Cultivar 23

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destaques

índice

Sorgo açucarado Doença açucarada do sorgo limita a produtividade e reduz o retorno econômico da cultura CAPA - Foto: Erlei M. Reis

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Jato dirigido

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Com técnicas adequadas é possível aplicar melhor e reduzir o gasto com defensivos

Semente pirata Prática da bolsa branca ressurge e já ameaça o negócio dos produtores de sementes

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Diretas Diretas + Cartas Problemas com Rhodiauram Sorgo torna-se grande cultura Doença açucarada no sorgo Aplicação correta de defensivos Coluna da Aenda Agronegócios Bolsa branca prejudica produtor Congresso de Sementes Rapidinhas Novo comando na APSEMG Parceria pela soja Vírus na cultura da soja Cercosporiose ataca o milho Mercado Agrícola Congresso Brasileiro de Algodão Variedades de algodão Cultivo adensado Última Página

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Vírus na soja

○ ○ ○ ○

Cercosporiose Doença até então secundária torna-se fator limitante na cultura do milho

Diretor:

Newton Peter - RPJ/RS 3513

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Anúncios

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Conheça as principais doenças causadas por vírus na cultura da soja

02 05 08/09 11 15 21 22/23 25 27 29 32 35 37 41 42 45 47 48

Unisoja Cheminova Sementes Dow Rafain Bayer World Expo-Califórnia Zeneca Ubyfol / Vigna Dow AgroSciences DuPont Agripec Bayer Basf Coodetec Aenda Gravena Agroanalysis Cultivar Máquinas

SUCURSAIS

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Editor geral:

Schubert Peter - NUJ 26693 Reportagens Especiais:

Ano II - Nº 23 - Dezembro / 2000 ISSN - 1518-3157 Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (12 edições): R$ 58,00 Números atrasados: R$ 6,00

João Pedro Lobo da Costa Design gráfico e Diagramação:

Fabiane Rittmann Ilustrações:

Rafael Sica Marketing:

Andrea González Circulação:

Edson Luiz Krause Assinaturas:

Simone Lopes Editoração Eletrônica:

Index Produções Gráficas Fotolitos e Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Mato Grosso Gislaine Rabelo Rua dos Crisântemos, 60 78850-000 / Primavera do Leste Tel.: (65) 497.1019 ou 9954.1894

Bahia José Claudio Oliveira Rua Joana Angélica, 305 47800-000 / Barreiras Tel.: (77) 612.2509 ou 9971.1254

GERAL / ASSINATURAS: 272.2128 REDAÇÃO : 227.7939 / 272.2105 / 222.1716 MARKETING: 272.2257 / 272.1753 / 225.1499 / 225.3314 FAX: 272.1966


Nova embalagem Sucesso

O site Companhia do Arroz (www.ciadoarroz.com.br) tem recebido diversos elogios dos usuários, que estavam à deriva no mundo virtual. Quem anda animada com a recepção do projeto é a gerente de marketing da Rohm and Haas,

Cristiane Cristiane Delic. O empreendimento é uma parceria da Rohm and Hass e da FMC do Brasil.

A Nortox está oferecendo o diuron nortox 500 SC em embalagens de um e cinco litros. De acordo com a empresa, a inovação surgiu conforme as exigências do mercado e a necessidade de utilização do produto em menor quantidade. Com as novas embalagens, a empresa passa a atender os clientes

que antes não utilizavam o produto, pois a quantidade mínima vendida era muito maior do que a necessária para seu consumo. Para disponibilizar estas quantidades de um e cinco litros do diuron nortox 500 SC , a Nortox realizou uma pesquisa de mercado junto aos seus clientes para verificar a demanda e a importância das embalagens.

Pulverização

A Comercial Agrícola do Paraná Lltda comapar - está incrementando a comercialização de produtos da mais alta tecnologia de pulverização, importados dos Estados Unidos. A comapar montou um time completo de técnicos para auxiliar os produtores na escolha de pontas para pulverização, por exemplo.

Embalagens

Cooperativas agropecuárias e revendedores paranaenses de agroquímicos querem adiar a data de entrada em vigor da legislação que obriga usuários desse tipo de produto a devolver as embalagens vazias, cujo recolhimento e destinação final passam a ser responsabilidade de comerciantes e fabricantes. A Lei Federal 9.974 e o Decreto 3.550, que tratam do assunto, têm vigência marcada para se iniciar no dia 21 de janeiro de 2001. Os agentes envolvidos, porém, acham que o tempo é curto para conscientizar os agricultores e implantar a estrutura necessária ao recebimento das embalagens.

Cotton Quality

A fim de se promover o algodão mato-grossense e de oferecer mecanismos para melhoria da qualidade da fibra, a Fundação MT está desenvolvendo o Programa de Qualidade do Algodão Mato Grosso Cotton Quality , visando controlar e monitorar todos os passos do processo produtivo do algodão. O programa atua em toda a cadeia produtiva do algodão, desde o plantio, manejo com defensivos, colheita, beneficiamento, classificação e análise da fibra até às indústrias de fiação e tecelagem.

Orientação

O momento não é de punir, mas de orientar, disse o secretário executivo da Andav, Henrique Mazotini, explicando o objetivo da campanha de orientação feita junto aos agricultores brasileiros para que cumpram a Lei 9.774, regulamentada em agosto. Ela estabelece o recolhimento das embalagens de agroquímicos vazias. A legislação prevê penas severas, inclusive prisão, para quem não a cumprir.

Tudo sobre café

A Embrapa Café montou o Sistema Brasileiro de Informação de Café, onde toda a bibliografia do produto publicada no Brasil e no mundo será disponibilizado por meio eletrônico. Atualmente, em âmbito mundial, muitas publicações dão apenas o resumo de um artigo. O sistema brasileiro, informa o gerente geral Antônio Nacif, oferecerá ao usuário o artigo completo, ou a revista

Nacif publicada. Se um pesquisador publicasse um trabalho científico de 50 páginas, o sistema anterior resumia o texto em torno de 20 linhas. E, através do resumo, se o interessado quisesse teria de procurar a biblioteca e pedir uma cópia do trabalho.

Bicudo

A Ampa realizou uma reunião em Cuiabá, em novembro, para ouvir todos os segmentos envolvidos no controle e erradicação da defesa vegetal com ênfase ao bicudo. O tema central foi a elaboração de um projeto de erradicação e avaliação da legislação e da prática de destruição de soqueiras. Vamos aplicar as medidas , disse o diretor executivo da Associação, Décio Tocantins, observando a metodologia correta para a aplicação de soqueiras . Um dos principais tópicos do controle ou da erradicação é interromper o ciclo. Quem alimenta o bicudo é a soqueira, que passa de um ciclo para o outro e permite que o inseto tenha alimento nestes períodos, explicou.

Embrapa no MT

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) deverá investir R$ 4 milhões em 2001 na unidade de Cuiabá (MT), a ser inaugurada em janeiro, na Delegacia Federal de Agricultura. O orçamento da Embrapa para todo o País será 8% maior no próximo ano, com prioridade para a área de tecnologia e a renovação de funcionários.

Erramos

Por um erro de gráfica, na última edição, foram alteradas as cores no anúncio da MDM. DeltaOpal. O logotipo correto é o que está na ilustração acima. O nome do nosso colaborador Rodrigo Ferreira de Oliveira saiu incompleto na página 51 da edição anterior . Achou um erro na sua Cultivar? Então nos avise através do e-mail: schubert.peter@cultivar.inf.br


Atualidades mercado

A maior fábrica

da sociedade. Entre as principais tecnologias geradas estão as mais de 70 cultivares - de trigo, soja, triticale, cevada, milho e centeio adaptadas a diversos Benami agroecossistemas. Essas variedades permitiram aumento Embrapa Trigo, Embrapa Trigo, localizada em Passo significativo da 26 anos Fundo (RS), é gerar produção de grãos e da A Embrapa Trigo conhecimento e qualidade do alimento comemorou 26 anos de viabilizar tecnologias produzido, além de atuação. A Unidade foi para a sustentabilidade preservar o ambiente , a primeira a ser do agronegócio de trigo destaca o chefe-geral instalada pela e outros cereais de da Embrapa Trigo, Embrapa. A missão da inverno, em benefício Benami Bacaltchuk.

Mudança

O distrito de Deceolândia, em Diamantino (195 quilômetros de Cuiabá) vai abrigar a maior usina de descaroçamento de algodão da América Latina, com inauguração prevista para março de 2001. O empreendimento é da Cotton King, uma divisão do grupo Emparsanco, de São Paulo, orçado em R$ 6 milhões. A usina terá capacidade para produzir 30 fardos por hora e gerar 90 empregos diretos e 40 indiretos, explica Fábio Moreira, gestor do projeto. A Cotton King também atua na produção da matéria-prima, com o plantio de doze mil hectares e expectativa de safra em 2001 de 250 arrobas por hectare.

Eleusio Freire Curvelo, chefe da Embrapa Algodão (CNPA), de Campina Grande, PB, está desenvolvendo ambicioso projeto para a instalação de grande número de mini-usinas de algodão no Nordeste. Eleusio acredita que essa é uma das saídas para melhorar a situação de milhares de pequenos produtores de algodão nordestinos. O algodão, que já foi das maiores fontes de renda do pequeno agricultor

O pesquisador Claudio Brondani, exEmbrapa Trigo, está trabalhando agora na Embrapa Arroz e Feijão, de Goiânia-GO.

Mauro

Professor

O engenheiro agrícola Mauro Fernando Vieira, da equipe da nova revista Cultivar MÁQUINAS, será o novo professor da cadeira de Máquinas Agrícolas da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade de Santa Cruz do Sul, RS. Mauro, atualmente professor contratado da Universidade Federal de Pelotas, foi o primeiro colocado no concurso promovido pela UNISC e assumirá a cátedra no próximo ano letivo.

Estou recebendo a Cultivar. Dá para notar a alta qualidade gráfica das publicações e a variedade e profundidade de suas matérias. Estamos colocando as duas revistas em nosso mailing para podermos encaminhar matérias.

Lineu M.Gobeth

Embrapa Comunicação Social

revistas. Agradeço pela compreensão.

Será que poderia colocar reportagens sobre café, pois estou estudando para técnico agrícola e gosto muito da área de cafeicultura, sempre que tenho tempo leio suas

fabriciomg@zipmail.com.br

Fabrício Resende Gostei demais da revista!!! Parabéns pelo ótimo trabalho. Foi um prazer colaborar com vocês.

Raul N. Guedes UFV

Eleusio da região, cedeu espaço e quase foi abandonado em alguns locais. Está retornando com força.

Biotecnologia

Importância

A agricultura é o principal responsável pela evolução da arrecadação em Mato Grosso. Nos últimos cinco anos o setor cresceu 71% e o ICMS teve uma evolução de 90%. Pesquisas indicam que a participação da agricultura na receita do Estado é de 20%, porém o impacto maior é verificado na arrecadação indireta, através do aumento no consumo de combustíveis, energia, comunicações e comércio, setores que respondem por 47% da arrecadação.

Problemas com Rhodiauram SC

Algodão

Rosivaldo

Esperança

Grande expectativa de produção em Goiás, como resultado do excelente regime

Em nome da AIBA e de todos os agricultores do Oeste da Bahia, agradecemos a bela matéria sobre o algodão, divulgado na Revista de nº 21.

Salete/Sérgio Pitt/Teresa Acabei de receber o novo número da Cultivar que fala

de chuvas das últimas semanas. Segundo o superintendente do Centro Tecnológico para Pesquisa Agropecuária, Rosivaldo Illipronti, a média de chuvas este ano bate de longe às dos anos recentes. Sem dúvida haverá reflexo na produção e os agricultores estão acelerando os trabalhos na tentativa de completar o plantio até o Natal.

sobre a fome dos insetos e aproveito para elogiar o ineditismo dessa reportagem - não tinha visto essa história em lugar nenhum. Um abraço e parabéns pela revista.

Marcel Gomes Repórter - jornal Valor Econômico

Manaus terá o primeiro curso de doutorado em Biotecnologia do País. O projeto está sendo viabilizado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em parceria com a Universidade do Amazonas (UA), governo do estado do Amazonas e os principais institutos de pesquisas nas áreas de ciências ambientais, química de produtos naturais, ciências de alimento, agrárias e patologia tropical.

A Cultivar agradece as cartas recebidas. Infelizmente, por questão de espaço, não poderemos publicar todas. Entretanto, informamos que as respostas aos pedidos de informações e de artigos já foram remetidas. Ficamos sensibilizados com as mensagens de incentivo e tentaremos corrigir os erros apontados por nossos leitores.

C

ontaminação no fungicida Rho diauram SC, da Aventis CropScience Brasil, usado para tratamento de sementes, causou sérios problemas em lavouras em pelo menos cinco Estados. Em nota oficial a empresa informa que o agente contaminante foi o bromucanazole, cujo nome comercial é Condor 200 SC, um fungicida para aplicação foliar em soja. Quando em contato direto com as sementes em solos argilosos, o bromucanazole causa redução no poder de germinação, engrossamento e encurtamento do hipocótilo da planta de soja. Os sintomas independem da variedade utilizada. As informações ainda são recentes e novas surgem a cada dia, o que dificulta a avaliação do quadro geral de danos. A Aventis tentou resolver os casos detectados, fornecendo novas sementes, fertilizantes e defensivos. Mas dois pontos ainda estão em discussão: a velocidade de reação da empresa e o real número de hectares atingidos. Produtores alegam que a Aventis demorou para divulgar os problemas nos produtos, o que agravou a situação. Por outro lado, como comentou um agricultor do Mato Grosso, agora até soja que não se desenvolveu por falta de adu-

bo vai acabar na conta do Rhodiauram . No Paraná, sindicatos rurais já estudam ações judiciais contra a empresa. Inicialmente detectado no Paraná (região de Maringá e Ponta Grossa), o problema ocorreu também no Mato Grosso do Sul (área de Dourados), Goiás e Mato Grosso. Produtores do Rio Grande do Sul e São Paulo reclamaram também. O dano foi detectado de início no lote 25 do produto, mas ainda não se sabe ao certo se pode estar em outros. O Rhodiauram foi usado em sementes plantadas em 4 milhões de hectares, segundo a Aventis, que se dispôs a discutir indenizações com os clientes das áreas atingidas. A questão agrava-se quando se trata de replantio. Alguns produtores têm medo de colocar soja numa área que acreditam estar contaminada (embora esta hipótese não esteja confirmada). E alegam não poder plantar milho, pois já usaram herbicidas contra folha estreita. A Aventis calculou que cerca de 70 mil hectares de lavouras foram diretamente afetados. A extensão é ampliada por cooperativas e sindicatos, no entanto, embora não haja informações exatas confiáveis. O telefone da empresa é 0800-122333.

Algodão FMT Saturno A Fundação Mato Grosso lançou uma nova variedade de algodão - a FMT Saturno, resultado de cinco anos de pesquisa. Com qualidade de fibra superior à da ITA-90 - cultivar mais plantada no estado -, a Saturno é resistente à virose e ramulose, além de altamente tolerante à bacteriose e ramulária. As duas características - qualidade de fibra e resistência -, fazem com que a nova cultivar atenda aos requisitos exigidos pela indústria de fiação, sem ser afetada (ao nível das demais variedades) por doenças e pragas, diz o pesquisador Paulo Hugo Aguiar. O rendimento de fibra da Saturno atinge, em média, de 36,5 a 39% no descaroçamento, índice um pouco inferior ao da ITA-90 (39 a 40%). Em áreas comerciais da Serra da Petrovina, a produtividade da Saturno chegou até a 300 arrobas por hectare. A ITA-90 oscila de 260 a 330 arrobas pela mesma área. Contudo, em função da Saturno atingir grande altura, o produtor deve cuidar do crescimento da planta, usando um regulador de desenvolvimento eficiente entre os 32 aos 35 dias. Paulo Aguiar orienta que as aplicações devem ser de 0,2 litros/ha. Do contrário, a planta pode atingir até dois metros de altura e não produzir bem. Com a diminuição do crescimento, a planta pode jogar energia para o algodão. Com a Saturno, estima-se que o produtor gaste 50% a mais de regulador de crescimento do que com a ITA-90. No entanto, as reaplicações devem ser feitas sempre a partir de monitoramento da lavoura. Normalmente feitas semanalmente, quem dirá a data certa e o volume do regulador é a própria planta. Paulo Aguiar observa que o pé de algodão deve atingir, em média, de 1,30 a 1,50 m na colheita. O ideal é que a planta tenha 5 cm entre cada internódio, os lances de crescimento .



