índice
destaques Complemento alimentar Pesquisa mostra que silício auxilia no desenvolvimento das plantas de arroz
12
CAPA - Foto: Heraldo Negri / Esalq - USP
Sem minas
14
É possível conviver e manejar o bicho-mineiro no cafezal com investimentos razoáveis
A parte da natureza Os insetos consomem US$ 2,2 bi das lavouras brasileiras. É possível reduzir o seu impacto?
18
Pequeno é bom
○ ○
As micorrizas auxiliam o algodão a absorver uma série de substâncias nutritivas
Diretor:
Newton Peter - RPJ/RS 3513
46
Anúncios
Trabalhadores do Brasil
○
○
○
○
○
42
Minimilho está se tornando uma alternativa interessante para o cultivo
04 06 07 08 10 12 14 18 22 26 31 34 35 36 37 38 40 42 46 50 52 56 58 60 62 64 65 66
Diretas Diretas + Cartas Nova Fundação no MT Acordo entre Fundação e Embrapa Lugar de plantar arroz Silício na cultura do arroz Manejo do bicho-mineiro Prejuízos causados pelos insetos Consumo de defensivos agrícolas Manejo de doenças de soja Devolução de embalagens Semente com qualidade garantida Rapidinhas Mais produtividade na soja Mercado agrícola Coluna da Aenda Agronegócios Cultivando o minimilho Micorrizas ajudam o algodão Potássio na nutrição Doenças de algodão Manejo de tripes Como cultivar algodão Abrapa quer qualidade Seletividade no uso de agroquímicos De tudo um pouco Informática na agricultura Última Página 02 05 15 17 19 21 23 25 27 29 32/33 39 47 48/49 51 53 55 56/57 61 65 67 68
Basf AGCO Cultivar Agroanalyses Agripec Bayer Bayer Cheminova Dupont Dow AgroSciences Show Rural FNP Aenda MDM Stoller Coodetec FMC Zeneca Monsanto Gravena Cultivar Basf
SUCURSAIS
NOSSOS TELEFONES:
(53)
Editor geral:
Schubert Peter - NUJ 26693 Reportagens Especiais:
Ano II - Nº 22 - Novembro / 2000 ISSN - 1518-3157 Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (12 edições): R$ 58,00 Números atrasados: R$ 6,00
João Pedro Lobo da Costa Design gráfico e Diagramação:
Fabiane Rittmann Ilustrações:
Rafael Sica Marketing:
Andrea González Circulação:
Edson Luiz Krause Assinaturas:
Simone Lopes Editoração Eletrônica:
Index Produções Gráficas Fotolitos e Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
Mato Grosso Gislaine Rabelo Rua dos Crisântemos, 60 78850-000 / Primavera do Leste Tel.: (65) 497.1019 ou 9954.1894
Bahia José Claudio Oliveira Rua Joana Angélica, 305 47800-000 / Barreiras Tel.: (77) 612.2509 ou 9971.1254
GERAL / ASSINATURAS: 272.2128 REDAÇÃO : 227.7939 / 272.2105 / 222.1716 MARKETING: 272.2257 / 272.1753 / 225.1499 / 225.3314 FAX: 272.1966
Reconhecimento
Scylla
O trabalho desenvolvido na organização e execução do XI Congresso Brasileiro de Sementes recebeu o justo reconhecimento da Revista dos Eventos, que na sua edição de outubro o escolheu como o melhor congresso do ano. Feliz com a notícia está Scylla Cezar Peixoto Filho, que juntamente com equipe de reconhecidos nomes da pesquisa sementeira, enfrentou o desafio de realizar mais um congresso. A entrega do troféu aconteceu no dia 16 de outubro.
Posse
Foram empossados os membros do primeiro Comitê Assessor Externo (CAE) da Embrapa Agropecuária Oeste de Dourados. Esse grupo, com mandato de dois anos, visa assessorar as unidades da empresa em seus trabalhos de planejamento, acompanhá-los, avaliá-los, dar sugestões ou criticá-los se necessário for. Os membros nomeados são: Josué Assunção Flores (presidente), Júlio Cesar Salton (secretário) empregados da empresa, Carmélio Romano Roos (presidente da CESM-MS), Armando Azevedo Portas (Cati/SP), Paulo Eduardo Degrande (professor da UFMS), José Antônio Gaitan Guzmán (empresário do agronegócio) e Egídio Raul Vuaden (Secretário de Agricultura da Prefeitura de Lucas do Rio Verde-MT e Diretor da Fundação Rio Verde).
Multa
A Fertilizantes Serrana foi multada em R$ 100 mil pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepan) do RS. De acordo com o governo do Estado, em vistoria, técnicos da fundação constataram a ampliação da atividade da unidade da empresa em Rio Grande, onde são produzidas 300 mil toneladas por ano de fertilizantes, sem a obtenção de Licença Prévia do órgão ambiental. Foram arrolados ainda problemas como lançamento de emissões atmosféricas prejudiciais à saúde e ao meio ambiente (material particulado), falta de equipamentos de controle nas ensacadeiras e ausência de sistema de reaproveitamento das águas pluviais contaminadas, o que representa alto risco de contaminação das águas superficiais.
Patologia de Sementes
Será de 11 a 15 de dezembro o XXVII Curso de Tetrazólio e Patologia de Sementes, promovido pela equipe de sementes da Embrapa Soja. Seu objetivo é apresentar tecnologia adequada para avaliar corretamente a qualidade das sementes de soja e identificar as causas de descarte de seus lotes devido à baixa germinação no teste padrão. Serão cinco dias de aulas, totalizando carga horária de 42 horas, sendo 30 horas de aulas práticas. A equipe de orientação será composta pelos pesquisadores Ademir Henning, Francisco Krzyzanowski, José de Barros França Neto e Nilton Pereira da Costa. Mais informações, telefone (43) 3716000 ou e-mail: suzi@cnpso.embrapa.br.
Flynt
A Bayer fechou negócio com a Novartis para a compra das atividades mundiais do fungicida Flynt. O valor foi de US$ 760 milhões e a empresa alemã comprometeu-se a manter o pessoal da fábrica localizada em Muttenz (Suíça). O Flynt não é vendido no Brasil, estando em fase de registro, de acordo com a Bayer. As perspectivas da empresa alemã com o novo produto são otimistas, pois ele completará o postfolio oferecido ao produto. Além disso, anima a previsão de crescimento do mercado mundial de defensivos agrícolas, de 1% a 3% ao ano. O Brasil deverá ser um dos carros-chefes.
Na frente
O plantio de soja já começou em Mato Grosso. Mantendo a tradição, Lucas do Rio Verde foi o primeiro município a semear a cultura, logo depois das primeiras chuvas de setembro. Lá, os agricultores desenvolveram uma fórmula que casa o cronograma de plantio de forma a tirar o melhor proveito das condições climáticas. Plantam e colhem soja no mesmo ano e ainda sobra tempo para semear uma segunda cultura, normalmente milho ou sorgo, sem risco de frustração de safra por déficit hídrico. O município já está com 20 mil hectares plantados e a expectativa da Secretaria Municipal de Agricultura é que a soja avance por mais 5 mil a 10 mil ha além dos 170 mil cultivados na safra passada.
Mudança no comando
Tomou posse o reitor da UFSCar - Universidade Federal de São Carlos, professor Oswaldo Baptista Duarte Filho. Ele assume a gestão da Universidade no período de outubro de 2000 a outubro de 2004, sucedendo ao reitor José Rubens Rebelatto. Duarte Filho é professor do Departamento de Engenharia Química da UFSCar. Formou-se na primeira turma de Engenharia de Materiais da própria Universidade, em 1974. É mestre e doutor pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Na UFSCar, já desenvolveu inúmeras atividaOswaldo des acadêmicas, entre elas chefia de departamento e vice-reitoria. Foi presidente da comissão de recursos humanos da Associação dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), fundador e primeiro presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFSCar. Antes da carreira docente, Duarte Filho trabalhou como pesquisador no Instituto de Energia Atômica (SP). Hoje, estudam na UFSCar cerca de 6.600 alunos, sendo quase 5.100 na graduação e 1.500 na pós-graduação, matriculados em um dos 25 cursos de graduação ou em uma das 35 opções em pós-graduação, sendo 17 cursos de mestrado, 12 de doutorado e seis de especialização. Única universidade federal localizada no interior do Estado de São Paulo, a UFSCar sempre se destacou pelo alto nível de qualificação de seu corpo docente: 97,47% são doutores ou mestres, o maior índice entre todas as instituições federais de ensino superior. Além disso, 98,55% dos professores trabalham em regime de dedicação exclusiva.
Qualidade das sementes A Embrapa Instrumentação Agropecuária lançou um sistema integrado para a análise da qualidade de sementes, cujo objetivo é evitar o desperdício durante o plantio. Além disso, o sistema facilita a operação de plantio, por reduzir o número de discos necessários durante a operação. Paulo E. Cruvinel, chefe-geral da unidade, explica que há perdas de 20% das sementes durante o processo produtivo.
Nova cultivar
Uma nova cultivar de Brachiaria brizantha foi lançada pela Sementes Matsuda. Trata-se da MG-5 Vitória, uma cultivar que foi selecionada para as condições brasileiras, tendo como origem o Banco de Germoplasma do CIAT. Segundo o Departamento Técnico da empresa, a pecuária brasileira vem sofrendo nos últimos anos diversas pressões econômicas e financeiras que praticamente inviabilizaram ou diminuíram a rentabilidade do setor. A MG-5 é a resposta da tecnologia genética da Matsuda para criar novas alternativas de espécie forrageira e de manejo, melhorando a produtividade e baixando os custos de produção. Pode ser considerado um marco na opção de novas cultivares, pois temos que evitar a monocultura, que vem ocorrendo na pecuária brasileira, onde 60% das vendas de sementes de forrageiras é de brizantão .
Atualidades pesquisa
O Brasil venceu a China e vai sediar em 2004 a Conferência Mundial de Soja. Essa decisão mostra a importância brasileira no complexo mundial de soja e é reflexo da qualidade de pesquisa desenvolvida no país nos últimos anos , resume Flávio Moscardi, presidente do Conselho Internacional de Soja e pesquisador da Embrapa. A conferência ocorre a cada 5 anos e se destaca pela alta qualidade dos trabalhos apresentados, como resultados inéditos de pesquisa, novidades tecnológicas, além de um balanço dos avanços do setor nos últi-
CFO divide produtores
A exigência do Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) para o transporte e comercialização de produtos vegetais, inclusive frutas, divide as opiniões de técnicos e produtores, em especial os
Quero registrar minha satisfação em ser assinante da Cultivar, que vem abordando assuntos com imparcialidade e objetividade.
Cassiano Aozane Pejuçara, RS. Parabéns pela edição da Cultivar de outubro. Está
mos anos. Segundo Moscardi, para a realização do Congresso serão investidos aproximadamente U$ 1 milhão. Moscardi Esse dinheiro vem da iniciativa privada, da taxa de inscrição, venda de estande, de órgãos governamentais e do apoio de instituições de pesquisa , explica. Estima-se a participação de 3000 pessoas entre agricultores, pesquisadores, estudantes e agrônomos da assistência técnica. Paralelamente ao Congresso, pretende-se promover a 4ª Conferência Internacional de Processamento de Soja, o Mercosoja e o Congresso Brasileiro de Soja. pequenos, que não concordam com mais um ônus. Em vigor desde o mês passado, a nova lei federal determina que um agrônomo autônomo emita uma guia de trânsito, sem a qual os produtos vegetais não podem sair dos Estados de que são oriundos.
A emissão do CFO é obrigatória para as culturas onde haja incidência de pragas quarentenárias A2 e não quarentenárias regulamentadas. Citrus, café, banana e batata são as principais culturas afetadas pelas restrições fitossanitárias.
Recebemos a edição de outubro da Cultivar e gostaria de parabenizá-lo pela qualidade das matérias.
lotada de excelentes artigos, principalmente sobre algodão. Obrigado pelo artigo Subsídio Natural . O título é interessante e enfatiza as bênçãos de Deus para o Brasil e os brasileiros.
Fernanda Brito Monsanto do Brasil
Juan Landivar Delta & Pine Land Co Brasil
Tive acesso à revista Cultivar na
A Embrapa está empenhada em eliminar os produtores eventuais de sementes de pastagens e forrageiras, tentando livrar o mercado de sementes de péssima qualidade que, na prática, só facilitam a disseminação de pragas e doenças. Esse mercado, segundo o órgão, tem um crescimento médio anual de 14% e caminha a passos largos para superar a comercialização de sementes de milho, que tem o segundo maior volume, perdendo apenas para a soja. Somente este ano, o mercado comercializou entre R$ 245 milhões e R$ 260 milhões nas chamadas transações oficiais, mas o volume é bem maior, pois existem muitos picaretas atuando no segmento. O processo de aceleração das vendas se deve a implementação do Programa de Recuperação de Pastagens (Propasto), que possui verba de financiamento de R$ 400 milhões.
Em alta
Movimentando a concorrência no mercado de defensivos brasileiro, a Cheminova tem investido no treinamento do seu pessoal. Na foto, a equipe de vendas da empresa durante as instruções técnicas sobre o Dinamaz 70 WG, herbicida pósemergente para controle de folhas largas em soja. Os grânulos do produto são solúveis em água a 70% e a embalagem é de plástico solúvel, o que elimina o problema do descarte. O treinamento foi ministrado por Joelson P. Mäder e Ronaldo Shröter.
Uma nova Fundação A
Equipe Cheminova
Peão da Tecnologia
reconhecimento. Já na categoria pessoa física, venceu o pesquisador da unidade Ricardo Yassushi Inamasu, inventor da máquina de derriçar café. O chefe-geral da unidade, Paulo Cruvinel, representou a empresa na cerimônia de entrega do prêmio.
Biblioteca da Universidade Federal de Viçosa, onde pude ler vários artigos e verificar a qualidade dos mesmos, tanto de texto quanto das ilustrações. Parabéns.
Sou engenheiro agrônomo e gostei muito da reportagem sobre a comercialização de algodão publicada na edição de outubro. Aproveito para deixar meu abraço a todos os profissionais que fazem essa excelente revista.
Sergio L. Caixeta Estudante
Marcos J. Baltan São Paulo - SP
A Cultivar agradece as cartas recebidas. Infelizmente, por questão de espaço, não poderemos publicar todas. Entretanto, informamos que as respostas aos pedidos de informações e de artigos já foram remetidas. Ficamos sensibilizados com as mensagens de incentivo e tentaremos corrigir os erros apontados por nossos leitores.
A Embrapa Instrumentação Agropecuária recebeu o prêmio Peão da Tecnologia, concedido pela Fundação Parque da Alta Tecnologia de São Carlos. Foi a primeira vez que uma pessoa jurídica recebeu o
Fundação Centro-Oeste, situada provisoriamente em Rondonópolis-MT, opera extra-oficialmente desde o dia 28 de setembro último. O estatuto ainda passa pela aprovação judicial e as definições concretas acerca do novo órgão de pesquisa serão definidas em uma assembléia geral no início deste mês. Segundo um dos articuladores do projeto, Wilson José de Souza, as pesquisas estão voltadas para as culturas de soja e algodão, devendo, posteriormente, se estender ao milho e ao arroz. Inicialmente, o investimento anual é de mil sacas de soja por produtor, 80 dos quais já associados. São do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e de Rondônia. Os pontos de pesquisa estão parcialmente montados. Entre os municípios que contarão com esses campos de experimentos estão Primavera do Leste, Rondonópolis, Alto Taquari, Campo Verde, Novo São Joaquim, Sapezal, Campo Novo dos Parecis, Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde. Além de um ponto também no município de Vilhena, em Rondônia (onde o projeto, através da Embrapa, já está implantado há cerca de três anos). Todo o Centro de Soja e de Algodão da Embrapa, segundo Wilson, está atuando na Fundação Centro Oeste, que tomou o lugar antes ocupado pelo convênio Fundação MT e Embrapa. Wilson diz que a pesquisa não pode parar no Estado, onde a produtividade de soja passou de 40 para 60 sacas por hectare. Uma das diferenças apontada por ele em relação ao antigo trabalho com a Fundação MT é que associados da Centro-Oeste não são produtores de sementes, mas de grãos. O que para nós significa que podemos agregar mais valores e mais tecnologia , comentou. Produtor de soja e de arroz, Souza destaca que outra característica da Fundação Centro-Oeste é a abertura para novos associados. Aqui todos possuem liberdade para entrar . Nascida de um conflito, a Fundação Centro
Oeste já teria gerado outro dilema: e os associados da Fundação Mato Grosso? Em uma assembléia entre os associados e a diretoria ficou definido que quem quisesse participar da Fundação Centro-Oeste teria apenas esta opção. Garantindo que é, mas que preferia não ser concorrente da Fundação MT, Wilson finaliza: Toda mudança gera incertezas e todo início é marcado pela dificuldade, mas vamos buscar nosso espaço. O que conseguiremos conquistar só o tempo vai dizer . A expectativa é grande em relação à nova fundação. Os produtores ainda preferem não se pronunciar a respeito. O diretor administrativo da Sementes Mô-
Com o fim da parceria com a Fundação MT, os trabalhos da Embrapa no Mato Grosso serão centralizados na recém criada Fundação Centro-Oeste
nica (Grupo Marchett), Melhen Charafeddine, afirma que caso as duas fundações atuassem juntas seria melhor. Mas, mesmo separadas, o Estado está contabilizando pontos positivos. A Embrapa, com toda a estrutura que tem e a Fundação Mato Grosso com todos os campos de pesquisas que possui, estarão sempre buscando o melhor . Para Melhen o produtor terá mais opções no tocante a variedades. Isso forçará os próprios pesquisadores a obterem resultados cada vez mais satisfatórios , destacou e benefícios é o que tendemos a esperar . É esperar para ver. GR
Soja no Brasil
Qualidade no capim
Hilário, Eduardo e Jean participaram do evento em Primavera
Difusão de tecnologia A alta tecnologia empregada na agricultura mato-grossense é reflexo da atenção que os produtores dedicam às novas tecnologias e conhecimentos técnicos. Para suprir essas necessidades, a Embrapa realizou o primeiro ciclo de palestras da empresa no município, liderado pelo coordenador do campo experimental da empresa em Primavera do Leste, Luiz Gnoatto. Participaram, entre outros nomes conhecidos, Hilário Molina e Eduardo Rodrigues, da Coodetec, e Jean Louis Belot, do Cirad, instituição francesa que trabalha em parceria com a cooperativa.
Pesquisa
mercado
Fotos Cultivar
Enfim, o acordo
Blairo Maggi coordena os trabalhos na Fundação MT
Alberto Portugal é o presidente da Embrapa
Após 87 dias de discussões, a Fundação Mato Grosso e a Embrapa, parceiras no desenvolvimento da produção no estado, chegaram a um consenso sobre a divisão das variedades
D
ivisão das cultivares através de sorteio. Assim terminou a divergência entre a Fundação Mato Grosso e a Embrapa. Mas, antes que o acordo fosse firmado, os dois órgãos de pesquisas discutiram durante 87 dias. Amplamente destacado na mídia, o cancelamento da parceria aconteceu no dia 30 de junho último, quando a Embrapa extinguiu, através de notificação extrajudicial, o contrato de convênio de melhoramento genético de soja e de algodão, encerrando cerca dez anos de trabalho. O debate chegou ao fim no último dia 25 de setembro. As variedades foram divididas meio a meio. Por decisão judicial a Fundação teve o direito de escolher a primeira variedade, e a Embrapa a segunda. As demais foram
divididas por sorteio (no quadro a distribuição completa). Quanto ao banco inicial de germoplasma, a Fundação deixou-o em caráter definitivo para a Embrapa, pois tem um programa de melhoramento genético com banco próprio. E foi assim... Nos últimos cinco anos o contexto da agricultura mato-grossense, nas culturas de soja e algodão, foi marcado por recordes de produção e de produtividade. Resultado da parceria. Os agricultores, bem como todos os envolvidos nas duas cadeias produtivas, esperavam que em 2000 iniciasse nova fase com gordas e rendosas colheitas. Resultado quase lógico depois de todo o investimento, mais de
US$ 7 milhões (sem contar os aportes do Fundo de Apoio à Cultura do Algodão FACUAL, para o melhoramento do algodão), feito nas pesquisas. Porém, em vez de juntos colherem os louros, os antigos parceiros se envolveram em uma troca de farpas, acusações de traições, litigância de má-fé e ações judiciais de seqüestro e de proteção de material. Pois, quando da dissolução, a Embrapa ajuizou ação de seqüestro de todo o material genético, inclusive as cultivares protegidas e o banco de germoplasma. A 30 de junho a estatal apenas notificou a Fundação MT de que a parceria não iria adiante. A tensão se instalou. E agravou-se numa segunda reunião entre as entidades, em julho. Devido à exigência, da Embrapa, de que o
material, desenvolvido de forma conjunta, lhe fosse entregue. Enquanto o contrato estabelecia cláusulas de co-titularidade, co-propriedade e divisão paritária de tudo que fora desenvolvido pela Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso Aprosmat, encampada pela Fundação Mato Grosso, ou em fase de desenvolvimento. Desde o início da parceria, em 1994, a FMT, por meio de um aditivo no contrato de cooperação técnica firmado entre a Embrapa, Empaer-MT, Aprosmat e Itanorte de 1993, assumiu todas as atribuições das demais junto à primeira. Proporcionou-se um novo incremento na pesquisa para as variedades de soja em Mato Grosso, criando-se 20 novas. A participação das variedades de soja desenvolvidas pela Embrapa no Estado saiu de 7% para 83% durante a parceria, período em que Mato Grosso se tornou o maior produtor, com maior produtividade, no país. Com o fim da parceria, a Embrapa, que até então não possuía presença física no Estado, deverá atuar em Mato Grosso através de uma nova Fundação. Programas de melhoramento genético começam com a formação de um banco de germoplasma, local onde são mantidos os indivíduos visando preservar a variabilidade genética, que depende da máxima reunião de cultivares comerciais disponíveis nos centros de pesquisas e que são facilmente cedidos. No Brasil, esta prática só é possível devido a concessão ao melhorista, proporcionada pela Lei de Proteção de Cultivares, do uso de todas as cultivares disponíveis. Isto, com o objetivo de dar origem a novas cultivares (desde que não sejam essencialmente derivadas). Em sua ação a Embrapa argumentou que o banco de germoplasma das últimas safras de algodão e soja foram fruto de 25 anos de trabalho. Espaço de tempo em que foram desenvolvidas 30 cultivares de algodão. A Fundação contestou, dizendo que 75% das cultivares são de origem estrangeira (Estados Unidos, Austrália e Argentina, entre outros países) e de outras empresas, tal como a Coodetec e o IAC. As outras 25% foram originadas durante a parceria. Em relatório a Fundação afirma que não foi empregado nenhum percentual do germoplasma da estatal após a assinatura do convênio. Sendo que as registradas e protegidas são passíveis da utilização em cruzamento para a obtenção de novas cultivares. Direito este do melhorista descrito na Lei de Proteção de Cultivares. A parceria estava em estágio avançado com 70 pontos de pesquisas em ensaios instalados nos principais municípios produtores e em todas as regiões do Estado.
