Cultivar Máquinas 250

Page 1


Expediente

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

CNPJ: 02783227/0001-86

Insc. Est. 093/0309480

Rua Sete de Setembro, 160 Pelotas – RS • 96015-300

revistacultivar.com.br contato@grupocultivar.com

Assinatura anual (11 edições*): R$ 289,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 28,00

Assinatura Internacional:

US$ 150,00

€ 130,00

FUNDADORES

Milton de Sousa Guerra (in memoriam)

Newton Peter Schubert Peter

• Diretor

Newton Peter

REDAÇÃO

• Editor Schubert Peter

• Redação

Rocheli Wachholz Miriam Portugal Nathianni Gomes

• Redator

Rogério Nascente

• Design Gráfico e Diagramação Cristiano Ceia

• Revisão

Aline Partzsch de Almeida

COMERCIAL

• Coordenação

Charles Ricardo Echer

• Vendas

Sedeli Feijó

José Geraldo Caetano Franciele Ávila

CIRCULAÇÃO

• Coordenação

Simone Mendes

• Assinaturas

Natália Rodrigues

• Expedição

Edson Krause

Nossos Telefones: (53)

• Assinaturas 3028.2000

• Comercial e Redação 3028.2075

revistacultivar.com.br instagram.com/revistacultivar facebook.com/revistacultivar youtube.com/revistacultivar

Nesta edição, trazemos uma seleção de matérias que refletem o dinamismo e a transformação tecnológica no setor agrícola. Inovação e sustentabilidade caminham lado a lado para tornar o campo mais produtivo, eficiente e sustentável.

O grande destaque desta edição é o nosso test drive com o trator LS H125, um modelo robusto e versátil que atende com excelência às demandas da agricultura moderna. Com motor de quatro cilindros e a transmissão Power Shuttle de 24 marchas para frente e para trás, este trator produzido no Brasil foi testado em condições reais de campo, mostrando sua capacidade de enfrentar desafios típicos da cultura do arroz irrigado. O LS H125 destacou-se pela potência e versatilidade. E pelo compromisso com o conforto e a eficiência para o operador.

Paralelamente, exploramos o uso do biometano como alternativa energética para tratores e outras máquinas agrícolas, destacando o potencial ambiental positivo dessa inovação. A capacidade de reduzir significativamente as emissões de poluentes faz do biometano uma promessa valiosa para uma agricultura mais limpa e sustentável.

Seguimos abordando práticas essenciais para aumentar a eficiência no campo, como as boas práticas de plantabilidade, onde técnicas avançadas de plantio, manejo do solo e tecnologias são indispensáveis para garantir colheitas abundantes e de alta qualidade.

Temas como a utilização da vinhaça na fertilização e o avanço da inteligência artificial também fazem parte desta edição. A vinhaça, por exemplo, além de sustentável, proporciona aumento de produtividade, enquanto a IA permite uma personalização precisa das práticas agrícolas, otimizando o uso de recursos e melhorando o rendimento.

Leia isso e muito mais nas próximas páginas. Boa leitura!

Conheça
Foto de Charles

Yanmar CE cria a região AOLA e nomeia Naoki Maehara como presidente

A Yanmar Compact Equipment (Yanmar CE) anunciou a criação da nova região Ásia, Oceania e América Latina (AOLA), como parte de sua estratégia para aproveitar o potencial de crescimento nesses mercados. Desde 1º de outubro, Naoki Maehara, executivo com mais de 20 anos de experiência na Yanmar, é responsável por liderar a região AOLA. Maehara, que já ocupou cargos em divisões como Marinha, Agricultura, Construção e na sede da Yanmar Holdings, além de ter atuado recentemente como diretor de estratégia da Yanmar CE, será responsável pela implementação da visão estratégica da empresa e pelo crescimento em mercados considerados chave.

Syngenta lança Cropwise com IA

Yokohama TWS nomeia

Elio Bartoli como novo presidente

A Yokohama TWS, empresa japonesa de pneus presente em mais de 120 países, apontou o executivo Elio Bartoli como seu novo presidente. Seu mandato iniciará em 1º de dezembro deste ano, sucedendo a Paolo Pompei. Paolo deixa o cargo para buscar oportunidades externas, após um mandato marcado pelo crescimento e pela expansão da empresa em escala global. Bartoli conta com uma vasta experiência em cargos de liderança, incluindo os últimos 12 anos em várias funções estratégicas na Yokohama TWS em cargos como “líder” comercial de pneus industriais e, mais recentemente, presidente da região Emea e “líder” global de OE. A sua atuação abrange toda a cadeia de suprimentos, estratégia comercial e relações com o cliente.

A Syngenta lançou o Cropwise AI, durante o World AgriTech Innovation Summit, em Londres, uma plataforma de inteligência artificial desenvolvida para melhorar a eficiência de consultores agronômicos e produtores. Utilizando aprendizado de máquina e análise de dados, o Cropwise AI oferece insights detalhados que ajudam a otimizar a produtividade, melhorar a sustentabilidade e aumentar a lucratividade das lavouras.

O sistema se baseia no Cropwise Insight Engine, que reúne mais de 20 anos de dados sobre clima, solo, estágios de crescimento e produtividade, aliados ao conhecimento agronômico da Syngenta. Com um modelo de linguagem avançado, o Cropwise AI fornece recomendações personalizadas em linguagem simples, ajudando produtores a tomar decisões sobre insumos, controle de pragas e escolha de produtos. De acordo com a Syngenta, o uso do Cropwise AI pode aumentar a produtividade em até 5%, especialmente com base em suas recomendações de sementes.

Kuhn do Brasil promove demonstrações pelo país com sua linha de adubação

A Kuhn do Brasil está promovendo uma série de demonstrações da sua linha de adubação Accura em diversas regiões do país, como parte da campanha Adubação Perfeita | Distribuição é Kuhn. Produtores do Sul, Centro-Oeste e Norte têm a chance de conhecer de perto os distribuidores de fertilizantes Accura, que se destacam pela qualidade e tecnologia avançada.

Cerca de 75 produtores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina já participaram dos eventos, com previsão de crescimento de 20% na linha Accura. Em Goiás e Mato Grosso do Sul, 45 produtores em cada estado participaram, com expectativas de aumento de 10% e 15%, respectivamente. As demonstrações ainda vão ocorrer no Paraná, Mato Grosso, em Rondônia e na Bahia.

Os distribuidores da linha Accura possuem o Sistema de Ajuste Coaxial (CDA) Rauch, que facilita a regulagem da taxa de aplicação e garante uniformidade de distribuição, com coeficiente de variação dentro dos padrões europeus, ideal para diferentes tipos de adubos e larguras de trabalho.

Massey Ferguson lidera ranking de relacionamento entre concessionárias

A Massey Ferguson conquistou o primeiro lugar no ranking geral de tratores e máquinas agrícolas da 28ª Pesquisa de Relacionamento com as Marcas, conduzida pela Fenabrave desde 2003. A pesquisa avalia a satisfação dos concessionários e sua capacidade de gerar resultados, destacando o comprometimento da fabricante com seus parceiros e clientes.

Rodrigo Junqueira, gerente-geral da AGCO e vice-presidente da Massey Ferguson América do Sul, enfatizou a importância da relação com os concessionários, afirman -

do que a satisfação do cliente é essencial para garantir boas experiências nas concessionárias e no campo. Ele também ressaltou que a rede de concessionárias é fundamental para o sucesso da marca, permitindo uma conexão direta com os produtores e facilitando melhorias constantes nos processos.

Além disso, a Associação Nacional dos Distribuidores Massey Ferguson (Unimassey) foi reconhecida como a melhor associação de marca, reforçando a colaboração entre a fabricante e seus distribuidores.

Case IH revela novos modelos Farmall C 2025

A Case IH revelou na França os novos modelos Farmall C 2025, que trazem inovações no design, desempenho aprimorado e novas tecnologias de agricultura de precisão. Entre as melhorias, está a transmissão ActiveDrive 2 (Hi-Lo), de 24 velocidades, que proporciona mudanças de marcha mais suaves e maior controle.

A bomba hidráulica também foi atualizada para uma capacidade de 82 l/min, permitindo operações mais rápidas e eficientes. Além disso, o recurso ActiveClutch facilita o controle do trator, permitindo manter o veículo freado sem utilizar a embreagem, ideal para o uso com carregadores frontais.

Os modelos, que vão do 90C ao 120C, oferecem uma combinação de controle, eficiência e conforto, com tecnologias

de precisão que antes estavam disponíveis apenas em máquinas maiores. A cabine de seis colunas garante ampla visibilidade, enquanto o escapamento reposicionado ajuda a manter o campo de visão desobstruído. A Case IH também oferece a opção de um sistema de suspensão de cabine, para maior conforto durante a operação.

A iluminação LED foi adicionada para melhorar a visibilidade em ambientes de pouca luz, e o novo tanque de combustível, com capacidade de 130 litros, aumenta a autonomia e melhora a distância do solo. A cabine agora conta com instrumentação digital modernizada e iluminação adaptativa, proporcionando uma experiência mais confortável e eficiente para o operador.

New Holland anuncia nova geração de tratores T5 Dual Command

A New Holland anunciou a nova geração de tratores T5 Dual Command, com cinco modelos que variam de 80 a 117 cv, equipados com motores FPT F36, de 3,6 litros e quatro cilindros. As atualizações incluem um novo design e recursos que, segundo a empresa, visam aumentar a produtividade e o conforto do operador. Os tratores agora oferecem mais opções de pneus traseiros e dois tipos de eixos dianteiros: o eixo padrão, para trabalhos leves, e o novo eixo HD, ideal para operações mais pesadas. A opção do eixo SuperSteer também foi destacada, permitindo um ângulo de esterço de 76°, melhorando a manobrabilidade em espaços reduzidos. Com o eixo dianteiro padrão, a capacidade de direção sob carga aumentou em 20%, enquanto o eixo HD eleva o peso bruto permitido para até 7 mil kg. Os tratores equipados com pneus traseiros de 38 polegadas têm uma altura total inferior a 2,67 metros e um vão livre de 480 mm, reduzindo o risco de danos às plantações e facilitando o acesso a áreas estreitas. A capacidade de levante traseiro foi ampliada em 7%, alcançando 4,7 mil kg, e a nova bomba hidráulica de 82 l/min oferece 30% a mais de fluxo, tornando o uso de implementos e os ciclos de carregamento mais rápidos.

LS Tractor celebra 11 anos de atuação no Brasil

Em outubro de 2024, a LS Tractor comemorou 11 anos desde a inauguração de sua fábrica no Brasil. Com um portfólio de 17 modelos que variam entre 25 cv e 145 cv de potência, a marca consolidou sua presença no país com mais de 70 revendas distribuídas em quase todos os estados brasileiros.

O presidente da LS Mtron no Brasil, Carlos Kim, enfatizou a importância do mercado brasileiro para a empresa. "No Brasil, ao longo dessa jornada, conquistamos segmentos muito importantes no agronegócio com nossos produtos e tecnologias embarcadas, como o café e o setor de citricultura. Hoje, somos reconhecidos pelos produtos diferenciados que trazemos ao mercado, com um nível de satisfação do cliente muito elevado", disse.

Sobre os planos futuros, Kim reforçou o compromisso com a filosofia fundamental do Grupo LS: "Fornecer os melhores produtos e serviços aos clientes, com o melhor trabalho em equipe e uma mentalidade voltada para o cliente, pois o cliente é a razão de nossa existência. Sempre ouviremos a voz do campo. De fato, foi assim que desenvolvemos alguns dos nossos melhores produtos", concluiu.

Aplicativo da Michelin auxilia em ajustes de pressão de pneus

A Michelin lançou o aplicativo Agropressure. Gratuito, o app visa aumentar a produtividade no campo por meio de recomendações de pressão de pneus. Trata especificamente de tratores que utilizam as marcas do Grupo Michelin.

