índice
destaques Mais um ano bom Safra e preços do algodão foram excepcionais. Para a próxima, as expectativas são melhores ainda CAPA - Foto Gravena
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Conhecendo o amigo
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Saiba como age o Bacillus thuringiensis, um grande aliado
Investimentos Presidente da Sementes Dow anuncia as novas estratégias da empresa
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A verdade
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Transgênicos são alvo de muitos ataques sem fundamentos científicos. A realidade é outra
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Ano II - Nº 16 - Maio / 2000 ISSN - 1516-358X Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (12 edições): R$ 48,00 Números atrasados: R$ 6,00 REDAÇÃO : (53) 227.7939 ASSINATURAS/GERAL: 272.2128 MARKETING: 272.2257 / 225.1499 FAX: 222.1716
Diretor: Newton Peter - RPJ/RS 3513 Editor geral: Schubert Peter - NUJ 26693 Reportagens Especiais: João Pedro Lobo da Costa Design gráfico e Diagramação: Fabiane Rittmann Marketing: Andrea González Rosele Acosta Circulação: Edson Luiz Krause Assinaturas: Patrícia Germano Editoração Eletrônica: Index Produções Gráficas Fotolitos e Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
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Anúncios
Briga entre órgãos do governo sobre misturas de tanque atrapalha a vida de quem produz
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Egocentrismo
Diretas Cartas Safra de algodão Discutindo sementes Como age o Bt Manejo de doenças de trigo Adubo para o trigo Menos perdas no café Estratégias da Sementes Dow Atualidades da Abrasem Semente certa no lugar certo Por que tratar a semente ? Oportunidades para crescer Novidades em biotecnologia A verdade sobre os transgênicos Sementes com certificado Cuidados no armazenamento Novos produtos para o trigo A ameaça das formigas Fim da pirataria nas sementes Mercado Agrícola Governo atrapalha produtor Congresso de Entomologia Notícias da Aenda Agronegócios Última Página
Dow Portal Plantas Daninhas FMC Agripec Novartis Bayer Rigran Monsanto Aenda Gravena Vigna Dow Silomax Milenia Cultivar HF
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Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Alerta
O Cenargem alerta que foi constatada a presença de Mosca Branca, Bemisia tabaci, raça B, em plantas da mandioca procedentes do município de Tibau (RN). Os pesquisadores estão preocupados porque a espécie é vetora do vírus do Mosaico Africano da Mandioca, exótico em todo o continente americano. O vírus foi detectado recentemente em manivas de mandioca procedentes de Angola.
Mortes
Quatro operários morreram intoxicados em um silo de fazenda no município de Santa Vitória do Palmar, RS, que continha restos de arroz. O exame de necrópsia encontrou fosfina nos corpos. Outros oito operários sofreram intoxicação leve, na mesma operação. O caso está na polícia.
Registros
O experiente Manoel Olímpio de Vasconcelos, o primeiro dirigente do Serviço Nacuional de Registro de Cultivares, do Ministério da Agricultura, agora aposentado, está instalando uma empresa de consultoria, em Brasília. Já começou o trabalho na área que conhece muito bem, de registro de novas cultivares. Informações pelo telefone: (61) 226.9022
Prêmio
A Sementes Agroceres foi reconhecida como a Empresa Destaque na Área Tecnológica pela Comissão Organizadora da Expodireto Cotrijal 2000, exposição técnica que aconteceu na última semana em Não-MeToque (RS). O prêmio, concedido na categoria de empresas que fizeram trabalhos a campo nas áreas de sementes e defensivos, foi concedido à empresa pelo excelente atendimento e mensagem técnica passada ao público, organização e pelas novidades tecnológicas apresentadas durante o evento.
Mais uma
A Monsanto do Brasil, com voraz apetite por novos talentos, continua reforçando sua equipe. A última contratada foi Juliana Hosken, que trocou o Rio de Janeiro por São Paulo. Saiu da área de biotecnologia da Cyanamid, onde trabalhou no projeto Clearfield, e assume a gerência de produtos seletivos da empresa. Novas estratégias devem ser anunciadas no setor nas próximas semanas. Espera-se um ano muito bom na Monsanto, que investe em vários mercados promissores.
Tratores
A SLC de olho no segmento da pequena propriedade que pretende adicionar valor à sua produção, a SLCJohn Deere está lançando uma linha especiais de tratores para horti e fruticultura. O setor já vinha recebendo atenções da Massey Ferguson e Valmet. A SLC quer uma fatia de pelo menos 1.500 tratores por ano nessa área, segundo o gerente de projetos da empresa, Paulo Hermann.
Juliana
Imposto
A Associação dos Agricultores e Irrigantes do Oeste da Bahia (Aiba) está bastante preocupada com a perda de competitividade do algodão no Estado. Os motivos principais deste problema apontados pela Aiba são os altos impostos cobrados atualmente pelo Governo do Estado da Bahia - que tem mantido o patamar de 17% para o ICMS do algodão em pluma - enquanto que no Mato Grosso, por exemplo, o mesmo imposto tem se mantido no patamar de 6%. Produtores da região oeste da Bahia são responsáveis hoje por mais de 90% da área nacional plantada com algodão. Outra reclamação comum por parte dos produtores do oeste baiano é a falta de apoio para o desenvolvimento de pesquisas relativas ao algodão.
Gerente
O agrônomo Luiz Traldi, com larga experiência na Dow AgroSciences, em nível internacional, é o novo gerente nacional de vendas do segmento sementes. Vai reestruturar a área comercial da Sementes Dow AgroSciences, adequando-a para concorrer com outras empresas, num setor altamente competitivo do agribusiness nacional. Traldi ingressou na Dow AgroSciences em 1984, como representante de vendas. Foi depois promovido para a de pesquisa de mercado para a América Latina, passando dois anos em Miami. De volta ao Brasil, foi gerente de marketing e, depois, gerente regional de vendas de defensivos para o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Novo presidente
A Cargill Inc., uma das maiores empresas mundiais do setor de grãos, anunciou que irá substituir seu presidente. Já com 26 anos de Cargill, o veterano Gregory Page ocupará o novo cargo como presidente da empresa, acumulando também a função de Diretor de Operações. Quem sai do cargo é Warren Stanley que passa a ser Gerente Geral da Cargill. O executivo Gregory Page foi o responsável pelas modificações radicais e inovadoras na administração da empresa - como, por exemplo, a implantação do processo estratégico foco direto no cliente , e a reestruturação dos principais valores da nova Cargill
Fertilizante
Luiz Traldi
A Cooplantio está distribuindo 100 mil litros de microxisto . O microxisto é fabricado a partir de um líquido rico em nutriente, extraído do xisto durante o processo de produção do óleo. Adicionando-se outros componentes, chega-se a produzir o microxisto - que pode ser utilizado pelo produtor como um ótimo fertilizante. De acordo a cooperativa, o microxisto contribui também para a conservação da água e do solo.
Formigas
A Metalúrgica Projetécnica, de Jundiaí, SP, desenvolveu uma máquina para uso no controle de formigas e cupins, batizada de Exterminadora. Funciona com uma mistura de óleo mineral, ou diesel, gás de cozinha e inseticida, produzindo fumaça sob pressão que é injetada nos formigueiros. José Casé Pinto Filho, da empresa, diz que o efeito é devastador para os insetos e sem seqüelas para o ambiente.
Com tudo
Lançado o Orius, o novo fungicida da Milenia. São grandes as expectativas de vendas, pois o princípio ativo do produto, Tebuconazole, é utilizado com grande sucesso em muitos países - inclusive Brasil. A solenidade de lançamento ocorreu durante a última reunião da pesquisa do trigo. Na foto, Luis Guedes e Carlos Eduardo Zamataro, radiantes com a receptividade do público.
Guedes e Zamataro
Café no MT
Georlei
Promoções
Georlei Haddad, conhecido por sua atuação como especialista em comunicação de marketing da Dow AgroScience, assumiu a gerência de Pesquisa de Mercado da empresa, convidado pelo próprio presidente Jose Manuel Arana. Na mesma ocasião Mércia Marosti foi promovida para a Gerência Regional de Vendas, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo na Dow em toda a América Latina.
É provável que dentro de pouco tempo o Governo de Mato Grosso possa oferecer uma boa surpresa aos investidores de cafeicultura neste Estado. É que tramita na Assembléia Legislativa de Mato Grosso um Projeto de Lei que poderá
conceder aos cafeicultores deste Estado uma redução de 80% na alíquota do ICMS sobre este produto. Simultaneamente o Governo estadual de Dante de Oliveira estará criando o Programa de Incentivo ao Café (Procafé) e o Fundo de Apoio à Pesquisa da
Cultura do Café. A mensagem divulgada pelo poder executivo do Estado prevê ainda que o programa de incentivo ao café será progressivo, e vinculado à qualidade do grão, ou seja, quanto maior a qualidade do produto, maior será o grau de isenção aplicado sobre ele.
Franquias
Antônio Fernandes Antoniali, da Semeali, aproveitou evento da Abrasem, em Campinas, para solicitar das entidades de classe atenção especial para as empresas que atuam no mercado sob o regime de franquias. Antoniali, um veterano e profundo conhecedor da área, pediu que se promovam eventos em que se discutam aspectos da relação especial entre detentores de registro e produtores de sementes. Foi aplaudido.
Vale conferir
Circulando o último exemplar da Revista Brasileira de Sementes (volume 21, número 1). Vem com excelentes artigos, que interessam não só aos sementeiros, mas ao público agrícola em geral. É raro ver isso em uma publicação técnica. Vale conferir. Quem desejar assinar a revista pode escrever para: Abrates - Embrapa Soja. Caixa Postal 231. Londrina (PR). Cep 86001-970.
Preço
O Ministro da Fazenda, Pedro Malan, recebeu solicitação da Federarroz e da Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa do RS cobrando do Governo um posicionamento sobre medidas para garantir o preço do arroz entre R$ 15,00 e R$ 16,00 valores que foram praticados no ano passado. Antoniali
Bola cheia
Gente nova
Com diretoria nova a Associação dos Produtores de Sementes do Rio Grande do Sul, com ampla mudança . O novo presidente é Efraim Fischmann, da Sementes Estrela, de Erexim, com boa atuação na área de soja. Seu vice é Nereu Starlick, da L Starlick & Filhos, do município de Tapera.
Parabéns
pela qualidade da Cultivar. Suas reportagens e artigos sempre atualizados estão nos mantendo atualizados. Melhem Charafeddine- Agrop Marchetti Rondonópolis, MT
Efraim
Parabéns pela Cultivar, que está cada dia melhor. Fico orgulhosa por ter sido uma das primeiras a aderir. Maria Paula LuporiniGerente de algodãoFMC do Brasil
Fiquei muito satisfeito com o
Algodão no Maranhão O Estado do Maranhão retoma o cultivo do algodão. A Embrapa pesquisou solo e clima e constatou que o calor e o período regular de chuvas na região de Cocais (MA), por exemplo, favorecem atualmente o bom desenvolvimento da cultura do algodão. Melhor, a produção do estado já tem destino: o parque têxtil também está em franca expansão.
resultado final da publicação de meu artigo. Amigos e colegas têm telefonado e por meio deles dá para notar a penetração da Cultivar. Sucesso!
na Cultivar e esperando crescer ainda mais nossa parceria.
Pedro Ronzelli Jr Univ. Fed. Paraná
Leio a Cultivar e a cada mês encontro artigos do meu
Continuamos acreditando
Vicente Gongora Gerente de MarketingFMC do Brasil
O presidente da Associação Paulista de Produtores de Sementes APPS, Valdemar Jensen, recebendo cumprimentos pelo alto nível tecnológico e informativo do evento sobre Sementes: as interações do novo ambiente de negócios, realizado em Campinas pela entidade, em conjunto com a Abrasem e a Braspov (detalhes na página 27)
interesse direto. Conceição S. Lima Agripec Fortaleza
Levo a Cultivar em viagens como minha leitura de bordo. Johann Reichenbach Gerente de produto, Bayer
Valdemar
A Cultivar agradece as cartas recebidas. Infelizmente, por questão de espaço, não poderemos publicar todas. Entretanto, informamos que as respostas aos pedidos de informações e de artigos já foram remetidas. Ficamos sensibilizados com as mensagens de incentivo e tentaremos corrigir os erros apontados por nossos leitores.
safra FMC
Algodão
O gigante se levanta Na safra de algodão 99/2000, ora em início de colheita, foram plantados 789,2 mil hectares o que representa um aumento de área plantada de 13,3% em relação a safra passada
A
produção de pluma esperada é de 622,3 mil toneladas (19,5% maior que a safra 98/99), para um consumo estimado de 850 mil toneladas. Haverá ainda a necessidade de importação de 270 mil toneladas, com um dispêndio de US$ 900 milhões, para o abastecimento das indústrias nacionais. Porém o crescimento contínuo da área plantada e da produtividade nas últimas duas safras, bem como os investimentos em máquinas e tecnologias, efetuados pelos cotonicultores do cerrado, são indícios seguros de que a meta da auto-suficiência, a ser alcançadas em cinco anos, é possível e poderá ser atingida em 2004. Quem é líder Na atual safra os produtores de Mato Grosso mantiveram a posição de principal liderança nacional na cultura, com área plantada de 268,4 mil hectares (43% da área plantada no país) e uma estimativa de produção de 302 mil toneladas de pluma (48,5% da produção). Nesse estado, a área plantada foi ampliada em 32%, superando em 18% a média nacional. A surpresa, porém, foi o comportamento dos produtores da Bahia, Ceará
A safra de algodão está transcorrendo normalmente, com produtividade elevada
e Piauí, que aumentaram suas áreas em 35% , 52% e 150%, respectivamente. Destes, merecem destaque especial, os produtores do cerrado da região de Barreiras, pela decisão de investirem forte no algodão. Os produtores tecnificados do cerrado da Bahia ampliaram a área plantada em Barreiras de 15.000 para 39.200 hectares (160% de aumento), implantaram mais doze algodoeiras e discutem a possibilidade de na safra 2000/2001 chegarem aos 80.000 ha,
dependendo do fechamento da safra e da criação do programa de incentivos ao cotonicultor, semelhante ao que já vigora em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Programa de apoio Os produtores do Ceará, estimulados por um programa de apoio coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural SDR e com a participação efetiva da Embrapa, dos agentes
Seminário ra-se aos melhores algodões importados, com a facilidade de entrega em fluxo contínuo e preços estipulados em real.
Perspectivas futuras Tudo As perspectinormal vas para a próxiDe um modo geral, a safra de algo- ma safra (2000/ Eleusio prevê continuidade da expansão da cotonicultura dão está transcorrendo normalmente 2001) continuam em todas as regiões algodoeiras, espe- sendo de ampliarando-se produtividades superiores às ção da área de obtidas na safra passada. As chuvas plantio, para algo estão caindo em volumes acima das próximo de 850 mil hectares, sob a for- mig e Iapar. médias históricas, podendo ocorrer um te influência dos seguintes fatores: pouco de apodrecimento de maçãs, nas 1 Continuidade da expansão de Controle do lavouras de porte mais alto dos Esta- áreas nos cerrados dos estados de Mato curuquerê dos de Goiás e Mato Grosso do Sul. Grosso e Bahia, que passariam a lidePara concluir, aproveitamos para Nesta safra os produtores de todos rar a produção nacional; alertar os produtores para não descuios Estados estão utilizando melhor ní2 Retomada da cotonicultura goi- darem do controle do curuquerê, nesvel tecnológico, induzidos pelas deze- ana, com expansão de área, estimula- te final de safra (estamos com uma fornas de dias de campo e treinamentos da pela implantação do programa de te infestação na maioria das regiões ministrados na safra incentivo aos produto- produtoras do Centro-sul), porque o passada, além de maires (PROALGO) e pela desfolhamento precoce resulta em fior disponibilidade de campanha de divulga- bras imaturas, de baixa resistência e A perspectiva de recursos próprios, conção tecnológica promo- muito finas, depreciando a pluma na comercialização é seguidos na safra antevida pela Embrapa e negociação junto às indústrias têxteis. favorável por causa rior. Como novidade, pela Fundação GO na- Efetuem controle de bordadura nas lada elevação do preço quele Estado; os produtores mais vouras próximas as áreas de soja que da pluma inovadores estão expe3 Expansão da área estão em fase de amadurecimento e rimentando novas culde plantio nos cerrados colheita porque os percevejos da soja tivares resistentes a vide Minas Gerais e Mato antes de migrarem sugam as maçãs do roses, ofertadas pela Embrapa/Funda- Grosso do Sul, com uso de novas culti- algodão provocando seu apodrecimenção MT, MDM/Deltapine e Coodetec. vares resistentes a viroses; to. Por fim, atentem para o controle do Deste modo, além de adaptarem 4 Iniciação de produtores dos cer- bicudo, neste final de safra, e lembremseus sistemas de produção, poderão rados de Brasília e Maranhão na coto- se que mantendo as populações deste efetuar uma comparação de custos, que nicultura, com plantio das primeiras inseto baixas e destruindo rapidamenesperamos será altamente vantajosa áreas comerciais tecnificadas; te os restos culturais, logo após a copara o sistema que usa cultivares re5 Redução dos riscos e dos custos lheita, estaremos nos preparando para sistentes. As perspectivas de comerci- da cotonicultura, pela adoção das no- uma lavoura de baixo custo e sem prealização, também parecem muito boas, vas cultivares resistentes a viroses e a juízos com o bicudo na safra 2000/ devido à elevação dos preços da plu- outras doenças foliares, em grande es- 2001. ma de algodão no mercado internacio- cala; Boa colheita a todos, e procurem nal, bem como da entrada das grandes 6 Implantação do programa de participar dos dias de campo que estaindústrias têxteis, comprando o produ- incentivo ao cotonicultor nos princi- rão sendo promovidos nos meses de to nacional, premidas pelo ajuste cam- pais Estados produtores, estimulando abril e maio pela Embrapa e pelas Funbial efetuado em 1999. Algumas des- expansão de áreas e fortalecendo a pes- dações (MT, GO, BA, Chapadão, Certas grandes indústrias nacionais, antes quisa e a divulgação de tecnologias; rados, Fapcem) em todas as regiões consumidoras exclusivas de algodões 7 Oferta de novas cultivares mais produtoras do Brasil, para atualização importados, puderam verificar a gran- produtivas e com resistência múltipla tecnológica. de melhoria ocorrida nas qualidades a doenças, desenvolvidas pela Embra- Eleusio Curvêlo Freire, do algodão nacional, que hoje equipa- pa , IAC , Deltapine , Coodetec , Epa- Embrapa Algodão
Semeando o futuro Seminário Panamericano de Sementes espera 500 participantes , no Uruguai
A
sobre Biotecnologia e Marketing de SemenOs temas tes, de 20 a 24 de novembro deste ano no do evento Uruguai. O evento, organizado a cada dois No programa serão incluídos trabalhos e anos, quer abrir um grande forum onde se conferências com os seguintes temas: 1 - Mediscutam os temas políticos, comerciais, téc- lhoramento genético: Biotecnologia associnicos e regulamentários que afetam a indús- ada ao melhoramento; Variedades transgêtria sementeira e a agricultura. Espera-se a nicas; Biossegurança; Recursos fitogenéticos participação dos principais atuantes a nível e biodiversidade; Melhoramento para usos mundial, que possam visualizar a situação alternativos, para diferentes zonas climáticas atual e futura da indústria de sementes regi- (temperados, sub-tropicais, tropicais) e regional e mundial. ões marginais. 2 Da programação constam conNormalização da ferências e apresentações técnicas, produção e o comérNa rodada de que serão organizadas em diferencio de sementes: negócios haverá tes grupos afins (controle de quaNovos sistemas de excelente lidade, produção, regulamentação creditação de labooportunidade para ratórios de análise e etc.) selecionando algumas poucas intercâmbios sistemas de certificaapresentações e conferências de ção (OCDE, FIS, alto nível que tragam informações STA); Sistemas de valiosas de cada país. Já a Sessão de Posters permitirá a apresentação de vari- segurança de proteção intelectual aos obtenados trabalhos técnicos, os quais serão sele- tores de variedades vegetais e patentes, excionados com rigo- periências nacionais, regionais, internacioroso critério técni- nais, etc. (Mercosul, UPOV, OMPS, OMC); co. Na Rodada de Harmonização internacional (OMC, OECD, Negócios, haverá AOSCA) e regional (Mercosul, Pacto Andiexcelente oportuni- no, Centro América etc.) de normativas de dade para intercâm- comércio; Regulamentações sanitárias para bios comerciais ou a movimentação regional (Mercosul, Cosatécnicos entre em- ve, Pacto Andino, Oirsa) e internacional de presas sementeiras sementes (OMC, FAO). Outros temas: produção e abastecimenda região e do mundo. Será dada espe- to de sementes de boa qualidade; produção cial ênfase à partici- de sementes; controle de qualidade de sepação de empresas mentes; biotecnologia associada à produção, de fora da região. e biotecnologia associada ao controle de quaSerão constituídos lidade. Consta no temário, ainda, a transforgrupos de trabalho mação da indústria de sementes, com os sepor países, que se guintes assuntos: a semente como veículo de ocuparão de elabo- transporte de tecnologia; mudanças na situarar as conclusões do ção mundial de empresas de sementes; como seminário, as quais as pequenas e médias empresas devem enfrenirão ao conheci- tar a situação; futuro rol dos organismos oficimento dos partici- ais na produção e comércio de sementes, e as pantes no término associações de sementes, de obtentores e as Amauri espera maior participação dos brasileiros mudanças que se aproximam. JP do evento.
