Cultivar Grandes Culturas • Ano X • Nº 106 • Março 2008 • ISSN - 1516-358X Destaques
Nossa Capa
Pr aga m arr om................ ............ ........20 Praga marr arrom................ om............................ ....................20
Dir ceu Gassen Dirceu
Com o ddeter eter os pr ejuízos ddo o per cevejo-m arr om, Como prejuízos percevejo-m cevejo-marr arrom, respon sável por ddan an os irr eversíveis aos grãos ddee soja esponsável anos irreversíveis
Palha infestad a................10 e 12 Critério na adoção....................13 Cr escim en to con tr olad o............28 infestada................10 Crescim escimen ento contr trolad olado............28 Conh eça os hábitos e estr atégi as par ar o Conheça estratégi atégias paraa barr barrar ga-ver de, in seto cad ais per cevejo-barri cadaa vez m mais percevejo-barri cevejo-barriga-ver ga-verd inseto fr eqüen tes n as diversas rregiões egiões ddo o Br asil freqüen eqüentes nas Brasil
Saiba que aspectos der ar n ubação con si consi sid erar naa ad adubação do milho safrinha
Índice
Os ben efíci os ddos os rregulad egulad or es ddee benefíci efícios egulador ores en to par elh or apr oveitam en to cr escim aproveitam oveitamen ento crescim escimen ento paraa o m melh elhor de nutrientes em algodão
Expediente Fun dad or es: Milton Sousa Guerr ewton PPeter eter Fund ador ores: Guerraa e N Newton
Dir etas Diretas Grilos em soja e milho o ercevejo-barri cevejo-barriga-ver ga-verd milho Per cevejo-barri ga-ver de em milh
04 08 10
de Monitor am en to ddo o barri ga-ver ga-verd onitoram amen ento barriga-ver
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Adubação em milh o safrinha milho
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Bactéri or an cha br an ca n o milh o Bactériaa causad causador oraa ddaa m man ancha bran anca no milho
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RED AÇÃO REDAÇÃO
CIRCULAÇÃO
• Editor
• Ger en te Geren ente
Gilvan Dutr o Dutraa Queved Quevedo Janice Ebel • Desi gn Gráfi co e Di agr am ação Design Gráfico Diagr agram amação
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• A ssin atur as Assin ssinatur aturas
Simone Lopes
Cristiano Ceia • Revisão
Alin artzsch ddee Alm ei da Alinee PPartzsch Almei eid
COMERCIAL Ped edrro Batistin
Per cevejo-m arr om n ercevejo-m cevejo-marr arrom naa soja
Cibele Oliveir Oliveiraa ddaa Costa
• Coor den ad or ddee Red ação Coord enad ador Redação
Sed eli Feijó Sedeli
• Expedição
Di anferson Alves Dianferson
GRÁFICA • Impr essão Impressão
Kun de In dústri as Gráfi cas Ltd a. und Indústri dústrias Gráficas Ltda.
Doença azul n o alg od oeir o no algod odoeir oeiro
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Grupo Cultivar ddee Publi cações Ltd a. Publicações Ltda. Rua: Nilo Peçanha, 212 Pelotas – RS 96055 – 410
Regulad or es ddee cr escim en to em alg odão Regulador ores crescim escimen ento algodão
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Nossos TTelef elef on es elefon ones es:: (53)
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• Ger al Geral 3028.2000
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Inibi dor ddee invasor as em gir assol Inibid invasoras girassol
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Con tr ole ddee plan tas ddaninhas aninhas em can Contr trole plantas canaa
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Coluna Andav
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Colun gr on egóci os Colunaa A Agr gron onegóci egócios
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Mer cad o A grícola ercad cado Agrícola
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Núm er os atr asad os: R$ 15,00 Númer eros atrasad asados:
Assin atur tern aci on al: ssinatur aturaa In Intern ternaci acion onal: US$ 80,00 Euros 70,00
Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Diretas Milenia
Produquímica
Durante o Show Rural Coopavel, a Milenia Agrociências apresentou palestras conduzidas por um consultor da Bolsa de Mercadorias (BMF) e pelo assessor de Projetos Comerciais da empresa, em um auditório especialmente preparado para receber os visitantes. O foco do encontro foi a troca de commodities por insumos e a negociação com fixação de preço na Bolsa de Mercadoria, com o objetivo de esclarecer quais resultados o produtor poderá ter com esse tipo de operação. O evento contou com a presença do diretor comercial da Milenia Agrosciências, Luiz José Traldi.
O Grupo Produquímica participou do Show Rural pela primeira vez. Segundo o gerente nacional de Produção Vegetal, Celestino Weber, por se tratar de um evento bastante focado, será uma importante ferramenta de contato e divulgação junto aos produtores rurais, instituições de pesquisa e órgãos oficiais. O destaque foi o Sulfurgran, primeiro fertilizante rico em enxofre na forma de pastilhas produzido no Brasil. “Este revolucionário produto possui tecnologia comprovada nos Estados Unidos e na Europa como fonte de enxofre para suprir as necessidades das plantas, permitindo perfeita mistura com fertilizantes granulados”, destaca o coordenador da Equipe Sul, Gilmar Cagnini.
BioGene
Agromen
Felicidade
Visitantes do Show Rural puderam conferir de perto os híbridos da nova marca da Pioneer, a BioGene, que trabalhará com material focado para lavouras de médio investimento. Para a safra 2008, a BioGene comercializará dois híbridos de milho. O BG7060, para o verão na região Sul, e o BG7049, para o centro do país, tanto para safra verão como para a safrinha. Os dois lançamentos poderão ser conhecidos por meio de visitação aos estandes da Pioneer nos principais eventos distribuídos pelo Brasil.
Durante o Show Rural, técnicos e agrônomos da Agromen Tecnologia orientaram os visitantes sobre como reduzir custos e aumentar a produtividade e lucratividade das lavouras. Os destaques foram para o híbrido simples superprecoce AGN30A06, que apresenta alta produtividade e para o AGN 30A05, hibrido simples de alta performance com superprecocidade.
A FMC destacou o inseticida Talstar 100 EC e o herbicida Boral 500 SC durante o Show Rural. Além das informações técnicas sobre seus produtos, a empresa apresentou o projeto “Colhendo Felicidade”, um festival de humor no estande para descontrair o público que circulou pelo evento, com espaço para ler e contar piadas.
Novidade A Monsanto foi um dos estandes mais procurados no Show Rural em 2008. Como o Paraná obteve a liberação do uso do Roundup Ready no ano passado, os produtores buscaram informações com os técnicos da empresa. Palestras durante toda a semana esclareceram os visitantes sobre as vantagens da tecnologia e o manejo correto de plantas daninhas em soja RR.
Nortox A Nortox apresentou seu portfólio de produtos no Show Rural. Para Enio Lemes da Rosa, engenheiro agrônomo da empresa, o grande diferencial da Nortox é oferecer ao mercado produtos com qualidade, aliados a uma equipe qualificada e capacitada para atender às necessidades de seus clientes.
Pacote A Bayer CropScience apresentou o Cropstar, único inseticida no mercado brasileiro para tratamento de sementes de milho contra a lagarta-do-cartucho, e o Atento, fungicida para tratamento de sementes para o manejo de ferrugem asiática. Além do pacote completo para manejo de pragas e doenças nas culturas de milho e soja, a Bayer também destacou o programa Muito Mais e mostrou em campo os resultados do efeito adicional Força Anti-Stress. “Tecnologia e inovação são palavras de ordem dentro da Bayer CropsCience. Por isso, temos sempre a preocupação de levar para o campo o que há de mais moderno para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas nas lavouras”, explica o coordenador comercial da Bayer na região de Cascavel, Douglas Scalon.
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Arysta A Arysta divulgou no Show Rural seu portfólio de produtos para soja e milho safrinha, que incluem herbicidas, inseticidas, fungicidas e acaricidas, com destaque para a nova composição do inseticida Orthene.
Agroeste A Agroeste Sementes apresentou quatro lançamentos de híbridos para alta tecnologia no Show Rural da Coopavel. Os híbridos AS 1540 de ciclo precoce e AS 1551 superprecoce são para a safra de verão e safrinha. Já os precoces AS 1572 e AS 1579 são específicos para a safra de verão.
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Roberson de S. Lima
Dekalb A Dekalb lançou no Show Rural o híbrido superprecoce para a safrinha DKB 615. Segundo César Barros, gerente de Produto Milho da empresa, trata-se de um híbrido para alta tecnologia, de grãos duros, resistente ao quebramento e às principais doenças foliares, além de possuir ampla adaptação de plantio. “Por ser um híbrido para fechamento de ciclos, é mais seguro contra secas e geadas”, garante.
Soja e milho
AgCelence
A DuPont destacou os produtos para milho e soja durante o Show Rural da Coopavel. Gerentes e técnicos da empresa receberam os visitantes e apresentaram os produtos Classic® e Sistema Aproach, herbicida e fungicida para soja, respectivamente; Accent® (herbicida/milho) e Lannate® (inseticida e milho). “O ano de 2008 promete ser favorável ao agronegócio brasileiro e esses eventos são muito importantes para conversar com o agricultor, identificar suas necessidades quanto a tecnologias e trocar informações relevantes para o sucesso da produção agrícola”, diz Marcelo Okamura, diretor de Marketing da DuPont.
A Basf apresentou sua linha de produtos voltados para soja e milho, que fazem parte da marca mundial AgCelence, que identifica os produtos que comprovadamente proporcionam ganhos de produtividade que podem chegar a 15%. Entre esses produtos estão o fungicida Ópera e o inseticida Standak. Os produtores puderam percorrer áreas de milho e soja, tratadas com os produtos, e áreas não-tratadas, observando os benefícios do efeito fisiológico.
Pioneer A Pioneer apresentou três novos híbridos durante o Show Rural: o 30S31, com elevado grau defensivo e potencial produtivo para a safrinha, o 30B30, estável e com qualidade de grão para o período normal de plantio na região Sul, e o 30B39, com estabilidade e potencial produtivo também recomendado para o plantio normal no Sul do Brasil. Os produtores puderam também assistir a palestras técnicas sobre o tema silagem de alta qualidade, redução do espaçamento entre linhas e aumento da população de plantas, além de diversas outras dicas interessantes sobre manejo na cultura do milho.
Microquímica A Microquímica mostrou novidades, como o fertilizante organomineral Acadian, que é formulado com algas marinhas canadenses (Ascophilum nodosum), e aminoácidos (ácido glutâmico) produzidos em sua nova fábrica em Monte Mor, São Paulo.
Ihara A Ihara participou mais uma vez do Show Rural, com informações e novidades aos produtores. Especialistas apresentaram palestras sobre pragas e doenças em soja e feijão. Este ano a empresa investiu em um dos seus mais tradicionais produtos, o Flumyzin, herbicida seletivo, não-sistêmico, para aplicação em pré e pós-emergências, destinado ao controle de plantas infestantes em diversas culturas.
Produtividade Fábio Dias acompanhou o Show Rural da Coopavel e se mostrou bastante otimista com as perspectivas para a safra e os resultados do AgCelence. “Nossa intenção no evento é de estar próximo do produtor e verificar quais são as suas necessidades, a fim de propor soluções eficientes, que vão ao encontro de seus objetivos”, explica.
Amarildo Ornellas, Fernando Prudente e Erico Gasparini
SOS Soja
Fábio Dias
Londrina Renato Arantes assumiu a gerência da Regional da Bayer CropScience, em Londrina, e leva para uma das unidades de negócio da empresa no Paraná sua experiência de mais de dez anos de atuação no mercado agrícola. Arantes é formado em Engenharia Agronômica pela Unesp Jaboticabal e está na empresa desde 1997.
Lançamento A Cheminova lança no mercado o fungicida Riza® 200EC (Tebuconazol), indicado contra a ferrugem da soja. Segundo a empresa fabricante o produto possui ótima qualidade de formulação, é seletivo, confiável e apresenta excelente distribuição na folha.
Região Norte Amarildo Ornellas é o novo gerente de Marketing da Diretoria de Negócios Norte da Bayer CropScience, após atuar de forma bem-sucedida como gerente de Cultura Algodão por dois anos e meio. Em seu lugar, assumiu Fernando Prudente. Erico Gasparini assumiu o cargo de gerente de Cultura Soja na região Norte e passou a trabalhar com uma das mais importantes culturas da agricultura mundial.
Um dos destaques da Bayer foi o programa SOS Soja, que ganhou um novo serviço, o SOS Monitoramento, uma nova frente que oferecerá a uma rede cadastrada, importante ferramenta para auxiliar no controle da ferrugem da soja. Segundo Gilson Oliveira, gerente de Fungicidas da Bayer, o programa funciona através de uma rede de agrônomos, pesquisadores e consultores, que emitem informações através de seus palm tops para o centro de pesquisa da Fundação ABC, onde os pesquisadores realizam análise e cruzam informações, emitindo um boletim para toda a rede cadastrada. Gilson Oliveira
Sipcam A Sipcam Isagro, empresa brasileira com sede na cidade de Milão, Itália, esteve no show Rural Coopavel. Durante o evento o diretor Fernando Humberto Rotondo, juntamente com a equipe, recebeu em seu estande diversos parceiros comerciais, como Tacito Barduzzi Júnior, presidente da Nova Produtiva de Astorga, Paraná, e Valdomiro Bogna, vice-presidente da Coopemibra, de Campo Mourão.
Renato Arantes
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Pragas Fotos Dionisio Link
Ataque noturno Plan tas rrecém-em ecém-em er gi das são o alvo prin cipal ddee grilos setos que têm por hábito Plantas ecém-emer ergi gid principal grilos,, in insetos realizar o corte à n oite e arr astar as plân tulas até a en tr ad a, on de se noite arrastar plântulas entr trad adaa ddaa galeri galeria, ond alim en tam. Embor aga ocorr ur an te tod o o ci clo ddas as cultur as ddee soja e de alimen entam. Emboraa a pr praga ocorraa ddur uran ante todo ciclo culturas milh o, é especi alm en te n os prim eir os 15 di as após a em er gên ci ed uz o milho, especialm almen ente nos primeir eiros dias emer ergên gênci ciaa que rred eduz utor a rrealizar ealizar o rreplan eplan ti o de ddee plan tas em até 90%, obri gan do o pr od estan prod odutor eplanti tio estand plantas obrigan gand
C
om o uso da semeadura direta sobre a palha (plantio direto), os insetos subterrâneos passaram a ser considerados espécies daninhas na fase inicial da cultura, o que causa reduções variáveis na Tabela 1 – Eficácia de algumas doses de inseticidas em várias diluições no controle do grilo pardo, em lavouras de milho, na região central do RS. Safra 2004/05 Tratamentos Metamidofós Metamidofós Clorpirifós Clorpirifós Deltametrina Deltametrina
i.a. Quantidade de calda/ha* g/ha 80 100 120 150 200 180 45** 51** <60** <70** >85** 300 <50 <60 <60 <75 >81 192 — <70 — <70 — 240 — <70 — 76 — 7,5 — <70 <70 — >80 10 — <70 <70 — >80
*aplicação: 4DAE a 10DAE. ** média das avaliações de 4DAT e 7DAT
densidade de plantas, falhas nas lavouras e aumento nos custos de produção. Entre os diversos insetos daninhos que são agrupados entre os subterrâneos, os grilos se destacam pelo hábito de se abrigarem durante o dia em galerias e à noite virem à superfície para corte e transporte do vegetal atacado para estas galerias, onde se alimentam e descansam. Várias espécies de grilos alimentam-se de plantas cultivadas no Brasil. De acordo com especialistas do grupo, um complexo de espécies é encontrado nas diferentes regiões do país, reunido em dois grandes grupos: o complexo de espécies de grilo comum, referido como Gryllus assimilis e o complexo do grilo pardo, citado como Anurogryllus muticus. Os grilos adultos vivem mais de um ano e, no Brasil, normalmente passam os perío-
dos não- reprodutivos sem hibernação (inverno) ou estivação (verão), alimentando-se de tecidos vegetais novos, atacando plântulas ou brotação nova ou rebrote. A praga ocorre durante todo o ciclo das culturas, especialmente aquelas semeadas no final da primavera, onde suas populações causam os maiores danos na fase de emergência e desenvolvimento inicial. O corte de milho ou de soja ocorre à noite com arrasto das plântulas até a entrada da galeria onde os indivíduos se alimentam. Pela manhã, notam-se pedaços da plântula na entrada da galeria, fechando-a. Quando se constatou restos de mais de uma plântula havia dez ou mais ninfas naquela galeria. O grilo pardo constrói uma galeria na forma de “Y”, com duas entradas, a principal geralmente coberta parcialmente com
Tabela 2 – Freqüência de galerias do grilo pardo (Anurogryllus muticus) e redução da população de plantas em lavouras de soja, com sementes tratadas previamente. Santa Maria (RS). Safra 2005/06. Tratamentos
g. i.a. Número de galerias Porcentagem de redução /50kg por 100 m de linha da população de plantas sementes c/grilo s/grilo* aos 7DAE** Testemunha — 34 27,5a 02 Fipronil (Standak) 12,5 4,7b 00 03 Fipronil (Regent) 8 00 05 4,9b Tiametoxano (Cruiser) 21 00 8,7b 14 Imidacloprido (Gaúcho) 36 00 15 8,8b Clotianidina(Poncho) 36 00 15 8,6b Acefato (Orthene) 210 01 9,1b 23 Com grilo: número médio de grilos/galeria – oito: dois adultos e seis ninfas; Sem grilo: galeria vazia. ** médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Tukey a 5%). 7DAE: sete dias após a emergência.