Antes acessível apenas por website, o Agropressure oferece suporte para o equilíbrio operacional de tratores, ajudando a ajustar a pressão ideal dos pneus. A calibragem correta é essencial para o bom desempenho das máquinas agrícolas, já que tratores podem precisar de até quatro ajustes de pressão ao longo do ano.

Conforme a empresa, o uso adequado dessa tecnologia pode resultar em uma economia de combustível de 8,39%,

além de aumentar a eficiência em 17,5%, garantindo melhor tração e menos impacto no solo. O aplicativo utiliza parâmetros como peso da máquina, velocidade e tipos de uso e implementos para calcular a pressão ideal para os pneus.

Daniel Braz, diretor de marketing B2B da Michelin América do Sul, destacou a importância do app. Ele reforça que a solução demonstra o compromisso da Michelin em fornecer mais do que pneus, integrando tecnologias conectadas para aumentar a produtividade. Braz aponta que o ajuste adequado da pressão dos pneus impacta diretamente no aumento de produtividade, na redução da compactação do solo e no controle dos custos operacionais.

Agritechnica 2025 aposta em tecnologias digitais

A Agritechnica 2025, agendada para ocorrer de 9 a 15 de novembro em Hanover, na Alemanha, será marcada pelo tema "Touch smart efficiency". O foco será o uso de sistemas agrícolas inovadores e conectados, que utilizam tecnologias digitais para aumentar a eficiência, sustentabilidade e produtividade no campo. A feira contará com uma série de inovações voltadas para otimização dos processos agrícolas por meio de tecnologia, como drones, IA, sensores e sistemas autônomos.

O tema central do evento reflete a necessidade de a agricultura se adaptar aos desafios futuros. Tecnologias como inteligência artificial, automação e sensores são vistas como chave para garantir uma agricultura mais sustentável, ao mes -

mo tempo em que mantêm altos níveis de produtividade. Essas soluções digitais permitem que os agricultores utilizem dados em tempo real para tomar decisões mais precisas, resultando em otimização de recursos, como água e fertilizantes, além de redução de impacto ambiental.

Sob o slogan "7 dias - 7 temas", o evento buscará organizar suas atividades de acordo com diferentes grupos de visitantes. A meta é criar um ambiente mais direcionado para que os participantes possam explorar os temas e soluções mais relevantes para suas áreas de interesse. Essa nova organização visa promover o intercâmbio de conhecimentos e a criação de redes de contato mais eficazes entre expositores e visitantes.

Toyota apresenta biocombustíveis como alternativa para a descarbonização

A Toyota reforçou seu compromisso com inovação e sustentabilidade durante o G20 em Foz do Iguaçu, destacando a experiência brasileira bem-sucedida com biocombustíveis, combinada com motores a combustão e eletrificação, como uma solução viável para a descarbonização e o combate às mudanças climáticas. No encontro com autoridades e líderes das 20 maiores economias, a Toyota enfatizou a contribuição da indústria automotiva no desenvolvimento de tecnologias limpas e na promoção de uma economia sustentável. A marca destacou o papel dos biocombustíveis, como o etanol, que já é uma solução amplamente utilizada no Brasil e que pode ser aplicada em outros países para a descarbonização. Como parte de sua estratégia para promover uma mobilidade sustentável, a Toyota compartilhou sua experiência com automóveis flex e híbridos flex, que são práticos, sustentáveis e acessíveis. Esses veículos, produzidos pela marca, utilizam etanol, um dos biocombustíveis com a menor pegada de carbono do mundo. Rafael Chang, CEO da Toyota para a América Latina e o Caribe, ressaltou o pioneirismo da empresa no desenvolvimento de tecnologias como os híbridos e híbridos flex.

Sueca Quicke inicia operações no Brasil com foco em mecanização agrícola

A sueca Quicke, parte do grupo alemão Jost World, anunciou oficialmente sua chegada ao mercado brasileiro, assumindo as operações das empresas Siac do Brasil, Paladin do Brasil e Crenlo do Brasil, localizadas em Guaranésia, Minas Gerais. Com uma trajetória de 75 anos, a Quicke é reconhecida mundialmente por desenvolver soluções em carregadores frontais e implementos agrícolas, compatíveis com mais de 4 mil modelos de tratores, consolidando-se como uma referência global no setor.

Na fábrica de Guaranésia, que já possui mais de 25 anos de experiência na fabricação de cabines e conjuntos soldados, a Quicke planeja não apenas produzir seus equipamentos, mas também adaptar suas tecnologias às demandas específicas do mercado brasileiro. O objetivo é contribuir para a eficiência das operações agrícolas no Brasil, aproveitando a expertise local para desenvolver soluções que melhorem o desempenho em campo.

A decisão de ingressar no mercado brasileiro faz parte de uma estratégia global da Quicke, que busca expandir sua presença em mercados agrícolas importantes, especialmente em um país como o Brasil, que se destaca como um dos maiores produtores agrícolas do mundo. Segundo Ricardo Barbosa, gerente de vendas e desenvolvimento de negócios para a América do Sul, a escolha de Guaranésia como sede da fábrica não foi aleatória. Ele destaca que a região possui uma longa tradição na agricultura e na produção de equipamentos para o setor, o que proporciona à Quicke uma base sólida para suas operações locais.

A linha de carregadores frontais V-Loader é um dos principais lançamentos da Quicke no Brasil. Esses equipamentos, fabricados localmente, oferecem tecnologia avançada com sistema de joystick, facilitando a operação e reduzindo a fadiga. Os V-Loaders são compatíveis com diversos tipos de tra-

tores e foram projetados para oferecer alta capacidade e resistência, atendendo às necessidades específicas dos agricultores brasileiros.

Para suportar essa expansão no Brasil, a Quicke investiu em uma robusta rede de distribuição e suporte técnico qualificado. O objetivo é garantir que os agricultores brasileiros tenham acesso a assistência abrangente, desde a instalação até a manutenção dos equipamentos, fortalecendo a confiança no uso das novas tecnologias. Ricardo Barbosa reforça que, com a produção local em Guaranésia e o lançamento da linha V-Loader, a Quicke está posicionada para elevar os padrões de mecanização agrícola no Brasil. Ao integrar sua experiência global com as necessidades do mercado brasileiro, a empresa visa se tornar um parceiro essencial para os agricultores, ajudando-os a melhorar sua eficiência, reduzir custos e aumentar sua competitividade no cenário global.

A Quicke faz parte do grupo Jost World, que é líder na produção de sistemas de segurança para a indústria de veículos comerciais e oferece uma ampla gama de produtos para os setores de transporte, agricultura e construção. Atualmente, o grupo emprega mais de 4,5 mil funcionários ao redor do mundo e está listado na Bolsa de Valores de Frankfurt, refletindo sua importância e presença global.

Biometano em tratores

A grande vantagem dos sistemas de injeção bicombustível é o menor impacto ambiental, causado pela severa redução da emissão de poluentes. Uma das possibilidades é utilizar biometano como fonte alternativa de energia

Atualmente, o grande potencial de geração de biometano pelos agricultores abre um caminho promissor à tecnologia de motores de combustão interna bicombustível ou “dual fuel” com queima combinada de gás junto ao tradicional óleo diesel.

Impulsionado pelas atuais demandas de descarbonização e redução de emissões em tratores agrícolas, cresce a utilização de combustíveis alternativos com ciclo fechado de recirculação de carbono, os chamados combustíveis verdes.

Neste contexto, a produção de biometano diretamente nas propriedades agrícolas, através da fermentação em biodigestores, pode fornecer um combustível renovável e barato para os produtores, reduzindo

a necessidade de combustíveis fósseis, gerando economia de recursos e menor impacto ambiental.

A forte dependência do óleo diesel mineral para movimentar o setor agrícola traz consigo significativos impactos ambientais, visto que a maioria dos motores agrícolas apresenta elevados níveis de emissões. Além disso, outro fator que agrava a poluição ambiental é a ineficiência de combustão, causada pelo envelhecimento das máquinas e dos motores agrícolas.

Biometano: o que é?

O biometano é um combustível limpo e renovável, capaz de promover o desenvolvimento sustentável, visto que é gerado fundamental-

mente a partir de rejeitos da produção agropecuária. Uma das principais vantagens do biometano como combustível para tratores e equipamentos agrícolas é a possibilidade de trabalhar em modo bicombustível ou “dual fuel”. Nestes casos, utiliza-se um sistema de injeção de gás secundário no coletor de admissão dos motores, onde o óleo diesel é utilizado como elemento piloto para a combustão do biometano. Propriedades rurais que possuem rejeitos de produção animal ou mesmo resíduos vegetais, após devidamente processados, apresentam forte vocação para aproveitar essa energia nos motores das máquinas. Qualquer trator ou máquina agrícola pode ser adaptada para a queima dos gases oriundos da biodigestão.

Charles Echer

Processo de adaptação

O processo de adaptação das máquinas para utilizar gases combustíveis normalmente é realizado por meio da instalação de dispositivos de controle eletromecânicos (kits de injeção e eletroválvulas), sistema de armazenamento do gás (cilindro) e gerenciamento eletrônico do motor (central ou módulo).

Em máquinas que saem de fábrica com a tecnologia bicombustível instalada, o controle de injeção e armazenamento é integrado em seu projeto, o que aprimora a qualidade do sistema e otimiza o aproveitamento de espaço. Nas máquinas com adaptações de kits de injeção, é preciso adicionar um cilindro e tubulações para condução do gás, o que pode gerar desconforto e problemas com a segurança do operador.

Menor impacto ambiental

A grande vantagem dos sistemas de injeção bicombustível é o menor impacto ambiental, causado pela severa redução da emissão de poluentes. Há, também, maior eficiência energética de combustão, e fácil reversibilidade, permitindo ao motor funcionar no modo original em casos de falta do biometano. A reversibilidade torna-se muito atrativa, principalmente para produtores que possuem sazonalidade na produção do gás, como nas regiões com pouca disponibilidade de biomassa e inverno rigoroso.

Análise de desempenho

A Universidade Federal de Lavras, através do Cemma (Centro de Ensaios de Máquinas e Mecanização Agrícola), realiza ensaios dinamométricos em tratores agrícolas e

Figura 1 - bancada de ensaios dinamométricos com trator agrícola Agrale BX6110 equipado com sistema de aquisição de dados de consumo de combustíveis e emissão de gases

tem trabalhado em pesquisas para fornecer informações importantes sobre o desempenho dessas máquinas em função da aplicação do biometano em motores tradicionais de ciclo diesel à injeção mecânica.

O objetivo geral de um desses ensaios foi avaliar um trator agrícola equipado com sistema de injeção bicombustível, composto por diesel e GNV (biometano), em ensaios dinamométricos controlados. Para isso, um trator Agrale modelo BX6110, com motor modelo MWM-D229 EC4 Turbo, foi instrumentado.

Metodologia

O trator continha injeção do tipo mecânica direta, refrigerado a água com circulação forçada, quatro cilindros em linha e deslocamento volumétrico de 3.922 cm³, razão volumétrica de compressão em 18:1, com potência nominal indicada pelo fabricante de 105 cv (77,2 kW) a 2.300 rpm (Figura 1).

O óleo diesel comercial utilizado nos ensaios foi obtido na rede de abastecimento automotiva local, e foi avaliada a massa específica em kg/l, à temperatura de 25°C e com o poder calorífico em kJ/kg indica-

do pelo fabricante (distribuidora). Para simular os testes com o biometano, utilizamos um sistema de injeção de GNV convencional de quinta geração, instalado em paralelo ao sistema de injeção diesel, com injeção do GNV diretamente no turbocompressor do trator. O biometano foi obtido na rede de abastecimento automotivo em forma de gás natural veicular (GNV).

