Cultivar Grandes Culturas • Ano X • Nº 109 • Junho 2008 • ISSN - 1516-358X Destaques
Nossas Capas
Cer co in tegr al................ ............ ........23 Cerco integr tegral................ al............................ ....................23
Rogério Inoue
Charles Echer
Apr en da a barr ar a lagarta-d o-cartu ch o, pr aga com poten ci al Apren end barrar lagarta-do-cartu o-cartuch cho, praga potenci cial de ataque em tod os os estági os ddaa cultur o milh o todos estágios culturaa ddo milho
Cana com melão.......................12 Con tr olar por grupos .................16 Qu ase in destrutível..................36 Contr trolar grupos.................16 Quase ind Ataque ddaa plan ta ddaninha aninha tr planta trepad epadeir eiraa m melãoepad eir elãoo se som esafi os enfr ene-são-caetano somaa aos ddesafi esafios enfrende-são-caetan tad os pelos pr od utor es ddee can a-d e-açúcar tados prod odutor utores cana-d a-de-açúcar
Man ejo por cultivar ou grupo ddee cultivar es anejo cultivares esultad os n o combate a permite bon bonss rresultad esultados no doenças em trigo
Índice
A luta con tr an co em alg odão, contr traa o m mo bran anco algodão, ofo br cujo fungo causador é capaz de sobr eviver por até 11 an os n o solo sobreviver anos no
Expediente Fun dad or es: Milton Sousa Guerr ewton PPeter eter Fund ador ores: Guerraa e N Newton
Dir etas Diretas Resistên ci Resistênci ciaa ddee buva em soja
05 08
RED AÇÃO REDAÇÃO
MARKETING E PUBLI CID ADE PUBLICID CIDADE
• Editor
• Coor den ação Coord enação
Gilvan Dutr o Dutraa Queved Quevedo • Coor den ad or ddee Red ação Coord enad ador Redação
Con tr ole ddee m elão-d e-são-caetan o em can Contr trole melão-d elão-de-são-caetan e-são-caetano canaa
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Janice Ebel • Desi gn Gráfi co e Di agr am ação Design Gráfico Diagr agram amação
Grupo ddee con tr ole ddee ddoenças oenças em tri go contr trole trig
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Con tr ole ddee azevém n o tri go Contr trole no trig
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Lagarta-do-cartucho em milho
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Cristiano Ceia • Revisão
Alin artzsch ddee Alm ei da Alinee PPartzsch Almei eid
GRÁFICA • Impr essão Impressão
Kun de In dústri as Gráfi cas Ltd a. und Indústri dústrias Gráficas Ltda.
Uso ddee tembotri on o con tr ole ddee ddaninhas aninhas em milh o 28 tembotrion onee n no contr trole milho Inf orm ge e Con gr esso ddee Plan tas Daninhas Inform ormee - Bun Bung Congr gresso Plantas
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Inf orm A Inform ormee - Grupo DV DVA
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Mofo br an co em alg odão bran anco algodão
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Coluna Andav
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Colun gr on egóci os Colunaa A Agr gron onegóci egócios
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Mer cad o A grícola ercad cado Agrícola
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Charles Ri car do Ech er Ricar card Echer • VVen en das end
Ped edrro Batistin Sed eli Feijó Sedeli
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Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Diretas Prêmio
Arroz
A Basf realiza entre os meses de maio e julho de 2008 a 4ª edição do Destaque AgCelence. O evento acontece em 15 regiões distintas produtoras de soja e milho espalhadas por todo o país. Serão reconhecidos os agricultores que obtiveram maior produtividade em soja e milho na última safra a partir da aplicação do fungicida Opera®, ou do Standak + Opera. No total, serão 30 premiados no Brasil. Os locais dos eventos serão: Sorriso (MT), Tangará da Serra (MT), Rondonópolis (MT), Uberlândia (MG), Luis Eduardo Magalhães (BA), Rio Verde (GO), Formosa (GO), Ponta Grossa (PR), Cascavel (PR), Londrina (PR), Passo Fundo (RS) e Ijuí (RS). A novidade para essa edição é a inclusão de quatro regiões no evento: Balsas (MA), Lucas do Rio Verde (GO) e Maracajú (MS).
Ocorreu em maio, no Centro Internacional de Cultura e Eventos, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, o 2º Encontro Planfer, Irga. O evento contou com aproximadamente 600 participantes. César Hax, diretor da Planfer, enfatizou a preocupação da empresa na difusão do uso da tecnologia nas lavouras da região. "Pensamos na valorização do agronegócio da Região Sul como um todo, não apenas o arroz, mas todo o contexto agropecuário, seja em relação à pecuária, soja ou demais culturas." O evento contou com a participação de vários palestrantes. Valmir Menezes, diretor técnico do Irga, abordou Estratégias de MaValmir Menezes nejo de Arroz Vermelho e o sistema Clearfield.
Basf
Cidadania
Dow
A Basf foi uma das patrocinadoras do 2º encontro Planfer Irga, em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Airton Leites, coordenador regional de Marketing, e os RTVs Marcelo Silva e Gilberto Lopes representaram a empresa e apresentaram a linha de produtos para arroz.
Iniciado há três anos o projeto Escola e Cidadania, patrocinado pela Syngenta, já beneficiou mais de oito mil crianças de seis a nove anos de idade, de diversas regiões brasileiras. Por meio de complementação pedagógica de fácil acesso e compreensão, as crianças são estimuladas à leitura e às artes. "O apoio ao Projeto Escola e Cidadania reitera a nossa missão como empresa responsável que pode auxiliar no desenvolvimento ético daqueles que serão os cidadãos adultos do futuro”, avalia Guilherme Landgraf, gerente de Relações Institucionais da Syngenta.
A Dow AgroSciences participou da 2ª edição do Encontro Planfer/Irga. Ricer, defensivo agrícola responsável pelo controle das principais ervas na cultura do arroz, foi o destaque da empresa. Além disso, Osvaldo Debiagi e Octavio Torres, da Dow AgroSciences, juntamente com Cesar Hax e José Paulo Machado dos Santos, diretores da Planfler, aproveitaram o evento para reforçar a parceria comercial.
Arysta A Arysta LifeScience alterou sua estrutura organizacional. Antonio Carlos Costa passa a ocupar o cargo de diretor de Recursos Humanos e Comunicação para América do Sul, acumulando ainda a liderança de serviços de marketing para o Brasil. “A Arysta, além da gestão de referência em RH, pretende interagir adequadamente com todos os públicos, de forma a construir e manter relacionamentos sólidos e duAntonio Carlos Costa radouros”, explica Costa.
Roundup Ultra A Monsanto prestigiou o XXVI Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas realizado em Ouro Preto (MG). A equipe apresentou aos congressistas o novo Roundup Ultra e esclareceu dúvidas sobre o produto, já que seu modo de ação se diferencia de outras formulações de glifosato. Roundup Ultra é granulado e é acompanhado pelo programa 100% garantia de satisfação.
FMC A FMC também patrocinou o 2º Encontro Planfer Irga. Gustavo Canata, coordenador de portfólio de produto para tratamento de sementes, comandou a equipe na recepção aos visitantes.
Reunião da Soja Nos dias 20 e 21 de agosto de 2008 ocorre no Centro Tecnológico da Cooperativa Comigo, em Rio Verde (GO), a XXX Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil. A programação englobará relatos por estados sobre o comportamento da cultura da soja na safra 2007/08, palestras, apresentação de trabalhos e atualização de tecnologias. Mais informações no site www.cnpso.embrapa.br/ rpsrcb
Syngenta A Syngenta aproveitou o Congresso de Plantas Daninhas para enfatizar a importância do manejo alternativo para garantir a sustentabilidade das principais culturas frente ao surgimento de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Além disso, a equipe também discutiu com os congressistas a importância da rotatividade de herbicidas, de trabalhar com misturas ou produtos alternativos, para evitar a resistência de plantas no campo.
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Soja Fotos Robinson Luiz Contiero
Rotação urgente AA efi ciên ci aa dde ee con tr ole acili ddad ee dde ee uso xibili ddad ee n aa apli cação eficiên ciênci cia contr trole ole, acilid ade flexibili xibilid ade na aplicação efi ciên ci dde con tr ole ffacili acili ad dde uso ee aa fle fle xibili ad n apli cação são são eficiên ciênci cia contr trole ole,,, aa ffacili acilid ade flexibili xibilid ade na aplicação car acterísti cas ee atribuíd as osato aa soja orém, característi acterísticas sempre atribuídas glifosato na atribuíd as ao ao glif glif osato n n soja RR. RR. PPorém, PPorém, orém, oo uso uso car acterísti cas sempr sempr característi acterísticas sempre atribuídas glifosato na con tín uuoo ee in discrimin ad o, to aa ddessecação essecação oo em er gên ci a, contín tínu indiscrimin discriminad ado, tanto na como pós-emer ergên gênci cia, con tín in discrimin ad o, tan tan to n n ddessecação essecação com com em pós-em pós-em er gên ci a, contín tínu indiscrimin discriminad ado, tanto na como pós-emer ergên gênci cia, tem on ad oo espéci es ee plan tas aninhas an tes as ee tod oo selecion onad ado espécies plantas toleran antes lavouras todo tem seleci seleci on ad espéci es dde dde plan tas ddaninhas ddaninhas aninhas toler toler an tes em em lavour lavour as dde dde tod selecion onad ado espécies plantas toleran antes lavouras todo ee in gr edi en tes oo país sci en tização aa importân ci aa dda aa rrotação otação ingr gredi edien entes país. consci scien entização importânci cia dda rrotação otação dde dde in gr edi en tes ativos ativos éé país con sci en tização dda dda importân ci edien entes importânci cia ingr gredi país... AA con consci scien entização ci al aa que te am en ta an tenha essen antenha essenci cial para importante ferram amen enta man tenha viável viável essen ci al par par que esta esta importan importan te ferr ferr am en ta se se m m an amen enta man antenha essenci cial para importante ferram
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om a semeadura das primeiras lavouras comerciais de soja RR nos Estados Unidos, em 1996, abriuse novo horizonte aos produtores com a possibilidade de uso de plantas transgênicas em larga escala. No Brasil, a liberação do cultivo comercial da soja RR ocorreu em 2005, após a aprovação da Lei de Biossegurança, o que permitiu o uso de variedades de soja genuinamente brasileiras, desenvolvidas por instituições como Coodetec e Embrapa, que fizeram acordo com a Monsanto para uso do gene RR nas suas variedades. Permitiu também, a conquista pelo setor sementeiro brasileiro, principalmente no Sul do país, do espaço perdido para o mercado ilegal de sementes. Da mesma forma que no sistema convencional, as variedades RR possuem características peculiares, inerentes a cada uma delas. Dessa forma, é, além de recomendável, extremamente importante a busca de informações técnicas específicas, para que o uso inadequado não ocasione a perda das vantagens da nova tecnologia. Com relação ao manejo de plantas daninhas em soja RR (resistente ao herbicida glifosato), embora os princípios a serem seguidos sejam os mesmos da soja convencional, há a incorporação no sistema, de um novo herbicida cujas características permitem mu-
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danças profundas. Aspectos como mato-interferência e rotação de ingredientes ativos no controle químico das plantas daninhas não podem ser ignorados. A aplicação do herbicida glifosato em pósemergência da cultura da soja desponta como nova alternativa no manejo de plantas daninhas. Além disso, representa a possibilidade
de uso de uma nova ferramenta no manejo e a oportunidade de se introduzir no sistema um produto com diferente mecanismo de ação. A eficiência de controle, a facilidade de seu uso e a flexibilidade na aplicação são características complementares, consideradas fundamentais no conceito de praticabilidade. Porém, o uso contínuo do glifosato na soja
Experimentos comprovam a baixa resposta da buva ao glifosato, mesmo utilizando-se doses elevadas do produto
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RR, na dessecação e, posteriormente em pósemergência, induz à seleção de espécies de plantas daninhas tolerantes, o que, com o tempo, poderá obrigar o produtor a abandonar o sistema. Atualmente, o glifosato é um dos herbicidas de maior importância mundial, usado por muitos anos no controle de plantas daninhas anuais ou perenes, em diversos sistemas de produção. Sua ação inibe a enzima 5-enolpiruvilshiquimato-3-fosfato sintase (EPSPs), que é a responsável pela reação de conversão do shiquimato-3-fosfato e fosfoenolpiruvato em EPSP e fosfato inorgânico, na rota do ácido shiquímico (Figura 1). A inibição da EPSPs resulta no acúmulo de ácido shiquímico nas plantas e na redução da biossíntese de aminoácidos aromáticos, como triptofano, tirosina e fenilalanina. A mais nova forma de emprego do glifosato na agricultura é a aplicação em culturas geneticamente modificadas para tolerância ao produto, o que também pode contribuir significativamente para a seleção de biótipos resistentes em espécies de plantas daninhas.
Há registros de biótipos de várias espécies de plantas daninhas com casos relatados de biótipos resistentes ao glifosato, em diversos países: Eleusine indica (capim pé-de-galinha, na Malásia), Lolium rigidum (azevém, na Austrália, EUA, África do Sul), Plantago lanceolata (espécie de tanchagem, na África do Sul), Conyza bonariensis (buva, na África do Sul, Espanha e Brasil), Lolium multiflorum (azevém, no Chile, Brasil e EUA), Conyza canadensis (buva, nos EUA e Brasil), Ambrosia artemisifolia (espécie de losna, nos EUA) e Amaranthus palmeri (espécie de caruru, nos EUA). Recentemente foram confirmadas as ocorrências de Sorghum halepense (capim massambará, na Argentina) e de Euphorbia heterophylla (amendoim-bravo, no Brasil). Conyza bonariensis (L.) (Eribo, buva) e Conyza canadensis (L.) (Erica, buva) são espécies da família Asteraceae, com centro de dispersão nas américas do Sul e Norte, respectivamente. Eribo ocorre intensamente nas zonas subtropicais e temperadas da América do Sul, enquanto Erica é uma das espécies mais distribuídas do mundo, prin-
cipalmente nas regiões de clima temperado ou subtropical do hemisfério norte e nas regiões subtropicais do hemisfério sul. Segundo Bruce & Kells (1990), em áreas de cultivo de soja sob plantio direto, 150 plantas/ m-2 de Erica reduziram em 83% a produtividade de grãos da cultura. O hipocótilo e epicótilo são imperceptíveis, de modo que as plântulas formam no solo uma roseta para posteriormente desenvolverem o caule. As plantas são herbáceas, eretas e a estatura depende das condições em que se desenvolvem, podendo chegar a dois metros de altura. Erica se diferencia por apresentar a margem das folhas denteadas e ramos laterais que não ultrapassam a inflorescência, enquanto Eribo possui margens foliares não serrilhadas. A produção média por planta é de 110 mil aquênios (sementes) para Eribo e de 200 mil para Erica, sendo que 80% das sementes germinam próximas à plantamãe. No Brasil, o controle dessas espécies é realizado com herbicidas, e o inibidor da enzima enol-piruvil-shikimato-fosfato sintetase
Demonstração dos resultados de controle da buva através de experimentos empregando glifosato e outros herbicidas
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RESISTÊNCIA
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esistência é a capacidade inerente e herdável de alguns biótipos, dentro de uma determinada população, de sobreviver e se reproduzir após a exposição à dose normal de um herbicida, que normalmente seria letal a uma população normal (suscetível) da mesma espécie. Dentre as principais conseqüências da resistência de plantas daninhas a herbicidas podemos enumerar a restrição ou inviabilização do uso desses produtos, perdas de áreas de plantio, diminuição de rendimento e qualidade dos produtos das culturas agrícolas, necessidade de reaplicação de herbicidas, mudanças no sistema de produção e, em alguns casos, requerendo
aumento de doses dos herbicidas, que tem como conseqüência maior impacto ambiental e elevação dos custos de produção, com conseqüente redução da competitividade na comercialização do produto final. A resistência de plantas daninhas aos herbicidas é um fenômeno natural que ocorre espontaneamente em suas populações, não sendo, portanto, o herbicida o agente causador, mas sim selecionador dos indivíduos resistentes que se encontram em baixa freqüência inicial. É fundamental levar em consideração que o risco de aparecimento e evolução da resistência está intimamente ligado às práticas de cultivo (Quadro 1).