Estimativas indicam que a produção brasileira ultrapassará as 2,25 milhões de toneladas

Pé no fundo com o sorgo E

ntre as culturas de maior crescimento percentual em área e produção no país, o sorgo poderá atingir nesta safra 962 mil ha de cultivares graníferas e 278 mil ha de forrageiras, ultrapassando a marca de 1,2 milhão de hectares plantados. A previsão de colheita é de 2,25 milhões de toneladas de grãos. Esta é a estimativa do grupo Pró-Sorgo e da Associação Paulista de Produtores de Sementes . E existe forte indicativo de crescimento para as próximas safras. Mesmo com a maior oferta de milho, e ainda levando-se em conta a demanda projetada, espera-se que os preços dos cereais energéticos fiquem próximos da média histórica. Portanto, quem investir em tecnologia, respeitar a época limite de plantio e obter produtividade, terá excelentes oportunidades de ganho. De modo geral, para haver demanda por alimentos é necessário pelo menos três condições: crescimento do poder aquisitivo, que pode ser medido pela expansão do PIB; crescimento populacional; e distribuição de renda. Segundo estimativas oficiais, o PIB mundial deve crescer 3,5% e o PIB brasileiro 4% o que gera demanda interna e exportações. A estimativa de crescimento da população brasileira é de 1,4% em 2001, e a relativa estabilidade da economia e baixa inflação benefici-

am a distribuição de renda. Presentes, pois, os elementos decisivos. Os compradores de sorgo são as fábricas de rações aves, suínos e confinamento. As indústrias passaram a adotar o sorgo como rotina em suas formulações e o uso tem crescido constantemente. Quem experimenta passa a usar. A abertura econômica e tecnológica do Brasil nos últimos anos provocou mudanças estruturais e setoriais e tem sido comum a busca por adaptações genuinamente nacionais. Exemplo disso está na agricultura, setor que a despeito das dificuldades enfrentadas (já comentadas em artigos anteriores), segue o rumo em busca de aumentos de produtividade, economia de escala, redução de custos de produção e de transporte, e sobretudo, procura de diversificação. Cultivos que no passado perderam competitividade, como o algodão, ou que tinham pouca expressão, como girassol e sorgo, estão mudando de perfil e geografia. Dentro do conceito de diversificação e diluição de riscos, encaixam-se perfeitamente no sistema de produção agropecuário brasileiro e passam a integrar o calendário do agricultor globalizado.

A força do sorgo O sorgo, por muito tempo tratado como cultura secundária no país, nos últimos seis anos vem registrando expansão no plantio e consumo da ordem de 25% ao ano. A história do sorgo no Brasil registra momentos distintos: antes e depois dos anos 90. Granífero - O sorgo graníferio no Rio Grande do Sul, por exemplo, antes dos anos 90 era plantado na fronteira com o Uruguai, as sementes provinham de países vizinhos, e havia dificuldade para comercialização, devido á presença de tanino. Depois de 90 o plantio prosseguiu na fronteira sul, porém com maior número de híbridos nacionais e melhor adaptados. A área permaneceu estável. Ampliou-se, porém, o plantio na região das Missões, usando-se cultivares sem tanino como opção a cultivos de verão, devido à instabilidade climática. No Brasil Central antes dos anos 90 havia concorrência do sorgo granífero com os cultivos tradicionais de verão, na colheita surgia o risco de mofos e germinação no cacho, e registrava-se di-

ficuldade de armazenamento e comercialização pós-colheita. Nos últimos anos adotou-se o plantio de safrinha como opção de segurança, surgindo o conceito de plantio de complementação póscultura de verão, e verificou-se que produzia ótima palhada para o sistema de plantio direto. Forrageiro - Já o sorgo forrageiro, antes de 90 carregava consigo a imagem de produto de baixa qualidade. As cultivares eram de porte alto, pouca produção de grãos e baixo valor nutritivo. Além disso, pouco se sabia sobre manejo da rebrota para corte verde ou pastejo. Os anos 90 trouxeram a segmentação do mercado, com as cultivares de duplo-propósito servindo para silagem de alta qualidade, as de porte médio obtendo boa produtividade com qualidade; sorgo alto com maior produção de massa por área, e híbridos com capim Sudão fornecendo sorgo para corte e pastejo. Razões do crescimento O avanço do sorgo no Brasil resulta da conjugação de fatores e não de eventos isolados. No caso do granífero, grão energético como o milho, os grandes clientes são os confinamentos e as fábricas de rações de aves e suínos. Já os forrageiros são procurados devido aos aumentos de produtividade na pecuária leiteira e confinamentos, somados à necessidade de suplementação alimentar no período seco, que estimula o uso de silagem. Vejamos alguns fatores macroeconômicos que alavancaram a demanda por matérias-primas energéticas e, conseqüentemente, viabilizaram cereais como o sorgo granífero: Crescimento populacional e de consumo per capta de proteína animal, especialmente carne de frango, que passou de 9 kg/hab/ano para 29 kg/hab/ano nos últimos 15 anos; Avanço nos índices de produtividade e competitividade da avicultura nacional; Aumento no consumo nacional de rações balanceadas, cuja produção aumentou de 14,4

milhôes de ton. para 34,7 milhôes de ton. (estimativa 2000) nos últimos 10 anos; Expansão e migração das agroindústrias de carne para o Brasil Central; Aumento das exportações de frango, recentemente mais favorecidas com a desvalorização do Real; Valorização do sorgo pelas indústria de rações em função da oferta regular e qualidade do produto (colhido durante a seca e livre de toxinas, grãos ardidos, etc.) Pode-se ainda listar alguns fatores inerentes ao agronegócio ou setoriais: Desenvolvimento do sistema de produção hoje conhecido como safrinha , proporcionando receita extra ao agricultor; Avanço da prática de Plantio Direto e a inclusão do sorgo como provedor de palhada; Melhorias na infra-estrutrura de transporte, recepção e armazenamento de grãos; Expansão da produção de leite (estimativa de 19,5 bilhões de litros em 2000) e confinamento; Ações institucionais de divulgação e esclarecimento coordenadas pelo Grupo Pró-Sorgo/ APPS; Investimentos por parte da indústria de sementes com aumento do número de híbridos adaptados e maior oferta de sementes. O clima afetou de forma negativa todas as culturas na safrinha passada. Conseqüentemente, a produção de grãos de sorgo, apesar de crescente, ficou muito aquém da expectativa. Ainda existe muito a ser feito no sentido de explorar mais e melhor o potencial do sorgo: pesquisas com sistemas de plantio e rotação, defensivos agrícolas , fertilização, melhoria da imagem do sorgo frente à população e, principalmente, o alinhamento dos dados oficiais da CONAB /IBGE, consultorias independentes e agências internacionais. Infelizmente ainda não refletem o crescimento de área e produção apontados pelo setor

Cultivar

mercado CNPMS

Sorgo

Mitidieri acredita no potencial do sorgo

de sementes e indústria. Na medida que cultivos como algodão, girassol e sorgo são tratados com diferentes e modernas abordagens técnicas e mercadológicas e inseridos no agronegócio, melhora-se a diversificação. Isto tem impacto positivo na diluição de riscos e capitalização da agricultura brasileira. Francisco José Mitidieri Sementes Dow AgroSciences


Nossa Capa sorgo

Açúcar no sorgo

Fotos CNPMS

Doença Açucarada causa prejuízos que podem chegar aos US$ 800 mil

N

a safra agrícola de 1995, especialmente em lavouras produtoras de semente de sorgo, observou-se, pela primeira vez no Brasil, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, a ocorrência generalizada da doença açucarada, causada pelo fungo Claviceps africana Frederickson, Mantle & de Milliano. Em 1996, foi constatada nos estados

do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e nos países sul-americanos como Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai e Venezuela. A doença açucarada estava restrita aos continentes africano e asiático, sobretudo à Índia. O relato de sua ocorrência nas Américas foi feito em 1996 e, no mesmo ano, na

Austrália. Hoje, a doença açucarada do sorgo está presente em todas as regiões do mundo onde essa espécie vegetal é cultivada, inclusive nos Estados Unidos. Estimou-se prejuízos na produção de sementes de sorgo híbrido no Brasil equivalentes a US$ 800 mil. As perdas também foram atribuídas ao aumento do custo de produção em razão da necessidade de pulverização com fungicidas, visando ao controle da doença. Local afetado A doença afeta os floretes individuais da panícula do sorgo, causando uma redução na quantidade de grãos produzidos, bem como limitando o seu desenvolvimento. Nos casos de ocorrência severa, pode haver danos totais à produção de grãos. Como os floretes não fertilizados permanecem abertos, as plantas com macho-esterilidade citoplasmática são altamente suscetíveis; as espiguetas infectadas não produzem semente. Por isso, a doença tem recebido especial atenção nas lavouras produtoras de sementes híbridas, nas quais, é imprescindível o uso de linhas macho-estéreis. Em lavouras comerciais, quando o ambiente é favorável ao desenvolvimento do patógeno e adverso à polinização, a doença também pode ser danosa. Na fase inicial, a doença é reconhecida pela presença de gotas de líquido pegajoso de coloração rosada ou parda, que exsudam dos ovários infectados . Tais gotas, constituídas pela massa de esporos do fungo, são doces ao paladar e atraem numerosos insetos, os quais, ao se alimentarem com o líquido, dispersam os esporos para outras flores. Essa secreção pode se tornar visível cinco a dez dias após a inoculação. A produção do líquido sobre as panículas chega a tal volume que há um gotejamento sobre as folhas e, mesmo, sobre o solo, o qual seca se tornando branco pela presença de açúcar. Espécies suscetíveis São suscetíveis ao fungo as espécies do gênero Sorghum (S. bicolor, S. sudanense e S. verticiliflorum) e Pennisetum americanum. Com relação ao milho, tem sido observado, em estações experimentais e em lavouras comerciais, que plantas no estádio de floração, desenvolvendo-se ao lado de plantas de sorgo infectadas, não têm apresentado os sintomas da formação do líquido açucarado, característico

dessa doença. to respingos de chuva, como insetos ou o conA principal fonte de inóculo primário são tato de uma panícula infectada com uma sadia os hospedeiros secundários. Na América do disseminam o inóculo dentro da lavoura, de Sul, o principal hospedeiro secundário é o sor- uma flor para outra ou de uma planta para ougo de alepo (S. halepense), denominado tam- tra, e da lavoura para os hospedeiros secunbém de capim-massambará. Essa espécie en- dários. Sob condições de baixa umidade relacontra-se perenizada como planta daninha, tiva, a secreção açucarada seca e forma-se uma sobretudo nos países do Cone Sul. crosta branca, constituída também de esporos Uma outra fonte de inóculo são os restos do fungo que são transportados pelo vento às culturais constituídos de panículas ou espigue- flores ainda receptivas, às lavouras vizinhas ou tas (floretes) infectadas, que, após a colheita, às flores receptivas de outras espécies hospepodem manter o fungo viável na forma de se- deiras. creção açucarada seca. A infecção ocorre durante a floração do As estruturas semelhantes a esclerócios, sorgo. Portanto, qualquer fator que possa afeproduzidas na panícula do sorgo, como fonte tar a infecção somente terá efeito durante essa de inóculo do patógeno, no fase. A temperatura, duBrasil, parecem não ter função, rante esse período, tem A infecção pois não se verificou a sua gerefeito marcante na doenocorre durante minação no campo após váriça. A temperatura de a floração do as tentativas e, tampouco, em 19,5 oC é considerada sorgo, fase em ótima para o desenvoltestes no laboratório. que deve ser vimento da doença. As causas que determinamonitorada Contudo, temperaturas ram o surgimento dessa donoturnas abaixo de 13 ença nas Américas e na Austrália ainda são desconhecidas, no entanto tem oC durante a microesporogenese induzem a sido considerada a hipótese de o inóculo, cons- macho-esterilidade em sorgo e, também, letituído por conídios secundários, ter sido tra- vam à predisposição da doença. Os floretes zido do continente africano por correntes aé- são vulneráveis à infecção a partir da emerreas na alta atmosfera, atingindo os continen- gência da panícula, até a fertilização do ovário. Esse é, pois, o período de predisposição tes australiano e americano. das plantas de sorgo ao agente causal da doença açucarada, quando as plantas necessitam Vetores de ser protegidas pela aplicação de fungicidas para inoculação O inóculo para ciclos secundários da do- o controle químico da doença. Os órgãos da ença, numa lavoura, é constituído pelos pro- espigueta mais suscetíveis à infecção são os págulos presentes na secreção açucarada. Tan- estigmas e as anteras.

O controle da doença é feito através da proteção química dos sítios de infecção

Marta explica como controlar a doença

Polinização é decisiva A ocorrência da polinização e da fertilização em condições climáticas normais, é, portanto, decisiva com relação a epidemias da doença açucarada, pois qualquer redução na taxa de polinização ou na viabilidade do pólen aumenta a suscetibilidade à doença, em plantas férteis. O estresse de frio é a variável climática mais importante na predisposição do sorgo à doença. Com relação à doença açucarada do sorgo, os problemas com alcalóides tóxicos são desconhecidos ou são menores do que os relatados para os ocorrentes em cereais de inverno. No entanto, há relatos, na Austrália, sobre a toxicidade dos alcalóides produzidos por C. africana a suínos, galinhas e vacas leiteiras alimentados com ração contendo diferentes quantidades de esclerócios. As medidas de controle para C. africana devem concentrar-se, principalmente, na proteção química dos sítios de infecção e no manejo da cultura, visando maior eficiência da polinização. Outra medida complementar de controle é a eliminação ou redução da população tanto de plantas voluntárias quanto dos demais hospedeiros de C. africana em áreas próximas a lavouras de sorgo. Erlei M. Reis, Ricardo T. Casa, Marta M.C. Blum, Embrapa Milho e Sorgo


Defensivos

Volatilidade da formulação Volatilidade das gotas de água comparadas com uma emulsão de óleo não volátil. Condições de 20 0C, com ar parado e 32 % de umidade relativa. As gotas foram suspensas de fibras de vidro bastante finas e seu peso monitorado constantemente. A taxa de perda do peso das gotas de água foi inicialmente 40 vezes mais rápida do que as gotas de óleo. As gotas de água evapora-

Ação de contato requer melhor cobertura do cultivo

A

tecnologia de aplicação de agroquímicos infelizmente não foi desenvolvida no mesmo nível que os produtos em si. Este fato tornou-se evidente com o desenvolvimento dos inseticidas piretróides que, em muitos casos, não apresentavam a performance de controle esperada. É bastante conhecido que estes produtos atuam por contato e por ingestão e que não apresentam efeito de vapor . Isso significa que para bons resultados, o inseticida precisa entrar em contato com o inseto. A alternativa é obter-se uma cobertura insatisfatória da planta e esperar que o inseto, caminhando, entre em contato com o produto químico. Isso também se aplica para todos os fungicidas de contato. Um método bastante eficiente para aplicar-se piretróides ou outro agroquímico é usar volumes menores de calda ou ainda UBV - Ultra baixo volume. Primeiramente, examinemos por que aplicamos agroquímicos. A resposta, mesmo sendo óbvia não é sempre apreciada: para matar insetos, controlar doenças ou ervas daninhas etc... Entretanto, nosso objetivo deveria ser

melhorar a cobertura e a penetração da pulverização, reduz-se o tamanho do bico e aumenta-se a pressão até conseguir-se produzir gotas menores. Maior produtividade dos pulverizadores com menor tempo gasto para seu reabastecimento. Volumes menores significam maior produtividade em termos de hectares / hora, ou seja, a operação de pulverização geralmente é concluída antes do meio-dia, quando as condições ambientais são menos favoráveis.

