Cultivar 119

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Cultivar Grandes Culturas • Ano XI • Nº 119 • Abril 2009 • ISSN - 1516-358X Destaques

Nossa Capa

Sugad or ddee lu cr os .............. ........ ......24 Sugador lucr cros os.............. ...................... ..............24

Dir ceu Gassen Dirceu

Dir ceu Gassen Dirceu

Com o m an ejar corr etam en te o per cevejo ddo o colm o, in seto que suga a Como man anejar corretam etamen ente percevejo colmo, inseto seiva ddas as plan tas e pr ovoca in sos pr ejuízos n o arr oz plantas provoca inten tensos prejuízos naa cultur culturaa ddo arroz ten

Efeitos ddaa n utrição.................08 Explosão n o Cerr ad o................16 Com o pé dir eito....................27 nutrição.................08 no Cerrad ado................16 direito....................27 Confir to o ddesequilíbri esequilíbri o Confiraa até que pon ponto esequilíbrio ci on al pod ar plan tas m ais nutri plantas mais utrici cion onal podee torn tornar vuln eráveis ao ataque ddee pr agas e ddoenças oenças vulneráveis pragas

Saiba por que a in ci dên ci tr acn ose inci cidên dênci ciaa ddaa an antr tracn acnose o cerr ad o br asileir o e o que é esceu n cresceu no cerrad ado brasileir asileiro cr possível ffazer azer em rrelação elação ao con tr ole contr trole

Índice

Expediente

Dir etas Diretas

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Desn utrição e vuln er abili dad etal Desnutrição vulner erabili abilid adee veg vegetal

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Pratylen atylench chus brach achyurus Pr atylen ch us br ach yurus em soja

A importân ci o tr atam en to ddee sem en tes importânci ciaa ddo tratam atamen ento semen entes an tir pr oteção con tr oenças que paraa gar garan antir proteção contr traa ddoenças par afetam a cultur o tri go culturaa ddo trig

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Fun dad or es: Milton Sousa Guerr ewton PPeter eter Fund ador ores: Guerraa e N Newton

RED AÇÃO REDAÇÃO • Editor

Gilvan Dutr o Dutraa Queved Quevedo • Coor den ad or ddee Red ação Coord enad ador Redação

Jani ce Ebel anice

An tr acn ose em soja Antr tracn acnose

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Novo ácar o ácaro

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Equipam en to ffacilita acilita iid den tifi cação ddee ddoenças oenças Equipamen ento entifi tificação

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Per cevejo ddo o colm o em arr oz ercevejo colmo arroz

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GRÁFI CA GRÁFICA

Tratam en to ddee sem en tes em tri go atamen ento semen entes trig

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• Impr essão Impressão

Atr azin o trazin azinee em milh milho

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Inf orm ef tr oz verm elh o Inform ormee - Força-tar Força-taref efaa con contr traa o arr arroz vermelh elho

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• Desi gn Gráfi co e Di agr am ação Design Gráfico Diagr agram amação

Cristi an o Cei Cristian ano Ceiaa • Revisão

Alin artzsch ddee Alm ei da Alinee PPartzsch Almei eid

MARKETING E PUBLI CID ADE PUBLICID CIDADE • Coor den ação Coord enação

Charles Ri car do Ech er Ricar card Echer • VVen en das end

Ped edrro Batistin Sed eli Feijó Sedeli

CIRCULAÇÃO • Coor den ação Coord enação

Sim on Simon onee Lopes • A ssin atur as Assin ssinatur aturas

Ân gela Oliveir Âng Oliveiraa Gonçalves

Kun de In dústri as Gráfi cas Ltd a. und Indústri dústrias Gráficas Ltda. Grupo Cultivar ddee Publi cações Ltd a. Publicações Ltda. Avenida Fernando Osório, 20, sala 27 A Pelotas – RS • 96055-000 Dir etor es Diretor etores Newton Peter e Schubert K. Peter

• Expedição

Di anferson Alves Dianferson Edson Kr ause Krause Núm er os atr asad os: R$ 15,00 Númer eros atrasad asados: Assin atur tern aci on al: ternaci acion onal: ssinatur aturaa In Intern US$ 130,00 Euros 110,00

Inf orm Inform ormee - BR3

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Even tos - Gir o TTalstar alstar Dipel Eventos Giro

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Even tos - PPalm alm campos Eventos almaa Sola e Coper Copercampos

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Di en tes Roos Diaa ddee Campo - Sem Semen entes

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Colun Colunaa ANPII

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Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br

Colun gr on egóci os Colunaa A Agr gron onegóci egócios

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Mer cad o A grícola ercad cado Agrícola

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Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Secr etári Secretári etáriaa Rosimeri Lisboa Alves www .r evistacultivar .com.br www.r .revistacultivar evistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br Assin atur ual (11 edições*): R$ 129,90 ssinatur aturaa an anu (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

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Diretas Sphere e Soberan

FMC A FMC destacou na Expodireto 2009 soluções para as culturas de soja e milho com uma extensa gama de produtos. Em soja, Boral (indicado contra matocompetição inicial), Aurora (para dessecação), Fenix (inseticida para tratamento de sementes) e Talstar (contra lagartas e percevejos). Em milho, Furazin 310 FS (inseticida para tratamento de sementes), Mustang 350 EC (no combate à lagarta do cartucho) e Aurora (pós-emergente).

Equipe A Basf participou da Expodireto com time completo de profissionais, disponível para atendimento dos clientes e apresentação das soluções da empresa para a manutenção da sanidade e dos níveis de produtividade nas culturas de soja, milho, trigo e feijão.

A Bayer destacou o fungicida Sphere Max e o herbicida Soberan durante a Expodireto 2009. Rodolpho Leal, gerente Arroz e Trigo da DN Sul, e Mariel Alves, gerente de Milho da DN Sul, acompanharam a equipe da empresa nos demonstrativos de resultados obtidos com a utilização dos lançamentos.

Rodolpho Leal e Mariel Alves

Monsanto Fábio Sgarbi, gerente de Produto Soja da Monsanto, palestrou sobre as futuras tecnologias para a cultura da soja, com destaque para a inserção de diversos eventos em uma mesma semente, prevista para um futuro não muito distante. Sgarbi explicou os benefícios do milho RR, que provavelmente estará no mercado para a safra 2009/10, e de outras tecnologias já em processo de Fábio Sgarbi aprovação no Brasil.

Dupont Equipe de representantes técnicos de vendas e gerentes regionais acolheram os visitantes no estande da Dupont, na Expodireto. Os destaques ficaram por conta dos inseticidas Premio para a cultura da soja e Altacor para a bicheira da raiz do arroz, além do herbicida Classic, com foco em controle de buva, e o fungicida Aproach Prima, para doenças da soja.

Basf Idejalmes José Stella, gerente do Departamento de Cereais Centro-Sul, da Basf, participou da Expodireto 2009. A empresa apresentou soluções de manejo para o controle das principais pragas e doenças em áreas demonstrativas nos cultivos de soja, milho e feijão desde o tratamento de sementes. Os inseticidas Standak® e Imunit®, o fungicida Opera® e os herbicidas Alteza® 30 SL e Amplo® foram os destaques da companhia durante o evento.

Idejalmes José Stella

Nidera A Nidera Sementes trouxe para a Expodireto uma gama extensa de produtos, com os híbridos de milho BX 767, BX 898, BX 970, BX 1200, BX 1255, BX 1280, BX 1293, as variedades de soja AN 8279, AN 8572, AN 8843, AN 8500, além da linha Super Soja RR Sul e dos híbridos de girassol e sorgo.

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Ano bom Para João Bosco Freitas Júnior, gerente de Negócios Região Sul e Sudeste da Dupont, este ano é estratégico para estimular os produtores. Com a baixa nas colheitas da Argentina e EUA, é a chance que o Brasil tem de alinhar bons contratos comerciais com compradores estrangeiros, uma vez que, por conta da quebra em outros países, eles comprarão grãos no Brasil. “É uma excelente chance que temos de entrar ainda mais no mercado externo, e temos que garantir isso para os próximos anos, com João Bosco Freitas Júnior bons contratos”, avalia.


Aproximação Altair Fernando Bizzi, coordenador de Desenvolvimento de Mercado RS e SC, da Dupont, ressaltou a importância de manter o contato com produtores e engenheiros agrônomos em eventos como a Expodireto. “O relacionamento com o cliente é extremamente proveitoso, pois é mais uma chance que temos de mostrar os benefícios de nossos produtos”, Altair Fernando Bizzi ressalta.

Dimicron Gilberto Medeiros, supervisor comercial da Dimicron, destacou durante a Expodireto o A-20 Power, primeiro produto produzido pela empresa e que permanece até hoje como adjuvante nitrogenado, e o TMS, formulação de micronutrientes quimicamente balanceados e desenvolvidos para uso em sementes de trigo e milho.

Bayer Cheia de entusiasmo, a equipe da Bayer CropScience deu um show de acolhida na Expodireto 2009. Com estande bastante dinâmico, os profissionais acolheram os visitantes que puderam conferir parcelas demonstrativas com os principais produtos da empresa para a região Sul do Brasil.

Cabanha Butiá Manoela Bertagnolli e equipe recepcionaram os visitantes durante a Expodireto 2009. Os produtores tiveram a oportunidade de se atualizar no manejo de variedades de trigo OR/Biotrigo, além de receber informações sobre a cultura da soja.

Comando Luiz Carlos Chiocca é o novo presidente da Coopercampos. Assume o cargo em substituição ao presidente licenciado Vilibaldo Erich Schmid, atual prefeito de Campos Novos. Engenheiro agrônomo, produtor e líder cooperativista, já havia ocupado o posto no período de 1977 a 1984. Atualmente respondia pela vice-presidência da cooperativa.

Produquímica Luiz Carlos Chiocca (esq.)

Agromen A Agromen Tecnologia apresentou durante a Expodireto novos híbridos com a tecnologia HerculexI, além do lançamento de materiais convencionais para lavouras do Sul do Brasil. Durante o evento os agricultores puderam caminhar pelas parcelas demonstrativas e verificar de perto o desempenho dos híbridos HerculexI 20A55Hx e 30A91Hx.

O Grupo Produquímica apresentou durante a Expodireto o primeiro enxofre granulado Sulfurgran 90®. Celestino Weber, gerente da empresa, informou que o produto apresenta 90% de enxofre elementar, finamente moído e biodegradável, na forma de grânulos, o que facilita seu manuseio para aplicação isoladamente ou em mistura com outros nutrientes (NPK) granulados.

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Agrisure

Rigrantec A Rigrantec incorporou em sua linha de produtos os fosfitos de potássio FosTec 40-20 e Fostec 30-20. “Nosso intuito é de propiciar a técnicos e a produtores mais uma ferramenta de trabalho para solucionar as demandas nutricionais e fitossanitárias de suas lavouras”, afirma Nelson Azambuja, diretor da empresa.

A Syngenta apresentou sua marca de Biotecnologia Agrisure. O milho Agrisure TL é tolerante a três dos maiores inimigos do produtor: broca da cana, lagarta do cartucho e lagarta da espiga. Já a soja SYN 3358RR estimula o potencial produtivo, a estabilidade em campo e possui resistência ao acamamento. Também foi apresentada a nova identidade das sementes de soja que terão syn no nome, como forma de reforçar a marca.

Battle A Cheminova lançou durante a Expodireto o fungicida Battle para controle de doenças na cultura da soja. Também mereceram destaque o defensivo Rizza e o Programa Authority.

Dow Visitaram a Expodireto 2009 o presidente da Dow AgroSicences Brasil, Ev Germon (USA), o diretor de Marketing, Welles Clovis Pascoal, e o gerente comercial da Regional Sul, Osvaldo Debiagi Júnior.

Troca de função

Participação

O engenheiro agrônomo Sadi Heinen é o novo gerente regional de Vendas da Syngenta Proteção de Cultivos e Sementes para região Sul.

Urias Costa, diretor de Marketing da Cheminova, participou da Expodireto Cotrijal 2009, em Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul.

Sadi Heinen

Urias Costa

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Milenia A Milenia destacou durante a Expodireto palestras técnicas diárias proferidas por técnicos da empresa sobre Mercado Agrícola, Manejo de Ervas Daninhas e o Kit de Identificação de Ferrugem.


Nufarm Gilberto Schiavinato assumiu a Diretoria de Marketing da Nufarm para região Latino America Sul. O executivo tem 29 anos de experiência no setor de agroquímicos, com passagem pela direção da Aventis na Argentina. Está na Nufarm desde 2004, participando da expansão da empresa nas aquisições realizadas no Brasil e Colômbia, como também no crescimento orgânico na Argentina e Chile. Schiavinato é engenheiro agrônomo, com MBA em Gestão Empresarial e construiu sua carreira nas áreas de Vendas, Marketing e Gestão do Negócio. À frente da Diretoria de Marketing os projetos prioritários serão formatação de campanhas de vendas / marketing, renovação do portfólio, focalização no sistema de distribuição com fortalecimento das alianças com distribuidores, maximizar a utilização da área de inteligência de mercado, implementação do plano estratégico de médio prazo e exploração máxima das sinergias com a área comercial. Estará também voltado para análise e implementação de estratégias de crescimento da empresa via expansão do portfólio, melhor cobertura geográfica e cooperação Gilberto Schiavinato com empresas do setor.

Cheminova

Cesar Rojas Ruiz

Cesar Rojas Ruiz, presidente da Cheminova no Brasil e América Latina, participou pela primeira vez da Expodireto. Parabenizou a organização do evento e falou da satisfação em conhecer a feira. “Ficamos felizes em poder participar e manter contato com os clientes.”

Visita Durante a Expodireto 2009 a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, foi recebida no estande da Syngenta pelo gerente regional Sadi Heinen.

Syngenta A Syngenta apresentou sua linha de sementes e defensivos agrícolas. Celso Bastistella, coordenador de Marketing da região Sul, explica que a empresa mobiliza uma grande equipe por apostar no potencial da feira, que é um dos principais eventos do agronegócio brasileiro. Neste ano os principais destaques foram para os produtos Adante, Priori XTRA, Gramocil, Cruiser, Engeo Pleno e Callisto.

Microquímica A Microquímica destacou no Show Rural Coopavel o fertilizante organomineral Acadian, formulado com algas marinhas canadenses (Ascophilum nodosum) e aminoácidos (ácido glutâmico) produzidos em sua fábrica situada em Monte Mor/ São Paulo.

Dow A Dow recebeu um grande número de visitantes em seu estande na Expodireto 2009. A equipe de agrônomos esclareceu dúvidas e apresentou a linha de produtos da empresa com foco em soja e milho.

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Nutrição Dirceu Gassen

Desnutrida e vulnerável Em situ ações adversas e ddee estr esse n o campo a ddefi efi ciên ci situações estresse no eficiên ciênci ciaa to ddaa nutri ci on al tem o pod er ddee ddesen esen cad ear aum en utrici cion onal poder esencad cadear aumen ento ocorrên ci oenças e ddee pr agas em difer en tes sistem as ocorrênci ciaa ddee ddoenças pragas diferen entes sistemas agrícolas ddee pr od ução e cultur as os os prod odução culturas as,, já que tod todos te os en tes estão envolvi dos eta ou in dir etam en nutri indir diretam etamen ente te,, n nos utrien entes envolvid os,, dir direta efesa ddas as espéci es veg etais or isso a mecanism os ddee ddefesa ecanismos espécies vegetais etais.. PPor ecer cad utri en te e saber em que importân ci importânci ciaa ddee conh conhecer cadaa n nutri utrien ente os dam en tais par an fases são fun paraa evitar ddan anos fund amen entais

