O ÁPICE DA SUINOCULTURA BRASILEIRA
DESAFIOS E PERSPECTIVAS
PARA 2025
Oprimeiro semestre de 2024 trouxe sinais positivos para a suinocultura, com um cenário favorável de câmbio e custo de produção mais ajustado em comparação ao ano anterior. Este ambiente permitiu um equilíbrio entre oferta e demanda, beneficiando o setor e trazendo perspectivas otimistas. No entanto, ao projetarmos o próximo ano, é fundamental adotar uma postura cautelosa.
Os ventos favoráveis de 2024, como a apreciação do câmbio e a recuperação dos preços da carne suína no mercado interno e externo, ajudaram a consolidar um período de bons resultados. No entanto, é necessário reconhecer que o câmbio, mesmo em alta, tende a se ajustar, e as condições de equilíbrio de oferta e demanda dependerão cada vez mais das ações do próprio setor.
Embora a robustez das contas externas brasileiras indique um cenário de apreciação da taxa de câmbio ao longo de 2024, a pressão nas moedas de países emergentes, influenciada pelas tensões geopolíticas e incertezas na política monetária dos EUA, reforça a necessidade de um planejamento cuidadoso. Projeções indicam que a taxa de câmbio deve permanecer relativamente estável, mas com uma leve tendência de alta, o que pode afetar a competitividade das exportações e o custo de insumos.
Adicionalmente, a guerra comercial entre Estados Unidos e China pode vir a ampliar as oportunidades de negócios para o Brasil, uma vez que o país poderia aproveitar eventuais lacunas deixadas pelos desentendimentos entre as duas potências. Estar atento a essa relação entre China e Estados Unidos é fundamental, pois ela pode representar oportunidades futuras de negócios para o setor suinícola brasileiro.
Em termos de preços, o ciclo tradicional de valorização no segundo semestre tem sido diferente em 2024. A carne suína, por exemplo, registrou picos significativos de valorização em julho e agosto, com uma média de preços 4,5% superior à do ano anterior, enquanto a carne de frango apresentou uma relativa estabilidade. Por outro lado, a carne bovina sofreu forte desvalorização, quebrando o ciclo sazonal tradicional. Essa volatilidade destaca a importância de o setor de suínos manter uma postura vigilante quanto ao equilíbrio de oferta e demanda, evitando um otimismo excessivo que poderia criar dificuldades no ano seguinte.
As exportações brasileiras de carne suína, que alcançaram resultados históricos em agosto de 2024, são um indicativo positivo para o setor. No entanto, é essencial que o setor se mantenha focado em ampliar sua presença global, aproveitando o momento de expansão em novos mercados, como Filipinas e Japão, e consolidando posições em mercados tradicionais. O crescimento na exportação em volume, embora não tenha refletido um aumento proporcional em receita devido às oscilações cambiais, demonstra a capacidade competitiva do Brasil.
Olhando para 2025, o setor de suínos deve se preparar para um cenário de ajustes. O controle de oferta e demanda será crucial para evitar a repetição de ciclos de alta volatilidade de preços. A atenção aos custos de produção, especialmente aqueles influenciados por grãos e outros insumos dolarizados, será vital para manter a rentabilidade. A capacidade de adaptação a novas condições de mercado e o fortalecimento de estratégias de exportação serão elementos-chave para garantir um desempenho positivo no próximo ano.
Portanto, o setor de suinocultura deve encarar 2025 com cautela, mas também com a confiança de que, com planejamento estratégico e controle rigoroso sobre suas variáveis, pode continuar a construir um caminho de crescimento sustentável e rentável.
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Revista Trimestral
ISSN 2965-4238
Vacinas autógenas na suinocultura – Parte II
Ana Paula Bastos, Vanessa Haach e Luizinho Caron
Embrapa Suínos e Aves
SIAVS: Ponto de encontro da proteína animal para o mundo 18 24
Uso do sorgo na alimentação de suínos
Ednilson F. Araujo¹, Fabiano B.S. Araujo², Ana Paula L. Brustolini³, Maykelly S. Gomes 4 , Gabriel C. Rocha4
¹Zootecnista (UFV)
²Univiçosa
³Coosuiponte 4Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa
28
Alimentando o futuro das produções animais, Biochem apresenta soluções inovadoras para uma nutrição de precisão
Equipe Técnica Biochem Brasil
Performance de suínos em crescimento e terminação com uso de aditivo fitobiótico-prebiótico
Departamento Técnico Vetanco
Principais Doenças
Entéricas em Suínos nas fases de Creche e Terminação
Keila Catarina Prior¹, Marcos Antônio Zanella Morés², Marina Paula Lorenzett¹, Suzana
Satomi Kuchiishi¹, Lauren Ventura Parisotto¹
¹Centro de Diagnóstico de Sanidade
Animal - CEDISA, Concórdia - BR.
²Embrapa Suínos e Aves, Concórdia – BR
Insensibilização de suínos: os diferentes métodos e suas particularidades 34 58
Luana Torres da Rocha Gerente de Suprimento
Suíno na Frimesa
DanBred Brasil: novo salto em melhoramento genético aumenta desempenho produtivo e eficiência na suinocultura brasileira
Geraldo Shukuri
Diretor Técnico da DanBred Brasil
44
52
O uso do creep feeding e o desafio de se criar leitões saudáveis e produtivos
Felipe Norberto
Alves Ferreira
Nutricionista de suínos da Agroceres Multimix
Função ovariana: Estabelecendo a vida reprodutiva da fêmea
suína – Parte II
José Andrés Nivia Riveros, Dayanne Kelly Oliveira Pires, Luisa Ladeia Ledo, João Vitor Lopes Ferreira, Isadora
Maria Sátiro de Oliveira, Stephanny Rodrigues Rainha, Fernanda Radicchi Campos
Lobato de Almeida
Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais
Como a via êntero-mamária nas matrizes suínas modula a microbiota dos leitões?
Pedro Henrique Pereira¹, Roberta Pinheiro dos Santos¹, Ygor Henrique de Paula² e Vinícius de Souza Cantarelli³
¹Graduando em Medicina Veterinária - UFLA.
²Doutorando em Produção e nutrição de não-ruminantes – UFLA.
³Professor e Pesquisador no Departamento de Zootecnia da UFLA.
Fornecimento de ninho: muito além do atendimento à instrução normativa
Roberta Yukari Hoshino¹, Bruno Bracco Donatelli Muro², Matheus Saliba Monteiro², Marcos
Vinicius Batista
Nicolino², Cesar Augusto Pospissil Garbossa¹
¹Laboratório de Pesquisa em Suínos, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, Brasil
²Nerthus Pesquisa e Desenvolvimento, São Carlos, Brasil
VACINAS AUTÓGENAS NA SUINOCULTURA –PARTE II
Na primeira parte do artigo “Vacinas autógenas na suinocultura - Parte I” ressaltou-se as perspectivas do uso de vacinas autógenas do ponto de vista do laboratório de diagnóstico e de produção do fabricante.
E nesta segunda parte será abordado a perspectiva de campo do uso de vacinas autógenas na suinocultura.
PERSPECTIVA DE CAMPO
Os desafios das doenças nos atuais sistemas de produção são tão dinâmicos como os sistemas de produção em mudança. Os patógenos virais e bacterianos estão em constante evolução e continuam a encontrar formas de escapar da imunidade produzida pelas vacinas comerciais.
Além disso, novos patógenos virais e bacterianos continuam a surgir e a causar perdas.
As vacinas autógenas são opções viáveis para o controle dos agentes patogênicos virais e bacterianos em evolução e emergentes, especialmente quando as vacinas comerciais licenciadas não estão disponíveis.
Antes de pensar em implementar um programa de vacina autógena no campo, o primeiro passo seria estudar as características do desafio de campo como:
Diversidade antigênica e marcadores de virulência,
Avaliar se o programa de vacinação atual é realizado adequadamente (por exemplo, adequação ao protocolo de vacinação recomendado pelo fabricante; idade, dose, higiene da vacinação, títulos de anticorpos, registros de vacinação em campo e em Sistemas de Produção de Suínos - SPS).
É também importante identificar a presença de agentes responsáveis por estados de imunossupressão (como as aflatoxinas, fatores estressantes associados, desmame, mistura de lotes), avaliando se o problema pode ser resolvido por ajustes nos programas de vacinação existentes com vacinas licenciadas.
É preciso também rever a biossegurança e a gestão, incluindo:
adequado da água
Higienização do ambiente na recepção dos leitões
Higienização adequada dos equipamentos
Programas de monitorização em vigor e
Controle de pragas e insetos na exploração
Após a realização destas avaliações, se for concluído que o problema realmente não pode ser controlado com sucesso pela gestão e/ou modificação dos programas de vacinação existentes com vacinas licenciadas, um programa de vacina autógena pode ser considerado para a granja.
Curiosamente, existem algumas doenças que podem ser bem geridas com um programa deste tipo, como:
Actinobacillus pleuropneumoniae
Pasteurella multocida
Glaesserella parasuis
Actinobacillus suis
Porém, existem casos onde pode ou não ter sucesso, talvez devido a:
Problemas sanitários/de gestão não resolvidos
Imunidade não compartilhada entre cepas com o mesmo sorovar (Streptococcus suis),
Imunidade limitada proporcionada pela vacina inativada (vírus In uenza tipo A)
Elevado número de sorotipos no campo, o que di culta a seleção de vacinas candidatas, e/ou
Alto nível de transferência de genes de virulência (por exemplo, Escherichia coli e Clostridium perfringens).
O controle desses agentes pode ou não se beneficiar de um programa de vacinas autógenas. Assim, em alguns casos, a decisão de adotar o controle através de vacinas deve ser avaliada com parcimônia.
Após a análise da necessidade sanitária da utilização de vacina autógena, deve-se discutir o custo-benefício do programa. Para tal é necessário ter:
Estimativa do pedido de vacinas autógenas
Treinamento de pessoal
Investimento em equipamentos
Logística de vacinação e custos de monitoramento, bem como
Benefícios esperados da implementação de tal programa
O fabricante da vacina autógena deve se comunicar com o MAPA antes de iniciar a produção e enviar os documentos solicitados, como por exemplo, um laudo do laboratório que identifica o antígeno (semente), informações sobre a propriedade-alvo e as propriedades próximas que podem receber a vacina, dados sobre espécies e números de suínos que serão vacinados.
Após a aprovação do programa, é importante que o veterinário de campo considere os seguintes aspectos:
Seleção de candidato(s) a vacina
Um bom programa de monitoramento é necessário para a seleção adequada de vacinas candidatas. Esse programa deverá conter dados comparáveis em todos os níveis de produção.
As vacinas autógenas são interessantes nos casos em que o agente infeccioso tem grande variabilidade de sorotipos, assim como o uso da cepa correta.
A cepa está causando problema na propriedade, é importante para o controle e prevenção da doença.
No caso de doenças de origem alimentar, como a Salmonella enterica que coloniza o intestino dos suínos, recomenda-se que seja utilizada uma estratégia múltipla, considerando vacinas mortas e vivas licenciadas.
Tempo de produção e implementação
Os métodos moleculares são frequentemente utilizados para rápida identificação e caracterização de microrganismos que afetam os suínos. A correlação desses métodos com fatores de virulência selecionados ou níveis de patogenicidade pode frequentemente ser obtida.
Entretanto, é sempre preferencial caracterizar adequadamente o isolado de campo por meio de técnicas clássicas como patotipagem e sorotipagem.
As vacinas autógenas exigem tempo para serem produzidas (por exemplo, alguns vírus necessitam de 4-5 passagens para isolamento adequado, assim levando mais de 2 meses a sua fabricação).
A variação do tempo depende do tipo de vacina autógena e disponibilidade de matéria-prima (por exemplo, meios especializados, ovos livres de patógenos específicos - SPF).
Embora uma vacina autógena possa estar disponível para uso em um tempo extremamente curto quando comparada com as vacinas clássicas licenciadas, ela ainda requer um tempo importante para ser totalmente implementada. Portanto, é crucial obter isolados para a vacina autógena que sejam representativos do desafio no campo.
