NutriNews Brasil

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INTER-RELAÇÃO ENTRE NUTRIÇÃO & IMUNOLOGIA DE AVES E SUÍNOS p. 5 Luiz Felipe Caron

nutrinewsbrasil.com


SPECIAL NUTRIENTS membro do

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Fígado

Órgãos Repro.

Coração Pulmão

Aflatoxina & Vomitoxina

Zearalenona

Fumonisina

v DOSE

DOSE


ESTAMOS DE PARABÉNS! Apresentamos publicamente a nutriNews Brasil, revista especializada em nutrição e alimentação animal voltada ao mercado brasileiro.

nutriNews, a primeira ferramenta de comunicação do setor agropecuário dedicada exclusivamente à nutrição animal. A nutriNews Brasil nasce com a disposição de ser um meio de referência e divulgação para empresas, instituições, pesquisadores e especialistas do setor de nutrição animal no Brasil. No final de 2013, quando realizamos o lançamento de nossas ferramentas digitais nutriNews -newsletter, especiais e site – na Espanha obtivemos uma excelente resposta, desde o primeiro dia, com altíssimas cotas de visitas e downloads de nossos artigos, de diversos países da América do Sul. Este sucesso nos animou, cada vez mais, a ampliar nossa oferta de comunicação. Desta maneira, a nutriNews começou sua caminhada no mundo editorial, com a revista impressa tendo a participação de empresas e consultores do setor na América Latina através da nutriNews LATAM.

E, agora, chegou o momento de iniciar também a nutriNews Brasil, oferecendo, como fazemos em todas nossas ferramentas nutriNews, uma proposta especializada, inovadora e rigorosa para o setor brasileiro de nutrição animal. Queremos, neste primeiro editorial, apresentar nosso agradecimento a todos aqueles que já nos prestam sua ajuda, colaborando em prol da divulgação científica. A nutriNews tem como principal objetivo, dar difusão à ampla e excelente informação de pesquisa e desenvolvimento em nutrição e alimentação animal, que vem sendo realizada. E esperamos que nossa iniciativa seja recebida com agrado, tornando-nos o principal meio de consulta dos atores implicados neste setor no Brasil.

Desejamos, assim, que façam bom proveito da leitura deste primeiro número.

A direção da revista não se responsabiliza pelas opiniões dos autores. Todos os direitos reservados. Imagens: Noun Project / Freepik/Dreamstime

EDITOR GRUPO DE COMUNICAÇÃO AGRINEWS S.L.

DESIGN GRÁFICO & WEB Marie Pelletier Enrique Núñez Ayllón Maitê Paier Antunes Sergio Rodríguez Oriol Marquès

PUBLICIDADE Simone Dias +55 (11) 98585-2436 brasil@grupoagrinews.com Anna Fernández Oller +34 609 14 50 18 af@agrinews.es DIREÇÃO TÉCNICA José Ignacio Barragán (aves) David Solà-Oriol (porcino) Fernando Bacha (rumiantes) REDAÇÃO Priscila Beck Simone Dias María de los Angeles Gutiérrez Osmayra Cabrera Daniela Morales COLABORADORES Luiz Felipe Caron Paloma García Rebollar Chad Paulk Antônio Mário Penz Junior Steeve Leeson José Ignacio Barragán Fernando Bacha Baz ADMINISTRAÇÃO Anna López Mercè Soler

info@grupoagrinews.com www.nutrinewsbrasil.com

GRATUITA PARA FABRICANTES DE ALIMENTOS, EMPRESAS DE PREMIX E NUTRICIONISTAS Depósito Legal nutriNews B-17990-2015

1 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019


CONTEÚDOS 5

Inter-relação entre nutrição & imunologia de aves e suínos

18

Luiz Felipe Caron

Chad Paulk

Professor da UFPR (Campus Araucária) - Brasil Adaptação da palestra apresentada durante o LPN Congress & Expo, em Miami, 2018

12

Matérias-primas, Polpa Cítrica

Como a moagem dos cereais afeta a eficiência e a saúde nos suínos? Assistant Professor of Feed Science and Management Department of Grain Science and Industry at Kansas State University

26

Entrevista com... Gonzalo G.Mateos

Paloma García Rebollar Universidade Politécnica de Madri

nutrinewsbrasil.com

2 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019


nutrinewsbrasil.com 30 O futuro da indústria avícola

52

Antônio Mário Penz Junior

José Ignacio Barragán

Trabalho apresentado no XIV Seminário Internacional de Patologia e Produção Animal, em Athens, EUA, 2018 Agradecimento à Amevea Colômbia por permitir a sua publicação

43

Mudanças nutricionais que devem ser consideradas em um ambiente livre de antibióticos promotores de crescimento Steeve Leeson Professor Emérito, Universidade de Guelph

Efeito da forma física da ração para frangos de corte sobre qualidade da carcaça

Consultor avícola

62

As algas na alimentação de ruminantes Fernando Bacha Baz Diretor técnico da NACOOP


BALANCIUS

UMA QUESTÃO DE DETALHES

A produção avícola enfrenta crescentes desafios. São tantos fatores a serem considerados que muitas vezes é difícil conseguir um equilíbrio entre a solução dos desafios e a manutenção da lucratividade da produção. Juntas, a DSM e a Novozymes criaram Balancius™, o primeiro e exclusivo ingrediente alimentar para frangos de corte concebido para liberar o potencial oculto da funcionalidade gastrointestinal.

Através de seu modo de ação exclusivo, esta tecnologia patenteada ajuda a otimizar a absorção e digestibilidade nutricional, de modo que os frangos de corte obtenham o máximo de sua ração. Balancius™ também demonstrou uma melhora consistente do índice de conversão alimentar: de 4 a 6 pontos (3%), trazendo muitos benefícios por um investimento mínimo.

Balancius™ está atualmente disponível para venda na América Latina (Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, México), Estados Unidos e Ásia-Pacífico. (Bangladesh, Paquistão e Índia). Para mais informações, entre em contato com seu representante DSM.

Para descobrir a ciência por trás de Balancius™, visite DSM.com/Balancius @dsmfeedtweet dsmanimalnutrition linkedin.com/showcase/dsm-animal-nutrition-and-health/

Bright Science. Brighter Living.™


INTER-RELAÇÃO ENTRE

NUTRIÇÃO & IMUNOLOGIA

DE AVES E SUÍNOS Luiz Felipe Caron

nutrição

Adaptação da palestra apresentada durante o LPN Congress & Expo, em Miami, 2018

G

eralmente considera-se a vacinação como o processo mais importante para a proteção imunológica de um lote. Esta percepção é resultado da especificidade deste processo. No entanto, a atual compreensão dos princípios imunológicos implica que outros processos de manejo são muito relevantes para a melhoria da produtividade, através do controle da imunidade.

Imunidade populacional A imunidade populacional implica: Investimentos em qualidade nutricional Uso racional de aditivos de rendimento Uso de antibióticos Biossegurança Capacitação da força de trabalho Protocolo de vacinação bem estruturado

5 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Inter-relação entre nutrição e imunologia de aves e suínos


Estrutura do MALT O tecido linfoide associado à mucosa (MALT) está muito desenvolvido. O componente intestinal deste sistema é o tecido linfoide associado ao intestino (GALT), que corresponde a 80% de todo o MALT e é composto por uma complexa organização de órgãos linfoides primários e secundários. As placas de Peyer (tecidos linfoides organizados presentes na parede intestinal) são compostos por linfocitos B, cuja maioria secreta IgA no lúmen intestinal.

Às 53 semanas resta apenas uma única placa de Peyer. Embora a constituição do PP se pareça muito à dos suínos, as aves também possuem um agregado linfoide único, o divertículo de Meckel.

nutrição

Estas células compõem 40% das placas de Peyer: Por volta de 20% das células são linfócitos CD4 (auxiliares) 20%

As aves jovens apresentam aproximadamente seis PPs que, igualmente a outros componentes linfoides, estão relacionados com a idade. Em etapas posteriores da vida, só se pode encontrar um agregado linfoide intestinal. As amídalas e os PP são facilmente identificáveis em frangos de 10 dias, que alcançam seu máximo desenvolvimento entre as 5 e 16 semanas de idade. Com a involução natural relacionada com a idade, estes tecidos imunológicos intestinais podem não ser visíveis às 20 semanas.

10% 5-9%

Aproximadamente 10% são linfócitos CD8 (citotóxicos) Entre 5% e 9% das células neste tecido são células dendríticas e outros fagócitos. Mucosa intestinal

6 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Inter-relação entre nutrição e imunologia de aves e suínos


Nas aves de produção, as células imunológicas nos intestinos não se agrupam exclusivamente nos tecidos linfoides. A mucosa intestinal, composta pelo epitélio e a lâmina própria, também é rica em leucócitos: A maioria são linfócitos

80%

5%

Outras células mononucleares

10-15% Monócitos

Placa de Peyer Célula dendrítica

O processamento de materiais estranhos (antígenos) pelo GALT segue uma sequência similar à dos tecidos linfoides sistêmicos. No entanto, nos enterócitos GALT também exercem papel no transporte de moléculas de patógenos ao alcance das células imunológicas. No revestimento epitelial intestinal, as células M são cruciais na realização desta tarefa. Tanto os enterócitos, como as células M, contribuirão para a defesa contra os patógenos. A arquitetura intestinal local frequentemente muda em resposta a patógenos, como alterações na profundidade das criptas, produção de muco, infiltração de células linfoides, aumento do espaçamento entre as células e, assim, sucessivamente. Respostas mais específicas serão construídas nas placas de Peyer, onde os linfócitos B iniciarão as respostas de IgA voltadas contra o patógeno.

7 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Inter-relação entre nutrição e imunologia de aves e suínos

nutrição

É um remanescente do saco vitelino que apresenta centros germinais com linfócitos B e macrófagos. A população de linfócitos intraepiteliais no divertículo aumenta de 3 a 5 vezes, 5 dias depois da incubação e até 10 vezes aos 14 dias e, ainda mais, até os 40 dias de idade.

Estes linfócitos estão presentes no intestino no momento da eclosão, já que o colonizaram desde aproximadamente 16 dias da incubação. Entre 4 e 6 dias de vida, esta colonização aumenta e alcança a maturidade nas primeiras duas semanas de vida.


Imunidade e nutrição Depois da invasão dos patógenos, ocorrem muitas mudanças estruturais no intestino, relacionadas com a permeabilidade, infiltração celular, melhoramento das criptas, produção de muco e enzimas, somadas às respostas antigênicas específicas. As respostas específicas aos patógenos, denominadas resposta imunológica adaptativa, implica dois tipos principais de células:

nutrição

Linfócitos B, que expressam imunoglobulinas de superfície, reagindo com a produção de diferentes anticorpos (resposta imunológica humoral). Linfócitos T, que reconhecem o complexo principal de histocompatibilidade (MHC) – complexo antígeno – MHC, apresentado sobre a superfície das células apresentadoras de antígenos (macrófagos, células dendríticas e, finalmente, inclusive enterócitos).

A captura de antígenos por pinocitose, ou fagocitose pelas células M também determina a sensibilização dos linfócitos T e B nos centros germinais de PP. Depois da união do antígeno aos receptores de células B, a divisão celular e a expansão clonal começam com a produção de anticorpos específicos para o antígeno que incita às células.

Devido à conexão íntima destes tecidos linfoides com o revestimento epitelial intestinal, os componentes nutricionais têm grande efeito sobre as células imunológicas locais. Portanto, a integridade intestinal é tão relevante, como os protocolos de vacinação, para induzir uma imunidade adequada aos desafios ambientais. Quanto mais animais forem resistentes às infecções, menor será a transmissão lateral de patógenos, seguido de um caso inicial dentro do lote. Assim como em suínos, em frangos de corte, o desenvolvimento funcional do intestino, como órgão digestivo e de absorção, está estreitamente relacionado com seu desenvolvimento como órgão imunológico.

Não é surpreendente observar que a privação de alimentos afeta sua maturação, ainda que aparentemente óbvia, esta é uma prática bastante comum em algumas unidades de produção. A janela do nascimento até a primeira alimentação, que frequentemente ocorre em algumas empresas, associada às práticas de vacinação nas plantas de incubação e o transporte até o alojamento, pode gerar uma privação de alimento bastante extensa. Nas primeiras 48 a 72 horas de vida isto gerará perdas importantes no desenvolvimento do intestino.