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E

m função das razões ecológicas relativas à simplificação e à baixa diversidade dos agroecossistemas, aliadas ao estado de estresse e nutricional da planta, pode-se evidenciar o aumento significativo da ocorrência de doenças e de pragas em sistemas agrícolas de produção. Neste contexto, recomenda-se que o manejo agrícola seja sempre fundamentado na garantia do equilíbrio nutricional e na visão sistêmica do processo. Para tanto, indica-se a elaboração de diagnóstico detalhado da disponibilidade e interação de nutrientes no sistema (solo e planta); do histórico da gleba; das condições climáticas reinantes no período e do potencial genético de resistência inerente ao genótipo utilizado. As estratégias de manejo deverão considerar, ainda, a redução dos riscos de estresse de natureza diversa, principalmente àquele relacionado à deficiência hídrica. O estresse hídrico prolongado, além de reduzir a capacidade da planta na síntese de fitoalexinas, também resulta na hidrólise das proteínas e das substâncias de reserva nas células das folhas, de forma a contribuir para o aumento da taxa de retenção de água na planta (redução do potencial água). Contudo, esta estratégia desencadeada pela planta (apesar de prolongar a sua sobrevivência em condições de falta de água) resulta no enriquecimento da folha em aminoácidos livres, nitratos e açúcares, tornando-a um meio altamente favorável ao ataque e proliferação de insetos (afídeos, homópteros e hemípteros, principalmente) e de patógenos (fungos e bactérias, em geral). Assim, quando for possível a previsão da ocorrência de períodos de falta d’água, recomenda-se a manutenção de níveis adequados de potássio, silício, cobre e manganês na planta, objetivando a melhoria de seu sistema de defesa, mediante o fortalecimento de barreiras físicas, bem como para melhorar o aproveitamento da água e a síntese de fitoalexinas. Todos os nutrientes, direta ou indiretamente, estão envolvidos nos mecanismos de defesa vegetal, como componentes integrais, ativadores, inibidores, reguladores de síntese ou de metabolismo e, portanto, o seu pleno diagnóstico (deficiência ou excesso) e a garantia de sua disponibilidade efetiva, tornam-se estritamente necessários para o estabelecimento de programas de manejo com o objetivo de promover o equilíbrio nutricional da planta. Com relação ao nitrogênio, como regra geral, deve-se evitar a carência desse elemento nos estádios iniciais de desenvolvimento vegetal, pois sua restrição poderá predispor a planta à infecção de algumas espécies de patógenos, sobretudo de Rhizoctonia e nematoides. Portanto, objetivando o fortalecimento da plantas e a aceleração do crescimento de raízes, recomenda-se o fornecimento de nitrogê-


exsudação radicular, o que pode exercer acentuada influência na atividade de patógenos e na severidade das doenças. Entretanto, quantidades elevadas de fósforo, no sulco de semeadura, em determinadas condições, poderá predispor a planta à falta de zinco, resultando em desequilíbrio hormonal e redução da síntese de proteínas, contribuindo para o aumento da severidade de algumas doenças, principalmente o complexo das ferrugens e de outras causadas por patógenos de solo. Portanto, o fornecimento de adequado suprimento de fósforo é capaz de promover mudanças bioquímicas na planta, representadas pelo incremento da concentração de vitamina C, óleos vegetais, polifenóis, peroxidase e amônia, gerando ambiente interno pouco favorável aos patógenos e, principalmente, aos nematoides, resultando na redução de sua fecundidade e população. O funcionamento efetivo das raízes e da membrana citoplasmática, de forma a não favorecer a proliferação de organismos nocivos na rizosfera, depende da presença constante de fósforo, cálcio, enxofre, zinco e boro, além de baixa concentração de alumínio tóxico (m< 25%). A manutenção de conteúdo satisfatório de fósforo nos estágios reprodutivos (florescimento e enchimento de grãos), devido ao seu marcante efeito na estimulação da atividade celular, poderá contribuir para a maior tolerância da planta a diferentes patógenos de final de ciclo. O potássio, presente na seiva e no protoplasma, está estritamente relacionado ao transporte de carboidratos e aminoácidos da sede de síntese até os sítios de utilização, além de exercer relevante papel na economia de água da planta. A síntese de compostos de elevado peso molecular (proteínas, amido e celulose) é francamente restringida, em plantas defici-

entes de potássio (K). Desse modo, seu inadequado suprimento promove o acúmulo de compostos orgânicos de baixo peso molecular (açúcares e aminoácidos), resultando em plantas com crescimento anormal e com acentuada suscetibilidade a pragas (lagartas) e a doenças, de forma geral, principalmente às antracnoses, helmintosporioses, cercosporioses e ferrugem asiática. Cumpre salientar que quantidades superiores a 60kg/ha de K2O, no sulco de semeadura, na forma de cloreto de potássio (KCl), podem interferir significativamente no desenvolvimento, sanidade e atividade de raízes, pelo efeito salino resultante. No entanto, a definição da dose, localização e época de fornecimento desse elemento exigirão criteriosa análise, fundamentada na sua disponibilidade efetiva e no balanço entre nitrogênio, cálcio e magnésio, presentes no sistema. Com relação ao cálcio, magnésio e enxofre, em decorrência de seus benefícios na prevenção de pragas e doenças, recomenda-se aplicá-los diretamente no solo. O cálcio na forma de carbonatos é pouco móvel no solo e, portanto, o efeito mais evidente desse elemento sobre patógenos referese ao cálcio ministrado na forma de sulfatos, devido a sua maior frequência na solução do solo. Ressalta-se que a utilização indiscriminada de fontes de cálcio, na forma de calcários (carbonatos e óxidos), tem chances de provocar o aumento exagerado do pH do solo, favorecendo a proliferação de estrategistas “r” (organismos oportunistas), tais como fungos do gênero Fusarium, Rizocthonia e Pythium, além de outros. Tais organismos são adaptados às mudanças bruscas de condições físicoquímicas do terreno, sendo comumente constatados em ambientes instáveis e perturbados. A adequada concentração de cálcio na solução do solo e na planta também poderá redu-

Fotos Antonio Luiz Fancelli

nio, na semeadura, de 12kg/ha a 16kg/ha para soja; 20kg/ha a 25kg/ha para o feijão e 30kg/ ha a 50kg/ha para o milho. Com relação à soja, pode-se afirmar que o uso das quantidades mencionadas de N não afeta a eficiência da nodulação e a fixação biológica de nitrogênio (FBN), que deverá ser assegurada pelo emprego de inoculante de qualidade comprovada, aliado ao fornecimento de cobalto e molibdênio em doses satisfatórias, via sementes e/ ou folhas (V4/V5). Todavia, o emprego indiscriminado ou em excesso de nitrogênio contribui para a produção de tecidos jovens e suculentos, para a redução da síntese de compostos fenólicos e de lignina nas folhas, além de favorecer o aumento da concentração de aminoácidos e amidas no apoplasto, o que tende a fomentar a germinação de esporos fúngicos e a atividade de insetos, bem como facilitar a penetração de patógenos pela folha. Ainda, a aplicação foliar de ureia, comumente empregada nas culturas de feijão, tomate, pimentão, batata e hortaliças em geral, deverá ser evitada, pois a reação da referida forma química de N, na superfície das folhas, provoca o rompimento das estruturas da cutícula, facilitando a penetração de patógenos. Plantas apresentando concentrações de potássio, enxofre, molibdênio, manganês e cobre, abaixo do ideal, poderão ser mais afetadas pelo excesso ou carência de nitrogênio. O fósforo, dentre outras funções, é responsável pelas relações energéticas na planta, pelo enchimento de grãos e pela maturação dos tecidos. De modo geral, esse elemento tem sido importante no decréscimo do ataque de fungos em diferentes espécies vegetais, principalmente quando aliado a doses satisfatórias de potássio. Em raízes com baixo nível de fósforo foi observado decréscimo de fosfolipídios com correspondente aumento na permeabilidade da membrana celular e na taxa de

Plantas que recebem manganês e cobre, nos estádios V4/V5 e R1, podem reduzir a severidade da ferrugem asiática e amplificar a ação de controle dos fungicidas

Detalhe de plantas de soja com deficiência de manganês (Mn)

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Divulgação

Fancelli explica a influência da nutrição das plantas na ocorrência de doenças

zir a incidência de Colletotrichum truncatum (antracnose da soja), Phytophthora sp, Erwinia spp. e Sclerotium rolfisii. Em decorrência de suas funções, concentrações adequadas de magnésio contribuem para o desencadeamento de maior tolerância a viroses em geral. Por outro lado, quantidades ou concentrações excessivas de magnésio tendem a afetar a disponibilidade de cálcio e potássio, bem como reduzir a taxa de absorção de manganês (elemento fundamental para a defesa vegetal), exigindo, portanto, contínuo monitoramento de sua participação na CTC e no equilíbrio de bases. Quanto ao enxofre, sua participação direta na composição de aminoácidos e proteínas, na síntese de enzimas, vitaminas, óleos aromáticos e ferrodoxinas, bem como no processo de frutificação, crescimento de raízes e Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), não pode ser negligenciado nos programas de adubação. Além da interação com outros nutrientes na prevenção de doenças foliares, a manutenção de níveis adequados de enxofre, no solo, favorece a diversificação de organismos e o incremento de populações elevadas antagonistas, como bactérias do gênero Pseudomonas e fungos do gênero Trichoderma, sobretudo com o emprego de sua forma elementar. Quanto aos micronutrientes, recomendase, dentro do possível, sua aplicação conjunta, pois o fornecimento isolado de determinado elemento exige avaliação rigorosa de sua demanda e necessidade, bem como comprovada experiência por parte do interventor ou recomendante. Dentre os micronutrientes mais importantes para a prevenção de doenças e que, normalmente, são negligenciados em sistema de produção, destacam-se o cobre (Cu), o boro (B) e o manganês (Mn). Assim, concentrações adequadas de cobre na planta poderão induzir resistência a doenças pelo aumento da síntese de peróxidos, compostos fenólicos e quinonas, que apresentam propriedades fungicidas e bactericidas, por excelência, propiciando o mecanismo de defesa conhecido como

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hipersensibilidade. Da mesma forma, o manganês tem o poder de reduzir a incidência de patógenos em plantas, sobretudo em soja RR, principalmente pelos seguintes mecanismos: a) participação no processo de lignificação de estruturas vegetais; b) síntese de fenóis solúveis; c) inibição da Aminopeptidase; d) inibição da Pectina-Methylesterase; e e) ação direta pelo aumento de sua concentração em exudatos radiculares, promovendo a inibição direta de patógenos de rizosfera. A aplicação foliar de manganês quelatizado (no pré-florescimento e no início da florada), juntamente com fungicidas protetores, poderá contribuir para a redução da incidência de mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum), nas culturas de soja e feijão, devido à atuação deste micronutriente na inibição da enzima produzida pelo fungo para a destruição das estruturas vegetais. Da mesma forma, trabalhos recentes desenvolvidos por Fancelli e equipe detectaram que a aplicação foliar de manganês e cobre, nos estádios V4/V5 e R1, contribuiu para a redução da severidade da ferrugem asiática, amplificando a ação de controle do fungicida. Quanto ao boro, sua carência afeta a permeabilidade da membrana citoplasmática, o que provoca a exudação de açúcares e aminoácidos, contribuindo para o aumento da suscetibilidade da planta a pragas e a patógenos. Assim, deficiência de boro poderá acarretar aumento de insetos, principalmente pulgões, cigarrinhas, mosca branca e percevejos, além do desenvolvimento acelerado de fungos. Todavia, trabalhos recentes evidenciaram que o boro não consegue restringir a infecção inicial do hospedeiro, porém, apresenta significativa atuação na fase de infecção cortical, mediante a liberação e acúmulo de fenóis no sítio de infecção e na aceleração do processo de sínte-

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se de lignina, provocando o retardamento do movimento da hifa do fungo no córtex. O boro, em virtude de sua dinâmica no solo e na planta, deverá ser fornecido no sulco de semeadura (200g/ha a 500g/ha) mediante o uso de fontes de solubilidade média (preferencialmente na forma de ulexita ou de seus derivados) e, complementado, via pulverização foliar. Saliente-se que concentrações adequadas deste elemento, no solo e na planta, poderão reduzir a infecção de mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) e da podridão de Macrophomina phaseolina, na soja, feijão e girassol. Contudo, com o objetivo de otimizar determinados processos fisiológicos como o florescimento e fecundação, além da proteção da flor contra patógenos e estresses diversos, a aplicação de cálcio e boro, via pulverização foliar, tem se mostrado fundamental para a garantia de produtividade da soja e feijão; desde que os alvos (flor e “canivetinho”) sejam plenamente atingidos. E, para tanto, a qualidade da pulverização deverá ser privilegiada. Finalmente, cumpre ressaltar que, atualmente, tem sido recomendado o uso de indutores de resistência originados do ácido fosforoso, denominado fosfito, no auxílio do controle de doenças de inúmeras culturas, principalmente soja, feijão, milho e batata. Tal produto poderá ser aplicado de forma isolada ou em conjunto a fungicidas, na fase vegetativa e na pré-florada. Seu uso, além de favorecer o controle de diversos patógenos, tem contribuído para a redução da taxa de abortamento de vagens no terço superior das plantas de soja e de feijão, devido ao estímulo à síntese de C citocininas. Antonio Luiz Fancelli, Esalq/USP



Soja

Parasita fortalecido A

cultura da soja passa constantemente por surtos de pragas e doenças que causam enormes prejuízos aos produtores e demandam crescente esforço por parte dos pesquisadores na busca de alternativas de manejo. Nesse sentido, sazonalmente aparecem doenças até então desconhecidas ou de pouca importância para a cultura e que, devido às condições de manejo ou até mesmo a sua crescente expansão em

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área, tornam-se sérios problemas. Como exemplos, destacam-se a mancha olho-de-rã (Cercospora sojina), que teve seu primeiro surto epidêmico no início dos anos 1970, o cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f.sp. meridionalis), que apareceu no final dos anos 1980, o nematoide de cisto (Heterodera glycines), que causou enorme preocupação em meados dos anos 1990, ou mesmo a ferrugem

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da soja (Phakopsora pakhyrhizi) ou o “novo” cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f.sp. caulivora), as mais recentes epidemias que provocaram elevados prejuízos aos produtores no início de 2000. A maioria delas, senão a totalidade, foi manejada adequadamente anos após seu surgimento, graças ao desenvolvimento de cultivares de soja com resistência e ao controle químico. Diante do cenário que se abre para a cultura, com a exploração de novas áreas agrícolas nas regiões Norte e Nordeste, além da grande expansão na região Centro-Oeste (aliada

Dirceu Gassen

Adven to ddo o plan ti o dir eto, in corpor ação ddee solos com te xtur en osa e dvento planti tio direto, incorpor corporação textur xturaa ar aren enosa até a in tegr ação lavour a-pecuári a, ad otad an ejo ddo om ofo-br an co, integr tegração lavoura-pecuári a-pecuária, adotad otadaa par paraa o m man anejo mo o-bran anco, estão en tr ator es que têm ffavor avor eci do a escalad o entr tree os ffator atores avoreci ecid escaladaa ddee infestações ddo nem atoi de ddas as lesões rradi adi cular es em rregiões egiões pr od utor as ddee soja ematoi atoid adicular culares prod odutor utoras



Tabela 1 - Reação de espécies de adubos verdes e coberturas vegetais ao nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) em experimentos de casa de vegetação. Compilado de Suassuna et al (2006), Inomoto et al (2006, 2007) e Machado et al (2007)

R= resistente; MR= moderadamente resistente; S= suscetível. *Geralmente os sorgos silageiros são suscetíveis a P. brachyurus; já os sorgos graníferos, geralmente se comportam como resistentes.

ao cultivo contínuo dessa leguminosa ao longo dos anos), novos problemas poderão surgir, comprometendo a manutenção dos altos níveis de produtividade alcançados até então. Entre os desafios recentes da cultura surge o mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) e, mais uma vez, um nematoide. Trata-se do nematoide das lesões radiculares, Pratylenchus brachyurus, já assinalado há muitos anos como parasita da soja, mas até então incógnito aos produtores. Os nematoides das lesões radiculares são parasitas polífagos comuns de plantas em todo o mundo. São considerados, depois dos nematoides causadores de galhas (Meloidogyne spp.), como os vermes que provocam maiores

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Nematoide das lesões radiculares, Pratylenchus brachyurus

perdas econômicas na agricultura mundial. No Brasil, P. brachyurus ocorre nas culturas do algodão, café, cana-de-açúcar, milho, entre outras, na maioria dos casos considerado secundário, devido ao baixo nível populacional encontrado nos solos cultivados ou ao elevado nível de tolerância geralmente verificado nessas plantas. Sabidamente, essa espécie de nematoide é nociva à soja no Brasil, mas os danos causados à cultura eram negligenciados ou pouco pronunciados, quadro que se modificou nos últimos anos. Atualmente, com o advento do plantio direto, onde não há revolvimento do solo, o Rosângela Aparecida da Silva

Planta Reação a Pratylenchus brachyurus Adubos verdes Crotalaria spectabilis R Crotalaria breviflora R Crotalaria ochroleuca MR Crotalaria mucronata MR Crotalaria paulina MR Crotalaria juncea S Mucuna preta S Mucuna cinza S Mucuna anã S Feijão guandu anão ‘Iapar 43’ R Feijão guandu ‘Fava Larga’ MR Labe-labe S Coberturas vegetais Sorgo ‘IPA 7301011’ S* Sorgo ‘BR 700’ S Sorgo ‘BRS 701’ S Sorgo ‘BRS 800’ S Milheto ‘BN 2’ R Milheto ‘BRS 1501’ MR Milheto ‘ADR 300’ R Milheto ‘ADR 500’ MR Milheto ‘ADR 7010’ R Tef S Quenaf MR Aveia preta ‘Comum’ R Aveia preta ‘IPFA 99006’ R Aveia branca ‘UFRGS 17’ S Aveia amarela ‘São Carlos’ S Painço MR Girassol ‘IAC Uruguai’ MR Girassol ‘Embrapa 122’ MR Girassol ‘Hélio 358’ R Nabo forrageiro ‘Siletina’ MR Amaranto ‘Alegria’ R Quinoa ‘BRS Piabiru’ R

controle “natural” exercido pela exposição do nematoide às altas temperaturas deixou de ocorrer. Além disso, a maioria das plantas usadas em rotação de culturas ou como cobertura do solo (sejam adubos verdes, pastagens ou gramíneas), é boa hospedeira do nematoide das lesões radiculares, permitindo o incremento das populações do patógeno no solo, fato refletido por quedas de produtividade constantes na cultura da soja subsequente. O nematoide das lesões radiculares foi, ainda, beneficiado pela incorporação de solos com textura arenosa (< 15% de argila), o que também aumentou a vulnerabilidade da cultura. Estima-se que 10,6% das perdas anuais da cultura da soja sejam devido ao ataque de nematoides. Não se dispõe de informações recentes sobre a área infestada com esses parasitas, assim como do potencial de danos causados por cada uma das espécies à cultura. Sabe-se, por experiência prática, que as principais regiões produtoras de soja no país encontram-se infestadas com P. brachyurus. Desde o norte do Paraná, passando pelo Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia e até mesmo Tocantins, os produtores e pesquisadores têm relatado com frequência cada vez maior a presença desse nematoide, sendo que, em muitas áreas, já se observam prejuízos consideráveis à produção da cultura. Esse nematoide ingressa o parênquima cortical das raízes, produzindo extensas áreas necróticas, devido, essencialmente, a sua ação tóxico-expoliadora. As raízes parasitadas podem, então, ser invadidas por fungos e bactérias oportunistas, resultando em longos trechos necróticos. Os sintomas comuns dos nematoides que parasitam a cultura, inclusive de P. brachyurus, são a formação de reboleiras, devido à baixa mobilidade desses organismos

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Lesões em raiz de soja causadas por Pratylenchus brachyurus