Reações indesejáveis à administração da vacina
Vacinas inativadas necessitam da utilização de adjuvantes para melhorar as respostas imunes inatas e adaptativas. Os adjuvantes mais utilizados são à base de óleo mineral e hidróxido de alumínio.
Adjuvantes à base de óleo mineral geralmente exibem uma forte reação no local de aplicação e estimulam uma reação humoral (predominantemente) robusta com efeitos que podem durar meses, mas a resposta imune demora mais para ser montada (~4 semanas).
Enquanto os adjuvantes à base de hidróxido de alumínio duram um período de tempo mais curto (várias semanas), mas levam menos tempo para a resposta imune ser montada (~2 semanas).
De toda maneira, vale ressaltar que as vacinas comerciais, principalmente as vivas atenuadas, desencadeiam uma resposta de memória central humoral e celular mais robusta que as vacinas autógenas.
A imunidade humoral criada pelas vacinas autógenas pode não ser tão eficaz na redução e controle da infecção quanto às vacinas vivas.
Estas últimas têm a capacidade de melhorar a imunidade de base celular e, dependendo da via de aplicação, podem até mesmo produzir imunidade de mucosas ou local (IgA).
As vacinas autógenas, por outro lado, podem desencadear uma resposta imune de base celular quando são administradas como reforço. Isso é, quando os animais foram imunizados com as vacinas comerciais vivas correspondentes.
Uma vacina comum com adjuvante à base de óleo é constituída por duas fases: a fase oleosa, que é composta pelo adjuvante oleoso mais emulsificantes e surfactantes e a fase aquosa, que é composta pela semente contendo o antígeno ou antígenos – também conhecidos como “frações”, que podem ser adicionados à semente direta ou diluídos em meio estéril (por exemplo, 1X PBS, solução salina), e que constitui o restante da vacina.
Embora raro, no caso de uma reação local adversa à vacina, é importante descartar todos os outros possíveis erros de manejo da vacina.
“Diluição antigênica” e problemas de potência
O termo refere-se à quantidade de diferentes antígenos que são incluídos na vacina, e a diluição de cada antígeno individual na série.
As vacinas autógenas são feitas a partir de cepas de campo que não são selecionadas ou otimizadas para os sistemas de propagação industrial utilizados nas vacinas em escala industrial. Uma série pode incluir antígenos bacterianos ou virais.
Tanto as bacterinas quanto as vacinas virais autógenas contêm pelo menos um antígeno; no entanto, a maioria inclui vários (~2–5 antígenos).
Uma preocupação importante dos utilizadores é o espaço limitado sob a fase aquosa.
Assim, quanto mais antígenos diferentes forem incluídos na vacina, mais “diluído” cada antígeno individual estará na série.
Além disso, esses antígenos devem ser incluídos em uma concentração antigênica adequada para provocar uma reação imunológica satisfatória.
Não está claro qual é o limite de antígenos que podem ser administrados com sucesso ao mesmo tempo.
No entanto, dados preliminares não mostram nenhum efeito negativo significativo nos níveis de anticorpos quando se analisa a vacinação antigênica individual versus uma vacina polivalente.
As evidências sugerem que o nível antigênico (potência) de um antígeno é mais relevante do que o número de antígenos numa determinada vacina.
As questões de potência estão relacionadas com a “diluição antigênica” e são encontradas mais frequentemente em vacinas virais do que em bacterinas.
Devido a essa diferente capacidade de propagação, ou potencial de crescimento em meios no caso de isolados bacterianos, e à falta de estudos de potência, é comum haver variabilidade importante entre diferentes títulos de sementes de isolados, que pode ser traduzida em diferentes níveis antigênicos das frações vacinais dentro de uma série autógena, potencialmente sub-estimulando a imunidade contra alguns sorotipos em detrimento de outros dentro da mesma vacina.
Assim, as vacinas autógenas, mesmo quando contêm o mesmo isolado (de sementes diferentes), podem não partilhar a mesma eficiência.
Outras consequências desta questão seriam as limitações de monitorização entre um lote de vacina e outro, uma vez que o mesmo vírus do mesmo grupo ou bactérias do mesmo sorotipo podem provocar diferenças importantes nos títulos de anticorpos no campo ou mesmo apresentarem crescimento muito diferente “in vitro”.
Embora o antígeno em concentrações elevadas, tanto em sementes virais como bacterianas, possa ser diluído, apenas o antígeno bacteriano pode ser concentrado de forma barata.
O antígeno viral é mais difícil de concentrar, pois requer uma ultracentrífuga o que aumenta os custos de fabricação da vacina.
Portanto, na maioria das vezes, os antígenos virais não estão concentrados e, em alguns casos, esses vírus de campo não se propagam em concentrações elevadas nos sistemas de produção de fábrica/ laboratório (ovos SPF, cultura celular) e são adicionados não diluídos à vacina.
Esta quantidade de antígeno pode não ser suficiente para provocar a forte imunidade exigida pelo programa, e o uso de múltiplos antígenos na fase aquosa poderia “diluir” ainda mais os títulos já baixos em uma dose individual.
Como as empresas fabricantes de vacinas raramente compartilham detalhes de produção com os clientes, como a quantidade de antígeno de cada fração em cada série, a eficácia do lote autógeno deve ser medida indiretamente em campo.
O método mais comum seria o monitoramento sorológico por ELISA. A capacidade neutralizante dos anticorpos produzidos é outro ponto que só será avaliado indiretamente pela ação da vacina a campo.
Evolução do patógeno
Múltiplos fatores podem influenciar a evolução do agente em uma operação com programa de vacina autógena. Estes incluem, mas não estão limitados a:
taxa de mutação do agente
prevalência do agente no ambiente/resistência a desinfetantes
capacidade de preparação e tipo de preparação
fonte do desafio/reintrodução do patógeno
nível de eliminação do agente em indivíduos vacinados ou na descendência de indivíduos vacinados
CONCLUSÕES
As vacinas autógenas são a base de vários programas de vacinação de reprodutores, leitões e suínos em terminação para prevenção e controle de doenças virais e bacterianas.
Espera-se um crescimento constante no uso de vacinas autógenas para a próxima década no Brasil, principalmente devido às restrições aplicadas à indústria na gestão da saúde suinícola, redução da utilização de antimicrobianos, à constante evolução de diferentes sorovares de bactérias e variantes antigênicas virais e a introdução de novas cepas ou mesmo de novos agentes virais ou bacterianos ainda não diagnosticados em território nacional.
Outros itens que aumentam o uso de vacinas autógenas incluem o aprimoramento contínuo do quadro regulatório, que permitiu aos fabricantes produzir vacinas autógenas de qualidade em tempo hábil em comparação com as vacinas comerciais tradicionais.
O desafio é adicionar novas técnicas laboratoriais para agilizar a caracterização e seleção dos isolados certos para a produção de vacinas.
Além disso, é necessário a realização de uma vigilância consistente dos rebanhos para detectar variantes antigênicas emergentes e o desempenho dessas frente às vacinas autógenas no campo.
As vacinas autógenas são uma importante ferramenta para o controle de doenças infecciosas e que devem se tornar ainda mais relevantes em um futuro próximo.
Ainda assim, o nosso objetivo nesta publicação é chamar a atenção para a necessidade de serem respeitados os princípios básicos para produção de uma vacina autógena adequada, que leve uma solução para o campo e não apenas mais um custo ou mesmo outro problema.
Vacinas autógenas na suinocultura – Parte II BAIXAR EM PDF
USO DO SORGO NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS
Ednilson F. Araujo1, Fabiano B.S. Araujo2, Ana Paula L. Brustolini3, Maykelly S. Gomes4, Gabriel C. Rocha4
1Zootecnista (UFV)
2Univiçosa
3Coosuiponte
4Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa
Asuinocultura moderna, puxada pelos significativos e contínuos avanços na genética, tem na nutrição, importante ferramenta para maximizar os rendimentos econômicos devido à relevante participação da dieta no custo total de produção.
Neste sentido, os programas nutricionais estão voltados à “nutrição de precisão” que otimiza ganhos financeiros em relação a custos de produção.Para tal otimização, o uso de ingredientes como sorgo, pode reduzir a dependência do milho, que é o principal ingrediente das dietas de suínos no Brasil.
O sorgo em grão oferece uma excelente oportunidade para os produtores de suínos ou fornecedores de rações reduzirem os custos de alimentação.
À medida que aumenta a compreensão do perfil nutricional do sorgo e do processamento de rações, existem maiores oportunidades para a utilização do sorgo em grão para capitalizar todo o seu potencial nas dietas suínas.
A utilização de tecnologias como a espectroscopia no infravermelho próximo (NIR de bancada ou portátil) para análises bromatológicas permite a obtenção de resultados rápidos com alta reprodutibilidade e precisão.
Essa ferramenta proporciona monitoramento de fornecedores utilizando padrões de compra ou, quando possível, estocagem em separado o que permite formulações de alta precisão.
Dentro deste contexto, o sorgo vem sendo monitorado de forma contínua e, com um enorme número de análises bromatológicas, levando a informações que confirmam que, as novas variedades selecionadas têm concentrações reduzidas de fatores antinutricionais como os: taninos. Em conjunto, tem sido notado aumento significativo do valor nutricional do sorgo.
O melhor conhecimento e constante aferição de aspectos nutricionais do sorgo viabilizam técnica e economicamente o uso do sorgo através do balanceamento das dietas, especialmente correções de energia e aminoácidos, focando na otimização de retorno em relação ao custo.
Com os conhecimentos atuais sobre o valor nutricional das novas variedades de sorgo de baixo tanino, a substituição do milho pelo sorgo nas diferentes fases de produção tem sido melhor aceita pela suinocultura.
Sua utilização máxima está na dependência da:
01 03 02
Disponibilidade de oferta do produto no mercado que ainda é baixa, em relação ao milho
Adequados ajustes e composições nutricionais que garantam, em paridade com milho, a maximização do desempenho técnico e econômico da exploração zootécnica
Cuidados de recebimento e processamento do sorgo, que na verdade são condizentes com os necessários a qualquer matéria-prima.
Produção Brasileira de Milho e Sorgo
A produção brasileira de sorgo (Figura 1), na safra 2016/17, correspondia a 1,91% da produção de milho. Já na safra 2022/23 esta relação mudou para 3,63% mostrando um crescimento da produção de sorgo em relação ao milho.
1: Produção brasileira de milho e sorgo entre os anos 2016 e 2023 (CONAB).
Qualidade do grão
A aquisição de matérias-primas de baixa qualidade pode comprometer todo trabalho de formulação de ração, que é responsável pelo ótimo desempenho zootécnico dos suínos e, consequentemente, pela lucratividade da indústria de produção animal.
Ao recebimento da matéria-prima, a checagem de características macroscópicas (cor, cheiro, etc.) e bromatológicas (umidade, PB, etc.) são fundamentais para a formulação de dietas.
Adicionalmente, é importante que se elabore uma conclusão prévia da qualidade do ingrediente para que se autorize o descarregamento. Para isso, um colaborador instruído e uma correta amostragem, seguida de classificação e análise bromatológica pode ser feita de forma rápida utilizando NIR e um conjunto de peneiras.
Em muitas fábricas este processo já é rotina e os dados têm mostrado que o grão de sorgo apresenta percentual, significativamente, melhor em relação aos grãos de milho quanto a qualidade física (ardidos, quebrados, etc.), e umidade.
A menor umidade, dentro do padrão de variação aceitável, traz benefícios, como a redução do ataque por pragas e micotoxinas e também no custo do grão, uma vez que, como exemplo, 1% de umidade são 10 litros de água por tonelada.
No que tange às micotoxinas, análises feitas em 2024, gentilmente cedidas pela Coosuiponte, apresentam prevalência menor em micotoxinas para o sorgo em relação ao milho (Figura 2).
Devido às características mencionadas, a suinocultura tem a oportunidade de trabalhar com o sorgo em substituição ao milho.
