Cultivar Grandes Culturas • Ano XIV • Nº 160 • Setembro 2012 • ISSN - 1516-358X Destaques
Nossas capas
Montagem Cristiano Ceia
Mobilidade surpreendente.....................18
Cláudia Godoy
Como lidar com o aumento progressivo de pragas como lagartas, percevejos, mosca-branca e ácaros, favorecido pelo cultivo concomitante de soja e algodão
Planejamento estratégico.............12 Monitoramento eficiente..............28 Perigo verde..............................40 Que aspectos levar em consideração ao realizar o manejo de doenças na cultura do milho
Por que é importante vigiar as lavouras de forma criteriosa contra o percevejo-asa-preta-da-soja
Índice
Que ferramentas de manejo integrado utilizar no combate à cigarrinha verde em feijoeiro
Expediente Fundadores: Milton Sousa Guerra e Newton Peter
Diretas
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Controle da Luffa aegyptiaca em cana-de-açúcar
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• Editor
Manejo de pragas em cana-de-açúcar
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• Redação
Manejo de doenças em milho
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Milho: investimento em tecnologia
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Capa: Mobilidade de pragas em soja e algodão
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Ataque do percevejo do colmo em arroz irrigado
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Monitoramento do percevejo-asa-preta-da-soja
28
Papel renovado dos herbicidas residuais
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Tratamento de sementes contra o mofo branco
36
Cigarrinha verde em feijão
40
Informe Cheminova - Novo fungicida
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Coluna ANPII
44
Coluna Agronegócios
45
Mercado Agrícola
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REDAÇÃO
• Vendas
Pedro Batistin Sedeli Feijó José Luis Alves
Gilvan Dutra Quevedo Carolina S. Silveira Juliana Leitzke
CIRCULAÇÃO
• Design Gráfico e Diagramação
• Coordenação
• Revisão
• Assinaturas
MARKETING E PUBLICIDADE
• Expedição
Cristiano Ceia
Simone Lopes Natália Rodrigues Francine Martins
Aline Partzsch de Almeida
Edson Krause
• Coordenação
Charles Ricardo Echer
GRÁFICA
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
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Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@grupocultivar.com Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Diretas Participação
Abordagem
A equipe de Cana da Bayer CropScience participou de um dos principais eventos do setor sucroenergético do Brasil: o Insectshow 2012. Além de ser uma das patrocinadoras, agrônomos de Desenvolvimento de Mercado da empresa, Augusto Monteiro e Juliano Barela, ministraram duas palestras. A primeira, Inseticidas Bayer Cana: Inovação e Tecnologia de Resultados ao Longo do Tempo e a segunda sobre o inseticida Curbix, o mais recente produto da empresa para cultura da cana.
Juliano Barela
Presença
A gerente técnica de Mercado para Cana, Citrus e Amendoim da Basf, Carulina Oliveira, participou da 8ª edição do Insectshow acompanhando as novidades apresentadas pela pesquisa para o controle de pragas no cultivo da cana-de-açúcar durante o ciclo Carulina Oliveira de palestras
Pragas
A Basf participou da 8ª edição do Insectshow como uma das empresas patrocinadoras do evento e também apresentou palestras para demonstrar as tecnologias desenvolvidas pela empresa para o controle de pragas na cultura da cana. O técnico de Desenvolvimento de Mercado da Basf, Daniel Medeiros, abordou o controle de Sphenophorus levis na cana planta e soca. Já Mauro Cottas, também técnico de Desenvolvimento de Mercado da Basf, falou sobre tecnologias Basf para proteção da cana-de-açúcar.
Mauro Cottas
Biológicos
A Bug Agentes Biológicos destacou no Insectshow as inovações no mercado de agentes para o controle biológico de pragas na cultura da cana-de-açúcar, desenvolvido em conjunto com instituições de pesquisa, universidades e clientes. Alexandre de Sene Pinto palestrou sobre a redução significativa nas infestações de broca-da-cana com uso de Trichogramma Alexandre de Sene Pinto galloi.
Nematoides
Durante o 8° Insectshow o professor da Unesp Jaboticabal, Jaime Maia, abordou novos enfoques sobre nematoides em canade-açúcar. Maia destacou a importância do uso de nematicida que promova proteção às raízes, associado a práticas de manejo desses microrganismos.
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A DuPont participou da 8ª Edição do Insectshow como patrocinadora do evento e reuniu especialistas em cana-de-açúcar para abordar temas relacionados ao controle de pragas e doenças da cultura. A convite da empresa o consultor Valmir Barbosa - em parceria com o coordenador de Marketing para cana-de-açúcar da companhia, Ivan Jarussi -, apresentou a palestra Resultados e casos de sucesso focalizados na utilização do inseticida Altacor, no controle da broca da cana-de-açúcar, principalmente na região Centro-Sul do Brasil. “Aproveitamos a alta qualificação do evento e de seus participantes para renovar o compromisso da DuPont com o setor sucroenergético brasileiro. Nossa empresa permanece voltada ao desenvolvimento de estudos e pesquisas de ponta, com objetivo de lançar no Brasil tecnologias inovadoras e ferramentas que agreguem valor ao negócio das unidades produtoras de açúcar, etanol e energia de biomassa”, ressaltou o gerente de Marketing para cana-de-açúcar da DuPont, Manoel Pedrosa. Manoel Pedrosa
Gestão
Com o objetivo de perpetuar o negócio para gerações futuras, a Sementes Mutuca, localizada em Arapoti, Paraná, identificou a necessidade de mudar seu sistema de gestão, até então familiar, adequando-o com práticas, procedimentos e padronização de seu modelo de atuação. Para isso, fixou diretrizes que permeiam o trabalho, como qualidade, segurança e a busca constante por sustentabilidade. "Em 2003, na pecuária, fomos pioneiros na obtenção da primeira certificação ISO 9001, que foi recertificada nesta mesma categoria duas vezes, em 2006 e 2009 e também conquistou a certificação no Sistema de Gestão de Qualidade, aplicado à semente", explicou o diretor da empresa, Ely Ely de Azambuja Germano Neto de Azambuja Germano Neto.
Relatório
A FMC acaba de lançar o Relatório de Sustentabilidade 2011 com boas práticas para produzir mais nas lavouras e alimentar o mundo que cresce cada vez mais. O relatório, que também está disponível no site da empresa, conta com ações que compreendem desde o processo produtivo até o contato com os seus públicos, em que mais de 20 mil pessoas foram beneficiadas diretamente em todo o país. “O crescimento da humanidade tem sido exponencial, chegando a um bilhão de pessoas em pouco mais de uma década e, cabe a nós, do setor agrícola, preparar as pessoas que vão alimentar o planeta e prover energia, por isso que criamos o conceito de Agricultura Responsável e que traduz em iniciativas como Atuando com Responsabilidade, Giros Solidários, Coletâneas FMC, Tecnocalda e Voluntariado”, destacou a Fernanda Teixeira gerente de Comunicação, Fernanda Teixeira.
Novos rumos
Jaime Maia
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O engenheiro agrônomo Marcio Farah, profissional com vasta experiência no agronegócio, é o novo diretor de Marketing Marcio Farah da FMC.
Manejo
A Syngenta participou do Insectshow com abordagens sobre o manejo de pragas e de doenças da cana-de-açúcar ao longo do ciclo de produção. Palestraram João Ibelli Neto e Alessandra Julianetti. Os profissionais apresentaram o portfólio que a empresa possui para enfrentar esses problemas e destacaram a tecnologia Plene, responsável por uma nova proposta de Alessandra Julianetti cultivo em cana.
Nematicidas
O consultor e responsável pelo Anna Laboratório de Nematologia, Assessoria e Consultoria Agronômica, Wilson Novaretti, participou do 8° Insectshow, onde palestrou sobre o controle químico e biológico dos nematoides na cana-de-açúcar. Novaretti explicou que somente a partir de 2001 houve maior preocupação e utilização de manejo químico para o controle dos nematoides. “A razão disso é, primeiramente, em função da redução do preço do produto e a valorização da cultura da cana-de-açúcar e também pelo desenvolvimento de equipamentos para aplicação de nematicidas, tanto para cana planta quanto para cana soca, bem como uma melhor definição dos níveis de danos e controle”, descreveu. Wilson Novaretti
Soluções
A FMC participou do 8° Insectshow. O gerente de Produtos Inseticidas da FMC, Gustavo Canato, apresentou as soluções para controle das pragas de cana-de-açúcar como o Marshal Star, o TalisGustavo Canato man e o Rugby 200 CS.
Insectshow
A 8ª edição do Insectshow foi sucesso de público e participação de empresas ligadas ao setor sucroenergético. Durante os dois dias do seminário, pesquisadores, profissionais da área e produtores rurais colheram informações sobre as principais pesquisas e dados técnicos a respeito de pragas na cultura da cana e o seu controle. O diretor do Grupo Idea, responsável pela realização do Insectshow, Dib Nunes Júnior, se mostrou satisfeito e entusiasmado com os resultados do evento.
Correção
Dib Nunes Júnior
No artigo "Os Indesejáveis", sobre o Manejo Integrado de Pragas na Cultura da Soja, páginas 6 a 8 da edição 159 de Cultivar Grandes Culturas, cometemos um equívoco ao nomear os autores do texto. O correto é Crébio José Ávila, Embrapa Agropecuária Oeste, Cecília Czepak, da Universidade Federal de Goiás e Alexa Gabriela Santana, da Embrapa Agropecuária Oeste.
É bucha
venil competem principalmente por água e nutrientes, já no estágio adulto também pela luz. À medida que L. aegyptiaca se desenvolve, passam os colmos da cultura como estaleiro e a parte aérea das plantas cresce sobre o ápice da cultura. Dessa forma, além de prejudicar a cana-de-açúcar pela competição por nutrientes, também compete por luz, prejudicando o aparato fotossintético e consequentemente o acúmulo de sacarose nos tecidos da planta. A presença dessas espécies ocorre principalmente em canaviais colhidos sem a despalha prévia do canavial (sistema de colheita cana-crua).
Dificuldade de controle
Canaviais da região de Ribeirão Preto, São Paulo, enfrentam problemas de infestação por Luffa aegyptiaca. Por possuir valor comercial como produto de higiene, planta é semeada próxima às áreas de cultivo de cana-de-açúcar, o que facilita sua disseminação tornando-a daninha por competir por água, luz, nutrientes e prejudicar o teor de sacarose da cultura
N
a região de Ribeirão Preto, São Paulo, a espécie Luffa aegyptiaca, conhecida popularmente como bucha, tem se tornado infestante em canaviais, sendo sua ocorrência ainda em áreas isoladas, mas com prejuízos severos à cultura da canade-açúcar. As espécies do gênero Luffa, particularmente Luffa aegyptiaca são plantas que apresentam valor comercial devido à utilização de seus frutos como produto de higiene pessoal. Outras espécies como Luffa cylindrica e Luffa acutangula também têm frutos de valor comercial, porém, são de ocorrência menos comum. Luffa aegyptiaca, que é a mais comum, é originária da Ásia, conhecida popularmente no Brasil como bucha, esfregão, bucha-dospescadores etc. Pertence à família das cucurbitáceas e possui desenvolvimento anual ou perene, dependendo das condições ambientais. A L. aegyptiaca é uma planta herbácea, de caule ramificado com até 5m de comprimento, de coloração verde e com gavinhas de fixação. Possui folhas simples com até 25cm de comprimento e de coloração verde-escura e superfície áspera. As flores são amarelas e a reprodução por sementes.
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Origem do problema
A origem da propagação da espécie como infestante nos canaviais possivelmente esteja atrelada ao hábito dos trabalhadores rurais em semear a espécie próxima aos locais onde executam as tarefas diárias, especificamente em cercas que delimitam propriedades, pastagem etc. Assim, quando as plantas atingem o tamanho adulto, os frutos secam e as sementes podem ser disseminadas pela água das chuvas ou pássaros, até a margem dos canaviais. Outra forma de disseminação se dá através do próprio homem, que retira as sementes do interior dos frutos secos.
Os prejuízos
Nos canaviais, as plantas no estágio ju-
No campo, observa-se que as plantas apresentam fluxos de emergência ao longo do tempo, independente do sombreamento do solo pela cultura ou palha oriunda da colheita, a exemplo do observado com as espécies de corda-de-viola (Ipomoea spp e Merremia spp). O comportamento germinativo da espécie beneficia a disseminação porque o manejo químico aplicado logo após a colheita da cultura não é eficaz, segundo Pavani Júnior (2008), quando aplicado na pré-emergência. O autor observou que o controle químico aplicado nos estádios de sementeira e pósemergência inicial (três a quatro folhas) resulta em melhores resultados. Mesmo ao controlar a espécie com aplicações em sementeira ou pós-emergência inicial, novos fluxos de emergência serão possíveis, uma vez que a aplicação em pré-emergência não tem resultado eficaz.
Perspectivas futuras
No futuro breve será necessário que pesquisadores se dediquem aos estudos da biologia da espécie, bem como testem quais dos herbicidas registrados à cana-de-açúcar tem eficácia em conter os fluxos de emergência. Até o momento, o controle preventivo, ou seja, instruir as pessoas para que não disseminem sementes nas proximidades dos canaviais, é a alternativa mais segura de combate e minimiC zação da disseminação da espécie. Paulo Vinícius da Silva, Carlos Alberto Mathias Azania e Andréa A. P. Mathias Azania, IAC
Fotos Pavani Júnior (2008)
Leila Dinardo
Cana-de-açúcar
Figura 1 - Plantas de Luffa aegyptiaca (bucha) em diferentes estádios fenológicos. Instituto Agronômico. 2012. Fonte: Pavani Junior (2008)
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Cana-de-açúcar
Manejo de pragas O controle eficiente de insetos é fundamental para que o produtor obtenha bons resultados no cultivo da cana-de-açúcar. Entre as principais pragas que afetam a cultura estão a broca-do-colmo e a cigarrinha-das-raízes, que se destacam pela ampla área de ocorrência e severa intensidade de ataque nas diferentes regiões produtoras
A
Odair Aparecido Fernandes
tualmente, o Brasil está passando por uma redução em sua produtividade e competitividade do setor sucroenergético, resultado da diminuição dos investimentos em reformas e tratos culturais nos canaviais após a crise financeira de 2008, aliada ao comportamento climático atípico nas últimas quatro safras ações que colaboraram para intensificar a redução (CTC, 2011). A proteção das lavouras contra o ataque de pragas, dentro deste contexto, é fundamental para se resgatar o potencial produtivo dos canaviais, em especial o controle da broca-docolmo (Diatrea saccharalis) e da cigarrinhadas-raízes (Mahanarva fimbriolata), duas das principais pragas da cultura com ampla área de ocorrência e severa intensidade de ataque nas diferentes regiões produtoras. A forte expansão da cultura da cana, ocorrida a partir de 2003, vem promovendo um aumento da intensidade de infestação da broca nos canaviais destacando-se como as principais causas: • Aumento das áreas de plantio. Período da cultura mais suscetível ao ataque da praga, devido ao maior vigor vegetativo e redução da população de inimigos naturais durante o preparo de solo; • Novas variedades mais ricas no teor de sacarose e sensíveis ao ataque da praga; • Expansão da cultura em novas fronteiras agrícolas com condições climáticas mais favoráveis ao desenvolvimento da praga, além da presença de culturas hospedeiras alternativas; • Intensificação da colheita mecanizada, que tem favorecido o aumento da intensidade do ataque não somente da broca, mas diversas pragas da cultura. Os prejuízos provocados pela broca podem ser agrícolas e industriais, em que para cada 1% de intensidade de infestação, ocorrem perdas médias de 1,14% de toneladas de cana/ ha, 0,21% de álcool e 0,41% de açúcar (citado por Morelli, 2005). No passado, o controle da broca era realizado somente por meio do controle biológico, por meio da liberação do parasitoide Cotesia flavipes. No entanto, diante da nova realidade enfrentada pela cultura, os melhores resultados no controle
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Fonte: Bayer CropScience 2011.
