Cultivar 19

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índice

destaques Maçãs podres Uma péssima novidade para os produtores de algodão. Veja como as maçãs estão apodrecendo CAPA - Foto: Newton Peter

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Tecnologia em alta

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A região de Barreiras, no Oeste baiano é prova viva do que pode fazer a técnica agrícola

Trigo na ração Alimento humano tradicional, o trigo começa a aparecer também nas rações animais

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04 06 08 12 14 16 20 22 24 26 28 30 31 35 36 37 38 39 40 42 48 51 54 57 59 62

A hora do milho

○ ○ ○

Morte gelada A geada é um dos princípais flagelos do café. Você sabe que há meios para se defender dela?

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Diretor:

Newton Peter - RPJ/RS 3513 Editor geral:

Schubert Peter - NUJ 26693 Reportagens Especiais:

Ano II - Nº 19 - Agosto / 2000 ISSN - 1518-3157 Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (12 edições): R$ 58,00 Números atrasados: R$ 6,00

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Falta milho no Brasil. Mais do que em outros anos. É hora de escolher a cultivar certa

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Diretas Diretas + Cartas Patógenos em algodão Mosca branca no algodão Algodão na Bahia Cultivares fibrosas de algodão Reportagem: Barreiras Inseticida de nova geração Trigo na alimentação animal Pesquisa entomológica Feijão sem fungicida Doenças do feijoeiro Atualidades da Abrasem Nematóides em soja Uma estória de soja Sistema Integrado de Controle A internet no campo Mercado Agrícola Coluna Aenda Variedades de milho Monitoramento de pragas Tratamento de semente de arroz Geadas no café Congresso de Entomologia De tudo um pouco Última Página

Infoagro Cheminova Dekalb Maeda Maeda FMC Dupont Bayer Dow Rafain Novartis Aventis Gravena Semeali Dekalb Winfit Agrosystem Aenda Fundação MT FMC Bayer Brejeiro Molina Monsanto Agripec Cultivar

02 05 07 10/11 13 15 17 19 23 25 27 41 43 44 47 49 50 51 53 56 58 60 60 61 63 64

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Naufrágio

Plano de Safra

ABMR (Associação Brasileira de Marketing Rural) promoverá a partir das 12h30min do dia 30 de agosto, o seminário Plano de Safra 2000-2001. O objetivo é abordar a próxima safra, analisada e comentada por quem de fato faz o business no setor, gerando informaLazarini ções valiosas para o planejamento de negócios das empresas e instituições do agribusiness. Além dos assuntos abordados tradicionalmente pela ABMR, como plantio das principais culturas de verão, mercado de máquinas, mercado de sementes, mercado de fertilizantes e mercado de defensivos agrícolas, haverá a palestra do vice-presidente da Gargil Venture, Billi Brady, que falará sobre Os Agronegócios e a Internet nos Estados Unidos. A ABMR é presidida por Luis Carlos Lazarini. Maiores informações podem ser obtidas na entidade, através dos telefones (11) 212-7814 ou 814-0491 ou pelo e-mail: abmr@abmr.com.br.

Novo comando

A CATI, de São Paulo, está sob a direção do agrônomo Antônio Carlos de Sousa, que iniciou sua carreira na casa em 1972. Sousa, que já dirigiu a entidade Antônio Carlos de 1989 a 1991, pretende priorizar o desenvolvimento agrícola sustentável. É importante levar a informação ao agricultor e ao consumidor. O agricultor precisa produzir o máximo, com qualidade, a custos mínimos e com máxima renda , explicou.

Planos

A nova diretoria do Sindicato Rural de Itapuranga, que tomou posse recentemente, quer revolucionar suas atividades no município. O novo presidente, Delcides de Souza Fonseca, junto com os demais diretores, quer incrementar a participação do produtor rural nas iniciativas em prol do setor agropecuário da região.

Futuro assegurado

Os agroquímicos terão uso assegurado pela próxima década e, provavelmente, serão usados sempre. A conclusão é da Dra. May Berenbaum, da Universidade de Illinois, que juntamente com outros 15 cientistas elaboraram relatório sobre o assunto para o Conselho Nacional de Pesquisa (NRC). O estudo diz que nenhuma estratégia única irá funcionar em todos os ecossistemas, por isso os agroquímicos serão parte de um sistema ecologicamente baseado para aumentar, com segurança, a produção agrícola.

Após muitos lançamentos e grande alarde, parece que haverá uma grande seleção no ramo de portais agrícolas. Com a baixa do mercado de ações de tecnologia norte-americano (Nasdaq), faltou dinheiro para muitas empresas brasileiras. Comenta-se que haverá quebradeira no setor, pois os investidores, pelo menos neste momento, não estão dispostos a apostar mais na idéia. Outro caso interessante é o das empresas que têm participação de acionistas argentinos. Naquele país, após a aprovação da lei que permite uma devolução de cheque sem fundos sem o cadastramento do devedor, as empresas passaram a atrasar pagamentos como forma de capitalização. Reflexos são sentidos no Brasil por quem negocia com subsidiárias de empresas argentinas.

Pragueiros

A partir de agora o uso de Manejo Ecológico de Pragas e a prestação deste serviço estão restritos. É que foi publicado o registro do termo, pela Gravena Manejo Ecológico de Pragas, de propriedade do professor Santin Gravena. Aproveitando a oportunidade, a empresa realizará mais uma edição do curso de capacitação de inspetores de pragas em setembro. Será de 4 a 6. Além disso, a cada mês sairá um novo curso sobre a calibragem e manutenção de pulverizadores, assunto sempre em evidência. Maiores informações, telefones (16) 323.2221 e 323.5457, ou através do e-mail: gravena@asbyte.com.br

Visita

Geraldo

Esteve no Brasil o vice-presidente da FMC, W. Kim Foster, para uma reunião com o superintendente da empresa para a América Latina, Gerardo Copello. Foram avaliadas as áreas financeira, de recursos humanos, de pesquisa e de

AGCO A AGCO Corporation firmou acordo operacional com a Same Deutz-Fahr, da Itália, para permitir a fabricação de máquinas sob especificações da marca Massey Ferguson. Serão inicialmente oito modelos de tratores para fruticultura, que chegarão ao mercado americano a partir de setembro.

Transgênicos

marketing. Os experimentos de pesquisa receberam especial atenção. A gerente de pesquisa da empresa, Maria de Lourdes Fustaino, explica que a visita permitiu aos diretores um maior contato com os produtos que serão o futuro da empresa nos próximos três anos.

Erramos

Na edição anterior, trocamos a legenda da reportagem sobre o zoneamento de café para o Paraná. As regiões em vermelho são inaptas para o cultivo, enquanto que as verdes são indicadas.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Idec, e o Greenpeace realizaram testes para verificar a presença de componentes transgênicos em alimentos vendidos no Brasil. No total, foram testados 42 produtos, entre nacionais e estrangeiros. O Idec testou 31 produtos em um laboratório suiço e o Greenpeace avaliou 11, em um laboratório austríaco. Os produtos que apresentaram componentes transgênicos podem ser vistos na tabela. Diante destes resultados, o Idec encaminhou cartas para a CTNBio, ANVS e para os Ministérios da Saúde, Agricultura e Justiça. Os textos pedem a imediata retirada dos lotes que apresentaram transgênicos, análise de controle dos alimentos importados, rigorosa fiscalização nas empresas que tiveram seus produtos reprovados, maior controle sobre as matérias primas importadas, tanto as de consumo animal quanto as de consumo humano, e urgência na definição da rotulagem dos alimentos que contém ingredientes transgênicos.


Mudanças

FMC cresce no mercado de café

A participação no mercado de café da FMC do Brasil cresceu nos últimos anos. Desde que a empresa entrou neste segmento, em 1997, a aplicação do Furadan Líquido em área tratada não parou de crescer, atingindo todas as zonas cafeeiras do País. Em 97, foram aplicados produtos FMC em 9 mil hectares; em 98, passou para 16 mil hectares, num salto de 75% de crescimento, marca ainda melhor no ano seguinte, quando a empresa forneceu produtos para 43 mil hectares, num acréscimo de 170%. Nossa meta é terminar este ano com 62 mil hectares de área tratada e continuar crescendo até Leonardo ultrapassarmos a marca de 100 mil hectares em 2002, quando teremos 20% de participação no mercado de inseticida via solo , revelou o gerente de Marketing do Mercado de Café da FMC do Brasil, Leonardo Mandon, na Expocafé. Foi no mesmo evento, de 29 de junho a 1º de julho, em Três Pontas, no Sul de Minas Gerais, que a empresa apresentou, com destaque, os primeiros resultados do Furadan Líquido, o único inseticida nematicida não-granulado no mercado, que combate o bicho mineiro, nematóides e outras pragas dos cafezais, em aplicação via solo , e o herbicida Aurora, que controla ervas sem causar fitotoxidade ao café .

Soqueiras

Uma das grandes reivindicações dos produtores de algodão à indústria de máquinas é a criação de um implemento que facilite a destruição de soqueiras, após a colheita e o corte dos pés remanescentes. Como sempre resta uma parte do caule, o rebrote alimenta as pragas, que permanecem à direita.

Lendo a edição de junho de 2000 constatei a parcialidade com que a revista Cultivar demonstrou o seu apoio aos trangênicos. Penso que uma revista de caráter técnico deve ser antes de tudo, difusora de novas tecnologias, mas sempre com seriedade quanto a posicionamentos. A informação para ser confiável deve abordar sempre os

pontos positivos e negativos. No caso de transgênicos, tecnologia que está sendo recentemente repassada, não se trata apenas de levantar bandeiras, ok? Vamos apoiar o que vier de bom, mas com cautela. Rossana Godoy

Li a manifestação de apoio da Cultivar aos transgênicos. Foi a

Roubos

Somente nos três primeiros meses do ano foram roubadas cargas de agroquímicos no valor de US$ 2 milhões no Estado de São Paulo, segundo o Sindicato dos Transportadores. E isso representa apenas 60% dos roubos cometidos no país. Em geral os ladrões atacam nos depósitos.

atitude mais corajosa que encontrei em uma revista nos últimos tempos. Tudo o que se lê, normalmente, mostra que o autor não é contra nem a favor, antes pelo contrário. Um especialista talvez explique esse medo de se expor, de defender idéias, de recuar sempre que alguém pense diferente. Gostei da Cultivar. Vocês mostraram que defendem princípi-

Estão circulando em Brasília informações cruzadas sobre mudanças estruturais no Centro Nacional de Proteção de Cultivares. Ninguém arrisca maiores detalhes. Mas as alterações já estão a caminho.

Sem antibióticos

A retirada dos antibióticos das rações é uma preocupação que ocupa nutricionistas de todo o mundo. Essa preocupação ficou clara durante o 8º Simpósio Internacional sobre Fisiologia Digestiva de Suínos, realizado entre 18 e 25 de junho em Uppsala, na Suécia. O simpósio contou com trabalhos de 196 congressistas, de 26 países diferentes. O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Cláudio Bellaver, foi o único representante da América Latina. e apresentou os trabalhos Análise de Conglomerados para Farinhas de Carne e Ossos e Redução Cirúrgica do Estômago de Suínos como Modelo para Estudos de Obesidade Humana .

os. É preciso parar com essa atitude de subserviência e descer dos muros. Não sou a favor dos transgênicos. Nem contra. Ainda não formei opinião, por falta de dados, que todos manipulam a seu favor. Mas é bom saber que a Cultivar, certa ou errada, já se definiu. Chega de Maria-vai-com-asoutras. Cassiano Ricardo São Paulo

Sombras

Os bem humorados Sombras (Sérgio e Rogério) estão se tornando figuras obrigatórias nos principais eventos agrícolas do Brasil. Desde o Show Rural da Coopavel, em fevereiro, sua estréia no setor, espalham suas brincadeiras pelo país todo. No mês passado chegaram ao Nordeste, contratados pela Case para animar a Feira de Barreiras. Recebem chamadas pelo fone (11) 9218-2166.

ISO

A Associação Brasileira de Normas Técnicas está preocupada e vai agir para que os certificados ISO não percam a credibilidade. Há muitas denúncias de que empresas certificadas deixaram de cumprir as normas. A marca ISO está sendo conspurcada sem culpa alguma , disse Mario Cortopassi, presidente da International Organization for Standartization.

Tenho lido nos jornais a cada dia quem condene ou defenda os transgênicos. Mas nunca li algo realmente contra ou a favor, com provas. Sei que tudo se trata de um jogo econômico. Quem tem quer vender, quem não tem diz que é ruim, como na fábula da raposa e as uvas. Os cientistas brasilei-

Sérgio e Rogério

Gente nova

A Bayer S/A tem nova coordenadora de publicidade e promoções. É a Adriana Rocha, que vem da Adzonobel, empresa do setor de tintas. Adriana trabalhará diretamente com o diretor Peter Ahlgrim. É um grande desafio em uma função de excepcional importância para a empresa. Sucesso!

Outra nova

Também a FMC tem nova coordenadora de promoções e publicidade. Já está no cargo Fernanda Teixeira, funcionária de carreira da empresa, onde trabalhava no setor de comércio exterior. Fernanda foi escolhida por sua experiência e capacidade de trabalho.

ros apóiam. Os ecologistas discordam. Na Cultivar sempre vi apoio, que na edição de Junho foi escrito com todas as letras. Espero que vocês, jornalistas, tenham razão. Até prova em contrário, vou confiar em vocês. E apoiar também. Vitor Minas Porto Alegre


doença

UFMS

Apodrecimento prematuro Microrganismos que atacam maçãs do algodoeiro são investigados

R

elatos sobre apodrecimentos de maçãs de algodoeiro, procedentes de várias localidades do Cerrado, foram feitos na safra 1999/2000. Os problemas apareceram geralmente na fase de formação de maçãs e final do ciclo da cultura. Entre os meses de março a maio deste ano, 17 amostras de maçãs das variedades Ita-90 e DeltaOpal foram enviadas para o Laboratório de Fitossanidade da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). As amostras foram remetidas por produtores e agrônomos, sendo treze delas provenientes do Estado de Mato Grosso, três de Mato Grosso do Sul e uma da Bahia. Todas as maçãs enviadas apresentavam sintomas de podridões em seu interior. Para identificação dos patógenos, foram utilizados procedimentos de laboratório para isolamento de fungos e bactérias, a partir de amostra interna. As análises indicaram que muitas maçãs não tinham sintomas externos visíveis, mas em algumas amostras foram detectados danos causados por percevejos (populações migrantes de Euschistus heros e de Piezodorus guildinii da soja e percevejos rajados do algodoeiro). Existem relatos indicando que os per-

cevejos, ao atacarem os frutos de algodoeiro, sugam as sementes, o que reduz o teor de óleo; também provocam o apodrecimento de maçãs, levando ao carimã, em decorrência da inoculação de microrganismos que penetram nestas estruturas. A literatura americana cita que a bactéria Erwinia está associada ao ataque do percevejo Euschistus. Este problema já foi comum na Califórnia, onde a maioria dos lóculos das maçãs apresentava-se infectada. Durante a realização dos testes verificou-se que o dano da bactéria estava associado somente ao ataque dos percevejos que sugavam as maçãs. Este tipo de podridão resultou do ataque do inseto associado à alta umidade, que favoreceu a disseminação da bactéria, principalmente em maçãs novas. Sob o ponto de vista econômico, a podridão das maçãs é uma importante doença em vários países da África Central. Nos relatos, consta que existem 170 espécies de microrganismos, principalmente fungos, associados à podridão das maçãs. A maioria, porém, é constituída por espécies necrófitas ou saprófitas, com ação secundária em função das lesões ocasionadas pelos verdadeiros patógenos, ou por penetração atra-

vés de aberturas naturais ou ferimentos provocados por ataque de insetos e ácaros. Primeiros sintomas Nos materiais recebidos nesta safra foram observadas lesões de coloração escura tomando quase toda a maçã e causando manchas na fibra, provocadas por microrganismos. Os primeiros sintomas observados foram manchas que iniciaram na semente e evoluíram para uma podridão interna, que pode ser relacionada a uma sucessão de patógenos. Na tabela 1 estão os resultados das análises realizadas no laboratório, a partir dos materiais provenientes do campo. Foram encontrados três gêneros de fungos (Fusarium, Aspergilus, Colletotrichum) e um gênero de bactéria (Erwinia). Conforme a tabela 1, pode-se observar que nas onze amostras da variedade Ita-90, o Fusarium foi o microrganismo que apresentou maior incidência. Uma amostra apresentou o fungo Aspergillus, e outra o fungo Colletotrichum. Para os isolados de bactérias, duas amostras foram identificadas como sendo pertencentes ao gênero

Erwinia. As demais bactérias isoladas não apresentaram reação de hipersensibilidade quando inoculadas em folhas de tomateiro. Significa que não foram consideradas fitopatogênicas. Na realização da reprodução dos sintomas de ataque do percevejo, encontrou-se também bactérias fitopatogênicas nas lesões. Em sete amostras da variedade DeltaOpal foram encontradas quatro amostras com Fusarium, uma com Colletotrichum e outra com Erwinia. Nos locais dos campos onde ocorreu ataque de percevejos, constatou-se sempre o aparecimento de Erwinia. A presença destes insetos, associada à umidade, pode ter favorecido a inoculação dos microrganismos, principalmente em maçãs novas, inclusive coincidindo com a colheita da soja, onde houve migração dos insetos para o algodão. O hábito dos percevejos sugarem as maçãs consideradas novas faz com que o dano seja percebido tardiamente. Em paralelo, foi avaliado o ataque de percevejos em diferentes variedades de algodoeiro cultivadas no Brasil. Um experimento foi realizado na área experimental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde se fez a avaliação da suscetibilidade de seis variedades de algodão ao ataque de percevejos e apodrecimento de maçãs. Os resultados (tabela 2) indicaram que as seis variedades não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si para as podridões de maçãs.