% de amostras acima do nível de risco médio para micotoxinas
Zearalenona
Níveis médios, ppb
Figura 2: Prevalência, % de amostras acima do nível de risco e níveis médio de fumonisina e zearalenona em amostras (n=420) de milho e sorgo (Coosuiponte, 2024)
Os níveis considerados acima do risco médio, foram muito maiores para o milho e na média, o sorgo apresentou níveis menores que o milho.
A suinocultura independente, por questões de armazenamento, trocas de peneiras, mão de obra e logística pode optar em trabalhar com o sorgo em todas as fases de produção.
Comprado e estocado de forma estratégica nos períodos mais favoráveis do ano e associado às características já citadas, o sorgo tem deixado uma maior margem financeira sobre o custo total de produção em relação ao milho.
A melhor qualidade da matéria-prima, que deve ser o objetivo principal, evita não só as perdas de desempenho causadas pelas micotoxinas per si, mas também reduz as perdas nutricionais do grão armazenado advindas do metabolismo de pragas e fungos no cereal.
Com relação ao milho, sorgo, farinhas de carne, trigo e outras matérias primas, o padrão de compra, respaldado por análises bromatológicas antes do descarregamento, vêm resultando em um menor coeficiente de variação dos níveis nutricionais entre as cargas recebidas garantindo uma ótima uniformidade nos resultados de campo.
Temos assim, uma maior segurança e maior lucratividade devido a menor oscilação nos resultados de desempenho, uma vez que os níveis nutricionais das dietas formuladas se aproximam dos níveis nutricionais das rações ofertadas no comedouro.
Uso do sorgo em todas as fases
Com novas variedades de sorgo e melhores técnicas de processamento de rações, tem sido sugerido que o conteúdo energético e o valor alimentar do sorgo aumentaram.
Valores de referência apresentados nas Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos (2024) sugerem que o sorgo tem um valor energético de 99,9% em relação ao milho (Tabela 1).
Energia metabolizável, kcal/kg 3360 3358
Proteína bruta, % 7,81 8,65
Lisina dig., % 0,20 0,16
Met+Cis dig.,% 0,29 0,26
Treonina dig., % 0,24 0,24
Triptofano dig., % 0,05 0,08
Valina dig., % 0,35 0,40
P disponível., % 0,05 0,07
P digestível., % 0,10 0,08
Ca total, % 0,02 0,03
Corroborando, estudos em granjas comerciais, mostram que é possível a substituição, em 100% do milho, pelo sorgo sem perda de desempenho para os suínos em fase de crescimento e terminação, com os devidos ajustes nutricionais.
Quanto à fase de creche, o uso de sorgo nas dietas não é uma prática comum na suinocultura nacional, especialmente nas duas primeiras fases (até os 49 dias). Porém, híbridos de sorgo foram melhorados geneticamente ao longo dos anos e tem sido utilizados como único grão de cereal para substituir o milho nas dietas fornecidas aos leitões sem afetar desempenho.
No entanto, ajustes nutricionais são necessários, além de cuidados similares ao do milho quanto ao recebimento e processamento.
Quanto aos ajustes nutricionais, conforme apresentado na Tabela 1, podemos notar que o sorgo apresenta concentração nutricional semelhante ao do milho. As pequenas diferenças em aminoácidos digestíveis e energia metabolizável podem ser facilmente corrigidas via outras fontes de nutrientes.
Quanto ao processamento, devemos ter cuidado com a moagem do sorgo já que é um grão de tamanho e dureza diferente do milho. A diminuição do tamanho das partículas do sorgo é crucial nas dietas de suínos dependendo do tipo de grão, textura, sistema de alimentação e idade dos animais.
Partículas menores do sorgo melhoram a digestibilidade dos nutrientes e a eficiência alimentar dos animais devido ao aumento da área superficial para hidrólise enzimática. No entanto, partículas inferiores a 400 μm podem trazer problemas como maior custo para moagem, problemas no sistema de distribuição da ração, queda de consumo entre outros.
No entanto, ressalta-se que uma moagem muito fina pode tornar a ração “viscosa” reduzindo a fluidez da ração na fábrica e na granja.
É provável que as diferenças ambientais e climáticas resultem em alguma variabilidade, de ano para ano, na composição de nutrientes do sorgo. Isso também foi relatado para outras culturas agrícolas e reforça a importância de análises bromatológicas ao recebimento da matéria-prima.
A substituição completa ou parcial do milho pelo sorgo não tem afetado o ganho de peso e consumo de ração, sugerindo que a inclusão do sorgo não tem efeito na palatabilidade das dietas fornecidas aos suínos nas diferentes fases de produção.
Entretanto, diferenças nos resultados zootécnicos entre dietas a base de milho ou de sorgo podem ser encontradas à campo devido às diferentes variedades de sorgo, métodos de formulação e cuidados de qualidade no recebimento, armazenamento e processamento do grão.
Considerações finais
A decisão em relação ao uso do sorgo deve-se basear em obter máximo rendimento econômico levando em conta o preço de venda do animal bem como os preços de matérias-primas. Além disso, há de se considerar fatores importantes como a umidade média e resistência no armazenamento do sorgo em relação ao milho.
A cada tomada de decisão de compra devemos realizar uma simulação com o nutricionista responsável, somente dessa forma teremos a segurança de estar fazendo um bom negócio.
Uso do sorgo na alimentação de suínos BAIXAR EM PDF
ALIMENTANDO O FUTURO
DAS PRODUÇÕES ANIMAIS, BIOCHEM APRESENTA SOLUÇÕES INOVADORAS PARA UMA NUTRIÇÃO DE PRECISÃO
Equipe Técnica Biochem Brasil
ABiochem é uma
empresa dedicada a fazer a diferença no campo da saúde e nutrição de animais no Brasil. O compromisso da empresa com a excelência e inovação tem desempenhado um papel fundamental em nossa trajetória, transformando a produção por meio de soluções inovadoras e de qualidade para aves, suínos e bovinos.
Por mais de 30 anos, a Biochem tem respondido às exigências de um mercado em constante desenvolvimento, o que permitiu evoluir e definir a empresa que somos hoje: Líder mundial no desenvolvimento, produção e comercialização de aditivos nutricionais, bem como conceitos nutricionais.
A prioridade sempre foi a segurança das pessoas, animais e do meio ambiente. É por isso que os conceitos nutricionais e de criação recomendados pela Biochem são concebidos para manter a saúde, o bemestar e a produtividade dos animais, para uma maior rentabilidade e respeito pelo meio ambiente.
Há sete anos no Brasil, a Biochem é reconhecida por sua expertise em produtos de alta qualidade que trazem resultados zootécnicos aos animais e financeiros aos produtores.
A empresa trabalha no impulsionamento do sucesso dos produtores de aves, suínos e bovinos fornecendo as melhores soluções nutricionais possíveis, acreditando que uma nutrição adequada é o alicerce de um rebanho saudável e produtivo, e o trabalho é incansável para alcançar esse objetivo.
O foco da Biochem é com o futuro da agricultura e com o papel que toda a cadeia desempenha em nutrir esse futuro. À medida que há enfrentamento de desafios globais, como a demanda crescente por alimentos e a necessidade de produção mais sustentável, a empresa intensificará para desenvolver soluções nutricionais inovadoras.
A equipe global está construindo um futuro em que a nutrição de qualidade é o alicerce da agricultura moderna, impulsionando o crescimento e a prosperidade da indústria e garantindo um abastecimento seguro e saudável de alimentos para todos.
Equipe global e novo foco na fábrica
Com mais de 340 funcionários em mais de 70 países ao redor do mundo, a empresa se concentra em desenvolver, produzir e vender uma ampla gama de aditivos nutricionais para todas as espécies animais.
A empresa possui sua fábrica em Lohne, Alemanha, com uma área de 4500 m2. Com a expansão das instalações em 2022, a linha de líquidos voltou para a sua área anterior, com maior capacidade de produção e dando mais flexibilidade para o envase dos produtos.
O remanejamento da fábrica permite agora que os produtos tenham tamanhos variados, desde 500 ml até 25 mil litros. Além disso, o misturador inicial de 1000 litros vai ser usado na planta piloto, permitindo testes, tanto de inovações quanto de escalonamento.
Essa expansão vai reforçar a produção dos aditivos em pó, pasta, gel e líquidos, assim como suplementos dietéticos.
O setor de aditivos líquidos tem crescido rapidamente e temos que estar preparados para essa demanda do mercado da melhor maneira possível, respeitando a necessidade e prazo dos clientes.
Para a Biochem, a produção de líquidos permite: Maior automação
Melhor economia da planta
Facilidade de transferência
Do lado do consumidor, os aditivos líquidos oferecem inúmeras vantagens sobre outras formas, especialmente soluções em alimentação.
O portfólio de aditivos apoia a saúde e o desempenho dos animais, em qualquer idade e/ou exigência – incluindo:
Saúde intestinal
Eficiência alimentar
Estímulo imunológico
Nutrição de animais jovens e
Gerenciamento de micotoxinas
Soluções alimentares
As soluções na alimentação são de longo prazo sobre fases específicas de crescimento, o que torna difícil responder rapidamente às necessidades individuais de um animal.
Os aditivos líquidos de ração e suplementos nutricionais são projetados para serem utilizados no suprimento de água de um animal e podem ser aplicados rapidamente.
Segurança alimentar
Em todo o mundo, os países têm feito da segurança alimentar uma prioridade máxima. Como tal, há um impulso para a diminuição do uso de antibióticos como um melhorador de desempenho para evitar a resistência aos antibióticos enquanto conserva os mecanismos de ação.
Os aditivos líquidos para rações e suplementos dietéticos são uma das formas de preencher a lacuna deixada por essas substâncias.
Como tal, um produtor pode responder rapidamente a um problema com a simples adição de uma solução na água potável. E isto pode ser feito com precisão. Um produtor pode tratar um rebanho inteiro ou apenas currais individuais. Além disso, com pastas e emulsões, um animal individual pode ser tratado, se necessário. Isto economiza custos e conserva recursos.
O aumento dos preços das rações está adicionando pressão para que os produtores otimizem a eficiência alimentar e mantenham as despesas com ração o mínimo possível.
Os suplementos de ração líquida são uma excelente opção para minimizar os custos de ração, melhorando a digestão e a taxa de conversão alimentar.
Além disso, as pressões de um ambiente em rápida mudança estão impulsionando o crescimento neste setor. O aumento da temperatura promove estresse térmico aos animais que por sua vez diminuem a produtividade do rebanho.
Produtos líquidos - como aqueles para auxiliar no estresse térmico - podem ser facilmente adicionados à água de bebida, o que permite às granjas controlar o tratamento para atender à demanda.
"Como acreditamos que os aditivos alimentares líquidos e os suplementos nutricionais serão um setor em expansão no futuro da produção, estaremos olhando fortemente para esta área e inovações futuras", declarou Paulo Oliveira, Diretor LATAM da Biochem.
Para finalizar, a empresa se concentrará no desenvolvimento de sua presença comercial nas regiões da América Latina, Ásia-Pacífico e África.
"Estaremos procurando parceiros estratégicos nestas regiões para nos ajudar a atingir este objetivo", disse ele.
Para mais informações, visite o site da Biochem – www.biochem.net
Alimentando o futuro das produções animais, Biochem apresenta soluções inovadoras para uma nutrição de precisão BAIXAR EM PDF
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SIAVS: PONTO DE ENCONTRO DA PROTEÍNA ANIMAL PARA O MUNDO
Neste ano de 2024, o SIAVS (Salão Internacional da Proteína Animal)
contou com 30 mil credenciados de mais de 60 países da América Latina, Europa e Ásia. Os números superaram as expectativas não só da organização, como de todos os participantes do evento.
Ao todo, 317 expositores ocuparam os mais de 30 mil m2 de Feira, incluindo empresas de:
genética equipamentos
laboratórios soluções tecnológicas outros fornecedores da cadeia produtiva
30 mil m2
insumos
Também participaram do evento, 90 empresas produtoras, processadoras e exportadoras de proteína animal.
Ainda segundo a organização, mais de 2,5 mil congressistas participaram presencialmente das apresentações dos 80 palestrantes, durante os três dias de programação.
