Cultivar 18

Page 1


destaques

índice

Algodão manchado Mancha angular é um dos desafios do cotonicultor. Há como evitá-la

10

CAPA - Foto Cultivar

Às vezes não

14

Os corós nem sempre são pragas. É preciso saber diferenciá-los

Só usa quem paga O disque-denúncia tem ajudado a controlar o uso ilícito de cultivares protegidas

27

No lugar certo

Diretas Diretas + Cartas A fibra do Ceará Mancha angular do algodão Algodão que produz bem Quando o coró é praga Nova ferrugem ataca o trigo Congresso de Entomologia Notícias da Aenda Crescimento no setor agroquímico Ouvindo a voz do trator Mercado Agrícola Atualidades da Abrasem Onde plantar café Controle biológico no armazém Produtos naturais contra insetos Dicas sobre herbicidas Diplodia ataca o milho Milho precisa de potássio Agronegócios De tudo um pouco Um pouco de tudo Última Página

O que ninguém conta Dicas simples podem ajudar a resolver problemas com pragas em armazenamento

Ano II - Nº 18 - Julho / 2000 ISSN - 1516-358X Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (12 edições): R$ 48,00 Números atrasados: R$ 6,00

Diretor: Newton Peter - RPJ/RS 3513 Editor geral: Schubert Peter - NUJ 26693 Reportagens Especiais: João Pedro Lobo da Costa Design gráfico e Diagramação: Fabiane Rittmann Marketing: Andrea González Mônica Schulz Josiane Bezerra Circulação: Edson Luiz Krause Assinaturas: Patrícia Germano Editoração Eletrônica: Index Produções Gráficas Fotolitos e Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

36

NOSSOS TELEFONES:

Anúncios

32

Saiba quais os locais onde se pode plantar - e colher um bom café

04 06 08 10 12 14 16 19 22 23 24 26 27 32 36 38 42 44 46 50 52 53 54

Milenia AGCO Maeda Maeda FMC Agripec Bayer Aventis Gravena Rafain Monsanto FMC Silomax Pioneer Aenda Cheminova Novartis Bayer

(53)

GERAL / ASSINATURAS:

272.2128

REDAÇÃO :

227.7939 272.2105 222.1716

MARKETING:

272.2257 272.1753 225.1499 225.3314

FAX:

272.1966

02 05 07 09 13 17 19 20/21 23 24 30/31 35 37 45 47 48/49 55 56

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Dia de campo

Puríssimo, Noldin, Christofetti e Ribas Vidal

Estadual de Ponta Eleito Grossa, com gestão O Comitê até 2002. Na foto Brasileiro de Puríssimo está com Resistência de os presidentes Plantas a Herbicidas anteriores do comitê: tem novo presidente, José Alberto Noldin eleito no XXII Epagri Itajai (99/ Congresso Brasileiro 00); Pedro Jacob da Ciência das Christoffoleti Plantas Daninhas, ESALQ/USP em Foz do Iguaçu. É Piracicaba (98/99) e o professor Claudio Ribas Antonio Vidal, Puríssimo, da UFRGS - Porto Universidade Alegre (97/98).

Vôo solo

Após 13 anos na Cyanamid Química do Brasil, atuando na área de marketing, Helena Bringel decidiu abrir uma empresa, a HB Assessoria de Marketing para Eventos. Bacharelada em Marketing pela Faculdade da Cidade e com diversos cursos correlatos à área de marketing, Helena tem a experiência do setor agrícola, o modo de ação de uma empresa americana e uma visão de futuro para o mercado de eventos. A HB utiliza o planejamento técnico e execução de suas diversas fases, determinando sua estratégia de comercialização, comunicação e as ações que serão desenvolvidas no evento e pós-evento.

Mais de 800 pessoas, vindas de vários Estados, estiveram em Guaíra (SP), onde a Sementes Dow AgroSciences promoveu o dia de campo Novos Horizontes , fazendo a demonstração de híbridos de milho, sorgo e girassol. Houve também exposição de máquinas, implementos e insumos modernos para a agricultura. O dia de campo, que começou às 8h, foi realizado na Estação de Pesquisa de Guaíra, da Sementes Dow AgroSciences, localizada no Km 131 da Rodovia SP-345 (Estrada Franca-São Joaquim da BarraBarretos). O objetivo, segundo diretores da empresa, é permitir que os produtores compartilhem com novas tecnologias ligadas a híbridos de milho, sorgo e girassol. Técnicos da Dow ficaram à disposição dos produtores e de revendedores de insumos agrícolas, dando todas as informações a respeito dos produtos em demonstração, das marcas Dina, Colorado, Morgan e Hardy, totalizando 13 híbridos, com adaptação para plantio em diferentes regiões do País.

Vantagem

O senador Blairo Maggi, grande produtor de grãos e de algodão no Mato Grosso, que não perde os principais dias de campo em seu estado, acha que o retardamento da liberação de plantas transgênicas no Brasil está beneficiando os agricultores. Enquanto não sai a decisão há condições de se aproveitar nichos de mercado que pedem produtos convencionais.

Exportação

As colheitadeiras da SLC - John Deere conquistaram novo mercado. Vinte delas foram vendidas para a Turquia onde serão utilizadas nas lavouras de arroz. Os produtos fabricados em Horizontina (RS) são conhecidos nos países do Oriente, mas a conquista desse novo segmento entusiasmou a empresa já que a Turquia é um grande produtor de arroz. Neste ano, a previsão de produção de colheitadeiras é de 2.800 unidades enquanto que a de tratores atinge a 21 mil unidades.

Mudança

A Novartis tem novo gerente nacional de Suporte Técnico, na área de tratamento de sementes. É o agrônomo João Carlos da Silva Nunes, que esteve dois anos em função semelhante, de caráter regional, em Passo Fundo, RS. Antes disso

O professor Alci Loeck, da Universidade Federal de Pelotas, desenvolveu nova fórmula para controle da formiga caseira. O produto, cujo princípio ativo ele não revela pois pretende registrar a formulação, tem obtido excelentes resultados nos experimentos realizados, um deles acompanhado pela equipe da Cultivar. Isca muito atrativa, com apresentação quase líquida, é sugada de imediato pelas formigas, e sua ação retardada permite a contaminação total do formigueiro antes de ser detectada. Sucesso garantido.

Colheita

Lançada pela Embrapa Instrumentação Agropecuária a primeira colheitadeira portátil do País. Trata-se de uma máquina que pode colher café, pelo processo de vibração para a derrubada dos frutos, numa velocidade cinco vezes superior à colheita manual e reduzir o custo de produção em pelo menos 10%.

Baptista

Final feliz

exerceu outros importantes cargos na empresa. Quem atende agora o suporte técnico da regional de Passo Fundo é Milton José Facco.

Crescimento

Formigas

Alci Loeck

João Carlos

Pitelli

Encerrando sua gestão na presidência da Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas o pesquisador Robson Pitelli, que comandou a entidade até o fional do XXII Congresso, em Foz do Iguaçu. Com um relatório de realizações bastante elogiado, Pitelli entregou a presidência ao experiente João Baptista da Silva, eleito por aclamação pelos participantes da assembléia geral.

Lançada no mercado com o objetivo de propiciar alta produtividade nas lavouras de algodão em todo o país, a DeltaOpal, uma supercultivar resistente comercializada pela MDM Maeda Deltapine Monsanto Algodão Ltda, vem conquistando cada vez mais uma legião de produtores ansiosos por adquirir um produto que une alta tecnologia ao potencial de altíssima produtividade , informa a empresa. A grande vantagem dessa cultivar, diz a MDM, é sua resistência à bacteriose e às doenças viróticas transmitidas por pulgão. Por ser menos exigente ao controle de afídeos, seu cultivo pode reduzir o custo de inseticidas em até 45%. Ou seja, o pulgão agora é controlado como praga normal do algodoeiro, podendo ter uma tolerância no controle de infestação de 20% a 30% das plantas atacadas.


Qualidade

Convênio

O convênio de pesquisa entre a Milenia e o Iapar vai de vento em popa. Após o sucesso dos trabalhos apresentados durante o último congresso de Plantas Daninhas (vide página 42), já estão em fase adiantada os planos para o próximo ano. A equipe de pesquisa é composta pelos pesquisadores: do Iapar Benedito Noedi Rodrigues, João de Lima e Jorge Galvão; e da Milenia: Donizeti Aparecido Fornarolli (gerente de pesquisa da empresa), Vinícius Junqueira de Moraes e Everson Silva Caetano.

No ataque

Ferrari

Parabéns pela Cultivar de junho, excelente. Parabéns pela Última Página , extraordinária.

Humberto Falcão Sementes Falcão

Cumprimentos pelo excelente nível editorial e pela bem cuidada forma gráfica da Cultivar.

Pedro Christofoletti ESALQ

A Serrana alcançou o seu sétimo Certificado de ISO tornando-se assim a empresa de fertilizantes com o maior número de títulos como esse. Trata-se da Certificação ISO 9002, da Unidade de Araxá, no seu Complexo MíneroQuímico - mineração e beneficiamento de minério fosfático, produção de superfosfatos, granulação de fertilizantes fosfatados simples e complexos, produção de fluossilicato de sódio e outros subprodutos.

A DuPont na ofensiva, de olho no mercado de inseticidas em algodão. O próprio gerente de cereais, João Marcos Ferrari, comandando a equipe da empresa nos dias de campo no Mato Grosso. A foto é do evento realizado pelo grupo Itaquerê, em Primavera do Leste.

Pesquisa

A revista Cultivar está muito boa e tem excelente penetração no mundo técnico e entre o pessoal de pesquisa de todo o país. Continuem assim.

publicadas pela Cultivar.

Tarciso Cobucci Embrapa Arroz e Feijão

Aproveito a oportunidade para parabenizá-los pelas excelentes matérias

O Ministério da Agricultura anunciou verba de R$ 292 mil para a Embrapa Trigo pesquisar e monitorar o nematóide de cisto da soja. Espera-se o lançamento de cultivares resistentes à praga.

Leonildo Bartholdy SLC John Deere Fiquei admirado com a alta qualidade técnica, que faz justiça ao excelente conteúdo. Parabéns ao pessoal da Cultivar.

Yariv Kedar Makhteshim Agan A Cultivar se tornou a revista de cabeceira dos que

Parceria

Mais de duzentos produtores de algodão assistiram, durante dia de campo realizado na Fazenda Canadá, Acreúna, a seis ensaios de melhoramento de plantio. O dia de campo faz parte de uma seqüência de eventos em Goiatuba e Santa Helena de Goiás. O pesquisador José da Cunha Medeiros, da Embrapa-Algodão, discorreu aos presentes sobre a importância do trabalho em parceria. Apontou a boa vontade dos produtores em melhorar a cultura algodoeira no Estado .

Herbicidas

Além dos investimentos próprios em pesquisa, a Novartis decidiu apoiar e estimular pesquisadores de instituições. Parte desse programa já é a criação de um núcleo de pesquisa na área de herbicidas, incentivando novos trabalhos em manejo de plantas daninhas. Chama-se Conselho Novartis de Herbologistas CONSHERB o programa, coordenado

buscam melhorar a tecnologia da agricultura brasileira. É um verdadeiro manual de consultas.

José Saul Martus MDM

Achamos seu site muito interessante. Parabéns.

David M. R. Cava Gorski Com. e Rep.

Sou assinante desde o primeiro número da Cultivar e gostaria de solicitar

Antônio

Reforço

O departamento técnico da Rigran contratou o agrônomo Antônio Xavier, exNovartis, para atendimento a clientes no Rio Grande do Sul. Xavier dará assistência aos clientes de Trilha e Zero Espuma, corantes de pulverização, e do antideriva Define. É um reforço no plano de novos produtos, sem similar no mercado nacional de flores, frutas, hortaliças e corantes para sementes. A Rigran lançará a nova linha no Agrishow FFH, em Jundiaí. pelo gerente de desenvolvimento de herbicidas da empresa, José Erasmo Soares. O conselho receberá propostas de projetos de pesquisa, fornecerá ajuda de custo para seu desenvolvimento, e apresentará os trabalhos aprovados no próximo Congresso da Ciência de Plantas Daninhas, em 2002. Os melhores trabalhos serão premiados. As primeiras fichas de inscrição foram

a volta das Indicações Fitossanitárias.

Maria Nascimento malu@convoy.com.br Primeiramente parabéns pela revista!!! Sou estudante de Ciências Biológicas da UFMS Dourados e gostaria de ter dados sobre o cultivo da camomila no nosso país.

Clarissa Bratti bratti@zaz.com.br

Erasmo preenchidas em Foz do Iguaçu, no Congresso de Plantas Daninhas.

A Cultivar agradece as cartas recebidas. Infelizmente, por questão de espaço, não poderemos publicar todas. Entretanto, informamos que as respostas aos pedidos de informações e de artigos já foram remetidas. Ficamos sensibilizados com as mensagens de incentivo e tentaremos corrigir os erros apontados por nossos leitores.


Algodão

fibra

O valor do Ceará Análise da Embrapa Algodão destaca a qualidade da fibra do algodão cearense

E

m decorrência do convênio envolvendo a Secretaria do Desenvolvimento Rural do Ceará e a Embrapa Algodão, a safra de algodão do Estado do Ceará do ano de 1999 foi classificada comercialmente e determinadas as características físicas da fibra, pela Embrapa Algodão. Obedecendose à Portaria nº 55/ 1990, do Ministério da Agricultura, classificaram-se 99 lotes, num total de 4.814 amostras provenientes de 13 algodoeiras daquele Estado, a saber: Algodoeira Vale do Cariri, Missão Velha (5 lotes); Associação dos Pequenos Produtores (3 lotes), Canindé; Antônio Rufino & Cia (3 lotes), Acopiara; Algodoeira do Norte

(1 lote), Juazeiro do Norte; Algodoeira Nordeste Ltda (1 lote), Brejo Santo; Carneiro Indústria & Comércio Ltda (23 lotes), Quixeramobim; Crateús Algodoeira S.A, Crateús (15 lotes); Coceprol, Senador Pompeu (9 lotes); Elizeu Batista S/A (11 lotes), Orós; Inácio Parente Com. & Ind. (6 lotes); Iguatu; Quixadá Agroindustrial (18 lotes), Quixadá; Renato Araújo Carneiro (3 lotes); Quixadá e Santana Com. & Ind. Ltda (1 lote) Jaguaruana. Ressalta-se que na classificação da pluma utilizaram-se os padrões da região Setentrional do Brasil. O algodão produzido no Ceará em 1999 apresentou qualidade extrínseca excelente com a grande maioria dos tipos 4 (17,76%) e 4/5 (75%) e somente 0,33% do tipo 6, que é o padrão médio mundial. No tocante às características físicas da fibra, constatou-se que o comprimento fibrográfico variou de 26,2mm a 28,1mm, com índice de uniformidade de comprimento de fibra de 80,5%, considerado médio, finura variando de 3,2 a 3,6 mg/in, na categoria fina; resistência média de 27,7 gf/tex e conteúdo de fibras curtas na faixa de 9,0 a 12,0%, ou seja, variando de baixo a médio (tabela). A matéria-prima com essas características proporcionará bom desempenho nos processos têxteis, nas fiações a anel, convencional e open-end, notadamente neste último, que exige fibras uniformes, finas e resistentes. João C. Farias de Santana Napoleão E. de Macêdo Beltrão Maurício José R. Wanderley, Embrapa Algodão


Algodão

A mancha angular ocorre em todas as regiões do Brasil onde se cultiva o algodoeiro; potencialmente, é uma doença muito destrutiva e representa séria ameaça à cotonicultura brasileira, a exemplo do que aconteceu no ano agrícola 1974/ 75, quando ocorreram grandes prejuízos devido à incidência desta moléstia. Ultimamente esta doença vem ocorrendo em níveis crescentes nos Estados de Mato Grosso, Goiás e Bahia. No ano corrente, a mancha angular tem sido constatada em vários municípi-

os do Estado da Bahia, dentre os quais Barreiras, São Desidério, Formosa do Rio Preto e Luiz Eduardo Magalhães. Nestes municípios, a cultivar Deltapine Acala 90 foi muito afetada, apresentando níveis de intensidade da doença, variando de médio a alto, com sintomas mais severos onde o algodoeiro foi cultivado durante três anos sucessivos e em áreas onde ocorreu maior precipitação pluvial. Em algumas áreas, a doença chegou a afetar, de maneira significativa, a produção de algodão.

Emídio

O perigo da mancha angular A doença tem grande potencial de danos e deve ser monitorada

O

s sintomas desta doença surgem nas folhas, sob a forma de pequenas manchas poligonais, inicialmente úmidas e posteriormente de coloração pardo-escura, delimitadas pelas nervuras. Nas folhas mais novas as lesões podem localizar-se ao longo das nervuras, produzindo o encrespamento do limbo.