Para avaliar o consumo de diesel e de biometano durante os ensaios foram utilizados medidores gravimétricos, através de célula de carga, para a aferição do consumo de óleo e gás em tempo real. O fluxo de óleo diesel foi interrompido na entrada do motor e este passou a ser alimentado diretamente pela proveta fixa na célula de carga, gravando em um banco de dados a variação de massa e volume durante a aplicação de cargas no dinamômetro. A diferença de nível e massa em função do tempo foi convertida em consumo volumétrico de combustível pelo motor em l/h (diesel) e m³/h (biometano).

O dinamômetro utilizado nos ensaios foi o NEB 200, marca Aw Dynamometer, pertencente ao Departamento de Engenharia Agrícola

Aldir Carpes Marques Filho
Analisador de gases
Aquisição de dados
Fluxo de combustível
Dinamômetro

AW Dynamometer, modelo NEB 200 acoplado à TDP do trator durante os ensaios da Ufla. Este equipamento possibilitou a aplicação de carga no motor através da TDP do trator, acoplada ao sistema hidráulico do freio dinamométrico por um eixo cardã. O calor gerado no dinamômetro foi dissipado pela passagem de água de arrefecimento em torre de troca de calor específica.

O motor com diferentes misturas de diesel e biometano (GNV) foi testado nas condições de rotação e carga constantes na Tabela 1. A taxa de injeção da bomba injetora de diesel foi reduzida manualmente para débito mínimo nos ensaios com admissão de mistura ar + biometano. Essas condições de rotação foram escolhidas tendo como base a faixa de operação do motor e os pontos onde o fabricante determina que a máxima potência do motor é expressa.

Para cada um dos pontos de operação apresentados na Tabela 1 variou-se a quantidade de GNV injetada. Para isso, foi tomado como base o tempo de injeção indicado no mapa de rotação (%) versus

a pressão no coletor de admissão dentro da central eletrônica de injeção.

Os tempos de 0, 80, 120, 160 e 200% de variação da injeção (pulsos na válvula de injeção) foram adotados para os testes. Durante os ensaios, estes tempos de injeção foram programados uniformemente em todo o mapa de injeção, para eliminar problemas de interpolação causados por variações de rotação ou pressão no coletor de admissão.

Resultados

Os resultados permitiram detectar o custo de geração da potência com cada mistura de combustível diesel e biometano. Os valores de geração de potência foram obtidos com base na cotação comercial dos combustíveis, disponíveis na rede comercial de postos. Na rotação de trabalho do trator (540 rpm na TDP), os menores custos de geração de potência foram obtidos no sistema bicombustível diesel e GNV, com redução de 2% no custo com combustível (considerando-se

o custo do diesel em R$ 6,50/litro e o GNV R$ 4,55/m³ (Figura 2).

A injeção do biometano (GNV) nos motores diesel via sistema eletrônico pode ser uma alternativa viável em motores diesel com injeção mecânica, embora alguns desafios ainda precisem ser superados, um deles é o local correto de injeção do biometano. Em trabalhos recentes, novos modelos de central de injeção têm sugerido a injeção em uma pré-câmara de admissão, para homogeneizar a mistura com o oxigênio antes da entrada no cilindro, o que facilitaria a combustão e aprimoraria o aproveitamento do combustível. Durante os ensaios, o biometano foi injetado de forma controlada (pulsos), diretamente na entrada do turbocompressor do motor. Isso pode ter favorecido a turbulência e mistura do combustível gasoso com o ar de admissão, porém a limitação da central eletrônica em injetar maiores quantidades de combustível pode ter afetado o desempenho da máquina. Isto em função da desuniformidade da mistura ao longo do tempo, por isso a mistura biometano + diesel não apresentou o melhor desempenho em todas as rotações. O incremento de GNV nos testes realizados apresentou limitações em função da capacidade de injeção do kit eletrônico. Maiores quantidades de GNV injetadas no motor apresentaram tendência de ganho de potência e torque, além de reduzir custos

Tabela 1 - condições operacionais para ensaio do trator Agrale BX6110
Condição
Plena carga
Fotos Aldir Carpes Marques Filho

de geração da potência. No entanto, um problema tornou-se evidente durante o excesso de injeção de biometano e redução na quantidade de oxigênio: a autocombustão ou combustão espontânea da mistura biometano + ar antes da injeção do óleo diesel. Esse problema pode ser contornado facilmente nos motores diesel com injeção eletrônica, porém nas máquinas com injeção mecânica torna-se mais complexo, pela dificuldade em variar a quantidade de diesel dosado pela bomba injetora em cada regime de carga.

Continuidade dos estudos

Novos sistemas de injeção estão sendo testados para aprimorar a qualidade da mistura e a relação estequiométrica da combustão. Para isso, um sensor de oxigênio está sendo testado na saída do escapamento (sensor lambda); assim, o sistema de injeção precisa ser retroalimentado com o sinal da qualidade de queima do combustível, e ajustado em tempo real, em função da rotação de trabalho e regime de carga.

Considerações finais

Nos testes de emissão, em geral, a quantidade de poluentes de-

cai significativamente com o incremento do biometano na mistura e com o incremento de rotação no motor. As maiores quantidades de CO2 emitidas ocorrem no trator alimentado somente com óleo diesel, seguido pela alimentação com diesel e GNV 200%. Isso se deve, fundamentalmente, à presença de hidrocarbonetos não queimados ou degradados durante a combustão. Os resultados permitem afirmar que os níveis de emissão de CO2 decrescem em função da utilização do GNV em conjunto com o diesel no trator (Figura 3).

Em regiões onde a produção do biometano ocorre diretamente nas fazendas, o custo deste combustível pode ser significativamente reduzido, aumentando ainda mais os lucros do produtor. Além disso, a dependência de combustíveis fósseis é reduzida, fortalecendo a cadeia produtiva agrícola e reduzindo os impactos ambientais.

Aldir Carpes Marques Filho, Carlos Eduardo Castilla Alvarez, Rafael de Oliveira Faria, Carlos Eduardo Silva Volpato, Ufla

Em regiões onde a produção do biometano ocorre diretamente nas fazendas, o custo deste combustível pode ser significativamente reduzido, aumentando ainda mais os lucros do produtor

Figura 2 - custo da potência gerada em função de diferentes misturas de biometano e diesel em trator agrícola sob ensaio dinamométrico
Figura 3 - emissão de CO2 em função de diferentes quantidades de biometano (GNV) injetados no motor e regime de rotação do motor

Plantabilidade

Boas práticas de plantio, tecnologias avançadas e correto manejo do solo são passos essenciais para garantir uma colheita abundante e de qualidade

Está chegando o momento do plantio da safra 2024/25 de soja e, para que tudo aconteça de maneira correta, é preciso estar atento a uma série de variáveis que impactarão diretamente na produtividade e, consequentemente, no sucesso da safra. Para isso, estão elencados vários pontos que podem auxiliar o produtor rural no pré-plantio.

Por que ter preocupação com a qualidade da manutenção das plantadeiras?

De forma bem sucinta, a qualidade da manutenção impacta diretamente na produtividade por hectare e na rentabilidade, e os custos dos insumos (semente/fer-

tilizantes/defensivos/grafite/outros) mantêm-se, independentemente se a plantadeira funcionar bem ou mal.

Então, logicamente, faz sentido garantir o melhor ajuste para sua plantadeira. E colocar os insumos corretos, na quantidade e no local recomendados, para que a lavoura tenha uma performance efetiva.

Caso haja falha em algum desses pontos, perde-se o potencial produtivo. Quando são analisados grãos/espigas ou grãos/vagens, e onde estes foram perdidos, torna-se claro que não ocorreu atuação nos pontos cruciais que efetivamente garantem o bom funcionamento do equipa-

mento e, consequentemente, a tão desejada plantabilidade.

Onde é preciso estar atento: população de plantas, singulação (baixa competição), emergência, adubação necessária, dentro da janela .

População

Seguir a recomendação agronômica é um ponto crucial para que se tenha a população compatível com a área, por que, através dela, sabe-se quanto o solo pode nutrir - e o dosador atua regulando a quantidade de sementes recomendada. População menor representa desperdício de recursos investidos; população maior gera competição e dificulta

os tratos culturais; então, a plantadeira deve dosar e depositar a quantidade exata recomendada para se obter a produtividade desejada.

Singulação

A singulação de sementes no plantio é o processo de depositar uma única semente por vez no solo, de forma regular, garantindo uma distribuição uniforme das plantas. Isso otimiza o aproveitamento da área, facilita a mecanização, reduz o desperdício de sementes, melhora a produtividade e promove sustentabilidade. Além disso, facilita o monitoramento e o manejo dos tratos culturais, contribuindo para uma colheita mais eficiente e de melhor qualidade.

Vácuo e velocidade são pontos que mais contribuem para a desuniformidade no plantio: vácuo abaixo do necessário provoca falhas e acima provoca duplas; excesso de velocidade provoca desuniformidade no espaçamento, danos na semente, profundidade inadequada, má cobertura da semente, desgaste prematuro dos

A qualidade da manutenção impacta diretamente na produtividade por hectare e na rentabilidade, e os custos dos insumos mantêm-se, independentemente de a plantadeira funcionar bem ou mal

componentes e falhas mecânicas, interrompendo o plantio.

Para exemplificar o impacto das falhas: 1% de falhas representa perda de 0,56 sc/ha na soja, 1 sc/ha no milho e 140 kg/ ha de pluma de algodão.

Emergência

Uma boa emergência no plan-

tio é crucial para o sucesso da lavoura, assegurando o estabelecimento saudável e uniforme das plantas desde o início. A emergência refere-se ao momento em que as plântulas rompem a superfície do solo após a germinação das sementes. Vários fatores são determinantes para garantir que esse processo ocorra de maneira ideal.

O espaçamento adequado das sementes é essencial, garantindo distribuição uniforme no solo. Isso favorece uma emergência homogênea e um crescimento uniforme das plantas.

A profundidade consistente de plantio é outro ponto crítico. Sementes precisam ser colocadas a uma profundidade adequada e uniforme para proporcionar condições iguais de germinação. Variações na profundidade podem resultar em emergências desuniformes, prejudicando o desenvolvimento da cultura.

A qualidade das sementes é fundamental. Sementes de alta

qualidade, com vigor e taxa de germinação elevados, são essenciais para uma emergência eficaz. Sementes de baixa qualidade podem não germinar adequadamente, resultando em falhas na lavoura.

O tratamento adequado das sementes com fungicidas, inseticidas e outros produtos é crucial para proteger as plântulas nos estágios iniciais, melhorando as chances de emergências saudáveis.

A umidade do solo desempenha papel crucial na germinação. Um solo com quantidade adequada de água favorece

uma emergência rápida e uniforme. Solos muito secos ou encharcados podem dificultar a germinação e o estabelecimento das plântulas.

A temperatura do solo também influencia a emergência. Temperaturas adequadas ao tipo de cultura plantada favorecem uma germinação rápida e consistente.

O preparo adequado do solo, sem compactação excessiva, facilita a emergência das plântulas. A compactação pode criar barreiras físicas que dificultam a emergência das plântulas através da superfície do solo.

Detalhes de problemas com singulação, onde as sementes são depositadas com espaçamentos irregulares, o que também acaba prejudicando a emergência e o desenvolvimento das plantas

Fotos Cleber
Muniz de Brito

Adubação necessária

A adubação no plantio é uma prática essencial para garantir o fornecimento adequado de nutrientes às plantas desde o início de seu desenvolvimento. A aplicação correta de fertilizantes, tanto no momento do plantio quanto ao longo do ciclo da cultura, é crucial para maximizar a produtividade e a qualidade da colheita.

A adubação de base é feita no momento do plantio, com a aplicação de fertilizantes diretamente no sulco onde as sementes serão depositadas. Isso garante que os nutrientes estejam disponíveis para as plântulas assim que elas emergirem. Essa deposição impacta diretamente no momento da emergência, visto que o fertilizante deve ser colocado no sulco na profundidade adequada para que a semente não tenha contato com ele. Para uma boa deposição de fertilizante, precisa-se da regulagem adequada na plantadeira para que ela exerça o seu papel em conformidade com o recomendado.

