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destaques Preferências do ácaro O ácaro que transmite a manchaanular do cafeeiro escolhe seu lugar. Você sabe onde? CAPA - Foto Paulo Rebelles Reis
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Mais uma...
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Mancha Cercospora, antes um problema menor, começa a preocupar o produtor
Barreiras sanitárias O uso de barreiras não-alfandegárias será a grande arma contra os países pobres
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Escolha rentável
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Semente que rende É possível ganhar dinheiro utilizando a semente de algodão para outras finalidades além do plantio
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Ano II - Nº 17 - Junho / 2000 ISSN - 1516-358X Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (12 edições): R$ 48,00 Números atrasados: R$ 6,00
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Diretor: Newton Peter - RPJ/RS 3513 Editor geral: Schubert Peter - NUJ 26693 Reportagens Especiais: João Pedro Lobo da Costa Design gráfico e Diagramação: Fabiane Rittmann Marketing: Andrea González Josiane Bezerra Circulação: Edson Luiz Krause Assinaturas: Patrícia Germano Editoração Eletrônica: Index Produções Gráficas Fotolitos e Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
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Existem muitas variedades de algodão. Plantar mais de uma é prova de bom senso
Diretas Diretas Cartas Congresso do milho Ácaros em café Café com qualidade Internet no campo Mancha Cercospora em milho Novidades do Agrishow Controle de pragas em armazéns Mercado Agrícola Vírus contra as pragas Malation absolvido Congresso de Entomologia Atualidades da Abrasem Notícias da Aenda Plantio direto com algodão Sementes de algodão Algodão: novas variedades Manejo de doenças em trigo Variedades de trigo Agronegócios Última Página
Agrosite Agrosystem / Rafain Gravena FMC Agropool Agropool Iharabras Silomax Hortitec Bayer Monsanto Maeda Aenda Maeda FMC Bayer Novartis Agripec Plantio Direto MegaAgro
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Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Bioindicadores
Ronaldo
Aurora A FMC vai lançar no dia 4 de junho, no Congresso de Plantas Daninhas, em Foz do Iguaçu, o Aurora, seu novo herbicida, para dessecação em soja e milho, anuncia o gerente Ronaldo Pereira. O Aurora tem como princípio ativo o carfentrazone, uma molécula nova. O lançamento terá solenidade especial na qual receberão prêmios os melhores trabalhos sobre o produto, apresentados em concurso realizado pela empresa. Um automóvel Corsa é o prêmio principal.
Inseticida
Pesquisadores norte-americanos estão testando a eficácia de um inseticida de moléculas do éster de açúcares. Esses compostos matam muitos insetos instantaneamente pelo simples contato, por asfixia, dissolvendo sua cutícula cerosa. Mas não têm efeito sobre os ovos. Testados há quatro anos, esses compostos se mostraram tão eficazes quanto os inseticidas convencionais usados contra afídios em macieiras e pereiras e tripes em culturas leguminosas. Os produtos não são tóxicos para os mamíferos. O primeiro deles deverá chegar ao mercado no fim deste ano.
Formação de pastagens
A Livraria e Editora Agropecuária lançou o livro Formação e Manejo de Pastagens Perguntas & Respostas de Sebastião Silva. O autor apresenta um conjunto de informações sobre a formação e manejo de pastagens, sob a forma de perguntas e respostas, destinadas a criadores, extensionistas e estudantes da área de Ciências Agrárias. Nele o usuário encontrará informações e tecnologias de produção, que podem contribuir para o aumento da produtividade do rebanho.
Com o objetivo de incentivar e qualificar pesquisadores e estudantes a empregar bioindicadores para avaliação dos riscos ambientais decorrentes do uso de compostos tóxicos, a Embrapa Meio Ambiente estará ministrando um Curso Teórico Prático sobre Bioindicadores de Qualidade da Água. Será de 7 a 11 de agosto de 2000 em suas dependências em Jaguariúna (SP). De acordo com Vera Lúcia Castro, coordenadora geral do treinamento, este curso apresentará alguns bioindicadores e promoverá uma discussão crítica sobre sua aplicação no estudo da qualidade das águas. Vera salienta que dentre as diversas estratégias existentes para a monitoração da qualidade das águas, os bioindicadores oferecem várias vantagens, dentre elas a facilidade de estudos no próprio local onde ocorrem, baixo custo e significado biológico imediato. A monitoração da qualidade das águas para diversos usos é um componente importante para programas de produção agrícola integrada, em especial em áreas onde os recursos hídricos são escassos e mal distribuídos. As aulas serão ministradas por pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, do Ibama, da UFSCar, da UERJ, da Fundação Oswaldo Cruz - Escola Politécnica de Saúde/ Manguinhos - Rio de Janeiro e da USP (Universidade de São Paulo). As inscrições podem ser feitas através do telefone (19) 3867.8710, ao custo de R$ 250,00 até dia 15 de julho e após esta data R$ 300,00.
Inspetores de pragas
Quebra de monopólio
Primeira vez
Mais duas edições do tradicional curso de capacitação de inspetores de pragas serão realizadas pela Gravena Manejo Ecológico de Pragas. A primeira edição será de 3 a 5 de julho de 2000; a segunda de 17 a 19 de julho. O curso é destinado a pessoas que trabalham no campo com amostragens de pragas. Todavia, explica Santin Gravena, esse curso tem um enfoque mais prático do que o de manejadores , pois são ensinadas técnicas para contar pragas com rapidez e precisão e preencher as fichas de campo corretamente. Mais informações, e-mail gravena@asbyte.com.br ou telefone (16) 3232221. Falar com Gislaine ou Zelinda.
A Facchini S/A participou pela primeira vez como expositor no Agrishow 2000. A empresa expôs: a Carreta Agrícola Modelo Europa 4000 e a Carreta Agrícola Basculante Hidráulica, que despertaram o interesse dos participantes do evento. Já a grande novidade foi o Bitrem Graneleiro, com capacidade de carga de 40 toneladas. Apresentou ainda o Guindaste Articulado F-14/2 H, com capacidade máxima para 14 toneladas/m. Um outro produto que despertou grande interesse do público, segundo o fabricante, foi o Roll On Roll Off. É destinado ao transporte de grãos durante a colheita. Funciona com a troca de caçambas metálicas intercambiáveis (de 30 e 35 m3).
Livros
O professor Antonio Luiz Fancelli mostrando seus novos dois livros: Produção de Milho e Produção de Feijão, lançados pela Editora Agropecuária e escritos em parceria com o colega Durval Dourado Neto. Fancelli, da ESALQ, apresentou os livros no Agrishow e no Congresso de Milho e Sorgo com sucesso absoluto. Informações com o Autor: CP 09, Piracicaba, SP, CEP 13418-900. Fancelli
Longueteau
Longueteau promovido
O carismático diretor da Bayer no Brasil, Jean Pierre Longueteau, está ampliando sua área de ação. É o novo diretor da empresa gigante alemã para toda a América Latina, cargo que acumulará com o atual. Longueteau é cidadão francês e se adaptou muito bem ao Brasil, pelo que foi mantido na dupla responsabilidade. A Bayer tem apenas cinco diretores no mundo com este nível. A ascensão está sendo festejada pelos funcionários da empresa, em todos os estágios.
A nova Lei de Classificação de Produtos Vegetais aprovada pelo Senado, recentemente, representa uma redução significativa de custos para o setor agrícola, aumentando a competitividade dos produtos nacionais tanto nas exportações quanto em relação aos similares. Para a CNA, o projeto, ao quebrar o monopólio estatal da classificação, abre o mercado à participação de empresas privadas, universidades, instituições de pesquisa, bolsas de mercadorias e cooperativas, o que poderá aumentar a concorrência e reduzir os gastos do setor.
O Sétimo Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha acontecerá em Foz do Iguaçu (PR), de 31 de julho a 4 de agosto, no Centro de Convenções Rafain Palace Hotel. A promoção é da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha e a realização é da PJ Eventos Feiras & Congressos e Governo do Paraná. O prazo final para confirmação da reserva encerra no dia 30 de junho. A Central de Reservas de Hotéis e Passagens é a Agência Oliveira Travel - fone/fax 41 372 4222/ 41 372 1177, e-mail: oliveiratravel@pjeventos.com.br.
Contagem de gotas
O Sistema para Análise de Distribuição de Gotas de Chuva Natural e Artificial Sadgna - desperta grande interesse pelo ótimo desempenho apresentado. O Sadgna, reconhecido internacionalmente, foi desenvolvivo pela Embrapa Instrumentação Agropecuária em parceria com o IAC e a Universidade Federal de São Carlos. O sistema contabiliza o volume de gotas contidas em superfícies expostas à chuva, irrigação ou pulverização. Os números auxiliam o agrônomo na determinação do melhor bico aspersor, no ajuste da pressão, na determinação da energia cinética das gotas e do impacto na erosão, quebra de agregados ou selamento de superfície do solo.
Indenização inédita
Os 21 ministros que integram a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, decidiram punir o governo do Estado do Paraná por não cumprir decisão judicial que determinou a reintegração de posse de um imóvel rural. Pela decisão do STJ, que é inédita, o governo paranaense terá de pagar uma indenização a Maria Odila e Oswaldo Piacheski, donos de terras invadidas. O valor da indenização deverá ser calculado pelo Tribunal de Justiça do Paraná. Segundo o STJ, o governo resiste há quase nove anos em providenciar a reintegração de posse e, por isso, foi condenado por litigância de má-fé.
Algodão
Fusão
A Comissão Européia decidiu abrir uma Segunda investigação sobre a fusão dos grupos agroquímicos Novartis e AstraZeneca. Há inquietação sobre a possibilidade de a empresa resultante monopolizar diversas áreas de proteção de plantas na Europa. Os resultados da enquete inicial deixaram dúvidas sobre o setor de fungicidas para cereais, onde as duas empresas são muito fortes, especialmente com as estrobilurinas.
Encontro de Plantio Direto
Montezuma
Erramos
Na edição anterior, seção de Diretas, na matéria intitulada imposto erramos ao publicar que os produtores do oeste da Bahia são responsáveis por 90% do algodão irrigado do Brasil. Na verdade, são responsáveis por 90% da área do estado da Bahia.
Stuart Donald assumiu a gerência de biotecnologia em algodão da MDM (Maeda Deltapine Monsanto) no mês passado. Donald trabalhou nos últimos anos em biotecnologia, originário dos quadros da Cargill, que teve a parte agrícola adquirida pela Monsanto. A MDM está em plena ofensiva no Brasil com o lançamento do algodão DeltaOpal, uma poderosa inovação no setor. O gerente técnico da MDM é Marcelo Montezuma.
Para a internet O agrônomo Rogério Rangel, conhecido por seu Rogério trabalho na área de feijão na empresa Cyanamid, trocou de área. Está desde o fim do mês passado no portal Agrosite, usando seus conhecimentos na área de marketing. Tem experiência e excelente conhecimentos no meio agrícola. Transgênicos
O pesquisador Antônio Carlos Torres, da Embrapa Hortaliças, desenvolveu um método simples e barato para detectar material transgênico. Desenvolvido inicialmente para detecção de alface com resistência ao glifosato, revelou-se eficiente também para soja. O resultado do teste sai em 5 dias e o custo é de menos de cinqüenta centavos por planta pesquisada. O lançamento oficial da nova técnica ocorreu durante as comemorações do aniversário da Unidade, dia 26 de maio, em Brasília. Torres explica que o seu método funciona da seguinte maneira: numa mistura de água e glifosato, uma semente de soja é colocada em um tubo de ensaio por cinco dias. Aquelas que desenvolverem raízes possuem modificação transgênica. Esse é um método rápido, eficiente e simples, acessível a qualquer um, o que vai facilitar muito a descoberta de material transgênico , afirma Torres.
Calipso
Retorno
Um grupo de revendedores está reestruturando a Andav, Associação Nacional dos Distribuidores de Defensivos Agrícolas e Veterinários. Liderados por Ana Lúcia F. Testolini e tendo como secretário executivo o agrônomo Henrique Mazotini, o grupo anda bastante animado com as perspectivas futuras.
Stuart
À distância
Na Faculdade de Agronomia da Universidade de Buenos Aires (UBA), na Argentina, já tem um curso à distância que abordará o tema Gerenciamento em Agronegócios e Alimentos . Este curso será realizado através da apresentação de vídeos e discussões de casos, além de fóruns de discussão on-line. Maiores informações sobre este curso poderão ser obtidas através do e-mail virtual@mail.agro.uba.ar
Saiu nos últimos dias de maio o registro do inseticida Calipso, da Bayer. O produto, que tem como princípio ativo o cloronicotinil, vem indicado para controle de mosca branca e pulgões, entre outras pragas. O lançamento do Calipso ainda está sendo programado.
Ferrari na DuPont
João Marcos Ferrari está de casa nova. Assumiu a gerência de cereais da DuPont do Brasil, exatamente onde a empresa americana desenvolve projetos especiais de conquista de mercado. Ferrari anteriormente era gerente da unidade de negócios do cerrado, na Cyanamid, função em que se destacou.
Congresso
milho
Carlos Elias
Maxim
Apresentado durante o Congresso do Milho, em Uberlândia, no último dia 23 de maio, o MAXIM XL, novo produto para tratamento de sementes da Novartis. O gerente de tratamento de sementes da empresa, Carlos Elias ficou satisfeito com a boa receptividade. O Maxim XL é o resultado da associação de dois princípios ativos: fluodioxonil e Metalaxyl-M, o que lhe confere grande eficácia fungicida e excelente seletividade sobre o milho.
Quero ressaltar o excelente nível de informações da revista Cultivar, que está se tornando um referencial na área agrícola. Eugenio Brunheroto Carborundum do Brasil Ltda
A revista está muito boa e bem bolada. Parabéns. Ernani Seelig seelig@powernet.psi.br
Parabéns pela Home Page, certamente seu site também será incluído como material de referência nos Cursos de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz,como já ocorre com a Revista Cultivar. Silvio Valle Fundação Oswaldo Cruz
Algodão mais resistente
O IAC apresentou no Agrishow 2000, no início de maio, a Linhagem de Algodoeiro IAC 20 RR-740, que apresenta resistência à ramulose, tolerância a nematóides, resistência à murcha de Fusarium, a viroses, especialmente ao mosaico das nervuras (doença azul), ao murchamento avermelhado e tolerância à Ramulária e à Alternária. Essa linhagem de algodoeiro que está em fase de estudos em testes regionais e que poderá tornar-se nova cultivar IAC, apresenta também bom potencial de produtividade, em condições normais de fertilidade, plantas vigorosas, mas sem folhagem excessiva, qualidade de fibra satisfatória, especialmente quanto à resistência e bom rendimento no beneficiamento.
Boa escolha Contratado para dirigir os trabalhos de instalação e arrancada inicial do portal MegaAgro o engenheiro Cesar Righetti, César que trabalhava na Monsanto na função de gerente de biotecnologia em algodão. Cesar, que atuou no desenvolvimento do projeto do algodão Bollgard no Brasil, está usando a experiência no novo setor. Uma boa aquisição. Herbicida
CESM
Será em Foz do Iguaçu, de 15 a 17 de agosto, o XIX Ciclo da Comissão Estadual de Sementes e Mudas (CESM) do Paraná, no Rafain Palace Hotel. O encontro se destina a produtores de sementes, inspetores e responsáveis técnicos e se constitui principalmente de painéis e debates. O líder do setor é o experiente Scylla Cesar Peixoto, que deixou a presidência da Abrates para se dedicar em tempo integral à CESM.
Achei muito interessantes os temas debatidos na edição de maio, em especial, Armas biológicas contra as pragas e Contradições nos transgênicos . Não sei se já foi debatido em edições anteriores, mas gostaria de saber a respeito da utilização de adubo orgânico para a substituição de
Expectativas superadas Cultivar
Com tudo A Guarany, empresa com 77 anos de atuação no mercado brasileiro, lançou o DGM, produto inédito para aplicação de formulações granuladas principalmente inseticidas. O equipamento permite dosar e injetar no solo quantidades precisas do produto, diminuindo o risco de contaminação ambiental. Ângelo Guariglia, gerente nacional da empresa, explica que o equipamento, pelo seu baixo custo e facilidade de uso, foi muito bem recebido pelo público que visitou o Agrishow. Foi a confirmação dos dados de uma pesquisa que fizemos anteriormente. Mesmo assim, é muito bom ter o contato direto com o cliente e ouvir a sua opinião.
fertilizantes químicos. Marcelo de Queiroz
marcelodequeiroz@bol.com.br
Todos os meses aguardamos a revista (iguais a crianças) para ver seu conteúdo e suas reportagens. Fico feliz quando vejo empresas que realizam um trabalho sério,
Scylla
A Dow AgroSciences espera liberar as vendas na Europa ainda este ano do seu novo herbicida, o EF-1343 (sem nome ainda), composto por um novo princípio ativo, o Florasulam. Para todos os cereais, este antidicotilédone apresenta largo espectro. Ainda não há notícias de uso no Brasil.
Adriana Castilho Suguimoto Semeali
pela fantástica iniciativa de criar a Cultivar HF, que vem preencher lacuna na difusão de informações no segmento horti-fruti, vital para a agricultura brasileira. A alta qualidade e rico conteúdo farão com que a nova revista decole para um vôo de muito sucesso.
Cumprimentos à equipe da Cultivar
Mirim Aviação Agrícola Ltda.
imparcial e dinâmico, sempre, como é o caso da Revista Cultivar. Pois a cada revista isto fica mais que provado. Parabéns a toda a equipe, continuem sempre assim.
Ivan Cruz (esq.) e Geraldo Vilela (dir.) ficaram satisfeitos com a participação
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ais de 700 pessoas, entre os mais importantes profissionais da área, participaram do XXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, realizado em Uberlândia, MG, de 21 a 25 de maio, para discutir as principais novidades da área. De acordo com o pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo, presidente da Comissão Científica do Congresso, foram superadas as mais otimistas expectativas tanto em relação ao nível dos trabalhos quanto em participação de especialistas. Foram 57 palestras e debates desenvolvidos em três auditórios, simultaneamente, durante os quatro dias do evento. Centenas de trabalhos sucederam-se nas ses-
sões de posters. Os congressos anteriores haviam caracterizado o encontro como oportunidade de divulgação de melhoramentos, porém neste ano a discussão estendeu-se à entomologia e fitopatologia no milho e sorgo, bem como a micotoxinas e comercialização, além das tendências mercadológicas e progressos científicos em geral. Nutrientes, biotecnologia, custos e uso de agroquímicos, todos os temas receberam especial atenção dos organizadores. Inovação importante, ainda, foi a participação de representantes das indústrias processadoras de alimentos humano e animal -, que abordaram questões relativas ao aproveitamento e necessidades em ter-
mos de novos materiais produtivos. Junto com os anais impressos, com o resumo dos trabalhos apresentados no congresso os organizadores distribuíram um CD com os textos integrais. As empresas agroquímicas usaram o evento para lançar novos produtos e divulgar as linhas existentes. O próximo congresso, o XXIV, será em Florianópolis, em 2002, de acordo com decisão da assembléia geral da ABMS.
