Cultivar 21

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destaques

índice

Tempo para plantar Há relação entre a época de plantio e o aparecimento de doenças em soja

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CAPA - Foto: Newton Peter

Equilíbrio na adubação

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Saiba quais nutrientes a soja precisa para se desenvolver completamente e produzir bem

Variedade protegida A Lei de Proteção de Cultivares mudou o cenário agrícola; saiba a situação atual

Diretas Diretas + Cartas Pioneer na soja Manejo de plantas daninhas Dicas para um bom plantio Doenças da hora Adubando dá Agronegócios Agricultura é com o Brasil Atualidades da Abrasem Brocas e Percevejos no algodão Controle de Ramulose Mercado de algodão Reduzindo riscos no algodão Algodão mais produtivo Usando a semente certa Unicotton ganha ISO Monitoramento de pragas Mercado agrícola Indústria agroquímica Coluna da Aenda Última Página

04 06 07 08 12 18 20 26 28 30 36 42 46 48 52 54 55 56 58 59 60 62

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A praga no algodão

○ ○ ○

Anúncios

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Brocas e percevejos são um grande risco para a cultura. Há maneiras de evitá-las

Brotos demais Controle a Ramulose que prejudica a produção do algodoeiro

Diretor:

Newton Peter - RPJ/RS 3513

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NOSSOS TELEFONES:

Sementes Dow Dupont Agrosystem Sementes Dow Ihara FMC Pioneer Cheminova Novartis Seeds Aenda Agroanalyses Sementes Dow Bayer Coodetec Agripec Aventis Crops FMC Gravena MDM MDM Rafaign Monsanto Cultivar

SUCURSAIS

(53)

Editor geral:

Mato Grosso

Schubert Peter - NUJ 26693

Ano II - Nº 21 - Outubro / 2000 ISSN - 1518-3157 Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (12 edições): R$ 58,00 Números atrasados: R$ 6,00

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GERAL / ASSINATURAS: 272.2128

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02 05 07 09 11 13 17 21 23 25 29 35 37 39 41 43 45 47 52 53 61 63 64

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Bahia

José Claudio Oliveira Rua Joana Angélica, 305 47800-000 / Barreiras Tel.: (77) 612.2509 ou 9971.1254


Entomologia

João Carlos

Algodão baiano

A Bahia vai aumentar de 41 mil para 55 mil hectares a área de plantio de algodão na próxima safra, segundo o presidente da Associação Baiana

de Produtores, João Carlos Jacobsen. De 95 produtores de algodão em 99/00 passará para 120, embora alguns, de pequeno porte, tenham desistido, devido às dificuldades de obtenção de recursos. No total, na safra passada, plantou-se algodão em 30.500 ha de sequeiro e 10.500 em áreas irrigadas. João Carlos vem alertando os associados da ABAPA para que se atenham às áreas de que possam cuidar sem problemas, não incorrendo em maiores riscos.

Gente nova

A Monsanto tem novo gerente de marketing na área de soja. O engenheiro agrônomo Renato Barrocas Moreira já está na função, impulsionando os projetos da empresa. Renato é funcionário de carreira da Monsanto.

Renato

Parceria A Coodetec, investindo em tecnologia, firmou convênios com empresas para a safra 2000/2001. A idéia é aumentar os investimentos em pesquisa e difusão de tecnologia. Na foto, da esquerda para a direita, João Oswaldo (Ihara), Alexandre (Dow AgroSciences), Piffer (Zeneca), Matheus (Aventis), Gilberto (Novartis), Marcelo (Milenia), João (Basf), Alexandre (FMC) e Hilário Molina (Coodetec).

O próximo Congresso Brasileiro de Entomologia será realizado em Manaus, em 2002. O presidente será Neliton Marques da Silva (neliton@argo.com.br).

Formigas

Os professores do Departamento de Biologia Animal da UFV, Norivaldo dos Anjos e Terezinha M. C. Della Lucia lançaram o livro Guia Prático sobre Formigas Cortadeiras em Reflorestamentos . É, ainda, coautor do livro Antônio José MayhéNunes, atualmente professor na UFRRJ. O livro é direcionado às pessoas que lidam com formigas cortadeiras e precisam de uma bibliografia de acesso rápido e com conteúdo em linguagem simples e acessível. O próprio formato do livro, formato de bolso, foi idealizado para que o usuário pudesse usá-lo no seu dia-adia, inclusive durante trabalho no campo. Com prefácio do eminente Prof. Francisco A. M. Mariconi da ESALQ/ USP, o livro é fruto da experiência dos autores e do conhecimento científico acumulado na bibliografia pertinente. O formato em texto corrido, sem citações bibliográficas, tem a intenção de tornar a leitura fácil e compreensível. Entretanto, se o leitor desejar informações mais detalhadas, poderá obtê-las nas obras clássicas indicadas ao final do livro. Mais informações, telefone (31) 8992210, e-mail nanjos@mail.ifv.br.

Sorgo

O Rio Grande do Sul deve plantar mais 50 mil hectares de sorgo na próxima safra para suprir a demanda de ração animal, que está assustada com a falta de milho. O déficit chega a 1,5 milhão de toneladas e a Conab tem apenas 350 mil toneladas em estoque, que já começa a vender. Daí a aposta no sorgo de empresas de sementes como a Dow e Agroceres.

Incêndios

A Agrônoma Mônica Sarmento e Souza Pinho, do Ministério da Agricultura, está trabalhando para que o Brasil comece a usar sua frota aeroagrícola no combate a incêndios florestais. Países como Chile e Espanha, onde andou recentemente, adotam a prática com bons resultados

Transgênicos

Agora é oficial: o governo brasileiro já tem pronta a portaria que regulamentará a rotulagem de produtos com materiais transgênicos em sua composição. Há quatro ministérios envolvidos: Agricultura, Saúde, Justiça e Ciência e Tecnologia, que estão discutindo o tema sob o ângulo político, agora. A portaria diz que todos os produtos precisam informar no rótulo o tipo de ingrediente cujo DNA ou proteínas tenham sofrido alteração e os fabricantes terão prazo de 120 dias para se adequar após a sua publicação. Estarão isentos os alimentos em que o DNA ou proteínas modificadas tiverem sido destruídos ou eliminados em diferentes fases do processamento e não sejam mais detectados pelos métodos científicos. É o caso dos óleos vegetais, por exemplo. De tudo isso, uma conclusão: a safra de verão 2001/02 terá produção oficial de transgênicos no Brasil.

operacionais, economia para o Estado e vantagem para as empresas pois os incêndios ocorrem na entressafra. Há potencial e boas chances para a expansão desse mercado também no Brasil, onde o combate a incêndios florestais é precário e a grande frota agrícola é pouco utilizada na época.

Mônica

Crescimento

Geraldo

O gerente de marketing da Pioneer, Geraldo Davanzo, comemorando o crescimento de cerca de 40% nas vendas da empresa em sementes de milho em relação à safra passada. Com o mercado nacional estimando um aumento de menos de 15%, a expansão da Pioneer representa um avanço real em ganhos, fruto de uma política baseada na demonstração da qualidade de seus materiais. A Pioneer está lançando um novo milho para o plantio de verão, o 30F44, um híbrido simples, precoce, de grãos semi-duro, com tolerância às doenças do colmo, grãos e ao corn stunt, indicado para as regiões Sul e Centro. E, em soja, além da linha Dois Marcos, lança a nova DM-309, indicada para o plantio do cedo nos Estados MT, MG, GO, To, BA e Ma.

Solos

Movimentada foi a 3ª Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo, presidia pela pesquisadora da Embrapa Maria Laura Turino Mattos, que contou com 160 técnicos e pesquisadores. Durante o encontro, mais de 100 trabalhos foram apresentados, sempre enfatizando a necessidade de um bom uso e aproveitamento dos solos da região. Foram lançados também dois boletins técnicos: uso de corretivos da acidez do solo no plantio direto e proposta de normas e critérios para a execução de levantamento semi detalhados de solos e para avaliação da aptidão agrícola das terras .


Entrevista

expansão

Nova cultura

Para o superintendente da Associação dos Irrigantes da Bahia - AIBA, Humberto Santa Cruz, o uso de irrigação na cultura do algodão baiano representa uma nova etapa na cultura agrícola nordestina, onde essa tecnologia vinha sendo utilizada quase só na fruticultura. A irrigação se encaixa perfeitamente na nova cultura

Humberto

agrícola, explica, proporcionando condições de aumentar a produtividade das cultivares existentes. Embora de alto custo, os resultados obtidos em produtividade compensam perfeitamente os investimentos, diz.

Primeira turma

Saiu em setembro a primeira turma de técnicos agrícolas com formação em aviação, do Colégio Agrotécnico Visconde da Graça, de Pelotas (RS). O curso aconteceu de 28 de julho a 13 de setembro e a instituição conseguiu grau de competência do Ministério da Agricultura.

Para quem ainda não acredita em transgênicos, uma informação: O Rio Grande do Sul, que plantou 900 mil hectares de soja modificada na última safra, plantará mais de 1,5 milhão este ano, segundo as estimativas mais otimistas. Quase tudo com sementes contrabandeadas este ano ou reproduzidas das trazidas nas safras passadas. O governo estadual, que chegou a lançar sua tropa de choque, o MST, contra as lavouras transgênicas, desistiu e retirou seus fiscais do campo, tal a dimensão do problema. A demora oficial em acertar a questão deixou entrar soja de cultivares estranhas às latitudes, que produzem menos porém ainda dão lucro aos produtores . E o governo estadual, depois da prisão de fiscais por agricultores, tem medo da luta armada e de perder impostos. Por isso faz de conta que nada vê. E também não fala.

Aprosmat cria comitês

O plantio para produção de sementes de soja no Mato Grosso começa a partir de novembro; em dezembro, o mesmo trabalho é feito para produzir sementes de algodão. A parte de semente de arroz normalmente também é plantada em novembro, enquanto as sementes de forrageiras, em novembro e dezembro. São os principais produtos produzidos no Estado , destacou o presidente da Aprosmat, Edeon Vaz Ferreira. Segundo ele, a entidade dividiu os produtores em comitês. Existem o Comitê de Sementes de Soja, de Algodão, de Arroz e de Forrageiras. Cada um trata dos assuntos na área econômica, técnica e política daquela espécie. Esta foi a forma mais fácil que encontramos para reunir os produtores e ter melhor proveito nas reuniões , explicou.

Algodão da Aventis

A Aventis Seeds está testando no mercado de sementes de algodão duas cultivares australianas, ainda em pequena quantidade este ano. Tratase da Fibermax 986 e Fibermax 966, como estão sendo chamadas. No V Seminário Estadual da Cultura do Algodão, realizado em Cuiabá, o gerente

Laerte de operações de algodão da Aventis, Laerte Santos Filho, apresentou os materiais que, disse, estão com excelente aceitação.

Feijoeiro

A Embrapa Arroz e Feijão lançou um manual sobre a irrigação do feijoeiro no sistema de plantio direto. É uma boa opção para quem trabalha com a cultura. Mais informações, telefone (62) 833-2110.

OGMs

Os agricultores Ian Burnett, de Queensland (Austrália), e George LaCour, da Lousiania (EUA) testemunharam vigorosamente, no Congresso Internacional do Negócio do Algodão, em Cuiabá, a favor do algodão transgênico, que ambos cultivam. George, que mora em lugar sob forte pressão de insetos pragas, planta algodão resistente a pragas e afirma que lá é antieconômico o tradicional, pelo alto consumo de inseticidas. Burnett usa cultivares resistentes a pragas e herbicidas, indispensáveis para o local de sua propriedade, muito próximo de áreas habitadas e passível de controle de pulverizações. O americano admitiu um ganho de cerca de US$ 500 por hectare, enquanto o australiano contabiliza vantagem de US$ 80/ha a mais do que plantando cultivares convencionais.

Pioneer investe também na soja Pioneer

Faz de conta

rá apenas a Pioneer. Para a safra que se avizinha a Pioneer-Dois Marcos produziu 400 mil sacas de sementes de soja (de 40kg) e em 2001 terá mais de 500 mil, segundo Daniel. Glat considera que hoje o agricultor gasta menos por hectare do que há sete anos, mas produz muito mais. E a semente ainda é muito barata em relação ao total de insumos, ainda que venha crescendo o seu valor agregado. Mas as vantagens crescem muito mais. Há 15 anos, por exemplo, no Brasil havia apenas milhos híbridos duplos. A Pioneer decidiu mudar o quadro. Colheu as espigas, fez a seleção, alterou todo o processo, enfim. Investiu alto para obter melhores materiais, hoje de valor reconhecido. O produtor agora reconhece que a Daniel Glat, presidente da empresa, explica o novo rumo semente de qualidade deve ter preço diferenciado, pois seu desenvolvimento demanda muito uem está acostumado a associar a trabalho e investimentos pesados. O uso desempresa Pioneer apenas com milho sa semente, no entanto, proporciona ao usupode ir se preparando para ver a marca forte- ário alta produtividade e lucro certo. mente vinculada à soja. Isso mesmo: a Pioneer vem aí forte no mercado de sementes de Crescendo mais soja. Aliás, já veio. Está aí a Dois Marcos, adque o mercado quirida em 1998, vendendo sementes de soja Esse sistema gerou segurança aos agriculde alto desempenho já com o padrão Pione- tores que usam a semente Pioneer, diz Danier, que caracteriza produtos com qualidade el, pela certeza da produtividade. E a emprediferenciada. sa mantém uma política de mercado flexível, O Gerente Executivo da Pioneer, Daniel para atender aos interesses dos clientes. Tudo Glat, não vê diferença alguma no mercado, isso produziu um resultado interessante: enpois há grande sinergia na ação de vender quanto esse ano o mercado nacional de sesementes de soja ou de milho, pois hoje 60% mentes de milho cresceu 15%, as vendas da da área cultivada com milho no Brasil ocupa Pioneer aumentaram 40%. Portanto, houve alternadamente terras em que se planta soja . ganho real sobre a concorrência. A empresa Por isso a Pioneer, proprietária da Dois Mar- vem crescendo 20% ao ano desde 97, explicos, não alterou sistema de vendas ou mexeu ca. na equipe para se entrosar na soja. Apenas A cultura de qualidade que a Pioneer gera, adaptou o programa de melhoramentos da nos cerca de 100 países onde está presente, empresa adquirida. E logo que completar o mantendo seus valores e ganhando a confisistema de transição substituirá a marca e usa- ança do cliente, reflete o seu desempenho. A

Q

Gostei muito da reportagem sobre as pragas do algodão, do professor Paulo Degrande. Sou produtor de soja, mas acho que é preciso ficar atento para não perder o controle sobre os insetos, o que poderia ser desastroso para o algodão brasileiro. José Paulo Brizolara Jataí GO

Tivemos a oportunidade de conhecer a Cultivar e ficamos impressionados com a qualidade e quantidade de informações. Os artigos publicados são de grande importância para o aprimoramento dos alunos, do Curso Profissionalizante em técnica agrícola, que é o pública alvo da nossa Escola.

Deusa Elaine Luiza Rosa Escola Agrotécnica Federal de Urutaí

Ricardo Sukimoto Lavras - MG

Sugiro que a Cultivar dedique um espaço maior para assuntos relacionados à regulagem de plantadeiras e colheitadeiras, pois tenho muitas dúvidas e gostaria que vocês, com a qualidade que dão a todos os trabalhos, abordassem o tema.

Parabéns pela reportagem sobre a importância de usar uma boa semente. Embora não seja um produtor de sementes, já havia dito aos meus vizinhos que é importante comprar um bom produto. Agora, vou mostrar a eles a opinião do especialista.

Otacílio Alves Ribeirão Preto - SP

Parabéns pela excelente publicação que é a Revista Cultivar, sempre com reportagens e materiais interessantes e abrangentes. Espero, ansioso, todos os meses para poder ler meu exemplar. Jair Furlan Jr Monsanto

A Cultivar agradece as cartas recebidas. Infelizmente, por questão de espaço, não poderemos publicar todas. Entretanto, informamos que as respostas aos pedidos de informações e de artigos já foram remetidas. Ficamos sensibilizados com as mensagens de incentivo e tentaremos corrigir os erros apontados por nossos leitores.

idéia, diz Glat, é investir no emocional das pessoas, mostrando que só se vende bem quando se acredita no produto vendido. E os representantes da empresa conhecem a qualidade dos seus produtos. Biotecnologia nos planos Daniel lembra também que a Pioneer é uma das maiores empresas de sementes dos Estados Unidos, com participação elevada no mercado, cerca 40% em sementes de milho e 20% em soja, inclusive de sementes geneticamente modificadas. Assim, aguarda a evolução do quadro no Brasil para lançar no país seus materiais, tanto milho, como soja, somente aguardando que seja concluído o processo regulatório. O importante, diz, é que só terão modificações genéticas os materiais de qualidade superior, mantendo-se o padrão da Pioneer. Porém o que acha fundamental mesmo é o programa de melhoramento genético da empresa, através de linhagens de soja do sul dos Estados Unidos, em excelentes condições de adaptação ao Brasil. Alguns já foram testados no Rio Grande do Sul, com resultados altamente promissores. NP


Soja

manejo

Daninhas e resistentes

A aplicação sistemática de um método de controle seleciona, em uma população de planta daninha, os indivíduos com carga genética para suportar a ação do agente de controle, sem que seu crescimento e desenvolvimento sejam significativamente afetados

Q

uando se utilizam os mesmos herbicidas ou herbicidas diferentes, mas com mesmo mecanismo de ação, de forma repetitiva, está se exercendo uma pressão de seleção. Essa pressão sobre uma população suscetível seleciona constantemente os indivíduos com carga genética diferenciada, a qual impede a ação dos herbicidas em uso. Esses indivíduos sobreviventes constituem um biótipo resistente e, dependendo da herdabilidade, produzirão descendentes com carga genética semelhante. Ao longo do tempo, o número de indivíduos resistentes torna-se significativamente maior que o de suscetíveis. Em outras palavras, a resistência marca uma mudança genética na população da espécie de planta daninha, em resposta à sele-

ção imposta pelos herbicidas usados nas doses recomendadas. A resistência pode ser cruzada ou múltipla. A resistência cruzada ocorre quando o biótipo é resistente a dois ou mais herbicidas devido a um único mecanismo de resistência. A resistência múltipla ocorre quando o biótipo é resistente a dois ou mais herbicidas porque apresenta dois ou mais mecanismos distintos de resistência. Tolerância e suscetibilidade, ao contrário da resistência, são características inatas de uma espécie. A tolerância é a capacidade da espécie em suportar aplicações de herbicidas nas dosagens recomendadas sem alterações marcantes em seu crescimento e desenvolvimento. Suscetibilidade é a sensibilidade de uma população às dosagens recomendadas de um herbicida, ocorrendo morte ou paralisação do crescimento da grande maioria dos indivíduos. Situação brasileira No Brasil, na cultura de soja, os biótipos com resistência confirmada a herbicidas, Amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla), picão-preto (Bidens pilosa) e Capim- marmelada (Brachiaria plantaginea) foram relatados, respectivamente em 1992, 1993 e 1997. O número de locais com ocorrência desses biótipos bem como o tamanho dessas áreas tem aumentado. Alguns biótipos resistentes a herbicidas utilizados em soja foram encontrados em outras culturas. Não há qualquer indicação de quais espécies, gêneros ou famílias botânicas de plantas daninhas são mais adaptadas à evolução de resistência. No entanto, podem ser destacados alguns fatores considerados de fundamental importância no desenvolvimento de resistência de plantas daninhas aos herbicidas. Esses fatores estão relacionados com as características da plantas daninhas, do herbicida e do sistema de cultivo. As espécies que apresentam maior probabilidade de apresentarem biótipos resistentes são as de ciclo anual, ciclo de vida curto, vários ciclos durante o mesmo ano, produção de grande quantidade de sementes, sementes com curto período de dormência e que apresentam alta freqüência inicial do biótipo resistente. A resistência tem maior probabilidade de ocorrer com o uso de herbicidas altamente eficientes sobre determinada


Cultivar

Christoffoleti explica sobre resistência

espécie e com persistência prolongada. Na maioria das vezes, biótipos de plantas daninhas resistentes a herbicidas surgem em áreas onde é comum o uso repetido e subseqüente dos mesmos herbicidas ou de herbicidas diferentes, mas com o mesmo mecanismo de ação. Este tipo de situação geralmente ocorre em sistemas intensivos de monocultivo, onde os herbicidas são aplicados com o objetivo de eliminar quase toda a comunidade de plantas daninhas incidentes.

al no solo e a otimização de doses e número de aplicações reduzem a pressão de seleção, diminuindo os riscos de resistência. Rotação de herbicidas o uso de herbicidas com mecanismos de ação diferenciados nas aplicações sucessivas é uma estratégia que contribui para a redução da probabilidade de surgimento de biótipos resistentes. No entanto, não se deve usar apenas um herbicida alternativo, para não criar resistência a ele. Mistura de herbicidas o uso de misturas de herbicidas para o manejo e prevenção da resistência está baseado no fato que os ingredientes ativos controlam eficientemente os dois biótipos da mesma espécie. É importante ressaltar que a mistura de herbicidas de diferentes mecanismos de ação é mais eficiente quando o sistema de reprodução da planta daninha é a autogamia, pois a recombinação gênica de diferentes alelos que conferem resistência tem menor probabilidade de ocorrer do que em relação às plantas alógamas.