O pivô da separação A Fundação alega que a Embrapa, nas inúmeras publicações que sucederam o fato, não demonstrou a realidade dos fatos. Apontando como ponto crucial as linhas confidenciais do contrato entre a Embrapa e a Monsanto do Brasil LTDA. Ou seja, depois do contrato firmado com a multinacional, a estatal não mais poderia desenvolver variedades dentro de parcerias pois estas são desenvolvidas em cotitularidade. Detentora da tecnologia em transgênicos, a Monsanto teria exigido que a titularidade dos materiais genéticos fossem de exclusividade da Embrapa. A empresa norte-americana teria alegado não poder investir em pesquisas que poderão ser transferidas para terceiros. Neste caso a Monsanto ganharia uma parcela considerável do mercado de sementes, uma vez que está bem à frente na biotecnologia de alimentos. Com esta parceria a multinacional poderá não só ter um amplo e promissor mercado, como também dispor das cultivares mais produtivas e de grande qualidade para testar seus genes transgênicos. Porém a Embrapa que contesta tais informações - afirmou em uma nota de esclarecimento que a parceria entre as duas instituições foi rompida porque a Fundação decidiu criar seu próprio programa de melhoramento genético. Tanto de soja, quanto de algodão, fato que contraria as suas normas. Mas que, em nenhum momento, outras parcerias firmadas pela Embrapa interferiram no processo decisório que levou ao rompimento do contrato. Com a separação, a Embrapa relata que a Fundação propôs que todo o material genético, resultante dos cruzamentos feitos pela Embrapa, em diversos estágios de desenvolvimento, fosse dividido entre as duas instituições. O que significaria que a FMT passaria a deter uma cópia do banco de germoplasma melhorado, alocado pela Embrapa ao convênio. Como empresa pública, a Embrapa não concordou, alegando que o material genético é patrimônio estratégico para o país, desenvolvido com recursos da sociedade. Para o desenvolvimento de projetos de pesquisa com soja e algodão a Embrapa
aplica anualmente cerca de R$ 15,7 milhões e R$ 4,2 milhões, respectivamente. Recursos que ao longo de 25 anos representam um investimento de R$ 500 milhões. Há também o patrimônio de mais ou menos R$ 1,5 bilhão, aplicado na infra-estrutura que inclui modernos laboratórios, equipamentos de última geração e um forte programa de capacitação de pesquisadores e intercâmbio internacional. Especificamente na área de melhoramento genético são aplicados anualmente R$ 5,4 milhões (soja) e R$ 1,9 (algodão). Em 25 anos isso representa um montante próximo a R$ 200 milhões. Diante disso a Embrapa solicitou à Fundação MT a devolução do material genético em poder daquela Fundação em diferentes estágios de avanço de geração, e das respectivas informações técnicas. E propôs que a FMT ficasse com o direito de exploração comercial, em caráter de exclusividade, das cultivares desenvolvidas durante a parceria, considerando essa a remuneração justa e suficiente para o investimento feito pela Fundação. Após dois meses de tentativas frustradas de negociação não houve entendimento. Fato que levou a Embrapa a ajuizar duas ações de seqüestro, obtendo decisão favorável na Justiça Federal. A Fundação cumpriu a decisão judicial. GR
Divisão das Cultivares
Arroz
plantio
Hora e lugar de arroz
Estudos sobre o risco climático de uma região à cultura dão maior segurança para o agricultor
O
pensamento de que o conhecimento das relações entre o clima e as plantas é de pouco valor prático deve ser esquecido, pois o homem é capaz de ajustar as práticas agrícolas ao clima. As informações meteorológicas específicas são essenciais para capacitarem os agricultores a tomarem decisões operacionais. Todas as culturas, umas em maior outras em menor grau, são sensíveis às condições climáticas adversas. Para que a agricultura seja menos vulnerável às alterações meteorológicas é necessário que o produtor realize em sua localidade uma caracterização climática detalhada, para definir o que plantar e qual o período mais apropriado. Além disto, o agricultor precisa ter informações sobre as previsões de tempo que podem auxiliar no planejamento de suas atividades agrícolas. As perdas na produção de grãos são evidentes ao longo dos anos, devido, principalmente, à irregularidade na distribuição da precipitação pluvial (chuva), pois este elemento climático é essencial para a produção agrícola. A diminuição de água, na cultura do arroz de terras altas, concorre para queda na produção. Para diminuir os efeitos negativos decorrentes de estresse hídrico, torna-se necessário realizar a semeadura em períodos nos quais o estádio de florescimento-enchimento de grãos coincida com o período de maior índice pluvial (chuva). A Embrapa Arroz e Feijão, através do Laboratório de Agrometeorologia e Geoprocessamento, tem estudado, objetivando espacializar as áreas da região Centro-Oeste, conforme risco climático a que a cultura do arroz de terras altas está ex-
posta. Esse trabalho é realizado por meio de um estudo de balanço hídrico considerandose: precipitação pluvial, evapotranspiração potencial, coeficiente de cultura e as fases fenológicas da cultura. Uma síntese dos resultados é mostrado nas figuras 1 e 2. Na primeira, é possível observar que, se o produtor decidir semear a cultura do arroz de terras altas no período de 11 a 20 de novembro, nas áreas representadas pela cor verde, a cultura está exposta a um baixo risco climático, no azul o risco é médio e em localidades situadas em áreas de cor vermelha o risco climático para o arroz de terras altas é alto. Portanto, as semeaduras realizadas em áreas representadas pela cor verde, têm maior probabilidade de sucesso. Verifica-se, também, que o Estado do Mato Grosso apresenta uma maior área com baixo risco climático para a cultura do arroz de terras altas. Analisando-se toda a região CentroOeste, observa-se que para semeaduras realizadas no período de 11 a 20 de novembro (fig. 1), a quantidade de áreas que apresentam um baixo risco climático para o arroz de terras altas, é bem maior que os plantios realizados de 11 a 20 de dezembro (fig. 2). Este estudo é composto ao todo por 54 mapas conforme período de semeadura, ciclo da cultivar e capacidade de armazenamento de água no solo. Portanto, os interessados em saber os períodos de plantio mais apropriados ao cultivo do arroz de terras altas na região Centro-Oeste do Brasil poderão manter contato pelo telefone (62) 533-2125 ou e-mail: silvando@cnpaf.embrapa.br
Silvando C. da Silva Embrapa Arroz e Feijão
Fig. 01
Espacialização do risco climático no arroz de terras altas considerando-se uma cultivar de 135 dias de ciclo e semeadura no período de 11-20/11.
Fig. 02
Espacialização do risco climático no arroz de terras altas considerando-se uma cultivar de 135 dias de ciclo e semeadura no período de 11-20/12.
adubação Fotos CNPAF
Arroz
Efeito de diferentes doses de Volastonita (0, 2, 4, 8 e 16 gramas por kg de solo) no controle de brusone e crescimento do arroz, em condições de inoculação artificial com uma raça de Pyricularia grisea.
Silício para quem precisa O
silício (Si) é considerado o segundo elemento mais abundante na crosta terrestre e o mais abundante em solos tropicais. Porém, é encontrado, na sua quase totalidade, na forma de óxido de silício (SiO2) predominantemente nas formas de quartzo, opala (SiO2.nH2O) e outras formas não disponíveis às plantas, que se formaram durante os processos de intemperização dos solos. O Si não é um elemento essencial às plantas, do ponto de vista fisiológico, mas é um elemento muito importante e benéfico para muitas plantas. A literatura é farta em resultados de pesquisa demonstrando efeitos adversos relativos ao crescimento, desenvolvimento e reprodução de algumas plantas em condições de extrema deficiência de Si. O Si é absorvido do solo na forma de Si(OH)4 e encontrado no tecido vegetal, geralmente, em níveis que variam de 0,1 a 10%, com base em peso seco, podendo variar para mais ou menos dependendo da espécie. Se comparado quantitativamente com outros elementos como o Ca, por exemplo, que é encontrado no tecido vegetal na faixa 0,1 a 0,6% ou S que varia de 0,1 a 1,5%, o Si é absorvido pelas plantas em grandes quantidades, como é o caso do arroz, que absorve 108% mais Si do que N.
Efeito em arroz As pesquisas com silício (Si) na cultura do arroz tiveram início no Japão a partir da observação do pesquisador I. Onodera em 1917, de que folhas de arroz afetadas por brusone continham menos Si do que folhas sadias. Este foi, provavelmente, o primeiro relato sugerindo um efeito do Si sobre a resistência das plantas de arroz a doenças. Desde então, houve naquele País uma fase de pesquisas intensas sobre Si até 1968. Durante este período, muitas pesquisas foram realizadas não só no Japão, mas também em outros países do continente Asiático como Coréia e Taiwan, objetivando demonstrar a relação de causa e efeito do Si na planta de arroz. Depois de comprovado o efeito positivo do Si sobre as plantas de arroz tornando as plantas mais resistentes a doenças fúngicas, principalmente à brusone, o pesquisador H. Suzuki e seus colaboradores em 1952, demonstraram a eficiência agronômica das escórias de siderugias ricas em Si disponível em campos comerciais de arroz e introduziram, a partir de então, estes silicatos como prática comum de fertilização no Japão e Coréia. Em média o aumento de rendimento do arroz irrigado nestes países é de 10%
nos solos adubados com silicato de cálcio. Os estudos sobre esse assunto prosseguiram até o início dos anos setenta e, depois houve um vazio de aproximadamente 30 anos, devido, provavelmente, ao maior interesse dos pesquisadores pelos fungicidas e fontes genéticas de resistência como medida de controle mais eficiente das doenças. O conhecimento disponível em relação ao Si sobre mecanismos de resistência das plantas de arroz à Pyricularia grisea tem sido utilizado como base para pesquisas sobre outros patógenos. Estudos realizados no Japão e revisados por Suzuki (1965) sobre a natureza da resistência das plantas à brusone, com referência ao Si, contribuíram substancialmente para entender tal mecanismo e formular resumidamente os seguintes conceitos: (1) A resistência das plantas às doenças é principalmente de natureza mecânica; (2) A penetração do patógeno é menor em plantas com teores mais elevados de Si devido à barreira mecânica formada pela acumulação de sílica na epiderme da folha; (3) Cultivares resistentes contêm quantidades mais elevadas de Si do que cultivares suscetíveis à brusone e o grau de resistência aumenta à medida que aumenta a quantidade de sílica aplicada; aplicações pesadas de nitrogênio
diminui a acumulação de sílica nas folhas mais novas, predispondo a planta à maior incidência de brusone no pescoço da panícula; (4) Mais de 90% do Si encontrado na planta encontra-se na forma de sílica gel localizada principalmente na epiderme. Esta camada de sílica gel reduz as perdas de água por transpiração e previne a invasão de fungos e ataques de insetos; (5) A suscetibilidade das plantas de arroz aumenta nas condições de déficit hídrico e a aplicação de silicato de cálcio pode, nestas condições, contribuir para maior resistência tanto à seca quanto à incidência de doenças. Além do efeito dos silicatos contribuindo para reduzir a incidência de doenças, estes produtos apresentam também efeitos positivos sobre o crescimento, desenvolvimento das plantas e rendimento de grãos, e também no solo, aumentando a fertilidade do solo, reduzindo a acidez do solo, aumentando a disponibilidade de nutrientes, reduzindo a acumulação de elementos tóxicos, melhorando a nutrição das plantas, melhorando a qualidade das sementes, melhorando a arquitetura das planta com folhas mais erectas, melhorando a eficiência no uso da luz do sol, aumentando o perfilhamento e o número de grãos cheios/panícula. Silicatos são, portanto, recomendados principalmente quando as plantas de arroz são submetidas aos estresse biótico ou abiótico. Fontes de silicato Várias escórias ou subprodutos dos processos industriais da fabricação de aço e de superfosfatos, são usados rotineiramente no Sul da Flórida nos EUA, no Japão e em outros países da Ásia, como fertilizantes silicatados. Porém, há uma grande variação na composição e disponibilidade de Si dessas escórias, o que significa que nem todas as fontes de Si são iguais e que possam ser aplicadas ao solo. Observe-se na foto que a percentagem de Si na palha de arroz aumentou com as doses de fertilizantes silicatados, mas variou de acordo com as fontes utilizadas no experimento. Apenas para se ter uma idéia, no Japão essas escórias para serem reconhecidas como fertilizantes silicatados devem apresentar especificações mínimas de tamanho de partícula, quantidade de Ca, alcalinidade (Ca + Mg solúvel em HCl), conter no mínimo 20% de SiO2 extraíveis em HCl 0,5 M e teores máximos de Ni, Cr e Ti. Resultados no Brasil No Brasil a necessidade de adubação silicatada da cultura do arroz não tem sido suficientemente avaliada como naqueles países. As pesquisas sobre este assunto foram iniciadas recen-
temente na Embrapa Arroz e Feijão e os dados não são, ainda, suficientes para estabelecer recomendações de adubação com silicato de cálcio. Para isso há necessidade de conduzir grande número de experimentos em várias regiões, principalmente onde doenças e pragas são limitantes ao desenvolvimento da cultura do arroz. Os dados preliminares sobre Si solúvel em algumas áreas do Brasil Central indicaram teores de Si disponível em ácido acético 0,5 M, variando de 8,8 a 66,4 mg litro-1 com média de 31,5 mg litro-1 (Barbosa Filho, dados não publicados). Como esta faixa de variação é larga, é possível que em alguma área possa ocorrer deficiência de Si e, portanto, espera-se que culturas exigentes em Si, como é o caso do arroz, respondam à aplicação de silicato de cálcio. Alguns experimentos de campo, neste sentido estão em andamento na Embrapa Arroz e Feijão com resultados promissores quanto aos efeitos do silicato aplicado na forma de escória, na elevação do pH do solo, teores de cálcio, fósforo disponível (Mehlich-1), e percentagem de saturação por bases e teor de Si disponível em ácido acético 0,5 M. Na palha do arroz, analisada por ocasião da colheita, observa-se aumento quadrático e significativo (P<0,05) da percentagem de Si em função, tanto das doses de silicato quanto dos teores de Si disponível no solo. Em relação a doenças, as pesquisas realizadas demonstraram que a adubação do arroz com 200 kg ha-1de SiO2 na forma de volastonita, um mineral de Si, reduziu em 17,5% a severidade das manchas dos grãos do arroz de sequeiro e aumentou em 20% o peso de grãos. Os experimentos realizados na Embrapa Arroz e Feijão por A.S. Prabhu e colaboradores, utilizando diferentes fontes brasileiras de silício nas condições de inoculações artificiais em casa de vegetação, mostraram resultados promissores no controle da brusone nas folhas. A severidade da brusone reduziu com aumento das doses de volastonita, resultando em aumento no crescimento da planta. Perspectivas do estudo Nos moldes em que a agricultura está sendo praticada atualmente no Brasil, com produtores aderindo cada vez mais ao sistema plantio direto, ao cultivo mínimo e a rotação de culturas, as condições para o desenvolvimento de doenças e pragas são favoráveis e à utilização de silicatos poderá ser uma alternativa de manejo integrado
Morel explica a importância do silício para o arroz
no controle fitossanitário do arroz de terras altas. O manejo das doenças tem sido feito através da utilização de cultivares mais resistentes às doenças ou de fungicidas. Embora estes métodos diminuam a incidência das doenças, a complexidade de raças dos patógenos causa quebra de resistência nos primeiros anos do lançamento das cultivares. Quanto ao fungicida, além de ser um insumo de alta tecnologia, que nem sempre é adequado aos pequenos produtores, pode trazer sérios prejuízos ao homem e ao meio ambiente. É necessário, portanto, buscar outras alternativas mais sustentáveis de controle de doenças. Uma alternativa pode ser a de melhorar a nutrição mineral das plantas para torná-las mais resistentes às doenças. Neste caso, a combinação de adubação silicatada com dosagens mínimas de fungicidas pode resultar numa perspectiva de futuro, mas que precisa ser estudada nas condições brasileiras. Para que esta estratégia de controle de doenças ou de correção de solos com silicatos seja seguida, é necessário antes, proceder a uma avaliação de fontes brasileiras de silicatos ou escórias disponíveis e o efeito potencial dessas fontes quanto às exigências mínimas estabelecidas em legislação para uso na agricultura. Como características desejáveis das fontes de Si para serem usadas na agricultura podem ser mencionadas a alta solubilidade, alta disponibilidade de Si, boas propriedades físicas, teores mínimos de contaminantes (elementos pesados) e apresentarem baixa relação custo/benefício que compense a adoção dessa tecnologia. Morel Pereira Barbosa Filho, Anne Sitarama Prabhu, Embrapa Arroz e feijão
pragas verização de inseticidas somente quando o bicho-mineiro atinge o nível de controle, também deve influir pouco sobre o equilíbrio biológico, pois se a praga apresenta uma elevada infestação significa que seus inimigos naturais não estão sendo eficientes e (3) tendo a população do bicho-mineiro atingido o nível de controle conclui-se que as condições para aumento populacional da praga estão mais favoráveis do que para aumento dos inimigos naturais, o que justifica a adoção de medidas de controle para reduzir a população do inseto, restabelecendo o equilíbrio entre a praga e os inimigos naturais.
