Cultivar Grandes Culturas • Ano X • Nº 105 • Fevereiro 2008 • ISSN - 1516-358X Destaques
Nossa Capa
Subm ersos e ffatais atais ........ ............ ........20 Submersos atais........ .................... ....................20
Dir ceu Gassen Dirceu
Com o iid den tifi car e rreagir eagir à ação ddee n em atói des espon sáveis por sin tom as Como entifi tificar nem ematói atóid es,, rrespon esponsáveis sintom tomas com o am ar en to, qued escim en to e até a m orte ddee plan tas ddee soja como amar areelecim lecimen ento, quedaa ddee cr crescim escimen ento morte plantas
Enfezou..................................14 Con tr ole criteri oso................17 Contr trole criterioso................17
Men os agr essiva....................24 enos agressiva....................24
Os pr oblem as causad os por enfezam en tos páli do problem oblemas causados enfezamen entos pálid e verm elh o, ddu uas ddoenças oenças que afetam a vermelh elho, cultur o milh o culturaa ddo milho
Recuo da incidência do fungo causador da ferrugem asiática não dispensa a necessidade de m onitor am en to con stan te ddaa ddoença oença monitor onitoram amen ento constan stante
O que con si der ar par evenir rresistên esistên ci consi sid erar paraa pr prevenir esistênci ciaa e contaminações na aplicação de herbicidas em milho
Índice Dir etas Diretas
Expediente 04
RED AÇÃO REDAÇÃO
CIRCULAÇÃO
• Editor
• Ger en te Geren ente
Gilvan Dutr o Dutraa Queved Quevedo
Mofo br an co em alg odão bran anco algodão
06
• Coor den ad or ddee Red ação Coord enad ador Redação
ad o ddee Pr agas n o alg odão Man ejo In tegr anejo Integr tegrad ado Pragas no algodão
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• Desi gn Gráfi co e Di agr am ação Design Gráfico Diagr agram amação
Beauveriaa bassi bassian anaa em can canaa Beauveri an
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• Revisão
Enfezamento do milho
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Plantas daninhas em milho
17
Janice Ebel Cristiano Ceia Alin artzsch ddee Alm ei da Alinee PPartzsch Almei eid
COMERCIAL Ped edrro Batistin
Sed eli Feijó Sedeli
em atói des em soja Contr trole nem ematói atóid Con tr ole ddee n
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Situação atual da ferrugem na soja
24
Grupo Cultivar ddee Publi cações Ltd a. Publicações Ltda. Rua: Nilo Peçanha, 212 Pelotas – RS 96055 – 410 www .r evistacultivar .com.br www.r .revistacultivar evistacultivar.com.br cultivar@cultivar.inf.br
Nova espéci garr o café espéciee ddee ci cigarr garraa n no
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Pir atari ejuízos n o arr oz Piratari atariaa e pr prejuízos no arroz
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Assin atur ual (11 edições*): R$ 119,00 ssinatur aturaa an anu (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan) Núm er os atr asad os: R$ 15,00 Númer eros atrasad asados:
Per das ddee pr od utivi dad oz erd prod odutivi utivid adee por capim-arr capim-arroz
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Assin atur tern aci on al: ssinatur aturaa In Intern ternaci acion onal: US$ 80,00 Euros 70,00
Coluna Andav
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Colun gr on egóci os Colunaa A Agr gron onegóci egócios
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Mer cad o A grícola ercad cado Agrícola
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Cibele Oliveir Oliveiraa ddaa Costa • A ssin atur as Assin ssinatur aturas
Simone Lopes • Ger en te ddee A ssin atur as Extern as Geren ente Assin ssinatur aturas Externas
Raquel M ar cos Mar arcos • Expedição
Di anferson Alves Dianferson
GRÁFICA • Impr essão Impressão
Kun de In dústri as Gráfi cas Ltd a. und Indústri dústrias Gráficas Ltda. Nossos TTelef elef on es elefon ones es:: (53) • Ger al Geral 3028.2000 • A ssin atur as: aturas: Assin ssinatur 3028.2070 • Redação: 3028.2060 • Com er ci al: Comer erci cial: 3028.2065/3028.2066/3028.2067
Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Diretas Novos rumos
Basf
Odanil Leite é o novo gerente global de Negócios na Syngenta Seed Care, sediado em Basiléia, Suíça, onde irá gerenciar a introdução de uma nova solução fungicida para tratamento de sementes de grandes culturas em nível global. Nos últimos dois anos, Odanil Leite atuou como gerente global de Marcas da Novartis Saúde Animal, também na Suíça. Previamente gerenciou por cinco anos a linha de fungicidas da Syngenta Proteção de Cultivos no Brasil, sendo responsável pela introdução do fungicida Priori Xtra e pelo programa Syntinela, de monitoOdanil Leite ramento de ferrugem da soja.
A Basf levou ao Show Rural Coopavel toda sua linha de produtos que auxiliam o agricultor a ter mais eficiência na lavoura. Os produtores puderam verificar as aplicações feitas com produtos da empresa, divididas em quatro estações distintas para avaliação isolada de cada cultura e de cada defensivo. Oferecer soluções com ganhos de produtividade nas culturas de soja e milho e levar informações sobre técnicas eficientes de manejo foram os objetivos da empresa. Para o gerente de Marketing de Soja e Milho Proteção de Cultivos da Basf, Fábio Dias, trata-se de uma importante oportunidade dos agricultores conhecerem o que há de mais moderno no que Fábio Dias se refere à tecnologia e à sanidade no campo.
Syngenta
Portfólio
Garantia de Qualidade
O engenheiro agrônomo Nilson Antonio Oliveira, gerente de Cultura e Soluções da Syngenta em São Paulo, deixa a função de gerência para assumir a diretoria de recursos humanos da empresa. Oliveira tem mais de 23 anos de trabalho dedicados à companhia.
A Bayer CropScience amplia seu portfólio para as culturas de arroz, milho, citros e soja. Trata-se da inclusão de três produtos: Derosal Plus, Confidor 700 WG e Oberon. Assim, a empresa leva aos produtores novas ferramentas para o manejo de pragas e doenças. O fungicida Derosal Plus, já utilizado em feijão, algodão e soja, agora também atenderá arroz e milho. Além das culturas de algodão, cana, citros, feijão e tomate, o inseticida Confidor 700 WG também recebe a inclusão de uso para a citricultura. E o inseticida/acaricida Oberon, utilizado nas culturas de algodão, feijão, melão e tomate, obteve agora a inclusão de uso na soja.
Marcelo Sant´Ana Vasconcelos assumiu a gerência de uma nova área da Bayer CropScience. Trata-se da unidade de Garantia da Qualidade BPL (Boas Práticas de Laboratório), ligada à diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento. Com 19 anos de atuação na Bayer CropScience, Marcelo, ultimamente, exercia o cargo de coordenador de ProMarcelo Vasconcelos duct Stewardship.
Nilson Oliveira
Parceria A Basf e a Cooplantio (Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto) lançaram em Porto Alegre (RS), a segunda etapa do Laboratório Móvel Cooplantio Saúde Vegetal. O Laboratório tem o objetivo de auxiliar, por meio de uma análise laboratorial, a identificação de pragas e doenças nas lavouras de soja. A equipe técnica, munida de microscópio, projetores e equipamentos específicos, visitará propriedades nas principais regiões produtoras de soja no interior do Rio Grande do Sul. “Vamos até o produtor, com o apoio das filiais da Cooplantio”, explica Fabio Dias, gerente de Soja e Milho de Proteção de Cultivos da Basf.
BioGene A Pioneer lança nova marca focada para o mercado de médio investimento. A BioGene surge como uma opção para aqueles produtores que sempre buscaram plantar híbridos de alta qualidade e custos compatíveis com seus investimentos. Já para a safra 2008, a BioGene comercializará dois híbridos de milho. O BG7060, para o verão na região Sul e o BG7049, para o centro do país, tanto para safra verão como para a safrinha.
Expansão Em janeiro deste ano foi implementada na Bayer CropScience a diretoria de Business Services. A estrutura contará com as áreas de Estratégia de Distribuição Brasil, Trade, Capacitação Comercial, Alianças e Desenvolvimento Sustentável. Para liderar a área, foi convidado Alfredo Kober Neto, executivo com dois anos e meio de casa e vindo da gerência de MarkeAlfredo K. Neto ting Regional Norte. 04
Luto Faleceu no dia 19 de janeiro o prof. Eurípedes Malavolta. Além de professor, foi diretor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/Esalq), entre 1964 e 1970, quando implantou a pós-graduação na escola, a primeira de toda a universidade. Ao longo da carreira, publicou centenas de trabalhos científicos e de extensão, dezenas de livros, além de receber diversos prêmios e homenagens pelo trabalho realizado. Aposentado desde 1984, ainda coordenava e orientava projetos de Eurípedes Malavolta pesquisa na área de Agronomia.
Gerente
Rodrigo D. Gutierrez
Negócios Norte Rodrigo Dias Gutierrez assumiu a diretoria de Negócios Norte, da Bayer. Dentre suas funções, Gutierrez ressalta “o direcionamento e o desenvolvimento da equipe para formação de profissionais preparados para os novos desafios de um mercado cada dia mais competitivo”.
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Roberson de Souza Lima assumiu a gerência da área de Planejamento Estratégico da Bayer e terá como principais objetivos assegurar o desempenho das estratégias da empresa e alinhar os planejamentos Roberson de S. Lima junto às áreas de negócio.
Arysta LifeScience O ano de 2008 começa com novidades na Unidade de Negócios América do Sul da Arysta LifeScience. Flávio Prezzi assumiu, em janeiro, a presidência da empresa na América do Sul. O executivo, que antes ocupava o cargo de presidente da Arysta do Brasil, é agrônomo e acumula mais de 25 anos de experiência no setor de defensivos agrícolas no Brasil e em países como Estados Unidos, Inglaterra, Flávio Prezzi México e Guatemala.
Algodão
Mofou
Om ofo br an co, causad o por Scler mo bran anco, causado Sclerotini otiniaa scler scleroti otiorum, otini oti orum, tem se m anifestad o ddee fform orm eocupan te em ár eas manifestad anifestado ormaa pr preocupan eocupante áreas as ddee alg odão. Apesar ddaa ddoença oença já ter si do pr od utor prod odutor utoras algodão. sid relatad ais ddee ddez ez an os n a, ain da não está elatadaa há m mais anos naa cultur cultura, aind catalogad to ao M apa e por isso in od utos catalogadaa jun junto Mapa ineexistem pr prod odutos as cos rregistr egistr ad os par tr ole tom quími trole ole.. Os sin sintom tomas químicos egistrad ados paraa o con contr ri dão úmi da car acterísti cos são m ur cha, n ecr ose e pod urcha, necr ecrose podri ridão úmid característi acterísticos mur o pecíolo, ddaa ffolha olha e ddaa m açã, ffavor avor eci dos da haste avoreci ecid haste,, ddo maçã, por alta umi dad elativa, temper atur as am en as en tr umid adee rrelativa, temperatur aturas amen enas entr tree 15ºC e 22ºC e a alta densidade de plantio
A
tualmente, a cultura do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) é uma das mais importantes atividades agrícolas dentro do contexto do agronegócio brasileiro, não somente por produzir matéria-prima natural para a indústria têxtil, mas também pela utilização dos seus produtos para outras importantes finalidades. Este fato tem sido constatado pela expansão da área cultivada nos últimos anos. A área cultivada na safra 2006/2007 foi de 1,11 milhão de hectares (IBGE, 2007) e o Cerrado brasileiro consolidou-se como a maior região produtora de algodão do
Brasil. O ritmo acelerado de crescimento da área cultivada deve-se principalmente à utilização de altas tecnologias e ao investimento em qualidade de fibra. No entanto, é imprescindível que nestas áreas sejam adotadas, adequadamente, práticas de manejo para que a cultura do algodoeiro tenha sustentabilidade. Tem-se observado em diversas áreas produtoras que doenças até então não consideradas como importantes, em termos de danos econômicos, estão ocorrendo e podem ser responsáveis pela redução significativa da produtividade física e econômica do algodoeiro, e em determinados casos, ser a causa impeditiva desta atividade. Dentre estas doenças, destaca-se o mofo branco do algodoeiro, doença fúngica causada por Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, que está se manifestando de forma preocupante em deter-
minadas lavouras de algodoeiro.
SINTOMAS Os sintomas característicos da doença são murcha, necrose e podridão úmida da haste, do pecíolo, da folha e da maçã. No interior do capulho é possível encontrar micélio do fungo de coloração branca e os escleródios, estruturas de resistência de coloração escura e irregular do patógeno. Os escleródios, por serem estruturas de resistência do patógeno, podem sobreviver no solo por até 11 anos preservando seu poder patogênico (Leite, 2005) e em condições climáticas favoráveis, germinam no solo produzindo estruturas denominadas de apotécios, onde são produzidos os esporos do patógeno, os quais são facilmente transportados pelo vento. Estes esporos na época da floração, período mais suscetível da cultura, e em condições favoráveis, germinam em flores senescentes e em seguida, invadem outros órgãos da planta, causando o apodrecimento das partes das plantas afetadas. Os escleródios podem germinar miceliogenicamente, infectando diretamente as plantas, causando tombamento de pré e pós-emergência ou carpogenicamente, produzindo apotécios que liberam os ascósporos, desenvolvimento do mofo branco na parte aérea. Os fatores que favorecem o desenvolvimento do mofo branco são períodos prolongados de precipitação, alta umidade relativa acima de 70%, alta umidade do solo, temperaturas amenas entre 15ºC e 22ºC e a alta densidade de plantio. O fungo pode sobreviver parasitando outros hospedeiros, saprofiticamente em restos culturais ou utilizando a matéria orgânica disponível no solo. A disseminação do patógeno nas principais áreas produtoras do Cerrado brasileiro ocorre através da utilização de sementes infectadas e/ ou infestadas, seja de feijão, soja e girassol com escleródios provenientes das áreas contaminadas; pelo próprio produtor produzindo sua própria semente em áreas contaminadas e cultivando-as em novas áreas ou através da movimentação de implementos agrícolas, transportando os escleródios das áreas contaminadas para as áreas livres do patógeno.