doses de até 5.760g/ha-1 de glifosato. Também Moreira et al (2007) demonstraram a existência de populações brasileiras de Conyza canadensis e C. bonariensis com ocorrência de biótipos resistentes ao herbicida glifosato, com diferentes níveis de resistência. O trabalho dos autores demonstrou também, a existência de alternativas de controle, pois herbicidas alternativos, como 2,4-D, metsulfuron e metribuzin, usados em mistura com o glifosato, controlaram de forma eficiente a espécie. Apesar de o problema ser sério e requerer atenção especial, tanto dos produtores quanto dos técnicos, existem alternativas de manejo eficiente dessa planta daninha, tanto em lavouras comerciais quanto em RR (Quadro 2). Depois de aproximadamente oito anos de uso da soja RR, a pressão de seleção de espécies daninhas é muito grande, devido ao emprego do herbicida glifosato, além do manejo antes da semeadura (também usado na soja sem RR) em uma ou duas aplicações para o controle de plantas daninhas em pós-emergência na cultura. Como era de se esperar, e como já ocorreu com outros produtos, a história se repete: o uso continuado e em grande extensão de área do mesmo herbicida seleciona espécies daninhas tolerantes ou biótipos resistentes. Além disso, é sempre importante lembrar que o surgimento de uma nova espécie daninha ou de biótipos resistentes aos herbicidas, bem como o aumento da freqüência de espécies como a buva em lavouras de soja, se deve ao uso quase que
(EPSPs) é usado principalmente nas áreas buva a sistemas conservacionistas de manejo de solo (principalmente o plantio dicultivadas com soja resistente ao glifosato. Contudo, nos últimos três ciclos agrí- reto), contribui para a seleção de biótipos colas de soja (2004/2005, 2005/2006 e resistentes dessas espécies. Trabalhos conduzidos por Vargas et al 2006/2007), observou-se controle insatisfatório de buva em diversas lavouras no (2007) comprovaram, em experimentos de Paraná e Rio Grande do Sul, com o uso de campo e em casa de vegetação, baixa resglifosato. Nessas áreas, o produto estava posta da planta ao glifosato, mesmo emsendo usado com sucesso na dessecação pregado em doses elevadas, evidenciando pré-semeadura, com controle eficiente de que a buva (Conyza bonariensis) adquiriu plantas de buva mesmo em estádios avan- resistência ao produto. Os resultados apreçados de desenvolvimento vegetativo, em sentados pelos autores permitem concluir soja convencional, e no controle em pós- que a espécie adquiriu resistência ao heremergência, na soja RR. O controle insa- bicida, pois aproximadamente 50% das tisfatório da buva com uso do glifosato plantas da população avaliada resistiram a provocou a suspeita de que essa espécie Quadro 1 - Risco de evolução da resistência de acordo com as práticas de cultivo adquiriu resistência a essa molécula herbicida. Opção de Risco de resistência Apesar da soja RR ser opção para lamanejo usada Baixo Médio Alto vouras com alta infestação de plantas daMecanismo herbicida + de 2 mecanismos 2 mecanismos 1 mecanismo ninhas, o manejo inadequado tem permiAssociação de herbicidas + de 2 mecanismos 2 mecanismos 1 mecanismo tido a manifestação da resistência de buva Método de controle Cultural, mecânico e químico Cultural e químico Químico ao glifosato, principalmente no Paraná e Rotação de cultura Completa Limitada Nenhuma Rio Grande do Sul. O emprego intenso do Infestação Baixa Média Alta produto nessas áreas favorece o aumento Controle nos últimos três anos Bom Declinado Ruim da pressão de seleção, que, aliado à boa Fonte: adaptado de Herbicide Resistance Action Commitee, 1998. adaptabilidade ecológica das espécies de Quadro 2 - Herbicidas que controlam buva resistente e sensível ao glifosato Mecanismo de ação
Grupo químico
Inibidor da ALS Mimetizador de auxinas
Sulfoniluréia Ácido Fenoxiacético
Inibidores do FS I Inibidores da GS Mimetizador de auxinas
Bipiridilos Ácido fosfínico Ácido Fenoxiacético
Inibidor da ALS
Sulfoniluréia
Ingrediente ativo CONTROLE NO INVERNO Iodosulfuron-methyl; Metsulfuron-methyl 2,4-D NA DESSECAÇÃO PRÉ-SEMEADURA1 Diquat; Paraquat; Paraquat + Diuron Amônio-glufosinato 2,4-D NA PÓS-EMERGÊNCIA DA SOJA Chlorimuron-ethyl
Nome comum Hussar; Ally Aminol 806, Capri, DMA 806 BR, Herbi D-480, U46 D-Fluid 2,4-D Reglone; Gramoxone; Gramocil Finale Aminol 806, Capri, DMA 806 BR, Herbi D-480, U46 D-Fluid 2,4-D Classic, Clorimuron Máster Nortox, Conquest, Smart, Twister
* Para definição da dose consulte um engenheiro agrônomo; 1 A utilização de aplicações seqüenciais com o segundo herbicida sendo o paraquat + diuron tem proporcionado controle eficiente.
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Robinson Luiz Contiero
Figura 1 - Mecanismo de ação dos herbicidas inibidores da EPSPs
exclusivo de herbicidas no manejo das plantas daninhas, esquecendo-se que outras práticas bastante eficientes, como a rotação de culturas e o uso de plantas de cobertura do solo na entressafra, permitem diversificar herbicidas e épocas de aplicação, dificultam a germinação e emergência das plantas daninhas, além de outros benefícios, constituindo-se ferramentas es-
senciais no correto manejo integrado das plantas daninhas. O mau uso da tecnologia RR brevemente agravará o problema com plantas daninhas resistentes, não só na buva, mas também em outras espécies, conforme já constatado e comprovado pelo uso continuado e indiscriminado do glifosato em outros países e, inC clusive no Brasil, em outras culturas.
Robinson Luiz Contiero, Unioeste
Cana-de-açúcar Fotos Núbia Maria Correia
Melão na cana
NNova planta começa sobressair lavouras cana-d a-de-açúcar e-açúcar. ova plan planta ta ddaninha daninha aninha com começa eça aa se se sobr sobressair essair em em lavour lavouras as dde dee can cana-d a-de-açúcar e-açúcar.. TTr Trrata-se ata-se ddaa espéci espécie trepad epadeir eira melão-d elão-de-são-caetan e-são-caetano, problemáti oblemática principalm cipalmen ente na hor ora espéciee tr trepad epadeir eiraa m melão-d elão-de-são-caetan e-são-caetano, o, pr problemáti oblemática ca prin principalm cipalmen ente te n naa h hor oraa ddaa colh colheita lavouras queima. Estud avaliou herbi erbici cid aplicad cados colheita eita em em lavour lavouras as sem sem queim queima. a. Estu Estuddoo avali avaliou ou oo efeito efeito dde dee h herbi erbici ciddas as apli aplicad cados os em pós-emer ergên gênci cia para contr trole nos canavi aviais em pré pré ee pós-em pós-emer ergên gênci ciaa par paraa oo seu seu con contr trole ole n nos os can canavi aviais ais
A
ocorrência de Momordica charantia, o popular melão-de-sãocaetano, tem aumentado em áreas de cana-de-açúcar, principalmente, naquelas colhidas mecanicamente sem queima (cana-crua). Além dos prejuízos ocasionados pela competição por água, luz, nutrientes e espaço, a daninha interfere na colheita da cana, provoca perdas no rendimento das máquinas, no caso de colheita mecanizada, e até mesmo dos cortadores manuais no corte da cana. Mesmo numa condição de baixo “escape”, o indivíduo sobrevivente será suficiente para causar danos na colheita. Por isso, um tratamento herbicida eficaz no controle de espécies trepadeiras, como melão-de-são-caetano, será aquele que resulta em excelente controle, sem “escape” ou rebrota das plantas pulverizadas. São escassos os trabalhos na literatura relacionados ao controle químico ou a estratégias de manejo de melão-de-são-caetano na cultura da cana-de-açúcar, o que motivou a realização desta pesquisa. Com a hipótese de que o uso de herbicidas na época seca deve ser complementado com a aplicação de herbicidas de ação residual na época úmida, objetivou-se estudar o efeito de herbicidas aplicados em pré e pós-emergência, isolados e em combinações nas épocas seca e úmida, para o controle de melão-de-são-caetano (M. charantia) em área de cana-soca. O experimento foi desenvolvido no perí-
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odo de junho de 2007 a fevereiro de 2008, em Bebedouro (SP). A variedade de cana empregada foi a SP 79-1011, no seu 3º corte, colhida pelo sistema manual com queima das plantas, deixando quantidade de palha pouco significativa sobre o solo. Mesmo assim, os restos vegetais foram retirados da área experimental, para homogeneização do terreno. Foram avaliados na época seca os herbicidas: imazapic (0,147kg ha-1, p.c.) e amicarbazone (1,4kg ha-1, p.c), aplicados uma se-
mana após a colheita da cana; clomazone mais hexazinone (0,8kg ha-1 + 0,2kg ha-1, p.c.) e amicarbazone (1,4kg ha-1, p.c.), aplicados no mês de agosto, 63 dias após a colheita da cana; além de tratamento sem a aplicação de herbicida. Dentro da área de cada herbicida de seca foram demarcadas subáreas onde foram aplicados os produtos da época úmida, como forma de avaliar a necessidade de complementação do manejo da planta daninha. Estudou-se o uso de mais quatro herbicidas e de tratamento sem aplicação. Os herbicidas usados na segunda etapa do trabalho foram: me-
Plantas de melão-de-são-caetano já atingidas por herbicida
Ovos: inicialmente deDetalhe coloraçãodas rosada, passando, posteriormente, inflorescências pelas cores verde-azeitona da plantae alaranjada
TRATAMENTOS
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Gráfico 1 - Dinâmica da emergência de melão-de-são-caetano após a aplicação de imazapic e amicarbazone (1), no dia 28/6, e de amicarbazone (2) e clomazone + hexazinone, no dia 23/8; aos sete e 63 dias após a colheita da cana, respectivamente. Unesp/Campus de Jaboticabal (SP), 2007/2008
sotrione (0,192kg ha-1), amicarbazone (1,4kg ha-1, p.c.), mesotrione + amicarbazone (0,096kg ha-1 + 0,7kg ha-1, p.c.) e 2,4-D (1,005kg ha-1, p.c.), todos em pós-emergência da cana-de-açúcar e das plantas de melão-de-são-caetano.
APLICAÇÃO DOS HERBICIDAS Na primeira etapa do trabalho os herbicidas foram aplicados nos dias 28/6 (para imazapic e amicarbazone) e 23/8 (para amicarbazone e a mistura de clomazone com hexazinone). Utilizou-se pulverizador costal, à pressão constante (mantida por CO2 comprimido) de 2,9kgf cm2, munido de barra com seis bicos de jato plano (leque) 110.02, espaçados de 0,5m, com consumo de calda equivalente a 200l ha-1. Na primeira aplicação, a cana encontrava-se no início da brotação e não havia plantas daninhas emergidas na área. Na segunda, a cana apresentava altura do dossel em torno de 35cm e as plantas de melão-de-sãocaetano, com folhas cotiledonares até duas folhas definitivas. A aplicação dos herbicidas na época úmida foi realizada no dia 21/11, 153 dias após o corte da cana. Devido ao porte da cana, a pulverização foi dirigida, localizada na entrelinha da cultura. Foi usado pulverizador costal, à pressão constante (mantida pelo CO2 comprimido) de 4,0kgf cm-2, munido de barra com dois bicos de jato plano (leque) TT 110.02, espaçados de 0,75m, com consumo de calda equivalente a 200l ha-1. As plantas de cana encontravam-se em média com 1,38m de altura média do dossel e as de melão-de-sãocaetano no estádio cotiledonar e plantas adultas de 20cm a 80cm de altura.
Gráfico 2 - Número de plantas de melão-de-são-caetano (em 9m2) aos 30 e 90 dias após a aplicação de herbicidas na época úmida, além do tratamento sem herbicida. Unesp/Campus de Jaboticabal (SP), 2007/2008
bicida na área. Além disso, foram avaliadas possíveis injúrias visuais ocasionadas pelos herbicidas nas plantas de cana.
RESULTADOS E DISCUSSÃO 1ª etapa: Manejo de melão-de-são-caetano na época seca Os herbicidas imazapic e amicarbazone ocasionaram sintomas leves de fitointoxicação nas plantas de cana, não mais observados aos 56 dias após a aplicação (DAA). Na segunda época de aplicação, o amicarbazone também causou danos à cultura. O mesmo ocorreu quando aplicado clomazone + hexazinone, porém, as injúrias foram um pouco mais severas, caracterizadas pelo branqueamento e necrose das margens das folhas. Para ambos herbicidas, os sintomas persistiram até os 28 DAA, com redução gradual das notas de fitointoxicação. Como havia mais de 60 dias sem a ocorrência de chuvas na região, na avaliação de 49 DAA todas as plantas, inclusive aquelas que não foram tratadas com herbicidas (testemunhas), apresentavam necrose dos bordos foli-
ares. Os danos ocasionados pelo estresse hídrico, impossibilitaram isolar os sintomas visuais oriundos da ação dos herbicidas amicarbazone (2ª aplicação) e clomazone + hexazinone. De modo que todas as plantas foram consideradas sem fitointoxicação aparente. Quanto ao controle da emergência de melão-de-são-caetano pelos herbicidas na época seca (Gráfico 1), verificou-se aumento no número de plântulas emergidas com o decorrer do tempo, o que foi mais expressivo para o tratamento sem herbicida. A ausência de umidade no solo influenciou na dinâmica da espécie, mas não impossibilitou a germinação das sementes. Contudo, as plantas apresentaram crescimento inicial lento. No mês de outubro, com as primeiras chuvas, houve novos fluxos de emergência e o restabelecimento do desenvolvimento das plantas emergidas anteriormente. Isso foi mais acentuado nas áreas sem a aplicação de herbicidas. No dia 21/11, quando foi realizada a aplicação dos herbicidas da época úmida, foram quantificadas 13, 8, 8, 6 e 5 plantas de melãode-são-caetano por m2, respectivamente, para o tratamento sem herbicida, amicarbazone (1ª
AVALIAÇÕES Foram realizadas avaliações visuais de controle, atribuindo-se notas em porcentagem, aos 30 e 90 dias após a aplicação dos herbicidas na época úmida. Fez-se a contagem do número de plantas emergidas de melão-de-sãocaetano a partir da primeira aplicação de her-
A planta daninha se reproduz por sementes e se alastra a partir de rizomas prendendo-se por gavinhas sobre a cana
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Núbia Maria Correia
NÚMEROS
M
omordica charantia, o popular melão-de-são-caetano, é originária da Ásia, de onde foi disseminada para muitas regiões de climas tropical e subtropical. A sua introdução no Brasil se deu a partir da África (Kissman & Groth, 1999). É uma planta herbácea, anual, reproduzida por sementes e alastrada a partir de rizomas que permitem a brotação da planta; trepadeira, prendendo-se por gavinhas sobre obstáculos ou plantas vizinhas (Kissman & Groth, 1999). Trata-se de uma espécie ruderal, conhecida pelo seu uso na culinária e na medicina (Lenzi et al, 2005). época de aplicação), clomazone + hexazinone, imazapic e amicarbazone (2ª época de aplicação). Ficou demonstrado que a segunda aplicação de herbicidas no local era imprescindível para o controle melão-de-são-caetano, mesmo nas áreas com menor número de plantas. 2ª etapa: Manejo de melão-de-são-caetano na época úmida Como os herbicidas foram aplicados em jato dirigido na entrelinha da cultura, não foram observados sintomas visuais de fitointoxicação na cana. Aos 30 DAA (Tabela 1), independentemente do herbicida usado na seca, não houve diferença expressiva entre os herbicidas aplicados na época úmida, com resultados bem superiores ao do tratamento sem aplicação. No entanto, para o tratamento sem manejo na
Detalhe de uma área que não recebeu controle, dando lugar à daninha que, além de competir por água, luz, nutrientes e espaço, trará dificuldade também na colheita da cana
época seca, entre os herbicidas utilizados na época úmida, o amicarbazone sozinho resultou em menor porcentagem de controle de melão-de-são-caetano. Comparando os tratamentos da época seca dentro de cada tratamento da época úmida, a eficácia de mesotrione, mesotrione + amicarbazone e 2,4-D não foi dependente do manejo adotado após a colheita da cana, ou seja, para eles a aplicação de herbicidas na seca não agregou vantagens no controle da planta daninha. No entanto, o amicarbazone isolado necessitou do tratamento prévio com herbicidas na época seca. Isso favoreceu o seu desempenho, pois as plantas de melão-de-são-caetano no momento da aplicação encontravam-se menores e em menor quantidade. Aos 90 DAA (Tabela 2), para todos os herbicidas aplicados após a colheita da cana, houve maior porcentagem de controle com a aplicação de mesotrione e amicarbazone, iso-
Tabela 1 - Porcentagem de controle de melão-de-são-caetano aos 30 dias após a aplicação de herbicidas na época úmida, com ou sem manejo prévio da planta daninha na época seca. Unesp/Campus de Jaboticabal (SP), 2007/2008 Manejo na época úmida mesotrione amicarbazone mesotrione + amicarbazone 2,4-D Trat. s/ herb.
imazapic 98,75 97,50 92,50 100,00 12,50
amicarbazone(1) 100,00 96,25 100,00 96,25 0,00
Manejo na época seca amicarbazone(2) clomazone + hexazinone 98,75 100,00 97,50 97,50 100,00 100,00 100,00 98,75 33,75 27,50
Trat.s/ herb.(3) 100,00 77,50 82,50 96,25 0,00
(1), (2) Aplicado aos sete e 63 dias após a colheita da cana, respectivamente; (3) Trat. s/ herb.- tratamento sem herbicida.