Pesquisa mostra como combater eficientemente o bicho-mineiro, que só deve ser atacado quando atingir o potencial de dano econômico
Solução ideal C
olocou-se em prática os princípios do manejo integrado, visando o controle do bicho-mineiro das folhas do cafeeiro, Leucoptera coffeellum (Guérin-Mèneville & Perrottet, 1842) (Lepidoptera: Lyonetiidae). O experimento foi conduzido entre 1987 e 1993, em cafezal Mundo Novo em produção. Os tratamentos consistiram na aplicação de aldicarb no solo em fevereiro, pulverização foliar de ethion, deltamethrin, e associação de aldicarb com ethion ou deltamethrin. As pulverizações foram feitas quando a percentagem de folhas minadas, isentas de predação por vespas (Vespidae), ultrapassou 30%, em amostragens quinzenais. Com base nesses levantamentos foi necessária uma pulverização a cada ano. Aldicarb e ethion foram os produtos mais seletivos. Deltamethrin, e combinação de aldicarb com deltamethrin ou ethion apresentaram
menor número de minas predadas. Considerando a média da produção nos seis anos estudados, houve uma redução entre 34,3 e 41,5% devido ao ataque do bicho-mineiro. As maiores produções foram obtidas nos tratamentos com aldicarb, principalmente quando associado à pulverização de deltamethrin ou ethion. Conheça o inimigo O bicho-mineiro do cafeeiro, Leucoptera coffeellum (Guérin-Mèneville & Perrottet, 1842) (Lepidoptera: Lyonetiidae), é praga chave na cafeicultura, causando prejuízos, no estado de Minas Gerais, da ordem de 52% de redução da produção em conseqüência da desfolha que causa nas plantas. O controle químico do bicho-mineiro já é conhecido e eficiente, bem como é conhecida a
ação de predadores e parasitóides na redução da população do inseto, 70 e 20% de redução respectivamente. O uso do inseticida aldicarb na formulação granulada já foi referido como viável para o manejo integrado do bicho-mineiro no estado de São Paulo, pois foi eficiente na redução da praga sem diminuição acentuada na sua predação por vespas predadoras, tendo sido adotado 40% de folhas minadas como nível de controle. O objetivo deste trabalho foi o de encontrar um modo eficiente de controlar o bicho-mineiro evitando um desequilíbrio biológico, com base nas seguintes hipóteses: (1) o uso de inseticida granulado sistêmico no solo atua diretamente sobre a praga contaminando o conteúdo celular, tendo portanto pouco ou nenhum efeito direto sobre os parasitóides e predadores; (2) uma pul-
Manejo da praga O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da Epamig, em São Sebastião do Paraíso, MG, entre 1987 e 1993, em cafezal Mundo Novo , LCP 379/19, plantado no espaçamento de 3,0 x 2,0 m, duas plantas por cova, e com seis anos de idade por ocasião da instalação do ensaio. O delineamento constou de seis tratamentos em talhões de 100 covas, cinco linhas com 20 plantas, sendo as três linhas centrais consideradas a parte útil. Foi evitado o uso de pequenas parcelas, para facilitar o sistema de manejo da praga. Para efeito de análise da variância, cada ano de execução foi considerado como uma repetição. Neste trabalho, adotou-se o nível de controle de 30% de folhas minadas (no terço médio das plantas) e com lesões intactas, ou seja, sem apresentarem lesões dilacera-
EPAMIG
Paulo R. Reis
Café
O uso do inseticida aldicarb na formulação granulada já foi referido como viável para o manejo integrado do bichomineiro no estado de São Paulo
das por vespas, conforme os trabalhos já realizados no estado de Minas Gerais. Os tratamentos foram: aplicação de aldicarb granulado (Temik 150 G) (10 g/cova) no mês de fevereiro, mais pulverização com deltamethrin (Decis 25 CE) (100 ml/1000 covas) quando constatado 30% de folhas minadas sem sinais de predação; aplicação de aldicarb (10 g/planta) no mês de fevereiro, mais pulverização com ethion (Ethion 500 CE) (1000 ml/1000 covas) quando constatado 30% de folhas minadas sem sinais de predação; aplicação de aldicarb (10 g/cova) no mês de fevereiro; pulverização com deltamethrin (100 ml/1000 covas) quando fosse constatado 30% de folhas minadas sem sinais de predação; pulverização de ethion (1000 ml/1000 covas) quando constatado 30% de folhas minadas sem sinais de predação, e testemunha, sem aplicação dos inseticidas. Aldicarb foi aplicado em dois sulcos com
Paulo fala sobre o manejo do bicho-mineiro
10 cm de profundidade, um de cada lado das plantas, na projeção da saia, e cobertos logo após a aplicação. As pulverizações foram feitas com atomizador costal motorizado equipado com bico de baixo volume, com gasto de 180 litros de calda por 1000 covas de cafeeiro. Os demais tratos culturais foram os realizados normalmente para a cultura do cafeeiro e iguais para todos os talhões. As amostragens para determinar o nível
de controle, foram realizadas quinzenalmente em 30 covas da parte útil dos talhões, sendo retiradas cinco folhas do terço médio de cada planta. Para avaliação da infestação foram contadas as folhas minadas, e nestas o número de lesões predadas por vespas, principais agentes de controle biológico da praga. O efeito deste manejo integrado do bicho-mineiro também foi avaliado através da produção de café. Resultados do manejo Os resultados obtidos mostram que nos seis anos agrícolas estudados foi necessária uma pulverização a cada ano, durante o pe-
ríodo mais seco, com exceção de 1993 quando a infestação foi baixa em todos os tratamentos. Tais tratamentos foram eficientes no controle do bicho-mineiro, porém sob o ponto de vista do manejo, principalmente na preservação dos predadores, foram melhores o aldicarb e ethion. A não interferência do aldicarb sobre as vespas predadoras já havia sido constatada também em outros trabalhos. Os tratamentos com pulverização, à exceção do ethion isoladamente, apesar de eficientes no controle da praga, foram os que apresentaram menor número de minas predadas em relação à testemunha e ao aldi-
carb aplicado isoladamente. Quando se associou aldicarb e pulverização, deltamethrin foi mais prejudicial aos predadores do que ethion. Aldicarb aplicado isoladamente em fevereiro não evitou, nesses anos, a necessidade de pulverização, no período seco, para complementar o controle do bicho-mineiro, o que pode ser explicado pela término de seu efeito residual. Os predadores do bicho-mineiro mais freqüentes foram as vespas predadoras (Hymenoptera: Vespidae) pertencentes a diversas espécies, com destaque para Brachygastra lecheguana (Latreille) e Protonectarina sylveirae (de Saussure). Aldicarb, aplicado isoladamente, além de controlar o bicho-mineiro e não interferir na presença de predadores, apresentou maior produção de café do que os tratamentos só com pulverização. Porém, quando houve associação de aldicarb com deltamethrin e ethion em pulverização, a produção aumentou em relação ao aldicarb isoladamente, produzindo 17 e 15 sacos a mais por hectare, respectivamente. O efeito desse inseticida sistêmico na produção de café já foi estudado e pode ser devido ao aumento de NPK nas folhas. Embora o aldicarb tenha exercido efeito marcante no aumento da produção de café, não afetou a bianualidade de produção que é uma característica dos cafeeiros. Levando-se em conta somente os tratamentos com pulverização, para que não fosse considerado o efeito de aldicarb na produção, o que daria uma falsa idéia de prejuízo pelo bicho-mineiro, as médias dos seis anos estudados mostram que a praga causou redução na produção de café entre 34,3 e 41,5%. Com base nos resultados obtidos conclui-se que o manejo, nas regiões onde o bicho-mineiro atinge freqüentemente o nível de controle, pode ser feito com o uso de aldicarb, aplicado no solo no mês de fevereiro, e complementado com pulverização de ethion quando for constatado mais de 30% de folhas minadas, nos terços médio e superior, sem sinais de predação, no período de maior incidência da praga, e só com pulverização nas demais regiões. Paulo Rebelles Reis, Júlio César de Souza; Epamig
Nossa Capa insetos
Comedores de lucro
Prejuízos causados por insetos à agricultura brasileira superam os US$ 2,2 bilhões
T
odo produtor já presenciou em sua lavoura a capacidade destrutiva de ao menos uma dezena de insetos. Imagine esta situação ocorrendo em todas as culturas agrícolas no Brasil ao longo de um ano. A soma de todas estas perdas representa o que o país deixa de produzir anualmente - e que certamente poderia alimentar milhões de pessoas.
Muitas são as maneiras pelas quais os insetos podem ocasionar injúrias nas plantas e seus produtos (Tabela). Dependendo da(s) espécie(s), número (densidade) de indivíduos envolvidos, estágio de desenvolvimento e da duração do ataque haverá maior ou menor dano, comprometendo tanto a qualidade, quanto a quantidade produzida. Tudo isso sen-
do regulado pelas condições climáticas, pelas variedades, pela época de plantio e colheita, pelo modo de condução da lavoura, dentre outras. Perdas no mundo Vários motivos, muitos dos quais listados
anteriormente, impedem ou dificultam os téc- ordem de 14%, em razão do ataque de insenicos estabelecer uma estimativa precisa de tos na agricultura mundial. Nos Estados Uniperdas por insetos na agricultura, ou mesmo dos, um dos países mais tecnificados do munnuma cultura. Tal fato é mais evidente quando do, essa perda estava em torno de 10% ao consideramos as diferenças sociais e econô- ano, variando de 2 a 20%, dependendo da micas entre os diversos países ou regiões no cultura (exceto grãos armazenados) segundo mundo. Entretanto, sempre existiu a preocu- seu Departamento de Agricultura (USDA) em pação, principalmente de instituições gover- 1988. namentais e não-governamentais, de se estabelecer algum tipo de parâmetro, no sentido Perdas no Brasil de direcionar recursos para estimular pesquiNo Brasil, poucos são os estudos com a sas ou estratégias de controle de pragas, vifinalidade de se estabelecer sando reduzir futuras parâmetros de perdas por inperdas num setor consisetos na agricultura, muito derado estratégico, A perda embora várias instituições como é a agricultura no Brasil por disponham de relatos ou repara muitos países. Uma ataque de gistros de danos, para boa oscilação para mais ou insetos é de 7,1%, em média parte dos insetos-praga em para menos nestes parâdiversas regiões. Entretanto, metros representa elevaos dados variam muito de das somas financeiras, uma região para outra, o que que podem interferir fordificulta um consenso. temente em suas economias. As estimativas de perdas por insetos, no A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estimou, na Brasil (Tabela), foram baseadas na perda médécada de 1970, uma perda de produção da dia em cada cultura por ano, obtida de regis-
tros e observações de campo realizadas por entomologistas em diversas instituições do país. Foram feitas consultas adicionais ao banco de dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e à biblioteca da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). Os prejuízos financeiros foram obtidos a partir da produção anual em cada cultura, multiplicada pelo preço médio da unidade deste produto, obtendo-se por fim o valor correspondente à porcentagem perdida pelo ataque dos insetos. Os respectivos valores de produção foram compilados de dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Deral), extraídos junto à publicação Agrianual 99 (Anuário da Agricultura Brasileira, 1998, FNP Consultoria e Comércio, Ed. Argos, São Paulo, 521p.). De acordo com esses parâmetros, a perda de produção no Brasil por causa do ataque de insetos é de 7,1%, em média, variando de 2 a 30% dependendo da cultura. Estes dados representam um prejuízo financeiro da renda
de insetos durante um ano. Devemos lembrar ainda, que este projeto permitiu ao país formar uma equipe de profissionais do mais alto nível nesta área. No ano passado a descoberta e síntese do feromônio sexual do bicho-furão-dos-citros Ecdytolopha aurantiana, por uma equipe de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em parceria com colaboradores japoneses, promete tornar o controle desta praga mais eficiente e econômico aos produtores. Hoje as perdas representam cerca de U$ 50 milhões anuais, o que deve cair substancialmente nos próximos anos. A pesquisa foi bancada integralmente pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) e consumiu pouco mais de US$ 100 mil, ou seja, cerca de 0,2% das perdas anuais desta praga. José Maurício S. Bento, Esalq
agrícola do país em torno de US$ 2,2 bilhões ao ano. Dentre as culturas, a seringueira é a mais afetada (30%), seguido do caju (15%), café (12%) e coco-da-baía (12%). Quanto às perdas financeiras, a cana-de-açúcar lidera o ranking com prejuízos anuais estimados em US$ 467 milhões, com perda de 10% da produção. Em segundo lugar, vem o café (US$ 310 milhões), que tem 12% da sua safra atingida. Em seguida está a soja (US$ 281 milhões) com perdas de 5%. Já o milho (US$ 275 milhões) perde 7% da sua safra.
O papel da pesquisa O caminho mais curto para reduzir as perdas e aumentar a oferta de alimentos no Brasil tem sido a pesquisa agrícola. Assim como em outras áreas, a pesquisa científica torna possível ao país formar técnicos e adquirir os conhecimentos necessários para assegurar o seu desenvolvimento. No Brasil inúmeros são os casos de sucesso no manejo e controle de insetos-praga. Mais recentemente temos dois novos exemplos no
Estado de São Paulo. Há pouco mais de dois anos, a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), disponibilizou cerca de US$ 13 milhões para o seqüenciamento do genoma da Xylella fastidiosa, bactéria responsável pelo amarelinho ou CVC em citros. Esta doença tem como inseto vetor diversas espécies de cigarrinhas e chega a ocasionar prejuízos de U$ 130 milhões anuais. Embora este valor represente uma quantia considerável, corresponde a apenas 10% das perdas agrícolas nesta cultura devido ao ataque
Defensivos
mercado CNPMA
Mercado em alta Na última década, o mercado de denfesivos agrícolas no Brasil aumentou 107%
O
s defensivos agrícolas, também denominados de agroquímicos, agrotóxicos, biocidas, pesticidas, praguicidas ou produtos fitossanitários, são produtos químicos utilizados no combate às pragas, às doenças e às plantas daninhas (inços), as quais causam prejuízos aos produtores agrícolas, reduzindo a qualidade e a quantidade da produção agrícola. Os defensivos, diferentemente dos fertilizantes e sementes melhoradas cujo uso tem como resposta uma produtividade maior, têm como função evitar perdas de produção por ataque de pragas e doenças de plantas e ervas daninhas, além de contribuir para a preservação de produtos armazenados. As vendas de defensivos agrícolas no Brasil, no período de 1992-99, apresentaram crescimento acentuado, passando de US$ 947 milhões em 1992 para US$ 2,3 bilhões em 1999, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SIN-
DAG) e da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF). Deflacionando-se os valores pelo Consumer Prices Index, dos Estados Unidos, constata-se aumento de 107,4%, considerando-se os anos extremos do período. No decorrer do período verificou-se mudanças na distribuição das vendas em termos de valor por classe de defensivos: a participação dos inseticidas passou de 20,5 % em 1992 para 25,6% em 1999; a dos herbicidas, de 54,5% para 50,5%; a dos fungicidas, de 15,3% para 18,1 %; a dos acaricidas, de 6,8% para 3,4%; e a dos produtos da classe outros (antibrotantes, maturadores, reguladores de crescimento, óleo mineral e espalhantes adesivos), passou de 2,9% para 2,4% (figura). Época de vendas As vendas de defensivos agrícolas se concentram no segundo semestre do ano, no perí-
odo de plantio das principais culturas de verão ( das águas ). As maiores vendas ocorrem no período de agosto a dezembro, com pico em setembro e as menores em abril, período de entressafra agrícola da maioria das culturas anuais. Há uma concentração das vendas de defensivos (considerando-se todas as classes) em um pequeno conjunto de culturas. Em 1999, cerca de 70,2 % das vendas agruparam-se em seis culturas: soja (34,5%), algodão (8,2%), café (8,0%), milho (7,9%), cana-de-açúcar (6,1%) e citros (5,5%). (Tabela). Esse conjunto de culturas foi responsável por 73,8% da quantidade vendida de produto comercial. Observou-se que no triênio 1997-99, a cultura do algodão, cujo mercado apresentou sensível melhoria para o produtor no período, aumentou a sua participação no consumo de defensivos (de 4,1% em 1997 para 8,2% em 1999), em função principalmente do maior uso
de inseticidas, enquanto a da cana-de-açúcar decresceu (de 11,1% para 6,1%), dada a forte retração da comercialização de herbicidas. A concentração do destino do faturamento de vendas é maior quando são consideradas as classes de defensivos, como no caso dos acaricidas, cujas vendas, em 1999, se destinaram maciçamente (88,1%) para a citricultura. Na classe dos herbicidas a cultura da soja respondeu, nesse ano, por 53,7 % das vendas, a do milho por 12,3% e a da cana-de-açúcar por 9,9%, respondendo, portanto somente essas três culturas por 75,9% das vendas. No caso dos inseticidas, as vendas no Brasil são menos concentradas em relação às classes mencionadas. Em 1999, as vendas se destinaram principalmente para o algodão (22,1%), seguido da soja (17,4%), café (9,4%), tratamento de sementes (9,1%), milho (6,3%), feijão (4,6 %) e batata-inglesa (4,5%). A classe dos fungicidas é a que apresenta maior diversificação em termos de destino das vendas, constatando-se em 1999 as maiores participações do café (19,8%), soja (11,9%), batata-inglesa (10,0%), trigo (9,4%), feijão (8,1%), horticultura (7,8%), tratamento de sementes (7,5%), tomate (7,4%) e fruticultura em geral (6,6%). As vendas de produtos da classe outros também se concentram em poucas culturas; em 1999, 78,3% das aquisições, em termos de valor, se distribuíram entre soja (31,6%), fumo (17,0%), algodão (16,2%) e cana-de-açúcar (13,5%). No caso de inseticidas para tratamento de sementes, a cultura do milho é a que vem se destacando como a maior consumidora (51,8% ou US$ 28,1 milhões em 1999), e em menores proporções as culturas do arroz, algodão, feijão e trigo. Por outro lado, quanto se considera os fungicidas para tratamento de sementes destacam-se as aquisições para a soja (62,9% ou US$ 20,1 milhões em 1999), seguida do trigo, arroz, milho, algodão e feijão. Em termos regionais as vendas de defensivos no mercado brasileiro apresentam uma forte correlação com o valor da produção agrícola de cada Unidade da Federação. Assim, verifica-se que o Estado de São Paulo, em 1999, ocupou a primeira posição (22,2%), seguindose Paraná (15,8%), Rio Grande do Sul (11,9%), Mato Grosso (11,3%), Minas Gerais (10,6%), Góias (8,1%); Mato
Grosso do Sul (5,7%). As demais unidades, juntas, responderam por 14,4%. As vendas totais de defensivos agrícolas no Brasil, no primeiro semestre de 2000, somaram US$ 665,2 milhões contra US$ 608,5 milhões no mesmo semestre de 1999, ou seja, incremento de 9,3% no faturamento do setor, segundo o Sindag, em função principalmente dos seguintes fatores: incremento no consumo na soja e na cana-de-
açúcar, aplicação de herbicidas e inseticidas no milho safrinha e emprego de inseticidas no algodão. Contribuíram também para esse bom desempenho do setor a antecipação das compras para a safra 2000/01, principalmente pelos produtores de soja. Contudo, quando se compara com igual período de 1998, constata-se queda de 16,7%. Ressalte-se que o ano de 1999 foi atípico para o setor, tendo em vista a desvalorização cam-
Cultivar
bial em janeiro, a qual levou a acréscimos acentuados nos preços pagos pelos agricultores, conseqüência da forte dependência dos ingredientes ativos importados pelo setor, bem como pelo fraco desempenho das vendas de herbicidas para a cultura da canade-açúcar, reflexo da descapitalização do setor e do maior emprego da mecanização na lavoura. Na análise das classes de defensivos, obser va-se que, com exceção dos acaricidas e fungicidas, as demais apresentaram resultados econômicos positivos para a indústria, no primeiro semestre de 2000 em relação ao mesmo período do ano anterior. Os herbicidas responderam pelo maior valor de vendas (40,9% do total), sendo que o faturamento aumentou 19,4% (US$ 272,0 milhões no período de janeiro a junho de 2000 contra US$ 227,8 milhões no mesmo período de 1999), destinadas principalmente para soja e cana-deaçúcar, em função da recuperação dos mercados de açúcar e álcool.
Produto Comercial Acaricidas 4,7%
F ungicidas 16,3%
Herbicidas 49,6%
Valor de Vendas Acaricidas 3,4%
F ungicidas 18,1%
Herbicidas 50,5%
Participação Percentual da Quantidade de Produto Comercial e do Valor das Vendas de Defensivos, por Classes, 1999. Fonte: SINDAG.
