Cultivar 10

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índice

destaques Nem só vantagens Com o plantio direto, muitas doenças tornaram-se problema. Saiba quais são

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Capa: Ilustração - Márcio (X-Kid) Finalização eletrônica - Fabiane Rittmann

A medida correta

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Manejo de pragas no algodão é uma alternativa; mas é preciso conhecer bem o método

Essa tal seletividade... Você sabe o que é seletividade em produtos fitossanitários? Ela tem um papel fundamental na lavoura

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Ela resiste

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Resistência a herbicidas é um problema cada vez maior. Evitá-lo é o caminho

Diretas

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Cartas

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Plantio direto favorece doenças

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Biotecnologia

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Pragas em algodão

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Ramulária no Cerrado

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Mercado agrícola

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Notícias da AENDA

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Cuidados iniciais no arroz

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Recomendações fitossanitárias

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Seletividade de herbicidas

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Resistência a herbicidas

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Enfezamento em milho

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Prolificidade em milho

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Uso de nitrogênio

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Reguladores de crescimento

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Congresso de entomologia

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Mercado de defensivos

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Controle biológico em trigo

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Última página

Anúncios

Controle natural Pulgões no trigo são um problema. Você sabia que há formas simples de controlá-los?

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Pioneer..................................................... 02 Uniroyal.................................................... 05 Cyanamid.................................................. 07 Dow.......................................................... 11 Stapelbroek............................................... 12 FMC.......................................................... 13 Bayer........................................................ 17 Dow.......................................................... 18 Aenda....................................................... 19 Monsanto.................................................. 28 Monsanto.................................................. 29 Milenia...................................................... 33 Agripec..................................................... 37 Bayer......................................................... 42 DuPont...................................................... 47 AGCO........................................................ 48

Editor geral:

Newton Peter - RPJ/RS 3513 newton.peter@cultivar.inf.br

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Ano I - Nº 10 - Novembro / 1999 ISSN - 1516-358X Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: Cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (12 edições): R$ 48,00 REDAÇÃO : ASSINATURAS/GERAL: MARKETING: FAX:

(53)

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Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Diretoria Reestruturação geral na Monsanto, com alteração estrutural da cadeia administrativa. O modelo de gestão horizontal foi substituído por moderno sistema vertical em que despontam cinco diretorias. Sob a presidência de Gustavo Leite, o responsável pelas mudanças, a Monsanto ainda não anunciou oficialmente todos os novos diretores. Já apresenta-

Feijão Dica para quem cultiva feijão. O livro Principais Doenças Fúngicas do Feijoeiro, da Editora da Universidade de Ponta Grossa (PR), é uma boa aquisição. Contém as principais orientações para o manejo econômico e ecológico da cultura. A obra foi editado pelos professores Marcelo Giovanetti Canteri, Maristella Dalla Pria e Olavo Corrêa da Silva e contou com autores da UEPG, Fundação ABC, Embrapa e ESALQ.

Reforço na Asgrow

Osmar

Abramides

dos o diretor comercial Osmar Bergamaschi, que ocupou antes a presidência da Monsoy, e o de tecnologia José Abramides do Vahl. Os titulares do marketing, ao que tudo indica, devem ser

Caramuru no MT O Grupo Caramuru, um dos maiores processadores de soja e milho do país, pretende investir US$ 30 milhões nos próximos dois anos para a construção de uma unidade de esmagamento de soja no Estado de Mato Grosso. Após a conclusão desse investimento, o Grupo passa a ter três indústrias de grãos devendo esmagar por volta de 3 mil toneladas diárias de soja. Cada uma de suas duas outras unidades em Goiás processam 1,8 mil toneladas ao dia. Com previsão de faturamento este ano de R$ 550 milhões, o Grupo tem a expectativa de que, com esta nova indústria, aumente em pelo menos 60% o faturamento da Caramuru durante os próximos dois anos - além de dobrar o volume de exportações de soja.

Thomas Bernard Klevorn (acumulará com a presidência do setor agrícola), de finanças Erwin Russel, e o de pesquisa Manoel Oyervides. Confirmações nos próximos dias.

Novo algodão A Cooperativa Central Agropecuária de Desenvolvimento Tecnológico e Econômico (Coodetec) do Estado do Paraná lançou as variedades de algodão CD 402 e a CD 404, tolerantes e resistentes, respectivamente, à virose conhecida como doença azul , ou mosaico das nervuras .

Mais soja Estudo promovido pela Federação de Agricultura de Goiás mostra que a soja terá a maior área plantada no estado. Muitos produtores abandonaram o milho e se dedicam à oleaginosa. A intenção de plantio é de 1,401 milhão de hectares de soja, um aumento de 5% em relação à safra anterior.

Melão A Embrapa Agroindústria Tropical iniciou estudos de melhoramento genético do melão, de preservação da área livre da mosca-do-melão no pólo Assu/Mossoró (RN) e de expansão da área livre para 11 municípios do Ceará. Uma das pesquisas está desenvolvendo o melão tropical , visando adaptar as principais espécies comerciais existentes ao semi-árido. Isso deverá aumentar a produtividade, melhorando o sabor, o grau de padronização dos frutos, e reduzindo os custos de aquisição de sementes. Outra pesquisa, iniciada em setembro, visa expandir a área livre da mosca-do-melão para 11 municípios do Ceará. Atualmente, apenas o Pólo Assu/Mossoró (RN) possui esse reconhecimento fundamental para a exportação do produto.

Dois engenheiros agrônomos reforçam o tipo da Asgrow. São eles o consultor técnico de vendas, Francisco Serra Negra, atendendo os produtores e distribuidores do Rio de Janeiro, e a assistente de vendas Alessandra Maria Elias, que está no escritório central. Cumprimentos devem ser dados, respectivamente, através dos telefones (21) 91227168 e (19) 252-0555. Falando em reforço na Asgrow, destaque também para a importante contratação na área de marketing. Desde o final de setembro está no setor Paola Miranda, antes conhecida pelo trabalho na Case. Mudanças à vista, no estilo forte e direto de Paola. Mensagens podem ser enviadas para (19) 253.7676 Congresso de Milho

Alberini

Novo lar João Luiz Alberini, exMonsoy e exIAPAR, foi contratado pela FT Sementes com o objetivo principal de desenvolver germoplasma de feijão. Alberini, um dos maiores especialistas do Brasil na área, tem seu nome ligado hoje ao melhoramento de soja. A partir de agora o lançamento de melhores cultivares de feijão é o seu desafio.

A Associação Brasileira de Milho e Sorgo informa que o XXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo acontecerá de 21 a 25 de maio de 2000, em Uberlândia (MG). Maiores informações podem ser obtidas com o secretário geral da associação, Ivan Cruz, através do telefone (31) 7791144 ou e-mail

ivancruz@cnpms.embrapa.br.

Plantas Daninhas O XXII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas acontecerá em Foz do Iguaçú, de 3 a 6 de junho. O evento será seguido, na mesma cidade, pelo Terceiro Congresso Internacional de Plantas Daninhas, de 6 a 11 do mesmo mês. Maiores informações, PJ Eventos, telefone (41) 3721177, e-mail: pjeventos@pjeventos.com.br

UNIROYAL


Pitol

Crescimento A turbulência no mercado de agroquímicos este ano despertou a curiosidade em relação a possíveis alterações no ranking das empresas no Brasil, que em 98 apresentou como grande surpresa a chegada da Milenia ao segundo lugar em volume de vendas, com US$ 211,2 e dona de uma fatia de 8,3% do mercado. Osvaldo Pitol, presidente da empresa, resultado da fusão da Herbitécnica com a Defensa, toma medidas para consolidar a posição. O mercado brasileiro de defensivos movimenta US% 2,5 bilhões. A primeira, em 98, foi a Novartis, com US$ 318,6 milhões (12,4% das vendas). Após a Milenia vêm (em milhões de dólares) a Zeneca (208,7 8,2%), DuPont (208,1 8,1%), Cyanamid (207,5 8,1%), Monsanto (184,3 7,2%), Bayer (182,5 7,1%), Agrevo (155,5 6,1%), Basf (145,2 5,7%), Dow (129,2 5%), Rhone (117,9 4,6%), Hokko (95,9 3,7%), FMC (92,6 3,6%), Iharabras (52,7 2,1%), Rohm Haas (44 1,7%), Sipcam (28,5 1,1%), Uniroyal (10,5 0,4%)

A Cultivar está louca de especial. Amabílio Aires de Camargo Embrapa Cerrados

Gostei muito da reportagem que você fizeram sobre o plantio de soja transgênica. Ela é clara e explica bem como está o problema hoje. Vilmar dos Santos São Paulo

Produtor aposta em transgênicos O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) publicou dados oficiais sobre o plantio de sementes geneticamente modificadas em seu relatório de outubro. Houve aumento nas áreas plantadas com sementes transgênicas de soja, milho e algodão. Nos oito principais Estados produtores norte-americanos, 55% da área de soja foi cultivada com sementes Roundup Ready da Monsanto ano passado foram 40%. Quanto ao algodão, em cinco Estados norteamericanos a área cultivada com variedades resistente a herbicidas aumentou para 38% (era 33% na safra anterior). Já o algodão resistente a insetos foi plantado em 27% do total de hectares - comparando-se aos 23% plantados em 1998. Quanto ao milho, em 30% das áreas foram utilizadas sementes resistentes a insetos sendo que, no ano passado, a área ocupada era de 26%. A única categoria de transgênicos que decresceu foi a de milho resistente a herbicidas - cujo plantio caiu 9% sobre a área total plantada nos Estados Unidos em 1998 - passando para 8% este ano.

Tratores Em relatório oficial, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostrou que a Agco do Brasil é hoje a líder nas vendas de tratores, com 4.345 unidades vendidas de janeiro a agosto deste ano. A segunda marca em vendas é a Valtra, com 3.851 unidades, seguida pela New Holland, com 3.193 tratores vendidos. Em quarto lugar, com 1.378 unidades, vem a SLC-John Deere. O restante do mercado é dividido pela Yanmar (406 unidades), Agrale (300) e Case (197).

Parabéns a todos vocês pelo grande trabalho que estão fazendo.

Congratulações atrasadas pelo artigo do professor Octávio Nakano publicado na edição de setembro. Sem dúvida ele é um dos maiores especialistas do Brasil e é muito bom poder lê-lo.

Parabenizo a equipe da Cultivar pela excelente edição de Outubro.

Luiz Antônio Gomes Engenheiro Agrônomo

Vanda M. A. Malavolta Instituto Biológico SP

Georlei Haddad Dow Agrosciences

Como sempre, a Cultivar está ótima e com excelentes artigos. Luiz Avevedo Novartis

Mário Sérgio

Adilson

Mudanças Entre as grandes mudanças ocorridas nos altos escalões da Monsanto estão as confirmações de José Carlos Carramate no cargo de líder do time de soja; Adilson Penariol na coordenação do desenvolvimento de produção dos cerrados e do protocolo de soja em todo o país, e de Mário Sérgio Carvalho atuando no sistema de gerenciamento integrado, um projeto de nível mundial da empresa. Adilson e Mário Sérgio vêm do primeiro time da Monsoy formado em 97 por Osmar Bergamaschi.

Liderança A Dow Chemical analisa a compra de empresas químicas do setor agrícola. As cobiçadas são: a Home Products Corp. (Cyanamid), a Novartis AG, e a Astra Zeneca Plc. A informação fou divulgada pela agencia Bloomberg. A empresa - sediada em Indianápolis, nos Estados Unidos - pretende liderar o mercado de químicos para a agricultura. Atualmente a empresa ocupa o sexto lugar no ramo, com vendas, no ano passado, de US$ 2,35 bilhões.

Francisco Gimenez Sementes Monsanto

Recebi as últimas três edições da revista e apreciei muito a sua qualidade.

Parabéns pela edição de outubro. Principalmente pela matéria sobre o uso de herbicidas em milho. Não li as partes anteriores e por isso gostaria que você me mandassem as edições que tratam do assunto. Marcos Alcântara de Azevedo Enegenheiro agrônomo

A Cultivar agradece as cartas recebidas. Infelizmente, por questão de espaço, não poderemos publicar todas. Entretanto, informamos que as respostas aos pedidos de informações e de artigos já foram remetidas. Ficamos sensibilizados com as mensagens de incentivo e tentaremos corrigir os erros apontados por nossos leitores.


Soja & Feijão doenças

A

lgumas doenças de expressão econômica na Região Sul do Brasil têm sido favorecidas pelo spd, como o mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum), que afeta todas as leguminosas; as doenças causadas por Fusarium, como a podridão vermelha da raiz ou síndrome da morte súbita em soja (F. solani f.sp. glycines), F. solani f.sp. phaseoli e F. oxysporum, que ocorrem no feijoeiro; a antracnose do feijoeiro (Colletotrichum lindemuthianum); a mancha alvo e a podridão radicular de Corynespora (Corynespora cassiicola) em soja; o tombamento e a murcha de Sclerotium (Sclerotium rolfsii) nas leguminosas em geral; o tombamento e a morte em reboleira (Rhizoctonia solani); a podridão parda da haste da soja (Phialophora gregata);e a podridão da raiz e da haste da soja (Phytophthora sojae). Em feijão, os problemas fitossanitários começam a partir do segundo ano de cultivo em spd, havendo maior incidência de doenças radiculares. Por outro lado, o efeito do spd é mínimo sobre doenças que já são eficientemente controladas por meio da resistência genética, como o cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f.sp. meridionalis), a mancha olho-de-rã

(Cercospora sojina) e a pústula bacteriana (Xanthomonas axonopodis pv. glycines). Para certas doenças, como nematóides de galhas (Meloidogyne spp.) e nematóide de cisto (Heterodera glycines), é fundamental a adoção do spd como medida de controle. Efeitos sobre o microclima Devido ao efeito isolante dos resíduos, há redução na temperatura da superfície do solo, chegando a ser até 10 ºC mais baixa que em solo descoberto, com a presença de uma camada de 2 cm de restos culturais. Solos mais frios na primavera e no início do verão podem causar retardamento na germinação e no desenvolvimento de plântulas, favorecendo as doenças causadas por R. solani e por Pythium sp. e a podridão vermelha da raiz da soja, causada por F. solani f.sp. glycines. Em spd, a incidência e a severidade da podridão vermelha da raiz foram maiores que em sistema convencional, devido à umidade do solo mais elevada e às temperaturas mais baixas. Solos frios também favorecem o apodrecimento de sementes, de raízes e de hastes de feijoeiro causados por

O uso do sistema plantio direto (spd) provoca alterações no ambiente agrícola, devido, principalmente, à presença de cobertura de restos culturais na superfície do solo e ao aumento de matéria orgânica. A influência dessa cobertura sobre fatores físicos, químicos e biológicos é fundamental no estabelecimento de condições favoráveis ou não ao desenvolvimento de doenças. São os efeitos do spd sobre esses fatores que serão analisados, neste artigo

Doenças atacam no plantio direto

R. solani, por F. solani f.sp. phaseoli e por Pythium sp. A maior umidade do solo favorece a mancha angular (Phaeoisariopsis griseola), a podridão cinza da raiz (Macrophomina phaseolina) e o mofo branco (S. sclerotiorum). O molhamento foliar é prolongado em uma a duas horas nas culturas em spd, principalmente nas primeiras fases de desenvolvimento das plantas, o que pode influir positivamente no desenvolvimento de doenças foliares, como a mancha parda da soja, causada por Septoria glycines. Entretanto, no fim do ciclo, houve menor desfolha precoce em soja cultivada em spd.

