Muitas empresas estão comentando sobre isso atualmente. Nós, da Continental Eagle, estamos fazendo mais do que comentários. Estamos comprovando nossa Qualidade. Somos o primeiro e único Fabricante de Descaroçadores a receber o certificado do Instituto de Administração de Qualidade. Organização essa, que nos ajudou a alcançar o padrão internacionalmente reconhecido ISO9001. Neste momento, a pergunta que fica é: O que isso significa para o cliente?... Significa que não podemos, simplesmente, pedir-lhe para confiar em nossa Qualidade. Temos de comprovar e documentar como a mantemos em nossa organização. ISO 9001 não é apenas uma certificação técnica, mas um processo, onde, Padrões de Excelência em Qualidade uma vez estabelecidos, são diariamente fiscalizados. Desta forma, todas as operações são antecipadamente planejadas e realizadas com consistência. Por isso, mantêm a Companhia em melhoria contínua seja dos projetos, ou da eficiência dos nossos produtos. Nosso ISO 9001, basicamente, garante-lhe que a Qualidade encontrada hoje na Continental Eagle será a mesma que você encontrará futuramente em nossos produtos. Investir na Qualidade é antes de tudo, uma necessidade. Porém, foi a forma que encontramos de provar a você, nossa dedicação.
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Ano III - Nº 28 - Maio / 2001 ISSN - 1518-3157 Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 58,00
Perigoso inimigo
O ácaro rajado é encontrado em diversos tipos de clima, tornando-se uma praga perigosa à cultura do algodão. Saiba como controlá-la
(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 6,00
Soja com tamanduá
Diretor:
Newton Peter
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Editor geral:
Tamanduá-da-soja pode causar perda total na lavoura se não houver o devido controle
Schubert Peter Reportagens Especiais:
Pablo Rodrigues João Pedro Lobo da Costa Design gráfico e Diagramação:
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Fabiane Rittmann
Indesejáveis fungos
Marketing:
Neri Ferreira
Vários prejuízos podem decorrer da resistência de fungos a fungicidas. Veja nesta edição como fazer o controle
Circulação:
Edson Luiz Krause Assinaturas:
Simone Lopes Ilustrações:
Rafael Sica
Café Maduro
Editoração Eletrônica:
Index Produções Gráficas Fotolitos e Impressão:
Para maiores informações sobre nossos equipamentos de descaroçamento e processamento de sementes, ou algum tipo de melhoria em sua estrutura: Contate: Engenheiro Agrônomo Delano M.C. Gondim Gerente Nacional de Vendas - Fone: (65) 9981.0956 End.: Rua Marechal Antônio Aníbal da Motta, 479 Cep.: 78020-090 - Cuiabá / Mato Grosso Fone: (65) 322.3272 / 322.3277 - E-mail: coneagle@terra.com.br
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Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
NOSSOS TELEFONES:
Uso de maturadores no momento certo proporciona uma colheita uniforme
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GERAL / ASSINATURAS: 272.2128
REDAÇÃO : 227.7939 / 272.2105 / 222.1716
MARKETING:
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SUCURSAIS
Mato Grosso Gislaine Rabelo
Rua dos Crisântemos, 60 78850-000 / Primavera do Leste Tel.: (65) 497.1019 ou 9954.1894
Bahia
José Claudio Oliveira
Rua Joana Angélica, 305 47800-000 / Barreiras Tel.: (77) 612.2509 ou 9971.1254
índice Diretas Lagarta Militar Continental Eagle Ácaro rajado ataca o algodão Tamanduá-da-soja Benefícios da soja à saúde Coluna da Aenda Resistência de fungos a fungicidas Maturação ideal Congresso Brasileiro de Algodão Inseticida ecológico Mercado agrícola Agricultura no mundo Seminário de qualidade no algodão Controle de doenças do feijão Agronegócios Última página: o futuro dos grãos
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Nossa capa
Foto Capa - Raquel Ghini Prejuízos causados pela resistência que fungos adquiriram a fungicidas e controle químico adequado, são comentados pela pesquisadora Raquel Ghini
diretas VAI COMEÇAR
E a MDM Maeda Delta Pine Monsanto Algodão Ltda tem novo gerente geral. Assumiu a função em abril o experiente Laerte Santos Filho, dono de invejável folha de serviços na pesquisa de algodão. Laerte tem PhD em Purdue, Indiana. Acredita que o algodão brasileiro tem condições de competir com os dos maiores produtores. A MDM deverá mostrar na próxima safra importantes novidades.
Que as empresas de agroquímicos e sementeiras preparam suas equipes para a safra é sabido. Mas neste ano os preparativos se assemelham a um início de campeonato de futebol, com equipes contratando reforços e preparando novas estratégias. Nunca houve uma safra com tantas expectativas de tamanhas mudanças nas equipes. Nessa seção parte das alterações. Monsanto em Minas Acumulando funções
Jose Manuel Arana, diretor da Sementes Dow, assumiu o cargo de diretor de marketing da Dow Agrosciences, acumulando as funções. Arana, mexicano de origem que adotou o Brasil como segunda pátria, vem imprimindo nova dinâmica ao José Arana setor e é um entusiasta do incremento da produção de grãos no país. Vem incentivando o sorgo, principalmente.
Fusões de portais
meio da qual o Megaagro assume o controle da nova organização, Os portais Megaagro e visa multiplicar o Agro1, atuando no conceito profissional mercado agropecuário, anunciaram em Ribeirão adquirido pelos dois portais em sua atuação Preto, durante o no meio rural, bem com Agrishow, a fusão de suas operações no Brasil: aproveitar a complementariedade de a negociação, baseada negócios entre ambos. em troca de ações por
Alice Oliveira
Beleza na Pioneer
O Departamento de Marketing da Pioneer Sementes Ltda tem nova titular. Vinda da área de informática, Alice M. de Oliveira assumiu o setor da importante produtora de sementes ligada ao grupo Dupont. Alice vai trabalhar diretamente ligada ao presidente Daniel Glat e ao diretor Claudio Peixoto.
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Cultivar
Com pesar
Laerte na MDM
A Monsanto está inaugurando em Uberlândia um complexo de pesquisa e produção de sementes, com capacidade para beneficiar 41 mil toneladas/ano de sementes de milho, sorgo e girassol. Investimento de US$ 40 milhões. A Monsanto destinará anualmente cerca de US$ 1,5 milhão para pesquisa na unidade mineira. A empresa também investirá US$ 550 milhões em uma fábrica de matérias-primas para a linha de herbicidas Roundup, na Bahia, cujas obras iniciaram no ano passado.
Biotecnologia vegetal
David Tassara, antes gerente da BU leste, assumiu a função de Gerente de Marketing Brasil da Basf. A gerência de Marketing Hortifruti ficou com Fernando Arantes, substituindo a Marcos Zeronlian que agora está em Goiás na gerência de vendas.
Laerte Santos
Maior produtividade
A EPAGRI, de Santa Catarina, lançou uma nova cultivar de arroz irrigado que poderá produzir até 14 mil toneladas por hectare. A SCS 112 levou cerca de dez anos para ser desenvolvida. Representa um aumento de produtividade de 5% a 10% comparada às variedades mais rentáveis da instituição.
Pesquisa continua
Acontece entre 4 e 8 de junho, no Centro de Cultura e Convenções de Goiânia (GO), o IV Encontro Latino Americano de Biotecnologia Vegetal. O evento é organizado pela Redbio, Rede de Cooperação Técnica em Biotecnologia Vegetal. Realizado a cada três anos o encontro acontecerá pela primeira vez no Brasil e tem como objetivo o intercâmbio de informações científicas sobre biotecnologia. As inscrições devem ser feitas através do e-mail: redebio@terra.com.br
Mudanças Basf
André Maggi
Gilberto Goellner, presidente da Unisoja, entusiasmado com o lançamento das novas variedades de soja, ocorrido na fazenda Adriana, no Mato Grosso, anuncia incremento nas pesquisas e possíveis novidades para breve. Gilberto, que presidiu a Fundação MT, quer aumentar a oferta de variedades produtivas, de ciclos diferentes e próprias para cada região. Ele conta com o apoio total dos produtores do CentroOeste. Estão em teste 2,5 mil cruzamentos. Em 2002 a Unisoja pretende lançar materiais para o Sul do Brasil.
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Davanzo na Dow
Mais um sinal de que a Sementes Dow não está brincando no mercado brasileiro de grãos, onde espera ocupar posição de grande liderança, é a contratação de Geraldo Davanzo para seu setor de marketing. Davanzo, carioca de origem que trabalhou vários anos no Rio Grande do Sul, tem muita experiência no mercado de sementes de milho. Vai agitar o setor.
Geraldo Davanzo Para quem leu entrevistas anteriores de dirigentes da empresa publicadas pela Cultivar o reforço não surpreende.
A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) está investindo R$ 10 milhões na instalação de seu Centro de Pesquisa em Cambé, no norte paranaense. O objetivo é desenvolver cultivares de soja, algodão, milho e arroz e abocanhar parte do mercado brasileiro de sementes. Em soja, a empresa quer responder por 30% do mercado nacional, que movimenta anualmente US$ 350 milhões. A Fundação está iniciado a expansão da área em que atua e a intenção é agir nacionalmente. A liderança obtida no Mato Grosso, estado campeão em produtividade de soja e algodão, credencia a isso, diz Dario Minoru Hiromoto, diretor superintendente da empresa, lembrando que praticamente todos os sementeiros do Estado são mantenedores da Fundação. Com um faturamento de R$ 10 milhões em 2000, a Fundação espera um incremento de 30% este ano. O braço comercial da empresa, a Unisoja S.A., registrou no ano passado receita de R$ 100 milhões.
A Engenheira Agrônoma Gislene Pessin, que tinha sob sua responsabilidade o banco de dados da empresa, responde agora, também, pela Comunicação e Marketing no Mercado de Cana-de-Açúcar. Esse segmento que é li-
Surpresa na área de fitossanidade em algodão. A FMC, que joga duro e firme nesse setor, onde tem expressiva participação no mercado, contratou para a gerência de mercado de algodão o eficiente Newton Roda. Já dirigindo a equipe, Roda reforçará o respeitável programa da FMC. Será uma grande briga no setor com as demais interessadas em fatias desse cobiçado mercado.
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Unimilho mantém comando
Os integrantes da diretoria da Unimilho foram reconduzidos aos respectivops cargos, em eleição realizada no último dia de março. A nominata da diretoria é a seguinte: Diretor Presidente : Luiz Vicente Souza Queiroz Ferraz / Brasmilho (Sementes Semel); Vice Presidente : Edeon Vaz Ferreira / Sementes Polato; Diretor Tesoureiro : Luiz Fernando Gonçalves / Sementes Chimarrão; Diretor Secretário : Donizete Alves Machado / Primaiz Sementes; Diretores Consultivos : Paulo Celso Tiballi / Sementes Embrião; Alan Leví Gomide Reis / Brasmilho (Planagri); Eusébio Grzybowski / Sementes Demefértil; Conselho Fiscal (Titulares) Antônio F. Antoniali / Semeali - Sementes Antoniali; Alex Merege / Aventis Seeds; Ivan Guerra / Sementes Guerra; (Suplentes) Otávio Rapchan / Sementes Selegram; Nicola Di Salvo / Di Solo Sementes. Na secretaria executiva permanecerá o eng. agr Ademir Vieira da Silva, assessorando, apoindo e colaborando com todos os membros eleitos e demais associados da Unimilho.
Maio de 2001
Luiz Pelá
Reforço na equipe
A Agripec é outra empresa que está pegando pesado nas contratações. Levou agora Nivaldo Carlucci, que também é presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural. Embora a sede da Agripec esteja no Ceará, em Maracanau, Nivaldo permanecerá em São Nivaldo Carlucci Paulo exercendo as novas funções. A Agripec tem projetos de lançamentos de novos produtos, completando seu já extenso portfólio.
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Gislene Pessin
derado pela agroquímica, representa 35% de seu faturamento anual. O último lançamento da DuPont é o Herbicida Evolus-Br.
de agroquímicos para a cultura de soja, onde já atua. César Roberto Lamonega, seu diretor geral, desenvolve interessante gestão de acordos com outras empresas no setor de vendas. Pretende abrir novas frentes nessa área, embora mantendo sua rede própria de distribuidores. A Uniroyal já comercializa produtos como o fungicida para César Lamonega tratamento de sementes Vitawax junto com a FMC, e o regulador Investimento em de crescimento Dimilin com a soja Basf. Por enquanto vende o herbicida Panther, um A Uniroyal Química Ltda, graminicida de pós-emergência subsidiária da Crompton Corporation, vai incrementar em sua rede própria. César sua participação no mercado estuda novos negócios.
Dias de campo
Luiz Pelá, profissional experiente do setor de sementes, assumiu desde abril o setor de desenvolvimento de produto e comunicação da Semeali Sementes Híbridas. Contando com uma equipe experiente e um sólido portfólio milho, sorgo e girassol a Semeali vem consolidando sua participação no mercado de sementes híbridas diz Pelá.
Gilberto Goellner
Novo lar
Newton Roda
Marketing DuPont
Pelá na Semeali
Luiz Queiroz e Edeon Ferreira
Para a agenda Já tem lugar certo Rio de Janeiro - a próxima reunião do Clube da Fibra, uma promoção da FMC que já é marco entre os maiores produtores de algodão do Brasil. O Clube da Fibra, criação da FMC, é uma idéia que explodiu no momento em que o Brasil retomou a produção de algodão. Dele derivou inclusive a criação da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, a Abrapa.
Faleceu em abril o produtor rural André Maggi, um dos nomes mais representativos da agricultura do Centro-Oeste. Fundador da cidade de Sapesal, desbravador de uma enorme região, André era gaúcho. Seus filhos estão ligados às empresas que fundou. O mais conhecido é o senador Blairo Maggi, apontado como forte candidato à sucessão estadual. André Maggi foi o homenageado especial no Congresso de Soja de Cuiabá, no ano passado.
Fundação MT em Cambé
A Embrapa vai promover em maio, no Mato Grosso, 8 dias de campo, nas principais regiões produtoras, em parceria com diversas instituições e com apoio financeiro do FACUAL. A expectativa de público neste ano será de aproximadamente 4000 pessoas. No dia 5, em Glória D´Oeste (sitio Cruz); dia 9 em Colider (sirio S. João), dia 12 em Novo Mundo (Faz Matão); dia 19 em Pedra Preta (Faz Corrego Seco); dia 26 em Sorriso (Faz Gaspar); dia 29 em Sapezal (Faz AgroSan); dia 31 em Campo novos do Parecis (Faz Itamarati) e em 16 de junho em Campo Verde (Faz Benjamin Zandonaide).
