Grades Culturas - Cultivar 168

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Cultivar Grandes Culturas • Ano XV • Nº 168 • Maio 2013 • ISSN - 1516-358X Destaques

Nossa capa

Marcelo Madalosso

Sempre desafiadora..............................20 Saiba que fatores observar no manejo da ferrugem asiática, doença altamente agressiva que desafia os produtores de soja a cada safra no Brasil

Água no café.............................10 Como aplicar..............................24 Antes e depois...........................28 Que fatores considerar no emprego da irrigação no cafeeiro para que o investimento proporcione bons resultados

A importância da tecnologia de aplicação no controle químico de nematoides na cultura da soja

Índice

Saiba que aspectos são importantes ao realizar o manejo de plantas daninhas na pré-semeadura e na pós-emergência de trigo

Expediente

Diretas

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Controle da brusone em arroz irrigado

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Café - Que aspectos considerar no uso da irrigação

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Fundadores: Milton Sousa Guerra e Newton Peter

REDAÇÃO

• Vendas

Sedeli Feijó José Luis Alves

• Editor

Gilvan Dutra Quevedo

Rithieli Barcelos

• Redação

Algodão - Como manejar a ramulária

12

Milho - A difícil tarefa de conter plantas daninhas

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Os desafios da "Soja louca II"

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Juliana Leitzke Karine Gobbi

CIRCULAÇÃO

• Design Gráfico e Diagramação

• Coordenação

• Revisão

• Assinaturas

Cristiano Ceia

Simone Lopes Natália Rodrigues Francine Martins Clarissa Cardoso

Aline Partzsch de Almeida

MARKETING E PUBLICIDADE • Coordenação

• Expedição

Charles Ricardo Echer

Capa - O panorama da ferrugem asiática em soja

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Controle químico de nematoides em soja

24

Trigo - Daninhas em pré-semeadura e pós-emergência

28

Informe empresarial - Pioneer

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Coluna ANPII

36

Coluna Agronegócios

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Mercado Agrícola

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Edson Krause

GRÁFICA: Kunde Indústrias Gráficas Ltda. Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro, 160, sala 702 Pelotas – RS • 96015-300 Diretor Newton Peter www.grupocultivar.com cultivar@grupocultivar.com Assinatura anual (11 edições*): R$ 173,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 Euros 110,00 Nossos Telefones: (53) • Geral 3028.2000 • Comercial: • Assinaturas: 3028.2065 3028.2070 3028.2066 • Redação: 3028.2067 3028.2060

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@grupocultivar.com Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Diretas Presença

Pioneer

A FMC marcou presença em mais uma edição da Expoagro Afubra, com apresentação de soluções tecnológicas para as culturas de fumo, soja, milho e arroz irrigado. Lavouras demonstrativas destas culturas foram montadas junto ao estande da empresa para que o produtor pudesse conferir visualmente o efeito dos produtos da marca aplicados corretamente e com segurança.

A DuPont Pioneer participou da Expoagro Afubra 2013, com sua linha de produtos recomendados para o plantio na região Sul do país, além daqueles indicados para a produção de silagem com maior volume e qualidade, e o serviço de Tratamento de Sementes Industrial Pioneer, com diversas opções de produtos para atender às necessidades específicas dos produtores.

BioGene

A Agroeste apresentou na Expoagro Afubra 2013 seu portfólio de produtos, com destaque para o híbrido AS 1656 PRO2 e a tecnologia VT PRO2, com potencial produtivo superior na região Sul e tolerância às principais pragas que atacam a cultura do milho.

Agroeste

A equipe da BioGene esteve à disposição dos produtores para mostrar o portfólio de produtos da marca durante a Expoagro Afubra. Foram apresentados o lançamento do híbrido BG7061H, com elevado potencial produtivo e superprecocidade, além dos híbridos da marca posicionados para o Sul, como BG7046, BG7060HR, BG7065H e BG7049H, informações sobre qualidade de plantio, manejo de plantas daninhas, tratamento de sementes industrial e manejo integrado de pragas na cultura do milho.

Ihara

Brasmax

A Brasmax apresentou na Expoagro Afubra 2013 seu portfólio de sementes. O supervisor comercial da região das Missões e Sul do Rio Grande do Sul, Cristiano Rosa, informou que o destaque da empresa no evento foi para as cultivares de soja Veloz, Alvo e Tornado. O público que visitou o estande teve oportunidade de sanar dúvidas e obter mais informações sobre esses materiais.

No estande da Ihara, durante a Expoagro, os produtores puderam esclarecer dúvidas sobre problemas como manejo do mofo branco na soja e de plantas daninhas de difícil controle em dessecação e préemergência em cana, soja e eucalipto. A equipe técnica da empresa realizou palestras sobre os produtos e sua utilização nas lavouras, O gerente comercial distrital, André Nannetti, disse que o evento proporcionou à empresa mostrar novas tecnologias e soluções voltadas aos agricultores familiares. “Foi uma oportunidade de comprovar pessoalmente os resultados de nossos investimentos", avaliou.

Cristiano Rosa

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Morgan

Os agricultores que visitaram o estande da Morgan Sementes e Biotecnologia durante a Expoagro Afubra tiveram oportunidade de conhecer parcelas demonstrativas com a tecnologia Powercore, primeiro evento em milho com cinco genes estaqueados aprovado no Brasil contra as principais pragas e plantas daninhas desta cultura. A equipe técnica da empresa esteve disponível para detalhar as características dos híbridos. Outro ponto importante foi a estação de Tratamento de Sementes Industrial, montada para mostrar os benefícios desse sistema com o emprego de inseticidas e fungicidas.

Syngenta

A Syngenta apresentou na Expoagro Afubra as variedades Vtop RR, Syn 1163, Syn 1152 e Syn 1157. Outro destaque foi o fungicida Score Flexi juntamente com o Priori Xtra, indicado no controle de doenças fúngicas, além dos inseticidas Curyom e Engeo Pleno. “O foco da empresa nesta edição do evento foi para suas soluções de produtos e serviços que permitem aos agricultores obter aumento de produtividade e, consequentemente, de rentabilidade” afirmou o representante técnico de Vendas, Tiago Pavoni.

Estação Syngenta

A 4ª Estação Conhecimento Syngenta reuniu 115 participantes entre pesquisadores e representantes de revendas e cooperativas, entres os dias 2 e 5 de março, na Estação Experimental Agrum, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. De acordo com o engenheiro agrônomo da empresa, Adilson Jauer, o encontro teve como objetivo discutir os principais problemas das culturas do arroz e da soja em ambiente de várzea e apresentar às equipes de vendas as tecnologias desenvolvidas pela Syngenta que trazem soluções integradas para o produtor.

Inauguração

A Dow AgroSciences inaugurou em abril seu escritório para a plataforma de Sementes e Biotecnologia, em Ribeirão Preto, São Paulo. O investimento é reflexo do expressivo crescimento que esse segmento conquistou nos últimos anos. De acordo com o líder da plataforma de Sementes, Biotecnologia e Óleos Saudáveis da Dow AgroSciences no Brasil, Benito Varela, o negócio de sementes tem crescido aproximadamente 15% ao ano no País. “Por isso a necessidade de buscarmos um local maior para ser a sede desta plataforma”, explicou.

Sementes Mutuca

A Sementes Mutuca, em parceria com a Agrichem do Brasil, recebeu mais de 800 profissionais e produtores para o evento NutriAção. Dentre as informações apresentadas aos participantes, a questão da produtividade foi bastante debatida. Segundo o diretor técnico da Agrichem, Luis Yabase, o tratamento adequado do solo possibilita dobrar a produtividade em algumas situações. “Estamos sempre aprendendo, trocando experiências e aprimorando nosso trabalho. Neste encontro, ao mesmo tempo em que mostramos nossas apostas que deram certo, colhemos informações do que está acontecendo no agronegócio por toda a América. É enriquecedor”, avaliou o diretor geral da Sementes Mutuca, Ely de Azambuja Germano Neto. Ely de Azambuja Germano Neto

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Timac Agro

Durante a Expoagro Afubra a Timac Agro lançou o Sulfammo MeTa 15. O chefe de Produtos da Unidade Sul, Everton Forsthofer, explicou que o produto é um fertilizante com alta tecnologia de produção desenvolvido pela empresa. “Esta tecnologia garantirá maior proteção dos nutrientes contra os fenômenos da lixiviação, volatilização e fixação, permitindo liberação gradual dos nutrientes presentes no grão do Sulfammo MeTa, assegurando maior aproveitamento pelas plantas”, explicou.


Convenção

O Parque Tecnológico de Piracicaba foi palco da 1ª Convenção de Vendas Itaforte/Koppert. O evento foi o primeiro realizado após a aquisição da empresa pela holandesa Koppert Biological Systems e contou com a presença da diretoria corporativa, da equipe Itaforte, de representantes e distribuidores de todo o Brasil. A convenção teve, ainda, palestras dos pesquisadores José Roberto Parra, da Esalq; Jaime Maia, da Unesp Jaboticabal, e de Murillo Lobo Junior, da Embrapa Arroz e Feijão.

Bayer

A Bayer CropScience participou da 13ª edição da Expoagro Afubra com foco em apresentação de tecnologias para as culturas do tabaco e do milho. Para a lavoura do tabaco o destaque foi para o fungicida Infinito, utilizado no controle de doenças e em produção de mudas, e para o inseticida Confidor Supra. Já em milho a Bayer apresentou aos produtores sua linha completa, com ênfase ao herbicida Soberan.

Novos rumos

Fernando Bonafé assumiu a gerência de Pesquisa e Desenvolvimento da Total Biotecnologia, com especial atenção aos temas de eficiência agronômica de inoculantes microbianos, tratamento de sementes e desenvolvimento de mercado. Um dos desafios da empresa será oferecer novos produtos biológicos para os agricultores brasileiros de forma a tornar o sistema produtivo sustentável e economicamente eficiente. O desenvolvimento de produtos é realizado em parceria com diversas instituições como a Embrapa Soja e universidades, sendo o foco atual o tratamento de sementes Fernando Bonafé e inoculantes para gramíneas.

Piraí

A Piraí Sementes participou da Expoagro Afubra 2013 com a campanha “O futuro da produtividade é garantido com o cuidado do solo”. De acordo com o gerente administrativo da empresa, Jorge Potascheff Júnior, a campanha tem como finalidade difundir a prática da Adubação Verde e cobertura vegetal, seus benefícios para o solo e principalmente a manutenção de um solo produtivo para a cultura do fumo.

Yara

A Yara Brasil levou aos agricultores durante a Expoagro Afubra 2013, duas tecnologias que compõem a linha de fertilizantes sólidos solúveis: o Kristalon e o YaraLiva NKálcio 14-00-15. O Kristalon é indicado para o produtor de frutas e hortaliças e o YaraLiva NKálcio 14-00-15 é focado nas necessidades nutricionais, de manejo e segurança para a cultura do tabaco. Além destes produtos, a Yara também mostrou o seu completo portfólio para todas as culturas, com os destaques para os fertilizantes foliares YaraVita e a linha TopMix, mistura de grânulos NPK de elevado padrão granulométrico.

Expoarroz

A Expoarroz 2013 reuniu 750 participantes em painéis e contou com mais de 15 mil visitantes cadastrados, em abril, no Centro de Eventos de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Feira de Máquinas, Tratores e Implementos Agrícolas, Fórum Internacional do Arroz, 4ª Rodada de Negócios e painéis para debater exportações e a situação portuária do Brasil estiveram entre os destaques do evento. “Hoje a região e o setor podem comemorar que o evento tem um comportamento de liderança no setor e isso pode ser comprovado através do excelente número de negociações” comemorou o organizador da feira, Fernando Estima.

Jorge Potascheff Júnior (esquerda)

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Arroz Fotos Embrapa Clima Temperado

Fator clima

Dentre os aspectos que influenciam a incidência da brusone, principal doença que afeta as lavouras de arroz irrigado do Rio Grande do Sul, as condições meteorológicas têm papel fundamental. Para realizar seu manejo correto é preciso muita atenção a esta e a outras variáveis que incluem cultivar utilizada, nutrição e dinâmica de ação dos fungicidas nas plantas

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N

a safra 2012/2013 no Rio Grande do Sul, segundo estimativa do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) a área efetivamente semeada é de 1.066 hectares. Há indicativos de que apenas uma única cultivar ocupa mais de 40% da área semeada no estado gaúcho e, em determinada região arrozeira, pode atingir mais de 50% do total. A situação torna-se grave para ocorrência de uma epidemia de brusone, Pyricularia grisea, quando a cultivar é muito suscetível a esta doença e ocupa grande parte da área da lavoura, independentemente do tipo de manejo adotado. A brusone, dentre todas as enfermidades da cultura do arroz, é a mais prejudicial, podendo causar 100% de prejuízo. Para reduzir seus danos é recomendado o uso de cultivares resistentes, o emprego de vários tratos culturais que dificultem a sua presença na lavoura. Também é importante evitar aplicar excesso de fertilizantes (principalmente os nitrogenados) e realizar o monitoramento da lavoura para tomada de decisão quanto ao controle químico. Apesar destas precauções, a brusone pode causar sérios danos dependendo das condições meteorológicas. Tal situação está associada às interações da influência do ambiente sob a capacidade de reprodução do fungo e da resistência da planta de arroz à doença (são alguns dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento de epidemia). No entanto, o surto de brusone na lavoura de arroz não pode ser explicado apenas pela relação entre o fitopatógeno e as condições meteorológicas. Os fatores meteorológicos também afetam o manejo da cultura e as condições do solo, o que incide sobre o crescimento das plantas de arroz. Estas relações tornam-se mais complexas com introdução de novos fungicidas e herbicidas no sistema, que influenciam as plantas de arroz, fungos e as respectivas interações. O Rio Grande do Sul está situado em região de clima temperado, que tem como características as quatros estações do ano bem definidas e cuja a temperatura varia ao longo do ano, o que define bem o período de ocorrência da doença. Portanto, o desenvolvimento do inóculo primário da brusone ocorre após o patógeno ter ibernado dentro da palha infectada de arroz, remanescente da última safra e das plantas hospedeiras, no inverno. Os esporos são formados quando a temperatura e umidade aumentam na primavera. Esta condição de ambiente pode ser observada


e até ser correlacionada com a epidemia de brusone nas principais culturas de inverno como o azevém e o trigo. No entanto, após os esporos infectarem as plantas de arroz, o fungo desenvolve-se nos tecidos dos hospedeiros e, então, causa lesões que vão produzir maior quantidade de novos esporos, principalmente na parte da manhã. Uma epidemia resulta quando este ciclo é repetido várias vezes. A sua intensidade é determinada principalmente pela abundância de esporos, a influência das condições do ambiente sob o processo de infecção/reprodução e a resistência das plantas hospedeiras. Estes três fatores são influenciados não somente pelas condições meteorológicas, mas também pela cultivar semeada, pelo tamanho da sua área cultivada e pelas práticas culturais usadas, o que demonstra como o desenvolvimento da doença é complexo. A faixa favorável ao desenvolvimento da doença (reprodução e propagação) está associada à alta umidade com temperaturas entre 20ºC e 28°C, com sensação de mormaço. Temperatura acima ou abaixo reduz a capacidade de propagação da doença. Assim como nos períodos longos de tempo nublado, chuvoso, tanto o crescimento como a resistência das plantas de arroz são reduzidos. Portanto, epidemias graves de brusone ocorrem em anos ou em áreas em que essas condições meteorológicas predominam. Nas condições favoráveis de temperatura e umidade, o desenvolvimento de conídios sobre lesões das plantas de arroz demoram cerca de seis dias após a inoculação. A brusone pode ocorrer de norte a sul do Rio Grande do Sul. Em virtude de condições meteorológicas, relevo e fertilidade do solo em cada região arrozeira serem diferentes, há níveis diferentes de intensidade das epidemias. A região do litoral norte do Rio Grande do Sul, por apresentar maior precipitação pluvial, umidade relativa do ar, período de molhamento foliar e solos mais arenosos com baixa fertilidade, apresenta maior probabilidade de alta severidade de brusone do que nas demais regiões. Já na região da Fronteira Oeste, onde há maior radiação solar e menor precipitação, a ocorrência da doença é menor. Nestas regiões as condições meteorológicas variam muito durante o período de cultivo, mas também na faixa horária. Em determinados casos, as epidemias diferem de uma lavoura para outra, mesmo sob as mesmas condições meteorológicas, porque os métodos de cultivos (época de semeadura, varieda-