América Latina é hoje e será cada vez mais, no futuro, uma das regiões do mundo de maior importância do ponto de vista agrícola. A semente, sempre considerada o principal insumo da agricultura, agora se converteu no veículo de muitas das mais importantes e revolucionárias tecnologias que estão transformando a agricultura e que determinarão o seu futuro no século que começa. Como resultado disso, muitos temas relacionados à atividade deixaram de ser meramente técnicos e se tornaram temas sócioeconômicos de grande importância para todos os países. Especialmente para o Brasil, por seu porte geográfico. Diante disso, o presidente da Federação Latinoamericana de Associações de Semillistas (Felas), José Amauri Dimarzio tem um desafio pela frente: ele quer reunir 200 brasileiros entre os 500 participantes que são esperados no XVII Seminário Panamericano de Sementes, Rodada de Negócios e Forum
Cultivar
financeiros (BNB), descaroçadoras e indústrias têxteis, além de um ano de chuvas regulares, estão apostando de novo no algodão. Os produtores dos Estados de São Paulo e Goiás, com reduções de áreas de 10% e 20%, respectivamente, estão demonstrando que os problemas tecnológicos e financeiros do setor ainda não estão superados.
Cultivar
sementes
Nossa Capa mep
Além dos fungos que foram abordados no artigo anterior, há as bactérias benéficas usadas no MEP. Elas são mais estáveis perante as condições ambientais do que os fungos. Por outro lado, é muito difícil se observar epizootias (infecções generalizadas) nos cultivos agrícolas, como ocorre freqüentemente com os fungos.
Bactérias e Vírus
Aliados contra as pragas
Gravena
Gravena
Aspecto de lagartas que não ingeriram Bacillus thuringiensis. Note-se a sua voracidade
M
ais de 90 espécies de bactérias nocivas aos insetos pragas que ocorrem naturalmente, foram extraídas de insetos hospedeiros, de plantas e do solo, mas somente algumas poucas foram estudadas intensivamente até agora. Na verdade, praticamente, só existe a bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) descoberta pelo alemão Berliner, que é desenvolvida e usada como inseticida microbiano. Os hospedeiros mais comuns são as lagartas de lepidópteros em geral, alguns besouros e mosquitos. As características principais de uma praga doente são a paralisação da alimentação, a flacidez (torna-se mole), encolhimento, morte e decomposição. Ocorrência dos aliados Bacillus thuringiensis (Bt) ocorre naturalmente no solo e sobre plantas. Esta bactéria, em suas diferentes raças, produz uma proteína em forma de cristal que é tóxica para grupos específicos de insetos. Bt está disponível
comercialmente nos Estados Unidos como inseticida microbiano desde os anos 60, sendo vendido sob diversas marcas comerciais. No Brasil surgiu nos anos 70, mas poderia ser mais popular entre os produtores e de maior interesse dos fabricantes do que realmente é. Tais produtos apresentam excelentes aspectos de segurança ambiental e humana, que podem ser usados até em períodos próximos das colheitas sem nenhum problema. É um produto aceito nos sistemas orgânicos de cultivo, sem muito problema. O mais interessante é que o Bt pode ser aplicado por meio dos equipamentos de pulverização convencionais, mas devido à bactéria ter que ser ingerida pela praga para ser efetiva, é necessária boa cobertura sobre as folhas no processo da aplicação. Bt contra as pragas Lagartas de numerosas espécies, tanto de mariposas (noturnas) como de borboletas
(diurnas) e algumas larvas de besouros e mosquitos são suscetíveis à infecção por Bt. Formulações de Bt contendo a variedade kurstaki estão disponíveis para controle de muitas lagartas de lepidópteros pragas, tais como o curuquerê da couve, as plúsias (mede-palmo), lagartas de chifre, broca do colmo do milho, lagartas roscas, lagarta militar, spodopteras, lagarta do cartucho do milho, traça da couve, bicho cesto, bicho furão dos citros, lagarta do maracujá, lagarta da soja, curuquerê do algodão, lagartas florestais e traça dos cereais. Entretanto, há algumas espécies que são menos controladas por Bt do que as lagartas da espiga do milho, as traças da maçã, do pêssego e as brocas de frutas em geral, como broca pequena do tomate, das cucurbitáceas etc. É que estas vivem a maior parte do tempo no interior de partes vegetais, portanto, longe do contato com o produto, o qual tem que ser ingerido para infectar. Não funcionam literalmente para larvas minadoras de
Lagartas que ingeriram Bt: pararam de se alimentar e vão morrer
folhas, como o bicho mineiro do café, larva minadora das folhas dos citros e outras, mesmo que pertençam à ordem lepidóptera. É que ficam totalmente protegidas no parênquima foliar, entrando nele a partir - e diretamente - dos ovos postos nas superfícies das folhas. A raça de Bt conhecida como aizawai é usada no controle da traça das colméias em produção de mel e cera. Mas esta raça é também muito importante para outras lagartas de lepidópteros e, principalmente, contra a traça das couves que já desenvolveu resistência à raça de Bt kurstaki em algumas áreas
de cultivo de crucíferas (couve, repolho, brócolis, etc.). As formulações de Bt das variedades tenebrionis e san diego estão registradas nos Estados Unidos para controle da larva do besouro da batata do Colorado e para adultos e larvas do besouro da folha do elmo. No Brasil, não são conhecidos, ainda, por não haver besouros pragas da forma de larva na folha. Já a variedade de Bt israelensis é comercializada para uso contra moscas pretas e mosquitos. É utilizada geral e comunitariamente em lagos e represas de águas paradas e nas vegetações às margens dessas coleções de águas urbanas.
Mecanismo de ação do Bt O cristal de proteína tóxica existente nas formulações comerciais atua efetivamente somente quando é ingerido por insetos com pH alcalino no estômago e estruturas da membrana do mesmo, que é apropriada para ligar a proteína. O inseto não deve ter somente a fisiologia adequada e o estágio de desenvolvimento do inseto suscetível, mas a bactéria deve ser ingerida em quantidades suficientes. Quando o inseto ingere o Bt, a proteína tóxica danifica a parede do estômago, o que causa a paralisia. Os insetos afetados param de se alimentar e morrem devido aos efeitos combinados de inanição (falta de alimentação) e tecido destruído no estômago. Os esporos do Bt não se espalham para outros insetos e não causam surtos da doença (epizootias) como ocorre com fungos e muitos outros patógenos, como a doença branca da lagarta da soja (Nomuraea rylei), doença branca da cochonilha verde (Verticillium lecanii), bovéria da lagarta dos coqueiros (Beauveria bassiana) e asquersônia das moscas brancas (Aschersonia aleyrodes). Sucesso nas transgênicas Genes do Bt têm sido transferidos para dentro de outros organismos para produzir formulações mais ativas. E algumas delas já estão disponíveis comercialmente. E mais: pesquisadores têm trabalhado variedades de várias espécies de plantas na base da engenharia genética para que expressem a toxina do Bt como parte do desenvolvimento normal da planta. Isso possibilitou a produção de variedades de fumo, algodão, milho, tomate, batata e outros cultivos com genes de Bt incorporados, tornando-as resistentes a lagartas diversas. A avaliação e desenvolvimento de sistemas de manejo para estas novas linhagens de plantas são os objetivos de muitas pesquisas. Sintomas causados As larvas afetadas pelo Bt tornam-se inativas, param de se alimentar, passam a regurgitar o que comeram e apresentam verdadeiras diarréias. A cabeça pode parecer maior que a largura do corpo, pois ele diminui de tamanho quando contaminado. A larva fica flácida e morre em poucos dias e resiste, no máximo, durante uma semana. Os conteúdos do corpo ficam preto-amarronzados e a larva se decompõe em seguida. A lentidão com que a lagarta morre é que faz muitos agricultores, ainda hoje, a não
Gravena
registro oficial, procurando atingir os seus estágios de desenvolvimento mais suscetíveis, usando as concentrações corretas e sob temperatura ideal. Ou seja: calor suficiente para manter os insetos ativos na alimentação. Um outro cuidado importante é saber que muitas lagartas que atacam partes internas das plantas são mais difíceis de se coincidir com o moSantin recomenda o uso de Bt no controle de pragas mento ideal para maior eficiência do Bt. Assim, a aplicação para estas lagartas deve ser feita anacreditarem nos efeitos do Bt, pois esperam tes que elas penetrem no interior das plantas a morte imediata, como ocorre quando usam atacadas, onde ficam protegidas pelos teciinseticidas químicos. É pura ilusão, pois no dos vegetais. momento em que a lagarta ingere apenas 1 Larvas bem jovens são mais suscetíveis cm2 de folha com resíduo do Bt pulverizado, ao Bt. Mesmo que lagartas consumam doses paralisa a alimentação e, portanto, deixa de menores que as letais, elas têm o desenvolviser praga. mento retardado. Determinar quando a maior parte da população estiver no estágio mais suscetível é uma prática chave para otimizar Utilização o uso deste inseticida microbiano. correta Algumas bactérias de ocorrência natural Quem é podem causar epizootias em larvas de insesuscetível tos, mas para isso acontecer a população da Nem todas as lagartas pragas são igualpraga tem que estar sob estresse devido à falta de alimento, superpopulação ou clima mui- mente suscetíveis ao Bt. A lagarta militar da to frio. As epizootias não são tão comuns beterraba, cujo nome científico é Spodoptera como aquelas causadas por outros patóge- exigua, é uma das pragas da ordem dos lepinos de ocorrência natural. dópteros mais difíceis de As formulações comerciserem controladas com Bt. Algumas espécies de ais de Bacillus thuringiensis, Quando um inseto por outro lado, são amplatraças, incluindo algumas ingere o Bt, a mente utilizadas no mundo, populações da traça das proteína danifica a crucíferas - a maior praespecialmente nos Estados parede do seu Unidos. Cultivos em ambienga de couves no mundo estômago tes protegidos, frutíferas, horinteiro -, já apresentam resistência à toxina do Bt taliças, cultivos anuais, pastagens, coleções de água e mida variedade kurstaki. A lhares de hectares de floreslagarta da espiga do mitas são anualmente pulverizadas com produ- lho, a broca das cucurbitáceas, o bicho furão tos à base de Bt. do citros, a traça do tomate, a traça do pêsDiz-se que esse inseticida microbiano de- sego e a traça da maçã são suscetíveis, mas veria ser obrigatório nas prateleiras das hor- são de difícil controle na prática porque elas tas comerciais e em todos os cultivos em que penetram rapidamente na planta, ficando ocorrem lagartas que atinjam a condição de longe da ação do Bt. O produto tem que atingir o momento praga. Isso, devido à segurança do inseticida microbiano, que é praticamente atóxico ao em que a lagartinha recém-nascida está no homem e animais. E, igualmente, em função período de trânsito (desde a saída do ovo até da seletividade quase absoluta aos inimigos à penetração). O efeito tem, também, a innaturais, por ser específico a certos grupos fluência da distância de caminhamento e do de pragas. comportamento da lagartinha em comer um O sucesso de qualquer formulação de Bt pouco da casca para perfurar a galeria onde só se consegue se as aplicações forem feitas entrará. Assim, ela come um pouco de Bt e contra as espécies de pragas para as quais tem morre. O bicho furão dos citros, por exem-
plo, caminha em média 4,5 cm do ovo até a penetração. Para a broca do colmo do milho (Ostrinia nubilalis), o Bt tem que ser aplicado exatamente quando eclode a larva do ovo. Luz e água As formulações de Bt podem ser desativadas pela luz do sol através dos raios ultravioleta, ficando efetivas por apenas 1 a 3 dias. Chuva ou irrigação de topo podem também reduzir o efeito do Bt por lavagem e arrastamento do produto da folha. Atualmente, algumas formulações são protegidas desses efeitos pelo Bt ser desenvolvido por engenharia genética (não é aquele incorporado na planta). As que envolvem plantas transgênicas em que o Bt é incorporado na planta - evitam tais problemas de efeito da chuva e dos raios solares. Cuidado com excessos É claro que inseticidas microbianos à base de Bacillus thuringiensis são indicados para os sistemas de manejo ecológico, tanto aqueles adotados nos cultivos convencionais, quanto o MEP - especialmente estabelecido para os cultivos orgânicos - e que está em franca expansão nos dias atuais. Entretanto, todo insumo, por mais limpo que seja ecologicamente, se excessivamente utilizado, corre o risco de ser prejudicado por um dos flagelos da agricultura no início do presente milênio: a resistência de pragas a agrotóxicos. Nem mesmo as plantas transgênicas, que têm o Bt incorporado, estão livres de passar a serem atacadas pelas lagartas que eram os alvos do combate nos cultivos geneticamente modificados. É a resistência chegando para as plantas transgênicas cultivadas ininterruptamente, após alguns anos do desenvolvimento e lançamento pela indústria de sementes. Portanto, o alerta que fazemos através deste artigo é no sentido de que, seja como inseticida microbiano já em uso há mais de 30 anos, seja como Variedades-Bt, todo cultivo tem que ser feito com um bom planejamento prévio que contemple os conceitos, filosofia e princípios do manejo ecológico de pragas. Assim, os agricultores brasileiros estarão na dianteira de uma produção ecologicamente correta, podendo explorar o sistema de selo de qualidade ecológica para atender as exigências sempre crescentes do consumidor moderno e esclarecido, que vive num mundo globalizado. Santin Gravena, Consultor
Trigo
doenças
Mancha bronzeada
Oídio
Alternativas para conseguir produtividade
Giberela
Maurício e Picinini ensinam a previnir e a controlar as principais doenças que atacam o trigo
Conheça as principais formas para garantir uma safra tranqüila e lucrativa; quanto antes o produtor adotá-las maior a economia e a eficiência dos métodos
O
Mancha da gluma
Fotos CNPT
trigo é uma das culturas de tividade de trigo é a ocorrência de elemaior expansão em nível vado número de doenças de origem mundial. Originário da Ásia, foi in- fúngica. troduzido na Índia, na China e na EuFavorecidas por condições cliropa desde 5.000 anos a.C. A revolu- máticas (altas temperaturas e precição industrial no século XVII, o sur- pitações pluviais freqüentes), doengimento do trator no século XVIII e a ças como o oídio, induzido por BluRevolução Verde da década de 60, meria graminis f. sp. tritici, as ferruprovocou uma explosão na produti- gens da folha e do colmo, induzidas vidade e na expansão da área culti- respectivamente por Puccinia reconvada de uma maneira geral. O ho- dita f.sp. tritici (Rob.ex. Desm) e Pucmem, no cultivo da terra, provocou cinia graminis f.sp.tritici (Heriks. & um grave desequilíbrio ecológico, Henn.), a mancha da gluma, induzionde extensas áreas de cultivo, com da por Phaeosphaeria nodorum (anauma mesma espécie vemorfo: Stagonospora getal (o trigo por exemnodorum (Berk.) plo) selecionou espécies O auge da triticultura Cast & Germ.,), a brasileira de patógenos especialimancha marrom, inaconteceu em 1987, zados em atacar a cultuduzida por Cochliocom 3,8 milhões de ra, com o objetivo único bolus sativus (Ito & hectares de perpetuação da espéKurib), Drechs. ex. cie. Atualmente, cultivaDastur. (anamorfo: res adaptadas são cultiBipolaris sorokiniavadas desde o Equador até 60º de la- na (Sacc. in. Sorok) Shoem, a giberetitude (Mota, 1982). O auge da triti- la, induzida por Gibberella zeae cultura em nosso país foi alcançado (Schw.) Petch (anamorfo: Fusarium no ano de 1987, quando foram seme- graminearum (DC. ex. Mérat), a bruados mais de 3,8 milhões de hecta- zone (Magnoporthe grisea), o carvão res, com a produção atingindo 6,2 do trigo (Ustilago tritici), o mal-do-pé milhões de toneladas. No ano de do trigo, induzido por Gaeuman1999, cerca de 1,4 milhão de hecta- nomyces graminis f. sp. tritici, as bacres foram semeados com a cultura, terioses (Xanthomonas campestris pv. com uma produtividade média de undulosa e Pseudomonas syringae pv. 1.593 kg/ha (Indicadores...2000). Um syringae), as viroses (Virus do nanisdos grandes obstáculos à alta produ- mo amarelo da cevada (VNAC) e ví-
rus do mosaico do trigo (VMT), e, al de produtos para a cultura ocorreu mais recentemente, com o incremen- no ano de 1976 (Reunião da Comisto na área de cultivo com o sistema são Sulbrasileira de Pesquisa de Tride plantio direto, onde os restos cul- go, 1976). As pulverizações, inicialturais permanecem na superfície do mente preventivas, eram repetidas a solo, o parasita necrotrófico denomi- intervalos de 10 a 14 dias. O produto mais utilizado na nado de Drechslera triépoca era o carbamatici-repentis (Died.) Os fungicidas são to mancozebe. Com o Drechs.), conhecido uma importante como a mancha bronzeadvento dos fungiciferramenta para das sistêmicos (triadiada da folha do trigo, estabilizar a mefon), as aplicações vem preocupando os produtividade passaram a ser realitriticultores, exigindo a zadas a estádios pré realização de diversas definidos (emborraaplicações de fungicichamento e floração). Essa recomendas (Picinini, 1990). As perdas causadas pelas doenças dação foi drasticamente modificada na cultura do trigo são relativamente por Fernandes & Picinini (1986), com elevadas. Trabalhos recentes (Picini- a publicação Doenças do trigo: como ni et.al., 1996), demonstraram em determinar a melhor época de condoze anos de experimentação uma trole . Esse trabalho foi o pioneiro em perda média de 44, 61%, o equiva- lançar, no Brasil, as bases para o molente a 1.152 kg (19,2 sacas de 60 kg) nitoramento das doenças do trigo. Atualmente, os fungicidas se de trigo por hectare. Os principais métodos de controle das doenças do constituem em uma importante fertrigo são: genéticos, culturais, bioló- ramenta para estabilizar a produtigicos e químicos. Abordaremos aqui vidade de trigo em regiões com alto aspectos apenas do controle químico impacto de doenças fúngicas como ocorre na região sul do Brasil (Picidas doenças do trigo. nini et al., 1993) Resultados obtidos Controle nesses ensaios pela Embrapa Trigo químico têm sido publicados (Picinini & FerEmbora os testes com fungicidas nandes, 1988 e 1982). Antes de iniciar-se o controle das na cultura do trigo tivessem início na década de 70, a recomendação ofici- doenças do trigo com fungicidas, al-
gumas perguntas básicas devem ser respondidas: a) Qual ou quais os patógenos problemas? b) Como esse patógeno invade a planta? c) Como se desenvolve dentro da planta? d) Como sobrevive de um ano para outro? Em restos de cultura? Em hospedeiros vivos? Nas sementes? No solo?. Devemos lembrar sempre que os patógenos são nutricionalmente dependentes do hospedeiro; os patógenos preferencialmente não se afastam do hospedeiro (esse processo garante a eles a sobrevivência); que na luta contra os fungos não se deve usar medidas isoladas e, finalmente, lembrar sempre o ensinamento de Brown, 1951, citado por Matthews (1982): na proteção de plantas, a arma química deve ser utilizada como um estilete e não como uma foice . Controle dos fungos biotróficos O Oídio (Blumeria graminis f. sp. tritici) - O Oídio é uma doença bastante destrutiva. As perdas, dependem da suscetibilidade da cultivar e das condições para o desenvolvimento do patógeno e podem chegar a até 62%, Linhares (1988), Fernandes et al., (1988) e Reis et al., (1997). O controle do oídio do trigo pode ser realizado de duas maneiras: pelo uso de fungicidas triazóis em tratamento de
ar, o controle da doença pelo tratamento das sementes tem se mostrado mais econômico.