Alfredo e Célia falam sobre o mercado brasileiro
Os inseticidas, ocupando o segundo lugar das vendas, representaram 30,5% do total e faturamento de US$ 203,2 milhões, com acréscimo no valor comercializado de 14,1%, cujas vendas foram direcionadas principalmente para as culturas do algodão e da soja. No caso dos fungicidas, em função das condições climáticas de várias regiões não favorecerem o desenvolvimento de doenças, apresentaram retração no faturamento (9,3%), passando de US$ 143,6 milhões para US$ 130,3 milhões, no citado período. A classe outros registrou incremento de 27,7% nas vendas, porém, sua participação é pequena no mercado, respondendo por apenas 4,6% do total em 1999 (US$ 30,8 milhões). A comercialização de acaricidas mostrou queda (17,4%) no referido período, movimentando US$ 28,8 milhões no primeiro semestre de 2000, tendo em vista especialmente os baixos preços recebidos pelos produtores de laranja. Em julho de 2000 as vendas de defensivos agrícolas totalizaram US$ 173,3 milhões, com decréscimo de 9,1% em relação ao mesmo mês de 1999. O acumulado de janeiro a julho de 2000 somou US$ 838,6 milhões, representando incremento de 4,9% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A previsão de vendas do setor de defensivos para 2000 é otimista, com expectativa de faturamento em torno de U$ 2,5 bilhões contra US$ 2,3 bilhões do ano anterior, retornando portanto ao mesmo nível de 1998. Alfredo Tsunechiro, Célia R. R. P. T. Ferreira, Instituto de Economia Agrícola (IEA), da SAA / SP
doenças
Embrapa Trigo
Soja
Ameaças para a soja Doenças, novas ou já conhecidas, formam um grupo extremamente perigoso para a rentabilidade da soja brasileira; monitorar o que acontece pelo mundo também é necessário
C
omo toda cultura exótica no País, a soja iniciou sua expansão com excelente sanidade. Porém, com poucos anos de cultivo comercial, as doenças começaram a aparecer, passando a representar um dos principais fatores limitantes ao aumento e estabilidade do rendimento. Além das doenças trazidas com as primeiras sementes, diversos patógenos nativos foram se associando à planta de soja. Atualmente, cerca de 50 doenças são listadas na cultura. Na safra 1999/00, as doenças foram responsáveis por prejuízos estimados em US$ 1,39 bilhão. O risco da ocorrência de novas doenças na soja é contínuo. O maior ou menor dano que irão causar depende do grau de tecnologia utilizada na lavoura, da correta combinação das práticas agronômicas e do nível de preparo e agilidade das ações das instituições de pesquisa e de assistência técnica. Doenças tradicionais, de baixo impacto em uma região, podem representar alto risco em regiões de climas mais favoráveis ao patógeno. O desenvolvimento de uma nova raça de patógeno, cuja doença esteja sob controle através de resistência genética, pode representar novo risco à cultura. Dessa forma, a fim de que a defesa da cultura seja permanente e eficaz, é necessário ter a visão global do problema, sem restrição a país ou fronteira. É fundamental acompanhar a evolução das doenças ao nível global e estar sempre preparado para novos desafios. Entre as doenças consideradas exóticas (introduzidas), as primeiras e mais comuns foram o míldio - Peronospora manshurica, a mancha púrpura e crestamento foliar de Cercospora Cercospora kikuchii, a mancha parda - Septoria glycines e a antracnose - Colletotrichum truncatum. Essas, provavelmente, vieram nas sementes introduzidas pelos imigrantes japoneses, que cultivaram a soja para consumo caseiro. Outras doenças cujos patógenos, provavelmente, já faziam parte do atual ecossistema da soja são a mancha alvo e a podridão radicular de Corynespora (C. cassiicola), a podridão radicular de Rosellinia (R. necatrix ou R. Bunodes: falta definição), a podridão radicular de carvão ou podridão de Macrophomina (M. phaseolina), o tombamento e a morte em reboleira (Rhizoctonia solani) e o tombamento e a murcha de Sclerotium (S. rolfsii). A podridão branca da haste, causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, deve ter sido introduzida pelas
Cultivar
das mais de 25 raças no Brasil. A resistência das cultivares desenvolvidas nesse período tem sido relativamente estável, porém, o surgimento de novas raças tem exigido a mudança de cultivares. Duas raças de C. sojina (Cs-24 e Cs-25), identificadas em 1998, no Maranhão e Piauí, quebraram a resistência de várias cultivares lançadas recentemente. Isso exige, em nível de campo, atenção constante para detectar a tempo a variação na reação das cultivares. Por parte da pesquisa, a constatação de qualquer mudança na reação das cultivares deve desencadear novos estudos para determinação de raça e definir os cruzamentos para solução do problema. Na safra 1988/89, teve início a epidemia do cancro da haste que, à semelhança da mancha olho-de-rã , disseminou-se do Sul do Paraná para o resto do Brasil. As perdas por cancro da haste somaram, no período de 1989 a 1996, mais de US$ 500 milhões. Graças à existência de um dinâmico programa de melhoramento genético e de testes de linhagens, com participação de diversas instituições, a doença está sob controle com cultivares resistentes. Todavia, o patógeno continua presente na maioria das regiões produtoras de soja, exiTadashi adverte para o surgimento de doenças em soja gindo contínua atenção. Até o momento, a resistência ao cancro da haste tem sido estável, sem qualquer indicação de variabilidade sementes de diversas leguminosas que ante- fra 1970/71, o fungo C. sojina foi introduzido genética do patógeno. cederam a cultura da soja. Duas doenças con- através de um lote de sementes da cultivar Na safra 1991/92, o nematóide de cisto sideradas exóticas até recentemente passaram Bragg, originada dos Estados Unidos e que foi da soja (NCS) (Heterodera glycine) passou a a fazer parte do quadro de preocupações da semeada na Estação Experimental do IPEAME- fazer parte do quadro de doenças da soja no pesquisa e dos produtores, nos estados do Sul, MA (atual IAPAR), em Ponta Grossa. Desse Brasil. Iniciando com cerca de 10.000 ha insem que tenham uma explicação lógica para primeiro foco, o fungo festados no primeiro ano de suas origens: a podridão radicular de Phyto- espalhou-se por todo o constatação, nos estados de phthora (P. megasperma f. sp. glycines) (RS e Estado do Paraná, cauGO, MS, MT e MG, na safra A partir da safra 91/92 o SC) e a podridão parda da haste (Phialophora sando severas perdas 1999/00, passou para mais nematóide de gregata) (RS, SC e PR). Estas são doenças tra- nos quatro anos seguinde 1,7 milhão de hectares. cisto passou a dicionais da soja nos Estados Unidos e não há tes, sendo a cv. Bragg, Atualmente, mais de 85 muprejudicar a soja informação de que sejam disseminadas pela suscetível, predominannicípios em sete estados (GO, semente. MG, MS, MT, PR, RS, SP) te na época. Os nematóides de galhas, principalmente, estão infestados. O total de Do Paraná, a manas espécies Meloidogyne incognita e M. java- cha olho-de-rã espalhou-se por todo o País, prejuízos causados pelo NCS até a safra 1999/ nica, são nativas, de ampla ocorrência e são através de sementes infectadas, causando pre- 00 foi estimado em US$ 200 milhões. responsáveis por perdas significativas de soja. juízos estimados em mais de US$ 100 milhões. Na safra 1999/00, o prejuízo causado foi es- Atualmente, a doença está sob controle atraExpansão timado em US$ 52,2 milhões. e doenças vés de cultivares resistentes, estando restrita a Com a expansão da soja para as regiões ocorrências esporádicas nos estados do ToPrimeira cantins, Maranhão e Piauí, onde ainda existem Centro e Norte/Nordeste do Brasil, com seepidemia remanescentes da cultivar Doko e em áreas mentes originadas do Sul, as doenças transmiA mancha olho-de-rã foi a primeira gran- experimentais, onde são feitas inoculações e tidas pelas sementes foram espalhadas por tode epidemia na cultura de soja e responsável seleções de linhagens resistentes. O fungo C. das as regiões do País, onde a cultura se viabipelo início do programa de melhoramento vi- sojina apresenta variabilidade patogênica e, da lizou. Doenças de impacto ocasional na resando resistência a doenças no Brasil. Na sa- safra 1970/71 a 1999/00, já foram identifica- gião Sul, quando introduzidas em regiões de
Defensivos
embalagens
clima mais favorável dos Cerrados, passaram a é a doença mais preocupante dentre as que causar constante redução de rendimento. Os ocorrem atualmente em soja no Brasil. Nenhuexemplos mais importantes são as doenças de ma prática agronômica têm mostrado eficácia final de ciclo (mancha parda - Septoria glyci- no controle da doença. Estudos em casa-denes e crestamento foliar de Cercospora - C. vegetação e a campo, tem demonstrado difeKikuchii), antracnose (Colletotrichum trunca- renças de reação entre cultivares, porém, testum, seca da haste e da vagem ou Phomopsis tes mais rigorosos a campo têm sido dificultada semente (Phomopsis sojae/Diaporthe pha- dos pelas variações climáticas de cada safra. seolorum f. sp. sojae Phomopsis longicola) e A partir de 1995, a mela (Rhizoctonia somancha alvo (Corynespora cassiicola). O oí- lani/Tanathephorus cucumeris), passou a caudio (Microsphaera diffusa), que sempre esteve sar danos na soja, principalmente no Marapresente em parcelas experimentais de cultiva- nhão (Balsas) e no Piauí (Uruçuí). Desde enres tardias e em casa-de-vegetação, sem nun- tão, vem se expandindo e causando perdas sigca ter causado danos significativos, repentina- nificativas também em Mato Grosso (Rondomente, na safra 1996/97, foi responsável por nópolis, Nova Mutum, Lucas e Sorriso). Essa perdas avaliadas em US$ 315,3 milhões. doença poderá representar sério problema para A única explicação para essa epidemia na- a soja em expansão para as regiões tropicais cional, após muitos anos de simples ocorrên- úmidas, como o Norte de Mato Grosso, Roncia, e sua continuidade como problema em dônia e Pará. Por ser causada por um fungo anos subseqüentes, é o desenvolvimento de de distribuição quase universal, a possibilidauma nova raça. Por outro lado, não se tem de de causar danos à soja depende apenas da explicação para a ocorrêncoincidência de condições cia repentina ao nível naciclimáticas favoráveis, o onal, em vez de uma evoque, certamente ocorrerá A falta de manejo lução gradual. Algo semena maioria das regiões trotem favorecido o lhante vem ocorrendo com picais amazônicas, para agravamento a podridão vermelha da raiz onde segue a expansão da das doenças ou síndrome da morte súsoja. radiculares bita (PVR/SDS) (Fusarium A mudança de prátisolani f. sp. glycines). A cas agronômicas e a falta doença foi constatada pela de manejo adequado da primeira vez na safra 1981/82, em São Go- cultura têm favorecido o agravamento, princitardo, MG, porém, o agente causal só foi con- palmente, das doenças radiculares. A sucessifirmado por Nakagima et al., em 1996. Du- va semeadura direta tem favorecido a incidênrante muitos anos, a PVR ficou restrita às la- cia da PVR e da podridão radicular de Coryvouras da região de São Gotardo. A partir do nespora. O manejo inadequado do solo, que final da década de 80, passou a chamar a aten- resulta em compactação, nas regiões sujeitas ção em diversas lavouras do Sul do Paraná, a veranico, tem agravado o estresse hídrico Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul (Cha- nas plantas e, conseqüentemente, aumentado padão do Sul) e Goiás (Chapadão do Céu). Na seriamente a incidência da podridão de carvão safra 1999/00, foram listados 99 municípios (Macrophomina). com PVR, distribuídos pelos estados da BA, Além das doenças mencionadas, outras GO, MG, MS, MT, PR, RS e SP, compreen- vêm aumentando em severidade a cada safra, dendo cerca de 2 milhões de hectares. como a mancha foliar de Ascochyta (A. sojae), O prejuízo causado por PVR nessa safra a mancha foliar de Phyllosticta (P. sojicola) e o foi estimado em US$ 53 milhões. O surgimento míldio (P. manshurica). e a expansão da PVR é outro tema de reflexão, Os exemplos citados mostram que a agrideixando as seguintes questões sem respos- cultura é um processo contínuo e dinâmico. tas: a.) não há prova da transmissão pela se- Para cada problema solucionado, vários oumente e, no entanto, está amplamente disse- tros surgem, exigindo constante atenção da minada, aumentando a cada ano; e b.) é de pesquisa e de todos aqueles, direta ou indireocorrência recente em lavouras de mais de 30 tamente envolvidos com a cultura. Por parte anos de cultivo de soja, na região Sul, enquanto da pesquisa, o controle das diversas doenças tem causado danos significativos em áreas de exige um esforço coordenado, integrado e primeiro ano de cultivo, em Minas Gerais, multidisciplinar. Doenças tradicionais, de baiGoiás, Mato Grosso e Bahia, dando a impres- xo impacto em uma região podem constituir são de que o fungo é nativo e de ampla distri- sérios problemas em regiões que as favorebuição. Pela sua dificuldade de controle, a PVR çam. O desenvolvimento de uma nova raça
pode pôr a perder todo o trabalho de vários anos de melhoramento para resistência às raças até então existentes, como tem ocorrido com a mancha olho-de-rã . O melhoramento contínuo para produtividade e demais características agronômicas, sem levar em conta os testes para reação às doenças, pode, ao longo do tempo, eliminar os genes de resistência. Cultivares resistentes, quando modificadas para atender certos interesses, podem perder essa característica se não for devidamente avaliada. Exemplo dessa situação é a ocorrência da mancha olho-de-rã , nas três últimas safras, nas cultivares transgênicas em uso na Argentina, onde diversas cultivares foram severamente afetadas. Além do cuidado com as doenças que já ocorrem no país, deve-se estar sempre atento às doenças que ocorrem ao redor do mundo e que poderão vir a ser problemas para a sojicultura brasileira. Entre as diversas doenças da soja ainda não constatadas no Brasil, destacam-se a ferrugem (Phakopsora pachyrhizi), ausente apenas no continente americano, a mancha foliar vermelha ( red leaf blotch ) (Pyrenochaeta glycines/Dactuliochaeta glycines), presente em alguns países da África, principalmente na Nigéria, Zâmbia e Zimbabwe. Uma mancha foliar causada pelo fungo Myrothecium roridum ocorre em reboleiras e de forma pouco agressiva nos Cerrados brasileiros, porém, na Índia, é responsável por severas perdas de soja. Essas doenças, para as quais não há resistência genética adequada, se introduzidas no Brasil, poderão dobrar as perdas ou o custo de produção, principalmente nos Cerrados. Na eventualidade da introdução de qualquer dessas doenças no Brasil, a única defesa para a soja, será a existência de um dinâmico programa de pesquisa e de assistência técnica. Uma afirmação que continua válida após mais de 40 anos foi feita pelo eminente Fitopatologista J. C. Walker (1959): O sucesso final da resistência como medida de controle depende da busca contínua de informação básica, da contínua busca de germoplasma e da integração contínua em um amplo programa de melhoramento da cultura considerada . Vale acrescentar que, em um país imenso como o Brasil, com tamanha diversidade climática e desafios por superar, a integração de esforços entre as instituições de pesquisa e assistência técnica, públicas e privadas, será a única garantia para continuidade de uma sojicultura rentável. José Tadashi Yorinori, Embrapa Soja
Descarte regulamentado U
m dos maiores problemas de contaminação com agroquímicos no campo, através de embalagens vazias, passa a ser atacado de forma mais rigorosa. A partir de 22 de janeiro próximo os compradores de agroquímicos serão obrigados a entregar as embalagens usadas em um posto de recebimento ou a devolvê-las ao revendedor, que lhes dará destino final.
os do Meio Ambiente e Saúde, Ibama e as indústrias agroquímicas.
Solução já no caminho Como toda lei, também essa é criada após a sociedade já ter o assunto de certa forma encaminhado. As indústrias, sensíveis à pressão da sociedade, desde o início da década vêm criando as centrais de recebimento de embalagens, já existentes em bom número espalhadas pelo país. E até mesmo já existe uma empresa reciclando plásticos para fabricar condutos de fios elétricos. O secretário executivo da AENDA (Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas), Túlio Teixeira de Oliveira, concorda com a regulamentação legal e a necessidade de conscientização geral. E aproveita para sugerir que a legislação e a campanha de esclarecimentos atinjam também o descarte de embalagens de Túlio explica as mudanças oriundas da nova legislação medicamentos, de produtos sanitários domésticos e até mesmo de refrigeranA determinação terá ampla repercussão no tes, esses últimos a maior causa de poluição meio agrícola brasileiro, que compra atualmen- dos rios. te cerca de 250 mil toneladas de agroquímicos O agrônomo Júlio Brito, da Coordenação por ano, acondicionados em 115 mil de tone- de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura, ladas de embalagens. Boa parte desse total ain- explica que o programa visa a reduzir os riscos da hoje é descartado no meio ambiente por pes- à saúde e ao meio ambiente, pois a reutilização soas mal esclarecidas. de embalagens de produtos químicos, mesmo Medidas já recomendadas pelos fabricantes após lavadas diversas vezes, pode causar proe seguidas em alguns locais, elas agora são obri- blemas toxicológicos, com a contaminação do gações legais e constam da Lei nº 9974, que solo e rios. No passado os técnicos recomenregulamenta o uso, produção e fiscalização de davam que se enterrassem as embalagens meprodutos químicos. Essa Lei substitui, aprimo- tálicas. Também houve quem aconselhasse a rando, a chamada Lei dos Agrotóxicos, de 1989. queima das plásticas e por um tempo se pensou Mas não é só com a promulgação da nova que o problema estaria resolvido com a tríplice lei que se pretende resolver a questão. Uma lavagem. Hoje todas essas medidas são consigrande campanha de esclarecimentos sobre a deradas inócuas e eliminação de embalagens importância da devolução das embalagens está passa a ser uma questão tecnológica, que goprestes a ser lançada pelo Ministério da Agri- verno e indústrias estudam a sério. A eliminacultura e do Abastecimento, em parceria com ção fatalmente será feita por processo industri-
al, restando saber quem pagará os custos. O sistema de conscientização popular para o descarte correto será acompanhado por outras medidas em fase de projeto, coordenadas pelo Ministério da Agricultura, como a obrigatoriedade de rótulo e bula nas embalagens, nos quais conste os locais de devolução e os de fiscalização.
Parceria na genética A Fundação Mato Grosso abriu negociações com as multinacionais Monsanto, DuPont e Aventis CropScience para dar continuidade ao seu programa de melhoramento genético e consolidar um banco próprio de germoplasma. A definição das parcerias vai depender ainda de uma série de conversações entre as partes o que, segundo o presidente da Fundação, Blairo Maggi, vem ocorrendo com grande interesse por parte das empresas . Com o fim da parceria com a Embrapa, a Fundação Mato Grosso começa uma nova fase de sua atuação. No acordo anterior, não era permitido à Fundação manter outros parceiros. Com o rompimento, empresas começam a demonstrar possibilidades concretas de aproximação. Segundo Blairo Maggi, esse interesse é explicado também pelo fato de 85% do mercado de sementes ser controlado pelo grupo que mantém a Fundação. Além disso, todos querem ter produtos de excelente qualidade, que vem do resultado das pesquisas , frisa Maggi. O presidente da entidade destaca ainda que a meta é manter a atividade em várias frentes. Vamos manter o nível das pesquisas, com a qualidade do nosso desempenho, agregando sempre novas possibilidades , revela. Entre os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos pela Fundação, Maggi destaca a importância das pesquisas de novas variedades de soja e algodão, com resistência a pragas e maior produtividade.
Sementes
Rapidinhas
Qualidade Certificada N
o dia 26 de setembro de 2000 foi ofici almente apresentado e entregue aos licenciados da Fundação MT, o Certificado de Qualidade do S Q S Sistema de Qualidade em Sementes. Essa certificação surgiu como uma das principais conquistas da agricultura do Estado de Mato Grosso, um modelo de tecnologia, inovação e qualidade na produção de sementes de soja, a ser seguido por todo o setor sementeiro do Brasil. No contexto da agricultura moderna, a produtividade é fundamental para a sustentabilidade do agricultor. E, na visão dos produtores da Fundação MT, todas as potencialidades das cultivares desenvolvidas para o Cerrado estão vinculadas à qualidade das sementes. Início do programa Em 1998, os produtores licenciados da Fundação MT, optaram por verificar a uniformidade do padrão de qualidade, através de critério único de avaliação. Numa iniciativa inédita decidiram, para maior imparcialidade, que a coleta de 100% dos lotes de sementes, que representam 3 milhões de sacos, seria realizada por profissionais da Fundação MT, e os produtores receberiam códigos. O controle de qualidade das amostras coletadas é realizado no laboratório da Aprosmat, que tem infra-estrutura e equipamentos adequados - é 100% informatizado e conta com uma equipe de alta qualificação técnica. A partir dos resultados de análises laboratoriais, vários caminhos são percorridos para discussão e melhoria de qualidade: visitas individualizadas aos produtores, com a participação de pesquisadores de sementes; reuniões técnicas, apresentação de relatórios; cursos e treinamentos para os profissionais envolvidos na produção de sementes, entre outros procedimentos. Ainda, com os dados do SQS é estabelecido um ranqueamento, entre os diferentes produtores participantes, fato adjuvante de qualidade. Envolvidos pelo programa de controle de qualidade, os sementeiros estão buscando alternativas para atingir os objetivos do SQS, que é agregar e assegurar a qualidade das sementes de soja aos
Soja e arroz Certificado de qualidade de sementes é a inovação introduzida no Mato Grosso para dar maiores garantias aos consumidores de sementes
agricultores, permitindo que estes obtenham produtividade e rentabilidade. Entre as vantagens oferecidas ao produtor de grãos pode-se ressaltar a garantia que o produtor tem de poder explorar todo o potencial das variedades desenvolvidas pela Fundação MT. Cultivares de altíssima produtividade, mais resistentes às diversas doenças, às pragas e mais adaptáveis às condições de Cerrado. Ao todo são mais de vinte variedades desenvolvidas por meio do melhoramento genético para as regiões de Cerrado, evoluindo a cada ano, proporcionando ao produtor optar pela variedade mais recomendada para sua região. O comprometimento dos produtores de sementes, dos profissionais da Fundação MT e do laboratório da Aprosmat com os propósitos estabelecidos pelo Sistema de Qualidade em Sementes foi fator decisivo no sucesso alcançado. Agora estes produtores que estão, merecidamente, recebendo esta certificação, têm para cada lote de semente aprovado um certificado. Com todo o sistema, ele ganha em qualida-
de e, conseqüentemente, na produtividade e credibilidade de sua semente. O Certificado de Qualidade será um marco na história da produção de sementes do Brasil. O Estado de Mato Grosso superou mais um desafio. O primeiro foi de produzir soja em regiões de cerrado, o que até poucos anos atrás parecia impossível, depois venceu a luta contra doenças como o cancro da haste e o nematóide de cisto, principalmente com variedades resistentes e hoje, o Estado tornou-se o maior produtor de soja para regiões tropicais no mundo e o que é melhor, produz mais e com qualidade invejável. Por mais essa conquista, o Estado de Mato Grosso mostra porque se tornou campeão nacional de produção e produtividade, sobressaltando a importância do investimento em tecnologia e capacitação pessoal. Mostrando que a agricultura no cerrado é uma opção economicamente viável, derrubando fronteiras, abrindo cidades e criando realidades sócio-econômicas antes não imaginadas.