Nossa Capa café
Paulo R. Reis
A distribuição espacial do ácaro Brevipalpus phoenicis, vetor da mancha-anular em cafeeiro, foi estudada com o objetivo de conhecer os locais preferidos pelo ácaro, visando o seu controle
Ait. (Oleaceae), cujo agente causal provavelmente é um vírus (Ligustrum RinFrutos com sintoma de mancha-anular, frutos com sintoma do ataque de ácaros, frutos sadios gspot Virus). Até 1988, a doença mancha-anular do cafeeiro não tinha ainda representado problema econômico, tado vivendo em cafeeiros (Coffea sp.), embora em 1986 tenha sido associada través de amostragens de fopelo menos desde 1951; posteriormena uma intensa desfolha resultante de lhas, ramos e frutos nos terços te foi correlacionado com a manchaum inverno com baixa precipitação inferior, médio e superior da parte inanular causada por vírus, Coffee Rinpluvial, condição muito favorável ao terna e externa das plantas, e contagspot Virus (CoRSV), do grupo dos ácaro. Até aquela data, a única doengens de ácaros em todos os estádios Rhabdovirus; é cosmopolita e polífaça de comprovada etiologia viral transdo desenvolvimento, constatou-se que go, infestando diversas mitida por um tenuiB. phoenicis ocorreu em maior quanespécies vegetais. B. palpídeo, B. phoenitidade em folhas internas, ramos e fruphoenicis, ácaro-plano, cis, era a mancha-anutos dos terços inferior e médio das O maior número ou da leprose, como é lar do cafeeiro, que plantas de café. foi encontrado conhecido na citricultuocorre naturalmente Nas folhas, os ácaros localizavamno terço inferior ra, é uma séria praga da nessa planta em várise predominantemente na página ine médio das cultura dos citros (Cias regiões do país, não ferior, próximos das nervuras, principlantas trus spp.), atacando as sendo conhecido oupalmente da central. Nos frutos, ovos folhas, ramos e princitro hospedeiro natural e ácaros foram encontrados preferenpalmente os frutos, caudo vírus. cialmente na região da coroa e pedúnsando prejuízos. Seu monitoramento culo. Nos ramos, foram freqüentemenOnde aparecem te encontrados abrigados nas fendas e controle em citros é indispensável a cada ano. os sintomas existentes na casca, e também nos nós. B. phoenicis, além de estar associaOs sintomas aparecem nas folhas e do à leprose dos citros e à clorose-zonos frutos do cafeeiro, e caracterizamCausador nada, está também associado à manse por manchas cloróticas, de contorde problemas cha-anular do cafeeiro. Essa espécie de no quase sempre bem delimitado, às No Brasil, o ácaro da mancha-anuácaro foi também associada à manchavezes com um ponto necrótico central. lar Brevipalpus phoenicis (Geijskes) anular do ligustro, Ligustrum lucidum Nas folhas, as manchas tomam cons(Acari: Tenuipalpidae) tem sido rela-
A
EPAMIG
Onde está o ácaro?
tantemente a forma de anel, podendo coalescer, abrangendo grande parte do limbo. Nos frutos, os sintomas também aparecem em forma de anéis. Nos ramos, os sintomas de ataque ainda não Nas folhas, as foram bem determinados. manchas tomam Como ocorre em citros, também em constantemente a cafeeiro duas hipóteses podem ser esforma de anel, tabelecidas para explicar a sintomatopodendo coalescer, logia do ataque, ou seja, as lesões poabrangendo grande dem ser causadas por uma toxina inparte do limbo jetada pelo ácaro no tecido das plantas ou o ácaro é o vetor de um patógeno, provavelmente um vírus. A transmissão da leprose em citros, pela en- festação em frutos xertia e mecanicamente, reforça a hi- com verrugose e mepótese de que a doença nessa cultura nor em frutos sem Paulo explica quais os lugares do cafeeiro onde há mais ácaros é causada por um patógeno. Porém, verrugose, ramos e não descarta a segunda hipótese, e as folhas. Mais de 95% duas podem ocorrer simultaneamen- dos ácaros são encontrados nos frutos. do ácaro B. phoenicis em cafeeiro (Coffea arabica L.) foi feito através de te. amostragens de partes da planta e conO ácaro e A característica não-sistêmica atritagens em laboratório do número de o cafeeiro buída ao vírus ressalta a importância Desde 1990, com destaque para ácaros presente. Em uma lavoura de do vetor B. phoenicis na epidemiologia da doença, porque a presença do 1995, a infestação de B. phoenicis e da cafeeiro Catuaí , com 20 anos de idaácaro é condição essencial, sem a qual mancha-anular tem sido relatada em de, plantada no espaçamento de 4x1 não ocorre a sua disseminação. Traba- Minas Gerais, onde causa intensa des- m, localizada nos municípios de Lalhos de pesquisa relatam a ocorrência folha em cafeeiros, principalmente na vras e Ijaci, na região Sul de Minas de partículas semelhantes a vírus, região do Alto Paranaíba, sendo tam- Gerais, altamente infestada pelo ácaro bém constatada a pre- e com sintomas da mancha-anular, focomo resultados da sença do ácaro nas de- ram escolhidas três plantas, e nas paranálise de secções ulmais regiões cafeeiras tes externas e internas dos terços infetrafinas de tecidos do O ácaro da do Brasil, tanto em ca- rior, médio e superior de cada uma, ácaro sob microscópio mancha-anular feeiro arábica quanto foram coletadas 50 folhas e 10 ramos eletrônico, similares tem sido relatado em canéfora. O conhe- em cada uma dessas posições. Para foaos vírus de plantas em cafeeiros cimento dos locais pre- lhas, foram consideradas externas as dos grupos Badnavirus desde 1951 feridos pelo ácaro nos do 2º ou 3º par, e internas as do últie Rhabdovirus em tecafeeiros, com a finali- mo par de folhas do ramo. Para ramos, cido foliar de citros. dade de facilitar levan- a parte externa foi considerada como Conforme o local e quantidade de partículas encontradas tamentos da presença do mesmo du- sendo os primeiros 20 cm a partir do há, ainda, a possibilidade de o vírus rante o ano e conhecimento dos locais ápice, e interna os 20 cm seguintes. Também foram feitas amostragens multiplicar-se dentro do vetor, B. pho- que devem ser alcançados pelos proenicis. Trabalhos sobre a localização dutos fitossanitários para seu contro- de frutos, e neste caso foram colhidos 100 frutos em cada terço das plantas, de B. phoenicis em diferentes partes le, foram os objetivos deste trabalho. O estudo da distribuição espacial sem distinção de exterior e interior da vegetais dos citros, relatam maior in-
Manejo Ecológico de Pragas CONSULTORIA T REINAMENTO PESQUISA GRAVENA - Manejo Ecológico de Pragas Agrícolas Ltda. - Chácara Paulista Rodovia Deputado Cunha Bueno, SP 253, km 0.7, 14870-000, Jaboticabal/SP, Fone/Fax: (16) 323-2221 e-mail: gravena@asbyte.com.br
planta. Foram realizadas duas amostragens com intervalo de 30 dias, sendo uma em julho e outra em agosto de 1997. O material foi transportado para o Laboratório de Acarologia do Centro Tecnológico do Sul de Minas, da Epamig, em Lavras, e acondicionado em sacos plásticos, dentro de caixa de isopor contendo bolsas de gel à base de celulose vegetal - em substituição ao gelo - e conservado em geladeira por no máximo 24 horas, antes de serem contados os ovos, larvas, ninfas e adultos do ácaro existentes em cada parte da planta. As contagens foram feitas sob microscópio estereoscópico, com aumento de 40 vezes. A exemplo do relatado para citros, foi constatada a presença do B. phoenicis nas folhas, ramos e frutos do cafeeiro. Nas folhas os ácaros localizavam-se na página inferior, próximos das nervuras, principalmente da central. Nos frutos, ácaros e ovos se encontravam preferencialmente na coroa e pedúnculo, sendo também encontrados em fendas e em lesões na casca dos frutos, com aspecto de cortiça. Nos ramos, eram freqüentemente encontrados abrigados em fendas existentes na casca e também nos nós. A maioria das folhas e frutos apresentava sintomas semelhantes àqueles descritos para a mancha-anular. Nas folhas, as manchas cloróticas, por vezes, acompanhavam o sentido das nervuras, adquirindo formato alongado. As nervuras na região das lesões, e na página inferior, geralmente apresentavam-se necrosadas. Após o ataque do ácaro, os frutos ficam pré-dispostos à penetração de microorganismos, como o fungo Colletotrichum gloeosporioides, constatado no presente trabalho, comumente encontrado em condições saprofíticas em cafeeiro. Ovos e ácaros O maior número de ovos e ácaros foi encontrado no terço inferior e médio das plantas, tanto nas folhas quanto nos ramos e frutos. Nas folhas, o maior número de ovos e ácaros foi encontrado naquelas dos terços inferior e médio e posição interna da planta, ou seja, naquelas da parte proximal dos
ramos, e em menor número nas folhas da parte superior e posição externa da planta ou parte distal dos ramos. Nos ramos, o maior número de ovos e ácaros foi encontrado na parte distal, que é a parte verde dos ramos, e o menor número na parte do ramo que não apresentava folhas, ou do interior das plantas. Nos frutos, a maior quantidade de ácaros ocorreu naqueles do terço inferior das plantas, onde foram encontrados mais ovos do que outros estádios do ácaro. Estes resultados diferem daqueles encontrados para citros com a mesma espécie de ácaro, onde a maior preferência foi para frutos e ramos, e os locais menos adequados foram as folhas. Porém, é possível que as diferenças sejam devidas ao tamanho dos ramos e dos frutos, muito maiores nos citros do que no cafeeiro. Nas folhas e ramos, em relação à
altura nas plantas e posição interna e externa, a análise da distribuição espacial mostrou que o B. phoenicis apresentou em cafeeiro uma distribuição agregada, ou em focos. Nos frutos a distribuição foi regular. Os resultados obtidos mostram que amostragens dessa espécie de ácaro, para efeito de controle, serão mais representativas se forem feitas em ramos e em frutos do terço inferior, e em folhas mais internas do terço inferior das plantas. Dão informações também de quais partes das plantas devem ser alvo de produtos fitossanitários para o controle dos ácaros, ou seja, o equipamento a ser utilizado deve proporcionar um depósito dos produtos nas partes interiores das plantas, principalmente dos terços inferior e médio. Paulo Rebelles Reis, EPAMIG
Internet
produção
portais
Sucesso internacional, café produzido na Fazenda Califórnia é resultado de um modelo de administração voltado ao bem-estar dos funcionários
A
classificação como melhor café do Paraná fez com que o produto da Fazenda Califórnia, de Ribeirão do Pinhal, região do Norte Pioneiro, representasse o Estado na XII Feira e Conferência Anual da Associação Americana de Cafés Especiais, realizada em São Francisco, Estados Unidos. Juntamente com amostras de cafés de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Bahia o produto recebeu destaque internacional por causa da qualidade. Luiz Henrique Ferroni, que administra a empresa juntamente com seu pai, José Ferroni, um dos pioneiros na produção de café no Paraná, diz que ficou muito honrado com a escolha porque é o reconhecimento de um trabalho desenvolvido há décadas . A Califórnia, fazenda de onde se originou o café premiado, é uma das fazendas do Grupo Ferroni e engloba todas as etapas da produção, desde a produção de mudas até o beneficiamento. Material humano Luiz Henrique enfatiza que a empresa deve boa parte do sucesso alcançado ao material humano da região, formado e constantemente atualizado nas próprias fazendas do grupo. Isto porque, como acrescenta José Ferroni, café é igual a medicina, tem que acompanhar a evolução sempre porque a toda hora tem novidades . Um dos orgulhos dos dois produtores são os programas de educação e de melhoria da qualidade de vida dos funcionários. Por conta própria financiam escolas para os filhos dos trabalhadores, cerca de 300, com estrutura de transporte, material de vídeo, computadores e professores. Assistência médica e dentária também são benefícios
Cultivar
Qualidade destaca produto do Paraná oferecidos. Além disso, a empresa m a n t é m transporte diário para os que moram fora das fazendas e para alunos que estudam na cidade, e dispõe de pessoal especializado na prevenção de acidentes de trabalho. A novidade nesse programa de investimentos em pessoal foi a implantação de pagamento através de cartão magnético, perLuiz e José Ferroni têm administração voltada ao bem-estar mitindo aos trabalhadores acesso às vantagens de contas-correntes e poupanças bancárias. E os pequenos detalhes não passam café são os investimentos em pesquisa. Áredesapercebidos. Um funcionário de uma as experimentais para teste de novos proempresa nacional de defensivos, que pediu dutos e máquinas, bem como para variedapara não ser identificado, conta que ficou des e técnicas de cultivo contam na quali tocado ao ver, na Páscoa, a distribuição dade final. É preciso dar ajuda a quem pesde ovos aos filhos dos funcionários das fa- quisa, pois é de lá que vêm as grandes novizendas. Só quem já viveu no campo, em dades . Essa é a filosofia de trabalho do Cengrandes famílias e com pouco dinheiro, con- tro Experimental José Ferroni, que funciosegue entender a felicidade que se sente ao na na Fazenda Califórnia. receber um presente de Páscoa. Faz uma Para auxiliar na divulgação de trabalhos diferença muito grande . está em fase adiantada de construção a sala de reuniões do Centro. Aqui será um luInvestimentos gar agradável onde se poderá transmitir aos em pesquisa produtores os resultados do trabalho de Outro ponto enfatizado por Luiz Hen- campo , explica Luiz Henrique. O projeto rique como responsável pela qualidade do conta com o auxílio de várias empresas.
Cultivar
Café
Produção on line A
internet se aproxima do campo. Sites que oferecem os mais variados serviços ao agricultor entraram no ar recentemente. O número exato das empresas já em operação no setor não se sabe. Há algumas semanas estimava-se em treze o número de portais agrícolas no país, mas a cada dia novos grupos investem na idéia. Nesse universo, pelo menos cinco empresas despontam com condições de ampliar sua participação no mercado. Cada uma tem foco de atuação definido. Negócios mais rápidos Intermediar negócios agropecuários com agilidade e eficiência é o principal objetivo do Agrosite (www.agrosite.com.br). Lançado em fevereiro deste ano, o portal faz parte de uma empresa que desenvolve atividades semelhantes na Argentina e México. Conforme explica seu diretor geral no Brasil, Renato Skaf dos Santos, através do site o agricultor tem possibilidade de maximizar o rendimento do seu negócio, pois a informação em tempo real auxilia na tomada de decisões, reduzindo as chances de perdas decorrentes da falta de dados na hora de negociar. Gerenciamento e administração Outro site de grande sucesso, o Portal do
O uso das novas ferramentas traz grandes vantagens ao produtor rural
Campo (www.portaldocampo.com.br) tem como foco principal as ferramentas de assessoria e consultoria agronômicas. Através do Portal o agricultor tem acesso a consultas interativas sobre problemas e novas técnicas de cultivo em sete grandes culturas: soja, algodão, milho, feijão, café, cana e laranja, além de pecuária e piscicultura. O objetivo do Portal do Campo é oferecer ao produtor todo o conhecimento necessário para administrar sua fazenda e produzir de maneira mais eficiente , explica o diretor do site, Marcelo Sales. Um Pool de compras Já o Agropool (www.agropool.com) centraliza suas forças na formação de pools de compras agropecuárias. O site acumula pedidos individuais e negocia descontos com fornecedores. À medida que o volume de pedidos do grupo aumenta, os preços caem, esclarece o gerente-geral Daniel Hübner. Um ciclo de compras dura de três a dez dias, diz Hübner, e independentemente do momento do pedido, o produtor sempre paga o menor
preço obtido ao final do ciclo. Neste primeiro momento, o Agropool não atende agricultores das regiões Norte e Nordeste do país. Informação e comércio O MegaAgo (www.megaagro.com.br), por outro lado, tem como principais áreas de atuação a informação e o comércio eletrônico. Lançado oficialmente durante o Agrishow 2000, o portal une o fornecimento de um grande conteúdo, oferecendo informação rápida e independente ao produtor rural, e a possibilidade de comprar e vender consultando todos os canais de comercialização , explica David Monteiro Ribeiro, CEO do portal. Produtos e serviços Quinto integrante do grupo dos grandes , o AgriZ (www.agriz.com.br) engloba todo o segmento do agribusiness por meio de parcerias com empresas do setor. Conforme seu diretor-presidente, Jaime Ozi, o site tem dois objetivos: oferecer infra-estrutura de comércio eletrônico e aumentar a competitividade do agribusiness.