Tabela 1
Tabela 2
sementes (Tabela 1) ou pelo controle da doença na parte aérea (Tabela 2). O controle na parte aérea deve ser realizado quando a incidência, durante a fase de afilhamento, atingir índices de 20 % a 25 %, ou pelo uso do critério do LDE (limiar de dano econômico), cuja função de dano é R = 100 0,42 I. O controle do oídio
nas cultivares suscetíveis via tratamento de sementes, apresenta um custo de aproximadamente US$ 10,0 por hectare. Comparado com a aplicação por via foliar, que apresenta um custo de US$ 30,00 o hectare, (fungicida + custo da aplicação), mesmo com a possibilidade de redução de dose do fungicida por via foli-
A ferrugem da folha A ferrugem da folha (Pucinia recondita f.sp. tritici) é uma enfermidade presente na maioria dos anos em que se cultiva trigo no Brasil. Ensaios realizados por Picinini & Fernandes, (1994 e 1995) determinaram perdas de até 80 % em rendimento de grãos e de até 10 pontos percentuais no peso dos grãos colhidos. O Controle da ferrugem da folha deverá ser iniciado, obedecendo-se a um dos seguintes critérios: a) no aparecimento das primeiras pústulas do fungo (traços de severidade), b) quando a incidência foliar encontrar-se entre 30 % e 40 %, independente do estádio de desenvolvimento do trigo c) Pelo critério do LDE (limiar de dano econômico), cujas equações de dano para as cultivares suscetíveis e com RPA (resistência de planta adulta) são R = 100 0,608 I e R = 100 0,333 I, respectivamente. O controle da ferrugem do colmo deverá ser realizado segundo o critério acima descrito. A reaplicação dos fungicidas deverá ser realizada sempre que necessária, para manter a doença em níveis baixos de infecção. Os produtos usados para o controle da doença estão inseridos na Tabela 2 e informações complementares sobre a eficácia de diversos fungicidas testados pela pesquisa no controle do oídio e das ferrugens da folha e do colmo, podem ser obtidas nos trabalhos de Picinini et al., (1985), Picinini & Fernandes, (1988, 1992, !994 a,b, 1995 e 1996), no estado do Rio Grande do Sul, de Sonego & Moraes (1983), Andrade et al., (1994) e Goulart & Paiva (1994a,b)no Estado do Mato Grosso do Sul e de Oliveira et al., (1981), no estado do Paraná. Edson Clodoveu Picinini e José Maurício Cunha Fernandes, Embrapa Trigo
Trigo
adubação CNPT
Com nitrogênio seu trigo fica assim D
entre toda a tecnologia recomendada pela pesquisa, em continuidade a todas as etapas que compõem o sistema de produção dos cereais de inverno, destaca-se a adubação nitrogenada. Esta técnica é recomendada em função do teor de matéria orgânica dos solos e de outros fatores como teto de produção, textura e cultivo anterior, entre outros. Dentre as fontes de nitrogênio, a uréia é o fertilizante nitrogenado de maior produção e consumo no Brasil. Possui a maior concentração de N (45%) e o me-
nor custo por unidade de nutriente. No Brasil são produzidas anualmente cerca de 1,7 milhão de toneladas de adubos nitrogenados simples e são importados aproximadamente 1,5 milhão de toneladas destes fertilizantes. Da produção nacional, a uréia corresponde a 63 % e por 25 % das importações. A segunda fonte de maior expressão é o sulfato de amônio com 12 % do total produzido. Já a importação dos nitrogenados simples chega de 68 %. As demais fontes, nitrocálcio e nitrato de amônio, respondem pela produção de 25 % do
total, cabendo à importação uma irrisória quantidade de 6 %. (Anuário estatístico da ANDA 1996). Os cereais de inverno cultivados no Sul do Brasil geralmente apresentam resposta à aplicação de N. Isso decorre do suprimento insuficiente de N dos solos para atender a demanda dessas plantas. O manejo da adubação nitrogenada merece destaque em função da utilização de pequenas doses quando do plantio e de doses maiores deste elemento em cobertura entre 20 a 45 dias após a emergência dos cereais. Isto se deve à mobili-
Café
CNPT
ao solo é inviável quando a aplicação é vas ou sem irrigação após a aplicação. realizada após a semeadura da cultura. Nessas condições, as perdas de N por voDessa forma, o fertilizante é colocado na latilização de amônia da uréia, quando superfície do solo, devendo-se nesse se verificam, são insignificantes, pois não caso, observar alguns aspectos de mane- afetam o rendimento de cereais de injo, visando aumentar o aproveitamento verno. Rendimentos obtidos com trigo, de N pelas plantas. Os adubos nitroge- usando-se sulfato de amônio (21 % de nados em geral, quando adicionados ao N), nitrato de amônio (34 % de N), nitrasolo, requerem certa quantidade de água to de sódio (15% de N) e com uréia (46 para sofrerem hidróli% de N), não apresentase (desintegração da ram diferenças significasua estrutura, pela tivas entre as fontes de N, Em muitas ação da água) e assim isto é, todas as fontes procircunstâncias, o liberarem os composporcionaram rendimennitrogênio deve ser tos nitrogenados que tos semelhantes. Em reaplicado em cobertura vão nutrir as plantas lação a quantidade de N cultivadas. presente na parte aérea de A utilização máxiplantas de trigo, verifima de N ocorre quancou-se em outro trabalho, do a aplicação desses adubos (especial- que essas mesmas fontes testadas suprimente a uréia) é seguida imediatamente ram N às plantas de forma igual nas de precipitação pluvial ou de irrigação quantidades de N absorvidos. de uma lâmina de água de 25 mm. DeO efeito de sulfato de amônio e de pendendo da umidade e da textura do uréia no rendimento de grãos de cevasolo, esse volume de água será suficien- da, cultivada após as culturas de soja e te para in- milho, independente da fonte de N, aprec o r p o r a r sentou incremento na produção com todo o N na aplicação de N, mas não houve diferencamada de ças entre as fontes. Constatou-se diferensolo mais ças entre os rendimentos de cevada após densamente a cultura de soja de aproximadamente ocupada pe- 200 kg/ha de grãos sobre as mesmas dolas raízes ses utilizadas sobre resteva de milho. das plantas. Convém destacar que, para a cevada, Se o solo es- deve-se utilizar esta prática de adubação tiver úmido de cobertura no início do afilhamento a na superfí- fim de se evitar altos níveis de proteínas cie, a disso- (acima de 12%) nos grãos de cevada. Que lução dos ni- é uma característica indesejável para a trogenados indústria do malte. Diferenças no rendio c o r r e r á mento de trigo cultivado após as cultunum curto ras de soja e de milho são igualmente Peruzzo recomenda o uso, na hora certa, de fertilizantes nitrogenados espaço de obtidas com vantagem na resteva de soja. tempo. A hiA aplicação de uréia em triticale, condrólise da fere, em geral, incrementos significatiuréia é lenta vos no rendimento. Em outras regiões, quando a diferenças na eficiência fertilizante encessidade das plantas pelo N. Neste mo- temperatura for baixa, como no inver- tre fontes de N são incomuns, tanto em mento se determinam os maiores bene- no. Nesse caso, ocorrendo chuvas de 3 a trigo como em aveia. A aplicação de nifícios para o estabelecimento do poten- 6 dias, após a aplicação, o aproveitamen- trogênio em cobertura no estádio de aficial produtivo dos cereais de inverno. to de N da uréia será elevado. lhamento dos cereais de inverno proporEm muitas circunstâncias, especialA aplicação de uréia sobre palha, ciona, em geral, incrementos significatimente após o cultivo de uma legumino- pode desencadear o processo de hidróli- vos no rendimento de grãos, sendo uma sa (soja, por exemplo), todo o N pode ser se e facilitar as perdas por volatilização prática recomendável para a maioria dos aplicado em cobertura. Devido à pouca de amônia, porém, o percentual perdido solos. distância entre as linhas de cereais (15 a será sempre em função da quantidade Geraldino Peruzzo, 20 cm), a incorporação deste fertilizante aplicada e do número de dias sem chu- Embrapa Trigo
Alerta final
Cuidados simples durante a colheita podem salvar seu lucro
CATI
dade deste nutriente no solo, ao contrário dos demais macro nutrientes, que são aplicados integralmente no plantio, na fórmula de adubo. Neste ponto, é importante entender que se optarmos por adicionar toda a dose recomendada para os diferentes cereais de inverno no momento da semeadura, este nutriente poderá ser arrastado para longe das raízes e vir a faltar mais tarde, no momento de maior demanda de nitrogênio, onde se estabelecem os potenciais de rendimento de grãos. Isto se verifica quando ocorrem chuvas de média a alta intensidade no período do plantio até o início do afilhamento. Nesta fase de crescimento das plantas, a demanda por nitrogênio é limitada pelo reduzido sistema radicular e aéreo e, mesmo, por que a própria semente fornece este nutriente em quantidades necessárias para o desenvolvimento inicial das plantas. Entretanto, a partir do início do afilhamento, a demanda por nitrogênio é maior em função da maior ne-
colheita
P
rodutores paulistas ainda estão saboreando a conquista das melhores colocações nos principais concursos de qualidade do café, realizados em 1999, em âmbito de País. Por trás dos bons resultados está uma campanha que busca aumentar a qualidade do produto. No dia 24 de março, a Câmara Setorial do Café, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo lançou oficialmente a Campanha de Qualidade do Café - 2000, em Espírito Santo do Pinhal, um importante pólo produtor da cafeicultura paulista. A Campanha termina em setembro, quando se encerra a colheita.
