Cultivar 11

Page 1


índice

destaques Elas chegaram Duas novas pragas prometem trazer dor de cabeça para o produtor nessa safra Foto Capa - Antônio Panizzi

08

Domando leão

24

Na segunda parte do seu trabalho, Kurt Kissmann explica com lidar com a resistência

Papo furado Guerra de informações promovida por grupos ambientalistas confunde o agricultor

32

Milho doente

○ ○

38

Saiba como o Phaeosphaeria prejudica a produção da lavoura

04 06 08 12 14 16 18 20 24 28 29 30 32 33 34 36 38 42 45 46 50 52 53 54 56 58

42

Anúncios

A adoção do manejo ecológico de pragas vem para ocupar o espaço do velho MIP

Controle inteligente

Diretas Cartas Novas pragas atacam Lagarta Falsa Medideira Nematóides de galha Manganês na Soja Soja comestível Resistência a herbicidas (II) Controle de trapoerabas Mercado agrícola Monitoramento em tomateiros Indicações Fitossanitárias Confusão em biotecnologia Borlaug apóia transgênicos OGMs e o Vaticano Fungos em milho Doenças em milho Manejo Ecológico de Pragas Notícias da AENDA Inseticidas em algodão Algodão em alta Diretoria da Abrapa continua Congresso de Entomologia Pragas em Batatas Marketing rural Última Página

Monsoy..................................................... Zeneca...................................................... Cyanamid.................................................. Bayer......................................................... Mecmaq.................................................... Stoller....................................................... Stapelbroek.............................................. Zeneca..................................................... Milenia .................................................... Monsanto................................................. Monsanto................................................. Gehaka..................................................... Pionner..................................................... Agripec..................................................... Cyanamid................................................. Cyanamid................................................. Coopavel.................................................. Dow......................................................... AENDA..................................................... FMC......................................................... Bayer....................................................... Cyanamid................................................ Cyanamid................................................ Dow........................................................ Sipcam....................................................

02 05 07 11 15 17 18 19 23 26 27 32 35 39 40 41 44 47 48 49 53 55 57 59 60

Editor geral:

Newton Peter - RPJ/RS 3513 newton.peter@cultivar.inf.br

Secretário de redação:

Ano I - Nº 11 - Dezembro / 1999 ISSN - 1516-358X Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: Cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (12 edições): R$ 48,00 REDAÇÃO : ASSINATURAS/GERAL: MARKETING: FAX:

(53)

227.7939 272.2128 272.2257 222.1716

Schubert Peter - NUJ 26693 scubert.peter@cultivar.inf.br

Design gráfico e Diagramação:

Fabiane Rittmann

fabiane.rittmann@cultivar.inf.br

Marketing:

Jane Bernardi

jane.bernardi@cultivar.inf.br

Assinaturas:

Simone M. Gonçalves

simone.goncalves@cultivar.inf.br

Editoração Eletrônica:

Index Produções Gráficas Fotolitos e Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Novos Horizontes Mudanças nas grandes. Odair Rosal Gomes, que durante 30 anos trabalhou na Bayer, aceitou proposta para ajudar a desenvolver mercados para outra empresa. Vai assumir cargo administrativo no setor de recursos humanos - sua formação original - na Cheminova. Odair deve, entretanto, permanecer na Bayer por mais algum tempo, auxiliando na transmissão do cargo que ocupou nos últimos quatro anos. A diretoria da Bayer ainda não decidiu quem assume.

Odair

Exportando tecnologia

Pesquisadores da Universidade de Dakota do Norte, nos Estados Unidos, que estão testando técnicas para produzir soja naquele estado, adotaram uma tecnologia desenvolvida pela pesquisa brasileira há vários anos. A tecnologia consiste na inoculação de cereais, como trigo e aveia, com rizóbio (Bradyrhizobium spp.) na safra anterior ao plantio de soja. Com a ocorrência da nodulação e fixação do nitrogênio em níveis adequados, é possível evitar o uso do adubo nitrogenado, barateando assim o custo de produção. No Brasil, os estudos foram realizados por Alexandre José Cattelan e Lineu Alberto Domit, ambos da Embrapa Soja. Informações adicionais sairão nos próximos números da Cultivar.

Previsão

Júlio César Barroso, diretor de negócios da DuPont, espera um crescimento de 5% no faturamento da empresa este ano. A expectativa é saltar dos US$ 208 milhões de

Descarte

Júlio

1998 para US$ 220 milhões. É só esperar. Resistência

REDBIO Será em Goiânia, de 04 a 08 de junho de 2001, o IV Encontro Latino-Americano de Biotecnologia Vegetal - REDBIO 2001, decidiram os participantes de coordenação de REDBIO reunidos em Caracas. Noldin

Novo Lar Antônio Carlos Damaceno, após 20 anos de DuPont, enfrenta novos desafios. É o novo gerente de desenvolvimento de produtos para o Mercosul da Griffin do Brasil. Cumprimentos através do e-mail: antonio_damaceno@griffinllc.com Lançamento

Está disponível, na Embrapa Algodão, O Agronegócio do Algodão no Brasil , de Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão. A obra, em dois volumes, busca reunir o máximo de informações sobre a exploração da cotonicultura nacional. A idéia é transmitir os conhecimentos básicos sobre a cultura a todos os envolvidos na sua cadeia produtiva.

Cada volume custa R$ 35,00. Mais informações, telefone (83) 348-4236.

Espera A Case adiou para o primeiro trimestre do próximo ano a inauguração de uma nova fábrica de tratores e colheitadeiras. A obra deveria ter sido terminada há dois meses. De acordo com o jornal Gazeta Mercantil, os motivos informados extra-oficialmente foram uma reorganização interna, visando facilitar a fusão com a New Holland.

Já é conhecido o primeiro caso de resistência de uma planta daninha a herbicida no Brasil. Importante trabalho de pesquisa, ainda em andamento, identificou a planta. É a sagitária que resiste a sulfuniluréia. O trabalho é coordenado pelo pesquisador José Noldin, da Epagri.

Fungicida

A AgrEvo (agora Aventis) lançou um produto para combater as principais doenças fúngicas de uva e maçã, o Derosal 500 SC, um fungicida sistêmico para ações preventivas ou curativas. Com alta fitocompatibilidade, pode ser usado em qualquer estágio das plantas. Usado no início da infecção, deve ser reaplicado em intervalos de 15 dias, alternado com fungicidas de diferentes modos de ação.

A primeira carga de embalagens de plástico vazias de defensivos agrícolas proveniente do Rio Grande do Sul chegou em São Paulo. Será reciclada em Louveira. A Dinoplast, empresa recicladora que vem participando do programa ambiental criado pela ANDEF em 1993, através do Projeto Piloto Guariba, já vem recebendo a matériaprima dos estados do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, tendo transformado até agora 890 toneladas de plástico em conduítes corrugados para a construção civil. Entre 1998 e 1999, a ANDEF já investiu R$ 2 milhões no programa e hoje, no Brasil, estão em funcionamento 26 centrais de recebimento de embalagens, estando prevista a inauguração de mais 26 até o final do ano 2000.

Alternativas

Pesquisa realizada pelo agrônomo Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna - SP) mostrou que leite de vaca é eficaz no cambate ao oídio. De acordo com o estudo, basta uma solução contendo 5% de leite cru e 95% de água para controlar a doença. Até o momento, o estudo foi conduzido apenas em algumas hortaliças. Esperase, entretanto, que o leite seja eficaz no cambate à doença também em soja, feijão, aveia e trigo. Informações detalhadas sobre o assunto serão publicadas nos próximos números da Cultivar.


Mudanças Em função de agressiva estratégia de negócios para o mercado nacional, Gilberto P. Da Costa, tornouse o novo vice presidente e gerente geral para as Divisões de Equipamentos Agrícola e de Construção do Brasil da Case. Ele trabalha na companhia há 24 anos. Muda também a Gerência Nacional de Vendas da Divisão Agrícola no Brasil. O novo titular é José Roberto Camargo, que ocupou por três anos a Gerên-

Estudo

Gilberto

cia de Produto para a Divisão Agrícola. Camargo é engenheiro mecânico com mestrado em administração de empresas e acumula 20 anos de experiência no mercado agrícola. Desligaram-se

da companhia, os executivos Mario Hirose e Altair Lombardi, respectivamente ex-Vice Presidente da Divisão Agrícola e exGerente Nacional de Vendas da Divisão Agrícola.

Benami

A Embrapa Trigo vai continuar tendo na chefia geral o pesquisador Benami Bacaltchuk, que havia se licenciado do cargo para concorrer a novo período. A decisão, após um processo de seleção em que concorreram outros candidatos, foi divulgada no último dia 24, pelo presidente da Embrapa, Alberto Duque Portugal.

Em minhas andanças pelo país tenho ouvido referências que confirmo: a Cultivar é hoje a melhor revista na área agrícola do Brasil, pelo nível de informações técnicas que apresenta.

de tantos veículos de comunicação no segmento agrícola, a Cultivar conquistou um importante espaço em nossa mídia.

Aproveito a oportunidade de parabenizá-lo pois em tão pouco tempo e em meio

Lúcia Oliveira Embrapa Algodão

Dr Arnoldo Junqueira Neto Universidade Federal de Lavras

Flávia Machado da Silva - Marketing, FMC

Estou maravilhada com as matérias e as fotografias, de excelente qualidade, publicadas pela Cultivar. A Cultivar, hoje, é o melhor veículo

Benami

João Sereno Lammel, gerente de milho e soja de DuPont na América do Sul, anda estudando mercados. É a preparação para a chegada, nos próximos anos, no Brasil, do Optimum High Oil Corn , variedade de milho com alto teor de óleo (8%), resultado de cruzamento convencional entre plantas. A Soja Optimum também vem. Neste caso, a vantagem é o menor teor de gordura saturada, maior palatabilidade e maior estabilidade de fritura, isso além da maior teor de aminoácidos.

Malas prontas

Produtores, cientistas e agrônomos brasileiros já estão se preparando para ir ao The Beltwide Cotton Conferences, o mais importante evento mundial do agronegócio do algodão. Lá, durante cinco dias serão discutidos todos assuntos relacionados com a produção, comercialização, beneficiamento e tecnologias do algodão, com uma presença esperada de 4000 participantes.

de divulgação de tecnologia agrícola que temos no Brasil. Tenho encontrado a revista em grandes empresas do Nordeste servindo para consulta.

de destaque na área, gostaríamos de cumprimentá-lo pelo excelente resultado que vem obtendo nas matérias dessa Revista em todas as edições.

Sabendo da importância do trabalho jornalístico sobre todos os assuntos relacionados ao setor de agricultura e, em especial, no que se refere aos eventos

Sou estudante de agronomia e a revista Cultivar tem sido grande utilidade para mim, devido ao seu alto teor técnico e informações atuais dentro da área

José Pinheiro Nunes Agripec- Fortaleza

Ricardo V Coelho Petoseed

Lammel

Bibliografia

Já está disponível no site da Embrapa Hortaliças a base de dados sobre entomologia na área. Sua utilização é muito fácil. Vale conferir. Endereço www.cnph.embrapa.br/bd.

agronômica.

Alcione Aparecido da Silva Faculdade Agrícola Luiz Meneghel

Gostaríamos de agradecer pela última edição, e ainda parabenizálos pela excelente Revista. Acreditamos que seja a única direcionada ao agribusiness das indústrias de produtos fitossanitários e aplicações na agricultura. Fabio Domingues -Vigna Serviços e Representações

A Cultivar agradece as cartas recebidas. Infelizmente, por questão de espaço, não poderemos publicar todas. Entretanto, informamos que as respostas aos pedidos de informações e de artigos já foram remetidas. Ficamos sensibilizados com as mensagens de incentivo e tentaremos corrigir os erros apontados por nossos leitores.


Nossa Capa pragas

Eles vieram com tudo! Mudanças nos métodos de cultura, principalmente com a expansão do plantio direto, e o plantio em épocas alternativas, como a chamada safrinha, que ganha corpo em cada vez mais lugares, ocasionam importantes alterações nas pragas agrícolas. Insetos, antes pouco considerados pelos danos causados às lavouras, entram no cenário, assumindo papel de pragas de primeira grandeza, como é o caso dos percevejos O s percevejos (Hemiptera: Heteroptera) são insetos sugadores, isto é, alimentam-se introduzindo o aparelho bucal (estiletes) na fonte nutricional. Dentre as espécies fitófagas, muitos se alimentam de plantas de importância econômica, tornando-se pragas. Normalmente, esses percevejos fitófagos alimentam-se das sementes, que são verdadeiros pacotes de nutrientes, com alto teor de nitrogênio. Desta forma, esses insetos estão comumente associados com plantas no período reprodutivo Recentemente, entretanto, temos observado a ocorrência de percevejos atacando plantas novas (plântulas) de três culturas, tradicionalmente importantes para a agricultura brasileira, a saber: o milho, o trigo e a soja. Os percevejos que têm demonstrado esse hábito alimentar são conhecidos popularmente por barriga-verde (Dichelops spp.) e por formigão (Neomegalotomus parvus Westwood). Há duas espécies de percevejos, conhecidos por barriga-verde. Dichelops furcatus (F.) e Dichelops melacanthus (Dallas). As espécies são muito semelhantes. D. furcatus é maior e seus espinhos são da mesma cor dos ombros (pronoto). D. melacanthus é menor, e a extremida-

Acima, percevejo Formigão adulto, alimentando-se de cotilédones de plântula de soja. Abaixo percevejo barriga-verde sobre folha de milho note-se o amarelecimento devido ao seu ataque

A Promoção das Pragas, uma concepção do ilustrador Márcio (X-Kid) de dos espinhos é mais escura do que o restante do pronoto. O próprio nome indica, isto é, melacanthus, significa os cantos melanizados ou escurecidos. Praga em expansão A distribuição geográfica de Dichelops spp. no Brasil abrange a Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Região Sudeste (São Paulo) e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul e Mato

Grosso). Muito provavelmente, os percevejos barriga-verde tenham uma distribuição maior do que a aqui apresentada, e parecem estar em expansão, seguindo as culturas nas áreas que estão sendo incorporadas ao processo produtivo agrícola. Esses percevejos, desde a década de 70, têm sido mencionados como pragas secundárias da soja. Entretanto, a partir da década de 90, tem ocorrido diversos relatos das duas espécies em milho, cul-

tura que tem sofrido os maiores danos. Os percevejos atacam as plantas jovens (plântulas) causando o amarelecimento das plantas e, às vezes, o encharutamento delas, isto é, engrossamento do caule e atrofia. Nas folhas, os danos são necrosamento do tecido foliar no sentido transversal. Esse necrosamento aumenta à medida que a folha se desenvolve. Existem diversos relatos de perdas consideráveis de lavouras de milho pela ação dos percevejos barriga-verde, requerendo

medidas de controle. Diversos inseticidas têm sido utilizados no tratamento de sementes, bem como pulverizados na parte aérea das plantas. Atualmente, vários órgãos de pesquisa estão desenvolvendo testes de produtos, como é o caso do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). Em trigo, os danos dos percevejos barriga-verde são mais recentes. Houve diversas reclamações de produtores de trigo no Norte do Paraná em 1998. Na

safra 1999, novamente o problema ocorreu. Trabalhos de pesquisa desenvolvidos na Embrapa Soja, em Londrina, atestam que o efeito dos percevejos pode comprometer até 30% da produção. No trigo, à semelhança do que ocorre no milho, os insetos sugam os caulículos, causando morte das plantas, rebrotamento e atrofia. O stand final fica prejudicado e o tamanho das espigas e o peso de grãos é reduzido. Também neste caso, estudos estão em andamento na Embrapa


Soja e Embrapa Trigo, visando esclarecer por completo esta questão.

Cultivar

cevejo é extremamente comum na época da colheita, apresentando um vôo rápido. É comum no Norte do Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. Aparentemente, não está adaptado aos locais de latitudes maiores, ao sul do Trópico de Capricórnio. Na safra de soja que ora se inicia, temos recebido reclamações de agricultores que observam o percevejo formigão alimentando-se de cotilédones. Embora os danos não tenham sido avaliados, suspeita-se que o problema seja ocasional e de importância pequena, não se justificando medidas de controle do inseto no início do desenvolvimento da soja.