Jaime Maia dos Santos

no solo, atrofiamento e clorose de plantas, podendo até mesmo ocorrer morte de plantas. Entretanto, ao contrário das demais espécies importantes para a cultura da soja, como o nematoide de cisto ou os nematoides de galhas, que causam sintomas típicos, ou seja, a visualização das fêmeas no sistema radicular ou a presença de galhas radiculares, respectivamente, o nematoide das lesões não apresenta um sintoma típico, já que a necrose das raízes pode ser também atribuída a outros fatores bióticos e abióticos. Portanto, o reconhecimento de P. brachyurus é feito apenas através de análise laboratorial, por meio de amostragens de solo e raízes. Por ser um nematoide que não tem relação direta com a planta, ou seja, não estabelece um sítio de alimentação fixo como ocorre com os nematoides de galhas ou de cisto, a resistência genética é dificilmente encontrada. Portanto, até o momento, não são conhecidas cultivares de soja resistentes, apesar de muitas instituições de pesquisa despenderem esforços nesse sentido. Grande variação, em termos de fator de reprodução, tem sido verificada nos estudos realizados até então, mas nenhuma fonte de resistência foi encontrada. No mais, a maioria das culturas utilizadas em rotação e/ou sucessão à cultura da soja é suscetível, como o milho e o algodão. A rotação Tabela 2 - Reação de espécies de braquiárias ao nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) baseada no fator de multiplicação do nematoide (FM = Pf/Pi, onde Pf é a população do nematoide ao final do período experimental e Pi é a população inicial utilizada como inóculo), em dois experimentos de casa de vegetação. Adaptado de Inomoto et al (2007) Tratamento Soja ‘Pintado’ Brachiaria dictioneura Brachiaria humidicola Brachiaria ruziziensis Brachiaria brizantha Brachiaria decumbens Braquiária híbrido ‘Mulato’ Crotalaria spectabilis

Experimento 1 10,69 1,01 2,2 1,66 3,5 1,79 4,96 0

Experimento 2 59,66 1,32 1,8 3,8 9,71 5,65 10,89 0

Reboleiras causadas por Pratylenchus brachyurus na cultura da soja

de culturas para o manejo desse nematoide é, portanto, dificultada, devido ao grande número de plantas hospedeiras, devendo seu planejamento ser cuidadoso. No momento, a opção de manejo mais segura seria a semeadura das áreas infestadas com Crotalaria spectabilis ou Crotalaria breviflora, as únicas espécies de crotalárias que se mostram resistentes a P. brachyrus. Contudo, devido às restrições encontradas pelos produtores ao uso dessas duas espécies de plantas, quais sejam a ausência de renda durante um ciclo de cultura ou o complicado manejo das crotalárias em relação às plantas daninhas, essa opção tem sido utilizada apenas em situações extremas. Outras alternativas que poderiam ser empregadas, embora não com a mesma eficiência do uso das crotalárias, seriam o cultivo de feijão guandu anão ‘Iapar 43’, os milhetos ‘BN 2’, ‘ADR 300’ e ‘ADR 7010’, as aveias-pretas de maneira geral, o girassol ‘IAC Uruguai’, o nabo forrageiro ‘Siletina’, o amaranto ‘BRS Alegria’ e a quinoa ‘BRS Piabiru’. A reação de outras espécies usadas como adubos verdes ou coberturas vegetais pode ser visualizada na Tabela 1. Outro fato complicador do manejo de P. brachyurus na cultura da soja é uma medida que tem sido recomendada para o controle do mofo-branco: a integração lavoura-pecuária ou Sistema Santa Fé, que se caracteriza pelo uso de cultura de grãos em sequência à pastagem e vice-versa, sempre no sistema de plantio direto. Isso significa

que se promove a manutenção da cobertura com um mínimo de revolvimento do solo. As espécies de gramíneas mais adequadas para esse sistema são as forrageiras perenes, entre elas, Brachiaria decumbens e B. brizantha. As espécies de braquiárias, de maneira geral, são excelentes hospedeiras desse nematoide, o que contribui sobremaneira para os aumentos populacionais do parasita no solo, causando sérios prejuízos à cultura subsequente, no caso a soja. Em estudo realizado na Esalq/USP, em Piracicaba (SP), verificaram-se altos valores de fator de multiplicação de P. brachyurus tanto em B. decumbens quanto em B. brizantha, assim como para as demais espécies de braquiárias (Tabela 2), havendo, entretanto, pelo menos uma espécie, B. dictioneura, que, embora não se apresente como resistente ao nematoide, poderia ser empregada em substituição às outras, por permitir menor multiplicação de P. brachyurus (Tabela 2). Fica evidente que a luta contra o nematoide das lesões radiculares está apenas começando e ainda demandará considerável esforço dos pesquisadores no sentido de desenvolver cultivares que aliem resistência a P. brachyurus e que permitam aos agricultores manter o elevado nível de produtividade alcançado até então na cultura. C Andressa Machado, Pesquisadora Associada – Nematologista da Monsanto do Brasil

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Soja Fotos Andréia Quixabeira Machado

Atenção redobrada

Elevad as pr ecipitações atur as tas Elevadas precipitações ecipitações,, altas temper temperatur aturas as,, eexxcesso ddee população ddee plan plantas tas,, plan ti o con tín uo ddaa soja e sem en tes infectad as estão en tr ator es semen entes infectadas entr tree os ffator atores planti tio contín tínu respon sáveis pela eexplosão xplosão ddaa an tr acn ose em ár eas ddee cultivo ddo o cerr ad o esponsáveis antr tracn acnose áreas cerrad ado br asileir o. Con tr olar a ddoença oença com efi ciên ci xi ge a ad oção ddee um conjun to ddee brasileir asileiro. Contr trolar eficiên ciênci ciaa eexi xig adoção conjunto o ddaa implan tação ddaa lavour even tivos tes m esm clui cui dad os pr medi das que in implantação lavouraa antes mesm esmo ados preven eventivos tivos,, an edid inclui cuid

E

ntre os diversos microorganismos fitopatogênicos (fungos, vírus, bactérias e nematoides) associados à cultura da soja em todo o mundo (dos quais mais de 50 já identificados no Brasil provocando algum tipo de perda), o fungo Colletotrichum dematium (Pers. Ex Fr.) Grove var. truncata (Schw) Arx (sin. C. truncatum (Schw.)) Andrus & Moore, causador da antracnose, é um dos mais importantes para a cultura. Em todas as fases de desenvolvimento, desde o estabelecimento da lavoura até a fase de enchimento de grãos, constitui-se em importante problema no cerrado do CentroOeste e Nordeste do Brasil. A maior intensidade da antracnose no cerrado tem sido atribuída à elevada precipitação e às altas temperaturas que ocorrem nas lavouras na época de safra. Porém, outros fatores como o excesso de população de plantas, cultivo contínuo da soja, uso de sementes infectadas, infestação e danos por percevejo e deficiências nutricionais, principalmente de

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potássio, são também responsáveis pela maior incidência da doença. Na safra 2008/2009 foi observado aumento considerável na ocorrência de C. truncatum em sementes de soja utilizadas para o plantio. Sementes oriundas de áreas que sofreram atraso na colheita devido às chuvas apresentaram elevadas porcentagens de infecção, e contribuíram substancialmente para um aumento da pressão da doença nas fases iniciais das lavouras. Em tais situações os produtores se viram obrigados a aplicar medidas antecipadas de controle nas fases vegetativas, evitando perdas irreversíveis durante o período reprodutivo da cultura.

EPIDEMIOLOGIA O fungo C. truncatum possui fase saprofítica, sobrevivendo na matéria orgânica do solo e em restos culturais. Acredita-se que C. truncatum possa sobrevier em outras plantas hospedeiras além da soja. Porém, a forma mais eficiente de introdução e disseminação da

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doença é através de sementes infectadas. Os patógenos podem estar associados às sementes de diferentes maneiras: misturados à fração de impurezas do lote, acompanhando-as aderidos a sua superfície ou transportados nos tecidos internos, infectando as sementes. C. truncatum é transportado principalmente nos tecidos internos das sementes de soja e, tratando-se de patógeno infectivo na parte aérea da planta, é facilmente levado, durante o processo de germinação epígea da semente, até as primeiras folhas cotiledonares e trifoliadas no terço inferior da planta. Na parte aérea ocorre a esporulação em lesões características. Dessa forma os esporos são disseminados e inoculados em tecidos da mesma planta e de plantas vizinhas. A partir daí, o progresso da doença tende a ser rápido, se o ambiente for favorável à epidemia. Quanto maior a incidência do patógeno nas sementes maior será a porcentagem de focos no campo de cultivo. Sob condições de alta precipitação, temperaturas elevadas, plantio adensado (popu-


lações acima de 250 mil plantas/ha), disponibilidade inadequada de nutrientes e cultivo contínuo da soja, o patógeno presente nas sementes ou em restos de cultura pode infectar a soja desde a fase de estabelecimento da lavoura. A dinâmica da infecção por C. truncatum em soja apresenta, de certa forma, um padrão de desenvolvimento quase exclusivo. As plantas infectadas pelo inóculo presente nas sementes podem não apresentar sintomas visíveis, e o patógeno percorrer longitudinalmente o caule pelas células corticais, até atingir as vagens. Nesse caso, caracteriza-se a natureza sistêmica e assintomática da doença. Com a queda dos cotilédones, o fungo alojado nestes tecidos sobrevive de forma saprofítica no solo até que as condições de microclima no terço inferior da planta sejam favoráveis. Assim, elevada umidade e lavouras adensadas permitem nova manifestação de C. truncatum agora nas folhas mais velhas, levado por meio do vento ou respingos de chuva. A partir da infecção nas folhas o patógeno atinge pecíolos e vagens, garantindo a sua transmissão para várias gerações. C. truncatum em vagens de soja não indica necessariamente que serão encontrados nas sementes. Porém, avaliações feitas em laboratório têm mostrado forte correlação da presença do fungo nestes tecidos. A sequência destes eventos dentro do processo patogênico da antracnose da soja não é obrigatória, uma vez que o patógeno proveniente de inóculo do solo ou carregado através de vento e chuva pode infectar diretamente vagens ou pecíolos sem ser identificado previamente nas folhas ou cotilédones. Então, lavouras isentas de antracnose na fase vegetati-

va não estão livres de infecção na fase reprodutiva. Este fato torna-se importante ao se avaliar as táticas a serem adotadas no manejo desta doença.

SINTOMAS E DIAGNOSE Os cotilédones de sementes infectadas apresentam manchas deprimidas de coloração castanho-escuras. Plântulas originadas de sementes infectadas apresentam necrose dos cotilédones, que pode se estender para o hipocótilo, causando tombamento ou o estabelecimento de plantas pouco vigorosas. Após o fechamento da lavoura, as folhas inferiores da planta atacada apresentam necrose avermelhada e descontínua da epiderme das nervuras. Este sintoma pode ser confundido com a ocorrência de fitotoxidez provocada por herbicidas sistêmicos. Neste caso, a necrose não se limita à epiderme e pode estender-se aos tecidos internos da nervura. Outra característica típica da doença é a necrose e o estrangulamento dos pecíolos, observados principalmente na parte sombreada da lavoura. Isso pode ocorrer em pecíolos de folhas assintomáticas. Em condições de elevada umidade este sintoma provoca desfolha precoce dos terços inferior e médio durante a fase vegetativa da cultura. O estrangulamento dos pecíolos sem a necrose correspondente (pecíolo clorótico) é sintoma que pode estar relacionado à deficiência de cálcio. As vagens infectadas no estádio inicial de formação (R3/R4) adquirem coloração castanho-escura a negra, ficam retorcidas e não apresentam formação de grãos. Neste estádio pode ocorrer necrose do pedúnculo e queda de vagens ainda em formação. Durante o processo de enchimento de grãos (a partir de

Estrangulamento dos pecíolos, outra característica típica da doença, geralmente observado em partes sombreadas das lavouras

Tabela 1 - Avaliação da severidade da antracnose (Colletotrichun dematium) em soja Conquista submetida a aplicações preventivas e curativas de fungicidas (triazóis e estrobilurinas). Campo Novo do Parecis (MT) TRATAMENTOS

PREVENTIVA* CURATIVA** ID** ID** Testemunha 1,60 c 1,80 d Pirac.+Epoxic. (0,5) 1,13 b 1,43 c Azox.+Ciproc.(0,3) 1,06 b 1,37c Flutriafol (0,5) 0,67 a 0,53 ab Triflox.+Tebuc.(0,5) 0,93 b 0,37 a Tebuconazole (0,5) 0,70 ab 0,43 a Triflox.+Ciprocon. (0,4) 0,67 a 0,47 ab Pirac.+Epoxic.(0,5)/Epoxic.(0,5) 0,70 ab 0,93 b Triflox.+Ciprocon.(0,4)/Tebuc.(0,5) 1,00 b 1,30 c MÉDIA 0,94 0,96 CV (%) 17,87 12,03 Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si (Tukey, 5,0%) * aplicação em V8/R1 e R3/R4 ** aplicação em R3/R4 e R5.1/R5.2 *** ID = Índice de Doença (0 = ausência de sintomas; 1 = até 5% de severidade; 2 = 5 a 25% de severidade; 3 = 25 a 50% de severidade; 4 = > 50% de severidade)

R5.1), as lesões iniciam-se por estrias de anasarca e evoluem para manchas negras e deprimidas. Sob elevada precipitação ocorre a abertura das vagens com consequente germinação e apodrecimento prematuro dos grãos. Em variedades mais suscetíveis, a queda acentuada do número de vagens pode levar ao sintoma de retenção foliar e haste verde. Em condições de elevada umidade e nebulosidade, acérvulos (estruturas reprodutivas de C. truncatum) podem ser observados com auxílio de uma lupa (aumento acima de 20x) sobre tecidos infectados no campo ou incubados por 48 horas em ambiente controlado.

CONTROLE O aumento dos índices de severidade de C. truncatum observados em lavouras de soja do Mato Grosso na safra 2008/2009, deve-se em especial ao uso de sementes infectadas (níveis de infecção superior a 30%) ou sem tratamento químico adequado. Além disso, a expectativa da baixa germinação das sementes colhidas com elevada umidade e utilizadas para o plantio desta safra, levou os produtores a efetivarem semeadura com grande número de plantas/m. Nos casos em que as sementes receberam tratamento químico adequado, observou-se elevada germinação e, consequentemente, altas populações de plantas favorecendo a ocorrência da maioria das doenças da parte aérea da cultura. Em lavouras com estas características, foram frequentes as observações de deficiência nutricional. Além disso, as pulverizações com fungicidas em lavouras adensadas não fornecem correta cobertura dos terços inferior e médio das plantas, resultando na redução da eficiência de controle das doenças fúngicas da parte aérea da soja. Assim, a redução dos danos provocados

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Figura 1 - Curvas de progresso da antracnose (Colletotrichum truncatum) em soja Conquista, submetida a duas aplicações de fungicidas (R1/R2 e R5.1). Campo Verde (MT), 2007/2008

Figura 2 - Curvas de progresso da antracnose (Colletotrichum truncatum) em soja Conquista, submetida a duas aplicações de fungicidas (R1/R2 e R5.1). Campo Verde (MT), 2007/2008

Figura 3 - Curvas de progresso da antracnose (Colletotrichum truncatum) em soja Tabarana, submetida a duas aplicações de fungicidas (R1/R2 e R5.1). Campo Verde (MT), 2007/2008

Figura 4 - Curvas de progresso da antracnose (Colletotrichum truncatum) em soja Tabarana, submetida a duas aplicações de fungicidas (R1/R2 e R5.1). Campo Verde (MT), 2007/2008

Figura 5 - Curvas de progresso da antracnose (Colletotrichum truncatum) em soja TMG 115 RR, submetida a três aplicações de fungicidas (R1/R2, R3/R4 e R5.1/R5.2). Campo Verde (MT), 2007/2008

Figura 6 - Curvas de progresso da antracnose (Colletotrichum truncatun) em soja Monsoy 9056 RR, submetida à aplicação foliar de fungicidas e silicato de potássio (R1, R3 e R5.1). Campo Verde (MT), 2007/2008

Figura 7 - Curvas de progresso da antracnose (Colletotrichum truncatum) em três talhões de soja com diferentes formas de manejo. Paranatinga (MT), 2007/2008

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pela antracnose em soja no cerrado será proporcionalmente maior quando aumentado o número de táticas de controle a serem adotadas dentro do programa de manejo integrado desta doença. O cultivo da soja no sistema de plantio direto e em sucessão ou rotação com algodão e milho é amplamente vantajoso do ponto de vista fitossanitário, permitindo a redução do inóculo de vários patógenos fúngicos com fase saprofítica no solo e agressivos à cultura.