Efeitos sobre o solo O spd concentra resíduos nos primeiros 10 a 15 cm de solo, aumentando, nesse perfil, a quantidade e a diversidade da população de patógenos de solo associados a restos culturais. Por outro lado, o aumento do teor de matéria orgânica dos solos é importante para o cultivo de feijão, pois confere melhores condições de resistência a danos de doenças e favorece a atividade microbiana, induzindo o desenvolvimento de populações de microorganismos benéficos e de controle biológico. Atualmente, os desafios em spd são as doenças radiculares, principalmente devido à compactação do solo, que

favorece o estresse hídrico. Por não revolver o solo, o spd apresenta, geralmente, uma elevação da densidade do solo na camada superficial, de 0 a 10 cm. Se o spd for mal conduzido (ausência de rotação de culturas e/ou de cobertura adequada do solo, semeadura em condições de excesso de umidade), pode ocorrer compactação nas camadas de 8 a 15 cm. No Rio Grande do Sul, tem-se observado que a semeadura de soja sob spd em solos com elevado teor de argila e em condições de excesso de umidade, causando compactação das paredes laterais do sulco, está aumentando a incidência de podridões radiculares. Os sintomas nas plantas são o necrosamento da extremidade da Leila explica quais as doenças predominantes raiz principal e, nas folhas, amarelecimento e necrosamento dos bordos, doença foi responsável por reduções semelhante à deficiência de potássio. de 10 % a 40 % no rendimento de Solos compactados favorecem o degrãos. senvolvimento de todas as doenças radiculares, como a podridão vermelha Efeitos sobre da raiz, a podridão da raiz e da haste e o patógeno a podridão cinza da raiz, em soja, e as A manutenção de restos culturais podridões por Fusarium, em feijão. na superfície do solo prolonga a viaA ocorrência de pobilidade dos patógenos dridão da raiz e da hasnecrotróficos e sua perte da soja, causada por manência na área, pois Solos compactados P. sojae, em várias laretarda a decomposição favorecem o vouras no Rio Grande de resíduos, mantendo, desenvolvimento do Sul, em Santa Cata- de todas as doenças por mais tempo, a fonrina e no Paraná, conradiculares te nutricional. Com a traria informações de safrinha, doenças como que seria condicionada antracnose, mancha por solos de áreas de baixadas. Essa angular, podridão de raízes por Fusadoença é mais severa em cultivo rerium, cancro da haste da soja e mofo duzido e em spd, provavelmente debranco poderão tornar-se mais sevevido à baixa taxa de percolação de ras em spd, pela grande quantidade água neste sistema de cultivo, à mode restos culturais contaminados prenocultura de soja, à compactação do sentes na área. A camada de restos culsolo, que dificulta a drenagem, e à turais posicionados sobre a superfície cobertura de palha, que mantém o solo do solo também permite a proximidaúmido. A quantidade de P. sojae foi de física da fonte de inóculo inicial duas a três vezes superior até 7,5 cm com o hospedeiro e a formação de esde profundidade em solos sob spd, em truturas de reprodução dos patógenos, comparação com solo revolvido. favorecendo a ação de agentes disseTêm havido severas perdas na culminadores, como chuva e vento. tura de soja em conseqüência da poEm alguns casos, a camada de resdridão cinza da raiz, em períodos de tos culturais pode agir como barreira estiagem com temperaturas elevadas, física, dificultando o completo desenem solo compactado, que resultam em volvimento de estruturas de reproduestresse hídrico na planta. Levantação de patógenos. Uma camada de 6 a mento realizado no Centro-Sul do Pa9 cm de altura de restos culturais de raná e no Oeste de Santa Catarina, no gramínea pode impedir a completa fim da safra 1998/99, mostrou que essa formação de S. sclerotiorum, embora,


em testes de germinação de rotina devido a esse fungo, embora ele não seja patogênico à cultura. F. graminearum parece ser um dos patógenos que apresentam melhor adaptação ao spd.

Acima, vê-se sintomas de mofo branco (esquerda) e podridão vermelha da raiz (direita); ao lado sintomas foliares de podridão vermelha da raiz

com 9 cm, o vigor e o rendimento de feijoeiro tenham sido prejudicados. A cobertura do solo com restos culturais é importante no controle de certas doenças, como a mela da soja e os nematóides de cisto e de galhas. A mela, que não ocorre na região Sul do Brasil, é muito freqüente em regiões de clima quente e úmido, como no Maranhão e na Bahia. A cobertura do solo é fundamental para diminuir a ação de gotas de chuva, que carregam partículas de solo contendo o fungo até as folhas de soja. Em lavouras infestadas por nematóides de cisto ou de galhas, o spd é essencial para evitar a disseminação desses organismos através da movimentação de solo pelo vento, pela chuva e por arado ou grade. Há relatos de maior severidade de podridão parda da haste de soja (Phialophora gregata) em spd, devido à

alta densidade de inóculo do patógeno nos restos culturais e à lenta decomposição desses resíduos quando posicionados na superfície do solo. O fungo foi detectado nos resíduos da superfície durante 30 meses, enquanto nos resíduos enterrados, desapareceu após 11 a 17 meses. No Rio Grande do Sul, essa doença está sob controle somente com o uso de cultivares resistentes; entretanto, voltou a ocorrer, na safra 1998/99, em lavouras cultivadas por mais de dois anos com cultivares suscetíveis. Os resíduos culturais de soja também hospedam alguns patógenos de outras espécies, como Fusarium graminearum, patógeno importante nas culturas de milho e de trigo. Vários lotes de sementes de soja provenientes do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná, nas safras 1995/96 e 1997/98, apresentaram problemas

Efeitos sobre o hospedeiro Em lavouras com nematóide de cisto, as plantas voluntárias de soja, que vegetam na entressafra, poderiam estimular a eclosão de cistos. Se o nematóide completar algum ciclo nessas plantas, haverá aumento da população na entressafra; entretanto, se as plantas morrerem antes disso (por ação de geada ou por dessecação química, por exemplo), é possível que haja certo nível de controle da população do nematóide. Algumas viroses também podem ser selecionadas em ambiente de spd, como o mosaico comum da soja (VMCS), que pode ser encontrado em guanxuma (Sida rhombifolia), planta daninha que está se tornando muito freqüente e de difícil controle em lavouras sob spd. Em área sob spd, haverá estímulo a doenças nas culturas de soja e de feijão sem a rotação de culturas e/ou com o uso de espécies suscetíveis a doenças comuns, como nabo forrageiro, girassol e canola, que são altamente suscetíveis ao mofo branco. Quanto à podridão vermelha da raiz, as perdas pela doença foram menos severas em rotação milho-soja-trigo que em monocultura de soja, e a rotação de soja com sorgo ou trigo diminuiu a quantidade do fungo no solo. Em conclusão, a adoção do spd não significa que haverá, certamente, maior desenvolvimento de doenças. As práticas conservacionistas de cultivo de solo podem, inclusive, não ter efeito ou controlá-las. Entretanto, o spd mal executado poderá causar problemas fitossanitários às culturas de soja e de feijão, principalmente quando a semeadura for realizada com elevado teor de umidade do solo, quando o solo estiver compactado e quando não se obedecer um esquema racional de rotação de culturas. Leila M. Costamilan, Embrapa Trigo


Biotecnologia novidades

Pedido registro de milho transgênico G

randes novidades em biotecnologia no mês passado. A primeira foi o pedido da Monsanto do Brasil à CTNBio da liberação comercial do germoplasma do Milho Guardian ®, resistente a algumas espécies de insetos da ordem Lepidóptera. O comunicado foi publicado no Diário Oficial de 11 de outubro e o prazo de 30 dias aberto para manifestações. A segunda, o anúncio de que em um ano e meio a Embrapa colocará no mercado uma linhagem de soja resistente aos herbicidas do grupo Imazapir. Quem disse foi o Pesquisador Fran-

primeira variedade resistente ao herbicida glifosato. Em prazo um pouco maior virão as variedades resistentes às imidazolinonas. Para Abdelnor, em 10 anos 90% da soja produzida vai ser, de um jeito ou de outro, transgênica.

cisco Aragão, do Cenargen, durante o Radicalismo 45º Congresso Brasileiro de Genética. atrapalha Aragão acrescentou que o risco de cruDurante o IV Encontro dos Agrôzamento da soja com outras espécies nomos do Indea, realizado em Mato nativas é mínimo, algo em torno de Grosso no mês passado, o pesquisa1%. Na sua opinião, o dor da Embrapa/DF, maior risco é a resisMauro Carneiro, defitência a herbicidas. niu a atual situação dos Foi pedida a Para evitá-la o melhor transgênicos da seguinliberação comercial caminho é o desenvoldo germoplasma te forma: Em palestras do Milho vimento de uma soja em que vou para falar Guardian com diversas resistênsobre o assunto, volta e cias, para que o agrimeia aparece alguém cultor possa aplicar do Greenpeace, dizenherbicidas diferentes . do que esses alimentos A idéia é compartilhada pelo preprovocam câncer e outras doenças e sidente da comissão interna de biosé sempre aplaudido, e eu que sou técsegurança da Embrapa Soja, Ricardo nico que pesquiso o assunto e inforAbdelnor. A Embrapa Soja espera como que não têm nenhum problema, locar no mercado em dois anos sua sou desacreditado .


Algodão

praga

Não erre o ALVO A produção de algodão exige a melhoria da produtividade e da eficiência da produção, com custos compatíveis e que viabilizem retornos economicamente satisfatórios. Mas nas últimas décadas têm ocorrido mudanças fundamentais na cotonicultura nacional. A queda no número de agricultores demonstra a diminuição da viabilidade financeira da cultura nos moldes tradicionais, associada com sérios problemas para a sociedade e paisagens rurais. Por outro lado, a superprodução, o perigo de desaparecimento de espécies selvagens, a contaminação de águas subterrâneas e de superfície são consideradas restrições importantes para a agricultura intensiva. A única maneira de se vencer os problemas, objetivamente, está nos modelos sustentáveis de uso da terra, em esquemas de Produção Integrada, onde o controle de pragas é feito dentro de uma concepção global de planejamento, e a produção é vista como uma obra de engenharia. A Produção Integrada é um sistema de exploração agrária que minimiza aportes de insumos procedentes do exterior, mantém os participantes na atividade agrária, diminui ou elimina fontes de contaminação ambiental e busca satisfazer as necessidades das sociedade. Nela, os programas de controle de pragas do algodoeiro visam altas produtividades e colheitas precoces. Eles envolvem práticas corretas de preparo do solo e adubações, escolha de variedades, espaçamentos,

Todo um programa de MIP-Algodão está baseado em amostragens fidedignas. Cada dia mais, os produtores necessitarão de profissionais treinados em sistemas científicos de aviso, amostragem e diagnóstico precoce. É vital o treinamento de profissionais na identificação de pragas e inimigos naturais, em técnicas de amostragem que levem a estimativas seguras da população de pragas e seus antagonistas, baseadas em critérios científicos.

Parâmetros e táticas Objetivando uma melhoria nas densidade e regulação da altura de propriedades físicas e químicas do plantas, data de semeadura, controle solo, bem como contribuindo para a de doenças e plantas daninhas, uso de redução das populações de pragas plantas-iscas e refúgios de pragas, ro(como o bicudo, brocas e lagarta-rotação de culturas, destruição de sosada) e das doenças, é importante queiras, demais métodos mecânicos, que o agricultor, durante a seu planefísicos e biológicos, procedimentos de jamento, elabore uma estratégia que colheita e a proteção direta contra o leve em consideração a diversificação ataque de insetos e ácaros. do uso do solo, bem como esquemas Selecionar (na medida do possível) de rotação de culturas a serem implevariedades resistentes ou tolerantes a mentados. A conservação do solo alipragas, patógenos ou plantas daninhas ada à recuperação e manutenção da ou, utilizar uma mescla de compatísua fertilidade, através de adubações veis (diversificação de variedades). equilibradas e adequadas, são possiUma relação dos antagonistas de acorvelmente os dois fatores mais impordo com sua importância regional estitantes para o sucesso da cotonicultumula sua proteção, e facilita a escora. É sabido, desde há muito tempo, lha de medidas seletivas de controle que as plantas nutridas equilibradade pragas, patógenos e plantas danimente são mais produtivas e mais tonhas. Deve-se utilizar sistemas cienlerantes ao ataque das pragas. Portantíficos de aviso, amostragem e diagto, capazes de mostrar grande parte do nóstico precoce. São importantes para seu potencial produtivo. a tomada de decisão quando necessá Preferencialmente, os vizinhos de rias medidas diretas de propriedade (região, controle. Os níveis de bairro, vila, assentacontrole (NC) cientificaTodo o programa mento, água ) dede MIP em mente sólidos são comvem plantar simultaalgodão é baseado ponentes essenciais da neamente, dentro da em amostragens tomada de decisão. NC época de semeadura fidedignas empíricos devem ser recomendada pelo substituídos por outros calendário agroecolódefinidos cientificamengico regional. É sente. sato e seguro alcançar um padrão para O uso de medidas diretas de cona região. trole de pragas é visto como uma ati Conhecer bem a procedência e a vidade de caráter emergencial, quanqualidade da semente, além de tratádo esgotadas as medidas indiretas. Só las com fungicidas por ocasião da sese aplicam as medidas diretas de conmeadura para que as plantas tenham trole contra organismos cujas populaum bom desenvolvimento inicial. ções se encontram acima do NC (em Adubar de acordo com as análinível regional). ses de solo, seguindo criteriosamente

as recomendações. Não aplicar nitrogênio além do necessário, pois ele favorece pragas como pulgões, lagartadas-maçãs e ácaros. Para atrair os bicudos e brocas que sobreviveram durante a entressafra, deve-se instalar plantio-isca na bordadura da cultura, em especial naquelas áreas adjacentes aos refúgios da praga (matas, capoeiras, capinzais, proximidade de rios ou de aguadas). O uso de variedades que formam carga mais cedo e em período curto permitem a redução da fase crítica das plantas em relação às pragas, além de possibilitar que a colheita e a destruição dos restos culturais também sejam antecipadas. Genótipos capazes de suportar o ataque de pragas e doenças são prioritários, especialmente

pulações adequadas de algodoeiros, evitando-se o fechamento excessivo da cultura, que dificulta a boa fotossíntese e as pulverizações; dificulta, também, o controle de pragas que ficam, muitas vezes, no baixeiro das plantas, como Spodoptera spp., Heliothis spp., Pectinophora gossypiella e Horcias nobilellus. Muitas plantas daninhas, assim chamadas por estarem fora do seu lugar, hospedam pragas. Neste aspecto, o algodoeiro é muito exigente, e o controle destas invasoras elimina hospedeiros importantes de pragas e doenças. Sida spp., Commelina benghalensis, Malva parviflora, Acanthospermum hispidum e Euphorbia são exemplos importantes de plantas daninhas que hospedam pragas/doenças do alDegrande