aplicar o defensivo diretamente no alvo a ser controlado e não no solo ou na atmosfera. Volumes de calda Para obter melhor cobertura da pulverização é muito mais importante e econômico, diminuir o tamanho da gota de pulverização do que aumentar o volume de calda pulverizada. Muitos técnicos e agricultores acreditam que volumes maiores significam melhor cobertura. Além de tecnicamente não ser correto, temos as seguintes implicações: Cobertura insatisfatória da cultura, por conseguinte dos insetos ou doenças, porque as gotas grandes não penetram na folhagem densa; Baixo rendimento da operação de pulverização resultando muitas vezes em trabalho sob condições adversas de clima para se conseguir tratar toda a área da lavoura; Menor penetração da pulverização no interior das plantas devido à inadequada atomização de partículas em função do alto volu-

me aplicado e muitas vezes devido à própria limitação da capacidade de atomização do equipamento utilizado; Maior contaminação do solo, especialmente quando o agricultor aplica 1000 litros ou mais de calda por hectare como no caso de citros; Aumento substancial dos custos de aplicação. Menores volumes Existem várias vantagens no uso de menores volumes de calda, como por exemplo: Volumes mais baixos são mais eficientes por diversas razões; entretanto, o mais importante é o fato que o ingrediente ativo é mais concentrado, permitindo maior eficácia, aliado ao tamanho de gota ideal para matar um determinado inseto. Por razões mecânicas, é mais fácil atomizar um volume menor de um líquido utilizando bicos de pulverização menores. Para

ram tão rapidamente que desaparecem completamente em segundos, enquanto que as gotas de óleo sobreviveram por mais de 20 horas. Em muitos casos, o objetivo da formulação de um produto agroquímico é produzir uma solução que contenha a maior porcentagem possível do ingrediente ativo, misturado com emulsificantes que possibilitem seu uso com água e geralmente com a preocupação sobre como o produto poderia ser mais eficientemente aplicado. Quanto emulsificante deve ser usado? É prática comum agregar grandes quantidades de emulsificantes para permitir a mistura do ingrediente ativo em até 1000 litros de água. Entretanto, se o produto for aplicado por avião com volumes baixos de 10 a 20 litros por ha a aplicação será feita com quantidades excessivas de emulsificantes e agentes humectantes. Como podemos esperar obter boa ação residual com excessiva quantidade de emulsificante na calda de pulverização uma vez que o emulsificante age como um saponáceo que

Cultivar

Mais eficiência, menor volume

Jacto

aplicação

Para Alan, a aplicação deve ser controlada


Aenda samente controlada através de monitoramento da velocidade do vento, espectro de gotas e altura do vôo. Produtos diluídos em água, aplicados com equipamentos convencionais, normalmente produzem uma ampla gama de tamanho de gotas, sujeitas a perdas consideráveis devido à evaporação.

facilita a lavagem do produto depositado nas S.F. Potts, um famoso pesquisador, deterfolhas sob condições de chuvas intensas? Por minou em 1958 que há um mínimo de velociessa razão, as formulações químicas deveriam dade do ar eficiente para deposição das gotas ser desenhadas especificamente para um deter- sobre objetos de vários tamanhos. Por exemminado método de aplicação, permitindo a plo: Uma gota de 100 micras impactará muito melhoria da redução do efeito da lavagem por mais facilmente um objeto de 32 mm de larguchuvas, especialmente se uma ação residual pro- ra do que um objeto de 2030 mm, confirmanlongada é requerida. do que gotas pequenas Pulverizações a Ultra Bairesultam em maior penexo Volume, ou mesmo Baixo tração da calda de pulvevolume são ineficientes sem o Pulverizações a rização. UBV são uso de gotas pequenas, exceto Para um objeto de 32 ineficientes sem no caso de produtos sistêmimm de largura a medida o uso de gotas cos ou com forte ação de vade impactação é obtida pequenas por. Como exemplo oposto, os com velocidade do ar de inseticidas piretróides agindo 1.3 Km/hora mas para imessencialmente por contato nepactar um objeto mais larcessitam gotas bastante pequenas para serem go de 2030mm é necessário que a velocidade efetivos. do vento seja de 25.7 Km/hora. Gotas grandes Para que seja possível tornar as pulverizaimpactarão em objetos de qualquer tamanho e ções de baixo volume eficientes é essencial utiserão barradas pela linha do ponteiro do topo lizar-se equipamento adequado que produza das plantas e somente as gotas pequenas penegotas uniformes, obtendo-se então, o benefício trarão na lavoura. de uma cobertura que atinja o alvo. Que tipo de equipamento deve ser usado? Um bico de Aplicação pulverização comum produz um amplo especaérea tro de tamanho de gotas, geralmente com goÉ fundamental considerar-se a aeronave tas maiores despegando-se das folhas diretacomo um equipamento munido com um sistemente para o solo. ma de pulverização que produz deposição de Com baixo volume podemos conseguir megotas sobre o cultivo através de várias camadas lhor cobertura das plantas com o mínimo de sobrepostas. Não devemos considerar a aerocontaminação do solo, uma vez que as plantas nave como um equipamento que força as gotas estão verticalmente posicionadas. Com gotas diretamente para o cultivo devido à pressão de grandes não conseguiremos boa cobertura da suas asas. É comum considerar-se a aeronave folhagem do topo das plantas; muito pouca como um trator voador . penetração no seu interior e nas faces inferioEstas camadas de pulverização sobrepostas res das folhas e praticamente, pouquíssima denão é deriva, mas sim um deslocamento conposição nos pêlos, onde somente gotas muito trolado pelo vento, que a cruza e pode ser precipequenas são fixadas.

Vento e deriva Contrariando a opinião comum, pulverizações não devem ser feitas sem que o vento esteja pelo menos a 2 Km/hora, ou a pulverização ficará suspensa no ar. Se o veículo utilizado for água, rapidamente evaporará produzindo deriva potencialmente perigosa. Tendo trabalhado por muitos anos investigando as técnicas de aplicação e o desenvolvimento de produtos agroquímicos, posso afirmar que os casos mais severos de deriva de herbicida sempre foram quando os agricultores ou operadores disseram que o produto foi aplicado nas melhores condições de pulverização sem vento algum . Gostaria também de relatar que obtive excelentes resultados com boas formulações de inseticidas pulverizados com U.B.V. e aplicados com ventos de até 32 Km/hora! Nestas condições houve significativo efeito de esmagamento das camadas de pulverização e o tratamento produziu 100% de controle de pragas presentes na face inferior das folhas. Além do exposto, podemos destacar ainda como vantagens da aplicação a baixo volume: Melhor performance para uma mesma dose de produto químico com oportunidade em muitos casos, de redução da dose de ingrediente ativo em 20 50 % ou mais; Menor custo de aplicação, uma vez que diminui o tempo gasto no reabastecimento do equipamento, permitindo melhor aproveitamento dos horários dedicados a esta atividade; Melhor cobertura do alvo devido à melhor penetração da calda na folhagem das plantas; Período de ação residual mais longo, devido à melhor deposição do ingrediente ativo. É normal nas aplicações de inseticidas com baixos volumes, especialmente com os piretróides, obter-se morte instantânea dos insetos, confirmando sua superior ação de contato. Com aplicações convencionais é aceito como normal, esperar de 24 ou até 36 horas para os resultados, confirmando que o inseto precisa caminhar até o produto e não o contrário. Alan McCracken, Loveland Industries Inc. (USA)

Genéricos:

A arquitetura de uma regulamentação A

pós uma década de regras ilógicas, obrigando os registrantes de agroquímicos genéricos a repetirem um dossiê toxicológico e ambiental como se fossem substâncias novas e, provocando uma drástica redução da concorrência, o governo desenha uma nova regulamentação que aponta para um alinhamento às normas internacionais. No final de 1996, ao editar a Portaria 84, o IBAMA já definia a substituição de alguns ensaios por apresentação de literatura. No final de 1998, ampliou este conceito, atendendo demanda da AENDA. E, agora, através da Resolução 104, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA, definitivamente corrobora essa postura, substituindo a obrigatoriedade da confecção de estudos e ensaios toxicológicos de longo prazo por apresentação de literatura divulgada. Essa decisão está em ordem com a legislação brasileira de agrotóxicos, que em nenhum momento impede tal procedimento e com a legislação de patente, pois não é demais lembrar que a lei 9279/96, em seu artigo 195, inciso XIV, determina que os dados divulgados são de domínio público. Quanto aos dados não divulgados, surge uma notícia alvissareira: acaba de ingressar no Congresso um Projeto de Lei do Poder Executivo, protegendo tais dados não divulgados por um período de 5 anos, a partir da concessão de registro ou da primeira liberação das informações em qualquer país. A partir daí, também passam a domínio público. Vejam uma passagem da justificativa do Projeto de Lei: ...o projeto prevê o equilíbrio entre o investimento, com a proteção à confidencialidade das informações, e os

aspectos de interesse público e da livre concorrência, possibilitando também um acesso ao mercado das microempresas e das empresas de pequeno e médio porte, garantindo assim os mecanismos necessários para o contínuo desenvolvimento econômico e social do País . Cabe, é claro, aprimorar o projeto, como, por exemplo, definir exatamente o que são dados confidenciais e quais são os dados com direito a período de exclusividade. Ressaltese que a Lei de Patente 9279/96 não se reporta a qualquer direito de exclusividade, aliás, em linha com o acordo TRIPS estabelecido na Rodada Uruguai, o qual assegura proteção de dados de NOVAS ENTIDADES QUÍMICAS (e não para entidades químicas conhecidas, como os produtos similares) contra todo uso comercial desleal. E, uso comercial desleal, por entendimento das principais nações que regulamentam esses princípios é o descumprimento de contratos, o abuso da confiança, o repasse a terceiros de informação não divulgada; jamais pode ser considerada prática comercial desleal, a comparação realizada pelo governo dos dados de produtos candidatos a similar com dados de produtos-referência, respeitando a confidencialidade. Por fim, o governo promove uma ampla revisão do Decreto 98816/90, conforme diretrizes da Portaria Interministerial nº 17/ 2000, estando esse projeto de novo Decreto em Consulta Pública. A Portaria Interministerial determinou que uma comissão de especialistas dos Ministérios envolvidos no assunto elaborasse um processual de registro que desse agilidade ao sistema de obtenção dos Certificados de Registro e in-

troduzisse definitivamente o procedimento da Similaridade Química para registro de produtos contendo ingredientes ativos já avaliados no País (os similares). Esperamos que esta revisão livre os brasileiros da tortura que é passar o processo de registro por três Ministérios, com interesses e objetivos divergentes e, obviamente, sob comandos distintos. Também, esperamos, que o novo Decreto defina claramente o que é um produto novo e um produto similar, e, para estes últimos, estabeleça claramente quais as exigências necessárias para o registro, além de explicitar as regras para a avaliação pela equivalência, apropriando os parâmetros da FAO. Sem estas três premissas bem delineadas o agrotóxico similar não poderá ser registrado devidamente. Muito esforço e dedicação ainda serão dispendidos, mas definitivamente está em curso a implosão de um importante custo Brasil na área agrícola. Mais que isso, se vislumbra a derrocada de uma reserva de mercado para os detentores de dossiês toxicológicos e ambientais. Esses dossiês são antes de tudo uma obrigação para com as populações, portanto um bem público, e não dados confidenciais como são os dados de fabricação de um produto. Essa distorção de valores vem causando um mal terrível ao agricultor nacional, por se constituir em forte barreira a uma mais justa e competente concorrência de produtos com patente já vencida ou prestes a vencer. Na virada do milênio, o País se integra às regras de concorrência vigentes nas nações mais desenvolvidas e se alinha aos princípios da OMC.


política

Um bom subsídio

N

a coluna semanal que assino em um jornal, escrevi em 15/10/99: Em abril passado, tive uma longa conversa com o Ministro Turra, mostrando que só havia duas soluções para melhorar o preço da nossa próxima safra de soja: ou desastre climático nos EUA, ou uma agressiva negociação política, em que os US$3 bilhões que o USDA dispunha para bancar o preço mínimo da soja americana seriam convertidos em ajuda humanitária, comprando soja no mercado e doando a países paupérrimos da Ásia e África, que jamais comprariam esta soja. Os EUA passariam por grandes filantropos, e o estoque seria tão reduzido que o preço subiria para todos. O Ministro comprou a idéia entusiasmado, a qual morreu na bur(r)ocracia governamental . O ex-Ministro Turra é um homem inteligente e de visão, farejou uma boa oportunidade para os agronegócios brasileiros e tentou concretizá-la.

Proposta de subsidiar doações de alimentos para países carentes pode ajudar a corrigir o preço da soja no mercado internacional

A proposta apresentada Propus que o Brasil negociasse com os EUA a incorporação ao seu programa de ajuda humanitária do subsídio ao preço mínimo da soja americana (US$ 5.25/bu). Ganhariam os EUA (mais filantropia, menos subsídios), os países pobres (mais saúde), o mercado (esses países nunca comprariam essa soja), o Brasil (mais renda agrícola, mais negócios na cadeia produtiva, mais progresso, mais empregos), etc. Com US$ 3 bilhões que poderiam chegar a US$ 5 bi - seria possível adquirir 70 100% do estoque de passagem, permitindo calibrar os preços em US$ 6 - 6,50/bu (US$14/saca ou US$237/ton), comprando e ameaçando intervir no mercado. Afinal as cotações flutuam tanto ao sabor de fatos, quanto dos boatos. Seria um sonho tropical, de noite de verão? Ainda hoje acho que era uma exce-

lente proposta, existia viabilidade política de sucesso, pela profusão de temas que estavam na mesa de negociação entre Brasília e Washington. Por que a recorrência ao tema? A proposta da ASA e da NOPA Em 26/9/2000, a American Soybean Association (ASA) e a National Oilseeds Processors Association (NOPA) encaminharam carta ao Secretário da Agricultura dos EUA, Dan Glickman, propondo exatamente o que eu havia sugerido ao Ministro Turra: aumentar a ajuda humanitária a países pobres, em forma de soja e seus derivados. Essas medidas podem ser enquadradas em programas governamentais já existentes, sem necessitar fundos adicionais ou autorização do Congresso. A proposta baseou-se em modelos de elasticidade preço/demanda do Food and Agricultural Re-

search Institute, das Universidades de Iowa e Missouri e do USDA. O texto completo do release à imprensa, fac-símile da carta ao secretário, e os quadros com o volume de soja para ajuda humanitária estão no site: www.sercomtel.com.br/ice/agro. Os números possíveis As entidades afirmam ser possível elevar imediatamente o preço da soja em US$ 0.47/ bu, (mais de R$2,00/saca), poupando ao Tesouro US$ 427 milhões em subsídios, adquirindo apenas 3,1 milhões de toneladas de soja e derivados, ao custo de US$ 873 milhões. Agregando-se o custo do processamento e do frete, o agricultor receberia no mínimo o preço de garantia do USDA e ainda sobraria ao governo americano US$ 427 milhões. E todo o mundo sairia contente: o produtor e o governo americanos, os famélicos da Ásia e da África, los hermanos argentinos, os produtores brasileiros, vendedores de máquinas, insumos e sementes, a Receita Federal, a Estadual, os camioneiros, a agência lotérica, o botequim, o Banco do Brasil, etc., porque a renda obtida com a soja é a matriz do progresso do interior do Brasil e a alavanca dos agronegócios. Torcida pró e contra Já que não agimos pró-ativamente quando o cavalo passou encilhado, cabe ao Governo e às entidades do setor acompanharem com lupa o desenrolar dessa negociação, com esperteza de raposa para não atrapalhá-la, auxiliando se for possível, torcendo para que se concretize. Até porque um sujeito chamado David Kruse apareceu com uma palhaçada chamada Plant Beans que usa o mesmo recurso do subsídio para forrar a guaiaca dos americanos e gravar a lápide dos demais países produtores. A proposta ASA/NOPA, a meu juízo, é um enfoque inteligente, em que se aumenta a demanda para regular preços, tornando o mercado mais rentável e mais estável. Do ponto de vista estritamente econômico, regular o volume de soja destinado à ajuda humanitária é uma linha auxiliar do estoque regulador. Ao tempo em que aplaudo a proposta da ASA e da NOPA, pelo duplo efeito filantrópico e busca de preços remuneradores, peço a Deus que nos livre da concebida pelo dublê de agricultor e conselheiro de mercado David Kruse, contra a qual devemos não apenas torcer, mas agir. A proposta Plant Beans A mim, a proposta cheira a retrocesso e

desespero, e denota a arrogância de quem impõe ao mundo o que lhe é mais conveniente, abuso de poder econômico e medo do livre mercado. Em especial se analisada sob o enfoque da liberalização do comércio internacional, tão ardorosamente defendida pelos EUA e, paradoxalmente, tão pouco respeitada por eles. Essa proposta só pode ser concebida por quem está viciado em subsídios, que garantem a renda de agricultor sem competitividade, com riscos cobertos por programas governamentais, tornando o processo agrícola artificial do ponto de vista mercadológico, condenando países de vocação agrícola à pobreza. O que o Sr. Kruse propõe é que todo o produtor de outra cultura de verão, em especial trigo e milho, passaria a destinar 25% dessa área para soja, com o objetivo de derrubar seu preço. O que ele está fazendo é um esforço enorme para aglutinar produtores americanos em torno da proposta, para operacionalizá-la. Conseqüências do projeto A área de soja americana passaria de 33 para 45 milhões de hectares, e a produção de 72 para 100 milhões de toneladas. Brasil, Argentina e outros países produtores não teriam como efetuar um ajuste drástico no curto prazo, o que redundaria na explosão da oferta mundial, hoje em torno de 155 milhões de toneladas, elevando o estoque de passagem de 21 para quase 50 milhões de toneladas. Assim, o preço seria derrubado para US$ 2,50-3/bu (R$ 12,00/saca), o menor da série histórica, de acordo com os cálculos do Doane s Agricultural Report (9/8/2000). O objetivo final seria mantê-lo nesse patamar até derrubar as posições dos concorrentes (brasileiros entre eles), que não conseguiriam suportar duas ou três safras com preços muito inferiores ao custo de produção. Depois, a produção voltaria paulatinamente ao normal , com altos preços, mas o share de mercado americano seria quase monopolista. A lógica da proposta O sojicultor americano nada sofreria, por receber subsídios garantindo o preço mínimo, tanto do CRC (Crop Revenue Coverage), quanto do LPD (Loan Deficiency Payments), que passariam de US$ 3 para US$ 10 bilhões anuais. Não haveria custo adicional ao seu Tesouro, pois os recursos extras (US$ 7 bilhões) sairiam dos programas de suporte de trigo e milho que, em função da redução da produção, teriam preços mais elevados e dispensariam subsídio. O objetivo é eliminar a concor-