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Falha no estande de plantas provocada por grilos
restos de vegetais ou palha e a outra (saída de emergência), cerca de 10 cm a 20 cm da primeira, geralmente sob restos de palha e totalmente camuflada. A profundidade da galeria varia com o tipo de solo, sendo mais rasa em solos argilosos, onde dificilmente ultrapassa 10 cm de profundidade. Em solos arenosos ou com maior teor de matéria orgânica, chega a atingir 20 cm. No final da galeria, que é inclinada, aproximadamente 60º, é construída uma câmara de formato oval, com três a cinco centímetros de comprimento e 1,5 cm a 2 cm de altura. O diâmetro da galeria é de aproximadamente um centímetro. Nos levantamentos, galerias com a abertura principal bem visível, geralmente estavam vazias ou ocupadas por outros artrópodes: aranhas, piolho-de-cobra, diplópodes ou lacraias. Na região do Planalto Médio, no Rio Grande do Sul, utilizando-se de armadilhas de solo (pitfall traps), permitiram-se constatar três picos populacionais do grilo pardo em soja cultivada em semeadura direta sobre palhada e apenas dois em soja semeada de forma convencional (Tabela 3). No final do ciclo o número de grilos coletados foi similar nos dois sistemas de cultivos. A grande maioria dos adultos coletados foi fêmea, numa proporção aproximada de duas fêmeas para um macho. Nos picos populacionais, 80% dos exemplares capturados foram ninfas (formas jovens).
DANOS
Dirceu Gassen
Em áreas infestadas pelo grilo pardo, verificou-se aos oito dias após a emergência que numa densidade de três galerias por metro de linha de plantas de soja houve uma redução superior a 95% no estande. A partir de 2,2 galerias do grilo pardo em dez metros de linha, o produtor de soja da região comprovou pessoalmente a redução de estande na lavoura. A incidência de três a oito galerias do grilo pardo por dez metros de linha, em lavouras de milho semeadas entre final de outubro e
Detalhe das plantas cortadas e levadas até sua galeria
meados de novembro, em vários municípios da Depressão Central do Rio Grande do Sul, sem qualquer tratamento inseticida em sementes ou na área, causou uma redução próxima a 90%, tornando necessário o replantio. O ataque dos grilos só é prejudicial e daninho aos cultivos de soja e de milho durante a fase de germinação, até no máximo 15 dias após a emergência, pois com a lignificação do colmo ou haste o inseto passa a cortar o folíolo na soja ou parte da folha já desenvolvida do milho, não sendo mais considerado praga. O monitoramento da população deve ser feito preferencialmente antes da semeadura e a presença de pequenos montículos de terra escavada é um primeiro sinal de alerta de que pode haver grilo ou outra praga subterrânea na área.
CONTROLE Até o presente momento, não existem registros específicos de produtos químicos para o controle de grilos nas culturas de milho e de soja. Testes realizados com produtos registrados para o controle de pragas iniciais destas culturas, como lagarta rosca, lagarta elasmo (broca do colo da soja), coró das pastagens ou larva alfinete (vaquinha verde), seja na forma de tratamento de sementes, pulverização preventiva no sulco ou curativa em área total, demonstraram que vários destes produtos têm ação efetiva no controle das populações destes insetos (Tabelas 1 e 2).
Tabela 3 – Freqüência de coleta do grilo pardo: Anurogryllus muticus (Orthoptera: Gryllidae), através de armadilhas de solo, na cultura da soja semeada em dois sistemas de cultivo. Colorado (RS), safra 1992/93 Data Nov/27 Dez/02 Dez/10 Dez/17 Dez/28 Jan/05 Jan/12 Jan/22 Fev/01 Fev/12 Fev/23 Mar/03 Mar/18 Mar/31 %
Total 64 38 21 9 112 22 261 259 72 174 50 196 104 85 1467 100,0
SPD Ninfa 10 13 10 5 0 4 0 3 81 12 15 3 234 9 210 19 52 5 130 14 10 15 150 16 51 20 10 30 958 173 65,31 11,79
41 23 17 6 19 4 18 30 15 30 25 30 33 45 336 22,90
Total 44 68 53 27 79 95 122 279 88 42 239 84 103 38 1361 100,0
SPC Ninfa 12 0 0 16 0 21 10 0 20 15 35 14 31 38 258 7 52 11 12 14 190 21 59 5 53 21 13 7 726 209 53,34 15,36
32 52 32 17 44 46 53 14 25 16 28 20 29 18 426 31,30
SPD – sistema de semeadura direta sobre a palha; SPC – sistema de semeadura convencional.
Nas pulverizações curativas, a quantidade de palhada interfere na eficácia dos produtos, exigindo maiores quantidades de calda; quantias inferiores a 150 litros de calda/ha, de uma maneira geral, são pouco eficazes na reC dução das populações destes grilos. Dionísio Link UFSM
BIOLOGIA
A
s informações biológicas sobre a vida dos grilos são escassas na literatura brasileira, embora haja muitas informações na literatura mundial. A literatura relata que ocorre apenas uma geração anual de grilos, mas nossas observações indicam que algumas espécies têm pelo menos duas oviposições durante o ciclo da soja. Na literatura consta que os adultos vivem mais de um ano, mas não se sabe se são duas gerações ou duas posturas da mesma população ocorrente numa lavoura, devido à inexistência de trabalhos de biologia, em laboratório, com esta finalidade. As populações do grilo pardo são freqüentes na região Sul do Brasil, com maior incidência nas áreas cobertas com aveia e azevém, no inverno, onde aparentemente a sobrevivência dos adultos é maior. O pastoreio permanente e intermitente favorece a sobrevivência dos adultos des-
tas espécies, citadas por alguns autores como “hibernantes”. Em geral, as populações do grilo pardo ocorrem de forma agregada e localizam-se preferencialmente na parte mediana e do lado leste das encostas (coxilhas). Nos levantamentos realizados em pastagens localizadas na região central do estado do Rio Grande do Sul, verificou-se que a partir de meados de outubro até final de novembro, em toda a galeria escavada foram encontrados adultos e ninfas (formas jovens). Todas as ninfas encontradas numa galeria tinham o mesmo tamanho ou eram mosquitos (primeiro instar) ou pequenas (ninfas de 2º ou 3º instar); ninfas grandes (4º ou 5º instar) foram encontradas isoladas ou em grupos de duas a quatro, sem a presença de adultos. O número de ninfas iniciais e pequenas variou de três a quinze indivíduos por galeria.
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Palha infestada Com a eexpan xpan são ddo o sistem ead ur eta e xpansão sistemaa ddee sem semead eadur uraa dir direta cultivo ddaa safrinha ddee milh o, o per cevejo barri gamilho, percevejo barrigaver de tem se m ostr ad o cad ais fr eqüen te verd mostr ostrad ado cadaa vez m mais freqüen eqüente nas diversas rregiões egiões ddo o Br asil. Qu an to m en or o Brasil. Quan anto men enor ta, m ai or es os pr ejuízos eas tam anh o ddaa plan anho planta, mai aior ores prejuízos ejuízos.. Ár Áreas tamanh dições as ddur ur an te tod o o an o fforn orn ecem con plan tad ornecem condições plantad tadas uran ante todo ano aga ideais par evivên ci evivênci ciaa ddaa pr praga paraa a sobr sobrevivên
Fotos Paulo Roberto V. da S. Pereira
Milho
M
udanças no cenário agrícola nas regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil, com a expansão do sistema de semeadura direta e o plantio da safrinha de milho, desencadearam o crescimento populacional de espécies de percevejos consideradas até então como pragas secundárias. Nestas regiões, uma safrinha de milho ou sorgo é semeada após a colheita de soja ou milho, com o aproveitamento da área a ser cultivada posteriormente com a cultura de inverno. Áreas plantadas durante o ano todo fornecem condições ideais para a sobrevivência de insetos polífagos, como os percevejos pentatomídeos, cuja população pode aumentar a ponto de causar danos significativos em diversas culturas. Os pentatomídeos são principalmente sugadores de sementes e atacam plantas durante o período reprodutivo. Possuem importância econômica em regiões produtoras de grãos. Com a substituição do cultivo convencional pelo plantio direto e a adoção da safrinha, algumas espécies foram favorecidas, principalmente aquelas que possuem a habilidade de mudar seu hábito alimentar, como é o caso do percevejo barriga-verde, nome comum de espécies do gênero Dichelops Spinola, 1837. Com o aumento de áreas sob plantio direto, este inseto tem se mostrado um problema freqüente, causando danos em diversas regiões do país, a ponto de ser considerado praga da fase inicial de diversas culturas como milho e trigo. Apesar da presença de Dichelops spp. em plantas cultivadas já ser conhecida, os primeiros registros de prejuízos econômicos ocorreram na década de 1990. Existem relatos de perdas consideráveis, como conseqüência de seu ataque, em lavouras de milho e trigo, podendo, em trigo, a redução na produção chegar a 30%. Quanto menor o tamanho da planta, maiores os danos causados pelo ataque deste inseto. Os sintomas característicos do ataque são perfurações transversais no limbo foliar, perfilhamento e encharutamento das folhas.
FASES DE DESENVOLVIMENTO • Ovos: logo após a postura apresentam Tabela 1 - Duração, em dias, dos estádios ninfais de Dichelops melacanthus criados em condições de temperatura de 25º + 2º C, fotofase de 12h e umidade relativa de 70 + 5%. Embrapa Trigo, Passo Fundo (RS) Estádio de desenvolvimento Duração em dias (média + erro padrão) Ovo 4,36 + 0,07 Instar 1 3,20 + 0,06 Instar 2 4,78 + 0,12 Instar 3 3,62 + 0,13 Instar 4 4,09 + 0,12 Instar 5 6,03 + 0,15 Ovo - adulto 26,08 + 0,24 Fonte: Embrapa Trigo, Comunicado Técnico on line 214.
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A)
B)
Danos causados pelo ataque do percevejo barriga-verde: (A) folha com perfurações transversais; (B) planta com encharutamento do cartucho
coloração verde-clara e na medida em que maturam, vão escurecendo. No terceiro dia após a oviposição podem ser observados, por transparência, dois pontos vermelhos, que correspondem aos olhos compostos. Próximo da eclosão das ninfas, os ovos apresentam coloração castanho-escura. • Ninfa de primeiro estádio: corpo de forma oval-arredondada e com comprimento médio de 1,38mm. Coloração geral da cabeça, tórax, patas e antenas castanho-escura. Abdômen amarelo-esverdeado com pontuações avermelhadas. Região distal dos segmentos da antena de coloração avermelhada. Olhos compostos de cor vermelha. • Ninfa de segundo estádio: corpo de forma oval, mais arredondada na região posterior e com comprimento médio de 2,10mm. Coloração geral do corpo castanho-clara, com pontuações e desenhos de cor negra na cabeça e tórax. Patas e antenas de cor castanho-escura ou negra e região distal dos segmentos da antena de coloração avermelhada. Abdômen com pontuações e manchas avermelhadas. • Ninfa de terceiro estádio: corpo de forma oval, mais arredondada na região posterior e com comprimento médio de 3,15mm. Coloração geral do corpo castanho-clara a esverdeada, com pontuações de cor negra na cabeça e tórax. Patas e antenas de cor bege-
avermelhada, segmento distal da antena de coloração castanho-escura. Abdômen com pontuações e manchas avermelhadas. Olhos compostos de cor vermelho-escura. Cabeça com jugas agudas e ultrapassando o clípeo. • Ninfa de quarto estádio: corpo de forma oval e com comprimento médio de 4,36mm. Coloração geral do corpo castanhoclara a esverdeada, com pontuações de cor negra na cabeça e tórax. Patas e antenas de cor bege-avermelhada, segmento distal da antena de coloração castanho-escura. Abdômen com pontuações e manchas avermelhadas. Olhos compostos de cor vermelho-escura. No tórax observa-se o mesonoto com bordas sinuosas, formando as tecas alares, que não ultrapassam o mesonoto. Cabeça com jugas agudas e ultrapassando o clípeo. • Ninfa de quinto estádio: corpo de forma oval e com comprimento médio de 7,63mm. Coloração geral do corpo castanhoesverdeada, com pontuações castanho-avermelhadas na cabeça e tórax. Patas e antenas castanho-claras ou esverdeadas, segmento distal da antena castanho-escura. Abdômen com pontuações e manchas avermelhadas. Olhos compostos de cor castanho-escura. No tórax observa-se o mesonoto com bordas sinuosas, formando as teças alares, que ultrapassam o mesonoto. Cabeça com jugas agudas e ultrapassando o clípeo. • Adulto: corpo de forma similar a um losango com comprimento médio de 10,50mm. Coloração geral castanha em vista dorsal e, em vista ventral, com abdômen esverdeado, podendo, em alguns casos, apresentar coloração castanho-clara. Cabeça com jugas agudas e ultrapassando o clípeo. Margens
C)
D)
D. melacanthus - diferenciação entre macho e fêmea: a) macho vista ventral, b) macho vista dorsal, c) fêmea vista ventral, d) fêmea vista dorsal
antero-laterais do pronoto serrilhadas. Ângulos umerais na forma de espinhos de coloração negra e geralmente agudos. A diferenciação sexual pode ser realizada observando-se a região final do abdômen. Nos machos, em vista ventral, a genitália masculina forma uma placa única, diferente da estrutura do ovipositor da genitália feminina. Dorsalmente observa-se, após a retirada dos hemiélitros e asas, diferenças evidentes entre as genitálias masculina e feminina. No que diz respeito às características morfológicas dos estádios ninfais, fica evidente que a diferenciação entre espécies de Dichelops pela fase ninfal é de difícil execução. Entretanto, as características aqui apresentadas podem auxiliar na diferenciação, tanto a campo quanto em laboratório, entre as ninfas de percevejos-praga. C Paulo Roberto V. da S. Pereira, José Roberto Salvadori e Lucas S. Tonello, Embrapa Trigo
Ovos de D. melacanthus: à esquerda recémovipositados e à direita três dias após a oviposição
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Milho
Vigilância constante O m onitor am en to ddo o pr ecevejo monitor onitoram amen ento precevejo barri ga-ver de é impr escin dível par barriga-ver ga-verd imprescin escindível paraa evitar o rreplan eplan ti o ddaa lavour a, já que eplanti tio lavoura, a pr aga ocorr ur an te tod o ci clo praga ocorree ddur uran ante todo ciclo das cultur as ddee verão e invern o inverno culturas
O
monitoramento nas culturas de inverno é fundamental para se manejar esta praga nas culturas de primavera e verão. Áreas com cobertura verde no inverno, contendo aveia, ervilha ou nabo forrageiro, permitem não só a manutenção da população da praga, mas também sua multiplicação. Nestes casos, quando da colheita ou da dessecação para instalação do cultivo subseqüente, a inclusão de inseticida para o controle desta praga é medida indicada para terse um bom estande na cultura subseqüente. Em áreas em pousio, onde apenas se encontram os restos da cultura anterior, o monitoramento da população escondida sob a palhada é fundamental, para que não ocorram surpresas desagradáveis. A amostragem deve ser realizada em vários pontos da lavoura, especialmente quando ao lado existe vegetação arbórea (matas, capoeiras etc). A maneira mais prática é revolver a palhada de uma área de 0,5m x 0,5m e contar o número de insetos ali existentes. A movimentação do percevejo é reduzida em baixas temperaturas e sua coloração é mimética com a palhada, dificultando
a constatação de sua presença. Além disso, o inseto quase não se locomove no frio ou se movimenta lentamente quando exposto ao sol. O percevejo em quiescência ou em hibernação apresenta o abdômen de coloração marrom-rosada, sem destaque da palha seca. O percevejo Dichelops melacanthus ocorre durante todo o ciclo das culturas de verão e no inverno, e se reproduz nos locais com temperaturas amenas e pouco frias. Em áreas mais secas, passa o inverno, em quiescência (dormência) sob a palhada. No Sul do Brasil, nos cultivos de cobertura de inverno, sobrevive e se reproduz bem, apresentando elevadas populações na época de dessecação (outubro) ou na colheita (novembro/dezembro). A ausência de controle nesta ocasião pode comprometer a semeadura seguinte, exigindo, na maioria das vezes, o replantio, devido à intensidade de dano. Em anos mais frios e secos a maioria dos indivíduos se encontra sob a palhada e ali permanece até a próxima semeadura. No oeste do Paraná este tipo de sobrevivência tem sido comum e as pesquisas apresentando populações superiores a dez indivíduos/m2 sob a palha.