Paula em Goiás
Maria Paula Luporini passa a responder pela gerência regional de vendas da FMC em Goiânia. Paula vem da área de algodão da empresa, onde foi responsável por importantes projetos que colocaram a FMC na liderança de vendas do setor. Em Goiânia deve liderar nova ofensiva em vendas.
Paula Luporini
Cultivar
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Coodetec
Algodão
Guerra à Lagarta Militar Saiba como controlar esta praga que a cada ano adquire maior importância na cultura do algodão
OPÇÕES DE CONTROLE
Nos Estados Unidos, essa praga vem se tornando tolerante à maioria dos inseticidas convencionais, o que dificulta o seu controle. Naquele País, o manejo tem sido possível com inseticidas reguladores de crescimento, como o Diflubenzuron, Lufenuron, entre outros, além de inseticidas à base de vírus, como Spodo X.
No Brasil e na Bolívia as dificuldades de manejo de S.frugiperda estão associadas às condições climáticas favoráveis aliadas ao sistema de cultivo, no qual os produtores fazem rotação com o seu principal hospedeiro, o milho. O controle químico é o método mais indicado, principalmente pela aplicação de Carbaril, Deltametrina, Deltametri-
CONHECENDO A LAGARTA
O adulto é uma mariposa de coloração cinza-marrom com pontos claros na região central de cada asa, medindo cerca de 35cm de envergadura; as fêmeas colocam em média 143 a 250 ovos em massa. Em camadas sobrepostas, geralmente três, podendo apresentar cinco a seis camadas, em ambas as superfícies da folha, mostrando certa preferência pela superfície superior. 06
Cultivar
...
CNPMS
A
lagarta militar ou lagarta do cartucho do milho, cujo nome científico é Spodoptera frugiperda Smith 1797 (Lepidoptera: Noctuidae) vem aumentando de importância ano após ano na cultura do algodoeiro, em diferentes regiões produtoras, com destaque para o cerrado. Uma série de fatores (condições climáticas favoráveis, aplicações excessivas e inadequadas de inseticidas, especialmente do grupo dos piretróides, rotação do algodoeiro com milho, entre outros) contribuem para o surgimento e, conseqüentemente, explosão populacional dessa praga.
Importante é escolher um inseticida adequado para que se possa preservar os inimigos naturais da lagarta
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... na+ Triazophos, Thiodicarb, Malation e Permetrina, contudo, o alto custo dos inseticidas e seus efeitos negativos, o controle biológico vem-se tornando cada vez mais viável através da utilização de patógenos, dentre os quais os vírus da poliedrose nuclear (VPN) e o vírus da granulose (VA) pertencente ao grupo Baculoví-
rus, são os mais promissores, pois além do fácil manuseio, esses patógenos possuem grande capacidade de multiplicação em Laboratório e são inócuos ao homem. Outra opção de controle disponível para o cotonicultor é a utilização de produtos ovicidas associados a um regulador de crescimento de inseto como Methomyl
mais Diflubenzuron, e outros produtos fisiológicos. O controle biológico via liberação inudativa de Trichogramma sp. também é uma opção viável.
MANEJO AMBIENTAL
Fotos Continental Eagle
Informe Técnico
Os cotonicultores poderão utilizar espécies vegetais não-hospedeiras desse inseto intercaladas com o algodoeiro para a atração, colonização e posterior incremento de inimigos naturais e/ou agentes biorreguladores dessa praga tais como crotolária, girassol, guandu, canola, entre outras.
Empresa leva grupo de agricultores para conhecer a tecnologia de sua fábrica nos Estados Unidos
Como amostrar a lagarta militar: ESTÁGIO INICIAL DA POSTURA (FASE DE OVO)
Uma forma prática de se observar as massas de ovos deste inseto é dobrar a parte superior da planta e observar coletivamente na superfície inferior das folhas; 80 a 100 plantas em áreas pequenas até 10ha; acima disso, repetir o processo. Não existe uma forma de se saber a margem de erro no processo amostral; no entanto, parece lógico que 4 a 5 massas de ovos por 50 plantas seria a indicação para o nível de controle.
ESTÁGIO DE LAGARTA
De acordo com as observações práticas realizadas em flores durante o caminhamento, tem-se uma forma de detectar infestações dessa lagarta na lavoura algodoeira. Sugerese, como nível de controle, observando-se a estrutura reprodutiva, 10% de infestação.
AMOSTRAGEM DOS FRUTOS
O método mais adequado e preciso para se avaliar a infestação dessa praga é, certamente, o que considera a contagem de frutos por 4m de fileira em 10 locais para cada hectare da área cultivada, o que resultará numa medida precisa da informação. No entanto, devido aos aspectos peculiares desse inseto, o controle poderá não ser efetivo neste período.
AMOSTRAGEM EM OUTRAS HOSPEDEIRAS
Áreas de produção de milho e sorgo podem ser amostradas, servindo como base para a detecção da lagarta; em alguns casos, isso pode indicar a magnitude da infestação no . algodoeiro. José Janduí Soares e Lúcia Helena Avelino de Araújo, Embrapa Algodão 08
Cultivar
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A
Continental USA
Continental Eagle Corporation já instalada no Brasil e acreditando numa área crescente do algodão em todo país, visa sempre aprimorar seus trabalhos em todos os continentes onde atua. Pensando em qualidade do algodão brasileiro, onde se está buscando encaixá-lo dentro dos padrões americanos, para internacionalizar os resultados aqui obtidos, se torna cada vez mais importante a qualidade e tecnologia da pluma. Melhoria só é conseguida através de um beneficiamento adequado sem danificar as características intrínsecas da fibra. Foi por essa razão que a CONTINENTAL através de seu Escritório Central no Brasil localizado na Cidade de Cuiabá MT, organizou uma viagem técnica aos Estados Unidos para visitar sua Fábrica localizada na cidade de Prattville, AL, onde todos os empresários tiveram oportunidade de ver suas instalações com o que há de mais moderno em termos de descaroçamento em nível mundial.
até 7%. Obviamente toda sujeira depositada no algodão é removida com maior facilidade, fazendo com que o limpador de pluma não baixe tanto o rendimento de pluma. Na Fábrica foi mostrada toda história da Continental desde 1832, quando Daniel Pratt e Samuel Griswold formaram uma sociedade para fabricar descaroçadores. A indústria vem trabalhando continuamente desde aquela época fornecendo equipamentos para países além dos Estados Unidos como a Grécia, Espanha, Togo, Austrália, onde se tem a maior Descaroçadora de Algodão do Mundo Continental, Tchad, Argentina, Síria, Mali, Turquia, Benin, Burkinan Faso, Moçambique, Etiópia, Tanzânia e evidentemente Brasil. Visitou-se também todo Departamento
de Engenharia onde começa através do auxílio da informatização novas idéias para fabricação de sistemas de descaroçamento. Além de toda instalação foi visitado a Algodoeira Millstead na região. Esta Usina foi projetada para 3-1, isto é, com capacidade de 30 fardos por hora, podendo ser ampliada para 45 fardos por hora. Esses projetos são comuns em nível dos Estados Unidos, porque sempre existe possibilidade de aumento sem modificação da planta inicial. Economicamente se torna também viável para uma área crescente como em alguns estados do Brasil. Participaram da viagem Empresários do estado de Mato Grosso e São Paulo, além de Corretores e Revendas do estado de São Paulo . e Minas Gerais.
TECNOLOGIA EM ALGODÃO
No Departamento de Pesquisa, foi explicado o fluxo de descaroçamento em uma mini-usina com descaroçador de 161 serras e capacidade de até 15 fardos por hora. Essa eficiência é devida a um tubo de sementes que aumenta a capacidade da máquina sem danificar a semente nem a fibra, pois a rotação de suas serras é de 615 RPM. Como resultado, se obtém uma pluma com excelente limpeza, por passar em eficientes limpadores antes do descaroçador, com umidade de
Informe Técnico
Grupo de convidados brasileiros que visitou a fábrica da Continental Eagle nos Estados Unidos
Pequeno, mas danoso
Fotos Gilberto Moraes
Pragas sua vida. Os termos usados no Brasil, Estados Unidos e França se referem aos padrões de coloração que o ácaro apresenta durante sua fase ativa, quando se movimenta e se alimenta das plantas. O termo usado na Inglaterra se refere ao padrão geral avermelhado que o ácaro apresenta na fase de hibernação, isto é, durante o período em que o ácaro se torna inativo no inverno, ocasião em que é encontrado nas frestas das casasde-vegetação.
PRODUÇÃO DE TEIA
O ácaro rajado pertence à família Tetranychidae, à qual também pertencem várias outras espécies importantes de
Ácaro Rajado está se tornando um grave problema em diversas culturas
ção da higiene pelos ácaros, uma vez que suas fezes são depositadas sobre a teia, ao invés de serem depositadas sobre a superfície das folhas, onde os ácaros se alimentam. Pode ainda servir para proteger esses ácaros contra vários de seus predadores, impedindo-os de alcançar o ácaro rajado ou outra espécie de ácaro deste mesmo grupo. Isso entretanto não funciona contra todos os predadores. Alguns, na verdade, são favorecidos pela presença da teia. Assim com a maioria dos ácaros, o ácaro rajado apresenta 4 pares de pernas na maior parte de sua vida pós-embrionária, característica que os distinguem dos insetos. Na fase ativa, tem cor
Ácaro-rajado se adapta a diversos tipos de clima, o que o torna uma praga temida em diferentes regiões
O
número de espécies de ácaros que causam danos às diferentes culturas no Brasil é muito menor que o número de espécies de insetos. Isso não significa, entretanto, que os ácaros causem menos problemas. Tudo depende, principalmente, da cultura considerada e da época do ano. 10
Cultivar
Uma das espécies de ácaros que mais danos causam às plantas cultivadas é entre nós conhecida como ácaro rajado , cujo nome científico é Tetranychus urticae Koch. Esse mesmo ácaro recebe nomes comuns diferentes em distintos países. Nos Estados Unidos é conhecido como ácaro de duas manchas (twowww.cultivar.inf.br
spotted spider mite); na Inglaterra é conhecido como ácaro tetraniquídeo vermelho (red spider mite) e na França, como ácaro tetraniquídeo amarelo comum (acarien jaune commun). Em todos os casos, os nomes comuns regionais são dados em função da cor apresentada pelo ácaro durante certa fase de Maio de 2001
ácaros-praga, como as diferentes espécies conhecidas no Brasil como ácaro vermelho . Muitos dos ácaros dessa família produzem quantidades variáveis de teia, semelhante à teia produzida pelas aranhas. A teia dos ácaros tem diferentes finalidades. Tem-se demonstrado experimentalmente que esta pode servir para manter níveis adequados de umidade nas proximidades dos ovos dos ácaros, que freqüentemente são postos sobre ou sob a teia. A teia também pode facilitar a alimentação dos ácaros que a produzem, por favorecer seu posicionamento inclinado em relação à superfície da folha, facilitando a introdução dos estiletes utilizados neste processo. A teia serve ainda para a manutenMaio de 2001
geral verde amarelada, com um par de manchas escuras nas regiões laterais do corpo. É pequeno, com no máximo 0,5 mm de comprimento e formato geral ovóide. Essas características, entretanto, não são exclusivas do ácaro rajado. Várias outras espécies apresentam características semelhantes, e a identificação precisa da espécie usualmente requer a observação de caracteres do macho sob microscópio, realizada por um especialista.
PREFERÊNCIAS CLIMÁTICAS
O ácaro rajado é encontrado em um grande número de países, desde as regiões tropicais até as regiões temperadas, tanto em casas-de-vegetação como no www.cultivar.inf.br
campo. Nas regiões mais frias, passam o inverno em hibernação na fase adulta. Esse ácaro, já foi relatado em mais de uma centena de espécies de plantas, muitas das quais de importância econômica. No Brasil, já foi relatado em diversos estados, de norte a sul. E sua distribuição continua a se expandir, juntamente com a expansão da agricultura. Na região de Petrolina (Pe), por exemplo, esse ácaro só foi encontrado pela primeira vez em 1985, após o início da grande expansão dos cultivos irrigados na região. São diversas as culturas que sofrem significativamente com o ataque desse ácaro. Dentre as principais estão algodão, moranguinho, mamão, feijão, ornamentais (especialmente crisântemo e roseira), tomate, berinjela, batata, pepino, melão, melancia e videira. Às vezes, até mesmo a cultura do milho pode ser danificada de forma significativa por esse ácaro, durante os períodos de baixa precipitação. Apesar de tão pequeno, esse ácaro deposita um grande número de ovos, que mais do que compensa sua mortalidade natural durante o período de desenvolvimento, permitindo que sua população nunca seja totalmente eliminada em uma dada região. São quase 100 ovos postos por fêmea durante sua vida. De cada ovo emerge uma larva, que mudará de pele algumas vezes até chegar à fase adulta; esse processo acontece durante 10 a 15 dias, de acordo com as condições ambientais. Vive na fase adulta por um período de quase um mês. Favorecem o desenvolvimento desse ácaro e seu aumento populacional a alta temperatura e a baixa umidade, contanto que as plantas não estejam sob estresse hídrico muito pronunciado. Isso significa que plantas irrigadas, em época de pouca precipitação, podem ser mais danificadas pelo ácaro. Aspecto geral esbranquiçado a amarelado das folhas, resultante de um grande número de células destruídas, associado à presença de teia são indicativos típicos do ataque de ácaros tetraniquídeos, incluindo o ácaro rajado. Como preferem atacar as folhas já desenvolvidas das plantas, geralmente não causam deformações das folhas atacaCultivar
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Sementes
muito altas, quando os ácaros passam a atacar também as folhas jovens, ainda em crescimento. Usualmente vivem na parte inferior das folhas, embora possam também ser vistos na parte superior das mesmas quando a população é muito elevada.