UFSM

Algodão

Lilian, Paulo e Justino estudaram os sintomas de podridões nas maçãs do algodoeiro

Avaliação dos carpelos Como foi levantada a hipótese de que o apodrecimento das maçãs poderia estar correlacionado à espessura das cascas do fruto, foi feita uma avaliação dos carpelos. Os resultados desta avaliação (tabela 2 - espessura de casca de maçãs sadias) indicaram que as variedades Goianinha, DeltaOpal e Ita-90 apresentam as cascas mais finas, sendo que a DeltaOpal teve casca significativamente mais fina do que as variedades Cd-401, Cd-404 e Antares. Já para a espessura da casca das maçãs com as podridões, as variedades DeltaOpal e Ita-90 foram as que tiveram cascas mais finas, sendo estatisticamente semelhantes entre si e à Cd-404. No trabalho realizado ficou evidente que a espessura dos carpelos das variedades DeltaOpal e Ita-90 são menores do que as outras variedades testadas, mas não há diferenças entre as

variedades para o apodrecimento de maçãs. A campo, um aspecto que deve ser considerado é que, nesta safra, a variedade DeltaOpal foi semeada, geralmente, primeiro nas propriedades (por ser tolerante à doença azul), e pode ter coincidido sua fase de maior suscetibilidade a apodrecimentos de maçãs com a migração dos percevejos. É oportuno mencionar a alta umidade no período de frutificação, que também pode ter influenciado na elevada incidência destes microrganismos. A possibilidade de uma nova doença - ou a ocorrência de outros patógenos - também não é totalmente descartada, pois não foram observadas picadas do inseto em alguns materiais enviados, com ocorrência de apodrecimentos. O fungo Fusarium encontrado em muitas amostras deve ser melhor avaliado em anos seguintes. Além disso, variedades que são menos pulverizadas para pulgões merecem mais atenção, já que possibilitariam maior sobrevivência dos percevejos, que podem não ser notados pelos monitores de pragas. Inclusive, em áreas próximas à soja, os insetos podem migrar de áreas vizinhas. Cuidado especial deve ser tomado com as infestações de percevejos rajados, uma praga emergente no Cerrado brasileiro. Lavouras de algodão mais tardias, bem vegetadas e vigorosas poderão ter problemas acentuados com esses insetos, tornando necessária a atenção no início das infestações, principalmente nas bordaduras, com a aplicação de inseticidas organofosforados sistêmicos, visando - se necessário - o controle destas pragas, que ficam geralmente no baixeiro da planta e dentro de botões e maçãs. Justino S. F. Ribeiro, Lilian M. A. Bacchi e Paulo E. Degrande, UFMS



Algodão

CNPA

praga

Utilizando a cultura próximo ao algodão é possível manejar melhor a mosca branca

Salvo pelo gergelim E

m algodão, a mosca branca (Bemisia argentifolii Bellows & Perring,1994) tem-se tornado uma importante praga, disseminada em todas as regiões produtoras. O dano ao cultivo é provocado tanto pelo inseto adulto como pelas ninfas, que se estabelecem em colônias, na face inferior das folhas, onde sugam a seiva da planta. Altas infestações da praga definham as plantas, provocando mela (complexo de açúcares) seguida pela queda das folhas e estruturas frutíferas. A mela faz com que as fibras se tornem pegajosas e, com isto, ocorre o crescimento de um fungo saprófita (Capnodium) que ocasiona o aparecimento da fumagina sobre ramos, frutos e folhas, reduzindo a capacidade fotossintética da planta. Atualmente, tem-se bus-

cado minimizar tais danos, através da implementação do manejo integrado, que reúne diversas estratégias que devem ser utilizadas, como controle legislativo, cultural, biológico e químico. Esta espécie de mosca branca caracteriza-se por se adaptar facilmente a novos hospedeiros e a novas condições climáticas e, ainda, por apresentar resistência a inseticidas. Tem-se conhecimento de mais de 500 espécies de plantas hospedeiras pertencentes a 84 famílias botânicas, em que a mosca branca B. argentifolii se reproduz. Dentre estas, encontra-se o gergelim (Sesamum indicum L.). Após experimentos realizados pela Embrapa Algodão em várias regiões do Nordeste onde se cultiva o algodão, observou-se grande atratividade do gergelim à mosca branca, cujos níveis de

infestação no algodão eram inferiores àqueles observados no gergelim. Nos experimentos em que se utilizou a cultura como armadilha, tanto em algodão de sequeiro como irrigado, verificaram-se, após as amostragens, populações de mosca branca com níveis de 10-12% de infestação, enquanto no gergelim os níveis chegaram a 80% de infestação. Atualmente, alguns produtores plantam, paralelamente, o gergelim, na bordadura da cultura do algodão, sob a orientação da EMATER e da ESPLAR (organização não governamental que trabalha com algodão orgânico); tal prática já é considerada eficiente. A cultura armadilha ou planta-isca é uma prática muito antiga, que se baseia no plantio antecipado ou não de uma variedade mais atrativa para a praga que a

variedade principal, onde se pode plantar em áreas marginais ou em faixas intercaladas à cultura, visando-se estimular a praga em preterir ou retardar a colonização da cultura definitiva. Tal prática pode reduzir o número de aplicações de inseticidas contra a praga-alvo. Para o sucesso da prática, utilizando o gergelim como armadilha, devemos tecer algumas considerações, como: - plantar, de preferência, a variedade de gergelim CNPA-G-3; - plantar o gergelim 10 dias antes do cultivo do algodão nas bordaduras do algodão utilizando 3 a 5 fileiras para áreas pequenas de algodão (até 5ha) e 10 fileiras para áreas maiores (a partir de 10ha); - para preservação e/ou aumento populacional de inimigos naturais da praga, utilizar piretróides (inseticidas de amplo espectro) nas bordaduras de gergelim, apenas nas últimas aplicações. Para produtores que fazem amostragem e usam níveis de controle: A amostragem deve ser feita a cada cinco dias ou, no máximo, uma vez por semana, com rechecagem após três dias, no caso

de uma densidade próxima ao nível de controle. As amostras devem ser efetuadas, preferencialmente, até às 9h, quando os insetos são menos ativos, e somente 24 horas após uma chuva. Não deve fazer amostragem depois de uma aplicação com inseticidas. Nas bordaduras, amostrar 50 folhas do gergelim no terço inferior da planta, anotando-se a folha atacada, se houver três ou mais adultos de mosca branca e uma ninfa, calculando-se a porcentagem de folhas atacadas. O nível de controle para adultos de mosca branca é de 60% e, para as ninfas, 40% (informações geradas no estado do Arizona- USA para a cultura do algodão). Uma vez atingido o nível de controle, a ação de pulverização deve ser imediata. Fazer, também, amostragem em algodão. Para produtores que fazem vistorias e não usam níveis de controle: Nas fileiras das bordaduras fazer vistoria semanal, observando-se folhas de gergelim (parte inferior da planta) com a presença de ninfas e adultos de mosca branca. As pulverizações devem ser realizadas

quando forem encontrados adultos ou ninfas, ou ambos, de mosca branca, no interior das bordaduras e realizar pulverizações espaçadas, por 10 dias. Para a escolha do inseticida a ser utilizado, deve-se levar em consideração se é para adultos ou ninfas de mosca branca, onde se encontra uma gama de produtos novos. Para ninfa, pode-se utilizar os reguladores de crescimento, detergentes neutros (160ml/20ld água), sabões e óleos (0,5 a 0,8%). Evitar o uso indiscriminado de inseticidas e, também, as subdosagens e superdosagens, para que o inseto não adquira tão rápida resistência. E´ importante ressaltar que a culturaarmadilha de gergelim deve ser monitorada constantemente, para que não se torne um foco de disseminação da praga, para a cultura principal. Se o gergelim for abandonado, poderá causar um problema maior que o previsto, principalmente se as condições forem favoráveis ao desenvolvimento da mosca branca, ou seja, clima seco e quente. Lúcia Helena Avelino Araujo, Sebastião Lemos de Sousa e José Janduí Soares,


Algodão

manejo

Fotos Cultivar

E a Bahia também tem algodão

A maior colheitadeira de algodão em operação no Brasil está em Barreiras. Colhe seis linhas

N

este ano agrícola o cerrado do Oeste Baiano plantou cerca de 40 mil ha de algodão, alcançando produtividades desde 130 a mais de 30 arrobas por hectare. A variação vai da fertilidade do solo aos fatores de manejo da cultura, como época de plantio e controle de pragas ou ervas daninhas. O agrônomo José Cláudio de Oliveira, que está trabalhando no local, mostra o que é possível produzir naqueles solos, desde que bem fertilizados e com a cultura manejada da forma apropriada. Ele relata a experiência na fazenda Acalanto, município de São Desidério, nas vizinhanças de Barreiras, de propriedade do grupo Horita, que experimenta algodão pela primeira vez. O grupo investiu pesado, iniciando com 500 hectares em plantio de sequeiro e 17 pivôs, dos quais quatro próprios e os outros arrendados. A maioria deles, porém, nem foram usados para irrigar, pois o regime de chuvas foi favorável. Em alguns houve apenas uma irrigação suplementar no final do ciclo da cultura.

O algodão foi colhido e nem todos os resultados ainda foram computados, pois a colheita estendeu-se julho a dentro. Em sequeiro, segundo José Cláudio, a produtividade alcançou a média de 265 arrobas/ha nas áreas plantadas mais cedo. Nos pivôs a mais baixa produtividade até 20 de julho estava em 226 @/ha, obtida em área de fertilidade e saturação de base baixa. A média máxima chegou a 311 arrobas em meio pivô da Fazenda Patuá. O pacote tecnológico adotado por José Cláudio foi basicamente o mesmo para todas as áreas. A diferença correu por conta da fertilidade anterior ao plantio e o teor de argila. A cultivar em toda a área foi a DeltaPine. José Cláudio conta como ocorreram as coisas no pivô três, o recordista de produtividade. Em princípio uma chuva pesada prejudicou a uniformidade. No início da emergência o objetivo era um estande de oito a nove plantas nascidas por metro linear no espaçamento de 76 cm entre linhas, mas acabou com 5,3 por metro. A produtividade no total do pivô ficou em 295 @/ha.

José Cláudio explica como consegue altas produtividades em solos pobres

O solo daquela área possui em torno de 21% de argila, pH (h²o) 6.1, saturação de bases de 66%, fósforo em Mehlich 16 ppm. Além de adubação de base e cobertura de nitrogênio, potássio e boro, usou-se cobertura de nitrogênio, potássio e boro. Houve cobertura de manganês foliar, pois esse produto de modo geral é deficiente na região. As análises foliares mostraram níveis considerados de médios a adequados para os nutrientes. O custo de produção, não computada a última irrigação no final do ciclo, ficou em US$ 1.037/ha. Com o aprendizado obtido nessa safra, José Cláudio acha que os custos tendem a aumentar entre US$ 50 a US$ 100 no próximo cultivo para a variedade DeltaPine, em função do surgimento de pulgões, bicudos e doenças. E quanto à época do plantio, feito em 10.12.99 na presente safra, decidiu antecipar na próxima para algo entre 10 e 30 de novembro, com o objetivo de aproveitar ainda mais o período de chuva. Assim espera aumentar a produtividade. NP


fibra

Cultivar

Algodão

Tem que ter fibra Em todas as espécies cultivadas a variável mais importante em nível de decisão sobre qual variedade plantar é a produtividade. No caso do algodão, esse item faz parte do contexto geral, porém isoladamente não é o mais importante

A fibra é o principal fator de qualidade do algodão. Depois o caroço

O

principal produto desta malvácea é a fibra; em seguida vem o caroço. Quando se fala num mercado globalizado (e em curto prazo exportação), a tecnologia da fibra é fator primordial para uma boa aceitação no mundo. As características tecnológicas da fibra melhoradas vão servir para mudar a imagem, principalmente no mercado europeu, de que o algodão brasileiro é de baixa qualidade. No mês de junho/2000, especialistas, técnicos, consultores e agricultores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia e São Paulo, estiveram reunidos participando de um Curso Interdisciplinar para uma Produção Algodoeira Sustentável e Competitiva, em Montpellier - França, organizado pelo CIRAD-CA e coordenado no Brasil pela Coodetec. Um dos temas principais foi a caracterização da fibra do algodão (pensandose numa maior competitividade internacional) e evidentemente sistemas de cultivos visando redução de custos e preservação do meio ambiente.

Progressos tecnológicos No Brasil, a indústria têxtil tem obtido importantes progressos tecnológicos nos últimos 25 anos. Neste progresso, que conduz ao aumento da produtividade, a exigência dos industriais pela melhor qualidade aumentou porque as rupturas ligadas aos defeitos da fibra causam sérios problemas nas fiações mais modernas e de grande capacidade. Isso demonstra a importância das características da fibra, consideradas secundárias anteriormente. Mais ainda, os industriais têm utilizado mecanismos para avaliar se suas exigências são atendidas corretamente, através de novos equipamentos de medição automatizados (HVI, AFIS...). O HVI (High Volume Instrument), instrumento de medição das características físicas da fibra de alta capacidade, é uma ferramenta que utiliza conceitos teóricos das medições clássicas, integrados em um só aparelho. As principais mudanças estão no méto-

do de avaliação da resistência, e a dependência entre os diversos módulos da máquina. Os instrumentos de medição integrados em um HVI permitem a determinação das seguintes características: comprimento, uniformidade, resistência e alongamento, micronaire, colorimetria e taxa de matérias estranhas e seu tamanho. Todas as análises provenientes deste equipamento são dependentes das condições ambientais. A sala de trabalho deve ser bem acondicionada em 65%, mais ou menos 2% em umidade relativa e 21 graus centígrados mais ou menos em temperatura. As variações das condições climáticas não só afetam os níveis de medição, como também causam variabilidades nos resultados. Um estudo americano mostra que uma variação de curta duração de 1% na umidade relativa leva a uma modificação média de 1g/tex na resistência. Para a pesquisa já foi desenvolvido o número de repetições confiáveis para cada variável em estudo. Para lotes comerciais o objetivo final é o estabelecimento de características homogêneas. Levando em consideração as informações geradas pelo sistema HVI, é possível limitar os problemas em fiações, e ao mesmo tempo melhorar as qualidades dos fios produzidos. Desta forma, os produtores podem valorizar o máximo sua produção. Com o resultado confiável desta máqui-


Cultivar

Delano Gondin coordena as pesquisas de algodão na Coodetec

na duas variáveis são muito importantes no processo atual: resistência e micronaire. Avaliando resistência A resistência é uma característica relevante que depende em grande parte da resistência do fio. É expressa geralmente em carga específica de ruptura, comumente chamada pela indústria de tenacidade, ou seja, a carga de ruptura expressa em cN sobre a massa lineíca em tex (comercialmente expressa em g/tex). Pelos padrões de calibração HVICC, materiais que tenham pelo menos 28 g/tex, já são considerados razoáveis para fiação. Excelente seria em torno de 30 g/tex. Este será um fator limitante na escolha de uma variedade para comercialização da pluma no futuro. O micronaire também é uma variável de relevância no algodão. É importante para os produtores, pelo fato de que os fiandeiros requerem um certo padrão e se o algodão cair

abaixo deste padrão, ele irá ter um deságio no seu preço. Porém, o micronaire sozinho não diz nada em termos de característica da fibra. Tem-se que entender que ele é na realidade uma complexa e indireta medição da combinação da maturidade da fibra (espessura) e a finura (diâmetro externo). O diâmetro externo da fibra é determinado pela variedade, e está definido de 3-5 dias após a floração. Nas variedades comerciais (G. hirsutum) a finura aceitável é: Hs = 175 a 200 mtex. Ressalta-se também que a finura é um fator muito importante na determinação da rigidez de um tecido ou, alternativamente, de sua maciez no toque e suas qualidades de drapejamento. A finura desempenha um papel fundamental para determinar a facilidade com que as fibras podem ser entrelaçadas durante a formação do fio. A maturidade representa a espessura da parede secundária. Depende das condições de cultivo, da ocorrência de doenças e do ataque dos insetos. As temperaturas baixas afetam o transporte de matéria prima, sua conversão à celulose e conseqüentemente reduzem a espessura da fibra (capulhos produzidos tardiamente são particularmente suscetíveis à baixa micronaire por esta razão). Este índice é definido MR = maturity ratio que combina as percentagens de fibras normais e mortas, dando a percentagem média de fibras maduras (% PM). Índices aceitáveis para esta variável são: PM % = >75. Processo produtivo Além da tecnologia da fibra, o processo produtivo do algodão não pode ser dissociado de algumas práticas agronômicas valiosas

para produção: adubação mineral, proteção fitossanitária, efeitos positivos resultantes do melhoramento genético e, em algumas áreas, irrigação. Os trabalhos de seleção e criação varietal têm permitido não somente aumentar o rendimento, mas também a expressão do potencial de rendimento com variedades tolerantes às doenças, e criação de variedades mais precoces para regiões com latitudes mais setentrionais. Deve-se também à genética a criação de materiais mais adaptados aos diferentes modos de cultivo (por exemplo, à colheita mecânica que exige plantas menos pilosas, com vegetação mais reduzida e que respondam bem à desfolhação química) ou a objetivos de produção particulares, como níveis mais elevados de rendimento de fibra. Variedades Coodetec A cultivar CD 404 atualmente recomendada para região central do Brasil tem respondido positivamente, à maioria destas demandas. Fica evidente que para uma região com variações edafoclimáticas consideráveis, a recomendação de uma só base genética não é viável. Diversificar seria o melhor caminho para evitar riscos maiores. Além da CD 404 recomenda-se também CD 402 e CD 403 para regiões onde se precisa de mais rusticidade das cultivares. O problema não é somente pôr em prática novas técnicas para produzir mais, e sim produzir melhor, ou seja, de maneira economicamente rentável e socialmente aceitável. Entre os critérios de aceitação social, estão o impacto da produção algodoeira sobre o meio ambiente, ou melhor, a durabilidade da produção no sentido de preservação das capacidades de produzir no futuro, que são elementos que os países produtores não devem esquecer. A pesquisa está se dedicando a resolver problemas mais graves e complexos. Cabe ao produtor estabelecer metas de produção eficiente com rentabilidade, sem pensar única e exclusivamente em produtividade com oneração dos custos. Delano Marcus Gondin, Coodetec


Mercado

N

o oeste baiano uma região de 111 mil km quadrados e 500 mil habitantes, com seis milhões de hectares de cerrados, terra paupérrima antes condenada para a agricultura, desponta como uma das mais produtivas do Brasil. O solo, arenoso e muito ácido, serve apenas para fixar as raízes, sem ter como desenvolver a planta, define um agrônomo da região. Mas a tecnologia empregada faz o resto: na região polarizada pelo município de Barreiras hoje se colhe soja, milho, algodão, café, arroz, frutas e hortigranjeiros em geral. E mais poderia ser colhido se ali se plantasse. Barreiras, o nome que representa a região de diversos municípios, é produto da tecnologia e da tenacidade dos agricultores do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que ali se fixaram a partir do final dos anos 70. Eles desmentiram dogmas e provaram que solo se cria. De vastas extensões ácidas e arenosas fizeram fazendas modelo de produtividade. Lá, colher 300 arrobas de algodão por hectare não é milagre, como na fazenda Acalanto, de Walter Horita. Feijão irrigado produz 70 sacos/ha facilmente. Paulo Mizote que o diga. E colher 100 sacas/ha de café não é exagero. Perguntem a Jacob Lauck, da Fazenda Paraíso. É isso mesmo que aquele solo, cuja acidez recebe toneladas de calcário e a carência secular de minerais é tratada com todo o adubo necessário, está produzindo. Capital e tecnologia Milagre? Nada disso. Apenas a soma de capital financeiro e tecnologia. O resto é a ação do clima propício, com regime de chuvas definido, e água em abundância, nos rios perenes ou no subsolo pródigo. Na região não chove de maio a outubro. Mas de novembro a abril são abastecidas plenamente as nascentes de numerosos rios no alto da divisa com Goiás. E, se o solo arenoso não facilita a vida natural das plantas, sua porosidade retém toda a água que flui no resto do ano para os rios que, no final, deságuam no São Francisco. E nos locais não atingidos pelos rios usa-se o plantio irrigado, com pivôs centrais. Em vários pontos poços artesianos têm apenas 8, 10m de profundidade. E com vasão impressionante. Barreiras, 130 mil habitantes, está a 900 km de Salvador e a 600 de Brasília. No centro, portanto, e por enquanto fadada a abastecer o mercado in-

BARREIRAS

A vitória da tecnologia

terno, o nordestino. Pura logística. Tem soja de altíssima qualidade e algodão como o melhor do Brasil, mas não exporta. Não tem porto. Ilhéus, sua opção natural, tem capacidade estática para apenas 3.000 toneladas de grãos armazenados. Menor do que qualquer silo local, das empresas como a Cargill e a Ceval, que compram as 1.520 mil toneladas de soja, 690 mil de milho, 110 mil de algodão, 70 mil de arroz, 25 mil de feijão, e 15 mil de café colhidos na região, em 864 mil hectares. Se hoje é assim, vai ficar pior em 2003, pois as projeções para aquele ano apontam colheitas de 1.930 milhões de toneladas de soja, 865 mil de milho, 325 mil de algodão, 78 mil de arroz, 30 mil de feijão e 55 mil de café. Em 1.171 mil hectares, pois há um crescimento estimado em 100 mil hectares por ano, o mesmo que já vem ocorrendo. Ah, que falta faz um porto ! No oeste baiano as culturas também são cíclicas. Começou com soja e milho, principais produtos. Depois os agricultores apostaram no algodão. Foi bom. No feijão também. Avançaram para o café. Melhor ainda. E a fruticultura só não avança mais por falta de tempo, com o algodão e café ocupando as atenções. Mas há quem fature alto em mamão e bananas, por exemplo. A cafeicultura irrigada é o principal assunto. De 100 hectares plantados pelo pioneiro João Barata, em 94, foi para 1.500 ha em 96, quando colheram 16 mil sacos, e a região evoluiu para 10 mil hectares este ano, colhendo 250 mil sacas nos 4.000 ha que já produzem. E com qualidade excepcional de doçura, baixa acidez e excelente corpo. A meta é plantar 20 mil ha até 2003 e colher um milhão de sacas em 2005. Só vendo para crer Um sonho? Mas realizar sonhos é a especialidade da região, como fala o agrônomo gaúcho José Cláudio de Oliveira, que presta assessoria a grandes fazendas e nos últimos 13 anos viu coisa que contando ninguém acredita . Naquela areia se produz de tudo. Basta usar tecnologia, segundo José Cláudio, que cuida de algodão, café e agora de bananas. Mas adverte: só capital e tecnologia não bastam. É preciso saber administrar, ou tudo vai por água abaixo. Barreiras, ainda fronteira agrícola, não é terra para aventureiros. Os que pensaram assim deixaram lá as marcas da arrogância. Abriram as áreas, derrubaram a vegetação de cerrado e plantaram. Depois faliram. As terras abandonadas convidam à reflexão. Aqui aventureiro não se cria, sentencia José Cláudio, um apaixonado por novas tecnologias que ali se desenvolvem, algumas por ele mesmo. No solo faltam minerais de toda espécie. É preciso incorporar até os que são tóxicos em terras do Sul, o que a princípio horrorizava pesquisadores ortodoxos, não afeitos às características re-

gionais. Querer usar ali técnicas consagradas em outros lugares é suicídio. Lá sobrevivem os profissionais. Cada vez melhores. É a região que mais se desenvolve na Bahia, mas a explosão deu-se após 1990, quando os produtores decidiram domar a terra. Se as vastas extensões próximas a Goiás recebiam bom volume de chuvas, mais a leste faltava água. A terra, pobre, plana e convidativa, estava ali. Criou-se então a Associação de Agricultores e Irrigantes do Oeste da Bahia, a AIBA, uma entidade que hoje congrega 975 produtores (128 irrigantes), e coordena as ações em 846 mil hectares (só 66 mil irrigados), o que representa módulos de 961 ha. A AIBA está estruturada em 10 diretorias, uma para cada cultura, como explica o engenheiro Humberto Santa Cruz Filho, seu presidente e coordenador geral. Pecuária com terra barata Há 30 anos as terras ali eram tão baratas que não valiam o arame para cercá-las. Ainda era época da pecuária. No final dos anos 70, quando a construção de Itaipu movimentou levas de sulistas, gaúchos na maioria chegaram ao local atraídos pelos incentivos e juros baixos. Plantou-se soja, ainda com baixa tecnologia, colhendo-se 25 sacos/ha. Daí até a constatação de que a monocultura não levava a lugar algum, muitos quebraram. Surgiu a rotação com milho. O primeiro ciclo foi o do grão. Havia duas safras de feijão e uma de milho anuais, que a mosca branca atrapalhou. A praga pouco dano causou à soja, mas acabou com festa do feijão Há sete anos o dano foi tanto que abandonou-se 30 e até 40% da área irrigada. Então pensou-se na fruticultura, no algodão e finalmente aportou ao local o angolano João Barata, que decidiu plantar café irrigado. Essa a história. O resto é a realidade. Que só vendo para crer. A temperatura média anda por 22,5º e a