CONTROLE
Favero
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O controle deste patógeno em diversas culturas tem sido difícil devido à formação de estruturas de resistência que garantem a sua sobrevivência por muitos anos, mesmo em condições climáticas adversas. Apesar de já ter sido relatada desde 1996 na cultura do algodoeiro, até o momento a doença não está catalogada junto ao Mi-
Luiz Gonzaga Chitarra
Necrose e podridão úmida da haste e do pecíolo são alguns dos sintomas característicos do mofo branco
• Para o cultivo do algodoeiro em áreas com elevadas densidades de escleródios recomenda-se o enterrio dos escleródios a uma profundidade de 20 a 30 cm, utilizando-se o arado de aiveca e a adoção imediata do sistema de plantio direto por vários anos, pois uma nova aração poderá trazer os escleródios para as camadas próximas à superfície; • Para minimizar a ocorrência do mofo Favero
nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, portanto não existem produtos químicos registrados para o controle da doença na cultura do algodoeiro. No entanto, um programa integrado de medidas deve ser adotado para o controle efetivo do patógeno: • Utilizar sementes sadias, certificadas, de procedência conhecida e com certificado fitossanitário de origem, evitando deste modo, a introdução do patógeno na área a ser cultivada; • Rotação de culturas, no entanto, nesta prática deve-se evitar plantas hospedeiras como soja, feijão, girassol devido à suscetibilidade a Sclerotinia sclerotiorum e utilizar-se gramíneas, como braquiárias, milheto, milho doce, aveia, arroz e trigo que, além de promoverem a degradação natural dos escleródios, proporcionam uma boa cobertura do solo; • Formação de palhada homogênea sobre o solo, especialmente de gramíneas, em camadas com aproximadamente 5 cm de espessura, formando uma barreira física e dificultando a germinação dos escleródios e a ejeção dos ascósporos; • Plantio Direto, sistema que consiste no não- revolvimento do solo, rotação de culturas e plantio sob palhada, que além de manter a umidade elevada do solo, mantém a população microbiana elevada, podendo atuar no controle biológico do patógeno, além de proporcionar uma barreira física à formação dos apotécios, que necessitam da presença de luz para o seu desenvolvimento;
branco, aconselha-se menores densidades de semeadura, espaçamento entre linhas maiores e o plantio sob palhada, permitindo deste modo uma maior aeração das plantas diminuindo o possível contato de plantas atacadas com plantas adjacentes; • Evitar adubações excessivas de nitrogênio (N), que podem tornar os tecidos das plantas favoráveis ao ataque do fungo; • Evitar o trânsito de implementos agrícolas das áreas infectadas para as áreas livres do patógeno; • Em áreas sob irrigação com pivô central, muitas vezes o monitoramento da irrigação não é feito de maneira adequada, o que pode resultar em excesso de água no solo, favorecendo a germinação dos escleródios. Portanto, é imprescindível a utilização de tensiômetros para monitorar a necessidade de irrigação; • Por não existir cultivares resistentes ao mofo branco do algodoeiro, medida considerada a mais indicada e econômica para o manejo da doença, verifica-se a necessidade de pesquisas em relação ao controle biológico do patógeno com isolados de fungos, como por exemplo, Trichoderma spp., Coniothyrium minitans, bem como com produtos químicos, objetivando o registro urgente destes para o controle da doença, pois o mofo branco pode causar sérios prejuízos à cultura, bem como inviabilizar o C cultivo nas áreas infectadas. Luiz Gonzaga Chitarra, Embrapa Algodão
O FUNGO
S
Detalhe de apotécio, onde são produzidos os esporos do patógeno, que é facilmente transportado pelo vento
clerotinia sclerotiorum é um fungo polífago, tendo como hospedeiras plantas de 75 famílias, 278 gêneros e 408 espécies (Leite, 2005). É um fungo amplamente distribuído em todas as regiões temperadas, tropicais ou subtropicais produtoras de feijão, soja, girassol, canola, ervilha, pepino, tomate, batata, quiabo, fumo, alface e algodão. Em algodoeiro, o mofo branco foi constatado pela primeira vez em 1996 (Charchar et al, 1999). Atualmente esta doença encontra-se disseminada pelas principais regiões produtoras de algodão, tanto em áreas irrigadas como em áreas de sequeiro, nas regiões de Unaí (MG), Patos de Minas (MG), Montividiu (GO), Jussara (GO), Campo Novo do Parecis (MT) e São Desidério (BA), principal região produtora de algodão no oeste Baiano.
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Algodão Charles Echer
Reavaliação necessária PPesquisad or efen ddee aa rretom etom ad aa ddo oo M an ejo tegr ad oo dde ee Pr agas esquisador efend etomad ada Man anejo Integr tegrad ado Pragas esquisad or ddefen ddefen efen rretom etom ad ddo M an ejo In In tegr ad dde Pr agas em em esquisador efend etomad ada Man anejo Integr tegrad ado Pragas oo oeste an o. egad oo n aa safr aa 1998/1999, lavour as ee alg odão safra lavouras algodão baian ano. Empregad egado na oeste bai bai an o. Empr Empr egad n safr 1998/1999, lavour as dde dde alg odão ddo ddo safra lavouras algodão baian ano. Empregad egado na oo método método acabou acabou suspenso suspenso aa partir partir do do ano ano agrícola agrícola 2003/2004 2003/2004
C
om a evolução da área plantada com algodão na região de Barreiras, no oeste baiano, (Figura 1) surgiu a necessidade de se implantar um projeto arrojado de Manejo Integrado de Pragas (MIP), a fim de reduzir os custos com insumos destinados a esta cultura, especialmente aqueles referentes aos inseticidas, pois este componente é o que mais onera a lavoura. O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um conjunto de práticas em que se utilizam todas as técnicas e métodos apropriados para manter as populações dos insetos-praga em níveis abaixo do limite em que causam dano econômico. Estas técnicas são baseadas em requisitos ecológicos, toxicológicos e econômicos que reservam prioridade aos fatores naturais limitantes e à resistência da própria planta. Para desenvolver um programa de MIP é preciso conhecer o ciclo biológico do inseto, a partir daí combinar este conhecimento com as tecnologias disponíveis, disponibilizando métodos de controle compatíveis com a cultura-alvo. Desde a década de 80 a Embrapa Algodão vem desenvolvendo tecnologias importantes para o controle de pragas na cultura do algodão. No caso do oeste baiano, o programa foi implantado na safra 1998/1999 e mantido até a safra 2002/ 2003, possibilitou redução dos custos com
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HISTÓRICO DA PRODUÇÃO
D
e acordo com informações do pesquisador Elêusio Curvelo Freire, as primeiras experiências com algodão na região de Barreiras foram efetuadas pela Algodoeira São Miguel – ASM, no início da década de 90, objetivando a produção de algodão de fibras longas, tipos Acala del Cerro e Pima. A primeira investida maciça dos agricultores locais na cultura do algodão ocorreu na safra 97/98, quando oito mil hectares foram semeados. Os pioneiros desta nova fase foram João Carlos Jacobsen Rodrigues, que em 1995 semeou 50 hectares com algodão, na Fazenda Independência, no município de Formosa do Rio Preto, passando para 1.250 ha na safra de 2000 e, atualmente, cultiva 6.000 ha com algodão. O produtor Ademar Marçal, outro pioneiro, iniciou com apenas 20 hectares em 1995, semeados com cultivares pouco adequadas à mecanização em sua propriedade, na Fazenda São Francisco, em Riachão das Neves. Depois passou para 600 hectares, já com a variedade DeltaPine Acala 90, usada no Mato Grosso, e na safra 98/99 plantou 1.600 hectares e chegou a dois mil hecta-
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res de plantio no ano 2000. A partir da safra 1999/2000 a Fundação Bahia passou a pesquisar e transferir tecnologias, com o apoio da Embrapa Algodão, consultores e empresas prestadoras de serviços e fornecedoras de insumos. Atualmente os maiores produtores da Bahia são João Carlos Jacobsen, Walter Yukio Horita, Paulo Mizote, Marcos Antonio Buzatto e Julio Cesar Buzatto e o grupo Maeda. Entre os pesquisadores que tiveram grandes participações a partir de 1996 citam-se Walter Jorge dos Santos, Paulo Degrande, os pesquisadores da Fundação Mato Grosso e os pesquisadores da Embrapa Algodão, especialmente Elêusio Curvelo Freire que, com suas experiências de pioneiros no cerrado, tem ajudado enormemente os produtores e encurtarem caminhos. A Círculo Verde, a Ezelino de Carvalho e Associados e Felipe Grienner foram as empresas de consultoria pioneiras, no apoio à cotonicultura no cerrado da Bahia. Das empresas fornecedoras de insumos, a Agrevo (hoje Bayer) foi uma das que mais apoiaram nos dias de campo realizados desde os primeiros anos no cerrado da Bahia.
Figura 1
Fonte: Abapa - Associação Baiana dos Produtores de Algodão.
inseticidas devido à diminuição no número de pulverizações e permitiu a manutenção da produtividade (Figura 2). Apesar do projeto ter sido suspenso a partir do ano agrícola 2003/2004 acreditamos que seja importante a retomada das atividades o mais urgente possível. Prin-
cipalmente com a possível adoção de materiais geneticamente modificados (Bt) pelos produtores. C José Janduí Soares e Antonio Rogério B. do Nascimento, Embrapa Algodão
Figura 2 - Produtividade e custo do Manejo Integrado de Pragas comparados ao manejo convencional no oeste baiano
Cana-de-açúcar
Fungos do bem ca a vári as espéci es ddee in setos e ddee fácil Beauveriaa bassi bassian anaa, por ser patogêni patogênica várias espécies insetos Beauveri an pr od ução in vitr espon ta com o um as altern ativas m ais pr omissor as n o prod odução vitro esponta como umaa ddas alternativas mais promissor omissoras no o, ddespon ológi co ddas as prin cipais pr agas que afetam a can a-d e-açúcar con tr ole bi contr trole biológi ológico principais pragas cana-d a-de-açúcar
O
de Pragas - MIP em sistemas agrícolas sustentáveis, visto constituir-se num processo natural de regulação do número de indivíduos da população da praga por ação de agentes de mortalidade biótica, os quais são tam-
Fotos José Francisco Garcia
controle biológico, através da utilização de inimigos naturais como predadores, parasitóides ou entomopatógenos, é uma alternativa importante para o Manejo Integrado
Detalhe da lagarta de broca-gigante (Telchin licus licus) parasitada pelo fungo Beauveria bassiana
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bém denominados de inimigos naturais ou agentes de controle biológico. O emprego de entomopatógenos, denominado controle microbiano, inclui como agentes os vírus, os fungos, as bactérias, os nematóides e os protozoários. Das doenças que ocorrem em insetos, aproximadamente 80% tem como agentes etiológicos os fungos. A ocorrência desses patógenos, em condições naturais, tem sido um fator importante na redução das populações de pragas. Em programa de MIP, os fungos entomopatogênicos podem se constituir num importante componente da estratégia de combate. Mas para serem utilizados como inseticidas biológicos, “bioinseticidas”, precisam estar disponíveis em grandes concentrações, pois os insetos normalmente necessitam de um elevado potencial de inóculo para serem colonizados por esses patógenos. Para se obter sucesso na produção comercial e no uso de fungos em controle de pragas, alguns aspectos devem ser considerados, como: seleção de um isolado que apresente rápido crescimento, abundante esporulação e elevada patogenicidade para a praga-alvo; desenvolvimento de um meio de cultura de simples composição e de baixo custo para que
Adulto de D. saccharalis também parasitado pelo fungo B. bassiana
(Telchin licus licus) = (Castnia licus).
FATORES QUE PODEM AFETAR A EFICIÊNCIA
Lagarta de D. saccharalis parasitada pelo fungo B. bassiana
possa ser utilizado em larga escala na produção do patógeno. Além disto, os componentes do meio devem ser minimamente processados e de fácil obtenção no mercado. No entanto, o sucesso de programas do controle biológico reside, especialmente, nas condições e nas técnicas de aplicação adequadas ao inseto-alvo, considerando-se ainda a região geográfica e o seu microclima. A espécie Beauveria bassiana, por ser patogênica a várias espécies de insetos e de fácil produção in vitro, é um dos fungos mais utilizados para controlar pragas na agricultura. Sua utilização visando ao controle de pragas em cana-de-açúcar é crescente, principalmente para algumas espécies como a brocada-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis), gorgulho-da-cana-de-açúcar (Sphenophorus levis) e, mais recentemente, a broca-gigante
B. bassiana é um produto biológico, à base de esporos do próprio fungo. Por ser constituído por um organismo vivo, deve ser transportado em câmara frigorífica, mantendo temperaturas próximas ou abaixo de zero. O sucesso do uso de B. bassiana como “bioinseticida” depende de uma série de fatores. Alguns são difíceis de serem controlados em condições de campo, como é o caso da temperatura, umidade, luminosidade, pH etc. Outros podem ser manejados, como: uso de isolados adequados, concentração e pureza do inóculo, formulação estável, volume de calda apropriado, época e horário de aplicação corretos, escolha de equipamentos apropriados e densidade da praga. Devem-se considerar as limitações do fungo em termos de temperatura, radiação ultravioleta, pressão, umidade, efeito residual etc. No tocante ao inseto-alvo, deve-se observar o comportamento da praga-alvo que, normalmente, apresenta características que podem interferir no contato entre os conídios e o seu tegumento. Dependendo da formulação e da concen-
tração de conídios de B. bassiana aplicados em suspensão, há necessidade de bicos especiais e filtros para se evitar os entupimentos. O fungo pode ser também aplicado em formulação granulada ou em óleo. No campo, no momento de utilizá-lo deve-se evitar elevadas temperaturas (>30ºC) e radiação solar direta.
PERSPECTIVAS Nestes últimos anos têm ocorrido aumentos no desenvolvimento de variedades mais ricas em sacarose, seguidos de grande expansão do plantio para áreas novas e a desatenção nos cuidados que se necessita ter ao empregar o controle biológico. Esses fatos têm gerado a sensação de que o controle biológico não tem sido capaz de conter as infestações de diversas pragas, ocasionando o crescente emprego de inseticidas químicos. Dentre os inseticidas utilizados há sérios riscos, em alguns casos, de se estar aplicando ingredientes ativos que no médio e longo prazos poderão oferecer sérios riscos à biodiversidade, face aos seus amplos espectros de ações, especialmente sobre insetos úteis (predadores e parasitóides), naturalmente existentes nos canaviais e que necessitam ser preserva-
dos por exercerem importantíssimo papel no controle de pragas. Assim, cuidados com os insumos biológicos como: controle de qualidade, forma de transporte ao campo, concentração a ser utilizada, forma de aplicação, horário, dentre outros, são pontos importantes a serem respeitados, sob o risco de não o sendo, ocasionar descrédito ao método, propiciando a corrida ao controle químico. Este deve ser visto como ferramenta útil a ser usada, com muito critério, apenas em locais onde haja, de fato, a necessidade de seu emprego como um meio auxiliar ao controle biológico e nunca como única medida.