Esta doença pode afetar a planta no momento da germinação, manifestando-se nas folhas cotiledonares sob a forma de manchas arrendondadas, inicialmente úmidas e depois de coloração marrom. No caule e nos ramos as lesões são deprimidas, de coloração pardo-escuro, estendendo-se longitudinal e trans-

versalmente, contornando todo o órgão e causando a sua morte. Nas maçãs, a moléstia ocorre em qualquer estádio do desenvolvimento; se jovens, as maçãs afetadas podem morrer e cair; tratando-se de maçãs mais desenvolvidas, há a formação de lesões úmidas e arredondadas que, posteriormente, se tornam deprimidas

CNPA

doença e de coloração escura. Estas lesões podem atingir a fibra, e, chegando a ela, o patógeno pode atingir as sementes e aí sobreviver. Etiologia da doença O agente etiológico da mancha angular do algodoeiro é a bactéria Xanthomonas campestris pv. malvacearum (Smith) Dye. Sua especificidade é desenvolvida a nível de raças, as quais são diferenciadas através de Emídio hospedeiros diferenciais ou cultivares portadoras de genes de resistência vertical conhecidos. Em todo o mundo já foram identificadas 19 raças fisiológicas, das quais pelo menos 5 (raças 3, 8, 10, 18 e 19) ocorrem no Brasil. As raças 18 e 19 foram, recentemente, identificadas no Brasil. Disseminação do patógeno A disseminação desta bactéria, de uma região para outra, ocorre principalmente através da semente. Este patógeno pode ser transportado interna e externamente, através da semente. Constatou-se que, em casos nos quais a fibra foi por demais afetada, a quantidade de sementes infectadas pelo patógeno chegou a atingir 62%. Verificou-se, ainda, que esta bactéria pode penetrar pelo sistema vascular e atingir a semente em formação localizando-se, depois, no embrião. Dentro de uma mesma área a disseminação deste patógeno ocorre através do vento, da água de chuva e de irrigação, de implementos agrícolas e insetos. Esta bactéria é muito resistente à dessecação e radiação solar, podendo sobreviver por vários anos dentro ou sobre a semente, ou em folhas, caules e maçãs infectadas. De uma região para outra a propagação da doença ocorre através da semente. A penetração desta bactéria através dos tecidos se dá pelos estômatos da planta; portanto, para ocorrer lesões na planta é necessário que os estômatos

Emídio (dir.) alerta para os problemas da mancha angular (sintomas abaixo)

estejam abertos e os tecidos encharcados de água. A presença d´água é um fator importante para a difusão da bactéria e, conseqüentemente, para o desenvolvimento da doença. Outras condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento desta doença são a umidade relativa acima de 85% e a temperatura entre 30-36ºC. Cultivares resistentes Os genes de resistência a esta doença foram descobertos em Gossypium hirsutum, G. barbadense, G. arboreum, G. herbaceum e G. anomalum; contudo, a maioria desses genes tem sido encontrada em G. hirsutum. Foram obtidas várias linhagens de algodoeiro resistentes às raças 3, 8 e 10 do patógeno destacando-se, entre estas, as linhagens RM2 x Nu 16 x RM2 - 71/196, IAC 12-2 RB - 70/25 e Acala x Nu 16-71/227. Pesquisa mais recente tem evidenciado que os genótipos Reba BTK 12, Koelpath, 95-96A BU61, Acala Schafter, Big Mx, IAC 75/264. Reba P279, 101-102B, Tailândia, 80/ppH 20, Tamcot SP 37 e SP 347 apresentam resistência à raça 18 deste patógeno. Em áreas onde a moléstia ocorre

com grande intensidade, recomendase a substituição dos genótipos suscetíveis pelas cultivares Antares e DeltaOpal, mais resistentes à doença. Práticas culturais Arrancamento e queima dos restos de cultura. Utilização de sementes sadias, isentas do patógeno. Deslintamento das sementes com ácido sulfúrico. Rotação de cultura. Controle químico Na literatura, alguns especialistas recomendam pulverizações preventivas com fungicidas cúpricos, como hidróxido de cobre na dose de 15202280 g/ha, oxicloreto de cobre na dose de 3000 g/ha e óxido cuproso, na dose de 560-1680 g/ha. Recomenda-se, também, o uso de antibióticos à base de sulfato de estreptomicina, contudo, este método de controle é antieconômico. Emídio Ferreira Lima e Alderi Emídio de Araujo, Embrapa Algodão


Algodão

mercado

Fotos Cultivar

Bom momento na cultura O

produtor de algodão brasileiro nun ca teve condições de mercado tão favoráveis como as deste ano e deve tomar cuidados para evitar vendas precipitadas no início da safra, alerta João Luiz Pessa, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão Abrapa. Em Chicago e Liverpool, centros internacionais da comercialização do algodão, os preços estão firmes em US$ 0,62 por libra, o que significa um alto negócio devido ao aumento do consumo mundial. O algodão nacional, de alta qualidade, ainda não é suficiente para abastecer o mercado interno. Como os preços internacionais estão altos, as indústrias terão de comprar o produto no país, o que está fazendo a alegria dos produtores. A idéia, segundo Pessa, é vender apenas o necessário para enfrentar os compromissos financeiros mais urgentes, pois a tendência altista é irreversível. Já há, também, notícias de exportações de algodão brasileiro. Uma trading vendeu 800 toneladas para a Suíça e empresas baianas venderam outras 2.000. Sobretudo, a qualidade do produto colhi-

do é o grande destaque. O algodão brasileiro está melhorando com maior rapidez do que as indústrias se adaptam para beneficiá-lo, explica Pessa. O equipamento dessas indústrias não tem capacidade para processar fibras de tal qualidade e o produto final não difere dos provenientes de matéria-prima inferior. Daí haver surgido movimento para exportar parte do melhor algodão colhido, por preços atraentes, e importar-se outro de menor qualidade para abastecimento interno, pois o resultado final será o mesmo para o consumidor. Se a indústria não tem ganho no uso de algodão de qualidade superior, quer comprálo por preços mais baixos, o que desestimula o produtor. A saída está na exportação em época de safra, quando o mercado interno está abastecido, e na importação para suprir a demanda na entressafra. Esse sistema elimina o ônus da estocagem. Entusiasmo na Bahia A Associação Baiana dos Produtores de Algodão está tentando conter o entusiasmo excessivo dos agricultores, eufóricos com a re-

Variedade que agrada o produtor

José Saul Martus

Primeiro ano em que no Brasil se cultiva em larga escala o algodão DeltaOPAL, os primeiros resultados da colheita são animadores, de acordo com o agrônomo José Saul Martus, gerente técnico da MDM Maeda DeltaPine Monsanto. A produtividade média no Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Bahia está em torno de 250 arrobas por hectare, o rendimento de pluma entre 40 e 42 % e o do caroço em 54 a 55%. O comprimento de fibra é de 30 a 33 mm.

Pessa fala sobre o momento favorável

tomada da cotonicultura na região de Barreiras. Há 30 anos planta-se algodão no local, mas em dois momentos a produção foi interrompida. Agora os produtores se organizaram e estão encarando a situação com amplo profissionalismo. Daí, segundo João Carlos Jacobsen Rodrigues, da Associação, a necessidade de conscientização de todos de que o algodão é apenas um produto em alta no mercado, mas não a salvação para todos os problemas locais. Como todo o produto dependente do mercado internacional, as oscilações trazem riscos, explica. E os agricultores, empolgados pelo mercado favorável, estão agora adotando atitudes mais ponderadas. Há na região de Barreiras 93 agricultores plantando algodão em 41359 hectares. Predominam as cultivares DeltaPine e Acala 90. O local é favorecido pela ainda baixa incidência de pragas e pelos custos mais baixos do frete em relação às zonas de produção de Mato Grosso, por exemplo, o que reduz os custos dos insumos. Há relatos de altíssimas produtividades obtidas. Rodrigues cita por exemplo a da Fazenda Acalanto, de Valter Horita, onde a cultivar DeltaOPAL rendeu 324 arrobas por hectare em terras que receberam adubação normal.


trigo

Pragas ou não ? E

ssa pergunta tem sido formulada de maneira freqüente, refletindo grande dúvida que existe nos meios não-acadêmicos especializados e menos familiarizados com o conhecimento do ciclo de vida, habitat, comportamento alimentar, relações ecológicas e o papel desempenhado na natureza pelos corós. No sentido mais amplo, coró é a denominação vulgar da larva (forma jovem) de certos besouros (insetos da ordem Coleóptera) que pertencem à superfamília Lamellicornia ou Scarabaeoidea, popularmente chamados de escaravelhos. Esse grupo, tão numeroso em espécies quanto diversificado em termos de forma, tamanho, coloração e hábitos, tem despertado o interesse de cientistas e de curiosos que se dedicaram e dedicam a estudá-las e colecioná-las. Estima-se que cerca de 30 mil espécies de lamelicórnios já estejam catalogadas no mundo inteiro. Até 1944, haviam sido catalogadas para o Brasil, mais de 1.700 espécies deste tipo de besouros.

Hábitos dos insetos Os escaravelhos são insetos de hábitos diurnos ou noturnos, de corpo largo, alto e convexo, com pernas espinhosas e antenas em forma de cotovelo, que terminam com segmentos laminares, com formação semelhante a um pequeno leque. O tamanho pode variar desde alguns poucos milímetros a mais de 15 cm de comprimento. Certas espécies são maiores que pequenos vertebrados, como camundongos e beija-flores. Quanto à coloração, podem variar do preto à formas coloridas brilhantes e metálicas. O hábito alimentar desses besouros também é amplo e variado, e depende da espécie. Podem consumir folhas, flores, frutos maduros (em fermentação ou açucarados), pólem, néctar, escorrimentos vegetais, húmus, resíduos vegetais, estrume, cadáveres de animais, fungos, outros insetos etc. Em algumas espécies, os adultos não se alimentam, especialmente os machos. São muito conhecidas as espéci-

es de besouros chamadas de rola-bosta , por apresentarem hábito de conduzir bolas relativamente grandes de esterco na superfície do terreno, carregando-as para dentro do solo. As pelotas fecais servem de alimento para os próprios besouros ou de substrato para colocação de ovos, onde as larvas se desenvolverão posteriormente. As larvas (corós) desse grupo de besouros são do tipo escarabeiforme: apresentam o corpo recurvado, em forma da letra c , e de coloração branca-amarelada; possuem três pares de pernas toráxicas que, assim como a cabeça, são de coloração marrom, em diferentes tonalidades. O tamanho dos corós é variável e proporcional ao dos besouros. Ambientes variados As larvas podem viver em ambientes tão variados como: a) no solo, associadas a húmus, a carcaças de animais em decomposição, a fezes de animais superiores ou à rizosfera de plantas, b) em ninhos de aves ou de insetos (for-

migas, cupins) ou c) em troncos podres. Algumas espécies constroem túneis verticais no solo, que ligam a superfície desse a uma câmara subterrânea onde vivem. Em alguns casos, estes túneis atingem quase 1 m de comprimento. Quanto ao hábito alimentar, as larvas podem ser fitófagas, alimentandose de vegetais, como raízes (rizófagas), talos subterrâneos, bulbos e tubérculos, ou saprófagas, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição, como madeira (xilófagas), fezes (coprófagas), animais mortos (necrófagas), húmus e palha. Larvas de algumas espécies foram encontradas predando ovos de gafanhotos. Por outro lado, larvas podem servir de alimento para certos povos que habitam florestas. Sentido estrito No sentido mais estrito, no entanto, corós têm sido o nome usado para designar apenas as larvas das famílias Scarabaeidae ou Melolonthidae que apresentam importância econômica na agricultura. No mundo, já foram listadas mais de 19 mil espécies de melolontídeos e, no México, cerca de 1.040 espécies. No Brasil, faltam dados atualizados, porém, até 1944 foram catalogadas 1.054 espécies. Estima-se que cerca de 800 espécies habitam o solo. Os melolontídeos apresentam ciclo biológico longo. O tempo entre uma geração e outra varia de seis meses a três anos, conforme a espécie. O período larval é o mais longo das diferentes fases do ciclo de vida, ocupando de 75 a 90% do todo. Durante o período larval, os corós sofrem três mudas de pele, isto é, passam por três estádios (tamanhos) larvais. Corós de último estádio, o qual representa cerca de 70% da duração da fase larval, apresentam seu tamanho máximo e sua maior capacidade de consumo alimentar. Interação com o ambiente A interação desses corós com seu meio ambiente é intensa. Conforme o Dr. M. A. Morón, especialista nesse grupo de insetos, do Instituto de Ecologia

do México, essa interação pode ocorrer de três formas: a) consumo de grandes quantidades do substrato alimentar, b) dejeção de uma parte significativa do volume ingerido, na forma de fezes ricas em substâncias nitrogenadas e c) servindo de alimento para um grande número de inimigos naturais predadores, parasitos, parasitóides e patógenos. Independentemente da abrangência conceitual considerada para o termo corós, mais ampla ou mais restrita, trata-se de um grupo tão numeroso em Cultivar

Salvadori

Corós

Salvadori desmistifica os corós

espécies, tão variado em termos de habitat e tão diversificado em relação aos hábitos alimentares que a pergunta se corós são pragas ou não, admite ambas as possibilidades. Tudo depende da espécie, da densidade populacional presente e do interesse econômico envolvido em cada situação específica. Entre os corós edafícolas existem espécies de hábitos rizófagos, saprófagos e facultativos. Prejuízos ao homem ocorrem quando espécies rizófagas incidem em níveis populacionais capazes de causar danos econômicos na agricultura. Exemplo disso é o coró-dotrigo, Phyllophaga triticophaga Morón & Salvadori,1998, capaz de causar danos às culturas produtoras de grãos do sul do País, principalmente aos cereais de inverno (trigo, cevada e aveia) e ao milho e à soja.

Benefícios dos corós Por outro lado, inúmeros benefícios à agricultura podem ser proporcionados por corós em termos de melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo, decorrentes do transporte de material vegetal no perfil do solo, decomposição da matéria orgânica e reciclagem de nutrientes e da construção de canais de aeração, de infiltração de água e de penetração de raízes, pelas espécies que constroem túneis. Exemplos disso são corós do gênero Bothynus que transportam palha para dentro de suas galerias verticais, especialmente em lavouras sob plantio direto. As espécies coprófagas, como do gênero Canthon, que incorporam esterco, além de colaborarem para a incorporação de matéria orgânica no solo, contribuem para o controle de outros insetos cujas larvas se desenvolvem nas fezes de animais vertebrados, como é o caso da mosca-do-chifre, importante praga para bovinos. Já a espécie Diloboderus abderus Sturm, 1826, o coró-daspastagens, que apresenta comportamento alimentar facultativo, é uma praga na medida que pode causar danos expressivos como inseto rizófago em culturas graníferas sob plantio direto no sul do Brasil. No entanto, não deixa de proporcionar benefícios ao construir galerias e transportar palha para dentro do solo durante certas etapas do ciclo de vida. O coró Cyclocephala flavipennis, mesmo em altas populações não tem causado danos à cultura de trigo, em solos ricos em material orgânico. Portanto, fica evidente a importância de se identificar corretamente as espécies de corós edafícolas associadas aos cultivos agrícolas. Esse procedimento é fundamental para que as estratégias mais adequadas de manejo de espécies pragas, não pragas e facultativas possam ser adotadas em cada caso, visando ao benefício da produção agropecuária e do meio ambiente. José Roberto Salvadori, Embrapa Trigo


ferrugem

População dinâmica Como a população do fungo é dinâmica, o conhecimento das alterações influi na escolha da cultivar a ser plantada, na identificação e uso dos genes a serem combinados nos programas de melhoramento para resistência e nas estratégias de controle químico. Os dados da Embrapa Trigo, obtidos desde 1975, têm sido usados em programas de outras instituições de pesquisa, públicas e privadas, no Brasil e em outros países do Cone Sul. O levantamento indica como as raças se distribuem geograficamente e em que freqüência, além da detecção de novas raças.

Fotos E. M. Reis

Trigo

Resistente

Resistente

Suscetível

Ameaça ao trigo Nova raça de ferrugem gera apreensão entre os produtores

A

ferrugem é uma doença destrutiva que reduz a qualidade e o rendimento de grãos. No Brasil, as mais importantes áreas de cultivo de trigo constituem ambiente favorável ao desenvolvimento da ferrugem da folha. Além da alta pressão de inóculo na época de cultivo, as condições não-adversas ao fungo nas entressafras permitem que o inóculo se mantenha em plantas voluntárias. A ponte verde que se estende na região do Cone Sul da América do Sul, com plantio do cereal durante todo o ano, torna a ferrugem um problema regional. Embora muitas das raças que ocorrem nos diferentes países da região sejam também encontradas no Chile, os Andes constituem a única barreira física ao transporte de esporos. A falta de diversificação da resistência de plantas, com concentração de uma cultivar em extensas áreas, agrava a situação.

Variabilidade do fungo Puccinia triticina, agente causador da ferrugem da folha, se diferencia em raças, cuja distinção não é perceptível por meio de sintomas ou sinais nas plantas. As raças se distinguem por suas reações diferenciais em cultivares de trigo selecionadas. O levantamento das raças que ocorrem nas regiões tritícolas brasileiras é realizado anualmente na Embrapa Trigo, em Passo Fundo (RS). A coleta de amostras (folhas de trigo infectadas) é feita no campo: em parcelas experimentais, em coleções especiais e em lavouras. Em casa-de-vegetação, isolam-se pústulas de ferrugem da amostra, para separar raças distintas que muitas vezes coexistem na mesma folha. A partir de um isolado, multiplica-se o inóculo para obter quantidade suficiente para infectar a série diferen-

cial. Esta é constituída de 19 linhagens de trigo portadoras, cada uma, de um gene diferente que confere resistências distintas, específicas a determinadas raças. Os genes que compõem a série diferencial de raças são: Lr1, 2a, 2c, 3, 3ka, 9, 10, 11, 14a, 14b, 16, 17, 18, 20, 21, 23, 24, 26 e 30. Inocula-se na primeira folha totalmente expandida, cerca de sete dias após a semeadura. A raça é determinada conforme a identificação dos genes Lr efetivos e não efetivos, que conferem, respectivamente, resistência e suscetibilidade da linhagem de trigo diferencial a cada raça do fungo. Exemplifica-se com as raças B34 e B35, descritas a seguir, as quais são diferentes apenas com relação ao gene Lr10. Plantas de trigo que possuem em sua constituição apenas o gene Lr10 de resistência à ferrugem da folha serão suscetíveis se infectadas com a raça B34 e resistentes à B35.