8 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Inter-relação entre nutrição e imunologia de aves e suínos


Entre todos os fatores que são relevantes na proteção natural do lote, a composição ideal da dieta determinará os melhores resultados possíveis no balanço dos custos de ativação da imunidade e a produtividade animal. A microbiota é, obviamente, muito relevante neste contexto. Os animais com um desafio ambiental extremadamente baixo (em condições de laboratório) tendem a demonstrar um rendimento melhorado em comparação com as condições de campo, devido aos custos naturais de responder ao desafio mediante ativação da imunidade. Os animais livres de germens têm 10% – 30% menos demanda metabólica que os suínos convencionais. Só quando a dieta é manejada de maneira estrita e a microbiota é melhorada, os animais em condições normais podem superar os animais livres de germens. Obviamente, “livre de germens” não é uma opção para os animais de granja e, portanto, é muito importante controlar as bactérias que interagem com a imunidade da mucosa. Entre os dois pontos possíveis para controlar a imunidade intestinal (nutrição e microbiota), este último é muito menos conhecido.

As respostas aos “promotores da microbiota” são usualmente instáveis e variam amplamente entre situações diferentes. As melhores respostas provém do estabelecimento de uma microbiota de alta qualidade, desde as primeiras semanas de vida, quando as populações bacterianas intestinais ainda são lábeis. Como o impacto da microbiota na imunidade, assim como as interações dinâmicas que criam, são muito sensíveis, atualmente dedica-se um capítulo da imunologia aviária a isto. O notável papel dos antibióticos foi e é (onde são permitidos) um exemplo óbvio. Os antibióticos promotores de crescimento (promotores de rendimento) têm um tremendo impacto na função imunológica do intestino, ao alterar a constituição microbiana e, portanto, funcionam como promotores de rendimento a longo prazo. Isso se deve ao fato de que toda a cascata imunológica mudará para reduzir o custo durante a vida da ave, se estes produtos são usados para induzir uma maturidade GALT ótima.

9 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Inter-relação entre nutrição e imunologia de aves e suínos

nutrição

A perda fisiológica proveniente do atraso na alimentação se converte em perda econômica direta e irrecuperável, refletindo não só em menor ganho de peso nos frangos de corte, como também um “custo imunológico” para as aves, inclusivo até 60 semanas de idade, ou mais.


A maturidade induzida por antígeno do GALT pode seguir vias muito diferentes, dependendo do nível e qualidade do estímulo proporcionado. Em uma situação equilibrada, a interação antígeno-hóspede conduzirá à produção de IgA intestinal. Este se mantém em estado “saudável” pela ação de células supressoras e reguladoras que são abundantes nos tecidos da mucosa.

Os “custos” gerados pela imunidade no hospede são de duas naturezas:

nutrição

Factores reguladores (retinol) Nestes locais é comum que as células dendríticas e linfoides secretem, constantemente, fatores reguladores (como o retinol) que impedem as respostas abertas contra os antígenos orais, sendo crucial para evitar a imunopatologia: os tecidos da mucosa não devem responder à alimentação como o fariam a um patógeno, ou pelo contrário, surgiria alergia ao alimento.

As células imunológicas têm altas demandas de proteínas. Não só isso, como a composição amino das proteínas imunológicas é amplamente desviadas de outras proteínas no animal e, por conseguinte, as demandas nutricionais variarão se a imunidade for ativada constantemente. Como exemplo, a valina e treonina são consumidas em níveis mais altos para a produção de IgA e de mucina (componente principal do muco). As fases iniciais das respostas imunológicas apresentam um “custo de oportunidade” para o hóspede.A proteção imunológica começa com a inflamação

Por outro lado, os estímulos patógenos induzem fortes respostas inflamatórias intestinais, sendo os custos e o estresse envolvidos nestas reações, escassos à situação ideal. Portanto, neste sentido, os antibióticos promotores de crescimento têm um grande impacto na imunidade e, portanto, na produtividade.

10 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Inter-relação entre nutrição e imunologia de aves e suínos


Como consequência, ao influenciar na imunidade da mucosa, o objetivo é manter os benefícios da presença de células imunocompetentes e de IgA com uma modulação mantida de maneira estrita, necessária para regular os mediadores inflamatórios. Desta maneira, pode-se explorar a resposta imunológica para atuar exitosamente contra qualquer encontro futuro com os desafios no meio ambiente, ao mesmo tempo que se evita a perda de rendimento relacionada com a inflamação. O aumento no conhecimento da dinâmica envolvida na resposta imunológica da mucosa nos últimos anos permitiu o desenvolvimento de medidas que, especialmente para as aves de produção, podem otimizar a produção, garantindo um equilíbrio sensível entre a resposta imunológica e o rendimento.

A inflamação também regula negativamente o apetite e o consumo de alimento diminuirá até que se alcancem as últimas etapas de imunidade. As fases posteriores da imunidade (como a produção de IgA), embora sejam custosas, são menos exigentes em termos de “oportunidade”: não há febre, nem mudanças no apetite nestas fases.

Portanto, a nutrição é especialmente relevante para os animais em ambientes desafiantes. As respostas aos patógenos nestas situações serão produzidas principalmente na mucosa, nos intestinos e no trato respiratório. Controlar a imunidade, quer seja através da microbiota, ou diretamente por imunonutrição, é vital para prevenir perdas de produtividade. Deve-se alcançar um equilíbrio entre as respostas imunitárias fortes e o rendimento. Isto depende das interações envolvidas no maior órgão imunológico, o INTESTINO.

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11 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Inter-relação entre nutrição e imunologia de aves e suínos

nutrição

Algumas moléculas inflamatórias podem alcançar o hipotálamo e controlar a temperatura corporal, induzindo febre. Esta é uma resposta anti patógena natural, porém está demandando muita energia para aumentar a temperatura em poucos graus.


NOVA

S

MATÉRIAS-PRIMAS POLPA CÍTRICA Paloma García Rebollar Universidade Politécnica de Madri A polpa cítrica é o subproduto obtido da

Definição & Classificação

extração do suco pela indústria. O termo “cítrico” engloba diferentes espécies de frutas do gênero Citrus:

Limão-siciliano e limão-taiti

Laranja A laranja representa cerca de

matérias-primas

54% da produção mundial

Os demais são limão-

de cítricos: 125 milhões de

siciliano e limão-taiti (13%),

toneladas.

Tangerina As tangerinas correspondem a 27% da produção.

e pomelo (FAO, 2017).

A Espanha é o sexto maior produtor mundial de cítricos, com uma produção anual entre 6 e 7 milhões de t, destinando aproximadamente 25% de sua produção para a indústria do suco. (Asozumos, 2018)

12 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Matérias-primas polpa cítrica


Na produção de sucos cítricos, são obtidos subprodutos entre 30 a 50% do peso da fruta processada, que são:

Semente Ácidos graxos insaturados.

Pele interior A produção espanhola de polpa cítrica é menor do que a demanda

Fonte de óleos e compostos fenólicos.

matérias-primas

Polpa Polpa e gomos do suco ricos em açúcares e fibras solúveis (pectinas).

Casca Rica em melaço, pectinas e óleos essenciais. A distribuição do produto fresco (em umidade> 78%) está limitada a áreas

É definida como “produto obtido por prensagem de citrinos Citrus (L.) spp. ou durante a produção de sumos de citrinos (5.1.3.1) e, posteriormente, secas (5.1.3.2).

próximas às indústrias de extração, mas a

Pode ter sido despectinizado, nesse caso

polpa seca também é importada de EUA

será indicado também na denominação.

(principalmente do estado da Flórida), Brasil

Além disso, pode conter, coletivamente,

e Marrocos.

até 1% de metanol, etanol e propano-2-ol

A polpa cítrica está presente no Catálogo

numa base anidra”

de matérias-primas para alimentação animal

Cumpre o RD 465/2003 e modificações

(Outras sementes e frutas, e seus produtos

posteriores sobre substâncias indesejáveis na

derivados) do Reg. UE 2017/1017, números

alimentação animal.

5.1.3.1 e 5.1.3.2 (seco) e declaração obrigatória de fibra bruta (sem nível máximo).

13 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Matérias-primas polpa cítrica


Processo de extração 1. LAVAGEM.

O suco obtido é filtrado para separar a polpa flutuante, e o resíduo é adicionado

O processo de extração do suco começa

ao bagaço.

com a lavagem da fruta para remover folhas, sujeira e óleos da casca que pode

O bagaço é colocado em silos de

conter resíduos de pesticidas.

armazenamento para ser transportado

2. RETIRADA DE ÓLEOS E DA CASCA. Em uma primeira etapa são retirados os óleos essenciais da casca (d-limoneno de elevado odor) por meio da prensagem completa da fruta.

matérias-primas

3.

a fazendas e utilizado na alimentação de ruminantes, ou passa pela secagem e despectinização para produzir farelo para a alimentação animal. Durante o processo de secagem, adiciona-se hidróxido ou carbonato de cálcio para facilitar a liberação da água

EXTRAÇÃO DO SUCO.

unida, sendo prensado para separar o Depois, são realizados cortes na casca

melaço.

para extrair o suco. O resíduo fica secando em

4. SEPARAÇÃO DA POLPA.

tambores giratórios, sendo

Peles internas, membranas, polpa e

que de 20 a 50% do melaço é

sementes.

incorporado ao bagaço, o que ganha uma coloração escura, aumentando seu teor de açúcar e proporcionalmente diminuindo o teor de fibra não degradável. A polpa fresca também é facilmente armazenada, sem necessidade de passar por nenhum tratamento por estar já triturada, embora recomenda-se que seja armazenada junto com palha de cereais para reduzir os efluentes e a perda de açúcares e aumentar a eficácia da fibra no armazenamento.

Imagem da Agroplus

14 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Matérias-primas polpa cítrica


Análise

Unidade

FEDNA1

NRC2

BRASIL3

Matéria seca

% materia seca

88,0

87,7

88,9

Proteína bruta

% ms

7,0

6,9

7,1

Fibra bruta

% ms

13,0

-

13,9

FND

% ms

23,5

24,0

21,7

FAD

% ms

21,1

20,4

15,5

LAD

% ms

2,7

2,4

-

Extrato etéreo

% ms

1,8

2,4

2,4

Cinzas

% ms

6,8

7,4

7,1

Amido

% ms

0,0

1,0

-

Açúcar

% ms

31,2

-

-

Minerais

unidade

Cálcio

g/kg ms

2,1**

1,61

1,80

Fósforo

g/kg ms

0,14

0,10

0,22

Potássio

g/kg ms

0,97

0,86

0,89

Sódio

g/kg ms

0,09

0,04

0,12

Magnésio

g/kg ms

0,16

0,14

-

Valores nutricionais para ruminantes

unidade

Energia metabolizável

%

2.982

2.885

-

Unid. Forrageira Leite

kcal/kg MS

1,13

-

-

Unid. Forrageira Carne

kcal/kg MS

1,13

-

-

Energia Líquida de Lactação

kcal/kg MS

1.910

-

-

Energia Líquida de Manutenção

kcal/kg MS

2.047

1.859

-

Energia Líquida de Ganho

kcal/kg MS

1.380

1.174

-

3.273

-

3.220

matérias-primas

Quadro 1.Composição e valor nutricional da polpa cítrica

Valor nutricional para suínos Energia Metabolizável Energia Líquida de Ganho

kcal/kg MS

2.241

-

2.199

Energia Líquida de Porcas

kcal/kg MS

2.338

-

-

EDNA (2018) nº de amostras analisadas = 95; 2NRC (2016) n = 1189; 3BRASIL (2017) n = 2. **0,95%MS em polpa fresca

1F

15 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Matérias-primas polpa cítrica


Composição química A composição varia de acordo com: Tipo de fruta Estado de maturação Condições de cultivo Processo de extração do suco

A matéria seca contém: Açúcares (18 a 65%). Fibra solúvel (7-42%, principalmente pectinas). Fibra não degradável (12-43% FDN). Cinzas (3-20%), de acordo com a

materias primas

quantidade de carbonato de cálcio adicionada na secagem, sendo mais baixo no produto fresco. Proteína (5-11%), baixo nível. Gordura (1-8%) varia em função da presença de sementes (0-15%) nas frutas.

16 nutriNews Marzo 2019 | Materias primas: Pulpa de Cítricos

A polpa do limão-siciliano possui um baixo teor de açúcar (28% vs 45% MS), mas um alto teor de fibra solúvel (26 vs 20% MS) e de fibra não degradável (31 vs 21% MS) se comparada à laranja ou à tangerina, que não diferem em sua composição química. Os níveis de açúcar na polpa nacional são mais altos do que aqueles referenciados em tabelas de outros países, provavelmente pela adição sistemática do melaço em nossas plantas (De Blas et al., 2018). Além disso, não existem diferenças na composição da polpa devido ao processo de secagem.


Valor nutritivo

Uso na alimentação animal

A polpa cítrica possui um alto potencial

É um produto com alto valor energético

de degradação no rúmen (>90%) e

para ruminantes e suínos, semelhante ao

de digestibilidade aparente em suínos

grão da cevada em termos de energia

(>78%), por isso que geralmente é

metabolizável.

