Grandes Culturas - Cultivar 157

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Cultivar Grandes Culturas • Ano XIV • Nº 157 • Junho 2012 • ISSN - 1516-358X Destaques

Nossa capa

Planejamento gota a gota.....................16

Montagem Cristiano Ceia

A influência da taxa de aplicação no controle da ferrugem asiática da soja, doença responsável por prejuízo total superior a 19 bilhões de dólares na última década

Sensibilidade na dose..................06 Reação preventiva......................20 Danos severos...........................30 O que é preciso saber ao aplicar glifosato para erradicar soqueiras e efetuar a renovação do canavial

A importância de utilizar sementes de alta qualidade Como reagir ao ataque de nematoides, sanitária para prevenir doenças fúngicas, cuja inci- inimigos invisíveis responsáveis por dência tem crescido em áreas produtoras de soja perdas graves na cultura do café

Índice

Expediente

Diretas

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Erradicação química de soqueiras em canaviais antigos 06 Bayer investe em bioscience e segurança alimentar

08

Variedades de soja mais produtivas

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Controle de doenças foliares em algodão

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Fundadores: Milton Sousa Guerra e Newton Peter

REDAÇÃO

• Vendas

Pedro Batistin Sedeli Feijó José Luis Alves

• Editor

Gilvan Dutra Quevedo

• Redação

Carolina S. Silveira Juliana Leitzke

CIRCULAÇÃO

• Design Gráfico e Diagramação

• Coordenação

• Revisão

• Assinaturas

• Expedição

Cristiano Ceia

Simone Lopes

Taxa de aplicação em ferrugem asiática em soja

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Qualidade da semente x doenças fúngicas em soja

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MARKETING E PUBLICIDADE

Como conter a buva resistente a glifosato na soja

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• Coordenação

FMC promove Clube da Soja

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Dow lança tecnologia para híbridos de milho

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Combate a nematoides em café

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Combata a cercosporiose do milho

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Basf lança ferramenta para medir sustentabilidade

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www.grupocultivar.com cultivar@grupocultivar.com

Como enfrentar a resistência de plantas daninhas

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 173,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Coluna ANPII

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Coluna Agronegócios

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Mercado Agrícola

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Natália Rodrigues Francine Martins

Aline Partzsch de Almeida

Charles Ricardo Echer

Edson Krause

GRÁFICA

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro, 160, sala 702 Pelotas – RS • 96015-300 Diretor Newton Peter

Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 Euros 110,00 Nossos Telefones: (53) • Geral 3028.2000 • Comercial: • Assinaturas: 3028.2065 3028.2070 3028.2066 • Redação: 3028.2067 3028.2060

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@grupocultivar.com Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Diretas Triplo

A Syngenta levou à Agrobrasília sua novidade em biotecnologia para milho, o Agrisure Viptera. A tecnologia conta com eventos triplos que conferem aos híbridos resistência a herbicida e a cinco espécies de insetos. A empresa mostrou também opções de sementes de soja, como a SYN1080, SYN 1182 e SYN 1183, além de destacar a cultura do girassol. “É uma excelente opção para safrinha, pela sua alta lucratividade”, garantiu Lucas Perez, coordenador de Marketing da Syngenta. A companhia apresentou, ainda, seu portfólio de soluções para soja, milho e feijão, cultura de grande destaque na região.

Tecnologia

A Morgan Sementes e Biotecnologia apresentou durante a Agrobrasília parcelas demonstrativas com híbridos que possuem incorporados os novos eventos biotecnológicos como o Powercore TM. Os visitantes tiveram a oportunidade de acompanhar também a exposição de materiais com a tecnologia Herculex I. “São híbridos como 30A16HX, 30A68HX, 30A37HX, 30A95HX, 20A78HX e 30A91HX”, relatou o engenheiro agrônomo Rodrigo Pita.

Soluções

A Basf levou à Agrobrasília seu portfólio de soluções voltadas ao manejo de soja e milho. Apresentou o fungicida Abacus HC para a cultura de milho e também o Sistema Agcelence Soja Produtividade Top. “O modelo proposto pela Basf combina práticas desde a semeadura até a colheita”, explicou o gerente de Vendas para a Regional Goiânia, Cristian Lange. Durante o evento também foi apresentada a mais nova versão do Digilab, serviço portátil de assistência técnica e diagnóstico de doenças, pragas e plantas daninhas.

Cristian Lange

Destaque

Durante a Agrobrasília a Ihara destacou o tratamento de sementes nas culturas da soja e feijão, com o uso do fungicida Certeza, além do manejo de doenças foliares na cultura do milho com os fungicidas Cercobin e Shake. À frente da equipe esteve Rodrigo Lima que assumiu a gerência de Vendas na região.

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Milho

A Dow Agrosciences levou à Agrobrasília a tecnologia Powercore, que atua no controle de algumas das principais pragas do milho, como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), a broca-docolmo (Diatraea saccharalis), a lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea), a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) e a lagarta-rosca (Agrotis ipsilon). Além disso, dispõe de tolerância a dois tipos de herbicida: o glifosato e o glufosinato.

Controle biológico

A Novozymes BioAg apresentou durante a Agrobrasília seu portfólio de produtos para controle biológico de doenças e pragas. Marcelo Kerkhof, gerente nacional de Vendas, destacou o produto TrichoderMax, que contém o fungo de ocorrência natural Trichoderma asperellum para o controle eficaz de uma gama de doenças de plantas presentes no solo.

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Linha do tempo

Durante a Agrobrasília o Inpev apresentou exposição, composta por uma linha do tempo, sobre os dez anos de história do instituto e do Sistema Campo Limpo. No local também foram expostos painéis explicativos sobre o fluxo do sistema tríplice lavagem e lavagem sob pressão.

Equipe

O diretor comercial da FMC, Carlos Alberto Batista, informou durante o Clube da Soja que a empresa vai ampliar a equipe técnica. Inicialmente está prevista a contratação de 26 engenheiros agrônomos. “Essas contratações se fazem necessárias para atender ao crescimento da empresa na cultura da soja, com o lançamento do inseticida Rocks e do fungicida Locker”, destacou Batista.

Carlos Alberto Batista

Marketing

Foco na ferrugem

Durante a Agrobrasília a Bayer CropScience destacou o fungicida FOX, recomendado para o manejo de ferrugem da soja, a principal doença da sojicultura no Brasil. “Especialistas da companhia esclareceram dúvidas dos produtores, que puderam conhecer mais sobre os benefícios e diferenciais do produto”, explicou Wagner Zamberlan, gerente regional da Bayer CropScience.

Oswaldo Gomes, que ocupava a função de gerente de Marketing de Cultivos Extensivos da Basf, assumiu a gerência de Marketing e Relacionamento da Unidade de Proteção de Cultivos para o Brasil. Carlo Luz, que até então era gerente de Distribuição, passa a responder pela gerência de Marketing de Cultivos Extensivos.

Presença

César Silos Souza, gerente de Proteção e Cultivos da Basf CentroNorte, e Francisco Fiengas, diretor de Vendas de Cereais do Cerrado, marcaram presença no Tecnoshow Comigo. A empresa destacou no evento o fungicida Abacus HC para a cultura do milho e também o Sistema AgCelence Soja Produtividade Top.

Oswaldo Gomes e Carlo Luz

Fertilizantes

O Clube da Soja, promovido pela FMC, contou com a parceria da empresa de fertilizantes Heringer. Para o gerente técnico, Gilson Amaral Guardieiro, o evento foi uma oportunidade importante para troca de experiências com sojicultores e outros profissionais da cadeia produtiva da oleaginosa.

César Silos Souza e Francisco Fiengas

Digilab 2.0

A Basf apresentou no Tecnoshow Comigo o Digilab 2.0. Rafael Gonçalves, responsável por Desenvolvimento de Mercado na Regional de Rio Verde, Goiás, demonstrou aos produtores a funcionalidade do equipamento com a coleta de informações através de Rafael Gonçalves aparelho celular.

Mofo branco

De 16 a 19 de julho ocorre o Encontro Internacional de Mofo Branco, em Ponta Grossa, no Paraná. A realização é do Grupo de Pesquisa em Fitopatologia Aplicada do Defito, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que realiza pesquisas sobre a doença há mais de três anos. Outras informações podem ser obtidas no endereço eletrônico http://eventos.uepg.br/eimofobranco, pelo e-mail meetingofsclerotinia@ uepg.br ou telefone (42) 3220-3774.

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Cana-de-açúcar

Dose e sensibilidade Divulgação

A erradicação de soqueiras para renovação de canaviais é prática necessária quando a área deixa de proporcionar retorno econômico. O emprego de herbicidas, como o glifosato, tem papel importante nessa operação, mas obter resultados positivos com essa estratégia exige cuidados básicos, como atenção à dose adequada e à sensibilidade da cultivar à aplicação do produto

O

glifosato é o herbicida utilizado para a erradicação das soqueiras de cana-de-açúcar, prática necessária quando a produtividade do canavial não proporciona mais retorno econômico. Recomenda-se, por exemplo, aplicar herbicida comercial na dose de até 5L/ha (1.800g e. a./ ha) do produto sobre as soqueiras em estágio vegetativo quando apresentarem entre 40cm e 70cm de altura. Ao considerar a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab/2012) de que serão reformados 956.375 hectares de cana-de-açúcar na safra de 2012 a 2013, a quantidade do herbicida a ser utilizada, considerando somente o setor sucroalcooleiro, é elevada. A adequada dose do herbicida é possível, desde que o produtor tenha acesso às informações de tolerância das cultivares de cana-de-açúcar cultivadas em sua propriedade. Entretanto, no Brasil e no mundo, segundo Villarroya et al (2000) a tolerância não é uma variável investigada pela maioria dos programas clássicos de melhoramento de qualquer cultura. Assim, o produtor fica sem a informação exata sobre a sensibilidade da cultivar aos herbicidas, inclusive do glifosato. Na

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literatura, observam-se poucos trabalhos que classificam as cultivares como muito suscetíveis, suscetíveis, medianamente suscetíveis e pouco suscetíveis. No estudo de Adriano (2012) observou-se que ao se conhecer a tolerância das cultivares, a possibilidade de adequar as doses do glifosato, usado na erradicação das soqueiras, é possível (Figura 1). A pesquisa demonstrou que 2kg/ha (1.440g e. a./ha) de produto comercial erradicou 92,76% dos perfilhos da cultivar IACSP94-2094 e apenas 40,3% dos perfilhos da IACSP94-4004. Para a erradica-

ção mais eficaz da cultivar IACSP94-4004 foram necessários 4kg/ha (2.880g e. a./ ha) do produto. O estudo permite concluir que o conhecimento da tolerância do material cultivado pode ser uma ferramenta ao ajuste de doses mais adequadas do glifosato no momento da erradicação das soqueiras da cana-de-açúcar. A economia na quantidade do herbicida é possível, desde que a cultivar seja sensível ao glifosato. Nesse caso, benefícios ambientais e econômicos também podem ser considerados, devido à possibilidade de se aplicar menor

Renovação dos canaviais

N

o Brasil, os canaviais são renovados, em média, em intervalos de cinco a seis anos, devido à degenerescência das cultivares, que diminui quantitativamente e qualitativamente os colmos produzidos. A degenerescência ao longo dos sucessivos anos de produção torna a renovação do canavial imprescindível. Entre as causas aponta-se o ambiente de cultivo como queda da fertilidade do

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solo. Também outra causa de degenerescência pode ser a compactação do solo devido ao trânsito de máquinas e à consequente dificuldade de desenvolvimento das raízes. O aspecto fitossanitário, a competição com plantas daninhas, as infestações de nematoides e o arranquio de touceiras pela colheita mecânica também somam-se como fatores que causam a degenerescência.


IACSPSP94-4004

IACSP94-2094

Fotos IAC

Figura 1 - Sintomas de intoxicação proporcionados pelas diferentes doses do glifosato nas plantas da cultivar IACSP94-2094 e da IACSP94-4004 aos 27 dias após aplicação (DAA). Instituto Agronômico, 2012

Testemunha

1.440 g e. a. ha-1

quantidade do herbicida. Também permite ao produtor o conhecimento sobre quando usar doses do herbicida superiores às recomendadas em literatura. Nesse caso, se o produtor aplicar dose inferior à necessária, as soqueiras não serão totalmente

2.160 g e. a. ha-1

2.880 g e. a. ha-1

erradicadas. Como consequência haverá gastos extras com nova aplicação do herbicida ou na erradicação mecânica, sendo esta última opção mais inconveniente, por causar maior movimentação de solo e, posteriormente, a C presença de tiguera no novo canavial.

3.600 g e. a ha-1

4.320 g e. a ha-1

Rodrigo Cabral Adriano, Carlos Alberto Mathias Azania, Luciana Rossini Pinto, Dilermando Perecin e Andréa Azania, IAC


Empresas

Reforço tecnológico Fotos Bayer CropScience

Com dois novos laboratórios, a Bayer CropScience traz para o Brasil o que há de mais moderno em tecnologia para pesquisas nas áreas de Segurança alimentar e BioScience

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Bayer CropScience inaugurou em maio dois laboratórios na sede da empresa, no bairro Socorro, na capital paulista. Voltados às áreas de Segurança alimentar e BioScience, ambos atenderão às demandas do Brasil e da América Latina, com o intuito de agilizar os processos nesses dois segmentos. Mais de cinco milhões de euros foram investidos na infraestrutura dos laboratórios nos últimos dois anos, com a instalação dos mais modernos equipamentos existentes no mundo. “A escolha do Brasil e o investimento feito nesta ação mostram a importância e a força agrícola da região e a preocupação de atender às necessidades locais dos produtores rurais”, explicou Marc Reichardk, presidente da Bayer CropScience para o Brasil e América Latina. O Laboratório de Análises BioScience está credenciado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para realizar atividades de pesquisa com OGMs. Esta unidade está interligada com outros sete laboratórios mundiais que a Bayer possui nas cidades de Morrisville, Lubbock e Memphis, nos Estados Unidos; Saskatoon, Canadá, Gent, na Bélgica, Patancheru, na Índia, e Singapura na Ásia. Todos possuem tecnologias semelhantes e formam um grupo conhecido por R&D Analytical Lab, que com-

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partilha conhecimentos e informações sobre as principais culturas globais, o que permite análise e criação de cenários locais, regionais e mundiais das principais culturas, com o mesmo padrão. Na unidade serão realizadas atividades de pesquisas com OGMs, além de oferecer suporte à unidade da empresa responsável por melhoramentos de sementes, desenvolvimento de traits, produção e estudos regulatórios da América Latina. São estudos em nível de DNA que agilizarão os programas desenvolvidos pela empresa para lavouras de algodão, soja, arroz e cana-de-açúcar, entre outras. “O laboratório tem capacidade para processar mais de três mil amostras por dia, aproximadamente um milhão por ano”, explica André Abreu, diretor de Pesquisa e Desen-

volvimento da Unidade de sementes e traits da Bayer CropScience para a América Latina. O objetivo é levar para culturas como soja e cana os mesmos benefícios tecnológicos oferecidos atualmente nas culturas de algodão e arroz. O potencial produtivo da semente atrai e justifica o investimento na lavoura, garante. “O Fiber Max é o exemplo que ajuda a impulsionar a qualidade de fibra e a quantidade na cultura de algodão. Queremos levar para outras culturas estas tecnologias que ajudam a produzir mais e melhor”, projetou. O laboratório de Segurança Alimentar da Bayer CropScience realizará estudos e fornecerá resultados de resíduo de novos produtos e defensivos já comercializados pela empresa. Este laboratório também possui os equipamentos mais modernos no segmento de análises de resíduos. Segundo Carla Steling, diretora da área de Estudos de Segurança Alimentar da Bayer CropScience para a América Latina, um dos grandes desafios para a agricultura mundial será a produção de alimentos saudáveis e seguros em quantidades suficientes e a preços acessíveis. Este laboratório tem capacidade de gerar dossiês harmonizados com os conceitos globais de qualidade, com capacidade inicial instalada para 60 a 70 estudos de resíduos por ano, explica. O laboratório é certificado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e também pela CTNBio. Nele serão realizadas análises de resíduos de defensivos agrícolas em produtos de origem vegetal destinados ao consumo humano e animal; estudo de resíduos como parte integrante do dossiê para o registro de novos produtos e inclusão de culturas e análise de resíduos de defensivos agrícolas em água, solo sedimentos C e matrizes vegetais e animais.