Tabela 2 - Porcentagem de controle de melão-de-são-caetano aos 90 dias após a aplicação de herbicidas na época úmida, com ou sem manejo prévio da planta daninha na época seca. Unesp/Campus de Jaboticabal (SP), 2007/2008 Manejo na época úmida mesotrione amicarbazone mesotrione + amicarbazone 2,4-D Trat. s/ herb.
imazapic 98,00 96,00 86,75 57,50 0,00
amicarbazone(1) 98,25 96,25 100,00 57,50 0,00
Manejo na época seca amicarbazone(2) clomazone + hexazinone 100,00 98,75 94,00 91,75 90,00 97,50 56,25 52,25 0,00 0,00
(1), (2) Aplicado aos sete e 63 dias após a colheita da cana, respectivamente; (3) Trat. s/ herb.- tratamento sem herbicida.
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Trat.s/ herb.(3) 100,00 71,25 69,75 63,75 0,00
lados ou em mistura. A menor eficácia observada nas áreas tratadas com 2,4-D é justificada pela emergência e crescimento de novas plantas de melão-de-são-caetano na área, devido à ausência de efeito residual de controle desse herbicida. O controle de melão-de-são-caetano pelo mesotrione variou de 98,75% a 100% (Tabela 2), comprovando a sua eficácia na mortalidade das plantas tratadas e a manutenção do controle até 90 DAA, em resposta a sua ação residual no solo. A eficácia do 2,4-D também não estava atrelada ao uso de herbicidas na seca, pois independentemente do manejo adotado após a colheita da cana, o controle da planta daninha sofreu pequena variação, de 52,50% a 63,75%. Porém, para o amicarbazone e a sua mistura com mesotrione, o controle foi melhor nas áreas com manejo prévio de melão-de-são-caetano na seca. Para as avaliações de contagem (Gráfico 2), aos 30 e 90 DAA, houve maior número de plantas nas subáreas sem aplicação de herbicida e naquelas tratadas com 2,4-D.
CONCLUSÃO Houve uma complementação do controle de melão-de-são-caetano com a aplicação de herbicidas nas épocas seca e úmida. No entanto, o uso de herbicidas na época úmida mostrou-se obrigatório. Sendo que, o mesotrione e o amicarbazone, isolados ou em mistura, foram eficazes não apenas no controle em pós-emergência das plantas, mas, também, para inibir novos fluxos de emergência de melão-de-são-caetano na época úmida. Além da mortalidade das plantas tratadas, a inibição de novos fluxos de emergência pelo herbicida é de grande importância para a manutenção do controle de melão-de-são-caetano C na época úmida. Núbia Maria Correia, Unesp
Trigo Fotos Charles Echer
Controle por grupos M to ee tri onitoram amen ento cultivares trig long várias safras prod odutor Monitor onitoram amen en das cultivares es dde dde triggoo ao longgoo dde dee vári várias safras prod odutor amen ento to ddas as cultivar cultivares ao lon long de várias as safr as permite permite ao ao pr utor m an ejar d oenças por cultivar ou grupo d e cultivar es . A técni ca é possível por que anejar doenças de cultivares es. técnica porque ejar ddoenças oenças por cultivar ou grupo ddee cultivares. A técnica é possível porque porque as as man anejar epi d emi as são classifi cad as qu an to a su a virulên ci a ou agr essivi d ad e epid emias classificad cadas quan anto sua virulênci cia agressivi essivid ade epidemias emias são classifi cad as qu anto a sua sua virulên cia ou agr essividad epid classificad cadas quan virulênci cia agressivi essivid adee
A
través do monitoramento intensivo de cultivares de trigo ao longo dos anos, em diversos ambientes, caracterizou-se o desenvolvimento e a intensidade das epidemias por genótipo e quantificaram-se os possíveis danos. Assim, foi possível propor estratégias próprias de manejo das doenças por cultivar
ou grupo de cultivares, sendo que para cada um desses casos pode-se utilizar métodos de controle específicos, baseados em Limiar de Ação (LA), prevenção ou até mesmo favorabilidade climática para ocorrência de doenças de espiga. O LA normalmente é empregado em
situações onde as epidemias são de baixa virulência, e os fungicidas não possuem limitação para o controle eficiente. O monitoramento das lavouras, principalmente na fase vegetativa, é determinante para orientar a necessidade do controle. O tratamento preventivo é recomen-
Quadro 1 - Fluxograma do método “Grupos de controle”
São seis os grupos que englobam as cultivares e diferenciam as estratégias de controle das doenças
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Quadro 2 - Exemplo de probabilidade de intensidade da epidemia, conforme diferentes cultivares de trigo
Gráfico 1 - Freqüência de raças do fungo causador da ferrugem da folha do trigo na região de atuação Fundação ABC, safra 2007
dado nas situações em que as doenças foliares possuem elevada agressividade e os fungicidas apresentam limitações para controle eficiente. O estágio reprodutivo também requer a prevenção, principalmente no controle das doenças da espiga, como brusone e giberela. A favorabilidade climática também pode ser ferramenta útil, principalmente para auxiliar na tomada de decisão no controle das doenças de espiga. No manejo da giberela, já estão disponíveis no mercado sistemas de alerta baseados em condições climáticas com ótimo índice de acerto. As epidemias para as doenças foliares são classificadas quanto a sua virulência ou agressividade e os genótipos agrupados segundo essa classificação: A) Sem importância no controle, genótipo Resistente (R). B) Doença importante somente no complexo, genótipos Moderadamente Resistentes (MR). C) Doença-alvo, com virulência medi-
Quadro 3 - Histórico de danos causados por doenças foliares e de espiga, e agrupamentos das cultivares conforme dano
Gráfico 2 - Efeito do momento e número de aplicações de fungicidas sobre a produtividade, em cultivar altamente suscetível a novas raças da ferrugem da folha
ana, muito dependente das condições climáticas, controle efetivo, possibilidade de uso do LA, genótipo Moderadamente Suscetível (MS). D) Doença-alvo, com virulência elevada, alta freqüência de ocorrência, grande dificuldade de controle, com possível perda de sensibilidade a fungicidas. O controle preventivo é o mais eficiente, genótipo Suscetível ou Altamente Suscetível (AS). Os danos ocasionados por essas doenças são determinantes para divisão entre grupo de cultivares, sendo que os de menor risco apresentam danos históricos entre 10% a 20% e os de maior risco entre 50% e 90%. Baseados na virulência e nos danos, podemos traçar estratégias seguras e com relação custo/benefício adequada. As cultivares estão dispostas em seis grupos, onde as estratégias de controle se diferenciam para cada grupo. As viroses como VNAC e VMC possuem manejo semelhante para todos os grupos, sendo que o uso de tratamento de se-
mentes com inseticidas à base de neonicotinóides é sugerido para todos os grupos no controle do VNAC. No manejo do VMC, em áreas com histórico desta doença e regiões de clima propício (frio e úmido) é sugerida a adoção de cultivares com resistência, como por exemplo Ônix, Granito etc. 2 - Manejo de controle para os grupos I, II e III: As sugestões seguintes são recomendadas para lavouras que realizam a rotação de culturas adequadamente 3 - Novas raças de ferrugem da folha definem novos grupos de controle: A composição de raças do fungo causador da ferrugem da folha do trigo em uma determinada região está relacionada diretamente às cultivares que compõem a área semeada. Como pode ser observado no Gráfico 1, em levantamento realizado na safra 2007 na região dos Campos Ge-
Quadro 4 - Aspectos de controle relacionados aos grupos Aspectos do controle Custo do controle (Kg trigo/ha) Nº de aplicações prováveis Característica Dano esperado
I 80 a 160 1a2 Doenças de baixa virulência 10 – 20%
Grupos de controle II III IV V VI 160 a 220 160 a 220 220 a 300 240 a 300 300 2a3 2a3 3a4 3a4 4 Doenças sem dificuldade Manchas Foliares Ferrugem da folha (raças B56 e Ferrugem da folha virulência Ferrugem da folha (raças B55) de controle severas e difícil controle MDP) ou oídio severo elevada (raças B55 e derivações) e oídio virulência elevada 20 – 40 % 10 – 50 % 20 – 40% 40 – 70% 50 – 90%
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Esquema de controle Semente
Perfilhamento
Elongação
Emborrachamento
Espigamento
Flor
ou Manchas Foliares Ferrugem da Folha LA = 15 a 25%
Momento + Importante Proteção
Oídio LA = 15 a 25%
Brusone Giberela
Complexo Foliar
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Grupo de controle II Dano entre 20 a 40% Esquema de controle Semente
Perfilhamento
Elongação
Emborrachamento
Espigamento
Flor ou
Proteção Controle curativo 15 a 25% incidência
Oídio
Brusone
Ferrugem da folha
Giberela Manchas foliares
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Grupo de controle III Doença-chave “Manchas foliares” Dano entre 10 a 50% Esquema de controle Semente
Perfilhamento
Elongação
Emborrachamento
Espigamento
Flor Proteção
Proteção ou (5% inc.)
Giberela Anos + chuvosos
Oídio 15 a 25%
Manchas foliares
Proteção ou (5% inc.) Brusone Anos secos / Regiões quentes
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rais do Paraná, verificou-se diferentes raças do fungo que infectam o trigo, proporcionais às cultivares semeadas. São importantes a determinação destas raças e o entendimento de sua presença, porque novas raças como a B55 (e derivações) e B56 possuem características específicas para seu controle. Alguns grupos de fungicidas, como os triazóis, já possuem alteração de sensibilidade, com perda de eficiência. Por esse motivo deixam de ser opção de controle em determinados estágios da cultura. O monitoramento das novas raças de ferrugem da folha está sendo realizado pela Fundação ABC juntamente com a doutora Amarillis Barcellos, pesquisadora da O.R. Sementes, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Outro fato muito importante é a precocidade de ocorrência Charles Echer
Grupo de controle I Dano entre 10 a 20%
destas novas raças, onde as epidemias se iniciam já no perfilhamento. Os danos causados pela ferrugem da folha já ocorreram na fase vegetativa, sendo que o controle neste estádio pode representar 50% do dano potencial, conforme Gráfico 02. 4 - Manejo de controle para os grupos IV, V e VI: O manejo das doenças do trigo segundo grupos de controle é resultado de longo trabalho de monitoramento em diversos locais. Mais informações podem ser obtidas com os usuários deste sistema, que são a Fundação ABC e as empresas parceiras Bayer, Basf e Syngenta. C
Grupo de controle IV Dano entre 20 a 40% Esquema de controle Semente
Perfilhamento
Elongação
Emborrachamento
Espigamento
Monitoramento
Proteção
Proteção / 5% inc. Manchas Foliares Ferrugem da Folha Oídio Proteção Oídio
Flor
Residual Ferrugem
Complexo foliar
Oídio 5 a 10% Ferrugem da Folha 10 a 20%
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Olavo Corrêa da Silva, Carlos André Schipanski e José de Freitas, Fundação ABC – Defesa Vegetal
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Grupo de controle V Dano entre 40 a 70% Ferrugem da folha B55 e B55 4002 Esquema de controle Semente
Perfilhamento
Elongação
Emborrachamento
Espigamento
Monitoramento
Flor
Proteção
Proteção / 5% inc. Manchas Foliares Ferrugem da Folha Oídio
Ferrugem 5 a 10%
Residual Ferrugem
Ferrugem da Folha proteção 1as lesões
Complexo foliar
Brusone Giberela
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Grupo de controle VI Dano entre 50 a 90% Oídio e ferrugem severos (raças de difícil controle) Esquema de controle Semente
Perfilhamento
Elongação
Emborrachamento
Espigamento
Flor
Proteção
Proteção / 5% inc. Manchas Foliares Ferrugem da Folha Oídio
Proteção Oídio
Residual Ferrugem
Ferrugem da Folha 1as lesões
Complexo foliar
Brusone Oídio 1as lesões
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Tempo de controlar O iníci o ddaa n ova safr go pod dad azer o con tr ole início nova safraa ddee tri trig podee ser a oportuni oportunid adee par paraa se ffazer contr trole aninhas com o azevém e buva, rresisten esisten tes ao glif osato, cuja efi ci en te ddee plan tas ddaninhas efici cien ente plantas como esistentes glifosato, in ci dên ci esce rrapi api dam en te n os sistem as pr od utivos o porte ddas as inci cidên dênci ciaa cr cresce apid amen ente nos sistemas prod odutivos utivos.. O pequen pequeno plan tas este períod o, ffacilita acilita o m an ejo, já que as sem en tes pod em ggermin ermin ar plantas tas,, n neste período, man anejo, semen entes podem erminar ead ur as cultur as ddee verão e se ddesenvolver esenvolver até an tes ddaa sem após a colh eita ddas antes semead eadur uraa colheita culturas
O
número de moléculas herbicidas registradas para contro le (dessecação) de plantas daninhas para o período que antecede a semeadura de trigo é considerado pequeno. Os defensivos disponíveis para uso são 2,4D, metsulfuron-metil, glifosato, paraquat e diuron. Enquanto os dois primeiros controlam essencialmente plantas dicotiledôneas, glifosato e paraquat são herbicidas totais, que servem para barrar tanto dicotiledôneas quanto gramíneas. Em áreas com elevada freqüência de guanxuma (Sida spp.), o uso de metsulfuron e glifosato na
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O uso associado de glifosato com metsulfuron-metil ou 2,4-D é eficiente para controlar plantas de buva e soja antes da semeadura do trigo
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dessecação antes da semeadura de trigo tem sido mais eficiente que a aplicação isolada dos herbicidas. A ocorrência de buva e azevém, resistentes ao glifosato, é um problema para o sistema de produção. Essas espécies têm aumentado rapidamente sua incidência e o cultivo de trigo se constitui em oportunidade de controle. As sementes de buva e azevém podem germinar após a colheita das culturas de verão e se desenvolver até antes da semeadura do trigo. Além disso, as sementes de soja resistente ao herbicida glifosato, resultante das perdas de colheita mecanizada, também podem originar plantas que se constituem em daninhas importantes e devem ser controladas antes da semeadura do trigo. Nessa condição, as plantas de buva e de soja são de pequeno porte, o que facilita muito seu controle que pode ser feito de forma eficiente antes da semeadura do trigo com o uso de glifosato associado com o metsulfuron-metil ou com o 2,4-D. Após a emergência do trigo os herbicidas iodosulfuron-metil e metsulfuron são eficientes no controle da buva e plantas voluntárias de soja. Já o azevém resistente ao glifosato, que também se constitui problema antes da semeadura do trigo, pode ser controlado com herbicidas graminicidas “fops e dims”.
Tabela 1 - Herbicidas seletivos, doses e época de aplicação recomendados para controle de plantas daninhas na cultura de trigo Nome comum Pendimetalin
Concentração1 (g L-1 ou g kg-1) 500 i.a.
Bentazon
600 i.a. 480 i.a. 600 i.a.
Metsulfuron-metil2 2,4-D amina
400 e.a. 670 e.a. 720 e.a. 2,4-D éster 3 400 e.a. 2,4-D + MCPA 275 + 275 e.a. 2,4-D + Picloran 360 + 22,5 e.a. Metribuzin4 480 i.a. 2,4-D éster + Dicamba 2,4-D éster + Bentazon 2,4-D amina + Bentazon 280 i.a. Diclofop-metil5 Iodosulfuron-metil
50 i.a.
Clodinafop-propargil
240 i.a.