Padrão nas sementes Uma nova resolução, aprovada em setembro na XXII Reunião de Pesquisa de soja, irá padronizar nacionalmente a classificação do tamanho das sementes. Atualmente, as sementes são classificadas pelo diâmetro, mas não há uma terminologia padrão entre as empresas produtoras. O tamanho da semente define o ajuste da semeadora. A nomenclatura padrão vai facilitar a vida do produtor na compra de sementes e na regulagem da máquina. Até a safra 2001/2002, todas as empresas que comercializam semente de soja deverão aderir à nova nomenclatura utilizando-a nos sacos e notas fiscais de vendas. A nova classificação prevê um intervalo de 1mm entre as classes de sementes que variam de P 4.5 (onde P é peneira e o número significa que as
sementes possuem diâmetro entre 4.5 mm e 5.5 mm) a P 7.0. A Classe Pzero são as sementes não classificadas por tamanho. A separação das sementes é feita nas Usinas de Beneficiamento de Soja por uma máquina com peneiras de orifícios redondos que variam de tamanho. A máquina é muito precisa. Ela permite que as sementes de diâmetro menor que o orifício passem e retém as de diâmetro maior , explica o pesquisador José de Barros França Neto. A nomenclatura foi proposta pela CesSoja/PR (Comissão Estadual de Sementes de Soja e Apasem e será publicada nas Recomendações Técnicas para a Cultura da Soja safra 2000/2001.
Sementeiras não serão afetadas O presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Edeon Vaz Ferreira, acredita que o fim da parceria entre a Fundação Mato Grosso e a Embrapa, que culminou na divisão do material genético desenvolvido entre as duas instituições, não trará qualquer prejuízo aos produtores de sementes do Estado. Em Mato Grosso, as 46 sementeiras produzem dez mil toneladas de sementes de algodão, contra um consumo de 4,6 mil toneladas na safra 99/2000, e 160 mil toneladas de soja (consumo estimado em 170 mil tone-
Gente nova
Sem dúvidas, o cultivo de sorgo está ficando cada vez mais atraente e chamando a atenção dos produtores. A Agroplantas Sementes, por exemplo, planeja entrar nesta cultura no próximo ano, inclusive com o híbrido, disse o vendedor Paulo Dias Cardoso. Já o proprietário da empresa, Evaldo Magela, informou que o trabalho será feito junto com a Embrapa, que concederá o material em regime de parceria.
Comemoração
A Sementes Bonamigo (Campo Grande - MS) tem muitos motivos para comemorar este ano. Além de produzir volume maior de sementes de sorgo, vendeu o produto bem mais cedo em relação a outros anos.
Edeon Jr. e Edeon
ladas). O presidente da Aprosmat acredita que a partir da próxima safra Mato Grosso será auto-suficiente também na produção de sementes de soja.
Falta semente de qualidade A demanda do produtor por sementes de milho para a próxima safra pegou de surpresa as empresas produtoras de variedades híbridas e certificadas do grão. A expectativa de preços remuneradores e a escassez do grão no mercado interno estão atraindo o agricultor novamente para a cultura, que passou a última metade da década de 90 em baixa. Mas, enquanto o plantio apenas se inicia nas principais regiões produtoras do país, os estoques das empresas de sementes híbridas estão chegando ao fim.
Umas se ganha, outras... Na Agropecuária Chimarrão (Paracatu-MG), associada à Apsemg, o feijão já foi o carro-chefe em termos de vendas de sementes. O produto tem um mercado muito variado, disse o gerente comercial Odilon Carlos Ferreira de Mello Neto, num ano é bom; no outro, nem tanto . Hoje, a cultura está superada pelo milho e sorgo, em termos de volumes de comercialização de sementes.
Na região de Primavera do Leste, Mato Grosso, choveu em setembro, o que não é normal. Em decorrência, em algumas regiões como Primavera e Campo Verde, beneficiadas pela chuva, o pessoal já estava plantando. As culturas que entram agora, segundo o sócio-gerente da Sementes Itaquerê, filiada à Aprosmat, Édio Brunetta, são soja e arroz. Nesta safra, o cultivo destas culturas deve crescer, pois estão entrando em algumas áreas antes usadas para pastagens.
Nova variedade da Agromen
A Agromen Sementes Agrícolas está lançando uma variedade de sorgo com a marca da empresa. É a AGN 8050, um sorgo sem tanino e muito resistente a estresse hídrico. Em 61 dias sem chuva, foi o único que emitiu panícula entre 21 materiais submetidos a testes. Segundo Edson Roberto Cesarino, do setor de Desenvolvimento de Produtos, esta é a primeira vez que a empresa comercializa sorgo com marca própria, licenciada pela Embrapa. A variedade entrou no mercado gaúcho. A Agromen, lembra Edson, coloca 60% de sua produção geral no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Boa notícia
Gustavo
Produz bem, vende bem Trabalhando com três unidades de beneficiamento e abrangendo três Estados, a Sementes Brejeiro (OrlândiaSP), filiada à APPS, já vendeu toda a soja-semente em Goiás e em Minas Gerais. No Norte de São Paulo restavam apenas 14% em estoque, informou o gerente de marketing e melhorista de soja Gustavo Gonçalves. A comercialização antecipada de sementes deve-se ao fato de haver menos produto no mercado, o que fez muitos agricultores anteciparem as compras Eles se preveniram , resumiu.
A empresa Di Solo Sementes, filiada à Agrosem, comercializou 600 toneladas de sementes de milho para esta safra, o que era previsto, disse o propriNicola etário, engenheiro agrônomo Nicola Di Salvo. O produto está sendo colocado nos mercados do Paraná, São Paulo e Goiás - os três estados onde a empresa atua. As variedades são a BR-106, o híbrido BRS-2110 e Sol da Manhã, todos franquias da Embrapa.
Sementes
B. Consulting Cultivar
Mais produtividade na SOJA Presidente da Abrasoja prevê maior produtividade na cultura da oleaginosa, que deve ter pequeno aumento de área nesta safra
O
s produtores de soja brasileiros, diante da perspectiva de uma redução de safra nos Estados Unidos estão investindo mais na cultura, que promete preços superiores aos atualmente praticados. Isso já tem se refletido na intenção de semeadura, com possibilidades de aumento de produção e de área de soja em determinadas regiões, embora não se disponha ainda de nenhum dado oficial da Conab (ora em elaboração) , ressalta o presidente da Abrasoja e pesquisador da Embrapa Soja, José de Barros França Neto. No Mato Grosso a área cultivada com o grão deve crescer 5% e o Paraná deve aumentar produção. Neste Estado, esses 5% não devem vir de um aumento de área, e sim de perspectiva de aumento de produtividade em relação à safra passada, uma vez que ela foi prejudicada pela seca ocorrida nos Estados do Sul, que afetou drasticamente o Paraná, diz. Também no caso do Rio Grande do Sul, a perspectiva é a mesma, mas se espera um clima melhor. No ano passado, lembra França Neto, RS, SC e PR foram bastante castigados pela seca, que afetou significativamente a produtividade. O Estado gaúcho já tinha uma produtividade reduzida. Com os fenômenos climáticos, a redução aumentou mais ainda. Resumindo, França Neto diz que estas são as perspectivas que se vê: um ligeiro acréscimo na produção em função de um ligeiro aumento de área e, principalmente, diante da expectativa de aumento de produtividade em algumas regiões. A soja, assinala, é uma commodity fácil de vender, o que dá uma liquidez muito grande ao produtor. Daí a razão da preferência pela soja em comparação a outras culturas , aponta. Atualmente, o Mato Grosso é o maior pro-
França Neto, presidente da Abrasoja, fala sobre o mercado
dutor nacional da oleaginosa. Até o ano passado o Paraná ocupava a primeira posição no ranking. Segundo França Neto, o MT apresentou 3 mil quilos por hectare, uma produtividade recorde, nunca registrada em nenhum estado produtor do Brasil . O clima excelente e o nível de tecnologia adotado na região foram os principais responsáveis pela elevada produtividade. Lembra que ainda não há nenhum dado oficial sobre o assunto. O que existe, são as perspectivas de recorde de produção de grãos, de um modo geral, e a soja não ficará para trás. Sem dúvida, dará ótimos resultados se o clima ajudar. E, de acordo com as previsões meteorológicas, este ano não ocorrerão as influências dos fenômenos El Niño e La Niña . Então, espera-se que seja um ano normal e de melhores produtividades, principalmente para o Rio Grande do Sul que, embora seja o Estado com a maior área de soja, é o que tem sido prejudicado pelo clima e outros fatores nos últimos anos, que tem resultado em menores índices de produtividade obtidos no Brasil. Comparando, França Neto cita o Mato Grosso com altíssimas produtividades e o Rio Grande do Sul com produtividade relativamente baixa
devido aos problemas citados. Obviamente, diz, há também a questão do número de grandes produtores no MT, em torno de 2.800. Em decorrência, o nível de tecnologia utilizado por eles é muito elevado. Os agricultores da região têm de obter boas produtividades para compensar o custo Brasil do transporte. Lá, eles ganham em grandes áreas. E o RS, por sua vez, tem 142 mil produtores de soja, caracterizando pequeno e médio produtor . Para França Neto, devido à descapitalização dos pequenos agricultores, o nível de tecnologia adotado não é tão grande como ocorre no Mato Grosso. E isso também, além do aspecto climático, favorece a redução na produtividade que normalmente é observada no Estado gaúcho . Também na Região Nordeste há boa perspectiva de aumento no cultivo de soja, principalmente no Maranhão, Piauí e na região de Barreiras, na Bahia. Nos dois Estados, a área de soja tem crescido significativamente safra após safra. Além de usar variedades adaptadas e desenvolvidas pela Embrapa, é uma região de fácil escoamento da produção pelo porto de São Luiz, para o mercado externo, o que estimula a cultura da oleaginosa na área .
BRANDALIZZE consulting COLHEITA No rumo de uma supersafra em 2001
O mercado caminha para termos, pela primeira vez, uma grande safra onde os números poderão chegar a marca das 90 milhões de T de grãos. Assim diminuiremos as necessidades de importações, principalmente de milho, arroz e algodão. Nesses produtos, poderemos colher nossa auto-suficiência. Pela primeira vez poderemos estar vendo o Brasil, que para muitos sempre foi apontado como um celeiro do mundo no futuro, e que até agora não chegou a ser celeiro dos próprios brasileiros. Nos últimos anos os produtores foram forçados a se colocar em cima de uma globalização e assim disputar com produto importado, tendo que se adaptar a novos custos e preços cada vez mais competitivos. Pelo que se observa, esta será a primeira safra em que o produtor buscará a melhor tecnologia econômica, ou seja, aquela que lhe dá lucro. Os produtores já perceberam que a produtividade baixa não lhes garante sobrevivência no setor e assim correm para ganhar em produtividade. O bom exemplo visto foi a grande procura pelas sementes de melhor qualidade e o crescimento da demanda de defensivos - que garantam alta produtividade. O produtor brasileiro começa a entrar na agricultura profissional e alguns já perceberam que estão no melhor país do mundo para produzir.
MILHO
Estabilidade e reclamações O mercado do milho mostrou pouco movimento no último mês. As grandes indústrias reclamaram do produto da safrinha, que veio com alto grau de ardidos, muitos grãos chochos e baixa qualidade final. Com isso, os indicativos de preços deste milho chegaram a fechar abaixo dos R$ 10,00. Enquanto isso o milho de qualidade superior tentou se sustentar nos patamares praticados em setembro. Como cresceu a pressão de venda, os indicativos aos poucos foram mostrando pequenos ajustes negativos. O milho também foi penalizado pelos baixos preços praticados pela soja, onde os produtores olham para a relação de troca, milho X soja, que aponta o índice normal de 2 sacas de milho para uma de soja. Como atualmente o índice está abaixo de 1,5 sacas de milho para uma de soja, o produtor segu-
rou a soja e vendeu mais milho. Desta forma as chances de reação do milho continuam pequenas. O plantio está em andamento, mostrando atrasos no Sul em outubro em função do excesso de chuvas.
SOJA Com fraca presença dos compradores
Os compradores atuaram pouco em outubro. As indústrias trabalharam com o que tinham nas mãos e levaram lotes isolados, enquanto o setor de exportação praticamente paralisou as compras. O setor aponta que os embarques deste ano já estão todos cobertos e assim o movimento nos portos esteve fraco. Os indicativos da soja em outubro mostraram ligeira pressão baixista, em cima do avanço da colheita americana que seguia em ritmo forte e também mostrava que a safra se confirmava acima da do ano passado. Desta forma, houve tranqüilidade no mercado mundial. Mesmo com o crescimento da demanda de soja pelos paises asiáticos, poucos foram os avanços. A tradicional separação do mercado interno do externo, que dava aos nossos produtores cotações melhores aqui, neste ano ainda não ocorreu e para muitos não virá. Estamos com grandes volumes de soja para ser comercializada e assim poderemos passar o ano com estoques, fato que normalmente não acontece.
ARROZ Sem novidades e varejo segurando ajustes O mercado do arroz sentiu o peso dos varejistas e, principalmente, das empresas de cestas básicas em outubro, onde o fardo foi negociado com indicativos menores que os de setembro. E, com muitas indústrias arrozeiras necessitando de caixa, houve liquidação de estoques com preços promocionais, dificultando qualquer tentativa de ajuste. Os indicativos do arroz passaram outubro estabilizados, e no final do mês os vendedores ensaiavam novamente ajustes, que para o varejo não será confirmada, já que o setor não consegue avançar em conjunto. Desta forma, se a pressão de lata não emplacar nas primeiras semanas de novembro, o mercado deverá atuar no sentido contrario, e provocar uma forte liquidação de estoques.
CURTAS E BOAS ... TRIGO - chuvas atrapalham a colheita e diminuem a qualidade do produto, podendo beneficiar os produtores que conseguirem ter produto de pH alto. Mantendo posições de R$ 230 aos R$ 245 por T.
CHINA - o governo prejudicou o plantio da safra das águas no Sul porque estimulou o aumento do plantio do milho com a distribuição de sementes. Somente no Paraná foram distribuídas 200 mil sacas de sementes de milho, que tomaram mais SOJA - o plantio andou em de 100 mil ha do feijão. Este pobom ritmo e sinaliza que nesta sa- derá ser um bom sinal para o merfra a colheita deverá começar em cado do feijão no começo do ano. janeiro no MT. Os primeiros números sinalizam para pequena queda na área, passando dos 13,3 EUA - o plantio começa a para 13 milhões de ha, mas ainda poderemos ter surpresas e cres- partir de agora e tudo sinaliza para o crescimento da área, que podecimento no Centro-Oeste. rá superar a marca de 1 milhão de MILHO - área cresce 1,1 hectares. O mercado trabalha com milhão de ha na safra de verão e indicativos de 950 mil, mas os passa para os 10,9 milhões de ha. produtores do Centro-Oeste esO governo distribuiu mais de 300 tão otimistas com o plantio e quemil sacas de sementes nos três es- rem tirar o Brasil do time dos imtados do Sul. portadores.
e-mail: brandalizze@uol.com.br FEIJÃO Estabilidade e poucos negócios
O mercado do feijão passou outubro em ritmo lento e deverá continuar assim em novembro, quando continuará chegando o produto irrigado - e assim pouco de fôlego para ajustes aparecerá. O mercado mostrou crescimen-
to da procura pelo produto comercial, principalmente pelo setor de cesta básica, que tenta baixar o custo e se adaptar aos indicativos de mercado. Assim o produto de ponta ficou restrito às principais marcas de varejo e aos grandes supermercadistas. Neste mês deveremos ver chegar boas ofertas de produto irrigado, que neste ano foi plantado tardiamente em função das geadas.
Novembro 2000
Cultivar •
37
Aenda Descarte:
Fim das embalagens no campo. Lixo tem destino e prazo inteligente E
m junho deste ano, os parlamentares promulgaram uma lei disciplinando o destino das embalagens vazias dos agrotóxicos e dos produtos impróprios ou em desuso. As responsabilidades foram distribuídas entre fabricantes, comerciantes e usuários. Os usuários devem devolver as embalagens vazias dos produtos adquiridos, aos próprios comerciantes ou em postos de recebimento. É dever, ainda, dos usuários, no caso agricultores, proceder a uma lavagem especial das embalagens por ocasião da preparação da calda de pulverização, desde que estas permitam tal procedimento (ver rótulo e bula), com o propósito de prepará-las para posterior reciclagem. Maior carga de obrigação foi imputada aos vendedores, sejam comerciantes ou fabricantes, posto que darão o destino adequado às embalagens, seja reciclagem, reutilização, incineração ou outro fim indicado pela tecnologia. Implementarão, também, em colaboração com o Poder Público, programas educativos e mecanismos de controle e estímulo à devolução das embalagens. Especificamente, os fabricantes terão que revisar seus rótulos e bulas, pormenorizando as instruções pertinentes a essas operações. Até os produtores de equipamentos para pulverização foram convocados a colaborar. Eles promoverão adaptações em seus novos pulverizadores, de forma a facilitar a operação de lavagem especial das embalagens, explicitada na norma legal. Por fim, compete ao Poder Público a fiscalização de todo o processo. Felizmente, a indústria de agrotóxico já havia disparado, no início da década, um projeto de reciclagem, que
transformou-se a seguir em um bem sucedido Programa Nacional de Destinação das Embalagens Vazias. Pela complexidade das ações e envolvimento de muitos agentes da sociedade, é certo que a lei veio em boa hora dar foro de legalidade e disciplinamento do sistema. Hoje, o país conta com quase 60 Unidades de Recebimento, entre postos e centrais.
A partir das Unidades, atualmente, as embalagens são encaminhadas para reciclagem: conduites de fiação elétrica, se plástica; tarugos formatados nos fornos de siderúrgicas, se metálicas; e, artefatos especiais de indústrias vidreiras, se vítreas. Os postos apenas recebem e fazem triagem das embalagens; as centrais, além disso, preparam as mesmas para o transporte até o destino final, prensando-as ou triturando-as. Estas Unidades já existem nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná (estas patrocinadas pelo governo estadual), Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Distrito Federal, Bahia, Maranhão e Pernambuco. A bem da verdade, algumas em fase de construção. O modelo é sempre o de cooperação e ge-
renciamento comunitário, para que a motivação, a educação, a divisão de tarefas e o envolvimento sejam densos e continuados. Agentes da Indústria têm catalizado os parceiros, dado o suporte técnico e boa parte dos recursos financeiros. Fabricantes, revendedores, cooperativas, sindicatos, entidades de classe, agricultores e governos municipais e estaduais estão verdadeiramente imbuídos de um dever cívico para limpar o campo desse lixo característico. É um programa de sucesso e um exemplo ímpar para outros povos. A legislação é digna dos mesmos louvores, seja a Lei 9974, discutida e construída pela Câmara Federal e pelo Congresso, seja o Decreto 3550, que traz as assinaturas da Presidência e dos Ministérios da Agricultura, da Saúde e do Meio Ambiente. O Decreto, por sinal, com propriedade, dispõe prazos para a execução das diversas etapas. De maneira inteligente, impõe prazos aparentemente curtos, 5 a 6 meses, considerando-se a dimensão dos propósitos e exigências, contemplando todo o imenso território brasileiro. Acelera, assim, as movimentações dos partícipes, estejam onde estiverem, conclamando a uma faina cívica nacional. É uma legislação indutora, quase que substitui, neste míster, o papel protagonizado pela Indústria até o momento. Todavia, consciente e responsavelmente, antecipa válvulas de controle do futuro fluxo operacional, através da criação de medidas transitórias, as quais permitirão ajustamento dos prazos nos diversos espaços dessa nossa grande nação. * Republicação de matéria em função de truncagem.
