Cultivar Grandes Culturas • Ano IX • Nº 103 • Dezembro 2007/Janeiro 2008 • ISSN - 1516-358X Destaques
Nossa Capa
Fun go n a........... ............ ........20 Fung naa lavour lavoura........... a....................... ....................20
José TTad ad ashi YYorin orin ori adashi orinori
Ferrug em asiáti ca ch ega a plan ti o ddee soja com er ci al em M ato Gr osso Ferrugem asiática chega planti tio comer erci cial Mato Grosso gên ci o con tr oença do Sul e rref ef orça a eexi xi eforça xigên gênci ciaa ddee alerta máxim máximo contr traa a ddoença
Doença ffortaleci ortaleci da..................06 ortalecid
Plum ali dad Plumaa ddee qu quali alid adee...............14
Con tr ole ad equ ad o................32 Contr trole adequ equad ado................32
A cer cospori ose avança n o milhar al, embalad cercospori cosporiose no milharal, embaladaa prin cipalm en te pela ausên ci otação ddee cultur as culturas principalm cipalmen ente ausênci ciaa ddee rrotação
A importância do manejo da água par odão paraa a fibr fibraa ddee alg algodão
Como alcançar eficiência no combate à bi ch eir a-d a-r aiz em arr oz bich cheir eira-d a-da-r a-raiz arroz
Índice Dir etas Diretas
Expediente 04
RED AÇÃO REDAÇÃO
CIRCULAÇÃO
• Editor
• Ger en te Geren ente
Gilvan Dutr o Dutraa Queved Quevedo
Cer cospori ose em milh o Cercospori cosporiose milho
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• Coor den ad or ddee Red ação Coord enad ador Redação
Plantas daninhas no milho
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• Desi gn Gráfi co e Di agr am ação Design Gráfico Diagr agram amação
Água na qualidade da pluma do algodão
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Pseudoplusia em soja
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Janice Ebel Cristiano Ceia • Revisão
Alin artzsch ddee Alm ei da Alinee PPartzsch Almei eid
COMERCIAL Ped edrro Batistin
Sed eli Feijó Sedeli
Ferrug em em soja Ferrugem
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Mosca br an ca em soja bran anca
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Grupo Cultivar ddee Publi cações Ltd a. Publicações Ltda. Rua: Nilo Peçanha, 212 Pelotas – RS 96055 – 410
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www .r evistacultivar .com.br www.r .revistacultivar evistacultivar.com.br cultivar@cultivar.inf.br
In cubad or een ded or es Incubad cubador oraa ddee empr empreen eend edor ores
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Assin atur ual (11 edições*): R$ 119,00 ssinatur aturaa an anu (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan) Núm er os atr asad os: R$ 15,00 Númer eros atrasad asados:
Bi ch eir a-d a-r aiz n o arr oz Bich cheir eira-d a-da-r a-raiz no arroz
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Assin atur tern aci on al: ssinatur aturaa In Intern ternaci acion onal: US$ 80,00 Euros 70,00
Coluna Andav
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Colun gr on egóci os Colunaa A Agr gron onegóci egócios
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Mer cad o A grícola ercad cado Agrícola
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e-vi ola em can Cor da-d Cord a-de-vi e-viola canaa
Cibele Oliveir Oliveiraa ddaa Costa • A ssin atur as Assin ssinatur aturas
Simone Lopes • Ger en te ddee A ssin atur as Extern as Geren ente Assin ssinatur aturas Externas
Raquel M ar cos Mar arcos • Expedição
Di anferson Alves Dianferson
GRÁFICA • Impr essão Impressão
Kun de In dústri as Gráfi cas Ltd a. und Indústri dústrias Gráficas Ltda. Nossos TTelef elef on es elefon ones es:: (53) • Ger al Geral 3028.2000 • A ssin atur as: aturas: Assin ssinatur 3028.2070 • Redação: 3028.2060 • Com er ci al: Comer erci cial: 3028.2065/3028.2066/3028.2067
Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Diretas Universidade da Cana
Basf e Embrapa
A FMC lança a Universidade da Cana, um curso de pós-graduação em Gestão e Tecnologia Sucroalcooleira, cujo objetivo é promover o desenvolvimento de visão integrada da cadeia da cana-de-açúcar, além de competências gerenciais e habilidades comportamentais de jovens recém-formados das principais faculdades de Agronomia do Brasil. O projeto tem investimento total da empresa e é executado por meio de parceria com a Faculdade Doutor Francisco Maeda (Fafram) e pesquisadores de renome do setor. Antonio Carlos Zem, idealizador do programa e diretor-presidente da FMC América Latina lembra que com o crescimento do segmento e a construção de dezenas de novas usinas, surgiu a falta de profissionais esAntonio Zem pecializados e qualificados para contratação imediata.
A parceria entre a Embrapa e a Basf para o desenvolvimento da primeira soja geneticamente modificada genuinamente brasileira foi um dos temas do XXV Encontro Empresarial e Reunião da Comissão Brasil-Alemanha de Cooperação Econômica, em novembro, em Blumenau (SC). ”Este é um excelente exemplo de como as empresas podem criar sinergias em pesquisa, desenvolvimento e comercialização que resultam em soluções feitas sob medida para os agricultores”, opina Walter Dissinger, vice-presidente de Produtos para Agricultura da Basf para a América Latina.
Walter Dissinger
Aquisição
Congresso
Nova unidade
A Dow Agrosciences anuncia a aquisição da companhia holandesa Duo Maize. Com isso, a empresa expande sua plataforma global de sementes de milho híbrido. A Duo Maize detém germoplasma, com foco primário na obtenção de híbrido precoce para uso como silagem para zonas temperadas. “A expansão que estamos construindo permitirá a aceleração da entrada dos melhores eventos (traits) da Dow AgroSciences em culturas-chave em todo o mundo”, projeta Jerome Peribere, presidente e CEO da Dow.
De 12 a 14 de fevereiro de 2008, na Cati, Campinas (SP), ocorre o XXXI Congresso Paulista de Fitopatologia. O tema central será “Aquecimento global - Implicações para o estudo de doenças de plantas”. Entre os assuntos do programa estão mudanças climáticas e doenças de plantas, resistência de fungos a fungicidas e expansão da cultura da cana-de-açúcar – impactos sobre a fitossanidade. Mais informações no site http:/ /www.infobibos.com/ cpf2008/
A Coopercentral Aurora vai instalar uma nova unidade, no município de Carazinho, no Rio Grande do Sul. O anúncio foi feito no final de outubro pelo presidente da Cotrijal e conselheiro de administração da Aurora, Nei César Mânica. O valor do investimento está estimado em R$ 300 milhões.
Mais milho O Seminário Nacional de Milho Safrinha, em Dourados (MS), também contou com a presença da Bayer CropScience. A empresa levou toda a sua linha tecnológica para o manejo do milho e mostrou aos participantes o Muito Mais Milho, programa que oferece soluções com alta performance para a otimização dos produtos, proporcionando lavouras com mais vigor e mais produtivas. Cada agricultor tem uma necessidade específica no que se refere ao manejo de pragas e doenças na cultura do milho. “A Bayer CropScience está sempre atenta aos movimentos do campo e, por isso, consegue oferecer aos produtores algo que realmente atenda suas necessidades e que contribua para o aumento de produtividade das lavouras“, destaca o gerente de milho da Mariel Alves Bayer, Mariel Alves.
Crescimento O grupo Lanxess, especialista em produtos químicos, registrou bom desempenho pelo décimo primeiro trimestre consecutivo. O EBITDA pré-excepcionais, principal variável de medição do desempenho da companhia, subiu 6,7% no terceiro trimestre de 2007, indo para EUR 175 milhões (Q3 2006: EUR 164 milhões). Só no Brasil, as vendas cresceram 3,7%, puxadas pelo desempenho da unidade de negócios Basic Chemicals. A unidade se beneficiou do bom período pelo qual passa o segmento agroquímico “Este foi o mais forte trimestre de nossa trajetória e nos dá a base para um crescimento sustentável”, comentou o CEO da Lanxess, Axel Heitmann. 04
Lançamento O Instituto Agronômico (IAC-APTA), lança seis novas variedades de feijão no mercado. Com teores elevados de proteína (22%, enquanto a média é de 18%), as novas variedades são: IAC Alvorada, tipo carioca, IAC Harmonia e IAC Colorido, tipo rajado, IAC Jaraguá, tipo mulato, IAC Galante, tipo rosinha, e IAC Diplomata, o único preto. Quanto ao perfil dos novos materiais, as variedades IAC Colorido, Diplomata, Galante e Harmonia se favorecem em tempos de seca, pois são tolerantes às elevações do termômetro e à baixa umidade relativa do ar. Informações: www.iac.sp.gov.br
Formigas A Bayer CropScience marcou presença no simpósio de Mirmecologia entre os dias 25 e 29 de novembro, no Instituto Biológico em São Paulo. Durante o evento, que teve como objetivo oferecer a troca de experiências, a atualização e a discussão de temas relacionados às formigas nas diferentes áreas de conhecimento sobre o inseto até seu controle. Os participantes puderam buscar informações com a equipe sobre as soluções da empresa destinadas ao controle da praga.
Fungicidas sistêmicos O pesquisador e professor Luís Antonio Siqueira de Azevedo, do Departamento de Entomologia e Fitopatologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lança o livro Fungicidas Sistêmicos – Teoria e Prática. Trata-se de uma publicação de 286 páginas, dividida em 11 capítulos com assuntos de importância atual para a proteção de plantas no país. Pedidos ou informações luisasa@ufrrj.br ou lasaspp@ig.com.br
Show Safra Em sua 4ª edição, ocorre entre os dias 19 e 20 de janeiro, o Show Safra, em Lucas do Rio Verde (MT). O evento é um espaço que coloca à disposição dos participantes as tecnologias de produção para segunda safra, geradas no Centro de Pesquisa da Fundação Rio Verde, vitrines de máquinas e equipamentos, palestras, cursos e seminários. Mais informações: www.fundacaorioverde.com.br/ showsafra
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Milho
Falha no planejamento De importân ci dári o milh o a cer cospori ose importânci ciaa secun secund áriaa n no milho cercospori cosporiose passa a ser con si der ad as ddoenças oenças m ais mais consi sid erad adaa um umaa ddas importan tes e limitan tes à pr od ução. Jun to com o importantes limitantes prod odução. Junto comple oenças ffoli oli ar es pod ed uzir a complexxo ddee ddoenças oliar ares podee rred eduzir dad en to ddee inóculo pr od utivi prod odutivi utivid adee em até 2,5 t/ha. O aum aumen ento en o é atribuíd o, prin cipalm en te do patóg ente te,, aos cultivos patógen eno atribuído, principalm cipalmen su cessivos ddaa safr orm al e ddaa safrinha sem um sucessivos safraa n norm ormal as ogr am otação com outr as cultur pr outras culturas progr ogram amaa ddee rrotação
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N
o âmbito socioeconômico, a cultura do milho destaca-se entre as mais importantes do país. Além de gerar divisas, é base da alimentação humana e animal, destacando-se como uma importante opção de rotação de culturas para o agricultor. Na região Central do Brasil, principalmente no estado de Goiás, o milho tem sido amplamente cultivado principalmente para atender à demanda de grãos por outros setores agropecuários, como a criação de bovinos, suínos e aves. E, se por um lado o amplo cultivo desse cereal possibilitou abastecer o mercado interno, por outro, tem permitido o aumento na incidência e na severidade de doenças. Por ser cultivado em duas épocas distintas e sucessivas, a primeira na safra normal de verão e, a segunda, na safrinha, houve um aumento significativo do inóculo de importantes patógenos na região. O monocultivo oriundo da não-realização planejada de um esquema de rotação de culturas, associado aos cultivos sucessivos de safra e safrinha, ao plantio de híbridos suscetíveis e ao aumento da área cultivada tem feito com que as doenças se destaquem entre os principais fatores que reduzem a produtividade. Doenças que não apresentavam importância primária para a cultura em um passado recente, hoje são consideradas as mais importantes e limitantes à produção, como no caso da cercosporiose. A cercosporiose (Cercospora zeaemaydis), ocorreu em níveis epidêmicos no sudoeste goiano e na região da Alta Mogiana, em São Paulo, causando perdas significativas, uma vez que os híbridos utilizados naquela época apresentavam pouca diversidade genética e eram suscetíveis ao patógeno. Até os dias atuais, embora sejam conhecidos materiais mais resistentes a essa enfermidade, a cercosporiose continua sendo a principal doença foliar no sudoeste goiano. Em trabalhos conduzidos na Universidade de Rio Verde, tem se verificado que em híbridos suscetíveis, sob alta severidade e na ausência de medidas de controle, o complexo de doenças foliares pode reduzir a produtividade da cultura em até 2,5 t/ha. O potencial de dano varia em função do patógeno, do ano, da estação de cultivo e do híbrido em questão. Para que se minimize ou evite os danos causados pelos patógenos, medidas de controle devem ser utilizadas de forma integrada. Dentre essas, citam-se: rotação de culturas com espécies não- hospedeiras dos principais patógenos que incidem na cultura do milho; di-
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Fotos Luis Henrique Carregal
A rotação de culturas com espécies não-hospedeiras e a diversidade genética dos materiais plantados podem ajudar no combate aos danos do patógeno
versidade genética dos materiais plantados; adubação equilibrada, realizada com base na demanda nutricional da cultura e em análise de solo; plantio de sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas; plantio de híbridos com resistência total ou parcial à principal doença na região; adequação de espaçamento e população de plantas; época de plantio; manejo de irrigação em cultivos sob pivô e controle químico. Embora o controle químico tenha sido citado como a última medida de controle, essa prática deve ser encarada como de igual importância às demais, sendo utilizada conjuntamente com outras medidas de controle. Deve, portanto, ser utilizada como uma ferramenta adicional e não como alternativa única para se combater uma doença. O controle químico de doenças deveria ser recomendado sempre em função de um monitoramento periódico da lavoura e de um limiar de dano econômico, o qual pode variar em função do híbrido em questão, do local de cultivo e da doença-alvo. Entretanto, praticamente inexistem relatos em literatura que determinem esses limiares, principalmente por haver grande rotatividade dos híbridos que são comercializados e em função de diferentes doenças ocorrerem concomitantemente. Desta forma, para se maximizar o controle químico, o agricultor ou técnico deverá realizá-lo analisando algumas características importantes, tais como: Resistência do híbrido ou variedade: o grau de resistência do híbrido é extremamente importante antes de se recomendar um fungicida. Entretanto, pouquíssimas são as opções de alta resistência ao complexo de doenças foliares. Assim, o agricultor deve analisar qual a principal doença em sua região e buscar materiais resistentes a essa doença. Incidência e severidade: algumas doenças apresentam maior potencial de dano, como no caso da cercosporiose. Desta forma, o agricultor deverá realizar o monitoramento da doença desde as fases iniciais de desenvolvimen-
to. Trabalhos baseados em fisiologia de plantas têm indicado que os terços médio e superior são aqueles mais relacionados à produtividade da cultura. Assim, o monitoramento da doença deve ser realizado considerando os três terços da planta. Enquanto a incidência da doença estiver contida apenas no terço inferior (folhas do baixeiro), o agricultor deve estar atento às condições climáticas e ao estádio fenológico da cultura, mas a aplicação do fungicida pode ser protelada. Segundo Reis et al. (2007 – Fitopatologia Brasileira), é possível estabelecer um limiar de dano para cercosporiose e realizar a aplicação do fungicida em função da incidência da doença. Segundo estes trabalhos, conduzidos em Montividiu, GO, o agricultor deve analisar cinco folhas da planta, considerando a folha da espiga, duas acima e duas abaixo. Quando o número médio de lesões dessas cinco folhas for próximo de 1 (um), atingiu-se o limiar de dano econômico e, conseqüentemente, o agricultor deve aplicar o fungicida. Neste caso, deve-se também considerar que, mesmo que seja mais racional
e seguro ambientalmente, o maior benefício proporcionado pelos fungicidas que contêm estrobilurinas, que é o caso do período residual, pode ser perdido. Maior residual com fungicidas desse grupo é obtido quando os mesmos são aplicados de forma preventiva, ou seja, antes que ocorra a infecção. Estádio fenológico no momento da aplicação: mesmo para outros patossistemas, o momento da aplicação é o gargalo do controle químico. Depende de uma série de fatores inerentes ao fungicida, aos equipamentos de pulverização, ao híbrido e ao próprio patógeno. Algumas doenças são mais limitantes à produção, cujos agentes etiológicos podem causar epidemias sob condições ambientais favoráveis, o que requer maiores cuidados por parte do agricultor. No caso de cultivo com híbridos suscetíveis, doenças tidas como mais explosivas, como a cercosporiose e a doença branca (Phaeoshaeria maydis) no sudoeste goiano ou a ferrugem comum no Paraná, podem requerer aplicações preventivas ou no máximo assim que ocorram os primeiros sintomas no terço inferior das plantas. Em trabalhos citados por Fancelli e Dourado Neto (2004), verificou-se que os maiores danos oriundos de patógenos ocorrem na fase situada entre o pré-florescimento e enchimento de grãos. Posteriormente ao estádio de grãos farináceos a redução na produtividade por doenças é menos significativa. Segundo os mesmos autores, durante a fase vegetativa, ocorre o início da definição do potencial produtivo, definindo o número de fileiras de grãos na espiga, tamanho de espiga e número de espigas por planta, o que pode em alguns casos justificar as aplicações antecipadas dos fungicidas. Portanto, não existe uma regra fixa de qual o melhor momento para se realizar a aplica-
Incremento de produção em sc/ha
Fonte: Univ. Rio Verde, 2006.