Agrishow
doenças
tendências
F. Fernandes
Milho
A ascensão de uma doença Mancha Cercospora começa a preocupar agricultor brasileiro
A
mancha por Cercospora é uma doença que pode causar perdas superiores a 80% na produção de grãos de milho. Há relatos de perdas da ordem de 80 a 100% causadas por essa doença nos EUA, nas décadas de 50 e de 60. Sintomas do ataque dos fungos causadores da mancha No Brasil, essa doença, que era considerada de importância secundária, nos últimos três anos tem se destaca- cospora é favorecida pela ocorrência minados, por enterrio, ou a rotação de do entre as principais na cultura do de vários dias nublados, com alta umi- cultura por 1 a 2 anos, reduzindo a milho, devido ao aumento significati- dade relativa, presença de orvalho por concentração de inóculo na área, é vo em sua incidência e severidade. longos períodos e cerração. Sob con- uma medida que pode contribuir muiTem sido observada ocorrendo no Su- dições desfavoráveis, a doença parali- to para reduzir a severidade dessa dodoeste de Goiás (Montividiu, Rio Ver- sa seu desenvolvimento, retomando-o ença, desde que não exista nas imedirapidamente tão ações outras lavouras infectadas. Rede, Mineiros, Jataí) e na relogo as condições comenda-se, ainda, evitar altas densigião da Alta Mogiana em São A utilização de voltem a ser favo- dades de plantio, que podem proporPaulo. cultivares ráveis. A dissemi- cionar microclima favorável ao desenresistentes é a nação desse pató- volvimento desse patógeno, e também Causador medida de controle geno ocorre pelo pode reduzir a sua severidade. e sintomas mais eficiente vento e por resA mancha por CercospoO fungicida Mancozeb pode conpingos de chuva. trolar a mancha por Cercospora, pora é causada pelos fungos Por isto, um fator rém, não está registrado no Ministério Cercospora zeae-maydis e Cercospora sorghi var. maydis. Os sin- de grande importância para a ocorrên- da Agricultura para esse fim. Obsertomas dessa doença nas folhas são le- cia severa da doença é a presença, na va-se, contudo, que a presença de misões cloróticas (amareladas) ou necró- superfície do solo, de restos de cultu- lho no campo durante o ano todo, proticas com coloração palha ou cinza, ra infectados, que constituem fonte de porcionada pelo plantio em várias épolimitadas pelas nervuras secundárias inóculo. cas, é o principal fator que favorece o e com extremidades, em geral, tipicadesenvolvimento, não só da mancha Como mente retangulares. Esses sintomas por Cercospora, mas de todas as doencontrolar aparecem próximo ao florescimento, ças que atualmente constituem probleA medida de controle mais eficien- ma para a cultura do milho. nas folhas inferiores, e alcançam as folhas superiores em cerca de uma se- te para a mancha por Cercospora é a Fernando Tavares Fernandes e utilização de cultivares resistentes. A Elizabeth de Oliveira, mana, sob condições favoráveis. A severidade da mancha por Cer- eliminação de restos de cultura conta- Embrapa Milho e Sorgo
Novas máquinas, lucro maior C
onsagrado como a maior feira de máquinas e implementos agrícolas do país, o Agrishow 2000 contou com participação recorde de público. As vendas também animaram muito os expositores, que levaram o que de mais novo possuem em termos de tecnologia para auxiliar o produtor. Entre os visitantes da feira foi comum ouvir comentários animados sobre os produtos. Na opinião de um agricultor de Goiás, que se programou para passar três dias procurando bons negócios , quem não comprou lá vai procurar as empresas ainda antes da safra, porque os preços e as condições de financiamento estão mesmo bons . Destaques do evento A Yanmar do Brasil apresentou seu novo trator agrícola, modelo 1045 (4x2), com 39 cv de potência, que a empresa acredita, terá uma grande aceitação por parte do mercado. Também o microtrator TC 12 Júnior encantou o público. Além deles, mereceram especial atenção dos produtores o trator modelo F-28 ex, de 33 cv de potência e o cultivador motorizado TC 14. Já a Kepler Weber, além da tradicio-
nal linha de produtos, mostrou ao público um novo silo-secador. Com estrutura de aço galvanizado, o silo incorpora em um único equipamento os processos de secagem e armazenamento, o que reduz os custos de instalação e operação. O produto está em fase final de teste e deve entrar no mercado já na próxima safra.
distribuído pela New Holland, a grande vantagem da máquina é o desempenho da dupla função com a mesma eficiência, o que permite ao produtor reduzir os custos com compra de equipamentos. Atenção especial mereceu o lançamento da SLC, um trator robusto e econômico desenvolvido especialmente para a pequena propriedade (vide seção Diretas). Colhedora para café Chamou bastante a atenção dos produtores a nova colhedora de café KTR, da Jacto, lançada durante o evento. De acordo com funcionários da empresa, ela não danifica os pés de café e oferece os melhores resultados de colheita , atingindo até 3,80 metros de altura. Além disso, por ter tecnologia 100% nacional possui assistência técnica permanente e pronta reposição de peças.
Máquinas pesadas A New Holland marcou sua participação no Agrishow com o lançamento das enfardadeiras da Jacto série BB900. Com quatro modelos, a linha foi desenvolvida para atender a qualquer tipo de operação, produzindo fardos com acabamento, tamanho e densidade adequados. Outro ponto forte da empresa foi a colheitadeira TC 59, que permite a colheita de arroz (irrigado e de terras altas) e soja. De Colhedora de café foi um dos lançamentos do Agrishow 2000 acordo com informe
Armazenamento Para garantir que os insetos não comerão a sua produção existem técnicas especiais. Conhecê-las é o primeiro passo
Lorini
pragas
Eficiência no expurgo
Para a eficiência da fumigação e segurança das pessoas, é preciso vedar bem a área tratada
P
ara realizar o controle das pragas em armazéns é de extrema importância que se faça o manejo adequado dos diversos fatores que influem na eficiência do controle. Assim a correta identificação da espécie, o tipo de unidade armazenadora, as condições de aplicação do inseticida, a eficiência dos inseticidas empregados, o monitoramento e a resistência das populações de pragas aos inseticidas em uso, devem ser considerados na tomada de decisão do método de controle. Para obter êxito no controle das pragas de trigo armazenado faz-se ainda necessário o uso de medidas de higienização e limpeza, tratamento preventivo ou curativo com uso de inseticidas, e monitoramento da massa de grãos. O manejo adequado pode reduzir o número de espécies resistentes ou no mínimo retardar o problema da resistência aos inseticidas químicos. Higienização das unidades Estas medidas preventivas da infes-
tação de pragas são as mais importantes na conservação de grãos, as mais simples de serem executadas e de menor custo, porém raramente realizadas pelos responsáveis pela armazenagem. Consistem na eliminação de todos os resíduos nas instalações, no armazém que receberá o produto, nos corredores, nas passarelas, nos túneis, nos elevadores, nas moegas etc. Esses locais devem ser varridos, coletando-se os resíduos de grãos e de pó e eliminando-os. É aconselhável queimar esses resíduos para evitar a proliferação de insetos e de fungos, que poderão reinfestar as unidades armazenadoras. Após essa limpeza, os locais deverão ser pulverizados com inseticidas para eliminar os insetos presentes em paredes e em equipamentos. Os inseticidas recomendados para essa situação são: pirimiphos-methyl (Actellic), fenitrothion (Sumigran), deltamethrin (K-obiol), bifenthrin (ProStore), dichlorvos, permethrin, entre outros. Uma vez realizada a higienização da unidade armazenadora, esta poderá receber os grãos limpos e secos, de
preferência com 12 a 13 % de umidade, o que também auxilia na prevenção da infestação. Uso de pós inertes O uso de pós inertes para controlar pragas de grãos armazenados é uma técnica de longa história e revisada por vários autores (Ebeling, 1971; Loschiavo, 1988 a; b; Shawir et al., 1988; Aldryhim, 1990; 1993). Com o advento dos químicos sintéticos, esse método foi negligenciado, porém, os problemas que os inseticidas químicos estão hoje apresentando, como falhas de controle, resíduos em alimentos, resistência pelas pragas etc., estão proporcionando a retomada desse método muito eficaz no controle de pragas de grãos armazenados. Já existem formulações comerciais de alguns pós inertes. Nos Estados Unidos da América, o dióxido de sílica amorfa, à base de terra de diatomáceas, é geralmente reconhecido como seguro e registrado como aditivo alimentar (Banks & Fields, 1995). Os pós inertes, além de
No processo de tratamento de grãos armazenados, equipamentos especiais são imprescindíveis
dendo ser misturados com a massa de grãos nas doses de 10 kg/t ou mais. Essa quantidade é um ponto negativo de seu uso, na atualidade, e que inviabiliza a sua ação eficaz de controle de pragas. b) terra de diatomáceas proveniente de fósseis de algas diatomáceas, possui naturalmente uma fina camada feita de sílica amorfa hidratada. O maior componente desses fósseis é a sílica, existindo também outros minerais, como alumínio, ferro, magnésio, sódio etc. Esse pó misturado com os grãos controla a maioria das pragas de grãos armazenados de forma eficaz (Banks & Fields, 1995). Experimentos realizados na Embrapa Trigo com as principais pragas de trigo, de arroz, de milho e de cevada demonstraram
segura. Também confere longo período de proteção à massa de grãos, sem deixar resíduos em alimentos destinados ao consumo. Pode ser uma alternativa para controlar as raças de pragas resistentes aos inseticidas químicos sintéticos, e ser usado no manejo integrado de pragas de grãos armazenados. c) sílica aerogel produzida pela desidratação da solução aquosa de silicato de sódio. São pós não higroscópicos que são efetivos em doses mais baixas que a da terra de diatomáceas. d) não derivados da sílica, como a pulverização de rochas fosfatadas. Na Austrália o hidróxido de cálcio é usado para proteger grãos destinados à alimentação animal (Banks & Fields, 1995).
Inseticidas líquidos Se o período de armazenagem for superior a três meses, pode-se fazer o tratamento preventivo de grãos para proteção contra pragas. Esse tratamento consiste em aplicar inseticidas líquidos sobre os grãos, no momento de carregar o armazém, na correia transportadora, e homogeneizá-los, de forma que todo o grão receba inseticida. Esse inseticida protegerá o grão contra o ataque de pragas que tentarão se instalar na massa de grãos. A pulverização deve ser realizada com os grãos descansados, ou seja, não efetuar o tratamento com a massa de grãos quente, logo após esta ter saído do secador. Os grãos quentes apresentam uma série de inconvenientes para tratamento, que pode resultar em ineficácia. Assim, é aconselhável deixar os grãos esfriarem por alguns dias para, depois, fazer a pulverização com inseticidas e proceder à armazenagem adequada. Para esse tratamento, é necessário instalar adequadamente o equipamento de pulverização, que pode ser específico para armazéns ou adaptado a partir de pulverizador de lavoura. Devese instalar uma barra de pulverização, com 3 ou 5 bicos, sobre a correia transportadora, no túnel ou na passarela, distribuídos de maneira que todo o grão receba inseticida. Também devem ser colocados tombadores sobre a correia transportadora para que os grãos sejam misturados quando estiverem passando sob a barra de pulverização. Durante esse processo, devem ser verificadas a vazão dos bicos e a da correia transportadora. Se houver necessidade, deve-se fazer ajustes de acordo com as doses de inseticidas e de calda por tonelada de grãos. Recomenda-se a dose de 1,0 a 2,0 litros de calda/t, a ser pulverizada sobre os grãos, e o uso dos inseticidas de acordo com a espécie e a raça da praga. Não se deve realizar tratamento via líquida na correia transportadora, caso exista infestação de qualquer praga na
Alguns dos inimigos: Fotos Lorini
excelente performance da terra de diatomáceas (Lorini, 1994 b), o que salienta o potencial desse produto para ser empregado no Brasil como protetor de grãos. A dose eficaz do produto comercial Insecto (terra de diatomáceas) é de 1-2 kg/t de grãos. Por ser praticamente atóxico, pode ser facilmente manuseado por operadores de unidades armazenadoras de forma
Lorini
muito seguros no uso e de apresentarem baixa toxicidade aos mamíferos, não afetam a qualidade de grãos para panificação (Ebeling, 1971; Aldryhim, 1990). Existem quatro tipos básicos de pós inertes: a) argilas, areias e terra têm sido empregadas como uma camada protetora na parte superior dos grãos, po-
Triboluim castaneum
Rhyzopertha dominica
Sitophilus zeamais
massa de grãos, pois poderá resultar em falhas de controle e início de problema de resistência de pragas aos inseticidas. Não havendo raças resistentes, os inseticidas indicados são deltamethrin e bifenthrin, para controle de R. dominica, e pirimiphos-methyl e fenitrothion, para S. oryzae e S. zeamais. Para as demais pragas citadas neste trabalho, geralmente se obtém elevada eficácia usando-se um dos inseticidas indicados acima, salientando-se que são poucos os trabalhos existentes na literatura que tratam da eficácia de inseticidas sobre as outras espécies-pragas, uma vez que normalmente não são alvo direto de controle. Detalhes sobre os inseticidas citados, como doses, nomes comerciais, intervalo de segurança etc., podem ser obtidos nas recomendações oficiais das comissões de pesquisa de trigo (Reunião, 1999), de cevada (Reunião, 1997) e de milho (Rio Grande do Sul, 1998). Tratamento com fumigantes A fumigação ou expurgo é uma técnica empregada para eliminar qualquer infestação de pragas em grãos mediante uso de gás. Deve ser realizada sempre que houver infestação, seja em produto recém-colhido infestado na lavoura ou mesmo após um período de armazenamento em que houve infestação no armazém. Esse processo pode ser realizado nos mais diferentes locais, desde que sejam observadas a perfeita vedação do local a ser expurgado e as normas de segurança dos produtos em uso. Assim, pode ser realizado em silos de concreto, em armazéns graneleiros, em tulhas, em vagões de trem, em
porões de navios, em câmaras de expurgo etc., observando-se sempre o período de exposição e a hermeticidade do local. O gás introduzido no interior da massa de grãos deve ficar naquele ambiente em concentração letal para as pragas. Assim, qualquer saída ou entrada de ar deve ser vedada sempre com materiais apropriados, como lona de expurgo, não-porosa. Para grãos ensacados, é essencial a colocação de pesos ao redor das pilhas sobre as lonas de expurgo, para garantir a vedação. O inseticida indicado para expurgo de grãos, pela eficácia, facilidade de uso, segurança de aplicação e versatilidade, é fosfina. No entanto, é importante lembrar que já foram detectadas raças de pragas resistentes a esse fumigante. A temperatura e umidade relativa do ar no armazém a ser expurgado, para uso de fosfina, são de extrema importância, pois irão determinar a eficiência do expurgo. O tempo mínimo de exposição das pragas à fosfina deve ser de 120 horas, sendo que abaixo de 10 o C de temperatura e inferior a 25 % de umidade relativa do ar não é aconselhável usar fosfina, pois o expurgo será ineficaz. Deve-se associar a temperatura com a umidade relativa do ar para definir o período de exposição, prevalecendo sempre o fator mais limitante dos dois. Irineu Lorini, Embrapa Trigo Leia em julho: Quandos os insetos resistem aos inseticidas
BRANDALIZZE consulting Comercialização lenta coloca produtor em risco Neste ano a comercialização da safra vem se dando a contagotas, ou em ritmo lento. Os principais produtores estão com os produtos - arroz, milho ou soja - retidos e apostando em preços melhores mais à frente. Com isso, apontamos que o setor tem que ficar atento a esta situação, porque estaremos em poucos dias entrando no segundo semestre do ano, e entrar na entressafra com a maior parte do produto ainda por comercializar, será sinal de poucas chances de reação dos indicativos. No caso do arroz o governo vem com indicativos de apoio, mas o milho e a soja são produtos dependentes do mercado, e assim poderão ter dificuldades de reação. A comercialização em ritmo lento, normalmente interessa aos produtores quando a safra é pequena, fazendo os indicativos caírem um pouco, mas quando a indústria está abastecida como ocorre com o arroz e a soja neste ano - poderá sinalizar para sobras de produto no final do ano. Para melhorar este problema, o produtor terá que começar a utilizar o mercado futuro, ou negociar via bolsa para entregas longas, evitando não bancar sozinho o risco da armazenagem.
MILHO
Safrinha deve ser armazenada
Seca na safrinha provoca perdas e dá fôlego para ajustes, com indicativos mostrando crescimento nas últimas semanas. Vendo o mercado andar para cima, os produtores têm retido as ofertas e, em decorrência, estão conseguindo ganhos nas posições, obrigando os consumidores a correrem muito para conseguir milho. Neste mês teremos a entrada da safrinha. Assim, poderemos ver crescer a oferta de produto no
20
• Cultivar
Junho 2000
balcão das indústrias, podendo segurar os ajustes até haver pressão negativa. Para os produtores manterem as cotações favoráveis, a safrinha deverá ser colhida e armazenada para vender mais à frente, de preferência empurrando para setembro e outubro, e não em junho a agosto, período em que estará chegando a safrinha. O mercado aponta que o governo com 33,8 milhões de toneladas da Conab - está superestimado.
SOJA Muita soja para ser comercializada A soja continua sendo retida pelos produtores e comerciantes à espera de momentos melhores para ser fechada. O setor continua apostando em clima seco e quente entre julho e agosto nos EUA, e assim poderia ver o mercado reagir e atingir cotações maiores. Somente problemas nas lavouras americanas poderão dar forças para o mercado interno crescer. A safra fecha com números maiores que as expectativas, ou acima das 31,5 milhões de toneladas.
ARROZ
Setor aposta em reter as vendas
O mercado do arroz teve a finalização dos Leilões de Opções, onde o governo está levando mais de 400 mil toneladas. O governo anunciou, também no último mês, a compra de 400 mil toneladas via AGFs, para tentar enxugar o mercado. Os produtores e indústrias começaram um protesto, segurando as vendas e, ao mesmo tempo, bloqueando a movimentação do arroz no RS, tentando forçar os indicativos para cima e podendo conseguir mostrar avanços no fardo neste mês. Os números finais da safra podem ficar próximos a 12 milhões de toneladas. A produtividade deste ano poderá ser a melhor da história.
alternativas
Vírus contra insetos CURTAS E BOAS ... SOJA - O plantio foi o mais rápido visto até hoje, com os produtores buscando antecipar o processo e tentar aproveitar as chuvas de junho, normalmente em volumes maiores que as previstas para julho e agosto. ALGODÃO - Os produtores brasileiros estão temendo que os EUA colham uma grande safra e derrube as cotações internacionais e, desta forma, inviabilize o crescimento da produção prevista para o Centro-Oeste. Lembramos que o Brasil ainda importará cerca de 25 a 30% do consumo. ARGENTINA - A entrada de arroz no Brasil não parou com a proibição da justiça gaúcha, mas os produtores argentinos estão em situação bastante difícil e devem reduzir o novo plantio.