Demais alternativas Outras alternativas podem ser: cultivo de culturas mais competitivas, espaçamento mais adensado, controle biPrevenção da ológico e uso de cobertura mortal. resistência É interessante Há necessidade de se É interessante modificar algumas práticas manter um histórimanter um co de cada área da agrícolas de modo a prevehistórico de propriedade para nir ou retardar o estabelecicada área da mento da resistência de se identificar a propriedade plantas daninhas aos herbievolução da população de determicidas. Entre as modificações, pode-se citar: nadas espécies, Rotação de culturas - a rotação pois, normalmente, a ocorrência dos bide culturas reduz o sucesso intrínseco ótipos resistentes não pode ser detectadas plantas daninhas, que estão sincro- da durante os primeiros anos de aplicanizadas com a cultura, e permite o uso ção do agente de seleção. de outros herbicidas. Técnicas que reduzem o banco de sementes de plantas Estudo de casos daninhas podem ser aqui utilizadas: pasExistem três casos confirmados de bitagem ou produção de forrageiras, períodos de pousio utilizando herbicidas ótipos de Brachiaria plantaginea (capim não-seletivos, utilização de adubos ver- marmelada) resistentes a herbicidas inides, queima de resíduos da cultura ou bidores da ACCase, todos no Paraná. Na de plantas daninhas após a colheita. região de Três Capões, Município de Manejo de herbicidas - o uso de Guarapuava, as suspeitas surgiram em herbicidas com pouca atividade residu- 1989. Na propriedade, o controle das

gramíneas vinha sendo feito sistematicamente com sethoxydim. Como o controle de capim-marmelada estava sendo abaixo do esperado, em 1992, substituise o sethoxydim por clethodim e fenoxaprop-p-ethyl. Mesmo assim não se obteve controle efetivo. Em 1996/97, fez-se um teste com quizalofop-p-ethyl, que também se mostrou ineficiente. Em 1997/98, nicosulfuron e imazethapyr foram incluídos nos testes e foram eficientes no controle de capim-marmelada. A diferença é que esses herbicidas apresentam mecanismo de ação diferente dos demais. Nicosulfuron e imazethapyr são inibidores da ALS. É importante destacar que nicosulfuron não tem registro para soja, mas seu uso foi possível porque o agrônomo responsável tinha conhecimento de que a cultivar de soja Coodetec 201 é tolerante às sulfoniluréias. Em Palmeirinha, município de Guarapuava, o caso foi semelhante. Entre 1992 e 1994, o controle de capim-marmelada por sethoxydim foi parcial. Em 1995 e 1996 o produtor substituiu o produto por clethodim. Em 1997, fez-se aplicação seqüencial de clethodim, sendo que a segunda aplicação foi feita somente nas rebrotas. Para 1998, planejou-se o uso da cultivar Coodetec 201 para pulverização de nicosulfuon ou imazetapyr. O terceiro caso ocorreu na região de Covó, município de Mangueirinha, envolvendo o uso de fenoxaprop-p-ethyl e clethodim, entre 1994 e 1997, observando-se redução no controle de campimmarmelada. Nos três casos, observa-se que a escolha do produto alternativo foi feita dentro do mesmo grupo de mecanismo de acão, sethoxydim, clethodim, fenoxapro-p-ethyl e quizalofop-p-ethyl (inibidores da ACCase) e que o sucesso no controle só foi observado quando se optou por produtos com outro mecanismo de ação, nicosulfuron e imazethapyr (inibidores da ALS). Desses casos, conclui-se que é de fundamental importância o conhecimento da classificação dos herbicidas quanto ao seu mecanismo de ação para que possa planejar adequadamente a rotação do uso de herbicidas e de culturas visando evitar e retardar o aumento da freqüência do biótipo resistente na área. Pedro Jacob Christoffoleti, Esalq / Usp


Soja

plantio

Direto, sim, mas com cuidado Plantio direto é a forma de manejo de solo indicada para o cultivo da soja; sua implementação, entretanto, deve ser bem monitorada

N

o Brasil, o manejo do solo foi adaptado de outros países. A maioria deles, com clima temperado, possuía tradição no cultivo da soja com manejo baseado no revolvimento do solo com arado. Em razão do clima isso não causava danos sérios de degradação ao solo. Esse principio foi introduzido, com algumas adaptações, no Brasil. Mais tarde, devido às vantagens de economia de tempo, a grade pesada foi incorporada ao processo, fazendo com que os dois implementos, por muitos anos, fossem os mais utilizados no preparo do solo. Porém, o clima quente do Brasil associado ao uso incorreto desses implementos e ao excessivo número de passagens posteriores da grade niveladora, causaram uma série de problemas, que resultaram no decréscimo gradativo de produtividade da soja e outras culturas. Com o agravamento desses problemas e com o surgimento de novas informações geradas pela pesquisa, os escarificadores e os subsoladores passaram a ser utilizados no preparo primário do solo em substituição ou em alternância com os arados e com as gra

sadas. Essa técnica, denominada de cultivo ou preparo mínimo, trouxe vantagens para a conservação do solo, porque esses implementos, além de serem os mais efetivos para descompactar e melhorar a infiltração de água no solo, preservam grande parte dos resíduos culturais sobre o solo, possibilitando

melhor controle da erosão. Esses avanços foram importantes, pois se conscientizou a comunidade agrícola de que o manejo do solo é a primeira etapa e, talvez, a mais importante para determinar o sucesso de uma lavoura de soja. De nada adianta incorporar ao sistema de cultivo outras tec-


tenção e reposição de peças, já que o maior desgaste ocorre nas operações de preparo do solo. Racionaliza a utilização do tempo, permitindo que a semeadura seja realizada na velocidade ade-

CNPSo

des penologias se o solo está degradado. O solo para proporcionar altas produtividades e estabilidade de produção necessita da preservação dos teores de matéria orgânica e das características físicas e biológicas do solo. Condição essa que faz parte da agricultura moderna, cada vez mais exigente e competitiva, e deve servir como estímulo aos agricultores a usarem alternativas mais efetivas, como o plantio direto, para minimizar a degradação ambiental e aumentar a qualidade e a produtividade da soja. Porém, para se ter sucesso com o plantio é necessário que o mesmo seja adotado e conduzido corretamente.

O plantio direto pode reduzir as perdas por erosão em mais de 80%

Por que o plantio direto Redução da erosão do solo. O plantio direto pode reduzir as perdas por erosão em mais de 80%, evitando com isso a poluição e o assoreamento de rios e represas; Melhora o armazenamento de água e a variação térmica do solo. O plantio direto associado a siste- quada e em solos em melhores condimas de rotação de culturas, permite ções de umidade. Essa condição possimelhor aproveitamento da água do solo bilita que as lavouras sejam implantapelas plantas, permitindo maior infil- das nas épocas recomendadas e com a tração e redução das perdas por evapo- população ideal de plantas; Estabilidade na produção. ração. Permite também que o solo tenha menor variação térmica, devido à O plantio direto associado à rotação de culturas possibilita a estabilização redução das altas temperaturas; Melhora a atividade biológica do da produtividade da soja, principalmente, nos anos em que ocorrem perísolo. Aumenta a biomassa microbiana do odos de veranicos. solo e possibilita a manutenção de agentes biológicos como o bacuolovírus; Como começar Aumenta a disponibilidade de Para que as vantanutrientes. gens do plantio direto Especialmente do sejam demonstradas, é fósforo nas camadas O plantio direto necessário que alguns superficiais que, deviaumenta a do à ausência de rerequisitos básicos sejam biomassa do considerados para que volvimento, é menos solo, melhorando sua implantação tenha fixado ao solo. Os tea produção sucesso. ores de matéria orgâ Conscientização. nica e a disponibilidaO plantio direto exide de nitrogênio no solo também aumentam. Essa condição ge que tanto o técnico como o agriculpermite o uso mais eficiente e a racio- tor estejam convencidos de que o sistenalização da adubação no plantio dire- ma é importante para a preservação do ambiente e para melhorar a rentabilito. Aumenta a economia de combus- dade agrícola. Devem estar predispostível e racionaliza o uso de máquinas. tos a mudanças, conscientes de que alPrincipalmente no uso de tratores, gumas tecnologia são diferentes daquedevido à ausência de preparo, propor- las usadas no sistema convencional, neciona redução nos gastos com manu- cessitando de capacitação;

Recursos humanos. O agricultor deverá ser treinado e permitir que seus operadores de máquinas o sejam também, principalmente no uso e regulagem de semeadoras e na tecnologia de controle de plantas daninhas. O acompanhamento da assistência técnica é indispensável, pois muitas das decisões requerem informações específicas que necessitam da participação de um Engenheiro Agrônomo; Área inicial. A área inicial sob plantio direto deve

ser pequena, para que o agricultor possa adquirir experiência. Só após familiarizado com o sistema, deve aumentar a área na propriedade; Levantamento dos recursos. É necessário o levantamento das condições do solo, da incidência de plantas daninhas, da disponibilidade de máquinas e implementos agrícolas, além do potencial dos recursos humanos; Solos. Organizar as informações referentes

a tipos de solo, fertilidade, acidez, pre- tipos de discos que fazem o corte da senças de camada compactada, ocor- palhada e a abertura de sulcos, a nerências de erosão, vias de acesso e toda cessidade de pequenos sulcadores (boinfra-estrutura, para representarem tas ou escarificadores) junto aos discos, com fidelidade as condições da propri- presença de limitador de profundidaedade. De posse das informações, é de de semente, dentre outros. Discos imprescindível que as áreas que apre- maiores, defasados e desencontrados sentam os seguintes problemas sejam são mais adequados para o trabalho em áreas com grande quantidade de palhaobservadas: 1. Acidez do solo: a acidez do solo da. As culturas que fazem parte do sisdeve ser corrigida a uma profundidade tema de rotação empregado na propriedade devem, também, influenciar sode 20 a 25 cm; bre a escolha da se2. Compactação do meadora, no que toca solo: o solo deve estar liao sistema de distrivre de camadas compacbuição de sementes tadas e nivelado. A opeA acidez do solo de diferentes tamaração de descompactadeve ser nhos. ção pode ser feita com corrigida até escarificadores, subsola25 cm de Condução do dores ou arados. A proprofundidade plantio direto fundidade desse trabaEm razão do clima lho deve ser indicada e do solo, o plantio pela avaliação da resisdireto tem comportamento distinto e ditência do solo à penetração; nâmico nas diferentes regiões do Bra Cobertura do solo. É imprescindível a presença de co- sil. Para se definir as estratégias para bertura com restos de culturas, para a sua condução necessita-se de um acomproteção do solo. Para isso é importan- panhamento especifico em cada região te utilizar rotação de culturas com es- e propriedade, contemplando o monipécies que deixem sobre o solo boa toramento da fertilidade e das caractequantidade de restos de cultivo. Na co- rísticas físicas de solo, da dinâmica de lheita de grãos, a colhedora deve ser pragas, doenças e plantas daninhas, provida de picador de palhas ou de além da produtividade das culturas. Compactação do solo. outra adaptação, regulados para fragÉ assunto polêmico, quando se tramentar os resíduos e distribuí-los uniformemente sobre a superfície do solo. ta de plantio direto principalmente nos O manejo das espécies utilizadas para solos originados do basalto, como os adubação verde poderá ser feito com latossolos roxos e as terras roxas. Porém, deve ficar claro que a compactaherbicidas; ção não inviabiliza o plantio direto, Plantas daninhas. Evitar iniciar o plantio direto em porém exige um melhor acompanhaáreas com infestação de espécies de mento. Os problemas de compactação plantas daninhas de difícil controle, são mais acentuados quando o sistecomo guanxuma, capim amargoso, den- ma é implantado em condições de solo tre outras. Procurar controlar essas es- degradado, pois nos primeiros anos podem aparecer problemas de adensapécies antes de iniciar o sistema; Máquinas e implementos mento. Não há definição de intervalo ou de freqüência de anos para descomagrícolas. Já existe um bom número de mode- pactar o solo. Essa operação deverá ser los de semeadoras para serem utiliza- realizada somente a partir do monitodas no plantio direto que permitem um ramento e da comprovação do problebom estabelecimento das lavouras de ma. Monitoramento da compactação. soja ou de qualquer outra cultura. A texPara ser realizado, é importante que tura do solo é um dos parâmetros orientadores da escolha do modelo de se- a propriedade seja dividida em glebas, meadora. Outros parâmetros importan- determinado pelo histórico de manejo tes são a capacidade de cortar resteva e da área e da morfologia do solo. A parabrir sulcos, uniformizar a profundida- tir de um histórico de produtividade de de de semeadura e cobrir as sementes. cada gleba, que contemple o maior núNessa etapa devem ser considerados os mero de anos possível, analisar as ten-


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No interior das estruturas do semeadura, que poderá prejudicar a solo compactadas há poucas raí- passagem de raízes. A maioria dos mozes, baixa atividade biológica e delos de facões possibilita o corte do ausência, quase que completa, de solo a profundidades que não ultrapasorifícios e porosidade. Ao serem sam os l2 cm. O trabalho em maior proquebradas, evidenciam faces de fundidade exige facões mais robustos e rupturas lisas e aspecto prismá- um grande esforço de tração. Apesar de tico. As estruturas não compac- algumas desvantagens, essa tecnologia tadas apresentam superfície ru- vem sendo usada com sucesso, já há gosa, com aspecto arredondado, muitos anos. sendo possível a visualização de A outra alternativa viável é baseada porosidade e fissuras. Neste am- na utilização de alguns tipos de escaribiente há desenvolvimento radi- ficadores, cujo formato das hastes percular bastante ramificado e em mite que a camada de solo compactada forma não achatada. seja rompida, sem afetar muito o nive Controle da compactação. lamento do terreno. A semeadura posA adoção de um sistema de rota- terior, poderá ser realizada sem a neção de culturas é a mais impor- cessidade do uso de grade para o nivetante ação para atenuar o proble- lamento do terreno ou, na pior das hima. Aqueles sistemas que envol- póteses, apenas com uma passagem de vem espécies com sistema radi- grade. Essa operação de descompactacular vigoroso e profundo, como ção deve ser feita após a colheita da soja Eleno faz recomendações sobre o plantio direto o do guandu, o das crotalárias, o e antes da semeadura do trigo ou da da aveia preta, o do tremoço, o aveia, ou de outra espécie que apresendo nabo forrageiro, o do milho, e te rusticidade para germinar. A obsero do milheto, auxiliam na redu- vação e a adoção dessa seqüência de ção da compactrabalhos de descomdências de produtividade. Tendo sido tação do solo, principactação é importante caracterizado o decréscimo de produ- palmente se os cultivos porque: a) a cultura da O formato e as tividade, verificar se o mesmo não foi posteriores forem reasoja produz uma quancaracterísticas causado por problemas climáticos, pra- lizados com veículos e tidade relativamente dos facões gas, doenças, deficiências de nutrien- equipamentos que são muito pequena de restos de importantes tes, acidez do solo, exigências termo- exerçam baixa pressão cultivo, que são de ráfotoperiódicas das cultivares, além de sobre o solo. Rodas pida decomposição. outras. Excluídas essas possibilidades, mais largas e os veícuQuando bem fragmena melhor maneira de se verificar o efei- los de tração trafegando quando o solo tados e distribuídos sobre o terreno, perto da compactação sobre o desenvolvi- estiver na consistência friável ou seco, mitem que a operação de descompacmento da soja é através de um diagnós- auxiliam na prevenção da compacta- tação do solo seja feita com o mínimo tico da resistência do solo obtido com ção. de embuchamento do implemento; b) auxílio de um penetrômetro, comple Manejo da compactação. a maior rusticidade das culturas de trimentado com abertura de trincheira A primeira alternativa mecânica é a go e de aveia garantem germinação sapara avaliação de raízes. utilização de semeadoras dotadas de tisfatória e um bom estabelecimento de Estando o solo na faixa de umidade facões próximos aos discos de corte, lavoura, mesmo em terreno com pequefriável, valores de resistências à pene- que fazem a descompactação do solo nos problemas de nivelamento. tração em torno de 3,5 MPa são indica- na linha de semeadura, permitindo a Para evitar o embuchamento da setivos de baixa probabilidade de com- passagem das raízes. O formato e as ca- meadora, devido à presença de palha pactação. Os valores acima de 5,0 MPa racterísticas dos facões são muito im- na superfície do terreno e o solo estar são elevados e, se constatada queda de portantes. Facões mais largos mobili- ainda muito solto, recomenda-se espeprodutividade, sugerem que o diagnós- zam mais o solo na superfície, retiram rar que ocorra uma ou duas chuvas, tico deve ser complementado com a os restos de cultivo da linha de plantio para que o solo assente, para depois se abertura de trincheira para a avaliação e podem prejudicar a operação de se- realizar a semeadura e nesse caso, com da estrutura do solo e da distribuição meadura, em relação aos facões mais velocidade de operação reduzida. Como do sistema radicular nas diferentes ca- estreitos e com angulo de ataque mais norma, preparar o solo no estado de madas, de preferência até à profundi- adequado. Em razão da semeadura da consistência friável,. para não levantar dade de 40 cm. O formato e a orienta- maioria das culturas ser feita com o solo muitos torrões, mesmo que isso prejução das raízes são aspectos importan- úmido, o trabalho de descompactação dique um pouco a eficiência da destes. Raízes grossas e achatadas, com as- com facão ficará restrito apenas à linha compactação do solo. pecto recurvado e orientação vertical de semeadura, podendo, além disso, Eleno Torres e prejudicada, são constatações de com- provocar o aparecimento de uma super- Odilon Ferreira Saraiva, pactação. fície espelhada nas paredes do sulco de Embrapa Soja