Humberto Santa Cruz coordena a AIBA

altitude de 700 metros é responsável pelo favorável regime de chuvas. Com uma diferença de 400 m de altitude de Goiás, as nuvens que se formam no Centro acabam em chuva exatamente ali, onde o solo permeável reserva tudo. Não há pedras. Nem geada. Nem risco de seca, pois os rios são perenes e o subsolo reserva o que lhe confiam. O povo, hospitaleiro como nunca. Gente curtida por séculos de luta contra a fome. Hoje tudo muda e nota-se forte miscigenação. Crianças de pele escura e olhos azuis, pelas ruas, atestam a mistura dos nativos com os sulistas. As lavouras, as algodoeiras, os cafezais, armazéns, tudo é emprego. E a nova fartura se reflete na aparência saudável e bem nutrida daquele povo sorridente e educado. Dizem que ainda há mais de dois milhões de hectares de cerrados disponíveis, por abrir. Porém a terra já é cara. As prontas, nem se fala. Os negócios são feitos na base de sacas de soja. Há fazendas onde um hectare custa 250 sacas. Por isso já há quem as prefira vender e comprar mais ao norte, no Piauí, Maranhão ou Pará. E permanecer pioneiros, pois ainda há cerrado para abrir. Mas terra mesmo é o que não falta em Barreiras. A cada ano abremse cerca de 100 mil hectares. E estima-se que há o suficiente para pelo menos outros 10 anos de pioneirismo. NP

Fotos Cultivar

N. Peter

desenvolvimento

Café plantado em pivô central obtém produtividade recorde em Barreiras


Informe técnico

NATURALYTE

Cultivar

Dow

Inseticidas de nova geração A

DowAgroSciences está incrementando este ano o processo de lançamento no Brasil de seu novo inseticida Tracer* para diversas culturas. O Tracer* é um inseticida de origem natural, considerado ideal para o manejo integrado de pragas. O produto é obtido através do processo de fermentação bacteriana, gerando o ativo Spinosad, que pertence a uma nova classe de inseticidas Naturalyte - que reúne as características benéficas dos inseticidas sintéticos e biológicos. Esta nova classe de inseticidas representa uma inovação no controle de insetos. O produto derivado da fermentação bacteriana combina o amplo espectro de controle da maioria dos inseticidas sintéticos, com a baixa toxicidade e o baixo impacto ambiental normalmente encontrado nos inseticidas biológicos O registro inicial do produto é para o controle de pragas nas culturas de soja, milho, algodão, tomate e batata e está disponível aos agricultores nas embalagens de 250ml e 1 litro, através dos canais de distribuição da DowAgroSciences.

Neste ano, a Dow AgroSciences realizou grandes eventos de lançamento nas culturas de milho e soja nas cidades de Passo Fundo-RS, Cuiabá-MT e Londrina-PR, cobrindo as principais regiões produtoras destes grãos. Participaram dos eventos pesquisadores, agrônomos de empresas de planejamento e distribuidores, que estarão trabalhando com o produto nesta próxima safra de verão. Origem do produto Tracer é obtido naturalmente através do processo de fermentação de uma nova bactéria, a Saccharopolyspora spinosa. Durante este processo esta nova bactéria produz diversos metabólitos ou fatores os quais são conhecidos como spinosyns. O Spinosad é composto pelos dois fatores naturais mais ativos no controle de insetos, ou seja o spinosyn A e o spinosyn D. Atividade biológica O Tracer* é um produto de origem

Celso Macedo explica o novo produto

natural que tem demonstrado excelente controle sobre vários insetos pragas em diferentes culturas, plantas ornamentais e florestais. Observou-se até o momento, atividade sobre insetos das ordens Coleoptera, Diptera, Hymenoptera, Isoptera, Lepidoptera, Siphonaptera e Thysanoptera. O produto atua por contato e ingestão e apresenta uma significativa margem de segurança para muitos insetos benéficos, contribuindo para o manejo integrado de pragas. Mecanismo e sítio de Ação O Spinosad é o primeiro ingrediente ativo dentro da nova classe de inseticidas Naturalyte*. O ativo provoca a excitação do sistema nervoso do inseto, levando a contrações involuntárias dos músculos, prostração com tremores e, finalmente, paralisia e morte. Os sintomas causados pelo Spinosad nos insetos estão relacionados com a ativação de receptores nicotínicos da acetilcolina, porém não interferindo na ação da acetilcolina, mas num único sítio de ação, através de um mecanismo novo e único no controle de insetos, contribuindo para o manejo de resistência de insetos a inseticidas. Celso Macedo, DowAgroSciences


utilidades CNPSA

Trigo

CNPSA

Alternativas na alimentação animal O trigo pode ser usado com bom retorno para alimentar suínos e aves

Q

uantas vezes fomos questionados se não era um pecado alimentarmos nossas aves e suínos com trigo? Acreditamos que o pecado está em não ocupar nossas áreas agrícolas com mais trigo, triticale, cevada e aveia durante o inverno, promovendo maior produção de grãos e cobertura do solo. Se o fizéssemos, poderíamos colher esses grãos justamente quando o milho se encontra na entressafra e atinge seu maior preço. Dessa forma, o custo de produção de aves e suínos pode ser reduzido drasticamente. Basta lembrar o que aconteceu no final de 1999 e início deste ano. A crise nos setores de aves e suínos só não foi maior porque os produtores estão aprendendo as vantagens de se utilizar cereais de inverno para produção animal. Enquanto os jornais destacam os recordes anuais sucessivos da safra agrícola brasileira, pouco se tem falado que esses aumentos não são suficientes para atender a demanda interna de grãos, aumentando o custo de produção animal e promovendo perda de divisas. O aumento da importação de grãos, trigo e milho, principalmente, também tem sido recorde: ao redor de 10 milhões de toneladas todos os anos. Mas, assim mesmo, é vantajoso produzir trigo para a alimentação animal? O trigo, historicamente, sempre foi destinado ao consumo humano sendo os subprodutos do seu processamento direcionados à alimentação animal, destacando-se, principalmente, o farelo de trigo e o resíduo de limpeza, erroneamente definido como triguilho . Entretanto, devido ao alto nível de desenvolvimento tecnológico, a avicultura e suinocultura demandam grãos de excelente qualidade para manter a competitividade e qualidade de

Gustavo Lima apresenta as alternativas

seus produtos. Assim, a avicultura e suinocultura competem pelo mesmo trigo utilizado pela indústria de panificação, massas e biscoitos. Os cultivares de trigo apresentam grande variação na composição química e valor nutricional. Apesar disso, observa-se que o trigo apresenta um alto valor nutricional pelo conteúdo em nutrientes e pela sua digestibilidade. Na Região Sul do Brasil, maior produtora de trigo, não é rara a ocorrência de chuvas durante o período da colheita, levando ao aparecimento de grãos germinados, que deprecia o valor do trigo para a indústria moageira. Experimentos conduzidos pela Embrapa Suínos e Aves demonstraram que o trigo é uma excelente fonte

de nutrientes para aves e suínos, podendo substituir o milho de maneira satisfatória. Observa-se na tabela que dietas com trigo promoveram maior ganho de peso em frangos de corte do que aquelas à base de milho, exclusivamente. Em suínos, o ganho de peso não foi significativamente diferente. Tanto em aves como em suínos, o consumo de ração é aumentado com a inclusão de trigo às dietas, sem, contudo, afetar significativamente a conversão alimentar. Muito embora, as dietas com maior porcentagem de grãos germinados determinassem piores ganhos de peso e maiores consumos de ração nas duas espécies estudadas, estes resultados foram satisfatórios, viabilizando a utilização de trigo com alto percentual de grãos germinados, desde que o

preço desse produto seja compensador, o que tem acontecido na prática, já que o valor do trigo com percentual de grãos germinados acima de 2%, muitas vezes cai pela metade do valor do trigo de melhor qualidade. Uma vantagem adicional do trigo é sua capacidade aglutinante melhorando a peletização de rações. Esses subsídios contribuem para que as cadeias produtivas de trigo, aves e suínos disponham de nova alternativa de comercialização e utilização, permitindo redução nos custos de produção e aumento da lucratividade dos produtores. Gustavo J.M.M. de Lima, Paulo A. R. de Brum, Embrapa Suínos e Aves


Informe técnico Novartis

Prêmio NEAG apóia pesquisa E

m vez de simplesmente doar recursos para o XXI International Congress of Entomology, a Novartis criou algo mais original. Utilizou como base uma colaboração nãoestruturada com diversas Universidades e instituições de pesquisa para criar o NEAG (Novartis Entomologist Adivisory Group 2000). Ele contém conceitos novos que começam a circular no mundo globalizado como responsabilidade social da organização privada, parcerias institucionais, financiamento da pesquisa científica e do avanço tecnológico, fidelização de colaboradores e democratização da informação científica. O Prêmio NEAG tem o objetivo de apoiar a comunidade de pesquisa agrícola no desenvolvimento de trabalhos centíficos na área de controle de pragas e será patrocinado integralmente pela Novartis Biociências S.A. O prêmio constará do financiamento da participação de até 20 pesquisadores, selecionados entre os inscritos, em um evento técnico internacional proposto pelo participante selecionado, e aprovado pela Comissão Técnica. O financiamento prevê passagem aérea de ida e volta do aeroporto mais próximo da cidade de residência do pesquisador selecionado, até o local do evento; pagamento da taxa de inscrição; pagamento de hospedagem durante o período de realização do evento, em hotel a ser definido pela patrocinadora; reembolso das despesas de refeição e locomoção local, mediante comprovante de despesas, limitado a US$ 300,00; reembolso de outras despesas, a critério exclusivo da patrocinadora, desde que aprovado anteriormente à realização da despesa. Os temas dos projetos foram selecionados pela Comissão Técnica da Novartis, e deverão resultar em contribuição significativa para o controle de pragas agrícolas, de acordo com as necessidades técnicas do patrocinador. Outros temas poderão ser aceitos pela Comissão Técnica, desde que respeitado o prazo de inscrição, e desde que as novas propostas mantenham coerência com os temas já definidos. Participarão do Prêmio NEAG os convidados para

o evento de lançamento do Thiametoxam no 17° Congresso Brasileiro de Entomologia, desde que sejam pesquisadores de universidades e órgãos de pesquisa e extensão ligados à agricultura, e alunos de pós-graduação de universidades e órgãos de pesquisa, orientados por um pesquisador da área. Os temas do projeto Tema 1: Efeito nematicida de Abamectin (Vertimec CE) em hortaliças, café, banana, cana-de-açúcar, ornamentais, tomate e batata; 2: Técnicas de manejo (incluído controle químico) da mosca branca nas culturas de feijão, algodão, soja, tomate, cucurbitáceas, batata e hortaliças; 3: Efeito fitotônico de Thiamethoxam em feijão, batata, algodão, soja, tomate e cucurbitáceas; 4: Perdas de produtividade causadas por viroses transmitidas por insetos sugadores em tomate, batata, algodão, feijão e hortaliças; 6: Biologia de Bemisia argentifolli ; 7: Quantificação dos danos provocados por Bemisia spp em tomate, batata, algodão, feijão e hortaliças; 8: Modo de ação do Pymetrozine sobre insetos sugadores transmissores de viroses nas culturas de algodão, soja, feijão, citrus e hortaliças; 9: Emamectin no controle de lepiclópteros resistentes aos inseticidas tradicionais. Em todos os projetos deverá haver menção de um pesquisador titular, para efeito de premiação e de financiamento. Os projetos inscritos serão avaliados pela Comissão Técnica da Novartis e por um assessor externo que não poderá submeter projeto para apreciação. Os projetos que se equadrarem dentro dos temas propostos serão inscritos para participar do prêmio NEAG. O autor que não preencher os requisitos para inscrição receberá um brinde especial da Comissão Técnica. Inscrição dos trabalhos Todos os participantes do Prêmio NEAG poderão inscrever seus trabalhos para apresen-

tação no XXI International Congress of Entomology. Quando do envio do trabalho à Comissão Científica do XXI ICE, o participante deverá referir que sua taxa de inscrição já foi quitada pela patrocinadora. Para que possam ser submetidos a julgamento, os trabalhos deverão ser remetidos para a Comissão Técnica da Novartis, em arquivo Word for Windows 6.0 ou superior, através da homepage do NEAG. O trabalho deverá ser inscrito em inglês e constará dos seguintes capítulos: Abstract, Introdução, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões e Bibliografia. As tabelas, figuras e fotos deverão ser incluídas no texto. Para elaboração do trabalho, devem ser seguidas as regras para publicação nos Anais da Sociedade Entomológica do Brasil.

Apresentação de resultados Durante o XXI ICE será realizado um simpósio informal, paralelo à organização do Congresso, com um dia de duração, composto de três conferências proferidas por cientistas de renome internacional, com tradução simultânea. Abrangerá temas de interesse dos participantes, com duração de 50 minutos havendo 20 minutos de discussão em cada conferência; entrega dos prêmios NEAG aos 20 participantes selecionados pela Comissão Julgadora; apresentação oral dos 20 trabalhos premiados; sessão poster com a apresentação dos demais trabalhos inscritos para o Prêmio NEAG; almoço e trabalho, e jantar de confraternização dos participantes. Além da publicação normal dos Abstracts do XXI ICE, será produzido um CDROM contendo os abstracts de todos os trabalhos submetidos pelos participantes, além dos resumos das conferências apresentadas, que serão distribuídos aos participantes do evento.


manejo

Sem doenças

Experiência mostra que é possível reduzir o uso de fungicidas e colher bom feijão

Manejo adequado Nossa estratégia de manejo trata as doenças como frutos de desequilíbrio na rela-

Outros fatores são ainda importantes. O uso da cultivar pérola é recomendado, pois tem boa tolerância à mancha angular, ferrugem e resistência a uma raça da antracnose. A nutrição também deve ser considerada. Equilibrando ela até R8 (enchimento de grão) consegue-se maior resistência da planta ao ataque de fungos. Isso além de garantir boas produções. Sobre esse assunto, artigo do Prof. Laércio Zambolim (Informações Agronômicas nº 75, 1996) mostra como a nutrição equilibrada pode atuar como fator de resistência às doenças. Estratégias adotadas Num programa de manejo, algumas estratégias se sobressaem. O uso de sementes de boa qualidade, por exemplo, é decisivo no manejo da antracnose e importante redutor de fonte de inóculo para mancha angular. Complementar o uso de uma boa cultivar com o seu tratamento também ajuda. O passo seguinte é nutrir a planta de maneira equilibrada, o que aumenta a sua resistência a patógenos. Em termos de variedade, recomendase o uso da cultivar pérola, com boa tolerância às doenças e bom potencial de arranque e produtividade. Por fim, no manejo da irrigação, devese evitar que as folhas ficassem molhadas por mais que 15 horas contínuas, para quebrar o ciclo da doença.

É

possível controlar doenças foliares fúngicas sem uso de fungicidas? O plantio do feijão irrigado tem sido a principal lavoura de inverno nos pivôs centrais do Brasil. Nos dois últimos anos, problemas relacionados ao preço, aumento de doenças e pragas, custos de energia, e outros, têm diminuído a produtividade e a rentabilidade, desestimulando o cultivo. As principais doenças foliares são: mancha angular, antracnose e ferrugem. Para elas, tem-se feito de duas a cinco aplicações (em casos extremos) com dois fungicidas cada. Considerando o custo por aplicação dos fungicidas (em média a R$ 40,00 por aplicação) podemos ter um custo que vai de R$ 80,00 a R$ 200,00/ha. Esse custo, com preço da saca de feijão a R$ 50, como aconteceu nos anos de 1996 a 1998, permitia ao agricultor aplicar fungicidas indiscriminadamente. O preço do feijão minimizava o custo dos produtos e o importante era não deixar as doenças foliares entrarem na lavoura. Uma das conseqüências dessa estratégia é que fatores importantes como qualidade de semente, condições climáticas, nutrição equilibrada e época de plantio, foram desconsiderados no controle de doenças da parte aérea. De dois anos para cá os preços do feijão caíram. Com isso, deixar o controle só por conta de fungicidas pode ser extremamente oneroso, e muitas vezes desnecessário. Nosso objetivo é mostrar a estratégia de manejo de doenças foliares que temos aplicado em várias áreas de pivô central na região do entorno de Brasília DF.

Wagner Nunes

Feijão

Planta de feijão c. pérola em enchimento de grão sem fungicida

ção planta-fungo-ambiente e não o seu agente conforme mostra modelo. Dados do CPAC (Embrapa) mostram que embora a temperatura seja favorável ao aparecimento das doenças no período de abril/outubro, a ausência de precipitação e baixa umidade relativa do ar podem reduzir o efeito catalisador que a temperatura exerce sobre as doenças. Além disso, trabalho do professor Marcelo G. Canteri, publicado no livro Principais Doenças Fúngicas do Feijoeiro e apresentados em resumo na revista Cultivar de janeiro de 2000, mostram que com um período de molhamento inferior a 15 horas contínuas, a antracnose e a mancha angular têm o grau de severidade redu-

zida violentamente. Isso pode ser feito com manejo da irrigação. Já no que diz respeito ao fungo (patógeno) temos: 1. Mancha Angular: fonte de inóculo (restos culturais, etc.) é o fator determinante (mais até que a temperatura). Evitando o plantio de feijão após feijão e a presença de feijão em áreas próximas, isso pode ser conseguido. 2. Antracnose: sua disseminação é principalmente pela semente. Com sementes livres do patógeno diminui bastante a incidência. 3. Ferrugem: embora sua disseminação seja principalmente por vento, a maioria das cultivares têm relativa tolerância a ela.