Houve, ainda, 2,4 mil produtores vinculados ao Projeto Produtor, e outros 300 inscritos na ação à distância, especialmente preparada para universidades e institutos de educação que não puderam estar presentes ao evento.
“Tivemos uma grata surpresa com a grande adesão de toda a cadeia produtiva global no SIAVS 2024”, informou o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
“Estabelecemos um novo patamar para o encontro, com a adesão de entidades do setor não apenas do Brasil, mas de diversas regiões do planeta”, completou.
“Eu gostaria muito de agradecer a agriNews, que vem fazendo um trabalho estupendo e que é uma parceira de muito tempo”, afirmou Ricardo Santin, em visita ao estande do Grupo.
“Vocês nos apoiaram desde os pequenos SIAVS e agora estamos assistindo ao evento se transformando no ponto de encontro da proteína animal para o mundo”, completou.
O SIAVS 2024 reuniu mais de 30 mil pessoas de 60 diferentes países
AgriNews no SIAVS 2024
Entre os dias 4 e 6 de agosto, o Grupo de Comunicação agriNrews Brasil protagonizou sua maior ação de cobertura jornalística no SIAVS (Salão Internacional de Proteína Animal).
Somente pelo estúdio agriNews TV Brasil, mais de 30 personalidades do setor foram entrevistadas, oferecendo ao público insights estratégicos e discussões de alto nível.
A agriNews Brasil também se destacou ao articular mais de 20 entrevistados, entre líderes das principais agroindústrias do setor, que participaram do AveLive, realizado no estande da Agroceres Multimix.
“A confiança depositada em nossa equipe para a parceria nesse projeto destaca nossa capacidade de inovação e qualidade técnica que são marcas registradas do Grupo agriNews Brasil”, destaca Priscila Beck, que é Diretora de Comunicação do Grupo no Brasil.
O SIAVS 2024 foi um marco, mas para 2026, a agriNews Brasil está determinada a elevar o padrão, buscando novas maneiras de entregar conteúdo relevante e de qualidade, alinhado com as crescentes expectativas de um público global
“A cada edição, o SIAVS se apresenta ainda maior e mais forte, desafiando-nos, enquanto mídia especializada do setor, a nos reinventar e buscar novas formas de engajar o público e agregar valor às discussões do setor”, salienta Priscila.
Negócios
Os exportadores da avicultura e da suinocultura do Brasil projetam embarques de US$ 2,03 bilhão em negócios para os próximos 12 meses após reuniões realizadas durante o SIAVS.
As projeções são resultado de uma ação organizada pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
A ação ocorreu durante o SIAVS e gerou 9,2 mil encontros de negócios, sendo dois mil com novos clientes, segundo informações da ABPA. Importadores de mais de 50 países estiveram no espaço das agroindústrias durante os três dias do evento, quando foram realizados US$ 192,8 milhões em negócios de exportações de aves, suínos, ovos e genética avícola.
Tendências
Perspectivas para a participação da cadeia produtiva brasileira no mundo foram debatidas no segundo dia do SIAVS.
O tema reuniu três dos maiores especialistas do setor no mundo: o italiano Nicolò Cinotti, secretário-geral da IPC (International Poultry Council), a chinesa Yu Lu, vice-presidente da câmara de comércio da China e o norteamericano Greg Tyler, presidente da USAPEEC (USA Poultry and Egg Export Council).
Cinotti apresentou uma projeção de crescimento de consumo de carne de aves no mundo de 16% até 2033. “O futuro das carnes de aves para países como o Brasil é brilhante”, afirmou.
Segundo ele, quase 80% dessa demanda virá de países de renda média, como o Brasil, que é líder global de exportações no segmento e tem aumentado progressivamente no mercado, junto com a China e a Tailândia, enquanto os Estados Unidos estagnaram.
Outra boa perspectiva para a proteína animal brasileira vem da China. O país, que já é o principal destino das embarcações nacionais de frango e suínos, apresenta demanda crescente, sobretudo por produtos orgânicos.
“Alguns estudos mostram que muitos consumidores chineses estão dispostos a pagar de duas até três vezes mais por produtos saudáveis, seguros e sustentáveis”, explicou Yu Lu.
“A mensagem é: nós queremos carne. E o Brasil tem um potencial muito grande de expandir esse mercado conosco”, completou.
Já os Estados Unidos, líderes mundiais na produção avícola, com 17% do mercado, seguido por Brasil (12%) e China (11,5%), têm visto o Brasil ascender no cenário global impulsionado por questões como a biossegurança.
“Antes o Brasil olhava para os EUA e agora nós olhamos para o Brasil para ver o que vocês estão fazendo”, brincou o presidente da USAPEEC, destacando a liderança brasileira em exportações de frango, de 34,4% contra 25,8% dos norteamericanos.
SIAVS: ponto de encontro da proteína animal para o mundo
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PERFORMANCE DE SUÍNOS EM CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO
COM USO DE ADITIVO FITOBIÓTICO-PREBIÓTICO
Departamento Técnico Vetanco
INTRODUÇÃO
A utilização de antimicrobianos na produção animal é amplamente empregada para a manutenção da saúde e dos níveis de produtividade elevados¹.
O uso desmedido desta prática, entretanto, vem trazendo consequências para a saúde pública em nível mundial.
Com o banimento dos antibióticos como promotores de crescimento pela União Europeia, começaram a ascender no mercado diversos produtos alternativos e naturais, os quais mantêm elevada eficiência, apresentam baixo custo e não depositam resíduos na carne².
Nesse sentido, esse estudo busca avaliar um aditivo fitobiótico-prebiótico na dieta de suínos em fase de crescimento e terminação, sendo analisado os parâmetros de desempenho e rendimento de carcaça.
Cada baia foi considerada uma unidade experimental, havendo 10 repetições e 10 suínos em cada uma delas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas instalações de crescimento e terminação de uma granja comercial, localizada no município de Patos de Minas, Minas Gerais, Brasil.
Para avaliação, foram utilizados 200 suínos (dois lotes com 100 fêmeas da linhagem DB90 x LQ1250, com 70 dias de idade), distribuídos em dois tratamentos por meio de um delineamento em blocos casualizados, tendo o peso inicial e o lote como fatores de blocagem.
Tratamento 1: 100 suínos
Tratamento 2: 100 suínos
Os grupos experimentais foram:
Tratamentos 1 (T1): dieta basal com enramicina (5 ppm durante a fase de crescimento e 10 ppm na fase de terminação) + vacinação para L. intracellularis; e
Tratamento 2 (T2): dieta basal com 1 kg/ tonelada do aditivo fitobiótico-prebiótico, sem uso de enramicina e sem vacinação para L. intracellularis.
Todos os animais foram pesados nas mudanças de fase. A ração fornecida e as sobras foram quantificadas para cálculo do desempenho, fornecendo dados de:
Conversão alimentar (CA)
Consumo de ração diário (CRD)
Ganho de peso diário (GPD)
Ao final do experimento, foram medidas a espessura de toucinho e a profundidade do lombo, além do abate de 10 animais de cada tratamento para avaliação do peso da carcaça quente e posterior cálculo do rendimento de carcaça.
Os dados foram analisados utilizando o software R studio versão 4.2.1 (R Core Team, Viena, Áustria). A diferença entre os valores médios foi considerada estatisticamente significativa quando valor de P<0,05, e tendência quando p estiver entre 0,05 e 0,10.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O peso dos suínos não se diferiu durante todo o experimento (P>0,05; Tabela 1).
O grupo T1 demonstrou maior CRD nos períodos de 21 a 42 dias (P=0,008) e de 42 a 63 dias (P=0,031); enquanto na fase final do experimento (84 a 98 dias), os animais do grupo T2 obtiveram um aumento para este índice (P=0,007).
Durante os primeiros 21 dias do experimento, o T1 obteve maior GPD (P=0,038), permanecendo como uma tendência na fase seguinte (P=0,064).
O T1 também demonstrou melhor CA no período de 84 a 98 dias de experimento (P=0,04) e uma tendência para esta variável ao se analisar o período total avaliado (P=0,058).
Juhász et al.⁴ utilizaram este mesmo aditivo fitobiótico-prebiótico, sendo observado uma melhora do ganho de peso dos animais durante a fase de crescimento.
L. intracellularis é um patógeno responsável por diarreia clínica, subclínica e crônica, caracterizada por perda de desempenho dos animais³.
O grupo T2, mesmo não vacinado para o agente não apresentou diferença estatística do grupo T1 para as variáveis de CRD e GPD quando analisado o período total do experimento (0 a 98 dias). Portanto, pode ser um substituto em potencial aos antibióticos.
As variáveis de espessura de toucinho, profundidade de lombo, peso da carcaça quente e rendimento de carcaça também não se diferiram entre os grupos analisados (P>0,05).
Luo et al.⁵ também analisou o uso de um fitogênico para suínos nas fases crescimento e terminação, obtendo um maior rendimento de carcaça com uso de aditivo.
Tabela 1: Efeito dos tratamentos experimentais sobre os parâmetros de peso, consumo de ração (CRD), ganho de peso (GPD) e conversão alimentar (CA) em suínos em crescimento e terminação.
T1, dieta basal com enramicina (5 ppm durante a fase de crescimento e 10 ppm na fase de terminação) + vacinação para Lawsonia intracellularis; T2, dieta basal com 1 kg/tonelada do aditivo fitobiótico-prebiótico sem uso de enramicina e sem vacinação para L. intracellularis; EPM, erro padrão das médias; CV, coeficiente de variação.
CONCLUSÃO
A suplementação da dieta de suínos com o aditivo fitobiótico-prebiótico durante as fases de crescimento e terminação é uma alternativa ao uso de vacina para L. intracellularis e uso de antibióticos.
Acesse as Referências Bibliograficas em
Neste estudo, não houve diferenças significativas entre os tratamentos para os parâmetros inerentes à carcaça, tal como o peso, CRD e GPD quando analisado o período total do experimento.
Performance de suínos em crescimento e terminação com uso de aditivo fitobiótico-prebiótico BAIXAR EM PDF
PRINCIPAIS DOENÇAS ENTÉRICAS EM SUÍNOS NAS FASES DE CRECHE E TERMINAÇÃO
Keila Catarina Prior1, Marcos Antônio Zanella Morés2, Marina Paula Lorenzett1, Suzana Satomi Kuchiishi1, Lauren Ventura Parisotto1
1Centro de Diagnóstico de Sanidade Animal - CEDISA, Concórdia - BR. 2Embrapa Suínos e Aves, Concórdia – BR
As doenças entéricas em suínos nas fases de creche e terminação estão frequentemente presentes na suinocultura industrial. Atualmente, as principais causas de diarreia são de origem infecciosa.
Com base nos dados gerados no ano de 2023 pelo Centro de Diagnóstico de Sanidade Animal - CEDISA, foram diagnosticados 110 casos de diarreia em suínos na fase de creche, onde 48,2%, estavam associados a infecção por Escherichia coli e 24,5% por Salmonella spp.
110 casos fase de creche
Nas fases de crescimento e terminação foram diagnosticados 65 casos, sendo 26,6% representados por infecção por Lawsonia intracellularis, 20,3% por Salmonella spp. e 18,8% por E. coli.
F4 com F18 14%
A transmissão dessas bactérias ocorre principalmente pela via fecaloral, e fatores agravantes, como:
Mistura de lotes de diferentes origens
Limpeza e desinfecção ine cientes dos galpões entre alojamentos
Uso de piso não vazado
Presença de moscas e roedores nas instalações,
destacam-se como as principais causas de disseminação desses agentes infecciosos.
Com relação aos sinais clínicos apresentados pelos suínos acometidos, nos casos de infecções por:
E. coli, pode-se observar diarreia aquosa e profusa, perda de peso e desidratação na colibacilose e,
em caso de doença do edema, provocada pelo mesmo agente infeccioso, podem ser observados edema de pálpebra, sinais neurológicos e morte súbita.
