Cultivar Grandes Culturas • Ano X • Nº 111 • Agosto 2008 • ISSN - 1516-358X Destaques
Nossas Capas Luiz Chitarr Chitarraa
Laten te ....................... ............ ......26 Latente te....................... ................................... ..................26
Dir ceu Gassen Dirceu
Fun go Phak con tr dições ffavoráveis avoráveis par Fung Phakopsor opsoraa pach pachyrhizi encon contr traa con condições paraa opsor yrhizi en explodir em lavour as ddee soja ddee M ato Gr osso lavouras Mato Grosso
Luís H enrique Carr egal PPer er eir Henrique Carregal ereir eiraa ddaa Silva
Base corr oíd a........................08 Depr eci ad o............................36 Bom ddee bi co..........................42 corroíd oída........................08 Depreci eciad ado............................36 bico..........................42 Com o enfr en tar os pr oblem as Como enfren entar problem oblemas ri dões ddo o causad os por pod causados podri ridões colm on o milh o colmo naa cultur culturaa ddo milho
Os pr ejuízos ddaa giber ela, prejuízos giberela, as m ais importan tes um umaa ddas mais importantes doenças em tri go trig
Índice
Saiba o m om en to certo par mom omen ento paraa edi das con tr otar m adotar medi edid contr traa o ad bi cu do-d o-alg od oeir o bicu cud o-do-alg o-algod odoeir oeiro
Expediente Fun dad or es: Milton Sousa Guerr ewton PPeter eter Fund ador ores: Guerraa e N Newton
Dir etas Diretas Pod ri dão ddo o colm o em milh o odri ridão colmo milho Pod odaa em café Resistên ci Resistênci ciaa ddee ddaninhas aninhas em soja
06 08 16 21
Ferrug em asiáti ca n Ferrugem asiática naa soja
26
Alerta con tr em asiáti ca contr traa a ferrug ferrugem asiática
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Giber ela em tri go Giberela trig
36
RED AÇÃO REDAÇÃO
MARKETING E PUBLI CID ADE PUBLICID CIDADE
• Editor
• Coor den ação Coord enação
Gilvan Dutr o Dutraa Queved Quevedo • Coor den ad or ddee Red ação Coord enad ador Redação
Jani ce Ebel anice • Desi gn Gráfi co e Di agr am ação Design Gráfico Diagr agram amação
Cristi an o Cei Cristian ano Ceiaa • Revisão
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CIRCULAÇÃO • A ssin atur as Assin ssinatur aturas
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Bi cu do em alg odão Bicu cud algodão
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Queim a-d a-bainha n o arr oz Queima-d a-da-bainha no arroz
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Inf orm Inform ormee - Bayer
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Inf orm Inform ormee - Arysta
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Colun dav Colunaa An And
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Colun gr on egóci os Colunaa A Agr gron onegóci egócios
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Mer cad o A grícola ercad cado Agrícola
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Núm er os atr asad os: R$ 15,00 Númer eros atrasad asados:
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Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Diretas Fibra FForte orte A Bayer comemora os resultados do programa Linha Forte Fibra Forte, para a cultura de algodão. No pacote tecnológico que integra a Linha, estão as sementes FiberMax, os inseticidas Bulldock, Connect e Oberon, além do fungicida Nativo, do maturador Finish e o desfolhante Dropp Ultra SC. “Procuramos oferecer aos produtores de algodão a linha mais completa para o manejo adequado da lavoura, contribuindo para a maior produtividade e qualidade da fibra produzida, o que se reverterá em maiores ganhos para o produtor”, explica o gerente de Cultura de Algodão Fernando PruFernando Prudente dente.
Basf A Basf participou da 5ª edição da Feira Regional Sucroalcooleira (Fersucro), entre os dias 7 e 11 de julho em Maceió, Alagoas. Entre as soluções destacadas pela empresa no evento estão o inseticida Regent® 800 WG e os herbicidas Plateau® e Contain®. “A Basf sempre investiu em tecnologia voltada para a cana-de-açúcar, mas depois que o etanol ganhou projeção internacional por ser uma fonte de energia renovável, a decisão da empresa foi ampliar os investimentos nesta cultura como forma de apoiar o desenvolvimento sustentável do setor”, afirma Redson Vieira, gerente de Canade-açúcar de Proteção de Cultivos da Basf.
Redson Vieira
Reconhecimento
Aquisição
O engenheiro agrônomo Dirceu Gassen, recebe homenagem na Espanha durante a VIII Edição Prêmios Abulac. O troféu Abulac de Agricultura de Conservación 2008, lhe foi concedido, por sua colaboração e apoio a favor da agricultura conservacionista. “Um exemplo a ser seguido por seu altruísmo e dedicação à agricultura sustentável, enfatizou Juan Vicente Herrera, presidente de la Junta de Castilla y Leon, durante a Dirceu Gassen (dir.) entrega do prêmio.
A Nufarm, concluiu o processo de aquisição do Abamex no Brasil. O produto, que anteriormente pertencia à Bequisa, é um acaricida-inseticida registrado para o controle de pragas em diversas culturas como acaro rajado do algodoeiro e mosca-minadora. Seu princípio ativo é a abamectina. O Abamex chega para ampliar o portfólio da empresa, reforçando sua posição em segmentos-chaves.
Nufarm A Nufarm adquiriu o CottonQuik™ da DuPont. Trata-se de um maturador e desfolhante que promete realizar o sonho de todo produtor de algodão: decidir o momento de colher, garantir a qualidade das maçãs e otimizar sua estrutura de colheita. O defensivo é do grupo químico Etileno, que contém 273 g/litro do ingrediente ativo Etefom na forma de concentrado solúvel, recomendado para induzir o desfolhamento e auxiliar na abertura das maçãs fisiologicamente maduras, antecipando a colheita.
Biomatrix A Sementes Biomatrix participou da 5ª Semana Coopatos, em julho, na cidade de Patos de Minas, Minas Gerais. O destaque da empresa no evento foi o milho híbrido BM-3061, considerado ótima opção para a produção de silagem de alta qualidade. No estande, Tarcísio Corrêa, Adriana Cardoso e José Benevides apresentaram outros híbridos de milho e sorgo. De acordo com as necessidades dos produtores, indicavam o híbrido certo para cada tipo de lavoura.
Luretape B W-10 BW A Bio Controle lança para o mercado de algodão uma nova formulação de feromônio sexual. O produto usado no Programa de Erradicação dos Estados Unidos é mais atrativo ao bicudo-do-algodoeiro e deve ser utilizado dentro de armadilhas no monitoramento da praga. O emprego do produto permite a detecção e/ou acompanhamento da flutuação populacional do inseto Anthonomus grandis na cultura, auxiliando no seu melhor manejo e controle. O produto já possui registro no Ministério da Agricultura e está disponível para comercialização.
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Negócios Sul
Jean Zonato
Soberan para milho A Bayer CropScience acaba de colocar no mercado o Soberan, herbicida de alta performance, que se destaca pelos seus diferenciais exclusivos. O produto é sistêmico e controla, em pósemergência, plantas daninhas de folhas estreitas e largas. “Trata-se do que há de melhor e mais moderno no segmento de herbicidas para a cultura do milho. Estamos trazendo ao mercado o produto mais aguardado dos últimos anos para a cultura do milho, pois o controle eficiente de plantas daninhas é essencial para o desenvolvimento das lavouras”, destaca o gerente do portfólio de Herbicidas da empresa, Jean Zonato.
Accent NicoDry O herbicida Accent da Dupont está com nova formulação seca, chamada NicoDry, que agrega segurança e facilidade no manuseio e preparo da calda. Lançado em 2006 com outra formulação, o Accent, herbicida do grupo químico das sulfoniluréias, já tratou aproximadamente um milhão de hectares de milho. Em pósemergência de daninhas, ele pode ser aplicado em associação com atrazina e óleo mineral.
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Ademir Santini assumiu a gerência das culturas Maçã, HF e Feijão da Diretoria de Negócios Sul da Bayer CropScience. Na empresa desde 1994, já desempenhou funções nas áreas de assistência técnica, marketing e área comercial. Ademir Santini é agrônomo e mestre em Fitotecnia pelo Instituto Agronômico de Campinas, São Paulo.
Ademir Santini
Milho e Sorgo A Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, realizou em julho a 53ª Reunião Técnica Anual do Milho e a 36ª Reunião Técnica Anual do Sorgo. Os eventos, realizados em parceria com a Emater, reuniram aproximadamente 200 pessoas e abordaram temas como manejo de pragas, biotecnologia e a influência dos fenômenos meteorológicos na cultura. A coordenação esteve a cargo da pesquisadora Marilda Porto Pereira.
Presidente André Dias é o novo presidente da Monsanto do Brasil desde o final de julho. Engenheiro, com pós-graduação em Administração, começou suas atividades na Monsanto do Brasil em 1991 até se tornar, em 2002, diretor da área comercial. Em março de 2006, assumiu a liderança regional para o sudeste asiático, em Cingapura e, desde janeiro de 2007, atuava na liderança da Região Ásia/Pacífico, incluindo China e Austrália as suas responsabilidades anteriores. Assume no lugar de Alfonso Alba, que responderá pela liderança dos negócios da Monsanto para o sul da Europa.
André Dias
Milho Divulgação
Base arruinada AA elevad elevada capacid ade patógen enos causador ores podri ridões colmo no milho elevadaa capaci capaciddad adee dde dee patóg patógen enos os causad causador ores es dde dee pod podri ridões dões dde dee colm colmoo n noo milh milhoo sobr na sobreviver eviverem no cultura erad ado perd dee até naa sobreviver eviverem em n noo solo solo ee em em rrestos restos estos dde dee cultur culturaa tem ger erad adoo per perddas tem gger as dde até 50% 50% n pr prod odutivi utivid ade cultura. cultivares condições prod odutivi utividdad adee dda daa cultur cultura. dee cultivar cultivares es suscetíveis suscetíveis ee as as con condições dee a. OO uso uso dde dições dde ambi ambien ente atores agravam aind mais problem oblema ambien ente favoráveis fator atores agravam ainddaa m mais ais oo pr problem oblemaa te ffavoráveis avoráveis são são os os ffator es que que agr avam ain
A
s podridões de colmo destacam-se, no mundo, entre as mais importantes doenças que atacam a cultura do milho por causarem redução de produção e de qualidade de grãos e forragens. Sua ocorrência, no Brasil, tem aumentado, significativamente, nas últimas safras em todas as regiões de plantio. Os cultivos sucessivos, a ampla adoção do sistema de plantio direto sem rotação e o emprego de genótipos suscetíveis favorecem a ocorrência da doença em função da elevada capacidade dos patógenos de sobreviverem no solo e em restos de cultura, resultando no rápido acúmulo de inóculo nas áreas de cultivo. Incidência de podridão de
colmo acima de 70% e perdas de produtividade em torno de 50% têm sido relatadas em cultivares suscetíveis sob condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento dos patógenos causadores de podridões de colmo. Vários são os patógenos causadores de podridão de colmo em milho, incluindo fungos e bactérias. No Brasil, os principais são Colletotrichum graminicola, Diplodia macrospora, Diplodia maydis, Fusarium graminearum, Fusarium moniliforme e Macrophomina Phaseolina.
SINTOMAS Os sintomas da antracnose são mais visí-
Alexandre da S. Ferreira e Rodrigo V. da Costa
Podridão do colmo por Colletrotrichum graminicola. A) Lesões escuras na casca no final do ciclo da cultura. B) Colmo de milho infectado na fase de enchimento de grãos. Ao lado, colmo sadio. C) Podridão do tecido interno em plantas de milho na fase de enchimento de grãos
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veis após o florescimento. Caracterizam-se pela formação, na casca, de lesões estreitas e elípticas, que tornam-se, posteriormente, marromescuras a negras. O tecido interno do colmo apresenta coloração marrom-escura, podendo desintegrar-se, levando a planta à morte prematura. Com freqüência ocorre a seca do ponteiro da planta, sintoma conhecido como “top dieback”, em que, inicialmente, observase o murchamento das folhas apicais, que também secam posteriormente. Plantas infectadas por fungos do gênero Diplodia apresentam, externamente, próximo aos entrenós inferiores, lesões marrom-escuras, onde é possível observar a presença de picnídios. No caso das podridões causadas por Fusarium spp., o tecido infectado dos entrenós inferiores geralmente adquire coloração avermelhada, que progride em direção à parte superior da planta. Esses sintomas são mais visíveis após a polinização. Na podridão por M. phaseolina as infecções iniciam-se pelas raízes. Internamente, os tecidos da medula se desintegram permanecendo intactos somente os vasos lenhosos sobre os quais é possível observar a presença de esclerócios que conferem internamente ao colmo uma cor cinza típica. Resultados obtidos pela Embrapa Milho e Sorgo, na safra 06/07, demonstraram a predominância de C. graminicola (62,70%), Fusarium spp. (20,68%) e D. macrospora (15,95%) entre os principais patógenos associados à podridão de colmo em milho (Figura 1). As podridões causadas por Fusarium spp. e Diplodia spp. são favorecidas por condições
A) Severa seca do ponteiro de plantas de milho com destaque às extensas lesões na nervura. B) Sintoma típico da seca de ponteiro em plantas de milho Alexandre da S. Ferreira e Rodrigo V. da Costa
no campo. Entretanto, alguns pontos devem ser considerados. A realização da colheita no momento adequado é um dos principais fatores a serem observados em campos de produção que apresentem sintomas da doença. Para isso, o monitoramento da lavoura passa a ser de fundamental importância. O exame de campo consiste em se avaliar, além dos sintomas na casca, a firmeza do colmo. Nesse caso a avaliação é feita pressionando-se, com os dedos, o primeiro e/ou o segundo entrenó do colmo acima do solo. Colmos sadios são firmes e a casca oferece forte resistência à pressão dos dedos. Em colmos apodrecidos a casca cede facilmente quando pressionada devido à desintegração dos tecidos internos da medula. Alguns híbridos apresentam a casca bastante resistente, o que impede o tombamento da planta mesmo quando os tecidos internos apresentam-se apodrecidos. No entanto, a resistência da casca pode não ser suficiente para evitar o tombamento se a colheita for retardada e as plantas expostas a condições adversas como ventos e chuvas fortes. Recomenda-se que em campos, apresentando entre 15% a 20% de podridão de colmo, de acordo com as avaliações descritas acima, sejam colhidas o mais breve possível para evitar perdas devido ao acamamento de plantas.
MANEJO Não existe uma medida única recomendada para o controle das podridões de colmo em milho. Para se obter sucesso no manejo dessa doença um conjunto de alternativas devem ser executas de forma integrada. A primeira e, talvez, a mais importante, é a escolha correta da cultivar. Nesse caso, deve ser dada preferência para híbridos que apresentem, além de alta produtividade, satisfatória resistência no colmo. Resultados obtidos pela Embrapa Milho e Sorgo demonstram a existência de variabilidade quanto à resistência à Podridão do colmo de milho causada por Fusarium spp. (esq.) e detalhe da podridão de colmo causada por Diplodia spp.(dir.).