Nestas situações o simples tratamento das sementes de milho ou de soja não resolve o problema, pois o controle será de no máximo 50% do dano que a praga poderá causar. Foram realizados testes de produtos químicos usados no tratamento de sementes, na cultura do milho, na região central do Rio Grande do Sul, com infestações acima de cinco indivíduos por dois metros de linha. Esses testes indicaram uma eficácia média de 50% aos sete dias após a emergência, independentemente do grupo químico. Pesquisas de controle desta praga, realizadas pelo Iapar, indicaram que com este nível de infestação, além do tratamento das sementes, nova aplicação deve ser realizada até quatro dias após a emergência, para se conseguir mais de 80% de controle. Os inseticidas registrados para o combate ao percevejo verde, percevejo verde pequeno e percevejo marrom, nas mesmas doses, são eficientes no controle desta praga, quando aplicados em pulverização sobre as C plantas recém-emergidas. Dionísio Link, UFSM
Dirceu Gassen
Tabela 1 – Produtos registrados para o controle dos percevejos barriga-verde - Dichelops melacanthus beta-ciflutrina (piretróide) + imidacloprido (neonicotinóide) Clotianidina (neonicotinóide) imidacloprido (neonicotinóide) + tiodicarbe (metilcarbamato de oxima) cipermetrina (piretróide) + tiametoxam (neonicotinóide) lambda-cialotrina (piretróide) + tiametoxam (neonicotinóide) lambda-cialotrina (piretróide) cipermetrina (piretróide) + tiametoxam (neonicotinóide)
500 – 1000 ml/ha 350 ml/100kg de sementes 0,25 – 0,35 l/ha 200 – 300 ml/ha 200 – 250 ml/ha 300ml/ha 200 – 300 ml/ha
Connect Poncho Cropstar Platinum Engeo Pleno Karate Zeon 50 CS Engeo
Tabela 2 – Produtos registrados para o controle dos percevejos barriga-verde - Dichelops furcatus
Detalhe da coloração mimética de Dichelops melacanthus com a palha
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tiametoxam (neonicotinóide) tiametoxam (neonicotinóide) imidacloprido (neonicotinóide) imidacloprido (neonicotinóide) Clotianidina (neonicotinóide) Fonte: Agrofit (Tabelas 1 e 2)
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600 ml/100 kg sementes 300 gr/100 kg sementes 350 gr/100 kg sementes 350 gr/100 kg sementes 350 gr/100 kg sementes
Cruiser 350 FS Cruiser 700 WS Gaúcho FS Gaúcho 600 A Poncho
Milho
Cautela na adubação No plan ti o ddo o milh o safrinha, época ddee escassez ddee ch uvas e ddee temper atur as e planti tio milho chuvas temperatur aturas radi ação solar m en or es n ase fin al ddo o ci clo, é pr eciso levar em con si der ação adiação men enor ores naa ffase final ciclo, preciso consi sid eração os riscos que imped em a cultur xpr essar tod o seu poten ci al pr od utivo. impedem culturaa ddee eexpr xpressar todo potenci cial prod odutivo. Assim, avali ar o nível ddee fertili dad os solos sur ge com o o prim eir o passo par avaliar fertilid adee ddos surg como primeir eiro paraa gar an tir o uso efi ci en te ddee corr etivos e fertilizan tes fertilizantes garan antir efici cien ente corretivos
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS Dados médios de experimentos conduzidos na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas (MG), ilustram a extração de nutri-
entes pelo milho cultivado para produção de grãos e silagem (Tabela 1). Observa-se que a extração de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg) aumenta linearmente com o crescimento da produtividade da cultura e que as maiores exigências nutricionais do milho referem-se ao nitrogênio e ao potássio, seguindo-se o cálcio, o magnésio e o fósforo. Com relação aos micronutrientes, as quantidades requeridas pelas plantas de milho são muito pequenas. Para uma produtividade de nove toneladas de grãos/ha, extraem-se 2.100 gramas de ferro, 340 gramas de manganês, 400 gramas de zinco, 170 gramas de boro, 110 gramas de cobre e 9 gramas de molibdênio. Entretanto, a deficiência de um destes micronutrientes pode ter tanto efeito na desorganização de processos metabólicos e redução na produtividade, como a de um macronutriente, por exemplo, o nitrogênio. Em milho, os nutrientes têm diferentes taxas de translocação entre os tecidos (colmos, folhas e grãos). No que se refere à exportação dos nutrientes, o fósforo é quase
todo translocado para os grãos (77% a 86%), seguido pelo nitrogênio (70% a 77%), pelo enxofre (60%), pelo magnésio (47% a 69%), pelo potássio (26% a 43%) e pelo cálcio (3% a 7%). Isso implica em que a incorporação dos restos culturais do milho devolva ao solo grande parte dos nutrientes, principalmente potássio e cálcio, contidos na palhada. Quando o milho é colhido para silagem, além dos grãos, a parte vegetativa é também removida, havendo conseqüentemente alta extração e exportação de nutrientes (Tabela 1). Assim, problemas de fertilidade do solo se manifestarão mais cedo na produção de silagem do que na produção de grãos.
NÍVEIS DE FERTILIDADE DOS SOLOS Os solos apresentam diferenças em sua capacidade no fornecimento de nutrientes, dependendo da quantidade de reservas totais, da dinâmica de mobilização e fixação e da disponibilidade dos nutrientes para as raízes. Desse modo, é necessário quantificar, por meio de análises químicas, o potencial dos solos em fornecer os nutrientes e o esta-
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Matheus Zanella
O
milho safrinha, cultivado sem irrigação no período de fevereiro a março em sucessão a outras culturas, principalmente a soja, possui algumas características peculiares. Nesta época, o potencial de produtividade é menor e os riscos aumentam em virtude das menores precipitações, das baixas temperaturas e da radiação solar na fase final do ciclo da cultura. Nestas condições, os principais questionamentos levantados pelos agricultores são: a) é viável adubar a cultura do milho, semeada em sucessão, mesmo em condições de deficiência hídrica?; b) quais os parâmetros para a tomada de decisão?; c) que doses são recomendadas e como se deve manejar esta adubação? Para responder a esses questionamentos devem ser considerados aspectos relacionados às exigências nutricionais do milho, de acordo com o potencial de produtividade e o nível de fertilidade dos solos.
Fotos Antônio Marcos Coelho
Aspecto de desenvolvimento de um híbrido moderno de milho cultivado em solos com diferentes níveis de fertilidade. À esquerda solo de baixa fertilidade e à direita solo de alta fertilidade
do nutricional das plantas como instrumentos para o uso eficiente de corretivos e fertilizantes. A Figura 1 ilustra a classificação da fertilidade dos solos, usada para interpretação da capacidade dos solos em suprir nutrientes nas culturas. Além destas informações, importa também considerar os diferentes esquemas de rotação e de sucessão de culturas, que apresentam também diferenças nas exigências nutricionais e na reciclagem dos nutrientes. Do ponto de vista de fertilidade dos solos e de nutrição do milho, resultados de pesquisas e experiência têm demonstrado que altas produtividades só têm sido possíveis em solos cuja fertilidade encontra-se em níveis classificados como de médio a alto (Figura 1). Em solos com fertilidade baixa e muito baixa (Figura 1), seja devido às condições naturais ou por processos de degradação, é bastante difícil, já no primeiro ano, obter altas produtividades de milho. Exemplos típicos ocorreram em tempos passados por ocasião da abertura dos cerrados ou recentemente com a recuperação de pastagens degradadas com a utilização da integração lavourapecuária. Em ambas as situações, a introduTabela 1 - Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada à produção de grãos e silagem em diferentes níveis de produtividade Tipo de exploração Produtividade N t/ha Grãos 3,65 77 5,80 100 7,87 167 9,17 187 10,15 217 Silagem 11,60 115 (matéria seca) 15,31 181 17,13 230 18,65 231
P 9 19 33 34 42 15 21 23 26
K Ca kg/ha 83 10 95 17 113 27 143 30 157 32 69 35 213 41 271 52 259 58
ção do milho foi frustrante, com baixos níveis de produtividade. Em razão dos riscos existentes, deve-se, preferencialmente, implantar a lavoura em solos de boa fertilidade, com necessidades de aplicação de fertilizantes em doses suficientes para a reposição das quantidades exportadas pelos grãos. Recomenda-se efetuar o plantio de milho safrinha em solo já corrigido, uma vez que não há tempo para a correção do solo com calcário. A calagem deve ser feita antes da cultura de verão. Em áreas com subsolos muito ácidos, com altos teores de alumínio trocável (saturação de alumínio > 20%) e baixos teores de cálcio, limita-se o desenvolvimento do sistema radicular e a absorção de água, o que é crítico para o milho safrinha. Em solos arenosos, com baixa capacidade de armazenamento de água, os riscos aumentam.
ADUBAÇÃO DE SEMEADURA E COBERTURA Na recomendação de adubação para o milho safrinha, deve-se levar em consideração os maiores riscos que limitam as doses econômicas e a pluviosidade decrescente, que pode afetar o parcelamento da adubação, principalmente com o nitrogênio e o potássio.
Figura 1 - Conceitos utilizados para interpretação dos indicadores da fertilidade dos solos e sua capacidade potencial no suprimento de nutrientes às culturas
Mg 10 17 25 28 33 26 28 31 32
Para converter P em P2O5; K em K2O; Ca em CaO e Mg em MgO, multiplicar por 2,29; 1,20; 1,39 e 1,66; respectivamente
1/
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Adubação de semeadura Em razão do baixo potencial de rendimento, as doses de fósforo e de potássio a aplicar, quando necessárias, são menores. Em solos onde os níveis de fósforo e de potássio altos e possibilidades de respostas econômicas baixas, as quantidades a aplicar compensariam parte da retirada pelos grãos. Sugestões de doses para adubação do milho safrinha com nitrogênio, fósforo e potássio aplicados por ocasião da semeadura são apresentadas na Tabela 2. Quando o solo apresentar teores de fósforo e potássio de médio para alto (Tabela 2), faz-se a manutenção desse valor pela reposição anual da quantidade removida no produto colhido. Para o milho, considera-se que para cada tonelada de grãos produzida são exportados de 8kg a 10kg de P2O5. Considera-se esse mesmo valor quando se cultiva o milho para produção de silagem, visto que a exportação de fósforo, no caso, assemelha-se à necessária para a produção de grãos. Para o potássio, os valores variam de acordo com a produtividade e a finalidade de exploração. Assim, para produtividades inferiores a 6,0t de grãos/ha, tem-se uma exportação média ao redor de 4kg de K2O
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por tonelada de grãos e para produtividades acima de 8,0t de grãos/ha, 6kg de K2O por tonelada de grãos. Quando o milho for destinado à produção de forragem, a extração média é de aproximadamente 13kg de K2O por tonelada de matéria seca produzida.
Tabela 2 - Sugestões para adubação do milho safrinha com nitrogênio, fósforo e potássio aplicados por ocasião da semeadura Potencial de produtividade (t/ha) 2a3 3a4 4a6
N (kg/ha) 30 30 30
Nível de fósforo no solo Muito baixo Baixo Médio P2O5 (kg/ha) 50 30 */ 60 40 */ 90 60 */
Alto */ */ */
Nível de potássio no solo Muito baixo Baixo Médio K2O (kg/ha) 40 30 */ */ 50 40 90 50 */
Alto */ */ */
Calcular a dose de acordo a expectativa de produtividade, considerando as quantidades de fósforo e potássio removidos nos grãos ou na forragem
*/
Adubação de cobertura A recomendação de nitrogênio em cobertura, além da produtividade esperada, considera a classe de resposta. Em área onde se cultiva o milho safrinha em solo arenoso ou após outra gramínea cultivada no verão, enquadra-se na classe de média/ alta a resposta ao elemento. Contudo, classifica-se o milho safrinha como de baixa resposta ao nitrogênio quando este é cultivado após soja ou outra leguminosa de verão (Tabela 3). É importante mencionar que a dose de 30kg de N/ha, recomendada para aplicação por ocasião da semeadura, possibilita dispensar aplicação extra de N em cobertura para produtividade de até 3t de grãos/ha. Em algumas situações, como em solos de textura média e argilosos, podese aplicar todo o nitrogênio na semeadura, não devendo a dose ultrapassar 60kg de N/ha.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Para maximizar o potencial de produtividade do milho safrinha, o produtor deve: a) entender a condição climática e maximizar o potencial da cultura, com a utilização de híbridos de ciclo precoces e adaptados à região, em época certa de semeadura; b) com relação à qualidade do solo, utilizar área em que a terra tenha no mínimo um perfil de 40cm sem problemas de acidez, alto teor de matéria orgânica e adequados níveis de fósforo e potássio. Em qualquer circunstância, é importante considerar, no manejo de nutrientes, que o solo deve receber o que as plantas exportam nos grãos ou na forragem; c) planejar e administrar corretamente o estabelecimento da cultura com o uso de sementes de alta qualidade (germinação e vigor), tratamento de sementes com inseticidas para o controle de pragas iniciais, correta regulagem de máquinas para a distribuição unifor-
Tabela 3 - Doses de nitrogênio a serem aplicadas como adubação de cobertura para o milho safrinha Potencial de produtividade (t/ha) 2a3 3a4 4a6 */
Classes de respostas ao nitrogênio Média/Alta Baixa Nitrogênio (kg/ha) 0 0 30 0 50 30
Aplicação em cobertura quando o milho apresentar no estádio de cinco a sete folhas.
me de sementes e fertilizantes, para o estabelecimento do estande e crescimento uniforme, reduzindo a ocorrência de plantas dominadas. Altas produtividades de milho requerem maior consistência no peso individual de espigas. Tem-se constatado que a alta incidência de plantas dominadas pode reduC zir a produtividade em 30%. Antônio Marcos Coelho, Embrapa Milho e Sorgo
Fotos Vagner Alves da Silva
Milho
Mancha branca Testes em Goiás avali am a efi ciên ci oquími cos avaliam eficiên ciênci ciaa ddee agr agroquími oquímicos or tr ole ddaa bactéri no con antoea anan anatis causador oraa contr trole bactériaa Pan toea an an atis, causad da m an cha br an ca em milh o. A ddoença oença é um ddos os man ancha bran anca milho. prin cipais en tr aves n o milh o, com principais entr traves naa cultur culturaa ddo milho, distribuição ggen en er alizad as ár eas pr od utor as ener eralizad alizadaa n nas áreas prod odutor utoras od utivi dad br asileir das ddee até 60% n naa pr prod odutivi utivid adee brasileir asileiras perd asileiras e per
ma anamórfica Phyllosticta sp. Porém, a dificuldade no isolamento do fungo a partir das lesões e a não-reprodução dos sintomas em plantas infectadas com esse patógeno, deixaram dúvidas quanto a real identidade do agente etiológico da doença nas condições brasileiras, tendo em vista que até o presente não se cumpriram os postulados de Koch, e não se obteve reprodução dos sintomas em plantas infectadas com esse patógeno (Sawazaki, et. al, 1997). Em 2001, equipe de pesquisadores liderados por Paccola-Meirelle publicou trabalho com o título “Detection of a bacterium associated with a leaf spot disease of maize in Brazil. Journal of Phytopatology, Berlim, v. 149, n. 5, p. 275-279, 2001”, onde demonstrou a presença de uma bactéria nas lesões, identificada como Pantoea ananatis (syn. Erwinia ananas). Em 2004, a mesma equipe publicou o trabalho “Confirmação da etiologia da doença descrita no Brasil como sendo a mancha foliar de phaeosphaeria em milho. In: XXV Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2004, Cuiabá, 2004”, indicando, definitivamente, a bactéria P. anantis como agente etiológico da mancha branca presente no Brasil.