Teste de campo Com essas estratégias, em 1999, conseguimos conduzir mais de 2500ha irrigados sem nenhuma aplicação de fungicida para doenças da parte aérea. Neste ano já temos mais de 500ha próximos à colheita nas mesmas circunstâncias. Destaca-se o fato que mesmo quando o cultivar foi a carioca precoce, suscetível a todas essas doenças, conseguimos colher uma boa produtividade (maior que 45sc/ha) sem que se fosse necessário nenhum controle com fungicidas. Quando a cultivar foi a pérola, o manejo se mostrou mais seguro, pois ele agrega grau de resistência à mancha angular, ferrugem e uma raça de antracnose. Também conseguimos resultados similares com o FT Bonito e Campeão 2, com níveis de produtividade de 3000kg/ha. Ganhos obtidos Entre os ganhos, merece destaque a economia no custo de produção e aumento da rentabilidade (±R$ 100,00 R$150,00/ha). Outro ponto é a diminuição no uso de outros pesticidas. No tratamento de semente usamos fungicidas misturados a inseticidas do grupo dos neonicotinóides. Isso reduziu o uso de inseticidas de pulverização

Wagner Nunes mostra estratégia

na parte aérea e possibilitou aumento da população de inimigos naturais. Esse fato foi tão evidente que não necessitamos mais combater ácaros e trips, pois o equilíbrio praga/predador e a temperatura mais baixa (aumenta o ciclo das pragas) foram suficientes. O menor trânsito de pulverizadores na lavoura também foi constatado. Três vantagens se sobressaem nesse caso: menor risco de contaminação humana e ambiental e menor disseminação de doenças dentro da área. Os ganhos ambientais do programa são indiscutíveis. Últimos argumentos Ao expor nosso ponto de vista e estratégia de trabalho não queremos deter a verdade. Também não estamos dizendo que é sempre desnecessário o uso de fungicidas no controle das doenças aqui abordadas, pois quando os fatores de equilíbrio não estão presente é necessário o uso de defensivos. Além disso, não se deve generalizar essas práticas sem maiores critérios, pois os ambientes podem ser bem diferentes. Mesmo em nossa região, em plantios nas épocas de janeiro/abril e outubro/janeiro é praticamente impossível se colher uma boa produtividade sem o uso de fungicidas. Por outro lado, observe-se que se pode economizar dinheiro sem riscos de queda de produtividade, pois a estratégia que apresentamos se mostrou eficiente quando posta em prática. Por fim, entregar só para os fungicidas o controle de doenças é desnecessário, diminui rentabilidade, e é agronômica e ambientalmente incorreto. Wagner Nunes, Consultor


manejo Peixoto

Feijão

Semente de feijão infectada e ao lado semente sadia para comparação

Novas doenças do feijoeiro D

uas doenças do feijoeiro foram descobertas recentemente por pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão. Trata-se do Carvão do Feijoeiro e da Sarna. Ambas ocorrem em sistema de plantio direto e foram encontradas, em princípio, sob condições de pivô central. Mas já ocorrem também em lavouras de verão. Ameaça sob controle O carvão do feijoeiro, detectado em 1997, vem atacando as regiões produtoras de Unaí (MG) e praticamente todo o estado de Goiás. Causada por Microbotryum phaseoli sp. nv., a doença provoca o enegrecimento dos talos e das vagens da planta que ficam recobertos pelas estruturas do fungo. Segundo o pesquisador Jefferson Luis da Silva Costa, os níveis de danos ocasionados ainda não estão determinados. Para ele, pelo menos por enquanto, tra-

ta-se de uma doença secundária sem maiores preocupações com prejuízos econômicos. Entretanto, essa situação pode sofrer alteração em sistemas de manejo inadequados, adverte. De acordo com ele, não há ainda medidas de controle para o carvão do feijoeiro, embora já existam experimentos e trabalhos voltados para essa finalidade. O carvão do feijoeiro traz um fator científico inédito, pois nem a doença, nem o patógeno foram jamais registrados em qualquer outro lugar do mundo, explica o pesquisador. Problema mais sério O Colletotrichum (dematium) = truncatum, descoberto em 1998, é o responsável pela doença chamada sarna. Apesar de já ter sido encontrado nos EUA, o fungo apresenta sintomatologia diferente em solos tropicais. Inicialmente, a sarna aparece no talo

do feijoeiro, ocasionando uma lesão esbranquiçada. Com a evolução dos sintomas, ocorre o enegrecimento e, em alguns casos, depressão originando estruturas típicas do fungo. Além disso, a doença promove o murchamento da parte superior da planta. A infestação pela sarna atinge lavouras dos estados de Goiás, São Paulo e Minas Gerais. O pesquisador Jefferson Luis da Silva Costa alerta para a disseminação rápida da doença, devido à alta transmissibilidade através de sementes ou grãos contaminados. Ele afirma também que estão sendo desenvolvidos métodos de inoculação para avaliação de resistência genética e que as medidas de controle químico ainda são imprecisas, mas sugerem relativa eficiência de fungicidas estanhados. Jefferson Costa afirma que a sarna traz perdas econômicas relevantes já tendo encontrado áreas com 30% a 40% de danos e há forte indicativo que ela se tornará uma doença prevalente e preocupante para o produtor de feijão . O pesquisador conta que é comum produtores e técnicos confundirem os sintomas da sarna com os de outras doenças tais como a Murcha de Fusarium, Murcha de Curtobacterium e Mancha Angular, quando ataca no talo. Rodrigo Peixoto, Embrapa Arroz e Feijão Cultivar

Jefferson alerta para contágio rápido

Informativo da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes Encartado na Revista Cultivar nº 19

Insumos a prazo de safra:

UM BOM NEGÓCIO? SERÁ? À

medida que fica cada dia mais difícil se conseguir financiamento rural a juros subsidiados aumenta o comércio de insumos agrícolas com pagamento à prazo de safra. Será isso um bom negócio? Mesmo não sendo economista, mas observando atentamente o mercado pode-se chegar à conclusão de que não é possível ser um bom negócio. Vejamos: na venda a prazo de safra, geralmente, o fabricante financia, o distribuidor avaliza e o agricultor, bom pagador, paga. Explicando melhor: o fabricante (geralmente grandes empresas) substituiu os bancos repassadores do crédito rural, mas seu dinheiro também tem preço. E com certeza é mais alto do que o subsidiado do crédito rural, mesmo quando obtido lá fora, em dólares, e sem o drama acontecido em 99; o distribuidor, geralmente, para conseguir o prazo de safra, tem que dar garantias reais, (principalmente se o fornecedor for grande empresa multinacional) colocando seu patrimônio, conseguido a duras penas, em grande risco. Eu nunca vi alguém fazer isso de graça. Finalmente, quando se amplia o prazo de pagamento é certo que o índice de inadimplência aumenta muito e é prática usual, e obrigatória, em qualquer instituição se acrescentar esse índice de risco ao juro ou ao preço. E é por isso que dissemos que o bom pagador é quem paga pelos inadimplentes. Mesmo que muitas vezes o juro declarado não pareça tão grande com certeza ele estará embutido de alguma forma. Para se obter uma dimensão mais precisa dessa diferença é Atualidades ABRASEM

preciso que se compre à vista ou com prazo curto e então se terá o valor exato do juro que o agricultor está pagando (a menos que se acredite na estória dos tantos pagamentos sem juros que certas lojas fazem). Muito bem, concordamos com isso. Mas como fazer se não tenho dinheiro e não consigo financiar minha lavoura no banco? Pois é daí que vem minha preocupação, pois parece que os agricultores se conformaram com a situação e não influenciam mais suas lideranças a brigar por dinheiro a juros decentes para a atividade de alto risco e da importância que é a produção de alimentos. Juros decentes sim, ou alguém acha que o juro de 8.75% a./a, para uma inflação de 1,67% no semestre (IPCA), é subsidiado? O governo diz que a agricultura terá mais de R$ 11 bilhões para esta próxima safra, mas como consegui-lo, se é alto o grau de endividamento e se já se considera mesmo que esteja securitizado? Não é mais importante brigar por isso do que pelo perdão de dívidas contraídas e não-pagas por qualquer razão? E que ainda traz o demérito de influenciar a sociedade contra o agricultor? Na verdade, será que esses devedores contumases realmente são agricultores que precisam de financiamento? Entendo que a agricultura não precisa de paternalismo ou favoritismo, pois isso só afugentará os detentores do capital que, inseguros, irão procurar outras formas para aplicar os recursos obrigatoriamente destinados à lavoura. Veja o caso dos bancos privados que fogem da agricultura tal qual o dia-

Cultivar

Antoniali analisa o financiamento agrícola

bo foge da cruz . O que se precisa é de uma política de financiamento - e seguro - séria e estável que possa permitir a sobrevivência financeira do segmento. Mas isso não vai acontecer se ficarmos acomodados. Outro caminho é cada um lutar para ter seu próprio capital de giro (que pode ser mais importante que o capital imobilizado), como fazem os pecuaristas, mas esse já é um outro assunto, mais para economista do que para agrônomo. Antonio F. Antoniali Semeali Sementes Antoniali Ltda. Agosto 2000

Cultivar • I


Rapidinhas Soja convencional

A Produtos Alimentícios Orlândia S/A, agroindústria proprietária da marca Brejeiro, que atua no complexo soja, optou por receber apenas grãos convencionais em seus 12 silos, e por comercializar somente sementes não transgênicas. A Brejeiro vende anualmente 400 mil sacos de 50 kg de sementes de soja nos estados de São Paulo, Minas e Goiás. A empresa esmaga soja em Orlândia, SP, e produz óleo, farelo, gordura hidrogenada e lecitina de soja. Essa última é exportada para o Japão e Europa, onde obtém preços superiores ao produto norte-americano. Apesar da decisão, Gustavo Gonçalves, gerente de marketing da Brejeiro, não vê motivos para a proibição dos transgênicos no Brasil, onde haverá espaço tanto para a soja orgânica quanto para a convencional e a geneticamente modificada, na sua opinião. Mesmo assim acha que o início da rotulagem dos produtos nos supermercados europeus e japoneses aumenta a possibilidade de agregar valores na soja convencional na próxima safra. A empresa tem recebido visita de empresários estrangeiros, interessados na verificação do sistema de rastreabilidade da soja desde a produção de sementes até a recepção de grãos nos silos.

Embalagens

A região de Barreiras, BA, está construindo uma central para recebimento de embalagens usadas de agroquímicos. A iniciativa é dos próprios produtores, muito bem organizados na AIBA. A central vai funcionar já na próxima safra.

Apsemg reúne associados

A Apsemg, que atende agricultores do Estado de Minas Gerais, está na fase de análise de sementes, e o comércio do produto começa efetivamente a partir deste mês, informou a secretária executiva da empresa, Maria Selma Carvalho. Em julho houve reunião de associados que trabalham com diversas culturas, para elaborar diagnóstico dos volumes que poderão ser comercializados. Maria Selma lembra que no Estado mineiro o plantio de verão começa no mês de outubro. II

• Cultivar

Agosto 2000

Norte do MS questiona cultura

Gustavo

Milho vende bem no RS

Na Apassul, o milho está com vendas semelhantes às do ano passado. A expectativa de comercialização é boa, pois o pessoal compra no cedo e começa a plantar neste mês , explicou o secretário-executivo da entidade, Antônio Eduardo Loureiro da Silva. Acreditamos que 70% da semente para esta safra já foram vendidos, e haverá ainda o troca-troca , disse. A área de milho deverá ir para 1,5 milhão/ha. A taxa de utilização de sementes fiscalizadas e cultivares híbridas é de 80%. Com o encerramento das atividades da Braskalb/Coxilha, somente a Pioneer/Sementes está produzindo híbridos no RS, explicou. Já a área com soja deverá diminuir para cerca de 3 milhões/ha. A taxa de utilização de sementes, que aumentara com a utilização do efeito novas cultivares , deverá baixar drasticamente em virtude da introdução de bolsa-branca de transgênicos e de cultivares protegidas, produzidas por produtores marginais . Calcula-se que até julho foram comercializados 25% da estimativa total de sementes. Ainda há certa indefinição, o que ocasiona diminução na venda para fora do Estado . Muitos produtores estão esperando para ver o que acontecerá , esclareceu. Sobre o trigo, informou que houve aumento na ordem de 30/35%, e a área cultivada no RS deve chegar a 550 mil ha. A taxa de utilização de sementes é da ordem de 90/95%.

Mais transgênicos

Pesquisadores da Jena University descobriram que genes que introduzem resistência a herbicidas em plantas podem ser encontrados em bactérias no aparelho digestivo de insetos que entram em contato com os vegetais. A pesquisa, ainda em andamento, está sendo realizada com abelhas em laboratório. Os pesquisadores disseram que isso não significa que os produtos representam risco à saúde humana e animal. E manifestaram temor sobre o possível mau-uso das suas conclusões na guerra de informações sobre biotecnologia.

Em termos de comercialização, o trabalho da Sementes Calábria, que atua basicamente no Norte do Mato Grosso do Sul, está adiantado. Oitenta por cento das vendas foram feitas até agora (dia 17 de julho), e estão confirmadas , informou o gerente comercial Isair Rizzardi. Ele falou sobre sementes de soja e destacou as variedades da Monsoy e da Fundação MT dentro das 180 mil sacas de 40 quilos - em torno de oito mil toneladas - já comercializadas. A Calábria trabalha com outras culturas - sementes de aveia e milheto - mas em pequenas quantidades , disse Rizzardi. O objetivo maior é a semente de soja , acrescentou. O plantio no Norte do MS começa na segunda quinzena de outubro. Porém, e a exemplo do que já ocorre em outras regiões agrícolas do País, o milho começa chamar a atenção e, provavelmente, a germinar em muitas áreas antes cultivadas com outras culturas. No caso do Norte do MS, a preocupação dos produtores é com o mercado de soja da Bolsa de Chicago, pois os estoques mundiais estão muito altos. Isto fez com que os produtores de regiões cultivadas basicamente com soja começassem a pensar em outras culturas. E o milho é o mais lembrado, porque o grão está mais rentável para o plantio de verão , constatou Isair. Diante disso, prosseguiu, o pessoal começa a questionar a rentabilidade. O milho, tradicionalmente vendido a R$ 6,00 ou R$ 7,00 , é cotado hoje entre R$ 11,00 e R$ 12,00 a saca de 60 quilos. E a saca de 60 quilos de soja agora não consegue US$ 9,00; a queda ocorre justamente em função da Bolsa de Chicago , explicou.

Cesm-RS fortalece as atividades

A Cesm-RS está fortalecendo suas atividades. Criou agora a subcomissão de olerícolas e convidou especialistas para coordenarem a área. Presidida pelo entomologista Vilson Caetano, a entidade - um colegiado formado por várias entidades públicas ou privadas - divulgou os assuntos que serão discutidos de 11 a 15 de setembro, na cidade de Pelotas, onde ocorrerá o Workshop de Sementes e Mudas juntamente com o Simpósio Brasileiro de Patologia de Sementes. Segundo Caetano, serão debatidos, em termos de patologia de sementes: Bacteriologia de Sementes, Padronização dos Métodos de Detecção de Fungos, e Patologia de Sementes para o Mercosul. Na parte de sementes e mudas, informou, serão realizados painéis na área de Sanidade, Comercialização de Sementes, Certificação, Atuação do Governo na Área da Indústria de Sementes e os Novos Materiais que serão licenciados. Na parte de biotecnologia: Avanços e Repercussões Sobre as Novidades que estão surgindo nessa área, como é o caso dos transgênicos . Além disso, informou o presidente da Cesm, serão levados aos produtores as novas normas de padrões de sementes e mudas para o Estado do Rio Grande do Sul.

Atualidades ABRASEM

Geada prejudica safrinha no MS

Também na Agropastoril J. Basso, empresa associada à Aprossul, e que abrange mais o Sul do Mato Grosso e parte do Paraguai, o quadro ainda era de indefinição nas culturas. Segundo o gerente técnico, engenheiro agrônomo Airton Francisco de Jesus, as geadas ocorridas em julho na região provocaram quebras significativas na safrinha de soja, trigo e milho. Os produtores estavam esperando os resultados para definirem o plantio de verão e, em função das perdas, teremos de refazer todo o planejamento , explicou. Tradicionalmente, o milho se caracterizou como uma cultura forte nesta época, pois a safra de verão é pouco expressiva. Com a quebra decorrente da geada, é bem provável que haja incremento no plantio de verão, disse Airton Francisco, ressaltando que, por enquanto, tratam-se de hipóteses. Outros motivos para incrementar o plantio de milho na próxima safra são a escassez do produto para abastecer o mercado interno e o preço internacional da soja, que está baixo.

Vendas esquentam no Mato Grosso

Se for comparar-se a mesma data do ano passado com a deste ano, constatamos que já foi comercializado volume bem maior de semente de soja , comemorou o secretário executivo da Aprosmat, Tsuyoshi Kobayashi. Este ano, o mercado no Mato Grosso está mais quente, destacou, e compra as variedades Uirapuru, Tucano, Conquista (que tem mercado sempre certo) e a Xingu (da Fundação Xingu), além de variedades da Monsoy. Até agora foram negociadas perto de 1,2 milhão de toneladas, o que dá 2 milhões de sacas, e o mercado atendido pela Aprosmat deve cultivar em torno de 2 milhões a 2 milhões e 600 mil hectares de soja. A maioria dos produtores está se associando, e os que não o fizeram estão procurando se associar , contou. Hoje, não adianta trabalhar sozinho; o trabalho deve ser feito em grupo. O produtor tem de se defender das atitudes descabidas do Governo e do mercado mundial. Isso tudo se reflete na produção e comercialização de sementes , conclamou.

Comercialização surpreende em Goiás

Cavanah e Molinelli

Fusão nas sementes

As duas maiores organizações mundiais de sementes, a Associação Internacional de Selecionadores (ASSINSEL, sigla em francês) e a Federação Internacional de Comércio de Sementes (FIS, sigla em inglês) decidiram, em suas respectivas assembléias gerais, fundir-se em uma só entidade: será a Federação Internacional de Sementes (ou International Seed Federation), com a sigla ISF. A FIS contava, em janeiro passado, 148 membros de 65 países, enquanto a ASSINSEL registrava 44, de 31 países de origem. A FIS tem sua principal atividade na comercialização de sementes, enquanto a sua congênere sempre se ocupou da seleção de cultivares. A nova entidade funcionará a partir de maio de 2002, após assembléia geral programada para Chicago, EUA. Os atuais presidentes da FIS, o italiano Paulo Molinelli, e o americano Jack Cavanah, da ASSINSEL, em reunião preliminar que acertou os detalhes da fusão lembraram que operações semelhantes tendem a produzir impacto e temor entre entidades de menor porte, mas afiançaram que nesse caso todos os setores serão reforçados e que os sementeiros passarão a ser mais ouvidos em todo o mundo.

Atualidades ABRASEM

Segundo o secretário executivo da Agrosem (Goiás), Siguê Matsuoka, as vendas este ano surpreenderam e ultrapassaram as expectativas. As sementes de milho e soja foram praticamente todas vendidas e o reduzido volume ainda não comercializado precisa passar pelo beneficiamento ou não tem resultado de análise. Mas foi tudo praticamente vendido , reiterou, lembrando que os financiamentos estão saindo agora. No ano passado e na mesma época, comparou, não havia sido vendido nem 30%. É um fenômeno de mercado , destacou. Conforme Siguê, circulam informações de que os produtores estão capitalizados, e as empresas que fazem trocas de sementes e insumos também se capitalizaram. Além do milho e soja, a Agrosem trabalha com arroz, feijão e algodão, em quantidades bem menores . O cultivo de arroz é muito reduzido, é todo de sequeiro e vai para o Nordeste. Não conseguimos um padrão igual ao arroz do Sul . O feijão (irrigado) foi todo vendido e a fase mais forte desta cultura no Estado é agora. É o chamado feijão de inverno , e Goiás tem muitos pivôs , acrescentou. Sobre algodão, informou que só uma empresa atua no Estado, a Maeda, e ela se auto-abastece. Tem produção própria de sementes , explicou.

Stuart Donald

Estudando algodão

Um grupo de 40 produtores de algodão brasileiros e consultores da área está nos Estados Unidos, desde o dia 27, examinando o sistema de plantio daquele país. A iniciativa é patrocinada pela Monsanto e inclui produtores do Mato Grosso e de Barreiras, na Bahia. A viagem começou por Saint Louis, onde está a sede mundial da Monsanto, e terminará no dia 07 próximo em New Orleans. Os produtores estão especialmente interessados em conhecer o manejo de pragas, as cultivares de algodão transgênico e o plantio adensado, no país que detém o sistema de plantio mais intensivo e mais tecnificado do mundo, como informou o entomologista Gravena, que coordena o grupo de Barreiras. O responsável geral é o experiente Stuart Donald, da Monsanto.

Antecipadas compras e consultas em SP

Em São Paulo, a APPS registrou este ano antecipação de compras e consultas no setor de sementes de soja e milho, principalmente, superando o quadro verificado na mesma época do ano passado. De acordo com o secretário-executivo da Associação, Cássio Luiz C. de Camargo, as empresas têm informado que a antecipação no mercado de soja resulta do procedimento das usinas. Elas não estão renovando os canaviais por causa do preço do álcool e do açúcar . Isso ocorre há três ou quatro anos, completou. A APPS atua basicamente com variedades precoces de soja, entre elas a Msoy-6101, Embrapa 48, CD 201 e as semiprecoces C-151, BRS-133, Conquista - com participação muito grande no mercado paulista -, e IAC Foscarin-31. O milho também teve boa antecipação de compra, basicamente de milhogrão, e deve aumentar ainda mais, pois a geada causou muitos danos à safrinha; o que tinha escapado da seca foi danificado pela geada. O resultado se reflete no significativo aumento do preço, constata Cássio Luiz. O plantio de milho começa a partir de setembro e outubro e o da soja em outubro e novembro. Agosto 2000

Cultivar • III


Soja CNPSo

CNPSo

Sementes

praga

Quanto antes, melhor

Vigor nos lucros

Prevenção contra nematóides de soja deve começar no inverno

trinchã e BRSMT Piraíba, resistentes às raças 1 e 3. Segundo Dias, o nematóide de cisto se movimenta pouco no solo, o que faz com que os sintomas de seu ataque ocorram em reboleiras. Esse nematóide sobrevive por longo período, mesmo na ausência de lavoura de soja, e é disseminado pelo solo por diversos meios, desde vento, implementos agrícolas e até veículos que transitam por locais infestados.

