Cultivar 15

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destaques

índice

Ao lado do produtor Saiba como funciona o trabalho silencioso que lhe permite produzir mais CAPA - Foto Gravena

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Novas oportunidades

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Nesta edição, o Atualidades traz a visão dos novos paradigmas do setor sementeiro

Sem desperdício Sistema auxilia o produtor a utilizar racionalmente fungicidas na lavoura

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Fungos do bem

○ ○ ○

Escolha certa A indústria de algodão tem as suas preferências. Agora, o produtor pode melhor atendê-las

Ano II - Nº 15 - Abril / 2000 ISSN - 1516-358X Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (12 edições): R$ 48,00 Números atrasados: R$ 6,00 REDAÇÃO : (53) 227.7939 ASSINATURAS/GERAL: 272.2128 MARKETING: 272.2257 / 225.1499 FAX: 222.1716

Editor geral: Newton Peter - RPJ/RS 3513 newton.peter@cultivar.inf.br Secretário de redação: Schubert Peter - NUJ 26693 Reportagens Especiais: João Pedro Lobo da Costa Design gráfico e Diagramação: Fabiane Rittmann Marketing: Fabiane Al-Alam Circulação: Edson Luiz Krauze Assinaturas: Patrícia Germano Editoração Eletrônica: Index Produções Gráficas Fotolitos e Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

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Anúncios

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Alguns tipos de fungos podem ser muito úteis no controle de pragas

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Diretas Cartas Biotecnologia e café Café brasileiro ganha espaço O perigo das micotoxinas Solução no Receituário Agronômico Desvendando a natureza Resíduos de pesticidas Lançada a BMS Percevejos resistem a inseticidas Notícias da Aenda Congresso de Milho e Sorgo Fertilizantes nitrogenados Mercado Agrícola Atualidades da Abrasem Melhoramento em feijão Prevenção de doenças Rotação de culturas Girassol, uma alternativa Congresso de Entomologia Fungos benéficos Variedades de algodão Última Página

Milenia FMC Gehaka Agrosystem Dow Vigna Agripec Monsanto Novartis Bayer IBC Gravena Bayer Aenda FMC Cultivar HF

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Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Investimento em Goiás

Curso

No próximo mês (de 15 a 17) a Gravena Manejo de Pragas promove o seu já consagrado curso de capacitação de inspetores de pragas. O último foi sucesso absoluto, com direito a fila de espera. Recomenda-se o investimento para inspetores de pragas, citricultores, agrônomos, técnicos agrícolas e demais interessados no assunto. As vagas são limitadas e o material didático é gratuito. Mais informações com Gislaine ou Zelinda, através do telefone (16) 3232121 ou e-mail: gravena@asbyte.com.br

Peter

Casa nova

A Bayer tem novo diretor de marketing. É o experiente Peter Ahlgrim, que vai imprimir sua marca pessoal nos negócios brasileiros da gigante alemã. Peter, que já foi presidente da Zeneca do Brasil, estava nos últimos meses em grande atividade prestando consultoria no setor de sementes. É um reforço considerável. Geradores

Recomendação

Vão de vento em popa as vendas do último livro do professor Francisco A. M. Mariconi. Trata-se de Insetos e outros invasores de residências , obra por ele organizada e que aborda, entre outros, baratas, cupins, piolhos, formigas, escorpiões e aranhas. Em linguagem simples, o livro traz informações sobre os animais, os problemas por eles causados e a forma mais eficiente de manejo. É, sem dúvida, mais um grande trabalho do professor Mariconi e uma obra indispensável em qualquer boa biblioteca. Pedidos podem ser encaminhados à FEALQ, telefone (19) 422-9197 ou Fax 422-1944.

A Coleman Powermate, líder no mercado norte-americano no segmento de geradores e ferramentas pneumáticas, está lançando no Brasil a sua nova linha de geradores. São equipamentos com potência que varia de 5000w a 12000w, idealizados para atender às necessidades de diversos setores, entre eles indústrias e sítios. Todos os geradores Colemman Powermante são movidos a gasolina,possuem baixo nível de ruído e são garantidos por dois anos pela fábrica. Maiores informações, telefone (11) 7295-0101, email: cleman@snet.com.br

Lançamento O gerente de algodão e milho da DuPont, Newton Roda, está coordenando o lançamento de mais dois produtos. Estão chegando logo por aí o Rumo e o Avaunt, que entram para brigar forte no setor.

A Aventis promete investimentos da ordem de US$ 2 milhões em Goiás, dos US$ 4,4 milhões destinados à região Centro-Oeste. O objetivo é incrementar projetos de pesquisa e desenvolvimento de produtos nos segmentos de defensivos agrícolas, melhoramento genético de sementes e biotecnologia. No Brasil, os investimentos somarão o valor de US$ 16 mihões, significando um salto de 33% em relação aos gastos do ano passado. De sua parte, o gerente da unidade de Goiânia, Jurandir Paccini Neto, anuncia algumas estratégias de investimentos e de lançamento de produtos em Goiás. Destaca a nova versão do Ethel - um regulador de crescimento vegetativo das plantas. A Aventis Crop-Science prepara o lançamento do herbicida Star Rice, destinado a lavouras de arroz e do inseticida Standak para tratamento de sementes de soja. E vem aí, igualmente, o Klap. Trata-se de um formicida líquido para pulverização.

Orius A Milenia também programando diversos lançamentos de agroquímicos. Já está no mercado o Orius 250 CE, fungicida do grupo dos triazóis recomendado para diversas culturas (anúncio na capa interna dessa edição)

Grandes projetos Eleusio Curvelo Freire, novo chefe da Embrapa Algodão, está com a corda toda. Novos projetos vêm por aí para implementar ainda mais o excelente trabalho desenvolvido pela Unidade.

Eleusio enfatiza que a cada tecnologia gerada pela Embrapa teve um custo para a sociedade, porém os retornos sociais e econômicos superam em 40% os dispêndios efetuados nesta empresa .

A antiga Revista dos Engenheiros Agrônomos mudou totalmente: agora se chama Revista dos Agrônomos e tornou-se independente. Dirigida por José Carlos Torres, está promovendo eventos, o próximo deles no dia 18, é o Primeiro Encontro Brasileiro dos Agronegócios, no Hotel Maksoud Plaza. Informações pelo telefax (11) 3337.3316 ou email: bremen@uol.com.br

Mário

José Luis

Tecnologia

Diversos agrônomos e produtores estiveram presentes no Rice Show, realizado em março em Pelotas (RS). E nem só de gaúchos estava composto o público presente. Mário Maffini saiu de Dourados (MS) e José Luis Casarin de Rio Brilhante (MS). Tudo para conferir as novidades disponíveis para a cultura do arroz irrigado. Esse novo interesse por parte do produtor anima as empresas a aumentar seus investimentos.

Agricultura Tropical

Eleusio

Cara nova

Lançado recentemente, o livro de João Luiz Gilioli, Agricultura Tropical, é um dos sucessos de 2000. De forma simples e clara, o autor fornece soluções para grande parte dos problemas enfrentados pelos agricultores, principalmente na cultura da soja. O valor da obra é de R$ 19,00. Encomendas e maiores informações, telefone (61) 5041128 ou e-mail: fza.tz@neutrural.com.br

Erramos

Na edição passada, publicamos trocado o nome científico da Lagarta do Girassol, que na verdade é Chlosyne lacinia. Também a legenda da primeira foto do artigo sobre controle biológico deve ser revista. O nome correto da lagarta é Cotesia glomeratus e o crédito da foto deve ser dado a Gravena. Dois produtos da Zeneca foram mal citados no texto: o Amistar, que já está registrado no MA, e o fungicida Priori.

Para ganhar

O diretor de Desenvolvimento de Produtos da Bayer, Paulo Calegaro, está satisfeito com as gestões para o lançamento, nas próximas semanas, do inseticida Calipso, um grande sucesso na Europa, que vem para abocanhar fatia de mercado.

Atualização

Outro que anda envolvido em grandes empreendimentos é José Amauri Dimarzio, que informa o novo endereço da Dimarzio Consultoria e Empreendimentos. Andrade Neves 2412 Cj. 94. Campinas (SP). Telefone (19) 2422265. Novidades nos próximos meses...

BASF chega na biotecnologia

A Basf, que recentemente comprou a Cyanamid, decidiu entrar para valer no ramo de pesquisa em biotecnologia. Vai investir 700 milhões de euros nos próximos dez anos. A companhia considera o mercado muito promissor nos próximos anos e, segundo Eggert Voscherau, executivo da empresa, queremos nos tornar um dos maiores competidores no mercado de biotecnologia . O foco das pesquisas deverá se concentrar em produtos de segunda e terceira gerações. Faz parte também da estratégia da Basf a aquisição de empresas produtoras de sementes.

Força total

Agricultura Ecológica

A metade sul do Rio Grande do Sul, área com sérios problemas econômicos, está tentando encontrar alternativas que substituam seus antigos pontos de apoio, o arroz, carnes e conservas. Quem comanda, a sério, a busca de novas fontes de renda, é a reitora da Universidade Federal de Pelotas, Inguelore Scheuneman de Souza, sem dúvida a pessoa mais ativa na região. A reitora integrou e colocou a UFPel à frente de qualquer projeto que atinja a região.

A Livraria e Editora Agropecuária acaba de lançar o livro Agricultura Ecológica coordenado pelo engenheiro agrônomo Edmilson José Ambrosano. A obra faz parte do II Simpósio de Agricultura Ecológica, no qual destacam-se temas como a trofobiose, a conversão para a agricultura orgânica, a produção integrada, os controles alternativos de pragas, doenças e insetos, a qualidade da água, os aspectos econômicos, sociais e de saúde do setor. Interessados podem adquirir o livro diretamente com a editora, telefone (51) 4803030, e-mail: edipec@pulg-in.com.br

Zeon A Zeneca ultimando os detalhes para as vendas do Zeon, inseticida já conhecido no mercado, antes vendido com a marca Karate.

Inguelore

Atraso

A Aventis (exAgrEvo) teve problemas com experimento de arroz transgênico no ano passado, no RS. Este ano tomou todas as precauções legais e ambientais, repetindo o teste. Mas a perseguição vai continuar na justiça.

Mudanças

Mudanças na área de marketing da Novartis. Marcelo Souza, antes responsável pela área de cereais de inverno, assumiu o setor de hortifrutigranjeiros e feijão. Assuntos de trigo agora são com Tércio Tosta e soja e milho passam a ser terreno de José Carlos Bassili.

Sucesso

O último lançamento da empresa Irmãos Thönnings, a multiplantadeira Top Seed, tornou-se um grande sucesso em vendas. A Top Seed planta grãos grossos e finos, tendo até 23 linhas para os finos. Maiores informações, telefone (54) 330-2300, email: Max@annex.com.br

Algodão irrigado

A meta é atingir 500 hectares , disse o gerente administrativo do grupo Maeda, Paulo Roberto Machado. Ele referia-se aos teste com uma nova tecnologia de irrigação de algodão em Itumbiara, Sul de Goiás. O custo é de R$ 800 por hectare. O grupo dobrou a área plantada na região de Dourados (MT), para 14 mil hectares. Mas reduziu de 15 mil para 14 mil hectares a área de algodão em Goiás.

Achamos que a Cultivar é uma publicação muito bem feita, em ótimo papel e com fotos excelentes. É de enorme auxílio para quem se dedica à parte agrícola. Trabalhamos a vida toda com pragas da lavoura; pena que essa revista só tenha nascido após a nossa aposentadoria. Francisco A. M. Mariconi ESALQ - USP

Nos últimos meses venho acompanhando a revista Cultivar e me informando sobre assuntos agrícolas de importância. Quero parabenizá-los pelo esforço e dedicação na busca de um veículo de comunicação de qualidade. Nós, da Dow AgroSciences, também acreditamos no Brasil e continua-

mos aplicando em investimentos estratégicos.

Jose Manuel Arana Presidente, Sementes Dow AgroSciences

A Cultivar é um veiculo que se tornou imprescindível para todos os que atuam no agronegócio. E seus anúncios produzem bons resultados. Adriana Taguchi Depto. Marketing Hokko do Brasil

Cumprimento todo time de redação da Cultivar pela maneira audaciosa e profissional como vocês encararam o árduo trabalho de criar um veículo de comunicação amplo dentro deste complexo meio rural. Este veículo é uma necessidade de toda a cadeia agropecuária. Parabéns!! Edwar Seishi Sugahara Gerente de Projetos de Qualidade-Six Sigma. DuPont do Brasil S/A

A Cultivar tem sempre novidades técnicas e dá o recado de forma leve, para ser entendido.

Fernando Gallina Gerente de Marketing, Zeneca

Tomei conhecimento da revista Cultivar e minha impressão foi muito boa. Parabéns pelo trabalho. Carlos Colombo IAC

Levo a Cultivar para a sala de aula, onde é de grande utilidade, uma vez que curso o 4º ano de Agronomia na Universidade Estadual de Maringá. Já vinha fazendo propaganda da revista, pela seriedade e abrangência, e agora mais ainda pela simpatia. Elaine Mari Shiozaki Maringá


Café

sanidade após cruzamento e as avaliações do potencial agronômico dos novos genótipos gerados se estende por vários anos após.

Biotecnologia

Ajuda ao CAFÉ A

busca por novos materiais genéticos de café que respondam às necessidades locais do produtor é uma constante dos programas de melhoramento genético. Reunir os melhores genes numa variedade de forma que as características superiores controladas por estes genes possam ser herdadas pelas gerações seguintes é o grande desafio do melhorista.

Primeiramente, é preciso lembrar que isso é feito mediante cruzamentos e que quando duas plantas são cruzadas, a constituição genética da geração seguinte será formada por metade dos genes do pai e metade dos genes da mãe. Se considerarmos que uma planta como o cafeeiro deva ter por volta de 30 mil genes e que estamos interessados em transferir apenas alguns genes

de uma planta para outra, isso será bastante complicado pois outros 15 mil genes também serão transferidos e naturalmente muitos deles indesejáveis. Também devemos lembrar que o tempo necessário para obtenção de novos materiais pode ser muito longo em plantas perenes. No caso do cafeeiro, são necessários cerca de quatro anos para obtenção de uma planta adulta IAC

A biotecnologia auxilia na identificação de genes. Através dela pode-se constatar diferenças entre linhagens de uma mesma cultivar

IAC

Genótipos por hibridação No caso da criação de novos genótipos através de hibridações e seleção, o problema do melhorista consiste em encontrar a característica genética necessária no material de que ele dispõe. Uma das vias que se abre é a de procurar na natureza, o laboratório natural onde opera a evolução, os genes e/ou combinações gênicas do seu interesse. Duas questões se colocam: 1) A da avaliação dos recursos genéticos. Busca-se conhecer numa primeira etapa, como se encontra repartida a diversiLuciana, Guerreiro, Mirian e Colombo explicam dade genética no seio da espécie ou do o uso da biotecnologia no melhoramento do café material disponível para se trabalhar; 2) A de uma boa gestão dos recursos genéticos, ou seja, o manejo visando o ticas genéticas superiores que o agricul- bilidade genética de cafeeiros cultivamelhor aproveitamento da variabilida- tor desejasse. dos, principalmente C. arabica, têm rede presente nos recursos genéticos disvelado pouca variação. Não somente poníveis. Base por questões históricas, como já saliEmbora resultados importantes tegenética entado, mas também por ação do prónham sido gerados pelas pesquisas deNo caso dos cafeeiros, a base gené- prio melhorista, que acaba favorecensenvolvidas no IAC em relação à cria- tica formada pelos materiais genéticos do o aumento de genótipos com granção de novos cultivares e independennormalmente planta- de parentesco. Um cultivar de café é te das dificuldades metodos no país é consi- tradicionalmente composto por diverdológicas necessárias derada estreita. His- sas linhagens aparentadas. para desenvolvimento de A capacidade de toricamente, as priA capacidade de distinguir genótidistinguir genótipos um novo cultivar, como meiras plantações de pos com grande parentesco é uma taresemelhantes é exemplificado acima, um café formaram-se há fa difícil mas de importância crescente importante para o aspecto extremamente remais de dois séculos na medida que os programas de melhomelhoramento levante e que tem implia partir de poucas ramento avançam. Duas situações juscações diretas no sucesso plantas, constituindo tificam esta necessidade, o próprio sude qualquer programa de material muito uni- cesso do programa de melhoramento e melhoramento genético é a chamada forme e de pouca variabilidade genéti- o interesse em proteger legalmente um base genética da espécie. Resumida- ca. Conforme relatou o Dr. Alcides Car- cultivar recém-criado, conforme prevê mente, a base genética representa o con- valho, um cafeeiro de Amsterdã (Ho- a Lei de Proteção de Cultivares. Em rejunto de todos os genes que se poderia landa) deu origem aos cafezais de Suri- lação ao sucesso do melhorista, normaldispor para desenvolvimento de novos name, da Guiana e do Brasil e foi de mente ele procura cruzar aquelas planmateriais genéticos. Genes responsáveis um cafeeiro do Rio de janeiro que se tas que tenham características agronôpela produtividade, pelo porte da plan- originaram as primeiras plantações dos micas complementares e que sejam as ta, pela resistência a pragas e/ou doen- Estados do Rio, Minas Gerais e São Pau- mais divergentes possível do ponto de ças, pela qualidade de bebida, etc, em lo. Também, uma única planta de Jun- vista de parentesco, e isto não é muito princípio deveriam existir em algum diaí deu origem aos cafezais de Campi- fácil de ser identificado quando as planmomento da história evolutiva da es- nas. tas são muito parecidas. pécie e o melhorista teria, como prinEmbora a introdução de variabilidaNo caso da proteção do cultivar, a cipal função, descobrir que genes ele de genética tenha sido realizada a par- lei define como cultivar toda variedadispõe em sua coleção de plantas e de tir da introdução de novos genótipos e de de qualquer gênero ou espécie vegeque maneira poderia manipulá-los de até mesmo de outras espécimes de café, tal superior que seja claramente distinforma a reunir numa só variedade aque- principalmente a partir da década de guível de outros cultivares. A distinção les genes responsáveis pelas caracterís- 30, as análises genéticas sobre a varia- entre diferentes variedades deve ser es-