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Fotos Luis Henrique Carregal
Desempenho de fungicidas Testemunha – Híbrido Speed (Safrinha 2006)
Triazol
Produção média = 93,00 sc/ha
Produção média = 72,54 sc/ha
Benzimidazol
Produção média = 97,53 sc/ha
ção ou as aplicações. Esse momento depende principalmente de presença do técnico no campo, monitorando e acompanhando a situação de cada área específica. No geral, o que tem sido realizado pelos agricultores no sudoeste goiano, em cultivos com híbridos suscetíveis, é o uso de fungicidas em uma ou duas aplicações quando constatada a presença de doenças como a cercosporiose e doença branca. No caso de uma única aplicação, a mesma tem sido realizada geralmente no pré-florescimento (com pulverizadores autopropelidos ou avião), fase de maior perda por redução de área foliar sadia. No caso de duas pulverizações, a primeira aplicação tem sido realizada na fase vegetativa, somente quando há incidência generalizada do patógeno, inclusive nas folhas superiores. E a segunda aplicação, respeitando-se um intervalo de 15 a 25 dias, conforme o desenvolvimento fenológico da cultura, as condições ambientais e as novas infecções ocorridas na área. Fungicida a ser utilizado: embora exista um número limitado de produtos registrados para controle de doenças de milho em parte aérea, vários novos fungicidas estão sendo testados e, certamente, o agricultor terá um maior número de opções no mercado, inclusive de produtos com grupos químicos diferentes. Em uma média de sete experimentos con-
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Estrobilurina + triazol
Produção média = 112,49 sc/ha
duzidos na safrinha de 2006, com o híbrido Speed, verificou-se diferença de eficácia dos fungicidas em função do grupo químico utilizado e também do número de aplicações. No Gráfico 1, encontram-se as diferenças em sacos/ha produzidos a mais que a testemunha (sem tratamento) em função do uso de diferentes grupos químicos de fungicidas em uma e duas aplicações. As barras de mesma cor representam o mesmo grupo químico. Barras em tonalidade mais clara representam uma aplicação e as mais escuras, duas aplicações. Potencial produtivo: o potencial produtivo é determinante na tomada de decisão quanto realizar ou não a aplicação. Tem se verificado no sudoeste goiano grande variação de potencial produtivo em função da época de cultivo e do nível de investimento do agricultor. É possível produzir acima de 12 t/ha em condições de safra de verão em áreas de alto investimento. Em condições de safrinha, o potencial produtivo tem variado de três a sete t/ha. A maior variação para esse período de cultivo tem ocorrido em função do nível de investimento, em função das condições climáticas, mas principalmente pela incidência de doenças foliares e de grãos ardidos. Preço do milho no mercado: a cultura do milho apresenta grande flutuação de preço no mercado. Com o advento do eta-
nol produzido a partir do milho nos Estados Unidos, acredita-se em uma maior rentabilidade da cultura, o que pode facilitar quanto à tomada de decisão em se aplicar C ou não o fungicida. Luís Henrique Carregal, Juliana Resende Campos Silva e Hercules Diniz Campos, Fesurv
CUSTO DA APLICAÇÃO
O
agricultor deverá analisar o custo da aplicação, considerando-se não somente o fungicida em si, mas também o custo de depreciação do maquinário, o combustível e as despesas com salário e encargos dos funcionários. Caso a aplicação seja terceirizada, comumente ocorrido em aplicações aéreas, o agricultor deve também contabilizar o custo dessa operação. A decisão relacionada em aplicar ou não fungicida para o controle da cercosporiose deve considerar os fatores supracitados, os quais deverão sempre ser analisados com a supervisão de um engenheiro agrônomo.
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Milho
Ação diferenciada Om an ejo ddee plan tas ddaninhas aninhas ealizad o atr avés ddaa apli cação ddee h erbi ci das to em man anejo plantas aninhas,, rrealizad ealizado através aplicação herbi erbici cid as,, tan tanto pré com o em pós-em er gên ci a, eexi xi ge por parte ddo o pr od utor atenção à seletivi dad como pós-emer ergên gênci cia, xig prod odutor seletivid adee destes ddefen efen sivos à cultur a. Existem n om er cad o diversos pr od utos de cad efensivos cultura. no mer ercad cado prod odutos utos,, on ond cadaa grupo quími co possui um m etabolism o difer en ci ad o e car acterísti cas própri as n o combate às químico metabolism etabolismo diferen enci ciad ado característi acterísticas próprias no ci dad ssim, par esultad os sem causar fitoto xi invasor as esultados fitotoxi xici cid adee às invasoras as.. A Assim, paraa a obtenção ddee bon bonss rresultad os bási cos n or en to ddos os m ecanism os ddee seleção e os cui dad plan tas ecim cuid ados básicos naa h hor oraa ddaa tas,, o conh conhecim ecimen ento mecanism ecanismos plantas apli cação são in dispen sáveis aplicação indispen dispensáveis
A
tualmente, pode-se dizer que o manejo de plantas daninhas na cultura do milho está fundamentalmente baseado na aplicação de herbicidas, seja na dessecação pré-semeadura, seja na pré-emergência ou mesmo na pós-emergência da cultura. Existem cerca de 25 ingredientes ativos ou misturas formuladas registradas para aplicações em lavouras de milho e a adoção generalizada destes agroquímicos está, de uma forma ou de outra, correlacionada com o princípio da seletividade.
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METABOLISMO DE HERBICIDAS Considerando-se os principais herbicidas aplicados na cultura do milho, podese dizer que, na maioria dos casos, o mecanismo de seletividade envolvido é o metabolismo diferencial desses produtos entre plantas daninhas e cultivadas, em que, nas situações de recomendação agronômica, as plantas daninhas são menos hábeis em realizá-lo. O metabolismo diferencial de herbicidas, aplicados tanto em pré como em pós-emergência, é caracterizado pela conversão dos ingredientes ati-
vos que possuem ação letal às plantas em moléculas ou compostos menos tóxicos, que serão posteriormente depositados em locais que não comprometem as células do vegetal. Em geral, o metabolismo de herbicidas pelas plantas tolerantes envolve três fases: conversão (Fase I), conjugação (Fase II) e conjugação secundária seguida pela deposição do metabólito final (Fase III) (Van Eerd et al., 2003). Ainda, as rotas metabólicas de detoxificação variam em função das caracterís-
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Tabela 1 - Principais herbicidas registrados para o controle de plantas daninhas na cultura do milho no Brasil Dessecantes amônio-glufosinato carfentrazone 2,4-D glifosato paraquat paraquat + diuron 1
Herbicidas pré-emergentes alachlor isoxaflutole alachlor + atrazina linuron amicarbazone s-metolachlor atrazina pendimethalin atrazina + s-metolachlor simazine atrazina + simazine trifluralina
Herbicidas pós-emergentes amônio-glufosinato* foram1 + iodosulfuron atrazina + óleo vegetal imazapic + imazapyr* atrazina + simazine mesotrione bentazon nicosulfuron carfentrazone-ethyl sethoxydim* 2,4-D tembotrione
foramsulfuron + iodosulfuron-methyl; * Híbridos que possuem tolerância ou em jato dirigido.
ticas da molécula herbicida e da espécie de planta envolvida no processo. Assim sendo, para melhor compreensão da seletividade de herbicidas à cultura do milho, faz-se necessária a subdivisão dos produtos que possuem registro para a cultura em categorias segundo a principal forma de aplicação, sendo eles:
HERBICIDAS DESSECANTES OU DE MANEJO Os herbicidas mais utilizados nesta forma de aplicação são: 2,4-D, glifosato, paraquat e paraquat + diuron. Estes herbicidas (glifosato e paraquat) são comumente classificados como não-seletivos, contudo, sua seletividade se faz na condição temporal, ou seja, quando em contato com o solo as moléculas são rapidamente sorvidas e tornam-se inativas, assim sendo, por não apresentarem efeitos residuais não causam danos à cultura, possibilitando a semeadura em intervalos mínimos de tempo.
HERBICIDAS EM PRÉ-EMERGÊNCIA
Fotos Marcelo Nicolai e Pedro J. Christoffoleti
Os herbicidas aplicados em pré-emergência, em geral, apresentam dois mecanismos de seletividade básicos: dose/espaço (posicionamento no solo) e metabolismo nas plantas (alachlor, s-metolachlor; Figura 1). Assim sendo, para utilizar os herbicidas aplicados em préemergência sem provocar fitotoxicidade à cultura do milho alguns cuidados são necessários, como: I) profundidade de semeadura (menor profundidade maior risco); II) utilizar as doses recomendadas dependendo da textura e da matéria or-
Planta com sintomas de fitotoxidez após aplicação de herbicida
gânica do solo; III) utilizar “safeners” sempre que recomendado. A ocorrência de precipitações intensas após a aplicação dos herbicidas préemergentes pode levar o herbicida para camadas mais profundas do solo ou para a linha de semeadura, aumentando a concentração e, conseqüentemente, provocando fitotoxicidade à cultura. Por sua vez, os “safeners”, também conhecidos como antídotos ou protetores, são considerados como ferramentas importantes por aumentar os níveis de seletividade e segurança dos herbicidas. Particularmente para a cultura do milho, vale destacar a aplicabilidade do anidrido naftálico (NA) como agente protetor da ação fitotóxica do herbicida isoxaflutole quando aplicado em pré-emergência.
HERBICIDAS EM PÓS-EMERGÊNCIA Quando os herbicidas são aplicados em pós-emergência da cultura do milho, basicamente duas condições são observadas: I) aplicação de herbicidas em jatodirigido às entrelinhas da cultura; II)
aplicação de herbicidas em área total. Para a primeira condição, jato-dirigido, a seletividade é basicamente resultado de posicionamento (espaço), ou seja, evitase ao máximo o contato do produto com a parte aérea da cultura. Para a segunda condição de aplicação, os mecanismos de seletividade envolvidos, em geral, estão relacionados com a insensibilidade enzimática da cultura ao ingrediente ativo ou, principalmente na cultura do milho, a mecanismos metabólicos de detoxificação de herbicidas. Atrazina Na cultura do milho, as triazinas simétricas, como a atrazina, são amplamente utilizadas em pós-emergência. As mesmas são degradadas no milho pelo metabolismo do herbicida (desativação fisiológica), especialmente pelo processo de conjugação com glutationa nas folhas, o que impede que o herbicida chegue ao cloroplasto para causar injúrias (Figura 2). Essa molécula, nas doses recomendadas, é totalmente seletiva ao milho, sem restrição a qualquer híbrido. Sulfoniluréias No caso específico das sulfoniluréias, a seletividade também está associada ao metabolismo diferencial, porém com desativação metabólica por hidrólise (via citocromos P450), ou seja, trata-se da conversão rápida a compostos inativos nas culturas tolerantes, ao passo que pouco ou
METABOLISMO DOS HERBICIDAS
N
a Fase I do metabolismo, a molécula do herbicida é transformada por reações de oxidação, redução, hidrólise, oxigenação ou hidroxilação em metabólitos mais solúveis em água e, usualmente, menos fitotóxicos. As enzimas mais importantes envolvidas nesta fase são conhecidas pela denominação de citocromos P450, ou simplesmente, P450s. Dentre os grupos de herbicidas que são sensíveis à ação dos P450s, destacam-se aqueles pertencentes ao grupo químico das sulfoniluréias (nicosulfuron) e algumas imidazolinonas. Na Fase II ocorre a conjugação do herbicida ou do metabólito oriundo da Fase I com açúcares, aminoácidos ou com a glutationa (GSH), que aumenta a solubilidade do metabólito em água e reduz a fitotoxicidade. As enzimas responsá-
veis pela conjugação da GSH com o metabólito do herbicida são denominadas de glutationa-S-transferases (GSTs). Dentre os herbicidas conjugados pelas GSHs, destacam-se aqueles pertencentes aos grupos químicos das sulfoniluréias, imidazolinonas, ariloxi-fenoxi-propionatos, triazinas (atrazina) e cloroacetanilidas (alachlor, s-metolachlor). Na Fase III, os metabólitos provenientes da Fase II são novamente conjugados (conjugação secundária), dando origem a compostos não-fitotóxicos. Posteriormente, os resíduos do processo de detoxificação são compartimentalizados em vacúolos ou associados com o material da parede celular (pectinas, ligninas, polissacarídeos e frações protéicas) formando resíduos insolúveis (Cole, 1994).
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Figura 1 - Detalhe para o processo metabólico de detoxificação do herbicida alachlor, por meio de sua conjugação com glutationa (GSH) (Edwards et al., 2000)
Em aplicação por jato dirigido, deve-se evitar o contato do herbicida com a planta
Figura 2 - Detalhe para o processo metabólico de detoxificação do herbicida atrazina, por meio de sua conjugação com glutationa (GSH) (Van Eerd et al., 2003)
SELETIVIDADE
A
seletividade pode ser entendida como a medida de resposta diferencial de diversas espécies de plantas a um determinado tratamento herbicida, sendo considerada um fator relativo e particularmente característico da interação herbicida – planta daninha – cultura – condições edafoclimáticas (Oliveira Júnior, 2001). Os mecanismos de seletividade estão basicamente relacionados com três aspectos: posicionamento no espaço, no tempo e “fisiologia/bioquímica” das plantas. Há ainda a possibilidade de adoção de antídotos ou safeners, que são substâncias químicas que contribuem para reduzir ou eliminar a fitotoxicidade provocada por determinado herbicida.
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Mesotrione Este herbicida apresenta absorção pelas folhas e raízes do milho e translocação aposimplástica. O mecanismo de seletividade do mesotrione ainda não está completamente esclarecido, contudo há evidências significativas de que seja resultado de metabolismo diferencial entre a cultura do milho e as plantas daninhas (Mitchell et al., 2001), em que muitas das recomendações usuais para as sulfoniluréias podem ser aplicadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS A seletividade de herbicidas, com
Pedro Jacob Christoffoleti, Saul Jorge Pinto de Carvalho e Marcelo Nicolai, Esalq
Fotos Marcelo Nicolai e Pedro J. Christoffoleti
nenhum metabolismo pode ser medido em plantas sensíveis. Para a melhor utilização deste grupo de herbicidas (nicusulfuron e foramsulfuron + iodosulfuron-methyl), certos ajustes devem ser efetuados para a obtenção de bons resultados, sem fitotoxicidade à cultura, como: I) consultar lista de híbridos e variedades recomendadas para tratamento com o herbicida; II) ajustar a dose para cada híbrido ou variedade; III) aplicação entre duas a cinco folhas; IV) não deve ser misturado com inseticidas organofosforados; V) observar o intervalo de sete dias entre as adubações de cobertura nitrogenada e a aplicação do herbicida.
destaque para as rotas de metabolismo diferencial, é o principal mecanismo que possibilita a aplicação de herbicidas, em área total, em condições de pré ou pós-emergência, com mínimos danos à cultura. Assim, recomenda-se a adoção de algumas medidas práticas que visam assegurar a seletividade dos herbicidas, com mínimos danos à cultura do milho, dentre elas: I) respeito às recomendações de boas práticas agrícolas quanto à dose, ao herbicida ou misturas, ao momento de aplicação, à variedade ou híbrido e à condição ambiental; II) cuidado com relação à interação de insumos, principalmente herbicidas e inseticidas organofosforados; III) uso de protetores ou “safeners” C sempre que for recomendado.
Na utilização de herbicidas seletivos, o respeito às recomendações quanto à variedade ou ao híbrido, doses, misturas e cuidados na aplicação são fundamentais para evitar danos à cultura
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Algodão
Qualidade via água As car acterísti cas ddaa fibr o alg od oeir o, apesar ddee ser em ddetermin etermin ad as característi acterísticas fibraa ddo algod odoeir oeiro, serem eterminad adas cam en te por ffator ator es h er editári os ci ad as por outr os gen eti eneti eticam camen ente atores her ereditári editários os,, são também influen influenci ciad adas outros aspectos com o fertili dad o solo, pr agas oenças ee,, prin cipalm en te dad como fertilid adee ddo pragas agas,, ddoenças principalm cipalmen ente te,, pela umi umid adee nas difer en tes ffases ases ddo o ci clo ddee cultivo. A águ a, embor ad diferen entes ciclo água, emboraa não seja toler tolerad adaa em eexxcesso pela cultur a, n ecessita ser bem distribuíd paraa que não ocorr ocorraa o aborto ddee botões cultura, necessita distribuídaa par utivi dad ali dad flor ais ou per das em pr od plumaa prod odutivi utivid adee e em qu quali alid adee ddaa plum florais perd
A
cultura do algodoeiro e os cotonicultores brasileiros configuram na plenitude toda a gama de situações dos novos tempos de uma economia que se globaliza. Trata-se de um segmento que sofre uma intensa transição da antiga para uma nova conformação, com mudanças no plano da tecnologia de produção com a utilização de novas cultivares convencionais e geneticamente modificadas e dos métodos gerenciais. Com esta nova fase a margem de erro dos produtores está diminuindo e qualquer fator financeiro, de manejo ou climático, pode representar o fracasso ou o sucesso da safra. Fatores que interferem na formação da fibra O algodoeiro é uma planta classificada como C3 em termos de realização de fotossíntese. Longos períodos de dias encobertos prejudicam a fotossíntese e a conversão em açúcar para formação da celulose que irá causar a maturidade da fibra e peso das maçãs. Além disso, apresenta quatro fases bem distintas durante o seu desenvolvimento, estabelecendo uma curva de crescimento
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até a altura ideal, necessitando rigorosamente de manejos para que possa expressar todo seu potencial produtivo e fibras de qualidade. Segundo Santana et al. (1998) as características tecnológicas da fibra, apesar de serem determinadas geneticamente por fatores hereditários, são altamente influenciadas por fatores ambientais, situações de cultivo, fertilidade do solo, pragas, doenças e os fatores climáticos como: temperatura, luminosidade exces-
so ou falta de chuva. A água A água pode ser considerada um dos fatores mais limitantes para uma boa produção, apesar da cultura não tolerar ambiente excessivamente úmido, ela é exigente em umidade, não suportando longos períodos de estresse durante o ciclo. Para grandes produtividades é necessária a disponibilidade de 650 a 900 mm de água durante o ciclo bem distribuído (Rosolem, 2007).