doenças

Tempo de doença Leila Costamilan

A época de plantio pode favorecer o aparecimento de doenças na cultura da soja

A

data de semeadura de soja influi em muitos aspectos da cultura. Semeaduras no início ou no fim da época recomendada para cada região climática resultam em diferenças de ciclo e de rendimento. No Rio Grande do Sul, o período recomendado para semeadura de soja vai de 11 de outubro a 10 de dezembro. Em uma safra normal, as lavouras de soja semeadas no mês de novembro obtêm as melhores condições de crescimento e produzem mais grãos que as mesmas cultivares semeadas durante os primeiros quinze dias de

outubro ou em dezembro. Nas semeaduras de outubro o ciclo das cultivares é aumentado em até 24 dias, e nas de dezembro o rendimento de grãos pode ser 20 % menor, em média, se comparados com as semeaduras realizadas em novembro. Semeadura e doenças O período de semeadura também influi na manifestação de doenças na cultura de soja. Em datas diferentes, poderão ocorrer doenças diferentes, já que as condições climáticas vari-

am no decorrer da safra. A antecipação ou o atraso da semeadura pode auxiliar na combinação perfeita entre estádio suscetível da planta e agente causal, ou favorecer o escape e a sanidade da cultura, ou mesmo não afetar a evolução de doenças. Como o período indicado de semeadura de soja, no Rio Grande do Sul, é relativamente longo, o agricultor pode escolher a data de semeadura de modo a evitar a ocorrência de algumas doenças. No período que antecede a semeadura de soja, é interessante conhecer algumas doenças

que são influenciadas pela época de cífico do Rio Grande do Sul, obsersemeadura de soja e que podem ser va-se que o tombamento por Pitium evitadas, simplesmente com a alte- também pode ocorrer em dezembro, ração dessa época, ou aquelas que com condições de solo mais aquecitêm possibilidade de ocorrer, devido do e de excesso de umidade, diferena condições favoráveis de ambiente. temente do que ocorre em outras reEntre essas doenças, as mais influ- giões do mundo, onde é mais comum enciadas pela data de semeadura são em solos frios. É interessante obseraquelas cujos agentes causais habi- var que a aplicação incorreta de hertam o solo e que causam, principal- bicidas e a ação de insetos de solo mente, apodrecimento de raízes. podem causar injúrias à soja semeNas semeaduras do cedo, como lhantes aos sintomas dessas doenças em outubro, as sementes de soja en- e contribuir para aumentar os danos. contram solos mais frios e úmidos que nos meses de novembro ou de Influência dezembro. Essa situação provoca indireta atraso na germinação e favorece o A data de semeapodrecimento de sementes no solo adura pode influir por vários patógenos, afetando o es- indiretamente sotande da cultura. Além disso, a se- bre algumas doenmeadura em solos frios e úmidos é ças, como mofo um dos principais fatores que influ- branco (Sclerotinia em no desenvolvimento da Síndro- s c l e r o t i o r u m ) , me da Morte Súbita, conhecida tam- crestamento da bém como Podridão Vermelha da haste e da vagem Raiz (Fusarium solani f. sp. glycines), (Phomopsis sp.) e cujos sintomas são visíveis a partir podridão parda da do florescimento. Esses problemas haste (Phialophora gregata). As infecpodem ser acentuados em lavouras ções das duas primeiras doenças não manejadas no sisocorrem na fase de plântema plantio diretula, mas há uma janela A semeadura em to, em que o solo é de tempo durante a qual solos frios é um mais úmido e mais as plantas de soja são dos fatores da frio que o solo culsuscetíveis a esses patóSindrome da tivado com arado genos. Se esse período Morte Súbida ou com grade. Oucoincidir com um períotra doença positido de clima favorável à vamente influeninfecção, certamente haciada pela semeadura antecipada é o verá maiores riscos de ocorrer doennematóide de cisto (Heterodera gly- ças. Por exemplo, se o florescimento cines), pois é alta a probabilidade de de soja coincidir com períodos de plantas jovens de soja encontrar em alta umidade e de temperatura amemaior número de cistos viáveis no na (em torno de 28 ºC), o mofo braninício da estação de cultivo, já que o co terá ótimas condições para se denúmero de cistos diminui com o pas- senvolver. Da mesma forma, se a fase de enchimento de grãos coincidir sar do tempo. No caso de semeaduras em de- com períodos de falta de umidade, zembro, há mais probabilidade de os sintomas de podridão parda da ocorrer problemas relacionados com haste serão mais severos. Se a colheitombamento por Rizoctonia (Rhizoc- ta coincidir com períodos de muita tonia solani), por Esclerócio (Sclero- chuva, as sementes poderão ser afetium rolfsii) e por Fitóftora (Phyto- tadas por Fomopsis, prejudicando a phthora sojae), cujos agentes causais qualidade destas. A data de semeadura não terá efeinecessitam de solos mais aquecidos para se manifestarem. No caso espe- to sobre outras doenças, tais como

apodrecimento de raízes e de haste por Fitóftora (Phytophthora sojae), crestamento bacteriano (Pseudomonas savastanoi pv. glycines), mancha parda ou septoriose (Septoria glyci-

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Soja

Leila recomenda observar a época de semeadura

nes), míldio (Peronospora manshurica), oídio (Microsphaera diffusa) e cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f. sp. meridionalis), pois as infecções podem ocorrer em qualquer período da estação de cultivo. Analisando esses aspectos, o agricultor ou o assistente técnico podem programar a data de semeadura da lavoura de soja com o objetivo de escapar do período mais favorável à infecção por patógenos. Por exemplo, se, em anos anteriores, uma parte da lavoura foi afetada por tombamento por Rizoctonia ou por Podridão Vermelha da Raiz, essa área poderia ser semeada no fim do período recomendado, para aproveitar o aquecimento do solo e evitar a incidência da doença. Leila Maria Costamilan Embrapa Trigo


nutrição CNPSo

Soja

Na medida certa Da correta nutrição - e adubação depende o desenvolvimento adequado das lavouras de soja

A

soja é uma cultura muito exigente em nutrientes essenciais. Para que eles possam ser eficientemente aproveitados, devem estar presentes no solo em quantidades suficientes e em equilíbrio. A insuficiência ou o desequilíbrio entre os nutrientes pode resultar em absorção deficiente de alguns e excessiva de outros nutrientes. Para que esse equilíbrio seja alcançado e mantido, é necessário que certas práticas, como calagem e adubação, sejam empregadas de maneira racional. Essas práticas têm sido satisfatórias quando bem exe-

cutadas e embasadas em análise do solo e das folhas. A pesquisa na área de Nutrição Mineral e Fertilidade do Solo da Embrapa Soja obteve resultados que, aliados a observações práticas junto aos produtores e à assistência técnica, modificaram as recomendações técnicas na área. Exigências nutricionais A absorção de nutrientes é influenciada por diversos fatores como condições climá-

ticas (chuvas e temperaturas), diferenças genéticas entre cultivares de uma mesma espécie, teor de nutrientes no solo e na planta e tratos culturais. Na tabela 1 são apresentadas as quantidades extraídas pelas plantas e exportadas pelos grãos, e as concentrações de nutrientes na cultura da soja. Observa-se que a maior exigência da soja refere-se ao nitrogênio e ao potássio, seguida por fósforo, enxofre, cálcio e magnésio. Deve-se levar em consideração, principalmente, a exportação através dos grãos. Por exemplo, a quantidade de fósforo (P2O5)


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Gedi recomenda uma adubação equilibrada para a soja que sai da lavoura com os grãos é de 10 kg, ou seja, para cada 1000 kg de grãos produzidos, esta é a dose mínima a ser reposta na adubação. Em relação aos micronutrientes, é importante observar as pequenas quantidades necessárias para a manutenção da cultura, porém, não se deve deixar faltar, pois são essenciais e sem eles não há equilíbrio nutricional.

Tabela 01

Matéria seca Antes de descrever alguns aspectos inerentes à absorção de nutrientes pela soja é necessário tecer algumas considerações a respeito da sua curva de crescimento. O ponto de inflexão (PI), que é a idade da planta onde o crescimento é acelerado, ocorre aos 61 dias e o ponto de maior acúmulo de matéria seca, ocorre aos 96 dias após a emergência (DAE) nas plantas de soja IAC-2 . Pode-se observar que o intervalo do ponto de inflexão ao ponto de máximo acúmulo de matéria seca é de 35 dias. Este período, que compreende da floração ao enchimento das vagens, constitui o período crítico da cultura, onde fatores adversos como estiagem, carência nutricional, ataque de pra-

Figura 01

Tabela 02

Figura 01 Tabela 03


Acúmulo de nutrientes A absorção de nutrientes é medida pela quantidade acumulada nas folhas de soja e é crescente até atingir o ponto de máximo acúmulo (PM), que é de 83 dias, com um acúmulo de nitrogênio nas folhas de 383 mg/ planta. A maior velocidade de absorção de N ocorre aos 53 dias, correspondendo ao ponto de inflexão da curva (PI). Nesta época, a quantidade extraída corresponde a 199 mg de nitrogênio, ou seja, 52% da quantidade máxima calculada. Pelos resultados em questão, vê-se que num período de 30 dias, que é a diferença

entre o ponto de inflexão e o ponto de máximo acúmulo, a planta extrai cerca de 50% das suas necessidades de nitrogênio, enquanto que os outros 50% são absorvidos desde a emergência até o ponto de inflexão (53 dias). Para os demais nutrientes, a absorção segue a mesma tendência do nitrogênio. Com isso, fica evidente que a partir dos 50 dias após a emergência (PI) até os 80 dias (PM) há um período crítico que não pode haver falta de nutrientes para a planta. Onde se usa alguma adubação de cobertura, esta deve ser efetuada no máximo até os 50 dias. Diagnose foliar Além da análise do solo, para recomendação de adubação, existe a possibilidade

Metodologias para calagem A determinação da quantidade de calcário a ser aplicada ao solo pode ser feita, segundo três metodologias básicas: a) neutralização do alumínio e suprimento de cálcio e magnésio; b) saturação de bases do solo; c) solução tamponada SMP: Neutralização do Al3+ e suprimento de Ca2+ e Mg2+ - Este método é, particularmente, adequado para solos sob vegetação de cerrados, nos quais ambos os efeitos são importantes. O cálculo da necessidade de calagem (NC) é feito através da seguinte fórmula: NC (t.ha-1) = Al3+ x 2 + {2 - (Ca2+ + Mg2+)} ou NC (t.ha-1) = (2 x Al) x f, considerando o calcário com PRNT = 100. Usar o maior valor obtido. Saturação de bases do solo - Este método consiste na elevação da percentagem de saturação de bases trocáveis, para um valor que proporcione o máximo rendimento econômico do uso de calcário. É recomendado para todos os solos. O cálculo da necessidade de calcário (NC) é feito através da seguinte fórmula:

NC (t/ha)

=

(V 2 − V 1 ) x T 100

x f

onde: V1 = 100 S/T = valor da saturação das bases trocáveis do solo, em %, antes da correção. S = Ca2+ + Mg2+ + K+ (cmolc.dm-3); T = capacidade de troca de cátions, T = S + (H + Al3+) (cmolc.dm-3); V2 = Valor da saturação de bases trocáveis que se deseja; V2 = 70% no Paraná; 60% em São Paulo e no sul do Mato Grosso do Sul; e 50% nos demais Estados (menos RS e SC); f = fator de correção do PRNT do calcário f = 100/PRNT. Solução tamponada SMP - Este método é utilizado nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (ver Tabela nas Recomendações Técnicas). Em todos os casos, deve-se usar calcário de boa qualidade, com PRNT maior que 60%. Dependendo dos teores de Ca e Mg no solo, escolher o dolomítico ou o calcítico.

complementar com a Diagnose Foliar. Ela é como uma ferramenta complementar na interpretação dos dados de análise de solo, para fins de recomendação de adubos. Basicamente, a Diagnose Foliar consiste em analisar, quimicamente, as folhas e interpretar os resultados conforme a tabela 2. Os trifólios, sem o pecíolo, a serem coletados são o terceiro e/ou o quarto, a partir do ápice de, no mínimo, 40 plantas no talhão, no início da floração, equivalente ao PI. Quando necessário, para evitar a contaminação com poeira de solo nas folhas, sugere-se que estas sejam mergulhadas em uma bacia plástica com água, simplesmente para a remoção de resíduos de poeira e em seguida colocadas para secar à sombra e após embaladas em sacos de papel (não usar plástico). Há um nível certo para os nutrientes na lavoura: se pouco podem aparecer sintomas de deficiência e, demais, toxicidade. Antes mesmo de se efetuar a análise foliar, pode-se detectar deficiências visuais na lavoura já instalada (tabela 3). Caso haja deficiência de algum nutriente, dificilmente ela poderá ser corrigida na mesma safra. A análise de folhas é mais uma ferramenta auxiliar para que o agrônomo possa fazer um quadro diagnóstico da lavoura e com maior segurança, efetuar a recomendação de calcário e adubos para a próxima safra. Recomendação para adubação A recomendação da quantidade de nutrientes, principalmente em se tratando de adubação corretiva, é feita com base nos resultados da análise do solo. O método utilizado pelos laboratórios brasileiros para a extração de fósforo do solo é o Mehlich I, com exceção do Estado de São Paulo, onde é utilizado o método da Resina. Os níveis dos nutrientes no solo e as doses recomendadas constam de tabelas de recomendação para cada região ou Estado e podem ser encontradas nas respectivas Recomendações Técnicas para a Cultura da Soja , que são publicadas anualmente pelas instituições que coordenam as Reuniões Anuais da cultura. Deve-se tomar cuidados especiais, pois anualmente as recomendações são revistas e pode haver algumas modificações. Foi o que ocorreu no Paraná, para a safra 1999/2000, onde se aumentaram as doses de fósforo a serem aplicadas. Outra modificação importante foi a inclusão da interpretação dos níveis de enxofre (S) no solo e as recomendações de doses de S e de micronutrientes. A aplicação de Mo e de Co poderá redu-

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gas e doenças podem reduzir drasticamente a produção de grãos.

Áureo dá dicas para o produtor adubar sua soja

zir a sobrevivência da bactéria, em função do pH, da salinidade e da ação bactericida para o Bradyrhizobium de alguns produtos. Nesses casos, a aplicação desses micronutrientes poderá ser efetuada na mesma dose acima, em pulverização foliar, antes do início da floração.

Gesso agrícola Para solos que apresentam problemas de acidez subsuperficial, uma vez que a incorporação profunda ( >20 cm) do calcário nem sempre é possível, ao nível de lavoura, pode-se usar gesso. Com a aplicação de gesso agrícola, diminui-se, em menor tempo, a saturação de alumínio nas camadas mais profundas. Deve ficar claro, porém, que o gesso não aumenta o pH do solo. O gesso deve ser utilizado em áreas onde a análise de solo, na profundidade de 30 cm a 50 cm, indicar a saturação de alumínio maior que 20% e/ou quando a saturação do cálcio for menor que 60% (cálculo feito com base na capacidade de troca efetiva de cátions). A dose de gesso agrícola (15% de S) a aplicar é de 700, 1200, 2200 e 3200 kg.ha-1

para solos com teores de argila <20%, 20%40%, 40%-60% e >60%, respectivamente. O efeito residual destas doses é de, no mínimo cinco, anos. Recomendações técnicas Para maiores informações, entrar em contato com as Instituições que publicam as recomendações, atualizadas anualmente: Rio Grande do Sul e Santa Catarina (1999/2000): EPAGRI-Chapecó, SC. Tel.: (49)723-4877 Paraná (1999/2000): Embrapa SojaLondrina, PR. Tel.: (43)371-6000; Fax: (43)371-6100 Demais Estados (1999/2000): Embrapa Soja-Londrina, PR. Consultar, sempre, um Engenheiro Agrônomo da Assistência Técnica, para orientações sobre amostragens do solo e de folhas e, posteriormente, para elaboração das recomendações. Gedi Jorge Sfredo, Áureo Francisco Lantmann e Clóvis Manuel Borkert, Embrapa Soja


Agronegócios

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Segurança alimentar e sustentabilidade A

expressão segurança alimentar tem dois significados em português: por um lado é a garantia de oferta adequada de alimentos à população; por outro, a garantia de inocuidade química e biológica desses alimentos. Em ambos casos, há uma relação direta com a sustentabilidade dos processos de produção ao longo das cadeias agroprodutivas. A FAO estima existirem 800 milhões de pessoas no mundo que não têm suas necessidades alimentares atendidas, dos quais 180 milhões são crianças em idade pré-escolar. Segundo essas estatísticas, em 2020 o mundo terá oito bilhões de habitantes, apenas a Ásia terá crescido um bilhão de habitantes e a África do sub-Saara terá incremento populacional de 80%. Por outro lado a Europa terá crescimento negativo (a Itália já tem crescimento de 0,6% e a Alemanha deve reduzir em 20 milhões de pessoas o crescimento da sua população nos próximos 50 anos). Esse quadro demonstra que a fome cresce nos países pobres - e deve diminuir ainda mais nos países ricos -, que, no entanto, ficarão expostos a fortes correntes migratórias de pessoas expulsas de seus países de origem por falta de comida e renda. Infelizmente, fome não é sinônimo de mercado e nas próximas décadas continuaremos assistindo a iniqüidade da injustiça alimentar grassando ao redor do mundo. A oferta deverá estar calibrada para atender a demanda estimada pelo dueto aumento populacional e renda, prevendo-se um aumento de 60% na demanda por alimentos em geral e 200% especificamente no segmento carnes, no ano de 2020. Estima-se que o

mundo necessitará produzir mais alimentos nos próximos 50 anos que o total produzido nos últimos 10 mil anos. É nesse ponto que cabe analisar a segurança alimentar visa a sustentabilidade dos processos nas cadeias produtivas. O país do futuro A primeira questão que se levanta é onde e como produzir tanto alimento. Em números redondos, o mundo produz em torno de dois bilhões de toneladas de grãos, afora frutas, hortaliças e fibras, e sem contar as áreas de pastagem para alimentar os rebanhos produzidos extensivamente. Apenas para produção de grãos são utilizados 800 milhões de hectares. Então a pergunta se impõe: há espaço para crescimento horizontal da produção? Não na Europa, com uma agricultura sem competitividade alguma, sustentada artificialmente por subsídios. Não no Japão, arquipélago montanhoso, com o pouco espaço disponível disputado entre agricultura, indústrias e habitação. Não na Índia, In-

donésia ou China, todas no limite de sua capacidade produtiva. Existe algum espaço nos EUA, na África e na América Latina. O Brasil é o campeão do espaço potencial, quase 200 milhões de hectares apenas nos cerrados, para incorporação nos próximos anos. Limitada a expansão de área, seria possível utilizá-la mais intensivamente? A maioria dos países com limitações de área já está produzindo duas ou três safras por ano - ou incorporou terras marginais, com o uso de irrigação. Isso a ponto de a agricultura ser um grande competidor pelo uso de água no mundo, assunto discutido nesse espaço da Cultivar em edições passadas. O Brasil, além de espaço físico, tem um dos menores índices de uso de irrigação, um paradoxo quando se sabe que é um dos países do mundo com maior disponibilidade de água doce. Se a expansão da área, ou sua utilização mais intensiva, não atendem à demanda de mais espaço produtivo, ao menos se pode aumentar a produtividade? Aí está a grande saída da Humanidade. E onde cabe uma série de considerações sobre o futuro

próximo. A primeira delas diz respeito à tecnologia já desenvolvida e ainda não incorporada ao sistema produtivo, o que é uma constante ao redor do mundo, à exceção de alguns países europeus, onde o subsídio é diretamente proporcional à produção, o que leva os agricultores a abusarem do uso da tecnologia. Novamente tomando o exemplo do Brasil, se a tecnologia agropecuária disponível hoje fosse totalmente incorporada ao sistema produtivo, seguramente teríamos um aumento da produção em torno de 50%, como média das diversas atividades agrícolas. Então, apenas dessa forma, já poderíamos atender parcela ponderável da demanda estimada.