Ruminantes

utilizada na substituição de cereais (cevada) nas dietas. No rúmen, essa substituição resulta em níveis mais baixos de ácidos propiônico

Suínos

e lático que ajudam a prevenir a acidose, mas não representa uma contribuição

Pode ser incluída em altos níveis (>20% MS), especialmente em dietas de elevada produção de leite. Os níveis de polpa seca, em geral, são entre 10-15%, no máximo 20% em porcas, sem descontar os rendimentos

eficaz da fibra na ração.

produtivos e no matadouro.

Nas dietas de monogástricos, aumenta

É um produto muito palatável por

a viscosidade da digestão e diminui a

matérias-primas

seu odor agradável e seu alto teor de

velocidade do trânsito digestivo, o que

açúcares, embora sua incorporação deve

provoca uma sensação de saciedade

ser feita de forma gradual para facilitar

que pode melhorar o bem-estar e a

a adaptação digestiva ao aumento do

saúde intestinal durante a gestação de

nível de fibra solúvel nas dietas.

porcas e no final da engorda.

Conclusões A polpa cítrica pode ser usada como fonte

Ruminantes

Deve-se considerar sua alta e rápida

Suínos

de energia substituindo cereais nas dietas.

Recomenda-se principalmente na fase

degradação ruminal para não reduzir a produção de gordura e proteína no leite.

final de ganho de peso (80 a 120 kg) para acidificar a digestão intestinal e reduzir as contagens de bactérias patogênicas (Cerisuelo et al., 2010), e durante a gestação para diminuir comportamentos anormais

MATÉRIAS-PRIMAS POLPA CÍTRICA

(estereotipias).

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17 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Matérias-primas polpa cítrica


COMO A

MOAGEM DOS CEREAIS AFETA A EFICIÊNCIA E A SAÚDE fabricação

NOS SUÍNOS?

Chad Paulk Assistant Professor of Feed Science and Management in the Department of Grain Science and Industry at Kansas State University

Os custos de alimentação suína representam 6580% dos custos totais de produção (Jensen, 1976). Isto fez com que os produtores se aproveitassem das práticas de fabricação de rações para maximizar a utilização das matérias-primas.

Gerenciado adequadamente, o aumento do custo associado à fabricação da ração se traduz em uma melhora do rendimento dos suínos. 18 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Como a moagem dos cereais afeta a eficiência e a saúde nos suínos?


Não somente é importante compreender completamente cada método de processamento e seus efeitos, mas também deve-se entender como o processamento influencia: Nas características de manejo da ração Nos custos de produção Na digestibilidade dos nutrientes e na energia No rendimento dos suínos

Os grãos são o principal ingrediente suscetíveis de moagem nas rações suínas. Outros ingredientes são processados previamente e chegam à fábrica de ração em umas condições aceitáveis.

Tipos de moinhos Existem dois tipos de moinhos empregados habitualmente para reduzir o tamanho de partícula dos ingredientes, moinhos de cilindros e moinhos de martelo.

Moinhos de cilindros Os moinhos de cilindros reduzem o tamanho de partícula mediante esmagamento ou trituração, graças à aplicação de uma força compressiva sobre o ingrediente. Este processo produz uma pequena quantidade de material fino resultando em um tamanho de partícula relativamente uniforme do grão.

fabricação

Boas práticas de fabricação são essenciais para garantir uma baixa relação custo-benefício.

Moinho de martelos Os moinhos de martelo reduzem o tamanho de partícula dos ingredientes mediante trituração por impacto (Pfost, 1976), dando lugar a partículas com uma forma mais esférica e aumentando a quantidade de partículas finas e pulverizadas, o que resulta em um tamanho de partícula menos uniforme (Koch, 2002). Estudos anteriores demonstraram que o aumento da quantidade de partículas não uniformes, gerado mediante o uso de moinhos de martelo, resulta em maior ângulo de queda, o que supõe uma pior fluidez (Groesbeck et al., 2006).

19 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Como a moagem dos cereais afeta a eficiência e a saúde nos suínos?


Custos associados à moagem Por outro lado, além de reduzir as características de manipulação, moer os grãos aumenta os custos associados à moagem. Estes custos incluem:

1.Custo dos equipamentos

2.Custos de manutenção

Alguns dados demonstram que a redução do tamanho de partícula dos grãos de cereal conduz a um aumento dos requerimentos energéticos e a uma redução da taxa de produção (Gebhardt et al. 2018). A velocidade em que estes fatores mudam pode se ver alterada: Pelo grão Pelo tipo de moinho

fabricação

Pelos parâmetros de moagem

3. Energia necessária para moer 1 tonelada de grão (kWh/T)

4.Taxa de produção por kWh de operação

O custo inicial dos equipamentos pode parecer caro, mas dependendo do moinho, os custos energéticos para um ano podem exceder os custos de uma peça nova do equipamento de moagem. Compreender a variedade de fatores que influenciam na eficiência e taxa de produção da moagem pode ser muito benéfico para os fabricantes de ração.

Pela manutenção dos moinhos

Os moinhos de cilindros e os moinhos de martelo têm diferentes custos operacionais e investimentos em capital. Tendo em conta os efeitos negativos da redução do tamanho de partícula sobre a eficiência da moagem, é importante continuar investigando se estas perdas estão justificadas pelas melhoras no rendimento dos animais.

A energia necessária para o funcionamento de um moinho de cilindros, ou de um moinho de martelo durante toda sua vida útil será 10-20 vezes maior que o custo da máquina por si só (Heimann, 2014).

20 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Como a moagem dos cereais afeta a eficiência e a saúde nos suínos?


A ideia de reduzir o tamanho de partícula dos grãos antes de alimentar os suínos surgiu a princípios dos anos 30. Os grãos têm uma capa externa protetora que dificulta o acesso das enzimas digestivas a todos os nutrientes presentes.

A redução do tamanho de partícula dos grãos expõe as áreas menos protegidas à ação das enzimas digestivas, permitindo ao suíno digerir uma maior proporção dos nutrientes.

Estudos prévios também demonstraram as melhoras na digestibilidade dos nutrientes graças a redução do tamanho de partícula no milho

fabricação

(Lawrence, 1967; Giesemann et al., 1990). No entanto, em estudos recentes Fraps (1932) usou sorgo moído para demonstrar que a

se observaram diferenças na

redução do tamanho de partícula melhorou a digestibilidade dos nutrientes.

distinto tamanho segundo o tipo de

digestibilidade das partículas de moinho empregado para moer o milho.

Aubel (1945, 1955) continuou trabalhando sobre esta ideia, demonstrando melhoras na eficiência alimentar quando os suínos eram alimentados com milho moído e grão de sorgo.

os autores não observaram melhoras na digestibilidade da energia e os nutrientes ao reduzir o tamanho de

Estes experimentos sentaram as bases para que muitos zootécnicos pudessem determinar a ótima forma de aplicar este método de processamento na produção suína. Owlsey et al. (1981) observaram uma melhora da digestibilidade ileal aparente (DIA) e digestibilidade aparente do trato total (ATTD) de matéria seca (MS), nitrogênio (N) e a energia bruta (EB) do sorgo em suínos de engorda ao reduzir o tamanho de partícula de 1,262 μm a 471 μm

Ao empregar um moinho de martelo para moer o milho,

partícula de 700 μm a 300 μm. No entanto, ao moer o milho com um moinho de cilindros, foram observadas melhoras na digestibilidade da energia e os nutrientes (Patience, 2015). Por outro lado, Rojas e Stein (2015) descreveram um declínio linear da concentração de energia metabolizável (EM) no milho conforme se reduzia o tamanho de 865μm a 339 μm através de um moinho de martelo. Não obstante, Bertol et al. (2017) desenvolveram um modelo que estabelecia que a partir de um tamanho de 523-524μm não se melhorava o valor da energia metabolizável aparente corrigida para nitrogênio (AMEn) para o milho.

21 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Como a moagem dos cereais afeta a eficiência e a saúde nos suínos?


Baseado em vários estudos que foram realizados antes de 2012, se concluiu que havia uma melhora de 1,0-1,3% na eficiência dos porcos de engorda por cada100μm de redução no tamanho de partícula de milho ou sorgo quando estes se reduziam de 1.000μm a 40 μm (Cabrera, 1995; Wondra, 1995a; Paulk, 2011; De Jong 2012). Bertol et al. (2017) observaram uma melhora de 6% na eficiência alimentar quando as nulíparas recebiam dietas com milho moído para passar de um tamanho de 904μm a 48 μm. No entanto, a redução do tamanho não influenciou na eficiência alimentar dos machos castrados.

Em contrapartida com um estudo prévio, Gebhardt et al.

fabricação

(2018) não observaram melhoras na eficiência alimentar dos suínos de engorda ao oferecer a eles milho moído em partículas de tamanho reduzido (de 581μm a 285μm) empregando um moinho de cilindros. Tal e como se mencionou, Bertol et al. (2017) e Rojas et al. (2015) registraram um aumento da EM no milho quando o tamanho de partícula se reduzia. Ao formular dietas balanceadas em função deste aumento da EM, não houve diferenças na eficiência alimentar dos suínos de engorda.

22 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Como a moagem dos cereais afeta a eficiência e a saúde nos suínos?


Este fenômeno é associado a uma redução na ingestão de alimento, sem influenciar na eficiência alimentar. (De Jong et al., 2013a; De Jong et al., 2013b). Está bem documentado que a redução do tamanho de partícula dos grãos melhora a eficiência alimentar dos suínos. Não obstante, estudos anteriores revelam uma maior variabilidade quanto ao que pode se considerar o tamanho ótimo de partícula. O ritmo de crescimento em resposta à redução do tamanho de partícula é mais variável em leitões ao desmame, observando que o ganho de peso é menor quando a fração de milho que se encontra moído com Partículas finas (aproximadamente 325μm).

Não obstante, Bokelman et al. (2014) não observaram um impacto significativo do tamanho de partícula sobre o ganho de peso ou a ingestão, mas sim uma melhora na eficiência alimentar ao reduzir o tamanho de partícula de 700μm a 4000μm quando a dieta era fornecida em forma de farinha. A textura e palatabilidade da fração de milho em dietas finamente moídas reduz a ingestão em leitões desmamados (Sola-Oriol et al., 2009). Foi demonstrado que, quando se dá a opção, os suínos oferecer a eles uma dieta com uma ração de milho moído a 525μm ou 700μm, e 33% ou 20% no caso do milho moído a 267μm o 400μm, respectivamente (Bokelman et al., 2014; Gebhardt et al. 2018).

Os leitões desmamados são sensíveis à palatabilidade da dieta e uma redução previsível da ingestão se observa com frequência no caso de o tamanho de partícula ser inferior a 500μm.

23 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Como a moagem dos cereais afeta a eficiência e a saúde nos suínos?

fabricação

consomem 67% ou 8% da média da ingestão diária ao se


Embora a redução do tamanho de partícula dos grãos possa melhorar o rendimento dos suínos, pode ter efeitos negativos sobre a morfologia gástrica.

Determinadas situações podem conduzir a um aumento da ulceração da região esofágica do estômago do suíno.

fabricação

As práticas habituais de fabricação de rações, tais como a moagem fina, demonstraram aumentar a incidência da ulceração da região esofágica do estômago em suínos de engorda (Mahan et al., 1966; Maxwell et al., 1970; Cabrera et al., 1995; Wondra et al., 1995a; e Ayles et al., 1996) e em porcas lactantes (Wondra et al.,1995b). Se pressupõe que isto se deve a um aumento da fluidez do conteúdo gástrico, o que conduz a uma maior mistura dos mesmos. A mistura deste conteúdo fluido permite uma exposição contínua da mucosa desprotegida da região esofágica à pepsina e ácidos gástricos (Reimann et al., 1968; Maxwell et al., 1970). A relação entre a severidade das úlceras e sua influência sobre o ritmo de crescimento não está bem estabelecida. Hedde et al. (1985) e Ayles et al. (1996) estabeleceram que o aumento da severidade das úlceras se associava à diminuição do ganho de peso. Como a moagem dos cereais afeta a eficiência e a saúde nos suínos?

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Não obstante, outros estudos indicam que as úlceras gástricas não afetam a taxa de crescimento (Backstrom et al., 1988; Guise et al., 1997; Dirkzwager et al., 1998). Além dos efeitos sobre o rendimento, as úlceras gástricas severas podem resultar na morte súbita dos suínos.

24 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Como a moagem dos cereais afeta a eficiência e a saúde nos suínos?



entrevista

ENTREVISTA COM...

GONZALO G.MATEOS 26 nutriNews Brasil 2ยบ trimestre 2019 | Entrevista con G.G. Mateos


O entrevistamos na ocasião de sua participação no fórum aviFORUM na qual ensinou em sua palestra intitulada “Alimentação da galinha para alcançar um ótimo peso no início do ciclo da postura”.