Agronegócios política
Subsídio europeu A agricultura da Europa apresenta uma série de peculiaridades que devem ser entendidas pelo produtor brasileiro
R
ecentemente estive visitando uma Estação Experimental do Governo da Suíça, localizada no vale do Rhône com escassos 2km de largura. Ao lado as escarpas dos Alpes, quase a prumo. Em uma chapadinha de 2-3ha, a 600m de altura, incrustada numa montanha, via-se um milharal, uma casa, um paiol, e um curral. Fiquei um tempão imaginando como o agricultor lá chegava, já que não havia qualquer sinal de caminhos entre as rochas ou no mato, ou mesmo de túnel ou heliporto. Perguntei ao cientista que nos acompanhava e ele me mostrou um teleférrico exclusivo que descia ao vale. Lições desse fato singelo: 1. Não há mais espaço físico para expandir a produção agrícola européia; 2. A produtividade atingiu seu teto, pelos paradigmas atuais; 3. Apenas o subsídio agrícola permite manter o alto nível de renda de uma família que vive de meia dúzia de vacas de leite, em uma
saliência de penhasco, coberto de neve 6 meses por ano; 4. O subsídio permite adquirir e manter um teleférrico para atender a uma só família. Antes de prosseguir reflita: você conhece algum produtor brasileiro, que mantenha um alto nível de renda, com 3 ha produzindo 6 meses por ano? Antecedentes na Europa Para entender porque a Europa subsidia tão fortemente seus agricultores (cerca de 1 bilhão de dólares/dia!), é preciso revisitar a História do Velho Continente, com suas crises recorrentes de fome, devidas a guerras ou pestes, que recrutavam ou matavam a mão-deobra; os saques, pestes e desastres climáticos, que destruíam os campos; a sanguessuga tributária dos senhores feudais, que matavam a galinha dos ovos de ouro, ao exaurir os recursos dos produtores, que abandonavam o cam-
po e inchavam a urbe, competindo por espaço e ocupação, degradando a já baixa qualidade de vida desses aglomerados. O final da II Guerra Mundial reavivou a memória dos líderes europeus, com respeito à importância da paz e da segurança alimentar. O Tratado de Roma (1957), berço da União Européia, gerou a Política Agrícola Comum Européia, o exemplo mais acabado de protecionismo deslavado, injustiça entre as nações, anti-liberalismo comercial e loas à ineficiência e falta de competitividade. A PAC é hoje o inimigo número 1 dos agricultores dos países de vocação agrícola, ao impedir que suas vantagens competitivas e sua eficiência se traduzam em mercado. As razões do problema No início, as razões para a PAC eram a garantia de abastecimento de fibras e alimentos, e a necessidade de fixação do Homem à
terra, evitando que competisse por emprego e renda na cidade, sem qualificação, com custos (educação, saneamento, calçamento, habitação, previdência, saúde, segurança, lazer etc) muito superiores ao meio rural. Viciados em subsídios, sem condições de fugir da ineficiência, sem chance de ganho em escala, seja por ampliação de área ou produtividade na maioria das explorações agrícolas, o agricultor europeu conseguiria competir em produtos de alto valor comercial ou agregado (frutas, hortaliças e processados), porém com nível de renda inferior ao atual. Arraigado na única palha que lhe resta, põe os tratores nas estradas e cria o caos continental quando a retirada de subsídios entra em discussão, e amplia o discurso inicial gerando o conceito da multifuncionalidade da agricultura, com a seguinte argumentação: 1. o agricultor deixou de ser apenas um produtor de alimentos. É um guardião da natureza, preservando o meio ambiente e a paisagem campestre; 2. Recicla o gás carbônico, limpando a poluição das cidades; 3. Protege o território nacional e preserva os recursos naturais e a biodiversidade; 4. Gera empregos no campo e não compete pelos das cidades; 5. Amplia o emprego e a renda, ao integrar cadeias produtivas e agregar valor aos produtos; 6. Preserva o folclore e a cultura camponesa; O fracasso da Rodada do Milênio está umbilicalmente ligado à impossibilidade de consenso em torno de uma agenda única, que necessariamente teria que incluir a retirada dos subsídios agrícolas, vetada pelos europeus. Mecanismos para ações O subsídio europeu à agricultura é complexo e abrangente, varia desde patrulhas mecanizadas, subsídio aos insumos, à produção, à comercialização e à exportação. Mal calibrado, não apenas fecha o mercado europeu aos demais países, como com eles compete no mercado globalizado, vencendo concorrências pelo subsídio ao preço, e a oferta de linhas de crédito de longo prazo a juros atraentes. Os recursos para o subsídio provêm das taxas de comércio exterior, da sobretaxa sobre o IVA e aportes de recursos dos Tesouros, para cobrir os déficits operacionais. Existem três preços principais de produtos agrícolas, praticados na Europa:
1. O preço de intervenção, que assegura um piso (altamente remunerador), regulando os estoques para evitar sobre-oferta; 2. O preço indicativo, que baliza os preços ao consumidor (que arca com parcela do custo do subsídio); 3. O preço de umbral, que aplica sobretaxas aos produtos importados, até tornar os preços (artificiais) internos competitivos. Há também as tarifas móveis, e as transferências diretas ao agricultor, para garantir, em última instância, a sua renda, se os demais mecanismos não forem suficientes.
6. O protecionismo e o fechamento de mercado está gerando tensões diplomáticas e questionamentos seguidos na OMC. No caso da carne bovina, a UE foi condenada a pagar centenas de milhões de dólares anuais aos EUA, por não permitir o ingresso de carne de gado tratado com hormônios de crescimento; 6. Países essencialmente agrícolas têm suas chances de desenvolvimento social e progresso econômico sufocadas pelo protecionismo europeu. Levas de migrantes desesperançados chegam à Europa anualmente, em busca de condições de vida que não dispõem em seus países. Paradoxalmente, ao manter artificialmente seus agricultores no campo, para não disputar empregos na cidade, a Europa atrai migrantes que têm exatamente esse objetivo.
Os efeitos e as reações O anacronismo dos subsídios tem diversos efeitos, todos nefastos, menos para os agricultores que escondem sua ineficiência e incaO futuro pacidade de produzir, como ocorreu durante do negócio 8 décadas nos países comunistas. Porém, ouÉ meu sentimento que o subsídio à agricultros segmentos da sociedade, tanto européia, tura européia é insustentável. Porém, ele não vai quanto mundial pagam seu preço. Senão veja- cair qual fruta que passou do ponto. Além do mos: questionamento de consumidores e contribuin1. O consumidor europeu está perceben- tes europeus, os maiores interessados no fim do que está pagando muito desse nefasto anacronismo caro pelos alimentos. O vosão os países agrícolas, que lume de informações atualnão vislumbram outra posO consumidor mente disponível, em espesibilidade de alavancar seu europeu está cial via Internet, e o aumencrescimento que não pela via percebendo que paga caro pelo to de fluxo turístico com pados agronegócios. É precialimento íses produtores, têm evidenso união, organização, ciado o enorme sobre-preagressividade, habilidade neço dos alimentos na Eurogocial e capacidade de arpa; regimentar e manipular argumentos, força de pres2. O contribuinte está questionando a pres- são e retaliação, capacidade de agregação de são tributária ascendente, em virtude dos dé- outros parceiros em um sistema de troca política, ficits orçamentários causados por subsídios, e de uma campanha orquestrada e bem articulanão apenas os agrícolas, mas à previdência da de mídia para apressar a mudança do status social, ao sistema de saúde, ao seguro desem- quo. Governo e iniciativa privada terão que se prego, entre outros. Esse contribuinte está se articular de forma orquestrada, com vinculações tornando progressivamente exigente quanto ao supranacionais, para impor a modernidade às recusto/benefício dos altos tributos que paga; lações comerciais na agricultura. 3. Os ecologistas estão arrepiados com a Porém, olho vivo, somente derrubar os subpoluição de solos, águas e ar. O uso excessivo sídios não basta. Lembremo-nos que vantagem de agrotóxicos e adubos solúveis, nitrogena- comparativa não é vantagem competitiva, haja dos em especial, está contaminando os len- vista que, na década passada enquanto o Brasil çóis freáticos sub-superficiais, gerando altos estacionou sua produção agrícola no acostamento custos de tratamento de água para consumo da História, argentinos e americanos cresceram humano, quando esse ainda é possível; a taxas inacreditáveis. Precisamos nos conscien4. Da mesma forma, a criação intensiva de tizar da necessidade de sermos pró-ativos na visuínos gerou um dilema ao não haver disponi- abilização de nossa vocação histórica, centrados bilidade de tratamento adequado dos dejetos, em tecnologia e sanidade agropecuária, bases da que contaminam a água subterrânea; qualidade, da sustentabilidade e da competitivi5. Para cada tonelada de grão produzido dade, pilares da conquista de mercados. há necessidade de mil toneladas de água, que Décio Luiz Gazzoni, já não está disponível como outrora; Embrapa Soja
plantio
Pequeno milho, grandes soluções Produção de minimilho é alternativa rentável para o mercado de conservas
M
inimilho é o nome dado à inflorescência feminina (antes da polinização) ou ao sabugo jovem da espigueta de uma planta de milho (Zea mays L.). As espiguetas, sabugos e folhas foram usadas no passado - e durante muito tempo - pelos plantadores de milho como hortaliça alimentar, complementada por diferentes tipos de temperos. Com a evolução do tempo e antes do desenvolvimento da indústria de enlatamento e conserva, famílias já usavam como alimento cotidiano o minimilho sem os estilo-estigmas (cabelos) e palhas. Com o advento da indústria de conservas, esse produto tornou-se importante e provocou um crescimento na área plantada com milho para consumo nessa forma, à semelhança do acontecido com o milho verde (doce e ou de endosperma normal). O minimilho é mais consumido no continente asiático. Essa hortaliça representa uma atividade econômica para países como Tailândia, Sri Lanka, Taiwan, China, Zimbabwe, Zâmbia, Indonésia, Nicarágua, Costa Rica, Guatemala e Honduras, que são os exportadores mais conhecidos. A título de exemplo, a Tailândia exportou, em 1993, mais de 2,1 milhões de toneladas métricas de mini-milho fresco, para 22 nações.
Técnicas para cultivo O sistema de plantio do minimilho é diferenciado do milho para grãos, principalmente no que se refere à densidade de plantio, que pode ser até três vezes maior. Já em relação aos genótipos, deve-se dar preferência aos do tipo doce e pipoca por apresentarem maior percentagem de minimilho comercial. Dentre as cultivares utilizadas para produção do minimilho, têm-se utilizado, preferencialmente, as de germoplasma de milho doce e de milho pipoca. Mas pode-se também utilizar o milho normal. A cultivar deve ser, geneticamente, o mais uniforme possível, como híbridos, para proporcionar maior rendimento de espigas comerciais por colheita. A Embrapa Milho e Sorgo trabalha Israel fala sobre as potencialidades do cultivo de minimilho no desenvolvimento de cultivares mais apropriadas para minimilho tais como: plantas mais prolíficas, com pendão que não produz pólem - para aumentar o período de mesma área deve se ter o cuidado de moni- quer tipo de resíduo no produto final. Por colheita, e com espiguetas que tenham pou- torar o potássio (através de análises cons- outro lado, espiguetas atacadas por insetos co cabelo e pouca palha - para reduzir tem- tantes de solo ou foliar), que é exportado ou doentes são descartadas. Em relação ao po e facilitar no preparo da conserva. Os pelas constantes retiradas de todo resto cul- produto a ser utilizado, sempre dar prefemateriais trabalhados na Embrapa Milho e tural da área de plantio, uma vez que após a rência aos menos tóxicos para evitar probleSorgo (tabela) têm mostrado maior índice colheita o colmo e as folhas são aproveita- mas com os inimigos naturais e com o próde aproveitamento de minimilho comercial dos na alimentação animal. Resultados predo que os citados pela liminares de trabalhos com literatura estrangeira, adubação (trabalho em andaque situam-se ao redor mento) envolvendo níveis de O minimilho é de 20%. adubo formulado variando mais consumido Para produção de potássio no plantio e níveis no continente minimilho, deve-se utide nitrogênio em cobertura, asiático, mas Ingredientes: lizar altas densidades em nenhum dos casos obseravança no Brasil 400g de minimilho de plantio, variando na vou-se diferença significativa ½ colher de chá de sal. prática de 180.000 a para produção de minimilho Vinagre. 230.000 plantas/ha, comercial. A tabela mostra os objetivando maior produtividade de minimi- rendimentos médios de cinco cultivares de Modo de preparar: lho comercial. O espaçamento ideal entre milho em dois níveis de nitrogênio em coEsterilizar as espigas de minimilho em água linhas é o de 80cm para facilitar o trânsito bertura, no estádio de quatro a cinco fofervente ou vapor por 30 segundos. Em seguina colheita que é feita manualmente. Traba- lhas. da, deixar esfriar a temperatura ambiente na lhos de pesquisa com densidades variando sombra. Colocar o minimilho resfriado em um desde 87.500 a 237.500 plantas por hecTratos recipiente de 0,5 litro (de forma organizada), tare mostram que as densidades de 187.500 culturais adicionar ½ de chá de sal e completar o volume e 237.500 plantas/ha proporcionaram meSão os mesmos utilizados para o cultivo com uma parte de água e outra de vinagre, deilhores rendimentos de minimilho comercial do milho visando a produção de grãos. Em xando um espaço livre na parte superior do vi(tabela 1). se tratando de plantas invasoras, a cultura dro - mas sem deixar o minimilho fora do liquiA adubação deve ser feita de acordo com deve permanecer todo tempo no limpo até do. Adicionar aromatizante, se desejar. Após a análise do solo. Nos testes conduzidos na a colheita para facilitar o trânsito dos colhefechar hermeticamente o recipiente levá-lo ao Embrapa Milho e Sorgo, tem-se usado 350 dores. banho-maria com água entre 80º e 90ºC por kg de fórmula 4-30-16 + Zn/ha e 100 kg Para o controle da lagarta-do-cartucho um período de 15 minutos. Deixar os recipiende N em cobertura - (estádio de 4 folhas ou (S. frugiperda), recomenda-se aplicar o protes esfriar a temperatura ambiente e na sombra. com 20-25 dias após a emergência). Quan- duto comercial até 25 dias antes do início Cultivar
Milho
PICLES CASEIRO DE MINIMILHO
do o plantio for feito sucessivamente na
da colheita do minimilho para evitar qual-
Informe técnico
Uma nova opção para o plantio direto O
maiores informações nesta área. A literatura tem mostrado entre 15 a 20% a quantidade de minimilho comercial para industrialização - em 100 kg de espiguetas são obtidos de 15 a 20kg de minimilho aproveitável, segundo os padrões da indústria de conservas alimentícias. Os padrões de minimilho comercial para a indústria de conservas são basicamente o mesmo padrão internacional, devendo apresentar comprimento entre 4 a 12 cm (figura), diâmetro de 1,0 a 1,5cm sendo tolerado até 1,8cm (figura); forma cilíndrica e coloração variando de branco-pérola a amarelo-creme. Espiguetas mal empalhadas, doentes e ou atacadas por insetos são descartadas. O rendimento varia em função, principalmente, da cultivar utilizada, do manejo da cultura e das condições ambientais. En-
tretanto, resultados de pesquisa têm mostrado produtividade de até 2,5 t/ha de minimilho aproveitável para atender os padrões exigidos pelos consumidores e as indústrias de conservas. Os híbridos que vem sendo trabalhados pela Embrapa Milho e Sorgo têm mostrado bons índices de rendimento comercial (tabela). Todo o restante da planta, após a retirada do minimilho, como folhas, pendão, colmo, espigas e as palhas oriundas das espiguetas, podem ser utilizadas como forragem para bovinos e outros animais. Esse resto da cultura, quando ensilado ou mesmo fermentado, contém, em média, de 11,6% de matéria seca, 13,2% de proteína, 4,4% de gordura e 34,81% de fibra. Israel A. Pereira Filho, Embrapa Milho e Sorgo
Brasil conta hoje com uma área superior a 14 milhões de hectares cultivados no sistema de plantio direto. Os benefícios que este sistema trouxe à agricultura brasileira são inegáveis e dispensam qualquer comentário. Uma das razões para que o índice de adoção desta tecnologia tenha sido tão grande foi a disponibilidade de herbicidas eficientes para o manejo pré-plantio das plantas daninhas, operação fundamental para o sucesso do sistema. Apesar de eficientes, as opções hoje disponíveis para o manejo de plantas daninhas de folhas largas podem trazer consigo algumas limitações. As empresas têm dedicado muito esforço em pesquisa para oferecer opções mais adequadas que atendam às necessidades do agricultor sem oferecer riscos de danos não previstos. Após anos de desenvolvimento, a FMC atingiu este objetivo e passará a oferecer ao agricultor brasileiro uma opção moderna e eficiente para o manejo de plantas daninhas de folhas largas: o herbicida Aurora 400 CE. Aurora 400 CE é um produto à base de carfentrazone-ethyl, uma molécula nova que proporciona rápido controle de plantas daninhas importantes, como Commelina benghalensis (trapoeraba) e Ipomoea grandifolia (corda-deviola). Além da alta eficiência de controle, o uso de Aurora 400 CE permite o plantio sem que seja necessário esperar por um intervalo de alguns dias. Como a ação do produto é muito rápida, chuvas após 1 hora do momento da aplicação já não interferem mais no controle das plantas daninhas. Não existe restrição do uso de Aurora 400 CE em áreas próximas a outras culturas, mesmo cultivos sensíveis como algodão, uva ou tomate. Isto tudo significa praticidade e segurança ao produtor, que poderá contar com altos índices de controle, rapidez e independência em relação à proximidade de lavouras sensíveis. Inicialmente, Aurora 400 CE estará regis-
Cultivar
prio homem. Para se obter maiores rendimentos, pode-se efetuar até cinco plantios por ano, dependendo do ciclo das cultivares utilizadas. Pode-se planejar, também, o escalonamento dos plantios em função da demanda da indústria e disponibilidade de mão-deobra. Geralmente se inicia entre 40 e 50 dias após a germinação, podendo variar de acordo com o ciclo da cultivar utilizada e condição climática. Em condições de clima mais frio, o ciclo pode alongar, chegando a mais de 70 dias. O ponto ideal para o início da colheita é quando as espiguetas estiverem no estádio de dois a três dias após a exposição dos estilos-estigmas (cabelos). Geralmente são efetuadas de duas a três colheitas por cultivo, dependendo da cultivar utilizada. O fator duas ou mais colheitas em uma mesma planta é determinado pela quebra de dominância apical proporcionada pela colheita de uma espigueta, que ao ser colhida induz a gema seguinte a emitir uma nova espiga, que ao ser colhida induz uma terceira, podendo ir até a uma quarta colheita econômica. A literatura registra até dez colheitas, porém as espiguetas colhidas não dão padrão comercial. A partir da quarta colheita, na grande maioria dos casos, é preferível transformá-las em forragem para alimentação animal. Após a colheita o produtor deve ter o cuidado de armazenar as espiguetas em local bem fresco e arejado, para não desidratá-las. No campo, se não tiver transporte imediato, armazená-las à sombra e cobrir com folhas da própria planta. Quando não se tem câmara fria para a armazenagem no local, este deve ser aerado por todos os lados com ventilação moderada para não iniciar o processo de perda de água, pois com apenas 2% de perda começa a deterioração do produto. Neste caso, o processamento deve ser o mais rápido possível. Se o produtor tiver gelo disponível pode usá-lo para conservar o produto, sendo necessário 0,5kg de gelo moído para cada 2,5kg de minimilho empalhado disposto em camadas de 40cm de comprimento, 30cm de largura por 9cm de altura. Em câmara fria com umidade relativa em torno de 90%, o minimilho empalhado deve ficar armazenado em temperatura que varia entre 5 e 10°C, não devendo ficar muito tempo para não perder a condição cocrante do sabuginho, que é o verdadeiro minimilho. A Embrapa Agroindústria de Alimento juntamente com a Embrapa Milho e Sorgo vem trabalhando em conjunto no sentido de obter
FMC
Ronaldo Pereira explica as vantagens do novo produto durante o seu lançamento
trado para manejo pré-plantio nas culturas de soja e milho, controle de plantas daninhas em jato dirigido nas culturas de café e citrus e também como desfolhante em algodão. Em função das características de baixa toxicologia do produto, o carfentrazone-ethyl foi considerado um produto de risco reduzido pelos organismos reguladores dos EUA, tendo sido registrado naquele país em um período de tempo bastante reduzido. No Brasil, o Aurora 400
CE obteve o registro em setembro de 2000. Além de ser mais uma importante opção ao agricultor, a introdução de Aurora 400 CE no mercado brasileiro significa a garantia de continuidade de um sistema fundamental ao desenvolvimento de práticas agrícolas menos agressivas ao meio ambiente, que é o plantio direto. Ronaldo Pereira, FMC
Algodão
As micorrizas podem ser beneficiadas seEstes fungos podem ser reduzidos pelo uso excessivo de fumigantes, mantendo-se o solo meando-se plantas que produzem grãos antes livre de plantas daninhas durante vários anos, do algodão e mantendo-se um programa de e possivelmente a rotação de algodão com cul- rotação de cultura. O nitrogênio e fósforo aplicados no sulco da adubação turas sem micorrizas, de base promovem crescimencomo é o caso da beterto rápido e favorecem as miraba açucareira. O solo Esses fungos corrizas. inundado num longo prapodem ser O problema da falta de zo (durante um ano), reduzidos pelo micorrizas não pode, no entambém pode reduzir as uso excessivo de tanto, ser considerado a prinmicorrizas. Foi mostrado fumigantes cipal causa de deficiência de que o Metham sodium fósforo no algodoeiro. A ques(nematicida e fungicida tão foi abordada para exemplifumigante de solo) pode reduzir as micorrizas em solos arenosos ou ficar a complexidade do solo e as relações de troca dos nutrientes para a planta. alcalinos. A análise química e física do solo e suas Se o atrofiamento da planta for verificado precocemente, uma análise da folha para iden- interpretações são partes integrantes de um tificação do teor de fósforo, em combinação plano de fertilização e nutrição do algodoeiro, com uma análise de fósforo no solo que apre- e uma estratégia completa deve considerar o sente teores adequados, sugestiona o proble- papel das micorrizas, além de todas as outras ma da falta de micorrizas. A presença de mi- interações que agem sobre o aproveitamento corrizas poderá ser identificadas nas raízes do dos nutrientes. algodoeiro por um laboratório de patologia de Evaldo Kazushi Takizawa, plantas. CERES
Fungos benéficos As micorrizas, pequenos fungos de solo, associam-se à raiz do algodoeiro e auxiliam na absorção de fósforo
D
urante o planejamento da implantação do algodoeiro numa propriedade é comum a análise química e física do solo, associando-se os resultados às informações do histórico de produtividade para tentar retratar a necessidade nutricional do algodão. Um assunto muito pouco tratado em palestras técnicas, quando o tema central é a fertilidade de solo e nutrição da planta, é a importância dos fungos de solo ou micorrizas, que possuem um grande papel na absorção e aproveitamento de nutrientes presentes no solo. Passa a ser cada vez mais relevante a ação das micorrizas quando se incorporam ao processo produtivo solos novos, sem a presença desses organismos benéficos adaptados às espécies cultivadas.