CNPSo

alimentos

Situação dos Gazzoni explica como a segurança alimentar afeta nossa agricultura transgênicos Entretanto, sabemos que um problema antigo como a não adoção de tecnologia não será resolvida nas próximas gerações. Con- ções químicas. Nesse caso, ou se promove sustentabilidade dos processos. Levantei essa seqüentemente, permanece a pressão por maior disponibilidade de fertilizantes, ou as questão para um cientista que abordou o break-throughs que sejam entusiastica- variedades deverão dispor de maior capaci- tema durante o XXI International Congress mente aceitos pela maioria dos produtores, dade de extração de nutrientes do solo. No of Entomology. A resposta foi taxativa: se como foi o caso do milho híbrido, ou do uso caso de pragas também existem duas alter- não houver uma dramática redução da taxa de fertilizantes nitrogenados. A primeira nativas: ou a planta é resistente às pragas de crescimento populacional nos países idéia que ocorre quando se pensa em que- (doenças, insetos ou ervas daninhas) e pos- emergentes ou subdesenvolvidos o mundo bras de paradigma é a tecnologia de transgê- sui alta capacidade competitiva, ou se lança assistirá uma degradação de recursos natunese, que permitiria incorporação de gan- mão de métodos de controle biológico, quí- rais sem precedentes, devido ao processo agrícola. Por que nesses países? Porque o creshos de produtividade em curto prazo, sim- mico, cultural etc. No caso das pragas, é importante frisar cimento populacional já está contido no Priplesmente transportando caracteres desejáque a liberalização do co- meiro Mundo, porque a pressão por demanveis entre espécies vegetais mércio e o crescimento dos da de alimentos não se encontra nesses paícomo trigo, arroz, soja ou fluxos internacionais de ses, e porque lá existe uma consciência e uma milho. Entretanto, no moA não-adoção de agro-produtos e de turistas vigilância social pela sustentabilidade agrímento estamos justamennovas tecnologias deve colocar permanente- cola. te no olho do furacão, emnão deve ser Ao contrário, nos países pobres se enmente em cheque os sistebate entre prós e contras resolvida nas contram os problemas: qualquer acréscimo mas quarentenários de todo uso de variedades transpróximas gerações dos os países, pois aumen- de renda será destinado à alimentação, presgênicas. Os institutos de ta o risco de exposição do sionando a oferta; sob pressão de oferta, as pesquisa serão pressionaambiente produtivo às pra- possibilidades de negócios e de lucros dos a encontrar novas fórmulas e novos caminhos no curto prazo e, gas quarentenárias, exóticas, e portanto com oblitera a necessidade de promover a agrieventualmente, até no longo prazo, caso a menor probabilidade de controle biológico cultura sustentada; e o maior clamor será devido à injustiça causada pela fome endêsociedade mundial decida não respaldar o natural eficiente. Verifica-se que, assim como para expan- mica, superando a grita pela conservação dos uso de OGMs na agricultura. Porém, apenas aumentar a produção não são do potencial produtivo, a superação das recursos naturais. Assim, cresce em importância o trabalho é suficiente. Um melhorista pode expandir restrições ambientais também dependeria, das instituições de pesquisa e de assistência o potencial produtivo de uma variedade, em grande parte, do uso de técnicas de transporém a expressão integral dessa caracterís- gênese. Cientistas já demonstraram ser pos- técnica, tendo que enfrentar o duplo desafio tica genética somente será possível se as con- sível produzir variedades transgênicas resis- de produzir mais e melhor, preservando o meio dições ambientais forem as exigidas pela va- tentes a pragas, com maior tolerância ou ambiente e assegurando as condições para riedade. Entre as principais restrições à pro- mesmo resistência à seca e com maior capa- atendimento da demanda por alimentos para dutividade estão o clima, o solo e as pragas. cidade de absorção de nutrientes, porém essa as próximas gerações, conquistando os agriNo caso de clima, as vicissitudes maiores via tecnológica encontra-se momentanea- cultores para novos sistemas de produção que concentram-se na disponibilidade de água, mente bloqueada pela indefinição quanto à sejam compatíveis com as necessidades do início do milênio. Ou seja, garantindo a seguque pode ser suprido por irrigação, ou por segurança dos OGMs. rança alimentar, com sustentabilidade dos variedades com maior estabilidade produtiprocessos agroprodutivos. Sustentabilidade va em situações de estresse hídrico (tolerândos processos cia à seca); em relação ao solo, restrições Definidos os caminhos possíveis para o Décio Luiz Gazzoni, podem ocorrer nas propriedades físicas, o que exige melhor manejo do solo, ou nas condi- atendimento da demanda, resta a análise da Embrapa Soja


Entrevista

mercado

Cultivar

O país do futuro

Para Friedland, o Brasil possui um grande potencial agrícola que deve ser explorado

E

xistem hoje fortes perspectivas de que o mercado europeu e o norte-americano vão reduzir a produtividade agrícola. Por exemplo: não tem lógica produzir açúcar na Europa. É muito mais viável produzi-lo em maiores quantidades no Brasil, pois é mais econômico e barato. No futuro provavelmente não haverá produção de açúcar na Europa, onde a agricultura está muito cara, se comparada com a agricultura brasileira ou argentina. É de se considerar que uma grande parte da produção da Europa será transferida para o Brasil, o mesmo ocorrendo com a dos Estados Unidos. Por isso o Brasil tem boas condições para crescer. Dispõe de área, água, boa

tecnologia, e boa mão-de-obra. Essa é a opinião do diretor comercial internacional da Makhteshim Agan, com sede em Israel, Shaul Friedland, que visitou o Brasil para o lançamento do inseticida RimOn, marca comercial do princípio ativo Novaluron. Para ele, no futuro a agricultura dos Estados Unidos, e principalmente da Europa, hoje muito subsidiada e cara para a Comunidade Européia, será transferida para outros países, mas principalmente para o Brasil. Também no caso dos EUA, explica, o fator mãode-obra pesa no custo final da produção agrícola. Produzir tomates lá não tem lógica, pagando-se salário mínimo de US$ 5,00 a hora , compara.

Perspectivas agrícolas do Brasil animam executivos internacionais Um forte potencial A Makhteshim Agan é uma das principais empresas de agroquímicos do mundo, com atividades comerciais praticamente em toda a América do Norte, América-Latina, Europa, Oriente e África. Além de possuir uma equipe muito boa, está muito forte em produção e desenvolvimento de processos químicos, mas Shaul considera que o mais importante da empresa hoje é a agilidade de atuação. Agora, além dos genéricos, a Makhteshim passou a desenvolver produtos e outros estão a caminho , antecipa. O potencial do grupo é cada vez maior. O faturamente atual é de US$ 850 milhões em todo o mundo, e neste ano deve passar para US$ 900 milhões, mantendo o crescimento. Basicamente, continuará sendo uma companha de produtos genéricos, mas recentemente o grupo passou a desenvolver seus materiais, como o RimOn, que está sendo lançado agora no Brasil, e agora está desenvolvendo trabalhos em biotecnologia,. Seu desenvolvimento exponencial pode ser visto no Brasil, onde opera através da Milenia. Mas também dispõe de algumas novidades em Israel , na área de sementes. No Brasil já dispõe do germoplasma próprio. A compra da totalidade das ações da Milenia, no mês de agosto, é a grande novidade. Mas existem outras. A Makhteshim planeja começar no Brasil trabalho bem mais firme em diversos tipos de fungicidas, pois o país é considerado estratégico, muito importante para a equipe da empresa, em âmbito mundial. O Brasil é uma base, e o mercado daqui deve crescer muito. E nós vamos crescer juntos , destaca Friedland.


implantação descritores de novas espécies para proteção. Encartado na Revista Cultivar nº 21

Fotos Cultivar

A nova produção de sementes A Lei de Proteção de Cultivares muda a forma como se produz sementes e como o agricultor deve comprá-las e as usar

D

urante mais de 25 anos o tema proteção de cultivares foi debatido no Brasil principalmente no âmbito do setor sementeiro e técnico, sempre encontrando uma forte polarização nas opiniões. Chegou-se até a se discutir projeto de lei que não teve continuidade justamente por esta forte controvérsia. Com a adesão do Brasil à OMC em 1995, o assunto da legislação patentária dos países membros foi objeto de reformulação interna e o Brasil finalmente passou a pautar em suas discussões a Lei de Proteção de Cultivares, como forma alternativa ao patenteamento de plantas. A LPC (Lei nº 9456/97) foi então aprovada pelo Congresso Nacional, promulgada e publicada em 25 de abril de 1997. Juntamente com a Lei de Biossegurança (Lei nº 8974/95) e Lei de Patentes (Lei nº 9729/96) a LPC compôs um novo marco legal para a agricultura brasileira, restando ainda a aprovação de um novo texto legal para a produção e comércio de sementes no país que se encontra em discussão no Congresso Nacional. Aprovada sob a égide da ata de 1978 da UPOV, a LPC brasileira assegura a propriedade intelectual do melhoramento genético de plantas, o direito ao obtentor da cultivar de reprodução e exploração comercial exclusiva e cria o SNPC Serviço Nacional de I

• Cultivar

Outubro 2000

Com a Lei de Proteção de Cultivares, a individualidade da cultivar fica garantida

Proteção de Cultivares, órgão oficial encarregado de aplicar esta lei. Com o regulamento da lei rapidamente aprovado através do Decreto 2366 de 06/11/97, o SNPC foi muito ágil em colocar em prática os ditames da lei através da edição de diversos instrumen-

tos complementares, tendo sido possível, já em janeiro de 1998, que fossem acatados os pedidos, e concedidos os primeiros certificados de proteção de cultivares. Hoje são mais de 220 certificados emitidos para nove espécies, estando neste momento em fase de Atualidades ABRASEM / BRASPOV

Aumentam os investimentos Este novo cenário trouxe, sem dúvida, uma série de conseqüências para o setor. Com a possibilidade de cobrança de royalties por parte dos obtentores está havendo gradativamente um crescimento significativo dos investimentos feitos em pesquisa tanto por empresas públicas quanto por empresas privadas. Há também a incorporação de novas tecnologias e um grande aumento na competição entre as diferentes empresas, o que redunda em cada vez mais ganhos tecnológicos. O lançamento de cultivares novas no mercado com registro de proteção nos últimos 3 anos foi crescente, assim como sua adoção pelo agricultor. Na soja, por exemplo, o volume de semente protegida ofertado para uso foi de 14% em 97/98; 37,5% em 98/99 e 58,5% em 99/00, o que demonstra que, embora tenha sido agregado na semente o valor dos royalties, possivelmente a qualidade dos novos produtos estimulou o agricultor a adotá-los. Há que se considerar também que as empresas se sentiram muito mais estimuladas e financeiramente respaldadas a fazer estes lançamentos agora já dentro de um ambiente muito mais competitivo e seguro. A concorrência entre programas de melhoramento já nestes três primeiros anos após a edição da LPC cresceu, e pode ser avaliada pelo sensível aumento no número e diversidade de cultivares lançadas ao mercado em praticamente todos os produtos passíveis de proteção. Tomando-se a soja como exemplo se verifica que antes da lei o número de novos lançamentos anuais era em torno de 20. Após a lei este número cresceu para 50. Outro aspecto sensível é a diversidade de atendimento de demandas por estas novas cultivares. Com a incorporação de novas tecnologias surgirão nichos de mercado muito mais definidos, obrigando a uma maior segregação de produtos de acordo com finalidades cada vez mais específicas. Outra característica que se observa é sobre as atividades de marketing de sementes, que se tornaram muito mais agressivas e eficientes. Observa-se um número crescente de dias de campo, palestras técnicas e novos tipos de atividades, visando agregar mais conhecimento aos agricultores e até ao públiAtualidades ABRASEM / BRASPOV

co urbano sobre características diferenciadoras de produtos novos. As indicações de cultivo se tornaram muito mais específicas por cultivar e região, tendendo a resultar em maiores níveis de produtividade e estabilidade. Percebe-se uma maior preocupação das empresas com o controle de qualidade em todas as fases e uma maior assistência pós-venda a seus clientes, o que também gera maior segurança para o produtor e para o consumidor. Pirataria de sementes No entanto, não são somente conseqüências favoráveis que se percebe, embora estas sejam a maioria. Está ocorrendo, com uma freqüência cada vez maior, o uso ilegal de sementes protegidas. Além de ser danosa para o agricultor que adquire tais sementes - pois não tem garantia nenhuma - esta atitude pirata de alguns maus produtores de sementes e agricultores oportunistas é injusta para com os obtentores que por longos anos investiram na pesquisa. Outra conseqüência desta atitude, ainda mais grave, é a possibilidade de disseminação de pragas e doenças de uma região para outra de forma incontrolável, o que acaba prejudicando toda a agricultura, inclusive aqueles agricultores que não praticam tal delito. A semente é um insumo de tão relevante importância para a atividade que deveria ser muito mais valorizada, devendo o agricultor ser muito criterioso na escolha de seu fornecedor exigindo qualidade ao extremo e não tentando fazer uma economia que seguramente vai lhe prejudicar logo mais à frente. Este sem dúvidas é um tema bastante polêmico, mas em se tratando de semente, não se pode abrir mão de qualidade e segurança. Outra forte conseqüência é a alteração na formatação das empresas tradicionais produtoras de sementes, que nos últimos trinta anos foram um forte esteio da agricultura - e continuarão sendo. Deverão, no entanto, estar preparadas para mudanças profundas em seu modo de operação. A escala de produção deverá ser maior, a vinculação a obten-

tores será uma necessidade vital, e a modernização de seu parque de máquinas e processos de controle de qualidade imprescindíveis. Surgirão novos sistemas de comercialização associando a semente a outros produtos em forma de pacotes tecnológicos de alta viabilidade para o agricultor, o que poderá dificultar a venda de semente de forma isolada. Em algumas situações as empresas de sementes terão papel exclusivamente de prestadoras de serviços de produção, não mais comercializando seu produto. Para entrar neste nicho, no entanto, deverão estar perfeitamente adequadas às exigências de

Ivo explica as implicações da Lei de Proteção

alto padrão de qualidade e eficiência. A organização dos obtentores com a criação da BRASPOV em fins de 1997 foi também em decorrência da LPC, e a mesma tem sido uma forte aliada na implantação da lei. Com relação ao uso ilegal de sementes protegidas, a Braspov está estruturada e vem atuando fortemente no sentido de resguardar o direito legítimo de seus associados, recebendo e encaminhando denúncias graves de dolo através de sua central de denúncias pelo telefone (0xx61) 225-1474. Já se tem notícia de várias autuações e processos impetrados por empresas prejudicadas contra produtores ou agricultores que tentaram burlar o direito conferido pela Lei de Proteção de Cultivares. A Braspov e seus associados estão conscientes de seu dever de investir em qualidade do produto gerado e oferecido ao mercado. Estão também igualmente cientes de seus direitos e dispostos a investir todos os recursos necessários para fazer com que estes direitos sejam respeitados. Ivo Marcos Carraro, Presidente da Braspov Outubro 2000

Cultivar • II


Pirataria

Para o comércio de sementes de boa qualidade é necessário estabelecer padrões

Discussão sobre padrões e pragas O

Grupo Técnico Permanente em Sanidade de Sementes foi criado e teve seus padrões estabelecidos na Portaria 27, de 07.08.2000,do Ministério da Agricultura, com o objetivo de analisar os estudos técnico-científicos que justifiquem as proposições de nível de tolerância para as pragas não-quarentenárias, regulamentáveis na produção e comercialização de sementes no território nacional. A Abrasem é um dos membros deste grupo, mas segundo o diretor executivo da entidade, João Henrique Hummel Vieira, estão sendo questionados junto ao Ministério da Agricultura os critérios usados para constituir o grupo, pois a Abrasem entende que deve ser um grupo técnico de alto conhecimento e de representação nacional. E o que está acontecendo é que não se consegue entender os critérios para constituir o grupo . Pelos critérios utilizados, explicou João Henrique, a Abrasem tem dois representantes no grupo; um é dela mesma e o ouIII

• Cultivar

Outubro 2000

tro da Abrates. Além disso, foram escolhidas aleatoriamente duas universidades: a Federal de Lavras e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. A questão, conforme João Henrique, é por que não incluir uma instituição que represente as universidades e as escolas superiores. Nós queremos um integrante no grupo que tenha representatividade nacional . Outro ponto criticado é que a Embrapa tem três representantes: um do Cenargen, um do SNT e outro do CPAC. Por que estes três e estes centros? Os centros têm algum envolvimento com atividades no setor de sementes? , questiona. Outra questão apontada como inadequada , é que só foi indicada para a comissão a CESM do Paraná. Todos os Estados têm uma Comissão , compara. Outro fato apontado como interessante na constituição do grupo, é que o maior interessado na qualidade de semente é o agricultor, e justamente este não tem nenhuma represen-

tação no Grupo Técnico . O mais absurdo ainda, prossegue, é que a Sociedade Brasileira de Fitopatologia e Sociedade Brasileira de Nematologia não estão representadas. As entidades que têm os profissionais que discutem as pragas não estão envolvidos neste grupo . Um resultado de toda a situação, pelo menos, foi imediato. Causou preocupação à Abrasem, pois ela já se defrontou, há algum tempo, com um grupo que desejava de qualquer maneira e a qualquer custo, implantar esse padrão sem critério. Para João Henrique, o que os profissionais fizeram é bastante interessante e preocupante para a agricultura brasileira. Segundo ele, as pessoas envolvidas fizeram testes na semente básica da Embrapa durante alguns anos, chegando a uma constatação óbvia e lógica: que existem patógenos envolvidos na semente. Então para criar uma obrigatoriedade das análises de sementes, para criar um mercado cativo (cartório) propuseram fazer um corte lineAtualidades ABRASEM / BRASPOV

ar de sementes de 20%; uma coisa dessas pode acontecer? Ou como pode um profissional técnico ver qual é a relação custobenefício para o agricultor? Essa é a nossa preocupação , desabafou. O ideal, aponta, é que o grupo não fosse formado por pessoas, mas por entidades que assumissem a responsabilidade das tomadas de decisões, e que tivessem representatitivade. O importante, diz, é que este grupo tem de se basear hoje nos estandes de definição de pragas não-quarentenárias. Significa que os fitopatologistas têm uma tarefa muito importante para a sociedade, que é fazer os estudos de qual é o grau de infestação. Para poder caracterizar e implantar um padrão fitossanitário de semente, é preciso caracterizar que ela é a principal fonte de inóculo da doença . Assim, diz, está na hora de os fitopatologistas, ao invés de discutirem e buscarem cartório, trabalharem e pesquisar isso. Devem levar a informação ao agricultor e criar este pacote tecnológico , indica. Outra questão considerada importante pela Abrasem e pelos pesquisadores, e tem de ser discutida, é que foram gastos 20 anos defendendo-se o tratamento da semente. E como vamos adequar hoje esse tratamento, que é feito nas propriedades, com esses padrões fitossanitários? E qual é a co-relação que isto pode ter em termos de custobenefício, de custo-Brasil? , questiona. Assim, diz, a Abrasem está interessada em que este grupo seja ativo, participativo e que tenha posições inteligentes e criativas e que crie soluções para o agricultor e para a agricultura, além de soluções sociais.