A colheita do café é um momento bastante delicado e, por isso, deve-se ficar atento
Dicas para colheita Para garantir o sucesso do seu trabalho, o cafeicultor deve observar uma série de fatores recomendados no Manual de Qualidade 2000 - O caminho para o Lucro. A preparação da colheita deverá ser feita com antecedência para evitar imprevistos de última hora e prejuízos à qualidade do café. Limpar bem e consertar, quando necessário, toda infra-estrutura e equipamentos usados no período de colheita: tratores e caminhões; terreiros, tulhas e armazéns, secadores e máquina de benefício. Eliminar os frutos e grãos da safra passada das máquinas e veículos e providenciar os materiais de colheita, secagem e benefício: escadas, sacos, combustível, peças de reposição, etc. Já na varrição, todos os cafés caídos no chão antes da colheita devem
Sementes
Deve-se ter cuidado em todas as etapas da colheita
ser recolhidos, pois poderão conter frutos e grãos já deteriorados, e não se deve misturar o café de varrição com café de derriça. Começar a derriçar quando a maior parte dos frutos estiver madura e seca e evitar colher muito cedo, pois a grande quantidade de frutos verdes causa perda de qualidade e renda. É preciso fazer a derriça sempre no pano e levantar o café no mesmo dia da colheita. Se derriçar no chão levante o café imediatamente após a derriça. Abane-o em peneiras ou abanadores para retirar folhas, gravetos, terra, etc., que devem permanecer no cafezal. No repasse, recolha os frutos no pé ou no chão no fim da colheita para evitar ataques de broca na safra seguinte. Limpeza e separação Usar lavadores de café para eliminar impurezas e separar os cafés mais leves (bóias) dos frutos mais pesados (verdes e cerejas) que possuem teores de umidade diferente; iniciar a secagem imediatamente, logo após a lavagem; nunca deixar o café recém-colhido pernoitar ensacado, amontoado na roça, nas carretas ou no terreiro para evitar esquentamento e fermentações que prejudicam a qualidade; secar os cafés bóias (mais secos) separadamente dos verdes e cerejas (mais úmidos) para obter um produto mais uniforme, de melhor aspecto e seca mais homogênea. É aconselhável armazenar o café em coco ou pergaminho do que beneficiado para preservar as características originais do produto. Condições inadequadas de armazenamento podem dar
ao café gosto de madeira, sacaria, mofo etc.; manter o café em coco ou pergaminho seco em tulhas, de preferência de madeira, por um período mínimo de 30 dias; manter o café beneficiado em sacos limpos e sem cheiro, em armazéns com piso impermeável; as tulhas e armazéns devem ser construídos em áreas ensolaradas, bem drenadas e ventiladas, com temperatura ambiente em torno de 20 graus centígrados e umidade ambiente máxima de 65%. Tulhas e armazéns devem ser escuros pois o café, especialmente quando beneficiado, perde cor quando exposto à luz. Cuidados no transporte Transportar o café recém-colhido para o lavador tão rápido quanto possível e sempre no mesmo dia da colheita; certificar-se que carretas e caminhões estão secos e limpos antes de receber o café; usar sacos sem cheiro e sem furos ou rasgos; evitar que o café se aqueça ou fique abafado durante o transporte. No que tange à qualidade, embora ela seja um assunto complexo, o próprio cafeicultor pode e deve determinar a maioria das características de seu café. Apenas a prova de xícara requer especialista. A qualidade e preço de seu café dependem da renda, teor de umidade, tamanho (peneiras), aspecto, cor, uniformidade e, principalmente, tipo e qualidade da bebida. Conheça a qualidade de seu café antes da comercialização para melhor avaliar seu produto e obter melhores preços. JP
Novos horizontes Presidente das Sementes Dow aposta na qualidade e no mercado brasileiro O mercado de sementes tornou-se extremamente competitivo e exige muito profissionalismo, além de alta qualidade de trabalho em todas as fases, desde a pesquisa, campo, fábrica e vendas. No setor já não se admite mais a venda ocasional, oportunística, e os relacionamentos com os produtores devem ser a longo prazo, nos quais se ofereça o material que ele realmente procura
E
ssa é a visão de José Manuel Arana, o executivo mexicano de coração brasileiro que preside a Sementes Dow Agrosciences no momento em que a empresa se consolida, como resultado da compra de outras quatro: a Colorado, Hatã, Dinamilho e FT Milho. Para Arana, a Dow provavelmente não será a maior das empresas de sementes em faturamento, mas seguramente estará entre as melhores quanto à qualidade, experiência e credibilidade. E isso, destaca, em todas as áreas, onde os funcionários passam a ter em mente que devem não só melhorar na esfera profissional como pessoalmente, como seres humanos, pois
Cultivar
CATI
novidades
Arana anuncia mudanças nas metas da Sementes Dow: exportações
o que faz uma empresa é o somatório das pessoas que a compõem. Desenvolvimento de negócios O elemento humano é o fator mais importante no desenvolvimento dos negócios e, sua adequação, a grande prioridade da empresa. O executivo afirma que sua principal função no Brasil é maximizar o capital intelectual dos quadros da empresa. Com recursos humanos bem capacitados pode-se fazer de tudo, diz. Para isso, é preciso que o pessoal sinta que todos participaram na construção da empresa que se desenha aos poucos, a partir das
quatro originais. Essa empresa, em cinco anos, será conhecida por sua atividade tanto nacional como externa, pois o mercado está amplamente favorável para as exportações de sementes, diz, pensando inicialmente nas operações entre as coligadas da Dow de outros países, como do Paraguai e Bolívia, para as quais já há vendas significativas. São mercados pequenos, mas o foco de sua atenção dirige-se às áreas mais ricas. A França, por exemplo, com a qual os brasileiros têm afinidades culturais, poderia ampliar as compras que faz no Brasil. Está cada vez mais difícil adminis-
quistá-las. A Dow prefere usar a energia para o desenvolvimento dos próprios produtos, em vez de dispender todo o trabalho necessário para licenciar. Além do milho, a Dow vai investir forte no sorgo, um mercado em crescimento, diz Arana. A empresa dispõe de um banco de germoplasma ainda pequeno, porém quer crescer rapidamente. O mercado de sorgo, opina, tende a aumentar na medida em que as empresas fornecedoras de carne suína e de frangos substituírem o milho por esse produto na alimentação animal. Outra área prioritária da Dow é a Hábitos de do girassol, cujo germoplasma vem da consumo Morgan, uma coligada argentina. Já há A Dow, explica, vê o consumidor material da Morgan em teste no Brasil, como seu público-alvo, indiretamente, onde o mercado cresce a olhos vistos, e por isso estuda os hábitos de consu- embora limitado pela baixa capacidamo para que os pesquisadores focali- de moageira da indústria nacional. Rezem o trabalho em alsolvido esse problema, guns segmentos. O agria evolução ocorrerá cultor, hoje, se transfornaturalmente. ma cada vez mais no Arana não descarAlém do milho, a Dow vai investir meio facilitador de prota a atenção na soja, a pesado na cultura dução de uma especialimédio prazo. Mas, por do sorgo dade. O milho e a soja, enquanto, está voltado por exemplo, logo não mesmo é para o milho, serão mais commodities, com enfoque mais mas veículos especiais aproximado no segde especialidades. mento de milhos especiais. A marca As empresas, no futuro próximo, Colorado , da Dow, será usada exclucontratarão a produção de artigos es- sivamente em milho doce e em outros pecíficos. Milho com alto teor de ami- materiais já em desenvolvimento para do, por exemplo. A Dow, que está in- atender aos que são hoje pequenos nivestindo pesado em plásticos deriva- chos especiais de mercado. Nesse sedos de milho, terá que obter produção tor talvez surjam as primeiras plantaque acompanhe essa tecnologia. Isso ções feitas sob contrato. O mercado de gera grande desafio para pesquisado- milho cresce a cada ano. Hoje o Brasil res e agricultores, porque o material, produz cerca de 32 milhões de tonelaalém das características desejadas, terá das/ano e consome 35 milhões. Com de ser compatível com as condições um déficit de produção de 10% os preagronômicas das microrregiões produ- ços se mantêm estáveis e o produtor toras quanto às doenças, pragas, solos, segue motivado. ou regime de chuvas. Portanto, não se Na opinião de Arana, o milho no pode deixar de testar esses materiais Brasil não vai deslanchar apenas porem cada região ou microclima, pois o que aumentará a área plantada, como mercado de sementes se torna cada dia alguns defendem, sempre pensando mais segmentado e especializado, co- nas terras ainda por ocupar no cerrado menta. e região Norte. Ele acredita, porém, que a auto-suficiência e a conseqüente conProdutos dição de exportador de milho passa do futuro também pela adoção de tecnologia. A Daqui para frente as empresas te- média nacional de produtividade anda rão de eleger as fatias de mercado e tra- por volta de 2,8 T/ha, quando no Parabalhar de acordo com metas para con- ná já há bolsões onde se obtém 12 to-
neladas por hectare. Com esse índice, fica difícil entender a baixa média nacional, causada pelas variações tecnológicas. Naturalmente nas áreas abertas no Norte, para a soja, também se plantará milho, uma necessidade da rotação de culturas. Essa expansão, com tecnologia, fará a diferença. Deve-se porém levar em conta que agricultura é atividade de risco e a cada cinco ou seis anos poderá haver problemas, mas no geral a soma sempre será positiva. Biotecnologia em milho e algodão A biotecnologia está no centro das atenções da Dow, também, pois a empresa investiu no setor em países como os Estados Unidos e Argentina e já tem produtos de milho e algodão. A Dow tem participação na Phytogen, sua subsidiária americana para algodão. O presidente da Sementes Dow vê a biotecnologia como a maneira de se levar, no futuro, muitos benefícios às populações. Uma campanha de vacinação, por exemplo, que hoje custa uma fortuna no Brasil, poderia ser feita facilmente se a vacina estivesse inserida no feijão, o alimento preferido dos brasileiros. O setor farmacêutico acredita nisso, destaca. Com cautela, afirma, a oposição aos organismos geneticamente modificados tende a desaparecer com o surgimento dos produtos de segunda, terceira e quarta gerações. Os produtos com valor agregado são aceitos com mais naturalidade, como já ocorre hoje com a insulina, toda obtida por esse método e que, não fosse assim, chegaria ao mercado com preços acessíveis a poucos usuários. E seria bom se todos conhecessem mais os riscos e benefícios da tecnologia. Por isso, diz Arana, os governos e a indústria devem educar e fornecer mais informações, para que todos acompanhem o nível de conhecimento. Está faltando união entre as entidades de classe e os próprios governos, mas tudo aconteceu muito rápido e não se pensou nisso, porém agora tudo está organizado e a falha deve ser corrigida, com evidentes benefícios para os consumidores , completa. NP
Informativo da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes Encartado na Revista Cultivar nº 16
Sementes
Interações do novo ambiente D
urante os dias 27 e 28 de março tivemos uma rara oportunidade proporcionada pela ABRASEM e BRASPOV e que contou com a eficiente organização da APPS, na acolhedora cidade de Campinas. Foi um encontro que se desenvolveu de forma muito objetiva com uma grande carga de informações, que contemplaram diversos segmentos. Foi o seminário Sementes: As interações do novo ambiente de negócios . Sobre o tema Licenciamento de Produtos os presentes puderam conhecer os critérios e políticas de licenciamento dos diversos obtentores. Houve também a oportunidade de interação de idéias e critérios entre os obtentores e um grande avanço no relacionamento. Já no tema sobre Parcerias em P&D foi possível conhecer o esforço de intercâmbio tecnológico e a sinergia entre empresas e produtores. Observou-se também a grande importância das experiências da participação do setor privado na alavancagem da pesquisa através das fundações, onde o grande ganho é a objetividade e o foco. Na segunda rodada, que abordou os aspectos da participação do poder público no processo, foi possível perceber um sintoma claro de adaptação às necessidades mais emergentes do setor, como por exemplo os centros quarentenários, o novo aparato regulatório da proteção de cultivares, e a inserção do Brasil em regras internacionais criando mais oportunidades para exportações no setor sementeiro. Foi abordado também o tema Patenteamento de Genes esclarecendo muitos pontos, Atualidades ABRASEM
Fotos Cultivar
trar uma empresa de sementes, diz Arana, devido aos altos investimentos que o setor requer, principalmente em pesquisa, desenvolvimento de sementes básicas, armazenamento (os milhos híbridos exigem câmaras frigoríficas), reprodução, multiplicação e distribuição. Além disso, os estoques precisam ser esgotados a cada ano, pois as sobras geram grandes prejuízos. Isso explica, basicamente, na sua opinião, a acentuada concentração das empresas de sementes, que formam conglomerados em todo o mundo.
Parceria entre a Abrasem, a APPS e a Braspov ajuda o setor sementeiro. À esquerda, Ywao Miyamoto, presidente da Abrasem. À direita, Ivo Carraro, presidente da Braspov
mas mostrando a complexidade do assunto. Foram apresentados também, na terceira rodada, novos negócios e oportunidades para o setor. Ficou evidente o caminho da segregação de produtos também no setor de grãos, e a importância da rastreabilidade e da eficiência dos canais de distribuição, usando a criatividade para se encantar o cliente. Novos campos de atuação no setor através de acessória especializada como busca da garantia dos direitos face à nova legislação, pesquisa especializada em controle de qualidade, foram apresentados. Esteve também presente na oportunidade o Dr. Bernard Le Buanec, diretor da FIS/ASSINSEL, que proferiu palestra na qual acentuou a importância
de maior participação do Brasil nos eventos e na comunidade sementeira internacional, e mostrou que o Brasil pode e deve crescer muito no mercado internacional de sementes. É importante registrar com destaque o excelente trabalho desenvolvido pelos diretores executivos da ABRASEM/ BRASPOV e da APPS pela escolha e organização dos temas bem como pela organização do evento. Infelizmente foi registrada a ausências de um grande número de empresas produtoras de sementes, que perderam uma grande oportunidade de se atualizarem em temas tão importantes. Deve continuar firme a política da ABRASEM e BRASPOV de aglutinação do setor sementeiro no Brasil. Ivo Marcos Carraro, Braspov Maio 2000
Cultivar • I
Rapidinhas
Maximizando a produção Novidades na indústria agrícola permitirão melhores condições de produção ao agricultor
O
maior desafio de qualquer fitopatologista é prever a ocorrência de doenças das plantas, o que ainda não é possível. No máximo o que se pode fazer é identificar as condições em que poderão surgir os patógenos. Mas cada vez mais os sistemas identificam as doenças mais cedo, à tempo de reduzir os prejuízos. O engenheiro agrônomo argentino Eduardo E. Teyssandier, depois de 24 anos de experiência em pesquisa na Cargill de seu país, nas áreas de patologia vegetal e biotecnologia, fundou uma empresa a PSSI, ou Professional Services for the Seed Industry- e já presta importantes serviços ao setor. Sua empresa está começando a penetrar também no Brasil. Ela é, também, a única representante da norte-americana PSR (Professional Seed Research), com serviços destacados nas áreas de pureza genética, melhoramento e patologia vegetal. Teyssandier anuncia, por exemplo, que em breve estará disponível para a indústria II
• Cultivar
Maio 2000
sementeira uma metodologia confiável denominada HRIV-FDS (herbicide Resistance in Vitro- Fast Diagnostic Service) que permite em milho uma rápida detecção (apenas 72 horas) de indivíduos portadores de genes de resistência aos herbicidas setoxidin, glifosato e outros à base de imidazolinonas (ALS). E que em julho próximo oferecerá a metodologia que permite, em soja, a obtenção de cinco gerações anuais sob condições de estufa. A PSR está na vanguarda em pesquisa relativas a oito doenças potenciais que se constituem em ameaças às regiões produtoras de milho do continente. O trabalho da empresa consiste em analisar, em estufas, os materiais inoculados com agentes de doenças comuns tanto nos Estados Unidos como na América do Sul. A seguir, as novas metodologias já em uso, explicadas por Teyssandier aos produtores de sementes do Brasil, em evento organizado pela Abrasem, realizado em Cam-
Rápido desenvolvimento - Esta metodologia é outra aplicação do método SMF. Qualquer população segregante tem plantas que são mais homozigotas do que outras. A PSR Inc as reconhece em estágio de plântulas. Conseqüentemente um grande número de plântulas (2000 a 10.000) cresAtualidades ABRASEM
Teyssandier apresenta novidades
cem até identificar e transplantar as mais homozigotas. São autofecundadas e, em seguida, são semeadas espiga por fileiras (ear to row). As mesmas têm a uniformidade de uma S 4 ou S 5 obtidas por autofecundação convencional. Isto permite ao melhorista alcançar um rápido nível de homozigose em linhas que, identificadas como promissoras, darão lugar à boa performance combinatória. Este sistema permite também uma rápida reciclagem e melhoramento de populações. A PSR Inc oferece este serviço às companhias e também aplica o método em suas próprias populações para o desenvolvimento de novas linhas a ofertar às companhias sementeiras. Conversão a estéreis - Usando o sistema de gametofito indeterminado ig mediante a obtenção de haplóides paternos se obtém a conversão a estéril de uma linha de milho dentro do ano. A técnica SMF tm é usada neste programa para a rápida detecção dos haplóides paternos. Contagem de pólen - É sabido que uma adequada proporção de pólen do macho é mais importante que a distância de isolamento para evitar ou diminuir a ocorrência de cruzamentos diferentes nos lotes de produção de híbridos. O uso de armadilhas de pólen convenientemente colocadas e um leitor digital de alta precisão permite obterse informações sobre a quantidade de pólen por centímetro quadrado produzida por uma linha macho. Novas linhas usadas como macho podem ser comparadas por sua capacidade de produção de pólen e tempo de produção em lotes piloto, o que permitirá usar esta informação como guia na planificação futura de produção. Atualidades ABRASEM
Gente nova Foi empossado em Londrina o Conselho Assessor Externo do Centro Nacional de Pesquisas de Soja, da Embrapa, órgão de caráter consultivo, cuja função é analisar a política do órgão, auxiliar na definição de projetos de trabalho e avaliação de seus resultados. O conselho, presidido por Caio Vidor, tem como membros João Henrique Hummel (Secretário Executivo da Abrasem), José Renato Bouças Farias, Fábio Trigueirinho, Joaquim Carlos Thomas, Maurício Reis, e Rubens Onofre Nodari. Transgênicos da Embrapa Os presidentes da Embrapa, Alberto Portugal, e da Monsanto, Gustavo Leite, assinaram convênio que estabelece condições para a multiplicação e exploração comercial, por terceiros, de sementes subsequentes à básica da cultura de soja transgênica de propagação exclusiva da Embrapa, resistente ao glifosato. Em outras palavras, a Monsanto cede o gene da soja Roundup Ready à Embrapa, para uso nas cultivares por esta desenvolvidas. Basta, portanto, cair a liminar na Justiça Federal que proíbe a venda de transgênicos e a Embrapa estará apta a vender semente de soja transgênica. O convênio se refere às cultivares que receberam o gene de resistência cedido pela Monsanto, que tem patente protegida até 28 de outubro de 2013. Carraro reeleito A Braspov reelegeu o pesquisador Ivo Carraro como presidente por mais um ano, em sua assembléia Geral, realizada no dia 18 de abril, e Ademir Capelaro como vicepresidente. Na ocasião foi escolhido o novo Conselho Administrativo da entidade, formado por representantes da Coodetec, Novartis, Pioneer, Agroceres, Dinamilho, Embrapa, Zeneca, Aventis, AgroEste, Iapar, Monsoy e Irga. Proteção para maçã Já estão concluídos os novos descritores para a cultura da maçã. Por isso é tido como certo que a próxima espécie vegetal a entrar para o regime de proteção de cultivares será a maçã. A determinação já se encontra na fase de publicação no Diário Oficial.
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pinas. Pureza genética - Dentro da área de pureza genética a técnica de Seedling Growout, registrada nos EUA, permite uma rápida detecção de plantas fora de tipo e plantas autofecundadas em uma mostra de um lote de produção de um híbrido simples, assim como fora de tipo, em Seedstocks, devido a uma perda de homozigose antes de iniciar o incremento de uma linha, ou a presença de fora de tipo por contaminação com pólen estranho (heterotic outcrosses). Esta técnica registrada pela PSR Inc está baseada no método SMF (Seedling Morphology Fingerprint) que inclui a observação minuciosa de até 23 caracteres morfológicos hereditários expressados em um ambiente uniforme. Ela permite um confiável e econômico exame onde 400 grãos são testados por apenas US$ 0,50. Os resultados saem em duas semanas. Testes independentes nos EUA têm mostrado que o Seedling Growout constitui o método mais adequado para avaliar pureza em lotes de semente. Atualmente mais de 150 companhias sementeiras, no mundo, estão usando o serviço da PSR Inc. e a empresa também está introduzindo um teste para identificar organismos geneticamente modificados em sementes parentais, que é barato, confiável e dá informações mais detalhadas do que a metodologia comum. O teste desenvolvido pela PSR Inc utiliza a habilidade de reconhecer plantas fora de tipo. Conseqüentemente, se houver plantas Bt ou resistentes ao Liberty Link ou ao Roundup, pode-se informar se isso é devido ao pólen que vem de fora, de uma mescla de linhas ou mistura de estoques de sementes convencionais ou geneticamente modificadas. Se a fonte de OGM é fora de tipo, os resultados são calculados em percentagem na amostra. Melhoramento: Conversão de linhas Dentro do melhoramento o método SMF é usado para observar populações de cruzamentos e identificar as plantas mais parecidas ao pai recorrente , levando o caráter ou gene de interesse. Estas plantas são transplantadas, cruzadas pelo pai recorrente e as sementes colhidas em torno de três meses. Uma combinação da seleção por tipo e o uso de estufas permite completar a conversão de uma linha em cerca de dois anos por um custo de US$ 3.200.