Produto Comercial Época de (g ou L ha-1) aplicação 2,0 a 2,5 (a) Pré-emergência. A dose varia conforme textura do solo. Solos arenosos 2,5 a 3,0 (b) (a), francos (b) e argilosos (c). 3,0 a 3,5 (c) 1,2 a 1,6 1,5 a 2,0 4,0 Pós-emergência de plantas daninhas (2 a 6 folhas). Em trigo pode ser aplicado a partir do início do perfilhamento. 1,0 a 1,5 Pós-emergência de plantas daninhas (2 a 6 folhas). Em trigo pode ser 1,0 a 1,5 aplicado no estágio de perfilhamento (4 folhas- até ocorrência do 1o nó). 1,0 a 1,5 0,6 a 1,0 1,0 a 2,0 1,0 0,3 0,6 a 1,0 + 0,2 0,6 + 0,8 1,0 + 0,8 1,5 a 2,0 Pós-emergência de azevém e aveia (2 a 4 folhas). Em trigo pode ser aplicado no estágio de perfilhamento (4 folhas - até ocorrência do 1o nó) 70-100 Pós-emergência de azevém e aveia e folhas largas (2 a 4 folhas). Em trigo pode ser aplicado no estágio de perfilhamento (4 folhas - até ocorrência do 1o nó) 100-150 Pós-emergência de aveia (2 a 4 folhas). Em trigo pode ser aplicado no estágio de perfilhamento (4 folhas - até ocorrência do 1o nó)
1 i.a.= ingrediente ativo; e.a.= equivalente ácido; 2 Adicionar 0,1% v/v de óleo mineral emulsionável (100ml 100-1l de água). O Metsulfuron-metil apresenta incompatibilidade biológica com a formulação concentrada emulsionável de tebuconazole, paration metílico, clorpirifós e diclofop-metil; 3 2,4-D na forma éster está sendo retirado do mercado desde 2003; 4 Não aplicar em solos com menos 1% de matéria orgânica. Não misturar em tanque com outros agroquímicos ou com adubo foliar; 5 Não misturar em tanque com latifolicidas. Sua aplicação deve ser efetuada três dias antes ou depois desses herbicidas.
Leandro Vargas
Alguns graminicidas(inibidores de ACCase), precisam ser aplicados com antecedência de 15 a 30 dias, pois podem apresentar efeito residual e afetar a cultura do trigo, conforme detalhe
Dirceu Gassen
Haloxyfop, clethodim, fenoxaprop, fluazifop e sethoxydim são exemplos altamente eficientes sobre o azevém e apresentam-se como alternativas de manejo em pré-semeadura do trigo. Alguns desses graminicidas, como o haloxyfop, podem apresentar efeito residual e afetar a cultura do trigo. Recomenda-se, nesse caso, que a aplicação ocorra com antecedência de 15 a 30 dias da semeadura. Se houver “escape” de plantas da primeira aplicação, deve ser usado herbicida à base de paraquat antes (1-2 dias) da semeadura do trigo.
Em trigo foi identificado um biótipo de Raphanus sativus (nabiça) resistente à ação de metsulfuron-metil e outros herbicidas inibidores de ALS. Em áreas em que houver a presença do biótipo resistente, as alternativas de herbicidas para controle são o bentazon e os defensivos do grupo das auxinas sintéticas (hormonais). O controle de plantas daninhas após a emergência do trigo é realizado com herbicidas registrados para esse fim. Em folhas largas podem ser usados bentazon, 2,4-D, metsulfuron-metil e iodosulfuron (Tabela 1). Esses herbicidas, de forma geral, controlam eficientemente as plantas daninhas de folhas largas que ocorrem no trigo. Os defensivos registrados para controle de plantas daninhas gramíneas na cultura são o pendimetalin, diclofop-me-
til, clodinafop-propargil e o iodosulfuronmetil (Tabela 1). Esses herbicidas apresentam eficiência no controle de aveia preta e de azevém. Pendimetalin é usado em pré-emergência da cultura; sua seletividade é dada pela posição que ocupa na camada superficial do solo (cerca de 2cm a 3cm), por isso, recomenda-se que o trigo seja semeado na profundidade de cerca de 5cm. Chuva intensa logo após a aplicação, principalmente em solos de textura arenosa e com níveis de matéria orgânica abaixo de 2%, podem causar fitotoxicidade à cultura. Sua maior ação é no controle de azevém e de aveia preta. Já diclofop-metil, clodinafop-propargil e iodosulfuron-metil são usados em pósemergência e, com exceção do clodinafoppropargil, têm maior eficiência em azevém do que em aveias. A eficácia desses herbicidas é dependente do estádio de desenvolvimento do azevém e das aveias, sendo os melhores resultados obtidos quando aplicado em plantas jovens, com duas a quatro folhas. Vale destacar a necessidade de que as plantas daninhas tenham área foliar suficiente para absorver o herbicida no momento da aplicação e que as condições ambientais sejam adequadas para absorção e translocação dos produtos. Uma situação que comumente acarreta falhas no controle é após a colheita da cultura de verão, quando há corte da parte aérea das plantas daninhas, que não apresentam parte aérea suficiente para absorver os herbicidas. Nesses casos é necessário aguardar o desenvolvimento de novas folhas antes de efeC tuar a aplicação. Leandro Vargas, Embrapa Trigo Mario Antônio Bianchi, Fundacep Mauro Rizzardi, UPF
ESPÉCIES DANINHAS
A
Plantas “escape” podem receber o paraquat para controle
22
s principais plantas daninhas gramíneas existentes em lavouras de trigo da região Sul do Brasil são as gramíneas Lolium multiflorum (azevém) e Avena strigosa (aveia preta). Já entre as folhas largas de maior ocorrência estão os Raphanus raphanistrum e R. sativus (nabo ou nabiça), Vicia spp. (ervilhaca), Polygonum convolvulus (cipó-de-veado ou erva-de-bicho), Rumex spp. (língua-de-vaca), Echium
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plantagineum (flor roxa), Bowlesia incana (erva salsa), Sonchus oleraceus (serralha), Silene gallica (silene), Spergula arvensis (gorga ou espérgula) e Stellaria media (esparguta). Em anos em que o inverno não é rigoroso ocorrem também outras plantas daninhas de folhas largas, mais comuns no verão, como Bidens pilosa (picão preto), Ipomoea spp. (corriola) e Richardia brasiliensis (poaia).
Milho
Cerco completo A
lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (Smith), identificada em 1797 nos EUA, tem na cultura do milho seu hospedeiro preferencial, o que acarreta, no caso do Brasil, prejuízos estimados em mais de 400 milhões de dólares anuais (Cruz et al. 1999b). A fêmea fecundada coloca seus ovos em massas, que podem conter entre 100 a 300 ovos. Cada massa é colocada aleatoriamente dentro da área cultivada com o milho e pode ser encontrada em diferentes partes da planta. Embora, com o nome comum de lagartado-cartucho, as posturas, bem como as lagartas do inseto, podem ser encontradas nas diferentes fases de desenvolvimento da planta. A fase de ovo, embora influenciada pela temperatura, como as demais, varia entre três e cinco dias. As lagartas recém-eclodidas inicialmente alimentam-se nas proximidades do local onde estava a postura. Pelo ta-
manho diminuto e pela grande quantidade de lagartas, quando as plantas estão com mais de 25 dias, fazem raspagem nas folhas deixando um sintoma típico. Quando o ataque ocorre em plantas recém-emergidas ele é fatal e o sintoma de “raspagem” não é típico. À medida que as lagartas desenvolvem, começam a migrar para as plantas vizinhas, em busca do cartucho. A lagarta migratória, ao atingir a planta, geralmente penetra no cartucho, sem ocasionar dano aparente nas folhas externas. O prejuízo só será verificado quando a lagarta já estiver bem desenvolvida. Em plantas de milho, podem ser encontradas na mesma planta, mais de uma lagarta. Também podem ocorrer dentro do cartucho em maior número. Embora haja canibalismo, percebe-se que existe, quando lagartas de idades semelhantes
entram em contato físico, o que não é tão comum dentro do cartucho pela separação promovida pelas folhas da planta. Lagartas de tamanhos diferentes podem ser facilmente encontradas na mesma planta, oriundas de gerações sobrepostas da praga. A fase de lagarta dura entre 20 e 25 dias. Durante esse período alimentam-se preferencialmente de folhas novas. Algumas variações no modo de ataque às plantas podem ser verificadas, conforme apontado por Cruz (1995) e Cruz et al. (1997). Duas delas são verificadas em plantas mais jovens, isto é, quando se encontra entre 25 e 40 dias. A primeira delas é o aprofundamento da lagarta no colmo, atingindo o ponto de crescimento da planta, o que ocasiona o sintoma conhecido como “coração morto”, bastante semelhante ao observado em ataques da lagarta-elasmo (Elasmopal-
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Ivan Cruz
Popularm en te conh eci da com o lagarta-d o-cartu ch o, Spod opter da tem pod er opularmen ente conheci ecid como lagarta-do-cartu o-cartuch cho, Spodopter opteraa frugiper frugiperd poder de ataque m ai or que o própri on om um sug er o milh o, além ddo o mai aior próprio nom omee com comum suger eree. N Naa cultur culturaa ddo milho, alvo prin cipal, a lagarta pod orm ecoce plân tulas ou, tar di am en te principal, podee afetar ddee fform ormaa pr precoce plântulas tardi diam amen ente te,, espi gas tr ole ddaa pr aga eexi xi ge m an ejo criteri oso, com especi al atenção a ffator ator es espigas gas.. O con contr trole praga xig man anejo criterioso, especial atores on ad os à escolha ddo o métod o e ao períod o ddee iníci o ddaa apli cação relaci aplicação elacion onad ados método período início
Fotos Ivan Cruz
MÉTODOS DE CONTROLE
No controle da lagarta, plantas em estágios iniciais não retêm adequadamente a calda inseticida para matar a praga. Já plantas em estágio avançado, o problema passa a ser o equipamento
pus lignosellus). A broca da cana-de-açúcar, (Diatraea saccharalis), quando ataca plantas pequenas de milho, também provoca esse dano. Portanto, o sintoma de coração morto não é típico de uma praga específica e, por isso, deve-se identificar a presença da espécie próxima ao dano. Uma outra variação de ataque da praga é verificada na base da planta, quando a lagarta atua no modo típico da lagarta-rosca (Agrotis ipsilon), ou seja, a lagarta-do-cartucho secciona a base da planta, geralmente matando-a, devido ao corte abaixo do ponto de crescimento. Quando a planta completa o estágio de desenvolvimento denominado fase do “cartucho” e a lagarta não está completamente desenvolvida, o ataque passa a ser direcionado para o pendão ou para a espiga. Nesse último local, os danos costumam ser severos, principalmente quando a lagarta ataca a região de inserção da espiga na planta. Quando a investida ocorre antes do enchimento de grãos o prejuízo é total, pois não há produção da planta. Mesmo quando já iniciado o processo de enchimento dos grãos, também os prejuízos são altos e a espiga pode inclusive ser destacada da planta. Prejuízos menores ocorrem quando a lagarta perfura a base da espiga e se alimenta dos grãos nesse local ou mesmo quando ela penetra pela ponta, onde permanece às vezes junto à lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea). Os prejuízos podem ser magnificados quando a produção se destina à semente, à venda in natura ou à comercialização para a produção de enlatados (milho doce). O ataque aos grãos pode favorecer a entrada de microorganismos como as micotoxinas, o que aumenta a incidência de grãos ardidos. Quando a lagarta completa seu desenvol-
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vimento, de maneira geral abandona a planta e se dirige ao solo onde constrói uma câmara pupal e dentro dela entra na fase de pupa. Terminada essa fase, que dura em torno de 11 dias, ocorre a emergência do adulto, que dá início a uma nova geração. Considerando um ciclo total médio entre 35 a 40 dias, quando a postura da praga ocorre logo após a emergência da planta, durante a fase de cultivo de milho é possível ocorrer até duas gerações subseqüentes da praga. Porém, como existe também o fluxo relativamente constante de mariposas migrantes de outras áreas, é comum a sobreposição de gerações durante o ciclo vegetativo do milho.