TESTES PARA CONTROLE DO NOVO AGENTE ETIOLÓGICO
A
mancha branca do milho, causada pela bactéria Pantoea ananatis, também denominada de pinta branca, tem se constituído, nos últimos anos, em uma das principais doenças da cultura, com uma distribuição generalizada pelas áreas produtoras do Brasil, com relatos de perdas na produção da ordem de até 60%. Os sintomas da mancha branca começam a ser evidentes por ocasião da pré-floração, entre 50 e 60 dias, período em que a planta paralisa a emissão de folhas e o crescimento (elongação) do colmo e dos internódios. As lesões apresentam formato de circular a oval, medindo de 0,3cm até 1,5cm, com aspecto inicial de anasarca, que evolui rapidamente,
16
adquirindo uma coloração palha, com bordos irregulares e bem definidos. As margens das lesões podem apresentar tonalidade marromescura. No centro, já necrosado, são comuns estruturas reprodutivas de fungos como pseudotécios e picnídios. Em condições favoráveis, a doença leva à seca prematura das folhas e causa uma redução no peso dos grãos (Fantin, 1994; Fernandes, 1999; Pinto et al, 1997 e Ventura & Resende, 1996). Inicialmente esta doença foi identificada como mancha foliar de phaeosphaeria, descrita por Payak & Renfro (1966) como causada pelo ascomiceto Phaeosphaeria maydis (P. Henn.) Rane Payack e Renfro (sin. Sphaerulinia maydis = Leptosphaeria zeae maydis), for-
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1) Comportamento da bactéria P. ananatis quando cultivada em presença dos agroquímicos em laboratório. De acordo com o Agrofit 2006, do Ministério da Agricultura, as estrobilurinas (piraclostrobina, azoxistrobina), isoladas ou em associação com os triazóis, ou os triazóis (epoxiconazol, ciproconazol) são agroquímicos indicados para o controle da mancha branca do milho a campo. Com a confirmação de um novo agente para a doença surgiu a necessidade de se verificar a ação de antibióticos no controle do agente etiológico in vitro e in vivo. Isolados bacteri-
Isolamento das lesões em meio nutriente Agar
Os sintomas da mancha-branca começam a aparecer na pré-floração entre 50 e 60 dias, quando a planta paralisa a emissão de folhas e o crescimento do colmo e dos internódios
anos foram obtidos a partir de lesões foliares tipo anasarca em meio Nutriente Agar (NA). Como padrão, foi utilizado isolado obtido junto ao Departamento de Biologia Geral da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná. Todos os isolados foram cultivados em meio NA a 300C e após crescimento mantidos em meio líquido e os ensaios conduzidos no Laboratório de Microbiologia Geral do Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Verde (Cefet), em Goiás. Uma alíquota de 0,02ml de uma suspensão bacteriana contendo 109 UFC, foi distribuída uniformemente sobre a superfície de placas de Petri contendo meio Nutriente Agar (NA) acrescido de diferentes dosagens dos produtos fitossanitários comerciais. Posteriormente as placas foram incubadas por um período de 48 horas no escuro, sendo as primeiras 24 horas a 35°C e as 24 horas seguintes a 28°C. Após este período, os tratamentos foram avaliados com relação à presença ou à ausência de crescimento bacteriano. Foram usados 20 tratamentos, com cinco repetições cada e um controle positivo comum a todos, como mostra a Tabela 1. As leituras foram efetuadas após as primeiras 48 horas de crescimento, usando (I*) para Inibição e (D*) para crescimento bacteriano. A adição de antibióticos nos meios de cultivo da bactéria promoveu a inibição total do crescimento bacteriano. O mesmo foi observado com a aplicação desses antibióticos aplicados em associação com os fungicidas. Já os fungicidas, quando adicionados isoladamente no meio de cultivo da bactéria, não promoveram inibição do desenvolvimento bacteriano. 2) Efeito da aplicação dos agroquímicos a campo no controle da mancha branca do milho. Para observar a ação de agroquímicos sobre a pinta branca foi realizado um ensaio no final do mês de agosto de 2006 e avaliados 15
tratamentos, distribuídos em blocos ao acaso com quatro repetições. As parcelas, compostas por quatro linhas com cinco metros de comprimento e espaçamento de 0,80 m entre as linhas, totalizaram uma área de 1,2 mil m2. A aplicação de agroquímicos se deu após o aparecimento dos primeiros sintomas da doença. Os tratamentos e suas respectivas dosagens encontram-se na Tabela 2. As avaliações foram realizadas semanalmente durante três semanas após cada aplicação. O índice de severidade da doença foi determinado através de escala diagramática, variando de 1 a 9, adotada por Paccola-Meirelles et al, (1998), baseada em percentagem da área foliar afetada sendo a nota 1 menos de 1% da área foliar afetada e nota 9 entre 80 a
Tabela 1 - Agroquímicos e misturas de agroquímicos usados para controle in vitro da bactéria Pantoea ananatis, agente etiológico da pinta branca do milho, no Laboratório do Centro Federal de Ensino Tecnológico de Rio Verde – Goiás Tratamentos Estreptomicina + oxitetraciclina Oxitetraciclina + sulfato de cobre Oxitetraciclina Piraclostrobina + epoxiconazol Tebuconazol + trifloxistrobina Flutriafol + tiofanato-metilico Azoxistrobina + ciproconazol (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (piraclostrobina + epoxiconazol) (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (tebuconazol + trifloxistrobina ) (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (flutriafol + tiofanato-metílico) (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (Azoxistrobina + ciproconazol) (Oxitetraciclina + sulfato de cobre) + (Piraclostrobina + epoxiconazol) (Oxitetraciclina + Sulfato de cobre) + (tebuconazol + trifloxistrobina) (Oxitetraciclina + Sulfato de cobre) + (flutriafol + tiofanato-metílico) (Oxitetraciclina + sulfato de cobre) + (azoxistrobina + ciproconazol) Oxitetraciclina + (piraclostrobina + epoxiconazol) Oxitetraciclina + (tebuconazol + trifloxistrobina) Oxitetraciclina + (flutriafol + tiofanato-metílico) Oxitetraciclina + (azoxistrobina + ciproconazol) Controle (testemunha)
Dose 0,70kg / ha-1 1,0kg/ha-1 0,50kg/ha-1 0,75lt/ha-1 0,60lt/ha-1 0,60lt/ha-1 0,30lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,20lt/ha-1 1,0kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 1,0kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 1,0kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 1,0kg/ha-1 + 0,20lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,20lt/ha-1 -
I* I I D* D D D I I I I I I I I I I I I D
Contagem UFC 0 0 0 Incontável Incontável Incontável Incontável 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Incontável
Tabela 2 - Agroquímicos usados no tratamento para controle da mancha branca a campo em Santa Cruz das Lages – Município de Santo Antônio da Barra – Goiás O tratamento oxitetraciclina + sulfato tribásico de cobre, mesmo tendo eficiência no controle da P. ananatis in vitro, não foi incluído no ensaio de campo, pois, em testes preliminares apresentou fitotoxidade nas plantas, efeito este provavelmente associado ao cobre presente em sua formulação. Agroquímicos Estreptomicina + oxitetraciclina Oxitetraciclina Piraclostrobina + epoxiconazol Tebuconazol + trifloxistrobina Flutriafol + tiofanato-metílico Azoxistrobina + ciproconazol (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (Piraclostrobina + epoxiconazol) (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (Tebuconazol + trifloxistrobina) (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (Flutriafol + tiofanato-metílico) (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (Azoxistrobina + ciproconazol) Oxitetraciclina + (piraclostrobina + epoxiconazol) Oxitetraciclina + (tebuconazol + trifloxistrobina) Oxitetraciclina + (flutriafol + tiofanato-metílico) Oxitetraciclina + (azoxistrobina + ciproconazol) Testemunha
Dosagem 0,70kg/ha-1 0,50kg/ha-1 0,75lt/ha-1 0,60lt/ha-1 0,60lt/ha-1 0,30lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,20lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,50lt/ha-1 0,50kg/ha-1 + 0,20lt/ha-1 -
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Fotos Vagner Alves da Silva
Tabela 3 - Desempenho dos agroquímicos aplicados em campo para controle da Pantoea ananatis, agente etiológico da mancha branca na cultura do milho Tratamentos Nome comum Oxitetraciclina + (azoxistrobina + ciproconazol) Flutriafol + tiofanato-metílico Oxitetraciclina Tebuconazol + trifloxistrobina (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (piraclostrobina + epoxiconazol) Oxitetraciclina + (tebuconazol + trifloxistrobina) Testemunha Estreptomicina + oxitetraciclina Oxitetraciclina + (piraclostrobina + epoxiconazol) Azoxistrobina + ciproconazol (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (azoxistrobina + ciproconazol) (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (flutriafol + tiofanato-metílico) Oxitetraciclina + (flutriafol + Tiofanato-metílico) (Estreptomicina + oxitetraciclina) + (Tebuconazol + trifloxistrobina) Piraclostrobina + epoxiconazol CV%
100% da área foliar atingida. A produtividade foi avaliada através da massa de mil grãos já corrigida para umidade de 13%. Os tratamentos oxitetraciclina + (piraclostrobina + epoxiconazol), seguidos de estreptomicina + oxitetraciclina apresentaram melhor controle no avanço da doença quando comparados com a testemunha. É necessário enfatizar que em ambos os tratamentos um ou outro tipo de antibiótico está presente. Os melhores rendimentos de grãos foram obtidos quando os antibióticos estavam presentes nos tratamentos. Os resultados apresentados na Tabela 3 demostraram um aumento no rendimento de grãos para a mistura entre o cloridrato de oxitetraciclina e um fungicida em relação à testemunha. Os fungicidas (flutriafol + tiofanato-metílico, tebuconazol + trifloxistrobina, azoxistrobina + ciproconazol e piraclostrobina + epoxiconazol) auxiliaram no controle das doenças fúngicas causadas pelos patógenos Exserohilum turcicum, Diplodia macrospora, Colletotrichum graminicola, Puccinia sorghi, Physopella zeae e Cercospora zea-maydis. Estes produtos não foram, contudo, eficientes no controle da bactéria P. ananatis. Já os antibióticos inibiram o desenvolvimento bacteriano, mas não tiveram ação sobre as doenças fúngicas. Assim, o uso
À esq. testemunha com crescimento da bactéria e à dir. placa com antibiótico sem presença da bactéria
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Dose/ha-1 0,5kg + 0,3lt 0,6lt 0,5kg 0,6lt 0,7kg + 0,75lt 0,5kg + 0,6lt 0,7kg 0,5kg + 0,75lt 0,3lt 0,7kg + 0,3lt 0,7kg + 0,6lt 0,5kg + 0,6lt 0,7kg + 0,6lt 0,75lt CV%
Sev. Foliar (Notas) 3,00 bcde 4,00 ab 2,62 cde 3,00 bcde 2,87 bcde 3,50 abcd 4,62 a 2,37 de 2,25 e 3,75 abc 2,75 cde 3,12 bcde 2,62 cde 2,75 cde 3,62 abc 15,40
AUDPC 105,00 cde 141,75 ab 89,25 de 101,50 cde 89,25 de 115,50 bcd 162,75 a 96,25 cde 77,00 e 140,00 ab 101,50 cde 105,00 cde 94,50 cde 96,25 cde 119,00 bc 6,58
Peso 1.000 de grãos (gr) 294,63 a 200,78 cd 288,24 ab 193,35 cd 281,67 ab 301,14 a 161,26 d 282,16 ab 297,19 a 226,49 bc 278,35 ab 279,21 ab 283,94 ab 285,97 ab 253,11 abc 6,01
combinado de antibiótico e um fungicida contribuíram para o aumento na produtividade, auxiliando no combate das principais enfermidades da cultura.
CONCLUSÕES O tratamento oxitetraciclina + sulfato tribásico de cobre, apresentou efeito sobre a bactéria in vitro, mas teve efeito fitotóxico nas plantas. Todos os tratamentos com antibióticos se mostraram eficientes no controle da mancha branca do milho, assim como todas as misturas de antibiótico com fungicida.
A doença pode levar à seca prematura das folhas e conseqüente redução no peso dos grãos
Todos os fungicidas foram eficientes no controle das doenças de final de ciclo causadas por Exserohilum turcicum, Diplodia macrospora, Colletotrichum graminicola, Puccinia sorghi, Physopella zeae e Cercospora zea-maydis, contudo, não tiveram efeitos sobre o desenC volvimento da mancha branca. Vagner Alves da Silva, AGÊNCIARURAL Rio Verde J.S.R. Cabral, D.S. Sousa e R.E. Lima, Cefet/RV L.D. Paccola-Meirelles, UEL/Londrina (PR) C.R. Casela e W.F. Meirelles, CNPMS/Sete Lagoas (MG) F.C. Pereira, Eng. agrônomo/Rio Verde (GO)
DOENÇAS EM MILHO
V
ários fatores contribuem para a maior incidência de doenças na cultura do milho. O aumento da área cultivada, o crescimento do número de cultivares comerciais com diferentes níveis de resistência às doenças, o manejo inadequado de água em plantios sob pivô ou na aspersão convencional, os plantios direto de milho sobre milho, o cultivo do milho safrinha em sucessão à soja e os plantios consecutivos de milho durante o ano todo, estão entre os aspectos que podem contribuir para saltos significativos de patógenos. Trabalhos de monitoramento de doenças realizados pela Embrapa Milho e Sorgo, AGÊNCIARURAL/Goiás e pelo setor privado, têm demonstrado que a mancha branca, a cercosporiose, a ferrugem polissora, a ferrugem tropical, a ferrugem comum, a helmintosporiose e os enfezamentos pálido e vermelho estão entre as principais doenças da cultura do milho, no momento, em Goi-
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ás. A importância de cada uma dessas doenças é variável de ano para ano e de região para região, mas não é possível afirmar que alguma delas seja de maior importância em relação às demais. Além dessas doenças, novos desafios têm surgido ao longo dos últimos anos, como o aumento na severidade da antracnose foliar em algumas regiões do país e a ocorrência de podridões causadas por Stenocarpella maydis e S. macrospora, antes mais comuns em áreas de plantio na região Sul do país e em algumas áreas do Centro–Oeste. Normalmente um programa de pesquisa tende a se concentrar na busca de soluções para problemas identificados até que uma resolução adequada seja encontrada, o que exige certo número de anos. O agricultor, por outro lado, enfrenta, anualmente, novos problemas e tende, em geral, a considerá-los como prioritários, exigindo saídas rápidas e imediatas.