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Noésio F.J.A. Pinto
em inadequado suprimento de carboidratos para enchimento dos grãos. Nesse caso, o colmo, que, além de função estrutural, atua também como órgão de reserva, passa a ser a principal fonte de carboidratos para o enchimento dos grãos, via processo de translocação. No entanto, a redução da atividade fotossintética e a intensa translocação de carboidratos do colmo para a espiga resultam num enfraquecimento dos tecidos do colmo, tornando-os mais suscetíveis ao ataque de patógenos causadores de podridão. Desse modo, é possível afirmar que qualquer fator que reduza a capacidade fotossintética e a produção de carboidratos predispõe as plantas à ocorrência da doença. O desenvolvimento de podridões de colmo na fase final do ciclo da cultura, após a maturidade fisiológica, geralmente não resulta em perdas significativas na produção. Entretanto, o acamamento, processo decorrente da colonização dos tecidos do colmo por patógenos, dificulta a colheita mecânica e expõe as espigas à ação de roedores e ao apodrecimento por patógenos presentes no solo. Além das podridões, fatores como peso e altura de espiga, dureza da casca e ocorrência de ventos, influenciam na ocorrência de acamamento. Alguns patógenos podem colonizar os tecidos do colmo antes da fase de enchimento de grãos em plantas ainda vigorosas, como é o caso de C. graminicola, agente causal da antracnose. Nesse caso, os danos diretos são causados pela colonização dos tecidos vasculares do colmo, que reduz a absorção de água e de nutrientes. Como conseqüência, há um menor enchimento dos grãos, que resulta em redução do tamanho e peso das espigas, podendo haver, em alguns casos, a morte prematura da planta. As podridões de colmo não necessariamente resultam em tombamento de plantas
Alexandre da S. Ferreira e Rodrigo V. da Costa
mais secas no início do ciclo da cultura, o que resulta em menor solubilidade e oferta dos nutrientes para as plantas, tornando-as mais vulneráveis à doença. Após a polinização, temperaturas elevadas entre 28ºC e 30oC e alta umidade favorecem esses patógenos. A podridão seca por M. phaseolina é agravada por temperaturas acima de 32oC e estiagem durante o período de enchimento de grãos. Elevadas temperaturas do ar e do solo, associadas a extensos períodos de alta umidade relativa e nebulosidade, favorecem a podridão causada por C. graminicola. As podridões bacterianas são auxiliadas por elevada precipitação, encharcamento do solo, baixa circulação de ar e temperaturas entre 30ºC e 35oC. Segundo resultados da Embrapa Milho e Sorgo, a incidência de podridões de colmo causadas por C. graminicola, Fusarium spp. e D. macrospora é maior no plantio de verão quando comparado ao plantio de segunda época (Figura 2). As podridões de colmo apresentam estreita relação com a ocorrência de vários tipos de estresses durante o ciclo da cultura, que promovem alterações no balanço normal de distribuição de carboidratos na planta. Após as fases de polinização e fertilização, inicia-se o período de enchimento dos grãos, que se estende até a maturidade fisiológica. Nesta fase as espigas tornam-se os drenos mais fortes na planta, assumindo grande demanda por açúcares e outros carboidratos. Portanto, o “aparato” fotossintético, nesse período, deve funcionar plenamente para manter o adequado suprimento de carboidratos para o enchimento dos grãos e manutenção dos tecidos do colmo e das raízes. Qualquer fator que interfira negativamente no processo de fotossíntese nessa fase, como: estresse hídrico, temperaturas elevadas, desequilíbrios nutricionais, redução da radiação solar e perda de área foliar devido ao ataque de pragas e doenças, resulta
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Embrapa Milho e Sorgo
Ataque de Macrophomina phaseolina em colmo de milho
podridão de colmo em genótipos de milho (Figura 3). Além disso, avaliações de genótipos para a resistência a patógenos de colmo têm sido implementadas no programa de melhoramento de milho da empresa. Outros critérios como adubação equilibrada, principalmente quanto à relação N/K, manejo de irrigação, controle de pragas, de plantas daninhas e de doenças, densidade de plantas, época de plantio e colheita, são de fundamental importância e devem ser considerados num programa de manejo das podridões de colmo na cultura do milho. Recentemente grande ênfase tem sido dada ao uso de fungicidas na cultura do milho para o manejo de doenças foliares. No entanto, existe pouca informação sobre a eficiência desses produtos sobre os patógenos causadores de podridão no colmo. Resultados preliminares têm demonstrado a existência de interação entre resis-
Figura 1 - Percentagem de podridão de colmo causada por Colletotrichum graminicola (barras azuis), Diplodia macrospora (barras vermelhas) e Fusarium spp. (barras verdes) em diferentes genótipos de milho na safra 06/07
Rodrigo Véras da Costa, Alexandre da Silva Ferreira e Carlos Roberto Casela, Embrapa Milho e Sorgo Dagma Dionísia da Silva, Ufla
Figura 3 - Incidência média (safra 05/06, safrinha 2006 e safra 06/07) de Colletotrichum graminicola (A), F. moniliforme. (B) e Diplodia macrospora (C) causando podridão de colmo em diferentes genótipos de milho
Figura 2 - Incidência de podridões de colmo causadas por Colletotrichum graminicola (barras azuis), Diplodia macrospora (barras vermelhas) e Fusarium spp. (barras verdes) na safra 05/06 (A) e safrinha de 2006 (B)
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tência genética e aplicação de fungicidas no controle das podridões. Genótipos com elevada suscetibilidade apresentam redução relativamente pequena da percentagem de colmos podres, quando submetidos à aplicação de fungicidas, em comparação com genótipos considerados mais resistentes submetidos à mesma aplicação (Figura 4). No entanto, ainda existem dúvidas se os efeitos positivos do uso de fungicidas se devem à sua ação direta sobre os patógenos no colmo ou se são reflexos do controle de doenças foliares, preservando a capaC cidade fotossintética das plantas.
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Figura 4 - Resposta de quatro híbridos de milho (2B710, BRS1035, BRS1001 e Dow 657) submetidos a diferentes tratamentos com fungicidas (Tebuconazole + Trifloxystrobin, Epoxiconazole + Pyraclostrobin e Cyproconazole + Azoxystrobin em 0 – Test -, 1 e 2 aplicações) quanto a ocorrência de podridão de colmo
Café Cultivar
Vigor retomado Com o objetivo prin cipal ddee rren en ovar os rram am os pr od utivos ddas as plan tas eg o principal enovar amos prod odutivos plantas tas,, o empr empreg ego tal par da pod as lavour as cafeeir as ao términ o ddas as colh eitas é fun dam en podaa n nas lavouras cafeeiras término colheitas fund amen ental paraa a gar an ti elh or es rresultad esultad os e estabili dad od ução ao lon go ddas as safr as garan anti tiaa ddee m melh elhor ores esultados estabilid adee ddee pr prod odução long safras
N
o Brasil a cafeicultura não há tradição de podas e somente a partir do final da década de 70, com o advento das lavouras adensadas, é que a pesquisa nesta área intensificou-se. Mesmo assim, ainda hoje as razões preponderantes que conduzem à poda do cafeeiro são, basicamente, o fechamento da lavoura; a recuperação ou o rejuvenescimento de cafeeiros debilitados por idade; fatores estressantes como excesso de produção; acidentes climáticos como geada e granizo; reduzir a altura das plantas para facilitar os tratos e a colheita e manejo inadequado podendo citar adubações desequilibradas. E de modo recente à safra zero onde se faz o esqueletamento. Em geral, fora essas situações, o cafeeiro no Brasil é conduzido no livre crescimento, onde as lavouras são implantadas em espaçamentos mecanizados.
(deficiência hídrica, geada, etc); componente genético (predisposição a depauperamento); desfolha devido ao ataque de bicho mineiro, incidência de ferrugem e cercosporiose; e ainda adubações desequilibradas que podem agraFigura 1 – Representação de um cafeeiro com ramos produtivos em diferentes fases de desenvolvimento
PERDA DE VIGOR A perda de vigor do cafeeiro não é dependente de apenas uma causa, mas de um conjunto de fatores: esgotamento devido a altas produções, situação em que a área de folhas disponível não é suficiente para alimentar os frutos que estão se desenvolvendo; ambiente
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var o depauperamento. Estes fatores provocam alterações na parte aérea da planta pela ação isolada ou conjunta desses fatores como: baixo crescimento de ramos produtivos, formação de muitos ramos ladrões, dando um aspecto de envassouramento, outras alterações como morte de ramos inferiores ou perda de saia, cinturamento ou morte de ramos medianos, tendo ainda, morte de ramos superiores e são bastante comuns observar estas características nas lavouras, indicando a necessidade da poda. Com a poda elimina-se a gema apical e as gemas laterais, saem do repouso, permitindo a formação de novos caules ou de novas ramificações laterais nos ramos produtivos. De certa maneira, eventos como geadas, ventos frios, secas, doenças ou deficiências minerais causam, com freqüência, a morte das gemas apicais, tanto nos ramos verticais como dos laterais.
QUANDO PODAR? Além do diagnóstico anterior, são listados abaixo alguns fatores que podem levar o técnico e o cafeicultor a optar pela poda: a) Envelhecimento da lavoura: lavouras velhas, mas ainda com potencial produtivo e
Vicente Luiz de Carvalho
econômico deve ser podada. Por outro lado, lavouras com mais de 20 anos, notadamente com falhas superiores a 20% e cultivares de pouco potencial produtivo devem ser renovadas e não recuperados com poda. b) Espaçamento: o espaçamento é o fator mais importante no estabelecimento da necessidade de podas e essa importância cresce na medida em que à distância entre as plantas diminui. Ao se implantar uma lavoura adensada, sabe-se que algum tipo de poda será necessário e o momento propício será indicado pelo grau de fechamento e pelo início da perda da saia. c) Análise econômica: na situação de mercado apresentando baixos preços ou mesmo abaixo do custo de produção, sem perspectiva de melhora em médio prazo, não justifica dispensar à lavoura os tratos culturais recomendados. Nestas condições, o ideal é rejuvenescer a lavoura com podas durante este período, e o tipo de poda vai depender da estrutura do cafezal e da expectativa do retorno dos bons preços. d) Depauperamento: caracterizado pelo esgotamento progressivo dos cafeeiros ao longo dos ciclos bienais de produção. O excesso de produção é a situação em que a área de folhas disponível na planta não é suficiente para atender os frutos que estão se desenvol-
Aspecto da lavoura após geada, que geralmente causa a morte das gemas apicais nos ramos
vendo, principalmente com carboidratos. Em geral, essa situação é agravada nas condições de cultivo a pleno sol, sem irrigação e pela desfolha ocasionada pelos ataques de bichomineiro, ferrugem, cercosporiose, e as deficiências minerais e hídricas que, nessas plantas sobrecarregadas, são naturalmente de difícil controle, exigindo do cafeeiro pelo menos dois
anos consecutivos de recuperação. f) Fechamento: cafeeiros com fechamento na entrelinha por falta de desbrotas e grande número de hastes formam densa massa de ramos e folhas, onde a penetração de luz e o arejamento são dificultados, ocasionando o esgotamento dos ramos produtivos localizados no terço inferior com posterior seca e der-
Fotos Vicente Luiz de Carvalho
rame dos ramos laterais, e conseqüentemente reduzindo as produções. Além disso, ambiente propício ao desenvolvimento da ferrugem e da broca pode prejudicar severamente a produtividade e a qualidade da bebida. Cafeeiros fechados dificultam e reduzem a eficiência das pulverizações para o controle fitossanitário e a correção das deficiências de micronutrientes. Assim, sistemas e tipos de podas apropriados podem representar a solução, pelo menos parcial, para esses problemas. g) Geadas ou chuvas de granizo: após a ocorrência desses fatores devem-se aguardar alguns dias para correta avaliação dos danos, a poda se torna necessária para a recomposição da lavoura afetada e o tipo de poda vai depender da extensão dos danos causados na parte aérea das plantas.
TIPOS DE PODA As podas são adotadas de acordo com as alterações ocorridas na parte aérea do cafeeiro. a) Recepa: é uma poda drástica, também conhecida como poda de renovação, elimina, praticamente, toda a parte aérea do cafeeiro e provoca a morte de mais de 80% de raízes absorventes. A recepa, por ser a poda que mais causa perda de produção, deve ser recomendada apenas aos cafeeiros muito deformados, a intensidade do dano causado e sua localização, determinam a altura necessária do corte. Lavouras que perderam muitos ramos produtivos da porção mediana para a base da copa, com perda de saia ou nos cafezais muito fechados pelo adensamento, o corte deve ser realizado a uma altura de 30 a 40cm do solo. Nos casos em que há a possibilidade de se deixar ramos pulmão, ela pode ser executada a 50cm de altura ou pouco mais, este ramos proporcionam uma recuperação mais rápida e mais vigorosa do crescimento vegetativo resultando em maiores produções quando com-
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Após 60 dias, operação de desbrota em lavoura recepada
paradas com a recepa sem pulmão. Depois da recepa é fundamental, na condução das brotações, que se elimine o excesso de brotos, deixando dois por tronco, dependendo do espaçamento, dando-se preferência pelos mais vigorosos, e os que estiverem no sentido do alinhamento das ruas. b) Decote: é uma poda menos drástica que a recepa, causando em torno de 25% de morte de raízes absorventes e sua altura de corte é definida de acordo com as alterações da copa, sendo indicada para recuperar lavouras que apresentam pescoço-de-galinha ou cinturamento, mas que ainda não tenham perdido a saia ou de maneira semelhante a recepa, pode ser usada para controlar o fechamento da lavoura, se associada ao esqueletamento, desde que a planta ainda tenha saia e a lavoura não seja muito adensada. Basicamente, consiste na eliminação da extremidade do caule ortotrópico, em alturas que variam de 1,0 a 2,0m. A eliminação da parte superior do tronco estimula o crescimento dos ramos laterais e consequentemente resulta em maiores produções. A desbrota de ramos ladrões é indispensável, podendo-se conduzir com desbrota, 1 ou 2 brotos por tronco, em função do espaçamento. Outra possibilidade seria desbrota total, ou seja, realizar periodicamente a retirada das brotações mantendo a planta sem brotação.
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Recepa: poda que mais causa perda de produção, somente é recomendada em cafeeiros muito deformados
Uma variante seria sem desbrota ou livre crescimento e realizar, um ou dois anos após, novo decote abaixo destas brotações. O decote é uma operação mais simples do que a recepa e não provoca perda significativa de produção. c) Esqueletamento: é também, uma poda drástica causando morte de mais de 80% do sistema radicular absorvente, pois consiste na associação de um decote alto (1,60 a 2,0m) com o corte acentuado dos ramos produtivos. Indicado para lavouras em vias de fechamento. O esqueletamento não deve ser aplicado a plantas que perderam muitos ramos laterais e a saia. É importante que o corte dos ramos laterais primários seja realizado de maneira que a planta fique, aproximadamente, com uma forma cônica, fazendo-se o corte dos ramos laterais a uma distância de 20 a 30 cm do tronco, na parte de cima (topo) e terminando com 40 a 50cm na base da planta. Essa poda estimula o desenvolvimento de ramos ladrões, ao longo da haste vertical e tem de ser eliminados, sob o risco de ter o fechamento excessivo da planta, dificultando a penetração de luz e o controle fitossanitário e nutricional, que levam rapidamente à queda da produção. e) Desponte ou desbaste dos ramos produtivos: essa poda é usada na restauração do crescimento dos ramos laterais, quando eles atingem um comprimento acima de 120cm, quando começa a mostrar sinais de esgotamento que se reconhece pela falta de vigor, com crescimento vegetativo insatisfatório e, apresentando rosetas ralas. O desponte estimula a formação de ramos laterais secundários e terciários. Consiste no corte das extremidades dos ramos produtivos, deixando cerca de 30cm de distância do tronco, no topo, e
Fotos Vicente Luiz de Carvalho
O crescimento vegetativo é reflexo da época em que foi realizada a poda
90cm na base do cafeeiro. Em síntese, é um esqueletamento suave, que pode ser realizado mesmo na ausência de decotes. f) Uma variante é a poda seletiva ou poda por apreciação: a poda é executada após a análise individual de cada planta, preservando todo o potencial produtivo da lavoura, que vai desde uma recepa baixa, até um decote. Requer pessoal treinado, sendo recomendado principalmente para pequenos proprietários, cuja mão-de-obra é familiar.
LAVOURAS ADENSADAS Em lavouras adensadas, as podas tornamse práticas necessárias, podendo ser realizada dentro de uma programação pré-estabelecida, permitindo associação com mais de um tipo de poda. Esses tipos de poda podem ser implementados com vários esquemas de condução da lavoura, como recepa em linhas alternadas, recepa e decote em linhas alternadas, e outras. Uma prática utilizada com bons resultados é a recepa por talhão proporcionando uma nova lavoura após dois anos, com van-
tagens se escalonar os plantios, mantendo quase constante o volume de produção na propriedade.
ÉPOCA APROPRIADA A época da poda influência o crescimento vegetativo e terá reflexos na safra futura. Desse modo, a época mais apropriada é aquela que se segue após a colheita e se aplicam as podas leves, como os decotes ou desponte de ramos, com o início da elevação da temperatura e do início do período chuvoso (agosto/ setembro). A outra situação é aquela em que o cafeeiro, por qualquer razão, manejo inadequado associado a excesso de produção, geadas, chuvas de granizo, com perda de vi-
CRESCIMENTO VEGETATIVO E REPRODUTIVO
O
s ramos laterais produtivos (primários ou de ordem superior) enquanto jovens, apresentam elevada taxa de crescimento com formação de grande número de nós produtivos. Desse modo, a produção do cafeeiro apresenta uma curva bem característica, com progresso acentuado nas primeiras produções, e, com o passar do tempo, tende a cair gradativamente, resultado da menor taxa de crescimento vegetativo e, reduzindo consideravelmente o seu vigor, não havendo, portanto uma renovação destas áreas permitindo as altas produções. Pode-se observar na Figura 1, no ramo produtivo, três eventos de ocorrência simultânea, sendo uma área esgotada na base do ramo devido a nós que produziram e não voltam a frutificar; na região mediana, nós em plena produção e na sua extremidade, formação de nós, responsável pela produção do ano seguinte.