da broca têm sido obtidos a partir da associação do controle químico e biológico. Assim o manejo integrado de pragas torna-se uma ferramenta cada vez mais importante para o controle da broca. Isso proporciona resultados extremamente satisfatórios e consistentes, minimizando os prejuízos provocados pela broca e aumentando a rentabilidade do negócio das usinas e fornecedores. Já a cigarrinha-das-raízes, vem aumentando ano a ano sua área de ocorrência e intensidade de infestação na cultura. Esta constatação ocorre devido à intensificação da adoção da colheita mecânica crua nos últimos anos. As perdas provocadas pela cigarrinha são significativas, causando prejuízos na área agrícola e industrial. Madaleno et al (2008) avaliaram as perdas provocadas pelo ataque das cigarrinhas-das-raízes, sendo observadas reduções de 33% em produtividade e 5,8% na polarização do açúcar. Além disso, as plantas atacadas pela praga apresentaram elevação nos teores dos compostos fenólicos totais, sendo estes compostos precursores de cor durante a fabricação do açúcar, contribuindo assim para depreciação do valor de comercialização do produto final. As pragas da cana-de-açúcar têm sua ocorrência e intensidade de ataque reguladas por diversos fatores, como: comportamento varietal, manejo da palhada, tipo
de solo, estágio da cultura, entre outros. No entanto, um dos pontos mais importantes são as condições climáticas. Por exemplo, na safra 2011/2012 o comportamento climático foi atípico, com precipitações abaixo da média histórica nos meses de inverno e, principalmente, durante o verão em diversas regiões produtoras do Centro-Sul. Tais condições desfavoreceram a ocorrência dessas duas pragas no campo, o que refletiu em menores intensidades de infestação de broca e de cigarrinhas em relação às safras anteriores. Porém, na atual safra o comportamento climático tem sido bastante diferente, com chuvas acima da média histórica nos meses de inverno e prognóstico climático favorável na primavera e no verão, favorecendo assim a ocorrência e intensidade de ataque da broca e cigarrinha no campo. Esta situação vai exigir dos produtos utilizados no controle das cigarrinhas um longo período de atuação, diferencial presente no inseticida à base de ethiprole, que diminui a necessidade de reentradas em áreas já aplicadas e, consequentemente, auxilia na otimização dos custos de produção e redução das dificuldades operacionais. Já para a broca, a associação do inseticida à base de triflumuron ao controle biológico é fundamental para reduzir ou manter os índices de intensidade de infestação obtidos com o manejo realizado
na safra anterior. Para o manejo da broca a Bayer CropScience foi pioneira e inovou com o lançamento do inseticida à base de triflumuron, hoje utilizado amplamente dentro dos programas de manejo integrado da praga. Seu modo de ação faz com que o produto se comporte de maneira seletiva aos inimigos naturais e ao parasitoide Cotesia flavipes, permitindo seu uso dentro de um programa de manejo integrado de pragas na cultura. Em 2010, a Bayer CropScience trouxe mais uma inovação para o setor com o lançamento do inseticida à base de ethiprole, com seu grupo químico inovador para o manejo dessa praga, proporciona maior eficiência de controle, com sua ação mais rápida sobre a praga no campo diminuindo seu tempo de convivência com a cultura; menor flutuação populacional da praga ao longo do desenvolvimento da cultura; maior residual em relação ao grupo químico dos neonicotinoides anteriormente utilizados para o controle dessa praga, além disso o inseticida à base de ethiprole se mostrou seletivo a Cotesia flavipes e outros C insetos benéficos associados à cultura. Paulo Donadoni, gerente de Cultura da Cana da Bayer CropScience
Fonte: Bayer CropScience, 2012. Média de 21 áreas (2009 a 2011)
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Fotos Luís Henrique Carregal
Milho
Planejamento estratégico Na esteira do crescimento do cultivo de milho nas regiões do cerrado brasileiro, o ataque de doenças também tem se multiplicado. É o caso das manchas foliar de Diplodia, de Phaeosphaeria e de Cercospora, das ferrugens, helmintosporioses e do enfezamento vermelho, podridões de colmo e das espigas. A resistência genética, o tratamento de sementes, a adubação equilibrada, a densidade adequada de plantas, a rotação de culturas e o uso de fungicidas na parte aérea estão entre as estratégias que devem ser adotadas de forma planejada e conjunta para o sucesso no manejo
N
os últimos anos, o cultivo de milho tem se expandido largamente pelas regiões do cerrado brasileiro. Segundo levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab, janeiro/2012), na safra 2010/2011, estimou-se para a região Centro-Oeste uma área plantada de 530,2 mil hectares de milho verão e 3,36 milhões de hectares de milho safrinha, ou seja, 10,53% de acréscimo em relação à safrinha do ano anterior. Se por um lado essa expansão gera empregos e movimenta a economia brasileira, por outro, quando não há um planejamento estratégico para implantação e condução das lavouras, pode contribuir de forma significativa para o aumento dos problemas fitossanitários. Monitoramentos de doenças na cultura
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do milho realizados pela Universidade de Rio Verde (Fesurv) têm evidenciado que a mancha de Cercospora, a mancha de Phaeosphaeria, as ferrugens (ferrugem polissora), as helmintosporioses, a mancha foliar de diplodia e o enfezamento vermelho estão entre as de maior ocorrência em cultivos de safrinha no Cerrado. A pressão e os danos causados por essas doenças, individualmente, têm sido variáveis de ano para ano e até de região para região. Assim, não é possível afirmar que alguma delas apresente maior importância em relação às demais. Novos desafios têm surgido ao longo dos anos, como o aumento da ocorrência de podridões de colmo e espigas causadas por Fusarium spp. e Stenocarpella spp., comuns em áreas das regiões Sudeste e Sul do país e,
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até então, de pouca importância na maioria das áreas do Centro-Oeste. Uma vez conhecidas as principais doenças na região e, sabido que normalmente não ocorrem de forma isolada e sim como um complexo, torna-se necessário o estabelecimento de estratégias para o manejo. Entre as principais medidas possíveis e viáveis de serem utilizadas pelos produtores, destacam-se a resistência genética, o tratamento de sementes, a adubação equilibrada, a densidade adequada de plantas, a rotação de culturas e o uso de fungicidas na parte aérea. Resistência genética: a utilização de híbridos resistentes é a estratégia mais atrativa para o manejo de doenças, uma vez que o seu uso não exige, a princípio, nenhum custo adicional ao produtor. No entanto, sabe-se que o uso de
Tabela 1 - Eficiência de algumas estratégias no controle de doenças na cultura do milho sob condições de safrinha Doenças Mancha de cercospora Mancha de Phaeosphaeria Helmintosporioses Ferrugens Mancha foliar de diplodia Enfezamento vermelho Podridões de colmo e espigas “Danping-off” e/ou podridões radiculares controle altamente eficiente;
Resistência genética
Tratamento de sementes Adubação equilibrada Rotação de culturas
controle medianamente eficiente;
estratégias isoladas não proporciona estabilidade no controle, mesmo porque, na maioria das vezes, as doenças ocorrem na lavoura em forma de complexo e nem sempre isoladamente. Neste contexto, também é inexistente um híbrido com resistência satisfatória a todas as doenças da cultura. Assim, a resistência genética deve ser empregada em associação às demais estratégias. É extremamente importante que não se utilize um único híbrido por safra na sua propriedade ou área cultivada. O ideal é não empregar o mesmo material em mais de 30% da área. Também não se deve lançar mão do mesmo híbrido sucessivamente na mesma área, mas sim buscar a diversificação dos
controle pouco eficiente;
controle ineficiente.
materiais. Esse propósito contribui para maior durabilidade da resistência genética presente nos híbridos comerciais em anos seguintes. Atualmente, existe grande diversidade de híbridos e variedades comerciais. No endereço eletrônico http://www.cnpms.embrapa.br/milho/cultivares/index.php encontram-se tabelas com 489 cultivares (híbrido e variedades) de milho disponíveis no mercado brasileiro, com as suas características e respectivas reações às principais doenças. A Revista Cultivar Grandes Culturas também publica, anualmente, a relação completa desses materiais, com todas as informações agronômicas, tolerância e resistência a pragas e doenças, além da capacidade de adaptação às regiões
A ferrugem polissora está entre as doenças de maior ocorrência na safrinha de milho do Cerrado
de plantio. Para escolha do material a ser plantado, o agricultor deverá observar algumas características, tais como, se o material é recomendado para determinada região e qual a doença mais limitante em sua área. Tratamento de sementes: para garantir estande adequando em uma lavoura, é essencial o uso de sementes com boa qualidade física, fisiológica e sanitária. Portanto, o tratamento das sementes com fungicidas, além de controlar os patógenos, as protege no solo do ataque de fungos ali presentes. No Brasil, em geral, as sementes fiscalizadas atendem aos padrões de qualidade
Carregal, Campos e Juliana propõem medidas planejadas para enfrentar a incidência de doenças em milho
tente a algumas dessas doenças). Atualmente, a redução do espaçamento de plantio do milho safrinha no Centro-Oeste, seguindo os mesmos espaçamentos utilizados para o plantio da soja, ou seja, 0,45m a 0,50m entre linhas, tem contribuído para a melhor logística de máquinas no período de plantio da safrinha. Contudo, mesmo seguindo as densidades populacionais recomendadas para o híbrido, essa redução no espaçamento também pode contribuir para o aumento na severidade de doenças e propagação do inóculo dos patógenos. Fato que já é comum em muitas áreas do Centro-Oeste. Rotação de culturas: a escassez de culturas economicamente viáveis para o plantio de safrinha no Centro-Oeste, fez com que o cultivo do milho se caracterizasse como monocultura nesta época. Como os restos culturais do milho não se decompõem totalmente de um ano para o outro, ou seja, permanecem por mais de dois anos sobre o solo nas condições do Cerrado, a manutenção e o aumento da concentração de inóculo dos patógenos causadores de doenças foliares, podridões de colmo e raízes, além das podridões de espigas e grãos, tornam-se uma realidade. A rotação de culturas reduz o potencial de inóculo na lavoura, além de contribuir para maior durabilidade e estabilidade da resistência genética dos híbridos comerciais em função da menor pressão de patógenos na área cultivada e região. Uso de fungicidas na parte aérea: muitas
Fotos Luís Henrique Carregal
estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Normalmente, a maioria dessas sementes é comercializada já tratada com fungicidas, para a proteção contra patógenos presentes nas sementes e no solo. Sabe-se que um dos meios mais eficientes de disseminação de patógenos é via semente. Muitos fungos infestam ou infectam as sementes de milho, destacando-se no Brasil: Fusarium verticillioides (sin. Fusarium moniliforme), F. subglutinans, F. graminearum (Gibberella zeae), Acremonium strictum (sin. Cephalosporium acremonium), Stenocarpella macrospora (sin. D. macrospora) e Stenocarpella maydis (sin. Diplodia maydis), Exserohilum turcicum (sin. Helminthosporium turcicum), Bipolaris maydis (sin. Helminthosporium maydis), Phoma spp., além de fungos de armazenamento como Aspergillus spp. e Penicillium spp., entre outros. Adubação equilibrada: nutrição de plantas e suscetibilidade a doenças estão intimamente relacionadas. Plantas bem nutridas são mais resistentes às doenças. Portanto, plantas com deficiências nutricionais ou com efeitos fitotóxicos, ou injúrias devido ao excesso de nutrientes, estão sempre propícias às infecções e maiores danos pelos patógenos. Segundo Fantin et al (1999), o uso de doses crescentes de nitrogênio a partir de 100kg/ha aumentou a incidência da mancha de Phaeosphaeria. Fancelli (1996) também observou que a severidade desta doença aumenta quando a aplicação de nitrogênio é realizada após a emissão da 12a folha. Densidade de plantas e espaçamento adequado: a densidade populacional recomendada para cada híbrido é muito importante para garantir o desenvolvimento adequado das plantas, manter boa sanidade e proporcionar alta produtividade. Nos cultivos de safrinha de milho no Sudoeste de Goiás, tem se observado maiores severidades de cercosporiose, mancha de Bipolaris maydis e mancha foliar de diplodia em áreas com densidade populacional acima do recomendado para o híbrido (mesmo quando considerado moderadamente resis-
A mancha de Phaeosphaeria está entre as doenças que desafiam os produtores de milho
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doenças foliares podem ser controladas eficientemente pela aplicação de fungicidas (Tabela 1). Entretanto, o produtor deve atentar-se para aqueles registrados no Mapa, segundo prescrição de um engenheiro agrônomo. A eficiência desse controle é também dependente da eficiência de aplicação do produto, que pode ser parcialmente limitada pela arquitetura da planta e tecnologia de aplicação adotada. Normalmente, as doenças foliares manifestam-se com maior severidade após o florescimento. A partir deste momento, entende-se que as folhas acima da espiga são importantes para o enchimento dos grãos e, por isso, devem ser protegidas. Portanto, o controle químico precisa impedir que a doença possa atingir essas folhas, reduzindo área fotossintética. Apenas a escolha do fungicida não garante sua eficácia. Tecnologia de aplicação e momento da aplicação são determinantes no processo. Infelizmente não existe um momento ou estádio fenológico mágico para a aplicação de fungicidas no milho. Embora maior sucesso venha sendo obtido com aplicações realizadas na fase de prépendoamento, o ideal seria o monitoramento periódico da lavoura, verificando-se aspectos como histórico da área, resistência do material (híbrido) à doença-alvo, pressão de inóculo em função dos restos de cultura da safra anterior ou de lavouras próximas, condições climáticas no período de desenvolvimento da planta, incidência da doença na planta (local da planta em que os sintomas estão sendo observados), potencial produtivo da lavoura, valor de comercialização do milho no mercado, custo da aplicação, incluindo despesas com maquinário, funcionários e fungicida. Desta forma, a orientação de um engenheiro agrônomo é fundamental para a tomada de decisão quanto à necessidade e ao C momento de aplicação. Luís Henrique Carregal e Hercules Campos, Fesurv Juliana Resende Silva, Campos Carregal Pesq. e Tecn. Agr.
Cultivar
Milho
Investimento em tecnologia Lançar mão do arsenal tecnológico disponível é um dos principais trunfos do produtor para obter melhores resultados nas lavouras de milho. Mas para que esses recursos ofereçam a resposta almejada é necessário que sejam utilizados de forma correta, com a devida atenção a aspectos como viabilidade da ferramenta escolhida para determinada região, histórico e adequação à propriedade em que será adotada
A
cultura do milho é a que oferece maiores possibilidades de resposta ao uso de tecnologia. Como resultado da adoção de tecnologia, o agricultor aumenta a possibilidade de alcançar maior produtividade, estabilidade e, consequentemente, melhora a rentabilidade com menores riscos. Tecnologia é o conjunto de técnicas, conhecimentos, práticas de manejo, processos, ferramentas, máquinas, matéria-prima, insumos, que tem por objetivo solucionar problemas, reduzir riscos e aumentar as possibilidades de sucesso na lavoura. Portanto, tecnologia não é sinônimo apenas de colocar mais adubo, usar mais defensivo ou usar mais insumos. Tecnologia é, antes de tudo, usar, de maneira correta, os recursos disponíveis, incluindo os recursos humanos.