TRIGO - O otimismo está marcando o plantio da safra neste ano. Os produtores, vendo os preços internacionais crescerem, apostam em bons ganhos neste ano. ARROZ - Na exportação, o Brasil está restabelecendo as relações comerciais com o Iraque, para onde mandávamos grandes volumes de frangos, no passado. E agora uma missão brasileira tenta restabelecer as vendas. Desta vez poderemos ver o frango ir acompanhado de arroz. SOJA FUTURA - No último mês alguns produtores brasileiros aproveitaram a situação do mercado para fechar parte da safra 2000/2001, com indicativos maiores do que os praticados neste ano, com o US$ 10,50 para Balsas no MA e nos US$ 12,50 em Paranaguá. É bom estar de olho no mercado futuro.
Ocorrência natural de epizootia (infecção generalizada) de vírus pode dizimar uma população de pragas. Saiba como acontece
A
lém dos fungos e das bactérias de utilidade para o controle biológico, que poderão integrar os sistemas de MEP, há os vírus benéficos. Epizootias são até possíveis, mas são mais raras de se ver na natureza, como acontece com as bactérias. Embora as viroses em insetos se concentrem em lagartas de lepidópteros (borboletas e mariposas), também ocorrem em outras ordens: ortópteros (gafanhotos), neurópteros (bicho lixeiro predador), tricópteros, himenópteros (abelhas, formigas e vespas) e coleópteros (besouros). É planta ou animal? Eis a eterna questão! Vírus são partículas que vivem na natureza mas não são distinguídos entre os reinos animal ou vegetal, embora possam se reproduzir em condições ambientais que lhes sejam favoráveis. Podem causar processos infecciosos, tanto em
e-mail: brandalizze@uol.com.br FEIJÃO Pouco feijão para ser negociado Depois de um começo de ano desanimador, o mercado do feijão começou a mostrar novos ares, onde apresentou ajustes em maio, com posições ficando entre R$ 45,00 e R$
50,00 junto ao atacado paulista, com pressão dos vendedores que queriam indicativos maiores. O governo comprou grandes volumes de feijão nos meses anteriores, que podem vir para o mercado de agora em diante, e os produtores que tiverem produto campeão, podem ter cotações muito favoráveis daqui para a frente.
mais invertebrados, não infectando os vertebrados de sangue quente e, tampouco, plantas silvestres ou comerciais. Portanto, são extremamente específicos a pragas, não oferecendo perigo aos seres humanos quando ocorrem naturalmente ou são aplicados nas lavouras agrícolas. Conta-se que há mais de 700 viroses em insetos e ácaros, mas somente algumas espécies são viáveis para processamento e uso no controle biológico. Estão presentes em diferentes raças, principalmente na forma de poliedroses e granuloses, a baixos níveis, em muitas populações de insetos, mas sem se manifestar. No entanto, inesperadamente podem causar epizootias, devastando muitas populações de pragas, especialmente quando em altas densidades populacionais. Em primeiro lugar, os vírus entomopatógenos, para funcionar, têm que ser ingeridos pelos artrópodes (insetos + ácaros) ao se alimentarem de folhas, flores, botões florais, frutos e caules sobre os quais estão depositados naturalmente - ou por pulverização. Os vírus invadem o corpo dos artrópodes por meio das paredes do intestino. Eles se repicam em muitos tecidos e podem romper componentes da fisiologia de um inseto, interferindo na alimentação, postura de ovos e movimentos. Os sintomas são os mais variados, dependendo dos diferentes vírus existentes. Os vírus do tipo NPV (Baculovírus), infectando as larvas, podem provocar, inicialmente, um esbranquiçamento ou enegrecimento intenso. Algumas lagartas, que podem subir até o topo das copas das plantas, param de se alimentar, tornam-se flácidas e dependuram-se nas folhas e hastes mais altas. Daí os nomes populares de carterpillar wilt disease (lagarta murcha) ou tree
Gravena
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Mep
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Vírus podem ser armas na lavoura, diz Santin
plantas como em animais, incluindo-se aí o homem. Os vírus, cujos sintomas são vistos como mosaicos cloróticos em folhas de plantas, são os mais conhecidos no reino vegetal. Gripes e Aids, provocados por vírus, são os casos mais notórios no reino animal. Os de insetos e ácaros são exclusivamente destes grupos de ani-
Sintomas em lagarta infectada por vírus
top disease (doença de topo). Já as vítimas de Granulosis podem se tornar branco-leitosas e paralisam sua alimentação. Em ambos os casos as larvas já mortas se liquefazem, e o pelo se rompe facilmente, liberando partículas virais infecciosas. Efeitos cronológicos A morte de lagartas infectadas por vírus ocorre em períodos de 3 a 8 dias, mas os efeitos cronológicos, segundo o estágio do inseto, são: larvas de primeiro estádio morrem em 24 horas; larvas de terceiro estádio morrem em 4-7 dias; larvas de quarto estádio podem sobreviver e empupar (encrisalidar) podendo, até mesmo, emergir dessas pupas como adultos. Portanto, o tempo que leva para morrer é crítico e impede o agricultor afoito de ver os benefícios das viroses. É que, como é um vírus, deve se multiplicar, e isto demora um pouco. Estudos estão sendo feitos visando à redução do tempo de mortalidade dos insetos infectados incluindo-se aí o uso de engenharia genética , para melhorar a performance de inseticidas virais no controle biológico de pragas. Uma ocorrência natural de epizootia de vírus pode acabar completamente com uma população de pragas. A transmissão de vírus através de uma população pode levar dias ou até semanas. Mas, se as condições forem favoráveis, a população inteira pode, eventualmente, sofrer um colapso. Em alguns casos, a ocorrência natural de viroses e a ação conjunta de outros inimigos naturais manterão as populações de pragas em níveis de densidade aceitáveis. Um exemplo real encontrado foi o de lagarta mede-palmo do repolho, nos Estados
Pesticidas
Curiosidades dos vírus benéficos Até vespinhas, ao ovipositarem no corpo de uma lagarta doente, podem capturar o vírus e transmiti-lo para outra lagarta. A lagarta do bicho da seda pode ser infectada por 5 diferentes espécies de vírus que, neste caso, não são benéficos, pois afetam a produção da seda. Ceratitis capata, a mosca das frutas, também é atacada por um tipo de vírus. O vírus benéfico é composto internamente por um ácido nucléico, normalmente o DNA, Isso garante que é um ser vivo que se reproduz. O ácaro vermelho, Panonychus urticae, tem um vírus que o ataca, e foi encontrado na Califórnia, USA. As lagartas atacadas vomitam e sofrem diarréia intestinal. Depositadas sobre folhas, servem para disseminar a doença para outras lagartas na população. A mistura de 1/10 da dose de um inseticida à base de Baculovírus com 1/100 da dose de um piretróide, funciona eficientemente contra lagartas suscetíveis. Inseticidas, com exceção do Parathion metílico, têm efeito positivo em vírus benéficos. Em algumas lagartas verifica-se até mesmo uma potencialização dos efeitos.
AGENTES ENTOMOPATOGÊNICOS NO CONTROLE MICROBIANO (Copiado de Sergio Batista Alves) Granulina
Virion
Poliedrina
Envelope ou Membrana
0,5 a 15 µm
Nucleocapsídeo
Capsídeo
0,5µm
Unidos: enquanto o vírus destruiu 28% da po- entomopatogênicas tem sido muito limitado. pulação, parasitóides foram responsáveis por Pelo que se sabe, as raças do NPV (vírus de mais de 55% da morte do restante das lagartas poliedrose nuclear) só podem ser produzidas em escala industrial em insetos vivos. Isso tem numa plantação comercial. Nos Estados Unidos, a criação massal de um custo excessivo, quase que inviabilizando vírus tem sido aplicada, com sucesso, em áreas o processo. O desenvolvimento de um insetilimitadas, como inseticida microbiano contra cida viral é evitado pelas indústrias por serem pragas. Em ensaios de campo em Maryland, a as viroses muito específicas a uma só espécie liberação de granulosis comprovou ser mais efe- ou grupo genérico de pragas. Esse fato não gativa do que o Bacillus thuringiensis comercial, rante um mercado interessante. As viroses de poliedroses nucleares são recontra algumas lagartas. Em outros ensaios contra o curuquerê, feitos em couve, no Esta- gistradas, nos Estados Unidos, contra as lagardo de Nova Iorque, um vírus do tipo granulo- tas da maçã do algodoeiro, curuquerê da couve, lagarta mede-palmo da sis produziu resultados couve, mariposa cigana de equivalentes a inseticidas florestas, lagarta militar (spoquímicos sintéticos. Um A morte de lagartas dóptera), dentre outras poucaso interessante é o uso infectadas por cas pragas, mas nenhuma dos feromôneos - que servírus ocorre está em produção comercivem para atrair machos da durante três al. O Serviço de Florestas lagarta da espiga do milho a oito dias dos Estados Unidos e a - Helicoverpa zea, para USDA ARS produzem e uma armadilha contamiusam o NPV para a mariponada com o vírus NPV (Baculovírus) para auxiliar a disseminá-lo sa cigana, mas não o vendem comercialmennuma população da praga em plantação de te. O único produto NPV disponível comercialmente nos Estados Unidos, atualmente, é milho. usado primordialmente na Holanda, em flores cultivadas em estufas. Vírus benéficos na prática A hora de Os vírus entomopatogênicos, ou seja, os aplicar que só atacam insetos e ácaros, ocorrem com O mais interessante de tudo isso é que os mais facilidade em lagartas de lepidópteros. As doenças viróticas de lagartas podem causar a vírus benéficos podem ser preparados pelo prómorte indireta de algumas larvas de parasitói- prio agricultor, se ele for bem orientado. Lagardes benéficos se os seus hospedeiros morrerem tas doentes, coletadas numa safra e depois de antes de os parasitóides terem completado os armazenadas em freezer por vários anos, poseus ciclos biológicos no interior do inseto pa- dem ser trituradas em liquidificador, com água, rasitado. No entanto, as fases adultas dos pre- e em seguida coadas e, na seqüência, diluídas dadores e parasitóides benéficos não são afeta- no tanque de pulverização. A calda assim obtida pode ser aplicada em plantações na forma das pelas viroses entomopatogênicas. O sucesso na comercialização das viroses de inseticida microbiano. Um cuidado muito
pesquisa
DNA + Proteína
( a )
Nucleocapsídeo individualizado em 1 envelope (SEV)
( b ) Diversos nucleocapsídeos por envelope (MEV)
Corpos de inclusão de Baculovirus: a) cápsula de granulose; b) vírus da poliedrose nuclear (adaptado de Payne & Kelly, 1981).
Esquema de Produção Caseira do Baculovírus Lagartas doentes armazenadas na geladeira
ou
Lagartas doentes coletadas no campo
Lavar com Hipoclorito de sódio a 5% repassando em água limpa
Macerar em um recipiente de vidro com um pouco de água limpa
Coar em uma peneira de malha fina, para retirar os pedaços de lagartas
Transferir o filtrado para o tanque do pulverizador e aplicar com volume de água adequado
Coletar as lagartas doentes, utilizá-las ou armazená-las
Copiado de Sergio Bati sta Alves
importante: os vírus de insetos são adversamente afetados por radiações ultravioletas, sendo necessário aplicá-los ao entardecer. Finalmente, o mais bem-sucedido empreendimento, em todo o mundo, relacionado à virose de pragas, está no Brasil. Foi desenvolvido pela Embrapa-Soja de Londrina, Paraná, e atribuído ao pesquisador Flávio Moscardi e equipe. É o Baculovírus anticarseae, ou simplesmente Baculovírus. Entretanto, também não é comercializado, como o são os inseticidas em geral, mas o programa levado a efeito pela Embrapa abrange a aplicação do vírus em mais de 1 milhão de hectares de soja no Brasil, anualmente. Alerte-se, contudo, que muitas novas e extensas áreas de soja no Brasil Central, Norte e Nordeste, lavouras de sequeiro ou irrigadas, ainda não conhecem o baculovírus e só recebem inseticidas sintéticos de largo espectro de ação, não poupando os insetos benéficos. Os benefícios do uso de vírus benéficos são inegáveis, e se destacam no aprimoramento do MEP na soja e em outras culturas, com a redução substancial do uso de agroquímicos. Santin Gravena, Consultor
A
Para EPA, Malation é boa opção
no passado sete pessoas morreram em Nova Iorque devido a um vírus conhecido como Vírus do Oeste do Nilo , transmitido por mosquitos. Com poucas alternativas para evitar uma epidemia, as autoridades de saúde da cidade resolveram fazer aplicações com o inseticida Malation, o que matou os insetos. Esse fato levou à retomada da discussão sobre os efeitos do pesticida em seres humanos, principalmente no que se refere ao seu potencial carcinogênico. Cientistas da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) mostraram contrariando
o que se diz usualmente - que os possíveis riscos à saúde humana são muito pequenos e que não há conclusões suficientes para atestar o potencial carcinogênico do produto. Se o Malation for usado de acordo com as recomendações, há muito pouco risco , comentou um cientista da EPA à agência de notícias Reuters. Já George Lucier, diretor do Programa de Toxicologia Ambiental, disse que o Malation não está na lista dos produtos causadores de câncer. E acrescentou: ninguém gosta de usar mais pesticidas do que usualmente faz, mas no somatório, Malation é um
organofosforado relativamente seguro . Outro cientista, Patrick O Neill, do Laboratório de Genética da Universidade de Vermont, disse que Malation é provavelmente um dos produtos mais seguros, se comparado a outros disponíveis. É relativamente difícil a sua penetração no corpo humano e, uma vez que o produto tenha sido pulverizado em folhagens, seria preciso que alguém rolasse sobre elas para sofrer algum mal . Maiores informações sobre o assunto podem ser encontradas no site
www.epa.gov/pesticides/op/malathion.htm
Congresso
entomologia Informativo da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes
Com bom número de inscrições e trabalhos, começam os últimos preparativos para o próximo Congresso Internacional de Entomologia
A
Na reta final
té o dia 24 de maio, cerca de 3 mil trabalhos haviam chegado à PJ Eventos Feiras & Congressos, que aguarda 5 mil pôsteres sobre as relações dos insetos com agricultura, silvicultura, pecuária, medicina, saúde pública, áreas urbanas, além de sericicultura e agricultura. O número de inscritos era de 3.004, mas são esperados 5 mil participantes. Muita gente deixa para se inscrever na última hora, relembra José Roberto Kfuri, da PJ. Os preços das inscrições são os seguintes: até 30 de junho, estrangeiros pagarão US$ 450,00 e brasileiros R$ 450,00. Após o dia 30, o valor passa para US$ 550,00, mantendo-se a paridade. Estudantes estrangeiros pagarão US$ 300,00 e brasileiros R$ 300,00. Depois do dia 30, o preço será de US$ 350,00, também com a paridade de 1 por 1, que será mantida para os brasileiros até a data do evento. Já a taxa para acompanhante, até o dia 30 de junho, valerá US$ 150,00 e R$ 150,00 para estrangeiros e brasileiros, respectivamente . Após, aumenta para US$ 200,00 e R$ 200,00.
Para o Curso de Macrofotografia, que terá como ministrante o australiano Denis Crawford, os interessados desembolsarão US$ 40,00. O curso ensinará, entre outros detalhes, como fazer iluminação do ambiente dentro ou fora do estúdio, pois fotos de inse-
Serviço: Locais da XXI edição do Congresso Internacional de Entomologia: Centro de Convenções de Foz do Iguaçu e Hotéis Bourbon, Mabu Foz e Carimã. Data: de 20 a 26 de agosto deste ano. Inscrições: PJ Eventos, à rua José Risseto, 1023 - Sta. Felicidade, Curitiba-Paraná-Brasil, CEP (ZIP) 82 015-010, fone/fax 55 41 372 1177, e-mail: pjeventos@pjeventos.com.br.
tos têm muitas particularidades, observa Kfuri. Já os passeios incluem lugares tradicionais, como as Cataratas do Iguaçu, Itaipu, Parque Nacional, Parque dos Pássaros e Parque Nacional do Iguaçu. Nos intervalos dos eventos científicos ocorrerão momentos de descontração . Eles inclu-
em torneios esportivos em várias modalidades - tênis, futebol... - e até um Jantar para Apaixonados pela Pesca, que tentarão fisgar os maiores peixes nos rios Paraná e Iguaçu. Tem mais. À noite será servido jantar, onde quem contar a melhor mentira e mostrar a foto da pescaria não pagará os US$ 15,00 - preço da janta. É uma festa de um evento imperdível. Conferências plenárias O evento, que este ano terá como presidente Décio Luiz Gazzoni, é uma promoção da Sociedade Entomológica do Brasil e da Embrapa, com apoio do Conselho Nacional de Pesquisas, da Coordenação de Pessoal de Nível Superior e da Financiadora de Estudos e Projetos. Integram a programação 24 sessões simultâneas, com cerca de 200 simpósios sobre estudos dos insetos, além de mil palestras e 18 conferências plenárias. As conferências serão proferidas por cientistas de renome internacional. O inglês é a língua oficial e não haverá tradução simultânea.
Encartado na Revista Cultivar nº 17
Comércio:
As barreiras do futuro V
ocê acha que a discussão sobre regulamentos a respeito dos transgênicos estão afetando o mundo das sementes? E que medidas de segurança fitossanitária podem alterar as decisões sobre o que plantar nos próximos anos? Pois ainda não viu nada. As empresas estão consultando até bolas de cristal para prever o que poderá surgir das rápidas mudanças ocorridas no mundo, porém já sabem que o setor nunca mais será o mesmo. Hoje os transgênicos ocupam o centro da polêmica. E a defesa sanitária conta com a simpatia geral dos povos. Mas o que está realmente em jogo é a velha e decisiva questão dos mercados. Combate os transgênicos quem não os produz ainda; endossa irrestritamente todas as barreiras sanitárias quem teme perder espaço. Claro, as barreiras e o controle sanitário são importantes para evitar a disseminação de patógenos que podem causar sérios danos ambientais e econômicos. Mas se tem de avaAtualidades ABRASEM
liar corretamente as dimensões potenciais do problema. Nem sempre o alarde se justifica. A questão é: como e quem deve avaliar os riscos? Para derrubar fronteiras e avançar sobre novos mercados, de início, a palavra de ordem foi produtividade. Colher mais, por menor preço, parecia ser a fórmula mágica para ganhar mercados. Só que uns seguiram a fórmula com maior afinco. Então surgiu um novo argumento nem sempre verídico o de que a sanidade assume papel fundamental. Agora se deve produzir mais, com menor custo e com sanidade. Ainda é cedo para avaliar precisamente a dimensão que esse novo modelo terá no mercado internacional, principalmente no de sementes. Isso porque a cada dia fica mais difícil sustentar medidas de proteção baseadas em aspectos econômicos. Então aparece a nova fórmula, por tantos anos relegada fora do meio científico a segundo plano. Resta ver no que vai dar...
