de ovos em poedeiras. No entanto, enfatiza que mais pesquisas em
A composição química das
histomorfologia, histoquímica,
farinhas de insetos naturalmente
imuno-histoquímica e da biologia
apresenta elevadas variações,
molecular é necessária para
principalmente quando comparamos
garantir que estas substâncias
espécies diferentes. Shah et al. (2022) relata
sejam eficazes e seguras para uso
valores de proteína bruta (PB) que variaram
animal e humano.
de 33% na larva de mosca doméstica e 55% de PB para larvas de mosca soldado negro e Tenebrio molitor (TM). Os níveis de gordura variaram de 6,20% (mosca doméstica) até 25% para TM. É importante salientarmos ainda que, mesmo dentro da mesma espécie de inseto, a depender da dieta e da idade de abate, os níveis de composição química mudam bastante, conforme pode ser averiguado na publicação de Gkinali et al. (2022), que os níveis de proteína bruta da larva de TM variaram de 45,70 à 65,60% e os níveis de gordura de 19 a 43%.
26 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Insetos na alimentação de aves: o futuro que nunca deixou de existir
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Lee et al. (2022) relata que a inclusão de farinhas de insetos na alimentação de aves pode resultar em melhores índices produtivos, além de boa digestibilidade e efeitos bioativos na saúde intestinal.
Entrevista
Com elevados níveis de inclusão ou com inclusões inferiores a 1%, os trabalhos demonstraram melhorias na morfologia
Lavel et al. (2022) incluíram até 10% de farinhas do bicho da seda e da mosca do soldado negro e encontraram resultados significativamente melhores para peso vivo, ganho de peso e conversão alimentar em frangos de corte machos da linhagem Ross.
intestinal, aumento na microbiota benéfica e incremento na produção de ácidos graxos voláteis. Em trabalhos do nosso grupo de
Resultados de Józefiak et al. (2018)
pesquisa, ainda por serem publicados,
com inclusão de
determinamos os valores de 4300kcal/
diferentes tipos de
kg de EMAn para a FTM e coeficientes
farinhas de insetos
de digestibilidade da PB de 79%
em níveis que
em frangos de corte na fase inicial.
variaram de 0,05
Avaliando o desempenho de frangos
a 0,2% afetaram a
de corte alimentados com até 10% de
microbiota intestinal.
inclusão de FTM na fase de 1 a 7 dias e
Vasilopoulos et
posteriormente alimentados com ração
al. (2023) observou que a inclusão de larvas
a base de milho e farelo no período de
desidratadas de TM em até 10% melhorou
8 a 42 dias, não foi observado nenhum
ganho de peso e rendimento de carcaça de
efeito significativo sobre os parâmetros
frangos de corte fêmeas abatidas aos 35 dias de idade.
zootécnicos avaliados (peso vivo, consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar).
28 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Insetos na alimentação de aves: o futuro que nunca deixou de existir
Portanto, é possível
os mesmos níveis de inclusão da
concluirmos que a inclusão
FTM (2,5; 5,0; 7,5; e 10%) porém
de farinhas de insetos na
alimentando os frangos no período de 1 a 21
alimentação de aves é nutricionalmente
dias com as dietas experimentais e depois
viável, mas ainda é preciso considerar
no período de 22 a 42 dias com rações
que a disponibilidade dessa farinha é o
sem a inclusão de FTM, não se observou
maior entrave para os formuladores de
diferenças estatísticas nos parâmetros
rações aqui no Brasil, particularmente
produtivos avaliados. Em um terceiro
para as fábricas de grande porte. A curto
experimento, fizemos a substituição
prazo, precisaremos pensar em níveis
do farelo de soja pela FTM em até 21%,
de inclusão menores ou em rações para
resultando em níveis práticos de inclusão
fases de produção com menor consumo
de FTM em até 6%, para frangos com até
de ração, pois consequentemente
33 dias de vida e não se observou efeitos
menor será a demanda desse produto.
estatísticos sobre parâmetros zootécnicos.
Acreditamos ainda que, a produção
Nossos trabalhos apontam claramente para
de insetos por pequenos agricultores
resultados satisfatório de desempenho
será importante para melhorar a
zootécnico quando frangos de corte foram
disponibilidade de proteína para
alimentados com rações com FTM.
criações de aves caipiras.
Entrevista
Em outro experimento, utilizando
Insetos na alimentação de aves: o futuro que nunca deixou de existir
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29 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Insetos na alimentação de aves: o futuro que nunca deixou de existir
TABELA
ENZIMAS & FITOGÊNICOS 2023 EDIÇÃO BRASIL
EMPRESA (FABRICANTE/DISTRIBUIDOR)
50g/ton
50g/ton
Complexo multienzimático composto de xilanase, β-glucanase, celulase, arabinofuranosidase e 500 FTU de fitase.
Complexo multienzimático composto de xilanase, β-glucanase, celulase e arabinofuranosidase.
Endo-1,4-xilanase Endo-1,3(4) β-glucanase 6-fitase Arabinofuranosidase
Endo-1,4-xilanase Endo-1,3(4) β-glucanase Arabinofuranosidase
6-fitase
Rovabio Max Advance
Rovabio Advance
Rovabio PhyPlus
Verificar recomendações específicas de dosagem
100g/ton
Complexo multienzimático composto de xilanase, β-glucanase, celulase, arabinofuranosidase e 1.000 FTU de fitase.
Endo-1,4-xilanase, Endo-1,3(4) β-glucanase, 6-fitase, Arabinofuranosidase
Rovabio Advance Phy
Fitase
DOSE
COMPOSIÇÃO
ATIVIDADE ENZIMÁTICA
PRODUTO
ENZIMAS & FITOGÊNICOS
Todas espécies animais
ESPÉCIE/S
Incorporação na ração
RECOMENDAÇÃO DE USO
2023
nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Tabela de Enzimas e Fitogênicos
31
EMPRESA (FABRICANTE/DISTRIBUIDOR)
32
nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Tabela de Enzimas e Fitogênicos
Combinação de fitoativos
Polifenóis
Aditivo natural que melhora o desempenho produtivo dos animais devido ao seu efeito protetor sobre a função hepática, graças à sua atividade antioxidante, desintoxicante e estimulante da secreção biliar.
Antioxidante metabólico natural para a proteção do estresse oxidativo dos animais, contribuindo para a melhora de parâmetros produtivos, reprodutivos e de qualidade da carne. Substituto parcial da Vitamina E sintética, reduzindo o custo de formulação. Substituto herbal da Vitamina C, utilizado para frear o estresse oxidativo e o estresse por calor. É estável em meio aquoso, à temperatura ambiente e a temperaturas de peletização.
LivoLiv™
NuxaFen™
C-Power™
Combinação de fitoativos
Combinação de fitoativos
COMPOSIÇÃO
PeptaSan™
ATIVIDADE FITOGÊNICA Melhora o rendimento produtivo dos animais através da modulação da microbiota intestinal, redução da inflamação crônica e do estresse oxidativo. Além disso, contribui em grande parte do controle de protozoários intestinais.
PRODUTO
ENZIMAS & FITOGÊNICOS
Todas as espécies: 100-200g/tn de ração balanceada. Consulte seu técnico da Nuproxa para estabelecer uma dosagem personalizada.
Consulte seu técnico da Nuproxa para estabelecer uma dosagem personalizada.
Todas as espécies: 250g/tn de ração balanceada. Consulte seu técnico da Nuproxa para estabelecer uma dosagem personalizada.
Todas as espécies: 500g/tn de ração balanceada. Consulte seu técnico da Nuproxa para estabelecer uma dosagem personalizada.
DOSE
Todas as espécies
ESPÉCIE/S
Incluir na dieta animal de acordo com a orientação técnica.