Novas raças Nas áreas de produção de trigo, conforme as cultivares novas resistentes à ferrugem da folha aumentam em extensão de cultivo, a pressão de seleção resulta em rápida disseminação de nova

raça do fungo. Os melhoristas de trigo produzem cultivares melhoradas, os produtores as cultivam e a população do fungo no campo se adapta. Com relação à ferrugem da folha do trigo, nos últimos 9 anos, no Brasil, 11 raças novas´´ foram detectadas, conforme a tabela. A raça identificada pela primeira vez em 1999 foi designada B48. É capaz de infectar trigos com os seguintes genes Lr : 1, 3, 10, 11, 14a, 14b, 20, 23 e 26. Cultivares com os genes Lr2a, Lr2c, Lr9, Lr16, Lr18, Lr21 e Lr24 são resistentes a essa raça. A reação à B48, produzida pelos genes Lr3ka, Lr17 e Lr30, varia devido provavelmente à sensibilidade à temperatura. Conforme o sistema norte-americano de nomenclatura de raças, o código da B48 é MC. Cultivares e resistência Cultivares de trigo com maior ou menor grau de resistência à ferrugem

da folha têm sido recomendadas para cultivo comercial. Contudo, as constantes alterações no fungo têm resultado em resistência de curta duração. Apesar da atenção à ferrugem da folha nos programas de melhoramento de trigo conduzidos no Brasil e da criação de cultivares resistentes, tem havido freqüentemente superação da resistência pelo fungo. A resistência não tem sido durável, principalmente quando controlada por gene(s) que confere(m) imunidade, ou seja, ausência de sintomas da doença facilmente visíveis. Por outro lado, cultivares que apresentam resistência parcial, de planta adulta, têm se caracterizado por resistência durável no campo. Resistência durável é identificada quando uma cultivar é cultivada em uma grande extensão, por longo período de tempo. A cultivar Frontana, que foi lançada no Brasil em 1940, continua a ser reconhecida no mundo inteiro como fonte


Congresso de resistência durável, de resistência de planta adulta às raças do fungo da ferrugem da folha do trigo. Desafio para melhoristas O atual desafio aos melhoristas de trigo para resistência à doença é aumentar o período em que a cultivar permanece resistente. A resistência de planta adulta, que se expressa próximo ao espigamento, geralmente com pústulas de suscetibilidade, mas em pouca quantidade, é freqüentemente associada à durabilidade da resistência. Esta é, atualmente, a principal estratégia de controle. Apesar da dificuldade em manter a resistência de trigo à ferrugem da folha, especialmente nas regiões brasileiras onde as condições são muito favoráveis ao desenvolvimento do fungo, o controle genético em outros países tem sido eficiente. As cultivares usadas na América do Norte, com base na resistência de planta adulta de Frontana, não têm sido danificadas pela enfermidade há muitas décadas. Na Austrália, trigos com resistência durável, também descendentes de Frontana e de outras cultivares sulamericanas, embora desenvolvam níveis altos de ferrugem no fim do ciclo, não desfolham devido à doença. Essa é a estratégia usada também no Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo CIMMYT. Cultivares resistentes Entre os trigos recomendados para cultivo em 2000, no Rio Grande do Sul

Cultivar

Amarilis fala sobre a nova raça de ferrugem

e em Santa Catarina, os seguintes têm, provavelmente, resistência de planta adulta (suscetíveis na 1a folha em casade-vegetação e com bom comportamento no campo): BRS 49, BRS 177, Embrapa 40, Granito, RS 1-Fênix, RS 8-Westphalen, Trigo BR 23 e Trigo BR 35. A resistência de planta adulta tem se mantido por mais tempo e é menos específica às raças, não havendo quebras drásticas de resistência. Os danos que a nova raça B48 possa causar nas lavouras de trigo, na próxima safra, deverão ser menos severos nas cultivares com esse tipo de resistência. O comportamento do trigo BR 23 à ferrugem da folha, nas lavouras do sul do Brasil, é típico de cultivares com re-

entomologia

sistência de planta adulta: as folhas apresentam pústulas, mas, em comparação com cultivares suscetíveis, a quantidade de lesões é muito menor e estas não progridem tão rapidamente. Controle químico Para o controle por meio de fungicida, o produtor deve acompanhar o desenvolvimento da doença e pulverizar somente em situações especiais, muito favoráveis ao desenvolvimento do fungo. Na maioria dos anos, o nível de ferrugem aumenta quando os grãos já estão formados, dispensando o uso de fungicida. A ferrugem da folha não tem causado prejuízos importantes em BR 23, que está em cultivo há 13 anos em área expressiva. BR 23 foi a cultivar de trigo com maior quantidade de sementes produzidas em 1992 e 1993, no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Neste Estado, por 5 anos consecutivos, foi o destaque em produção de sementes. Na mesma região, várias cultivares, que não possuem resistência de planta adulta e eram resistentes durante todo o ciclo da planta, tornaram-se altamente suscetíveis, já no ano seguinte ao de lançamento. Já as cultivares Fundacep 30 e Rubi são resistentes a todas as raças, inclusive à B48, dispensando o uso de fungicidas para o controle de ferrugem da folha. Como o fungo é dinâmico, quanto ao mecanismo de produção de novas raças, é impossível prever se alterações futuras tornarão essas cultivares suscetíveis. Em BRS 119, que apresentava bom comportamento à ferrugem, houve nível alto de infecção, em algumas lavouras, em 1999. Essa cultivar é suscetível à B48. O triticultor deverá estar atento a possíveis alterações de raças, que ocorrem freqüentemente, em quase todas as safras, no Sul e Centro-Sul do Brasil. Ocorrendo ferrugem, em cultivares que eram resistentes, devido ao aparecimento de nova(s) raça(s) poderá haver necessidade de controle químico. Amarilis Labes Barcellos, Embrapa Trigo

Recorde de inscrições O

número de inscritos ao XXI evento seja realmente um marco na José, é importante que as pessoas não Congresso Internacional de história do Congresso de Entomologia, deixem para fazer reservas de vôo na Entomologia, até o dia 23 de junho, era que tem mais de 100 anos e vem pela última hora, pois poderão ter problede 3.200. Já o número de países repre- primeira vez ao Hemisfério Sul , dis- mas de falta de lugares nos aviões. sentados chegava a 64 e o total de tra- se. Outro detalhe a ressaltar, segundo balhos - 3 mil - não alterou. As inscri- o diretor da PJ, é que durante o ConConferências ções encerraram em fevereiro , expli- gresso de Plantas Daninhas foi definiplenárias cou o diretor da PJ Eventos Feiras & do pelo Ministério da Agricultura, que A relação dos temas e palestrantes Congressos (que está organi(sujeita a alterações) é a sezando o Congresso de Entoguinte: Entomologistas e a mologia), Plácido José de Oliconservação da biodiversidaveira. O número de incrições de - Dr. John H. Lawton; Deé recorde, tanto do ponto de safios entomológicos para o Locais da XXI edição do Congresso Internaciovista de trabalhos quanto de próximo século - Dr. Manfred nal de Entomologia: Centro de Convenções de Foz participantes , comemorou, Kern; O impacto da filogenia do Iguaçu e Hotéis Bourbon, Mabu Foz e Carimã. antecipando que são esperasistemática de W. Hennig na Data: de 20 a 26 de agosto deste ano. das 4.500 pessoas, no mínientomologia contemporânea Inscrições: PJ Eventos, à rua José Risseto, 1023 mo. Em Florenza, Itália, onde - Dr. Nils M. Andersen; InteSta. Felicidade, Curitiba-Paraná-Brasil, CEP (ZIP) foi realizada a XX edição do rações inseto-planta, uma 82 015-010, fone 55 41 372 1177, fax 55 41 372 evento, lembrou, foram 3 mil síntese - Dra. Elizabeth Ber1415, e-mail: pjeventos@pjeventos.com.br. inscritos no total. Nós já esnays; Plantas transgênicas: Preços: Estrangeiros pagam US$ 550,00. Brasileiros vinculados a alguma instituição de pesquisa tamos com 3.200, e desse toum método ambientalmente ou de ensino público, R$ 550,00; estudantes pagam tal, apenas 600 são brasileicorreto para controlar pragas? R$ 350,00. A partir de 20 de julho, os preços pasros. Apenas é dito porque a - dr. Angharad M. R. Gatehousam para US$ 550,00 e US$ 350,00, respectivamenúltima edição do Congresso se; 400 milhões de anos de arte. Acompanhantes desembolsarão US$ 200,00. Brasileiro de Entomologia tópodes terrestres e as radiateve quase 1.600 participanções mesozóicas dos insetos tes brasileiros. Isto é uma - Dr. David Grimaldi; Interaprova de crédito muito importante o Encontro Nacional de Fitossanitaris- ções parasitóides-insetos - Dr. Mike para os nossos pesquisadores , comen- tas será realizado paralelamente ao Hasseli; Desenvolvimento sustentável tou. Congresso de Entomologia, no Hotel e manejo integrado de pragas - Dr. MarOs preparativos estão bastante ace- Internacional de Foz do Iguaçu. A PJ cos Kogan; Diversidade química em felerados, em termos de infra-estrutura. está providenciando vôos extras para romônias sexuais de coleópteros - Dr. Estamos tendo cuidado para que o Foz do Iguaçu. Entretanto, diz Plácido Walter Leal. Entre outros.

Serviço:



Mercado

Aenda

agroquímicos

Genéricos

Medicamentos e agroquímicos A

lei brasileira de genéricos, recém-editada para a área de medicamentos, estabelece três grupos de produtos para fins de registro. Assim, identifica o produto referência como um produto com fármaco ativo inovador, cuja eficácia, segurança e qualidade sejam comprovadas com estudos completos. Elege o produto similar como aquele que contém os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicações do medicamento de referência, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial. Deve comprovar sua biodisponibilidade (velocidade e extensão da absorção do princípio ativo). Por fim, define que produto genérico é um produto similar a um produto referência e que comprove intercambialidade, isto é, equivalência farmacêutica com este, através de ensaios de bioequivalência e biodisponibilidade. Estes ensaios custam cerca de R$ 100.000,00, segundo noticia o setor. Conceitualmente, a similaridade pressupõe riscos similares a qualquer produto com identidade química similar. Tal qual para medicamentos, esse conceito é aplicado também aos produtos fitossanitários. Entretanto, de acordo com a prática internacional, existem algumas diferenças dignas de nota. Em primeiro lugar o conceito de produto genérico no âmbito fitossanitário é utilizado somente no seu sentido mercadológico, ou seja, é o produto em domínio público (patente vencida ou não requerida), ofertado por mais de um fabricante e em regime de concorrência legítima. Em segundo lugar, e até por extensão da conotação anterior, para a finalidade de registro a distinção é apenas entre os produtos novos, cujo princípio ativo seja inovador, e os produtos similares. O fitossanitário similar apresenta contornos particulares que o distinguem do descrito na lei de medicamentos. Em relação ao produto original ou referência, pode variar de concentração (desde que as doses sejam ajustadas), pode ampliar suas indicações-alvo (combater outras pragas) e a comprovação de sua similaridade requer análise química dos componentes e exame das impurezas toxicologicamente relevantes do princípio ativo ou ingrediente ativo, as quais devem estar contidas dentro do limite definido nos estudos apresentados pelo produto-referência. Também compara-se as impurezas não relevantes, e estas podem variar até 50% em relação ao produto-referência, segundo orientação da FAO. O Brasil adotava até 1989 uma técnica de registro mais ou menos semelhante para avaliação dos produtos fitossanitários di-

tos similares, mas a partir da edição da lei 7802/89, com a inclusão do Ibama no processual de registro, ocorreram mudanças substanciais. Através da edição de portarias, o Ibama não distingue mais um produto novo, com ingrediente ativo desconhecido no país, de um produto contendo ingrediente ativo já conhecido e registrado. Com isso, o dossiê (ensaios toxicológicos e ambientais) exigido das empresas interessadas em registrar um produto similar, embora essa expressão não seja empregada, chega hoje a R$ 1.100.000,00. Trata-se de um dossiê tão extenso quanto o de um produto inovador, ficando a critério do órgão aceitar literatura para os testes de longo prazo do potencial genotóxico, embriofetotóxico e carcinogênico. Quando estes testes são requeridos o custo é multiplicado. O Ministério da Saúde, recentemente, vem adotando uma postura mais radical e está exigindo realização dos ensaios de longo prazo, não aceitando literatura. De forma que o custo do dossiê será multiplicado por dois, alcançando R$ 2.200.000,00. É impossível deixar de comparar o custo das exigências para medicamentos genéricos R$ 100.000,00 - com o custo das exigências para os agrotóxicos genéricos R$ 2.200.000,00. O crescimento da curva de custos destes últimos, ao longo da década, foi de tal magnitude que paralisou a indústria genuinamente nacional. As empresas pequenas e médias não lançaram qualquer produto com ingredientes ativos genéricos de geração mais moderna, pois gastaram seus parcos recursos para sustentar a renovação de alguns de seus registros anteriores. Mesmo as empresas nacionais maiores registraram pouquíssimos novos genéricos, tendo inclusive que desistir da sustentação de alguns registros anteriores de produtos com nichos mercadológicos pequenos. Foi uma década perdida. O agricultor hoje dispõe de menor opção de escolha de produtos genéricos e baratos. Na praça hoje existem cerca de 250 ingredientes ativos, sendo que as empresas dedicadas unicamente a genéricos, ofertam tão-somente 50 ingredientes ativos e a maioria registrada por apenas 1 dessas empresas. É um cenário de concentração de oferta, contramão de um mercado de plena concorrência. É necessário e urgente recolocar nosso sistema de registro de fitossanitários em conformidade com os sistemas internacionais, reintroduzindo o produto similar e reconduzindo o mercado a um regime de concorrência legítima. A seriedade técnica do procedimento de registro conhecido por similaridade é atestada por mais de duas décadas de utilização nos Estados Unidos e Europa. A seriedade política é permitir a máxima adesão de fabricantes adicionais, tão logo se exaura o período de exclusividade concedido a produtos inovadores pelo atual sistema de patentes.

Material produzido pela Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas. As opiniões manifestadas são de sua responsabilidade. E-mail: aenda@sti.com.br

Fotos Cultivar

Agroquímicos vão crescer Executivos do setor apostam no aumento das vendas nos próximos anos

M

esmo sem considerar um aumento de área de plantio o mercado de agroquímicos no Brasil ainda tem muito espaço para crescer, quando em algumas culturas houver maior aplicação de tecnologia. Na produção de milho, por exemplo, cerca de 50% dos agricultores usam baixa tecnologia e ainda guardam o próprio grão para uso como semente e aplicam poucos pesticidas. O café é outro exemplo de cultura com técnicas ultrapassadas, junto com as pastagens, das quais apenas 4 ou 5% recebem tratamento. O diretor de marketing da Dow AgroSciences, Nivaldo Carlucci, é um dos que acreditam no crescimento. Na cultura de soja, lembra Nivaldo, o mercado de defensivos químicos dobrou nos últimos anos, sem alteração significa na área plantada. O aumento, portanto, deve-se unicamente à introdução de tecnologias mais avançadas. E ainda há muito por fazer em outros produtos, como café e citros, na sua opinião. O crescimento do mercado vem acompanhado de baixa nos preços dos produtos químicos, em especial pela diversificação de produtos. O alto custo de desenvolvimento

Para Yariv, o Brasil vai acelerar

dos agroquíMercado micos é compromissor ponente deciOutro que aposta no posivo no preço tencial do mercado brasileiro final. Com o é Yariv Kedar, diretor técnico tempo, porém, da Agricur, empresa do grupo Nivaldo diz que o mercado dobrou uma vez amorisraelense Makhteshim Agan, tizado o invescitando como exemplo o crestimento inicial, as empresas fabricantes têm cimento do setor de algodão, que quase docondições de reduzir os valores. O herbicida bra de importância a cada quatro anos. Yariv glifosato, por exemplo, que custava US$ 26,00 considera o Brasil excelente lugar para invespor litro, hoje é vendido em torno de US$ timentos estrangeiros devido ao mercado cres4,00 . cente e estabilidade econômica nacional. Além disso, os novos agroquímicos são Há um céu muito azul sobre a agricultura cada vez mais eficientes. Há poucos anos nebrasileira, diz o israelense, que lembra a crise cessitava-se 400 g por hectare de metribusin para obter resultados hoje alcançados por 35 de 99 ( mas todo o mundo sofreu a crise ) g de novos herbicidas. No trigo, precisava-se mas prevê resultados animadores para os próde 350g por hectare do herbicida 2,4D, que ximos anos. A crise acabou e o Brasil vai aceainda está em uso para se obter a limpeza pro- lerar, diz. O grupo Makhteshim, segundo Yariv, destaca o profissionalismo de produtores porcionada por 4 gramas de metsufuron. Nivaldo lembra os inseticidas, onde hou- e técnicos brasileiros como fator de melhoria ve grande avanço. Já se pode usar 50 g de um nos resultados. E lembra que em 10 anos a inseticida para controlar com eficiência pra- produtividade de soja no Brasil atingiu os nígas que há poucos anos exigiam um litro in- veis dos Estados Unidos, detentores de tecnologia mais avançada. NP teiro dos produtos existentes.

Manejo Ecológico de Pragas CONSULTORIA T REINAMENTO PESQUISA GRAVENA - Manejo Ecológico de Pragas Agrícolas Ltda. - Chácara Paulista Rodovia Deputado Cunha Bueno, SP 253, km 0.7, 14870-000, Jaboticabal/SP, Fone/Fax: (16) 323-2221 e-mail: gravena@asbyte.com.br


Máquinas New Holland

manutenção

Escute bem seu trator Se algo anda mal, seu trator o avisará através do aspecto, de ruídos e até pelo odor

V

ocê pode prevenir muitas dificuldades que ameaçam seu trator ou caminhão pela simples observação, usando o ouvido e o olfato. Avisado a tempo, você poderá agir para impedir inconvenientes, perda de tempo de trabalho e até economizar gastos de consertos, não permitindo que o defeito se agrave a ponto de parar o equipamento. Vejamos alguns sinais que podem alertá-lo a tempo. Ruídos na bomba Usualmente ruídos na bomba hidráulica significam que ela não está recebendo suficiente fluído do depósito. Isso pode ser devido ao baixo nível de fluído ou a uma infiltração de ar, se o trator tiver uma linha de sucção exposta entre o depósito e a bomba. Pode o fluído ser, também, de um grau muito viscoso para a temperatura em que o trator estiver trabalhando. Se o primeiro ruído ouvido ao arrancar da máquina é como o de um punhado de pedrinhas passando através da bomba hidráulica, esse som é de cavitação (formação de bolhas de ar), caso em que você deve desligar o trator imediatamente.