PRINCIPAIS ESPÉCIES CONTROLADAS Diatraea saccharalis À medida que as áreas de plantio de cana-de-açúcar expandem-se para novas fronteiras agrícolas, vem ocorrendo um aumento substancial na população de D. saccharalis, ocasionado, assim, elevadas perdas para o setor agroindustrial canavieiro. Esta praga causa prejuízo direto, pois seu ataque provoca aberturas de galerias, que ocasionam a perda de peso da cana. Quando a broca faz galerias circulares, seccionando o colmo, pode provocar o tombamento da cana pelo vento. Através de orifícios abertos nos entrenós penetram fungos causadores da podridão vermelha do colmo, Colletotrichum falcatum e Fusarium subglutinans, que invertem a sacarose, diminuindo a pureza do caldo e causando menor rendimento nos processos de produção do açúcar e do álcool. Estudos com fungos entomopatogênicos, para controle de D. saccharalis estão sendo realizados, com o objetivo de reduzir a utilização de inseticidas químicos, que podem diminuir a ação de predadores e de
parasitóides. Dentre os patógenos destacase B. bassiana que pode proporcionar mortalidade média de 50%, quando empregado na concentração de 4 x 1012 conídios viáveis por hectare, equivalente a aproximadamente 4 kg por hectare do fungo mais o meio de cultura (arroz). As lagartas da broca-dacana submetidas à B. bassiana, sob tempe-
Detalhe dos bicos acoplados abaixo da colhedora e direcionados para as touceiras recém-cortadas
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ratura média de 25°C e umidade relativa acima de 70%, sofrem a ação do fungo após 48 horas, quando reduzem a alimentação, cessando essa atividade 72 horas após. Posteriormente, aparecem manchas escuras, distribuídas pelo tegumento e pernas, com o surgimento de uma coloração rosada ou avermelhada em todo o corpo da lagarta infectada. Após 96 horas já é possível constatar a mortalidade da lagarta e o desenvolvimento do fungo, o qual sai pelas aberturas naturais e membranas entre os segmentos, recobrindo a lagarta com um pó branco, resultante do crescimento e esporulação do fungo. Telchin licus licus No Brasil a incidência da broca-gigante T. licus licus, vez por outra, aumenta consideravelmente, preocupando os produtores envolvidos com o controle dessa praga em canaviais das regiões Norte e Nordeste e que, recentemente, atingiu o estado de São Paulo. Suas lagartas perfuram internamente o colmo, causando a morte de plantas ou considerável perda de peso, facilitam a penetração de fungos da podridão vermelha, que invertem a sacarose, diminuem a produção de açúcar e/ou ál-
Fotos José Francisco Garcia
Adultos de S. levis, o gorgulho-da-canade-açúcar, parasitados por B. bassiana
cool. A lagarta, com a mínima perturbação, aprofunda-se no túnel aberto anteriormente no colmo e abriga-se no rizoma ou entre as raízes, o que contribui para protegê-la. Imediatamente após o corte da cana a lagarta, visando proteger-se, veda, com restos de alimento (fibras), o orifício deixado aberto pelo corte (galeria interna) onde vivia no colmo, dificultando assim, sobremaneira o combate. Conhecendo esse comportamento da lagarta desenvolveu-se uma técnica para aplicar o fungo B. bassiana, visando aplicá-lo imedia-
tamente após o corte da cana para burlar o comportamento de defesa do inseto. Um pulverizador adaptado à colhedeira de cana com os bicos pulverizadores dirigidos para a linha da cana recém-cortada pela máquina. Antes, portanto, que as lagartas tivessem tempo para tamponar os orifícios deixados abertos pela máquina e que esta cobrisse com palha o terreno. A palha dificulta visualizar os locais de ataque da praga nas touceiras de cana visando realizar, posteriormente, o controle físico, feito pela catação manual de formas biológicas (lagartas e pupas), sistema de controle tradicionalmente empregado. Aplicando esta metodologia foi possível verificar, 30 dias após, um elevado número de lagartas infectadas por B. bassiana, com 60% de redução da população da brocagigante. Demonstrou-se, assim, que o conhecimento do comportamento da praga, aliado à tecnologia de aplicação do inseticida biológico, permitiu obter resultados de eficiência de controle raramente obtidos em trabalhos anteriores. Sphenophorus levis Embora S. levis tivesse sido considerado como praga secundária inicialmente, é a espécie de curculionídeo mais importante como praga dessa cultura, pois seus danos são ele-
vados pela redução que provocam no “stand” do canavial. Apesar de sua baixa capacidade de dispersão, S. levis inicialmente restrito à região de Piracicaba, hoje, graças a descuidos no transporte de canas para muda, já se encontra disseminado em outras importantes regiões sucroalcooleiras dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Suas larvas abrem galerias nos rizomas, originando sintomas de amarelecimento e seca de folhas e perfilhos. Os danos se refletem no número, tamanho e diâmetro de colmos finais para a colheita, sendo que as perdas econômicas podem ser estimadas em relação à redução nas toneladas de cana esperadas por hectare. Assim, em alguns locais detecta-se de 50 a 60% de perfilhos atacados, ocasionando reduções de 20 a 30 toneladas por hectare. O uso de fungos entomopatogênicos, para o controle de curculionídeos, é uma alternativa que está se mostrando viável. Isso porque os solos do agroecossistema da canade-açúcar, por sua temperatura moderada, umidade e presença de matéria orgânica, podem representar um ambiente favorável para o desenvolvimento de fungos. A alternativa de se utilizar toletes de cana (semelhantes às iscas empregadas no controle químico) inoculados com o fungo tem a vantagem de atrair adultos para um local com grande concentração de inóculos, protegido de fatores abióticos indesejáveis, favorecendo assim, o controle dessa praga, com baixa quantidade de fungo por hectare, porém com maior utilização de mão-de-obra. Outra possibilidade consiste na pulverização de B. bassiana, juntamente com o meio de cultura (arroz), que tem propiciado bons resultados no controle de adultos de S. levis, utilizando-se de oito a dez quilos do produto à base de B. bassiana por hectare, visando ao pico populacional de C adultos. José Francisco Garcia, Engo Agrônomo - Entomologista Paulo Sérgio Machado Botelho, CCA - UFSCar
Milho Fotos Elizabeth de Oliveira
O
s enfezamentos do milho são doenças causadas por microrganismos disseminados pela cigarrinha Dalbulus maidis. Essas doenças são favorecidas por altas temperaturas e ocorrem nas regiões tropicais e subtropicais. Causam danos severos na produção das plantas de milho. Há dois tipos distintos de enfezamentos: pálido, causado por espiroplasma, e o vermelho, provocado por fitoplasma.
AGENTES CAUSAIS Os microrganismos que causam os enfezamentos pertencem à classe Mollicutes e são denominados pelo nome comum molicutes. Diferem das bactérias por não possuir parede celular. Nas plantas de milho, infectam e multiplicam-se nas células dos tecidos do floema, em todas as partes da planta. Também infectam e multiplicam-se nas células do inseto-vetor, a cigarrinha D. maidis. O espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) que causa o enfezamento pálido (corn stunt spiroplasma) pode ser cultivado in vitro, em laboratório. O fitoplasma que causa o enfezamento vermelho (maize bushy stunt phytoplasma) não cresce em meio de cultura artificial. A presença de espiroplasma e de fitoplasma em plantas de milho e em cigarrinhas pode ser detectada utilizando-se o teste de PCR (reação em cadeia da polimerase).
CICLO E DISSEMINAÇÃO
Aniquiladoras Os enfezam en tos páli do e verm elh o ddo o milh o, enfezamen entos pálid vermelh elho milho, doenças sistêmi cas tr an smiti das pela ci garrinha sistêmicas tran ansmiti smitid cigarrinha dad er ar per da mai aidis dis,, têm a capaci capacid adee ddee gger erar perd Dalbulus m ai dis total ddaa pr od ução, qu an do 100% ddaa lavour lavouraa é prod odução, quan and infectad os estádi os ini ci ais ddee ddesenvolvim esenvolvim en to. infectadaa n nos estádios inici ciais esenvolvimen ento. Car acterizam-se por atin gir tod as as partes ddaa Caracterizam-se atingir todas ologi a, rred ed uzir em a plan ta, afetar em su uzirem planta, afetarem suaa fisi fisiologi ologia, eduzir utri en tes eju di car a absorção ddee n nutri utrien entes tes,, além ddee pr preju ejudi dicar ativas tr an slocação ddee ffotossin otossin tatos tr otossintatos tatos.. Den Dentr tree as altern alternativas tran anslocação dam-se a utilização ddee cultivar es de con tr ole rrecom ecom en ecomen end cultivares contr trole resisten tes e evitar os plan ti os tar di os ddaa cultur esistentes planti tios tardi dios culturaa
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Cada planta de milho pode ser infectada apenas por espiroplasma, apenas por fitoplasma ou por ambos. No campo, em geral predominam plantas infectadas por apenas um dos dois. A cigarrinha D. maidis adquire espiroplasma, fitoplasma ou ambos, ao se alimentar em plantas de milho infectadas. Após essa aquisição, em um período de três a quatro semanas (denominado período latente) esses microrganismos multiplicamse na cigarrinha, que passa então a transmiti-los ao se alimentar em plantas de milho sadias. Quando a cigarrinha adquire ambos, a multiplicação e a transmissão de
Detalhe da cigarrinha Dalbulus maidis sobre a folha
tos do milho.
SINTOMAS NAS PLANTAS
A
mbos os tipos de enfezamentos causam encurtamento dos internódios e redução no crescimento das plantas, redução no crescimento das raízes e das espigas, ou formação de espigas improdutivas, e avermelhamento foliar. As plantas secam de forma atípica e morrem precocemente. O enfezamento pálido pode ser diferenciado pela presença de estrias esbranquiçadas que, de forma irregular, estendem-se da base das folhas em direção ao ápice. O enfezamento vermelho pode ser diferenciado pelo intenso avermelhamento foliar, associado à proliferação de espigas. Contudo, a expressão desses sintomas pode variar muito em função da cultivar de milho, das condiapenas espiroplasma, apenas fitoplasma ou de ambos, depende das condições do ambiente, em especial da temperatura predominante e da ordem de aquisição desses molicutes. As cigarrinhas migram de campos com plantas adultas doentes para campos com plântulas recém-germinadas e infectam essas plântulas com os molicutes. Nas plântulas os molicutes infectam primeiro as raízes e atingem a parte aérea após quatro ou cinco semanas. Devido a esses longos períodos necessários para multiplicação dos molicutes, tanto nas cigarrinhas, quanto nas plantas, não há ciclos secundários dos enfezamentos dentro de uma mesma lavoura de milho. Os enfezamentos são doenças de ciclo primário e as cigarrinhas infectantes que chegam nas lavouras com plântulas recém-germinadas são responsáveis pela disseminação dessas doenças na área. No Brasil, apenas o milho é hospedeiro do espiroplasma, do fitoplasma e da cigarrinha D. maidis. Assim, essas doenças são continuamente disseminadas de milho para milho.
O AGENTE DE DISSEMINAÇÃO
ções ambientais e da idade em que a planta foi infectada, sendo difícil a distinção precisa entre os dois tipos de enfezamentos, em condições de campo. Algumas cultivares não apresentam avermelhamento foliar e nem sempre as plantas com enfezamento pálido apresentam as estrias esbranquiçadas; os sintomas podem se expressar apenas pela clorose das folhas, encurtamento de internódios, redução no crescimento das plantas e das espigas, proliferação de espigas e seca precoce. Embora as plantas de milho sejam infectadas nos estádios iniciais de desenvolvimento, os sintomas manifestam-se, caracteristicamente, na fase de produção, no estádio de enchimento dos grãos. sintomas de enfezamentos, pelo teste de PCR, pode auxiliar na confirmação do diagnóstico. Para realização desse teste, são coletadas amostras na base das folhas, que necessitam ser preservadas em geladeira, para a extração de DNA, em laboratório. Contudo, a exeqüibilidade desse teste é sempre limitada a pequeno número de amostras. Além disso, podem ser obtidos resultados negativos em função da distribuição não-uniforme dos molicutes na planta de milho, e de preservação inadequada do DNA desses microrganismos. Por isso, esse teste constitui apenas uma ferramenta auxiliar para a identificação dos enfezamen-
A cigarrinha D. maidis ocorre em todas as áreas cultivadas com milho no Brasil. É um inseto pequeno (cerca de 5 mm de comprimento) de coloração amarelo-palha, facilmente visível no cartucho de plântulas de milho. Os adultos apresentam duas manchas circulares e negras na coroa. As fêmeas são maiores que os machos e fazem postura endofítica na nervura central da folha de milho. Sob condições de temperatura ambiente em torno de 250C, o tempo de uma geração, de ovo a adulto, é de 25 a 30 dias. As ninfas completam seu desenvolvimento em cerca de 17 dias e os adultos podem viver de sete a oito semanas. A cigarrinha introduz o estilete nas células do floema da planta de milho e alimenta-se da seiva. Adquire espiroplasma e fitoplasma junto com a seiva de plantas de milho infectadas, e esses molicutes multiplicam-se nos tecidos das glândulas salivares da cigarrinha. A infecção de plantas sadias ocorre quando a cigarrinha introduz o estilete nos tecidos do floema e, ao se alimentar, regurgita os molicutes. Como os molicutes se multiplicam na cigarrinha, essa passa a transmiti-los durante toda a vida. Esse tipo de transmissão denomina-se “transmissão persistentepropagativa”. Machos, fêmeas, ninfas e adultos da cigarrinha D. maidis podem transmitir espiroplasma e fitoplasma.
DANOS POR ENFEZAMENTOS Os danos por enfezamentos, em uma lavoura de milho, podem variar em função
IDENTIFICAÇÃO EM CAMPO A identificação dos enfezamentos pode ser limitada pela grande variação na expressão dos sintomas, em função da cultivar, condições do ambiente e idade em que as plantas foram infectadas. Sintomas indicativos são avermelhamento e descolorações foliares, redução na altura das plantas, redução no tamanho, freqüente proliferação de espigas e seca precoce das plantas. Algumas vezes as espigas não formam grãos. A detecção de espiroplasma e/ou de fitoplasma, em amostras de folhas das plantas com
Planta com sintomas do enfezamento vermelho
Encurtamento dos internódios, sintoma característico dos enfezamentos
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Fotos Elizabeth de Oliveira
cultivar, pelo efeito de temperaturas elevadas, que favorecem a multiplicação dos molicutes nas plantas, e por deficiências de nutrientes e água no solo.
CONTROLE
A seca das plantas também pode ser expressão característica do enfezamento
do percentual de plantas atacadas, do nível de resistência da cultivar e da idade em que as plantas foram infectadas. No caso de cultivares suscetíveis em que 100% das plantas são infectadas nos estádios iniciais de desenvolvimento, a perda na produção pode ser total. O enfezamento pálido e o enfezamento vermelho são doenças sistêmicas, que atingem todas as partes da planta de milho. Essas doenças afetam a fisiologia das plantas, reduzem a absorção de nutrientes, prejudicam a translocação de fotossintatos e, possivelmente, interferem no balanço hormonal das plantas infectadas. Em decorrência, reduzem o crescimento das raízes e da
Foto superior, espiroplasmas em célula de milho, e inferior com fitoplasmas em célula de milho fotomicrografia ao microscópio eletrônico
parte aérea, reduzem a área fotossintética e a formação e o enchimento dos grãos, podendo tornar as plantas de milho totalmente improdutivas. A severidade desses sintomas pode ser acentuada pela suscetibilidade da
Evitar os plantios tardios de milho pode permitir o escape à alta incidência dos enfezamentos. Para evitar perdas severas, recomenda-se a utilização de cultivares de milho resistentes a essas doenças e diversificar o número das cultivares plantadas. Recomenda-se também rotacionar essas cultivares, plantando sempre diferentes cultivares. Há cultivares de milho com diferentes níveis de resistência aos enfezamentos disponíveis no mercado. As plantas voluntárias de milho (tigüera) devem ser eliminadas para evitar que possam constituir fonte de inóculo de espiroplasma e de fitoplasma e favorecer a multiplicação das cigarrinhas D. maidis. Embora produtos inseticidas estejam registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para controle da cigarrinha D. maidis, sua utilização não garante o controle efetivo dos enfezamentos. C Elizabeth de Oliveira, Embrapa Milho e Sorgo C
FATORES QUE FAVORECEM A OCORRÊNCIA
S
obreposições do ciclo da cultura do milho, proporcionadas pelo plantio em várias épocas do ano, favorecem a migração das cigarrinhas D. maidis, de lavouras em fase de produção para lavouras com plântulas recémgerminadas e conseqüente disseminação dos enfezamentos. A suscetibilidade da cultivar de milho e altas temperaturas no ambiente favorecem os enfezamentos. Por isso, essas doenças têm sido detectadas, causando danos expressivos, principalmente nos plantios tardios de milho e nos plantios de safrinha.
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Os efeitos causados pelos enfezamentos geralmente resultam em espigas improdutivas
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Milho
Critério no controle A pr esença ddee plan tas ddaninhas aninhas em lavour as ddee milh o é rrespon espon sável por per das ddee presença plantas lavouras milho esponsável perd ren dim en to que pod em ch egar a m ais ddee 80%. N o Br asil, o prin cipal métod o utilizad o endim dimen ento podem chegar mais No Brasil, principal método utilizado par ar esse tipo ddee pr ejuízo é o quími co, com apr oxim ad am en te 65% ddee tod paraa barr barrar prejuízo químico, apro ximad adam amen ente todaa ár ea ocupad erbi ci das tr o ddeste este con te xto é pr eciso área ocupadaa pela cultur culturaa coberta por h herbi erbici cid as.. Den Dentr tro conte texto preciso assiva an tir efi ciên ci onômi ca e evitar que essa apli cação m estar aten to par onômica aplicação massiva atento paraa gar garan antir eficiên ciênci ciaa agr agronômi resulte em rresistên esistên ci an os ao ambi en te ambien ente esistênci ciaa e ddan anos mico deve sempre empregar herbicidas registrados no Ministério da Agricultura e Abastecimento e secretarias estaduais de Agricultura. O registro desses produtos é a garantia de que estes produtos foram avaliados tanto para sua eficácia agronômica, como também para o impacto ambiental e a toxicidade para a saúde humana.
SELETIVIDADE Os herbicidas por serem produtos que atuam nas plantas podem causar efeitos tóxicos ao milho. Herbicidas de pré-emergência como s-metolachlor e isoxaflutole podem causar fitotoxicidade elevada quando o produto entrar em contato com as sementes do milho. Sintomas de intoxicação podem aumentar se não se respeitar um período de sete dias entre a aplicação das sulfoniluréias e aplicações de produtos organofosforados. Os agricultores também devem respeitar o mesmo período para fertilizantes nitrogenados, caso contrário poderá ocorrer aumento de fitotoxicidade ao milho. Os híbridos e as variedades de milho apresentam sensibilidade diferenciada às sulfoniluréias, inclusive restrições de uso mesmo em doses reduzidas. O
agricultor deve sempre consultar a lista de híbridos e variedades recomendadas para tratamento com sulfoniluréias. Os herbicidas de pós-emergência exigem ausência de estresse nas plantas de milho para que os mesmos não causem intoxicação. Aplicações com dose do herbicida acima da recomendada podem resultar em intoxicações nas plantas de milho, podendo causar redução de produção ou mesmo ocasionar a morte da cultura.