Tabela 1 Estágio Início da safra - Perfil cheio Germinação até primeiro botão floral (1-30 dias) Primeiro botão floral até primeira flor (30 a 60 dias) Primeira flor até CUTOUT (60 a 90 dias) CUTOUT até primeiro capulho (90 até 120 dias) Primeiro capulho até desfolha (120 a 150 dias) Produtividade estimada (Arrobas caroço/ha) Rendimento pluma Altura (cm) Número de nós Comprimento (mm) Micronaire
Caso 1
Caso 2
Caso 3
Caso 4
Caso 5
Caso 6
Caso 7
Não Não Não Não Não 300 41 140 24 32 4,2
Stress Não Não Não Não 285 41 135 24 32 4,2
Não Stress Não Não Não 150 40 105 20 32 4,6
Não Não Stress Não Não 200 40 115 22 30 4,4
Não Não Não Stress Não 240 38 130 22 28 3,8
Não Não Não Não Stress 285 39 140 24 31 4
Não Stress Stress Não Nãos 90 38 80 18 30 4,6
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Gráfico 1 - Consumo de água do algodoeiro
O algodoeiro necessita de 1 a 2 mm/ dia na 1ª fase fenológica que corresponde da germinação até o surgimento do primeiro botão floral, de 2 a 4 mm/dia na 2ª fase que inicia no surgimento do primeiro botão floral até a primeira flor, de 4 a 8 mm/ dia na 3ª fase que corresponde do surgimento da primeira flor até a abertura do primeiro capulho aberto, diminuindo o consumo de água para 6 a 0 mm/dia na 4ª e última fase que vai da abertura do primeiro capulho até a abertura total das maçãs, como mostra o Gráfico 1 (Landivar, 2003). Assim a cultura tem duas fases consideradas críticas para o consumo de água, na 2ª fase, por ser onde se inicia a definição da caixa produtiva da cultura, a planta tem entre 15 a 16 nós 45 a 60 dias após emergência (DAG) e a exigência de água passa de 2 para 4 a 6 mm/dia. Ocorrendo qualquer período de seca nesta fase, poderá prejudicar o desenvolvimento das flores e das maçãs, recuperando seu crescimento caso o período de estresse hídrico não te-
nha sido muito grande. Na 3ª fase a planta já definiu seu potencial produtivo, iniciando o enchimento das maçãs e a formação da fibra. Nesta fase a planta tem de 20 a 22 nós e a exigência de água passa de 4 a 6 para mais de 8 mm/ dia (Rosolem, 2007). Algumas maçãs já estão em fase de maturação, portanto, na segunda metade desta fase, a ocorrência de qualquer estresse que diminua a fotossíntese, como temperaturas muito altas ou muito baixas, dias muito nublados, secas, etc., além de prejuízo pela queda de estruturas, causará um prejuízo em função da ocorrência de maior porcentagem de fibras imaturas. A 4ª fase compreende desde o CUTOUT (20 a 22 nós) até a colheita, a exigência de água passa de menos de 8 para 6 a 0 mm/dia, o estresse hídrico nesta fase não afeta muito a produtividade, mas interfere muito na qualidade de fibra e também na abertura dos capulhos. Landivar (2003) considerou na simulação da Tabela 1 uma produtividade de
Figura 1 - Crescimento das maçãs
300 @/ha, rendimento de pluma e qualidade intrínseca das fibras em situação normal de água. Levando em consideração o consumo de água em cada fase da cultura, nesta simulação pode-se observar a importância e a interferência da água na produtividade e na qualidade da fibra. Formação da qualidade da fibra A formação da qualidade da fibra se inicia no momento em que a flor é fecundada. O processo fotossintético é responsável pela produção de carboidratos para a formação das cápsulas. E, os nutrientes absorvidos pelas raízes completam os ele-
DIFERENÇA
O
algodoeiro diferencia-se das principais plantas comercialmente cultivadas por apresentar hábito de crescimento indeterminado, crescendo e produzindo sempre que as condições ambientais permitirem. Originado em clima semi-árido, o algodoeiro (Gossipyum hirsutum) hoje está adaptado ao cultivo em locais que variam desde 500 a 3.000 milímetros de precipitação pluviométrica anual, e a altitudes que variam desde o nível do mar a 1.200 metros. Tem a característica de sobreviver em diferentes ambientes, por isso, em condições de estresse, é uma cultura que tem uma tolerância muito alta, comparando coma as outras grandes culturas. Esta característica faz com que a planta aborte os botões florais e assim que as condições climáticas forem satisfatórias e o estresse hídrico não tenha sido muito forte, ela volta ao seu crescimento para garantir a perpetuação da espécie.
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Figura 2 - Incremento relativo em comprimento e peso das fibras
mentos que formam os componentes das cápsulas (a casca, semente e fibra). (Figura 1) A formação das cápsulas, então, requer manejos que assegurem uma boa folhagem saudável, capaz de captar a radiação solar incidente e eficientemente para transformar esta energia em carboidratos. Um bom programa de manejo dos fertilizantes, água e doenças é essencial para assegurar um eficiente funcionamento do processo fotossintético Paralelamente ao processo de enchimento das cápsulas ocorre a formação da qualidade das fibras. O comprimento da fibra ocorre durante os primeiros 18 a 20 dias após abertura da flor (Figura 2). Esse processo é seguido pelo depósito de camadas de celulose nas paredes secundárias das fibras. As fibras completam seu processo de maturação aos 50 a 60 dias da abertura da flor. O micronaire das fibras é determinado de 20 a 40 dias após a abertura de cada flor (Figura 3). A abertura das cápsulas ocorre devido a
Figura 3 - Incremento relativo em longitude e peso das fibras
uma retração da casca da cápsula causada pela perda de umidade. Esse processo expõe as fibras e as sementes ao ambiente, as quais, então, entram em equilíbrio com a umidade do ambiente. A perda da umidade causa retorcimento nas fibras e aumento do seu volume. Este processo completa a abertura da cápsula. Quando a cápsula abre, a qualidade das fibras está em seu valor máximo. A partir deste momento, as fibras e as sementes são expostas ao ambiente e perdem a qualidade dia após dia. Muitos fatores são responsáveis por perda de qualidade de fibras de algodão no campo, um deles é a ação de raios ultravioleta, que com o tempo deterioram sua resistência e integridade. A ação de microorganismos, especialmente acompanhados de umidades provenientes do orvalho ou de chuvas, causa amarelecimento e perda de peso das fibras. Mel excretado por pulgões e moscas brancas muitas vezes contamina a fibra e serve de substrato de desenvolvimento de fungos. Além de afetar a cor da fibra, este mel é responsável pelo “algodão
doce”, o qual é rejeitado e punido pela indústria têxtil. A poeira do ambiente, com o tempo, também causa o amarelecimento da fibra. Por último, a chuva e o orvalho, acompanhados da ação dos microorganismos, debilitam a casca das cápsulas, causando a queda da fibra no solo. Em colheitas mecanizadas, este enfraquecimento da casca representa grandes perdas de eficiência da colheita. A melhor maneira de assegurar uma boa qualidade e produção é desfolhar e colher o mais rápido possível depois da maturação. Entretanto alguns fatores são passíveis de controle pelo homem e outros não. Em termos de fertilidade do solo, o algodoeiro necessita, para ter boa produtividade, de um solo com perfil corrigido de 0 a 40 cm de profundidade, com saturação de bases de 50 a 70% e seus elementos balanceados em volumes disponíveis. Observa-se também que a adubação fosfatada tende a aumentar o comprimento médio de fibra, enquanto a potássica tende a melhorar sua uniformidade. Quanto aos ataques de pragas e doenças, sabe-se que podem provocar abertura prematura dos capulhos e, conseqüentemente, perda na qualidade de C fibra (Fonseca; Beltrão 2005). Anderson Tadeu A. Pereira, MDM Sementes de Algodão LTDA.
O ciclo completo do algodoeiro necessita de 650 a 900 mm de água para garantir uma boa produtividade
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A margem de erro dos produtores no processo produtivo do algodoeiro é cada vez menor, diz Anderson
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Soja
Atração fatal A
comunicação entre os insetospraga da agricultura ocorre principalmente por meio da transmissão de sinais químicos, os denominados semioquímicos, e em menor escala podem participar também os sinais físicos (vibrações, sons etc.). Os semioquímicos podem atuar na comunicação interespecífica, ou seja, entre indivíduos de espécies diferentes, sendo então chamados aleloquímicos, ou na comunicação intraespecífica (entre indivíduos da mesma espécie), sendo assim denominados de feromônios. Os feromônios atuam em diferentes contextos orientando os indivíduos a se aproximarem ou se afastarem de um local, sinalizando perigos ou transmitindo informações que possibilitam determinada interação social. Em função do tipo de comunicação e função que exercem sobre os insetos, os feromônios são classificados em diferentes grupos (Tabela 1). Os feromônios sexuais são os mais estudados e utilizados em programas de manejo integrado de pragas, notadamente para os insetos da ordem Lepidoptera (mariposas). Os feromônios sexuais são formados por substâncias geralmente produzidas pela fêmea para a atração dos ma-
chos, por ocasião da reprodução. Em alguns casos, podem os feromônios sexuais ser produzidos pelo macho para a atração da fêmea, ou por ambos os sexos. Atualmente, muitos feromônios sexuais são sintetizados e utilizados em diferentes tipos de armadilhas visando o monitoramento de pragas, ou como um método de controle empregando a coleta massal, ou ainda pela técnica de confundimento (mating disruption). Esta última técnica consiste na impregnação da área-alvo com o feromônio sexual, o que reduz as chances de encontros do macho e da fêmea para o acasalamento. Assim, o inseto não irá se reproduzir, o que reduzirá a sua população na geração seguinte. A utilização do feromônio sexual é uma técnica vantajosa do ponto de vista ambiental, pois não contamina o meio ambiente e não afeta os inimigos naturais das pragas, além de ser compatível com outros métodos de controle, inclusive com o contro-
le químico. Nas últimas quatro safras de soja, especialmente nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Paraná, foram observados surtos acentuados da lagarta falsa-medideira, (Pseudoplusia includens) na cultura da soja. Vários fatores podem estar condicionando esses surtos da falsa-medideira na soja. Acredita-se que a aplicação de inseticidas de amplo espectro por ocasião da dessecação da cultura de cobertura pode causar desequilíbrio biológico nas lavouras, impedindo ou prejudicando o estabelecimento dos inimigos naturais (predadores, parasitóides e entomopatógenos) no agroecossistema. Esse desequilíbrio é intensificado especialmente quando no controle da lagartada-soja (Anticarsia gemmatalis) são aplica-
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Clemson University
Surtos ddaa lagarta Pseu os n as últim as safr as cen tivam o seud oplusiaa in inclu clud enss, observad observados nas últimas safras as,, in incen centivam doplusi clu den o ddee fer omôni os n as lavour as omôni o se xu al n empr eg empreg ego feromôni omônios nas lavouras as.. A utilização ddee fer feromôni omônio sexu xual naa captur capturaa ddee ad ultos tamin ar o m ei o ambi en te gos n atur ais e ain da é adultos ultos,, além ddee não con contamin taminar mei eio ambien ente te,, não afeta inimi inimig natur aturais aind compatível com outr os métod os ddee con tr ole clusive com o quími co outros métodos contr trole ole,, in inclusive químico
Fotos Crébio José Ávila
Tabela 1 - Principais tipos e funções de feromônios utilizados na comunicação entre insetos Tipo de feromônio Feromônio de agregação Feromônio de trilha Feromônio de território Feromônio de inibição Feromônio de alarme Feromônio sexual
Detalhe do inseto adulto de Pseudoplusia includens
dos inseticidas de amplo espectro, tais como os piretróides e fosforados. Estudos recentes têm evidenciado que as aplicações de fungicidas na soja para o controle de doenças, especialmente a ferrugem asiática, estão afetando negativamente o desenvolvimento de fungos benéficos, como aquele causador da “doença branca” (Nomuraea rileyi). O mesmo raciocínio tem sido observado para a aplicação do herbicida glifosato nas variedades de soja RR. Essa hipótese é reforçada pela não-observação de epizootia do fungo Nomuraea nas lagartas que atacam a soja desde a constatação da ferrugem asiática no Brasil, bem como a partir do cultivo de variedades transgênicas (soja RR) em grande escala na região do cerrado. O controle da lagarta falsa-medideira tem sido relativamente difícil por se tratar de uma espécie mais tolerante às doses de inseticidas recomendadas para a lagartada-soja, além disso, a maioria dos princípios ativos atualmente disponíveis tem se mostrado ineficiente para o seu controle. A amostragem da lagarta falsa-medideira na cultura da soja tem sido realizada empregando-se o pano de batida. Esse proce-
Função Ocasionar a aproximação entre indivíduos da mesma espécie para o mesmo local Marcar uma trilha para orientar os outros indivíduos da mesma espécie, na maioria das vezes, da mesma colônia, para um determinado local Delimitar o território de ocorrência da espécie para evitar o encontro com indivíduos de outras espécies Inibir o encontro entre indivíduos da mesma espécie Estimular comportamentos de fuga ou de defesa dos insetos Possibilitar o encontro entre fêmeas e machos para a reprodução
dimento determina não somente a densidade populacional do inseto, mas também a proporção de lagartas grandes ( 1,5 cm) e de lagartas pequenas (< 1,5 cm) da praga. Essa informação é de suma importância para orientar sobre a necessidade ou não de se realizar o controle químico, bem como do tipo de inseticida a ser utilizado na pulverização (choque ou fisiológico). Considerando-se que os primeiros surtos de ocorrência da falsa-medideira na soja iniciam-se com o surgimento dos primeiros adultos, pode-se inferir que o monitoramento de adultos utilizando-se armadilhas iscadas com o feromônio sexual, constitui-se em num instrumento para a amostragem dessa praga, uma vez que, após a ocorrência de adultos, espera-se a ocorrência de ovos e de lagartas do inseto na cultura. Na safra 2006/07, foi conduzido um estudo, em Mato Grosso do Sul, visando avaliar a eficiência do feromônio sexual Z7C12OAc na captura de adultos de P. includens na cultura da soja. O feromônio sexual foi sintetizado no Japão e fornecido pela empresa Bio Controle - Métodos de Controle de Pragas Ltda. O experimento foi conduzido em uma lavoura de soja do município de Caarapó (MS). Foram testadas cinco doses do feromônio sexual Z7C12OAc em comparação com a testemunha, em quatro repetições. As concentrações do feromônio sexual avaliadas foram: 1 mg/septo, 3 mg/septo, 5 mg/septo, 8 mg/septo, 10 mg/ septo. Os septos de borracha contendo o feromônio foram fixados em armadilhas modelo Delta, suspensas com auxílio de estacas acima das plantas de soja e separadas
quinze metros uma da outra. A retirada e a contagem de adultos de P. includens nas armadilhas foram realizadas semanalmente, no período de dezembro de 2006 a março de 2007, sendo os septos substituídos a cada 30 dias após a sua instalação. Neste mesmo período avaliou-se a população de lagartas pequenas e grandes de P includens na cultura da soja, utilizando-se o método do pano de batida. Houve incremento na captura de adultos de P. includens com o aumento da dose do feromônio sexual Z7C120Ac no intervalo de 1 a 10 mg/septo, evidenciando-se que essa substância apresenta atividade na captura de adultos da praga e que a intensidade de captura foi influenciada pela dose contida no septo. O maior número de mariposas capturadas foi verificado durante o mês de janeiro e na primeira quinzena de fevereiro, enquanto que a maior densidade populacional de lagartas foi constatada no mês de janeiro. Foram observadas reduções no número de mariposas capturadas antes da troca dos septos para todas as concentrações de feromônio avaliadas, indicando uma redução na atratividade das
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
O
s feromônios podem conter metabólitos secundários provenientes de plantas hospedeiras que, quando combinados com substâncias produzidas pelos próprios insetos, atuam na comunicação intraespecífica. Outras vezes, a composição do feromônio é fruto exclusivo das glândulas exócrinas dos insetos.