Reichardk, Carla e Abreu explicaram o porquê do investimento no Brasil e a capacidade tecnológica dos novos laboratórios

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Tecnologia

Mais produtiva

Fotos TMG

Mesmo com queda de produtividade, a safra de soja do MT cresce, em virtude do aumento de área de plantio e de cultivares com melhor desempenho

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Mato Grosso está em período final de colheita da safra de soja 2011/12 e os números parciais divulgados em maio pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já mostram resultados inferiores em comparação à safra passada. A média de produtividade caiu 2,2%, totalizando 3,12 mil quilos por hectare, o que resultou na perda aproximada de três a oito sacas por hectare. A região médio-norte do estado, principalmente a cidade de Sinop, registrou o maior índice de redução. Segundo o supervisor de Desenvolvimento de Mercado da TMG para a região do Cerrado, Adalberto Basso, essa situação se deu pela incidência antecipada e inesperada da ferrugem da soja nas lavouras. “A doença pegou os produtores de surpresa, pois nos últimos dois anos sua aparição havia sido reduzida. Muitos agricultores adiaram ou deixaram de fazer o manejo adequado.” Fatores naturais, com destaque para a falta de luminosidade, também foram influenciadores para esta perda de produção, de acordo com Basso. “A região mato-grossense teve muitos dias nublados, o que prejudicou o processo de fotossíntese da planta. Essa situação acabou por gerar grãos mais leves”, afirma. Se por um lado a produtividade reduziu, por outro a área cultivada teve crescimento de 8,6% (550,3 mil hectares) em relação ao ano passado, de acordo com os dados divulgados pela Conab. Esse aumento de área fez, por consequência, com que a produção geral do estado fosse superior, mesmo que individualmente a produtividade tenha sido menor. A produção foi aumentada em 1,27 milhão

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de toneladas, passando de 20,41 milhões de toneladas colhidas em 2010/11 para 21,68 milhões de toneladas. “Esse cenário [de aumento de área cultivada], do ponto de vista ambiental, não é o ideal. O agronegócio precisa ser sustentável”, ressalta Basso. Segundo o supervisor, é necessária a inversão desse contexto, “é preciso produzir mais por área”. Uma das soluções que o produtor mato-grossense pôde contar nesta safra, para auxiliar neste processo, foi o emprego de cultivares mais produtivas e adaptadas à região. É o caso, por exemplo, da TMG 132 RR, que há duas safras é a mais plantada no estado com produtividade média de 62 sacas/hectare. Um dos grandes trunfos da TMG 132 RR é ser resistente a nematoides de cisto e

Basso destaca a necessidade de produzir mais sem aumentar o tamanho da área de cultivo

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pratylenchus, que no estado tem registro de alta ocorrência, com estimativa de que 80% das áreas cultivadas estejam infestadas. Também possui arquitetura com poucas folhas na parte inferior, o que, segundo Basso, ajuda na prevenção desses microrganismos. A cultivar responde bem a tratos culturais e tem ciclo médio. Sua preferência não se restringe apenas ao Mato Grosso. Estados como Piauí, Maranhão e Bahia também utilizam a cultivar e obtiveram resultados médios de 63 sacas/hectare, conforme o supervisor. O produtor Domingos Sávio Xavier, da região sul do Mato Grosso, é um dos exemplos de produtividade no estado. Na área cultivada com a TMG 132 RR os resultados foram de 85 sacas/hectare. O Grupo Bom Futuro também comemora a boa colheita. Suas lavouras estão distribuídas em várias regiões do estado e em uma delas, do município de Campo Verde/ Mato Grosso, com 620 hectares, a produtividade alcançou 71,30 sacos por hectare. Para obter esses bons resultados, alguns cuidados precisam ser observados. “É necessário plantar na data correta e na área da lavoura com maior fertilidade. O agricultor, durante o processo produtivo, deve estar atento também aos detalhes”, descreve Basso. A atualização do produtor é outro ponto importante apontado pelo supervisor. “O agricultor tem que deixar de ficar no campo constantemente. Precisa participar de eventos do setor, para troca de experiências, conhecimento e se capacitar. Além de estar cercado de pessoas bem orientadas em C sua propriedade”, recomenda. Carolina Silveira



Algodão

Combate racional Fotos Alderi Araújo

Doenças foliares como ramulose, ramulária, alternária e mancha angular são grandes desafios enfrentados pelos produtores de algodão na região do cerrado brasileiro. O uso de cultivares resistentes, a atenção à época de aplicação de fungicidas e a rotação de princípios ativos indicados para o controle químico estão entre as estratégias que devem ser observadas ao enfrentar o problema

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esde a migração da cultura do algodoeiro para o Cerrado, as doenças foliares se apresentaram como um grande desafio a ser superado. Foi assim que entraves como a ramulose impingiram enormes prejuízos aos produtores na década de 1990 no Mato Grosso. Naquele tempo o avanço da cultura no cerrado, a partir desse estado, fazia com que os produtores se deparassem com elementos completamente novos de uma cultura ainda pouco conhecida, e cujas tecnologias tinham sido geradas para atender aos problemas que ocorriam nas regiões produtoras tradicionais. As manchas de estenfílio e alternária também expressaram índices preocupantes no estado de Mato Grosso, obrigando produtores a lançar mão de controle químico. Os principais problemas que surgiam estavam relacionados à alta suscetibilidade das cultivares, à pouca familiaridade com práticas de manejo de doenças e ao aumento expressivo do volume de inóculo em função das extensas áreas cultivadas. As doenças foliares nunca haviam se constituído em problema grave para o algodoeiro nas regiões produtoras tradicionais de até meados da década de 1990. Naque-

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las regiões, os problemas se restringiam à incidência de doenças iniciais, a surtos eventuais de ramulose e, principalmente, à murcha de fusarium. As razões para isso estavam nas condições climáticas que nem sempre eram favoráveis aos agentes causais das doenças foliares, ao contrário do que passou a se verificar no cerrado, onde as altas temperaturas durante a maior parte da estação de cultivo, a elevada umidade relativa e o maior índice pluviométrico, oferecem ambiente propício para o desenvolvimento da maioria das doenças que atingem as folhas. Embora a necessidade do uso do controle químico tivesse sido observada desde o momento em que foram identificados os primeiros surtos de manchas foliares, apenas no início da década de 2000, com os resultados preliminares de pesquisa, foram sistematizadas as ações de controle com a utilização de produtos mais específicos para cada doença. Tendo em vista a ausência de registro de fungicidas sistêmicos para o controle das manchas foliares do algodoeiro, a oferta de defensivos com ação efetiva contra os principais agentes causais passou a ser visto como um gargalo para o

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manejo das doenças do algodoeiro. Os fungicidas aplicados no início não possuíam registro no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), criando um problema legal que exigia solução imediata por parte da pesquisa e, sobretudo, da indústria no sentido de buscar registro para produtos que já vinham sendo empregados em larga escala no controle dessas doenças. Os produtos já registrados, em geral, eram direcionados ao tratamento de sementes ou eram produtos de contato para o controle, principalmente, da ramulose. Os produtos para o controle das manchas de estenfílio e alternária eram os estanhados, principalmente o trifenil hidróxido de estanho. Hoje, para o controle da mancha de alternária estão registrados a mistura de carbendazin + cresoxin metílico (estrobilurina) + tebuconazole, a mistura de propiconazol + trifloxistrobina, um triazol com uma estrobilurina, e permanece ainda como opção o estanhado (hidróxido de fentina). Não existe produto registrado para o controle da mancha de estenfílio, no entanto, é sabido que agroquímicos para controle da mancha de alternária em algodoeiro apresentam boa eficiência no controle. Tratando-se de uma doença cujos sintomas são de necrose de áreas extensas do limbo foliar, recomenda-se a aplicação ao aparecimento dos primeiros sintomas. O avanço da área plantada em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia, alcançando regiões de alta pluviosidade como o norte do Mato Grosso, induziu o aumento de doenças como ramulose e mancha angular,

A incidência da mancha angular aumentou juntamente com o avanço da área plantada em MT, MS, GO e BA


esta última causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv malvacearum bem como da mancha de ramulária que, mesmo sob as condições do cerrado, tinha ocorrência restrita e mais tardia, passando a ser verificada a partir dos 30 dias após a emergência em cultivares com maior suscetibilidade e tornando-se a mais importante doença foliar do algodoeiro no cerrado. O controle da mancha angular tem sido feito por meio da maior utilização de cultivares resistentes, as quais, em sua maioria, apresentam hoje resistência a essa doença. Os produtos à base de cobre registrados não apresentam eficiência garantida contra a bactéria, sobretudo quando as condições de ambiente são de umidade relativa e pluviosidade elevada. A ação desses produtos está mais relacionada à melhoria do aspecto nutricional das plantas, o que faz com que as mesmas apresentem melhor aparência. Produtos indutores de resistência, como o Acibenzolar-S-Metil, podem ter um efeito positivo quando somados a uma estratégia de controle que envolva a resistência genética, o plantio em época correta e uma adubação equilibrada. A mancha de ramulária tem se constituído nos últimos anos na mais importante doença foliar do algodoeiro. Não é incomum em algumas regiões, onde as condições de ambiente são muito favoráveis, realizarem-se até oito aplicações para o controle da doença. Normalmente o número de pulverizações por ciclo tem ficado por volta de quatro a cinco. O maior problema reside na baixa disponibilidade de material genético com resistência efetiva contra Ramularia areola e que apresente, ao mesmo tempo, as características desejáveis de uma boa variedade de algodão, sobretudo alto rendimento de fibra. Neste sentido, o manejo da mancha de ramulária tem sido realizado basicamente por meio da aplicação de fungicidas. Para esta doença existem mais de 40 produtos isolados ou em misturas registrados no Ministério da

O controle químico é uma das principais estratégias utilizadas para o combate à mancha de ramulária

Agricultura Pecuária e Abastecimento. Esses produtos têm como principais ingredientes ativos fungicidas sistêmicos do grupo dos triazóis, benizimidazóis e estrobilurinas. É sempre recomendável a rotação de ingredientes ativos visando reduzir a probabilidade de ocorrência de resistência do patógeno aos produtos. Um aspecto curioso no manejo das doenças foliares do algodoeiro diz respeito à redução dos níveis de incidência de ramulose nas últimas safras, em contraposição ao aumento na incidência da mancha de ramulária. Um dos fatores determinantes para isso é o fato de que, com o aumento da incidência da mancha de ramulária, tornou-se necessário adotar medidas de controle químico muito cedo no ciclo da cultura. Como a maioria dos fungicidas utilizados para o controle da mancha de ramulária também controla eficientemente a ramulose, houve tendência de redução dos surtos dessa doença. É importante ressaltar que a dispersão de inóculo de R. areola é bem mais eficiente do que a dispersão do inóculo de Colletotrichum gossypii var. cephalospirioides. Enquanto a mancha de ramulária ocorre de forma generalizada no plantio e a dispersão do inóculo se dá predominantemente pelo vento, a ramulose se apresenta em forma de reboleiras e a dispersão do inóculo acontece principalmente pelos respingos de chuva, tornando o avanço da doença mais lento, podendo o seu

controle ser mais efetivo. O uso de cultivares com maiores níveis de resistência à ramulose também tem contribuído para reduzir a incidência dessa doença no cerrado. Torna-se importante, também, salientar que não se deve descuidar da ramulose, sobretudo nas regiões onde os índices pluviométricos são elevados. Se a cultivar for reconhecidamente suscetível à ramulose, convém, ao realizar a amostragem para controle de pragas e doenças, não esquecer de conferir se existem plantas com sintomas dessa doença. O manejo das doenças foliares do algodoeiro no cerrado, atualmente, deve privilegiar a incidência da mancha de ramulária. Existem cultivares disponíveis no mercado de sementes com bons níveis de resistência à mancha angular e à ramulose. O plantio desse material genético irá permitir um manejo de doenças com maior eficiência, sobretudo quando se considera que estrobilurinas, triazóis e benzimidazóis são ingredientes ativos com eficiência comprovada para o controle da ramulose. A época de aplicação também deve ser considerada com atenção para que não ocorram índices de severidade da mancha de ramulária superiores a 25% nas folhas do baixeiro. O controle químico é recomendado aos primeiros sintomas da ramulose cujo dano, que é a quebra da dominância apical, tem efeito significativo sobre o desenvolvimento e a produção da planta. Para a mancha angular, a melhor alternativa é mesmo o uso de cultivares resistentes. O produtor do cerrado possui hoje alternativas de manejo de doenças foliares do algodoeiro, tanto no que se refere a variedades resistentes quanto em relação à oferta de produtos eficientes para o controle das doenças fúngicas. O importante é identificar o momento certo para aplicar o defensivo e sempre pensar na C rotação dos ingredientes ativos. Alderi Emídio de Araújo, Embrapa Algodão

Existem no mercado, atualmente, cultivares com bom nível de resistência à ramulose e à mancha angular

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Capa

Aplicação planejada Na luta para conter a ferrugem asiática, um dos desafios mais agressivos enfrentados pelos produtores de soja, a qualidade da pulverização é fator importante, ao lado de outras variáveis como época em que o controle é efetuado e características dos fungicidas utilizados. Nesse contexto, atenção especial deve ser dada à taxa de aplicação, por conta do quanto esse fator pode influenciar nos resultados do combate à doença

Marcelo Madalosso

A

ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrizi Sidow, causou sérios impactos à sojicultura brasileira durante a última década. De 2002 a 2011 as perdas de grãos, devido ao ataque da doença, foram estimadas em 41,73 milhões de toneladas, representando 10,32 bilhões de dólares. Somado a este valor está o custo com o controle da doença, estimado em 7,97 bilhões de dólares, e a redução da arrecadação de impostos em 1,34 bilhão de dólares, o que representa um total de prejuízos de 19,62 bilhões de dólares (Yorinori, 2011). A partir de então, surgiram vários fungicidas registrados e com reconhecida eficácia para o controle da doença. Entretanto, frequentemente a eficácia obtida é inferior à esperada, o que acarreta em perdas e elevação dos custos pelo aumento do número de aplicações. A eficácia de um programa de con-

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trole depende, principalmente, além das características do próprio fungicida, do momento e da qualidade de aplicação. Esta última pode ser expressa, basicamente, pela quantidade de ingrediente ativo que atinge o alvo e pela sua distribuição. Neste sentido, parâmetros da tecnologia podem ser influenciados por inúmeras variáveis, onde se destacam as características da aplicação, relacionadas ao tamanho e número de gotas por unidade de área e à taxa de aplicação, bem como características do dossel, relacionadas principalmente à arquitetura das plantas. Dessa forma, taxas de aplicação reduzidas, cada vez mais utilizadas para aumentar a capacidade operacional dos pulverizadores, podem ocasionar efeitos negativos à eficácia de controle em determinadas situações. Aplicações de fungicida com diferentes taxas de aplicação podem resultar em distintos controles

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do patógeno quando realizadas em cultivares com características estruturais de dossel diferentes. Baseado nesta hipótese foi desenvolvido um estudo com tratamentos arranjados em esquema bifatorial (5x3) em blocos ao acaso, com parcelas subdivididas, sendo o primeiro cinco cultivares de soja (A 6411 RG, BMX Apolo RR, TMG 4001 RR, A 7636 RG e BMX Potência RR) e o segundo fator três taxas de aplicação (70, 100 e 130L/ha-1), além de um tratamento testemunha. Duas aplicações foram realizadas com fungicida epoxiconazol + piraclostrobina (25g/ha/i.a + 62,5g/ha/i.a.) e Assist (óleo mineral) na dose de 0,5L.p.c./ha. A primeira aplicação se deu no início do fechamento das entre linhas da cultura e a segunda 21 dias após a primeira. Foi considerado como início do fechamento das entre linhas quando as folhas das plantas de soja de duas linhas adjacen-


Gráfico 1 – Comportamento da gota em função do tempo de extinção (Adaptado Gráfico 2 – Densidade de impactos (impactos.cm-2) de gotas no terço inferior do dossel da soja de Coutinho e Cordeiro, 2004) em função da interação entre diferentes cultivares e taxas de aplicação. Itaara (RS), 2012

* Médias seguidas por mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<≤0,05).