Qual é o período mais crítico na criação das futuras poedeiras? O importante é não cometer erros graves em nenhum momento do período de criação, embora onde mais se costuma falhar é nas primeiras semanas de vida e no período do pré-pico. Nas primeiras semanas de vida é preciso conseguir uma boa uniformidade, enquanto no período do pré-pico, de 16 a 26 semanas de vida, pode-se contemplar as necessidades das poedeiras mais novas nos diversos nutrientes, em particular, de Ca, aminoácidos e gordura.

Não é bom ter galinhas abaixo do peso porque isso significa que estão pouco desenvolvidas, enquanto que o excesso de peso dá problemas de mortalidade. A chave em qualquer caso é sempre conseguir uma boa uniformidade, o que nos permite adotar medidas lógicas. Ao contrário, se o lote é pouco uniforme, as possibilidades de acertar são mínimas, já que não se saberá se deve-se dar prioridade às galinhas fracas ou às fortes. Se formulamos com excesso de nutrientes, as aves de peso engordam resultando em problemas de mortalidade, enquanto que as aves abaixo do peso, pouco desenvolvidas, terão também problemas de mortalidade por ovos de tamanho excessivo.

entrevista

Gonzalo González Mateos é Doutor em Veterinária pela Universidade Autônoma de Barcelona e em Ciência Animal (Avícola) pela Universidade de lowa.

Por que o peso corporal e a uniformidade são chaves no período de criação?

Até que semana é recomendável alimentar as galinhas com migalhas? Alimentar com migalhas até as 4 semanas de vida permite conseguir um maior peso e uniformidade do lote, mas assumiremos que as galinhas terão um pior desenvolvimento do aparelho digestivo. Portanto, a decisão é uma questão de qual é nosso objetivo principal e, em função do mesmo, tomaremos uma ou outra decisão.

27 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Entrevista con G.G. Mateos


Por que não seria conveniente dar migalhas por mais que 10 semanas? A partir da semana 10 queremos um bom desenvolvimento do aparelho digestivo da ave; ou seja, potencializar o funcionamento da moela com um pH o mais ácido possível, sendo para isso importante administrar alimento em farinha grossa. Se damos o alimento em migalhas muito finas, a moela não funcionará corretamente e, portanto, o aparelho digestivo terá mais dificuldades para se desenvolver.

Por que o granulado prejudica a digestão dos nutrientes?

entrevista

Em geral, em galinhas, a forma da ração não afeta, especialmente, a digestão dos nutrientes. Embora possa ser importante na fase de iniciação em broilers e galinhas. O consumo de pellets com moagem muito fina dos ingredientes, melhorará o consumo, em detrimento do bom funcionamento da moela. Uma moela que não funciona corretamente resulta em um pH excessivamente alto; o pepsinogênio não é ativado e, portanto, piora a digestibilidade da proteína.

Por outro lado, em aves jovens, o excesso de amido na ração pode afetar a sua digestibilidade, consequência da alta velocidade do trânsito do alimento. Se passa muito amido ao intestino delgado, como consequência de um mal funcionamento da moela, a digestibilidade será menor.

O EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO É DE VITAL IMPORTÂNCIA EM TODO TIPO DE ANIMAIS E, EM PARTICULAR, NA POEDEIRA Diante da possibilidade de substituir o sal por bicarbonato. Qual é sua opinião? É conveniente? O equilíbrio eletrolítico é de vital importância em todo tipo de animais e, em particular, na poedeira. O problema é que não sabemos como fazê-lo efetivo na prática. É importante considerar dois aspectos: Efeitos do equilíbrio eletrolítico Efeito da mudança de sal per se

Na prática, a maioria dos nutricionistas modifica o equilíbrio eletrolítico do alimento, diminuindo o sal e incluindo bicarbonato. Esta prática habitual não é questionável do ponto de vista do balanço. Mas, quando essa substituição é avaliada do ponto de vista de palatabilidade o pH da ração, então aqui não concordo, porque o sal no alimento, melhora a palatabilidade. Além disso, devido ao seu alto pH, o bicarbonato em altas doses poderá afetar levemente o pH na moela da ave, aspecto não conveniente.

Entrevista com G.G. Mateos

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28 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Entrevista con G.G. Mateos


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O FUTURO DA INDÚSTRIA

AVÍCOLA

Antônio Mário Penz Junior Trabalho apresentado no XIV Seminário Internacional de Patologia e Produção Animal, em Athens, EUA, 2018 Agradecimento à Amevea Colômbia por permitir a sua publicação

O

futuro da indústria avícola passará

alimentação

por mudanças em várias áreas de conhecimento.

A consolidação das empresas forçará cada

Genética

uma delas a ter diferentes produtos para atender demandas específicas. Com isso, tratar as origens genéticas por seus nomes de mercado não será suficiente. De que produto estaremos falando?

Na saúde nunca houve tantas informações, de conhecimento

Saúde

globalizado, mas os desafios com determinadas patologias deixam os veterinários extremamente preocupados com as perdas de produção das aves ou com as cobranças da sociedade, que deseja saber o que está acontecendo.

30 aviNews América nutriNews Brasil 2º Latina trimestre Setembro 2019 2018 | O futuro | O futuro da indústria da indústria avícola avícola


O presente artigo considera as responsabilidades dos nutricionistas, dando atenção especial a iniciativas que resultem numa produção mais sustentável. Os nutricionistas devem: Prestar mais atenção à qualidade dos ingredientes. Trabalhar na diferenciação da alimentação por fases e sexo. Concentrar-se no tamanho das partículas e na qualidade dos pellets. Usar aditivos de forma mais eficiente, dando atenção especial às

Ambiente

enzimas.

No ambiente, as estruturas de atendimento às enzimas convencionais dos galpões estão

alimentação

sendo substituídas por estruturas mais sofisticadas, que permitem o acompanhamento de resultados em tempo real, mas que requerem mais conhecimento técnico dos

Nos últimos anos, houve um

avicultores.

desenvolvimento fantástico na indústria avícola no mundo todo e, consequentemente, o progresso

Nutrição e alimentação

alcançado foi significativo. Os avanços científicos mais

É na nutrição e na alimentação que se devem fazer grandes adaptações, já que as mudanças exigidas pela sociedade obrigarão os nutricionistas a mudar os paradigmas.

importantes se concentrarão na: Rápida adaptação da produção de quintal a empresas industrializadas. Redução do custo da carne de

Persistirão os desafios para

frango e dos ovos.

apresentar formulações de alimentos de baixo custo e que continuem promovendo os melhores resultados. A sociedade exigirá mais transparência sobre o modo

Restrições não culturais e religiosas dos produtos avícolas.

como os animais de produção são alimentados e tratados.

31 aviNews aviNews América América Latina Setembro Latina Setembro 2018 | 2018 nutriNews | O futuro Brasil da2ºindústria trimestre avícola 2019


A importância da biossegurança Há outros aspectos na produção de frangos de corte dos quais deverão participar os nutricionistas e a biossegurança é um dos principais. Com o aparecimento sistemático da influenza aviária em diferentes geografias, passou a dar-se uma maior atenção às perdas.

Além disso, muitos consumidores estão confusos sobre o modo como as patologias aviárias podem afetar a saúde humana. Para evitar colocar em perigo a biossegurança das granjas, os governos, os profissionais e os produtores deverão trabalhar juntos, para estabelecer e adotar as melhores práticas de produção e os meios de controlar a presença de aves silvestres que vivem próximo às granjas.

alimentação

As granjas deverão estar o mais limpas possível e os empregados deverão implementar programas de saneamento, estabelecidos de acordo com as recomendações veterinárias.

Consumidores Nos últimos anos, os consumidores têm sido mais ativos ao expressar preocupações relacionadas à alimentação dos animais de produção. Por que crescem mais rápido que no passado? Como são tratados pela indústria? A sociedade exige mais informações sobre segurança, bem-estar animal e exige que a produção seja sustentável.

De que forma a nutrição e a alimentação de frangos de corte podem inovar e avançar, respeitando as preocupações da sociedade e melhorando os procedimentos técnicos para a sustentabilidade?

32 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | O futuro da indústria avícola

Em primeiro lugar, é preciso definir o que é uma melhoria em termos de sustentabilidade. Em sua base, os produtores deverão melhorar a eficiência na conversão de alimentos para frangos de corte — usar menos alimento — e, consequentemente, reduzir a produção de excretas — contaminantes. Além disso, os produtores deverão reduzir o uso de água, um insumo que se tornará cada vez mais escasso e que poderá restringir a produção animal em muitas regiões do mundo, onde os animais competirão com os humanos pelos recursos. Não haverá espaço para alimentar os frangos com dietas muito sofisticadas.


Produção de frangos de corte livre de promotores de crescimento antibiótico — AGP

Na Europa, a preocupação da sociedade promoveu o desenvolvimento de pesquisas sobre aditivos não antibióticos — probióticos, prebióticos, óleos essenciais, ácidos orgânicos, antioxidantes, etc. — e um uso mais eficiente das enzimas, que melhora a digestibilidade dos alimentos e preserva a saúde intestinal dos animais. Simultaneamente, os técnicos reforçaram a implementação das melhores práticas de gestão e de biossegurança, melhorando a prevenção de infecções e minimizando a ineficiência da produção.

A proposta de alimentação animal livre AGP começou em 2010, quando a FDA solicitou que se desenvolvesse uma estratégia para eliminar o uso de produtos antimicrobianos melhoradores de desempenho e que somente se permitisse o uso de antibióticos terapêuticos sob a supervisão de um veterinário. Atualmente, a produção de animais livres de AGP é uma opção em muitos países. Mas a velocidade de implementação varia. Em 2015, EUA finalmente se uniu ao movimento europeu. A eliminação do uso de produtos antimicrobianos na produção de animais teve uma consequência importante. Os supermercados e as cadeias de alimentação aceitaram o desafio e começaram a informar que os ingredientes empregados em seus produtos não deveriam conter mais AGP. Os consumidores aceitaram bem tal proposta e o movimento sem AGP continua crescendo. Hoje em dia, a redução dos antibióticos na produção continua sendo uma importante prioridade de inovação para os nutricionistas.

33 aviNews América Latina Setembro 2018 | nutriNews Brasil 2º trimestre 2019

alimentação

A primeira proposta para produzir frangos de corte livres de AGP surgiu na Suécia, em 1986 (Cogliani et al., 2011). As reações iniciais à proposta se voltaram para uma perda de eficiência da produção de frangos de corte, uma vez que o custo de produção deveria aumentar. No entanto, após muitos anos de pesquisa, estas suposições já não são aceitas pela indústria.

Atualidade

Durante muitos anos, considerou-se a produção de frangos de corte livre de promotores do crescimento antibióticos — AGP.


Análise de ingredientes Conhecer a composição dos ingredientes, com a ajuda de um laboratório qualificado, é obrigatório se os nutricionistas quiserem formular alimentos com uma margem de segurança mínima. Os dados históricos mostram que muitos nutricionistas subestimam os valores de nutrientes dos ingredientes, o que não garante um melhor rendimento dos frangos, traduzindo-se numa perda incremental de nutrientes e um possível aumento da contaminação — nitrogênio e fósforo —ambiental.

alimentação

Com o progresso da tecnologia NIR, os moinhos não têm desculpa para não contar com uma constante avaliação de nutrientes nos ingredientes empregados (Black et al., 2014).

Digestibilidade e alimentação por fase A digestibilidade dos nutrientes e da energia variam nas diferentes fases de produção. Por exemplo, pintos mais jovens são menos eficientes que frangos mais velhos (Noy e Sklan, 1995; e outros). A composição e a digestibilidade dos ingredientes podem variar em diferentes anos e regiões globais. Conhecer as diferenças de digestibilidade e calcular corretamente a composição nutricional requerida para as diversas fases de produção é uma habilidade importante para os nutricionistas. O cálculo da digestibilidade, antes da formulação do alimento, implica: Menor custo da dieta. Melhor saúde intestinal. Maior sustentabilidade do meio ambiente.

Os ingredientes utilizados nas dietas não são apenas ingredientes básicos na formulação de alimentos, mas também provedores de nutrientes, fundamentais para a produção eficiente dos animais. Tecnologias como a “formulação de alimentos on-line” passam a permitir que a nutrição de precisão seja mais rapidamente alcançada. Essa tecnologia, com a instalação de NIR nas linhas de transporte de ingredientes, antes do misturador, possibilita uma leitura imediata e a conseguinte formulação e dosagem, de acordo com a composição de nutrientes dos ingredientes lidos.