CONTROLE DA PRAGA
No Brasil, o controle do ácaro rajado é feito quase que exclusivamente através de métodos químicos, com o uso de vários produtos existentes no mercado. Um cuidado muito grande, entretanto, deve ser tomado para evitar a ocorrência de resistência do ácaro aos produtos utilizados pelo agricultor. São vários os produtos utilizados no passado contra essa espécie, que hoje já não o afetam mais, sendo o enxofre o exemplo mais evidente. Esse aspecto se torna de importância fundamental para os ácaros em geral, porque estes pela sua forma de reprodução e seu rápido ciclo biológico, podem desenvolver resistência com velocidade muito maior que outros organismos. A resistência é um aspecto por demais conhecido, porém não devidamente considerado pelo setor agrícola em geral. É bem conhecido e aceito o fato de que devemos evitar a introdução de
novas pragas no Brasil, que poderiam resultar em aumento considerável do custo de produção com os danos que esta possa acarretar, e com a necessidade de seu controle. Entretanto, pelas normas hoje adotadas internacionalmente, se a espécie de um determinado organismo já ocorre no país, ele deixa de ser considerado um organismo de importância quarentenária para aquele país. Ora, isso significa que o ácaro rajado não é considerado de importância quarentenária no Brasil e que, conseqüentemente, nenhuma objeção poderá haver quanto à in12
Cultivar
trodução de um produto agrícola vegetal (mudas, frutos, sementes, etc) que contenha alguns poucos ácaros desta espécie. O problema é que estes poucos ácaros podem ser, por exemplo, resistentes a certos produtos hoje utilizados pelos agricultores brasileiros em seu controle. Ao serem introduzidos, estes podem constituir uma nova população que se fixe permanentemente no Brasil. Em outras palavras, não basta apenas adotar técnicas agrícolas que evitem o problema da resistência; há também que se cuidar para evitar a introdução de populações diferentes, de espécies já existentes aqui, seja do ácaro rajado, seja de qualquer outra espécie praga, ácaro ou não, que pode apresentar características biológicas indesejáveis diferentes daquelas das populações que já estão Gilberto atenta para os perigos que aqui. o ácaro rajado pode oferecer à Alguns esforços têm sido decultura do algodão dicados no sentido de se controlar o ácaro rajado através da seleção de variedades mais resistentes, mas muito mais deve ser feito neste sentido. No Brasil, trabalhos recente- zidos pela Pesagro e Emater (RS), e pela mente conduzidos por técnicos do Ins- Embrapa e Instituto Agronômico de tituto Agronômico de Campinas e da Campinas (SP). Atualmente, pesquisaEsalq (Piracicaba) levaram à detecção de dores do Instituto Biológico de São Paualguns cultivares de moranguinhos resis- lo dão continuidade a estes estudos, no tentes ao ácaro rajado, como por exem- sentido de se implementar o uso destes plo IAC Campinas e IAC Princesa Isa- predadores. Ainda com relação ao controle biolóbel . Muito mais, entretanto, precisa ser feito neste sentido, de forma a selecio- gico, têm sido muito promissoras as tennar cultivares de plantas menos ataca- tativas de se utilizar patógenos para o combate a essa praga. Diversas procedêndos pelo ácaro. Com relação ao controle biológico do cias do fungo Beauveria bassiana têm sido ácaro rajado, muito tem sido feito, espe- testadas com muito sucesso no Deparcialmente sob condições de cultivos pro- tamento de Entomologia, Fitopatologia tegidos em países europeus. O uso de e Zoologia Agrícola da ESALQ. Populaácaros predadores da família Phytoseii- ções de um outro fungo do gênero Neodae para combater essa praga tem sido zygites têm sido constatadas atacando o feito de maneira extensiva, em certos cul- ácaro rajado no Brasil, Colômbia e Estativos, devido principalmente à ocorrên- dos Unidos, especialmente sob condições cia de resistência do ácaro rajado aos pro- de casa-de-vegetação. Altas incidências dutos químicos registrados. Esses preda- desse fungo foram observadas na região dores são produzidos comercialmente em de Jaguariúna, Estado de São Paulo. larga escala e vendidos aos agricultores, Muito ainda há que ser feito, para viabique os liberam periodicamente sobre as lizar o uso destes agentes de controle plantas atacadas. Mesmo em nível de pelos agricultores. Os maiores desafios campo, o uso de predadores tem sido fei- se referem à grande susceptibilidade desto de forma sistemática nos Estados tes patógenos a baixos níveis de umidaUnidos, especialmente em cultivos de de, o que restringe seu uso a condições moranguinho, planta muito danificada de umidade alta, como pode ocorrer mais comumente em condições de cultivos pelo ácaro rajado. . Também no Brasil esta técnica tem protegidos. sido estudada em nível de produtores, com boas perspectivas de uso. Estudos Gilberto J. de Moraes, preliminares neste sentido foram condu- ESALQ-USP ESALQ - USP
... das, exceto nos casos de populações
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Maio de 2001
Entidades mudam comando A Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem) tem nova diretoria. O novo presidente é João Lenine Bonifácio e Sousa, da Sementes Talismã, que sucede Ywao Miyamoto. Os três vice-presidentes regionais são Antônio Antoniali (Sudeste), Edeon Vaz Ferreira (Centro-Oeste) e Efraim Frischmann (Sul). Na vice-presidência internacional foi empossado Eder Bolson. A alteração de comando ocorre no momento em que a Abrasem se vê às voltas com um dos maiores problemas já enfrentados pelos produtores de sementes do Brasil nos últimos anos: a venda de sementes contrabandeadas e pirateadas, isto é, sem autorização dos obtentores. João Lenine já anunciou esforços especiais da entidade para tentar controlar essas irregularidades que estão comprometendo a própria existência das empresas de sementes. Uma das prioridades, disse Lenine, é trabalhar pela aprovação, no Congresso, da nova Lei de Sementes, que prevê sanções duras para os infratores. Além disso, sua gestão será marcada por eventos visando a atualização técnica dos produtores.
João Lenine
experiente Claudio Peixoto, da Pioneer. A Braspov é parceira direta da Abrasem no controle das vendas ilegais de sementes. Foi a Braspov que no ano passado coordenou a campanha que resultou na apresentação de milhares de sacas de sementes pirateadas.
Maio de 2001
FAO e a Organização Mundial da Saúde acham que alguns pesticidas comercializados em países pobres têm suas fórmulas adulteradas e constituem ameaça à saúde humana e ao ambiente. Problema maior na África ao sul do Saara. Ministro da Agricultura da França prorrogou a proibição de tratamento de sementes de girassol com imidacloprid (Gaucho) por mais dois anos, à pedido dos apicultores. O produto não é usado lá desde 1997.
Dez países membros receberam advertência da Comissão Européia sobre desrespeito em laboratórios à legislação sobre pesquisa de transgênicos. Há ameaça de sanções penais à vista.
Ivo Carraro
Unimilho abre caminho Vem ganhando força a atuação da União dos Produtores de Sementes de Milho da Pesquisa Nacional Unimilho, presidida por Luiz Vicente Souza Queiroz Ferraz, com atuação especial na coordenação entre a Embrapa e seus associados, contribuindo nas definições de cotas de produção e vendas, treinamentos, políticas comerciais, comunicação, logística e marketing. A empresa participa do segmento de média à baixa tecnologia, área de menor interesse das grandes corporações. Com custos menores pode ofertar produtos com preços mais competitivos aos agricultores, e cultivares melhor adaptados ao nosso ambiente, desenvolvidos com a tecnologia Embrapa, instituição reconhecida mundialmente por sua excelência na pesquisa agropecuária. Entretanto,
Comissão Européia quer eliminar, progressivamente, 32 substâncias químicas, 11 delas consideradas perigosas, usadas na agricultura, para proteger a água. São a atrazina, alaclore, clorpirifós, clorfenvinfós, diuron, endosulfan, hexaclorofeno, isoproturon, pentaclorobenzeno, simazina e trifluralina.
Duas associações de produtores de sementes franceses se manifestaram a favor da liberação de produtos transgênicos no país: a AMSOl e a CFS.
BRASPOV
Outra entidade que também realizou eleições foi a Braspov. O presidente Ivo Carraro foi reconduzido ao cargo de diretor por mais um ano. E como vice-presidente foi eleito o
Giro
a melhoria da tecnologia do milhocultor brasileiro está prestes a um grande salto de produtividade, e para a próxima safra já serão ofertados híbridos de ponta, desenvolvidos pela Embrapa Milho e Sorgo, e a empresa enfrentará novo desafio, participando do mercado elitizado. No segmento de sorgo tem destacada participação, superior a 20%, competindo em igualdade de condições com as grandes corporações transnacionais, tanto nos sorgos graníferos, como nos forrageiros para silagem ou pastejo. A entidade representa 21 empresas produtoras de sementes, localizadas em diversos estados do país, gerando 926 empregos diretos, 1394 indiretos, incluindo seus dependentes são aproximadamente 8000 pessoas envolvidas com o negócio da Unimilho.
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Bayer comprou da Syngenta os direitos sobre o herbicida Mikado, comercializado na Europa. À base de sulcotriona, é indicado para milho. O negócio custou 115 milhões de euros aos alemães. Pesquisa nos Estados Unidos mostra que 81% dos agricultores não querem a separação entre produtos convencionais e transgênicos se não houver preços diferenciados. Grupo de 20 operadores europeus está testando o Tracerbio, ferramenta informática para seguir um lote de produtos biológicos desde o produtor até o último elo da cadeia. Está acessível na internet (www.tracerbio.com). Importadores avisaram: este ano cerca de 20% da soja brasileira que chegará aos portos da França será transgênica. E a Argentina terá 80% de OGMs. Cultivar
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Embrapa Soja
Soja
Defenda sua soja do ataque do bicudo
Deu Tamanduá na Soja O Sternechus subsignatus, uma das principais pragas da soja, causa perda total na lavoura se não controlado a tempo
N
os primeiros levantamentos de insetos associados à soja no Brasil, realizados no final da década de 70, o tamanduá-da-soja ou bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus) já havia sido observado, porém suas populações eram baixas e não preocupavam os agricultores. As mudanças nos sistemas de cultivo, a expansão da soja para novas áreas e, principalmente, a monocultura promoveram a transformação da praga, que antes era considerada secundária, em praga importante. A partir da safra 1983/ 84, o inseto começou a ocorrer com maior intensidade, principalmente, em áreas de cultivo mínimo ou semeadura direta causando danos às lavouras de vários municípios do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Mais recentemente, com a expansão da soja para novas regiões e, conseqüentemente, com a eliminação dos hospedeiros nativos preferenciais, ocorreu a adaptação do tamanduá-da-soja à nova realidade, causando dano em lavouras de soja em todo o oeste da Bahia, além de algu14
Cultivar
mas lavouras nos estados de Goiás, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Danos causados - O adulto raspa o caule e, para se alimentar, desfia os tecidos no local do ataque. A fêmea, para realizar a postura, faz um anelamento, cortando todo o córtex (casca) da haste principal. Quando a população é alta na fase inicial da cultura e o dano atinge o broto apical da soja, as plantas morrem, podendo haver perda total de parte da lavoura. O dano é menor quando o ataque acontece mais tarde ou as larvas se desenvolvem na haste principal, formando galhas. Nesse local, entretanto, a planta pode quebrar pela ação do vento e das chuvas. Ainda, com o desenvolvimento das galhas, ocorre a interrupção da circulação da seiva e a planta de soja perde um terço de sua produção, em relação às plantas sadias. Biologia da praga - O adulto é um caruncho, que mede 8 mm de comprimento, é preto com listras amarelas, formadas por pequenas escamas, no dorso da cabeça e nos élitros (asas duras). Os ovos tem a cor amarela e são postos www.cultivar.inf.br
isoladamente em orifícios, na região do anelamento, sendo protegidos pelas fibras do tecido vegetal cortado. Eventualmente, ovos podem ser depositados nos ramos laterais e nos pecíolos. Na fase ativa, isto é, enquanto se alimentam, desde a eclosão, as larvas ficam no interior da haste principal, na região do anelamento. À medida que crescem, ocorre engrossamento do caule, formando uma galha, estrutura constituída externamente por tecidos ressecados. O período ativo da larva é de, aproximadamente, 25 dias. No quinto e último ínstar, após completar o seu desenvolvimento no interior da galha, a larva se dirige para o solo, onde hiberna em câmaras, geralmente, entre 5 cm e 10 cm de profundidade, podendo, entretanto, ser encontrada até a 25 cm da superfície. A larva hibernante não se alimenta e, quando perturbada ou exposta ao sol, se movimenta muito, apresentando fototropismo negativo. A pupa é de cor branca-amarelada, do tipo livre; quando vista dorsalmente, mostra os primórdios das asas. O período pupal médio é de 17,2 dias. Controle integrado - O controle do tamanduá-da-soja, através da aplicação de inseticidas de contato, é difícil devido aos seus hábitos. Os ovos e as larvas são protegidos da ação dos produtos químicos, no interior do caule, e os adultos ficam localizados sob a folhagem, ou no solo, sob os restos de cultura. Desse modo, para que ocorra diminuição da população de S. subsignatus na área deve-se utilizar um conjunto de táticas do MIP, principalmente a rotação de culturas com plantas não hospedeiras, a cultura-armadilha e o controle químico nas bordaduras. A aplicação de inseticidas, através da pulverização deve ser feita nas entrelinhas de soja, com alto volume de água (acima de 200L/ ha), obedecendo aos níveis de ação, ou seja, o número de insetos que a planta pode tolerar sem diminuir o rendimento. Estudos realizados pela Maio de 2001
(Sternechus subsignatus)
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Soja
... Embrapa Soja, durante quatro safras consecu-
tro-oeste. Esse controle deve ser feito nos meses de novembro e dezembro, quando a maior parte dos adultos sai do solo, e repetido sempre que o inseto atingir os níveis de ação (1 ou 2 adultos/m, V3 e V6, respectivamente). Dessa forma, o agricultor evitará que o inseto infeste o resto da lavoura.
Embrapa Soja
tivas, indicaram que a susceptibilidade da soja varia com o seu estádio de desenvolvimento. Assim, o controle químico justifica-se quando, for encontrado, em média, no exame de plantas de soja com até duas folhas trifolioladas (V3), um adulto ou mais por metro de fileira e, em
Tamanduá-da-soja pode ocasionar perda total da lavoura, quando o ataque se der na fase inicial
plantas com cinco folhas trifolioladas (V6, próximo à floração), até dois adultos ou mais por metro de fileira.