A brusone figura como principal doença em áreas de arroz irrigado

des, quantidade de fertilizante etc) são diferentes para cada agricultor. A interferência humana aumenta a dificuldade de analisar a relação entre epidemias da doença e condições meteorológicas específicas, dificultando a previsão correta de ocorrência e o aumento da epidemia. Há vários relatos de condições climáticas, principalmente longos períodos de baixa insolação, associados com temperaturas altas ou baixas e em diferentes estádios de maior suscetibilidade da planta de arroz, mas, sempre com alta umidade relativa do ar. O uso de cultivares resistentes é uma estratégia que tem sido base do sucesso da produção de arroz em todo mundo e

que reduz o custo de produção e mantém o meio ambiente saudável. Essa resistência à brusone tem uma duração limitada por até quatro anos, após lançamento da cultivar na região, em virtude da alta variabilidade do fungo. Neste esforço a pesquisa já identificou no mínimo 40 genes de resistência no germoplasma de arroz. Nas condições do Rio Grande do Sul, a ocorrência de chuvas esparsas e pouca nebulosidade durante o mês de janeiro e com probabilidade de continuar no início de fevereiro, aliada a temperaturas entre 20oC e 30oC, dependendo da região, determina o surgimento ou não de ataques fortes de brusone. Portanto, o manejo da brusone requer vigilância (monitoramento) e cuidados com a integração das muitas estratégias e técnicas a serem realizadas pelo produtor. Apenas um único erro pode resultar em quebra de safra (prejuízos) causado por esta doença do arroz. Para melhor controle da brusone, o produtor deve saber que, para avaliação dos sintomas nas folhas e lígula, são necessárias observações frequentes, em vários pontos da lavoura, principalmente nas entradas de água na lavoura, coroas mal irrigadas, sombras de matas e pontos com plantas mais altas ou mais densas. A presença de sintomas da brusone nesses locais indica a necessidade do uso de fungicidas, principalmente nas lavouras semeadas tardiamente ou naquelas em que houve problemas de irrigação. Alguns fungicidas são específicos para o controle da brusone, enquanto outros possuem espectro de ação mais amplo para outras doenças. Contudo, para controlar os ataques muito severos de brusone, indicam-se produtos específicos, sistêmicos e na dose recomendada. A aplicação correta e no momento adequado possibilita maiores chances de C sucesso do controle. Cley Donizeti Martins Nunes, Embrapa Clima Temperado

Tabela 1 - Fungicidas recomendados para o controle de brusone na cultura do arroz irrigado Nome técnico Tetraconazol Triciclazol Mancozebe + Tiofanato metílico

Grupo químico Triazol Benzotiazol Ditiocarbamato + Benzimidazol

Modo de ação Sistêmico Sistêmico Sistêmico /Contato

Formulações concentrações (g de i.a./kg ou L)* EW 125 PM 750 PM 640 +140

Dose P.C./ha (kg ou L)** 0,3 – 0,5 0,20 – 0,30 2,0-2,5

Doenças controladas (conforme registro)*** Esc, ME, BR, M, Rhs BR BR; MP

*Formulações – EW = emulsão óleo em água; PM = pó molhável; SC = suspensão concentrada. **PC = produto comercial; ***Recomendações constantes no registro – BR = brusone (Pyricularia oryzae, Magnaporthe oryzae – forma perfeita); MP = mancha parda (Bipolares oryzae); ME = mancha estreita (Cercospora janseana = C. oryzae, Sphaerulina oryzina – forma perfeita); Esc (Gerlachia oryzae = Rhynchosporium oryzae = Microdochium oryzae, Monographella albescens – forma perfeita).

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Café Fotos Antonio Jackson Souza

Água no café A irrigação tem papel importante na cafeicultura brasileira, contudo, não deve ser tratada apenas como um sistema de sequeiro + água. Todos os fatores envolvidos no processo produtivo devem ser criteriosamente administrados de forma a otimizar o uso desse insumo e proporcionar bom retorno econômico

O

atual destaque do Brasil na produção de café deve-se, sobretudo, ao uso de novas tecnologias e avanços nas pesquisas que priorizam o manejo da lavoura desde sua implantação até as práticas pós-colheita, garantindo assim maior produtividade e um produto de melhor qualidade. Dentre essas tecnologias a irrigação se destaca como uma das mais promissoras, por permitir o suprimento racional de água às plantas, possibilitando o pleno crescimento e desenvolvimento reprodutivo, o que é traduzido em produtividade. Atualmente, as áreas irrigadas no Brasil são estimadas em 250 mil hectares que se estendem por todos os estados e regiões produtoras, representando 11% do parque cafeeiro e respondendo por 30% da produção nacional. Inicialmente, na década de 1980, esta tecnologia foi aplicada às regiões consideradas marginais ao cultivo do cafeeiro devido às baixas precipitações. Atualmente, a irrigação tem apresentado resultados promissores, mesmo em regiões consideradas aptas à cultura, como a região sul de Minas Gerais, que

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apresenta ao longo do ano uma quantidade de chuva adequada às necessidades hídricas do café. Entretanto, devido à distribuição desuniforme dessas chuvas e outras variações do clima, tem-se observado efeitos deletérios do déficit hídrico nos cafeeiros, em períodos cruciais à produção. Os períodos de estiagem em etapas importantes do desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, como no desenvolvimento inicial, floração e enchimento de grãos tem prejudicado as safras futuras e a lucratividade do negócio, comprometendo o desenvolvimento da atividade. Diversas instituições de pesquisa no Brasil têm abordado de forma especial o desenvolvimento da tecnologia de irrigação a fim de avaliar sua real viabilidade nas regiões produtoras do país de forma a estimular a utilização desta tecnologia, tanto em caráter suplementar quanto permanente. Alguns experimentos, realizados na Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Lavras, Minas Gerais, têm contribuído para desmistificar o uso da irrigação na cafeicultura, principalmente em regiões aptas ao cultivo

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de sequeiro. O principal destaque da cafeicultura irrigada se relaciona ao aumento de produtividade. Os pesquisadores Silva e colaboradores em 2005 verificaram aumento de 50% em café arábica irrigado por gotejo. A cultivar Acaiá (3,0 x 0,6m) em seis safras (1998 - 2004) apresentou produtividade média de 79,5 sacos de café beneficiado em cafeeiros irrigados. Esse incremento é proporcionado tanto em anos de alta como de baixa produtividade, independentemente do efeito bienal da produção de café (Tabela 1). Em trabalhos realizados em Varginha, Minas Gerais, pela Fundação Procafé, em seis safras de lavoura de Acaiá, também foi observado que a irrigação suplementar por gotejamento em comparação com a lavoura não irrigada aumentou em aproximadamente 14 sacas/ha, ou seja, 27,25% a produtividade de café beneficiado (Garcia, 2012). O aumento de produtividade deve-se à antecipação das produções do cafeeiro, logo na primeira safra, quando irrigado (Colombo et al, 2005), antecipando assim o ciclo bienal


Processo de filtragem da água para a irrigação do cafeeiro

do cafeeiro. As diferenças de produtividade são menos acentuadas em cafeeiros adensados. Assim, o manejo da cafeicultura irrigada com densidades de plantio adensadas é uma boa opção para os cafeicultores, principalmente em áreas pequenas e de difícil mecanização. Outro benefício proporcionado pela irrigação é a aplicação de fertilizantes ao cafeeiro via água de irrigação. A fertirrigação torna possível a oferta de fertilizante em número maior de parcelamentos, otimizando o emprego do fertilizante, além de reduzir o custo com mão de obra. Alguns trabalhos têm apontado que a demanda por fertilizante aos cafeeiros irrigados é superior em 18,3% (Pinto, 2012) respondendo em maior produção. Os aumentos de produtividade e o padrão superior de desenvolvimento vegetativo das lavouras cafeeiras sob condições de irrigação são fato. Porém, muitas indagações ainda permanecem, tendo em vista que o uso dessa tecnologia é recente e que do plantio à pós-colheita este é um sistema produtivo diferenciado. A lavoura irrigada não deve ser tratada apenas como um sistema de sequeiro + água. Todos os fatores envolvidos no processo produtivo devem ser criteriosamente

Comparativo de cafeeiro com e sem irrigação, sob a mesma densidade de plantas por hectare

administrados de forma a otimizar o uso da água, da energia e de insumos agrícolas e obter o esperado retorno econômico que fará jus ao investimento do capital. Para tanto, no Brasil a diversidade de sistemas para cada método de irrigação empregado, que pode contemplar do pequeno ao grande cafeicultor, nada deixa a desejar frente aos países de primeiro mundo. A pesquisa nesta área se desenvolve em ritmo acelerado para todas as regiões sob as mais diferentes

condições de clima, solo e manejo de condução da lavoura, sem perder o foco de se construir um sistema produtivo sustentável e dentro dos princípios fundamentais de preservação C ao meio ambiente. Antonio Jackson de J. Souza, Anderson Wiliam Dominghetti, Myriane Stella Scalco, Rubens José Guimarães e Giselle Figueiredo de Abreu, Ufla

Tabela 1 - Produtividade média (sacas beneficiadas/ha) de cafeeiros irrigados e não irrigados na região de Lavras (MG) Tratamento 0 100

Anos alta Produtividade Média (sc/ha) Relativa (%) 72.22 100.00 108.60 150.38

Anos baixa Produtividade Média (sc/ha) Relativa (%) 33.49 100.00 50.52 150.88

1998/2004 Produtividade Média (sc/ha) Relativa (%) 52.85 100.00 79.56 150.53

*Trat 0 = sem irrigação. Trat 100 = Irrigado com reposição de água com 100% ECA.

Café no Brasil

S

Maturação de frutos não irrigados (acima) e abaixo irrigados durante todo o ano

egundo levantamento da Organização Internacional do Café (OIC) o Brasil é o maior produtor de café, respondendo por 38% da produção mundial. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu quarto levantamento para o ano safra 2012/2013, aponta produção de 50,82 milhões de sacas. Conforme a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o consumo de café entre 2011 e 2012 já aumentou em 3,05%, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Diante deste

panorama, o aumento de produtividade média, que atualmente é de 24 sacas por hectare, deverá ser superado para suprir a demanda vigente. Diante das discussões sobre o uso racional da terra no novo Código Florestal Brasileiro e a necessidade de se aumentar ainda mais a produtividade para atender a demanda crescente dos consumidores de café, restam poucas opções como a criação de um modelo que permita a integração em rede de diversas competências presentes nos centros de pesquisa ensino e extensão.

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Algodão

Camada protetora

Jaqueline Aguilla Pizzato

Alterações promovidas no sistema de cultivo do algodoeiro devem ser consideradas no manejo de doenças como a ramulária, um dos principais fatores limitantes da cultura. Entre os aspectos que podem influenciar sua incidência estão a cobertura do solo e o plantio adensado

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mancha de ramulária, ocasionada pelo fungo Ramularia areola G.F. Atk., [syn.=Ramularia gossypii (Speg.) Cif., Cercosporella gossypii Speg.], está inserida entre as principais doenças de ocorrência na cultura do algodoeiro. É fator limitante no cultivo do algodão em praticamente todas as regiões produtoras do Brasil, principalmente na região Centro-Oeste, podendo ocasionar perdas de até 30% quando medidas de controle não são adotadas (Suassuna & Coutinho, 2007). Esta doença destaca-se em função do seu aparecimento desde o início da cultura, cujos danos são desfolha precoce e lesões na folha, ocasionando redução da área foliar fotossintetizante e perdas na produção e na qualidade da fibra, além dos altos custos com o manejo (Aquino et al, 2008; Lucena, 2007). Os sintomas, que aparecem em ambas as faces da folha, se iniciam geralmente na fase reprodutiva da planta, entre o aparecimento do primeiro botão floral e a abertura da primeira flor (B1 e F1),

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ocasionando danos prolongados até o final do ciclo da cultura, sendo mais expressivos entre o início do florescimento e a abertura dos primeiros capulhos (Iamamoto, 2003; Suassuna & Coutinho, 2007). Tendo em vista que a ocorrência de doenças pode estar relacionada ao sistema de cultivo empregado, bem como às condições de desenvolvimento proporcionadas às plantas, como a oferta de nutrientes, estudos têm sido realizados com o objetivo de promover alterações no sistema de cultivo com a adoção de espaçamentos reduzidos e de práticas conservacionistas com o uso de plantas de cobertura. Alterações no sistema de cultivo do algodoeiro têm sido realizadas desde a década de 80, com enfoque principal em reduzir os custos de produção da cultura (Ribeiro et al, 2009). No entanto, os benefícios obtidos por esta prática podem superar o inicial, pois aliado a um sistema conservacionista os cultivos adensados podem conservar e/ou melhorar as características do solo, aumentar a produtividade em longo prazo, diminuir os custos com insumos agrícolas

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bem como aumentar a rentabilidade em curto prazo (Reeves, 2000). A utilização de plantas de cobertura tem influenciado na melhoria de atributos físicos e químicos para o solo, promovendo a ciclagem de nutrientes, cuja dinâmica dos elementos minerais pode contribuir para mudanças na suscetibilidade do hospedeiro, por influenciar no vigor e na reação de defesa da planta, aumentando sua capacidade de reação à doença (Arantes, 2010; Ferreira & Lamas, 2010; Carvalho et al, 2004; Bergamin Filho et al, 1995). Assim, o estudo do comportamento de doenças mediante a adoção de tais práticas evidencia importante curiosidade na reação da mancha de ramulária à possibilidade de interação entre estas, salientados os benefícios que ambas podem ocasionar ao solo, e a influência que este exerce sobre o desenvolvimento de doenças (Bergamin Filho et al, 1995; Bergamin Filho & Amorim, 2011). A pesquisa foi realizada no campo experimental da Universidade do Estado de Mato Grosso (Tangará da Serra) e teve


o intuito de avaliar o progresso da mancha de ramulária em cultivo de algodoeiro adensado (0,45m) e convencional (0,90m), sob a cobertura de milheto (P. glaucum), crotalária (C. spectabillis) e sem cobertura. A inoculação do fungo (Ramularia areola) foi realizada em plantas de algodão da variedade FMT 701, contidas em 1m² no centro de cada parcela aos 60 dias após a semeadura, no estádio reprodutivo (B1) das plantas, e as avaliações do progresso da doença se iniciaram a partir do aparecimento dos primeiros sintomas. Foram realizadas cinco avaliações da severidade da doença, aos 72, 77, 82, 87 e 92 dias após a semeadura (DAS), por meio da avaliação da planta inteira, com base em uma escala de notas (Aquino 2008). Verificou-se comportamento ascendente da doença no decorrer das cinco avaliações (Figura 1). Porém, os resultados mais expressivos da severidade da doença foram observados nas avaliações aos 77 e 82 dias após a semeadura, em que o maior índice de severidade da doença foi observado em plantas de algodão em cultivo convencional e sem cobertura, sem a ocorrência de interação entre esses fatores. Segundo Chitarra et al (2007), é possível se obter nível satisfatório de controle de doenças do algodoeiro, através de mudanças no sistema de cultivo atualmente em uso. Vale ressaltar que durante o período das avaliações, foi observada a ocorrência de desfolha precoce principalmente sob condições de cultivo adensado, em detrimento à elevada severidade da mancha de ramulária, o que pode ter interferido nas avaliações do progresso da doença no algodoeiro nessas condições, tendo em vista que a pesquisa não envolveu a quan-

Tabela 1 - Altura de plantas (cm) e número médio de maçãs abortadas aos 104 e 125 DAS, em algodoeiro cultivado sob três situações de cobertura e dois espaçamentos Situações de cobertura Sem cobertura P. glaucum C. spectabilis C. V. (%) Espaçamentos (m) Espaçamento 0,45 Espaçamento 0,90 C.V. (%)

Altura (cm) 102,0 b 98,0 b 112,0 a 6,39 Altura (cm) 106,0 a 102,0 a 6,39

Nº médio de maçãs (104 DAS) 0,46 a 0,47 a 0,46 a 35,03 Nº médio de maçãs (104 DAS) 0,30 b 0,63 a 35,03

Nº médio de maçãs (125 DAS) 0,34 a 0,22 a 0,31 a 32,19 Nº médio de maçãs (125 DAS) 0,21 b 0,37 a 32,19

Médias com mesmas letras na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5%.