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Na instalação da lavoura, o uso de sementes sadias (ausência do patógeno) e/ou tratadas com mistura de fungicidas sistêmicos do grupo dos benzimidazóis (tiofanato metílico, carbendazim e thiabendazol) e de fungicidas de contato (thiran e captan) registrados junto ao Mapa, é medida essencial no controle da antracnose nas fases iniciais de desenvolvimento das plantas. Sementes com elevado potencial de inóculo de C. truncatum devem ser evitadas mesmo sob tratamento químico, já que os produtos registrados têm sua eficiência de controle reduzida na presença de altos índices de ocorrência do patógeno. A maneira mais barata e eficiente, portanto


Fotos Andréia Quixabeira Machado

preferencial no controle de patógenos fúngicos explosivos da parte aérea, é o uso de variedades com elevado grau de resistência genética. A literatura não apresenta variedades geneticamente resistentes à antracnose para as condições do cerrado, onde níveis intermediários entre suscetibilidade e resistência têm sido frequentemente observados, devendo, portanto, ser uma tecnologia integrada a outras técnicas de controle disponíveis. As pesquisas com a utilização de nutrientes que vêm sendo realizadas em várias instituições de ensino e pesquisa do Brasil, têm apontado para resultados promissores quanto ao sucesso da aplicação de adubação foliar integrada ao uso de fungicidas no controle da antracnose. Esta medida visa ao aumento da eficiência e redução dos custos do controle químico da doença. Revisões sobre o tema mostram que o uso de adubos silicatados e potássicos veiculados em aplicação foliar a partir da fase reprodutiva da cultura pode incrementar a eficiência de fungicidas e substituir parcialmente seu uso em programas de pulverizações no controle da antracnose. A Figura 6 mostra o efeito satisfatório da aplicação de silicato de potássio intercalado à aplicação de fungicidas no município de Campo Verde (MT) na safra 2007/

Plântulas originadas de sementes infectadas por Colletotrichum truncatum apresentam necrose dos cotilédones

2008. O controle da antracnose obtido com o uso de intercalado de nutrientes associados a fungicidas foi semelhante ao uso exclusivo de fungicidas, com um custo de controle inferior. As curvas de progresso da antracnose naquelas condições permitem visualizar o baixo controle obtido quando nutrientes foliares foram utilizados antes da aplicação de fungici-

das, levando à acentuada redução do número de folhas e vagens no estádio R3. A manutenção de uma população menos adensada de plantas (200 mil plantas/ha a 250 mil plantas/ha) pode reduzir a severidade de doenças fúngicas e bacterianas da parte aérea da soja, pelo aumento da circulação de ar e consequente redução da umidade e da forma-


ção de orvalho nas folhas. Permite ainda uma cobertura uniforme de toda a planta, quando da aplicação de fungicidas. Na safra 2008/ 2009, alguns produtores de Mato Grosso, Goiás e Bahia têm avaliado os resultados do plantio da soja em linhas de 0,76m. As primeiras avaliações da ocorrência de doenças nestas condições têm apontado para uma drástica redução da severidade da antracnose e de outras doenças de importância para a cultura. O controle químico da antracnose na parte aérea da soja tem sido avaliado nas condições do Mato Grosso, destacando a eficiência de fungicidas sistêmicos (benzimidazóis e triazóis). As misturas de fungicidas dos grupos químicos triazóis e estrobilurinas, têm apresentado resultados satisfatórios na redução das perdas provocadas por C. truncatum em soja. Na Tabela 1 são apresentados os níveis de controle da antracnose em soja com a utilização de triazóis isoladamente ou em mistura com estrobilurinas em duas aplicações preventivas (V8/R1 e R3/R4) ou curativas (R3/R4 e R5.1/R5.2). Estes trabalhos têm evidenciado a extrema necessidade do monitoramento da lavoura para a tomada de decisão quanto à época de aplicação de fungicidas, uma vez que a antracnose não deve ser considerada como doença de final de ciclo na cultura da soja. Situações semelhantes às observadas na safra 2008/2009, quando sementes com elevados níveis de C. truncatum foram levadas a campo permitindo a instalação da doença nas fases iniciais da cultura, fizeram com que a antracnose merecesse uma avaliação de controle em fases anteriores aos estádios reprodutivos, tendo início em alguns casos na fase vegetativa da cultura. Resultados referentes ao manejo químico da antracnose considerando duas aplicações foram avaliados com diferentes fungicidas dos grupos químicos dos triazóis, benzimidazóis e misturas de triazóis + estrobilurinas. Na Figura 1, a curva de progresso da doença ao longo das avaliações permite visualizar uma maior eficiência no controle da antracnose com aplicação da mistura de triazol + benzimidazol, que manteve o nível de infecção leve (severidade inferior a 5%) até o

Acérvulo - Estrutura reprodutiva de C. truncatum

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final do enchimento de grãos (R5.5). Dados experimentais têm evidenciado que as misturas de triazóis + estrobilurinas apresentam-se eficientes na manutenção de baixos níveis de infecção da antracnose principalmente quando aplicadas preventivamente (menos de 5% de infecção), fato observado nas Figuras 2 e 3. O uso de triazóis e benzimidazóis puros também tem sido uma opção de controle químico da antracnose avaliada como eficiente em trabalhos de campo. A curva de progresso da antracnose apresentada na Figura 4 demonstra a eficiência desses grupos químicos na redução da severidade da doença e também a importância da aplicação preventiva para a manutenção de níveis de infecção leves a moderados (5% a 25%) durante o enchimento de grãos, garantindo a sanidade da lavoura. Resultados satisfatórios foram observados em ensaio avaliando-se três aplicações da mistura dos fungicidas triazóis + estrobilurinas (Figura 5). Nesse trabalho, aplicações realizadas nos estádios R1/R2, R3/R4 e R5.1/R5.2, mantiveram nível de infecção moderado em todas as avaliações, impedindo, assim, a evolução natural da doença no final do ciclo reprodutivo. Esses resultados são ainda mais importantes se considerarmos que a primeira aplicação dos fungicidas foi realizada com uma severidade acima de 5% de infecção. O uso de técnicas de controle associadas

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na redução dos danos provocados pela antracnose na cultura da soja, tem sido validada em trabalhos realizados em várias regiões de cultivo. Na Figura 7 são apresentados resultados referentes ao comportamento da antracnose em função de diferentes formas de manejo (variedades, época de plantio, número de aplicação de fungicidas etc) aplicadas a três talhões cultivados com soja no município de Paranatinga (MT). A maior severidade da antracnose no talhão número três pode ser atribuída ao cultivo de variedade altamente suscetível (Tabarana), tardia, manejada com uma série de fungicidas voltados exclusivamente para o controle da ferrugem asiática. Nos demais talhões, o plantio de variedades moderadamente suscetíveis, de ciclo médio a precoce e pulverizados com misturas de fungicidas para o controle mais amplo de doenças (triazóis, estrobilurinas e benzimidazóis), apresentou menores níveis de severidade da antracnose. As técnicas de controle que compõem o manejo integrado de doenças em soja aqui mencionadas terão sua eficiência aumentada se utilizadas em conjunto, sob a supervisão de especialista na área de proteção de C plantas. Daniel Cassetari Neto, UFMT Andréia Quixabeira Machado, Univag


Soja

Mais um Ácar o ddee oríbati deo ou Ácaro oríbatid de serr apilh eir a, com um serrapilh apilheir eira, comum em m ateri al or gâni co em materi aterial orgâni gânico decomposição, é detectad o em lavour as etectado lavouras ato Gr osso de soja ddo oM Mato Grosso

P

esquisadores estudam a presença de uma nova espécie de ácaro, encontrada em lavouras de soja do estado do Mato Grosso, no Centro-Oeste. A praga, identificada preliminarmente como ácaro oríbatideo ou de serrapilheira, é comum em material orgânico em decomposição. A descoberta pode ser a explicação para a grande quantidade de plantas sem vagens, com deformações em folhas, ponteiros e queda de flores detectadas na região. No mês de janeiro o engenheiro agrônomo José Roberto Pavezi procurou a Fundação Chapadão para diagnosticar um problema nas lavouras de soja do grupo Schlatter, em Mato Grosso. Pavezi trouxe o material (ácaros vivos e em solução). Parte ficou na Fundação Chapadão, com o pesquisador Germison Tomquelski, e outra foi enviada pelo pesquisador ao professor Car-

los Flechtmann, da Esalq, em Piracicaba. Após estudar o material, o pesquisador Tomquelski identificou a praga como sendo um ácaro oríbatideo, comumente tratado na literatura como ácaro de serrapilheira, encontrado em material orgânico em decomposição. De imediato foi contactado o professor Paulo Degrande, da Universidade da Grande Dourados, com envio de fotos. Após análise, o professor Degrande também chegou à mesma identificação. Em seguida montaram-se duas equipes para visitar a propriedade onde os ácaros foram encontrados. O primeiro grupo contou com a presença do pesquisador Germison Tomquelski e de técnicos da empresa FMC. Na inspeção à fazenda foi constatada grande quantidade de plantas sem vagens, com deformações em algumas folhas, deformações em ponteiros de plantas, que-

da de flores e deformações em algumas vagens, danos semelhante à fitoxidez provocada por herbicida, chegando em alguns talhões à perda total das vagens em até 30% das plantas. Nessa mesma visita à propriedade foram encontrados mais ácaros de coloração escura, corpo esclerosado (duro), idênticos aos encaminhados por Pavezi, bem próximos às vagens, aglomerados em número de três a sete indivíduos. Estes ácaros foram localizados, ainda, na resteva da vegetação anterior ao cultivo da soja, principalmente em restos de assa-peixe (espécie de planta daninha nativa do cerrado) e no interior de capim andropogon em decomposição. A segunda equipe, em visita posterior à primeira, comandada pelo professor Paulo Degrande, acompanhado por técnicos da empresa Syngenta, em condição menos favorável ao aparecimento do ácaro, observou a presença na lavoura de soja com os sintomas descritos, porém não mais encontrou a praga. O professor Paulo Degrande sugeriu ao pesquisador Germison e ao engenheiro agrônomo Pavezi a instalação de ensaios, com o objetivo de avaliar possíveis acaricidas no controle desta praga. Diante dos sintomas observados e dos danos encontrados, foi enviado material à Embrapa, a fim de estudar a interação da planta com a praga. Outro fato importante foi a visita do pesquisador Maurício Meyer, da Embrapa Soja. Em conversa com o diretor da Fundação Chapadão Edson Borges e o agrônomo Pavezi, manifestou preocupação quanto à dificuldade de identificação de alguns problemas de “soja louca” nos estados do Tocantins e Maranhão, há alguns anos, sem identificação definitiva do motivo. Ao ver as fotos dos sintomas ocorridos no Mato Grosso, Tocantins e Maranhão e analisar as condições ambientais, ambos constataram forte semelhança entre este problema e o ocorrido em anos C anteriores nesses estados.

Praga foi encontrada em propriedade no estado do Mato Grosso

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Tecnologia

Diagnóstico facilitado Equipam en to capaz ddee aum en tar a im ag em em até 200 vezes o por Equipamen ento aumen entar imag agem vezes,, acompanhad acompanhado so ftwar co ddee ddad ad os e im ag en as prin cipais ddoenças oenças limitad or as ados imag agen enss ddas principais limitador oras softwar ftwaree com vasto ban banco da pr od utivi dad ega par acilitar a corr eta iid den tifi cação ddee ddesafi esafi os prod odutivi utivid adee agrícola, ch chega paraa ffacilitar correta entifi tificação esafios fitossanitári os com o an tr acn ose ofo-br an co, m an cha ddee ph om a, rrequeim equeim fitossanitários como antr tracn acnose ose,, m mo o-bran anco, man ancha phom oma, equeimaa e o café, batata, soja, milh o e feijão ferrug en ferrugen enss que afetam os cultivos ddo milho

A

tecnologia e a informática estão cada vez mais presentes em nossas vidas e isso não é diferente para os agricultores, que realizaram uma extraordinária revolução tecnológica nas duas últimas décadas. Ao lado de melhores insumos, foi esse avanço que permitiu o grande crescimento do incremento de rendimento dos cultivos, com aumento reduzido da área cultivada. Computadores com acesso em tempo real aos principais sites, celulares que possibilitam a conexão com todo o mundo, informações meteorológicas antecipadas, analisadores de solo e GPS para identificar as características de cada talhão da propriedade são algumas das ferramentas que possibilitaram aos produtores rurais brasileiros alta competitividade internacional. O que faltava era aperfeiçoar o uso da informática e das telecomunicações para avaliação rápida das doenças que atacam as diferentes culturas de interesse agrícola. Até bem pouco tempo os diagnósticos dessas doenças e pragas eram realizados apenas em laboratórios especializados e com a necessidade de levar um exemplar do problema para ser identificado, muitas vezes, bem distantes das fazendas. Entre o envio das amostras pelo agricultor, o recebimento pelos técnicos responsáveis e a

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posterior entrega dos resultados, havia um intervalo que na maioria das vezes era bastante longo e em alguns casos chegava a comprometer a sanidade dos cultivos.

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Para ajudar a desenvolver o agronegócio, seus fornecedores vem fazendo sistemáticos investimentos em pesquisa e tecnologia. A Basf, por exemplo, oferece o

Exemplo de diagnóstico realizado


Digilab, uma ferramenta que pode diagnosticar com precisão e muita antecedência doenças difíceis de serem visualizadas e que atacam os principais cultivos do Brasil. O que certamente representará uma grande contribuição ao setor rural. O Digilab é um serviço de assistência técnica gratuito, simples de utilizar, portátil e de rápido diagnóstico. O sistema auxilia na identificação dos sintomas das principais doenças em diferentes tipos de plantações e ajuda o produtor a escolher o procedimento correto de prevenção e controle. Com um microscópio digital, capaz de aumentar a imagem em até 200 vezes, o equipamento traz um software com vasto banco de dados e imagens das principais doenças. Um dos diferenciais do equipamento é a qualidade no diagnóstico. Ao suspeitar que sua lavoura esta sofrendo o ataque de uma doença, o produtor recolhe algumas amostras das plantas, como folhas e hastes, e encaminha ao profissional capacitado pela Basf para operar o equipamento, chamado de Gestor de Produtividade, mais próximo de sua propriedade e em poucos segundos obtêm o diagnóstico da lavoura. Isso permite ao produtor realizar o tratamento no momento certo, evitando prejuízos causados pelo uso tardio ou inadequado do fungicida ou inseticida, número de aplicações insuficiente ou excessivo, assim como outras despesas desnecessárias que possam contribuir para a redução da sua rentabilidade. Nesse primeiro momento, 700 Gestores espalhados por todo o Brasil, estarão sendo habilitados para operar o Digilab. Aparelho do Digilab, microscópio digital capaz de aumentar a imagem em até 200 vezes Além de identificar a doença, o equipamento auxilia os Gestores de Produtividade na indicação do melhor tratamento e na definição do momento certo de efetuálas, evitando despesas desnecessárias que interfiram no resultado final do produtor. O Digilab é similar ao microscópio utilizado pela medicina para identificar manchas na pele humana, que esta sendo adaptado para o mercado agrícola. À medida que se constata a doença em fase inicial, o controle é mais eficaz e o produtor tem garantia de produtividade porque ainda não houve perdas na lavoura.

EXEMPLO DE DIAGNÓSTICO O banco de dados foi desenvolvido com base na literatura especializada e com apoio dos pesquisadores de universidades renomadas. Na atual versão do banco de dados, estão disponíveis 44 das principais

Exemplo de mapa de diagnóstico disponível no site

doenças, entre elas a antracnose, mofobranco, mancha de phoma, requeima e ferrugens que afetam os cultivos do café, batata, soja, milho e feijão. O acervo disponível é consultado pelo Gestor de Produtividade, que faz o comparativo com a amostra recebida. Não basta conferir a folha e buscar o diagnóstico no banco de dados, é necessário contar com a ajuda de um técnico, no caso o Gestor de Produtividade, para interpretar os resultados obtidos. O programa será atualizado mensalmente e a previsão é que até o final de 2009 sejam inseridas informações sobre as principais doenças e também pragas que afetam as lavouras, totalizando 15 culturas. Outra característica do programa é a interatividade. Para poderem navegar no Digilab, os Gestores devem estar cadastrados na comunidade Top Ciência www.topciencia.com.br. Nesse espaço são promovidos fóruns de discussão com temas relevantes referentes à proteção de plantas onde os Gestores de Produtividade compartilham imagens, promovem debates e esclarecem dúvidas a respeito de doenças e diagnósticos. Além de todas as vantagens apresentadas, essa nova tecnologia também contribui com a preservação do meio ambiente, pois a rápida identificação de doenças permite o uso de produtos e de doses adequadas, evitando o excesso ou desperdício de produtos lançados nas lavouras. Vários diagnósticos já vêm sendo feitos em 13 estados e mais de 150 cidades do país. Para facilitar ainda mais o processo, é possível para o Gestor de Produtividade visualizar pela internet um mapa que indica a maior incidência de cada doença em todos os estados do Brasil. No site www.agro.basf.com.br é possível visualizar as ocorrências de doenças identificadas pelo Digilab. Com o mapa de diagnóstico ele consegue saber quais são as doenças que

têm causado preocupação aos agricultores. Além disso o nome e e-mail de todos os Gestores de Produtividade também estarão no site, por exemplo no Estado do Mato Grosso das 44 ocorrências já catalogadas 22 foram de ferrugem asiática da soja. No estado do RS das 32 ocorrências em soja 14 foram em ferrugem asiática e 6 diagnósticos para oídio Essa inovação é mais um serviço para aprimorar o trabalho dos produtores rurais, que hoje, em sua grande maioria, têm consciência da importância de incorporar tecnologias modernas na atividade agrícola. Efetuar a correta dosagem de adubos e calcários, usar sementes melhoradas, tratores, implementos e equipamentos adequados e, agora analisar rapidamente as doenças e pragas e combatê-las resultando em resultados positivos no aumento físico de proC dução, via ganhos de produtividade. Sérgio Zambon e Ricardo Junqueira, Basf no Brasil

Sérgio Zambon explica o funcionamento do Digilab e o trabalho dos gestores de produtividade

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Arroz

Inseto perverso O per cevejo ddo o colm o suga a seiva ddas as hastes ddas as plan tas e percevejo colmo plantas causa en orm es pr ejuízos à cultur o arr oz, tan to em ár eas ddee enorm ormes prejuízos culturaa ddo arroz, tanto áreas sequeir o com o irri gad as ar ar a pr aga é n ecessári o estar sequeiro como irrigad gadas as.. PPar araa barr barrar praga necessári ecessário aten to ao seu comportam en to, m onitorá-la ad equ ad am en te e atento comportamen ento, monitorá-la adequ equad adam amen ente lançar mão ddee estr atégi as que in cluem ddefen efen sivos quími cos químicos cos,, estratégi atégias incluem efensivos práti cas cultur ais e con tr ole bi ológi co ológico práticas culturais contr trole biológi

O

percevejo do colmo do arroz, Tibraca limbativentris (Hemíptera: Pentatomidae) ocorre em todo o território brasileiro, com infestações na cultura de arroz, tanto em áreas de sequeiro como nas irrigadas, com potencial de causar elevados prejuízos ao sugarem a seiva das hastes das plantas.