Circula nos próximos dias!
Junho 2000
Cultivar • I
Rapidinhas Melhoramento
Tão poucas variedades... O mercado consumidor só aceita variedades do grupo carioca, com severa padronização na tonalidade de cor
C
ostumamos dizer que o feijão é o principal prato do brasileiro, a base da nossa alimentação. Será? Afinal são 4 milhões de toneladas de consumo anual. Com certeza nenhum outro país come tanto feijão. Mas o consumo per capta vem caindo nas últimas décadas, devido às mudanças de hábito alimentar. A popularização do consumo de macarrão, frango, sanduíches e a grande disponibilidade de comidas prontas ou semi-acabadas, aliado à nova estrutura familiar, onde um grande número de mulheres trabalha fora de casa, são as prováveis causas desta diminuição de consumo. O que mais impressiona, no entanto, é o afunilamento dos tipos de feiII
• Cultivar
Junho 2000
jão à disposição dos consumidores. Ainda na década de 70, os tipos de feijão mais consumidos eram rosinha, opaco, chumbinho, pardo, bico-deouro, roxinho, além do preto. Centenas de diferentes variedades, numa grande diversificação de tamanhos e cores. Participamos, há cerca de 25 anos, do lançamento da variedade Carioca no Estado do Paraná. Foi bastante difícil a introdução da semente junto aos produtores, e uma guerra para ser aceito pelos cerealistas. Atualmente, 80% da produção e consumo dos feijões de cor são do grupo carioca. Apenas nas feiras livres e mercados de produtores, principalmente nas regiões mais do interior é
que podemos encontrar cerca de uma dúzia de outras variedades, quase sempre ofertadas a granel. Apesar das qualidades excepcionais da variedade Carioca, que deu origem ao grupo comercial carioca, fico a imaginar se os consumidores não mais aceitam feijões de outras cores. A beleza do melhoramento genético do feijoeiro é justamente a enorme diversificação de cores que se obtém quando efetuamos hibridações artificiais, cobrindo todas as nuances de cores possíveis, listras, pintas e sarapintas. São dezenas de genes que controlam as cores básicas ou secundárias, modificadores, intensificadores, halo, brilho, tamanho, etc. Falta critério Infelizmente, milhares de linhagens obtidas nos programas de melhoramento, anualmente, mesmo com excelentes qualidades agronômicas e culinárias, são atiradas ao lixo. O mercado consumidor só aceita variedades do grupo carioca, e pior, com extrema padronização na tonalidade de cor, tamanho e forma. É óbvio que a dona-de-casa não é a culpada ou responsável por isso. A razão principal é realmente a necessidade de padronização. Os cerealistas e empresas empacotadoras, responsáveis pela aquisição e distribuição de grande parte do feijão, não têm estrutura adequada para o recebimento, armazenagem e processamento de diferentes tipos comerciais ou variedades. A maioria deles procura adquirir duas ou três variedades apenas, e de preferência bastante semelhantes, que até permitam ser mistuAtualidades ABRASEM
Alberini comenta o mercado de feijão
radas. A maioria das marcas comerciais não identifica a variedade, apenas o grupo e o tipo. As gôndolas dos supermercados também não suportam uma grande variedade de tipos e marcas. Temos visitado as principais empresas empacotadoras/distribuidoras, cooperativas e cerealistas, alertando para o risco que estamos criando para a cultura com o afunilamento varietal e até mesmo de erosão genética. Algumas destas empresas, já sensibilizadas, têm visitado nosso programa de pesquisa, oferecendo apoio no lançamento de novas cultivares, e discutindo conjuntamente visando à busca de soluções. A estabilidade da produção e disponibilidade do produto de melhor qualidade é de interesse de toda a cadeia produtiva e alimentar do melhorista ao consumidor. EM TEMPO: todas as linhagens promissoras de nosso programa, antes de serem lançadas como variedade, passam por testes de culinária (absorção de água, tempo de cocção, cor e espessura de caldo, cheiro, etc.) e de envelhecimento e descoloração dos grãos, para tentar não ferir o gosto e as necessidades de cada mercado regional. Algumas empresas empacotadoras e distribuidoras têm sido de grande auxílio na realização destes testes de culinária. João Luiz Alberini, FT Sementes Atualidades ABRASEM
Classificação
Foi publicada no Diário Oficial a Lei 9.972, de 25.05.2000, que institui a Classificação de Produtos Vegetais, subprodutos e resíduos de valor econômico. Agora o processo de classificação poderá ser feito também por empresas particulares, pois até aqui o serviço era privativo dos laboratórios oficiais. Naturalmente os classificadores deverão ser credenciadas pelo Ministério da Agricultura e pelas secretariais de agricultura estaduais. Segundo Benedito do Espírito Santo, secretário de Política Agrícola do Ministério, deverá ainda ser publicado o decreto que regulamenta o serviço, em cerca de um mês. Aguarda-se a candidatura de cooperativas agrícolas, bolsas de mercadorias, universidades e institutos de pesquisa. É mais para a privatização do setor de sementes e sua liberação do protecionismo oficial.
Cultivares
O Serviço Nacional de Proteção de Cultivares liberou mais registros de proteção de cultivares de milho e arroz.
Trabalhista
A Câmara dos Deputados aprovou, na última semana de maio, a equiparação da prescrição trabalhista rural à urbana, acabando com a indústria das ações trabalhistas no meio rural. Na prática significa que eventuais direitos não pleiteados no período de dois anos, e incidindo sobre os últimos cinco, estarão prescritos. A Constituição de 88, que equiparou o trabalhador rural ao urbano para fins previdenciários, não estendeu a igualdade ao setor trabalhista, o que estimulou advogados pouco escrupulosos a criarem verdadeiras redes de agentes em busca de trabalhadores rurais para entrar na justiça. Os prejuízos no campo são incalculáveis e houve pequenos produtores que se tornaram empregados dos exfuncionários. Agora a sopa acabou.
Intrigas
A Federação da Agricultura do Paraná denunciou: os produtores e a indústria de sementes dos Estados Unidos criaram um lobby para desacreditar a qualidade da soja brasileira nos principais mercados importadores. A sua principal arma consiste em exagerar a quantidade de soja transgênica plantada ilegalmente no Brasil.
Cultivar
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Feijão
Benedito anuncia mudanças no setor
Qualidade
A melhoria das cultivares de arroz de terras altas plantadas no Centro Oeste, o que lhes abre os principais mercados consumidores do país, está sendo apontada como principal fator do êxito daqueles orizicultores. Enquanto isso os plantadores de arroz do Sul, pelo sistema irrigado, com boa qualidade porém altos custos, enfrentam sérios problemas na comercialização e tentam até judicialmente impedir a importação do produto uruguaio e argentino.
Algodão
Aberta a disputa pelas melhores sementes de algodão. A expansão da cotonicultura nacional, no Centro-Oeste, e a retomada do plantio no Nordeste deram o sinal para o início da corrida. Os produtores de sementes estão prevendo grandes negócios.
Proteção
Uma boa notícia para os produtores brasileiros: o comitê europeu que regula as relações internacionais sobre resíduos de pesticidas manteve na lista dos produtos permitidos o diazinon, dimetoato, carbendazim e diitiocarbamatos, com largo uso no Brasil. Uma eventual proibição, criaria problemas para a exportação brasileira. Se os produtores abandonassem os agroquímicos teriam problemas no tratamento fitossanitário de soja, café e frutíferas. Junho 2000
Cultivar • III
Defensivos Defensivos genéricos genéricos AENDA
Solução do campo deve começar na escola rural T
emos recebido aqui na AENDA, diversos artigos enviados por Polan Lacki, com assinatura FAO / ONU, organização mundial que ele representa na América Latina, especificamente na linha de incentivo ao desenvolvimento agropecuário, em especial das pequenas propriedades. São artigos longos, mas, cada parágrafo, cada linha, brinda-nos com conteúdo rico de ensinamentos, ditos com uma simplicidade espantosa. O último nos fala da necessidade de recuperar o papel da escola rural. Abaixo, fazemos uma síntese do mesmo, empregando o máximo possível de passagens do texto original. Quem se interessar pelo texto completo deve contatar o e-mail Polan.Lacki@fao.org. Vale a pena a reflexão, melhor ainda, a ação. Ser eficiente já não é uma vantagem mas sim um requisito. Na América Latina necessitamos desmistificar a imprescindibilidade das soluções paternalista-dependentes e substituí-las por soluções educativa-emancipadoras, as quais permitirão conciliar escassez de recursos com eficiência empresarial. Alguns exemplos hipotéticos ilustram a viabilidade e eficácia de um modelo mais endógeno e emancipador: (a) Em vez de semear uma monocultura que produz alimentos e renda, uma ou duas vezes ao ano, os agricultores poderiam fazer uma gradual diversificação agrícola-pecuária com o propósito de produzir alimentos, tanto para a família como para os animais, e gerando receita 365 dias do ano. O simples fato de diversificar a produção, automaticamente reduziria a crônica dependência do crédito e diminuiria riscos sanitários, climáticos e comerciais. (b) Em vez de adquirir e manter um touro e cinco vacas geneticamente medíocres e subnutridas, que juntas produzem apenas 20 litros de leite por dia e cada uma delas tem um bezerro a cada 22 meses, será preferível desfazer-se do reprodutor e de quatro fêmeas, porque em muitos casos estão consumindo mais do que produzem. Com o dinheiro obtido, melhorar a produção de forragens e adquirir uma única vaca geneticamente melhorada. Esta, bem alimentada, poderá produzir os mesmos 20 litros diários e parir um bezerro a cada 12 meses.(c) Em vez de semear um hectare de batata inglesa, com graves erros tecnológicos e insuficiência de insumos que rende apenas 10 toneladas, será preferível corrigir os referidos erros, eliminar trabalho desnecessário e concentrar os escassos insumos disponíveis, talvez em um terço de hectare e nesta menor superfície colher as mesmas 10 toneladas; ao substituir a quantidade pela qualidade, os agricultores poderiam diminuir os investimentos e ociosidades, cultivar melhor uma superfície menor e melhorar a relação custo / benefício. Na medida do possível e do conveniente, a propriedade rural deveria ser transformada em uma agroindústria familiar produtora de alguns insumos (variedades de sementes, mudas, adubos orgânicos, forragens, fábrica de lingüiça, etc.) e incorporadora de valor aos excedentes. Com isso haveria menos inter-
mediários, menos impostos, menos frete e menos pedágios. A maioria dos produtores rurais poderia desenvolver uma agricultura mais eficiente mesmo não tendo acesso ao crédito; e poderia competir sem necessidade de subsídios ou de medidas protecionistas. A solução está fundamentalmente em usar insumos intelectuais e não tanto de insumos materiais. Por quê os agricultores não adotam essas soluções? Por um simples motivo: não lhes foi ensinado a formular e executar de forma correta, soluções compatíveis com os recursos que realmente possuem, nem a utilizá-los na plenitude de suas potencialidades. Não lhes foi ensinado em seus lares porque seus pais não poderiam ter-lhes transmitido conhecimentos que eles mesmos nunca adquiriram e também não lhos ensinaram na escola. Para a maioria das famílias rurais a passagem pela escola básica rural (do primeiro ao oitavo ano) é a única oportunidade em suas vidas de adquirir as competências que lhes permitiriam eliminar as principais causas internas do subdesenvolvimento rural. Infelizmente, essas escolas não estão cumprindo com esta importantíssima função emancipadora de dependências e de vulnerabilidades; porque os seus conteúdos e métodos são disfuncionais e inadequados às necessidades produtivas e familiares do meio rural. Das referidas escolas continuam egressando gerações de futuros agricultores, agricultoras, pais e mães de família, com baixíssima auto-estima, sem os conhecimentos, sem as atitudes e sem os valores que necessitam para serem agricultores mais eficientes, melhores educadores dos seus filhos e solidários protagonistas das suas comunidades. A educação básica rural deveria ter um caráter mais instrumental no sentido de proporcionar às crianças conteúdos úteis que elas possam aplicar na correção de suas próprias ineficiências e na solução dos problemas que ocorrem nos seus lares e comunidades. Temos cada vez mais evidências de que a principal causa do subdesenvolvimento rural é o conjunto de ineficiências tecnológicas, gerenciais e organizacionais, que estão sendo cometidas em todas as etapas do negócio agrícola; e que a causa mais profunda dessas distorções é a falta de conhecimentos adequados. Não é preciso premiar as ineficiências com subsídios, mas eliminá-las com conhecimentos. As instituições de ensino rural deveriam passar por uma reengenharia nos conteúdos educativos e nos métodos pedagógicos, os quais oxalá privilegiem o ensinar a solucionar os problemas, solucionando-os . Deve-se atacar o problema central, que é o desencontro entre o que e como se ensina nas escolas e o que e como as famílias realmente necessitam aprender. Este divórcio é inaceitável e se for feita uma revolução educativa de realismo, de objetividade e de pragmatismo, será formada uma nova geração de mulheres e homens rurais que protagonizarão a revolução produtiva da eficiência e da emancipação.
Material produzido pela Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas. As opiniões manifestadas são de sua responsabilidade. E-mail: aenda@sti.com.br
Tecnologia em destaque Promover o debate sobre as novas tecnologias desenvolvidas para o setor agropecuário, divulgar equipamentos e produtos e oportunizar a atualização dos profissionais da área agrícola. Com esses objetivos foi realizado o Tecno Agri 2000 Seminário e Feira de Nova Tecnologias Aplicadas à Agropecuária. O evento promovido em parceria pela Embrapa Trigo, Universidade de Passo Fundo e revista Plantio Direto acontece de 13 a 15 de setembro, no Parque de Exposições Wolmar Salton (Parque da Efrica). O Tecno Agri 2000 é destinado a engenheiros-agrônomos, técnicos, médicos veterinários, produtores rurais, estudantes, pecuaristas, empresários e demais interessados e vai reunir especialistas de todo o país. O chefe-geral da Embrapa Trigo, Benami Bacaltchuk, disse que Passo Fundo deve assumir que é um centro de geração de novas tecnologias. Juntando forças e trabalhando em parceria, teremos condições de popularizar tecnologias e oferecer produtos com menor custo, mais competitivos e com maior segurança , acrescentou. O editor da Revista Plantio Direto, Gilberto Borges, contou que a iniciativa visa à redenção do setor primário. Precisamos revitalizar a agricultura da região e do País , comentou. O secretário municipal da Agricultura, Victor Hugo Carrão, elogiou a iniciativa e enfatizou a necessidade de estreitar relações entre entidades públicas e privadas. A sustentabilidade da agricultura passa por essa integração , frisou. Paralelo ao Seminário, que acontecerá em dois auditórios que serão montados no Pavilhão Verde do Parque da Efrica, haverá feira de máquinas e implementos agrícolas onde empresários poderão expor seus produtos diretamente para o público interessado. Mais informações, telefone (54) 3113444.