tabelecida através de distâncias mínimas dos caracteres que as diferenciam, normalmente fornecidas por descritores, como formato de folha, altura da planta, resistência a enfermidades, cor da flor, etc. A diferenciação de genótipos semelhantes através dos descritores convencionais pode muitas vezes apresentar dificuldades inerentes a seu número limitado e à interferência do ambiente na expressão dos mesmos. Estas dificuldades tendem a aumentar na medida em que ideotipos varietais de uma mesma espécie, com características agrotécnicas precisas, são cada vez mais parecidos. Como resultado, as distâncias mínimas necessárias para se estabelecer uma distinção entre elas são cada vez menores. Identificação de variedades Nos últimos dez anos, os progressos da biologia molecular permitiram o desenvolvimento de várias técnicas capazes de indicar com precisão uma variação genética presente no DNA de qualquer organismo. Estas técnicas são costumeiramente denominadas de marcadores moleculares e diversas siglas são utilizadas para identificá-las: RFLP, RAPD, AFLP, SCAR, SSR, etc. De uma maneira geral, todas elas são capazes de revelar um polimorfismo presente na seqüência de bases do DNA e a adoção de uma ou outra é função de fatores como custo e interesse da pesquisa. Todas representam uma importante ferramenta de apoio aos processos clássicos de estudo e sua aplicação nos estudos de genética de plantas como de animais é crescente. Exemplo bastante conhecido desta tecnologia são os tes-

tes de paternidade em humanos que são cada vez mais presentes no dia-a-dia das pessoas. No caso específico da proteção de cultivares, o uso dos marcadores moleculares tem sido importante em processos legais que envolvem disputas de direito autoral e tem sido considerado instrumental de suporte ao contínuo investimento em melhoramento de plantas por parte de grandes empresas produtoras de sementes híbridas. No caso específico do estudo de variação genética entre plantas de café, apresentamos na foto (fingerprinting) um exemplo de diferenciação entre cafeeiros através do emprego dos marcadores do tipo RAPD (Randon Amplified Polymorphic DNA). Em linhas gerais, esta técnica é baseada na amplificação aleatória de fragmentos de DNA de diferentes tamanhos (bandas) através de

Catuaí amarelo

Icatu vermelho

850 pb 800 pb

Diferenciação dos cultivares Catuaí amarelo e Icatu vermelho através de marcador molecular (RAPD com primer OPG9 da Operon Technologies). Duas bandas, de 800 e 850 pares de bases (pb) diferenciam estes cultivares.

uma reação conhecida como PCR (Polymerase Chain Reaction), ou seja, fragmentos de DNA são amplificados repetidas vezes na presença da enzima responsável pela duplicação do DNA nas células, a DNA polimerase. A variação genética desejada é evidenciada pelos diferentes tamanhos de fragmentos gerados.

Em princípio, cada genótipo teria um perfil de bandas (fingerprinting), sendo que o conjunto das bandas diferentes entre um genótipo e outro determinaria as suas diferenças, que a título de pesquisa, indicaria a distância genética de um em relação ao outro. Estas diferenças poderiam ser úteis para se identificar os genótipos mais ou menos aparentados, geneticamente falando ou, no caso da proteção de cultivares, ao se desejar proteger um novo cultivar, podemos utilizar o perfil molecular do seu DNA para diferenciá-lo de um cultivar já existente, uma vez que as diferenças neste nível de comparação são muito mais sutis que as observações de campo. Associação de bandas Através de técnicas de marcadores moleculares podemos associar as bandas geradas com características agronômicas importantes e desta maneira utilizar esta informação como forma de seleção indireta da característica. Se a espécie é estruturada em grupos genéticos, isto significa que os diferentes genótipos tiveram histórias evolutivas independentes, caracterizados por trocas limitadas de genes. É então possível que o fluxo de alelos que determinam a expressão de caracteres de interesse agronômico seja diferente de um grupo para outro em resposta à deriva genética ou às pressões de seleção diferentes. Neste caso, a estrutura genética revelada por marcadores deveria permitir uma melhor amostragem das fontes de variação para os caracteres manipulados pelo selecionador. Finalmente, a necessidade de se caracterizar ao nível de DNA uma variedade, linhagem ou híbrido, seja para qual finalidade for, é cada mais recorrente e tem se tornado uma ferramenta importante tanto para apoio à continuidade dos programas de melhoramento quanto garantir a propriedade intelectual do produto final da seleção genética e assegurar aos agricultores ou usuários o acesso à informação necessária à implantação de uma cafeicultura moderna e competitiva. Carlos Colombo, Mirian Maluf, Luciana Ruggiero e Oliveiro Guerreiro Filho, Instituto Agronômico de Campinas


Café

Micotoxinas

mercado

Um bom negócio SINDICAFÉ

Com o consumo em alta, produzir café volta a ser rentável para o agricultor

Nathan, presidente do Sindicafé, fala sobre a qualidade do produto brasileiro

Hoje, é um dos negócios mais procurados , aponta o dirigente do Sindicafé. A elevação no consumo interno deve-se, também, ao hábito de milhões de brasileiros de fazerem as refeições fora do lar, e o café faz parte desta refeição , arremata Herszkowics A médio prazo, diz, o conjunto de todo o ambiente reflete uma expectativa muito otimista no negócio do café em nosso País, que tem condições de produzir mais, vender no mercado externo e oferecer produtos aprimorados para o consumidor interno. Ele vai experimentar, já nos próximos anos, uma diversificação de qualidade no café muito semelhante à encontrada no vinho. O café está caminhando na mesma direção, com oferta de qualidade diferentes, valor agregado e mais qualidade , antecipa o presidente do Sindicafé.

cuidados

Fungos à espreita

Cultivar

A contaminação de produtos agrícolas por micotoxinas pode apresentar sérios riscos para a saúde humana e animal. Muitos países têm, portanto, estabelecido medidas para o controle da contaminação tanto nos alimentos para o consumo humano como animal

E

mbora sendo o maior produtor mun- ceber-se que nosso País não investia na imadial de café, com 27,5 milhões de gem do produto, como faz a Colômbia, a sesacas colhidas na safra passada, o Brasil as gunda maior produtora mundial . Felizmentem potencial para produzir 40 milhões de te, diz Herszkowicz , voltamos a mostrar sacas ou um pouco mais. Não fosse a seca que produzimos café de excelente qualidaque assolou o Sudeste, principalmente, a de . A Alemanha, por exemplo, muito exicolheita seria bem maior. Outro problema, gente, tinha o Brasil como fornecedor coo País perdeu muitas fatias do mercado ex- mum nos últimos anos. Agora, voltou a terno nos últimos 10 anos, mas está recupe- comprar o nosso café em quantidades expresrando-as, particularmente nos últimos 3 sivas. anos. Uma prova foi a elevação de 15 milhões para 21 milhões de sacas no total exConsumo portado anualmente. O presidente do Sininterno dicafé Nathan Herszkowicz diz porque. O aumento do consumo interno tam Foi basicamente a partir de 1994, quan- bém ajudou. Em 1995 o consumo somou 9 do ocorreram grandes geadas, o que coin- milhões de sacas e em 1999 chegou a 12,7 cidiu com o período de milhões. No mundo não baixa oferta mundial de houve nenhum caso de café . Desde então, os crescimento tão rápido e Estimulado preços internacionais do em tão pouco tempo , copor cotações produto têm se situado memora Herszkowicz. O favoráveis, em níveis melhores. motivo, segundo ele, decoro Brasil retomou o Estimulado pelas core da recuperação do poder plantio do café tações favoráveis, o Brade compra do consumidor. sil retomou o plantio de De outra parte, diz, o café, não só substituindo brasileiro tem à sua dispoplantios antigos e pouco produtivos, como sição café de excelente qualidade, produziampliando a área de cultivo e criando novos do no Brasil e igual - ou melhor - do o que se pólos - o do Oeste da Bahia é um deles. Pa- encontraria outros países. A oferta de um ralelamente, até mesmo uma imagem dis- produto de melhor qualidade, explica, resulta torcida criada a respeito do café produzido do grande crescimento do consumo do café no Brasil contribuiu para mudar a situação. tipo expresso. Decorre, igualmente, da ins Isso não era verdade. Mas serviu para per- talação de milhares de novas cafeterias.

O

crescente interesse sobre as micotoxinas teve sua origem em um acidente ocorrido em 1960: a morte de 100 mil aves, na Inglaterra, devido à ingestão de torta de amendoim, parte da qual proveniente do Brasil, contaminada com aflatoxina. Alguns fungos são capazes de produzir metabólitos secundários que são tóxicos e às vezes carcinogênicos aos animais e aos homens. Estes fungos são chamados fungos toxigênicos e os metabólitos são denominados micotoxinas. Quem produz As micotoxinas são capazes de induzir micotoxicoses e os principais fungos implicados nestes casos pertencem ao gênero Aspergillus, Fusarium e Penicillium, mas existem também espécies de toxinas em outros gêneros. Um mesmo fungo pode produzir simultaneamente diferentes tipos de

micotoxinas; portanto a dieta diária armazenado, porque lesões mecânicas pode estar contaminada com várias ou provocadas por insetos, ou durante o processamento, tornam os cereais muidelas. Dentre as principais micotoxinas de to susceptíveis à proliferação de fungos. As aflatoxinas são um grupo de meinteresse no campo alimentício temos: aflatoxinas, patulina, ocratoxina A, ci- tabólitos carcinogênicos altamente tóxitrinina, zeralenona, tricotecenos e, cos, produzidos por Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e espécies raras mais recente, as fumonisinas. As aflatoxinas são as que apresen- de Aspergillus nomius. A aflatoxina B1 tam maior importância sob o ponto de (AFB1) é carcinogênica, teratogênica e mutagênica. Por causa destas proprievista toxicológico. dades, ela é considerada de São produzidas grande importância para a somente quando cersaúde pública e animal. tas condições ambiAs toxinas Desde a primeira identifientais, como tempeproduzidas por cação da AFB1 em 1960, ratura e umidade, fungos podem pelo menos 17 outras aflaalém das caracteríscausar grandes toxinas e seus derivados já ticas bioquímicas prejuízos à saúde foram isolados e identificados produtos que dos. servem como subsPesquisadores da área agrícola vêm trato, tornam-se adequadas para sua trabalhando há mais de 30 anos na tenprodução. Outro fator muito importante na tativa de eliminar fungos toxigênicos dos produção de aflatoxinas: a integrida- alimentos via monitoramento, produção de física do cereal. A contaminação po- de culturas mais resistentes e melhoderá ocorrer mesmo em material não ria na estocagem.


Arroz Preocupação com alimentos Grandes esforços têm sido feitos para excluir aflatoxinas dos alimentos e rações em muitos países, enquanto que os EUA têm se preocupado com Ocratoxina e o Canadá com desonivalenol (um tricoteceno). Isso é para proteger a população humana de um maior risco de contrair alguma doença por causa destas toxinas, bem como devido a perdas na economia agrícola. Em quase todos os tipos de produtos alimentícios ou em matéria-prima para alimentos já foram encontrados um ou mais tipos de micotoxinas. Estão na lista: arroz, feijão, milho, feijão, trigo, cevada, soja, castanha do Brasil, amendoim, café, sorgo, semente de algodão, frutas, presunto, queijo, leite e até vinho. Quando o gado leiteiro é alimentado com ração contaminada com AFB1, parte desta toxina pode ser convertida em um derivado, denominado de aflatoxina M1 (AFM1) que pode ser excretada no leite. Foram detectados níveis significativos de contaminação do leite por AFM1 em vários países, inclusive no Brasil. O Codex Alimentarius e a União Européia, estabeleceram limite de 0,05 ug/L de AFM1 no leite. A presença da aflatoxina M1 é considerada indesejável devido à suspeita de suas propriedades carcinogênicas Em vista dos riscos que a contaminação dos alimentos por micotoxinas implica na saúde do homem e dos animais, e dos problemas econômicos que elas acarretam, vários países, especialmente aqueles afetados por estes problemas, são obrigados a empreender atividade de prevenção e de controle em um determinado número de suas produções agrícolas. A necessidade de regulamentos que estabeleçam limites máximos tolerados de micotoxinas em alimentos e rações é geralmente reconhecido nos países desenvolvidos enquanto que muitos países em desenvolvimento não têm nenhuma legislação para estas toxinas. Embora 17 compostos, todos designados aflatoxinas estejam isolados, o termo aflatoxinas normalmente se refere aos 4 compostos produzidos por A.flavus ou A.parasiticus:B1, B2, G1 e G2. Não há nenhum meio eficiente de descontaminação aplicados a produtos destinados à alimentação. Portanto, prevenção é o melhor método para controlar micotoxinas em alimentos, mas apesar de todos os esforços, contaminação às vezes é inevitável. Myrna Sabino Instituto Adolfo Lutz

Win Fit - 2000 facilita prescrição Agromark

O século passado foi marcado pela revolução tecnológica , com conquistas apreciáveis desde a área da saúde humana à industrial. Já a área agrícola foi marcada pelo desenvolvimento dos defensivos agrícolas, para livrar as lavouras dos ataques de pragas e doenças. Entretanto, o uso indiscriminado e irresponsável destes produtos causa mais mal do que benefícios à sociedade. Para evitar isso, a Universidade Federal de Viçosa treina profissionais na área de defensivos agrícolas e desenvolve ferramentas que contribuam para o uso correto desses produtos na agricultura. Recentemente, foi lançada uma nova e ampliada versão do software Win Fit - 2000, cujo programa foi o primeiro Banco de Dados a conter milhares de informações, registradas oficialmente, sobre Produtos Fitossanitários com Receituário Agronômico. Além de auxiliar técnicos e agrônomos na diagnose de pragas, plantas invasoras e doenças, também facilita fazer levantamento de informações técnicas sobre o contole fitossanitário, a partir de diversos fatores. Ajuda, igualmente, na prescrição correta do defensivo no que diz respeito ao princípio ativo. Desenvolvido para plataforma Windows 95/98 e Windows 2000/NT, o Win Fit - 2000 é baseado no modelo da Internet, permitindo ao usuário navegar através de todas as informações contidas no programa de maneira racional e precisa. O software está disponível em CD-ROM. Informações adicionais sobre o programa de aquisição: UFV pelos telefones (0xx3l) 899-2916 ou 899-2918, fax: (0xx31) 899-2917 ou Email agromark@agromark.com.br e também no site www.agromark.com.br/winfit, o qual tem uma versão demonstrativa para download .

pesquisa

Uniroyal

Arroz ou milho? A

lguns críticos da biotecnologia estão diante de uma grande surpresa - provavelmente agradável para muitos deles: o engenheiro genético australiano Richard Jefferson anda dizendo que arroz é milho . Ele sabe que sua afirmação é um exagero, mas tem lá suas razões. É que cientistas descobriram que os genes do milho que determinam quais proteínas a planta deve produzir para criar sua forma, seu sabugo, suas raízes e seu sistema reprodutivo - resumindo, para tornar-se um milho - têm correspondentes quase idênticos no arroz, organizados praticamente na mesma ordem. Descobriram, também, que depois de 60 milhões de anos de convivên-

cia, o arroz e o milho começaram a se diferenciar. Foi desde o surgimento de um ancestral comum. A Segundo cientistas, existem muitas semelhanças entre arroz e milho descoberta de agora sugere que as diferenças entre as plantas podem estar, em grande par- produzir novas características, os cite, não nos genes, mas no ponto em entistas induzem a planta a ativar ou que são ativadas e desativadas, em sua melhorar seus próprios genes. O resulforça e na parte da planta em que são tado, por exemplo, poderia ser um arativos. roz que produzisse vitamina A em seu A separação pré-histórica desembo- próprio grão. Os mesmos conceitos cou na grande novidade e permitiu o poderiam ser aplicados à mandioca, ao desenvolvimento de um novo método feijão-de-corda e a outras plantas vipara criar plantas geneticamente alte- tais para alimentar as populações de radas, na Austrália. E parece que acal- países subdesenvolvidos. mou muitos opositores. Em vez de inserir genes de espécies diferentes para

Resíduos de pesticidas Uma delegação brasileira participa, este mês, em Haia, Holanda, da 32ª Reunião do Comitê do Codex Alimentarius sobre resíduos de pesticidas em alimentos. No encontro espera-se uma decisão consensual a respeito do controle de resíduos. O Brasil apenas aguarda o resultado do evento para a adoção de normas que possibilitem a triplicação das exportações de frutas e legumes para a Europa. As principais restrições fitossanitárias nas exportações brasileiras são para frutas, cenoura e tomate. Para se adequar às exigências internacionais um grupo de trabalho formado por representantes de entidades públicas e privadas e ONGs vem discutindo ações conjuntas. Para controlar os índices de resíduos tóxicos em alimentos o Ministério da Agricultura instituiu o Programa Nacional de Monitoramento e Controle de Resíduos Químicos e Biológicos de Vegetais

Contaminação no arroz No exato momento em que a discussão chega ao encontro internacional, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) reprovou em teste as três principais marcas de arroz vendidas no país Camil, Pasabella e Tio João. Segundo o Idec o nível residual nas amostras testadas da marca Tio João apresentava índices anormais de trifluralina, usada como herbicida. As outras marcas apresentaram resíduos de fungicidas. A trifluralina tem toxidade média e causa irritações em contato com a pele e mucosas, mas não há registro de infecções agudas. Já o fungicida encontrado pode ser cancerígeno. A empresa Josapar, que produz o Tio João, contestou o resultado dos testes do Idec.