DESCRIÇÃO DA PRAGA E DANOS As ninfas do percevejo do colmo são de coloração geral escura e os adultos de cor marrom claro até quase preta, apresentando uma faixa lateral creme ou amarelada ao redor do abdome, medindo de 10mm a 15mm de comprimento. Os adultos, após passarem por um período de hibernação, desde a colheita até o início da nova safra, infestam as áreas de arroz, quando as plantas estão com mais de 20 dias de idade e com 20cm a 30cm de altura. Após breve período de alimentação iniciase o acasalamento e, dois a dez dias depois, começam a ocorrer posturas. Os ovos são colocados em fileiras na parte inferior das folhas e nos colmos. Durante as horas mais quentes do dia, o percevejo é facilmente observado na parte superior das plantas. A praga suga a seiva nos colmos das plantas, preferencialmente na região do colo, onde permanece de cabeça para baixo. Quando a água atinge a parte inferior das plantas, o percevejo passa a alimentar-se nos internódios. No local em que o percevejo introduz o estilete, observa-se um pequeno ponto de coloração marrom, coincidindo internamente com o estrangulamento do colmo. Na fase vegetativa da cultura, o ataque do percevejo provoca o murchamento e posterior seca da folha central, observando-se o sintoma denominado de “coração morto” e, no período reprodutivo da cultura, provoca o aparecimento de panículas brancas ou com alta porcentagem de espiguetas chochas. Tanto os adultos quanto as ninfas, a partir do segundo instar (depois da primeira muda), causam os danos e sintomas descritos. As ninfas de primeiro instar têm o hábito de ficar juntas e não se alimentam da planta. Podem ocorrer até três gerações de percevejo durante o ciclo da cultura do arroz.

BIOECOLOGIA Após a colheita, as ninfas e adultos presentes na lavoura migram para áreas adjacentes, preferencialmente não inundáveis na entressafra, tais como: taipões, canais elevados de irrigação, aterros etc e que estejam cobertos com vegetação herbácea densa, arbustiva e mesmo de mata ciliar. Aproximadamente uma semana após a colheita, mais de 90% dos exemplares já abandonaram a área colhida e estão nestes abrigos, onde permanecem junto à base da vegetação até a ocasião de voltarem

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Fotos Dirceu Gassen

novamente à lavoura, o que ocorre entre meados de outubro até o início de janeiro. Os percevejos hibernantes foram encontrados em muitas espécies vegetais, sendo preferenciais as gramíneas que formam moitas densas, como cola-de-burro, capim-capivara e capim santa-fé e outras espécies botânicas como gravatás, maria-mole e carqueja. Os exemplares podem hibernar de forma isolada ou em grandes grupos, dependendo do tamanho da população local, ou na compactação do abrigo. As maiores densidades de hibernação foram constatadas em capim colade-burro e em gravatás, com mais de 400 indivíduos em uma única planta. Durante o período de hibernação, pequena porcentagem destes exemplares é infectada por fungos entomopatogênicos. Levantamentos realizados na região central do Rio Grande do Sul, durante o período 1995-2005, indicaram que menos de 1% da população hibernante foi infectada. O deslocamento para fora das áreas infestadas ocorre principalmente por voo, durante o dia. Devido à temperatura ambiente no outono ser mais baixa que no verão, os voos são de curta distância, fazendo com que a maioria dos exemplares se concentre em uma faixa de até dez metros da lavoura, onde podem estar localizados mais de 90% dos indivíduos. A migração para hibernação ultrapassa cem metros de distância da lavoura. Quando o local de hibernação é coberto por água, os exemplares sobem nas plantas até o topo e naquelas submersas, onde são carregados pela enchente podendo ser eliminados devido a esta situação. Verificou-se em áreas com mata ciliar a presença de indivíduos nas árvores, cerca de 10cm a 15cm acima

Danos provocados pelo percevejo nas fases vegetativa e reprodutiva da cultura: murchamento e seca da folha central, quando se observa o sintoma de “coração morto”, panículas brancas com espiguetas chochas

do nível da enchente, indicando que utilizam este processo para sobreviverem em períodos desfavoráveis durante a hibernação. Na primavera, com o arroz com mais de 20 dias após a emergência, ocorre o retorno, ou seja, a migração para infestar o novo local e, devido ao tamanho e à capacidade de voo, estes exemplares podem se estabelecer mais longe da borda da lavoura. Levantamentos realizados na região central do Rio Grande do Sul demonstraram que a maioria desta população migrante se estabeleceu entre cinco e 40 metros da borda da lavoura, onde os adultos após a primeira alimentação na planta de arroz se juntam aos pares para acasalamento e postura. Durante a fase de infestação da lavoura, a direção e a velocidade dos ventos predominantes na ocasião vão determinar a área de

ocupação pelos migrantes, quanto mais tempo de vento e maior velocidade, maior a área infestada por estes percevejos. A população resultante da primeira postura se desloca para o interior da lavoura, ou para áreas próximas ainda não colonizadas, podendo se distribuir por toda a lavoura. Trabalhos de levantamentos realizados na fase da colheita demonstraram que a densidade populacional decresce da área inicial ocupada para os locais não infestados inicialmente, ou seja, a densidade é decrescente desde a borda inicial onde houve hibernação até as partes da lavoura, onde os refúgios de hibernação foram destruídos ou inutilizados. O dano do percevejo é proporcional à uniformidade de tamanho das plantas de arroz e invasoras existentes na lavoura. Plantas uniformes e sem invasoras apresentam maiores danos do que quando ocorrem arroz vermelho e capim-arroz, cujas plantas apresentam alturas desuniformes e facilitam a permanência de maiores populações desta praga sem, contudo, causarem danos proporcionais à densidade, visto a sua preferência para alimentação nestas espécies de invasoras.

MONITORAMENTO O acompanhamento da infestação deste percevejo na lavoura deve ser realizado entre 12 horas e 16 horas (entre meio-dia e metade da tarde) quando a maioria dos exemplares está na parte superior da planta, principalmente nas folhas mais desenvolvidas e bem verdes. Os exemplares são bastante ágeis e facilmente se lançam ao solo, como proteção e escape de inimigos naturais. Quanto mais quente, maior a agilidade de deslocamento desta praga. O uso de rede de varredura para a coleta de densidade de infestação tem apresentado resultados não confiáveis devido a este comportamento dos indivíduos. Uma das maneiras indiretas de avaliação

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Tabela 1

docaules e folhas de bananeira, na periferia da lavoura, logo após a colheita, concentra a população hibernante nestes locais, onde pode ser eliminada, por métodos físicos (água quente, fogo), mecânicos (esmagamento) ou biológicos (permitir que aves domésticas, como patos, marrecos e gansos se alimentem destes insetos). Em grandes áreas, a destruição dos “abrigos”, - vegetação circundante à lavoura – num raio de cinco a dez metros, no período de maio a setembro, tem produzido bons resultados, com um mínimo de sobreviventes, fazendo com que nas próximas safras a população infestante seja inexpressiva nas lavouras. A destruição da vegetação onde estes insetos hibernam pode ser feita através de queima controlada, ou seja, deve ser feito um aceiro para que outras áreas mais distantes das lavouras não sejam atingidas pelo fogo e onde normalmente não há exemplares em hibernação. Áreas com mata ciliar ou passíveis de inundação não permitem o uso deste processo. Áreas cobertas com gravatá do banhado

Produtos registrados contra percevejo do colmo Tiametoxam (neonicotinoide) Ciflutrina (piretroide) Lambda-cialotrina (piretroide) Malationa (organofosforado)

Dionísio Link, Univ. Federal de Santa Maria

Dirceu Gassen

Fonte: Mapa

da infestação é feita pela contagem de plantas com sintomas de “coração morto” ou de panículas total ou parcialmente brancas ou esbranquiçadas causadas pelo ataque dos percevejos. Para saber se o agente deste sintoma foi ou não o percevejo do colmo pode-se usar a chave descritiva abaixo: A1) folha seca ou a panícula sai facilmente da bainha: ataque da broca da cana, Diatraea saccharalis. A2) A folha seca ou a panícula está fortemente aderida à bainha: ............ B B1) apresenta “ponto marrom ou preto” na base do colmo (cerca de 2cm acima da linha da água: ataque de Tibraca limbativentris. B2) apresenta o primeiro nó, abaixo da panícula, escurecido ou preto: ataque do fungo da brusone. A pesquisa tem trabalhado com infestações de 1 a 2 exemplares por metro quadrado de lavoura como nível de infestação que compensa o controle químico, durante a fase vegetativa da cultura. Como não se tem um método simples, prático e eficiente de se levantar a população infestante deste percevejo, há pouca recomendação isolada para o controle químico desta praga, embora haja produtos registrados no Ministério da Agricultura (Mapa) para esta finalidade (Tabela 1).

impedem a eficácia da queima controlada e, para que o processo seja eficaz, devem ser previamente roçadas e realizada a queima, e dois a três dias após uma aplicação de inseticida para o controle dos exemplares sobreviventes nos “tocos” do gravatá. Durante a queima, o gravatá expele seiva para proteção das gemas do rizoma, cobrindo toda a superfície e “protegendo” os percevejos ali abrigados. A espera de dois a três dias após a queimada se deve ao fato de que neste período a seiva seca, expondo os exemplares ao ambiente, o que facilita o uso de produtos químicos nestes locais. A constatação de percevejos hibernantes infectados por fungo tem levado alguns pesquisadores a estudar e multiplicar estes fungos em laboratório para uso futuro, como controle biológico, no campo. Os testes laboratoriais e em campo foram promissores, mas infelizmente esta alternativa ainda continua na fase de pesquisas. C

ALTERNATIVAS DE CONTROLE Em Santa Catarina, onde grande parte das lavouras de arroz irrigado acha-se localizada em pequenas propriedades e cultivada no sistema de pré-germinado, os técnicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Epagri), do governo estadual, desenvolveram um sistema de controle de algumas pragas do arroz irrigado, incluindo o percevejo do colmo do arroz (Tibraca limbativentris), com a utilização de filhotes de marreco-de-pequim (Anas platyrhynchos), nos quadros de cultivo, a partir da inundação permanente e com o manejo da altura da água de inundação. Os “marrequinhos” controlam insetos, lesmas, caramujos e outros organismos que porventura infestam a lavoura, com impacto mínimo nas plantas de arroz. As aves permanecem na cultura até a fase de emborrachamento do arroz, sendo que na fase de “ponto de algodão” é realizada a retirada, para não haver prejuízo na produção. Em pequenas áreas, a colocação de “abrigos”, como tábuas, feixes de palha, lonas de diversos materiais, moitas compactas, pseu-

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A praga costuma atacar as plantas com mais de 20 dias, quando suga a seiva nos colmos, preferencialmente na região do colo

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Trigo

Começo seguro O

cultivo do trigo tem grande importância na agricultura do Centro-Sul e Sul do Brasil. É a principal cultura de inverno em várias regiões, tendo papel fundamental, tanto econômico como social, por isso, nos últi-

mos anos, tem se buscado alternativas que possam aumentar a sua produtividade e que ao mesmo tempo agridam o mínimo possível o meio ambiente. O plantio do trigo no Brasil encontra uma série de fatores que prejudicam o aumento de seus índices de produtividade. O potencial produtivo de uma cultura está intimamente ligado ao seu estabelecimento e desenvolvimento inicial. Isso não é diferente com o trigo, em que sementes de boa qualidade e plântulas sadias são os primeiros requisitos para se obter boa colheita. O manejo integrado consiste na adoção conjunta de estratégias de controle. O sistema tem início com escolha de cultivares, optando sempre por aquelas que possuam bom potencial produtivo e algum grau de resistência às principais doenças, seguida pela compra de sementes

de qualidade. Além de todos os cuidados exigidos na implantação da cultura como o uso de adubação equilibrada e época de plantio adequada, a qualidade das sementes é fator importante devido à maioria das doenças significativas dos cereais de inverno ser causada por patógenos transmitidos via semente. Do ponto de vista sanitário, a semente ideal é aquela livre de qualquer patógeno indesejável, mas nem sempre isso é possível, devido a fatores climáticos que influenciam na sua qualidade, reflexo do ano em que foram produzidas. Na maioria das vezes, mesmo sem apresentar sintomas externos, as sementes podem estar infectadas por organismos causadores de doenças, por isso, no momento da compra é necessário que o agricultor conheça a qualidade do produto que está adquirindo. Para isso, existem laboratórios oficiais de análise de sementes que podem prestar esse tipo de serviço, informando a germinação, as purezas física e

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Dirceu Gassen

Den tr oenças que afetam o tri go sabe-se que a m ai ori en os Dentr tree as ddoenças trig mai aiori oriaa é causad causadaa por patóg patógen enos smiti dos pela sem en te or isso a n ecessi dad atá-la e dispen sar o máxim o tr an tran ansmiti smitid semen ente te.. PPor necessi ecessid adee ddee tr tratá-la dispensar máximo de atenção à qu ali dad om ateri al adquiri do par tação n a, ddee m od oa quali alid adee ddo materi aterial adquirid paraa implan implantação naa lavour lavoura, mod odo gar an tir unif ormi dad ermin ação e em er gên ci tulas sadi as garan antir uniformi ormid adee n naa ggermin erminação emer ergên gênci ciaa ddee plân plântulas sadias


Tabela 1 - Ingredientes ativos recomendados para o tratamento de sementes em trigo Ingredientes ativos Difenoconazole Thiram + Carboxin PM Thiram + Carboxin SC Thiram Triadimenol Triticonazole Triticonazole+ Iprodione2

Dose (g i.a./100Kg de sementes) 30 93,7 + 93,7 50+50 1401 40 45 30 + 50

1 No PR, em SP e no MS, a dose indicada é 210 g i.a./100 kg semente. 2 Produtos indicados somente para o RS e SC. Fonte: Informações Técnicas para a Safra 2009: Trigo e Triticale.

varietal e ainda a qualidade sanitária, sendo esta última informação importante para a decisão do tratamento das sementes com fungicidas. Além disso, uma medida que pode minimizar o risco de se ter sementes de má qualidade é sempre utilizar material de procedência comprovada, preferencialmente produtos certificados ou fiscalizados. O agricultor deve determinar a área e os lotes que serão tratados antecipadamente ao plantio, dando preferência aos que apresentem baixo índice de infecção, porque nesses casos o tratamento apresentará melhores resultados, podendo chegar à erradicação dos patógenos ou próximo a ela. Em lotes com alta infestação o tratamento pode não ter eficiência. É importante reforçar que o tratamento de sementes é mais uma ferramenta no auxílio ao produtor, sendo assim, faz parte de um manejo integrado na lavoura e não deve ser usado de maneira isolada. Para que o agricultor tenha garantia de uma lavoura livre de doenças é necessário que ele tenha um bom programa fitossanitário, que impeça a sobrevivência de fungos na palha e no solo, através da rotação de culturas, quebrando o ciclo dos patógenos existentes na área, somado ao tratamento de sementes, que auxilia na desinfecção das sementes e que tem se mostrado como um investimento com retorno garantido. A maior ou menor eficiência do tratamento de sementes depende de dois aspectos importantes: a distribuição e a cobertura do produto sobre a semente. Outro fator que deve ser salientado é que com o tratamento de sementes não se aumenta o poder germinativo, mas sim se mantém o já existente e a semente permanece livre do ataque de fungos que prejudicam sua germinação e desenvolvimento.

COMO FAZER O tratamento das sementes deve ser

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feito, de preferência, em tratadores de sementes, na unidade de beneficiamento, ou com a utilização de tambor giratório com eixo excêntrico. É desaconselhável realizar o processo diretamente na caixa da semeadora ou em lona, pela baixa eficiência devido à pouca aderência e cobertura não uniforme das sementes pelos produtos. Quando realizado em máquinas específicas para essa finalidade proporciona melhor cobertura e aderência do produto à semente; reduz os riscos de intoxicação e apresenta melhor rendimento, com menor possibilidade de erro na dosagem. Existem diversos produtos registrados e que apresentam bons resultados no tratamento de sementes de trigo. Na Tabela 1, constam os ingredientes ativos recomendados para o trigo com suas respectivas doses.

DOENÇAS MINIMIZADAS PELO TRATAMENTO DE SEMENTES O complexo de manchas é causado por um grupo de fungos onde se destacam Bipolaris sorokiniana (mancha marrom) Stagonospora nodorum (mancha das glumas) e Drechslera tritici-repentis (mancha bronzeada). A mancha marrom pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento e parte da planta, sendo que o ataque mais comum se dá nas folhas. As manchas são de formato oval ou alongado, se caracterizam por possuírem coloração marrom, variando de parda a escura, quase preta, circundadas por halo amarelo. No centro das manchas observa-se conidióforos e conídios do fungo. Em condições climáticas

favoráveis, a doença ataca os nós e entrenós, provocando estrangulamento, com capacidade para matar a planta. A mancha das glumas manifesta-se nas folhas, colmos e espiga, com poder de atacar as sementes, sendo que, nas folhas, os sintomas iniciais são manchas irregulares de coloração marrom claro, com halo violáceo, semelhante aos sintomas da mancha marrom induzida por B. sorokiniana. Na medida em que a doença avança as lesões tornam-se castanhas com centro claro. Os nós, quando infectados, são de coloração castanha, enrugados e quebradiços, já na espiga, as glumas e aristas apresentam manchas irregulares de cor marrom. Sob ataque severo, a espiga apresenta coloração marrom escura com as aristas arrepiadas podendo não produzir sementes. A mancha bronzeada ou mancha amarela da folha de trigo aparece geralmente nos estádios iniciais da planta, formando nas folhas lesões ovaladas ou oblongas, de aspecto bronzeado, que coalescem tornando-se de coloração marrom clara a marrom escura.