RECOMENDAÇÃO DE USO
2023
EMPRESA (FABRICANTE/DISTRIBUIDOR)
FITOGUT
PRODUTO
ENZIMAS & FITOGÊNICOS
Ação antimicrobiana, antiinflamatória e antioxidante, proporcionando efeitos positivos na saúde e na produtividade dos animais
ATIVIDADE FITOGÊNICA
Compostos terpênicos, polifenóis e flavonóides
COMPOSIÇÃO
100 a 500g/ton
DOSE
Aves e suínos
ESPÉCIE/S
Maior ganho de peso.
Controle de bactérias patogênicas (Clostridium, Salmonella, E. coli)
Diminui a ocorrência de doenças entéricas.
Incluir à dieta do animal, de acordo com a recomendação do Responsável Técnico ou sugestões do fabricante.
RECOMENDAÇÃO DE USO
2022
nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Tabela de Enzimas e Fitogênicos
33
ACIDIFICANTES: COMO INFLUENCIAM A SAÚDE INTESTINAL DO LEITÃO? Alberto Morillo Alujas Dr. em Medicina Veterinária e Administrador de Tests and Trials, S.L.U.
A
saúde intestinal dos leitões é influenciada pelos
Nutrição
componentes do alimento. O conteúdo e a composição da fração fibrosa dos alimentos,
o conteúdo proteico e sua origem, a influência de certos minerais, como o zinco e o cobre, e a presença de probióticos, prebióticos, enzimas e outros aditivos nutracêuticos podem modificar a saúde intestinal. O desenvolvimento subsequente do leitão.
34 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Acidificantes: Como influenciam a saúde intestinal do leitão?
As restrições ao uso de antibióticos, promotores de crescimento e óxido de zinco na Comunidade Europeia tornaram necessário investir em investigação para encontrar soluções que aumentem ou mantenham os
MODO DE AÇÃO DOS ACIDIFICANTES
resultados produtivos durante um período tão crítico do desenvolvimento dos leitões como é o desmame.
Vários mecanismos foram propostos e validados para explicar a ação dos
Para isso, são necessárias dietas que forneçam os nutrientes necessários e também evitem os distúrbios digestivos mais comuns, com diferentes medidas a tomar, desde a utilização de ingredientes de alta qualidade até diferentes aditivos ou combinações deles.
acidificantes. A redução do pH estomacal e intestinal promove um aumento da atividade antimicrobiana e uma mudança na microbiota, bem como uma melhoria na digestibilidade, sobretudo, da fração proteica devido ao seu efeito sobre a pepsina.
(ácidos orgânicos e inorgânicos) têm sido amplamente utilizados nos últimos anos devido ao seu efeito positivo na saúde dos leitões, especificamente a nível intestinal e,
Por outro lado, o efeito metabólico dos ácidos devido à sua
Nutrição
Entre os aditivos disponíveis, os acidificantes
contribuição energética não pode ser ignorado, bem como a sua
portanto, na eficiência produtiva.
contribuição de outros nutrientes
Embora numerosos trabalhos tenham sido
utilizados os seus sais.
altamente digeríveis se forem
realizados com diferentes acidificantes, existe uma grande variabilidade na resposta a eles (ver meta-análise de Tung e Pettigrew, 2006), não apenas entre os diferentes ácidos, mas também em relação aos diferentes momentos do crescimento dos suínos devido a diferenças
DIMINUIÇÃO DO pH DO CONTEÚDO GASTROINTESTINAL
entre: O pH gástrico do leitão recém-
Os ácidos;
desmamado é mais elevado (menos
A dose;
ácido) do que o de um porco adulto,
O tempo de fornecimento;
pelo que qualquer ação que tomemos
Dieta;
a microbiota do estômago ou do
Saúde dos animais;
para o reduzir, em teoria, afetará intestino.
Condições de criação; Idade dos suínos.
35 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Acidificantes: Como influenciam a saúde intestinal do leitão?
A acidificação das dietas diminui o seu pH de 3,73 para 3,66 (Tabela 1) mas os dados não sugerem que o pH do conteúdo gastrointestinal ou estomacal esteja O pH estomacal do leitão costuma ser ≥5
diminuído (Tung y Petigrew, 2006).
nos momentos após o desmame devido a: Má produção de ácido clorídrico (HCl). Na verdade, os autores salientam
Falta de ácido láctico devido à
que a redução do pH estomacal
fermentação da lactose.
ocorre em 55% dos casos, sendo maior em 36% dos casos, enquanto
Nutrição
A mudança na dieta, desde a ingestão de
em 9% dos casos permaneceu
pequenas quantidades de leite durante a
igual, pelo que concluem que a
lactação e em intervalos pouco frequentes
acidificação alimentar tem pouca
até a ingestão de grandes quantidades de
influência sobre o estômago pH.
alimentos sólidos (Suiryanrayna y Ramana, 2015).
Descrição
Controle
Acidificante
Total
Positivo
Negativo
Igual
Valor p
Dieta
5,95
4,71
59
0 (0,0%)
58 (98,3%)
1 (1,7%)
0,0001
Estômago
3,73
3,66
22
9 (36,4%)
11 (54,6%)
2 (9,0%)
0,519
Intestino delgado
6,83
6,95
12
6 (50,0%)
6 (50,0%)
0 (0,0%)
0,155
Ceco
6,14
6,14
11
7 (63,6%)
4 (36,4%)
0 (0,0%)
0,862
Colon
6,60
6,60
11
3 (27,3%)
8 (72,7%)
0 (0,0%)
0,906
Tabela 1. Resumo dos efeitos dos acidificantes da dieta e do conteúdo intestinal sobre os valores de pH do estômago, intestino delgado, ceco e cólon (Modificado de Tung y Petigrew, 2006).
36 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Acidificantes: Como influenciam a saúde intestinal do leitão?
Dietas com elevada capacidade tampão são susceptíveis de comprometer a capacidade de secreção ácida do estômago do leitão, exigindo a adição de acidificantes em níveis consideráveis. Esses tipos de dietas costumam apresentar altos níveis de proteínas e minerais, principalmente cálcio e farinhas de peixe e produtos que fornecem proteínas vegetais. Um dos principais problemas na medição do pH do conteúdo estomacal é que ele é heterogêneo e, além disso, apresenta valores diferentes nas diferentes partes do estômago. Isso às vezes torna difícil comparar diferentes estudos. Porém, presume-se que, dentro de um estudo, as técnicas sejam as
Nutrição
mesmas e os dados serão consistentes. O tempo que decorre entre a última
MODIFICAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL Considera-se que o baixo pH do conteúdo gástrico dos suínos mata ou inibe o crescimento de bactérias ingeridas. A capacidade antimicrobiana dos acidificantes é mais importante nas formas indissociadas dos ácidos carboxílicos que se difundem melhor através das membranas celulares dos microrganismos onde se dissociam no citoplasma celular, alterando o equilíbrio osmótico e do pH do microrganismo e bloqueando os sistemas enzimáticos e de transporte de nutrientes, que causa morte celular sem lise da membrana bacteriana, embora com possível liberação de endotoxinas (González Mateos, 2007).
ingestão alimentar e o momento da medição do pH gástrico influencia muito os valores registados. Curiosamente, o ácido fórmico administrado a 1,8% aos leitões desmamados manteve o pH gástrico em valores abaixo de 3 durante vários
Isto se deve ao seu caráter lipofílico e ao pH relativamente alto do interior da bactéria que permite que o ácido se dissocie e quebre o equilíbrio celular, sendo este
momentos após a ingestão da ração.
mecanismo mais eficaz em algumas
Porém, ao considerar a média de todos os
(Partanen, 2001) dependendo também do tipo de ácido, da sua dose e da dieta alimentar.
tempos de amostragem de 0,5 a 8,5 horas após a ingestão, o valor do pH gástrico não
bactérias do que em outras
foi afetado pelo ácido fórmico (Canibe et al., 2005). Este resultado mostra que o ácido fórmico em doses elevadas pode ajudar a neutralizar a capacidade tampão da dieta, mas, ao mesmo tempo, sugere que o tempo de amostragem pode muitas vezes explicar os diferentes
Os efeitos dos ácidos e agentes acidificantes na microbiota gastrointestinal variam amplamente dependendo do local em que os estudamos.
resultados entre os diferentes estudos.