Arroz

Percevejos

mercado

Trabalho bem feito

resistência

Bayer

Cultivar

Bolsa para o arroz José Ovídio Bessa

No lançamento da BMS José Ovídio Bessa, gerente de arroz irrigado e cana da FMC, era todo satisfação. Foi a concretização de todo um trabalho que desenvolvemos desde o ano passado. O lançamento oficial da BMS contou com a presença de diversos produtores e representantes de indústrias de arroz irrigado. Bessa explica que com isso a primeira grande etapa do trabalho desenvolvido pelo Clube do Arroz Irrigado foi concluída. O próximo passo será a realização de um grande seminário anual abordando as tendências do mercado futuro de arroz. A idéia é dar subsídios ao produtor para a tomada de decisão sobre quais variedades e quantos hectares plantar. A data do evento ainda não foi definida, mas deve acontecer no início do segundo semestre. Enquanto isso, explica Bessa, os distribuidores FMC ajudarão o produtor a ingressar na BMS, fornecendo todas as informações necessárias. Novidades vêm aí Este ano terá novidades também na linha de produtos FMC para arroz irrigado. Embora não tenha dito qual produto chegará ao arroz, Bessa adiantou que não será inédito, mas provavelmente um já disponível em outro segmento do mercado.

O

acelerado processo de abertura e desregulamentação dos mercados vem revelando fragilidades dentro das próprias cadeias produtivas e, ao mesmo tempo, expondo dificuldades de manutenção das condições de produção, além de mostrar a crescente necessidade de desenvolvimento de novos meios de comercialização mais adequados à atual realidade. A partir destas constatações, a FMC e um grupo de corretores da Região Sul do RS firmaram parceria com o NEA/UFPel em busca de alternativas de comercialização de arroz, otimizando e aumentando os lucros. Assim surgiu a BMS (Bolsa de Mercadorias da Metade Sul), que é uma associação civil, sem fins lucrativos. Foi inaugurada dia 15 de março deste ano, em Pelotas (RS). A iniciativa partiu do NEA/UFPel, através do desenvolvimento de um projeto alicerçado no levantamento de dados de produção e comercialização de produtos agropecuários, análises de mercado e de cadeias produtivas, contatos com produtores rurais e com indústrias, promoção de debates sobre condições de comercialização e produção, reunião de um grupo de corretores interessados e organização dos estatutos da constituição do quadro administrativo da BMS. Ela oferece uma série de serviços a produtores, indústrias e a quaisquer investidores, desde a própria comercialização até o desenvolvimento de técnicas e aplicação de mecanismos de comercialização e garantias de preços. Além disso, a BMS exerce o papel de articulador, aproximando vendedores de compradores, ao se firmar como um órgão de credibilidade que garante a qualidade do produto ofertado e o pagamento da mercadoria vendida, com agilidade de liquidação. Inicialmente, o produto das operações será o arroz.

Funcionamento da Bolsa O funcionamento da BMS ocorre a partir de clientes que compram e vendem contratos através de corretoras associadas, e podem ser produtores, industriais, comerciantes, bancos, empresas e empresas de insumos. Elas devem fornecer aos seus corretores as informações sobre o arroz: tipo, quantidade, vencimento e preço. Com base nestes dados, os corretores estabelecem as propostas durante o pregão, quando, então, os negócios se efetivam a partir da oferta de compra e venda com maior cotação. Os pregões acontecerão diariamente, numa operação de mercado à vista. A BMS vem para atender as necessidades de garantia da liquidação de ambas as partes - vendedores e compradores - colocando-os nas mesmas condições de negociação no mercado através dos corretores associados. Isso certamente resultará em garantia de mercado para a produção, gerando uma segurança que permitirá o planejamento e expansão dos agronegócios. As iniciativas da BMS vêm agilizar as negociações de mercado, investindo nos processos de autonomia decisória dos detentores de capital e de capacidade de captação e reinversão do excedente econômico. Como o propósito central do NEA/UFPel é de prestar serviços de pesquisa e desenvolvimento de técnicas de mercado e tecnologias de produção e comercialização, a BMS servirá como fonte de informação sempre atualizada - e de acordo com as necessidades do comercializador. A Bolsa funciona na rua Antônio dos Anjos, 830, telefone (53) 2847200 - Pelotas, RS. Bianca Silveira, Carolina Victoria Nea/Ufpel

Super-percevejos? Aplicação incorreta de inseticidas criou espécimes de percevejo resistentes. O problema não está generalizado, mas a ameaça existe

U

ma das principais pragas que propriedade, em dois grupos de peratacam as lavouras da soja na cevejos, comparando-se a mortalidafase reprodutiva (formação e enchi- de das populações suspeitas com as mento de vagens), o percevejo marrom, que estão em condições normais. Os está criando resistência ao uso de in- primeiros casos foram detectados em áreas isoladas e esseticidas. O problema foi tão relacionados detectado há alguns dias Nas áreas onde com a freqüência em lavouras da região de se detecta a de utilização do inCândido Mota, interior de resistência seticida pelo proSão Paulo. Há suspeitas recomenda-se dutor, portanto o também na região de Cena troca do inseticida problema ainda tenário do Sul, Norte do não é generalizaParaná. O problema está do , ressalta Sosaocorrendo principalmente pela má aplicação de inseticidas. Em Gomez. Nas áreas onde se detecta a realgumas propriedades, os produtores sistência recomenda-se a troca do infazem uso contínuo de um mesmo pro- seticida. Se ainda assim o problema duto e muitas vezes se precipitam na persistir, os agrônomos recomendam hora da aplicação, que só é recomen- a troca do grupo do inseticida, por dada quando o número de percevejos exemplo, dos fosforados para os pireatinge níveis críticos , explica Daniel tróides. Sosa-Gomez, pesquisador da EmbraPara identificar o grau de infestapa Soja, que está estudando a questão. ção de sua lavoura, o produtor deve Técnicos da Embrapa Soja estão fazer o monitoramento da praga com recolhendo amostras de população de o pano de batida pela manhã, até às percevejos das áreas afetadas para tes- 10 horas, quando os insetos estão na tar a sua resistência em laboratório. Os parte superior das plantas e é mais fáexames constam de aplicação de altas cil identificá-los. A técnica consiste em dosagens do inseticida utilizado na uma amostragem com um pano bran-

co de 1 metro de comprimento preso por duas varetas. Coloca-se o pano entre as fileiras de soja, que são então sacudidas. Os percevejos caem e são contados. Em lavouras para o consumo do grão o limite máximo é de quatro percevejos por batida. Nas lavouras para produção de sementes as precauções recomenda-se a adoção de providências quando encontrados dois percevejos. Como geralmente a infestação ocorre da borda para o centro da lavoura, o monitoramento deve privilegiar estas áreas. Apesar dos prejuízos, Sosa-Gomez não recomenda controle químico preventivo da praga, pois além da poluição ambiental e da possibilidade de o percevejo desenvolver resistência, aumenta-se sensivelmente o custo de produção. Quando necessário o controle, a Embrapa Soja aconselha o uso de sal de cozinha, tecnologia que reduz pela metade a dose dos inseticidas químicos. A técnica consiste em substituir 50% do volume de inseticida por uma solução de sal de cozinha refinado, na concentração de 0,5%, ou seja, 500 gramas de sal para cada 100 litros de água colocados no pulverizador. A salmoura é feita separadamente, depois misturada à água do pulverizador. O inseticida é colocado por último.


Milho

Defensivos genéricos AENDA

Ministério da Saúde decreta o sucateamento da indústria nacional O

Ministério da Saúde, por intermédio de sua Gerência Geral de Toxicologia pertencente à ANVS (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), responsável pela avaliação toxicológica no registro de produtos fitossanitários, após 10 anos utilizando-se de um critério pelo qual aceitava apresentação de bibliografia para complementação dos dados e informações requeridas com base na Lei 7802, para produtos genéricos, repentinamente, sem publicar qualquer norma, passou recentemente a não mais aceitar esses trabalhos e relatórios científicos, referenciados e publicados por instituições internacionais especializadas (OMS, IPCS, IARC, EPA, etc.), na constituição do dossiê de registro desses produtos. Os outros órgãos envolvidos no registro destes produtos também fazem exigências dentro de suas competências e têm sido alvo de fortes críticas, pois foram em parte responsáveis pela fragilização da indústria genuinamente nacional. Essa indústria, nas décadas de 70 e 80, se capacitou técnica e comercialmente, sintetizando moléculas e formulando com qualidade, atingindo 30% de um mercado dominado por poderosas multinacionais. Hoje, participa com algo em torno de 10%. Mas, sem dúvida, essa nova postura da ANVS é o golpe de misericórdia. Simplesmente, através de uma alteração drástica nos critérios de avaliação de produtos com ingredientes ativos conhecidos e já avaliados pelo próprio Ministério da Saúde, destrói todo um sub-setor, justamente aquele que forma fundamental e imprescindível lastro a pressionar para baixo os preços dos produtos, através do aumento da concorrência. E, pasme o leitor, esse novo posicionamento não tem paralelo no mundo civilizado, pois nos principais países do mundo, os produtos genéricos são registrados com base na técnica da similaridade, permitindo enorme economia na formação dos dossiês e evitando a mortandade de miDEMONSTRATIVO DA RECUPERAÇÃO DO CUSTO DO DOSSIÊ DE REGISTRO (GENÉRICO) COMERCIALIZAÇÃO DO PRODUTO 3 anos

2 anos

1 ano

2 anos

3 anos

4 anos

5 anos

6 anos

7 anos

8 anos

13 anos

200.000

P R E P A R A Ç Ã O

D O S S I Ê

A V A L I A Ç Ã O

M I N I S T É R I D O O S S

200.000 200.000

P R R E A C Z U P O P A E R T R A O A T Ç A Ã L O

400.000 200.000 600.000 200.000 800.000 200.000 1.000.000 200.000 1.200.000 200.000 1.400.000 200.000 1.600.000

lhares de animais de laboratórios. Faz-se mister ressaltar que na área de medicamentos a mesma ANVS não exige tal dossiê para produtos similares ou genéricos. Requisita apenas testes de biodisponibilidade e bioequivalência, os quais na prática equivalem aos testes de eficácia e de identificação exigidos pelo Ministério da Agricultura para os produtos fitossanitários. O Ministro Serra, defensor da multiplicidade na concorrência, precisa tomar ciência (e providência urgente) do que diz respeito aos agroquímicos na sua seara administrativa. Senhor Ministro, agora, a Gerência Geral de Toxicologia da ANVS exige estudos laboratoriais de curto, médio e longo prazo, como se o produto genérico candidato a registro fosse um novo invento. Esses estudos provocam um ônus mínimo de R$ 1,6 milhão e consomem um tempo de 3 anos para sua execução. Uma empresa de produtos similares ou genéricos não suporta essa carga, em razão das baixas margens de lucro, justamente por seu produto dividir o mercado com outras tantas marcas de produtos similares ao seu, além de encontrar-se na fase final do seu ciclo de vida comercial, porquanto aguardou 20 anos pela queda da patente do produto original. Para ilustrar a impraticabilidade dessa imposição veja a figura. Ela mostra um produto hipotético vendido a R$ 10,00 /l, com margem de 10% (comum entre os genéricos), ou seja, R$ 1,00/litro. Para obtenção do retorno deste gasto com tal dossiê toxicológico, esta empresa teria que comercializar 1,6 milhão de litros. Em outras palavras, seria necessário a venda de 200.000 litros por ano (caso raro entre os genéricos) para num prazo de 8 anos recuperar o gasto despendido. Mas, ainda não é tudo. É necessário somar 3 (três) anos, que é o tempo de confecção dos estudos, e mais 2 anos referentes ao tempo de avaliação dos ministérios da Agricultura, da Saúde e do Meio Ambiente para obtenção da licença definitiva de comercialização. São incríveis 13 anos para recuperar o investimento. A indústria nacional acredita no discernimento das autoridades maiores do Ministério da Saúde e da ANVS e estas por certo não deixarão sucumbir esse conjunto de empresas, baluarte de preços mais justos e promotora da difusão horizontal dessa tecnologia que é o instrumento oferecido pela ciência para garantir alimentos para todos os seres humanos em sua eterna disputa contra outros seres vivos considerados pragas.

Material produzido pela Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas. As opiniões manifestadas são de sua responsabilidade. E-mail: aenda@sti.com.br

Portaria agiliza registro As dificuldades dos fabricantes na hora de registrarem produtos agroquímicos, no Brasil, estão com os dias contados. A portaria interministerial nº 17, de 16 de março, estabelece uma série de normas para regulamentar a questão e, a partir daí, agilizar os pedidos de registro. A partir do documento foi constituída uma Comissão Interministerial que ficará encarregada de analisar a matéria. Ela tem sessenta dias para apresentar um parecer. A portaria busca harmonizar e racionalizar procedimentos no sentido de tornar ágeis e eficientes os processos de registro, reavaliação e adaptação de registro de produtos agroquímicos. Contém mecanismos e procedimentos capazes de solucionar os pedidos de registro e de adaptação de registros existentes junto ao Ibama. Ao mesmo tempo, encarrega-se de apresentar proposta de medidas necessárias à otimização dos trabalhos pertinentes ao controle e à fiscalização de agroquímicos. Ficou estabelecido, ainda, que a Comissão se reunirá ordinariamente uma vez por semana e, extraordinariamente, a juízo do seu coordenador. Foi definido, também, que as matérias que não obtiverem consenso na Comissão serão submetidas aos presidentes da Agência de Vigilância Sanitária e do Ibama, ao secretário de Defesa Agropecuária e ao subchefe de Coordenação da Ação Governamental da Casa Civil, para deliberação conjunta.

congresso

Milho e Sorgo é em Uberlândia O

s principais professores e pesquisadores de empresas estatais e privadas já confirmaram presença no XXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo - de 21 a 25 de maio, no Hotel Plaza Shopping, em Uberlândia (MG). A promoção é da Associação Brasileira de Milho (AMBS) e Sorgo e a realização será da Embrapa Milho e Sorgo e Universidade Federal de Uberlândia. A expectativa em torno do evento é a melhor possível em função dos inúmeros trabalhos já submetidos para

exclusivamente profissional, abordando tanto os aspectos referentes à parte agrícola como também àquela que diz respeito ao mercado e à conjuntura. Palestrantes nacionais e internacionais estarão apresentando e debatendo os avanços e as novas demandas de pesquisa. Paralelamente, serão ministrados mini-cursos em apresentação e da qualidade dos pa- quatro salas/horário/dia, possibilitanlestrantes. Além disso, a presença de do a realização de até quatro, simultaneamente. todos os segAs inscrições custam R$ mentos da ca150,00 para os sócios da deia produtiva Congresso reunirá ABMS, R$ 225,00 para os nãoos maiores nomes dessas culturas em pesquisa e sócios, R$ 75,00 para estudantem sido signidivulgação tes de graduação, R$ 105,00 ficativa , dicientífica para os de pós-graduação e R$ zem os promo50,00 para os mini-cursos. tores. Maiores informações poO Congresso de âmbito nacional, que nesse ano dem ser obtidas através do telefone completa 50 anos de existência, será (0800) 996669, ou pelo e-mail: pautado, como sempre, numa tônica flytour@nanet.com.br


Fertilização nitrogênio

Cultivar

Como as plantas utilizam os fertilizantes nitrogenados O cultivo de híbridos de milho mais tolerantes a altas densidades de plantio e responsivos a doses crescentes de fertilizantes nitrogenados foi o principal fator de incremento da produtividade do cereal no corn belt americano nos últimos 70 anos. Nos países tropicais, onde a freqüência e intensidade dos diversos tipos de estresses (hídricos, deficiências minerais e incidência de pragas e doenças) é muito mais acentuada do que em climas temperados, pode-se esperar que somente a associação destes dois fatores (altas doses de N e altas densidades de plantio), não levem a aumentos de produtividade semelhantes aos obtidos nos EUA. Mesmo lá, é improvável que estes ganhos sigam na mesma taxa no futuro, devido aos altos custos do fertilizante nitrogenado e aos efeitos ecológicos indesejáveis associados ao uso de altas dosagens de N, como por exemplo a poluição de águas subterrâneas. Uma nova abordagem para o problema seria o desenvolvimento de cultivares produtivos sob baixa disponibilidade de nitrogênio no solo mas que tenham condições, também, de aumentar a produtividade quando supridos com doses crescentes do nutriente.