Produtor que compra sementes de empresas que realizam testes de vigor tende a ganhar na hora da colheita

O

conceito de vigor de semente varia. Definimos ele, em geral, como sendo a velocidade de emergência da semente. Ou seja, quantos dias que ela leva para irromper o solo. O vigor tornou-se a principal justificativa para o sucesso ou fracasso do estabelecimento do estande de plantas em campo, e o período em que a semente poderia manter determinado poder germinativo durante o armazenamento. Entretanto, nunca devemos esquecer de outros atributos, como a sanidade, por exemplo. O teste de vigor é uma ferramenta cada vez mais rotineira nas indústrias sementeiras para determinar a qualidade fisiológica da semente a ser comercializada. São vários os tipos de testes para avaliar o vigor de uma semente. Eles têm as seguintes denominações: Testes físicos: avaliam aspectos morfológicos, como tamanho da semente, peso unitário, densidade e coloração. Testes fisiológicos: avaliam atividades fisiológicas. Ex: crescimento IV

• Cultivar

Agosto 2000

de plântulas. Testes bioquímicos: avaliam alterações bioquímicas. O mais conhecido é o teste tetrazólio e o de condutividade elétrica. Testes de resistência: avaliam o desempenho de semente exposta a estresse. Ex: envelhecimento acelerado, teste a frio. A eficiência dos testes de vigor, com relação aos resultados de laboratório, e a emergência das plântulas em campo, depende diretamente das condições de ambiente e dos procedimentos adotados para a semeadura. Vários autores e pesquisadores explicam que não se deve esperar uma relação consistente entre o resultado de laboratório e os de campo. Isso porque as condições de ambiente são profundamente variáveis e imprevisíveis. No entanto, os testes disponíveis permitem identificar os lotes com alto e baixo vigor. Ao adquirir sua semente, o produtor deve cada vez mais se preocupar com o vigor, devido às variações climáticas que estamos enfrentando, principalmente na época do plantio.

Uma delas, conhecida por todos, é a falta de regularidade nas chuvas e as altas temperaturas. A semente com alto índice de vigor suportará melhor estas variações, garantindo assim o estande de plantas vigorosas requerido pela cultura. Já a semente com baixo vigor, além de não suportar condições adversas, estará mais propícia ao ataque de microrganismos, facilitando então a contaminação de outras sementes. Além disso, sementes com baixo vigor requerem maior densidade de semeadura, consumindo maior quantidade de sementes. Isso eleva o custo com o manuseio e tratamento. Podemos observar que o custo com semente na implantação de uma lavoura é um dos itens mais baratos. Concluímos então que o produtor que dá preferência a empresas que consideram o vigor como fator primordial para comercializar sua semente, mesmo pagando um pouco mais, estará ganhando no final e garantindo o sucesso de sua lavoura. Márcio Naves, Agrosem Atualidades ABRASEM

Os nematóides consomem anualmente cerca de 10 % da produção

C

erca de 10 por cento da produção mundial de soja é perdida anualmente, devido à ação dos nematóides. Na maioria dos casos, o melhor controle é a substituição, no verão, da planta hospedeira (espécie suscetível ao nematóide) por uma resistente. Mas o não-cultivo de plantas hospedeiras, no inverno, é também uma medida importante, pois evita a multiplicação da praga nesse período. Os cuidados necessários para evitar a infestação do nematóide na safra seguinte devem ser planejados com antecedência , explica o pesquisador Antonio Garcia, da Embrapa Soja. Segundo ele, o produtor deve estar sempre alerta para os sintomas de ataque pelo nematóide, que se caracterizam por menor desenvolvimento das plantas, baixo rendimento e, em casos severos, por amarelecimento das folhas. No Brasil, os danos são causados principalmente pelos nematóides formadores de galha e pelo nematóide de cisto da soja. O nematóide de cisto (Heterodera glyci-

nes) infesta quase dois milhões de hectares de lavouras de soja nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A sucessão de culturas, no inverno, e a rotação, no verão, com espécies não-hospedeiras, assim como a utilização de cultivares resistentes são os métodos mais econômicos e eficientes para o controle da praga. Na ausência de plantas hospedeiras no inverno, a população desse nematóide diminui em até 50% , explica o pesquisador Waldir Dias, da Embrapa Soja. Já a rotação de culturas com plantas nãohospedeiras, no verão, poderá reduzir entre 70 e 90% da população do nematóide restante. Isso vai garantir baixa população da praga no solo por ocasião da semeadura da soja seguinte . As cultivares de soja BRSMG Renascença e BRSMG Liderança, indicadas para Minas Gerais, são resistentes à raça 3 do nematóide de cisto. Para o Mato Grosso, as indicações são as cultivares BRSMT Pintado, BRSMT Tucunaré, BRSMT Caxara, BRSMT Ma-

Nematóides sulistas Já os nematóides de galha (Meloidogyne javanica e M. incognita) limitam a produção de soja no Rio Grande do Sul, no Paraná, em São Paulo, no Triângulo Mineiro e na Região Central do Brasil. Essas espécies causam galhas típicas nas raízes da soja. Nas reboleiras, as plantas de soja ficam pequenas e amareladas e as folhas das plantas afetadas apresentam necroses entre as nervuras. Às vezes, pode não ocorrer redução no tamanho das plantas, mas quase sempre há abortamento de vagens e amadurecimento prematuro das plantas atacadas. A identificação da espécie do nematóide de galha que ocorre na lavoura tem muita importância para a implantação dos programas adequados de controle. Isso influencia na escolha da cultura mais indicada para a rotação e sucessão de culturas, pois necessariamente deve-se optar por plantas não-hospedeiras do nematóide , explica Dias. A seleção da cultivar resistente, que é o método mais barato e de maior facilidade para adoção pelos produtores de soja, também depende da correta identificação das espécies presentes . Lebna Landgraf, Embrapa Soja


Soja

Informe técnico

mercado

Balem

Uma estória de soja

A Coasul está multiplicando sementes de soja e trigo para a Coodetec

A

trajetória do cultivo da soja no Brasil foi marcada pela abertura de novas fronteiras agrícolas, que se expandiram em várias regiões do País. A produção concentrou-se na região Centro-Sul até o início dos anos 80, quando passou para a região Centro-Oeste, que aumentou expressivamente a área cultivada. Essa mudança de culturas deu-se, principalmente, pelo arroz, feijão, mandioca, cebola, milho e café, e foi a causa do aumento de 88% da expansão da soja entre os anos de 70 e 73 na região tradicional de cultivo (SP, PR, SC e RS). No entanto, e no mesmo período, a expansão de novas fronteiras agrícolas aumentou a produção em apenas 12%. Tal situação prevaleceu até o final da década de 70. A partir daí, a Região em expansão (MG, GO, MS, MT e DF) começou a apresentar acréscimos na área semeada, enquanto na região tradicional a área semeada permaneceu a mesma. Das regiões geopolíticas brasileiras, a Centro-Oeste é a segunda maior produtora de soja, com 4.942,2 mil hectares cultivados e produção de 13.198,2 mil toneladas na safra 98/99. Nesta, como nas demais regiões brasileiras, a cultura da soja foi desenvolvida com padrões tecnológicos modernos, como ocorreu com o cultivo da oleaginosa

nos Estados Unidos, mas ressalvadas as diferenças edafo-climáticas e econômicas. A pesquisa brasileira, particularmente a gerada pela Embrapa, teve um papel preponderante no sucesso da soja na região Centro-Oeste, através da geração de cultivares e de processos de cultivos adaptados ao solo e ao clima do Cerrado brasileiro. A partir da década de 90, a soja passou a ser o principal produto agrícola da região, com altos níveis de produtividade. Nesses últimos anos, inúmeras empresas, fundações e cooperativas passaram a atuar no ramo da pesquisa, adaptando e criando novas cultivares de soja para diferentes regiões com diferentes tetos de produtividade. A Coodetec, por exemplo, é hoje uma cooperativa que presta serviços a outras cooperativas associadas a ela. As experiências adquiridas ao longo de mais de 25 anos de trabalhos com soja, habilitam a Coodetec para fazer lançamentos de cultivares competitivas e com ampla adaptação às diversas condições de cultivo desta oleaginosa. Detentora de um germoplasma variado e dinâmico, vem agregando às suas cultivares a mais moderna tecnologia com o objetivo de colocar à disposição do agricultor variedades que respondam às suas necessidades, aumentando a produtivi-

Zeneca

dade, a estabilidade de produção e reduzindo os custos. Multiplicação de sementes A Coasul (Cooperativa Agropecuária Sudoeste Ltda), com sede em São João (PR), tem mais de oito entrepostos situados em diferentes municípios do Sudoeste do Estado paranaense, e há trinta anos assessora os agricultores nos municípios de São João, Nova Lourdes, Sulina, São Jorge D Oeste, Itapejara D Oeste, Renascença, Saudades do Iguaçu, Chopinzinho e Mato Branco. A Coasul e a Coodetec atuam em parceria na multiplicação de Sementes Registradas, Certificadas e Fiscalizadas. Visando à aceleração do processo de multiplicação, a Coasul, junto com produtores, passou a multiplicar sementes de soja e trigo (Coodetec). Ressalte-se que na safra 99/2000 o produtor Jacob Lourenço Tessari foi o responsável pela multiplicação da cultivar CD-206, no município de Chopinzinho, entreposto de Mato Branco - BR-373 km 446 - Chopinzinho PR. A multiplicação partiu de 20 sacos de sementes básicas, ocupando uma área de plantio de 14,3 ha, produzindo um total de 946 sacos e atingindo um teto altíssimo de produtividade com 3.960 kg/ha, ou seja, 66 sacos/ha - uma produtividade até então inédita na região. A cultura antecedente da soja foi o azevém, que foi utilizado no inverno como pisoteio para a pecuária. Maurício Balem João Ivatiuk Sobrinho, Coodetec

SIC Cultivar

O

Filipe explica como funciona o sistema integrado

Características da variedade A variedade CD-206 tem como características o alto potencial de rendimento, alta tecnologia e resistência ao acamamento. Seu ciclo é intermediário, de 123 dias. Grupo de maturação semi-precoce, a planta alcança em média 84 cm de altura e possui área de recomendação somente para o Paraná. A variedade é resistente ao cancro-dahaste e à mancha olho-de-rã e moderadamente suscetível ao oídio. Também é resistente à pústula bacteriana, e apresenta suscetibilidade aos nematóides-de-galha, de ambas as espécies. A época de semeadura e densidade varia de 25/10 a 30/11 e de 12 a 14 sementes por metro linear, respectivamente.

Mais retorno sobre seu investimento

Na direita foi feito o SIC. A diferença é clara

Sistema Integrado de Controle - SIC, é um conceito inovador, de fácil adoção, que otimiza o controle de plantas daninhas. O SIC vem sendo estudado e desenvolvido por instituições de pesquisa, engenheiros agrônomos e agricultores e é indicado para as culturas de soja, feijão, milho, arroz e café. O uso contínuo de um mesmo herbicida pode provocar a seleção de espécies de plantas daninhas que são mal controladas por este herbicida. Pesquisas internacionais mostram ainda que essa prática pode criar condições para o surgimento de populações resistentes ao defensivo em questão. Assim, o SIC propõe a combinação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, entre outras soluções de controle de plantas daninhas. Tanto as pesquisas como a prática agrícola comprovaram os benefícios do SIC em relação à prevenção e manejo de resistência e seleção de plantas daninhas a herbicidas; maior arranque inicial das culturas, menor número e tamanho das plantas daninhas na aplicação dos pós -emergentes; possibilidade de redução de herbicidas pós; redução do banco de sementes; melhor plantabilidade e stand final mais adequado. O manejo antecipado de 15 - 25 dias antes do plantio com herbicidas sistêmicos (Zapp ou glifosate) e associado à aplicação de herbicida de contato (Gramocil) no momento do plantio, permitem que na germinação da cultura a cobertura manejada esteja completamente seca, com a ausência de invasoras germinadas. É muito comum que o agricultor deseje fazer as operações de manejo e plantio quase ao mesmo tempo. Do ponto de vista operacional esta técnica se mostra bastante interessante, entretanto o que precisa ser avaliado são as conseqüências, principalmente se este sistema não está limitando a produtividade e o retorno econômico da cultura. Diversos trabalhos, como o da UFGRS mostram a redução no número de plantas dani-

nhas que competem com a cultura, quando da adoção do SIC. Outro ponto importante oferecido pelo SIC é que próximo à aplicação dos pós-emergentes, as plantas daninhas encontram-se em estado de desenvolvimento menor. A foto ilustra uma área de soja, onde, à direita, foi feito o SIC no manejo (área recebeu Zapp 20 dias antes e Gramocil durante o plantio) e à esquerda o manejo foi próximo à época de plantio. Na área SIC a soja ganha dianteira competitiva em relação ao mato e só precisará de pós-emergentes muito depois, com possibilidade de economia dos mesmos. Trabalhos da Embrapa CPAO e da Fundação MS, entre outras, mostraram haver perdas significativas de produtividade em soja, quando esta germina e a cobertura vegetal ainda está verde, começando a morrer. Estas perdas são mais pronunciadas em áreas com elevada cobertura vegetal. Vários motivos, normalmente associados, podem levar a estas perdas, tais como alelopatia, competição por nutrientes, dificuldades de deposição e germinação de sementes, podendo reduzir a população de plantas levando também a um menor tamanho e número de vagens. Para mensurar as perdas é preciso que se compare os sistemas, ou seja, o SIC (onde plantio é feito com a cobertura seca) versus aplicação próxima do plantio da cultura. O gráfico à esquerda mostra os benefícios econômicos trazidos pelo SIC. As perdas de rendimento evitadas quando da adoção do SIC, cobrem com facilidade os custos envolvidos, além de flexibilizar a época de uso de pós-emergentes e ser a forma mais eficaz de combater a seleção de invasoras e evitar o desenvolvimento de resistência das invasoras a herbicidas. O sistema SIC é seguramente técnica e economicamente superior. Filipe Guimarães, Zeneca


Comunicação internet

Internet permite maior competitividade ao produtor A informação rápida será de grande valia para os produtores em pouco tempo

A

agropecuária vem, neste século, dando pulos de produtividade em função da adoção de tecnologias. Equipamentos e produtos químicos mudaram e vêm mudando métodos de manejo de culturas e de criação de animais. Via de regra, a oferta de produtos cresce rapidamente após a introdução destas tecnologias, derrubando preços e prejudicando aqueles que porventura não adotaram tais tecnologias e cujos custos passam a não comportarem mais a maneira antiga de fazer as coisas . A pergunta que todo produtor deveria se fazer é: será que eu estou utilizando meus recursos da maneira mais produtiva e lucrativa possível? Não existem tecnologias, métodos ou truques disponíveis que eu não estou utilizando por simples desconhecimento e falta de comunicação? A globalização trouxe a necessidade ainda maior ao produtor de ser mais competitivo. Não dá mais para aprender com os próprios erros e compensar, quem sabe, na próxima safra. O produtor deve estar bem informado sobre tudo que diz respeito à cultura que planta e à sua criação, desde as tendências de oferta e demanda (e portanto de preços) até quais as doenças e respectivas soluções que estão sendo dadas, passando pelo manejo mais rentável. Comunicação rápida e eficiente é chave neste processo. Que tal colocar uma dúvida sobre um problema que eu tenha, ou possa ter, no ar pela internet para que seja debati-

da? Que tal receber a resposta de fazendeiros de diversas partes do Brasil, que tiveram problema igual ou semelhante e checar qual dessas soluções podem me servir? Ajuda para os médios Pois nós, que trabalhamos na internet de agribusiness, sonhamos em criar um ambiente onde soluções são discutidas e ferramentas administrativas são compartilhadas. Onde o produtor identifique onde ele poderia ganhar mais ao comparar a sua produtividade com os demais. Pessoalmente acredito que todos os produtores podem lucrar com a ferramenta internet. Em particular acredito que os médios ganharão proporcionalmente mais. Tomemos como exemplo os produtores de laranja. Existe um universo de produtores que individualmente colhem mais de 500.000 caixas por ano, os quais, normalmente já têm acesso ao que há de melhor e mais atual no mundo. Existem os pequenos produtores, digamos aqueles que colhem menos de 50.000 caixas por ano, os quais conseguiriam aumentar sua produtividade com algum esforço/foco no seu manejo e administração do pomar. Chamo de médios, no exemplo da laranja, aqueles que se encontram nesta faixa. Estes buscam ser competitivos com toda a tecnologia que lhes está disponível. Mas, via de regra, eles não têm escala para suportar

BRANDALIZZE consulting COLHEITA Geadas abalam o mercado

pesquisas e conseguir informações na mesma velocidade dos grandes. A internet pode, e deve, ser um instrumento que servirá para democratizar informações em tempo hábil para tais produtores, acelerando a adoção de melhores tecnologias. A segunda pergunta que fazemos: quanto tempo vai demorar para que os produtores descubram o potencial da internet? Os filhos de agricultores e pecuaristas já estão se deparando com o computador e a internet na escola. Quanto tempo vai levar para virar rotina o chat entre fazendeiros, especialistas e outros profissionais das suas cadeias produtivas comerciais? Hoje trabalhamos com o valor de 4% de penetração da internet no meio agropecuário. Mas sabemos que a maior parte deles são grandes produtores, já conectados à bolsa de cereais de Chicago, por exemplo. A sobrevivência dos portais está intimamente ligada à velocidade do crescimento do seu uso como ferramenta, seja de busca de conhecimento, seja de compras as quais sustentam a geração de conteúdo. Torço para que isso aconteça rapidamente, não só porque estou neste negócio, mas principalmente porque acredito no benefício que ele poderá trazer aos produtores e ao país como um todo. Só o tempo nos dirá. Cesar Righetti Diretor de Operações Cultivar

Cultivar

Arma nova

B. Consulting

Neste ano a comercialização da safra vem se dando a contagotas, ou em ritmo lento. Os principais produtores estão com os produtos - arroz, milho ou soja - retidos e apostando em preços melhores mais à frente. Com isso, apontamos que o setor tem que ficar atento a esta situação, porque estaremos em poucos dias entrando no segundo semestre do ano, e entrar na entressafra com a maior parte do produto ainda por comercializar, será sinal de poucas chances de reação dos indicativos. No caso do arroz, o governo vem com indicativos de apoio, mas o milho e a soja são produtos dependentes do mercado, e assim poderão ter dificuldades de reação. A comercialização em ritmo lento, normalmente interessa aos produtores quando a safra é pequena, fazendo os indicativos caírem um pouco, mas quando a indústria está abastecida - como ocorre com o arroz e a soja neste ano - poderá sinalizar para sobras de produto no final do ano. Para amenizar este problema, o produtor terá que começar a utilizar o mercado futuro, ou negociar via bolsa para entregas longas, evitando não bancar sozinho o risco da armazenagem.

MILHO

Safrinha abaixo das 5 milhões de T

César Righetti aposta no futuro

Os produtores neste mês devem colher a maior parte da safrinha. Os números iniciais, que apontavam para cima das 6,7 milhões de toneladas, agora não apontam posições maiores que 5 milhões. O estado do Paraná, que esperava colher 3,4 milhões de T, não conseguirá mais do que 2,3/2,4 milhões

de T. São Paulo será outro com grandes perdas, onde a safrinha deverá ficar ao redor das 500 mil T, contra 1,1 milhão esperadas inicialmente. O mercado já sinalizou com alta em julho e deverá forçar com mais avanços nas próximas semanas. O milho continuará sendo um bom ativo econômico.

SOJA Com muita soja e poucos compradores O mercado da soja continuou mostrando pouco movimento e grandes volumes ainda livres nas mãos de produtores, que apostaram em alta. No mês de julho, muitas indústrias paralisaram as atividades, esperando o quadro mudar, pois estavam trabalhando com prejuízo. As exportações continuavam tendo maior fôlego para pagar o grão. O clima nos EUA em julho favoreceu as lavouras, que assim, aos poucos, ficaram dentro do período. Se continuarem sem problemas por lá, poucas são as chances de reação por aqui.

ARROZ

Primeiras entregas das Opções; mercado em baixa O setor do arroz passa por um de seus piores momentos. As Opções do governo só melhoraram as condições daqueles que as conseguiram. Enquanto isso, o mercado se manteve fraco, sem pressão de compra. As indústrias, com dificuldade para repassar ajustes no beneficiado, não deverão trabalhar com estoques e, assim, não pressionarão para comprar grandes volumes. Isso irá dificultar a vida dos produtores. A curto prazo as expectativas não são boas.