Cultivar

Monsoy

Quarentena

José Neumar alerta para a pirataria

Atualidades ABRASEM / BRASPOV

Dias contados O

uso ilegal de cultivares protegidas, uma grande preocupação dos obtentores em âmbito de País, começa a dar sinais de que está com os dias contados. Nada menos do que 61 denúncias estão na Braspov e o Ministério da Agricultura desenvolve, desde o mês de agosto, as vistorias. Ao mesmo tempo, recolhe amostras em todas as empresas denunciadas, das cultivares não-protegidas para saber se elas não estão com o nome trocado. Segundo o secretário executivo da Abrasem, João Henrique Hummel Vieira, o Ministério está realizando os testes de DNA para fazer as identificações. As denúncias procedem de praticamente todo o País. Uma delas levou a um armazém na cidade de Cristalina, onde 28 mil sacas de sementes oferecidas com uma marca na realidade era de cultivar protegida. Feitos os exames de DNA a fraude foi constatada pelo Ministério da Agricultura, que j[a tomou as providências (multa e apreensão). O combate aos infratores ganha fôlego, principalmente nas regiões Sul e Centro-Oeste, onde fiscais do governo federal vistoriam os armazéns após receberem as denúncias da Braspov. O trabalho inclui coleta de amostras das cultivares de domínio público para submetê-las a análises, porque grande parte das denúncias indica que os infratores vendem uma

Cristiano trabalha para a Braspov

cultivar com o nome de outra. O cerco aperta ainda mais. Conforme João Henrique, a Braspov já está tomando as medidas necessárias para entrar com ação de falsidade ideológica contra quem estiver cometendo infrações. Adiantou que todo o material que está sendo apreendido passará a ser do governo e os envolvidos nas falcatruas perderão o produto, além de pagarem multa de 20% ao obtentor, o qual poderá entrar com ação civil e penal por perdas e danos e falsidade ideológica. João Henrique destacou, ainda, que a Braspov tem um novo funcionário para a Região Sul - Cristiano Velloso.

Produtor apóia a LPC O 5° Workshop de Sementes e Mudas, realizado em Pelotas (RS), mostrou o perfil dos obtentores vegetais, principalmente o aspecto da discussão sobre o marketing da semente de um modo geral, e as possibilidades que o obtentor de cultivares está oferecendo. Entre elas, como será realizado o licenciamento, as alternativas disponíveis e as linhas e os objetivos de pesquisas. Um artigo de Adão Costa, da Embrapa Milho e Sorgo, demonstra uma grande aceitação da Lei de Proteção de Cultivares, mas existe também um pouco de medo do aumento de custo para os produtores de sementes. Para o representante da Braspov, Cristiano Velloso, o custo pode ocorrer de forma benéfica, em curtíssimo prazo. A questão, explica, é alcançar a vantagem competitiva pela inovação, pois o pagamento de royalties traz essa benesse para o produtor, que consegue vantagens na parte de inovação tecnológica, principalmente. Se não tivesse o atrativo do royalty e a garantia do investimento, seguramente não haveria tantas possibilidades de cultivares como tem sido notado , argumentou. Outubro 2000

Cultivar • IV


Rapidinhas Alívio na análise

O setor sementeiro do Brasil ficou bastante aliviado com a posição da dra. Maria Mazarello, do Ministério da Agricultura, de que não serão modificadas as regras de análises de sementes para o comércio interno, porque isso causaria um grande transtorno em adaptação dos mais de 200 laboratórios do setor a curto prazo.

Anuário vem aí

Maria Mazarello

Calábria fecha as vendas

Na Sementes Calábria, associada à Aprossul, estamos fechando o ano em termos de vendas de sementes , disse o gerente comercial, engenheiro agrônomo Isair Rizzardi. Os resultados corresponderam às expectativas, informou, acrescentando que a comercialização do produto, este ano, foi um pouco adiantada. Por incrível que pareça, temos hoje 90% das sementes de soja praticamente vendidos , comemora. As variedades são diversas, principalmente as da Monsoy e algumas da Fundação Mato Grosso.

Novo centro quarentenário

A Pioneer entrou no Ministério da Agricultura com pedido de credenciamento da sua Estação de Pesquisa de Itumbiara, para que seja considerado um Centro Quarentenário nível III. Serve para quem tiver um laboratório de fitopatologia fazer quarentena aberta em seu centro de pesquisa visando a implantação de germoplasmas.

Forrageira preocupa

A Abrasem está constituindo um grupo de sementes de forrageiras para poder fazer parceria para o fomento do melhoramento genético em forrageiras tropicais. A entidade está em negociação com a Embrapa para fechar a parceria. No final de setembro ocorreu reunião em Goiânia, coordenada pelo diretor executivo da Abrasem, João Henrique Hummel Vieira, para tratar do assunto. E a Comissão criada pelo Serviço Nacional de Proteção de Cultivares de Forrageiras Tropicais, após um longo debate, em Porto Alegre, decidiu indicar ao Ministério da Agricultura a possibilidade de oficializar a comercialização de sementes de forrageiras tropicais. Foi sugerida a implementação da decisão a partir do dia 1° de maio de 2001. A medida pode tirar da marginalidade este importante segmento produtor de sementes.

VI

• Cultivar

Outubro 2000

Já foi lançada a campanha do novo Anuário da Abrasem/2001. Os interessados em anunciar podem fazer contato pelos fones (061) 226-9022/226-8806 - fax (061) 321-3569, CEP 70 309-900 - SCS Edifício Baracat, sala 501, Brasília-DF. Internet: http://www.abrasem.com.br - e-mail: abrasem@solar.com.br.

Aposta no milho

A exemplo do que aconteceu no Sudoeste de Goiás, a chuva ocorrida na segunda quinzena de setembro animou os agricultores paulistas a plantarem milho, um pouco antecipado. Após, vêm as culturas normais: algodão, soja, cana, amendoim (este ano com uma recuperação), e feijão. Sobre milho, o secretário executivo da APPS, Cássio Luiz C. de Camargo disse que haverá aumento de 15 e 20% na safra de verão , ressalta. Cultivar

Cultivar

Chuva antecipa plantio

Uma chuva fora de época, que começou no final de agosto, resultou no plantio antecipado de milho na região Sudoeste de Goiás. Segundo o secretário-executivo da Agrosem, Siguê Matsuoka, o normal é plantar milho em outubro. A chuva levou, principalmente os produtores que querem fazer safrinha, a iniciarem o plantio mais cedo na região de Jataí. O risco é de ocorrer veranico no final de outubro ou início de novembro e faltar água para as lavouras. Há oito anos foi registrado fato semelhante. Em algumas regiões os resultados foram bons; em outras, negativos , disse, referindo-se às perdas causadas pela falta de chuva na época apropriada. A maioria dos produtores, contudo, está aguardando o mês de outubro para semear, quando entra também a soja.

Mais milho no Paraná

Começou há um mês no Paraná o plantio de milho e já existem dificuldades para se encontrar variedades de alta tecnologia, mais exigentes e mais produtivas. Outros milhos híbridos estão disponíveis na área atendida pela Apasem, informou o secretário executivo Eugênio Bohatch. A escassez, explicou, decorre da estiagem no ano passado, que reduziu a produção destes milhos, além da geada ocorrida na safrinha. Outro fator é o aumento da procura por parte dos agricultores que estão preferindo, este ano, o híbrido de alta tecnologia. Já os híbridos de média e de baixa tecnologia tem bastante .

Airton de Jesus

Implantação de lavouras

A Agropastoril Jotabasso (MS) está na fase de implantação das lavouras de feijão e milho. A área total cultivada este ano, em finalização, deve ficar em 10 mil hectares, incluindo-se as culturas de soja e algodão. A soja engloba 12 variedades, mas as cultivares usadas em maiores volumes são a Jatobá, Msoy-8001, Msoy-7701, Msoy7501, Coodetec-202 e 201, e BRS-133. Já no algodão as variedades que serão plantadas somam quatro: DeltaOpal, Ita-90, Coodetec-404 e 403. A área de algodão está menor devido às condições climáticas que, nos últimos anos, não têm se mostrado favoráveis ao plantio desta cultura , explicou o gerente comercial, engenheiro agrônomo Airton Francisco de Jesus. Isso, acrescentou, bem no Sul no MS - região de Pontaporã. Quanto ao milho, informa que é para produção de sementes e o feijão é destinado à indústria. As áreas destas culturas são consideradas pequenas. O destaque maior fica com a soja (8.500 hectares) e algodão com mil hectares. Atualidades ABRASEM / BRASPOV


Algodão

pragas

Cultivar

ATENÇÃO para os inimigos da raiz Duas espécies de brocas estão causando sérios danos ao algodão brasileiro: são a broca-daraiz (Eutinobothrus brasiliensis), e a broca-doponteiro (Conotrachellus denieri), dois coleópteros

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e um modo geral, a broca da raiz permanece durante a entressafra em abrigos ou refúgios, matas e capinzais e, principalmente nas proximidades de água. Acontece que, logo na emergência das plantas, os adultos se dirigem à área de plantio, e os insetos se alimentam nas folhas, fazendo perfurações pequenas, onde surgem colorações negras, de 3 milímetros de comprimento, como pontuações, perto das raízes das plantas, explica o entomologista Walter Jorge dos Santos, do IAPAR. Os ovos são colocados nesta parte debaixo ou nas proximidades das raízes das plantas jovens. Logo após a eclosão as larvas fazem galerias e seccionam a casca, o que impede a circulação de seiva. Com isso, as plantas, com o passar dos dias - ao redor de 30 ou 40 dias de idade -, começam a apresentar uma coloração bronzeada-avermelhada, murcham e podem chegar à morte. É uma praga de estande, pois causa grandes prejuízos , observa. E as plantas que sobrevivem, mas que estejam dando condições para que larvas se alimentem e sobrevivam, vão sofrer futuramente e a produção será afetada. Para fazer o controle do inseto em algodão, e isso é básico , deve se destruir a soqueira, pois se ela ficar, maior quantidade de indivíduos se reproduzem e reinfestam as próximas lavouras. Outras formas


muito jovem, ela acaba morrendo. Porém, de 300 a 500 m2 plantadas antecipadamenmuitas plantas com 10 a 15 dias, sobrevi- te com grandes quantidades de sementes vem. E se percebe que ela está atacada do tratadas com fungicidas e inseticidas. Antecipando-se ao plantio, essa faixa de iscas seguinte modo: A larva, ao eclodir, desenvolve uma ga- emerge, faz-se pulverizações seqüenciais leria no interior do caule descendente e, com produtos de contato por fumigação na região onde ocorre o ataque, percebe-se para se reduzir a percentagem de adultos. que os ramos ficam curtos, uns sobre os ou- No caso destas duas brocas, recomenda-se tros. Este é o sintoma do ataque desta bro- destruir o plantio de isca, porque alguma coisa escapou, algumas larca , diz. Depois, essa larva cai ao solo, empupa vas podem estar na raiz Ataque no (caso da broca-da-raiz), ou e volta. Então, o que se O tratamento de Paraná no caule (no caso da broconhece dessa praga é sementes e Agora tem uma outra broca, chamada que a primeira, a segunca-do-ponteiro). granulados de de broca-do-ponteiro (Conotrachellus deni- da e até a terceira geraMas é mais interessansolo tem eficiência eri), também um coleóptero, atacando o ção se desenvolve no te destruir, porque são pepróxima a 50% algodão no Paraná. O adulto, um besouri- caule e no ramo. Já a quenas faixas, do que connho, com comportamento também mais ou quarta e quinta geratinuar com esses plantios de menos similar à broca da raiz, fica nas áreas ções ocorrem nas maiscas, recomenda. Porém, de refúgio, do mesmo jeito. Este besouro é çãs, e o grande prejuízo, além de praga e de de qualquer jeito, pulverizações em bordamais ou menos ocre ou amarronzado com redução de estandes, é que haverá praga duras são importantes para conter as prauma mancha branca no dorso, e tem 4 mi- de maçãs depois. E é complicado fazer o gas, porque as duas são pragas invasoras: límetros de comprimento. Os ovos são co- controle desse inseto, porque ele ataca pre- elas penetram de fora para dentro. Desta locados no ponteiro da haste, ou seja, na ferencialmente as maçãs debaixo - as pri- forma, fazendo esse controle é possível a gema apical da planta. Quando a planta está meiras maçãs que, em muitas variedades, convivência. A tendência destas duas brosão as de maior peso. cas, conforme o algodão vai se estabelecenAtaca pela base e destrói do no Brasil, é de elas acontecerem, pois já a maçã. Enfim, o contro- estão bem disseminadas no País. Num fule é muito difícil , reite- turo, e com bastante probabilidade, estarão também em algumas áreas novas de ra. O tratamento da bro- cerrado. ca-do-ponteiro é semePragas lhante ao da broca-daocasionais raiz, em que se trata das Algumas pragas consideradas ocasiosementes e coloca granulado de solo. Só que a efi- nais e que podem ocorrer, são os perceveciência do tratamento de jos. Existem duas espécies de percevejos no sementes com granulado Brasil que ocorrem principalmente em sode solo para esta broca é los mais leves, em solos de reformas de pasinferior à broca-da-raiz. tagens e nas áreas tradicionais de solos de Assim, a complementa- pastagens. No cerrado, de um modo geral, ção com pulverizações pode ocorrer pontualmente. Isso vai depenadicionais é mais impor- der das condições climáticas: o que acontante. A destruição de teceu na safra, na entressafra, com mais soqueiras também é im- chuva ou menos chuva, com período maiportantíssima e é a base or de estiagem, menor estiagem. E depense ter sucesso no contro- de muito, de temperatura: umidade, regile deste inseto , destaca. me climático e pluviométrico de um modo amplo. A mais comum das duas espécies é chamada de Scaptocore castaneae, e a mePlantio nos comum, que ocorre mais nas regiões do de isca Uma das operações Mato Grosso, que é a Tarsocore brachiaiae. mais interessantes e im- As duas são hemípteras. Na questão dos percevejos, produtores portantes para o controle destas duas brocas em e técnicos têm de estar atentos sobre o hisáreas tradicionais, é a co- tórico, pois são polífagos: ocorrem em pasnhecida por plantio de tagem, em soja, em milho e em muitas ouisca . Que é o plantio an- tras plantas, inclusive em ervas daninhas e Os defensivos usados devem preservar os inimigos naturais tecipado - faixas ao redor invasoras. Conhecendo o histórico da área, Cultivar

de controle apontadas por Walter Jorge são os tratamentos de sementes, ou granulados no solo, e pulverizações adicionais nos primeiros 20-30 dias, com produtos de ação de contato. O tratamento de sementes e granulados de solo tem eficiência próxima a 50%, e precisa ser complementado com pulverizações adicionais com produtos de contato. É para a broca da raiz, uma praga bem antiga em regiões tradicionais do País.


Fotos Cultivar

Walter Jorge fala sobre as medidas necessárias para evitar as pragas da raiz Observe-se o dano da broca-da-raiz

Percevejo castanho continua preocupando

do talhão onde o algodão vai ser plantado, o produtor e o técnico devem ficar atentos e observarem. Uma das coisas interessantes do percevejo, é que quando começam e permanecem - as primeiras chuvas da primavera e o solo começa a adquirir o ponto de equilíbrio de umidade, esses percevejos afloram, vêm para a superfície do solo. E surgem as revoadas de dispersão para todas as áreas. Uma das coisas que chamam a atenção é o odor característico destes percevejos. Assim, é possível identificar se aquele talhão, ou se talhões próximos, tenham esses percevejos, porque na entressafra eles ficam mais nas camadas mais inferiores do solo, podendo ser encontrados a até um metro e meio ou dois metros de profundidade. Mas, de uma maneira geral, eles ficam a uns 60 centímetros de profundidade.