34 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | O futuro da indústria avícola

Tudo indica que no futuro serão realizadas mais pesquisas utilizando a energia líquida dos ingredientes, em lugar da energia metabolizável, outro método que deverá favorecer a sustentabilidade do ambiente e que deverá supor um reforço positivo para o conceito de nutrição de precisão. Além de melhorar a avaliação da digestibilidade dos ingredientes, os nutricionistas deverão considerar o aumento de número de fases de produção, visto que isso reduz o desperdício de nutrientes. A adoção de cinco fases, em comparação com três fases da alimentação de frangos de corte, aumenta a precisão da lisina.


x4

3

fases

Brewer et al. (2012b) trabalharam com três linhas genéticas e alimentaram frangos de corte empregando três fases:

días

0-18 dias

Observaram ainda Brewer et al., –2012a– resultados similares quando trabalharam com quatro linhas genéticas, em um período de 17 a 58 dias de idade, mudando também as dietas a cada dois dias.

19-32 dias

Após os 19 dias de idade, alimentaram as aves mudando as dietas a cada dois dias.

Resultados

33-40 dias

17-58

2

A alimentação em fases de dois dias, durante o período total - de 19 a 40 dias de idade - não afetou o ganho de peso, porém melhorou a eficiência da alimentação em duas de três linhas genéticas e não comprometeu o peso do filé em todas as linhas genéticas. A alimentação por fases de dois dias reduziu significativamente o consumo de proteínas e aminoácidos, razão pela qual o custo da alimentação foi menor que o do sistema convencional, de três fases.

O principal benefício da alimentação por fases de dois dias foi a redução do custo de produção, devido a um menor consumo de nutrientes e energia. Os resultados confirmaram os observados por Angel et al. (2006).

alimentação

x3

Conclusões

1

Passando de quatro a seis fases de produção de frangos de corte — 0 a 42 dias de idade — e complementando as seis dietas com aminoácidos — lisina, metionina, treonina, isoleucina, valina, arginina e triptofano —, os pesquisadores identificaram que a excreção de nitrogênio foi reduzida em 40%, em comparação com a proposta controle de quatro fases.

Com a nova compreensão da importância da alimentação por fases, é importante considerar as limitações da estrutura da planta de alimentos quando se desenvolve um projeto novo de moinho de alimento e sua proposta de logística, de modo que a nova estrutura não se torne um gargalo da produção.

35 aviNews América Latina Setembro 2018 | nutriNews Brasil 2º trimestre 2019


Alimentação por sexo Geralmente a alimentação por sexo é um tema polêmico entre nutricionistas, técnicos e gerentes de plantas de alimento e de processamento. Mas, no futuro, uma abordagem crescente na sustentabilidade exigirá que todas as áreas de produção contribuam logisticamente para a melhoria da atividade, fortalecendo a produção por sexo separado.

Produção por sexo separado

alimentação

Existem diferenças suficientes para justificar a produção por sexo separado entre os seguintes fatores: Velocidade de crescimento de machos e fêmeas. Composição corporal. Exigências de nutrientes. Comportamento das aves no galpão.

A produção por sexo separado promove a redução do custo da alimentação e, o que é mais importante, a redução da variabilidade do peso de abate

Produção por sexo misto

A produção de sexo misto pode duplicar a variabilidade do peso corporal, piorando a eficiência de alimentação dos machos e aumentando sua mortalidade, devido aos dias adicionais na granja.

36 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | O futuro da indústria avícola

Na produção de sexo misto, os machos precisarão permanecer nas granjas por mais tempo, para levar o peso a um valor médio específico que as fêmeas não podem atingir.


M

O manual da Aviagen, para frangos da linha 308 (2014), e o manual da Cobb, para frangos da linha 500 (2015), não oferecem informações sobre as diferenças nas exigências nutricionais por sexo. No entanto, a Aviagen (2014) sugeriu que, no caso de utilizar a alimentação por separado, devem considerar-se alterações nos níveis dos nutrientes e de energia.

Estas considerações foram confirmadas por Faridy et al. (2015), quando, empregando metanálises, avaliaram dados das linhas Cobb e Ross, concluindo que os machos requerem mais lisina do que as fêmeas e que existe uma diferença no requisito de lisina conforme a linha.

aumento de proteína crua da dieta.

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Y

Y

Os frangos de corte de cada uma destas linhas, requerem diferentes alimentos e nutrientes para cada um dos sexos e das fases.

A exigência de lisina aumenta com o

M

Y

Tanto o manual da Aviagen quanto o da Cobb mostram diferenças na velocidade de ganho de peso e na conversão alimentar de diferentes sexos.

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Tamanho da partícula e granulação Os nutricionistas e os gerentes de plantas de alimentos devem considerar mais o tamanho das partículas e a qualidade de pellets de alimento. O alimento com um tamanho de partícula maior promove: Melhor desenvolvimento da moela. Melhor motilidade gástrica e refluxo gastroduodenal. Melhora da digestão de nutrientes.

alimentação

Redução da entrada de patógenos no intestino (Amerah et al., e outros)

Dietas peletizadas Os frangos de corte, alimentados com dietas peletizadas mostraram melhor rendimento do que aqueles alimentados com dietas farináceas, com uma melhoria diretamente relacionada à qualidade do grão (McKinney y Teeter, 2004). Os pellets: Permitem maior densidade do alimento. Favorecem a ingestão do alimento. Reduzem a energia para o consumo.

As partículas grandes exigem menos energia durante a apreensão do alimento, já que as aves requerem menos atividade para ingerir a mesma quantidade de alimento (Amerah et al., 2007) e as plantas de alimento economizam energia, ao reduzir o tempo de moagem (Reece et al., 1986).

Amerah et al. (2007) acrescentaram que o pellet melhora a atividade intestinal, como demonstra o aumento na altura das vilosidades e a sua relação com a profundidade das criptas.

38 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | O futuro da indústria avícola

Favorecem a digestibilidade do amido e das proteínas e a redução do desperdício de alimento.

Naderinejad et al. (2016), demonstraram que o tamanho de partícula de milho grosso e dietas peletizadas melhoram o desenvolvimento e a função da moela e melhoram o uso de nutrientes e energia do alimento, permitindo um melhor rendimento dos frangos.


Aditivos – enzimas

As enzimas são proteínas que podem melhorar a digestão de nutrientes e energia, mas também oferecem nutrientes e energia aos animais que a consomem. Nos últimos 15 a 20 anos, as tecnologias de desenvolvimento das enzimas cresceram muito rapidamente e continuarão crescendo.

alimentação

Definição

A pregunta é: como substituir os antibióticos melhoradores de crescimento sem comprometer a produtividade dos frangos de corte? Nesta linha estão enzimas, antioxidantes, prebióticos, probióticos, óleos essenciais, ácidos orgânicos, polifenóis, etc.

Em 1996, Cowan et al. já disseram que as enzimas poderiam melhorar na digestibilidade dos ingredientes e a absorção dos nutrientes e energia. Além disso, Penz Jr. e Bruno (2010) reforçaram que o emprego das enzimas reduz a excreção de contaminantes nos resíduos animais.

Existem muitas enzimas disponíveis para ajudar na digestão de fósforo, cálcio, carboidratos, proteínas e lipídios das dietas oferecidas aos animais. Mas as enzimas nem sempre funcionam com uma eficiência de 100%, porque são fontes exógenas.

39 aviNews América Latina Setembro 2018 | nutriNews Brasil 2º trimestre 2019


Para que as eficiências do uso das enzimas aumente, os nutricionistas precisam tomar decisões corretas. Deve avaliar-se se as combinações das enzimas com os demais ingredientes da dieta são adequadas e que a dieta tenha disponibilidade do substrato para que as enzimas atuem. Abunda a bibliografia que descreve a forma como as enzimas atuam e quando devem ser empregadas. Os nutricionistas devem considerar o uso de enzimas como outra possibilidade de fazer com que a produção avícola seja mais sustentável do ponto de vista ambiental.

alimentação

Se considerarmos que as enzimas melhoram o uso dos nutrientes e da energia, contribuem para a redução e eliminação de resíduos e a contaminação do ambiente com nitrogênio e fósforo. Graças à produção de frangos de corte livres de AGP, a saúde intestinal é mais importante que nunca. Cerca de 70% da resposta imune das aves é proporcionada pela estimulação das células do trato digestivo e as enzimas, bem utilizadas, têm um efeito único e positivo sobre as respostas imunes dos frangos, desde o intestino.

O futuro da indústria avícola

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40 aviNews América Latina Setembro 2018 | O futuro da indústria avícola




MUDANÇAS NUTRICIONAIS

nutrição

QUE DEVEM SER CONSIDERADAS EM UM AMBIENTE LIVRE DE ANTIBIÓTICOS PROMOTORES Leeson DE CRESCIMENTO Steeve Professor Emérito, Universidade de Guelph

A

digestibilidade sempre foi um tema de estudo de interesse para os nutricionistas da avicultura. Durante

os últimos 50 anos, chagamos a apreciar o papel de várias regiões do trato digestivo e seu impacto na digestão, absorção e maturidade das aves. Dado que o período de desenvolvimento dos frangos de corte foi reduzido, a importância destas funções no período inicial aumentou. Hoje em dia, é difícil atingir um peso na idade de abate normal, se houver atraso na taxa de crescimento, independentemente do motivo, durante os primeiros sete dias de crescimento.

43 aviNews Brasil Junho 2019 | Mudanças nutricionais que devem ser consideradas em um ambiente livre de antibióticos promotores de crescimento


O estudo da digestão em aves jovens revelou que a capacidade de digestão nos pintos é ainda “imatura” e uma nova indústria emergiu, suplementando o alimento com uma variedade de enzimas e outros suplementos projetados para limitar a digestão precoce. O pinto nasce com um intestino praticamente livre de micróbios, por isso os colonizadores precoces tendem a predominar. Os nutrientes sem digerir estarão disponíveis para favorecer o crescimento microbiano nas porções distais do intestino e ceco, e caso incluam bactérias patógenas, o pinto estará em desvantagem. A microbiota intestinal “normal” se desenvolve rapidamente, de forma que a carga bacteriana e

nutrição

as espécies presentes na bandeja de incubação, durante a entrega e durante os primeiros dias na granja, determinarão a colonização precoce.

O conceito Nurmi de manipulação da microbiota intestinal se baseia na introdução precoce de micróbios não patógenos. Idealmente, esses micróbios ajudarão a prevenir a colonização por patógenos e a exclusão competitiva (CE Competitive Exclusion) sem dúvida é uma das ferramentas de manejo do futuro empregada na produção de frangos de corte.

O desenvolvimento precoce e rápido do epitélio intestinal é outro pré-requisito para uma digestão normal. As vilosidades e microvilosidades intestinais crescem rapidamente nos primeiros dias e, qualquer atraso neste processo, levará a uma redução na captação de nutrientes, aumentando sua disponibilidade para os patógenos anaeróbios.

44 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Mudanças nutricionais que devem ser consideradas em um ambiente livre de antibióticos promotores de crescimento


A presença de patógenos, micotoxinas e toxinas animais e vegetais retardam o desenvolvimento das microvilosidades. A seleção de ingredientes de alta digestibilidade, livres de toxinas naturais, é importante para garantir um desenvolvimento intestinal inicial rápido.

como consequência da fermentação de polissacarídeos não amiláceos, é importante para o desenvolvimento das microvilosidades.

Algumas bactérias são capazes de colonizar porque são capazes de degradar esta camada protetora da mucosa.

À medida que o epitélio se desenvolve

A Helicobacter pylori, bactéria causadora

dentro das microvilosidades, a mucosa

de úlceras gástricas nas pessoas, segrega a

secretada age como uma importante

enzima urease que destrói o revestimento

barreira contra a colonização patógena

mucoso, expondo a parede gástrica à

e a autodigestão pelas próprias enzimas

ação do ácido clorídrico e à pepsina do

digestivas da ave.

estômago. Seria interessante estudar a

nutrição

O ácido butírico, seja no alimento, seja

microbiota intestinal de aves alimentadas com uma farinha de soja rica em urease. Atualmente, o destino dos nutrientes não digeridos está adquirindo a mesma importância que o dos nutrientes digeridos. No passado, considerava-se que 12-20% de ingredientes indigestíveis eram um problema associado à consistência das fezes e à qualidade da cama.

Agora sabemos que o material indigestível influencia no crescimento microbiano, especialmente no intestino grosso e ceco.

Potencializar o crescimento microbiano poderá ter uma enorme importância em um cenário em que já não se utilizem antibióticos promotores de crescimento, principalmente em ausência dos ionóforos anticoccidianos.

45 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Mudanças nutricionais que devem ser consideradas em um ambiente livre de antibióticos promotores de crescimento


Digestão de carboidratos A maior parte da digestão ocorre no jejuno. Aproximadamente 60-70% do amido presente nos cereais se encontra em forma de mono- ou dissacarídeos - no momento em que a digestão chega ao íleo proximal, enquanto 95% do amido está digerido quando chega ao íleo terminal.