O uso paralelo de cultura-ísca e cultura definitiva reduz em até três o número de aplicações de inseticidas

porque demandam menores quantidades de insumos para a sua produção. Podem ser obtidos por técnicas da engenharia genética ou através do melhoramento de plantas. Muitas vezes, pequenas reduções na produtividade e no rendimento de variedades resistentes são compensadas pelo menor dispêndio de recursos financeiros e o estresse, que vem desgastando o produtor rural, na condução de variedades mais suscetíveis. O espaçamento, a densidade e a altura de plantas devem permitir po-

godoeiro. A catação dos botões florais e maçãs caídas, visa destruir as estruturas no solo, matando-se larvas e pupas do bicudo que estão no interior. É de fácil aplicabilidade nas reboleiras, bordaduras e plantio-isca, bem como em área total nas pequenas lavouras. A realização criteriosa das amostragens é fundamental para o sucesso do esquema. Inclusive, o percurso em espiral permite localizar o início da infestação nas bordaduras e as respectivas reboleiras iniciais, no caso do bi-

cudo, brocas, cigarrinha-cinza, pulgão, etc. O percurso em espiral cria, ainda, condições para a anotação dos dados da bordadura separados daqueles da área do interior, viabilizando as aplicações localizadas e até mesmo estabelecendo a necessidade do início das amostragens no interior. Monitorar as pragas e os inimigos naturais duas vezes por semana (3 dias de intervalo) através de um competente profissional. Isto é necessário para um efetivo programa de manejo integrado. O tamanho de cada talhão varia em função desta uniformidade. Não deve exceder 100 ha, mesmo em áreas muito uniformes do cerrado brasileiro. Na prática, a adoção de talhões muito grandes, às vezes com mais de 300 ha, tem levado a falhas de controle, seja por superestimar ou por subestimar a praga, levando a desperdícios de pulverizações ou perdas na produção. A utilização de um produto desfolhante contribui para a redução das populações de pragas no final da safra, por permitir menor tempo da cultura a campo, levando a uma única, rápida, e eficiente colheita. A colheita deve ser rápida e bem feita, o que permite a destruição precoce dos restos culturais. Destruição de soqueiras É fundamental que todos os agricultores adotem esta técnica. Devem ser feitos trabalhos de conscientização da comunidade de produtores, alertando-os para a importância da realização desta operação por todos os órgãos, entidades e profissionais ligados ao setor de produção. Também é necessário implementar a fiscalização para viabilizar a realização plena da técnica, já que é um método de controle legislativo. Imediatamente após a colheita, deve ser realizada a destruição dos restos culturais por meio de roçada baixa, aração e gradeação; por arranquio, enleiramento, queima das plantas e gradeação. Em áreas de cultivo mínimo, fazer roçada baixa e manejo químico para evitar qualquer rebrote das plantas. Primordialmente, respeitar a legislação pertinente ao assunto.


Esta prática visa diminuir a taxa de sobrevivência do bicudo na entressafra, além de ser uma técnica eficaz no controle da lagarta-rosada e brocas, reduzir infestações iniciais de pulgões e diminuir fontes de inóculo de doenças (como viroses). A soqueira-isca é uma prática que visa reduzir populações do bicudo para a safra seguinte. É útil para grandes produtores, para os produtores de algodão isolados numa região ou se feita simultaneamente por todos os agricultores de uma vizinhança. Por ocasião da destruição dos restos culturais da lavoura de algodão, no final de safra, deixar algumas linhas de plantas (dez por exemplo), distantes 200 metros umas das outras. É importante salientar que o número de linhas de soqueira-isca a se deixar deve ser de fácil adaptação ao pulverizador disponível, Usamse como soqueira-isca as plantas melhor desenvolvidas, ainda vegetando e produzindo botões florais (normalmente ficam próximas aos terraços), para que exerçam maior atração sobre os bicudos presentes. Plantas desfolhadas não atraem a praga. Assim como a cultura do algodão, a soqueira-isca deve ser destruída no prazo que a legislação determina. A utilização de feromônios de insetos em programas de controle de pragas do algodoeiro tem grandes perspectivas de incremento. Esta nova área de estudo utiliza substâncias produzidas pelos insetos para sua comunicação (intra-específica), e terá aplicação na cultura do algodão no confundimento de machos, atração e agregação de espécies para determinados locais, por exemplo. Atualmente os feromônios vêm sendo utilizados com sucesso na captura de mariposas de lagarta-rosada (gossyplure), em agregação e armadilhas de monitoramento de bicudo (grandlure), além do controle deste inseto com os tubos e a graxa-mata-bicudo. Sugere-se que nas áreas consideradas isentas do bicudo sejam instaladas armadilhas de feromônio para detectar a entrada da praga na região, permitindo atitudes precoces de erradicação da praga; bem como, a implementação de programas para evitar a entrada da praga em áreas indenes. Paulo Degrande, UFMS

Tabela 1

Tabela 2

Tabela 3

Tabela 4


Algodão

Alderi

doença

Folha de algodoeiro com ramulária em estágio avançado

D

urante anos o míldio, falso oídio ou mancha de Ramularia, foi considerada uma doença secundária, sem importância econômica, típica de final de ciclo da cultura do algodoeiro. A ação do patógeno era considerada, muitas vezes, benéfica, uma vez que acelerava o processo de maturação e queda de folhas no final do período vegetativo, contribuindo para a abertura dos capulhos e uniformização da colheita. Nos últimos anos, com a expansão

Ramulária vai ao Cerrado

do cultivo do algodoeiro no Centrosobretudo no terço inferior da planta, Oeste, região de clima amplamente pode afetar o algodoeiro ainda precofavorável a doence, induzindo a queda de ças foliares do alfolhas e comprometendo godoeiro, a mana formação de maçãs no Nas últimas safras cha de Ramularia asbaixeiro. Lesões com caa ramulária sumiu o caráter de racterísticas semelhantes atacou diversas doença indutora de àquelas verificadas nas plantações no danos, passando a folhas podem ocorrer nas estado de MT representar uma prebrácteas. Não são coocupação a mais para muns sobre plântulas, os produtores. em especial nos cotilédones, porém Causada pelo fungo Ramularia arequando ocorrem, se tornam cloróticos ola Atk., caracteriza-se por apresene avermelhados e perdem as folhas. tar manchas esbranquiçadas, de forNas últimas safras incidiu com granmato anguloso em ambas as superfíde intensidade no Estado de Mato cies foliares. Sob condições de alta Grosso, ocasionando queda precoce de umidade e ambientes sombreados, folhas e exigindo a aplicação de fun-

gicidas visando o seu controle. Desfolha intensa provocada por infecção severa pode ocasionar abertura precoce dos capulhos e perda da qualidade da fibra. Condições que a favorecem É muito comum ocorrer em plantações que mostram sintomas de deficiência de magnésio e que sofreram um período de seca prolongado. Ciclos de noites frias e úmidas seguidas de dias secos favorecem a infecção, bem como a alta umidade verificada em plantios adensados com ambiente sombreado. O fungo sobrevive, geralmente, sobre lesões em restos de cultura e os esporos produzidos nestas condições constituem o inóculo primário; é comum o fungo sobreviver sobre variedades de algodão perene ou em soqueiras. Vento, água da chuva ou de irrigação, pessoas e máquinas que passam repetidamente sobre a área cultivada, constituem fatores de disseminação do fungo para a indu-

ção de infecções secundárias. Os esporos de R. areola germinam em água a temperaturas que variam de 16 a 340C, sendo 25-300C a temperatura ótima

para a cultura do algodoeiro, apesar de serem visíveis os altos índices de infecção, há uma crença de que a doença não causa danos econômicos. No entanto, trabalhos conduzidos pelo Instituto Agronômico de Campinas no O controle ano agrícola de 1997/98, em Mato da doença Grosso, demonstraram que entre 59 e Plantios menos adensados e con75% da variação observada na produduzidos de forma a ção dos genótipos avaliaevitar o sombreados estava relacionada à mento excessivo enA doença é variação no grau de incitre plantas criam comum em locais dência da doença. Perdas condições menos facom deficiência consideráveis na produvoráveis à infecção. de magnésio e ção foram verificadas nos seca prolongada A maioria do germogenótipos mais suscetíplasma de algodoeiveis. ro cultivado apreVários estudos estão senta suscetibilidade ao patógeno. No sendo conduzidos em diferentes regientanto algumas fontes de resistência ões do Estado de Mato Grosso visantêm sido obtidas, como nas cultivares do identificar fungicidas eficazes no BRS Facual, BRS ITA 96 e Deltapine controle da mancha de Ramularia. Os Acala 90 e as linhagens ITA 91-322, resultados até o momento ainda não ITA 92-663 e CNPA 94-151. são conclusivos. Em virtude da mancha de RamuAlderi E. de Araújo, laria nunca ter se constituído numa Embrapa Algodão doença de importância econômica


Defensivos genéricos AENDA

B. Consulting

BRANDALIZZE consulting MILHO Leilões do governo para segurar o mercado

No mês passado o governo colocou alguns lotes de milho de seus estoques à venda para tentar impedir que as cotações continuem em crescimento. Mesmo com leilão, o mercado não tem conseguido se equilibrar e continua firme. Há pouco milho para ser comercializado, girando ao redor das 7,5 milhões de T, o que representaria o consumo de pouco mais de dois meses. Portanto o quadro continuará apertado e algumas regiões ainda mostrarão crescimento. As indústrias começaram a estudar posições de importação, mas com o dólar nas alturas e a instabilidade econômica, o setor receia importar e depois ter que pagar cotações indesejadas. Por enquanto vem se abastecendo internamente. Mas a partir de agora terá que começar a buscar milho nos Estados Unidos e alguns volumes na Argentina, onde há pouco para oferecer. As indicações de importações continuam apontando para cima dos R$ 14,00. O plantio ficou abaixo do esperado e ocorreu com atraso. Com isso somente o Rio Grande do Sul terá milho no cedo, dando tranquilidade aos produtores, que novamente devem receber boas cotações pelo cereal.

SOJA

Oferta e demanda favorecendo o Brasil O quadro de oferta e demanda mundial vem sendo ajustado a favor do Brasil. Com redução da produção da safra 99/2000 em cima da quebra da safra americana, que chegou a projetar 80 milhões de T e agora indica menos de 74, tivemos ajustes positivos, e já se trabalha com idéia de US$ 9,00/ 10,00 como média para a safra. A oferta de 155 milhões de T é igual à expectativa mínima de demanda. Há chances de crescimento do consumo, principalmente por parte dos países asiáticos, que tem em suas eco20

• Cultivar

Novembro 1999

nomias em crescimento o ponto de apoio de aumento da demanda. Outro fator positivo é a alta do petróleo, que fará muitos países levarem a oleaginosa ou seus derivados para casa. Para o Brasil o ponto importante que recomendamos é o plantio de cultivares precoces, que possam ser colhidas no cedo, e assim propiciar o plantio da safrinha do milho dentro do seu melhor momento. Os produtores que tiverem soja precoce devem conseguir cotações de entressafra, ou seja, cerca de US$ 1,00 a US$ 1,50 acima do que vigorará no pico da safra.

ARROZ Produtores forçando para conseguir avanços O mercado do arroz tem mostrado os produtores com problemas para equalizar as dívidas junto com os preços praticados com o casca. Para o Rio Grande do Sul deveria negociar nos R$ 15,00 para a Fronteira Oeste, Depressão Central e Litoral Sul, com R$ 1,50 a R$ 2,00 acima no Litoral Norte. Somente com estes indicativos é que conseguiriam quitar as dívidas de custeio que vencem em novembro e dezembro. Um produtor nos apontou que vender abaixo não lhe compensa, porque não paga a dívida. Assim, um está vinculado ao outro. Os negócios para pagamento futuro em dezembro ocorreram nos R$ 15,00, com o que se caminha para termos ajustes em novembro. O plantio aponta área abaixo dos 850 mil hectares no Rio Grande do Sul. A soja deverá tomar parte das expectativas do arroz do Centro-Oeste.

Registrar genéricos custa muito caro

CURTAS E BOAS ... ARGENTINA - A safra 99/00 daquele país deverá ter crescimento na área de soja e milho. As projeções iniciais precisam ser revistas para cima. Comenta-se que possa colher 20 milhões de T de soja. Ainda é sedo para tal número. TRIGO - Nem mesmo a queda dos preços pagos aos produtores desanimaram o setor. Depois de quase uma década estão conseguindo fechar a safra sem prejuízos. Com indicativos de R$ 195,00 aos R$ 215,00 por tonelada, frente a gastos de R$ 145/170.

CRÉDITOS - Os produtores em dia com o BB, estão tendo facilidade para conseguir os recursos do novo custeio. O BB vem privilegiando os bons pagadores. Tudo caminha para que isso se torne uma regra. TRANSGÊNICOS

- Sob protesto de parte dos produtores, o governo, através da CTNBio, vetou o plantio do arroz transgênico no Rio Grande do Sul. Continuamos vendo uma grande batalha entre os prós e contra. Por enquanto os contra levam vantagem.

FEIJÃO Esperando pelas primeiras lavouras da safra de verão O mercado do feijão continua mostrando poucas ofertas e cotações firmes, com indicativos variando dos R$ 35,00 aos R$ 45,00 aos produtores, com

casos isolados acima. Há chances de em novembro termos uma nova arrancada, antes da chegada da safra de verão, que deverá começar a aparecer em dezembro. O feijão que tem sido ofertado vem das áreas irrigadas do Brasil Central, com

custos mais altos, sendo bem administrado pelos produtores. O Paraná teve problemas com o primeiro plantio em função da seca e deverá ter pouco feijão à venda em dezembro e janeiro.