OÍDIO E FERRUGEM O oídio (Blumeria graminis f.sp. tritici) é uma doença com alto poder destrutivo e apresenta nas partes verdes da planta formações de aspecto algodonoso devido à massa de micélio do fungo. Inicialmente formam-se pequenas manchas brancas que, com a evolução da doença, coalescem, tornando-se de coloração acinzentada. A ferrugem da folha do trigo é causada

Para garantir a eficácia do tratamento de sementes é preciso que o produto utilizado cubra totalmente a semente

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Fotos Dirceu Gassen

VANTAGENS DO TRATAMENTO COM FUNGICIDAS

Emergência uniforme e plantas vigorosas são vantagens do tratamento de sementes

pelo fungo Puccinia recondita f.sp. tritici. Os sintomas de ferrugem da folha são caracterizados pela presença de pústulas de formato ovalado, de coloração vermelha escura, disseminadas predominantemenC te na região abaxial do limbo foliar. Giuvan Lenz, Adriano Arrué e Ivan Dressler da Costa, UFSM

• Proporcionar a proteção de sementes e plântulas. • Erradicar fungos patogênicos localizados internamente ao embrião da semente, como, por exemplo, Ustilago tritici, causador do carvão do trigo, e os localizados externamente, aderidos à semente, como, por exemplo, Tilletia tritici, que provoca a cárie do trigo. • Impedir o crescimento de fungos necrotróficos como Bipolaris, Fusarium e Drechslera, que infectam sementes, evitando a contaminação do coleóptilo e das raízes, não transmitindo a doença para a parte aérea da cultura. • Proporcionar controle de fungos biotróficos como oídio, no início do desenvolvimento da cultura. • Manutenção do vigor das sementes pelo controle de fungos deterioradores das mesmas, como Penicillium spp. e Aspergilus spp..

• A dose do ingrediente ativo por unidade de superfície é relativamente mais baixa em comparação com pulverizações foliares. • Promover condições de uniformidade na germinação e emergência. • Melhorar o desempenho inicial das sementes e proporcionar o crescimento de plantas mais vigorosas, favorecendo a uniformidade da lavoura e o potencial da safra. • Diminuir a fonte de inóculo primário que proporciona pontos de infecção distribuídos ao acaso na lavoura, garantindo o processo de infecção nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura. • Evitar o desenvolvimento de epidemias no campo. • Reduzir o número de aplicações foliares, que muitas vezes precisam ser repetidas, em toda a superfície de tratamento.


Milho Cultivar

Cautela no uso

Br asil ddetecta etecta o prim eir o caso ddee rresistên esistên ci erbi ci das ddo o grupo ddas as Brasil primeir eiro esistênci ciaa aos h herbi erbici cid de sin al ddee atr azin as em pi cão pr eto (Bi Bid enss subaltern subalternum acend sinal atrazin azinas picão preto den um). Descoberta acen aci on alização n o empr eg o ddee h erbi ci das à base alerta sobr ecessi dad no empreg ego herbi erbici cid sobree a n necessi ecessid adee ddee rraci acion onalização de atr azin os em apr oxim ad am en te 65% ddaa ár ea ddee pr od ução ddee atrazin azinee, utilizad utilizados apro ximad adam amen ente área prod odução milh on o país orm ação com outr os pr od utos milho no país,, ddee fform ormaa isolad isoladaa ou em associ associação outros prod odutos

U

m dos principais problemas da agricultura tem sido a presença de plantas daninhas, responsáveis por inúmeras perdas na produção agrícola mundial. Na tentativa de minimizar estes prejuízos os agricultores fizeram, por muito tempo, o uso de métodos culturais e mecânicos para o controle. Entretanto, na década de 40, no período da Segunda Guerra Mundial, foi descoberto o primeiro composto químico com ação herbicida (ácido 2,4 diclorofenoxiacético) para que, com o seu uso, os países em conflito pudessem aumentar a produção de grãos. Na década de 70, com a necessidade de aumento de produção mundial, houve acréscimo no uso de tecnologias, tais como o uso de herbicidas. Com isso as empresas químicas de defensivos agrícolas intensificaram o desenvolvimento para a descoberta de novas moléculas que pudessem ser utilizadas na agricultura. Com seu primeiro registro obtido em 1958 nos Estados Unidos, o herbicida atrazine [6-chloro N-ethyl, N’-(1-methylethyl) 1,3,5-triazine 2,4-diamine] (Figura 1) tornouse um dos defensivos mais utilizados mundialmente. Nos Estados Unidos aproximadamente 75% da área cultivada com a cultura do milho recebe a aplicação de atrazine, enquanto que no Brasil, pode-se estimar que 65% da área de produção de milho utiliza o produto para o manejo das plantas daninhas através da aplicação isolada ou em associação com outros

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herbicidas.

AÇÃO DO HERBICIDA O herbicida atrazine pertence ao grupo dos inibidores da fotossíntese, que atuando na membrana do cloroplasto inibe o transporte de elétrons. Os herbicidas do grupo dos inibidores do fotossistema II (derivados das triazinas e das ureias substituídas) causam a morte das plantas pela falta de carboidratos, paraliFigura 1 - Estrutura química de atrazine (Karl Harrison)

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sando a reação luminosa da fotossíntese. Os herbicidas do grupo das triazinas (ametryne, atrazine, cyanazine e simazine) são utilizados na cultura do milho, sobretudo para o controle de plantas daninhas dicotiledôneas (folhas largas) e algumas gramíneas (folhas estreitas). Atrazine está registrado para a modalidade de uso em pré-emergência e também para pulverizações em pós-emergência precoce, proporcionando também bons níveis de controle das folhas largas e algumas folhas estreitas (Tabela 1). Em plantas sensíveis a esses herbicidas, há a germinação das sementes; porém, quando as plântulas emergem do solo e recebem luz, são desencadeadas reações que afetam a fotossíntese e levam a plântula à morte. As plantas suscetíveis, quando pulverizadas na presença de luz, morrem mais rapidamente que aquelas que forem pulverizadas no escuro, ou seja, na ausência de luz. Além da fotoxidação da clorofila, que provoca a clorose foliar, também ocorrem rompimentos na membrana citoplasmática celular em consequência da peroxidação de lipídios que são ocasionadas pela ação dos radicais tóxicos (clorofila triplet e oxigênio singlet). Com a finalidade de ampliação do espectro de controle, herbicidas do grupo das triazinas têm sido associados com produtos como s-metolachlor, alachlor e simazine, dentre outros. Estes defensivos proporcionam controle eficiente da maioria das espécies infestantes e


Tabela 1 - Espécies de plantas daninhas registradas no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento que podem ser manejadas com o herbicida atrazine Espécie Acanthospermum australe Acanthospermum hispidum Achyrocline satureioides Ageratum conyzoides Alternanthera tenella Amaranthus deflexus Amaranthus hybridus Amaranthus retroflexus Amaranthus spinosus Amaranthus viridis Avena strigosa Bidens pilosa Brachiaria plantaginea Brassica rapa Cenchrus echinatus Chamaesyce hyssopifolia Coronopus didymus Croton glandulosus Cyperus sesquiflorus Desmodium adscendens Digitaria ciliaris Digitaria horizontalis Eleusine indica Emilia sonchifolia Euphorbia heterophylla Galinsoga parviflora

Nome comum carrapichinho; carrapicho-rasteiro; maroto carrapicho-de-carneiro; chifre-de-veado; espinho-de-carneiro chá-de-lagoa; macela; macela-amarela catinga-de-bode; erva-de-são-joão; mentrasto apaga-fogo; corrente; periquito bredo; bredo-rasteiro; caruru bredo; caruru-branco; caruru-roxo bredo; caruru; caruru-áspero bredo-branco; bredo-de-espinho; caruru-de-espinho bredo; caruru; caruru-de-mancha aveia-brasileira; aveia-preta; aveia-voluntária fura-capa; picão; picão-preto capim-marmelada; capim-papuã; capim-são-paulo colza; mostarda; mostarda-selvagem capim-amoroso; capim-carrapicho; capim-roseta burra-leiteira; erva-andorinha; erva-de-santa luzia mastruço; mastruz; mentrusto gervão; gervão-branco; malva-vermelha capim-de-cheiro; capim-santo; junquinho carrapicho; carrapicho-beiço-de-boi; marmelada-de-cavalo capim-colchão; capim-da-roça; capim-tinga capim-colchão; capim-de-roça; capim-milhã capim-da-cidade; capim-de-pomar; capim-pé-de-galinha bela-emilia; falsa-serralha; pincel amendoim-bravo; café-do-diabo; flor-de-poetas botão-de-ouro; fazendeiro; picão-branco

apresentam seletividade para a cultura do milho. Os herbicidas à base de atrazine estão registrados para as culturas da cana-de-açúcar, do milho e do sorgo. No Brasil há registro no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) de 40 produtos comerciais à base de atrazine, sendo que destes, 20 com atrazine isolada, 11 com a mistura com simazine, quatro com alachlor, três com s-metolachlor, um com nicosulfuron e outro com glifosato.

ATRAZINE E O MEIO AMBIENTE Atrazine apresenta pressão de vapor de 2,89mmHg x 10-7 mmHg a 25ºC o que classifica este produto como sendo de baixa capacidade de evaporação. A temperatura em que atrazine passa do estado sólido ao líquido (pon-

Espécie Glycine max Gnaphalium spicatum Hyptis lophanta Hyptis suaveolens Indigofera hirsuta Ipomoea aristolochiaefolia Ipomoea grandifolia Ipomoea purpurea Leonurus sibiricus Lepidium virginicum Melampodium perfoliatum Murdannia nudiflora Nicandra physaloides Panicum maximum Pennisetum setosum Portulaca oleracea Raphanus raphanistrum Richardia brasiliensis Sida cordifolia Sida rhombifolia Solanum americanum Sonchus oleraceus Spermacoce alata Spermacoce latifolia Triticum aestivum Xanthium strumarium

to de fusão) está entre 175ºC e 177ºC. Sua temperatura de ebulição, ou seja, a temperatura em que passa do estado líquido ao gasoso é de 200ºC. O valor da constante de dissociação (pKa), de 1,71ºC a 21ºC, indica que este herbicida é um ácido forte, sendo completamente dissociado em água. O coeficiente de partição octanol água (Kow) de 481ºC a 25ºC e solubilidade em água de 33µg/l a 27ºC define que este herbicida é muito lipofílico (relação entre a fase orgânica e a fase aquosa) e pouco solúvel. A meia vida deste herbicida pode variar de 60 dias até um ano. Os principais compostos formados na sua degradação no solo são hydroxyatrazine (HA) e deehylatrazine (DEA). Alem destes há a formação dos metabólitos deisopropylatrazine (DIA) e deethyldeisopropylatrazine (Dedia). O metabólito hydroxylatrazine é o que se encontra em

Nome comum soja erva-branca; erva-macia; macela-branca catirina; cheirosa; fazendeiro bamburral; betônica-brava; cheirosa anil; anileira; anileira-do-pasto campainha; corda-de-viola; corriola campainha; corda-de-viola; corriola campainha; corda-de-viola; corriola chá-de-frade; cordão-de-são-francisco; erva-macaé mastruço; mastruz; mentrusto botão-de-cachorro; estrelinha; flor-amarela trapoeraba; trapoerabinha balão; bexiga; joá-de-capote capim-colonião; capim-coloninho; capim-guiné capim-avião; capim-custódio; capim-mandante beldroega; bredo-de-porco; ora-pro-nobis nabiça; nabo; nabo-bravo poaia; poaia-branca; poaia-do-campo guanxuma; malva; malva-branca guanxuma; mata-pasto; relógio erva-de-bicho; erva-moura; maria-pretinha chicória-brava; serralha; serralha-lisa erva-de-lagarto; erva-quente; perpetua-do-mato erva-de-lagarto; erva-quente; perpetua-do-mato trigo carrapichão; carrapicho-bravo; carrapicho-de-carneiro Fonte: Mapa

maior concentração, além de ser o mais tóxico, sendo sua toxicidade comparável à do herbicida atrazine. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o limite máximo permitido de atrazine na água está na ordem de 2µg/l no Brasil, embora nos Estados Unidos este limite seja definido como sendo 3µg/l. Isto pode significar que um quilo de atrazine em 500.000m3 de água torna-a imprópria para o consumo humano (não potável). A persistência de atrazine, nas condições brasileiras, tem sido observada entre três meses e sete meses. Com isto, as culturas de soja, feijão, algodão e outras sensíveis não devem ser semeadas em intervalos inferiores a três meses. Exceções ocorrerão em função das condições climáticas que venham a incidir após a


Tabela 2 - Plantas daninhas resistentes ao grupo de herbicidas inibidores do fotossistema II relatadas mundialmente Espécie Abutilon theophrasti Alopecurus myosuroides Amaranthus albus Amaranthus blitoides Amaranthus cruentus Amaranthus hybridus

Países com a presença Primeira detecção Estados Unidos, Iugoslávia 1984 Bélgica 1996 Espanha 1987 Israel, Espanha 1983 Espanha 1989 Estados Unidos, França, Itália, Suíça, 1972 Espanha, Israel, África do Sul Amaranthus lividus Suíça, França 1978 Amaranthus palmeri Estados Unidos 1993 Amaranthus powellii Canadá, França, Suíça, República Tcheca, 1977 Estados Unidos Amaranthus retroflexus Canadá, França, Alemanha, Estados 1980 Unidos, Suíça, Bulgária, República Tcheca, Espanha, China, Polônia, Itália, Iugoslávia, Grécia Amaranthus rudis Estados Unidos, Canadá 1994 Ambrosia artemisiifolia Estados Unidos, Canadá 1976 Arenaria serpyllifolia França 1980 Atriplex patula Alemanha, Estados Unidos 1980 Bidens tripartita Áustria 1979 Brachypodium distachyon Israel 1975 Brassica campestris Canadá 1977 Bromus tectorum França, Espanha 1981 Capsella bursa-pastoris Polônia, Estados Unidos 1984 Chamomilla suaveolens Inglaterra 1989 Chenopodium album Canadá, Estados Unidos, Suíça, França, 1973 Nova Zelândia, Bélgica, Alemanha, Holanda, Itália, República Tcheca, Espanha, Bulgária, Inglaterra, Polônia, Noruega, Eslovênia, Grécia, Portugal Chenopodium ficifolium Alemanha, Suíça 1980 Chenopodium hybridum Iugoslávia 2000 Chenopodium polyspermum França, Suíça, Alemanha 1980 Chenopodium strictum var. glaucophyllum Canadá, República Tcheca, Estados Unidos 1976 Chloris inflata Estados Unidos 1987 Conyza bonariensis Espanha, Israel 1987 Conyza canadensis França, Suíça, Inglaterra, Polônia, 1981 República Tcheca, Espanha, Bélgica, Israel, Estados Unidos Crypsis schoenoides 1995 - Israel 1995 Datura stramonium Estados Unidos 1992 Digitaria sanguinalis França, Polônia, República Tcheca 1983 Echinochloa colona Austrália 2004 Echinochloa crus-galli Estados Unidos, Canadá, França, Espanha, 1978 República Tcheca, Polônia

aplicação deste herbicida. Dos herbicidas comercializados mundialmente, o grupo das triazinas foi o que mais ocasionou o surgimento de plantas daninhas resistentes até a década de 90. Entretanto, com a descoberta dos herbicidas inibidores da enzima acetolactato sintetase (ALS), tornaramse os mais importantes a partir de 1995. Mundialmente já foram relatadas 67 espécies de plantas daninhas resistentes somente para os herbicidas do grupo das triazina, em 25 países (Tabela 2). No Brasil, em 2008, foi detectado pela Embrapa, no Paraná, o primeiro caso de resistência de planta daninha (Bidens subalternum) a atrazine.

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continuação Epilobium adenocaulon Epilobium tetragonum Fallopia convolvulus Galinsoga ciliata Kochia scoparia Lolium rigidum Lophochloa smyrnacea Matricaria matricarioides Panicum capillare Panicum dichotomiflorum Phalaris paradoxa Plantago lagopus Poa annua

Polygonum aviculare Polygonum hydropiper Polygonum lapathifolium Polygonum pensylvanicum Polygonum persicaria Polypogon monspeliensis Portulaca oleracea Raphanus raphanistrum Senecio vulgaris

Setaria faberi Setaria glauca Setaria verticillata Setaria viridis Setaria viridis var. major Sinapis arvensis Solanum nigrum

Solanum ptycanthum Sonchus asper Stellaria media Urochloa panicoides Urtica urens

continuação Bélgica, Estados Unidos, Polônia França. Alemanha Áustria, Alemanha Alemanha, Suíça Estados Unidos, República Tcheca Israel, Austrália, Espanha Israel Inglaterra Canadá Espanha Israel Israel França, Alemanha, Estados Unidos, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Japão, Republica Tcheca, Noruega Holanda França França. Republica Tcheca, Alemanha, Espanha Estados Unidos França, Nova Zelândia, República Tcheca, Estados Unidos Israel Estados Unidos Austrália Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, Bélgica, França, Suíça, Holanda, República Tcheca, Noruega Estados Unidos, Espanha Canadá, França, Estados Unidos, Espanha Espanha França, Espanha, Iugoslávia França Canadá França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Suíça, Inglaterra, Espanha, Polônia, República Tcheca, Nova Zelândia Estados Unidos França Alemanha Austrália Austrália

continuação 1980 1981 1980 1980 1976 1979 1979 1989 1981 1981 1979 1992 1978

1987 1989 1979 1990 1980 1979 1991 1999 1970

1984 1981 1992 1982 1982 1983 1979

2004 1980 1978 1996 2002

Fonte: Adaptado de Ian Heap

TOLERÂNCIA DO MILHO AO ATRAZINE As plantas de milho apresentam sistemas de defesa, ou seja, de detoxificação, o que lhes confere tolerância a este grupo de herbicidas. Uma das formas de detoxificação de atrazine nas plantas de milho se dá através da Dimboa, que em sua presença promove a transformação do metabólito 2-hydroxyatrazine. Outra forma de metabolização deste herbicida é através da conjugação com a enzima glutationa-s-transferase.

TOXICOLOGIA DE ATRAZINE O intervalo de segurança entre a última aplicação e a colheita está definido em 45 dias.