38 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Acidificantes: Como influenciam a saúde intestinal do leitão?
Parece que, apesar da crença popular, os
No cólon, os níveis de Lactobacillus
ácidos aumentam o número de coliformes e
e E. coli são mais baixos quando o
E. coli no estômago, enquanto noutras partes
ácido fórmico ou o seu sal de cálcio
do trato intestinal os efeitos são altamente
são incorporados na dieta.
variáveis.
Não está claro se isto significa que os ácidos
A quantidade de Lactobacillus e
reduzem o número total de bactérias no
Bifidobacteria é reduzida no intestino
intestino grosso, sendo os resultados mais
delgado (não estatisticamente
variáveis quando foram utilizados outros
significativo) e no ceco.
ácidos ou os seus sais de sódio.
Intestino delgado
Ácido fórmico
Ácido fórmico + Ácido fumárico
Ácido fórmico + Ácido fórmico + Ácido láctico (1:1) Ácido láctico (2:1)
Nivel de ácido na dieta (%)
0,00
0,96
1,06
1,38
1,24
Lactobacillus*
7,99
7,31
6,43
7,73
6,84
Coliformes*
3,05
3,67
4,77
3,32
3,88
Nivel de ácido na dieta (%)
0,00
0,96
1,06
1,38
1,24
Lactobacillus*
7,85
7,20
6,53
7,06
6,50
Coliformes*
6,42
5,92
5,34
4,33
4,44
Nutrição
Estômago
Controle
Tabela 2. Efeito dos ácidos orgânicos na microbiota do estômago e intestino delgado do leitão (Adaptado de Franco et al., 2005). *Log10 por grama ou mL
Ceco
Colon
Nivel de ácido na dieta (%)
0,00
0,60
1,20
1,80
2,40
Lactobacillus*/ Bifidobacterias*
8,50
7,90
7,30
7,60
7,70
E. coli*
7,00
5,70
5,70
6,00
6,10
Lactobacillus*/ Bifidobacterias*
8,70
7,70
7,20
7,60
7,60
E. coli*
7,20
6,40
5,90
5,90
6,10
Tabela 3. Efeito dos ácidos orgânicos na microbiota do intestino grosso do leitão (Adaptado de Gedek et al., 1992). *Log10 por grama ou mL
39 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Acidificantes: Como influenciam a saúde intestinal do leitão?
Estes efeitos inconsistentes ao longo do trato gastrointestinal estão provavelmente relacionados com a falta de quantidades suficientes de ácidos indissociados após o estômago, o que acaba por afetar a ação antimicrobiana dos ácidos orgânicos.
Os ácidos orgânicos podem modificar os padrões de fermentação ou a produção de metabólitos
?
Os ácidos orgânicos têm a capacidade de modificar padrões fermentação e produção de amônia no intestino.
Ácidos orgânicos
Na verdade, em muitos casos, os ácidos orgânicos suplementados na dieta só foram recuperados em concentrações mais elevadas do que o controlo não suplementado no estômago e no intestino delgado proximal, desaparecendo subsequentemente no conteúdo. do intestino delgado distal e do intestino grosso (Zentek et al., 2013).
Nutrição
Em relação aos ácidos graxos de cadeia
MCFA
média (AGCM), o ácido caprílico e, em menor grau, o ácido cáprico a 0,3%, permitem a redução das contagens de E. coli no conteúdo do jejuno e ceco
Ácidos orgânicos + MCFA
dos leitões desmamados (Hanczakowska et
Estudos in vitro demonstraram esta capacidade, enquanto em estudos in vivo os efeitos dos ácidos orgânicos da dieta nos padrões de fermentação em todo o intestino parecem ser mais variáveis. Segundo Gabert y Sauer (1994), o ácido fórmico em doses de 0,3-3% não altera a produção de amônia e ácidos graxos voláteis em todo o trato gastrointestinal. No entanto, em outro estudo, foi demonstrado que o ácido fórmico ou os seus sais aumentam o nível
al., 2016).
de ácido acético, diminuindo a
Misturas de ácidos orgânicos e AGCM
conteúdo do íleo, ceco e cólon
mostraram resultados variáveis,
(Canibe et al., 2005).
concentração de ácido lático no
reduzindo a E. coli e aumentando a diversidade microbiana no cólon ou não afetando de forma alguma a microbiota fecal ou do intestino grosso (Li et al., 2018). Em suma, os ácidos geralmente
Estas descobertas podem indicar
reduzem as populações de
uma mudança na composição da
Lactobacillus no intestino e de E.
microbiota intestinal e uma modulação
coli no cólon, para que possamos
na fermentação microbiana com mais
dizem que alteram a microbiota do
nutrientes (glicose não fermentada em
trato digestivo, mas a natureza dessa
ácido lático) ou metabólitos (como
alteração requer uma metodologia de
acetato) disponível para o leitão.
validação.
(Tugnoli et al., 2020).
40 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Acidificantes: Como influenciam a saúde intestinal do leitão?
Desempenho eficiente, com confiança A ração para as aves pode representar até 70% dos custos totais de produção. A utilização eficiente de nutrientes em seu lote garante um desenvolvimento saudável, aumenta a produtividade e melhora o desempenho. Ao melhorar a eficiência e a sustentabilidade, nós da dsm-firmenich ajudamos a impulsionar o desempenho do seu lote e a sua rentabilidade com confiança.
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EFEITOS METABÓLICOS DO ACIDIFICANTE O principal efeito metabólico dos ácidos nos leitões é a ingestão de energia devido à sua
Nutrição
energia inerente.
Acidificante
pKa
Solubilidade em água
Peso molecular (g/mol)
Energia bruta (kJ/g)
Apresentação
Ácido fórmico
3,75
++
46
5,8
Líquida
Ácido acético
4,75
++
60,1
14,8
Líquida
Ácido propionico
4,88
++
74,1
20,8
Líquida
Ácido lático
3,88
+
90,1
15,1
Líquida
Ácido fumárico
3,03/4,38
-
116,1
11,5
Sólida
Ácido cítrico
3,14/4,76/6,39
+
210,1
10,3
Sólida
Ácido sórbico
4,76
-
112,1
26,5
Sólida
Formiato cálcico
-
-
130,1
3,9
Sólida
Formiato sódico
-
++
68
3,9
Sólida
Propionato cálcico
-
+
186,2
16,6
Sólida
Tabela 4. Propiedades físicas e químicas dos ácidos orgânicos mais utilizados como acidificantes dietéticos (Roth, 2000).
pK a = -Log10 ([H+] [A-]/[HA]). Solubilidad: ++/+/- alto, medio, bajo.
Os ácidos e seus sais também fornecem
Outro efeito metabólico dos ácidos ao
outros nutrientes altamente digeríveis à
nível do estômago é que são fonte de
dieta, por exemplo, o formiato de cálcio,
cloro para a ativação do pepsinogênio,
que também ajuda a reduzir o carbonato
o que pode contribuir para aumentar a
de cálcio e tem capacidade tampão.
digestibilidade das proteínas fonte de
Outros ácidos, como o ácido butírico, são
energia para os enterócitos do intestino.
fonte de energia para os enterócitos do intestino.
42 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Acidificantes: Como influenciam a saúde intestinal do leitão?
ÁCIDOS PROTEGIDOS Nos últimos anos, as técnicas de revestimento ou microencapsulação de ácidos melhoraram a sua acção nos animais e o seu manuseamento prático, tanto na fábrica como na quinta.