Soja
Devorador de lucros Per cevejos pod em causar ddan an os irr eversíveis aos grãos ddee soja qu an do atacam ddur ur an te ercevejos podem anos irreversíveis quan and uran ante a fform orm ação ddas as vag en gi dos fi cam m en or es os och os e m ais ormação vagen enss. Os grãos atin atingi gid ficam men enor ores es,, enrugad enrugados os,, ch choch ochos mais escur os ed ução n o rren en dim en to e n ali dad as sem en tes as escuros os.. Com isso, há rred edução no endim dimen ento naa qu quali alid adee ddas semen entes tes.. Além ddas per das n o pod er ggermin ermin ativo, que atin gem e até ultr apassam os 50%, há qued perd no poder erminativo, ating ultrapassam quedaa das ostr ag en ad o vi gor cação ddee in seti ci acen tu enss ddaa inseti setici cid as,, com base em am amostr ostrag agen acentu tuad adaa também n no vig or.. A apli aplicação des ddee ovos da os pr aga, ou a liber ação ddee inimi gos n atur ais o os par asitói ais,, com como parasitói asitóid ovos,, ou ain aind praga, liberação inimig natur aturais tr ole dois métod os em conjun to, são as altern ativas m ais in di cad as par dicad cadas paraa o con contr trole métodos conjunto, alternativas mais indi
Dirceu Gassen
O
percevejo-marrom – Euschistus heros é nativo da América Tropical e está bem adaptado aos climas mais quentes, tornando-se abundante no Centro-Oeste do Brasil. E. heros é o menos polífago dentre os percevejos da soja. Durante a safra, podem ocorrer até três gerações, que se alimentam também de leiteiro, algodoeiro e mamona, por exemplo. Após a colheita da soja, busca talhões mais tardios, onde se alimenta dessa oleaginosa, ou abrigos, sobrevi-
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vendo sugando outras plantas hospedeiras. Completa a quarta geração e entra em dormência (diapausa) na palhada da cultura anterior ou nas suas proximidades, local em que se protege da ação de parasitóides e predadores. Nesse período não se alimenta e consegue sobreviver graças às reservas de gordura armazenadas antes da diapausa. Dentre as espécies que ocorrem na cultura da soja, é uma das que menos migram.
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DANOS Como outros percevejos fitófagos, E. heros é, em geral, responsável por reduções no rendimento e na qualidade das sementes, em conseqüência dos danos causados pelas picadas, bem como pela inoculação de patógenos, como o fungo Nematospora corylii. Este fungo é uma levedura capaz de causar a deterioração das sementes, de forma semelhante ao ataque de bactérias. No campo, os grãos atacados conhecem-se como os menores, enrugados, chochos e mais escuros. A má-formação das vagens e dos grãos provoca a retenção foliar nas plantas de soja, que não amadurecem na época da colheita. Por isso, o complexo de percevejos representa alto
Figura 1 - Três momentos importantes para o manejo do percevejo-marrom durante o ciclo da cultura da soja: 1) tratamento de bordadura; 2) sincronização do controle juntamente com fungicidas (em R2-R3); e, redução da população de final de safra
vegetando e é capaz de apresentar uma segunda florada, normalmente infértil, resultando em retenção foliar devido à ausência de demanda pelos produtos da fotossíntese. As plantas com retenção foliar apresentam folhas e hastes verdes em intensidades variáveis e, normalmente, registram um grande número de vagens com grãos chochos. Dependendo da intensidade do ataque, podem até apresentar todas as vagens chochas. Devido a esse intenso desequilíbrio a planta continua verde, tentando repor a carga perdida. Quando o ataque dos percevejos ocorre nas vagens, as perdas alcançam níveis altos, até superiores a 30%. Se o alvo são vagens em formação, o inseto causa o surgimento de vagens chochas, secas e/ou sem a formação de grãos e, em decorrência disso, as vagens secam e se tornam marrons. Se o ataque ocorrer nas vagens em fase de granação, há a possibilidade de aparecer deformações, murchamentos e manchas nos grãos. Neste caso os grãos perdem o valor para a comercialização, pela redução do seu teor de óleo. As perdas no poder germinativo das sementes podem ultrapassar 50%, além de ocorrer queda no vigor.
A mancha branca em forma de meia-lua na extremidade do esculeto, identifica a praga
NÍVEL DE CONTROLE Na última reunião da Comissão de Soja Fotos Lucia M. Vivan
risco à produtividade da soja. Causam danos irreversíveis à cultura, alimentando-se diretamente dos grãos desde o início da sua formação nas vagens. Os percevejos sugam a seiva nos ramos, hastes ou vagens, injetam toxinas e/ou inoculam fungos que provocam manchas nos grãos. Quando sugam ramos, causam a “retenção foliar” (onde não há maturação fisiológica das folhas e/ou hastes, enquanto que as vagens maturam). Este sintoma pode ser causado por todas as espécies de percevejos. A retenção foliar parece estar associada ao desequilíbrio do ácido indolacético (AIA) na planta, decorrente da sucção causada pelos insetos, provocada pelas três espécies de percevejos, P. guildinii, N. viridula e E. Heros. É dependente do nível de infestação e do estádio de desenvolvimento da planta no período da infestação. Entre as três espécies, e com a mesma densidade populacional, é nítida uma maior retenção foliar causada pelo ataque de P. guildinii. A menor retenção é causada pela espécie E. heros. Outros fatores podem levar à retenção foliar na cultura da soja (haste-verde) além dos percevejos, tais como o estresse hídrico (falta ou excesso), estresse térmico, desequilíbrio nutricional relacionado ao potássio, fitoplasma, virose, antracnose, potencial fitotoxicidade provocada por determinados fungicidas, ampliação da época de semeadura com genótipos desenvolvidos para outras regiões, certos grupos de maturidade de cultivares, falta de vagens na planta e nematóides. As plantas de soja com ataque severo do percevejo-marrom em estádio crítico do desenvolvimento apresentam vagens chochas ou malformadas e serão, conseqüentemente, plantas de carga reduzida de vagens. Para compensar essa falta de carga, a planta continua
Quando o ataque dos percevejos se dá nos grãos, há perda na qualidade, inclusive nas sementes, principalmente pela inoculação do fungo Nematospora corylii, que causa a mancha-de-levedura, também conhecida como mancha-de-fermento. Estas manchas nos grãos, no entanto, são causadas especialmente por Nezara viridula e Piezodorus guildinii e, em casos menos comuns, por E. heros. O efeito da alimentação por sugadores de sementes, quer seja econômico (redução da produtividade da cultura no campo) ou ecológico (redução da aptidão da planta), resulta em morte dos embriões e enfraquecimento das sementes. Diminui a viabilidade da semente, bem como a germinação e o vigor. Da mesma forma, ocorrem reduções no número de sementes produzidas pela planta, alteração na composição química e introdução de patógenos. Em suma, os percevejos causam danos à soja pela redução da produtividade por efeitos nas vagens e/ou grãos, pelas reduções do poder germinativo e vigor das sementes, pela redução nos teores de proteínas e óleos dos grãos, e ainda pela inoculação de patógenos nas sementes. Além disso, promovem a retenção foliar no final do ciclo da soja, o que, geralmente, leva a um maior uso de dessecantes.
Detalhe de ovos do percevejo-marrom depositados em vagem
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Lucia M. Vivan
Quando o ataque de percevejos ocorre na fase de granação, os grãos podem ficar deformados, murchos ou manchados. No detalhe, ninfas sobre a vagem
(2007) optou-se pelo uso do pano de batida em 1 metro linear de fileira de plantas (pano de batida 1,0m x 1,0m). Com o aumento da produtividade da soja e da redução no custo de controle químico, nos últimos anos, os níveis de controle atualmente considerados devem ser reduzidos, uma vez que os valores estimados de produção subiram e os preços dos inseticidas caíram. Níveis de controle para os percevejos da soja atualmente visando o controle químico: a) campos de produção de grãos = dois percevejos maiores de 0,5cm / metro da cultura; b) campos de produção de sementes = um percevejo maior de 0,5cm / metro da cultura. Durante as horas mais quentes do dia (entre as 10h e 16h) estes insetos não são facilmente encontrados no campo, por isso as amostragens devem ser evitadas nesses horários. Recomendam-se amostragens com maior intensidade nas bordaduras da lavoura, onde, em geral, os percevejos iniciam seu ataque. Em função do uso de cultivares de sojas de diferentes grupos de maturação, as primeiras lavouras colhidas servem de fonte de infestação de percevejos para as lavouras vizinhas. Por isso, as cultivares mais tardias, ainda em desenvolvimento de vagens e grãos, merecem atenção especial. Assim, recomenda-se muita atenção com essas lavouras de período tardio, pois a intensa e rápida migração dos insetos podem causar danos irreversíveis à soja.
CONTROLE As recomendações gerais para o controle são válidas para todas as espécies de percevejos sugadores de sementes: a aplicação de inseticidas e/ou a liberação de inimigos naturais, como os parasitóides de ovos. Atente-se
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para o uso de inseticidas nas dosagens recomendadas pelas comissões de entomologia e os produtos registrados no Ministério da Agricultura. Também é importante rotacionar o grupo químico dos inseticidas nas pulverizações, a fim de evitar a evolução de populações resistentes. A implementação de até três pulverizações de inseticidas nas bordaduras (15m a 200m de largura, durante a fase vegetativa) tem sido útil para controlar os percevejos migrantes, especialmente em cultivares tardias, antes que estes estabeleçam gerações capazes de causar danos acentuados. Trata-se de uma técnica muito seletiva e benéfica aos inimigos naturais, já que a área é pulverizada parcialmente. A pulverização de bordaduras tornase mais eficiente se o ataque da praga ainda não se generalizou na lavoura, o que se demonstra nas amostragens. Outro fator importante é aproveitar as
aplicações de fungicidas usados para o controle da ferrugem-da-soja, na fase compreendida entre R2 e R5.1, adicionando inseticidas para percevejos, se a praga estiver presente em níveis populacionais consideráveis. Esta tem sido uma prática muito eficaz para prevenir danos econômicos e grandes surtos de percevejos no final de safra. Surtos como estes têm levado os produtores a realizarem aplicações sucessivas (três a quatro), sem, contudo conseguir conter os danos. A sincronia de aplicações de inseticidas com fungicidas tem sido muito econômica, pois esse procedimento otimiza o uso de máquinas na propriedade. Outro aspecto a se considerar é a diminuição das populações de final de safra, que costumam migrar para outras áreas ou então, ao contrário, sobreviver na região tornando-a muito infestada. Logicamente, as aplicações de final de safra devem ser criteriosamente baseadas em amostragens e levar em conta as restrições quanto ao intervalo de segurança (carência) do agroquímico empregado (Figura 1). Em relação ao controle biológico do percevejo-marrom, recentemente, Corrêa-Ferreira et al. (1998) constataram a ocorrência do microhimenóptero Hexacladia smithii Ashmead atacando adultos de E. heros na cultura da soja. É o primeiro registro de ocorrência do parasitóide nessa espécie de percevejo no Brasil. No campo constata-se a ocorrência de outros parasitóides de ovos como Telenomus sp. e moscas da família C Tachinidae parasitando adultos. Lucia M. Vivan, Fundação MT Paulo E. Degrande, UFGD
CARACTERÍSTICAS DA PRAGA
O
adulto é marrom-escuro, com dois prolongamentos laterais no protórax, em forma de espinhos pontiagudos, o que facilita sua identificação. Esta espécie mede aproximadamente 13mm de comprimento (entre 11mm a 15mm). O adulto tem, tipicamente, uma mancha branca na extremidade do escutelo na forma de meia-lua. Os ovos apresentam coloração amarelada e são depositados em pequenas massas, normalmente de seis a 15 por vez, dispostos em duas ou três linhas paralelas. Durante seu desenvolvimento as ninfas passam por cinco estádios, nos quais apresentam coloração marrom suave (às
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vezes esverdeada, amarelada, castanha ou acinzentada) uniforme. As ninfas recém- eclodidas apresentam hábito gregário e não causam danos econômicos à cultura. A partir do terceiro estádio (0,5cm) são destrutivos. Ciclo de vida: duração média de 36 dias (ovo = sete dias; ninfa = 29 dias; longevidade do adulto = 78 dias). Período de danos: início de formação de vagens (R3) até a maturação fisiológica (R7). Em lavouras para a produção de sementes os danos podem se estender até a maturidade plena (R8 = 95% de vagens que tenham atingido a cor de vagem madura).
Algodão
Peste azul
o alg od oeir o voltam a Epi demi as ddee ddoença oença azul ddo algod odoeir oeiro Epid emias ato Gr osso, Goiás e São ocorr er n os estad os ddee M nos estados Mato Grosso, ocorrer Paulo. A tad as são clim Ass causas apon apontad tadas climaa seco e temper atur as elevad as avor ecem a m ultipli cação temperatur aturas elevadas as,, que ffavor avorecem multipli ultiplicação Aph ys g ossypii , vetor d o e a dispersão ddo o afíd eo do vírus afídeo Aphys gossypii Cotton leafr oll ddwarf warf virus (CLRDV). O con tr ole ddaa leafroll contr trole eve ser feito atr avés ddee um rígi do combate doença ddeve através rígid do vetor e ddaa utilização ddee vari ed ad es rresisten esisten tes varied edad ades esistentes
A
doença azul já causou grandes prejuízos em lavouras de algo dão e no-vamente há relatos de epidemias nos estados de Mato Grosso, Goiás e São Paulo. Condições climáticas favoráveis à disseminação do vetor do vírus e o emprego de variedades suscetíveis têm sido os fatores responsáveis pelo reaparecimento da doença azul.
SINTOMATOLOGIA Inicialmente os sintomas são o avermelhamento do pecíolo e a coloração verdeescura das folhas, que se curvam ligeiramente para baixo (epinastia). Posteriormente ocorre uma drástica redução do porte da planta, devido ao encurtamento dos entrenós e escurecimento mais intenso das folhas mais velhas, além de amarelecimento das nervuras, encurvamento e rugosidade das folhas mais jovens. A folha adquire uma consistência quebradiça ao toque e os órgãos florais e frutíferos se reduzem em tamanho e número, podendo, em alguns casos, serem abortados ou a planta apresentar esterilidade total. As perdas dependem do estado fisiológico da planta em que ocorreu a infecção. A maior severidade ocorre quando a planta é infectada em estágios iniciais de crescimento. A sintomatologia e a transmissão restrita ao afídeo Aphys gossypii geraram a especulação de que esta doença poderia estar relacionada a um vírus da família Luteoviridae. Membros desta família são transmitidos por afídeos, quando então a infecção é restrita ao floema (a replicação das partículas virais só ocorre neste tecido, onde permanecem), e geram sintomas de enrolamento foliar, paralisação do crescimento e avermelhamento ou amarelecimento das folhas. Outra característica importante da família é quanto à especificidade ao vetor e à planta hospedeira, limitando o número de espécies de afídeos capazes de transmiti-los e de plantas nas quais o vírus possa se replicar.
ETIOLOGIA Com base no seqüenciamento e análise de 1.058 nucleotídeos do RNA viral, concluiu-se que o agente causal da doença azul é o Cotton leafroll dwarf virus (CLRDV), um membro da família Luteoviridae e do gênero Polerovirus. A família Luteoviridae é composta por vírus de RNA fita simples, positiva, restritos ao feixe vascular da planta.
TRANSMISSÃO A doença é transmitida pelo afídeo Aphis gossypii de maneira persistente. Este afídeo é considerado uma praga inicial de
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Cristina Bastos
Figura 1 - Período de transmissão do CLRDV pelo pulgão Aphis gossypii em plantas de algodão
Em azul: taxa diária; em rosa: acumulada. Adaptado de Michelotto & Busoli (2007)
algodoeiro, que causa danos diretos pela sucção contínua da seiva provocando a redução da produtividade e qualidade do algodão. Entretanto, os danos indiretos causados pela transmissão do vírus, constituem o principal problema em cultivares suscetíveis. Pulgões possuem aparelho bucal tipo sugador com dois pares de estiletes. Os pulgões virulíferos (infectados) injetam o CLRDV no início da alimentação, após inserirem os estiletes na epiderme das plantas a fim de sugar a seiva dos vasos lenhosos. Ao se alimentarem de plantas doentes, pulgões não-virulíferos ingerem as partículas virais. As partículas se instalam na hemolinfa e são levadas para as glândulas salivares, de onde passam para plantas sadias, infectando-as. As partículas virais não se multiplicam no organismo do inseto vetor, permanecendo aí, no entanto, por longo tempo, sem atividade biológica, metabólica ou fisiológica. As partículas virais também não são transmitidas para a progênie do inseto vetor. Uma vez inserido em plantas suscetíveis à doença, o vírus encontra condições favoráveis para sua replicação, sendo transportado via floema, distribuindo-se pelos vasos condutores de seiva de toda a planta. O período em que um pulgão virulífero permanece ativo como vetor do vírus é de oito a 12 dias. Outra característica importante é que ocorre também a transmissão transestadial, ou seja, mesmo após as ecdises do inseto o vírus permanece em seu organismo.