ROTAÇÃO DE CULTURAS
A rotação de culturas é uma tática essencial para o estabelecimento de uma agricultura sustentável e, além de outros benefícios como a diminuição de inóculo de doenças, a sua adoção tem reduzido as populações de S. subsignatus. Como as plantas da família Fabaceae, à qual a soja pertence, são as preferidas do tamanduá-da-soja e, dentro de um esquema equilibrado, deverão ser substituídas por outra espécie vegetal em pelo menos um terço da lavoura. O milho, o girassol, o algodão, o sorgo, etc. são plantas alternativas nessas áreas e devem ser semeadas onde na soja do ano anterior observou-se maior dano da praga. Por razões econômicas e tecnológicas, o milho tem sido a cultura preferencialmente utilizada pelos agricultores nessas áreas mais infestadas. Para aumentar a eficiência de controle, as plantas não hospedeiras devem ser circundadas por plantas hospedeiras preferenciais (cultura-armadilha), que pode ser a própria soja semeada antecipadamente. Desse modo, ao atrair e manter os insetos nessa bordadura da lavoura, o produtor pode pulverizar uma faixa de 30m a 50m com um dos inseticidas sugeridos nas Recomendações Técnicas para a Cultura da Soja das regiões Sul, Centro-oeste e do Paraná, elaboradas pelas Comissões de Entomologia das regiões Sul e Cen16
Cultivar
A semeadura com sementes de soja tratadas com inseticidas pode ser uma técnica alternativa no manejo do inseto junto com a rotação de culturas. Em ensaios realizados, nos municípios de Pinhão (próximo a Guarapuava) e Tamarana (próximo a Londrina) observou-se queda drástica de rendimento da soja nas parcelas cujas sementes não foram tratadas, comparadas com aquelas tratadas com inseticida. Como o milho, ou a planta alternativa a soja é, em geral, semeada nas áreas anteriormente mais infestadas pelo tamanduá-dasoja , os insetos tendem a sair dessa área procurando alimento adequado. Ao encontrarem a soja, iniciam a sua alimentação e, se as sementes forem tratadas com inseticidas, morrem antes de atingir o resto da lavoura. Assim, sugere-se o tratamento das sementes apenas nas bordaduras, numa faixa de 30m a 50m, seguindo as Recomendações Técnicas Para a Cultura da Soja, específica para a região. Experimentos realizados no campo e na casa-de-vegetação indicaram que as plantas de soja, cujas sementes foram tratadas, ficam protegidas por, aproximadamente, 35 dias, evitando assim, pulverizações excessivas no período mais crítico ao ataque da praga, que é o início do desenvolvimento da cultura.
ÉPOCA DE SEMEADURA
A época de semeadura da soja é outro fator a ser considerado no manejo da praga e passou a ter importância ainda maior quando www.cultivar.inf.br
há a necessidade do tratamento das sementes com inseticida. Resultados de levantamentos realizados pela Embrapa Soja, na região norte do Paraná revelaram que, os adultos saem do solo em maior número, a partir de novembro e atingem seu pico populacional na segunda quinzena de dezembro. Desse modo, ao planejar a semeadura, o agricultor deverá considerar a época de semeadura e o período residual do inseticida. No Paraná, o tratamento das sementes com inseticidas é recomendado, especialmente, para as semeaduras realizadas após a segunda quinzena de novembro, quando o período residual do inseticida coincide com o pico populacional do inseto. Enquanto nas semeaduras de início de novembro, o período residual do inseticida não é suficientemente longo para proteger as plantas no época de maior ocorrência do inseto. Nas semeaduras realizadas em outubro, geralmente não há necessidade de controle, pois os insetos ocorrem em pequeno número; quando a população do inseto aumenta, as plantas estão mais desenvolvida, menos vulneráveis e mais capazes de tolerar os danos do tamanduá-da-soja . O preparo de solo como medida isolada não é recomendado para o controle de S. subsignatus. Porém, se por algum outro motivo (ocorrência de doenças de raízes, problemas de fertilidade de solo, entre outros), o produtor optar por essa técnica e a lavoura apresentar alta população de larvas hibernantes e pupas do tamanduá-da-soja , a profundidade de localização do inseto deve ser considerada, pois 90% das larvas hibernam entre 5cm e 15cm de profundidade. Portanto, implementos que revolvem superficialmente o solo não serão úteis na redução populacional da praga. Outro aspecto importante a ser considerado é a possibilidade de movimentação das larvas hibernantes. Essas, embora em hibernação, são capazes de retornar ao solo enquanto as pupas são imóveis. Assim, a época mais adequada para a realização da operação é antes da semeadura da soja, no mês de outubro quando a maioria dos indivíduos são pupas. Por se tratar de uma praga com hábitos muito diferentes das que tradicionalmente ocorriam em soja, o tamanduá-da-soja tem causado preocupação aos agricultores e tem merecido muita atenção da pesquisa, desde o seu surgimento. Embora ainda exista muito a ser estudado, as informações obtidas nos últimos anos sobre a biologia e ecologia do inseto foram essenciais para o estabelecimento de um programa de manejo integrado da praga envolvendo rotação de cultura, semeadura na época mais adequada e racionalização do con. trole químico. Clara Beatriz Hoffmann Campo, Ivan Carlos Corso e Lenita Jacob Oliveira, Embrapa Soja Maio de 2001
Injeção de saúde CÂNCER
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos, podendo espalharse (metástase) para outros órgãos. Dividindo-se de maneira incontrolada, essas células determinam a formação de tumores ou neoplasias malignas. As causas do câncer podem ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas internas são, na maioria das vezes, determinadas geneticamente e estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Do total de casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais. Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele e alguns vírus podem causar leucemia. Outros fatores ainda estão em estudo, tais como alguns componentes alimentares. Estudos realizados no Japão e na China, países cujas populações utilizam regularmente a soja em sua dieta alimentar, mostraram reduzidos índices de doenças coronárias, de câncer de mama e de próstata, quando comparados aos dos países onde a soja é pouco utilizada na alimentação humana. Entretanto, constatou-se que nos descendentes de japoneses, que emigraram para o Ocidente e, conseqüentemente, adotaram novos hábitos alimentares onde a soja não está presente, o índice de câncer nas gerações subseqüentes se igualava aos índices da população dos países para onde emigraram. A partir dessas observações, vários estudos foram realizados sobre os possíveis efeitos da soja na prevenção e no tratamento de alguns tipos de câncer, principalmente, aqueles relacionados com deficiência hormonal, como câncer de mama e de colo de útero. Além desses, a soja possui efeitos benéficos nos cânceres de próstata, bexiga e intestino, dentre outros. As isoflavonas são apontadas como os principais compostos presentes na soja caMaio de 2001
pazes de inibir e prevenir o aparecimento de vários tipos de câncer. Além das isoflavonas, outras substâncias, também presentes nos grãos de soja, auxiliam na prevenção e no controle de alguns tipos de câncer. Dentre esses compostos, estão os inibidores de proteases (inibidores de tripsina), as saponinas e o aminoácido metionina. A eficácia da soja na prevenção e no tratamento do câncer depende do tipo de câncer, do agente causal e da fase de desenvolvimento da doença. Além disso, é possível haver variações na eficácia da resposta, em função das características do paciente. Apesar das evidências dos benefícios da soja na prevenção e no controle do câncer, a comunidade científica ainda não conseguiu estabelecer claramente os mecanismos fisiológicos de atuação e ação preventiva dos compostos da soja. Os estudos a respeito dos efeitos protetores dos compostos presentes na soja em re-
As isoflavonas, compostos presentes na soja, são capazes de inibir e prevenir vários tipos de doenças lação ao câncer são relativamente recentes. Para se estabelecer o efeito de qualquer alimento na prevenção e no controle de doenças crônicas são necessários vários anos de pesquisa. Entretanto, já foram encontrados resultados significativos em experimentos com animais que ingeriram uma dieta com soja ou seus derivados. Em alguns estudos, a ingestão da soja, aliada ao tratamento médico, promoveu 100% de proteção contra o surgimento de tumores de mama em ratas submetidas a agentes carcinogênicos. Em doenças crônicas, a prevenção é o melhor tratamento. A ingestão diária da soja e seus derivados, auxilia nessa prevenção.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Nas pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Europa e Japão concluiu-se que as proteínas de origem vegetal são mais benéficas à saúde do que as de origem animal. Atuam diminuindo o colesterol sangüíneo total e o LDL-colesterol, popularmente conhecido como mau colesterol. A soja apresenta uma série de vantagens em relação às outras fontes de proteína vegetal. Possui elevado teor de proteínas (38% a 42%) de baixo custo e de excelente qualidade, como também as isoflavonas, que auxiliam na www.cultivar.inf.br
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... 17
Aenda - Defensivos Genéricos Em 1999, o ginecologista Kyung Koo Han e colaboradores realizaram estudos em 80 mulheres que apresentavam sintomas clínicos e laboratoriais de climatério. Essas pacientes foram subdivididas em dois grupos de 40 participantes cada, onde o primeiro recebeu doses diárias de 100 mg de isoflavonas e o segundo recebeu apenas placebo. Avaliações clínicas em 80% das mulheres do primeiro grupo mostraram melhoras nos sintomas indesejáveis da menopausa, enquanto que, no segundo grupo que recebeu o placebo, apenas 12,5% da mulheres apresentaram resultados positivos. Os níveis de colesterol sangüíneo também diminuíram em 35 pacientes do primeiro grupo, o que corresponde a 87,5%, enquanto no segundo grupo, essa diminuição foi de apenas 32,5%, com conseqüente aumento do HDL e redução do LDL.
Mercedes e José Marcos falam sobre os benefícios da soja à saúde humana
... redução do colesterol sangüíneo.
A ingestão diária de 25 g de proteína da soja reduz acentuadamente o colesterol total num período de, aproximadamente, três semanas. Essa ingestão diária de proteínas da soja pode reduzir em até 30% os níveis do chamado mau colesterol (LDL), ao mesmo tempo em que ocorre um estímulo para a produção do bom colesterol (HDL). A redução pode ocorrer pelo aumento da excreção de sais biliares pelas fezes, principal forma de eliminação do colesterol, ou pelo aumento no metabolismo do colesterol, para compensar o aumento na eliminação de sais biliares. Além disso, o consumo de soja diminui a relação insulina: glucagon, hormônios que estão envolvidos no metabolismo do colesterol. A Federação Mundial de Cardiologia confirma que o consumo diário de 25 gramas de proteína de soja faz bem ao coração, controlando os níveis de colesterol e, assim, prevenindo doenças crônicas. A soja também é fonte de ácidos graxos essenciais que, aliados às isoflavonas, atuam de maneira protetora sobre a camada interna que recobre as artérias, prevenindo a arteriosclerose e a trombose, que são processos de obstrução das artérias.
em bastante durante o ciclo menstrual, causando a tensão pré-menstrual . No climatério, essas taxas hormonais também são bastante reduzidas, surgindo problemas como ondas de calor, sudorese, pele seca, podendo até surgir a osteoporose. Como as isoflavonas são estruturalmente semelhantes ao estrógeno, ligam-se aos receptores estrogênicos das células evitando o surgimento dos sintomas indesejáveis da tensão pré-menstrual e do climatério. As isoflavonas, atuando como hormônios, apresentam a vantagem de não causar efeitos colaterais, como aqueles observados em pacientes usuários de hormônios sintéticos. Apesar da semelhança com o estrógeno sintético, a atividade das isoflavonas é cerca de 100 mil vezes mais fraca do que a atividade destes. Estudos realizados pela equipe da Disciplina de Ginecologia e Climatério da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, com o apoio da Embrapa Soja, revelaram efeitos benéficos das isoflavonas, presentes na soja, nas pacientes em fases de menopausa e pós-menopausa.
TPM E MENOPAUSA
A tensão pré-menstrual (TPM) e o climatério (menopausa), que ocorrem nas mulheres, são causados por alterações hormonais, principalmente no nível de estrógeno no sangue. As mulheres em fase de pré-menopausa e menopausa podem se beneficiar de uma dieta com ingestão diária de soja, por ser esta rica em isoflavonas. As isoflavonas são fitoestrógenos com estrutura química bastante semelhante à do estrógeno. Entretanto, apresentam baixíssima atividade hormonal em humanos. As taxas de estrógeno sangüíneo diminu18
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OSTEOPOROSE
A osteoporose é a diminuição da quantidade de massa óssea no corpo, enfraquecendo os ossos, possibilitando sua quebra. Anualmente, as mulheres perdem de 0,3% a 0,5% de massa óssea, e nos primeiros anos da menopausa, chegam a perder até 3% de massa óssea por ano. Os níveis de estrógeno no sangue diminuem acentuadamente após a menopausa, aumentando assim, o risco da mulher desenvolver a osteoporose. A administração de hormônios sintéticos ou das isoflavonas, presentes na soja, bem como de cálcio, ajudam na prevenção da osteoporose. Além da reposição hormonal, exercícios físicos, como correr, andar, nadar, e alongamento auxiliam na prevenção e cura dessa doença. A alimentação também é importante, assim sendo, a ingestão de alimentos ricos em cálcio, como as verduras, o leite e seus derivados, e a soja, auxiliam na prevenção da osteoporose. O conteúdo de cálcio na soja é superior aquele encontrado em outras sementes, apesar da presença de fitatos e oxalatos, que interferem na biodisponibilidade desse mineral. Uma porção de tofu ou queijo de soja, que produzido a partir do leite de soja coagulado com sais de cálcio (cloreto de cálcio e/ ou sulfato de cálcio) fornece a mesma quantidade de cálcio biodisponível do que àquela contida em um copo de leite de vaca. Pesquisadores da Universidade de Purdue - USA concluíram, que em experimentos com animais, as proteínas e as isoflavonas da soja alteram favoravelmente o metabolismo do cálcio para a formação da matriz óssea e, também, apresentam um efeito protetor contra as perdas de cálcio. Experimentos com humanos também estão sendo conduzidos. . José Marcos G. Mandarino e Mercedes C. Carrão Panizzi Embrapa Soja
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Maio de 2001
Guerra das patentes industriais A
legislação brasileira que trata de propriedade industrial, perfeitamente respaldada em acordos internacionais que regem a matéria, estabelece que somente o titular de uma patente, ou seu licenciado legítimo, poderá explorar comercialmente seu invento, ao longo de vinte anos, desde que inicie o processo produtivo coberto pela patente no prazo de três anos, contados a partir da data da concessão do privilégio, e desenvolva suas atividades empresariais de forma não abusiva, que venha a contrariar os interesses da sociedade, sob pena de ser levado a licenciar compulsoriamente seu título proprietário a terceiros, eventualmente interessados no assunto. A patente industrial se traduz em monopólio de mercado que pode ser explorado durante 20 anos, representando um negócio altamente lucrativo, como o atestam os balanços das companhias farmacêuticas internacionais, cuja rentabilidade é o dobro da média da indústria química. Ninguém pode ser contra o maior lucro industrial alcançado através de uma atividade lícita, mas a sua realização em ambiente monopolístico requer a adoção de cuidados especiais por parte do ente público, especialmente em área de tamanha expressão social, como é o caso de medicamentos. Nesse contexto se situam as salvaguardas da sociedade contra o uso abusivo da patente em mercado monopolizado pelo seu titular, especialmente quando ele é localizado no exterior e, assim, desprovido de maiores compromissos com o país cujo mercado local explora. A Convenção da União de Paris (CUP-
1883), que foi ratificada pelo acordo sobre propriedade intelectual no âmbito da Organização Mundial do Comércio (GATT/TRIPs1994), estabeleceu os princípios gerais dos direitos e obrigações relativos à propriedade industrial, os quais foram absorvidos na lei brasileira tratando dessa matéria, como o foram por outras legislações com o mesmo objetivo, inclusive a norte-americana. Dentre tais princípios gerais destacam-se as distintas formas de salvaguardas da sociedade contra o abuso do direito proprietário, em especial a licença compulsória da patente industrial para terceiros, eventualmente interessados em explorala. Assim, diversas leis vigentes nos Estados Unidos estabelecem diferentes formas de obrigações para quem recebe títulos proprietários resultantes de atividades de desenvolvimento tecnológico, bem como punições pesadas para aqueles que não seguem políticas específicas de interesse do país, inclusive determinando a obrigatoriedade da fabricação local de produtos patenteados, como se verifica no caso de processos cuja tecnologia foi subsidiada por recursos públicos (que representam a grande fonte do financiamento de pesquisas privadas naquele país). A conhecidíssima Lei Antitruste norte-americana, por outro lado, constitui o maior guarda-chuva legal destinado a abrigar conceitos visando a ampla proteção do mercado interno daquela grande nação do hemisfério norte. A título ilustrativo do alcance dessa salvaguarda pode ser lembrado o caso, excepcionalmente marcante, de sua aplicação contra a Mahle
GmbH e a Metal Leve, quando chegou ao ponto de expropriar os direitos proprietários em tecnologias, ultrapassando em muito o simples licenciamento compulsório, onde é mantida a propriedade e assegurada a remuneração de sua utilização por terceiros, ainda que de forma compulsória. Mas como disse o ministro Serra, parece que há duas teorias: uma que vale para o hemisfério norte e outra só para o hemisfério sul. Lá pode fazer, aqui não pode . Assim, os Estados Unidos abrem painel no âmbito da Organização Mundial do Comércio contra o Brasil porque este país se vale de um dispositivo que eles contestam na lei brasileira, mas que utilizam fartamente em seu próprio país em distintas leis nacionais. A despeito de apressados apoios expressos por mal preparados dirigentes de algumas instituições brasileiras (sempre pressurosos em se mostrar simpáticos ao gigante norte-americano), no sentido de que o contestado dispositivo da lei nacional é inconveniente ao País por contrariar o desejo dos Estados Unidos, estamos certos de que o governo brasileiro irá defender em todos os foros a manutenção de tal dispositivo legal, que foi estabelecido de forma soberana, na conformidade com acordos internacionais assumidos e que dizem respeito aos superiores interesses da sociedade brasileira. A indústria brasileira, legitimamente representada e diretamente envolvida nessa matéria, dará o respaldo técnico e o apoio que for requerido pelo governo federal nessa matéria.