Tabela 2 - Análise das características intrínsecas da fibra, em algodoeiro cultivado sob três situações de cobertura e dois espaçamentos Situações de cobertura Sem cobertura P. glaucum C. spectabilis C. V. (%) Espaçamentos (m) Espaçamento 0,45 Espaçamento 0,90 C.V. (%)

UHML (mm) 30,95 b 29,07 b 29,45 a 7,85 UHML (mm) 30,48 a 29,16 a 7,85

UI (%) 85,97 b 86,06 b 86,92 a 0,75 UI (%) 85,97 b 86,66 a 0,75

STR (g/tex) 32,21 a 31,75 a 32,66 a 3,31 STR (g/tex) 32,35 a 32,05 a 3,31

MIC (µg/pol) 4,38 a 4,34 a 4,31 a 6,00 MIC (µg/pol) 4,15 b 4,54 a 6,00

Rd (%) 73,31 a 73,38 a 73,66 a 2,32 Rd (%) 72,87 a 74,03 a 2,32

Médias com mesmas letras na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5%.

tificação de perdas e danos. Avaliações da altura das plantas de algodão, número médio de maçãs abortadas e análise da qualidade da fibra também foram realizadas e estão representadas nas Tabelas 1 e 2. Para a variável altura, somente para o fator situação de cobertura, os tratamentos cultivados sob cobertura de C. spectabillis apresentaram maior altura das plantas de algodão. Arantes (2010) também observou maior altura das plantas de algodão cultivadas sobre a palhada da C. juncea com a cultivar BRS Itaúba. Houve diferença entre as condições

Figura 1 - Índice de doença aos 72, 77, 82, 87 e 92 dias após a semeadura (DAS), em função de três situações de cobertura e dois espaçamentos

de cultivo para o número médio de maçãs abortadas, em que o maior número foi observado no cultivo do algodoeiro em espaçamento convencional, em ambos os períodos de avaliação (104 e 125 DAS), embora a queda ou abcisão de maçãs jovens seja um fenômeno natural no algodão, podendo ser acentuado em função de condições climáticas adversas e pela incidência de pragas e doenças. Estes resultados podem estar relacionados à redução do número de capulhos ocorrida em plantas de algodão nos cultivos adensados, em relação ao número de capulhos produzidos em cultivos convencionais. Nas avaliações da qualidade da fibra, foi observado que os parâmetros da análise de fibras relatados na Tabela 2 estão dentro dos padrões requeridos pela indústria têxtil. De acordo com Farias et al (1999) e Penna (2006). Segundo Santana et al (2002) essas características físicas expressam a qualidade da fibra e se transferem para o fio, tecidos e confecções, conferindo diversidade de aplicação na utilização da fibra. Também foram evidenciados resultados superiores de micronaire e uniformidade do comprimento de fibras, em cultivo de algodão convencional com C crotalária em cobertura. Jaqueline Aguilla Pizzato, Dejânia Vieira de Araújo, Jair Romano Júnior, Ândrea Naara A. de Mattos, Thiago Alexandre S. Gílio e Vanderlei Antunes Maciel, Unemat

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Milho Fernando Adegas

Hora de manejar Encerrada a colheita da safra de milho o produtor precisa estar atento às plantas daninhas, sob pena de inflar os custos de produção e diminuir a rentabilidade. Deixar a área em pousio significa aumentar o banco de sementes do solo. Entre os cuidados para garantir a sustentabilidade do próximo cultivo estão medidas preventivas, atenção a plantas voluntárias, correto uso de herbicidas e criterioso emprego das práticas preconizadas pela tecnologia de aplicação

A

lgumas espécies de plantas daninhas têm se mostrado com diferentes níveis de tolerância aos herbicidas utilizados no manejo para o plantio direto. Espécies como corda de viola (Ipomoea spp), trapoeraba (Commelina spp), erva quente (Spermacoce latifolia), poaia branca (Richardia brasiliensis), capim colonião (Panicum maximum), capim favorito (Rhynchelitrum repens), tiririca (Cyperus rothundus), entre outras, têm dificultado e encarecido a dessecação para a utilização do plantio direto. Se não bastasse a própria tolerância das espécies, o uso isolado e contínuo de herbicida com um único modo de ação tem contribuído para a seleção de espécies resistentes como amendoim bravo (Euphorbia heterophylla), picão preto (Bidens pilosa), buva (Conyza brasiliensis e C. canadensis), azevém (Lolium multiflorum) e capim amargoso (Digitaria insularis). Para o manejo destas espécies torna-se importante o controle de sua disseminação, ou seja, reduzir ao máximo a produção de sementes e consequentemente o aumento populacional. A disseminação das plantas daninhas geralmente ocorre a partir das atividades pra-

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ticadas pelo homem, como o uso de máquinas agrícolas, animais e sementes contaminadas. Algumas espécies são favorecidas com a disseminação através do vento por possuírem sementes pequenas e leves, como é o caso da buva e do capim amargoso. Práticas preventivas, como a limpeza rigorosa das máquinas e implementos e o controle das invasoras, impedem a produção de sementes e/ou estruturas de reprodução, evitando a disseminação destas espécies. Casos como o da buva e do capim amargoso são plantas com uma proliferação muito fácil, produzem muitas sementes e são muito fáceis de dispersar, pois são sementes pequenas e com uma adaptação que pode ocorrer em todas as regiões do Brasil.

Evitar o aumento da infestação

Ao terminar a colheita da safra, o produtor deve sempre lembrar que a sustentabilidade da produção agrícola está atualmente associada ao sistema de produção, o que significa que se não houver cuidado especial, os custos de produção tendem a aumentar, dificultando o manejo da cultura, consequentemente reduzindo a rentabilidade da propriedade. Caso o solo

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seja deixado em pousio, as plantas daninhas irão produzir semente, aumentando o banco de sementes do solo. Exemplos podem ser dados em relação à produção de sementes como a buva, em que uma planta adulta pode produzir até 200 mil sementes, capim amargoso que, em mesma touceira, em um único fluxo pode produzir em torno de seis mil sementes por planta, enquanto o picão preto tem o poder de, em uma única planta, produzir em alguns casos mais de cinco mil sementes. Com estas produções e com solo infestado com espécies como estas é possível inviabilizar a produção agrícola quando manejadas inadequadamente. Determinadas gramíneas e algumas plantas de folha larga possuem a capacidade de vegetar e se multiplicar durante todo o ano. Exemplo destas plantas são o picão preto e o amendoim bravo, que, dependendo da região, são capazes de apresentar dois ou três ciclos no período de entressafra. Atualmente uma das grandes preocupações dos produtores é a crescente disseminação das plantas resistentes ao glifosato. A disseminação dessas espécies cresceu de forma assustadora no último ano. Assim como a buva, plantas desenvolvidas do capim amar-


goso são de difícil controle e rebrotam com muita facilidade. O não controle da produção de sementes proporcionará maior emergência de plantas ano a ano, intensificando a dependência do uso de herbicidas, o que irá refletir diretamente no custo do manejo, reduzindo a lucratividade do produtor. Em um sistema de produção sustentado, a manutenção da população de plantas daninhas em baixos níveis de infestação é imprescindível.

Manejo da infestação

Plantas voluntárias

Com a introdução de cultivares de soja e milho geneticamente modificados conferindo resistência ou tolerância a diferentes herbicidas, as alternativas de produtos para o manejo químico de plantas voluntárias ficam limitadas na dessecação de manejo para plantio direto tanto em pré-plantio como em pós-colheita. Estas plantas, conhecidas como tigüeras, podem ser de soja, milho, algodão entre outras, outrora sensíveis a determinados herbicidas, permanecerão no campo como invasoras. Com isto, o produtor deverá ter conhecimento para fazer um planejamento adequado do manejo de plantas daninhas, caso contrário poderá ter perdas de produtividade devido à matocompetição, prejuízos financeiros e legais nos campos de produção de sementes e nas áreas de inverno (vazio sanitário). Os produtores também poderão correr sérios riscos de danificar/matar sua lavoura quando utilizar herbicidas equivocadamente, dependendo das características de tolerância/resistência incorporadas em suas lavouras.

Deriva na dessecação

A aplicação de herbicidas de ação total (dessecantes) deve ser realizada tomando-se cuidado para que não ocorra deriva, pois o contato do herbicida com plantas sensíveis poderá ocasionar sua morte total. O vento pode ocasionar deriva dos herbicidas na hora da aplicação, diminuindo a quantidade desejada e carregando o produto para áreas vizinhas. Ventos fortes aumentam os problemas de fitotoxicidade e ineficiência observados em função das derivas. Uma maneira de minimizar o carreamento do herbicida através do vento é a utilização de bicos apropriados às condições mais adversas e quando possível a redução da altura de aplicação. Quanto mais alta a barra de pulverização, maior a deriva observada.

Cuidados especiais devem ser tomados para com a aplicação de qualquer defensivo agrícola via pivô central devido à altura em que estão sendo aplicados.

Aplicação de herbicidas

A aplicação do herbicida pode ser realizada com a ajuda de vários equipamentos de pulverização, como pulverizadores tratorizados de arrasto, tratorizados montados, autropropelidos, aéreos e costais. O avanço no desenvolvimento da tecnologia de aplicação tem colocado no mercado equipamentos cada vez mais modernos que buscam maior eficiência e redução do impacto ambiental das aplicações. Equipamentos utilizando controladores eletrônicos de fluxo, navegação por GPS, ponta de pulverização de indução de ar e aplicação eletrostática têm sido oferecidos aos produtores para que otimizem e reduzam os custos da aplicação no controle de plantas daninhas.

Normas gerais para o uso de defensivos agrícolas

Antes da aquisição de qualquer herbicida, deve ser feita uma avaliação correta do problema e da necessidade da aplicação. Não adquira nenhum defensivo agrícola sem receituário agronômico. Verifique a data de validade, evitando comprar produtos vencidos e com embalagens danificadas. Lembre-se de que embalagens vazias de defensivos, depois de feita a tríplice lavagem, devem ser retornadas a locais apropriados e definidos (oriente-se junto ao vendedor do defensivo). Qualquer utilização de herbicidas deve ser acompanhada por um técnico responsável e os produtos utilizados precisam estar registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento C (Mapa). Décio Karam, Embrapa Milho e Sorgo Dionísio Luís Pisa Gazziero e Fernando Storniolo Adegas Embrapa Soja Leandro Vargas, Embrapa Trigo

Fotos Décio Karam

Para evitar ou minimizar o aumento da população de plantas daninhas, técnicas como a rotação e culturas de cobertura podem ser utilizadas. As culturas de cobertura geralmente apresentam grande capacidade de supressão na emergência e no desenvolvimento das plantas daninhas. Culturas de cobertura como aveia, braquiária, milheto, nabo forrageiro, sorgo e trigo, assim como outras, na entressafra, têm grande capacidade de supressão na emergência e no desenvolvimento das plantas daninhas. O uso de rotação de culturas é um ponto importante para o combate das plantas daninhas de difícil controle, pois permitem a rotação de herbicidas com modo de ação diferenciado, contribuindo também para a não seleção de espécies resistentes. Operações de pós-colheita como o uso de roçadeiras ou a aplicação de herbicidas para dessecação das plantas daninhas também podem ser realizadas. Na maioria dos casos os herbicidas utilizados para o manejo pós-colheita são à base de glifosato, 2,4D e paraquat. As aplicações na dessecação das plantas de difícil controle ou resistentes deverão usar herbicidas de ação total à base de glifosato, associados a herbicidas de modo de ação alternativos com 2,4D ou herbicidas residuais como chlorimuron-ethyl, flumioxazin, diclosulan e sulfentrazone. Aplicações à base de paraquat também poderão ser empregadas quando não houver a presença de plantas perenes, principalmente as gramíneas. O uso dos herbicidas 2,4D e residuais dependem da cultura a ser instalada em sucessão. No caso da soja a utilização de 2,4D está associada ao

plantio da cultura de 15 dias a 20 dias após sua aplicação. Plantas daninhas não perenizadas e em estádios de crescimento antes da floração e da produção de sementes são mais fáceis de serem controladas.

Lavoura de milho infestada por plantas daninhas próximo à colheita (esquerda) e aspecto de área de soja com a não realização de dessecação antes do plantio (direita)

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Soja Fotos UEMS

Verde anômalo

Batizado de Soja Louca II, fenômeno que inclui afilamento das folhas do topo das plantas, engrossamento das nervuras, deformações da haste e das vagens, redução e apodrecimento de grãos, alto índice de abortamento de flores e vagens, além de problemas na maturação, segue a desafiar pesquisadores e produtores

U

m novo fenômeno nas lavouras de soja tem causado grande preocupação aos produtores e pesquisadores, por gerar perdas de produtividade que podem chegar a até 60%. De causas ainda desconhecidas, a “Soja Louca II” tem sido observada e descrita por diversos pesquisadores na tentativa de relacioná-la a situações adversas de campo desde o ano-safra 1996/97 quando se suspeitou da ação do herbicida com o princípio 2,4-D, que já foi descartado das possíveis hipóteses da anomalia. Experimentos tentaram reproduzir os sintomas da Soja Louca II através da propagação vegetativa por enxertia, porém não se obteve nenhum resultado conclusivo. Foram coletadas amostras de plantas nas regiões de maior incidência e as amostras retiradas que partilharam de condições parecidas de campo onde a cultura estava instalada mostraram que os principais fatores que poderiam causar esta anomalia seriam: temperaturas mais elevadas (acima de 28ºC), plantio sobre palhada, desbalanço nutricional de cálcio, magnésio e

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potássio, deficiência de boro e a presença de calcário em superfície de solo. Conforme observado a campo nas propriedades que trabalharam com diferentes manejos da cultura pôde-se criar hipóteses sobre tratos culturais que podem ajudar na diminuição do aparecimento dos sintomas, como a dessecação antecipada da cultura e gradagem do solo. De acordo com a Embrapa, os sintomas da Soja Louca II podem manifestar-se geralmente a partir do estádio V5-V6, iniciando-se com o afilamento das folhas do topo das plantas e o engrossamento das nervuras. As hastes exibem deformações e engrossamento dos nós e as vagens apresentam deformações, redução do número de grãos e apodrecimento de grãos. O alto índice de abortamento de flores e vagens é mais intenso na parte superior das plantas, diminuindo em relação à base, o que impede o processo natural de maturação, fazendo com que a planta permaneça verde no campo, prejudicando o processo de colheita. Vale ressaltar que esse fenômeno vem sendo

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observado tanto em áreas cultivadas com soja convencional, quanto em áreas cultivadas com soja RR (Freitas, 2011). Em um experimento realizado na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul para avaliação da produtividade e adaptabilidade de oito genótipos de soja na região, a produção obtida foi muito baixa. Durante a condução do experimento não houve ataque de patógenos, porém as cultivares sofreram acentuado déficit hídrico durante a fase reprodutiva. Acreditase, pela observação dos sintomas, que tenha ocorrido a Soja Louca II.