Cultivar

Agronegócios

Gazzoni comenta o mercado de soja

rência na soja, onde as vantagens comparativas beneficiam países como o Brasil. Aqui, a ocupação do Centro-Oeste, a redução dos custos de transporte e os imensuráveis avanços tecnológicos propiciados pela Embrapa, têm levado o Mato Grosso a sucessivos recordes de produtividade, no plano mundial. Dumping agrícola O abuso do poder econômico, para eliminar concorrentes, chama-se dumping, e é punido com rigor em qualquer país do mundo. Qualquer? Não acredito que a proposta do Sr. Kruse emplaque, mas também não acredito que ele, ou seus seguidores, seriam punidos, porque subsidiar produtores sem competitividade, para que permaneçam artificialmente no mercado, não deixa de ser uma forma de dumping, só que oficial. Embora não acredite, acho que o Governo brasileiro, e as entidades privadas do setor também devem acompanhar par i pasu a evolução dessa proposta, pois não seria a primeira loucura que emplaca. E, se emplacar, Deus nos salve e guarde, porque poderá provocar uma quebradeira na cadeia dos agronegócios que levaria o Brasil a uma profunda recessão econômica. Aos leitores um Feliz Natal e que o próximo presidente americano opte pela proposta da ASA/NOPA, o que significaria um próspero Ano Novo. Décio Luiz Gazzoni, Embrapa Soja


Sementes

Sementes

BOLSA BRANCA ameaça produtor

M

uito milho e pouca soja é a definição para a venda de sementes este ano no RS. Tudo por causa da bolsa branca (venda ilegal de sementes), uma prática que estava em queda e, por causa da descapitalização do produtor e da proibição do plantio de transgênicos no país, voltou a assombrar o setor sementeiro. A situação é tão grave que produtores já falam em quebradeira no setor. O secretário-executivo da Apassul, Antônio Eduardo Loureiro da Silva, diz que os rumores nesse sentido são fortes. Sementes transgênicas por exemplo, de origem argentina, procederiam de produtores que as importaram e as multiplicaram na safra passada, vendendo agora o grão como semente. Fontes afirmam extra-oficialmente que o total de hectares plantados com variedades transgênicas está entre 1,5 milhão e 2 milhões. Oficialmente, entretanto, não há uma planta geneticamente modificada no estado. E a fiscalização estadual, acuada por produtores na safra passada, atua muito pouco por falta de recursos . O proprietário de uma empresa da região de Passo Fundo, grande produtora de soja no esta-

do, conta que nove de cada dez compradores perguntam se tem transgênica para vender . Ao explicar que a semente não existe porque não está legalizada no Brasil, tem de ouvir que o produtor vai comprá-la de qualquer forma, pois os custos de produção e o baixo preço de venda estão inviabilizando as lavouras de soja. Alguns estão embalados pelo relato de vizinhos que dizem ter alcançado maior rentabilidade com a soja argentina. O preço de uma saca de soja argentina no mercado negro é de R$ 100,00, podendo variar em função da variedade, pois a introdução de novas cultivares transgênicas, possivelmente com rendimento maior, elevou um pouco a cotação. Muitos produtores optaram por comprar poucas sacas, para multiplicar sua própria semente. É a pirataria da pirataria, situação decorrente não da vontade, mas da necessidade. Problema maior Mas o desafio enfrentado pelo setor sementeiro é muito maior do que o contrabando de transgênicos, a ponta do iceberg. A bolsa branca

começou a ser praticada há uns três anos, quando uma grande quebra de safra descapitalizou o produtor. Atualmente, é difícil encontrar uma variedade registrada que não tenha uma cópia ilegal no mercado. Há poucos meses a Braspov colocou um representante junto à Apassul para auxiliar na fiscalização das denúncias. O que não se comenta é que esse fato demonstra o caos que impera nos serviços de fiscalização estatais. Tal qual os habitantes das grandes cidades, vítimas de inúmeros crimes e com pouco amparo das polícias, os produtores de sementes estão tendo que contratar serviços terceirizados de vigilância para tentar fazer valer o seu direito legal. O trabalho está dando resultado e já há apreensões. O medo dos produtores é que a bolsa branca se espalhe para outras regiões do país. O presidente da Apassul, Efraim Fishmann, conta que no ano passado houve redução de 46% na área de produção de sementes inscrita na Secretaria da Agricultura. Este ano, nova redução. E fica a nossa pergunta, se há redução na produção legal de sementes, como é que a área cultivada permanece a mesma? SP/JP

Sementeiros da FELAS apóiam transgênicos A

ssociações de produtores de sementes de nove países sul-americanos, reunidos no Uruguai, divulgaram manifesto em favor da continuidade da pesquisa e liberação da produção e comercialização de sementes geneticamente modificadas. O manifesto foi redigido durante o XVII Seminário Panamericano de Sementes, promovido pela Federação Latino-Americana de Associação de Sementeiros (FELAS) e realizado em Punta del Este, de 20 a 22 de novembro, que teve 430 participantes, mais de 100 do Brasil. Participaram representantes de 25 países, com observadores da França, Suíça, Áustria, Austrália, Síria, África do Sul, Itália, Espanha e Estados Unidos. O Presidente da República uruguaio, Jorge Battle, que esteve presente, apoiou integralmente a moção. Na opinião dos representantes da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai, Chile, Equador, Colômbia, Venezuela e Uruguai, o desenvolvimento científico na área tecnológica é fundamental para o progresso da agricultura na América do Sul e Caribe e a utilização de organismos geneticamente modificados é essencial para se alcançar esse

objetivo. Além disso, destacaram, os consumidores serão beneficiados por essa tecnologia e seu desenvolvimento não pode ser tolhido pela ingerência política e comercial dos países. O evento homenageou, ofertando troféus de bronze, seis instituições de pesquisa que mais contribuíram para fortalecer a área de sementes na América Latina; CIAT (Chile), CIMMIT (México), INIA (Chile), INASE (Uruguai), INTA (Argentina), Embrapa (Brasil). No seminário foram apresentados 151 trabalhos técnicos (91 do Brasil), dos quais os três primeiros receberam prêmios respectivamente de US$ 1.000, 700 e 500. O primeiro prêmio coube a Identificação de sementes transgênicas de arroz em análise de rotina, da Universidade Federal de Pelotas/Embrapa (SG Lilge, MAA Tillmann, LB Dode e A Magalhães). O segundo foi conjunto da Costa Rica e Itália e o terceiro coube à Argentina. A escolha coube a uma comissão presidida pela pesquisadora Doris Groth, que também levou em conta os votos colocados em urnas especiais pelos participantes.

O Manifesto da FELAS, na íntegra, é o seguinte: Considerando que: 1.O desenvolvimento científico na área tecnológica é fundamental para o progresso da agricultura na América do Sul e Caribe e que a utilização de organismos geneticamente modificados é essencial para alcançar esse objetivo; 2. Os países da América do Sul e Caribe possuem mecanismos legais e de regulamentação, necessários para uma avaliação segura de produtos geneticamente modificados; 3. As Associações de Produtores de Sementes produzirão unicamente sementes de variedades transgênicas que demonstram total segurança para a preservação da saúde e do meio ambiente; 4. O agricultor tem direito ao uso dos resultados da biotecnologia para garantir sua competitividade; 5. Existem atualmente pesquisas demonstrando cientificamente que os produtos geneticamente modificados, liberados para a utilização, são tão seguros quanto os não modificados; 6. Os consumidores serão os beneficiários finais dos novos produtos que melhorarão sua

qualidade de vida; 7. Existe a necessidade de fortalecer a comunidade científica e acadêmica da América do Sul e Caribe reconhecendo sua total capacidade para a avaliação do tema biotecnologia. Existe a imperiosa necessidade de difusão da informação científica a todo nível, sobre os avanços da biotecnologia. 8 O desenvolvimento desta tecnologia não deve ser interferido pela ingerência política e comercial dos países. A biotecnologia deve ser analisada estritamente a partir do ponto de vista científico; A Federação Latino-Americana de Associação de Sementes, no uso de suas legítimas atribuições RESOLVE Manifestar-se a favor da continuidade da pesquisa e liberação da produção e comercialização de sementes geneticamente modificadas. Punta del Este, Uruguai, durante a realização do XVII Seminário Panamericano de Sementes, aos 22 dias de novembro de 2000. (Seguem assinaturas de representantes de 11 instituições, de nove países)

Eleita nova diretoria Na assembléia foi eleita a nova diretoria da FELAS para 2000/2002, que tem na presidência o colombiano Eduardo Villota Ortega e como vices Juan Carlos Arandia (Bolívia) e Ywao Miyamoto (Brasil). O atual presidente, José Amauri Dimarzio, vai para o Conselho Consultivo da organização. Diretores vogais serão Luis Corvalan (Paraguai), Emilio Madrid (Chile), Joaquim Onorino (Argentina) e Santiago Jaramillo (Equador) Decidiu ainda a assembléia que o próximo seminário, o XVIII, será em junho de 2002 na cidade de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia.


Rapidinhas Forrageiras

Algodão resistente

Delano

A CD 406, variedade de algodão, deverá estar disponível na safra de 2001/02. Conforme o Coordenador do Programa de Algodão da Coodetec, Delano Marcus Gondim, as principais características desta variedade, além de todos os benefícios já caracterizados na CD 404 (resistência da fibra de 31,5 g/tex, resistência ao bicudo uma vez que é precoce -, e a bacteriose), será a resistência à virose e ramulose, além de ter a fibra ainda mais resistente.

Trabalho de marketing

Os membros do International Cotton Advisory Committee - ICAC, reuniram-se em Cairns, na Austrália. O evento analisou as perspectivas da produção mundial de algodão e formou uma comissão para desenvolver um trabalho de marketing em nível mundial com foco nas vantagens do uso da fibra natural. Queremos aumentar o consumo de algodão , explica João Luis Pessa, da Abrapa. A delegação brasileira, composta por Andrew Mac Donald (Abravest), Sérgio Nogueira (Abralg) e João Luis Pessa (Abrapa), foi chefiada por Aloísio Campos, da Embaixada brasileira em Washington.

Embora boa parte dos produtores de sementes de forrageiras em atividade não seja filiada a associações de produtores de sementes do sistema Abrasem, a entidade tem possibilidade e disposição para congregar os produtores dos diversos estados, filiados ou não, para discutir a constituição de uma parceria com a Embrapa. Para tanto, a Abrasem já constituiu uma comissão composta por representantes de cada estado produtor, que será a interlocutora da Embrapa no processo de constituição da parceria. A comissão está composta pelos seguintes produtores: Jorge Matsuda - Abrasem; Gilberto Vasconcelos - Aprosmat; Leonardo Cerise e Mário Martins - Apsemg; Carmélio Roos - Aprosul, Golberi A. Costa, APPS; Luciano Paiva Gomes - Agrosem, ficando o secretário-executivo da Abrasem, João Henrique Hümmel Guimarães, encarregado de intermediar os contatos.

Apoio

Os produtores de algodão, representados pela Abrapa, entregaram ao Ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, uma proposta de apoio à comercialização da próxima safra. Conforme o Presidente da Abrapa, João Pessa, é requisitada a realização de leilões de Prêmio de Escoamento (PEP) nos meses de novembro e dezembro, com oferta total de 200 mil toneladas, para entrega em março e setembro, e com valor de prêmio a definir.

NBN Sementes

Animada com os resultados do dia de campo realizado em novembro, a NBN Sementes (Passo Fundo, RS) programou outro para março próximo. O destaque correu por conta da nova cultivar de trigo BRS 179, da Embrapa, produtiva e resistente à giberela. Em março pretende mostrar materiais de soja da Coodetec, Embrapa e Monsoy, e híbridos de milho da Agroeste, Aventis, Dekalb, Novartis e Pioneer

Auto-suficiência

Em soja não há falta de sementes. Quem garante é o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Campo Verde, Guidone Dalastra, que explica que o Mato Grosso é auto-suficiente na produção de sementes de soja. Segundo ele, a produção de sementes selecionadas no Estado é de 3,6 milhões de sacas para uma demanda em torno de 3,1 milhões de sacas. Dalastra enfatiza que a preocupação do Governo do Estado que está fazendo um levantamento sobre a disponibilidade de sementes no Estado - não engloba a soja. A principal preocupação é com o arroz, setor produtivo onde a maior parte das sementes é de procedência e qualidade duvidosas.

Soja

A Embrapa lançou um CD-Rom sobre a cultura da soja, com o apoio financeiro da Basf. O software está dividido em 18 capítulos que abrangem desde o levantamento histórico da cultura até a evolução do grão no

Pragas

Milho por sorgo

A comercialização de sementes de sorgo está andando muito bem por causa da grande procura pelo produto no mercado, resultado da baixa produção de milho. E o sorgo, normalmente e de uma forma geral, sucede ao milho. Para Edson Roberto Cesarino, do setor de Desenvolvimento de Produtos da Agromen Sementes Agrícolas, a cultura precisa de mais incentivos. Cita como exemplo as indústrias que, há seis anos, não colocavam na embalagem que

Brasil, passando por tecnologias de cultivo e biotecnologia. As informações contidas no CD são resultados de pesquisa de uma instituição que é referência mundial de soja em regiões tropicais, explica a organizadora, Clara Beatriz Hoffmann Campo.

Roberto Cesarino

a ração continha sorgo. Hoje, por lei, é obrigado a constar. Antes, pagavam entre 40 e 50% a menos em relação ao preço do milho .

Trigo em Minas Gerais

Está prevista para o dia 7 deste mês nova reunião do Grupo Técnico de Regulamentação das Pragas Não-Quarentenárias Regulamentadas, que tem forte participação da Abrasem. A entidade acredita que com o grupo vai começar a direcionar os estudos que possam realmente caracterizar os danos das sementes nas doenças já existentes na região CentroOeste, para poder ser coerente e responsável nas tomadas de decisões . A Abrasem espera que o Grupo consiga dar direcionamento à pesquisa para fazer estudos que permitam acrescentar ganhos aos agricultores, orientando-os no tratamento de sementes e na aquisição de uma boa semente.

A Embrapa Trigo está expandindo sua área de atuação. Depois de consolidado o trabalho realizado na região Sul do país, a Unidade está procurando desenvolver projetos de pesquisa em outros estados brasileiros que não têm tradição na plantação de trigo. Já temos trabalhos no Mato Grosso do Sul e agora estamos implantando um projeto em Minas Gerais , relata o chefe-geral da Embrapa Trigo, Benami Bacaltchuk.