Investimentos ou despesas
Todas as vezes que se fala em uso de
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tecnologia, é feita uma correlação direta com investimentos. Quando falamos em investimentos fica intrínseco que haverá um benefício claro e mensurável. Quando não há, ele passa a ser uma despesa. Nem sempre o tamanho e a complexidade do investimento têm uma ligação direta com os resultados alcançados. Os investimentos podem ser pequenos e simples e com grandes reflexos no aumento da produtividade e na rentabilidade da atividade, como é o caso de investimentos na manutenção de uma máquina de plantio ou colheita, ou até mesmo no treinamento da mão de obra da propriedade. Os ganhos podem ser em tempo, qualidade, eficiência no plantio ou colheita ou controle de pragas ou plantas daninhas. Eles podem garantir que o calendário agrícola e o planejamento do sistema produtivo sejam cumpridos ou que a lavoura não sofra nenhum estresse, possibilitando ganhos de rendimento e rentabilidade pela maior resposta da cultura
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aos insumos aplicados. Mas os investimentos podem ser maiores e mais complexos, como aumento de adubação e seus reflexos no rendimento serem pequenos devido ao uso inadequado da tecnologia. Os investimentos devem ser planejados e têm por meta aumentar a eficiência, garantir benefícios e reduzir riscos. Temos, ainda, o que chamamos de tecnologia custo zero. As tecnologias custo zero são todas aquelas que não alteram o custo ou investimento feito. Não dependem da produtividade, mas podem e interferem de maneira significativa na produtividade e na rentabilidade da cultura. Por exemplo: plantio em época inadequada; plantio sem qualidade com muitas falhas; aplicação de ureia em condições e de forma inadequada que implicará em perdas; pulverização com vazão e pontas inadequadas. O que queremos dizer é que os investimentos custo zero só dependem do agricultor. A maior parte das perdas de
eficiência é decorrente do uso inadequado das tecnologias.
Por que investir em tecnologia?
Uma antiga discussão é quanto à relação custo-benefício no uso de determinadas tecnologias. Seria quase que um balanço entre riscos e garantias. Estes questionamentos sempre ocorrem sob a alegação de que a resposta ao uso de tecnologias está sob a condicionante que tudo de correto deve ocorrer, para que a resultado seja como o planejado. Então, se ocorrer uma seca ou outro problema qualquer, os investimentos foram jogados fora. No entanto, esta é uma visão equivocada. A primeira coisa que precisamos avaliar é que o conjunto de tecnologia, atualmente disponível, foi desenvolvido exatamente para solucionar ou amenizar estes problemas. Veja alguns exemplos: Híbridos de milho Os híbridos de milho, atualmente, são o maior veículo de tecnologia e que apresentam a maior capacidade de resposta ao uso de práticas de manejo. As sementes respondem ao aumento do nível de adubação, população de plantas, redução de espaçamento e a uma gama de outras práticas de manejo. Elas também concentram a maior fonte de tolerância às doenças, tolerância à seca, adaptação a diferentes regiões, tipo de solo e época de plantio. Os híbridos são muito seguros, estáveis, principalmente quando combinados e manejados adequadamente, respeitando-se as suas características e posicionamento. Biotecnologia O agricultor hoje no Brasil tem a sua disposição as tecnologias mais modernas na área da biotecnologia. Uma delas é o milho Bt. Esta tecnologia veio como uma forte ferramenta no auxílio ao combate às principais pragas da cultura do milho. No Brasil, só na safra passada foram mais de cinco milhões de hectares plantados com esta tecnologia. Ela foi testada e aprovada pelos agricultores. É, sem dúvida, a tecnologia com a maior taxa de adoção nos últimos anos. Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, a tecnologia Bt exige monitoramento constante da lavoura, pois, caso pragas não alvo da tecnologia ocorram ou mesmo pragas alvo se apresentem em nível de dano, torna-se obrigatório o controle com inseticidas registrados.
Os produtos asseguram excelente nível de controle contra as pragas das fases iniciais das lavouras, em especial os percevejos. O resultado é uma lavoura mais uniforme e com melhor estande. Informações técnicas regionalizadas Hoje, no Brasil, existe uma qualificada equipe técnica no campo, quer através das empresas de sementes, cooperativas, rede de distribuição de insumos, fundações e consultorias técnicas. Essa equipe possui informações regionalizadas sobre as práticas de manejo que propiciam melhores respostas para os híbridos. São informações sobre as melhores épocas de plantio, população de plantas, espaçamento, adubação, além de outras que permitem o correto posicionamento dos híbridos para situação. Além da tecnologia propriamente dita, é preciso analisar os custos. Dentro dos custos totais existem custos fixos e custos variáveis. Os Custos fixos são aqueles que permanecem os mesmos e não dependem de produtividade e nível de tecnologia adotada. Por exemplo: operação de plantio, pulverização, aplicação de ureia. Se uma lavoura produziu bem ou mal, este custo está ali. Por isso plantar bem ou realizar qualquer outra atividade operacional de maneira adequada é importante, pois o custo é fixo, independente do resultado. O agricultor gastará o mesmo valor independentemente da produtividade. A única diferença é que se usar de maneira inadequada, ele obterá um menor resultado e, consequentemente, um menor retorno sobre o investimento feito. Os custos variáveis, como o próprio nome já diz, são aqueles que alteram conforme o emprego de tecnologia visando uma maior produtividade. Por exemplo: aumento da adubação. Como eles impactam diretamente nas despesas, é muito importante que sejam bem utilizados para que alcancem a resposta desejada.
O hoje e o futuro
As tecnologias disponíveis são e serão cada vez mais seguras, como também são e serão as responsáveis pelo aumento da possibilidade de sucesso na atividade, principalmente pela menor exposição a riscos ou geradoras de maior nível de estabilidade. Isso já vem acontecendo e, um bom exemplo disto é a tecnologia Bt, que tem proporcionado excelente nível de controle às principais pragas do milho gerando segurança. Entretanto, as tecnologias cada vez mais serão complementares e deverão ser adotadas de maneira integrada. Assim, não adiantará nada optar por um híbrido de alta qualidade se não adubá-lo, ou não garantir a população final de plantas por meio de um adequado controle de pragas, ou respeitar a época ideal de plantio do híbrido para a região, por exemplo. As tecnologias irão funcionar mais ou menos como itens de segurança na condução de um veículo. Não se consegue tirar o maior proveito da segurança existente nos veículos atualmente como ABS, tecnologia existente nos pneus, facilidade no acesso aos controles do veículo, air bag e outras tecnologias, se o condutor não mantiver o carro em dia com pneus em condições, andar dentro do limite de velocidade, colocar o cinto de segurança, respeitar as leis de trânsito, estar com a sua saúde em dia etc. O que queremos afirmar é que as tecnologias deverão andar sempre alinhadas e combinadas de maneira coerente com a região, agricultor, fatores limitantes, histórico da região etc. A adoção de tecnologia hoje é a maneira mais eficiente de melhorar os processos dentro da propriedade, reduzir riscos e assegurar maiores possibilidades de sucesso, transformando seus investimentos C em resultados. Claudio de Miranda Peixoto Dir. de Mkt. Corp. e Regulamentação
BioGene Sementes
Gráfico mostrando a relação de custos versus tecnologia
Serviços Hoje o agricultor brasileiro conta com inúmeros serviços que podem auxiliá-lo na condução de sua lavoura. Uma das opções é o tratamento de sementes industrial. A tecnologia desenvolvida atualmente assegura qualidade, dose e cobertura das sementes.
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Capa
Mobilidade surpree
O cultivo concomitante de soja e algodão tem favorecido a presença de lagartas, percevejos, mosca-branca e ácaros que transitam e se estabelecem de forma progressiva entre as lavouras. Esse fator, associado a outros aspectos, acaba por influenciar negativamente o manejo dessas pragas. Entender o comportamento desse complexo de insetos, realizar o monitoramento criterioso, empregar tecnologias de resistência genética e aplicar inseticidas de forma correta e racional fazem parte de um conjunto de medidas que devem ser adotadas de modo integrado para enfrentar o problema
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mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo B) e ácaro-rajado (Tetranychus urticae). No sistema milho-algodoeiro, a lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea) pode transitar entre as lavouras após o secamento dos cabelos das espigas, e o milho funcionaria como fornecedor de insetos para os algodoais.
Influências no manejo
Na última safra (2011/12), as espécies que apresentaram maior importância para a cultura do algodão, em praticamente todo o Mato Grosso, favorecidas pela “dobradinha”
soja-algodão, foram a lagarta-falsa-medideira e a lagarta-da-maçã. Mais de 80% das unidades produtoras de algodão do estado relataram intensas e frequentes ocorrências de uma ou das duas espécies ao longo do ciclo do algodoeiro. Adicionalmente, algumas plantas daninhas hospedeiras, soqueiras e plantas tigueras de soja e algodoeiro, e certas culturas de cobertura na entressafra (como leguminosas), também servem de hospedeiros alternativos, podendo manter a população de pragas ativa no agroecossistema ao longo de todo o ano. Outra influência decorre da ausência/re-
Fotos Pierre J. Silvie
E
stá instituído um sistema em que a cultura da soja funciona como fornecedor e a cultura do algodão como receptor de artrópodes que se dispersam no tempo e no espaço entre ecossistemas e comunidades agrícolas. A mobilidade é o principal fator da dinâmica populacional de organismos que usam o algodoeiro temporariamente como habitat, e entendê-la é essencial na determinação de sucesso ou falha de muitas táticas de controle. O concomitante e funcional sistema de produção de soja e algodão adotado atualmente no estado do Mato Grosso, com o cultivo de variedades de soja de ciclos precoce e superprecoce, a partir das primeiras chuvas de setembro e outubro, seguido pelo cultivo imediato de algodão de janeiro a março (safrinha ou segunda safra), após a colheita da soja, tem favorecido um complexo de espécies de insetos e ácaros-pragas comuns às duas culturas. Predominantemente, esse complexo de pragas é constituído por lagarta-falsamedideira (Pseudoplusia includens), lagarta-damaçã (Heliothis virescens), percevejos-invasores (como o percevejo-marrom Euschistus heros),
Figura 1 - Desfolha característica da lagarta-falsa-medideira (Pseudoplusia includens) no terço médio da planta de algodoeiro (A) e detalhe para a folha desfolhada com nervuras preservadas (B)
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A)
C)
Figura 2 - Lagarta (A), pupa (B) e adulto (C) de Pseudoplusia includens (lagarta-falsa-medideira)
Pierre J. Silvie
B)
Características das pragas
A lagarta-falsa-medideira apresenta coloração verde com uma linha dorsal branca ao longo do corpo e, por vezes, pernas torácicas na cor preta; caminha “medindo palmo” e tem três pares de pernas abdominais. Apresenta um ciclo biológico de ovo a adulto de aproximadamente 35 dias, onde de 14 a 28 dias é correspondente ao período larval – época em que causa dano. Pupa nas folhas enrolando-se em fios de seda que produz. Os adultos da espécie são mariposas de coloração escura-acinzentada, apresen-
C)
Acervo IMAmt
A)
Miguel F. Soria
Arquivo IMAmt
Pierre J. Silvie
dução do revolvimento do solo nos sistemas de cultivo mínimo ou direto – prática que poderia expor pupas de H. virescens aos fatores bióticos e abióticos capazes de controlá-las. Da mesma maneira, a redução do uso de ingredientes ativos inseticidas antigos (endosulfan e metamidophos), que apresentavam efeitos sobre mariposas e lagartas, bem como os de choque, mais evidentes sobre lagartas (piretroides CE, profenofos, methomyl e thiodicarb), aumentou a prevalência de mariposas no sistema de
são encontradas na parte de baixo (abaxial) das folhas ou ramos, sendo que nos primeiros ínstares raspam as folhas passando posteriormente a desfolhá-las. A característica dessa lagarta em permanecer no interior e baixeiro das plantas e na parte de baixo das folhas, dificulta a ação e prejudica a eficiência de inseticidas, por resultar em maior dificuldade para a calda de pulverização atingir os locais onde estão as lagartas, ou das partes das plantas de que elas se alimentam. Esse fato é agravado após as plantas de algodoeiro crescerem o suficiente para fecharem as entre linhas de cultivo, normalmente verificado após os 60-70 dias da emergência da cultura. Já a lagarta-da-maçã se tornou comum à cultura da soja no MT, pois as duas culturas foram sendo cultivadas no mesmo tempo e espaço ao longo das safras, possivelmente contribuindo para que a lagarta-da-maçã se adaptasse melhor à soja, uma vez que se alimenta de estruturas reprodutivas e brotações, e é sabidamente polífaga (ataca diversas culturas). Os relatos de H. virescens na cultura da soja são antigos, principalmente de lagartas atacando vagens de modo esporádico.