Os engenheiros hidráulicos descrevem informalmente esse som como o de estertor da morte da bomba, mas infelizmente muitos agricultores permitem que ela siga funcionando nessas condições. A cavitação contínua corrói as peças móveis da bomba e seus fragmentos metálicos são levados pelo fluído a outras partes do sistema, como às válvulas, cilindros e motores hidráulicos. A cavitação pode ocorrer por várias causas: canos amassados ou torcidos que interrompem o fluxo livre do líquido, filtro de acesso obstruído, baixo nível de fluído no depósito, ou entrada de ar pela válvula do eixo da bomba ou pelos canos de entrada, quando essa se encontra exposta. Se o trator possui uma linha hidráulica externa, que conecta uma bomba instalada no extremo do virabrequim do motor com um depósito de fluído hidráulico - que faz parte do engate de três pontos - e se o problema surgiu subitamente, você deve verificar se houve algum amassamento. Ele pode estar obstruindo a passagem do líquido nos canos. Se não vê danos nos canos, deve verificar se as conexões estão bem fechadas. Em certos casos a vibração do trator afrouxa as conexões a ponto de permi-

tir a entrada do ar. Nesse caso não se nota vazamento de fluído. Na possibilidade de obstrução de um filtro de acesso, substitua o elemento ou o filtro inteiro, conforme as características do modelo. Se apesar disso a bomba continuar fazendo o ruído, é recomendável revisar o sistema. Presença de cheiros Naturalmente o cheiro de diesel indica que há vazamento de um insumo caro e isso representa também risco para a segurança do operador e da equipe. O cheiro de borracha queimada deve ser motivo para uma imediata revisão da fiação elétrica. Se o cheiro persiste e você não detectou um curto-circuito, desconecte um dos pólos da bateria para evitar danos maiores à fiação. O cheiro de borracha pode também originar-se do roçar de algum equipamento instalado no trator com uma das correias. É possível que a instalação esteja com defeito, ou que a correia seja maior do que a usual, ou que haja peso em excesso no equipamento.

Silvos e com sistemas de resfriamento capazes de sussurros eliminar esse excesso de calor. E o superaQuando se ouvem silvos ou sussurros quecimento se deve a uma de duas condinormalmente o problema está no radiador ções: há produção de calor excessivo no e indicam que a água ferveu. Certas tam- motor em relação ao trabalho obtido, ou pas de radiador silvam, enquanto outras se reduziu a capacidade de resfriamento. sussurram com suavidade. Normalmente se encontra a causa raOs pequenos ruídos são por vezes difí- pidamente, mas às vezes é necessária uma ceis de localizar. Se o som persiste com o busca detalhada. Veja como fazer: trator parado e motor funcionando as posA correia do ventilador, que normalsíveis causas estão na correia do ventila- mente também aciona a bomba de circudor, na bomba d´água ou rolamentos do lação de água, deve estar bem ajustada alternador. Nos caminhões há outras fon- para transmitir a carga necessária. Evite, tes de ruídos inusitados. Se o som desapa- no entanto, estirá-la como corda de violirece com o caminhão rodanno, pois a pressão do em ponto morto a transexercida sobre os missão é a origem. Se persistir rolamentos do eixo A colméia do mesmo com o uso de embreada bomba os desradiador deve ser gem o problema está no mogastará em excesso. limpa para que o ar tor ou no diferencial. QuanAs mangueiras flua através do do os ruídos surgem apenas do radiador descasnúcleo em altas velocidades a causa cam por dentro e provável está nos rolamentos enfraquecem com o das rodas ou na correia do tempo. Devem ser ventilador. E se o tom muda quando se substituídas antes que se rompam. usam os freios, devemos suspeitar dos roA tampa do radiador age como válvulamentos das rodas. la de escape para manter a pressão correta no sistema de resfriamento. Anéis de veAquecimento dação defeituosos e outras condições que do motor impedem a manutenção da pressão reduSe o motor superaquecer, antes de tudo zem a capacidade do sistema. Ao substideve-se verificar se não está havendo so- tuir a tampa certifique-se que está usando brecarga pelo uso de uma engrenagem (ve- o modelo apropriado para a pressão espelocidade ou câmbio) da transmissão mui- cificada. to alta. Às vezes elimina-se o problema A colméia do radiador deve ser limpa simplesmente reduzindo a carga pelo uso para que o ar flua através do núcleo. Caso de velocidade mais baixa. a colméia seja difícil de limpar, sempre é Somente uma fração da energia do possível instalar uma tela dianteira que evicombustível é aproveitada pela máquina te a acumulação de lixo. na forma de trabalho útil; o resto se perde O nível de líquido no radiador deve esatravés do escapamento e do sistema de tar correto. Ao procurar causas possivelresfriamento. Os tratores são desenhados mente mais complexas, por vezes se passa

por coisas bem simples. Quando há necessidade freqüente de repor o líquido pode haver vazamentos no sistema. O silenciador não deve reduzir excessivamente a saída do escapamento. Após um tempo prolongado de trabalho a ferrugem pode causar o colapso das peças internas do silenciador e bloquear parcialmente os condutos. Para verificar isso faça o trator funcionar com o silenciador desconectado e observe a diferença. Cuidado na lubrificação A viscosidade excessiva do óleo lubrificante não se manifesta com sinais imediatamente aparentes, mas deve manter-se de acordo com o manual do proprietário, pois causa desgaste desnecessário nas peças móveis do motor. Retire o óleo do cárter, substituindo por outro com a viscosidade adequada às temperaturas ambientes. O nível do óleo lubrificante deve estar correto, tanto para lubrificar como para auxiliar no resfriamento. Verifique o nível do óleo (na vareta) antes de acionar o motor, aproveitando que se encontra todo no cárter. Os condutos do radiador devem permitir que o líquido de resfriamento flua sem obstáculos. Se estiverem parcialmente obstruídos podem ser tratados com um composto especial de limpeza. Siga atentamente as instruções que acompanham esses compostos e se não produzirem resultado recorra a um profissional. O chacoalhar de um motor diesel normalmente indica problemas no filtro de óleo, bomba injetora desregulada ou motor pouco aquecido. Melvin E. Long, Agricultura de las Américas


B. Consulting

BRANDALIZZE consulting COLHEITA Mais recursos para agricultura No mês passado o governo liberou o seu pacote de safra, para 2000/2001, com previsão de liberação de R$ 11,3 bilhões, buscando elevar a produção de grãos para 90 milhões de toneladas. O produto mais incentivado está sendo o milho, pois o Brasil necessita aumentar significativamente a produção, para dar continuidade ao crescimento do setor de frangos e suínos, atualmente o mais competitivo do mundo. Os produtores e representantes apontam que o volume de recursos anunciado pelo governo é grande, mas também indicam que muitos não terão como pegar esse dinheiro. Com alto grau de endividamento, alguns produtores não terão como tomar financiamentos oficiais, e terão de ir buscar junto às empresas de insumos a viabilidade do novo plantio. O ponto positivo é que o plantio foi anunciado com grande antecedência e agora, para fechar com chave de ouro, o governo terá que liberar os recursos dentro da programação.

MILHO

Quebra já passa de um milhão de toneladas A safrinha do milho deste ano está em plena fase de colheita e vai mostrando os reflexos da seca, que causou grandes perdas. As previsões iniciais eram de se colher 6,6 milhões de T, e agora já se acredita que os números devem ficar entre 5 e 5,5 milhões. Se ocorrerem geadas no norte do Paraná, as perdas devem superar a marca de 1,5 milhão de toneladas e aí dificilmente fecharemos 5 milhões de T. Com menos milho, maior é a necessidade de importação, que está sendo calculada em 3 milhões de T. O grande problema para os importadores continuará sendo a Justiça brasileira, que fará todo o produto passar por testes para confirmar ou não a 26

• Cultivar

Julho 2000

Informativo da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes

presença de transgênicos, encarecendo os preços finais. O mês passado o mercado foi marcado por queda no milho, em função da chegada da safrinha, e as previsões agora mostram chances de reação, com expectativas de avanços maiores a partir de agosto.

Encartado na Revista Cultivar nº 18

Disque-Denúncia ajuda o produtor

SOJA Clima favorável nos EUA e poucos negócios no Brasil O mês de junho foi marcado por pressão baixista em cima das cotações internacionais. Enquanto isso, no Brasil pouco produto foi negociado. O Rio Grande do Sul vem sendo o estado com mais negócios, já que produtores do Paraná e dos estados do CentroOeste seguram a soja e anunciam que só irão vender a partir de agosto ou setembro, ou na entressafra. O clima, seguindo favorável nos EUA, fará com que a produção americana se efetive entre 80 e 81 milhões de T. Lembramos que existem muitas indicações de clima seco e quente neste mês de julho e agosto e, se confirmadas, poderão prejudicar as lavouras.

ARROZ

Opções voltaram e mercado não conseguiu sustentação Os produtores de arroz realizassem grandes levantes, forçando o mercado para cima, mas com a liberação das importações da Argentina e do Uruguai, ocorridas em junho, fazendo com que as indústrias fossem buscar matéria-prima nestes países, tirando a demanda local, houve queda nas cotações. Assim, se perdeu grande parte dos ganhos conseguidos em cima do levante dos produtores gaúchos. A demanda do arroz beneficiado junto ao varejo está em ritmo lento e julho normalmente tem consumo pequeno em função das férias escolares. Poucas chances de reação no curto prazo.

CURTAS E BOAS ... SOJA - Ainda resta cerca de 35% da safra para ser comercializada no Brasil. Isso representa mais de 11 milhões de T.

ARROZ - Mostra que a safra real está sendo fechada neste ano em 11,9 milhões de T, e superando a demanda, agora projetada abaixo de 11,5 milhões.

MILHO - Continua o impasse sobre as importações, que devem ficar acima de 2 mi FEIJÃO X MILHO lhões, com chances de 3 e Estamos observando que boa apontamentos de até 4 milhões parte dos pivôs centrais que de T. existem no Brasil estão ou estarão com milho plantado, sen ARGENTINA - De- do assim, o feijão, que domiverão voltar as vendas de ar- nava mais de 90% deste tipo de roz para o Irã e assim diminuir tecnologia, cairá abaixo dos a dependência do mercado bra- 50%. sileiro. ALGODÃO - O mer TRIGO - Está mostran- cado vem em ritmo lento. Desdo crescimento do plantio, com sa forma, o setor aposta que a o RS mostrando o maior avan- partir de setembro o quadro ço, passando dos 420 mil hec- mude. Com recomendação de tares neste ano, com ganhos su- melhor desempenho em outuperiores a 100 mil hectares. bro próximo. e-mail: brandalizze@uol.com.br FEIJÃO Demanda fraca em julho Como o mês de julho não apresenta boa demanda de feijão, as cotações da segunda quinta de junho estiveram fracas para os produtores. Os preços recuaram dos R$ 45,00

para os R$ 37,00/38,00. Pode haver avanços agora em julho e, provavelmente, ganhos maiores em agosto, quando deveremos ter aquecimento no consumo e poucas ofertas de feijão de boa qualidade.

C

om a crescente utilização de seu Disque-Denúncia (0xx61225-1474), a Braspov vem intensificando a averiguação do uso ilícito de cultivares protegidas em todos os estados brasileiros produtores de semente. Tem-se verificado que, na maioria das vezes, a denúncia é procedente e, em algumas oportunidades, grandes volumes de material de propagação têm sido encontrados e apreendidos, informa Rosivaldo Illipronti, coordenador técnico da Braspov. Normalmente os infratores alegam desconhecimento da Lei de Proteção de Cultivares, apesar dela já estar em vigor há mais de dois anos. As infrações mais comuns têm sido a multiplicação de cultivares protegidas por agricultores que não possuem autorização do Obtentor e nem mesmo são registrados como produtores de semente junto às Entidades Certificadoras Estaduais. Estes agricultores normalmente utilizam o serviço terceirizado de beneficiamento e armazenamento do produto com a intenção de trocá-lo ou vendê-lo para fins de semeadura. Nestes casos, o agricultor justifica que está beneficiando grãos para conseguir melhores preços na indústria e a empresa beneficiadora diz que o material não é seu, e apenas está prestando serviços para o interessado. Apesar deste tipo de expediente, as Atualidades ABRASEM

embalagens e anotações utilizadas na montagem de lotes normalmente condenam esta prática e mostram o verdadeiro propósito da operação. É importante esclarecer que tanto o agricultor quanto o beneficiador estão sujeitos às penalidades previstas na lei, como indenização e multa. O anúncio ou a oferta de material de propagação de cultivar protegida sem autorização do titular também é ilegal. Desta maneira, muitas denúncias relacionadas com este tipo de irregularidade têm chegado à Braspov e, freqüentemente, envolvem corretores de grãos e sementes. Esta figura, amplamente conhecida no meio rural, faz a intermediação de negócios e ganha uma comissão pela transação efetuada. Apesar de estar caracterizada a participação do corretor na comercialização, este geralmente não tem registro de comerciante na Entidade Certificadora Estadual e também não menciona o nome do produtor da semente no anúncio. Segundo os corretores, se colocassem o nome do produtor da semente ofertada quando anunciam o produto, os interessados iriam comprar a semente diretamente na fonte. Enquanto aguarda-se o parecer do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares sobre estes casos, os corretores de grãos e sementes estão sendo aconselhados a incluírem nos anúncios, pelo

Cultivar

Rosivaldo fala sobre o trabalho desenvolvido

menos, o número do registro do produtor da semente anunciada para que os fiscais possam rastrear a origem do material. Segundo Rosivaldo, o combate ao uso ilegal de cultivares protegidas tem sido prioridade de trabalho, mas destaca a importância da divulgação dos direitos dos obtentores vegetais que vem sendo realizada pela sua equipe através de palestras, treinamentos e artigos para a mídia. Julho 2000

Cultivar • I


Rapidinhas

Sorgo

Alternativas ao milho Com a falta de milho no mercado, o produtor de suínos e aves procura alternativas. Conheça algumas a seguir

O

Brasil importará milho em 2000. Infelizmente estamos diante de uma dura constatação, admitida publicamente pelo governo. O número ficará entre 2,0 a 4,0 milhões de t. Tudo depende do desempenho da chamada safrinha de grãos, pois a safra de verão já tem seus números definidos e a produção de milho ficou em aproximadamente 28 milhões de toneladas, para um consumo de 33 milhões de toneladas. Os estoques de passagem não serão suficientes para evitar a importação. II

• Cultivar

Julho 2000

E a safrinha, como está? Nada muito animador! O clima no Brasil Central e no Sudoeste do Paraná não ajudou. As lavouras de milho de safrinha tiveram problemas na fase crítica do florescimento. O mês de maio foi muito seco. E ali houve perdas irreparáveis no milho safrinha. Mas e os outros grãos, ditos forrageiros e complementares ao milho (sorgo, milheto, triticale), o que se pode esperar deles? O tempo correu igualmente mal para todos. Do triticale, cultura ainda pouco expressiva do Sul do País, sabe-se que sua contribuição será

pequena nesta safra, mas seu potencial é muito maior e no futuro auxiliará no abastecimento de grãos forrageiros do País. A maior ajuda deverá vir das culturas alternativas da safrinha do Centro-Oeste: sorgo e milheto. A grande maioria das lavouras destas duas culturas foi afetada na fase de pré florescimento; tanto sorgo como o milheto são plantados mais tarde do que o milho. A falta de umidade nesta fase afeta o estado geral destas culturas, mas muito menos do que o milho, entáo em plena floração. Atualidades ABRASEM

A safrinha de milho, sorgo e milheto é parte de um sistema estratégico de produção de grãos para o País. Mas para que se torne cada vez mais confiável precisa ser mais tecnificado. O manejo das culturas parceiras ainda é deficiente, especialmente das culturas sucessoras, e dentre elas o sorgo e o milheto são as mais mal manejadas. O calendário de semeadura é frequentemente desrespeitado, a nutrição das plantas é sempre negligenciada, assim como o manejo de ervas daninhas e o controle de pragas. Culturas de risco combinadas com desinformação e preconceitos geralmente levam a maus resultados. Precisamos discutir mais a estratégia da safrinha, conhecer mais as potencialidades das culturas alternativas e complementares ao milho, investir mais em pesquisa e comunicação para consolidar no País os agronegócios do sorgo, milheto e triticale. Em maio, por exemplo, houve uma grande oportunidade de se debater o futuro da safrinha de milho, sorgo e milheto: a realização do XXIII Congresso Brasileiro de Milho e Sorgo em Uberlândia- MG. O evento reuniu toda a inteligência ligada aos produtos milho e sorgo do País, e vários pesquisadores de renome internacional como convidados. Pela primeira vez o sorgo foi discutido dentro de um temário denso e objetivo. De um obscuro coadjuvante dos congressos passados, esta cultura milenar, mas tão pouco valorizada em nosso País, espera ser levada mais a sério por toda a cadeia produtiva e pelo governo após este evento. Produtores e consumidores estão redescobrindo no sorgo e no milheto as enormes vantagens e oportunidades de duas culturas extremamente resistentes ao estresse ambiental e de múltiplo uso. Paulo Ribas, Embrapa Milho e Sorgo Atualidades ABRASEM

Parceria

A Abrasem, junto com as associações filiadas, está buscando uma parceria de trabalho com a Embrapa para desenvolver novas variedades de forrageiras. Uma reunião para tratar do assunto já foi realizada, com amplos progressos . A intenção é obter cultivares melhoradas de braquiárias e panicus.

Certificado

O Ministério da Agricultura está solicitando o credenciamento do laboratório da CATI para emitir o certificado laranja da ISTA, para que se possa exportar sementes brasileiras certificadas no padrão da OECD.

Quarentena

A empresa Pioneer solicitou o credenciamento de seu Centro de Pesquisa, de Itumbiara, para se tornar centro de quarentena de nível 3.

Anuário

O Anuário da Abrasem já está sendo distribuído para todo o País. Contém material técnico e informações atualizadas sobre todos os produtores filiados às associações estaduais. Pedidos podem ser feitos pelo telefone (61) 226.9022.

Qualidade

A Apasem finalizou a venda de sementes de trigo - quase que na totalidade -, embora haja muita devolução decorrente de problemas provocados pela seca, disse o presidente da Associação, Almir Monteceli. A colheita foi normal, ou seja, excelente em termos de qualidade, acrescentou. Na semente de soja futura, os volumes foram próximos aos ofertados no ano passado. O Paraná é um Estado auto-suficiente e exportador de semente de soja, destacou. O volume de produção de trigo (fechado) na safra 99/2000 somou 2.439.390 sacas de 50 quilos. Já o volume de produção de soja (em beneficiamento) é estimado em 4 milhões 470 mil sacas de 50 quilos, informou Juarez Gaspar Cabral, do setor Administrativo-Financeiro da Apasem.