Ataque à soja Em soja, os percevejos barriga-verde, que, em geral, sempre estiveram presentes em número reduzido durante o período reprodutivo, estão agora ocorrendo no início da safra, atacando as plântulas. Os insetos presentes nas palhadas, e que tem o hábito da diapausa, atacam os cotilédones das plântulas. Observações efetuadas indicam que o problema em soja é menor do que ocorre com o milho ou o trigo. Aparentemente, as plantas toleram o ataque dos percevejos e após perderem os cotilédones, passam a se deMudança senvolver normalmente, apesar do atade hábitos que inicial. Novamente, deve-se menciDiante do novo cenário agrícola que onar que os estudos estão em andamenestamos vivenciando, dois fatores devem to na Embrapa Soja. Uma outra espécie de percevejo - po- ser destacados como influenciadores da incidência dos percevejos pularmente chamado no início do desenvolvide formigão -está tammento das plantas, consibém atacando as plânAparentemente o derando-se o sistema agrítulas de soja. Felizproblema em soja é cola soja-trigo-milho. Um mente, esta espécie menor do que no deles diz respeito a safrinão se alimenta do caso do milho e nha , que corresponde ao milho ou do trigo, fitrigo plantio do milho em épocando restrito à soja. ca distinta do plantio da Este percevejo há muisafra convencional de veto vem sendo observarão, por exemplo, em fevedo em soja e em outras leguminosas como o feijão comum reiro-março - só no Paraná o milho é cule o feijão guandu. Normalmente, o inse- tivado em 1 milhão de hectares, em São to ocorre na fase de maturação das plan- Paulo 420 mil, Mato Grosso do Sul 290 tas, em pouco influindo no rendimento mil, Mato Grosso 360 mil e Goiás 215 dessas culturas. Entretanto, com infesta- mil hectares - ou da soja semeada no mesções severas, tem se observado um efei- mo período, porém em menor escala. to prejudicial na qualidade das semen- Essa chamada safrinha tem aumentado tes de soja e feijão, com a transmissão de o problema dos percevejos fitófagos, pois microorganismos (patógenos). Esse per- se constitui numa fonte adicional de aliCNPSo

O formigão ataca somente leguminosas, ficando o milho e o trigo livres da ameaça

Panizzi recomenda cuidado com os insetos

mento para os insetos, que, normalmente, estariam buscando refúgio ou plantas hospedeiras nativas, nesta época do ano. Um segundo fator a influenciar as populações de percevejos quali e quantitativamente é o plantio ou semeadura direta. São inúmeras as vantagens desse sistema de cultivo, já demonstradas em diversos artigos e comprovadas no campo, tanto é que sua adoção tem se tornado generalizada nas áreas agrícolas do país. No entanto, no que se refere aos percevejos fitófagos com hábitos de diapausa, isto é, que passam parte do seu ciclo biológico em repouso no solo sob as palhadas ou restos culturais, o plantio direto oferece condições favoráveis para a sua biologia. É o caso dos percevejos barriga-verde e do também chamado percevejo marrom Euschistus heros (F.) - este último, uma importante praga da soja, no período reprodutivo. As mudanças aqui mencionadas - safrinha e semeadura direta - que estamos vivenciando mais intensamente no cenário agrícola trazem consigo mudanças no cenário da entomologia até então conhecida. Essa entomologia é fruto do tradicional cultivo convencional, com aração e gradagem dos solos e cultivo não sequencial de culturas. A situação agora é outra e os nossos sistemas de manejo integrados de pragas devem ser revistos diante dessa realidade. Como se diz popularmente por aí se referindo a esta nova situação - ...agora é outra Entomologia... . Antônio R. Panizzi, Embrapa Soja; Viviane R. Chocorosqui, UFPR


Soja

pragas

Cultivar

Palmo-a-palmo

CONTRA a soja

A lagarta falsa medideira é considerada uma praga secundária da cultura da soja. Secundária, porque não tem distribuição ampla, em todos os locais de produção, pela inconstância de surgimento na lavoura e, porque, mesmo nas áreas onde é mais constante, sua população não é muito elevada

P

or exemplo, no sul do Rio Grande do Sul, ela costuma ser encontrada com freqüência, em quase todas as safras. Já no norte do Paraná, apenas há mais de 20 anos houve um surto grande desta lagarta. Um dos motivos principais para sua população ser normalmente tão baixa é a alta eficiência de seus inimigos naturais, especialmente parasitóides, que têm uma grande capacidade de manter a população sob controle. Apresentação da lagarta O nome científico da lagarta falsa medideira é Pseudoplusia includens, pertence à família Noctuidae, que é uma das famílias da ordem Lepidóptera, onde se encaixam todas as espécies de mariposas e borboletas. Quem tem a minha idade, ou for procurar nos alfarrábios dos anos 70 para trás, vai encontrar diversos nomes científicos para esta lagarta: Plusia oo, Plusia nu, às vezes Plusia spp, até o gênero Trichoplusia era referido. Na realidade, ou se tratava de sinonímia científica, ou de identificação incorreta, e hoje todos os pesquisadores da área concordam com

Fotos Gazzoni

Falsa medideira em fase de lagarta e danos causados pela praga à soja

a denominação P. includens. O amigo aí está curioso do porque ela se chama falsa medideira, não é? Então vamos explicar. É que ela caminha sobre a planta (no solo também) arqueando o corpo, pois ela aproxima a parte de trás da parte da frente do corpo, fazendo o arco, depois avança a parte da frente, e assim por diante. Bem, até aí entendi, você dirá, mas porque falsa? Ah, por que existem as verdadeiras medideiras, que são lagartas da família Geometridae, que possuem um jeito de se movimentar muito seme-

lhante, e que são chamadas de verdadeiras medideiras. Se você observar atentamente, em especial perto do fim do ciclo da soja, vai encontrar muitas destas verdadeiras medideiras, que são normalmente verdes (podem ter outras cores), magrinhas, - até porque comem pouco - andando sobre a soja. Hábitos de uma lagarta Bem, vamos conhecer mais sobre esta lagarta, que foi muito mais estudada nos Estados Unidos do que no

Brasil. Como a gente não sabe bem quem surgiu primeiro, a galinha ou o ovo, digo a mariposa ou o ovo, comecemos por esse. Os ovos são postos pela mariposa, no período da noite, são esbranquiçados, translúcidos e brilhantes. E difíceis de ver, porque são pequenos. Mas quem procurar bem com a ajuda de uma lupa, vai enxergar na superfície do ovo muitas linhas, que são ligadas por estrias transversais. Passados uns 3 dias, as larvinhas saem do ovo, e são conhecidas entre os agricultores como fios , por serem alongadas e magrinhas. Possuem uma cor verde claro, e já se movimentam medindo palmos. Gazzoni recomenda atenção para a lagarta Todas as lagartas crescem mudando de pele, ou seja, trocando de instar ra no final do ciclo da lagarta. Aquela ou estádio. A falsa medideira passa, movimentação tipo mede palmo é connormalmente por 6 mudas de pele, seqüência da presença de dois pares de durante o período de lagarta, embora patas abdominais, mais o par terminal. um estudo feito em São Paulo tenha O corpo é segmentado, e o corpo tende encontrado um sétimo estádio. Mas, a aumentar de tamanho na parte posnesse caso específico, pouco mais de terior do da lagarta. E o tamanho das lagartas? Logo que um terço das lagartas tiveram esse essaem do ovo, medem 5mm, passam tádio adicional. para 9mm na próxima muda de pele. Se você observar a Tabela 1, vai ver No terceiro estádio já medem 15mm, que diferentes cientistas encontraram passando a 20 no diferentes resultados, para a quarto e 30 no duração de cada um deles. Isto quinto. No final porque, a biologia da lagarta Nem todo o da fase de lagarta, varia em função do tipo de inseticida que ela mede cerca de mata a lagarta da planta da qual está se alimen35mm. soja serve contra a tando, da qualidade desse aliE quando comfalsa medideira mento, da temperatura, da pleta a fase de laumidade, da quantidade de garta, o que aconluz do dia, entre outros. Entece? Ela começa a diminuir de tamatão é difícil afirmar quanto tempo dura nho, engrossar o corpo e ficar mais claentre cada muda, porque depende das ra. Ela passa 1 ou 2 dias tecendo uma condições locais. A partir da terceira muda, embora a teia, presa por todos os lados às folhas cor continue verde claro, aparecem lis- de soja,e se prende dentro da teia. Se tras ao longo do corpo de cor branca, você olhar através da teia, vai ver uma uma de cada lado do corpo, e diversas pupa, ou crisálida - que é a fase interlistras mais estreitas no dorso da lagar- mediária entre a lagarta e a mariposata, podendo também aparecer pontua- com cerca de 15mm de comprimento, ções escuras no corpo. A cabeça é ver- de cor verde clara. Acabou? Não. Depois de uma semade brilhante, podendo ficar mais escuna de descanso nesta fase, a pupa se transforma em mariposa. É agora que vamos fechar o ciclo. As mariposas tem cor marrom brilhante, com duas manchas circulares prateadas no primeiro par de asas. Logo após a emergência, machos e fêmeas se acasalam. As fêmeas podem acasalar-se até quatro vezes, e com machos diferentes. Entre 3

e 4 dias depois da fecundação, a fêmea põe os ovos, que podem superar 600 ovos, durante a semana em que ela passa ovipositando. No total a mariposa pode viver até 2 semanas. Danos na lavoura Bem, agora que eu já entendo tudo da lagarta, o que é mesmo que ela pode aprontar na minha lavoura? Ela come as folhas de soja. Você com certeza já viu folhas de soja que mais parecem o trabalho de crochê da vovó? Em que o tecido das folhas foi comido, mas as nervuras, até as pequenas, ficaram intactas, lembrando uma grade? Pois é, muito provavelmente esse dano é da lagarta falsa medideira. Embora sua população na lavoura, normalmente, seja inferior à da lagarta da soja, a sua capacidade de consumo de folhas é maior. Existem pesquisadores que já demonstraram que a falsa medideira pode comer até 200cm2 de folhas de soja. Mas, na prática, para efeito de cálculo de danos de lagartas às lavouras, tanto a lagarta da soja, quanto a falsa medideira podem ser contadas juntas. E só efetuar o controle quando se encontrar mais de 40 lagartas maiores que 1,5cm por pano de batida, na média das diversas amostras da lavoura. Ou, então se o desfolhamento estiver passando dos 30% antes do florescimento, e 15% depois do florescimento. Agora, se for preciso controlar tome um cuidado: a lagarta da soja morre muito mais fácil que a falsa medideira. Não é todo o inseticida que mata a lagarta da soja, e que também mate a falsa medideira, e, quando isso ocorre, as doses para controle da falsa medideira são maiores. Assim, se na sua lavoura você tiver entre 20-25% da população de lagartas constituída por falsa medideira, trate tudo como se fosse lagarta da soja. Acima disso, é melhor discutir com o seu agrônomo a melhor alternativa. Para dizer a verdade, se você quer mesmo conduzir a lavoura como manda o figurino, e melhorar a produtividade, a qualidade e a rentabilidade da lavoura, consulte o seu agrônomo com muita freqüência. Décio Luiz Gazzoni, Embrapa Soja


Soja

pragas

Fotos CNPSo

Planta de soja (FT-106) com raízes infestadas por Meloidogyne javanica. Observe-se a quantidade de galhas

Galhas para que não te quero No Brasil, entre os nematóides formadores de galhas em soja, destacam-se, pelos danos que causam, as espécies Meloidogyne javanica e M. incognita. Estas espécies têm sido constatadas com maior freqüência no Norte do Rio Grande do Sul, Sudoeste e Norte do Paraná, Sul e Norte de São Paulo e Sul do Triângulo Mineiro. Na região Central do Brasil, o problema é crescente, com severos danos em lavouras de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás Raiz de soja com galhas pela ação de M. javanica

N

as áreas onde ocorrem, observam-se manchas em reboleiras nas lavouras, onde as plantas de soja ficam pequenas e amareladas. As folhas das plantas afetadas normalmente apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras, caracterizando a folha carijó . Às vezes, pode não ocorrer redução no tamanho das plantas, mas, por ocasião do florescimento, nota-se intenso abortamento de vagens e amadurecimento prematuro das plantas atacadas. Em anos em que acontecem veranicos , na fase de enchimento de grãos, os danos tendem a ser maiores. Nas raízes das plantas atacadas, observam-se galhas em números e tamanhos variados, dependendo da suscetibilidade da cultivar e da densidade populacional do nematóide no solo. Fêmeas adultas com o formato de uma pêra são localizadas com facilidade no interior das galhas. Cada uma delas produz, em média, 500 ovos, que são depositados em uma substância gelatinosa. De cada ovo sai um juvenil de segundo estádio, que é vermiforme e constitui o único estádio infectivo desses nematóides. De um modo geral, no verão, o ciclo de vida se completa em 20- 25 dias. Para culturas de ciclo curto como a soja, todas as medidas de controle devem ser executadas antes do plantio. Ao constatar que uma lavoura de soja está atacada, o produtor nada poderá fazer naquela safra. Todas as observações e cuidados deverão estar voltados para os próximos cultivos na área. O primeiro passo é a identificação correta da espécie de Meloidogyne predominante na área. Amostras de solo e raízes de soja com galhas devem ser coletadas em pontos diferentes da reboleira, até formar uma amostra composta de cerca de 500 g de solo e pelo menos uns cinco sistemas radiculares de soja. O solo e as raízes devem ser acondicionados em saco plástico resistente, amarrado com barbante e identificado com o nome do produtor, endereço e local de coleta. A amostra, acompanhada do histórico da área, deve ser encaminhada, o mais rapida-

mente possível, a um laboratório de Nematologia. A partir do conhecimento da espécie de Meloidogyne é que se poderá montar um bom programa de manejo. O controle mais eficiente e duradouro do nematóide de galha é obtido com a rotação/sucessão de culturas e adubação verde, com espécies não hospedeiras. O cultivo prévio de espécies hospedeiras aumenta os danos na soja que as sucedem. Em áreas infestadas por M. javanica, recomendase a rotação com amendoim, algodão, sorgo, mamona ou milho resistente. Das cultivares de milho comercializadas, atualmente, no Brasil, Hatã 1001,

CNPSo

Lavoura de soja (FT-106) atacada por Meloidogyne javanica. Note-se a gravidade do problema

AG 519, AG 612, BR 3123, C 606, C Embora a utilização de cultivares 491W, C 855, C 929, C 806, C 505, C de soja resistentes aos nematóides de 447 e C 956, apresentam resistência galha seja o meio de controle mais efi(FR<1) a M. javanica. ciente e mais adequado Quando M. incognita para o agricultor, essa esfor a espécie predomitratégia apresenta possinante na área, pode- Medidas de controle bilidades limitadas, pois, devem ser tomadas rão ser semeados o das cultivares recomenantes do plantio; amendoim, o sorgo ou dadas, no Brasil, poucas depois não há nada a mamona. A adubaapresentam resistência a fazer ção verde com Crota(Tabela), que, ainda, polaria spectabilis, C. derá ser perdida em áregrantiana, C. mucroas com altas populações nata, C. paulinea, mucuna preta, mu- do nematóide. Portanto, o plantio de cuna cinza ou nabo forrageiro também cultivares resistentes por si só não recontribui para a redução populacional solve o problema, mas deve fazer parde M. javanica e de M. incognita. Os te de um esquema de rotação de culnematóides de galha se reproduzem turas. bem na maioria das plantas invasoras. Waldir Dias; Assim, recomenda-se também o con- João Flávio Veloso Silva; trole sistemático dessas plantas nos Antônio Garcia, Embrapa Soja focos do nematóide.