Algodão
plantio
Algodão & Palha
Alternativa rentável
N
de-cisto-da-soja. Ele localiza-se no solo e compromete a produtividade da cultura. A intensidade de ocorrência do patógeno, nas áreas cultivadas com soja, pode ser substancialmente reduzida usando-se rotação com o algodão e milho, por exemplo. Importância da rotação Através de um sistema de rotação de culturas é possível aumentar ou manter a matéria orgânica do solo, diminuir perdas por erosão, controlar
Cpao
o estado de Mato Grosso do Sul, a soja é a principal cultura do período de verão, com área aproximadamente vinte vezes maior que a de algodão, podendo, daí, ser considerada quase uma monocultura. Vários trabalhos têm revelado que a monocultura acarreta maior incidência de pragas e doenças e, também, a seleção de algumas plantas daninhas. E são justamente estes fatores que determinam quedas da fertilidade do solo e produtividade das culturas. Não obstante a inegável contribui-
Francisco recomenda o uso de plantio direto na cultura do algodão
ção para a economia da região, o sistema de soja em monocultivo apresenta uma série de limitações, especialmente quando são enfocados os aspectos de sua sustentabilidade técnica, econômica e ambiental. Apesar do peso econômico da soja na balança comercial brasileira, esta é uma cultura que trouxe alguns problemas para o Estado, como, por exemplo, o nematóide-
plantas daninhas, doenças e pragas, aproveitar melhor os nutrientes, bem como maximizar a economia em termos de adubação e maquinários. Dentre as espécies que podem integrar um sistema de rotação de culturas, no Sistema Plantio Direto (SPD), com a soja, o algodoeiro é uma alternativa, pois, além de proporcionar normalmente boa lucratividade ao produtor, pode ter
a sua produtividade aumentada quando cultivado após a soja. As principais vantagens do SPD para a cultura do algodão são: possibilidade da manutenção da rotação com milho e soja; otimização da utilização de máquinas; diminuição da erosão do solo; menor risco de replantio por motivo de chuva pesada ou por períodos de seca; aumento da atividade biológica do solo e menor custo das culturas subseqüentes. Atualmente, para a agricultura ser competitiva, são necessários: estabilidade da produção, altas produtividades e redução de custos, objetivos mais factíveis no SPD. Produção de grãos Com a finalidade de estudar o comportamento do algodoeiro e do milho após a soja, a Embrapa Agropecuária Oeste, situada em Dourados, Mato Grosso do Sul, desenvolve um trabalho com sistemas de produção de grãos, no plantio direto, desde 1996. Na safra agrícola 98/99, a produção de algodão em caroço chegou a 4.325 kg ha. O resultado pode ser considerado excelente, levando-se em conta a produtividade média do Estado, que foi de 2.300 kg ha; o rendimento médio de grãos do milho, na safra normal, foi de 6.155 Kg ha-1 e a do Estado, 4.100 kg ha. Considerando que a estimativa do custo de produção de algodão, na região, é de R$ 1.100,00 e que o preço médio da arroba do algodão em caroço foi de R$ 7,00, o agricultor obteria uma receita de R$ 2.018,00 por hectare. Obteve, portanto, um lucro de R$ 918,00 por hectare. Em comparação com a cultura do milho, que tem um custo de produção estimado em R$ 561,00 e tomando-se como referência o preço de R$ 6,50 por saco de 60 kg, para uma produtividade de 6.155 kg ha - obtida em uma área contígua com características semelhantes à cultivada com algodoeiro - a receita foi de R$ 666,79 e o lucro, de R$ 105,79 por hectare. Nestas condições, o algodoeiro proporcionou lucro de 768%, superior ao obtido com a cultura do milho. Francisco Marques Fernandes, Embrapa Agropecuária Oeste
Algodão
Cultivar
melhoramento
Diversidade será a chave para a manutenção do rendimento das lavouras
Cultivares diferentes, lucro maior N
os últimos 20 anos o cultivo do algodoeiro no Brasil tem sofrido grandes modificações tecnológicas, especialmente no manejo cultural. Podem ser citadas as profundas modernizações nas práticas culturais, dentre elas a implantação da colheita mecanizada - provavelmente a maior - e outras, como a introdução e adaptação do manejo integrado de pragas (MIP); a utilização cada vez maior de sementes deslintadas (nuas) e tratadas com fungicidas e inseticidas; a maior utilização de reguladores de crescimento; o uso do sistema de plantio direto e a modernização do sistema de transporte do algodão colhido para as usinas de descaroçamento. Acompanhando toda esta revolução tecnológica , destacam-se as novas cultivares, que também
sofreram mudanças, adaptando-se às novas tecnologias e problemas emergentes. A colheita mecanizada A colheita mecanizada, por exemplo, exigiu a transformação da arquitetura das plantas, de tipos cônicos e mais tardios, para tipos mais cilíndricos , com plantas mais compactas e de maturação mais uniforme. O aparecimento da praga bicudo foi outro agente indutor de transformações nas cultivares, as quais, para conviver com o temível inseto, tornaram-se mais precoces e de maturação mais rápida e uniforme. Novas doenças, e até mesmo aquelas conhecidas e que não eram prejudiciais no passado, manifestaram-se no presente, tra-
zendo grandes desafios à produção. Algumas são de âmbito local - as manchas de Alternária e de Stemphylium, e a Ramulária , por exemplo. Outras doenças tornaram-se problema em regiões mais amplas, como a Bacteriose e a Fusariose. Já a ramulose e os grandes surtos recentes do velho conhecido Mosaico das Nervuras de Ribeirão Bonito (doença azul) tiveram distribuição mais generalizada. Todas as doenças mencionadas pressionam os pesquisadores no sentido de desenvolverem cultivares resistentes ou tolerantes. A indústria têxtil, em constante processo de evolução, também exige novos padrões de qualidade das cultivares. Assim, os responsáveis pelo melhoramento desta cultura se deparam com muitos objetivos a alcançar em uma mesma cultivar. Agravando esta multiplicidade de necessidades, existem também limitações genéticas para se conseguir a melhoria de várias características ao mesmo tempo. São as chamadas correlações negativas entre caracteres , pro-
vocadas por ligações gênicas ou interações entre genes. Estas são algumas das razões pelas quais se explica a menor oferta de cultivares aos produtores, quando se faz comparações, por exemplo, entre a cultura do algodão e da soja. O começo do melhoramento Até há pouco tempo, somente instituições oficiais de pesquisa desenvolviam novas variedades de algodão. Atualmente, estimuladas pela lei de proteção de cultivares, empresas privadas também oferecem novas opções ao produtor. Mas, o melhoramento do algodoeiro no Brasil começou em meados de 1920 - e ao mesmo tempo - em duas instituições de pesquisa: o Instituto Agronômico de São Paulo (atual IAC) em Campinas, SP, e o Ipeaco, em Wenceslau Braz (e depois em Sete Lagoas, MG). Os materiais disponíveis inicialmente, tanto no IAC quanto no Ipeaco eram, na maioria, introduções de variedades americanas, como Texas Big Boll, Express, Stoneville, Express ou Webber. Mais tarde foi desenvolvido o conceito de variedade paulista de algodão , que considerou um modelo de cultivar adaptado às condições do Estado
de São Paulo, em atendimento aos vários setores da economia algodoeira. Muitas cultivares foram oferecidas. Dentre elas, destacamos: IAC-12 (1959); IAC-RM4 (1964); IAC-13-1 (1968); IAC17 (1975); IAC-20 (1983) e IAC-22 (1995). Em Minas Gerais, foram desenvolvidas as cultivares Ipeaco-SL (1, 2, etc.), adaptadas às condições locais. A última da série, Ipeaco-SL-7-1, originada de um cruzamento entre DPL 11 e Auburn 56, obteve recordes de produtividade no Triângulo Mineiro e foi relançada pela Epamig, em 1978, como Minas Dona Beja . A empresa desenvolveu cultivares com alta produtividade e qualidade de fibra, como: Minas Sertaneja, Epamig-3, Epamig 4 - Redenção, Epamig-5 - Precoce 1 e, recentemente, Alva e Liça. A Embrapa iniciou seu programa em 1975, no Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (CNPA) em Campina Grande, PB. Entre alguns de seus lançamentos estão as cultivares BR 1, CNPA 2H, CNPA 6H, CNPA 7H, CNPA Precoce 1, BRS 187 8H e BRS 186 Precoce 3. Para o CentroOeste foram desenvolvidas, dentre outras, a CNPA Ita 90, Embrapa 114 CNPA ITA 96 e Antares. O Iapar é outra instituição que tem desenvolvido novas opções, des-
tacando-se Iapar 4 Paraná-1, Iapar 45 Paraná-2 e Iapar 71 Paraná-3. A Coodetec do Paraná desenvolve programa de melhoramento de algodoeiro em Cascavel, PR, em convênio com o CIRAD da França. Destacam-se as cultivares Coodetec 401 e as 402, 403 e 404. A Delta & Pine Land, através do consórcio MDM, é responsável pela distribuição das cultivares Deltapine Acala 90 e DeltaOpal. Cultivar perfeita Por toda a complexidade de fatores ambientais, pragas, doenças e de exigências várias, conforme exposto, pode ser afirmado que não existe, e provavelmente nunca existirá, a cultivar perfeita de algodão. Os ambientes de cultivo são inúmeros e estão em constante mudança, devido às interações que ocorrem entre clima, solo, incidência de doenças e pragas, etc. Na Tabela 1 são apresentadas as principais cultivares de algodão em plantio nas várias regiões produtoras do Brasil em 1998 e 1999, e na Tabela 2, as Instituições e Empresas que praticam o melhoramento do algodoeiro no País, com seus principais produtos. Na Tabela 3 foram compiladas informa-
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
ções, a partir de dados apresentados pelos responsáveis e por publicações de pesquisa, quanto à resistência ou suscetibilidade às principais doenças de algumas cultivares. Nela, nota-se que algumas cultivares, enquanto resistentes à determinada doença, não o são à(s) outra(s). Existem outras variações entre as cultivares. Alguns exemplos: umas são mais precoces do que outras; algumas podem ser mais exigentes em nutrientes do solo do que outras; componentes da qualidade de fibra variam de cultivar para cultivar, ou ainda, podem ocorrer interações diferentes com o ambiente, etc. O foco central desta discussão é levar o produtor à compreensão da necessidade de diversificar sua lavoura em termos de cultivares. Ele diminuirá riscos se plantar mais de uma cultivar, além de ter uma indicação sobre a adaptação das cultivares à sua propriedade. Se, por exemplo, em uma área de 300 ha for cultivada apenas uma variedade, e por infelicidade abater-se sobre a lavoura uma doença para a qual ela não é tolerante, ou ainda chuvas incessantes coincidirem com o algodão já aberto , os prejuízos podem ser enormes. Imaginemos agora que o produtor tenha optado por três cultivares, plantando 100 ha de cada uma. Se os ciclos forem ligeiramente diferentes, o prejuízo devido às chuvas poderá ser menor, pois parte da lavoura ainda não estaria no ponto de colheita quando as chuvas ocorrerem. Se uma ou duas das três cultivares forem tolerantes à doença em questão, os prejuízos serão menores, também. É claro que se o agricutor do exemplo fosse um produtor de sementes, as três cultivares precisariam ser isoladas propriamente, pois taxas de fecundação cruzadas podem causar misturas genéticas, com conseqüente perda das lavouras para fins de produção de sementes. Podese argumentar que em um determinado ano, o produtor obteve recorde de produtividade com a cultivar X e, em decorrência disso, pretenda cultivá-la ano após ano. Mas nenhum ano é igual ao outro e ninguém é melhor do que o produtor de algodão para confirmar isso. Assim, o plantio de várias cultivares, tanto no mesmo espaço (área), quanto em anos diferentes (tempo), em média, poderá trazer maior sucesso ao cotonicultor. Outro ponto a ponderar é que, se cultivarem múltiplas variedades, os produtores estarão estimulando a livre concorrência entre as instituições, empresas, cooperativas, etc., levando-as a desenvolver cultivares cada vez melhores e mais adaptadas às nossas condições. A diversidade genética foi e sempre será a chave para a sobrevivência da vida na Terra e, seguramente, será a chave para o sucesso - a longo prazo -, para a cotonicultura brasileira. Julio C. Viglioni Penna Universidade Federal de Uberlândia
utilidades Embrapa Algodão
O que fazer com a semente? Conheça e aproveite as múltiplas utilidades da semente do algodoeiro
Corte transversal em semente de algodão. As glândulas internas (pretas) contêm o gossipol
O
algodoeiro (Gossypium sp.) representado pelas quatro espécies cultivadas atualmente, especialmente a G. hirsutum L. r. latifolium Hutch. que corresponde a mais de 90% do total produzido de fibra, óleo e outros produtos, é considerado o boi vegetal , pois quase tudo que produz é aproveitado pelo homem. Somente a fibra, seu produto principal, e que veste atualmente quase metade da humanidade, tem inúmeras aplicações industriais, sendo a matéria-prima para fabricação de vários tipos de tecidos, linhas, cadarços, talagarças, cordas etc. Após o processo de beneficiamento do algodão que separa a fibra (pluma) da semente, vários subprodutos podem ser obtidos da semente vulgarmente denominada de caroço do algodão . Processo de beneficiamento No processo de beneficiamento, comumente chamado de descaroçamento do algodão , além da pluma e das sementes, ocorre uma certa quantidade de outros materiais denominados, no conjunto, de impurezas (areia, terra, restos de folhas, frutos pequenos, sementes de plantas daninhas etc), que recebem a denominação trivial de quebra . Ela chega, em média, a 5%. No mundo, atualmente, são produzidas - em mais de 65 países - numa área total de 33,31 milhões de hectares, cerca de 18,55 milhões de toneladas de algodão em pluma e cerca de 31,58 milhões de toneladas de sementes, considerando 37% de fibra e 63% de caroço. Com a quebra de 5%, ficam 30 milhões de tone-
amente por animal e o tipo do animal (sexo, ladas de caroço de algodão. Do total produzido anualmente de semen- utilidade, idade, raça etc). O caroço de algodão inteiro tem 92% de te do algodão, cerca de 666.200 toneladas são usadas no novo plantio, gastando-se uma base matéria seca, sendo 24% de fibra bruta; 20% de 20 kg de sementes/ha e considerando-se de extrato etéreo; 0,21% de cálcio; 0,64% de que a área plantada desde 1950 varia pouco, fósforo e 23% de proteína bruta, e o línter é ficando em torno de 33 milhões de hectares. uma fonte de fibra facilmente digestível pelos Numa amplitude de 29 a 36 milhões de hec- ruminantes. Ele tem mais de 90% de sua comtares, cerca de 49,7 milhões de toneladas fi- posição em celulose (polímero de glicose). O caroço de algodão é um alimento rico cam para o processamento industrial, visando à obtenção de diversos subprodutos im- em energia, tendo em média 96% de nutrientes digestíveis totais portantes para a humani(NDT). Quando se utiliza dade, entre os quais o óleo, forragem de baixa qualidao línter (fibras curtas, de de, pode-se ministrar o cacomprimento de 3 a 12 Em geral, pode-se roço de algodão na base de mm) e proteínas de elevaobter cerca de 50Kg 1,5 kg por animal/dia, condo valor biológico. de línter por siderando bovinos adultos. A semente de algodão tonelada de O caroço de algodão in naapresenta, em média, a sesemente tura não deve ser utilizado guinte composição: 12,5% como alimento para animais de línter, 15,2% de óleo monogástricos, principalbruto, 46,7% de torta (resíduo da extração do óleo), 20,7% de casca e mente aves e suínos, pois é tóxico, devido à 4,9% de resíduos, produzidos no processo in- presença do gossipol (complexo de substâncias - pelo menos 15% são de natureza fenólidustrial. ca, alcalóide) que ocorre nas sementes e em outras partes da planta do algodão, nas glânComposição dulas internas. Isso representa até 2% do peso química A composição química da semente apre- da semente em cultivares normais , com senta de 6 a 12% de umidade, 3 a 4% de cin- glândulas internas, nas espécies cultivadas Na zas (resíduo mineral), 16 a 26% de proteínas, semente, o gossipol fica localizado interna24 a 31% de carboidratos, 14 a 25% de óleo e mente na amêndoa, nas partes escuras. de 14 a 21% de material fibroso. A semente Extração na íntegra, ao natural, pode ser utilizada diredo óleo tamente na alimentação de bovinos, desde No processo de extração do óleo da seque se tome algumas precauções como a quantidade máxima a ser administrada diari- mente do algodão, no descascador, a casca é
separada da amêndoa que contém o embrião natural é tratado via processo de digestão, e até 40% de óleo. A casca tem em média onde as substâncias retromencionadas são so8,7% de água, 2,6% de cinza, 3,5% de prote- lubilizadas. ína bruta, mais de 45% de carboidratos e No processo, cerca de 21% do produto somente - em torno de 1% de lipídeos. A cas- original são removidos, pois contêm resíduos ca tem de 3 a 8% de línter e fibras com tama- de casca de sementes e outras impurezas. Mas nho inferior a 3 mm. É altamente digestível e isso depende do tipo de línter utilizado. A conpode ser usada pura ou misturada com outros centração de álcalis, a temperatura de digesprodutos na composição de rações, não ne- tão e o tempo deste processo determinam o cesssitando de moagem, tendo de 44 a 48% grau de purificação atingido, além do volume de fibra bruta. A casca pode ainda ser usada tirado da viscosidade da celulose. A digestão como adubo e combustível. No processo de comercial do línter é geralmente realizada com industrialização do caroço de algodão obtém- solução contendo 2,5 a 3,5% de hidróxido de se o línter, o óleo e a torta. sódio. A temperatura varia de 1350 a 1710C O línter, que é constituído por fibras cur- (2750 a 3400F) com o meio com pressão de tas (3 a 12 mm), como foi dito anteriormen- 30 a 100 Psi (libra/pol2). A digestão pode ser te, não é retirado no processo de beneficia- feita vertical ou horizontalmente, utilizandomento do algodão, onde as fibras são separa- se o tipo rotário. Às vezes, é necessário adicidas das sementes. É constituído praticamen- onar à digestão, um pouco de sabão ou deterte de celulose, tendo ainda, em pequenas gente, para remover materiais estranhos, enquantidades, pectinas, constituintes minerais, tre eles determinados tipos de ceras. lipídeos (óleo e ceras) e resinas. Entre as váriEm geral, em média, pode-se obter cerca as aplicações do línter, destacam-se o algo- de 50 kg de línter por tonelada de sementes. dão hidrófilo, tecidos cirúrgicos, pólvora seca Para o plantio, a semente é deslintada. O obe misturas com lã para a fabricação de teci- jetivo é facilitar esta operação, aumentar o dos. valor cultural da semente do algodão e proO línter, segundo o número de cortes pro- tegê-la de alguns patógenos causadores de docessados no deslintamento enças. O trabalho é feito via da semente, é chamado línmecânica (fica ainda 1 a 2% ter de primeiro corte, de sede línter) ou química - via O caroço in natura gundo corte e de terceiro ácido sulfúrico ou clorídico não deve ser usado corte. O de primeiro cor-, onde todo línter é digerina alimentação de te, que apresenta fibras do. A semente fica lisa e animais mais longas, é usado para preta. Antes de ser procesmonogástricos a fabricação de algodão hisado nos silos, o caroço do drófilo (absorvente) e tealgodão é aerado, mantencidos cirúrgicos. O línter de do-se a umidade em torno segundo corte é usado para de 12%. Em seguida é lima fabricação de celulose, bem como o línter po, via peneiras (Bawer), para eliminar as imde terceiro corte. O uso do línter permite a purezas. Já deslintado, vai para o descascaprodução da celulose química de elevado con- mento para separar a casca da amêndoa. Após teúdo de ß-celulose, de alta viscosidade. o descaroçamento, a amêndoa vai para moagem, cozimento e, finalmente, para a extraClassificação ção do óleo, que pode ser mecânico ou quído línter mico, via uso de solventes. A exemplo do que é feito com a fibra do algodão, no Brasil, o línter é classificado conComposição forme a Portaria M.A. N. 55, de 09 de fevedo óleo reiro de 1990. A classificação envolve: a) línO óleo do algodão é um dos cinco mais ter de 10 corte, b) línter de 20 corte, c) línter importantes do mundo, tanto em volume de de 30 corte. O artigo 33 define os tipos de produção como em qualidade, representanlínter de 1 a 4, sendo o 1 - o superior - de do 17,3% do total do óleo produzido atualperfeito estado, seco e de coloração clara e o mente no mundo. Apresenta a seguinte com4, de bom estado, seco e de coloração mais posição de ácidos graxos: 47,8% de linoléico escura. O línter que estiver fermentado, de- (18:2), 22,9% de oléico (C18:1), 23,4% de palvido ao elevado teor de umidade, será des- mítico (C16:0), 2% de palmitoléico (C16:1), classificado. A matéria-prima para fabricação 1,4% de mirístico (C14:0) e 1,1% de esteárico do algodão hidrófilo (de farmácia) é o línter (C18:0), tendo, ainda, baixa concentração de sem os demais constituintes (lipídeos, ceras, ácidos graxos ciclopropenos, como o estercúalcanos, proteínas, substâncias pecticas etc), bido (C18) e o malválico (C17). ficando somente a celulose (polímero de gluAlém disso, a amêndoa possui vitaminas cose). Para obtenção de tal produto, o línter A, D e E. A torta pode ser gorda (com maior
Cultivar
Algodão
Napoleão fala sobre a utilidade do algodão
teor de óleo, cerca de 5%), ou normal, e é usada para alimentação animal ou como fonte para obtenção de farinha e massa protéica, com diversas aplicações industriais. É denominada, também, de farelo de algodão . A torta tem em média 90% de matéria seca, com 46% de proteína bruta e de 2 a 3% de lipídeos (extrato etéreo) e 7% de cinzas (0,21% de cálcio, 0,65% de magnésio, 1,14% de fósforo, 1,68% de potássio, 0,007% de sódio, 0,43% de enxofre, 10,9 ppm de cobre, 106 ppm de ferro, 19 ppm de manganês, 2,4 ppm de molibdênio e 62,8 ppm de zinco). As vacas toleram até 9000 ppm de gossipol (0,9%) e os bezerros até 200 ppm, até quatro meses. Na torta, tem-se em média 11000 ppm de gossipol total, 6.600 a 8000 ppm no caroço e 10.700 ppm na casca. Novilhos que recebam 600 g de torta/dia têm expressivo aumento de peso. Há cultivares de algodão sem gossipol. (Assim, a farinha pode ser usada na alimentação humana). É muito útil em outros animais monogástricos, por ser rica em proteína de elevado valor biológico, como ácido glutâmico (10, 53 g/100g de farinha), arginina (5,43 g/100 g), leucina (3,12 g/100g), fenil-alanina (2,82 g/100 g), ácido aspártico (4,93 g/100 g), alanina (2,12 g/100 g), prolina (1,96 g/100 g) e serina (2,40 g/100g). A partir da farinha pode-se fabricar plásticos biodegradáveis e, das cultivares com elevado teor de gossipol, como a H102, é possível fabricar pílulas anticoncepcionais masculinas, pois o gossipol é um potente inibidor temporário de espermatogênese. Napoleão E. de Macêdo Beltrão, Embrapa Algodão
patógenos
Com o manejo adequado, pode-se evitar os prejuízos causados pelo ataque de patógenos
A
Mancha da gluma
Doenças sob controle
ntes de enfocarmos o controle introdução). O tratamento de sementes dos patógenos necrotróficos, é é, portanto, medida de extrema imporimportante salientar que esse tipo de fun- tância para diminuir a incidência de fungo possui a habilidade de nutrir-se de te- gos necrotróficos na lavoura de trigo. Preferencialmente, deve-se tratar os cidos mortos (habilidade saprofítica). Podem penetrar no tecido verde da planta, lotes de semente que apresentem baixo no entanto, secretam toxinas que matam índice de infecção. Nesses, o controle é pequenas áreas das folhas (manchas), que mais efetivo, podendo chegar à erradicapodem coalescer, tomando conta de toda ção ou próximo a ela. Sementes com elea folha. Esses fungos, desenvolvem-se vada infecção de Bipolaris sorokiniana, mesmo após a morte do hospedeiro. como ocorre em alguns lotes (98 % a 100 O aumento da intensidade desses fun- %) por exemplo, devem ser descartadas, pois os fungicidas atugos em uma lavoura está almente recomendados diretamente condiciona(Tabela), não eliminam do ao uso de sementes A maioria o fungo com índice de infectadas à monocultudos fungos infecção superior a 30 ra e ao plantio direto. necrotróficos % (Reunião... 1999). A maioria dos fungos sobrevive A determinação do necrotróficos sobrevive na semente momento de controle na semente, muitas vedas manchas foliares zes na forma de micélio na parte aérea deve ser dormente e, outras vezes, infestando-as. A semente é impor- feita por um dos seguintes critérios: a) a tante fonte de inóculo em áreas onde não partir do estádio de elongação, quando a se cultivava trigo ou em áreas onde se incidência (% de folhas com no mínimo pratica a rotação de culturas (evitar a re- uma lesão de 2 mm de comprimento) for
Mancha bronzeada
Trigo
de 70 % a 80 %. b) pelo uso do LDE (limiar de dano econômico), cuja função de dano é R = 100 0,635 I. Os fungicidas deverão ser reaplicados sempre que esse nível de infecção for novamente alcançado. Exemplo: Para a ferrugem da folha em cultivares suscetíveis, toma-se a função de dano (R = 100 0,608 I). O dano causado é de 0,608 kg para cada 100 kg de rendimento de grãos. Sabendo-se o rendimento médio ou o potencial de rendimento esperado, como por exemplo 2.700 kg/ha, através de uma regra de três, onde 100 está para 0,608 e 2.700 está para X, obtêm-se X = 16,416 kg/ha ou CD = 0,016416 ton. Substituindo-se os valores na fórmula têm-se: ID = 30.0/ (105 x 0,8 x 0,016416) = 21,76 I ð LDE = 21,76 % Quando a incidência da ferrugem for 21,76 %, tem-se uma perda de US$ 30.0 que é o custo do produto + o custo da aplicação. O controle deve ser realizado antes de atingir o LDE (5 % a menos, ou seja LDE entre 17 % e 22 %). O mesmo
procedimento deverá ser adotado para as outras doenças.