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Além desta característica, da produção, o cafeeiro apresenta grande predisposição a bienalidade, em conseqüência da superprodução. Nos anos de grande carga, a elevada demanda por carboidratos e minerais, principalmente durante as fases de granação e maturação dos frutos, impõe severas limitações ao crescimento vegetativo, o qual é responsável pela formação dos ramos produtivos do próximo ano. Por outro lado, o ano de pequena produção possibilita um maior crescimento vegetativo, que determinará nova superprodução na safra subsequente, estabelecendo-se, assim, os ritmos bienais de produção. Assim a recuperação do cafeeiro via poda, tornam-se um bom artifício para elevar e estabilizar a produção e baseia-se na existência de várias gemas em repouso, localizadas junto aos nós ao longo das hastes verticais e dos ramos laterais que podem formar novas brotações.
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gor, tanto da parte aérea como do sistema radicular, requer podas mais drásticas, como recepa ou esqueletamento. Neste caso, devese ter o cuidado de aguardar a recuperação, ainda que parcial, dessas plantas debilitadas, recomenda-se durante a estação chuvosa no mês de outubro-novembro para realizar a poda, coincidindo com o crescimento vegetativo e permitindo que as plantas acumulem alguma reserva caulinar, respondendo melhor as podas.
CUIDADOS DURANTE E APÓS A PODA Ocorrência de doenças: aumenta a ocorrência de cercosporiose nas folhas. Neste caso deve-se realizar o controle com produtos recomendados. O corte dos ramos laterais e do caule pode facilitar a incidência de fungos e bactérias, o uso de fungicidas cúpricos e outros trazem benefícios na proteção e cicatrizaC ção dos ferimentos. Rodrigo Luz da Cunha e Vicente Luiz de Carvalho, Epamig
C
Vicente Luiz de Carvalho explica a importância da poda no cafeeiro
Soja Divulgação
Racionalidade no uso
Cr esce a pr eocupação com tolerân ci esistên ci tas ddaninhas aninhas ao h erbi ci da Cresce preocupação tolerânci ciaa e rresistên esistênci ciaa ddee plan plantas herbi erbici cid corr eta e abusiva ddo o ddefen efen sivo. Depois ddo o Ri o Gr an de glif osato, fruto ddaa apli cação in glifosato, aplicação incorr correta efensivo. Rio Gran and do Sul, o PPar ar aná e a rregião egião cen tr al ddo o Br asil passam a enfr en tar casos con cr etos araná centr tral Brasil enfren entar concr cretos desse pr oblem a. A sobr evivên ci esta tecn ologi os ben efíci os por ela problem oblema. sobrevivên evivênci ciaa ddesta tecnologi ologiaa e ddos benefíci efícios epen de ddee su aci on al e ddee ações pr even tivas apr esen tad os ddepen esentad tados epend suaa utilização rraci acion onal preven eventivas apresen
A
tualmente existem 12 espécies resistentes ao glifosato no mundo, oito delas identificadas nos últimos quatro anos. No Brasil a resistência a este herbicida já foi confirmada tanto em populações de Conyza bonariensis como de Conyza canadensis. Sabe-se que a buva aparece com grande freqüência na maioria das regiões de soja e milho em nosso país, o que aumenta ainda mais a preocupação em relação a este problema. No Brasil o glifosto é usado há mais de 30 anos pelos agricultores, principalmente no plantio direto, e em pomares para controle da vegetação na linha das culturas. A tecnologia da soja resistente ao produto fez com que o emprego desse herbicida fosse ampliado. Atualmente, são realizadas de duas a três aplicações por ciclo da soja (uma antes da semea-
dura e uma ou duas após, na emergência). Além disso, essa tecnologia permitiu reduzir ou eliminar a necessidade de outros herbicidas, para o manejo de diferentes espécies de plantas daninhas o que contribui para o aumento da pressão de seleção e aparecimento de biótipos resistentes. A seleção de espécies tolerantes e/ou resistentes não é novidade e já aconteceu na agricultura do Rio Grande do Sul. Serve como exemplo de seleção de espécie tolerante o caso do herbicida metribuzin, muito usado na década de 80. Como esse defensivo não apresenta controle satisfatório do leiteiro, selecionou esta espécie nas lavouras onde era utilizado. Na década de 80, era essa a principal planta daninha a ser eliminada nas lavouras. O problema com o leiteiro foi resolvido com o lançamento no mercado de soja de uma nova
molécula herbicida, chamada imazaquin. O imazaquin foi então utilizado amplamente pelo produtores, sendo durante vários anos o herbicida mais adotado em áreas cultivadas com soja. Entretanto, seu uso repetido resultou, em meados da década de 90, no surgimento das primeiras espécies daninhas resistentes identificadas no Brasil: o leiteiro (Euphorbia heterophylla) e o picão-preto (Bidens pilosa). Além dessas e de outras espécies resistentes identificadas, o produto também selecionou plantas tolerantes, como o balãozinho (Cardiospermum halicacabum). A experiência vivida com os herbicidas metribuzin e imazaquin apresenta características semelhantes ao que está acontecendo com o glifosato, ou seja, os aspectos sobre a dinâmica de populações das plantas daninhas e a possibilidade da seleção de espécies tole-
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Fotos Divulgação
e buva foram positivos para resistência, ou seja, as amostras enviadas para teste eram de plantas resistentes ao glifosato. Já os testes com leiteiro foram todos negativos, indicando que os casos avaliados se tratavam de falhas de controle e não resistência. O impacto da seleção de espécies está, principalmente, no custo de produção, já que o produtor terá que utilizar outros herbicidas na área, normalmente com custo superior ao do glifosato e com menor eficiência, resultando em maior gasto com herbicida, menor controle e perdas na produção. Assim, o produtor que desejar usar a tecnologia da soja transgênica por maior tempo deverá adotar medidas de prevenção e controle de plantas daninhas tolerantes e resistentes.
Falhas no controle de azevém estão associadas ao uso dos herbicidas graminicidas fop’s e dim’s
rantes e/ou resistentes não foram considerados. A seleção de espécies daninhas resistentes inviabilizou o uso do imazaquin em diversas lavouras. Sabe-se que os herbicidas provocam mudanças no tipo e proporção de espécies de plantas daninhas que compõem a população da lavoura. Isso se explica pelo fato do herbicida não controlar igualmente as espécies existentes na área, com isso algumas acabam beneficiadas e se multiplicam. Nessas situações, plantas de baixa ocorrência na área podem se tornar um grave problema para o produtor. Dessa forma, deve-se evitar o uso contínuo e repetido do mesmo herbicida, ou de herbicidas com mesmo mecanismo de ação, do contrário a seleção de espécies resistentes e/ou tolerantes é inevitável e apenas uma questão de tempo. O tempo para seleção de espécies tolerantes e/ou resistentes varia de dois anos (caso dos herbicidas inibidores da ALS) a até mais de 20 anos (caso do glifosato), mas o importante é que vai acontecer. O número de plantas daninhas resistentes ao glifosato está aumentando rapidamente em áreas cultivadas com soja transgênica em países como os Estados Unidos. No Brasil foram identificadas três espécies resistentes (buva, azevém e capim-amargoso) e quatro tolerantes (leiteiro, corriola, trapoeraba e poaia) e a identificação de outras espécies dependerá do modo como o produto será utilizado nos próximos anos.
RIO GRANDE DO SUL Os dois primeiros casos de resistência ao glifosato no Brasil foram identificados no Rio Grande do Sul (azevém em 2003 e buva em 2005). Casos de biótipos de buva e azevém resistentes também foram identificados no Paraná assim como de buva no estado de São Paulo. O uso continuado e repetido é considerado a principal causa para seleção de espécies tolerantes e/ou resistentes.
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PARANÁ E REGIÃO CENTRAL
A Embrapa Trigo, a Fundacep e a Universidade de Passo Fundo estão monitorando os casos de resistência e tolerância que ocorrem no Estado. Na safra de soja de 2006/2007 foram avaliados na Embrapa Trigo 39 casos de suspeita de resistência, sendo 19 casos de suspeita de resistência em leiteiro; cinco casos de suspeita em buva e 15 casos de suspeita em azevém. Todas as amostras (casos) de azevém
O histórico das áreas de produção da “soja RR”, resistente ao glifosato, no estado do Paraná é um pouco mais recente do que as do Rio Grande do Sul. Mas, os problemas com plantas daninhas resistentes são semelhantes. O mesmo histórico de uso continuado dos herbicidas metribuzim e imazaquin, também resultou na seleção de biótipos tolerantes e resistentes. Da mesma forma que o uso conti-
Tabela 1 - Herbicidas graminicidas e não-seletivos que controlam azevém resistente e sensível ao glifosato Mecanismo de ação Inibidores da ACCase
Inibidores do FS I Inibidores da GS
Grupo químico
Ingrediente ativo HEBICIDAS GRAMINICIDAS Ariloxifenoxipropionatos Fluazifop-p (fop’s) Haloxyfop-r Propaquizafop Fenoxaprop Diclofop Ciclohexanodionas Clethodim (dim’s) Sethoxydim HEBICIDAS NÃO-SELETIVOS Bipiridílios Paraquat Ácido fosfínico Amônio-glufosinato
Nome comum Fusilade Verdict R, Gallant Shogun Furore, Podium Iloxan Select Poast Gramoxone Finale
Tabela 2 - Herbicidas que controlam buva resistente e sensível ao glifosato Mecanismo de ação
Grupo químico
Ingrediente ativo Nome comum CONTROLE NO INVERNO Inibidor Sulfoniluréia Iodosulfuron - methyl Hussar da ALS Metsulfuron - methyl Ally Mimetizador de auxinas Ácido ariloxialcanóico 2,4-D Aminol 806, Capri, DMA 806 BR, Herbi D-480, U46 D-Fluid 2,4-D NA DESSECAÇÃO PRÉ-SEMEADURA Inibidores Bipiridílios Diquat Reglone do Paraquat Gramoxone FS I Paraquat + Diuron Gramocil Inibidores da GS Ácido fosfínico Amônio-glufosinato Finale Mimetizador de auxinas Ácido ariloxialcanóico 2,4-D Aminol 806, Capri, DMA 806 BR, Herbi D-480, U46 D-Fluid 2,4-D PRÉ-EMERGÊNCIA EM SOJA Inibidor da ALS Sulfonanilidas Diclosulam Spider 840 WG Inibidor de PROTOX Triazolinona Sulfentrazone Boral 500 SC NA PÓS-EMERGÊNCIA DA SOJA Inibidor Sulfoniluréia Chlorimuron-ethyl Classic, clorimuron Master Nortox, Conquest, Smart, Twister da ALS Sulfonanilidas Cloransulam-methyl Pacto - Para definição da dose consulte um Eng. Agrônomo. - A utilização de aplicações seqüenciais com o segundo herbicida sendo o paraquat ou paraquat + diuron tem proporcionado controle eficiente.
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nuado de graminicidas inibidores da ACCase resultou na seleção de espécies resistentes aos produtos com este mecanismo de ação. A resistência das plantas daninhas aos herbicidas da soja convencional cresceu rapidamente não só pelo uso continuado dos mesmos produtos, mas também devido a outros fatores. Assim como no Rio Grande do Sul, no Paraná, a maioria das propriedades são pequenas e utilizam máquinas alugadas, o que contribuiu para a disseminação. Parte do estado tem inverno relativamente quente e com distribuição de chuva no período, permitindo que algumas espécies, como picão-preto e amendoim-bravo, tenham até 3 ou 4 gerações por ano. Adicionalmente, no final dos anos 90 o milho safrinha passou a ser cultivado com grande freqüência e como era considerada uma cultura de risco, pelo menos 80% das áreas não utilizavam herbicidas. O restante empregava dose abaixo da recomendada. Isto contribuiu para o rápido aumento do banco de sementes, e tornou difícil o controle no verão seguinte, assim como acontece nas áreas deixadas em pousio. O problema se agravou com o tempo, e a pressão do banco de sementes associado aos problemas com plantas resistentes estimulou o cultivo da soja RR . Uma das grandes preocupações com essa tecnologia era a seleção de plantas tolerantes ao glifosato, como a trapoeraba e a corda-de-viola. Porém, a resistência de plantas daninhas a esse herbicida acabou sendo um dos fatores mais preocupantes. Inicialmente foram identificados biótipos de azevém resistentes ao glifosato na região central do estado, que possui clima semelhante ao do Rio Grande do Sul. Mais tarde sugiram biótipos de buva resistentes na região oeste do estado, cujo clima é mais ameno, e recentemente foram identificados biótipos de capim-amargoso também resistente ao glifosato, na mesma região. Nos três casos, trata-se de espécies que vegetam antes do cultivo da soja, mas se não forem bem controladas podem se tornar um problema também para a cultura. Tanto a buva como o amargoso, possuem sementes pequenas facilmente carregadas pelo vento, o que pode facilitar a rápida disseminação. No Brasil Central ainda não foram oficializados casos de resistência de plantas daninhas resistentes ao glifosato mas sabe-se que buva e capim-amargoso compõe a lista das espécies mais importantes da região, o que no mínimo serve como um alerta para justificar a adoção de técnicas que envolvem a prevenção e o controle de plantas resistente.
do glifosato qual herbicida será utilizado? Seja qual for a resposta, o mais provável é que será um herbicida menos eficiente, com maior custo e impacto ambiental. A decisão está nas “mãos” do produtor. Porém, cabe à assistência técnica apresentar alternativas de manejo para que o produtor decida levando em consideração as suas preferências. Contudo, é importante salientar que para evitar o agravamento da seleção de espécies tolerantes e/ou resistentes, e prolongar o tempo de utilização eficiente da tecnologia das culturas resistentes ao glifosato, o produtor deve adotar medidas de manejo para prevenir a seleção de espécies resistentes e/ou tolerantes, pois o custo para combater é maior. Dentre várias práticas de manejo as principais indicadas são:
a) Não usar mais do que duas vezes herbicidas com o mesmo mecanismo de ação na mesma área. Em casos onde a seleção de espécies resistentes e/ou tolerantes ocorrer, deve ser implantado um sistema de rotação de mecanismos de ação herbicida, eficazes sobre as espécies problema. b) Monitorar e destruir plantas suspeitas de resistência. Após a aplicação do herbicida as plantas que sobreviverem devem ser arrancadas, capinadas, roçadas, ou seja, controladas de alguma forma evitando que essas plantas produzam sementes e se disseminem na área. c) Fazer rotação de culturas. A rotação de culturas proporciona a utilização de um número maior de mecanismos
O QUE FAZER? A maior motivação para adoção de práticas de prevenção e manejo da resistência por parte do produtor resulta da resposta da seguinte pergunta: Na impossibilidade de uso
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O uso continuado e repetido é a principal causa para seleção de espécies tolerantes e/ou resistentes
de ação de herbicidas.
MANEJO E CONTROLE O primeiro caso de resistência ao glifosato no Brasil foi o do azevém, identificado em Vacaria, Rio Grande do Sul. Posteriormente, outros casos de azevém resistente foram confirmados nos municípios gaúchos de Lagoa Vermelha, Capão Bonito, Sananduva, Ciríaco, Tapejara, Bento Gonçalves, Caxias, Flores da Cunha, Marau, Passo Fundo, Carazinho, Ernestina, Tio Hugo, Tapera, Espumoso, Ibirubá e Tupanciretã, evidenciando que a dispersão está ocorrendo rapidamente no Rio Grande do Sul. Também foi identificado azevém resistente ao gliosato em São Joaquim, Santa Catarina. No caso do azevém, o trânsito de animais e o comércio de sementes são considerados os principais fatores que favorecem a dispersão a longas distâncias. São muitos os casos de falhas no controle do azevém antes da semeadura do milho e da soja. O controle dos biótipos de azevém resistentes ao glifosato, de forma geral, é obtido com uso dos herbicidas graminicidas “fops” e “dims” (Tabela 1). Na cultura do milho, as triazinas e o nicosulfuron, entre outros, são boas alternativas de controle do azevém. É importante o planejamento do controle antes da semeadura (15 a 20 dias antes da semeadura da soja) de forma a permitir o controle do azevém em tempo suficiente para evitar os efeitos negativos da competição e da alelopatia sobre a cultura. Além disso, em caso de uso de graminicidas, deve-se levar em consideração que alguns deles possuem efeito residual e podem afetar culturas como o milho, o trigo e a cevada.