O principal fator que influencia na digestão de carboidratos é o conteúdo em polissacarídeos complexos, como celulose e

nutrição

lignina. Há muito pouca lignina em dietas à base de milho-SBM

Apesar de até 10% da celulose dietética

(farinha de milho e soja),

desaparecer no trato digestivo, a maior

de forma que a celulose se

perda se associa a à atividade microbiana no

torna o principal limitante da

intestino grosso e ceco, onde os produtos da

digestibilidade.

digestão têm utilidade limitada para a ave, porém favorecem o crescimento microbiano. Existem outros polissacarídeos que são de maior interesse para os nutricionistas da avicultura, como as hemiceluloses, pentosanas, β-glucanos e oligossacarídeos (estaquiose e rafinose) encontradas na farinha de sementes de oleaginosas e que, em seu conjunto, são conhecidas como polissacarídeos não amiláceos. Geralmente, há uma correlação negativa entre a digestibilidade dos carboidratos e o conteúdo de altos níveis de pentosanas e β-glucanos. Infelizmente, esses polissacarídeos não digeridos têm o efeito adverso de absorver grande quantidade de água da digestão, criando um meio de maior viscosidade.

46 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Mudanças nutricionais que devem ser consideradas em um ambiente livre de antibióticos promotores de crescimento


Em consequência, diminui a

Os alfa-galactossacarídeos, comumente

possibilidade de contato de todos os

conhecidos como oligossacarídeos,

substratos com as enzimas digestivas

representam até 12% dos carboidratos

e todos os produtos digeridos podem

presentes na farinha de soja. Os

não chegar às microvilosidades

componentes mais comuns são estaquiose,

intestinais.

rafinose e celobiose.

Esses carboidratos complexos reduzem a digestibilidade de todos os nutrientes presentes no bolo alimentar, não somente dos carboidratos, levando irremediavelmente a um supercrescimento bacteriano.

Por sorte, atualmente é possível adicionar ao alimento enzimas exógenas, como a xilanase e a β-glucanasa, eliminando os problemas associados à viscosidade do alimento, melhorando a digestibilidade dos nutrientes e conseguindo um melhor equilíbrio da microbiota intestinal.

Embora possam ser extraídos com etanol, esses oligossacarídeos não são retirados da soja mediante a extração química de gordura com hexano, sendo seu resíduo parcialmente responsável pela baixa quantidade de energia digestível da farinha de soja destinada à avicultura. Devido à ausência de atividade β-galactosidase na mucosa intestinal, há interesse na adição de enzimas exógenas ao alimento e/ou extrair os polissacarídeos mediante etanol. O proventrículo é o primeiro ponto de degradação proteica, graças à ação de


Digestão de proteínas secreções que incluem ácido clorídrico e a enzima pepsina. Antes da chegada do alimento ao proventrículo e à moela, o pH das secreções pode ser tão baixo como 1,5-2, mas sob as condições tamponadoras do alimento, o pH aumenta para 3,5-5. Uma moela ativa, com um pH baixo, tem grandes propriedades antibacterianas, embora tenha menor impacto sobre a passagem dos oocistos de coccídios.

nutrição

Uma parte considerável da proteína

endógena entra no trato digestivo em forma de saliva, sucos gástricos, sucos pancreáticos, células epiteliais descamadas da mucosa intestinal e mucinas. Esta proteína endógena não deve ser confundida com as perdas de nitrogênio endógeno através da urina, já que a proteína endógena é digerida e utilizada pelo animal, enquanto o nitrogênio endógeno perdido através da urina deve ser restituído diariamente mediante proteína dietética adicional. O aumento do fluxo de nitrogênio endógeno no intestino grosso implica um maior potencial de supercrescimento microbiano.

48 aviNews Brasil Junho 2019 | Mudanças nutricionais que devem ser consideradas em um ambiente livre de antibióticos promotores de crescimento


Digestão de gorduras A digestão e a absorção de gorduras ocorre, principalmente, no intestino delgado. A atividade da lipase aumenta rapidamente durante os 10 primeiros dias de vida. Por exemplo, no duodeno, a atividade da lipase aumenta em até 100 vezes entre os 4 e 15 dias após o nascimento.

propriedades emulsionantes dos sais biliares, já que as lipases somente são

Os componentes insolúveis em água, como os ácidos graxos e os monoglicerídeos,

ativas em uma interface óleo-água.

não podem formar micelas por si só, mas

Os ácidos graxos da cadeia média e os

sais biliares conjugados. Ácidos graxos

triglicerídeos parecem não precisar do

saturados, como os ácidos palmítico e

pré-requisito da formação de micelas

esteárico, são apolares, têm pontos de

antes da digestão e absorção, por isso são

fusão elevados e somente são levemente

ingredientes interessantes no caso das

solúveis na emulsão com sais biliares. No

dietas iniciais.

entanto, são notavelmente solúveis na

formam micelas mistas estáveis com

nutrição

A digestão é potencializada pelas

presença de uma micela mista. O equilíbrio entre ácidos graxos saturados e insaturados, presentes na dieta, e a quantidade de sais biliares são fatores importantes na absorção de gorduras. Se um ácido graxo saturado se encontrar na posição 2 de um triglicerídeo, será absorvido facilmente dado que os monoglicerídeos com ácidos graxos saturados são mais bem absorvidos do que quando se encontram em forma de ácidos graxos saturados livres.

49 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Mudanças nutricionais que devem ser consideradas em um ambiente livre de antibióticos promotores de crescimento


Formulação de alimentos balanceados Embora as dietas à base de farinha de soja sejam consideradas o padrão na avicultura, há evidências de que sua digestibilidade é subotimizada no caso do pinto jovem. Comparado com os valores esperados, há uma redução de até 10-15% na Energia Metabolizável Aparente e na digestão de aminoácidos em pintos de menos de 5-10 dias de vida.

nutrição

No caso da formulação de dietas iniciais, a ideia é corrigir tais

O aminoácido limitante para os

deficiências e incrementar a

clostrídios parece ser a lisina e a serina.

taxa de crescimento precoce e/

Limitar seu fluxo para o intestino

ou reduzir o supercrescimento

grosso usando proteínas animais caras

microbiano.

é uma estratégia para minimizar o supercrescimento bacteriano.

No estudo da saúde intestinal somos muito

A aplicação de técnicas mais inovadoras,

limitados por nossa falta de conhecimento,

incluindo a identificação do DNA

com precisão, da microbiota normal

dos micróbios, poderia lançar luz

presente nas aves saudáveis.

sobre a complexidade da microbiota,

Sugeriu-se que as técnicas convencionais de cultivo conseguem isolar, no máximo,

principalmente sobre como mudam em resposta a diferentes tipos de dieta.

apenas 5% das espécies bacterianas presentes no intestino.

50 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Mudanças nutricionais que devem ser consideradas em um ambiente livre de antibióticos promotores de crescimento


Perspectivas para o futuro

Independentemente das estratégias

Otimizar a digestão, ou melhor, minimizar

dos patógenos na produção, devemos

a indigestão, é uma estratégia viável para

lembrar que os micróbios são oportunistas

limitar o supercrescimento microbiano

com uma surpreendente capacidade para

no intestino e ceco. Não há um substituto

adaptar-se aos novos ambientes.

empregadas na prevenção da proliferação

simples para os antibióticos promotores do crescimento, sendo necessário que as diretrizes de manejo do futuro sejam

Provavelmente, nenhuma estratégia

multifacetadas.

será efetiva a longo prazo. Por isso, devemos estar preparados para ser

Na Tabela 1 são recopiladas algumas

flexíveis com nossos programas

das abordagens para limitar o fluxo de

dietéticos, suplementos alimentares

nutrientes para os patógenos intestinais. Há

e práticas de manejo.

uma oportunidade para a alimentação com dietas iniciais especializadas e, embora sejam mais caras em comparação com as dietas convencionais, têm o potencial de além dos observados no momento de seu

Tabela 1. Ações potenciais para limitar o fornecimento de nutrientes para os patógenos intestinais

nutrição

proporcionar benefícios a longo prazo, fornecimento. Atualmente, existe uma ampla lista de “alternativas” aos antibióticos promotores de crescimento e, sem dúvida, muitas

Área Nutrientes do alimento

Reduzir o excesso de N Limitar os NDPs Adequar o perfil de ácidos graxos à idade da ave Planejamento da dieta (mudanças)

Ingredientes presentes no alimento

Limitar as proteínas de qualidade “baixa” Otimizar a qualidade da gordura Reforçar os procedimentos QA (Quality Assurance) para as aves jovens Monitorar a qualidade das dietas SBM

Fabricação do alimento

Preparação térmica? Tamanho da partícula dos ingredientes Calor/tempo do procedimento QA Dietas iniciais

Suplementação alimentar

Enzimas Probióticos Prebióticos Mananoligossacarídeos (MOS) etc. Ácidos orgânicos Triglicerídeos de cadeia média Nutrição In-ovo

Manejo

Temperatura de incubação Condições da cama

delas são incorporadas pela indústria de produção de frangos de corte. Conforme aprendemos mais sobre as populações bacterianas, adquirimos conhecimentos sobre suas necessidades nutricionais e suas condições de proliferação. Nosso entendimento da interação entre as populações microbianas e a digestão não deve desviar nossa atenção da importância dos princípios básicos do manejo dos frangos de corte. As práticas de incubação têm cada vez mais importância na

Ação

otimização da função intestinal normal e na minimização da proliferação de patógenos.

Mudanças nutricionais que devem ser consideradas em um ambiente livre de antibióticos promotores de crescimento

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51 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Mudanças nutricionais que devem ser consideradas em um ambiente livre de antibióticos promotores de crescimento


EFEITO DA

FORMA FÍSICA

fabricação

DA RAÇÃO PARA FRANGOS DE CORTE SOBRE A QUALIDADE DA CARCAÇA

José Ignacio Barragán Consultor avícola

O

problema da qualidade de carcaça em frangos de corte é tão antigo quanto os centros de produção, sendo cada época marcada por diferentes problemas. Rupturas de ossos Qualidade de pele

Mais recentemente há dois grupos de problemas que geram uma grande preocupação nos abatedouros:

Pododermatite

Hematomas

52 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Efeito da forma física da ração de frangos para corte sobre a qualidade da carcaça

Miopatias do peito


Pododermatite Representa não só uma significativa perda econômica (já que, às vezes, a venda das patas representa um dos capítulos de receitas mais importantes para os abatedouros), mas também um grave problema de bem-estar, com as correspondentes derivações de opinião pública e de controle da administração.

Miopatias

fabricação

São processos de aparecimento relativamente recente, que, em diferentes graus e relevância, afetam a quase todos os produtores na Europa. Independentemente de que falemos das clássicas miopatias do: Peitoral profundo Peito amadeirado Peito estriado Peito de espaguete (mais recentes e aparentemente graves)

O problema é importante para muitos produtores pelas perdas geradas nos cortes, assim como pelas reclamações relacionadas às carcaças que são vendidas inteiras (muito mais graves sob o ponto de vista da imagem da empresa).

53 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Efeito da forma física da ração de frangos para corte sobre a qualidade da carcaça


Manejo –as pododermatites Genético e ambiental –as miopatias Em qualquer caso - e fazendo boa a premissa de que qualquer coisa que ocorra, o primeiro diga-o ao nutricionista, para ver se ele o corrige -, há algumas coisas que podem ajudar em ambas situações.

Mais além do evidente de reduzir densidades, ou empregar material de cama de qualidade, ou manter a umidade da instalação controlada, pode passar por melhorar a digestibilidade do alimento proporcionado aos frangos. Dietas mais digestíveis, possivelmente, reduzirão a presença de água, proteína e gordura em fezes, moderando o risco de presença de lesões podais.

Problemas de peito

O que podemos fazer, os nutricionistas, para a redução das pododermatite e problemas de peito?

Pododermatite

fabricação

A necessidade de solucionar os problemas de pododermatite e miopatias levou à busca de uma infinidade de alternativas nutricionais, com um êxito pelo menos relativo

Não é simples solucionar, via nutricional, problemas que têm um forte componente de:

Quanto aos problemas de peito, os últimos trabalhos indicam que a modulação da velocidade de crescimento dos frangos pode ajudar a reduzir seu efeito. Considera-se que, uma elevada taxa de crescimento nos períodos intermediários da vida dos animais, é um dos fatores de risco mais significativos destes problemas.

O emprego de pré-iniciadores mais “aceleradores”, para garantir um tecido muito povoado de células, junto com uma pequena redução do crescimento nos estágios intermediários da criação parece ajudar, significativamente, a reduzir sua incidência.

54 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Efeito da forma física da ração de frangos para corte sobre a qualidade da carcaça


Em algumas empresas é possível avaliar que a combinação de frangos com maus arranques, que logo alcançam altos ganhos e são abatidos a um peso elevado, é o que gera um número mais significativo de miopatias.