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Caso este período não seja respeitado, o milho poderá conter resíduo acima do permitido pelos órgãos competentes de fiscalização, sendo, portanto, impróprio ao consumo humano e animal. Cuidados devem ser tomados com o uso de qualquer defensivo agrícola, pois a intoxicação por qualquer produto químico está relacionada diretamente à exposição imposta C à pessoa em contato com o produto. Décio Karam e Maurilio Fernandes de Oliveira, Embrapa Milho e Sorgo Dionisio Luis Piza Gazziero, Embrapa Soja


Informe

Campanha con tr oz verm elh o rreún eún ti dad es contr traa o arr arroz vermelh elho eúnee en enti tid ades as par en tar invasor a, que am eaça a públi cas e privad públicas privadas paraa enfr enfren entar invasora, ameaça vi abili dad as estr atégi as ddee m an ejo e ddesafi esafi viabili abilid adee ddas estratégi atégias man anejo esafiaa a própri própriaa susten tabili dad sustentabili tabilid adee ddaa cultur culturaa

U

m esforço conjunto entre entidades públicas e empresas privadas tenta pôr fim ao arroz vermelho (Oryza sativa), um dos piores pesadelos enfrentados pelos produtores de arroz no Brasil. Trata-se de invasora de difícil controle e elevado grau de infestação nas áreas contaminadas. Em 2008, foi responsável por inviabilizar 20% das lavouras no Rio Grande do Sul, o que corresponde a 1,4 mil toneladas e prejuízo estimado em R$ 970 milhões. “Todos Contra o Arroz Vermelho” é o nome da campanha lançada durante a Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em março, no município de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul. O trabalho, com foco informativo e educativo, quer envolver todos os elos da cadeia produtiva. Inicialmente a proposta de enfrentamento do problema se alicerça em sete recomendações básicas. Só usar sementes certificadas, empregar adequadamente o produto certificado, irrigar no estágio recomendado (três a quatro folhas), controlar os escapes, rotacionar o uso do Sistema Clearfield na propriedade (não adotar por mais de dois anos seguidos na mesma área), limpar maquinários, canais, drenos e estradas e consultar sempre a assistência técnica. Um site (http://www.foraarroz vermelho.com.br/) está em fase de atualização e apresentará as ações da campanha. “Esta campanha visa atingir todas as pessoas que de alguma forma estão envolvidas com a cultura do arroz, através de todos os meios possíveis como revendas, universidades,

cooperativas, produtores, técnicos, sindicatos, federações, entre outras entidades. Multiplicar a mensagem em palestras, dias de campo, experimentos e reuniões”, explica Andreas Schultz, gerente de Marketing Arroz de Proteção de Cultivos da Basf. O controle do arroz vermelho é dificultado também por se tratar da mesma espécie de arroz cultivado. Por conta disso, seu manejo requer combinação de diferentes práticas culturais. Uma das alternativas recentes consiste na utilização do Sistema de Produção Clearfield Arroz, marca registrada da Basf, que combina cultivares e híbridos resistentes ao produto da empresa usado no controle da invasora. No entanto, se essa tecnologia não for manejada de forma correta, há risco de que se perca por conta de problemas de resistência do arroz vermelho à aplicação de herbicidas. “A Basf participa da campanha imbuída do

seu compromisso com os produtores brasileiros, bem como com seus clientes, parceiros e com o consumidor final. Vale ressaltar a importância da conscientização para o uso de herbicida registrado, nas doses recomendadas, manejo de água e observar o controle de escapes, buscando a sustentabilidade do setor”, afirma Airton Leites, gerente de Projeto Clearfield de Proteção de Cultivos da empresa. No processo de combate ao arroz vermelho, a qualidade da semente tem papel fundamental. “Primeiramente, todos precisam entender que a disseminação do arroz vermelho resistente é um grande problema que tem de ser enfrentado e que a semente é uma das principais vias de disseminação. Portanto, os produtores de arroz só devem utilizar semente certificada”, alerta Narciso Barrison Neto, presidente da Apassul. O pesquisador da Epagri/SC, José Alberto Noldin, confirma que o arroz vermelho constitui-se na principal causa de redução de produtividade em lavouras de arroz irrigado de Santa Catarina. “O controle eficiente deve passar, obrigatoriamente, pelo uso de sementes livres da planta daninha, o que é garantido através do uso de sementes certificadas. O emprego de grãos como sementes ou sementes ‘piratas’ põe em risco todo o trabalho desenvolvido nos últimos 25 anos pela Epagri, Sindiarroz-SC e Acapsa, no sentido de melhorar a qualidade das sementes utilizadas pelos produtores. O uso inadequado do sistema Clearfield vai resultar em arroz vermelho resistente a herbicidas e na perda da única alternativa disponível no mercado para o controle do arroz vermelho em lavouras de arroz irrigado”, lamenta Noldin. A campanha “Todos contra o Arroz Vermelho” tem a participação do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), da Associação dos Produtores de Sementes de Arroz de Santa Catarina (Acapsa) e das empresas Rice Tec e Basf. C

Cultivar

Dirceu Agostinetto

Sinal vermelho

A campanha “Todos Contra o Arroz Vermelho” foi lançada durante a Abertura Oficial da Colheita do Arroz num trabalho conjunto de entidades públicas e empresas privadas contra a invasora

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Empresa Murilo Lobo Junior

Contra o mofo

Fun gi ci da ffabri abri cad o pela BR3 A gr obi otecn ologi ad o Fungi gici cid abricad cado Agr grobi obiotecn otecnologi ologiaa é ali aliad ado dos pr od utor es n o combate ao m ofo-br an co (Scler Sclerotini otiniaa no mo o-bran anco prod odutor utores otini os séri os en tr aves à pr od utivi dad scleroti otiorum sérios entr traves prod odutivi utivid adee scler oti orum), um ddos na cultur o feijão culturaa ddo

O

mofo-branco ou podridão de esclerotínia, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, é uma doença muito difundida nas regiões produtoras de feijão, principalmente no plantio do outono-inverno, em áreas de pivôs centrais. Este fungo é muito agressivo do ponto de vista epi-

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demiológico e a evolução da doença é muito rápida, o que nos permite dizer que possui rápido poder de devastação. As perdas no rendimento atingem em média 60%, podendo ser mais elevadas. Com a introdução da terceira época de plantio (feijão de inverno) na região Centro-Oeste e em outras do país, a do-

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ença encontrou condições favoráveis para seu desenvolvimento, tornando-se grave problema para os produtores de feijão. Os sintomas característicos da doença são lesões encharcadas que se espalham rapidamente para as folhas, hastes, ramos e vagens. Nos tecidos infectados surgem grandes quantidades de micélios cotonosos que lembram algodão (posteriormente estes micélios se transformam nas estruturas de sobrevivência, os escleródios). Para aumentar a gravidade do problema, na ausên-


Indústrias Reunidas Colombo

cia de hospedeiro suscetível ou de condições climáticas favoráveis, a persistência dos escleródios no solo pode atingir até 12 anos. Tendo realizado testes para combater esta doença, a BR3 Agrobiotecnologia fabrica o Fegatex, produto registrado para o controle do mofo-branco na cultura do feijoeiro. Conforme explica José Pedro de Castro, gerente comercial da BR3, “o Fegatex é um defensivo agrícola fungicida, bactericida e esporicida, com ação de choque, notadamente comprovada pela sua rápida inibição da evolução da doença, mostrando ser altamente eficaz para o controle deste patógeno. Por estas e outras qualidades, o Fegatex é muito importante nas diversas estratégias de manejo para o controle desta terrível doença que tira o sono de qualquer produtor”. Segundo Adriano Pimenta, coordenador Agro de PD&I da BR3, “diversas situações práticas recomendam o uso do Fegatex no controle do mofo-branco: histórico de safras anteriores com registro de ocorrência da doença; floradas, pois as pétalas são excelentes substratos para a germinação dos ascóspo-

Em condições climáticas favoráveis, os escleródios do fungo Sclerotinia sclerotiorum (causador do mofo branco) podem permanecer no solo por até 12 anos

ros do patógeno (o Fegatex impede esta germinação); primeiros apotécios encontrados na lavoura (o Fegatex elimina estes apotécios); presença de micélio do fungo nas plantas (o Fegatex atua diretamente sobre a parede celular das hifas, secando-as após dois dias, não deixando as perdas aumentarem) e o excesso de umidade do ar e do solo associado ao frio e sombreamento do pró-

prio fechamento da cultura”. Em 2006, a BR3 Agrobiotecnologia foi lançada como braço produtivo da PRTrade, empresa que obteve o primeiro registro do Fegatex em 2001. Seu objetivo é expandir a produção do Fegatex e o desenvolvimento de novos produtos, firmando-se como empresa nacional capaz de inovar em agroquíC micos.

C

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Eventos

Soja adentro Gir Giro prom omovi ovid percorr corre quilômetr etros Giroo TTalstar Talstar alstar Dipel, Dipel, pr prom omovi oviddoo pela pela FMC, FMC, per percorr corree 300 300 quilôm quilômetr etros os em principais azend prod odutor utoras no as pr prod odutor utoras as dde dee soja soja n noo oeste oeste em visita visita às às prin principais cipais ffazen fazen azenddas bai baian ano para mostr ostrar esultados alsa-medi edid eira baian anoo par paraa m mostr ostrar ar rresultad resultad esultados os ddo doo combate combate àà ffalsa-m falsa-m alsa-medi ediddeir eiraa

O

desafio de combater uma das principais pragas da cultura da soja movimentou o oeste baiano entre os dias 18 e 20 de março. Em um percurso de 300 quilômetros, a FMC promoveu o Giro Talstar Dipel que reuniu aproximadamente 150 pessoas na visita a lavouras de soja nas regiões de Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves e São Desidério. Durante os três dias de evento as principais fazendas produtoras da oleaginosa foram palco de palestras e demonstrações sobre resultados da ação combinada entre Talstar 100EC e Dipel, com foco no controle da lagarta falsa-medideira e percevejos. “O giro é uma forma dinâmica de mostrar os resultados de campo ao produtor, onde levamos o evento para mais próximo da sua propriedade e reunimos os resultados locais alcançados com o produto”, explica Gustavo Canato, gerente de Produtos da FMC. A ação consiste em uma série de visitas organizadas às principais áreas produtoras. No oeste baiano foram alvos do trabalho fa-

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zendas como Xanxerê, no município de Correntina, Eliane, Guarani e Marechal Rondon, em São Desidério e Barcelona, em Riachão das Neves. Em todas as

áreas os resultados foram apresentados através de comparação entre produtos já utilizados pelo produtor (chamados de tratamento padrão) e a tecnologia da

Gustavo Canato, gerente de Produtos da FMC, explicou as vantagens do uso da tecnologia Talstar Dipel no combate à Pseudoplusia

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Fotos Janice Ebel

PRODUTOS

T

Luiz Carlos Bergamaschi, proprietário da Fazenda Xanxerê

FMC. Paulo Saran, consultor-técnico para as culturas de algodão e soja da região, foi o responsável por apresentar as principais características e formas de comportamento da praga. A lagarta falsamedideira (Pseudoplusia includens) era considerada até pouco tempo como secundária na cultura da soja, mas tem surgido com frequência nas lavouras e os produtores encontram dificuldades em seu controle, principalmente por seu manejo se diferenciar bastante do dado a outras lagartas, como por exemplo a da soja (Anticarsia gemmatalis). Dentre os fatores preponderantes no controle da pseudoplusia está a qualidade da aplicação. É preciso atingi-la com eficiência, já que habita mais o terço inferior das plantas. Para identificar os danos causados pela mede-palmo é necessário ficar atento a sua forma de alimentação, já que a lagarta não consome as nervuras das folhas, deixando-as com aspecto rendilhado. Há dois anos utilizando o tratamen-

to Talstar/Dipel, Luiz Carlos Bergamaschi, proprietário dos cinco mil hectares de soja da Fazenda Xanxerê, garante que manterá o trabalho com os produtos. “Não tivemos problemas com a praga nos últimos dois anos, pois logo que constatada a presença foi utilizada a tecnologia apresentada e a praga mantevese sob controle. E a tendência é repetir o tratamento e trabalhar também em rotação com outros produtos para que não haja a resistência do inseto, visando assim à longevidade do uso dos produtos”, salienta. Paulinho Pereira, gerente de Produ-

alstar é um inseticida indicado para o controle do complexo de lagartas. Como principal trunfo apresenta ação prolongada, por contato e ingestão. Além do controle de lagartas, promove supressão em ácaros. Tem baixa solubilidade, o que confere persistência maior nas folhas da soja (maior possibilidade do inseto ter contato/exposição ao produto). O Dipel (Sumitomo Chemical) é um inseticida biológico, indicado para controle seletivo, com baixa toxicidade. Atua no sistema digestivo, recomendado para manejo de resistência de pragas e controle de lagartas como a falsa-medideira. A solução age contra lagartas de importância econômica, mas não atinge insetos benéficos, predadores naturais. Possui ação residual. ção da Fazenda Eliane, destacou o menor custo no controle da mede-palmo e as vantagens do Dipel como produto de controle biológico. “A pseudoplusia é uma praga muito voraz, causadora de grande desfolha e consequentemente queda no rendimento da lavoura. Como trabalhamos com produção de sementes, o cuidado é ainda mais criterioso para qualquer praga que venha a ocorrer”, lembrou. C

À esquerda Anildo Kurek, proprietário da Fazenda Eliane, e Paulinho Pereira, gerente de Produção

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Eventos

Show tecnológico Edição com em or ativa ddo o Sh ow A grícola 2009 con tabiliza comem emor orativa Show Agrícola contabiliza egóci os 60 mil visitan tes e R$ 16 milhões em n visitantes negóci egócios

E

m edição comemorativa, de dez anos, o Show Agrícola 2009 contabilizou 60 mil visitantes e R$ 16 milhões em negócios, entre os dias 4 e 7 de março, no município de Palma Sola, em Santa Catarina. Máquinas, implementos, semen-

tes, fertilizantes, defensivos e produtos voltados para a pecuária leiteira movimentaram o evento, que reuniu 230 expositores. Distribuído em uma área total de 40 hectares, durante quatro dias o evento recebeu 200 excursões dos estados do Paraná, Rio

Força no campo

A

14ª edição do Dia de Campo Copercampos reuniu nove mil visitantes, entre os dias 10 e 12 de março, no município de Campos Novos, em Santa Catarina. Segundo a organização, o evento movimentou R$ 10 milhões em negócios, com a participação de 130 empresas dos segmentos de máquinas, implementos, sementes, agroquímicos, suinocultura, nutrição animal e pastagens. Localizado no Campo Demonstrativo da

Copercampos, às margens da BR-282, o evento atraiu visitantes do oeste catarinense, sudoeste do Paraná, Rio Grande do Sul e Paraguai. A abertura oficial contou com a presença do vice-governador de Santa Catarina, Leonel Pavan, e do secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Antônio Ceron. O presidente da Copercampos, Luiz Car-

Luiz Carlos Chiocca destacou o papel do evento no desenvolvimento regional

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Grande do Sul, Santa Catarina e também da Argentina. Palestras técnicas, encontros de lideranças regionais e dinâmicas de máquinas no campo foram o ponto alto do evento. O agricultor pode observar as máquinas em funcionamento, na silagem de aveia e de milho, colheita de milho, plantio direto, plantio de mandioca e também acompanhar os equipamentos de agricultura de precisão. Para comemorar os dez anos de evento, a organização ofereceu um jantar onde foram premiadas empresas com o troféu fidelidade. O Show Agrícola é promovido pela Sementes Crestani desde 1999. A ideia partiu do diretor comercial Claudiomar Crestani, depois de participar do Farm Progress Show, nos EstaC dos Unidos.

Claudiomar Crestani se inspirou no Farm Progress Show, nos Estados Unidos

los Chiocca, destacou a importância do evento no desenvolvimento do agronegócio e no fortalecimento da economia regional. “O Dia de Campo traz tecnologia, conhecimento, negócios e oportunidade para que o produtor conheça as novidades”, ressalta. O vice-governador considerou o evento como ponto de crescimento para a agricultura do estado. “O nosso agricultor está produzindo alimentos com qualidade e precisa de tecnologia”, avaliou.