A adubação nitrogenada é fundamental para o bom desenvolvimento do milho. Mas, para um melhor aproveitamento, deve-se selecionar a cultivar adequada

N

a Embrapa Milho e Sorgo em Sete Lagoas (MG) trabalhos de pesquisa buscam obter genótipos capazes de maximizar a utilização do nitrogênio disponível e que respondam a doses extras deste nutriente. A seleção de genótipos de milho cultivados em níveis contrastantes de ni-

trogênio (30 e 130 kg N/ha), permitiu identificar grande variabilidade para esta característica. Estes genótipos, contrastantes quanto a seu potencial produtivo sob diferentes níveis de N, vêm sendo utilizados em estudos. O objetivo é identificar marcadores bioquímicos ou moleculares que pos-

sam constituir-se em ferramentas auxiliares ao programa de desenvolvimento de cultivares de milho e sorgo com alta eficiência de uso do nitrogênio (EUN). Em cereais, a EUN pode ser definida como a quantidade de grãos produzida por kg de nitrogênio (N) aplicado ao solo. Ela tem dois componentes importantes: o primeiro é a eficiência de absorção e o segundo a eficiência de utilização. A absorção se refere à passagem do N do solo para o interior das células das raízes, enquanto a utilização se refere à capacidade da planta em transformar o N absorvido em grãos. Como o nitrogênio é componente essencial dos aminoácidos que formam as proteínas, um processo de seleção de genótipos eficientes na utilização de nitrogênio pode levar à seleção de cultivares com menor teor de proteína no grão. Isto enfatiza a importância de monitorarse não só a absorção, mas também a conversão deste nitrogênio em proteína.

pelo milho. Os pontos-chaves destes estudos foram: 1 - a absorção de P pela planta é drasticamente reduzida sob leve estresse hídrico (muito antes do ponto de murcha); 2 - redução no suprimento de P diminui drasticamente a absorção de nitrogênio pela planta; 3 - a absorção de Sidney, Antônio Álvaro, Manoel e Vera explicam NO3- é mais prejucomo ocorre a absorção do nitrogênio dicada pelo estresse de P do que a absorção de amônio (NH4+). tadores , façam a transposição do Para conviver com grandes variaNO3- existente na solução do solo para ções no suprimento de nitrogênio, as dentro das células. Para cada NO3- abplantas desenvolveram um sofisticasorvido, dois prótons são co-transpordo sistema de absorção do nutriente. tados para o interior da célula. Por A entrada do N para o interior das cécausa da grande variabilidade do teor lulas acontece contra um gradiente de de NO3- no solo durante o desenvolconcentração, isto é, a concentração de N no interior da célula é maior que a concentração no solo. Em situações como esta, diz-se que a absorção é atiAssimilação va, pois a planta gasta energia para do nutriente Geralmente as plantas podem as- realizar este trabalho. Esta energia é similar o N sob diversas formas: ni- derivada do processo respiratório que, por sua vez, contrato, amônio e uréia. Na some parte dos fomaioria dos solos agrícolas, Déficits hídricos toassimilados entretanto, o nitrato (NO 3-) podem acumulados dué a forma de N mais abuncomprometer a rante a fotossíntedante. Uma característica absorção dos importante da disponibilise. Portanto, para nutrientes pela dade de N é a sua ampla ser metabolicaplanta flutuação no solo durante mente eficiente, o tempo de permanência uma determinada das lavouras no campo. Em um úni- planta deve ser eficiente na partição co ano agrícola, a concentração de N de seus recursos energéticos (fotoasjunto às raízes pode variar até 100 mil similados) entre as atividades metavezes. Associado a esta grande flutu- bólicas que competem entre si por esação de níveis de N no solo, um outro tes recursos. fator de grande influência na absorA absorção de NO3- é controlada ção de N pelas plantas em solos tro- via um sistema eletrogênico co-transpicais são os níveis de disponibilida- portador de prótons. Na presença de de de fósforo (P) no solo. NO3-, a membrana plasmática é desEstudos recentes têm demonstra- polarizada e uma bomba H+-ATPase do, principalmente em solos de tex- bombeia prótons para fora da célula tura argilosa da região dos cerrados, criando gradientes de pH e gradiente a existência de um efeito cascata en- elétrico. Estes gradientes criam contre pequenos déficits hídricos, restri- dições para que um grupo de proteíção na absorção de P e conseqüente nas específicas, existentes na memredução na absorção de nitrogênio brana celular, chamadas de transpor-

CNPMS


vimento das plantas, esse sistema de transportadores atua de duas maneiras: sob baixas concentrações - menos que 1 mM - a absorção acontece por um sistema de alta afinidade e, para concentrações acima de 1 mM, a absorção acontece através de um sistema de baixa afinidade. Na década de 1990 aconteceram grandes progressos na elucidação da base genética-molecular destes sistemas de absorção. Vários genes que codificam algumas destas proteínas transportadoras, tanto de NO3- como de NH4+ em plantas e microorganismos, foram clonados. Isso permitiu vislumbrar a possibilidade de se aumentar, via engenharia genética, o número de cópias desses transportadores nas raízes elevando, assim, a capacidade das plantas em absorver nitrogênio do solo. No interior das células Uma vez no interior das células o NO3- pode seguir quatro rotas distintas: (1) nas raízes, é reduzido primeiramente a NO2-, a seguir a NH4+, sendo finalmente assimilado na forma de aminoácidos, contribuindo para o crescimento das raízes; (2) o NO 3- absorvido nas raízes é transportado para a parte aérea onde é reduzido a NH4- e assimilado como aminoácidos, promovendo o crescimento geral da planta; (3) uma quantidade significativa de NO3- pode ser armazenada como reserva nos vacúolos; (4) uma

pequena parte do NO 3- ferentes isoformas das enzimas GS e absorvido pode ser excre- GOGAT nos processos de biossíntetado de volta ao solo. se e transporte de aminoácidos duAs rotas enzimáticas rante a germinação das sementes, de redução de NO 3- e as- crescimento das plantas e remobilisimilação do NH4+ na par- zação das reservas de C e N das fote aérea das plantas apa- lhas e colmos para o enchimento dos recem na Figura 3. De- grãos depois da floração das plantas. pois de penetrar no citoplasma, o NO3- é reduziResultados do a NO 2- pela redutase da pesquisa do nitrato (RN). Esse NO 2Os resultados recentes de nosso move-se para o interior grupo de pesquisa nessa área levam do cloroplasto onde é re- a três conclusões principais: (1) baiduzido a NH4+ pela redu- xa disponibilidade de P nas raízes tase do nitrito (RNi), sen- inibe fortemente a absorção de N, dido finalmente incorpora- minuindo portanto a EUN das plando em aminoácidos pela tas; (2) em genótipos responsivos ao ação conjunta das enzimas sintetase N, a atividade da PEPC aumenta sigda glutamina (GS) e sintase do glu- nificativamente com a fertilização nitamato (GOGAT). Somente em con- trogenada, mostrando uma correlação significativa e positiva dições especiais entre a atividade dessa ena assimilação do zima e a produtividade de NH 4 + acontece As plantas têm grãos; (3) a isoforma citosvia desidrogenaum sofisticado sólica da GS aumenta sigse do glutamato sistema para nificativamente em plantas (GDH). a absorção de de milho e sorgo estressaA incorporanutrientes das por falta de N no meio ção desse NH 4 + de cultivo. em esqueletos de A confirmação inequícarbono derivados do processo fotossintético tam- voca desses resultados em um númebém consome energia e é uma inter- ro mais amplo de genótipos de miface importante entre os metabolis- lho e sorgo vai permitir o estabelecimos de carbono (C) e N nas plantas. mento de critérios mais eficientes Nos últimos anos o entendimento so- para o desenvolvimento de materiais bre como as enzimas de assimilação com alta EUN. de C e N são reguladas e de como elas controlam a produtividade das plan- Antônio Álvaro Corsetti Purcino, Vera Maria Carvalho Alves, tas, aumentou muito. Hoje, sabe-se Sidney Netto Parentoni, como os estímulos ambientais como Manoel Xavier dos Santos, luz, seca e a disponibilidade de nu- Embrapa Milho e Sorgo trientes (principalmente o N e o P) ou a toxidez de alumínio regulam a atividade das principais enzimas de assimilação de C e de N pela fosforilação reversível destas proteínas. Outro avanço importante em estudos recentes do metabolismo do N Redução de nitrato e assimilação de amônio em tecido foliar. NO nitrato; RN redutase do nitrato; NO nitrito; RNi redutase do nitrito; NH amônio; GS sintetase da glutamifoi o estabelecimenna; GOGAT sintase do glutamato; GDH desidrogenase do glutamato, a-KG alfa-cetoglutarato; GLU glutamato; GLN glutamina. to do papel das di2

4

+

3

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B. Consulting

BRANDALIZZE consulting COLHEITA Concentração de colheita entre março e abril Os produtores de soja e milho, junto aos arrozeiros, neste ano tiveram a colheita concentrada entre 15 de março e o final de abril, onde 65% das lavouras devem ser colhidas, frente a pouco mais de 45% de outros anos. Novamente temos que sugerir que os produtores não corram o risco de chegar à colheita com problemas de logística. Terão que planejar melhor o plantio. Ou seja, se o clima dificultou o início, terão que optar por um momento com menos problemas de armazenagem e transporte.

MILHO Problemas podem ocorrer com a Safrinha O mercado do milho em março conseguiu manter os indicativos com poucas oscilações de queda. Os produtores estiveram colhendo e depositando a fixar, e assim não forçaram para baixo. Mesmo assim tivemos queda de 1 a 5%, quando em outros anos era 15 a 20%. O plantio da safrinha teve grande parte da área efetivada depois do dia 10 de março, considerado como balizador técnico para uma boa produtividade. Assim, temos cerca de 50% da safra plantada dentro do período de risco. Áreas mais ao sul, ou no PR e MS, correm o risco de geadas precoces e áreas no Centro-Oeste podem ter problemas com o fim das chuvas. No último mês no Mato Grosso do Sul, um produtor argumentou, como justificativa para plantar o milho fora do prazo recomendado, que neste ano as chuvas demoraram para chegar e devem ficar por mais tempo sobre a região. Se ele estiver certo, colherá uma boa safra. Continuamos apontando no milho um quadro bastante apertado e necessidades de importações. 22

• Cultivar

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Informativo da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes

SOJA

Encartado na Revista Cultivar nº 15

Mercado ganhou fôlego Durante o mês de março cresceu o número de sinais de que neste ano as lavouras americanas poderão ter problemas com estiagem. Para auxiliar ainda mais os nossos produtores, tivemos chuvas abaixo do normal e muitas áreas já estavam sendo consideradas como secas, ocasionando uma boa pressão sobre as cotações. Neste ano o mercado da soja poderá ter surpresas boas para os produtores do Brasil e da Argentina, pois se novamente a safra americana, estimada em 80 milhões de toneladas, vier abaixo, o quadro de oferta e demanda mundial ficará apertado e passaremos a trabalhar com preços melhores. Já podemos apontar que os produtores devem receber entre US$ 1,00 e US$ 1,50 acima do que recebiam pela saca na safra passada. Para auxiliar ainda mais o setor, temos visto bom crescimento na procura pela soja por parte dos países asiáticos.

ARROZ Produtores querem EGFs e não Opções Os produtores de arroz neste ano estão apostando em reação mais à frente, e vêm forçando o governo para que libere EGFs sem mostrar grande interesse em cima das opções, que no ano passado serviram para limitar o crescimento do arroz. Com o EGF o produtor tem a liberdade de comercializar o cereal e aproveitar alguma reação que possa aparecer nos indicativos. Neste último mês de março o arroz teve queda de 10 a 20%, típico para este momento de colheita. Há regiões do Centro-Oeste que trabalham abaixo do preço mínimo e a briga nesta região é pela liberação de AGF, ou seja, compra pelo governo. A demanda de arroz está em crescimento e o varejo aproveita para realizar grandes promoções e atrair ainda mais os consumidores, podendo superar a marca das 11,7 milhões de T.

Sementes certificadas

Do Brasil para o mundo CURTAS E BOAS ... SOJA - O USDA estima a safra em 30,3 milhões de hectares e produção em 80,5 milhões de T para os EUA neste novo ano. Para ajudarnos temos grandes chances de ver seca sobre o cinturão da soja e milho.

SORGO - Os produtores do Centro-Oeste, principalmente de Goiás, estão animados com o novo plantio e com o mercado, esperando vender acima dos R$ 8,00 por saca na entressafra. O Brasil poderá colher 1,5 ARROZ - No Mercosul milhões de T neste ano. continua o impasse, com os produtores do Brasil querendo um limite de 550 mil T de im ALGODÃO - Os portações, enquanto argentinos produtores têm optado para e uruguaios querem colocar as vendas via CPR, com fecerca de 200 mil T a mais. chamentos na casa dos R$ ARGENTINA - A 36,00 pela arroba, enquansafra de soja está chegando to o mercado disponível ainao ponto de colheita e as es- da trabalha bem abaixo. Há timativas locais apontam que reclamações dos produtores a safra fique abaixo das 15 de que o algodão em caroço milhões de T, contra estima- não consiga bater os R$ tivas de 15,5 do USDA. 10,00 por arroba. e-mail: brandalizze@uol.com.br FEIJÃO Cai a pressão de venda, mas há dificuldade para crescer O mercado do feijão aparentemente está passando pela fase de super-oferta, mas ainda terá um bom período para

recuperar os indicativos. Mostra chances de avanços nos indicativos na segunda quinzena deste mês de abril. A demanda deverá continuar em crescimento. Os produtores têm diminuído o plantio da segunda safra e estão sem interesse no plantio irrigado.

D

esde dezembro passado o Brasil faz parte de um seleto grupo de países que integram o esquema de certificação varietal para movimentação no mercado internacional, administrado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD), entidade intergovernamental, com sede em Paris. Da América Latina, já integram esse esquema a Argentina, Bolívia, Chile e Uruguai. O ingresso do Brasil abre novas perspectivas de mercado para o setor sementeiro nacional e traz para o país um novo conceito em termos de controle de qualidade, a ser observado pelos agentes públicos e privados que participam do processo de certificação de sementes. O esquema de certificação administrado pela OECD e pela Comissão Européia propõe uma série de procedimentos, métodos e técnicas que possibilitam o monitoramento da qualidade das sementes durante o processo de multiplicação, assim como o gerenciamento e segurança da identidade genética e pureza varietal das cultivares utilizadas. Portanto, as palavras chaves nesse esquema e, nos futuros processos de controle de qualidade, passam a ser identidade genética e pureza varietal . Para que venham a ser assegurados, várias avaliações serão efetuadas nos diversos estágios da produção de sementes, garantindo que segregações residuais, misturas mecânicas, mutações, polinizações indesejáveis e outras ocorrências imprevistas não venham a afetar negativamente a qualidade. Para se conseguir isso, as características que distinguem uma cultivar da outra devem ser previamente estabelecidas, possibilitando identificar colheitas e amostras de sementes que estejam de acordo com as características da cultivar, reconhecidas por Atualidades ABRASEM

Cultivar

Manoel comemora o ingresso do país na OECD

ocasião do registro ou da proteção. Essas características, que são usadas não somente para confirmar a identidade genética, como também a pureza varietal, devem se adequar ao uso em condições de campo, embora existam alguns caracteres que, em algumas espécies, estão relacionados à própria semente e que podem ser identificados por métodos científicos e executados em laboratório. A avaliação da identidade genética e da pureza varietal durante a produção (certificação) é fundamental, para que se mantenha o alto padrão de qualidade das sementes. Por seu lado, o produtor deve garantir que nenhum fato passível de comprometer a qualidade das sementes ocorra durante o desenvolvimento vegetativo da cultura, na colheita, no beneficiamento, na embalagem, no armazenamento, na identificação do lote e, nem mesmo, durante o processo de distribuição ou comercialização.

Portanto, para alcançar os resultados propugnados pelo esquema de certificação da OECD, o Brasil precisa adotar, urgentemente, como instrumento de controle de qualidade, a utilização de testes em parcelas de pré e pós-controle, aplicados para gerenciar a certificação de sementes, no sentido de preservar a identidade genética e a pureza varietal das cultivares utilizadas no processo de certificação. A OECD orienta que o teste de précontrole seja aplicado quando um lote de sementes está sendo multiplicado para produzir outra geração de semente, e o de póscontrole quando um lote de sementes está sendo multiplicado para produzir sementes certificadas destinadas a produtores de grãos. Esses novos conceitos não eliminam os instrumentos de controle de qualidade atualmente adotados pelos agentes fiscais, federais ou estaduais. Mas, ao contrário, surgem como elementos complementares do processo, incorporando ao tradicional controle físico, fisiológico e fitossanitário, o controle da identidade genética e da pureza varietal, possíveis com o advento da Lei de Proteção de Cultivares e da instituição do Registro Nacional de Cultivares. Diante desse contexto, essa nova visão em termos de controle de qualidade é essencial para que o Brasil possa ingressar em mercados mais exigentes, a exemplo dos Estados Unidos, Canadá e países europeus. Portanto, a sua adoção é crucial não só para o atingimento desses objetivos, como também para o efetivo controle interno do mercado de sementes, em consonância com os preceitos que regem a proteção e o registro de cultivares. Manoel Olímpio de Vasconcellos Neto, Consultor

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Cultivar • I


Rápidas

Futuro Abrasem

Dizem por aí que...