Possíveis agentes causais

Observou-se que a presença de plantas daninhas de folha larga em meio à cultura poderia ser um fator que maximizasse as chances do aparecimento da anomalia, já que propriedades que realizaram o dessecamento de plantas ivasoras e utilizaram uma palhada de cobertura proveniente de Brachiaria tiveram grau de incidência menor da Soja Louca II. Embora a Embrapa não tenha descartado


esta possibilidade, os pesquisadores também tentam encontrar a causa em outros fatores, sendo forte candidato a causador da anomalia a presença de ácaros da subordem Oribatida. Conhecidos como ácaros-besouro, ácarosde-armadura e ácaros-preto, os Oribatida possuem nove mil espécies, distribuídas em todo o mundo. Podem ser encontrados tanto em ambientes agrícolas como em naturais e ocorrem tipicamente no solo e em grandes ou poucas quantidades nas plantas (Norton e Behan-Pelletier, 2009; Franklin et al, 2006). Apesar de seu hábito alimentar ser constituído de fungos e pedaços de vegetais mortos (Oliveira et al, 2001), não foi descartada a hipótese de estes ácaros estarem raspando o tecido meristemático e se alimentando das plantas na lavoura, o que poderia explicar a causa dos sintomas devido a deformações no tecido e inviabilização da frutificação. O professor da Esalq/USP Durval Dourado Neto apontou, na XXXI Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil (RPSRCB), realizada em 2010, os estresses ambientais e fito-hormônios como possíveis causas da anomalia. Já o agrônomo José Roberto Pavezi apresentou as possíveis causas dos sintomas de Soja Louca II em lavouras do Grupo Schlatter, relacionando-as à presença de ácaros nas plantas. Entretanto, para o professor Aníbal Ramadan Oliveira, da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, não é esperado que os ácaros oribatídeos sejam os agentes causais da Soja Louca II, já que raramente se alimentam de tecido vivo.

Manejo

Como ainda não foram esclarecidas as causas dessa anomalia, não há recomendações específicas para o controle do problema. A Embrapa sugere seguir as tecnologias de produção da soja advindas de reuniões técnicas C regionais de pesquisa. Caio Cézar Guedes Corrêa, Larissa Pereira Ribeiro, Paulo Eduardo Teodoro e Francisco Eduardo Torres, Univ. Est. de Mato Grosso do Sul

Fenômeno impede o processo natural de maturação da soja e provoca severos prejuízos


Capa

Sempre desafiadora A cada ano a ferrugem asiática volta a causar sérios prejuízos aos produtores de soja no Brasil. Bastante dependente do clima na entressafra a doença apresenta danos variáveis de uma safra para outra e particularidades que demandam a realização de manejo criterioso, que atenda a aspectos técnicos e de planejamento, com base em resultados de pesquisa e aplicações práticas

N

a safra de grãos que se encerra, a soja, mais uma vez, se reafirma como o principal cultivo praticado no Brasil. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção total variou de 66,4 milhões de toneladas em 2012 a 81,9 milhões em 2013, ou seja, um incremento da ordem de 23,4% (15,55 milhões de toneladas a mais que a safra anterior). Na produtividade, os índices brasileiros ficaram em torno de 3.023kg/ha e considerada apenas a média do estado do Mato Grosso, os valores atingiram 3.127,3kg/ ha. Em relação à área cultivada, 2012 situouse próximo de 25,04 milhões de hectares evoluindo para 27,71 milhões nesta última, um ganho de aproximadamente 9,6% (Conab, 2013). Alguns fatores contribuíram para

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que este cenário se concretizasse, tais como adoção de biotecnologia, introdução ano a ano de variedades com elevado potencial produtivo, adaptação e resistência a pragas e doenças, advento de novas tecnologias, agricultura de precisão, abertura de novas áreas, fatores edafoclimáticos, entre outros que sem dúvida causaram modificações marcantes e definitivas no cultivo desta oleaginosa em nosso País. Apesar das estatísticas revelarem uma situação favorável e positiva no contexto da sojicultura, os produtores vivenciaram durante a safra inúmeros desafios, desde sua implantação, até a colheita propriamente dita e posterior transporte do produto final (grão) junto aos mercados consumidores e/ ou indústrias de processamento. Logo, ficou

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evidente que alguns entraves ocorreram e comprometeram os índices de produtividade, com reflexos negativos na produção como um todo, que poderia ter sido maior caso o cenário fosse diferente. Neste contexto, convém lembrar algumas situações que antecederam ou ocorreram de forma concomitante ao desenvolvimento da safra nos campos e somaram, acarretando redução do potencial produtivo e qualidade, sobretudo desenhando uma safra um tanto quanto “conturbada”, repleta de desafios. A começar pelo clima, que a princípio apontava para um ano de El Niño, mas não se confirmou e se mostrou neutro. Nem El Niño e nem La Niña. Contudo, o país vivenciou veranicos, especialmente na região Sul, e a ocorrência de chuvas na colheita, principal-


Fotos Fundação MT

mente no cerrado, refletindo em perdas na qualidade do grão e consequentes descontos junto às indústrias receptoras, nas quais foi comum a entrada de produto com umidade acima de 20%, reduzindo a rentabilidade do produtor. Outro grande problema que se instalou de vez nas lavouras de soja nesta safra foram as lagartas de difícil controle, como Helicoverpa Zea, Heliothis virenses e por último Helicoverpa armigera, pragas antes preferenciais nas culturas de milho ou algodão, mas que devido às práticas de manejo e tecnologias com Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), nem sempre respeitadas na sua implementação (como, por exemplo, plantio de áreas de refúgio) fez com que tais indivíduos se adaptassem e se instalasse nas lavouras de soja, trazendo grandes prejuízos e dificuldades de controle, sobretudo o químico. É possível acrescentar, ainda, questões ligadas à fertilidade e correção de solos, temperaturas elevadas em alguns locais, tecnologia de aplicação inadequada, plantas daninhas e por fim a ocorrência de doenças, como a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi), considerada a grande vilã, em função do elevado potencial de dano que oferece para a cultura.

Ao longo dos anos, a doença se aclimatou muito bem nas principais regiões produtoras, sobretudo no Centro-Oeste do Brasil e especialmente em Mato Grosso tem causado sérios prejuízos, variáveis ano após ano. Por se tratar de uma doença que provoca desfolha precoce e compromete o enchimento de grãos, é de se esperar que uma lavoura infestada possa resultar em danos irreversíveis e consequente aumento do custo de produção. Estima-se um gasto em torno de um bilhão de dólares anualmente para o controle e, mesmo assim, ainda são elevados os prejuízos que ela tem causado safra após safra, resultando em lavouras afetadas em menor ou maior grau. Muito dependente do clima da entressafra, nas últimas safras tem se prognosticado, com grande probabilidade de acerto, baseado no volume e na frequência das chuvas no inverno do cerrado, como será o comportamento da doença na safra de verão seguinte. Por se tratar de um fungo biotrófico, ou seja, essencialmente é um parasita obrigatório e seu ciclo de vida ocorre sobre a planta viva, sua sobrevivência na entressafra ocorre em plantas de soja cultivadas (por isso o vazio sanitário como estratégia de controle), em soja guaxa/tiguera ou outros hospedeiros, a partir dos quais produz grandes quantidades de esporos pequenos e leves, que são disseminados pelo vento para estabelecer novas infecções nas lavouras futuras, sendo esta a principal forma de disseminação do patógeno. Portanto, sua intensidade está relacionada com a presença de molhamento foliar, temperatura e umidade relativa du-

rante o ciclo da cultura associado à oferta de inóculo no início de cada safra. Neste sentido, as estratégias de controle para ferrugem devem ter como objetivo reduzir a produção e/ou a viabilidade dos esporos. Para tal, existe uma série de medidas que em conjunto devem ser adotadas com intuito de promover um manejo integrado, eficiente e sustentável. O manejo da ferrugem começa com o vazio sanitário (conquista fundamental e marco divisório das perdas de ferrugem no Brasil), uma medida legal, que proíbe o cultivo da soja por determinado período, de dois (BA e MA) a três meses (DF, GO, MG, MS, MT, PR, SP e TO) na entressafra, sendo por vezes necessária a eliminação de plantas voluntárias (guaxas/ tigueras) com o objetivo de reduzir o potencial de inóculo e evitar a ocorrência precoce da doença. Paralelamente, outras táticas como a semeadura antecipada, o uso de variedades precoces e superprecoces (escape) dentro do planejamento da propriedade, o plantio em uma janela mais concentrada, a tecnologia de aplicação adequada e condizente com a realidade de cada local, o uso de variedades resistentes (formam menos lesões, menos urédias e menos esporos) e o controle químico por meio de fungicidas, compõem outras estratégias a serem adotadas nos programas de manejo. Sendo assim, pode-se inferir que o sucesso no controle da doença está baseado em várias medidas, não sendo uma equação exata, visto que a cada ano o fungo se comporta de maneira distinta, em detrimento das condições ambientais. Dentre os métodos de controle citados,

Folha de soja severamente afetada pela ferrugem asiática

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Fundação MT

Prejuízo estimado com a ferrugem anualmente alcança a cifra de um bilhão de dólares

o químico merece atenção especial, por ser empregado em praticamente 100% dos casos. Contudo, muitas vezes o produtor tem depositado toda a confiança e responsabilidade nesta ferramenta e deixa de “lado” as demais listadas anteriormente, não levando em consideração que as estratégias de controle quando em conjunto têm um efeito sinérgico, se somam. Foi o que aconteceu com a utilização frequente e isolada de triazóis ao longo dos anos visando o controle de ferrugem, que levou à diminuição da sensibilidade do fungo Phakopsora pachyrhizi a este grupo de fungicidas, resultando em controle ineficiente da doença. Nas recomendações atuais de fungicidas, a melhor opção é trabalhar com misturas de ingredientes ativos, com diferentes mecanismos de ação, com o objetivo de alcançar melhores performances de controle. Os produtos indicados atualmente se limitam às combinações de triazóis com estrobilurinas, sendo que há diferenças de controle entre eles. No caso das estrobilurinas, possuem ação antiesporulante sobre a germinação dos esporos, especialmente em aplicações preventivas, sendo por este motivo a base para o manejo da ferrugem. Com o advento de novas doenças e fatores ligados à variabilidade dos fungos, a pesquisa se movimentou no sentido de concentrar esforços e aprofundar nos estudos para o desenvolvimento de moléculas mais eficazes que culminassem em melhores resultados e consequentes benefícios. Os novos fungicidas do grupo das carboxamidas (inibem a respiração mitocondrial do fungo), em processo de registro e lançamento no Brasil, são exemplos reais, que virão a contribuir com a melhoria

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no controle da ferrugem e demais doenças, estabelecendo novos patamares de eficiência. Desta forma, a utilização conjunta destes fungicidas resultará em controle superior e período de proteção mais longo. Do ponto de vista do manejo de resistência da doença, tal fato é bastante interessante, pois será uma opção a mais dentro do programa de aplicação e controle. Entretanto, essas novas moléculas devem ser utilizadas de forma racional e sustentável em termos de recomendação, objetivando preservar essas tecnologias, pois se trata de um grupo com histórico de resistência adquirida em outros patossistemas. Os produtos recomendados atualmente para o controle da ferrugem envolvem combinações de triazóis com estrobilurinas, podendo estar associados a benzimidazois (mistura tripla). Em fase de pesquisa e processo de registro existe mistura tripla (triazol + estrobilurina + carboxamida) e/ou mistura dupla (estrobilurina associada a carboxamida). Um ponto importante relacionado ao uso dos fungicidas, diz respeito ao planejamento das aplicações, também conhecido como timing, sendo fundamental para o sucesso do controle. No caso da ferrugem, as pulverizações devem ser iniciadas no início do período de floração da soja (R1), momento em que o microclima no dossel da cultura já fechada favorece a infecção, tem-se maior disponibilidade de inóculo e os folíolos inferiores e do terço médio mostram-se mais suscetíveis. Entretanto, o monitoramento efetivo da lavoura e da região se faz necessário para identificação de possíveis ocorrências precoces da doença, o que pode levar a uma

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antecipação das aplicações para a fase vegetativa da cultura. A primeira aplicação é decisiva no controle da doença e o atraso na sua realização pode comprometer a eficácia dos fungicidas e reduzir o período de proteção (residual), demandando maior número de aplicações posteriores e com elevadas chances de insucesso, uma vez que a pressão de inóculo tende a evoluir de forma expressiva sob condições favoráveis e, neste cenário, os produtos (quando não aplicados preventivamente) podem apresentar desempenho reduzido. Outro ponto importante dentro do dimensionamento é o intervalo entre as aplicações subsequentes. Resultados de pesquisa mostram que longos períodos entre os tratamentos reduzem a eficácia de controle e permitem uma rápida evolução da doença. Estes períodos variam conforme o clima, a qualidade da aplicação e o produto utilizado. Em casos extremos recomenda-se encurtar os intervalos com o objetivo de obter melhor eficiência no controle e melhores respostas aos fungicidas. Importante frisar que muitas vezes o produtor calendariza as aplicações e se programa para essa operação em dias predefinidos. Entretanto, existem situações em que é melhor antecipar, do que alongar os intervalos, pois há casos em que a frequência de chuvas, por exemplo, pode impedir o tratamento nos dias programados e dificultar o controle ao longo do ciclo. Em resumo, o manejo da ferrugem, bem como demais doenças, envolve uma série de critérios técnicos e um planejamento refinado ano a ano, com base em resultados de pesquisa e aplicações práticas. Por fim, ressalta-se que inúmeros desafios desenham os cenários presente e futuro, certamente, preocupantes tendo em vista alguns casos de seleção de biótipos resistentes, quer seja de patógenos, pragas ou plantas daninhas, quer seja pela demanda mundial por alimentos e fibras. E para acompanhar esse processo é preciso investir muito em tecnologias e aplicá-las da melhor forma, respeitando as condições ambientais (fauna, flora e recursos hídricos) preservando as gerações futuras. Seremos os principais responsáveis e coadjuvantes desta nova era que se inicia e que será decisiva para a humanidade como um todo. Em um cenário como este, a viabilidade e a sustentabilidade das culturas dependerão muito de planejamentos criteriosos associados a estratégias de manejo racionais, que levem em consideração vários aspectos, provenientes de uma visão “holística” da C agricultura. Ivan Pedro Araújo Junior, Fundação MT



Soja Fotos Marcelo Gripa Madalosso

Como aplicar Assim como ocorre com o combate a insetos e doenças, o controle químico de fitonematoides em soja exige atenção aos princípios da tecnologia de aplicação. Devido às características e aos hábitos intrínsecos de cada um desses microrganismos na raiz e no solo, o posicionamento do ativo e sua quantidade precisam ser considerados para aumentar a eficácia e estender o residual de controle

O

s problemas fitossanitários estão entre os principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos em soja, destacando-se os fitonematoides como patógenos responsáveis por prejuízos crescentes (Almeida et al, 2005). Os gêneros de maior importância e interesse econômico para a soja são os fitonematoides de galha (Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita), o nematoide do cisto da soja (Heterodera glycynes), o nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) e o nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis) (Ferraz, 2001). Os fitonematoides do gênero Meloidogyne spp. possuem ampla distribuição geográfica e têm sido constatados com maior frequência no norte do Rio Grande do Sul, sudoeste e norte do Paraná, sul e norte de São Paulo e