CONTROLE O controle da doença é realizado por meio do rígido controle do vetor e pela utilização de variedades resistentes. Atualmente há diversas variedades resistentes disponíveis, já preferencialmente utilizadas em substituição às sensíveis. Entretan-
to, as sensíveis ainda são bastante cultivadas devido a sua alta produtividade e adaptabilidade às condições de solo e clima da região do Cerrado. Quanto maior o grau de resistência à doença azul da planta do algodoeiro, desde que não esteja estressada por outro fator, maior a capacidade de suportar a colonização por pulgões, e menor a taxa de transmissão de vírus, uma vez que a replicação do patógeno nestes materiais fica comprometida. Em conseqüência, menor número de aplicações é necessário para o controle destas populações de insetos, com menores custos de controle e de produção. Na fase inicial de crescimento vegetativo, após o período de ação dos inseticidas usados no tratamento das sementes, a planta do algodoeiro está mais suscetível ao estresse por sucção de seiva promovida
por pulgões. Isto está relacionado com a capacidade metabólica, que cresce na medida em que o sistema radicular e o volume de massa foliar estiverem mais desenvolvidos. Assim, plantas com alta capacidade metabólica conseguem suportar os efeitos diretos provocados por sugadores, como o pulgão. Entretanto, o efeito indireto relacionado à transmissão de vírus tem muito maior influência da sua condição genética de resistência ou suscetibilidade ao patógeno. Portanto, plantas resistentes à doença azul podem suportar maior nível populacional da praga antes de se manifestarem os sintomas da doença, porém, podem estar sujeitas ao estresse pelo efeito direto de redução da capacidade fotossintética devido à sucção contínua dos fotoassimilados do floema, principalmente na fase inicial de desenvolvimento, até atingirem bom desenvolvimento vegetativo.
DANOS E CONTROLE Os níveis de controle variam de acordo com o grau de resistência, a idade da planta de algodoeiro e o nível populacional da praga (Tabela 1).
MANEJO DO VETOR O monitoramento da cultura em busca de focos de infestações de pulgões deve ser constante, com intervalos de no máximo sete dias entre as visitas em cada talhão. Quando as condições ambientais estiverem favoráveis à colonização e ao aumento populacional da praga, a orientação é para que os intervalos de amostragem sejam encurtados para quatro dias. Uma vez atingido o nível de controle es-
DOENÇA AZUL - HISTÓRICO
D
iversas epidemias da doença azul do algodoeiro já foram registradas em várias regiões produtoras de algodão no Brasil e no mundo. O primeiro relato da doença foi na África em 1949. Em seguida, a doença foi relatada também na Ásia e nas Américas. Vinte anos após seu primeiro relato, foram registradas severas perdas devido a uma estirpe que afetava diversas cultivares em várias regiões da África. Sintomas semelhantes aos encontrados na África foram relatados também nas Filipinas, e em 1977 na Tailândia e no Paraguai, bem como na antiga União Soviética. Na América do Sul, a doença é conhecida como “enfermedad azul”, pela maioria dos países de língua hispânica, ou “mal de
misiones” na Argentina. No sudeste asiático tem sido descrita desde a década de 60. O Vietnã é o país mais afetado, onde as principais províncias produtoras de algodão registram taxas de infecção de 50% a 100% das plantas em campo. No Brasil, a doença ocorre nos principais estados produtores e foi inicialmente descrita em São Paulo em 1938. Alguns anos mais tarde, em 1962, uma estirpe mais virulenta, denominada Mosaico das Nervuras var. Ribeirão Bonito foi encontrada no mesmo estado. Estudos sobre a sintomatologia e o modo de transmissão levantaram a hipótese de que esta doença estaria relacionada com a doença azul do algodoeiro.
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Rogério Inoue
ção de produtos, como forma de prevenir a evolução da resistência dos insetos a inseticidas. A Tabela 2 apresenta alguns ingredientes ativos recomendados para o controle de pulgões. A presença de predadores como joaninhas, moscas sirfídeos do gênero Toxomerus e bicholixeiro (Chrysoperla sp.), além de parasitóides como a vespinha Lysiphlebus testaceips deve ser considerada na tomada de decisão. Altos níveis de predação e/ou parasitismo podem dispensar o uso de inseticidas. A retirada e destruição de plantas com sintomas (rouguing) são importantes para reduzir a disseminação da doença na lavoura. A eliminação de ervas daninhas hospedeiras dos insetos é outra medida salutar. É importante também observar a presença de indivíduos alados nas colônias de pulgões, que indicam a proximidade de novas colonizações em áreas vizinhas. C José Ednilson Miranda e Nelson Dias Suassuna, Embrapa Algodão
Folha infestada por Aphis gossypii
tabelecido para cada cultivar, a escolha do produto inseticida deve se pautar pela sua eficiência e pela relação custo/benefício. É conveniente dar preferência para produtos seletivos aos inimigos naturais das pragas da cultura, especialmente na fase inicial de desenvolvimento vegetativo, quando um grande número de inimigos naturais costuma estar presente. E observar sempre a necessidade da rota-
O VETOR
C
lima seco e elevadas temperaturas favorecem a biologia dos pulgões que assim encurtam seu ciclo de vida. Pulgões da espécie Aphis gossypii, pragas-chave da cultura do algodoeiro, apresentam nestas condições grande velocidade de dispersão e alta taxa de incremento populacional. De reprodução assexuada, multiplicam-se por partenogênese telítoca, ou seja, fêmeas dão origem a novas fêmeas, que por sua vez já nascem com novas fêmeas em gestação em seus organismos, fenômeno este denominado de gerações telescópicas. Cerca de cinco dias após seu nascimento, os pulgões A. gossypii atingem a idade reprodutiva e mantêm-se vivos por mais 20 dias, aproximadamente. A chuva exerce importante fator físico de controle, porque derruba e mata boa parte das colônias. A água da irrigação via pivô central, por se constituir de gotas menores, não promove o mesmo efeito.
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Tabela 1 - Nível de controle de colônias de pulgões em plantas de algodoeiro Resistência Altamente suscetível
Nível de controle Cultivares 5% de plantas com colônias de seis pulgões por folha amostrada até 80 DAE; FM 977, Makina, Fabrika 10% de plantas com colônias de seis pulgões por folha amostrada após 80 DAE Suscetível 10% de plantas com colônias de seis pulgões por folha amostrada até 80 DAE; FM 966, SureGrow 821, DP 90B 15% de plantas com colônias de seis pulgões por folha amostrada após 80 DAE Resistente 40% de plantas com colônias de 20 pulgões por folha amostrada BRS Araçá, BRS Buriti, Coodetec 406, FMT 701 Altamente resistente 60% de plantas com colônias de 20 pulgões por folha amostrada FM 986, BRS Cedro, Delta Opal, NuOpal, Coodetec 410
Tabela 2 - Inseticidas para aplicação na parte aérea registrados para o controle do pulgão do algodoeiro Ingrediente ativo Betaciflutrina Carbossulfan Clorpirifós Ciflutrina Cipermetrina Deltametrina Diafentiurom Dimetoato Endossulfam Esfenvalerato Fenitrotiona Imidaclopride Malation Metamidofós Metidation Metomil Paration metílico Monocrotofós Permetrina Profenofós Tiaclopride Tiametoxam Triazofós Vamidotion Zetacipermetrina
Grupo químico Piretróide Carbamato Organofosforado Piretróide Piretróide Piretróide Feniltiouréia Organofosforado Clorociclodieno Piretróide Organofosforado Nicotinóide Organofosforado Organofosforado Organofosforado Carbamato Organofosforado Organofosforado Piretróide Organofosforado Nicotinóide Nicotinóide Organofosforado Piretróide Piretróide
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Mecanismo de ação Modulador do canal de sódio Inibidor da acetilcolinesterase Inibidor da acetilcolinesterase Modulador do canal de sódio Modulador do canal de sódio Modulador do canal de sódio Inibidor da enzima ATPase Inibidor da acetilcolinesterase Antagonista do ácido gama-aminobutírico Modulador do canal de sódio Inibidor da acetilcolinesterase Agonista da acetilcolina Inibidor da acetilcolinesterase Inibidor da acetilcolinesterase Inibidor da acetilcolinesterase Inibidor da acetilcolinesterase Inibidor da acetilcolinesterase Inibidor da acetilcolinesterase Modulador do canal de sódio Inibidor da acetilcolinesterase Agonista da acetilcolina Agonista da acetilcolina Inibidor da acetilcolinesterase Modulador do canal de sódio Modulador do canal de sódio
g i.a./ha 10 120 240 20 60 10 250 240 500 10 1000 50 1500 300 400 85 300 200 100 500 100 125 600 200 10
Algodão
Crescimento controlado As boas con dições ddee solo e clim o alg odão rresultam esultam em plan tas com condições climaa n naa cultur culturaa ddo algodão plantas gr an de qu an ti dad assa ver de pr od uzi da, o que difi culta o apr oveitam en to ddos os oveitamen ento gran and quan anti tid adee ddee m massa verd prod oduzi uzid dificulta aproveitam nutri en tes alocad os par orm ação ddas as fibr as ar elh or ar o equilíbri o en tr utrien entes alocados paraa a fform ormação fibras as.. PPar araa m melh elhor orar equilíbrio entr tree as partes veg etativas e rrepr epr od utivas cr em en tar a pr od utivi dad al, o uso ddee vegetativas eprod odutivas utivas,, e in incr crem emen entar prod odutivi utivid adee fin final, on al escim en to tem si do a opção par ar o balanço h orm regulad or es ddee cr alterar horm ormon onal ores crescim escimen ento sid paraa alter egulador
A
cotonicultura nacional, para ser competitiva na economia globalizada, demanda tecnologia avançada, de modo a se obter alta produtividade e qualidade de fibras, além de custos de produção reduzidos. A tecnologia adotada atualmente consiste em um sistema de produção baseado na adequada correção do solo e uso de doses relativamente altas de fertilizantes. Além disso, em grande parte das regiões onde se encontram as maiores áreas de algodão do Brasil, o índice pluviométrico está ao redor de 2.000 mm anuais. Todas estas condições proporcionam um crescimento vegetativo muito vigoroso das plantas de algodão. Com isso, grande quantidade de massa verde produzida pela planta do algodoeiro dificulta o aproveitamento dos nutrientes alocados para a formação das fibras, que é o seu principal produto, como
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também impede a perfeita execução dos tratos culturais e colheita. Com um melhor equilíbrio entre as partes vegetativas e reprodutivas, é possível a melhoria do nível de produtividade do algodoeiro. Essa espécie possui crescimento indeterminado, isto é, continua o crescimento devido à emissão de sucessivas gemas terminais, a não ser que seja interrompido por fatores internos ou externos. Os reguladores de crescimento são substâncias químicas naturais ou sintéticas aplicadas diretamente nos vegetais para alterar os processos vitais ou estruturais, por meio de modificações no balanço hormonal das plantas, com a finalidade de aumentar a produção, melhorar a qualidade, e facilitar a colheita. No mercado brasileiro encontram-se dois produtos recomendados como regula-
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dores de crescimento em algodoeiro: cloreto de chlormequat e cloreto de mepiquat. Esses produtos têm mecanismos e modos de ação semelhantes, ou seja, interferem na biossíntese do ácido giberélico, inibindo-a, o que resulta em redução do crescimento, em razão da menor elongação celular (Lamas, 2001). Eles também agem na redução do número de folhas por ocasião da colheita, aumento da precocidade, do peso dos capulhos e de 100 sementes.
APLICAÇÃO Os efeitos desses produtos sobre o algodoeiro dependem da dose utilizada, da época e modos de aplicação, da cultivar empregada, da data de semeadura, da população de plantas e das condições ambientais que se seguem ao tratamento, como temperatura e precipitação pluvial. Assim, segundo a recomenda-
ção da Embrapa (1997), o ideal seria a aplicação de doses baixas e múltiplas, iniciando-se na fase de desenvolvimento do primeiro botão floral. A primeira aplicação deve ser realizada quando o primeiro botão floral, da primeira posição, alcançar 3 mm de diâmetro. Isso ocorre entre seis e dez dias, dependendo da cultivar e da região, após o início da formação do botão floral. Quando 50% das plantas tiverem atingido este estágio, deve-se efetuar a aplicação. A manipulação da arquitetura do dossel das plantas do algodoeiro com biorreguladores é uma das estratégias agronômicas para evitar os efeitos negativos do crescimento excessivo, podendo contribuir para o aumento da produtividade. De acordo com a Figura 1, observa-se a atuação desses produtos no controle do crescimento indeterminado das plantas, sendo a aplicação do regulador realizada na ocasião em que as plantas se encontravam no início do aparecimento dos botões florais. No entanto, a melhor época de aplicação dos reguladores de crescimento recomendada no Brasil corresponde aos períodos de grandes índices de pluviosidade. Existe, portanto, grande risco do produto ser lavado pela água das chuvas sem ter sido completamente absorvido pela planta. A absorção do regulador
A melhor época de aplicação dos reguladores de crescimento corresponde aos períodos mais chuvosos
pelas folhas do algodoeiro pode sofrer variações em função do tempo transcorrido após a aplicação do produto. As Figuras 2 e 3, correspondem ao uso de reguladores de crescimento à base de cloreto de mepiquat e cloreto de chlormequat, respectivamente. Após a aplicação dos produtos, as plantas foram submetidas a diferentes intervalos de ocorrência de chuva simulada, com o intuito de verificar as perdas do produto em função da lavagem proporcionada pela chuva. Conforme resultados apresentados (Figuras 2 e 3), conclui-se que mesmo seis horas
após a aplicação dos produtos não houve máxima eficiência, ou seja, ocorreu lavagem de produto. No entanto, com apenas uma hora de intervalo para ocorrência de chuva, houve considerável inibição no crescimento das plantas de algodão, em ambos os produtos testados. Portanto, quanto maior o intervalo para absorção dos reguladores de crescimento, maior será a eficiência do produto utilizado. O uso de adjuvante vegetal pode auxiliar na persistência e absorção de reguladores de crescimento aplicados no algodoeiro de forma a minimizar os efeitos causados por chuva ocorrida após a aplicação. O termo adju-
Figura 1 - Crescimento das plantas de algodão após aplicação de regulador de crescimento (adaptado de Souza 2007)
Figura 2 - Crescimento das plantas de algodão após aplicação de cloreto de mepiquat, com diferentes intervalos para ocorrência de chuva (adaptado de Rosolem et al., 2007a)
Figura 3 - Crescimento das plantas de algodão após aplicação de cloreto de chlormequat, com diferentes intervalos para ocorrência de chuva (adaptado de Rosolem et al., 2007a)
Figura 4 - Crescimento das plantas de algodão após aplicação de cloreto de mepiquat, na presença e ausência de adjuvantes, com ocorrência de chuva duas horas pós produtos (adaptado de Rosolem et al., 2007b)
vante, no caso, significa uma substância química que, adicionada a uma solução, facilite ou melhore a qualidade da pulverização. Tais substâncias, quando apresentam ação interface, são chamadas de surfactantes e evidenciam efeitos espalhantes, adesionantes e umectantes. Os surfatantes reduzem a tensão superficial e podem solubilizar parte da cera existente na superfície da folha. Também influenciam na permeabilidade, espalhamento, umectância e permeabilidade da cutícula, intensificando o processo de absorção. Além disso, diminuem o ângulo de contato das gotas na superfície foliar. Em estudos envolvendo herbicidas aplicados com diferentes tipos de adjuvantes, verificou-se que os surfatantes organo-siliconados se destacaram por aumentar a eficácia e retenção dos herbicidas após chuva simulada, quando comparados aos surfatantes convencionais e óleo vegetal. Quando um adjuvante surfatante siliconado foi misturado ao glifosato, no controle de algumas espécies de plantas daninhas, houve redução para 60 minutos do período de resistência à lavagem pela água da chuva e absorção foliar. Em outro estudo, com plantas daninhas distin-
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tas, este surfatante reduziu o período crítico livre de chuvas para tempos menores ou próximos a até 15 minutos, evidenciando, dessa maneira, seu grande efeito na retenção e absorção sob a folhagem do vegetal. Sendo assim, uma das estratégias para diminuir os prejuízos causados pela lavagem de regulador de crescimento pelas águas das chuvas poderia ser a diluição de adjuvante vegetal na calda de aplicação do regulador. Independentemente do adjuvante usado, houve maior eficiência do produto cloreto de mepiquat no controle do crescimento das plantas de algodão, com um intervalo para ocor-
Os reguladores agem na redução do número de folhas por ocasião da colheita e no aumento da precocidade
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rência de chuva de apenas duas horas (Figura 4). Observa-se que, quando o produto foi aplicado isolado, as plantas tiveram um crescimento acumulado bem maior durante os 30 dias de avaliação, evidenciando o aumento da absorção do regulador de crescimento na presença de adjuvante vegetal. O uso de reguladores de crescimento na cultura do algodoeiro tornou-se uma prática indispensável, pois tem proporcionado resultados satisfatórios aos produtores em ganhos econômicos, através do aumento da produtividade e uma maior qualidade das fibras colhidas. Porém, a ocorrência de chuvas próximo da aplicação desses reguladores pode diminuir a máxima absorção do produto, sendo o uso de adjuvante junto do regulador uma técnica promissora para ser alcançada máxima eficiência. O produtor deve sempre adquirir produtos de firmas idôneas e, no caso de dúvidas quanto aos procedimentos, realizar consulta técniC ca com um profissional qualificado. Rodrigo Arroyo Garcia e Ciro Antonio Rosolem, Unesp
Cana-de-açúcar Fotos Pedro Jacob Christoffoleti
Como controlar ti o ddaa can o Br asil é rrealizad ealizad o em ddu uas épocas distin tas o a ddezembr ezembr o planti tio canaa n no Brasil ealizado distintas tas,, ddee setembr setembro ezembro O plan o a abril. Embor om ai or com e ddee jan eir janeir eiro Emboraa seja capaz ddee conviver e competir por um períod período mai aior plan tas ddaninhas aninhas a cultur de em pr od utivi dad an ejo não seja plantas culturaa também per perd prod odutivi utivid adee caso o m man anejo ad otad o corr etam en te o pr oced er o con tr ole n o períod o críti co ddo o plan ti oe adotad otado corretam etamen ente te.. Saiba com como proced oceder contr trole no período crítico planti tio to ddaa plan ta tes ffases ases ddee ddesenvolvim esenvolvim en em ser usad os n as difer en qu ais pr od utos pod planta esenvolvimen ento usados nas diferen entes quais prod odutos podem
S
abe-se que o plantio e a colhei ta da cana-de-açúcar são roti nas agrícolas realizadas praticamente o ano todo, nas diferentes regiões produtoras do país que apresentam características edafo-climáticas muito diversas umas das outras. Essa situação conflitante tem se apresentado como um grande desafio para o técnico responsável pelos tratos culturais, principalmente na recomendação de estratégias de manejo de plantas daninhas. O manejo de plantas daninhas atualmente em uso na canavicultura brasileira está baseado na integração de medidas culturais, mecânicas, físicas e químicas. No entanto, o principal método de controle empregado pelos produtores de cana é o uso de herbicidas, aplicados em condições de pré-emergência ou pós-emergência inicial, ou, eventualmente, em condições de pós-emergência tardia, em jato dirigido à entrelinha da cultura, com as plantas daninhas em estádio mais avançado de desenvolvimento.