tes começaram a tocar-se. As aplicações foram realizadas com pulverizador costal pressurizado a CO2 comprimido, munido de barra de aplicação com quatro pontas de pulverização tipo leque simples (Teejet XR11001). No momento das aplicações foi realizada a avaliação do impacto das gotas através da metodologia dos cartões de papel branco revestido com plástico. A partir do seu escaneamento, obtiveramse imagens em que foi mensurada a

densidade de impactos (impactos/ cm-2) através do software e-Sprinkle. A severidade da ferrugem asiática da soja foi avaliada aos sete, 14 e 21 dias após a segunda aplicação dos tratamentos fungicidas. A partir dos valores de severidade foi calculada a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD). A avaliação de produtividade foi realizada quando as plantas de soja atingiram a maturação de colheita. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância

(Anova) e ao teste de Tukey (p≤0,05) para a comparação das médias. A grande diversidade de cultivares de soja disponíveis ao agricultor possui características fisiológicas que variam na mesma magnitude. Parâmetros como Índice de Área Foliar (IAF), número de ramos, forma e posição do folíolo passam a ser decisivos para o sucesso da aplicação. Neste sentido, o estudo da taxa de aplicação para um tamanho adequado de gotas se transforma em alternativa


Gráfico 3 – Percentual de penetração de luz no terço inferior do dossel da cultura ao 60 DAE. Itaara (RS), 2012

A eficácia de um programa de controle depende, principalmente, além das características do próprio fungicida, do momento e da qualidade de aplicação

Fotos Marcelo Madalosso

a esta diversidade. Gotas menores têm maiores condições de penetração e cobertura de área foliar que gotas maiores. Em contrapartida, o tempo de extinção é inversamente proporcional ao seu tamanho (Gráfico 1). Já a redução na taxa de aplicação é uma alternativa à logística reduzida na grande maioria das lavouras e precisa ganhar mais atenção do ponto de vista técnico. A redução empírica da taxa de aplicação remete a cuidados antes despercebidos pelo agricultor. A simples diminuição do volume por hectare pode trazer riscos relacionados à eficiência de controle do fungicida (tabela AACPD) e em última análise, o residual. Em aplicações posicionadas de formas curativas ou erradicantes, este cenário pode ser ainda mais problemático com reduções do residual em nível de 30%, dependendo da cultivar e da taxa de progresso da ferrugem asiática. Com a diminuição do veículo (água) no interior do tanque para a mesma quantidade de ativo recomendada, temos uma “menor diluição”, o que exige maior precisão da aplicação por parte do

técnico. Com isso, a gota originada desta calda terá de ser trabalhada de forma a evitar ao máximo as perdas por deriva e/ ou extinção prematura após o impacto, cristalizando o produto na superfície foliar, reduzindo assim a velocidade de absorção. Neste sentido, o tamanho de gota (DMV) trabalhado no estudo foi em torno de 200µm, estando mais adequado para reduzir o problema com derivas em grandes prejuízos à penetração (Gráfico 2). A densidade de impactos.cm -2 no terço inferior aumentou linearmente com o crescimento da taxa de aplicação de fungicida em grande parte das cultivares. Cultivares com características mais eretas e com trifólios lanceolados permitem maior penetração de luz e, por conseguinte, maior penetração de gotas no interior do dossel, permitindo ainda menor microclima para desenvolvimento da doença. Já cultivares com hábito foliar mais palmado obstruem rapidamente a penetração de luz e gotas, reduzindo a eficiência da aplicação pela deficiência de ativo por área foliar tratada (Gráfico 3). As maiores eficiências de controle em todas as cultivares estiveram nos tratamentos com as maiores taxas de aplicação (Tabela 1). Assim, aplicações com volumes acima de 100L/ha garan-

tem ao produtor maior segurança no controle da ferrugem asiática, principalmente em situações tropicais, onde a pressão de doença é mais elevada. O estudo mostrou que o uso de gotas de 200µm em condições subtropicais, de menor pressão de doença e respeitando os momentos adequados de aplicação, alcançou estatisticamente os mesmos resultados de produtividade para as três taxas de aplicação trabalhadas, com exceção da BMX Apolo (Tabela 2). Com isso, é importante ressaltar que respeitando as particularidades da aplicação, geração de gotas, cultivar e pressão de ferrugem asiática, a redução de volume a 70L/ha pode ser uma alternativa ao produtor. Vale lembrar que mais estudos são necessários para balizar a redução na taxa de aplicação com segurança, visto que foram diversos os pontos discutidos acima. Em tecnologia de aplicação é praticamente impossível obtermos 100% de êxito, devido a condições que fogem ao nosso controle, como o clima. Por isso, o grande objetivo desta linha é reduzir ao máximo C a perda inerente ao processo. Marcelo Madalosso, Instituto Phytus Diego Dalla Favera e Ricardo Balardin, Univ. Federal de Santa Maria

Tabela 1 – Área abaixo da curva de progresso da ferrugem Tabela 2 – Produtividade (kg.ha-1) da soja em função da asiática da soja em função da interação entre diferentes interação entre diferentes cultivares e taxas de aplicação. cultivares e taxas de aplicação. Itaara (RS), 2012 Itaara (RS), 2012

A grande diversidade de cultivares disponíveis possui características fisiológicas bastante variáveis

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Cultivares

Testemunha

A 6411 RG BMX APOLO RR TMG 4001 RR A 7636 RG BMX POTÊNCIA RR MÉDIA C.V.

238,11 234,54 228,39 300,48 221,53

Taxa de aplicação (L.ha-1) Cultivares 70 100 130 29,68 aA* 22,55 bB 21,65 aB A 6411 RG 32,34 aA 27,09 abB 24,75 aB BMX APOLO RR 34,67 aA 32,20 abA 30,04 aA TMG 4001 RR 39,53 aA 33,83 abB 31,14 aB A 7636 RG 39,64 aA 35,74 aA 29,53 aB BMX POTÊNCIA RR 35,17 30,28 MÉDIA 27,42 C.V. 14,13

* Médias seguidas por mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).

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Testemunha 2047,16 1903,64 1867,60 2419,38 2472,32

Taxa de aplicação (L.ha-1) 70 100 130 2510,01bA* 2515,45 bcA 2575,76 bA 2104,18 cB 2268,32 cB 2638,19 bA 2605,97 bA 2701,77 bA 2621,44 bA 3009,40 aA 2762,12 abA 2931,89 abA 3127,93 aA 3105,81aA 3068,66 aA 2671,50 2670,69 2767,19 9,03

* Médias seguidas por mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).



Dirceu Gassen

Soja

Reação preventiva

Paralela ao aumento do cultivo de soja, a incidência de doenças fúngicas tem crescido bastante nas diversas regiões brasileiras. Por isso a importância de estar atento à qualidade das sementes, para garantir proteção às lavouras, principalmente nas fases precoces de desenvolvimento. O tratamento das sementes com fungicidas ou antagonistas é uma das ferramentas mais importantes para prevenir o ataque desses patógenos, mas seu uso exige a prévia análise sanitária do lote para determinar a solução mais adequada a cada demanda específica

A

expansão da área cultivada com soja nas regiões produtoras do Brasil tem sido apontada como um dos fatores responsáveis pelo aumento da ocorrência e severidade das doenças de importância econômica, principalmente daquelas que têm seu agente causal transmitido ou transportado pelas sementes. Doenças já conhecidas há bastante tempo e outras emergentes (novos processos patogênicos) têm acompanhado a expansão da cultura da soja, tornando o aspecto fitossanitário o fator mais limitante na obtenção de altos índices de produtividade. Inúmeras doenças fúngicas de importância econômica já foram relatadas em associação à cultura da soja, podendo causar prejuízos relacionados ao rendimento e à qualidade de sementes e grãos. São conhecidas mais de 35 espécies de fungos transmitidos por sementes de soja, sendo Colletotrichum truncatum, Fusarium spp. (especialmente Fusarium semitectum), Macrophomina phaseolina, Cercospora kikuchii, Aspergillus spp. (especialmente Aspergillus flavus), Penicillium spp. e Rhizoctonia solani, os de maior importância econômica. O fungo Corynespora cassiicola, agente causal da mancha alvo em soja (doença de importância

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crescente no cerrado) e com potencial para transmissão ou transporte por sementes, ainda não tem sido detectado com segurança em função de seu lento desenvolvimento nos testes de sanidade convencionais. Os danos causados pela associação de patógenos com sementes vão além das perdas diretas de população de plantas no campo, abrangendo também a redução do poder germinativo e do nível de vigor das sementes, a introdução aleatória e precoce de focos de infecção, a introdução de patógenos em áreas isentas, o acúmulo de inóculo em áreas de cultivo, o aumento dos custos para controle, a formação de sementes anormais (deformação e descoloração), a redução do número de sementes (menores produções), a disseminação de doenças a longas distâncias, a deterioração de sementes durante o período de armazenamento, que representa um meio de perpetuação de doenças entre gerações, a inutilização temporária de áreas para o cultivo de determinadas espécies e a contaminação de máquinas e equipamentos de beneficiamento. Desta forma, sementes sadias (isentas de organismos patogênicos) irão originar lavouras sadias e vigorosas, ao menos nas fases iniciais de desenvolvimento vegetativo. Sementes

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associadas a patógenos proporcionarão lavouras com desenvolvimento inicial comprometido (baixo vigor e germinação), com a ocorrência de doenças nas primeiras fases de desenvolvimento das plantas, com menores produtividades e custo mais elevado. Os principais fungos que ocorrem em mistura, sobre ou no interior das sementes de soja e que podem dar origem a processos patogênicos prejudiciais à cultura são: Phomopsis sojae: este fungo reduz a qualidade das sementes de soja, especialmente quando ocorrem períodos chuvosos associados a altas temperaturas durante a fase de maturação e colheita. Este patógeno está normalmente associado às sementes que sofreram atraso na colheita, principalmente devido à ocorrência de chuvas. Phomopsis spp. é o principal agente causador da baixa germinação de sementes de soja, no teste padrão de germinação no laboratório, à temperatura de 25ºC. Colletotrichum truncatum: é o causador da antracnose, que tem nas sementes o mais eficiente veículo de disseminação e introdução da doença nas fases iniciais de desenvolvimento das plantas. É comum o aparecimento de sintomas nos cotilédones, caracterizado pela sua necrose, logo após a germinação. Esse fun-


go pode causar a deterioração das sementes, morte de plântulas e infecção sistêmica em plantas adultas. O aumento da incidência e severidade de C. truncatum observado em lavouras de soja do Mato Grosso na safra 2008/2009, foi devido em especial ao uso de sementes infectadas (níveis de infecção superior a 30%) ou sem tratamento químico adequado. Esta doença foi relacionada na safra 2011/2012, como uma das mais prejudiciais à cultura (redução de produtividade e aumento do custo de produção) em todo o cerrado do Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Cercospora kikuchii: o sintoma mais evidente do ataque deste fungo é observado nas sementes, que ficam com manchas típicas de coloração roxa. Porém, vale ressaltar que nem todas as sementes com este tipo de sintoma apresentam o fungo. Por outro lado, sementes aparentemente sadias (sem a presença da mancha púrpura no tegumento) podem estar contaminadas com este patógeno. Assim, só através do teste de sanidade é que se pode ter a certeza da presença desse patógeno. Trabalhos têm demonstrado não haver qualquer efeito negativo desse fungo sobre a qualidade da semente. Contudo, o crestamento foliar provocado por C. kikuchii (folhas secas, necrosadas, retorcidas e quebradiças e com profusão de lesões irregulares), típica doença de final de ciclo e de ocorrência a partir da metade da granação, pode passar a ocorrer em fases mais precoces dentro do período reprodutivo, implicando em redução da área foliar disponível para o adequado enchimento de grãos. O volume de sementes portadoras de C. kikuchii e utilizadas para plantio no cerrado tem aumentado de forma perceptível nos últimos anos. Fusarium semitectum: dentre as espécies de Fusarium, a mais frequentemente encontrada (98% ou mais) em sementes de soja é

F. semitectum. É considerado patogênico por afetar a germinação em laboratório. De maneira semelhante a Phomopsis spp., o fungo F. semitectum está associado a sementes que sofreram atraso na colheita ou deterioração no campo. Este fungo é responsável, juntamente com R. solani, pela redução no estande final de plantas. Sclerotinia sclerotiorum: causador da podridão branca da haste e da vagem, uma das doenças mais destrutivas e de difícil controle em soja, este patógeno tem nas sementes a sua principal fonte de inóculo primário da doença. A transmissão por semente pode ocorrer tanto através de micélio dormente (interno) quanto por escleródios misturados às sementes. O fungo, devido à formação de estruturas de resistência (escleródios), é de difícil erradicação após introduzido numa área. A ocorrência de focos importantes de podridão branca da haste e da vagem em lavouras do Mato Grosso a partir da safra 2009/2010, deve-se principalmente ao uso de sementes portadoras de S. sclerotiorum provenientes de regiões onde a doença tem ampla distribuição. Estima-se que na safra 2011/2012 a área contaminada por S. sclerotiorum no Mato Grosso tenha sido de 300 mil hectares. Aspergillus flavus: diversas espécies de Aspergillus ocorrem em sementes de soja, porém a mais frequente é A. flavus. Sementes colhidas com teores elevados de umidade podem sofrer importante redução na sua qualidade se houver atraso do início da secagem por alguns dias, devido à ação desse fungo. Quando encontrado em alta incidência, pode reduzir o poder germinativo das sementes e a emergência de plântulas no campo. Rhizoctonia solani: é causador do tombamento de plântulas, doença que ocorre na fase inicial de desenvolvimento da soja e que pode acometer as plantas tanto em pré quanto em

pós-emergência. Além de R. solani, Sclerotium rolfsii e Pythium spp. também colaboram com a ocorrência de tombamento. R. solani é um fungo polífago (ataca grande número de espécies vegetais), habitante natural do solo e pode ser transmitido pelas sementes. Contudo, devido à sua intensa colonização em solos cultivados, a semente não é considerada a principal fonte de inóculo desse fungo. A planta atacada por R. solani desenvolve apodrecimento seco das raízes, estrangulamento do colo e lesões deprimidas e escuras (marromavermelhada) no hipocótilo, abaixo e ao nível do solo, resultando em murcha, tombamento ou sobrevivência temporária com emissão de raízes adventícias acima da região afetada. Estas plantas geralmente tombam, num período compreendido entre a pré-emergência e dez e 15 dias após. Também é responsável pela ocorrência de doença conhecida como mela (folhas e hastes com podridão mole, lesões zonadas e perda das folhas do terço inferior da planta), de ocorrência mais frequente em lavouras adensadas e com excesso de umidade durante o período de pré-floração.