B)
D)
Márcio H. Caldeira
ndente
cultivo, favorecendo as mobilidades noturnas e oviposições continuadas, ficando o controle das lagartas - nos talhões amostrados - à mercê dos novos ingredientes ativos oferecidos no mercado, como: Bacillus thuringiensis, chlorantraniliprole/rynaxypyr, flubendiamide, indoxacarb, inibidores da síntese de quitina, tebufenozide, spinosad, chlorphenapyr, todos sem efeito adulticida significativo. A lagarta-falsa-medideira é uma praga desfolhadora da soja e do algodoeiro, mas que em um passado recente era facilmente controlada por inimigos naturais, principalmente parasitoides e fungos entomopatogênicos, especialmente por Nomuraea rileyii, que causa a doença-branca. As aplicações de inseticidas para o controle de pragas nas culturas do algodoeiro e soja, frequentemente sem considerar os níveis de infestação das pragas para então tomar a decisão de se realizar ou não o controle, assim como as aplicações de fungicidas para o controle da ferrugem-da-soja (Phakopsora pachyrhizi) na soja, e da ramulária (Ramularea areola) no algodoeiro, favoreceram o aumento populacional dessa lagarta nas duas culturas, por terem afetado negativamente as populações de agentes naturais de controle (predadores, parasitoides e fungos entomopatogênicos que causam doenças em insetos-praga). Como resultado, o aumento populacional e de infestações da lagarta-falsa-medideira ocorreu no sistema, com sua incidência sendo cada vez mais frequente ao longo do ciclo das culturas do algodão e da soja. No algodoeiro, essa lagarta habita o interior da planta, particularmente o terço médio e inferior, causando desfolha, preservando as nervuras principais (Figura 1). Normalmente
Antônio Neto
Cultivar
Figura 3 - Lagarta-da-maçã (Heliothis virescens) atacando ponteiro (A), botão floral (B) e maçã (C); detalhe para vagens de soja apresentando sintomas de injúria de H. virescens (D)
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Tabela 1 - Graus de resistência relativa* esperados no Brasil, das diferentes tecnologias atuais e futuras (algodão-Bt) para as diferentes pragas da Ordem Lepidoptera: alta suscetibilidade (AS), suscetibilidade (S), moderada resistência (MR), alta resistência (AR) e imunidade (I) Tecnologia Toxina(s) Elasmopalpus lignosellus Alabama argillacea Pseudoplusia includens Heliothis virescens Helicoverpa zea Spodoptera frugiperda Spodoptera eridania Pectinophora gossypiella Bollgard Cry1Ac MR AR S AS AS AR AR S Bollgard II Cry1Ac + Cry2Ab2 MR AR MR MR MR AR AR AR Bollgard III Cry1Ac + Cry2Ab2 + Vip3A MR AR AR AR AR AR AR AR TwinLink Cry1Ab + Cry2Ae MR AR MR MR MR AR AR AR TwinLink 3 Cry1Ab + Cry2Ae + Vip3A MR AR AR AR AR AR AR AR WideStrike Cry1Ac + Cry1F MR AR S AR AR AR AR AR * em relação ao dano médio de variedades modificadas e suas convencionais
tando uma mancha prateada com contorno marrom-escuro-brilhante (Figura 2). Os ovos são arredondados e de coloração verde, sendo colocados isoladamente na folhagem. As lagartas-da-maçã apresentam quatro pares de pernas abdominais, coloração variável (do verde-claro ao verde mais escuro, parda ou rósea), tem algumas faixas escuras pelo corpo e frequentemente são bem nítidos os tubérculos (manchas) pretos na base das cerdas. Particularmente, H. virescens tem espinhos curtos presentes no topo destes tubérculos, especialmente aqueles localizados no oitavo segmento abdominal, diferenciando-a da lagarta-da-espiga-do-milho (H. zea), muito parecida com a lagarta-da-maçã, e que também ataca a cultura do algodão, mas cujos tubérculos do oitavo segmento abdominal são desprovidos daqueles microespinhos. As mariposas (adultos) de H. virescens apresentam coloração oliva com três faixas escuras oblíquas nas asas, sendo que as fêmeas normalmente colocam seus ovos de cloração amareloclaro, de maneira isolada em brotações das plantas e demais tecidos tenros, especialmente no ponteiro, assim como em brácteas e folhas. Após eclodirem, as lagartas normalmente se alimentam destas brotações, destruindo-as, onde posteriormente movem-se pela planta em busca de estruturas reprodutivas para se alimentarem (botões florais, flores e maçãs) (Figura 3). Nesse caminhamento (descida) pela planta, podem causar injúrias em cinco a sete estruturas reprodutivas. Quando atacam, normalmente lesionam as brácteas das estruturas reprodutivas do algodoeiro e penetram no interior dos botões florais ou maçãs, permanecendo protegidas. Os botões atacados caem sobre a superfície do solo e as maçãs atacadas têm seu tecido interior (fibras imaturas e sementes) consumido pela lagarta. Maçãs firmes (com fibras e sementes desenvolvidas) podem ser atacadas por lagartas grandes e de últimos ínstares. Cabe ressaltar que a injúria (perfuração) causada nas maçãs pelo ataque dessa praga serve como uma abertura para a entrada de fungos e bactérias responsáveis pelo apodrecimento destas estruturas, efeito que é favorecido sob condições de elevada umidade. Essa praga precisa de 35-50 dias para se desenvolver de ovo a adulto, sendo que aproximadamente 3-4 dias é o período de incubação, e 14-18 dias correspondem ao período larval,
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fase em que causa danos (Figura 4). As lagartas pupam no solo, podendo ocorrer de quatro a cinco gerações por safra nos algodoais.
Movimentos noturnos
O cultivo da soja seguido pelo plantio do algodão proporciona uma extensão da oferta alimentar, de abrigo e locais de atração reprodutiva (ponte biológica) para as espécies referidas, consequentemente favorece a continuidade de gerações da praga por um período longo, desde a soja, e permite a passagem de uma cultura à outra, com ou sem interrupção do crescimento populacional dessas espécies (redistribuição constante) no sistema de cultivo soja-algodão ao longo da(s) safra(s) (Figura 5). Esse fato é tido como a principal causa do aumento da importância dessas duas espécies de pragas na cultura do algodão nas últimas safras, pois há a dispersão da soja em final de ciclo para o algodoeiro em florescimento, favorecendo infestações desde o início até o final do ciclo da cultura do algodão. Esse é um dos fatores que afetam a evolução da resistência dessas espécies aos inseticidas, pois pulverizações de inseticidas com o mesmo modo de ação são comumente realizadas tanto na cultura da soja quanto em algodão para o controle dessas espécies, muitas vezes por mais de seis meses contínuos, o que aumenta a pressão de seleção de indivíduos resistentes a estas moléculas. Daí decorre a importância de rotacionar princípios ativos com modos de ação diferentes ao longo do tempo (em blocos ou janelas de grupo químico), evitando-se repetir o uso destas moléculas na mesma safra agrícola, considerando a composição de culturas fornecedoras e receptoras de mariposas, hospedeiros alternativos e monitoramento das espécies e suas resistências. Particularmente, para a lagarta-da-maçã, a constante redistribuição/dispersão no agroecossistema de populações de adultos durante períodos noturnos requer que culturas hospedeiras como a soja e o algodão sejam constantemente monitoradas para a população de ovos e lagartas, para que um controle satisfatório com inseticidas seja alcançado. Os problemas de constante reinfestação desta espécie no sistema soja-algodão decorrem de que os sistemas de cultivo adotados no Cerrado preconizam sucessões de culturas hospedeiras.
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Plantas Bt
Com o advento de variedades transgênicas resistentes aos insetos (WideStrike, TwinLink, Bollgard II e Bollgard), chamadas comumente de “plantas Bt”, por serem capazes de expressar proteínas inseticidas da bactéria de solo Bacillus thuringiensis (Bt), as populações dessas espécies possivelmente serão reduzidas no agroecossistema soja-algodoeiro, pois a lagarta-da-maçã e a lagarta-falsa-medideira são consideradas pragasalvo das proteínas dessas plantas, em menor ou maior grau. Neste contexto, destacam-se as variedades que expressam duas proteínas inseticidas (WideStrike: Cry1Ac + Cry1F, TwinLink: Cry1Ab + Cry2Ae, e Bollgard II: Cry1Ac + Cry2Ab2) (Tabela 1). A variedade Bollgard expressa apenas uma proteína inseticida, a Cry1Ac. Em breve estarão disponíveis ainda as tecnologias Bollgard III e TwinLink 3, que decorrem da piramidação da proteína inseticida Vip3A de B. thuringiensis Bollgard II e TwinLink, respectivamente. Ressalta-se que com o advento da soja Bt (Intacta), no Brasil, recentemente liberada para cultivo pela Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio), e que é capaz de expressar a proteína inseticida Cry1Ac de Bt, a redução populacional destas espécies de pragas no agroecossistema soja-algodoeiro poderá ocorrer, pois essa tecnologia tem como praga-alvo a lagarta-da-maçã e a lagarta-falsa-medideira. Porém, este fato é uma oportunidade para se estender a expressão desta proteína ao longo de vários meses do ano, resultando nesta forma, em constante pressão de seleção pela toxina Cry1Ac de Bt no sistema soja-algodoeiro, que venha utilizar variedades contendo esta tecnologia. No Brasil, um benefício imediato similar das liberações e uso comercial em larga escala de plantas Bt capazes de controlar satisfatoriamente pragas muito destrutivas, foi recentemente verificado em milho com a espécie Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), onde um controle eficaz da praga em larga-escala nas plantas de milho Bt diminuiu o movimento contínuo de mariposas da gramínea para os algodoais, após o encerramento do ciclo das plantas dos milharais, o que contribuiu para reduzir a problemática de S. frugiperda em algodoais, principalmente baianos, goianos e maranhenses.
Pierre J. Silvie
Márcio H. Caldeira
Pierre J. Silvie
Figura 4 - Ovo (A), lagarta (B) e adulto (C) de Heliothis virescens (lagarta-da-maçã)
Manejo adequado
Algumas estratégias/medidas de controle podem ser adotadas pelos produtores para o manejo integrado da lagarta-falsa-medideira e lagarta-da-maçã na cultura do algodão. A primeira delas é o monitoramento da população da praga na área de cultivo a cada três dias no máximo, observando a presença de ovos e lagartas na planta inteira e suas estruturas reprodutivas (brotações, pecíolos, folhas, ramos, botões florais, flores e maçãs), e adicionalmente a porcentagem de desfolha causada pela lagartafalsa-medideira. Cultivos bem desenvolvidos vegetativamente, adensados e/ou com muitas estruturas reprodutivas tendem a ser mais atrativos à H. virescens, normalmente sendo mais infestados por essa espécie. Indica-se identificar corretamente as espécies de lagartas ocorrentes, ou mistura delas, antes da escolha do inseticida. Recomenda-se o uso de dados de armadilhas de feromônios de mariposas ou observação de seus fluxos e voos. No caso da lagarta-da-maçã, convém adotar o nível de controle (NC) de 6% a 8% de plantas infestadas com pelo menos uma lagarta pequena (≤ 7mm); e, para a lagarta-falsa-medideira, duas lagartas por planta, 10% de desfolha da planta toda ou 25% de desfolha do ponteiro (o que ocorrer primeiro). Para lagarta-da-maçã, quando forem encontrados de 30 a 50 ovos/100 plantas deve-se retornar a área após dois dias para um novo monitoramento com a finalidade de verificar a eclosão das lagartas. Se o NC for atingido, utilizar inseticida imediatamente (não aplicar para controle de ovos; dois a quatro tratamentos a cada cinco dias de intervalo podem ser necessário). Utilizar inseticidas respeitando o nível de controle para cada praga, através de produtos eficientes registrados para a cultura e nas dosagens recomendadas, dando preferência aos seletivos aos inimigos naturais, especialmente nos 80 dias iniciais da lavoura. Também é fundamental não usar subdosagens ou superdosagens, uma vez que a eficiência de controle pode ser reduzida, além de ser parte de um fator que afeta a evolução da resistência aos inseticidas aplicados. Aplicações múltiplas em uma dosagem média costumam ser mais eficazes que uma aplicação simples em superdosagem. Não esquecer de realizar rotação de
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inseticidas em uma sequência lógica (em blocos ou janelas de grupo químico) com diferentes modos de ação (sítio de ação), inclusive considerando aqueles inseticidas utilizados previamente na cultura da soja para o controle dessas pragas. É imprescindível adotar uma boa tecnologia de aplicação, realizando as pulverizações nas horas do dia em que as temperaturas são mais amenas (início da manhã ou ao entardecer), sem ventos fortes e umidade adequada, evitando-se derivas e a rápida evaporação da calda; aplicações noturnas, se viáveis, costumam ser mais efetivas. O uso de pontas pingentes na barra de pulverização ou pulverizadores com sistema Vortex contribui para que a calda de pulverização seja melhor distribuída no terço médio e inferior da planta, com maiores chances de atingir o alvo, especialmente no caso da lagartafalsa-medideira. Constatando-se o elevado fluxo de mariposas de H. virescens na área, normalmente evidenciado em lavouras “desequilibradas”, realizar a pulverização nas bordaduras, em alto volume de calda (gotas grandes), de isca tóxica adulticida à base de água + inseticida + açúcar (3%) ou melaço de cana (6%), no crepúsculo da noite. O emprego de plantas Bt (WideStrike, Bollgard II, TwinLink e Bollgard) já aprovadas para uso no Brasil é ótima estratégia. Ressalta-se que as três primeiras apresentam eficiência de controle tanto para a lagarta-da-maçã quanto
para a lagarta-falsa-medideira, por conterem proteína inseticida mais efetiva, o que favorece o controle e, ao mesmo tempo, o manejo da resistência dessas espécies às proteínas inseticidas de Bt expressas nas variedades, aumentando a vida útil destas tecnologias. A adoção de variedades Bt, respeitando o plantio de áreas de refúgio, conforme recomendação do detentor da tecnologia, para minimizar a evolução da resistência dessas espécies de pragas às proteínas de Bt expressa nas variedades também é indicada. Outra medida é realizar o monitoramento de pragas normalmente nas áreas de cultivo com variedades Bt, acompanhando a eficiência de controle dessa tecnologia sobre as pragas-alvo e tomando-se estratégias de controle para as demais pragas não alvo, de acordo com os níveis de controle. Aguarde um tempo de dois a três dias para as lagartas neonatas se intoxicarem e morrerem devido à toxina de Bt expressa na planta, antes de fazer qualquer controle químico. Recomenda-se o cultivo de milho ou de outra cultura alternativa não hospedeira dessas espécies de pragas, como opção para a safrinha após soja, com o objetivo de interromper a continuidade de gerações por um período de tempo, e reduzir a pressão populacional da praga na área cultivada. É indicado, ainda, expandir o uso, incrementar a adoção e priorizar as escolhas de técnicas de controle biológico de pragas, protegendo inimigos naturais, com o objetivo de dar maior sustentabilidade ao sistema de produção. Qualquer medida de controle a ser adotada deve considerar os fundamentos do Manejo Integrado de Pragas (MIP), em que o retorno econômico é aliado aos aspectos C ambientais e sociais. Miguel F. Soria e Danielle Thomazoni, IMAmt Paulo E. Degrande, UFGD
Figura 5 - Foto aérea evidenciando o cultivo de soja e algodão no mesmo tempo e espaço (lado a lado), favorecendo a mobilidade de Heliothis virescens e Pseudoplusia includens de uma cultura à outra
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Arroz Fotos Irga
Inimigo ardiloso O percevejo do colmo está entre as principais pragas que afetam a cultura do arroz irrigado. Inseto tem por hábito hibernar próximo ou dentro da lavoura, ataca a partir da emergência e costuma esconder-se no interior das plantas durante o dia, o que dificulta a visualização e o monitoramento. O emprego de inseticidas eficientes é uma das estratégias recomendadas para manejar o problema
O
percevejo-do-colmo, pelo aumento da população e devido aos danos causados, está entre os principais insetos-praga do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. As regiões mais atacadas são Fronteira Oeste, Depressão Central, Litoral Sul e Litoral Norte. Este inseto hiberna dentro ou próximo da lavoura e ataca as plantas após a emergência, causando perdas por atacar toda a área. A praga ocorre em dois períodos de desenvolvimento das plantas; na fase inicial ao atacar a bainha da folha, causa a morte parcial ou total da folha central, sendo conhecido como o sintoma do “coração morto” e na fase reprodutiva ocorre a formação da panícula branca ou grãos estéreis. Durante o dia tem como hábito lo-
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calizar-se na parte inferior da planta, o que dificulta a sua determinação, logo, o monitoramento deve ser realizado em toda a área, abrindo as plantas para determinar os percevejos. Devido à expressão deste inseto e como existem poucos produtos registrados, foi realizado este estudo, com o objetivo de obter inseticidas eficientes no controle do percevejo-do-colmo.