Dentro da janela

Respeitar a janela de plantio é fundamental para otimizar o rendimento das culturas e garantir uma produção eficiente e sustentável; contribui para alinhar o desenvolvimento da cultura com as condições ambientais mais favoráveis, o que resulta em melhor estabelecimento das plantas, menor incidência de estresses bióticos e abióticos, e, consequentemente, em uma colheita mais produtiva e de melhor qualidade.

Considerações finais

Por fim, nos últimos anos, o avanço da tecnologia agrícola tem proporcionado ferramentas cada vez mais precisas para melhorar a plantabilidade. Plantadeiras equipadas com sistemas de controle de profundidade e espaçamento, além de sensores que monitoram em tempo real as condições do solo, permitem ajustes automáticos duran-

te o plantio, assegurando maior precisão.

Além disso, a agricultura de precisão tem se mostrado uma aliada importante. Com o uso de mapas de plantio e RPAs, é possível monitorar as áreas plantadas e identificar possíveis falhas na distribuição das sementes, possibilitando correções rápidas.

A plantabilidade é um aspecto fundamental para a produtividade agrícola. Investir em boas práticas de plantio, tecnologias avançadas e no correto manejo do solo são passos essenciais para garantir uma colheita abundante e de qualidade. No cenário atual, onde a eficiência e a sustentabilidade são palavras de ordem na agricultura, a atenção à plantabilidade não é apenas uma questão técnica, mas uma estratégia indispensável para o sucesso no campo.

Uma boa emergência no plantio é crucial para o sucesso da lavoura, assegurando o estabelecimento saudável e uniforme das plantas desde o início

Cleber Muniz de Brito, BM Consultoria e Treinamentos
Cleber Muniz de Brito, BM Consultoria e Treinamentos

Vinhaça na fertilização

A utilização da vinhaça na agricultura traz benefícios ambientais significativos, além de contribuir para o aumento da produtividade e da rentabilidade

Aagricultura contemporânea enfrenta uma série de desafios, especialmente diante da crescente demanda por práticas que sejam tanto sustentáveis quanto eficientes. Nesse cenário, a vinhaça, um subproduto gerado durante a produção de etanol a

partir da cana-de-açúcar, se destaca como uma alternativa viável e promissora para a fertilização de cultivos. A aplicação localizada de vinhaça, realizada por meio de equipamentos especializados, não apenas melhora a eficiência no uso deste insumo, mas também contribui significativamente para

a sustentabilidade agrícola, ao reduzir custos operacionais, causar redução no custo de potássio e aumentar a produtividade das culturas.

A vinhaça é um resíduo líquido que resulta do processo de fermentação e destilação do caldo de cana-de-açúcar, utilizado na produção de etanol. Após esses processos, a vinhaça é separada como um subproduto abundante, sendo produzidos em média 13 litros de vinhaça para cada litro de etanol. Embora muitas vezes seja considerada apenas um resíduo, a vinhaça possui uma composição nutricional rica, podendo atuar nas lavouras como um fertilizante eficiente. Ela contém nutrientes essenciais, como potássio, nitrogênio, cálcio, magnésio e enxofre, além de uma variedade de micronutrientes que

são cruciais para o crescimento saudável das plantas.

A aplicação de vinhaça não apenas beneficia o meio ambiente (veja box), mas também resulta em um aumento significativo na produtividade das culturas, pois proporciona um maior desenvolvimento vegetativo devido ao nitrogênio presente na vinhaça estimular o crescimento das plantas, resultando em vegetação mais vigorosa e uma maior área foliar. Também aumenta a produção da biomassa, aumentando a rentabilidade na cadeia agrícola.

Modos de aplicação no campo

Existem duas maneiras principais de aplicação da vinhaça no campo: a de aspersão em área total e a aplicação localizada. A aplicação por aspersão é realizada através de carretéis aplicadores com um canhão aspersor montado em um carrinho que se desloca automaticamente em linha reta ao longo do campo. A vinhaça a ser aplicada pode ser proveniente de um sistema de canais e adutoras ou de um sistema de transporte rodoviário, baseado em tanques montados em semirreboques. Essa forma possibilita a aplicação de maiores taxas, variando em torno de 100 a 120 m3 por hectare.

A segunda forma de aplicação, a aplicação localizada, é a que vem crescendo nos últimos anos e tem se mostrado mais eficiente e econômica, possibilitando um uso mais racional da vinhaça, bem como a aplicação de outros insumos, como defensivos, produtos biológicos e fertilizantes sólidos ou líquidos, de forma simultânea. O aplicador de vinhaça localizada pode ser tanto de arrasto, ou seja,

A aplicação de vinhaça não apenas beneficia o meio ambiente, mas também resulta em um aumento significativo na produtividade das culturas

um implemento, quanto montado em caminhões ou autopropelidos com tanques com capacidades oscilando entre 22 e 35 m3.

Tipos de aplicadores

Os aplicadores de arrasto são ideais para áreas menores e terrenos irregulares, devido a sua simplicidade e a seu custo acessível, enquanto os aplicadores autopropelidos, sendo maiores e mais robustos, são recomendados para grandes áreas de cultivo, oferecendo maior capacidade de carga e autonomia; já os aplicadores montados em caminhões são projetados para longas distâncias e grandes extensões de cultivo, proporcionando uma capacidade de carga ainda maior.

O aplicador de vinhaça localizada representa um avanço significativo na otimização da aplicação desse subproduto da produção de etanol, destacando-se não apenas pela sua eficiência, mas também pelos benefícios ambien-

tais e operacionais que proporciona. Projetado para aplicar a vinhaça diretamente na zona radicular das plantas, este equipamento garante uma absorção mais eficiente dos nutrientes, promovendo um aproveitamento máximo dos insumos agrícolas.

Uma das características marcantes do aplicador é a sua precisão na aplicação localizada. Ao direcionar a vinhaça para as raízes das plantas, ele assegura que os nutrientes sejam entregues exatamente onde são necessários, melhorando significativamente a eficácia da fertilização. Além disso, o controle preciso da dosagem permite ajustar a quantidade de vinhaça aplicada, evitando desperdícios e garantindo que cada planta receba a quantidade ideal de nutrientes.

A uniformidade na distribuição da vinhaça é outro ponto forte deste equipamento. Evitando falhas ou sobreposições, ele garante uma aplicação homogênea que maximiza os benefícios da fertiliza-

Fotos Marcelo Pierossi

O aplicador de vinhaça localizada não apenas representa um avanço tecnológico na agricultura, mas também uma resposta eficaz aos desafios contemporâneos de sustentabilidade e produtividade no campo

ção, contribuindo para o desenvolvimento saudável das culturas. Esta abordagem não só melhora os resultados agrícolas, mas também promove uma gestão mais eficiente dos recursos disponíveis.

Além dos benefícios agronômicos, o aplicador de vinhaça localizada oferece vantagens operacionais significativas. Ao permitir a aplicação conjunta com defensivos e outros fertilizantes, ele reduz o número de operações necessárias, otimizando o tempo e os custos envolvidos na manutenção das lavouras. Sua leve estrutura minimiza a compactação do solo durante o uso, preservando a sua estrutura e favorecendo o desenvolvimento saudável das raízes das plantas.

Em termos de operação, o aplicador é projetado para ser intuitivo e de fácil manejo. Isso não apenas reduz a necessidade de treinamentos complexos para os operadores, mas também permite que eles utilizem o equipa-

mento de forma eficiente desde o primeiro uso. Assim, o aplicador de vinhaça localizada não apenas representa um avanço tecnológico na agricultura, mas também uma resposta eficaz aos desafios contemporâneos de sustentabilidade e produtividade no campo.

Cuidados e benefícios em aplicações conjuntas

A tendência de aplicar diversos insumos juntamente com a vinhaça durante o processo de fertirrigação é cada vez mais evidente nas lavouras de cana-de-açúcar. Essa prática permite a integração de diferentes nutrientes e produtos, otimizando a eficiência da adubação e reduzindo os custos operacionais e a compactação dos solos. Adubos líquidos e sólidos podem ser misturados à vinhaça, garantindo uma nutrição equilibrada para as plantas. Além disso, a aplicação conjunta de inseticidas e produtos biológicos, como fungos e bactérias bené -

ficas, contribui para o controle de pragas e doenças, promovendo a saúde do canavial. Essa abordagem integrada, conhecida como fertirrigação, permite um manejo mais eficiente dos recursos, minimizando o número de operações e maximizando os benefícios para o solo e as plantas. À medida que as tecnologias avançam, é provável que essa tendência se fortaleça, levando a uma agricultura mais sustentável e produtiva.

Porém, aos realizarmos a aplicação de vinhaça em combinação com outros insumos, é fundamental adotar uma série de cuidados para garantir a eficácia e a segurança do processo. Primeiramente, é essencial monitorar a dosagem da vinhaça e dos insumos adicionados, evitando excessos que possam levar à sobressaturação do solo com potássio e outros nutrientes, o que pode prejudicar a saúde das plantas e a qualidade do solo. Além disso, a análise do solo deve ser feita periodicamente para ajustar as quantidades de nutrientes aplicadas, garantindo que as necessidades específicas das culturas sejam atendidas.

Outro cuidado importante é a compatibilidade entre a vinhaça e os outros insumos, como fertilizantes e defensivos agrícolas, para evitar reações químicas indesejadas que possam reduzir a eficácia dos produtos ou causar fitotoxicidade. A aplicação localizada, preferencialmente na linha da cana, deve ser feita com equipamentos adequados que permitam um controle preciso da vazão e da distribuição, minimizando o risco de erosão e perdas por lixiviação.

Fotos Marcelo Pierossi

Ao aplicar produtos biológicos, como fungos e bactérias benéficas, juntamente com a vinhaça, é fundamental ter cuidados especiais com a temperatura, para garantir a eficácia e a sobrevivência desses microrganismos. A vinhaça, quando aplicada in natura, pode apresentar temperaturas elevadas, além das altas temperaturas enfrentadas no campo durante a aplicação. Essa temperatura pode ser prejudicial para muitos microrganismos, podendo causar a inativação ou mesmo a morte das células. Portanto, é importante que se mantenha a temperatura dos produtos biológicos adequada dentro de suas especificações. Com esses cuidados, é possível tirar proveito das vantagens da aplicação conjunta da vinhaça e dos produtos biológicos, como o controle de pragas e doenças e a promoção da saúde do solo, contribuindo para uma agricultura mais sustentável e produtiva.

Conclusão

Investir em um aplicador de vinhaça localizada pode ser altamente rentável para os agricultores, uma vez que a aplicação precisa desse subproduto resulta em maior produtividade das culturas, aumentando a rentabilidade do agricultor, ao mesmo tempo em que a otimização da aplicação reduz o consumo de fertilizantes químicos, combustíveis e mão de obra, diminuindo os custos de produção; além disso, a adoção de práticas agrícolas sustentáveis, como a utilização da vinhaça como fertilizante, valoriza a propriedade rural.

O aplicador de vinhaça localizada se consolida como uma ferramenta essencial para a agricul-

Benefícios ambientais da aplicação de vinhaça

Autilização da vinhaça na agricultura traz uma série de benefícios ambientais significativos. Podemos citar como principais os seguintes:

● Redução do uso de fertilizantes químicos: a aplicação de vinhaça diminui a dependência de insumos industrializados, o que, por sua vez, reduz os impactos ambientais associados à produção e transporte desses fertilizantes.

● Reutilização de resíduos: ao

tura moderna, promovendo práticas mais sustentáveis e eficientes. A aplicação precisa da vinhaça, aliada à otimização dos recursos e à redução dos impactos ambientais, torna esse equipamento um investimento estratégico para agricultores que buscam aumentar a produtividade e a rentabilidade de seus cultivos. A adoção de tecnologias inovadoras, como esse

aplicar a vinhaça como fertilizante, os agricultores evitam o descarte inadequado desse resíduo, minimizando os riscos de contaminação do solo e dos recursos hídricos.