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Estas substâncias são percebidas pelos receptores olfativos (sensilos) localizados geralmente nas antenas do inseto receptor. Nestes sensilos existem neurônios que recebem a informação estimulada pelo feromônio e a envia para o sistema nervoso central do inseto, desencadeando comportamentos específicos.
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armadilhas, provavelmente em razão da dissipação do feromônio sexual no septo. Os resultados evidenciaram que a troca dos septos contendo o feromônio deve ser realizada de três a quatro semanas após a sua instalação nas armadilhas. Com bases nos resultados obtidos, podese inferir que é possível fazer o monitoramento de adultos da falsa-medideira na cultura da soja utilizando-se o seu feromônio sexual. Todavia, para que essa informação possa ser efetivamente empregada no manejo da praga, relações entre a captura de adultos nas armadilhas contendo o feromônio e a intensidade de formas imaturas do inseto (ovos e lagartas) na cultura, devem ser determinadas. Constatando-se uma relação significativa entre a densidade de mariposas capturadas nas armadilhas e a população de lagartas no pano de batida, será possível estimar a densidade populacional da praga na cultura com base na captura de adultos utilizando feromônio sexual. Todavia, essa análise não foi feita no presente trabalho. Essa informação poderá ser empregada no futuro para o manejo da lagarta falsa-medideira em lavouras de soja, especialmente em áreas extensivas de cultivo, como acontece na região do cerrado, onde o uso do pano de batida não tem sido C utilizado adequadamente.
Figura 2 - Número médio de adultos de P. includens capturados semanalmente em armadilhas iscadas com diferentes concentrações do feromônio sexual Z7C120Ac. Caarapó (MS). 2007.
Figura 3 - Número médio de adultos de P. includens capturados nas armadilhas iscadas com diferentes doses do feromônio sexual Z7C120Ac, no período de dezembro de 2006 a março de 2007, em Caarapó (MS). As setas indicam a data da troca de septos do feromônio
Crébio José Ávila, Embrapa Agropecuária Oeste Viviane Santos, Universidade Federal de Lavras Evaldo Ferreira Vilela, Universidade Federal de Viçosa
Figura 4 - Número médio de lagartas pequenas, grandes e total de P. includens em 2,0 m de fileira de soja (pano de batida) no período de dezembro de 2006 a março de 2007, em Caarapó (MS)
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Soja
Trégua quebrada Com o sur gim en to ddo o prim eir o ffoco oco ddee ferrug em n surgim gimen ento primeir eiro ferrugem naa safr safraa 2007/08 em lavour lavouraa ddee soja com er ci al em estádi o R3, n oM ato Gr osso ddo o Sul, é h or gilân ci ed obr ad a. PPois ois comer erci cial estádio no Mato Grosso hor oraa ddee vi vigilân gilânci ciaa rred edobr obrad ada. embor o per das estim ad as em U S$ 10 bilhões n o Br asil, ain da não é emboraa já tenha causad causado perd estimad adas US$ no Brasil, aind possível afirm ar qu an do a ddoença oença terá iníci o em ddetermin etermin ad ea n em ddefinir efinir afirmar quan and início eterminad adaa ár área nem gi ci das estádi os ddaa plan ta ou um calen dári o par cações ddee fun aplicações fungi gici cid estádios planta calendári dário paraa apli
D
esde sua primeira constatação no Brasil, em 2001 até a safra 2006/07, a ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) causou perdas estimadas em US$10 bilhões (soma das perdas de grãos, perdas de arrecadação de impostos sobre os grãos perdidos e os custos com o controle da doença). A conseqüência dessas perdas, no mesmo período, sobre a economia e a sociedade dos municípios mais dependentes da soja é incalculável. Os estados mais afetados foram: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Bahia. Na safra 2006/07, os estados mais afetados pela ferrugem foram o Paraná, Minas Gerais, São Paulo (região de Barretos), Santa Catarina, Goiás e Rio Grande do Sul. De modo geral, as perdas nesses estados foram devidas ao excesso de chuva, que dificultou a aplicação de fungicidas no momento correto, e as condições meteorológicas adversas para pulverização. Sendo uma doença causada por um fungo que é um parasita biotrófico, que infecta, se alimenta e se multiplica em tecido vivo da
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soja, quanto melhores as condições climáticas para a cultura e a existência de plantas no ambiente, maior a severidade e a sobrevivência do fungo. O acompanhamento da evolução da doença desde sua “explosão” a partir da safra 2001/02, mostrou que a disseminação pelo vento é extremamente rápida e eficaz. Em apenas quatro anos o fungo disseminou-se por todo o Continente Americano, atingindo os Estados Unidos em 2004, tornando-se, dessa forma, uma doença global na cultura da soja. Ao mesmo tempo, a disponibilidade de plantas vivas nas entressafras (plantas guaxas, “safrinhas” e cultivos irrigados no inverno) permitiu que o fungo se mantivesse nas áreas de cultivo em diversas regiões do Brasil. Principalmente na região Central, onde o clima favorece o cultivo da soja de inverno, sob irrigação, e somada às plantas guaxas, foi criada uma perfeita “ponte verde” que permite a sobrevivência do fungo de uma safra para outra. Em todo o Brasil, a severidade da fer-
rugem tem variado de um ano para outro, de acordo com as diferenças climáticas regionais, porém, nos locais de climas mais favoráveis, as perdas pela doença têm sido constantes
RAZÕES PARA O VAZIO SANITÁRIO Em Mato Grosso, os levantamentos da ocorrência da ferrugem nas safras e entressafras de 2002/03 a 2005/06, não deixavam dúvidas quanto à necessidade de eliminar a “ponte verde” representada pelas plantas guaxas, pelos cultivos da “safrinha” (pós-colheita de verão) e da sucessão da soja irrigada no inverno (plantios de junho-julho). Com base nas observações de campo sobre a permanência da ferrugem e das importâncias econômicas e sociais dos estragos causados, foi elaborado um documento mostrando a necessidade de sancionar uma lei que proibisse o cultivo da soja irrigada de inverno e a obrigatoriedade de eliminar as plantas guaxas durante um período que antecede os plantios de verão. Esse período de ausência de soja hospedeira chamou-se de vazio sanitário, tendo a duração de 90 dias, entre 15 de junho a 15 de
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vés do cadastramento e do comprometimento por parte dos órgãos responsáveis em seguir os critérios da Lei. Todavia, a implementação não foi tão eficaz como em Mato Grosso. Em Tocantins, em 2006, a Agência Estadual de Vigilância Sanitária - Adapec, realizou vistorias para avaliar o cumprimento dos compromissos assumidos pelos produtores de sementes. Infelizmente, em quase todas as áreas de produção de sementes das várzeas tropicais (Luiz Alves, Lagoa da Confusão, Dueré, Formoso do Araguaia), a aplicação dos fungicidas tinha apresentado falhas e o controle da ferrugem não foi suficientemente eficaz, sendo os produtores autuados pelas falhas. Na entressafa 2007, os plantios para multiplicação de sementes nas várzeas tropicais
foram realizados, porém, devido à total falta de chuva e às altas temperaturas, não houve condições para desenvolvimento da ferrugem. A região de Frutal (MG), que cultivou cerca de 150 mil ha de soja na safra 2005/06, devido a severas perdas por ferrugem nessa safra, teve 100 mil ha substituídos por canaviais na safra 2006/07. Mesmo assim, em virtude do cultivo de soja irrigada no inverno e falhas no momento da aplicação, somados à dificuldade de pulverização por excesso de chuva, a região sofreu severas perdas por ferrugem nos 50 mil ha cultivados. Situação semelhante foi observada na região de Barretos, no estado de São Paulo. Ainda, no estado de São Paulo, o cultivo da soja irrigada na entressafra na região de Ita-
RAZÕES DA DIFICULDADE DE CONTROLE
A
falta de conscientização sobre o problema e a conseqüência da “ponte verde”, somadas a fatores econômicos, estimularam a produção de soja “safrinha” (pós-colheita da safra de verão) e o cultivo sob irrigação durante o inverno, nas entressafras de 2003 a 2005. Em 2003, após a frustração da produção de semente por excesso de chuvas na colheita e temendo um grande aumento do custo da semente para a safra 2003/04, produtores de soja do Mato Grosso, que dispunham de sistema de irrigação por pivô central, notadamente em Primavera do Leste, Pedra Preta (Serra da Petrovina) e Alto Garça, cultivaram a soja em pós-colheita (safrinha) e repetiram o plantio no inverno (plantios de junho-julho). Infelizmente, para esses produtores, a elevação do preço da semente no estado não se concretizou devido às boas produções em Goiás e Minas Gerais, que abasteceram o Mato Grosso. Além disso, a severidade da ferrugem na entressafra exigiu de cinco a sete pulverizações, inviabilizando o cultivo. Em 2003/04, os altos preços da soja que chegaram a atingir até R$ 56,00/60 kg no início de maio de 2004, geraram tamanha euforia que estimularam os produtores a fazerem grandes investimentos em compras de terras e renovação das frotas de máquinas. Segundo informações oficiais, somente no AgriShow dos Cerrados, em Rondonópolis, em 2004, foram vendidos 56 aviões agrícolas. Porém, o bom preço despencou a partir de meados de maio, gerando um verdadeiro caos na agricultura
do Centro-Oeste. Nesse ano, o município de Primavera do Leste recebeu o título nada honroso de “capital mundial da ferrugem”. Os altos preços da soja no final da safra 2003/04 e sua posterior queda vertiginosa estimularam a “safrinha” e o cultivo de inverno, esta na tentativa de recuperar as perdas e pagar os compromissos assumidos. Como conseqüência da “ponte verde” de 2004, a safra 2004/05 sofreu grandes prejuízos, além de repetidas pulverizações que chegaram até sete aplicações. Em 2005, a motivação para plantio de soja “safrinha” e de inverno foi a liberação do cultivo da soja transgênica RR. Como nas entressafras anteriores, a “ponte verde” causou novo “desastre” na soja da safra 2005/06, repetindo o título de “capital mundial da ferrugem” para Primavera do Leste. Além deste município, Alto Garça, Pedra Preta (Serra da Petrovina) e a região de Goiânia, que tiveram soja “safrinha” e de inverno sob irrigação, em 2005, sofreram severas perdas. Diversos produtores simplesmente abandonaram suas lavouras. Ao nível de campo, as principais causas da dificuldade de controle da ferrugem são: a) fonte de inóculo de lavouras semeadas com cultivares precoces e falta de controle até o final do ciclo; b) detecção tardia da doença; c) densidade excessiva de plantas; d) pressão de inóculo excessiva no ambiente; e) dificuldade de aplicação devido a condições meteorológicas inadequadas; f) grandes áreas a serem pulverizadas em pouco tempo disponível; g) equipamentos inadequados; e h) falhas na cobertura foliar.
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José Tadashi Yorinori
setembro. Graças à ação conjunta de diversas entidades oficiais e privadas do Estado, notadamente da Aprosoja, da Defesa Sanitária Vegetal do Mapa, de Cuiabá, da equipe do Instituto de Defesa Agropecuária - Indea, da Secretaria da Agricultura, do Sindicato dos Produtores Rurais de Primavera do Leste (MT), da Fundação MT e da Embrapa Soja (José Tadashi Yorinori), foi sancionada a Portaria Normativa pelo governador do estado, que instituiu o vazio sanitário no Mato Grosso, em 2006. A Normativa proíbe o cultivo da soja no inverno e estabelece a obrigatoriedade da eliminação de todas as plantas guaxas na propriedade, no período de 15 de junho a 15 de setembro de cada ano. Em 2006 e 2007 as fiscalizações foram feitas com rigor e uma tentativa de desafiar a Normativa em 2005 por um produtor de Lucas do Rio Verde, que semeou a soja de inverno e teve a fase de enchimento de vagem dentro do período do vazio sanitário, foi obrigado a destruir a soja, além de sofrer as penalidades previstas. Em 2006, em virtude da forte crise econômica que afetou os produtores de soja, a obrigatoriedade de eliminação das plantas guaxas não foi executada a contento. Todavia, em 2007, mesmo os órgão de pesquisa e produtores de semente que tiveram plantas guaxas no período do vazio sanitário foram notificados e autuados pelo Mapa e pelo Indea. Além do Mato Grosso, os estados de Goiás e Tocantins baixaram portarias regulamentando a obrigatoriedade de eliminação das plantas guaxas e estabeleceram regras rígidas para viabilizar a realização de pesquisas, atra-
Fotos José Tadashi Yorinori
Plantas guaxas de soja, em meio a uma lavoura de caupi irrigado em MT
peva, deve ser a fonte de inóculo que dificultou o controle da ferrugem nessa e na região de Wenceslau Braz, no estado do Paraná, na safra 2006/07.
PERSPECTIVAS PARA A SAFRA 2007/08 Na safra 2006/07, o primeiro registro de ferrugem no Brasil foi feito em 10 de novembro de 2006, em Primavera do Leste, MT. Na corrente safra (2007/08) a primeira confirmação foi em 3 de dezembro no município de Aral Moreira, MS, feita pelo engenheiro agrônomo Ricardo de Barros, da Fundação MS. A lavoura de soja encontrava-se no estádio de desenvolvimento R3 (início de formação de vagem)(Fonte: Fundação MS/Sistema de Alerta Embrapa: www.consorcioantiferrugem.net). Anteriormente, diversas informações sobre ocorrências de ferrugem haviam sido divulgadas em Mato Grosso (Diamantino, Sapezal e Itiquira), porém, após vistorias mais detalhadas, as mesmas não foram confirmadas. Isso mostra, também, que há falhas na identificação da ferrugem no seu estágio inicial e que há necessidade de maior treinamento e capacitação dos “ferrugeiros” de campo. Da mesma forma que está ocorrendo diagnósticos falhos, corre-se também o risco de não confirmar quando a ocorrência é real e o controle ser iniciado tardiamente. Além deste primeiro foco, nenhum outro ataque da ferrugem foi registrado até 7 de dezembro de 2007, em plantio comercial irrigado para produção de semente em todas as regiões produtoras de soja do país, porém, levantamentos realizados após o término do vazio sanitário (15 de setembro) mostrou, que em diversas localidades ainda havia plantas de soja guaxas ou cultivadas, em diversos estádios, desde recém-semeadas até o estádio R6. Em Mato Grosso, no início de outubro, plantas guaxas foram encontradas em Primavera do Leste, Alto Garça, Sorriso e Campo Novo do Parecis. Em Sorriso, em um centro de pesquisa foram encontradas plantas guaxas e cul-
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tivadas, sob irrigação, desde o estádio vegetativo à maturação de colheita. Em Primavera do Leste, um grande número de plantas de soja (cinco mil - dez mil plantas/ha), em diferentes estádios, foram encontradas misturadas em uma lavoura de caupi irrigado. O caupi estava no estádio entre floração e enchimento pleno de vagem. Em Minas Gerais, no final de outubro, plantas guaxas de soja foram encontradas à margem da rodovia BR-050, a cerca de 5 km de Araguari, no sentido para Uberlândia. Em Planura (MG), uma lavoura de feijão irrigado, em estádio de vagem cheia, porém totalmente verde, estava com mistura de grande número de plantas de soja, em diferentes estádios. Ainda em Planura, uma lavoura de soja semeada em 1º de outubro de 2007, já estava no estádio
V5, em 24 de outubro. No Rio Grande do Sul, segundo relato de produtores da região de Carazinho, a maioria das lavouras de trigo em sucessão à soja e, que estava entre os estádios de espigamento a grão leitoso, em 10 de outubro, apresentava plantas guaxas verdes de soja. Ainda em Carazinho, à margem da rodovia BR-386, km-179, foi encontrada uma grande área de kudzu com intenso desenvolvimento vegetativo. Em nenhuma das áreas com soja mencionadas acima foi encontrada ferrugem, porém há a necessidade de intensificar a fiscalização para que o vazio sanitário seja realmente efetivado em todas as regiões de soja do país. As ocorrências de soja guaxa nas diversas localidades de Mato Grosso e do Rio Grande do Sul mostram a grande capacidade de sobrevivência das plantas em condições de seca/calor e baixas temperaturas, uma vez que a planta consiga enraizar. Para a safra 2007/08, além do vazio sanitário, a prolongada estiagem e as altas temperaturas de junho a outubro, e que praticamente erradicaram as plantas guaxas nos cerrados, deverão contribuir para retardar ou reduzir a severidade da ferrugem. Todavia, o atraso no plantio devido à prolongada estiagem poderá alongar a janela de plantio, especialmente onde a chuva foi mais irregular. Isso poderá fazer com que plantios mais tardios sejam afetados, principalmente as semeaduras de final de novembro a início de dezembro. Na região leste de Mato Grosso, ao longo do Vale do Araguaia (municípios de Água Boa, Canarana e Querência), cerca de 20%-25% das áreas ainda estavam sem o plan-
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tio da soja até 6 de dezembro, devido ao atraso das chuvas. Até que se acumule suficiente informação sobre a eficácia do vazio sanitário nos próximos anos, a recomendação é de não se acomodar, não baixar a guarda e manter vigilância contínua. Outras fontes do fungo podem ser responsáveis pela incidência anual da ferrugem no Brasil. A experiência tem mostrado que, com relação à ferrugem, não é possível afirmar quando a doença terá início e nem definir estádios da soja ou um calendário para realizar as aplicações de fungicidas. A vigilância deve ser contínua, com os produtores e a assistência técnica sempre atentos e informados sobre a ocorrência da doença no país, na região e na vizinhança da propriedade.