O monitoramento aumenta a precisão na tomada de decisão para o controle da praga
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As pesquisas voltadas para insetos adultos têm grande significado para o manejo de pragas por ser essa fase a que dá início ao processo de colonização efetiva da planta hospedeira, através da colocação dos ovos pela fêmea adulta e a presença posterior das lagartas. A grande dificuldade que existia, especialmente no Brasil, era a dificuldade metodológica na coleta de adultos. Por longo período o monitoramento através de armadilhas luminosas (lâmpada ultravioleta) pareceu ser um método que poderia resolver o problema. No entanto, a falta de especificidade, a grande mão-de-obra para identificar a espécie- alvo, a precisão na identificação e a dependência em fonte de energia na área agrícola, inviabilizaram o uso dessa técnica. Esses problemas atualmente estão sendo sanados através do desenvolvimento de atraentes sexuais sintéticos (feromônio) específicos e de armadilhas apropriadas para a espécie, com custo relativamente competitivo e de alta precisão. Fatores que influenciam a eficiência do controle A baixa eficiência verificada no controle da praga pode, na maioria das vezes, ser atribuída muito mais aos métodos de aplicação do que ao próprio inseticida, a não ser nos casos de resistência. Regulagem incorreta do pulverizador e/ou sem aplicações dirigidas ao alvo, falta de utilização de métodos adequados de monitoramento, ajustes em volume de calda e na dose, em função do estágio de desenvolvimento da planta e/ou do inseto, entre outros fatores, levam a uma diminuição na eficiência, por não atingirem adequadamente o local onde a praga se encontra e, em condições mais drásticas, são capazes de levar ao aparecimento de populações resistentes ao inseticida aplicado. Quando e como controlar a praga Deve ser considerado que o inseto, além de atacar, normalmente, durante a fase de cartucho, pode precocemente, também atacar a plântula ou tardiamente atacar a espiga, na sua inserção na planta ou diretamente no grão. Para cada fase pode-se adotar uma estratégia diferente. Geralmente a primeira infestação ocorre pela chegada de mariposas migrantes de outras áreas. O inseto coloca seus ovos na folha e, após a eclosão, as lagartas começam a alimentação reduzindo a área foliar da planta e conseqüentemente o potencial produtivo da cultivar. Quanto maior o número de plantas atacadas, o tempo de alimentação e o número de insetos por planta, mais elevada será a queda na produtividade. Portanto, é necessário interromper o ataque da praga o quanto antes. Para se tomar uma decisão sobre determinada medida de controle é necessário, primei-
ramente, determinar o nível de dano econômico da praga. Esse nível de dano econômico leva em conta a relação entre densidade populacional da praga e queda em rendimento, o custo da medida de controle (custo do produto utilizado e da aplicação) e o valor da produção (estimado em função da produtividade esperada e do preço de comercialização). Quando a população da praga atingir densidade, cujo dano equivaler a uma queda em produtividade da magnitude do custo da medida de controle, tem-se o ponto de decisão. Qualquer aumento da população da praga acima daquele limite preestabelecido significará perdas econômicas, caso não seja utilizado nenhum mecanismo de controle. Portanto, conhecendo-se os valores econômicos de produção e comercialização, e também de posse dos resultados gerados pela pesquisa no que diz respeito ao potencial de dano da praga, basta determinar a real infestação em condições de campo, para confirmar se a sua população demanda o controle imediato ou não. A Tabela 1 mostra o nível de controle da praga, ou seja, a densidade que se não controlada ocasionaria teoricamente um prejuízo equivalente ao custo de controle. Pode ser verificado também que, para um mesmo teto de produtividade, a densidade da praga, que pode ser tolerada, vai variar com o custo da medida de controle. Ainda nesta mesma tabela é considerado que a praga acarretaria um prejuízo
Figura 1 - Mortalidade média provocada por diferentes inseticidas, sobre quatro instares da lagarta-do-cartucho, S. frugiperda (Embrapa Milho e Sorgo)
médio de 20%, caso não seja controlada. Baseada na indicação da Tabela 1, a aplicação efetiva de uma medida de controle dependerá da população real da praga em condições de campo. Para se determinar a população da praga podem-se amostrar cinco pontos ao acaso em cada hectare de milho, escolhendo, em cada ponto, 100 plantas consecutivas, onde será determinado o número de plantas atacadas. Se a densidade média encontrada for igual ou maior do que a indicada na Tabela 1, fazer a aplicação de controle. A utilização da Tabela 1 apresenta como um dos pontos negativos, o seu embasamento em percentagem aparente de plantas atacadas. O problema é que não é incomum uma
planta sem sintoma aparente de dano foliar estar na realidade infestada por lagartas que se encontram alojadas dentro do cartucho. Não sendo considerada uma planta infestada, tem-se uma subestimativa da infestação. Um segundo ponto negativo é a não-consideração da distribuição de lagartas por idade (instar). Predominância de lagartas mais desenvolvidas indica amostragem tardia e necessidade de ajustes em doses de inseticidas. Portanto, a metodologia de amostragem que leva em consideração a presença real da praga é mais eficiente. Uso de armadilha com feromônio Para aumentar a precisão na tomada de decisão sobre determinada medida de controle será necessária a determinação, o mais cedo possível, de quando a praga chegou na área alvo e preferencialmente, a detecção de uma fase da praga antes que qualquer tipo de dano seja verificado. Hoje isso é possível, através do uso de armadilha de feromônio sintético, para monitorar a presença das mariposas. Kit contendo armadilha e feromônio sintético já é comercializado no país. A armadilha é utilizada na densidade de uma por hectare. Baseados em informações biológicas (Cruz & Turpin, 1983) e também em informações sobre o nível tecnológico utilizado na cultura do milho, o ponto de decisão para o emprego de medida de controle baseada em inseticida
químico é estabelecido, quando se coleta uma média de três mariposas por armadilha, por hectare. A aplicação do inseticida não deve ser imediata e, sim, dez dias após essa amostragem. O conhecimento sobre a biologia da praga mostra que da oviposição até dez dias após, Custo do Valor da Produção (VP) em US$ =Produtividade a lagarta estará entre o terceiro e quarto instar, Controle (CC) (kg/ha)2 x Preço do milho em US$3) e sem potencial para provocar danos irreversíem US$ 350 467 583 700 933 veis. Nessa fase, as lagartas também são, ainPlantas atacadas (%) da, bem suscetíveis aos diferentes inseticidas. 6 8,6 6,4 5,1 4,3 3,2 Também, dentro do período considerado, os 7 10,0 7,5 6,0 5,0 3,7 ovos e as lagartas de primeiros instares pode8 11,4 8,6 6,9 5,7 4,3 rão ser eliminados pelos principais inimigos 9 12,8 9,6 7,7 6,4 4,8 naturais, o que em alguns casos dispensa a apli10 14,3 10,7 8,6 7,1 5,3 cação de produto químico. A utilização do mé11 15,7 11,8 9,4 7,8 5,9 todo de amostragem baseado na infestação de 1 NC% = 100 x CC / (0,20 x VP lagartas pode confirmar a necessidade da apli2 Valores correspondentes a produtividades de 3, 4, 5, 6 e 8 toneladas por hectare. cação química. Obviamente, a seletividade do 3 Preço estimado do milho igual a US$ 7,00 por saco de 60 kg. produto químico, deve ser sempre Tabela 2 - Lista de ingredientes ativos (e grupo químico) para uso na considerada. Se não houve atuação eficiente cultura do milho para o controle de Spodoptera frugiperda (lagartados agentes de controle biológico nado-cartucho) (Agrofit, novembro, 2007) tural, aplica-se o inseticida químico, com toda a técnica disponível. ApeIngrediente ativo Grupo químico sar de haver diferenças entre produClorfluazurom Benzoiluréia tos, são pequenas em relação ao períDiflubenzurom Benzoiluréia odo residual. Em termos práticos, Lufenurom Benzoiluréia considera-se um período residual de Novalurom Benzoiluréia quatro dias. Assim, mesmo que haja Teflubenzurom Benzoiluréia continuidade na captura de insetos Triflumurom Benzoiluréia na armadilha, as contagens deverão Bacillus thuringiensis Biológico ser consideradas apenas a partir do Espinosade Espinosinas 14° dia da instalação da armadilha. Carbofurano Metilcarbamato de benzofuranila O emprego da armadilha de feromôFuratiocarbe Metilcarbamato de benzofuranila nio, como estratégia de monitoraCarbaril Metilcarbamato de naftila mento de adultos de S. frugiperda, inMetomil Metilcarbamato de oxima dicará realmente quantas vezes será Tiodicarbe Metilcarbamato de oxima Imidacloprido + tiodicarbe Neonicotinóide + metilcarbamato de oxima necessária a aplicação de medidas de controle. Deve ser considerado tamClorpirifós Organofosforado bém, que a armadilha pode ser coloFenitrotiona Organofosforado cada antes mesmo do plantio, até Malationa Organofosforado como suporte à decisão sobre o uso Parationa-metílica Organofosforado
Piridafentiona Profenofós Triazofós Triclorfom Alfa-cipermetrina Beta-ciflutrina Beta-cipermetrina Ciflutrina Cipermetrina Deltametrina Esfenvalerato Fenpropatrina Gama-cialotrina Lambda-cialotrina Permetrina Zeta-cipermetrina Alfa-cipermetrina + teflubenzurom Beta-ciflutrina + imidacloprido Lambda-cialotrina + tiametoxam Cipermetrina + profenofós Deltametrina + triazofós
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Organofosforado Organofosforado Organofosforado Organofosforado Piretróide Piretróide Piretróide Piretróide Piretróide Piretróide Piretróide Piretróide Piretróide Piretróide Piretróide Piretróide Piretróide + Benzoiluréia Piretróide + Neonicotinóide Piretróide + Neonicotinóide Piretróide + Organofosforado Piretróide + Organofosforado
do tratamento de sementes com inseticidas químicos apropriados. Inseticidas no manejo de S. frugiperda Em termos técnicos, a escolha de determinado inseticida para o controle da lagartado-cartucho (S. frugiperda) não é tarefa fácil. São muitos princípios ativos e formulações disponíveis no mercado brasileiro. A Tabela 1mostra os produtos registrados para uso no controle dessa praga em milho. Uma boa escolha deve considerar o estágio de desenvolvimento da praga e a presença de organismos benéficos. É preciso, também, considerar como o inseticida se comportará na cultura, sobre os organismos não-alvos, ambiente, na segurança do trabalhador, entre outros fatores. Aplicações na parte aérea Quando a planta de milho ainda está no início de desenvolvimento, ou seja, logo após a emergência, e a praga atingiu o nível populacional que demanda a aplicação de uma medida de controle e o tratamento apropriado da semente não foi realizado; algumas considerações devem nortear a aplicação do inseticida. A primeira delas diz respeito à pouca área foliar (plantas jovens) e geralmente, associada a muita insolação. Determinados produtos e formulações podem não fornecer eficiência adequada. Por exemplo, inseticidas fisiológicos, de ação mais lenta, (embora com algumas vantagens importantes para o manejo, especialmente em relação à toxicidade, que geralmente é baixa, para pássaros, mamíferos e répteis) atuam por ingestão e a praga morre somente quando vai passar para o próximo estágio. Portanto, se o produto não for ingerido na quantidade adequada, o inseto não será eliminado. Deve-se considerar também a possibilidade da dose a atingir o Ivan Cruz
Tabela 1 - Percentagem de plantas de milho atacadas pela lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, acima do qual se recomenda uma medida de controle (Nível de Controle, NC)1em função do valor da produção e do custo de controle
A decisão para o controle químico é estabelecido, quando são coletadas três mariposas por armadilhas, por hectare. A aplicação do inseticida não deve ser imediata e, sim, dez dias após essa amostragem
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inseto não ser suficiente para provocar a sua morte e favorecer o desenvolvimento de populações resistentes. É, portanto, necessário o uso de produtos de maior poder de choque e sempre direcionar a pulverização para onde se encontra a praga. Ou seja, deve-se evitar a pulverização em área total, como ocorre, por exemplo, com a aplicação aérea ou via pivô central. Estágio de desenvolvimento x eficiência de inseticidas Uma das grandes limitações no controle de lagartas de S. frugiperda diz respeito ao estágio de desenvolvimento da planta. Plantas em estágios iniciais de desenvolvimento não retêm adequadamente a calda inseticida, o que diminui sensivelmente o residual do produto e até mesmo a dose mínima necessária para matar a praga. No lado oposto, ou seja, quando a planta está muito desenvolvida, a limitação diz respeito ao equipamento de aplicação. Quando é feita com equipamento tradicional, ocorrem variações significativas na eficiência do controle independentemente do inseticida empregado. Esse problema não é verificado quando se empregam equipamentos apropriados. Apenas nos estágios iniciais ocorre equivalência entre a taxa de mortalidade provocada pela aplicação de inseticidas via trator ou costal. Já a partir do estágio de 8-10
Tabela 3 – Custo/benefício oriundo da aplicação de um inseticida fisiológico para o controle da lagartado-cartucho em milho (Embrapa Milho e Sorgo) em área de diversidade de inimigos naturais
Tabela 4 – Custo/benefício oriundo da aplicação de um inseticida fisiológico para o controle da lagartado-cartucho em milho (Embrapa Milho e Sorgo) em área sem diversidade de inimigos naturais
Aplicação DAI Sem controle 2 4 6 8 10 12 14 16
Aplicação DAI Sem controle 2 4 6 8 10 12 14 16
Rendimento Kg/ha % 6138,0 100,00 6369,6 103,77 6540,4 106,56 6650,4 108,35 6699,6 109,15 6688,0 108,96 6615,6 107,78 6482,4 105,61 6288,4 102,45
Gastos por kg sacos 0 0,00 231,6 3,86 402,4 6,71 512,4 8,54 561,6 9,36 550,0 9,17 477,6 7,96 344,4 5,74 150,4 2,51
Ganho ($) 0,00 77,20 134,13 170,80 187,20 183,33 159,20 114,80 50,13
G$Inseticida 0,00 57,20 114,13 150,80 167,20 163,33 139,20 94,80 30,13
folhas, é nítida a diferença entre as duas modalidades de aplicação. Portanto, é fundamental considerar o estágio de desenvolvimento da planta na época de aplicação, especialmente quando a única alternativa é a aplicação via tratorizada. Estágio de desenvolvimento da lagarta Quando o monitoramento da praga é realizado desde a emergência da planta e, especialmente, através do uso de armadilhas com feromônio sexual sintético, é possível estimar a distribuição da praga por estágio de desenvolvimento. Essa determinação é
Rendimento Kg/ha % 9806,0 100,00 10171,6 103,73 10304,4 105,08 10204,4 104,06 9871,6 100,67 9306,0 94,90 8507,6 86,76 7476,4 76,24 6212,4 63,35
Gastos por kg sacos 0 0,00 365,6 6,09 498,4 8,31 398,4 6,64 65,6 1,09 -500,0 -8,33 -1298,4 -21,64 -2329,6 -38,83 -3593,6 -59,89
Ganho ($) 0,00 121,87 166,13 132,80 21,87 -166,67 -432,80 -776,53 -1197,87
G$Inseticida 0,00 101,87 146,13 112,80 1,87 -186,67 -452,80 -796,53 -1217,87
muito importante devido ao fato de haver diferenças significativas na suscetibilidade da praga aos diversos inseticidas. Em outras palavras, para uma mesma dose, quanto mais desenvolvida for a lagarta, menor taxa de mortalidade pode ser esperada. Uma dose abaixo do mínimo necessário pode levar ao desenvolvimento de população resistente ao produto utilizado. A Figura 1 mostra nitidamente o aumento da tolerância aos inseticiC das com o desenvolvimento da lagarta. Ivan Cruz, Embrapa Milho e Sorgo
Milho Fotos Flávio Blanco
Novo aliado Ch ega ao m er cad om ais um otação ddee prin cípi os ativos par tr ole ddee Chega mer ercad cado mais umaa opção n naa rrotação princípi cípios paraa o con contr trole embotri on erbi ci da ddo o grupo ddas as tri ceton as plan tas ddaninhas aninhas em milh o. TTembotri plantas milho. embotrion onee, h herbi erbici cid triceton cetonas as,, imped impedee a sín tese ddos os car otenói des esulta em estr esse ooxi xi dativo e ddestruição estruição ddas as m embr an as síntese carotenói otenóid es,, o que rresulta estresse xid membr embran anas celular es do as plan tas sen síveis à m orte ovo pr od uto, in di cad o par cação celulares es,, levan levand plantas sensíveis morte orte.. O n novo prod oduto, indi dicad cado paraa apli aplicação er” par an tir a seletivi dad gên ci a, con ta ain da com “safen em pós-em er conta aind “safener” paraa gar garan antir seletivid adee ddaa cultur culturaa pós-emer ergên gênci cia,
U
m dos fatores que prejudicam de forma significativa a produtividade e o rendimento da cultura do milho é a sua convivência com as plantas daninhas. Diversos autores, como Blanco et al, 1976, e Repennings et al, 1976, demonstraram este efeito, com perdas na produção que variam de 22% a 83%. Apesar de apresentar alguma variação (em função das condições edafoclimáticas, do tipo da flora daninha predominante, de sua abundância e da cultivar utilizada), a pesquisa demonstra que o período em que se devem adotar medidas para o controle das plantas daninhas que convivem com o milho (período crítico de prevenção da interferência) compreende a época desde o 20º dia ao 45º dia após a emergência da cultura. Caso neste período não forem tomadas ações para barrar plantas da-
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ninhas, haverá prejuízo significativo na produção da cultura. O controle das plantas daninhas em milho pode ser feito de diversas maneiras: preventivo, cultural e uso de capinas manual, mecanizada ou química com aplicação de herbicidas. O controle químico tem se destacado dos demais pela sua maior eficiência como pelo menor custo. Atualmente no Brasil há registrado junto à Anvisa, para a cultura do milho, 31 princípios ativos de herbicidas que são componentes, de forma isolada ou de misturas, de 99 formulações comerciais divididas em dois modos de aplicação: pré-emergente, diretamente sobre o solo, ou pós-emergente, com aplicação direta sobre as plantas. Na cultura do milho desde a década de 90 há uma predileção pelo modo pós-emer-
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gente de aplicação, de tal maneira que muitos herbicidas recomendados apenas como préemergentes passaram a ser indicados e adotados como pós-emergentes. Temos como exemplo desse tipo de situação as triazinas (atrazina, ametrina e simazina), assim como a indicação de uso dos novos herbicidas direcionados para a cultura como nicosulfuron, isoxaflutole, foramsulfuron + iodosulfuron-methyl e mesotrione. A principal vantagem da aplicação pósemergente está na possibilidade de uma melhor adequação na dose a ser aplicada por já ter ocorrido a emergência da flora daninha. Dessa forma evita-se a superestimação de doses, que traria conseqüências como o aumento de custo e maior impacto ambiental. Porém, este modo de aplicação não é isento de riscos, principalmente aqueles relacionados
Tabela 1 - Tratamentos e doses empregadas no experimento DOSES ingrediente ativo prod. comercial kg/ha kg ou ml/ha SOBERAN + ATRAZINAX* 0,0756+1,0 0,18 + 2,0 SOBERAN + ATRAZINAX * 0,1008+1,0 0,24 + 2,0 SOBERAN* 0,1008 0,24 SOBERAN* 0,126 0,30 Testemunha Capinada --Testemunha sem Capina --TRATAMENTOS
* adição de 0,5% v/v de Aureo
com a dose usada para controle eficiente e seletivo para a cultura. Estes fatores estão intimamente correlacionados com o estádio de desenvolvimento das plantas daninhas e do milho, além de outro aspecto preponderante que é qual cultivar está recebendo a aplicação. Quando não se respeitam aspectos relacionados à planta de milho no momento da aplicação (cultivar, estádio de desenvolvimento e estresse hídrico), além da indicação (ou não) do uso de adjuvantes, é comum haver relatos de fitotoxicidade como ocorre atualmente, em alguns casos, com o uso das sulfonilureias (nicosulfuron) e das tricetonas (mesotrione). Atualmente, na cultura do milho, novos herbicidas estão sendo testados, como é o caso tembotrione: formúla plana C17H16CIF3O6S, nome (2-{2-chloro-4-mesyl-3-[(2,2,2trifluoroethoxy)methyl] benzoyl} cyclohexane -1,3-dione), solubilidade água (pH7) 30,3g.L-1, Log Kow (pH7) –1,09. Pertence ao grupo das tricetonas, tem como mecanismo de ação interferir na biossíntese de carotenóides. Estes pigmentos absorvem a energia luminosa em comprimentos de ondas diferentes das clorofilas e têm como característica principal dissipar a energia excedente da molécula de clorofila, protegendo-a. Quando há a ação do defensivo ocorrem interferências na biossíntese da enzima 4-hidroxifenil-piruvato-dioxigenase (4HPPD), o que impede a síntese dos carotenóides, acarretando em estresse oxidativo e destruição das membranas celulares, levando as plantas sensíveis à morte. O milho geralmente tem a capacidade de metabolizar, inativando os herbicidas do grupo das tricetonas. Como há ocorrências de fitotoxicidade em algumas cultivares que utilizam herbicidas desse grupo, como forma de prevenção, na formulação do produto comercial o tembotrione está vinculado a um protetor “safener”, o isoxadifen, garantindo assim a seletividade para a cultura. Até o momento não foi relatado nenhum caso de fitotoxicidade em qualquer cultivar da cultura do milho. Para avaliar a eficiência agronômica e a praticabilidade de uso do tembotrione, aplicado de forma isolada ou em conjunto com atrazina, na cultura do milho, foram realizados experimentos de campo no Centro Experimental Central do Instituto Biológico Ceib,
Tabela 2 - Escala de Fitotoxicidade de Plantas Provocadas por Herbicidas, ALAM, 1974 (modificada) Fitotoxicidade (Notas) Conceito 1 Plantas normais, iguais à testemunha 2 Plantas com sintomas leves de injúrias 3 Plantas com sintomas moderados de injúrias 4 Plantas com sintomas severos de injúrias 5 Plantas inteiramente mortas
em Campinas (SP). Pesquisa financiada por convênio junto à Fundag.