Fímbria F4
57%
Das cepas de E. coli isoladas, que tiveram análise para identificação de genes de fímbrias e toxinas, 57% apresentaram a fímbria F4, 29% a fímbria F18 e 14% a associação de F4 com F18.
Fímbria F18
29%
Além disso, 33% dos isolados com presença de F18, continham também a toxina Stx2e, associada à doença do edema.
As fímbrias e toxinas de E. coli caracterizam a capacidade de virulência de cada cepa, dessa forma a presença delas aumenta o grau de patogenicidade da bactéria.
Na infecção por Lawsonia intracellularis, nas fases de crescimento e terminação, os suínos podem apresentar diarreia sanguinolenta na fase aguda e fezes pastosas e perda de peso na fase crônica.
Nos casos de salmonelose, a apresentação pode ser aguda ou crônica. A forma aguda ocorre principalmente na fase de creche, com a presença de fezes líquidas, já na forma crônica, mais comumente observada nas fases de crescimento e terminação, as fezes tendem a ser pastosas e os animais apresentam desidratação e redução na ingestão de alimento.
A vacinação é uma das melhores formas de prevenção das doenças entéricas em suínos, aliada às práticas de manejo adequadas, como vazio sanitário, limpeza e desinfecção das instalações, fornecimento de alimento e água de qualidade.
Suínos apresentando quadros infecciosos de diarreia, impactam negativamente nos sistemas de produção, com aumento nos custos com antibioticoterapia, aumento da mortalidade e tempo de manejo que resultam na queda no desempenho do lote afetado.
NEW EFX INSENSIBILIZADOR
INSENSIBILIZAÇÃO DE SUÍNOS: OS DIFERENTES MÉTODOS E SUAS PARTICULARIDADES
Aprodução de suínos pode ser considerada uma cadeia de processamento longa, considerando que entre o período de concepção dos leitões até o abate há um intervalo de 9,5 meses.
Este é somente um dos motivos elencáveis que demonstram que todas as fases de produção, inclusive o abate propriamente dito, devem ser cuidadosamente geridas para que a eficiência produtiva, o bem-estar animal e a qualidade do produto final sejam atingidos com êxito, sendo a insensibilização uma das últimas etapas cruciais para a produção animal.
O abate de suínos no Brasil, no ano de 2023, atingiu a marca de 46,5 milhões de cabeças em estabelecimentos registrados no Serviço de Inspeção Federal, conforme divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), produzindo assim 5,156 milhões de toneladas de carne suína.
Cabe lembrar que todos os suínos abatidos no país, obrigatoriamente, são submetidos a um procedimento para promover o estado de inconsciência e insensibilidade ou até mesmo a morte instantânea.
Esse procedimento é conhecido como insensibilização e pode ser realizado através de diferentes métodos autorizados pelo MAPA.
A eficácia da insensibilização inclui a imediata perda da consciência e sensibilidade, bem como a duração desta perda até a morte do animal por meio da sangria, a qual é realizada através de: Uma incisão no peito, seccionando o tronco braquiocefálico, interrompendo o fornecimento de sangue para as artérias carótidas e, consequentemente, cessando a irrigação sanguínea ao cérebro, causando hipóxia cerebral e subsequente morte.
O Brasil teve sua primeira legislação regulamentando os métodos de insensibilização no ano 2000, a Instrução Normativa Nº 03 de 17 de janeiro de 2000, a qual permaneceu vigente por mais de 20 anos, tendo sido revogada em 2021 após a publicação da Portaria Nº 365, de 16 de julho de 2021, que também dispõe em seu anexo os métodos de insensibilização permitidos para cada espécie animal, sejam eles métodos mecânicos, elétricos ou de atmosfera controlada.
Para a espécie suídea há opções nos diferentes tipos de métodos supracitados.
Os métodos mecânicos (Figura 1) consistem em sistemas que ocasionam a concussão ou laceração cerebral, ou seja, o tecido cerebral é lesionado causando a perda da consciência.
Insensibilizador de penetração de êmbolo retrátil e seu local de aplicação (Fonte: Accles and Shevolke)
Os equipamentos normalmente utilizados são as pistolas de dardo cativo penetrante ou não penetrante, as quais possuem êmbolos retráteis que causam laceração e lesão irreversível quando penetrativos ou somente uma contusão nas situações em que não há a penetração do êmbolo.
Em linhas de abate de suínos a insensibilização mecânica não é considerada um método ideal, devido aos fortes reflexos involuntários como, por exemplo, os movimentos de pedalagem.
Entretanto, para a realização de eutanásia de suínos nas propriedades rurais ou em situações emergenciais, como acidentes de trânsito, é uma excelente alternativa pela facilidade da utilização do equipamento e eficácia.
Os métodos elétricos implicam na transmissão de corrente elétrica através do cérebro do animal, associado ou não, de aplicação do eletrodo no coração. Diante disso, podemos descrever os dois métodos existentes: eletronarcose e eletrocussão.
A eletronarcose é um método reversível que consiste na aplicação de dois eletrodos na cabeça, os quais promovem imediatamente a despolarização das células neuronais.
Como o efeito é temporário, deve-se garantir uma boa eficácia para que a duração dos efeitos persista até o momento da morte, que ocorrerá somente após a sangria (choque hipovolêmico).
A eletrocussão (Figura 2), por sua vez, é o método que utiliza, além dos dois eletrodos na cabeça, um terceiro eletrodo aplicado na região cardíaca, normalmente posicionado atrás da paleta esquerda.
Figura 2 – Posicionamento dos eletrodos no método de insensibilização elétrica (eletrocussão - 3 pontos e eletronarcose – 2 pontos).
A transmissão de corrente elétrica primeiramente ocorre no cérebro, provocando a inconsciência e insensibilidade, posteriormente sendo transmitida ao coração, ocasionando a fibrilação cardíaca.
Esse método pode levar a morte instantânea, sendo considerado por muitos um método irreversível.
A insensibilização elétrica é vantajosa por ser imediata, levando à inconsciência no mesmo instante em que os eletrodos são aplicados.
Entretanto, a forma de manejo dos animais para este método de insensibilização pode ser considerada estressante, uma vez que devem ser manejados e contidos individualmente, causando desconforto aos suínos por possuírem comportamento gregário
Além disso, a insensibilização elétrica pode ser responsável pelo aparecimento de salpicamento em alguns cortes, equimoses em carcaças e, se realizado de forma inadequada, podem propiciar o desenvolvimento da carne PSE (pale, soft and exsudative) (GREGORY, 1985).
A ocorrência de fraturas lombossacrais também é uma falha tecnológica comumente encontrada em carcaças de suínos insensibilizados pelo método elétrico, impactando o fluxo no processo de abate e ocasionando perdas econômicas devido à lesão causada na carcaça.
O método de insensibilização que utiliza a exposição à atmosfera controlada tem sido implementado no Brasil nos últimos 10 anos, sendo um sistema viável para plantas frigoríficas com maior fluxo de abate, uma vez que o processo é otimizado ao insensibilizar os suínos em grupos de 6 a 8 animais, dispostos em gôndolas que são direcionadas a um poço profundo para a exposição ao gás (Figura 3).
A insensibilização a gás pode ser realizada através de exposição a altas concentrações de dióxido de carbono, a gases inertes (nitrogênio ou argônio) ou mistura de gases (dióxido de carbono associado a um gás inerte).
Comumente tem se utilizado altas concentrações de dióxido de carbono por este ser mais vantajoso economicamente, entretanto o CO2 é considerado um gás aversivo por causar irritação na mucosa nasal ao ser inalado.
A utilização de gases inertes como argônio e nitrogênio demonstra menor aversão ou ausência dela durante a exposição dos suínos em uma atmosfera com menos de 2% de oxigênio, porém o custo é elevado para o uso em sistemas comerciais.
No método a gás, os suínos passam por hiperventilação e falta de ar durante alguns segundos, para a perda da consciência não ser instantânea, além disso, a exposição dos suínos à hipercapnia gera preocupação e não há um consenso sobre o grau de aversão do sistema de insensibilização por CO2 (TERLOUW et al., 2008)
Por outro lado, o método é considerado benéfico para um adequado bem-estar dos animais pelo fato de o sistema propiciar o manejo em grupo e a condução ser realizada automaticamente, evitando o estresse ao reduzir o contato dos manejadores com os animais e por manter o comportamento gregário natural dos suínos durante todo o processo.
A Portaria Nº 365 (MAPA,2021) preconiza uma concentração mínima de dióxido de carbono de 85% e que a sangria seja realizada em no máximo 1 minuto após a saída dos animais das gôndolas, sendo que o tempo de exposição considerado adequado para os suínos é de no mínimo três minuto (WOAH, 2023).
Em relação à qualidade da carne, em decorrência da redução do estresse do manejo e ausência dos movimentos de pedalagem normalmente observados nos métodos elétricos, a insensibilização por CO2 pode proporcionar melhoria da qualidade da carne em comparação à eletronarcose/eletrocussão, uma vez que, o declínio do pH, a coloração da carne e a perda por gotejamento tem se enquadrado em níveis mais adequados, além da redução da presença de equimoses.
A escolha do método de insensibilização é importante, porém, independentemente do método escolhido é nosso dever garantir uma manutenção preventiva adequada e uma eficácia de insensibilização, garantindo que os suínos tenham um abate indolor e sem sofrimento.
Insensibilização de suínos: os diferentes métodos e suas particularidades BAIXAR EM PDF
os diferentes métodos e suas
O USO DO CREEP FEEDING E O DESAFIO DE SE CRIAR LEITÕES SAUDÁVEIS E PRODUTIVOS
Felipe Norberto Alves Ferreira Nutricionista de suínos da Agroceres Multimix
Vamos usar uma “raçãozinha” para dar suporte aos leitões na lactação?
Claro, mas qual das opções disponíveis no mercado escolheremos?
O que uma ração deve apresentar para ser considerada boa?
Com qual idade deveremos iniciar o fornecimento?
Quais os impactos se eu não usar?
Estas são apenas algumas das várias perguntas feitas quando abordamos o tema do uso de creep feeding para leitões durante a lactação. E sejamos claros, são todas pertinentes e nem sempre fáceis de responder.
Há décadas a academia e o mercado buscam, incessantemente, soluções para que a suinocultura produza leitões saudáveis e capazes de tolerar bem a fase de desmame, que é reconhecidamente o evento mais estressante e desafiador da vida do suíno.
Parte do estresse é causado pela transição abrupta da base alimentar dos leitões do leite materno para uma ração pré-inicial.
Portanto, os leitões, além de lidarem com o novo ambiente e a necessidade de socialização com outros leitões, precisam adaptar-se à nova dieta, que é sólida e, frequentemente, de menor digestibilidade.
Não raro, percebe-se uma redução no consumo desses leitões no pósdesmame imediato. E o impacto disso é uma redução do ganho de peso diário na primeira semana e, com ele, o aumento das probabilidades de remoção e comprometimento do desempenho subsequente do lote (Figura 1).
Probabilidade de remoção até os 63 dias em relação GPD de 1ª semana
Probabilidade de Remoção, %
Ganho de peso na primeira semana, kg/dia Q4 Q3 Q2 Q1 Classe
Figura 1. Probabilidade de remoção de leitões até a saída de creche com diferentes classes de peso, em função do ganho de peso diário durante a primeira semana pós-desmame (Dados internos, Agroceres Multimix, 2020).
Esse fato pode comprometer mesmo leitões que desmamaram com bom peso, ou seja, todos os animais são passíveis de sofrer com um período pósdesmame mal manejado.
Então, como podemos preparar os leitões para o desafio digestivo que enfrentarão?
A resposta, sem dúvidas, passar por estabelecer o uso de uma ração creep feeding de alta qualidade.
As rações creep feeding são formuladas especificamente para atender às necessidades nutricionais dos leitões em fase de lactação e pósdesmame imediato, isto é, sua composição considera a produção enzimática dos animais nessa fase, caracterizada por baixas quantidades de carboidrases e proteases, em detrimento a uma maior quantidade de lactase.