Dia de Campo

Tecnologia em alta Fotos Syngenta

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om o patrocínio oficial da Bayer, presente em todas as edições, a Sementes Roos, com 46 anos de tradição em comercialização e produção de sementes, realizou mais um Dia de Campo, na área experimental da empresa instalada junto à filial um, em Não-MeToque, no Rio Grande do Sul. Aproximadamente 1,2 mil produtores viram de perto o desempenho de materiais consagrados e de novas cultivares desenvolvidas pelas empresas de ponta em tecnologia de

sementes. A Roos produz e comercializa sementes para todos os estados brasileiros produtores de grãos e para o Paraguai, totalizando mais de 500 mil sacas de sementes de soja e mais de 200 mil sacas de sementes de trigo por ano. O objetivo da empresa, com os Dias de Campo, é de levar os produtores a valorizarem a escolha das sementes como um dos itens indispensáveis para a formação de uma lavoura lucrativa. No campo experimental, a primeira

Arlei Krüger, gerente-técnico da Roos, frisou a importância da qualidade na produção de sementes

Fábio Dias, da Nidera, se mostrou satisfeito com os resultados do evento

cultivar apresentada aos produtores rurais foi a Roos Avance RR. Cultivar precoce, lançada comercialmente no ano passado, indicada para semeadura em outubro, que agradou aos produtores pelo porte alto e ereto e resistência ao acamamento. Este material promete alcançar o mesmo sucesso da Roos Camino RR, superprecoce, recomendada para plantio em novembro, que foi lançada em 2008 e já figura entre as preferidas dos produtores pelo desempenho nas lavouras. O Dia de Campo Soja da Roos é referência em tecnologia também pelas parcerias. Reuniu empresas e instituições como Nidera, Brasmax, Embrapa, Fundacep, Coodetec e TMG, todas detentoras de tecnologia em sementes. O representante da Nidera, Fábio Dias, se mostrou satisfeito com os frutos do evento. “Divulgamos nossos materiais e alcançamos ótimos resultados.” O gerente-técnico da Roos, Arlei Krüger, destacou a qualidade das sementes. ”Sabemos da necessidade de suprir o mercado com materiais de origem, desenvolvidos para nosso clima e solo. Por isso, investimos em tecnologia e colocamos à disposição dos produtores sementes que respondem com acréscimo de produtividade e resistência a doenças”, destacou. Os produtores, além de observarem o desempenho em situação normal de plantio, tiveram a oportunidade de estreitar o contato com pesquisadores da área, para tirar dúvidas com relação ao manejo e adquirir novos conhecimentos. A Sementes Roos é comandada por Orlando Roos, 77 anos, do alto da experiência de seus 46 anos de atividades dedicadas ao setor. C

Orlando Roos acumula 46 anos de atividades dedicadas à produção e comercialização de sementes

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Coluna ANPII

Inoculantes certificados ANPII lança pr ogr am alifi cação, cuja m eta será certifi car a progr ogram amaa ddee qu qualifi alificação, meta certificar qu ali dad os in oculan tes ddas as empr esas fili ad as quali alid adee ddos inoculan oculantes empresas filiad adas

O

uso de inoculantes em leguminosas é uma das práticas com melhor ganho de benefícios em relação ao custo. Enquanto o nitrogênio mineral pode custar de R$ 300,00 a R$ 400,00 por hectare, o nitrogênio biológico, aportado pelas bactérias do inoculante, não chega a custar R$ 10,00 por hectare, contando o custo do produto e sua aplicação. E com este custo, o produto aporta mais de 200 quilos de nitrogênio por hectare. Entretanto, para que o inoculante produza todo seu efeito no aumento da produtividade e no enriquecimento do solo para a cultura seguinte, é indispensável que tenha uma excelente qualidade. Sendo um produto vivo, à base de bactérias, sua pro-

com palestras realizadas por especialistas e troca de informações que possibilitem uniformização de alguns itens comuns a todas as empresas. Este é um primeiro passo para futura certificação, além de se constituir em importante medida para avançar em novos conceitos de qualidade de produto. O seminário será realizado ainda neste primeiro semestre, em data e local a serem definidos, e os palestrantes serão escolhidos para falar sobre temas como controle de qualidade, legislação, avanços em fermentação etc. 2 – Uniformização dos métodos de análise entre as empresas e os órgãos de pesquisa, em especial o Laboratório de Referência. Esta uniformização fará com que os resultados

mais importante, trabalha em favor do agricultor brasileiro, oferecendo inoculantes cada vez mais avançados tecnologicamente. Sabendo-se da importância do inoculante para a produtividade da soja, a qualidade do produto passa a ser fator decisivo. Inoculantes de baixa qualidade podem comprometer o aporte de nitrogênio para a cultura, baixando os níveis de produtividade tanto em solos de primeiro ano de cultivo como naqueles cultivados há mais tempo. O nitrogênio é o nutriente mais exigido pela soja e seu aporte deve ser todo feito pela fixação biológica, o que se consegue usando anualmente o inoculante. Mas para o pleno sucesso da técnica, alguns cuidados devem ser tomados:

O nitrogênio é o nutriente mais exigido pela soja e seu aporte deve ser todo feito pela fixação biológica, o que se consegue usando anualmente o inoculante dução requer profundos conhecimentos de microbiologia e equipamentos bastante sofisticados. A Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII), tendo como meta certificar a qualidade dos inoculantes das empresas filiadas, dá partida a um amplo programa para atingir patamares cada vez mais elevados de qualidade nos produtos oferecidos ao agricultor. A medida leva em conta a exigência do mercado nacional, por inoculantes de alta qualidade que acompanhem o desenvolvimento genético das cultivares. Dentro de um amplo programa, que abrangerá três anos de trabalhos contínuos, em 2009 serão realizadas duas atividades: 1 – Seminário com os departamentos de pesquisa e de produção das empresas associadas, contemplado

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de controle de qualidade obtidos pelos laboratórios das empresas tenham a mesma credibilidade que os resultados dos laboratórios oficiais, embora não venham a ter valor para análises fiscais, o que é privativo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Esta é uma atividade que se estenderá ao longo dos anos, com controles periódicos, à semelhança do que já existe em áreas como análises de solos e em laboratórios de análises clínicas. As empresas filiadas, a partir deste programa, usarão um selo da ANPII em suas embalagens e material publicitário, comprovando ao agricultor que a empresa é filiada à associação, o que assegura ser participante do programa de melhoria de qualidade. Desta forma, a ANPII executa um serviço para as empresas filiadas, mas,

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• Usar inoculante de ótima qualidade. • Usar corretamente, dentro do recomendado no rótulo. • Não utilizar fertilizante nitrogenado na base, ou quantidades abaixo de 15kg/ha. • Semear o mais rápido possível após a inoculação. Na página da ANPII na Internet, www.anpii.org.br, encontra-se disponível um curso sobre Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), em formato PPS, gratuito. A página também contém artigos e outras informações interessantes sobre inoculantes. Use sempre inoculante das empresas filiadas à ANPII. Pesquisa e deC senvolvimento a seu serviço. Diretoria da ANPII


Coluna Agronegócios

Boas novas

O

leitor deve estar com o saco cheio de más notícias, seja da crise financeira ou da estiagem que atormentou grande parte da área agrícola. Vamos saltar por cima dos problemas conjunturais e focar na safra de boas notícias sobre tecnologias que estarão disponíveis para as próximas safras agrícolas. São diversas boas novas e eu separei seis delas para comentar neste espaço, mostrando que há luz forte no fim do túnel. Fiquei contente em verificar que o sonho do arroz dourado continua vivo. Tão vivo, que pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Arroz das Filipinas já estão testando no campo uma variedade de arroz geneticamente modificado que contém altas concentrações de provitamina A (o arroz dourado) e que

nove linhas elite, com diferentes graus de tolerância à seca. Nos ensaios realizados, elas produziram entre 4.428kg/ ha e 5.767kg/ha, um aumento entre 13% e 48% sobre a testemunha, que produziu 3.906kg/ha. Detalhe importante: com o uso da biotecnologia, foi possível reduzir de 12 safras para seis safras agrícolas o tempo necessário para o desenvolvimento das novas variedades. A boa notícia não é só para os arrozeiros, mas para qualquer produtor de grãos, vez que, na minha visão, a prioridade primeira em termos de desenvolvimento de tecnologia para os próximos anos, é a tolerância à seca, pois as mudanças climáticas globais conduzirão a veranicos cada vez mais intensos e mais frequentes, nas principais

os cientistas descobriram um gene, presente na planta modelo Arabidopsis, que produz uma enzima com a habilidade de proteger a integridade do código genético. Na Universidade do Arizona os cientistas se debruçaram sobre o genoma do milho e encontraram um gene similar, com o mesmo efeito. Ao final do estudo, foi possível identificar o gene que permite evitar mutações não desejadas no milho. Caso ele não esteja presente em determinados germoplasmas comerciais, pode ser introduzido por técnicas biotecnológicas.

BANANAS Pragas de frutíferas, além de causarem prejuízos econômicos, estão entre as principais pragas quarentenári-

Modificações genéticas foram introduzidas nas culturas in vitro vitro,, buscando resistência à seca, o que conduziu à obtenção de nove linhas elite, com diferentes graus de tolerância à seca também possui resistência a duas doenças economicamente importantes em áreas tropicais, o tungro, causado por um vírus, e a murcha bacteriana, ocasionada por Xanthomonas oryzae. O estudo está sendo parcialmente financiado pela Fundação Bill e Mellinda Gates. Registre-se que o arroz dourado apresenta altas concentrações de provitamina A, o que favorece o aumento dos níveis dessa vitamina no organismo humano. Lembrando que a ausência de provitamina A pode ter consequências graves sobre a saúde, por provocar deficiência no sistema imunológico e no crescimento corporal, e, em casos graves, a cegueira. O segundo estudo que me chamou a atenção foi o trabalho da doutora Nenita Desamero, do mesmo Instituto, que explorou a variação somaclonal do arroz para desenvolver novas linhas, tolerantes à seca. A variação somaclonal é um termo que se usa para as diferenças observadas em plantas obtidas a partir de cultura de tecidos. Modificações genéticas foram introduzidas nas culturas in vitro, buscando resistência à seca, o que conduziu à obtenção de

regiões agrícolas.

DO ARROZ PARA O MILHO Nos EUA, o órgão encarregado de atestar a segurança dos alimentos (FDA) está analisando um novo híbrido de milho tolerante à seca. O material genético foi desenvolvido pela Monsanto, e os testes de campo conduzidos em diversas regiões dos EUA comprovaram que o novo produto permite acréscimo de 6% a 10% de produtividade, sob diferentes intensidades de veranicos. O híbrido deverá ser comercializado nos EUA com a denominação SmartStax, a partir de 2010, ainda sem previsão de sua chegada ao Brasil. Além da tolerância à seca, este híbrido também apresenta complexa combinação de genes, para resistência a diversos insetos-pragas. Em outra linha de investigação, pesquisadores das Universidades de Delaware, Dakota do Sul e Arizona identificaram um novo mecanismo que ajuda a proteger a cultura contra vírus causadores de mutações e contra os “genes saltadores” (transposons). Na Universidade de Delaware,

as dos diferentes países importadores. Sua presença em um país pode fechar o mercado exportador. Por exemplo, a sigatoka negra é uma das mais sérias ameaças à produção de banana no Brasil e em outros países. Até o momento não existe um método de controle eficaz para a doença, que exige erradicação das plantas afetadas. Em Uganda estão sendo testadas variedades OGMs resistentes à sigatoka (Mycosphaerella fijiensis) e murcha bacteriana (Xanthomonas campestris). Na Austrália, o professor James Dale, da Universidade de Queensland, produziu germoplasma modificado que resiste ao mal-do-Panamá, uma enfermidade devastadora para o cultivo da banana. No futuro, o uso destes materiais genéticos não apenas aumentará a rentabilidade dos cultivos, como servirá de apoio à ampliação do mercado internacional, pela reC dução das barreiras sanitárias. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro agrônomo, membro do Painel Científico Internacional de Energia Renovável do Conselho Internacional de Ciências

http://dlgazzoni.sites.uol.com.br

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Coluna Mercado Agrícola

Vlamir Brandalizze brandalizze@uol.com.br

Agronegócio começa a dar adeus à crise A crise deu uma boa chacoalhada no setor do agronegócio brasileiro nos últimos seis meses, mas já dá sinais de que está indo embora. E, como tudo que passa deixa boas lições, a principal é que temos que melhorar sempre e, somente assim, nos manteremos sólidos no setor produtivo ou industrial, ou até mesmo no segmento de serviços. Nas últimas semanas já pudemos ver que o quadro começa a mudar, os jornais já destacam em algumas matérias a volta dos investimentos. Uma notícia que nos atraiu a atenção apontava que importante empresa de insumos, de grande peso no Brasil, pretende investir R$ 100 milhões no setor da cana. Sinal que estão vendo o quadro melhorar no curto prazo e já querem sair na frente, para que depois não percam espaço para concorrentes. O setor produtivo neste ano conseguiu olhar com grande atenção para os seus custos (que nos últimos anos não necessitavam de acompanhamento porque os preços das principais commodities vinham em disparada e batendo recordes). Os insumos, por sua vez, apenas buscavam seguir essa tendência e ganhar uma fatia do bolo que era formado. Agora o setor está vendo que necessita de alta tecnologia, alta produtividade e alta qualidade para se manter com rentabilidade e saúde financeira. O quadro geral do setor começa a andar e as exportações brasileiras de todo o segmento estão voltando ao ritmo anterior à crise. Desta forma, em pouco tempo estaremos vendo o agronegócio retornar a todo vapor e com ganhos a todo o segmento. Estamos saindo na frente novamente, porque o mundo não parou de comer e agora voltará a crescer.

MILHO Colhendo de olho na safrinha O mercado do milho nestas últimas semanas andou em ritmo lento no cenário interno e em boa corrida na exportação, com muitos fechamentos nos portos para embarque imediato e também para embarques para o meio do ano em diante. Os valores estão na faixa dos US$ 165 por tonelada nos portos, criando, assim, liquidez futura pelo milho da safrinha que até o final de março apresentava áreas para plantio e recebia chuvas regulares. O governo lançou contratos de opção para vencimento no segundo semestre, assegurando liquidez mais à frente com níveis de R$ 14,00 a R$ 18,84 negociados. Mais de dois milhões de toneladas desta safrinha já estão comprometidos com exportações futuras. Teríamos praticamente um terço da colheita negociada antecipadamente, o que dá maior liquidez ao que sobrar nos próximos meses. O mercado, aos poucos deverá começar a andar na linha de cima, uma vez que já passou pelo fundo.

caíram e impediram que boa parte das lavouras prontas para a colheita (no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste) pudesse ser colhida nas últimas semanas de março. Somente na região Sul a colheita avançava em boas condições, enquanto o mercado mostrou reação forte em Chicago e voltou a operar acima dos US$ 9,00 por bushel em direção dos US$ 10,00. O fato indica que a crise internacional está dando sinais de fraqueza e o quadro aos poucos tende a melhorar. Segue-se em busca de commodities para os primeiros ganhos. Com alta no petróleo, soja e demais grãos que estiveram nos melhores níveis desde janeiro. Continua a expectativa de avanços em abril porque agora teremos os primeiros plantios americanos e qualquer alteração de clima traz ganhos para o Brasil.

FEIJÃO

Março indo embora A colheita da primeira safra e parte da segunda estiveram a todo vapor no começo de março, porém com a baixa demanda no varejo houve SOJA excesso de ofertas no período e as piores cotaSafra em colheita forte Os produtores reclamaram das chuvas que ções do ano. Depois do fundo do poço, o gover-

no poderá até formar os estoques que pretendia e não vinha conseguindo fazer. Para abril, apontase melhores números, mas há previsão de queda no plantio do Irrigado e novamente poderemos enfrentar a escassez de produto do meio do ano em diante.

ARROZ Calmaria e pregões do governo A safra do Sul chegou cheia, com boa qualidade, e há sinais de que fechará com recorde no Rio Grande do Sul, enchendo os silos do estado. A boa safra traz calmaria para o setor, porque abastece as indústrias e deixa pouco espaço para grandes alterações nos indicativos de preços. No ano passado começou a safra entre os R$ 20,00 e R$ 22,00 a saca, elevando-se posteriormente. Agora, o preço está começando com níveis entre R$ 26,00 e R$ 27,00 a saca. Além disso, o governo sinaliza com pregão de Opções acima dos R$ 30,00, o que junto à boa disponibilidade de Empréstimos do Governo Federal (EGFs), indica que a partir do final de abril o mercado pode começar a dar os primeiros passos na linha de cima.

CURTAS E BOAS TRIGO - O quadro nas últimas semanas se manteve calmo, porque a pressão de alta externa não chegou a trazer alterações internas no Brasil. O trigo do Paraná de melhor qualidade andou acima dos R$ 520,00 por tonelada e manteve boas indicações para frente. Alguns negócios já foram realizados com trigo do Brasil Central (que será plantado agora em pivô) na casa dos R$ 600,00 por tonelada. Devido ao declínio do feijão no mercado este cereal atraiu um bom volume de produtores. Porém, permanece a necessidade de trazer produto de fora do Mercosul já que a Argentina tem pouco trigo para nos vender nos próximos meses. O indicativo é de que o produto de fora liquidará aqui nos US$ 300 por tonelada ou mais. ALGODÃO - A safra está em desenvolvimento e o clima, com chuvas regulares, tem dado boas condições às plantações. Novamente haverá a necessidade do governo intervir com pregões de apoio para que os produtores tenham liquidez na colheita, uma vez que as vendas estão lentas e a indústria de roupas é a que mais sentiu a crise até agora. A indústria deverá retomar o crescimento mais tarde, já que a liquidez do produto estará atrelada ao apoio do governo. O câmbio acima dos R$ 2,20 ainda não serve de estímulo para os exportadores que alegam que seria necessário chegar aos R$ 2,50. EUA - A safra 09/10 começa a ser plantada neste mês. Tudo indica que haverá queda na área de plantio porque o setor produtivo americano também está altamente endividado e não existem recursos para manter a área de 2008. A boa notícia veio do USDA, que aumentou o uso de milho para etanol no

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relatório de março, passando de 91,4 milhões de toneladas para 94 milhões de toneladas do grão, contra 76,8 milhões de toneladas usadas em 2008. Assim, a demanda segue aquecida e mesmo com a crise os biocombustíveis continuam com prioridade de investimento. CHINA - A demanda de alimentos no país continua batendo recordes e o governo busca aumentar os estoques comprando mais. Com indicativo de recorde de importação de soja em 2009. Só entre janeiro e fevereiro o país comprou 6,3 milhões de toneladas. Em fevereiro foram mais de 3,2 milhões de toneladas, recorde histórico para o período. O fato sinaliza que a China tem fôlego para importar 40 milhões de toneladas de soja em 2009. ARGENTINA - A crise está batendo forte nas portas do setor produtivo local. Neste ano a estiagem derrubou o milho de 20,5 milhões de toneladas para cerca de 12 milhões de toneladas a 13 milhões de toneladas. A soja caiu de 51 milhões de toneladas para 40 milhões de toneladas a 42 milhões de toneladas. Há grande perda também na safra de trigo e demais grãos. Como os custos cresceram, o governo quer manter os altos impostos colocados no ano passado no momento do recorde de preços internacionais. Os produtores querem reduzir a taxa dos 35% de impostos cobrados sobre a soja, porque os custos cresceram sem que tenham obtido lucros. O quadro local não é bom nem para o governo, nem para os produtores, porque no momento os dois perdem, e se o governo não recuar, perderá ainda mais na próxima safra porque descapitalizará o setor, que reduzirá o plantio.




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