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sul do Triângulo Mineiro. Na região Central do Brasil, o problema é crescente, com severos danos em lavouras do Mato Grosso do Sul e Goiás (Embrapa, 2003). Os sintomas nas plantas infectadas por este fitonematoide são frequentemente deformação do sistema radicular devido à formação de estruturas denominadas galhas. A infecção das raízes é causada por juvenis de segundo estádio (J2), que penetram mecanicamente a epiderme das raízes e movem-se pelos espaços intercelulares, dando início a uma relação de alimentação especializada com a planta (Agrios, 2005). O fitonematoide exsuda substâncias do seu estilete nas células da planta, que induzem à divisão excessiva dos núcleos, resultando na hiperplasia e hipertrofia das células, com a formação de galhas (Michereff; Andrade; Menezes, 2005). Essas estruturas

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interrompem os vasos condutores reduzindo a capacidade de absorção e translocação de água e nutrientes, refletindo em redução da área foliar, desfolha prematura, deficiência mineral além de predispor a planta a estresses ambientais (Tihohod, 2000). Na lavoura, os sintomas são descritos como reboleiras circulares de plantas de soja enfezadas e amareladas, que muitas vezes são confundidos com deficiência nutricional, estresse hídrico e compactação de solo. Em alguns casos não ocorre redução do tamanho das plantas, no entanto, observa-se intenso abortamento de vagens durante o florescimento e amadurecimento prematuro das plantas (Dias, 2010). Quando favorecido pelas condições edafoclimáticas, o nematoide de galhas pode causar perdas consideráveis à produção, apresentando decréscimo de produtividade


em soja na ordem de 30% (Valiente et al, 1990; Araújo et al, 2012). Outra espécie que tem sido encontrada com frequência em lavouras de soja, feijão, algodão e milho é Pratylenchus brachyurus. Este nematoide tem causado danos elevados e crescentes, além de perdas econômicas extremamente preocupantes em várias regiões do Brasil, especialmente na Região Centro-Oeste (Ribeiro et al, 2007; Alves et al, 2011). Nessa região, há relatos de reduções de até 30% a 50% na produção de soja em lavouras comerciais infestadas por Pratylenchus brachyurus (Goulart, 2008). Fitonematoides desse gênero são organismos móveis no solo e no interior das raízes da planta hospedeira devido ao seu hábito migrador. Tem a capacidade de infectar raízes a partir da fase juvenil de segundo estádio (J2). Ao penetrar e migrar para o interior das raízes da planta hospedeira, o nematoide das lesões radiculares alimenta-se do conteúdo citoplasmático das células da raiz, geralmente do córtex, e movimenta-se ativamente, destruindo células e liberando enzimas e toxinas (Agrios, 2005). Os sintomas decorrentes dessa infecção caracterizam-se por lesões escuras, destruição das raízes jovens, com consequente redução da elongação e volume do sistema radicular. Com a evolução dos sintomas no sistema radicular, inicia-se a redução do desenvolvimento da parte aérea das plantas resultantes de desordem e mau funcionamento dos processos de crescimento de raízes e exploração do solo para obtenção de água e nutrientes (Dias et al, 2006). Fatores climáticos e outros problemas sanitários comumente agravam os efeitos de sua infecção (Ferraz, 1995). O Pratylenchus brachyurus geralmente completa todo o ciclo de vida dentro da raiz e quando a planta apresenta-se senescente, estressada, doente ou, após a colheita, migra para o solo onde iniciará nova infecção em outras raízes (Agrios, 2005). Na ausência de hospedeiros, possui baixa capacidade de sobrevivência (menos de seis meses) (Stirling, 1991).

Semeadora com sistema adaptado atrás do sulcador para aplicação de produtos líquidos

A migração ativa no solo ocorre somente quando a umidade, a textura e a temperatura do solo são favoráveis (Castillo; Vovlas, 2007). Segundo Dias (2010) os aumentos de ocorrência deste nematoide estão associados à adoção do sistema de plantio direto e à incorporação de áreas com solos de textura arenosa. Neste sistema, a permanência da palha sobre a superfície do solo mantém a umidade mais elevada, característica necessária para muitos processos no ciclo de vida de Pratylenchus spp., favorecendo o aumento populacional (Fernandes, 1997). A erradicação de fitonematoides em área infestada é extremamente difícil e deve-se optar pela utilização de medidas que, combinadas, possibilitem a manutenção das populações em níveis de convivência econômica com esses organismos (Koenning et al, 2004). Entre as estratégias de manejo integrado consideradas mais promissoras, podem ser citadas a rotação ou sucessão de culturas com espécies não hospedeiras, a utilização de cultivares resistentes ou tolerantes e o tratamento químico (Araújo et al, 2012). O manejo químico de fitonematoides pode ser feito com o uso de nematicidas no tratamento de sementes (Cabrera et al, 2009) ou em aplicação no sulco de semeadura (Novaretti; Reis, 2009), embora na cultura da soja esta tecnologia ainda seja pouco difundida. Na primeira técnica, o produto tem distribuição

restrita às proximidades das sementes, tendo efeito apenas no estabelecimento inicial, o que muitas vezes pode não ser suficiente para garantir o bom desenvolvimento da cultura durante todo o ciclo. Já a segunda pode ser uma alternativa para aumentar o período residual e atingir maior volume de solo, apesar de estes fatores estarem muito ligados à dose e à formulação do produto. No Brasil, trabalhos com nematicidas em sulco de semeadura e/ou plantio vêm sendo desenvolvidos em diferentes culturas, como cana-de-açúcar (Novaretti; Reis, 2009), feijão caupi (Hamida et al, 2006) e tomate (Qiao et al, 2012). Diversos estudos em que se aplicaram nematicidas no sulco de plantio confirmaram a contribuição destes produtos para reduzir o nível populacional em solos infestados por fitonematoides e aumentar a produtividade agrícola da cultura. Na cultura da soja, a aplicação de defensivos em sulco de semeadura ainda é pouco difundida. Consequentemente, não há trabalhos na literatura que mostram resultados referentes ao controle de fitonematoides por meio dessa técnica. Assim, este foi o objetivo do estudo desenvolvido nas dependências do Instituto Phytus, no Rio Grande do Sul, com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes sistemas de aplicação (tratamento de sementes - TS, sulco de semeadura e associação dos dois métodos) com tratamentos químicos (inseticidas/nematicidas) no controle de Pratylenchus brachyurus, Meloydogine javanica e Helicotylenchus spp.

O experimento

A área foi escolhida por apresentar histórico de ocorrência de fitonematoides na cultura da soja nos últimos anos e o solo classificado como Argissolo Vermelho Distrófico Arênico (Streck et al, 2008), sendo cultivado com soja no verão e consórcio de aveia + azevém no inverno. Os tratamentos foram testemunha, [abamectina + tiametoxam + fludioxonil + metalaxil-M + tiabendazol] a [30 + 42 + 1,5 + 1,2 + 9] g de i.a./ha, [imidacloprido + tiodicarbe] + [carbendazim + tiram] a [63

À esquerda visão microscópica de Meloidogyne incognita e à direita lavoura com a presença de reboleira, característica da infestação do nematoide

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Tabela 1 - Níveis populacionais de Pratylenchus brachyurus e Meloidogyne javanica em 5g de raízes de soja conduzidas em condições de campo aos 30 DAE em função de diferentes tratamentos químicos e sistemas de aplicação Sistema de aplicação2 TS TS + Sulco Sulco Média TQ

1 51,3 aA3 47,5 aA 56,3 aA 51,7 a

Sistema de aplicação TS TS + Sulco Sulco Média TQ

1 365,0 aA 474,5 aA 452,5 aA 430,7 a

Pratylenchus brachyurus Tratamentos químicos1 2 3 4 40,0 aA 35,0 aA 41,3 aA 13,8 bB 24,5 aAB 36,3 aAB 20,0 abB 27,5 aAB 35,0 aAB 24,6 b 29,0 b 37,5 ab Meloidogyne javanica Tratamentos químicos 2 3 4 90,0 aC 175,0 aBC 265,0 aAB 75,0 aC 127,5 aBC 167,5 aBC 95,0 aC 145,0 aC 172,5 aBC 86,7 b 149,2 b 201,7 ab

5 32,5 aA 22,5 aAB 30,0 aAB 28,3 b

5 247,5 aAB 211,5 aB 287,5 aAB 248,8 ab

Tratamentos químicos: 1 – Testemunha; 2 – [abamectina + tiametoxam + fludioxonil + metalaxil-M + tiabendazol] 30 + 42 + 1,5 + 1,2 + 9 g i.a. ha-1; 3 – [imidacloprido + tiodicarbe] + [carbendazim + tiram] [63 + 189] + [18 + 42] g i.a. ha-1; 4 – [fipronil + tiofanato-metílico + piraclostrobina] 30 + 27 + 3 g i.a. ha-1; 5 – [carbofurano + carbendazim + tiram] 420 + 18 + 42 g i.a. ha-1. 2Sistema de aplicação: TS (tratamento de sementes), TS + Sulco (tratamento de sementes + sulco a 7 cm de profundidade), Sulco (aplicação no sulco a 7 cm de profundidade). 3Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. Coeficientes de variação (%): Pratylenchus brachyurus = 38,82 e Meloidogyne javanica = 47,21. 1

Tabela 2 - Níveis populacionais de Pratylenchus brachyurus, Meloidogyne javanica e Helicotylenchus spp. em 5 g de raízes de soja conduzidas em condições de campo aos 90 DAE, em função de diferentes tratamentos químicos e sistemas de aplicação Sistema de aplicação2 TS TS + Sulco Sulco Média TQ

1 53860,0 aA3 3640,0 aA 3475,0 aA 3658,3 a

Sistema de aplicação TS TS + Sulco Sulco Média TQ

1 2855,0 aA 2650,0 aA 2680,0 aA 2728,3 a

Sistema de aplicação TS TS + Sulco Sulco Média TQ

1 307,5 aAB 273,8 aA 265,0 aA 282,1 a

Pratylenchus brachyurus Tratamentos químicos1 2 3 2047,5 aB 2630,0 aAB 3365,0 aA 3125,0 aA 2070,0 aA 2522,5 aA 2494,2 b 2759,2 b Meloidogyne javanica Tratamentos químicos 2 3 2315,0 aA 2550,0 aA 1330,0 aB 1780,0 aAB 1632,5 aB 2780,0 aAB 1759,2 b 2370,0 ab Helicotylenchus spp, Tratamentos químicos 2 3 195,0 aB 252,5 aAB 156,0 aA 145,0 aA 221,3 aA 187,5 aA 190,8 b 195,0 b

4 3852,5 aAB 3735,0 aA 3827,5 aA 3805,0 ab

5 2395,0 aAB 2670,0 aA 2725,0 aA 2596,7 b

4 2624,0 aA 2115,0 aAB 2995,0 aAB 2578,0 ab

5 2322,5 aA 1350,0 aB 1705,0 aB 1792,5 b

4 370,0 aA 302,5 aA 300,0 aA 324,2 a

5 248,0 aAB 230,0 aA 267,5 aA 248,5 ab

Tratamentos químicos: 1 – Testemunha; 2 – [abamectina + tiametoxam + fludioxonil + metalaxil-M + tiabendazol] 30 + 42 + 1,5 + 1,2 + 9 g i.a. ha-1; 3 – [imidacloprido + tiodicarbe] + [carbendazim + tiram] [63 + 189] + [18 + 42] g i.a. ha-1; 4 – [fipronil + tiofanato-metílico + piraclostrobina] 30 + 27 + 3 g i.a. ha-1; 5 – [carbofurano + carbendazim + tiram] 420 + 18 + 42 g i.a. ha-1. 2Sistema de aplicação: TS (tratamento de sementes), TS + Sulco (tratamento de sementes + sulco a 7 cm de profundidade), Sulco (aplicação no sulco a 7 cm de profundidade). 3Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. Coeficientes de variação (%): Pratylenchus brachyurus = 38,82 e Meloidogyne javanica = 47,21. 1

+ 189] + [18 + 42] g de i.a./ha, [fipronil + tiofanato-metílico + piraclostrobina] a [30 + 27 + 3] g de i.a./ha e [carbofurano] + [carbendazim + tiram] [420] + [18 + 42] g de i.a./ha. É importante ressaltar que as formulações empregadas nesse trabalho foram desenvolvidas com o intuito de utilização apenas via tratamento de sementes, uma vez que sua formulação é dotada de alguns adjuvantes, “safeners” e polímeros que promovem melhor

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movimentação do produto no solo, bem como maior segurança para a cultura, com reduzida fitotoxicidade. Além disso, devido ao objetivo experimental, foi estabelecida a mesma dose recomendada para TS e para sulco. Antes do plantio da cultivar de soja Syngenta Vmax RR, as sementes foram tratadas em sacos plásticos com o produto depositado no interior e uniformemente distribuído na superfície para tratar as sementes. Já para o

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sulco, as mangueiras com as pontas TX 80 015 foram acopladas no sulcador da semeadura para a aplicação pressurizada a CO2 de 80L/ ha de calda. O levantamento prévio da população de fitonematoides, realizado na área do experimento, detectou infestação média de 202 indivíduos (J2) de Meloidogyne javanica, 279 indivíduos (J2) de Helicotylenchus spp., 3,31 indivíduos (J2) de Pratylenchus brachyurus e 3,44 ovos a cada 200cm3 de solo. Após 30 dias da emergência das plantas, apenas as espécies de Pratylenchus brachyurus e Meloidogyne javanica foram detectadas nas amostragens, apresentando grandes variações devido aos tratamentos (Tabela 1). Na avaliação específica de Pratylenchus brachyurus, quando foi utilizado o procedimento convencional de TS, não houve diferenciação estatística entre os tratamentos testados. No entanto, quando este tratamento foi associado com aplicação no sulco ou aplicação de sulco sozinha, responderam positivamente. Todos os tratamentos químicos apresentaram reduções no nível populacional do nematoide, entretanto, somente o tratamento com [abamectina + tiametoxam + fludioxonil + metalaxil-M + tiabendazol] diferenciou estatisticamente dos demais tratamentos. Com relação ao nível populacional de Meloidogyne javanica, o efeito de supressão dos produtos também teve efeito diretamente relacionado à tecnologia de aplicação (Tabela 1). O controle do TS foi estatisticamente superior para os tratamentos [abamectina + tiametoxam + fludioxonil + metalaxil-M + tiabendazol] e [imidacloprido + tiodicarbe] + [carbendazim + tiram]. Ao passo que quando os produtos foram aplicados somente no sulco de semeadura o espectro de controle aumentou para este nematoide. Além dos dois tratamentos supracitados, o tratamento com [fipronil + tiofanato-metílico + piraclostrobina] também apresentou significativamente os menores níveis populacionais. Quando foram associadas às duas tecnologias de aplicação TS + sulco, todos os tratamentos químicos responderam positivamente apresentando níveis populacionais inferiores estatisticamente

Pratylenchus brachyurus responsável por danos elevados em várias regiões do Brasil


Fotos Marcelo Gripa Madalosso

Nematoide Helicotylenchus spp

à testemunha, sendo que o [abamectina + tiametoxam + fludioxonil + metalaxil-M + tiabendazol] apresentou o maior controle de todos. De maneira geral, é possível associar a variação das respostas na quantidade de ativo depositada diretamente no sulco e ainda na combinação de TS + sulco, associado ao volume de solo tratado. Além disso, é obedecido o princípio básico da tecnologia de aplicação que exige a correta colocação do produto no alvo a ser controlado. Nesta avaliação, verificaram-se níveis mais elevados de controle de Meloidogyne javanica em relação a Pratylenchus brachyurus, corroborando com outros estudos onde autores relatam a maior dificuldade de controle do Pratylenchus brachyurus quando comparados aos outros fitonematoides incidentes na cultura da soja. Na segunda avaliação realizada aos 90 dias após a emergência (90 DAE) da cultura, as análises apresentaram, além de Pratylenchus brachyurus e Meloidogyne javanica, a presença de Helicotylenchus spp. De maneira geral, os níveis de controle dos 90 DAE (Tabela 2) foram inferiores aos observados nos 30 DAE (Tabela 1), demonstrando perda de desempenho

Sintoma do nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus)

dos tratamentos químicos com o avanço do ciclo da cultura. Por mais que essas diferenças possam parecer pequenas, em campo isso pode resultar em um maior desenvolvimento radicular resultando em possível escape e melhor estabelecimento da planta. Para o Pratylenchus brachyurus e o Helicotylenchus spp., somente o tratamento [abamectina + tiametoxam + fludioxonil + metalaxil-M + tiabendazol] via TS manteve maior controle frente aos demais tratamentos. Já para Meloidogyne javanica, o residual de controle se manteve acentuado nos tratamentos [abamectina + tiametoxam + fludioxonil + metalaxil-M + tiabendazol] e [carbofurano] + [carbendazim + tiram], cuja aplicação foi realizada na forma de TS + sulco ou sulco isolado, indicando o benefício da maior deposição e melhor distribuição dos ativos no perfil do sulco de semeadura para este fitonematoide.