Material e métodos
O experimento foi realizado a campo, na Subestação da Barragem do Capané, do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), em Cachoeira do Sul, no período agrícola 2010/2011. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com quatro repetições, cada parcela medindo 3m x 5m,
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totalizando 15m2. O preparo do solo foi no sistema do cultivo mínimo, sendo semeada a cultivar Irga 424, na densidade de 100kg/ha. Os tratamentos foram seis: clorantraniliprole + thiametoxan em três doses, de 200ml/ha, 300ml/ha e 400ml/ha, Tiametoxan + lambdacialotrina, na dose de 200ml/ ha, e o inseticida (Tiametoxan 250WG), na dose de 150g/ha empregado como padrão e uma testemunha não tratada. Todos os tratamentos inseticidas foram aplicados com um pulverizador costal propelido a CO2, regulado com pressão de 35lb/pol2 equipado com quatro bicos, tipo jato leque, equidistantes 0,5m, com um volume de calda de 150 litros/ha. As avaliações para determinar a eficiência de cada tratamento foram realizadas
Tabela 1 - Avaliações, número de percevejos, eficiência agronômica e rendimento de grãos, no controle do percevejodo-colmo, na Subestação da Barragem do Capané, IRGA, Cachoeira do Sul (RS), 2011 Tratamentos 1. Tiametoxan 250 WG 2. clorantraniliprole + thiametoxan 300SC 3. clorantraniliprole + thiametoxan 300SC 4. clorantraniliprole + thiametoxan 300SC 5.Tiametoxan+lambdacialotrina 247SC 6.Testemunha CV %
Doses g/mL ha-1 150 200 300 400 200 ---
N1 un 1,0 a3 3,0 b 2,0 ab 1,0 a 2,0 ab 13 c 7,7
12 % 92 78 85 92 85 0 --
Avaliações e % controle N2 un 22 % N3 un 72 % 1,5 b 86 1,0 b 90 2,5 c 77 1,5 b 86 1,0 b 90 1,0 b 90 0,25a 98 100 a 100 1,5 b 86 1,5 b 86 11 d 0 11 c 0 8,5 -6,6 --
Rendimento t ha-1 10,61 a 10,30 a 10,72 a 11,03 a 10,42 a 10,20 a 8,8
1 Número médio de percevejos /m-2; 2 Dias após a aplicação dos tratamentos; 3 Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de significância.
um, dois e sete dias da aplicação dos produtos, quando as plantas encontravam-se no estádio de grão em massa firme. O número médio de percevejos por parcela na testemunha foi de 13 na primeira avaliação, 11 na segunda e 11 na terceira. O rendimento de grãos foi obtido pela colheita de 2m x 2,5m, com 5m2 de área útil de cada parcela, sendo os resultados expressos em t/ha e a umidade corrigida para 13%. A eficiência dos inseticidas foi calculada pela fórmula de Abbott (1925). Os dados foram submetidos à análise da variância pelo teste F e as médias comparadas pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e discussão
Nas condições em que foi realizado o estudo verificou-se que nas três avaliações, os tratamentos inseticidas diferiram significativamente do tratamento testemunha, conforme Tabela 1. Quanto ao controle, na primeira avaliação realizada um dia após a aplicação dos produtos, o clorantraniliprole + thiametoxan 300SC nas doses de 300ml/ha e 400ml/ ha, Tiametoxan + lambdacialotrina e o Tiametoxan 250WG, apresentaram controle superior a 85%, demonstrando boa eficiência. Porém, o clorantraniliprole + thiametoxan 300SC na dose de 200ml/ha apresentou baixa eficiência, com controle inferior a 80%. Na segunda avaliação novamente o clorantraniliprole + thiametoxan 300SC, nas doses de 300ml/ha e 400ml/ha, apresentou 90% e 98% de controle respectivamente, demonstrando uma melhor eficiência em relação à primeira avaliação. Porém, para este inseticida na dose de 200ml/ha, o controle não foi bom, ficando abaixo do mínimo desejado, inferior a 80%. Quanto ao Tiametoxan + lambdacialotrina 247SC, a eficiência não diferiu estatisticamente do inseticida padrão Tiametoxan 250WG, e ambos apresentaram um bom controle do percevejo.
Na terceira avaliação todos os tratamentos inseticidas controlaram eficientemente o percevejo-do-colmo. Porém, o clorantraniliprole + thiametoxan 300SC, na dose de 400ml/ha, a eficiência foi de 100%, ocorrendo diferença estatística em relação ao tratamento padrão. Os percentuais de controle do clorantraniliprole + thiametoxan 300SC, nas doses de 300 e 400ml/ha, responderam ao aumento da dose, aspecto verificado nas três avaliações. Quanto ao rendimento de grãos, não ocorreram diferenças estatísticas entre os tratamentos inseticidas e a testemunha, porém o Tiametoxan 250WG, o clorantraniliprole + thiametoxan 300SC, nas doses de 300ml/ha e 400ml/ha, apresentaram produtividade superior a 400kg em relação à testemunha. Com a aplicação dos inseticidas não se verificou efeito fitotóxico dos mesmos às
Percevejo hiberna dentro ou próximo das lavouras e começa o ataque às plantas logo após a emergência
plantas de arroz irrigado. Nas condições em que foi realizado o estudo, conclui-se nas três avaliações que os inseticidas clorantraniliprole + thiametoxan 300SC, nas doses de 300ml/ha e 400ml/ha, Tiametoxan 250WG, e o Tiametoxan + lambdacialotrina 247SC, são eficientes no controle do percevejo Tibraca C limbativentris em arroz irrigado. Jaime Vargas de Oliveira, Thais Fernanda Stella de Freitas, Jaceguay de Barros, Jose Patricio de Freitas, Jorge Cremonese. Irga
Experimento foi realizado na Subestação do Irga da Barragem do Canapé, em Cachoeira do Sul, no período agrícola 2010/11
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Soja Fotos Jovenil J. Silva
Monitoramento eficiente
O ataque de insetos é responsável pela perda de milhões de toneladas de grãos, anualmente, no Brasil. Além das pragas principais, outras secundárias como o percevejo-asa-preta-da-soja crescem em importância e ajudam a agravar os prejuízos. Seu combate passa pela vigilância, com especial atenção à chegada dos insetos nas lavouras. Uma das ferramentas importantes para realizar esse acompanhamento criterioso reside no uso de armadilhas iscadas com feromônios sexuais
O
Brasil é o segundo maior produtor de soja (Glycine max) no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. O último levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em julho/2012, mostrou que a produção brasileira de soja quase alcançou os 70 milhões de toneladas, com área plantada de 25 milhões de hectares, estando entre as principais culturas agrícolas do Brasil. Entretanto, milhões de toneladas de grãos são perdidos todos os anos devido a danos causados por pragas, principalmente por várias espécies de pentatomídeos (percevejos). No complexo de sugadores que ocorrem na cultura da soja, o percevejo-verde Nezara viridula (L.), o percevejo-marrom Euschistus heros (F.) e o percevejo-verde-pequeno Piezodorus guildinii (West.) são as espécies
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mais abundantes. Várias outras espécies de percevejos também estão presentes em menor frequência e suas populações isoladas não causam danos efetivos, mas acumulam-se com os danos das pragas principais, como é o caso do percevejo-asa-preta-da-soja Edessa meditabunda (F.). Este percevejo ainda é considerado uma praga secundária da soja, entretanto, em alguns lugares do Brasil, como a região centrooeste, está crescendo em importância. E. meditabunda pode ser reconhecido por sua coloração verde na parte superior do corpo, asas pretas e antenas, pernas e parte ventral do corpo, marrom-amareladas. Estes insetos se alimentam da seiva dos ramos e das vagens, ocasionando lesões escuras e podendo provocar o aborto de botões florais e vagens novas, retenção foliar ou “soja louca”, além de ajudar na disseminação de microrganismos.
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O Controle
O controle dos percevejos nas plantações é feito, principalmente, através do monitoramento da chegada dos insetos na lavoura seguido do controle químico ou biológico. O principal método de monitoramento é através de inspeção visual, que precisa ser realizada na primeira hora de sol quando os insetos ficam expostos à luz solar, ou pela técnica do panode-batida. Essas técnicas requerem trabalho intensivo e rotineiro para gerar avaliações realistas da população, necessitando de mãode-obra especializada e gerando alto custo para o agricultor. Além disso, os percevejos são polífagos (se alimentam de várias plantas hospedeiras) e migram facilmente de uma cultura para outra vizinha, ou para a vegetação nativa ao redor. Dessa forma, avaliações frequentes do nível da população se mostram necessárias
a fim de aplicar as medidas de controle antes de dano significativo. Um método de monitoramento que está ganhando destaque são as armadilhas iscadas com feromônios. Feromônios são substâncias químicas produzidas por seres vivos para mediar a comunicação entre indivíduos de uma mesma espécie. No caso dos insetos, cite-se os de feromônios de trilha, território ou marcação, alarme, oviposição, agregação e sexual. Os feromônios sexuais e de agregação são compostos voláteis, responsáveis pela atração dos indivíduos do sexo oposto ou de ambos os sexos para fim de acasalamento ou aviso de um bom lugar para alimentação. No caso do uso de armadilhas de monitoramento que contenham estas substâncias como iscas, os insetos são atraídos e retidos nas armadilhas, dia após dia, indicando a quantidade de insetos na lavoura e informando ao agricultor quando é necessário intervir com o método mais adequado de controle. O uso dessas armadilhas iscadas com feromônios, como forma de monitorar a chegada dos percevejos nas plantações, proporcionaria uma série de vantagens, como simplicidade, economia e um menor impacto ambiental. Isso porque não seria mais necessária a inspeção rotineira, sendo realizada em intervalos de tempo, como semanas, além de reduzir a aplicação do controle químico para somente quando necessário, reduzindo também os custos e o impacto ambiental. Na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estão registrados mais de 30 produtos com feromônio sendo, a pesquisa para a elaboração destes produtos, uma área em expansão mundial. Entretanto, são pesquisas recentes e ainda não há nenhum produto comercializado a base de feromônio para o monitoramento ou controle de percevejos. Dessa forma foi realizado um trabalho para sintetizar em laboratório o feromônio sexual
A lagarta falsa-medideira é uma das principais espécies com potencial para causar prejuízos na cultura da soja
Ninfas recém-eclodidas de E. meditabunda
do percevejo-asa-preta-da-soja, com o objetivo de desenvolver armadilhas de monitoramento destes insetos na cultura da soja.
A pesquisa
Inicialmente, os insetos foram coletados na estação experimental da Embrapa Soja, no município de Londrina, Paraná. A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Semioquímicos, na Universidade Federal do Paraná, por alunos de doutorado e sob orientação do professor Paulo Zarbin. Os insetos oriundos do campo (adultos e imaturos) foram mantidos em laboratório, sob condições controladas de temperatura e umidade (25°C; 65% UR; 14h de luz), e alimentados com vagens verdes de feijão (Phaseolus vulgaris) e frutos de ligustro (Ligustrum lucidum). Os adultos foram separados em duas câmaras de vidro, uma para os machos e outra para as fêmeas, para que todos os voláteis emitidos pelos insetos, incluindo os feromônios, fossem coletados. Os extratos contendo
esses voláteis foram submetidos a análises químicas por cromatografia gasosa (CG), em que os resultados obtidos graficamente revelaram dois compostos químicos produzidos exclusivamente pelos insetos machos (1 e 2). Como a maioria dos feromônios sexuais são produzidos por apenas um dos sexos, os estudos foram focados nos extratos que continham estes compostos macho-específicos. Também foi observado que estes compostos são liberados majoritariamente durante o dia (71% da emissão total). A bioatividade dos extratos dos voláteis de machos e fêmeas foi avaliada através de testes laboratoriais, observando-se o comportamento apresentado por ambos os sexos frente a fontes de odores que continham estes extratos, utilizando olfatômetros tipo ‘Y’. Estes testes mostraram que apenas as fêmeas são atraídas pelos extratos com os voláteis dos machos e nenhum dos sexos foi atraído pelos extratos das fêmeas, corroborando com os dados das análises químicas e evidenciando a presença
Sistema para coleta de voláteis produzidos por E. meditabunda (cima) e aspecto da porção final do abdômen de machos e fêmeas, utilizado como método de sexagem
Adulto de E. meditabunda
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Fotos Diogo Vidal
Resposta apresentada por antenas de fêmeas ao extrato natural e estrutura química dos componentes do feromônio sexual
Equipamento de CG-EAG utilizado na identificação de compostos bioativos nos percevejos (A). Detalhe das antenas de E. meditabunda (B) e de sua fixação no equipamento (C)
de um feromônio sexual. Também foi utilizado um aparelho acoplado a um CG chamado eletroantenógrafo (CG-EAG), que utiliza a antena do inseto, órgão receptor dos feromônios, para verificar se os compostos macho-específicos, ou algum outro composto, são reconhecidos pela antena. Através de diversas repetições dos experimentos em CG-EAG, foi possível observar que o composto produzido em maior quantidade (1) é reconhecido apenas pelas antenas de fêmeas, confirmando a existência do feromônio sexual. Após a determinação de quais compostos fazem parte da mistura feromonal, é necessário se conhecer as estruturas químicas de cada composto. Para isso foi realizada uma série de análises químicas utilizando a cromatografia gasosa aliada à espectrometria de massas (CG-EM) e espectroscopia no infravermelho (CG-IVTF), além da realização de reações químicas em escala de micro e nanogramas empregando-se os extratos naturais. Com isso foi possível a elaboração de uma proposta estrutural para ambos os compostos; 4,8,12trimetilpentadecanoato de metila (1) e 4,8,12trimetiltetradecanoato de metila (2). Em seguida, foi realizada a síntese em laboratório dessas duas moléculas para que houvesse a confirmação das estruturas químicas propostas. As moléculas sintéticas foram submetidas às mesmas análises químicas realizadas previamente com os extratos naturais,
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Armadilhas empregadas nos testes de captura de percevejos no campo. Em destaque, um septo de borracha impregnado com o feromônio sintético
e a comparação dos resultados das análises indicou que estas duas moléculas sintéticas eram as mesmas produzidas pelos insetos machos. Também foram conduzidos os testes biológicos em laboratório com olfatômetro em ‘Y’, em que foi observada grande atratividade de fêmeas tanto para o composto majoritário (1) isoladamente quanto para a mistura dos compostos na mesma proporção encontrada nos extratos naturais (1 + 2). Está em andamento o desenvolvimento de armadilhas contendo o feromônio sintetizado em laboratório para o monitoramento do percevejo-asa-preta-da-soja. Tradicionalmente, são utilizadas armadilhas feitas com garrafas pet para testes de campo
com feromônios de percevejos. Apesar de preliminares, os resultados alcançados nos testes em campo deram bom indicativo da viabilidade do uso dessas armadilhas, sendo ainda necessário aprimorar algumas variáveis como cor, formato e dosagem dos compostos. Entretanto, devido à grande atratividade de fêmeas pelos compostos sintéticos em condições de laboratório, as perspectivas quanto à sua utilização no manejo desta praga são C bastante otimistas. Diogo Vidal, Carla Fávaro e Paulo Zarbin, Lab. de Semioquímicos (UFPR)
C
Vidal, Carla e Zarbin realizaram pesquisas com a espécie no laboratório de Semioquímicos da UFPR
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Soja
Papel renovado
Herbicidas com efeito residual no solo ou de aplicação em pré-emergência readquirem importância no cenário do manejo de plantas daninhas nas lavouras brasileiras, principalmente em áreas de várzea cultivadas com soja em sucessão ao arroz, em que o emprego desses produtos pode funcionar como ferramenta para auxiliar a prevenir problemas de resistência
Charles Echer
O
Rio Grande do Sul é um dos estados pioneiros na produção de soja no Brasil, em especial na região do Planalto Rio-grandense, que possui solos bem drenados e profundos para o cultivo desta leguminosa. Mas, nas últimas décadas vem aumentando o cultivo de soja em regiões com menor tradição no Estado, como nas áreas de várzea da metade sul, onde historicamente se cultiva arroz. Na safra 2011/12, aproximadamente 190 mil hectares de várzeas foram destinados à cultura da soja nesta região (Irga, 2012), o que equivale a quase 5% da área cultivada na estação de crescimento. Isto decorre da necessidade da orizicultura ter uma alternativa eficaz e sustentável para o controle de plantas daninhas, em especial de gramíneas como o arroz-vermelho e o capim-arroz. Deste modo, o cultivo no tempo e no espaço das culturas de arroz e soja tem se constituído em oportunidade para reduzir o banco de sementes de plantas daninhas nas áreas de várzeas do estado gaúcho. O cultivo de soja apresenta algumas
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instabilidades produtivas nas várzeas, que geralmente estão associadas às condições ambientais ou de manejo adversas, sobretudo por excesso ou déficit hídrico. Isto justifica a necessidade de realização de práticas agrícolas eficazes, precisas e sustentáveis neste agroecossistema, diminuindo os fatores que causam estresse à cultura (Lange et al, 2011). Com efeito, para obter elevado rendimento de grãos, necessita-se controlar eficazmente as plantas daninhas na soja na várzea, limitando sua interferência negativa à cultura. Ainda, é preciso impedir a evolução de biótipos de arroz-vermelho ou capim-arroz resistentes ao glifosato, que se constitui no herbicida mais empregado no manejo destas espécies na soja. Satisfeitas estas condições, a soja cumpre com a sua função primordial de redução da infestação com plantas daninhas e se torna uma opção de diversificação para os orizicultores. Os herbicidas com efeito residual ou de aplicação em pré-emergência da cultura foram muito importantes nos programas de manejo de plantas daninhas na cultura da soja nas
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décadas de 1980 e 1990. Todavia, a adoção gradual dos agricultores pelo plantio direto e a soja transgênica, entre outros motivos, ocasionou redução expressiva do uso destes produtos na cultura da soja. Atualmente, com o incremento de casos de biótipos resistentes ao glifosato na soja, estes produtos readquiriram importância e têm tido papel renovado nos programas de manejo. Com efeito, os herbicidas residuais podem controlar plantas daninhas resistentes ao glifosato e, também, prevenir a evolução do problema, uma vez que reduzem a infestação destas espécies e permitem a rotação de diferentes mecanismos de ação (Heap, 2012). Neste trabalho, testou-se a hipótese de que a utilização correta de herbicidas residuais permite diminuir o nível de infestação inicial de arroz-vermelho e capimarroz na cultura da soja na várzea.