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O objetivo principal do controle químico de plantas daninhas é a obtenção de máxima eficácia, com alta seletivi-
dade para a cultura, de forma econômica, e com a minimização dos efeitos ambientais. Contudo, os herbicidas atual-
Figura 1 - Definição dos períodos: Anterior à Interferência (PAI), Total de Prevenção à Interferência (PTPI) e Crítico de Prevenção à Interferência (período de matocompetição – PCPI) das plantas daninhas que ocorrem durante o ciclo da cana-planta. Dados experimentais médios obtidos na literatura, considerando-se a produtividade percentual da cultura. *Percentual de produção da cultura da cana-planta em relação à cultura mantida sem interferência das plantas daninhas durante todo o ciclo (do plantio à colheita)
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Tabela 1 - Parâmetros físico-químicos dos principais herbicidas disponíveis para as diferentes formas de controle de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar Herbicidas
O sucesso no controle de plantas daninhas está também no manejo do “Banco de Sementes”
mente em uso na cultura da cana-deaçúcar apresentam variação tanto de eficácia, relacionada às espécies que compõem a comunidade infestante das áreas onde são aplicados, quanto de seletividade. Vale lembrar que a seletividade e o controle estão diretamente relacionados com a dose, época de aplicação, condições edáficas e climáticas, estádio fenológico e condições fisiológicas e bioquímicas da cultura e das plantas daninhas.
INTERFERÊNCIA DAS DANINHAS Segundo Pitelli (1985), a interferência das plantas daninhas está relacionada a fatores ligados à própria cultura (espécie ou variedade, espaçamento e densidade de plantio), à época e extensão do período de convivência e aos fatores característicos das próprias plantas daninhas (composição específica, densidade e distribuição). No caso da cana-de-açúcar, as características próprias da cultura favorecem o prolongamento do período de convivência, e conseqüente competição, quando comparados com as culturas de cereais, como milho ou soja. Trabalhos para a situação de cana-planta indicam que o período crítico de prevenção da interferên-
Imazapic Imazapyr Oxyfluorfen Sulfentrazone Ametrina Diuron Metribuzin Tebuthiuron Isoxaflutole (IFT) Clomazone Hexazinone Pendimethalin 2,4-D amina Glifosato MSMA Trifluralina Trifloxysulfuron Amicarbazone
S 2.150 11.272 <0,1 490 200 42 1.100 2.500 6 1.100 33.000 0,3 600 15.700 1.040.000 0,3 102,5 (pH 5,4) 4.600
Parâmetros físico-químicos da molécula P pKa LogKow <1,0x10-7 3,9 0,39 0,11 <1,0x10-7 3,6 2,0x10-6 0 4,47 1,0x10-9 6,56 1,48 2,63 8,4x10-7 4,1 6,9x10-8 0 2,85 1,2x10-7 1,64 1,0x10-7 1,79 7,5x10-9 4,3 2,32 1,4x10-4 2,54 0 1,4x10-7 2,2 1,20 3,0x10-5 5,18 5,5x10-5 2,58 2,8 1,84x10-7 1,6 a 10,3 <3,2 4,1 <0,00 1,1x10-4 0 4,83 <0,97x10-8 1,3 a 3,0x10-6 1,18 0
Koc 105 10 30 477 60 80 134 300 54 17.200 20 24.000 7.000 7.000 23 a 27
- valores não existentes ou não foram encontrados na literatura, ou foram encontrados valores divergentes nos diferentes trabalhos. S = solubilidade em água; P = pressão de vapor; pKa = pH onde as formas ionizadas e não ionizadas estão em concentrações equilibradas; Kow = coeficiente de partição entre 1-octanol e água; Koc = coeficiente de partição entra a solução do solo e os constituintes coloidais, levando em consideração o conteúdo de carbono orgânico.
Tabela 2 - Características pluviométricas de diferentes áreas canavieiras do Brasil Região Centro-Sul GO, MT e MS Nordeste
Semi-seca Abril - maio e agosto - setembro Abril - maio e setembro - outubro Janeiro - fevereiro
cia (PCPI) situa-se, em média, entre 30 e 100 dias após a deposição dos toletes (Rolim & Christoffoleti, 1982; Kuva et al., 2003). O conhecimento do PCPI (Figura 1) é uma ferramenta fundamental para a escolha do herbicida, da dose e residual desse defensivo.
MANEJO DE PLANTAS DANINHAS Para evitar as perdas provocadas pelas plantas daninhas devem-se adotar medidas eficientes de manejo, da forma mais racional possível, integrando meios culturais, mecânicos e químicos. Dentre as medidas de manejo cultural, que objetivam tornar a cultura mais
Características pluviométricas Seca Maio a agosto Maio a setembro Setembro a dezembro
Úmida Outubro - março Outubro - março Março - agosto
competitiva em relação às plantas daninhas, pode-se mencionar a escolha correta da variedade (perfilhamento, brotação, tempo de fechamento, suscetibilidade a herbicidas etc.), o controle de pragas e nematóides (evitar interações negativas), a adubação equilibrada da cultura e os espaçamentos reduzidos, entre outras. Como medidas físicas destacam-se a operação de cultivo de soqueiras e de “quebra-lombo” em cana-planta, para facilitar a execução do manejo de plantas daninhas em pós-emergência. O controle mecanizado também inclui operações de preparo do solo, cultivos,
roçadas e operações de reforma. Contudo, atualmente o principal método de controle das plantas daninhas é o químico, por meio da aplicação de herbicidas, a prática mais comum em todo o país. A eficácia de um herbicida depende de diversos fatores, como
as características físico-químicas (Tabela 1) e dose do herbicida, a espécie a ser controlada (características estruturais próprias), o estádio de desenvolvimento e a biologia da planta daninha, o estádio de desenvolvimento da cultura, as técnicas de aplicação, os fatores ambi-
FASES DA CULTURA
A
fisiologia da cana-de-açúcar (Rochecouste, 1967), durante as fases iniciais de crescimento, caracterizase pela emissão de uma brotação inicial a partir do rizoma, nas soqueiras, ou do colmo, em cana-planta. Normalmente esta brotação inicial é acompanhada da emissão de sistema radicular, proveniente dos rizomas, ou colmos, respectivamente, para cana-planta e soqueiras, que condiciona alta tolerância aos herbicidas aplicados no solo, durante os 15-20 dias iniciais de crescimento. A primeira fase de desenvolvimento é chamada de “esporão” (estádio 1) e, nesta fase, a planta é mais tolerante aos herbicidas foliares de contato e de translocação, pois a grande espessura da cutícula das folhas que recobrem o “esporão” impedem a penetração de herbicidas. Mesmo que o herbicida consiga penetrar nessas folhas aciculadas, não consegue atingir as folhas internas. Nesta fase a planta de cana-deaçúcar é também bastante tolerante à presença das plantas daninhas. Caso os herbicidas residuais utilizados sejam eventualmente absorvidos pela raiz da cana-de-açúcar, no estádio de esporão, a planta mostra-se tolerante, pois não existe uma ligação direta dos vasos do xilema da raiz com o caule da brotação. Nesta fase pode-se usar herbicidas como Combine (tebuthiuron), Gamit (clomazone) e Boral (sulfentrazone) para aplicação em solo com pouca umidade; e Advance (hexazinona + diuron), Krismat (trifloxisulfuron + ametrina), Sinerge (clomazone + ametrina), Sencor (metribuzin), ametrina, diuron, trifluralina, Herbadox (pendimenthalin) e suas misturas, que precisam de umidade, já que apresentam alta adsortividade ao solo. Na fase de duas a três folhas (estádio 2) a planta de cana é muito sensível aos herbicidas foliares, especialmente aos de contato, pois as folhas oferecem pequena resistência à penetração pela cutícula
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foliar, ainda fina. O herbicida que atinge as folhas neste estádio pode ser translocado e provocar distúrbios fisiológicos na planta, como um todo, ou causar injúrias diretas nas folhas. Como o crescimento inicial da planta de cana-de-açúcar depende diretamente do colmo primário, formado neste estádio, qualquer injúria severa na planta pode resultar em danos na produtividade final da cultura. A presença das plantas daninhas nesta fase já pode exercer alguma interferência no desenvolvimento da cultura, portanto medidas de manejo devem ser iniciadas ao final desta fase. Se um herbicida residual de baixa seletividade para a cultura for lixiviado para a zona de emissão das raízes definitivas, durante a fase de transição do sistema radicular (estádio 3), os danos para a planta podem ser severos. A presença de plantas daninhas nesta fase irá sombrear as plantas de cana-de-açúcar, o que afetará diretamente a capacidade de perfilhamento da planta. Após três a quatro meses (estádio 4), em condições normais, a planta de cana já se encontra totalmente entouceirada e com seu sistema radicular bem estabelecido. O número de colmos por metro linear já alcançou praticamente o número final que permanecerá até a colheita. Nesta fase a planta de cana-de-açúcar é tolerante à maioria dos herbicidas de absorção foliar, bem como aos herbicidas residuais. É comum nesta fase a aplicação de herbicidas em jato dirigido à entrelinha de plantas, utilizando-se produtos de baixa seletividade para a cultura, bem como a operação de “catação” de eventuais espécimes daninhos não controlados anteriormente. Esta infestação tardia é constituída principalmente de plantas daninhas perenes, como o capimbraquiária (Brachiaria decumbens), capim-colonião (Panicum maximum), dentre outras.
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entais no momento e após a aplicação dos herbicidas, além das características físico-químicas do solo para os herbicidas aplicados em pré-emergência. Esses fatores interagem constantemente, provocando diferenças nos resultados observados. Para o controle químico, há hoje mais de 40 produtos registrados para a cultura da cana-de-açúcar que, dependendo de suas características físico-químicas (Tabela 1), podem ser usados para cana-planta ou/e cana-soca nas épocas seca, semi-seca e/ou úmida, facilitando assim a logística de seu uso (independe das máquinas de aplicação). Note-se que, para a correta escolha do produto a ser aplicado, é fundamental conhecer o balanço hídrico da região onde o princípio irá atuar (Tabela 2).
MANEJO EM CANA-PLANTA O plantio da cana é realizado principalmente entre os meses de setembrodezembro (cana-de-ano) e de janeiro a abril (cana-de-ano e meio). Nestas épocas do ano têm-se temperaturas adequadas para germinação-emergência de diferentes espécies de plantas daninhas mas também precipitações de regulares a muito boas que favorecem o funcionamento dos herbicidas. Para ter sucesso no controle de plantas daninhas em cana-planta, e nas sucessivas soqueiras, devemos realizar o manejo do “Banco de Sementes” em pré-plantio da cul-
Herbicidas atualmente em uso apresentam variações tanto de eficácia, como de seletividade para a cultura
Fotos Pedro Jacob Christoffoleti
As plantas de cana têm diferentes reações aos herbicidas, dependendo da fase de crescimento que se encontram
tura. Uma maneira de reduzi-lo é evitar a adição de novos propágulos, com o controle da chuva de sementes (Braccini, 2001). Atualmente desenvolveram-se várias estratégias de manejo do banco de sementes em pré-plantio, porém essa prática está estreitamente ligada ao período entre colheita da soqueira e o novo
plantio, à época do ano e às espécies de plantas daninhas presentes na área. Nesta fase é muito importante utilizar culturas em rotação (adubo verde, amendoim, soja), pois, além das melhorias nas condições físico-químicos do solo, tem-se a oportunidade de uso de herbicidas alternativos. Caso não seja possível a adoção de rotação de cultu-
ras, aconselha-se a lançar mão de herbicidas alternativos para o manejo das espécies presentes, com ou sem efeito residual, como a aplicação de trifluralina em áreas de preparo convencional com alta infestação de gramíneas (expansão da cultura sobre área de pastagens); a utilização de glifosato + imazapyr, entre 30 e 60 dias antes do plantio, nas áreas de preparo reduzido com infestação de grama-seda; ou a aplicação de glifosato + imazapic em áreas de tiririca, glifosato + isoxaflutole em áreas de gramíneas como capim-colchão e glifosato + carfentrazone em áreas de corda-de-viola. Por outro lado, conhecer as diferentes fases de desenvolvimento da cultura é requisito fundamental para assegurar a seletividade na cana-planta, já que cada fase pode diferir em sua resposta a um herbicida em particular, ou mesmo em tolerar a competição com as eventuais plantas daninhas presentes na C área. Pedro Jacob Christoffoleti, Saul Jorge Pinto de Carvalho, Esalq Ramiro Fernando L. Ovejero, Basf
Coluna Andav
Com o pé direito A An dav com em or gr esso ddaa milésim even da em seu qu ad ativo, And comem emor oraa o in ingr gresso milésimaa rreven evend quad adrro associ associativo, as perspectivas ddee tr abalh o com os pr od utor es em 2008 além de ótim ótimas trabalh abalho prod odutor utores
O
início de 2008 trouxe à Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) uma importante marca histórica: a chegada da revenda de número mil ao seu quadro associativo. Tal conquista em muito se deve às ações de representatividade política e dos benefícios implantados para o setor nos últimos meses. Para dar a dimensão deste crescimento, somente no segundo semestre de 2007 foi registrada a entrada de aproximadamente 400 novas revendas na Andav, um aumento de 40% em comparação ao ano anterior. O Fundo de Recebíveis do Agronegócio (FRA) é um dos destaques do trabalho executivo realizado pela diretoria Andav. A associação conseguiu, em meio a muitas reuniões em Brasília com representantes dos poderes públicos do executivo e legislativo, associações de classe e Banco do Brasil, incluir o canal de distribuição de insumos agropecuários como
que a tramitação de todo processo obedece burocracias que, em alguns casos, transcendem o serviço de inteligência criado pela Associação. Uma das interferências da Andav enquanto entidade representativa foi decisiva também para a prorrogação do FRA. O risco em finalizar todo o trabalho no dia 31 de dezembro de 2007 era grande. Em pouco tempo seria necessária a prorrogação de Medida Provisória para que todo o trabalho não fosse perdido. Na última semana do ano, a Andav recebeu uma afirmativa de que a questão estava resolvida através da Medida Provisória 410 que, no artigo 4º, prorroga o prazo de contratação para o dia 30 de abril de 2008. A informação foi publicada em caráter emergencial no Diário Oficial da União de 28 de dezembro de 2007. Desde então, as revendas encontram-se aptas a solicitar os refinanciamentos diretamente ao Banco do Brasil.