CNPT
ram perdas de até 44,09 % na produtividade de trigo, Controle da cultivar CEP 11. giberela do trigo Nesses experimenA giberela do trigo (Gibberella zeae)é tos, o melhor conuma doença que ataca a planta de trigo trole (82 %) foi obespecialmente naquelas regiões onde, por tido com a mistura ocasião da floração, (antese), as condições propiconazole 125 climáticas são de temperatura alta (20 ºC g i.a./ha + procloa 25 ºC), e precipitação pluvial de, no raz 450 g i.a./ha. mínimo, 48 horas consecutivas. Maiores Atualmente, os informações a respeito das condições pre- fungicidas recovalecentes para a doença podem ser ob- mendados pela José Maurício adverte contra manejo incorreto tidas no trabalho de Reis (1988). As per- pesquisa para o das relatadas com a doença variam em controle dessa dofunção da suscetibilidade da cultivar e ença, são apresendas condições climáticas ocorrentes no tados na Tabela e ano, principalmente na fase crítica (flo- maiores informações sobre os fungicidas Quando esse fato não ocorre, e o ano for ração). Reis, (1991), durante seis anos na testados e suas eficiências no controle extremamente favorável à ocorrência de Embrapa Trigo, deterde Gibberella zeae em tri- doenças (primaveras quentes e chuvominou uma perda de go, podem ser obtidas nos sas), são necessárias duas ou, às vezes, rendimento de grãos trabalhos de Neto & Gior- três aplicações de fungicidas, onerando A rotação de de 14,0 %. Picinini & dani, (1987), Reis, (1990), grandemente o custo de produção. culturas elimina Fernandes (1994 e Picinini & Fernandes, grande parte dos causadores de 1997), em ensaios na (1991, 1992, 1994, 1995 e Técnicas de doenças mesma instituição 1997). aplicação de fungicidas com as cultivares BR De uma maneira geral O sucesso de um programa de trata43 e BR 37, determitem se observado nas con- mento fitossanitário depende de uma sénaram perdas de rendimento de grãos de dições brasileiras que, os agricultores que rie de fatores, muitos deles inerentes à 54 % e 35 %, respectivamente. O melhor praticam um sistema de rotação de cul- aplicação de fungicidas em si, como por controle (90 %) da doença, nesses dois turas eficiente, e, que por isso consigam exemplo: a escolha da cultivar, a adubaexperimentos, foi obtido pelo fungicida eliminar a maior parte dos fungos necro- ção equilibrada, a densidade de semeatebuconazole, na dose de 125 g i.a./ha, tróficos que sobrevivem na palha das dura e a cobertura de nitrogênio. O conaplicado na floração plena. Neto & Gior- culturas de trigo, de cevada ou de tritica- trole fitossanitário é ferramente importandani, (1987), em experimentos realizados le realizam apenas uma aplicação de fun- te para a minimização das perdas pelas na Fundacep, em Cruz Alta, RS, relata- gicidas durante o ciclo das culturas. doenças. Para obter-se sucesso no uso do controle químico, deve-se usar produtos com eficiência comprovada, e aplicá-los quando as condições meteorológicas e biológicas forem favoráveis. Quatro são os pontos a considerar para o sucesso de uma aplicação de fungicidas: timing, cobertura, dose correta, segurança. Timing: É o momento ideal para a aplicação do fungicida. As recomendações oficiais normalmente preconizam o controle quando: Perdas = custo do produto + custo da aplicação Cobertura: O melhor efeito biológico é obtido quando o equipamento é bem ajustado, proporcionando cobertura mínima e uniforme do alvo. Nas tabelas 3 e 4 é mostrada a classificação das gotas de acordo com o seu diâmetro e a densidade das gotas (número de gotas/cm2) ide-
Variedades CNPT
trigo
obtidas nas publicações de Veloso et al., (1984) e de Oseki & Kuns (sd).
ais para uma boa pulverização com fungicidas. Dose: A eficácia de um produto é diretamente proporcional à sua dose. Lembrar sempre que: Sub dose: < custo < persistência < controle Dose excessiva: > custo > fitotoxicidade Segurança: Durante a aplicação, todos os cuidados devem ser tomados para que não haja contaminação do operador (use sempre EPIs), dos mananciais, da flora e da fauna. Maiores informações sobre a técnica de aplicação de fungicidas podem ser
Monitoramento das doenças O sistema de auxílio à tomada de decisão no controle de doenças de trigo vem sendo desenvolvido pela Embrapa Trigo com objetivo de orientar os técnicos e os agricultores sobre o potencial de dano que as doenças podem causar no rendimento da cultura. O sistema usa dados referentes às características de solo e de clima para estimar a produção de trigo na presença e na ausência de doenças. A época de plantio, a cultivar usada e o momento do aparecimento dos primeiros sintomas da doença são fatores importantes levados em consideração pelo sistema. Para usar o programa é preciso entrar com algumas informações sobre a lavoura de trigo como por exemplo: a cultivar utilizada, a estação climática de referência, o tipo de solo, a data de plantio e a data de aparecimento dos primeiros sintomas das doenças. No momento, a população de plantas na lavoura e a quantidade de nitrogênio são consideradas fi-
Oídio
Giberela
Picinini recomenda atenção com os patógenos
xas pelo programa. O sistema consiste basicamente no emprego de um modelo de simulação que prediz o crescimento diário da cultura de trigo, inclusive os estádios fenológicos. Um modelo de epidemias de doenças foi acoplado ao simulador de crescimento de trigo, de modo a estimar o impacto que as doenças causam na planta de trigo ao eliminar área foliar fotossinteticamente ativa. Para fazer as estimativas dos efeitos da(s) doença(s) no rendimento de trigo, o programa realiza grande quantidade de cálculos matemáticos usando a informação fornecida pelo usuário. Estudos de casos que piorem ou melhorem o cenário podem ser realizados usando-se a série de clima histórico presente para cada uma das estações climáticas de referência, ou seja, a que fique mais perto do usuário. O programa também pode ser alimentado com os dados climáticos atualizados até a data da simulação e com dados climáticos obtidos através de previsões meteorológicas para o período que resta até completar o ciclo da cultura de trigo. Os resultados obtidos através da simulação podem ser visualizados por meio de gráficos ou em formato de planilha. Maiores informações sobre o SSTD podem ser obtidas pela consulta à Revista Cultivar nº 15/2000 ou pelo acesso à internet, no site da Embrapa Trigo: http://www.cnpt.embrapa.br/ pragas e doenças/software para simulação A perda relativa estimada pelo sistema quando compara o rendimento de trigo na ausência e na presença de doença(s) traduz o potencial de dano econômico esperado. A decisão do uso de fungicidas para reduzir o impacto das doenças sobre a produção vai depender principalmente do preço de trigo e da produção esperada na lavoura que está sendo acompanhada. Este programa foi desenvolvido em ação conjunta da Universidade de Guelph (Canadá), Universidade da Flórida (EUA), SAS Brasil e Embrapa Trigo de Passo Fundo, RS. Edson Clodoveu Picinini e José Maurício Cunha Fernandes, Embrapa Trigo
CNPT
Nascem novas cultivares O bom desempenho da lavoura depende da escolha correta das variedades plantadas
O
Centro Nacional de Pesquisa de Trigo, Embrapa Trigo, localizado em Passo Fundo (RS) desde sua criação, em 1974, tem desenvolvido atividades de criação de cultivares de trigo para o Rio Grande do Sul e para os outros estados brasileiros onde esse cereal é cultivado, através do trabalho de vários pesquisadores. Das 27 cultivares de trigo em recomendação pela Comissão Sul-brasileira de Pesquisa de Trigo (CSBPT) no Rio Grande do Sul em 2000, 13 são cultivares desenvolvidas pela Embrapa Trigo, abrangendo as cultivares Trigo BR 15, Trigo BR 23, Trigo BR 18-Terena, Trigo BR 35, Embrapa 16, Embrapa 40, Embrapa 52 e BRS 49, em recomendação no RS por 5 a 16 anos, conforme a cultivar. Ao grupo anterior vêm se juntar as novas opções das cultivares BRS 119, BRS 120, BRS 177, BRS 179 e BRS 194, recomendadas nos últimos 4 anos. Em 1999, as cultivares mais semeadas nas lavouras de trigo no RS foram, em ordem decrescente, CEP 27-Missões, Trigo BR 23, Fundacep 29, BRS 49 e CEP 24-Industrial. BRS 49 teve boa aceitação na lavoura e é a cultivar com maior disponibilidade de sementes para a safra de 2000, com 21.066 toneladas (19 %
do total) de sementes produzidas no Rio Grande do Sul em 1999.
em 1986. É uma cultivar desenvolvida pela Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS, lançada inicialmente para cultivo no Rio GranSobre as de do Sul, em 1997, e recomendada em Santa Catarina a partir do ano subseqüente. cultivares É cultivar de ciclo curto, estatura méAlgumas informações sobre as novas cultivares da Embrapa Trigo, que foram lan- dia, espigas aristadas e glumas brancas. çadas para cultivo após 1996, são descritas Apresenta grão ovalado, longo e vermelho. a seguir. São apresentadas informações ge- Quanto à qualidade industrial, é enquadrarais e os conceitos para as diversas caracte- do na classe comercial Pão , sendo o de rísticas da cultivar, muitas delas relatadas glúten mais forte dos materiais que estão nas reuniões da CSBPT da qual participam em recomendação no Rio Grande do Sul. É moderadamente resistodas as entidades que tente ao acamamento e ao realizam pesquisa com crestamento (principaltrigo no RS. Entre as caA resistência a mente quanto à toxicidaracterísticas está a readoenças é de de alumínio) e com ção às doenças causadas característica tendência de germinação por fungos (oídio, ferrunecessária a uma do grão na espiga em anos gem da folha, ferrugem boa cultivar que ocorrem chuvas no do colmo, giberela, manperíodo de maturação do cha da gluma, mancha grão. BRS 119 foi avaliamarrom, mancha bronda como resistente à ferzeada) e por vírus (mosaico do trigo, que é transmitido por um rugem do colmo, moderadamente resistente à mancha da gluma e à mancha bronzeada, fungo do solo). moderadamente suscetível ao oídio e ao vírus do mosaico do trigo e suscetível à gibe BRS 119 Descende do cruzamento PF 82252 / rela e à mancha marrom. A cultivar tornou-se suscetível à ferruBR 35 // IAPAR 17 / PF 8550 , realizado
27-Missões. A disponibilidade de semente para o ano 2000 é de 789 toneladas de sementes, no RS. Consideração especial: em 1999, BRS 120 foi a cultivar de maior rendimento médio de grãos no EEC. Deve haver preocupação principalmente em relação à evolução da ferrugem da folha e do oídio e recomenda-se o tratamento para controle dessas doenças, caso necessário, a fim de que o excelente potencial de rendimento seja ampliado.
Cultivar
gem da folha no ano passado, em decorrência do surgimento de nova raça do fungo causador da doença. Em 1999, apresentou rendimento de grãos de 2.703 kg/ha, segundo a média de 17 experimentos, conduzidos em várias localidades do Rio Grande do Sul, no Ensaio Estadual de Cultivares de Trigo (EEC), organizado pela Comissão Sul-brasileira de Pesquisa de Trigo. Esse rendimento representa um valor de 96% em relação à CEP 27-Missões, cultivar de maior área de cultivo em 1999. A disponibilidade de semente para o ano 2000 é de 4.365 toneladas de sementes. Consideração especial: a cultivar de resistente tornou-se suscetível à ferrugem da folha em 1999, necessitando de tratamento com fungicida para controlar a doença, caso esta atinja níveis críticos. BRS 119 tem como grande qualidade a tendência de produzir farinha forte quanto à qualidade industrial.