● Melhoria das propriedades do solo: a matéria orgânica contida na vinhaça melhora a estrutura do solo, aumentando sua capacidade de retenção de água e a disponibilidade de nutrientes, o que é vital para o desenvolvimento das plantas.

aplicador, não apenas impulsiona a agricultura brasileira rumo a um futuro mais sustentável, mas também fortalece a competitividade do setor agrícola em um mercado que valoriza práticas responsáveis e sustentáveis. M

Marcelo Pierossi, Lidera Consultoria e Projetos

É essencial monitorar a dosagem da vinhaça e dos insumos adicionados, evitando excessos que possam levar à sobressaturação do terreno com potássio e outros nutrientes, o que pode prejudicar a saúde das plantas e a qualidade do solo

LS H125

Com motor de quatro cilindros e transmissão Power Shuttle com 24 marchas à frente e 24 à ré, o H125 da LS Tractor é um trator produzido no Brasil, com características ideias para trabalhos em atividades como a cultura do arroz irrigado

ORio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país, com grande área no sistema irrigado por inundação. Esta importante cultura utiliza, somente no RS, uma área de mais de 900 mil hectares, com um enorme parque de máquinas, utilizando intensivamente os tratores agrícolas. Neste contexto fomos até a região de Dom Pedrito, RS, para

testar o trator LS H125.

Antes de ir ao campo fomos visitar a concessionária LS Tractor para a região e conhecer as particularidades de uma revenda LS e os procedimentos de atendimento aos clientes, com vasta informação apresentada pelo gerente de marketing de produtos da LS Tractor, Astor Kilpp.

Este modelo de trator foi desenvolvido para o mercado e a

agricultura brasileira e tem garantia da fábrica por dois anos e possibilidade de aquisição pelo produtor através de financiamento pelo Finame Moderfrota ou mesmo pelo Consócio LS Tractor.

Lançada durante o Agrishow de 2019, a série H da LS Tractor é a dos tratores mais potentes da marca. São dois modelos, o H125, que testamos, e o H145, o maior da oferta da LS Tractor no Brasil. Os dois são montados integralmente na fábrica de Garuva (SC), porém a transmissão e o sistema hidráulico são tecnologia coreana. O capô é escamoteável, facilitando o acesso aos componentes do motor, que necessitem manutenção periódica e corretiva.

Grupo

Marcha

Frente (Lo)

Frente (Hi)

Ré (Hi)

Motor e transmissão

O modelo H125 da LS Tractor está equipado com o conhecido motor Perkins, modelo 1104D-44TA de quatro cilindros, 4.400 cm³, com quatro válvulas por cilindro, alimentação de ar por turbocompressor com aftercooler, sistema de injeção eletrônica de com-

bustível, que produz 131 cv de potência máxima a 2.200 rpm e um torque máximo de 516 Nm a 1.400 rpm, expressos pela Norma ISO TR 14.396.

Este motor foi bastante desenvolvido nos últimos anos e cumpre a normativa de redução de emissões de elementos poluentes Proconve MAR1, e por equivalência Tier3. A embreagem tem acionamento hidráulico e utiliza um disco de material cerametálico com 350 mm de diâmetro. A

transmissão de torque e potência é da marca LS podendo ser a Synchro Shuttle, sincronizada com 12 marchas à frente e à ré, com inversor mecânico, na versão standard e a opcional, Power Shuttle com inversor eletro hidráulico, que proporciona igual número de marchas à frente e à ré. São 24 marchas escalonadas em três grupos de quatro marchas cada um, variando velocidades de 1,75 a 35,85 km/h. O nosso trator de teste utiliza este opcional e foi

Charles Echer

O H125 vem com motor Perkins, modelo 1104D-44TA de quatro cilindros, 4.400 cm3, quatro válvulas por cilindro, alimentação de ar por turbocompressor com aftercooler, sistema de injeção eletrônica de combustível, que produz 131 cv

muito bem avaliado pelo operador.

Além da transmissão Power Shuttle, o modelo H125 está equipado com um super-redutor (Creeper), direcionado a atender aquela demanda de baixíssimas velocidades. São mais 16 marchas iniciando em 0,22 km/h e chegando a 1,74 km/h. Estas operações lentas são muito importantes na cultura de arroz irrigado, como por exemplo na abertura de drenos profundos, que é uma operação realizada a baixas velocidades e com grande exigência de potência e torque.

Sistema hidráulico

O sistema hidráulico acionado por uma bomba de engrenagens tem vazão total de 112 litros por minuto e pressão de 185 bar, tem configuração de três pontos da categoria II, que proporciona uma capacidade levante de 4,7 mil kgf na rótula, com opção de aumentar para 6,6 mil kgf. O controle remoto de implementos acionados por cilindros hidráulicos é do tipo in-

dependente e na versão standard oferece três válvulas, quatro como opcional, uma vazão 80 litros por minuto, com opção de aumento para 120 litros por minuto e pressão de 18,5 Mpa.

Outras características

A Tomada de Potência (TDP) é do tipo independente, com duas velocidades padrão, a tradicional de 540 rpm e a mais recente, adequada para um trator com a potência do H125, de 1.000 rpm. O eixo dianteiro é motriz (TDA) com acionamento eletro-hidráulico. O eixo traseiro utiliza uma redução final do tipo epicíclica, com acionamento eletro-hidráulico do bloqueio do diferencial, por um interruptor localizado no painel de instrumentos.

Embora o nosso trator de teste estivesse com rodados dianteiros 14.9x28R2 e traseiros 23.1x30R2, há uma ampla oferta de rodados à escolha do cliente, sendo quatro casais, de configuração de agarradeira R1 e dois de R2, voltados principalmente aos sistemas irrigados em que se necessita uma garra mais alta e um perfil mais largo. Medimos o avanço cinemático com este casal de pneus e verificou-se que é bastante adequado ao tipo de aplicação e distribuição

Fotos Charles Echer

de peso com a lastragem que havia sido colocada. No momento do teste, o trator estava com 16 pesos dianteiros de 40 kg mais 110 do suporte, na parte frontal do trator, e três discos presos a cada uma das rodas traseiras.

Cabina

Como ocorreu na primeira vez que testamos um trator da série H da LS Tractor, a avaliação da cabina foi bastante boa, principalmente pela facilidade de acesso e grande área envidraçada. O acesso preferencial se dá pelo lado esquerdo do trator, com uma escada de três degraus, com pega-mãos que facilitam a subida. No entanto, o projeto contempla uma escada também no lado direito, com abertura normal de porta, porém de mais difícil acesso pela presença do console lateral.

A coluna de direção regulável abriga um pequeno painel digital, que traz informações sobre o funcionamento do motor. À esquerda da coluna temos a pequena alavanca do reversor hidráulico, que pode ser acionada com apenas um

Capacidades, pesos e dimensões do H125

Tanque de combustível (Litros)

Sistema de arrefecimento (Litros)

Cárter do motor (com filtro) (Litros)

Transmissão / hidráulico (Litros)

Peso em ordem de marcha (kg)

Peso máximo admissível (kg)

Comprimento total (mm)

Largura total sem pneus (mm)

Distância entre eixos (mm)

Altura máxima (mm)

Bitolas dianteiras (mín-máx) (mm)

Bitolas traseiras (mín-máx) (mm)

Vão livre (mm)

dedo e com três posições, neutro, à frente e à ré.

No fechamento superior da cabina há um teto solar que se abre e pode ser encoberto por uma cortina de fechamento e proteção contra o sol. Também para diminuir a incidência do sol, o fabricante projetou uma proteção do tipo parassol no parabrisas, regulável em altura. O ar-condicionado, bastante efetivo nos protegeu do enorme calor que fazia no dia do teste.

O assento principal é de amortecimento mecânico, porém como opcional o cliente pode solicitar um de alta gama, pneumático. No lado esquerdo do operador há um pequeno assento de acompanhante, que pode ser rebatido contra

250 (300 opcional) 5.620

20 8,75 ~ 10,4

105 (Synchro Shutlle) - 114 (Power Shuttle) 8.800 5.271

a parede da cabina, para facilitar a entrada e saída do operador. Um console no lado esquerdo do assento principal abriga os comandos por alavanca e interruptores. No console há o controle do sistema hidráulico VCR, a alavanca de controle do acelerador e de levantamento e abaixamento do sistema hidráulico de três pontos. Um pouco à frente deste console está posicionada a alavanca de troca de velocidades.

Tecnologia

Vale a pena destacar três tecnologias neste modelo da LS Tractor. A primeira é o sistema Cruise Control, um sistema que proporciona ao usuário o controle da

A TDP é do tipo independente, com duas velocidades padrão, a tradicional de 540 rpm e a mais recente, adequada para um trator com H125, de 1.000 rpm. O acesso à cabine é feito pelo lado esquerdo do trator, mas o modelo possui também porta e escada de acesso

velocidade de trabalho do trator. Com esta tecnologia acionada é possível otimizar a eficiência do trator, ajustando o torque do motor e mantendo a rotação e a velocidade operacional. Como resultado final, uma economia de combustível superior a 15%, quando comparado em trabalho sem a utilização do sistema.

A segunda tecnologia importante se refere à telemetria e ao piloto automático, opcionais importantes e desenvolvidos para este modelo. A telemetria utilizada pela LS é do fabricante argentino Colven, que desenvolveu o sistema Gestya. Com este sistema é possível ter acesso a informações, como posicionamento do veículo,

Uma das etapas do teste foi o trabalho na produção de taipas que servirão para reter a água no momento da inundação da lavoura

velocidade instantânea, horas de trator ligado, horas produtivas, rotação em rpm da TDP e possíveis problemas no motor. Finalmente, ainda temos que destacar o sistema Vigia, que é uma proteção eletrônica, pois além de informar a temperatura do motor, pressão de óleo e tensão da bateria ainda emite alertas e

O sistema Cruise Control otimiza a eficiência do trator, ajustando o torque do motor e mantendo a rotação e a velocidade operacional

com a potência do acesso no lado direito

desliga automaticamente o motor, quando ocorrer perda de pressão de óleo e temperatura excessiva.

Teste

Há diversos sistemas de produção de arroz irrigado, entre os quais o convencional, que consis-

te em manter uma lâmina d’água por meio de estruturas ou barreiras de terra cortando a pendente do terreno. Estas barreiras podem ser chamadas de taipas ou marachas, de acordo com a região.

O nosso teste consistiu no acompanhamento de duas operações

muito importantes no processo de produção de arroz irrigado, a construção destas taipas e a posterior semeadura.

Na forma de curvas de nível, estas estruturas contêm a água, formando um reservatório entre elas. São distanciadas uma das outras em função da declividade do terreno, de forma que quanto mais declivoso, mais próximas estarão as taipas; e mais distantes, quanto mais plano for o terreno.

A confecção destas estruturas é feita por um implemento denominado entaipadora ou taipadora, que consiste de uma seção de dez discos em forma de grade, atuando como um terraceador. Conectado ao sistema hidráulico de três pontos do trator, corta o solo e o reúne no centro destas duas seções discos. Na parte traseira do implemento, um rolo metálico em forma de carretel compacta o solo, dando forma definitiva a esta estrutura.

A família Böck usa uma técnica onde um trator traciona uma entaipadora que faz a primeira montagem e, em seguida, outra máquina tracionada por um segundo trator faz a remontagem e dá o

Fotos Charles Echer

toque final, consolidando a estrutura. Dos dois tratores H125 utilizados no teste, um era da frota da fazenda e o outro era de demonstração do fabricante. As duas entaipadoras que utilizamos eram da marca Boelter.