EFICÁCIA AGRONÔMICA A ineficácia do controle das plantas daninhas pode ter como causa o preparo da calda e estender até o momento da aplicação. No preparo da calda o agricultor pode equivocarse e adicionar a água de aplicação e menor dose do herbicida, ocasionando uma concentração errada do produto que poderá levar ao controle ineficiente das plantas daninhas. A eficiência de aplicação de qualquer herbicida depende da uniformidade e da correta aplicação. A ineficácia no controle das plantas daninhas, na maioria dos casos, pode estar associada à tecnologia de aplicação, ocorrendo geralmente devido à inadequada calibraJohn Deere
U
m dos grandes entraves para a produção mundial de milho ainda é a presença de plantas daninhas que pode, em certas situações, ocasionar perdas estimadas de rendimento na ordem de mais de 80% quando nenhum método de controle é aplicado à cultura. Dentre os métodos disponíveis de controle de plantas daninhas na cultura do milho, o mais utilizado atualmente é o químico. No Brasil estima-se que os herbicidas estejam sendo usados em mais de 65% da área cultivada com milho. A alta taxa de utilização deste método permite identificar os principais problemas enfrentados pelos agricultores pela aplicação dos herbicidas, dentre eles, aqueles relacionados à aplicação, ao meio ambiente, à saúde humana e ao surgimento de plantas resistentes. Considerando ser o manejo integrado aplicado para evitar perdas devido à competição imposta pelas plantas daninhas à cultura, proteger o ambiente e a saúde humana, o agricultor quando da utilização do controle quí-
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Fotos Décio Karam
zador aplique somente as folhas baixeiras e não atinja as folhas de cima do milho, pois se isso acontecer, as plantas podem, em alguns casos, chegar até a morte. As plantas de milho, nesta modalidade de aplicação, devem estar no estádio acima de quatro pares de folhas (pós-emergência avançada), com uma altura mínima de 40 a 50 cm.
QUALIDADE DA ÁGUA Herbicidas de pós-emergência exigem ausência de estresse nas plantas para evitar intoxicações e reduções de produtividade
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solo e a absorção foliar. Nas horas quentes do dia e com baixa umidade relativa do ar (<50%), a pulverização não é recomendada. Os melhores resultados em pós-emergência precoce e inicial têm sido obtidos por produtores com pulverizações nas primeiras horas do dia, com vazão na faixa de 100 a 250 L/ha. A aplicação dirigida de herbicidas nas entrelinhas do milho tem um caráter complementar, com o objetivo principal de melhorar as condições de colheita, ajudando o controle das chamadas plantas daninhas tardias. Com o advento das aplicações seqüenciais, em que as doses dos herbicidas são diminuídas, a aplicação dirigida de herbicidas nas entrelinhas do milho torna-se cada vez mais importante, complementando a aplicação feita na préemergência ou nas fases da pós-emergência. Esses herbicidas são aplicados nas entrelinhas do milho, de tal forma que o jato do pulveriCharles Echer
gem do pulverizador ou em função de mistura de produtos sem o devido conhecimento dos efeitos sinérgicos ou antagônicos desta ação. A grande maioria das aplicações dos herbicidas tem sido realizada com tratores (sistemas hidráulicos), o que torna ainda mais importante o efeito da tecnologia de aplicação, embora algumas aplicações ainda estejam sendo feitas com pulverizador costal. A pulverização, em plantio convencional do milho, deve ser feita com o solo limpo, destorroado, após o plantio, entretanto, antes da emergência da cultura e das plantas daninhas. Para uma boa performance, o solo deve estar úmido ou, no caso de solo seco, deve haver garantia de chuva ou irrigação nas próximas 48 horas após a aplicação. Caso o produto permaneça na superfície do solo, sem a umidade para incorporá-lo a terra, as perdas pela forma de vapor e/ou pela decomposição através da luz acabarão por prejudicar a ação do herbicida. No sistema de semeadura direta, a presença de palha na superfície do solo pode afetar o comportamento dos herbicidas aplicados em pré-emergência, pois a aplicação é realizada sobre a palha, ficando os produtos expostos à radiação solar, às altas temperaturas e à adsorção nos resíduos vegetais. Muitos herbicidas, principalmente aqueles aplicados ao solo, apresentam recomendações diferenciadas de dosagem devido aos teores de argila e de matéria orgânica do solo. Isto se deve, principalmente, pela capacidade do herbicida em adsorver nessas partículas. Geralmente em solos com teores de matéria orgânica superior a 3% e solos com teores de argila inferiores a 50%, as dosagens recomendadas são maiores. Essa regra é válida para os herbicidas de pós-emergência, somente quando os mesmos apresentarem alguma ação residual. Com os herbicidas de pós-emergência para a cultura do milho, o agricultor ganhou flexibilidade de tempo para sua pulverização, que pode ser iniciada na pós-emergência precoce, atingir a pós-emergência inicial e terminar na pós-emergência tardia. Nessas condições a pulverização deve ser feita em dia não chuvoso para o produto não ser arrastado, embora a umidade seja fundamental para a ativação no
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Em aplicações em pós-emergência, a adesão dos herbicidas nas partículas do solo é um fator importante para a disponibilidade do mesmo e para a sua absorção pelas folhas das plantas. Neste caso, a utilização de água com impurezas de partículas de argila ou matéria orgânica pode indisponibilizar o herbicida e reduzir sua absorção pelas plantas. Outros fatores a serem considerados na água de aplicação são: o teor de cálcio (Ca) e o pH da água. Para a maioria dos herbicidas o pH da água deve estar entre 3 e 5,5 para uma maior eficiência de absorção pelas plantas, evitando-se portanto, água com altos teores de cálcio.
UMIDADE DO SOLO A umidade do solo é um dos fatores a serem observados na aplicação dos herbicidas. Para os aplicados em pré-emergência, a umidade do solo é importante porque está associada com a disponibilidade de água (solução do solo) na qual o produto ficará disponível para absorção pelas plantas. Em condições de
SAÚDE HUMANA
baixa umidade do solo, a eficácia dos herbicidas de pré-emergência será diminuída. A umidade do solo contribui também para a redução do estresse hídrico ativando o crescimento e desenvolvimento das plantas e assim, tornando-as mais propícias aos efeitos deletérios dos herbicidas. Nas aplicações em pós-emergência, as plantas daninhas não devem estar em condições de estresse hídrico para que haja uma melhor absorção e translocação dos herbicidas.
TEMPERATURA DO AR Altas temperaturas no ambiente normalmente aumentam a eficiência dos herbicidas no controle de plantas daninhas tornando esses mais fitotóxicos às plantas do milho. Entretanto, altas temperaturas no momento da aplicação dos herbicidas promovem um aumento da possibilidade de volatilização dos produtos químicos, bem como a possibilidade do produto secar muito rápido, não permitindo a absorção completa pelas plantas. Temperaturas excessivamente altas ou baixas podem interferir no crescimento e desenvolvimento das plantas através do seu metabolismo, reduzindo a absorção dos herbicidas pelas mesmas. Normalmente a aplicação de herbicidas deve ser realizada com temperaturas do ar entre 12°C e 35°C podendo, para alguns casos, variar esse intervalo.
UMIDADE RELATIVA DO AR Altas umidades relativas do ar geralmente diminuem o estresse hídrico das plantas, atrasam a secagem do produto aplicado e favorecem a abertura dos estômatos das células vegetais, aumentando a penetração dos herbicidas nas plantas. Portanto, aplicações de herbicidas não devem ser realizadas com umidades relativas do ar inferiores a 50%. Plantas que crescem em condições de baixa umidade relativa, geralmente apresentam cutícula mais espessa tornando-as menos propícias à absorção dos herbicidas.
M
Aplicação de herbicidas em altas temperaturas também pode causar fitotoxidez às plantas
RESISTÊNCIA A utilização freqüente ou em seqüência de herbicidas de mesmo modo de ação tem ocasionado o surgimento de plantas daninhas resistentes, dificultando e aumentando o custo do controle das mesmas. Mundialmente, 315 biótipos resistentes de plantas daninhas já foram relatados sendo estes pertencentes a 183 espécies. Em 2007, o maior número de plantas daninhas resistentes registradas era para os herbicidas da família das sulfoniluréias e das triazinas. O desenvolvimento de plantas daninhas resistentes depende de fatores como adaptabilidade ecológica, capacidade de se proliferar, longevidade e dormência das sementes da espécie ou do biótipo sob seleção, freqüência de utilização de herbicidas com mesmo mecanismo de ação e a sua persistência no solo, bem como a eficácia do herbicida e os métodos adicionais empregados no controle das plantas daninhas. Quando uma população de plantas daninhas resistentes se estabelece em determinada área, a eficácia do controle através da utilização de herbicidas diminui. Para prevenir ou retardar o aparecimento de plantas resistentes a herbicidas recomenda-se: a) rotação de culturas; b) manejo adequado dos herbicidas; c) prevenção da disseminação de sementes através do uso de equipamentos limpos; d)
Figura – Número de plantas daninhas resistentes aos herbicidas conforme modo de ação (adaptado de http://www.weedscience.org)
uitas vezes o manuseio direto de produtos herbicidas altamente tóxicos, sem a devida proteção individual, pode levar o manipulador a sofrer um processo de intoxicação aguda de conseqüência imediata que pode levar à morte. Intoxicações crônicas também podem ocorrer em função do manuseio direto ou indireto de herbicidas de baixa toxicidade aguda por tempo prolongado. limpeza dos equipamentos através de bombas de água ou ar comprimido para remoção das sementes; e) monitoramento da evolução inicial da resistência e f) o controle das plantas daninhas suspeitas de resistência antes que as mesmas produzam sementes.
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL Os herbicidas, assim como qualquer composto químico, se usados inadequadamente podem causar sérios prejuízos ao ambiente.
RESÍDUO É muito importante conhecer a persistência média dos herbicidas no solo utilizados nas culturas antecessoras, uma vez que o acúmulo desses no solo pode tornar um problema aos agricultores que cultivam culturas de sucessão. O uso de fomesafem em feijão e diclosulan na soja por agricultores que empregam o sistema de cultivo de sucessão tem causado intoxicação ao milho cultivado após essas culturas. Aplicações de herbicidas realizadas em condições climáticas desfavoráveis têm o risco do produto não atingir o alvo na dose eficaz de controle, assim como atingir locais indesejáveis, causando danos à saúde das pessoas e ao meio ambiente. O vento pode no momento da aplicação ocasionar deriva dos herbicidas, diminuindo a quantidade desejada e/ou carregando o produto para áreas vizinhas. Ventos fortes aumentam os problemas de fitotoxicidade e ineficácia em função de derivas que podem ocorrer. Uma das maneiras de minimizar o efeito do vento na aplicação é a utilização de bicos de pulverização apropriados a essas condições mais adversas. Em alguns casos, o agricultor poderá reduzir a altura de aplicação, desde que os bicos de pulverização sejam apropriados para este tipo de técnica. Quanto mais alta a posição da barra de pulverização maior será a C possibilidade de deriva. Décio Karam e Maurílio Fernandes Oliveira, Embrapa Milho e Sorgo
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Soja
Sintoma mascarado Regiões ddee solos com baix dad ani cos o o Cerr ad o baixaa fertili fertilid adee e sujeitos a ver verani anicos cos,, com como Cerrad ado cipal alvo ddo o ataque ddee n em atói des par asitas br asileir o, são o prin asitas.. brasileir asileiro, principal nem ematói atóid parasitas Am ar elecim en to, rred ed ução ddee cr escim en to, qued es e vag en Amar arelecim elecimen ento, edução crescim escimen ento, quedaa ddee flor flores vagen enss, baix baixaa pr od ução e até m orte ddee plan tas são os sin tom as m ais com un te prod odução morte plantas sintom tomas mais comun unss e bastan bastante ose segur xi ge a análise ddee ci er al. A di agn dos com ddefi efi ciên confun di seguraa eexi xig eral. diagn agnose eficiên ciênci ciaa min miner confundi did o e com o a dissemin ação é len ta são aízes em labor atóri solo e ddee rraízes laboratóri atório como disseminação lenta ea o após a con tamin ação ddaa ár as m edi das pr even tivas ou log en dad recom contamin taminação área preven eventivas logo end adas medi edid ecomen Dirceu Gassen
O
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mentando seu tamanho na lavoura ao longo do tempo. É comum confundir tais sintomas com a deficiência de alguns elementos minerais, tais como o manganês (Mn). A presença de camada compactada de solo, excesso ou falta de calagem e períodos de déficit hídrico
agravam os sintomas. A diagnose segura exige a análise, em laboratório, de amostra de solo e de raízes. Em raízes, mesmo no campo podem ser realizados diagnósticos prévios, observando-se galhas, cistos e lesões. Nas áreas onde ocorrem nematóides
Fotos Mauro Jr. N. da Costa
s nematóides parasitas de plantas estão apresentando nos dias atuais infestações muito altas em várias lavouras, principalmente aquelas localizadas no Cerrado brasileiro, região onde geralmente ocorrem solos deficitários em fertilidade e sujeitos a veranicos. Estes nematóides são vermes que demoram algumas safras para se disseminar dentro da lavoura, mas se tomadas medidas preventivas ou no máximo, logo após a contaminação da área, certamente prejuízos poderão ser minimizados. Estes organismos se alimentam das raízes das plantas, tornando-as debilitadas (podres, ocas). Assim, as plantas ficam sensíveis a estresses causados por deficiência de água e nutrientes. Os sintomas provocados pelo ataque de diferentes tipos de nematóides geralmente são comuns, como amarelecimento, redução de crescimento, queda de flores e vagens, baixa produção e até a morte de plantas. Quando o nível populacional é alto e a variedade muito sensível, ocorre raleamento da lavoura e formação de reboleiras, que vão au-
Os sintomas vão desde amarelecimento, redução de crescimento, queda de flores e vagens e morte de plantas
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Os principais nematóides causadores de perdas no Brasil são os formadores de galhas, lesões e cistos, conforme seqüência das fotos acima
das galhas (Meloidogyne spp.), observam-se manchas em reboleiras nas lavouras, onde as plantas ficam pequenas e amareladas. As folhas das plantas afetadas normalmente apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras, caracterizando a folha carijó. Às vezes, pode não ocorrer redução no tamanho das plantas, mas no florescimento nota-se intenso abortamento de flores e vagens e amadurecimento prematuro das plantas atacadas. Em anos em que acontecem veranicos, na fase de enchimento de grãos, os danos tendem a ser maiores. Nas raízes das plantas atacadas observam-se galhas em números e tamanhos variados, dependendo da suscetibilidade da cultivar e da densidade populacional do nematóide. A temperatura ótima para o desenvolvimento dos nematóides das galhas oscila entre 15 e 30ºC. De modo geral, o ciclo se completa em 25 dias sob temperatura de 27ºC. Fêmeas adultas de Meloidogyne são localizadas facilmente no interior de raízes de soja parasitadas. O primeiro sintoma de ataque dos nematóides dos cistos (Heterodera glycines) é a presença de plantas menos vigorosas, amareladas e raquíticas. Além disso, as fileiras de soja em lavouras infestadas freqüentemente demoram a fechar as entrelinhas. As plantas que crescem em solos altamente infestados podem permanecer raquíticas durante todo o período de crescimento. Estes sintomas podem ser confundidos por danos devido à compactação do solo, por deficiências nutricionais, por estresse hídrico, por fitotoxicidade causada por herbicidas ou por outras doenças. A presença de cistos e de fêmeas adultas nas raízes da soja comprova o problema. As fêmeas e os cistos aparecem com a forma de limão, de cor branca a amarela, chegando à bronzeada quando maduros. Freqüentemente, as perdas de pro-
dutividade devido ao nematóide de cisto da soja não são percebidas durante os primeiros anos, devido à ausência de sintomas na parte aérea, ou porque os sintomas foram atribuídos a algum outro problema da produção. Existe grande variabilidade em populações de Heterodera glycines, apresentando várias raças, o que dificulta a obtenção de variedades resistentes. No Brasil, já foram identificadas 11 raças dos nematóides dos cistos (1, 2, 3, 4, 4+, 5, 6, 9, 10, 14, 14 +), sendo a raça 3 a mais comum. Todas estas raças foram encontradas no Mato Grosso, estado com o maior número de raças identificadas no Brasil. Dentro de cada cisto pode haver centenas de ovos viáveis, até que surja a me-
CULTIVARES DE MILHO COM RESISTÊNCIA A MELOIDOGYNE JAVANICA
H
atã 1001, AG 519, AG 612, AG 5016, AG 3010, AG 6018, AG 5011, AG X6690, BR 3123, C 606, C 491W, C 855, C 929, C 806, C 505, C 447, C 125, C 747, C 901, C 956, Tork, Master, Exceler, Traktor, Premium, Avant, Dominium, Flash, P X1297J, P 30F33, P 30F35, P 30K73, P 30F80, P 30F90, P X1297H, P 32R21, P 3027, P 3081, P 3071, XL 357, XL 215, XL 255, XL 355, XL 221, XL 344, CD 3121, A 2288, A 2555, P 30F88, BRS 2114, BRS 2160, AG 9090, AG 9020, NB 5218, NB 7228, 84E60 e 84E80 (Embrapa Soja e Fesurv, 2005). Quando Meloidogyne incognita for a espécie predominante na área, poderá ser semeado o amendoim ou milho resistente (P 30F80, P 30K73, BRS 2114, P 30F90 e AG 9090).