Estes resultados direcionam claramente que devido às características e aos hábitos intrínsecos de cada fitonematoide na raiz e no solo, o posicionamento do ativo e sua quantidade precisam ser considerados para aumentar a eficácia e, por conseguinte, estender o residual de controle. Desta forma, torna-se fundamental a avaliação de novos produtos e tecnologias de aplicação para o controle de C fitonematoides em soja. Gerson Dalla Corte, Milenia Agrociências Marcelo Madalosso, Instituto Phytus/URI Santiago Paulo Santos, Caroline Gulart e Diogo Patias, Instituto Phytus Ricardo Balardin, Univ. Federal de Santa Maria


Trigo

Antes e depois

Na luta para conter plantas daninhas e enfrentar problemas de resistência e tolerância a herbicidas o produtor precisa prestar muita atenção nas estratégias de manejo disponíveis e adotá-las no momento correto, tanto na dessecação pré-semeadura como no período pós-emergência

A

s principais plantas daninhas gramíneas existentes em lavouras de trigo da região Sul do Brasil são Lolium multiflorum (azevém) e Avena strigosa (aveia preta). Já entre as folhas largas de maior ocorrência estão o Raphanus raphanistrum e o R. sativus (nabo ou nabiça), Vicia spp. (ervilhaca), Polygonum convolvulus (cipó-de-veado ou erva-de-bicho), Rumex spp. (língua-de-vaca), Echium plantagineum (flor roxa), Bowlesia incana (erva salsa), Sonchus oleraceus (serralha), Silene gallica (silene), Spergula arvensis (gorga ou espérgula) e Stellaria media (esparguta). Em anos em que o inverno não é rigoroso ocorrem também outras plantas daninhas de folhas largas, mais comuns no verão, como Bidens pilosa (picão preto), Ipomoea spp. (corriola) e Richardia brasiliensis (poaia). O número de moléculas herbicidas registradas para controle (dessecação) de plantas daninhas antecedendo a semeadura de trigo é considerado pequeno. Os herbicidas disponíveis para uso são 2,4-D, metsulfuron-metil, glifosato, paraquate e diuron. Enquanto os

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dois primeiros controlam essencialmente plantas dicotiledôneas, glifosato e paraquate são herbicidas totais, que combatem tanto dicotiledôneas quanto gramíneas. Em áreas com elevada frequência de guanxuma (Sida spp.), a utilização de metsulfuron e glifosato na dessecação antes da semeadura de trigo tem sido uma alternativa mais eficiente do que a aplicação isolada dos herbicidas. A ocorrência de buva e azevém resistentes ao glifosato e de azevém resistente aos graminicidas e inibidores da ALS, é um problema para o sistema de produção. Essas espécies resistentes têm se dispersado rapidamente e o cultivo de trigo pode ser oportunidade de controle. As sementes de buva e azevém podem germinar após a colheita das culturas de verão e se desenvolver até antes da semeadura do trigo. Além disso, as sementes de soja resistentes ao herbicida glifosato e/ou tolerantes aos inibidores da ALS (como a soja STS), resultante das perdas de colheita mecanizada, também podem originar plantas que

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se constituem em planta daninha importante e deve ser controlada antes da semeadura do trigo. Nessa condição, as plantas de buva e de soja são de pequeno porte, o que facilita muito seu controle. Geralmente o controle eficiente dessas espécies pode ser obtido antes da semeadura do trigo com o uso de glifosato associado com o metsulfuron-metil ou com o 2,4-D. Após a emergência do trigo os herbicidas iodosulfuron-metil e metsulfuron são eficientes no controle da buva e plantas voluntárias de soja resistentes ao glifosato, já, se a soja for resistente aos inibidores da ALS, do tipo STS, somente o 2,4-D irá controlar. O azevém resistente ao glifosato, que também é problema antes da semeadura do trigo, pode ser controlado com herbicidas graminicidas “fops e dims”. O haloxyfop, clethodim, fenoxaprop, fluazifop e sethoxydim são exemplos altamente eficientes sobre o azevém e apresentam-se como alternativas de manejo do azevém em pré-semeadura do


trigo. Alguns desses graminicidas - como o haloxyfop - podem apresentar efeito residual e afetar a cultura do trigo. Recomenda-se que a aplicação desses produtos ocorra com antecedência de 15 a 20 dias da semeadura do trigo. Se houver “escape” de plantas da primeira aplicação de herbicidas deve ser aplicado defensivo à base de paraquate antes (1-2 dias) da semeadura do trigo. Já o azevém resistente ao glifosato e a inibidores da ACCase somente será controlado por inibidores da ALS ou por herbicida total como o paraquate. Em trigo, foi identificado um biótipo de Raphanus sativus (nabiça) resistente à ação de metsulfuron-metil e outros herbicidas inibidores de ALS. Em áreas em que houver a presença do biótipo resistente, as alternativas de herbicidas para controle são o bentazon e o 2,4-D.

Controle após a emergência do trigo

O controle de plantas daninhas após a emergência do trigo é realizado com herbicidas registrados para esse fim. O controle de folhas largas pode ser realizado com os herbicidas bentazon, 2,4-D, metsulfuron-metil e iodosulfuron (Tabela 1). Esses herbicidas de forma geral controlam eficientemente as plantas daninhas folhas largas que ocorrem na cultura do trigo. Os herbicidas registrados para controle de plantas daninhas gramíneas na cultura de trigo são o pendimetalin, diclofop-metil,

Fotos Leandro Vargas

Falhas devido ao residual de herbicidas graminicidas usados na dessecação pré-semeadura de trigo

clodinafop-propargil e o iodosulfuron-metil (Tabela 1). Esses herbicidas são eficientes no controle de aveia preta e de azevém. Pendimetalin é usado em pré-emergência da cultura. A sua seletividade é dada por sua posição na camada superficial do solo (cerca de 2cm a 3cm), devendo o trigo ser semeado na profundidade de cerca de 5cm. Chuva intensa logo após sua aplicação, principalmente em solos de textura arenosa e com níveis de matéria orgânica abaixo de 2% podem causar fitotoxicidade à cultura. A sua maior ação é no controle de azevém e de aveia preta. Já os herbicidas diclofop-metil, clodinafop-propargil e iodosulfuron-metil são usados em pós-emergência

e, com exceção do clodinafop-propargil, têm maior eficiência em azevém do que nas aveias. A eficácia desses herbicidas é dependente do estádio de desenvolvimento do azevém e das aveias, sendo os melhores resultados obtidos quando aplicado em plantas jovens, com duas a quatro folhas. Vale destacar a necessidade de que as plantas daninhas tenham área foliar suficiente para absorver o herbicida no momento da aplicação e que as condições ambientais sejam adequadas para absorção e translocação dos produtos. Uma situação que comumente ocorre são falhas no controle após a colheita

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Leandro Vargas

A presença de azevém resistente é um dos desafios enfrentados na produção de trigo

da cultura de verão, quando há corte da parte aérea das plantas daninhas e estas não apresentam parte aérea suficiente para absorver os herbicidas. Nesses casos, é necessário aguardar o desenvolvimento de novas folhas antes da aplicação dos herbicidas.

Manejo e controle de azevém com resistência múltipla

Com o advento da resistência múltipla os produtores devem ficar atentos e alternar os herbicidas de acordo com o tipo de resistência presente na área. No Rio Grande do Sul já foram identificados biótipos de azevém com resistência simples ao herbicida glifosato e resistência múltipla ao glifosato + ALS e glifosato + ACCase. Até o momento não foram identificados biótipos com resistência aos três mecanismos de ação na mesma planta, contudo, na Austrália existem biótipos de Lolium rigidum que apresentam resistência múltipla até seis mecanismos de ação. Os biótipos com resistência múltipla foram identificados somente no Rio Grande do Sul em diferentes locais e devem dispersarse por todo o Estado nos próximos anos. As medidas de prevenção e manejo da resistência, se adotadas pelos produtores, podem reduzir a dispersão e prolongar o tempo de uso dos herbicidas aos quais o azevém adquiriu resistência. Dentre as medidas de prevenção e manejo destacam-se uso de sementes certificadas; não usar repetidamente o mesmo mecanismo herbicida, e considerando que a resistência se dispersa via pólen, a eliminação de plantas “voluntárias” ou “escapes” é indispensável para evitar a dispersão. É importante o planejamento do controle do azevém. A aplicação de glifosato deve ser feita de 15 a 20 dias antes da semeadura da soja de forma a permitir o controle em tempo suficiente para evitar os efeitos negativos da competição e da alelopatia sobre as culturas. É importante a identificação de biótipos resistentes na área, a fim de associar herbicidas alternativos se necessário. No caso de azevém resistente ao glifosato, pode-se utilizar na área os herbicidas inibidores da ALS ou da ACCase (Tabela 2). Já nos casos de resistência múltipla, ou seja, ao glifosato e aos inibidores da ALS, somente

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os inibidores da ACCase serão eficientes. Por outro lado, nos casos de resistência múltipla, que envolva o glifosato e os inibidores da ACCase, somente os inibidores da ALS serão eficientes. Na dessecação de azevém podem ser utilizados herbicidas de contato, como, por exemplo, paraquate e glufosinato, atentando-se para o estádio vegetativo, pois esses herbicidas controlam eficientemente plantas jovens de azevém, preferencialmente ainda não perfilhadas. Vale salientar que mesmo utilizando-se um graminicida para controle do azevém na pré-semeadura (dessecação), a necessidade de utilização de glifosato para controlar as espécies dicotiledôneas (folhas largas) permanece. Assim, a resistência do azevém aos

herbicidas glifosato, glifosato + ALS e glifosato + ACCase faz com que os produtores necessitem acrescentar mais um herbicida na lista de aplicações ou a alterar o manejo da vegetação nestas áreas, utilizando métodos de manejo e controle, muitas vezes menos eficientes e com maior custo de implantação. Esses fatos ilustram o custo C da resistência para o produtor. Franciele Mariani e Dirceu Agostineto, Universidade Federal de Pelotas Leandro Vargas, Dionisio Gazziero e Décio Karam, Embrapa

Tabela 1 - Herbicidas seletivos, doses e época de aplicação recomendados para controle de plantas daninhas na cultura de trigo Nome Comum

Concentração1 Produto Comercial (g L-1 ou g kg-1) (g ou L ha-1) 2,0 a 2,5 (a) Pendimetalin 500 i.a. 2,5 a 3,0 (b) 3,0 a 3,5 (c) Bentazon 600 i.a. 1,2 a 1,6 480 i.a. 1,5 a 2,0 Metsulfuron-metil2 600 i.a. 4,0 2,4-D amina 400 e.a. 1,0 a 1,5 670 e.a. 1,0 a 1,5 720 e.a. 1,0 a 1,5 2,4-D éster3 400 e.a. 0,6 a 1,0 2,4-D + MCPA 275 + 275 e.a. 1,0 a 2,0 2,4-D + Picloran 360 + 22,5 e.a. 1,0 Metribuzin4 480 i.a. 0,3 2,4-D éster + Dicamba 0,6 a 1,0 + 0,2 2,4-D éster + Bentazon 0,6 + 0,8 2,4-D amina + Bentazon 1,0 + 0,8 Diclofop-metil5 280 i.a. 1,5 a 2,0 Iodosulfuron-metil

50 i.a.

70-100

Clodinafop-propargil

240 i.a.

100-150

Época de aplicação Pré-emergência. A dose varia conforme textura do solo. Solos arenosos (a), francos (b) e argilosos (c). Pós-emergência de plantas daninhas (2 a 6 folhas). Em trigo pode ser aplicado a partir do início do perfilhamento.

Pós-emergência de plantas daninhas (2 a 6 folhas). Em trigo pode ser aplicado no estágio de perfilhamento (4 folhas- até ocorrência do 1o nó).

Pós-emergência de azevém e aveia (2 a 4 folhas). Em trigo pode ser aplicado no estágio de perfilhamento (4 folhas- até ocorrência do 1o nó) Pós-emergência de azevém e aveia e folhas largas (2 a 4 folhas). Em trigo pode ser aplicado no estágio de perfilhamento (4 folhas- até ocorrência do 1o nó) Pós-emergência de aveia (2 a 4 folhas). Em trigo pode ser aplicado no estágio de perfilhamento (4 folhas- até ocorrência do 1o nó).

i.a.= ingrediente ativo; e.a.= equivalente ácido. 2 Adicionar 0,1% v/v de óleo mineral emulsionável (100ml 100-1L de água). O metsulfuron-metil apresenta incompatibilidade biológica com a formulação concentrado emulsionável de tebuconazole, paration metílico, clorpirifós e diclofop-metil. 32,4-D na forma éster está sendo retirado do mercado desde 2003. 4Não aplicar em solos com menos 1% de matéria orgânica. Não misturar em tanque com outros agroquímicos ou com adubo foliar. 5Não misturar em tanque com latifolicidas. Sua aplicação deve ser efetuada três dias antes ou depois desses herbicidas. 1

Tabela 2 - Herbicidas graminicidas e totais que controlam azevém resistente e sensível ao glifosato Mecanismo de ação Inibidores da ACCase

Inibidores da ALS Inibidores do FS I Inibidores da GS

Grupo químico Ingrediente ativo --- HEBICIDAS GRAMINICIDAS --Ariloxifenoxi-propionatos (fop’s) Fluazifop-p Haloxyfop-r Propaquizafop Fenoxaprop Diclofop Ciclohexanodionas (dim’s) Clethodim Sethoxydim Sulfonilureia Iodosulfuron --- HEBICIDAS NÃO SELETIVOS --Bipiridílios Paraquate Ácido fosfínico Amônio-glufosinato

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Nome comum Fusilade Verdict R, Gallant Shogun Furore, Podium Iloxan Select Poast Hussar Gramoxone Finale



Informe comercial DuPont Pioneer

O manejo da cultura do milho com a utilização da tecnologia Bt

O

milho Bt é obtido através da inserção de segmentos de DNA de uma proteína (chamada proteína Cristal), presente na bactéria de solo Bacillus thuringiensis, no DNA do milho. Liberados para comercialização no Brasil no ano de 2007, os híbridos com a tecnologia YieldGard® foram os primeiros híbridos Bt comercializados pela DuPont Pioneer no Brasil. Após a aprovação comercial, a partir de 2009 a DuPont Pioneer passou também a comercializar os híbridos com a tecnologia Herculex® I, que além da tecnologia de proteção contra insetos, confere também a tolerância ao herbicida glufosinato de amônio, registrado para a aplicação em pós-emergência do milho com a marca Liberty®. E, a partir de 2012, passaram a ser comercializados os híbridos com a tecnologia Optimum™ Intrasect™ que combina as tecnologias YieldGard® e Herculex®I, ampliando o espectro de proteção contra insetos. Todas essas ferramentas configuram mais uma opção para o manejo integrado de pragas e de plantas daninhas. Combinado com boas práticas de manejo, o uso da tecnologia resulta em benefícios como a redução de custos através do menor número de aplicação de inseticidas, ganhos em rendimento, melhoria na qualidade de grãos e ação da proteína inseticida durante todo o ciclo da cultura. Porém, ainda com a utilização da tecnologia, é necessário o constante monitoramento da lavoura para verificar se existe ou não a necessidade de controle complementar através da utilização de inseticidas.