Cultivar
PSSI
Futuro
João Henrique, da Abrasem
Conselho de forrageiras Na primeira semana de maio será realizada a primeira reunião do Conselho de Forrageiras do Ministério da Agricultura, no Rafain Palace Hotel, em Foz do Iguaçu. No encontro, instalação oficial do Conselho, será elaborado o seu regimento interno e analisado e discutidas as propostas consolidadas oriundas da Reunião Técnica de Sementes e Forrageiras, ocorrida em Curitiba. Cultivares protegidas Saiu no dia 14 de abril a última listagem das cultivares protegidas e as registradas no Ministério da Agricultura. Compõem a relação 174 cultivares protegidas, de diversas espécies, e 5.413 registradas. Os interessados em conhecer todos os detalhes podem obter informações pelo telefone (61) 218.2557. Laboratórios treinando Os laboratórios de análise de sementes começaram a preparar seus técnicos dentro das normas reguladas pela ISTA, que entrarão em vigor no dia primeiro de janeiro de 2001. Foi realizado em abril o primeiro curso de treinamento, pelo qual terão de passar todos os responsáveis técnicos de laboratórios de sementes para familiarizaremse com as novas normas. Os laboratórios somente permanecerão credenciados se tiverem pessoal devidamente treinado. Maio 2000
Cultivar • III
Soja
cultivares
No lugar certo
Quando falamos em classificação de cultivares de soja por grupos de maturação, pergunta-se logo porque não continuar com as denominações que utilizamos há vários anos, ou seja, cultivares de ciclo precoces, médias e tardias
A
resposta reside em que estas denominações nos dizem muito pouco. Quando alguém diz que uma cultivar é tardia significa apenas que naquele determinado local de cultivo, este material tem um ciclo mais longo que um de ciclo médio. Mas este mais longo traduz-se por alguns dias ou por semanas? Portanto, a necessidade de informações mais precisas que determinem o ciclo de uma variedade são primordiais para um planejamento adequado de plantio e colheita. Mudanças de região Não está muito longe (1996) um fato extremamente curioso que ocorreu em um dia de campo em Goiás, quando do lançamento da variedade FT-2000, denominada precoce naquele Estado. Um agricultor do RS, que possuía fazenda nos dois Estados, se encantou com a possibilidade de cultivar no RS um material precoce, podendo plantála bem no cedo, por ser de hábito de crescimento indeterminado. Comprou uma quantidade de sementes e enviouas ao RS. Plantou e, após mais de 130 dias de ciclo, ligou para a empresa, afirmando que haviam enviado outra variedade, pois ainda continuava verde. FT-2000 é classificada no grupo de maturação 7.8. Seguindo a orientação do mapa de indicações esse agricultor não cometeria o erro. Casos como este aconteciam com freqüência, levando à mudança de terminologia, para transmitir uma informação mais segura e precisa aos produtores. Outra grande variação que ocorre é que, em algumas regiões, a denominação precoce varia de 95 a 105 dias de ciclo (Lucas R. Verde, MT). Já em ou-
tras regiões esta mesma classificação varia de 105 a 115 dias (JaboticabalSP). Portanto, estamos repletos de respostas para esta possível indagação. Motivos da padronização Esses motivos, mais o fato de todos os países onde se cultiva soja já terem adotado esta classificação - a Monsanto a usa mundialmente - nos levaram a utilizar esta nova denominação. Podemos dizer que os grandes benefícios
deste novo sistema são a padrozinação da informação e a segurança. O sistema de classificação de soja por grupos de maturação varia de zero a 10, ou seja, quanto maior é o seu número, mais próximo ao Equador será sua região de adaptação. Como podemos ver no mapa, no Brasil os grupos indicados variam de 5.5 a 10. Para exemplificar, uma variedade 8.9 tem um ciclo mais longo que uma 8.7, e assim sucessivamente. Podemos dizer, que de forma geral, para cada número
GRUPOS DE MATURAÇÃO DE SOJA
Sanidade
tratamento
Cultivar
Adilson explica a nova classificação
toperíodo, variando de acordo com a quantidade de horas/luz a que é exposta. Quanto mais perto do Equador, na primavera e verão, a quantidade de horas/luz é menor em relação às regiões mais ao sul. Para a planta de soja, quanto menor a quantidade de luminosidade que ela recebe, mais rapidamente entrará na fase reprodutiva (florescimento), encurtando assim seu ciclo e reduzindo a altura das plantas. Então, ao localizarmos uma cultivar de grupo de maturação 9.0 no sul do Brasil, este material alongará seu ciclo de forma a comprometer totalmente sua produtividade. Existem exceções Existem algumas exceções, normalmente em materiais com hábito de crescimento indeterminado, como é o caso da M-SOY 6101, indicada desde o RS até o GO. Essas cultivares, por apresentarem simultaneamente sua fase vegetativa (crescimento) e reprodutiva (florescimento), têm porte mais elevado, permitindo uma grande amplitude de
cultivo. As de hábito de crescimento determinado (fase vegetativa distinta da reprodutiva) têm suas regiões de adaptação mais restritas. Para amenizar este problema, pode-se utilizar cultivares com período juvenil mais longo, alongando sua fase vegetativa, gerando porte mais elevado. A Monsoy passou a adotar a partir da safra 98/99 esta classificação internacional. Com base em resultados experimentais em todas as regiões brasileiras de cultivo de soja, e com critério comparativo, enquadrou-se todo o germoplasma nesta nova definição. Após a sigla M-SOY, os dois primeiros números significam o seu grupo, e os dois seguintes somente as diferenciam umas das outras. Percebemos que em pouco tempo de utilização, a grande maioria dos produtores que participam de nossos dias de campo, já assimilaram esta nova metodologia, utilizando-as em seu planejamento de safra, demonstrando, assim, o sucesso da iniciativa. Adilson Penariol, Monsanto
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depois do ponto que aumentamos, teremos de 1,5 a 2,0 dias a mais de ciclo. Cada grupo de maturação se ajusta melhor em determinada faixa de latitude, em função de sua resposta ao fo-
Tratá-las ou não?
Face à crescente necessidade de aumentarmos a produtividade e a rentabilidade de nossa agricultura, a qualidade das sementes e sua proteção contra doenças e pragas tornaram-se um dos fatores mais importantes na implantação de uma lavoura
O
tratamento consiste na aplicação de fungicidas e/ou inseticidas sobre a superfície das sementes, visando não só controlar os patógenos durante o armazenamento, mas igualmente protegê-las durante a germinação. É justamente no período compreendido entre a germinação e a emergência que as
plantas se encontram na fase mais frágil, estando expostas a um ambiente extremamente favorável ao ataque de doenças de solo e de pragas. Para o agricultor a fase da germinação é um momento de grande expectativa, uma vez que o futuro da colheita é dependente do arranque inicial da lavou-
ra. Com a utilização intensiva do solo para o cultivo tem ocorrido o aumento de doenças na germinação e o aparecimento de pragas iniciais. Mesmo utilizando sementes com boa germinação e vigor, uma proteção fitossanitária via tratamento de sementes se faz necessária para que se possa obter o número de plantas recomendado por hectare. Proteção de plantas Com quantidades relativamente pequenas de ingredientes ativos, pode-se proteger de forma eficiente as plântulas em germinação contra doenças e insetos nocivos, tanto na região das folhas quanto na das raízes, economizando-se, assim, nas aplicações foliares logo após a emergência. Envolvendo-se uma menor área com defensivos, reduz-se consideravelmente a probabilidade de afetar negativamente o ecossistema. Com a aplicação de pequenas doses,
Menos sementes No Brasil, a quantidade de sementes empregada por área nas grandes culturas tem diminuído ano a ano. Por exemplo: na soja, há quatro anos, se empregavam 80 kg de sementes por hectare, atualmente temos regiões utilizando somente 50 kg de sementes. O mesmo ocorreu no algodão, em que hoje 14 kg de sementes são suficientes para formar um hectare de lavoura. Há cinco anos, a maioria dos cotonicultores ainda utilizava 30kg por hectare. Este avanço é resultado da pesquisa e dos investimentos do setor sementeiro para o aumento do valor cultural das sementes. Também contribuíram as pesquisas realizadas nas regiões para a determinação do estande ideal para cada cultivar. Os agricultores, por sua vez, têm investido em plantadeiras mais precisas e na melhoria do manejo do solo. Acompanhando o desenvolvimento de nossa agricultura, pode-se observar o aumento do uso de sementes tratadas. Os dados do mercado de defensivos brasileiro sinalizam ao final de cada ano a crescente utilização de fungicidas e inseticidas no tratamento de sementes. Atualmente, o índice de tratamento de sementes de soja é de 90%, de algodão é de 100% e de milho 70 %. Proteção inicial O período de proteção no campo, após a semeadura, em decorrência da
Proteção das plantas via Tratamento de Sementes Área tratada
Vantagens
Tratamento de sementes = 55 m²
Menor área tratada Curativo / Preventivo Menor quantidade de Ingrediente Ativo/Área Maior eficiência Aplicação de Menor custo
granulados no sulco de plantio = 500 m²
Pulverização foliar = 10.000 m²
Qualidade do TS x Residual Fungicidas
Proteção adequada
Proteção deficiente
aplicação de defensivos sobre as semen- dado pela pesquisa oficial. Sob o aspectes, é denominado residual do tratamento to qualidade, podemos citar a dose de de sementes, durante o qual o produto ingrediente ativo por sementes, a distriaplicado confere proteção suficiente à buição e a aderência dos produtos sobre planta em formação para que mantenha as mesmas e a plantabilidade das semenos fungos e insetos, para os quais foi exe- tes após o tratamento. A dose correta por semente é de suma cutado o tratamento, abaixo de um deimportância para obtermos os melhores terminado nível de controle. O período residual depende da inte- resultados no controle dos patógenos e ração de vários fatores relacionados às evitarmos uma sobreposição de dosagens. Para entendermos mepróprias sementes, lhor a importância da qualiaos produtos fitosdade no tratamento, veja-se o sanitários empreNo Brasil, a exemplo no quadro com as gados, à qualidade quantidade de da aplicação e ao sementes usada em duas plantas de soja, no qual foi aplicado um fungicida someio ambiente de grandes culturas bre sementes de soja para o armazenamento e está diminuindo controle de doenças que imda lavoura. Todos pedem uma germinação sadia os fatores acima e uniforme. descritos devem No exemplo, temos sementes com a ser levados em consideração quando pladose correta de fungicida (azul escuro) e nejamos o tratamento de sementes. (azul claro) as sementes que não receberam a dose recomendada. Importância Com a distribuição imperfeita dos da qualidade A qualidade do tratamento é primor- produtos sobre as sementes, as plantas dial para obtermos o estande recomen- com pouco fungicida apresentarão um
tes em germinação so- sementes e com a mínima variação de frem com o estresse dose de ingrediente ativo de semente hídrico e ficam mais para semente. suscetíveis à ação dos Máquinas fungos. Nesta situaadequadas ção, o resultado do Para atender o mercado, e visando a tratamento de sementes com fungicidas é qualidade das aplicações, a Bayer S.A. visível quando se Proteção das Plantas vem implementancomparam as áreas do o TSI - Tratamento de Sementes Intratadas com as não dustrial - em parceria com os produtores de sementes. Trata-se de um progratratadas. Numa lavoura for- ma desenvolvido pela área Proteção das mada com sementes Plantas com o objetivo de desenvolver em que a distribuição novas tecnologias de tratamento de sedos fungicidas não é mentes para o setor sementeiro brasileihomogênea sobre a ro, viabilizando o tratamento antecipasuperfície das semen- do das sementes, com qualidade e protes ou a dose aplica- fissionalismo. Para os agricultores a aquisição de da varia entre as sementes, teremos sementes de alta qualidade associadas a plantas que não irão um tratamento executado de forma prose estabelecer sob fissional é um fator primordial, pois recondições desfavorá- presenta economia de tempo, de mãoveis, diminuindo o es- de-obra, de sacaria e de sementes. A meta tande final e deixan- final dos agricultores com a utilização Johann recomenda o tratamento de sementes do espaços nas linhas de sementes com o sistema é obter no facilitando o desen- campo o estande ideal recomendado volvimento das ervas para cada cultura e variedade, e assim daninhas. Muitas ve- aumentar a produtividade e rentabilidazes, sob condições cli- de. baixo residual protetivo. Encontrando- máticas desfavoráveis, como excesso ou Para os produtores de sementes, além se desprotegidas, são rapidamente infes- falta de chuvas após o de atender a uma netadas pelos fungos fitopatógenos, prin- plantio, o tratamento de cessidade dos agriculcipalmente se as condições ambientais sementes é fator determitores, e agregar valor à A qualidade do forem desfavoráveis à germinação. Estas nante para evitar o resemente, o TSI permitratamento é plantas acabam morrendo ou formam plantio. importante para te desenvolver uma garantir o estande plantas sem potencial produtivo. proteção específica Para atingir os objetiideal para cada variedade e vos do tratamento de seVantagens também diferenciar a mentes, é importante codo tratamento nhecer bem todos os famarca de suas semenEm virtude das extensas áreas de cul- tores descritos e profissionalizar as apli- tes neste mercado altamente competititivo e do curto tempo disponível pelo cações, sobretudo em grandes instala- vo. agricultor na época de plantio, é comum ções, com equipamentos especializados que ocorra um período de seca logo após que permitam distribuir os defensivos de Johann Wilhelm Reichenbach, a semeadura. Neste momento, as semen- forma homogênea sobre a superfície das Bayer Cultivar
e com bons resultados, o tratamento de sementes é também uma medida de proteção das plantas com boa relação entre custo e benefício. Comparando-se os custos, o tratamento de sementes é relativamente barato, não participando em mais de 4% do total dos custos de implantação da lavoura. Por exemplo, na cultura da soja, em que as sementes são tratadas com uma mistura de dois fungicidas, um sistêmico e outro de contato, o custo do tratamento não chega a 1% do custo total de implantação da lavoura. Neste mesmo exemplo, o custo das sementes corresponde a 6% dos custos totais. Em resumo, tratar as sementes é realmente uma medida de proteção preventiva e compensadora.
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Mercado
Biotecnologia
sementes
atualidades
Oportunidades para crescer C
alcula-se que o valor do consumo de sementes em todo o mundo já ultrapasse os US$ 50 bilhões, embora o mercado registre a comercialização de US$ 30 bilhões. O restante representa, portanto, a extensão do que ainda pode crescer o setor de produção, pois a demanda é preenchida pelo uso de grãos como sementes. E esse imenso mercado potencial é que está em disputa. O Brasil, cujo setor sementeiro está em pleno desenvolvimento, tem amplas possibilidades de abocanhar parte
importante desse total. Essa, em síntese, a mensagem do francês Bernard Le Buanec, secretário geral da Federação Internacional do Comércio de Sementes, sigla FIS, em francês, com sede na Suíça. Atualmente os Estados Unidos ocupam a primeira posição, com US$ 4,5 bilhões vendidos a cada ano, enquanto toda a União Européia consome US$ 5.48 bilhões. A China representa mercado de US$ 2,5 bilhões, o mesmo que o Japão. O Brasil já está entre os primeiros, com US$ 1,2 bilhão em sementes vendidos anualmente, bem acima da Argentina, com US$ 750 milhões. Entre os europeus, a França tem o maior mercado, que envolve US$ 1,5 bilhão. A Alemanha consome US$ 1 bilhão, a Itália US$ 0,65, Reino Unido US$ 0,67 e Espanha US$ 0,45, entre os principais. Crescimento do mercado Em termos de volume, afirmou, o mercado de sementes tem relativa estabilidade nos países desenvolvidos, porém cresce muito nos mais pobres. O que aumenta a importância das transações é o valor agregado com melhoramento das cultivares e o tratamento preventivo de doenças. Le Buanec lembrou que o setor atingiu o atual estágio depois de um extraordinário crescimento após os anos 70. Coincidiu com a globalização da economia, mas também resulta de algumas necessidades específicas do setor sementeiro, como a necessidade de reduzir os riscos de produção em uma atividade que depende das condições climáticas. Em 1970, o mercado internacional de sementes registrou vendas de US$ 860 mi-
Rotulados na Europa
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Mercado internacional oferece boas perspectivas a sementeiros do Brasil
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O
Le Buanec acredita no potencial do Brasil
lhões, e US$ 3.6 bilhões em 1998, ou 418% a mais. As principais culturas envolvidas: milho, forrageiras, batatas, beterraba e trigo. Os Estados Unidos são o principal país exportador, com US$ 700 milhões vendidos por ano, seguidos pela Holanda (US$ 620 milhões), França (US$ 532 milhões). O Brasil tem um dos maiores potenciais para explorar esse grande mercado, na opinião de Le Buanec. Hoje vendemos apenas US$ 62 milhões anualmente em sementes, quando a Argentina já está nos US$ 76 milhões e o Chile desponta com US$ 144 milhões. A ainda modesta posição brasileira se deve ao crescimento recente do país no setor. Tanto que, na sua opinião, os produtores de sementes brasileiros ainda não se habituaram a freqüentar eventos internacionais, onde poderiam aprender ainda mais. NP
s alimentos que tiverem mais de 1% de organismos transgênicos em sua composição, nos países da União Européia, deverão fazer constar essa informação no rótulo, segundo determinação que entrou em vigor no mês de abril, de acordo com a nova legislação aprovada em outubro passado pelo Comitê Permanente de Alimentos. O limite leva em conta a presença acidental de transgênicos nos alimentos convencionais, em razão de possíveis contaminações no transporte, por exemplo. Também entrou em vigor a obrigatoriedade de se declarar nos rótulos os aditivos e aromas que utilizem transgênicos, medida que afetará grande variedade de alimentos. Os organismos geneticamente modificados estão centralizando as atenções na Europa, onde verdadeira histeria domina o assunto. As indústrias temem os resultados da polêmica e na Câmara dos Deputados da União Européia mais de 30 emendas à posição comum do Conselho de Ministros estão em debate. Entre elas uma até mesmo proíbe o uso de genes resistentes a antibióticos para fins científicos, o que havia sido rechaçado pelos deputados. Não leva a nada Apesar da discussão e das normas votadas, poucos acreditam no resultado realmente prático das medidas. A necessidade de se implantarem sistemas de separação da matéria-prima, nos processos industriais, inviabiliza os processos pelos altos custos operacionais. A população, embora acompanhe com imenso interesse os debates e se mostre favorável aos alimentos convencionais, não está disposta a arcar com as novas despesas. Um estudo científico encomendado pela Comissão Européia, por exemplo, mostrou que em muitos casos não há como aplicar a legislação. E certos alimentos, originados de processos industriais capazes de apagar todos os traços detectáveis de DNA ou de pro-
teínas transgênicas, não poderão ser controlados. O caso dos óleos refinados é o melhor exemplo. A guerra comercial Mas o maior problema está mesmo na possibilidade de retaliação comercial de parte dos Estados Unidos, o maior produtor de transgênicos e portanto interessado na sua venda. Criar problemas para a entrada de sua soja ou milho corresponderá a uma declaração de guerra comercial, luxo que a Europa não pode se permitir. E nos Estados Unidos o Congresso tomou posição a favor dos produtos geneticamente modificados, com a sua Comissão de Ciência declarando não haver diferenças
significativas entre as plantas geneticamente modificadas e as convencionais, em termos de riscos à saúde. O relatório recomenda que as regulamentações do Departamento de Agricultura (USDA) devem se concentrar nas características da planta e não no processo usado para desenvolvê-la. Também a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos divulgou em abril um relatório declarando não haver riscos para a saúde de quem consome alimentos oriundos de produtos geneticamente modificados. Mais, ainda, o documento recomenda o cultivo de tais plantas por se tornarem resistentes a insetos, como o algodão, milho e soja, e para incrementar a biodiversidade. NP
Cultivar
atualidades
A
A hipocrisia nos transgênicos
publicação espanhola Argumentos Recombinantes Sobre Cultivos y Alimentos Transgénicos , editada pela Fundación 1º de Mayo, de Madrid, mostra como a progressão da área de cultivos transgênicos no mundo tem sido espetacular: de 200 mil hectares. em 1995, 2,8 milhões em 1996 e 14 milhões em 1997, saltou para 33 milhões em 1998. E mais: em 1999, foram comercializados em todo o mundo 50 variedades de plantas transgênicas. Afirmando que os cultivos transgênicos já estão em nossos campos e em nossos pratos, a publicação estima que entre 10.000 e 30.000 produtos que aparecem nas prateleiras dos supermercados europeus contêm soja. Entre outros, pode-se listar margarinas, cervejas, chocolates, alimentos infantis, estabilizantes, emulsionantes e produtos dietéticos. Acrescenta que em 1997, nos Estados Unidos, 60% dos queijos duros con-
tinham uma enzima recombinante denominada Chymogen, que vacas foram tratadas com somatropina bovina recombinante para aumentar a produção de leite e que hormônios de crescimento biotecnológicos foram utilizados na engorda de animais. Importação continua Apesar de toda campanha contrária ao cultivo e consumo de transgênicos, não se tem notícias de que os países europeus tenham reduzido suas importações de milho ou soja dos Estados Unidos, o que leva a supor que as rações utilizadas nos diversos tipos de exploração animal podem conter componentes transgênicos em suas composições, o que torna seus produtos derivados - carnes, ovos e leites também passíveis de conterem algum tipo de matéria transgênica. Essas e outras constatações, estão levan-
do os agricultores de alguns países europeus ao seguinte questionamento: Plantar transgênico NÃO PODE! Mas, comer... PODE?. Acreditamos que em 1999 tenham sido cultivados em todo o mundo cerca de 45 milhões de hectares com transgênicos, tendo como principais produtores os Estados Unidos. Atualmente, os principais cultivos agrícolas derivados de manipulação genética são a soja, o milho e o algodão. Estimase que 60% da área de soja e 25% da área de milho cultivados nos Estados Unidos sejam de transgênicos. Na Argentina os cultivos com soja e milho transgênicos, na última campanha agrícola, alcançaram 100% e 15% das áreas respectivas. Ora, como negar que com o processo de globalização reinante o consumidor brasileiro esteja imune aos transgênicos. A exemplo do que ocorre na Europa, as prateleiras dos supermercados brasileiros estão abarrotadas de produtos estrangeiros, entre eles
os de procedência argentina e americana, que utilizam soja e milho em suas composições.