lhor condição para que os ovos possam eclodir, iniciando-se um novo ciclo. Os ovos podem permanecer viáveis dentro dos cistos por mais de oito anos. Assim, torna-se quase impossível eliminar o nematóide nas áreas onde ele ocorre. A soja é o principal hospedeiro de cisto. Algumas outras espécies de plantas podem, também, multiplicar esse nematóide, destacando-se o feijão, a fava, o caupi, o tremoço e a ervilha. Além da sintomatologia geral, já descrita para nematóides, observa-se nas raízes de soja a presença de áreas necrosadas. Isto se deve ao ataque de nematóide das lesões (Pratylenchus brachyurus) às células do parênquima cortical, onde o nematóide injeta toxinas durante o processo de alimentação. Sua movimentação na raiz também desorganiza e destrói células. As raízes parasitadas são então invadidas por fungos e bactérias, resultando em lesões necróticas. As raízes tornam-se enfraquecidas e a absorção de água e nutrientes muito comprometida. Assim, tem-se um sistema radicular fraco, conhecido como
CULTIVARES DE SOJA COM RESISTÊNCIA A MELOIDOGYNE JAVANICA
B
RS Celeste, BRS Pétala, BRS Raimunda, BRS 211, BRSGO 204 (Goiânia), BRSGO Luziânia, BRSMG Garantia, CD 201, CD 203, CD 208, MG/BR 46 (Conquista) e TMG 103 RR, dentre outras. Já para Meloidogyne incognita, indicam-se como resistentes, BRS Raimunda, BRS 211, BRSGO 204 (Goiânia), BRS 213, BRSGO Caiapônia, BRSGO Paraíso, BRSMG Garantia, BRSMG Liderança, CD 201, CD 203, CD 208, CD 217, FMT Matrinxã, MG/BR 46 (Conquista) e TMG 103 RR, dentre outras. Para nematóides dos cistos, recomendam-se as cultivares P98 N 71 (raças 1, 3 e 5), P98 N 82 (raças 1 e 3), BRS Jiripoca (raças 1 e 3), BRS Piraíba (raças 1 e 3), BRS GO Chapadões (raças 1, 3, 4, 5 e 14) 3), BRS GO Ipameri (raças 3 e 14), BRS MG 250 (Nobreza) (raças 1 e 3), BRS MG 251 (Robusta) (raça 3), BRS MG Liderança (raça 3), BRS MT Pintado (raças 1 e 3), CD 217 (raça 3) (Embrapa, 2006).
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Fotos Mauro Jr. N. da Costa
Detalhe de Meloidogyne incognita dentro da raiz: A) juvenil do segundo estádio (J2) após a penetração na raiz B) fêmeas se alimentando das células gigantes
cabeleira. Além da soja, o Pratylenchus brachyurus pode parasitar o milho, o algodão, o sorgo entre outros. O sucesso da identificação depende de uma amostragem criteriosa e bem representativa da área. A identificação precisa depende, primeiramente, da boa qualidade das amostras de solo e raízes que são enviadas. Portanto, essas amostras devem merecer especial atenção, devendo ser coletadas corretamente, e enviadas para exame e extração no laboratório o mais breve possível. Recomenda-se, segundo critérios utilizados na Fundação Rio Verde, em Lucas do Rio Verde, Mato Grosso, na coleta de amostras e envio ao laboratório, caminhar em ziguezague nas reboleiras que apresentem fortes sintomas, bem como aquelas com sintomas médios e as áreas sem sintomas, e coletando as amostras de solo. Estas amostras devem ser colocadas num balde e deste retirar uma amostra composta, de 500 gramas de solo. Raízes de plantas cultivadas e daninhas devem também ser coletadas e colocadas junto ao solo para posterior análise pelo laboratorista. Deve-se também embalar em sacos plásticos, fechados para evitar perda de umidade, e devidamente identificados (local, data de coleta, proprietário, cultura e outros dados que julgar necessário) e enviar as amostras ao laboratório, tomando-se o cuidado para não deixar expostas ao sol ou local onde possam se aquecer. Se precisar, pode-se armazenar por algum tempo na parte de baixo de uma geladeira comum. Quando a amostra a ser enviada levar alguns dias para chegar ao laboratório, é interessante que esta seja enviada dentro de caixa de isopor. No laboratório, serão analisados os sintomas nas folhas e nas raízes quando com presença de plantas, bem como serão retiradas amostras de solo e raízes para a extração dos nematóides e posterior avaliação do agente causal da doença. O produtor deverá, inicialmente,
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identificar a espécie, e no caso de nematóide dos cistos, a identificação da raça é também muito importante. A partir deste diagnóstico é que poderá ser avaliado um programa de manejo. Decisões a respeito de medidas de controle exigem abrangência de conhecimento do produtor rural e na análise de determinada plantação, deve-se considerar todas as possíveis causas e fatores limitantes à produtividade da cultura. Em culturas de ciclo curto como a soja, todas as medidas de controle devem ser executadas antes da semeadura. Ao constatar que uma lavoura está atacada, o produtor nada poderá fazer naquela safra. Todas as observações e todos os cuidados deverão estar voltados para os próximos cultivos na área. O primeiro passo é a identificação correta da espécie do nematóide predominante na área e no caso de se constatar a presença de cistos, deve-se identificar a raça também. A partir do conhecimento da espécie é que se poderá montar um programa de manejo. O controle dos nematóides das galhas pode ser obtido com a rotação de culturas e adubação verde, com espéci-
es não- hospedeiras. De acordo com a Embrapa Soja, em áreas infestadas por Meloidogyne javanica, indica-se a rotação da soja com amendoim, algodão, sorgo resistente (AG 2005-E, AG 2501C), mamona ou milho resistente. A utilização de cultivares resistentes aos nematóides das galhas é um meio muito eficiente para o agricultor (veja nos Boxes da página 21). A adubação verde com Crotalaria spectabilis, Crotalaria grantiana, Crotalaria mucronata, Crotalaria paulinea, mucuna preta, mucuna cinza ou nabo forrageiro também contribui para a redução populacional de Meloidogyne incognita e de Meloidogyne javanica. Os nematóides das galhas se reproduzem bem na maioria das plantas invasoras. Assim, indica-se também o controle sistemático dessas plantas nos focos do nematóide. As perdas provocadas pelo nematóide dos cistos podem ser amenizadas não cultivando a soja suscetível ano após ano, evitando-se que a população aumente muito e seguir um programa de rotação, no qual se utilize no primeiro ano uma espécie não-hospedeira, no segundo ano, soja suscetível, no ano 3, soja resistente e no ano 4, uma espécie de cultura não-hospedeira. A adoção do plantio direto, com o objetivo de evitar a disseminação rápida do nematóide na propriedade, e para aumentar a degradação natural dos ovos do nematóide por inimigos naturais, deve ser priorizada. Embora o uso de variedades resistentes seja a estratégia mais eficaz de manejo para o nematóide de cisto da soja, as mesmas variedades resistentes
Amostragem de solo deve ser abrangente e não exposta ao sol para que os nematóides sejam preservados até a extração em laboratório
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Figura 1 - Aumento de população de nematóides das lesões no sistema de produção agrícola em sucessão
DISSEMINAÇÃO DOS NEMATÓIDES
A
nunca devem ser plantadas ano após ano. Se estas forem plantadas por diversos anos em uma mesma área, eventualmente uma população (ou raça) do nematóide de cisto da soja pode tornarse capaz de se reproduzir nas variedades resistentes (quebrando a resistência). O correto é alternar o uso de variedades de soja com fontes diferentes de resistência ao nematóide. Um esquema de rotação de culturas e de cultivares de pelo menos cinco anos é recomendado, utilizando-se variedades resistentes, culturas não-hospedeiras e variedades suscetíveis. Até o momento, segundo trabalhos preliminares, as cultivares de soja P 98C11, P 98C81 e DM 309 são apontadas como resistentes aos nematóides das lesões por apresentarem fator de reprodução menor que 1. A rotação de culturas pode ser eficiente na redução da densidade populacional desse nematóide. Entretanto, como o mesmo é polífago, o planejamento da rotação deve ser cuidadoso. Também com dados pre-
liminares, a cultivar de milho P 30K75 tem sido apontada como material resistente a esse nematóide. As gramíneas, de modo geral, são boas hospedeiras de Pratylenchus brachyurus. A opção de controle mais recomendada é a semeadura das áreas infestadas com espécies de crotalária, especialmente, Crotalaria spectabilis e Crotalaria juncea, comumente utilizadas como adubos verdes e, sabidamente, más hospedeiras deste nematóide. Nos últimos anos, o plantio de crotalária ganhou respaldo de produtores preocupados com a expansão das áreas infestadas, resultando em reduções de até 50% da população de nematóides das galhas e lesões (dados obtidos pela Fundação Rio Verde), o que proporcionou sustentabilidade no contexto do manejo integrado de nematóides. Em um trabalho conduzido recentemente foram estabelecidas diferentes coberturas de solo, em uma área infestada pelo nematóide das galhas (Meloidogyne incognita) e após, conduzido algodão.
O plantio de crotalária em áreas infestadas de nematóides tem reduzido a população do parasita das galhas e lesões
disseminação de nematóides entre propriedades é um grande problema pois existe grande movimentação de máquinas e equipamentos, que geralmente levam torrões e restos de cultura contaminados, além de redemoinhos de vento e enxurradas. A formação de uma palhada ou de um sistema de plantio direto verdadeiro, que permita formação de um perfil com matéria orgânica, é uma das melhores medidas de controle e de evitar a disseminação. Sabe-se que através da decomposição de matéria orgânica ocorre a liberação de substâncias com efeito nematicida ou nematostático, diminuindo o aumento da população, além disso, propicia um arranque inicial de desenvolvimento das plantas, condição essencial para ocorrer escape inicial ou uma maior tolerância para pragas e doenças em geral. Observaram-se aumentos e reduções de ovos de nematóides, dependendo do tipo de cobertura de solo, além de efeito em peso de raízes de plantas de algodão. A dinâmica populacional antes e após o plantio de algodão mostrou que a utilização de crotalária ajudou a reduzir a população, como também foram obtidas reduções com a utilização de pousio e subsolagem, embora seja uma prática que o produtor não seja receptivo dentro do programa de plantio direto. Existem nematicidas que são recomendados para o controle dos nematóides, os quais freqüentemente proporcionam controle muito relacionado com o tipo de cultura. Quando aplicados no plantio, o efeito dos nematicidas pode durar o suficiente para fornecer um benefício econômico com relação à produtividade. O desempenho do nematicida dependerá das condições do solo, das temperaturas e da quantidade de chuvas. Antes da escolha de nematicidas, deve-se analisar a relação custo/benefício, sendo geralmente utilizados pacotes tecnológicos específicos. C Mauro Júnior N. da Costa, Fundação Rio Verde
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Soja
Menos hostil?
O fun go ddaa ferrug em asiáti ca tem se m ostr ad om ais br an do, n ai ori as rregiões egiões fung ferrugem asiática mostr ostrad ado mais bran and naa m mai aiori oriaa ddas pr od utor as ddo o Br asil, qu an do compar ad o com as safr as an teri or es ato é atribuíd o, prod odutor utoras Brasil, quan and comparad ado safras anteri terior ores es.. O ffato atribuído, prin cipalm en te dições ambi en tais e ao vazi o sanitári o ad otad on os m eses ddee principalm cipalmen ente te,, às con condições ambien entais vazio sanitário adotad otado nos meses invern o. Ambos con tribuír am par etar dar o apar ecim en to ddee ffocos ocos e dimin uir a inverno. contribuír tribuíram paraa rretar etard aparecim ecimen ento diminuir ur ecoce já com eçam a oença n o iníci o ddaa safr a. Lavour as com sem ead pr essão ddaa ddoença Lavouras semead eadur uraa pr precoce começam pressão no início safra. ci das da persista o ecessi dad cações ddee fun gi ser colhi das fungi gici cid as,, embor emboraa ain aind as,, sem a n necessi ecessid adee ddee apli aplicações colhid as em plan ti os m ais tar di os risco ddee epi demi dios epid emias planti tios mais tardi
A
chyrhizi) tenha mudado e ficado mais “fraco”, mas sim que a condição ambiental não tem sido tão favorável ao desenvolvimento da doença. Aliado a isso, a medida de vazio sanitário (período de proibição de cultivo) para a soja nos meses de inverno, adotada pelos estados do Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Maranhão e, mais recentemente, Paraná, parece estar causando o efeito desejado de retardar o aparecimento das primeiras ocorrências e diminuir a pressão da doença no início da safra. Tam-
Flávio R. Gassen
safra 2007/2008 de soja no Brasil já começa a ser colhida nas regiões de semeadura mais precoce de alguns estados e promete bater recordes de produção, caso o clima permaneça favorável até seu encerramento. Colaborando com esse cenário otimista, a ferrugem asiática vem mostrando um comportamento menos agressivo até agora na maioria das regiões, se comparada com as duas últimas safras. Isso não significa que o fungo causador da doença (Phakopsora pa-
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bém, os técnicos e agricultores, junto com as cooperativas, fundações, universidades, empresas de insumos e pesquisa, a cada ano que passa, tem se preparado melhor para identificar e manejar a doença, embora muita coisa possa ainda melhorar.