O PERIGO VEM DE FORA? Sendo uma doença causada por um fungo cujos espóros são rapidamente disseminados a grandes distâncias pelo vento, a soja brasileira está sempre sujeita a ter a ferrugem originada de duas regiões onde a sobrevivência do fungo tem sido confirmada: da região Sul, principalmente do sudoeste do Paraná e do Paraguai, onde as condições climáticas e a existência de plantas guaxas (ou tigüeras), favorecem a sobrevivência do fungo. Desde o início da safra, cada vez que sopra o vento Sul-Norte (frente fria), há o risco de haver dispersão do fungo para as regiões de soja do Brasil; e da Bolívia, cada vez que o vento com umidade do Pacífico sopra em direção ao Brasil, corremos o risco de receber o fungo daquele país. O plantio da soja na Bolívia é quase contínuo, sendo realizados até três plantios por ano. Durante o verão (novembro a abril) são cultivados cerca de 700 mil/ha. Nesse período, em virtude das altas temperaturas e precipitações elevadas, a qualidade da semente é comprometida e a severidade da ferrugem é baixa. De maio a agosto, são realizados os plantios para produção de semente (300 mil/ha em 2007) nas regiões mais úmidas e frescas, ao norte de Santa Cruz de La Sierra. Em visitas realizadas no período de 5 a 10 de novembro passado, foi constatada severa ferrugem nos 300 mil hectares de soja cultivados durante o inverno. Os estádios da soja variavam desde áreas já colhidas a diferentes estádios de desenvolvimento: fase vegetativa, em granação e maturação de colheita. Plântulas guaxas ou de plantios de verão em estádio V2 incompleto (V1/V2) - (cerca de oito a dez dias da semeadura) já estavam apresentando lesões de ferrugem!!! Mesmo após três a quatro aplicações de fungicidas a severidade da ferrugem era muito elevada. Em diversas propriedades onde foi realizada a colheita, havia grande quantidade de plantas guaxas e soja semeada
Detalhe da presença de plantas de soja em lavoura de feijão irrigado em MG
ao lado de lavoras com severa ferrugem. Nessas áreas, plântulas com cerca de dez dias do plantio já estavam mostrando os primeiros sintomas da ferrugem. Dessa forma, a produção de inóculo de ferrugem na Bolívia ocorre durante todo o ano. Esta situação e o fato do vento soprar daquela região para o Brasil, exigem que o monitoramento das lavouras brasileiras seja feito continuamente. Tanto na Bolívia como no Paraguai, o vazio sanitário e a obrigatoriedade de eliminar as plantas guaxas só deverão ser implantados a partir de 2008. No último dia 9 de novembro, através de palestra, tivemos oportunidade de mostrar às autoridades do governo, pesquisadores da Fundacruz, técnicos-assessores e produtores, uma comparação entre as situações da ferrugem no Brasil e na Bolívia, onde foi enfatizada a necessidade de implantar o vazio sanitário naquele país. Na Bolívia será necessário implantar dois períodos de vazio sanitário: o primeiro, entre a colheita de verão e o plantio de inverno e o segundo, entre a colheita de inverno e o plantio de verão. Em cada caso, será necessário que haja um período de ausência de plantas guaxas ou cultivadas por, pelo menos, 30 - 40 dias.
ESTRATÉGIAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM NA SAFRA 2007/08 Como mencionado acima, até que se tenha suficiente informação sobre o benefício do vazio sanitário e o comportamento da ferrugem nas próximas safras, as estratégias de controle devem ser as já recomendadas anteriormente: a) semear a soja com espaçamento (ex. 50 cm - 60 cm entre-ruas) e densidade (plantas na linha) que permitam o maior arejamento foliar para máxima penetração do fungicida; b) acompanhar as informações sobre as ocorrências da doença em qualquer parte do Brasil, na região e na vizinhança da propriedade, através da Internet, acessando: http://www.consorcioantiferrugem.net/; c) vistoriar/monitorar contínuamente as lavouras para identificação da doença na sua fase inicial; d) acompanhar diariamente as previsões climáticas; e) ter os pulverizadores preparados para a ação, com cuidados especiais na
Plantas guaxas de soja comumente encontradas às margens de rodovias
escolha dos bicos; f) realizar as aplicações obedecendo as recomendações técnicas quanto ao volume adequado, não aplicar nas horas quentes e de baixa umidade do ar nem na ausência ou excesso de vento; g) utilizar fungicidas de comprovada eficácia e de origem confiável (não escolher apenas por ser o mais barato!!!); e h) periodicamente, avaliar a eficiência da pulverização através do monitoramento do molhamento foliar, com o uso de papéis sensíveis. Freqüentemente, condições meteorológicas desfavoráveis e a urgência nas aplicações dificultam a obediência a essas recomendações técnicas e as pulverizações são feitas no momento que é possível. Sempre que houver dúvidas quanto à regulagem de pulverizadores, deve-se consultar um técnico habilitado em tecnologia de aplicação. Uma simples troca de bicos poderá representar o sucesso ou o insucesso no controle da ferrugem. Esse é o tipo da situação em que o barato poderá sair C muito caro. José Tadashi Yorinori, Tadashi Agro Serviços Fitossanitários
BENEFÍCIOS
N
a safra 2006/07 o benefício do vazio sanitário foi evidenciado em Mato Grosso, quando comparado com o desempenho da safra 2005/06. Nessa safra, observou-se, em média, a redução de uma aplicação de fungicida (R$ 35,00/ha) e o aumento médio de seis sacos de 60 kg por hectare (R$ 24,00/sc). Em uma área de cultivo de 5,3 milhões de hectares, o benefício na safra foi de R$ 185,5 milhões de economia com controle e R$ 763,2 milhões em arrecadação, totalizando R$ 948,7 milhões de lucro para os produtores.
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Soja
Multiplicação veloz
Cultivos eexten xten sivos ddee soja e alg odão e o plan ti o escalon ad o ddee cultur as com o feijão são xtensivos algodão planti tio escalonad ado culturas como an ca. apon tad os com o prin cipais rrespon espon sáveis pelas elevad as populações ddaa m osca br apontad tados como principais esponsáveis elevadas mosca bran anca. Além disso, subd osag en seti ci da n essecação e con tr ole subdosag osagen enss, não-utilização ddee in inseti setici cid naa ddessecação contr trole in efi ci en te ddas as plan tas ti güer as ou gu ax as também são ffator ator es que con tribuem par inefi efici cien ente plantas tigüer güeras guax axas atores contribuem paraa o an ejo é n ecessári a, ten do em tes estr atégi as ddee m aga. A ad oção ddee difer en aum en to ddaa pr ecessária, tend atégias man anejo necessári diferen entes estratégi aumen ento praga. adoção er ddee ddestruição estruição epr od ução e o gr an de pod uzir a su da rrepr culd ad ed vista a difi gran and poder suaa rápi rápid eprod odução eduzir dificuld culdad adee ddee se rred
A
mosca branca (Bemisa tabaci raça B) é um exemplo de praga que eleva os custos de produção, apresentando capacidade de multiplicação e disseminação nas propriedades agrícolas. O insetopraga apresenta-se disseminado em vários estados brasileiros e em algumas localidades a população alcança níveis altos, causando perdas preocupantes aos produtores. Atualmente o inseto passou a ser considerado uma das piores pragas da agricultura mundial, tanto pelos danos diretos como os indiretos, ao atuar como vetor de vírus fitopatogênicos, além disso, apresenta disponibilidade de genes para o desenvolvimento de indivíduos adaptados a novos ambientes e resistência aos inseticidas. O inseto-praga ataca a face inferior das folhas e suga a seiva, deixando a planta debilitada. Este ataque elevado provoca o escurecimento de folhas em função do líquido açucarado excretado e produção de fumaginas. Assim, ocorre queda de folhas devido à redução da capacidade fotossintética e enchimento de grãos e perdas na produção. Os danos podem ser causados tanto
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pelos adultos como pelas formas jovens, ao se alimentarem da seiva e injetando toxinas. Ao atuarem como vetores de fitopatógenos, principalmente vírus, agravam significativamente as perdas. O adulto mede de 0,8 a 1,0 mm com corpo amarelo e asas recobertas por pulverulência branca. Em condições favoráveis, sua longevidade pode ser de até 20 dias. Os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento do inseto são condições climáticas e disponibilidade de plantas hospedeiras durante o ano inteiro. Cultivos extensivos de soja e algodão e o plantio escalonado de culturas tais como feijão, têm propiciado a manutenção de elevada população. Subdosagens, não-utilização de inseticida na dessecação e ineficiente controle das plantas voluntárias (tigüeras ou guaxas) têm sido apontados como fatores que contribuem para o aumento da praga. No Brasil, a mosca branca se caracteriza por ser polífaga e explorar um grande número de plantas hospedeiras (506 espécies em 74 famílias diferentes), destacando-se soja, algodão, feijão, amendoim, tomate, berinjela, pi-
mentão, abóbora, pepino, mandioca, melão, melancia, brócolis, couve-flor, repolho, batata, batata-doce, videira, citros e várias espécies de plantas ornamentais. É também encontrada em plantas invasoras tais como, guanxuma, corda-de-viola, serralha-verdadeira, joá-bravo, picão, joá de capote, amendoim bravo e datura. Contudo, exibe preferência para alguns hospedeiros, em detrimento de outros, sendo importante entender a seqüência de ataques no campo, principalmente na entressafra, para que seja possível desenvolver um manejo regional.
CONTROLE DE MOSCA BRANCA No controle da mosca branca deve-se ressaltar o uso do manejo integrado de pragas (MIP), o qual é constituído de várias estratégias de controle. A utilização de técnicas e procedimentos no manejo da praga requer obrigatoriamente que a interpretação de dados e a recomendação de controle sejam realizadas com planejamento. É necessário o conhecimento de dados climáticos regionais, manejo de sistemas agrícolas, tipo de tecno-
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logia possível de ser utilizada na região e mais ainda, sazonalidade. A sazonalidade significa considerar que ano após ano, ou período após período, as pragas podem mudar seu comportamento. Este acontecimento ocorre devido a uma dinâmica considerada natural dentro do contexto agrícola, onde vida vegetal, animal e microbiana, associada a clima, ambiente e outros fatores, estão envolvidos. O levantamento e o mapeamento da ocorrência de plantas daninhas será muito útil para definir o herbicida a ser utilizado e a programação das aplicações dos mesmos. A rotação de culturas deverá ser considerada como tecnologia essencial e, portanto, deverá ser planejada nos talhões. Os métodos e técnicas a utilizar deverão ser analisados em conjunto, permitindo que o sistema seja agronomicamente sustentável. Normalmente, o sucesso no emprego das estratégias de controle de pragas depende da utilização de métodos de amostragens corretos, ou seja, o monitoramento, além da necessidade de determinação regional de níveis de controle. A presença de inimigos naturais também deve ser avaliada, visando otimizar o emprego de inseticidas. Contudo, para o controle de mosca branca, os esforços são maiores, tendo em vista a dificuldade de se reduzir a sua rápida reprodução, grande poder de destruição e também a dificuldade de controle com produtos químicos, além de sobreviver em diversos ambientes e no período de entressafra das culturas nas plantas daninhas ou em plantas guaxas (tigüeras). Estes manejos consistem na tomada de decisão de controle com base no nível de ataque, no número e no tamanho dos insetos-praga e no estádio de desenvolvimento de cultura, informações estas obtidas em inspeções regulares na lavoura com este fim. A utilização de cultivares precoces é interessante no caso do controle da mosca branca, reduzindo o número de ciclos por ela produzidos. Sugere-se a utilização de cultivares produtivas de soja de ciclo curto resistentes a virose e uniformidade da época de plantio, sempre que possível, visando quebrar a sincronia entre a fonte alimentar da praga e sua ocorrência, além de possibilitar a antecipação da colheita e, conseqüentemente, a destruição precoce dos restos de cultura. A utilização correta do solo, baseada em recomendações técnicas de preparo e adubação, constitui-se em ferramenta indispensável para manutenção da sua fertilidade e estrutura, contribuindo diretamente para a formação de plantas vigorosas e, portanto, menos vulneráveis ao ataque de pragas. A densidade de plantio deverá ser constituída de tal maneira que se evite o adensamento excessivo da cultura, facilitando a penetração dos raios solares e o deslocamento de gotas da cal-
da do inseticida até o alvo biológico. A limitação das datas de plantio reduz a possibilidade de migração do inseto em áreas de final de ciclo para áreas de início de desenvolvimento da cultura. Recomenda-se a eliminação de plantas voluntárias de soja, provenientes de grãos perdidos durante a colheita, reduzindo a oferta de alimentos e a multiplicação e manutenção da praga. A eliminação pode ser realizada por processo químico (dessecação) ou através da incorporação com a grade. O uso excessivo de defensivos agrícolas no controle de mosca branca se deve, em parte, à falta de conhecimento dos fatores que regulam as suas populações. Esse conhecimento poderia facilitar a previsão do ataque e sua magnitude, como também reduzir os danos econômicos. Dentre esses fatores tem-se elementos climáticos, níveis de N e K foliar, fenologia das plantas e disposição das folhas no dossel destas, tricomas e compostos químicos foliares e inimigos naturais.
MANEJO NA ENTRESSAFRA E ROTAÇÃO O cultivo alternado de soja com outras culturas, em sucessões repetidas, adotandose uma seqüência definida, além de contribuir para a redução de pragas específicas associadas a uma delas, concorre favoravelmente para a melhoria das condições físicas e químicas do solo. Com um programa de rotação e sucessão de culturas é possível alterar o ambiente comparativamente a um processo de monocultura. A rotação de culturas também permite a
rotação de herbicidas, e com a sucessão de culturas, tem-se a possibilidade de manter a área ocupada pela espécie desejada, não permitindo a infestação por espécies daninhas. Associar a rotação de culturas com o sistema de semeadura direta tem sido a prática mais eficaz do ponto de vista do manejo de plantas daninhas e de pragas. Em áreas com plantas daninhas infestadas por mosca branca, recomenda-se realizar a dessecação e o pousio por duas semanas antes da semeadura da cultura. Inicialmente, ressalta-se que o sistema plantio direto exige um acompanhamento rígido da dinâmica de pragas, doenças e plantas daninhas, do manejo de fertilizantes e das modificações causadas ao ambiente à medida que o sistema seja implantado. Com o controle efetivo de adultos, o crescimento populacional da praga é menor, em função de redução na postura de ovos e, conseqüentemente, na eclosão de ninfas. A eliminação de plantas voluntárias ou daninhas, visando impedir a manutenção da população da praga, é um dos principais métodos de controle. Com a irrigação por pivô central, houve uma ampliação nas épocas de plantio da cultura. Recentemente, além de outubro/novembro (época normal), são constatados plantios de soja em abril/maio, para a produção de sementes, e em setembro, sob irrigação. Quando a soja entra na fase de maturação, a população da mosca branca desenvolvida em diferentes épocas de plantio começa o processo de migração, buscando novas plantas hospedeiras, colonizando, assim, as culturas em desen-
A utilização de cultivares de ciclos precoces e resistentes à virose é sugestão para evitar os danos que a mosca branca causa
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A mosca ataca a face inferior das folhas, onde suga a seiva, deixando a planta debilitada
volvimento. Tomadas de decisões que visem aumentar e preservar as populações de inimigos naturais dentro do agroecossistema são ações promissoras, técnica e ecologicamente viáveis, que poderão resultar em grande economia para os produtores, na melhoria da qualidade do meio ambiente e na redução dos problemas de saúde pública decorrentes do uso indiscriminado de produtos químicos. Na medida em que se consegue a formação de uma camada mais efetiva de palha na superfície do solo, associada a um programa adequado de rotação de culturas, o controle de plantas daninhas será facilitado e seu custo diminuirá. No mercado, estão disponíveis os produtos glifosato, sulfosate, 2,4-D, paraquat, paraquat + diuron, cyanazine e flumioxazin. A utilização de um ou mais produtos, bem como a dose a ser utilizada, depende das espécies presentes na área, do estádio de desenvolvimento e da cultura subseqüente a ser implantada. Quando a planta daninha ou a cultura a ser dessecada encontra-se no início da fase vegetativa e a morte das folhas é suficiente, pode-se usar herbicidas com ação de contato. No entanto, quando são capazes de rebrotar ou armazenar energia na parte subterrânea, e a morte da parte aérea não é suficiente, recomendam-se herbicidas sistêmicos, capazes de translocar seu ingrediente ativo na planta. Essas operações de manejo são a base do sucesso do sistema de semeadura direta que, se for bem realizada, vai proporcionar um melhor controle em pós-emergência, evitando que algumas plantas daninhas, como a guanxuma (Sida spp.), a trapoeraba (Commelina benghalensis L.), a erva-quente (Spermacoce latifolia Aubl.) e a poaia-branca (Richardia brasiliensis) venham causar problemas futuros, comprometendo toda a estratégia de controle de plantas daninhas e insetos-praga no sistema de semeadura direta. A eliminação de plantas com virose deve também ser priorizada, uma vez que podem servir de fonte de inóculo para a cultura.