O agricultor tem pressa em transformar um solo recém-desmatado numa área de alta capacidade produtiva, sem atravessar um processo gradativo de composição da microflora e fauna do solo cultivado. Faz investimento maciço em correção química e física do solo, que não é completa, e às vezes esquece da composição biológica responsável para disponibilização dos nutrientes à planta. Vejamos então alguns conceitos sobre micorrizas, funções, identificação, manejo e sintomas de sua ausência, conforme HAKE et al (1996) que identifica as principais desordens do algodoeiro na região de San Joaquin Valley, Califórnia. Essas informações têm o objetivo de auxiliar os agricultores e técnicos na diagnose dos problemas do algodoeiro.
Fungos benéficos As micorrizas são fungos benéficos do solo que desenvolvem um relacionamento simbiótico com a maioria das plantas - em suas raízes. Esses fungos aumentam a capacidade da planta em obter nutrientes, como fósforo, em solos que não são fertilizados pesadamente. O algodão é dependente de micorrizas para absorver fósforo. Assim, a perda destes organismos do solo resultará em deficiência severa de fósforo, caracterizada pelo crescimento lento, folhas pequenas, opacas, escurecidas e necrose das margens, podendo evoluir para morte da planta. A absorção de outros nutrientes, como zinco, ferro e cobre, também pode ser dificultada pela falta das micorrizas.
Cultivar
nutrição
Evaldo comenta a importância das micorrizas
Algodão
nutrição (1998), verificou-se que a aplicação de K foliar em algodão é uma técnica muito viável. Entretanto a escolha da fonte a ser empregada é um dos fatores decisivos para o sucesso da atividade, tendo sido o nitrato de potássio a fonte que promoveu a melhor resposta (tabela). Tão importante quanto a escolha da fonte no sucesso da aplicação, está o pH da calda. O ajuste do pH da solução a ser utilizada em pulverização com defensivos é algo bastante conhecido. Isso se deve ao fato de que muitas moléculas utilizadas na agricultura terem seu processo de hidrólise acelerado em soluções com pH elevado, podendo inibir o funcionamento do produto. Trabalhos mais recentes têm mostrado que o pH afeta não apenas a eficiência dos defensivos como também a absorção de nutrientes pelas folhas. Howard et al. (1998) mostraram que o pH da solução com nitrato de
Cultivar
O potássio é um nutriente exigido em grandes quantidades pelas plantas, estando envolvido em funções fundamentais como abertura e fechamento dos estômatos, fotossíntese e transporte de açúcares
Pensando na fibra N
o algodão, o potássio se torna elemento chave por influenciar tanto a produtividade quanto à qualidade das fibras, por participar do principal soluto nelas presente. Sua função é manter a pressão de turgor da célula, necessária à sua elongação. A redução na pressão de turgor resultará em menor elongação das células e, conseqüentemente, fibras mais curtas na maturação. O potássio, por estar associado ao transporte de açúcares afeta diretamente a deposição da parede celular secundária, interferindo na resistência das fibras e no seu micronaire. As quantidades de nutrientes absorvidos pela cultura (extração) dão uma idéia dos níveis de adubação que possivelmente deverão ser utilizados, mas a marcha de absorção (acumulação) dos nutrientes fornece informações
mais precisas sobre quando o nutriente estará realmente sendo utilizado pela planta. Materiais genéticos importados, como o ITA 90, possuem picos de absorção bem definidos e em um espaço de tempo relativamente curto. A exigência por potássio (K) cresce no período reprodutivo, visto que grande parte do potássio requerido pelo algodoeiro destina-se à formação dos frutos. Tão importante quanto isso, é sabermos que há grande redução da absorção deste nutriente pelas raízes ainda nesta fase de demanda elevada. Este período, dentre o qual está a fase entre a abertura da primeira flor e a abertura do primeiro capulho, é fundamental para garantir a produtividade (Rosolen, 2000). A deficiência de K neste período pode afetar tanto o rendimento quanto a maturação das fibras, diminuindo sua qualidade.
Deficiências de potássio Têm-se verificado deficiência tardia de potássio, durante o período reprodutivo, principalmente em variedades modernas por serem mais produtivas, com período reprodutivo mais concentrado, além de serem menos eficientes em estocar potássio durante o crescimento vegetativo (Oosterhuis, 1997). Nestes casos, ocorrem respostas positivas a aplicações de potássio via foliar durante o período reprodutivo, tanto em produção como em qualidade de fibra. É importante ressaltar que esta deficiência nem sempre é visível, mas a quantidade de K no tecido vegetal é baixa o bastante para reduzir o rendimento. Em trabalho realizado por Howard et al.
potássio é decisivo para o funcionamento do produto (tabela). As parcelas que receberam a solução de KNO3 com pH 9,3 (a maioria dos nitratos de potássio elevam o pH para esse patamar) não diferiram estatisticamente em produtividade em relação à testemunha, enquanto os tratamentos onde se aplicou o produto em solução com caráter ácido, tiveram aumentos de produtividade de até 9% em relação à testemunha. Aplicações de nitrato de potássio durante o período de grande demanda de K pela cultura, utilizando produtos de qualidade comprovada e caráter ácido, é uma alternativa eficiente para atingir elevadas produtividades, maximizando o retorno econômico que estas variedades modernas e produtivas podem trazer para o agricultor. Rodrigo Engenheiro Agrônomo
Algodão
doenças
Alderi E. Araújo
Olho nelas
Para uma boa produtividade, fique atento às doenças que podem afetar a sua lavoura
E
ncontram-se relatados mais de 250 patógenos, provocando problemas na cultura do algodoeiro em nível mundial, e alguns deles são cosmopolitas e outros, específicos para determinada região. São vários os patógenos que ocorrem no Brasil, e dependendo da região algodoeira, provocam maior ou menor problema à cultura. Entre eles destacam-se: Fusarium oxysporum f. vasinfectum
(murcha de Fusarium); Verticillium dahliae (murcha de Verticillium); Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum (mancha-angular); Colletrotrichum gossypii var. cephalosporioides (ramulose); Rhizoctonia solani; Colletotrichum gossypii, Fusarium moniliforme; F. solani, F. oxysporum e Phytium ultimum (tombamento, damping-off ); Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis, Pratylenchus brachyu-
rus, Helicotylenchus spp (nematóides); Ramularia areola, Alternaria macrospora, A. alternata, Stemphylium solani, Cerotelium desmium, Cercospora gossypina, Ascochyta gossypii e Colletotrichum gossypii (outras manchas de folhas); mosaico comum, mosaico tardio, mosaico das nervuras f. Ribeirão Bonito e vermelhão (viroses); Diplodia gossypina ou Botryodiplodia theobromae, Colletotrichum gossypii
Cultivar
Edivaldo mostra quais as doenças do algodão
associado com Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum , Fusarium spp, Alternaria spp (podridão das maçãs); Aspergillus flavus, A. niger, Rhizopus stolonifer, Fusarium roseum, F. moniliforme e Alternaria spp (mancha nas fibras). Constata-se ainda a anormalidade denominada murchamento avermelhado ou bronzeamento, de causa, até hoje (outubro/2000), desconhecida. Além do número relativamente grande de patógenos que ocorrem no Brasil, existem ainda outros importantes, que provocam sérios prejuízos em outros países. Os mais conhecidos são vistos na tabela. Convém lembrar que a semente é o meio
mais importante para a introdução e disseminação dos patógenos, sendo a maioria transmitidas tanto interna como externamente. Por isso, para se evitar mais problemas de doenças, além daqueles que se encontram no Brasil, é de primordial importância que todas as introduções de sementes sejam rigorosamente feitas sob controle oficial. (1) Dados apresentados no Congresso Internacional do Agronegócio do Algodão. In: Anais do Seminário Estadual da Cultura do Algodão. Cuiabá- MT. Fundação-MT. 2000. p 175-187. Edivaldo Cia, IAC
Algodão
Ataque ao algodão
Cultivar
doenças
D
isseminados por todo o Brasil, os tripes são praga comum e polífaga, e estão no meio ambiente, mesmo não manifestando sintomas ou danos nas plantas, sejam árvores, sejam plantas ervas. Mas quando entram em algodão, principalmente nos primeiros 15 a 20 dias de idade das plantas, percebemos a infestação. A distribuição é mais ou menos uniforme, não é ataque de manchas, e mantém certa uniformidade por todo o talhão. A espécie mais comum do tripes no Brasil é chamada de Frankliniella schultzei. É um Thysanóptera da família tripidae. Os adultos têm coloração escura e medem cerca de 2 milímetros de comprimento; as ninfas são amareladas e succionam seiva. O inseto tem um aparelho bucal, chamado sugador-picador, que introduz nos tecidos das folhas, nas partes tenras da plantas, e aspira a seiva junto com grânulos de clorofila. Em função disso surgem pontuações necrosadas nas folhas, originando engrouvinhamento e paralisação do crescimento. O ataque ocasiona pouco aproveitamento da adubação colocada na base e tudo vai vir depois, através do deslocamento de energia, para a recuperação da planta no futuro. E os
tripes também, principalmente esta espécie, são tidos como transmissores de uma virose, provável vetor do que chamamos de mosaico tardio do tripes, pois as plantas afetadas apresentam folhas novas com mosaico e floração verde-amarelada. O ataque do tripes é maior ou menor, em função do que ocorre na primavera. Se houver umidade, principalmente com chuvas mais ou menos freqüentes após a emergência, as infestações serão menores. Menos freqüentes após a emergência, haverá infestações maiores. É claro que as ocorrências estão ligadas à temperatura, mas principalmente à umidade. O tratamento das sementes e o uso de granulados de solo realmente são os melhores meios de controle, já que o ataque ocorre entre 20 a 30 dias de emergência das plantas. De um modo geral a eficiência de controle vai estar ligada à umidade do solo. Quanto menor ela for, os tratamentos, de um modo amplo, deixarão a desejar. Mas depende também da solubilidade dos produtos. Às vezes o tratamento de sementes é suficiente. Em outras há necessidade de complementação. Também numa condição de baixa umidade, um granulado de solo funciona muito bem.
Quanto à amostragem, devemos lembrar que ele não só ocorre em plântulas, como pode ocorrer mais tarde, mas isso não é geral. Porém, pode se encontrar situações de altas infestações destes tripes em períodos de florada. Os adultos e ninfas estarão nas flores abertas. Quando se encontrar uma freqüência abundante no campo, por exemplo mais de 50 no período de florada, haverá necessidade de controle químico, também. Para funcionar em tripes, os produtos devem ter ação sistêmica. Eles são os melhores neste tipo de controle. No começo, e caso o tratamento de sementes não tenha sido suficiente e a infestação permaneça, o momento de tomar uma decisão é determinado pelas amostragens. Elas devem ser feitas por meio de coleta de feixes de plântulas novas, ao redor de dez. Pega-se este feixe coletado em vários pontos do campo, batendoos contra um recipiente com fundo de coloração tal que facilite a leitura. Populações de ninfas e adultos acima de cinco indivíduos de espécie por planta determinam o momento de controle. * extrato de entrevista com Walter Jorge dos Santos
Algodão
Manual de instruções Cultivar de algodão pode ter alto rendimento desde que o produtor siga algumas recomendações
Fotos Cultivar
manejo
A
cultura do algodão está experimentando um retorno altamente lucrativo no Brasil e, na safra que se inicia, há previsões de um aumento de até 20% na área plantada. Mas, por ser uma cultura que exige um alto investimento, é imprescindível que os produtores sigam as recomendações técnicas. Segundo José Saul Martus, engenheiro agrônomo da MDM Maeda Deltapine Monsanto Algodão, o plantio deve ser feito com sementes de qualidade, pois para a cultura o investimento é alto e convém diminuir os riscos que uma semente sem garantia oferece. Nada, portanto, de plantar caroços guardados da safra anterior. Muito importante é observar a época certa de semeadura, que varia conforme a região, devido a fatores climáticos específicos e à adaptação do ciclo da cultivar. Se plantar muito cedo aumentam os riscos de estiagem. Pior, ainda, pode chover no período de maturação das maçãs, ocasionando perdas por podridão. Se for feito tardiamente, poderá faltar umidade para a formação das maçãs, ocasionando perdas e imaturidade das fibras , avisa. Outro item a ser observado pelo produtor é o espaçamento entre as linhas de plantio, determinado em função da fertilidade da área, adaptação da cultivar, plantadeiras, colheitadeiras e condições climáticas. A quantidade e a altura das plantas variam de acordo com o espaçamento. Onde este é de 90 centímetros não deve haver mais de 10 plantas finais com um máximo de 1m30 de altura , lembra Martus. Níveis de tecnologia A cultivar DeltaOPAL se adapta perfeitamente aos diferentes níveis de tecnologia empregados no seu manejo, dependendo do investimento utilizado, porém é altamente responsiva em nutrição devido à sua enorme capacidade de produção, que bateu recordes no país. Para que a planta possa mostrar todo seu potencial produtivo em solos de cerrado é necessário adicionar os níveis de 90 a 160 quilos de nitrogênio por hectare, 100 a 150 quilos de fósforo/ha, 120 a 180 quilos de potássio/ha, 25 a 40 quilos de enxofre/ha, 2 a 5 de Boro/ha, 2 a 3 quilos de zinco/ha e de 50% a 60% de saturação de bases , recomenda o engenheiro agrônomo da MDM. Vinte por cento do total de nitrogênio se aplicam no adubo da base, 40% na primeira cobertura (formação dos primeiros botões florais) e os 40% restantes na segunda cobertura, a partir da formação das primeiras flores. Parte do fósforo, na forma de corretivo e o restante no plantio, no adubo da base. Já o potássio deve ser utilizado em parte no plantio, em torno de 40% do total, e o restante
na segunda cobertura, aplicado junto com o nitrogênio em fórmulas específicas. O potássio é um elemento muito importante para o algodoeiro. Aplicações tardias, 80 a 90 dias após a germinação, refletem em ganho de peso e qualidade da fibra , explica.
controle com o uso de produtos específicos. O excesso de chuva às vésperas da colheita ocasiona o surgimento de combinações de diversos fungos, resultando em podridão das maçãs.
Controle de pragas Cuidados Um controle rigoroso de pragas na cultura do técnicos algodão evita perdas e danos. O algodoeiro, planAs plantas daninhas prejudicam a produtivi- ta com alto teor de nutrientes em suas estruturas, dade e a qualidade das fibras do algodoeiro. Por torna-se atraente para diversas espécies de inseisso, é necessário estabelecer um programa de tos. Assim, deve-se adotar os níveis de controle controle das invasoras desde o plantio até a co- utilizados no Manejo Integrado de Pragas (MIP) e lheita. No início, elas atrasam o crescimento vege- ficar atento aos ataques regionalizados, influenciatativo e o vigor das plantas, além de hospedarem dos por mudanças climáticas ou desequilíbrios propragas e gerarem doenças. Devem ser controla- vocados pelo uso inadequado de produtos. das durante todo o ciclo da cultura. Como o DeltaOPAL é resistente a viroses Em razão da sua característica de crescimento transmitidas por pulgão, o inseto deixa de ser um e elevado volume de folhas, é indispensável o uso vetor de doenças para ser uma praga normal do de regulador de crescimento na cultivar DeltaO- algodoeiro. Mesmo assim, os produtores preciPAL, segundo Martus em aplicações parceladas, sam estar alerta, pois as plantas podem suportar sempre avaliando-se a condição fisiológica da plan- níveis de infestação inicial de 20% a 25%. Acima ta, influenciada pela nutrição, umidade do solo, deste patamar recomenda-se o uso de produtos clima, sanidade e capacidade vegetativa. Impe- específicos para eliminá-los , declara Martus. Em dindo-se que a planta ultrapasse 1m30 de altura, cultivares resistentes às viroses é natural que haja ela se torna compacta, de um menor número de aplicações de baixa estatura, conceninseticidas e, com isso, há maiores Deve-se adotar os trando energia, peso e riscos de ataques de pragas secunníveis de controle uniformidade nas maçãs . dárias. Pragas como percevejos suutilizados no O rendimento médio gadores podem causar danos e premanejo integrado das lavouras de DeltaOjuízos e exigem controle, lembra. de pragas PAL (até 42% de pluma), comprimento de fibra Desfolhantes (30-33 mm), uniformidae maturadores de de comprimento (48,2%), resistência (28,1 gf/ A desfolha química é necessária quando o alTEX), elongação (7,1), micronaire (3,9-4,2) e re- godoeiro apresenta um número excessivo de foflectância (76,8 Rd%) podem ser influenciados di- lhas na época de abertura dos capulhos, prejudiretamente pela inadequada correção e adubação, cando a qualidade da pluma com muita impureza. estresses hídricos, excesso de água ou dias enco- Recomenda-se o desfolhamento e a utilização de bertos, alta população de nematóide no solo, ina- um maturador quando as maçãs estiverem abertas dequado controle de pragas, nutrição deficiente, de 60% a 70% do volume total da planta. Mas a desfolha precoce ocasionada por fungos ou desfolha química muito precoce. Controle de doenças O controle de doenças faz com que, através de uma boa proteção da área foliar, a planta tenha plena capacidade produtiva. Esse controle tornase rigoroso principalmente em relação à ramulária, fungo que infecta todas as cultivares de algodão, cujos esporos de coloração branca atingem inicialmente a superfície das folhas do baixeiro. Deve-se empregar produtos específicos, na dosagem recomendada, bem no início da infecção . De acordo com Martus, outras doenças podem surgir em razão do excesso de umidade e exigem
Martus explica como plantar algodão
desfolha e/ou maturação antecipadas podem causar queda ou abertura precoce das maçãs que não estejam fisiologicamente maduras. As maçãs imaturas irão originar fibras fora das características e padrões exigidos pela indústria , alerta Martus. Finalmente, a colheita pode ser feita de forma mecânica ou manual. No caso de colheita mecânica, em áreas extensas e planas, a operação é mais rápida, viável e de melhor qualidade. Martus lembra que a cultivar DeltaOPAL apresenta alto rendimento de pluma, forma em que deve ser comercializado o algodão, e que as máquinas devem estar revisadas e reguladas para que se obtenha um produto de boa qualidade.
Algodão
mercado
Qualidade é fundamental P
ara que se mantenha o bom momento da cultura do algodão no Brasil o produtor deve aprimorar a qualidade do produto, que deverá ter suas exportações aumentadas nos próximos anos. Isso na opinião do presidente da Abrapa, João Luiz Ribas Pessa. Ele explica que com a colheita da safra atual fechando em 700 mil toneladas e com a projeção de mais de 800 mil na próxima, já há um empate técnico entre a produção e consumo no Brasil. A saída será então exportar. Até porque há expectativa que o excedente de produção em 2002 será bem acima do consumo. Na verdade, o Brasil já exporta algodão, em pequena quantidade. Foram, nos últimos 30 dias, 20 mil toneladas embarcadas para os mercados asiático e europeu. A qualidade, relata Pessa, foi bastante elogiada por compradores e traders internacionais que tiveram contato com o algodão. Apesar disso, devemos sempre aumentar a qualidade, com maiores cuidados nas colheitas e beneficiamento . O algodão brasileiro já consta nos preços internacionais da revista Cotton Outlook, representado pelo produto mato-grossense. O aumento de produção é esperado em função de maiores produtividades e novas áreas cultivadas. Pessa cita áreas que estão se destacando nos quesitos, como Barreiras, na Bahia, o Norte do Mato Grosso do Sul, o Sul de Goiás, o Triângulo Mineiro, partes de São Paulo com tradição na produção e áreas monitoradas por cooperativas no Paraná. Mas se no campo tudo anda bem, no terreno financeiro há dúvidas.
Cultivar
Produtor começa a se interessar pela exportação, saída para aumentar o retorno da cultura. Mas para isso...