Redução da infestação
Na safra 2011/12, um experimento foi realizado em área de várzea sistematizada, avaliando-se seis herbicidas residuais, aplica-
Redução da infestação de plantas daninhas com herbicidas residuais Clomazone
Flumioxazin
Sulfentrazone
Tabela 1 - Redução da infestação de arroz-vermelho (Orysa) e capim-arroz (ECHCG) em soja cultivada em área de várzea, em função de herbicidas aplicados em pré-emergência, na média de duas doses e em duas épocas de avaliação Herbicidas Clomazone Flumioxazin Sulfentrazone S-metolachlor Pendimethalin Trifluralin
Clomazone
Flumioxazin
da soja na região Sul do Brasil (Indicações, 2010). Os efeitos destes tratamentos herbicidas sobre o arroz-vermelho e o capim-arroz foram avaliados no início e no final do período crítico, o que corresponde aos estádios V4 e V6 da cultura. A redução da infestação de arroz-vermelho e capim-arroz variou somente em função do fator herbicidas (p<0,05), tanto no início (estádio V4) como no final (estádio V6) do período crítico de matointerferência. Em todos os casos, verificou-se maior redução da infestação dessas espécies com S-metolachlor
Fotos Ausgusto Kalsing
dos em duas doses em pré-emergência da soja, mais testemunha com ou sem controle. Os herbicidas residuais testados foram os seguintes: clomazone, flumioxazin, sulfentrazone, S-metolachlor, pendimethalin e trifluralin; aplicados na dose mínima e na máxima. Os herbicidas foram aspergidos imediatamente após a semeadura da cultura da soja, usandose um pulverizador costal pressurizado a CO2, aspergindo-se volume de calda de 120L/ha. Todas as práticas de manejo realizadas durante o experimento estiveram de acordo com as recomendações da pesquisa para a cultura
Sulfentrazone
Lavoura de soja com infestação de arroz-vermelho
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Redução da infestação (Valor percentual)(1) Estádio V4 Estádio V6 ORYSA ECHCG ORYSA ECHCG 78,5 ab 100,0 a 78,5 ab 100,0 a 43,7 cb 45,7 c 43,7 cb 45,7 c 61,3 b 81,0 ab 61,3 b 81,0 ab 88,2 a 97,3 a 88,2 a 97,3 a 33,3 c 70,1 b 33,3 c 70,1 b 61,2 b 78,3 ab 61,2 b 78,3 ab
(1) Estádio V4 - ORYSA (38,8 plts m-2), ECHCG (6,1 plts m-2); estádio V6 ORYSA (28,2 plts m-2), ECHCG (6,3 plts m-2).
e clomazone, tendo a magnitude do seu efeito variado entre 77% e 100% (Tabela 1). Mas, apesar de não diferirem estatisticamente, destaca-se que S-metolachlor sempre causou maior injúria nas duas espécies daninhas avaliadas e menor produção visual de sementes. Os demais herbicidas apresentaram menores valores à redução da infestação de arroz-vermelho e capim-arroz, os quais nem sempre atingiram redução da infestação satisfatória (Figura 1). Os resultados obtidos neste trabalho permitem afirmar que é viável utilizar determinados herbicidas pré-emergentes para reduzir a infestação de espécies gramíneas anuais na soja na várzea. Os herbicidas com ação residual no solo ou de aplicação em pré-emergência da cultura podem trazer grande contribuição para os programas de manejo de plantas daninhas em soja cultivada nas áreas de várzea. Além disto, o uso destes produtos reduz as chances de seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes ao glifosato, uma vez que há rotação de dois mecanismos de ação (Heap, 2012). Neste contexto, S-metolachlor traria mais benefícios do que os demais herbicidas testados, pois representa um mecanismo de
Estratégias de controle de plantas daninhas em soja cultivada na várzea
prevenção - Utilizar somente sementes e produtos com certificação; - Aplicar herbicidas em pré-emergência da cultura da soja; - Praticar rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação; - Impedir a produção de sementes na área das plantas que escaparem ao controle; - Drenar a área cultivada logo após a colheita e destruir a soca com o preparo do solo; - Praticar rotação de sistemas de cultivos na área ao longo do tempo; - Praticar rotação de culturas e/ou de atividades na área ao longo do tempo;
ação de herbicidas não utilizados na cultura do arroz irrigado. Todavia, mesmo obtendo-se elevado nível de controle de plantas daninhas com o uso de herbicidas residuais, devem-se integrar outras práticas de manejo em pósemergência da cultura. De fato, somente se conseguirá aliar “limpeza da área”, “garantia de produtividade” e “prevenção da resistência” com o uso de práticas agrícolas em pré e pósemergência da cultura da soja.
Manejo integrado
A formulação de estratégias eficazes e sustentáveis de manejo de plantas daninhas na soja na várzea deve ser composta por ações obrigatórias e complementares, de acordo com as características da área (Figura 2). Com as ações obrigatórias objetiva-se manter a lavoura de soja livre da presença destas espécies desde a emergência da cultura até o início do período crítico de matointerferência. De fato, a competição que ocorre neste período acarreta em redução do rendimento de grãos, mesmo que o agricultor realize tardiamente o controle das plantas daninhas (“perda invisível”). As ações
complementares objetivam otimizar os efeitos obtidos com as ações obrigatórias, sendo fundamentais nas áreas com alta infestação de arroz-vermelho e capim-arroz. Com isso, as estratégias de manejo devem sempre ser formuladas para cada tipo de situação, uma vez que existem diferentes combinações de herbicidas e/ou práticas de manejo. Uma das principais reflexões atuais acerca das práticas empregadas para o manejo de plantas daninhas nas áreas de várzea no Sul do Brasil é o aparecimento de novos casos de biótipos resistentes a herbicidas. A possibilidade de evolução de biótipos de plantas daninhas resistentes ao glifosato preocupa produtores, técnicos e pesquisadores, devido à importância deste herbicida neste agroecossistema. O glifosato é essencial no manejo da vegetação na dessecação e no “ponto-de-agulha” do arroz irrigado, assim como nas situações de controle em pós-emergência na cultura da soja. Deste modo, a evolução e disseminação de biótipos de arroz-vermelho e capim-arroz resistentes ao glifosato traria enormes prejuízos para a atividade agrícola nas áreas de várzea. Isto implica
em haver conscientização de que somente integrando-se diferentes herbicidas e práticas de manejo será possível evitar a resistência de biótipos de plantas daninhas ao glifosato.
Considerações finais
A utilização de herbicidas residuais ou de aplicação em pré-emergência da cultura permite reduzir a infestação de gramíneas anuais na soja na várzea durante o período crítico de interferência. Os herbicidas clomazone e S-metolachlor apresentam elevada redução da infestação de arrozvermelho e capim-arroz na cultura da soja, quando aplicados sob condições ambientais favoráveis. Mas, mesmo obtendo-se nível de controle satisfatório destas infestantes com a utilização destes produtos, devem-se integrar outras práticas de manejo na condição de pós-emergência da cultura. C Augusto Kalsing, Anderson Vedelago, Cláudia Erna Lange e Valmir Gaedke Menezes, Irga
Fotos Augusto Goulart
Soja
Proteção preventiva Responsável por apenas 0,6% do custo de produção de um hectare de soja, o tratamento de sementes com fungicidas é uma ferramenta eficiente e econômica que ajuda a combater e prevenir a incidência do mofo branco, doença que causa sérios prejuízos à cultura. Produtos com efeito sobre rotas metabólicas secundárias ganham terreno na adoção dessa tecnologia
D
entre as doenças de importância econômica que ocorrem nas culturas de soja, a maioria é causada por patógenos que podem ser transmitidos pelas sementes. Através das sementes esses microrganismos sobrevivem ao longo dos anos e se disseminam pela lavoura, como focos primários de doenças. Das enfermidades que atacam esta cultura destaca-se o mofo branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) De Bary. Este fungo é um dos fitopatógenos mais antigos relacionados a doenças de plantas de alto potencial destrutivo. No Brasil, teve seu primeiro relato em 1921 e ocorre em diversas culturas de importância econômica, tais como soja, algodão, feijão e diversas hortaliças, tendo mais de 400
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hospedeiros. Até a década de 90 o mofo branco era restrito ao Sul do Brasil, ocorrendo esporadicamente em áreas de pivô central em Minas Gerais e Goiás. Porém, a falta de cuidados com a semente de soja, oriunda de áreas afetadas pelo mofo (utilização de semente caseira ou pirata) sem o devido cuidado com o beneficiamento, e a sucessão com culturas suscetíveis (algodão, feijão) tornaram essa doença um dos maiores problemas para a cultura da soja. Atualmente, o patógeno está presente em todas as principais regiões produtoras de culturas anuais com temperaturas amenas (médias abaixo de 25°C), altitudes acima de 500m a 600m e alta umidade do solo, onde encontra condições adequadas para promover epidemias da doença. Aproxima-
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damente 12% da área cultivada com soja no Brasil está infestada por S. sclerotiorum, podendo apresentar níveis de redução de produtividade acima de 40%. Este patógeno tem nas sementes a sua principal fonte de inóculo primário da doença. As sementes, que podem transmitir o fungo tanto por micélio dormente (interno) quanto por escleródios misturados a elas, têm sido consideradas como o principal meio de introdução do patógeno em novas áreas, e de reinfestação de locais onde já se faz o manejo do mofo branco. A transmissão via micélio dormente é baixíssima (menos de 1%), mas em áreas novas tem que ser considerada. O fungo, devido à formação de estruturas de resistência (escleródios), é de difícil erradicação após introduzido em
Tratamento de sementes com fungicida à esquerda e, à direita, presença de fungo, micélio e escleródios em semente não tratada
uma área, podendo se estabelecer no solo e se manter viável por aproximadamente dez anos. A Portaria 47, de 26 de fevereiro de 2009, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, recomenda que sejam recusados lotes de sementes de soja que apresentam um escleródio. Porém, a detecção da presença de uma semente infectada na amostra é preocupante, pois cada semente produz mais que um escleródio e este, por si só, pode gerar 20 apotécios com a capacidade individual de liberar dois milhões de ascósporos em dez dias. Neste sentido, uma semente tem a possibilidade de produzir, no mínimo, dois milhões de focos de infecção. Assim, a detecção do patógeno em sementes torna-se um dos pontos importantes para tomada de decisão das estratégias de controle a serem utilizadas. As recomendações para o controle do mofo branco baseiam-se no sistema integrado de medidas, como rotação de culturas, espaçamento entre linhas, uso de fungicidas pulverizados na parte aérea e em tratamento de sementes, controle biológico e utilização de sementes isentas do patógeno, que é a principal maneira de evitar a sua introdução em áreas indenes. Assim, deve-se utilizar semente certificada, livre de escleródios, e, para isso, o separador espiral torna-se um equipamento indispensável. Entretanto, considerando que nem sempre é possível obter sementes isentas desse patógeno e levando-se em conta a importância epidemiológica que a semente assume na transmissão de S. sclerotiorum, o tratamento de sementes com fungicidas deve ser adotado como medida de segurança para impedir ou retardar a disseminação desse fungo nas lavouras, sendo considera-
da a ferramenta mais econômica (representa aproximadamente 0,6% do custo total de produção de um hectare de lavoura) e eficaz de contenção do patógeno. Desde o advento da adoção desta prática, inúmeros progressos foram obtidos no sentido de maximizar o seu uso para o controle desse patógeno, como a utilização de princípios ativos mais específicos, menos tóxicos ao ambiente e ao homem e em doses mais baixas e eficientes. Os principais objetivos do tratamento de sementes com fungicidas são: erradicar ou reduzir, aos mais baixos níveis possíveis, os fungos presentes nas sementes; proporcionar proteção às sementes e plântulas contra fungos de solo; evitar o desenvolvimento de epidemias no campo;
promover uniformidade na germinação e emergência; proporcionar maior sustentabilidade à cultura pela redução de riscos na fase de implantação da lavoura e promover o estabelecimento inicial da lavoura com uma população ideal de plantas. Na escolha correta de um fungicida, o primeiro aspecto que deve ser considerado é o organismo alvo do tratamento, uma vez que os fungicidas diferem entre si quanto ao espectro de ação ou especificidade. O efeito principal do tratamento de sementes com fungicidas é observado na fase inicial do desenvolvimento da cultura. Assim, estes produtos, além de controlar eficientemente o inóculo inicial transmitido através da semente infectada, propiciam residual
Plântula de soja morta pela presença de S. Sclerotiorum inoculada na semente
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Fotos Augusto Goulart
Sementes de soja com a presença do fungo (micélio e escleródios)
de 12 a 15 dias na proteção da plântula. Nesse período, ocorre uma eficiente proteção da plântula, obtendo-se populações adequadas em função da uniformidade na germinação e emergência. Entretanto, deve-se ressaltar que, caso as condições climáticas sejam favoráveis após este período de proteção, alguns fungos poderão se instalar nas plântulas – o que é normal - em decorrência da perda do poder residual dos fungicidas, o que não significa que o tratamento foi ineficiente. Considerando o portfólio de fungicidas recomendados para o controle de S. sclerotiorum, pode-se afirmar que o produtor tem a sua disposição excelentes opções para o tratamento de sementes de soja, que tradicionalmente é realizado com defensivos curativos, protetores e/ ou sistêmicos. Atualmente, o tratamento de sementes com dois ou três princípios ativos tem sido a maneira mais eficiente de controle desse patógeno presente nas sementes, com ênfase para os fungicidas do grupo dos benzimidazóis. O uso de misturas de fungicidas de diferentes modos de ação é a estratégia mais eficiente no sentido de aumentar o número de alvos a serem controlados bem como no manejo da resistência, prolongando o tempo de vida dos ativos. Atualmente só há um produto registrado em tratamento de sementes para controle de S. sclerotiorum, na cultura da soja, na formulação SC (suspensão concentrada), recomendado na dose de 180ml a 215ml p.c./100kg de sementes, e de comprovação eficiente, composto por dois
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ativos: 350g de tiofanato metílico e 52,5g de fluazinam por litro (Agrofit, acesso em 17 de setembro de 2010). Das misturas fungicidas atualmente disponíveis no mercado, os melhores resultados no controle de S. sclerotiorum presente nas sementes estão sendo obtidos com fluazinam + tiofanato metílico, carbendazim + thiram, fludioxonil + mefenoxan + thiabendazole e fipronil + pyraclostrobin + tiofanato metílico, conforme pode ser observado na Figura 1. Atualmente, a agricultura vem experi-
mentando grandes avanços tecnológicos, o que, há muito tempo, não era possível em função da indisponibilidade dessas tecnologias. As principais mudanças decorrem da incorporação dessas novas tecnologias, onde as mais recentes estão relacionadas à indústria de sementes e de fungicidas. Assim, nos dias de hoje, quando se fala em progressos no tratamento de sementes com fungicidas, duas situações apresentam-se como realidade: o tratamento de sementes industrial (TSI), que basicamente caracteriza-se pela utilização de equipamentos especiais que asseguram cobertura, dose e qualidade das sementes, possibilitando a comercialização das já tratadas dentro de elevados e seguros padrões de qualidade, e o uso de fungicidas com características que vão além da fungitoxicidade, ou seja, capazes de atuar também em rotas metabólicas secundárias, culminando por reduzir o impacto dos patógenos sobre as plantas e, finalmente, levando ao seu controle. Algumas estrobilurinas apresentam estas características, como, por exemplo, a piraclostrobina e determinados fungicidas do grupo das carboxamidas, como o sedaxane. Assim, o tratamento de sementes, como alternativa que possibilite maior desenvolvimento radicular, aumento do vigor da plântula e proteção da parte aérea contra doenças, já é uma realidade. Dessa forma, produtos com ação exclusiva sobre patógenos tendem a ceder terreno para aqueles cujo efeito ocorre sobre rotas metabólicas C secundárias. Augusto César Pereira Goulart, Embrapa Agropecuária Oeste
Figura 1 - Incidência (%) de Sclerotiorum em sementes de soja no blotter test modificado e no rolo de papel modificado e de plântulas mortas (%), em função dos diferentes fungicidas aplicados nas sementes de soja
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Feijão
Perigo verde Dirceu Gassen
são visíveis nas folhas, que se mostram amareladas, com as bordas enroladas para baixo aparentando um “encarquilhamento”. As plantas severamente atacadas atrofiam e não se desenvolvem. Os danos são resultantes da sucção de seiva e introdução de substâncias tóxicas presentes na saliva do inseto, durante a alimentação. As plantas afetadas apresentam menor porte, com reduções no comprimento, número de vagens por planta e número e peso de grãos por vagem (Ramalho, 1978; Stone e Sartorato, 1994). Para o estado de São Paulo a praga é mais importante no plantio de seca, seja porque migra para a cultura por falta de outros hospedeiros ou porque a cultura se desenvolve durante o pico de população do inseto. É mais prejudicial até o florescimento (Bortoli et al, 1986; Gallo et al, 2002).