CURTAS E BOAS ... USDA - Em seu relatório mensal, sem grandes alterações, seguiu um padrão conservador. Aposta que a nova safra de soja será de 168,5 milhões de toneladas nos Estados Unidos e 32,8 milhões no Brasil. PARAGUAI - Os produtores têm pressionado para se posicionar em cima de milho convencional, mostrando ofertas de 300 a 400 mil T, para os consumidores brasileiros. Há uma frente dos produtores locais tentando fazer do pais uma zona livre de transgênicos e garantir um mercado de elite. URUGUAI - Continua forçando para vender grandes volumes de arroz ao Brasil, com safra de 1,1 milhão de T. ARGENTINA - Tem aproveitado a calmaria no Brasil para fechar grandes volumes na Fronteira Oeste e, assim, colocar a maior parte das 900 mil T colhidas no país. CHINA - Mostra queda na produção de alimentos, com o milho caindo de 122 milhões de toneladas para 103 milhões. O arroz caiu das 141 milhões de

T para 138, ou menos. O trigo, de 115 foi para 113 milhões neste ano e já acena para 102 milhões de T na safra 2000/2001. Com isso, espera-se aumento das necessidades de importações locais e de países vizinhos, que normalmente se abastecem na China. TRIGO BRASIL - A safra de 2,6 milhões de T esperadas para este ano foi reduzida, em parte, pelas geadas. Fala-se que não colheremos 1,8 milhão de T. E se tivermos geadas em agosto, as perdas superarão 1,5 milhão de T. Sinalizando positivo para os produtores do RS, que normalmente plantam mais tarde. ALGODÃO - Os produtores do MT devem dobrar o plantio neste ano. Isso foi o que mostrou o ânimo do setor em julho. Áreas de safra, com menor rentabilidade, devem ser trocadas. O governo local está estimulando o setor. As baixas temperaturas deste ano devem trazer reflexos nos próximos meses, já que o consumo da Pluma aumenta.

e-mail: brandalizze@uol.com.br FEIJÃO

do clima frio. Como estamos com poucas ofertas de produto de boa qualidade, os indicativos tendem à estabilidade e com chances de avanços nas próximas semanas. Poderemos ver boas expectativas no feijão em setembro e osutubro.

Chance de avanço em setembro e outubro

O mercado do feijão teve poucos prejuízos com as geadas. Somente áreas isoladas foram atingidas, mas a demanda deverá aumentar por causa 40

Agosto 2000

Cultivar


Aenda Genéricos

A indústria de agroquímicos I

nicialmente é necessário salientar que a indústria de defensivos agrícolas é, do ponto de vista técnico, um segmento da indústria química, particularmente incluída no subconjunto de produtos denominados da química fina. Dessa forma, na realidade a evolução da indústria de defensivos é uma parte efetiva da evolução da indústria química em geral e de suas principais empresas, tanto isso é verdade que as principais empresas desta última também o são da primeira. Existem alguns casos de especialização notória em defensivos, mas são exceções. O desenvolvimento desse setor industrial encontra-se intimamente relacionado à importância crescente da produção agrícola brasileira, pois os principais elementos técnicos na determinação da demanda desses insumos são a definição do produto, a área plantada, as características bioclimáticas e os terrenos. Já a escolha do produto é influenciada pela especificidade de uso, os coeficientes técnicos básicos, o grau de eficácia esperado e o preço relativo (o qual associado ao coeficiente de uso, determina o custo por hectare, Ipea, Estudo para Discussões nº 422). A análise do crescimento setorial pode indicar uma forte correlação entre a evolução da produtividade obtida em todas as lavouras e o aumento do faturamento do setor. No decorrer da década dos anos 90, o setor apresentou o faturamento do quadro abaixo, em bilhões de dólares: Como se vê, a evolução do setor nesses dez anos foi da ordem de 109% em valor corrente ou 78% em valores de 1999. Coincidentemente dá-se numa fase da economia agrícola em que o governo produz uma forte retração de crédito oficial para custeio, determinando que os produtores recorressem a fontes privadas de financiamento, particularmente das próprias indústrias que tiveram que assumir essa nova atribuição. Tais características de mercado apóiam os elementos caracterizados da estrutura dessa indústria. Quanto à concentração, o setor de defensivos agrícolas poderia ser caracterizado como um oligopólio diferenciado por apresentar um número de empresas,

em termos absolutos significativo, mas, no entanto, um pequeno número destas detém uma parcela relativamente grande da produção/vendas da indústria . Dentre as vinte e seis empresas com participação de pelo menos 1% no mercado, verifica-se que as cinco maiores detêm 43,8%; as oito maiores participam com 64,5% e as dez, com 76,8% . As fusões que estão ocorrendo entre as empresas do setor deverão provocar significativas alterações desse quadro, indicando que as três maiores deterão um mercado de 46,1%, com base nos dados de faturamento do ano de 1999. Outra importante característica desse segmento está relacionada aos produtos por ele produzidos e comercializados. A oferta de defensivos agrícolas apresenta a seguinte divisão mercadológica: EMPRESAS DE PRODUTOS EXCLUSIVOS + GENÉRICOS = US$ 2,0 bilhões EMPRESAS DE PRODUTOS GENÉRICOS = US$ 0,3 bilhões As primeiras, são aquelas que competem no mercado com um mix de produtos composto por dois conjuntos: um primeiro composto de produtos suficientemente diferenciados quimicamente de forma a serem patenteáveis, oriundos de suas próprias atividades de P&D, e um segundo composto de produtos tradicionais, não necessariamente originais da empresa, denominados genéricos. O segundo grupo produz genéricos representados por produtos com patente vencida, com vários produtores e disponibilidade internacional, com competição de preços e, conseqüentemente, com preços bem inferiores àqueles existentes quando havia apenas a relação exclusiva matriz-filial. Para uma melhor avaliação do componente mercadológico, especialmente no aspecto relacionado à oferta, é necessário ava-

liar que dos 1505 registros de produtos técnicos e formulados gerados pelo Ministério da Agricultura até o ano de 1999, 742, ou 49,3%, foram obtidos por seis empresas do primeiro grupo. Por sua vez, as cinco maiores empresas do segundo grupo detêm 248 registros, ou seja, 16,45 do total. Essa forma de organização desempenha fundamental papel na competitividade do setor agrícola, pois indiscutivelmente os efeitos sobre a renda do produtor dependem da participação do insumo nos custos e das consequências sobre a produtividade. Os novos produtos apresentam altos preços e margens devido ao caráter diferencial dos seus coeficientes de uso. Os produtos tradicionais, por sua vez, permitem a entrada de empresas menores que importam os produtos técnicos, ou têm acesso à tecnologia e passam a produzi-los e vendê-los a terceiros, contribuindo mais para a difusão da oferta. Para estes produtos, os preços tendem a cair, transformando o produto em uma commodity , para benefício do agricultor e do consumidor final. Todo esse quadro de oferta, atualmente, vem sendo fortemente afetado por severas, restritivas e excessivas exigências provenientes dos órgãos federais participantes no processo de registro sanitário. Tal fator, tem implicado em verdadeira barreira à entrada de novos registros no mercado, restringindo a concorrência e colocando o produtor frente a impossibilidade de ter seu custo de produção reduzido. Essa situação, além de sua consequência direta sobre o produtor, deverá afetar as perspectivas de investimentos da ordem de US$ 640 milhões, previstas para até 2003. Luiz César Auvray Guedes Presidente da ABIFINA e VicePresidente da AENDA.

Material produzido pela Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas. As opiniões manifestadas são de sua responsabilidade. E-mail: aenda@sti.com.br


milho

O milho que o Brasil planta

Cultivar

Há muitos tipos e variedades de milho no mercado. O seu uso final é que vai definir a escolha da cultivar pelo produtor. Veja, a seguir, o que existe no Brasil

O

mercado de sementes de milho é bastante oligopolizado, e tem-se concentrado ainda mais nos últimos anos, com o processo de fusões e aquisição de empresas de sementes por indústrias do setor de agroquímicos. A variável-chave de concorrência é o constante esforço tecnológico, por meio do lançamento de novos produtos Como conseqüência disso, existe hoje, no mercado, uma grande quantidade de cultivares (em torno de 200) com grande variabilidade nas suas características agronômicas, que devem ser conhecidas por técnicos e agricultores, para a escolha adequada do material genético adaptado às condições edafoclimáticas e ao manejo de sua lavoura. Esta publicação objetiva relacionar todas ou pelo menos a grande maioria das cultivares de milho existentes no mercado, fazendo uma análise crítica das características desse material genético. Utilizaram-se as informações existentes nos materiais de divulgação e promoção, como boletins e fôlderes das cultivares de milho, distribuídas gratuitamente pelas empresas produtoras de sementes. É provável que alguma cultivar não esteja mencionada neste trabalho e que outras citadas já não estejam disponíveis no mercado. Entretanto, pela gran-

de amostragem utilizada, as análises apresentadas refletem as características das cultivares comercializadas no País. As cultivares comercializadas nas últimas safras e suas principais características e recomendações estão listadas nas tabelas 1 e 2. Existem no mercado variedades e híbridos. Uma variedade de milho é um conjunto de plantas com características comuns, sendo um material geneticamente estável e que, por essa razão, com os devidos cuidados em sua multiplicação, pode ser reutilizada sem nenhuma perda de seu potencial produtivo. Praticamente toda a sua produção é realizada por órgãos públicos ou cooperativas e geralmente são comercializadas em regiões restritas ou utilizadas em programas sociais de distribuição de sementes. Já os híbridos existentes no mercado brasileiro podem ser assim definidos: Híbrido Simples- obtido pelo cruzamento de duas linhagens endogâmicas. Em geral, é mais produtivo que os demais tipos de híbridos, apresentando grande uniformidade de plantas e espigas. A semente tem maior custo de produção, porque é produzida a partir de linhagens, que, por serem endógamas, apresentam menor produção. Híbrido Simples Modificado- neste caso, é

utilizado como progenitor feminino um híbrido entre duas progênies afins da mesma linhagem e, como progenitor masculino, uma outra linhagem. Híbrido Triplo é obtido do cruzamento de um híbrido simples com uma terceira linhagem. Híbrido Triplo Modificado - O híbrido triplo pode também ser obtido sob forma de híbrido modificado, em que a terceira linhagem é substituída por um híbrido formado por duas progênies afins de uma mesma linhagem. Híbrido duplo obtido pelo cruzamento de dois híbridos simples, envolvendo, portanto, quatro linhagens endogâmicas. É o tipo de híbrido mais utilizado no Brasil. Verifica-se que 23,3% das cultivares são híbridos simples e 7,9% são híbridos simples modificados, 36,1% são híbridos triplos e 1,5% são triplos modificados. Os híbridos duplos, que durante muitos anos dominaram o mercado, representam hoje 23,3% e as variedades representam 7,9%. Esses valores percentuais se referem ao número de cultivares disponíveis no mercado e não necessariamente à área plantada ou à quantidade de sementes vendida. Os híbridos triplos e simples, modificados ou não, representam hoje 68,8% das opções para os

produtores, mostrando uma tendência na agricultura brasileira e uma maior necessidade de se aprimorar os sistemas de produção utilizados, para melhor explorar o potencial genético dessas sementes. José Cruz analisa todas Com relação ao ciclo, as cultivares são clasas cultivares de milho sificadas em normais ou tardias, semi-precodisponíveis para plantio ces, precoces e superprecoces. As cultivares no Brasil nesta safra normais apresentam exigências térmicas correspondentes a 890-1200 graus-dias (G.D.), as precoces, de 831 a 890, e as superprecoces, de 780 a 830 G.D. Essas exigências calóricas se referem ao comprimento das fases fenológicas compreendidas entre a emergência e o início da polinização. Dos materiais existentes hoje até à maturidade fisiológica e também até à no mercado, 25,7 % são classificados como su- colheita. Para muitas cultivares, é mencionaperprecoces e suas exigências térmicas, de acor- da a taxa ou velocidade de secagem após a mado com as informações da empresa produtora, turidade fisiológica. Essa característica é defivariam de 730 a 830 G.D, portanto, dentro nida pela expressão dry down . Uma importante característica a ser obserdos limites esperados. As cultivares classificadas como precoces representam 55,4% das op- vada ao se plantar uma cultivar é a densidade ções e variam, quanto às suas exigências tér- de plantio, que, quando inadequada, pode ser micas, de 751 a 930 G.D. As cultivares semi- razão de insucesso da lavoura. A densidade de precoces representam 10,4 % das opções de plantio ideal é função da cultivar, da disponimercado e variam de 851 a 970 G.D. enquan- bilidade hídrica e de nutrientes. Assim, qualto as cultivares normais representam 8,4 % do quer fator que afetar a disponibilidade de água mercado e variam de 865 a 955 G. D. Percebe- e nutrientes para o milho também afetará a escolha da densidade de se, desta forma, que, excetuplantio. Com relação à ando-se as superprecoces, as cultivar, a densidade podedemais cultivares deveriam Na escolha da rá variar em função do porser melhor classificadas cultivar o te, da arquitetura da planquanto ao seu ciclo. importante é ta, da resistência ao acaEssas observações foram verificar a adaptação mamento e ao quebrafeitas em 132 cultivares que à região da mento e da finalidade a apresentam suas exigências lavoura que se destina o plantio. térmicas nos materiais de diNormalmente, cultivares vulgação e promoção. Utilimais precoces, de menor zando as informações sobre o ciclo da cultivar, independentemente de ser porte e mais eretas permitem o uso de densifornecida ou não sua exigência térmica, verifi- dades mais elevadas e espaçamento mais esca-se que tanto as variedades quanto os dife- treito. Verifica-se que as variedades são indirentes tipos de híbridos apresentam todas as cadas para plantios com densidades variando variações possíveis em seus ciclos. Entre as va- de 40.000 a 50.000 plantas por hectare, o que riedades, predominam as de ciclo precoce ou é coerente com o menor nível de tecnologia semiprecoce (81,2%). Entre os híbridos duplos, dos sistema de produção empregados pelos agripredominam os de ciclo precoce, com 67 % cultores que usam esse tipo de cultivar. Entre das opções. Entre os híbridos triplos, modifica- os híbridos, a densidade mais recomendada dos ou não, 30,2% são superprecoces e 51,3% varia de 50.000 a 60.000 plantas por hectare, são precoces; entre os híbridos simples, 34,9% mas verifica-se uma tendência de se recomensão superprecoces e 55,5% são precoces. Al- darem maiores densidades de plantio para os gumas empresas produtoras de sementes for- híbridos triplos e, principalmente, para os hínecem informações sobre o ciclo da cultivar bridos simples e menores para os híbridos du-

Cultivar

Nossa Capa

plos. Com relação ao ciclo, comprova-se que, à medida que este se reduz, há um aumento na densidade recomendada. Um importante aspecto na escolha da cultivar é verificar sua adaptação à região onde a lavoura será instalada. Às vezes a especificação da região de adaptação das cultivares é baseada nas regiões Norte, Nordeste, CentroOeste, Sudeste e Sul ou, raramente, por estados. O mais comum, entretanto, é dar uma indicação de regiões geoclimáticas. Os limites dessas regiões variam um pouco, de acordo com cada empresa produtora de semente, e isto deve ser levado em conta pelos agricultores. Outra importante informação é sobre a época de plantio mais indicada para cada cultivar. Algumas empresas especificam apenas o plantio de verão ou safra normal e a safrinha. Um maior número de empresas, entretanto, fornece maiores informações, separando o plantio CEDO, normalmente em agosto e setembro; NORMAL, em outubro e novembro; TARDIO, em dezembro e janeiro, e SAFRINHA, em fevereiro e março. Há casos de informações sobre a adaptação da cultivar ao plantio antecipado, que seria em junho e julho. Atenção especial deve ser dada ao milho safrinha, sistema em que o milho de sequeiro é cultivado fora da

Manejo Ecológico de Pragas CONSULTORIA T REINAMENTO PESQUISA GRAVENA - Manejo Ecológico de Pragas Agrícolas Ltda. - Chácara Paulista Rodovia Deputado Cunha Bueno, SP 253, km 0.7, 14870-000, Jaboticabal/SP, Fone/Fax: (16) 323-2221 e-mail: gravena@asbyte.com.br


CaracterĂ­sticas das cultivares de milho disponĂ­veis no mercado de sementes brasileiro. Ano 2000


milho verde e silagem. Com relação à altura de plantas, verificase que as cultivares variam de 2,00 m ou um pouco menos até cerca 2,50 m. Há algumas poucas exceções em que a cultivar atinge mais de 3,00 m de altura. Cerca de 90% das cultivares existentes no mercado apresentam altura máxima 2,50 m. Obviamente essa altura também poderá ser afetada por condições ambientais. Dentre as cultivares superprecoces, a altura máxima não ultrapassa a 2,30 m. Aparentemente, não há uma relação entre o tipo de cultivar e a altura de plantas. Dentre as cultivares caracterizadas com altura de plantas superior a 2,50 m, há uma variedade, quatro híbridos duplos, dez híbridos triplos e dois híbridos simples. 83 % das cultivares possuem altu-

média e alta (associada às vezes com notas variáveis de 1 a 9). As cultivares das empresas Pioneer, Embrapa (BR e BRS) e Planagri variam entre susceptível, moderadamente susceptível, moderadamente resistente e resistente. Os materiais da Aventis e Cargill têm uma variação mais detalhada: altamente susceptível, susceptível, medianamente tolerante, tolerante e altamente tolerante. Os materiais Braskalb, Zeneca e Colorado variam de 1 a 9 ou 10, em que 1 representa baixa tolerância e 9 ou 10 representa alta tolerância. Nesse caso, de 1 a 4 é considerado regular, 5 a 7 bom e 8 a 10 excelente. As características discutidas até aqui são aquelas mais comuns nos materiais de divulgação das diferentes empresas de sementes. Outras características são também

Cultivar

época normal, quase sempre após a colheita da soja precoce, e que, no ano 2000, atingiu cerca de 2.500.000 hectares, desempenhando importante papel na produção de milho no País. Praticamente todas as cultivares recomendadas para a safrinha são também recomendadas para a safra normal, exceto um ou outro material recomendado apenas para a safrinha. O fato de uma empresa não indicar o plantio de determinada cultivar para a safrinha não significa necessariamente que ela não seja adaptada a esse sistema de produção. Outro aspecto importante no plantio do milho safrinha é o ajuste na densidade de plantio, sendo que algumas empresas já recomendam, em seus materiais de divulgação, a densidade a ser usada para o plantio da cultivar na safrinha. Como regra geral, a densidade é cerca de 20% menor do que a recomendada para a safra normal, principalmente devido à menor disponibilidade hídrica e aos maiores problemas de acamamento e quebramento nessa época de plantio. Geralmente, a densidade de 40.000 a 45.000 plantas por hectare é a mais freqüentemente recomendada. Quanto ao fim a que se destinam, além da produção de grãos, há indicação de cultivares para a produção de silagem de planta inteira e, às vezes, silagem de grãos úmidos, para a produção de milho verde (normal ou doce). No caso da silagem, é sabido que algumas cultivares apresentam melhor comportamento do que outras; entretanto, pelo número de cultivares indicadas para silagem (73), pode-se inferir que essa recomendação está generalizada, o que até certo ponto é compreensível, considerando a alta qualidade natural do milho como planta forrageira. À semelhança do que ocorre com o milho safrinha, a não-recomendação da cultivar para silagem não implica necessariamente que o material não deva ser usado como tal. No caso do milho verde, também já existe um mercado específico, sendo que 13 cultivares são recomendadas para essa finalidade. As cultivares de milho branco (quatro) são também utilizadas para a produção industrial, principalmente de canjica. Com relação à cor do grão, verifica-se que há um predomínio da cor alaranjada (42%), que, juntamente com a cor laranja, somam 58,4% das opções. As cultivares de grãos laranja-avermelhados ou avermelhados representam apenas 6%. Os milhos de grãos amarelos representam 24,2% e os de grãos amareloalaranjados ou amarelo-laranja representam 10% das opções de mercado. Com relação à textura do grão, verifica-se uma predominância de grãos semi-duros (40,6%) e duros (33,7%) no mercado, atendendo à expectativa da indústria, que valoriza mais esses materiais. Os grãos semi-dentados representam 21,3%, enquanto os materiais dentados são minoria (4,4%) e não são bem aceitos pela indústria. Grãos dentados são uma característica desejada em materiais para produção de

Com relação a altura, as cultivares variam de 2 a 2,5 m em geral

ra de inserção da espiga até 1,30 m. Também é muito importante o conhecimento do comportamento das cultivares em relação às doenças Na tabela, são apresentadas informações sobre o comportamento de 57% das cultivares, em relação às principais doenças (ferrugem comum - Puccinia sorghi, ferrugem branca - Physopella zea, ferrugem polisora Puccinea polysora, pinta branca Phaeosphaeria maydis, helmintosporiose Helmintosporium turcicum, , Corn stunt e doenças de grãos.) Outras doenças são relatadas, porém de forma esporádica e, no futuro, espera-se que maiores informações sejam apresentadas sobre o comportamento das cultivares em relação às doenças, especialmente aquelas que têm adquirido maior importância, como, por exemplo, a Diplodia macrospora e a mancha por Cercospora (Fernandes & Oliveira, 2000). Não há uma uniformidade das notas para definir o grau de tolerância às doenças. Os materiais Agroceres são apresentados com uma escala de tolerância às doenças variando entre baixa,

mencionadas, como potencial produtivo, estabilidade de produção, as proporções das diversas partes da planta, percentagem de proteína bruta, FDA, FDN, lignina, NDT, matéria seca na colheita, potencial de produção de matéria seca, velocidade de emergência, qualidade do colmo ou resistência ao acamamento de colmo e de raiz, perda de umidade (dry down), empalhamento, prolificidade, peso de 1.000 grãos, densidade (g/l), características da espiga, colmos e folhas, staygreen (característica da planta de permanecer verde mesmo quando a espiga já se encontra em adiantado estádio de maturação). Todas essas características auxiliam os agricultores na escolha da cultivar. José Carlos Cruz, Israel Alexandre P. Filho, Elto Eugênio Gomes e Gama, Francisco T. Falcão Pereira e Luiz André Corrêa, Embrapa Milho e Sorgo


monitoramento

tragem não se pode dizer que atirou na caça sem vê-la . Todo ato de controle de pragas visa atingir o alvo em se tratando de uso do MEP e é para isso que serve a amostragem no monitoramento.