Modificação da forma física do alimento Para combinar a melhora da digestibilidade da dieta, com a redução do ganho de peso, é possível considerar a modificação da forma física do alimento.

ulo Fa rinha

fabricação

Grân

Independentemente dos efeitos que o uso de dietas de frangos em forma de grânulo, ou de farinha, tem sobre o resultado técnico - o que foi suficientemente considerado em muitos e diferentes fóruns (e que não vamos valorizar agora, com o objetivo de não alongar desnecessariamente este artigo) - podemos considerar outros possíveis efeitos do emprego de dietas de granulometria diferente.

55 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Efeito da forma física da ração de frangos para corte sobre a qualidade da carcaça


Sobre as pododermatites

Sabemos que as pododermatites são reduzidas, de forma considerável, ante o emprego de dietas com trigo inteiro misturado com a ração. E sabemos que isto se deve a uma notável melhora da digestibilidade da dieta associada ao tamanho de partícula e, por extensão, ao peso da moela.

Sobre as miopatias

Trigo inteiro misturado com a ração

Infelizmente, o trigo misturado com a ração pode reduzir a velocidade de crescimento, mas por vezes o aumenta. E, por isso, este sistema acaba por não servir pra o caso das miopatias.

Dietas com farinha grossa Podemos dizer algumas coisas, com certa segurança, no caso da utilização de dietas em farinha grossa: O consumo é manifestamente reduzido, especialmente nos primeiros dias de seu uso. Como consequência, ocorre uma evidente redução do ganho de peso (mais significativa em frangos abatidos com menor peso, mas que é onde menos se apresentam os problemas de miopatias).

Sistemas para reduzir o ganho de peso

fabricação

Diante das miopatias, diferentes autores, e a experiência prática, indicam que reduzir levemente a velocidade de crescimento dos animais parece ter um certo efeito sobre estes problemas. Mesmo que ainda falte muito a ser verificado de forma correta.

A mortalidade costuma se reduzir, embora seja difícil fazer avaliações estatísticas deste valor.

Restrição qualitativa, com o ajuste dos níveis de lisina da dieta, de forma significativa, no período intermediário da vida. Redução quantitativa dos frangos. Na granja experimental do CEU foi desenvolvido um teste muito interessante sobre a restrição quantitativa, que indica uma redução muito evidente do crescimento e do IC em frangos restringidos, inclusive com o emprego de dietas em forma de farinha (sempre grossa), desde os 18, aos 20 dias de vida dos animais.

% Carcaça

% Gordura abdominal

% Peito

Pellet boa qualidade

70,61

2,09

20,65

Pellet má qualidade

71,67

1,92

20,92

Pellet mais milho

70,05

1,96

20,63

Farinha

69,45

2

20,18

56 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Efeito da forma física da ração de frangos para corte sobre a qualidade da carcaça


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O índice de conversão se mantém bastante estável, sem grandes diferenças, geralmente a favor do granulado em caso de se dar.

Em geral, relata-se uma significativa melhora da qualidade das camas.

Alguns trabalhos indicam uma redução apreciável do rendimento de carcaça dos animais, mesmo que estes aspectos já não estejam tão claros.

um passo adiante HIGIENE | SAÚDE | PRODUÇÃO

Assim, em um trabalho de W. A. Dozier, III K. C. Behnke C. K. Gehring S. L. Branton, publicado em The Journal of Applied Poultry Research, Volumen 19, Issue 3, 1 Setembro de 2010, se indica uma apreciável redução do rendimento de carcaça e de peito em frangos alimentados em farinha, comparados com outros alimentados com pellet de alta e baixa qualidade, ou pellet misturados com milho partido.

Dar um passo adiante em nutrição animal é apostar na pesquisa e desenvolvimento constante.Dar um passo adiante é antecipar-se às mudanças da indústria pecuária e oferecer produtos e serviços de qualidade máxima. Dar um passo adiante é tornar nossos, os desafios de cada um de nossos clientes.


Em outro trabalho de Mingbin e Zhengguo, publicado na Animal Nutrition em 2015, não foram encontradas diferenças significativas nos rendimentos em carcaça, quartos traseiros ou peito de frangos alimentados com rações em migalha/grânulo ou farinha toda a vida, com diferentes graus de trituração.

Em um teste realizado na Granja Experimental do CEU, em Valência, não encontramos diferenças, no abatedouro, entre os frangos alimentados com grânulo, ou os alimentados desde os 21 dias com farinhas grossas quanto ao peito ou intestino grosso, embora sim em peso da moela e do intestino delgado:

Os frangos alimentados em farinha apresentaram uma porcentagem de peito superior, à medida que aumentava-se o tamanho de partícula Moela/peso desang.

I.D/peso desang.

I.G/peso desang.

Peito/peso desang.

1,23%

1,70%

0,37%

20,73%

0,68%

1,53%

0,35%

20,82%

Pellet

<0,001

0,001

0,395

0,857

fabricação

Farinha Grânulo

Também não foram encontradas diferenças na cor da carcaça ou em seu pH, indicando um comportamento similar no abate:

L

a

b

pH peito

Farinha

47,595

1,855

-1,335

6,483

Grânulo

49,092

1,993

-1,004

6,407

Pellet

0,265

0,691

0,481

0,345

58 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Efeito da forma física da ração de frangos para corte sobre a qualidade da carcaça


Em minha própria experiência - e naquelas circunstâncias onde foi possível medir com certo critério alguns parâmetros de qualidade - o emprego de dietas em forma de farinha melhora, de forma mais o menos evidente, a porcentagem de frangos de segunda no abatedouro e os problemas de pododermatite, sem uma clara diferença quanto ao rendimento, que sim encontramos às vezes com valores normalmente menores ao meio ponto, mas que em outras situações não aparecem.

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É certo que a moela é maior - e que isto pode ser ou não um problema - e, com frequência, há restos de trigo em seu interior, podendo ser isto um problema mais ou menos evidente em certos abatedouros. Em alguns estudos publicados não há uma diferença notável nos problemas de peito detectados com os dois tipos de alimento, embora ainda nos falte muito conhecimento destes processos para poder afirmar com critério uma coisa, ou outra.

fabricação

Em qualquer caso, e sempre que seja interessante reduzir o crescimento dos animais, sem prejuízo significativo do custo de produção ou dos resultados, o emprego de dietas em farinha grossa pode ser uma alternativa que deve, ao menos, ser considerada.

60 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Efeito da forma física da ração de frangos para corte sobre a qualidade da carcaça


Os aspectos que seguramente se darão com o emprego de dietas em farinha são: Redução do consumo de ração, sobretudo ao princípio de seu uso. Redução da velocidade de crescimento, também mais ao princípio. O IC é mantido, ou pode aumentar suavemente. Geralmente a mortalidade é reduzida. Relata-se melhora da qualidade das camas (olho, dependendo das circunstâncias da empresa)

fabricação

Costuma-se estimar uma redução das segundas do abatedouro. Relata-se redução do rendimento entre 0 e 0,5 pontos. Aparece, em maior ou menor quantidade, algum resto de trigo na moela, que aumenta significativamente de tamanho.

Cada empresa deve avaliar seu uso ou não, em função de sua própria situação e estado de problemas. Como sempre, não há um edredom que sirva para todas as camas.

Efeito da forma física da ração para frangos de corte sobre a qualidade da carcaça

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61 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | Efeito da forma física da ração de frangos para corte sobre a qualidade da carcaça


AS

ALGAS NA ALIMENTAÇÃO DE

RUMINANTES Fernando Bacha

matérias-primas

Diretor técnico da NACOOP

A

s algas pertencem à lista não exaustiva positiva de matériasprimas para a alimentação animal

da União Europeia, aparecendo com duas denominações: Farinha de algas: algas secas, farinha de algas, óleo de algas, extrato de algas. Farinha de algas procedente das microalgas.

62 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | As algas na alimentação de ruminantes


Embora seu uso atual seja marginal devido

As algas já vem sendo utilizadas, nas

ao seu custo relativamente alto, as algas se

regiões costeiras, regiões “pobres e

perfilam como futuras fontes de proteínas

desfavorecidas”, para alimentar animais,

porque o setor da nutrição animal precisa

tal e como também se deu na Europa,

encontrar fontes de proteínas alternativas

nas zonas costeiras do Atlântico na

à tradicional soja, além de fontes de

França durante a Primeira Guerra

novos aditivos como pigmentos naturais,

Mundial, devido à escassez de aveia e

carotenoides e ácidos graxos poli-

forragem.

insaturados, para melhorar a qualidade de produtos de origem animal. A proibição dos promotores de crescimento

Os primeiros testes de

desde 1 de janeiro de 2006, obrigou os

suplementação na dieta de

profissionais da indústria a buscarem

animais que são destinados

soluções naturais alternativas nesta área

ao consumo (suínos, aves e

e, graças ao efeito dos oligossacarídeos

cavalos) mostraram que as algas

das algas que atuam como prebiótico, elas

matérias-primas

tinham boa aceitabilidade,

podem ser parte da solução.

digestibilidade e assimilação.

Estes ensaios continuaram e descobriram um efeito benéfico da incorporação de 5-10% de algas frescas na ração.

1960-1980 Nos anos 1960-1980, quantidades significativas de Fucales (algas pardas dos gêneros Fucus e Sargassum) em farinha eram incorporadas nas dietas dos animais.

63 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | As algas na alimentação de ruminantes


Aplicações específicas na nutrição animal

ASCOPHYLLUM NODOSUM A Ascophyllum nodosum é utilizada como ingrediente tecnológico sequestrante de cálcio.

MACROCYSTIS MARROM PYRIFERA A alga Macrocystis marrom pyrifera é utilizada para fazer conjugados com oligoelementos.

O intercambio de iões (cálcio substituído por sódio) ocorre quando a farinha é dispersada na água e as propriedades reológicas do alginato são ativadas como espessante gelificante.

São formadas misturas de sulfatos com oligoelementos -cobre, zinco, ferro e manganésio- que são desidratadas

matérias-primas

passando a pasta através de cilindros, obtendo um produto pastoso. Estes produtos, chamados SQM, têm o objetivo de melhorar a biodisponibilidade dos oligoelementos.

ALGAS COMO ANTI-HELMÍNTICOS Como tratamento anti-helmíntico são usadas certas algas como: Alsidium helminthocorton chamada “Espuma Córcega”. Oxyuricida é usada tradicionalmente em

Os alginatos localizados nas paredes

crianças, com o mesmo fim, de forma seca

das algas têm a capacidade de

ou cozida.

fazer iões de quelatos divalentes e

Diginea é usada comumente na Ásia, bem

multivalentes. A estabilidade dos complexos formados dependerá da estrutura dos alginatos.

como em Cuba, e Ulve Durvillaea na Nova Zelândia. Dois metabólitos são os responsáveis pela atividade desparasitante ou anti-helmíntica:

As florestas glucuronatos (sais de

o ácido caínico (3-carboximetil-4-isopropenil

ácido glucurônico) formam quelatos

prolina e ácido domóico ou 3-carboximetil-

enquanto as florestas mannuronates

4-carboximetil hexa-1,3 dienilo) e a prolina,

formam complexos de forma alternativa

estruturalmente ácidos próximos ao ácido

menos estáveis.

glutâmico.

Os oligoelementos são liberados gradativamente, de acordo com as

O ácido caínico e a prolina são

condições físico-químicas e as etapas

moléculas eficazes contra os

da digestão.

oxiúros e lombrigas.

64 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | As algas na alimentação de ruminantes


Propriedades nutricionais das algas

Embora o uso das algas na nutrição seja marginal devido ao custo relativamente alto da matéria-prima, suas propriedades nutricionais, ou sua capacidade para utilizá-las como aditivo, despertam um grande interesse, dada a presença conjunta de minerais, fibra, proteína, vitaminas e lipídios, que as fazem estar na primeira linha

CONTEÚDO EM MINERAIS

CONTEÚDO EM CAROTENOIDES

Os minerais podem representar até

As algas contém pigmentos carotenoides:

36% de massa seca.

Xantofilas: fucoxantina e luteína,

Esta fração oferece uma grande diversidade de:

zeaxantina Caroteno: β-caroteno, essencialmente

Macro elementos tais como sódio, cálcio, magnésio, potássio, cloro, enxofre e fósforo.

Além da pigmentação, graças às suas

Micronutrientes essenciais como iodo, ferro,

propriedades, os carotenoides são

zinco, cobre, selênio, molibdênio e outros

usados como poderosos antioxidantes

elementos traço em sua composição como

capazes de fixar o oxigênio e desativar

flúor, manganésio, boro, níquel e cobalto.

os radicais ricos em peróxidos.