Um defensivo genérico para ser comercializado no mercado precisa obter o registro de produto na esfera federal, ter cadastramentos estaduais e recolher diversas taxas. Pelo sistema atual a análise de um processo, por parte dos órgãos envolvidos, é lenta e complexa, envolvendo tempo e gastos consideráveis. No patamar que está o custo de registro a oferta diversificada de produtos está diminuindo. As empresas pequenas e médias estão apenas mantendo seus registros anteriores e, mesmo assim, descartando alguns por não suportarem o custo da adequação às

Custo de registro de produto genérico

da, em razão da implantação de protocolos da OECD, aceitos internacionalmente e do aprimoramento do sistema de Boas Práticas Laboratoriais. Por este motivo, a AENDA vem procurando sensibilizar os órgãos envolvidos a adotarem a avaliação por similaridade para os genéricos, segundo o procedimento internacional e que comprovadamente reduz drasticamente os custos e o tempo de análise, sem perda do rigor qualitativo. O segredo da similaridade é focalizar a avaliação em aferição química da pureza e impurezas do produto, partindo da premissa que identidade química si-

Ministério da Agricultura....... Ministério da Saúde............... Minist. Meio Ambiente........... Cadastros Estaduais................ Administração......................... TOTAL....................................

normas estabelecidas. É alarmante a tendência de concentração dos registros nas empresas de maior poder econômico. No quadro acima, relacionamos a estimativa de custo de registro de um produto genérico, contemplando as exigências dos ministérios da Agricultura, da Saúde e do Meio Ambiente e dos órgãos estaduais. Esse custo é composto de um Produto Formulado (PF) e seu respectivo Produto Técnico (PT). O Produto Técnico é como se denomina o ingrediente ativo em sua expressão fabril. Os preços estão atualizados e representam testes realizados de acordo com metodologia do IBAMA, aceita no Brasil. Dependendo do produto, estes custos sofrem alguma variação. Segundo os laboratórios prestadores de serviço, os custos podem ser maiores ain-

R$ 14.700,00 R$ 55.406,00 R$ 993.826,00 R$ 14.586,00 R$ 29.200,00 R$ 1.107.718,00

milar remete a efeitos biológicos também similares, portanto não havendo aumento de riscos. Desta forma, deixa-se de realizar dezenas de testes toxicológicos e ambientais, os quais já foram estudados quando do exame do dossiê do fabricante original, dados esses que agora são públicos. Aliás, realizar experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos, é crime postulado no parágrafo primeiro, do artigo 32, da lei de crimes ambientais nº 9.605/98 . A confecção de tais dossiês demanda um grande sacrifício de animais (cães, aves, camundongos, etc.) e a similaridade é a alternativa técnica que os países mais amadurecidos na matéria encontraram para não perpetrar essa matança.

Material produzido pela AENDA. As opiniões manifestadas são de sua responsabilidade

Saíram as recomendações da soja A Embrapa Soja e a Embrapa Agropecuária Oeste acabam de lançar uma publicação atualizada com as principais indicações técnicas sobre soja para o Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Roraima, Pará, Bahia, Piauí e Maranhão. As Recomendações Técnicas para a Cultura da Soja na Região Central do Brasil 1999/2000 reúnem os principais tópicos referentes à cultura da soja, informando as tecnologias disponíveis para obtenção de alta produtividade com baixo impacto ambiental. A publicação foi organizada durante a XXI Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, realizada em Dourados (MS), no início de setembro. A publicação custa R$5,00 e os pedidos de compra do material devem ser encaminhados à Área de Negócios Tecnológicos da Embrapa Soja, pela caixa postal 231 Cep 86001-970. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (43) 371-6119 ou pelo fax (43) 371-6100.


Arroz

doença

Remédio antes da doença Fotos Rugai

A aplicação de fungicida na semente dá dinheiro. Estudos realizados comprovam que o investimento inicial rende na hora da colheita Vista geral de ensaio de densidade de semeadura realizada em Pelotas na safra de 98/99. Note-se os resultados

O

arroz é um dos cereais mais cultivados no mundo, constituindo a base da alimentação de mais da metade da população, sendo que no Brasil é o alimento mais importante, ocupando área de mais de 4 milhões de hectares e produção em torno de 10 milhões de toneladas (Dario, G.J.ª et al., 1997). Cultivado em terras altas, ou em várzeas, há séculos vem exercendo seu nobre papel de alimentar povos, sendo o arroz de sequeiro a

Sementes não tratadas apresentam fungos

Experimento que rendeu 170 Kg/ha. Com semente tratada, a população de plantas foi a adequada

para o sucesso das lavouras. Por ser modalidade cultural utilizada no desagronomicamente impossível a produbravamento de nossas fronteiras agríção de sementes, em escala comercicolas. É provável que a intimidade hisal, isentas de patógenos, a aplicação tórica que o agricultor vem mantendo de fungicidas é a maneira mais simcom essa gramínea, ao longo dos tempos, tenha sido a origem do conceito ples, prática e exequível para se plantar uma semente sem fungos. Apenas de ser o arroz uma planta inoxidápara citar alguns desses vel , portanto pouco microorganismos freatacada por doenças, quentemente associadispensando maiores Erroneamente, dos às sementes de arcuidados fitossanitáripoucos agricultores roz, destacamos os seos com as sementes, usam fungicidas guintes: Drechslera por serem considerana semente do arroz oryzae, Pyricularia gridas muito rústicas. seae, Rhyncosporium Lamentavelmente esta teoria incorreta oryzae, Phoma sorghina, Alternaria padwiinduz o agricultor a ckii, Curcularia spp., Nigrospora sp., não usar fungicidas por julgar a planFusarium spp., Penicillium sp., Asperta resistente a ponto de não ser atacagillus sp., além de fungos como Rhida por fungos. Contudo, Cornelio, zoctonia sonai, Pythium sp., entre ouV.M.DE º e colaboradores afirmam que tros, que vivem no solo e que de algutodas as principais doenças fúngicas ma forma deterioram a qualidade das do arroz são transmitidas por sementes. Logo, o uso de sementes isentas sementes, comprometendo a emergência. de patógenos é condição importante

2,4 milhões, ou 240 por metro quaUm dos recursos que os agricultodrado. Fica fácil entender que, quanres têm usado para compensar falhas to mais semente, mais patógeno. E na germinação é sobrecarregar na taxa quanto mais patógeno, mais focos de de semeadura, para preservar o stand. doenças. E quanto mais doenças, mais Esta prática é cara e o agricultor comprometido será o estande. Estudos não percebe que, aumentando o núno Rio Grande do mero de sementes por área, Sul estão demonsestá introduzindo expotrando ser possível nencialmente, através da O fungicida erradica patógenos, protege reduzir até 25% a semente, quantidades abde fungos do taxa de semeadura surdas de fungos, que posolo e melhora a derão gerar milhares de do arroz irrigado. germinação As sementes foram futuros focos de doenças, tratadas com cuja provável ocorrência Carboxin+Thiram pode ser calculada através (Vitavax Thiram 200 SC) na dose de da seguinte fórmula matemática: NF 250 a 300 mil/100 kg de sementes. = 10 x Q x S x P, onde NF é o número O fungicida erradica ou reduz os de focos por hectare, 10 o fator para propágulos dessas sementes, proporhectare, Q a taxa de semadura (kg/ha), S as sementes por grama, P o percenciona proteção inicial contra fungos tual de patógenos do lote. Exemplo: a de solo, melhora a percentagem de germinação e o stand se estabelece análise de um lote de sementes de armais denso e uniforme que no sisteroz acusou a presença de 15% de um determinado fungo; a taxa de semeama tradicional de altas taxas de semedura será de 200 quilos por hectare, adura. Da redução da quantidade de secom um grama contendo 30 semenmentes por área, advém importante tes. Fazendo os cálculos, obteremos redução no custo de produção, justificado pelo seguinte raciocínio (valo900 mil sementes infectadas, que poderão se transformar, na lavoura, em res aproximados): futuros focos primários da doença. Em outra situação em que a infecção seja A- Sistema tradicional (200 kh/ha) de 40%, o número de focos passará a 4 sacas x R$ 25,00 =R$ 100,00

B- Sistema com redução de sementes (150 kg/ha) 3 sacas x R$ 25,00 =R$ 75,00 Custo do fungicida + mão-deobra=R$ 15,00 Economia do Sistema B sobre o Sistema A = R$ 10,00 por hectare. É importante frisar que, no presente caso, os R$ 10,00 representam economia real, já descontado o custo do fungicida aplicado nas sementes. Isto é apenas um exemplo. Fazendas que usam taxas de semeaduras mais altas teoricamente podem reduzir bastante a quantidade de sementes, aumentando proporcionalmente o ganho com o sistema. Agricultores que já usaram essa nova tecnologia comprovaram na prática esta teoria, como o engenheiro agrônomo Sidney Adib Peixoto, que planta 700 ha no município de Arroio Grande, RS, e que economizou R$ 27,00 por hectare na implantação de sua lavoura, conseguindo uma produtividade de 6.500 kg/ha, superando a média da região. Quem explica o aumento da produtividade é o engenheiro agrônomo José Antonio Lisboa, da FMC: plantas nascidas em áreas com menor densidade de sementes sofrem menor concorrência entre si, gerando plantas anatomicamente bem desenvolvidas, possibilitando perfilhamento mais intenso, panículas maiores e mais pesadas, em harmonia com um estande adequado . Segundo o técnico, é a ciência ajudando a natureza. Adolfo Rugai, Uniroyal

Uniroyal

Rugai recomenda o tratamento da semente de arroz


Inseticidas

seletividade

Gassen

O produto certo Ao escolher um produto fitossanitário, deve-se pensar em uma opção que cause menos danos ao ambiente. Não é conversa de radical. Produtos agressivos podem matar insetos úteis e desperdiçar dinheiro

Os parasitóides utilizam alguns insetos -praga como incubadora de seus ovos. Na foto, o momento da postura

O

que é seletividade? É usar lombo. Negativo. Já no tempo dos um inseticida que mata a gregos se entendia a ação autopraga, sem causar efeitos indesejareguladora da Natureza, e os desasdos. Controle integrado, manejo tres causados por uma intervenção integrado, manejo de pragas ou errada. Desculpem os palavrões, mas outro sinônimo, significa que o vou me valer do latim dos primeiros agricultor vai lançar cientistas para mão de todas as armas explicar melhor: de que dispõe para a. Similia Os inseticidas evitar que as pragas similibus curantur devem causar o carreguem uma parte (o semelhante cura menor impacto do seu lucro. Se for o semelhante). sobre os inimigos naturais das plantas usar inseticida, que seja Naquela época já se seletivo. Cuidando para sabia que o contronão afetar o ambiente, le biológico natural não deixar resíduos do deve ser a forma produto, não intoxicar animais ou principal de controle de pragas, e pessoas. não deve ter perturbada a sua ação; Alguém menos avisado pode b. Natura vis vitatrix (a força pensar que isso é conversa mole de curadora da Natureza), que destaca a quem fica em escritório com ar importância dos fatores naturais de condicionado e não toma sol no regulação de populações, e a busca

do equilíbrio do ecossistema; e c. Primum non nocere (primeiro não causar mal), mostra a importância da seletividade, pois acima de qualquer efeito que se deseje de um inseticida, o pressuposto é que este não cause malefícios ao controle biológico. Entendidos esses conceitos científicos, vê-se que o manejo de pragas é um conjunto harmonioso e ordenado de técnicas de controle. Uma técnica não deve interferir na outra, a menos que para multiplicar sua ação. Os inseticidas devem causar o menor impacto sobre os inimigos naturais e integrar-se a outras técnicas, como é o caso da diminuição de doses quando se usa cultivares resistentes. A menor dose aumenta a seletividade, favorecendo a integração das três táticas de


controle. Alguém pode estar pensando: aí vem um sujeito que nunca plantou um hectare de nada querer ensinar o índio velho aqui. Bem, já plantei e muito. Mas vou dar só um exemplo, que você vai entender logo. Sabe o fede-fede, o percevejo verde da soja, aquele que acaba com os grãos no final do ciclo? Parece uma população enorme, né? Então saiba que, em média, de cada 100 ovos que a fêmea põe, menos de 5 chegam a adulto! São esse 5 que você vê na lavoura. O que aconteceu? O controCultivar

Gazzoni recomenda o uso de inseticidas seletivos

le biológico tomou conta dos outros 95. O inseticida que você aplica vai matar 80-90% dos 5 que sobreviveram! E aí eu pergunto: e se esse inseticida acabar com os inimigos naturais, como é que você se vira? Explicando a seletividade Seletividade de um inseticida é a propriedade de controlar uma praga, com o menor impacto sobre outros organismos presentes. A seletividade varia com o tipo de inseticida, a forma de aplicação, condições de cultivo e de ambiente, o tipo de cultura, a forma de aplicação, a praga visada, a formulação, etc. Veja os tipos de seletividade:

Fisiológica - Inseticida inócuo para inimigos naturais. Por exemplo, os fisiológicos e os biológicos. Dose ou freqüência de aplicação - Inseticidas com baixa seletividade devem ter dose e aplicação reduzidas ao mínimo, feitas nas épocas adequadas. Reduzindo a dose, diminui mais o impacto sobre inimigos naturais do que sobre as pragas. Ecológica - Inseticida não seletivo, pode virar seletivo, pela aplicação em época de menor população de inimigos naturais, conhecendo a flutuação das pragas e dos inimigos naturais. Forma de aplicação - Iscas tóxicas, pincelamento de árvores, injeção no tronco, cultura armadilha, faixa de aplicação ou sinérgicos, podem tornar o inseticida seletivo.