Coleta e processamento das amostras

A Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja/MT) promove a cada ano o Circuito Tecnológico Aprosoja, visitando propriedades em todo o estado e coletando informações e amostras de sementes e fertilizantes utilizados na instalação da safra. Os dados e materiais coletados durante o circuito são usados para elaborar um diagnóstico da safra e estabelecer ações para a solução de problemas que afetam o complexo produtivo da oleaginosa no estado. No Circuito Tecnológico Aprosoja 2011/2012 as amostras de sementes coletadas foram encaminhadas ao Laboratório de Tecnologia de Sementes e Laboratório de


Resultados

Através da análise da incidência de fungos patogênicos sobre as 114 amostras de sementes de soja avaliadas foi possível verificar a ocorrência de Colletotrichum truncatum, Fusarium semitectum, Aspergillus spp., Penicillium spp., Phomopsis sojae, Rhizoctonia solani, Cercospora kikuchii e Macrophomina phaseolina, portanto, os principais patógenos associados a sementes desta oleaginosa. A maior porcentagem de ocorrência entre as 50 cultivares avaliadas foi verificada para os fungos de armazenamento Aspergillus spp. e Penicillium spp., com uma média de 90,0% para os dois patógenos. A porcentagem de incidência de Aspergillus spp. e Penicillium spp. variou, respectivamente, entre os lotes positivos, de 0,5% a 89,0% e de 1,0% a 75,0%. A média de incidência de Aspergillus spp. e Penicillium spp. entre as 50 cultivares foi de 9,79% e 11,16%, respectivamente (Figura 1). A incidência de Aspergillus e Penicillium em sementes recém-colhidas é normal, desde que em porcentagens não superiores a 5%. Estes valores serão alterados em função da umidade das sementes e das condições do armazenamento. Os resultados obtidos para a incidência de Aspergillus spp. e Penicillium

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spp. neste levantamento indicam que 60% dos lotes avaliados apresentavam valores médios elevados, resultando em comprometimento da germinação e vigor das sementes. Os fungos patogênicos Fusarium semitectum e Rhizoctonia solani, responsáveis pelo tombamento de plântulas, podridão radicular e mela na parte aérea (R. solani) ocorreram em 78,0% e 36,0% dos lotes, respectivamente. A presença de F. semitectum em lotes de sementes tem sido considerada normal e não são raros os casos de incidência elevada deste patógeno. Neste trabalho, o índice máximo de incidência observado para F. semitectum foi de 57,0%. Porém, a média de incidência entre os lotes avaliados não ultrapassou os 5,32%, valor bastante abaixo da média observada em outras situações. O fungo R. solani, que tem no solo sua fonte de inóculo mais importante, cabendo às sementes o papel de potencializar esse inóculo, apresentou uma incidência média de 1,05% sobre os lotes avaliados, com uma incidência máxima de 12,0% em um lote individual. Estes dados sugerem que os lotes utilizados para o plantio da safra 2011/2012 no Mato Grosso apresentavam valores médios aceitáveis de fungos causadores de tombamento, redução de estande e podridão radicular. Apenas 10,0% dos lotes avaliados (Figura 2) apresentaram valores médios acima de 10% de incidência de F. semitectum. Há que se destacar que as sementes utilizadas na safra 2011/202 não se encontravam livres dos danos causados por F. semitectum e R. solani no desenvolvimento inicial das plantas, considerando-se a presença abundante destes fungos nos solos cultivados com a cultura da soja no cerrado. Apesar do aumento progressivo de sementes de soja contaminadas ou infectadas com Cercospora kikuchii, observado nos lotes semeados e colhidos no Mato Grosso nas últimas safras, confirmado neste trabalho por uma porcentagem de ocorrência de 42,0%, a porcentagem de incidência deste patógeno nos lotes avaliados (Figura 3) não ultrapassou o valor de 6,0% (média de 0,63% de incidência). O padrão nacional de tolerância para C. kikuchii em lotes de sementes de soja é de 10% de incidência. Portanto, todos os lotes utilizados Fotos Andréia Quixabeira Machado

Fitopatologia da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e ao Centro Universitário de Várzea Grande (Univag), para análise de germinação, vigor e sanidade. Foram encaminhadas 575 amostras de sementes de 67 sementeiras. Deste total, 307 amostras não haviam recebido tratamento fungicida e foram submetidas ao teste de sanidade. Foram obtidas 114 amostras compostas (diferentes cultivares e sementeiras) efetivamente processadas no laboratório de Fitopatologia. Portanto, os dados apresentados nesta publicação referem-se a uma média de diferentes lotes, abrangendo 50 cultivares recomendadas para o Mato Grosso. As amostras compostas foram avaliadas quanto ao aspecto sanitário pelo teste de blotter ou incubação em papel de filtro. Lotes de 400 sementes divididos em oito repetições de 50 sementes foram submetidos a incubação em placas de Petri de 15cm de diâmetro esterilizadas, com três folhas de papel de filtro umedecidas com água destilada e esterilizada. Não foi realizada esterilização superficial das sementes nem foram utilizados restritores, obtendo-se, assim, a população fúngica efetivamente presente interna ou externamente nas sementes. As placas foram mantidas em sala de incubação por sete dias à temperatura de 22ºC e fotoperíodo de 12 horas. Após o período de incubação, o registro dos fungos presentes nas sementes foi feito com a utilização de microscópio estereoscópico e biológico.

Sementes de soja com Colletotrichum truncatum, fungo causador da antracnose

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na safra 2011/2012 encontravam-se dentro dos padrões estabelecidos. Este dado reflete a boa manutenção do estado sanitário das lavouras voltadas para a produção de sementes no Estado. A podridão carvão ou podridão negra da raiz, causada por Macrophomina phaseolina, tem sido observada com certa frequência em lavouras de soja ao final do ciclo reprodutivo, especialmente em condições de períodos de baixa precipitação. A exemplo de R. solani, este fungo polífago e habitante do solo não tem na semente sua principal fonte de inóculo. Este dado pode ser confirmado pela análise das sementes utilizadas no Mato Grosso na safra 2011/2012, quando apenas trê lotes apresentaram ocorrência de M. phaseolina, com incidência máxima de 1,0%. Assim, os casos observados, no estado, de podridão do carvão da raiz da soja, devem-se essencialmente ao acúmulo de inóculo no solo. Entre os diversos fatores que concorrem para a o aumento da incidência e severidade da antracnose em lavouras de soja no cerrado, o uso de sementes contaminadas ou infectadas por Colletotrichum truncatum tem papel essencial, permitindo a manifestação da doença nas fases iniciais de desenvolvimento das lavouras e aumentando progressivamente sua disseminação dentro dos talhões. Em trabalho realizado com o objetivo de avaliar o papel da semente de soja no processo patogênico causado por C. truncatum foi comprovado que a taxa de disseminação da doença na lavoura a partir de focos de sementes infectadas com o patógeno pode ser de 3cm/dia a 5cm/dia em condições favoráveis de temperatura e especialmente umidade. Os autores observaram que lotes com incidência superior a 0,8% do patógeno foram suficientes para iniciar a distribuição epidêmica da doença. Os dados de ocorrência e incidência de C. truncatum em sementes de soja utilizadas na safra 2011/2012 no Mato Grosso, obtidos neste trabalho, são preocupantes. A porcentagem de ocorrência de C. truncatum entre os lotes avaliados foi de 56,0% (sementes de 28 cultivares plantadas na safra 2011/2012 no Mato Grosso eram portadoras do patógeno). A incidência máxima de C. truncatum foi de 7,0% em um lote individual (Figura 4). A média de incidência observada entre as 50 cultivares avaliadas foi

Estruturas reprodutivas Cercospora kikuchii



Figura 1 - Incidência de média de Aspergillus flavus e Penicillium spp. em lotes de Figura 2 - Incidência de média de Fusarium semitectum e Rhizoctonia solani em lotes cultivares de soja utilizados na safra 2011/2012 no estado de Mato Grosso de cultivares de soja utilizados na safra 2011/2012 no estado de Mato Grosso

Figura 3 - Incidência de média de Cercospora kikuchiie e Macrophomina phaseolina em Figura 4 - Incidência de média de Colletotrichum truncatum em lotes de cultivares lotes de cultivares de soja utilizados na safra 2011/2012 no estado de Mato Grosso de soja utilizados na safra 2011/2012 no Estado de Mato Grosso

de 1,06% e apenas seis lotes apresentaram porcentagem de incidência inferior a 0,5%. Este dado torna-se importante na avaliação do aumento expressivo da incidência e severidade da antracnose nas lavouras de soja do Mato Grosso. A literatura menciona a possibilidade de transmissão ou transporte de Corynespora cassiicola, causador da mancha alvo (doença que vem crescendo expressivamente em importância no cerrado nas últimas safras), através de sementes de soja. Porém, o lento crescimento e a esporulação deste fungo em condições de laboratório dificultam sua detecção nos testes rotineiros de sanidade. Neste levantamento não foram encontradas estruturas vegetativas ou reprodutivas de C. cassiicola nos lotes avaliados, fato que não descarta a possibilidade de sua presença nas sementes utilizadas, uma vez que os sintomas de mancha alvo observados a campo têm sido mais frequentemente associados às manchas foliares que às podridões radiculares, também provocadas pelo patógeno quando o inóculo concentra-se no solo. O tempo de incubação no teste padrão de sanidade de sementes utilizado neste levantamento (sete dias a 22ºC) não é adequado para a avaliação da presença de estruturas

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vegetativas ou de resistência de Sclerotinia sclerotiorum, agente causal da podridão branca da haste da soja. Para este patógeno é necessário um tempo de incubação superior a sete dias, a 22ºC, para que suas estruturas possam ser visualizadas. Assim, não podemos afirmar que as sementes de soja utilizadas na safra 2011/2012 no Mato Grosso encontravam-se livres do inóculo de S. sclerotiorum. O aumento do número de focos de podridão branca da haste nas áreas de cultivo do estado, nesta safra, é forte indicativo de que sementes infectadas ou contaminadas (produzidas dentro do Mato Grosso ou em outras unidades da Federação) continuam sendo plantadas. Vale ressaltar que cerca de 10% dos 575 lotes recolhidos durante o circuito Aprosoja 2011/2012 e recebidos para análise sanitária apresentavam-se com germinação e vigor abaixo dos padrões recomendados, fato que pode ser diretamente associado à presença dos microrganismos fitopatogênicos relacionados neste trabalho. Finalmente, os resultados obtidos neste levantamento apontam para a extrema necessidade da manutenção de altos níveis de sanidade nos lotes de sementes utilizados para o plantio da safra no Mato Grosso. Estes níveis só serão obtidos com a manutenção

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da sanidade das lavouras conduzidas para a produção de sementes, com a adequação das condições de beneficiamento e armazenamento de sementes e com o tratamento químico ou biológico das sementes antes do plantio. O uso de fungicidas ou antagonistas em tratamento de sementes com os objetivos de erradicar os patógenos associados e proteger sementes e plântulas de patógenos habitantes do solo e da matéria orgânica torna-se instrumento essencial na manutenção da qualidade fisiológica dos lotes e na garantia de lavouras mais sadias nas fases precoces de seu desenvolvimento. O tratamento químico ou biológico das sementes deve ser sempre precedido da análise sanitária do lote, prática de baixo custo e de grande utilidade na recomendação do tratamento mais adequado a cada caso. O tratamento de sementes deve ser feito sempre com formulados comerciais contendo produtos ou agentes antagonistas de amplo espectro de ação. Contudo, o nível de sanidade inicial de cada lote pode levar à tomada de decisão quanto à real viabilidade de tratamento e quanto à C seleção de produtos mais específicos. Andréia Quixabeira Machado, Univag Daniel Cassetari Neto, Famev/UFMT



Soja

Efeito supressor

Fotos Fabiane Lamego

O crescimento das infestações de buva resistente ao glifosato em áreas de cultivo de soja faz com que produtores busquem alternativas para contornar o problema. Uma das ferramentas reside na utilização de coberturas de inverno, com formação posterior de palhada, técnica que exerce ação física e química (alelopatia) sobre a planta daninha

O

aumento gradativo, nos últimos anos, das infestações da espécie daninha buva (Conyza bonariensis e Conyza canadensis) nas áreas agrícolas cultivadas com soja no Rio Grande do Sul (RS) tornou esta uma das principais plantas daninhas da cultura. Esse aumento decorre da alta adaptabilidade dessa planta aos sistemas de produção utilizados e, principalmente, à evolução de populações resistentes ao herbicida glifosato. A evolução é um processo natural, porém, o uso repetido de um mesmo herbicida aumenta a pressão de seleção e populações daninhas resistentes aos herbicidas ocorrem. Deste modo, a buva tem ocasionado prejuízos aos sojicultores, exigindo a utilização de herbicidas alternativos e diferenciados métodos de controle, o que gera aumento nos custos de produção. A infestação de áreas agrícolas por plantas de buva, em especial aquelas cultivadas por soja, tem aumentado significativamente nos últimos anos, devido ao fato desta espécie apresentar boa adaptabilidade aos sistemas conservacionistas de solo, como o plantio direto e cultivo mínimo, muito utilizado nas lavouras do sul do país. Tal característica, alia-

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da à alta capacidade de produção de sementes, onde uma planta de buva pode produzir mais de 200 mil sementes por ciclo (Weaver et al, 2001), e a facilidade de dispersão (sementes pequenas e leves, facilmente disseminadas pelo vento), caracterizam a buva como planta daninha de alta capacidade de adaptabilidade ecológica, contribuindo para geração de altas infestações observadas atualmente em áreas de produção agrícola. O controle de buva na pré-semeadura das culturas de verão e em pós-emergência na soja geneticamente modificada resistente ao herbicida glifosato baseava-se, até pouco tempo, no uso exclusivo deste herbicida. Entretanto, a adoção dessa prática por muitos anos nas mesmas áreas acabou por selecionar plantas de buva resistentes a esse produto. Nesse contexto, manter uma cobertura de solo durante o período de inverno, época em que a buva começa seu estabelecimento, em conjunto com manejo químico diferenciado na pré-semeadura da soja, ou seja, adotandose outro mecanismo de ação herbicida além do glifosato na dessecação da área, torna-se uma ferramenta eficaz no controle dessa planta daninha. A cobertura de inverno e,

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posteriormente, sua palhada, reduzem o número de plantas de buva ocorrentes através do seu efeito físico e, possivelmente, químico (alelopatia), dificultando o estabelecimento desta planta daninha. É importante ressaltar que as coberturas de inverno podem ser culturas comerciais como, por exemplo, trigo e aveia-branca, das quais também se pode obter receita econômica, além do efeito supressor na germinação e emergência de plantas de buva. Tanto o trigo como a aveia-branca são culturas tradicionais do inverno gaúcho, voltadas à produção de grãos. Destaca-se também o cultivo de aveiapreta, muito utilizada por produtores que criam gado leiteiro, servindo como pastagem no inverno. Com objetivo de avaliar o efeito supressor do cultivo de coberturas de inverno sobre a incidência de buva na cultura da soja em sucessão foi conduzido um experimento no município de Jaboticaba, região do Médio Alto Uruguai do Rio Grande do Sul, no ano agrícola 2010/2011. As coberturas de inverno utilizadas corresponderam a: trigo (cultivar Quartzo), aveia-preta (Avena strigosa), ervilhaca (Vicia angustifolia), nabo forrageiro (Ra-


phanus spp.), azévem (Lolium multiflorum), semeadas em 28/5/2010, bem como uma área mantida em pousio. Com exceção das culturas do trigo e da aveia-preta, aplicadas em linha com semeadora no espaçamento de 17cm, as demais coberturas foram todas semeadas a lanço. No préflorescimento das coberturas foram colhidas as massas verdes das partes aéreas e secas em estufa, até peso constante, determinando-se a massa seca da parte aérea. Para a semeadura da soja em novembro/2010, na véspera da dessecação, a população de plantas de buva ocorrentes na área foi determinada (plantas m-2). Para a dessecação em pré-semeadura da soja utilizou-se glifosato (960g i.a/ha) + 2,4-D (1.209g i.a/ha). Doze dias após a emergência da soja (DAE), uma nova avaliação da infestação de buva foi realizada. Dentre as espécies avaliadas como plantas de cobertura, o nabo forrageiro e a ervilhaca foram aquelas que produziram a maior massa vegetal, com valores médios de 5,4t/ha e 5,08t/ha, respectivamente (Tabela 1). Estes volumes de cobertura vegetal refletiram menor infestação de plantas de buva na primeira avaliação realizada na pré-semeadura da soja, principalmente na área onde havia ervilhaca. Neste caso, foi observada apenas, na média, 1 planta/m-2 de buva, valor bastante inferior ao observado para a área que permaneceu em pousio durante todo o inverno, servindo como testemunha, onde constatou-se uma infestação média de 157 plantas/m-2 (Tabela 1). A ervilhaca, embora apresente um estabelecimento inicial e ciclo de desenvolvimento mais lento quando comparado às demais espécies de cobertura avaliadas, formou intensa barreira física, dificultando a germinação e emergência das sementes de buva presentes no banco de sementes do solo da área. De maneira geral, na avaliação de infestação de buva realizada na pré-semeadura da soja, foi possível constatar que todas as coberturas avaliadas tiveram papel importante na redução da ocorrência da planta daninha, com destaque para a cultura da ervilhaca. Como já havia sido constatada na safra anterior a ocorrência de plantas de buva resistentes ao glifosato, na área do experimento, realizou-se a dessecação pré-semeadura da soja com o emprego da mistura de glifosato + 2,4-D. Na avaliação realizada aos 12 DAE, novamente as coberturas utilizadas demonstraram contribuir para a supressão da emergência da buva, todas elas diferindo da área mantida em pousio no inverno, à exceção da área cultivada com trigo (Tabela 1). A mistura herbicida utilizada (glifosato + 2,4-D) foi eficaz no controle da maioria das plantas de buva que emergiram nas áreas das coberturas avaliadas. Todavia, plantas mais desenvolvidas, como aquelas que ocor-