Outra característica é o uso de ingredientes de alto padrão de digestibilidade e qualidade, estimulando o desenvolvimento intestinal, sobretudo por preservar a estrutura das vilosidades, para uma transição segura e gradual para as dietas mais simplificadas das fases subsequentes no sistema produtivo.
FATORES DE ATENÇÃO
Sob a ótica produtiva, os benefícios do uso de creep feeding podem ser quantificados na melhoria do ganho de peso e consumo, como resultado da melhor adaptação digestiva e saúde intestinal.
Um dos resultados imediatos desta combinação de fatores é a promoção do desenvolvimento precoce dos leitões, especialmente em termos de capacidade de consumo de alimentos sólidos e aumento na taxa de crescimento.
Ainda, com o uso de rações creep feeding é possível a suplementação de nutrientes e aditivos específicos que atuarão na maximização da qualidade intestinal dos leitões.
Porém, muitos detalhes importantes devem ser observados, pois o leitão irá desempenhar melhor quanto mais ajustado estiver a implementação do manejo e uso da ração.
O elemento mais relevante versa sobre a duração do uso de creep feeding durante a lactação.
Em uma metanálise que buscou elucidar os efeitos do uso de creep feeding durante o pré e pós-desmame, Muro et al. (2023) verificaram que, além da importância do fornecimento, é fundamental atentar-se à exposição dos leitões precocemente à ração.
Os autores encontraram relação positiva entre duração do uso de creep feeding e consumo total da ração pela leitegada, na ordem de 0,27 kg de ração para cada dia de fornecimento extra (p < 0,001; Figura 2).
Duração da alimentação lenta (dias)
Figura 2. Associação entre o consumo e duração do uso de creep feeding durante a lactação (Muro et al., 2023).
Os mesmos autores identificaram que leitegadas que consumiram creep feeding por até 13 dias apresentaram peso ao desmame 4,3% maior que leitegadas que não consumiram ração, ao passo que leitegadas que consumiram creep feeding por mais de 14 dias desmamaram 8,1% mais pesados do que as leitegadas sem ração (p = 0,003; Figura 3).
É reconhecido que o consumo não é linear, já que animais jovens tem menor capacidade de ingestão, ao passo que, quanto mais próximo ao desmame, mais adaptado ao consumo o animal se tornará.
Porém, fica evidente que, quanto antes os animais estiverem expostos, maior o benefício sobre o ganho proporcionado à leitegada a partir do consumo da ração creep feeding.
Figura 3. Efeitos de diferentes durações do uso de creep feeding sobre o peso da leitegada desmamada (Muro et al., 2023).
Considerando que a maior parte dos sistemas produtivos atuais desmama leitões a partir dos 21 dias, parece uma estratégia acertada o uso de creep feeding a partir do 7º dia de lactação.
Com isso, é possível garantir que os leitões que recebem creep feeding tenderão a ter um desenvolvimento mais rápido e robusto, resultando em suínos mais saudáveis e produtivos ao longo do seu crescimento.
Percebe-se, portanto, que uma estratégia capital para o sucesso do uso das rações creep feeding é estimular e garantir o consumo. E uma série de fatores pode influenciar com que leitões se interessem e consumam a ração.
Os mais básicos, já conhecidos há bastante tempo, são o espaçamento e acessibilidade aos comedouros, que devem ser resistentes, preferencialmente fixos ao piso e com acesso por ambos os lados, ou em torno do comedouro, quando circular (Wattanakul et al., 1997).
Ainda, foi observado que a localização do comedouro também importa. Alocar o comedouro para leitões próximos à cabeça da fêmea elevou o consumo de ração creep feeding e, consequentemente, a taxa de crescimento de leitões durante a lactação, se comparado à leitões no qual o comedouro se encontrava próximo ao posterior das fêmeas (Oliveira et al., 2021).
O desperdício é um elemento inerente ao manejo de rações creep feeding, sobretudo no início do fornecimento, quando os leitões são jovens e ainda estão aprendendo o ato de consumir ração. Some isto à curiosidade natural dos leitões e temos um cenário muito propício ao desperdício.
Estratégias como o fornecimento fracionado várias vezes ao dia, bem como o aumento gradual da presença de ração nos comedouros e o uso de tapetes abaixo deles, podem auxiliar neste cenário.
RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO
O custo associado ao uso de rações creep feeding é, frequentemente, o elemento de maior preocupação por parte dos produtores, sobretudo, durante momentos em que as margens do negócio suinocultura estão estreitas e os investimentos devem ser bem direcionados.
Contudo, apesar das rações para essa fase apresentarem o custo por quilo elevado, já que são compostas por ingredientes de alta digestibilidade e segurança sanitária, as quantidades empregadas são baixas e, ao final, a participação no custo do programa alimentar de creche gira em torno de 5% a 6%; e, se tratarmos do custo do programa alimentar do desmame ao abate, o impacto é de 1% a 2%.
Ainda, é importante considerar no momento de se calcular a viabilidade econômica da estratégia de uso de rações creep feeding que: leitões bem preparados, com bons resultados ao desmame e durante a primeira semana de creche, tendem a apresentar não apenas reduzida mortalidade, como já citado, mas também maior peso ao abate.
O acompanhamento de mais de 3.500 leitões do nascimento ao abate demonstrou que a cada 100g de GPD na primeira semana pós-desmame, há possibilidade de redução de 4 a 5 dias no tempo para abate (r = 0,22; P < 0,001; Figura 4a).
O mesmo banco de dados permite observar que para cada 1 kg de diferença no peso ao desmame, há acréscimo de 3,83 kg ao abate (r = 0,36; P < 0,001; Figura 4b).
Relação do GPD de primeira semana e o peso ao abate
GPD de primeira semana, kg/dia
Relação do peso ao desmame com o peso ao abate
Peso ao desmame, kg
Figuras 4a e 4b. Relação entre o GPD de primeira semana e o peso ao abate (a, esquerda) e relação entre o peso ao desmame e o peso ao abate (b, direita) (Dados internos, Agroceres Multimix, 2020).
Reconhecidamente, fala-se sobre os benefícios sobre a redução de competição por tetos entre os leitões de diferentes tamanhos, ao disponibilizarmos uma fonte suplementar de alimento.
Esse fato gera uma consequência relevante no pós-desmame imediato, pois, os menores leitões da leitegada, portanto aqueles que normalmente perdiam a disputa por tetos, são os mesmos que mais tendem a consumir creep-feeding (Pluske et al., 2007)
EFICIÊNCIA REQUER CONTROLE
Finalmente, para o sucesso no uso de rações creep-feeding é necessário monitorar de perto o consumo de alimentos pelos leitões para garantir que recebam a quantidade adequada sem desperdícios.
O creep feeding é uma prática que oferece benefícios significativos em termos de desenvolvimento e saúde dos leitões, mas requer cuidadosa gestão e monitoramento para garantir seu sucesso comercial.
O uso do creep feeding e o desafio de se criar leitões saudáveis e produtivos BAIXAR EM PDF
FUNÇÃO OVARIANA: ESTABELECENDO A VIDA REPRODUTIVA DA FÊMEA SUÍNA - PARTE II
José Andrés Nivia Riveros, Dayanne Kelly Oliveira Pires, Luisa Ladeia Ledo, João Vitor Lopes Ferreira, Isadora
Maria Sátiro de Oliveira, Stephanny Rodrigues Rainha, Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida
Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais
Maternidade e peso ao nascimento
A hiperprolificidade levou a um aumento na proporção de leitões de baixo peso ao nascer. O baixo peso ao nascimento apresenta efeitos negativos ao longo da vida produtiva do suíno.
Dentre eles, podemos citar:
Menor chance de sobrevivência até 72 horas de vida,
Maior tempo de permanência nas instalações para alcançar o peso de abate.
Na primeira parte do artigo "Função ovariana: estabelecendo a vida reprodutiva da fêmea suína - Parte I" ressaltou-se a formação dos oócitos, desenvolvimento ovariano fetal, ciclo estral e o controle da função ovariana, bem como estratégias para a atingir a puberdade.
E nesta segunda parte do artigo serão abordados:
Desenvolvimento folicular da matriz
Síndrome do segundo parto
Efeitos da nutrição e condição corporal na matriz
Importância do estresse no desenvolvimento folicular.
Em função da distribuição desequilibrada de nutrientes e energia entre os leitões na leitegada, o desenvolvimento dos órgãos reprodutores pode ser comprometido, pois são órgãos que têm baixa prioridade no que se refere à partição daqueles elementos.
Assim sendo, o potencial genético reprodutivo pode ser negativamente impactado, afetando a foliculogênese e, consequentemente, a produção de leitões devido à diminuição do número de folículos selecionados.
Desenvolvimento folicular da matriz
Próximo ao final da lactação, a porca primípara merece especial atenção quanto à sua condição corporal, já que este período é crítico devido ao catabolismo lactacional. O desenvolvimento folicular e a uniformidade dos folículos são iniciados ao final do período de lactação e durante o intervalo entre o desmame e o estro.
Embora possa haver populações de folículos de tamanho pequeno e médio durante a lactação, grandes alterações ovulatórias nos folículos só aparecem nos dias imediatamente anteriores à expressão do estro.
Os folículos pequenos têm predominantemente receptores do FSH e seu declínio está associado a uma redução dos níveis de FSH no início da fase folicular.
Os folículos de tamanho médio possuem receptores de FSH e LH e podem produzir níveis de estrógeno. É possível que a competição pela ligação de FSH e LH determine o crescimento e a qualidade dos folículos selecionados para ovular.
Os folículos de tamanho grande têm, predominantemente, receptores de LH. A maioria dos dados ultrassonográ cos identi ca folículos grandes com média de 7 a 8 mm em estro, mas essas medidas podem variar por ordem de parto e entre porcas antes da ovulação.
As fêmeas suínas retornam ao estro entre três e sete dias após a desmama. Fêmeas primíparas apresentam folículos de menor diâmetro antes da ovulação comparadas a porcas de ordem de parto de 4 a 7.
Além disso, foi demonstrado que primíparas com espessura de toucinho mais alta ao desmame apresentam menor intervalo desmame-estro. Esses dados evidenciam a importância da condição corporal das fêmeas para o desenvolvimento folicular.
Síndrome do segundo parto
A síndrome do segundo parto é caracterizada por uma redução na média de leitões nascidos na segunda leitegada em relação à primeira e é atribuída à ocorrência de um balanço energético negativo (BEN) mais profundo na primeira lactação da fêmea suína.
As primíparas são mais sensíveis aos efeitos negativos decorrentes da perda excessiva de peso e condição corporal, pois possuem reservas corporais limitadas e necessitam de energia adicional para completar seu desenvolvimento corporal.
Além disso, sua capacidade de consumo alimentar voluntário é menor em comparação às fêmeas multíparas, favorecendo a ocorrência do processo de catabolismo lactacional mais acentuado.
O BEN durante a lactação pode alterar o ambiente endócrino no qual os folículos se desenvolvem, resultando ao desmame em um pool folicular imaturo, com qualidade oocitária comprometida. A restrição alimentar também pode afetar diretamente a qualidade do folículo através da redução da atividade estrogênica e dos níveis plasmáticos de IGF-I, o que afeta a competência oocitária e desenvolvimento folicular.
O recrutamento desses folículos prejudicados resulta em baixas taxas de ovulação.
Portanto, a condição corporal do plantel reprodutivo é fundamental para garantir que as fêmeas cheguem ao parto com boas reservas corporais, mas sem sobrepeso.
Para tentar minimizar os efeitos da síndrome de segundo parto, alguns estudos têm sido feitos com suplementação de hormônios (altrenogest) durante e após a lactação e suplementação nutricional das fêmeas desafiadas pelo desbalanço metabólico.
Efeitos da nutrição e condição corporal na matriz
Múltiplos fatores podem influenciar a eficiência reprodutiva das fêmeas suínas, sendo a nutrição o fator determinante para o crescimento e a composição corporal desde o nascimento e, especialmente em marrãs, após a primeira lactação.
A condição corporal inadequada das fêmeas pode levar à redução do número esperado de partos durante sua vida útil.