Da falta de capital de giro e da pequena exportação resulta o baixo preço do algodão brasileiro. A indústria daqui consome 750 mil toneladas de fibra por ano. Como a totalidade da safra (700 mil toneladas) é colhida num espaço de quatro meses, há acúmulo de produto à venda. E como não existem mecanismos de financiamento de estoques o produtor acaba obrigado a vender prematuramente, sacrificando o preço. Esse ponto deverá merecer mais atenção futura, pois com o aumento da produção o problema poderá se acentuar.
Pessa explica a situação do algodão no mundo
Safra maior no MT O presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Adilton Sachetti, disse que apesar dos problemas na área de comercialização, a produção deverá crescer entre 20% e 25% na safra 2000/ 01. Ele recomendou cautela aos produtores devido à instabilidade dos preços e à baixa cotação do produto no mercado interno. O algodão é uma cultura que apresenta riscos e, por isso, recomendo muito cuidado àqueles que querem investir nesta área. Principalmente porque temos muitos problemas na área de comercialização e os recursos para o setor são escassos , afirmou. Sachetti criticou o governo pela falta de crédito para custeio e a inexistência de uma política de comercialização para a cultura do
algodão. Não existe uma regra clara no país , reclamou. Segundo ele, é preciso que o governo crie um mecanismo de suporte à comercialização capaz de proteger os produtores contra a instabilidade dos preços. Uma das opções seria o governo disponibilizar o EGF (Empréstimo do Governo Federal) para o produtor e definir regras de uma safra para a outra . Mesmo com todos esses problemas, a produção mato-grossense de algodão poderá crescer até 25% na próxima safra. A decisão de plantar já foi tomada pela maioria dos produtores , explicou. Segundo ele, o plantio começará a ser feito a partir de dezembro, com expectativa de colheita no mês de maio do próximo ano.
Mep
monitoramento a praga, é denominada tecnicamente de Fisiológica. O outro tipo de seletividade que todos esquecem é chamada no meio técnico de Ecológica. Por mais estranho que possa parecer, associar o termo ecológico a um agrotóxico nãoseletivo fisiologicamente é a maneira correta de se referir. A palavra ecológica significa dizer que há maneiras e maneiras de aplicar um produto que é tóxico aos inimigos naturais (insetos e ácaros benéficos), em que se amenizam os seus efeitos sobre estes e controla a praga desejada. A terminologia Seletividade, nos seus dois tipos, se aplica tanto a produtos sintéticos usados na agricultura convencional quanto aos não sintéticos preconizados para a agricultura sustentável ou orgânica. Um produto natural extraído de plantas pode ser tão tóxico a insetos benéficos quanto os agrotóxicos tradicionais.
Trabalhando a seletividade
Os níveis de ação e não-ação que vimos no artigo anterior são referências para que o manejador de pragas tome as decisões corretamente e ao menor custo possível. Não estará atirando no escuro como ocorria com os cultivos sem Mep. Mas a melhor ação é poder escolher um produto que seja o menos prejudicial possível aos inimigos naturais, ao próprio homem, ao consumidor e ao ambiente em geral. Às vezes, a escolha poderá ser feita sobre um produto comercial fisiológico ou biológico, cuja segurança ainda é maior
O
grande mito que envolve o termo seletividade de agrotóxico a inimigos naturais das pragas é a expressão: - É seletivo? - Não é. - Então não pode ser usado! Enganam-se esses que assim pensam. Não há só um tipo de seletividade, isto é, não só aquela que é inerente ao próprio inseto benéfico, o qual resiste naturalmente ao produto aplicado. A inerência se refere ao mecanismo de ação do agrotóxico que não mata o inseto benéfico (mesmo quando atingido), mas é letal para o inseto praga. Essa seletividade, que atinge só
mas é preciso complementá-los com trabalhos chamados de semicampo e os de campo propriamente dito. Isso para se ter dados que se possam recomendar em sistemas de manejo de pragas, seja o integrado, seja o ecológico, seja em cultivos convencionais, seja nos orgânicos. Desse modo, testes praticamente obrigatórios se fazem necessários em todo e qualquer inseto ou ácaro benéfico que é comercializado junto aos agricultores. Por exemplo, se estivermos numa plantação de frutas que está atacada por cochonilha branca Planococcus citri, e estamos com um lote de joaninhas Cryptolaemus montrouzieri para soltar e ao mesmo tempo a frutífera está sendo atacada por ácaro branco, tendo que pulverizar abamectin, nós sabemos que este produto não afeta adultos do referido benéfico. Por outro lado, se tivermos uma cultura de citros que está com a mesma cochonilha e tivermos liberado vespinhas de Ageniaspis citricola para controle da minadora dos citros Phyllocnistis citrella, a aplicação de Abamectin para a minadora, de longe o melhor produto, deve ser feita com outros critérios, pois ele é tóxico a essa vespinha. Esses outros critérios são os que vamos ver a seguir.
Seletividade fisiológica No lançamento de um composto para controle de pragas, testes de seletividade a inimigos naturais já são feitos por interesse dos próprios fabricantes, mas são restritos a algumas espécies de benéficos que servem de indicadores para o manejo de pragas. Por outro lado, Seletividade várias instituições no mundo fazem estudos ecológica abrangentes de seletividade sobre os novos A seletividade ecológica substitui ou comprodutos lançados no mercado. A mais impor- plementa a fisiológica. Ela é definida como o tante instituição que cuida desse assunto é a método de aplicação de agrotóxico não-seleOrganização Internacional de Controle Bioló- tivo fisiologicamente, de forma a não atingir gico, através dos seus grupos diretamente os insetos de trabalho. benéficos que estão em O grupo de trabalho de convivência com as praA seletividade seletividade de pesticidas tem gas nas lavouras agrícoecológica métodos padronizados para las. Portanto, se um prosubstitui ou uso universal pelos laboratóduto é tóxico ou altamencomplementa a rios que realizam testes de sete tóxico a uma determifisiológica letividade. Depois de testes rinada espécie de inimigo gorosos em laboratório, de natural, a tática é, na hora exposição de adultos e larvas da aplicação, fazê-lo de sobre resíduos secos de agrotóxicos em su- forma a não estar em contato com o benéfico perfície de vidro é que se envia os produtos e sim com a praga. Há maneiras de se fazer mais tóxicos para estudos de semi-campo e isso, mas elas são pouco pesquisadas. O que campo, pois apesar de tóxicos em laboratório se usa é a criatividade para se encontrar meios podem não ser em ambiente de lavoura. de se atingir os objetivos que são: controlar a Em seletividade fisiológica é muito impor- praga preservando o máximo possível as potante se saber que qualquer estudo tem que pulações dos benéficos. ser abrangente. Ou seja, é necessário se fazer A técnica clássica de seletividade ecológitestes no maior número de espécies benéficas ca é a do uso de formulações granuladas inpossível, principalmente sobre os organismos corporadas ao solo. Para isso o produto tem que são considerados chaves para o controle que ser sistêmico (circular pela seiva da planbiológico conforme o cultivo que é envolvido. ta) e a praga tem que ser sugadora ou minaPortanto, não bastam estudos de laboratório, dora de folhas. Portanto se aplica a uma parte
das pragas. O importante é que o inseticida, tóxico aos inimigos naturais, deixa de sê-lo, pois fica restrito no interior da planta, sendo disponível apenas para o inseto que suga ou que faz galerias. Os inimigos naturais ficam livres do contato direto do produto. Atualmente, para frutíferas existem formulações sistêmicas apropriadas para aplicação restrita ao tronco das árvores. Esses mesmos produtos em cultivos anuais podem ser aplicados na base das plantas expondo muito pouco os benéficos. É o caso dos novos compostos à base de neonicotinóides (imidacloprid, thiamethoxam, acetamiprid etc.). Fora esses dois métodos clássicos há muitos outros que podemos listar como segue: aplicação em época com baixa densidade de inimigos naturais, pulverização em ruas alternadas, em talhões alternados (abamectin para minadora em citros com o parasitóide presente: a vespinha tem tempo para migração entre talhões tratados e não tratados), em só parte das copas, aplicação só em reboleiras de infestação da praga, etc. Importância da seletividade No manejo ecológico de pragas, a seletividade nos dois tipos, fisiológica e ecológica, tem um papel muito importante, pois nos sistemas de produção agrícola intensivo não há como escapar de aplicações de agrotóxicos sintéticos para manejo das pragas chaves. O mesmo se pode dizer para os cultivos sustentáveis ou orgânicos. Nestes, quando produtos químicos não sintéticos são inevitáveis, a seletividade entra também no sistema. Em muitos casos se pode associar os dois tipos de seletividade para um mesmo composto químico, ou seja, se ele é apenas de moderada seletividade fisiológica, considerar a ecológica o torna mais seletivo. Quando um agricultor passa a utilizar o MEP em sua lavoura, inicia geralmente com a divisão da sua propriedade em talhões, onde serão feitas as amostragens e as aplicações segundo os níveis de ação. Só isso representará, com certeza, uma economia de 30 a 50% pela redução de agrotóxico. De qualquer forma, não se pode ignorar o princípio da seletividade em manejo de pragas, que juntamente com os outros 3 (controle biológico, amostragem e manejo ambiental) torna o MEP viável, possibilitando sucesso e produção agrícola em ambiente mais saudável para a sociedade em geral. Santin Gravena, Consultor
Informática infoagro
Recomendações
Novidades nas recomendações para a soja este ano. Pela primeira vez houve uma recomendação quanto ao tratamento de sementes para o controle do tamanduá da soja, um inseto que tem causado grandes prejuízos em lavouras do sudoeste do Paraná. Essa técnica protege a planta contra ataques da praga nos primeiros trinta dias após a germinação, período em que a planta fica mais suscetível a danos. Em média, eram feitas de cinco a seis aplicações de inseticidas sobre a planta. Essa recomendação é importante porque evita a poluição do ambiente e diminui os riscos de contaminação do aplicador, já que os produtos antes utilizados são bastante tóxicos , explica Ivan Carlos Corso, pesquisador da Embrapa Soja.
Micronutrientes em alta Os adubos comuns não são suficientes para nutrir os solos brasileiros, originalmente pobres em zinco, boro, cobre, manganês, molibdênio, cobalto e ferro. Por isso a utilização de micronutrientes se tornou essencial para o aumento da produção agrícola no Brasil. Cada tipo de solo e cultura tem uma carência específica que prejudica o processo produtivo de forma considerável, e os micros são substâncias utilizadas na adubação, que suprem essa carência, sendo mais importantes do que se imagina para a agricultura. O uso dessas substâncias, por exemplo, é imprescindível nos solos de cerrado, mas não está restrito a eles, segundo o engenheiro agrônomo José Laércio Favarin, especialista em micronutrientes e professor do Departamento de Agricultura da Esalq/USP. Concluí um trabalho junto a um produtor de café e soja de Batatais e conseguimos um aumento entre três e quatro sacas de 60Kg por hectare. Para um produtor que planta mil hectares, esse ganho paga o investimento e ainda dá lucro , afirma.
Ivan Corso
Já quanto à recomendação de inoculante, ficou definido que a quantidade mínima de células de rizóbio recomendadas para a inoculação de sementes foi elevada de 80 mil para 160 mil células por 50 Kg de sementes. Também foi retirada a restrição quanto ao uso de inoculantes líquidos com eficiência agronômica comprovada.
Grão na safrinha
A falta de sementes certificadas pode limitar o crescimento da produção de milho previsto para a próxima safra, de acordo com o economista Getúlio Pernambuco, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Mas, segundo ele, o produtor terá outras boas opções para o plantio, caso não encontre as variedades de milho desejadas. O agricultor pode tanto utilizar grãos colhidos na safrinha como partir para culturas que também podem ser lucrativas, como a soja e o algodão , diz ele. Para Pernambuco, o produtor deve ter cuidado com o alto poder especulativo das empresas, que estão cobrando um preço muito alto pelas sementes. Levantamento feito pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão da Secretaria da Agricultura do Paraná, mostra a elevação nos preços das sementes de milho no Estado.
Os produtores de arroz de Mato Grosso, que estão tentando resolver o problema da comercialização do produto, estiveram reunidos em Sorriso. Com o tema Perspectivas para o Mercado de Arroz de Terras Altas , o I Seminário do Arroz discutiu principalmente a necessidade de se melhorar a qualidade do arroz e as máquinas de beneficiamento do produto. Um programa de incentivo direcionado à cadeia produtiva do arroz, o Pró-arroz, encontra-se em fase de implantação pelo governo do Estado. O programa visa a expansão do agronegócio do arroz em Mato Grosso, dentro de padrões tecnológicos e ambientais de produtividade e qualidade, bem como estimular investimentos públicos e privados com o objetivo de promover o processo de verticalização e agroindustrialização, oferecendo incentivos fiscais aos produtores rurais e às indústrias. O Pró-arroz prevê a concessão de incentivos fiscais de até 80% do ICMS sobre o valor de comercialização do arroz em casca.
Girassol
Tendo como palco a reunião da Comissão Nacional do Girassol, promovida anualmente pela Embrapa para avaliação de cultivares participantes de sua rede de ensaios, realizada este ano na cidade de Londrina (PR), foi fundada a Associação Nacional do Girassol. A nova entidade tem por objetivo reunir todo o segmento ligado à cultura, para coordenar e promover seu desenvolvimento no Brasil, estimulando plantio e processamento, bem como criando novos mecanismos de consumo. A coordenação da entidade está sob a responsabilidade de Júlio Cesar A. Gómez, da empresa Sinuelo, tendo como relações públicas Maria Regina Ungaro (IAC) e Osvaldo Vieira (Embrapa Soja). O secretário da entidade é Nelson Grando, da empresa Gransol / Agromania e tesoureiro Sandro da Rocha e Silva, da Caramurú Alimentos. Caberá à diretoria provisória a promoção da entidade, arregimentando novos associados, a elaboração do estatuto e preparação da primeira reunião nacional, prevista para o próximo ano na cidade de Rio Verde GO, simultaneamente ao II Simpósio Nacional do Girassol .
Mérito
A Bayer - área de proteção de plantas - alcançou o primeiro lugar, categoria eventos, na XI Mostra ABMR de Comunicação em Marketing Rural. O trabalho premiado foi a Convenção Interação Fito 2000 , onde diversas atividades foram conduzidas, culminando com o lançamnto do inseticida Calypso. Na foto, Renato Francischelli recebe o certificado de premiação.
Ferramenta moderna A
Universidade Estadual de Ponta Grossa e a Fundação ABC para Assistência e Divulgação Técnica Agropecuária promoveram o primeiro evento analisando a chegada da informática no meio produtor rural. Durante três dias, de 18 a 20 de outubro, em Ponta Grossa, os principais especialistas da área debateram o tema que serviu para avaliar o estado atual da tecnologia no campo e, também, para desmistificar a questão, imaginada como solução mágica por muita gente. Como disse, por exemplo, o presidente da Fundação ABC, Richard Borg, o importante não é exatamente ter o computador, mas saber o que fazer com ele. E isso é o que se começa a apreender. Borg destacou, entre os diversos usos práticos da nova tecnologia, a precisão que se começa a obter com a previsão do tempo, vital na hora da colheita e da aplicação de fungicidas, por exemplo. E, também, a facilidade que a informática proporciona para a administração da propriedade. O professor Pedro Zazueta, da Universidade da Flórida, classificou a tecnologia da informação ao lado da biotecnologia como as duas áreas científicas que dominarão as pesquisas no próximo milênio, tal a revolução que proporcionarão nos mais diversos campos. Do evento constaram palestras sobre estado da agroinformática no Brasil (Moacir Pedroso Jr, Marcelo Alves), Informática e agronegócio (Pedro Zazueta e Richard Borg), bio-
Cultivar
MT quer arroz
Marcelo organizou o Infoagro no Paraná
tecnologia e informática (Marco Aurélio Lopes, João Meidanis e Humberto Madeira), informação e proteção de plantas (Erlei de Melo Reis, José Francisco Moraes e Marcelo Canteri), comércio eletrônico no agribusiness (Paulo Villela e Allan Marcelo de Campos Costa), e informática e agrometeorologia (Rogério Teixeira de Faria, Eduardo Alvin Leite e Jorim Sousa das Virgens Filho). Marcelo Canteri presidiu a comissão organizadora.
Securitização com arroz Comercializar toda a produção de arroz está sendo sinônimo de problema para os rizicultores. Principalmente em Mato Grosso, onde 500 mil toneladas ainda estão pendentes de comercialização. Na tentativa de baixar o estoque a Associação dos Produtores de Arroz de MT - APA, propôs ao Ministro da Fazenda, Pedro Malan, que as parcelas da dívida da securitização, paga com milho, seja feita com arroz em casca. O Diretor Executivo da APA, Rui Geraldo Costa Roussenq, não precisou o quanto seria reduzido no estoque. Segundo ele, tal número foi questionado junto ao Banco do Brasil, que ainda faz tal avaliação. Na última safra o Estado de MT conseguiu atingir uma produção de, mais ou menos, 1,9 milhão de toneladas. Cerca de novecentas mil foram comercializadas. Sem opção para vender o restante, a alternativa foi procurar o Governo Federal, que pelo preço mínimo, adquiriu 500 mil toneladas.
Manejo Ecológico de Pragas
Renato
CONSULTORIA T REINAMENTO PESQUISA GRAVENA - Manejo Ecológico de Pragas Agrícolas Ltda. - Chácara Paulista Rodovia Deputado Cunha Bueno, SP 253, km 0.7, 14870-000, Jaboticabal/SP, Fone/Fax: (16) 323-2221 e-mail: gravena@asbyte.com.br / site:www.gravena.com.br
Novidades
Está chegando a Cultivar Máquinas O
mercado editorial brasileiro ganhará, em janeiro, um importante reforço: já está definido o lançamento da revista Cultivar Máquinas, um marco na divulgação dos principais temas relacionados à Engenharia Agrícola. Tratores, máquinas e equipamentos, irrigação, agricultura de precisão, aviação agrícola, secagem de cereais e armazenamento, física de solos, eis alguns dos temas deste veículo, que chega no primeiro mês do novo milênio. Longe de apenas mais uma revista de agricultura, a Cultivar Máquinas foi projetada como a revista propagadora da tecnologia de ponta da engenharia agrícola no país. Levará, também, as opiniões de produtores rurais sobre os equipamentos aos fabricantes, com opiniões e sugestões de possíveis melhoramentos. É o veículo especial que faltava ao meio, onde equipamentos de elevado preço e de avançada tecnologia nem sempre têm o melhor aproveitamento, proporcionando lucratividade, pela falta de conhecimentos de quem os compra ou opera. Para coordenar e supervisionar as questões técnicas procuramos um dos expoentes do setor nacional. Estabelecemos parceria com o professor doutor Arno Dallmeyer, dono de um respeitável currículo e atual diretor do Núcleo de Automação e Processos de Fabricação do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (RS). Dallmeyer é também o presidente da Associação Brasileira de Mecanização Agrícola, entidade com a qual a Cultivar Máquinas atuará em estreita
66
• Cultivar
Novembro 2000
colaboração. O corpo de colaboradores da revista é constituído pelos principais nomes da engenharia agrícola nacional. A relação inclui o que de melhor se conhece e mostra no topo o professor Luiz Geraldo Mialhe, da ESALQ, uma das raras unanimidades do Brasil. Também especialistas estrangeiros de expressão já mostraram interesse em publicar trabalhos na revista. Como o professor espanhol Luiz Márquez, diretor da conceituada publicação Agro-
Terceiro lançamento desta Empresa, a Cultivar Máquinas segue os passos das irmãs Cultivar, lançada em janeiro de 1999 e da Cultivar HF¸ que circula desde abril deste ano. Em todos os casos trabalhamos para colocar ao alcance do produtor agrícola e do engenheiro agrônomo os avanços tecnológicos que facilitam e aumentam a produção. Continuamos, também, com o sistema de especializar as publicações, centralizando o foco apenas nos assuntos de interesse do Leitor. Assim garantimos maior espaço útil na área desejada.
técnica , de Madri, uma das melhores da Europa. Ou o agrônomo Victor Prieto, editor da conhecida Agricultura de las Americas , editada em Nova Iorque, com a qual já temos um acordo de princípios. Victor é boliviano e formado no Brasil. Sua revista circula bem em nosso país. Além de se constituir em vetor tecnológico em suas áreas temáticas, a revista dará divulgação às novidades e lançamentos das indústrias, dando conhecimento dos novos produtos ao usuário em potencial. Experimentos e eventuais ensaios igualmente serão objeto de seu interesse.
Grandes culturas, por exemplo, na Cultivar; frutas, flores e hortícolas na Cultivar HF e mecanização e correlatos na Cultivar Máquinas. A mais nova publicação terá, como as antecedentes, circulação nacional e distribuição dirigida. Sem venda avulsa em bancas. De início com periodicidade bimestral, sairá nos meses ímpares (janeiro, março) e dessa feita o público alvo estará no campo, no comércio e faculdades de engenharia agrícola. Todos poderão obtê-la pelo sistema de assinaturas. Resumos dos principais artigos estarão disponíveis eletronicamente. Veja o Anúncio ao lado. E espere por nós em Janeiro !