CLIMA: O PRINCIPAL FATOR Como sempre na agricultura, “São Pedro” é quem acaba exercendo a maior influência sobre a produção através das precipitações pluviométricas. Com
Rafael M. Soares
O monitoramento das lavouras, aliado às condições climáticas, permite o uso racional de fungicidas
a ferrugem da soja não é diferente, pois ela precisa de um período de molhamento foliar de pelo menos seis horas (o ideal é de 12 a 14 horas) para os esporos que se depositarem sobre as folhas germinarem e o fungo penetrar a epiderme, começando a colonização dos tecidos da folha. As temperaturas ideais para o desenvolvimento ficam entre 18°C e 26°C. As altas temperaturas e a estiagem que predominaram entre agosto e outubro, atingiram estados no CentroOeste, Sudeste e Sul do Brasil. Como conseqüência, houve pouca condição de sobrevivência de plantas voluntárias ou “guaxas” de soja, bem como de infecção de ferrugem em prováveis hospedeiros alternativos. A estiagem também provocou um atraso na semeadura dos cultivos mais precoces e, como a doença precisa da planta viva para se desenvolver, esse atraso causou uma demora para que o fungo encontrasse plantas de soja desenvolvidas para infectar. A comparação dos números do Sistema de Alerta, abastecido com informações dos participantes do Consórcio Antiferrugem, entre as safras 2006/2007 e 2007/ 2008, até a data de 20 de janeiro, comprovam o atraso na infecção e o menor número de ocorrências (Tabela 1). Na safra passada, a primeira ocorrência registrada aconteceu em 10 de novembro de 2006 no Mato Grosso e havia um total de 934 ocorrências registradas no Brasil até 20 de janeiro de 2007. Na atual safra, a primeira ocorrência foi registrada em 3 de dezembro 2007 no Mato Grosso do Sul e havia 368 ocor-
rências no Brasil até 20 de janeiro de 2008. Estados com considerável área cultivada com soja como São Paulo, Minas Gerais e Bahia, ainda não registraram oficialmente a presença da doença nesta safra. Segundo o site do CPTEC/INPE, o fenômeno La Niña atingiu intensidade moderada sobre o Oceano Pacífico equatorial e a ocorrência de chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas, em grande parte dos setores central e Leste do Brasil persistiu durante novembro de 2007. A previsão climática para o tri-
mestre janeiro, fevereiro e março de 2008 mostra-se variável nas diferentes regiões. Na região Nordeste, a Bahia deve ter chuvas abaixo do normal e temperaturas acima da normal; na região Sudeste, Centro-Oeste e no norte do Paraná, as chuvas e temperaturas devem ficar próximas do normal na maior parte da região; na região Sul as chuvas devem ficar abaixo do normal e as temperaturas próximas do normal. Com isso, nos locais onde a previsão é de chuvas abaixo do normal, as condições para o desenvolvimento da ferrugem devem ser menos favoráveis. Isso não significa que epidemias severas não possam ocorrer nestes locais pois, depois de instalada na lavoura, apenas o molhamento noturno das folhas com orvalho pode ser suficiente para a doença progredir. O monitoramento das lavouras aliado às observações climáticas, pode permitir um uso mais racional dos fungicidas, evitando aplicações excessivamente preventivas onde o efeito residual dos produtos acaba antes mesmo da doença chegar na lavoura.
APLICAÇÕES DE FUNGICIDAS A menor incidência da ferrugem até o momento poderia proporcionar, na teoria, um monitoramento mais efetivo das lavouras para que aplicações desnecessárias de fungicida não fossem feitas nos cultivos precoces. No Paraná esse monitoramento está acontecendo em algumas regiões, principalmente em
Figura 1 - Área com kudzu infectado com ferrugem da soja na províncea de Missiones, Argentina, em 26 de novembro de 2007
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Tabela 1 - Comparativo entre safras de soja - primeira ocorrência e número de ocorrências de ferrugem até 20 de janeiro Estados
1ª ocorrência número de ocorrências 1ª ocorrência número de ocorrências 1ª ocorrência número de ocorrências 1ª ocorrência número de ocorrências 1ª ocorrência número de ocorrências 1ª ocorrência número de ocorrências 1ª ocorrência número de ocorrências 1ª ocorrência número de ocorrências 1ª ocorrência número de ocorrências 1ª ocorrência número de ocorrências
Período até 20 de janeiro 2006/2007 2007/2008 MS 16/11 03/12 220 189 PR 14/11 06/12 465 135 MT 10/11 11/12 17 13 GO 18/11 28/12 46 18 RS 10/12 27/12 26 11 TO 16/01 15/01 5 1 MA 02/01 11/01 24 1 BA 22/12 81 0 SP 21/11 29 0 MG 21/12 10 0
Fonte: Sistema de Alerta (Embrapa Soja/Consórcio Antiferrugem)
lavouras assistidas por técnicos da Emater e, em locais onde a ocorrência de chuva foi menor, alguns cultivos precoces começaram a ser colhidos sem aplicação de fungicida ou no máximo com uma aplicação. Já nas cultivares de ciclos mais longos, semeadas mais tardiamente, a situação deve ser diferente pois, com a ampla disseminação da ferrugem e o clima favorável, aplicações a partir do florescimento deverão ser necessárias. No Mato Grosso, onde as áreas maiores, que dificultam o monitoramento, e existe o histórico de fortes ocorrências de ferrugem, os agricultores começaram as aplicações no florescimento da cultura, mesmo nos materiais mais precoces. Algumas lavouras estão na segunda aplicação sem ainda ter sido detectada ferrugem na região, ou seja, provavelmente a primeira aplicação foi desnecessária. Os técnicos e agricultores têm optado pela aplicação no florescimento, diante da dificuldade de prever o comportamento do fungo e do risco
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de prejuízo que a doença oferece. Também colaborou com isso a queda no custo de aplicação, acompanhada pela alta do preço da saca de soja. Mas o ponto mais negativo de aplicações desnecessárias, freqüentemente negligenciado pela classe agrícola e de difícil mensuração, é o risco toxicológico do produto químico, tanto para o ser humano que aplica ou vive próximo ao ambiente afetado, como para a fauna composta de inimigos naturais de outras pragas, animais silvestres, entre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS De forma geral, a situação das lavouras em relação à ferrugem é bastante animadora, embora até o final da safra ainda haja tempo suficiente para que
epidemias ocorram, caso haja descuido por parte do agricultor. Nas duas últimas safras, mesmo com o “custo ferrugem” permanecendo alto, a maior parte do custo se deveu às medidas de controle, sendo que as perdas na produção vêm caindo progressivamente. Isso indica que o Brasil vem progredindo na capacidade de combater a doença. A rotina anual da prática do vazio sanitário, o ajuste de técnicas de manejo pela pesquisa e o lançamento de variedades resistentes, aliados a técnicos preparados para identificar e manejar a doença, são fatores essenciais para avançar C no combate à ferrugem asiática. Rafael Moreira Soares, Embrapa Soja
O “EFEITO” VAZIO SANITÁRIO
N
o ano de 2006 os estados do Mato Grosso, Goiás e Tocantins instituíram o vazio sanitário, período de ausência total de plantas vivas, no caso, a cultura da soja, durante determinado período. Com isso, o fungo causador da ferrugem, por ser um organismo biotrófico, ou seja, necessita de um hospedeiro vivo para sobreviver, não encontra seu hospedeiro preferencial durante um período suficiente para reduzir drasticamente a sua população. A indicação da eficiência do vazio sanitário na safra 2006/2007 nos estados que o adotaram, levaram à adoção de medida semelhante nos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Maranhão e Minas Gerais, no ano de 2007. O estado do Paraná passa a adotar o vazio sanitário a partir de 2008, entre o período de 15 de junho a 15 de setembro. Embora a área de safrinha seja considerada insignificante no Paraná (1% da produção total na última safra), a regulamentação da medida é importante para que o agricultor esteja atento aos cuidados e às medidas que deve tomar para não causar situações de risco que favoreçam a ferrugem. Por isso, até no Rio Grande do Sul seria importante a regulamentação de um vazio sanitário para soja, pois mesmo com o inverno mais rigoroso que de outros estados, pode-se encontrar plantas voluntárias de soja em meio às lavouras de inverno, sendo que três ocorrências de ferrugem no Rio Grande do Sul relatadas neste ano no site do Consórcio Antiferrugem foram nesse tipo de planta. Assim como na safra passada, o vazio
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sanitário parece estar ajudando a retardar a ocorrência e diminuir a pressão da doença nas lavouras. Com a adoção da medida por mais estados os benefícios poderão ser maiores para todos, pois a ferrugem é disseminada pelo vento e os esporos do fungo podem viajar rapidamente a longas distâncias, não respeitando divisas nem fronteiras. Por isso, é preocupante a situação dos países vizinhos Bolívia, Paraguai e Argentina onde não ocorre o vazio sanitário, havendo o risco de correntes de vento que freqüentemente sopram do Pacífico e sul da América da Sul, trazerem esporos para o Brasil. Na Bolívia são feitas, pelo menos, duas safras por ano (verão e inverno), onde ocorrem fortes epidemias de ferrugem asiática, encontrando-se fontes de inóculo praticamente o ano inteiro. No Paraguai, além da existência de áreas com o kudzu, que é uma planta hospedeira da ferrugem da soja e se estabelece de forma perene no campo, também são realizadas semeaduras nos meses de agosto e setembro que freqüentemente são infectadas precocemente pela ferrugem. Na Argentina, país que embora ainda não tenha registrado fortes epidemias de ferrugem na soja, também possui áreas com kudzu fortemente infectado. Recentemente uma destas áreas foi identificada na Província de Missiones, no norte da Argentina, em local relativamente perto das cidades do Rio Grande do Sul que registraram as primeiras ocorrências de ferrugem nesta safra no estado (Figura 1).
Café
Quase oculta Fotos Rodrigo Souza Santos
Registr ad ova Registrad adaa um umaa n nova garr espéci espéciee ddee ci cigarr garraa infestan te ddo o cafeeir o. infestante cafeeiro. Trata-se ddaa iid den tifi cação entifi tificação de Fi Fidi dicin cinoi oid paulien ensis di cin oi des pauli en sis, en con tr ad apir atiba encon contr trad adaa em TTapir apiratiba (SP). Os danos das ci garr as eir cigarr garras as,, à prim primeir eiraa vista, não são detectados na lavour a, ddevi evi do ao in seto lavoura, evid inseto passar a maior parte da o solo, da en terr ad on su terrad ado no suaa vi vid enterr on de as ninf as sugam a ond ninfas seiva ddas as rraízes aízes ddas as plan tas ddur ur an te a m ai or plantas uran ante mai aior parte do seu ciclo de vida
C
omo qualquer tipo de cultura, o cafeeiro está sujeito ao ataque de diversas espécies de pragas que, dependendo das condições ecológicas favoráveis à sua proliferação, podem alcançar níveis de infestação elevados, afetando a cultura em proporções econômicas significativas. As principais espécies de cigarras que atualmente infestam os cafeeiros são: Quesada gigas (Olivier, 1790), Q. sodalis (Waker, 1850), Fidicina mannifera (Fabricius, 1803), F. pullata (Berg, 1879), Fidicinoides pronoe (Walker, 1850), Dorisiana drewseni (Stal, 1854), D. viridis (Oli-
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vier, 1790), Carineta fasciculata (Germar, 1821), C. matura (Distant, 1892) e C. spoliata (Walker, 1858). Estudando-se coleções entomológicas de cicadídeos do Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV/Unesp), foi constatado um novo registro de cigarra associada ao cafeeiro, a espécie Fidicinoides pauliensis Boulard & Martinelli (Hemiptera: Cicadidae), 1996, coletada no município de Tapiratiba (SP). Os exemplares da espécie examinados foram comparados com seus respectivos holótipos e parátipos e
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depositados na coleção entomológica do Departamento de Fitossanidade da FCAV/ Unesp, Jaboticabal (SP). Trata-se da primeira referência desta espécie associada ao cafeeiro e a segunda espécie do gênero Fidicinoides nesta cultura. As cigarras são relatadas como uma das mais importantes pragas-chave desta cultura, causando definhamento progressivo dos cafeeiros, folhas cloróticas, queda prematura de folhas, “envaretamento” e, principalmente, decréscimo acentuado de produção (há casos relatados de lavouras com produtividade de 100 a 120 sacas de café em coco, passaram para 30-40 sacas e, posteriormente, foram abandonadas). Os danos provocados por estes insetos, à primeira vista não são detectados, devi-
O decréscimo acentuado de produção é o principal problema causado pelas cigarras
Fotos Rodrigo Souza Santos Paulo Rebelles Reis
Ninfa de cigarra sugando seiva em raiz de cafeeiro Asa de Fidicinoides pauliensis em detalhe
do às cigarras passarem a maior parte da sua vida enterradas no solo. As ninfas de cigarras sugam continuamente a seiva das raízes do cafeeiro durante a maior parte do seu ciclo de vida. É muito grande o número de ninfas encontradas em covas abertas, e a quantidade de seiva extraída do vegetal e excretada pelo inseto é tanta que as cavidades e o solo ao redor ficam constantemente molhados. Ao fim do período larval, que é geralmente longo (cerca de 12 meses para as espécies brasileiras), as ninfas cavam galerias até a superfície (ninfas móveis), saindo pelos orifícios e se fixando em suportes, como o tronco das plantas (ninfas imóveis), ocorrendo de setembro a março, dependendo da região. Tem lugar, então, a emergência dos adultos, que irão recomeçar o ciclo evolutivo da praga. Por meio de órgãos especiais localizados no abdômen, o macho estridula ou “canta”, com a finalidade de atrair a fêmea para o acasalamento. Existem no Brasil cerca de 80 espécies de cigarras indígenas, que se alimentam da seiva de plantas nativas. A substituição de florestas mistas naturais por algumas culturas extensivas e uniformes provocou desequilíbrios no ciclo biológico desses insetos e muitas espécies se adaptaram às no-
A espécie Fidicinoides pauliensis é a primeira referência desta espécie em café
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vas condições de vida, procurando seu alimento em plantas cultivadas, tornado-se, assim, prejudiciais. As regiões do estado de São Paulo mais atingidas por esses insetos são as dos municípios de Altinópolis, Franca, Itirapuã, Batatais, Patrocínio Paulista, entre outras. Nestas regiões, o ataque dessa praga adquire caráter alarmante, não só pelo alto nível populacional em que ocorre (entre 250 a 300 ninfas por cova de café), mas principalmente porque constitui um grande foco de infestação que ameaça as regiões cafeeiras próximas. O controle químico ainda é o principal meio de controle de cigarras, utilizado pelos cafeicultores, no entanto há riscos de contaminação do meio ambiente e do homem. Os produtos fitossanitários recomendados são granulados sistêmicos, indicados para o bicho-mineiro, aumentando-se a dosagem em 20% a 30%. O Centro Ex-
PRINCIPAIS PRAGAS
E
ntre as principais pragas da cultura, destacam-se: a broca-docafé (Hypothenemus hampei (Ferrari, 1867)), o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella (Guérin-Menéville, 1842)), a lagarta-dos-cafezais (Eacles imperialis magnifica Walk, 1856), o bicho-cesto (Oiketicus kirbyi (Lands-Guild., 1827)), os ácaros: vermelho-do-cafeeiro (Oligonychus ilicis (McGregor, 1919)), branco (Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904)) e o ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1839)). No entanto, as cigarras são relatadas como uma das mais importantes pragas-chave desta cultura.
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perimental do Instituto Biológico, em Campinas, trabalha no desenvolvimento do controle biológico de cigarras. Já foi confirmado que o fungo Metarhizium anisopliae, (Metsch.), que existe naturalmente no ambiente, é eficiente para matar as ninfas de cigarras. Quando o fungo é pulverizado, a ninfa se contamina ao tocar os esporos do parasita. Quando o esporo germina, produz enzimas que degradam a pele da ninfa e ajudam o fungo a invadi-la. Conforme o fungo cresce, ele libera toxinas que modificam o comportamento da ninfa e impedem que ela se mova, levando C o inseto à morte. Rodrigo Souza Santos, FCAV/Unesp
BRASIL E NO MUNDO
O
café é uma cultura tradicional do Brasil e seu bom desempenho é de fundamental importância para toda a economia nacional, pela sua participação na receita cambial, pela transferência de renda aos outros setores da economia, pela contribuição à formação de capital no setor agrícola do país, além da expressiva capacidade de absorção de mão-de-obra. O Brasil possui uma área plantada de aproximadamente 2,7 milhões de hectares, com aproximadamente seis bilhões de pés plantados, com uma exportação média de 28 milhões de sacas. O setor é responsável pela geração de sete milhões de empregos diretos e indiretos no país e por uma riqueza anual de dez bilhões de reais (cerca de três bilhões de dólares). A produção mundial está distribuída por inúmeros países, sendo que o Brasil, Vietnã e Colômbia, são nessa ordem, os maiores produtores.