PRODUTOS QUÍMICOS RECOMENDADOS Além das estratégias propostas, para con-
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ter o avanço das populações, é necessário o uso de produtos químicos eficientes, que apresentam alta seletividade aos inimigos naturais, que devem ser alternados conforme suas aptidões e mecanismos de ação, direcionados ao alvo mosca branca em todas as suas fases para eliminar a praga com choque e residual, sem elevar os custos de produção da cultura, viabilizando a atividade. Em situações adversas, como excesso de chuvas, o técnico também deverá considerar, na tomada de decisão para realizar o controle dos insetos-praga, o porte das plantas, o tamanho da área a ser tratada e a disponibilidade de equipamentos. O método químico é muito utilizado nos programas de manejo, no entanto, eleva consideravelmente o custo de produção. A decisão de qual produto é o mais indicado, ou qual dose a ser utilizada, nem sempre é fácil de ser tomada no campo e pode levar ao uso inadequado dos produtos. O adulto de mosca branca é sensível a vários produtos químicos, contudo as ninfas são resistentes à maioria deles, sendo protegidas por uma camada de cera, havendo a necessidade de repetição de aplicações. O inseticida pyryproxyfen (fisiológico, juvenóide, análogo ao hormônio juvenil, regulador de crescimento de insetos e com ação de contato e translaminar) tem sido apontado como eficaz para o controle da praga. Outros tais como endosulfan, acetamiprido, imidacloprid, monocrotofós e tiametoxan também são indicados. Quanto ao aparecimento de resistência a inseticidas, recomenda-se que o produto ou grupo de produtos não seja utilizado repetidas vezes, ou que se aumente a dose dos produtos sem critérios apropriados, pois esses procedimentos poderão intensificar o problema. Assim, a escolha dos inseticidas químicos deverá contar com a participação efetiva de um agrônomo, sendo então, levado em consideração a eficácia, a seletividade, a toxicidade, o poder residual, o período de carência, o método de aplicação, a formulação, o preço e o registro para a cultura.
PROCESSO DE AMOSTRAGEM É necessário que o produtor esteja apto em reconhecer as pragas e seus inimigos naturais que, porventura, venham a ocorrer durante o ciclo da cultura, realizando amostragens periódicas na lavoura para uma tomada de decisão eficiente e que seja econômica, social e ecologicamente indicada para as condições de sua empresa. Na cultura de soja, as amostragens deverão ser realizadas em intervalo de cinco dias, tomando-se aleatoriamente 50 plantas em talhões com até 100 ha e área homogênea. Deverá ser feito o caminhamento em ziguezague, dentro da cultura de tal maneira que se observem plantas que estejam bem distribuídas na cultura e a amostragem deverá priorizar a terceira folha expandida. O uso de armadilhas amarelas auxilia no monitoramento da praga. A constatação de 60% de folhas infestadas com cinco adultos ou mais, e a constatação de presença de ninfas, indica o momento de controle.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Para o agricultor, a utilização do manejo integrado resultará em economia nos custos de produção, melhoria na sua qualidade de vida, garantia de que esta atividade agrícola permanecerá viável economicamente por muito tempo, enquanto para a sociedade a garantia de preservação da biodiversidade, dos mananciais hídricos (lençóis, poços, açudes e rios) é a certeza da redução de resíduos nos subprodutos da produção agrícola. Tomadas de decisões que visem aumentar e preservar as populações de inimigos naturais dentro do agroecossistema são ações promissoras, técnica e ecologicamente viáveis, que poderão resultar em grande economia para os produtores, na melhoria da qualidade do meio ambiente e na redução dos problemas de saúde pública decorrentes do uso indiscriminado de produtos químicos. Mauro Jr. N. da Costa Fundação Rio Verde
No monitoramento da praga, quando for constatado 60% de folhas infestadas com cinco adultos ou mais e com presença de ninfas, é indicado o momento de controle
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Caio Vitagliano Santi Rossi
Cana-de-açúcar
Cor das-d e-vi ola são apon tad as com o as plan tas Cord as-de-vi e-viola apontad tadas como plantas infestan tes m ais pr oblemáti cas ddaa can a-d e-açúcar infestantes mais problemáti oblemáticas cana-d a-de-açúcar e-açúcar.. Devi do à competição por águ utri en tes ee,, Devid águaa e n nutri utrien entes prin cipalm en te pelo hábito tr epad or as principalm cipalmen ente trepad epador or,, as invasor invasoras pr eju di cam a ffotossín otossín tese e também a colh eita. preju ejudi dicam otossíntese colheita. Par ter as infestações tr ole quími co em trole químico araa con conter infestações,, o con contr pré ou pós-em er gên ci a, rrealizad ealizad on o iníci o ddaa início pós-emer ergên gênci cia, ealizado no cad o estação ch uvosa, é o m an ejo m ais in di mais indi dicad cado chuvosa, man anejo
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Lorenzi 2000
Sufoco no canavial
O
manejo das plantas daninhas, de uma forma geral, é banalizado em muitas propriedades devido a dois fatores principais: primeiramente porque muitos acreditam que as plantas que possuem porte reduzido, com aparência frágil, não são capazes de causar elevadas perdas de produtividade e também pelo fato de se crer que os herbicidas podem resolver tudo. Estes pensamentos somente proporcionam aumento do banco de sementes das plantas daninhas no solo e o aparecimento de resistência destas plantas aos herbicidas, com conseqüente redução de produtividade das culturas. No entanto, já se sabe que o cuidado que se deve ter com o manejo das infestantes deve ser cada vez mais criterioso, adotando-se, sempre que possível, o manejo integrado, empregando-se diferentes modalidades de controle. O levantamento e o conseqüente conhecimento das plantas daninhas presentes na área são o primeiro passo para iniciar um manejo adequado. Na cultura da cana-de-açúcar, as plantas daninhas exercem competição por elementos vitais e essenciais ao desenvolvimento das plantas, os chamados fatores de crescimento (água, nutrientes, luz). Segundo Rolim & Christoffoleti (1982) a interferência sofrida pela atuação das plantas daninhas pode provocar perdas na produtividade da cultura em até 85% quando não controladas adequadamente. Algumas espécies são mais agressivas que outras e as perdas de produção dependem das
Detalhe de Ipomoea purpurea, uma das espécies de corda-de-viola infestantes na cana
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Figura 3 - Eficácia de controle (%) de diferentes herbicidas aplicados na pré-emer- Figura 4 - Eficácia de controle (%) de diferentes herbicidas aplicados na pós-emergência da corda-de-viola aos 90 dias após aplicação dos herbicidas em cana colhida gência da corda-de-viola aos 60 dias após aplicação dos herbicidas em cana colhida sem a prévia queima do canavial. Instituto Agronômico. Ribeirão Preto (SP) sem a prévia queima do canavial. Instituto Agronômico. Ribeirão Preto (SP)
T1- diuron+hexazinone*(3,0 kg pc ha-1); T2- diuron+hexazinone*(3,5 kg pc ha-1); T3- diuron+hexazinone(2,5 kg pc ha-1); T4- diuron+hexazinone(3,0 kg pc ha-1); T5- metribuzin(5,0 L pc ha-1); T6-amicarbazone(1,8 kg pc ha-1); T7sulfentrazone(1,8 L pc ha-1); T8- sulfentrazone(1,2 L pc ha-1)+diuron+hexazinone(1,5 kg pc ha-1); T9- sulfentrazone(1,5 L pc ha-1)+diuron+hexazinone(2,5 kg pc ha-1); letras minúsculas compara-se entre espécies e maiúsculas entre herbicidas.
esses ambientes, causando prejuízos à cultura e dificultando a operação de colheita mecânica, devido ao seu hábito de crescimento trepador. Sementes de Ipomoea spp e Merremia spp. conseguem germinar em solos cobertos com palha remanescente da colheita mecânica, até densidades de palha próximas a 15 t/ ha-1 (Azania, et al). Na medida em que o sistema radicular dessas infestantes se desenvolve aumenta a competição pela água e pelos nutrientes existentes no solo. Mas a competição ganha maior importância no momento em que as infes-
tantes enrolam-se nos colmos e dominam o dossel da cultura, dificultando a absorção de luz pela cana-de-açúcar, com conseqüente prejuízo à fotossíntese. Segundo Millhollon et al. (1988), citado em Siebert et al. (2004), o convívio de Ipomoea spp com a cana-de-açúcar pode reduzir o rendimento de açúcar em 24% a 30%. A colheita mecânica pode colaborar com a dispersão dessas espécies, pois as sementes ao passarem pelo interior das máquinas são lançadas no solo juntamente com o palhiço. As sementes destas espécies possuem tegu-
Carlos Azania
espécies que compõem a comunidade infestante e de sua densidade na área. Em canade-açúcar, segundo Azania et al. (2006), os capins colonião, camalote, braquiária, marmelada, colchão, pé-de-galinha, carrapicho e as folhas largas como caruru, corda-de-viola e a tiririca constituem as principais plantas daninhas infestantes de canaviais. Entre essas plantas daninhas vem se destacando recentemente as cordas-de-viola ou campainha, que são os nomes populares das diferentes espécies dos gêneros Ipomoea e Merremia. Nos canaviais, as espécies Ipomoea quamoclit, Ipomoea hederifolia, Ipomoea nil, Ipomoea grandifolia, Ipomoea purpurea, Merremia cissoides e Merremia aegyptia são as predominantes. Essas espécies, segundo Kissmann & Groth (1999), são de hábito trepador e entrelaçam-se em outras plantas ou obstáculos, produzem grandes quantidades de sementes e apresentam flores de considerável beleza ornamental. Maiores ocorrências dessas espécies estão sendo encontradas nas áreas de cana-de-açúcar colhida sem a prévia queima do canavial, no sistema chamado de colheita de cana crua ou na palha. Nestas áreas, a camada de palha depositada sobre o solo pode atingir entre 10 a 20 t/ha-1, o que interfere na quantidade e na qualidade de luz incidente, na umidade e na temperatura do solo, criando um ambiente propício à germinação e ao desenvolvimento de algumas espécies daninhas e de indução à dormência de outras espécies. O que vem se verificando é que espécies de Ipomoea têm respondido positivamente a
T1- diuron+hexazinone*(3,0 kg pc ha-1); T2- diuron+hexazinone*(3,5 kg pc ha-1); T3- diuron+hexazinone(2,5 kg pc ha-1); T4- diuron+hexazinone(3,0 kg pc ha-1); T5- metribuzin(5,0 L pc ha-1); T6-amicarbazone(1,8 kg pc ha-1); T7sulfentrazone(1,8 L pc ha-1); T8- sulfentrazone(1,2 L pc ha-1)+diuron+hexazinone(1,5 kg pc ha-1); T9- sulfentrazone(1,5 L pc ha-1)+diuron+hexazinone(2,5 kg pc ha-1); letras minúsculas compara-se entre espécies e maiúsculas entre herbicidas.
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Fotos Carlos Azania
O maior fluxo de emergência ocorre principalmente após a colheita ou cultivo do solo
mento espesso e rígido, que lhes confere dormência, a qual pode ser quebrada pelos danos causados ao tegumento provocados pelo atrito no interior das colhedoras.
CONTROLE Dentre os métodos de manejo, o controle químico é o mais utilizado, sendo realizado na pré-emergência ou na pós-emergência inicial das plantas infestantes, no começo da estação chuvosa. Em áreas muito infestadas, é necessária uma reaplicação, geralmente na pósemergência tardia, a fim de que as plantas de Ipomoea spp. não prejudiquem principalmente a operação de colheita. O uso de mais de uma aplicação nas áreas muito infestadas com Ipomoea spp. está se tornando uma realidade, decorrente do fato que sua germinação aparentemente não seja tão influenciada pela luz, mas principalmente pela temperatura ambiente e pela umidade do solo. Em conseqüência destas características, as cordas-de-viola conseguem germinar em qualquer momento do ciclo da cana-deaçúcar. Assim, o controle dessas espécies é
garantido enquanto persistir o efeito residual do herbicida no solo. Mais tarde, mesmo com o sombreamento do solo pela cultura e/ou pela camada de palha, ocorre um segundo fluxo de emergência de cordas-de-viola, exigindo uma segunda aplicação de herbicidas, específicos para esta condição. No mercado existem diferentes herbicidas seletivos à cana-de-açúcar e indicados para controle de corda-de-viola, sendo que amicarbazone, sulfentrazone, diuron+hexazinone e metribuzin, dentre outros, possuem eficácia considerada sobre estas espécies. Esses produtos podem ser aplicados em pré ou pósemergência das plantas de corda-de-viola. As aplicações em pré-emergência das plantas daninhas podem ser realizadas em área total, mesmo sobre a palha. Na época úmida do ano, as chuvas facilitam a ação dos herbicidas que percolam pela camada de palha e atingem o solo. Na época seca do ano os herbicidas podem ficar retidos sobre a camada de palha e, assim, ficarem mais expostos à degradação por luz, pela temperatura e até mesmo serem retirados do local pela ação de ventos. Na aplicação em pós-emergência os herbicidas devem ser aplicados com adjuvante/ espalhante adicionado à calda de pulverização. Especialmente as espécies de Merremia, por possuírem maior pilosidade em suas folhas, podem dificultar a distribuição dos produtos sobre o limbo foliar. As aplicações pós-emergentes em área total devem ser realizadas preferencialmente quando as plantas de cordade-viola atingirem no máximo entre 15 a 20 cm de altura; depois dessa fase a eficácia de controle pode ser comprometida (Figura 4). Nos casos de pós-emergência tardia recomenda-se a aplicação dos herbicidas em jato
Pelo fato das cordas-de-viola germinarem em qualquer momento do ciclo da cana, o uso de mais de uma aplicação em áreas infestadas está se intensificando
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DORMÊNCIA
A
grande produção de sementes des tas espécies, associada a sua capacidade de dormência, pode intensificar ainda mais sua dispersão nas áreas de colheita mecânica de cana-crua. A dormência das sementes garante a sobrevivência da espécie para os próximos anos, garantindo fluxos de emergência principalmente logo após a colheita e/ou por ocasião do cultivo do solo. Um elevado percentual de sementes apresenta dormência, principalmente devido ao espesso tegumento em torno do embrião. A dormência, segundo Popinigis (1977), ocorre quando as sementes com embrião vivo deixam de germinar, mesmo quando as condições ambientais são favoráveis à espécie. Essa característica proporciona às cordas-de-viola a capacidade de sempre terem sementes estocadas no solo para germinarem durante o ano todo e durante muitos anos. Para minimizar o problema com os fluxos de emergência de novas plantas de corda-de-viola em cultivos futuros, o produtor deve evitar que as infestantes estejam com sementes no momento da colheita da cultura. Assim, o manejo destas plantas deve ser implementado no máximo até o início do seu florescimento. dirigido ou semidirigido de modo que toda a planta seja atingida com a calda do herbicida. Desta forma, considerando as questões de dormência e dos fluxos de emergência das plantas de corda-de-viola, recomenda-se em época úmida uma aplicação com herbicidas seletivos à cana-de-açúcar em área total, tanto nas áreas com queima prévia do canavial como nas áreas de cana crua e, antes do total fechamento do canavial, fazer uma segunda aplicação de herbicidas. A segunda aplicação possivelmente tenha que ser realizada com pingentes adaptados à barra do pulverizador, de modo a evitar o efeito “guarda-chuva” das folhas de cana-de-açúcar. Essas práticas poderão proporcionar que o canavial fique por maior período livre de infestações de cordasC de-viola. Carlos Alberto Mathias Azania, Andréa Aparecida de Pádua, Mathias Azania, Ana Regina Schiavetto, Igor Vanzela Pizo e José Carlos Rolim, IAC
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Eventos
Incubadora de empreendedores UFV
II Seminário da omi a, or ganizad o Agr on gron onomi omia, organizad ganizado pela A gr oplan, empr esa Agr groplan, empresa júnior ligada à er al Universi dad niversid adee Fed Feder eral de Viçosa, debate aspectos ligados a oportuni dad es oportunid ades es,, desafios e qualificação pr ofissi on al pro fission onal
O
correu entre os dias 8 e 12 de outubro de 2007, em Viçosa (MG), o II Seminário da Agronomia, organizado pela AgroPlan – UFV (Empresa Júnior de Agronomia) e pela coordenação do curso de Agronomia da Universidade Federal de Viçosa. O evento, teve como tema “Oportunidades, Desafios e Qualificação Profissional”, contou com a presença de alunos da graduação e da pós-graduação, professores e pesquisadores renomados da área de Ciências Agrárias,
além de autoridades como Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura, e de empresas importantes no cenário do agronegócio brasileiro. A AgroPlan – UFV é uma associação civil sem fins econômicos e com fins educativos. Criada e composta por estudantes do curso de Agronomia da UFV, a associação realiza consultorias a empresas rurais, projetos de extensão e também eventos relacionados a sua área de atuação, tais como viagens técnicas, dias de campo, simpósios, seminários e
outros eventos que contribuem efetivamente para a formação profissional e capacitação de seus membros, assim como aos estudantes. Fundada no ano de 1998, a empresa atua como uma incubadora de futuros empreendedores, primando sempre por conciliar ensino, pesquisa e extensão. Foi a primeira Empresa Júnior da área agrária a se filiar à Federação das Empresas Juniores do estado de Minas Gerais – FEJEMG, e vem se destacando a cada dia, tanto no mercado da Zona da Mata mineira, quanto em termos de representatividade no Movimento de Empresas Juniores - MEJ. Através da sua presença em diversos encontros pelo Brasil, pode-se dizer que a AgroPlan - UFV é uma empresa júnior de forte atuação em sua área, fato este atribuído ao alto nível de qualificação de seus membros e comprometimento dos mesmos para com o desempenho de suas atividades na empresa. Atualmente conta com 15 membros efetivos, ou seja, futuros profissionais que desde já atuam nas mais diversas áreas da empresa ocupando cargos que vão de trainees até diretorias, além de aproximados 200 associados, sendo todos estudantes do curso de Agronomia C da UFV.