A operação realiza uma linha de taipa a cada vez, no entanto, toda a vez que encontra uma taipa no sentido perpendicular há que parar o trator, levantar a entaipadora e retomar novamente. Assim torna-se uma operação complexa, pois o operador deve parar a máquina, levantar o implemento, cruzar a taipa perpendicular e depois de passá-la deve dar ré e abaixar novamente o implemento para retomar a confecção. Isto demanda várias habilidades do operador e principalmente características positivas do trator. O LS H125 mostrou sua qualidade, na rapidez com que proporciona todos estes comandos, como a marcha à ré com o inversor hidráulico, a rápida reação do sistema hidráulico ao levantar o equipamento e a força do motor para reagir ao arranque na retomada. Não esquecendo que além da força gasta para levantar o solo e reuni-lo no centro da taipa exis-

Casa do Produtor

ACasa do Produtor é uma loja de produtos agropecuários, com dez anos de existência e há nove concessionária LS Tractor. Começou como uma revenda de peças e insumos agrícolas e oficina de manutenção, voltada a pequenos consertos de máquinas agrícolas multimarcas. Atualmente,

além da LS Tractor é representante de outras marcas de implementos. A concessionária conta com peças de reposição para a marca LS e uma oficina própria, de acordo com os padrões exigidos pela LS Tractor. Embora a oficina realize o serviço de manutenção geral, os trabalhos mais pesados de refor-

te ainda para acabamento da estrutura o carretel metálico cheio de água.

Esta operação é feita com o uso do acelerador de pé, pois é impossível fazê-la com o acelerador de mão e a rotação fixada, utilizando a segunda marcha do grupo intermediário, a aproximadamente 6 km/h, em média.

Ao final da operação resta uma estrutura de terra com altura média de 30 cm, uma largura do camalhão de 1,2 metro, mas a mobilização total de solo chega a dois

ma de máquinas e implementos, tais como, tratores, colhedoras, pulverizadores e semeadoras, a maioria dos atendimentos é de manutenção periódica, feito diretamente na propriedade agrícola, evitando o deslocamento da máquina. O dia a dia da concessionária é gerenciado pelo gerente geral da Casa do Produtor, Daniel Torres de Oliveira, que trabalha há muitos anos no negócio de máquinas, chegando a diretor de vendas em uma concessionária de uma grande marca, na cidade de Dom Pedrito. Agora com um ano dirigindo a Casa do Produtor, tem atingindo metas bastante promissoras, aproveitando o seu conhecimento da região e experiência. Ele descreve a LS Tractor como uma marca bastante atenta aos concessionários e muito acessível, acolhendo sempre sugestões de melhoria dos produtos, ou seja, ouvindo o consumidor final. Também mencionou o crescimento da marca que se aproveita da qualidade do produto, que vai

O modelo H125 é o principal produto da LS na região, principalmente porque atende várias necessidades dos arrozeiros

A Casa do Produtor , em Dom Pedrito, além de revenda de máquinas, comercializa diversos produtos para mecânica e agricultura

sendo conhecido e comparado com as marcas tradicionais da região.

O modelo H125 é o principal produto da LS na região, principalmente porque atende várias necessidades dos arrozeiros. O cliente, que principalmente é produtor de arroz, em vários casos cultiva a soja como uma oportunidade de negócio, mas faz a rotação de culturas para aproveitar o efeito residual dos insumos aplicados. Na região, depois de várias fases e uso de diferentes tecnologias, atual -

mente o produtor de arroz faz a suavização do terreno e não mais a regularização total, buscando quadros de irrigação quase planos.

Por todo o processo de produção utilizado, os tratores demandados pela cultura do arroz irrigado são da faixa de 150 cv para cima, para as operações de preparação do solo, porém para determinadas operações, como o entaipamento, a semeadura e outras, um trator com potência ao redor de 130 cv, como o H125 é muito utilizado.

A cabina é amplamente envidraçada, possui duas portas de acesso, console lateral com todos os comandos do trator e teto panorâmico, que proporciona uma visão ampliada

metros, incluindo os leiveiros, que é terreno movimentado para ofertar solo para a estrutura. A proximidade das taipas é variável com a declividade, mas com a pendente que estávamos trabalhando variava entre três e quatro metros uma da outra.

Após a realização das taipas, ainda no seco, se faz a semeadura do arroz. Como o solo fica bastante ondulado pela proximidade das taipas, há que se cruzar preferencialmente no sentido perpendicular, tornando-se uma atividade bastante exigente do conjunto formado pelo trator e pela semeadora marca Kuhn, modelo Oriza 32, que, no caso deste produtor, utiliza apenas semente nesta operação, fazendo a fertilização em separado.

Durante o teste de campo fomos analisando cada característica do H125. Ele apresenta a bateria instalada à frente de três radiadores, um para o arrefecimento do motor, um para o intercooler e o terceiro para o condicionador de ar da cabina. No entanto o

filtro de ar, que é um equipamento de frequente manutenção, foi colocado em cima do motor, com acesso difícil.

O tubo de escape é bem protegido e alto, o que retira as emissões para fora da entrada da cabina. Na parte frontal foi montado um semichassi, que permite a colocação de uma lâmina frontal.

Conversando com o operador Rudinei, ele nos contou que está há poucos meses na empresa, porém tem grande experiência no trabalho de operador de máquinas, com diferentes sistemas de produção e marcas e modelos de tratores. Para ele, os pontos positivos do H125 são principalmente o motor com bastante torque, porém bastante silencioso, fácil de operar. A facilidade de operação do câmbio Power Shuttle, que facilita muito a operação também foi elogiada, assim como a cabina que ele considera excelente o espaço interno, em relação à experiência com os tratores que trabalhava anteriormente. Mas para

ele o grande diferencial é a autonomia, já que estão fazendo um abastecimento a cada dois dias de trabalho. Também, com respeito à manutenção foi mencionada a chapa separadora de pó, colocada no conjunto de radiadores, que facilita a limpeza dos mesmos. Na nossa avaliação poderia melhorar o acabamento interno da cabina, principalmente o assento do acompanhante.

Mas os pontos positivos a destacar foram muitos, principalmente o motor que se mostrou muito forte para o trabalho com o acelerador de pé, a facilidade de operação com o câmbio em carga, que não necessita da embreagem para a troca de marcha e sentido, o sistema Vigia que dá uma segurança para trabalho em condições duras de exigência e temperatura, como no caso do nosso teste, a excelente área de visão no posto do operador, com o tubo de escapamento escondendo-se atrás da coluna, a iluminação em LED, com projetor, o conforto da cabina que ab-

sorve bem as vibrações com os quatro coxins.

Local do teste

Para realizarmos o teste de campo nos deslocamos até a Fazenda da família Böck, a Agropecuária Böck, na localidade de Passo Fundo, município de Dom Pedrito, no Rio Grande do Sul a aproximadamente 30 km do centro da cidade. Lá fomos recebidos por toda a família, senhor Adriano, senhora Jupira e os filhos Guilherme e Leonardo.

Nos contaram que os pais do senhor Adriano se estabeleceram em Dom Pedrito, vindos da região central do estado em 1972, cresceram economicamente a partir do agro, atuando na agricultura e pecuária.

Atualmente gerenciam uma área de aproximadamente 9 mil hectares. Destes, 1,1 mil de arroz e o restante com soja e pecuária, mantidos com o trabalho da família e colaboradores. A propriedade utiliza mais de 30 tratores e tem duas sedes dentro da área.

Os tratores da frota têm marcas e período de uso diferentes, mas o mais recente é o LS H125

que está atualmente com 700 horas de uso. Foi adquirido na safra passada e há intenção de adquirir mais um pelo menos, pois ele se encaixou perfeitamente dentro da expectativa de realizar algumas operações intermediárias.

Para a família, o LS H125 é o trator ideal para operações complementares na produção de arroz irrigado, principalmente pelo motor forte, transmissão eficiente, de fácil operação e principalmente o in-

versor, que facilita bastante as operações de grande movimentação. Mas os fatores que mais estão impressionando, realmente, são a economia de combustível e a inexistência de necessidade de manutenção corretiva.

José Fernando Schlosser, João Pedro Gallina, Angelo Rizzatti, Laboratório de Agrotecnologia da UFSM

O test drive foi realizado na fazenda da família Böck, com o apoio da revenda LS Casa do Produtor, em Dom Pedrito, Rio Grande do Sul
Fotos Charles Echer

IA no agro

A inteligência artificial chegou na lavoura, possibilitando a personalização de práticas agrícolas e manejos específicos, planejados a partir de informações geradas pela tecnologia

Ainteligência artificial (IA) já é uma realidade em nosso cotidiano, fazendo parte do nosso dia a dia, muitas vezes sem nos darmos conta. Já parou para pensar que, após realizar uma busca na internet, de um produto qualquer, ofertas de produtos similares começam a aparecer em suas redes sociais? Pois é, tem uma “inteligência” analisando suas preferências, classificando seus gostos e sugerindo so-

luções com base naquilo que, aparentemente, faz seu estilo. No campo não é diferente, a IA está revolucionando a agricultura moderna, a partir do desenvolvimento e da utilização de ferramentas e técnicas voltadas ao aumento da eficiência nos processos que envolvem a produção agrícola. O uso de algoritmos avançados proporciona aos agricultores um poder de análise nunca antes visto, pois permite que inúmeras variáveis sejam

consideradas na busca pela solução de determinados problemas, tudo isso em tempo real. A partir desta análise, a tomada de decisão torna-se mais assertiva, promovendo uma agricultura mais sustentável e com melhor gestão dos recursos disponíveis, ou seja, uma agricultura mais eficiente.

O uso de sensores e drones, por exemplo, permite o monitoramento contínuo das lavouras, contribuindo na identificação de problemas antes de que estes se tornem críticos ao desenvolvimento das plantas. Ações antecipadas de controle de pragas e doenças, fertilização dos cultivos ou mesmo a implantação de uma cultura no campo favorecem com que as plantas atinjam seu máximo potencial produtivo. Considerando que a possibilidade de prever um problema com antecedência propicia que sua resolução seja mais eficaz e com menor dispêndio de recursos, a com-

petitividade do setor agrícola tende a aumentar. Um agro mais competitivo ganha mercado e, com isso, proporciona um maior desenvolvimento social e econômico no meio rural.

Vantagens

Uma das principais vantagens da inteligência artificial na agricultura é o aumento da produtividade. Sistemas de IA podem prever a produtividade das culturas com base em dados históricos e condições climáticas, possibilitando um planejamento mais eficaz. Além disso, a automação de tarefas, como plantio e colheita, reduz a necessidade de mão de obra qualificada, que pode ser escassa em algumas regiões. Isso não só melhora a eficiência, mas também permite que os agricultores se concentrem em atividades estratégicas, em especial, aquelas destinadas à comercialização de produtos (compra e venda).

A personalização de práticas agrícolas também é uma grande vantagem. Com a análise de dados, os agricultores podem adotar formas de manejo específicas para diferentes áreas de suas propriedades, levando em consideração o tipo de solo, a topografia do terreno e as condições climáticas locais. Isso resulta em uma aplicação mais precisa de fertilizantes e agroquímicos, minimizando o impacto ambiental. Além disso, as técnicas preditivas ajudam a antecipar doenças e pragas, oferecendo soluções antes que haja uma infestação generalizada.

Desvantagens

Entretanto, a adoção de IA na agricultura não é isenta de desvantagens. Um desafio significativo é o custo inicial de implementação dessas tecnologias, o que pode ser um obstáculo para pequenos agriculto-

inteligente e

https://doi.org/10.1016/j.compag.2022.107119

Fonte: https://www.opencadd.com.br/blog/machine-learning-setor-agricola

res. Além disso, a dependência de sistemas tecnológicos pode criar vulnerabilidades, como em casos de falhas técnicas ou ataques cibernéticos. A privacidade dos dados também é uma preocupação, pois a coleta de informações pessoais e de práticas agrícolas pode ser explorada de maneira inadequada.