Informe especial stoller

Soja cresce com manganês por cima O

manganês é considerado um micronutriente essencial para plantas superiores, dentre elas a soja, pouco eficiente na absorção desse elemento. A aplicação via foliar de manganês em culturas anuais vem mostrando em vários trabalhos científicos e de campo uma eficiência muito maior do que a aplicação via solo, independentemente da fonte ou forma de aplicação. Isso se explica, pois grande parte dos fatores que diminuem a disponibilidade do manganês estão relacionados com fatores de solo. Pode ocorrer por : Fertilidade natural baixa (solos provenientes de arenitos, solos rasos); Elevação do pH (diminui a solubilidade dos óxidos, aumenta a CTC, aumenta as formas precipitadas, aumenta a estabilidade dos complexos com a matéria orgânica); Desequilíbrios com magnésio, cálcio e ferro (competição); Teor de matéria orgânica (adsorção); Potencial redox. Já se confirmou que para doses de 10 e 20 ppm (20 e 40 kg/ha) do elemento manganês aplicado via solo, as taxas de recuperação foram iguais e muito baixas, sendo de 0,70% quando a fonte foi sulfato (MnSO4) e 0,43% quando a fonte foi óxido (MnO). Isso evidenciou que a disponibilidade do manganês dessas fontes é reduzida pelo contato do fertilizante com o solo. Em trabalho anterior já se constatara que para se obter ótima resposta à aplicação e produção máxima, as doses de manganês a serem utilizadas seriam de 14 kg/ha para aplicação a lanço, 3 kg/ha em aplicação localizada

(faixa) e 100 g/ha quando a opção for via foliar. Aplicação foliar de Mn: É interessante que a fonte seja adequada para realmente poder suprir a necessidade das plantas com menor risco. Para uma maior segurança é interessante que a fonte tenha as seguintes características: Fonte solúvel em água (para

evitar problemas de pulverização e de absorção pela planta). Fonte que possua um tensoativo (para promover maior espalhamento e aderência da calda). Fonte quelatizada, que proteja o nutriente contra reações indesejáveis. As reações podem ser: a) Lixiviação e/ou Retenção Cuticular. Quando o nutriente é quelatizado, ele não fica retido na cutícula foliar, que tem cargas negativas livres e,

Fotos Stoller

Abaixo, planta deficiente em manganês, devido ao excesso de calcário. Os sintomas iniciam sempre nas folhas novas porque o micronutriente é pouco móvel no floema. Ao lado, detalhe de trifólio com a folha amarelecida e as nervuras verdes

Stoller

livres(radicais carboxílicos) no chamado espaço livre de Donnan . Dessa maneira, o manganês fica em grande parte retido na folha em que caiu, tendo baixa translocação para folhas novas que surgem posteriormente. Quando o manganês é quelatizado não existe essa adsorção e o elemento se movimenta mais para as folhas novas, corrigindo ou prevenindo o sintoma em todas as partes da planta. d) Mantém a estabilidade dos defensivos na calda. Alguns defensivos possuem cargas negativas livres ligados a seus princípios ativos. Colocando o manganês no mesmo tanque, poderíamos propiciar reações que interfeririam na perfomance do defensivo. Com o uso de quelatos, as Maurício recomenda o uso de manganês misturas de tanque com defensivos são mais seguras, pois não há cargas portanto, atravessa com maior rapidez positivas no meio. Além disso, essa barreira. Dessa maneira, a eficiênpodemos escolher fontes quelatizadas cia de uma aplicação é elevada. Caso que acidificam a calda, diminuindo ocorram chuvas posteriores a aplicatambém as perdas por hidrólise ção, o manganês quelatizado será, alcalina. portanto, menos lixiviado (lavado) da e) Pode-se aplicar vários nutriensuperfície foliar, pois já penetrou na tes em uma mesma calda. Além de planta. Segundo Marschner o mangaproblemas de incompatibilidade nês é um nutriente altamente lixiviáfísica, alguns nutrientes exercem vel das folhas pelas águas de chuvas/ efeito antagônico sobre outros. Sabeirrigação. se, por exemplo, que b) Aumenta o aproa mistura de cobre veitamento da pulverizaA aplicação do ou boro pode reduzir ção. Quando um nutrimanganês por via a absorção de zinco ente na forma de sal, foliar apresenta aplicado na forma de como o sulfato de maior eficiência do sulfato em até 50%. manganês, cai na folha, que em outros Contudo, esse além de ficar mais retido métodos problema não ocorre na cutícula, o aproveitase o zinco for quelamento será basicamente tizado. Podemos utilizar essa inferênda parcela da pulverização que atinge cia para o caso do manganês. a planta, pois a maior parte da que Segundo trabalho publicado, um cairá na terra terá baixo aproveitamenbom quelato de manganês pode ser to devido a fatores inerentes ao solo, já 2,5 a 10 vezes a mais eficiente que o citados. Quando o nutriente é quelatisulfato de manganês. Isso significa zado, a parte da pulverização que cai que podemos trabalhar com doses no solo também é aproveitada, pois o menores e com respostas semelhannutriente está sem cargas e, portanto, tes. não reage. Também dessa forma As épocas mais adequadas para aumenta a sua mobilidade no solo e aplicação do elemento em soja são os ele poderá atingir a zona radicular. estádios V4 (quarto nó formado) e c) Aumenta a resposta à aplicação V10 (nove trifólios desenvolvidos). em todas as partes da planta. Quando o manganês na forma de sal penetra no espaço livre aparente de uma folha, Maurício S. Rossi, ele encontra cargas negativas Stoller


Soja

pesquisa

Soja que se come

O

Brasil vai produzir cultivares sistemas de agricultura familiar, norde soja próprias para o consu- malmente beneficiada pelo uso de remo humano, um hábito ainda não exis- síduos orgânicos e baixo consumo de tente no país, mas muito comum no agroquímicos. A principal pesquisadora envolviJapão e em crescimento nos Estados Unidos. A pesquisa das novas culti- da na área, Mercedes Carrão Panizizi, vares já começou em Londrina, na diz que nas combinações de cruzaEmbrapa Soja, que firmou convênio mentos genéticos serão observadas a com uma empresa privada para testar produtividade e resistência a doenças linhagens produzidas em sistema de mais importantes e adaptação para cultivo nas regiões tradicicultivo orgânico. onais produtoras de soja. O Os ensaios estão objetivo primeiro, segundo sendo instalados A pesquisa já começou no Paraná; Mercedes, é estabelecer nos municípios paos ensaios foram uma estratégia de avaliação ranaenses de Capainstalados em quatro de linhagens específicas nema, Palmas e municípios para a alimentação humaPonta Grossa, e em na e resistentes a insetos, Campos Novos, SC. produzidas num sistema O acordo, segundo o chefe da Embrapa Soja, Caio de cultivo orgânico. A idéia, na realidade, não é nova, Vidor, é uma forma de consolidar a proposta de incentivar a produção de pois desde 1985 a Embrapa Soja desoja para consumo humano, buscan- senvolve um programa de melhorado perspectivas de sua utilização em mento genético visando a obtenção de

cultivares mais adequadas ao consumo humano. O resultado é o desenvolvimento de linhagens avançadas, que passarão agora por testes de rendimento e adaptação ao ambiente, tanto em sistema convencional quanto no orgânico. Procura-se, com isso, o desenvolvimento de características com melhor sabor, alto teor de proteína, redução de fatores antinutricionais e melhoria dos aspectos físicos dos grãos, tais como tamanho e hilo claro , o que não provoca escurecimento do produto quando processado. Cultivar

Mercedes coordena as pesquisas com soja comestível


Manejo de resistência II parte

legislação brasileira sobre sementes estão previstos índices máximos para certas espécies nocivas, porém essas normas não consideram o fenômeno relativamente novo da resistência. As máquinas colheitadeiras, além disso, podem levar sementes de infestantes de uma lavoura para outra, espalhando o problema, quando colhem grãos. Sabendo-se da ocorrência de plantas resistentes na área, uma limpeza em regra é exigida após o trabalho, ou antes de passar para outra lavoura. Já estão aparecendo as primeiras colheitadeiras que, além dos grãos da cultura, colhem e separam outras sementes, como as de plantas infestantes. Alguns protótipos já operam na Austrália. Desse modo, pode-se remover grande quantidade de sementes daninhas. O controle também envolve práticas culturais. Assim, a época de semeadura é importante, pois basta retardála para que maior número de plantas infestantes tenha emergido na hora da aplicação de herbicidas de manejo . Isso ajuda a eliminar bom número de competidoras, inclusive algumas resistentes. Além disso, há a possibilidade de se alternar culturas do mesmo período (mesmas espécies infestantes), que permite trocar de métodos de controle, inclusive herbicidas com diferentes mecanismos de ação. Essa medida é muito prática para ajudar na solução do problema.

Este é o segundo artigo da série sobre resistência de plantas daninhas a herbicidas, preparada especialmente para essa revista pelo Dr. Kurt Kissmann, especialista da área

M

edidas de manejo têm sido recomendadas para enfrentar o problema da resistência de plantas daninhas a herbicidas, mas infelizmente não são muitas as alternativas disponíveis e menos ainda as práticas adequadas à situação de cada lavoura. Desde o início é necessária uma identificação precisa das espécies daninhas que ocorrem na lavoura, bem como é indispensável conhecer sua biologia. Também se deve conhecer bem o fenômeno da resistência e saber quando está efetivamente ocorrendo ou quando há possibilidade de isso acontecer. Se um fenômeno de resistência ocorre em uma região, deve-se prestar muita atenção às espécies e herbicidas relacionados. No Brasil, as espécies que merecem atenção especial, por já terem sido relacionadas a casos de herbicidas, são a Amaranthus sp., Bidens pilosa, Brachiaria plantaginea, Euphorbia heterophylla, Sagitaria montevidensis. No mundo já foram identificados, até 05.10.99, 219 biótipos, em 147 espécies resistentes (ver na internet www.weedscience.com). Devemos nos preocupar mais, pela ocorrência de espécies no Brasil, com Avena spp., Echinochloa spp., Eleusine indica, Lolium sp., e Setaria spp. A existência de um biótipo resistente a determinado herbicida é no geral muito baixa inicialmente; talvez uma

X - Kid

planta em um bilhão. Se uma planta resistente completa o ciclo, vai produzir algumas centenas ou milhares de sementes. Nas safras seguintes ocorre uma multiplicação em escala geométrica. Geralmente, quando detectado, o problema já é significativo. É necessário tentar conter ou eliminar o problema nas lavouras. E evitar também a disseminação em outras áreas. É preciso reconhecer, contudo, que esse mesmo biótipo existe, naturalmente, em muitas outras áreas, de onde igualmente vai haver disseminação. Os

focos tendem a se multiplicar. Plantas resistentes desenvolvem-se quando o controle das plantas infestantes é efetuado basicamente com herbicidas, usando-se com alta freqüência produtos com mecanismos de ação semelhantes. Medidas preventivas Já se conhecem medidas preventivas. Antes de tudo, por exemplo, devese usar sementes não contaminadas com sementes de espécies daninhas. Na

Métodos mecânicos E há, ainda, métodos mecânicos de controle, como as capinas ou o pastoreio depois da colheita. A resistência a métodos mecânicos, como a capina, vem de um eventual rebrotamento ou um novo enraizamento a partir de partes vegetais deixadas sobre o solo. No caso de plantas como as trapoerabas o ideal é remover todo o material depois da capina. Há casos em que a capina pode eliminar plantas resistentes, mas

J. B. da Silva

Milho em pós-emergência com invasoras

a movimentação do solo traz à superfície novas sementes, dando-lhes condições de germinar. Exemplo disso é o picão-preto, Bidens pilosa. Soltar o gado nas áreas colhidas pode ajudar na eliminação de plantas daninhas que venham a se estabelecer. Isso é mais significativo se o plantio da cultura á alternado com a exploração pecuária, como muitos fazem alternando cultura de arroz irrigado com pastagem. No passado isso era prática normal para o controle do capim-arroz Echinochloa spp. Hebicidas dominam O uso de herbicidas é a prática dominante no controle das plantas indesejadas. Novos produtos, com características sempre mais interessantes, surgem a cada temporada. Ação - Em princípio, herbicidas com mecanismos de ação semelhantes também tendem a falhar contra os mesmos biótipos de plantas resistentes. Isso, contudo, não é uma regra

fixa. Pequenas diferenças nos sítios de atuação produzem resultados diferentes. Um biótipo resistente a um inibidor de ACCase pode ser menos resistente a outro produto ou ser suscetível a um terceiro. Um biótipo resistente a um inibidor de ALS também pode ser menos resistente ou suscetível a outro produto. Na prática, tem se observado que numa espécie com resistência não ocorre apenas um biótipo, mas diversos, os quais têm sensibilidades a diversos herbicidas com mecanismos de ação semelhantes. Tabelas Estão sendo construídas tabelas agrupando produtos com mecanismos e sítios de ação semelhantes. Essas tabelas ainda não são perfeitas e continuam a ser aprimoradas. De qualquer modo, são muito úteis para a seleção de herbicidas diferentes. Deve-se considerar que entre os mecanismos de resistência também podem estar a alteração na capacidade metabólica ou a retenção, conforme explicado na primeira parte. Para esses tipos de resistência ainda não se formaram tabelas e as atuais, baseadas na atividade bioquímica dos produtos, têm pouca serventia em relação a mecanismos metabólicos ou de retenção. Níveis O nível de controle necessário para invasoras em geral é aquele que evita dano econômico. Nem sempre é necessário um controle de 100%. No caso de espécies com biótipos resistentes, entretanto, devese visar sempre um controle próximo ao total. Misturas É comum hoje o uso de dois ou mais herbicidas para uma cultura, mas geralmente para complementação do espectro. Eventualmente uma mesma espécie é suscetível aos dois ou mais produtos visados. Visando ao problema da resistência, pode-se combinar o uso de dois tipos de herbicidas, com mecanismos de ação diferentes.

Plantas resistentes desenvolvem-se quando o controle de invasoras é feito com herbicidas de mecanismos de ação semelhantes


Fotos Kissmann

Brachiaria plantaginea

Bidens pilosa

Sagittaria montevidensis

Cultivar

Quando se combinam dois herbicidas eficientes contra uma mesma espécie, geralmente se reduzem as doses, esperando o efeito somatório. Isso torna-se crítico no caso de resistências, pois se uma planta é resistente a um dos produtos, necessitará a dose plena do outro composto para ser controlada. Sabendo-se da ocorrência de uma espécie resistente a um produto, melhor que combinar é usar logo a dose plena de outro produto, sabidamente eficiente. Na combinação de dois herbicidas de pré-emergência, ou um de pré e outro de pós, deve ser lembrado que um efeito residual diferenciado (um longo e outro curto ou inexistente) deixaPara Kissmann, deve-se observar o nível de dano rá espécies de plantas daninhas expostas a um só produto por certo tempo. se semear culturas transgênicas e usar O melhor é que ambos tenham perío- um herbicida total ao qual essa cultura foi tornada resistente. dos de atuação semelhantes. Alternância A escolha de um Classes de herbicida depende de muitos fatores. herbicidas Alternar para uma mesma cultura, de Existem muitos critérios para agruforma preventiva, pode ser interessanpar herbicidas. Um deles é segundo a te se na região são conhecidos casos forma de atividade biológica dos prode resistência e plantas resistentes podutos. Devemos lembrar que: dem estar ocorModo de ação engloba torendo na lavoura dos os episódios, desde o consem a percepção tato do herbicida com as planDeve-se usar do agricultor. Se tas até o resultado final. Classementes de boa produzirem sesificações segundo o modo de procedência; não mentes o probleação são muito abertas. contaminadas por ma se multiplica. invasoras Mecanismo de ação define Sem um história interferência direta na atico regional de revidade bioquímica, da qual resistência e sem sulta o efeito herbicida. Um outros motivos significativos, a alterproduto pode apresentar um mecanisnância pode não fazer muito sentido. mo único ou vários mecanismos, dos Nos últimos anos surgiram muitos quais um pode ser mais importante ou herbicidas altamente eficientes, que o resultado pode depender da soma de dominaram o mercado. Alguns deles, efeitos. no entanto, apresentam riscos de reA classificação apresentada por orsistência. Para programas de manejo ganismos internacionais considera estende a crescer novamente o uso de pecialmente os mecanismos de ação velhos produtos, de menor eficiência que podem conduzir a resistências. mas sem históricos de resistência, Essa classificação é atualizada na mecomo as dinitroanilinas ou cloroacedida em que novos conhecimentos tamidas, por exemplo. surgem. Biotecnologia O advento de plantas cultivadas tornadas resisten- Kurt G. Kissmann, tes a herbicidas não seletivos pela ma- Consultor nipulação genética estará modificanNo próximo número: do a forma de superar problemas de A classificação e mecanismos resistência. Na ocorrência de um prode ação dos herbicidas blema com qualquer herbicida, pode-


Invasoras

trapoerabas

Silvio Santos Jr.