Observar as revoadas Conforme as chuvas venham ocorrendo, eles vão aflorando, e grande parte estaria nos primeiros 20 centímetros. Recomenda-se observar estas revoadas e também fazer amostragem nos talhões que serão semeados, através de escavações, usando possivelmente uma escavadeira de mola, e fazendo escavações de até 50 centímetros de profundidade. Como se trata de um problema ocasional, nunca há certeza se vai ocorrer ou não. Sendo assim, estas escavações vão identificar se tem percevejos e em qual altura eles estão, pois conforme a umidade vai crescendo no solo e vai saturando-o, os percevejos vêm para a superfície. É este o comportamento. Ao se alimentarem, os percevejos acumulam reservas nutricionais que os suprem de umidade. Eles se alimentam de raízes, sugando-as. Antecedendo-se dois, três ou quatro dias à semeadura, deve-se fazer nas regiões de suspeitas escavações bem distribuídas na área, que vão identificar a praga, pela presença das ninfas ou do adulto do percevejo. A identificação ocorre, igualmente, pelo odor , ensina. Se por um acaso a equipe encontrar o percevejo no solo, um pouco antes do plantio, ou espera um pouco, ou revolve estas camadas superficiais do solo através de operações mecânicas, porque no controle quí-

mico ainda há dúvidas: ele ainda não tem uma freqüência de ação de controle efetiva. Às vezes funciona; em outras, não. Assim fica difícil recomendá-lo. Ressaltese, é claro, que o inseticida dá uma garantia maior, mas fica complicado, porque às vezes tem uma boa performance; em outras, isso não ocorre . Mas, de qualquer forma, por segurança, nas áreas que tenham o histórico com a presença, é interessante usar alguns granulados de solo conhecidos no mercado, e alguns produtos de pulverização também conhecidos no mercado. Sabe-se também, que em áreas suspeitas ou que tenham a presença de percevejos, o reforço na dose de nitrogênio na adubação de base na semeadura favorece ao escape, formando um número maior de raízes. Então, a planta tem condições de suportar o ataque, alimentando o percevejo e, ao mesmo tempo, crescer e escapar, porque este problema do percevejo no algodão é a redução de estandes no começo. Depois que a planta desenvolve bem as raízes e explora bem o adubo que foi colocado no solo, se desenvolve e produz, às vezes normalmente, em áreas atacadas por percevejos. O principal é garantir o estande inicial, que é básico , indica. Assim, no mínimo já se tem sete plantas por metro linear para se obter uma produtividade econômica nas áreas de algodão, principalmente no cerrado, explica.


Algodão

doenças

Brotos demais

Ramulose do algodoeiro causa excesso de brotação e pode comprometer a produtividade da cultura

A

ramulose constitui-se em uma das mais importantes doenças do algodoeiro no Brasil. Sob níveis elevados de severidade pode ocasionar perdas em cultivares suscetíveis acima de 70% na produção. É causada pelo fungo Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides, tendo sido identificada inicialmente no Estado de São Paulo na safra 1935/36. Recentemente tem sido constatada nas diferentes regiões produtoras de algodão do cerrado, onde as condições são amplamente favoráveis ao seu desenvolvimento, induzindo à adoção de medidas visando reduzir sua intensidade. Os sintomas iniciais caracterizamse pelo surgimento de pequenas manchas necróticas nas folhas mais jovens, com diâmetro, em geral, não superior a 2 mm, apresentando reentrâncias que lembram o formato de uma estrela, cujo centro se torna quebradiço e causam deformação do limbo. Quando localizadas nas nervuras ou no pecíolo apresentam, em geral, formato alongado e deprimido. Seu maior dano está associado à quebra de dominância apical ocasionada pela necrose do meristema, que estimula o desenvolvimento de brotos laterais, que induzem a formação de ramos extranumerários, provocando o superbrotamento ou envassouramento da planta no terço superior. Como consequência o fenômeno ocasiona en-


Fotos Alderi Araújo

A Ramulose é um dos principais problemas no cultivo do algodão; deve ser monitorada

curtamento de internódios e redução drástica do porte da planta. Em função do desvio de seiva elaborada para o desenvolvimento vegetativo anormal, verifica-se acentuada queda na produção. Condições favoráveis A ramulose apresenta-se mais severa quando afeta plantas mais jovens, com menos de 60 dias, uma vez que as gemas terminais dos ramos extranumerários, surgidos a partir da quebra de dominância apical, podem sofrer novas infecções que estimulam o surgimento de novas gemas, acentuando o superbrotamento. Alta pluviosidade e umidade relativa acima de 80%, temperaturas entre 25 e 300C e alta fertilidade do solo, favorecem o desenvolvimento da doença. Temperaturas abaixo de 18 e acima de 360C são desfavoráveis. Quando a doença afeta plantios completamente desenvolvidos, as plantas podem apresentar sintomas na região do ponteiro, sem induzir prejuízos expressivos à frutificação, sendo normalmente denominada de ramulose tardia O fungo produz esporos, denominados de conídios em conidióforos,

estruturas que os suportam e são envoltos em uma substância gelatinosa, como também podem ser produzidos em setas férteis. Os respingos de chuva disseminam os esporos envoltos na substância gelatinosa a curtas distâncias, enquanto o vento se encarrega de disseminar os esporos produzidos sobre as setas, a distâncias maiores. Esta substância, sob condições desfavoráveis de ambiente sofre dessecamento, porém a maioria dos esporos nela contidos permanecem viáveis, constituindo-se este num dos mecanismos de sobrevivência do patógeno. Os esporos voltam a se disseminar a partir da dissolução da substância ao contato com respingos de chuva e orvalho, sendo conduzidos aos sítios de infecção. O fungo sobrevive, ainda, de um ano para outro em restos de cultura no solo, na forma de micélio dormente. Transmissão pela semente A principal via de transmissão do patógeno é através da semente. O fungo tanto pode ser transportado na superfície externa das sementes como no interior da amêndoa, numa percentagem que varia de 5 a 9% dependendo da resistência do genótipo. Maior intensidade de contaminação e infecção

das sementes tem sido verificada nos períodos de floração e frutificação e é favorecida por maiores índices pluviométricos e umidade relativa elevada. Não tem sido verificada correlação entre o grau de severidade da ramulose e a percentagem de sementes infectadas pelo patógeno. Neste caso não se pode considerar a intensidade da doença como um indicativo da qualidade das sementes colhidas no campo de produção. Estudos têm demonstrado que a incidência do fungo nas sementes é maior quando a doença ocorre em plantas com maçãs já formadas. Portanto é de grande importância a realização de inspeções fitossanitárias em campos de produção de sementes e erradicação de plantas doentes no período entre o início da formação das maçãs até o seu completo desenvolvimento. Alguns estudos já demonstraram que amostras de sementes coletadas a uma distância de até 9 metros de uma fonte de inóculo, ou seja, de uma planta doente, apresentaram infecção acima dos níveis de tolerância recomendado. Manejo da doença O controle da ramulose deve ser feito, principalmente, através do uso de cultivares resistentes. Algumas cultivares recomendadas para diferentes regiões produtoras apresentam resistência à ramulose tais como BRS Antares, BRS ITA 96, CS 50, Sicala 34, BRS Facual, CNPA ITA 97, BRS 197, BRS 198 e BRS 199. Medidas preventivas como a inspeção permanente do plantio visando identificar focos da doença e o uso de sementes sadias, devem ser adotadas; a rotação de culturas é uma medida importante para a redução do nível de inóculo, sobretudo em áreas onde a doença já ocorreu; o controle químico deve ser usado sempre de forma preventiva, após a identificação dos primeiros sintomas devendo-se, mesmo nestes casos, evitar o uso de cultivares muito suscetíveis pois estas exigem um número maior de pulverizações aumentando os custos da lavoura. Alderi Emídio de Araújo, Embrapa Algodão


algodão

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O caminho para a exportação

o início dos anos 70 o governo federal dizia que exportar é o que importa . Quase duas décadas depois, agora fomentada pela cadeia produtiva do algodão, a meta é a mesma. Mas, segundo o presidente da AMPA (Associação dos Produtores de Algodão de Mato Grosso), Adilton Sachetti, ainda há obstáculos a vencer antes que a exportação se torne uma realidade no país. Justificando sua posição, Adilton mostra a falta de estrutura interna, resultado das más condições de transporte para o escoamento da safra e do alto valor do frete. Além, é claro, dos impostos. Entre os custos do produtor os tributos chegam a representar 34%. Tudo isso nos preocupa. Pois qualquer desvio é sinônimo de prejuízos , destaca. A solução está na redução de custos. Que decorrerá, entre outros fatores, da utilização de novas tecnologias. Tal como novos métodos de plantio e a utilização de novas máquinas. Porém, isso só vai acontecer ao longo dos anos , comentou. Sobre a comercialização, Sachetti diz que o produtor não dispõe de mecanismos para comercializar seus produtos. O problema, acredita, é a falta de agentes no comércio de algodão. E isso é um desajuste que necessita de correção . Como solução cita a chegada de traders ao mercado interno. Além deste item, diz que a exportação também poderia balizar o mercado. E, definindo a venda para o exterior como certeza de liquidez ágil e rápida, prevê que, mesmo vendendo mais barato, haverá um excedente que reverterá o atual quadro. E a exportação está aí . Sua empresa já está vendendo. Temos seiscentas toneladas já contratadas na próxima safra . A antiga má qualidade do algodão brasileiro, para Sachetti, não passa de uma referência ultrapassada. Hoje te-

mos um produto de excelente qualidade , diz com ênfase. Ele se refere à média de qualidade no estado de Mato Grosso, onde predomina o tipo cinco e meio. E chegando a comparar esta qualidade com a dos produtos da Austrália, África e Estados Unidos, ele reafirma que a qualidade do algodão brasileiro é inquestionável. Benefício social Enfocando a questão social, Sachetti sugere a previsão de uma reserva técnica - decorrente da redução de custos - para que o benefício da cotonicultura se estenda à todas as pessoas ligadas à cadeia têxtil. Não adianta os produtores terem uma boa renda e as pessoas que trabalham conosco não. Precisamos levantar o salário do povo , ressalta. O resultado será a melhor qualidade de vida, qualificação de mão de obra e uma maior integração com o trabalho realizado. Seria um custo que retornaria em benefícios para o próprio produtor e para a sociedade. Sachetti critica o ecologismo de fachada de pessoas que vivem na Europa, em salas climatizadas, que não sabem como plantar uma árvore, e que insistem em opinar sobre a questão ambiental brasileira. Ele é categórico ao dizer que o produtor está ciente de que tira seu sustento do meio ambiente e que, consequentemente, não vai querer perder o próprio negócio. Pessoas que estão fora da realidade nacional, afirma, e que nada têm a ver com a questão não podem ditar as regras. Lembra que recentemente visitou outros países produtores de algo-

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Nossa Capa

Para Sachetti, deve-se procurar novos mercados

dão, e chegou a fotografar absurdos. Para mostrar aqui de que forma nós conduzimos as coisas no Brasil e de que forma eles conduzem lá . No tocante às embalagens usadas de agroquímicos, por exemplo, Sachetti diz que no Brasil já se encontrou uma solução simples e eficaz. Enquanto que nos países visitados encontrou restos jogados no meio da lavoura, ou em qualquer lugar na oficina. E ainda viu a reutilização do material. E ninguém reclama , ao contrário do Brasil, onde há punições para tais práticas. Sachetti afirma, ainda, que as questões sociais e ambientais estão diretamente ligadas. As pessoas que estão no meio devem ter o discernimento daquilo que estão fazendo . Quanto ao meio ambiente ele também fala que deve ocorrer uma prévia educação. E não punição. Precisamos trabalhar a conscientização. Este é o caminho , concluiu. GR

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Algodão

Nisto, o produtor brasileiro não tem custo. Esta é uma das grandes vantagens , destaca o diretor de Pesquisa da D&PL. Outra vantagem que o Brasil tem é a solaridade em muitas áreas do País, principalmente na Bahia. A terceira vantagem, aponta, é o excelente clima de colheita, que permite ao algodão ficar no campo por muito tempo, dispensando o uso de muitas colheitadeiras. As vantagens ambientais do Brasil compensam para os produtores os subsídios que não recebem. O que o país precisa, na sua opinião, é desenvolver um sistema de mercado nacional e internacional para que possa vender a fibra não consumida no mercado interno e, ordenada e sustentadamente, crescer em superfície na medida em que o mercado se expanda. Eu acredito que o futuro brasileiro será excelente , aposta Landivar.

Subsídio natural O

Brasil não subsidia sua agricultura, como ocorre em outros países, principalmente nos europeus. O subsídio, aqui, é dado pela própria natureza, com o clima e a quantidade de água suficientes para um bom desenvolvimento do setor, principalmente do algodão. A opinião é do diretor de Pesquisa da Delta Pine, Juan A. Landivar, que, com a Maeda e a Monsanto, formam a MDM- Algodão, fornecedora da cultivar de algodão DeltaOpal, plantada em cerca de 120 mil a 140 mil hectares no Brasil. Isto representa 25% da área algodoeira na safra 1999/2000. No próximo ano, a projeção de vendas é de 150 mil sacas de sementes, algo para 300 mil hectares, diz. A produção norte-americana de algodão - subvencionada - é muito estável, assegurando lucro ao produtor, que sempre volta na próxima safra, sem prejuízos, e mantém uma área plantada estável. Lá o custo de produção varia por região. No Texas o custo é de US$ 1.000/ha. Porém o lucro está entre US$ 100,00 e US$ 150,00, o que dá um custo por libra de pluma de US$ 0,55, muito alto para o preço atual da pluma em âmbito internacional , comenta Landivar. Já a Austrália tem os custos mais altos do que os dois países porque as lavouras são irrigadas, chegando a US$ 1.400,00 e US$ 1.600,00, mas a lucratividade fica entre US$ 300,00 e US$ 350,00 ou US$ 0,45 e US$ 0,50 por libra. A grande vantagem da Austrália é

a qualidade de sua pluma, bem conceituada no mercado. Como o consumo é baixo e dos dois milhões de ha plantados, a alta qualidade do produto o torna competitivo no mercado mundial, mesmo com o elevado custo de produção. O Brasil, por sua vez, tem custo semelhante ao dos EUA e produtividade como a da Austrália, além de dispor de potencial para produzir pluma

com a melhor qualidade. Por isso está em situação privilegiada para desenvolver uma indústria algodoeira muito forte, mesmo sem subsídios. No entanto, falamos que os subsídios aqui vêm da natureza. O Mato Grosso e região dos Cerrados recebem chuvas com freqüências adequadas. Em outros países, os produtores pagariam entre US$ 200,00 a US$ 400,00 por esta água, se tivessem de comprá-la.

Nós identificamos quatro áreas em que nosso produto pode ser muito útil para a indústria algodoeira brasileira , diz Landivar. A primeira é a obtenção de uniformidade nos campos, o que se consegue, principalmente, com sementes de boa qualidade em termos de vigor e pureza genética, significando que a semente que o fazendeiro compra seja pura, sem misturas, e não tenha contaminantes de outras variedades envolvidas com plantas fora de

maneira é obter resistência a viroses, dispensando controlar os pulgões como vetores e, sim, como pragas, devido aos danos que eles causam. Assim se pode reduzir custos em torno de US$ 150,00 a US$ 200,00 por hectare. Isso é muito importante porque os preços no Brasil estão muito próximos do ponto de equilíbrio. Para o produtor brasileiro, especialmente na época de colheita, os custos de produção estão acima do preço da pluma ou

Áreas mais caras Landivar destaca que o principal objetivo da MDM é a produção de sementes de alta qualidade em termos de vigor e de sanidade, livres de doenLandivar, em meio ao DeltaOpal, explica as vantagens da nova cultivar ças. A maior parte da produção vem da Bahia, Minas e Gioiás, áreas onde iguais. O ideal seria produzir algodão as doenças não têm muita prevalên- padrão. Depois buscamos reduzir riscos de a um custo bastante econômico neste cia, como ocorre no Mato Grosso, por exemplo. Nosso objetivo, diz, é dimi- produção, destaca. No Brasil, eles são ambiente, de US$ 0,40 por libra. O nuir o risco de produzir sementes con- causados principalmente por doenças. custo atual para o produtor brasileiro taminadas, mesmo que para isso pre- Em 1994 o País sofreu uma crise mui- é de US$ 0,50. to forte de avermelhaÉ preciso, pelo menos, desenvolver cisemos arcar com a do . Em 1997, a crise um sistema com possibilidades de prodespesa de produzir foi de doença azul, e a duzir a US$ 0,40, o que é muito imem áreas mais caras. A É importante produtividade foi mui- portante, porque com US$ 0,40 de proMDM tem como meta manter uma to baixa, com 80 ou dução o fazendeiro teria lucro em peapoiar a indústria braindústria forte 100 arrobas. Então, ríodos em que o preço do algodão dissileira, desenvolvendo de apoio ao fornecer variedades de para . Isso, acrescenta, será importanum sistema sustentável produtor algodão resistentes a te quando o Brasil incrementar sua de produção. Ele tem doenças é uma manei- produção e abastecer o mercado interde ser capaz de fornera de apoiar o produ- no. Atingida esta meta, a única maneicer as quantidades necessárias de plumas e de fibras de boa tor , explica. E a variedade DeltaOpal ra de manter o crescimento é exportar qualidade para o mercado nacional e é um passo nessa direção. É resistente fibras e tecidos ou incrementar o coninternacional. É importante dar ênfa- a viroses, a bacterioses e altamente to- sumo interno de tecidos. E o quarto fator de muita importânse à palavra sustentável , ou seja, lerante a ramuloses e a nematóides. A sustentável do ponto de vista de lu- variedade ainda é suscetível a doen- cia para o produtor brasileiro aumencro, do ponto de vista de conservação ças da folha, porém, por meio da in- tar seus lucros é a qualidade da pludo solo, manejo de doenças e de inse- trodução de novas variedades, no fu- ma. Para poder conquistar os mercaturo, será possível contornar o proble- dos internacionais, temos de ter uma tos. pluma de boa qualidade, para sermos A sustentabilidade é importante ma. A terceira forma de apoiar o agri- competitivos nestes mercados , ensiporque ajuda muito a manter uma indústria de apoio ao produtor, saudá- cultor é a redução de custos, com o na. A variedade DeltaOpal e as novas vel e capaz de fornecer bons serviços. fornecimento de sementes de alta qua- variedades que chegam, diz, têm as A MDM hoje quer produzir sementes lidade para ter uniformidade e melhor características exigidas pelos mercados que tornem o produtor competitivo. eficiência no uso dos insumos. Outra internacionais.