O escore corporal da fêmea também é avaliado na seleção para inseminação, sendo recomendado a seleção de fêmeas com cerca de 140-150 kg de peso corporal e idade aproximada de 220 dias, associando níveis adequados de gordura e tecido magro.
220 dias
Neste sentido, marrãs que apresentaram taxas de crescimento corporal baixas e menor peso corporal ao acasalamento podem produzir menos leitões nascidos. Também se comprovou que uma alimentação inadequada durante sete dias, mantendo apenas o gasto energético de manutenção, inibiu quase totalmente a secreção do LH, sem causar mudanças na secreção do FSH.
Para minimizar esse cenário, utiliza-se um manejo nutricional específico, o flushing, que consiste na administração de dieta de alto nível energético à base de carboidrato e à vontade no período de 10 a 14 dias antes da cobertura. Essa dieta irá potencializar a secreção endógena de insulina e IGF-1 e maximizar o potencial ovulatório.
A insulina atua estimulando a entrada de nutrientes nas células da granulosa dos folículos ovarianos, potencializando a indução e diferenciação de receptores de LH.
140-150 kg
As consequências metabólicas da subnutrição ou supernutrição crônicas contribuem para diminuição da longevidade das porcas e para o aumento da mortalidade perinatal.
Portanto, picos elevados de insulina estão associados a picos de LH. Níveis mais altos de LH induzem o desenvolvimento de folículos maiores, originando uma população de folículos, oócitos e embriões em maior quantidade, qualidade e mais uniformes.
Importância do estresse no desenvolvimento folicular
O estresse e o desenvolvimento folicular na espécie suína estão intimamente associados. Estudos apontam que o estresse das fêmeas pode prejudicar a foliculogênese, dependendo de fatores como:
Fase do ciclo reprodutivo
Tipo e duração do estresse
Susceptibilidade da fêmea
De maneira geral, o estresse provoca o aumento dos níveis de duas substâncias:
Acetilcolina
Cortisol (conhecido como hormônio do estresse)
Essas substâncias atuam sobre regiões do cérebro responsáveis por regular a foliculogênese, conhecidas como eixo hipotálamo-hipófise-gonadal.
O efeito do cortisol sobre esse eixo faz com que o mesmo produza menos LH, o que, por sua vez, causa atrasos no desenvolvimento folicular, problemas no estro, na ovulação e uma maior ocorrência de cistos ovarianos.
Em países tropicais, como o Brasil, o estresse térmico é um problema comum nas granjas. Estudos apontam que as taxas de mortalidade de animais pré-desmame são maiores em países tropicais, tornando necessárias medidas de mitigação. Devido às altas temperaturas nessas regiões, ocorre um atraso fisiológico no início do primeiro estro, sendo a principal causa de descarte de marrãs.
Além disso, o atraso no início do estro aumenta os dias não produtivos, causando prejuízos econômicos para as granjas e afetando o desempenho reprodutivo das porcas.
Uma possível intervenção para esse cenário seria a exposição mais precoce das marrãs ao macho em horários mais frescos do dia, para compensar as altas temperaturas ambientais. Tal intervenção poderia aumentar a longevidade das fêmeas, melhorando o desempenho reprodutivo nas regiões tropicais.
Outros fatores ambientais que podem influenciar a foliculogênese incluem fotoperíodo e sazonalidade.
Em relação ao fotoperíodo, o desenvolvimento folicular parece ser alterado pela melatonina (hormônio do sono), que diminui conforme o folículo aumenta de tamanho, além de aumentar a síntese de estrógeno pelas células da granulosa nos folículos.
Quanto à sazonalidade, mudanças no estro podem estar ligadas à luminosidade e à temperatura, conforme relatado previamente.
Considerações finais
A produção de leitões em maior número e de melhor qualidade por fêmea por ano é a principal meta econômica do sistema de produção de suínos. No entanto, para se alcançar esta meta, o processo de foliculogênese apresenta papel crucial.
Há evidências de que marrãs bem preparadas entram no plantel de reprodução, apresentando longevidade satisfatória.
Portanto, o conhecimento dos fatores tanto internos (puberdade, lactação, maternidade e metabolismo) quanto externos (nutrição, exposição ao macho, controle da temperatura e luminosidade) são essenciais para o estabelecimento de práticas de manejo que irão beneficiar o desenvolvimento folicular e oocitário, levando, consequentemente, ao aumento da produtividade na granja.
Função ovariana: Estabelecendo a vida reprodutiva da fêmea suína - Parte II
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Referências bibliográficas Sob consulta aos autores.
DANBRED
MELHORAMENTO GENÉTICO AUMENTA
DESEMPENHO PRODUTIVO E
NA SUINOCULTURA BRASILEIRA
Em entrevista exclusiva à agriNews TV Brasil, Geraldo Shukuri, que é Diretor Técnico da DanBred Brasil, apresenta os avanços surpreendentes da empresa.
Saiba mais
Já reconhecida por desmamar um grande número de leitões, a DanBred também passa a se destacar pelo desempenho produtivo superior de seus animais, em conversão alimentar, ganho de peso diário, percentual de carne magra e rendimento de carcaça.
Os dados e resultados mais recentes apontam para uma nova era na suinocultura nacional, com foco em eficiência e sustentabilidade.
Desde 2019, a DanBred Brasil vem implementando uma série de atualizações em sua gestão e seu programa de melhoramento genético, que começaram a gerar resultados significativos no Brasil.
Segundo Geraldo, mudanças estruturais, que uniram as operações globais da empresa, trouxeram uma troca mais intensa de informações e tecnologias entre os países, acelerando o ganho genético no Brasil.
Geraldo Shukuri
"O que observamos nos últimos anos é surpreendente”, destaca Shukuri. “Além de sermos conhecidos por desmamar muitos leitões, agora conseguimos agregar um desempenho superior em termos de ganho de peso e conversão alimentar", completa.
Desmame + DanBred
Segundo o diretor da DanBred Brasil, os avanços vêm impactando diretamente a lucratividade do suinocultor, uma vez que permitem a produção mais eficiente a custos mais baixos. Ele destaca que, com a nova geração de animais, os resultados são ainda mais expressivos.
"Algumas granjas já operam com 100% da nova geração, e os números são impressionantes", comenta.
Os principais dados apresentados por Geraldo Shukuri incluem:
Nascidos Totais (parcial): 18,6 leitões
Nascidos Vivos (parcial): 16,45 leitões
Mortalidade: 7,3%
Leitões Desmamados: 15,23 leitões
Com a nova geração 100% implementada, os números foram ainda mais elevados:
Nascidos Totais: 20,66 leitões
Nascidos Vivos: 19,3 leitões
Leitões Desmamados: mais de 17,5 leitões
O programa de melhoramento genético da DanBred também levou à criação do programa Desmame + DanBred, que se trata do desmame sistemático de mais leitões em relação ao número de tetos viáveis, desenvolvido para otimizar a adaptação das granjas ao aumento no número de leitões por matriz.
Geraldo explica que, ao implementar essa nova abordagem, a empresa conseguiu adaptar a nutrição e o manejo dos animais, permitindo que as fêmeas desmamassem até 17 leitões ou mais, um resultado notável para os padrões brasileiros.
"Na Dinamarca, desmamam-se 19 leitões, mas o processo de produção lá é diferente”, explica Shukuri. “Aqui no Brasil, somos capazes de produzir resultados excelentes com os recursos disponíveis", completa.
Além disso, segundo Geraldo, o foco em sustentabilidade tem sido um diferencial importante para a DanBred. Ele explica que o aumento da eficiência produtiva está alinhado com as tendências globais de redução de custos e impacto ambiental.
"Hoje, é possível produzir mais quilos de leitões por fêmea/ano a um custo fixo semelhante, ou até mesmo reduzido, diminuindo o número de matrizes na granja e maximizando a produção", comenta Shukuri.
Adoção Gradual pelos Clientes
A adesão dos clientes ao programa Desmame + DB tem sido gradual, mas crescente.
Segundo Geraldo, muitos suinocultores, que anteriormente desmamavam 12 leitões, agora estão desmamando 14 a 15, com potencial para chegar a 260-270 kg por matriz/ano, que é um dos objetivos da DanBred Brasil no trabalho junto aos seus parceiros.
"O objetivo principal desse manejo é garantir que nossos clientes possam desmamar 250 kg, ou mais por matriz/ano, e estamos vendo isso acontecer", afirma Geraldo.
Benchmarking e Perspectivas Futuras
Os índices zootécnicos apresentados pela DanBred, baseados nos 10% melhores resultados de cerca de 100 mil matrizes avaliadas, mostram o potencial que a nova geração de animais pode alcançar:
Leitões Nascidos Totais: 18,16
Leitões Nascidos Vivos: 16,45
Mortalidade: 7,03%
Leitões Desmamados: 15,23
Peso Desmamado por Fêmea/Ano: 240,97 kg
Partos/Fêmea/ Ano: 2,48
Segundo Geraldo, com a nova geração de animais DanBred, esses números já apresentam um aumento de 2,5 leitões por matriz, o que indica um potencial ainda maior para os próximos anos.
"Esperamos superar os 260-270 kg de peso desmamado por fêmea/ano à medida que os novos genes vão sendo introduzido no mercado", ressalta.
Suinocultura Brasileira em Ascensão
O diretor técnico da DanBred destaca que, apesar dos desafios enfrentados pelo setor nos últimos anos, a suinocultura brasileira vive um momento de recuperação e otimismo.
"Agora é a hora de aproveitar o momento positivo e maximizar o potencial da nossa produção", diz Geraldo.
Segundo ele, a DanBred está confiante de que, com os controles realizados pelos órgãos públicos, associações e iniciativa privada em relação à febre aftosa e outras melhorias na gestão sanitária de manejo e de sustentabilidade do país, o Brasil está cada vez mais próximo de se consolidar como o maior e melhor produtor de suínos do mundo e destacou o papel crucial da DanBred nesse cenário.
"Temos o orgulho de contribuir para o crescimento do setor com inovações que realmente fazem a diferença”, afirma Shukuri.
“Continuaremos a trabalhar para entregar os melhores resultados aos nossos clientes, sempre em busca de superar os desafios e atingir novos patamares de eficiência e qualidade", completa.
A Chave para o Futuro da Suinocultura
Com uma estratégia focada em inovação, eficiência e sustentabilidade, a DanBred Brasil demonstra que está pavimentando o caminho para um futuro promissor na suinocultura brasileira.
Os resultados obtidos até agora são apenas o começo de uma trajetória que promete trazer ainda mais avanços e benefícios para toda a cadeia produtiva.
"O que estamos vendo é apenas parte de um processo que vai transformar a suinocultura no Brasil, como um dos pilares relevantes”, observa Geraldo. “Temos muito a crescer, e a DanBred Brasil está preparada para trabalhar junto com o produtor e as indústrias nessa evolução", conclui.
DanBred Brasil: novo salto em melhoramento genético aumenta desempenho produtivo e eficiência na suinocultura brasileira BAIXAR EM PDF
COMO A VIA ÊNTEROMAMÁRIA NAS MATRIZES SUÍNAS MODULA A MICROBIOTA DOS LEITÕES?
Pedro Henrique Pereira1, Roberta Pinheiro dos Santos1, Ygor Henrique de Paula2 e Vinícius de Souza Cantarelli3
1Graduando em Medicina Veterinária - UFLA.
2Doutorando em Produção e nutrição de não-ruminantes – UFLA.
3Professor e Pesquisador no Departamento de Zootecnia da UFLA.
Oaleitamento materno é de suma importância no início da vida dos mamíferos.
Além de ser o alimento mais completo, nutricionalmente, para os leitões nas primeiras semanas, o leite também contribui para regulação metabólica e imunológica, bem como promove o crescimento e o desenvolvimento dos animais até o fim da vida (GUO et al., 2023).
Historicamente, o leite era considerado estéril. Desta forma, pensava-se que a presença de microrganismos fosse resultante da infecção das glândulas mamárias ou da contaminação da amostra no momento da coleta (RODRÍGUEZ, 2014; SELVAMANI et al., 2021; GUO et al., 2023).