Outra desvantagem potencial é o risco de desemprego em áreas agrícolas. Com a automação de várias tarefas, muitos trabalhadores podem perder seus empregos, especialmente em operações que tradicionalmente dependem de trabalho manual. Isso pode levar a um aumento das desigualdades sociais em áreas ru-

Figura 1 - uma visão geral dos principais componentes na agricultura
de precisão
Figura 2 - sistema de previsão de produtividade e identificação de pragas
Fonte - adaptado de Shaikh; Rasool; Lone (2022). Disponível em:

Fonte: https://www.edenlibrary.ai/how-management-zones-are-revolutionizing-precision-agriculture/

rais, onde a economia está intimamente ligada ao emprego agrícola. A transição para uma agricultura mais automatizada exige, portanto, um plano para

a requalificação e o suporte aos trabalhadores afetados.

Equilíbrio

Por fim, o futuro da inteligên-

cia artificial na agricultura traz tanto promessas quanto desafios. Embora ofereça soluções inovadoras para aumentar a produtividade e sustentabilidade, a implementação deve ser cuidadosamente gerida. A educação e o suporte aos agricultores na adoção dessas tecnologias são fundamentais para maximizar os benefícios. Assim, é essencial que haja um equilíbrio entre a inovação tecnológica e o bem-estar das comunidades agrícolas, assegurando que todos possam se beneficiar dessa transformação. M

Eduardo Leonel Bottega, UFSM

Figura 3 - zonas de manejo
Eduardo explica os beneficios do uso da IA nas lavouras

Nanotecnologia na agricultura

Num caminho sem volta, na busca por uma agricultura mais competitiva e sustentável, a tecnologia ajuda produtores a alcançar maior produtividade, com economia de insumos e, consequentemente, redução de custos com a utilização dos defensivos agrícolas

Aagricultura está em constante evolução, com tecnologias emergentes sendo adotadas para aumentar a produtividade e a sustentabilidade. Entre essas inovações, a nanotecnologia se destaca

por seu potencial na solução de problemas a partir de tecnologias avançadas. Nesse sentido, desde dezembro de 2023 teve início o novo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, focado em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT-Nano-

Agro), com a perspectiva de desenvolver soluções para vários problemas da agricultura brasileira.

O que é nanotecnologia?

A nanotecnologia é uma área da ciência que manipula materiais em uma escala nanométrica (1 nm é 1 bilionésimo do metro). De forma prática, um fio de cabelo, por exemplo, que é um material bem fino, costuma ter a espessura de 100 mil nanômetros, ou seja, a nanotecnologia trabalha com partículas extremamente pequenas. A manipulação de moléculas pode alterar as propriedades físicas, químicas e biológicas dos materiais, criando funcionalidades e melhorando a eficácia de processos já existentes em escala macroscópica. Em outras palavras e em es-

pecial pensando na agricultura, com a nanotecnologia é possível melhorar a eficácia de ingredientes ativos agrícolas, gerar sensores para realizar o monitoramento de insetos-pragas e doenças, entre outras aplicações. Isso significa, também, a possibilidade de desenvolver novos tipos de fertilizantes, estimulantes, pesticidas e embalagens que podem transformar a forma como cultivamos e gerenciamos nossas lavouras.

Importância

A utilização da nanotecnologia abre um leque de possibilidades de geração de novos produtos voltados para uso na agricultura. Esses métodos podem trazer maior eficácia, pois o uso das nanopartículas é capaz de melhorar a forma de dispersar ingredientes ativos no campo, podendo, inclusive, em alguns casos, resultar em um aumento da eficácia associada a diminuição de doses.

A partir da nanotecnologia na agricultura, é possível gerar inúmeras inovações que irão servir como ferramentas para que os produtores conquistem uma maior produtividade, possibilitando uma economia de insumos, por uma menor repetição de aplicações, e, consequentemente, redução de custos com a utilização dos defensivos agrícolas na lavoura. Além disso, há uma menor exposição dos trabalhadores agrícolas aos defensivos, reduzindo possíveis danos à saúde humana e ao meio ambiente, ou seja, proporcionado uma agricultura mais sustentável. Somado a isso, os residuais de defensivos em alimentos potencialmente podem ser menores, tornando os produtos mais competitivos para diferentes mercados. No entanto, cabe destacar que, como qualquer nova tecnologia, existe a necessidade de estudos de impacto antes que essas inovações sejam introduzidas no mercado e,

A partir da nanotecnologia na agricultura, é possível gerar inúmeras inovações que irão servir como ferramentas para que os produtores conquistem uma maior produtividade

para isso, são importantes os estudos de segurança a serem apresentados durante as etapas do processo de registro de novos produtos.

Resultados aplicados

Embora o INCT-NanoAgro tenha sido criado recentemente, algumas pesquisas já haviam sido realizadas pelos pesquisadores que compõem esse novo instituto. Dentre as pesquisas já realizadas, cabe destacar a busca por novas ferramentas, visando potencializar o controle do percevejo-marrom (Euschistus heros) e da lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens) na cultura da soja. Nesse trabalho foram desenvolvidas novas formulações de dois piretroides bastante utilizados na agricultura, os quais foram nanoformulados e adicionados sinergistas na sua formulação, fato esse que resultou num incremento de controle de mais de 60% em alguns tratamentos. Esses resultados são o alvo de uma patente gerada pela parceria entre os grupos dos professores Adriano Arrué Melo (Mita-UFSM) e

Oderlei Bernardi (G-PRI), da Universidade Federal de Santa Maria, com o professor Leonardo Fernandes Fraceto, do Laboratório de Nanotecnologia Ambiental da Unesp/Sorocaba, a qual possui alto potencial de se tornar um produto comercial.

Outro exemplo de trabalho já desenvolvido por pesquisadores do INCT-NanoAgro é a nanoencapsulação do herbicida atrazina com o uso de nanopartículas poliméricas. A nanoencapsulação permite que esse herbicida seja absorvido de uma maneira mais eficiente, seja em aplicações em pré ou pós-emergência. Estudos de avaliação dessa atrazina nanoencapsulada demonstram que é possível reduzir a dose recomendada de campo entre dez e 80 vezes e, mesmo assim, ter o controle de diferentes plantas daninhas. Essa tecnologia tem sido desenvolvida no grupo de Leonardo Fraceto em colaboração com o grupo de Halley Caixeta de Oliveira (UEL) e os resultados mostram que essa melhora no controle de plantas daninhas promove uma gestão mais sustentável dos recursos, em associação com a diminuição dos

impactos ambientais associados ao uso de herbicidas.

INCT-NanoAgro

O INCT-NanoAgro conta com o financiamento do MCTI-CNPq, da Fapesp e da Capes, além do apoio de empresas e startups, para custear insumos, equipamentos e bolsas de estudo. O instituto trabalha em oito eixos temáticos, incluindo design de nanomateriais e nanosensores, avaliação de eficácia agronômica, toxicidade, análise de riscos e aspectos regulatórios. Essas pesquisas visam desenvolver tecnologias que possam ser aplicadas em campo, beneficiando diretamente a produção agrícola. Além disso, o INCT é comprometido com a comunicação dos seus avanços e dos riscos associados à nanotecnologia para a sociedade, fortalecendo a interação entre a academia, o setor

Biorender - https://inctnanoagro.com.br/

produtivo e a comunidade em geral. Somado aos avanços na pesquisa científica, o INCT-NanoAgro também tem por missão a formação e a qualificação de recursos humanos em temas multidisciplinares na fronteira do conhecimento. O instituto conta com estudantes bolsistas em diferentes níveis, desde a iniciação científica até o pós-doutorado, promovendo a capacitação de pesquisadores e profissionais na área de nanotecnologia aplicada à agricultura. A Unesp/Sorocaba, como sede do instituto, se consolidará como uma referência nacional e internacional em nanotecnologia para a agricultura sustentável, contribuindo para o avanço do conhecimento, a criação de patentes, o desenvolvimento de startups e a disseminação de tecnologias inovadoras no setor agrícola. Outro aspecto relevante do INCT-

-NanoAgro é sua missão de repassar o conhecimento para a sociedade através da transferência de tecnologias para empresas, startups, dessa forma promovendo a cultura da inovação e do empreendedorismo e, nesse sentido, levar as pesquisas ao mercado. Sendo assim, o INCT-NanoAgro visa à promoção da interação entre academia e indústria como forma de mover as tecnologias desenvolvidas, para que essas sejam escalonadas e utilizadas em larga escala, beneficiando diretamente os agricultores e o setor produtivo. Além disso, o instituto se dedicará à análise de riscos e à conformidade regulatória, assegurando que os novos produtos e soluções sejam seguros para o meio ambiente e para a sociedade. Esse enfoque permitirá que a nanotecnologia seja incorporada de forma responsável e eficaz na agricultura, contribuindo para um futuro mais sustentável e produtivo.

Um outro pilar do INCT-NanoAgro é o de transferir o conhecimento para a sociedade através da comunicação de suas pesquisas e atividades com a comunidade e, dessa forma, contribuir para a formação de cidadãos mais esclarecidos e para que os agricultores tenham clareza sobre a importância dos estudos desenvolvidos em benefício do meio social. Dessa forma, esse novo instituto busca trazer novas soluções que possam auxiliar cada vez mais para o crescimento sustentável da agricultura brasileira.

M

Adriano Arrué Melo, UFSM; Leonardo Fernandes Fraceto, Unesp; Marcos Lenz, Manoel Peres Zinelli, Matheus Mota Lanzarin, Luana de Lima Lopes, Luana Maria Lima Alberti, UFSM

Linhas de ações da INTC - NanoAgro

Análise digital

Análise de solo digitalizada gera economia e maior produtividade ao produtor rural

Além de água, oxigênio e luz, as plantas precisam de nutrientes disponíveis e de uma faixa de pH adequada no solo para se desenvolverem em sua melhor forma. Assim, a sanidade do solo é uma condição básica para um cultivo produtivo, com rentabilidade para o agricultor e obtenção de um produto de qualidade para o consumidor final.

Ao mesmo tempo, as condições do solo podem variar de região para região, até dentro de uma mesma área de cultivo, também chamada de talhão. Estas áreas podem ter di-

versas zonas com diferentes características, que devem ser tratadas individualmente, de acordo com suas necessidades, para que se atingir o máximo potencial produtivo. Para identificar as necessidades de cada região da área de cultivo, o produtor rural deve realizar a análise de solo. Esse é o principal instrumento para o diagnóstico da fertilidade e da acidez do solo, que permite a recomendação das quantidades de fertilizantes e corretivos necessárias para obter o melhor rendimento de cada cultura.

Uma análise completa da fertilidade do solo deve incluir atribu-

tos físicos, como a textura, e químicos, como nível de pH e teor de matéria orgânica, além da avaliação da disponibilidade de nutrientes, como nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S), e de micronutrientes, como ferro, manganês, zinco, cobre, boro e molibdênio. Já a estratégia de adubação deve levar em consideração o sistema praticado (rotação de cultivos) para alcançar a melhor eficiência econômica, agronômica e ambiental.

É recomendado que a análise de solo seja realizada periodicamente, com intervalos que variam entre um

A aplicação de fertilizantes corretivos de solo em taxa variável é um dos benefícios proporcionados pela agricultura digital

e quatro anos, dependendo da intensidade do uso e do manejo do solo. Esse processo, tradicionalmente, é trabalhoso e demorado, uma vez que cada região uniforme de solo necessita de cerca de 20 amostras para análise.

Porém, com a revolução da agricultura digital, hoje já é possível realizar uma análise de solo otimizada,

com a utilização de interpolação de dados históricos, imagens de satélite e um número bastante reduzido de amostras de solo.

Mais praticidade e menos custos

Essa nova abordagem reduz, consideravelmente, o número de amostras de solo necessárias para

determinar a melhor recomendação de fertilizantes e corretivos para cada área de cultivo, gerando economia de tempo e recursos. O produtor rural pode ter também mais produtividade, com o melhor condicionamento do solo, e aumentar a sustentabilidade em suas operações, evitando a aplicação desnecessária de insumos.