Gassen

Pulgões parasitados por Aphidius. Note-se sua coloração pardo-clara

Programas Tradição - O uso de inseticidas de manejo incorporou-se ao sistema de produBem, inseticida não é o bandido ção. Uma técnica substituta deve ser da lavoura. Ele tem vantagens e superior aos inseticidas quanto à desvantagens: penosidade e ao volume de trabalho, Ação rápida - Os inseticidas ao risco de insucesso, à garantia de químicos representam a retorno de investiúnica alternativa do mento, à eficiência, agricultor, em situações ao baixo custo e à Os inseticidas de emergência. ampliação de químicos são Ação curativa - Em a única solução margem de lucro. caso de insucesso, ou em casos Risco - O emergenciais sucesso parcial de agricultor é avesso outras medidas, os a riscos. Para obter inseticidas representam a mesma eficiência, a última alternativa para evitar o agricultor não substituirá um prejuízos. inseticida que apresenta taxa de Adaptáveis a diferentes situainsucesso baixa, se não estiver ções - O agricultor possui uma convencido da vantagem. alternativa de uso de inseticida para Eficiência - O agricultor exige cada fase da praga, tamanho da alta eficiência, ausência de danos, população, local de ataque, método em especial com produtos onde a de aplicação, etc. aparência determina o preço e Custo/benefício- Cientistas garante o mercado. americanos demonstraram que Economia - O agricultor está US$1,00 gasto com inseticida gera interessado em quanto custa cada retorno de US$2,82, evitando perda método, e na garantia de sucesso de produção por pragas. que ele oferece. Na dúvida, continuará usando inseticidas. Vantagens observadas Também há Tem mais. O agricultor vislumbra desvantagens vantagens adicionais, como: Mas nem tudo são flores. Vamos

ver alguns problemas: Seleção de pragas resistentes O uso contínuo de um mesmo inseticida - ou um mesmo grupo químico - em altas doses, para controlar a mesma praga - vai selecionar insetos resistentes. Essa praga vai necessitar de doses cada vez maiores de inseticidas, ou produtos mais fortes, reduzindo a seletividade. Ressurgência de pragas - A utilização inadequada de inseticidas, no momento inapropriado, não seletivos, pode provocar o ressurgimento de populações elevadas da mesma praga, após cessado o efeito do inseticida, se ele afetar o controle biológico. Surgimento de pragas secundárias - Pelos mesmos motivos, pragas que não são problema, pois são controladas biologicamente, tornamse um problema sério, se o inseticida eliminar seus inimigos. Efeito sobre polinizadores Insetos polinizadores, que freqüentam a cultura durante a floração, são afetados por aplicações de inseticidas tóxicos. Se a flor depende do polinizador para vingar, já se foi a produção pro saco. Efeito sobre o Homem - Inseticida é veneno. Manuseio sem os devidos cuidados, pode conduzir à invalidez, ou até à morte. Efeito sobre animais domésticos - Animais de criação, de guarda e estimação, também são intoxicados por inseticidas, e podem até morrer. Efeito sobre a fauna selvagem Deriva, aplicações mal feitas, próximo a reservas de animais selvagens, ocasionam intoxicação e morte de espécies. Contaminação de solos e água Mesmo aplicado sobre as plantas, parte do inseticida vai para o solo, daí para os cursos de água, causando enormes estragos ao ambiente. Presença de resíduos - Resíduos em produtos alimentares, pelo uso de inseticidas sem critério, causa problemas de qualidade nos produtos alimentares. Biomagnificação - Palavra complicada, que significa: um

Bayer

Tesourinha, conhecida predadora de Spodoptera frugiperda, entre outras pragas

para que um inseticida se adeqüe aos programas de manejo de pragas, é necessário que: a. possua baixa toxicidade a animais de sangue quente e outras espécies que queremos preservar; b. especialmente, que seja seletivo a inimigos naturais; c. tenha uma vida média curta, decompondo-se rapidamente findo o efeito sobre as pragas. Efeito sobre Eu acredito que, A utilização os inimigos a médio e longo inadequada de O impacto sobre prazos, não há inseticidas favorece inimigos naturais pode o surgimento de como substituir ocorrer por: pragas resistentes integralmente o uso I. mortalidade de de inseticidas predadores e parasitóiquímicos por des, pela ação tóxica outros métodos, que apresentem as direta do inseticida; mesmas vantagens, sem as suas II. mortalidade devido à falta de desvantagens. Então não tem outra presas e hospedeiros, mortos pelo maneira: o agricultor tem que estar inseticida; e bem consciente de que precisa usar III. contaminação de presas ou inseticidas seletivos. Pode não hospedeiros com doses que não acontecer nada no primeiro ano, matam a praga, mas que, pela tal nem no segundo, mas se continuar bioacumulação, e pela maior susceusando produtos não seletivos, um tibilidade dos inimigos naturais, dia não terá mais como plantar a provocam a sua morte. mesma cultura no mesmo lugar. animal come uma planta com inseticida. A dose não é suficiente para matá-lo, mas se acumula no organismo. Vem outro animal e come o primeiro. E assim por diante. Em algum momento um animal vai comer o anterior, ou mesmo o Homem pode se alimentar de um peixe ou uma caça, e acumulou inseticida suficiente para causar intoxicação.

Programas de manejo E aí, como é que ficamos? Bem,

Décio Luiz Gazzoni, Embrapa Soja



Herbicidas

resistência

Cultivar

cido o conceito de resistência, fenômeno que também passou a ser observado em outras plantas, com diferentes tipos de produtos.

espécie, bem como numa espécie podem haver biótipos mais ou menos eficientes nesses processos. Compartimentação É a retenção de um ingrediente ativo num local interno da planta, de forma que não consiga chegar ao local onde deve atuar. Por exemplo, numa célula o herbicida é confinado num vacúolo. Sequestração- Dentro da planta um herbicida é conjugado com compostos, como açúcares, glicosídios, etc, tendo sua atividade prejudicada. Numa população de plantas pode haver poucos indivíduos capazes de resistir a um herbicida, por um dos fatores mencionados. Por seleção, pode-se chegar a uma expressiva quantidade de indivíduos resistentes.

Seletividade natural A sensibilidade natural de espécies de plantas a um herbicida é variável e por isso existem herbicidas seletivos para determinadas culturas, mais efetivos para a eliminação de certas espécies de ervas daninhas. Convencionou-se designar esses aspectos como tolerância e sucesctibilidade, reservando-se o termo resistência para biótipos resistentes dentro de uma população de biótipos suscetíveis, da mesma espécie. No passado, apenas pesquisadores isolados efetuaram estudos. Com o aumento de casos, a indústria de herbicidas formou um grupo, que se subdivide em três, respectivamente para estudar triazinas, inibidores de ALS e inibidores de ACCase. Instituições de pesquisa e universidades também passaram a se dedicar ao assunto. No Brasil a Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas constituiu, em 96, um grupo formal de estudos e trabalhos, que se denomina Comitê Brasileiro de Resistência de Plantas aos Herbicidas (CBRPH). A lista de plantas com biótipos resistentes a herbicidas apresentada na Internet indicava, em 04 de outubro passado, 219 biótipos, em 147 espécies. A listagem é constantemente atualizada. No Brasil a CRBPH tinha registradas, em 01.10.99, as seguintes espécies com biótipos resistentes: Amaranthus sp. (resistente a triazinas), Bidens pilosa (resistente a inibidores de ALS),Euphorbia heterophyla (resisten-

Como se desenvolve Uma resistência se desenvolve por seleção natural de biótipos já existentes dentro de uma população de plantas, ou por seleção natural, que às vezes acontece. Não há evidência e é muito pouco provável que uma mutação possa ocorrer por ação de algum herbicida ou outro defensivo agrícola. Quando da avaliação de candidatos a produtos fitossanitários algum composto se mostra mutagênico, ele é eliminado imediatamente. Um produto capaz de provocar mutação genética não pode receber registro para uso agrícola. A resistência, que é ligada a fatores genéticos, é hereditária. A transmissão dessa característica depende do tipo de genes pelos quais é codificada. Assim, um único gene dominante produz desenvolvimento rápido, contra o lento do único gene recessivo. Genes múltiplos causam desenvolvimento por recombinações. Se o gene está na parte feminina, a propagação se dá pelos óvulos. Se está na parte masculina, se propaga pelo pólen. Quando se tem uma espécie suscetível a um herbicida, o número de biótipos resistentes, se existem, é muito pequeno. Por isso a evolução inicial tende a ser lenta. Até ocorrer uma evidência perceptível podem decorrer três, cinco ou até 20 anos de uso continuado de produtos com o mesmo mecanismo de ação. Com triazinas a evidência de biótipos resistentes tem se manifestado com mais

Quando a planta daninha engana o herbicida Fotos Kissmann

T

odos os seres vivos transmitem, ao se reproduzirem, características básicas aos seus descendentes. Na reprodução sexuada nunca essas características são todas exatamente iguais às de um dos ascendentes, podendo, entretanto, manter características derivadas de genes dominantes, formando-se uma cadeia de biótipos com certos aspectos comuns. Entre as características de uma linha de descendência podem estar a adaptabilidade a condições ambientais, e a resistência ou suscetibilidade a condições desfavoráveis. No caso de plantas, por exemplo, a resistência ou suscetibilidade podem ser a doenças, pragas ou a produtos químicos, como os herbicidas. A ocorrência de um evento desfavorável pode eliminar todos os indivíduos mais sensíveis e permitir a sobrevivência dos mais resistentes. Charles Darwin formulou a teoria da seleção dos indivíduos mais aptos, levando à evolução das espécies. A biodiversidade é um fator que a natureza criou para permitir a perpetuação das espécies. A resistência de determinados biótipos de uma planta a um herbicida precisa ser considerada dentro desse contexto. O fenômeno da resistência de biótipos de organismos a produtos fitossanitários é conhecido há cerca de 50 anos. Na década de 40 foi constatada a resistência da mosca doméstica ao DDT; hoje mais de 500 espécies de pragas apresentam biótipos resistentes a um praguicida. Na década de 50 foram constatadas as primeiras resistências de fungos causadores de doenças de plantas a um fungicida; hoje mais de 1500 espécies de fungos resistem a algum produto

Bidens pilosa

Brachiaria plantaginea

Em relação às plantas daninhas, as primeiras observações ocorreram, no fim da década de 50 com uma forma selvagem de cenoura (Daucus carota) não sendo mais controlada pelo 2,4D. Em 1964, observou-se que plantas de Senecio vulgaris, Chenopodium album e Amaranthus retroflexus não estavam mais sendo controladas por triazinas, mesmo usando-se doses elevadas, após sete ou oito anos de boa eficiência, nas mesmas áreas. O fato alertou especialistas, sendo estabele-

te a inibidores de ALS), Brachiaria plantaginea (resistente a inibidores de ACCase), e Sagitaria montevidensis (resistente a inibidores de ALS). Mecanismos de resistência Considera-se que a resistência pode ser devida a quatro tipos de mecanismos: Alteração do sítio de ação A constituição de um elemento sobre o qual o herbicida atua pode sofrer pe-

quena alteração no ponto exato onde se dá essa ação. Por exemplo, no sistema enzimático existem isoenzimas capazes de executar as funções biológicas necessárias, mas diferindo na receptividade de um herbicida. Podem haver plantas com maior ou menor proporção de isoenzimas A,B,C,... Diferenças na capacidade metabólica Alguns herbicidas são metabolizados nas plantas, com destruição do composto ativo. A capacidade de metabolização é variável de espécie a


Cultivar

A sensibilidade a um herbicida varia, diz Kissmann

ou menos sete anos de uso continuado e exclusivo. Com inibidores de sistemas enzimáticos a evidência pode surgir em período menor. Níveis de resistência Muitos autores consideram que ocorre resistência quando um biótipo resiste a duas vezes ou mais a dose que normalmente controla os suscetíveis. Biótipos podem apresentar níveis diversos de resistência. Em alguns casos ela é quebrada com aumento da dose, em outros não. Em casos extremos têm sido constatadas resistências a doses até 100 vezes maiores que a normalmente eficiente. Os fatores que interagem na evolução de resistências são: a) frequência de alelos de resistência na população original, b) modo de transmissão dos alelos de resistência, c) características de fecundação da espécie (autógama ou alógama), d) vitalidade dos genótipos resistentes, e) intensidade de seleção. Considera-se que o último seja o mais importante. É discutido se uma subdose ou superdose podem levar à resistência. Como ela está codificada no genoma dos biótipos e como os herbicidas não são mutagênicos, nenhuma dose pode criar resistência. O nível das doses vai influir na seleção, ou seja, na quantidade de plantas eliminadas. Quando se tem biótipos com baixa resistência, uma dose alta pode melhorar o controle.

Resíduos damente na área; no solo As condições dos tratamentos foUm herbicida com ação residual no ram adequadas, descartadas as falhas. solo continua controlando biótipos A confirmação definitiva deve ser suscetíveis de uma determinada espéobtida sob condições controladas, em cie durante algum tempo, em diverlaboratório, comparando-se o efeito do sos surtos germinativos, provocando herbicida contra plantas supostamenuma redução das suas sementes no te resistentes com o efeito sobre plansolo. Já o herbicida sem ação residutas da mesma espécie, suscetíveis. No al, como muitos produtos de póscaso de suspeita de resistência numa emergência, destrói os biótipos suscelavoura, deve-se deixar algumas plantíveis no momento da aplicação, mas tas completarem o ciclo e produzirem não afeta as plantas que emergem desementes, colhendo-as bem maduras pois. O banco de sementes do solo não e evitando-se que caiam ao solo. Desé afetado. Assim, um hertruir todas as outras bicida residual permite plantas supostamaior proporção de planmente resistentes É discutido se tas resistentes, por elimiantes que formem uma subdose ou nar mais plantas suscetísementes. Colher superdose de veis. também sementes herbicida pode de plantas suscetílevar à resistência Quando se veis. No laboratório constata devem ser semeaUma forte evidência da das as sementes ocorrência de biótipos resistentes a dos dois tipos e, na época normal de um herbicida, só se obtém após dois aplicação do herbicida, efetuar o traou três anos de observação no campo, tamento com a dose normal, o dobro pois inúmeros fatores podem afetar a e o triplo, avaliando-se o resultado. eficiência numa temporada. São eleNo plantio convencional há desmentos importantes de evidência: truição mecânica de muitas plantas Plantas de uma espécie normaldaninhas, mas geralmente depois que mente bem controladas passam a esjá formaram sementes. Essas são encapar ao controle, mas as de outras terradas, o que diminui a emergência espécies continuam sendo controlaimediata, mas prolonga a viabilidade das; no solo, o que mantém o problema por As falhas de controle ocorrem em mais tempo. O sistema permite o uso manchas irregulares; de herbicidas com outros mecanismos Herbicidas com mecanismos de de ação e com efeito residual, como ação semelhantes foram usados seguidinitroanilinas e cloroacetamidas, por Kissmann exemplo. Já no plantio direto na palha a cobertura do solo diminui a emergência de invasoras em geral. Usa-se normalmente herbicidas em pré-plantio, com produtos não seletivos, o que ajuda a eliminar eventuais espécies resistentes, algumas antes de produzir sementes. Quando produzidas, as sementes ficam sobre o solo. Maior número terá condições de germinar em pouco tempo e menor será a viabilidade futura. Muitas sementes são destruídas por organismos predadores. Kurt G. Kissmann, Consultor No próximo número:

Sagittaria montevidensis

Manejo de resistência de plantas daninhas


Milho

doenças

F. Fernandes

Fotos F. Fernandes

Vermelho não produz O enfezamento vermelho é uma das principais doenças da cultura do milho. Seu transmissor é a cigarrinha (Dealbulus maidis), vista abaixo

O

enfezamento vermelho do muito variáveis, dependendo da milho destaca-se entre as cultivar e das condições de temperadoenças mais importantes dessa tura ambiente. cultura, devido à sua elevada Em geral, as plantas de milho freqüência de ocorrência, causando infectadas pelo fitoplasma crescem prejuízos expressivos na produção aparentemente normais e manifesde sementes e grãos. Essa doença tam sintomas típicos do enfezamenreduz o crescimento e o to vermelho apenas enchimento dos grãos na época do enchide milho, podendo mento de grãos. O Os sintomas da causar perda total na sintoma mais doença aparecem produção de cultivares comum é o avermenormalmente nos susceptíveis. lhamento generalizaestágios finais da É causada por um cultura do da planta associamicroorganismo, do à formação de denominado fitoplasespigas pequenas, ma, pertencente à freqüentemente em classe Mollicutes, que infecta o proliferação, e ao encurtamento de floema das plantas. O desenvolviinternódios. Algumas cultivares mento desse microorganismo nas apresentam perfilhamento na base células do floema enfraquece a da planta ou nas axilas foliares. planta e causa alterações fisiológicas Comumente, brácteas das espigas que se manifestam como sintomas alongam-se excessivamente. As

plantas infectadas pelo fitoplasma formam poucas raízes e morrem precocemente, sendo que algumas cultivares secam rapidamente, enquanto outras tombam. Algumas vezes, as plantas jovens infectadas podem apresentar folhas baixeiras avermelhadas, ou a presença de deformações foliares, semelhantes a cortes transversais. Na natureza, essa doença é disseminada pela cigarrinha Dalbulus maidis. Esse inseto, ao se alimentar em plantas de milho infectadas adquire o fitoplasma, que então multiplica-se em sua glândula salivar. Alguns dias após a aquisição do fitoplasma, a cigarrinha passa a transmiti-lo, ao se alimentar em outras plantas de milho. Esse tipo de

transmissão do patógeno pelo inseto-vetor, é denominada persistente-propagativa. O período latente entre a aquisição do fitoplasma pela cigarrinha e sua transmissão para plantas de milho é de cerca de 24 dias, sendo variável em função da temperatura ambiente. Temperaturas elevadas (em torno de 310C durante o dia e 250C durante a noite) reduzem o período latente desse patógeno, na cigarrinha e nas plantas. Sob essas condições, as plantas infectadas apresentam sintomas mais cedo e morrem primeiro que plantas infectadas mantidas sob temperaturas inferiores a essas. A cigarrinha Dalbulus maidis prefere alimentar-se no cartucho das plantas de milho e deposita seus ovos na nervura principal das folhas. Dessa forma, migra sempre dos campos mais velhos para os mais jovens, infectando as plantas ainda no início de seu desenvolvimento. Observa-se que quanto mais Planta com sintoma de jovem a planta de milho é infectada enfezamento vermelho pelo fitoplasma, maiores são os nesse caso, os plantios tardios efeitos deletérios da doença sobre a coincidem com a ocorrência de produção de grãos. temperaturas elevadas, favoráveis ao Tanto a cigarrinha Dalbulus rápido desenvolvimento maidis quanto o do fitoplasma, na fitoplasma multicigarrinha, e nas plantas plicam-se apenas O controle químico de milho. no milho e por da cigarrinha é uma Algumas medidas isso, considera-se alternativa contra o preventivas podem ser que os plantios de enfezamento adotadas para escapar segunda época vermelho da incidência do enfeza(safrinha), assim mento vermelho, como a como os plantios realização de plantios irrigados, que mais cedo, evitando-se coincidêncipermitem a obtenção de mais de as entre temperaturas elevadas e uma safra por ano, são fatores que presença de cigarrinhas no campo, contribuem muito para a perpetuaem alta densidade populacional. A ção desse patógeno e de seu insetointerrupção de plantios consecutivos vetor. de milho e a eliminação de plantas Os plantios de safrinha, em geral, voluntárias no campo (tigüera), coincidem com épocas de picos também podem contribuir para populacionais da cigarrinha D. reduzir a fonte de inóculo e evitar a maidis, que ocorrem nos meses de perpetuação do inseto-vetor. Entremarço e abril, ficando por isso tanto, a medida de controle mais sujeitos a altas incidências do eficiente para essa doença é a enfezamento vermelho. Entretanto, utilização de cultivares com resistem sido observada alta incidência tência genética. dessa doença, principalmente nos Pouco se conhece sobre a heranplantios tardios, realizados a partir ça da resistência ao enfezamento da segunda quinzena de novembro, vermelho e sobre a possível variabino Brasil Central. Observa-se que

lidade genética e existência de raças de fitoplasma. Mas devido à importância dessa doença, esses são aspectos prioritários que estão sendo atualmente pesquisados. Apesar dessas limitações, existem cultivares comerciais de milho consideradas resistentes ao enfezamento vermelho. O controle químico da cigarrinha, aparentemente, apresenta-se como uma alternativa para controle do enfezamento vermelho. Esse inseto é sensível a alguns inseticidas, porém nenhum está atualmente registrado no Ministério da Agricultura e Abastecimento, para esse fim. Além disso, são necessários ainda mais estudos para verificar a efetividade do controle químico da cigarrinha, sobre o controle da doença. A identificação precisa do enfezamento vermelho, pode ser freqüentemente dificultada devido às grandes variações observadas na expressão dos sintomas dessa doença, em função da cultivar e do ambiente, e também devido à sua freqüente ocorrência simultânea com outras doenças do milho. Porém, sua diagnose precisa pode ser realizada em laboratório, através da detecção do fitoplasma nos tecidos da planta. Essa detecção pode ser feita através de observações ao microscópio eletrônico ou através de análises de DNA, pelo teste PCR (reação em cadeia da polimerase). Para isso, são utilizadas amostras de folhas de milho, preferivelmente, da folha bandeira. Essas amostras de tecidos, frescas, ou liofilizadas, são utilizadas para extração do DNA. Posteriormente, utilizando-se primers para amplificação do DNA 16S de fitoplasma, realiza-se um teste PCR. O produto do PCR, juntamente com um marcador de peso molecular, é então submetido à eletroforese, em gel de agarose, e corado com brometo de etídio. A obtenção de bandas de 1,2 Kb, nesse gel, indica a presença de fitoplasma nos tecidos da planta. Elizabeth de Oliveira e Fernando T. Fernandes, Embrapa Milho e Sorgo


Milho

melhoramento

Prolificidade? Prolificidade, ou a habilidade da planta produzir mais do que uma espiga com grão, é uma importante característica na melhoria do rendimento do milho F. Durães

O

melhoramento genético clássico tem procurado selecionar plantas para mais altos rendimentos, buscando as melhores associações da interação genótipo-ambiente. Aproveitando o caráter prolificidade as estratégias de seleção servem a objetivos diversos, tanto a respostas à produção de grãos em altas como em baixas densidades populacionais de plantas; bem como para a obtenção de genótipos adaptados às condições ambientais adversas, principalmente com estresses mineral e hídrico. Em milho, a prolificidade útil (produção de 1 espiga principal e outras 1-2 espigas subapicais produtivas, por planta), especialmente visando a melhoria produtiva de genótipos está associada com níveis de nitrogênio e densidade populacional, bem como de outras interrelações complexas com os diversos fatores ambientais, como luz, fotoperíodo, temperatura, água , nutrientes, e comportamento hormonal (endógeno e exógeno). O genótipo (cultivar) e as inúmeras interações com fatores ambientais induzem, diferencialmente, a extrusão (brotamento) das gemas laterais, produzindo órgãos reprodutivos e/ou vegetativos secundários ou terciários. Resultam, daí, a prolificidade útil (benéfica, do ponto de vista do rendimento e/ ou a fasciação (prolificidade desorganizada: extrusão de inúmeras gemas de colmo e de ráquis de espiga, com desperdício de energia metabólica e produção de fitomassa sabugo, estilo-estigma (cabelo), brácteas (palha da espiga) com reduzida ou inexistente formação de grãos). À luz dos conhecimentos da genética evolutiva, e dos diferentes fenômenos que ocorreram com os ancestrais do milho, nestes mais de sete séculos de domesticação pelo homem, até à morfologia do milho, tal como a conhecemos atualmente, podemos compreender a formação das gemas apical (dominante) e laterais e sua diferenciação e morfogênese. Ou seja, o crescimento e desenvolvimento de fitomassa aérea do milho, é influenciado por fatores ambientais externos e fatores endógenos à planta, especialmente os fitohormônios. Assim, compreende-se que o milho apresenta a gema apical e gemas axilares (latentes) de colmos principal ou ramificação e de axila de ráquis de espiga, que podem diferenciar e formar órgãos (extrusão de gemas laterais e formação de ramos vegetativos ou espigas). Trabalhos experimentais sustentam que o número de espiga de um dado genótipo é a manifestação de um ou mais processos fisiológicos complexos (provavelmente fitohormônios) afetando o desenvolvimento da espiga, do tempo da inicia-

ção floral, até vários dias após a fertilização. Estudos científicos têm relatado sobre a herança e expressão da característica múltipla-espiga . A prolificidade em milho é herdada e é uma característica poligênica, e as correlações entre rendimento e o número de espigas por planta têm sido relatadas altas, indicando que o aumento no número de espigas com grãos por planta deverá resultar em aumento no rendimento de grão de milho; entretanto, a fasciação tem apresentado problemas aos campos de produção de grãos. Resultados experimentais e levantamentos de campo de produção tem evidenciado baixa eficiência de granação de espiga (cerca de 30%, já registrado) quando a taxa de fasciação é alta. É apresentada uma tabela útil para a caracterização de tipos de gemas extrusadas e focos para trabalhos com prolificidade. A utilidade prática desse conhecimento em genótipos específicos de milho pode permitir o adequado manejo da cultura em ambientes adversos (com tolerância a estresses hídrico ou mineral); em manejo de doenças causadas por molicutes (enfezamentos) em milho; em manejo de nitrogênio e de densidade populacional versus nitrogênio, bem como para a produção de milhos especiais tipo mini-milho , milhos elite, etc. Frederico Ozanam M. Durães, Embrapa Milho e Sorgo


Milho

adubação

O

nitrogênio é um dos nutrien tes mais requeridos e de maior custo para a cultura do milho. E sua maior eficiência depende de conhecimentos técnicos e práticos, que proporcionem maior disponibilidade para as plantas. A maior reserva de nitrogênio no solo está ligada a matéria orgânica sob forma não diretamente disponível para as plantas e que representa mais do que 90% do nitrogênio total do solo. As principais formas de nitrogênio, ao redor de 2% do disponível, são o amônio (NH4+) e nitrato (NH3). Vários processos e mecanismos envolvendo sucessivas reações de ordem bioquímica realizadas por microorganismos fazem parte da transformação do N orgânico em inorgânico. A maior resposta na produtividade por unidade de nitrogênio aplicado está diretamente relacionada com a qualidade, época, fonte e forma de aplicação. Quantidade a aplicar O nitrogênio no solo se apresenta de forma orgânica e inorgânica. É através do processo de mineralização promovido pelos microorganismos que o nitrogênio transforma-se em N-orgânico e N-inorgânico (NH4+ e NH3-), principais formas disponíveis. Uma das dificuldades para a recomendação nitrogenada para a cultura do milho é a falta de um método que determine o índice de fertilidade para esse nutriente, considerando o N inorgânico disponível mineralizado durante o ciclo da cultura. Diante dessas dificuldades, as recomendações atualmente têm se baseado na exigência nutricional da cultura, no histórico da lavoura (culturas anteriores, sistema de rotação adotado), curvas de resposta econômica e na produtividade esperada. Dentre esses parâmetros, o histórico das lavouras e as curvas de resposta econômica têm merecido especial atenção por parte de técnicos de campo, pesquisadores e agricultores. No histórico da área, o principal desafio tem sido dominar o manejo das diferentes culturas de inverno, respeitando principalmente as diferenças entre gramí-

Cultivar

Nitrogenado, milho produz mais Mas é preciso observar as recomendações técnicas para não desperdiçar o produto

re próprio totalmente adaptado às conneas e leguminosas, a fim de que se dições de solo e clima brasileiros e que possa estabelecer um adequado fluxo está à disposição dos clientes, através de liberação de N ao sistema. Hoje de sua equipe técnica e representansabe-se que existem diferenças signites em todo o país. ficativas quanto ao fornecimento de N entre as diferentes coberturas e inÉpoca de tervalos entre a época de manejo desaplicação sas coberturas e o plantio de milho. De maneira similar à quantidade Quanto às curvas de respostas o maitotal, a época de aplicação e o percenor esforço, atualmente, tem sido detual de N a ser aplicado no plantio e terminar as variações de resposta exisem cobertura também apresentam ditentes na produtividade em função do vergências de recomendação. Pior, há híbrido usado, o manejo empregado, uma tendência forte para a generalipor exemplo o aumento da população zação, esquecendode plantas por hectare, e se que o clima, os os parâmetros nutriciosolos, o manejo, os nais do solo. A maior reserva sistemas e o históriAtualmente, existem de nitrogênio no co das áreas são dino mercado alguns prosolo está ligada à ferentes. Em quase gramas de computador matéria orgânica; 20 anos de pesquichega a 90% do que levam em considerasa, acompanhando total ção esses parâmetros, ree visitando produtocomendando a quantidares de milho em dide de N a ser aplicada de ferentes regiões do Brasil, observamos forma mais segura e precisa. A Pioneque os agricultores recebem informaer Sementes desenvolveu um softwações nem sempre coerentes com a rePioneer alidade local, seja do ponto de vista técnico ou prático. Atualmente é possível encontrar recomendações que vão desde a aplicação total de todo N antes do plantio, 50% do N no plantio e 50% em cobertura e até mesmo em quatro ou cinco parcelamentos durante o ciclo da cultura. Essas recomendações na sua maioria se baseiam em resultados locais, sob condições específicas, que não podem ser indicadas para todos, em geral. O parcelamento e a época de aplicação do N na cultura do milho depende de inúmeros fatores, como a Peixoto explica o uso do nitrôgenio em milho dose total a ser aplicada, a cultura