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cultivo



Algodão

A fibra da Bahia

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Algodão baiano impressiona pela qualidade e alta produtividade; mais uma barreira foi vencida

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m Dia de Campo foi mostrado o cultivo do algodão herbáceo irrigado via pivô central, com o patrocínio da Semente Bem Bom, Embrapa Algodão e da SEAGRI/EBDA, com o apoio da Aventis, de Adubos Multi, da FMC, da Novartis e da MDM. A Fazenda Bem Bom tem as seguintes coordenadas geográficas S 13º - 10 45 , W 043º - 45 07 sendo cortada pelo rio Correntes, afluente do Rio São Francisco, possuidor de água de excelente qualidade, do tipo C1S1, sem nenhuma restrição para uso na irrigação. Na fazenda foram cultivadas as cultivares Delta Opal da MDM e a CNPA 7H oriunda da Embrapa Algodão, e o dia

de campo contou com a presença de mais de 600 pessoas que em grupo de 50 a 100 visitaram os campos (áreas de 100ha, irrigadas como pivô central) e tiveram a oportunidade de fazer perguntas e debater com os pesquisadores presentes da Embrapa Algodão, EBDA e MDM. Na região polarizada por Bom Jesus da Lapa, alguns produtores estão cultivando o algodoeiro herbáceo irrigado com pleno sucesso, como é o caso do grupo Bem Bom, que nesta safra plantou 19 áreas de 100ha cada uma delas, com irrigação via aspersão, pivô central. Na área onde foi realizado o dia de campo, com a cultivar Delta

Opal, de origem australiana, possuidora de elevado rendimento de fibra, superior a 40% a nível industrial, e com dossiê eficiente devido ao reduzido tamanho das folhas e orientação das mesmas, que permite melhor distribuição da luz, a produtividade obtida foi elevadíssima , cerca de 363@/ha equivalente a 5.445kg/ha de algodão em caroço ou 2,225kg fibra/ha e com custo de produção de US$ 1.100,00 incluindo a depreciação do equipamento de irrigação (pivô central). Os itens do custo da produção de maiores valores foram fertilizantes (US$ 237.00/ha), inseticidas (US$ 303.00/ha), colheita mecânica (US$ 97.30/ha) e as pulveri-

zações aéreas (US$ 64.86/ha). Foi observada uma média de 84 frutos por metro (117 frutos/m2) que eqüivale a 1.170.000 frutos/ha, com peso médio de 4,6g, população de plantas de aproximadamente 130.000 pl/ha, com espaçamento de 0,76m entre as fileiras com 8 a 10 plantas por metro de fileira. O algodão é de excelente qualidade global, devendo alcançar tipo 5. A produtividade obtida a nível de grandes áreas é recorde mundial, superior ao país classificado em primeiro lugar no mundo em rendimento, Israel, que de acordo com o ICAC (International Cotton Advisory Committee, 2000) na safra 1999/2000 foi de 1569kg fibra/ha e a previsão para a safra 2000/2001 é de 1751kg fibra/ha, com um custo de produção cerca de 3,5 vezes maior. Dos mais de 60 países produtores de algodão apenas seis produzem mais de 1000kg fibra/ha (Israel, Síria, Turquia, Austrália, China e Espanha) com custo de produção bem superior ao verificado no Brasil, Estado da Bahia. Estima-se que na região de Bom Jesus da Lapa foram plantados cerca de 5.000ha com algodão herbáceo irrigado de elevada produtividade e qualidade de fibra, pois o clima seco permite a obtenção de uma fibra de qualidade superior. O sistema de produção envolve o uso da água para irrigação, média de 7mm (7 litros/m2 de solo) por dia de turno de uso de herbicidas de pré-plantio incorporado (Trifluralina) e pré-emergência (Diuron), manejo integrado de pragas, com base na determinação dos níveis de dano e uso de produtos seletivos, adubação química com macronutrientes e micronutrientes em especial cobre, zinco e boro, utilização de regulador de crescimento, pix, e colheita mecânica, com máquinas do tipo de fusos. A adubação NPK foi fracionada, inclusive o fósforo, utilizado via pivô na forma de MAP na dosagem de 160 kg/ha, além da fundação, e o cálcio, parte da dosagem foi aplicada via sulfato de cálcio (gesso) em fertirrigação. Observa-se assim que o algodão irrigado é uma boa opção para o Nordeste, onde haja condições satisfatórias de solo e de água (quantidade e qualidade). No Brasil, neste ano, a área plantada foi de acordo com a CONAB de 805.600ha com produção total de

1.144.100t de algodão em caroço (estimada) e produtividade de 2.296 kg/ ha de algodão em caroço, equivalente a 647,5 kg fibra/ha, superior a média mundial que é de 591 kg fibra/ha, sendo que o nosso consumo é de 850.000 t pluma, o que acarretará a compra (importação) de cerca de 270.000 t pluma, que no futuro próximo poderão ser produzidos aqui mesmo, evitando evasão de divisas. Temos ainda a maior produtividade de sequeiro do mundo que é no Mato Grosso, que na safra atual tem-se rendimento médio, em mais

de 268.000 ha, de 3.200 kg/ha de algodão em caroço, equivalente a mais de 1.100 kg fibra/ha, mais de 268.000ha, de 3.200 kg/ha de algodão em caroço, equivalente a mais de 1.100 kg fibra/ ha. Napoleão E. de M. Beltrão, CNPA Luiz Carlos F. de Souza, Sementes Bem Bom Vanderlã Guedes Ribeiro, Consultor Osório Lima Vasconcelos, EBDA

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resultados

Cultivar de algodão destaca-se em dia de campo MDM - Maeda Deltapine Monsanto Algodão apresentou, em dia de campo na Fazenda Bem Bom, em Bom Jesus da Lapa, Bahia, o altíssimo índice de produtividade da cultivar DeltaOPAL, desenvolvida pela empresa e que vem batendo recordes, chegando a 363 arrobas por hectare na propriedade de Luiz Carlos de Souza. A Bem Bom Agricultura Irrigada possui uma área plantada de 2 mil hectares de algodão e é uma das pioneiras da região do Médio São Francisco a cultivar o algodão irrigado e a atuar como multiplicadora da cultivar DeltaOPAL na Bahia. Participaram do evento o secretário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia, Pedro Barbosa de Deus; e o presidente da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Hermínio Maia Rocha, o diretor de D & PL/International Latin América, Juan A. Landivar, além de agricultores e outros convidados. Segundo o gerente geral da MDM, Décio Bondioli, os índices de produtividade alcançados na Fazenda Bem Bom superam a média nacional e provam que, ao utilizar uma cultivar como a DeltaOPAL, o Brasil pode voltar a ser um grande exportador de algodão, deixando de importar 25% do volume necessário para o atendimento da atual demanda nacional.


Algodão

Informe técnico

sementes

algodão

Cuidado com a crioula

Fotos Cultivar

Cultivar

Separar a própria semente de algodão para utilizá-la no plantio deixa o produtor vulnerável a uma série de riscos

Chiminácio, Delano e Elói Brunetta trabalharam pela distinção

O

alerta parte do pesquisador da Fundação Mato Grosso, Paulo Watanabe. A utilização de tal semente - denominada crioula, ou salva - pode acarretar prejuízos que vão do plantio à colheita. O pesquisador ressalta que, como um veículo transportador de fungos e patógenos, a semente crioula poderá resultar em sérias conseqüências. Entre elas, o aumento na aplicação de defensivos, ou seja, aumento no custo da produção. O produtor que utiliza a crioula, segundo Paulo, pode não estar habituado aos testes dos produtores de sementes. Logo, está fugindo ao controle de qualidade. Temos que verificar os danos mecânicos que a semente está sofrendo e a quantidade de fungos ou bactérias que pode estar transportando , destacou. No sistema de produção do algodão, segundo Watanabe, as sementes representam o insumo de menor custo, correspondendo, em média, de 2 a 3 por cento do custo total da lavoura. E usando a semente certa o produtor tem acesso à tecnologia genética, uma garantia de qualidade. Em Mato Grosso, o índice de utilização é baixo. Sendo que os maiores adeptos são aqueles que trabalham com a agricultura familiar. Todavia, o fato está sendo acompanhado pelo governo do estado, que tenta corrigir tal prática através de programas de incentivo. Usando a semente salva o produtor pode contabilizar prejuízos que variam entre 1 e 100%. A crioula pode comprometer seriamente todo o inves-

Gerardo Copello, da FMC, patrocinou o processo de certificação

Algodão de primeira Watanabe diz que se deve ter muito cuidado ao optar pelo uso da semente criola

timento feito na lavoura. Mas também pode não ocasionar nenhum dano. Ela é uma verdadeira loteria , enfatizou o pesquisador. O sojicultor Ivo Paulo Braun, produtor no município de Primavera do Leste (230 km de Cuiabá) - MT, conta que já chegou a plantar cerca de 200 hectares da crioula. E, tendo utilizado-a inúmeras vezes, ele afirma que um dos pontos negativos é a correria no momento do plantio. Se não plantarmos no momento correto início da segunda quinzena de outubro corremos o risco de não obter uma boa produtividade, que para nós é o que interessa , ressaltou. Para quem se arrisca a plantar a crioula Ivo Braun previne: com a experiência que possuo

posso alertar que o risco de fungos é muito grande. A atenção deve ser dobrada quando se cultiva a crioula, pois se a doença propagar... Outro conhecedor dos riscos da semente salva de algodão é Cirineu Aguiar também produtor em Primavera do Leste. Ele atenta para o fato de que tal semente não passa pela devida análise. Usando a crioula não é possível verificar a quantidade de fungos que ela transporta antes de fazer o deslintamento , ressaltou. Logo, ele destaca que todo o procedimento que assegure a qualidade da semente deve ser feito. Caso contrário, o prejuízo, conseqüentemente, poderá ser o resultado obtido pelo produtor. Vale a pena arriscar? GR

A

Unicotton, de Primavera do Les te, MT, é a única algodoeira do mundo detentora do certificado de qualidade ISO 9002. A distinção lhe garante posição privilegiada para a comercialização de produtos, tanto no mercado interno quanto no externo. O processo de certificação teve o patrocínio da FMC do Brasil, que organizou a cerimônia de entrega do título, em evento naquela cidade. O presidente da Unicotton, Eloi Bruneta, destacou que a conquista do certificado representa um marco muito importante, pois os cooperados já criaram uma nova mentalidade administrativa após a implantação. Tendo repercutido nacional e internacionalmente, o certificado projetou a Unicotton nos dois âmbitos. Estando preparada para o exigente padrão internacional, a cooperativa consolida sua posição para conquistar os verdadeiros desafios deste mercado competitivo. O diretor presidente da FMC, Gerardo Copello, na cerimônia de outorga da distinção destacou a busca do Brasil pela auto-suficiência na produção de algodão e a necessidade de con-

correr no mercado externo , o que consolida a posição do cotonicultor brasileiro, que passa a ter a garantia de preços internacionais. O valor do algodão no mercado externo, atualmente, não é muito expressivo. Todavia, está tem parâmetros acima do mercado interno, tendo em vista os altos custos do Brasil, tanto para o financiamento de estoques na indústria quanto para transporte. E para alcançar o mercado internacional o produto nacional necessitava de uma diferenciação. Para atingir os países compradores vários procedimentos devem ser cumpridos. Seguindo a tradição, o mercado externo não deixará, por exemplo, de comprar algodão do Egito - de onde já é cliente há anos -, para adquirir um produto que se apresenta uma única vez com um preço um pouco mais convidativo. O exigente cliente internacional quer adquirir seu produto com garantia de qualidade e de freqüência na entrega. Estes dois itens são primordiais. Mas a diferenciação foi conquistada com a Unicotton ostentando a única certificação ISO entre as algodoeiras.

Dessa forma, a cooperativa passa a figurar com vantagem na comercialização de seu produto no exterior. E, mesmo expandindo sua atuação, de acordo com seu presidente, não deixará de ofertar seu produto no mercado interno. Contudo, este ainda é o primeiro passo. Para que ocorra a integração com o mercado internacional há grandes lições a aprender e grandes projetos a consolidar. A elaboração do Sistema da Gestão de Qualidade deu à Unicotton, e a cada um dos seus cooperados, ferramentas que possibilitaram a melhoria dos seus processos de negócios desde a produção nas usinas de beneficiamento do algodão, até em seus procedimentos administrativos. A Unicotton é a primeira cooperativa do Brasil a possuir um certificado que abrange os sistemas de qualidade dos seus cooperados, garante Sérgio Assis, diretor da CAN - Consultoria de Organização, que implantou o projeto na Unicotton, pois o certificado do Sistema da Gestão da Qualidade representa uma projeção internacional, reconhecido mundialmente. Para as usinas que fazem parte da cooperativa a melhora foi significativa e visível. A produtividade aumentou 20%, diminuiu o número de acidentes de trabalho e houve uma total padronização do sistema , garante o responsável pelo processo da ISO 9002 da Usina Cotton Águia, Edemar Miguel dos Santos. Para Severino Massayoshi Oshiro, gerente operacional da Unicotton, a ISO 9002 acabou trazendo uma união entre as dez usinas que até então eram concorrentes. Nosso algodão melhorou muito. Estamos classificados como tipo 5,5. Isso significa que nossa qualidade para exportação é excelente .


Mep

monitoramento Fotos Gravena

ricos dos sistemas de MEP.

Hora certa para agir Com o monitoramento das pragas por amostragens visuais ou captura por armadilhas são obtidos dados armazenados manualmente em fichas ou digitados em coletores ou computadores. Baseado nestes dados de contagem de insetos ou ácaros nocivos e benéficos, o manejador de pragas pode tomar as decisões mais corretas ecológica e economicamente para evitar os danos causados aos cultivos agrícolas em geral. O propósito do presente artigo é auxiliar a compreensão do leitor do que significa tomada de decisão em MEP a partir das amostragens das pragas e inimigos naturais.

A

prática de MEP nos cultivos agrícolas significa, em última instância, a arte de tomar decisões. As decisões embasam-se, na maior parte, na leitura de fichas de campo, elaboradas por um Pragueiro , Monitor ou Amostrador de Pragas . Ele anota as quantidades de pragas ou sintomas encontradas no caminhamento entre as plantas do cultivo, em unidades de amostragens pré-determinadas e em áreas padronizadas pré-dimensionadas. Um exemplo é a amostragem do ácaro da falsa ferrugem dos citros em pomar cuja produção se destina ao mercado de frutas frescas: usa-se uma lente que aumenta 10 vezes; em uma só visada no lado da fruta verde de laranja conta-se o número de ácaros em 1 centímetro quadrado, em 3 frutas por árvore, em 20 árvores tomadas ao acaso, caminhamento em zig-zag, num talhão de 2000 plantas(510 ha). A partir dos dados coligidos, o manejador de pragas (profissional que decidirá a ação) verificará se a praga está em um nível de infestação que justifique a ação. Este nível é chamado, no MEP, de Nível de Ação. No exemplo, a decisão de ação será quando: 1) 30% de frutas apresentarem 5 ou mais ácaros/cm2 ou 2) 10% de frutas com 20 ou mais ácaros/ cm2. Aparecendo qualquer dos níveis, o manejador tomará a decisão de manejo.

Nível de ação A primeira noção de Nível de Ação veio do Texas (Texas A & M University) em 1984, concebido por Winfield L. Sterling e denominado de Action Level, em inglês. A idéia era substituir o velho conceito de Nível de Controle usado no mundo todo, vindo da Califórnia dos anos 50. Este termo se referia à aplicação exclusiva de inseticidas, daí o motivo pelo qual Sterling apresentou o novo conceito. Nível de ação significaria não apenas o momento de aplicação de inseticidas, mas de qualquer outra ação contra a praga, como um produto biológico tipo Bacillus thuringiensis, Beauveria bassiana, Metarrhizium anisopliae, insetos benéficos criados em laboratórios, poda de partes atacadas etc. O nível de ação, expresso em quantidade ou presença da praga, para cada cultura e para cada espécie de inseto nocivo, no conceito de MEP, deve ter flexibilidade. Não pode ser um número engessado, isto é, sob rígida determinação numérica. Os níveis que aparecem em manuais, folhetos técnicos e os indicados em palestras e cursos, são apenas referências a serem seguidas, mas que podem ser modificadas conforme as circunstâncias ecológicas e econômicas que envolvem as lavouras agrícolas. As condições operacionais e administrativas de uma fazenda contam muito para o estabelecimento de seu próprio nível de ação a partir dos níveis teó-

mento bronzeado sobre a casca sugada. Em seguida foi feito uma classificação segundo o destino da colheita: se para o mercado in natura ou se para a indústria de suco. Na primeira situação foi necessário se estabelecer dois níveis independentes. Assim, o primeiro nível que ocorrer é o momento de agir contra o ácaro. Os dois níveis são: 30% de frutas com 5 ou mais ácaros e 10% de frutas com 20 ou mais ácaros/cm2. Na segunda situação, como a colheita é dirigida para a fábrica de suco, a tolerância pode ser maior, sendo então, 10% de frutas com 30 ou mais ácaros/cm2, o momento da ação.

Como é determinado O nível de ação tem como base fundamental um dos princípios do MEP que é a tolerância natural da planta ao ataque de pragas . A partir da noção dessa tolerância a danos, que nada tem a ver com resistência de plantas a pragas, é que se juntam outros fatores variáveis para se ter um valor final para cada situação. Portanto, estudos para determinação do limite de tolerância de cada praga para cada cultura são os primeiros passos para se estabelecer o Nível de Ação. No caso do nosso exemplo, o ácaro Nível de da falsa ferrugem dos citros, esse limite é 70 não ação ácaros, acumulados durante várias gerações, Uma tomada de decisão para o controle por cm2 de superfície de fruta, examinada de uma praga não deve ser feita somente por intermédio de uma lente de bolso de 10 baseada na sua densidade populacional, mas aumentos. Isso vale para uma fruta de la- considerando também a densidade do iniranja. A partir desse conhecimento é que se migo natural mais importante no local. O termo foi proposto por Winfield Sterling em partirá para a escolha do nível de ação. A escolha do nível de ação com base e a 1984 e se refere ao nível de não ação do inipartir do conhecimento da tolerância da migo natural. Nas fichas de amostragem de campo devem estar conplanta é um processo que envolve muitos fatores. templadas linhas para anoPode-se listar uma gama tação dos inimigos naturais É preciso fazer deles que podem influenchaves em relação às pragas amostragens de chaves amostradas. Com os ciar nessa escolha como pragas antes de dados de ambas, decide-se época do ano (tempo de decidir pulverizar por não pulverizar se a poduração dia-noite), tipo a lavoura pulação do inimigo natural de dano da praga (sugaestiver em alta densidade mento ou mastigação), em relação à praga. parte atacada na planta Para o nosso exemplo, que é o ácaro da (folha, flor, fruto, ramo, caule, raiz), cultura perene ou anual, perda quantitativa ou per- ferrugem dos citros, encontramos na prátida de valor comercial pela aparência, pragas ca que quando este estiver numa densidade envolvidas na transmissão de doenças, con- de até 10% de frutas com 30 ou mais ácaros dições operacionais das fazendas, clima (frio por cm2 e a população de ácaros predadores ou calor), extensão da área plantada, com- estiver alta, pode-se esperar para nova insportamento da praga, tipo de disseminação/ peção sem ter tido que pulverizar. No caso movimentação (própria ou pelo vento) etc. do ácaro da leprose dos citros, se tivermos 2 O nível de ação é um dado que só é pos- ácaros da leprose para cada ácaro predador sível ser indicado após todos os estudos re- e a população do ácaro da leprose estiver em ferentes a bioecologia da praga e fenologia torno de 5% de frutos infestados, a popula(fases do ciclo biológicoco) da planta forem ção não aumenta pelo tempo que os predafeitos. Com tais conhecimentos chega-se à dores permanecerem e não seria necessário determinação da chamada unidade de amos- pulverizar. Na prática tem dado certo tal nítra. Em relação ao ácaro da ferrugem a uni- vel de não ação: 2 leprose/predador em 5% dade de amostra é definida segundo as res- de infestação . O manejo de pragas se capostas das questões tais como: qual fruta se- racteriza como ecológico, entre outros asria examinada? Em que posição na árvore? pectos, com o uso do nível de não ação na Aonde, na fruta, será colocada a lente de arte de tomar decisões. aumento? Tomando mais uma vez o nosso exemAlerta plo: encontrado o limiar de dano na fruta final (70 ácaros/cm2) foi preciso estabelecer qual Para algumas pragas, basta procurar e o nível de segurança pelo qual, agindo-se, contar seu número e o de inimigos naturais evita-se que a população chegue ao limite mais importantes para decidir se há necessiacima. Esse valor passou a ser inicialmente dade de controle. Mas para outras, de maior de 30 ácaros/cm2, para se ter a tal margem risco, não basta isso e outros parâmetros pode segurança antes de ocorrer o mancha- pulacionais têm que ser considerados como

dados do monitoramento de imigração de adultos, amostragens de danos em separado da amostragem de adultos e assim por diante. Em fruticultura, um caso típico de complexidade é a mosca das frutas: consideramos em pêssego, citros e goiaba (como exemplos) a presença de moscas nas armadilhas de imigração, de adultos nas folhas da copa e de frutas com sinais de ataque. Tendo todos esses dados juntos, decide-se mediante análise de vários níveis de ação ao mesmo tempo. Às vezes o nível de um dos métodos é atingido primeiro e a ação é tomada segundo o mais adequado para controle da praga para aquela situação encontrada: adultos entrando na gleba, adultos vistos nas folhas ou frutas já com larvas dentro. Se encontramos só frutas com larvas, a ação é a coleta dos frutos com sinais e destruição; se adultos estão nas armadilhas e tratamento de borda; e se adultos estão nas árvores é uma simples pulverização com o mais efetivo produto existente na maior seletividade possível a inimigos naturais. Com isso estaremos aplicando os conceitos do MEP pelo menos parcialmente, sendo que o restante seria a soltura da vespinha parasita da mosca importada Diachasmimorpha longicaudata e preservação das espécies nativas, como controle biológico, complementando o MEP com técnicas ambientais como coleta de frutos atacados de forma rotineira, quebra-ventos etc. Santin Gravena, Consultor