Semeando o

Novo Milênio C

hegou o novo milênio e, com ele, um grande desafio para o Sistema ABRASEM. A economia globalizada, com a presença maciça de mega-empresas transnacionais, uma enorme farra de subsídios aos agricultores do hemisfério norte, como ocorreu na última safra da soja norte-americana, além de barreiras comerciais para o agronegócio, sem qualquer perspectiva de solução nas reuniões de cúpula da Organização Mundial do Comércio, constituem apenas alguns aspectos a serem assimilados pela moderna agricultura brasileira. Mais ainda, as incertezas da conjuntura macroeconômica do País, o aumento de impostos, a visionária redução da dívida interna e a constante busca de superávit na balança de pagamentos são políticas que trazem em seu bojo a lógica simplista de que, a cada dia, teremos menor volume de recursos do Tesouro Nacional para investimento na agricultura brasileira. Em contrapartida, entrega-se ao produtor brasileiro de sementes o ônus da responsabilidade de alavancar o desenvolvimento agrícola. E vamos fazê-lo ! Em nosso segmento, a redução do custo Brasil passa por uma agricultura forte, pela melhoria dos canais de escoamento da produção, pela transparência da comercialização agrícola, pela criação de seguro agrícola de eficiência e, principalmente, pelos investimentos estratégicos em pesquisas para o desenvolvimento de novas cultivares adaptadas ao diversificado clima brasileiro, além, é óbvio, da criatividade empresarial voltada para a redução dos custos operacionais. E as estatísticas evidenciam que a crescente produtividade da agricultura brasileira é resultado diretamente proporcional à modernização do setor sementeiro. Somente nos últimos três anos foram lançados no mercado anos nada menos que 78 novas cultivares de soja, oito de algodão e 27 novos híbridos de milho, promovendo incrementos expressivos, seja nos índices de produtividade ou em outros aspectos agronômicos, como resistência à pragas e doenças II

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Visita de europeus

ou relativos à qualidade do produto final. Miyamoto fala sobre negócios Um novo e adicional fator de custo, resultante do desmantelamento do sistema de vares e, de outro lado, eliminou-se o sistema extensão rural brasileiro, vem tomando vul- nacional de recomendação de cultivares. to na planilha de custos dos produtores de Agora, a multiplicação de novas cultivares sementes: Assistência Técnica ao Consu- protegidas depende da prévia autorização dos midor . Muito embora esta seja uma ativi- seus obtentores e tornou-se obrigatória a dade que concorra definitivamente para a inscrição das cultivares no RNC para a sua introdução de novas técnicas agronômicas, produção e comercialização. Iniciamos agora os trabalhos para impleimprescindível para a plena expressão dos mentação de uma nova lei de sementes no novos cultivares e, portanto, fundamental para o êxito das sementes, o setor tem assu- Brasil e a ABRASEM vai lutar prioritariamido integralmente a função e os custos de- mente pela extensão da fiscalização oficial correntes da ligação entre a pesquisa e o agri- para fora do sistema formal de produção e cultor. Neste contexto, cabe ressaltar a pro- comercialização de sementes, objetivando gramação de aproximadamente 1450 dias coibir, tanto quanto possível, o mercado pade campo , a serem promovidos por empre- ralelo, através da aplicação de penalidades sas de sementes este ano, com expectativa mais rigorosas às empresas infratoras, includa participação de 150.000 agricultores e sive aos respectivos responsáveis técnicos. Defenderemos, ainda, o estabelecimento de 1.700 técnicos e vendedores. novas regras de produção, A Lei de Proteção de dentro de padrões nacionais Cultivares é também imúnicos, abrindo a possibiliportante fator indutivo Em nosso dade de que outras entidada modernização e prosegmento, a des possam emitir os certififissionalização do nosso redução do custo cados de qualidade. Vamos setor. Muitas empresas já Brasil passa por também batalhar pela criase estruturam e montam uma agricultura ção da Comissão Nacional seus modernos centros de forte de Sementes e Mudas, em pesquisa para participasubstituição às comissões esrem do já florescente taduais. mercado de cultivares de espécies autógaPor tudo isso, torna-se imperioso o formas. A agregação de valores tecnológicos/pro- talecimento das associações estaduais e, confissionais vem permitindo a melhoria dos seqüentemente, do Sistema ABRASEM. padrões de qualidade e o desenvolvimento Nesse sentido, cabe registrar o exemplo dado logístico da comercialização. O marketing por algumas associações estaduais, que moagressivo se faz presente, acirrando a com- dificou seus estatutos e agora permite a enpetição e ameaçando os menos organizados. tidades e profissionais ligados ao setor de seDoravante, conforme já exposto pôr ocasião mentes o ingresso no seu quadro social, sode reunião da Abrasem em junho de 1999, mando forças para o alcance de objetivos os obtentores de cultivares, inclusive as em- comuns. A nossa mensagem é de otimismo, conpresas públicas, deverão criar critérios para fiança e disposição, mas principalmente conregular a produção de sementes, estabelecendo limites quantitativos e qualitativos. clamando a todos os associados que nos ajuDaí a realização de licitações, através de edi- dem a fortalecer o Sistema ABRASEM. Participem ! tais da EMBRAPA, para a distribuição de Nós faremos a nossa parte . sementes básicas. O aparato legal continua se modernizan- Ywao Miyamoto, do: criou-se o Registro Nacional de Culti- Presidente Atualidades ABRASEM

Uma comitiva da União Européia chegou ao Brasil na segunda quinzena de março para assinar um protocolo de intenções na área de certificação de sementes. Visitaram áreas de Brasília, Maranhão e em Ribeirão Preto estiveram nas unidades de beneficiamento da Zeneca e da Carol. Viram ainda em Ponta Grossa em detalhes como funciona o processo de certificação de sementes. Em Ponta Grossa conheceram o recém criado sistema de pré e pós controle de manutenção das características das cultivares.

Titular

A cultivar da soja BRSMT Crixas, protegida em co-titularidade pela Embrapa e a Fundação MT, acaba de ganhar mais um titular, pela Decisão N º 13 do SNPC de 28 de fevereiro. O Centro Técnico de Pesquisa Agropecuária Ltda (da Fundação Goiás) também terá parte na propriedade, uma vez que igualmente participou do processo de obtenção, decidiu o SNPC.

Variação de cor

O Serviço Nacional de Proteção de Cultivares convocou reunião na Embrapa Soja, em Londrina, para discutir importante questão sobre descritores de soja para proteção de cultivares, e que afeta de perto os laboratórios. Há uma nova proposta na área, para implementação no Brasil, que abre a discussão sobre a variação na cor do ilo das cultivares, o que dificulta o trabalho dos laboratórios. Aumenta-se a responsabilidade de quem elimina campos em função da mistura varietal, pois há uma relação comercial entre o produtor de sementes e o obtentor e o primeiro pode acionar segundo por perdas e danos, desde que prove que não houve segregação ou mistura varietal, através do plantio. Conforme os melhoristas, pode ocorrer variação nas mesmas plantas, em função do uso de dessecantes, de doenças que causam a maturação mais rápida, ou ainda em decorrência de adversidades climáticas. O caso mais antigo conhecido é o da Doko. Atualidades ABRASEM

Forrageiras

Ordem no mercado de forrageiras O

mercado nacional de forrageiras, que movimenta R$ 300 milhões por ano, precisa de organização. Por isso a ABRASEM decidiu intervir e já promoveu uma reunião, com mais de 100 participantes, para tentar reverter a situação. A tendência é de que vai surgir, afinal, ordem no setor, que por sua importância já atrai a atenção de empresas estrangeiras. A primeira reunião ocorreu em fevereiro e além dos produtores de sementes teve ação direta dos pesquisadores da Embrapa, dos quais já partiu proposta concreta para normatização. Na linha dos principais problemas do setor, alguns estruturais, está a baixa exigência de qualidade de sementes pelo pecuarista. O mercado acaba se tornando informal e não oferece condições de competitividade aos produtores de sementes organizados e de qualidade. Sua principal queixa e reivindicação: é preciso organizar o mercado e criar-se mecanismos de fiscalização eficientes. Além disso, há necessidade de incremento da pesquisa de forrageiras. A Embrapa já apresentou as primeiras sugestões e os produtores solicitaram dos pesquisadores um estudo pormenorizado que englobe custos e tempo de execução. Uma vez concluído o estu-

do, nova reunião será convocada. Portaria 13 publicada A propósito, o Diário Oficial já publicou a Portaria 13, em 24.02.2000, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, visando organizar a produção e comercialização de forrageiras. Pela portaria, foram criadas duas comissões técnicas. De clima temperado e de clima tropical. O objetivo a ser alcançado é o buscado pelos produtores: estudar e propor normas de controle e de padronização de sementes. Além disso, pretende-se organizar uma campanha de conscientização para o uso de sementes melhoradas, estudar a relação custo/benefício e adequar as regras de análise da ISTA, além de se desenvolver estudos para incluir o cultivo de forrageiras na área de proteção de cultivares, com o objetivo de incentivar a pesquisa. Das comissões fazem parte representantes das empresas e do setor público. A ABRASEM é representada, na área de clima temperado, por Paulo Vargas Marinho e Antonio Eduardo Loureiro, e na comissão de clima tropical pelo seu diretor setorial de forrageiras, Jorge Matsuda.

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Cultivar • III


Feijão

pesquisa

Cultivar

Para onde vai o melhoramento N

orman F. Bourlaug, em 1970, cos das últimas décaproferiu o discurso The gre- das a cultura ainda é, en revolution: peace and humanity (A em média, deficitária revolução verde: paz e humanidade) tanto em produtivionde menciona que a civilização so- dade quanto em promente pode sobreviver quando há dis- dução. ponibilidade de alimentos. Malthus, em 1798, afirmou que a população Produtividade crescia em ritmo muito mais aceleraem baixa do que a produção de alimentos de tal A produtividade modo que o fim ocorreria pela fome. média no Brasil é inIsso foi superado pela habilidade do ferior a 1000 kg/ha e homem em encontrar soluções para a produção é menor seus problemas. No entanto, a popu- que o necessário lação continua a crescer desordenada- para atender a demente desafiando a capacidade do manda interna. Esse homem em multiplicar a produção de quadro vem sendo alimentos. John Boyd Orr, em 1978, modificado para medisse, you can t build peace on emp- lhor nos últimos ty stomachs (Não se pode construir a anos. Nesse procespaz com estômagos vazios). A fome so destacam-se: (1) a hoje é uma realidade no mundo. Mais irrigação abrindo esde um terço dos habitantes do planeta paço para uma terpassam algum tipo de privação de ali- ceira época de semementos. O que fazer para produzir adura, o cultivo de mais? inverno ; e (2) a inAtravés do melhoramento surgem cultivares que O Brasil é o maior produtor mun- clusão da cultura do agradam ao produtor e ao consumidor dial de feijão-comum (Phaseolus vul- feijoeiro -comum, garis). Essa fabácea (leguminosa) é, no como alternativa, na País, uma das mais importantes fontes rotação do Sistema de Semeadura ou Direta, que pode ou não estar associado à irrigação, na Região dos Campos de proteína da alimentação do povo, Plantio Direto. especialmente da A irrigação é prática uti- Gerais do Paraná é uma realidade. O parcela menos falizada por agricultores que, agricultor que está descobrindo a culvorecida econominormalmente, utilizam ou- tura do feijoeiro-comum como alternaO melhoramento camente. A destras tecnologias imprescin- tiva na rotação é experiente na utilizaambiental produz peito dessa signifidíveis para aumentos na ção de outras tecnologias que têm imresultados a cativa importância produtividade. Na Região portância para os ganhos em produticurto prazo e da demanda do Planalto Central do País, vidade. Além disso, a semeadura direcrescente por alio avanço da cultura do fei- ta pode ser estendida para a Integramentos, a produjoeiro-comum tem sido ção Lavoura Pecuária, com o aproveição de feijão no Brasil, em sua maio- marcante ocupando áreas antes ocio- tamento das sobras de pastagens de ria, é feita em pequenas áreas, muitas sas no inverno. Com alguns ajustes o verão, fazendo lavouras de curta duvezes em cultivos associados e sem sistema pode ser adotado também para ração como a do feijoeiro-comum. Constata-se que a cultura do feijoutilizar a tecnologia disponível, que a safra da seca resolvendo-se o proeiro-comum, depois de muitos e muileva à menor produtividade da cultu- blema da falta de chuvas. tos anos como cultura de subsistência ra. Mesmo com os avanços tecnológiQuanto ao Sistema de Semeadura


e que, freqüentemente, tinha aumentos de produção apenas pelos aumentos de área plantada, passa para nova realidade, justificando investimento em tecnologias, especialmente para preservação do sistema agroecológico, como é o caso do Sistema de Semeadura Direta e de sua associação na Integração Lavoura Pecuária. Isso, per si, justifica e indica a necessidade de trabalhos experimentais e científicos para definição de ações no novo sistema.

rece, modificando o que não interessa e produzindo novas variedades com o mesmo tipo de grão desejado pelo mercado consumidor. Destaca-se que atualmente os programas de melhoramento estão mais Cultivar

Melhoramento ambiental A ação isolada do melhoramento ambiental, por mais importante e fundamental que seja, não será suficiente, além de ser alternativa cara e de durabilidade questionável. Contudo, não se entenda que a opção é abandonar o melhoramento ambiental. Pelo contrário, a ação conjunta de melhoramento ambiental e melhoramento genético é que pode levar a resultados ainda muito melhores que os já conseguidos. O melhoramento ambiental produz Ronzelli recomenda cuidados com resultados a curto prazo, o que agrada a produção de feijão transgênico os agricultores, que com razão, querem soluções mais rápidas. No entanto, mesmo nas ações de melhoramen- atentos ao mercado consumidor. Não to ambiental há necessidade de traba- se justifica conduzir um programa de lhos experimentais com repetições. melhoramento genético de qualquer Assim, o melhoramento genético, em- cultura se não houver aceitação do bora instrumento mais eficiente para produto pelo consumidor. Esse consuproduzir resultados duráveis, é proces- midor define o interesse da empresa so mais lento na oferta de resultados, que vende no varejo e, consequenteportanto, caminho ainda mais difícil mente, da empresa atacadista que comde ser aceito por aqueles que desejam pra o produto do agricultor. Isso é simples mas, por muitos respostas rápidas. No anos, os programas de entanto, mesmo senmelhoramento genético do poucos os prograDiminuir o ciclo do estiveram ocupados apemas de melhoramenfeijoeiro é um nas com a ciência, ignoto da cultura, tem-se dos caminhos rando a necessidade de observado que o merimportantes na atender a real demanda cado de variedades pesquisa do produto. Muitos dos nunca foi tão rico em fracassos ocorridos, que diversidade para a esnão foram poucos, pocolha. Por exemplo, o grão de tipo Carioca tido por muitos dem ser atribuídos a essa imprudêncomo mesma variedade, tem hoje mais cia comum no cientista. O feijoeiro-comum é uma planta de duzentos diferentes genótipos registrados. No entanto a planta já não autógama que tem mais de 95% de aué a mesma. O que terá acontecido? É tofecundação. A morfologia da flor, as melhoramento genético. Aproveita-se características genéticas e a fisiologia o que de mais importante a planta ofe- da planta são grandes responsáveis por

esse processo de autogamia. No entanto a homozigose acaba com a variabilidade e não há o que selecionar nas populações. A seleção é ferramenta de extrema importância, porém, deve ser precedida da hibridação, eficiente alternativa para produzir a variabilidade essencial para a seleção. No feijoeiro-comum há dificuldades para a hibridação artificial. Mesmo assim as hibridações dirigidas têm sido um dos recursos mais utilizados pelos programas de melhoramento para produzir variabilidade. São comuns as hibridações intra-específicas. A maioria das variedades atualmente no mercado são resultantes desse caminho. As hibridações interespecíficas seriam outra alternativa importante para aproveitar as outras espécies cultivadas do gênero Phaseolus [P. acutifolius, P. coccineus, P. lunatus e P. polyanthus]. No entanto, os resultados são pobres e, além disso, não há relatos de poliploidia bem sucedida no feijoeiro-comum. Em razão disso, vantagens como o aproveitamento da tolerância ao frio encontrada em P. coccineus e da resistência ao crestamento bacteriano, encontrada tanto no P. coccineus quanto no P. acutifolius são quase impossíveis. Indução de mutações A indução de mutações seria outro recurso para criar variabilidade, porém é recurso fortemente limitado a caracteres governados por um único gene com expressão completa da dominância. Há informações sobre a utilização da indução de mutações para alteração da cor da semente. A engenharia genética ganhou espaço nos programas de melhoramento nos últimos anos. Muitos pesquisadores já escreveram que a técnica da manipulação do DNA veio para ficar. Seria cientificamente um ato de ignorância não confirmar. No entanto, há muita controvérsia sobre o assunto. Porém, com ou sem controvérsia, as plantas transgênicas são uma realidade e precisam ser estudadas para que esse caminho fantástico e poderoso da manipulação de genes possa ser, efetivamente, uma ferramenta no estudo da genética das plantas, servindo para au-

Ronzelli

O feijoeiro-comum é uma planta autógama que tem mais de 95% de autofecundação mentar a produtividade e a produção do feijoeiro-comum deve ser com o de alimentos. É essencial que sejam tipo comercial do grão. Conhecendo a guardados todos os cuidados para que incrível variabilidade para cor, forma não haja interferência na saúde dos e tamanho da semente é fundamental animais, nos demais seres viventes e que os programas de melhoramento esno meio-ambiente, fundamental para tejam atentos para as necessidades comerciais. Não adianta fazer uma protodos. posta científica sem A produção de feijoeibase comercial. ros transgênicos talvez Agricultor que não não seja, no momento, a Deve-se reestudar vende o que produz parte mais importante da a densidade de é agricultor que não engenharia genética que plantio para melhor planta mais a cultuesteja sendo aproveitada. aproveitar o solo ra e que procura ouAs dificuldades são acitra opção. ma da média nos proceA precocidade é dimentos de transferênoutra característica cia de genes nessa cultura. Seja qual for o caminho os resulta- que vale o investimento. Feijoeiros dos são lentos e pouco promissores. com ciclo menor que noventa dias, Por outro lado, os marcadores mole- algo próximo de 65 ou setenta dias seculares, por outro lado em utilização ria uma grande alternativa para ser há alguns anos, são ferramenta que aproveitada em períodos que o solo deve ser considerada como imprescin- fica ocioso por falta de uma cultura de dível para os programas de melhora- ciclo curto e rentável. Obter variedamento. Seria total imprudência desen- des com essa característica é um desavolver qualquer tipo de planejamento fio em razão da escassez de genótipos para obtenção de novas variedades com esse perfil para servirem como gesem considerar a utilização dessa arma nitores. A arquitetura da planta tem sido o poderosa, que permite identificar a presença ou não dos genes desejados conjunto de características mais trabapara os cruzamentos, de tal modo que lhado nos últimos anos, em razão da a hibridação artificial possa ser efeti- necessidade de variedades para a covamente dirigida, sendo um processo lheita mecanizada. Variedades com hábito de crescimento ereto, haste científico e menos casual. Sugere-se que o primeiro cuidado mais resistente ao acamamento e maino melhoramento genético da cultura or altura na inserção da primeira va-

gem são o tipo de planta ideal para essa necessidade da mecanização que se associa aos avanços da irrigação e da semeadura direta. Essas plantas, teoricamente desenvolvidas para atender necessidades de utilização de tecnologias mais avançadas, vão também beneficiar o agricultor de pequenas áreas que gastará menos com os controles fitossanitários da cultura. Com as variedades eretas há que se rever outros conceitos de manejo, como por exemplo, população de plantas. Devese reestudar a distribuição espacial de espaçamento e densidade de plantas para aproveitar melhor a área cultivada. Pragas e doenças A busca de resistência a pragas e doenças pode ser resumida como sendo a batalha interminável do homem com a natureza, algo que já foi identificado e largamente divulgado. Pesquisadores no passado já perguntavam: - quanta virulência pode a natureza colocar nos patógenos de plantas e quanta resistência pode o homem colocar nas plantas cultivadas . Pois bem, esse é o desafio para os programas de melhoramento genético do feijoeiro-comum. A fixação do nitrogênio atmosférico com eficiência para os feijoeiros, algo que possa ser comparado com o que ocorre com a cultura da soja, é o tipo de resultado que seria muito comemorado por aqueles que têm empenhado suas vidas de trabalho nessa busca, até o presente, quase inglória. Talvez os melhoristas tenham que trabalhar na fisiologia da planta para auxiliar os microbiologistas e com isso ao agricultor. O que fazer para atingir esses objetivos? Quanto dinheiro investir? Quanto tempo esperar pelos resultados? São perguntas difíceis de serem respondidas. O cientista está pronto para investir tudo, sua vida, dinheiro e tempo para aguardar os resultados, no entanto, será que o agricultor pode esperar? Aquele que tiver a resposta para todas essas perguntas, por certo, pode ajudar a todos para vencer especialmente a fome. Pedro Ronzelli Júnior, UFP


Trigo

prevenção

Tecnologia para economizar

Prever a hora correta de aplicar defensivos é o sonho de muitos agricultores. Agora já é possível...