MATERIAIS E MÉTODOS Cultivar Milho, cv. AL - Bandeirante. Descrição dos produtos utilizados Nome comercial: Atrazinax 500. Nome comum (ingrediente ativo): atrazina. Nome químico (IupaC): 6-cloro-4-etilamino-6-isopropilamino-s-triazina. Formulação: suspensão concentrada contendo 500g de atrazina por litro do produto formulado. Classe e grupo químico: herbicida do grupo das triazinas Nome comercial: Soberan Nome comum (ingrediente ativo): tembotrione Nome químico (Iupac): (2-{2-cloro-4mesil-3-[(2,2,2-trifluoroetoxi)metil]benzoil} ciclohexane -1,3-diona) Formulação: suspensão concentrada contendo 420g/l de tembotrione por litro do produto formulado. Classe e grupo químico: herbicidas do gru-
po das tricetonas. Doses utilizadas Os tratamentos e as doses utilizadas no experimento se encontram na Tabela 1. Parcela experimental Parcelas com quatro linhas de plantio, espaçadas de 1,0m entre si, por 4m de comprimento, totalizando, assim, 16m2 por parcela. Modo e data de aplicação Tratamentos com aplicação em pósemergência da cultura e das plantas daninhas em 21/10/2005 (Ensaio 1) e 11/12/ 2006 (Ensaio 2). Delineamento estatístico Foi adotado o delineamento de blocos ao acaso com cinco tratamentos e quatro repetições. Método de avaliação Efeito dos herbicidas sobre as plantas daninhas Antes da aplicação dos tratamentos, nos dois ensaios, foram realizadas contagens recenseando as plantas daninhas em cada parcela experimental (O DAT). Para avaliar a ação dos herbicidas consideraram-se apenas as espécies de dispersão homogênea em toda a área experimental, isto é, aquelas com freqüência de ocorrência positiva em todas as parcelas e que apresentassem grau de infestação significativo em cada parcela (>10 plantas por m2). O efeito da ação de controle do herbicida sobre as plantas daninhas foi avaliado por meio de contagens da população específica, em cada parcela experimental, obtida através de amos-
Detalhe de área tratada contrastando com testemunha sem aplicação do tembotrione
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Tabela 3 - Efeito dos tratamentos de Soberan aplicado de forma isolada ou em mistura com atrazina sobre a infestação de plantas daninhas na cultura co milho, cv. AL Bandeirante em aplicação em área total em pós-emergência. Dados médios de quatro repetições. Tratamentos Tembotrione + Atrazina Tembotrione + Atrazina Tembotrione Tembotrione Testemunha sem Capina*
doses – ia kg.ha-1 0,0756+1,0 0,1008+1,0 0,1008 0,126 --
Amaranthus viridis 15 30 100 100 100 100 65 92 100 100 12 15
*nº de plantas/m2
Portulaca oleracea 15 30 100 100 100 100 42 100 81 90 27 18
Controle da infestação (%) - Dias após os tratamentos (DAT) Brachiaria plantaginea Bidens pilosa Ipomoea nil 15 30 15 30 15 30 100 100 40 92 75 100 100 100 50 96 82 100 60 100 30 50 50 57 97 97 42 53 52 68 16 15 12 18 12 20
Digitaria horizontalis 15 30 90 100 94 100 80 94 85 90 12 19
Tabela 4 - Avaliação da fitotoxicidade dos tratamentos sobre a cultura do milho, cv. AL - Bandeirante. Tratamentos
doses – ia kg.ha-1
Tembotrione + Atrazina Tembotrione + Atrazina Tembotrione Tembotrione Testemunha Capinada Testemunha sem Capina
0,0756+1,0 0,1008+1,0 0,1008 0,126 ---
Controle da infestação (%) / Dias após os tratamentos (DAT) Avaliação visual / Notas - moda Produção kg/6,4 m2* ENSAIO 1 ENSAIO 2 ENSAIO 1 ENSAIO 2 15 30 15 30 teste t (5%)** teste t (5%)** 1 1 1 1 4,81 a 4,87 a 1 1 1 1 5,22 a 5,12 a 1 1 1 1 5,47 a 4,94 a 1 1 1 1 5,79 a 5,55 a 1 1 1 1 5,82 a 5,22 a 1 1 1 1 2,39 b 3,87 b
* área útil da parcela - 2 linhas de cultivo por 4 metros, dados médios de quatro repetições. ** médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de médias t.
Cultura do milho: 12cm, um perfilho e seis folhas verdadeiras - estádio V6. Ação sobre a cultura A ação fitotóxica dos herbicidas sobre a cultura foi avaliada por observações visuais de sintomatologia de injúrias das plantas tratadas, em comparação com as desenvolvidas nas parcelas da testemunha capinada, por meio da escala de notas de fitotoxicidade (Alam, 1974, modificada), apresentada na Tabela 2. Em cada ensaio foi avaliada a produção nas duas linhas centrais de plantio individualizadas para cada parcela. Estes dados foram submetidos à análise da variância e ao teste de médias t(5%) para aferir a seletividade dos tratamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados estão apresentados nas Ta-
Fotos Flávio Blanco
tragens casualizadas, em épocas predeterminadas, 15 e 30 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT). Os dados de densidade demográfica correspondentes à aplicação dos herbicidas foram transformados em porcentagem de controle em relação à infestação existente nas parcelas antes da aplicação dos tratamentos (O DAT), considerada como 100%. Quadro de amostragem Utilizou-se para amostragem, um quadrado de 1,0m de comprimento por 0,5m de largura, perfazendo uma área de 0,5m². No momento da aplicação dos tratamentos, a cultura do milho e as plantas daninhas que foram avaliadas estavam vivas e túrgidas no estádio de início de desenvolvimento, apresentando as seguintes características (dados médios): Amaranthus viridis: 1cm, um ramo com quatro folhas verdadeiras; Brachiaria plantaginea: 3cm, um perfilho com cinco folhas verdadeiras; Portulaca oleracea: 2cm, um ramo com cinco folhas verdadeiras; Bidens pilosa: 3cm, um ramo e duas folhas verdadeiras; Ipomoea nil: 3cm, um ramo e duas folhas verdadeiras; Eleusine indica: 3cm, um perfilho e seis folhas verdadeiras; Digitaria horizontalis: 3cm, um perfilho e quatro folhas verdadeiras.
Amaranthus viridis, Portulaca oleracea, Brachiaria plantaginea, Bidens pilosa, Ipomoea nil, Eleusine indica e Digitaria horizontalis, são as plantas daninhas controladas
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Eleusine indica 15 30 100 100 100 100 60 85 63 90 25 14
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belas 3 e 4. Observa-se que, nos dois ensaios, as espécies Amaranthus viridis (caruru-de-mancha), Portulaca oleracea (beldroega), Brachiaria plantaginea (capim-marmelada), Bidens pilosa (picão-preto), Ipomoea nil (corda-de-viola) Eleusine indica (pé-de-galinha) e Digitaria horizontalis (capim-colchão), de todas as plantas daninhas que estavam presentes nos ensaios, foram as que apresentaram em 0 DAT freqüência de ocorrência positiva em todas as parcelas (100%), e também, com número significativo de indivíduos por m2 (Tabela 3), sendo, por isso, consideradas espécies homogêneas e com densidades populacionais significativas capazes de avaliar com precisão o efeito dos tratamentos. Na Tabela (3) de controle, observa-se que o tembotrione, independentemente da dose aplicada ou da sua forma (isolada ou como componente da mistura com a atrazina) aos 30DAT, conseguiu controlar quase a totalidade das plantas daninhas avaliadas (Amaranthus viridis, Portulaca oleracea, Brachiaria plantaginea, Ipomoea nil, Eleusine indica e Digitaria horizontalis), a exceção do Bidens pilosa em que o controle foi eficiente (>80%), de uma forma diferenciada. Na comparação entre as épocas e a forma da aplicação, houve o controle, quando o tembotrione fez parte da mistura junto com a atrazina e somente na última época avaliada aos 30 DAT. Nos resultados de controle da dose isolada do tembotrione, 0,1008kg.ha-1 comparados com o uso associado à atrazina (1,0kg.ha-1), observa-se de maneira geral que há uma potencialização do efeito controle,
principalmente aos 15 DAT em que a formulação conjunta dos herbicidas foi muito mais efetiva no combate a Amaranthus viridis, Portulaca oleracea, Brachiaria plantaginea, Ipomoea nil, e Eleusine indica, onde em muitos casos chegou ao máximo (100%). Corrobora com este aspecto o mecanismo de ação do herbicida tembotrione, notoriamente um processo mais lento e gradativo. Desta forma é observada antecipação do efeito de controle quando se agrega o tembotrione com a atrazina. A atrazina é um herbicida que tem como modo de ação a inibição do Fotossistema II, que é o primeiro sistema de proteínas envolvido na fotossíntese. A clorofila recebe e absorve a energia luminosa, redistribuindo os seus elétrons, deixando-a em um “estado excitado”. Para retornar a seu “estado fundamental”, há formação de um fluxo de elétrons que é descarregado no Fotossistema I para, assim, terminar o complexo sistema da fotossíntese, em que o tembotrione, de forma indireta, também atua. Este tem como modo de ação interferir na síntese dos carotenóides, que está diretamente correlacionado com a fotossíntese. Quando é aplicado em associação com a atrazina, pode haver um sinergismo, o que explicaria a potencialização e a antecipação do controle, como foi observado nos dois ensaios. A Tabela 4 apresenta a seletividade dos tratamentos sobre a cultura de milho através das modas referentes aos tratamentos nas
CULTURA
N
Blanco realizou a avaliação da eficiência agronômica do novo herbicida tembotrione
quatro repetições, em cada época onde foram avaliados os sintomas visuais de fitotoxicidade e análise estatística da produção pelo teste de médias t. Os resultados demonstraram que nos dois ensaios todos os tratamentos foram seletivos para a cultura de milho cv AL-Bandeirante, pois não causaram nenhum sintoma visual de fitotoxicidade (moda=1), assim como a produção proveniente dos tratamentos não diferiu significativamente do tratamento que não recebeu nenhuma aplicação de qualquer herbicida (testemunha capinada), demonstrado pelo teste de médias t. Também é observado na Tabela 4, que a comparação entre as produções de todos os tratamentos com herbicidas e o obtido na testemunha capinada, diferiram significativamente pelo teste de médias (t5%), daque-
o Brasil o sistema de cultivo do milho é bastante diversificado. Há desde plantios comerciais extensivos com agricultores bastante tecnificados até aqueles que o utilizam como a base de sua subsistência, em pequenas propriedades com modelo de agricultura familiar, denotando, assim, a importância desta cultura, além de econômica, social. Regionalmente, os maiores produtores são os estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais, com projeção para a safra agrícola de 2008 de produção de 55 milhões de toneladas de grãos, com produtividade média de 3,8t.ha-1 (IBGE, 2008). A cultura do milho, ao lado da soja, é o cultivo anual de maior expressão no Brasil. Apesar de sua baixa produtividade, quando comparada com a média de outros países (EUA - 8,7t.ha-1), se o agricultor fizesse uso da tecnologia disponível a cultura poderia ser no mínimo duplicada, pelo potencial dos híbridos existentes hoje no mercado. Em realidade, isto tem sido observado pois a cultura vem apresentando acréscimos significativos na sua produtividade, de 1,87t.ha-1 para 3,7t.ha-1 entre o período de 1990 até 2003. la obtida na testemunha sem capina, demonstrando, assim, quanto foi prejudicial para a cultura do milho, a sua convivência com as plantas daninhas presentes nos dois ensaios.
CONCLUSÕES O herbicida tembotrione aplicado na forma de Soberan apresenta praticabilidade de uso e eficiência agronômica, aplicado de forma isolada ou em conjunto com atrazina, para aplicação como pós-emergente em área total na cultura do milho cv AL–Bandeirante. Quando o herbicida tembotrione foi aplicado de forma isolada nas doses 0,1008 e 0,126kg.ha-1, controlou as espécies de plantas daninhas, Amaranthus viridis, Portulaca oleracea, Brachiaria plantaginea, Ipomoea nil, Eleusine indica, Digitaria horizontalis, Amaranthus viridis, Portulaca oleracea e Brachiaria plantaginea. Quando associado à atrazina, também controla Bidens pilosa. Na mistura com atrazina há uma melhora na performance de controle do temC botrione. Sintomas de fitotoxicidade (branqueamento) em plantas daninhas após receberem o tratamento com tembotrione
Flávio Martins Garcia Blanco, Instituto Biológico
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Informe
Bunge comemora 70 anos e anuncia investimentos no Brasil A
A Bunge aproveitou a ocasião para anunciar um investimento de R$ 3,2 bilhões no setor de fertilizantes no Brasil, referentes a quatro projetos de expansão da empresa, que devem resultar no acréscimo de 1,2 milhão de toneladas de fósforo (P) no mercado nacional e reduzir em mais da metade as importações desse nutriente. “A médio prazo, mais da metade das importações atuais dessas matériasprimas será substituída por produtos brasileiros”, afirma Barbosa. O grande destaque será o investimento de R$ 2 bilhões na mina de Salitre, em Patrocínio (MG), que terá capacidade de produção anual de dois
Janice Ebel
Daninhas em debate
A
histórica Ouro Preto, em Minas Gerais, foi palco em maio de dois eventos técnicos-científicos simultâneos. O XXVI Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas e o XVII Congreso de la Asociación Latinoamericana de Malezas contabilizaram 600 inscritos, aproximadamente 540 trabalhos apresentados e a parti-
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milhões de toneladas de rocha fosfática. Outro grande projeto é a abertura de uma nova mina de fósforo em Araxá (MG), com capacidade anual de produção de 820 mil toneladas de rocha fosfática, e uma jazida de fosfato em Anitápolis (SC). A área da mina em Anitápolis é de dois mil hectares e o local previsto para a instalação da unidade industrial de fabricação de fertilizantes já está preparado há 20 anos, mas não existia viabilidade econômica, devido à difícil exploração da jazida e ao baixo preço do fertilizante fosfatado. “A alta cotação dos grãos e dos fertilizantes no mercado internacional torC nou viável o projeto”, explicou o executivo.