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A identificação de capim-amargoso resistente ao glifosato é recente e os estudos das instituições de oficiais de pesquisa estão em fase de execução. Porém, a experiência tem mostrado que alguns graminicidas pós-emergentes inibidores da ACCase são eficientes no controle desta espécie. As recomendações de manejo de buva são no sentido de evitar que os biótipos resistentes produzam sementes. A buva é uma espécie anual e uma planta chega a produzir mais de 200 mil sementes. O controle manual, aplicações localizadas de herbicidas e a instalação de culturas para cobertura do solo no inverno são algumas alternativas. A pesquisa evidencia que o controle dos biótipos resistentes é mais eficiente quando realizado durante o inverno, já que a buva é mais sensível aos herbicidas em estádios iniciais de desenvolvimento. Na Tabela 2 constam herbicidas utilizados para controle de buva no inverno, na dessecação pré-semeadura e na pós-emergência. Cabe salientar que o herbicida metsulfuron-metill apresenta residual no solo que deve ser considerado antes da semeadura de culturas sucessivas. A recomendação é que esse herbicida seja aplicado 60 dias antes da semeadura do milho ou da soja. Na dessecação, pré-semeadura do milho ou da soja, geralmente as plantas de buva estão em estádios avançados de desenvolvimento e apresentam maior tolerância aos herbicidas. Nesse caso, o controle eficiente da buva tem sido obtido com 2,4-D (1,5 a 2,0 L ha-1 de produto comercial) e chlorimuron (60 a 80 g ha-1 de produto comercial) associados ao
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glifosato (3 L ha-1 de produto comercial formulação 36% de equivalente ácido) (Tabela 2). As aplicações seqüenciais têm apresentado excelentes resultados. Nesse caso, o glifosato associado ao 2,4 D ou ao chlorimuron é aplicado 15 a 20 dias antes da segunda aplicação. A segunda aplicação, utilizando-se paraquat (2,0 L ha-1 de produto comercial) ou paraquat + diuron (1,5 a 2,0 L ha-1 de produto comercial) , deverá ser realizada um a dois dias antes da semeadura (Tabela 2). Aplicação seqüencial de amônio-glufosinato, paraquat ou de paraquat + diuron também apresentam alta eficiência. O uso de herbicidas pré-emergentes, como o sulfentrazone e o diclosulam são alternativas eficientes para manejo das plantas daninhas. Esses herbicidas quando utilizados na pré-emergência da soja (semear/aplicar e aplicar/semear) de forma geral apresentam controle eficiente das espécies tolerantes e/ou resistentes ao glifosato provenientes do banco de sementes do solo. A tecnologia da “soja RR” possibilita o uso de um produto eficiente e é uma importante alternativa para o manejo de plantas daninhas. Mas, como qualquer outro herbicida, o glifosato deve ser utilizado com base nas recomendações que permitam evitar a manifestação de biótipos daninhas resistentes. C Leandro Vargas, Embrapa Trigo Dionisio Gazziero, Embrapa Soja Mario Antônio Bianchi, Fundacep/Fecotrigo Mauro Rizzardi, Universidade de Passo Fundo
Plantas de buva em meio ao cultivo de soja
Soja
Safra em risco
A pou co m ais ddee um mês ddo o fim ddo o vazi o sanitári o e ddo o iníci o ddo o plan ti o ddaa n ova safr pouco mais vazio sanitário início planti tio nova safraa ddee utor es ddee M ato Gr osso se ddepar epar am com um ação altam en te pr eocupan te soja, pr od prod odutor utores Mato Grosso eparam umaa situ situação altamen ente preocupan eocupante te.. For am localizad as plan tas gu ax as en tes níveis ddee ferrug em asiáti ca, em qu ase Foram localizadas plantas guax axas as,, com difer diferen entes ferrugem asiática, quase tod as as rregiões egiões pr od utor as ddo o estad o. Som ad o a isso, o clim en te ffavorável avorável à todas prod odutor utoras estado. Somad ado climaa local, altam altamen ente stitui em am eaça imin en te ddee eexplosão xplosão ddaa ddoença oença dissemin ação ddo o fun go, se con disseminação fung constitui ameaça iminen ente
Matheus Zanella
U
m levantamento realizado entre 25–31 dias (8 – 16/07/08) do vazio sanitário em Mato Grosso permitiu avaliar a situação da infestação de plantas guaxas, o nível de ferrugem e o potencial de risco da ocorrência da doença na safra 2008/09. A constatação de plantas guaxas com distintos níveis de ferrugem em quase todas as localidades deve ser motivo de grande preocupação para a próxima safra de verão. Além das plantas guaxas em áreas de lavouras, grãos caídos de caminhões mantêm a ferrugem em todo o estado. A maior severidade da ferrugem foi encontrada nos municípios localizados em altitudes superiores a 600m (São José do Rio Claro, Diamantino, Campo Novo do Parecis, Tangará da Serra, Sapezal, Campos de Júlio, Campo Verde, Primavera do Leste, Serra da Petrovina (Pedra Preta), Jucimeira e Jaciara. Entre os 50 locais de amostragens (áreas de lavouras e margens de estra-
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das), onde foram encontradas plantas guaxas, em 42 foram localizadas lesões de ferrugem com esporos viáveis. Foi registrada grande diferença em severidade e em lesões mortas ou com esporos viáveis, entre as localidades. Locais com menor altitude e temperaturas noturnas e diurnas mais elevadas (Nova Mutum a Sorriso), apresentaram menor severidade da doença, mais lesões mortas e menor esporulação. No município de Sorriso, a ferrugem foi constatada até cerca de 10km ao longo da rodovia 364, após Lucas do Rio Verde, sentido Sinop. Após esse trecho, as plantas guaxas ao longo da rodovia, em áreas de lavouras, nos centros de pesquisa da Fundação MT e da Monsanto, onde havia soja irrigada, não foram observados sinais da ferrugem. Apesar do clima seco durante o dia, em diversas localidades notou-se que o orvalho nas folhas das plantas ao longo das estradas
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era visível ainda às oito horas da manhã. Em Alto Garça (900m de altitude), onde a vistoria da área de lavoura foi realizada no final do dia, notou-se que, em poucos minutos após o pôr-do-Sol, as folhas de soja já começavam a umedecer, o que indicava que o período de molhamento pelo orvalho, durante a noite, era mais do que suficiente para a germinação dos esporos e ocorrência da infecção. Isso explica a ocorrência generalizada da doença, apesar do longo período sem chuvas e a baixa umidade relativa durante os dias. Esse levantamento mostrou que o fungo da ferrugem é adaptado às condições climáticas mais adversas do que se supõe. Em locais, onde a prolongada falta de chuvas e solos arenosos já causavam murchamento e até morte das plantas por estresse hídrico, folhas verdes apresentavam lesões e esporos viáveis. Em diversas áreas a severidade da ferrugem assemelhava-se a lavouras não tratadas durante a safra de ve-
José Tadashi Yorinori
rão. Comparando com o ano anterior (2007) observou-se que, neste ano, havia muito mais plantas guaxas de soja e parecia que muitos produtores não estavam tão preocupados em eliminá-las. Diversas eram as alegações (“desculpas”) para a existência da grande quantidade de áreas de lavouras com plantas guaxas. As intensas atividades de colheita de milho, que já deixou de ser “safrinha” pela extensão de cultivo e alto rendimento, e a de algodão, estariam dificultando as operações para eliminação das plantas guaxas de soja. Por outro lado, grande número de propriedades em pousio, provavelmente áreas arrendadas, estava com severa infestação de plantas daninhas e de soja guaxa, estas, tomadas pela ferrugem. Enquanto em 2007 as plantas guaxas não mais apresentavam lesões vivas de ferrugem ao final de junho, neste ano, ainda havia grande quantidade de plantas hospedeiras e com abundante esporulação nas regiões altas, acima de 600m de altitude. Em diversas propriedades notou-se que as plantas daninhas foram dessecadas, porém, a soja guaxa não foi afetada, indicando que a cultivar plantada era transgênica, mantendose sadias e multiplicando a ferrugem. Isso mostra a dificuldade que os produtores apre-
Apesar do clima seco no Mato Grosso, o período de orvalho sobre as folhas durante a noite dá condições para o fungo Phakopsora iniciar uma infecção
sentam em eliminar as plantas guaxas RR. Portanto, tanto a dessecação das plantas daninhas como da soja guaxa, deveriam ser feitas com adição ao glifosato, do herbicida 2,4 D ou com produtos à base de paraquat. Outra forma de eliminar as plantas guaxas seria através da gradagem, cujo procedimento é mais indicado devido à baixa umidade relativa durante o dia, o que dificulta a absorção dos herbicidas pelas plantas. A grande quantidade de grãos caídos ao longo das estradas e as plantas guaxas por eles originadas representam desafios adicionais na
eliminação das plantas hospedeiras, antes do final do vazio sanitário. De alguma forma é importante que as plantas guaxas, tanto das margens das estradas vicinais e das rodovias, como das áreas de lavouras, sejam eliminadas o quanto antes. Todas as propriedades onde foi constatada a presença de plantas guaxas foram notificadas sobre a irregularidade pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea), com a devida cobrança das obrigações previstas na Normativa referente ao vazio sanitário. Até a última safra (2007/08), o único es-
Fotos José Tadashi Yorinori
Vista geral de área em pousio com severa incidência de ferrugem durante o vazio sanitário
tado a adotar adequadamente o vazio sanitário foi o Mato Grosso. Infelizmente, isso só ocorreu devido a grandes perdas. Segundo dados ainda extra-oficiais, levantados pela Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), na safra 2007/08 o estado teve redução média de uma aplicação de fungicida por hectare. Considerando a área cultivada de 5,5 milhões de hectares e o custo de US$ 30,00 por aplicação, a economia foi de US$ 165,00 milhões. O aumento de rendimento foi estimado em média de seis sacos por hectare ou um montante de 33 milhões de sacos (1,98 milhão de toneladas). Ao valor de US$ 15,00/ saco (US$ 250,50/t), o aumento do faturamento foi de US$ 495,99 milhões. Portanto, o total do benefício na safra (economia de aplicação + aumento do rendimento) foi de US$ 660,99 milhões. Nessa safra foi também significativa a influência do clima na redução da severidade da ferrugem. Portanto, não se deve atribuir todo o benefício da redução das aplicações de fungicidas e o aumento da produção ao vazio sanitário. O clima menos favorável à ferrugem no início da safra e o aumento do uso de cultivares precoces também contribuíram significativamente para o atraso das primeiras ocorrências e na redução da severidade da ferrugem. As cultivares precoces foram mais beneficiadas pelo atraso das chuvas, enquanto os plantios mais tardios sofreram maiores danos. Em Mato Grosso, a região leste (Água Boa, Canarana e Querência) foi a mais afetada em virtude do plantio tardio por falta de chuva e o excesso de chuvas durante os meses de janeiro/fevereiro. Nessa região, em 15 de dezembro ainda havia aproximadamente 50% da área a ser semeada. Ao contrário de 2007, que teve uma entressafra quente e seca, sem ferrugem, o final de junho, em 2008, as chuvas prolongaram-
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se até o mês de julho. Além disso, o clima mais fresco permitiu a manutenção da umidade no solo, o que estava propiciando a formação de abundante orvalho, mesmo no mês de julho. Em Alto Graça (aproximadamente 900m de altitude), em 15 de julho, foi observado que, cerca de 15 a 20 minutos após o pôr-do-Sol, folhas de plantas guaxas de soja começaram a umedecer. Isso indicava que as folhas de soja ficavam úmidas com orvalho por mais de 12 horas, estendendo-se por toda a noite e após o amanhecer, o que dava perfeita condição para o fungo da ferrugem se estabelecer. Durante a entressafra foi também observado que, à medida que a umidade do solo vai diminuindo, o sistema radicular das plantas guaxas vai se aprofundando e assim, seguem vegetando. Somado a essa situação, devido aos percevejos, as vagens formadas geralmente não apresentam grãos viáveis e as plantas permanecem com haste verde muito além do ciclo normal. Outra causa comum de haste verde é a baixa temperatura durante a entressafra, que não permite a fecundação das flores, mantendo as plantas estéreis. Como conseqüência, essas plantas ficam com haste verde e permanecem vivas por longo período, emitindo novos ramos e folhas, multiplicando o fungo ou ficam à espera de esporos de alguma fonte não
detectada. A quantidade de plantas guaxas com ferrugem em Mato Grosso era bastante preocupante e, faltando quase 45 dias para o término do vazio sanitário no estado (15 de setembro), a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja - engenheiro agrônomo Luiz Nery Ribas, gerente-técnico), o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea - engenheiro agrônomo Mauro Bortolaz e sua equipe) e o Serviço de Defesa Sanitária Vegetal (SDSV/Mapa - engenheiro agrônomo Wanderlei Dias Guerra), assim como os sindicatos rurais de cada município, estão empenhados em executar o vazio sanitário. Através de vistorias de lavouras, notificações com multas e sanções que obrigam a eliminação das plantas guaxas, as regras do vazio sanitário estão sendo rigorosamente aplicadas naquele estado. É importante frisar que a implantação do vazio sanitário e seus bons resultados em Mato Grosso têm sido possíveis graças ao empenho pessoal de poucos indivíduos à frente de suas instituições e capazes de motivar seus superiores e colegas de trabalho. Por sua vez, o governo estadual tem feito cobranças freqüentes sobre a situação da ferrugem no estado. Quanto às cultivares “inox” em plantio sob irrigação, em fase de avanço de gerações, em Sorriso, e em multiplicação de semente, em Primavera do Leste, estavam com excelente desenvolvimento e isentas de ferrugem. A total ausência de lesões da doença indicava que os tratamentos intensivos com fungicidas, a intervalos de sete a dez dias, e os níveis de resistência das linhagens e cultivares estavam sendo eficientes no controle da doença, permitindo que as pesquisas em melhoramento genético e o avanço de gerações de linhagens resistentes possam ser continuados durante a entressafra. O vazio sanitário está definido para todos os estados produtores de soja do Brasil, porém, sua implementação poderá variar de um estado para outro. No norte do Paraná (Londrina, 25/07/2008), plantas de soja foram encontradas ao longo de rodovias e nas bordaduras de lavouras de milho e de trigo. Apesar do período seco, com quase um mês sem chu-
Para fazer valer as regras do vazio sanitário, vistorias de lavouras estão sendo realizadas, com multas e sanções para produtores que não eliminaram plantas guaxas
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José Tadashi Yorinori
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e técnicos da Defesa Agropecuária da Bolívia. Do Brasil, foram convidados representantes da Aprosoja, do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) e a consultoria de Tadashi Agro, para que fossem repassadas as experiências sobre a situação brasileira. Após um levantamento da situação da ferrugem a campo, nas diversas regiões produtoras de Santa Cruz, houve um intenso debate em que ficou definida a necessidade de um vazio sanitário para que a cultura da soja continuasse viável na Bolívia. Dessa reunião, surgiu um comitê interinstitucional que se denominou “Comitê Antiroya”. Esse comitê, constituído por representantes das classes produtora, assistência técnica, pesquisa e governo, estabeleceu as regras para normatizar o cultivo da soja na Bolívia, com definições das épocas de plantio e o período do vazio sanitário, o qual foi concluído em maio de 2008. Na Bolívia, além do cultivo de verão, que enfrenta condições climáticas geralmente desfavoráveis para produção de semente, é imprescindível que seja feito um segundo plantio (de inverno) para produção de sementes para a safra de verão. Além disso, nas áreas de solos mais úmidos, ao norte de Santa Cruz de la Sierra, pequenos produtores chegam a fazer três plantios por ano. Com isso, tem sido inevitável a multiplicação da ferrugem o ano todo, tornando a soja inviável para muitos produtores. Assim, ficaram estabelecidas pelo “Comitê Antiroya”, além das recomendações de manejo, as épocas de plantio para as safras de verão e de inverno para as três zonas de cultivo na região de Santa Cruz de la Sierra (Expansão, Integrada e Integrada - Yapacani).