dos de produtividade foram alcançaanterior, a textura do solo, tamanho dos com o uso de 40kg/ha de N por da área, estrutura da propriedade e de ocasião do plantio e o restante em uma aspectos práticos do dia-a-dia da proaplicação quando a cultura estiver na priedade, como a própria parte operafase V4 (quatro folhas fora do cartucional de se encontrar um determinacho). Nesses casos obteve-se uma resdo fertilizante e até mesmo observar posta entre 80 a 100 kg de grãos por se é possível distribuir através de equikg de N aplicado em cobertura. pamentos já disponíveis um fertilizanOutro aspecto a mencionar é o fato te com elevada concentração de N. De de que muitas vezes nos deparamos maneira prática, em doses de N total com indicações de apliaté 150 kg/ha, solos de cação de doses de até textura argilosa, distri60 e 80kg/ha no planO nitrogênio buição mecânica do no solo está tio. Nesses casos, emfertilizante e áreas maipresente nas bora tecnicamente a inores cuja estrutura poformas orgânica e dicação possa estar corderá comprometer a inorgânica reta, o agricultor, para distribuição e conseseguí-la, deve usar misquente eficiência do tura de fertilizantes nifertilizante é recomentrogenados ao formuladada uma única aplicação. Entretando de plantio. Entretanto, essa prátito, em doses maiores do que 150 kg/ ca provoca sérios transtornos na dishá, solos de textura arenosa, distribuitribuição, ocasionando, na maioria dos ção via irrigação, a aplicação de N casos, sérios problemas no plantio. poderá ser dividida em duas vezes, deComo recomendação final, sugerimos pendendo da análise econômica e da que antes de qualquer mudança no prática dessa operação. parcelamento e época de aplicação do Assim, com base em resultados N, o agricultor verifique os aspectos obtidos em trabalhos no campo nos técnicos, práticos e econômicos desúltimos oito anos, nos quais se avaliasa mudança. ram híbridos brasileiros de diferentes ciclos e regiões de diferentes tipos de Fontes solo e clima, concluímos que para e formas doses de N total entre 120 a 150 kg/ É ainda comum a dúvida do agriha, na média dos sistemas adotados, cultor e dos técnicos em relação à em solos de textura argilosa e obsermelhor maneira de se aplicar fertilivando os aspectos práticos peculiares zante nitrogenado em cobertura. Dende propriedade, os melhores resulta-

tre os vários produtos no mercado, a uréia recebe maior questionamento. A uréia no solo é reduzida a nitrato, através de etapas. As perdas por volatização da amônia ocorrem porque a uréia, após adicionada ao solo, sofre hidrólise enzimática, produzindo carbonato de amônio, que por sua vez desdobrase em gás NH3, CO2 e água. Além disso, um agravante desse mecanismo de perda é o elevado aumento do pH causado pela amônia ao redor do local da aplicação, dificultando a transformação para uma forma mais estável NH4+, o que facilita a volatização. Em trabalhos de laboratório, usando doses variando entre 120 a 240 kg/ ha em diferentes métodos de aplicação superficial, incorporada a 2 e 5 cm e localizada a 5 cm de profundidade, foi possível determinar a velocidade e as perdas. Nas aplicações mais profundas o início da volatização ocorreu após cinco dias. Esse atraso é devido à resistência do solo ao deslocamento da amônia, já que esta é retida por mecanismos físicos e químicos associados à capacidade de troca. Nesses mesmos trabalhos também se verificou que, quando a uréia foi aplicada superficialmente, 90% das perdas ocorreram nos primeiros oito a 10 dias. Quando, porém, localizada a 5 cm de profundidade, as perdas foram de 70% em média e ocorreram nos 16 primeiros dias. Trabalhos de campo da Pioneer, durante duas safras e em 18 locais, com uso de 90 kg/ha de uréia em cobertura localizada a 5 cm e superficial, mostraram um ganho médio de 492 kg/ha de grãos a favor da aplicação localizada, provando que as perdas do nitrogênio por volatização existem no campo e que reduzem a produtividade. Claudio de Miranda Peixoto, Pioneer Sementes


Pragas

controle

Os reguladores de crescimento de insetos (RCI) são considerados como produtos da terceira geração de inseticidas. Alguns compostos sintéticos são análogos ou antagônicos aos hormônios juvenis naturais produzidos pelo corpora alata dos insetos, cujas funções são de regular o seu crescimento e desenvolvimento. Existe um outro grupo de RCI, que interfere na síntese e/ou deposição da quitina por ocasião da muda ou troca do esqueleto do inseto, processo fisiológico, regulado pelo hormônio da ecdise (ecdisônio)

O

s RCI, quando aplicados sobre as formas imaturas dos insetos, não causam necessariamente reações tóxicas, mas provocam alterações ou assincronia no seu desenvolvimento, o que eventualmente causam a morte. Na fase adulta, estes produtos podem também afetar a reprodução em várias ordens de insetos, interferindo no desenvolvimento ovariano, na embriogênese, na fecundidade e viabilidade dos ovos produzidos, bem como em aspectos comportamentais, como a cópula, liberação de feromômios, diapausa e migração. Uma vez que os RCI podem regular a fecundidade e a viabilidade dos ovos de insetos e, consequentemente, o número de descendentes de suas populações, a aplicação destes produtos na fase adulta, tem-se constituído numa estratégia de controle de pragas. Todavia, esta prática é de maior relevância para espécies de insetos que têm dificuldades de controle através do emprego dos inseticidas convencionais, seja em decorrência da ineficácia de produtos disponíveis no mercado ou por restrições de caráter técnico, econômico ou ambiental. A aplicação de RCI sobre adultos pode ser usada como uma alternativa viável de controle, quando as formas jovens do inseto causam danos à cultura. A vaquinha-verde-amarela Diabrotica speciosa enquadra-se como uma praga adequada para o emprego de RCI na fase adulta, pois o controle de suas larvas, através do emprego dos inseticidas químicos convencionais, tem sido considerado ineficiente, especialmente quando os inseticidas são aplicados via sementes. Na cultura da batatinha, por exemplo, os adultos

Os insetos que não Cultivar

comparados aos de casais não tratados . Verifica-se, portanto, que o regulador de crescimento promoveu algum tipo de distúrbio fisiológico sobre os adultos de D. speciosa, que afetaram negativamente a fecundidade e viabilidade dos ovos colocados pelo inseto. Como conseqüência, o número efetivo de larvas produzidas por fêmeas foi significativamente reduzido no período estudado. Se esta condição for reproduzida em condições de campo, a densidade populacional de larvas no solo poderá ser reduzida através de pulverizações na cultura da batatinha com o regulador de crescimento, o que, consequentemente, impedirá a ocorrência de danos nos tubérculos. Reguladores são boa alternativa, diz Crébio No entanto, trabalhos dessa natureza devem ser realizados nas condições de campo, visando a comprovação dos redessa praga alimentam-se da folhagem sultados obtidos em condições de ladas plantas enquanto que as larvas daboratório. nificam os tubérculos, reduzindo a Trabalhos conduzidos no Departaprodutividade e especialmente o seu mento de Entomolovalor comercial dos gia da ESALQ/USP, mesmos. Através de tratambém demonstraOs reguladores de balhos conduzidos em ram que a fecundidacrescimento condições de laboratópodem ser de e viabilidade de rio, verificou-se que a aplicados sobre ovos do moleque-dacapacidade de postura insetos adultos bananeira (Cosmopode fêmeas de D. speciolites sordidus) e do sa foi significativamenbicudo-do-algodoeite reduzida, quando os casais foram ro (Anthonomus grandis) foram redutratados com o regulador de crescizidos quando os adultos de ambas as mento de insetos lufenuron. Em adiespécies foram colocados em contato, ção ao efeito sobre a fecundidade, os respectivamente, com pseudocaules ovos obtidos de casais tratados aprede bananeira e plantas de algodão trasentaram baixa viabilidade quando

tados com RCI. Nos EUA, a esterilização do bicudo do algodoeiro empregando-se o RCI diflubenzuron, tem sido utilizada como um método alternativo para o controle ou de erradicação do inseto em áreas onde se cultiva o algodão. Os RCI também tem sido usados no controle de gorgulhos e carunchos que atacam grãos armazena-

tem vantagens adicionais em relação aos produtos convencionais, uma vez que o produto tratado pode ser consumido imediatamente pelo homem ou por animais domésticos após o período de proteção, ou

dos, através do tratamento de adultos. Este tipo de tratamento previne o aparecimento da progênie e, consequentemente, a ocorrência de danos na massa de grãos. O controle de pragas de grãos armazenados utilizando RCI

seja, sem nenhuma restrição com reatividade biológica (atuam em baixas lação à carência, em razão da baixa doses), elevada especificidade e baitoxicidade deste grupo de inseticidas xa toxicidade para vertebrados, já que para vertebrados. os processos bioquímicos e fisiológiEmbora os exemplos aqui abordacos no qual estas substâncias atuam dos, sejam de pragas pertencentes à são peculiares para os insetos. ConseOrdem Coleoptera, os efeiquentemente, os efeitos deletérios dos tos de RCI sobre a reproduRCI sobre o ambiente, insetos benéfição de insetos, quando aplicos, homem e animais domésticos são cados na fase adulta, têm considerados nulos, razões pelas quais sido também verificados têm sido empregados, sem restrições, para outras espécies de praem programas de manejo de pragas do gas pertencentes às Ordens Brasil e do mundo. Hemiptera, Orthoptera, HyUma questão que ainda necessita menoptera e Neuropser melhor intera. Todavia, convestigada, é vém ressaltar que com relação Controlar pragas esta modalidade de aos efeitos que com reguladores de controle é muito mais os RCI podem crescimento gera interessante e adevantagens causar aos iniquada para ser usada ecotoxicológicas migos natuem insetos que aprerais, especialsentam restrições mente com repara o emprego do lação a predacontrole convencional como dores. Estes organismos podem entrar é o caso de pragas de solo, em contato com RCI, em condições de coleobrocas, pragas de grãos campo, através de pulverizações das armazenados, etc., cujas forlavouras ou quando alimentam-se de mas imaturas não ficam norpresas contaminadas com estes promalmente expostas para redutos. Em razão disto, espera-se que ceber a aplicação do insetios efeitos deletérios sobre sua reprocida. dução sejam semelhantes aos já comO uso de reguladores de provados para os insetos-pragas, emcrescimento visando ao conbora este grupo de inseticidas seja controle de pragas, apresenta siderado, de modo geral, como seguvárias vantagens ecotoxicoros ou seletivos para esses inimilógicas sobre os inseticidas gos naturais. convencionais, especialmente por serem caracteriCrébio José Ávila, Embrapa Agropecuária Oeste zados como produtos de alta

crescem


Congresso

Defensivos

entomologia

mercado

Brasil será o país da entomologia A

CNPMA

empresa alterar seus planos no país, colocando a cautela como fator importante na oferta de crédito.

H. N. Oliveira

fiem o seu inglês. Vem aí o XXI 7, estarão disponíveis. Congresso Internacional de No site do congresso Entomologia. E sem tradução simul(www.embrapa.br/ice) estão tânea para nenhum outro idioma, indisponíveis as instruções forma seu presidente, Décio Luiz para a apresentação de trabaGazzoni. lhos. O evento será realizado, de 20 a 26 Já as leituras plenárias tede agosto do próximo ano, em Foz do rão 50 minutos para as apreIguaçu (PR). Espera-se que seja um sentações e mais 25 para a dos maiores encontros do ano, contandiscussão do tema. do com a participação de mais de 5 Sessões mil trabalhos científicos. Controle biológico será um dos destaques do evento científicas Na abertura do evento será aborNo XXI Congresso Interdado o tema Entomologistas presernacional de Entomologia haverá 24 vando a biodiversidade . As seções a produção sustentável; entomologia sessões científicas simultâneas, que científicas ocorrerão em três hotéis: urbana e de produtos armazenados; abordarão os seguintes assuntos: acaCarimã, Bourbon e Mabu. Já as sesassuntos especiais. rologia; entomologia agrícola; biogeosões de pôsters ocorrerão no Centro grafia e biodiversidade; ecologia quíSessão de Convenções das Cataratas do Iguamica e fisiológica; ciência da compuPoster çu. tação aplicada Não haverá limite para a inscrição Pela manhã, as sessões coà entomologia; de posters, informa a organização do meçarão às 8h e prosseguirão ecologia e dinâevento. Os trabalhos deverão ser enaté o meio-dia. À tarde, o hoSão esperados mica populacaminhados com cópia do pagamenmais de 5 mil rário será das 2h até às 6h. O cional; ecologia to da inscrição no congresso ou auprograma noturno ainda não trabalhos científicos de pesticidas, torização para débito no cartão de créno Congresso de foi divulgado. resistência e todito do autor. O tamanho do poster Entomologia xicologia; connão deve exceder a 1.5 m2. A forma Resumos trole biológico; para a apresentação do pôster é livre. e plenárias A comissão organizadora etologia; entoTodavia, recomenda-se a seguinte informa que a confecção e apresentamologia florestal; patologia de insetos; composição: título, autores, endereção dos resumos são de inteira responentomologia genética e evolucionista; ços (com e-mail), objetivo, metodosabilidade dos autores. Devido aos fisiologia de insetos; manejo integralogia, conclusões, tabelas, figuras e mais de 5 mil trabalhos esperados, fica do de pragas; entomologia médica e fotos. A data final para a entregada difícil ler e apontar eventuais falhas veterinária; morfologia; vetores de dodesses trabalhos é 28 de fevereiro de em cada um , explica o presidente do enças em plantas; reprodução e desen2000. congresso, Gazzoni. O material será Mais informações sobre o evento volvimento; insetos sociais; entomocompilado em 24 volumes. Cópias em podem ser encontradas no site oficilogia de ambientes especiais; filogeal, www.embrapa.br/ice. CD-Rom, no formato Microsoft Word nia; pesquisa de manejo de pragas para

Só para quem pagou As indústrias de defensivos agrícolas estão muito mais seletivas este ano na concessão de créditos aos produtores, alterando completamente a estratégia usada na safra passada e que resultou em sérios problemas de inadimplência para o setor após a alteração cambial de janeiro

A

té o ano passado as empresas ofereciam crédito aos produtores, em dólar, usando recursos captados no exterior, para a compra de agroquímicos. A mudança cambial, com a desvalorização do real, endividou os agricultores, que não puderam fechar as contas. A inadimplência atingiu níveis alarmantes e estima-se que as indústrias ainda têm para receber algo em torno de US$ 400 milhões, como informa Júlio César Barroso, diretor da DuPont. Essa dívida remonta aos contratos que expiraram em abril e maio. De acordo com Barroso, diversas empresas multinacionais que atuam no setor, no Brasil, tiveram prejuízos em função das mudanças, especialmente porque, devido à concorrência, concederam crédito a produtores inadimplentes. Uma das empresas afetadas foi a Zeneca, cujo gerente de marketing, Fernando Gallina, citado

pelo jornal Gazeta Mercantil, disse que antes da mudança cambial a análise de risco de crédito não era tão criteriosa. A condição comercial da empresa vinha em primeiro lugar, disse, mas os prejuízos fizeram a Basf