Nossa capa Fotos Raquel Ghini
O
uso de fungicidas é um dos principais métodos de controle de doenças de plantas, sendo a única forma de controle para diversos problemas fitossanitários. A facilidade de aplicação e os resultados imediatos obtidos os tornaram amplamente difundidos em diversas culturas. Porém, o uso contínuo pode promover a seleção de fungos fitopatogênicos resistentes, não controlados pelo fungicida anteriormente eficaz, colocando em risco a eficiência do método. Assim, o surgimento de fungos fitopatogênicos resistentes a fungicidas é um sério problema que pode por em risco o controle dessas doenças de plantas. Os fungos causadores das doenças, como outros organismos vivos, podem desenvolver resistência aos produtos tóxicos visando à sobrevivência da espécie. A grande diversidade dos microrganismos e sua intensa capacidade de multiplicação fornecem uma ampla oportunidade para a seleção de linhagens resistentes surgidas espontaneamente. Assim, numa população de fitopatógenos, sensível a um determinado fungicida, células com menor sensibilidade ao produto surgem devido à mutação ou outro mecanismo de variabilidade dos seres vivos. A aplicação do fungicida seleciona as células resistentes, eliminando as sensíveis. Com aplicações sucessivas do mesmo ingrediente ativo, ocorre uma intensa pressão de seleção, fazendo com que as linhagens resistentes predominem na população até o momento em que o produto não tem mais efeito.
Fungos
resistentes
Fungicidas podem não estar mais fazendo o efeito desejado em sua lavoura
RESISTÊNCIA DE FUNGOS E PREJUÍZOS
Com a resistência, vários prejuízos podem ocorrer. As empresas fabricantes de fungicidas são diretamente prejudicadas. Além disso, avaliações de risco de resistência são realizadas durante o desenvolvimento de novos produtos, exigindo altos investimentos e restringindo o lançamento de fungicidas no mercado. O agricultor, aplicando um fungicida que não controla a doença da cultura, tende a intensificar as aplicações sem obter os resultados esperados, encarecendo a produção. Quando descobre a causa do problema, as perdas já ocorreram. O uso intensivo de produtos pode mascarar o problema, sendo que boa parte do que está sendo aplicado pode não estar contribuindo para o controle. Nessa situação, o consumidor recebe um produto com resíduos de pesticidas, além da possibilidade de maiores preços. Assim, a sociedade, de um modo geral, é prejudicada, visto que vários segmentos sofrem prejuízos e uma maior quantidade de fungicidas é aplicada, contaminando o ambiente. 20
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Vários casos de resistência ocorreram após o lançamento de fungicidas sistêmicos no mercado. Antes, com os produtos protetores ou convencionais, o problema não ocorria pois eles atuam em inúmeros pontos do metabolismo do fungo. Já os sistêmicos atuam em poucos passos do metabolismo, permitindo o desenvolvimento de linhagens resistentes. Os fungicidas do grupo dos benzimidazóis, por exemplo, foram introduzidos no mercado para o controle de doenças de plantas entre as décadas de 1960/70. Nessa época, suas características apresentavam grandes vantagens em relação aos demais produtos em uso, isto é, os protetores como os ditiocarbamatos e cúpricos, que dominavam o controle químico. Seu modo de ação específico permitia uma seletividade diferencial entre o patógeno e a planta hospedeira, garantindo o efeito sistêmico do produto, sem a ocorrência de fitotoxicidade. Tal efeito sistêmico permitia uma ação pós-infecção, o que não ocorria com os demais produtos. Mesmo em baixas dosagens apresentavam-se eficientes no controle de uma ampla gama de patógenos. Com essas vantagens, os benzimidazóis tornaram-se muito populares entre os agricultores, que freqüentemente os usavam como único método de controle. Porém, após alguns poucos anos de uso intensivo, diversos casos de resistência em campo foram relatados. O primeiro relato foi com oídio em pepino cultivado em estufa, após um ano de aplicação, nos Estados Unidos. A resistência de Botrytis cinerea em ciclame foi observada em estufas na Holanda, após dois anos de uso. A seguir, numerosos relatos
foram feitos em diversas culturas, marcando o início dos graves problemas com o surgimento de resistência na história dos fungicidas. História semelhante ocorreu com os fenilamidas. O primeiro caso de resistência a metalaxyl foi relatado em 1980, dois anos após seu lançamento no mercado, para o controle de Pseudoperonospora cubensis em pepinos cultivados em estufa em Israel. A resistência causou uma perda completa do controle da doença e graves prejuízos. Em meados de 1980, uma severa epidemia causada por linhagens de Phytophthora infestans causou grandes perdas em culturas de batata na Holanda e na Irlanda. As principais causas da resistência envolviam o uso exclusivo do fungicida para o controle da doença, as condições extremamente favoráveis para a ocorrência de epidemias e a utilização do produto como curativo. O metalaxyl foi então retirado do mercado pela empresa fabricante, nos dois países. Após algum tempo, o produto foi relançado em mistura com um protetor, sendo iniciada uma estratégia anti-resistência. Os triazóis foram introduzidos no mercado na década de 1970, quando estavam ocorrendo problemas com outros sistêmicos devido à resistência. Testes de avaliação de risco em laboratório demonstraram uma menor probabilidade de falha no controle, do que os demais produtos. Porém, o otimismo inicial foi reduzido devido a uma série de relatos de resistência para importantes doenças. O primeiro caso foi com Erysiphe graminis f. sp. hordei em cevada, dois anos após a introdução de triadimefon na Inglaterra, em
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Resistência de fungos a fungicidas pode encarecer a produção
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Fungos podem desenvolver resistência aos agroquímicos usando à sobrevivência da espécie
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1978. Também com pepinos cultivados em estufas houve um rápido desenvolvimento de resistência. Porém, os problemas de falha no controle não foram tão evidentes quanto nos casos anteriores. No Brasil, poucos trabalhos foram desenvolvidos quanto à resistência de fungos a fungicidas. A maior parte dos trabalhos está restrita a relatos de ocorrências de resistência.
Já foram relatados casos com diversos patógenos, como Alternaria dauci, Botrytis cinerea, B. squamosa, Cercosporidium personatum, Colletotrichum fragariae, Cylindrocladium scoparium, Drechslera teres, Fusarium subglutinans f.sp. ananas, Guinardia citricarpa, Glomerella cingulata, Monilinia fructicola, Mycosphaerella fragarie, Penicillium sp., Phytophthora infestans, Plasmopara viticola e Venturia inaequalis.
Controle químico adequado é fundamental para uma boa produção
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CONTROLE QUÍMICO ADEQUADO
A pressão de seleção exercida pela aplicação do fungicida é um dos principais fatores, pois pode ser manipulado na estratégia anti-resistência. Ela é diretamente proporcional às doses aplicadas, à freqüência de aplicação, ao grau de cobertura obtido, à persistência na cultura ou no solo, ao tamanho da área tratada. Dessa forma, a tomada de decisão de como vai ser feito o controle químico é um dos pontos fundamentais para evitar o surgimento da resistência. De modo geral, fungicidas pertencentes ao mesmo grupo químico apresentam resistência cruzada. Isto significa que linhagens resistentes a um fungicida também são resistentes aos demais produtos que possuem o mesmo modo de ação. Essa é uma importante informação que deve ser considerada na escolha dos fungicidas a serem aplicados. Tentativas isoladas por parte das empresas para desenvolver e implantar estratégias anti-resistência foram apenas parcialmente bem sucedidas. Dessa forma surgiu a idéia da criação de um comitê integrado pelas diversas companhias de fungicidas. Isto porque, sem a estreita colaboração entres as empresas, o problema não poderia ser solucionado. Assim, nasceu o FRAC (Fungicide Resistance Action Committee), que fornece inúmeras informações sobre a situação da resistência aos diversos grupos de fungicidas e métodos para evitar o problema. Os resultados dos monitoramentos são divulgados pela internet, relatando a ocorrência de resistência para diversos países da Europa, principalmente. No Brasil, foi criado o FRAC-Brasil (Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas) com os mesmos propósitos do FRAC, sendo composto pelas principais empresas de fungicidas do país. Trata-se de uma associação dedicada ao fomento à pesquisa e ao desenvolvimento de trabalhos com fungicidas na área de resistência. Além de representantes da indústria, pesquisadores de instituições públicas participam como consultores do FRAC-Brasil. Os diversos segmentos envolvidos no controle químico de doenças de plantas devem estar conscientes do problema, suas causas e soluções. A transferência de informações e o esforço conjunto poderão evitar as sérias conseqüências advindas da resistência. Por esse motivo, o treinamento por meio de cursos, palestras e publicações a respeito do assunto é fundamental, tanto para engenheiros agrônomos, vendedores ou profissionais ligados à assistên. cia técnica, como para agricultores. Raquel Ghini, Embrapa Meio Ambiente
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Café
MOMENTO DE APLICAR
Aqui cabe um parêntese. O Ethrel só tem efeito na maturação quando aplicado diretamente sobre o fruto. Aquela fração que alcança as folhas e outras partes da planta não atua sobre o fruto. Portanto, quanto mais enfolhado o cafeeiro mais difícil a aplicação, a qual requer grande turbulência e grande quantidade de calda. A concentração de Ethrel mais aconselhada encontra-se entre 800 e 1400 ppm. Outra pesquisa que merece destaque é a de Clowes ( 6 ), no Zimbábue, e os seus resultados são muito semelhantes aos de Browning e Cannell ( 2 ), no Quênia. Clowes testou Ethrel a 830 e 1660 ppm e observou que ambas as doses foram efetivas em acelerar a maturação, sem perda de produtividade e qualidade, desde que aplicadas 30 semanas após a floração , ou seja, quando os frutos já haviam completado a granação e estavam no processo inicial de amadurecimento. O estádio ideal de aplicação do Ethrel é quando o endosperma está cinzaescuro e duro, indicando que o fruto está completamente desenvolvido (6). Aplicações anteriores resultam em maturação desuniforme e prematura, com intensa queda e chochamento de frutos e redução de produtividade e qualidade. Aplicações precoces de Ethrel no outono, quando havia ainda intensa vegetação, promoveram a queda de folhas e seca-deponteiros, eventos que se reduziram com aplicações mais tardias. Deve-se, no entanto, evitar aplicações de Ethrel após as gemas floríferas terem alcançado 4mm ou mais. Clowes ( 6 ) ainda afirma que a adição de uréia às caldas de Ethrel não aumentou a eficiência do produto. As pesquisas com Ethrel produziram logo duas informações importantes: sua aplicação só seria vantajosa se realizada no momento certo do desenvolvimento do fruto e na dosagem correta . Qualquer pequeno desvio dessas condições pode ser desastroso para o cafeeiro e o cafeicultor. Provavelmente, devido aos riscos dessa técnica, as pesquisas com Ethrel sofreram um arrefecimento nas décadas de 80 e 90. Mas, a demanda pelos cafeicultores foi sempre crescente, principalmente devido ao sur-
O Ethrel, quando aplicado no momento certo, proporciona ao fruto a maturação desejada
A
colheita é a operação mais onerosa na cadeia produtiva do café. O problema é mais grave em algumas cultivares e sob certas condições de implantação da lavoura (e.g. adensamento), de manejo (e.g. irrigação, fertirrigação) e de clima (e.g. elevadas altitudes e precipitações pluviais), quando podem ocorrer três ou mais grandes floradas. Por conseguinte, a maturação dos frutos fica muito desuniforme. Não só a colheita é prejudicada como diminui o rendimento no descascamento do café. Assim, há perda de produtividade e qualidade, caso a colheita seja feita numa única etapa. A maneira mais indicada de resolver esse problema é o desenvolvimento de cultivares com floração mais uniforme e conseqüentemente, de maturação mais concentrada de frutos. Pesquisas nesse sentido estão sendo desenvolvidas no Brasil com resultados bastante promissores, tanto pelo melhoramento genético clássico como pela biotecnologia, mas levará algum tempo até que se tenha uma solução definitiva, por essa via. Uma alternativa seria a colheita seletiva dos frutos maduros (cerejas), mas é pouco provável que ela venha a ser amplamente adotada no Brasil, especialmente nas grandes plantações, devido à mão-de obra escassa e custo alto. Portanto, a colheita por derriças mecânica ou manual, onde a planta é colhida uma única vez, apanhando-se frutos de todos os estádios de maturação, deve continuar predominante. Outra alternativa, mas não a mais adequada, por ser paleativa, consiste no uso de alguma substância reguladora da maturação dos frutos. Há quase 100 anos sabe-se que o etileno é o hormônio da maturação de frutos , além de induzir várias outras reações fisiológicas nas plantas. No entanto, o seu uso na agricultura era muito limitado por ser um gás. Esse problema foi solucionado, em 1967, quando a Amchem lançou no mercado o CEPA (ácido 2-cloro-etil-fosfônico), também conhecido como Ethrel ou Etephon. Essa 24
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substância é precursora de etileno, estável em meio ácido. Quando absorvida pela planta, ela se decompõe dentro da célula, liberando etileno já próximo do seu sítio de ação, potencializando a resposta fisiológica.