Belas, invasoras e tolerantes Commelina erecta

As trapoerabas têm sido muito estudadas tanto por botânicos como por agrônomos, porque apresentam tolerância a alguns produtos herbicidas e, por isso, são plantas de difícil controle

Daniel Oliveira

O

fenômeno da tolerância difere cia distintos, ou seja, uma espécie podo fenômeno da resistência deria ser mais tolerante que outra, ou (ver quadro). Essas plantas pertencem ainda, uma espécie ser tolerante e ouà família Commelinaceae, que possui tra ser suscetível. Para investigar esta cerca de 620 espécies distribuídas nas hipótese, é necessário conhecer e disregiões tropicais e subtropicais do pla- tinguir cada uma das espécies. Neste neta. Apenas alponto, os botânicos podem gumas espécies auxiliar muito os agrônomos e são encontradas técnicos. Cabe aos botânicos Como planta no Brasil, muitas estabelecer os critérios de disdaninha, são delas trazidas de tinção dessas espécies, chamaconhecidas seis outros países dos caracteres taxonômicos. espécies de para uso como Outra hipótese que se pode trapoeraba planta ornamenconsiderar é a variabilidade de tal devido à beletipos de reprodução que essas za das flores e foplantas apresentam. As trapolhagens. Como planta daninha, são co- erabas podem se reproduzir por meio nhecidas cerca de seis espécies diferen- de sementes (reprodução sexuada) ou tes. Dessas, a Commelina benghalensis por meio de enraizamento de porções parece ser a mais conhecida dos agrô- caulinares (reprodução assexuada ou nomos e técnicos agrícolas. vegetativa). Essa capacidade reproduA tolerância dessas plantas aos her- tiva (ver quadro) é uma estratégia da bicidas pode ter vários motivos. Existe planta para garantir sua perpetuação no uma hipótese que diferentes espécies ambiente. poderiam apresentar graus de tolerânPequenos pedaços do caule dessas

Daniel Oliveira

Tradescantia fluminensis

Commelina benghalensis Silvio Santos Jr.

Commelina diffusa

Tolerância e resistência Com o uso intensivo de produtos herbicidas para o controle de plantas daninhas, principalmente nas grandes lavouras, ocorre um fenômeno natural de seleção dos indivíduos da mesma espécie que têm a capacidade de não sofrer a ação do produto, seja por estratégias bioquímicas de desativação da molécula, seja por características outras. Esta capacidade individual pode ser transmitida aos descendentes gerados por sementes ou por reprodução vegetativa. Com o passar do tempo surge, naquela população, um grupo de indivíduos denominados biotipos resistentes. Esses biotipos podem, então, re-

plantas que se destacam da planta mãe, ou que já estavam destacados, podem enraizar e desenvolver novas plantas independentes. Este fenômeno é fácil de observar após uma capina, quando os restos ficam no terreno e posteriormente dão origem a novas plantas. Essas plantas também podem formar sementes. As flores contém os órgãos sexuais das plantas (ver quadro) que darão origem às sementes. No androceu forma-se o pólen que ao cair no gineceu fecunda a flor. A partir desse momento inicia o processo de formação das sementes. No caso da espécie Commelina benghalensis existem flores aéreas e flores subterrâneas, ambas com capacidade de produzir sementes. Tanto as sementes produzidas pelas flores aéreas como as produzidas por flores subterrâneas podem ser viáveis, isto é, ao cair no solo, e originar novas plantas. Em todas as espécies de trapoerabas infestantes tem se observado a produção de até cinco sementes por fruto. As flores aéreas se apresentam em conjuntos, chamados inflorescências. Na espécie C. benghalensis, por exemplo, cada inflorescência pode ter até cinco flores, sendo que cada uma abre e morre no mesmo dia, num pequeno período que não ultrapassa seis horas (geralmente das 9 às 12 horas). Isto significa que apenas uma inflorescência pode produzir até 25 sementes. Uma

produzir-se e aumentar, cada vez mais, o número de indivíduos resistentes nessa população, até torná-la totalmente resistente. Dessa forma, é fundamental definir o conceito de alguns termos usados em agronomia. Tolerância e Resistência, por exemplo, são termos distintos: O fenômeno da tolerância é o que chamaríamos de resistência natural, ou seja, há espécies que, apesar de sofrer em alguns aspectos, sob a ação do produto, muitos indivíduos não morrem e a população, portanto, nunca é completamente controlada. Assim temos a definição dos termos: Biotipo - como sendo um indivíduo Cultivar

Dalva explica a tolerância das trapoerabas

única planta pode gerar muitas inflorescências numa semana, além de muitas flores subterrâneas. Essa alta taxa de produção de sementes é um fator relevante para a manutenção da espécie no ambiente. A biologia dessas plantas é um assunto que interessa aos botânicos e essas informações poderão auxiliar os agrônomos. A parceria entre botânicos e agrônomos deve ser incentivada. Dalva Cassie Rocha, Uiniversidade de Ponta Grossa

(planta) de uma população qualquer; Biotipo resistente - aquele indivíduo, de uma população, capaz de não sofrer a ação do produto; Biotipo susceptível - aquele indivíduo, de uma população, que sofre a ação do produto; População suscetível - aquela na qual todos, ou a maioria dos indivíduos, sofrem a ação do produto; População resistente - aquela cuja maioria, ou a totalidade, dos indivíduos são biotipos resistentes; População tolerante - aquela cuja maioria dos indivíduos não morre, mesmo sofrendo alguns danos, sob a ação do produto; Biótipo tolerante - aquele indivíduo que, apesar de sofrer danos, não morre sob a ação do produto.

Reprodução As plantas podem possuir dois tipos de reprodução: Reprodução sexuada - aquela que ocorre por meio da formação de sementes, que provém das flores e Reprodução assexuada - aquela que ocorre sem a participação da flor, ou seja, sem a formação de sementes. Em geral as plantas daninhas multiplicam-se por meio desses dois tipos de reprodução. Para que ocorra a reprodução sexuada a planta necessita de órgãos especiais. Algumas definições seguem abaixo: Inflorescência - conjunto de flores; Flor - órgão de reprodução, que abriga os aparelhos sexuais feminino e masculino; Androceu - aparelho sexual masculino da flor; Gineceu - aparelho sexual feminino da flor; Polinização - fenômeno de transporte do pólen, do aparelho masculino para o aparelho feminino da flor; Pólen - estrutura masculina que contém o núcleo com as características a serem transmitidas para os descendentes; Semente - órgão de reprodução sexuada que contém o embrião de uma nova planta; Fruto - órgão que contém a semente, formado a partir da flor.



B. Consulting

BRANDALIZZE consulting MILHO Final do ano deixa milho sem fôlego A proximidade da chegada do final do ano tem deixado o mercado do milho com pouca pressão de compra e assim já tivemos queda nos indicativos efetivados. Os compradores apontam que não é viável formar estoques e levam das mãos para a boca, forçando as posições para baixo. Como já se observou no RS, dos R$ 14,00 para os R$ 13,50 com negócios nos R$ 13,30 e no Paraná dos R$ 13,50 para os R$ 12,20, com boatos que rodaria abaixo. O clima seco em novembro já causou problemas às lavouras do milho do Rio Grande do Sul até partes do Paraná. Os produtores temem que o clima possa prejudicar em dezembro e assim comprometer a safra. Por enquanto, continuamos com um quadro apertado, mas o governo vem leiloando cerca de 100 mil T semanalmente, abastecendo as necessidades de boa parte do mercado. Os consumidores pressionam o governo para que tire a alíquota de importação do milho, que é de 11% de fora do Mercosul. Os argentinos reclamaram, apontando que tem milho para atender às necessidades do Brasil.

SOJA

Clima seco atrasa o plantio O clima seco em novembro prejudicou o avanço do plantio da soja em grande parte do país e muitos já acreditam que o atraso deverá causar a redução da produtividade. Mesmo com o atraso, espera-se que o plantio seja muito próximo do ano passado. Muitas áreas que deveriam receber milho e arroz estão recebendo a soja, o que mostrará números grandes e uma expectativa de produção superior a 31 milhões de T. Mesmo com o mercado apontando para uma

ARROZ Mercado ensaiou alta e voltou atrás

FEIJÃO

Colheita chegando e pressionando o mercado para baixo O mercado do feijão, que em novembro conseguiu manter indicativos de R$ 40,00 e até acima dos R$ 50,00 aos produtores para o produto de boa qualidade, agora deve começar a ver pressão da chegada da safra nova, que entra em colheita nestes próximos dias. Assim, há indicativos de queda a vista. Para dar sustentação as cotações teríamos que ter problemas com a colheita. A demanda de feijão cai em dezembro e a pressão baixista vem dobrada. Com aumento da oferta e queda na demanda.

monitoramento

U

grande safra, os indicativos de preços para a safra nova mostram que deverá se trabalhar com preços maiores que os praticados na colheita deste ano.

O mercado do arroz mostrou ajustes, em novembro, de R$ 1,00 até R$ 1,50 na saca em casca, mas as indústrias, vendo a demanda de dezembro fraca, recuaram nas compras forçando os vendedores, que apareceram e novamente houve queda nos indicativos, com posições de R$ 14,50 frente aos negócios que rodaram nos R$ 15,00. Este mês de dezembro normalmente é vendedor e tem pouca demanda. Estamos entrando em período de férias e assim o arroz tem o seu consumo em queda, e sem fôlego para ajustes. Neste mês já teremos colheita das primeiras lavouras do arroz no Mato Grosso do Sul. Com isso, aponta-se poucas chances de avanços de agora em diante. Há muito arroz para ser negociado e, portanto, sem chances de avanços.

Tomate

CURTAS E BOAS ... ARGENTINA - Os

TRIGO - O governo já aposta em colher 3 milhões de T na safra do ano que vem. Os indicativos ajustados com preços na casa dos R$ 220,00 por T. A boa procura pelo setor de ração neste ano tem agilizado as negociações.

EUA - O governo americano, através do USDA, autorizou créditos de US$ 155 milhões ao Brasil para compra de cereais, com o milho sendo o produto mais visado, mas podendo valer para soja. O anúncio ajudou para esfriar o mercado do milho no Brasil.

Sementeiros gaúchos vêm crescer a procura pelo produto convencional. Os produtores gaúchos, temendo o governo, que está fiscalizando as lavouras, correram atrás das sementes convencionais, para não arriscar a ter a lavoura condenada. Os sementeiros e cooperativas agradecem ao governo do estado.

novos números apontam crescimento da safra. Mesmo com alguns problemas climáticos, voltou a indicar crescimento de 6% na área da soja e cerca de 10% na área de milho. Assim, poderemos ter 20 milhões de T de soja e cerca de 15,5 de milho.

TRANSGÊNICOS

m projeto especial nascido de uma emergência, em que a iniciativa privada substituiu a área pública, está salvando a cultura do tomate na região de Paty do Alferes, no Estado do Rio. Mais, ainda, está servindo de ensaio para adoção em áreas maiores, fixando o homem na terra e reduzindo o uso de agroquímicos com suas consequências aos agricultores e ao meio ambiente. No início patrocinado pela União Européia, que retirou depois o apoio, tinha a participação de 17 instituições, mas quase morreu e acabou revitalizado a partir de março de 97, com sua adoção pela AgrEvo, que forneceu os recursos necessários. Campo de experiência, já serviu como tema para mais de 150 teses de mestrado e doutorado, salienta o entomologista Irineu Lobo Rodrigues Filho, da Universidade Federal Rural do Rio, que dá apoio ao projeto. A idéia, explica o agrônomo Rudolf Zander, gerente de mercado da AgrEvo, responsável por sua execução, é fornecer tecnologia para o desenvolvimento

Fotos Cultivar

sustentável do pequeno agricultor. Na região de Paty do Alferes, de minifúndio, voltou a ter rendimento a cultura do tomate e se registra redução de até 67% no uso de agroquímicos. Mais, ainda, o uso de qualquer produto químico só ocorre quando realmente há necessidade, após o monitoramento que acusa a presença de insetos-praga ou vetores de doenças (tripes, mosca branca e pulgão) em número capaz de causar dano econômico. Importante a verificação preventiva dos pequenos frutos para detectar presença de ovos dos insetos. Cursos especiais de pragueiros foram ministrados a agricultores, que percorrem duas vezes por semana as plantações segundo critérios estabelecidos e constatam se há pragas, o número de insetos e inclusive a população dos inimigos naturais. Como resultado, em lugares onde havia até 40 aplicações de inseticidas as pulverizações caíram para cerca de 15. Manejo integrado é a palavrachave, e os mais atualizados conhecimentos na área são empregados com a supervisão do especialista Santin Gravena. O monitoramento de insetos é dirigido pelo entomologista Irineu Rodrigues e o controle de resíduos é da química Irene B de Alleluia, do Instituto Nacional de Tecnologia, que completa o grupo líder. Irene controla os resíduos de pesticidas no solo com atenção especial para metais pesados -, nos vegetais e principalmente nos agricultores que os manipulam. Análises periódicas de sangue detectam eventuais contaminações em tem-

• Cultivar

Dezembro 1999

po para evitar problemas maiores. Controlamos os agroquímicos desde sua aplicação até a chegada do produto ao mercado , diz a química, que ressalta a qualidade do produto final. A região, de serra, com lavouras nas encostas íngremes de até 50º de inclinação, teve estancada a migração, como destaca o agricultor Rachid Elmor, um entusiasta a partir do momento em que passou a ter lucro em cinco hectares de tomates. O aplicador voltou a usar equipamento de proteção, diz, e já sabe como descartar embalagens. O produtor retomou a confiança e até mesmo vendedores de agroquímicos têm outro procedimento. Mudou a mentalidade geral, diz Rachid. As experiências de Paty do Alferes já se estendem para áreas maiores, para Minas, por exemplo, onde cresce a cultura do tomate rasteiro. Com espanto já se fala de lucros de US$ 853 por hectare obtidos em tomate em Patos de Minas devido a redução de custos gerada pelo uso menor de agroquímicos.