A inclusão de acidificantes nas dietas
A microencapsulação melhora a
de leitões e suínos, em geral, aumenta
palatabilidade, o que proporciona a
consistentemente os resultados
oportunidade para uma dosagem mais
produtivos em condições práticas de
elevada do acidificante, ao mesmo tempo
criação.
que permite que uma maior quantidade chegue ao intestino, se esta for a ação pretendida.
No entanto, existe uma grande variabilidade ao nível da diminuição do aumento da digestibilidade
com lipídios que são digeridos no duodeno
das proteínas e da modulação da
do animal. Este efeito pode ter consequências
microbiota, desempenhando um
boas ou más, e tudo dependerá do objetivo
papel importante na saúde intestinal
da sua adição:
do leitão.
Se sua adição tiver como objetivo diminuir o pH gástrico, não será eficaz. Se a sua adição tiver como objetivo reduzir o número de coliformes, ela poderá ser eficaz..
Nutrição
do pH do conteúdo gastrointestinal,
Geralmente, a microencapsulação é realizada
Além disso, os ácidos desempenham um papel no metabolismo do animal, sendo o ácido butírico e todos os ácidos graxos de cadeia média (MCFAs) muito mais proeminentes.
A microencapsulação também permite reduzir a dose de acidificante necessária para obter um efeito antibacteriano (Piva et al., 2007). BAIXAR BIBLIOGRAFIA
Níveis demasiado elevados de ácidos nas suas formas puras que são mais voláteis do que os seus sais podem causar problemas de palatabilidade, sendo os sais dos mesmos ácidos menos problemáticos.
Acidificantes: Como influenciam a saúde intestinal do leitão?
Estes não afetarão o pH dos alimentos,
BAIXAR EM PDF
mas, uma vez ingeridos, dissociar-se-ão e afetarão (até certo ponto) o pH do trato gastrointestinal (González Mateos, 2007).
43 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Acidificantes: Como influenciam a saúde intestinal do leitão?
NUTRIÇÃO DE BEZERRAS LEITEIRAS: INCLUSÃO DE
Óleos essenciais
ÓLEOS ESSENCIAIS DE CANELA, ORÉGANO E EUCALIPTO COMO MELHORADORES DE SAÚDE E DESEMPENHO Luisa Nora Zootecnista – UDESC/CEO Mestre em Zootecnia. Doutoranda do Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular – UDESC/CAV
Q
uando falamos de suplementar a dieta de algum animal, precisamos entender primeiramente a
nutrição básica da espécie. É sabido que a alimentação de bezerras inicia com o consumo de colostro já nas primeiras horas de vida, que além da parte nutricional, fornece a imunidade inicial como células de defesa, principalmente imunoglobulinas
(CHASE et al., 2008), além de vários outros compostos.
44 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
Após a colostragem, o animal inicia a ingestão da dieta líquida, que pode ser a base de leite integral cru ou seus substitutos. A dieta líquida é a principal fonte de nutrientes para as bezerras, visto que no início da vida o consumo de dieta sólida é baixo e acaba não sendo suficiente para suprir as necessidades de mantença.
temos algumas opções disponíveis, mas a principal delas é o sucedâneo lácteo, que é basicamente um leite em pó feito de forma industrial. O sucedâneo possui vários ingredientes na sua composição, como leite e soro de leite em pó, e a principal característica por se optar pelo seu uso é o fato de serem estéreis microbiologicamente e serem de fácil armazenamento, precisando apenas ser diluído em água
Porém, a desvantagem de seu uso é que muitos possuem inclusão de ingredientes vegetais para aumentar a concentração de proteína e carboidrato de baixo custo, o que afeta diretamente no desenvolvimento da bezerra, visto que elas não possuem o trato gastrintestinal desenvolvido para conseguir digerir certos
Óleos essenciais
Quando falamos em substitutos de leite
ingredientes (BITTAR et al., 2018) como o farelo de soja, que muitas vezes é utilizado com esse objetivo.
para ser fornecido aos animais.
45 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
Juntamente com a dieta líquida as bezerras devem receber uma dieta sólida, a qual é a base de concentrado com alta concentração de proteína para auxiliar no desenvolvimento e crescimento, essa concentração normalmente varia de 22 a 26%, e deve ser composta por ingredientes de boa qualidade, porque como já citado, a capacidade de digestão nessa fase não é tão eficiente. E suprindo as exigências básicas de nutrição, pode-se começar a pensar no fornecimento de aditivos alimentares para melhorar e estimular o sistema imunológico e antioxidante, que por consequência irá melhorar a saúde e
Óleos essenciais
o desempenho zootécnico, e o bom desenvolvimento nessa fase irá afetar diretamente no seu desempenho futuro.
De acordo com a Instrução Normativa nº 44/15 do MAPA, aditivo alimentar é qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos sem função de suprir as exigências nutricionais, e sim com objetivo de melhorar as características do alimento e/ou melhorar o desempenho dos animais, em termos de desempenho zootécnico e saúde. E dentre esses aditivos, temos os óleos essenciais, que são aditivos líquidos e aromáticos, extraídos de fontes vegetais como folhas, flores, casca de árvore, sementes e outros (CUI et al., 2019).
46 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
Os óleos essenciais no geral possuem
Bezerras como já se sabe são animais
ações de antioxidantes, antimicrobianos,
não-ruminantes logo ao nascerem,
melhoradores de sistema imunológico
pois nascem com seu sistema ruminal
e, principalmente, melhoradores de
subdesenvolvido em função e tamanho, e
desempenho (CHAPMAN et al., 2016). Para
seu desenvolvimento irá acontecer com o
entender a ação de cada óleo essencial
passar das semanas.
é preciso conhecer a sua composição, e saber quais os compostos bioativos fazem parte da estrutura do óleo.
Visto isso, o uso de óleos essenciais pensando na modulação da microbiota ruminal para potencializar o desempenho
Atualmente, o principal uso de óleos
zootécnico de bezerras não é tão
essenciais na nutrição de ruminantes
eficiente nas primeiras semanas de vida.
é como melhorador de desempenho, devido a capacidade de modular a microbiota ruminal e por consequência afetar a fermentação ruminal.
Quando falamos dessa fase animal, os óleos essenciais entram principalmente como antioxidantes e potencializadores de sistema
Óleos essenciais
imunológico, que também é um problema pois elas nascem sem anticorpos e ele precisa ser estimulado com a ingestão de colostro e cuidados ao longo das primeiras semanas de vida.
47 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
Além disso, sabe-se que um grande
Nessa questão entram os aditivos
problema da criação e bezerras é a
alimentares, inclusive os óleos
incidência de diarreia infecciosa causada
essenciais, que devido a sua ação
por algum microrganismo patogênico
antimicrobiana possuem capacidade
presente na microbiota intestinal,
de modular a microbiota intestinal,
que acaba acarretando também na
favorecendo os microrganismos
desidratação, perda de apetite e
benéficos e diminuindo a presença dos
consequentemente na perda de peso
microrganismos patogênicos causadores
(CHO & YON et al., 2018), que em casos mais
de diarreia e outros sinais clínicos (JOUANY
severos, pode levar o animal a óbito.
& MORGAVI, 2007).
Óleos essenciais
Infelizmente existem bactérias causadoras de diarreia que possuem uma certa resistência aos antibióticos convencionais, sendo necessário outro tipo de intervenção para diminuir os riscos morbidade e mortalidade dessas bezerras.
E essa modulação tem mais eficiência quando feita no início da vida, antes que a microbiota se torne estável e a alteração dela se torne mais difícil (DILL-McFARLAND et al., 2018).