Gravena recomenda atenção na lavoura


Entrevista

mercado Cultivar

B. Consulting

Mercado de defensivos se especializa em produtos mais seletivos e menos agressivos ao meio ambiente

Um passo à frente P

ara onde estão olhando, hoje, os fabricantes de insumos agrícolas, especialmente os de agroquímicos, quando cada vez mais se acirra a idéia de proteção ambiental, dos produtos geneticamente modificados e até agricultura orgânica, é questão que intriga os pesquisadores. No entanto, não há mistério algum. As indústrias agroquímicas estão trabalhando, de modo geral, no desenvolvimento de produtos cada vez mais específicos, de maior eficiência, menos tóxicos e que causam menos danos ao meio ambiente, segundo Jean Pierre Longueteau, diretor da Bayer para a América Latina. O produtor agrícola, afirma, está se especializando em determinadas culturas e por isso exige produtos químicos de ação definida. Já para as indústrias o desafio atual, na sua opinião, é reduzir ao máximo o prazo de seleção e desenvolvimento de novas moléculas. Há cerca de 30 anos, lembra, de cada 10.000 moléculas pesquisadas obtinha-se uma com aproveitamento comercial. Hoje a relação diminui para uma molécula com vida comercial apenas em cada 50 mil selecionadas. E breve poderá cair o número para uma em cada 100 mil. Isso significa impressionante crescimento no dispêndio de recursos para a pesquisa. De outra parte, levava-se 10 anos para desenvolver essa molécula. Atualmente a tecnologia permite abreviar esse prazo para pouco mais de um ano e a velocidade está aumentando. Logo estarão trabalhando com várias centenas de moléculas por ano. Na me-

dida em que a seleção se torna mais e mais complicada, o ritmo de trabalho se acelera, o que compensa a operação. Longueteau lembra que as leis de patentes em todo o mundo estão se uniformizando e que, considerando-se o prazo médio de 10 anos para desenvolvimento Longueteau fala sobre as próximas ações no mercado de uma molécula, pouco tempo resta para a sua exploração comercial. Por isso é que as empresas estão cada tados positivos alcançados. Porém as empresas têm tradições e uma vez mais empenhadas na redução do temhistória de trabalho que não pode ser despo de desenvolvimento de um maior núconsideradas de uma hora para outra apemero de moléculas, a fim de usufruir das nas para se apoiar uma tendência, diz Lonpatentes por maiores períodos. gueteau. Todas as ações futuras devem levar em conta a filosofia de trabalho que Fusões no orientou a empresa até o momento, mantempo certo O diretor da Bayer também não descar- tendo definida a atuação. Além disso, e principalmente, os resultados financeiros ta a possibilidade de a empresa vir, no futuobtidos permitem que a Bayer aguarde coro, a negociar uma fusão com outra. Pode modamente, de sua posição, o desenrolar ser que aconteça. Mas quando será essa dos negócios e escolha o parceiro certo e o operação e com quem será a parceria é o momento ideal para negociar. Isso porque que se avalia, destaca, lembrando que em na sua opinião as fusões não são soluções um mundo cuja tendência é a concentra- mágicas, decisões que se tomam ao sabor ção de forças empresariais, não se pode per- das tendências, devendo significar o resulmanecer indefinidamente no canto, obser- tado de estudos aprofundados, de acordo vando o processo. De qualquer forma, con- com as características de cada uma, para sidera a Bayer uma espectadora privilegia- produzir alianças duradouras e mutuamenda, tendo em vista a retrospectiva de resul- te vantajosas. NP

BRANDALIZZE consulting COLHEITA

SOJA

Chuvas chegam cedo e indicam boa safra Ao contrário do que ocorreu no ano passado, as chuvas chegaram ao Brasil em agosto e setembro, beneficiado as regiões produtoras, onde se pode preparar o solo em período considerado ideal. Para os produtores do Centro-Oeste a boa notícia é que se poderá ter grande parte da soja no cedo e a conseqüência poderá se dar em cima da safrinha do milho ou sorgo, que deverá entrar na melhor época possível, com grandes chances de sucesso. Para os produtores de arroz o volume de água nas lagoas e também no solo é um dos melhores da década. Estamos fechando a década de 90 com boas condições de umidade e assim se criam expectativas de avanço na safra. Ao contrário do Brasil, no hemisfério norte o clima prejudica as lavouras, com seca e calor nos EUA, enchentes na Ásia e indicativos de queda das temperaturas e geadas em partes da Europa e EUA. Com isso, tudo caminha para termos queda na safra mundial de grãos, dando chances para avanços nas cotações das principais commodities.

Quebra americana garante safra do Brasil Os produtores americanos estão quase colhendo, mas nas últimas semanas a produtividade ficou abaixo das expectativas. Assim, as indicações iniciais de 81,3 milhões de T para os EUA devem ficar menores, com alguns apontando que poderá vir abaixo das 75 milhões e assim dar boas condições de mercado para o produto do Brasil em 2001. Outra boa notícia vem da Ásia, com queda na safra da China, sinalizando para grandes importações no ano que vem. Por aqui estamos na entressafra, com os produtores segurando parte da safra à espera de cotações maiores. Com indicativos que poderemos ter avanços positivos entre outubro e dezembro, mas sem grandes ajustes, lembrando que ainda existe muita soja para ser negociada e poderemos ter sobras para o ano que vem. O plantio desta safra deverá se dar dentro do período ideal e assim com boas chances de crescimento na produtividade.

MILHO

Volta dos compradores em outubro Os produtores tiveram dificuldade para fechar milho em setembro, mas as grandes indústrias devem atuar forte neste mês de outubro, havendo chance para crescimento nos negócios e chances de pequenos avanços nos indicativos. O setor industrial esperava que o governo liberasse as importações dos transgênicos, sem controle e sem rotulagem dos produtos derivados. Como isso não ocorreu, o setor terá que buscar o milho que existe por aqui e se contentar com importações de sorgo da Argentina alguns cargos de milho, que passarão pelo crivo de testes de laboratório e espera nos portos, aumentando os custos finais. O clima neste começo de safra tem sido favorável ao milho e assim o plantio começou cedo e deverá continuar avançando. Tudo indica que a área cresça10% e a produtividade avance, já que as vendas de fertilizantes estão batendo recorde.

ARROZ Mercado calmo e exportações futuras O mercado do arroz passou o mês de setembro calmo, sinalizando estabilidade nos indicativos. Pelo lado dos produtores não há grande expectativa de crescimento dos indicativos e assim notamos crescimento da pressão de venda no balcão das indústrias e cooperativas. Esse aumento de vendas do casca também está desencadeando crescimento das ofertas do beneficiado. Como todo o setor está ligado fica difícil colocar ajustes no sistema. Se um não cresce o outro não avança e assim deveremos continuar andando com poucas alterações. A boa notícia é que estamos tendo avanço na demanda, principalmente de marcas alternativas que têm conseguido colocar arroz de boa qualidade com preços baixos no varejo. Mas isso impede o avanço do casca. A melhor alternativa para os produtores continua sendo as Opções e AGFs efetivados. O novo plantio já está andando e tudo aponta para queda na área. Os produtores devem buscar avanços na produtividade e baixar os custos e se tornar mais competitivos.

CURTAS E BOAS ... TRIGO - as perdas da safra em função das geadas estão dando aos produtores bons preços, entre R$ 240,00 e R$ 270,00 por tonelada. ARGENTINA - os produtores de arroz estão com dificuldade para concretizar o novo plantio e falam em redução de 50%. Confirmando-se, não colhem mais que 500 mil T.

em pelo menos 1 milhão de T, passando de 15 para 14 milhões de T. O milho perde 13 milhões e projeta 102 milhões. Com isso as importações podem crescer neste novo ano agrícola. EUA - fontes locais apontam que a safra de soja venha entre 74 e 77 milhões de T, muito abaixo dos números iniciais que apontavam para 81,3 milhões de T.

URUGUAI - também mostra grande desânimo em ALGODÃO - sinaliza cima do arroz e aponta para redução de 20% na área, para o crescimento da área com expectativa de safra na no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Dos 730 mil ha casa das 700 mil T. plantados na última safra agora é possível chegar a 1 CHINA - enchentes milhão - e com boa produtitêm causado grandes perdas vidade chegaremos próximo e apontam queda para soja da auto-suficiência.

e-mail: brandalizze@uol.com.br FEIJÃO Poucas ofertas e indicativos firmes Nas próximas semanas deveremos ter a chegada do feijão irrigado, que neste ano não deverá trazer grandes volumes, podendo manter os

indicativos estabilizados. Também existe preocupação dos produtores com muitas chuvas e isso poderá dificultar a colheita. É bom estar de olho, porque chuva na colheita é garantia de boas cotações para quem tem feijão de boa qualidade.

Outubro 2000

Cultivar •

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Aenda Descarte:

Inocente sob fogo cruzado E

m junho deste ano, os parlamenta res promulgaram uma lei disciplinando o destino das embalagens vazias dos agrotóxicos e dos produtos impróprios ou em desuso. As responsabilidades foram distribuídas entre fabricantes, comerciantes e usuários. Os usuários devem devolver as embalagens vazias dos produtos adquiridos, aos próprios comerciantes ou em postos de recebimento. É dever, ainda, dos usuários, no caso agricultores, proceder a uma lavagem especial das embalagens por ocasião da preparação da calda de pulverização, desde que estas permitam tal procedimento (ver rótulo e bula), com o propósito de preparálas para posterior reciclagem. Maior carga de obrigação foi imputada aos vendedores, sejam comerciantes ou fabricantes, posto que darão o destino adequado às embalagens, seja reciclagem, reutilização, incineração ou outro fim indicado pela tecnologia. Implementarão, também, em colaboração com o Poder Público, programas educativos e mecanismos de controle e estímulo à devolução das embalagens. Especificamente, os fabricantes terão que revisar seus rótulos e bulas, pormenorizando as instruções pertinentes a essas operações. Até os produtores de equipamentos para pulverização foram convocados a colaborar. Eles promoverão adaptações em seus novos pulverizadores, de forma a facilitar a operação de lavagem especial das embalagens, explicitada na norma legal. Por fim, compete ao Poder Público a fiscalização de todo o processo. Felizmente, a indústria de agrotóxico já havia disparado, no início da década, um projeto de reciclagem, que transformou-se a seguir em um bem sucedido Programa Nacional de Destinação das Embalagens Vazias. Pela complexidade das ações e envolvimento de muitos agentes da sociedade, é certo que a lei veio em boa hora dar foro de legalidade e disciplinamento do sistema. Hoje, o país conta com quase 60 Unida-

Embalagens abandonadas prejudicam o meio ambiente des de Recebimento, entre postos e centrais. Os postos apenas recebem e fazem triagem das embalagens; as centrais, além disso, preparam as mesmas para o transporte até o destino final, prensando-as ou triturando-as. Estas Unidades já existem nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná (estas patrocinadas pelo governo estadual), Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Distrito Federal, Bahia, Maranhão e Pernambuco. A bem da verdade, algumas em fase de construção. O modelo é sempre o de cooperação e gerenciamento comunitário, para que a motivação, a educação, a divisão de tarefas e o envolvimento sejam densos e continuados. Agentes da Indústria têm catalizado os parceiros, dado o suporte técnico e boa parte dos recursos financeiros. Fabricantes, revendedores, cooperativas, sindicatos, entidades de classe, agricultores e governos municipais e estaduais estão verdadeiramente imbuídos de um dever cívico para limpar o campo desse lixo característico.

É um programa de sucesso e um exemplo ímpar para outros povos. A legislação é digna dos mesmos louvores, seja a Lei 9974, discutida e construída pela Câmara Federal e pelo Congresso, seja o Decreto 3550, que traz as assinaturas da Presidência e dos Ministérios da Agricultura, da Saúde e do Meio Ambiente. O Decreto, por sinal, com propriedade, dispõe prazos para a execução das diversas etapas. De maneira inteligente, impõe prazos aparentemente curtos, 05 a 06 meses, considerando-se a dimensão dos propósitos e exigências, contemplando todo o imenso território brasileiro. Acelera, assim, as movimentações dos partícipes, estejam onde estiverem, conclamando a uma faina cívica nacional. É uma legislação indutora, quase que substitui, neste míster, o papel protagonizado pela Indústria até o momento. Todavia, consciente e responsavelmente, antecipa válvulas de controle do futuro fluxo operacional, através da criação de medidas transitórias, as quais permitirão ajustamento dos prazos nos diversos espaços dessa nossa grande nação.

Material produzido pela Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas. As opiniões manifestadas são de sua responsabilidade. E-mail: aenda@sti.com.br


Opinião

Cultivar

Visão holística da agricultura O

impacto sobre a qualidade de vida do ser humano e à saúde ambiental causado pela agricultura atual, baseada nos agroquímicos, vem exigindo uma rápida mudança nos métodos e filosofia do trato da terra. As mudanças no modelo da agricultura convencional são conhecidas por agricultura alternativa, muito embora muitos não aceitem esta denominação. No contexto da agricultura alternativa, vários são os segmentos abraçados por agricultores e apoiados por ecologistas, com maior ou menor número de adeptos, em diferentes partes do mundo. Destas manifestações a mais antiga é a Biodinâmica, inspirada por Rudolf Steiner. Outras propostas se seguiram como a Agricultura Ecológica, a Natural, a Orgânica, a Biológica, a Permacultura e a de Tecnologias Apropriadas. Uma análise das diferentes linhas da agricultura alternativa ao modelo convencional, evidencia uma preocupação generalizada e direcionada às condições do solo. O solo é colocado como a mais importante função do sistema agrícola. Outra característica marcante é um determinante e inflexível posicionamento contra os agroquímicos. Cabe lembrar porém que, por mais equilibrado que esteja o solo em matéria orgânica, por mais que esteja vivo e fértil, as plantas que nele se desenvolvem também podem adoecer, sofrerem a ação das pragas, o estresse da ação dos fatores abióticos do meio, alterarem a produção por carência mineral, modificarem o desenvolvimento, definharem ou morrerem.

Fatores adversos

Um agricultor precisa estar bem informado e atento a todos os fatores adversos e ocorrências que possam a vir alterar o agro-ecosistema em que se insere. O entendimento de todas as interações e necessidades do indivíduo, a planta, e do sistema como um todo, seja a lavoura que ela forma, são sistemas que simultaneamente são o todo e a parte, numa interação dinâmica, embora mantidas suas tendências tanto integrativa como auto-afirmativa que tanto a integra no todo como preserva sua autonomia in62

• Cultivar

Outubro 2000

Reconhecimento O professor Milton de Sousa Guerra foi homenageado, durante a última Expointer, com o prêmio Futuro da Terra 2000, na categoria Preservação Ambiental. Na foto, o governador do RS, Olívio Dutra, entrega-lhe o prêmio.

dividual, estabelecendo um equilíbrio saudável. Os modelos anteriormente referidos, embora mantendo a matriz quanto à forma, continuam em essência, com a base no paradigma cartesiano-newtoniano, portanto reducionista e mecanicista. O momento impõe uma visão holística, de sistemas, ecológica para a agricultura. Embora sem uma definição exata e concisa, poder-se-ia dizer que a Agricultura Holística é um sistema que abrange uma infinidade de métodos ou procedimentos visando compatibilizar a produtividade com a qualidade de vida e a preservação ambiental dentro da visão holística. Portanto, compreende um sistema de produção agropecuário que abrange um fluxo comum e harmonioso entre suas funções, segundo uma visão unificada da hierarquia universal. Assim sendo, reúne um conjunto de recursos, técnicas, práticas e posturas que no encontro da ciência moderna com a tradição, fundamenta um procedimento integrado e equilibrado do homem com a natureza na arte de cultivar a terra.

Valorização das funções

A Agricultura Holística dá um enfoque de sistemas no processo da produção agropecuária em que são valorizadas todas as funções interrelacionadas no sistema, enfatizando especial-

mente o insumo intelectual na estratificação do negócio agrícola. Preconiza o gerenciamento endógeno do processo produtivo. O modelo alicerça seus fundamentos na valorização do homem como protagonista do processo e na utilização de práticas, sejam elas técnicas ou científicas, tradicionais ou modernas, demonstradas ou postuladas no paradigma holístico. A Agricultura Holística não tem uma posição drástica contra os agroquímicos, mas adverte para a observação de André Voisan, que afirma: As aplicações de agroquímicos devem ter no primeiro objetivo, melhorar a qualidade biológica que tem prioridade sobre o rendimento quantitativo . O alvorecer da Nova Era , movimento que põe em cheque antigos padrões e valores, e despreza o absolutismo do modelo cartesiano, impõe a necessidade inteligente de uma alternativa ao modelo de agricultura dita convencional, quimicista, considerado concentrador, paternalista, de gerenciamento exógeno, desgastado e agressivo à qualidade de vida do homem e do ambiente. Somente assim será possível uma agricultura de lucratividade perene, saudável, autosustentável, capaz de reverter o êxodo rural e fixar o homem na terra.

Milton de Sousa Guerra, Engenheiro Agrônomo



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