Tomate com pouco agroquímico Pragueiro conta o número de insetos que infestam a lavoura

28

Zander acompanha a aplicação da tecnologia



Biotecnologia atualidades

Atlantic Monthly

Guerra de informações prejudica a agricultura U

ma onda de informações con- gar anúncios em favor da legalização dos tra e a favor das plantas transgê- OGMs. A Assembléia Legislativa do RS nicas ocorreu no mês de novembro pas- também não progrediu nos debates sosado, enquanto se espera a decisão do bre uma proposta de lei transferindo ao Poder Judiciário sobre a autorização do governo federal, a exclusividade de leplantio de soja geneticamente modifica- gislar sobre o assunto. da no Brasil. No Rio Grande do Sul, o Japão governo estadual recuou em sua política aprova do prende-e-arrebenta e suspendeu as viUm dos principais argumentos conolentas fiscalizações nas plantações de trários ao plantio de transgênicos acabou soja depois que a poderosa Farsul, que caindo nos últimos dias, com a aprovacongrega os produtores rurais gaúchos, ção, pelo Japão, de sete variedades de ameaçou recorrer à Justiça e pedir indeprodutos transgênicos, classificando-as nização. como seguras para o conO início da fiscalizasumo humano. A suposção desencadeou uma ta oposição japonesa aos O Japão aprovou guerra legal e de inforOGMs vinha sendo esgrisete variedades de mações. O governo gaúmida pelos opositores transgênicos, cho, contrário aos orgadessas plantas como de classificando-as nismos geneticamente como seguras grande importância para modificados, lançou assegurar o mercado diuma ofensiva e apreenferenciado para produtos deu sementes armazenaconvencionais brasileidas. Dizendo-se apoiado por várias orgaros. O Japão aprovou três variedades nizações de agricultores, o governo estransgênicas de milho e uma de algodão barrou porém na decisão da Farsul de reresistente a herbicidas da Monsanto, correr à Justiça, uma vez que somente o duas de canola resistentes a herbicida Ministério da Agricultura tem poderes (uma da Rhône-Poulenc e outra da AgrEpara fiscalizar fazendas. Não havendo vo), e uma de beterraba da AgrEvo. convênio pelo qual o Ministério outorA aprovação nipônica provém de um gasse os poderes ao Estado, a atitude descomitê formado por conselheiros entre se foi interpretada como invasão de propriedades. Além dos ecologistas e uma acadêmicos, representantes de organizade advogados, as demais organizações ções de consumidores, agências de conque apóiam o governo estadual são as li- trole de alimentos e associações médicas. Segundo o comitê, as variedades de gadas ao Movimento dos Sem Terras. O governo iniciou, então, uma cam- sementes estão de acordo com as normas panha em jornais e rádios, alertando os de segurança tanto alimentares quanto agricultores sobre a ilegalidade do plan- ambientais. A informação ainda não foi tio, enquanto a Braspov passou a divul- comentada no Brasil.

Europa resiste Agora a oposição está centralizada na União Européia, que teme a oposição das organizações ecológicas. O Reino Unido confirmou a existência de um acordo com a indústria agroquímica para adiar por três anos o plantio de sementes transgênicas, enquanto se avaliam as safras experimentais. Considerando-se o tempo necessário para a colheita, o plantio comercial deverá ocorrer somente após 2003, embora não haja proibição legal, mas como resultado de acordo voluntário. Já na França um experimento do governo com arroz transgênico foi destruído por manifestantes, gerando protestos dos pesquisadores e das organizações de produtores. O governo processou os manifestantes e salientou que a destruição vai atrasar a pesquisa em dez anos, além de causar prejuízos de grande monta. A influente revista Recherche (Pesquisa) disse em sua última edição que o incidente provocou amplo debate sobre o papel dos ecologistas na questão. As organizações de agricultores, que pretendiam denunciar as multinacionais sementeiras pelo uso de OGMs para aumentar a dependência agro-econômica dos países pobres, mudaram de idéia. O sentimento de terem sido enganados é cada vez mais forte entre os produtores, que acabaram assim destruindo as experiências patrocinadas pela União Européia. Os líderes dos agricultores repudiaram a ação, esclarecendo que sua intenção sempre foi a de solicitar uma moratória de cinco anos para os OGMs exatamente para dar tempo de se avaliarem as experiências.

Ainda em defesa da VIDA Norman Borlaug, agrônomo, Nobel da Paz em 1970

Aos 85 anos, o agrônomo americano Norman Borlaug, considerado o pai da Revolução Verde, está preocupado com os ecologistas radicais e o público cientificamente inculto, que podem retardar a velocidade da pesquisa necessária para alimentar os muitos milhões de seres humanos que se aglomerarão no planeta no próximo século. Borlaug, o único agrônomo a ganhar o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho desenvolvendo variedades de trigo, lamenta que os ativistas ambientais reduzirão a velocidade da aplicação de biologia molecular e a tecnologia transgênica para a produção de alimentos. Todo este clamor na Europa poderá atrasar a pesquisa por vários anos e depreciar os preços de produtos agrícolas desse tipo , disse Borlaug para a @griculture Online na Texas A & M University, onde é professor emérito. Borlaug acredita que as preocupações atuais na Europa sobre os organismos geneticamente modificados (OGMs) são temporárias e diminuirão em dois ou três anos. Questão política É político. Não é científico, disse. Nós precisamos de tecnologias como essa . Mas Borlaug se preocupa porque o conhecimento do público

sobre biologia molecular é tão pobre, até mesmo entre professores de biologia das escolas secundárias, que muitas pessoas estão aceitando argumentos infundados contra alimentos geneticamente criados. Alguns extremistas no movimento ecológico incitam a controvérsia e confundem as pessoas em proveito próprio , disse. Sua maior preocupação é que os fanáticos ecológicos influenciarão o suficiente para retardar a pesquisa em produtividade e resistência das culturas contra insetos e doenças. Borlaug compara esse cenário com a influência do geneticista ucraniano e agrônomo T.D. Lysenko sobre o ditador Josef Stalin. Lysenko acreditava que certas práticas agrícolas pudessem alterar a genética. Ele influenciou Stalin e cruelmente silenciaram os geneticistas soviéticos que discordaram, matando ou mandando-os para a Sibéria. Lysenko atrasou a pesquisa agrícola soviética por décadas, segundo Borlaug. O agrônomo premiado acha que usar plantas com genes de Bt resistentes a insetos, por exemplo, é de longe melhor para o ambiente do que borrifar lavouras com inseticidas capazes de prejudicar insetos benéficos e pássaros. E as mudanças

Arroz com vitamina A O Instituto de Biologia Molecular das Plantas, na França, está concluindo as pesquisas de uma variedade de arroz geneticamente modificado para suprir as carências de vitamina A das crianças da Asia, segundo o professor Bilal Camara, que atua no projeto. O arroz transgênico produz beta-caroteno, um precursor da vitamina A. Nas variedades convencionais o arroz não sintetiza praticamente os caretonóides, o que lhes dá a coloração branca. Os pesquisadores estão introduzindo quatro novos genes de uma variedade japonesa (o Japônica) para estimular a corrente metabólica resultante na produção do beta-caroteno. Os primeiros testes mostraram uma alta produtividade. No estado atual de desenvolvimento, disse o professor Bilal, de 200 a 300 gramas desse arroz é o suficiente para oferecer a dose individual diária de vitamina A. Agora os melhoristas tentam transferir, por fecundação convenciona, as novas propriedades obtidas para uma variedade mais produtiva, o Indica. Até agora nenhuma empresa está diretamente ligada ao projeto, financiado por verbas públicas. Mas há pesquisa semelhante conduzida na Suiça pelo gigante farmacêutico HoffmannLa Roche. A pesquisa faz parte da segunda geração de OGMs, que chegará ao mercado em quatro ou cinco anos. A indústria agro-alimentar aposta nesses produtos para reconciliar a opinião pública com os transgênicos. Será lá que o consumidor, no fim da cadeia alimentar, vivendo em país mais rico ou pobre, sentirá realmente os benefícios da tecnologia chegando à sua mesa na forma de alimentos capazes de suprir as deficiências regionais de vitaminas.


transgênicas podem aumentar a produção nas terras disponíveis, possibilitando a preservação das florestas ainda existentes, diz. Fanáticos fora do contexto Isso deveria estar atraindo esses ecologistas fanáticos, mas às vezes eles não percebem o contexto , disse. Até agora, lembra, os aumentos de produtividade vieram de melhoramentos de plantas tradicionais. Isso é menos preciso do que a inserção de uma característica genética específica. Muitas alterações pequenas na genética de uma planta, por mestiçagem, tiveram efeito cumulativo de maior produtividade. A nova biotecnologia não tem ainda, contudo, meios para aumentar a produtividade com um gene. Borlaug acredita que isso ainda se deve ao fato de empresas químicas interessadas na pesquisa de biotecnologia terem comprado as companhias produtoras de sementes, como o Pioneer e a DeKalb, ganhando acesso imediato às variedades mais produtivas. Os produtores rurais não usariam transgênicos se as variedades não tivessem alto rendimento, argumenta. Borlaug acredita que algum dia os biólogos moleculares descobrirão genes individuais capazes de aumentar os rendimentos. Mas não espera que os agrônomos abandonem as plantas tradicionais em futuro próximo. Pelo contrário, espera que os pesquisadores usem a biotecnologia para acrescentar características mais desejáveis, como a resistência aos insetos criada em variedades com métodos convencionais. Alguns híbridos de milho de alta produtividade não foram introduzidos no mercado por serem suscetíveis a insetos ou doenças. Usando a biotecnologia para resolver esses problemas estaríamos aumentando a produtividade, diz, prevendo que nos próximos 10 a 20 anos haverá forte combinação de métodos transgênicos com os métodos de melhoramentos tradicionais.

Vaticano aprova a tecnologia A

o mesmo tempo em que qualifica as práticas de biotecnologia relacionadas à reprodução humana como imorais , o Vaticano decidiu que a engenharia genética de plantas e animais é aceitável. Peritos do Vaticano expressaram uma discreta aprovação para a pesquisa aplicada a plantas e animais depois que os líderes da Igreja revisaram, durante mais de dois anos os estudos compilados pela Pontifícia Academia para a Vida. Cada vez mais nos convencemos que as vantagens da engenharia genética de plantas e animais é maior do

Papa João Paulo II

que os problemas. Os riscos deveriam ser cuidadosamente esclarecidos por análises e controles, mas sem a sensação de alarme , disse o bispo Elio Sgreccia, vice-presidente da Pontifícia Academia. Nós damos uma prudente aprovação disse, pois não podemos concordar com a posição de alguns grupos segundo os quais é contra a vontade de Deus se intrometer com a organização genética de plantas e animais . O Vaticano concordou com os peritos e acha que a engenharia genética vegetal poderia auxiliar a resolver os problemas de fome no mundo. Um resumo das conclusões da Academia diz: - É lícito modificar animais geneticamente desde que para melhorar a saúde humana e as condições de vida. Não é aceitável causar sofrimento a um animal sem uma razão proporcional à sua utilidade social . - O risco ambiental de modificação genética de plantas deve ser avaliado caso-a-caso. - Os alimentos geneticamente modificados postos à venda devem ser monitorados quanto aos efeitos na saúde humana e os consumidores informados quando houver alterações. - Quando outorgadas patentes, deve ser feita distinção, para venda, entre o que é encontrado na natureza e o especificamente projetado. A decisão do Vaticano sobre o assunto estava sendo aguardada por diversos grupos. A Pontifícia Academia costuma influenciar a opinião dos católicos através do mundo. Sua aprovação, nesse caso, deverá provocar tomada de posição idêntica para muitas instituições católicas.


Milho

doenças

Quando a doença pega o milho Giberela

A

cultura do milho no sul do Brasil é atacada por uma série de doenças, algumas das quais encontramse amplamente distribuídas. As doenças fúngicas da parte aérea, considerada até um passado recente como sem importância econômica, passaram a ocorrer com maior intensidade e freqüência no final deste século. Na figura 1 são mostradas as perdas causadas pelas doenças fúngicas da parte aérea do milho no sul do Brasil nas últimas 5 safras. Perdas de 8 a 16% no Rio Grande do Sul e 15 a 19% no Paraná foram detectadas. Além das perdas na produção, estas doenças podem causar perdas na qualidade, na palatabilidade e no valor nutritivo de grãos. As medidas de controle das doenças fúngicas da parte aérea do milho recomendadas para o sul do Brasil, são as seguintes: Rotação e sucessão Devido ao fato de que algumas doenças perpetuam-se em restos de cultura e/ou no solo, a prática de semeadura contínua do milho na mesma área não é recomendada. Isto se aplica particularmente ao cultivo mínimo ou ao manejo com semeadura direta. Essas do-

Podridão branca

enças aumentam em monocultura ou em sucessão de culturas suscetíveis. Culturas de cereais de inverno, como cevada, trigo, centeio e triticale, são suscetíveis a Fusariurn graminearum e não devem ser usadas na seqüência com milho, onde a doença é prevalecente. O efeito da rotação de culturas na fase final da cultura (na espiga) é, entretanto, pequeno. O objetivo desta prática é reduzir o potencial de inóculo do solo.

Podridão de Fusarium

Híbridos com pericarpos finos são geralmente mais suscetíveis. Híbridos com alto teor de lisina podem ser mais suscetíveis à podridão de Fusarium spp. Precocidade - Híbridos de maturação precoce têm suas espigas menos suscetíveis à podridões associadas a grãos imaturos. A colheita deve ser feita o mais cedo possível. Semeadura em época correta - Seguir as épocas de semeadura recomendadas pela pesquisa. Evitar a a semeadura em Cultivares períodos de ocorrência de temperaturas resistentes baixas e em períodos de estiagem no deO método mais fácil, seguro e eco- senvolvimento inicial da cultura. nômico de controle às doenças é atraEvitar altas densidades de plantas vés da resistência varietal, a qual, quan- As altas densidades de plantas aumendo conseguida, reduz a aplicação e de tam a ocorrência de dooutros meios de combaenças na cultura. Recote que normalmente enmenda-se quando da carecem a produção. Os Híbridos precoces ocorrência de doenças híbridos recomendados são menos em determinada área, para o Rio Grande do suscetíveis a que, no ano seguinte, a Sul apresentam grau va- podridrões associadas população de plantas a grãos imaturos riável no comportamenseja reduzida. to frente a maioria das Adubação - Deverá doenças, embora não ser feita de acordo com existindo híbrido ou variedade resisten- a recomendação da análise de solo. O te a todas as doenças, cultivares com es- desequilíbrio de nutrientes, especialpigas bem cobertas de palha e maturan- mente no caso de excesso de nitrogênio do na posição virada para baixo, geral- ou deficiência de potássio, pode predismente apresentam menos podridões. por ao surgimento de moléstias nas plan-

otimizados antes que o uso de fungicidas seja considerado para garantir alto potencial de rendimento. Em lavouras com potencial de rendimento inferior a 4.000 kg/ha não devem ser aplicados fungicidas na parte aérea. A mancha branca da folha (mancha de Phaeosphaeria), as ferrugens comum e polysora e a mancha de ExControle serohilum estão A resistência químico entre as doenças varietal ainda é o Doenças foliares e das esmais comuns da melhor método de pigas induzidas por fungos folha. As podricontrole de podem reduzir consideraveldoenças do milho dões de Fusarium, mente o rendimento de milho giberela e a podrino sul do Brasil. Entretanto, dão branca são as o controle químico somente mais comuns nas deve ser realizado em situações de altos espigas. rendimentos e produção de sementes híNa Tabela são mostrados os fungicibridas onde resultam benefícios. das, doses, época e número de aplicaFungicidas devem ser usados com ções necessárias para controlar essas enuma parte do sistema de manejo total. fermidades. Fatores tais como seleção de híbridos, data de plantio, controle de ervas dani- Vilmar Cório da Luz, nhas e insetos, e fertilidade devem ser Embrapa Trigo tas de milho. Tratamento de sementes - A finalidade do uso de fungicidas na semente é além de sua proteção contra microorganismos de solo e de semente causadores de podridão das mesmas e morte de plântulas, também diminuir o potencial de inóculo de algumas doenças da parte aérea do milho

Ferrugem polysora

Ferrugem comum

Mancha de Exserohilum

Mancha branca da folha


Milho

doenças

Milho manchado é milho sem produção A mancha por Phaeosphaeria é uma doença de ocorrência generalizada nas principais regiões produtoras de milho no Brasil.Em condições favoráveis, esta doença pode acarretar redução na produção superior a 60%

Fotos F. Fernandes

É

causada pelo fungo Phaeosphaeria maydis (P. Henn) Rane, Payak e Renfro (sin. Sphaerulinia maydis P. Hennings= Leptosphaeria zeae maydis Sacc). A forma imperfeita ou assexual desse fungo é denominada Phyllosticta sp. e apresenta conidios hialinos, unicelulares, tipicamente uni ou bigutulados. Em meio de cultura, a cor do micélio pode variar entre branco, cinza, esverdeado e vermelho, dependendo da composição do meio e das condições de incubação.

res, aquosas, de cor verde claro. Posteriormente, passam a necróticas, de cor palha, circulares a elípticas, com diâmetro variando de 0,3 a 1,0 cm. Geralmente, são encontradas dispersas no limbo foliar, podendo coalescer. Nas Sintomas lesões, na face superior das folhas, poda doença Em geral, os sintomas dessa doen- dem ser observadas as estruturas de reprodução do fungo ça, que se caracterizam (peritécios e picnídipor lesões de cor palha, os). aparecem primeiro nas A severidade dessa folhas inferiores, progreO método de doença é favorecida controle mais dindo rapidamente para eficiente é o uso por temperaturas noas folhas superiores e são de variedades turnas em torno de mais severos após o penresistentes 14ºC e, principalmendoamento. Em condite, por umidade relações favoráveis, essa dotiva acima de 60%. Os ença pode causar seca prematura das folhas e redução no ci- plantios tardios de milho, quando reaclo da planta. O tamanho e o peso dos lizados a partir de novembro, no Brasil grãos podem ser drasticamente redu- Central, em geral permitem que a culzidos. Podem ocorrer também nas pa- tura se desenvolva sob altas precipitalhas das espigas e não ocorrem na fase ções pluviométricas, propiciando condições adequadas para o desenvolvide plântulas Inicialmente, as lesões são circula- mento da doença.