Entretanto, as glândulas mamárias apresentam uma microbiota residente e, atualmente, tem sido discutido e comprovado que microrganismos migram de outras partes do organismo para elas (MOOSSAVI e AZAD, 2020).
Portanto, o colostro e o leite possuem uma composição microbiana que é transferida para a progênie, mas que é influenciada pelo perfil de bactérias residentes em outros órgãos da mãe (DOMBROWSKA-PALI et al., 2024).
O perfil de microrganismos presentes no leite é determinado por diferentes fatores e origens, as quais podem ser divididas entre exógenas e endógenas. As exógenas são:
Fluxo retrógrado da cavidade oral da prole às glândulas mamárias.
Transporte passivo de bactérias a partir da pele da matriz ou dos leitões e
Já as origens endógenas incluem:
Um mecanismo que passou a ser mais estudado na última década, que é a via êntero-mamária dos microrganismos.
Através dela, bactérias benéficas do trato gastrointestinal das matrizes são selecionadas e transportadas para as glândulas mamárias, sendo transferidas constantemente para os leitões desde o colostro até o final da lactação.
Esse mecanismo já foi validado recentemente em suínos por Greiner et al. (2022) e representa uma importante oportunidade de aplicação prática na suinocultura.
A partir dessa descoberta, é possível pensar na criação de tecnologias para modular a microbiota intestinal das matrizes através da dieta, podendo facilitar uma melhor colonização e sucessão ecológica da microbiota intestinal dos leitões.
Dessa forma, o objetivo seria garantir uma microbiota saudável das glândulas mamárias através da promoção de saúde intestinal das matrizes, garantindo assim a saúde intestinal dos leitões durante a fase de lactação.
Isso poderá contribuir para um melhor desempenho nessa fase e melhor maturação da microbiota intestinal dos leitões para suportar o período crítico do pós-desmame.
A via êntero-mamária possibilita o esclarecimento da origem das bactérias anaeróbicas encontradas no microbioma das glândulas mamárias, que somente poderiam originar de uma via endógena.
Essa via se intensifica a partir do terço final da gestação e durante a lactação, que são períodos de maior concentração de vasos linfáticos nas glândulas mamárias (DOMBROWSKAPALI et al., 2024), o que demonstra sua importância para a saúde intestinal da prole.
Moossavi e Azad (2020) demonstraram que a microbiota presente no leite é efetivamente diferente da microbiota presente na pele e na glândula mamária, mas ambas estavam presentes no trato gastrointestinal da progênie.
Desta forma, foi fundamentado que além da influência de bactérias presentes no microbioma da pele da mãe, bactérias que estão presentes apenas no leite também possuem importante papel na colonização intestinal, colaborando com microrganismos que são encontrados exclusivamente no leite.
Assim é comprovada a existência de uma via endógena de colonização.
Para que este mecanismo ocorra, células dendríticas e macrófagos abrem pequenas passagens na barreira intestinal, sem danificá-la, para fagocitar bactérias do microbioma intestinal e, seletivamente, não degradam algumas bactérias comensais, sendo capazes de retê-las e transportálas vivas (GUO et al., 2023).
Essa seleção pode ocorrer dentro ou fora das Placas de Peyer, sendo que esses monócitos contendo bactérias vivas podem ficar armazenados nos linfonodos mesentéricos ou diretamente alcançar a circulação sanguínea ou linfática para chegar às glândulas mamárias.
Além de bactérias nativas do trato gastrointestinal, também é importante ressaltar que outros componentes chegam ao leite por esta via, como as imunoglobulinas, que são anticorpos muito importantes para manter a imunidade do animal recémnascido (SELVAMANI et al., 2021).
A descoberta dessa via representa uma nova oportunidade para o desenvolvimento de tecnologias que busquem a modulação da microbiota do leite e, consecutivamente, do intestino dos leitões.
Desta forma, a compreensão do processo fisiológico envolvido nesta via viabiliza uma otimização da produtividade dos suínos, devido entre suas vertentes, ser capaz de modificar o perfil imunológico e microbiano intestinal, e indiretamente o desempenho dos leitões.
Como a via êntero-mamária nas matrizes suínas modula a microbiota dos leitões?
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FORNECIMENTO DE NINHO: MUITO ALÉM DO ATENDIMENTO À INSTRUÇÃO NORMATIVA
Roberta Yukari Hoshino¹, Bruno Bracco Donatelli Muro², Matheus Saliba Monteiro², Marcos Vinicius Batista Nicolino², Cesar Augusto Pospissil Garbossa¹
¹Laboratório de Pesquisa em Suínos, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, Brasil
²Nerthus Pesquisa e Desenvolvimento, São Carlos, Brasil
Éfato inegável que nas últimas décadas a intensa seleção genética aumentou o número de leitões nascidos. Apesar desse ganho produtivo, o manejo de fêmeas hiperprolíficas e suas leitegadas é complexo e desafiador.
O aumento da taxa de natalidade, também levou a um aumento da duração de parto, da taxa de natimortalidade e mortalidade pré-desmame (van den Bosch et al., 2022; Schoos et al., 2023) Dados como aumento de mortalidade nos rebanhos, suscitam discussões éticas e econômicas.
A preocupação com o bem-estar tem se tornado uma crescente na suinocultura. A instrução normativa nº 113/2020, publicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) em dezembro de 2020 dita normas e manejos que devem ser adotados a fim de maximizar o bem-estar dos suínos.
Dentro dos diversos aspectos trazidos pela IN Nº 113/2020, um dos mais desafiadores consiste no fornecimento de material de enriquecimento adequado ao comportamento de construção de ninho, a fim de estimular a expressão do comportamento natural da espécie.
A nidificação é um comportamento intrínseco dos suínos que é inicialmente estimulado por mudanças hormonais, e por estímulos externos, como a disponibilidade de material para construção de ninho (Jensen, 1993; Wischner et al., 2009).
Na natureza, alguns dias antes do parto, a porca se isola do restante do grupo em busca de um local ideal para a construção de um ninho. Ao encontrar, cava o chão e junta galhos, folhas e grama utilizando as patas e o focinho, assim formando um ninho para a sua leitegada (Wischner et al., 2009).
O processo de construção de ninho, estimula a secreção de hormônios como ocitocina e prolactina que estão envolvidos na redução da duração do parto, natimortalidade e aumento da habilidade materna, produção de colostro e leite (Yun et al., 2013; 2014).
Em contrapartida, fêmeas que são impossibilitadas de construírem ninho apresentam maiores níveis de corticoides e opioides endógenos, o que afeta negativamente o bem-estar, cinética do parto e habilidade materna (Jarvis et al., 1997; Plush et al., 2021).
Na suinocultura moderna, as fêmeas suínas não conseguem expressar o seu comportamento natural devido à falta de espaço, substrato ou ambos.
Fêmeas que não expressaram seu comportamento natural de nidificação, levantam e deitam constantemente durante o parto, em uma tentativa frustrada de construir ninho (Monteiro et al., 2023).
Diversos estudos indicam benefícios de se fornecer material de ninho para as fêmeas.
Uma metanálise foi conduzida por Monteiro et al. (2023), e ao compilar os dados de 26 estudos, identificou-se que prover ninho reduz a duração do parto, natimortalidade e mortalidade pré-desmame.
Além disso, o fornecimento de materiais de nidificação, reduziu comportamentos relacionados a estereotipias de 30 a 93%, a depender do tipo do material e volume.
Essa inquietação durante o parto, aumenta a chance da ocorrência de esmagamentos (Melišová et al., 2014).
Além disso, as fêmeas sem acesso ao ninho, realizam mais comportamentos que podem ser classificados como estereotipias, como mordedura de gaiola e cocho (Plush et al., 2021; Monteiro et al., 2023).
Outros estudos indicam que a frequência e a duração total de comportamento de construção de ninho no pré-parto foi correlacionado com a habilidade materna e ganho de peso dos leitões durante a lactação (Yun et al., 2014; Monteiro et al., 2023).
Dessa maneira é possível afirmar que o sucesso da construção do ninho está relacionada com a quantidade e o volume de materiais fornecidos.
O fornecimento de pequenas quantidades de material de ninho, não permitem que as fêmeas expressem de maneira satisfatória o seu comportamento natural (Plush et al., 2021; Monteiro et al., 2023).
A interação da fêmea com o material de nidificação, além dos aspectos visuais e de volume do ninho e, posteriormente, o contato do material com o úbere são essenciais para que ocorram liberações hormonais que indicam que o processo de nidificação foi concluído e o parto pode iniciar (Baxter, 1983).
Esse feedback de interação entre material, ambiente e fêmea é essencial para as liberações hormonais que vão favorecer o aumento da produtividade (Baxter, 1983; Wischner et al., 2009; Monteiro et al., 2023).
Embora não tenham trabalhos que indicam a quantidade mais adequada de ninho, trabalhos que fornecem menos de 2 kg de material ou utilizam sacos de juta não observam efeitos satisfatórios para a produtividade (Monteiro et al., 2023; Plush et al., 2021).
Além da IN 113/2020, o fornecimento de material para construção de ninho é uma recomendação da Diretiva 2008/120/CE da União Europeia e do capítulo de bem-estar animal de suínos da OIE (Organização Mundial da Saúde Animal).
Podemos caracterizar que a falta do material para construção de ninho não consiste somente da ausência do material, mas também de um volume não suficiente para suprir a necessidade comportamental.
Atualmente os materiais mais utilizados são palha, serragem, papel picado e capim seco.
Embora quando ofertados em níveis adequados tragam diversos benefícios, no Brasil, e em muitos outros países, a quantidade de material fornecido é pequena e insuficiente devido às dificuldades com o constante entupimento dos sistemas de esgoto, além de possíveis riscos sanitários (Plush et al., 2021).
Disponível em:
Um recente estudo pela nossa equipe e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) desenvolveu um blend de biopolímeros e fibras naturais para fabricação de um ninho hidrossolúvel e biodegradável para estimular o comportamento de nidificação das fêmeas suínas.
Esse produto, denominado de BioNest, passa por processamento térmico, garantindo maior biossegurança, e possui como diferencial a sua solubilidade modulada em água.
Em outra recente pesquisa desenvolvida pela nossa equipe contando com 18 fêmeas suínas, observamos que o fornecimento de 3 kg do ninho hidrossolúvel e biodegradável (BioNest) reduziu a ocorrência de comportamentos que podem ser caracterizados como estereotipias e reduziu mudanças posturais durante o parto, indicando uma melhora do bem-estar desses animais.
Além disso, foi observado uma redução da duração do parto de quase 80 minutos (280 para o grupo sem ninho vs 200 min para o grupo com BioNest) e melhora da hemogasometria dos leitões ao nascimento, aumentando o pH, pO2, sO2 e glicemia e reduzindo lactato. Essa sensibilidade modulada em água, garante que o BioNest se mantenha intacto durante o período de construção de ninho pela fêmea, mas após o parto, o material pode ser descartado se solubilizando em água, e dessa forma sem prejuízos e/ou riscos de entupimento aos sistemas de esgoto das granjas.
Esses dados da hemogasometria são indicativos que os leitões que nasceram das fêmeas com acesso ao ninho passaram por menor hipóxia perinatal e, consequentemente, possuem maior vitalidade.
Ao mesmo tempo que o atendimento às diretrizes e normativas são complexas, elas representam uma oportunidade e são importantes para trazer avanços e otimizações da cadeia produtiva. Não devemos nos limitar em apenas atender as legislações, mas através do uso de novas tecnologias maximizar o bem-estar e produtividade.
Com base nisso, o fornecimento de pequenos volumes de ninho pode não ser suficiente para as fêmeas periparturientes, além de também representar um trabalho extra e ao mesmo tempo ineficiente.
Dessa forma, o fornecimento de ninho em volumes adequados, pode gerar aumento do bem-estar das matrizes, além de redução da duração do parto, natimortalidade e mortalidade de leitões.
Fornecimento de ninho: muito além do atendimento à instrução normativa BAIXAR EM PDF
Referências sob consulta junto ao autor