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José Tadashi Yorinori, Tadashi Agro Serviços Fitossanitários Ltda. Dirceu Gassen
va, mesmo plantas com sintomas de murchamento pelo estresse hídrico, estavam apresentando lesões com esporos viáveis. A sobrevivência do fungo, nas diferentes regiões de cultivo do Brasil, até o começo da safra de verão, que deve se iniciar após 15 de setembro, quando termina o vazio sanitário, irá depender das condições climáticas e da presença das plantas guaxas. Espera-se que as diversas estratégias de manejo da cultura e as medidas de controle recomendadas, juntamente com o vazio sanitário, permitam convívio mais tranqüilo com a ferrugem nas safras futuras. O controle eficiente da doença irá depender da ação conjunta da pesquisa, da assistência técnica, das autoridades fitossanitárias e, principalmente, dos níveis de consciência e responsabilidade comunitária dos produtores, de suas ações na adoção das tecnologias corretas de controle e na eliminação das plantas guaxas. Atualmente, para a região dos Cerrados, é possível afirmar que a maior fonte de inóculo é a contínua produção de soja com ferrugem na Bolívia, à semelhança do que ocorria na região central do Brasil, até a safra 2005/06. Além da presença permanente de plantas guaxas, são feitos até três plantios e colheitas por ano. Assim, devido às altas perdas causadas pela ferrugem e por iniciativa da Fundação de Apoio à Pesquisa de Soja de Santa Cruz de la Sierra (Fundacruz), foi organizado um encontro técnico em Santa Cruz de la Sierra para debater a questão da ferrugem e definir estratégias para o controle da doença. O encontro foi realizado em novembro de 2007 e contou com a presença de representantes da classe produtora, da pesquisa, da assistência técnica
Dessa forma, para o cultivo de inverno, os períodos de plantio e de colheita, considerando as três zonas, estendem-se, respectivamente, de 10 de junho a 20 de julho e de 30 de setembro a 20 de novembro. Como a safra de inverno já está em curso, o vazio sanitário só deverá entrar em vigor no período de 20 de abril a 10 de junho (50 dias) de 2009. Espera-se que seja possível viabilizar esse vazio sanitário para benefício da sojicultura boliviana e brasileira. Portanto, na safra 2008/ 09, as regiões Central e Norte do Brasil, ainda poderão estar sujeitas à ferrugem por esporos originados da Bolívia (safra de inverno). Com isso, mesmo eliminando totalmente a soja guaxa das áreas de cultivo e margens de rodovias (o que parece pouco provável), a ferrugem poderá retardar mas, há risco de causar danos em plantios tardios. Por medida de segurança, além do empenho na eliminação das plantas guaxas, é fundamental que todos os envolvidos na produção de soja estejam atentos e obedientes às recomendações técnicas para o correto manejo da ferrugem. Agradecimento – O presente trabalho só foi possível graças ao patrocínio da Aprosoja, colaboração e participação dos colegas engenheiro agrônomo Luiz Nery Ribas, gerentetécnico da Aprosoja, engenheiro agrônomo Wanderlei Dias Guerra, do SDSV/Mapa/MT, e do engenheiro agrônomo Mauro Bortolaz, fiscal do Indea. A esses colegas e suas instituições o autor expressa o mais profundo agradecimento. C
Em 15 de setembro termina o período de vazio sanitário
Soja Rafael Soares
Alerta nas lavouras O pr od utor ddeve eve estar aten to à próxim dições que prod odutor atento próximaa safr safraa ddee soja, já que as con condições desf avor ecer am o fun go ddaa ferrug em asiáti ca n tr essafr esfavor avorecer eceram fung ferrugem asiática naa en entr tressafr essafraa passad passadaa não se repetem n este an o. Outr o ffator ator importan te a ser observad o se rrefer efer neste ano. Outro importante observado eferee às recom en dações ddee uso ddee fun gi ci das eferên ci cação ddee ecomen end fungi gici cid as,, com pr preferên eferênci ciaa pela apli aplicação eg o isolad o ddee tri azóis mistur as ao invés ddo o empr misturas empreg ego isolado triazóis
A
ferrugem da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, foi constatada pela primeira vez no Brasil em maio de 2001 e se disseminou rapidamente para as principais regiões produtoras, constituindo-se em um dos piores problemas fitossanitários da cultura. Na safra 2007/08, houve menor severidade dessa doença em decorrência de diversos fatores, entre eles o vazio sanitário adotado em sete estados (MT, MS, GO, TO, MG, SP e MA), que se constitui em um período de 60 a 90 dias sem soja no campo, o inverno seco em 2007 e o atraso das chuvas para o começo do plantio da safra, que contribuiu para reduzir a população do fungo na entressafra e o uso de fungicidas de forma sistematizada. As perdas estimadas em grãos com essa doença, na safra 2007/08 foram da ordem de 418,5 mil toneladas, representando menos de 1% da produção nacional, de acordo com o levantamento apresentado pelos integrantes do CAF durante a reunião. Apesar de ter sido constatada em praticamente todas as regiões, sua incidência foi tardia e o controle realizado de forma satisfatória, com poucos relatos de perdas.
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OUTRAS DOENÇAS Outras doenças causaram maiores reduções de produtividade, sendo os problemas bastante diferenciados nas regiões produtoras, devido às diferentes condições climáticas. No Rio Grande do Sul, o principal fator que reduziu produtividade foi a seca nos meses de janeiro, fevereiro e março. A ferrugem foi mais severa em abril, com o retorno das chuvas e devido ao abandono de lavouras já prejudicadas pela seca. No Paraná e Santa Catarina, os principais problemas com doenças foram causados pelo mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum), nas regiões de maiores altitudes, e pela podridão de carvão (Macrophomina phaseolina) em regiões onde períodos de veranico favoreceram a incidência dessa doença, mais acentuadamente nas regiões oeste e norte do Paraná. O mofo branco também foi a principal doença em regiões dos estados de Goiás, de Minas Gerais e da Bahia, causando perdas significativas de produtividade. Em regiões dos estados de São Paulo e do Mato Grosso do Sul houve incidência de necrose da base do pecíolo, com grande variação de reação entre as cultivares. Essa doença até o momento não apre-
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senta etiologia completamente esclarecida, todavia, sua incidência esteve sempre associada a sintomas de antracnose (Colletotrichum truncatum) e de mancha alvo (Corynespora cassiicola). No estado do Maranhão, as maiores perdas de produtividade com doenças foram observadas em decorrência da mancha alvo, da mela (Rhizoctonia solani AG1) e do crestamento de cercospora (Cercospora kikuchii). A mela também foi a principal doença no estado do Tocantins. A ocorrência de chuvas na época da colheita foi outro fator que reduziu a produtividade da soja no Maranhão e no Tocantins. A média nacional de aplicações de fungicidas para o controle das doenças na parte aérea foi estimada em 2,2 aplicações por hectare, semelhante à da safra 2006/07, com média de 2,3 aplicações por hectare. Uma aplicação de fungicida custou em média, nessa safra, US$ 43 por hectare, o que resultou em um custo total de US$1,97 bilhão. Na conjuntura atual, pode-se dizer que esses números tendem a estabilizar nesses patamares, sendo as possíveis variações decorrentes da taxa cambial e do preço da saca de soja.
Claudia Godoy
A média nacional de aplicações de fungicidas para o controle de doenças da parte aérea foi estimada em 2,2 aplicações por hectare
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induzem o produtor, muitas vezes, à sua utilização de forma contínua. O CAF, em decorrência desse fato, passou a orientar que na safra 2008/09, nas regiões do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e de Goiás, sejam utilizadas preferencialmente as misturas de triazóis e estrobilurinas no controle da ferrugem. Nas demais regiões do País, onde não foram observadas populações menos sensíveis, tanto a mistura de estrobilurina e triazol ou o triazol isoladamente podem ser utilizados. Para todas as situações, devem ser seguidas as estratégias anti-resistência recomendadas pelo Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (Frac); usar rotação/ misturas de fungicidas com mecanismos de ação distintos; utilizar o fungicida somente na época, na dose e nos intervalos de aplicação recomendados e incluir outros métodos de controle de doenças, dentro do programa de Manejo Integrado de Doenças, quando disponíveis e apropriados. Um fato importante observado no monitoramento, após a colheita da safra, foi de que a sensibilidade das populações do fungo, nessas regiões, voltou aos níveis normais dos anos anteriores e do início da safra. O monitoramento durante a próxiDirceu Gassen
As aplicações de fungicidas não são realizadas exclusivamente para o controle da ferrugem, mas para as doenças fúngicas em geral, que incidem na parte aérea da cultura, sendo a ferrugem o principal alvo em grande parte dos casos. A maioria dos produtos registrados para ferrugem são fungicidas do grupo dos triazóis, sozinhos ou em misturas com estrobilurinas e, em algumas regiões, houve alta incidência de doenças como a antracnose e a mancha alvo. Mesmo com a aplicação desses fungicidas ocorreram perdas de produtividade. Essas doenças foram controladas de forma satisfatória somente em situações onde as aplicações estavam associadas a fungicidas do grupo dos benzimidazóis. Um problema bastante discutido na reunião do CAF foi a menor eficiência dos fungicidas triazóis para o controle da ferrugem, observada nas regiões do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e de Goiás, em algumas situações específicas, principalmente em ensaios de pesquisa. Essa menor eficiência, no final da safra, foi confirmada pela apresentação dos resultados de monitoramento da sensibilidade de P. pachyrhizi a fungicidas, que vem sendo realizado pela empresa Bayer CropScience, desde 2006. Nessa safra, foi possível caracterizar uma menor sensibilidade do fungo em condições específicas. A variação da sensibilidade do fungo aos fungicidas é um fato normal decorrente da variabilidade natural. Diversos fatores podem atuar selecionando as populações menos sensíveis, dentre eles o uso contínuo de um produto com modo de ação específico, a utilização de subdoses, as aplicações do produto nas situações curativas e tratamento de extensas áreas com o mesmo produto. O fato de alguns triazóis apresentarem eficiência semelhante às misturas e um menor custo
Chuvas tardias têm favorecido o aparecimento da ferrugem em soja guaxa
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ma safra vai ser importante para a definição das estratégias futuras. A utilização de fungicidas é hoje uma das principais estratégias de manejo para controle da ferrugem, porém a sua utilização deve ser feita de forma correta para continuar viabilizando o cultivo da soja. Apesar da menor incidência da ferrugem na safra 2007/08, o produtor deve estar atento para a próxima safra, principalmente porque as condições que favoreceram a menor sobrevivência do fungo na entressafra passada não estão se repetindo esse ano, conforme resultado de levantamentos realizados por técnicos da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), da Comissão de Defesa Vegetal da Superintendência Federal da Agricultura (SFA), e pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea), no Mato Grosso. As chuvas tardias têm favorecido o aparecimento da ferrugem em soja tigüera ou guaxa, mantendo o inóculo para a próxima safra, apesar dos esforços dos estados que adotaram o vazio sanitário. C Cláudia V. Godoy e Ademir A. Henning, Fonte das informações: Consórcio Antiferrugem (www.consorcioantiferrugem.net)
O CONSÓRCIO
O
Consórcio Antiferrugem (CAF) realizou no último dia 26 de junho, em Londrina (PR), a reunião anual de avaliação da ferrugem asiática da soja, na safra 2007/08. O CAF foi formado em setembro de 2004, em função da importância da ferrugem para a sojicultura nacional e desde então, tem se reunido anualmente para uniformização de conceitos e orientações técnicas aos produtores. Fazem parte do consórcio instituições representantes dos diversos segmentos da cadeia produtiva da soja como fundações, universidades, institutos de pesquisa, entidades representantes do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, empresas fabricantes de insumos e cooperativas de produtores.
Dirceu Gassen
Trigo
Trigo depreciado Fator es com o difi culd ad ed ad es com Fatores como dificuld culdad adee ddee obtenção ddee vari varied edad ades bon esistên ci ciên ci o con tr ole baixaa efi eficiên ciênci ciaa ddo contr trole bonss níveis ddee rresistên esistênci ciaa e baix quími co ain da ffazem azem ddaa giber ela um as ddoenças oenças m ais químico aind giberela umaa ddas mais importan tes ddaa cultur o tri go. Embor ase importantes culturaa ddo trig Emboraa ocorr ocorraa em um umaa ffase dad as epi demi as relativam en te curta ddo o ci clo, a severi ente ciclo, severid adee ddas epid emias as,, elativamen ad os ddee temper atur as altas próxim as ao determin aturas próximas eterminad adaa por períod períodos temperatur tes a partir ddo o espi gam en to associ ad as a ch uvas fr eqüen chuvas freqüen eqüentes espigam gamen ento associad adas esafi or es e pr od utor es flor escim en to, ddesafi escimen ento, esafiaa pesquisad pesquisador ores prod odutor utores florescim
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A
giberela é uma doença fúngica de grande importância nas culturas do trigo, cevada, aveia e outros cereais em várias regiões do mundo. No Sul do Brasil, perdas significativas, localizadas ou mesmo generalizadas, têm ocorrido em algumas safras. Com base nos relatos da assistência técnica, a safra de 2007 no Rio Grande do Sul pode ser considerada como uma das que mais sofreram com esse tipo de ataque na última década. A alta severidade da doença resulta em danos na produção e na qualidade dos grãos, seja para consumo ou utilização como sementes. A ocorrência de epidemia de giberela está diretamente relacionada às condições climáticas em uma fase relativamente curta do ciclo da cultura, o que determina a severidade das epidemias. Tais condições podem variar consideravelmente de um ano para outro e, por isso, a sua natureza esporádica. A variabilidade climática na região Sul do Brasil a partir da década de 1990, parece estar associada com a maior ocorrência de epidemias severas nos últimos 15 anos, comparada às décadas de 1970 e 1980, quando a doença tinha importância secundária. Variações e mudanças no clima, tornando-o mais úmido no período da primavera, parecem ter sido decisivas na reemergência da doença, associada ao possível aumento do inóculo em níveis regionais em função da ampla adoção do plantio direto. A Figura 1 mostra resultados do estudo, onde foram feitas 30 simulações anuais do risco da giberela com um modelo de simulação do trigo acoplado a um modelo de giberela com base no clima, a partir da década de 1970. Destaca-se o aumento do risco médio da doença nas últimas décadas em função do clima na região de Passo Fundo, coincidindo com o período de maior ocorrência de anos de El Niño, o que está de acordo com os relatos na última década em relação à freqüência de epidemias mais severas. Em anos de La Niña, a tendência é de menor risco de giberela em função das primaveras menos chuvosas. No entanto, em anos normais também é possível a ocorrência de epidemias severas.
PREVENÇÃO E MANEJO DA GIBERELA Enfrentar a giberela é difícil e se faz necessário o uso de táticas múltiplas que objetivem o controle da doença, de forma integrada no sistema de produção, desde o planejamento da lavoura até a
Figura 1 - Simulações de risco sazonal da giberela por modelos usando dados climáticos para a localidade de Passo Fundo, RS. (Del Ponte et al., dados não publicados)
pós-colheita, para se minimizar os problemas. É importante se ter um bom conhecimento sobre a doença na região, por meio de levantamentos sistemáticos que sinalizem o problema e estudos de base epidemiológica que visem a identificar os fatores relacionados às causas das epidemias que levam aos danos na produção e na qualidade do produto. Muito da importância da giberela está relacionada com duas dificuldades que ainda desafiam os pesquisadores: a obtenção de variedades com resistência genética em níveis ideais e a baixa eficiência do controle químico. Infeliz-
Figura 2 - Incidência de grãos giberelados em uma média de 43 amostras de grãos de trigo oriundos de 25 municípios no estado do Rio Grande do Sul em duas safras consecutivas (Del Ponte et al., dados não publicados)
mente não são muitas as medidas disponíveis para o controle efetivo da doença. A seguir algumas medidas que são preconizadas:
ROTAÇÃO DE CULTURAS Esta prática tem sido ponto de controvérsia. Uma vez que o fungo infecta diversas gramíneas e se mantém ativo sobre os restos culturais, existe abundância de inóculo no ar em regiões onde se exercem práticas conservacionistas do solo. Além disso, pesquisas têm demonstrado a grande capacidade de disseminação dos esporos do fungo a relativa
longa distância. Por outro lado, alguns estudos americanos demonstraram maior intensidade da doença em lavouras com rotação de milho no ano anterior, comparado com outras configurações de rotação. Considerando a abundância de inóculo no Sul do Brasil, onde se pratica o plantio direto, a rotação de culturas pode ter um mínimo efeito no manejo de risco da doença e das micotoxinas produzidas pelo fungo.
ESCOLHA DAS VARIEDADES Atualmente é uma das decisões mais importantes no manejo da doença, embora a má notícia seja que ainda não existem variedades cuja resistência, por si só, possa evitar epidemias, principalmente se as condições de clima são muito favoráveis. No entanto, a pesquisa tem demonstrado diferença significativa na severidade da doença, entre as diferentes variedades disponíveis. É fundamental se optar por cultivares com maior resistência à giberela, conforme indicado pelas recomendações técnicas. Variedades de ciclo curto podem estar sob menor risco de ataque da giberela comparado a cultivares de ciclo longo, que prolongam o período suscetível da lavoura.
PLANTIO ANTECIPADO E ESCALONAMENTO
Quando a infecção pelo fungo inicia no ráquis, toda a espiga pode ter sintoma de giberela
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Estas medidas têm base no princípio que visa o escape da lavoura às condições ambientais favoráveis. O plantio antecipado, assim como o uso de cultivares de ciclo curto, se for possível em função do risco de geadas, pode fazer com que a floração ocorra em uma época com temperatura um pouco mais baixa. No entanto, não há garantia de menor risco, uma vez que um período de alta umidade pode coincidir com o florescimento. O escalonamento de seme-
Fotos Dirceu Gassen
adura faz com que as lavouras floresçam em épocas diferenciadas, podendo diminuir o risco de perda generalizada se o período chuvoso ocorrer justamente no momento em que as lavouras se encontrem em sincronia de florescimento. Por outro lado, escalonar a semeadura fará com que se prolongue o período suscetível da planta na região e também exigirá melhor planejamento das pulverizações. Os dois casos têm prós e contras e os riscos devem ser avaliados.
APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS
Além da recomendação pela escolha de cultivares resistentes à doença, outra característica, como uso de cultivares de ciclo curto, também é indicada
Sob situações de alto risco de chuvas no florescimento e levando em consideração os fatores econômicos, a aplicação de fungicidas pode ser uma alternativa viável no controle da doença. Embora existam defensivos eficientes contra o fungo em testes de laboratório, há ainda, problemas relacionados à aplicação destes produtos no campo, como a cobertura insuficiente das partes suscetíveis da planta, no caso as anteras, o que afeta a eficiência do controle. O incremento dos custos de produção com aplicações seqüenciais de fun-
Fotos Dirceu Gassen
situações são prováveis, a pulverização deve ser feita com os produtos recomendados usando-se uma tecnologia que promova a melhor cobertura possível das espigas, no momento do florescimento pleno da lavoura. Se não há previsão de período prolongado de chuva para essa fase, se pode retardar a aplicação ou mesmo não fazê-la caso o período de alta umidade não tenha risco de ocorrer. Existem alguns modelos de previsão para a giberela em uso em algumas regiões e há esforços para implementar outros em maior escala, de forma a se fazer alertas regionais usando previsões de tempo e clima (ver projeto Sisalert – http://sisalert.com.br:8080/sisalerttrigo/). C
A severidade da giberela nas lavouras resulta em baixa qualidade de grãos, seja para consumo ou utilização como sementes
gicidas a partir da floração é outro fator limitante, apesar destes produtos protegerem mais eficientemente a cultura, pois a janela suscetível pode se estender por um período relativamente longo até o enchimento de grãos. A tomada de decisão sobre aplicar fungicidas deve ser técnica, com base no monitoramento e na previsão climática de curto prazo a partir do espigamento e, principalmente, do prognóstico meteorológico para os dias em que a cultura estará em florescimento pleno. Os fatores que aumentam o risco da doença são temperaturas mais altas que o normal, próximas ao espigamento do trigo, associadas com chuvas freqüentes a partir do florescimento. Se essas
Gibberela zeae tem capacidade de disseminar esporos a longas distâncias
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Emerson M. Del Ponte, Paula Astolfi, Wagner Soares e Liara Simon, UFRGS
A GIBERELA
A
giberela é causada pelo fungo de mesmo nome da doença, Gibberela zeae, também conhecido como Fusarium graminearum, na sua forma assexual. A doença é tipicamente da floração, ocasião em que os esporos do fungo, que se mantêm em atividade nos restos culturais na superfície do solo, são liberados no ambiente e levados às correntes de ar atmosférico, que os dispersam a curta ou longa distância pelo vento e são eventualmente depositados sobre as espigas. Se a espiga permanecer molhada por um período superior a 40 horas e com temperatura entre 15ºC e 30ºC, os esporos do fungo germinam e invadem as flores e os grãos em formação, tornando-os pequenos e malformados. Os grãos podem apresentar aparência murcha e coloração variando do róseo ao avermelhado devido à esporulação do fungo, além de crescimento micelial ao seu redor, em casos severos. A infecção pode ocorrer em uma espigueta, mas, caso tenha se iniciado no ráquis, toda a espiga pode apresentar sintoma. A giberela caracteriza-se pela descoloração da espiga e espiguetas a partir do local da infecção. Se as condições climáticas forem favoráveis à reprodução do fungo, pode-se encontrar na
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superfície das glumas, massas de esporos com coloração alaranjada ou pontos pretos denominados peritécios. Ataques severos são observados em anos com chuvas frequentes na floração e temperaturas mais elevadas, o que causa sérios prejuízos ao produtor devido à redução da produção. Além do efeito negativo na produção, outro problema gerado pela doença é a presença de micotoxinas nos grãos infectados. Fungos do gênero Fusarium e outros patógenos de plantas produzem toxinas que são necessárias para que infectem e colonizem a planta. De maneira geral, quanto mais alta é a severidade da doença na lavoura e a presença de grãos danificados pelo fungo, maior é o risco de que os grãos apresentem alta contaminação com micotoxinas. A Figura 2 apresenta resultados preliminares de um estudo de levantamento sobre incidência e danos de Fusarium em grãos de trigo oriundos de mais de 40 municípios no Estado do Rio Grande do Sul, em duas safras. Há uma significativa variabilidade na incidência de danos em grãos, em função de vários fatores locais, com a maioria dos valores entre 15% e 25%, sinalizando para potenciais problemas com micotoxinas, cujas análises estão em andamento.
Algodão
Bom de bico
Am an utenção ddaa qu ali dad os ín di ces ddee man anutenção quali alid adee ddaa plum plumaa e ddos índi dices pr od utivi dad tr ole ddo o bi cu do, um as prod odutivi utivid adee passa pelo con contr trole bicu cud umaa ddas prin cipais pr agas ddaa cultur o alg od oeir o. O in seto principais pragas culturaa ddo algod odoeir oeiro. inseto pr ovoca perfur ações n os botões flor ais ddas as plan tas par provoca perfurações nos florais plantas paraa su en tação e oviposição e tem a capaci dad adee ddee suaa alim alimen entação capacid tr essafr om en to dizim ar lavour as in teir as inteir teiras as.. A en entr tressafr essafraa é o m mom omen ento dizimar lavouras estruir os rrestos estos cultur ais do a certo ddee ddestruir culturais ais,, evitan evitand sobr evivên ci aga e seu ataque n te subseqüente sobrevivên evivênci ciaa ddaa pr praga naa safr safraa subseqüen
A
região dos Chapadões, que compreende os municípios de Chapadão do Sul (MS), Costa Rica (MS), Alto Taquari (MT) e Chapadão do Céu (GO), localizados na divisa nordeste de Mato Grosso do Sul e sudoeste de Goiás, têm cultivado algodão em ritmo crescente nos últimos anos, atraindo a atenção de investidores do agronegócio por proporcionar um bom retorno econômico. Os patamares de produtividade alcançados são pontos marcantes para a sustentabili-
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dade econômica do algodoeiro na região, que reúne condições propícias à cultura, como clima ameno, noites de temperaturas em torno de 20ºC e precipitação bem distribuída no decorrer da safra. A integração destes fatores faz do lugar um dos pólos de produção no Brasil. No entanto, as exigências de qualidade da fibra vêm crescendo ano a ano, sendo cada vez mais ponto fundamental para reprovação de um lote que chega à indústria. Os produtores, preocupados com a questão, organizaram-se
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Fotos Germison Vital
As larvas do bicudo são brancas e ápodas
e criaram um selo de qualidade para a região, com medidas práticas visando a obtenção da certificação. Entretanto, existem vários fatores responsáveis pela diminuição da produtividade e qualidade, que acarretam aumento no custo de produção da cultura na região. Merece destaque a ocorrência do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), praga também conhecida por Boll weevil nos EUA, originário do México e identificado por C.H. Boheman, em 1843. O bicudo invadiu o Texas, nos Estados Unidos, em 1892. Em 1949 foi encontrado
Figura 1 – Média de bicudos por armadilha por semana em uma das áreas atendidas pelo Consórcio Antibicudo, no período anterior à semeadura da cultura do algodão
na Venezuela e, em 1950, na Colômbia. Em 1983 foi localizado no Brasil, no mês de fevereiro, no município de Jaguariúna, São Paulo. Atualmente, encontra-se disseminado pelas principais regiões algodoeiras do país, inclusive nas lavouras de Chapadões.
SINTOMAS DE ATAQUE E PREJUÍZOS O ataque de A. grandis no algodoeiro inicia-se pelas margens da cultura (principalmente pela praga não ser um inseto bom voador) e através de perfurações de botões florais, para
alimentação ou oviposição. Nos botões florais, os adultos realizam perfurações ou orifícios de profundidade variável, conforme se trata de abertura de alimentação ou de oviposição. Nos dias seguintes à picada, ocorre o completo afastamento das brácteas dos botões florais, o descoramento da parte inferior do conjunto, formado pela base do botão e brácteas e, finalmente, a queda dos botões florais. Os botões caem normalmente após sete dias. A postura em geral é feita na base dos botões florais, havendo apenas um ovo por botão. A
fêmea deixa uma substância cerosa sobre o orifício de oviposição, que serve de proteção contra inimigos naturais e também evita a desidratação do ovo. Quando ocorre o ataque, as flores ficam com o aspecto de “balão”, devido à abertura anormal das pétalas, apresentando perfurações. Na ausência de botões florais e flores, a fêmea faz a postura em pequenas maçãs que, atacadas, abrem-se irregularmente, ficando deformadas e permanecendo ligadas às plantas (carimãs), além de terem suas fibras manchadas, o que aumenta as impurezas do algodão colhido e prejudica a comercialização. Quando os adultos se alimentam das maçãs, tornam-se mais aptos a sobreviverem ao período de entressafra. Outro fator importante são as sementes presentes no interior das maçãs, que também podem ser destruídas. Desta forma, em áreas produtoras de sementes, perde-se ainda neste aspecto, ou seja, há depreciação da qualidade, não ocorre a germinação e em alguns casos a praga tem a capacidade de levar à condenação do lote.
MANEJO NA REGIÃO DOS CHAPADÕES No combate ao bicudo é fundamental o engajamento de toda a cadeia produtiva do algodão, sendo os produtores, as empresas de defensivos, as consultorias, prefeituras, órgãos
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Fotos Germison Vital
O sucesso do manejo do bicudo depende da conscientização do produtor, salienta Germison
Flores quando atacadas ficam com o aspecto de “balão”, devido à abertura anormal das pétalas
Cultivar
de fiscalização e as instituições de pesquisa, imprescindíveis nesse trabalho. Na região dos Chapadões montou-se um Consórcio Antibicudo para atender a região norte de Mato Grosso do Sul (Chapadão do Sul, Costa Rica e São Gabriel do Oeste), coordenado pela Fundação Chapadão e Associação de Produtores de Mato Grosso do Sul. Entre as medidas sugeridas pelo consórcio estão o armadilhamento pré-safra (período anterior à semeadura), destruição de tigüeras (plantas voluntárias), instalação de tubos mata-bicudo (próximos ao algodoeiro), semeadura concentrada, aplicações de bordadura, aplicações de primeiro botão-floral (época onde adentra a maior quantidade de bicudos) e final de ciclo (diminuindo a quantidade de insetos para a próxima safra), além de boas práticas de transporte (como melhor enlonamento de fardões, para que não caia algodão em beira de estradas). O trabalho coletivo promoveu diminuição na infestação, o que provocou atraso no aparecimento, ou mesmo, diminuição na quantidade de indivíduos infestando as lavouras. Conseqüentemente, houve redução no número de aplicações de inseticidas, além de outros benefícios como o menor impacto ao ambiente.
Por não ser um bom voador, seu ataque geralmente começa pelas margens da lavoura
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A pesquisa é um ponto de apoio para direcionar ações contra o bicudo, como novas tecnologias a campo, e inseticidas de menor impacto ao ambiente e ao homem. Além das novas tecnologias, como as plantas geneticamente modificadas para controle de algumas lagartas presentes na cultura do algodão. É preciso se levar cada vez mais estas informações ao produtor. Existem vários inseticidas utilizados pelos produtores. Porém, o cenário do controle da praga na cultura é preocupante, pois o de-
senvolvimento de novas moléculas ainda é lento. Hoje procura-se resgatar grupos químicos, que já foram trabalhados, como o caso do fipronil alterando suas formulações. Algumas moléculas com parathion metílico têm mostrado a eficiência reduzida ano a ano, além de inseticidas como Endossulfan, que passaram a exigir maiores dosagens, quantidades próximas de mil gramas de ingrediente ativo por hectare. Os piretróides, formulados em suspensão concentrada, têm apresentado os melhores resultados de controle, entretanto existem pequenas diferenças quanto à eficiência. Outros inseticidas como etofenprox também têm mostrado bom resultado, mas vale lembrar que seu modo de ação é semelhante ao dos piretróides. Em determinados trabalhos tem se observado que o grupo químico dos neonicotinóides e mesmo alguns inseticidas fisiológicos, usados no controle de lagartas, diminuem também a incidência de bicudos na
IDENTIFICAÇÃO E BIOECOLOGIA
O
adulto de A. grandis é um besouro de coloração marrom a cinza-escura, sendo a cor variável de acordo com a idade e alimentação do inseto. O besouro mede em torno de 7mm de comprimento, apresenta rostro (bico) alongado da cabeça, medindo cerca de metade do tamanho do resto do seu corpo, na extremidade do qual se encontram as peças bucais. Pode-se distinguir o bicudo dos outros curculionídeos através de um par de espinhos localizado no fêmur do primeiro par de pernas. Os ovos do bicudo são elípticos, de coloração branca brilhante, e medem cerca de 0,8mm de comprimento por 0,5mm de largura. São inseridos através de puncturas características nos botões e maçãs. A fêmea sela o orifício de oviposição, utilizando fezes ou uma substância gelatinosa, o que deixa uma área elevada no local de postura.
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As larvas são brancas e ápodas, com cabeça marrom-clara, apresentando de 5mm a 10mm de comprimento, permanecendo encurvadas em formato de C, durando em torno de seis a 12 dias neste estádio. As larvas podem ser diferenciadas de outras pragas, pela ausência de pernas. A larva constrói uma câmara na própria estrutura que utiliza para alimentação, onde se transforma em pupa que apresenta vestígios das partes do adulto, como olhos e a formação do bico (rostro). Após três a cinco dias, as pupas se transformam em adultos. A fêmea, com uma vida média em torno de 20 a 30 dias, faz a oviposição em média de seis ovos por dia, num total de 100 a 300 ovos durante sua vida. Podendo ocorrer de cinco a seis gerações na cultura. O ciclo evolutivo gira em torno de 20 dias.
Quando a praga ataca pequenas maçãs, elas se abrem irregularmente, ficam deformadas e permanecem ligadas às plantas (carimãs)
área.
DESTRUIÇÃO DE SOQUEIRAS Com a permanência do bicudo nas lavouras de algodão, a técnica do arranquio e destruição dos restos culturais tornou-se a base fundamental para a convivência racional, do ponto de vista agroeconômico, com a praga. Portanto, durante a entressafra não devem existir plantas vegetando ou rebrotando no campo. A busca por métodos economicamente
sustentáveis tem levado alguns produtores a comprar máquinas que, quando bem reguladas, têm desenvolvido bem a sua atividade de destruição de soqueira. Porém, tal prática tem causado problemas de revolvimento de solo, quebra do sistema de plantio direto, além do inconveniente de algumas condições edafoclimáticas não favorecerem o seu bom funcionamento, causando desgaste de máquinas, aumento dos custos de produção e dificuldade de semeadura da próxima safra, em alguns casos.