cerra-se este mês e sua versão 2008 será expandida para vários novos temas, todos essenciais para o desenvolvimento da revenda e da equipe de profissionais. A metodologia será a mesma: aulas on-line de fácil entendimento e certificação de todos os alunos. A Andav também criou uma ouvidoria para recebimento de críticas e sugestões com o objetivo de auxiliar na solução dos principais problemas que envolvem o setor agrícola e pecuário. Comercialização de produtos e suas validades, transporte e armazenamento de produtos perigosos, bem como defensivos ilegais são alguns dos temas recorrentes. Portanto, além destas duas ações ligadas ao FRA e ao treinamento AgroAção, com objetivos distintos e de grande importância para o setor, a Andav também firmou parcerias com empresas que prestam serviço para atividades ligadas à rotina das revendas, como por exemplo
“O resultado da ação, inteiramente gratuita, possibilitou o treinamento de aproximadamente 800 profissionais no módulo “EPI venda que protege seu cliente” parte do processo de refinanciamento de dívidas agrícolas referentes às safras 2004/ 2005 e 2005/2006. As revendas, a partir de agora, são instrumentos facilitadores de crédito aos agricultores com dívidas ativas. E mais: a parceria com o Banco do Brasil expandiu consideravelmente. Em poucos meses, a Associação desenvolveu, com recursos próprios, um sistema de comunicação de banco de dados interligando as solicitações realizadas pelas revendas diretamente com as centrais que analisam o crédito da instituição bancária. A agilidade da chegada do processo ao banco 100% on-line é crucial para a liberação dos recursos financeiros. Além disso, há um acompanhamento técnico dos ajustes operacionais que a Andav realiza junto aos associados. Obviamente
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Outra ação implantada no ano passado foi o projeto AgroAção, programa de treinamento que tem como objetivo a capacitação de profissionais das revendas associadas, descrito detalhadamente nesta coluna em edições anteriores. Seu sucesso deve-se ao fato de conscientizar o canal de distribuição de sua importância ao executar ou sugerir um produto/serviço para o agricultor, pois determinadas particularidades podem colocar em risco o negócio do produtor ou até mesmo sua saúde. O resultado da ação, inteiramente gratuita, possibilitou o treinamento de aproximadamente 800 profissionais no módulo “EPI venda que protege seu cliente”. Dentre os beneficiários estiveram proprietários, engenheiros agrônomos e equipe de vendas. O AgroAção 2007 en-
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seguro patrimonial e serviço de proteção ao crédito exclusivo (CDIA), participação em câmaras temáticas de agronegócios, além de agendas de compromissos que cada vez mais surtem resultados de unificação e fortalecimento de todo o canal de distribuição. E assim, com postura ativa e trabalhando junto às revendas, a Andav chega ao seu milésimo associado. Mais informações podem ser obtidas através do site www.andav.com.br, e-mail andav@andav.com.br ou pelo teC lefone (19) 3203.9884. Henrique Mazotini Presidente Executivo da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários - Andav
Coluna Agronegócios
Vacinas em alimentos
H
á muito tempo percebi que não se contesta o uso da biotecnologia na produção de fármacos - e mesmo para outras aplicações na saúde humana - ao contrário da agricultura, onde algumas ONGs tentam barrar os avanços tecnológicos a qualquer custo. Aí vem a pergunta: e quando se tratar de alimentos que são importantes para prevenir doenças, como se posicionarão as ONGs? Esta discussão é muito importante, e interessa não apenas aos produtores agrícolas – pelo tremendo potencial de agregação de valor que representam – quanto para a população em geral, por tratar-se de uma nova forma de enfrentar alguns problemas graves de saúde pública. O tema que quero colocar em discussão este mês é a produção de alimentos que contenham vacinas, que imunizem a população contra diversas doenças infecciosas.
calor destruiria o antígeno responsável pela reação imune. Por este motivo, tomates e bananas são as plantas que merecem maior atenção dos cientistas. Seus alvos primários são a diarréia infecciosa, a cólera e a bactéria Escherichia coli, doenças que matam, anualmente, cerca de 2,5 milhões de crianças com menos de cinco anos. Paralelamente, os cientistas estão estudando vacinas para outras moléstias, como gripe, anthrax, o vírus de Norwalk, a hepatite B e o HIV (Aids). Os cientistas alimentaram cobaias (ratos, vacas, coelhos) com folhas de tabaco, alface e alfafa, além de tomates, contento antígenos para anthrax e gripe, com resultados animadores. No National Vaccine Testing Center, na University de Maryland e no Roswell Park Cancer Institute, em Buffalo (New York), os testes foram conduzidos com seres humanos, seguindo um protocolo aprovado pelas au-
tígenos sendo incorporados em alimentos, especialmente hortaliças e frutas, que possam ser consumidas in natura. Os laboratórios estão espalhados por todo o mundo, especialmente na Europa, Estados Unidos e China, líderes mundiais em avanços biotecnológicos, além de Brasil, Argentina e África do Sul.
OBJETIVOS O traço comum entre todos os cientistas que buscam desenvolver vacinas em alimentos é reduzir os índices de mortalidade por doenças infecciosas. Este problema é particularmente sério no mundo sub-desenvolvido, onde estão os países mais pobres, sem recursos suficientes para investir em saúde preventiva, e sem infra-estrutura para garantir a imunização de parcela ponderável da população. Assim, os cientistas buscam vacinas que sejam baratas, sem necessi-
“O traço comum entre todos os cientistas que buscam desenvolver vacinas em alimentos é reduzir os índices de mortalidade por doenças infecciosas” A lógica de uma vacina é a introdução, no organismo, de uma substância – normalmente uma proteína – chamada antígeno. No corpo humano, ou de um animal, o antígeno provoca uma resposta imune - os anticorpos – cuja função é combater o antígeno. No caso de vir a ser infectado pelo agente da doença, o organismo já estará preparado para combatêla e a enfermidade é debelada antes de instalar-se. Normalmente, a vacina é aplicada por injeção, podendo, também, ser inalada ou ingerida em gotas. No caso da poliomielite, para evitar reação adversa de crianças, ela foi “embalada” em cubos de açúcar.
AVANÇOS O Biodesign Institute, da Arizona State University, e o Infectious Diseases Unit, da University of Rochester trabalham a pleno vapor no conceito de “vacinas comestíveis”, ou seja, alimentos que contêm vacinas. Obviamente, esses alimentos devem ser ingeridos in natura, posto que o
toridades de saúde dos EUA. Os voluntários ingeriram cerca de 100 gramas de batata preparada sem cozimento, contendo os antígenos antidiarréia e anti-hepatite. O efeito imunizante foi semelhante ao obtido com vacinas injetáveis. Mas não é apenas nos EUA que o tema avança com celeridade. Cientistas egípcios introduziram o antígeno da hepatite B no milho. A justificativa da pesquisa é de que mais de dois bilhões de pessoas são infectadas, anualmente, por hepatite, das quais 350 milhões são de alto risco, podendo chegar a óbito. O Institute of Infectious Disease and Molecular Medicine, da University of Cape Town (África do Sul) está estudando vacinas comestíveis para proteger contra o papilomavírus humano (HPV) e o HIV. No caso do HPV, os cientistas justificam a pesquisa pois, diariamente, mais de 600 mulheres sulafricanas morrem vítimas do câncer do colo do útero, causado por esse vírus. No total, computam-se mais de 350 projetos de pesquisa, com diferentes an-
dade de refrigeração para sua conservação, atendendo larga parcela da população através de alimentos que, obrigatoriamente, seriam consumidos, evitando as vacinas injetáveis, que se mostraram inadequadas pela deficiência de médicos e postos de saúde. Do ponto de vista da agricultura e do agricultor, somar-se-ia mais um objetivo social, pois além de prover alimentos, fibras e energia, embutiria um fator de prevenção de doenças infecciosas, poupando milhões de vidas ceifadas a cada ano. A questão central é saber se as ONGs que vêm impedindo o avanço tecnológico na produção agrícola, também lutarão contra esta nova proposta de melhoria da qualidade de vida, ou se prevalecerá a ótica de que a biotecnologia é ruim apenas na agriC cultura, mas boa na área de saúde. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro agrônomo, membro do Painel Científico Internacional de Energia Renovável do Conselho Internacional de Ciências
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Coluna Mercado Agrícola
Vlamir Brandalizze brandalizze@uol.com.br
Brasil colhe supersafra com recorde de cotação A safra está em plena colheita e, neste ano, espera-se recorde de produção e de cotações grandes nos grãos como soja, milho, feijão, arroz e trigo. A expectativa é de que a safra da soja alcance a casa de 60 milhões de toneladas, o milho chegue até 52 milhões de t, o feijão 2,8 milhões de t, arroz 12 milhões de t, trigo 3,5 milhões de t e mais 2,5 milhões de t para os demais grãos, em especial o sorgo, que poderá chegar à casa de 1,5 milhão de t. Volumes menores são esperados para triticale e cevada, entre outros. Com a previsão de colheita próxima de 133 milhões de t, é possível que o setor agrícola obtenha a maior lucratividade da sua história, com faturamento de até R$ 80 bilhões. Desse total, aproximadamente R$ 40 bilhões servirão para o pagamento de insumos. Com o restante, após saldar dívidas feitas com a compra de máquinas e equipamentos, novas aquisições de terras e quitar pendências antigas, o produtor poderá contabilizar os maiores lucros já obtidos. Com a expectativa de que os agricultores comecem a próxima safra com grande parte dos insumos adquiridos com recursos resultantes da safra atual, espera-se a ocorrência de um menor grau de endividamento. O maior faturamento desta safra virá da soja, com previsão de aproximadamente R$ 43 bilhões, milho (R$ 20 bilhões), feijão (R$ 7 bilhões), arroz (R$ 6,5 bilhões), trigo (R$ 2,5 bilhões) e demais grãos (R$ 1,5 bilhão). Esses números representam um avanço de pelo menos R$ 20 bilhões sobre o faturamento da safra passada. MILHO Colheita segue escalonada Os produtores estão em plena colheita, que segue em ritmo escalonado, abastecendo as necessidades dos consumidores, que recebem o produto via balcão, o que mantém as cotações estabilizadas. Há pouco espaço para novas baixas, porque os exportadores estão interessados em grandes volumes do milho brasileiro, criando suporte para as cotações. As previsões ficam entre R$ 15,00 e R$ 22,00 por saca, com os níveis menores apontados para o produto do Mato Grosso, níveis maiores para os produtores no balcão do Sul e cotações acima para posições de produtor livre no Sudeste. A expectativa é de que esse cenário permaneça em março e tenha pressão de alta de abril em diante. O Brasil exportará mais de dez milhões de toneladas de milho em 2008, criando suporte para as cotações internas.
pressão de alta nas previsões, quebrando sucessivos recordes de cotações em função da presença de grandes investidores, que saem de papéis de risco para ativos reais e commodities agrícolas, grande investimento do momento. Desta forma, tivemos a quebra de recordes históricos em fevereiro, superando a marca dos US$ 14,41 ½ por bushel e agora há indícios de elevação para US$ 15,00, mantendo as cotações em alta no Brasil. A safra estará em plena colheita em março, mês em que estarão colhidas mais de 60% das lavouras.
FEIJÃO Plantio com risco Os produtores continuam apostando na segunda safra e, no final de fevereiro, prosseguia a fase de plantio no Sul do país, mesmo considerando os riscos de estarem SOJA em abril e maio com a safra no campo e Prossegue a quebra de recordes enfrentar geadas precoces. As cotações em O mercado da soja continua com fevereiro tiveram retração, porém, segui-
am em alta. Tudo o que se colhia estava sendo negociado. Os valores permaneciam entre R$ 120,00 e R$ 180,00 já bem abaixo dos R$ 270,00, mas ainda acima do que foi registrado em janeiro, portanto com grande margem de lucro. A expectativa é de que os patamares atuais se mantenham em março, com boa demanda para o que for colhido nesse período. ARROZ Safra no pico da colheita A colheita da safra do Sul tomará velocidade no mês de março, portanto, seguiremos com as cotações em baixos patamares, com níveis entre R$ 22,00 e R$ 25,00. Há pouco espaço para novas baixas, porque a Conab promete apoiar o setor, mantendo níveis acima destas posições. Com safra cheia chegando, a cultura deve avançar nos próximos meses. O consumo, estimado em 13 milhões de toneladas, ultrapassará a produção prevista de 12 milhões de toneladas.
CURTAS E BOAS TRIGO - O mercado internacional bateu recorde histórico de preços em fevereiro, superando os US$ 11,00 por bushel, portanto, os níveis acima de US$ 400 por toneladas para o produto FOB nos principais fornecedores internacionais. Isso significa que o mercado do Brasil teria que operar acima dos R$ 600,00 por tonelada e poderá ir à busca dos R$ 800,00 na entressafra, pois a Argentina não terá trigo suficiente para atender ao consumo brasileiro. ALGODÃO - As cotações avançaram no mercado internacional com altas superando os US$ 0,70 por libra, permitindo prever níveis acima de US$ 0,80 para 2009. O câmbio em queda, em um dos piores momentos desde 1999, é o grande fator limitador dos negócios. A Conab deve apoiar a comercialização neste ano. A safrinha foi plantada com atraso no Mato Grosso devido à demora na colheita da soja. EUA - Os primeiros números da safra dos EUA divulgados pelo USDA revelam crescimento do plantio de soja em três milhões de hectares. Serão 28,7 milhões de hectares na safra 08/09, ainda assim bem abaixo dos 30,5 plantados em 06/07. Para o milho a
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safra recua para 36,4 milhões de hectares em relação aos 37,9 milhões plantados no último ano. CHINA - Continua a compra de grandes volumes de grãos. Agora, o mercado se agita com a possível importação chinesa de 40 milhões de toneladas de soja, quando a previsão do USDA era de 34 milhões. O país busca controlar a inflação através de redução ou retirada das taxas de importações de alimentos. A China segue com forte crescimento do consumo de alimentos, entre 15% e 20% ao ano. Já a economia deve crescer mais de 10% em 2008. ARGENTINA - Prossegue a colheita da safra, mas o país passou por problemas climáticos, com três a cinco semanas sem chuvas entre janeiro e fevereiro. A estiagem afetou as lavouras de milho e de soja, gerando queda na colheita. A safra de milho pode ser reduzida para 20 milhões de toneladas contra as 22,5 milhões previstas. Já a soja não ultrapassará 45 milhões de toneladas quando se esperava ao menos 47 milhões. Há informações de que as perdas poderão ser ainda maiores, porque as áreas afetadas ainda não começaram a ser colhidas. Nota: bushel de soja e trigo 27,215 kg e bushel de milho 25,4 kg.