MATURAÇÃO DOS FRUTOS
Sabe-se, há mais de 30 anos, que o Ethrel promove a maturação dos frutos de café (2,3,11). Os trabalhos realizados sobre o assunto, na década de 70, foram revistos (1,7,9,12). Naquela década, cerca de duas dezenas de pesquisas foram publicadas sobre o efeito do Ethrel na maturação dos frutos de café, tanto Arábica como Canéfora, principalmente na África, Índia, Porto Rico e Brasil. Os trabalhos brasileiros apareceram a partir de 1972. Mônaco e Söndahl (10) relatam que em cafeeiros Arábica a pleno sol, em Campinas, o Ethrel produziu efeito benéfico na maturação, quando aplicado 2 a 3 semanas antes da primeira colheita principal. Quando aplicado antes desse período, causou grande queda de frutos jovens e induziu a maturação de frutos ainda não completamente granados, pois o etileno é um hormônio da maturação do pericarpo (fruto), mas não da semente ou grão. Foi também avaliada a maturação induzida pelo etileno na qualidade da bebida do café Arábica ( 13 ). Com este objetivo, 0, 500, 1000 e 2000 ppm de Ethrel foram aplicados em abril e maio de 1972, em Campinas. A qualidade da bebida obtida de frutos maduros, colhidos 15 dias após a aplicação de abril, foi dura , devido à grande porcentagem de sementes imaturas, ainda que o fruto externamente estivesse maduro. A qualidade da bebida após a aplicação de maio foi mole . A conclusão, idêntica à maioria das pesquisas realizadas no mundo, é que o Ethrel pode ser usado para uniformizar a maturação do fruto de café, sem prejudicar a qualidade da bebida, www.cultivar.inf.br
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gimento das grandes empresas do agronegócio-café e da colheita mecânica.
BENEFÍCIOS DA APLICAÇÃO
Só recentemente, nova tentativa do uso do Ethrel na cafeicultura foi realizada no Brasil ( 4,5 ), ensejando uniformizar e antecipar a maturação e facilitar a remoção dos frutos dos ramos, já que o etileno favorece também a abscisão dos mesmos. Nessa pesquisa, realizada em Patrocínio, MG, a aplicação do Ethrel foi feita quando cerca de 30% dos frutos estavam no estádio de cereja. A concentração do Ethrel foi de 1300ppm e aplicaram-se, em media, 250ml da calda por planta, obedecendo ao critério de molhar bem, sem escorrer. De acordo com a pesquisa ( 4,5 ) o Ethrel: Uniformizou e antecipou a colheita de 15 dias no Acaiá Cerrado MG 1474 e 30 dias no Catuaí Vermelho IAC-15 ´. Causou desfolha de 3% a 8%, por ocasião da colheita, dependendo da cultivar. Não interferiu na qualidade da bebida e na classificação do café.
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Enfim, com todos esses resultados favoráveis ao uso do Ethrel no amadurecimento do fruto de café, por que, então, esta não é
to a dezembro. Numa dada situação, de abril a julho, quando se iniciar a maturação dos frutos da primeira florada, momento que seria propício o início da aplicação do Ethrel para estes frutos, podem ser encontrados, no mesmo cafeeiro , diferentes proporções de frutos verdes granados, verdes aquosos e até chumbinhos . É possível indicar o Ethrel para concentrar a maturação e a colheita numa situação destas? Claro que não! É bem verdade que se encontram muitas lavouras, que num dado ano, floriu duas ou três vezes entre setembro e outubro. Tudo bem; esta é outra situação. Há uma alternativa ao uso de Ethrel, que consiste na aplicação do inibidor da biossíntese de etileno nos frutos, denominado AVG (amino-etoxivinilglicina), que pode uniformizar a maturação e a colheita e reduzir a queda de parte dos frutos provenientes das primeiras floradas ( 8 ). Neste caso, a maturação desses frutos precoces seria retardada, forçando-os a esperar o término do desenvolvimento dos frutos das floradas mais tardias. É o revés do que se discutiu com respeito ao Ethrel . Mas, esta pesquisa ainda se encontra na sua infância e deve aguardar novas informações. O futuro ainda promete, no entanto, mesmo que seja a longo prazo, soluções mais revo-
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Maturação uniforme
desde que aplicado quando os frutos estiverem completamente desenvolvidos, ou seja, com o endosperma maduro.
Frutos com maturação mais concentrada diminuem custos na hora da colheita
uma prática corriqueira na cafeicultura? Simplesmente porque pesquisador ou técnico de bom-senso teria receio de indicá-la. Somente aqueles devidamente preparados poderiam, dentro de uma lavoura específica, decidir sobre o seu uso, já que ele depende fortemente do número de floradas. Estas, por sua vez, dependem da cultivar, da idade, do clima ( e.g. altitude, radiação, temperatura, umidade ), do espaçamento, do manejo ( e.g. irrigação, fertirrigação, níveis de nitrogênio ), da carga de frutos, do enfolhamento, do ataque de certas doenças ( e.g. ferrugem, cercosporiose etc ) . Portanto, não dá para generalizar. Nas diversas regiões produtoras do Brasil, pode-se ter de uma a cinco floradas, dependendo das condições anteriormente mencionadas, compreendidas no Sul-Sudeste de agoswww.cultivar.inf.br
lucionárias e duradouras para a maturação do fruto de café, advindas da biotecnologia. Mediante técnicas de biologia molecular, tem-se buscado a transformação genética de cafeeiros com o gene heterólogo anti-senso da enzima oxidase do ACC e a seleção de cultivares transgênicas que apresentam reduzida produção de etileno e, conseqüentemente, reduzida maturação dos frutos ainda na planta ( Dr. Vieira, IAPAR, comunicação pessoal) É uma alternativa biotecnológica ao uso do AVG. Isto facilitaria a colheita e melhoraria a qualidade da bebida. Mas, esta pesquisa ainda vai demandar alguns anos, até que se obtenham resultados . práticos. Alemar Braga Rena, Consultor da Embrapa Café Cultivar
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Simplesmente imperdível
III Congresso Brasileiro de Algodão Congresso será composto por diversas sessões explanatórias e atividades culturais (UFMS), Presidente do III Congresso Brasileiro de Algodão, é de que participem cerca de mil pessoas, número elevado para um congresso com forte enfoque em apenas uma cultura. Todo esse otimismo dá-se em função da programação do evento, adequada às constantes transformações dos dias atuais. No encontro serão discutidos temas como os sistemas conservacionistas de produção de algodão, a contribuição da genética e do melhoramento para o aumento da qualidade da fibra, demandas atuais e futuras, economia e manejo de custos de produção, pragas e doenças, plantas daninhas, biotecnologia, internet, dentre outros. O III Congresso Brasileiro de Algodão será um desfile de novas tecnologias: máquinas, variedades, pesticidas mais seguros e eficientes, além da revolução que a engenharia genética trouxe à agricultura.
TRABALHOS
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m um mercado globalizado, onde a competição torna-se cada vez mais acirrada, o desenvolvimento de novas tecnologias e a troca de experiências pode acabar sendo o diferencial necessário. Dentro dessa lógica é que acontecerá o III Congresso Brasileiro de Algodão, em Campo Grande (MS), de 27 a 31 de agosto. O evento será uma promoção conjunta da Universidade Federal de Mato Grosso, Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Algodão. Em Ribeirão Preto, sede do Congresso passado, estiveram cerca de 700 participantes. Contudo, neste ano a expectativa do Prof. Paulo Degrande 26
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haverá eventos paralelos como o Workshop IRAC-BR: Manejo de resistência de artrópodes a pesticidas , Fórum nacional de controle legislativo de pragas e doenças do algodoeiro , Seminário nacional sobre experimentação em rede: cultivares e a Reunião de coordenação algodoeira do Cone Sul . Todos esses eventos serão realizados no dia 27 de agosto. Além desses, ao longo da semana estarão ocorrendo os Encontros de Agricultura familiar , Associativismo de produtores e Financiamento de pesquisas . No momento da inscrição, o congressista poderá optar por se inscrever em um dos mini-cursos que serão oferecidos, porém com vagas limitadas aos que primeiro se inscreverem. As inscrições podem ser feitas pela internet através do site www.pjeventos.com.br/algodao ou pelo correio. Mais informações podem ser obtidas junto à PJ Eventos pelo te. lefone: (41) 372 1177. PR
Os pesquisadores poderão enviar seus resumos até o dia 30 de junho. Estes serão publicados nos Anais sob a forma de Resumos Expandidos, elaborados de acordo com as normas oficiais e apresentados em forma de Pôsteres. Os trabalhos devem ser enviados na forma ampliada (título, autores, introdução, material e métodos, resultados e discussão, conclusões e bibliografia). Ao encaminhá-los, os autores devem anexar a ficha de inscrição do trabalho e no Congresso, e comPaulo Degrande, presidente do III Congresso, estima que o evento provante de pagamento da tenha cerca de mil participantes taxa de inscrição. Durante o Congresso www.cultivar.inf.br
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combate às pragas na agricultura tem sido realizado principalmente através do uso de agroquímicos, ocasionando poluição ambiental, intoxicações e desequilíbrio ecológico, além de altos custos de produção e dependência de insumos externos à propriedade e ao País. Em todo o mundo, mudanças socioculturais e econômicas têm condicionado novas tendências no mercado agrícola e a produção orgânica de alimentos atende a uma das tendências atuais do mercado consumidor, que busca alimentos naturais nutritivos e sem substâncias tóxicas. Além disso, melhores preços podem ser obtidos com o produto. Os maiores mercados consumidores são os Estados Unidos e a Europa, porém no Brasil existe um aumento crescente na procura desses produtos. No Estado do Paraná, há mais de 800 produtores em agricultura orgânica certificada que exportam soja, açúcar, feijão, frutas. O café orgânico tem sido produzido principalmente em Minas Gerais e também em São Paulo e exportado para o Japão a preço 30% superior à média do mercado interno, que já está sendo comercializado com marca específica. Mais recentemente, produtores de todo o País, grandes e pequenos agricultores, estão estabelecendo áreas cada vez maiores de agricultura orgânica.
VANTAGENS DO NIM
O nim é um produto natural com inúmeras vantagens em relação aos produtos inseticidas sintéticos. É biodegradável e possui toxicidade muito baixa ao homem e aos vertebrados. Isso evita as intoxicações dos alimentos e principalmente as intoxicações no campo, que têm causado morte e graves seqüelas em trabalhadores rurais de todo o Brasil. Pode ser usado em todos os cultivos orgânicos, sendo aprovado pelas agências certificadoras de agricultura orgânica em todo o mundo. Além disso, tem baixo custo e, pela sua simplicidade de preparo, pode ser preparado na propriedade, pelo agricultor usuário. Os principais compostos do nim são solúveis em água e os extratos podem ser preparados pela trituração de partes da planta, maceração por algumas horas e filtragem. Essa simplicidade no preparo e o baixo custo permitem a maior independência econômica não apenas da propriedade, mas também do país, em relação às multinacionais de inseticidas, reduzindo as importações de insumos. Os extratos de nim são compostos com diversas substâncias químicas com propriedades semelhantes, dificultando aos insetos tornarem-se resistentes. Além disso, é cerca de duzentas vezes mais eficiente por ingestão do que por contato, causando um efeito Maio de 2001
Fotos IAPAR
Nim
Eventos
Inseticida natural
Com pouca toxicidade, simples preparo e baixo custo, o nim constitui-se como uma alternativa ecológica e viável ao uso de agroquímicos
Frutos maduros de nim
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muito menor aos inimigos naturais do que às pragas que controla. A essa vantagem biológica, soma-se a velocidade de sua eliminação do corpo dos insetos-pragas (embora já tenha causado o dano)em cerca de 24h, reduzindo a contaminação dos predadores. Essas características permitem que seja utilizado em programas de Manejo Integrado de Pragas. O nim é uma árvore pertencente à família Meliaceae, como a santa-bárbara ou cinamomo, o cedro e o mogno. É originário do Sudeste da Ásia e é cultivado em todos os países da África, na Austrália e América Latina. Conhecido na Índia desde os tempos antes de Cristo, é usado como planta medicinal e é colocado em sabões medicinais, cremes e pastas dentais. A árvore é usada também para sombra e possui madeira de qualidade para a produção de móveis.
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Mercado Agrícola - Brandalizze Consulting Seu uso como inseticida se tornou bem conhecido nos últimos 30 anos, quando seu principal composto, a azadiractina, foi isolado. Os inseticidas naturais de nim são biodegradáveis, portanto não deixam resíduos tóxicos nem contaminam o ambiente. Possuem ação repelente, anti-alimentar, reguladora de crescimento e inseticida, além de acaricida, fungicida e nematicida. Por sua natureza, os extratos de nim são mundialmente aprovados para uso em cultivos orgânicos. A planta possui mais de 50 compostos terpenóides, a maioria com ação sobre os insetos. Todas as partes da planta possuem esses compostos tóxicos, porém é no fruto que se encontra a maior concentração. Outras espécies de meliáceas têm propriedades semelhantes. Entretanto, seus extratos são mais tóxicos aos vertebrados e são menos eficazes contra os insetos. Os extratos de nim são praticamente inócuos aos vertebrados e ao homem.