Tabela 1 - Massa seca da parte aérea das coberturas vegetais e infestações de buva (pré e pós-semeadura da soja). UFSM, Campus Frederico Westphalen (RS), 2010/11 Cobertura Pousio Azevém Ervilhaca Nabo Trigo Aveia Média CV (%)

Massa (t/ha) Pré-dessecação 1,17 e 157 a 3,86 d 6b 5,08 ab 1c 5,44 a 11 b 4,58 bc 10 b 4,12 cd 9b 4,04 32,2 10 19,2

Pós-dessecação 10 a 3b 0c 0c 7a 3b 3,8 20,5

reram na área em pousio, podem não ter sido eficientemente controladas apenas pela mistura herbicida utilizada na dessecação em pré-semeadura. Ainda, a ausência de efeito residual desta mistura também pode não ter sido capaz de evitar novas emergências até o pleno estabelecimento da soja. Não foram observadas infestações de buva na soja após a ervilhaca ou o nabo forrageiro, 12 DAE (Tabela 1). Este resultado possivelmente seja explicado pela elevada massa vegetal produzida por estas coberturas durante o seu desenvolvimento. Nas áreas de soja, após o azevém e a aveia-preta, na média, foram constatadas apenas três plantas/m-2 de buva, 12 DAE (Tabela 1). Embora o azevém tenha produzido menor quantidade de cobertura vegetal quando comparado ao trigo, por exemplo, é possível que juntamente ao efeito físico, tanto ele quanto a aveia-preta possam ter contribuído para a supressão da germinação de buva através de efeito químico (alelopatia). Existem relatos na literatura de possível efeito alelopático por estas espécies. Estudos para comprovar esta hipótese já se encontram em fase de andamento na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Não se pode descartar a mesma hipótese de efeito químico no caso das demais coberturas avaliadas. As dessecações em pré-semeadura da soja após a constatação de buva resistente têm sido realizadas com a mistura de glifosato + 2,4-D, glifosato + chlorimuron ou, ainda,

diclosulam. Complementações com paraquat ou paraquat + diuron (mistura formulada) também auxiliam, complementando aquelas plantas que sobraram da dessecação anterior. Todavia, plantas de buva em estádios mais avançados de desenvolvimento podem não ser controladas também pelas misturas de herbicidas. A adoção da cobertura de inverno complementa o manejo da buva na soja. Além de barreira à germinação e infestação pela buva, que germina ainda no inverno e retoma seu desenvolvimento próximo à semeadura da soja, esta prática traz uma série de vantagens para conservação do solo. É fundamental em áreas de produção leiteira (especialmente no caso da aveia-preta e do azevém) e, ainda, no caso do trigo, pode ser uma fonte de receita já que é prática comum entre os produtores da região noroeste do Rio Grande do Sul. Por sua vez, esse estudo mostra que o cultivo do trigo em linha dessecado pela mistura glifosato + 2,4-D não foi suficiente para suprimir a infestação de buva na soja, apresentando em média sete plantas/m-2 aos 12 DAE. Dada a importância do seu impacto na cultura da soja e à facilidade de disseminação que apresenta, torna-se fundamental eliminar plantas de buva resistentes ao glifosato. A ocorrência deste fenômeno (resistência aos herbicidas) e a magnitude que o caso da buva adquiriu, ressaltam a importância da adoção de um sistema de manejo integrado de plantas daninhas na propriedade agrícola. A rotação de áreas de soja com milho, por exemplo, traz a utilização de novos mecanismos de ação herbicida à área, reduzindo a pressão de seleção imposta por um exclusivo mecanismo de ação como no caso da soja geneticamente C modificada e o uso de glifosato. Tiago Edu Kaspary, Queli Ruchel, Fabiane Pinto Lamego Claudir José Basso e Antonio Luis Santi UFSM

A infestação de áreas agrícolas por plantas de buva, em especial aquelas cultivadas por soja, tem aumentado significativamente nos últimos anos

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Empresas

Olhos no amanhã

Fotos Cultivar

FMC realiza 2ª edição do Clube da Soja para debater o futuro do setor. Evento reuniu produtores responsáveis por 2,5 milhões de hectares cultivados com a oleaginosa no Brasil

O

futuro da soja, no Brasil e no mundo. Esse foi o debate principal do 2º Clube da Soja, realizado em abril, em São Paulo, pela FMC, em parceria com a Case IH e Fertilizantes Heringer. O evento contou com a presença dos principais produtores de grãos do País, responsáveis por uma área plantada de 2,5 milhões de hectares, o que equivale a 10% do total cultivado com a oleaginosa na safra 2011/12. Os temas abordados durante o evento foram a agenda estratégica dos produtores de soja nos principais países produtores, como Estados Unidos, Brasil e Argentina, além de questões sobre biotecnologia e organização do setor. “A FMC quer se aproximar desses produtores para entender suas necessidades. É importante para nós participarmos juntos desse debate sobre o futuro do segmento no Brasil e no mundo para todos estarmos preparados para encarar os novos desafios e oportunidades no agronegócio”, destacou o presidente da FMC para a América Latina, Antonio Carlos Zem. Com o objetivo de instituir um fórum de discussões e troca de experiências sobre os diversos temas relativos à cultura da soja, como tecnologias de produção, mercado e comercialização, a

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FMC, desde a primeira edição, associouse à Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). A soja lidera as exportações brasileiras, sendo que no primeiro trimestre de 2012 representou 25% do total. Entre janeiro e março de 2012 as receitas com os embarques do grão mais que dobraram em relação ao mesmo intervalo do ano passado, alcançando R$ 3,24

Zem destacou que empresa quer se aproximar e entender cada vez mais as necessidades dos sojicultores

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bilhões. Ao todo foram exportadas 6,81 milhões de toneladas de soja em grão, volume 115,3% superior às 3,16 milhões de toneladas do primeiro trimestre do ano passado. A safra 2012/2013, segundo especialistas do setor produtivo, será de recuperação e crescimento em todos os países produtores. De acordo com o diretor da Agrocunsult, André Pessoa, o mercado é promissor para o próximo ano. “Os preços continuarão bons, com boa rentabilidade para os produtores”, projeta. A expectativa positiva do analista de mercado é compartilhada por representantes de produtores do Brasil e de outras partes do mundo. Durante o evento ocorreu, ainda, o lançamento do inseticida Rocks e do fungicida Locker. “Nesse ano lançamos dois produtos revolucionários para a cultura da soja. O Locker é um novo fungicida, com a mais completa solução para controle das principais doenças da cultura, fórmula exclusiva FMC e três modos de ação com excelente balanço entre os ingredientes ativos. O Rocks é um inseticida para tratamento das sementes, com fórmula inédita que proporciona ação sistêmica e de contato”, C explicou Zem.


Empresas

Nova tecnologia

Dow AgroSciences apresenta sementes de milho Powercore para auxiliar os produtores brasileiros no controle das principais pragas que afetam a cultura, como lagarta-docartucho, broca-do-colmo e lagartas da espiga, rosca e elasmo, além de oferecer resistência aos herbicidas glifosato e glufosinato

A

ferramentas, não haja desenvolvimento de resistência por parte das pragas-alvo. No Powercore (por contar com três genes estaqueados para controle de pragas) a área de refúgio recomendada passa a ser de 5%, ao invés dos 10% indicados para outras tecnologias. “Consequentemente se tem um aumento de produtividade das lavouras brasileiras. Uma realidade em que produzir mais, melhor e de maneira sustentável é essencial para o desenvolvimento da agricultura brasileira”, avaliou o gerente de Marketing de Milho da Dow AgroSciences, Vitor Cunha. De acordo com o diretor de Sementes e Biotecnologia da Dow no Brasil, Rolando

Fotos Cultivar

Dow AgroSciences apresentou ao mercado brasileiro uma nova semente de milho, que controla as principais pragas da cultura. Denominada Powercore, a tecnologia foi lançada na Estação de Pesquisa da empresa no Brasil, em Indianópolis, Minas Gerais, que conta com mais de 500 hectares. Desse total, 140 hectares são destinados ao desenvolvimento de transgênicos. A novidade alia o controle de algumas das principais pragas do milho, como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), broca-do-colmo (Diatraea saccharalis), lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea), lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) e lagarta-rosca (Agrotis ipsilon). Além disso, dispõe de tolerância a dois tipos de herbicida: o glifosato e o glufosinato. De acordo com o pesquisador da Dow AgroSciences, César Santos, um dos principais diferenciais da tecnologia é a inserção de três diferentes proteínas Bt. “Com isso, a possibilidade da praga-alvo desenvolver resistência simultânea para essas três proteínas é reduzida drasticamente”, explicou. O produto também flexibiliza o manejo de herbicidas, o que proporciona ao produtor um melhor manejo e a otimização do maquinário e mão de obra. O refúgio, plantio de milho convencional em uma lavoura de milho Bt, é essencial e recomendável para que, junto com outras

Para o presidente da Dow no Brasil, Ramiro De La Cruz, o lançamento do Powercore no Brasil, antes da tecnologia chegar aos Estados Unidos, é um marco para a empresa e para o País

Alegria, este é o primeiro evento com cinco genes estaqueados para a cultura de milho aprovado no País pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e ratificado pelo Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS). “O Powercore atende a necessidade de elevar a produção, usando a mesma área de plantio, aumentando a produtividade e eficiência na administração do controle de pragas”, informa Alegria.

Soma de esforços

O milho foi produzido em parceria com a Monsanto e tem duas proteínas ou genes desenvolvidos pela empresa e um pela Dow. “Essa parceria fecha o pacote tecnológico. As empresas estão trabalhando para atender os pontos mais frágeis no campo do manejo e produtividade”, explicou o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento e coordenador de projetos de biotecnologia da Dow na América Latina, Antonio Cesar Santos. O Powercore foi lançado no Brasil antes de ser comercializado nos Estados Unidos, o que, segundo o presidente da Dow no Brasil, Ramiro De La Cruz, é uma ação pioneira para a empresa. “O Brasil terá um papel cada vez mais importante no cenário global da produção de alimentos e vem mostrando os melhores resultados no mercado mundial de sementes”, ressaltou. A comercialização da semente se dará a partir de novembro de 2012, no Brasil, e C posteriormente na Argentina.

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Café

Danos severos

Fotos Sonia Salgado

A cultura do café, por sua condição perene, permite o desenvolvimento e multiplicação de nematoides durante o período vegetativo e reprodutivo das plantas. O ataque às raízes compromete o fornecimento de água e nutrientes vitais, o que resulta em graves prejuízos. O diagnóstico correto, com a identificação das espécies presentes na área e a quantificação de sua população, é o primeiro passo para a definição de medidas de controle

O

nematoide das galhas, Meloydogyne sp., constitui um dos principais problemas à cultura do café. O risco da infestação desse nematoide em áreas isentas, aliado à dificuldade do controle em lavouras infestadas coloca em alerta todos os profissionais envolvidos com a produção cafeeira. Até o momento, as principais espécies de Meloidogyne que parasitam o cafeeiro no Brasil são M. paranaensis, M. incognita e M. exigua. A importância econômica de determinada espécie de fitonematoide é determinada pela extensão dos danos e prejuízos ao cafeeiro, pela capacidade reprodutiva e facilidade de disseminação e adaptação às diversas regiões. Como as raízes são órgãos fundamentais para suporte, absorção de água e minerais, além de vitais à fisiologia da planta, o parasitismo de nematoides nas raízes compromete o desenvolvimento e produção do cafeeiro. A preocupação com o nematoide das galhas advém do fato de que algumas espécies como Meloidogyne paranaensis e M. incognita são mais agressivas,

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capazes de causar severos danos ao cafeeiro, podendo levar a planta à morte.

a condição perene da lavoura cafeeira permite o desenvolvimento e multiplicação desses microorganismos durante praticamente todo o período vegetativo e reprodutivo das plantas. Algumas plantas de Coffea arabica são extremamente suscetíveis ou intolerantes, dificultando a manutenção de lavouras infestadas ou mesmo a implantação de cafezais novos em áreas com infestação do nematoide das galhas. Em lavouras com infestação de M. paranaensis e M. incognita, espécies que causam destruição mais severa às raízes do cafeeiro, medidas de controle tornamse dificultadas pela persistência desses nematoides no solo e grande número de hospedeiros, pois podem parasitar diversas espécies vegetais, incluindo plantas invasoras comuns em áreas cafeeiras e outras importantes culturas agrícolas. A escolha de medidas para controle de Meloidogyne sp em áreas infestadas depende de vários fatores, entre os quais, a espécie e população do nematoide detectada por meio da análise de raízes e solo em laboratório especializado.

Diagnóstico

Como organismos de solo e de tamanho microscópico, os nematoides podem passar despercebidos por vários anos e por isso os problemas advindos com seu parasitismo ao cafeeiro são frequentemente difíceis de detectar no início da infestação. De modo geral, suspeita-se da presença de fitonematoides quando são observadas plantas com mau desenvolvimento, desfolha e sintomas de desnutrição na parte aérea, mesmo sob condições de manejo adequadas. Diante disso, deve-se avaliar as condições de cultivo da lavoura e observar criteriosamente o sistema radicular dessas plantas. A coleta de amostras de raízes e solo para análise diagnóstica em laboratório especializado deve ser realizada periodicamente.

Controle

A adoção de medidas de controle desses nematoides é primordial porque

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Muda de cafeeiro com galhas arredondadas típicas de Meloidogyne exigua


Lavoura adulta exibindo sintomas do parasitismo de Meloidogyne paranaensis

Medidas preventivas

Dentre as principais medidas preventivas, o uso de mudas isentas de nematoides é fundamental porque as mudas infestadas representam o modo mais eficiente de disseminação dessa doença, até mesmo a longas distancias. Além disso, a escolha da área para lavoura nova ou renovação deve ser precedida de avaliação de amostras quanto à presença de fitonematoides economicamente importantes para a cultura do café. Na situação de proximidade com lavouras, talhões ou propriedades vizinhas infestadas, o produtor deve tomar o cuidado no trânsito de máquinas, implementos e água de enxurrada. Nesses casos recomenda-se desviar a água de chuva para fora da lavoura, construção de bacias de contenção e limpeza das máquinas e implementos para retirada de solo aderido.

Controle químico

Tratando-se de lavoura cafeeira infestada por M. paranaensis e M. incognita, os produtos químicos nematicidas devem essencialmente atingir o microorganismo dentro da raiz, pois os nematoides das galhas são endoparasitas sedentários. O juvenil do segundo estádio, após a sua eclo-

A)

Raízes de cafeeiro exibindo engrossamento e rachaduras características do parasitismo de M. paranaensis

são do ovo, começa seu parasitismo internamente na raiz, induzindo a formação de células gigantes que tem função nutridora para o desenvolvimento e reprodução do nematoide. Em muitas situações de lavoura adulta, quando se detecta a presença de plantas parasitadas por M. paranaensis ou M. incognita, as raízes encontram-se danificadas e o efeito dos nematicidas deve ser avaliado quanto ao custo/benefício de sua aplicação. Recentemente diversas pesquisas estão sendo conduzidas para aumentar a eficácia de produtos químicos associados ou não com formulações biológicas para a obtenção de produtos eficazes ao controle de M. paranaensis e M. incognita em cafeeiro.

Resistência genética

O uso de material genético resistente é a alternativa mais econômica e eficaz no controle do nematoide das galhas em cafeeiro. A partir da confirmação da presença de M. paranaensis em áreas cafeeiras do Estado de Minas Gerais, a Epamig vem realizando pesquisas em área cafeeira infestada no Sudoeste mineiro, buscando a seleção de genótipos de Coffea sp com resistência a esse nematoide. Os resultados preliminares são promissores, mas vale ressaltar que as pesquisas com melhora-

B)

mento genético do cafeeiro para obtenção de cultivares resistentes a uma ou mais espécies de Meloidogyne, requer período de tempo relativo a vários anos para avaliação dos cafeeiros quanto ao desenvolvimento vegetativo e produtividade das plantas, aliado ao monitoramento da população na área experimental.