Goerck está preocupado com o mercado

Vendas caíram Já o diretor da Basf e vice-presidente do sindicato das indústrias de defensivos, Rui Goerck, atribuiu exatamente às restrições impostas ao crédito, que coincidiram com o baixo preço das commodities, a queda das vendas de agroquímicos no Brasil. A Associação Nacional de Defensivos (Andef) divulgou estatística mostrando que as vendas de janeiro a setembro caíram 16% em relação ao mesmo período do ano passado. No total venderam-se US$ 1,443 bilhão. Só no mês de setembro a retração chegou a 15,3%. Acaricidas registraram a maior retração (47,2%), seguidos por fungicidas (20,1%), o que deixa livre as previsões sobre danos causados por ácaros-praga e doenças esse ano. Como as estatísticas divulgadas referem-se a valores auferidos nas vendas, é possível que as quantidades de produtos envolvidas sejam muito menores, já que não estão registrados os aumentos de preços, em média de 2% nos agroquímicos. De janeiro a setembro os acaricidas tiveram queda de 19,2% em relação ao ano passado e os herbicidas de 26%,enquanto antibrotantes, reguladores de crescimento e espalhantes adesivos venderam menos 21,3%. Acredita-se que 99 fechará com vendas ao redor de US$ 2 bilhões, 20% abaixo do ano passado. Produtos agrícolas Para compensar esse quadro o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, acredita que poderá haver elevação dos preços de produtos agrícolas, pois o agricultor não poderá enfrentar a situação criada pelos aumentos de agroquímicos (26%) e de fertilizantes (22,5% e de combustíveis 32%). No período houve retração de preços nas lavouras. O feijão este ano perdeu 51% do valor e o arroz acumulou quedas de 30%. O milho, até agosto, perdeu 4,6% e a soja 1,64%.


Trigo

O

pragas

controle biológico é um fenômeno natural entre organismos vivos que forma cadeias de relações complexas entre vegetais (produtores) e as diversas castas de animais (consumidores), resultando em equilíbrio de populações e em comunidades estáveis. Com a introdução da agricultura e o cultivo de trigo, de cevada e de aveia em áreas extensivas, criaram-se condições favoráveis à ocorrência de espécies que poderiam tornar-se praga.

Gassen

Os pulgões, nativos da Ásia e da Europa, chegaram ao Brasil livres de seus inimigos naturais e encontraram clima favorável e áreas extensivas cultivadas com cereais, fatores que permitiram a explosão de populações do pulgão-dos-cereais, do pulgão-da-folha e do pulgão-da-espiga, além de espécies de ocorrência esporádica. São as seguintes espécies de pulgões citados em trigo no Brasil : Pulgão-dos-cereais (Schizaphis graminum), pulgão-da-folha (Metopolo-

phium dirhodum), pulgão-da-raiz (Rhopalosiphum rufiabdominale), pulgão-da-espiga (Sitobion avenaeI, pulgão-da-aveia (Rhopalosiphum padiI, pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidisI, pulgão-amarelo (Sipha flava). Durante a década de 70, os pulgões foram o principal problema fitossanitário em cereais de inverno. Os agricultores aplicavam inseticidas de três a cinco vezes, para o controle da praga, durante o desenvolvimento das culturas. Na Embrapa Trigo, em 1978, sob a coordenação do pesquisador Luiz A.B. de Salles e a participação de Franco Luchini, iniciou-se o programa de controle biológico de pulgões de trigo. As ações receberam o apoio da FAO, da Universidade da Califórnia, dos entomólogos Robert van den Bosch, Enrique Zuñiga, Paul A. Guttierez e de outros especialistas em controle biológico. Os pesquisadores F. Luchini e L.A.B. de Salles foram substituídos por Fernando J. Tambasco e Dirceu N. Gassen, respectivamente, que deram continuidade ao programa. Com base no método clássico de controle biológico, foram introduzidas 14 espécies de himenópteros parasitóides e duas espécies de joaninhas predadoras de pulgões(Tabela). Em insetários da Embrapa Trigo foram criados 3,8 milhões de parasitóides, principalmente de oito espécies: Aphelinus asychis, Aphidius ervi, A. rhopalosiphi, A. uzbeckistanicus, Ephedrus plagiator, Praon gallicum, P. volucre e Lysiphlebus testaceipes. Esses parasitóides foram liberados nas regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil. Em 1981, foram enviadas matrizes de parasitóides à Argentina, iniciando-se um programa de controle biológico de pulgões. No Brasil, observou-se a adaptação de Aphidius uzbeckistanicus sobre o pulgão S. avenae e de Aphidius rhopalosiphi e Praon volucre sobre os pulgões S. avenae e M. dirhodum. Foi verificada a diapausa estival facultativa (dormência durante o verão) dos parasitóides A. uzbeckistanicus e A. rhopalosiphi, na fase de pupa, durante o verão, no Rio Grande do Sul. Essas características sugerem que os restos culturais não devem ser queima-

CNPT

Gassen comenta as vantagens do controle biológico

dos ou incorporados, mas, sim, mantidos na superfície do solo para servirem de refúgio aos parasitóides durante o verão. A espécie P. volucre passou a hospedar outros afídeos em plantas ornamentais, em alfafa, em ervilha e em gramíneas nativas. Os pulgões dos gêneros Rhopalosiphum e Schizaphis são parasitados com maior freqüência por Aphidius colemani e por Diaeretiella rapae. Com menor intensidade, observou-se o parasitismo por Ephedrus plagiator, por Aphelinus sp. e por Praon gallicum. Os parasitóides da família Aphidiidae apresentam aspecto geral do corpo semelhante e têm aproximadamente dois milímetros de comprimento. Para a diferenciação dos gêneros de adultos, usam-se os desenhos das nervuras das asas anteriores. Os parasitóides fazem a postura no interior do corpo de pulgões, onde eclodem as larvas. Aproximadamente sete dias após, os parasitóides causam a morte dos pulgões, passando a fase de pupa no interior do corpo do hospedeiro. O pulgão morto pelas vespas é denominado múmia, dentro da qual desenvolve-se a pupa, que dá origem a uma vespa. Os pulgões mortos por parasitóides

minum e M. dirhodum, respectivados gêneros Ephedrus e Aphelinus tormente. nam-se pretos na fase de múmia. Os Entre as espécies observadas com parasitóides do gênero Praon tecem maior freqüência em trigo, destacamum casulo na parte inferior do pulgão se: Coccinellina ancoralis, C. pulchemorto, onde passam à fase de pupa. lla, Coleomegilla quadrifasciata, As espécies do gênero Aphidius, DiaCycloneda sanguinea, Eriopis conneeretiella e Lysiphlebus causam a morxa, Hippodamia convergens, Hyperaste de pulgões, dando-lhes uma colopis sp., Olla v-nigrum, Scymmus sp. e ração pardo-clara, aparentando um outras encontradas esporadicamente. pulgão seco, e mantendo as formas As espécies Coccinella septemnormais do hospedeiro. punctata e Hippodamia quinquesignaA meta inicial do programa de conta, introduzidas no Brasil, não foram trole biológico foi de contribuir com mais recoletadas e, possivelmente, não 10 a 15 % de mortalidade dos pulgões se adaptaram ao novo ambiente. de trigo. Essa meta foi amplamente As larvas de moscas da família ultrapassada. Após a introdução e Syrphidae são predadoras de pulgões, adaptação dos parasitóides, houve introduzindo o aparelho bucal no inacentuada redução das populações terior do corpo da presa, da qual exmédias de pulgões que se mantiveram traem substâncias líquidas. Os adulabaixo dos níveis de dano econômitos alimentam-se de nécco. Levantamentos tar, de pólen e de subsrealizados em coopetâncias adocicadas. Enrativas e em proprietre os sirfídeos citados dades agrícolas eviAtravés do controle biológico,chegouem trigo, destacam-se denciaram a redução se à diminuição de Allograpta spp., princide 95 % de uso de inaté 95% no uso de palmente A. exotica, seticida para controinseticidas Pseudodorus clavatus e le da praga em trigo. Toxomerus spp. O impacto econômiO controle químico co do controle biolóde pulgões, através de inseticidas de gico de pulgões, durante a década de ação rápida, de baixo preço e de fácil 80, foi calculado em 20 milhões de dóaplicação, ainda é o método preferido lares anuais, somente na redução de por muitos agricultores. Atualmente, custos diretos de inseticidas e de aplihá preocupação quanto à escolha de cação. métodos mais permanentes e menos Parasitóides secundários (hiperpaagressivos ao ambiente, destacandorasitos) hospedam os pulgões com pase as práticas culturais, que facilitem rasitóides primários, interrompendo a a sobrevivência dos inimigos naturais. cadeia de controle biológico da praga. Quando o uso de inseticidas for neOs principais parasitóides secundáricessário, deve-se dar preferência a proos encontrados no Brasil foram: Allodutos seletivos a predadores e a paraxysta sp. (Hym., Cynipidae), Aphidensitóides. cyrtus sp. (Hym., Encyrtidae), TetrasOs pulgões passaram da condição tichus sp. (Hym., Eulophidae), Asade principal problema fitossanitário phes sp. e Pachineuron sp. (Hym., Pteem trigo, na década de 70, com intenromalidae). so uso de inseticidas, para a condição Os pulgões em trigo também pode inseto secundário após a introdudem ser infectados pelos fungos Coção, criação massal e liberação dos nidiobolus obscuros, Entomophthora agentes de controle biológico. A introplanchiniana, Erynia neoaphidis e dução de parasitóides para o controle Zoophthora radicans. As joaninhas natural de pulgões de trigo, no Brasil, (Col., Coccinellidae), de coloração é um dos exemplos clássicos de maiviva e tonalidade brilhante, são preor sucesso prático de controle biolódadoras de pulgões de ocorrência fregico de pragas já estabelecidos no qüente nas lavouras. Cada indivíduo mundo. Todos podemos nos orgulhar pode consumir mais de 20 mg de puldisso. gões diariamente. O peso médio de pulgões adultos, em trigo, varia de 0,5 Dirceu N. Gassen, a 1,5 mg/pulgão nas espécies S. graEmbrapa Trigo


Descarte de embalagens

doses de pré-emergentes. Por outro lado, a indústria produz formulações granuladas mais concentradas, com 800 gramas de propanil por quilograma, permitindo reduzir o volume a utilizar por hectare para menos de 4 litros e/ou quilogramas. Esse procedimento diminuiu o volume em cerca de 80%. Também contribui o ingresso no mercado de novos produtos com dosagens inferiores a um liEugênio fala sobre o descarte tro por hectare. Mas resta definir o deszação de insumos para di- tino das embalagens depois minuir os custos de produ- de utilizadas. O recolhimenção. Práticas culturais per- to e reciclagem ainda é a mitem diminuir o número melhor opção. Nas embalade pulverizações - o que gens rígidas, faz-se a tríplice lavagem durante as apligera menos embalagens. Um exemplo deste esfor- cações, para remover todo o ço é a diminuição do uso de conteúdo, assegurando a correta herbicidas em dosagem arroz irrigado Resta definir da aplino RS. Na décao destino das cação. da de 80 os proembalagens depois Sacos dutores faziam de utilizadas; plásticos duas pulverizareciclar é a melhor opção e de pações de propapelão nil (com 360 g também de ingrediente devem ativo por litro), consumindo cerca de 20 litros de her- ser armazenados para futubicida por hectare e geran- ra reciclagem, porém não redo uma embalagem vazia cebem a tríplice lavagem. Um fator que facilita a (balde metálico de 20 litros). Na presente década, os tríplice lavagem na região produtores sistematizaram arrozeira gaúcha é o grande suas lavouras e melhoraram uso de aviação agrícola, que o sistema de irrigação, redu- permite o manuseio das zindo as pulverizações de embalagens nas pistas de herbicida para uma aplica- pouso, evitando a dispersão ção, que geralmente tem pelo interior das lavouras e sido associado a pequenas facilitando o recolhimento.

Cultivar

46

• Cultivar

○ ○

Novembro 1999

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

pós o uso de um produto fitossanitário, sua embalagem torna-se um problema. O agricultor realmente não sabe o que fazer com o material. A legislação é por vezes contraditória e há desconhecimento sobre o tema. O problema tem recebido a atenção da indústria agroquímica, dos técnicos, dos agricultores, dos ambientalistas e das autoridades. Algumas ações foram tomadas nos últimos anos visando minimizá-lo. A indústria de produtos fitossanitários tem buscado moléculas que requerem menores quantidades a serem aplicadas, tanto pela seleção de ingredientes ativos mais eficientes quanto pelo desenvolvimento de formulações mais concentradas. Por outro lado, embalagens novas foram criadas para aproveitar melhor o produto e facilitar a lavagem. Embalagens hidrossolúveis, colocadas fechadas no interior do tanque de produtos, são outra boa alternativa. Os agricultores, por sua vez, buscam reduzir a utili-

A

Eugênio Passos Schröder, Engenheiro agrônomo

Usar o produto fitossanitário correto é importante; saber o que fazer com a embalagem vazia também

Soma-se a isso o fato do pessoal ser habilitado e treinado para orientar sobre o destino do material. Equipamento auxiliar de tríplice lavagem, montado sobre carreta rodoviária, que emite jatos de água limpa para o interior das embalagens durante o preparo das cargas dos aviões foi desenvolvido em Pelotas (RS) e mostra bons resultados, ao contrário dos pulverizadores com recipiente próprio para lavagem, que utilizam a água da calda com agroquímicos para a operação. Luvas e outros equipamentos de proteção individual devem ser usados quando se manipulam as embalagens. Enterrar as embalagens em fosso tóxico tem mostrado desvantagens, como a lenta degradação do material, impede o uso da área para outras finalidades e aumenta o risco de contaminação do lençol freático. Já a queima é condenada porque a fumaça pode transportar elementos tóxicos. Deve-se limitar esta prática apenas às caixas de papelão que acondicionam os sacos plásticos e as embalagens rígidas de plástico ou vidro. Locais para recebimento de embalagens e reciclagem estão sendo instalados no Brasil. Isso deve ser estimulado, a fim de permitir o recolhimento seguro e destino adequado às embalagens usadas.



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