Sementes

Sementes

Nova diretoria em Minas Gerais A Apsemg elegeu e empossou no dia 25 de outubro a sua nova diretoria, presidida por Eder Luiz Bolson e integrada pelo vice-presidente - Cláudio Manuel da Silva; 1° secretário - José André Pazzeto; 2° secretário - José Antônio Gonçalves Pacheco; 1° tesoureiro - Laerte Santos; 2° tesoureiro - Rogério Luiz Seibt. A Associação congrega e representa os interesses dos produtores desses insumos vitais para a cadeia do agribusiness. A produção de alimentos tem origem e depende da utilização de sementes e mudas de alta qualidade genética, fisiológica, física e fitossanitária. São 41 anos de tradição, disse o presidente da entidade, que tem, entre suas metas prioritárias a melhoria da comunicação e trânsito de informações entre os associados, e de parte da Associação para com os clientes po-

tenciais. Ele quer modernizar o sistema de captação de informações e de transmissão, incluindo a utilização da internet, para manter o pessoal em contato mais constante. Muitas vezes os interessados não sabem quem tem semente de Eder Luiz Bolson é o novo presidente da APSEMG determinada variedade e vai comprar em outro estado. Com a instalação do serviço, o contratempo seria evita- destacar mais o produto para que se saiba que o Estado tem condição climática muito boa para do. Também quer aumentar o número de as- a produção de sementes, com inverno seco . sociados, envolvendo produtores de mudas, Entre março e abril cessam as chuvas e a semente sai muito sadia, comenta.No lastro de principalmente os de café e citros. Eder pensa ainda em promover treinamen- metas, desponta igualmente mostrar a importos técnicos, editar alguma publicação especí- tância do produtor de sementes na cadeia de fica sobre produção de sementes e melhorar o alimentos. Temos de divulgar e valorizar ainmarketing da semente mineira. O objetivo é da mais o trabalho dele , reforça.

Parceria em favor da semente

Fundação Meridional faz parceria com a Embrapa Soja para expandir o programa de melhoramento

Forrageiras na mira do SNPC O SNPC (Serviço Nacional de Proteção de Cultivares) está trabalhando na elaboração de novos descritores para agregar espécies ao sistema de proteção de cultivares. Para isso, está na fase final de formalização de descritores de forrageiras tropicais - brachiárias, capim elefante e capim colonião. Descritores de café foram publicados no Diário Oficial da União do dia 21 de novembro e os de maçã porta-enxertos estão em fase de publicação. Além disso, o SNPC trabalha na elaboração dos descritores de algumas olerícolas (alface, cebola e cenoura). Está decidida também a inclusão de duas ornamentais e eucalipto. Essas são as espécies com prioridade para entrarem no regime de proteção de cultivares, comentou a engenheira agrônoma Vera Lúcia dos Santos Machado, do setor de Análises de Pedidos de Proteção de Cultivares. Lembra que os obtentores têm prazo até

o dia 20 de novembro de 2001 para proteção de cultivares para fins de derivação daqueles materiais que se encontram com até dez anos de comercialização - caso seja de interesse. Há alguns meses, o SNPC estava protegendo nove espécies. Agora, com a maçã frutífera, o número passou para dez, e tem havido insistência muito grande do setor tanto de sementes como de mudas, no sentido de que o SNPC agregue novas espécies ao sistema de proteção. Sabíamos, desde o início, que somente estas nove espécies seriam muito pouco, mas procuramos fazer inicialmente uma seleção das mais importantes, que poderiam ter demanda maior , contou Vera Lúcia. Conforme ela, o SNPC começou com uma equipe pequena e foi se estruturando, até adquirir um certo know how. Hoje a entidade está mais capacitada, inclusive em termos de pessoal, para agregar novas espécies.

Recentemente, o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, nomeou quatro novos técnicos para o setor, o que aumentou consideravelmente a capacidade de absorção de novas atividades. Vera destacou o otimismo reinante no SNPC em função do interesse que o ministro da Agricultura tem demonstrado no sentido de que a área se expanda. Ele tem nos dado um reforço muito grande, e estamos otimistas em relação à agregação de novas atividades , disse. No lastro do desenvolvimento dos trabalhos do SNPC, foram criadas duas comissões para estudos de forrageiras temperadas e tropicais. Ao mesmo tempo, está sendo organizada uma nova reunião, que provavelmente será realizada ainda este ano, em Goiânia, para tentar regulamentar o setor de forrageiras, uma área que preocupa muito o Ministério .

Ralf explica a linha de ação da nova parceria

A partir de 1° de dezembro, quando a Fundação Meridional de Apoio à Pesquisa Agropecuária assinou contrato de cooperação técnica e financeira com a Embrapa Soja, em Londrina, surgiu uma expressiva possibilidade de avanço em direção a novas tecnologias, principalmente às novas cultivares de soja. Com as recentes mudanças no sistema de recomendação de cultivares, informa o gerente executivo da Fundação, Ralf Udo Dengler, criou-se a necessidade de cada obtentor realizar seus testes de linhagens numa rede própria de ensaios, visando a indicação de suas cultivares nas mais diversas regiões. Desta forma, os produtores de sementes de Santa Catarina, Paraná e São Paulo resolveram se unir através da Fundação Meridional, que dará apoio técnico e financeiro ao programa de melhoramento

genético de soja da Embrapa, neste primeiro convênio. Segundo Ralf Udo, existem possibilidades de incorporar outras espécies, como trigo, num futuro próximo. Inicialmente, foi feita cotização para dar apoio ao programa de melhoramento de soja da Embrapa, o objetivo central . Em decorrência, a Fundação Meridional vai ter o privilégio de multiplicação exclusiva destas sementes durante oito anos. O básico em uma parceria como esta, explica Ralf, é a possibilidade que se abriu de se manter vivo o germoplasma nacional mais importante que existe na área de soja, que é o da Embrapa. Para tal, é preciso manter o programa em andamento com uma grande capacidade de multiplicação e de difusão destes novos materiais associados a novas tecnologias. Para Ral Udo, o maior beneficiado com isto é o agricultor, porque vai continuar podendo comprar o material da Embrapa, e com toda uma estrutura de pesquisa e de difusão e repasse de tecnologia, que os produtores de sementes estão assumindo. Chamaram esta responsabilidade para eles através da Fundação . Hoje, ela tem vitrines de tecnologia, num total de 12, e 23 locais de ensaio, e tudo isso voltado para que o nosso agricultor possa realmente ter na soja um bom negócio. Esse é o objetivo básico da assinatura do convênio , resume. A Fundação representa hoje, praticamente 40% da produção nacional de sementes e

movimenta 95% da produção dos produtores de sementes de soja do SC, PR e SP. Então, tem a sua importância econômica, técnica e, inclusive, a sua importância política .


Soja

doenças

Vírus de soja

Álvaro Almeida

Viroses respondem por perdas significativas na lavoura e devem ser controladas para manter a produção em nível rentável

Na foto: Queima do broto causada por vírus da necrose branca do fumo

A

expansão da cultura da soja no Brasil deveu-se a vários fatores, tais como adaptação de novas cultivares a regiões de baixa latitude, e resistência a doenças. Assim, observou-se uma evolução a partir do ano de 1970, passando de 1,5 milhão de toneladas para 27 milhões de toneladas em 1999. A produção de soja representa 51% do total de todas as oleaginosas do mundo. No Brasil, a soja tem sido responsável por uma renda de 4,66 bilhões de dólares, o que representa cerca de 11% do PIB. A partir do momento em que o cultivo da soja se expandiu para novas áreas, no Brasil, começaram a aparecer sintomas de doenças, a maioria delas já conhecidas e descritas nos países tradicionalmente produtores desta leguminosa. Os níveis de danos causados pelas doenças à soja têm sido muito variáveis, dependendo do patógeno envolvido e das condições climáticas. Dentre esses organismos causadores de doenças estão incluídos os vírus. Até o ano de 1970, cerca de sete viroses

estavam descritas no Brasil, infectando plantas de soja. Perdas estavam associadas ao efeito direto do vírus sobre as plantas, reduzindo o rendimento, bem como pela ação sobre a qualidade das sementes colhidas, obrigando ao descarte de lotes de sementes. Outras viroses têm sido identificadas e muito pouco se conhece sobre os danos causados à soja. A maior parte das viroses descritas no mundo, infectando a soja, encontra-se na Ásia, seguindo-se os EUA e América do Sul. Uma idéia da incidência de vírus em soja pode ser feita a partir da análise da tabela. Mosaico comum O vírus do mosaico comum da soja (VMCS) foi identificado pela primeira vez no Brasil em 1955. Devido à transmissão pelas sementes é o vírus mais disseminado no país e no mundo. Em geral, as fontes de inóculos primários são as sementes contaminadas, as quais após a emergência servirão de fonte de inóculo para

os insetos vetores (pulgões). Logo após a emergência já se pode observar plântulas infectadas que apresentam as folhas primárias com forte sintoma de mosaico e ou distorções do limbo foliar. Essas plantas não se desenvolvem normalmente. Ao contrário, tornam-se anãs, apresentam retenção foliar e com baixa produção de vagens. As sementes originárias de plantas infectadas são manchadas. O número de vagens que se desenvolvem também é reduzido. As sementes podem ter redução do peso e normalmente são manchadas. Plantas infectadas produzem sementes com e sem manchas. Numa mesma vagem podem-se encontrar sementes totalmente, parcialmente ou sem qualquer mancha. O vírus do mosaico comum da soja (VMCS) pertence ao grupo dos potyvirus, caracterizado por ter partículas alongadas e flexíveis, medindo 710-750 nm x 12-15 nm. Diversas espécies de pulgões, como, Myzuz persicae, Acyrthosiphon dirhodum, Hysteroneura setariae, Schizaphis graminum,


CNPSo

Álvaro ensina quais as doenças viróticas que atacam a soja

Rhopalosiphum maydis e Dactninotus ambrosiae, transmitem o VMCS de forma não persistente. Outras espécies como Aphis craccivores e Rhopalosiphym padi também são vetores. O VMCS dissemina-se através de sementes contaminadas. As sementes germinam e podem originar plântulas infectadas as quais se constituem na fonte de inóculo primário. A porcentagem de transmissão pelas sementes é bastante variável, mas os valores obtidos com cultivares suscetíveis ficam entre 0,5 e 7%. Nos testes de transmissão do vírus por sementes as porcentagens variaram com as cultivares e com a estirpe do vírus. Constatou-se que sementes sem manchas podem transmitir o vírus e originar uma plântula infectada. No entanto, nem todas as sementes manchadas originam plântulas infectadas. É importante observar que no Brasil não há pulgões infestando soja. A transmissão ocorre através de picadas de prova, de pulgões alados, com pousos casuais sobre plantas infectadas, o que termina por disseminar o vírus de plantas infectadas para plantas sadias. A constatação do efeito desse vírus na produção, em condições de campo, foi feita no

Brasil. Dependendo da idade das plantas na infecção e da proporção de plantas infectadas, as perdas variaram de 20 a 80%. Os prejuízos causados pelo VMCS podem também ser devidos ao descarte de sementes (valores maiores do que 5% de sementes com manchas). A maturação é atrasada e é comum se encontrar plantas verdes, no meio de plantas já amadurecidas. No entanto, devido ao aparecimento de estipes novas, ainda há cerca de 20% de cultivares comerciais suscetíveis. A resistência ao VMCS é condicionada por alelos dominantes. Existem três loci que controlam a resistência, sendo que para o primeiro locus identificado existe uma série alélica Rsv, Rsv e rsv. Um segundo gene para resistência ao VMCS foi encontrado na cultivar Raiden e Designado Rsv2. Diversos genótipos têm sido descritos no Brasil como sendo resistente ao VMCS. O controle deste vírus é obtido através do uso de cultivares resistentes.

dêmica, constatou-se a presença de uma hospedeira do vírus, conhecida por cravorana (Ambrosia polystachya), espécie pertencente à família das compostas. Outras espécies vegetais naturalmente infectadas pelo VQBS são algodão, tomate, girassol, picão, amendoim, Crotalaria sp e fumo. Os danos causados pelo VQBS à soja são variáveis, dependendo das condições climáticas (especialmente chuvas) como também do local onde se instala a cultura da soja. Em algumas regiões do estado do Paraná, a cultura ficou inviabilizada, pois os prejuízos eram totais. Em outras áreas tem-se notado que em anos secos ou quando as chuvas ocorrem em períodos bastante espaçados (grandes intervalos), há aparecimento da doença, em níveis variáveis de infecção. Sabendo-se que a população de tripes era reduzida pela ação das chuvas, procurou-se estudar semeaduras atrasadas, nas áreas consideradas de risco. Após cinco anos de pesquisas, verificou-se que semeaduras tardias nunca apresentaram, em Queima média, mais que 15% de plantas infectadas, do Broto com prejuízos desprezíveis. A infecção se manifesta cerca de 20 a 30 O controle químico dos insetos vetores não dias após a semeadura. As plantas de soja in- forneceu controle, visto que os tripes virulífefectadas apresentam o broto com curvatura, ros mantêm a migração durante longo períonecrosado e facilmente quedo, de fora para dentro das brável. Normalmente aprelavouras e conseguem insentam escurecimento da fectar as plantas antes de O VMCS medula da haste principal, morrer pelo efeito dos indissemina-se o que se constitui no prinseticidas. As levas constanatravés de cipal sinal de diagnose destes de tripes requereram sementes contaminadas ta doença. Após a morte do aplicações continuadas de broto apical as plantas proinseticidas para que houduzem excessiva brotação vesse maior controle dos axilar, com folhas afiladas e vetores. de tamanho reduzido. O crescimento é paraliNão foi possível, até o momento, enconsado, com aspecto de planta anã, produzindo trar qualquer genótipo de soja resistente ao poucas vagens. Caso a infecção ocorra mais VQBS. Devido a isso, tem-se retardado a setarde (após 40-45 dias), os danos serão bem meadura com excelentes resultados. menores. As sementes formadas podem apresentar manchas associadas à ruptura do teguMosaico mento. Cálico O Vírus da Queima do Broto da Soja O Vírus do Mosaico Cálico da Soja (VM(VQBS) tem partícula esférica com cerca de CaS) é transmitido por sementes de soja infec25-30 nm de diâmetro e pertence ao grupo tadas. As plântulas infectadas apresentam fodos llarvírus. lhas primárias com áreas amarelas. Nas folhas O VQBS é transmitido por tripes do gêne- trifolioladas, os sintomas são variáveis ocorro Frankliniella. Nos Estados Unidos as espé- rendo desde estrias amarelas até intensa clocies F. schultzei e Trips tabaci foram citadas rose internerval ou clorose das bordas do tricomo vetoras. No Paraná, as espécies mais co- fólio, podendo sugerir fitotoxicidade ou até mumente encontradas nos campos são Frankli- deficiência nutricional. niella sp. e Caliothrips phaseoli, este último Fotomicrografias eletrônicas do VMCaS reconsiderado não transmissor. Recentemente, velam várias formas e tamanhos de partículas, demonstrou-se que o VQBS é transmitido pelo variáveis desde partículas isométricas, com pólem aderido ao aparelho bucal dos tripes, 18nm de diâmetro, até partículas baciliformes, adultos ou larvas, em plantas de Chenopodium com comprimentos de 58 a 36nm x 18nm. amaranticolor. Este vírus é transmitido por várias espéciNo Paraná, em áreas onde a doença é en- es de afídeos de maneira não persistente. A


transmissibilidade do VMCaS por sementes é uma característica muito importante na sua disseminação. O VMCaS infecta além de alfafa e soja, outras espécies como feijão, batata, tomate, ervilha e fumo, além de Chenopodium amaranticolor, Chenopodium quinoa e Malva parviflora. A taxa de transmissão observada entre algumas cultivares de soja variou de 0 a 11,2%, mas, em média, foi sempre inferior a 5%. É necessário considerar que a transmissão do VMCaS através de sementes, produzidas em plantas infectadas, constitui-se em importante fonte de disseminação do vírus. Normalmente o vírus do mosaico cálico da soja (VMCaS) causa pouca redução no desenvolvimento da planta. Em alguns casos, plantas infectadas artificialmente exibem sintomas severos, recuperam-se e voltam mais tarde a exibir os sintomas de intenso mosaico amarelo. Até o presente momento, o vírus foi detectado em baixa intensidade, apenas nos estados de São Paulo e Paraná. No entanto, por ser transmitido por sementes e facilmente transmitido por afídios de soja-a-soja, o vírus pode apresentar importância ocasionalmente. O controle é feito por cultivares resistentes. Um gene dominante é responsável pela resistência. Genótipos que possuem as cultivares Pérola e Planalto como ancestrais, são resistentes.

nha conhecida como leiteiro ou amendoim bravo (Euphorbia heterophyla). Os sintomas em soja são normalmente tardios. Uma das explicações é que o vírus multiplica-se inicialmente na hospedeira H. heterophyla, conhecido por leiteiro. Dessa planta o vírus é transmitido às plantas de soja pelas moscas brancas. Por essa razão o VME em soja está associado à presença do leiteiro. Em anos favoráveis à multiplicação do vetor há maior incidência dessa virose. Além de várias cultivares de feijão (Phaseolus vulgaris), o VME infecta a soja, alguns híbridos de fumo e Datura stramonium. Não há estudos quantificando danos por este vírus na soja. No entanto, observações feitas em campo demonstram que plantas novas, quando infectadas, sofrem extrema redução de porte e insignificante produção de vagens. Em Londrina, plantas de soja da cv. Bossier infectadas com o VME foram identificadas no campo e posteriormente colhidas. A comparação com plantas sadias mostrou uma média de 8,85% de redução do número de vagens e 5,75% de redução no peso dos grãos. Não se constatou mancha nos tegumentos. Entre 687 genótipos avaliados no campo, próximos às plantas de leiteiro infectadas, não se identificou nenhum genótipo resistente. Como a principal planta hospedeira (E. heterophyla) do vírus é também uma planta daninha, o agricultor normalmente faz o controle da mesma, reduzindo a fonte de inóculo As plantas próxima aos campos de culinfectadas pelo tivo. vírus do mosaico