Cultivar
Biotecnologia Transgênicos no Brasil Este ano o Brasil precisará importar aproximadamente 2,0 milhões de toneladas de milho, para atender suas necessidades de consumo. Os fornecedores tradicionais do Brasil são Argentina e Estados Unidos. Pelo que se conhece, esses dois países não costumam segregar suas commodities de exportação. Assim, caso essas importações venham a se confirmar, não haverá nenhuma garantia de que o produto adquirido esteja livre de transgênicos. No ano passado, a Abrasem Associação Brasileira dos Produtores de Sementes - denunciou na imprensa que no Estado do Rio Grande do Sul existiriam cerca de 1,0 milhão de hectares cultivados com sementes de soja transgênica contrabandeadas da Argentina, ao longo dos últimos anos. Se procede a denúncia, cerca de 40% da soja produzida naquele Estado, na safra atual, será geneticamente modificada. Em conseqüência, mais de um terço do óleo de soja teria sua origem em matéria-prima transgênica, isto se a colheita e o processamento dessa soja tiver ocorrido de forma segregada. Não ocorrendo tal segregação, como de fato não ocorreu, pode-se supor que a quase totalidade do óleo de soja gaúcho corre o risco de conter componentes modificados. Como as atuais técnicas de análises laboratoriais não conseguem identificar a presença do gen transgênico no óleo, o brasileiro dificilmente terá garantias de que o produto que estará consumindo seja um produto Em 1999 natural ou não.
Sanidade garantida
Para Manoel transgênicos são uma realidade
(de soja e de rações), seguramente, este ano, o brasileiro, ao lado do óleo de soja, estará consumindo ovos e carnes de frango e de suínos com componentes transgênicos. Outra reflexão bastante interessante é com relação ao trigo. Os tradicionais fornecedores de trigo para o Brasil (que hoje importa cerca de 75% das suas necessidades de consumo) são, ironicamente, os maiores produtores de transgênicos do mundo, ou seja, os Estados Unidos, a Argentina e o Canadá. Sabendo-se que as pesquisas biotecnológicas, como vimos anteriormente, avançam numa escalada geométrica, é de se supor que haverá um crescimento acelerado da área cultivada com trigo transgênico nos próximos anos, o que levaria, invariforam avelmente, o pãozinho noscultivados 45 so de cada dia a ser, logo, Rações milhões de logo, um produto 100% também hectares com transgênico, a não ser que Esse raciocínio é válitransgênicos o Brasil consiga, num curdo também para as indústíssimo prazo, atingir a trias avícola e suína, granauto-suficiência na produdes consumidoras de fareção de trigo. lo de soja (componente básico da indústria Assim, a exemplo do que ocorre na Eude rações). A única diferença entre o óleo e ropa, o Brasil também vive o seu paradoxo: as rações é que no farelo de soja é possível Plantar transgênico legalmente NÃO detectar-se a presença do gen transgênico. PODE! Mas, plantar ilegalmente e comer... Porém, caso não se tenha montado uma esPODE? trutura de fiscalização ampla, ágil e eficiente, capaz de exercer um controle efetivo na Manoel O. de Vasconcelos Neto, recepção das indústrias de processamento Consultor
Saiu nova norma moralizadora no comércio de sementes, que além de ajudar a proteger as espécies, poderá ter reflexos no combate ao contrabando. Trata-se da Portaria IN 6, do Ministério da Agricultura, que cria novas condições para a certificação sanitária de origem e a permissão de trânsito. Explicando melhor, a nova portaria proíbe totalmente o transporte de sementes, fora da mesa propriedade, sem o Certificado Fitossanitário de Origem, nos termos do artigo 2 parágrafo 4 da norma. A partir de agora, nem mesmo entre vizinhos poderá ser feita a transferência de material de propagação sem que o material esteja devidamente certificado e atestada a sua origem. Ao mesmo tempo em que traz reforço aos direitos dos obtentores e de quem efetua a multiplicação, impedindo a ação de terceiros não qualificados no processo, a portaria é um forte auxiliar na prevenção de doenças, por desfavorecer contágio com materiais desautorizados. Além disso, poderá auxiliar na identificação da origem de focos de patógenos.
Armazenamento O controle físico, químico e biológico de pragas de grãos armazenados, os inseticidas usados, bem como os resíduos destes nos grãos e nos seus subprodutos, e a resistência de pragas aos ingredientes ativos são tratados sob enfoque da técnica de manejo integrado de pragas. Esta, preconiza a análise integral da unidade armazenadora, visando a evitar perdas quantitativas e a manter a qualidade do produto final
Grãos em má companhia
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O
problema de pragas tem origem em diversos fatores, dentre os quais destacam-se a inadequada estrutura armazenadora composta, em sua maioria, por armazéns graneleiros de grande capacidade estática, com sistema deficiente ou inexistente de controle de temperatura e a ausência quase total de sistema de aeração. Assim, depois de limpos e secos, os grãos são colocados nesses armazéns, onde permanecem depositados até a retirada para consumo, sem haver o efetivo monitoramento da massa de grãos para verificar a temperatura, a umidade e a presença de insetos, situações que podem determinar perdas quantitativas e qualitativas. Além destes fatores, o que contribui para o agravamento do problema é a disponibilidade de poucos inseticidas registrados para controle das pragas de grãos armazenados, fator que dificulta a alternância de ingredientes ativos.
As pragas primárias As pragas primárias são as que atacam grãos inteiros e sadios e, dependendo da parte do grão que atacam, podem ser denominadas pragas primárias internas ou externas. As primárias internas perfuram grãos e penetram para completar seu desenvolvimento. Alimentam-se de todo o interior do grão e possibilitam a instalação de outros agentes de deterioração dos grãos. Exemplos dessas pragas são as espécies Rhyzopertha dominica, Sitophilus oryzae e S. zeamais. As pragas primárias externas destroem a parte exterior do grão (casca) e alimentam-se posteriormente da interna sem, no entanto, se desenvolver no interior do grão. Há destruição do grão apenas para fins de alimentação. Exemplo desta praga é a traça Plodia interpunctella. Lorini
pragas
Manejo é solução A solução para essa situação passa pela adoção do manejo integrado de pragas . Este, prevê que se esteja informado a respeito da situação da massa de grãos e da unidade armazenadora, da identificação de espécies e de populações de pragas ocorrentes, da associaAs pragas ção de medidas preventivas e curativas secundárias de controle das pragas, do conhecimenJá as pragas secundárias são as que to dos inseticidas recomendados e sua não conseguem atacar grãos inteiros, eficiência, da existência de resistência pois requerem a destruição ou quebra das pragas aos inseticidas em uso, da dos grãos para deles se alimentar. Essas análise econômica do pragas ocorrem na mascusto de controle e das sa de grãos quando esperdas a serem evitadas. tes estão trincados, queO melhoramento Da mesma forma, a adobrados ou mesmo daniambiental produz ção de rigoroso sistema ficados por pragas priresultados a de monitoramento das márias. Multiplicam-se curto prazo pragas, da temperatura rapidamente e causam e da umidade da massa grandes prejuízos. de grãos se faz necessáComo exemplo, citamrio. se as espécies CryptolesO conhecimento da espécie e do po- tes ferrugineus, Oryzaephilus surinatencial de destruição de cada praga são mensis e Tribolium castaneum. elementos importantes para definir o Há dois importantes grupos de pramanejo a ser implantado na unidade ar- gas que atacam o trigo armazenado: os mazenadora. Segundo este hábito, as besouros e traças. Nos besouros enconpragas podem ser classificadas em pri- tram-se as espécies: R. dominica, S. márias ou secundárias. oryzae, S. zeamais, C. ferrugineus, O. su-
Rhyzopertha dominica
rinamensis e T. castaneum. As espécies de traças mais importantes nos grãos são: Sitotroga cerealella, P. interpunctella, Ephestia kuehniella e E. elutella. Dentre estas pragas, R. dominica, S. oryzae, S. zeamais e S. cerealella, são economicamente mais importantes, e que justificam a maior parte das medidas de controle praticadas nas unidades armazenadoras. Besourinho dos cereais Os adultos R. dominica (Col., Bostrychidae) são besouros de 2,3 mm a 2,8 mm de comprimento, coloração castanho-escura, corpo cilíndrico e cabeça globular, normalmente escondida pelo protórax. A coloração das pupas varia de branca, inicialmente, a castanha, próximo à emergência dos adultos; possuem 3,9 mm de comprimento e 1,0 mm de largura do corpo, aproximadamente. As larvas são de coloração branca, com cabeça escura, e medem cerca de 2,8 mm quando completamente desenvolvidas. Os ovos são cilíndricos, embora variáveis na forma, inicialmente brancos e posteriormente rosados e opa-
Pesquisa
recomendações
Gorgulhos dos cereais Os gorgulhos dos cereais, S. oryzae e S. zeamais (Col., Curculionidae) , são espécies muito semelhantes em caracteres morfológicos e podem ser distinguidas
Tribolium castaneum
relativa. O ciclo de vida da praga é de, aproximadamente, 60 dias. A fêmea tem fecundidade média de até 250 ovos (Poy, 1991; Almeida & Poy, 1994) que depende da qualidade do alimento e das condições de temperatura e de umidade da massa de grãos. Como é uma praga primária interna possui elevado potencial de destruição dos grãos de trigo, sendo capaz de destruir de 5 a 6 vezes seu próprio peso em uma semana (Poy, 1991). É a principal praga de pós-colheita de trigo no Brasil, devido à alta densidade populacional e o grande potencial de causar prejuízos aos grãos. Destrói consideravelmente os grãos, deixando-os perfurados e com grande quantidade de resíduos na forma de farinha, decorrente do hábito alimentar. Tanto adultos como larvas cau-
Sitophilus zeamais
somente pelo estudo da genitália. Ambas podem ocorrer juntas na mesma massa de grãos, independentemente do tipo de grão. Os adultos são gorgulhos de 2,0 mm a 3,5 mm de comprimento, de coloração castanho-escura, com manchas mais claras nos élitros (asas superiores), visíveis logo após a emergência. Têm a cabeça projetada à frente, na forma de rostro curvado. Nos machos, o rostro é curto e grosso, e nas fêmeas, mais longo e afilado. As larvas são de coloração amarelo-clara, com a cabeça de cor marrom-escuro, e as pupas são brancas (Mound, 1989; Booth et al., 1990). O período de oviposição é de 104 dias, e o número médio de ovos por fêmea é de 282. A longevidade das fêmeas é de 140 dias. O período de incubação dos ovos oscila entre 3 e 6 dias, e o ciclo de ovo
até a emergência de adultos é de 34 dias (Lorini & Schneider, 1994). É uma praga primária interna de grande importância, pois pode apresentar infestação cruzada, ou seja, infestar grãos no campo e também no armazém. Tem elevado potencial de reprodução e muitos hospedeiros, como trigo, milho, arroz, cevada, triticale etc., e ataca a massa de grãos, nela penetrando. Tanto larvas como adultos são prejudiciais e atacam grãos inteiros. A postura é feita nos grãos; as larvas, após se desenvolverem no grão, saem deste para empupar e se transformarem em adultos. Os danos verificam-se na redução de peso e de qualidade do grão (Lorini & Schneider, 1994). Traça dos cereais Os adultos da traça dos cereais - S. cerealella (Lep., Gelechiidae) - são mariposas com 10 mm a 15 mm de envergadura e com 6 mm a 8 mm de comprimento. As asas anteriores são cor de palha, com franjas, e as posteriores mais claras, com franjas maiores. Os adultos vivem de 6 a 10 dias. Os ovos são colocados sobre os grãos, preferentemente naqueles quebrados e/ou fendidos. A fêmea pode ovipositar de 40 a 280 ovos, dependendo do substrato. Após a eclosão, as larvas penetram no grão, onde se alimentam e completam a fase larval, que se estende por, aproximadamente, 15 dias. As larvas podem atingir 6 mm de comprimento e são brancas com as mandíbulas escuras. A pupa varia de coloração desde branca, no início, a marrom-escuro, próximo à emergência do adulto. O período de ovo a adulto dura, em média, 30 dias (Lorini & Schneider, 1994). É uma praga primária que ataca grãos inteiros, porém afeta a superfície da massa de grãos. As larvas destroem o grão, o que altera o peso e a qualidade deste. Também ataca as farinhas, onde se desenvolve, causando deterioração de produto pronto para consumo.
Reforço contra as doenças Novos produtos ajudam triticultor a manter a sanidade das plantas
F
oi apresentado pela Fepagro o resultado dos ensaios cooperativos da última safra (1999) com 10 tratamentos, onde todos eles controlaram de forma eficiente a ferrugem da folha (Puccinia recondita) e manchas foliares (Bipolaris sorokiniana) em relação à testemunha. Todos os tratamentos apresentaram um ganho no rendimento superior à testemunha ganho este que variou de 16 a 30%. Entre os produtos testados estava o Orius 250 CE, lançado durante o evento. A Embrapa Trigo também apresentou os resultados referentes aos ensaios cooperativos da safra de 1999 onde todos os tratamentos apresentaram ren-
Cultivar
sam danos aos grãos armazenados e possuem grande número de hospedeiros, como trigo, cevada, triticale, arroz e aveia. O milho não é hospedeiro preferencial. Adapta-se rapidamente às mais diversas condições climáticas e sobrevive mesmo em extremos de temperatura.