Gravena

Sempre alerta Não fossem algumas razões significativas poderíamos dispensar as penosas práticas dos monitoramentos e das amostragens de pragas como parte do MEP sobrando mais tempo para o controle biológico e o manejo ambiental. Algumas dessas razões são: 1. A necessidade crescente de transparência no campo para evitar impactos ambientais e riscos humanos na produção e consumo de alimentos e fibras; 2. A necessidade crescente, de redução de custos nos sistemas de produção num mundo global cada vez mais competitivo; 3. A existência de grandes áreas contínuas e sucessivas de cultivos de mesma espécie de planta dificultando a aplicação dos princípios ecológicos do MEP

O monitoramento constante é o principal fator de êxito no manejo ecológico

A

transparência no campo é uma exigência recente adotada na agricultura orgânica onde, presume-se, teve origem. Alguns grandes supermercados, como o Carrefour, estão adotando o sistema de garantia de origem, onde existe um conjunto de normas que o agricultor-fornecedor tem que observar. Um exemplo é a Fazenda Santa Maria, produtora de citros, em Ubirajara (SP) de propriedade de Geraldo Killer. Além das normas do Carrefour que ele segue a outra solicitação da loja era que estivesse sob Manejo Ecológico de Pragas pela Gravena - ManEcol Ltda. Portanto, tal transparência se aplica tanto na agricultura orgânica como na convencional. O termo transparência aparece com os nomes de rastreabilidade em português e traçabilidade em castelhano (terá uso nas transações do Mercosul). Significa, a grosso modo, que as ações durante o processo produtivo são registradas em cadernos ou computadores na própria fazenda com a maior precisão possível, de modo a estarem disponíveis a qualquer pessoa para exame das condições com que o alimento, fibra(algodão) ou bebida(café) foram produzidos. Um consumidor atento poderá se per-

guntar, ao se deparar com uma fruta nas gôndolas dos supermercados: será que tanto agrotóxico era necessário? . A resposta é dada pelo MEP na parte referente ao monitoramento das pragas cujos dados de amostragem periódica são anotados em fichas de campo usadas para cada talhão ou canteiro ou gleba, unidade básica do MEP. Os dados das fichas são utilizados para o agricultor tomar decisão de controle escolhendo produtos ou técnicas mais adequados, evitando o impacto ambiental, ao trabalhador e ao consumidor. Esses dados são transferidos diariamente a planilhas representando cada unidade de MEP, construindo a história desta pequena área, através dos anos. Tudo fica armazenado em arquivos de computador ou em arquivos manuais para a rastreabilidade eventual. Portanto, o MEP através do monitoramento, é o carro chefe da rastreabilidade(transparência) no campo. É o veículo mais importante para tal visibilidade. O controle preventivo, isto é, sem saber se o inseto-praga está presente fica assim proibitivo no MEP e os custos são significativamente reduzidos, em média, em 50% para todos os cultivos. Com a amos-

Busca de pragas Monitoramento de pragas, no jargão do MEP, significa acompanhar analiticamente populações de insetos, ácaros, patógenos, nematóides, plantas daninhas, etc. Para isso se utilizam diversos métodos e aparelhos que permitem ao Amostrador, Inspetor, Monitor ou simplesmente Pragueiro, observar ou capturar os organismos nocivos e benéficos nas lavouras agrícolas e natureza em geral. Alguns destes métodos e aparelhos são diretamente relacionadas à amostragem e outros à detecção de presença e de migração. O importante é que os dados são anotados em planilhas, arquivadas como verdadeiros registros de ocorrência, que podem ser examinados a qualquer tempo. Mas no momento ou no final de uma prática de monitoramento, em função dos dados obtidos tanto de pragas como de inimigos naturais, pode-se tomar uma decisão de MEP para o controle de determinada praga da forma mais seletiva possível, ou seja, sem afetar em demasiado as populações dos inimigos naturais, sem colocar em risco o trabalhador e o consumidor e sem impactos negativos no meio ambiente. Tipos de monitoramento Para efeito do MEP há dois tipos bási-

Gravena

Mep

Santin Gravena preconiza o uso de agrotóxico apenas nas quantidades necessárias

cos de monitoramento em prática: 1. O monitoramento de migração de adultos das pragas entre talhões de MEP, entre propriedades ou entre micro-regiões produtoras; 2. O monitoramento de safra, na área em cultivo, por unidade de MEP, através de amostragens relativas ou coletas de varredura por atração sexual ou alimentar. Através deles, praticamente todos os insetos de uma área específica são atraídos para uma armadilha. Observando a migração A emigração mais intensa de insetos e ácaros se dá normalmente no final das safras, em colheita. Em outras palavras, eles se movem para fora da área em colheita final em busca de refúgios para hibernação (diapausa), estivação (sem se alimentar) ou em busca de outras áreas cultivadas em seqüência (sucessivas), próximas ou longínquas, para continuar a reprodução.

Dizemos imigração quando os insetos (por vôo próprio ou pelo vento) e ácaros (pelo vento) chegam a uma plantação recém implantada se anual e na primavera se perene. As armadilhas para monitorar pragas são desenvolvidas para detectar os movimentos imigratórios e assim permitir tomada de decisão correta de manejo para evitar prejuízos excessivos na produção. Os feromônios sexuais constituem-se na mais moderna técnica de monitoramento de imigração de insetos. Têm elevado poder de atração em áreas extensas para suas armadilhas. São específicas, só atraindo elementos da mesma espécie, portanto, não afetando inimigos naturais. Os grupos em que se utilizam tais substâncias são os Microlepitdópteros que correspondem às traças de frutas como a Grafolita molesta que ataca frutas de caroço e maçã e os coleópteros curculionídeos como o bicudo do algodoeiro e o moleque da bananeira. Os atrativos alimentares mais comuns são o melaço, os sucos de frutas e a proteí-


Arroz

Monitoramento de safra O monitoramento de safra inicia-se com a germinação e termina com a colheita nos cultivos anuais. O marco inicial nas plantações perenes é toda primavera, encerran-

Força e saúde Rugai

Gravena

na hidrolizada. Esta é mais seletiva a inimigos naturais que as outras duas. Todas servem para atrair insetos adultos em busca de alimento. São muito utilizadas para moscas das frutas Ceratitis capitata e Anastrepha spp. Normalmente, no MEP utilizamos mais de uma técnica quando possível, por garantia. Até a visual entra, como recentemente temos implantado para amostragem de moleque da bananeira em pseudocaules sobre o solo e mosca das frutas em folhas goiaba após a colheita. Existe também as armadilhas de cor, com cola, para atrair e capturar insetos em vôo. As de cor amarela com sticky servem para atrair cigarrinhas da CVC em citrus, pulgões e moscas brancas vetores de vírus em tomate e batata, de cor azul para tripés em tomate e uva, etc.

tratamento

A colocação de armadilhas também reduz a população de insetos-praga

do-se no outono ou inverno. Trata-se de plantar um cultivo qualquer, seja ele perecaminhamento entre as plantas de forma a ne ou anual, fizéssemos um planejamento cobrir toda unidade de manejo, 5-10 ha em com muita antecedência onde tudo seria geral. Uma boa proporção de plantas que previsto (técnicas ambientais e controle tem sido bem sucedida na prática é de 0,5 a biológico) para evitar o ataque de pragas 1%, a serem examinadas conforme o tipo numa prevenção ecológica. Mas o que o de cultivo. Para tomate, por exemplo, ado- agricultor está acostumado a fazer é pulverizar com inseticidas e fungicidas preventitamos 0,5% e para citrus, 1%. A casualização das plantas é uma cons- vamente no lugar desse planejamento netante na prática da amostragem mas para cessário e indispensável, o que encarece a unidade de amostra na planta, muitas ve- produção, além dos riscos já mencionados. zes, é procurada aquela unidade que real- Entretanto, devido à nova agricultura de transparência no campo, mente pode conter a prao monitoramento, mesga chave que ataca aquele O monitoramento mo com o desejado placultivo específico. Assim, de safra inicia com a nejamento, torna-se um por exemplo, para amosgerminação e instrumento ideal pois é trar o ácaro da leprose em termina apenas com baseado em registro de citrus, nós casualizamos a a colheita dados que ficariam armaplanta no talhão em MEP, zenados nas fazendas que mas ao chegar na planta ao estão adotando o MEP. acaso, procuramos o fruto O assunto monitoramento é muito amque tenha verrugose e esteja no interior da árvore para rastrear a lente de bolso e ten- plo e requer matéria muito extensa. No pretar encontrar o ácaro em toda a superfície sente artigo tivemos a pretensão de aborda fruta. Portanto, a planta tem que ser dar apenas o que é de mais prático e atual casual, mas a fruta tem que ser a que mais no MEP em uso em muitos cultivos. Com chance temos em encontrar a praga. Em outros artigos que virão, trataremos de defunção do número ou proporção de unida- talhar cada técnica de amostragem para as des com a praga presente toma-se a deci- pragas chaves para cada cultivo abordado, são de manejo mais adequada para o mo- onde as vantagens e desvantagens serão listadas e comentadas para informação do leimento. tor de Cultivar e Cultivar HF interessado no MEP. Observações importantes O monitoramento de pragas para fins Santin Gravena, de MEP poderia ser dispensado se ao se Consultor

Lavouras com sementes tratadas são mais vigorosas e menos suscetíveis aos ataques das pragas

Tratando a semente, a densidade de plantio pode ser menor. Com a mesma produção

O

tratamento de sementes de arroz com inseticidas químicos, visando o controle de pragas iniciais da cultura, principalmente pragas de solo, foi bastante praticado no passado, tanto no Brasil como em outros países, envolvendo basicamente produtos à base de Aldrin. O método foi abandonado devido à resistência dos insetos ao inseticida e a problemas de contaminação ambiental. Com o advento de inseticidas modernos, pesquisas sobre o tratamento de sementes foram retomadas visando, principalmente, o controle do gorgulho-aquático (Oryzophagus oryzae) que é a praga-chave da cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. O método de tratar as sementes de arroz visando prevenção ao ataque de O. oryzae apresenta como vantagem a possibilidade de redução da densidade de semeadura, com reflexos significativos quanto à diminuição de custos e aumento na produção de grãos. Por mais reduzida que seja a densidade de semeadura, dentro de patama-

res tecnicamente estabelecidos, o método garante a obtenção e a manutenção de uma adequada população inicial de plantas que é um dos fatores de garantia de melhor performance da cultura do arroz irrigado. Tal garantia decorre do fato do tratamento de sementes exercer relativo efeito sobre outras pragas que danificam sementes, raízes e plantas novas de arroz, na fase crítica de estabelecimento da cultura, entre a emergência das plantas e a irrigação por inundação, destacando-se o pulgão-da-raiz (Rhopalosiphum rufiabdominalis), a pulga-do-arroz (Chaetocnema sp.), o cascudo-preto (Euetheola humilis) e a lagarta-da-folha (Spodoptera frugiperda). Maior produção Exemplo de resultado de pesquisa, realizada em lavoura comercial de arroz, mostra que a estratégia do tratamento de sementes, dentro de uma mesma densidade de semeadura, controla quase que totalmente a popula-

ção larval do gorgulho-aquático (bicheira-da-raiz) e aumenta a produção de grãos cerca de 13%. Em adição, a redução da densidade de semeadura, da ordem 50 kg/ha, associada ao tratamento de sementes, aumenta o patamar de produção de grãos. O uso de 125 kg/ha de sementes tratadas resulta em maior produção de grãos que 175 Kg/ha de sementes não-tratadas. As maiores diferenças em produção de grãos, entre áreas cultivadas com e sem sementes tratadas, tendem a ocorrer quando são usadas menores densidades de semeadura. O tratamento de sementes é reconhecido como o método de controle químico que menos quantidade de inseticidas incorpora ao ambiente, comparativamente a outros métodos de aplicação. As plantas de arroz em lavouras implantadas com menor densidade de sementes tratadas, tendem a tornarem-se mais vigorosas. Com sistema radicular fortalecido, adquirem maior capacidade de perfilhamento e são menos suscetíveis ao acamamen-


Cultivar

Martins explica como funciona o tratamento

to. O uso de menor densidade de semeadura, ao condicionar a desuniformidade no perfilhamento das plantas de arroz, também pode minimizar os problemas decorrentes de baixas temperaturas na fase reprodutiva da cultura. Os colmos menos desenvolvidos, na época de ocorrência do frio, tem maior chance de escape, emitindo panículas com espiguetas normais. Pouca informação A maior barreira ao uso de sementes tratadas com inseticidas na lavoura de arroz irrigado, no Rio Grande do Sul, é o baixo índice de informação dos orizicultores a respeito do método acoplado a receios de intoxicação durante o processo de tratamento e semeadura. Nesse contexto, resultados de pesquisa indicam que as sementes podem ser tratadas e ensacadas até 90 dias antes da semeadura, sem que ocorra qualquer perda de poder ger-

minativo e vigor, portanto, eliminando um dos principais fatores de rejeição ao método, por parte de orizicultores e operadores do maquinário de semeadura. Os inseticidas registrados no Ministério da Agricultura e do Abastecimento, recomendados para tratamento de sementes de arroz, visando o controle do gorgulho-aquático, constam na publicação Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil, editada conjuntamente em 1999 pela Embrapa Clima Temperado, Irga e Epagri. Apesar dos inseticidas estarem registrados para uso na cultura do arroz irrigado, ainda persiste a necessidade de avaliar o seu comportamento ambiental, aferindo efeitos sobre componentes da fauna e microrganismos do solo, do referido agroecossistema. José F. da Silva Martins, Embrapa Clima Temperado


Morte fria A geada causa vários prejuízos ao cafezal. Mas é possível enfrentá-la

O

nome geada é atribuído, na linguagem popular, a danos causados pelo frio a lavouras e plantas em geral, ou, mais freqüentemente, à formação de gelo sobre o solo e plantas. A geada (o nome vem de gelo ou congelamento), de fato pode causar enormes prejuízos aos produtores rurais. No Brasil, tradicionalmente os produtores de café são perseguidos por este fantasma, que em muitos casos já chegou a aniquilar a economia de regiões inteiras. Ainda hoje, a simples possibilidade de ocorrência de geadas nas regiões cafeeiras provoca oscilações violentas nas bolsas do produto por todo o mundo. As geadas ocorrem durante os meses mais frios do ano, geralmente entre início de junho e início de setembro. Registros meteorológicos indicam que há um ciclo mais ou menos definido de 9 a 11 anos em que ocorrem as geadas mais fortes, aquelas que causam grandes prejuízos. A última geada forte foi em 1994 quando causou enormes prejuízos em diversas regiões do país. Lendas e crenças Muitos ainda acreditam que o perigo da geada ocorre de manhã, com os primeiros raios solares, que ao derreterem o gelo formado sobre as folhas, queimariam as plantas. Alguns produtores costumam atear fogo a pilhas de pneus nas manhãs de frio, acreditando que a fumaça possa impedir os raios solares de queimar a lavoura. Na realidade sabe-se hoje que o sol não tem qualquer influência sobre o fenômeno e que até mesmo o fato de haver formação de gelo sobre as folhas não necessariamente significa que a planta

O café tem na geada um dos principais fatores de redução da produção

será danificada. O fenômeno da geada e seus efeitos sobre as lavouras de café foi amplamente estudado a partir da década de 1950 pelo Professor Ângelo Paes de Camargo, pesquisador do IAC. Até hoje, sua obra é a melhor referência sobre o tema. Mecanismo de ação O mecanismo de ação da geada sobre as plantas é simples e fulminante. Pode ser comparado ao que acontece a uma garrafa de cerveja colocada no congelador, imaginando-se que a cerveja é a seiva e que a garrafa são os vasos do vegetal. No caso da cerveja, que assim como a seiva é composta basicamente por água, o congelamento provoca um aumento de seu volume, característica

inerente à água. Como o volume da garrafa permanece igual, o vidro se rompe permitindo o vazamento da cerveja. De forma semelhante, os vasos vegetais são rompidos durante o congelamento da seiva, destruindo o tecido e causando o dano. Portanto, o prejuízo da geada é causado unicamente pelo congelamento das plantas. Freqüentemente não há sequer formação de gelo e lavouras inteiras são completamente destruídas. Já em outros casos a lavoura pode ficar completamente coberta por uma fina camada de gelo, sem que haja qualquer conseqüência para a cultura, já que algumas plantas, como é o caso do café, suportam temperaturas de até -3°C. Na verdade, a formação de cristais de gelo está relacionada com a umidade do ar.

O rápido resfriamento da atmosfera nas noites de geada é causado pela perda de calor por radiação, um fenômeno que se intensifica nas noites de céu claro. A vegetação que cobre o solo aumenta ainda mais esta perda de calor, pois funciona como um verdadeiro radiador de calor, retirando calor do ar e do solo e transmitindo-o ao espaço sideral em forma de radiação. Por este motivo, em noites de céu claro, nota-se muitas vezes grandes diferenças de temperatura entre a cidade e o campo. O ar frio gerado neste processo, por ser mais denso, possui a tendência de se acumular nas baixadas. Por isso o cultivo neste tipo de terreno é considerado de alto risco. A melhor forma de evitar os riscos da geada é aplicar algumas medidas preventivas, que geralmente são mais eficazes do que os métodos diretos: 1. Evitar o cultivo em baixadas e encostas baixas, em terrenos muito planos e extensos ou em bacias com gargantas estreitas à jusante da lavoura. 2. Não deixar vegetação alta e densa abaixo da lavoura. Quando não for possível remover toda a mata, fazer corredores para escoamento do ar frio. 3. Plantar árvores esparsas nas áreas mais sujeitas à acumulação de ar frio. 4. Manter a lavoura bem limpa, evitar uso de cobertura morta. 5. Manter a cultura bem adubada, principalmente com potássio. 6. Manter vales acima da lavoura, o mais fechado possível, com matas densas e altas, para evitar a invasão do ar frio. 7. Evitar vegetação rasteira acima da lavoura, como pastos com capim alto, que funcionam como verdadeiros radiadores naturais, gerando grande quantidade de ar frio. Quando há risco? Na chamada geada de radiação, o tipo mais comum no Brasil, o próprio produtor pode prever sua ocorrência com algumas horas de antecedência. As seguintes condições indicam risco de geada: 1. Céu claro. 2. Ausência de ventos. 3. Baixa umidade do ar. 4. Temperaturas baixas, já durante o dia. 5. Forte queda de temperatura a partir do início da noite (cerca de 1°C por hora ou mais).