Soja e milho

Na Aprosesc, que atende o Estado de Santa Catarina, o movimento principal é referente à soja, batata e milho, que é mais trabalhado em função de empresas, informou o diretor-administrativo da Associação, Renato José Yassuda. De um modo geral, as produções na colheita foram boas, como ocorreu com a soja e milho. Estas duas culturas, apesar do vai-evem de preços e consumo, estão com boas perspectivas de mercado , assinalou. A outra cultura que é bem trabalhada é a

Renato Yassuda, da Aprosesc

batata-semente. Porém, diz, aí já se vê um quadro um pouco desanimador, que veio de carona, pois em âmbito de Brasil o consumo foi muito baixo, em 1999, o que descapitalizou o produtor , lamentou. Segundo Renato José, a redução no consumo também atingiu a produção. No Planalto Norte, por exemplo, ocorreu redução de 40% na área plantada. Mesmo assim, antecipa, na colheita e na classificação que está se processando neste período, a intenção é deixar a maior quantidade possível de batata para consumo, considerando que a oferta de semente será bem pequena. Na Aprosesc, as variedades de sementes de batata com comercialização mais constante são a Monalisa, Baraka (variedade de pele clara) e Asterix. As variedades de soja com grande procura são a BR-36, BRS-133, BRS155, Coodetec CD-205, Coodetec CD-206, Monsoy 6101 e Monsoy 7501.

Milho e sorgo

A colheita de soja e milho foi boa no Estado de Goiás, segundo o secretário executivo da Agrosem, Siguê Matsuoka. O único problema verificado foi com a soja precoce, pois é colhida na época de chuva. Por causa disso, perde mais em relação à tardia, o que é normal, pois ocorre praticamente todos os anos . Sobre a produção de sementes das cultivares médias e tardias, informou que correspondeu às expectativas, mas as vendas estão na fase inicial, pois muitos produtores ainda não decidiram o que vão plantar . Já o sócio-proprietário da Sementes Embrião, empresa ligada à Agrosem, Ari Antônio Trentini falou sobre arroz, sorgo e milho. Os produtores já optaram pela variedade Primavera - arroz de sequeiro agulhinha, mas os preços do produto estão muito baixos. Segundo ele, as variedades preferidas do sorgo são a Frageiro BR-471 e a do sorgo granífero - a BR304. A produção de arroz deve ser menor do que a do ano passado e a do milho e sorgo pode superar o volume produzido em 1999 , ressaltou.

Julho 2000

Cultivar • III



Nossa Capa café

Lugar de café

Cultivar

Escolha do terreno e observação dos fatores climáticos são os primeiros passos para o bom desempenho na lavoura. A propósito, a Embrapa desenvolveu o zoneamento agrícola para o café. Os pesquisadores basearam-se no cruzamento de dados referentes à temperatura média e ao déficit hídrico anuais. Posteriormente, foi incluído um terceiro critério - o risco de geada, para abranger os estados de MG, SP e PR. Conhecer o zoneamento é fundamental

A

zona ideal para o cultivo de café é a de temperatura média anual de 18°C a 22°C. Fora dessa faixa estão as chamadas zonas de risco , por conta do frio (temperatura inferior a 18°C), ou regiões com excesso de calor (acima de 22°C), que superam a temperatura média, aponta o gerente geral da Embrapa Café, Antônio Nacif. Nas regiões mais quentes, o problema do calor pode ser amenizado com irrigação , recomenda. De qualquer forma, trata-se de uma região marginal, pois está fora do limite da faixa ideal de produção. Assim, os riscos

de problemas fisiológicos com a planta aumentam , alerta. Nas regiões mais frias, há riscos de geadas, ventos e outros fatores resultantes do frio. Já em regiões mais quentes, há mais condições de a ferrugem se desenvolver e causar danos à planta. O suprimento adequado de água ameniza o excesso de calor , indica. Condições no Paraná Segundo o pesquisador na área de Agrometeorologia do Iapar, Paulo Caramori, no Paraná o único problema para a cultura do

café é a ocorrência de geadas. Com base neste critério, a instituição fez a escolha das melhores áreas. No Estado paranaense, a região adequada para o plantio compreende basicamente toda a área localizada ao Norte e com 24 graus de latitude. Não é uma linha reta, e mesmo abaixo desta linha de 24 graus existem regiões adequadas. É que por ali passa uma linha de transição , explica. Regiões ao Sul não são indicadas por causa da freqüência muito alta de geada, que prejudica a cultura. Mesmo em áreas aptas, diz Caramori, existem vários cuidados que o produtor deve

ter, desde a instalação da lavoura, para reduzir riscos de geadas. As mais importantes, conforme ele, são a escolha do local para instalar a lavoura. O produtor deve escolher terrenos com declividade, evitar o plantio nas partes mais baixas e dar preferência para a face do terreno de costas para o lado Norte, que recebe mais calor durante o inverno e fica mais aquecida. Nas lavouras de café novo e até o segundo ano de idade, o agri-

balanço hídrico e temperatura, com exceção do risco de geadas.

cultor pode fazer, no início de maio, o chegamento de terra junto ao tronco dos cafeeiros para evitar o que se chama de geadade-panela . Outra prática importante na área de implantação da lavoura, para o primeiro ano, é fazer o plantio intercalado de guandu. Sobre segurança, Caramori recomenda cobrir com terra os cafeeiros recém-plantados, com até três meses. Devem ser descobertos no máximo dez dias depois de passado o risco de geada. Isso protege 100% das plantas, mesmo ocorrendo geadas fortes , garante. Adotando esse conjunto de medidas e plantando dentro da região apta, os riscos são baixos e o potencial de produção é elevado. No Paraná, acrescenta, não há restrições de

são é de que café, em Goiás, só irrigado, informa o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Cerrados e coordenador do zoneamento, Eduardo Assad. O outro critério refere-se à temperatura média anual, que deve variar entre 18°C e 22°C. Caso a temperatura esteja entre 22°C e 23°C, é necessário usar irrigação para diminuir os riscos de perdas. Algumas regiões goianas começam a se sobressair - são mais frias - e vão do Sudeste do Estado até Brasília, seguindo na direção Norte. São áreas que apresentam boas condições para o cultivo de café , destaca Assad. O terceiro critério levou em consideração a temperatura no mês de setembro, que deve ser inferior a 24°C, pois se for superi-

Critérios para Goiás No Estado de Goiás foram usados três critérios no zoneamento agrícola para o café. O primeiro recomenda que o déficit hídrico seja inferior a 150 mm. Como o Estado tem déficit hídrico superior, a primeira conclu-

or, provoca abortamento da flor do café , explica. Temperaturas elevadas impedem bom desenvolvimento da cultura, provocando grandes perdas, diz. A Região dos Cerrados abrange nove Estados, que serão analisados na seqüência do trabalho de zoneamento. Tem café plantado em muitos lugares, mas o que interessa é saber da expressão da produção. Os quatro primeiros Estados (GO, SP, PR e MG) produzem café de alta qualida-

de , ressalta Assad. No caso dos Estados onde há risco de geada, são consideradas inaptas para a cultura do café regiões cuja probabilidade de ocorrência de temperaturas abaixo de 2°C seja superior a 30%. Regiões aptas e inaptas em MG Já o professor titular de Engenharia Agrícola/Agrometeorologia da Universidade Federal de Viçosa, Gilberto Sedyama, diz que as melhores regiões aptas ao cultivo, em Minas Gerais, compreendem basicamente o Triângulo Mineiro, Sul de Minas e Zona da Mata - abaixo da latitude de 20 graus -, ressalta. Dentro dessa área existem as regiões recomendadas e, dentro delas, áreas que


não são recomendadas em função do surgi- mica favorável à cafeicultura, quando irrimento de microclimas, explica. gada. Acima desse limite, a faixa é consideNo zoneamento climático do cafeeiro rada restrita a inapta, decorrente, principalpara o Estado de Minas Gerais, coordenado mente, das reduções provocadas na produpelo professor Sedyama e com colaboração tividade dos cafeeiros pelas elevadas tempedo engenheiro agrícola raturas na época de floresJúlio César F. de Mello cimento, restringindo a fruJr, do Departamento de tificação. Deficiência hídriPara uma boa Engenharia Agrícola da ca anual, Da = 150 mm, é produção, o café UFV, constam os parâconsiderado o limite acima não deve estar metros adotados para esdo qual a faixa se torna resexposto às geadas tabelecer as limitações trita a inapta para a cultura intensas climáticas da cultura no do cafeeiro. Estado. A temperatura Na delimitação da aptimédia anual (Ta) = dão climática para a cafei18°C indica o limite inferior da faixa térmi- cultura comercial, são consideradas aptas as ca apta à cafeicultura. Abaixo desse limite a regiões com Ta superior a 18°C e inferior a cultura sofre deficiência térmica, que pro- 23.5°C e Da abaixo de 150 mm. São regiões voca uma queda na produção, tornando-se que apresentam condições térmicas e hídria área restrita a inapta, para a cultura co- cas favoráveis à cafeicultura. Considerou-se, mercial. A temperatura média anual entre também, aptas as regiões com temperaturas 18°C e 23.5°C indica a faixa térmica favorá- médias anuais entre 23.5°C a 24°C, quando vel à cultura. associadas com as práticas de irrigações suTemperatura média anual entre 23.5°C plementares. a 24.5°C indica o limite superior da faixa térRegiões inaptas são as que têm Ta inferi-

Uma ferramenta chamada zoneamento Agora, os produtores de café dos Estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná dispõem de um novo instrumento para diminuir os riscos de perdas por fatores climáticos. O zoneamento agrícola do café permite verificar, sob o ponto de vista climático, quais regiões, num determinado Estado brasileiro, são aptas para a cultura desse produto. O tratamento das informações é feito com base em técnicas de alta precisão, como o geoprocessamento. Além de ajudar o produtor, o zoneamento possibilitará aos agentes financeiros aumentar as garantias de aplicação do crédito para custeio agrícola. O zoneamento agrícola foi desenvolvido pela Embrapa Cerrados em parceria com o IAC, Unicamp, Universidade Federal de Viçosa (MG) e Iapar. Para mapear as regiões aptas ao cultivo do café, os pesquisadores se basearam no cruzamento de dados referentes à temperatura média e ao déficit hídrico anuais. A Embrapa iniciou as pesquisas para efetuar o zoneamento agrícola do café há dois anos, atendendo a uma demanda do Consórcio Nacional de Pesquisa do Café que necessitava de dados mais precisos sobre o cultivo do produto. As últimas informações foram levantadas em 1977, pelo extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC). A partir de agora, o zoneamento será estendido aos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco e Rondônia.

or a 18°C e Ta superior a 24°C e Da superior a 150 mm. Estas regiões apresentam temperaturas baixas, elevadas e deficiências hídricas elevadas, respectivamente, para recomendação de plantios de cafeeiros comerciais de alta sustentabilidade. As áreas plenas em São Paulo Os parâmetros que determinam aptidão plena para a cultura de café são os que indicam as áreas onde os riscos de plantio são menores possíveis. Área plena é área de melhor qualidade, explica o diretor do Centro de Pesquisas Agrícolas da Unicamp, professor Hilton Silveira Pinto. Em SP, diz, a área totalmente apta vai do Pontal do Paranapanema, passa por Assis, sobe para Campinas, vai à divisa com Minas Gerais e segue até o Rio Grande. A partir daí, mais ou menos numa linha reta, passa por Barretos e vai até o Pontal. É este o poligno onde está a área totalmente apta, com pouco risco para o cultivo. Risco significa: geada, estiagem e temperatura elevada, e a probabilidade de que um desses elementos ocorra nesta área é muito baixa , completa. A segunda área, prossegue, é a que tem limitação por temperaturas altas. Corresponde ao Noroeste do Estado de SP - divisa com o Triângulo Mineiro. Nela, as temperaturas não são limitantes, mas um pouco restritivas. Tratam-se de temperaturas médias acima de 22°C anuais, mas são regiões onde se planta naturalmente. Elas não têm falta de água. Dentro desta região, algumas áreas são muito pequenas, limitadas por temperaturas altas e por deficiência hídrica alta, sendo necessário irrigar as lavouras , aconselha. A última área é a que engloba probabilidades de geadas, e situa-se mais ou menos na divisa com o Norte do Paraná, segue por áreas de altitude que chegam até o Sul de Minas, passando por Nazaré, Botucatu, Itapitininga e terminando próximo a Espinhal e Poças de Caldas. São áreas com 30% ou mais de probabilidade de geadas. De um modo geral, segundo o professor Hilton, a área do Vale do Paraíba é outra que não tem problemas graves. São inaptas para lavouras de café, por excesso de calor, as áreas de altitude da Serra do Mar, ao Sul da divisa com o Paraná, Litoral e áreas de altitude acima de 700 metros nas serras da Mantiqueira e do Mar, Barranca do Rio Paraná e Rio Grande, no Noroeste de São Paulo. João Pedro Lobo da Costa


Especial Medidas simples e produtos ainda não utilizados fazem parte da solução de um dos maiores problemas do agricultor: o armazenamento. Nas duas matérias a seguir são dadas informações pouco conhecidas sobre resistência de insetos a alguns produtos químicos, dicas de manejo e possibilidades do uso de produtos naturais. A primeira é sobre o controle biológico, elaborada pelo pesquisador da Embrapa Trigo, Irineu Lorini. A outra trata do uso de produtos naturais contra pragas e foi escrita pelos pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, Hélio Prates e Jamilton Santos.

Alternativas no Armazenamento

Hélio Prates

Quando o inseto continua vivo Entenda por que está havendo casos de resistência de insetos aos produtos tradicionalmente usados em armazéns e como minimizar o problema

eles possam tolerar os produtos químicos. Nesse particular, existem trabalhos que demonstram a tolerância de inimigos naturais de pragas aos inseticidas usados para controle. Uso de parasitóides Como exemplo, o parasitóide Theocolax elegans (Westwood) (Hymenoptera: Pteromalidae), proveniente de populações de R.

Controle biológico O controle biológico deve ser estudado e entendido como estratégia de controle de pragas durante o armazenamento de grãos. A liberação de parasitóides em grandes quantidades em armazéns, para redução de pragas, sem prejudicar a qualidade do produto final, deve ser investigada, uma vez que existe a necessidade de se manter uma população mínima do hospedeiro no ambiente. Porém, é um método de controle que deve ser considerado por ocasião do manejo integrado de pragas e sua real contribuição na redução de pragas deve ser medida. Pragas que resistem A resistência em pragas de produtos armazenados a inseticidas, no Brasil, tem assumido grande importância nos últimos anos. Para as principais pragas de grãos armazenados, como R. dominica, S. oryzae, S. zeamais, T. castaneum e C. ferrugineus, já foram de-

O

controle biológico é um método eficiente de controle de muitas pragas em nível de campo, mas pouco adequado ao ambiente de armazenagem. O controle de pragas que ocorrem em armazéns é feito principalmente pelo uso de químicos e, pelo fato de que os grãos devem ser mantidos isentos de insetos tanto quanto possível, não haverá disponibilidade de hospedeiros para manter a população de predadores e parasitóides na massa de grãos. Também, pelo uso desses químicos, haverá pouca chance de sobrevivência de inimigos naturais nesse ambiente, a menos que

Porém, as citações limitam-se à identificação do agente e à capacidade de predação ou parasitismo em laboratório. Teretriosoma nigrescens (Coleoptera: Histeridae) é mencionado como predador importante de Prostephanus truncatus, o qual também pode reduzir populações de Dinoderus minutus e de R. dominica. O ácaro Acarophenax lacunatus (Acari: Acarophenacidae) tem sido encontrado predando ovos de R. dominica e chega a reduzir em até 90 % a população da praga. O parasitóide T. elegans é comumente encontrado parasitando estádios imaturos de S. oryzae, embora não seja eficiente em reduzir a população da praga e é menos competitivo que outro parasitóide, Anisopteromalus calandrae, tanto em milho quanto em trigo.

dominica resistentes ao inseticida deltamethrin, também apresentou elevada tolerância a esse inseticida. Esse inseto também pode tolerar o tratamento de grãos com dióxido de carbono, conforme comprovado por Banks e Sharp (1979). Essas características são altamente desejáveis para uso de controle biológico nesses ambientes onde o inseticida químico estará presente. Na literatura, verifica-se uma variedade de inimigos naturais de pragas de grãos armazenados.