Fotos Lorini
cos, com 0,59 mm de comprimento e 0,2 mm de diâmetro (Potter, 1935). O período de incubação dos ovos, variável em função da temperatura, é de 15,5 dias a 26º C (Potter, 1935) e de 4,5 dias a 36 0 C (Birch & Snowball, 1945). A oviposição pode ocorrer em grupos de ovos ou em ovos isolados, em fendas ou rachaduras de grãos ou mesmo na própria massa de grãos (Poy, 1991). A duração do período larval é de, aproximadamente, 22 dias, o período pupal é de cinco dias e a longevidade dos adultos atinge 29 dias, a 30 0 C e 70 % de umidade
Irineu Lorini, Embrapa Trigo No próximo número
Medidas de controle. Inseticidas líquidos e uso de fumigantes
dimento superior à testemunha. Já o controle de doenças não foi conclusivo, pois ocorreram tardiamente e em baixos níveis de infecção. A mesma instituição também apresentou propostas determinação de resistência a giberela para classificação das cultivares. A UPF (Universidade de Passo Fundo) e a Fundacep propuseram modificações na tomada de decisão de aplicação de fungicidas baseado no limiar de dano econômico (LDE) que leva em conta fatores como o custo da aplicação, preço da tonelada do trigo, e outros. Foram definidas equações para as doenças levando-se em conta o grau de suscetibilidade dos cultivares, baseado nos dados de pesquisa apresentados. Foi aprovada a inclusão do fungicida ORIUS 250 CE (tebuconazole 250 g/L) da empresa Milenia Agro Ciêncais S.A., baseada nos resultados de pesquisas apresentados, pela subcomissão de fitopatologia nas recomendações, para o controle de oídio e ferrugem na dose de 0,5L/ha e para manchas foliares e giberela na dose 0,6 L/ha. Foi aprovada pela subcomissão de fitopatologia a recomendação do fungicida Tilt, da empresa Novartis, para o controle de giberela na dose de 0,75 L/ ha. As instituições que realizarão os próximos ensaios cooperativos serão a Embrapa Trigo. Fepagro. Fundacep e UFMS. Alexander G. Prade, Milenia
Alexandre diz quais produtos foram recomendados
Formigas
Evitando prejuízos O controle de formigas, na hora certa e da forma adequada, dá maior tranqüilidade ao produtor
O
acompanhamento de lavouras comerciais de soja, no Município de Santa Maria (RS), no período 1985/95, teve significativa importância para os segmentos envolvidos na atividade. O trabalho possibilitou a obtenção de dados sobre o potencial de danos de formigas cortadeiras na cultura, métodos de controle mais eficientes e valores dos prejuízos. Isso foi possível através da observação visual, coleta de amostras de formigas, demarcação de áreas atacadas e não atacadas e acompanhamento das atividades de controle de formigueiros pelos proprietários das culturas. O número de sauveiros variou de lavoura para lavoura, e de safra para safra. Foram estudados 131 deles, descritos na Tabela. A grande maioria dos sauveiros descritos como pequenos, era de formigueiros amuados em decorrência do uso de baixas doses de formicidas em pó - de 20 a 30 g - em alguns olheiros, e ficavam paralisados por períodos de 15 a 40 dias, quando retornavam à atividade. Mais de 35% dos sauveiros estavam localizados na periferia das lavouras, em distâncias variando entre 2 e 150
Lavoura de soja atacada por formigas: note-se o desfolhamento na parte central
metros da borda. O ataque começava quando a soja estava na fase de três folhas trifoliadas, e prolongava-se até a colheita. Em duas ocasiões constatou-se operárias carregando resíduos da colheita para dentro do formigueiro. O ataque durante a fase inicial de desenvolvimento da soja, emergência até a terceira folha trifoliada, foi feito por cerca de 30% dos sauveiros (Tabela). Todos os sauveiros que atacaram a cultura, no início de desenvolvimento, estavam instalados dentro da área de cultivo. Ressalte-se que durante o acompanhamento, era a única vegeta-
ção verde ao redor deles. Assim, esta seria a causa mais provável do dano causado pelos formigueiros. O formigueiro pequeno, que causou uma área limpa de 60m2 , tinha apenas 20m2 de sede aparente e não estava amuado, por não ter sido combatido anteriormente. Todos os formigueiros forragearam a planta de soja durante as fases vegetativa e reprodutiva, de forma intermitente, com períodos de ataque variando de dois a três dias durante cada operação de desfolha, e quase sempre nos mesmos locais. Isto, tanto de parte dos
sauveiros existentes dentro das lavouras como dos outros, que estavam localizados na periferia delas. Estas áreas de forrageio variaram entre 5 e 7m2 e, no máximo, 15m2 por local e ocasião. O número de áreas forrageadas por sauveiro foi variável, mas sempre superior a cinco, e nunca todas elas ao mesmo tempo. Observou-se até três áreas distintas de forrageio por um sauveiro, por período de corte, o que causou uma redução média de 25% na altura e 15% no rendimento. O controle dos sauveiros foi realizado em todas as lavouras, conforme Tabela. O melhor controle, superior a 80%, foi obtido com o uso de iscas contendo Sulfluramida ou Fipronil, após demonstração correta da sua aplicação, e com distribuição antes ou logo após a semeadura. Constatou-se que alguns sauveiros, estabelecidos em pastagens nativas e onde se implantou lavoura de soja, rejeitaram as iscas aplicadas, por causas indeterminadas. Os gastos com formicidas, levantados junto aos agricultores, variaram de
Cultivar
Cultivar
controle
Sementes
Fim da pirataria
Dionísio explica como controlar as saúvas
safra para safra, e de acordo com a maior ou menor incidência de formigueiros de saúvas e de quenquéns. Os dados médios de gastos fornecidos pelos sojicultores - 5g/ha de iscas e de 2kg/ ha de formicida em pó - devem ser analisados com reservas. É que todas as despesas com formicidas na propriedade foram computadas no custo da lavoura de soja. O uso de iscas contaminadas, repasses mal conduzidos e doses insuficientes de formicidas em pó, amuaram os sauveiros de uma lavoura de 40ha, chegando a um custo de 120kg/ha de soja, equivalente a 12 kg/ha de isca mais 3kg/ha de formicida em pó. Conclui-se que as saúvas podem causar danos expressivas na cultura de soja e que o controle preventivo, através de iscas formicidas à base de Sulfluramida ou Fipronil, aplicadas de forma correta, é o mais eficaz. Além de reduzir os prejuízos do agricultor, o método apresenta custos compatíveis à lavoura de soja. Dionísio Link , Fábio M. Link e Henrique M .Link, UFSM
Quem acreditou que o Disque Denúncia da Braspov iria auxiliar na proteção dos direitos dos obtentores de novas cultivares estava certo. A campanha começa a apresentar resultados a partir da emissão dos primeiros três autos de infração no Paraná contra empresas que comercializavam sementes sem a autorização do obtentor. Foi no dia 13 de abril nos municípios de Londrina e Toledo que os fiscais do Ministério da Agricultura constaram as irregularidades e aplicaram multas nas empresas que vendiam sementes sem autorização dos detentores dos direitos sobre elas. Ã fiscalização comprovou ter ocorrido a infração prevista pelo artigo 37 da Lei de Proteção de Cultivares, que obriga a quem produzir, beneficiar ou embalar material propagativo a fazêlo apenas com a autorização do obtentor da cultivar protegida. Além desses três casos comprovados, há mais 12 denúncias sendo investigadas. Com esse sistema a Braspov inaugura canal de forte influência e em condições de auxiliar o setor de fiscalização do Ministério da Agricultura a controlar com maior eficiência a pirataria na área de venda de sementes.
B. Consulting
Defensivos
misturas
BRANDALIZZE consulting COLHEITA
Colheita no final. O que fazer com o dinheiro? Os produtores estão chegando ao final da colheita da safra de verão, e neste momento muitos se perguntam o que fazer com o dinheiro conseguido com a produção. Estamos em um momento em que o bom investimento é o primeiro passo para o sucesso futuro e assim temos que fazer a coisa certa. Nossa recomendação é para que os produtores usem os recursos para melhorar o seu nível de produtividade, buscando atingir a melhor tecnologia econômica, ou seja, aquela que lhe dá mais lucros. Assim também apontamos que maio normalmente é um dos melhores meses para se fechar bons negócios com os insumos.
MILHO Safrinha prejudicada pela seca dá fôlego aos indicativos O mercado do milho no mês de abril teve seus primeiros momentos de crescimento positivo, com ganhos de 3 a 5%. As principais lavouras da safrinha do Paraná, MS e São Paulo foram prejudicadas pela falta de água. Em alguns lugares houve três semanas sem chover. Assim, recomendamos que fiquem de olho no clima, que em maio terá grande influência sobre as cotações do milho. Poderemos ter crescimento nos indicativos nas próximas semanas. A safra brasileira vai caminhando para os 32 milhões de T, contra o consumo de 35/36 milhões. Portanto, continuamos com um grande buraco no abastecimento.
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• Cultivar
Maio 2000
Irineu Rodrigues Filho
SOJA Clima nos EUA define rumos O mês de abril passou com a soja em patamares estabilizados, sustentados pelo clima americano, que teve muitas previsões de chuvas e poucas confirmações. Seguimos no mercado de clima, que agora, no momento do plantio americano, deverá crescer de importância. Os embarcadores brasileiros estavam reclamando do baixo volume dos negócios e porque grande parte dos produtores está segurando a soja, apostando em alta mais à frente. Notamos redução nas distantes, entre as cotações mais baixas e mais altas do Brasil, que atualmente variam dos US$ 8,00 aos US$ 10,00, contra os US$ 6,00 e US$ 9,00 praticados no mesmo período do ano passado.
ARROZ Opções disputadas a preço de ouro O mercado do arroz neste último mês teve nas opções a melhor garantia de cotação para o segundo semestre. Com os produtores realizando algumas posições de EGF para conseguir custear as despesas de curto prazo e junto buscando as opções de venda do Governo, que lhe garante indicativos de R$ 13,00 aos R$ 15,00 em agosto. Os produtores tiveram que pagar de R$ 0,50 a R$ 0,90 por saca de opção. Os orizicultores do Mato Grosso estavam reclamando junto ao governo pelos AGFs, o que atenderia ao crescimento da oferta do Maravilha e Cirad, que entrou em abril. Continua com poucas chances de crescimento significativo em maio. O varejo vem reclamando de queda na demanda e que o macarrão está mais competitivo que o arroz, complicando a vida das indústrias arrozeiras. A safra esta chegando ao final da colheita e vai mostrando números ao redor dos 11,2/11,5 milhões de T.
Mistura de tanque CURTAS E BOAS ... SOJA - O USDA aumentou a estimativa da safra da Argentina para 21 milhões de T, contra as 20 anteriormente apontada. Os produtores locais acham que não chegará as 20,5 milhões de T. FRETES - Tivemos uma disparada, passando dos R$ 20,00 por T para 500 km no começo de março, para os R$ 40,00/45,00 no final de abril. A concentração da colheita deu fôlego aos transportadores, que neste ano estão com ganhos reais de 20 a 25% sobre o mesmo período do ano passado. Quem paga o pato continua sendo o produtor.
TRIGO - Os primeiros indicativos apontam que o Paraná pode perder plantio nesta safra para o milho, com 800 mil ha, contra expectativas de 850 mil, enquanto no Rio Grande do Sul os produtores seguem animados e podem crescer mais uns 100 mil ha, passando para casa dos 400 mil ha. Teremos mais um ano com rentabilidade para o setor. TRANSGÊNICOS -
No mês passado na região do Taim no RS, foram colhidos os primeiros experimentos de arroz transgênico, com grande polêmica contra e a favor da tecnologia. Por enquanto o plantio está liberado somente ALGODÃO - Os pro- para pesquisas. dutores continuam satisfeitos com a safra, que mostra melhor ARGENTINA - A rentabilidade que a soja Assim produção local do milho ainvai dando fôlego para novo da está em colheita e mostra aumento de área, que já tem in- números ao redor dos 15 midicativos de chegar a 900 mil lhões de T, contra expectativas hectares no próximo plantio, de 15,5 do USDA e das 14 dos contra os 790 mil atuais. produtores.
e-mail: brandalizze@uol.com.br FEIJÃO Tentando ajustes em maio O feijão teve fraco desempenho em abril, quando o governo entrou comprando para
dar suporte aos indicativos. Neste mês de maio, com menos ofertas, poderemos ver pequenos ajustes nos indicativos, podendo flutuar entre R$ 3,00 e R$ 6,00 melhor que abril.
Novamente, política prejudica o produtor A
s misturas de produtos agroquímicos, ou misturas de tanque, aprovadas e usadas internacionalmente, e um dos recursos extremos para controle de herbicidas, estão ameaçadas no Brasil. Pior, ainda, o assunto está entrando na esfera judicial, com o Ministério Público investigando as autorizações concedidas para algumas misturas. A grande bronca: o Ibama foi deixado de lado na concessão de permissões para as cerca de 40 misturas oficializadas no país e denunciou o fato ao Ministério Público, que agora investiga o assunto. As permissões, baseadas na Portaria nº 67 do Ministério da Agricultura, não foram examinadas pelo Ibama nem pelo Ministério da Saúde, gerando a confusão. O ponto crítico de toda a discussão é que alguns técnicos do Ibama acreditam que o registro de uma mistura deve ser antecedido de todos os estudos como os de um produto novo. Esse sistema, extremamente caro, dificultaria a operação. Além disso, não está explicado em que diluição seria efetuada a análise, pois diferentes quantidades de água demandariam outros tantos exames. Na opinião do Ministério da Saúde, o resultado da mistura seria um terceiro produto, que teria de ser analisado. Também não se explica como funcionaria a análise. A questão está sendo tratada por esses técnicos pelo estrito ponto de vista legal.
De outro lado, há grande pressão da parte dos agricultores, que se valem das misturas principalmente para combater plantas daninhas, que cada vez mais se tornam resistentes aos herbicidas. A mistura tem sido uma das alternativas finais para controlar as invasoras que desenvolveram resistência. E também delas já começam a se valer os produtores onde se constata resistência de insetos a alguns inseticidas. O processo, no campo, é muito comum e já há numerosos estudos a respeito. No ano passado, artigo publicado no mês de outubro pela Cultivar gerou, em apenas uma semana, 378 pedidos de informações mais detalhadas sobre os efeitos de experiência com um herbicida na cultura de algodão. Os adversários das misturas informam que elas podem apresentar algum tipo de incompatibilidade física ou química devido a diferentes características dos produtos (tipos de formulações). Quando isso ocorre os resultados ficam abaixo do esperado e os agricultores sofrem prejuízos. Problemas ambientais Uma das principais razões que embasam a denúncia do Ibama ao Ministério Público, no entanto, é a possibilidade de riscos ambientais que surge com o uso de misturas, pois não se realizaram os estudos prévios. E a Lei
7.802/89 determina que os agrotóxicos, seus componentes e produtos afins só poderão ser produzidos e comercializados depois de submetidos a testes pelo Ministério da Agricultura, Ibama e Agência de Vigilância Sanitária. Essa preocupação decorre, segundo os procuradores do Ibama, da preocupação com alguns produtos que, quando misturados ou diluídos com outros componentes, podem provocar graves prejuízos ao meio ambiente, trabalhadores e animais. O Ministério da Agricultura ainda não se pronunciou sobre o assunto, nem sobre os pedids de cancelamento dos registros já concedidos para algumas misturas. Mas já se sabe que o tema vem sendo motivo de sério conflito entre os três órgãos públicos envolvidos, iniciado desde o primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. As reclamações começaram com o ex-ministro do Meio Ambiente Gustavo Krause e seguiram com seu sucessor, José Sarney Filho. Não há notícias, também, de que algum órgão envolvido tenha ouvido representantes dos agricultores. No ano passado, em simpósio sobre resistência de plantas daninhas, realizado em Ponta Grossa, Paraná, a liberação das misturas era a principal reivindicação dos produtores, que exerceram forte pressão sobre os representantes do Ministério da Agricultura para ampliar as concessões. NP
Congresso
Defensivos genéricos
entomologia
AENDA
Um salão fotográfico com fotos de insetos lagartas, borboletas... - é uma das atrações da XXI edição do Congresso Internacional de Entomologia, de 20 a 26 de agosto no Centro de Convenções de Foz de Iguaçu
Grandes atrações A
s três melhores fotografias, seleci tomológica do Brasil e da Embrapa, com onadas pelo Comitê Organizador, apoio do Conselho Nacional de Pesquisas, receberão prêmios de US$ 1 mil, US$ da Coordenação de Pessoal de Nível Su500,00 e US$ 250,00, respectivamente. As perior e da Financiadora de Estudos e Prooutras seis, incluídas na seleção, recebe- jetos, será realizada no Centro de Convenrão menção honrosa com certificados. Pa- ções e nos Hotéis Bourbon, Mabu Foz e ralelamente, ocorrerá exposição de inse- Carimã. Como o evento acontecerá em tos de espécimes raras, curiosidades ento- vários pontos, ônibus transportarão os parmológicas e os insetos mais importantes do ticipantes de um local para o outro, para facilitar os deslocamentos, que deverão ser Brasil. Até o dia 20 de abril o número de ins- constantes. O mesmo sistema de transporcrições era de 2.900, predominando ento- te foi adotado para conduzir os entomolomologistas que vêm dos EUA, Japão e Aus- gistas ao Centro de Convenções, onde acontecerá o evento trália, e o total de países repreprincipal, e do aerosentados já ultrapassava 70, inporto para os hotéis, cluindo-se pequenos países do Até o dia 20 de e vice-versa. Todas continente africano. É surpreabril o número de as despesas com o endente, comentou o coordeinscrições era de transporte estão innador de eventos da PJ Even2900, principalmente cluídas no preço da tos Feiras & Congressos, José estrangeiros inscrição. No final, Roberto Kfuri, que calcula em as pessoas receberão 5 mil o número total de inscrium livro com resutos. Segundo ele, as inscrições mos dos trabalhos e devem aumentar perto do final do mês de julho. Muita gente, e isso um CD room com o mesmo conteúdo, além não é exclusividade do brasileiro, diz, dei- de serem brindadas com um passeio às xa para se inscrever na última hora. Prefe- mundialmente famosas Cataratas de Iguarem pagar mais caro, mas perto da data- çu. Os inscritos terão acesso a todos os limite do encerramento das inscrições. A eventos, incluindo a demonstração de softítulo de comparação, pode-se apontar os tware entomológico. A cerimônia de aber3.206 entomologistas que participaram do tura ocorrerá na noite do dia 20 de agosto, congresso anterior, realizado na cidade de com coquetel e jantar. Até o dia 30 de junho, o valor da insFirenza, Itália. A promoção, que é da Sociedade En- crição será de US$ 450,00, e os estudantes
pagarão US$ 350,00. Após, haverá acréscimo, passando de US$ 450,00 para US$ 550,00. Estudantes desembolsarão US$ 450,00. Porém, os entomologistas brasileiros foram beneficiados com uma paridade, ou seja, pagarão valores inferiores à cotação do dólar quando forem fazer a inscrição. Os interessados podem inscrever-se na PJ Eventos, à rua José Risseto, 1023 - Sta. Felicidade, Curitiba-Paraná-Brasil, CEP (ZIP) 82 015-010, fone/fax 55 41 372 1177, e-mail: pjeventos@pjeventos.com.br. O Congresso Internacional de Entomologia, que está por completar um século de existência, será presidido este ano por Décio Luiz Gazzoni. Está composto de 24 sessões simultâneas, com 274 simpósios e 18 conferênciass plenárias. Os objetivos do Congresso, um dos mais importantes eventos científicos em âmbito mundial, são congregar os mais destacados cientistas do Brasil e de todos os países. Reunidos, fortalecem e atualizam a troca de informações relacionadas aos avanços na área entomológica. Um outro objetivo é aproximar grupos de pesquisadores dos diferentes países para a condução de estudos e investigações conjuntas, com o propósito de aumentar o bem-estar social da humanidade, a redução de custos e o incremento da produtividade no setor agropecuário. Além disso, visa à melhoria das condições sanitárias das populações em âmbito mundial.