Disseminação do patógeno As formas de disseminação, de sobrevivência e os hospedeiros do agente causal da Mancha por Phaeosphaeria são pouco conhecidas. Considerando-se que esse patógeno forma clamidosporos (esporos de resistência), é possível que permaneça nessa forma, no solo, por longos períodos de tempo. À semelhança do que ocorre com outros patógenos, é possível que sobreviva também nos restos de cultura, na forma de conídios, dentro de picnídios. Assim, ao longo do tempo, em áreas onde se utiliza sistematicamente o plantio direto, pode ocorrer um aumento na concentração de inóculo desse patógeno no solo, tornando as lavouras de milho mais sujeitas à ocorrência da doença em alta severidade. Até o momento, o milho é o único hospedeiro conhecido. Método de controle O método mais eficiente para o controle da mancha por Phaeosphaeria é a

Acima, diferença entre milho resistente e suscetível ao fungo. Abaixo, sintomas do seu ataque

F. Fernandes

Lavoura com ocorrência severa da Mancha por Phaeosphaeria

utilização de cultivares resistentes. Embora várias cultivares comerciais de milho, têm-se mostrado suscetíveis a essa doença, existem outras com bom nível de resistência. Uma prática cultural que tem-se mostrado efetiva no controle dessa doença, em algumas regiões, é a realização dos plantios mais cedo, evitandose, assim, os plantios tardios nos quais a fase de maior suscetibilidade das plantas coincide com o período chuvoso, que favorece o desenvolvimento dessa doença.

Quanto ao controle químico, alguns fungicidas como o Mancozeb, têm se mostrado eficientes no controle dessa doença quando aplicados tão logo apareçam os primeiros sintomas, mas ainda não foram registrados no Ministério da Agricultura para essa finalidade. Observa-se que, no caso de ocorrência da doença em alta severidade, os restos de cultura devem ser incorporados ao solo para decomposição e consequentemente redução da concentração das formas de sobrevivência do patógeno no solo, antes do próximo plantio. Informações sobre essa e outras doenças da cultura do milho, podem ser encontradas no site Diagnose virtual de doença do milho na Home Page da Embrapa - Milho e Sorgo: http:// www.cnpms.embrapa.br/. Fernando Tavares Fernandes; Elisabeth de Oliveira, Embrapa Milho e Sorgo



MEP

conceito

Gravena

Manejo ecológico de pragas

N

o Brasil, em todos os tipos de cultivos, com raras exceções, ainda há duas situações comuns: 1) não se aplica nenhum nível de MIP, e isso inclui até mesmo a soja, o mais avançado nos estudos de manejo; 2) adota-se MIP, mas ainda no nível mais simples e cômodo: só monitoramento de pragas para uso de níveis de controle na hora de aplicação de agrotóxico. É hipocrisia dizer-se que usa MIP em suas lavouras quando o agricultor na verdade só tem Pragueiro levantando populações dos insetos, ácaros e doenças fitófagas. Essa prática é feita só para ter alguma referência para imediatamente lançar mão dos agrotóxicos existentes à sua disposição e aplicar contra a praga. Este tipo de manejo, não é nem MIP é o supervisionado, pois não leva em consideração a seletividade dos agrotóxicos aos inimigos naturais, ao ambiente e ao homem. Mesmo quando a seletividade é observada na sua plenitude tecnológica por um agrônomo ou agricultor, no cotidiano da produção agrícola, o MIP ainda é parcial, pois só está levando em consideração dois dos quatro princípios do mesmo que são: a tolerância natural que todas as espécies vegetais têm ao ataque de qualquer praga, e a possibilidade de seleção da praga, a seletividade dos agrotóxicos, como alvo, preservando os ini-

migos naturais de alguma forma, que todos os agrotóxicos dispõem em certo grau. Este MIP também é o incompleto uma vez que considera apenas dois princípios. O velho conceito O conceito de MIP anunciado pelos pesquisadores da Califórnia nos anos 50 previa inicialmente apenas a integração entre o controle químico e o biológico. Mas nos anos 60 já se delineavam as idéias do MIP com concepção mais ampla, levando-se em conta bases ecológicas. O conceito enunciado pela FAO em 1967 já contemplava os 4 princípios conhecidos hoje em dia. Entretanto, na prática, as atenções se concentravam no monitoramento e aplicação seletiva dos agrotóxicos. Somente agora, no final do milênio, quando as preocupações ecológicas se acentuam, muito claras nas propostas dos países na Agenda 21 de 1992, é que o manejo de pragas recebe roupagem nova reforçado por bases ecológicas mais sólidas, ainda que na maioria dos casos, apenas na teoria. Na tabela, a seguir percebe-se que realmente a preocupação se volta para o controle biológico (37,8% das pesquisas publicadas) e começam a ficar mais numerosos os estudos em controle cultural (7,4%) que nós renomeamos como ma-

O Manejo Integrado de Pragas como é ainda praticado hoje em dia não passa de um manejo inteligente de agrotóxicos. Todo sistema de MIP, adotado na maioria das culturas restringe-se apenas no monitoramento das populações de pragas para o uso dos níveis de ação para a aplicação seletiva dos agroquímicos. Para reverter este quadro e acompanhando uma tendência mundial nós estamos propondo uma nova concepção de proteção de plantas que denominamos de MEP manejo ecológico de pragas.

O conceito mais simples de MEP nestes termos é Sistema de manejo de pragas que prioriza as ações de controle biológico e de manipulação ambiental num planejamento antecipado do plantio, tendo o monitoramento e a aplicação seletiva de agroquímicos como táticas de suporte e emergencial O conceito durante a safra . O MIP do MEP O MEP Manejo Ecológico de Pra- passa para ser MEP por gas, ou MIP mais estruturado em bases deixar de se basear apenas ecológicas, tem os mesmos 4 princípios, em um Modelo de Nível quais sejam: 1) consideração de que toda de Ação para ser considepraga tem inimigos naturais- que permi- rado num contexto mais amplo que cote o controle biológico natural, clássico e nhecemos como Modelo de Ação, que artificial; 2) aproveitamento da tolerân- em última análise significa fazer um placia natural que todas as plantas têm con- nejamento das ações algum tempo antes do preparo do solo e tra injúrias de pragas- que plantio para cultivos permite um sistema de Usualmente, o anuais ou safra anterior monitoramento das praagricultor primeiro para cultivos perenes. gas para uso de níveis de planta e depois ação para aplicação de chama o Controle agrotóxicos; 3) escolha de especialista em manejo de pragas Biológico produtos e/ou métodos Sendo o controle biseletivos de aplicação ológico e o manejo amdesses agrotóxicos- que permitam a preservação dos inimigos na- biental, táticas bases do MEP, tanto no turais; 4)aplicação de métodos ou táticas enfoque como na intenção e na consideque lembram manipulação do ambien- ração, deveria ser fácil a adoção delas te-que sejam contra pragas e a favor dos pelos agricultores e técnicos, mas não é, pois, por comodismo ou medo de assuinimigos naturais. As diferenças do MIP com o MEP fi- mir riscos, ou ainda por imposição dos cam por conta do enfoque dado a cada sistemas de produção de grandes e noum desses princípios. Enquanto que no vas áreas, concentração de plantios em MIP são considerados praticamente pe- monocultivos, produção em economia de sos iguais para todos os princípios e que escala, os agroquímicos estão sempre à na prática os pesos maiores são para o mão e substituem qualquer ação de biosegundo e o terceiro, no MEP o enfoque controle e ambiental. Usualmente, o agrimaior é dado para os primeiro e quarto cultor primeiro planta para depois chaprincípios e que na prática somente no mar os especialistas em MIP para socorsistema de produção da agricultura or- ro quando a praga fica incontrolável pegânica se aproximaria do ideal. O segun- los agroquímicos e até mesmo pelo condo e o terceiro seriam apenas de suporte trole biológico e manejo ambiental. Um exemplo recente é a migração de grane emergencial, respectivamente. des áreas de plantio de tomate industrial de S. Paulo (Araçatuba) e Pernambuco (Petrolina) para Goiás (Rio Verde), acompanhando a mudança das instalanejo ambiental de pragas. Está muito evidente, contudo, um desequilíbrio no enfoque dado pelos pesquisadores, pois monitoramento e seletividade dos agrotóxicos, importantes suportes do manejo de pragas, estão muito aquém do que seria necessário para o avanço no MIP pleno que desejamos. A prática do MIP, assim, não passa de uma manejo inteligente dos agrotóxicos.

ções das respectivas fábricas. O controle biológico deveria ser considerado como uma tática de manejo ambiental mas pela sua importância é visto em separado e entra em todos os outros três princípios. No segundo, o monitoramento, o controle biológico também é monitorado através de amostragem juntamente com as pragas. Essa prática tem dois objetivos básicos: 1) monitorar organismos benéficos de ocorrência natural para auxiliar na tomada de decisão de controle da praga; 2) monitorar organismos benéficos introduzidos no sistema provindos de importação (controle biológico clássico) ou de criação massal (controle biológico artificial). No terceiro princípio, o da seletividade, o controle biológico entra como elemento do ecossistema a ser preservado. Neste, os trabalhos de pesquisa de seletividade fisiológica que se caracteriza nos testes de produtos e doses sobre os organismos benéficos para determinar os seus graus de toxicidade e índices de seletividade, é urgente e necessária serem incrementados. Nos próximos números iremos continuar abordando o MEP em suas diferentes partes para a perfeita compreensão dos leitores e eventual utilização do sistema para o bem do meio ambiente, do agricultor e da sociedade consumidora de produtos agrícolas. Na última abordagem da série daremos algumas referências bibliográficas para leitura dos interessados. Santin Gravena, Consultor


Defensivos genéricos AENDA

DuPont

Governo atrapalha setor de defensivos O

Brasil é o único país do mundo onde o governo se contrapõe ao aumento da concorrência plena no setor de defensivos agrícolas oferecida pelos produtos genéricos. No início dos anos 90, foi implantado um ilógico sistema de registro que não permite pequenas e médias empresas renovarem seus portifólios de produtos. Dos 249 ingredientes ativos em comercialização no país em 1998 (Compêndio dos Defensivos, 6ª edição, Ed. Andrei,1999), apenas 54 têm produtos registrados por empresas independentes de genéricos, ou seja, que não estão sujeitas aos interesses do grupo de empresas multinacionais. A maior parte destes registros está concentrada nas empresas de maior porte. Um cenário de concentração de oferta, a contramão de um mercado concorrencial. Exemplos do poder dos genéricos para pressionar os preços são necessários para recuperar nossa visão macro da conjuntura mercadológica do setor. Separamos 4 curvas de preços, adaptadas de estudo do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, tendo por base levantamento sistemático do DERAL-Departamento de Economia Rural da Secretaria

de Agricultura do Paraná. São preços, por litro, pagos pelos agricultores ao longo dos anos e equalizados pelo IGP-DI da FGV e trazidos ao valor de dezembro/98.

R e a i s / l i t r o

R e a i s / l i t r o

Embora os gráficos substituam as palavras, não custa destacar: Observem os 3 primeiros gráficos, TRIFLURALIN, PERMETHRIN e METHAMIDOPHOS. São produtos genéricos e com oferta de empresas independentes. Curvas fortemente decrescentes. É lógico que há um limite, representado pelo custo do produto; Vejam, agora, o 4º gráfico: FENTHION. É de um produto cuja patente já expirou, entretanto no Brasil continua sendo ofertado por uma única empresa, portanto exclusivo, não genérico. A curva resiste em descer. No exterior, por outro lado, este produto é ofertado por diversas empresas, com fornecimento do ingrediente ativo da Bayer e da Pilarquim. É necessário colocar nosso sistema de registro em conformidade com os sistemas internacionais, reconduzindo o mercado a um regime de concorrência mais legítima.

MARCAS DE EMPRESAS INDEPENDENTES Metamidofos (Defensa), Metamidofos (Fersol), Metafos (Milênia), Stron (Agripec).

MARCAS DE EMPRESAS INDEPENDENTES Trifluralina (Defensa), Herbiflan (Herbitécnica), Lance e Premerlin (Milênia), Trifluralina (Nortox), Trifluralina (Fersol), Controller (Noragro)

R e a i s / l i t r o

MARCAS DE EMPRESAS INDEPENDENTES Permetrina (Fersol), Valon (Noragro).

R e a i s / l i t r o

MARCA ÚNICA NO BRASIL Lebaycid (Bayer)

Material produzido pela AENDA. As opiniões manifestadas são de sua responsabilidade

Equipe de pesquisa do novo laboratório da DuPont

DuPont incrementa pesquisa Um moderno laboratório, orçado em US$ 300 mil, foi incorporado à Estação de Paulínia, da DuPont Brasil Produtos Agrícolas, capacitando-a para melhor desenvolver tecnologias visando ao controle de doenças e pragas em lavoura do mundo todo. Lá os pesquisadores da empresa trabalham em fases iniciais de descoberta de novas moléculas e participam de decisões científicas globais da empresa. Agora Paulínia abriga a terceira unidade capaz de desenvolver agroquímicos desde a descoberta de princípios ativos. As primeiras estão nos Estados Unidos e na França. O fitopatologista Alberto Marçon, pesquisador do laboratório, vê no local um centro capaz de desenvolver novas moléculas aproveitando as condições climáticas do Brasil, onde há cultivo o ano inteiro, enquanto no hemisfério norte só existe em seis meses por ano. Marçon salienta que em Paulínia a cada ano haverá novos produtos para desenvolvimento, uma proeza já que viabilizar cada molécula é um processo rigoroso de seleção, baseado em parâmetros como atividade biológica, toxicidade e impacto ambiental. O laboratório ocupa uma área de 300 metros quadrados. O laboratório conta com sete pesquisadores nas áreas de acaricidas, inseticidas, fungicidas e herbicidas. O entomologista Tadeu LC de Andrade, gerente geral da Estação, destaca que a unidade recebeu, da matriz da DuPont, o título de Centro Global de Excelência em Acarologia, o que a qualifica como polo de referência mundial de estudo e descoberta de acaricidas.