Plantas hospedeiras
A cigarrinha verde é uma das pragas mais importantes na cultura do feijoeiro, responsável por perdas de rendimento que podem chegar a 86%. Amostragem, controle biológico, busca por variedades resistentes e emprego de inseticidas dos grupos piretroides, organofosforados e neonicotinoides estão entre as ferramentas para o manejo integrado e eficiente do inseto
Aspectos bioecológicos
Os adultos da cigarrinha-verde são de coloração verde, com aproximada-
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mente 3mm de comprimento. As ninfas são menores e de coloração verde mais claro e têm o hábito de se locomoverem lateralmente. A fêmea adulta realiza a postura endofiticamente, ou seja, dentro do tecido da planta, e de preferência realizada ao longo das nervuras foliares, em uma média de 60 ovos por fêmea (Fancelli e Dourado Neto, 2007). O número de pelos está correlacionado com a preferência para oviposição dessa praga no feijoeiro (Ramalho e Ramalho, 1979). O ciclo completo dessa praga é de aproximadamente três semanas. A longevidade do adulto é de cerca de 50 dias (Fancelli e Dourado Neto, 2007).
Danos
Do ponto de vista econômico, a cigarrinha-verde ocorre na maioria das regiões produtoras de feijão no Brasil, sendo considerada uma das pragaschave da cultura. Os sintomas de ataque
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Controle
O manejo integrado das pragas (MIP) da cultura do feijoeiro é um sistema de tomada de decisões para uso de táticas de controle em estratégicas baseadas em análises de custo/benefício, levando-se em consideração interesses econômicos, ecológicos, toxicológicos e sociais (Kogan, 1998). Dentre os preceitos filosóficos do Fotos Paulo Henrique Soares da Silva
O
s insetos fitófagos representam um dos fatores bióticos que contribuem para reduzir o potencial produtivo do feijoeiro, cujos danos podem ser observados em quase todas as estruturas das plantas, desde a semeadura até a colheita, em campo (Magalhães e Carvalho, 1988). Dependendo das condições climáticas, variedades e práticas culturais empregadas, as perdas no rendimento produtivo podem ser estimadas entre 33% e 86% (Yokoyama, 2006). Dentre os insetos que atacam a cultura do feijoeiro, merece destaque a cigarrinha-verde, Empoasca kraemeri Ross e Moore, 1957 (Hemiptera: Cicadellidae), que representa uma das pragas mais importantes dessa leguminosa do mundo (Vieira, 1988).
A cigarrinha-verde é considerada praga-chave para a cultura do feijoeiro (Picanço et al, 2001), no entanto, além dessa cultura, o inseto também pode se alimentar de amendoim, soja (Vieira, 1988), algodão, batata, ervilha, feijãovagem, tomate, trigo, dentre outros.
As ninfas da cigarrinha são de coloração verde mais claro e têm hábito de se locomoverem lateralmente
MIP preconizam-se o reconhecimento das pragas que realmente causam danos à cultura do feijoeiro e em qual estágio fenológico da planta ocorrem com maior intensidade, avaliação da capacidade de recuperação das plantas às injúrias das pragas e estimativas dos níveis de controle (densidades populacionais máximas das espécies infestantes que podem ser toleradas antes que ocorra dano econômico). Além disso, é fundamental a avaliação de predadores e parasitoides que realizam o controle biológico natural no campo, utilização correta de práticas culturais e escolha de inseticidas mais seletivos. Para verificar se os insetos que infestam a cultura causam perdas econômicas, bem como quais inimigos naturais têm atuado no controle biológico, é necessário estimar suas densidades populacionais por meio de amostragens, que devem ser realizadas semanalmente, em vários pontos escolhidos ao acaso.
Amostragem
A quantidade dos pontos de amostragens está relacionada ao tamanho da lavoura. Por exemplo, em áreas de até cinco hectares, recomenda-se quatro amostragens; até dez hectares efetuamse cinco amostragens; em lavouras de até 30 hectares, deve-se fazer seis amostragens; em áreas de no máximo 50 hectares, realizam-se oito amostragens; e, por fim, nas lavouras de até 100 hectares, recomenda-se a realização de dez amostragens. Quando a área cultivada com feijoeiro ultrapassar 100 hectares, aconselha-se a divisão da área total em talhões menores. O caminhamento na
B)
A)
Plantas de feijoeiro com sintoma de enfezamento e "encarquilhamento" provocado pela cigarrinha verde em campo (A) e em laboratório (B)
lavoura para o levantamento populacional deve ser realizado de forma que melhor represente a área total, preferivelmente em zigue-zague. Devem-se amostrar os insetos presentes nas folhas em dois metros lineares, da emergência ao estágio de três a quatro trifólios, ou após este estágio até a floração, utilizando-se o método do pano de batida. O nível de ação para a tomada de decisão de controle é de 40 ninfas/pano ou em dois metros lineares (Quintella, 2001).
Controle químico
Atualmente, 68 produtos apresentam registro para controle da E. kraemeri na cultura do feijoeiro com destaque para os grupos dos piretroides, organofosforados e neonicotinoides (Mapa, 2010).
Biológico
Os principais inimigos naturais da cigarrinha-verde conhecidos são os parasitoides de ovos Anagrus flaviolus e
Aphelinoidea plutella Girault, o predador Eriopis conexa (Germar) e os fungos entomopatogênicos Hirsutella guyana Minter & B.L. Brady, Entomophaga australiensis Humber e Zoophthora radicans (Brefeld). Sob alta umidade, o fungo Z. radicans dissemina rapidamente a população do inseto, podendo atingir níveis acima de 50% de infecção em condições de campo (Quintela, 2005).
Resistência de plantas
A resistência de feijoeiro a E. kraemeri foi estudada em plantio de inverno, avaliando os genótipos Iapar MD-806, Iapar MD-808, IAC-Carioca e Bolinha. Os autores observaram que o genótipo Bolinha se apresentou com menor infestação em relação aos demais (Boiça C Júnior et al, 2000). Bruno Henrique S. de Souza, Anderson Gonçalves da Silva e Arlindo Leal Boiça Júnior, FCAV/Unesp
Empresas
Nova ferramenta Dirceu Gassen
Fungicida que contém a mistura dos ingredientes ativos axozistrobina + flutriafol e não provoca efeito juvenoide nas plantas chega para auxiliar produtores no controle de doenças da soja, algodão, café e trigo
A
ferrugem da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, foi relatada pela primeira vez no Brasil em 1947, em Minas Gerais, ficando, no entanto, restrita a pequenas áreas. Em 2001 foi observada no Paraguai e em Mato Grosso. Atualmente, a doença se encontra em maior ou menor intensidade em todas as importantes regiões produtoras de soja no Brasil. A chegada da ferrugem da soja fez com que alguns agricultores amargassem grandes perdas em suas lavouras. Imaginar que uma doença que ataca de forma geral na área possa levar a 80% de perdas é muito difícil de acreditar. Após esta dura etapa, apesar de ter causado grandes danos à lavoura de soja, estimulou o sojicultor a ter algumas mudanças de atitude. Os agricultores passaram a ter mais atenção com sua lavoura, aumentando a frequência de visitas aos campos de cultivo, o monitoramento das condições climáticas e com isso houve, naturalmente, um incremento tecnológico, já que muitos outros problemas foram identificados. O saldo destas mudanças foi o surgimento de pacotes tecnológicos mais robustos adotados e significativos incrementos na produtividade das lavouras de soja.
Controle x Rotação de produtos
O manejo incorreto da lavoura pode
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causar, entre outros problemas, a evolução da resistência do alvo biológico. À medida que determinado alvo recebe sucessivas doses de substâncias químicas, há uma tendência à resistência, ou seja, a habilidade de determinada espécie suportar essas doses. Há uma pré-adaptação em cada geração, fazendo com que sejam selecionados os genes responsáveis pela resistência, encontrados em poucos indivíduos. Uma estratégia já conhecida e cada vez mais recomendada por pesquisadores para prevenir ou retardar a evolução da resistência a defensivos é a rotação de produtos químicos, que se baseia no princípio de que a frequência de indivíduos resistentes tende a diminuir durante a aplicação de outros produtos alternadamente. Sendo assim, recomenda-se que o produto ou o grupo de produtos não seja usado repetidas vezes. Há no mercado algumas misturas disponíveis para o tratamento de ferrugem da soja, porém, a maioria delas oferece combinações parecidas de ingredientes ativos, desfavorecendo a rotação de produtos.
Lavoura mais saudável e mais produtiva
A Cheminova mantém linhas de desenvolvimento olhando para os problemas que os produtores enfrentam em suas lavouras,
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buscando as melhores alternativas para auxiliar na sua solução. Hoje a empresa traz uma importante ferramenta para ajudar os produtores no controle de doenças da soja, algodão, café e trigo. Esta nova ferramenta é o fungicida Authority (axozistrobina e flutriafol). Para a ferrugem da soja, o produto apresenta a vantagem de ser uma combinação de ingredientes ativos de grande capacidade de redistribuição na área foliar e não causar efeito juvenoide nas plantas, ou seja, não conter o crescimento da planta tratada. Com esta ação, o fungicida assegura que a planta manterá seu desenvolvimento pleno, refletindo em ganhos de produtividade. Algumas misturas do mercado, após algum tempo de aplicação, podem causar na soja esse retardo no crescimento. O diferencial do produto deve-se à combinação da estrobilurina azoxistrobina, que apresenta a maior velocidade de absorção e a maior capacidade de movimentação via xilema, dentre as opções no mercado, e ao fungicida apresentar a maior sistemicidade entre os triazóis. O efeito sinérgico desta combinação permite ao Authority ser um produto diferenciado, que na safra 2011/2012 apresentou em mais de 300 áreas demonstrativas de farming test, na cultura da soja, excelentes resultados de controle e produtividade, possibilitando ao sojicultor comprovar os benefícios para o manejo das doenças da soja, com foco no principal problema, que é a ferrugem da soja. Em algumas regiões do Cerrado, como a da BR-163, em que os sintomas da ferrugem da soja atingiram 100% de severidade nas lavouras e poderiam ter causado 80% de perdas, o Authority se consolidou na safra 2011/2012. O produtor Mauro Riedi, por exemplo, proprietário de fazenda em Sorriso, Mato Grosso, testou os efeitos do produto em sua lavoura e chegou a quase cinco sacas a mais por hectare, se comparado a outros produtos do mercado. São resultados que aumentam a confiança em uma nova mistura, registrada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que trará mais produtividade para C as lavouras brasileiras.