48 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
A microbiota intestinal e o sistema imunológico têm forte relação, pois as imunoglobulinas A (IgA), um importante componente do sistema imune humoral está presente no intestino pois são secretadas pela mucosa, ajudando na manutenção da microbiota intestinal normal e adequada das bezerras (DU et al.,
2023). Além das IgA serem adquiridas pelas bezerras via colostro, na minha dissertação de mestrado pudemos observar que ela pode ser estimulada pelos óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto, que também diminuíram os níveis de leucócitos
Óleos essenciais
e linfócitos, favorecendo o sistema imunológico. Os óleos podem ser incluídos via dieta sólida (concentrado) ou líquida (leite e seus substitutos), e eles podem estar na Melhorando a microbiota intestinal e o sistema imunológico, as bezerras estarão mais saudáveis e resistentes, e por consequência, poderemos observar uma melhora no desempenho zootécnico com
forma líquida, diluídos em um veículo emulsificante, de forma sólida sendo liofilizados, e quando sólidos podem ser microencapsulados, para permitir que passem intactos pelo rúmen e sejam liberados somente no intestino, atuando ainda mais na microbiota intestinal.
maior ganho de peso e eficiência alimentar, o que acaba sendo melhor aos olhos do produtor, já que nesse ponto os resultados estarão visíveis no dia a dia.
Na Tabela 1 conseguimos observar os óleos essenciais foco deste artigo que foram utilizados na nutrição de bezerras com inclusão na dieta líquida e/ou sólida, seus princípios ativos e seus principais resultados no animal.
49 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
Tabela 1. Óleos essenciais na nutrição de bezerras leiteiras e suas funções Óleo essencial
Orégano
Óleos essenciais
Canela
Eucalipto
Princípios Bioativos
Funções
Carvacrol e timol
Diminuição da gravidade da diarreia; Maior diversidade da microbiota intestinal; Maior eficiência alimentar; Melhora no sistema imunológico; Redução da idade de início de consumo de concentrado; Maior ganho de peso; Menor abundância de Clostridium spp. e Eschericia coli; Maior concentração de IgG, IgM e IgA.
Cinamaldeído
Antimicrobiano; Maior ganho de peso; Menor uso de antibióticos convencionais; Menor risco de inflamação de umbigo; Maior eficiência alimentar.
1,8-cineol
Antimicrobiano; Antioxidante; Gastroprotetor; Menor incidência de diarreia; Melhora no escore de saúde; Maior concentração de IgG, IgM e IgA.
Fonte: Adaptado pela autora com base nos trabalhos de Ritt et al. (2021); Katsoulos et al. (2017); Selvi e Tapki (2019); Calsamiglia et al. (2007); Moo et al. (2021); Caldas et al. (2015); Cai et al. (2020); Volpato et al. (2019); Soltan (2009); Farshid et al. (2021); Liu et al (2020).
50 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
Os óleos de canela, orégano e eucalipto vem sendo bastante utilizados em pesquisas científicas devido aos seus inúmeros benefícios, e não somente em bezerras, mas em ruminantes como um todo. Hoje, os óleos essenciais também ocupam um grande espaço no meio
Uma das grandes vantagens da utilização de óleos essenciais e outros aditivos, é que a inclusão na dieta é baixíssima por serem produtos extremamente potentes, então mesmo tendo um valor de aquisição relativamente alto, o custo acaba sendo diluído.
comercial, tanto para utilização animal quanto para humana. Empresas de aditivos para a nutrição
Visto isso, o uso de óleos essenciais
animal vem incluindo cada vez mais os
pode ser uma alternativa positiva para a
óleos essenciais em seus produtos, e
inclusão na dieta de bezerras, inclusive
associando eles a outros aditivos que
os de canela, orégano e eucalipto, já que
também proporcionam benefícios a
melhoram os dois pontos mais importantes
saúde e ao desempenho zootécnico.
quando falamos da criação de bezerras
Óleos essenciais
leiteiras: saúde e desempenho.
Na saúde temos: Menor incidência de diarreia por diminuição dos microrganismos patogênicos; Aumento das imunoglobulinas;
E em relação ao desempenho observamos: Melhoras no ganho de peso; Eficiência e conversão alimentar; Maior peso corporal ao desmame.
Redução da peroxidação lipídica; Aumento dos compostos antioxidantes, entre outros fatores não menos importantes.
Portanto, os óleos essenciais são uma alternativa favorável a saúde e desempenho das futuras vacas leiteiras da propriedade rural.
Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
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51 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
KOLIN PLUSTM: UMA
ALTERNATIVA MAIS ECOLÓGICA AO CLORETO DE COLINA
INTRODUÇÃO fitogênicos
A redescoberta da colina como aditivo alimentar crucial na produção avícola abriu novos caminhos para a pesquisa, com respeito ao metabolismo, a mobilização e a neurotransmissão das gorduras. A função da colina no crescimento e desenvolvimento das aves continua sendo estudada em todo o mundo.
52 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Kolin PlusTM: Uma alternativa mais ecológica ao cloreto de colina
A colina tem sido tradicionalmente utilizada como um fator lipotrópico que reduz a acumulação anormal de gordura, evitando ao mesmo tempo as afecções do fígado gordo observadas nas aves. Embora esta prática tenha sido satisfatória, alguns aspectos
obrigam a academia e a indústria a procurar alternativas ao cloreto de colina.
As desvantagens da colina
Em segundo lugar, o cloreto de colina pode não ser
Em primeiro lugar, as trimetilaminas são
adequado em
compostos orgânicos através dos quais
pré-misturas
se produz cloreto de colina. Durante a
devido à reduzida bioatividade das
produção, as trimetilaminas podem não se
vitaminas quando misturadas com colina.
transformar em cloreto de sua forma original, o que confere à carne
fitogênicos
Isto invalida sua utilidade em premixes.
colina. Permanecem na
Em terceiro lugar, o cloreto de colina é de natureza higroscópica e pode provocar a
um cheiro de peixe.
formação de mofo devido à adsorção de
Sabe-se também que as TMA são inflamáveis e corrosivas quando
água.
utilizadas em maquinários, o que traz a
Por último, a dose habitual de 1 kg/
necessidade de alternativas mais ecológicas
tonelada torna a utilização de cloreto
e seguras.
de colina menos viável economicamente para os
do
cientificame
avicultores. m e co prova nt
Conveniente
Custo
Compatível
Cuidado Os Quatro C
Não higroscópico
Menor dosagem Aprovado para Sem TMA, não premixes corrosivo
53 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Kolin PlusTM: Uma alternativa mais ecológica ao cloreto de colina
Nova alternativa Tendo em conta estes múltiplos desafios ao usar cloreto de colina e o crescente impulso para eliminar substâncias sintéticas dos alimentos para animais, Natural Remedies foi levado a explorar a ideia de uma alternativa ao cloreto de colina à base de ervas.
Composto por fitoativos de importância médica como curcumina, catequinas, ácido gálico e polifenóis, Kolin Plus™ foi testado experimentalmente através de exaustivas pesquisas. Um estudo publicado no AsianAustralasian Journal of Animal Sciences por Selvam et al., (2018) lançou mais luz sobre os efeitos de Kolin Plus™ sobre o metabolismo lipídico da ave.
O chá verde é muitas vezes considerado uma bebida saudável devido à presença de
Mobilização de gordura
ingredientes herbais que ajudam no metabolismo das
(ALT IU/L)
Dieta normal
4,35
gorduras e sua mobilização no
Dieta deficiente em Colina 8,25
fitogênicos
corpo. Trabalhando em linhas semelhantes, Kolin Plus™ , um NR-SBP™ foi formulado para ajudar as aves a metabolizar e mobilizar nutrientes, principalmente gorduras da dieta.