Em locais onde a destruição química se destaca, alternativas têm sido estudadas pela Fundação Chapadão. Ressalta-se que esta é uma prática dependente de diversos fatores, como produtos, modo de aplicação, intervalo de tempo entre a roçada e a pulverização com herbicidas sobre as soqueiras, determinantes para o sucesso desta prática. Resultados preliminares mostram que herbicidas à base de 2,4 D têm apresentado o melhor controle. Aplicações seqüenciais conseguiram, em muitos casos, até mesmo solucionar o problema. É importante salientar, também, que estas aplicações ajudam a controlar uma parte das plantas daninhas que estariam na safra seguinte. Desta forma, teremos também um controle parcial do banco de sementes que a área possui. Enfim, o sucesso do manejo do bicudo depende da conscientização do produtor em fazer o manejo correto da cultura, tomar decisões fundamentadas na aquisição de informações seguras, além do trabalho coletivo, envolvendo toda a cadeia produC tiva da cultura. Germison Vital Tomquelski, Fundação Chapadão Gustavo Mamoré Martins, Unesp Ilha Solteira
Arroz Fotos Cultivar
Bainha necrosada AA queim oença que se an queima-d a-da-bainha, manifesta uran ante queima-d a-da-bainha, ddoença se m manifesta anifesta ddur dur ante a emissão emissão ddas das as to ddos os grãos oo cultivo panículas e en chim en enchim chimen ento grãos,, ganha espaço n no arroz cultivo dde dee arr arroz com utivi as lavour as os ddos edução prod odutivi utivid adee ddas lavouras as... Os anos senti tid com rred red edução ddaaa pr prod utividad Os ddan dan os são são sen senti os prin en ocan tin de a cultur tad otação principalm cipalmen ente ocantin tins ond culturaa é plan plantad tadaa em rrotação principalm ente em TTocan tins, on ddo às an o Sul, ddevi evi ggo), e n o Ri o Gr com eir evid no Rio Gran and eiraaa ddo fung (hosped ospedeir ande ddo do fun com aa soja soja (h (hosped edi om an ejo od ução ddeee cultivar alter ações n cultivares suscetíveis.. M Medi edid intr trod odução alterações no man anejo edidas as cultivares suscetíveis ejo ee àà in intr ad en or essafr a, ad ubação equilibr ag em tr com oo ddr enor essafra, adubação equilibrad adaa e m men área naaa en entr tressafr como enag agem dren em ddaaa ár área n ddad as tr ole ecom en dad ead ur den para contr trole ecomen end adas semead eadur ura ensi sid adee ddee sem as par para o con ura são rrecom ensi
A
queima-da-bainha, causada por Rhizoctonia solani Kühn [Tele omorfo Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk] pertencente ao grupo de anastomose AG-1 IA, tem assumido importância econômica nas várzeas tropicais de arroz (Oryza sativa L.). É componente essencial do complexo de doenças fúngicas do colmo e da bainha em arroz irrigado, em todo o mundo, tanto em climas temperados como tropicais. No Brasil, a ocorrência da queima-dabainha foi relatada pela primeira vez, em 1967, no Estado de São Paulo. Atualmente, a doença ocorre em todas as lavouras em maior ou menor grau de severidade, com potencial para causar danos expressivos na produtividade, principalmente no Estado do Tocantins, onde o arroz é plantado em rotação com a soja, que é hospedeira de R. solani. No Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz do Brasil, a queima-da-bainha tem aumentado de intensidade nos últimos anos, principalmente devido às alterações no manejo da cultura e a introdução de cultivares do tipo moderno, porte semi-anão e com grande número de perfilhos.
SINTOMAS A doença ocorre geralmente nas bainhas e nos colmos e é caracterizada por manchas ovaladas, elípticas ou arredondadas, de colo-
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ração branco-acinzentada e bordas marrons bem definidas. Em casos severos, observamse manchas semelhantes nas folhas, com aspecto irregular. A ocorrência da queima-dabainha resulta em seca parcial ou total das folhas e provoca acamamento da planta.
CARACTERÍSTICAS DE RHIZOCTONIA SOLANI O fungo, Rhizoctonia solani, sobrevive no solo em forma de esclerócios e de micélio em restos culturais, constituindo o inóculo primário. É rapidamente disseminado pela água de irrigação e pelo movimento do solo durante a aração, infecta diversas gramíneas comuns, como plantas daninhas nas lavouras de arroz irrigado e diversas leguminosas, inclusive a soja. A doença desenvolve-se rapidamente durante a emissão das panículas e enchimento dos grãos. Os elevados percentuais de matéria orgânica (3% a 4%), níveis de nitrogênio e altas densidades plantio (250kg a 350 kg de sementes/ha-1) contribuem para aumentar a severidade da doença. Os danos causados por insetos, como broca-do-colmo e percevejo, predispõem a planta à infecção por R. solani e outros fungos de solo, como Sclerotium oryzae, Sclerotium rolfsii e Fusarium sp. Para o manejo eficiente das áreas afetadas pela queima-da-bainha, recomenda-se uma boa drenagem na entressafra; adubação
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equilibrada; densidade de semeadura entre 120 kg/ha a 180 kg.ha-1; e uso racional de herbicidas. A rotação do arroz com outras gramíneas, como milho e sorgo, pode reduzir a incidência da doença, pela diminuição do inóculo no solo. O tratamento de sementes com fungicidas tem se mostrado eficiente. Nos Estados Unidos, onde são relatadas perdas entre 19% e 41%, a queima-da-bainha é controlada pelo uso de fungicidas, em duas aplicações: a primeira, entre as fases de elongação dos entrenós do colmo e iniciação da panícula, variando de 2,5cm a 5,0cm na bainha; e a segunda, na fase de 80% a 90% da emissão da panícula. No Brasil não são conhecidas as perdas reais causadas pela doença, podendo variar ano a ano e de acordo com a suscetibilidade da cultivar. Fato é que a doença tem aumentado em importância a cada safra, assim como a procura por informações sobre o seu controle. Apesar de não existir fungicida com registro para barrar a queima-dabainha no arroz, na última safra produtores da Lagoa da Confusão (TO) chegaram a fazer até três aplicações com defensivos registrados para o controle de R. solani em outras culturas, por carência de fungicidas registrados para arroz. No Japão, além de busca por variedades resistentes o controle também é feito por meio
Figura 1 - Correlação entre incidência da queima-da-bainha no campo e a severidade da doença em casa de vegetação. 2008
de fungicidas. A doença causa perdas que variam de 24 mil a 38 mil toneladas de arroz anualmente. Danos de 25% em produtividade são comuns quando a doença se estende até a folha bandeira e de 30% a 40% no caso de infecção severa na bainha e nas folhas. Nas Filipinas, prejuízos na produtividade de até 24% foram relatados em cultivares suscetíveis sob condições de alta adubação nitrogenada. Em Taiwan, foram constadas perdas de 43,0% e 22,3% quando a infecção teve início aos 60 dias após o plantio e no estádio de emborrachamento, respectivamente, em condições experimentais. Diante destes fatos, a busca de resistência a essa enfermidade é de grande importância e interesse para a cultura do arroz. Para tanto, informações precisas quanto à severidade e ao grau de resistência de genótipos à queima-da-bainha são pré-requisitos ao desenvolvimento de um programa de manejo integrado de doenças de arroz e de melhoramento genético.
AVALIAÇÕES Dezoito genótipos, entre linhagens avançadas e cultivares de arroz, foram avaliados em casa de vegetação quanto à resistência à queima-da-bainha. Foi feita a inoculação das plantas que se encontravam com 67 dias de idade, utilizando o isolado de 4F1 de R. solani, da coleção da Embrapa Arroz e Feijão. A multiplicação do isolado foi feita em um mis-
Figura 2- Reação dos genótipos quanto à resistência à queima-da-bainha, obtida pelo cálculo da área abaixo da curva de progresso da doenças. 2008
tura autoclavada de casca + grão de arroz, na proporção de 3:1(v/v). Para a inoculação foram colocados 10 gramas da mistura, contendo o inóculo, por vaso, na base das plantas. A severidade da queima-da-bainha foi obtida pela relação entre a altura da lesão no colmo (cm) e a altura do perfilho da planta (cm). Foram feitas avaliações de três em três dias, a partir do início dos sintomas da doença, para o cálculo da severidade de acordo com a área abaixo da curva do progresso da doença (AACPD), por meio da qual foi determinado o grau de resistência das cultivares. Esses mesmos genótipos foram avaliados em campo, em Formoso do Araguaia (TO), quanto à incidência da queima-da-bainha. A correlação entre a incidência, em condições naturais de infecção no campo, e a severidade da doença em casa de vegetação, resultante de inoculações artificiais, foi positiva e significativa. As plantas jovens apresentaram menor severidade e no período reprodutivo houve incremento dos sintomas que evoluíram verticalmente até o final das avaliações, atingindo bainhas e folhas superiores dos genótipos mais suscetíveis. Isto com certeza tem reflexos no rendimento de grão, já que as bainhas e folhas atacadas têm sua atividade fotossintética diminuída, além de dificuldades na translocação de nutrientes. Os genótipos com maior grau de resistência apresentaram retardo no aumento dos sintomas e menor área
morta no final do ciclo. A linhagem BRA 2601 apresentou o maior grau de resistência em relação à testemunha suscetível IR 22. A cultivar Epagri 109, uma das mais plantadas em Tocantins e as cultivares, recém disponibilizadas, BRS Jaçanã e BR IRGA 424, foram suscetíveis e requerem medidas de controle preventivo de C queima-da-bainha. Valácia Lemes da Silva Lobo, Anne Sitarama Prabhu e Marta Cristina Corsi de Filippi, Embrapa Arroz e Feijão Fernanda Rosa Silva, Uni-Anhanguera Pablo Melo Oliveira UEG - Ipameri
A água de irrigação é responsável por disseminar rapidamente o fungo Rhizoctonia solani nas lavouras
Informe
Fibra forte lançar a FiberM ax 910, vari ed ad FiberMax varied edad adee rren en dim en to e qu ali dad endim dimen ento quali alid adee ddee fibr fibraa
Bayer
A Bayer Cr opSci en ce acaba ddee CropSci opScien ence de alg odão que pr om ete alto algodão prom omete
rior de pluma”, afirma o consultor, Guilherme Ohl, da Ceres Consultoria, de Primavera do Leste (MT). Ohl destaca, ainda, que a nova variedade da Bayer CropScience tem grande potencial para proporcionar a alta produtividade que o cotonicultor tanto busca.
COMPARATIVO
O
s produtores de algodão têm mais uma opção para plantar na próxima safra. Com promessa de alto potencial produtivo e elevada qualidade da fibra no final da safra, a Bayer CropScience coloca no mercado a FiberMax 910, uma nova variedade de algodão que completa a família FiberMax, junto com as variedades 993, 977 e 966. Com o lançamento, a empresa consegue oferecer quatro variedades, que atendem às necessidades agronômicas dos diferentes climas e ciclos de plantio. O gerente de Algodão da Bayer CropScience, Fernando Prudente, destaca que as sementes trazem ao mercado brasileiro características muito desejadas pelos produtores, como alto potencial produtivo, maior número de estruturas reprodutivas, alto índice de maçãs na segunda e terceira posições, além de excelentes rendimento e qualidade de fibra. A 910 tem resistência à doença azul, transmitida pelo pulgão, e re-
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sistência à bacteriose, que se caracteriza pela dificuldade de controle.
CARACTERÍSITICAS No que diz respeito às características agronômicas e às recomendações de manejo é possível dizer que a FiberMax 910 é uma cultivar com altura de 110cm a 130cm, de ciclo médio, indicada para o plantio intermediário, com espaçamento de 76cm a 96cm, o que dá um estande de oito a dez plantas por metro ou 90 a 110 mil plantas por hectare. As maçãs são ovaladas médias, com peso de capulho de 4,5g a 5,5g, contendo de 16 a 20 ramos frutíferos. O rendimento de fibra/pluma é de aproximadamente 41% a 43%, acima da média de mercado (39%). Possui fibras com comprimento de 28mm a 32mm, com uniformidade de 74% a 78% e índice de fiabilidade de 2,4 mil a 3,2 mil. “Esses fatores são essenciais para uma produtividade significativa e de qualidade supe-
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Antes do lançamento foram realizados diversos ensaios nas safras 2006/2007, com comparativo de algumas variedades nas regiões do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia e São Paulo. “Os resultados de produtividade da FiberMax 910 foram expressivos, proporcionando maior produtividade com alta qualidade da fibra”, explica o gerente de Algodão da Bayer CropScience, Fernando Prudente. Na safra atual foi montada uma série de áreas demonstrativas nas principais regiões produtoras de algodão para promover a nova variedade e os resultados preliminares confirmam os resultados da safra anterior. Para o coordenador da área de sementes de algodão da Bayer CropScience, Warley Palota, o produtor poderá obter excelentes resultados ao optar pela variedade FiberMax 910. “O mercado busca cada vez mais o que há de melhor no segmento do algodão e a escolha da semente e da variedade é fundamental para se obter não só alto índice de produtividade, mas também fibra de alta qualidade. A variedade FiberMax 910 chega para proporcionar aos produtores brasileiros, que são altamente tecnificados, a possibilidade de superar seus recordes de produtividade, sempre associados à alta qualidade da fibra produzida. “Isso faz toda a diferença na hora de negociar a produção e que pode trazer mais rentabilidade ao cotonicultor”, destaca. O lançamento da FiberMax 910, que vem para somar às demais variedades da família FiberMax (993, 977 e 966), será acompanhado por diversas ações voltadas ao cotonicultor, como palestras, dias de campo e áreas demonstrativas nas principais regiões produtoras de algodão.
QUALIDADE MUNDIAL A linha FiberMax ocupa os principais mercados produtores da fibra no mundo. Nos Estados Unidos, Grécia, Espanha e Turquia, FiberMax é a marca número um do segmento e no Brasil é a segunda mais vendida, mas com potencial para conquistar a liderança em C breve.
Informe Arysta
Presença consolidada
Com 40 an os ddee atu ação n o anos atuação no Br asil a Arysta LifeSci en ce Brasil LifeScien ence aposta n o cr escim en to e investe no crescim escimen ento em m er cad os estr atégi cos com o mer ercad cados estratégi atégicos como o su cr oalcooleir o e ddee grãos croalcooleir oalcooleiro sucr
A
Arysta LifeScience completa em 2008, 40 anos de atuação no Brasil. Com expressivo crescimento nos últimos anos e perspectiva de contínua expansão de seus negócios, a empresa está presente em mais de 125 países e tem contribuído para o incremento da produtividade da agricultura brasileira. O faturamento global da empresa atingiu 1,2 bilhão de dólares em 2007, reflexo do amplo portfólio de produtos consolidados no mercado, além do comprometimento, confiança e relacionamento com clientes e parceiros. Atualmente, é importante fornecedora de defensivos agrícolas para o mercado brasileiro, com atuação forte nas culturas de soja, hortifruti, milho, algodão, pastagens e destaque para cana-de-açúcar. Além disso, acompanhando o cenário da agricultura nacional, a empresa construiu uma história de sucesso ao longo de quatro décadas. E, hoje, conta com mais de uma centena de representantes técnicos nas principais regiões agrícolas do país. Segundo Otaviano Pivetta, presidente do Grupo Vanguarda e um dos mais respeitados agricultores do país, a sólida parceria com a empresa é responsável pelo incremento de seus negócios.
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“Eu e minha equipe conhecemos a Arysta Lifescience há mais de 12 anos. Desde então nossa parceria se consolidou, aumentando o volume dos nossos negócios e, conseqüentemente, a nossa satisfação”, salienta Pivetta. Com o objetivo de expandir ainda mais seus negócios, a Arysta LifeScience tem investido fortemente no mercado sucroalcooleiro e de grãos, setores que apresentam significativo crescimento no país. Segundo Flávio Prezzi, presidente da Arysta LifeScience para a América do Sul, a completa linha de herbicidas da empresa, destinados à cultura de cana-de-açúcar, atende às principais necessidades do mercado, no momento em que o Brasil destaca-se como o maior produtor mundial de canade-açúcar. A Arysta LifeScience é responsável, também, pelo desenvolvimento de novas tecnologias em um dos mais modernos centros de pesquisa do país, além de ser especializada no marketing e na distribuição de renomadas marcas de defensivos agrícolas. Recentemente, a empresa incorporou ao seu portfólio produtos destinados às pastagens e à nutrição. “A atividade pecuária atravessa um período de forte
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desenvolvimento, o que motivou a participação da Arysta LifeScience nesse mercado, além do perfil do segmento de herbicidas, que possui áreas extensas ainda sem tratamento, com enorme potencial a ser explorado. Já o segmento de nutrição desponta como um mercado bastante atrativo em função de novas tecnologias reconhecidas internacionalmente, como a linha de produtos da GBM, empresa recémadquirida pela Arysta LifeScience e líder do setor no México”, explica Antonio Carlos Costa, diretor de Comunicação.