Cultivar

A

importância das doenças fúngicas no rendimento das culturas aumenta na medida que diminuem os intervalos de rotação, que uma cultivar atinge uma grande área de expansão e, também, pela necessidade de se obter o máximo do potencial das cultivares com o uso de fertilizantes e corretivos. No regime de agricultura intensiva, a ocorrência de doenças fúngicas não apenas limita o rendimento dos cultivos como impede a remuneração do capital. Devido à presença de doenças que representam uma ameaça para os cultivos, e por razões econômica e ecologicamente aceitáveis, medidas de controle devem ser acionadas na iminência de ocorrência de graves riscos para a cultura. No Sul do Brasil, quando se pretende alcançar altos rendimentos (3 ton/ ha, ou mais) de trigo, por exemplo, é quase impossível dispensar o uso de fungicidas, especialmente se as condições climáticas se mostrarem favoráveis ao desenvolvimento de doenças. Nessas circunstâncias, mesmo que se usem os métodos de cultivo mais apropriados, a época de semeadura adequada, a fertilização recomendada, a variedade mais resistente, não há garantias de que deixarão de existir danos econômicos ou de que os investimentos serão otimizados. Para a maioria dos agricultores que usam a tecnologia para alcançar o potencial máximo de rendimento, hoje regidos pelas leis de mercado, o uso de fungicidas é uma das opções para controlar as doenças. Devido a essas circunstâncias, o uso de fungicidas, no Brasil, tornou-se uma prática de grande importância no cultivo de trigo. A despeito de diferenças climáticas significantes entre as zonas ecologicamente favoráveis ao cultivo de trigo e as conseqüentes interações entre patógenos específicos e clima, nenhuma região no Brasil pode ser caracterizada como livre de risco de ocorrência de epidemias.


Desenvolvimento de patógenos O desenvolvimento epidemiológico dos patógenos varia, de um ano para outro, com as necessidades ambientes de cada espécie, as quais estão estreitamente relacionadas com as condições climáticas regionais, que, juntamente com pequenas alterações nos métodos de cultivo, provocam diferenças no tipo de infecção (espécie de patógeno) e no nível de infecção (severidade da doença). As decisões re-

a dinâmica populacional dos patógenos. Isso significa que apenas em algumas situações, ou seja, por coincidência, será alcançada a máxima eficiência técnica e econômica da tecnologia. Com as mudanças que estão ocorrendo na agricultura, haja vista a globalização da economia e a conseqüente necessidade de ser competitivo, o controle de doenças com fungicidas sem a prévia avaliação dos efeitos na relação custo/beneficio deixou de ser uma prática sustentável.

grau de severidade da doença. O estabelecimento de critérios de decisão é um processo científico fundamentado em numerosos estudos documentados ao longo de vários anos sob diferentes condições ambientes. Os critérios de decisão têm a finalidade precípua de otimizar o uso de fungicidas, de maneira que este seja o mais apropriado possível, com base no início, no curso e na severidade da epidemia.

Fotos CNPT

Maurício e Picinini acreditam na necessidade de racionalizar o uso de produtos fitossanitários

É importante que daqui para frente lativas à aplicação de fungicida, ao momento de aplicá-lo e à escolha do as medidas de controle sejam aplicaingrediente ativo e da dose respectiva das em sintonia com a condição de têm sido, até o momento, deixadas à sanidade da cultura e na iminência de margem da experiência de agriculto- risco real ao rendimento quantitativo res ou técnicos. Lamentavelmente, e qualitativo de trigo. Há inegável connem sempre a decisão tomada coinci- senso quanto à orientação de que a prode com o ótimo, se forem considera- teção da cultura do trigo através do uso de fungicidas deve ser dos aspectos econômiusada em consonância cos e epidemiológicos. com os princípios de Em geral, a decisão de Os critérios de manejo integrado de usar fungicida é tomadecisão têm a doenças, ou seja, ser reda mais no sentido de finalidade de alizada somente na precaução em relação a otimizar o uso de iminência de frustracertos estádios de cresfungicidas ção na produção almecimento da cultura. jada e quando todas as Em trigo, é muito cooutras alternativas já timum os agricultores fazerem uma aplicação de fungicida no verem sido devidamente consideradas. estádio de floração. Os tratamentos Além da correta diagnose da espécie com fungicidas orientados pelo está- patogênica, o sucesso do controle de dio de desenvolvimento não necessa- doenças com fungicidas depende da riamente estarão, em todos os anos e escolha correta do ingrediente ativo e em todas as regiões, em harmonia com dose respectiva, do nível de dano e do

Modelos de simulação Recentemente, modelos de simulação orientados para descrever os complexos processos biológicos envolvidos no crescimento e no desenvolvimento de plantas tem proliferado significativamente. Até recentemente, os modelos de simulação de culturas pecavam por não incorporar estresses biológicos como pragas e doenças. Isso limitava a aplicação prática dos modelos no manejo das culturas dentro da propriedade agrícola. Por outro lado, modelos de simulação de epidemias consideravam apenas a dinâmica dos patógenos sem abordar o hospedeiro. Felizmente, nos últimos anos vários trabalhos envolvendo a ligação entre modelos de simulação de epidemias de doenças de plantas e modelos de simulação de culturas têm sido relatado com algum sucesso na literatura. Modelos de simulação de culturas que


Cultivos

rotação

Racionalização de defensivos As pressões econômicas advindas com o processo denominado globalização da economia vai demandar uma exploração efetiva do conhecimento existente a fim de que o trigo produzido no Brasil seja competitivo com o produzido em outros países. A otimização no uso de insumos variáveis como os fungicidas pode trazer uma contribuição importante para a redução do custo de produção do trigo. Além disso, o uso mais adequado deverá contribuir para diminuir os efeitos reais ou imagináveis que os fungicidas têm sobre o ambiente. Nos últimos anos, pesquisas na biologia e na epidemiologia dos patógenos dos cereais têm aumentado o conhecimento sobre os fatores que determinam o progresso das doenças e o conseqüente nível de injúria econômica. De maneira similar, o desenvolvimento de novos e mais ativos fungicidas tem sido acompanhado por pesquisas em seu modo de ação, as interações com a cultura e o surgimento de epidemias. Sistema de auxílio A Embrapa Trigo desenvolveu um sistema de auxílio à tomada de decisão no controle de doenças de trigo com o objetivo de orientar técnicos e agricultores sobre o potencial de dano

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O Sistema de Auxílio ajuda a evitar as doenças sem desperdiçar defensivos

que as doenças podem causar no rendimento de trigo. O sistema usa dados referentes às características de solo e de clima para estimar a produção de trigo na presença e na ausência de doenças. A época de plantio, a cultivar usada e o momento de aparecimento dos primeiros sintomas da doença são fatores importantes levados em consideração pelo programa. O sistema consiste basicamente no emprego de um modelo de simulação que prediz o crescimento diário da cultura de trigo, inclusive os estádios fenológicos. Um modelo de epidemias de doenças foi acoplado ao simulador de crescimento de trigo, de modo que fosse possível estimar o impacto que as doenças causam em trigo ao eliminarem área foliar fotossinteticamente ativa. Um sub-modelo de fungicidas foi acrescentado a fim de permitir o prognóstico do efeito dos fungicidas no progresso de epidemias. Uma versão Beta do sistema foi apresentada a potenciais usuários nas safras de trigo de 1997 e 1998. A aparente satisfação dos usuários nos encorajou a disponibilizar o sistema através da Internet. A grande vantagem da Internet é que a versão mais atualizada do programa é a que será usada pelo cliente. Além disso, as informações recebidas durante o acesso serão úteis para o acompanhamento da safra e possível antecipação de potenciais problemas de doenças. Juntamente com o Instituto SAS Brasil, colocamos o sistema na Internet http://www.cnpt.embrapa.br/intrnet/ index.htm. No momento, o sistema com o aplicativo SAS/Intrnet, está considerando apenas o solo e o clima da região do Planalto médio do Rio Grande do Sul. Para a safra de trigo do ano 2000, o sistema deverá ser modificado para considerar diferentes cenários de clima. Entre esses cenários incluem-se anos com a ocorrência do fenômeno El niño, La niña ou normal. Estamos divulgando o sistema para podermos avaliar melhor a sua funcionalidade e gostaríamos de receber a sua visita e seus comentários. José Maurício Fernandes, Edson Clodoveu Picinini Embrapa Trigo

Hora de decidir o que plantar neste inverno As culturas que podem ser introduzidas em sistemas de rotação durante os meses de inverno, no Sul do Brasil, são relativamente numerosas. Entre elas, citam-se, como as mais importantes, trigo, triticale, cevada, aveias (branca e preta), colza, centeio, linho, ervilhaca e serradela

O

s cereais de inverno (aveia branca, cevada, centeio, triticale e trigo) são as culturas de maior retorno econômico, enquanto linho e colza, embora adaptados às condições sul-brasileiras, apresentam problemas de comercialização. Ervilhaca, serradela e tremoço representam opções para melhoramento de solo e para incorporação de nitrogênio ao sistema. O tremoço, em algumas condições, tem mostrado ser muito suscetível a doenças fúngicas, como antracnose. A aveia preta, decorrência da área cultivada, hoje está se tornando uma planta daninha em nível de lavoura, além de apresentar problemas de do-

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respondem a estresses biológicos trazem novas perspectivas para o uso dos modelos fora do campo acadêmico. A combinação de modelos de simulação do crescimento e desenvolvimento de culturas, de epidemias e da ação e da persistência dos fungicidas pode resultar e um sistema para auxiliar a interpretar e determinar o impacto das doenças no rendimento das culturas. A combinação destes três modelos permite avaliar diferentes estratégias de controle de doenças com fungicidas. Uma das principais vantagens no uso deste tipo de ferramenta é a habilidade de interpretar situações complexas de maneira mais eficiente e mais rápida do que a mente humana é capaz

Atualmente, o linho é uma cultura de difícil venda e pouco retorno econômico

enças, como a ferrugem da folha (Puccinia coronata avenae Eriks). As espécies para plantio no verão, em áreas extensivas, reduzem-se às culturas de soja, de milho e de sorgo. Planejamento do sistema No planejamento de sistemas de rotação de culturas nem sempre é possível contar exclusivamente com espécies geradoras de renda direta, como produtoras de grãos ou de forragem. Em face de problemas técnicos, principalmente de fitossanidade, em determinados sistemas de rotação de culturas há necessidade de inclusão de espécies que não promovem renda imediata, mas cumprem papel fundamental na manutenção da produtividade e da economicidade do sistema, sendo denominadas culturas de cobertura de solo ou de adubação verde. A escolha das culturas que poderão integrar um sistema de rotação depende de fatores técnicos e econômicos. Dentre os fatores técnicos, podem ser citados: adaptação das culturas à região, influindo no risco de investimento; aspecto fitossanitário em relação ao controle de doenças e de pragas; possibilidade de uma cultura atuar como planta daninha nos cultivos subseqüentes, como, por exemplo, a aveia preta


Girassol

cultivo

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Fotos Cultivar

Henrique explica quais as melhores opções de cultivos de inverno para o agricultor

ou, de forma inversa, permitir o seu cipalmente nos últimos sete anos, dencontrole; valor da tecnologia disponí- tro das ações de trabalho dessa unidavel para a cultura; e disponibilidade de de pesquisa, visando à integração de equipamento e de mão-de-obra ne- lavoura-pecuária nas zonas produtocessária para sua exploração. Além ras de trigo, no Planalto do Rio Grandisso, as culturas alternativas de in- de do Sul. verno (ervilhaca, serradela e trevos) Ao se procurar escolher a espécie têm apresentado problemas de produ- de cobertura de solo no inverno, para ção de sementes. continuar cobrindo o Entre os fatores ecosolo no verão e para nômicos básicos estariadubação verde, é imAo planejar a am aqueles relativos ao portante visar ao rerotação de culturas custo de produção à gatorno econômico da nem sempre é rantia de comercializaprópria cultura, como possível pensar em ção e à disponibilidade produção de semenganho imediato de crédito para gerencites ou pastejo e, tamar a produção. bém, ao fornecimenAlém dos fatores técto de nitrogênio à culnicos e econômicos, o agricultor exer- tura subseqüente. Normalmente, recocerá a sua escolha pessoal, decidindo menda-se uma cultura de inverno com de forma preferencial entre culturas, relação C/N (carbono/nitrogênio) acitipos de exploração ou combinação de ma de 25, quando se deseja semear soja culturas. no verão, e uma espécie com relação C/N abaixo de 25, quando se quer seAlternativas mear a cultura de milho no verão. A de inverno alta relação C/N pode imobilizar o niNa Embrapa Trigo, estão sendo es- trogênio, causando deficiência desse tudadas, desde 1979, culturas alterna- nutriente na cultura subseqüente, entivas de inverno (aveia branca, aveia quanto em espécies com baixa relação preta, colza, linho, ervilha-forrageira, C/N o nitrogênio é liberado mais rapiervilhaca, nabo-forrageiro, serradela e damente. No caso de milho, deve-se tremoço), com ênfase em controle de observar, ainda, a coincidência entre doenças do sistema radicular de cere- a liberação desse nutriente pela cultuais de inverno e na proteção superfici- ra usada como cobertura de solo e adual do solo, sem considerar o valor eco- bação verde. nômico. Além disso, as plantas forra- Henrique Pereira dos Santos, geiras têm sido objeto de estudos, prin- Embrapa Trigo

GIRASSOL NA SAFRINHA? O

cultivo do girassol, apesar da planta ter sido domesticada pelo homem há cerca de 5 mil anos, foi introduzido na América do Sul apenas no século XIX, vindo a Argentina a se destacar como um dos maiores produtores mundiais. No Brasil, foi introduzido, primeiramente no sul do País, pelos imigrantes europeus, devido ao hábito de consumirem suas amêndoas torradas. A partir do início da década de 1990, houve um aumento significativo na demanda pelo óleo de girassol, considerado mais saudável devido ao maior teor de gorduras polinsaturadas e também maior teor de ácido linoléico, essencial ao organismo humano. Esse crescimento da demanda, nos últimos anos, provocou tendência de

aumento da oferta e conseqüente redução do diferencial de preço em relação ao óleo de soja, o que favoreceu o aumento no consumo de 4 mil toneladas, em 1993, para cerca de 40,9 mil toneladas em 1997. Preços baixos Como os preços pagos ao agricultor, pelos grãos produzidos, continuaram desestimulantes, essa crescente demanda foi atendida, basicamente, com produto importado, principalmente da Argentina, atendendo a produção nacional apenas 4,5% do consumo. Felizmente, 37% da importação de 1997 é representada por óleo bruto, destinado ao refino e distribuição pela indústria nacio-

nal, o que reduz a competição de marcas estrangeiras e gera uma demanda pela produção doméstica de grãos para moagem e extração de óleo. Para atender à demanda potencial, basta resolver a equação dos preços da matéria-prima, de forma a permitir lucros ao agricultor e, ao mesmo tempo, custo de produção do óleo bruto nacional que o torne competitivo com o importado. Nas circunstâncias atuais, parece que apenas o cultivo do girassol de outono , em fevereiro-março, em sucessão a grandes culturas, pode vir a se tornar uma boa alternativa para o agricultor, uma vez que não impõe riscos absolutos, por se destinar ao aumento de renda da atividade agrícola e não à formação dessa renda, que fica a cargo da gran-


de cultura de verão. Também pode vir a ser alternativa de aproveitamento de áreas de reforma de canavial ou de áreas tradicionais de milho safrinha que, por perda da época de plantio ou devido a condições adversas, são apenas suportáveis pela cultura do girassol por ser mais tolerante ao frio intenso e à seca, em algumas fases do seu ciclo. Rotação de cultivos No caso de sucessão, tende a ocorrer beneficio para as duas culturas, como é o caso de milho-girassol, em que pode haver uma diminuição na incidência de pragas, devido ao efeito alelopático do girassol, diminuição de doenças e melhoria das condições físicas do solo para ambas, podendo haver incremento da produtividade do milho em até 30%, e também no caso de soja-girassol, em que pode haver aumento de até 15% da produtividade das duas culturas. Segundo levantamentos, os custos para produção de girassol, analisados nas condições de janeiro de 1998, e com seus valores transformados para o dólar norte-americano, sob cotação de R$1,20, vigente na época, totalizam US$ 229,40 por hectare, para o plantio de outono , que ocorre em fevereiro-março. Considerando que, em 1999, a tendência de preço dos grãos, colocados na indústria, é de US$160,00 a US$170,00 por tonelada, a rentabilidade da cultura, para uma produtividade de 2000 kg/ha., sem descontar o custo de transporte, poderá chegar a ser de US$ 90,60 a US$ 110,60 por hectare. Esses cálculos indicam que, apesar

A rotação milho-girassol pode diminuir a incidência de pragas e doenças nas culturas, além de melhorar as condições do solo se impeditivos. Para o caso de pequenos produtores independentes, a extração artesanal e cooperativa do óleo bruto através de simples prensagem e filtração, para venda regional, pode se tornar opção viável, razão pela qual foi desenvolvida, pelo ITAL, uma prensa contínua denominada Mini-40 , com capacidade de processamento de 40 kg por hora. Essa prensa portátil é recomendada apenas para processar grãos que apresentem teor de óleo acima de 40%, como é o caso de muitas variedades de girassol.