Considerações finais

O produtor e/ou técnico de campo responsável pelo manejo da cultura deve atentar para a necessidade de monitoramento periódico da área cafeeira, por meio da amostragem de raízes e solo para diagnóstico da presença de fitonematoides parasitas do cafeeiro. O diagnóstico correto com a identificação da(s) espécie(s) de nematoide presente e a quantificação da sua população na área é o primeiro passo para a definição de medidas de controle. A interação entre diversas instituições de pesquisa buscando a solução para o manejo/controle dessa doença, associado à divulgação de informações e orientações aos diversos profissionais envolvidos na cadeia produtiva do café é de suma importância para a sustentabilidade da cultura C em áreas cafeeiras infestadas. Sonia Lima Salgado, Uresm/Epamig

C)

Ovos (A), juvenis (B) e fêmea (C) de Meloidogyne sp.

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Milho Fotos Solange Maria Bonaldo

Resposta favorável A cercosporiose é um dos muitos desafios enfrentados pelos produtores de milho, responsável por limitar a cultura e reduzir em até 60% a produção de grãos em lavouras cultivadas com híbridos suscetíveis. Ao adotar o controle químico é necessário conhecer a melhor época de aplicação, para reduzir custos, evitar desperdícios e melhorar o aproveitamento do fungicida

V

árias doenças afetam a cultura do milho, desde a área foliar, colmo, até os grãos. Porém, algumas são mais severas, como, por exemplo, mancha branca da folha ou feosféria (Phaeosphaeria maydis), ferrugem polissora (Puccinia polysora), ferrugem comum (P. sorghi), antracnose (Colletotrichum graminicola), helmintosporiose comum (Exerohilum turcicum), entre outras. Atualmente a atenção tem sido voltada à cercosporiose, causada pelo fungo Cercospora zea-maydis, constatada pela primeira vez no país por Viégas e Krug, em 1934, em Campinas, São Paulo (Viégas, 1945 citado por Casa et al, 2004). Os sintomas se caracterizam como machas de coloração cinza, retangulares a irregulares que se desenvolvem paralelas às nervuras. Em ataques severos pode ocorrer acamamento. Esta doença é favorecida pela alta umidade e temperaturas diurnas variando de moderada a alta. Sua disseminação ocorre através de restos culturais, vento e respingos de chuva (Santos et al, 2011). A cercosporiose do milho é capaz de reduzir de 20% a 60% a produção de grãos, dependendo da suscetibilidade do híbrido (Ward et al, 1994 citado por Pinto, 2004). De acordo com Brito (2007) considerando-se uma média

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de duas épocas de semeadura, os híbridos resistentes à cercosporiose apresentaram redução média na produtividade de grãos entre 5% e 9%. Para os híbridos intermediários, tidos como moderadamente resistentes e moderadamente suscetíveis, resultou em diminuição entre 6% e 20% e para os híbridos suscetíveis a redução variou entre 16% e 27%. Segundo Pinto et al (2004) o controle químico da cercosporiose em milho é economicamente viável e eficiente, pois interrompe a doença logo após a pulverização. Os fungicidas propiconazole, difenoconazole, azoxystrobin e tebuconazole garantem boa proteção à produção de grãos. Aplicações de fungicidas realizadas com as plantas a 120cm ou mais de altura, apresentam resultados significativos, uma vez que a cercosporiose ocorre com maior frequência a partir do período de pré-floração. Porém, este tipo de aplicação exige equipamentos autopropelidos ou pulverização aérea, já que pulverizadores comuns provocam o amassamento da cultura (Silva, 2007). Conhecer a melhor época de aplicação de fungicida no milho ajuda a reduzir custos, evitar desperdício e melhorar o aproveitamento do fungicida. Por isso, avaliou-se em qual

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estádio fenológico da cultura se obtém maior resposta no controle da cercosporiose.

O experimento

O experimento foi conduzido na cultura de milho safrinha, na cidade de Engenheiro Beltrão, Paraná, utilizando-se o delineamento experimental do tipo blocos ao acaso, com quatro tratamentos em cinco repetições. Foi empregado o híbrido simples AG 9010 de ciclo superprecoce, onde cada parcela constituída de cinco fileiras com 4m de comprimento e espaçadas de 0,75m. A aplicação do fungicida foi realizada através de pulverizador com pressão gerada por CO2, mantendo um volume de Tabela 1 - Resultados médios da Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD), obtidos a partir de seis avaliações da severidade de cercosporiose Tratamentos Testemunha 0,80m Florescimento 0,80m + florescimento C.V. (%)

AACPD 3668,24ª 363,26B 170,75BC 80,88C 13,84

Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.


Figura 1 - Curva de progresso da severidade de cercosporiose em diferentes tratamentos. -♦ - 0,80m: aplicação do fungicida quando as plantas estavam com 0,80m de altura. - - Florescimento: aplicação do fungicida quando as plantas estavam no florescimento. -▲ - 0,80m + florescimento: duas aplicações de fungicidas, uma aos 0,80m de altura das plantas e outra no florescimento. - - Testemunha: sem aplicação de fungicidas Solange, Colares, Riedo, Vani e Regine falam dos desafios enfrentados pelos produtores de milho no combate à cercosporiose

O controle químico da cercosporiose em milho é economicamente viável e eficiente, pois interrompe a doença logo após a pulverização

aplicação de 200L/ha. Os tratamentos foram constituídos da seguinte maneira: Tratamento 1: aplicação do fungicida com plantas a 0,80m de altura; Tratamento 2: aplicação do fungicida no florescimento; Tratamento 3: aplicação do fungicida com plantas a 0,80m de altura + aplicação no florescimento; Tratamento 4: testemunha sem aplicação de fungicida. A doença foi avaliada a partir dos 51 dias após a semeadura (DAS) através da severidade nas folhas de referência. Foram realizadas seis avaliações da severidade e calculada a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e quando significativos ao teste de Tukey, ao nível de 5% de significância. Na Tabela 1 são apresentados os resultados da AACPD, obtidos a partir de seis avaliações

da severidade de cercosporiose. Para o tratamento testemunha, que não recebeu controle químico, a severidade da doença apresentou o maior valor de AACPD (3668,24) quando comparado aos demais tratamentos, em que houve a aplicação do fungicida. A aplicação de fungicida quando as plantas estavam com 0,80m promoveu redução de 90% da AACPD, quando comparada com o tratamento testemunha. Nos tratamentos com fungicida em plantas na fase de florescimento e com fungicida aos 0,80m + florescimento das plantas notou-se a redução da AACPD de 95% e 98%, respectivamente. Assim, a aplicação de fungicida aos 0,80m + florescimento das plantas mostrou-se o tratamento mais eficiente no controle da cercosporiose do milho, nas condições em que o experimento foi desenvolvido. Através da Figura 1, observa-se crescimento da severidade de cercosporiose no tratamento controle (sem aplicação de fungicida), a partir da terceira avaliação, realizada aos 72 DAS, quando as plantas apresentaram 4,27% de severidade da doença. Na última avaliação, realizada aos 103 DAS, a severidade da doença neste tratamento atingiu 51,89%. Com a aplicação de fungicida quando as plantas apresentavam 0,80m, observa-se,

desde as primeiras avaliações, que não houve o desenvolvimento da doença, apresentando assim severidade de 9,5% na sexta avaliação (Figura 1). Na aplicação do fungicida, quando as plantas estavam em fase de florescimento, o progresso dos sintomas da doença foi considerado lento quando comparado com o progresso da doença em plantas não tratadas, sendo que a severidade observada na sexta avaliação foi de 3,78%. A aplicação de fungicida no tratamento de 0,80m mais uma aplicação no florescimento proporcionou controle satisfatório da cercosporiose no milho, apresentando severidade de 2,87% na última avaliação. Conclui-se que a pulverização de fungicida químico aos 0,80m + florescimento apresentou melhor resultado no controle da cercosporiose na cultura do milho. Entretanto, estudos devem ser realizados para avaliar a viabilidade econômica deste tratamento. C Solange Maria Bonaldo, Mário R. N. Colares e Diego M. Vani, UFMT/Campus Sinop Ivan C. Riedo, Eudes H. Bernardes e Regine S. Simão, Fac. Integ. de Campo Mourão/PR

A cultura do milho

A

A cercosporiose do milho é capaz de reduzir de 20% a 60% a produção de grãos

cultura do milho (Zea Mays L.) é muito difundida em todo mundo, cultivada desde a Rússia até a Argentina, utilizada na nutrição humana e alimentação animal, principalmente na avicultura, suinocultura e bovinocultura. Na agricultura brasileira é uma das mais importantes culturas, porém, seu rendi-

mento pode ser influenciado por fatores como a disponibilidade hídrica, fertilidade do solo, população de plantas, sistema de cultivo, potencial produtivo do híbrido, manejo de plantas daninhas, pragas e doenças (Sandini & Fancelli, 2000; Fancelli & Dourado-Neto, 2003 citados por Casa et al, 2004).

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Empresas

Medidor de sustentabilidade Cultivar

Basf lança o AgBalance, ferramenta utilizada para avaliar impactos ambientais, econômicos e sociais dentro e fora da porteira das propriedades agrícolas brasileiras

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riar uma ferramenta que auxilie a medir de forma científica a sustentabilidade e os impactos da atividade agrícola dentro e fora das fazendas. Este é o objetivo principal do AgBalance, lançado pela Basf em maio, no Brasil. Composto por 69 indicadores ambientais, econômicos e sociais, o método é reconhecido por certificadoras internacionais e leva em consideração as especificidades e demandas de cada país. Aproximadamente 15 avaliações foram realizadas em clientes da companhia em 2012, entre eles a produtora de commodities SLC Agrícola, focada na produção de algodão, soja e milho, e a Guarani, uma das líderes do setor sucroenergético brasileiro em transformação de cana-de-açúcar. No Brasil a ferramenta chega para ajudar os produtores a enfrentar problemas como a visão distorcida que os consumidores urbanos têm dos agricultores sobre a preservação do ambiente, restrições de crédito e dificuldades nas exportações por parte de quem possui alguma pendência ambiental. “Queremos ajudar o produtor brasileiro a melhorar o que for necessário e a mostrar ao mundo que sabe produzir com sustentabilidade”, explicou o presidente mundial da Divisão de Cultivos da Basf, Markus Heldt. A ferramenta não tem por objetivo se transformar em um levantamento em massa da realidade de todas as áreas de cultivo do Brasil. “Não é uma fotografia de cada lavoura e nem todos os agricultores terão acesso. Nosso objetivo não é quantidade, mas qualidade das avaliações. Realizaremos análises nas principais regiões produtoras, de modo a formar indicadores brasileiros de sustentabilidade e a disseminar as boas práticas sustentáveis”, esclareceu o vice-presidente sênior da Unidade de Proteção

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de Cultivos da Basf América Latina, Fundação Espaço ECO e de Sustentabilidade para a América do Sul, Eduardo Leduc. A metodologia prevê a avaliação tanto dos impactos gerados dentro da propriedade rural, pelo uso de insumos e dos recursos naturais, como também os que extrapolam o trabalho executado pelo produtor, como a produção de fertilizantes e de agroquímicos e o transporte da produção. Para Leduc, ao discutir sustentabilidade na produção agrícola não se pode perder de vista o aspecto da rentabilidade. “Sem ele não há como fazer os investimentos necessários. Produzir mais, com menos uso de recursos naturais como água e terra, tem tudo a ver com sustentabilidade”, defendeu. Resultados apresentados Na SLC Agrícola, o estudo avaliou e comparou a produção de soja, milho e algodão, bem como a cadeia de suprimentos e logística de escoamento em duas unidades da empresa: a fazenda Planalto, no município de Costa Rica, no norte de Mato Grosso do Sul, e a fazenda Panorama, em Correntina, no oeste baiano. O estudo comparou dados relativos à safra 2009/10. Uma das análises mais impactantes identificada pelo estudo refere-se à utilização dos fertilizantes no processo produtivo. Desde a sua produção (grandes volumes) e transporte até a fazenda (antes da porteira), identificou-se que os fertilizantes são os insumos que consomem a maior quantidade de energia e os que mais emitem dióxido de carbono (CO2). O estudo identificou uma oportunidade de otimização do uso de fertilizantes, por meio de adoção de tecnologias como agricultura de

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precisão, fertilizantes de liberação mais lenta, uso de estabilizadores na formulação, além de práticas como a rotação de culturas, plantio direto, adubação verde, entre outras ações técnicas. Para efeito de ilustração, caso a SLC defina uma meta de redução de 10% no volume de fertilizantes utilizados por ano nas duas fazendas, seriam economizados 14.881.595kwh, energia suficiente para abastecer - durante um ano - 2.073 casas; ou, ainda, 7.990 toneladas de CO2 deixariam de ser emitidas, o equivalente a um caminhão de 14 toneladas dando 150 voltas completas na Terra. O gerente de Sustentabilidade e Recursos Humanos da SLC Agrícola, Álvaro Dilli, disse que a avaliação auxiliou a empresa a enxergar de forma mais ampla a sustentabilidade. “A gente tratava dessa questão muito dentro da porteira. É importante ter essa visão mais holística, que ajuda a identificar onde realmente estão os maiores impactos”, opinou. No caso da Guarani, os estudos basearam-se na comparação entre as Unidades Industriais Andrade, localizada no município de Pitangueiras, e a Cruz Alta, na cidade de Olímpia, ambas no noroeste paulista. Nelas também foram avaliadas as performances econômica, social e ambiental, incluindo toda a cadeia de suprimentos. A base de comparação foi a produção de 100 toneladas de cana-de-açúcar nas duas unidades durante a safra 2010/11, até o momento da entrega da cana às usinas para processamento de etanol, açúcar e energia. Embora o estudo tenha apontado uma paridade na maioria dos aspectos analisados, foram identificadas diferenças entre a gestão das unidades, tendo como ponto crucial o manejo dos fertilizantes. Ambas se utilizam de vinhaça e composto (torta de filtro e cinzas) - subprodutos do processamento da cana como opções ao uso de fertilizantes minerais. AgBalance apontou que na unidade Cruz Alta há maior utilização de vinhaça e composto, se comparada à unidade Andrade. Neste caso, a recomendação é a intensificação da utilização, já que proporcionam maior benefício ambiental e economia na adubação. Hoje, com a utilização desses subprodutos, já há uma redução de mais de 103.585.957kwh, o suficiente para abastecer 14.502 casas durante um ano. A ação ainda colabora para que deixem de ser emitidas mais de 32.262 toneladas de CO2, o equivalente a um caminhão de 14 toneladas, utilizando combustível fóssil, dando 608 voltas na Terra. O diretor de Agronegócio da Usina Guarani, Jaime Stupiello, disse que a ferramenta oferecida pela Basf é importante, principalmente em um setor como o sucroenergético, bastante criticado em aspectos como a queimada da palha da cana-de-açúcar. “Essa ferramenta nos ajuda a responder muitas questões, apoia na tomada de decisões e sobretudo mostra que sustentabilidade não é algo exotérico, mas possível de ser C medido”, avaliou.



Fotos Leandro Vargas

Plantas daninhas

Contra a resistência

A incidência de plantas daninhas resistentes a herbicidas cresce a cada safra no Brasil. É o caso de azevém, buva, capim amargoso e aveia. Para enfrentar esse problema é importante que o produtor esteja atento a estratégias como não utilizar, por mais de duas vezes consecutivas, produtos com o mesmo mecanismo de ação, arrancar as plantas que sobrevivam à aplicação, rotacionar culturas e efetuar a limpeza de máquinas e equipamentos utilizados na operação

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pesar dos alertas emitidos pelos órgãos de pesquisa, o número de plantas daninhas resistentes a herbicidas continua a aumentar no Brasil. Os mais novos casos de resistência, relatados, envolvem a espécie daninha Lolium multiflorum, popularmente conhecida como azevém. Essa planta daninha adquiriu resistência ao glifosato em 2003, e em 2010 e 2011 se tornou resistente aos herbicidas inibidores da enzima Acetolactato sintase (ALS) e Acetil co-enzima A carboxilase (ACCase), respectivamente. Dentre os herbicidas inibidores da ALS estão as moléculas iodosulfurom, principal herbicida usado em trigo, e nicosulfurom, utilizado em milho, para controle de azevém. Já entre os inibidores da ACCase estão as moléculas clodinafope, para emprego em trigo e cletodim usado em manejo pré-semeadura da soja e do milho para controle de azevém. Com o advento da resistência, essas moléculas perdem a ação sobre o azevém e para obter o controle dessa espécie é necessário o uso de moléculas alternativas como paraquate, trifluralina, entre outros. Os biótipos resistentes foram identificados no Rio Grande do Sul em diferentes locais e devem dispersar-se por todo estado nos próximos anos. As medidas de

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prevenção e manejo da resistência, se adotadas pelos produtores, podem reduzir a dispersão e prolongar o tempo de uso dos herbicidas a que o azevém adquiriu resistência. Vale destacar também que no estado do Paraná, no ano de 2010, foram relatados o caso da aveia (Avena fátua) resistente ao clodinafope, um inibidor da ACCase, e o preocupante aumento da população de capim-amargoso (Digitaria insularis), resistente ao glifosato. O capim-amargoso também aumentou sua infestação de forma rápida no sul do Mato Grosso do Sul. As plantas de capim-amargoso são perenes, rizomatosas, formam touceiras, produzem grandes quantidades de sementes e vegetam durante todo o ano, embora em maior intensidade no período de verão. Plantas adultas, que se desenvolvem na entressafra, são difíceis de serem controladas se os herbicidas não forem utilizados no início do desenvolvimento. Assim, o maior risco está em se tentar o controle de plantas entouceiradas, pois ocorrem rebrotas com muita frequência. Nestes casos é normalmente necessária mais de uma aplicação e, ainda assim, sem garantia de controle. Herbicidas pré-emergentes têm sido utilizados para não permitir a germinação de novas plantas após a semeadura das

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culturas. O controle de biótipos resistentes de capim-amargoso e aveia envolve o uso de graminicidas pós-emergentes e herbicidas que atuam como pré-emergentes. Além dos problemas com biótipos de capim amargoso resistentes ao glifosato, em muitos casos se verifica o escape de plantas não resistentes, o que pode ser explicado pelo uso de subdoses do glifosato.