Bunge
Bunge Fertilizantes realizou grande evento em São Paulo para comemorar os 70 anos da empresa no Brasil. Um fórum debateu sobre cenários futuros para o mundo nos próximos dez, 20 e 30 anos e os impactos no agronegócio brasileiro nas próximas décadas, com argumentos de grandes pensadores de renome mundial, como os escritores americanos, Alvin Toffler e John Naisbitt, os ex-ministros Roberto Rodrigues e Rubens Ricupero, além do secretário-executivo de Produção e Comércio Internacional Fertilizer Industry Association (IFA) e do presidente da Bunge no Brasil, Mário Barbosa. Os aspectos debatidos dizem respeito à agricultura neste período, à alta do preço dos alimentos em relação à menor renda disponível para comprá-los, e a toda a discussão da energia mundial e suas implicações na produção de alimentos. Segundo o presidente da Bunge, Mário Barbosa, os fertilizantes têm papel fundamental nestas discussões, pois a abundância de alimentos depende deles, bem como de outros insumos. “As matérias-primas necessárias para produzi-los são, entretanto, finitas, e não estão igualmente distribuídas no mundo”, comenta.
cipação de representantes de mais de dez países, como México, Costa Rica, Cuba, Reino Unido, Argentina, Chile, Uruguai, Espanha, Venezuela, Colômbia, Paraguai, Portugal, Estados Unidos e Angola, além do Brasil. A ciência na geração e transferência de tecnologias, bem como a espera de uma segunda revolu-
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ção verde, com a produção de serviços, produtos e conhecimento sob novos desafios e oportunidades, estiveram entre os aspectos levantados pelo diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana, na abertura do evento. A mesa redonda sobre “Resistência de culturas e plantas daninhas a herbicidas”, foi um dos temas mais aguardados. Pesquisadores dos Estados Unidos, Chile, Argentina e Brasil levantaram a problemática da seleção de espécies tolerantes ou resistentes, devido ao uso contínuo e repetido de herbicidas de mesmo mecanismo de ação. O pesquisador Mario Bianchi, da Fundação Centro de Experimentação e Pesquisa (Fecotrigo), além de apresentar daninhas já conhecidas como resistentes ao glifosato no Brasil, também enfatizou a importância de se identificar possíveis plantas resistentes nas lavouras. A rotação de herbicidas e de culturas foi a principal recomendação. Para Décio Karam, presidente da Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD) e pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, a expectativa dos organizadores foi alcançada. “O congresso visa à troca de informações, a apresentação de resultados de pesquisa e está voltado para estudantes, pesquisadores, professores e profissionais que trabalham com agricultura, e o resultado são as apresentações dos avanços tecnológicos relacionados à ciência das C plantas daninhas", explicou.
Informe
Fotos DVA
DVA anuncia fábrica no Brasil e investimentos no setor agrícola tradas até 2012. Por conta dessa sinergia com as demandas do mercado, o resultado da DVA segue a mesma tendência de alta do mercado de defensivos agrícolas. Em 2005, o faturamento da empresa foi de US$ 7 milhões. No ano seguinte, saltou para US$ 24 milhões, passando para US$ 53 milhões em 2007. A expectativa é fechar 2008 com receita em torno de US$ 100 milhões e, em 2012, quando os investimentos nas unidades de Ituverava estiverem concluídos, a receita bruta deve alcançar US$ 250 milhões.
PRODUTOS
O
grupo alemão DVA anunciou investimentos de R$ 100 milhões no Brasil até 2014 para consolidação da sua instalação e ampliação da DVA Brasil. Presente no país desde 2003, a partir deste mês, o grupo começa a construção do Centro de Tecnologia, Produção e Distribuição de Defensivos Agrícolas no município paulista de Ituverava, situado a 410km da cidade de São Paulo. Somente nessas instalações serão investidos US$ 50 milhões, que começam a funcionar já em 2008. Em 2009 estará concluída a primeira fase da fábrica de formulação de defensivos agrícolas e, em 2010, começará o processo de síntese de moléculas para a produção de diferentes produtos, os quais serão exportados para as unidades do Grupo DVA espalhadas por 60 países em quatro continentes. “ Também em 2010, concluiremos a fábrica de formulação e, nos dois anos seguintes, ampliaremos a síntese de moléculas”, informa Carlos Pellicer, diretor-presidente da DVA Brasil. Hoje, o Brasil é o centro global de tecnologia da DVA para produtos agroquímicos tanto em pesquisa quanto em desenvolvimento e registro. O Centro de Tecnologia, Produção e Distribuição, de Ituverava, terá papel fundamental nessa atuação, inclusive no desenvolvimento de produtos adaptados às condições e necessidades dos mais diferentes mercados.
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“Com essa estrutura, a DVA também contribui para o Brasil reduzir sua dependência externa por insumos agrícolas. Entendemos que a produção local é fundamental para a sustentabilidade do agronegócio brasileiro”, ressalta o presidente do grupo alemão, Matthias Damm. A evolução do mercado nacional de defensivos agrícolas é diretamente proporcional ao crescimento da produção agrícola. Paralelamente, a empresa está investindo US$ 20 milhões em registros de produtos. O objetivo da DVA é dispor de uma grande linha de diferentes moléculas regis-
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Atualmente, a empresa disponibiliza nove produtos diferentes no mercado, com destaque para o fungicida Portero, um defensivo sistêmico do grupo dos benzimidazóis, indicado para as culturas de milho e soja. Até 2010 estão previstos mais 28 lançamentos e, para 2012, a empresa pretende disponibilizar no mercado brasileiro 47 moléculas, possibilitando 95 tipos diferentes de formulações. Uma rede de aproximadamente 400 revendas e 29 RTVs é responsável pela distribuição dos produtos no Brasil atualmente. A empresa trabalha com dois braços na área agrícola: um de defensivos convencionais e outro de produtos naturais. O principal diferencial dos produtos da DVA no Brasil, garante Pellecier, será justamente a exclusividade na formulação de produtos com esses dois princípios, o que ajudará no controle de pragas resistentes e na diminuição do impacto ambiental negativo. Um exemplo desse tipo de produto é o Azamax, para o manejo de pragas, com tecnologia diferente, formulado a partir de produtos naturais, que será lançado nos próximos meses. C
Poder destrutivo Con dições cas avor ecer am ais aa vez Condições climáticas avorecer eceram mais uma Con dições climáti climáti cas ffavor ffavor avor ecer am m m ais um um vez aa alta alta Condições climáticas avorecer eceram mais uma ci aa ddo oo m ooffoo br an co as egiões od oeir as oo in ci dên inci cidên dênci cia mo bran anco nas algod odoeir oeiras in ci dên ci ddo m br an co n n as rregiões rregiões egiões alg alg od oeir as ddo ddo inci cidên dênci cia mo bran anco nas algod odoeir oeiras an te avés os país ggoo Scler Sclerotini otinia scleroti otiorum garan ante te, através país. fung otini aa scler oti orum gar an te atr avés ddos ddos os país fun Sclerotini otinia scleroti otiorum garan ante te,,, atr através país... OO fun fung Scler otini scler oti orum gar escleródi os aa sobr evivên ci aa n oo solo os escleródios os, sua sobrevivên evivênci cia no anos os, escleródi os su sobr evivên ci n solo por por até até 11 11 an an os escleródios os,,, su sua sobrevivên evivênci cia no anos os,,, oo que cultad oo oo combate oo altern ativas ee dificultad cultado combate. Como alternativas que tem tem difi difi cultad combate Com altern ativas dde dde dificultad cultado combate... Com Como alternativas con tr ole estacam-se ee sem en tes as contr trole semen entes sadias con tr ole ddestacam-se ddestacam-se estacam-se oo uso uso dde dde sem en tes sadi sadi as ee contr trole semen entes sadias amín eas certifi cad as otação ee cultur as culturas gramín amíneas certificad cadas amín eas certifi cad as ee aa rrotação rrotação otação dde dde cultur as com com gr gr culturas gramín amíneas certificad cadas
Fotos Luiz Gonzaga Chitarra
Algodão
D
oenças até então não consi dera-das como importantes, em ter-mos de perdas econômicas, passam a ser responsáveis pela redução significativa da produtividade física e econômica do algodoeiro, e em determinados casos, podem ser causa impeditiva desta atividade. Como exemplo, destaca-se o mofo branco do algodoeiro, doença fúngica causada por Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary. Os sintomas característicos da doença são murcha, necrose e podridão úmida da haste, do pecíolo, da folha e da maçã. No interior do capulho é possível encontrar micélio do fungo de coloração branca e os escleródios, estruturas de resistência de coloração escura e irregular do patógeno. Os escleródios, por serem estruturas de resistência do patógeno, tem a capacidade de sobreviver no solo por até 11 anos preservando seu poder patogênico (Leite, 2005), e em condições climáticas favoráveis e na presença de um hospedeiro suscetível, germinam no solo e podem produzir micélio, que penetra diretamente nos tecidos da base da planta, ou podem produzir estruturas denominadas de apotécios, que emergem na superfície do solo e liberam os ascosporos, facilmente transportados pelo vento. Os esporos, na época da floração e em condições favoráveis, germinam em flores senescentes e em seguida, invadem outros órgãos da planta, causamlhe o apodrecimento e podem levá-las à morte. A germinação miceliogênica provoca tombamento de pré e pós-emergência e a carpogênica, o desenvolvimento do mofo branco na parte aérea. Os fatores que favorecem o desenvolvimento do mofo branco são períodos prolongados de precipitação, alta umidade relativa, acima de 70%, alta umidade do solo, temperaturas amenas entre 15ºC e 22 ºC e a alta densidade de plantio. O fungo pode sobreviver parasitan-
A disseminação do fungo decorre principalmente por utilização de sementes infectadas
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fra, observou-se incidência elevada do mofo branco em algodoeiro em diversas regiões produtoras, principalmente em determinadas áreas no oeste da Bahia, o que proporcionará além de grandes perdas de produtividade um maior acúmulo de inóculo nestas áreas. O controle deste patógeno em diversas culturas tem sido difícil devido à formação de estruturas de resistência que lhe garantem sobrevivência por muitos anos, mesmo em condições climáticas adversas. Apesar de já ter sido relatada desde 1996 no algodoeiro, até o momento a doença não está catalogada junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, portanto, não existem produtos químicos registrados para o
Favero
do outros hospedeiros, saprofiticamente em restos culturais ou através do uso da matéria orgânica disponível no solo. A disseminação do patógeno nas principais áreas produtoras do Cerrado brasileiro decorre do emprego de sementes infectadas e/ou infestadas, seja de feijoeiro, soja e girassol, com escleródios provenientes das áreas contaminadas; pelo produtor produzindo sua própria semente em áreas contaminadas e cultivando-as em novas lavouras ou através da movimentação de implementos agrícolas, transportando os escleródios dos locais contaminados para espaços livres do patógeno. Devido a estes fatos e às condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do patógeno nesta sa-
Estrutura de sobrevivência do fungo Sclerotinia sclerotiorum
O ALGODOEIRO
A
cultura do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) representa para o Brasil uma das mais importantes atividades agrícolas, não somente por produzir matéria prima natural para a indústria têxtil, mas também pela utilização dos seus produtos em outras importantes finalidades. A área cultivada na safra 2007 / 2008 foi de 1,09 milhão de hectares (Conab, 2008) e o Cerrado brasileiro consolidouse como a maior região produtora de algodão do Brasil. A expansão da área cultivada deve-se principalmente a utilização de altas tecnologias e o investimento em qualidade de fibra. seu controle nesta cultura. Atualmente, pesquisadores da Embrapa Algodão desenvolvem pesquisas referentes ao manejo integrado do mofo branco em algodoeiro no estado de Goiás. Os resultados finais serão divulgados no futuro próximo e proporcionarão aos produtores subsídios para o controle efetivo do mofo branco em algodoeiro. Para que esta doença não se prolifere e a cultura tenha sustentabilidade nestas regiões, sugere-se, no entanto, que seja adotado um programa integrado de medidas para o controle do patógeno: • Utilizar sementes sadias, certificadas, de procedência conhecida e com certificado fitossanitário de origem, evitando deste modo, a introdução do patógeno na área a ser cultivada; • Rotação de culturas - nesta prática recomenda-se evitar plantas hospedeiras como soja, feijão, girassol devido a suscetibilidade a Sclerotinia sclerotiorum e utilizar gramíneas, como braquiárias, milheto, milho doce, aveia, arroz e trigo, que, além de promoverem a degradação natural dos escleródios, proporcionam boa cobertura do solo;
O FUNGO
S
Palhada sobre o solo dificulta a germinação dos escleródios do fungo
cleródios a uma profundidade de 20cm a 30cm, utilizando-se o arado de aiveca e a adoção imediata do sistema de plantio direto por vários anos, pois uma nova aração poderá trazer os escleródios para as camadas próximas à superfície; • Para minimizar a ocorrência do
Fotos Luiz Gonzaga Chitarra
• Formação de palhada homogênea sobre o solo, especialmente de gramíneas, em camadas com aproximadamente 5cm de espessura, formando uma barreira física e dificultando a germinação dos escleródios e a ejeção dos ascósporos; • Plantio direto, sistema que consiste em não revolvimento do solo, rotação de culturas e plantio sob palhada, que além de conservar a umidade elevada do solo, mantém a população microbiana alta, podendo atuar no controle biológico do patógeno, além de proporcionar uma barreira física à formação dos apotécios, que necessitam da presença de luz para o seu desenvolvimento; • Para o cultivo do algodoeiro em áreas com elevadas densidades de escleródios recomenda-se o enterrio dos es-
clerotinia sclerotiorum é um fungo polífago, tendo como hospedeiras plantas de 75 famílias, 278 gêneros e 408 espécies (Leite, 2005). É um fungo amplamente distribuído em todas as regiões temperadas, tropicais ou subtropicais onde se cultiva feijão, soja, girassol, canola, ervilha, pepino, tomate, batata, quiabo, fumo, alface e algodão. No algodoeiro, o mofo branco foi constatado pela primeira vez em 1996, na cultivar Deltapine, irrigada sob pivô central, em Paracatu (MG) (Charchar et al., 1999). Atualmente esta doença encontrase disseminada pelas principais regiões produtoras de algodão, tanto em áreas irrigadas como em áreas de sequeiro, nas regiões de Unai (MG), Patos de Minas (MG), Montividíu (GO), Jussara (GO), Pedra Preta (MT) e São Desidério (BA), principal região produtora de algodão no Oeste Bahiano. mofo branco, aconselha-se menores densidades de semeadura, espaçamento entre linhas maiores e o plantio sob palhada, permitindo deste modo maior aeração das plantas diminuindo o possível contato de plantas atacadas com as adjacentes; • Evitar adubações excessivas de nitrogênio, que podem tornar os tecidos das plantas favoráveis ao ataque do fungo; • Evitar o trânsito de implementos agrícolas das áreas infectadas para as livres do patógeno; • Por não existir cultivares resistentes ao mofo branco do algodoeiro, medida considerada a mais indicada e econômica para o manejo da doença, verifica-se a necessidade de registro urgente de produtos químicos adequados para C o controle da doença. Luiz Gonzaga Chitarra, Embrapa Algodão
Umidade, temperaturas entre 15º e 22 ºC e a alta densidade de plantio favorecem o fungo
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Coluna Andav
Ação responsável An dav ddestaca estaca a importân ci o Prêmi o Mérito Fitossanitári o e o tr abalh o And importânci ciaa ddo Prêmio Fitossanitário trabalh abalho desenvolvi do por pr ofissi on ais ddos os can ais ddee distribuição associ ad os esenvolvid pro fission onais canais associad ados
A
edição do XI Prêmio Mérito Fitossanitário, referente aos trabalhos realizados em 2007, possibilitou à Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) aprofundar ainda mais os conhecimentos acerca dos mais variados trabalhos de seus associados realizados pelos quatro cantos do país. O prêmio trata-se de uma ação de incentivo e reconhecimento aos profissionais, indústrias, distribuidores, cooperativas e centrais de recebimento que se destacam nas iniciativas de educação e treinamento do homem do campo. Seu objetivo central é promover os “desenvolvimentos rural e agrícola sustentáveis”, de acordo com o Capítulo 14 da Agenda 21. A realização é da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) com o apoio
cana, em Piracicaba (SP). A associação aproveita para relembrar e homenagear todo o canal de distribuição pelas suas ações que transformam diariamente as comunidades agrícolas em suas áreas de atuação. Diversas células de responsabilidade social estão sendo implementadas ano após ano e, muitas vezes, devido à iniciativa exclusiva de seus proprietários. Somente por este fato, todos já são vencedores perante seus clientes e a sociedade. Para a edição 2008 do Prêmio Mérito Fitossanitário, o destaque fica por conta das ações realizadas por um grupo de seis distribuidores associados à Andav e seus funcionários que nos deram exemplos admiráveis. A Agroquima, com matriz em Goiás, obteve reconhecimento através de seu profissional de campo, o enge-
ção de cartilhas sobre o uso correto de produtos fitossanitários e descarte de embalagens vazias, além do projeto Ribeirão João Leite. Juntas, as duas ações treinaram 7.177 agricultores e ganharam repercussão nacional. Também no ano passado foram destaques profissionais e projetos das revendas Citrosema, Agro Amazônia, SinAgro e Agro Plens. Em números gerais, os finalistas do X Prêmio Mérito Fitossanitário mostraram a sua força. Reunidos, realizaram palestras sobre uso correto de produtos para aproximadamente 30 mil agricultores. Organizaram 21 dias de campo, espetáculos teatrais para dez mil pessoas, treinamentos diversos para 435 agricultores. Em números globais, as atividades chegaram a impressionantes 205 mil pessoas participantes e os projetos de educação e treinamento
“O prêmio trata-se de uma ação de incentivo e reconhecimento aos que se destacam nas iniciativas de educação e treinamento do homem do campo” da Andav, do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Especificamente, na categoria canal de distribuição/cooperativa, onde os associados à Andav participam ativamente, são premiadas as três melhores empresas, os três melhores profissionais e os três melhores projetos de educação e treinamento. A avaliação técnica é realizada pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), através de Comissão Executiva e Comissão Julgadora. A Andav, através deste importante meio de comunicação que é a Cultivar, não pretende com este artigo reportar simplesmente a cerimônia de entrega dos prêmios no último dia 29 de maio, no auditório da Copla-
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nheiro agrônomo Clésio Fernandes de Brito Alves, assim como a Juagro, de Pernambuco, recebeu distinção através dos trabalhos realizados pelo também engenheiro agrônomo Nelson Belém. A Agro Amazônia, do Mato Grosso, teve a indicação de Thais Santa Ferreira Godoy e, por fim, a Adubos Real, de Minas Gerais, com o trabalho de Mauro Franco da Silva, além dos trabalhos da Vida Agrociência, de São Paulo, e SinAgro, do Mato Grosso. Na X edição do Prêmio Mérito Fitossanitário, em Campinas, em maio de 2007, no Salão Nobre do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o engenheiro agrônomo Clésio Fernandes, da Agroquima, já havia se destacado pelos projetos de educação e treinamento e distribui-
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alcançaram 52 mil agricultores. A Andav ressalta que a estatística apresenta números bastante significativos, porém não o trabalho absoluto de responsabilidade social realizado pelo canal de distribuição, pois existem diversas atividades ambientais, de treinamento e conscientização em andamento, efetuadas por revendas associadas de todo o país. Mais informações sobre a Andav através do site www.andav.com.br, pelo e-mail andav@andav.com.br ou C telefone (19) 3203-9884. Henrique Mazotini Presidente Executivo da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários - Andav
Coluna Agronegócios
O preço dos alimentos
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e repente o mundo caiu. Autoridades de todos os escalões descobriram que havia fome no mundo e apontaram o dedo acusador: a culpa é dos biocombustíveis! Quanta idiotice e hipocrisia. É lamentável ver pessoas em cargos importantes serem levianas na análise, no diagnóstico e nas soluções. É lastimável observar sua memória curta e as rápidas mudanças de posição, ao sabor das conveniências e das oportunidades. Ninguém rebateu, até o momento, um dos meus argumentos preferidos - e já o utilizei ao redor do mundo, em inúmeros foros. O mundo planta mais de 1,25 bilhão de hectares. Há outros 600 milhões de hectares por plantar. Biocombustíveis, somando Brasil, EUA, Europa e sudeste asiático, ocupam 12 milhões de hectares.