Ações da Embrapa Trigo no MIP grãos Para difusão dessa tecnologia, a Embrapa Trigo já realizou treinamento formal em nove cursos de 16 horas para responsáveis técnicos de unidades armazenadoras de grãos, com a participação de cerca de 270 pessoas. Foram produzidos um folder e uma publicação técnica distribuída ao público interessado e aos participantes dos cursos. A Embrapa Trigo fez a demonstração do MIP Grãos em um dia de campo na unidade armazenadora de Cornélio Procópio, PR, na Cooperativa Integrada do Paraná, além de implantar Unidades de Observação/Demonstração e dia de campo de armazenagem de propriedade rural no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. tectadas raças resistentes, no Brasil, aos inseticidas químicos usados para controle. Isso evidencia a necessidade urgente de adotar o manejo integrado de pragas no armazenamento para que esses inseticidas sejam preservados pelo maior tempo possível, devido à grande dificuldade de substituição desses produtos. Por isso, o manejo da resistência de pragas aos inseticidas no ambiente de armazenagem de grãos é uma prática essencial, pois é muito difícil controlar uma praga depois dela tornar-se resistente a um produto químico. O manejo adequado pode reduzir o número de espécies resistentes ou, no mínimo, retardar o aparecimento do problema da resistência. Por outro lado, a resistência de parasitóides de pragas de produtos armazenados a inseticidas poderá ser empregada como estratégia de controle de pragas, complementar ao controle químico convencional. Evolução das espécies A resistência de pragas a inseticidas é um exemplo de evolução das espécies e demons-

tra como podem sobreviver e mudar fisiologicamente sob pressão dos químicos que selecionam geneticamente. Como exemplo, a resistência da praga de grãos armazenados R. dominica ao inseticida piretróide deltamethrin e a resistência cruzada da mesma praga aos inseticidas pirimiphos-methyl, chlorpyrifos-methyl e permethrin resultaram da associação dos mecanismos de resistência metabólicos e redução da sensibilidade do sistema nervoso. Devido a falhas de controle da formulação comercial de deltamethrin, os diferentes insetos coletados em diversas unidades armazenadoras de grãos foram submetidos ao teste de resistência, que inicialmente apresentou fator de resistência de 874 vezes. Após nove gerações de seleção em laboratório com esse inseticida, o fator de resistência aumentou para 9.036 vezes, entre os mais suscetíveis e os resistentes. Essa resistência é explicada parte pelo mecanismo metabólico, pelo uso dos bloqueadores enzimáticos butóxido de piperonila e DEF, parte pela mudança no comportamento das raças


Monitoramento dos grãos O sistema de acompanhamento de pragas que ocorrem na massa de grãos armazenados é de fundamental importância, pois visa detectar o início de qualquer infestação que poderá alterar a qualidade final do grão. O sistema de monitoramento instalado deve contemplar um método eficiente de amostragem de insetos, de medição da temperatura e da umidade do grão e de detecção da presença de fungos. Para insetos que vivem no interior da massa de grãos, existem dois métodos eficientes: o método tradicional, que consiste em coletar amostras de grãos em vários pontos do armazém e passá-los por uma peneira de 20 cm x 20 cm, malha de 2 mm, dotada de um coletor, onde ficam retidas as pragas para posterior identificação e quantificação. Outro método é o uso de armadilhas de plástico, tipo Burkholder Grain Probe , que consistem em tubos de plástico de 2,5 cm de diâmetro e 36 cm de comprimento, perfurados na metade superior. Essas armadilhas são introduzidas na massa de grãos, onde permanecem por determinado tempo, 15 dias por exemplo. Pelo deslocamento dos insetos na massa de grãos, estes caem nas perfurações da armadilha, que, internamente, possui um coletor que impede a saída dos insetos. Após um período variável de 15 a 30 dias, essas armadilhas são retiradas, e as pragas identificadas e quantificadas. Podem ser usados feromônios específicos para atrair insetos para o interior das armadilhas. A vantagem da armadilha de plástico é a coleta de insetos vivos na massa de grãos, uma vez que há necessidade destes se deslocarem para que sejam capturados pela armadilha. No método da peneira, recolhemse insetos vivos e mortos. Além disso, a permanência da armadilha na massa de grãos pode extrair, com maior exatidão, informações sobre a população da praga e auxiliar na tomada de decisão para controle. Outras espécies outras armadilhas Para traças e outras espécies que atacam apenas a superfície da massa de grãos, exis-

tem armadilhas adesivas que determinam a densidade de insetos que estão voando no interior da unidade armazenadora. Eles são monitorados periodicamente pela contagem de indivíduos, permitindo a previsão de infestação e auxiliando na tomada de decisão. O monitoramento está baseado em eficiente sistema de amostragem de pragas, por qualquer método empregado, e na medição de diversas variáveis que influem na conservação do grão armazenado. Dessa forma, com o método eficaz e com o acompanhamento contínuo, chega-se à determinação de todos os fatores que podem interferir na conservação de grãos. Controle integrado A integração de diferentes métodos de controle é uma prática essencial para se obter sucesso na supressão de pragas de grãos armazenados. A resistência de pragas a inseticidas, crescente no Brasil, exige o uso integrado de outros métodos que não somente os químicos. Os métodos físicos, que antecederam os químicos no controle de pragas no passado, devem ser retomados e adequados ao uso presente e futuro. Também o controle biológico precisa ser definido quanto à sua parcela de contribuição na redução das populações de pragas; quando empregado com um método não-químico, poderá ter melhor performance. O controle químico, adotado na maioria das unidades armazenadoras pela facilidade e simplicidade de uso, tem apresentado limitações de emprego, pelo aumento da resistência de pragas a esses inseticidas ou pela contaminação de alimentos através do resíduo deixado no grão. A solução para reduzir o efeito de pragas em grãos não é simples e exige competência técnica para ser executada. Exige a integração dos métodos possíveis de serem executados em cada unidade armazenadora e por um eficiente sistema de monitoramento, os quais, associados às medidas preventivas e curativas de controle de pragas, permitirão ao armazenador manter o grão isento de insetos, evitando perdas quantitativas e mantendo a qualidade de comercialização e de consumo do produto. Irineu Lorini, Embrapa Trigo

Hélio Prates

e parte pela redução da sensibilidade do sistema nervoso do inseto, devido à provável mudança na permeabilidade da membrana do canal de sódio.

Você já pensou em utilizar produtos naturais para combater pragas de armazenamento? Num sistema de agricultura moderno, sob a orientação de um profissional habilitado e em conjunto com produtos tradicionais, esses meios alternativos podem ajudar muito

O

maior conhecimento das estruturas químicas dos produtos naturais, bem como da sua função nas interações das plantas com os insetos, torna possível abordagens biorracionais no desenvolvimento de novos agentes biocidas. Os produtos naturais provenientes de plantas podem ser de potencial interesse no combate a insetos, pois o conhecimento sobre a sua atividade biológica pode levar à sua aplicação no manejo de pragas. Esta aplicação pode ser do próprio produto natural, diretamente, ou de seus análogos resultantes de modificações estruturais. A ecologia química é um ramo da ciência em crescimento, onde as relações planta/inseto, planta/planta, dentre outras, são examinadas em termos do efeito de substâncias sobre as funções biológicas. Ela estabelece que essas substâncias são freqüentemente metabólitos secundários, os quais se constituem em verdadeiros sinais químicos nessas interações. Contra insetos Dentre esses metabólitos encontramse os terpenos, especialmente os monoterpenos e seus análogos, que são componen-

Produtos naturais ajudam o agricultor tes abundantes de óleos essenciais de muitas plantas superiores. Eles são compostos tipicamente lipofílicos tendo, portanto, um alto potencial para interferências tóxicas com funções bioquímicas básicas, fisiológicas e comportamentais contra insetos. Muitas dessas substâncias exibem propriedades tóxicas, repelentes, ou mesmo atrativas em numerosas espécies de insetos. Além disso, um grande número de óleos essenciais podem reduzir a produtividade de vários insetos de produtos armazenados e afetar negativamente o crescimento, desenvolvimento e reprodução de alguns insetos herbívoros. Piretro em destaque Destaque deve ser dado ao piretro extraído da planta Chrysantemum cinerariaefolium, que teve seu uso como inseticida iniciado em 1850. A importância quanto ao uso do piretro está no seu efeito rápido contra insetos voadores combinado com sua baixa toxicidade a mamíferos. Entretanto, o uso do piretro na agricultura é limitado devido à sua instabilidade em presença de ar e luz. Este fato levou ao desenvolvimento de novos inseticidas, surgindo assim várias gerações de derivados conhecidos como piretróides sintéticos.

Avaliação de substâncias Na Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas (MG), os estudos na área de ecologia química estão voltados para a avaliação da atividade inseticida de substâncias de origem vegetal contra insetos nocivos às culturas de milho e sorgo. Os trabalhos foram iniciados com testes de evaporação, efeito fumigante e ação por contato ou ingestão dos monoterpenos sobre os insetos Sitophilus zeamais, Sitophilus oryzae, Rhyzopertha dominica e Tribolium castaneum que são pragas importantes de grãos armazenados. Na seqüência, avaliou-se o potencial inseticida dos óleos essenciais de três espécies de eucalipto: Eucalyptus camaldulensis, Eucalyptus cameronii e Eucalyptus globulus os quais apresentam o monoterpeno 1,8-cineol, como constituinte principal. Os óleos foram obtidos por arraste com vapor das folhas, por colaboração da Embrapa Alimentos, Rio de Janeiro. Além destes e, em decorrência do levantamento de plantas que apresentam atividade inseticida disponíveis na flora brasileira, foram testadas como plantas de potencial interesse: Carqueja (Baccharis genistelloides), Angico (Piptadenia colubrina), Araticum (Annona crassiflora) e Nim

(Azadirachta indica, esta introduzida da Índia), através do monitoramento dos seus extratos em relação ao potencial biológicos contra pragas de grãos armazenados. A metodologia utilizada nos testes é semelhante àquela descrita para testar resistência de insetos a inseticida (FAO, 1974), com pequenas modificações. Os insetos utilizados nos testes foram criados artificialmente em laboratório, sendo os gorgulhos (Sitophilus) alimentados com milho integral, o Rhyzopertha com trigo e o Tribolium com farinha de trigo, em condições de aproximadamente 26±1 °C e umidade relativa de 70%. Os insetos usados nos testes apresentavam idade variando de 2 a 4 semanas e foram mantidos em jejum por 3 horas antes dos testes. Testes de fumigação Essas substâncias apresentam diferentes taxas de evaporação, as quais foram medidas em ambiente fechado como preparação para os testes de fumigação, visando o controle de pragas de grãos armazenados. O teste consistiu na utilização de um frasco com capacidade de 2L tampado e vedado com folha de alumínio, contendo no seu interior um suporte em arame de


aço que sustenta um vidro de relógio com peso conhecido. Sobre o vidro de relógio foi colocada a substância previamente pesada (3 gotas) e deixada para evaporar em ambiente, cujo ar foi homogeneizado através de agitação com barra magnética/agitador magnético. Finalmente, a quantidade de substância restante foi pesada e anotado o tempo gasto, quando menor que 24 horas. Os resultados, mostrados na tabela, indicam que as substân-

cias (+)-a-pineno, 1,8-cineol, (-)-b-pineno e limoneno apresentam maiores possibilidades para o teste de fumigação devido à evaporação total (100%) em menor tempo. Entretanto, não se invalida o teste com as outras substâncias de evaporação mais lenta, uma vez que não se conhece os seus efeitos sobre as pragas de milho e sorgo. Os inseticidas mais eficientes apresentam ação por contato e/ou ingestão e ação fumigante, e, nesse caso, a pressão de vapor (taxa de evaporação) é um fator importante. Ação fumigante Inicialmente, avaliou-se a ação fumigante de monoterpenos sobre o Sitophilus zeamais. Essencialmente, avaliou-se a pressão de vapor ou o efeito das substâncias voláteis sobre o inseto, seguindo procedimento descrito por Karr e Coats (1988). O teste consistiu na utilização de um frasco de vidro com capacidade de 2 litros vedado com folha de alumínio e com tampa rosqueável. No interior do frasco foi colocado um suporte de arame de aço para sustentar um vidro de relógio com peso conhecido. Sobre o vidro de relógio foi colocada a substância previamente pesada (3 gotas) e deixada para evaporação à temperatura ambiente em atmosfera homogeneizada através de agitação com barra magnética/agitador magnético. Logo acima do vidro de relógio foi suspensa uma gaiola de arame contendo 20 insetos adultos. Finalmente, após um período de 24 horas, o frasco foi aberto e avaliada a mortalidade. Pela análise de variância observou-se diferença significativa entre os tratamentos. Os resultados da ação fumigante de terpenos sobre o caruncho - do - milho, S. zeamais, avaliada com base na mortalidade são mostrados na tabela. As médias dos produtos mentol, a-terpineol e citronelol em relação às demais substâncias foram significativamente meno-

res de acordo com o teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade. Com base nos resultados obtidos com o S. zeamais com as várias substâncias, o produto cineol e limoneno foram selecionados e testados em relação ao S. zeamais (novamente) e ao S. oryzae, R. dominica e T. castaneum (tabela).

liar o efeito sobre os insetos. Eles permaneceram em contacto com o papel de filtro por 48 horas quando foram observados quanto a efeito knock down , isto é, efeito de choque caracterizado pela incapacidade de caminhar e com evolução para a morte. Os resultados estão mostrados na tabela.

Fontes de cineol Como fontes naturais do cineol foram testadas as três espécies de Eucalipto: E. camaldulensis, E. cameronii e E. globulus. Os testes foram efetuados com três repetições, acompanhado por testemunhas. Após um período de 24 horas os frascos foram abertos e os resultados estão mostrados na tabela. Os resultados observados com R. dominica revelaram efeito fumigante causando mortalidade sobre 100% dos insetos quando se utilizou tanto o E. camaldulensis quanto o E. cameronii. Destaca-se também a eficiência de 87 e 90 %, respectivamente, quando se usou o E. camaldulensis contra S. zeamais e S. oryzae. O E. globulus foi o mais estável para todos os insetos, sendo que a eficiência variou de 87 a 98 %.

Teste com S. oryzae Para o S. oryzae no teste por contato em papel de filtro o óleo essencial foi eficiente para cerca de 90% dos insetos na dose com 168 mg, atingindo 98% com o óleo essencial puro. Entretanto, para o S. zeamais o teste de contato em papel de filtro foi eficiente para cerca de 93% dos insetos na dose com 84 mg, chegando a 100% na dose com 168 mg. Para R. dominica o resultado observado mostrou eficiência de 100% na dose com 84 mg ou acima. Para T. castaneum obteve-se 100% de eficiência somente com o óleo essencial puro. Para R. dominica o resultado observado mostrou eficiência de 100% na dose 84 mg.

Ação de contato Inicialmente foram realizados testes das substâncias 1,8 Cineol e R-(+)-Limoneno sobre as pragas S. zeamais, S. oryzae, R. dominica e T. castaneum em contato sobre papel de filtro. Os testes consistiram em aplicar homogeneamente as substâncias puras e em diluições em acetona sobre papel de filtro. Após um minuto para evaporação da acetona foram colocados em contato com o papel de filtro 20 insetos de cada espécie em teste. Os insetos ficaram confinados em anel de vidro (5 cm de diâmetro x 2,5 cm altura), impregnado com talco (caulin) em sua superfície interna para forçá-los a permanecerem sobre o papel, sendo o anel coberto com tela de tecido vual, fina, presa por um elástico, para impedir que os insetos escapassem voando. Cada teste foi realizado com três repetições. Os insetos permaneceram em contato com o papel de filtro tratado por 24 horas, quando foram observados quanto à mortalidade. Foi também avaliado o óleo essencial da espécie de E. camaldulensis sobre os mesmos insetos, seguindo a mesma metodologia do ensaio anterior, porém com pequena alteração no período de contacto e forma de ava-

Contato ou ingestão Inicialmente foram realizados testes por ingestão ou contato com grãos utilizando-se as mesmas pragas e as mesmas concentrações de cineol e limoneno. Neste caso as pragas foram confinadas, juntamente com grãos de trigo impregnados com a substância pura e em diferentes diluições em frasco de vidro com capacidade de 30 mL tampado com tela fina. Anotações da mortalidade foram realizadas 24 horas após o contato dos insetos com os grãos. Os resultados (efeito knock down ), estão mostrados na tabela para o Cineol e para o Limoneno. Quanto ao teste de ação por ingestão ou contato com o óleo essencial do E. camaldulensis os resultados observados revelaram que para o S. oryzae o óleo foi eficiente causando 100 % de mortalidade nos insetos até na dose com 42 mg (óleo essencial: acetona). Para o S. zeamais o óleo essencial foi eficiente para em torno de 89,8% dos insetos na dose com 42 mg, atingindo 10 % na dose com 84 mg ou acima. Para R. dominica o resultado observado mostrou eficiência de 100% até a dose com 21 mg, enquanto que para T. castaneum 100% até a dose com 84 mg. (tabela) Extratos de plantas Este ensaio foi realizado com os extratos

de plantas não solúveis em acetona. A solução do extrato testada foi preparada a 20000 mg mL-1 na mistura EtOH:H2O: TRITON (0,6:0,3:0,05) para avaliação inicial da atividade inseticida Nessa concentração foram aplicados 2 mL em 10 grãos, utilizando-se micropipetas de 20 mL. Os grãos e os insetos foram confinados em tubos de ensaio de 14 mL coberto com tela de malha fina para evitar que os insetos escapassem voando. Os experimentos foram montados com S. zeamais, utilizando-se os seguintes extratos: a) extrato aquoso de folhas de Nim (A. indica); b) extrato bruto de angico (P. colubrina); c) extrato bruto e fracionado de araticum (A. crassiflora); d) extrato bruto de carqueja (B. genistelloides), obtidos de diferentes formas. Anotações quanto à mortalidade foram realizadas 48 horas após o contacto e calculada a eficiência, conforme mostra a tabela. A figura mostra a montagem utlizada para avaliação: (A) fumigação, (B) contato e (C) contato e/ou ingestão. Finalmente, foi avaliado o efeito repelente do óleo essencial e da folha de E. citriodora sobre o S. zeamais. O teste foi realizado utilizando-se de uma caixa de madeira com 60x40x5cm de dimensões, com tampa corrediça de vidro. De um lado da caixa colocaram-se os grãos de milho misturado com fragmentos de folha ou impregnado com o óleo essencial . Os resultados das várias alternativas comparadas estão na tabela e mostram que os insetos preferiram se alimentar nos grãos livres da presença do eucalipto. Conclusões dos estudos Com base nos resultados observados neste trabalho se pode concluir que: a) O monoterpeno cineol, componente de óleo essencial de Eucaliptus camaldulensis, E. cameronii e E. globulus e o limoneno da casca de Citrus auratium, possuem grande ação in-

seticida em relação a importantes pragas de grãos armazenados; b) Estas substâncias são tóxicas através da penetração no corpo do inseto por via sistema respiratório (efeito fumigante), através da cutícula (efeito de contacto) e pelo aparelho digestivo (efeito de ingestão); c) O teste de contato dos insetos com grãos foi mais sensível do que com papel de filtro. Extratos brutos de plantas silvestres encontradas na flora brasileira também possuem ação inseticida. Hélio T. Prates e Jamilton P. Santos, Embrapa Milho e Sorgo


Plantio direto pesquisa

to Noedi Rodrigues foi convidado para ser orientador nos assuntos relativos ao plantio direto. Então, o pesquisador da empresa Milenia Agro Ciências S/A, Donizeti Aparecido Fornarolli, orientado pelo Dr. Noedi, recebeu como tema estudar o comportamento dos herbicidas nas coberturas. Os primeiros resultados entusiasmaram de tal forma os envolvidos que a Milenia firmou um convênio de Cooperação Científica com o Iapar Instituto Agronômico do Paraná.

Cultivar

Pesquisa que dá resultado Convênio entre Milenia e Iapar gera muitas dicas para a economia do agricultor em sistemas de plantio direto

Q

uando, nos primórdios, o homem descobriu a agricultura, passou a cultivar a terra e assim sucessivamente todos os anos. Com a evolução agrícola, o uso contínuo de máquinas e implementos no preparo do solo, caracterizou-se o sistema de cultivo convencional, onde as conseqüências foram a deterioração do solos e as perdas significativas através dos mais diversos tipos de erosão. Com o passar dos tempos, técnicas de conservação tomaram destaque no cenário agrícola. Uma dessas técnicas é o plantio direto, caracterizado pelo não-revolvimento do solo e manutenção de coberturas de culturas específicas, como aveia, milheto, trigo, azevém ou ainda através de espécies daninhas presentes na área. A presença dessas coberturas sobre o solo, dependendo do tipo e da quantidade existente, promove mudanças na dinâmica da população das plantas daninhas, onde é notória a redução da quantidade de plantas, principalmente as de espécies gramíneas. Mesmo com uma redução significativa da população, as plantas daninhas prejudicam as culturas. Isso porque elas tendem a se desenvolver mais rapidamente do que as espécies cultivadas. Os danos causados vão desde perdas no rendimento de grãos e na sua qualidade até danos às colheitadeiras automotrizes e outros equipamentos. Por isso, as plantas daninhas devem ser controladas.