Arroz
Ilegal custa caro Pr od utivi dad as lavour as ddee arr oz é am eaçad o Ri o Prod odutivi utivid adee ddas lavouras arroz ameaçad eaçadaa n no Rio de ddo o Sul pelo uso ddee sem en tes pir atead as e o Gr an Gran and semen entes piratead ateadas empr eg o ddee ddefen efen sivos rregistr egistr ad os par as cultur as empreg ego efensivos egistrad ados paraa outr outras culturas
O
uso de sementes pirateadas e o emprego de defensivos não registrados para a cultura têm ameaçado a produtividade orizícola no Rio Grande do Sul. Não existem dados oficiais, mas estima-se que pelo menos 20 mil hectares, de aproximadamente um milhão de hectares plantados no estado, tenham sido semeados com material contrabandeado. Soma-se às preocupações o relato da perda de lavouras inteiras pela aplicação, em arroz, de herbicida recomendado para o milho. Por se tratar de atividade ilegal, o uso de sementes sem origem dificilmente entra nas estatísticas oficiais. “Na verdade é realizada apenas uma estimativa, pois muitos produtores que cultivam estes materiais omitem estas informações”, lembra Gustavo Hernandes, do Irga. Segundo o engenheiro agrônomo, as principais variedades de arroz pirateadas atualmente são Inia-Olimar, do Uruguai, e Inta-Puitá CL, da Argentina. Lavouras com escape de arroz vermelho, baixa produtividade e qualidade de grãos e maior sensibilidade a doenças fúngicas são alguns dos problemas decorrentes da pirataria. “Os produtores adquirem materiais sem conhecer sua origem e sem saber se o material pirateado possui as características desejadas”, explica Hernandes. Outra preocupação se refere à introdução de pragas e doenças no país. “O risco é enorme. O produtor que adquire um material destes simplesmente pensa que está fazendo um grande negócio ou que encontrou uma variedade milagrosa que vai fornecer ganhos superiores às variedades existentes e registradas no país, porém, não pensa na continuidade de sua atividade”, alerta Hernandes. A tecnologia de variedades resistentes à aplicação de defensivos também fica prejudicada pela pirataria. “São inúmeros os casos de produtores
que adquirem materiais para propagação, supostamente com tolerância a herbicida e após a aplicação vêem suas lavouras morrerem devido ao material não possuir tolerância”, confirma Hernandes. O emprego de produtos sem registro para a cultura não é menos preocupante. “Há alguns técnicos e produtores que gostam de lançar moda, como aplicar herbicidas recomendados para outras culturas como milho, soja e outras, no arroz. Um exemplo concreto é a aplicação de Nicosulfuron, herbicida recomendado para a cultura do milho”, lembra Hernandes, para em seguida acrescentar que “em muitos casos não sobram plantas para contar história”. Hernandes ressalta que todos os produtos registrados no Brasil passam por uma bateria de avaliações e, aqueles que podem vir a causar algum impacto no ambiente não são registrados. “Na verdade o risco quem corre é o produtor que pode perder sua lavoura por querer inventar moda. A tecnologia existente é desenvolvida por pesquisadores altamente capacitados que trabalham por anos fazendo testes e avaliações até esta ser levada ao produtor para a sua C utilização de forma correta”, esclarece.
PREJUÍZOS A TODA A CADEIA
A
lém dos prejuízos aos produtores, as conseqüências do uso de sementes ilegais e contrabandeadas afetam toda a cadeia arrozeira. Obtentores de variedades, por exemplo, investem diversos anos de pesquisa para o desenvolvimento de novas cultivares, mais produtivas e não obtêm o devido retorno dos investimentos para reaplicar em novas pesquisas. Os multiplicadores de sementes também são afetados diretamente, pois o mercado de sementes fica reduzido a cada safra. Já o consumidor final pode ser afetado por não saber a procedência do produto que está sendo consumido. As empresas de insumos também não estão imunes à pirataria. Waldemar Sanchez, gerente de Cultivos Arroz e Trigo da Basf, explica em que medida a companhia é afetada por esse problema. Cultivar - O sistema Clearfield, cujos contratos de licenciamento não foram renovados no Brasil em 2007, também sofre as conseqüências da pirataria. De que forma e em que proporção? Waldemar Sanchez - Algumas sementes estão entrando no país de forma contrabandeada e também sendo produzidas de forma ilegal e sem certificação. É complicado mensurar a quantidade, contudo comprova-se por meio de depoimentos de agricultores no campo. Estima-se que cerca de 20 mil/ ha de área plantada no RS na safra 07/08 são de forma contrabandeada. Aproximadamente 300 mil/ha no RS são plantados utilizando semente Clearfield não-certificada. Este fato ocasiona evasão de divisas e inviabiliza os investimentos das empresas em no-
vas pesquisas e aporte de tecnologias mais eficientes para o setor. Cultivar - Clientes da Basf também são afetados pela pirataria de sementes de arroz ? Waldemar Sanchez - Não. Os clientes da Basf que utilizam as sementes certificadas de cultivares Clearfield (Irga 422CL, SCS 115CL, Sator CL e Avaxi CL) juntamente com o herbicida Only registrado para o “Sistema” além de não serem afetados ainda obtêm ganhos de produtividade devido ao excelente controle de Arroz Vermelho. Porém, temos escutado diversos relatos de agricultores que tiveram suas lavouras comprometidas com o uso de sementes ilegais e herbicidas não registrados para a cultura de arroz. Há diversos casos de 100% de perdas nas lavouras. Quando são adquiridas sementes certificadas, de empresas idôneas, os agricultores têm garantias de origem, pureza, qualidade, poder germinativo, vigor, entre outros itens.
Waldemar Sanchez
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Arroz
Quando aplicar As per das ddee pr od utivi dad o arr oz irri gad o, causad as pela in terferên ci perd prod odutivi utivid adee n naa cultur culturaa ddo arroz irrigad gado, causadas interferên terferênci ciaa ddee capim-arr oz (Echin em vari ar ddee 26% a 1.400%, o que torn gatóri oo Echinochloa sp.),, pod podem variar tornaa obri obrigatóri gatório capim-arroz ochloa sp.) o ddee um métod o ddee con tr ole que rred ed uza os pr ejuízos e também evite empr eg empreg ego método contr trole eduza prejuízos con tamin ações tr avés ddo o con ceito ddee nível ddee ddan an o econômi co (NDE), a apli cação ddee contamin taminações ações.. A Atr través conceito ano econômico aplicação defen sivos se justifi ca qu an do os pr ejuízos ffor or em superi or es ao custo ddaa m edi da utilizad efensivos justifica quan and prejuízos orem superior ores medi edid utilizadaa
O
estado do Rio Grande do Sul (RS) tem participado com quase a metade da produção nacional de grãos de arroz, cultivando-se em torno de 30% da área do país. O RS produziu, na média das últimas dez safras agrícolas, 5.580 kg/ha de grãos do cereal, quase que o dobro da média nacional (Conab, 2007). No entanto, a produtividade está abaixo das áreas
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experimentais ou de lavouras que adotam altos níveis tecnológicos. Dentre as principais causas desta situação destaca-se o controle deficiente de plantas daninhas, sendo as perdas variáveis em função da espécie e da população da planta daninha. O capim-arroz (Echinochloa sp.) destacase entre as plantas daninhas que infestam as lavouras de arroz irrigado do RS, pois ocorre
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com grande freqüência e distribuição nas regiões produtoras do cereal. Os efeitos negativos de sua presença para a cultura do arroz incluem: alta capacidade de competição com as plantas de arroz por recursos limitantes; aumento do custo de produção; acamamento das plantas da cultura; dificuldade de colheita; depreciação da qualidade do produto; hospedagem de pragas; diminuição do valor comercial
o potencial de impacto ambiental, causado pelo efeito dos herbicidas, incentivam reduções no seu uso intensivo. Isso conduz a uma mudança de sistema de manejo, onde, em vez de se buscar a erradicação das plantas daninhas, a ênfase é o manejo de suas populações com base no conceito de nível de dano econômico (NDE). Pelo conceito do NDE, a aplicação de herbicidas ou de outros métodos de controle somente se justificará caso os prejuízos causados pelas plantas daninhas forem superiores ao custo da medida utilizada (Knezevic et al., 1997). Elevadas populações de plantas daninhas competindo com as culturas, simplificam a tomada de decisão dos produtores para adotarem alguma medida de controle. Porém, quando as plantas daninhas aparecem em populações menores, a adoção de medidas para controlá-las torna-se difícil, pois os agricultores precisam quantificar as vantagens econômicas associadas ao custo do controle. Quando se utiliza o NDE para a tomada
da decisão de controle de plantas daninhas presentes nas lavouras de arroz, compara-se as perdas estimadas de produtividade de grãos aos custos das opções de controle disponíveis, proporcionando-se assim a análise do ganho obtido com a medida de controle utilizada. Entre os vários fatores que influenciam na competição entre plantas daninhas e as culturas citam-se aqueles relacionados com as práticas de manejo utilizadas, como o uso de cultivares com maior habilidade competitiva, que podem diminuir o grau de competição das plantas daninhas, aumentando o NDE e minimizando a necessidade de adoção de medidas de controle. Visando determinar a interferência de capim-arroz em arroz irrigado, conduziu-se experimento no Centro Agropecuário da Palma da Universidade Federal de Pelotas (CAP/ UFPel), no ano agrícola 2005/06, testando cultivares de arroz: BRS-Atalanta, Irga 421 (ciclo muito curto), Irga 416, Irga 417, Avaxi (ciclo curto), ou BRS-Fronteira (ciclo médio)
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Cultivar
das áreas cultivadas. As perdas diretas de produtividade de grãos de arroz irrigado, devido à competição com o capim-arroz, variaram desde 26% para populações de 13 plantas de capim-arroz m-2 (Menezes & Ramirez, 2003), até superiores a 1.400% para elevada população da planta daninha (Ramirez et al., 2001). Uma planta de capim-arroz m-2 causou perdas de produtividade de grãos de 4% até 30%, dependendo da cultivar de arroz que competiu com a planta daninha e, de 8% até 11%, em função da época de entrada de água na lavoura após a aplicação do herbicida (Galon, 2007). As perdas de produtividade de grãos de arroz, causadas pela interferência de capimarroz, tornaram obrigatória a adoção de práticas de controle, sendo realizada principalmente pela aplicação de herbicidas pré ou pósemergentes. Contudo, o custo de controle do capim-arroz representa um dos principais componentes do custo de produção da cultura. Além disso, as preocupações crescentes com
Cultivares BRS-Atalanta IRGA 421 IRGA 416 IRGA 417 AVAXI BRS-Fronteira 1
Perda de produtividade (%)1 (11,38*X) / (1 + (11,38/96,19)*X] (9,79*X) / [1 + (9,79/108,30)*X] (7,22*X) / [1 + (7,22/112,50)*X] (4,71*X) / [1 + (4,71/107,10)*X] (29,27*X) / [1 + (29,27/94,27)*X] (13,67*X) / [1 + (13,67/101,10)*X]
R2 0,86 0,91 0,87 0,94 0,90 0,95
F* 196,63 193,74 67,60 273,96 362,55 382,45
QMR 163,20 136,20 372,50 77,48 100,60 69,37
Fotos Leandro Galon
Divulgação
Tabela 1 - Perda de produtividade de grãos do arroz irrigado em função de população de capim-arroz (m -2) e cultivares de arroz, aos 28 DAE. CAP/UFPel, Capão do Leão (RS), 2005/06
Valor obtido através do modelo de regressão da hipérbole retangular (Cousens, 1985). *Significativo a 5% de probabilidade.
e dez populações de capim-arroz. As populações de capim-arroz foram compostas pelas espécies Echinochloa colona (L.) Link e E. crusgalli (L.) Beauv., que foram estabelecidas a partir do banco de sementes do solo. As avaliações de populações de plantas de capim-arroz foram realizadas aos 28 dias após a emergência da cultura - DAE. As relações entre as perdas percentuais de produtividade de grãos e população de plantas de capim-arroz foram determinadas ajustando-se os dados ao modelo de regressão não-linear da hipérbole retangular, proposto por Cousens em 1985 (Equação 1). Para calcular os níveis de dano econômico (NDE) utilizaram-se as estimativas do parâmetro i obtida a partir da Equação 1, e a equação adaptada de Lindquist & Kropff (1996) (Equação 2): Eq. 1: Pp= (i*X ) ; Eq. 2: NDE = (Cc ) 1+(i/a)*X] [R*P*(i/100) * (H/100)]
Richard Old
onde: Pp = perda de produtividade (%); X = população de capim-arroz; i e a = perdas de produtividade (%) por unidade de plantas de capim-arroz quando o valor da variável se aproxima de zero e quando tende ao infinito, respectivamente; NDE = nível de dano eco-
nômico (plantas m-2); Cc = custo do controle (herbicida e aplicação terrestre tratorizada, em dólares ha-1); R = produtividade de grãos de arroz (kg/ha); P = preço do arroz (dólares kg1 de grãos) e H = nível de eficiência do herbicida (%). Para as variáveis Cc, R, P e H foram estimados três valores. Assim, para o custo de controle (Cc), considerou-se o preço médio de $ 87 ha-1, sendo o custo máximo e mínimo alterado em 25%, em relação ao custo médio. A produtividade de grãos de arroz (R) baseouse na menor (4.440 kg/ha), média (5.580 kg/ ha) e maior (6.680 kg/ha) produtividades obtidas no RS, nos últimos dez anos (Irga, 2006). O preço do produto (P) foi estimado a partir do menor ($ 6,00), médio ($ 9,00) e maior ($ 14,00) preços do arroz pagos por saca de 50 kg, nos últimos dez anos (Irga, 2006). Os valores para a eficiência do herbicida (H) foram estabelecidos na ordem de 80%, 90% e 100% de controle, sendo 80% o controle mínimo considerado eficaz da planta daninha. Os valores estimados para o parâmetro i, um índice usado para comparar a competitividade relativa entre espécies, variaram de 4,71 a 29,27, dependendo da cultivar em competição com o capim-arroz (Tabela 1).