Combate direto Quando todas as medidas preventivas não são suficientes para evitar a geada, restam os métodos de combate direto tais como a irrigação e a nebulização. A irrigação (por aspersão, alagamento, regador, etc.) deve ser iniciada assim que for constatado o risco de queda da temperatura até o nível letal, ou seja, algumas horas antes da ocorrência. Já a nebulização é um método de combate direto que visa interromper a radiação de calor do solo e do ar para o espaço sideral. Seu efeito pode ser comparado ao de um espelho, que possui a propriedade de impedir a propagação de calor por radiação. Entre os métodos de nebulização mais utilizados estão a queima de serragem salitrada e o uso dos aparelhos termonebulizadores. O método da serragem salitrada foi muito utilizado no passado. Hoje em dia está praticamente abandonado devido à dificuldade de operação do processo e à enorme mão-de-obra envolvida. Melhores resultados são obtidos com o uso dos aparelhos termonebulizadores, dentre os quais o mais conhecido é o Pulsfog K-35G, uma máquina de grande capacidade de nebulização, utilizada principalmente nas lavouras de café. Este aparelho possui um motor a gasolina do tipo pulso-jato , um tipo de motor de

Gunther acredita que há meios de reduzir os prejuízos

mente o efeito de radiação descrito anteriormente, podendo manter a temperatura das plantas alguns graus acima do ponto letal, evitando ou reduzindo os efeitos da geada. Dependendo da topografia do terreno a ser protegido, um aparelho Pulsfog como este é capaz de tratar uma área de até 500 ha, equivalendo a centenas de tambores ou covas de serragem salitrada, além de poder ser facilmente operado por uma única pessoa. Vale lembrar que de nada adianta a queima de pneus, que comprovadamente não tem qualquer efeito sobre o fenômeno, além de consistir em uma enorme agressão ambiental. Importantíssimo para a aplicação dos Cultivar

clima

Cultivar

Café

Hoje já há métodos para se tentar reduzir os efeitos das geadas

propulsão a jato puro (como os dos foguetes), que apresenta elevada potência, baixo peso e baixa manutenção. O calor dos gases de escape deste motor é utilizado para vaporizar uma mistura de óleo mineral (geralmente óleo diesel) e água. Ao serem lançados na atmosfera, estes vapores condensam-se formando minúsculas gotas, invisíveis a olho nu, formando uma densa névoa branca que se assemelha a fumaça. Esta névoa, quando aplicada no momento adequado a partir do local adequado, reduz substancial-

métodos diretos de combate à geada é o momento correto para o início do tratamento. No caso da nebulização com máquina termonebulizadora para combate à geada no café, o tratamento deve ser iniciado quando a temperatura atingir entre 3 e 2°C (positivos). Muito importante: esta temperatura deverá ser medida sempre no ponto mais baixo da lavoura, onde geralmente ocorrem as temperaturas menores. Gunther Fouquet, Puls Fog


Congresso

entomologia

O mundo de olho no Brasil D

e 20 a 26 de agosto, 5 mil renomados entomologistas têm encontro marcado em Foz do Iguaçu, durante o XXI International Congress of Entomology. Serão apresentados 4 mil posters e mais de 1.000 palestrantes participarão de 200 simpósios. Será o mais arrojado evento da área agrícola já realizado no Brasil. Veja uma amostra dos temas a serem abordados no Congresso: A proteção da biodiversidade - A responsabilidade de entregar um mundo melhor aos nossos filhos caiu sobre os ombros da nossa geração. Os insetos representam o grupo com maior número de espécies, com a maior diversidade e capacidade de adaptação. Em caso de uma catástrofe de proporções, se houver apenas algumas espécies sobreviventes, sem dúvida serão de insetos. Esse assunto será abordado pelo Dr. John Lawton, cientista inglês reconhecido em todo o mundo. O Uso da Filogenia na Sistemática - Parece assunto para cientista sisudo, mas para que o agrônomo da cooperativa possa fazer uma recomendação ao agricultor, centenas de cientistas tornaram essa tarefa possível. A sistemática filogenética compreende os princípios e métodos pelos quais podemos reconstruir a história evolucionária dos seres vivos, transformando essa reconstrução em uma classificação biológica dos organismos, e será abordada pelo Dr. Nills Andersen, eminente cientista dinamarquês.

Interação Inseto - Planta - Por que a lagarta da soja ataca a soja, a do cartucho o milho, a rosada o algodão, e nenhuma delas é importante em outra cultura? A Dra. Elizabeth Bernays (Universidade do Arizona) vai explicar os últimos avanços nessa área. Os cientistas debruçam-se sobre os sistemas neurológicos e sensoriais dos insetos, sobre a síntese e liberação de substâncias voláteis das plantas, para gerar novas formas de controle de pragas, com menor impacto na Natureza. Comunicação química - Os animais superiores se comunicam por sons e imagens. Os insetos por substâncias químicas. O ritual reprodutivo dos insetos é comandado por substâncias voláteis (feromônios) que um inseto libera e outro capta. Existem feromônios de alarme, de agregação, de dispersão, de trilha, etc, cairomônios e outros semioquímicos, que têm função específica na comunicação entre insetos. O controle biológico pode sofrer uma revolução com as recentes descobertas na comunicação entre insetos, cujo tema será abordado pelo Dr. Walter Leal, cientista da Universidade da Califórnia. Plantas transgênicas - Teremos que alimentar 10 bilhões de estômagos na próxima geração, e é preferível fazê-lo com a nossa tecnologia atual, com agrotóxicos, ou é preferível encontrar métodos naturais de controle de pragas, e introduzi-los nas plantas cultivadas, criando cultivares transgênicas? O

mundo inteiro discute essa questão, e o Congresso vai tentar alinhavar as vantagens e desvantagens de uma ou outra técnica, sob a liderança do Dr. Gatehouse, cientista da Universidade de Newcastle. Desenvolvimento sustentável - A sociedade moderna cobra a sustentabilidade dos processos de produção agropecuária. Os Programas de Manejo Integrado de Pragas contemplam esse objetivo em suas ações. Mas, estamos fazendo todo o possível? Esgotamos os recursos? Está o anseio da sociedade atendido? Que rumos tomaremos no século XXI? Como as novas descobertas científicas se encaixam no modelo atual? São angústias do produtor, do agrônomo da Emater, e dos demais profissionais que estarão sendo respondidas pelo Dr. M. Kogan, Diretor do International Center for IPM, dos EUA. A respiração dos insetos - O Dr. Karel Slama, um dos mais brilhantes cientistas do Leste Europeu, vem ao Congresso para mostrar como as teorias antigas da difusão de gases estão superadas, apresentando suas impressionantes descobertas, que plasmam novos conceitos sobre o funcionamento do sistema respiratório dos insetos. Teorias que podem explicar porque eles se adaptam a determinados ambientes, e porque são sufocados em outros. Sustentabilidade de sistemas de produção na agricultura familiar - O tema será abordado pelo Dr. William


CNPSo

Gazzoni apresenta os principais palestrantes

Settle, consultor da FAO em manejo de pragas e sustentabilidade dos sistemas. O Dr. Settle tem trabalhado há décadas no Sudeste Asiático, com diversidade de cultivos em pequenas propriedades, em diferentes países, com clima e solo contrastantes, e possui experiência ímpar no assunto. Parasitoses animais - Da milenária Universidade de Oxford virá a Dra. Patrícia Nuttall, para apresentar os últimos avanços sobre parasitos de animais. Além do prejuízo direto, também serão abordados os problemas causados pelos insetos como vetores de doenças aos animais de importância econômica. Desenvolvimento neurológico durante a embriogênese - Vimos acima a importância dos sistemas sensoriais e neurológicos para a interação inseto inseto e inseto planta, que pode gerar tecnologias que beneficiarão agricultores, consumidores e o ambiente agrí-

cola em geral. O Dr. Tolbert, cientista da Universidade do Arizona, tem estudado o desenvolvimento do sistema neurológico dos insetos desde a fase embrionária, que pode conduzir a técnicas para controle dos insetos ainda na fase de ovo, antes que possam causar qualquer dano. Não é justamente o que agricultores, consumidores, agrônomos, ambientalistas e outros profissionais querem? Interação parasitóide pragas Insetos se comunicam com plantas, com membros de sua espécie e com seus inimigos naturais. Os parasitóides atuam como espiões , interceptando substâncias exaladas pelas presas, para orientarem-se em direção a elas. Ou como você imagina que um parasitóide microscópico encontra um ovo microscópico em uma lavoura de 100ha? O Dr. Hassell, do Imperial College (United Kingdom) apresentará em sua conferência o que a ciência já descobriu para elucidar a relação entre os inimigos naturais e as suas presas, e antecipará o que está por vir nos estudos em andamento.

causar danos diretos e transmitir moléstias, esses insetos são considerados uma das pragas agrícolas mais importantes do mundo. O Dr. Dan Gerling é um dos maiores especialistas no assunto, e abordará o estado da arte sobre o inseto, com especial enfoque sobre os danos e métodos de controle, e o seu impacto no comércio internacional. Desafios do próximo milênio - O Dr. Manfred Kern, cientista da Alemanha, vai discutir como alimentar 10 bilhões de estômagos, com produtos de alta qualidade, sem contaminantes químicos ou biológicos; como as mudanças climáticas e ambientais afetam o conjunto da cadeia alimentar, em especial a relação entre plantas (ou animais), suas pragas e os inimigos naturais das pragas; as prioridades nas quais a Humanidade deve centrar suas forças, sua energia e seus escassos recursos. Enfim, uma visão prospectiva dos caminhos da Entomologia nos próximos anos, e que seguramente afetará a vida e os negócios em todos os países do mundo.

Insetos para estudos de biologia Para que os cientistas possam realizar seus estudos, alguém tem que produzir continuamente insetos. Insetos e tecidos de insetos. Tecidos e células de insetos. Os quais têm que respeitar uma série de critérios para atender as rígidas exigências dos estudos científicos. O Dr. Locke, da Universidade de Western Ontário (Canadá) mostrará a complexidade envolvida na produção de insetos e partes de seus corpos, e que servem de substrato para os experimentos científicos.

Parece muito? Parece complicado? Nem é muito - abordamos aqui menos de 1% do que será apresentado, nem é complicado, porque a linguagem dos congressos é acessível. Por uma semana o mundo estará de olho no Brasil, porque daqui sairão informações, tecnologias, teses e teorias que revolucionarão a agropecuária, a saúde pública, o comércio internacional nos próximos anos. Foram quatro longos anos de muito trabalho para preparar esse congresso, mas a alegria de ver o quão importante ele será para o nosso Brasil é um pagamento acima de qualquer expectativa.

Mosca branca - Pela sua agressividade, adaptabilidade a diferentes condições e hospedeiros, capacidade de

Décio Luiz Gazzoni, Embrapa Soja


Beleza A Associação de Agricultores e Irrigantes do Oeste da Bahia AIBA- é a principal responsável pela fiscalização dos mananciais da região, evitando danos como forma de manter a sustentabilidade da lavoura regional. Por isso é possível ainda encontrar locais belíssimos em plena área de captação de água para os pivôs centrais, quase em meio às lavouras.

CONSHERB Casa nova Encerraram em 31 de julho as inscrições de trabalhos que concorrerão ao Prêmio Novartis Conselho de Herbologia 2002 , o CONSHERB, destinado a divulgar pesquisas na área de manejo de plantas daninhas. O número de trabalhos foi fixado em um máximo de 60, de acordo com o regulamento divulgado pelo gerente de desenvolvimento de herbicidas da Novartis, José Erasmo Soares. O coordenador técnico do CONSHERB é o pesquisador Robinson A Pitelli. Os temas do projeto deverão resultar em contribuição significativa para a orientação do manejo de plantas daninhas e poderão participar pesquisadores de universidades e órgãos de pesquisa e extensão ligados à agricultura. A Novartis custeará as despesas com a condução da pesquisa. Todos os trabalhos inscritos deverão chegar até 15 de janeiro de 2002 e serão apresentados os vencedores no próximo Congresso Brasileiro das Ciências das Plantas Daninhas, que será no Rio Grande do Sul. Os cinco primeiros colocados darão aos pesquisadores a oportunidade de participar, com todas as despesas pagas, de um evento técnico internacional.

Resultado de concurso A FMC passará a oferecer ao agricultor brasileiro uma nova opção para o manejo de plantas daninhas de folhas largas: o herbicida Aurora. Conforme explica o coordenador de mercado da empresa, Ronaldo Pereira, o Aurora é um produto à base de carfentrazone-ethyl, uma molécula nova que proporciona rápido controle de plantas daninhas importantes, como Commelina benghalensis (trapoeraba) e Ipomoea grandifolia (corda-de-viola). O uso de Aurora permite o plantio sem que seja necessário esperar por um intervalo de alguns dias. Para marcar o lançamento do produto, a empresa realizou um concurso com pesquisadores. Os vencedores foram os seguintes: 1º Carfentrazone-ethyl para utilização no manejo de plantas daninhas em áreas próximas a cultura sensível a herbicidas: deriva e eficiência . Robison Osipe, FFALM (Bandeirantes - PR), Jamil Constantin e Rubem S. Oliveira, UEM (Maringá PR); 2º - Eficiência e seletividade da mistura de glyphosate + carfentrazone, em pós-emergência, na cultura de café novo . Luiz L. Foloni, Feagri/ Unicamp (Campinas); 3º - Eficiência do herbicida carfentrazone em aplicação sequencial ao glyphosate no controle de poaia-branca e ervaquente . Francisco Skora Neto, Iapar (CuritibaPR).

Foloni

Ronaldo

O agrônomo Rosivaldo A Illipronti Jr assumiu a superintendência do Centro Tecnológico de Pesquisa Agropecuária, de Goiás, o que significa que terá a seu cargo a coordenação técnica e administrativa. Deixa a secretaria executiva da Braspov, em Brasília. O CTPA faz parte do Convênio Goiás, que inclui ainda a Embrapa e a Agência Rural. O CTPA trabalha com 28 empresas cotistas, na pesquisa de sementes de soja e possui um Conselho Diretor formado por João Lenine, José Tiether e José Fava Neto.

Eficiência é a chave Ao escolher um agroquímico o produtor rural deve levar em conta em primeiro lugar sua eficiência, em vez de comprar produtos baratos. O resultado da escolha terá reflexos diretos na produtividade da lavoura. O conselho é do presidente da Zeneca, Joseph Shermann, que lembra os preços mundiais baixos vigentes para as commodities, por exemplo, que determinam estratégias drásticas em busca de competitividade. Comprar barato, sem eficiência, é perder lugar no mercado. Shermann, ouvido por telefone, lembrou que houve mudança dramática no mercado da soja nos dois últimos meses. No ano passado os preços eram os menores da história e havia estoques pesados. Já em maio deu para sentir que os estoques estavam reduzidos e o mercado estava influenciado por fatores climáticos adversos nos Estados Unidos. Animaram-se as bolsas, houve euforia e começou-se a pensar em aumento de área de plantio no Brasil. No momento há nova mudança. O tempo não ajuda, os preços caíram e acabou a euforia. Mesmo assim Shermann acredita que a área cultivada no país com soja não terá grande alteração. A geada que prejudicou o milho trará alta de preços e é possível que haja alguma migração para essa cultura, mas na realidade o produtor de soja não tem muitas alternativas. Desse quadro todo é que emerge sua opinião de que os produtos usados devem ser bem estudados, dando-se preferência para a eficiência. Sobre a pesquisa de novos produtos, disse que a tendência são os princípios ativos lights, eficientes porém menos agressivos ao homem e à natureza. Já estão chegando produtos assim, como o fungicida Amistar, da sua empresa. E o futuro mostrará a chegada de muitos outros, considerando que em média leva-se 10 anos para desenvolver um material desse tipo e que há diversos em processo de pesquisa.

Fusões A edição de 22 de julho da revista The Economist trouxe um estudo sobre as fusões. No primeiro período da matéria uma constatação cabal: elas (as fusões) são como os segundos casamentos, um triunfo da esperança sobre a experiência . A matéria é baseada em um estudo da consultoria KPMG, que mostra que mais da metade das fusões arrasou o valor das ações das companhias e um terço delas não fez a menor diferença no seu preço.

Tevê no campo O Canal Rural (Net 35) colocou no ar um novo programa, o Gestão Rural. Seu objetivo é a qualificação de micro e pequenos trabalhadores rurais. Segundo a empresa, o programa levará a 25 mil agricultores, de 14 estados brasileiros, cinco cursos: um de empreendedorismo, um de administração rural, outro de gerência, um de agroqualidade e o último, de comercialização. O Gestão Rural irá ao ar de segunda a sexta no horário das 6hs às 6h20. Aos sábados, será transmitida uma aula de revisão (das 6h00 às 6h20), além de uma reprise dos programas às 17 h.

Nova Unidade

A Embrapa inaugurou, em julho, a Unidade de Execução de Pesquisa do Tocantins (UEP/Tocantins). O ato de inauguração contou com a presença do ministro da Agricultura e do Abastecimento, Marcus Vinícius Pratini de Moraes e do presidente da Embrapa, Alberto Portugal. O desafio da Instituição, ao instalar a Unidade, é buscar novas formas de compatibilizar produção agrícola e preservação ambiental, com uso de tecnologias simples, flexíveis, de fácil produção, com um mínimo de insumos externos, resultando em melhoria da qualidade de vida. A nova Unidade dará o suporte aos produtores do Estado no que se refere à transferência de tecnologias baseadas no desenvolvimento sustentável.

Zoneamento para café A Embrapa Café deve começar, provavelmente no início do próximo ano, o zoneamento de solos adequados para o cultivo de cafeeiros. Na seqüência, virão o mapeamento de doenças foliares da planta, da qualidade da bebida e problemas de secagem. O trabalho vem na seqüência do zoneamento de regiões mais aptas Nacif para o estabelecimento e desenvolvimento desta cultura. É um projeto mais avançado e vai complementar o primeiro , disse o gerente geral da Embrapa Café, Antônio Nacif. Segundo ele, a primeira etapa é mais demorada, pois mapear clima e dados pluviométricos do Brasil é um trabalho difícil . Os outros mapeamentos serão melhores de fazer, comentou. Após o zoneamento, já concluído, de regiões nos Estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás, a instituição passa a trabalhar nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco, Rondônia e uma parte da Bahia considerada importante para o cultivo de café, incluída posteriormente no zoneamento.


Mercado

Por que estamos sem transgênicos? Até hoje só falamos no que o mundo acha de transgênicos. Agora a frustração da safra de milho nos obriga a importar. E o milho disponível é OGM. Portanto, o mundo está se lixando para o que pensamos. Compra quem quer e precisa. Ponto final. O Brasil precisa. Ou compra transgênico ou acaba sua avicultura. Mas ainda estamos embaralhados, na Justiça inclusive. É a hora de avaliar os erros cometidos.

S

ubestimar os oponentes e não valorizar os amigos são as maneiras mais fáceis de se perder uma batalha. Esses erros só têm importância semelhante à falta de provisões e à escolha errada do objetivo. Os alimentos geneticamente modificados talvez não tenham sido aceitos no Brasil porque quem tomou a dianteira na divulgação da tecnologia alcançou um recorde. Cometeramse os quatro erros. Quando os OGMs chegaram ao grande público, há uns três anos, era comum a atitude de vitória antecipada. Empresas em condições de negociar imediatamente o produto acreditavam que iriam vencer as demais rapidamente, como se dispusessem de uma arma fulminante. Alguns de seus funcionários andavam entre os outros mortais como reis que observam os súditos, do alto. Acreditavam habitar uma fortaleza inacessível à dor. Nesta época, dividiram os que estavam fora da sua corte em duas partes: os que apóiam a tecnologia e os que podem ser convencidos. A divisão foi ar62

• Cultivar

Agosto 2000

bitrária e totalmente infundada. Mesmo assim, optaram pela pior estratégia. Acreditaram que deveriam dar o mesmo tratamento aos dois grupos. O resultado, óbvio, foi que os seus

de que serve ajudar nas horas ruins se o tratamento recebido é o mesmo e às vezes pior que o dispensado aos demais? A falta de provisões também comprometeu. Por acreditarem que não haveria resistênDe que serve ajudar cia eficaz, esqueceram de se prenas horas ruins se o parar para uma batalha mais lontratamento recebido ga. Napoleão é igual ao perdeu o seu Segundo Grande dispensado aos Exército, o que demais? invadiu a Rússia e foi derrotado amigos sentiram-se desprestigi- em 1812, assim. Acreditava ados, sentimento que existe até poder chegar a uma vitória ráhoje. E os oponentes continu- pida e às provisões necessárias aram no outro lado. Pior, con- antes do inverno. Estava erraseguiram criar um terceiro gru- do. po, coisa que até hoje não enPor último, o quarto erro foi tenderam: aqueles que fingem a escolha do alvo. Ao acrediamizade, porém, servem a ou- tar que o público que interestros interesses. sava era composto apenas por O desdobramento deste produtores rurais, esqueceram ponto, em especial, qualquer de anunciar os benefícios para um com mais sensibilidade po- os reais interessados, os consuderia prever. Os aliados perma- midores. Seus adversários, necem fiéis às suas crenças, po- aqui, provaram maior perspicárém questionam a validade de cia. O resultado pode ser visempunhar a bandeira. Afinal, to.

Os alimentos geneticamente modificados vieram para ficar. Apresentam benefícios reais para os consumidores e, por isso, terão suas qualidades reconhecidas, apesar de levar um tempo maior. Provavelmente, quando vier o que se conhece como Segunda e Terceira Onda dos transgênicos. Até lá, a estratégia usada conseguiu comprometer o desempenho do produto no mercado. Ainda é possível reverter a situação. Mas para isso será necessário esforço redobrado. Deverão realmente conhecer quem está do outro lado, não tentando convencer quem não pode ser convencido. Terão de reconhecer seus verdadeiros aliados e os tratar como tais. Precisarão remanejar provisões e, ainda, será necessário entender que nada pode ser imposto ao mercado. Se tivessem olhado para trás, teriam visto que atitudes semelhantes, décadas atrás, quase comprometeram a indústria de produtos fitossanitários, que até hoje tem de amargar o termo agrotóxico . Mas cada vez se sabe menos História nesse país...



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