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Além disso, outras pragas até então consideradas secundárias, como percevejos e pulgões, após a utilização dessas tecnologias, passaram a ter um grande impacto nas lavouras, mantendo a necessidade de aplicação de inseticidas químicos. Além da utilização correta das práticas de Manejo Integrado de Pragas, é extremamente importante a adoção de programas de manejo de resistência de insetos, preservando assim a suscetibilidade das populações de insetos à toxina Bt.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP)

O manejo integrado de pragas, segundo a FAO, é um “sistema que associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utilizando todas as técnicas e métodos apropriados de forma tão compatível quanto possível, mantendo a população da praga em níveis abaixo dos capazes de causar dano econômico”. O monitoramento da lavoura é parte integrante e fundamental do MIP e, juntamente com o nível de dano econômico e nível de controle, dá subsídio para o produtor definir o momento correto e a melhor forma de controle de pragas na lavoura.

Importância do monitoramento

O monitoramento da lavoura é o primeiro passo para a implementação de um correto manejo integrado de pragas. O monitoramento deve iniciar mesmo antes do plantio, sendo que o produtor que optar pelo plantio de híbridos

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de milho com a tecnologia Bt, de forma isolada, ou em associação com o tratamento de sementes, deve monitorar tanto a pré-cultura quanto a lavoura, pois a presença de lagartas remanescentes na palhada (em sistema de plantio direto), a existência de lagartas não controladas pela tecnologia Bt, fatores que propiciam o ataque de pragas, como irrigação em um ambiente árido, plantio de milho sobre milho, sobreposição verão e safrinha, compactação, problemas de sanidade, controle de plantas daninhas deficientes, estresse hídrico prolongado, entre outros, ou a ocorrência de forte pressão de lagartas e outros insetos, podem aumentar a necessidade de aplicações complementares com inseticidas.

Dessecação antecipada e aplicação de inseticidas

As culturas antecessoras ao milho podem funcionar como plantas hospedeiras para as principais pragas que atacam a cultura. Assim, no plantio de milho verão, principalmente no sistema de plantio direto, a pressão de pragas na fase inicial da cultura pode ser maior quando comparada ao plantio convencional. Neste caso, uma das principais estratégias para a redução da população inicial de insetos é a realização da dessecação antecipada da cultura de inverno (manejo em pré-plantio) com pelo menos 30 dias de antecedência ao plantio do milho. Recomenda-se uma segunda dessecação logo antes da semeadura, visando o controle do primeiro fluxo de plantas daninhas após a primeira dessecação.



O uso de inseticidas registrados juntamente com a dessecação (principalmente na segunda dessecação), auxilia na redução da população inicial de pragas, principalmente aquelas que são o principal desafio para o tratamento de sementes; ajuda no controle de lagartas de instares mais avançados, que podem causar danos no estabelecimento inicial da lavoura, mesmo em lavouras com a tecnologia Bt; e contribuem para a manutenção do estande inicial da lavoura.

do Brasil Central) e, principalmente sob condições ambientais que favorecem a ocorrência de um rápido e melhor desenvolvimento do inseto, possibilitando um maior número de gerações, recomenda-se antecipar o controle com inseticida utilizando-se como paramento o nível de 10% de plantas atacadas. No caso de aplicação complementar, recomenda-se uma nova visita à lavoura pelo menos cinco dias após a aplicação para a verificação da efetividade da mesma. Quando mais de uma aplicação for necessária, recomenda-se a rotação de diferentes princípios ativos de inseticida. Nas lavouras com a utilização da tecnologia Bt, não se recomenda a aplicação de inseticidas orgânicos que tenham como base o Bacillus thuringiensis. Além disso, quando o percentual de plantas cortadas rente ao solo, ou com coração morto, for superior a 3% e a lavoura se encontrar entre os estágios de desenvolvimento V1 a V6 (entre uma folha completamente expandida até seis folhas completamente expandidas), deve ser realizada a aplicação de inseticidas. A presença deste tipo de dano pode indicar que existem insetos remanescentes da cultura anterior, uma vez que é necessário que as lagartas tenham aparelho bucal completamente desenvolvido para esse tipo de dano. Para o controle de insetos sugadores (percevejos, pulgões e cigarrinhas), recomenda-se o controle inicial e, caso necessário, o controle através de aplicação de inseticida foliar na última entrada do trator, ou aplicação aérea, caso a cultura se encontre em um estágio mais avançado de desenvolvimento.

Tratamento de Sementes Industrial

O Tratamento de Sementes Industrial (TSI) com inseticidas é uma pratica que visa o controle das pragas iniciais da lavoura, reduzindo assim os danos causados pelos insetos, que resultam em redução do estande e no aparecimento de plantas dominadas. A escolha do tratamento correto de acordo com o espectro de pragas que se pretende controlar, associada com a utilização de processos industriais, assegura, além do controle mais eficaz destas pragas, em uma maior segurança na dose de aplicação, maior comodidade para o produtor, que recebe a semente pronta para plantar, e menor envolvimento de funcionários da fazenda com o manejo de inseticidas, além de redução de embalagens para descarte.

Definição do Nível de Dano

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Rotação de culturas

A rotação de culturas reduz a fonte de inóculo de doenças para a cultura subsequente e reduz a população inicial de alguns insetospraga. Além disso, auxilia no manejo das plantas daninhas (possibilidade de alternar herbicidas e modos de ação), o que acarreta maiores produtividades no sistema.

Manejo de Resistência

de Insetos (MRI) O Manejo de resistência de insetos é um Charles Echer

Após a implementação da lavoura, o monitoramento continua a ser importante para a melhor tomada de decisão em relação ao controle de pragas. A decisão de se realizar ou não uma aplicação complementar de inseticida depende de um bom monitoramento e amostragem correta. Cada grupo de pragas possui um padrão de amostragem específico, e diferentes níveis de dano econômico. Para os insetos lepidópteros, recomenda-se a adoção de um padrão de amostragem em zigue-zague, ou de perímetro, sendo que devem ser amostradas 20 plantas em sequência, distantes no mínimo 30 metros da entrada da lavoura (bordadura). Esta amostragem deve ser realizada em pelo menos cinco pontos diferentes da lavoura, resultando em um total de 100 plantas. No caso da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), tanto em lavouras convencionais, quanto em lavouras com a utilização da tecnologia Bt, recomenda-se o controle com inseticidas quando 17% das plantas apresentarem lesões circulares ou indefinidas no cartucho, de até 1,3cm de comprimento nas folhas novas ou já expandidas (nível 3 ou superior da Escala Davis). Além disso, recomenda-se observar a presença de lagartas vivas de terceiro instar (até 10mm). Em regiões onde historicamente há maior pressão do inseto Spodoptera frugiperda (região

importante componente do manejo integrado de pragas. A utilização de diferentes estratégias no controle dos insetos, assim como o uso de diferentes modos de ação de inseticidas, retarda o aumento da população de insetos resistentes. Mesmo no caso de lavouras com a tecnologia Bt, é importante o correto manejo da lavoura para se evitar o aparecimento de populações resistentes e preservar a tecnologia. A resistência de insetos é uma característica genética que pode estar presente nos insetos mesmo antes da utilização de qualquer método de controle. O que o produtor deve evitar é a seleção desses indivíduos resistentes a determinada prática de controle, seja ela a utilização de inseticidas ou de biotecnologia. No caso específico das lavouras com a tecnologia Bt, uma prática importante no manejo de resistência é a utilização das áreas de refúgio. Define-se como área de refúgio o plantio de uma área proporcional a não menos que 10% do plantio com híbridos com a tecnologia Bt. Nas áreas de refúgio, não se recomenda a aplicação de inseticidas orgânicos que tenham o Bacillus thuringiensis como principal ingrediente ativo. O principal objetivo das áreas de refugio é a manutenção de uma população de insetos-alvo de qualquer das tecnologias Bt, que não seja exposta a proteína inseticida. Assim, quando adultos, estes insetos podem se acasalar com um possível sobrevivente à tecnologia Bt, naturalmente resistente, transmitindo a característica de suscetibilidade para as gerações futuras, preservando, assim, a tecnologia.

Norma de Coexistência

Além da utilização das práticas de MIP e MRI, é importante que o produtor que opte pela utilização da tecnologia Bt respeite a Norma de Coexistência. A Norma de Coexistência (Resolução Normativa N° 4) ordena que o produtor que plantar qualquer híbrido geneticamente modificado, deve respeitar uma distância mínima de 100 metros entre sua lavoura e a lavoura convencional vizinha, ou realizar o plantio de dez linhas de milho convencional de mesmo ciclo e porte, além de uma distância de 20 metros. O agricultor que descumprir a norma de coexistência poderá ser fiscalizado e está sujeito às sanções previstas em lei. YieldGard é marca registrada utilizada sob licença da Monsanto Company. ® Herculex é marca registrada e utilizada sob licença da Dow AgroSciences. ® Liberty Link é marca registrada e utilizada sob licença da Bayer AgroScience. ® Roundup Ready Milho 2 é marca registrada utilizada sob licença da Monsanto Company. ®

O manejo correto de pragas é fundamental para que o produtor de milho possa obter bons resultados

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Coluna ANPII

Nova fronteira Resultados da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) na cultura do feijão caupí abre nicho de mercado para o emprego dessa tecnologia

O

feijão caupí, também conhecido simplesmente como caupí, feijão-de-corda, feijãomacáçar, feijão miúdo ou pelo nome científico de Vigna unguiculata, era, até há alguns anos, considerado uma cultura marginal no Brasil. Largamente consumido na Índia, em alguns países da África e do Oriente Médio, também faz parte da culinária do Nordeste do Brasil, onde é consumido tanto na forma de grãos secos como ainda verde. No Nordeste brasileiro e em algumas regiões do estado do Pará, o cultivo é feito em pequenas propriedades, geralmente na agricultura familiar, com o uso de tecnologias ainda rudimentares, levando a uma baixa produtividade. Em muitas regiões a produtividade fica na faixa de 300kg/ha a 500kg/ha. Mais recentemente o caupí passou a ser cultivado no Mato Grosso, em áreas maiores e com razoável uso das modernas técnicas agrícolas. Isto elevou a

Como o caupí é uma planta que nodula muito facilmente e não é seletiva com relação às espécies de bactérias, muitas vezes pode-se ser levado ao erro de que a cultura não necessitaria ser inoculada, pois os Bradyrhizobium existentes no solo seriam suficientes para suprir o nitrogênio. Entretanto, a pesquisa tem demonstrado que a seleção de estirpes, ou cepas, com maior capacidade de fixação aumenta a eficiência da nodulação e, consequentemente, a produtividade. Trabalhos de seleção realizados na Universidade Federal de Lavras (Ufla), na Embrapa Agrobiologia, na Embrapa Roraima, no Instituto Agronômico de Pernambuco e em outras instituições de pesquisa demonstram, de forma inequívoca, que o uso de estirpes selecionadas, com elevada eficiência, aumenta os níveis de produtividade, chegando, em alguns casos, a atingir aumentos de mais de 200%. Hoje existem quatro estirpes recomendadas para esta cultura, sendo duas selecionadas pela

antibióticos do solo, seleção regional de cepas e outras abordagens mostram o elevado nível das investigações que se desenvolvem na região em torno desta cultura. Mas além da FBN, existe também um forte desenvolvimento no melhoramento genético, buscando novas cultivares mais produtivas e adaptadas às diversas situações regionais. Também a parte de nutrição da cultura foi abordada bem como a fortificação do caupí, aumentado seu valor nutritivo. Mas não apenas o Brasil apresentou trabalhos. Pesquisadores dos Estados Unidos e da África trouxeram promissoras experiências, sendo que em Gana a inoculação da cultura com estirpes selecionadas tem demonstrado significativos aumentos de produtividade, estando em andamento um amplo trabalho de pesquisa nesta área. No Brasil, um dos grandes gargalos no uso de inoculante é a distribuição para os pequenos agricultores. Por esta-

Empresas filiadas à ANPII já produzem inoculantes com as estirpes selecionadas e recomendadas pelo Mapa produtividade para patamares acima dos 1.500kg/ha, sendo que, em casos onde se utiliza mais tecnologia, a produtividade chega a 2.000kg/ha. O potencial teórico de produtividade é de cerca de 6.000kg/ ha. Entretanto, a média nacional ainda é baixíssima, com pouco mais de 700kg de grãos por hectare. O mercado brasileiro ainda está restrito ao Nordeste e algumas áreas da região Norte, mas o Brasil hoje já é um exportador dos grãos do caupí, enviando o produto para a Índia, Egito e outros países. Sendo a Vigna uma planta da família das leguminosas, utiliza o nitrogênio do ar, através da simbiose com bactérias do gênero Bradyrhizobium, obtendo elevados níveis do nutriente em questão. Sendo o caupí uma planta que produz grãos com elevado teor de proteína, em torno de 25%, necessita de grandes quantidades de nitrogênio que, como no caso da soja, pode ser suprido inteiramente com o uso de inoculante específico para esta cultura.