O caso do iodo é especial, porque estudos em suínos demonstraram que a suplementação de 30 mg de iodo por kg de alimento, aumentou o conteúdo de iodo em músculo de 23 μg a 138 μg por kg. Resultados similares foram obtidos em bovino e galinhas poedeiras.

matérias-primas

de pesquisa e desenvolvimento.

A inclusão de algas ricas em Carotenoides na alimentação de vacas leiteiras reduz a recontagem de células somáticas e melhora os parâmetros reprodutivos, o que nos faz pensar em uma melhora da atividade imunológica.

65 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | As algas na alimentação de ruminantes


CONTEÚDO EM FIBRA O conteúdo total de fibra nas algas oscila entre 32% e 50%. Dentro das fibras insolúveis, há uma fração celulósica presente, em baixa proporção, especialmente nas algas vermelhas.

A fibra solúvel é usualmente associada com a capacidade de hidratação, comportamento (absorção, retenção, inchaço) que influencia no trânsito do bolo no estômago e intestino delgado, podendo ter efeitos hipoglucêmicos e sobre o colesterol.

A fibra insoluble está associada aos efeitos sobre a diminuição do tempo de trânsito no cólon. A fração de fibra solúvel representa 51% a 56% das fibras totais em algas verdes e

matérias-primas

vermelhas, e 67 a 87% nas algas marrons. Os polissacáridos solúveis podem ser considerados como a fração mais importante das algas vermelhas (Gracilaria verrucosa, Chondrus crispus, Laver, Palmaria palmata). Trata-se de agares, carragenina e xilano. Os agares e carrageninas são polímeros sulfatados de galactose e anidrogalactose. Os xilanos são polímeros de xilose neutral. Para algas marrones (Ascophyllum nudoso, Fucus vesiculosus, Himanthalia elongata, Undaria pinnatifida), as fibras solúveis são

Classificação segundo a degradação pelas bactérias intestinais e ruminais: 1 Os agares, carragenanos e ulvans fucanas são muito solúveis.

2 Os xilanos laminaranes são degradados

totalmente e imediatamente, produzindo ácidos graxos de cadeia curta.

3 Os alginatos são degradados parcialmente,

promovendo a formação de oligômeros de eliminação: os β-oligómeros demonstraram efeitos prebióticos in vitro e in vivo em ratazanas, que abrem as aplicações de campo.

Os oligossacáridos são moléculas de polissacáridos de polimerização e têm propriedades prebióticas na flora microbiana do cólon.

laminaranes, alginatos e fucanas. Os laminaranes (β-glucano) são polímeros neutros de glicose. Os alginatos são polímeros de ácido manurônico glucurônico.

66 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | As algas na alimentação de ruminantes

Estes oligossacáridos podem ser utilizados em alimentos balanceados para bloquear a colonização bacteriana em vários pontos e estimular resposta imune intestinal


CONTEÚDO EM PROTEÍNA

CONTEÚDO EM LIPÍDIOS

O conteúdo de proteína das algas

O conteúdo de lipídios das algas é

é variável.

muito baixo: de 1 a 3% de matéria seca.

As algas marrons têm um conteúdo de proteína pequeno, entre 5-11% de matéria

Só entre as algas, Ascophyllum nodosum

seca.

pode chegar até 5%, e do ponto de vista

Algumas algas vermelhas têm uma

dos das plantas terrestres.

porcentagem de proteína entre 30-40% de matéria seca, comparável à soja.

qualitativo, os lipídios das algas diferem

O tipo de ácidos predominantes são ácidos graxos insaturados

As algas verdes contém uma quantidade alcançar 20% de sua matéria seca em certas épocas do ano. A Spirulina, ou microalgas de água doce, é bem conhecida por seu teor muito alto em proteínas (70% da matéria seca).

As algas verdes têm uma composição de ácidos graxos mais próxima à das plantas terrestres, superiores, com um conteúdo ácido muito mais alto em ácido oleico C18:1 e ácido alfa-linolênico ω3 - C18:3. As algas vermelhas contém altos níveis de ácidos graxos poli-insaturados de 20

CONTEÚDO EM VITAMINAS

carbonos, característica única no reino

A composição de vitaminas das algas,

característicos do mundo animal.

apesar das grandes variações sazonais, é interessante, principalmente: Pela provitamina A (alga vermelha), Pela vitamina C (algas marrom e verde) Pela vitamina E (alga marrom) As vitaminas do grupo B (B2 e B3, em particular) também são encontradas em quantidades consideráveis, sem nos esquecermos de sua principal vantagem,

vegetal, já que estes ácidos graxos são

O EPA famoso (ω3 - C20:5) é particularmente alto, até 50% dos ácidos graxos polinsaturados no gênero Porphyra. O ácido araquidônico (ω6 - C20:4) também está presente, os ácidos graxos polinsaturados de 18 carbonos alcançam níveis de 10% dos ácidos graxos totais em Porphyra. Nas algas marrons a distribuição de ácidos graxos é parecida, embora o conteúdo de ácido linolênico seja alto.

o nível significativo de vitamina B12, diferentemente das plantas de terra, que carecem totalmente dela.

67 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | As algas na alimentação de ruminantes

matérias-primas

de proteína significativa, já que poderia


Efeitos do uso de algas na dieta O uso de algas marinhas em rações, melhora a saúde geral e o rendimento dos animais. A qualidade da pele melhora, o ciclo estral é regularizado, a quantidade e a qualidade do

A espirulina e a exploração comercial dos cultivos de microalgas

esperma aumentam, melhorando, assim, a taxa de concepção e de nascimentos naturais. Como fonte de iodo, a Ascophyllum é muito interessante, já que é importante que a carne e leite destinados à alimentação humana

matérias-primas

contenham a dose necessária de iodo para atender as exigências metabólicas da população. O Lithothamnium ou maerl (marl), além de ser utilizado como emenda na correção do pH dos solos ácidos em agricultura, é muito interessante para a alimentação animal, especialmente em ruminantes.

Melhora a síntese da microflora ruminal Promove a assimilação dos nutrientes Corrige o excesso de acidez nos animais que receberam alimentação com alto nível de inclusão de silo de milho, reduzindo o risco de acidose. Ajuda a cobrir as necessidades de cálcio, associadas à produção de leite. Contém 0,27% de enxofre, que desempenha um papel essencial na síntese de aminoácidos sulfurados e, por sua vez de proteínas, vitaminas e o controle redox do rúmen. A utilização real digestiva da magnesita marina é de 75% aproximadamente, o que demonstra que sua ingestão não causa nenhum transtorno metabólico.

68 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | As algas na alimentação de ruminantes

COMPOSIÇÃO DA ESPIRULINA 60-70% de proteínas e todos os aminoácidos essenciais, com uma excelente biodisponibilidade. Pigmentos ricos em clorofila e ficocianina. Ácidos graxos poli-insaturados (PUFA), principalmente os da série n-3, como o ácido docosa-hexaenóico (DHA). Além disso, é uma interessante fonte de ácido, sendo precursor γ-linolênico prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos. Os antioxidantes, como ficocianina e carotenoides, podem atuar como provitamina A e prevenir a formação de espécies reativas de oxigênio, substâncias que são responsáveis por enfermidades crônicas como o câncer, ou o envelhecimento.


A exploração comercial destes cultivos representa um avanço para a indústria

Estes organismos aquáticos primitivos se reproduzem por divisão simples, uma ou duas vezes ao dia, caracterizando-se por serem as plantas mais produtivas do mundo. Entre as microalgas comestíveis mais conhecidas está a Spirulina spp. A espirulina é uma fonte importante de compostos nutricionais de alto valor biológico, conhecida há séculos por muitas culturas como China, Grécia ou México.

alimentar em geral, e para o setor de alimentos balanceados em particular, já que as microalgas representam uma fonte de proteína com possíveis aplicações neste campo, devido a seu elevado valor proteico. Os estudos consultados indicam uma enorme variabilidade em sua composição, com proporções diferentes de proteína, ácidos graxos e hidratos de carbono, o que representa uma vantagem à hora de incluí-las na alimentação das diferentes espécies animais.


A principal vantagem está em seu perfil de aminoácidos que, em algumas das espécies estudadas, é comparável ao das melhores fontes de proteínas tradicionais. As microalgas apresentam também níveis altos de vitaminas e oligoelementos e um baixo teor em cinzas. As diferentes espécies de microalgas diferem tanto em sua composição, como em sua forma de emprego e tratamento, dependendo da espécie animal à qual

matérias primas

Vitaminas que contém quase tudo que é essencial como vitaminas A, B e tocoferois complexos. Descoberta peculiar para um produto à base de ervas, a espirulina contém vitamina B12, que apresenta ligação fitogenética estreita entre estas algas e bactérias que produzem a vitamina anterior. Minerais como os macrominerais Na, K, Ca, Mg e os microminerais Fe, Zn, Mn e Cu.

Devido às substâncias biologicamente ativas mencionadas, as espirulinas foram utilizadas na alimentação animal de coelhos, suínos, aves, peixes ou ruminantes.

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seja destinado o alimento balanceado.


aquicultura, considerando que se trata da aplicação mais comum das microalgas em termos de alimentos balanceados.

Sabe-se que o leite e os produtos lácteos são utilizados atualmente como alimentos funcionais e, portanto, voltou-se a atenção para o enriquecimento da gordura do leite de vaca com PUFA, por serem ácidos benéficos, especialmente a série n-3, já

Atualmente, os estudos são

que não podem ser sintetizados pelos

centralizados na caracterização físico-

seres humanos, ou animais, protegendo

química e a valorização nutricional

contra enfermidades cardiovasculares,

das diferentes estirpes de microalgas,

aterosclerose, enfermidades da pele e artrite.

sendo a alimentação de ruminantes um campo a explorar. Em recentes pesquisas, atribuiu-se à suplementação com algas, a capacidade de selecionar a população de protozoários ruminais, influenciando desta forma na

Estes ácidos graxos estão ausentes, ou em nível mínimo, em rações tradicionais para vacas leiteiras, enquanto estão presentes em proporções muito baixas, de menos de 0,1% de ácidos graxos totais, nos produtos lácteos.

proporção de ácidos graxos de cadeia

Os ensaios com espirulina utilizando vacas

curta.

leiteiras obtiveram resultados positivos com impacto direto na produtividade:

Também se sabe que a inclusão de elevadas quantidades de algas nos concentrados pode afetar o rendimento dos animais, ao diminuir a capacidade de ingestão dos mesmos. Por isso, é necessário realizar mais estudos para determinar com que dose se mantém seus efeitos benéficos, sem alterar o rendimento dos animais.

As vacas alimentadas com espirulina tiveram um aumento de 21% em sua produção de leite. Também apresentaram aumentos da gordura butírica (entre 17,6% e 25,0%) do leite, proteína do leite (9,7%) e lactose (11,7%) em vacas alimentadas com microalgas, em comparação com animais controle. Estes resultados poderiam ser atribuíveis à influência da espirulina sobre a síntese de proteína microbiana, redução da degradação ruminal e sua composição rica em nutrientes.

71 nutriNews Brasil 2º trimestre 2019 | As algas na alimentação de ruminantes

matérias-primas

Existem inúmeros estudos no campo da

LEITE ENRIQUECIDO

Aplicação de espirulina em ruminantes


de espirulina na melhora da saúde do gado leiteiro. A utilização de espirulina foi associada com uma diminuição significativa na recontagem de células somáticas, o que melhora o valor alimentar do leite. Adicionalmente, as vacas alimentadas com espirulina apresentaram melhor condição corporal em comparação com animais controle.

USO EM PEQUENOS RUMINANTES

STATUS SANITÁRIO

Por outro lado, esses estudos destacam o uso

Os efeitos da inclusão de espirulina sobre os produtos ovinos e sua produtividade, continuam sendo relativamente desconhecidos, já que foram publicados muito poucos estudos. Em um dos estudos se encontrou que os cordeiros amamentados com leite de ovelhas alimentadas com espirulina, tiveram maiores pesos vivos e ganhos médios diários, que os controle. Obteve-se cordeiros com maior peso ao nascimento, quando as ovelhas foram alimentadas com espirulina durante a

QUALIDADE DO ESPERMA EM TOUROS

matérias-primas

Outras aplicações da espirulina Como foi demonstrado em touros, a qualidade de seu esperma melhora com a inclusão da espirulina na dieta. A motilidade do esperma, concentração e viabilidade post-armazenamento, foram afetados positivamente nos touros. Não obstante, o efeito da espirulina incluída diretamente na dieta, em relação com

gestação.

Parece claro o benefício potencial da utilização das algas, tanto como matéria-prima direta para o aproveitamento de seus diferentes nutrientes, como purificando os compostos de ação prebiótica. Também é evidente a necessidade de uma maior investigação para sua utilização na produção de ruminantes.

a qualidade do esperma do touro, necessita ser mais estudado. As algas na alimentação de ruminantes

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