Mosaico Anão As plantas de soja infectadas pelo Vírus do Mosaico Anão (VME) são geralmente anãs. Anão são Alem disso, apresentam Mosaico geralmente anãs também superbrotaCrespo mento com redução e Sob a ação do Vírus do deformação do folíolo. Mosaico Crespo (VMCrS), as A infecção somente é observada em plantas plantas de soja apresentam folhas com mosno estádio de floração. Em plantas mais velhas queado com formação de alguma rugosidade podem ser observados encarquilhamento do e bolhas. Normalmente os sintomas não apalimbo foliar e mosaico. Em alguns casos ob- recem em plantas jovens (20-30 dias), pois na serva-se o aparecimento de bolhas. época dos primeiros plantios ainda não há ocorO VME pertence ao grupo dos geminivi- rência de alta população de mosca branca (Berus, sendo constituído por duas partículas ge- misia tabaci) e de plantas de guanxuma (Sida minadas medindo 18 x 32 nm e possui ácido sp) infectadas, ao redor dos campos de cultivo nucléico constituído de uma fita simples e cir- de soja. cular de ADN em cada partícula. O Vírus do Mosaico Crespo da Soja O vírus é transmitido através da mosca (VMCrS) causa forte clorose e mosqueado em branca (Bemisia tabaci). Normalmente, duran- folhas de guanxuma(Sida sp). E é facilmente te o período de cultivo da soja, encontram-se, identificado nessas plantas. O VMCrS possui no campo ou ao redor dele, plantas de Eu- partículas poliédricas, medindo 18x30mm e phorbia sp. infectadas com o vírus e que tam- ocorre de forma geminada e é classificado bém hospedam a mosca branca, a qual, ao como sendo membro do grupo geminivirus. O migrar para a soja, dissemina o vírus na lavou- VMCS é transmitido através da mosca branca ra. O vírus mais comumente isolado é o Vírus (Bemisia tabaci). do Mosaico da Euphorbia (VME), planta daniA ocorrência do VMCrS depende da exis-

Álvaro Almeida

Planta do do leiteiro leiteiro infectada infectada Planta Heuphorbia hetrophyla hetrophyla Heuphorbia

tência simultânea de plantas hospedeiras in- ranticolor e mosaico sistêmico em Vicia faba. Como este vírus não se transmite por sefectadas e do vetor, próximos aos campos de soja. No Brasil, os hospedeiros mais comuns mentes de soja, sua principal fonte são plantas são Sida micrantha, Sida rhombifolia, Sida acu- de feijão próximas à lavouras de soja. Em alta, Abutilon striatum, Nicandra physaloides, guns locais, as duas culturas co-existem. Desalgodão, batata, quiabo e feijão. A ocorrência sa forma o vírus pode se transferir do feijão desta virose em campos de produção de soja para a soja, através dos insetos vetores (vaquino Paraná é extremamente rara ou até ausen- nhas). A incidência dessa virose no estado do Pate. Isto se deve, provavelmente, à baixa capacidade de transmissão do vírus da soja infecta- raná, nos últimos 4 anos é baixa (< 2%). Ela da para a soja sadia, através de mosca branca. depende da fonte de inóculo e da população Mas, a transmissão a partir de Sida micrantha dos vetores. Os danos em soja são variáveis, e Sida rhombifolia para soja é mais alta. O con- dependendo da incidência no campo, da idatrole é feito através da eliminação dessas es- de das plantas quando da infecção e das cultivares. Alguns genótipos são resistentes. pécies nos campos de cultivo. Constatou-se efeito sinérgico com o Estudos conduzidos experimentalmente com o VMCrS demonstraram que plantas de VMCS, na cultivar OCEPAR-4. A resistência a soja infectadas através de mosca branca tive- qualquer um dos dois vírus impede esse sinerram sua produção reduzida entre 13 a 87%, gismo. dependendo da cultivar utilizada. À semelhança Técnicas do VME, sua ocorrência está de diagnose associada à presença de planNa virologia, uma tas infectadas e da população Na virologia, das maiores dificuldades de mosca branca no campo. uma das maiores é o diagnóstico de amosdificuldades é o tras de plantas aparenteMosaico diagnóstico de mente infectadas por víRugoso amostras rus. Em alguns casos, O Mosaico Rugoso da Soja apenas a avaliação dos (VMRuS) foi detectado no Brasintomas é suficiente sil, em 1987, infectando plantas de soja das cultivares Doko e Cristalina, no para caracterizar o vírus envolvido. Em outros casos, há necessidade de se recorrer aos méDistrito Federal. No campo as plantas infectadas exibem mo- todos tradicionais de sorologia, como o teste saico severo, com leve encarquilhamento das de dupla difusão em agar ou a técnicas mais folhas, que às vezes apresentam formação de avançadas como ELISA e RT-PCR. Um explicação resumida dessas técnicas é bolhas verde-escuras circundadas por áreas verdes-claras, levemente translúcidas. Um in- apresentada a seguir. No teste de dupla difusão em agar, prepateressante fato observado em plantas de soja infectadas com este vírus foi o aparecimento ra-se um gel com 0,8% de agar e 1% de azida de sementes manchadas, à semelhança do que de sódio. Para o caso de vírus alongados, devese adicionar 0,5% de SDS (dodecil sulfato de ocorre com o VMCS. O mosaico rugoso da soja é causado no sódio). Após aquecimento para dissolução dos Brasil pelo vírus do mosaico-em-desenho do reagentes, deposita-se 12 ml do meio numa feijoeiro. Também tem sido descrito na Amé- placa de Petri. Após solidificação, perfuramrica Central e nos EUA, recebendo a denomi- se seis orifícios de 3-5 mm de diâmetro, disnação de vírus do mosaico rugoso do feijoeiro tanciados de 3 a 5 mm. No orifício central, deposita-se o antissoro, para a qual se quer e pertence ao grupo dos comovirus. As partículas virais têm cerca de 28-30 nm testar a amostra. E nos orifícios ao redor dede diâmetro. O VMRuS é transmitido no Bra- positam-se as amostras (extrato de tecido apasil mais eficientemente por Cerotoma arcuata rentemente infectado, diluído 1;8, em água). do que por Diabrotica speciosa. Há ainda a Incuba-se em câmara úmida e faz-se leitura transmissão por C. ruficornis, Diabrotica bal- após 16-24 h. A presença de uma linha branteata e D. adelpha. Não se constatou trans- ca significa reação positiva. Já no teste de ELISA indireto, associa-se à missão do vírus por sementes de feijão. O vírus do mosaico em desenho do feijo- formação do complexo antígeno, anticorpo, eiro infecta ervilha e Chenopodium amaranti- uma propriedade enzimática, com formação de color. As características apresentadas por este compostos coloridos. O anticorpo, produzido vírus permitiram incluí-lo no grupo dos como- a partir de um determinado antígeno (vírus) é virus. O vírus infecta várias cultivares de soja, ligado a uma enzima que reconhecerá seu subsalém de ervilha e caupi. O VMRuS causa le- trato, reagindo com ele e produzindo uma sões locais necróticas em Chenopodium ama- substância colorida cuja intensidade está as-


Álvaro Almeida

Sementes de soja infectadas pelo vírus do mosaico comum

sociada à concentração do antígeno na amostra. Portanto, neste teste têm-se propriedades qualitativas e quantitativas. O teste de Elisa tem duas variantes principais; ELISA direto tipo sanduíche e ELISA indireto. Por ser mais barato, em diagnose utilizase rotineiramente o teste indireto. Inicialmente, adiciona-se aos orifícios de uma placa de plástico (total de 96 orifícios), o extrato das amostras de plantas. Após incubação a 37oC lava-se a placa e adiciona-se o antissoro purificado (denominado IgG) que irá se ligar ao antígeno (já ligado à placa ou à membrana de nitrocelulose). Faz-se nova incubação e, posteriormente, lavagem. Adiciona-se um anti-antissoro, produzido em outro animal e que está ligado a uma enzima. Normalmente, fosfatase alcalina. Após incubação e lavagem, adiciona-se o substrato que irá reagir com a enzima e produzirá um novo composto, colorido. Através de spectrofotômetro determina-se a absorbância. Por comparação com a absorbância do tecido sadio, determina-se se a amostra está ou não, infectada. Normalmente, o limite é estabelecido multiplicando-se a média do desvio padrão obtido com os valores das absorbâncias das amostras de tecido sadio, por 2. Qualquer valor acima desse valor obtido significa que a amostra está infectada. Resumidamente, a técnica segue os seguintes passos; 1. Adicionar o antigeno (extrato de planta) na placa e incubar a 37o C; 2. Lavar, adicionar algG e incubar; 3. Lavar, adicionar aanti-lgG e incubar; 4. Lavar, adicionar o substrato e aguardar a reação. Paralisar a reação e efetuar a leitura de absorbância. Já a técnica denominada RT-PCR (Reverse Transcriptase Polymerase Chain Reaction) não será descrita neste trabalho por estar publicada em livros específicos. Ela baseia-se em duas propriedades. Inicialmente, obtém-se o rna mensageiro do vírus, o qual será utilizado para a obtenção de uma cópia de DNA, denominado c-DNA através da enzima transcriptase reversa. Esse DNA é necessário à reação seguinte, de PCR, que permitirá a amplificação do mesmo. Nessa reação é necessário utilizar-se de primers específicos para cada vírus (ou grupo de vírus). O aparecimento de DNA significa que os primers foram adequados e, portanto, existe na amostra o vírus em questão. Com esse DNA pode-se determinar a seqüência de parte do genoma viral, permitindo compará-lo a milhares de seqüências descritas e assim identificá-lo. Álvaro Manuel R. Almeida, Embrapa Soja


doenças CNPMS

Milho

Cercosporiose ataca o milho

A

ocorrência recente de severas epidemias da cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) na safra normal e na safrinha na região Sudoeste do estado de Goiás mobilizou todos segmentos ligados direta e indiretamente à cultura do milho no Brasil. A doença causou severas perdas na produção de milho naquela região tendo sido constatada posteriormente na região de Paracatú em Minas Gerais e em Dourados no Mato Grosso do Sul. Esta doença tem sido também uma das mais importantes na cultura do milho nos Estados Unidos da América (EUA) e em vários países da África. A doença foi identificada pela primeira vez em Illinois nos EUA em 1924 (Tehon & Daniels, 1925) e tem aumentado a sua incidência e severidade a partir dos anos 1970, nas principais áreas de produção de milho do país, causando perdas significativas à produção na parte Leste e na região do cornbelt daquele país, estando este aumento associado à monocultura e ao aumento na área de plantio direto que contribui para aumentar o potencial de inóculo, através da preservação de restos culturais infectados (Latterell & Rossi, 1983; Ayers et al., 1985). A doença já havia sido relatada no Brasil, Peru, Colômbia, Trinidad, Costa Rica, México e Venezuela (Chupp, 1953; Boothryoid, 1964; Latterell & Rossi, 1983) e é considerada uma doença de importância econômica (Coates & White, 1995). Na África a cercosporiose foi observada pela primeira vez na parte Sul, Central e Oeste no final dos anos 1980 e 1990. O patógeno disseminou-se rapidamente no continente africano estando presente em Camarões, Quênia, Malawi, Moçambique, Nigéria, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Uganda, Zaire, Zâmbia, e Zimbabwe (Nowell,1997; Smit & Ward, 1997; Ward & Nowell, 1998). Na África o milho constitui-se no principal alimento para pequenos produtores, mineiros e para a população urbana. Há uma grande preocupação com perdas que podem ser causadas pela doença, considerando-se que a África consume mais de um quarto da produção de milho no mundo, o que pode contribuir para o aumento da fome e desnutrição naquele continente.

A doença no Brasil No Brasil., há uma grande preocupação tanto por parte dos produtores, como por parte de fitopatologistas e melhoristas com potencial destrutivo desta doença e com as perdas que ela pode vir a causar à cultura do milho no país, que podem ser bem maiores do que as causados na última safra de milho no Centro-Oeste. Uma ampla discussão sobre estratégias de manejo a serem adotadas no momento e sobre prioridades de pesquisa que visem o desenvolvimento de um programa de manejo que permita controlar a doença de forma sustentável é de suma importância. Conheça os sintomas Lesões desenvolvidas da cercosporiose apresentam um formato retangular e são delimitadas, na largura, pelas nervuras principais da folha. Esta é uma característica que todas as lesões causadas pelo gênero Cercospora em hospedeiros da família das gramíneas. As lesões apresentam uma coloração marron, até que, sob condições de alta umidade relativa, há a formação de densa esporulação que dá às lesões a coloração acinzentada característica da doença. As lesões apresentam um desenvolvimento mais lento, quando comparadas àquelas produzidas por outros patógenos causadores de doenças foliares em milho, requerendo de 2 a 3 semanas para atingirem o seu total desenvolvimento. O período latente de C. zeae-maydis é longo, quando comparado ao de outros patógenos foliares do milho, podendo variar de 14 a 28 dias desde a infecção até a produção de esporos. Lesões plenamente desenvolvidas apresentam um comprimento de 1 a 6cm com 2 a 4 mm de largura, a qual é determinada pelo espaço entre nervuras. Se áreas adjacentes são infectadas, duas ou mais lesões isoladas podem coalescer dando a aparência de uma única grande lesão. As lesões mais jovens podem ser confundidas com lesões causadas por outros patógenos, mas apresentam um halo amarelado característico quando observadas através da luz. Dentro de um período de 2 a 3 semanas estas lesões se alongam formando estrias antes de atingirem a sua forma retangular característica. Uma característica das lesões da cercosporiose que a distinguem de outras doenças em milho é que as lesões são tipicamente paralelas às nervuras da folha. Lesões no colmo são comuns em lavouras severamente infectadas, através da bainha da folha. Quando as lesões cobrem a maior parte da área fotossintética, a perda de água resultante, determina a deterioração do colmo e o acama-

mento. Isto pode ocorrer quando a infecção por C. zeae-maydis ocorre muito cedo e há formação de lesões foliares Ciclo da doença Cercospora zeae-maydis infecta apenas o milho e não há relatos de que o patógeno seja transmitido pela semente, sendo um pobre competidor no solo que, na ausência do hospedeiro, sobrevive melhor em restos de cultura presentes

na superfície do solo. Seguindo-se um período de alta umidade, o fungo produz conídios nos restos culturais os quais são disseminados pelo vento indo infectar novas plantas de milho, sendo as folhas inferiores os sítios primários de infecção. Sob condições ambientais favoráveis as lesões resultantes da infecção inicial produzem esporos que são transportados pelo vento ou por respingos de chuva para as folhas superiores. O patógeno tem um alto potencial de esporulação e o número de lesões pode aumentar


CNPMS

pode ser maior do aquele existente nos Estados Unidos devido à possibilidade de germoplasma material subtropical que tem um maior número de genótipos resistentes do que o germoplasma de clima temperado. Alguns destes germoplasmas poderão ter uma utilização imediata em híbridos, o que pode contribuir para, a médio prazo reduzir o impacto desta doença nos países tropicais como no caso do Brasil.