Governo contra a concorrência A
carta abaixo é emblemática. Mostra a situação vexatória a que a indústria genuinamente nacional foi levada, por conta de portarias injustas e exigências abusivas sem paralelo no mundo para os produtos genéricos. À GERÊNCIA DE ANÁLISE TOXICOLÓGICA MINISTÉRIO DA SAÚDE Ref.:EXIGÊNCIAS DOS PRODUTOS: MAYRAN TÉC., MAYRAN 500 SC, MAYRAN, E VETRAN
Prezado senhor, Nossa empresa é de origem brasileira e uma das poucas que fabrica seu próprio princípio ativo para atender o ramo agrícola. Trata-se do THIRAN, um fungicida, que fornecemos para tratadores de sementes sob as marcas MAYRAN e VETRAN. Estamos há muito tempo tentando registrar o produto MAYRAN SC (mais moderno porque é isento de pó) para tratamento de sementes e também adequar o mesmo produto pó molhável na nova legislação (o existente atualmente no mercado é importado em grau técnico e formulado). Ao longo dos anos estamos fazendo e pagando testes de custo muito elevado para o tamanho do nosso faturamento, isso tudo, no intuito de atender às exigências do IBAMA. Finalmente, terminamos agora em fins de 1999. Sofremos vários revezes pelo caminho pois a legislação ambiental mudou várias vezes, mas sempre se preservou a data de entrada do produto e seu protocolo, para que não tivéssemos mudanças nas regras, o que prejudicaria- e muito- a empresa. Após termos recebido vosso ofício no qual constam as últimas exigências, ficamos estarrecidos pois não foram estas as regras impostas pelo Ministério da Saúde quando demos entrada nos nossos processos de renovação e de registro. Ao consultarmos os laboratórios a respeito das exigências não encontramos respostas condizentes com diversas análises exigidas; encontramos sim, orçamentos fora de nossa lógica de custos, custos estes que transcendem em muito o valor de nosso faturamento anual com estes defensivos; transformando o cumprimento das exigências em suicídio empresarial.
Embora tenhamos alguns testes efetuados para o IBAMA, da mesma natureza que testes da SAÚDE, percebemos ser impossível cumprir a maioria das exigências solicitadas pela SAÚDE principalmente as do MAYRAN TÉCNICO (THYRAM). Tratando-se de um produto muito antigo, no mercado mundial desde 1941, já estudado por muitas entidades internacionais e com farta bibliografia, entendemos que esta avaliação toxicológica poderá ser simplificada, com vossa anuência. Este pedido de simplificação prende-se ao fato de não termos condições financeiras de arcar com análises assim caras; uma vez que o produto em si não comporta tais despesas pois as mesmas estão acima do faturamento de muitos anos. Mesmo porque trata-se de um produto com ação de contato e de baixa toxicidade, e pelo seu uso (tratamento de sementes), não tem causado mal aos produtores e ao meio ambiente. Solicitamos a vossa reconsideração a respeito destas exigências, bem como necessitamos de uma audiência no sentido de apresentar o que já existe de testes efetuados e literatura, a fim de encontrarmos uma saída que possa atender a legislação. Reiteramos também o convite para que venham conhecer nossa empresa que está situada em Itaquaquecetuba-SP, para que possam tirar conclusões de que é preferível um produto nacional do que produtos que às vezes até desconhecemos suas origens. Certos de vossa reconsideração e estudo. Atenciosamente Pela ENRO INDUSTRIAL LTDA Nota: Os testes solicitados, ensaios toxicológicos de curto, médio e longo prazo, já foram realizados pela comunidade científica internacional e os resultados estão chancelados por renomadas instituições (FAO, EPA, etc). As repetições destes ensaios nada de novo acrescentam ao conhecimento do ingrediente ativo, mas os custos, que se aproximam dos dois (2) milhões de reais, se configuram na atual tragédia da indústria nacional, um prejuízo sentido fortemente no final da cadeia, pelo agricultor, com a diminuição da concorrência.
Material produzido pela Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas. As opiniões manifestadas são de sua responsabilidade. E-mail: aenda@sti.com.br
Nova Cultivar de trigo A Embrapa Trigo lançou, durante a 32ª Reunião da Comissão SulBrasileira de Pesquisa de Trigo, uma nova cultivar do cereal, a BRS 194. A nova cultivar é recomendada para cultivo em todas as regiões tritícolas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Entre as características da nova cultivar, destacam-se a sanidade da folha e o rendimento. A BRS 194 é resistente à ferrugem da folha e ao vírus do mosaico do trigo, moderadamente resistente ao Oídio e à mancha da gluma. A cultivar é moderadamente resistente ao acamamento e resistente à debulha natural e à germinação na espiga. A variedade é suscetível à giberela ou fusariose e à mancha marrom. O rendimento médio obtido foi de 2.780 quilos por hectare, ou seja, 10% maior que a cultivar CEP 24 e 17% maior que a BR 23, duas das mais plantadas no Rio Grande do Sul na safra 1999. Segundo o pesquisador Cantídio de Sousa, a cultivar apresentou bom desempenho no campo. A BRS 194 situa-se entre as mais produtivas e com maior destaque nos ensaios realizados em ambientes menos favoráveis , frisa. Trata-se de uma importante opção para a triticultura no sul do Brasil , completa o pesquisador da Embrapa Trigo. O Escritório de Negócios de Passo Fundo da Embrapa Negócios Tecnológicos é o responsável pela produção de semente básica. Para o plantio em lavouras comerciais, a semente da BRS 194 estará disponível em cerca de dois anos.
Agronegócio
Água, a próxima vantagem A
formação da consciência ambiental ganhou impulso nos últimos 30 anos, em especial nos anos 90. As primeiras iniciativas foram isoladas e com forte apelo emocional, pautadas em observações empíricas e, muitas vezes, a discussão não resistia à razão. Faltavam resultados claros, incontestáveis, reprodutíveis, como manda a boa metodologia científica. No entanto, de românticos e utópicos, os movimentos pela preservação do ambiente passaram a integrar o cerne da sociedade. Conquistados os corações dos pioneiros, e da sociedade leiga, as mentes mais empedernidas foram cedendo, quando a comunidade científica se associou à causa, incorporando a diretriz ambiental à geração de tecnologia. Daí, até encontrar une raison d étre econômica foi um pulo, e o estupor de ouvir, pela primeira vez, uma instituição financeira internacional condicionar a aprovação de projetos de financiamento a uma avaliação positiva do impacto ambiental do projeto, foi substituído pela exigência de ver a questão ambiental perpassar todas as atividades humanas. Rationale econômica Da preservação dos pássaros e seu canto, das flores e suas cores, à incorporação de 52
• Cultivar
Maio 2000
valor à defesa do ambiente construiu-se uma teoria econômica fundamentada. A incorporação da preocupação ambiental no seio da economia tem quatro vertentes principais: 1. Natureza é capital. Capital, por definição, deve acumular-se e não erodir-se. Transportou-se a teoria da renda de longo prazo, para a necessidade de perenizar a renda obtida em atividades que utilizem intensamente recursos naturais. Algo como viver dos juros e não do capital, ou preservar a terra para os netos e bisnetos; 2. Prevenir é mais barato que remediar. Ou seja, é melhor conservar a água limpa e a terra sem erosão, que tentar recuperar a posteriori; 3. Preservar ambiente agrega valor. O crescimento da consciência ecológica, e sua inserção no dia-a-dia da sociedade de consumo, obrigou o sistema produtivo a preservar a Natureza, para conseguir melhor preço (agricultura orgânica é um exemplo) e evitar o boicote aos produtos obtidos em desacordo com as normas preservacionistas; 4. Imagem positiva. Qualquer corporação quer projetar uma imagem positiva, que alavanque as vendas, o que levou muitas organizações a associarse ao esforço preservacionista.
E assim encontrou-se a justificativa econômica para a agricultura sustentável. Antes a terra, logo a água O impacto mais visível da produção agrícola na Natureza estava nas feridas provocadas pela água rolando morro abaixo, com cicatrizes indeléveis, a marcar agricultores que, por ignorância ou comodismo, desprezavam o patrimônio solo. Mas, além de arrastar a fertilidade, esse processo redundava em enormes malefícios aos cursos d água, seja por poluição ou por assoreamento dos rios. Apesar de nosso planeta constituirse de água em 80% de sua superfície, a tecnologia disponível até onde a vista alcança, somente permite fazer uso de não mais do que 3% da água, de forma técnica e economicamente compatível. E sem prejuízos ambientais. Ao brasileiro de 4 regiões pode parecer um discurso vazio, mas pergunte a um nordestino do alto sertão o que ele pediria a Deus, se tivesse direito a um só desejo? Seguramente, água. Mas quando a seca aperta feio no Sul, como ocorreu na última transição primavera-verão, é o momento de parar e refletir: até quando podemos considerar a água um recurso infinito e inesgotável?
Sinônimo de vida O organismo dos seres vivos é composto, em sua maioria, de água. É rara a atividade humana que independa de água, como é conceituada nas aulas de Química inodora, incolor e insípida. Ou seja, H2O de alta qualidade, sem contaminantes químicos ou biológicos. Água poluída pode ser cara para limpar, porém muito mais cara é a água perdida para sempre, aquela que não mais se descontamina, ou não mais se recupera. A água é um recurso mal distribuído pelo mundo, com desertos espalhados pela África ou Estados Unidos, além dos semi-áridos do Brasil, da Índia e de outros países. No Brasil, a concentração de água doce é um fato, encontrada em sua maior parte na Região Norte, e escassa no Nordeste. Por conta das condições da Amazônia, o maior conjunto de água doce do Brasil se encontra protegido da agressão, mas, paradoxalmente, também é um recurso de valor nominal, posto que de difícil acesso. Água e agricultura Competitividade significa eliminar todas as restrições à plena expressão do potencial genético dos rebanhos ou dos cultivos, como baixa fertilidade,
ataque de pragas ou clima inadequado. E clima inadequado é quase sempre sinônimo de falta de água, quando mais se precisa dela. Ou até seu excesso quando clima seco é desejável. O Homem ainda está longe de interferir diretamente no clima global, havendo até desistido de influir nas condições locais, embora tenha havido um avanço sensacional na capacidade de previsão. Dessa forma, manejar o recurso água passa a ser um enorme desafio a todos quantos lidam com a agricultura. Desde a milenar irrigação, em que velhas metodologias são aprimoradas ou substituídas, ou ainda novas abordagens são criadas, com o claro objetivo de racionalizar o uso do recurso, até sistemas de plantio que conservem água. Nas lavouras tradicionais de arroz irrigado, cresce a consciência dos problemas causados pelo uso desregrado da água: o primeiro é o esgotamento das fontes, a alteração dos lençóis freáticos e a dificuldade crescente em manter as mesmas condições de irrigação, no mesmo local, ano após ano. Outro fato é a contaminação da água, com o uso intensivo de substâncias químicas, em especial agroquímicos e fertilizantes. Tecnologia ou consciência? Tenho comigo a idéia de que a Humanidade somente se move por necessidade e ambição. A necessidade de aquecerse fez o Homem esfolar o primeiro animal para aproveitar sua pele. A ambição fez de Giorgio Armani um milionário, vendendo ternos impecáveis. A necessidade de proteínas, e de calorias geradas pela carne suína, fez a Europa expandir a suinocultura. A ambição de um futuro melhor está fazendo refluir esse movimento, pela contaminação
dos lençóis freáticos superficiais, com os dejetos da produção de suínos. O mesmo fenômeno ocorre com o milho, em que a rápida movimentação do nitrogênio em forma solúvel, gera lençóis d água contaminados, de difícil e custoso aproveitamento. Então, a tecnologia é fruto de uma necessidade, de uma ambição, de uma demanda. No
cessidade de poder, mas principalmente ocorreram guerras de conquistas, expansão das fronteiras. Ou seja, mais terra. O alvorecer do novo milênio pode trazer uma mudança radical no próprio paradigma da guerra, porque água tende a ser um recurso ainda mais escasso que a terra, se não for manejada adequadamente. Pode parecer ridí-
CNPSo
Manejo
Gazzoni acredita que o Brasil terá vantagens nos próximos anos
caso da água, a demanda atual é por água limpa, pura, prontamente utilizável. É para onde se movem as pesquisas científicas para dar suporte a uma demanda social, gerada pela consciência de preservação de um capital finito. A guerra da água As grandes guerras sempre tiveram causas remotas e imediatas, como desavenças, vendetas, ambição doentia, ne-
culo imaginar exércitos se movimentando, ou mísseis riscando os céus para brigar por água. Como se briga hoje por petróleo, por mais espaço de terra, ou qualquer outro motivo. Não sejamos literais, a guerra pode ser comercial. Voltemos ao ponto anterior: quando um recurso necessário se torna escasso, passa a ser motivo de divergências, e a ambição pela sua posse ou domínio, motivo suficiente para movimentar as forças persuasivas, desde o domínio econômi-
co, através de trocas comerciais, até o uso da força, para atingir o objetivo ambicionado. Vantagem comparativa O tema é multi-facetado. É evidente a necessidade de preservar água a todo o custo, enquanto se reflete e se discute o tema. A segunda faceta é a vantagem comparativa de quem domina um ambiente geográfico de alta concentração hídrica. Com água doce, de qualidade, preservada. Prontamente disponível para consumo humano, uso agrícola ou para processos industriais. O que diferencia um gênio de um homem comum de seu tempo, é a capacidade de enxergar anos à sua frente. Enquanto batalhamos contra a iniquidade das relações comerciais internacionais, geradas pela deslealdade dos países ricos no trato da questão, pode estar na água o diferencial competitivo. Não há como expandir, no espaço, a agricultura da China, Japão ou Indonésia, a ponto de satisfazer as necessidades do futuro próximo. Via de regra, acréscimo de produtividade exige maior volume de água. Na Europa, a sociedade se questiona, com intensidade crescente, se está valendo a pena pagar o alto preço da produção agrícola local, que ainda suja a água que os filhos bebem. Não estará justamente aí uma das luzes do fim do túnel para o Brasil de 2020? Voltaremos ao tema no mês que vem, que agora vou esquentar a água para o meu chimarrão. Décio Luiz Gazzoni, Embrapa Soja Maio 2000 Cultivar
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Café
Atraso na colheita E
ste ano teremos um atraso na colheita de café quando comparado com 1999 e anos anteriores. Nesse ano, é perceptível o atraso do amadurecimento dos frutos, principalmente dos arábicas. Basta percorrer as tradicionais regiões cafeeiras e observamos que praticamente não temos frutos maduros nos terços médios e inferiores das plantas. Percebe-se um amadurecimento muito limitado no terço superior. Constatamos essas situações expostas através de visitas, nos últimos dias, nas regiões da Zona da Mata Mineira, Sul de Minas Gerais e Mogiana em São Paulo; nessas visitas de campo, tivemos a possibilidade de constatar nas lavouras esse atraso no amadurecimento. Em 1999, nessa mesma época do ano, estávamos com as lavouras arruadas ou em fase de arruação e tivemos o início da colheita nos primeiros dias de maio, como ocorreu na região de Furnas. Ainda reforçando esse fato, lembramos que na época estranhamos a entrada de café com volumes significativos nos meses de junho e julho nas cooperativas, o que, com grande possibilidade, não ocorrerá esse ano; e provavelmente que esse fluxo de café será marcante a partir de agosto. Sabemos que nessa fase de maturação a temperatura é um fator catalisador e que temperaturas mais elevadas agilizam o processo de maturação. Segundo as recentes informações meteorológicas teremos um Outono/Inverno frio e logicamente prejudicará ainda mais o processo de maturação. Mesmo as variedades mais precoces com Acaiá (cultivar IAC 474-19) e também Icatu Precoce (cultivar IAC 3282), no momento, não estão demonstrando visualmente indícios de maturação; estão atrasados. Para a variedade Catuaí, seus diversos cultivares ainda se encontram totalmente verdes ou no máximo verde-cana. 54
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Maio 2000
À esquerda Armando Matielli À direita André Matielli
Alguns fatores importantes deverão ser considerados para o retardamento da colheita. O fator primordial foi o intenso e prolongado período seco, ocasionando um déficit hídrico, que sob o ponto de vista agronômico, é totalmente inadequado; com chuvas insuficientes na pré-florada, seguidos de praticamente 30 dias sem chuvas na pós-florada. Assim: 19/09/99 Primeira florada. Entre os dias 13 e 16 de setembro de 99, choveu por volta de 70 mm no sul de Minas e em outras regiões. Esse nível pluviométrico vigorou por todo o mês. Somado a isso, só veio a chover nessas regiões em 17/10/99; assim, tivemos uma paralisação total da expansão dos frutos. Tanto é que a florada ficou seca e presa na fase de chumbinho durante 30 dias. Provavelmente, trata-se de um fato inédito. 17/10/99 Segunda florada e praticamente última, que também foi castigada pelo prolongado período seco até o final de dezembro de 99 e, com chuvas torrenciais no início do ano 2000, constatou-se uma desarmonia hídrica levando a uma queda fortíssima dos frutos da segunda florada. Baseado nos fatores anteriormente expostos (irregularidades hídricas), ao pre-
visto período de frio, visualização da maturação, seguindo os critérios técnicos da Agronomia e o lado prático de produtor, conclui-se que teremos uma atraso na colheita. Dada a grande heterogeneidade da cafeicultura brasileira referente aos diversos aspectos que interferem na produção e época de colheita, tais como variedades, regiões produtoras, tipos de solo, microclimas, nível de enfolhamento, condução dos tratos culturais, entre outros, e, para evitar interpretações errôneas, achamos conveniente não estipular a precisão do atraso da colheita e sim, deixar a critério das decisões dos técnicos e dos produtores em suas respectivas regiões / lavouras o quanto será o atraso da colheita, e o momento oportuno de iniciá-la. É fato que tivemos duas floradas bem definidas e que só a primeira conseguiu segurar os frutos, assim teremos uma maturação igualada com muitos frutos cereja ao mesmo tempo, diminuindo a percentagem de frutos verdes, que acarretam grãos pretos e verdes. Sem dúvida, teremos melhor qualidade e homogeneidade do café colhido. Armando Matielli - Eng. Agrônomo André L. Matielli - Acadêmico, Esalq