Técnicos usaram várias áreas para testar a eficiência dos produtos. Os resultados surpreenderam

Métodos de controle Dos métodos de controle, destacam-se os herbicidas, que podem ser aplicados em pré-emergência e após a emergência das infestantes e da cultura. Para o bom-funcionamento de herbicidas pré-emergentes são requisitos básicos o bom preparo do solo, a ausência de torrões, umidade e ausência de restos vegetais. Essas são características do sistema convencional, onde o herbicida atinge diretamente o solo descoberto. No plantio direto, onde há presença de restos vegetais, a situação muda. O primeiro contato dos herbicidas é com a palhada; só num segundo momento entram em contato com o solo. Começa a pesquisa Em 1983, durante uma palestra, o pesquisador do Iapar Benedito Noedi Rodrigues recebeu uma pergunta que o intrigou: qual é o comportamento dos herbicidas quando aplicados em cobertura?

A partir daquela data, o pesquisador dedicou-se ao assunto. Ao revisar a literatura existente e as indicações dos produtos, verificou que não havia consenso, mas diferentes opiniões sobre o assunto. Alguns recomendavam aumentar as doses dos herbicidas no sistema de plantio direto, para compensar as possíveis perdas nas coberturas. Outros diziam que o controle era melhor em palhadas leves. Havia os que acreditavam que se podia dispensar o uso de herbicidas em palhadas espessas. Outro grupo indicava doses maiores no plantio direto e menores no convencional. Recomendações para aumentar a pressão e o volume de calda para assegurar a passagem dos herbicidas através da palha também eram ouvidas, A literatura também mostrava diferenças no comportamento dos herbicidas quanto à interceptação e retenção pela cobertura. No ano de 1995 foi criado o curso de Mestrado em Agronomia na Universidade Estadual de Londrina, em cooperação com o Iapar e Embrapa. O pesquisador Benedi-

Resultados da pesquisa Durante o XXII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas foram apresentados em sessões orais e em pôsteres alguns dos resultados dos 25 experimentos conduzidos nessa linha de trabalho. Os resultados mostraram em primeiro lugar, a necessidade de continuar estudando o assunto, principalmente em função de tantas outras indagações oriundas de produtores, técnicos e pesquisadores, que sugeriram novos tipos de pesquisas. Dos resultados provenientes dos experimentos verificou-se que dependendo do tipo de cobertura e quantidade de matéria seca que está cobrindo o solo, há tendência de redução nas doses dos herbicidas no sistema de plantio direto, pois a presença de cobertura promove reduções significativas da população das infestantes. Verificou-se ainda diferenças no comportamento dos herbicidas quando aplicados sobre a cobertura morta, onde alguns são mais lixiviados que outros, embora essas diferenças não comprometessem a eficácia. O uso de herbicidas em pré-emergência no sistema de plantio direto também se mostrou viável. Mais pressão Outro dado interessante foi que o uso de diferentes tipos de pontas, aumento de pressão e volume de calda não promoveram a passagem dos herbicidas para o solo. A água das chuvas ou irrigação é que são as responsáveis para tal acontecimento. Quanto às modalidades dessecantes + residuais , os resultados mostraram forte interceptação e retenção dos residuais através das folhagens, onde os índices de controle foram em torno de 30%. Na modalidade dessecante, plantio e posterior aplicação do residual, os índices de controle foram superiores a 95%. Equipe Milenia / Iapar

No mundo sementeiro... Apps espera bom ano

O secretário executivo da APPS, Cássio Luiz C. de Camargo, apontou as chuvas ocorridas no Estado de São Paulo como o fator que prejudicou a colheita de soja, cujas cultivares precoces foram atingidas justamente no período de colheita. A área cultivada com milho também enfrentou dificuldades resultantes do atraso no plantio. Segundo Cássio Luiz, o volume de produção da safra pode chegar a 26 mil toneladas. Sobre o volume de produção de sementes, informou que é estimado em 30 mil toneladas, mas na re-análise é possível ocorrer algum descarte, pois os dados estão sendo levantados diretamente pelas empresas, acrescentou. A respeito da expectativa de vendas de sementes de milho e soja em âmbito de País, disse que as empresas acham que este será um ano muito bom. Os preços dos dois produtos têm boa cotação, o que leva o produtor a optar por estas culturas, podendo repetir o bom volume de vendas obtido em 1999. E, neste ano, todos os fatores indicam perspectivas otimistas, devido à adoção de boa tecnologia , comentou.

Aprosul com boa colheita

Na região Centro-Norte do Mato Grosso do Sul, a variedade de soja mais colhida na safra 99/2000 foi a Uirapuru BR-FMT (Uirapuru 55), vindo a seguir a variedade Pintado, também da Fundação MT. Depois, a Conquista BRS-MG e, em quarto lugar, a variedade Xingu BRS-MT Xingu. As perspectivas de colheita na região Centro-Norte são de 450 mil a 550 mil sacas de 50 quilos. A estimativa para este ano é parecida com à do ano passado, disse o secretário executivo da Aprosul, Luiz Carlos Viecilli, lembrando que na mesma região já foram colhidas até 800 mil sacas do produto numa safra. Produtores de sementes enfrentam uma série de dificuldades, entre elas o financiamento na rede bancária. Muitos têm de usar recursos próprios para financiarem seus empreendimentos , disse Viecilli.

Aprosmat quer mais sócios

A Aprosmat é uma associação estadual e todo produtor de sementes do Mato Grosso tem direito a se associar, desde que seja registrado no Ministério da Agricultura e que tenha referência de dois sócios. O esclarecimento é do secretário executivo da Aprosmat, Tsuyoshi Kobayashi. Falando sobre as atividades da Associação, disse que o beneficiamento da soja está em fase de conclusão e o levantamento poderia ser concluído até o final do mês de junho. A estimativa de produção é de 3 milhões e 200 mil sacas de 50 quilos de semente de soja. Sobre variedades, explicou que cada uma tem sua particularidade. Acabou a época em que uma variedade predominava , explicou. Agora, cada região tem sua variedade. Sobre valores, Kobayashi comentou que como o preço da soja está melhor, há boa perspectiva de venda este ano, devido, também, à retomada de áreas de plantio. Além disso, existem regiões novas entrando com soja, como a Região Norte, que planta arroz, mas dentro do ciclo normal , esclareceu.

Mato Grosso promove algodão

A exemplo do que fazem os argentinos com a carne bovina - e o Brasil com o café - o governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira, pretende promover o algodão através da utilização das imagens de dois embaixadores : a modelo brasileira Gisele Bundchen, e o tenista Gustavo Kuerten. A idéia foi sugerida pelo governador durante o Dia de Campo na Fazenda Santa Mônica - onde o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, esteve presente. O Estado de Mato Grosso está decidido a se transformar num dos grandes pólos de agronegócios do país , afirmou Dante. Em sua gestão, ele concede até 75% de desconto no ICMS incidente sobre o produto, considerandose o ciclo completo do algodão - do plantio até a industrialização. A expectativa para a próxima safra de algodão no MT chega a ser a metade da produção nacional, reduzindo assim a necessidade de importações que, em outras épocas, já chegaram a alcançar US$ 1 bilhão


Milho

doenças

Diplodia macrospora pode causar grandes perdas no milho, como se observa na foto

A

ocorrência de Diplodia macrospora Earle (=Stenocarpella macrospora (Earle) Sutton), em milho no Brasil foi relatada pela primeira vez em 1935. Assim como outras doenças, sua ocorrência e severidade nessa cultura aumentou muito em anos recentes. O fungo Diplodia macrospora é capaz de invadir os tecidos vigorosos da planta em atividade, podendo infectar as folhas e bainhas, as espigas e o colmo, causando prejuízos consideráveis na produção.

Fernando Tavares

Mais um fungo contra o produtor grãos de coloração marrom. Sob condições de alta umidade, apresentam crescimento de micélio branco entre as fileiras de grãos e nas palhas, com presença de picnídios. A distinção entre Diplodia macrospora e Diplodia maydis pode ser feita com base em aspectos morfológicos e dimensão dos conidiosporos, ao microscópio ótico. A infecção das espigas resulta em redução na produção na qualidade nutricional e na palatabilidade dos grãos. Embora Diplodia macrospora seja capaz de infectar sementes de milho, não se transmite para as plantas oriundas de sementes infectadas.

Lesões nas folhas Nas folhas, causa lesões necróticas grandes que, freqüentemente, assemelham-se àquelas causadas por Helminthosporium turcicum, diferindo por apresentar em algum Ocorrência local da lesão um pequeno círculo, visível e disseminação contra a luz, correspondente a um ponto Esse patógeno sobrevive de uma época de infecção. de plantio para outra nos restos de cultura Com menor freqüêne atinge as plantas pela cia, pode causar lesões peação do vento e de resquenas (cerca de 0,2 x pingos de chuvas. A inO patógeno 0,5mm), circundadas ou fecção das espigas por Disobrevive de uma não por um halo avermeplodia macrospora é favoépoca de plantio lhado, porém, sempre com recida pela incidência de para outra em um ponto de infecção visíchuvas com intensidade restos culturais vel, o que as caracteriza e acima do normal, associdistingue de lesões causaada a temperaturas acidas por outros patógenos. ma de 22 0C, principalEm geral, nas lesões granmente quando precedidas por um período des, podem ser observados picnídios, visí- seco. veis como numerosos pontinhos negros. Os sintomas típicos manifestam-se apenas quando esta infecção ocorre até duas a Sintomas três semanas após o florescimento. Outros fatores que podem favorecer a severidade nas espigas Os sintomas nas espigas são difíceis de da podridão da espiga por D. macrospora são: serem visualmente distinguidos daqueles ferimentos feitos por insetos ou pássaros, causados por Diplodia maydis. As espigas espigas não decumbentes, mal empalhadas, infectadas tornam-se leves e apresentam com palhas frouxas, grãos com pericarpo

fino e adubações com altos níveis de nitrogênio (N) e baixos níveis de potássio (K). Medidas de controle Em locais com alta incidência e severidade de D. macrospora é recomendável a eliminação dos restos de cultura contaminados ou a rotação de cultura, para redução da concentração do inóculo. A utilização de cultivares com características desfavoráveis à infecção por esse patógeno, como: espigas decumbentes, bem empalhadas, com palhas bem aderidas e grãos com pericarpo espesso, podem contribuir muito para reduzir a incidência dessa podridão. Fernando Tavares Fernandes e Elizabeth de Oliveira, Embrapa Milho e Sorgo


Milho

nutrição Carlos Vasconcellos

Produtividade em alta Conheça os benefícios que uma adubação com níveis adequados de potássio pode trazer para o seu milho

Planta normal e planta com falta de potássio

O

potássio (K) é um ativador de numerosas enzimas, ou seja, para que estas enzimas sejam efetivas, há necessidade do potássio. É um elemento altamente móvel na planta. Significa que é prontamente redistribuído no interior das plantas saindo de um órgão mais velho para um órgão mais novo, em crescimento. Como conseqüência lógica, os sintomas de sua deficiência irão ocorrer, quando na fase aparente da deficiência, nas folhas mais velhas. Esta deficiência caracteriza-se pela formação de uma necrose nas margens das folhas, que aumenta em direção à nervura central. É sempre bom lembrar que a fome de potássio também pode ser oculta ou aparente. Na oculta, não existe o desenvolvimento da deficiência. Contudo, a produção cai e as plantas não se desenvolvem adequadamente, pois o potássio também exerce influência no transporte de assimilados das folhas, favorecendo a fotossíntese. Exigência da planta A exigência total de K pelas plantas de milho pode ser avaliada na tabela. Os dados estão apresentados em confronto com a soja e com o tipo de exploração agrícola. Quando

o uso for para silagem, com a colheita da planta como um todo, a extração de K é elevada, empobrecendo rapidamente o solo. Através destes valores pode-se verificar que a exportação do cálcio e do magnésio é bastante baixa tanto para o milho como para soja. Para uma produção de 2t de soja saem, nos grãos, 8 e 6 kg/ha de cálcio e de magnésio, respectivamente. Por outro lado, uma adubação de 90 kg de P2O5/ha e 40 kg de K2O/ha, com uma produtividade média de 2.000 kg/ha para soja e de 4.000 kg/ha para o milho, permite verificar haver, para a cultura da soja, um resíduo de 67 kg de P2O5/ha e um déficit (que saiu do solo) de 16 kg de K2O/ha; para a cultura do milho, haverá um resíduo de 53 kg/ha de P2O5/ ha e de 12 kg de K2O/ha. Observem a implicação prática da rotação de cultura quanto ao equilíbrio do potássio no solo. E, em muitos casos a adubação de K não é suficiente para repor a quantidade extraída pelas culturas.

Estágio interfere Esta exigência de K varia com o estádio de desenvolvimento do milho e com a cultivar. Na outra tabela tem-se a distribuição das quantidades de K em três cultivares de milho e nas suas diferentes partes. Observem que, do estádio 3 para o estádio 5, há decréscimo dos teores de K nas folhas e nos colmos. Isto é devido à sua movimentação para os grãos e perdas por lavagem das folhas pelas águas da chuva ou da irrigação. Potássio no solo No solo, o potássio se apresenta em diversas formas, tais como: solúvel em água; trocável (ou seja, retirado pelo complexo coloidal do solo); não trocável; potássio contido na matéria orgânica e o potássio estrutural de partículas coloidais. A forma de K solúvel é a quantidade de K extraída por determinado volume de água

em um momento qualquer. Representa o teor do elemento que está livre das forças de absorsão exercidas pelas partículas coloidais do solo. Estas diferentes formas de K no solo estão em equilíbrio dinâmico entre si, através da solução do solo, de tal forma que ao ser absorvido pelas plantas ou removidos pelas águas de percolação, um novo equilíbrio é restabelecido pela reposição de K através da adubação e das demais formas. Nas análises de rotina, determina-se o potássio disponível para as plantas através de um extrator químico que retira, de modo análogo aos extratores para fósforo, uma determinada quantidade de K, sem especificar a forma deste solo. Normalmente, este extrator deve retirar, predominantemente, as formas de K-trocável e o K- na solução do solo. Muitos extratores químicos podem ser adotados para medir esta disponibilidade de potássio. Entretanto, para uniformização dos resultados, utiliza-se o extrator Mehlich I. No solo, o potássio possui pouca mobilidade, portanto, adubações de cobertura devem ser observadas com cuidado, principal-

mente, quando em solos argilosos. Algumas vezes, para repor o K extraído, recomenda-se sua aplicação em cobertura, entretanto, esta adubação será mais efetiva para as safras seguintes. Observem, portanto, a necessidade de práticas conservacionistas para preservar a fertilidade do solo. Diversos trabalhos, em diferentes regiões e culturas têm demonstrado que o nível críti-

co para K disponível, determinado pelo método Mehlich I, está situado entre 50 e 60 mg kg-1 e a interpretação da análise de solo pode ser avaliada pela tabela. Carlos Alberto Vasconcellos; Gilson Villaça Exel Pitta, Gonçalo Evangelista de França e Vera Maria Carvalho Alves, Embrapa Milho e Sorgo



Mercado

A polêmica das cultivares transgênicas N

o início de 1999, numa longa conversa com o então Ministro Turra, procuramos demonstrar as múltiplas facetas da tecnologia de transgênese, em especial a polêmica instaurada. Opinamos que o Ministro deveria ter uma posição firme, de Governo, para orientar os produtores rurais acerca das ameaças e oportunidades envolvidas no plantio da soja transgênica. Decidiu o Ministro formar uma comissão, da qual fiz parte, e que tinha por missão responder à pergunta: Comercialmente é bom? Bom para o Brasil? Bom para o produtor? Não que os aspectos agronômicos, ambientais e de saúde pública tivessem menor prioridade, porém essa abordagem já estava sendo muito bem conduzida pela CTNBio, com o envolvimento da Embrapa, Ibama e Ministério da Saúde. Ao Ministério da Agricultura restava perscrutar o que o mercado queria. Foi uma ótima oportunidade para solidificar alguns conceitos e rever outros. Alguns fundamentos Em primeiro lugar, consolidei a visão de que, ao final da próxima década, não haverá qualquer vegetal cultivado, que não disponha de cultivares transgênicas. É a revolução do início do milênio, que será dominado pela biotecnologia. O mercado demanda maior produtividade com menor custo, maior qualidade, ausência de re50