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Arroz
Tiro certo
Com a n ova safr oz já in stalad a, pr od utor es pr ecisam estar aten tos aos ddan an os nova safraa ddee arr arroz instalad stalada, prod odutor utores precisam atentos anos aga sur ge em pi cos populaci on ais cer ca ddee 31 e 35 di as eir a-d a-r aiz. A pr causad os pela bi ch praga surg picos populacion onais cerca dias causados bich cheir eira-d a-da-r a-raiz pós a in un dação ddas as lavour as o in seto fix am-se às rraízes aízes ddas as plan tas ain da pou co inun und lavouras as.. A Ass larvas ddo inseto fixam-se plantas aind pouco desenvolvi das ocasi on an do per das que pod em ch egar a 18% ddaa pr od utivi dad esenvolvid ocasion onan and perd podem chegar prod odutivi utivid adee. Além ddee práti cas cultur ais que visam rred ed uzir os pr oblem as com o in seto, o con tr ole quími co é outr práticas culturais eduzir problem oblemas inseto, contr trole químico outraa os corr etam en te ta importan te an do os pr ocedim en tos são ad otad ferr am en entos adotad otados corretam etamen ente ferram amen enta importante te,, qu quan and procedim ocedimen
A
espécie de inseto Oryzophagus oryzae é a praga-chave da cultura do arroz irrigado por submersão no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde se concentra esse sistema de cultivo do cereal. O inseto adulto, conhecido por gorgulho-aquático, é economicamente importante apenas em áreas de arroz pré-germinado, em virtude da possibilidade de destruir grande quantidade de plântulas. Independentemente do sistema de cultivo, os principais prejuízos sempre são causados pelas larvas denominadas de bicheira-da-raiz. Avaliações de impactos decorrentes do ataque do gorgulho-aquático à cultura do arroz no Rio Grande do Sul, onde predomina o cultivo em solo com posterior inundação, indicam reduções de produtividade da ordem de 10%. Em Santa Catarina, devido à maior suscetibilidade do sistema de cultivo de arroz pré-germinado ao inseto, por envolver a semeadura em solo já inundado, as infestações iniciam mais cedo e podem resultar em perdas de produtividade da ordem de 18%.
ção do arrozal, mais cedo, facilita o estabelecimento de uma maior população do inseto, e conseqüentemente intensifica seus danos. Doses de nitrogênio (N) mais elevadas, aplicadas em fases da cultura que antecedem à ocorrência do gorgulho-aquático (na semeadura e no início do perfilhamento) tornam as plantas de arroz mais sensíveis aos danos do inseto. Ao contrário, aplicação após o inseto ter causado dano às plantas (no início da diferenciação da panícula), auxiliam as plantas na recuperação das raízes cortadas pelas larvas. As cultivares de arroz podem diferir quan-
to à resistência ao gorgulho-aquático: 1) antixenose: as plantas possuem características que reduzem o nível de infestação pelo inseto; 2) antibiose: as plantas, apesar de infestadas, possuem características desfavoráveis ao desenvolvimento do inseto; 3)tolerância: as plantas recuperam os tecidos do sistema radicular danificado pelas larvas, ao ponto de manterem a capacidade produtiva original. Há vários genótipos identificados como fonte de resistência ao inseto, porém, em uso comercial, apenas a cultivar BRS Atalanta.
MEDIDAS DE CONTROLE Vários aspectos do manejo da cultura do arroz irrigado por submersão exercem influência sobre os níveis populacionais e de dano do gorgulho-aquático. Destacam-se o sistema de cultivo, a época de semeadura, o manejo da água de irrigação, a adubação nitrogenada, a resistência de cultivares, a maneira como é tomada a decisão sobre controle químico, bem como a forma como este é realizado. Efeito de sistemas de cultivo e de práticas culturais A realização da semeadura e da inunda-
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Controle químico Apesar de algumas práticas do manejo do arroz contribuírem para reduzir
a população e os danos do gorgulho-aquático, em determinadas circunstâncias, porém, não evitam a ocorrência de níveis de infestação larvais economicamente prejudiciais à cultura. Nessa situação, o uso de inseticidas químicos torna-se necessário, podendo implicar em aumento dos custos de produção e dos riscos de contaminação ambiental. Há três métodos de aplicar inseticidas em arroz irrigado, um preventivo (tratamento de sementes) e dois curativos (pulverização foliar e aplicação direta de produtos granulados na água de irrigação), todos os três igualmente eficientes, se devidamente praticados. Muitas das recomendações técnicas a respeito, porém, não são praticadas, basicamente em decorrência de dificuldades no processo de transferência de tecnologia, permitindo que grande parte das decisões sobre aplicação dos inseticidas seja alicerçada em interesses comerciais e não em bases e técnicas indicadas para o manejo integrado do inseto.
Seqüência de etapas da lavoura e de fases do inseto Semeadura Emergência das plantas Inundação definitiva do arrozal Adultos (H)3 Larvas Pupas Adultos (N)
Data do evento 11 out.1 21 out. 15 nov. 17 nov. 25 nov. 20 dez. 27 dez.
N° de dias pós-semeadura 0 10 35 37 47 70 77
N° de dias pós-inundação2 0 2 10 35 42
1Data indicada para a semeadura de cultivar de ciclo médio, no Litoral Sul do Estado, Segundo zoneamento agroecológico; 2Número de dias pós-inundação que geralmente corresponde á época de surgimento das diferentes fases do ciclo biológico do inseto nos arrozais; 3Adultos hibernantes (H) que invadem os arrozais e originam a primeira infestação larval (prejudicial) em cada safra, e novos adultos (N), que podem originar uma segunda infestação larval, na safra, raramente prejudicial.
(Chaetocnema sp.); cascudo-preto (Euetheola humilis); a lagarta-da-folha (Spodoptera frugiperda)], para cujo controle não existem inseticidas registrados. O interesse pelo tratamento de sementes tem aumentado por dois motivos principais: (1) a possibilidade da aplicação de inseticidas às sementes possibilitar sensível redução da densidade de semeadura, com reflexos positivos na minimização de custos de produção, devido a menores gastos com a aquisição de sementes; (2) perspectiva do cultivo de híbridos de arroz, tecnologia que exige menor densidade de semeadura, porém, que para garantir população mínima adequada de plantas na lavoura, dependerá do tratamento de sementes. É importante evidenciar que ambas as situações de menor uso de sementes contribuem para reduzir a quantidade de inseticida que é carreada por meio destas ao solo. Dos produtos registrados para controle do gorgulho-aquático, via tratamento de semen-
Dirceu Gassen
Tratamento de sementes O potencial para adoção do tratamento de sementes de arroz é maior em regiões do Rio Grande do Sul onde há histórico de ocorrência de insetos de solo que atacam as raízes ou a base das plantas, no período pré-inundação. Em lavouras implantadas por meio de semeadura em solo seco, o tratamento de sementes, além de reduzir os danos causados pela bicheira-da-raiz, poderá controlar, com relativa eficiência, outros insetos prejudiciais à cultura, desde a emergência das plantas à irrigação por inundação [pulgão-da-raiz (Rhopalosiphum rufiabdominale); pulga-do-arroz
Tabela 1 - Padrão de surgimento das fases do ciclo biológico de Oryzophagus oryzae em lavoura de arroz irrigado por submersão (cultivar de ciclo médio), implantada por meio de semeadura em solo seco (sistema convencional), no Litoral Sul no Rio Grande do Sul
Com o aumento da temperatura e a inundação da lavoura, começam os problemas com os ataques das larvas de Oryzophagus oryzae
tes, o inseticida fipronil tem sido o apontado como mais eficiente e utilizado em escala comercial, no Rio Grande do Sul. O inseticida imidacloprido tem sido o mais utilizado, principalmente na região da Fronteira Oeste, por ser considerado eficiente no controle do pulgão-da-raiz, nesse caso, mais que o fipronil. Errônea, porém, tem sido a aplicação de uma mistura de subdoses de ambos os inseticidas às sementes, a qual não é recomendada tecnicamente. Ademais, há desconhecimento sobre a eficiência da mistura, podendo as subdoses induzir à resistência dos insetos aos inseticidas. Como o tratamento de sementes é preventivo e atualmente há uma forte pressão do setor comercial sobre o sistema produtivo do Rio Grande do Sul para maior adoção dessa prática, torna-se possível prospectar que área orizícola limite para absorver sementes tratadas seria o total da área cultivada no estado, em média um milhão de hectares, o que se constituiria em completo contra-senso técnico. Assim, mesmo em áreas orizícolas com histórico de ocorrência de O. oryzae é recomendável tratar apenas a quantidade de semente a ser utilizada nas primeiras áreas da lavoura a serem implantadas, no máximo, em 30% da área total. Esta estratégia evita que áreas futuramente não infestadas pelo inseto, na safra, tenham recebido desnecessariamente inseticidas de modo preventivo, via sementes, evitando outras duas situações desvantajosas: aumento de custos de produção devido à compra de maior quantidade de inseticida e exposição de maior área a um defensivo. Ao contrário, se parte ou os 70% restantes da lavoura forem infestados pelo inseto, devem ser adotados, pós-inundação, procedimentos que apontem a necessidade de aplicar ou não um dos métodos de controle curativo. Pulverização foliar De acordo com a época de ocorrência de O. oryzae em arrozais implantados em solo seco (Tabela 1), o primeiro método curativo de controle que pode ser adotado consiste da
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30% da área total. Opondo-se à lógica de que as pulverizações foliares, para controle do inseto adulto, devem ser realizadas de acordo com princípios do manejo integrado de pragas (MIP), prioritariamente, três dias pós-inundação, quando a maioria dos indivíduos hibernantes invade os arrozais e ainda não ovipositou nas plantas de arroz, muitas aplicações, erroneamente, têm sido realizadas pré-inundação, sem base em monitoramentos que justifiquem sua real necessidade. Comumente, os inseticidas são aplicados (dois a cinco dias antes da inundação), misturados a herbicidas pré-emergentes. Preocupante é o fato de algumas instituições oficiais de pesquisa e universidades estarem respaldando as pulverizações foliares préinundação.
Detalhe dos danos causados pela bicheira-da-raiz, que abre orifícios para danificar a planta
pulverização foliar de inseticidas pós-inundação, visando ao controle do inseto adulto (gorgulho), conforme concebido no Japão. As aplicações, preferencialmente, devem ser efetuadas três dias pós-inundação, quando grande quantidade de insetos já migrou às margens do arrozal, mantendo-se em alimentação nas folhas mais novas de arroz. O objetivo é interromper os processos de acasalamento e oviposição. A decisão sobre a pulverização foliar pode ser tomada com base em dois métodos de monitoramento, dependendo do sistema de cultivo de arroz. Em áreas de arroz pré-germinado, excepcionalmente, onde os adultos podem estar presentes mesmo antes da semeadura ou invadi-las imediatamente após, o monitoramento deve ser iniciado três dias depois da distribuição das sementes no solo com água, conforme método utilizado em Santa Catarina, já que neste estado a pulverização foliar não é recomendada. Como ainda não foi definido o nível populacional de controle econômico de adultos em arroz pré-germinado, a decisão sobre a pulverização deve ser baseada na necessidade de manter uma população de aproximadamente 300 plântulas/m2 e no conhecimento de que 50 casais/m2, em seis dias, podem danificar 100% das plântulas. Em arrozais implantados em solo seco (plantio direto, cultivo mínimo e convencional), o monitoramento deve ser iniciado cerca de três dias pós-inundação. A ocorrência de adultos deve ser averiguada, no mínimo, em dez locais ao acaso no arrozal, observan-
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do-se a folha mais nova de 20 plantas, quanto à presença ou à ausência de sinais de alimentação. Havendo mais de 50% das plantas com folhas lesionadas, o controle de adultos é justificável. Alguns orizicultores têm evitado a progressão das infestações para uma maior área da lavoura, por meio da pulverização foliar das primeiras partes implantadas, no máximo, de
Aplicação de inseticidas granulados Em caso do tratamento de sementes e da pulverização foliar não terem sido praticados para o controle de O. oryzae, havendo necessidade, restaria ainda a alternativa de um segundo método curativo, que consiste da aplicação direta de inseticidas granulados na água de irrigação, visando à mortalidade de larvas. Dentre os produtos recomendados, o inseticida carbofurano granulado tem sido o mais utilizado. Preferencialmente devem ser aplicados os ingredientes ativos cujo comportamento ambiental no agroecossistema de arroz irrigado já foi avaliado. A decisão sobre a aplicação de inseticidas granulados para controle das larvas deve ser tomada conforme o seguinte método de mo-
BIOLOGIA DO INSETO
O
aumento de temperatura e de fotoperíodo, e o início da irrigação por inundação dos arrozais, na primavera, são apontados como os principais fatores indutores da saída de adultos dos sítios de hibernação. Por meio do vôo ou do deslocamento da água de irrigação, os adultos invadem os arrozais a partir do mês de setembro, concentrando-se às margens das primeiras lavouras implantadas. O acasalamento do gorgulho-aquático inicia-se nos arrozais aproximadamente três dias após a irrigação por inundação. A oviposição é feita no interior dos tecidos de partes submersas das bainhas das folhas. Cerca de sete dias pós-oviposição surgem as larvas, as quais inicialmente alimentam-se dos tecidos da bainhas. Após 36 horas, no máximo, por meio de
um orifício, abandonam as bainhas das folhas e afundam na água de irrigação em direção ao solo, para fixarem-se às raízes de arroz. Durante cinco etapas de crescimento (instares) e de alimentação (± 25 dias), as larvas causam danos severos às raízes e atingem o tamanho máximo. No Rio Grande do Sul, em lavouras instaladas em áreas planas, ocorrem no mínimo duas gerações anuais do gorgulho-aquático, durante o período de cultivo do arroz. Dependendo da época de semeadura, a primeira geração de larvas ocorre de novembro a dezembro (Tabela 1) e a segunda, de fevereiro a março. A primeira geração é mais prejudicial, pois, além da densidade populacional ser maior, ocorre mais cedo, quando o sistema radicular das plantas ainda é pouco desenvolvido.