2) Protecionismo e subsídios agrícolas - Há mais de 50 anos os países ricos despejam montanhas de dinheiro para subsidiar sua produção agrícola ineficiente. Os subsídios chegaram a US$ 1 bilhão/dia! Com isto geraram excessos de produção e passaram a subsidiar a sua exportação agrícola e impor pesadas barreiras à importação. Como tal, inibiu-se a expansão agrícola nos países pobres, o que, agora, faz uma falta tremenda para equilibrar o mercado. Purgar este pecado mortal pode demorar duas décadas de forte apoio à agricultura dos países emergentes. 3) Aumento dos custos - O custo de produção de soja no Brasil aumentou 133% entre 2000 e 2008. O que tem a ver custo de produção com cotação de mercado de um produto agrícola? Embora a
arroz, soja, óleos, farelos etc), quanto as não-agrícolas (petróleo, minério, aço, carvão etc), provocando a disparada de seus preços. Em particular, a alta do petróleo reforça o aumento do custo de produção. 6) Clima - Em 2007 foram observados problemas intensos de seca na China, no leste europeu (especialmente na Ucrânia), na União Européia, no Canadá e na Austrália. Este é o principal motivo da explosão do preço do trigo no mercado internacional. O mercado globalizado atua em interfaces transversais, onde um produto influencia outros, em função do grau de substituibilidade e da competição por área de cultivo. Logo, o aumento do preço do trigo arrasta junto os preços da soja e do milho. 7) Desvalorização do dólar - Sendo o dólar a referência internacional para os
“É lamentável ver pessoas em cargos importantes serem levianas na análise, no diagnóstico e nas soluções ” soluções” Algum estudante, que não matou aula de matemática, explicaria como 0,64% da área agrícola mundial com culturas energéticas pode aumentar o preço dos alimentos em 100%? Matar aula dá nisso! As pessoas não aprendem a fazer contas ou a usar o raciocínio lógico e expõem-se ao ridículo. Os biocombustíveis são os que menos têm culpa em cartório pela inflação dos alimentos. Relaciono, em ordem de maior para menor importância, as causas que considero principais: 1) Inserção social - Nunca antes na História da Humanidade houve crescimento econômico tão elevado, acompanhado de baixa inflação, que produziu tão alto incremento na renda per capita mundial. Com mais dinheiro na guaiaca, a turba famélica foi ao mercado. O aumento da demanda é explicado pelo aumento da população (1,2% a. a.), pelo aumento de renda per capita (4% a. a.) e pelo crescimento da demanda de carnes, pois, em média, para produzir 1kg deste produto são necessários 7kg de cereais.
cotação não reflita diretamente, o mercado sabe que se o custo de produção se aproximar perigosamente da cotação de mercado, o produtor será desestimulado a produzir pela relação desfavorável entre risco e rentabilidade e pelo custo de oportunidade de outras aplicações. Portanto, fica criado um piso para reduzir os preços agrícolas. 4) Aumento dos fretes - O valor dos fretes quadruplicou nos últimos dois anos e está subindo por quatro fatores: o custo terrorismo, após o ataque terrorista de 11 de setembro, nos EUA; o aumento do comércio globalizado, em especial dos produtos agrícolas; a desvalorização do dólar e o aumento da cotação do petróleo. Os fretes marítimos afetam os preços agrícolas de duas formas: aumentam o preço dos insumos importados e elevam o custo de transporte entre o país exportador e o importador. 5) Especulação financeira - Com a crise do subprime nos EUA, sobra dinheiro no mercado. A liquidez excessiva encontrou um refúgio momentâneo nas commodities, tanto as agrícolas (milho, trigo,
preços agrícolas, apresentam maior cotação nominal nesta moeda. O fato ocorre porque as bolsas de Chicago (CBOT) e de Nova Iorque (NYSE) concentram o maior volume de negócios do mercado internacional de produtos agrícolas. Porém, em outras moedas, a cotação pode ser menor que as verificadas em anos anteriores, com paridade cambial mais favorável ao dólar. Logo, há uma percepção de inflação pelos preços em dólares, que, na realidade, não existe em outras moedas. Neste contexto, os biocombustíveis exercem um papel terciário e marginal no aumento de preços de commodities agrícolas. Este pequeno impacto se deve, exclusivamente, ao etanol de milho americano, ao biodiesel de canola e ao etanol de trigo na Europa. Só não enxergam desta maneira os beócios e os que agem de máC fé. Ponto final. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro agrônomo, membro do Painel Científico Internacional de Energia Renovável do Conselho Internacional de Ciências
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Coluna Mercado Agrícola
Vlamir Brandalizze brandalizze@uol.com.br
Cotações em alta estimulam avanço na tecnologia O mercado mundial dos alimentos entra em nova fase de evolução, sem novas áreas passíveis de exploração, com poucos países no mundo com terras ociosas para serem ocupadas. A tendência é a busca da excelência na qualidade e na produtividade das plantações, com o objetivo de causar novo impacto sobre insumos, não preparados para a forte onda de consumo de fertilizantes, defensivos e máquinas. Este fato aponta para a forte alta nestes componentes básicos para a produção agropecuária. Com cotações no topo da história, ainda teremos alguns anos pela frente até conseguirmos avançar em produtividade e sair de médias abaixo dos dois mil quilos por hectare, no caso do trigo brasileiro, para níveis acima dos quatro mil quilos a cinco mil quilos por hectare. Convém lembrar que as melhores sementes já apontam potencial na faixa dos sete mil quilos por hectare no Brasil. Também teremos que avançar nas demais culturas, isso na mesma área, usando as mesmas máquinas. Será necessário produzir mais nas próximas colheitas para nos mantermos lucrativos e ao mesmo tempo aproveitar os bons momentos que vivemos e, assim, termos fôlego para ultrapassar os obstáculos que normalmente surgem. MILHO Mercado em fase de calmaria O mercado do milho nas últimas semanas se manteve estável, sem fôlego para grandes ajustes. Isto porque os negócios na exportação ficaram restritos a complementos de navios e poucos fechamentos novos. Tivemos queda nos prêmios pagos nos portos brasileiros e como a safra da Europa segue em boas condições, a importação de produto brasileiro tende a ser menor. Assim, os níveis de exportação que chegaram a superar a marca dos US$ 300 por tonelada, agora estão na casa dos US$ 250 por tonelada. O câmbio, com níveis abaixo do praticado no ano passado, impede que novos fechamentos sejam realizados porque o mercado interno tem pago mais do que liquidado, na exportação. Se aproxima o mês de junho, período em que se inicia a colheita da safrinha no Mato Grosso e em poucas semanas também nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul (julho e agosto). Com condições de clima favorável, haverá pouco espaço para grandes avanços e junto a isso ainda temos a oferta de milho do Paraguai que cresce neste mês, o que representa pressão de leve baixa no período, com espaço para avanços somente depois de encerrada a colheita da safrinha, ou seja, de setembro em diante. Para reação antes disso, teremos que ter apoio do mercado internacional, via Chicago, com problemas nos EUA ou seca na Ásia. Caso contrário continuaremos em fase de calmaria, tendo como base para os estados do Sul a casa dos R$ 19,00 a 20,00 por saca e R$ 4,00 a 6,00 abaixo nas regiões distantes dos pontos de consumo, como norte do MT. A primeira safra veio próxima de 40 milhões de toneladas e,
agora, se espera por níveis acima de 15 milhões de toneladas para safrinha, atendendo com facilidade a demanda interna e as exportações programadas. SOJA Safra americana comandando mercado Os próximos dois meses serão muito importantes para o mercado da soja, porque a safra americana avançará em sua fase de desenvolvimento e floração, necessitando de clima favorável, já que o plantio se deu com atraso e, desta forma, qualquer adversidade que surja tende a limitar a produtividade das lavouras nos EUA. Conseqüentemente, haverá pressão de alta no mercado. Como temos um quadro de oferta e demanda mundial ajustado, qualquer perda tende a favorecer as cotações mantendo-as em níveis altos, porque este tem sido o ano da ração, onde a soja está presente em todas as fórmulas produzidas pelo mundo afora, como principal fonte de proteína. Indicativos de Chicago devem se manter entre os US$ 12,50 aos US$ 14,00 por bushel e com fôlego para ir a valores acima deste patamar se o clima mostrar irregularidades nos EUA. FEIJÃO Vazio de ofertas e pressão de alta A segunda safra já está quase toda comercializada e, agora, deveremos ter um vazio de ofertas de produto novo, porque somente um e outro produtor que plantou lavouras irrigadas antecipadas (arriscando perdas com mosca branca ou doenças) deve ter produto em colheita e ainda em volumes pequenos. Assim, devemos passar por uma nova fase de pressão de alta. As
regiões de Ribeira do Pombal, Adustina, Tucano e arredores na Bahia e parte vizinha de Sergipe, podem ter alguma colheita se o clima favorecer, fato que não ocorreu no começo do plantio. Nestes últimos dois meses tivemos a troca de parte da demanda do carioca pelo feijão preto e alta deste último, que tem indicativos trabalhados acima dos valores do carioca de qualidade comercial. Há boas expectativas à frente e mercado novamente com fôlego para grandes avanços, superando a marca dos R$ 200,00. ARROZ Leilões do governo limitam alta interna As ofertas de arroz via pregão efetuado pelo governo serviram para limitar novos avanços nas cotações do produto em casca, que se mantinha entre os R$ 35,00 e R$ 40,00. Os grandes pregões da Conab com oferta de aproximadamente 80 mil toneladas por semana, têm servido para abastecer as indústrias e junto forçar os produtores a voltarem às vendas para fazer caixa e quitar dívidas. Desta forma, o mercado se estabilizou em alta em maio e tende a se manter nestes patamares também em junho. O fôlego de grande alta por enquanto tem se mantido pequeno porque as grandes exportações esperadas para este ano ainda não ocorreram, já que os contratos de venda externa têm ficado restritos a poucos volumes e, até agora, não houve explosão de vendas, limitando as cotações internas. Também tivemos forte queda nas importações do Mercosul, porque nossos vizinhos têm buscado novos mercados que pagam melhor que o Brasil.
CURTAS E BOAS TRIGO - O plantio da safra tem apresentado bom ritmo nas principais regiões produtoras e tudo aponta que teremos crescimento de área, dos atuais 300 mil hectares para 2,2 milhões de hectares. Os indicativos são de chances da produção aumentar em meio milhão de toneladas e alcançar 4,3 milhões de toneladas. Mesmo assim, distante do consumo estimado em 10,5 milhões de toneladas. A boa notícia é que o governo zerou as taxas de PIS e Cofins dos derivados do trigo, derrubando em cerca de 9% os custos da farinha, sem afetar as cotações aos produtores, com queda somente nos indicativos aos consumidores que ainda pagavam alto tributo por este alimento básico. Isto sinaliza que o mercado seguirá firme, com estimativa de cotações entre R$ 40,00 e R$ 45,00 por saca. ALGODÃO - A forte queda no plantio americano tende a dar suporte para as cotações de médio e longo prazos no mercado internacional, que está inclinado a deixar os indicativos na faixa dos US$ 0,85 acima por libra, contra uma média histórica na faixa dos US$ 0,40 ou abaixo. O quadro de oferta e demanda mundial apontado pelo USDA sinaliza para uma safra de 118 milhões de fardos frente aos 120,5 milhões produzidos na safra passada. Agora, o consumo aponta para os 124 milhões de fardos, ou seja, com queda de seis milhões de fardos, jogando os estoques para casa dos 55 milhões de fardos, sendo os menores dos últimos dez anos, sinalizando dessa forma que à frente poderemos ter forte apelo altista no mercado internacional. EUA - O plantio da safra americana já está encerrado e todos os grandes grãos tiveram atraso no processo, com o período ideal de plantio representando entre 20% e 30% das lavouras, quando o normal seria mais de 50%. Assim, a maior parte das plantações foi realizada além do período ideal, colocando-as em maior risco de perdas com problemas climáticos à frente. Desta forma, nestes próximos meses teremos que acompanhar
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o quadro que pode nos trazer boas notícias. ÁSIA - Segue com bom ritmo no crescimento da economia na maior parte dos países, que continuam tentando controlar a inflação ao derrubar as taxas de importação de alimentos e, assim, com fôlego para manter as cotações em níveis recordes e atrativos para os países exportadores. Junto a isso tivemos tragédias que devem dar fôlego para sustentar as cotações em alta, sendo a primeira, o ciclone que arrasou Mianmar, com perdas estimadas em mais de dez milhões de toneladas na safra de arroz. Os dois terremotos que atingiram a China destruíram muitos armazéns e também trouxeram perdas e argumentos para alta das cotações agrícolas. ARGENTINA - As exportações da safra portenha continuam atreladas a bloqueios e limitações do governo, que busca controlar a inflação via retenção de vendas e taxas. Desta forma, já se tem os primeiros reflexos nas lavouras com redução da área plantada de trigo e também forte queda no uso de insumos, principalmente fertilizantes. Isso já aponta que há menor potencial de colheita na safra que vem pela frente. O governo interviu no mercado e certamente haverá menor oferta de alimentos na safra nova. PETRÓLEO - As cotações continuam a bater recordes e até o dia 21 de maio já tínhamos os níveis de US$ 130 por barril. Os indicativos internacionais nos fazem pensar que antes do final do ano teremos a casa dos US$ 150 atingida porque, no momento, a produção está estagnada em 87 milhões de barris por dia e o consumo já passa deste nível, consumindo, assim, os estoques. Por enquanto não existe tendência de mudança desse cenário. Somente neste ano serão 45 milhões de automóveis novos no mundo e muitas outras usinas de energia a óleo. Desta forma haverá mais demanda com apoio aos biocombustíveis e favorável aos grãos também.