Dieta deficiente em Colina Kolin PLUS (400 g/t)
4,57
Figura 1. Efeito de Kolin PLUS na mobilização de gorduras Tecido hepático: Genes de regulação positiva
Quando decompostas em componentes mais simples, as gorduras (triglicerídios) são melhor transportadas e assimiladas pelo corpo. Isto resulta numa utilização eficiente da gordura, o que leva a uma melhor utilização do alimento pela ave.
Nutrigenômica
2
ABCG5 HPS5 AP2M1 ABCG5 GINS1 xxx SOX2 NOG2 MCM5 ELL2 RAD51 SGK2 RYK LAMA5 SLC5A2 PLN GPR68 SLC30A8 AGR2 AP2M1 Mobilização de gordura / Genes lipotrópicos
0
-2 Normal vs. CCD Regulação negativa
CCD vs. CCD-CCL e CCD-KP Regulação positiva
Kolin PLUS regulariza a estrutura do fígado, o que favorece o metabolismo das gorduras e normaliza o funcionamento do fígado.
Figura 2. Heatmap da expressão gênica Neste experimento, foi demonstrado que Kolin Plus™ não só foi capaz de reduzir a incidência de gordura anormal do fígado e gordura abdominal, mas também foi capaz de proporcionar efeitos hepatoprotetores poderosos.
54 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Kolin PlusTM: Uma alternativa mais ecológica ao cloreto de colina
O estudo histopatológico da secção do fígado mostrou danos hepáticos quando a colina era deficiente na dieta, enquanto os danos foram revertidos quando reiniciado com a dieta Kolin Plus™. As aves alimentadas com Kolin Plus™ mostraram menores quantidades de colesterol e triglicerídios no sangue em comparação com suas contrapartes deficientes em colina, devido à sua inibição de C0MT (Cathecol-OMetiltransferase). Estudos de nutrigenômica também foram realizados para avaliar a expressão gênica.
20,0 15,0
fitogênicos
17,3 11,8
11,1 10,0 5,0
5,7
4,1
3,2
0,0
Dieta normal
NC = Dieta deficiente em colina
Triglicerídios de gordura abdominal
NC + KOLIN PLUS 400 g/ton
Colesterol de gordura abdominal
Gráfico 3. Efeito do uso de Kolin PLUS na concentração de triglicerídios e colesterol. Foi constatado que os ingredientes de Kolin Plus™ têm as propriedades hepatoprotetoras e hipo-colesterolêmicas da colina. Foram
Kolin Plus™ contém fitoquímicos como
aplicadas ferramentas nutrigenômicas para os
catequinas, ácido gálico, curcumina
genes envolvidos ativamente no metabolismo
e polifenóis. Kolin Plus™ proporciona
das gorduras, mobilização e neurotransmissão,
uma ação que imita a colina, enquanto
onde uma maior expressão da mobilização de
fortalece o fígado e ajuda a estabilizar
gorduras e genes do metabolismo, enquanto
o metabolismo de gorduras e sua
se observou uma diminuição nos genes
mobilização.
envolvidos na deposição de gordura.
55 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Kolin PlusTM: Uma alternativa mais ecológica ao cloreto de colina
Kolin Plus™ pode ser usado em uma dose de
Fitogênico padronizado de
400 g/tonelada, que é inferior à dose habitual
UIN EQ
AS
de cloreto de colina. A dose pode ser ajustada para metade do uso de cloreto de colina ou de
ÁC ID O GÁ
CA T
Natural Remedies (NR-SBP)
acordo com o conselho de seu nutricionista.
O LIC
Referências FITOQUÍMICOS
1. Ramasamy Selvam, Marimuthu Saravanakumar, Subramaniyam Suresh, CV Chandrasekeran, e D'Souza Prashanth. Avaliação da formulação poliherbal e cloreto de colina sintético sobre modelo CU
R
CU MI NA
ÓI S
de deficiência de colina em frangos de corte: implicações sobre os I FE P OL
N
parâmetros zootécnicos, soro, bioquímica e histopatologia do fígado. Revista asiática-australiana de ciências animais (UAS).
fitogênicos
2018; 31(11): 1795-1806. Publicado em: 12 de abril de 2018
Kolin PlusTM- Uma alternativa mais ecológica ao cloreto de colina
BAIXAR EM PDF
56 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2023 | Kolin PlusTM: Uma alternativa mais ecológica ao cloreto de colina
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FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO PARA PEIXES
Nutrição de peixes
Prof. Dr. Fábio Bittencourt GEMAq - Grupo de Estudos em Manejo na Aquicultura (Study Group on Management in Aquaculture) UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná
A
produção nacional aquícola apresenta grande importância no fornecimento de proteína animal de excelente valor biológico para o consumidor e, dentro desse setor, o destaque encontrase na piscicultura, mais precisamente na produção de tilápia.
58 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Fundamentos da nutrição para peixes
Tal espécie é o carro chefe da atividade e, dentre todas as características favoráveis à sua criação, seu filé é um elemento nobre que possui coloração clara, sabor suave e ausência de espinhas em “Y”, o que facilita sua ingestão. Isso faz com que o público tenha versatilidade no momento de seu preparo, sendo então possível a elaboração de diversas receitas para seu consumo.
No entanto, apesar desses predicados ressaltados anteriormente, existem várias etapas e processos até que esse animal chegue à mesa da população e um dos elos fundamentais é constituído pela nutrição e alimentação dos peixes nas propriedades.
Bom, primeiramente o importante é identificar quais são esses nutrientes e como eles podem ser destinados de maneira eficaz ao animal em questão. É sabido que os macronutrientes mais importantes para os peixes são: A proteína e os lipídeos, sendo os
Pois bem, então como fazer para que o peixe confinado receba de maneira correta todos os nutrientes que necessita, seja para seu desempenho produtivo ou reprodutivo e manutenção?
carboidratos ainda atuando como coadjuvante (os mecanismos fisiológicos e metabólicos dessa categoria necessitam de maiores estudos para se entender como funcionam); por outro lado, os micronutrientes fundamentais são as vitaminas e os minerais.
PROTEÍNA
VITAMINAS
LÍPIDOS
MINERAIS
Nutrição de peixes
É importante ressaltar que no ambiente natural, esses organismos aquáticos são capazes de buscar seu alimento, seja ele qual for, nos horários e locais desejados, o que, em cativeiro, se torna impossível.
A partir desse ponto, detalhes como fase de desenvolvimento dos peixes e os objetivos produtivos tornam-se determinantes pois são esses fatores que irão balizar na hora da elaboração de uma dieta. Portanto, entender sobre a exigência ou requerimento nutricional é ponto chave no balanceamento das rações pois qualquer desequilíbrio nas fórmulas pode impactar a performance dos peixes a campo.
59 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Fundamentos da nutrição para peixes
Entretanto, a maneira usual de se referir as rações há muito tempo é baseada em seus teores de proteína bruta, aliás é ainda como a maioria dos produtores diferencia seus estoques. Todavia, com o desenvolvimento tecnológico e o aprofundamento das pesquisas, há
Ainda que as rações sejam corriqueiramente denominadas segundo ao seu fabricante ou ao seu teor em proteína bruta, vale lembrar que outros elementos são parte integrante e merecem muita atenção no instante da formulação e do processamento.
atualmente a precisão de elaborar as dietas pautadas não em termos proteicos (de forma
Em continuidade, e não menos
generalizada) mas sim em quantidades
importante, os lipídeos são substâncias
de aminoácidos (que são os monômeros
fundamentais por apresentarem funções
formadores da proteína).
diversas nos organismos como:
Dessa forma, as rações passaram a ser muito mais assertivas e, o mais importante
Fontes de energia
de tudo, é o reflexo que causa tanto para o desempenho produtivo dos animais quanto para a manutenção do ambiente de produção.