Coluna ANPII
Pela desmistificação
N
Azospirillum: uma bactéria fixadora de nitrogênio ou produtora de hormônios?
ossa formação cartesiana nos leva, muitas vezes, a ver tudo quadrado ou redondo, preto ou branco em uma dicotomia que nem sempre condiz com a realidade, em especial na área biológica. Em vista desta nossa forma de pensamento “em caixas”, hoje se discute se a bactéria Azospirillum brasilense, bem como outras espécies do mesmo gênero, seria uma bactéria fixadora de nitrogênio ou produtora de hormônios vegetais. Isto parece uma discussão meio sem sentido, mas como está permeando a cabeça de
“Azospirillum, a free-living nitrogen-fixing bacterium closely associated with grasses: genetic, biochemical and ecological aspects.” (OdaSteenhoudt, Jos Vanderleyden* - FEMS Microbiology Reviews Volume 24, Issue 4, pages 487–506, October 2000). “Inoculações com Azospirillum acarretaram em aumentos de até 30% na produção de cereais em Israel, que, no entanto poderia ser atribuído não somente à fixação biológica, mas também a hormônios produzidos pelo inoculante.” (Reinhardt, Érica Lui). Nesta última citação aparece a
Desta forma, há que se encarar os produtos à base de Azospirillum e de outras bactérias, diazotróficas ou não, como fixadores de nitrogênio e também como produtoras de hormônios vegetais. O mais importante, do ponto de vista agrícola, é que os produtos à base destas bactérias têm se mostrado eficazes aliados da produção agrícola, trazendo aumentos médios de produtividade de nove sacas/ha. Embora bastante novos no mercado, (o primeiro produto obteve registro na metade de 2009), os inoculantes para gramíneas já ocupam um espaço
Os inoculantes para gramíneas já ocupam um espaço de mais de dois milhões de hectares, em especial no milho, sendo que no trigo também estão sendo utilizados com sucesso muita gente, vamos tentar discutir o assunto neste artigo. Em qualquer livro de microbiologia vamos encontrar as bactérias deste gênero classificadas como fixadoras de nitrogênio. O Bergey´s Manual, “Bíblia” da classificação de microrganismos, classifica o gênero Azospirillum como fixador de nitrogênio. Mais definitivo que isto, entretanto, é o próprio nome da bactéria: antigamente nomeada Spirillum, teve o prefixo azo (de azoto, antigo nome do nitrogênio) acrescentado quando foi descoberto seu poder fixador de nitrogênio. Centenas de trabalhos científicos, de todo o mundo, caracterizam e comprovam pelos mais variados métodos o Azospirillum como um organismo diazotrófico, isto é, fixador de nitrogênio. Abaixo alguns destes: “Azospirillum brasilense é um organismo diazotrófico com capacidade de se associar com diversas plantas de interesse econômico.” (Gerhardt, Edileusa Cristina Marques).
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bactéria não somente como fixadora de N, mas também como produtora de hormônios vegetais, que exercem efeito sobre as plantas, em especial sobre o sistema radicular. Sem dúvida nenhuma, o Azospirillum, como todas as demais bactérias de solo, produz hormônios, em concentrações variáveis conforme as condições ambientais. O que ainda não se conhece, e talvez seja muito difícil que se venha a conhecer, é a proporção de cada função no aumento de produtividade. E é muito difícil que se venha a determinar com exatidão o quanto se deve à FBN ou à produção de hormônios porque os dois fenômenos estão intimamente ligados e interdependentes na fisiologia da planta e das bactérias, complicando sobremaneira o isolamento de ambos. A produção de hormônios influi na fixação de nitrogênio, assim como vai interferir na produção, e na proporção relativa, de hormônios.
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de mais de dois milhões de hectares, em especial na cultura do milho, sendo que no trigo também estão sendo utilizados com sucesso. A tendência é que este uso prossiga em uma curva ascendente, pois os agricultores estão cada dia mais cientes dos benefícios que a fixação biológica traz para suas culturas. Embora se sabendo que ainda há muito a pesquisar para trazer sempre melhorias para o desempenho destes inoculantes, já existe uma sólida base de segurança de aumentos de rendimento com o uso de fixadores de nitrogênio em gramíneas. Dados de pesquisa de diversas entidades, ensaios de campo e testemunho de agricultores comprovam a validade destes produtos como poderosos auxiliares na produção agrícola, de forma ambienC talmente correta e sustentável. Solon de Araujo Consultor da ANPII
Coluna Agronegócios
Considerações sobre a próxima safra
A
próxima safra marcará uma inflexão na inserção do Brasil no mercado agrícola internacional, especialmente no setor de grãos. O País passa a ser o maior produtor e exportador mundial de soja e se alinha entre os maiores consumidores e exportadores de milho. As últimas cinco safras mundiais não foram particularmente boas, no sentido de atender à demanda e de manter estoques de passagem seguros. Particularmente os estoques de grãos estavam baixos e os altos preços das comodities agrícolas indicavam um descompasso entre oferta e demanda de produtos agrícolas. Este quadro pouco alvissareiro foi emoldurado
produtos florestais. A Tabela 1 mostra a previsão para produção, consumo exportação e estoques de passagem de soja para a safra 2012/13. A Tabela 2 apresenta as previsões para o milho, na mesma safra.
Atores globais
Os principais players, no tocante à produção, consumo, exportação e estoques da soja, são Brasil, EUA, Argentina e China. No caso do milho as maiores produções estarão nos EUA, China, Brasil e União Europeia, onde também se localizam os maiores consumos. Entretanto, a Ucrânia assume o posto de quarto maior exportador mundial, praticamente igualando a
nova seca na América Latina ou nos EUA, elevarão os preços acima dos patamares previstos e estenderão o período de preços altos. Outro fator que pode elevar os preços é a retomada do crescimento mundial, especialmente na Europa, aquecendo a demanda de produtos agrícolas.
Sustentabilidade
A inflexão na produção de grãos no Brasil coloca o País nos holofotes mundiais. Como nunca registrado anteriormente, mais do que ser sustentável, a produção agrícola nacional precisará demonstrar a sua sustentabilidade, para evitar a imposição de barreiras técnicas no mercado internacional.
Como nunca registrado anteriormente, mais do que ser sustentável, a produção agrícola nacional precisará demonstrar a sua sustentabilidade primeiro por uma seca que atingiu o sul do Brasil, o Uruguai, o Paraguai e a Argentina; e, mais recentemente, por uma seca nunca antes registrada na história dos EUA, que devastou o dueto milho e soja.
Mercado favorável
A conjunção entre demanda não atendida, estoques baixos e limitações de outros países produtores, configura um momento ímpar para o Brasil ampliar seu espaço no mercado internacional de alimentos, com desdobramento para outros produtos agrícolas, como fibras, agroenergia, frutas e hortaliças, carnes, flores e plantas ornamentais e
exportação de todos os demais países, abaixo da quinta posição, com exportações de 13 milhões de toneladas. Os estoques de milho estarão 9% mais baixos ao final da safra 2012/13, em relação aos atuais, devido à frustração da safra norte-americana. No caso de soja é prevista uma elevação de apenas 1% nos estoques de passagem. Esse aumento se baseia na expectativa de uma produção recorde do Mercosul e nos altos preços da soja, que inibem a expansão da demanda. Este quadro mantém firmes os preços para as duas próximas safras, embora abaixo do presente patamar. Entretanto, intercorrências climáticas, especialmente
Tabela 1 - Soja no Brasil e no mundo (em Mt) País Brasil EUA Argentina China Mundo
Produção 88 73 56 13 268
Fontes: USDA e análises próprias.
Consumo 40 44 40 75 257
Exportação 48 30 14 -62 99
Produção sustentável se lastreia em aumento da produtividade para reduzir a expansão da área agrícola. Entrementes, essa expansão deverá ocorrer com o uso de tecnologia adequada, com remuneração compatível e respeito à legislação ambiental e trabalhista. É preciso ter em mente que não se trata, simplesmente, de uma atitude oportunista, de aproveitar uma conjuntura favorável do mercado, mas de conferir um impulso permanente de ocupação de espaços no mercado internacional C de produtos agrícolas. Décio Luiz Gazzoni
O autor é engenheiro, pesquisador da Embrapa Soja
Tabela 2 - Milho no Brasil e no mundo (em Mt) Estoques 16 3 20 12 53
País Brasil EUA China União Europeia Mundo
Produção 74 274 200 65 857
Consumo 56 252 201 66 858
Exportação 14 33 93
Estoques 17 17 60 4 123
Fontes: USDA e análises próprias.
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Coluna Mercado Agrícola
Vlamir Brandalizze brandalizze@uol.com.br
Safra 2012/13 começou com boas expectativas de lucros O plantio da nova safra de verão começou, no Sul do país, com boas expectativas de lucros. As primeiras áreas plantadas foram de milho no sudoeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul. Tudo indica que a soja irá ganhar muito espaço neste novo plantio que começa em algumas semanas. Nos estados centrais o cultivo deverá ter o início depois do dia 10 de setembro, porque até 15 de setembro o país vive a fase de vazio da soja, buscando controlar a ferrugem. A respeito da doença é preciso registrar que nestes últimos tempos se constata que a soja tem estado presente em grande parte das regiões produtoras, com plantas que nasceram de forma voluntária, o que sinaliza que a ferrugem pode causar grandes danos aos produtores e estará presente desde o início do plantio. Esse cenário obrigará os produtores a um melhor controle ou tratamento. Mesmo assim, o mercado segue apontando que as cotações de todos os grãos produzidos no Brasil serão atrativas e lucrativas. O arroz perderá área para a soja e para a falta de água nas barragens (algo que poderá ficar próximo dos 200 mil hectares a até 300 mil hectares). O feijão de verão também perde safra para a soja, porque tem riscos climáticos maiores e a oleaginosa está altamente lucrativa. Mesmo que o feijão aponte para altas cotações e grandes lucros, os produtores seguem optando pela cultura de menor risco climático. Em milho há uma queda forte, que deverá superar um milhão de hectares nesta primeira safra, o que abre fôlego para a soja crescer para números entre 28 e mais de 29 milhões de hectares. Isso frente aos pouco mais de 25 milhões de hectares que foram efetivamente plantados na última safra. Com olhos no futuro, os produtores já negociaram mais de 50% da nova safra, valor de faturamento suficiente para cobrir os custos com os insumos. O restante deve ser negociado à frente ou quando houver a garantia de que a safra estará salva. Há um novo ano agrícola começando e novamente grandes possibilidades de lucros para o setor agrícola brasileiro. MILHO
Safrinha fechou com recordes
A colheita da safrinha fechou neste mês de agosto com recorde de produtividade. A maior parte das regiões obteve mais de seis mil quilos por hectare, frente a números anteriores que não ultrapassavam quatro mil quilos por hectare. Junto a isso houve recorde de área plantada e de produção com cerca de 38 milhões de toneladas. Neste ano se torna a safra mais importante do Brasil, superando em mais de três milhões de toneladas a primeira safra que normalmente era bem maior. Para o sucesso dos produtores o Brasil exporta a todo vapor e há tendência de alcançar a casa das 15 milhões de toneladas vendidas. Desta forma, mantém as cotações internas firmes e favoráveis aos produtores, porque o cenário coincidiu com a quebra da safra americana, que está perdendo mais de 100 milhões de toneladas, o que ajudará a garantir boa liquidez ao produto brasileiro e cotações em alta.
reiro (quando entra a nova safra) terá poucas ofertas de soja livre, porque a maior parte já está negociada e isso garante boas cotações aos produtores e comerciantes que têm o grão nas mãos. Com menos de 10% das mais de 75 milhões de toneladas produzidas ainda para serem comercializadas, o volume segue muito abaixo da média de anos anteriores, que normalmente registrava algo acima dos 20% para este período (nos últimos anos chegou a 25% o percentual da safra a ser negociado de setembro em diante). Agora, o mercado da safra nova segue em fase de calmaria, mas com excelentes cotações para serem efetivadas. Com expectativa de que a partir do final de setembro, (quando se confirmar novo recorde de plantio no Brasil e já estará fechada a safra dos EUA), haja limitação de grandes altas se o clima se mostrar favorável na América do Sul. Assim, os melhores momentos do ano que vem podem estar encerrando agora. FEIJÃO
Escasso e cotações firmes
O mercado do feijão registrou a colheita da terceira safra com andamento forte em agosto, na região Central do País, com Minas Gerais e O mercado da soja, de setembro a feve- Goiás dominando as colheitas e uma e outra SOJA
Sem ofertas de soja disponível e cotações firmes
região de São Paulo e Mato Grosso também com alguns volumes em colheita. Desse modo, o quadro é de pouca oferta e como a safra do Nordeste deste ano foi totalmente comprometida pelo clima e as primeiras colheitas do Sul e Sudeste também não foram grandes, haverá pouco feijão em oferta até o fechamento do ano. A cultura segue com boas expectativas de demanda para o período. ARROZ
Mais compradores do que vendedores
O mercado do arroz, em 2012, está favorável aos produtores, com indicativos em crescimento. O produto já opera entre R$ 31,00 e R$ 36,00 pagos aos orizicultores gaúchos e há fôlego para se manter em alta, porque seguirá com mais compradores do que vendedores. Enquanto isso, as exportações não perderam ritmo e já acumulam números na casa das 900 mil toneladas e caminham para superar com facilidade a marca de um milhão de toneladas. Alguns, mais otimistas, apontam que poderá chegar à faixa de 1,5 milhão de toneladas até fevereiro de 2013. Assim, com boa demanda interna, segue com boas expectativas de se manter em alta.
CURTAS E BOAS TRIGO - O mercado do trigo registra uma corrida das indústrias para o produto nacional. Neste ano as indústrias estão indo em busca do grão antes da colheita, tentando fazer contratos com os produtores e pagando valores lucrativos ao setor. Isso sinaliza que os reflexos da quebra da safra americana e do leste europeu, além da forte alta no mercado internacional, estão chegando aqui. Atualmente, para importar trigo, há que se pagar na faixa dos R$ 700 por tonelada do grão colocado no moinho. Dessa forma existe espaço para avanços ao produto nacional. ALGODÃO - O mercado pode começar a dar sinais de melhora a partir do próximo ano, em função da menor oferta que virá do produto dos EUA. Com isso se abre uma nova fase de recuperação das cotações. No Brasil a safra tende a ser menor, com parte das áreas utilizadas para a soja. EUA - A Safra foi fortemente comprometida pela seca e já há indicativos de aproximadamente 15 milhões de toneladas de soja perdidas e quebra de mais de 100 milhões de toneladas de milho. Bom sinal para o mercado no Brasil, que indica que haverá anos de boas cotações pela frente, mesmo que o clima seja favorável nesta nova safra de 2013 e
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2014. Há que se registrar que o consumo mundial de alimentos tem crescido constantemente e a cada ano de perdas, leva-se pelo menos dois ou três anos bons para recuperar este perdido. CHINA - A demanda chinesa segue aquecida e desta forma o país continuará como grande puxador das cotações e maior importador mundial de alimentos. Nestes próximos meses os chineses deverão seguir comprando muito milho, muita soja e também importando grandes volumes de arroz, produto que tradicionalmente era exportado pela China. Há contratos de mais de um milhão de toneladas de compras somente da Tailândia. Sinal de que permanecerá como fator de demanda que dará apoio às cotações. ARGENTINA - A safra deste ano foi comprometida pelo clima. Com menos de 20 milhões de toneladas de milho produzidas, quando se esperava colheita na casa das 30 milhões de toneladas. A soja, que mostrava potencial de colheita acima das 50 milhões de toneladas, resultou em menos de 40 milhões de toneladas. Os produtores apostam em crescimento do plantio da soja neste novo ano (que pode chegar à marca das 60 milhões de toneladas se o clima for ideal).
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