Algumas soluções para análise digitalizada do solo já têm resultados mensuráveis. Um exemplo é a solução Gestão Nutricional do Talhão, do xarvio® Digital Farming Solutions, marca global de agricultura digital da Basf. De acordo com dados da solução e estudos realizados com os agricultores, a economia nos custos com coleta e análise de solo pode chegar a 77%. Já o aumento na produtividade com o uso da tecnologia chega a 4,37% no cultivo de milho e 3,92% no cultivo de soja.

Isso ocorre por que, na análise de solo tradicional, antes de realizar a coleta das amostras, é necessária a realização de um plano de amostragem. Esse plano consiste em separar a propriedade em glebas de solo uniformes de acordo com determinadas características, como: posição no relevo (várzea, coxilha, encosta de morro, baixada ou terreno plano); cor (vermelha, amarela, clara, cinza ou preta); textura (argilosa ou arenosa); vegetação anterior (mato, capoeira, potreiro ou terra cultivada); e manejo (calagem e adubação anteriores).

Já com a análise digitalizada, todo esse processo é bastante simplificado por uma tecnologia desenvolvida por meio da interpolação de imagens de satélite, coletadas continuamente desde 2016. Essas imagens são utilizadas para a geração de um mapa do potencial produtivo de cada região do talhão, com as zonas de maior e menor potencial, por meio da análise

Amazone

do histórico do índice de biomassa de cada área.

Na prática, isso significa que o produtor rural tem a chance de utilizar imagens que são captadas gratuitamente, a cada cinco dias, pelos diversos satélites que orbitam o planeta, e utilizar esses dados para monitorar o rendimento de cada ponto de seus talhões e saber seu potencial de produção.

Após a geração do mapa de potencial produtivo do talhão, é possível determinar quais fatores criaram cada zona de produtividadese foram atributos físicos, químicos ou biológicos - por meio da coleta e análise de apenas uma amostra de solo por zona produtiva.

Desse modo, em vez de coletar periodicamente as 20 amostras por região uniforme necessárias para a análise no método tradicional, que muitas vezes podem totalizar mais de 100, com a digitalização o produtor rural pode realizar a coleta e análise de cinco ou seis amostras. Assim, pode conhecer as condições de todas as zonas do seu talhão e receber a melhor recomendação de fertilizantes e corretivos em taxa variável, de acordo com as necessidades de cada área.

Taxa variável: economia e sustentabilidade

A aplicação de fertilizantes e corretivos de solo em taxa variável é mais um benefício proporcionado pela agricultura digital. No método tradicional, de taxa fixa, após a análise do solo é determinada a quantidade de fertilizantes e corretivos por hectare, que posteriormente será aplicada.

No entanto, como dito anteriormente, cada talhão pode ter variações de condições de solo com poucos metros de distância, o que torna a aplicação em taxa fixa bas-

tante dispendiosa, e até potencialmente perigosa.

Isso porque uma quantidade excessiva de nutrientes no solo pode acabar contaminando cursos d’água e lençóis freáticos, podendo causar prejuízos ambientais, multas e até a interrupção das atividades.

Já a fertilização e correção do solo em taxa variável permite que cada área de plantio receba exatamente o que precisa para ter seu solo corrigido e condicionado, nas quantidades necessárias em cada região específica, sem desperdícios ou excessos.

Trata-se de uma estratégia importante para otimizar o uso de insumos, reduzir custos, proteger o meio ambiente e aumentar a produtividade na lavoura.

Agricultura digital

A digitalização elevou a agricultura de precisão a um outro nível. Já é possível utilizar uma série de dados históricos para desenvolver novas soluções digitais, que facilitam a vida e resolvem as dores do produtor rural; novas variedades de sementes mais produtivas e resistentes; novas moléculas mais eficazes; além da biotecnologia, que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado.

Essas tecnologias estão sendo utilizadas para aumentar a produtividade e a sustentabilidade no campo, mostrando soluções para o desafio de alimentar o mundo com cada vez mais respeito ao meio ambiente.

Esse é um caminho sem volta, e o agricultor que quiser otimizar a produtividade e a sustentabilidade de suas operações precisa estar sempre atento às novas tecnologias, adotando aquelas que fazem mais sentido para seu contexto de produção.

Solução digital mapeia o potencial produtivo de cada região do talhão
Ricardo fala das vantagens de se fazer uma análise digitalizada do solo
Ricardo Arruda, Xarvio Digital Farming Solutions

Drones calibrados

Embora os drones pulverizadores tenham inúmeras vantagens em determinados tipos de aplicação, é necessário planejar cuidadosamente alguns fatores para garantir que a promessa de uma solução não se torne uma grande dor de cabeça

Apulverização de defensivos agrícolas ao longo da safra é essencial para as culturas atingirem o seu máximo potencial produtivo. Para realizar a aplicação desses produtos da maneira mais eficiente é necessário ter conhecimento de todos os fatores e variáveis que envolvem a pulverização, de modo a definir a estratégia de controle mais adequada àquela circunstância, independentemente da modalidade de aplicação utilizada, seja aérea ou terrestre.

Dentro da aplicação aérea, o uso de drones na agricultura é cada vez mais frequente. Dentre as diferentes funcionalidades que os drones desempenham, como imageamento e monitoramento, a aplicação de defensivos agrícolas vem tendo grande destaque. No Brasil, há um número exponencial de drones de pulverização de diferentes portes. No início, os drones ofertados no Brasil tinham capacidade de tanque de 8 l a 10 l, porém, hoje já é possível encontrar drones com capacida-

de de até 40 l, e outros modelos com capacidade ainda maiores já sendo lançados ou em fase de testes, podendo chegar a quase 300 l. O uso de drones nas lavouras tem alguns pontos considerados positivos, bem difundidos em ações de marketing pelas empresas fabricantes desses equipamentos. Por exemplo, possibilidade de realizar aplicações localizadas, evitando o amassamento, com doses ajustadas às ne-

cessidades da cultura e com redução de custos operacionais. Porém, alguns desse fatores precisam ser amplamente estudados para garantir uma aplicação de qualidade.

Determinar o volume de calda de uma determinada aplicação e certificar-se de que está aplicando de fato aquele volume preestabelecido estão entre os principais fatores para garantir o sucesso de uma aplicação. Seja na aplicação terrestre ou aplicação aérea, o processo de calibração visa garantir que esse procedimento ocorra da maneira desejada.

O processo de calibração é diferente para cada modalidade de aplicação. O conhecimento de parâmetros como altura de voo, velocidade de voo, taxa de aplicação e largura da faixa aplicada, é essencial para manter a qualidade de aplicação, pois são fatores determinantes para garantir o processo de calibração do drone, que é diferente dos pulverizadores convencionais.

Diferentemente de outras formas de aplicação, o sistema dos drones de pulverização é controlado a partir de um algoritmo, não estando relacionado com a pressão exercida para fracionar o líquido em gotas. Então, alguns drones, principalmente os drones de gerações anteriores, não possuem um sensor de fluxo para medir a vazão da solução (litros por minuto). Modelos mais recentes já incorporaram fluxômetros em seus sistemas de pulverização, os quais podem estar acoplados antes ou depois da bomba hidráulica. Por conta disso, a calibração e a aferição são passos importantes para entender se a quantidade de produto que está sendo pulverizada é realmente a que de fato foi preestabelecida.

Outra forma prática para aferir se o drone está bem calibrado é fa-

Dentre as diferentes funcionalidades que os drones desempenham, como imageamento e monitoramento, a aplicação de defensivos agrícolas vem tendo grande destaque

zer uma aplicação em uma área conhecida (por exemplo, 1 hectare) e medir a quantidade de líquido que foi gasto no momento de reabastecer a calda no drone. Esse processo ajuda no acompanhamento constante da taxa de aplicação que realmente foi aplicada. Entretanto, é preciso atenção, pois os erros eventualmente encontrados também podem estar relacionados com a precisão do sistema de posicionamento do drone (função da acurácia do GPS).

Nesse sentido, uma pesquisa foi realizada pelas equipes de pesquisadores da Faculdade de Ciências Agronômicas, da Universidade Estadual paulista, Botucatu (SP), (FCA-Unesp) e da AgroEfetiva, considerando nove cenários de calibração (Tabela 1), para determinar a acurácia da taxa de aplicação. Todas as aplicações foram realizadas com cinco repetições por tratamento.

Nesse experimento, depois de cada pulverização, a precisão do processo de calibração foi avaliada medindo a quantidade de líquido utilizado para pulverizar cada área da parcela, pesando a calda para reabastecer o tanque após terminar a operação de pulverização.

Após a coleta dos dados de con-

sumo de calda em cada parcela, os dados foram separados para cada cenário de calibração descrito na Tabela 1. O erro de calibração para cada parcela foi calculado comparando a quantidade de líquido consumido em cada aplicação com a quantidade esperada de consumo de líquido (Tabela 1), que foi obtido a partir do valor da taxa de aplicação e da área pulverizada em cada parcela.

Os valores dos erros encontrados estão descritos na Tabela 2. Analisando todos os cenários, os erros absolutos médios variaram entre 1,9% e 15,5%, com valores superiores a 10% em dois dos nove cenários e valores inferiores a 5% em apenas três dos nove cenários. Nesse contexto, o valor limite de ±5% de erro, que já é utilizado para o processo de calibração de pulverizadores terrestres, também poderia ser considerado na calibração de drones.

Alguns fatores são determinantes para o maior ou o menor erro do volume de calda no resultado final da aplicação, como a quantidade de água utilizada, a precisão e exatidão do GPS, a maneira de realização da calibração prévia e o perfeito estado dos dispositivos

geradores de gotas (pontas de pulverização ou atomizadores).

De acordo com os resultados, ao utilizar volumes de calda menores, há uma maior tendência de erros de calibração, o que também pôde ser observado no estudo em questão (Tabela 2). Nos cenários nos quais o volume de calda utilizado foi de 20 l/ha, em geral, notou-se uma redução no erro percentual na aplicação em comparação aos cenários com 10 l/ha. Na verdade, essa ideia é indicada por questões relacionadas com a assertividade do algoritmo do próprio drone que determina o fluxo do líquido em função da rotação da bomba hidráulica. Outro ponto que precisa ser levado em consideração é a precisão dos processos de medição do

2 - erro de calibração (%) em cada cenário de pulverização com diferentes drones. (Fonte: FCA-Unesp, AgroEfetiva)

líquido quando o operador está realizando os procedimentos iniciais de calibração do sistema (rotinas descritas no manual do operador).

Além dos erros relacionados ao volume de calda, erros de posicionamento por conta de falta de precisão do GPS (ausência de RTK, por exemplo) podem ter um impacto decisivo na quantidade de área aplicada a cada voo. Considerando que o cálculo feito pelo algoritmo interno do drone para as áreas de parcelas menores será mais afetado pela precisão do posicionamento.

Porém o procedimento de calibração não é o mesmo para cada modelo ou fabricante e por isso é muito importante que o usuário busque informações antes de usar o drone pela primeira vez. Alguns

O processo de calibração é diferente para cada modalidade de aplicação

drones, por exemplo, fazem a calibração com base na vazão da ponta de pulverização informada no controle. Dessa forma, é sempre importante aferir a vazão das pontas para evitar erros.

Sabendo que o drone é uma ferramenta de pulverização que já é uma realidade no Brasil e que ainda tem um grande potencial de crescimento, devido a sua versatilidade, qualidade de aplicação e constante evolução, é preciso reforçar a importância de compreender o funcionamento dos drones de pulverização pelo usuário. Etapas como a capacitação dos operadores para a correta calibração e para o entendimento de como utilizar essa ferramenta ajustada para os parâmetros de qualidade de tecnologia de aplicação são fundamentais para não reduzir a performance nem o potencial que esse equipamento pode entregar nas pulverizações.

Márcio L. Moura Santos, Rodolfo G. Chechetto, Fernando K. Carvalho, Alisson A. B. Mota, Vitor V. Romani, AgroEfetiva; Ulisses R. Antuniassi, Unesp/FCA

Tabela 1 - descrição dos cenários de pulverização de acordo
Tabela

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.