Detalhe do capim-arroz (Echinochloa spp.), planta daninha bastante competitiva com o arroz
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Foto superior mostrando arroz livre de capimarroz e abaixo, altamente infestado
O êxito na implantação de sistema de controle do capim-arroz, na cultura do arroz irrigado, pode decorrer da determinação da população que excede o NDE. Assim, observouse que as cultivares Irga 416 ou 417 (ciclo curto) apresentaram maiores valores de NDE nas simulações realizadas, os quais variaram de 1,0 a 2,57 plantas m-2 (Figura 1). Já a cultivar Avaxi (ciclo curto) apresentou menores valores de NDE, com variação de 0,24 a 0,41 plantas m2 . Isso pode ser decorrência da menor densidade de semeadura, o que pode ter permitido maior passagem de radiação e conseqüente melhor estabelecimento das plantas de capimarroz. De acordo com Fleck et al. (2003), cul-
Figura 1 - Nível de dano econômico (NDE) para arroz irrigado em função de população de capim-arroz e cultivares de arroz. CAP/UFPel, Capão do Leão (RS), 2005/06
tivar de arroz que apresenta baixa cobertura do solo oferece maior penetração de luz no dossel da comunidade e menor competitividade com as plantas daninhas. Na média de todas as cultivares e comparando-se a menor com a maior produtividade de grãos, observa-se diferença no NDE na ordem de 66% (Figura 1). Assim, quanto mais elevado o potencial de produtividade da cultura, menor será a população de plantas de capim-arroz necessária para superar o NDE, tornando compensatória a adoção de medidas de controle da planta daninha. Ao analisar o custo médio de controle do capim-arroz, para todas as cultivares, verifi-
cou-se que o custo mínimo foi 40% inferior ao custo máximo (Figura 1). Quanto mais elevado o custo, maiores são os NDE e mais plantas de capim-arroz m-2 são necessárias para justificar medidas de controle. Aumentos no potencial de produtividade da cultura e redução no custo de controle diminuíram os NDE, em todas as simulações efetuadas. Sendo assim, em lavouras onde as estimativas do potencial de produtividade são elevadas, menor população de plantas daninhas, justifica economicamente a adoção de medidas de controle. Os resultados permitem concluir que os níveis de dano econômico para o capim-arroz
variam em função de cultivares de arroz e de populações da planta daninha. A utilização das cultivares de arroz Irga 416 e 417 diminuem o nível de dano econômico em arroz irrigado. A cultivar que demonstrou maior competitividade com o capim-arroz foi a Irga 417. Acréscimo na produtividade de grãos e a redução do custo de controle reduzem os valores do nível de dano econômico, justificando a adoção de medidas de controle em menores C populações de capim-arroz. Leandro Galon e Dirceu Agostinetto, UFPel
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Coluna Andav
Combate à pirataria Campanha conjun ta en tr dav e Sin dag levou à apr een são conjunta entr tree An And Sind apreen eensão elad as ddee ddefen efen sivos agrícolas ilegais em 2007 de 42 ton tonelad eladas efensivos
U
m dos maiores desafios do canal de distribuição de defensivos agrícolas do país é evitar a utilização de produtos ilegais, muitas vezes os responsáveis pela contaminação de diversas culturas. E esta fragilidade na conscientização sai caro para todo mundo: para o governo, que precisa investir muito nas áreas da saúde e meio ambiente; para o agricultor, que acredita estar economizando e coloca em risco toda a sua produção, o meio ambiente e seu bem mais valioso que é a sua família e amigos de trabalho; para os comerciantes que não seguem a legislação e, na realidade, irão arcar com as penalidades previstas. Ciente deste ciclo de irregularidades que assola o agronegócio brasileiro, em 2001, foi implantada a principal campanha do país de combate aos defensivos ilegais. A ação é uma parceria entre a Associação Nacional dos Distribuidores
denunciante que se identifique, ou seja, a denúncia é totalmente anônima. Um dado importante para campanha mostra que em torno de 500 pessoas – entre agricultores, revendedores e outros profissionais – respondem, atualmente, a inquéritos pelos crimes contra o meio ambiente e de contrabando. Em recente balanço, somente em 2007, foram realizadas oito operações em conjunto pelas polícias Federal, Militar, Rodoviária Federal e Estadual, Polícia Ambiental, DOF, Receita Federal, Ibama, Ministério da Agricultura, Secretarias de Agricultura. O resultado foi a apreensão de 42 toneladas de produtos, 216 detidos e a condenação de nove envolvidos diretamente com o comércio e a apreensão ilegal de produtos fitossanitários. As principais operações foram batizadas de Big Apple; Piratas da Lavoura; Cobra d’Água; Campo Verde, Pó-da-China, Xeque-Mate;
3 milhões e foram aplicadas nas principais regiões agrícolas, sobretudo nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A Andav e o Sindag lembram que as ações de produção, transporte, compra, venda e utilização de defensivos agrícolas contrabandeados ou pirateados são enquadradas na Lei dos Crimes Ambientais (Lei nº 9605, de 12 de fevereiro de 1988), Contrabando ou Descaminho (art. 334 do Código Penal), Lei dos Agrotóxicos (Lei 7.802/89) e Crime de Sonegação Fiscal. Portanto, a fiscalização tem se aprimorado bastante e a atividade de investigação e apreensão continuará por todo o ano de 2008. A Andav estima que o prejuízo causado pela movimentação de produtos ilegais no Brasil é da ordem de US$ 150 milhões anuais e que somente a união de poderes públicos e privados pode diminuir con-
“Ciente deste ciclo de irregularidades que assola o agronegócio brasileiro, em 2001, foi implantada a principal campanha do país de combate aos defensivos ilegais ” ilegais” Agrícolas e Veterinários (Andav) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) que conta com um excelente trabalho de inteligência, busca e apreensão realizado pela Polícia Federal em todos os estados brasileiros, intensificado nas cidades de fronteiras com outros países. O serviço Disque-Denúncia, para dar suporte à ação das autoridades, já recebeu aproximadamente dez mil chamadas de denunciantes. O número é 0800-9407030 e a ligação é grátis. As denúncias são repassadas diretamente às polícias e ao Ministério Público e as ligações têm sido responsáveis pela investigação e prisão de suspeitos em todo o país. O Disque-Denúncia não utiliza identificadores de chamada ou “binas” e não solicita ao
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Zaqueu, Pulverizador e Ceres e, muitas delas, partiram de denúncias anônimas pelo telefone 0800. Para se ter idéia da importância deste serviço de denúncia, na operação Ceres foram desmanteladas quatro quadrilhas, sendo duas na cidade de Sete Quedas, no Mato Grosso do Sul, uma em Corumbataí e outra em Primavera do Leste, no Mato Grosso. De 2001 até agora, foram aplicadas multas que alcançam o montante de R$ 6 milhões. Em apenas uma delas, um agricultor recebeu uma multa no valor de R$ 420 mil. O Ibama também é destaque na fiscalização em campo. O Instituto realizou várias autuações de agricultores usuários de insumos ilegais no ano passado. As multas, somadas, atingem valor próximo a R$
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sideravelmente estas estatísticas. É o caso do recente apoio institucional da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) que, em breve, implantará um longo trabalho educacional com as cooperativas agropecuárias e seus cooperados. É esperado que a campanha dê um salto qualitativo não apenas nas apreensões e sim na recusa de todos em utilizar produtos ilegais que são um retrocesso para todos que fazem a excelência do agroC negócio brasileiro. Henrique Mazotini Presidente Executivo da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários - Andav
Coluna Agronegócios
Feliz qüinqüênio
Q
uer me parecer que desejar feliz Ano-novo aos produtores agrícolas e a outros players do agronegócio parece pouco. Melhor já adiantar um feliz próximos cinco anos, uma vez que, do meu ponto de observação, parece-me, como nunca antes na História da Humanidade, que o agronegócio viverá um ciclo de exuberância e de expansão como o que vamos vivenciar. Duas ressalvas: estou falando do conjunto do agronegócio, o que significa que, alguns segmentos em particular poderão não alcançar o desempenho máximo ou mesmo médio do mercado. E que, como é próprio do capitalismo, haverá oscilações no seio do ciclo, porém sempre com desempenho superior ao passado recente e tendência geral altista.
que não tem ouvido os alertas e reclamos dos produtores e exportadores. O que sustenta a demanda em alta são três fatores, na seguinte ordem de importância: o crescimento da população mundial, a demanda de biocombustíveis e o crescimento da renda per capita nos países emergentes. Apesar de suas vantagens comparativas, o Brasil somente não aproveitará esta oportunidade com maior intensidade por conta do Custo Brasil, que é uma verdadeira bigorna que os agentes do agronegócio precisam carregar morro acima, para completar seu ciclo de negócios. Do conjunto de componentes do Custo Brasil destaca-se o fardo pesado de juros, o câmbio adverso com a supervalorização do real, a excessiva concentração do transporte de safra pela via rodoviá-
cimento ao ano. São dezenas de milhões de novos consumidores que ingressam no mercado anualmente, saindo das estatísticas da fome crônica para o rol de novos consumidores, com poder de sustentar o mercado de alimentos. O Brasil já responde por 30% do comércio internacional de carne do mundo e vai continuar crescendo. Além da carne bovina – o file do mercado – e do frango, que tem sido o segmento de maior expansão recente, o mercado de carne suína deve sofrer um impulso acentuado, em especial pela maior demanda desta carne por parte da China, que é o maior consumidor mundial e está esgotando sua capacidade de produção doméstica. Soja e milho também estarão em alta, assim como frutas e sucos. Os
“Apesar de suas vantagens comparativas, o Brasil somente não aproveitará esta oportunidade com maior intensidade por conta do Custo Brasil ” Brasil” Este cenário se aplica a qualquer país produtor agrícola do mundo. Porém, pelas suas vantagens comparativas, o Brasil será um privilegiado neste cenário, pela sua pronta capacidade de resposta em qualquer segmento. É só olhar o exemplo recente, quando os Estados Unidos se retraíram no comércio internacional de milho, abrindo um espaço que nós preenchemos, mesmo sem tradição de comercialização externa deste produto.
IMPULSOS O drive dos bons negócios será a demanda aquecida por alimentos, fibras, energia e produtos florestais. Em função da demanda acima do normal, os estoques devem operar no limite de baixa, elevando os preços das commodities agrícolas e sustentando-as em um patamar de preços reais superior ao que vinha sendo praticado. O valor em reais somente não será melhor porque o real está sobrevalorizado, por má condução da política econômica
ria, o péssimo estado de conservação das estradas, o entrave dos portos e a elevada incidência tributária.
EM ALTA A demanda de alimentos tem uma relação linear com o crescimento da população. Mas o crescimento da renda impulsiona de forma exponencial tanto o consumo de alimentos quanto o de biocombustíveis. Além disto, renda mais alta, sofistica o consumo, elevando a demanda por alimentos mais nobres – e mais caros. Países com elevada concentração populacional, capitaneados por China e Índia, serão as locomotivas deste mercado. A Índia, por ser um país muito pobre, com elevada taxa de crescimento da população e que, ao mesmo tempo, vem apresentando índices de crescimento econômico consistentemente acima de 7% ao ano. E a China, com a explosão populacional contida, porém navegando há mais de duas décadas na crista de quase 10% de cres-
mercados de cana-de-açúcar (etanol ou açúcar) e de oleaginosas em geral também estarão aquecidos. Os óleos não baixarão do patamar de US$ 1.000/t. A agricultura orgânica e os alimentos funcionais continuarão expandindo a taxas acima da média do mercado de produtos agrícolas. Existe apenas um risco para esta previsão: uma brutal recessão em escala planetária, que enxugue a liquidez do mercado, reduza a renda das famílias (em especial a previsão de renda futura) e torne os mercados mais fechados e protecionistas. Afora isto, é o momento de aproveitar o bom ciclo para investir em temas que serão fundamentais para a competitividade no mercado, como qualidade, produtividade e as agendas social e ambiental da C agricultura. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro agrônomo, membro do Painel Científico Internacional de Energia Renovável do Conselho Internacional de Ciências
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Coluna Mercado Agrícola
Vlamir Brandalizze brandalizze@uol.com.br
Grãos batem recorde de cotação e sinalizam bons lucros em 2008 A safra está começando a ser colhida no Brasil e vem para atender uma demanda crescente. Veremos mais consumidores do que vendedores e, poderemos esperar recordes de cotação média para os principais grãos. A soja já bateu o recorde de cotação em janeiro, superando a marca dos US$ 12,90 por bushel atingida em 1973, e agora chegou aos US$ 13,75. O milho, que é o outro grão de grande importância para os produtores brasileiros, também vem mostrando recorde de cotações, chegando aos melhores níveis desde 1984 e, segue apontando que terá um grande ano pela frente em função da grande demanda nos EUA para etanol e também o forte crescimento do consumo no mercado mundial para ração, que também crescerá forte aqui no Brasil. O setor de ração poderá consumir entre 58 e 60 milhões de t neste ano no Brasil, contra cerca de 53 milhões de t consumidas em 2007. O setor sinaliza ainda que até 2010 o consumo chegará à marca de 70 milhões de t e, desta forma, necessitará de grandes volumes de soja e milho para compor as rações produzidas. O quadro geral também segue positivo para o feijão, que começou o ano batendo recorde de cotação e superando a marca dos US$ 150 por saca, mostrando que terá um bom ano pela frente. O trigo voltará a ter boa procura pelos moinhos, já que as cotações internacionais têm batido recorde e desta forma será preciso estimular a produção interna para ter matéria-prima para trabalhar. Tudo aponta que estamos entrando num ano em que os produtores terão lucros e assim sairão da fase negativa que vinha sendo enfrentada nos últimos quatro anos. MILHO Colheita segurando cotações O mercado do milho neste começo de ano enfrentará a pressão da oferta como fator limitante nas cotações que devem operar nestes primeiros três meses do ano em queda e, depois, começar uma recuperação. Mas, ainda assim, sinalizando novamente para um grande ano, porque o mercado externo segue comprador e, a demanda interna será recorde histórico, com mais de 40 milhões de t sendo consumidas pelo setor de ração. Desta forma, este começo de colheita não será bom para as negociações, sendo os meses de fevereiro e março, o período onde poderemos estar operando nos menores níveis do ano, mesmo assim com níveis considerados altos de preços, mas no que pode ser o fundo do poço desta safra. SOJA Batendo recorde de cotação O ano começou com a soja batendo recorde de cotação ainda em plena fase de comercialização da safra dos Estados Unidos, quando esperávamos que a marca dos US$ 13 por bushel seria quebrada somente nos meses de maio
a julho, quando normalmente se atingem as maiores cotações do ano. Desta forma, caminhamos para que ainda neste ano possamos ver a marca dos US$ 14 por bushel ser quebrada. Os operadores temem que a recessão que começa a aparecer nos Estados Unidos possa ser um limitante de alta nos alimentos, mas certamente este setor será o último a ser atingido pela crise imobiliária americana. Os americanos e europeus não mudam o hábito alimentar em tempos de crise e, se mudam, certamente será para comer mais. Enquanto isso, o ritmo de crescimento que vemos na Ásia continuará avançando e a demanda de alimentos, principalmente de soja, seguirá em alta. FEIJÃO Produtores plantando mais Os produtores estão vendo o feijão como uma excelente alternativa de renda neste ano e, assim, a segunda safra poderá apresentar um forte crescimento na área plantada. Mas teremos problemas para o setor conseguir sementes, porque a primeira safra foi afetada pelo clima e há pouco produto disponível. Assim, seguiremos com o
mercado firme nos próximos meses, com níveis de R$ 150 aos R$ 250 por saca do Carioca e níveis de R$ 90/130 do Preto, que está em colheita no Sul do país e poucas áreas foram plantadas. Com expectativas que neste ano teremos a melhor média histórica de preços para o feijão. ARROZ Safra chegando e grandes estoques da Conab Nova safra chegando em fevereiro, quando a colheita começa no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Ambos os estados estão com boas condições nas lavouras e sinalizando recorde histórico de safra, devendo resultar em mais de oito milhões de t. Desta forma, enchem-se os armazéns disponíveis e por esta razão os produtores tendem a ter necessidade de apoio do governo para que as cotações não venham abaixo dos R$ 22 por saca para os mesmos. Nas demais regiões do Brasil a safra será limitada, e não chegará à marca de quatro milhões de t, tornando assim apertadas a oferta e a demanda previstas para este ano, com 12 milhões de t de produção e mais de 13 milhões de t de consumo, lembrando que a Conab tem cerca de 1,5 milhão de t em estoque.
CURTAS E BOAS TRIGO - O mercado nacional do trigo vem passando pela fase de mais oferta que demanda. Mas, a partir do final de fevereiro, a tendência é mudar em favor dos produtores que podem ter ajustes reais. Assim, novamente veremos os indicativos superando a marca dos R$ 500 por t, com pressão de alta que virá do mercado internacional, que segue com consumo maior que a produção, com 603 milhões de t, para um consumo de 616,5 milhões de t. A expectativa continuará mostrando consumo maior que a produção e cotações em alta nos próximos anos, favorecendo os produtores brasileiros. ALGODÃO - A safra está passando de 122 milhões para 118 milhões de fardos neste ano e, estoques mundiais de 60,8 milhões para os 54,8 milhões de fardos. O algodão, sinaliza boas condições para fechamento na exportação para entrega futura da safra que está nos campos ou que está sendo plantada agora. EUA - O USDA surpreendeu o mercado em janeiro, com o relatório apontando forte queda nos estoques de todos os grãos em função da maior demanda interna e das exportações, que estão crescendo forte. As exportações devem chegar a 62,2 milhões de t de milho contra 54 milhões de t do ano passado, deixando os estoques em 36,5 milhões de t contra 45,6 milhões de t previstas
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em dezembro último. Os EUA devem exportar outros 27 milhões de t de soja e outros 32 milhões de t de trigo, já próximo do limite de embarques, devendo assim abrir espaço para novos fornecedores nos próximos anos. CHINA - Começou o ano taxando as exportações agrícolas e tirando as taxas de importações dos principais grãos, buscando controlar a inflação local e favorecendo o avanço nas cotações internacionais. A notícia boa foi a indicação de compra de quatro milhões de t de milho contra anos anteriores em que exportava entre cinco e seis milhões de t anualmente. Com isso, sinaliza que em 2008, o país baterá recorde de consumo de alimentos e importação de grãos, podendo superar os 40 milhões de t de soja importada neste ano e o consumo na marca de 50 milhões de t. ARGENTINA - A safra está começando com problemas climáticos e pode ser o novo fator de alta das cotações no mercado internacional. Devemos acompanhar o quadro portenho em fevereiro e março, que poderá limitar a safra local que segue com expectativa de colher mais de 90 milhões de t de grãos, com a soja em 47 milhões de t, o milho em 22,5 milhões de t, o trigo em 15,5 milhões de t, o arroz em 1,2 milhão de t, além de feijão, girassol e outros de menor volume. Nota: bushel de soja e trigo 27,215 kg e bushel de milho 25,4 kg.
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