A planta de girassol adapta-se muito bem a baixas temperaturas, exceto na época de formação do botão floral da cultura do girassol representar uma alternativa de aumento de renda, pelo aproveitamento da época normalmente ociosa (fevereiro-julho), existe a necessidade de uma análise criteriosa dos custos de transporte que, devido ao baixo peso volumétrico dos grãos de girassol, variam sensivelmente, de agricultor para agricultor, com a distância entre a lavoura e a indústria, podendo tornarem-

A primeira série de testes com girassol em casca, usando esse equipamento, foi realizada com 900 kg da matériaprima, obtendo-se uma eficiência de extração, considerada satisfatória, de 24 a 26,5% de óleo por quilograma de grãos, com uma simples operação. No processamento através da Mini-40, é necessário uma limpeza prévia para retirar terra, pedras e outras impurezas, por pe-

neiragem e abanação. Considerando que o rendimento da prensa, para os cultivares cujos grãos têm entre 40% e 42% de teor de óleo, é de cerca de 400 a 500 litros do produto por hectare, se a produtividade for de 2 t/ha, teremos a possibilidade de gerar, além da torta, uma renda de US$240,00 a US$375,00 por hectare, dos quais devemos descontar os custos de extração, embalagem e venda do produto. Ultimamente, a utilização de silagem de girassol tem crescido, provavelmente por gerar maior quantidade de massa vegetal úmida por unidade de área, melhor qualidade de produto e menor custo de produção nos cultivos de outono, quando comparada com o de milho. Sua silagem se torna ainda mais vantajosa quando o mercado de grãos de milho for comprador. Como plantar A população adequada de plantas de girassol, nos cultivos, é de 30.000 a 60.000 por hectare, dependendo do cultivar e condições de solo, o que sugere espaçamento nas entre-linhas entre 50 e 90 cm, de acordo com a colhedora a utilizar, procurando-se ter três plantas

por metro linear. Para os cultivares mais comuns, tem-se observado que a recomendação é de 40.000 a 45.000 plantas por hectare. Na semeadura, feita quando a umidade do solo está em nível suficiente para uma boa germinação, as sementes devem ser distribuídas o mais uniformemente possível e completamente cobertas com, no máximo, 5 cm de terra. Essas providências evitam a ocorrência de espaçamentos desuniformes na linha e prolongamento da emergência por tempo superior a 10 dias, o que faria com que as plantas com menor área disponível, ou atrasadas na emergência, sofram competição, se desenvolvendo pouco e produzindo menos. No que se refere às condições climáticas para cultivo, a planta de girassol adapta-se muito bem a baixas temperaturas em diversas fases de sua vida, exceto na época de formação do botão floral, pela queima do mesmo, o que pode dar origem a diversas flores sem importância econômica, e na polinização, quando a viabilidade dos grãos de pólen e a quantidade de insetos polinizadores são afetadas seriamente pelo frio intenso, causando redução da eficiência da polinização e conseqüente abortamento de flores. O girassol também se desenvolve razoavelmente bem em temperaturas elevadas, mas os grãos produzidos terão óleo de pior qualidade devido ao menor teor de ácido graxo linoléico. As plantas das lavouras de girassol, instaladas nas épocas adequadas, desenvolvem-se rapidamente após 30 dias da emergência, dominando com facilidade as possíveis invasoras, e fazendo com que a necessidade de controle de plantas daninhas se limite ao período inicial do ciclo da cultura. Com isso, torna-se possível a utilização de herbicidas de

efeito residual curto e amplo espectro de ação. Doenças da cultura O girassol é atacado, em geral, por doenças causadas por fungos cuja ocorrência é um dos principais fatores a ser levado em conta quando da opção regional de instalação da cultura, pois as perdas de produção, dependendo das condições climáticas, podem ser gran-

totalmente. A severidade do ataque pode ser limitante, no caso de pequenas lavouras, pois não existe tratamento químico permitido por lei. O controle somente pode ser feito com o uso de artefatos que espantam os pássaros durante a época de granação aliado à colheita antecipada da lavoura, com os grãos ainda bastante úmidos, no ponto de maturidade fisiológica, entre 5 e 6 semanas do florescimento, após o qual não mais existe incorporação de

Ao instalar a cultura deve-se ter em mente a possível ocorrência de fungos, que podem comprometer a produção des, havendo relatos de redução de até 60% na estimativa de produção. Das pragas, as principais são as lagartas, que podem ser controladas com inseticidas biológicos, pois seu efeito é unicamente curativo e por contato, causando, inicialmente, a paralisação da alimentação e, após cerca de três dias, a morte das lagartas. O controle químico deve ser evitado durante o florescimento, por causar danos aos insetos polinizadores, principalmente abelhas. O ataque de besouros e percevejos, quando se mostra prejudicial, também podem ser controlados com inseticidas organofosforados, mas antes da época do florescimento, para não destruir as abelhas e outros insetos polinizadores, causando a eliminação da produção de grãos, mal maior do que aquele causado pelas vaquinhas. Dependendo da época do ano, em função da disponibilidade de alimentos na região, muitos pássaros, entre os quais os pardais, periquitos e maritacas, atacam os capítulos, na fase de enchimento de grãos, destruindo-os parcial ou

matéria seca, e completando-se a maturação física via secagem em terreiro ou secador. A colheita mecânica pode ser feita por colhedoras de milho ou de soja, com pequenas modificações, ou por máquinas com plataforma girassoleira. A velocidade de colheita, no caso de se usar colhedora de milho adaptada é de até 9 km/hora, enquanto no caso de colhedora de soja é de 4 km/hora. O momento da colheita mecânica é quando as plantas apresentam-se secas, de coloração castanha e os capítulos marrom-escuros, indicando que os grãos atingiram teor de umidade entre 14 e 17%, devendo-se colher toda a área antes que atinja 10%. A colheita antecipada, quando o grau de umidade nos grãos é mais alto, exige maiores cuidados na regulagem das máquinas, visando evitar quebra das sementes e aumento na quantidade de impurezas no produto colhido. Antônio Carlos Angelini (CATI) Maria Regina G. Úngaro (IAC) Jane M. Turatti (ITAL)

Manejo Ecológico de Pragas CONSULTORIA T REINAMENTO PESQUISA GRAVENA - Manejo Ecológico de Pragas Agrícolas Ltda. - Chácara Paulista Rodovia Deputado Cunha Bueno, SP 253, km 0.7, 14870-000, Jaboticabal/SP, Fone/Fax: (16) 323-2221 e-mail: gravena@asbyte.com.br


Congresso

Nossa Capa mep

Já existem mais de 2.500 participantes inscritos para o próximo Congresso Internacional de Entomologia. O número está empolgando a comissão organizadora

Público em alta A

XXI edição do Congresso tavam cadastrados. A promoção é Internacional de Entomolo- da Sociedade Entomológica do Bragia, quase cinco meses antes de sua sil e da Embrapa, com apoio do realização, já contabiliza significa- Conselho Nacional de Pesquisas, da tivo número de inscrições. Até o Coordenação de Pessoal de Nível dia 21 de março haviam sido ca- Superior e da Financiadora de Esdastrados 2.500 participantes, en- tudos e Projetos. Em termos de resumos, ainda tre professores, universidades, centros de pesquisas e engenheiros não foi realizada da contagem. Mas agrônomos representantes de em- os organizadores, pelo volume, calpresas que atuam no combate a pra- culam um total de 4.000. Comemorangas agrícolas, em praticado o expressivo mente todo o mundo. O São esperados número de instotal de países represenmais de cinco mil crições, José tados chegava a 64 e, inparticipantes para o Kfuri, que traclusive, pequenos países próximo Congresso balha na Coorafricanos já estavam ende Entomologia denação de viando suas inscrições. Eventos da PJ Só para efeito de compaEventos, Feiras ração, o congresso anterior, realizado em Firenza, Itália, e Congressos (Curitiba), lembra que contou com um total de 3.206 ins- existe desconto para as inscrições antecipadas e que a língua oficial critos! Os promotores do evento espe- será o inglês. Não haverá tradução ram no Brasil cerca de cinco mil en- simultânea. tomologistas de diversas partes do O Congresso Internacional de mundo. A propósito, também até o Entomologia, que está por compledia 21 de março, cerca de 300 nor- tar um século de existência, neste te-americanos e 300 japoneses es- ano será presidido por Décio Luiz

Gazzoni e ocorrerá no Centro de Convenções de Foz de Iguaçu, de 20 a 26 de agosto. Está composto de 24 sessões simultâneas, com 274 simpósios e 18 conferências plenárias. Paralelamente, serão realizados eventos em hotéis da localidade, tratando do mesmo tema. A última edição ocorreu em Firenze, Itália. Os objetivos do Congresso, um dos mais importantes eventos científicos do mundo, são congregar os mais destacados cientistas do Brasil e de todos os demais países para atualizar as informações referentes aos avanços da Entomologia. Objetiva também aproximar grupos de pesquisadores dos diferentes países para a condução de estudos e investigações conjuntas, visando o aumento do bem-estar social da humanidade, a redução de custos e o aumento de produtividade na agropecuária, além da melhoria das condições sanitárias das populações.

Os fungos no controle de insetos

Ao lado de predadores e parasitóides estão as doenças entomopatogênicas, que atacam os insetos e ácaros pragas. Sem esses microorganismos, o controle biológico não seria completo, pois originam os inseticidas microbianos tão importantes para a prática do MEP. O grande problema para muitas espécies de entomopatógenos é a sua dependência de alta umidade e da abundância da praga

A

gentes de controle biológico, referidos como doenças dos insetos e ácaros, são microorganismos que estão na natureza e, dependendo das condições do meio ambiente, podem realizar um trabalho estupendo na regulação de pragas dos grupos dos insetos e ácaros. São vulgarmente denominados inseticidas microbianos, biopesticidas, agentes entomopatogênicos ou simplesmente entomopatógenos. Algumas espécies já são muito conhecidas pelos agricultores e se tornaram praticamente obrigatórias para cultivos atacados por lagartas e para aqueles que adotam o manejo ecológico de pragas, tanto nos sistemas convencionais de cultivo como nos especiais como cultivo mínimo, plantio direto, os de ambientes protegidos e orgânico. Apresentam-se em formulações práticas e comerciais como os inseticidas padrões. O exemplo de destaque é o Bacillus thuringiensis, o Bt, vendido com os nomes Dipel, Bacontrol, EcotechPro, etc, cujo emprego não tem restrições quanto a prazos de carência, toxicidade ao homem e seletividade a inimigos naturais. A ocorrência natural da maioria dos biopesticidas depende fortemente de altas densidades da praga hospedeira, constituindose num obstáculo para se ver benefícios à primeira vista pelos agricultores. Muitas vezes os danos já aconteceram quando surge uma epizootia (infecção generalizada da população numa área extensa de cultivo) de determinado agente entomopatogênico. Alguns nem ocorrem naturalmente, como é o caso do próprio Bt, que necessita de formulação artificial e de ser aplicado inundativamente por pulverização - como um agrotóxico qualquer - para atingir toda uma população de insetos quando estes ingerirem o produto sobre as folhas. Neste caso o patógeno não é dependente de densidade, da abundância da praga na lavoura, para funcionar bem, mas não se propaga por si só para

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entomologia

Cochonilha branca (Unaspis citri) infectada por fusarium spp.


safras futuras na mesma área. Os inseticidas microbianos são divididos em 3 grandes grupos principais, baseados em fungos, em bactérias e em vírus. Há também os baseados em nematóides benéficos e em protozoários. Os biopesticidas não se restringem apenas a insetos e ácaros nocivos mas, também, já foram desenvolvidos para controle de ervas daninhas, nematóides e doenças fitopatogênicas (doenças de plantas causadas por bactérias, vírus e fungos nocivos). Alguns são utilizados para controle de vetores de doenças humanas, como os mosquitos, em geral. Nos próximos artigos vamos nos reter apenas aos 3 principais que são os destinados ao controle direto de insetos e ácaros - pragas dos cultivos agrícolas. Nas abordagens a seguir estaremos tratando dos fungos. Fungos que atacam insetos e ácaros Os fungos classificados como agentes efetivos de controle biológico estão presentes em muitas culturas atacando preferencialmente pulgões, moscas brancas (homópteros), cigarrinhas, moscas em geral (dípteros), besouros, lagartas, tripes e ácaros pragas. As características principais de atuação dos fungos ao infectar a praga são induzir a redução da alimentação do hospedeiro, provocando uma lentidão nos movimentos, o corpo do inseto atacado incha e fica coberto pelo fungo. Os fungos benéficos existem naturalmente em muitas áreas de cultivos como soja, produção de estufas, hortaliças, algodão, citrus, plantas ornamentais, pradarias e florestas. Algumas espécies de insetos, incluindose muitas pragas, são muito susceptíveis a infecções por fungos entomopatogênicos de ocorrência natural. Estes fungos são muito específicos a insetos, alguns são até específicos a nível de espécie. E o mais importante: não infectam animais e plantas. O crescimento dos fungos é favorecido por condições úmidas mas eles também apresentam estágios resistentes, que mantêm o potencial de infecção sob condições secas. Os fungos têm considerável potencial de epizootias e podem se espalhar rapidamente por uma população de insetos e causar o seu colapso. Devido aos fungos penetrarem o corpo do inseto, eles podem infectar insetos sugadores como os pulgões, cigarrinhas e moscas brancas, o que não ocorre com bactérias e vírus em relação a estes grupos de pragas. Várias espécies de fungos têm potencial como inseticidas microbianos. Em alguns países são comercialmente disponíveis em formulações que podem ser aplicadas usando-se equipamentos convencionais de pulverização.

As pragas atacadas A maioria dos insetos são susceptíveis a fungos entomopatogênicos. Alguns como Entomophthora e espécies próximas são bastante específicos afetando insetos a nível de grupo. Outros, como o Beauveria, tem um amplo espetro de hospedeiros, não distinguindo entre besouros, lagartas, percevejos, etc, como suas vítimas.

volvendo o corpo como emergindo das junções e segmentos do mesmo. Os pulgões, por exemplo, podem ficar inchados, descoloridos, terminando com um crescimento imitando um pó de cor cinza ou chocolate.

Eficiência dos fungos no controle Os fungos patogêncios a insetos geralmente necessitam umidade para ocorrer a infecção e epizootias naturais são mais comuns durante condições úmidas ou ambiente moComo agem lhado. A eficácia desses fungos contra inseos fungos Os fungos invadem os insetos penetran- tos pragas depende da ocorrência da espécie do as suas cutículas ou pele . Uma vez den- certa do fungo por perto, ou até mesmo da tro eles se multiplicam rapidamente. A mor- raça específica, juntamente com os estágios te é causada por destruição e ocasionalmente da praga que lhe é susceptível e na umidade e por toxinas produzidas pelos fungos. Eles temperatura apropriadas. Os esporos, que poemergem, freqüentemente, do corpo dos in- dem ser carreados pelo vento ou água, precisetos para produzir os esporos, que quando sam entrar em contato com a praga para inesparramados pelo vento, chuva ou contato fectar. Epizootias naturais podem dizimar pocom outros insetos espalham a infecção pela pulações de pulgões, lagartas de lepidopteros, larvas de moscas, cigarárea. rinhas e tripes. Eles podem ser um importante Como ficam Há evidências controle natural de pulos sintomas de que alguns Os insetos infectados pagões em batata, soja, coagrotóxicos são ram de se alimentar e ficam queiros, etc. Muitos tóxicos para fungos lentos (letárgicos). Eles podem fungos entomopatogêbenéficos morrer com relativa rapidez e nicos ocorrem no solo. algumas vezes ficam numa poHá evidências que a aplicação de alguns insição vertical, ainda presos à folha ou haste, no alto das planseticidas, fungicidas e tas ou concentrados próximo aos bordos dos herbicidas podem inibir ou matar estes funcultivos. O corpo morto do inseto pode ser gos. Por exemplo: mesmo em dosagens bem firme e ter a consistência de um queijo fresco baixas de alguns herbicidas, podem limitar seou ficar como uma concha vazia. Terminam, veramente a germinação e o crescimento de geralmente, com um crescimento fúngico cre- esporos do fungo Beauveria bassiana em amosme, verde, vermelho ou marrom, tanto en- tras de solo.