RESPONSABILIDADE SOCIAL Preocupada com o crescimento sustentável, a empresa desenvolve uma série de programas socioambientais e educacionais, com o objetivo de estimular o uso adequado dos defensivos agrícolas, manuseio e descarte das embalagens. A Arysta LifeScience construiu ao longo de 40 anos uma história de sucesso junto aos agricultores, técnicos, pesquisadores, professores, agrônomos e aos seus colaboradores, estimulando maior produtividade e a busca por novas tecnologias, que contribuem significativamente com o desenvolvimento da agricultura brasileira. C
Coluna Andav
Campo limpo Em 22 ddee ag osto o Br asil vai celebr ar um te vitóri avor ddo om ei o agosto Brasil celebrar umaa importan importante vitóriaa a ffavor mei eio ambi en te ar ca ddee rrecolhim ecolhim en to ddee 21 ton elad as ddee ambien ente te.. Em 2007 o país alcançou a m mar arca ecolhimen ento tonelad eladas embalag en as ddee ddefen efen sivos agrícolas or em or ar os bon esultad os e embalagen enss vazi vazias efensivos agrícolas.. É h hor oraa ddee com comem emor orar bonss rresultad esultados ao m esm o tempo rrefletir efletir sobr ecessi dad este tr abalh o mesm esmo sobree a n necessi ecessid adee ddee avançar n neste trabalh abalho
U
m dos projetos brasileiros de maior conscientização em prol do meio ambiente é, sem dúvida, o Dia Nacional do Campo Limpo. Instituído em agosto de 2005 pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), o dia 18 desse mês tornou-se a data de união de todos os envolvidos na destinação de embalagens vazias de defensivos agrícolas, bem como suas lutas pela conscientização e retirada do campo. Agricultores, cooperativas, indústrias, poder público e o canal de distribuição, representado pela Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas (Andav) em todo o território brasileiro são, juntos, os agentes desta transformação ambiental que é exemplo de cidadania em todo o mundo.
diosidade proporcionada pelo árduo trabalho de recolhimento destes vasilhames no campo, o Brasil recolheu mais de 21 mil toneladas somente em 2007, considerado o maior índice de recolhimento do planeta. Com relação ao início do programa, em 2005, houve aumento de mais de 15% de devoluções em apenas dois anos, um crescimento notável e que, certamente, deve ser aumentado em 2008. Muito se deve também à implantação correta das unidades de recebimento, as chamadas UR’s, que hoje se encontram espalhadas em 24 estados brasileiros. A Andav, em parceria com a Andef e inpEV, sempre checou e prestou consultoria técnica para os agricultores em diversas comunidades. Dessa forma, o papel das três associações em
bilizou ao todo 73 centrais de recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas de 18 estados brasileiros. Os eventos realizados em todo o Brasil reuniram mais de 38,2 mil pessoas, mais que o dobro do ano anterior (2005), quando a data, comemorada pela primeira vez, mobilizou 40 centrais de recebimento e reuniu aproximadamente 11,3 mil pessoas. Já em 2007, foram 93 centrais de recebimento envolvidas, 13 a menos que esse ano. A semente da conscientização gerada pelo Dia Nacional do Campo Limpo marca um importante ciclo da continuidade dos trabalhos realizados. E mais: a cada dia a Andav percebe que as revendas associadas multiplicam seus trabalhos nas comunidades em que estão inseridas. É certo que muito ainda deve ser feito em
“Em 2006, o Dia Nacional do Campo Limpo mobilizou ao todo 73 centrais de recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas de 18 estados brasileiros” A devolução de embalagens vazias de defensivos agrícolas teve o envolvimento direto da Andav desde seu início que, juntamente com outras entidades representativas do agronegócio, trabalhou na criação da Lei 9.974, de junho de 2000, que altera o disposto na Lei 7.802, de julho de 1989 e, assim, estabelece a devolução em todos os estados. A partir daí, iniciou-se um trabalho mais intenso com objetivo da implantação de um sistema nacional de recebimento de embalagens vazias, afinal de contas, a lei poderia ser muito importante porém de pouca serventia caso não fossem feitas ações nas comunidades rurais. A partir desta conscientização inicial dos próprios agentes transformadores, em sua maioria associações e entidades de classe, além do poder público, aos poucos o Brasil tornou-se referência mundial nessa devolução de embalagens. Para se ter uma idéia da gran-
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recomendar a execução da legislação, orientar seus associados na implantação dessas unidades, bem como a recomendação de melhorias no processo de recebimento foi cumprido em sua totalidade. Em 2008, as comemorações do Dia Nacional do Campo Limpo foram marcadas para o dia 22 de agosto. Cento e seis unidades de recebimento em 24 estados estão envolvidas. Para que não fiquem dúvidas: a campanha tem como objetivo demonstrar o exemplo de conscientização adotado pelo produtor rural brasileiro e celebrar os ótimos índices obtidos pelo sistema de destinação final de embalagens vazias de defensivos agrícolas, por meio do trabalho integrado realizado pelos elos da cadeia produtiva agrícola (agricultores, indústria fabricante, canais de distribuição, cooperativas e poder público). Em 2006, o Dia Nacional do Campo Limpo mo-
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prol do meio ambiente e da saúde no meio rural, mas, neste momento, é necessário também parabenizar o sucesso daqueles que conseguiram em poucos anos transformar os índices socioeconômicos de nosso país. O Dia Nacional do Campo Limpo serve para que todos os envolvidos na cadeia do agronegócio brasileiro façam esta reflexão e, ao mesmo tempo, comemorem as conquistas, pensando também nas metas a serem atingidas no ano seguinte. Mais informações sobre a Andav podem ser adquiridas através do site www.andav.com.br, pelo e-mail andav@andav.com. C br ou pelo telefone (19) 3203-9884. Henrique Mazotini Presidente Executivo da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários - Andav
Coluna Agronegócios
Petroquímica ou bioprodutos?
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erá possível produzir óleos vegetais que rivalizem com o petróleo, para usos industriais, para melhorar a saúde humana - se forem utilizados na farmacologia - ou ainda para substituir o óleo diesel nos motores? Cientistas têm buscado respostas para esta pergunta. Um dos grupos que estudam o assunto pertence ao Departamento de Agricultura americano. Um desafio exemplar é entender por que determinadas plantas, como o tungue, produzem óleos que não são encontrados em outros vegetais. Decifrar este mistério, encriptado no código genético, permite introduzir nas plantas características agronômicas interessantes, para produzir os tipos de óleo que a sociedade necessita.
são bons para o coração, o cérebro e os olhos. Alguns óleos importantes do ponto de vista industrial são produzidos em pequenas quantidades pelas plantas, ou então os vegetais que os produzem são de cultivo muito difícil e de baixa produtividade. Tomemos o caso da planta de tungue, que produz o ácido eleosteárico, um tipo de óleo muito raro, que é um isômero do ácido linolênico, presente no girassol e na soja. Este ácido possui propriedades industriais interessantes, em especial auxiliando no secamento rápido das tintas a óleo, devido à sua rápida polimerização quando exposto ao oxigênio do ar. Confere à pintura durabilidade e resistência à umidade, tanto em superfícies de madeira ou plásticos. Se fossem usa-
demandados pela sociedade, e que sejam de difícil produção. Durante os estudos, os cientistas identificaram a seqüência de genes e enzimas envolvidos na produção do ácido graxo. Existe uma família de enzimas DGAT, sendo que o tipo DGAT1 é uma enzima do tipo genérico ou “faz tudo”, um “curinga” adaptado para produzir os ácidos graxos mais simples. Por sua vez, outras enzimas da mesma família são produzidas para direcionar a síntese dos óleos para um tipo específico de ácido graxo. Este parece ser o caso da enzima DGAT2 no tungue, que é responsável pelo elevado teor de ácido eleosteárico nas sementes da planta. A informação pode parecer trivial, mas ela é extremamente importante.
“Na área nutricional, as plantas poderiam ser ““engenheiradas” engenheiradas” para aumentar o seu teor de ácidos graxos importantes para a saúde humana” As oleaginosas estão entre as principais commodities agrícolas transacionadas no comércio internacional. Em 2006, mais de 400 milhões de toneladas de oleaginosas foram produzidas no mundo. A maioria dos óleos, extraídos da soja, algodão, amendoim ou dendê, é produzida para fins nutricionais. Mas, não podemos esquecer que a indústria química é baseada no petróleo, o que significa impacto ambiental, preços em ascensão e esgotamento das reservas. Logo, há um grande potencial a explorar, se pudermos manipular o teor e a composição dos ácidos graxos das oleaginosas, para melhorar suas propriedades químicas e industriais, a fim de substituir o petróleo. Potencialmente, os óleos vegetais constituem matéria-prima para tintas, revestimentos, plásticos, fármacos ou combustíveis. Mas será necessário muito investimento em ciência para transformar este potencial em realidade. Na área nutricional, as plantas poderiam ser “engenheiradas” para aumentar o seu teor de ácidos graxos importantes para a saúde humana, como aqueles presentes nos peixes (ômega 3), que
dos óleos comuns para esta finalidade, a tinta não seria absorvida pela madeira, nem secaria a contento, redundando em pintura de baixa qualidade. Ocorre que é muito difícil produzir tungue, que é um arbusto sobre o qual pouco se conhece. Então, por que não produzir o mesmo ácido graxo em plantas que os agrônomos conhecem bem e os agricultores estão acostumados a cultivar? Para enfrentar este desafio, os cientistas introduziram na planta modelo Arabidopsis os genes que determinam a produção do ácido eleosteárico e estudam os caminhos bioquímicos que fazem com que a planta produza este óleo. O que os cientistas já sabem é que os genes são responsáveis por ordenar a planta que produza determinadas enzimas que fazem funcionar o mecanismo de produção e estocagem de óleo nas células das plantas. Uma vez entendidos os pormenores do mecanismo, será fácil não apenas produzir o ácido eleosteárico em plantas de fácil cultivo – como a soja – bem como usar a mesma técnica para aumentar a produção de outros óleos, igualmente
Agora os pesquisadores sabem que precisam identificar exatamente o que faz cada tipo de enzima da família das DGAT, para associá-las com o tipo de ácido graxo que se pretende produzir. Elucidando a atividade da enzima, é preciso associá-la com o gene que a produz. A partir daí é possível transferir os genes para outras plantas, de fácil cultivo, que atuam como verdadeiras usinas para produzir, de forma sustentável, barata e com alta qualidade, os ácidos graxos que a sociedade demandar. Se este caminho for trilhado até o final, os cientistas terão descoberto uma fórmula para tornar o século XXI progressivamente independente do petróleo (e de seus impactos ambientais e toxicológicos negativos), rumo a uma nova economia, baseada em produtos naturais, renováveis, lastreada em bioprodutos ao C invés de petroquímicos. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro agrônomo, membro do Painel Científico Internacional de Energia Renovável do Conselho Internacional de Ciências
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Coluna Mercado Agrícola
Vlamir Brandalizze brandalizze@uol.com.br
Plantio 2008/2009 começa com boas expectativas Os produtores deram início ao plantio das lavouras da safra de verão 2008/2009. As primeiras áreas são de feijão no centro-sul de São Paulo e também deve começar, no mês de agosto, o cultivo de milho no oeste e sudoeste do Paraná. Com isso, está dada a largada para mais uma grande safra, com boas expectativas de ganhos para o setor, que tende a mostrar um avanço de 1 milhão a 1,5 milhão de hectares em soja, cuja expectativa é de ganhar espaço em rotação de culturas (soja e milho). Além disso, a oleaginosa também deve voltar a crescer sobre pastagens degradas e, desta forma, começa com boa expectativa de colheita. A estimativa é de que ultrapasse 60 milhões de toneladas colhidas neste ano, chegando a 65 milhões de toneladas na safra 2008/09. Outra cultura que mostra boas expectativas é o milho. Devido ao bom rendimento econômico, tende a manter a área, com a promessa de crescer em tecnologia, seguindo uma tendência de elevar a produção para casa de 40 milhões de toneladas a 41 milhões de toneladas, contra pouco mais de 39 milhões de toneladas colhidas na primeira safra deste último ano. O arroz busca estabilidade na área e também traz indicativos de uma colheita na faixa das 12 milhões de toneladas. Enquanto isso, o feijão se encaminha para uma colheita de 1,2 milhão de toneladas, contra as 950 mil toneladas colhidas no ano passado. Dessa forma, deve normalizar o quadro interno de abastecimento que não tem conseguido atender o consumo neste último ano. O destaque da safra deverá ser o trigo, já que tem apresentado boas cotações para os produtores e caminha para uma colheita na faixa de cinco milhões de toneladas ou levemente acima. E, caso não ocorram geadas nas próximas semanas, a boa qualidade será outro fator de destaque, porque a colheita já está em andamento e no Rio Grande do Sul as últimas lavouras já escapam do risco de geada a partir do mês de setembro. Com isso, começa-se a nova safra com expectativa de colher acima de 145 milhões de toneladas, contra menos de 140 milhões de toneladas colhidas na safra passada. MILHO Colheita avança forte sobre a safrinha Os produtores estão na colheita da safrinha, que mostra boa produtividade e qualidade. Já o resultado das áreas que foram afetadas pelas geadas entra no mês de agosto e há a expectativa de que apresente queda na produtividade e na qualidade, principalmente em lavouras do oeste do Paraná e do sul do Mato Grosso do Sul. A colheita está fechando em Mato Grosso e Goiás, o que reduz as ofertas. O milho esteve cotado entre R$ 16,00 e R$ 19,00 no Mato Grosso e R$ 21,50 a R$ 24,00 no Paraná. Estes valores devem avançar depois de setembro, quando a tendência é de recuperação das perdas (que foram de 12% em julho).
os custos se elevaram, há menos soja e menos insumos. Os indicativos de preços tiveram queda em julho, em função da safra americana (entre US$ 14,00 e 15,00 por bushel, abaixo dos US$ 16,00 por bushel registrados em junho). Para o restante da soja da safra 07/08, que representa algo ao redor dos 15% das 60 milhões de toneladas colhidas, devem surgir bons negócios entre setembro e novembro, já que será preciso atender ao consumo interno (que pagará acima dos valores de exportação).
FEIJÃO Plantio começou em julho em São Paulo A entrada de feijão até outubro será restrita às lavouras irrigadas do Brasil Central, representada por menos de 50 mil hectares e da região de RibeiSOJA Poucos recursos para o plantio ra do Pombal, na Bahia, que passa por problemas Os produtores têm encontrado dificulda- climáticos e colhe neste mês de agosto. Há chances des para fechar negócios antecipados com a soja de um vazio de oferta em outubro. Quanto ao planvia troca por insumos. A maior parte das em- tio, existe expectativa de avanço para agosto. Já as presas mantém valores do ano passado e, como cotações mantêm boas perspectivas. Seguem en-
tre R$ 135,00 e R$ 200,00 por saca, na base do Carioca, e abaixo para o Preto, que sofre com a concorrência do produto da Argentina (na casa dos R$ 120,00 e 140,00). O preço mínimo de R$ 80,00 estimula os produtores. ARROZ Estabilidade também para agosto A estabilidade das cotações do arroz em casca passou por julho e caminha para manter a calmaria também em agosto, quando as ofertas devem diminuir do lado dos produtores. Assim, no final deste período, poderemos ver o início de uma pequena recuperação dos indicativos. O governo, por sua vez, continua acenando quanto a venda de seus estoques mensalmente, como ocorreu no final de julho, com 60 mil toneladas ofertadas. Os indicativos têm mostrado estabilidade entre os R$ 33,00 e R$ 35,00. No Sul, os produtores esperam manter a área plantada, para isso, necessitam de novas chuvas.
CURTAS E BOAS TRIGO - O governo prometeu apoio ao setor, mas estabeleceu preço mínimo de R$ 480,00 contra os R$ 400,00 do ano passado, valor que está muito abaixo dos custos (em torno R$ 550,00) e também inferior aos patamares de R$ 650,00 a R$ 720,00 por tonelada que o mercado livre está trabalhando. Caminhamos para exportar parte da safra deste ano para dar liquidez no pico da colheita, em setembro e outubro. ALGODÃO - A baixa rentabilidade das lavouras, promovida pela desvalorização cambial, tem servido de desestímulo aos produtores. No momento os indícios são de queda no novo plantio e aumento de plantio da soja em lavouras que tinham algodão. Os primeiros boatos apontam que a produção possa cair abaixo de 1,5 milhão de toneladas colhidas neste ano, para um consumo esperado de 1,1 milhão de toneladas. EUA - As lavouras foram atingidas por inundações em junho, passaram julho sem chuvas e com muito sol. Se a seca persistir em agosto a tendência é de que ocorram perdas maiores que as projeções iniciais. Estamos no mês da definição da produção e, desse modo, muito suscetíveis às alterações em Chicago. ÁSIA - As lavouras de arroz, milho e soja foram afetadas por proble-
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mas climáticos, com tendência de pressionar as cotações para cima, como é o caso do arroz (que vinha em queda de maio a junho e mostrava leve alta em julho). A FAO conseguiu pelo menos novos US$ 2 bilhões para uso em programas de distribuição de alimentos, servindo de apoio para manter o consumo em crescimento. ARGENTINA - Os produtores conseguiram apoio do Senado, que derrubou a lei que aumentava os impostos na exportação dos grãos. A presidente Cristina Kirchner trocou o ministro da Agricultura, o que indica que deverá vir alguma novidade para tirar parte dos ganhos dos produtores, que pagam 35% de impostos na exportação. O governo pretendia abocanhar até 50%. PETRÓLEO - Tivemos uma fase de calmaria em julho, com queda das cotações para níveis abaixo dos US$ 130,00 por barril depois de ter batido recorde de US$ 145,98. Isso puxou para baixo o etanol nos EUA, que recuou dos US$ 3,00 por galão para a faixa dos US$ 2,20. Mesmo assim, o fator demanda continua apontando para cima, porque a produção de automóveis tem batido recorde nos EUA e no mundo (algo entre 40 a 50 milhões de unidades neste ano).
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