Constituintes das membranas celulares
Visto que o metabolismo desse macronutriente tem como via final a excreção de nitrogênio, uma das principais
Precursores hormonais
substâncias responsáveis pela eutrofização (aumento de nutrientes) do meio onde os peixes estão inseridos. Então, em meio a constante evolução do conhecimento, chega-se ao fornecimento de rações cada vez mais precisas em relação ao aporte aminoacídico, dosando, responsavelmente, os aminoácidos essenciais.
Transportadores de vitaminas lipossolúveis, dentre outros.
Além disso, as distintas espécies de peixes possuem requerimentos em ácidos graxos essenciais diferentes entre elas, isso é causado, principalmente, pela ausência de enzimas dessaturases e elongases, capazes de elaborar cadeias carbônicas longas e com presença de ligações duplas em seus carbonos. Entender o funcionamento fisiológico lipídico é importante para o fornecimento de elementos que deem condições para que os animais elaborem, de modo eficiente, as moléculas fundamentais para seus desenvolvimentos e, assim, utilizem os recursos disponíveis para promover tanto a lipogênese quanto a lipólise eficazmente.
No caso dos peixes, momentos de manejos de despesca, seleção, transporte, classificação, entre outros, são, por si só, gatilhos incômodos que causam estresse. Então, o glicogênio passa a ser a reserva de combustível e o grande fornecedor de glicose para a necessidade energética instantânea. Por outro lado, os carboidratos são peçachave no processamento das rações. Tal fato é caracterizado pela gelatinização do amido no momento da extrusão, o que configura em densidade reduzida do pélete – permitindo sua flutuabilidade – e melhora na digestibilidade desse ingrediente. Contudo, entender as rotas metabólicas dos carboidratos nos organismos aquáticos é essencial, porém permanece obscuro. É conveniente pensar que há similaridade com o que acontece em animais
O último macronutriente que perfaz
terrestres, no entanto, até o presente
as dietas dos peixes é o carboidrato.
momento ainda há muitas dúvidas
Esse é também uma fonte interessante
relacionadas a esse aspecto.
de energia para os organismos vivos e apresenta-se como uma reserva (glicogênio) prontamente disponível em momentos de redução da glicose sérica ou mesmo nos instantes de exercícios físicos.
Espécies de diferentes hábitos alimentares apresentam distintas maneiras de lidar com os açúcares simples em seus organismos e essas vias devem ser estudadas a fim de elucidar definitivamente a importância real desse nutriente para os peixes.
Pois bem, é praticamente improvável que o fornecimento dos macronutriente isoladamente seja suficiente para qualquer organismo em desenvolvimento. Tal fato é reforçado pela necessidade de quebra dessas moléculas – polímeros ou não – em unidades menores, que possam ser assimiladas e então destinadas ao anabolismo.
As vitaminas, classificadas como hidrossolúveis – aquelas solúveis em água, sendo todas do complexo B e mais a vitamina C – e lipossolúveis
Nutrição de peixes
Para tanto, isso seria impossível de se tornar realidade com a ausência das vitaminas e minerais que além de outras funções, desempenham papéis como co-enzimas e co-fatores enzimáticos, respectivamente, no metabolismo animal.
62 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Fundamentos da nutrição para peixes
– aquelas solúveis em gordura, representadas pelas vitaminas A; D; E; e K – são, de modo geral, responsáveis pelo funcionamento e desenvolvimento dos animais.
Por exemplo, o processo de produção de energia (ATP) celular é amparado por tiamina (vitamina B1), riboflavina (vitamina B2), niacina (vitamina B3) e ácido pantotênico (vitamina B5). A constituição corporal, ou seja, questões estruturais são dependentes de ácido ascórbico (vitamina C) no momento de formação das fibrilas de colágeno. Por outro lado, retinol (vitamina A), colecalciferol (vitamina D) e tocoferol (vitamina E) apresentam funções regulatórias, antioxidantes, entre outras, e a filoquinona (uma das formas da vitamina K) é responsável pela coagulação sanguínea.
Por fim, entender as bases da nutrição é parte integrante para o sucesso na produção de organismos aquáticos
minerais – necessários em maiores quantidades – e microminerais – requeridos em quantidades traço – por sua vez, atuam como constituintes das estruturas ósseas e membrana celular, são eletrólitos dos meios intra e extracelulares, são responsáveis pela osmorregulação, fazem parte no anel porfirínico das hemácias, são essenciais para a biossíntese de hormônios e são participativos das estruturas enzimáticas intermediando diversas
– peixes e camarões, principalmente – pois, como relatado anteriormente, os animais estão em ambiente confinado, expostos as variações ambientais e experimentando densidades de estocagem elevadas, situações que exigem alimentação de qualidade em
Nutrição de peixes
Os minerais, qualificados em macro
termos nutritivos e um correto manejo na oferta da ração para que os peixes tenham condições de enfrentar as adversidades encontradas da melhor maneira possível e conseguir, dentre outras coisas, índices zootécnicos satisfatórios.
funções fisiológicas.
Obviamente não se encerrando assim suas colaborações para a manutenção da homeostase dos indiví duos.
A nutrição é apenas uma parte da cadeia produtiva e não deve ser levada em consideração isoladamente, lembre-se disso! Fundamentos da nutrição para peixes
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63 nutriNews Brasil 4° Trimestre 2023 | Fundamentos da nutrição para peixes
CONGELAMENTO PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR DE
DIETAS COMERCIAIS
FABRICADAS À BASE DE
INGREDIENTES DE USO HUMANO PARA CÃES E GATOS
Pet food
Lorenna Nicole Araújo Santos, Heloísa Lara Silva, Laiane da Silva Lima, Eduarda Lorena Fernandes, Renata Bacila Morais dos Santos de Souza, Daniele Cristina de Lima Escrobot, Ananda Portella Félix. Universidade Federal do Paraná
Os animais de estimação estão mais
Em razão disso, o interesse por
“humanizados” e, no que diz respeito à
produtos mais naturais e ingredientes
alimentação animal, há uma replicação
alimentares de uso humano
de tendências da alimentação humana
destinados a cães e gatos tem
(Viana et al., 2020).
crescido substancialmente, levando a um aumento na procura por dietas conhecidas como 'dietas naturais'.
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Essa busca por novos produtos também resultou na procura por métodos de produzir e conservar esses alimentos até chegarem às prateleiras, a fim de garantir não apenas maior palatabilidade para o pet, mas também seguridade alimentar. Portanto, o investimento em tecnologias de fabricação e armazenamento desses alimentos, em conjunto com a garantia de que as instalações estejam de acordo com as boas práticas de fabricação (BPF), tornou-
Pesquisas realizadas com dietas cruas demonstraram que apesar da maioria dos animais não apresentarem sinais clínicos, a disseminação de Salmonella spp. persiste por até uma semana no ambiente (Finley et al., 2007).
Por ser uma zoonose, essa contaminação ambiental pode ocasionar doenças tanto em animais como em humanos imunossuprimidos.
se essencial para atender às demandas
Os animais podem se contaminar ao
crescentes do mercado.
ingerir esses potenciais patógenos no alimento. Por sua vez, seus tutores
os alimentos destinados aos animais também estão propensos à contaminação microbiológica, principalmente quando alimentados com dietas cruas, como a infecção por Salmonella spp. e Campylobacter spp. (Joffe e Schlesinger, 2002; Bojanić et al., 2017), além de outros
podem ser contaminados por meio do contato direto com os alimentos durante a sua manipulação, com o animal contaminado, com superfícies e utensílios domésticos usados para a preparação dos
Pet food
Assim como na alimentação humana,
alimentos, ou até mesmo pela ingestão de alimentos com contaminação cruzada (Van Bree et al., 2018).
gêneros de bactérias (Weese et al., 2005)
Essa contaminação pode levar a uma
e parasitos (Ahmed et al., 2021).
variedade de doenças, tornando-a uma questão de saúde única (LeJeune e Hancock, 2001).