• Cultivar

Julho 2000

síduos químicos ou biológicos, eliminação de estresses (climáticos, nutricionais e sanitários). Todos esses problemas podem, em teoria, serem resolvidos com o uso da transgenia. Se cactos sobrevivem no deserto, está aberta a porta para cultivos comerciais suportarem veranicos. Se alguns vegetais são viçosos sobre pedras, e devem possuir um sistema anátomo-fisiológico que lhes permite sobreviver nessa condição adversa, então porque não transferi-lo para plantas cultivadas? Se nem todas as pragas se alimentam de todas as plantas, então existem fatores de resistência, controlados geneticamente, que podem ser transferidos, em benefício do Homem. Em resumo, o melhor dos mundos. Existe segurança Como qualquer revolução científica ou cultural, os ânimos se acirram, quase ninguém fica indiferente, a polêmica se instaura. Nada mais saudável, ou inteligente, pois cansamos de ouvir que toda a unanimidade é burra. Embora sendo cientista, não posso concordar com a visão de que o cientista deva estar no Olimpo, acima de tudo e de todos. Deve submeter-se ao controle social, ser capaz de responder com convicção a todo e qualquer questionamento da sociedade, por ridículo que pareça. Os dois grandes questiona-

mentos sobre as cultivares transgênicas são: as plantas modificadas não transfeririam os novos genes a aparentados não cultivados, criando desastres ambientais? É possível garantir risco zero à saúde dos consumidores? Perscrutar o mercado, como citei acima, mostrou que ainda temos um bom caminho a trilhar. A sociedade não está convencida de que a tecnologia foi absolutamente dissecada, e a inocuidade garantida, o que pode ter um fundamento de verdade. Parto do princípio que os testes toxicológicos para avaliar a inocuidade se referem a tecnologias anteriores à transgênese, e existe a possibilidade de surgimento de algum efeito não desejado, não detectado pelos testes convencionais. Por outro lado, impacto ambiental pode ser de curto prazo, logo perceptível, ou de longo prazo, exigindo estudos mais demorados. Considero salutar esse posicionamento, embora conservador, pois permite dar o próximo passo com o pé anterior muito firme. Outros aspectos Mas há outros aspectos envolvidos. Senão vejamos: 1. As maiores restrições provêm da União Européia. Sentimos nos diversos segmentos sociais falta de confiança nos órgãos governamentais de proteção à saúde. O raciocínio simplista é: se o gover-

no não garante minha saúde, e se eu, como consumidor, nada ganho por consumir soja transgênica, então vou proteger-me e não consumir uma novidade não suficientemente testada. Já nos EUA, existe um elevado grau de confiança nos órgãos responsáveis por esse controle (FDA, APHIS, EPA), o que deixa a sociedade mais tranqüila, embora dúvidas persistam. 2. Os europeus têm razão em temer, pois em pouco tempo enfrentaram o mal da vaca louca, contaminação por dioxina, embalagens de refrigerante contaminados por agrotóxicos, banco de sangue com HIV, etc. 3. As indústrias (e os institutos científicos) da Europa estão um passo atrás no domínio tecnológico. É preciso ganhar algum tempo, para não permitir essa vantagem competitiva aos concorrentes. 4. Que diferença faz para mim, consumidor, óleo de soja transgênica ou convencional? Nenhuma, até o eventual ganho financeiro já foi apropriado ao longo da cadeia. Se fosse soja com Viagra, não duvide, haveria uma corrida aos supermercados por qualquer produto derivado de soja transgênica! 5. Existem diversas ONGs permanentemente alertas, questionando qualquer novo avanço tecnológico ou seu decorrente comercial. Além do que, é politicamente correto alinhar-se com ONGs que proponham a preser-

vação da Natureza. 6. Em contraponto, um dos principais efeitos da nova tecnologia será decretar o fim da era dos agrotóxicos, como os conhecemos. É uma mudança mercadológica que envolve dezenas de bilhões de dólares, que não será aceita sem resistência por quem detém o mercado. Ressalvando que, no caso da soja RR, esse fator não está envolvido. 7. Os cidadãos da União Européia já têm suas necessidades alimentares atendidas. Buscam a sofisticação, inclusive na garantia de inocuidade. Não há razão para correr riscos. Pescando em águas turvas Toda a revolução científica ou cultural permite oportunidades para especulações que não seguem o rigor científico exigido. Não tem sido diferente com a discussão sobre transgênicos, em que estudos preliminares, ou conclusões precipitadas são transformadas em verdades . Ou movimentos alheios ao processo, e sem qualquer fundamento científico, partem para ações díspares, como o MST destruindo supostas lavouras de soja transgênica, usurpando uma atribuição exclusiva de Governo. Entre as conclusões precipitadas, que não resistiram a uma discussão séria, estava a depressão imunológica causada por batatas transgênicas, ou o impacto de milho transgênico sobre a borboleta monarca. Como é um princípio basilar da ciência que o efeito de uma substância é estritamente dependente de sua dose (a mesma substância pode ser veneno ou remédio), estudos mal delineados levam a conclusões errôneas e precipitadas. Salvo pelo gongo Sei que estou relativamente sozinho nessa posição, mas acho que todos os componentes da ca-

CNPSo

Agronegócio

Décio analisa as disputas em torno dos transgênicos

deia da soja devem agradecer aos propositores, (em especial à Marilena Lazzarini) por haverem movido a ação judicial que sustou a liberação da soja RR para uso comercial. Nem tanto pelo mérito da ação, pois a maioria dos estudos solicitados já foi realizada, porém porque livrou o país e suas autoridades de uma coerção irresistível de governos e empresas com interesse na liberação da tecnologia com a máxima antecipação, para fazer valer a vantagem competitiva de haver chegado precocemente ao mercado, com um produto comercial viável. Acho que a decisão judicial teve o grande mérito de nos conceder um tempo, para observarmos a luta do mar contra o rochedo, sem ser o marisco, e tomar a decisão mercadológica quando o horizonte estiver desanuviado. O cenário mais provável indica que o mercado se segmentará em nichos, havendo espaço para a diferenciação não apenas entre OGMs e não OGMs, mas dentro de cada um dos grupos. Do ponto de vista comercial, o importante é se fazer presente em todos os segmentos, com a credibilidade de que se está oferecendo um produto que corresponde às especificações exigidas. Entidades científicas As organizações científicas são

imprescindíveis para balizar e chancelar a discussão que ocorre nos diversos foros sociais. Alguns países radicalizam, como França, Áustria e Luxemburgo, que renegaram a decisão da EU aprovando transgênicos para comercialização, e pediram uma moratória para esses produtos. Nos EUA e Canadá, sede de algumas multinacionais que detêm o limiar do conhecimento na área, a discussão é conduzida de forma anárquica, com manifestações individuais de cientistas ou, eventualmente, universidades. Porém, não existe um posicionamento definitivo dos órgãos maiores ligados à ciência e tecnologia, em que a sociedade possa se louvar para reduzir sua insegurança e ansiedade. No mais das vezes, a discussão é orientada por posições pré-concebidas do ponto de vista comercial, que buscam enaltecer estudos científicos que dêem suporte às suas teses. Mudança de paradigma Sabe-se que nos momentos de mudança de paradigma, não importa quanto você era competitivo no cenário anterior. Vale o quanto se domina do novo paradigma. Do ponto de vista brasileiro, ser apanhado no contrapé da revolução biotec-

nológica, sem poder acompanhá-la, tanto do ponto de vista comercial como sob o aspecto de ciência e tecnologia, pode significar um retrocesso enorme na trilha íngreme pela qual o Brasil vem perseguindo posição de liderança nos agronegócios mundiais. A perspectiva de mudança tecnológica é tão intensa, que os sistemas de produção hoje vigentes serão história daqui a 10 anos. Quem não estiver acompanhando, de forma atualizada os novos rumos, arrisca ficar no acostamento da história. Queremos dizer que, se é legítima a preocupação com aspectos de segurança ambiental e de saúde pública, não podemos descurar dos aspectos científicos e agronômicos, como uma boa aposta em nosso futuro. Tenho comigo que, resolvida a polêmica atual, o paradigma biotecnológico será o dominante, e se o Brasil chegar atrasado nessa corrida, sofrerá as conseqüências de atraso no seu desenvolvimento, menor perspectiva de ganho de renda, e perda de empregos nas diferentes cadeias agroprodutivas. A palavra de ordem deve ser avançar, com cautela, mas avançar. Décio Luiz Gazzoni, Embrapa Soja Julho 2000 Cultivar

51


Embalagens

Tecnologia no Itaquerê A expansão da cotonicultura brasileira, e a necessidade de adoção de tecnologia apurada está se refletindo na organização de excelentes dias de campo para difusão de informações especializadas. Este ano um dos grandes programas foi o dia de campo do grupo Itaquerê, em Primavera do Leste, que reuniu mais de 500 dos principais produtores nacionais e já se constitui em ponto de visita obrigatório no cenário algodoeiro brasileiro. Estiveram examinando o material em exposição desde os cotonicultores do Centro-Oeste aos de São Paulo e até um grupo do polo algodoeiro de Barreiras, na Bahia. A fazenda Itaquerê organizou modelar recepção que incluiu refeições para todos os participantes. Coordenado por Elói Brunetta, líder do grupo, o evento teve como ponto central as palestras de seis especialistas de áreas estratégicas, desde a pesquisa, adubação e nutrição, fitossanidade e aspectos econômicos. Além disso, experimentos foram montados por empresas, que levaram seus produtos e técnicos ao local, demonstrando as novidades técnicas desenvolvidas em cada área.

Novo herbicida

A unidade Agro do Grupo Basf está lançando o Aramo 200, herbicida pós-emergente utilizado no controle de plantas daninhas nas culturas de feijão, soja e algodão. A Basf, com sua vasta experiência no desenvolvimento de graminicidas, introduz no mercado agrícola este novo produto que age de maneira sistêmica e segura, controlando as gramíneas anuais e perenes, com destaque ao milho e arroz voluntários e digitárias. O Aramo 200 tem como princípio ativo o Tepraloxydim. Desenvolvido e produzido na matriz, na Alemanha, este novo produto aprimorará a linha de herbicidas da empresa para estas culturas.

Elói Brunetta, João Pessa e João Rodrigues

O destaque correu por conta das palestras organizadas. Sobre nutrição e adubação do algodoeiro no Cerrado de MT falou o professor Eurípedes Malavolta, acerca das doenças e controle o pesquisador Marcos M. Iamamoto, da Coodetec, enquanto o algodão do Mato Grosso no cenário mundial teve explanação de Hans Ruckriem. O inglês John Allis, da Stoneville, discorreu sobre a pesquisa e desenvolvimento de variedades para a América do Sul, e o chefe do Centro Nacional de Pesquisa do Algodão, da Embrapa, Eleusio Curvelo Freire, mostrou a qualidade do produto do Mato Grosso e especificou as culltivares desenvolvidas pela Embrapa e Fundação MT. O coordenador de algodão da Coodetec, Delano Marcus Gondim, expôs os melhoramentos genéticos obtidos nos últimos anos e as tendências futuras. Todas as explanações foram repetidas, em horários alternados, para melhor aproveitamento.

O agrônomo Alvir Jacob, da Secretaria da Agricultura do Paraná, luta pela criação de alternativas de uso de embalagens de agroquímicos recicladas. Ao mesmo tempo em que se evitaria a contaminação, as opções proporcionariam aproveitamento economicamente atraente usando como matéria-prima as embalagens, que por lei não podem ser reutilizadas. Jacob cita, como alternativa, a confecção de placas de trânsito e de acostamento nas estradas, lixeiras urbanas, pára-choques de automóveis e placas indicativas para zonas rurais. Além do descarte inadequado, hoje fonte de contaminação de cursos de água e da queima, produzindo poluição, sabe-se de casos de reutilização dessas embalagens para depósito de água e até leite. Embora a tríplice lavagem tenha minorado o problema, lembra Jacob, ainda há riscos graves de contaminação.

Resistência Equipe

Pinesso colheu bom algodão

Resultado

O empresário agrícola Gilson Pinesso, da Pinesso Agropastoril Ltda, de Mato Grosso, feliz com a colheita de algodão. O primeiro talhão colhido, da cultivar Ita90, rendeu 294 arrobas por hectare. Com a DeltaOpal, plantada pela primeira vez esse ano, obteve quase isso. É resultado para estimular qualquer um.

Integração Bem sucedida a integração entre os quadros da DuPont e Pioneer, após a compra da segunda pela primeira. Com as duas marcas compartilhando pela primeira vez de um estande, no Congresso Brasileiro do Milho, em Uberlândia, ficou evidente a absorção natural dos elementos e a utilização de estratégia de marketing que evidenciou qualidades próprias e convergentes. Por se tratar de uma empresa agroquímica e outra de sementes, as duas logomarcas se tornaram um conjunto, mantendo no entanto as identidades e características tradicionais. A DuPont promovendo agroquímicos e a Pioneer divulgando a qualidade conhecida, a apresentação

Delano esteve em Montpellier

Geraldo Davanzo, Newton Roda e Carlos Werlang

conjunta ficou harmônica e sem traumas. Trabalhando juntos em evento, por exemplo, Carlos Werlang e Geraldo Davanzo, do marketing da Pioneer, e Newton Roda, da DuPont, não encontraram dificuldades em levar a mensagem aos clientes sobre manutenção dos valores respectivos conquistados e defendidos pelas duas empresas.

Viagem Um grupo de 21 fazendeiros e agrônomos viajou em junho para a França, para participar de um curso de 11 dias sobre a cultura do algodão, na cidade de Montpellier. A viagem é resultado de convênio da Coodetec com o CIRAD francês. Na liderança do grupo o coordenador técnico de algodão da Coodetec, Delano Marcus Gondin.

A Milenia, buscando novas soluções para participar Estagiárias agradaram o público de eventos, montou uma equipe permanente de estagiárias para atender o público ao invés de contratar recepcionistas em cada ocasião. O grupo está treinado e apto a falar sobre os produtos da empresa. São três da área de administração, Giani (coordenadora), Fabiane e Sissi, e Milena de agronomia. Donizetti Fornarolli, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento (no centro) é o líder. Ao seu lado, Éverson e Vinícius.

No XXII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, realizado em Foz do Iguaçu, o Comitê Brasileiro de Resistência de Plantas a Herbicidas colocou à disposição a publicação Identificação e Manejo de Plantas Daninhas Resistentes aos Herbicidas . A publicação visa conscientizar e informar a comunidade agrícola brasileira sobre o surgimento de resistência de plantas daninhas aos herbicidas, bem como fornecer recomendações preliminares para prevenção e manejo da resistência. Interessados poderão pedir à SBCPD: fone (43)371-6071.

Análise de safra

Um sucesso a muito bem organizada promoção Análise de Comercialização da Safra 2000 , da Associação Brasileira de Marketing Rural, no Crowne Plaza Hotel, em São Paulo, com patrocínio da Dow AgroSciences. Com a participação maciça dos principais empresários do setor agroquímico e da área de comercialização de grãos, carnes, têxtil e sucroalcooleiro, o evento antecipou como deverá se comportar o agribusiness nacional este ano. O presidente da ABMR, Luiz Carlos Lazarini, na abertura, apresentou o estudo sobre o perfil do consumidor dos insumos agropecuários, um trabalho de fôlego da entidade que vai desde a classificação e hábitos do consumidor passando por todos os setores envolvidos, num total de 131 ítens. A análise propriamente dita correu por conta de Fábio Trigueirinho, secretário geral da ABIOVE (painel do complexo soja e derivados), tendo como debatedor Antonio Bueno, da BM&F; Joprge Luiz Pozza Pederiva, do grupo Perdigão (painel do milho e complexo

Evento contou com público seleto

carnes), debatedor André Pessoa, da Agroconsult; Andrew McDonald, diretor da Alpargatas-Santista (algodão e indústria têxtil), debatedor Oscar Augusto Rache Ferreira, diretor da ABIT; Júlio Maria Borges, da Job Consultores Associados (complexo sucroalcooleiro), debatedor João pessoa de Queiroz Bisneto, do grupo J Pessoa; e John Moore, da Farm Credit Administration (financiamento agrícola nos EstAdos Unidos e no Brasil), que teve como debatedor Manuel Felix Cintra Neto, presidente da BM&F, Ricardo Conceição, do Banco do Brasil, e Antonio Burani, da Febraban. Os próximos eventos da ABMR serão em agosto (Plano de Safra 2000/ 2001) e em setembro (XI Mostra ABMR de Comunicação em Marketing Rural).


Transgênicos

Um novo terrorismo A

frustração da safra de milho, e a necessidade de aumentar as importações, trouxe ao cenário do agrobusiness uma nova figura. Mesmo para quem já conhecia o terrorismo ecológico, capitaneado pelo Greenpeace e protagonizado pelo MST, que saiu a campo para queimar experimentos com plantas transgênicas, o terrorismo jurídico é uma desagradável surpresa. A chegada do milho comprado da Argentina, país que, com os Estados Unidos, forma a maior dupla exportadora ocidental do cereal, revelou que os descarregamentos serão precedidos de mandados judiciais determinando o exame laboratorial do produto para averiguar eventuais procedências transgênicas. O comando judicial acata pedidos do Ministério Público, que por sua vez leva em conta denúncias do Greenpeace, que alega ter informações seguras . Pelo menos nas duas primeiras ocasiões a segurança das informações falhou, pois os exames constataram que o milho era o convencional, em que pesem manifestações do governo gaúcho, que ousou pôr em cheque os

54

• Cultivar

Julho 2000

laudos técnicos. Até aqui a demora não causou maiores transtornos, pois o mercado está razoavelmente abastecido pela safra recente. Mas logo haverá necessidade de entregar o produto ao setor de aves e suínos, considerado um dos melhores do mundo, mas que ainda esbarra

fundamento nobre mas iniciativas denunciantes irresponsáveis, colhem aplausos sob o abrigo do Ministério Público. Da denunciação caluniosa, prevista pelo Código Penal Brasileiro e passível de punição, não se cogita. O terrorismo ecológico está à solta, alimentado pelo denuncismo irresponsável do jornalismo despreparado e a atração fatal que a Ribalta dos jornais e televisão exerce sobre setores públicos. Contra isso já se levanta, por exemplo, nos Estados Unidos, a Califórnia, que está ultimando legislação específica para punir o terror ecológico. Lá a irresponsabilidade foi detida. O Brasil ainda é lugar em que a perseguição à tecnologia avançada é tida como meritória e a denúncia segura de que um navio transporta transgênicos ganha destaque nos principais noticiários, como se fosse de carga de entorpecentes, esses sim introduzidos às toneladas

Restará saber, então, quem pagará pelos prejuízos causados pelo atraso de hoje na deficiente milhocultura nacional. E nessa hora não se poderá postergar, sob pena de prejudicar o pequeno produtor de frangos e suínos de Santa Catarina e do Paraná. Está exposta, portanto, a iminência de danos e permanece a inversão do ônus da prova. Aceitam-se denúncias sem fundamento e obriga-se o importador culpado até prova em contrário - a mostrar que é inocente. Enquanto isso entidades como o Greenpeace, de

no país sob os olhos enevoados dos organismos de repressão. A biotecnologia genética é o dragão da maldade para o Greenpeace, assim como a introdução da vacina levantou a fúria popular contra Pasteur, ou como os próprios médicos condenaram Semmelweis por defender a assepsia e mandá-los lavar as mãos antes de examinar os pacientes. Galileu teve de concordar que o Sol gira em torno da Terra para não ser queimado na fogueira, como Giordano Bruno. Os exemplos são infindáveis. A moda agora é condenar a nova tecnologia genética, em nome do conformismo e do convencional. Não importa que os maiores nomes da ciência a defendam. Para os dogmáticos o progresso é ignomínia. No entanto, a intolerância dos satisfeitos com a situação ofende ao mundo cada vez mais carente de alimentos. Em poucos anos, mais dois ou três, quando todas as empresas dominarem a nova tecnologia, a segunda onda de produtos transgênicos receberá aceitação mundial. Restará saber, então, quem pagará pelos prejuízos causados pelo atraso de hoje. NP



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.