Casela explica como a cercosporiose ataca e a forma de controlá-la

rapidamente indo atingir as folhas mais jovens na parte superior da planta. Durante períodos de condições ambientais desfavoráveis o patógeno pode permanecer dormente e retornar rapidamente ao seu desenvolvimento tão logo as condições sejam novamente favoráveis. A taxa absoluta de aumento na severidade da cercosporiose em relação ao tempo é melhor descrita pelo modelo logístico em que a taxa absoluta de aumento da doença (dy/dt) é uma função de ry (1x) ( 31, 43, 44). Assim a taxa de desenvolvimento da cercosporiose é determinada por três fatores que interagem no tempo e no espaço: 1.) a quantidade inicial de inóculo ou de doença, donde se conclui como é importante a sobrevivência do patógeno nos restos culturais, 2.) a taxa de reprodução do patógeno em um mesmo ciclo da cultura e 3.) A proporção de tecido sadio a ser infectado. Verifica-se claramente, por estes parâmetros, que o aumento na área de plantio direto ao contribuir para a sobrevivência do patógeno nos restos culturais sobre a superfície do solo, durante o período da ausência da cultura, contribui para o aumento na severidade da doença em uma mesma área. Normalmente os danos causados pela cercosporiose são pequenos quando a doença é introduzida pela primeira vez em uma determinada área. Contudo as perdas podem ser significativas mesmo no primeiro ano se a quantidade de restos culturais infectados transportada pelo vento de áreas vizinhas for muito grande e se as condições ambientais são altamente favoráveis ao desenvolvimento da doença. Ainda que as perdas na produção sejam pequenas no primeiro ano, os restos culturais in-

fectados que permanecem na superfície do solo propiciam uma fonte de inóculo de grande importância para a produção de epidemias severas na cultura subsequente. Os componentes de produção mais afetados pela doença são: o número de grãos por espiga e o tamanho do grão. As oito ou nove folhas superiores da planta de milho contribuem com 75 a 90% dos nutrientes requeridos pela espiga durante o período de enchimento dos grãos (Allisson & Watson, 1966) Resistência genética A resistência genética é o meio mais eficiente de se manejar a cercosporiose. Contudo nenhum híbrido comercial atualmente disponível no mercado é totalmente resistente à doença. A obtenção de materiais geneticamente resistentes à cercosporiose tem sido difícil mesmo para os Estados Unidos onde se convive com a doença desde o início dos anos 1980. O mesmo ocorre em relação à África do Sul onde a doença foi constatada em 1990. A resistência a C. zeaemaydis é regulada por um pequeno número de loci quantitativos com 5 ou mais genes envolvidos, os quais são herdados de forma aditiva. Trabalhos realizados nos Estados Unidos da América e África do Sul, têm demonstrado que esta resistência apresenta uma alta estabilidade. A resistência oligogênica dominante, apesar de poder ser rapidamente incorporada em linhagens elites em programas de melhoramento através de retrocruzamentos, não tem apresentado uma grande estabilidade frente à população do patógeno. Nas América Central e na América do Sul o número de fontes de resistência à cercosporiose

Manejo da doença Informações sobre a epidemiologia do patógeno e os fatores que afetam o desenvolvimento da doença são importantes para que medidas de controle eficientes sejam aplicadas nos estádios mais vulneráveis do ciclo do patógeno e de desenvolvimento da doença. Um sistema de manejo integrado inclui todas as práticas que podem ser úteis no manejo de determinada doença através da prevenção e da redução da taxa de desenvolvimento da doença. Tais práticas podem incluir alternativas que contribuam para a redução da quantidade de inóculo inicial, como a rotação de culturas, ou para a redução da taxa de desenvolvimento da doença, como o uso de híbridos resistentes e aplicação de fungicidas. Para o manejo adequado da cercosporiose a curto prazo sugere-se a utilização da rotação de culturas com espécies como soja, sorgo, algodão, girassol, etc. Esta é uma prática de alta eficiência na redução da quantidade inicial de inóculo e relativamente fácil de ser implementada, considerando-se que o milho é o único hospedeiro de C. zeae-maydis. É também importante que o produtor diversifique a sua lavoura, plantando cultivares diferentes e, se possível, de empresas diferentes. Esta diversificação deve ser feita tanto no espaço, ou seja, em uma mesma área, quanto no tempo, ou seja, em épocas diferentes de plantio. Esta diversificação dificulta a adaptação do patógeno na medida em que o produtor estará utilizando genes de resistência diferentes. No que diz respeito ao plantio de cultivares resistentes, cabe a cada empresa produtora de sementes a indicação das cultivares com maior nível de resistência à doença e ao produtor, com base e sua experiência do ano anterior, cabe evitar o plantio daqueles híbridos reconhecidamente suscetíveis à doença. É importante frisar que estas práticas de manejo devem ser usadas de forma conjunta de acordo com as circunstâncias e condições de cada região. É pouco provável que práticas de manejo adotadas de forma isolada sejam eficientes no controle da doença. Carlos Roberto Casela, Embrapa Milho e Sorgo


Congresso

algodão

Produzir sempre, o grande desafio

III Congresso Brasileiro de Algodão foca suas atividades na competitividade do produto brasileiro

Adélcio Maeda, Leomar Quintanilha, Paulo Degrande, Rogério Sachetti, Juvêncio César da Fonseca e Jonas Pinheiro

P

roduzir sempre, o grande desafio foi escolhido como o tema do III Congresso Brasileiro de Algodão. O evento, a ser realizado em 27-31 de agosto de 2001, acontecerá pela primeira vez em Mato Grosso do Sul, no Centro de Convenções Palácio Popular da Cultura da cidade de Campo Grande. O tema reflete o anseio geral da cotonicultura nacional: viabilizar negócios com sustentabilidade. O congresso é uma promoção conjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Algodão). Um dos propósitos do foro é fortalecer a posição competitiva de algodão brasileiro em mercados domésticos e mundiais, baseada na pesquisa científica. Também, visa aumentar os parceiros desse agronegócio, fazendo a transferência de novas tecnologias para os produtores de algodão e outros parceiros da cadeia têxtil no Brasil. Paulo E. Degrande (UFMS), presidente do III Congresso, disse que após ampla consulta ao setor algodoeiro brasileiro foram eleitos vários tópicos a serem abordados no Congresso de Campo Grande, dentre eles: sistemas conservacionistas de produção, genética e melhoramento de plantas, a fibra do novo milênio num contexto de marketing

e demanda, economia e manejo de custos de produção de algodão, associativismo de produtores, internet e softwares aplicados à produção, agricultura familiar e financiamento de pesquisas. Trata-se de um evento voltado aos interesses do País, com intensa participação da comunidade científica nacional e de todos os setores envolvidos com a atividade , enfatiza Degrande. Inclusive, contando com a participação de cientistas nacionais e internacionais de grande experiência profissional, visa estreitar relações entre instituições de pesquisa, empresas, governos e a sociedade e contribuindo para unir forças em torno de ideais comuns para o setor têxtil brasileiro neste milênio que se inicia. Certamente será uma grande oportunidade para a integração entre os participantes. Produtores, beneficiadores, equipes de extensão, agrônomos, consultores, fornecedores de produtos e serviços, e outros membros da indústria irão se encontrar com pessoal do setor de pesquisa desta fibra, incluindo universidades, institutos, empresas e fundações , complementa Degrande. Basicamente a programação do evento estará dividida em conferências, mesas redondas, salas de temas especializados, mini-cursos, encontros paralelos, sessão de pôsters, além da mostra de estandes do agronegócio e das novas tecnologias.

No Congresso, também estarão caracterizados os novos desenvolvimentos da indústria e exibições científicas dos trabalhos publicados. Será a grande chance de apontar caminhos para produzir sempre e com sustentabilidade , disse Fernando M. Lamas (Embrapa), secretárioexecutivo do evento. Aspectos econômicos, sociais e ambientais serão a tônica do III Congresso , lembra. Na temática, ocorrerão apresentações de trabalhos, discussões e projetos sobre solos e nutrição de plantas, produção e tecnologia de sementes, fisiologia e ecofisiologia, melhoramento e sugestão de cultivares, biotecnologia e proteção de plantas, pesquisa científica, sistema plantio direto, irrigação, transferência de tecnologias, análise de custos de produção, competitividade no contexto global, tecnologia de fibra, comercialização, economia e finanças, e as novas tecnologias, incluindo a agricultura de precisão, espaçamento ultraestreito, além de outros modos para viabilizar a sustentabilidade da atividade. Para informação adicional, contate o III Congresso Brasileiro de Algodão, na Caixa Postal 661, Cep 79804-970, Dourados, MS (67) 422 5122 ou pelo e-mail cbalgo@ufms.br.

UFMS

B. Consulting

BRANDALIZZE consulting COLHEITA Vaca louca salva o Brasil O mercado mundial dos grãos andou agitado no último mês por causa dos novos focos da doença da vaca louca, que surgiram na França e também na Espanha. Ela passou o oceano e fugiu do controle da Inglaterra, fazendo com que o consumo de carnes caísse drasticamente. Tradicionais importadores de carne da França, como a Itália, suspenderam as importações, forçando os governos locais a tomar medidas duras contra a disseminação da doença, que atinge os seres humanos também. O ponto mais importante, que nos favorecerá de 2001 em diante, é a proibição do uso de resíduos animais (farinha de sangue e ossos, pêlos etc.) na alimentação de frangos, suínos e bovinos. Dessa forma, cria-se um espaço de 2 a 3 milhões de toneladas para o farelo de soja que substituirá derivados de animais. Os consumidores europeus já têm como principal parceiro no setor da soja o Brasil e assim deveremos vender ainda mais, já que temos a soja convencional. Os setores de carnes de frangos e suínos do Brasil também devem ser beneficiados, já que nos próximos meses deveremos ter uma queda local na demanda de carne bovina. Lembre-se que frangos e suínos consomem mais farelo e milho que os bovinos. São problemas para os europeus, e boas expectativas para nós.

de demanda apertada desde o começo do ano e todos apostavam em um avanço nas cotações no final do ano, aos consumidores buscaram alternativas. Uma foi a queda na demanda, em função da redução do alojamento de frangos e suínos em partes do ano, e principalmente buscou-se produtos alternativos, com boa penetração do sorgo e do triticale. Para piorar, as geadas e chuvas sobre o trigo fizeram com que cerca de 500 mil T do cereal fossem para o setor de ração. A safra está em andamento e nos primeiros dias de 2001 veremos o milho novo começando a chegar. Assim as chances do milho praticamente se esgotaram para este ano. Lembrando que os números da nova safra ainda estão indefinidos. A safrinha já está comprometida com o atraso e replantio da soja.

SOJA Replantio e crescimento das cotações

O mercado da soja passou por algumas semanas bastante movimentadas, onde cresceram as ofertas, com produtores fazendo caixa. Depois tivemos Chicago avançando e melhorando a vida por aqui. E no final de novembro poucas ofertas da oleaginosa apareciam e deixavam o mercado firme. Outro ponto importante veio da safra nova, com problemas de germinação em parte do Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo, onde houve necessidade de replantio, que certamente irá comprometer a safrinha do milho e também deverá resultar em produtividade menor para a soja replantada. O volume MILHO de soja livre para ser comercializada é pequeno e deverá manter as cotaForte pressão de venda ções firmes até a chegada da nova derruba as cotações safra. O plantio neste ano andou em O mercado do milho no último ritmo próximo à média histórica. Mas mês teve crescimento do volume de o ponto positivo é que tem chovido a ofertas e as cotações despencaram em contento. queda livre. Com redução de R$ 1,50 até casos isolados de R$ 3,00 por saca. Como a soja mostrou pressão altista nas últimas semanas, os pro- ARROZ dutores e comerciantes que tinham Pressão de alta nesta milho e a oleaginosa resolveram desfazer-se do cereal para fazer caixa e virada de ano derrubaram ainda mais as cotações. O mercado do arroz está forçanComo os grandes consumidores tra- do para ajustes neste final de ano, com çaram uma estratégia de estoque e o casca tentando entre R$ 0,50 a R$ demanda para ficarem distantes do mercado até dezembro - e alguns até 1,00 de crescimento, buscando se posijaneiro, conseguiram derrubar as co- cionar melhor em função do atraso no tações mais do que estavam esperan- plantio, que fará com que a maior parte do. Como estamos com uma oferta da safra chegue cerca de um mês à fren-

CURTAS E BOAS ... Oeste. Como o setor está com boas expectativas de produção, deveremos chegar à auto-suficiência e poderemos ir às exportações. Mas teremos que ter qualidade de fibra e ficar atento ao mercado, ARGENTINA - A safra atu- onde as Opções do governo deal vem passando por grandes pro- vem continuar dominando. blemas em função do excesso de CHINA - Mostra que a imchuvas. Neste ano foram mais de 100 dias com chuvas (maior vo- portação de soja em 2001 será lume dos últimos 100 anos), o que de 7,5 milhões de T. Neste ano atrasou o plantio, devendo com- apontava para 3,5 milhões e está fechando próximo dos 10 milhões. prometer a safra. A economia local vai bem e assim ALGODÃO - Este é o mês devemos olhar o quadro com bons do plantio da safra no Centro- olhos. TRIGO - Grandes perdas de qualidade e produtividade em função das chuvas, fazendo com que as cotações fiquem firmes ao redor dos R$ 240/250 por T.

e-mail: brandalizze@uol.com.br te do último ano e assim deixando poucos volumes de arroz livre para ser comercializado até lá. O governo, de agora em diante, passa a ser o maior detentor de arroz, com 2,1 milhões de T. Sendo um milhão no RS e 970 mil no MT. Podendo dar suporte para manter os indicativos firmes em janeiro.

FEIJÃO Demanda fraca e cotações estáveis

O mercado do feijão vem passando por um longo período de estabi-

lidade. Como houve atraso do plantio da terceira safra em função das geadas, agora estamos recebendo quase junto à primeira safra das águas 2001 e à última de 2000, fazendo com que os indicativos se mantenham estabilizados e com fraca pressão de compra dos empacotadores, que apontam consumo fraco em dezembro. A nova safra 2001 deverá ficar abaixo das 2,7 milhões de T, contra as 2,9 de 2000. Isso poderá dar suporte para altos e baixos no próximo ano.

Dezembro 2000

Cultivar •

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Algodão

variedades

Cultivar

Novas cultivares adaptam-se às necessidades específicas do estado

Algodão para o MT O

Estado do Mato Grosso é o maior produtor de algodão do País, sendo considerado a mais nova fronteira agrícola desta cultura no Brasil. No período de 1997 a 2000, a área plantada foi ampliada em 386,29% passando de 55.200 ha para 268.400 ha. Na safra 1999/00, a participação do Estado em nível nacional, em área plantada e produção de algodão em pluma foi de 32,5 e 48%, respectivamente. Neste ano, o Mato Grosso foi contemplado pela terceira vez consecutiva como o maior produtor nacional, obteve a maior produtividade e produziu um algodão com a melhor qualidade da fibra do Brasil. No Estado, o número de conjuntos de beneficiamento da fibra do algodão aumentou em 432,25% passando de 31, em 97, para 165 em 2000, promovendo a verticalização da produção, gerando milhares de empregos diretos e indiretos. Para o ano de 2001, estima-se uma área de 322.000 ha, o que consolidará definitivamente o Mato Grosso, como o maior produtor nacional de algodão. O volume de

recursos gerados com a cultura do algodão no Estado está em torno de 308 milhões de reais. Os principais municípios produtores são: Campo Verde, Sapezal, Novo São Joaquim, Lucas do Rio Verde e Itiquira. Variedades resistentes Considerando que o Estado do Mato Grosso possui características peculiares de clima e solo, onde há uma predisposição para o aparecimento de doenças, o desenvolvimento de variedades resistentes é o principal objetivo do programa de pesquisa desenvolvido pela Embrapa Algodão desde 1989. Dentre os principais resultados deste trabalho destaca-se o lançamento das variedades CNPA ITA 90 e CNPA ITA 96, ANTARES e BRS FACUAL, lançada recentemente para os produtores da área de Agricultura Familiar, com uma expectativa de plantio na próxima de 60% da área de Agricultura Familiar plantada no Estado. As principais características das variedades são:

CNPA ITA 90 Alta produtividade: 3000kg/ha ou 200@/ha 38% a 40% de rendimento de Fibra Elevada resistência de Fibra Adaptação à colheita mecanizada Tolerância à Ramulose, Stemphylium e Bacteriose Suscetível a Virose, necessitando de controle rigoroso de pulgões em níveis inferiores 10% de infestação. Excelente qualidade de fibra A cultivar é indicada para médios e grandes produtores do Cerrado Esta variedade será plantada na próxima safra (2000/2001) em mais de 60% da área do Estado. CNPA ITA 96 Alta produtividade 2550kg/ha ou 170@/ha Rendimento de fibras de 33 a 34% Adequada resistência de Fibras Resistência à virose e ramulose


Algodão

Suscetível à Bacteriose Adaptação à colheita mecanizada. Indicada para pequenos, médios e grandes produtores, adotando o uso do Manejo Integrado de Pragas MIP , e utilizando níveis de controle de pulgões entre 50 e 60% BRS - ANTARES Alta produtividade: 3226kg/ha ou 215@/ha Rendimento de Fibras de 33 a 34% Adequada resistência de Fibras Adaptação às condições do Cerrado Resistência múltipla às principais doen-