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Ufla e duas pela Embrapa. Os inoculantes podem ser produzidos com apenas uma estirpe ou por uma mistura de duas. No recente Congresso Nacional de Feijão Caupí, realizado em Recife, com organização do Instituto Agronômico de Pernambuco, foram apresentados excelentes trabalhos mostrando resultados que evidenciam a potencialidade da cultura no uso da Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN). Resultados apresentados demonstraram que o caupí obtém mais de 90% do nitrogênio da FBN. Outra apresentação mostrou que esta cultura pode fixar cerca de 250 kg/ha/ano, um número muito próximo da fixação da soja. Tanto apresentados oralmente com em pôsteres, trabalhos desenvolvidos por órgãos de pesquisa do Nordeste e da Amazônia trouxeram dados importantíssimos, inclusive com linhas de pesquisa que, tradicionalmente, não vinham sendo abordados pelas instituições do Centro-Sul do País. Seleção de cepas resistentes ao calor e a

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rem em regiões remotas, com uma agricultura de baixa tecnologia, não há uma rede de distribuição de insumos, como ocorre no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Este é um ponto que deve ser objeto de políticas públicas, na busca por levar um insumo altamente eficiente e de baixo custo até a agricultura familiar e aos pequenos produtores. Mas, sem dúvida nenhuma, como a cultura do caupí caminha para expandir sua área de cultivo na grande agricultura, abre-se um importante nicho para que a FBN mostre, mais uma vez, seu potencial de contribuição para a produtividade agrícola do Brasil. Empresas filiadas à ANPII já produzem inoculantes com as estirpes selecionadas C e recomendadas pelo Mapa. Solon de Araujo Consultor da ANPII


Coluna Agronegócios

A

Mais alimentos, com sustentabilidade

s Nações Unidas projetam um pico de 9,5 bilhões de pessoas na segunda metade deste século. Isto significa mais três bilhões de bocas para alimentar, além de um bilhão de pessoas atualmente com carência alimentar. Tal projeção nos confronta com questões sociais, econômicas, ambientais e políticas que precisam ser abordadas hoje para garantir um futuro sustentável para todos. Uma questão-chave é como produzir mais alimentos em um mundo de recursos finitos. Até aí é o senso comum. Quero adicionar outro ângulo à análise. Atualmente, produzimos cerca de quatro bilhões de toneladas de alimentos por ano. No entanto, devido a práticas inadequadas em colheita, transporte e armazenamento, bem como ao desperdício no mercado e pelo consumidor, estima-se que até 50% (dois bilhões de toneladas) de todos os alimentos produzidos nunca chegam a um estômago humano! Ou seja, grandes quantidades de terra, energia, fertilizantes e água também foram perdidas na produção de alimentos que

os da África Subsaariana e no Sul da Ásia, o desperdício ocorre principalmente na lavoura e armazenagem, com colheita ineficiente, transporte local inadequado e infraestrutura deficiente de armazenagem. Em países plenamente desenvolvidos, com práticas agrícolas e transportes mais eficientes, instalações de armazenamento e de processamento adequadas, uma proporção maior dos alimentos produzidos atinge os consumidores. No entanto, o alimento é desperdiçado na etapa de varejo e pelo comportamento do cliente. Grandes supermercados, para atender as expectativas do consumidor, muitas vezes rejeitam, ainda na fazenda, colheitas inteiras de frutas e legumes perfeitamente comestíveis, porque eles não cumprem as exigências cosméticas de tamanho e aparência. Por exemplo, até 30% da safra de olerícolas do Reino Unido nunca é colhida, em decorrência de tais práticas. Nos supermercados são rotineiras promoções que incentivam os clientes a comprar

tividade das culturas e cerca de 40% da oferta mundial de alimentos provém de terra irrigada. No entanto, a água usada na irrigação é muitas vezes obtida de forma não sustentável, por meio de poços em aquíferos mal gerenciados. Embora os métodos de irrigação por gotejamento sejam mais caros de instalar, são 33% mais eficientes na utilização de água e fertilizantes. No processamento de alimentos, há grande uso de água, sendo particularmente importante na produção de carne, que utiliza 50 vezes mais água do que os vegetais. No futuro, as técnicas mais eficientes de lavagem, procedimentos de gestão e de reciclagem e purificação de água serão vitais para reduzir o desperdício. A energia é um recurso fundamental durante todo o ciclo de produção de alimentos, com estimativas que mostram uma média de sete a dez calorias para a produção de uma caloria de alimento, variando de três calorias para as culturas mais eficientes, a 35 calorias na produção de carne de boi. Uma vez que grande parte desta energia vem de combustíveis fósseis,

No futuro, as técnicas mais eficientes de lavagem, procedimentos de gestão e de reciclagem e purificação de água serão vitais para reduzir o desperdício viram lixo. Esta é a conclusão de um estudo divulgado em março de 2013, pelo Institution of Mechanical Engineers (Imeche). Neste contexto, para atender a mais quatro bilhões de pessoas, precisaríamos acrescer a produção em 60%. Porém, se zerássemos o desperdício, a necessidade seria de apenas mais 10%. Se reduzíssemos o desperdício à metade, seria necessário aumentar a produção atual em apenas 30% em 50 anos, ou seja, somente os ganhos de produtividade, sem terra adicional, dariam conta do recado.

Demografia

O Imeche identificou três grandes grupos populacionais no mundo: 1. Totalmente desenvolvidos (exemplo: Europa), com populações estáveis ou em declínio e aumento da média da faixa etária; 2. Nações em desenvolvimento, industrializando rapidamente (exemplo: China), que sofrerá brevemente diminuição populacional e aumento do perfil de idade; 3. Países que estão começando a industrializar (exemplo: África), que duplicarão ou triplicarão suas populações até 2050 e com um perfil de idade jovem. Cada grupo terá de lidar, nas próximas décadas, com diferentes questões da produção, transporte e armazenamento de alimentos, bem como com as expectativas dos consumidores. Em países menos desenvolvidos, como

quantidades excessivas, tipo “pague 2 leve 3”. No caso de produtos alimentares perecíveis, entre 30% e 50% do que foi comprado nos países desenvolvidos é jogado fora pelo comprador.

Terra, água e energia

Nas últimas cinco décadas as tecnologias, juntamente com uma expansão de 12% do uso da terra cultivada, aumentaram significativamente a produção das culturas. No entanto, já são utilizados 4,9 bilhões de hectares dos potenciais dez bilhões de hectares aráveis disponíveis. O aumento exagerado na área de agricultura, sem afetar desfavoravelmente o que resta dos ecossistemas naturais do mundo, parece improvável. E há a relação entre agricultura e pecuária: um hectare de terra pode produzir arroz ou batatas para 20 pessoas por ano, porém, produz carne para apenas uma ou duas pessoas. Ao longo do século passado, a captação de água doce para uso humano aumentou em mais do dobro da taxa de crescimento da população. Atualmente, cerca de 3,8 trilhões de m3 de água são usados por seres humanos, por ano, 70% pela agricultura. A utilização desse recurso na agricultura vai continuar a aumentar nas próximas décadas - o Brasil será uma exceção neste particular. No futuro, a demanda de água na produção de alimentos pode atingir 2,5 a 3,5 vezes mais do que o total de água doce utilizada hoje. A irrigação melhora drasticamente a produ-

o desperdício de alimentos contribui para o aquecimento global. Na agricultura altamente tecnificada, de alta produtividade, o consumo de energia na fabricação e aplicação de fertilizantes e agroquímicos é muito alto. Nas nações desenvolvidas, 50% da energia para produção de trigo é atribuída a este fator. Em escala global, a fabricação de fertilizantes consome cerca de 3% a 5% do gás natural. Estes números impõem a necessidade de, além de reduzir o desperdício, associar a produção agrícola com o uso de energia renovável.

O que fazer?

O aumento da população, combinado com padrões nutricionais melhorados e preferências alimentares restritivas, irá exercer pressão para aumento da oferta mundial de alimentos. Pode-se até aumentar muito a produtividade, no entanto, ainda haverá pressão em recursos finitos como energia, solo e água, a menos que se mude o padrão de seu uso. É perfeitamente possível alimentar a população prevista para o futuro, porém, o caminho mais racional passa pela eliminação ou redução radical das perdas, ao mesmo tempo em que se diminui o uso de energia, terra e água para cada C quilo de alimento produzido.

Décio Luiz Gazzoni

O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa.

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Coluna Mercado Agrícola

Vlamir Brandalizze brandalizze@uol.com.br

EUA começa ano agrícola com problemas climáticos

A safra dos EUA está apenas começando, mas já exibe os primeiros sinais de problemas. O inverno muito longo e forte, com nevascas, muito frio e chuvas em excesso até o final de abril, atrasou o início do plantio das lavouras, como milho e soja. Fato que pode ser considerado positivo para os produtores brasileiros, por acabar alongando a entressafra mundial dos grãos. O atraso no plantio nos EUA também está sendo observado nas demais regiões do Hemisfério Norte, da Europa até a Ásia. Desta forma, as colheitas deverão ocorrer com atraso e isso normalmente é bom para manter as cotações mais fortes, porque haverá diminuição nas ofertas de grãos no mercado a partir do meio do ano, o que normalmente pode trazer boas oportunidades de fechamentos da safra nova brasileira. Estas oportunidades, neste novo ano, devem ser aproveitadas, porque tudo indica que haverá novamente um recorde de plantio no Brasil, que crescerá forte e a situação da safra americana, que se encontra com o plantio concentrado em maio, pode resultar em boas oportunidades de fechamentos. O plantio concentrado em maio nos EUA serve para colocar toda a safra em uma janela apertada e se ocorrerem problemas climáticos entre junho e agosto, como excesso de calor e estiagem, haverá grandes perdas. Isso se justifica porque atingirá uma fatia concentrada de lavouras e os riscos aumentados tendem a influenciar as cotações e impedir que recuem. Esse cenário pode até mesmo dar fôlego para que os produtores brasileiros tenham alguns bons momentos para fixação da safra nova, que ainda está muito lenta no Brasil. É bom ficar de olho no avanço do plantio da safra dos EUA, que comandará as cotações mundiais nestes próximos meses.

milho em maio. O cenário favorecerá a demanda forte risco de perdas e, em casos mais extremos, com para o setor das carnes no Brasil, que neste ano deverá algumas lavouras tendo de ser dessecadas porque foram totalmente inviabilizadas pela praga. Com A colheita da primeira safra do milho já está ter boa lucratividade. isso o ano segue com pouca oferta, boa demanda e chegando ao final e mesmo com perdas localizadas e SOJA cotações firmes. Com indicativos de cotações entre redução de área o produto foi suficiente para abasteR$ 200,00 e R$ 280,00 pelo Carioca de boa qualidaColheita em fechamento e cer os principais compradores e também para cobrir de e entre R$ 120,00 e R$ 160,00 pelo Preto (neste pouco produto para negociar contratos de exportações. Sobrou milho nos armaO mercado da soja no Brasil novamente terá um caso com produto da China chegando aos portos zéns e isso está fazendo com que as cotações do grão, nestas últimas semanas, não conseguissem avançar e ano comercial com a entressafra antecipada, porque o brasileiros na faixa de R$ 155,00, o que limita altas até mesmo registrassem queda em grande parte das País está fechando a safra e os produtores e comercian- maiores). O produto continua com bom fôlego e regiões produtoras. Isso porque, aliado à boa oferta tes têm segurado o pouco que resta para ser negociado. pouca oferta em maio. de balcão, se observa bom cenário nas lavouras da Neste momento já se pode apontar que resta menos de arroz safrinha. Desta forma, o quadro não mostra fôlego 25% da safra de pouco mais de 81 milhões de toneladas Colheita fechada e chances de alta para mudanças importantes. Com indicativos nos colhidas para ser negociado e isso tende a ser bem valoO mercado do arroz teve colheita em abril e Portos na faixa de R$ 25,00 a saca ou pouco acima, rizado pelos vendedores. Desse modo é possível que se o que serve de balizador para as cotações internas observe a entressafra começando já a partir de junho. agora praticamente todo o produto já se encontra e funciona como limitante de alta interna. Nestas Como maio é um mês de transição, ainda sob grande nos armazéns. Há perdas pontuais no Rio Grande últimas semanas as exportações perderam ritmo efeito das posições de Chicago e haverá pressão e ten- do Sul e desta forma o volume fica um pouco abaixo e isso se comprova nas primeiras três semanas de tativa de descolamento do mercado local do mercado do que estava sendo esperado. Mas as perdas maiores abril com apenas 513,8 mil toneladas exportadas, externo. A safra nova ainda apresenta poucos negócios ocorreram no sul de Santa Catarina, que apresentou contra 1,6 milhão de toneladas exportas em março, e pode haver boas oportunidades neste mês, o que deve queda média acima de 15%. Desta forma o estado não abasteceu as indústrias locais, o que obrigará a 2,3 milhões de toneladas exportadas em fevereiro e ser bem aproveitado pelos produtores. compra de matéria-prima do Rio Grande do Sul. 3,3 milhões de toneladas exportadas em janeiro. Há feijão Com isso há possibilidade de alta no produto em sinais de forte queda no ritmo dos embarques devido casca já neste mês de maio. Os indicativos do arroz Plantio da safra irrigada às cotações fracas nos portos, que limitam as cotações O mercado do feijão irrigado neste ano foi im- gaúcho estão situados entre R$ 31,00 e R$ 35,00, no mercado interno. Se mantidas as boas condições da safrinha e nada de novo surja em relação à safra pulsionado, porque as principais regiões produtoras com fôlego para puxar para cima os valores médios, dos EUA, haverá pouco espaço para mudanças no estiveram sob forte ataque da mosca branca, com alto ainda neste mês. MILHO

Com poucas alterações

CURTAS E BOAS TRIGO - O mercado segue com boas expectativas para esta nova safra, porque o Brasil terá de importar grandes volumes e a Argentina, principal fornecedor, já comprometeu quase todas as 3,5 milhões de toneladas que espera exportar. Há pouco produto para ser negociado em solo portenho e com isso o governo retirou a taxa de importação do trigo de outras origens para buscar atender ao consumo interno crescente. Com isso, terá custos maiores para trazer o cereal do leste europeu, EUA ou Canadá (os dois últimos com problemas na safra de primavera que está nos campos e sofre com o clima irregular e excesso de frio). Com isso, as cotações de chegada sinalizam para algo acima de 750 dólares, o que tende a beneficiar o grão nacional, que se encontra em plantio. algodãO - O mercado nestas últimas semanas sentiu a pressão das importações, através da liberação do governo de uma cota de 80 mil toneladas a serem importadas com vantagens tributárias, na busca por segurar a disparada das cotações no mercado interno, que chegou a registrar valores acima de R$ 72,00 por arroba. Cotação que perdeu fôlego depois da liberação das importações e aumento dos estoques das indústrias. A safra deste ano ficará muito abaixo do que se colheu nos últimos anos. Não haverá produto para exportar e desta forma o quadro poderá ser favorável aos produtores, já que no mercado mundial os indicativos apontam que a China irá importar muito acima do que comprou no ano passado, ultrapassando os 15 milhões de fardos importados. Em janeiro a previsão era de que a China importaria 11 milhões de fardos. eua - A Safra 2013/14 está entrando em campo e neste ano com atraso no plantio e problemas climáticos. Se continuar assim será o estopim para uma virada da onda baixista que ocorreu nas cotações nestas últimas 12 semanas, com chances de se ter novamente cotações atrativas aos produtores. Mesmo que isso não se concretize e que a safra norte-americana encontre boas condições em maio, ainda assim haverá boas cotações para a soja brasileira e cotações médias para o milho. O que ajudará a prevenir novas quedas nos indicativos no Brasil. Os

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Maio 2013 • www.revistacultivar.com.br

EUA devem plantar perto de 31 milhões de hectares de soja e outros 39 milhões de hectares de milho, para obter colheita acima das 85 milhões de tonelada de soja e acima das 350 milhões de toneladas de milho. Ambos registram crescimento em relação ao ano passado. Mesmo assim, há demanda para tudo isso e fôlego para segurar os indicativos. china - As importações de soja seguiam aquecidas em abril, mas os números finais de março e abril sinalizavam queda em relação às expectativas (que normalmente seriam de cinco milhões de toneladas mensais, mas nestes dois últimos meses certamente não chegarão à média de quatro milhões de toneladas). Esse cenário vai obrigar o governo a vender estoques para atender à forte demanda que o país vem apresentando. Certamente irão importar volumes maiores à frente, para recompor estes estoques. A boa notícia do período, para o mercado veio do relatório da produção de carne de suínos na China. O governo acenou com 15,5 milhões de toneladas de carne de suíno produzidas e consumidas no primeiro trimestre de 2013, o que representa crescimento próximo de 3% em relação ao mesmo período do ano passado. Com este ritmo passará das 62 milhões de toneladas no ano e como está ocorrendo uma onda de gripe aviária no país, certamente haverá aumento ainda maior no consumo de suínos, que normalmente necessitam de mais ração do que os frangos. Bom para os produtores de soja e de milho. mercosul - Os números da safra do arroz do Paraguai passam de 500 mil toneladas colhidas e aproximadamente 350 mil toneladas devem ter como destino o Brasil. Os vendedores querem reajuste nos preços e buscam alcançar 300 dólares por tonelada do arroz em casca. Na colheita o valor começou com 220 dólares, chegou a 270 dólares e agora está sem pressão de venda e a espera de números melhores. Na Argentina, a safra do feijão é esperada pelos importadores brasileiros, contudo, há indicativos de queda na área e alto risco de perdas de parte da safra com geadas em maio. Houve atraso no plantio e as lavouras estão em fase de risco neste momento. Cenário que pode vir a favorecer os produtores brasileiros.




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