BRS 177 Descende do mesmo cruzamento que deu origem à BRS 120, ou seja, PF BRS 120 Descende do cruzamento PF 83899 / 83899 / PF 813 // PF 813 // F27141 (Embrapa 27 Sib) reali- F27141 . É uma culzado em 1987. É uma cultivar desenvolvi- tivar desenvolvida da pela Embrapa Trigo, em Passo Fundo, pela Embrapa Trigo, em PasRS, e lançada iniciso Fundo, RS, lançada inicialalmente para cultivo mente para cultivo no Rio no Rio Grande do Grande do Sul e no Paraná, Sul, estando tamA BRS 119 em 1999, e recomendada em bém em recomendaapresenta ciclo Santa Catarina no presente ção em Santa Cataprecoce, estatura ano. A partir de 2000, foi rerina e no Paraná. A média e espigas comendada como preferencipartir de 2000, foi aristadas al para a condição de solos recomendada como com potencial para o cultivo preferencial para a de arroz irrigado no RS. É culcondição de solos com potencial para o cultivo de arroz irri- tivar de ciclo médio, estatura média, espigado no RS. É cultivar de ciclo curto, esta- gas aristadas e glumas brancas. Apresenta tura média, espigas aristadas e glumas bran- grão ovalado, vermelho-claro. Quanto à qualidade industrial, é enquacas. Tem a tendência de apresentar muitas espigas por área. Apresenta grão médio, drado na classe comercial Brando , segunovalado, vermelho-claro, de textura mole. do classificação preliminar. É resistente ao Quanto à qualidade industrial, é enquadra- acamamento e moderadamente resistente ao crestamento e à germinação do grão na do na classe comercial Brando , no RS. É resistente ao acamamento, modera- espiga. Tem a tendência de apresentar muidamente resistente a moderadamente sus- tas espigas por área. BRS 177 foi avaliada cetível ao crestamento e moderadamente como resistente à ferrugem da folha (resisresistente à germinação do grão na espiga. tência de planta adulta) e à ferrugem do BRS 120 foi avaliada como resistente à fer- colmo, moderadamente resistente à giberugem do colmo, moderadamente resistente rela, à mancha da gluma e à mancha bronà mancha bronzeada e ao vírus do mosaico zeada e suscetível à mancha marrom. Em do trigo, moderadamente suscetível à man- 1999, apresentou rendimento de grãos de cha da gluma e à giberela, suscetível a mo- 3.001 kg/ha, segundo a média de 17 expederadamente suscetível à ferrugem da fo- rimentos, referentes ao EEC, organizado lha e suscetível à mancha marrom e ao oí- pela CSBPT. Esse rendimento representa dio. Em 1999, apresentou rendimento de um valor de 106 % em relação a CEP 27grãos de 3.083 kg/ha, segundo a média de Missões. Em virtude de desuniformidade 17 experimentos, referentes ao EEC, orga- varietal durante os primeiros anos de mulnizado pela CSBPT. Esse rendimento repre- tiplicação do material, a disponibilidade de senta um valor de 108 % em relação à CEP semente é ainda limitada. Em 1999, foi
Cantídio comenta as vantagens das cultivares
multiplicada uma tonelada de sementes. Consideração especial: até a última safra BRS 177 tem apresentado razoável resistência geral às doenças e, ao mesmo tempo, tendência de bom perfilhamento adequado e de resistência ao acamamento. Salienta-se em relação à resistência à giberela, o que constitui uma vantagem para a produção de grão sadio. BRS 179 Descende do cruzamento BR 35 / PF 8596 /3/ PF 772003*2 / PF 813 // PF 83899 , realizado em 1992. É uma cultivar desenvolvida pela Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS, e lançada inicialmente para cultivo no Rio Grande do Sul, em 1999, e recomendada em Santa Catarina a partir do presente ano. É material precoce, de estatura média a alta, espigas aristadas e glumas brancas. Apresenta grão ovalado, vermelho. Quanto à qualidade industrial, é enquadrado na classe comercial Brando . Tem a tendência de apresentar valor de peso do hectolitro elevado. É moderadamente suscetível ao acamamento, moderadamente resistente ao crestamento e moderadamente resistente a moderadamente suscetível à germinação do grão na espiga. BRS 179 foi avaliada como resistente à ferrugem do colmo, resistente a moderadamente resistente à ferrugem da folha, moderadamente resistente à giberela, à mancha marrom e à mancha bron-
zeada e moderadamente suscetível ao oídio, Passo Fundo, RS, lançada para cultivo no à mancha da gluma e ao vírus do mosaico Rio Grande do Sul e em Santa Catarina por do trigo. Em 1999, apresentou rendimento ocasião da 32ª Reunião da CSBPT, realizade grãos de 2.974 kg/ha, segundo a média da em março de 2000, em Cruz Alta, RS. É de 17 experimentos, referentes ao EEC, or- material precoce, estatura média, espigas ganizado pela CSBPT. Esse rendimento re- aristadas e glumas brancas. A folha bandeipresenta 105% em relação a CEP 27-Mis- ra é do tipo ereto. Apresenta grão ovalado, sões. A disponibilidade de semente para o vermelho. Quanto à qualidade industrial, é enquadrado na classe coano 2000 é de 428 tomercial Brando , segundo neladas de sementes. classificação preliminar. Consideração esTem a tendência de aprepecial: BRS 179 apreA BRS 177 tem sentar peso do hectolitro senta ao mesmo temrazoável alto. É resistente ao crestapo rusticidade e bom resistência geral mento e à germinação do desempenho para proàs doenças e ao grão na espiga e moderadução de grão. Mostra acamamento damente resistente ao acagrande resistência gemamento. ral às doenças, especiA BRS 194 foi avaliada almente em relação à giberela o que se constitui numa vantagem como resistente à ferrugem do colmo e ao para a adequada formação do grão. Por cau- vírus do mosaico do trigo, resistente a mosa de sua tendência para acamar, deve ha- deradamente resistente à ferrugem da folha, moderadamente resistente à mancha bronver limitação no uso de nitrogênio. zeada e suscetível à giberela e à mancha marrom. Em 1999, apresentou rendimento de BRS 194 Descende do cruzamento CEP 14 / BR grãos de 2.964 kg/ha segundo a média de 22 23 // CEP 17 realizado em 1987. É uma cul- experimentos, conduzidos em várias localitivar desenvolvida pela Embrapa Trigo, em dade do Rio Grande do Sul, referentes ao
Ensaio Sul-brasileiro de Linhagens de Trigo, organizado pela CSBPT. Esse rendimento representa 106 % em relação a CEP 27-Missões. A disponibilidade de semente para o ano 2000 é de 14 toneladas de sementes, devendo ser dada prioridade à produção de sementes para que BRS 194 possa ser cultivada por mais produtores de trigo em próximas safras. Consideração especial: BRS 194, como BRS 179, apresenta-se como uma cultivar com rusticidade e ao mesmo tempo elevado rendimento de grãos, o que muitas vezes é difícil de conciliar. Comparativamente com BRS 179, apresenta maior resistência ao acamamento e maior força de glúten. Por ser suscetível à giberela, o tratamento da lavoura para essa doença poderá melhorar a qualidade e o rendimento de grãos. Pelo conjunto de qualidades superiores, entre as quais está o rendimento de grãos, as novas cultivares BRS 119, BRS 120, BRS 177, BRS 179 e BRS 194 representam importantes opções para a triticultura no Rio Grande do Sul. Cantídio N. A. de Sousa, Embrapa Trigo
CNPSo
Agronegócio Manejo
Água, um recurso estratégico R
etomamos o tema água, porque ele vai dominar as discussões com intensidade cada vez maior. Vamos relembrar que 80% da superfície da Terra é composta de água. Mas, a maior parte dessa água se encontra no mar, e não está prontamente disponível para os principais usos humanos. Dessalinizá-la ou efetuar outros procedimentos para torná-la apta ao uso ainda é um processo caro, e com tecnologia de pequena escala. O sultão de Brunei pode, mas o Seo José das Neves, lá do interior de Grotão da Barra Funda pode? Água é vida Não há vida sem água e o seu corpo é composto por dois terços de água. Os alimentos que você ingere foram produzidos com água e contêm água; os processos industriais usam água. Água é saneamento, é limpeza, é higiene, é a substância que permeia com maior intensidade e freqüência as atividades humanas. No uso cotidiano - aprendi nas aulas de Engenharia - um cidadão médio necessita de 200 a 300 litros de água, para atender a todas as suas necessidades diárias. Mas, o uso direto pelo ser humano repre48
• Cultivar
Junho 2000
senta uma das demandas de água doce, e não é a maior: existe a demanda industrial, ou, para ser mais abrangente, a demanda das atividades econômicas da urbe, e a demanda do setor agropecuário. Na área industrial, a água é a base para produção de energia em pequena escala: vapor, refrigeração, lavagem, etc. E também é necessária para produção de energia em larga escala, como as hidroelétricas que, embora não consumam a água, impõem uma série de exigências técnicas e limitações ao seu uso. Um exemplo: o volume d água necessário para operar uma hidroelétrica limita o volume que pode ser utilizado nos perímetros irrigados. Água é dinheiro Não sei quantos vão lembrar desse episódio, porém, durante a primeira crise do petróleo, lá nos anos 70, de repente um brasileiro propôs: nós não temos petróleo, estamos pagando o olho da cara para importá-lo dos árabes; eles não têm água, estão pegando os bilhões de dólares do petróleo para construir superestruturas caras e ineficientes de tratamento de água salgada. Então, porque não aproveitar o petroleiro que volta vazio, e ven-
der água para a OPEP? Essa discussão ficou um tempo na imprensa e acabou desaparecendo pela dificuldade de operacionalização, porque esgotou-se em si mesma, e porque nos acostumamos com o preço. Mas, o problema está aí e continua: alguns países têm petróleo, ou têm dinheiro, ou têm comida, ou têm alguma coisa de valor econômico, e outros têm água. E água tem valor presente, que será cada vez maior, no futuro. Hoje você vai achar ridículo, mas seu filho ainda poderá ser um operador, via Internet, da Chicago Water Trade! Já pensou, água commodity? Água é mal distribuída A distribuição geográfica da água é um dos pontos cruciais, e um problema estrutural sério. Ela está onde está e não está onde não está, no entanto é necessária nos dois locais. Quando estive em Israel, na Palestina e na Jordânia fiquei a pensar com meus botões porque séculos de guerra por aquele deserto improdutivo, temperatura de 45o. C no inverno. Filosofia à parte, o fato é que a História não vai mudar, e seres humanos continuarão habitando locais inóspitos, sem água. E a necessida-
de de água será eterna. Para atender a demanda, as alternativas visíveis são: fazer chover onde não chove; ir buscar água no sub-solo - se existir; tornar potável a água do mar e transportá-la onde for necessária; ou buscar água doce onde existir. Como as previsões da ONU são de que, embora declinantes, as taxas de crescimento populacional serão positivas nos primeiros 50 anos do Século XXI (população entre 9 e 10 bilhões), a demanda por água crescerá em taxas superiores à demanda de alimentos. Porque, produzir alimentos, requererá ainda mais água. Mesmo na Pátria Amada, morremos afogados na Amazônia, e de sede no Nordeste. Projetos para resolver o problema, como a transposição do São Francisco, são polêmicos e custam bilhões de dólares. Água é bênção Não temos muito que reclamar do Patrão Velho lá de riba, que estava de muito bom-humor quando criou o Brasil. Ele caprichou na terra, nas florestas, no clima, nas mulheres lindas, e nos deu água, muita água doce. Certo que a maior parte está concentrada lá na Bacia Amazônica, mas vamos enten-
Para Gazzoni um dos problemas é distribuição da água
der a extrema sabedoria do Criador: eu sei o povo maravilhoso que estou pondo lá, então vou dar água mais que suficiente para ele viver nas outras regiões, dou uma castigadinha no Nordeste, e ponho uma fortuna em água na Amazônia. Porém com milhões de dificuldades, que é para ser a reserva para o Século XXIII, às vésperas da grande revoada da Humanidade para outro Planeta. Mas, o que Ele nos deu de água no restante do país é uma fábula. Vou ficar apenas num exemplo que estudei recentemente: pelas cataratas do Iguaçu passam, a cada segundo, cerca de 11 milhões de litros de água. O suficiente para atender as necessidades diárias de Londres ou Paris a cada 150 seg; Tóquio em 175 seg; Nova Iorque em 200 seg; da Cidade do México em 225 seg; São Paulo em 360 seg. Parece espetacular? Então vou
lhe responder como aquele meu professor de Zoologia: espere quando estudarmos o burrichó! Porque, pelas máquinas e pelo vertedouro de Itaipu, sobre o Rio Paraná, passa 5 vezes mais que isso. A cada 100 dias jorra água suficiente para atender a necessidade anual de toda a população mundial! E estamos falando apenas de dois rios! Água é mal usada Concluímos que água não falta, até pelo contrário, sobra. Nossos problemas estão na sua distribuição geográfica desuniforme e no mau uso que dela é feito. Nos interessa de perto os maus tratos que aplicamos à água enquanto insumo produtivo para a agricultura. Mas não há como passar ao largo de outras formas de poluição e esgotamento. Segundo a Embrapa,
metade dos municípios brasileiros é abastecida por água retirada de poços. Ou seja, teoricamente água protegida da agressão do Homem. Apenas teoricamente, porque nem lá embaixo a água está protegida. Os franceses estão apavorados com a descoberta de diversos poluentes, oriundos de atividades agrícolas, em águas subterrâneas. Uma das descobertas é a alta concentração de nitritos, indutores de tumores malignos, em concentrações que inviabilizam o uso da água. De onde vieram os nitritos? Ou do uso super-intensivo de adubos nitrogenados altamente solúveis, ou da lixiviação de dejetos da suinocultura. O que está provocando conflitos na monolítica estrutura de cumplicidade no seio da Comunidade Européia, para manutenção dos subsídios agrícolas, porque os subsídios constituem uma peça angular na manutenção do status quo tecnológico, e dos efeitos colaterais dele derivados. Água, uso e consumo Usar água significa que parcela ponderável dela volta ao ambiente original; consumi-la significa que ela se torna indisponível, demora para retornar ao seu ciclo natural, via de regra distante do ponto de consumo. A agricultura é responsável por dois terços do uso e por quase 90% do consumo de água. Em contrapartida, a indústria usa um quarto e consome menos de 5% da água (embora muitas vezes volte poluída ao ambiente). O uso e o consumo de água guardam uma relação logarítmica com a população e a renda per capta mundial. A necessidade de mais alimentos significa um aumento no consumo de água, para as diferentes atividades
agrícolas. Nesse cenário, cresce a importância da conscientização sobre dois fatores: desperdício e poluição. O desperdício é representado por uso e/ ou consumo excessivo e desregrado da água. Já a poluição é causada pelo desmatamento ciliar, pela falta de proteção nas nascentes, pelo mau manejo de solo, pelo distanciamento dos paradigmas da agricultura sustentável, pelo uso inadequado de agrotóxicos e fertilizantes, pela falta de investimento no tratamento de efluentes, etc. Conservar o recurso água significa eliminar ou reduzir desperdícios e poluição. Água e Lei Todo o país que se preze tem uma Lei de Águas, que regula o uso e o consumo. Nos países conscientes ela pune severamente a poluição e o desperdício, e o objetivo sempre é o bem-estar social, e a preservação de um recurso finito. No Brasil, a Lei 9433 (8/1/97) define a água como um bem de domínio público, um recurso limitado e que possui um valor econômico e social. Trata da concessão da água para uso econômico, cobra pelo uso da água, e prevê pagamento no caso de uso de cursos de água para o lançamento de efluentes (sem abrir mão da preservação, de conformidade com o Conama). O que a sociedade espera é o estrito cumprimento da lei pelos agentes econômicos e pelo poder público, reduzindo o desperdício, eliminando a poluição, preservando um bem escasso e garantindo um recurso estratégico para o país, a herança social dos nossos filhos. Décio Luiz Gazzoni, Embrapa Soja Junho 2000 Cultivar
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Transgênicos
Europa livre A
sombra dos transgênicos, que parecia ter sido afastada da Europa pela moratória de junho de 99, voltou mais forte do que nunca, para alegria dos empresários e agora desespero dos opositores. O Parlamento Europeu reabriu, em Bruxelas, as portas do Velho Continente aos organismos geneticamente modificados, autorizando seu plantio, sob condições. O motivo principal: as informações científicas sobre eventuais malefícios causados pelos OGMs não são melhores do que há dois anos. Em outras palavras, o Parlamento acha que os ecologistas fanáticos falam muito mas nada provam. A medida é a esperada no Brasil para detalhar a decisão final sobre o plantio de transgênicos, pois a autorização até aqui tem sido retardada em nome de uma possível reação dos consumidores europeus. Há uma ação judicial de grupos ecológicos aguardando sentença no Superior Tribunal de Justiça. E no Congresso Nacional o lobby a favor da liberação cresce rapidamente. A tendência, segundo os analistas mais imparciais, é de que o Brasil plante transgênicos na próxima safra de verão. Os deputados europeus adotaram certas precauções limitantes, por certo. A autorização de plantio vale por 10 anos e impõe a etiquetagem em todos os estágios da cadeia, além de implantar um sistema de biovigilância das culturas que prevê a suspensão imediata no caso de descobertas desfavoráveis. Determina ainda, que se crie um registro para informar ao público a localização precisa das lavouras transgênicas. A importante matéria não foi divulgada pelas agências noticiosas, sempre distribuindo notas contra os transgênicos, o que demonstra que o lobby dos ecologistas na imprensa é tão forte quanto o dos empresários junto aos políticos. A notícia foi dada em pé de página por raras revistas européias especializadas, em tom de reprovação. No Brasil ninguém publicou a informação, 50
• Cultivar
Junho 2000
E. Young
prosseguindo a campanha antiOGMs. O Parlamento decidiu também não aprovar uma emenda responsabilizando produtores por danos futuros porventura causados por OGMs. E permitiu até 2005 o plantio de plantas modificadas portadoO Parlamento Europeu, em Bruxelas, aprova os transgênicos no continente ras de gene resistente a antiáreas técnicas, onde as opiniões são omitibióticos. A decisão terá ainda de ser referendada das. Os jornalistas na maioria encamparam pelo Conselho de Ministros, onde não de- a idéia dos ecologistas. Já os jornais e revisverá haver problemas. Como resultado, es- tas optaram por não se expor, como sempre pera-se uma verdadeira corrida às semen- fazem. Do silêncio preferem passar aos festes transgênicas já para o plantio de outo- tejos da vitória, seja qual for o lado vencedor, como de costume. no (primavera no Brasil). Apenas a revista Cultivar abriu seu Nos Estados Unidos, maior produtor de transgênicos, o Departamento de Agricul- voto, desde a primeira edição, apoiando essa tura reagiu com cautela e manteve o tom. nova e irreversível tecnologia. Examinados Anunciou que pretende reforçar a vigilân- os fatos, não vimos prova de que seja malécia sobre o plantio e pediu às empresas que fica. Uma anedótica e inexplicada reação apresentem dados de segurança sobre as se- de borboletas ao milho modificado, a menmentes antes de comercializá-las. Puro jogo tirosa pesquisa escocesa sobre ratos e batade cena, não festejando a vitória e evitan- tas transgênicas, e até o folclórico e fanátido reações dos frustrados ecologistas. É a co religioso gaúcho apregoando que plannova estratégia, que foge de atitudes im- tas modificadas causariam AIDS não nos postas ao consumidor. Os americanos têm convenceram. A Cultivar é a favor da biometade de sua área de soja cultivada com tecnologia e considera as modificações gesementes modificadas e um terço da de néticas a arma mais poderosa do momento milho. Atualmente cerca de 60% dos ali- para aumentar a produção agrícola, presermentos embalados vendidos nos supermer- vando a natureza. A partir de agora outras cados americanos contêm ingredientes ge- publicações, ao sabor do vento, deverão engrossar o lado pró-OGMs. Serão bemneticamente alterados. No Brasil a campanha contra os trans- vindas, é claro. Mas a Cultivar foi a prigênicos é geral na imprensa, mesmo nas meira a usar a bandeira. NP