Situação atual do azevém

A soja transgênica está presente em praticamente toda a área cultivada com soja no Rio Grande do Sul. O glifosato é usado de forma repetida (antes da semeadura e na pós-emergência da soja) e, com raras exceções, como único produto e método de controle, impondo grande pressão de seleção de espécies tolerantes e/ou resistentes. O resultado é evidente em diversas lavouras, havendo seleção de espécies resistentes como o azevém e a buva. Os dois primeiros casos de resistência ao glifosato no Brasil foram identificados no Rio Grande do Sul (azevém em 2003 e buva em 2005). Casos de biótipos de buva e azevém resistentes ao glifosato também foram identificados no Paraná, assim como de buva em São Paulo. O uso continuado e repetido é


considerado a principal causa para seleção de espécies tolerantes e/ou resistentes. Com o advento da resistência do azevém ao glifosato os herbicidas inibidores da enzima ACCase (Tabela 1) tornaram-se a principal ferramenta para controle do azevém no manejo pré-semeadura (dessecação) da soja e do milho. Assim, nos últimos anos, os herbicidas inibidores da ACCase foram usados repetidamente para controlar azevém e, como já era esperado, selecionaram biótipos resistentes. Paralelamente, em áreas cultivadas com trigo e cevada, o herbicida iodosulfurom foi utilizado como única ferramenta de controle do azevém. Da mesma forma que aconteceu com o uso repetido dos inibidores da ACCase e do glifosato, o iodosulfurom selecionou biótipos de azevém resistentes aos herbicidas inibidores da enzima ALS (Tabela 1). Atualmente existem no Rio Grande do Sul biótipos de azevém resistentes ao glifosato e aos inibidores da ACCase e biótipos resistentes ao glifosato e inibidores da ALS. Até o momento não foram encontrados biótipos que resistem aos três mecanismos de ação, simultaneamente (glifosato, inibidores da ACCase e ALS).

Impacto da resistência múltipla do azevém

O impacto da seleção de espécies está, principalmente, no custo de produção, já que o produtor terá que utilizar outros herbicidas na área, normalmente aumentando o custo de produção e com menor eficiência, resultando em maior gasto com herbicida, menor controle e perdas na produção. No caso de resistência de azevém ao glifosato necessita-se usar herbicidas inibidores da ACCase ou ALS, que possuem custo até dez vezes maior do que o gasto com glifosato. No caso de resistência múltipla de azevém ao glifosato e aos inibidores da ACCase resta ao produtor apenas uma alternativa, que são os herbicidas inibidores da enzima ALS. Da mesma forma, no caso de resistência múltipla de azevém ao glifosato

Azevém resistente (esquerda) e azevém sensível a herbicidas (direita)

e aos inibidores da ALS, a alternativa são os herbicidas inibidores da enzima ACCase. É importante salientar que a existência de biótipos resistentes ao glifosato e aos inibidores da ACCase ou glifosato e aos inibidores da ALS indica que a resistência múltipla aos três mecanismos (glifosato + ACCase + ALS) vai ocorrer em poucos anos. No caso da ocorrência de azevém resistente aos três mecanismos as opções de controle do azevém restringem-se aos produtos pré-emergentes, como trifluralina e pendimetalina, e produtos não seletivos de contato, como o paraquate. O maior impacto da resistência de azevém a glifosato e ALS será nas culturas do trigo e do milho, em que os herbicidas iodosulfurom e nicosulfurom, inibidores da enzima ALS, são os principais utilizados, respectivamente. Na cultura do trigo, para controle de azevém, a alternativa é o uso do herbicida clodinafope e na cultura do milho o uso de herbicidas préemergentes como a atrazina. Vale destacar que alguns herbicidas graminicidas podem apresentar residual de solo e afetar as culturas como milho, trigo e cevada. Para evitar problemas devem-se respeitar os períodos de carência recomendados, que variam de dez dias a 15 dias entre a aplicação e a semeadura de cereais de inverno.

Manejo e controle das plantas resistentes

A planta é considerada resistente quando

não é controlada pela dose registrada do herbicida para combater a espécie. Assim, o herbicida perde o efeito sobre a espécie e não adianta aumentar a dose do produto, pois não vai ocorrer controle satisfatório. Nas áreas onde ocorrem plantas resistentes recomenda-se: a) não usar, mais do que duas vezes seguidas na mesma área, herbicidas com o mesmo mecanismo de ação; b) implantar um sistema de rotação de mecanismos de ação de herbicidas eficazes sobre as espécies-problema; c) após a aplicação do herbicida, as plantas que sobreviverem devem ser arrancadas, capinadas, roçadas, ou seja, controladas de alguma forma para evitar a produção e disseminação de sementes na área; d) implantar programa de rotação de culturas. A rotação de culturas oportuniza a utilização de um número maior de mecanismos de ação herbicidas; e) limpar máquinas e equipamentos para evitar a disseminação das plantas daninhas resistentes. Cuidados especiais devem ser adotados nos condomínios agrícolas, onde as máquinas são usadas de forma comunitária.

Controle de buva

De forma geral recomenda-se que o manejo de buva resistente ao glifosato seja realizado continuamente e com ações comunitárias como a eliminação de plantas que crescem nas margens de estradas, pois suas minúsculas sementes disseminam-se pelo vento com muita facilidade. Aproveitar as oportunidades de manejo de buva (no inverno, na dessecação pré-semeadura e controle ou catação na pósemergência da cultura de verão) é fundamental para ter sucesso no controle. Biótipos de buva com resistência aos inibidores da ALS (clorimurom, metsulfurom e nicosulfurom) foram identificados no Paraná. Esses biótipos são resistentes ao glifosato e aos inibidores da ALS. A implicação desta resis-


tência é grave, pois os herbicidas inibidores da ALS são os principais produtos utilizados para controle de buva no inveno e em pré e pós-emergência da soja.

Manejo no inverno

Plantas pequenas de buva são controladas com maior facilidade do que plantas grandes. O cultivo da área e o uso de herbicidas são alternativas eficientes.

Cultivo da área

O cultivo da área com trigo, centeio ou aveia diminui o número de plantas de buva quando comparado com áreas não cultivadas, deixadas em pousio. A implantação de culturas que permitam a colheita de grãos, como trigo ou espécies que possam ser utilizadas somente para cobertura do solo, como aveia, ervilhaca ou nabo forrageiro, entre outras, são boas alternativas. A Brachiaria ruziziensis também é uma boa opção para regiões mais quentes como Paraná, e o seu uso pode ser feito no sistema lavoura-pecuária, junto com o milho safrinha ou mesmo apenas para ocupação de área e formação de cobertura morta.

Uso de herbicidas

A associação do efeito supressor das culturas, com uso de herbicidas proporciona controle satisfatório de buva, na maioria dos casos. Os herbicidas usados na cultura do trigo, como iodosulfurom, metsulfurom e o 2,4-D (Tabela 2) controlam buva, mas seu uso deve atender às recomendações para a cultura e para a planta daninha com relação ao estádio, época de aplicação e dose. Metsulfurom deve ser utilizado, no mínimo, 60 dias antes da semeadura da soja ou do milho, pois a decomposição deste produto no solo pode ser reduzida, pela falta de umidade ou por temperaturas muito baixas por longos períodos, exigindo, assim, intervalo maior entre a sua aplicação e a semeadura da soja. Áreas utilizadas para alimentação de animais devem ser manejadas com cuidado para evitar intoxicação. Além disso, o pastejo mantém a forrageira a baixa altura e, com isso, haverá espaço para a buva se estabelecer. Os animais também podem danificar plantas de buva, quebrando caules e galhos, dificultando a ação dos herbicidas. O controle manual, por meio de capina ou arranquio, e aplicações localizadas de herbicidas são boas alternativas e que ajudam no manejo integrado.

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Tabela 1 - Alternativas de herbicidas graminicidas para uso em um programa de controle químico de azevém resistente

Tabela 2 - Alternativas de herbicidas para uso em um programa de controle químico de buva resistente e sensível ao glifosato

Mecanismo de ação Grupo químico Ingrediente ativo HEBICIDAS GRAMINICIDAS Inibidores AriloxifenoxiFluazifope da propionatos Haloxifope ACCase (fop’s) Propaquizafope Fenoxaprope Diclofope Ciclohexanodionas Cletodim (dim’s) Setoxidim Inibidores Sulfoniluréia Iodosulfurom da ALS Nicosulfurom HEBICIDAS NÃO SELETIVOS Inibidores do FS I Bipiridílios Paraquate Inibidores da GS Ácido fosfínico Amônio-glufosinato

Mecanismo de ação

• Para definição da dose e da melhor alternativa a ser utilizada, consulte um engenheiro agrônomo

Manejo pré-semeadura (dessecação)

O controle eficiente de buva tem sido obtido com 2,4-D (1,5L/ha a 2,0L/ha de produto comercial) ou clorimurom (60g/ha a 80g/ha de produto comercial) associados ao glifosato (na dose de 1,0kg/ha) (Tabela 2). As aplicações sequenciais têm apresentado excelentes resultados. Nesse caso, o glifosato associado ao 2,4-D ou ao clorimurom é aplicado dez a 15 dias antes da segunda aplicação, que deve ser feita um a dois dias antes da semeadura, usando-se dicloreto de paraquate (2,0L/ha de produto comercial) ou dicloreto de paraquate + diurom (1,5L/ha a 2,0L/ha de produto comercial) ou, ainda, amônioglufosinato (1,5L/ha a 2,0L/ha de produto comercial) (Tabela 2). Aplicações sequenciais usando somente produtos de contato como amônio-glufosinato, dicloreto de paraquate ou paraquate + diurom (na dose de 1,5L/ha a 2,0L/ha de produto comercial) apresentam alta eficiência, desde que usados em plantas pequenas. Nestes casos, pode ser empregado o mesmo produto na primeira e na segunda aplicação ou alternar produtos. Vale destacar que misturas de tanque não são recomendadas. Assim, as associações devem ser realizadas aplicando-se os produtos isoladamente.

Controle em pré-emergência

O uso de herbicidas pré-emergentes como o flumioxazin, o diclosulam e o sulfentrazona (Tabela 2) apresentam controle de buva proveniente do banco de sementes do solo. Esses herbicidas, quando utilizados na préemergência da soja (semear/aplicar ou aplicar/ semear), proporcionam controle residual de 20 dias ou mais, dependendo das condições de solo e clima.

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Grupo químico Ingrediente ativo CONTROLE NO INVERNO Inibidor Sulfonilureia iodosulfurom-metílico da ALS metsulfurom-metílico Mimetizador Ácido 2,4-D de auxinas ariloxialcanoico NA DESSECAÇÃO PRÉ-SEMEADURA Inibido paraquate do Bipiridílios dicloreto de paraquate FS I + diurom Inibidor Homoalanina amônioda GS substituída glufosinato Mimetizador de Ácido 2,4-D auxinas ariloxialcanoico NA PRÉ-EMERGÊNCIA EM SOJA Inibidor da ALS Triazolopirimidina diclosulam Inibidor Triazolona sulfentrazona de PROTOX Ftalimidas flumioxazin

• Para definição da dose e da melhor alternativa a ser utilizada, consulte um engenheiro agrônomo

Considerações finais

O relato dos casos de resistência de azevém aos herbicidas inibidores da ALS e inibidores da ACCase é impactante. As alternativas de controle desses biótipos restringem-se aos produtos de contato ou aos “velhos” produtos pré-emergentes como a trifluralina. O relato de biótipos de buva com resistência aos inibidores da ALS (clorimurom, metsulfurom e nicosulfurom) foi identificado no Paraná. Esses biótipos são resistentes ao glifosato e aos inibidores da ALS. A implicação desta resistência é grave, pois os herbicidas inibidores da ALS são os principais produtos utilizados para controle de buva no inverno e em pré e pós-emergência da soja. De forma geral, o manejo dos biótipos resistentes, como azevém e buva, deve ser feito com mecanismos alternativos, não repetindo uso, em um mesmo ano, de mecanismos de ação, evitando a utilização dos produtos para os quais os biótipos possuem resistência. Já o manejo de espécies tolerantes, como leiteiro, corriola, trapoeraba e poaia-branca, deve ser feito em estágios iniciais de desenvolvimento dessas espécies e com uso da dose correta, C indicada na bula dos produtos. Leandro Vargas, Embrapa Trigo Dionísio Pisa Gazziero, Embrapa Soja Dirceu Agostinetto, UFPel Décio Karam, Embrapa Milho e Sorgo



Coluna ANPII

Responsabilidade coletiva Por conta da importância da Fixação Biológica do Nitrogênio na cultura da soja, a tarefa de garantir as condições necessárias para o funcionamento correto da tecnologia é de toda a cadeia produtiva

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m diversos artigos temos mostrado a essencialidade da Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN) para a produtividade da soja. Como fonte inesgotável, barata e ambientalmente limpa de fornecimento do nutriente, a tecnologia se destaca entre as diversas ferramentas utilizadas na cultura como a de melhor custo/benefício para o agricultor. Nenhum outro insumo apresenta uma rentabilidade tão grande para o capital nela investido. Entretanto, vez por outra ouve-se falar em falhas pontuais da inoculação, levando a recomendações para

nologia é atribuição, ou pelo menos deveria ser, de todos os envolvidos na cadeia da soja. A um fitopatologista, por exemplo, não cabe simplesmente recomendar um fungicida para semente sob o ponto de vista de sua eficiência no controle de doenças oriundas das sementes ou do solo. É obrigação levar em conta a compatibilidade do fungicida com as bactérias do inoculante. O melhorista também deverá levar em conta, no desenvolvimento de novas cultivares, a maior afinidade da planta com a bactéria. O nutricionista vegetal também deverá buscar a melhor composição

tido de ampliar os conhecimentos dos profissionais de consultoria e assistência técnica nesta importante área, fornecendo os instrumentos corretos para uma análise dos fatores que influenciam, positiva ou negativamente, no funcionamento da simbiose bactéria-planta. O que deve estar sempre presente na cabeça de quem trabalha com a cultura da soja é que a FBN é o processo mais natural, mais econômico, mais rentável para o agricultor e para o ambiente e que o uso de nitrogênio químico é um “remédio”, uma medida extrema que deverá ser usada quando algum fator vier a prejudicar

O que precisa ser entendido é que o inoculante foi feito para funcionar, deve funcionar sua substituição, ou complementação, com nitrogênio químico, para que se atinja elevadas produtividades. Em 100% dos raros casos em que o inoculante não funciona, ou age parcialmente, existiu algum erro, seja na utilização do produto, seu armazenamento ou em alguma condição ambiental adversa. O que precisa ser entendido é que o inoculante foi feito para funcionar, deve funcionar. Se esporadicamente há problemas de funcionamento, as causas devem ser procuradas, identificadas e corrigidas. Mas de quem é a responsabilidade pelo funcionamento correto da fixação de nitrogênio na cultura da soja? Normalmente é atribuída exclusivamente aos microbiologistas. Mas, pensando na importância estratégica do nitrogênio para a cultura e também no papel fundamental da FBN no fornecimento deste nutriente, o funcionamento correto da tec-