Algodão

pragas

Degrande

Inseticidas segundo o MIP- Algodão N

a condução do Manejo Integrado de Pragas do Algodoeiro não se justifica realizar aplicações preventivas. As medidas de redução populacional com inseticidas devem ser feitas quando a praga atingir o Nível de Controle. O controle de brocas e percevejo-castanho são exceções a esta regra. Com relação aos produtos fitossanitários: Só se permite o emprego de produtos fitossanitários oficialmente registrados para a cultura do algodão; Restringe-se o emprego de produtos não seletivos, de longa persistência, alta volatilidade, lixiviáveis, ou outras características negativas (por exemplo, que levem a surtos de pragas secundárias); Deve-se destacar a importância

das normas de segurança; Redução das doses ou da área tratada (quando possível); Deve-se manter refúgios ; A calibragem periódica do equipamento por parte do agricultor é um requisito básico; Revisão exaustiva e periódica do equipamento (especialmente manômetros e bicos) em empresas autorizadas, no mínimo a cada 4 Ao utilizar um produto fitossanitário é importante estar protegido anos; Visando minimizar o impacto das pragas e os custos de controle, recomenda-se que os Quando agricultores apliquem inseticidas apemisturar nas quando necessário, baseando-se O uso generalizado de misturas de num cuidadoprodutos inseticidas é passível de seso programa veras críticas, uma vez que eleva os cusde monitoratos de produção, aumenta desnecessamento das poriamente a quantidade de produtos pulações de aplicados no ambiente, pode acelerar pragas e da exa evolução da resistência das pragas, pectativa de causa maiores desequilíbrios ecológicolheita; cos, entre outros aspectos negativos. Antes da As misturas só seriam justificáveis aplicação de se elas permitissem controlar simultaqualquer deneamente duas ou mais pragas que tefensivo agríconham atingido o nível de controle e/ou la, considerar se a mistura fosse sinérgica. a possibilidaComo estratégia de manejo da resisde de probletência, as misturas somente seriam remas de ressurcomendáveis se houvesse as seguintes gência, desecondições: baixa freqüência de alelos quilíbrio de resistentes, ausência de resistência pragas secuncruzada entre os compostos da mistudárias e evolura, os componentes da mistura têm a ção à resistênmesma persistência, a resistência deve cia.

ser recessiva para pelo menos um dos dos de ação de produtos (Tabela); Uso de doses efetivas de um componentes, os genes que conferem resistência aos compostos não devem componente individual, em mistura de estar ligados e deveria existir a presen- tanque; Uso de dose cheia em mistura de ça de refúgios para os indivíduos susfrasco; cetíveis. Controle não deve ser conduzido Todos os agricultores e profissionais com uma só classe de inque praticam o congrediente ativo (procure trole químico na culrotacionar 4 modos de tura do algodão deA calibragem ação por ciclo da cultura); vem adotar estratégiperiódica do Compostos de mesas para evitar o desenequipamento de mo modo de ação não devolvimento da resisaplicação é vem ser misturados; tência de pragas aos fundamental Esgotar os métodos pesticidas. Estas mede controle cultural, físididas devem ser adoco e biológico; tadas por todos e em Use produtos seletivos; todas as regiões algodoeiras onde a mi Evite subdose e superdose; gração de espécies é possível. Fique certo que foi obtida uma cobertura uniforme na pulverização; Cuidar da resistência Se ocorrer redução da eficácia a São medidas importantes para mi- campo, devido a resistência, na reaplinimizar as possibilidades do desenvol- cação trocar de modo de ação; vimento da resistência das pragas do Utilize sempre os níveis de conalgodoeiro aos inseticidas e acaricidas: trole mais elásticos recomendados pela Rotação, a longo prazo, de mo- pesquisa;

Cultivar

Degrande comenta o uso de inseticidas em algodão

Monitore as pragas, detectando os primeiros sinais de resistência; Controlar as pragas no seu estágio mais suscetível;


Leve em consideração o tratamento de culturas vizinhas; Uso de variedades transgênicas resistentes a pragas exige a manutenção de refúgios para populações suscetíveis; Destruir sempre os restos culturais de entressafra; e, Cada Companhia deve identificar o parceiro para seu produto na mistura ou na rotação.

das pulverizações têm sido relacionadas com a qualidade das aplicações, como por exemplo: volumes de calda de aplicação inadequados, falta de infra-estrutura de máquinas e equipamentos de aplicação para atender a propriedade nos momentos de grande demanda, condições meteorológicas impróprias durante o trabalho, atraso nas aplicações, uso de subdoAntes de misturar ses ou misturas inseticidas inadequadas, Evitando deve-se consultar dentre outras. os ácaros um engenheiro Apontados Para evitar surtos de pragas agrônomo os principais secundárias, como ácaros, e viproblemas de abilizar a rotação de modos de qualidade de ação, o uso de inseticidas piretróides deve restringir-se dos 80 aos aplicação, as soluções estariam rela130 dias após a emergência das plan- cionadas com uma maior comunicação entre o operador e os responsáveis tas. Quanto às pulverizações, o ideal é pela produção, treinamentos (inclusifazê-las via terrestre até os 60 dias de ve para os pilotos agrícolas), dimensiidade da cultura, e deixar para depois onar as máquinas e equipamentos para atender os momentos de picos de aplidesta época as aplicações aéreas. As principais causas de insucesso cações.

Lembrar que no uso de defensivos agrícolas, deve-se respeitar a legislação corrente e o rótulo/bula do produto. Antes de recomendar a aplicação de um defensivo, o profissional deve certificar previamente se o produto tem autorização de uso para a cultura e praga-alvo. O produtor deve seguir as orientações da prescrição do receituário agronômico emitido pelo profissional legalmente habilitado, pois esta é uma das garantias que ele tem em caso de falhas de controle. O uso correto e adequado de produtos fitossanitários é vantajoso para todos, pois somente através do controle racional das pragas, as produções são viabilizadas de modo sustentado, e serão minimizados os problemas, como as chamadas barreiras fitossanitárias estabelecidas pelos compradores dos nossos produtos agrícolas, e os custos de produção serão reduzidos. Paulo Degrande, UFMS


Algodão

perspectivas

Encontro confirma bom momento do algodão Rentabilidade, geração de empregos, fibra natural e confortável, alternativa de rotação de culturas e tecnologia de produção do algodão foram os destaques do Evento da Agronomia da UFMS, em Dourados Participação do público no curso surpreendeu positivamente a comissão organizadora. Ano que vem tem mais

G

raças às características ambi- nal dos insumos e recursos naturais. entais favoráveis e ao nível tec- A entrada em novos mercados comenológico dos produtores, a cotonicul- ça a ser incentivada, pois o algodão tura avança em áreas do cerrado do brasileiro é de excelente qualidade, e Brasil num processo jamais visto. O muito competitivo internacionalmenfenômeno não pára por aqui. O Brasil te, destacou Jonas Nobre, engenheiro tem condições de ser autotêxtil da empresa suficiente em algodão, em Laferlins. Concorbreve, graças ao crescimendando, o pesquiApesar de o consumidor utilizar to do plantio nos estados do sador Júlio Konfibras sintéticas, a Mato Grosso, Goiás, Minas do, do Instituto preferência é pelo Gerais, Bahia, Mato Grosso Agronômico de algodão do Sul e Maranhão, explicou Campinas, esclaNelson Maeda, proprietário receu as vantada Maeda S/A, durante a gens tecnológicas abertura do curso de Manejo de Culti- da fibra e do fio de algodão de boa quavo do Algodoeiro no Cerrado do Bra- lidade. Apesar de o consumidor ainda sil, promovido pelo Curso de Agrono- utilizar muita fibra sintética, o algomia da Universidade Federal de Mato dão sempre será a preferida, pelo conGrosso do Sul, em Dourados. forto, popularidade e benefícios à saúHoje, a tônica do algodão é buscar de, ressaltou Kondo. alta qualidade de fibra, elevada proNas fazendas, o papel dos agrônodução e rentabilidade, com uso racio- mos consultores tem sido fundamen-

tal para o sucesso do manejo de cultivo do algodoeiro. As palestras de Jonas Guerra, Evaldo Takizawa, Rubem Staudt, Valmir Aquino e Orlando Martins, diagnosticaram os problemas da cultura e apontaram os caminhos para as soluções. Grande ênfase foi dada à necessidade de pesquisa de variedades que tenham fibra, bom rendimento, produtividade, e sejam tolerantes a pragas e doenças, bem como a necessidade de se buscar tecnologias que diminuam os custos de produção. Nesse aspecto, o evento contou palestrantes da pesquisa pública, com a Embrapa, UFMT e UFMS que destacaram os avanços científicos para a cotonicultura do próximo milênio. A biotecnologia aliada a modelos de agricultura sustentável viabilizarão lavouras de algodão mais rentáveis e que afetem menos o meio ambiente, afirmou Paulo Degrande, professor da

Agronomia da UFMS. A execução de experimentos demonstrará as vantagens e desvantagens destes novos modelos de produção. Quando o manejo integrado de pragas começou a ser difundido, muitos duvidaram dos benefícios e praticidade da tecnologia, hoje não existe um agricultor do cerrado do Brasil que não use fichas de amostragens de pragas em suas lavouras, lembrou o professor. A ciência não caminha para trás, ela se aprimora e adapta-se às demandas da sociedade, acrescentou. Na área de proteção de plantas, os palestrantes alertaram para a necessidade de aprimorar os métodos de saúde vegetal, através de pesquisas com qualidade nas áreas de fitopatologia, controle de plantas daninhas e entomologia. A sanidade de uma lavoura começa com os cuidados iniciais durante o tratamento de sementes e passa pela escolha de zonas climaticamente propícias para produção destas sementes, salientou o agrônomo e pesquisador Augusto Goulart da Embrapa Agropecuária Oeste. Ele foi taxativo, padrões mínimos de sanidade de sementes devem ser exigidos para o bem da cotonicultura do País, quem não produzir sementes de boa sanidade deve ficar fora do processo produtivo . Na palestra de doenças de parte aérea, o professor Daniel Cassetari Neto (UFMT) concordou com o fitopatologista Augusto Goulart, e foi além. Se não tomarmos cuidado, as doenças de parte aérea poderão inviabilizar o algodão no cerrado, pois apesar de alguns defensivos controlarem bem alguns fungos, essa dependência exclusiva de produtos fitosanitários pode elevar os custos de produção . O evento atingiu os objetivos, na avaliação da Comissão Organizadora. Por isso, ficou programado, para o próximo ano, um novo curso, desta vez em Cuiabá, sob a coordenação geral do professor Daniel Cassetari Neto.

Prioridade é atacar o Percevejo Castanho Desenvolver produtos para Cultivar controle de novas pragas, no algodão, em especial o percevejo castanho, é um dos principais desafios do momento, de acordo com Maria Paula Luporini, da área de algodão da FMC, líder do mercado no Brasil. A empresa teve um crescimento de vendas da ordem de 118% nos últimos três anos, em um mercado que cresceu no total 78%. Paula salientou que outras metas são as recomendações especiais para tratamento de sementes, a preservação do uso correto dos produtos quíPaula acredita no aumento do uso de piretróides micos , inclusive com um programa de tecnologia de aplicação que garanta a eficácia do agroquímico e o manejo de resistência, e o estudo de misturas de produtos de sua empresa, como o Marshall, com outros, até de outros fabricantes, estudando os efeitos de doses cheias, sinergismo, efeitos residuais e choque. Destacou também a necessidade de definir o melhor manejo no controle do pulgão, fortalecendo sua eficácia e o manejo de resistência. A FMC já domina o setor, com 55% da área tratada usando seu produto. De acordo com Paula, será reforçado o uso de inseticidas piretróides, dos quais sua empresa lançou no Brasil o primeiro, há 20 anos, que acabou viabizando as variedades de algodão Deltapine e Ita 90 em 1994. E anunciou o lançamento de nova formulação para o próximo ano, reforçando a linha atual. Na sua opinião, o setor produtivo de algodão encontra-se no momento unido e altamente atuante.

Manejo Ecológico de Pragas C ONSULTORIA T REINAMENTO P ESQUISA GRAVENA - Manejo Ecológico de Pragas Agrícolas Ltda. - Chácara Paulista Rodovia Deputado Cunha Bueno, SP 253, km 0.7, 14870-000, Jaboticabal/SP, Fone/Fax: (16) 323-2221 e-mail: gravena@asbyte.com.br


Algodão

Congresso

negócios

entomologia

Cultivar

Em defesa do algodão nacional

Pessa e Maeda, presidente e vice confirmados na liderança da Abrapa

A

diretoria da Associação Brasi- mantém o produto estocado próximos leira dos Produtores de Algo- aos locais de uso. O sistema permite dão (Abrapa) foi recebida em audiên- também a desoneração fiscal do setor, cia com o ministro Marcus Vinicius de acordo com João Luiz Pessa, presiPratini de Moraes, da Agricultura e do dente da Abrapa. Abastecimento, para discutir as prinDa mesma forma buscam os producipais reivindicações da cadeia produ- tores a adoção de Empréstimos do Gotiva, as mesmas que congregaram os verno Federal (EGFs) atrelados a conagricultores e motivaram a criação da troles de opção e a revisão do sistema entidade de classe. Pratini acabou con- tributário de forma a se impedir o efeicordando com as disposito cascata sobre a cações da Abrapa e agora deia do algodão, algo serão estudados meios Os produtores que ocorre hoje e repara seu atendimento. Em querem um duz as condições de especial entra na pauta a mecanismo de defesa competividade do secontra o subsídio possível criação de um sistor nacional. da agricultura tema de gatilho capaz de norte-americana compensar o produtor naGatilho contra os subsídios cional quando outros paíMas uma das prinses concederem subsídios. cipais reivindicações que será agora Querem os produtores mudanças na estudada pelo Ministério é a adoção de classificação do algodão, permitindouma espécie de gatilho, com a criação se sua execução por empresas privadas, de mecanismos tributários específicos, e mantendo-se o sistema. A classificação por órgãos públicos, uma imposi- que compensem a cadeia do algodão ção legal hoje, tem causado sérios pro- sempre que outros países concederem blemas em razão de classificações in- subsídios aos seus produtores, como faz corretas. Dois casos, em Goiás e Mato normalmente o governo norte-americaGrosso, ocasionaram prejuízos à cate- no, por exemplo. Assim, a cada subsígoria e os produtores preferem manter dio estrangeiro corresponderia determio governo na condição de fiscal, libe- nada medida compensatória brasileira, rando a execução técnica ao setor pri- no mesmo grau, para garantir a manutenção do setor nacional. Pratini mosvado. Pediram também os produtores a trou-se inclinado a revisar o sistema criação de armazéns alfandegados, para oferecer uma forma de garantia aos como forma de agilizar as operações produtores, posto que a cadeia do alcom tradings estrangeiras enquanto se godão é uma das que mais empregos

geram em toda a sua extensão. A diretoria da Abrapa reuniu-se também, em Brasília, como o secretário de Política Agrícola do Ministério, Ibraim Fayad, com o presidente da Conab, Benedito Rosa do Espírito Santo e com diretores do Banco do Brasil.

Eleição na Abrapa A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA) elegeu em Brasília, no dia 24 de novembro, a sua diretoria com o primeiro período de mandato normal. Na realidade, confirmou nos cargos o mesmo grupo que organizou a entidade e a dirigiu nos primeiros seis meses, com mandato-tampão, liderado pelo presidente João Luiz Pessa e o vice-presidente Jorge Maeda. A eleição teve a participação dos delegados com direito a voto e representantes das entidades regionais e na mesma ocasião foi acertada a inclusão no Conselho Fiscal de produtores dos estados do Paraná e Bahia, detalhando-se também a fundação da associação dos produtores de Goiás.