ças que ocorrem no Estado Adaptação para colheita mecanizada. É indicada para médios e grandes produtores , adotando o uso do Manejo Integrado de Pragas MIP , e utilizando níveis de controle de pulgões entre 50 e 60% BRS FACUAL Alta produtividade: 3229kg/ha ou 215@/ha Rendimento de Fibras de 35 a 36% Adequada resistência de Fibras Resistência múltipla às principais doenças (Ramulose, Virose, Stemphylium e Bacte-

Cultivar

riose) que ocorrem no Estado Excelente característica de fibra Indicada para pequenos e médios produtores, adotando o uso do Manejo Integrado de Pragas MIP, e utilizando níveis de controle de pulgões entre 50 e 60% Para a safra 2001/2002, e 2002/2003 a Embrapa Algodão estará lançando seis novas cultivares oriundas das seguintes linhagens: CNPA CO 94-151; CNPA 96-227; CNPA CO 96-268 (Agricultura Familiar), CNPA CO 961202; CNPA CO 97-1682 e CNPA CO 97700. Todas têm alta produtividade, adaptação à colheita mecanizada, rendimento de fibras variando de 38% a 40% e resistência múltipla às principais doenças que ocorrem no Cerrado. Acredita-se que com a utilização destas novas cultivares o produtor do Mato Grosso obterá uma maior segurança em sua atividade agrícola em função da redução das aplicações de inseticidas que possibilitará uma redução significativa no seu custo de produção e consequetemente uma melhoria da qualidade ambiental, o que possibilitará uma maior lucratividade com a cultura do Algodão.

produção

Cultivo intensivo Produção em Sulco Ultra-Estreito surge como alternativa para maximizar os rendimentos da cultura do algodão

Francisco José C. Farias, Embrapa Algodão

O

preço atual do algodão no mercado internacional é o mais baixo dos últimos 13 anos, enquanto o custo de produção continua aumentando. Esta situação está forçando os produtores a buscarem alternativas mais rentáveis para produzir algodão. Sistemas de produção de algodão de sulco ultra-estreito (SUE) parecem ser uma técnica pela qual isto se pode obter. Embora a definição de SUE varie, esta técnica consiste em semear algodão com um espaçamento entre sulcos de 30 a 40 cm ou menos. A imperiosa necessidade de reduzir custos de produção é a força que move o interesse pelo uso de sulcos ultra-estreitos. Além disso, a disponibilidade de cultivares transgênicas tolerantes a herbicidas tem aumentado o interesse por esta tecnologia. Há outras razões pelas quais os produto-

res se interessam em usar sulcos ultra-estreitos para aumentar a rentabilidade de seus cultivos de algodão. Eles esperam reduzir o número de seus equipamentos, a ponto de usarem a mesma semeadora, aspersora e outros implementos em diversos cultivos como algodão, milho, sorgo e soja. Os produtores podem eliminar o uso de caros equipamentos usados no passado em um cultivo específico. Se bem que, para algodão, necessitarão de uma colheitadeira especial. A boa notícia é que esta nova colheitadeira pode custar uma terça parte do custo de uma de algodão convencional. Densidade de semeadura A densidade de semeadura, em sistemas de produção SUE, normalmente está na ordem de 125.000 a 380.000 plantas por hec-

tare, com uma distância entre sulcos de 35 a 40 cm (15 ± 1.0 polegadas). Embora pesquisadores estejam avaliando configurações na ordem de 20 a 50 cm, os fabricantes de implementos agrícolas estão se concentrando em 38 cm como um standard para este sistema. Em muitas universidades dos Estados Unidos (Texas, Mississipi, entre outras), pesquisadores têm demonstrado que os benefícios que se obtém reduzindo-se o sulco a menos de 30 cm são mínimos. Os dados dos pesquisadores mostram que a eficiência de uso da água se perde, à medida que a distância aumenta de 38 a 70 cm. Plantas de algodão semeadas com 38 cm entre os sulcos produzem uma folhagem capaz de fechar o sulco em aproximadamente 40 dias da semeadura. Este mesmo processo levaria mais ou menos 70 dias em um cultivo


Dicas para a produção Uniformidade Use equipamentos de semeadura adequados, para obter uma distribuição uniforme de sementes. O controle de profundidade e bom contato da semente com o solo são importantes para se conseguir uma boa germinação. Use sementes de alta qualidade, deslintadas com ácido, adequadamente tratadas com fungicidas e inseticidas. Plantas Curtas Plantas entre 50 a 70 cm são ideais para este sistema. Embora a concorrência entre plantas em SUE origine plantas menores, o uso de reguladores de crescimento como pix é também uma necessidade, para controlar a altura. Aplicações múltiplas de pix , começando cedo no ciclo do cultivo, são necessárias. Plantas Delgadas - Uma densidade uniforme de 250.000 plantas por hectare produzirá plantas delgadas, sem ramas vegetativas laterais, adequadas para serem colhidas com stripper . Isto assegura a colheita de um cultivo precoce de alta qualidade. Rendimento Um cultivo uniforme, sem stress , adequadamente manejado para produzir plantas curtas, com 5 a 7 frutos, tem o potencial de produzir entre 2.500 a 3.500 quilos brutos de algodão, em aproximadamente 110 a 120 dias depois da germinação.

Esta concorrência, que começa cedo no ciclo stripper com escovas com os cabeçotes ajusdo cultivo, modifica o hábito de crescimento tados para sulcos de 38 cm. Strippers com das plantas, transformando-o em um cultivo dedos estão disponíveis na atualidade nos Esmuito precoce. As plantas resultantes são mais tados Unidos a um custo muito baixo. Estes curtas que aquelas semeadas em sulcos com cabeçotes, que se podem comprar até por US$ espaçamento convencional. Elas atingem uma 2000, são muito fáceis de instalar em colheialtura de 50 a 70 cm e produzem um número tadeiras existentes. Uma desvantagem de strimenor de nós na haste principal. A acirrada ppers com dedos é que podem reduzir a quaconcorrência entre plantas causa uma cessa- lidade do algodão, aumentando o conteúdo ção prematura de crescimento vegetativo, al- de casca na fibra. Strippers com escovas cançando o estado fisiológico conhecido na acham-se em estado de desenvolvimento, prolíngua inglesa como cutout , muito mais cedo metendo colher algodão sem afetar parâmeque em plantas produzidas em sistemas con- tros de qualidade de fibra nem o grau do provencionais. A retenção de frutas em algodões duto final. SUE freqüentemente é limitada às primeiras posições frutíferas das cinco ou sete ramas reAumento de produtivas inferiores. Esta carga reprodutiva rendimento normalmente desenvolve-se em duas ou três Pesquisadores, nos Estados Unidos, relasemanas de floração. A maturação do cultivo, taram incrementos de rendimento da ordem definida como o estado em que 60% dos fru- de 10 a 20% em sistemas SUE, comparados tos maduros estão abertos, se obtém mais ou com sulcos com espaçamento convencional. menos 10 a 15 dias mais cedo que no sistema A redução na concorrência de ervas daninhas convencional de produção. e a melhora na eficiência de uso da água em A precocidade obtida nos sistemas de pro- SUE parecem ser os principais fatores respondução SUE pode ser utilizada pelo produtor sáveis por este aumento do rendimento. Por como uma vantagem para escapar das altas po- outro lado, a redução no custo e a manutenpulações de bicudos e outras pragas lepidóp- ção de equipamentos de semeadura e colheiteras que se encontram ao ta, a redução no número de final da temporada. Sisteoperações de campo, o esmas de produção SUE percape às altas populações de A maioria das mitem a produção de um insetos e reduções no custo variedades de cultivo de algodão em 100 de controle de ervas danialgodão a 120 dias desde sua gernhas são os principais fatoadapta-se bem ao sistema minação. Isto pode ser imres que contribuem para a portante para o Brasil, pordiminuição de custos dos que permite a produção de sistemas SUE. O incremenalgodão, durante a safrito na produtividade, com um nha , em áreas onde a soja ou o milho são custo de produção menor, leva a um atrativo colhidos em meados de janeiro e fevereiro. resultado: menos custo por unidade de proA seleção de uma variedade adequada para duto, ou seja, menos custo por quilograma de sistemas de produção SUE não é tão crítica. A algodão. maioria das variedades de algodão adapta-se Todavia, estes benefícios não estão livres muito bem a este ambiente de altas densida- de problemas. Um deles é o fato de que a unides. Apesar disto, há evidência de que varie- formidade no estabelecimento do cultivo é esdades colunares com hábitos de frutificação sencial para o êxito da produção em sulcos compacta são mais adequadas para estes sis- ultra-estreitos. A falta de uniformidade no estabelecimento do cultivo em sistemas SUE temas de produção. Uma das características principais de re- normalmente provém do uso de semeadoras dução de custos em sistemas de produção de de grãos não adequadas para semear algodão, algodão SUE é que se pode colher com co- trazendo como resultado uma inadequada dislheitadeiras tipo stripper , que, além de se- tribuição de sementes e controle da profundirem mais baratas que as convencionais, são as dade de semeadura. A falta de uniformidade únicas por ora que permitem colher algo- causada por germinação desigual e a existêndão SUE (devido à reduzida estatura das plan- cia de falhas nos sulcos podem criar probletas e ao sulco estreito). Dois tipos de stri- mas de controle de ervas daninhas difíceis de pper estão disponíveis para cultivos com sul- solucionar, porque, em sistemas SUE, o uso cos estreitos: (1) stripper com dedos e (2) das cultivadoras não é uma opção. Além dis-

Cultivar

com espaçamento convencional. Esta rápida cobertura do solo, em cultivos SUE, favorece o controle de ervas daninhas, diminuindo a possibilidade de desenvolvimento das mesmas. Além disso, reduz-se a evaporação de água do solo. Embora a maior interceptação de radiação solar em sistemas SUE aumente a transpiração, a mudança na proporção de evaporação do solo à transpiração através das plantas aumenta a eficiência no uso da água. Esta eficiência deve ser entendida como a quantidade de água que um cultivo de algodão usa para produzir um quilograma de produto. Plantas no sistema de produção SUE desenvolvem uma intensa concorrência entre elas.

Maria Consuelo e Juan ensinam a cultivar algodão no sistema adensado

so, falhas no sulco podem causar o desen- damental. Visto que o enchimento dos fruvolvimento de plantas muito grandes, adja- tos ocorre em um período de tempo pequecentes a estes espaços vazios, as quais são no, a disponibilidade de nutrientes, em parmais difíceis de colher com strippers e são ticular nitrogênio, fósforo e potássio, é cría causa principal de altica durante as quatro sematos níveis de casca em nas depois da floração. Isto fibras de algodão colhisignifica que o uso de SUE Pesquisadores das com este tipo de não é um substituto de bom relatam incrementos colheitadeira. manejo integral do cultivo. de rendimento O fato de que os alTem o potencial de incremenda ordem godões SUE são mais de 10 a 20% tar rendimentos e reduzir com o sistema precoces significa que o custos de produção, porém desenvolvimento do somente quando se lhe dá o cultivo ocorre com mais manejo adequado e as prátirapidez que em algodões convencionais. Por cas de produção se fazem em seu devido esta razão, é necessário um manejo integral tempo. mais ágil para se obter máxima vantagem Dadas as vantagens do sistema de prodeste sistema de produção. Levando-se em dução SUE, este parece ter um lugar perfeiconta que a produção de frutas está limita- to no Brasil. Na atualidade, os produtores da entre a quinta e a sétima ramas inferio- de algodão brasileiros estão expostos a alres, o controle antecipado de insetos é fun- tos custos de produção devido à desvalori-

zação do Real em relação ao dólar americano. O custo é alto e a disponibilidade de capital para semear algodão é escassa. O preço internacional e local do algodão apenas cobre os custos de produção em sistemas convencionais. A produção de algodão em sistemas SUE oferece a oportunidade de aumentar rendimentos e reduzir custos de produção. Em zonas do país onde o bicudo é um problema, a precocidade resultante de sistemas SUE pode ser usada para escapar de períodos com altas populações, eliminando, desta maneira, a necessidade de realizar aplicações de inseticidas ao final da campanha . Este sistema parece ter um lugar ideal em áreas do país onde a soja ou o milho são colhidos em meados de janeiro ou fevereiro e a água continua estando disponível durante os três ou quatro meses subsequentes. As zonas de produção de soja do Estado de Mato Grosso podem ser ideais para o êxito deste sistema. Como nestas zonas se deve plantar o algodão imediatamente depois da soja, com pouco tempo para preparar solos, algodões SUE se adequam muito bem a plantio direto ou cultivo mínimo. O uso de sementes deslintadas de alta qualidade, adequadamente tratadas com fungicidas e inseticidas, é uma necessidade nestes campos. De qualquer modo, necessita-se de pesquisa, no Brasil, para determinar a população e sistemas de produção adequados para maximizar retornos com esta técnica. Nossa equipe de pesquisa na Delta Pine Brasil está realizando experimentos para avaliar densidades, manejo de pix e variedades adequadas para este sistema de produção. Nossa pesquisa, realizada em vários lugares do país, tem como meta obter informação sobre onde e como se pode utilizar este sistema no Brasil. Juan A. Landivar, Maria Consuelo Donato, Delta & Pine Land Co. Brasil

Manejo Ecológico de Pragas CONSULTORIA T REINAMENTO PESQUISA GRAVENA - Manejo Ecológico de Pragas Agrícolas Ltda. - Chácara Paulista Rodovia Deputado Cunha Bueno, SP 253, km 0.7, 14870-000, Jaboticabal/SP, Fone/Fax: (16) 323-2221 e-mail: gravena@asbyte.com.br / site:www.gravena.com.br


Mercado

A

última década marcou a cotonicultura brasileira com uma série impressionante de modificações de cenários, motivada por diversos fatores macro e microeconômicos, tecnológicos, fitossanitários e legais. Houve contrastantes conseqüências, dependendo da região a que se refira, com regiões em que a área e produtividade cresceram espetacularmente, e regiões em que houve drástica redução, como são os casos do Mato Grosso e Paraná respectivamente. O Brasil deixou de ser exportador para se tornar um dos maiores importadores de algodão. Neste período ocorreram também fatos extremamente positivos que vão aos poucos consolidando uma nova e promissora realidade para a cotonicultura brasileira. Vimos, por exemplo, o lançamento de novas cultivares com excelentes características de qualidade, e sensíveis mudanças no padrão tecnológico das lavouras, com a elevação do índice de mecanização e profissionalização da atividade. Com o advento da Lei de Proteção de Cultivares houve um significativo aumento dos investimentos privados em pesquisa e maior competição entre as empresas resultando em aumento da produtividade e qualidade. Embora tenha ocorrido drástica redução de área e produção em nível de país, as mudanças podem ser positivas. Com todas estas mudanças, é possível se almejar novamente a posição de exportador, porém em outro nível de qualidade e preço entre os melhores algodões do mundo. Estabilidade no setor A sustentabilidade deste setor passa por uma estabilidade de demanda e de mercado, e isto

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• Cultivar

Dezembro 2000

se consegue somente com o mercado interno. Esta é uma possibilidade, ainda que otimista, que precisa ser trabalhada em diferentes frentes. Para se almejar o ingresso no clube dos países exportadores de primeira linha, muitas tarefas ainda devem ser cumpridas internamente. Esta conquista deve ser objetivo de todos, a começar pelo esforço da pesquisa em gerar, e dos produtores em aplicar correta e eficientemente a tecnologia. É necessário que se busque neste momento a redução significativa dos custos de produção e a melhoria

Cultivar

Cotonicultura sustentável

É necessário que se busque neste momento a redução significativa dos custos de produção e a melhoria constante da qualidade, de modo a se atingir e superar os padrões exigidos pelo mercado

constante da qualidade, de modo a se atingir e superar os padrões exigidos pelo mercado. Com os custos compatíveis e a qualidade competitiva se terá a sustentabilidade adequada para uma maior estabilidade na produção. O esforço conjunto através das entida-

Ivo analisa as mudanças na cultura do algodão

des representativas será indispensável na implantação de estratégias de se vender bem a nova e melhor qualidade de nosso produto em mercados alternativos, abrindo este importante espaço. Com a produção nacional aquém da demanda interna, e a perspectiva de exportação, o potencial de crescimento de área é significativo, e por isto é fundamental que haja por parte dos Governos Federal e Estaduais a definição de políticas eficientes para o setor, a exemplo do que vem ocorrendo no Mato Grosso, que vincula o incentivo à qualidade e não ao paternalismo. Enfim, a busca desta sustentabilidade é tarefa de todos nós. Ivo Marcos Carraro, Diretor executivo da Coodetec



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