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nutricional para incrementar cada vez mais o aporte de nitrogênio da atmosfera. Um papel importantíssimo cabe aos consultores e assistentes técnicos, seja dos órgãos oficiais, seja de cooperativas ou revendas. Estes profissionais de transferência de tecnologia devem ser permanentemente abastecidos dos mais recentes dados sobre FBN para poderem transmitir estes conhecimentos de forma adequada ao agricultor. Infelizmente, pelo sistema de ensino de nossas faculdades de Agronomia, onde a fixação biológica é muito pouco enfatizada, muitos profissionais são lançados à vida profissional, muitas vezes em áreas de soja, sem conhecimentos mais profundos sobre o tema do aporte de N nas culturas de leguminosas. Daí a necessidade de trabalhos de comunicação das áreas de pesquisa e das empresas produtoras de inoculantes, no sen-

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a fixação do nitrogênio. Naturalmente que o fato de ser o inoculante um produto de alta tecnologia, que requer conhecimentos mais profundos por parte do consultor, assistente técnico e mesmo do agricultor, dificulta um pouco seu uso. Para utilizar corretamente o inoculante, tirando o máximo proveito de seu potencial, são necessários conhecimentos mais profundos sobre sua natureza e interação com o ambiente. Por isto se necessita transmitir mais conhecimentos sobre o tema. Para ajudar nesta difusão de conhecimentos a ANPII colocou em seu site (www.anpii.org.br) um curso sobre FBN, com os principais pontos, teóricos e práticos, sobre como aproveitar os benefícios do C nitrogênio biológico. Solon de Araujo Consultor da ANPII


Coluna Agronegócios

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Recorde de produtividade de milho

ão é pouca coisa produzir 27.027kg/ha de milho, mesmo irrigado. Essa altíssima produtividade foi obtida por David Hula, nos EUA. David e outros 8.430 produtores participaram da edição 2011 do Concurso Anual de Produtividade de Milho, da Associação Nacional dos Plantadores de Milho (NCGA). Se este número parece elevado, não se surpreenda caso, este ano, um produtor colha 28t/ha, pois o concurso é considerado um dos principais estimuladores dos ganhos de produtividade. A história de David nada tem de espetacular: é um agricultor comum, que usa tecnologias disponíveis no mercado. O que

o diferencia dos demais é o extremo cuidado e capricho na condução da lavoura. Em uma entrevista, David refere: "Considero que, uma vez que você abre o saco de sementes, o potencial de rendimento pode cair, por conta de diferentes estresses que o milho poderá enfrentar. Portanto, para obter alta produtividade, deve-se tentar minimizar o impacto de qualquer estresse, a partir do momento em que o saco é aberto, até a colheita". Preciosa lição! A análise do seu sistema de produção demonstra este fato. David se preocupa com o arranjo de plantas, os aspectos fitossanitários e de nutrição do milho, evitando estresses na fase inicial do cultivo. E, sem dúvida, a ajuda

Tabela 1 - Número de participantes e maior produ- Tabela 2 - Produtividade de milho (kg/ha) dos três primeiros colocados do concurso, em função de irrigação e sistema de plantio tividade de cada grupo do concurso Maior Irrigação Plantio 1o colocado 2o Colocado 3o Colocado 18.459 17.892 produtividade Sem Convencional 19.215 17.955 17.892 18.174 PD 18.648 1.129 Plantio convencional não irrigado A* Sem 18.207 17.892 20.297 Média 18.932 2.971 Plantio convencional não irrigado B Sem 22.176 19.719 18.496 910 Plantio direto não irrigado A Com Convencional 23.310 22.932 19.845 18.752 PD 27.027 712 Plantio direto não irrigado B Com 22.554 19.782 21.483 Média 25.169 1.581 Plantio convencional irrigado Com 20.318 18.806 27.027 1.038 Plantio direto irrigado Média Convencional 21.263 20.444 18.869 PD 22.838 A = Todos os estados produtores de milho, menos os constantes em (B); B = Somente Média os estados de Illinois, Indiana, Iowa, Minnesotta, Missouri, Ohio e Wisconsin. 20.381 18.837 Média 22.050 Média Categoria

Participantes

Média 18.522 18.165 18.344 21.735 23.268 22.502 20.129 21.315 20.722

Tabela 3 - Aspectos relevantes do sistema de produção dos participantes do concurso nacional de produtividade de milho Fator Produtividade Densidade no plantio Densidade na colheita Análise de solo Nitrogênio kg/ha kg N/ kg milho colhido Fósforo kg/ha Potássio kg/ha Microelementos Esterco Outono Primavera pré-plantio No plantio Cobertura Inicial Incorporado Cobertura Milho Soja Trigo Alfafa/centeio Outra

Vencedores estaduais Todos os participantes 15.131 13.581 84.716 82.770 81.792 79.616 Adubação 70% 59% 255 225 17,5 16,9 79 79 116 114 Adubação complementar (% de usuários) 42% 29% 23% 15% Momento da adubação (% de usuários) 11% 24% 46% 42% 58% 40% 66% 49% 70% 55% Nitrogênio (% de usuários) 65% 72% 57% 42% Cultivo anterior (% de usuários) 35% 25% 44% 61% 3% 3% 3% 1% 15% 10%

Vencedores nacionais 19.726 91.733 88.811 61% 302 15,2 109 158 33% 17% 0% 39% 56% 61% 72% 67% 50% 39% 50% 0% 5% 6%

divina sempre é bem-vinda, como fica claro quando o produtor considera que o clima foi muito favorável ao cultivo, sem restrições hídricas ou choques térmicos.

Análise dos resultados

A Tabela 1 apresenta os participantes do concurso, agrupados em função do uso de irrigação e do sistema de plantio. O vencedor geral, David Hula, utilizou irrigação e plantio direto. A Tabela 2 exibe as médias de produtividade dos três primeiros colocados de cada categoria. Observa-se que o efeito da irrigação foi mais intenso que o do sistema de plantio. Lavouras de milho irrigado, na média dos três primeiros colocados, produziram 4.158kg/ha mais que as não irrigadas. Já as lavouras conduzidas em plantio direto produziram 1.187kg/ha mais que aquelas conduzidas em sistema convencional. Observa-se uma sinergia com o uso conjunto de irrigação e plantio direto, com os produtores elevando sua média de produtividade em 4.746kg/ha. A Tabela 3 expõe alguns aspectos do sistema de produção, com ênfase para a nutrição de plantas. O destaque é a atenção que os agricultores conferem ao nitrogênio e à forma de sua aplicação. Em média, os vencedores nacionais do concurso (considerando-se irrigação e sistema de plantio) aplicaram 315kg/ ha de nitrogênio. Nesta tabela, quando o número é expresso em porcentagem, significa o percentual de agricultores que efetuaram a prática. A importância do aumento da produtividade do milho, da soja ou de qualquer produto agrícola reside na necessidade de aumentar em mais de 70% a produção de alimentos, até 2050. Para os Estados Unidos, produtividade é crucial porque não há mais área a expandir naquele país (todo o aumento de produção virá dos ganhos de produtividade). E, para o Brasil, com muita área para expandir, representa o ganho ambiental de evitar a incorporação de novas áreas ao sistema produtivo. E, para todos, trata-se da busca de maior rentabilidade, se os ganhos de produtividade forem efetivamente sustentáveis. Neste particular, David Hula afirmou que a rentabilidade, com sua altíssima produtividade, foi superior àquela dos C anos anteriores.

Décio Luiz Gazzoni

O autor é engenheiro, pesquisador da Embrapa Soja

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Coluna Mercado Agrícola

Vlamir Brandalizze brandalizze@uol.com.br

Produção mundial de grãos 2012/13 cresce e demanda segue acelerada Em maio o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou sua primeira estimativa de produção mundial de grãos. Os indicativos são de que haverá forte crescimento na produção dos principais grãos, como milho e soja. O milho deve saltar para a casa das 945,8 milhões de toneladas, já próximo de bater um bilhão de toneladas, muito à frente das 870 milhões de toneladas que estão sendo colhidas neste ano. A soja, por sua vez, tende a avançar para 271,4 milhões de toneladas, contra aproximadamente 236 milhões de toneladas que estão sendo colhidas agora. Há otimismo inicial, sem levar em conta que o clima poderá limitar estas expectativas, como tem ocorrido ao longo dos últimos anos. Mas a boa notícia para o setor produtivo é de que o consumo dos principais grãos também avança em ritmo forte, como é o caso do milho, que passará de pouco mais de 867 milhões de toneladas para acima de 821 milhões de toneladas (um salto próximo de 50 milhões de toneladas a mais do que está se consumindo atualmente). Os sinais são de que mesmo com safra grande as cotações devem se manter muito acima das médias históricas. No caso da soja, o avanço no consumo será de mais de 11 milhões de toneladas, passando das 254 milhões de toneladas para mais de 265 milhões de toneladas. Com esse quadro é possível que ocorram alguns ajustes para baixo nas cotações de Chicago, porque esse mercado vinha operando próximo dos 15 dólares e agora tudo indica que irá trabalhar em patamares próximos dos 13 dólares. Mas, para compensar, há um fato novo neste segundo quadrimestre do ano no Brasil. Trata-se do forte apelo altista do dólar, que tem como indutora a queda da taxa de juros, somada ao apoio do governo para que a moeda se mantenha mais alta do que se vinha trabalhando nos últimos anos, para favorecer as indústrias e empresas brasileiras e desta forma auxiliar o produtor através da valorização da exportação em reais. Dessa forma, o agronegócio brasileiro segue com excelentes condições de lucratividade para esta nova safra, que ainda está distante do plantio, mas já oferece excelentes cotações para fixação futura e lucros garantidos aos agricultores. Esse é o momento do produtor crescer em tecnologia, produtividade e melhorar suas margens de lucratividade para se consolidar na atividade, com baixo grau de endividamento. Todos os cenários apontam para que esse quadro se concretize nesta nova safra 2012/13. MILHO

Safrinha recorde

Já havia comentado, em edições anteriores, que o mercado do milho seria fortemente pressionado pela safrinha, quando se aproximasse da colheita, com recorde de produção. Fato que se observa já neste mês de maio, com os indicativos de que se poderá “furar” as 30 milhões de toneladas neste ano, somente com esta segunda safra. Esse cenário já refletiu nas cotações, que recuaram e estão dentro dos valores que resultam de liquidez de exportação. Mesmo assim, são boas cotações porque estão muito acima da média histórica. A tendência é de que em junho e julho haja forte pressão de oferta da safrinha, com boa parte das regiões sem armazéns suficientes para receber todo este milho. O quadro ainda é de pressão de oferta, enquanto a demanda estará calma, com necessidade de que ocorra aumento nas exportações para deixar o mercado em situação mais ajustada e favorável aos produtores. É preciso lembrar, ainda, que boa parte desta safrinha já está negociada de forma antecipada. Assim, parcela significativa dos produtores não necessitará vender logo, “na boca da colheita”, quando normalmente não é o melhor momento para se comercializar a produção.

SOJA

Colheita fechada e entressafra iniciada

Os produtores brasileiros fecharam a colheita em maio e já é possível perceber que começou a entressafra, porque há aproximadamente 80% da produção (de pouco menos de 66 milhões de toneladas) já negociada. Com isso, abre-se espaço para que as cotações da soja regionalizada se mantenham firmes, principalmente nas áreas próximas de indústrias onde há indícios de que os níveis seguirão maiores do que na exportação. Outro bom incremento para as cotações da soja reside no dólar, que cresceu forte nas últimas semanas e já ronda a casa dos R$ 2,00. Cenário que favorece a manutenção em alta das cotações em reais. A estimativa é de que o País seguirá com poucas ofertas e demanda aquecida, porque existe crescimento no consumo de farelo e óleo no Brasil. Além disso, há forte demanda da China, que irá manter pressão de compra até a chegada da nova safra dos Estados Unidos, prevista para o final de outubro e novembro.

começo de maio teve as maiores cotações em três anos, chegando a superar a marca dos R$ 250,00 por casca na base do Carioca) agora está um pouco mais calmo. Os produtores plantam a terceira safra irrigada e as cotações têm variado de R$ 160,00 a R$ 200,00, mostrando que tendem a se acomodar nesse patamar de valores até que haja grandes volumes em oferta. O que poderá vir a ocorrer somente na safra de verão, porque o produto irrigado será limitado pela ocupação de parte das áreas de pivôs por milho semente, cana muda e hortícolas, o que freará o crescimento do plantio, que se estenderá até julho. ARROZ

Safra fechada e cotações firmes

Neste ano o mercado do arroz apresenta safra menor que o consumo, ao mesmo tempo em que mantém bom ritmo das exportações, com volumes na faixa de um milhão de toneladas. Com o dólar e o produto em alta há fôlego para novos avanços nas cotações internas, que tendem a alcançar patamares acima dos R$ 30,00 nas próximas semanas. Junto a isso o governo tem ofertado pregões de Opções de FEIJÂO apoio ao setor. Existe espaço para crescimento de Ofertas aumentando O mercado do feijão (que no final de abril e agora em diante.

CURTAS E BOAS TRIGO - O mercado interno, depois de muitos meses, começa a dar sinais de reação, devido ao dólar ter saltado da faixa de R$ 1,60 para próximo dos R$ 2,00, fazendo com que o produto importado chegue aos moinhos por valor próximo dos R$ 700,00 por tonelada. Com esse cenário, o preço no mercado interno ultrapassa os R$ 500,00 por tonelada, mostrando que existe fôlego para crescer ainda mais, porque a safra da Europa está com problemas neste ano, em função das temperaturas muito baixas e da falta de chuva. ALGODÃO - O mercado continuou com pouco fôlego nas últimas semanas, com indicativos distantes dos níveis pretendidos pelos produtores. A alta do dólar tende a favorecer o setor, mas ainda há pouco espaço para grandes avanços em curto prazo. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima valores na casa de 0,85 dólar por libra e abaixo, devido ao aumento nos estoques. Grandes altas devem ser limitadas pela safra nova (apontada em 116,7 milhões de fardos, contra pouco mais de 123 milhões de fardos da safra passada) e pelo consumo mundial, ainda menor que a produção. EUA - A safra está nos campos, até o momento o plantio se deu no período ideal e não houve problemas com geadas na fase inicial. De agora em diante, para ocorrer alta nas cotações é preciso algum impacto climático, como seca e calor nos campos do meio oeste americano. A expectativa inicial é de 35,7 milhões de toneladas de milho contra as 31,3 milhões de toneladas deste último ano. Em soja a estimativa é de 87,2 milhões de toneladas contra 83,2 milhões

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de toneladas da safra 2011/12. Com esse crescimento, fica limitado o avanço de preços em Chicago. CHINA - Circulam boas notícias sobre a demanda crescente que o país deve registrar. Para 2012/13, se aponta que a soja avançará de 56 milhões de toneladas importadas para mais de 61 milhões de toneladas. O milho, até então apontado em cinco milhões de toneladas, deverá avançar para mais de sete milhões de toneladas importadas. Existe, ainda, expectativa de que os chineses entrem no mercado do arroz como gigantes da importação e já nesta primeira etapa passem da casa de um milhão de toneladas. Tudo para suprir as necessidades crescentes de alimentos que existem no país e que são fator positivo para cotações. O mercado espera que a China cresça ao redor dos 8,5% em 2012. Mesmo em queda, em relação aos patamares ao redor de 10% dos últimos anos, ainda possui um dos maiores índices de crescimento do mundo. E para alimentos é forte indicador de boas cotações. ARGENTINA - Os produtores se encaminham para o final da colheita, que mostra perdas importantes, com 41 milhões de toneladas para soja e 19,8 milhões de toneladas para o milho. Ambos os números muito abaixo do que se esperava (55 milhões de toneladas e 32 milhões de toneladas, respectivamente). Para a nova safra o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) já aponta 55 milhões de toneladas de soja e 25 milhões de toneladas de milho. Os argentinos têm sofrido com o clima, nestes últimos anos, perdendo produtividade.




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