Entomologia é com o Brasil E

ntomologia é a ciência que es- sessões simultâneas, com 274 simpótuda os insetos, suas interações sios e 18 conferências plenárias. com o ambiente e com outros seres viAlém do Congresso Internacional, vos, seu aproveitamento econômico, os a comissão organizadora tem como danos que causam à agricultura e pe- meta captar, no mínimo, outros 15 cuária, sua ação sobre a saúde humana eventos satélites de caráter nacional ou e os alimentos, e as formas de controle internacional, dos quais 8 já estão ofidos insetos pragas. cialmente confirmados, como o ConNo período de 20 a 26 de agosto de gresso Brasileiro de Entomologia e o 2000, será realizada em Foz do Iguaçu- Encontro de Fitossanitaristas. PR, o XXI Congresso Internacional de Objetivos Entomologia, que está prestes a comdo evento pletar um século de existência. Todas O Congresso objetiva congregar os as edições anteriores ocorreram em mais importantes cientistas do Brasil e países do Hemisfério Norte. À exceção de todos os demais países do mundo, de Japão e China, os demais eventos fopara atualizar as informações referenram realizadas em países da Europa ou tes aos avanços da Entomologia. Objenos Estados Unidos. O tiva também aproxiúltimo Congresso ocorreu mar grupos de pesquiem Firenze Itália, onde O Congresso sadores dos diferentes o Brasil competiu com reunirá os mais países para a conduoutros países pelo priviimportantes ção de estudos e inlégio de sediar este evencientistas do vestigações conjunto, fato que não deverá Brasil e do mundo tas, visando o aumenrepetir-se no próximo séto do bem estar social culo, dada a intensa disda Humanidade, a reputa pela oportunidade dução de custos e o aumento de prode ser a sede do evento. O XXI ICE será dutividade na agropecuária, além da promovido pela Sociedade Entomolómelhoria das condições sanitárias das gica do Brasil e pela Empresa Brasileipopulações. Ambiciona expor os últira de Pesquisa Agropecuária, com apoio do Conselho Nacional de Pesquisas, da mos avanços na área de vetores imporCoordenação de Pessoal de Nível Su- tantes para a saúde pública e para a perior e da Financiadora de Estudos e saúde animal. Também congregará os Projetos. O Congresso se compõe de 24 cientistas interessados em acompanhar

os avanços e a contribuição da entomologia para a preservação do meio ambiente. O tema oficial do congresso é Entomologistas preservando a biodiversidade. Sob este tema enquadram-se todas as formas de preservação, não apenas da fauna de insetos úteis e benéficos, mas a diversidade de insetos, de outros animais e da flora, onde os insetos são importantes polinizadores, ajudando a preservar estas espécies. A conferência de abertura do congresso abordará este tema, e será proferido por um dos mais ilustres cientistas da área, o Dr. John Lawton, da Inglaterra. Este congresso é um dos mais importantes eventos científicos do mundo, em especial na área de ciências biológicas, sendo o mais importante na categoria de estudo dos insetos. Por isso, são esperados 5.000 cientistas, provenientes de praticamente todos os países do mundo. Os cientistas pertencem a Universidades ou Institutos de Pesquisas, das áreas de Entomologia, Agronomia, Veterinária, Saúde, Biologia, Biotecnologia, Bioquímica, Biologia Molecular, Engenharia Genética, Melhoramento Vegetal, entre outras. Maiores detalhes sobre o congresso podem ser obtidos na homepage http:/ /www.embrapa.br/ice. Décio Luiz Gazzoni, Presidente do Congresso


Batatas

entomologia

Fotos Bayer

Pulgões em festa na batata Colônia de formas ápteras (sem asas) de Myzus persicae em folha de pêssego

U

m ataque de pulgões está afe- dorso. A cabeça e o tóax são de cor pretando as lavouras de batatas no ta. O pulgão da batata, sem asas, tem o Sul do país, favorecidos pela estiagem formato do corpo ovóide alongado, de que se verifica na região. Os atacantes coloração geral esverdeado, com extresão de duas espécies: o pulgão verde, midades do corpo escuras. Quando alaMyzus persicae, e o pulgão da batata, do, possui a cabeça e o tórax amarelado Macrosiphum euphorbiae, Homoptera, e abdômen rosa-esverdeado, sem manAphididae. chas. De acordo com o pesquisador Luiz Os pulgões são de ocorrência geneAntônio Salles, da Embrapa Clima Tem- ralizada e constante na batata em qualperado, não é de se estranhar a ocorrên- quer parte do mundo. Todavia, o dano cia dessa praga no momento, pois é há- que possam causar, explica Salles, é vabito dos insetos que vivem em colônias riável em função de inúmeros fatores a multiplicação acelerada em épocas de locais. Não seria correto generalizar enbaixas precipitações. A tre países ou regiões o solução é só uma: usar dano potencialmente inseticidas, que Salles recausado por eles. O pulgão verde é comenda sejam empreO pulgão verde, M. uma das piores gados adequadamente e persicae, é considerado pragas da batata, mediante emprego de pois além dos danos o mais importante na equipamento de protecultura da batata, por ainda transmite ção. ser o mais comum e o várias doenças Os pulgões, diz, se que transmite maior apresentam em duas fornúmero de viroses pamas básicas quanto à estrutura do seu togênicas. O ciclo de vida dos pulgões corpo, isto é, têm formas aladas e ápte- se desenvolve muito rápido, variando de ras (sem asas). Isso acontece, basicamen- cerca de oito dias no verão a 11 dias no te, em resposta a condições do local inverno. O pulgão verde geralmente inonde vivem, quer seja da planta em si festa as folhas do terço inferior da plancomo do clima. Quando acontece uma ta de batata. Já o pulgão da batata em condição de estresse da planta hospe- geral infesta as folhas e brotações jovens. deira, por exemplo, ou mudança repen- Ambas espécies formam colônias na tina de temperatura, o pulgão forma asas face ventral das folhas.O dano dos pule pode migrar. gões ocorre de forma direta na planta O pulgão verde, sem asas, tem o cor- da batata, causando o seu debilitamenpo ovóide, de cor verde clara a verde to, definhamento e deformações, paratransparente, sem manchas no corpo. lisando o desenvolvimento, produzinEsse pulgão, quando com asas, mantém do tubérculos menores, em menor quana cor geral do corpo de verde claro, com tidade e com baixa qualidade. tonalidades amareladas, rosadas, roxas Em determinadas condições e locais, e com mancha escura característica no o dano mais importante é o indireto,

Pulgão da batata (Macrosiphum euphorbiae)

causado pela transmissão e infecção de viroses (PLRV, PVY, PVA, PNM). Todavia, para que um pulgão possa transmitir viroses há que primeiro se infectar com o vírus, isto é, alimentar-se em uma planta já infectada (ex. PLRV). Há, entretanto, outras viroses (AMV, A, Y) que não necessitam infectar o pulgão, mas estarem presentes nas suas partes bucais e, tão logo o pulgão dê a picada de prova na planta sadia, essa já pode ser infectada. Daí a razão de serem os pulgões tão combatidos na cultura da bata, explica Salles. O pesquisador salienta que as infestações mais constantes e severas de pulgões acontecem no período de plantio de batata da primavera, exatamente como ocorre agora. Sua incidência ocorre geralmente em manchas (reboleiras) na lavoura.


Marketing

rural

Marketing, esse aliado pouco conhecido A palavra marketing já é parte do vocabulário de grande parte da população e talvez erroneamente empregue como um adjetivo que qualifica uma empresa eficiente na área de comunicação com o mercado

É

comum em conversas informais, ouvir-se expressões como esta empresa tem um marketing fantástico , numa alusão a um anúncio veiculado na mídia ou à alguma campanha promocional. Autores definem marketing de vários modos: uns lhe dão conotação de ciência; outros de estratégias de negócios; outros ainda como uma função coordenadora e integradora de políticas internas comerciais das empresas. Para compreender toda a sua abrangência, devemos começar falando em necessidades . De uma maneira simplista, podemos afirmar que a espécie humana sobreviveu porque conseguiu satisfazer as necessidades materiais que a protegeram do meio ambiente. O mínimo necessário, no início; logo, o conceito de acumulação de bens. Provavelmente os que acumularam bens e riquezas foram os primeiros a desenvolver um tipo mais complexo de necessidade: o desejo. No conjunto da satisfação de necessidades e de desejos reside o conceito de marketing, que procura compreendê-los e dispor de produtos e serviços que, aos olhos do potencial consumidor, parecem ter sido especialmente feito para ele. Quando uma empresa atinge esta posição na percepção do consumidor,

quando lhe provar que, além de necessi- empresa perde um fiel apreciador e comtar e desejar seu produto, acredita ser prador de seu produto. especial, justo, que o beneficia e lhe dá Muitos devem estar concluindo que, prazer , temos a concretização da defi- afinal, marketing poderia ser descrito nição de marketing eficiente. como sinônimo de manipulação. O As necessidades e desejos do homem marketing seria um conjunto de regras moderno são surpreendentes. Consumi- de bruxaria mercantilista, com receitas e mos milhões de objetos e de serviços a poções infalíveis para manipular os pocada novo dia, de bilhões de ovos para bres consumidores, que, sem se darem alimentação a vários milhares de seca- conta, estariam sendo induzidos a se dores de cabelo. A necessidade do ser hu- comportar de uma determinada e desemano por novos produtos parece ser in- jada maneira. saciável. Como o consumidor vai perceA empresa que adota como filosofia ber, entender e interiorizar o conceito que o marketing como sua orientação primáo nosso, digamos, secador ria, procura a todo cusde cabelo é o melhor do to moldar sua organimercado? zação para que conheTalvez devamos dizer ça profundamente seu As necessidades que é o mais resistente, ou cliente, seus desejos e e os desejos do o que tem o jato de ar mais necessidades. homem moderno potente, ou ainda que é o Poderíamos dizer , são surpreendentes mais leve para transportar. que os clientes maniO que dizer? O que comupulam a empresa bem nicar? O marketing nos sucedida. A empresa ensina que devemos perguntar desenhar de sucesso, então, é aquela em que todo um secador de cabelos que concretize seu quadro de pessoal, seus procedimenos desejos do comprador. Mas não é tão tos administrativos, seus métodos e prosimples. Provavelmente cada comprador, cessos, e sua visão, são manipulados e se inquirido, dirá que o importante é uma guiados tendo como base o conhecimencaracterística distinta do que até minuCultivar tos atrás estávamos por concluir que seria a de consenso geral. Não gostaria de tornar esta nossa breve conversa em uma pretensiosa aula de ferramentas de marketing, mas a solução, neste caso, é segmentar os potenciais compradores, de forma tal, que cada segmento apresente o mesmo perfil de desejo e de necessidade. Desta forma, provavelmente teremos um aparelho que atenda os anseios da maioria, segmentados em determinado perfil. Creio que o marketing veio para ordenar o turbilhão de necessidades e de desejos dos consumidores, apartando-os em grupos homogêneos e tratando de prever quando alguém queira migrar para Damaceno (centro) comenta o uso do marketing outro grupo, porque assim que o fizer, a

to das necessidades dos seus clientes. controle de um determinado problema. Neste enfoque, o marketing passa a ser Podemos dizer que se um produto agríuma poderosa arma na mão dos consu- cola foi lançado no mercado é porque midores e não da empresa, pois cada vez apresenta eficiência biológica suficiente mais esta procura adaptar-se ao que é ne- para poder competir e manter-se como cessário e descartar-se do que será perce- opção de compra de um agricultor. bido como de baixo valor agregado. Mas, se a base é a eficiência biológiE as empresas do setor agrícola; como ca, onde entra o Marketing neste contexusam o marketing? É um setor bastante to? Da mesma maneira que para o secainteressante, pois não estamos lidando dor de cabelos: conhecendo profundasimplesmente com emoções e desejos, mente necessidades. Mas para conhecer como no exemplo dos seas necessidades e poder cadores de cabelo. Um interpretá-las , as emproduto agrícola, principresas necessitam funciUm produto palmente o insumo moonários que além da foragrícola é um fator que impacta derno, é um fator que mação acadêmica aprofortemente no impacta fortemente no priada, tenham vivência processo produtivo processo produtivo. Um no meio rural de produproduto agrícola, a prioção. As empresas de ri, não pode ter suas caprodutos agrícolas bem racterísticas alteradas sucedidas, seguindo para atender a uma mudança de neces- nosso exemplo anterior, são as que desidades ou desejos de um segmento de senvolvem e trazem para o mercado proclientes. dutos percebidos como a solução para A base de um produto é sua ativida- os problemas da produção. de biológica: ou é eficiente ou não para Os colaboradores destas empresas

passam a maior parte do seu tempo junto ao agricultor, em sua lavoura, com as botas sujas , discutindo as soluções e alternativas e não nos escritórios com ar refrigerado planejando estratégias terríveis para manipular o agricultor. A empresa de sucesso é percebida pelo agricultor como uma parceira na produção. Nesta cumplicidade, todos ganham: o agricultor, que passa a dispor de produtos e serviços de alta tecnologia adequados a resolução de seus problemas, e a empresa, que dispõe de clientes fiéis que valorizam seus investimentos em pesquisa e em pessoal qualificado. Finalizando, me parece que Marketing, afinal, é uma atividade dirigida para a compreensão e satisfação das necessidades e desejos, através de processos de troca, que beneficia tanto o consumidor, que recebe o que deseja, quanto a empresa que o produz, que obtém lucro com sua atividade. Antônio Carlos Damaceno, Griffin do Brasil


Vieram as novas tecnologias para acabar com o pequeno produtor de sementes?

Morte aos pequenos?

sas detêm a tecnologia. Da mesma forma os transgênicos vieram para ficar, A. F. Antoniali, mas o período para difusão Semeali do seu uso dará tempo para que muitas empresas se adaptem à nova tecnologia. essa grande polêmi- Como os herbicidas, em alca criada em torno guns anos mais os OGMs se dos transgênicos na agricul- transformarão em comoditura, algumas vozes têm ties , pois várias empresas já dado a entender que o me- detêm a sua técnica e em lhoramento genético e a pro- pouco tempo estarão licendução de sementes, agora é ciando aos interessados. Outro ponto a considerar coisa de gente grande e que as pequenas empresas estão é o custo dessa semente com fadadas a desaparecer. Será genes modificados. Precisaverdade ou apenas futurolo- mos saber se, realmente, será gia baseada no deslumbra- vantajoso para o agricultor o mento com os grandes inves- uso dos que hoje se apresentimentos de empresas na tam no mercado. Tudo o que sabemos é o de ouvir falar área? e até já se Preferimos fala que a segunda hiGrande parcela do agricultopótese, baseamercado de res ameridos no conhesementes de milho canos escimento do está nas mãos de tão questimercado de seis empresas onando sementes do essa suposBrasil e do ta vantapensamento do agricultor brasileiro, em- gem. Portanto, só avaliarebora reconhecendo que in- mos se será economicamenvestimento e tecnologia são te viável quando usarmos grandes diferenciais na em nossas condições. Entendemos que muitos disputa por certos segmentos do mercado. Também nos agricultores que hoje utilibaseamos no passado. O ad- zam alta tecnologia já estão vento de outras tecnologias, preparados para o uso de como a dos híbridos, por OGMs, mas ainda é baixa a exemplo, não acabou com o porcentagem da área plantauso de sementes de paiol. da com alta tecnologia no Ainda se usa sementes não Brasil. No milho, não passa melhoradas em diversas es- de 20%. Talvez fosse mais pécies de grandes culturas. O rentável a um agricultor usar advento dos herbicidas tam- adubação em cobertura (e bém não acabou com o uso muitos ainda não usam) do de cultivo. O herbicida se que gastar na compra de transformou em uma como- uma semente transgênica. Para justificar a inclusão ditie e hoje muitas empre-

N

58

• Cultivar

Dezembro 1999

Semeali

de um gene o cultivar precisa ter alta performance. Este cultivar já tem custo alto. Se for transgênico custará mais ainda, o que limitará seu uso só a uma faixa de agriculAinda é baixo o uso de tecnologia na produção de milho tores. Há q u e m diga que os preços não se- to umas são vendidas, ourão maiores do que os culti- tras se mantêm e terceiras vares normais. Mas então serão criadas. não vemos como as compaGrande parcela do mernhias que investiram forte cado de sementes de milho na área obterão retorno do está hoje nas mãos de apeseu capital. nas seis empresas multinaNesse ponto surgem as cionais, e há quem preveja pequenas empresas que dis- novas fusões, reduzindo põem de germoplasma pró- ainda mais o número. Essa prio ou que licenciam de situação pode ser perigosa empresas públicas ou uni- do ponto de vista do consuversidades. As poucas em- midor, que a percebe. Para presas brasileiras que fazem se proteger, ele estimulará a melhoramento de milho, concorrência, prestigiando como a Semeali, p.ex., já outras empresas, principaldetém cultivares de alta per- mente as pequenas, benefiformance que rivalizam em ciando o mercado. qualidade com o que existe Por estas, e outras rade melhor no mercado. Da zões, é que acreditamos na mesma forma, pequenas permanência das pequenas empresas têm colocado no empresas. E até mesmo no mercado excelentes cultiva- seu fortalecimento, pois sares de outros produtos. Por berão encontrar o caminho isso mesmo são assediadas certo. Conhecimento para pelas grandes. Mas enquan- isso elas têm.



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.