Fotos IAPAR
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ma subtropical, as plantas se desenvolvem mais lentamente do que nos países de origem, iniciando a produção de frutos após cerca de seis anos, atingindo a produção máxima de 3 a 4 kg de semente seca/planta após 10 anos do plantio. Nos anos noventa, principalmente nos últimos cinco anos, as propriedades da planta se tornaram mais conhecidas no País, dando-se início ao plantio de áreas comerciais em São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Pará e outros. Esses estados apresentam clima favorável ao seu cultivo, esperando-se portanto produções próximas ao obtido nos países de origem. O IAPAR está trabalhando para conseguir plantas mais adaptadas às condições subtropicais. Em 1998, foi realizada a enxertia de nim sobre o cinamomo, Melia azedarach, que tem excelente desenvolvimento e alta produção de frutos no Sul do Brasil. O pegamento do enxerto foi muito bom e há hoje 150 plantas enxertadas em duas estações experimentais do IAPAR para avaliação.
MODO DE AÇÃO
Prensa utilizada para extração de óleo das sementes de nim; cuja aplicação é de larga escala
CONDIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO
Originária de clima tropical, a planta se desenvolve bem em temperaturas acima de 20oC, em solos bem drenados, não ácidos e altitudes abaixo de 700 m. Nessas condições, pode iniciar a produção de frutos em cerca de dois anos, podendo atingir 10 kg de semente seca/planta, sendo que cada quilograma de sementes secas contém aproximadamente 3 mil sementes. No Brasil, as primeiras introduções realizadas para pesquisa do nim como inseticida foram realizadas pelo Instituto Agronômico do Paraná, em Londrina, PR, em 1986 com sementes originárias das Filipinas. Em continuidade ao projeto, em 1989 e 1990, material oriundo da Índia, Nicarágua e República Dominicana foi plantado em Londrina, Paranavaí PR (região mais quente e arenosa), Jaboticabal SP e Brasília DF, para avaliação de desenvolvimento. No Norte do Paraná, com cli28
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A ação dos extratos de nim sobre insetos é bastante variável de espécie para espécie. Há registro de ação sobre mais de 300 espécies. Entretanto, a maior parte das investigações foram feitas em laboratório, sendo necessários mais estudos para poder se determinar com maior segurança quais as pragas pode controlar, as doses, freqüência de aplicação, etc. De modo geral a azadiractina afeta o desenvolvimento dos insetos de diferentes modos. Pela sua semelhança com o hormônio da ecdise (processo que possibilita ao inseto trocar o esqueleto externo e, assim poder crescer), perturba essa transformação e, em altas concentrações pode impedí-la, causando a morte do inseto. Por essa razão, as formas jovens de insetos são mais fáceis de controlar. Não causa a morte do inseto imediatamente, dado o seu efeito fisiológico, porém, além de afetar a ecdise, reduz o consumo de alimento, retarda o desenvolvimento, repele os adultos e reduz a deposição de ovos nas áreas tratadas. Também tem maior ação por ingestão, de modo que os insetos mastigadores são mais facilmente afetados. As espécies mais facilmente controladas são as lagartas, pulgões, cigarrinhas, besouros mastigadores. Resultados de pesquisa do IAPAR mostraram efeitos letais na lagarta-dowww.cultivar.inf.br
Safra bate recorde
Produtos preparados com extrato de nim: óleo emulsionável, pomada, creme dental, sabonetes, repelentes e etc.
No mês passado, a CONAB divulgou seu novo levantamento sobre a safra Brasileira, onde apontou números de 94,3 milhões de T, muito acima das 83 milhões da safra passada. Com esse avanço houve problemas no transporte e na armazenagem. Como estamos com recorde histórico de safra os armazéns estão cheios e para entrar produto novo tem que se colocar grandes quantidades na exportação, como está ocorrendo com a soja e o milho. Os produtos que mais se destacaram nesta safra foram o milho e a soja, que juntos devem resultar em mais de 74 milhões de T. Os produtores vêm reclamando que ainda faltam políticas adequadas para a comercialização, porque tudo é feito na última hora, portanto, não há uma programação antecipada. Como exemplo, EGFs e quando começarão a ser liberados, opções e volumes, ficando tudo a gosto do próprio governo que deixa o produto sempre na mão. O apoio só tem aparecido quando há pressão do setor e não deveria ser assim. Como estamos na área mais competitiva que temos de nossa economia, as políticas de financiamento e comercialização deveriam estar previamente estabelecidas para que todos pudessem se programar. Necessitamos de um programa de comercialização de longo prazo, onde todos saibam como será lá em frente, beneficiando produtores e indústrias.
MILHO cartucho do milho, curuquerê do algodoeiro, bicho-mineiro do café, ácaro rajado, branco, da leprose e da falsa ferrugem. O nim também reduziu o número de ovos e a germinação em bicho-mineiro e mosca branca. Em testes com duas espécies de joaninha, inimigo natural de pulgões, extratos de nim não causaram morte dos adultos e sua ação sobre as larvas foi baixa, não reduzindo sua voracidade, comprovando o seu potencial para uso em associação com inimigos naturais contra as pragas. O uso de folhas misturadas ao alimento do gado ou a aplicação de extratos das folhas ou sementes no dorso dos animais tem sido indicado para controle de carrapato e mosca do chifre. Nos países onde é industrializado também se utiliza a pomada, feita com os resíduos da extração do óleo, no controle de sarna em animais e outras infecções da pele. Os extratos podem ser preparados com a simples trituração das sementes ou frutos frescos em água, deixando-se a mistura descansar por 12 horas e filtrando-se o líquido e pulverizando-se sobre as áreas infestadas. Podese, também, extrair óleo inseticida com a moagem das sementes. A torta restante é muito rica em azadiractina, tem efeito nematicida e serve como adubo. Extratos podem também ser produzidos com as folhas, embora a azadiractina aí ocorra em menor concentração. As folhas podem ser trituradas frescas em água. Deixa descansar a suspensão por 12 horas e, após a filtragem, pulveriza-se o filtrado. Ainda não há informações detalhadas sobre doses para cada espécie de inseto. Entretanto, na Republica Dominicana, as seguintes doses têm apresentado eficácia no controle principalmente de pragas de hortaliças: óleo emulsionável: 0,5 ml/litro, sementes secas: 30 . a 40 g /litro e folhas: 40 g / litro. Sueli Souza Martinez, IAPAR Maio de 2001
Safra de verão chegando ao final da colheita
Os produtores entram em maio com a colheita do milho em sua fase final, já que cerca de 80% das lavouras foram colhidas. Os indicativos de preços praticados têm mostrado pequenos avanços, mas os ganhos não têm sido significativos e se mostram muito abaixo dos patamares do ano passado onde se conseguiu uma das melhores médias de preços de milho de todos os tempos. Os patamares praticados nas principais regiões do país variam dos R$ 7,50 aos R$ 8,00 aos produtores. Com casos isolados acima. Mas podendo mostrar algum ganho agora em maio. A safra de 34,6 milhões de T estimada pelo governo para esta safra de verão está dentro das expectativas do mercado. Porém as previsões de manter a safrinha com os mesmos números do ano passado não estão dentro da realidade, já que tivemos uma redução de cerca de 800 mil hectares na área plantada, passando de 2,6 para 1,8 milhão de hectares e junto estamos vendo grande parte das áreas passando por estiagem. Desta forma, talvez tenhamos números finais da safra baixo das 38,5 milhões apontadas pela CONAB.
SOJA
Chicago andou do lado de baixo em abril Os indicativos da soja no mercado internacional no mês de abril andaram do lado de baixo, com queda que se aproximou dos US$ 0,40 por bushel em Chicago, que serviram de reflexos para as posições nos países exportadores. Com a colheita do Brasil transcorreu em ritmo normal e não houve perdas, e principalmente porque houve recorde de produtividade e a safra superou a marcas das 35 milhões de T. O mercado de Chicago trabalhou para baixo, porque também veio com indicativos de grande safra na Argentina, onde se aponta colher 26 milhões de T. Com a colheita devendo andar forte neste mês. A demanda mundial foi pouco comentada no último mês, e com isso as cotações não tiveram grande avanço. O ponto principal é que estávamos em colheita e normalmente isso faz crescer as ofertas e dificulta os avanços das cotações. Agora entramos no plantio americano e poderemos ver algumas alterações nos indicativos. É bom estar atento ao clima nos EUA. Maio de 2001
ARROZ
Pequena reação positiva e opções
O mercado do arroz teve em abril pressão de alta dos produtores, que conseguiram colocar entre R$ 0,50 e R$ 0,70 sobre os patamares praticados em março. Com isso muitos produtores seguraram o arroz esperando por novos ajustes. Para auxiliar o setor, o governo entrou com as Opções futuras de compra, com indicativos de que não será necessário o produtor exercer a mesma, já que há uma parceria com a indústria que se compromete a arrematar os contratos e ficar com o arroz antes do vencimento dos mesmos. Desta forma o setor vem forçando para conseguir fazer as cotações avançarem para a casa dos R$ 14,00 por saca na base do Irrigado 50 kg. Com os produtores esperando chegar a R$ 16,00 no segundo semestre.
FEIJÃO
Colheita escalonada e cotações firmes
Os produtores de feijão que investiram na segunda safra estão muito satisfeitos com os resultados, já que as cotações praticadas foram muito boas e continua sinalizando para manter os indicativos em alta. Com posições de R$ 55,00 aos R$ 70,00 pela saca do Carioca que foi colhido em abril. A grande vantagem do produtor neste ano é que a colheita desta safra estará sendo alongada, até o começo de junho, desta forma a pressão de venda não será concentrada. Outro ponto importante é que muitas áreas foram atingidas por estiagem e assim a produtividade será baixa nestas regiões. Diminuindo a pressão da oferta. O mercado continua sendo o melhor dos últimos 3 anos. Prometendo ser melhor para os produtores que plantarem a terceira safra, que vem do irrigado de Pivô Central.
CURTAS E BOAS TRIGO - com as dificuldades para a importação, a cultura vem projetando ser uma grande alternativa para os produtores neste ano. As cotações continuam em alta, e projetam dos R$ 240/280, podendo chegar aos R$ 300 por T. SAFRINHA - a seca prejudicou as lavouras em abril e se não chover agora em maio, haverá grandes perdas. PORTO - o Porto de Paranaguá teve um recorde histórico em abril, conseguiu ter 120 km de fila de caminhões para descarregar. Essa batendo recorde de embarque de soja e milho. ALGODÃO - está no momento da colheita e também deveremos ver
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pressão de oferta. Os produtores apontam que a maior parte das necessidades de vendas de curto prazo já foi fechada antecipadamente e assim não há riscos. DÓLAR - os produtores de soja vêm sendo beneficiados pelas altas cotações do dólar, que em abril bateu alguns recordes de alta. A crise na Argentina tem deixado a moeda firme por aqui. Com isso as cotações da soja que caíram em Chicago se mantiveram estabilizadas em Reais. MILHO - as exportações continuam em grande fase, e já se comenta que venha superar a marca das 2 milhões de T. Podendo comprometer o abastecimento no final do ano.
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Engenharia Agrícola O senhor acha que a questão dos subsídios é uma tendência de longo prazo? FK: Imagino que eles tenham, especialmente na Europa. Essa política faz parte da história da agricultura nesses países, onde os agricultores sempre dependeram muito do apoio governamental para se manterem em seus negócios. Como este segmento tem uma importância muito grande na economia da comunidade européia, acho que politicamente os governos, mesmo aqueles que tenham alguma intenção ou desejo de mudar esta política de subsídios, não vão conseguir fazer isto num curto espaço de tempo. Que lugar o Brasil ocuparia neste momento entre todas as unidades, em termos de prioridade de investimento? FK: Basicamente existem vários mercados que são prioridade dentro da JD. Em função do crescimento que vem por aí, eu colocaria o Brasil alinhado com o mercado norte-americano e os principais mercados europeus.
Força total no Brasil A John Deere anunciou grandes investimentos no Brasil. Além de adquirir o controle total da fábrica que tinha em parceria com a SLC, a empresa está considerando o Brasil como uma locomotiva da agricultura mundial. Ferdinand Korndorf, presidente da divisão agrícola mundial da John Deere, explica os planos da empresa, em entrevista concedida a Arno Dallmeyer, da revista Cultivar MÁQUINAS, que o visitou nos Estados Unidos 30
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Quais as suas impressões sobre o Brasil? Ferdinand Korndorf - Estive no Brasil ano passado. Visitei, no Centro-Oeste, produtores de algodão e soja, no Sudeste com produtores de Citrus e Café e o pessoal do plantio direto na região Sul (Paraná). Estamos vendo o Brasil como uma locomotiva, uma casa-de-força da agricultura mundial, com uma eficiência crescente e uma competitividade jamais alcançada em outros locais agrícolas que eu tenha visitado. Como conduzir a agricultura brasileira à liderança mundial? FK: Um dos fatores que reconheço como diferencial no Brasil é que o agricultor conseguiu sobreviver em um mercado que não tem nenhum tipo de subsídio ou apoio governamental. Pessoas que aprenderam a sobreviver num ambiente desses são fadadas ao sucesso. Já houve um processo de seleção, alguns saíram da atividade, mas os que permanecem são realmente os melhores, os mais rápidos e consewww.cultivar.inf.br
guem produzir com grande competitividade e a baixo custo.
Como a taxa de câmbio pode influenciar a geografia de novos investimentos no mundo? FK: São sinais temporários e sempre deve-se analisar os investimentos em horizontes de longo prazo. Mas realmente algo deve ser feito, senão fica cada dia mais competitivo produzir em outros locais, e não em locais de custos de produção altos como nos Estados Unidos. Há algum produto, uma commodity importante que possa crescer em produção? FK: A grande perspectiva é o aumento da área plantada de soja, por duas razões: pelo grande suporte que o governo americano está dando a esta cultura, eles precisam aumentar sua produção. Segundo, muita gente vai deixar de plantar milho porque o preço do fertilizante está aumentando muito, devido ao alto preço do petróleo. Especialmente os fertilizantes nitrogenados, com peso muito grande no custo de produção. JD considera a possibilidade de incentivos fiscais na localização de seus novos investimentos? FK: Eles são basicamente independentes desse tipo de incentivo. Eventualmente isto pode ajudar em uma pequena decisão, mas não será fundamental nas decisões a tomar. Os fatores decisórios principais são os indicadores macroeconômicos, a economia agrícola, nossa confiança na economia, as perspectivas da economia, a
Segundo Korndorf, investir no mercado brasileiro é uma das prioridades da John Deere
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estabilidade fiscal e monetária, a estabilidade social, a demanda por nossos equipamentos. Os investimentos não fazem sentido se não tiverem resultados econômicos.
alto desempenho, baixo consumo de combustível, baixo consumo de óleo, e necessariamente baixas emissões. Esta é uma coisa básica, incorporada em qualquer projeto de motor John Deere.