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Cultivar
nitoramento: 1) Dez dias pós-emergência das plantas, em arroz pré-germinado, ou da inundação, no sistema de semeadura em solo seco, retirar, no mínimo, em dez pontos ao acaso nas primeiras partes inundadas das lavouras, quatro amostras-padrão de solo e raízes, usando uma seção de cano de PVC com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura, aprofundando-a aproximadamente 8 cm no solo; 2) Em seguida, agitar as amostras sob água em peneira com fundo de tela de náilon (malha com 1 mm2), para liberação e contagem das larvas. A partir de cinco larvas, em média/amostra, para cada larva a mais é esperada uma redução de 1,1% e 1,5% na produção de grãos de cultivares de ciclos médio e precoce, respectivamente. Nenhum inseticida, portanto, deve ser aplicado se a população larval for inferior a cinco larvas/amostra. Do mesmo modo que a pulverização foliar, o uso de inseticidas granulados, para controle de O. oryzae, tem sido praticado sem que sejam considerados os princípios de MIP. No caso, as aplicações comumente são realizadas em duas épocas errôneas, por ocasião da distribuição via aérea de adubos nitrogenados (N): 1) durante a aplicação de N em solo seco, de três dias antes até ao dia da inundação do arrozal, o que significa aplicar inseticidas em média 13 dias antecipadamente à época de
danificadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Martins salienta a importância de o produtor saber a hora certa de controlar o gorgulho do arroz
surgimento das larvas; 2) durante a aplicação de N entre 25 a 30 dias pós-inundação do arrozal (época de início de diferenciação da panícula - IDP), quando as larvas já danificaram as plantas; inseticidas granulados aplicados por ocasião do IDP, portanto, tornam-se supérfluos. Ademais, nessa época, o N poderá contribuir para recuperação das plantas
A pulverização foliar e a aplicação de inseticidas granulados na água de irrigação, de caráter curativo, obrigatoriamente devem ser efetuadas com base em monitoramento da população de adultos e larvas, respectivamente. Se efetuada pré-inundação, adquirem caráter preventivo e eliminam a chance de decidir por aplicações perante a real necessidade de controlar o inseto. Considerando-se que no Rio Grande do Sul predomina a situação de uso irracional de inseticidas para o controle de O. oryzae, transparece que interesses comerciais prevalecem sobre a sensibilização pela adoção de boas práticas de manejo. Praticamente não há maiores preocupações com aumentos dos custos de produção e dos riscos de impacto ambiental negativo. Espera-se que esse texto contribua para mudanças de atitude a favor de procedimentos em conformidade com uma orizicultura econômica e C ambientalmente sustentável. José Francisco da Silva Martins, Embrapa Clima Temperado Uemerson Silva da Cunha, UFPel
Coluna Andav
Ação que aproxima Pr ojeto a distân ci ofissi on ais ddas as Projeto distânci ciaa par paraa capacitação ddee pr pro fission onais das associ ad as à An dav já ultr apassa mil fun ci onári os reven evend associad adas And ultrapassa funci cionári onários tr ein ad os em tod o o país e ffortalece ortalece laços com pr od utor es trein einad ados todo prod odutor utores
E
m 2007, a Andav - Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários implantou o AgroAção. Recapitulando, tratase de um treinamento a distância que tem como objetivo a capacitação de profissionais das revendas associadas à Andav, espalhadas pelo Brasil. Através de 12 aulas supervisionadas por pedagogos e profissionais especialistas em saúde e qualidade de vida no campo, o projeto fornece aos participantes o conhecimento técnico para diferenciar produtos e fidelizar clientes com respostas a quaisquer dúvidas sobre produtos, legislações, responsabilidade social e vendas. O primeiro tema escolhido para a realização do AgroAção 2007 foi EPI - Equipa-
ção de serviços à comunidade, fato este nunca atentado como importante para criar um laço afetivo junto ao produtor cliente. Afinal de contas, o EPI, Equipamento de Proteção Individual, é um item de difícil comercialização junto aos agricultores que, muitas vezes, não acreditam que a sua saúde pode ser abalada em algum dado momento do seu exercício profissional. E pior, na agricultura familiar, esta falta de informação pode abalar também a qualidade de vida de filhos, parentes, animais de estimação e demais agricultores. O simples fato de lavar o EPI no tanque que recebe outras roupas da família já cria um risco à saúde de todos. Até o momento, o treinamento a distância já treinou aproximadamente mil fun-
dústria agrícola e o produtor. Nos últimos meses, aproximadamente 20 revendas adquiram o selo AgroAção de Qualificação Profissional disponibilizado aos seus proprietários como reconhecimento de ter conseguido treinar mais de 80% de seus funcionários. Tivemos exemplos que chegaram a 100% treinados, grupos que totalizam mais de 50 profissionais. Portanto, o sucesso de plantar uma pequena semente de conscientização está garantido. Agora, é regar bastante com novas idéias e colher os frutos em 2008 com mais uma edição do programa. Recentemente, iniciamos as estratégias para a implantação do AgroAção 2008. A sua temática deve expandir ainda mais, manten-
“O simples fato de lavar o EPI no tanque que recebe outras roupas da família já cria um risco à saúde de todos ” todos” mento de Proteção Individual, e conta com o apoio das empresas Azeredo zbx e Protect EPI e do Selo Quepia - Qualidade de equipamentos de proteção individual na agricultura - um programa desenvolvido pelo IAC - Instituto Agronômico de Campinas. Nesta primeira edição, o sucesso foi imediato e confirmou que a capacitação profissional é hoje um dos maiores desafios do agronegócio brasileiro. E no canal de distribuição de produtos agrícolas e veterinários não poderia ser diferente. Muitas revendas agropecuárias têm expressado a surpresa do envolvimento de seus funcionários no AgroAção, inclusive estão aproveitando a experiência para estimular seus funcionários nas vendas e principalmente na presta-
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cionários e proprietários das revendas associadas à Andav, pelo menos 80% a mais de profissionais do que o previsto inicialmente. Com relação às vendas de EPI, esta mudança de paradigma ainda não foi sentida em itens comercializados, embora também não tenhamos a certeza do fato porque, além de ser uma ação recente, principalmente pelo pouco tempo de capacitação técnica dos funcionários, aliada à quantidade de marcas, programas e formas de aquisição da vestimenta de proteção estocada nas revendas desde a safra passada. O que temos certeza é que pela primeira vez em 17 anos de fundação da Andav tivemos um real envolvimento de toda a cadeia de distribuição, muito importante na ligação entre a in-
do a questão do uso do EPI no campo. Pretendemos mostrar ações práticas que levam o trabalhador rural a ter uma melhor qualidade de vida no campo em todos os momentos de sua rotina de trabalho. A metodologia será a mesma: de fácil entendimento e de participação de todos. Para os interessados em conhecer todas as etapas do AgroAção, bem como seus regulamentos de participação, o site www.agroacao.com.br está C à disposição. Henrique Mazotini Presidente Executivo da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários - Andav
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Coluna Agronegócios
Etanol celulósico
E
xiste uma grande faixa de interesse comum entre etanol combustível e biodiesel: (I) etanol será-matéria prima para produção de biodiesel; (II) a demanda de biodiesel depende da aceitação social de energias renováveis. Quanto maior for a aceitação do etanol, maiores as chances de ampliar o mercado de biodiesel; (III) o mais importante: quanto mais gasolina for substituída por etanol, menor será a pressão por refino de petróleo, podendo reduzir a produção de diesel, conseqüentemente aumentando a demanda potencial de biodiesel. A grande dúvida do momento é: conseguirá o mundo atender a demanda projetada de etanol, se a matéria-prima continuar sendo cana-deaçúcar, cereais e beterraba?
máximo as previsões até 2020, para, digamos, 500 bilhões de litros, seriam necessários 790 milhões de toneladas de celulose. Esta matéria-prima, que representa 0,00005% da celulose produzida no mundo, pode ser obtida de restos vegetais, palhadas, serragem, restos de madeira, lixo urbano, gramíneas ou florestas energéticas. Entretanto, dispor da matéria-prima é solucionar a parte mais fácil do problema. O busílis da questão é transformar celulose e hemicelulose em etanol.
CELULOSE A celulose é um polissacarídeo polimerizado de cadeia longa composto de hexoses, com fórmula empírica (C6H1005)n, com um valor mínimo de
para produção de etanol celulósico, como: (I) rendimento de etanol superior a 90% do teórico; (II) tolerância à concentração de etanol superior a 40g/ l; (III) produtividade de etanol superior a 1g/L/h; (IV) baixo custo de produção dos microorganismos; (V) resistencia às substâncias inibidoras; e (VI) grande amplitude de adaptação à temperatura e à acidez. Não existem microorganismos na natureza que possuam, ao mesmo tempo, todas estas características, sendo necessário o seu desenvolvimento em laboratório.
BIOTECNOLOGIA Não há outra fórmula para tornar a produção de etanol celulósico competitiva e sustentável que não a utili-
“O desafio para o Brasil é não ficar para trás na corrida tecnológica, evitando perder o trem de um dos mais promissores segmentos do agronegócio do futuro ” futuro” O IMPULSO AMERICANO O presidente Bush estabeleceu a meta de reduzir o consumo de gasolina nos EUA em 80% até 2017. Do total, 75% (150 bilhões de litros) seria substituído por etanol. O comissário da UE, Durães Barroso, propõe reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 20% até 2020, demandando outros 150 bilhões de litros. Apenas nestes exemplos, são 300 bilhões de litros de etanol combustível, adicional aos 40 bilhões de litros produzidos hoje. Estereotipando a análise, se o etanol fosse produzido de cana-de-açúcar, necessitaríamos mais 38 milhões de hectares, a partir do milho, seriam outros 80 milhões de hectares. Sem contar o consumo de etanol combustível em outros países e a demanda de etanol para outros setores. Conclusão: é inviável atingir estas metas, com as atuais matérias-primas e processos de produção.
MATÉRIA-PRIMA A solução será o uso de celulose, cuja produção mundial anual é estimada em 1,5 quadrilhões de t. Em teoria, obtémse 500 kg (633 l) de etanol para cada tonelada de celulose. Extrapolando ao
n=200. Tem uma estrutura linear ou fibrosa, na qual se estabelecem múltiplas pontes de hidrogênio entre os grupos hidroxilas das distintas cadeias de glicose, tornando-as impenetráveis à água. A celulose é o componente estrutural primário das plantas e não é digerível pelos animais superiores. É comum nas paredes celulares de plantas, estando presente na maioria das fibras puras de algodão. Alguns animais, como os ruminantes, podem digerir celulose com a ajuda de microorganimos. A hemicelulose é similar, apenas o monômero é uma pentose
TRANSFORMAÇÃO O etanol é obtido da cana-de-açúcar pela fermentação da sacarose por microorganismos, como os do gênero Saccharomyces. Eles são altamente eficientes, porém somente conseguem decompor açúcares de baixo peso molecular, ou monossacarídeos, como a glicose. No caso da celulose, o polímero é formado por mais de 200 moléculas de glicose. O desafio é quebrar as moléculas de celulose até os açúcares primários, utilizando outros microorganismos. Existem exigências industriais mínimas para que um microorganismo possa ser utilizado
zação da engenharia genética para transferir todas as características necessárias para algumas bactérias. No momento, as pesquisas se concentram nas bactérias Escherichia coli, Kebsiella oxytoca e Zymomonas mobilis, que foram transformadas para atender a todos os requerimentos acima, além de eliminar alguns “defeitos” dos microorganismos, como a produção de diversos ácidos a partir da celulose, ao invés de gerar etanol. Esta tecnologia ainda é embrionária, existe um longo caminho a trilhar, porém, devido ao enorme potencial de negócios, plantas industriais de médio e grande portes já estão sendo instaladas na China, Espanha, Canadá, EUA e África do Sul, entre outros países. O desafio para o Brasil é não ficar para trás na corrida tecnológica, evitando perder o trem de um dos mais promissores segmentos do agronegócio do futuro, que significa renda, empregos e desenvolvimento C para o país. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro agrônomo, membro do Painel Científico Internacional de Energia Renovável do Conselho Internacional de Ciências
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Coluna Mercado Agrícola
Vlamir Brandalizze brandalizze@uol.com.br
Um bom ano chega ao final e um grande ano se aproxima Estamos fechando mais um ano com bons resultados conseguidos pelo setor agrícola, que viu as cotações dos principais produtos batendo recordes, como foi o caso do milho, que superou as posições dos últimos cinco anos. A soja também tem se mostrado nos melhores momentos de muitos anos, em dólar. Já o feijão, está nas melhores cotações dos tempos de Plano Real, trazendo capitalização para os produtores que puderam plantar com melhores condições neste ano. O arroz, por sua vez, teve um ano de cotações mais favoráveis para o sequeiro do que para o irrigado e, assim, fecha o ano com pouco movimento mas, mesmo assim, mostra boas condições para 2008. O grande ano que se aproxima nos mostra que teremos uma safra maior, com avanço da soja para casa de 22,5 milhões de hectares, contra 20,5 da última safra, do milho com 9,6 milhões de hectares nesta primeira safra, frente aos 9,4 do ano passado e também do arroz que no Rio Grande do Sul está crescendo cerca de 8% e passando a casa de 1,1 milhão de hectares, com os produtores investindo em mais tecnologia, buscando aumentar a produtividade que deverá fazer com que a safra brasileira salte para patamares acima de 130 milhões de t. Também deveremos bater recorde de consumo de fertilizantes com mais de 24 milhões de t e, assim, também beneficiando o setor. Assim, o mercado internacional mostra que as principais commodities agrícolas devem seguir em alta em 2008. MILHO Forte alta neste final de ano O mercado do milho continuou mostrando forte pressão de alta nos indicativos, com as posições crescendo mais de 10% somente na segunda semana de novembro e tendência de manter o avanço nas posições para o fechamento de ano. O cereal deve começar 2008 também em alta, porque não existem ofertas de milho até a entrada da nova safra, que chegará mais tarde, somente no final de fevereiro. Assim, a entressafra será mais longa e manterá os indicativos em alta porque a demanda do setor de frangos e suínos segue aquecida e começará forte em janeiro. Com a demanda na exportação de carnes e aumento do consumo interno, o segmento se mantém em alta. O milho saltou para níveis entre os R$ 27,00 aos R$ 33,00 por saca no Sul e Sudeste e de R$ 15,50 aos R$ 23,00 no Centro-Oeste, com espaço para manter as cotações em alta nos próximos dois meses.
em 2008 para escapar do Imposto de Renda deste ano e jogar as contas para 2009, num novo estilo de negociação, com a indústria que continua recebendo o grão para pagamento em 2008. Estão pagando juros na casa dos 2% ao mês sobre a cotação do dia para que o produtor entregue a soja. Enquanto isso, a safra nova estará em ritmo lento de negócios e cotações firmes. Os produtores devem continuar realizando fechamentos de soja da safra 2008/09 para negociar os insumos já no começo do ano. Pela primeira vez, vemos negócios com soja que será entregue 16 a 18 meses à frente. Grande alternativa para os produtores neste novo ano, visto a grande demanda que deveremos ver na China.
FEIJÃO Produtores mandando para cima O mercado do feijão bateu recorde de cotações no mês de novembro e superou a marca dos R$ 220/230 por saca e, mesmo assim, as ofertas SOJA estavam abaixo da demanda. Os produtores forSem ofertas segue em alta mam as cotações e empurram as posições para cima, O mercado da soja está no pico da entressafra e já batem a marca recorde histórica de US$ 120,00 e sem ofertas. E, como os poucos produtores que por saca, porque atingimos neste ultimo mês os têm produto nas mãos falam em vender somente US$ 130,00 por saca, o que garante boa rentabili-
dade. Como tivemos forte queda no plantio da primeira safra e a colheita chegará mais tarde, somente a partir de janeiro teremos um bom ano para o feijão em 2008. Isso acontecerá porque a segunda e a terceira safra não devem atender à demanda e, assim, as cotações continuarão dando boa lucratividade aos produtores. O feijão tende novamente ser o destaque econômico aos produtores. ARROZ Poucos negócios nesta virada de ano O arroz chega ao final do ano com cerca de três milhões de t em estoque no Rio Grande do Sul. Segundo o Irga 1,18 milhão de t está nas mãos dos produtores. Segundo a Conab, tem 1,29 em seus estoques no RS e, nossas projeções apontam que as indústrias teriam outras 700 mil t. Desta forma, segue calmo o mercado, e os produtores empurrando as novas vendas para 2008, tentando níveis melhores no final de janeiro para o produto velho que normalmente tem melhores cotações que o da safra nova. A safra deste ano cresceu no Sul, mas não mostra avanço nas lavouras do CentroOeste que, devido às boas cotações da soja, pode ter queda no plantio com tendência da safra nacional novamente ser menor que o consumo.
CURTAS E BOAS TRIGO - O mercado internacional segue aquecido, mesmo em plena colheita da Argentina. Enquanto isso, no Brasil, o ano está chegando ao final com pouco movimento dos moinhos. As cotações que chegaram a passar dos R$ 650 por t, agora, estão cerca de R$ 100 abaixo no Paraná. Isso acontece porque a colheita está chegando ao final e há boa disponibilidade do produto. Para os produtores a melhor alternativa de venda deve ocorrer depois de fevereiro, quando o mercado internacional tende a estar melhor e as ofertas internas restritas, com os moinhos tendo que pagar patamares mais atrativos. O trigo continua mostrando boas expectativas, mas teremos que aguardar pelo menos 90 dias depois do final da colheita para vermos os números avançarem. ALGODÃO - Os produtores vêm realizando fechamentos de exportação para 2009, já sonhando com a valorização do câmbio e com o aumento das margens de lucros do setor. O Algodão é negociado acima dos US$ 0,70 por libra/peso, fato histórico, e somente está perdendo em lucros para 2003, quando se fechou abaixo em dólares, mas o câmbio era mais atrativo e resultava em mais de R$ 0,20 de lucro por libra. Segue com boas expectativas de ganhos, em função do avanço na tecnologia, trazendo melhor produtividade e elevando os lucros. EUA - A colheita chegou ao final e a safra foi recorde. Mesmo assim, as cotações em Chicago seguem dentro dos melhores momentos em função da grande demanda mundial e americana, com 334,5 milhões de t de milho
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frente 267,7 milhões do ano passado. Enquanto isso, a soja teve uma safra de 70,6 milhões de t contra mais de 84 milhões colhidas no ano passado. O USDA aponta aumento de plantio da soja neste novo ano em dois milhões de hectares, número este que deve sair dos campos de milho. Assim, a safra da Soja pode saltar para 76 milhões de t e o milho para 315 milhões de t, mesmo assim, apontando para um quadro otimista de preços. CHINA - Continuará sendo destaque entre os consumidores internacionais porque reduziu as taxas de importações dos principais produtos. Entre estes a soja, buscando aumentar as importações para atender à demanda interna crescente e controlar a inflação que está em crescimento. Para o país continuar a crescer entre 10 e 12% ao ano, terá que manter a inflação controlada para que não tenha aumento dos custos da mão-de-obra, ponto que lhe garante competitividade internacional e, assim, grandes importações de alimentos devem ocorrer em 2008. ARGENTINA - A notícia veio antes mesmo do novo governo tomar posse, com o aumento da taxa de exportação dos principais produtos, como da soja, passando dos 27,5% para 35%, trigo dos 20 para os 28%, milho dos 20 para os 25% e óleo de soja dos 24 para casa dos 32%. Desta forma buscará aumentar a arrecadação em mais de US$ 1,5 bilhão, ao mesmo tempo em que tenta deixar mais alimentos no mercado interno e controlar as cotações locais em função da inflação que está em crescimento no país e não deverá parar em 2008. Bom para os demais países exportadores.
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