![](https://assets.isu.pub/document-structure/200914114537-427d2d20469b61c0173877c7286d87a6/v1/e2ae3717e1cc3061d51bbaf0ec3a1918.jpg?width=720&quality=85%2C50)
4 minute read
Coluna Mercado Agrícola
Exportações do agro brasileiro devem superar os R$ 500 bilhões em 2020
As exportações do agronegócio em 2020 devem bater recorde histórico em faturamento e volumes. Só nos primeiros sete meses foram mais de 100 bilhões de dólares em divisas, que devem resultar facilmente em números muito acima de R$ 500 bilhões até o final do ano. Em tempos de pandemia, o agronegócio tem sido a salvação da economia brasileira. Capitaneado pela soja com projeção de embarcar mais de 100 milhões de toneladas (até julho já tinha embarcado 90 milhões de toneladas). O setor da carne nunca exportou tanto e deve furar a marca dos 18 bilhões de dólares em vendas externas. O milho pode chegar a mais de 33 milhões de toneladas. O açúcar, que enfrentava dificul- dades, observa a disparada do consumo mundial, queda na safra de vários países exportadores (como a Índia) e tende a passar dos 8 bilhões de dólares. O café teve aumento de demanda mundial com a pandemia e segue com consumo maior que a produção. Até mesmo o arroz (que necessita de importações no Brasil) nos primeiros sete meses do ano alcançou a marca de 1,4 milhão de toneladas exportadas. Com o país exportando a todo vapor, bilhões de dólares seguem entrando pelos portos e a boa notícia é que já se vendeu muito para 2021. A soja já tem mais de 60 milhões de toneladas negociadas até o final de agosto e há mais de três milhões de toneladas já comercializadas para entrega em 2022.
MILHO
A colheita do milho safrinha está fechada, e dos 72 milhões de toneladas colhidas, mais de 80% já estão negociados. Há muito milho comercializado para entrega em 2021 e até mesmo 2022. A pressão de demanda internacional é forte e deixa os indicativos internos também aquecidos, com muitos compradores e poucos vendedores. O restante do ano não deve mudar o rumo e seguir firme e favorável aos produtores. Some-se a isso uma forte demanda interna para cobrir o setor de ração que vem batendo recorde de consumo no melhor ano da história do setor da carne.
SOJA
O Brasil segue líder mundial na exportação de soja e derivados. Até o final de agosto, os números das exportações já alcançavam 95 milhões de toneladas (soja com 82 milhões de toneladas, farelo com 12 milhões de toneladas e óleo, um milhão de toneladas), sendo o principal produto na pauta de exportações do Brasil. Com o ritmo forte nos negócios, antecipou as operações do próximo ano e despertou o interesse dos compradores para 2022. Como temos comentado, a soja sumiu. No final de agosto, era negociada nas indústrias na faixa de R$ 140,00 a saca e não havia ofertas.
ARROZ
O mercado do arroz superou as expectativas dos mais otimistas, atingiu R$ 90,00 pela saca no Rio Grande do Sul e furou os R$ 100,00 pela saca de 60 quilos nos demais estados do Brasil. Mesmo assim, poucos estavam vendendo. Os produtores aproveitaram os momentos de suba e foram vendendo aos poucos, dando fôlego para a alta. Como as exportações foram recordes e até o final de agosto já superavam a marca das 1,4 milhão de toneladas, de uma projeção de 1,5 milhão para o ano todo, houve pressão ainda mais positiva. Como apoio da cotação do dólar em alta, dificultando as importações do grão. O cultivo começa mais cedo neste ano e depois de vários períodos de queda de área, há um leve crescimento de plantio no horizonte.
Vlamir Brandalizze Twitter@brandalizzecons www.brandalizzeconsulting.com.br Instagram BrandalizzeConsulting ou Vlamir Brandalizze
Curtas e boas
TRIGO - O mercado do trigo esteve em alta, com recorde de cotação em reais, oferta limitada interna, cotação do dólar limitando as importações, problemas na safra da Argentina e alta em Chicago. Tudo apoiando avanços no mercado do Brasil, que tinha forte demanda na exportação. Houve geadas intensas sobre as lavouras, que promoveram grandes perdas em agosto. Desta forma haverá um bom ano para os produtores que tiverem trigo disponível. A expectativa é de colher pouco mais de seis milhões de toneladas neste ano para um consumo esperado de 12 milhões de toneladas. O grão importado chega caro ao Brasil e isso favorece o produto nacional.
EUA - Os produtores estão começando a colheita mais cedo nesta temporada. Nem mesmo tornado, tempestades de granizo e ventos de até 200km horários serviram para derrubar a safra, que neste momento registra a soja perto de 120 milhões de toneladas e o milho próximo de 380 milhões de toneladas. Ambos bem acima do ano passado, mas abaixo das necessidades internacionais. O que favorecerá apelo altista, porque a demanda mundial seguirá maior que a oferta de ambos.
CHINA - A China comprou muito, e as projeções apontam que deve bater 100 milhões de toneladas de soja importadas ainda neste ano e que o milho pode chegar a dez milhões de toneladas. O país está recompondo os estoques, que foram os menores em quase uma década para a soja e ainda piores para o milho. Com escassez de oferta interna, as cotações do cereal superaram 330 dólares por tonelada no mercado doméstico. O que motivou grandes compras, que tendem a continuar.
ARGENTINA - A safra de milho e soja ficou dentro das expectativas, próximas de 50 milhões de toneladas cada, com a maior parte já negociada na exportação. O trigo teve o plantio encerrado em agosto, sofreu com o clima seco e depois com geadas fortes, comprometendo a produção. Cenário que dará fôlego a indicativos em alta no mercado doméstico. A partir de setembro, começa o plantio do milho, que, por enquanto, mostra estabilidade na área.