Curiosidades sobre fungos entomopatogênicos 1-Alguns inseticidas são derivados de patógenos como Abamectin e Spinosad passando por uma fermentação em seus processos de fabricação. 2- Insetos benéficos quando tentam ovipositar sobre as pragas ou próximo delas podem infectar e espalhar um fungo pela população. 3-Tem autores que consideram um fungo como predador da praga atacada, pois ele se alimenta das partes do mesmo para viver. 4-Tem patógenos que estão na natureza inofensivamente em relação aos insetos e só passam a ser ativos contra os mesmos depois de serem trabalhados pelo homem. 5- O fungo Coletotrichum gloesporióides apresenta uma raça que ataca a planta cítrica e outra que só ataca a cochonilha ortézia dos citros.

Gravena

porque as larvas de insetos infectados eventualmente se tornam brancos ou cinzas. A lista de pragas sobre as quais ele é usado é extensa: moscas brancas, pulgões, gafanhotos, cupins, besouro da batata, besouro mexicano, besouro japonês, bicudo do algodoeiro, besouro dos cereais, besouros de tronco, percevejos, maria fedida, formiga lava-pés, lagarta européia do milho, traça da maçã, moleque Santin preconiza a eficácia do controle através de fungos da bananeira, ácaros diversos e broca do colo Elasmopalpus lignoselus. Infelizmente Os produtos Boveria não é seletivo a inimigos naturais comerciais disponíveis Nos Estados Unidos Metarhizium aniso- atacando, por exemplo, joaninhas em geral. pliae é registrado para controle de barata do- Para ser seletivo a insetos benéficos o fungo méstica. Beauveria bassiana raça GHA é re- pode ser aplicado na forma de isca atrativa gistrado para controle de gafanhotos, grilos, para atrair apenas a praga. Há muitas raças alfafa, milho, algodão, batata, girassol, cere- deste fungo exibindo diferentes graus de patogenicidade às pragas, mas ele ocorre no ais, soja, beterraba, etc. Paecisolo como saprofítico lomyces fumesoroseus, raça Apoapenas. pka 97, é aprovado para uso em Metarhizium Os fungos ornamentais, plantas de interianisopliae é usado para entomopatogênicos ores e de estufas cultivadas com controle de larvas de são uma arma plantas não alimentares para raízes como as da vaimportante no manejo de moscas brancas, pulquinha do milho e becontrole de pragas gões, tripes e ácaros. No Brasil souros de raízes dos são conhecidas formulações de cítricos e outras culMetarhisium anisopliae para conturas. Tem uma larga trole de cigarrinhas das pastagens e cana-de-acúcar e Beauveria bassiana faixa de aplicação e é intensamente utilizapara manejo de broca do café, moleque da do em pastagens e cana-de-açúcar no Brasil. bananeira, ácaros etc. Verticillium lecanii ocorre naturalmente e em abundância onde há cochonilhas sem Alguns fungos carapaça atacando, tal como a cochonilha e suas aplicações Entomophthora muscae infecta moscas. verde e citros e café. Na Europa é muito utiO fungo se multiplica dentro do corpo da lizado em estufas. Neozygites floridana é muito conhecimosca adulta, que se torna enlarguecido e faixas amarelas dos esporos aparecem no do como agente eficaz contra ácaros tetraniquídeos em geral, destacando-se os Paabdomen. Zoophthora radicans é outro fungo co- nonychus spp. e os Tetranichus spp. Aparece mum afetando grande número de espécies como um crescimento em forma de pó sode pragas. Raças têm sido isoladas de várias bre os ácaros e de cor marrom ou chocolate. Neozygites aphidis é o fungo que ataca lagartas, destacando-se a traça da couve, cigarrinhas, pulgões e alguns besouros. Outras pulgões causando enormes epizootias. Apaespécies próximas desta têm sido usadas para rece como um crescimento em forma de pó sobre os pulgões e de cor marrom ou chocoinfecção de tripes. Beauveria bassiana é um fungo ento- late. Nomuraea rileyi é ativo contra lagarta mopatogênico encontrado naturalmente em algumas plantas e no solo. Epizootias são fa- da panícula de sorgo, curuquerê das crucífevorecidas por calor e umidade altas. É co- ras, lagarta do cartucho do milho, lagarta da nhecido como o fungo branco muscardino espiga do milho e lagartas da maçã do algo-

doeiro (Heliothis spp.). Ocorre naturalmente em cultivos de soja no Brasil dizimando a lagarta da soja Anticarsia gemmatalis, como aconteceu este ano no Estado de São Paulo devido às chuvas intensas desde dezembro de 1999. Hirsutella thompsonii infecta ácaros, principalmente o da falsa ferrugem dos citros, que é importante na Flórida e Brasil. Nos Estados Unidos já foi registrado para controle de ácaros em geral. No Brasil ele ocorre naturalmente mas para acontecer uma epizootia necessita de alta umidade relativa como maior de 90%, temperaturas entre 26 e 27ºC e alta densidade de ácaros como mais de 30 por centímetro quadrado. Coletotrichum gloesporioides foi descoberto mais recentemente, e suas propriedades infectivas são usadas contra a terrível cochonilha ortézia que arrasa pomares de citrus. Roberto Cesnick é o pesquisador da Embrapa-Meio Ambiente que trabalha nos estudos e produção deste fungo. Fusariun spp. é um fungo que normalmente aparece atacando cochonilhas de carapaças em diversas frutíferas. Aschersonia aleyrodis é muito comum sobre colônias de moscas brancas de diversas espécies. Este fungo é dos poucos que parece não necessitar de condições muito favoráveis para ocorrer em moscas brancas atacando cítricos. É de cor amarela ou laranja intensa parecendo-se com um olho de pássaro sobre ninfas dos insetos atacados. Considerações finais Os fungos entomopatogênicos representam uma importante arma para o manejo ecológico de pragas, tanto aplicado a cultivos convencionais como nos orgânicos ou auto-sustentáveis. Entretanto, há necessidade de crescimento do setor de produção e comercialização para que o agricultor possa dispor dos mesmos com facilidade de uso e custos-benefícios palpáveis. Há imperiosa exigência de maior conhecimento por parte dos usuários e repassadores de tecnologias para uma rápida expansão do uso dos fungos e mesmo de treinamentos de agricultores para reconhecimento e preservação das ocorrências de fungos nos ambientes naturais e cultivados. Finalmente, é preciso ter ciência de que também os fungos - alguns deles, por um lado, podem atacar insetos benéficos - exigem certos cuidados no manejo para preservá-los. De outra parte, podem ser destruídos com intensas aplicações de fungicidas para controle de fungos fitopatogênicos. Santin Gravena, Consultor


Algodão

melhoramento

Resistência e finura, as novas características Fernando Adegas

Com a mudança do perfil da cotonicultura nacional, passando de um sistema produtivo totalmente manual para o mecanizado, houve necessidade dentro da cadeia têxtil de uma rápida melhoria da qualidade da matériaprima visando atender as novas necessidades da indústria nacional

O

setor de fiação e tecelagem é, dentro da indústria têxtil brasileira, um dos que mais responderam, nos últimos anos, em termos de modernização de equipamentos, visando ao aumento da sua competitividade. É claro que, quando da tomada da decisão de se investir em novos equipamentos, a indústria têxtil espera que o melhoramento genético apresente variedades com qualidade de fibra compatível ao da matéria-prima importada, que no curto prazo foi uma alternativa para o aumento dos lucros, mas que no médio e longo prazos pode comprometer o suprimento desta indústria. Para termos idéia dos avanços tecnológicos deste setor nos últimos anos, SANTANA et al. (1998) citam que, em uma fiação convencional a anel consegue-se uma velocidade máxima de 19,0 a 25,0 metros de fio por minuto. No sistema open end a velocidade máxima alcançada é de 130,0 m de fio por minuto. Já no sistema air jet , ou jato de ar, a velocidade sobe para 180,0 m/minuto e na fiação por fricção é possível obter-se velocidades da ordem de 300,0 metros de fio por minuto!

vênio com o Cirad e Cooperativa dos produtores de algodão do sudeste de MT (Unicotton) com apoio do Facual (Fundo de Apoio à Cultura de Algodão do Mato Grosso) a instalar uma ampla base de pesquisas em Mato Grosso, maior produtor nacional de algodão da atualidade, para incorporar novas características importantes aos seus materiais genéticos. Em uma base central com 40 ha localizada em Primavera do Leste MT e outras duas bases regionais em Sapezal MT e Nova Mutum MT, o programa de melhoramento genético tem se dedicado exaustivamente à busca de novas variedades de algodoeiro. Resultados do trabalho Como fruto deste trabalho, iniciado na base de pesquisas de Palotina - PR - foram lançadas três novas variedades: CD 402 , CD 403 e CD 404. Estas variedades incorporam características agronômicas desejadas pelos agricultores, como maior tolerância a doenças e pragas, sendo CD 402 e CD 403 variedades de ciclo normal e sistema radicular agressivo, o que lhes confere melhor exploração do ambiente com menores perdas em caso de condições climáticas adversas. Já a variedade CD 404 tem elevado potencial produtivo quando se adota

Usar uma cultivar bem aceita no mercado é meio caminho para uma safra rentável

Características desejáveis Devemos ressaltar que estes resultados só podem ser alcançados quando a variedade de algodão apresenta características intrínsecas apropriadas, e que as características podem sofrer um processo de mudança acentuada em sua ordem de importância. Por exemplo, no sistema tradicional de fiação a anel as características mais importantes são: comprimento, uniformidade de comprimento, resistência e finura. Para sistemas de fiação mais inovadores como o open end a ordem de importância é totalmente diferente: resistência, finura, comprimento e pureza. Para a fiação a jato de ar as exigências passam a ser: finura, pureza, resistência, comprimento e fricção. Pelo que podemos ver das citações acima, resistência e finura serão as características mais relevantes dos novos algodões em detrimento do comprimento de fibra. A Coodetec é uma empresa de biotecnologia e pesquisa de sementes que desde o início do seu programa de melhoramento genético tem se preocupado não só com as

características agronômicas, como com o potencial industrial de suas variedades de algodão. A cultivar CD-401, primeiro lançamento deste trabalho, através de convênio firmado com o Cirad CA, instituição francesa de renome mundial, representa um grande avanço na tentativa de potencializar a matéria-prima para a indústria têxtil, em relação aos materiais disponíveis no Brasil na época. O rendimento de fibra no descaroçamento, por exemplo, é uma característica que interessa tanto à indústria quanto aos produtores, pois significa maiores lucros com o mesmo custo de produção. Por ser uma característica varietal fortemente influenciada pelo ambiente, pode variar de ano para ano, apresentando uma média de 39,4 a 42,2 no período de 1993 a 1997 contra 36,7 da variedade mais plantada no período (IAC 20). A resistência de fibra no período foi em média de 30,5 g/tex contra 26,2 de IAC 20. A finura e maturidade têm alcançado valores médios de 187 e 82% contra 223 e 80,1 da variedade mais plantada. A busca constante dos trabalhos de melhoramento levou a Coodetec em con-

Coodetec

Delano fala sobre as novas características do algodão alta tecnologia de produção. No entanto, o maior ganho foi obtido nas características de fibra, que excede as variedades em recomendação atualmente nos itens resistên-

cia (cerca de 31 g/tex para CD 404), finura (entre 208 e 214 Mtex) e maturidade (acima de 80 %). Com isso, a Coodetec tem alcançado um fio mais fino com valores próximos à 200 Mtex - que é a exigência da indústria têxtil - de maior resistência, permitindo aos teares trabalharem em altas velocidades. Na Austrália, considerado país modelo na produção de fibras, os produtores que alcançam valores de qualidade acima da média são premiados com um ágio no preço final de seu algodão ou penalizados com deságio se a sua fibra não atingir os índices requeridos pela indústria de fiação. Isso ainda não ocorre no Brasil, mas a tendência é de uma conscientização por parte da indústria dos benefícios que a qualidade do fio proporciona a todo o processo têxtil, sendo uma questão de tempo para que a prática de bonificar os produtores de fibras excelentes seja adotada. Com estes avanços, a Coodetec espera estar dando sua contribuição para que nosso país volte a ser auto-suficiente e também um grande exportador mundial de fibras, competindo em igualdade no mercado globalizado. Delano M. C. Gondim, Coodetec


Escolha do Grão Zeneca

Francisco José Mitidieri, Zeneca

S

e nos últimos dias você ficou em dúvida sobre o que plantar nesta safra ou nesta safrinha, não se desespere. Para quem vive da atividade agrícola ou faz parte da chamada visão sistêmica do agribusiness , isto é muito comum. O processo de formação de preços de commodities é complexo, envolvendo variáveis que, na maioria das vezes, não estão ao nosso alcance. E como bola de cristal não existe, fica difícil até mesmo para o mais audaz consultor de mercado - responder corretamente essa questão. De maneira geral, os agricultores têm (ou tinham) uma tendência de considerar os preços da época do plantio para optar por esta ou aquela lavoura quando deveriam analisar também os preços na época da colheita. Felizmente, esse hábito está mudando. Alguns fatores estruturais que levaram a esta mudança de atitude: a) os sucessivos (e frustrados) planos de estabilização econômica no período pós-ditatura, iniciando-se com a Maxi de 1982, o Plano Cruzado em 1986, etc... b) diminuição no volume de crédito de custeio agrícola oficial disponível; c) menor influência da política de preços mínimos e de formação de estoques oficiais EGF/AGF; d) maior abertura econômica iniciada no começo dos anos 90; e) estabilidade da moeda nos últimos 5 anos, que aumen46

• Cultivar

Abril 2000

tou a noção de valor relativo entre um produto e outro; f) as distorções do Plano Real nos primeiros anos de sua implantação, como o câmbio sobre-valorizado e as importações de produtos agrícolas para manter a moeda estável (a âncora verde), causando uma perda de renda do setor agrícola; e g) as altas taxas de juros, diminuindo a competitividade do setor. Todos os fatores expostos, e ainda o uso da tecnologia emMitidieri acredita que o plantio do sorgo será uma boa opção pregada, o tamanho da propriedade e a atividade per se têm ou tiveram maior ou me- elevado, principalmente ao lon- nos últimos cinco anos, de forma crescente, nesta equação de nor influência na rentabilidade go do segundo semestre. Considerando-se vários fa- oferta e demanda de grãos. Tanindividual de cada atividade/ cultura. Por isso, quando ten- tores do ambiente externo e do to que seu valor de mercado, tamos responder aos agriculto- ambiente interno estima-se um que historicamente era de 70% res o que eles devem plantar, déficit de 4 milhões de tonela- do preço do milho, nestas duas eles sempre lembram de uma si- das de milho. Parte deste défi- últimas safras já passou a valer tuação difícil e argumentam cit será suprido por importações 80%. Num contexto amplo, o desconfiados: mas e se? É a voz estimadas em 1,5 milhões de to- cereal que cresce em área cultineladas. O mi- vada a taxas de 25% ao ano, de(ou preço) da lho importado verá bater novo recorde nesta experiênpode chegar aqui safrinha/00, com 822 mil ha cia! O ambiente ao custo de RS plantados e a possibilidade de Além internacional 11,00 a RS 13,00 produzir até 1,9 milhões de ton. disso, o exerce grande a saca de 60 kg, de grãos, suprindo o déficit de ambiente influência no ou seja, o inver- milho (Fonte: Grupo Pró-Sorinternacipreço dos grãos so do que ocor- go/APPS). Além disso, vai geonal tamreu no início do rar receita para quem o cultiva bém exerPlano Real, e economia de divisas para o ce grande influência, mesmo que a lavou- quando o câmbio estava a R$ País, diminuindo as importara escolhida não seja de expor- 0,85 e importamos o cereal do ções. Então, de agora em diante, tação. Tem-se que considerar o Paraguai a irrisórios R$ 3,50/sc. andamento da safra americana A dúvida que resta é se haverá para responder quais lavouras de grãos, da Argentina, e até da ou não desvalorização cambial deveremos plantar, lembrem-se China! É a globalização! Então, do peso argentino, que são ex- que o consumo de feijão (proteína vegetal) está interligado recomenda-se fazer esta análi- portadores tradicionais. E o restante? Este cenário com preço da arroba do boi se da forma mais abrangente possível. E, mesmo assim, cor- também oferece oportunidade (proteína animal) e com salárire-se o risco de deparar-se com de mercado para outros grãos os dos consumidores que, de surpresas. Esta safra 1999/2000, como trigo (exemplo recente certa forma, dependem do cresque inclui a safrinha a ser plan- em dezembro/99), triguilho e cimento do Produto Interno Bruto - PIB, que é refém da taxa tada nos próximos dias, con- milheto. cambial. Tudo isto se a econoPorém o grande destaque fitempla uma série de fatores famia mundial crescer. cará com o sorgo. Após sua revoráveis para a manutenção dos Só falta São Pedro ajudar preços de grãos - particularmen- descoberta pela indústria de rate milho e sorgo - num patamar ções, o cereal tem participado Fácil, né ?



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