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CONGELAMENTO VS RESFRIAMENTO DOS ALIMENTOS IN NATURA O uso de temperaturas de resfriamento e congelamento são os métodos convencionais mais utilizados para evitar a proliferação de microrganismos sem recorrer a aditivos conservantes sintéticos.
O uso das baixas temperaturas, aliado às
Porém, a eficácia dessas abordagens
resfriamento. Porém, é importante ressaltar
varia de acordo com as espécies
que estes são processos distintos, e portanto
dos patógenos, seu estágio de
os prazos de conservação também diferem.
BPF, pode retardar a multiplicação dos microrganismos e as reações químicas e enzimáticas (Lopes, 2007), prolongando o tempo de preservação dos alimentos. Dentre os métodos de conservação de alimentos estão o congelamento e
desenvolvimento e as condições de temperatura e tempo envolvidas (Freeman et al., 2013; Franssen et al., 2019).
Pet food
Em geral, o congelamento a -21ºC por 1-7 dias é capaz de inativar parasitos em produtos de origem animal, mas sua confiabilidade em contextos domésticos é limitada (Franssen et al., 2019).
O método de resfriamento utiliza temperaturas entre -1°C e 8°C, nas quais não ocorre a formação de gelo, garantindo que o alimento possa ser armazenado entre 3 a 5 dias, porém, não elimina microrganismos (Couto e Corte Real, 2019). O congelamento é realizado em temperaturas que variam de -10°C a -40°C. No entanto, é importante destacar que temperaturas de -18°C já demonstram eficácia na preservação da segurança microbiológica dos alimentos (Saad e França, 2010; Couto e Corte Real, 2019). Sob essas condições, os alimentos podem ser armazenados por até 6 meses (Couto e Corte Real, 2019), desde que sejam seguidas as recomendações específicas de congelamento e descongelamento para cada tipo de alimento. Isso é essencial para evitar a formação de cristais de gelo, que têm o potencial de alterar algumas características dos alimentos (Kawai e Hagiwara, 2018). Aliado a esses métodos citados, novas técnicas têm sido aplicadas com o intuito de potencializar a conservação por temperaturas frias, como a aplicação de embalagem à vácuo (Zhu, Li e Sun, 2021).
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TEMPO DE PRATELEIRA E GARANTIA DA QUALIDADE DOS ALIMENTOS CONGELADOS O congelamento de alimentos é comumente utilizado na preservação dos mesmos, visando o aumento do tempo de prateleira. De acordo com Fellows (2006), a preservação dos alimentos é uma combinação da temperatura, redução da atividade de água e branqueamento em alguns alimentos. No entanto, aspectos como a forma de estocagem, embalagens, transporte e manipulação devem ser levados em consideração.
No caso de alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças e vegetais, a recomendação é que sejam consumidos em um curto período de tempo. Quando congelados, o crescimento microbiológico é retardado, porém é importante considerar a utilização de métodos que retardem o escurecimento desses alimentos, já que esse aspecto visual pode desagradar os tutores.
Pet food
Primo et al. (2018) avaliaram o efeito do branqueamento e imersão em ácido cítrico no congelamento de frutas e hortaliças, dentre elas maçãs, bananas, peras, brócolis e batatas, e foi demonstrado que o uso do ácido auxiliou a retardar o escurecimento. Em relação aos ingredientes de origem animal, as carnes e seus derivados costumam ser adquiridos e armazenados já congelados, sendo descongelados apenas no momento do consumo e preparo. A durabilidade do produto pode variar
Tabela 1. Vida de prateleira de carnes (determinada por PSL- vida de prateleira prática). Fonte: Adaptado de Fellows, P.J.
conforme a temperatura de armazenamento, conforme detalhado na Tabela 1.
Produto
Vida de prateleira (PSL) (meses) -12°C
-18°C
-24°C
Carcaça de carne bovina
8
15
24
Carne bovina moída
6
10
15
Carcaça de vitela
6
12
15
Carcaça de porco
6
10
15
Frango inteiro
9
18
>24
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Contudo, além da temperatura, também deve-se considerar outros fatores (obstáculos) para evitar o crescimento de microrganismos indesejáveis e aumentar a segurança e a durabilidade dos alimentos.
Esses "obstáculos" podem incluir fatores como:
Temperatura,
De forma geral, baixas temperaturas diminuem ou até mesmo cessam o crescimento microbiano. Porém, é importante compreender a faixa de
pH,
Pet food
Atividade da água, Embalagem,
crescimento dos microrganismos em cada alimento individualmente.
Os microrganismos bacterianos classificados como psicrotróficos são os mais preocupantes, pois apresentam crescimento mesmo em refrigeração a 7°C. Assim, estudos ressaltam a importância
Outros métodos de processamento que, quando combinados, tornam o ambiente dos alimentos hostil para microrganismos indesejados.
da seleção da temperatura ao armazenar um alimento e seu impacto sobre a sua qualidade (Jay, 2005). Por exemplo: a banana possui uma melhor conservação quando armazenada a 13°C, enquanto a maioria dos vegetais e batatas têm como temperatura ótima de conservação 10°C.
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EFEITO DA ATIVIDADE DA ÁGUA SOBRE OS ALIMENTOS congelamento de cada tipo de alimento. Por exemplo, hortaliças, com um teor de água de 78-92%, têm seu ponto de congelamento situado entre -0,8º e -2,8°C, enquanto frutas, com 87-95% de água, congelam a temperaturas entre -0,9º e -2,7°C. Já a carne, com um teor de água de 55-70%, congela a temperaturas entre -1,7 e -2,2°C (Fellows, 2006).
Além disso, deve-se levar em consideração a umidade relativa do ambiente, uma vez que os alimentos podem absorver água do meio, especialmente quando a atividade de água é igual a 0,6 (Jay, 2005).
Entre os diversos fatores relacionados ao crescimento de microrganismos nos alimentos, a atividade de água destacase como o mais significativo. A atividade de água é a água livre disponível para o crescimento de microrganismos patogênicos. A Figura 1 (Fennema, 2000) representa a taxa relativa de deterioração em relação à atividade de água, destacando que o crescimento de bactérias começa em torno de 0,9. No entanto, já ocorre crescimento de mofo e atividade enzimática antes desse ponto. Portanto, a faixa de atividade de água prioritária nos alimentos é geralmente de 0,4 a 0,6, já que abaixo de 0,3 já se observa a presença de compostos resultantes de oxidação lipídica nos alimentos.
É importante notar que a umidade está relacionada ao teor de água ligada, ou seja, a água que não está disponível para o crescimento de microrganismos, somada à água livre. Como tal, umidade e atividade de água são conceitos distintos.
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Pet food
É fundamental respeitar o ponto de
Alimentos considerados úmidos, como os congelados, não necessariamente têm uma alta atividade de água. No entanto, a maioria dos alimentos in natura possui atividade de água superior a 0,99 (Jay, 2005). Portanto, medidas de armazenamento que controlem o crescimento microbiano são necessárias para garantir a segurança desses alimentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso do congelamento para a preservação dos alimentos é uma técnica eficaz para prolongar o tempo de prateleira dos mesmos, garantindo maior seguridade para a saúde dos cães e gatos alimentados com dietas contendo ingredientes de consumo humano.
eficácia desse método, é essencial
áti co
Taxa relativa de deterioração
im
d Oxi
enz
que ele seja complementado por
ent on
BPF e pelo uso de embalagens, transporte e armazenamento
Esc
ure
a
cim
ídic
o lip
ão-
açã
Pet food
No entanto, para assegurar a
adequados. Atividade enzimática
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Atividade de água
Figura 1. Adaptado de Fennema, 2000
bolor to de imen c s e r C 0,7 0,8 0,9
Bactérias 1,0
Assim, é possível realizar a produção e comercialização de dietas consideradas 'naturais' de forma segura.
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