Como a JD encara a questão ambiental mundial? FK: Nós temos um relatório anual específico a respeito do tema, parte do planejamento estratégico da empresa, que é trabalhar o desenvolvimento tecnológico em harmonia com a proteção ambiental. Nossa empresa tem um comprometimento histórico com a proteção do meio-ambiente. Eu gostaria de citar alguns exemplos. Veja o caso do buraco da camada de ozônio, antes de qualquer lei nacional, antes de qualquer manifestação de ambientalistas em nossa porta, nós já havíamos abandonado os gases fluorcarbonados (CFCs) nos sistemas de condicionamento de ar nas cabines dos tratores e colhedoras. Há alguns anos, muito antes de qualquer fabricante de motores nos Estados Unidos se preocupar com redução de emissões, a JD já tinha um sistema que gerenciava e controlava as emissões com muita eficiência. Nos motores de dois tempos nós atingimos uma redução de 75% no nível de reduções. Não existe nenhuma legislação reguladora que especifique a redução de emissões em motores de dois tempos, no entanto nós oferecemos à agencia governamental (EPA) a informação de que isto é possível. Eles ficaram surpresos, pois estão muito mais acostumados ao contrário, ou seja, a empresas que vão pedir para não baixar os níveis de emissões. Seguimos uma política de que onde construímos uma fábrica, onde nós produzimos, observamos as mais restritas determinações com relação a fábricas limpas. Seja onde for, seguimos às mais recentes tecnologias disponíveis, tornando a poluição e as emissões ao mínimo possível. Não existe diferenciação de tratamento em relação à localização da fábrica.
Em termos de financiamento, qual a diferença de taxas (juros) praticada aqui (USA) e no Brasil? Se existir diferença, por quê? FK: Diferentes nações têm diferentes taxas. No caso do Brasil existem duas taxas, uma de mercado e outra do Finame. No caso do Finame o Banco John Deere é um repassador de recursos, mas ele assume os riscos do financiamento. As taxas são idênticas para todos os bancos. No mercado local (USA) não existem taxas fixas, são muito regionais e sazonais.
Existe um departamento específico que trata do assunto ambiental? FK: Temos muitas divisões, muitos departamentos operando separadamente. Um dos poucos que trabalha indissociável é o grupo de ambiente e segurança, localizado junto ao escritório central. Ele se reúne periodicamente e define as prioridades com relação a investimentos em segurança e poluição de modo geral (meioambiente). Uma das diretrizes principais do desenvolvimento de motores é o de ter www.cultivar.inf.br
Alguns grandes fabricantes estão se apresentando como possuidores de toda uma linha de equipamentos (full-liner) aí incluída a forragem e fenação; por outro lado pequenos fabricantes locais oferecem alguns dos equipamentos. Qual a posição da JD com relação a esta linha no Brasil? FK: Nós não desprezamos este tipo de
Ferdinand salienta que a questão ambiental está incorporada em qualquer projeto da John Deere
equipamento, mas por enquanto estamos consolidando outros investimentos. Começamos a fabricar tratores no Brasil há apenas 4 anos. Estamos lançando nova colhedoras, incrementando a linha de semeadoras de precisão. Temos a aquisição da Cameco e a fabricação de colhedoras de cana. Então, este segmento de forragem e fenação terá que esperar um tempo ainda. . Cultivar
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Seminário
De olho na fibra
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ostrando sua preocupação com a estabilidade e expan-são da cultura no Estado, mais de mil produtores prestigiaram a Semana da Qualidade do Algodão , promovida pela Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão AMPA. No dia de 7 de abril, Rondonópolis foi o sexto e último município a sediar o evento, que atingiu as mais fortes regiões produtoras do Estado: Sapezal, Campo Novo dos Parecis, Lucas do Rio Verde e Campo Verde, além de Primavera do Leste. PALESTRAS DO EVENTO Os temas abordados no programa contaram com nove palestrantes. Em se tratando de qualidade na lavoura, Nelson Maeda explanou sobre o planejamento de plantio e tratos fitossanitários, Alberto Gomes Ferraz discorreu sobre a Defesa Vegetal e Meio Ambiente, e Lamberto Mário Henry falou sobre a Segurança e a
Saúde do Trabalhador. Quanto à qualidade na colheita, Sérgio Satto abordou como são operadas as máquinas e João Batista Júnior discorreu sobre os cuidados dispensados ao módulo no campo. Enfocando a qualidade no beneficiamento, Timothy J. Pearson palestrou sobre os conhecimentos necessários para a escolha de um bom beneficiamento, sobre a classificação, e falou, ainda, sobre a qualidade no armazenamento. A última etapa discutiu a qualidade na comercialização do algodão. Richard O Conell falou sobre as exigências da indústria, Antônio Esteve sintetizou os mecanismos de proteção contra as oscilações do mercado, e Hans J. Ruckriem falou sobre a logística na exportação. A abertura foi realizada pelo vice presidente do Estado, Rogério Salles, pelo Presidente da Abrapa, João Luiz Pessa e pelo Presidente da AMPA, Adilton Sachetti.
Unicotton muda comando A Associação do Produtores de Algodão do Sudeste Unicotton do Mato Grosso tem nova diretoria, presidida por Valdomiro Rocco, já empossado em solenidade no próprio prédio da Associação, em Primavera do Leste, no momento em que se anunciam medidas para enfrentar as turbulências de mercado. Na vice-presidência está Elói Bruneta, anterior presidente por três anos. Valdomiro diz que a atenção da Unicotton continua voltada para a mesma meta: expansão da cotonicultura. O grupo de produtores que compõem a Unicotton é seleto, importante e coeso. Isso é o necessário para vencer ou se adequar, às necessidades do mercado. Permanecendo nes-
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Cultivar
ta linha iremos nos fortalecer e nos manter na atividade , salientou. O próximo passo será a criação de um pool de comercialização. Este é o caminho encontrado para enfrentar as dificuldades que surgirão em conseqüência do aumento do plantio, e ainda, da maior produção. O mercado nacional dificilmente absorverá toda a produção do País, na opinião de Valdomiro. Portanto, é preciso exportar. E para tanto temos que nos adequar às exigências internacionais. Valdomiro também diz que o pool é uma ferramenta que possibilitará aos produtores manter o estoque e garantir fôlego nas épocas mais crítiwww.cultivar.inf.br
ALGODÃO DE QUALIDADE O Seminário promovido pela AMPA, como o próprio nome diz, esteve totalmente voltado para a qualidade da cultura. Uma vez que o resultado final só será bom caso todos os cuidados tenham sido providenciados no decorrer do ciclo. Adilton Sachetti chama a atenção até para a questão do trabalhador braçal, aquele que carpe as ervas daninhas. Esse trabalhador tem que estar consciente que o desempenho dele é muito importante e o que ele faz deve ser bem feito , enfatizou. O cotonicultor deve então, prestar atenção em todas as etapas da cultura, no qual o resultado de uma depende da outra. São pequenas ações que somadas constroem um grande resultado , acrescenta Sachetti. Essa linha de ação, segundo ele, é o caminho tão sonhado para a conquista do mercado externo. Esta é a nossa única chance , destacou. Questionado sobre sua avaliação da cultura no Estado, ele apontou a dedicação dos produtores como um fator bastante positivo. Salientando que o trabalho de todos têm sido intenso, ele arremata dizendo que os produtores matogrossenses nunca estão satisfeitos com o patamar alcançado e sempre querem mais. Isso é o que mais marca nosso avanço em direção à qualidade , reiterou finalizando. Segundo dados da Conab, Mato Grosso está com uma área de, aproximadamente, 349 . mil hectares de algodão plantado.
Valdomiro Rocco (ao centro) novo presidente da Unicotton e Elói Bruneta (esq.) seu vice
cas. A idéia é vender quando a pressão do mercado afrouxar. Outro passo da Unicotton será a industrialização da semente de algodão. A informação de Elói Brunetta mostra que a Associação está optando pela agregação de valores para se consolidar ainda mais no segmento. Atualmente a Unicotton é composta por 32 associados e suas características operacionais são baseadas em uma cooperativa modelo . americana. Maio de 2001
Feijão
O inimigo está no solo
A bactéria Xanthomonas campestris pv. phaseoli causadora do crestamento bacteriano comum pode sobreviver em restos de culturas infectados, servindo como fonte de inóculo de um ano para outro. Esta bactéria é mais eficiente como fonte de inóculo, quando os restos permanecem na superfície do solo que quando enterrados a 10-20cm de profundidade.
CONTROLE
A sobrevivência dos patógenos é totalmente dependente da presença do hospedeiro vivo ou de seus resíduos. Quanto mais prolongada e repetida a presença destes hospedeiros, maiores as chances de uma epidemia. Rotação com plantas não hospedeiras reduzem a seleção de patógenos específicos e desta maneira dificultam o desenvolvimento de altas populações dos mesmos. Em muitas situações, a ausência do hospedeiro diminui a população do patógeno em conseqüência da mortalidade natural. Plantas diversas podem deixar resíduos com variáveis dificuldades de decomposição, seja pela diferença nas relações C/N, de teores de N e de lignina ou de preferência de determinados organismos habitantes do solo.
O cultivo que antecede, o volume e a localização do resíduo mantido sobre o solo bem como as condições de clima prevalecentes podem determinar a sobrevivência de patógenos e o aparecimento e desenvolvimento de doenças. Por exemplo, em trabalhos conduzidos na Embrapa Arroz e Feijão, foi encontrado menor número de plantas de feijoeiro infectadas por Rhizoctonia solani no sistema de rotação no qual o plantio de feijoeiro foi precedido de milho ou de arroz. A redução foi ainda maior quando a rotação do feijoeiro com uma das gramíneas foi realizada em solo preparado com arado aiveca (aração profunda). Certamente a rotação de culturas e de cultivares deve ser vista como um dos melhores recursos para controle de doenças, principalmente, aquelas devidas a patógenos habitantes do solo que dependem de resíduos para sobreviverem na ausência do hospedeiro vivo. A rotação constitui-se em uma das práticas mais freqüentes identificadas com a . agricultura chamada alternativa. Gerson Pereira Rios, Embrapa Arroz e Feijão
Fotos Cultivar
Fungo causador do mofo branco do feijoeiro é capaz de permanecer no solo por até oito anos
tonia solani e Fusarium solani) e o já citado mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) são difíceis de serem controlados principalmente por apresentarem um grande número de hospedeiros e grande capacidade saprofítica. Sclerotinia sclerotiorum infecta mais de 300 espécies diferentes de plantas, pertencentes a aproximadamente 200 gêneros botânicos. Patógenos especializados como Fusarium solani f. sp. phaseoli e F. oxysporum f. sp. phaseoli podem resistir na forma de clamidosporos, infectando hospedeiros nativos ou saprofiticamente no solo. Rhizoctonia solani também perdura saprofiticamente no solo, contaminando plantas nativas ou na forma de escleródios. Thanatephorus cucumeris é o agente causal da mela, uma doença igualmente difícil de ser controlada, justamente por apresentar um grande número de hospedeiros e grande capacidade saprofítica. Sobrevive como saprófita nos restos de cultura ou parasitando hospedeiros alternativos ou ainda na forma de escleródios. Macrophomina phaseolina é também um fungo tão polífago quanto S. sclerotiorum, podendo infectar inúmeras espécies vegetais, incluindo gramíneas.
A
rotação de culturas e de cultivares significa o cultivo sucessivo de diferentes culturas e cultivares no mesmo campo. Trata-se de uma iniciativa de moderada a altamente efetiva no controle de 60% das doenças do feijoeiro, incluindo todas aquelas originadas por nematóides e bactérias, a maioria das causadas por fungos e algumas que têm vírus como agente causal. Contudo, deve-se considerar fatores que determinam a eficiência da rotação como meio de controle. Existem patógenos que habitam o solo e que podem resistir aos períodos 34
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de ausência do hospedeiro através de estruturas de resistência como escleródios. Um exemplo é Sclerotinia sclerotiorum, fungo causador do mofo branco do feijoeiro que pode permanecer no solo por até oito anos. Clamidosporos são outros tipos de estruturas de resistência muito comuns nos fungos do gênero Fusarium (F. oxysporum e F. solani). Embora não possuam duração muito longa, alguns clamidosporos têm capacidade de germinarem estimulados por exudatos ou resíduos, tanto de hospedeiros como de não hospedeiros, dando origem a novos clawww.cultivar.inf.br
midosporos, incrementando assim a população de propágulos. Esses patógenos, além de perpetuarem-se no solo livre do hospedeiro, aumentam o número de seus propágulos nas rizosferas de plantas como tomateiro e milho, entre outras.
HOSPEDEIROS ALTERNATIVOS
Outros problemas são os hospedeiros alternativos. Doenças como mela (Thanatephorus cucumeris), podridão cinzenta do caule (Macrophomina phaseolina), podridões do colo (Sclerotium holfsii), podridões radiculares (RhizocMaio de 2001
Rotação de culturas pode auxiliar no combate a doenças e pragas no feijoeiro
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Agronegócios
Cabo de GUERRA S
aramango cunhou a frase O bem e o mal não existem isoladamente, um é a ausência do outro . Refletindo, de espírito aberto, sobre os dois eventos que buscaram analisar propostas de organização da sociedade mundial, é impossível imaginar que a verdade estivesse exclusivamente em Porto Alegre ou em Davos, eis que a análise e o contraditório expuseram as virtudes e as vicissitudes de uma ou outra posição. A polarização, que se cristalizou em fevereiro último, estava latente há muito tempo. As divergências manifestavam-se de forma difusa na sociedade, pipocando tímida e desordenadamente, em diversos pontos do mundo, plasmando-se a partir de Davos em 1998, ganhando a mídia na frustrada reunião de lançamento da Rodada do Milênio em Seattle, e corpo a partir deste ano. O epicentro das desavenças está nas conseqüências das políticas econômicas dominantes no final do milênio passado, e seus desdobramentos sociais, ecológicos e comerciais. Enquanto os adeptos da conceituação dominante, materializada nas políticas implementadas pelas organizações internacionais, pregam a supremacia do mercado como definidor dos rumos que a sociedade mundial deve tomar, cresce o número de adeptos de uma intervenção da sociedade nesses rumos, de forma a que as políticas econômicas sejam subordinadas a compromissos sociais. Esse segmento nascido tímido cresce em progressão geométrica, organiza-se e deve representar uma força importante nos próximos anos, 36
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tornando-se um player fundamental para definição dos acontecimentos mundiais.
DAVOS
Davos é um palco histórico de discussão das teorias e tendências econômicas mundiais, que nada decide mas muito influencia. O encontro só mereceu a atenção da mídia e dos leigos quando as ONGs resolveram rotular Davos como o Lúcifer que havia parido a globalização, por sua vez matriz de todos os males que afligem a Humanidade. É necessário algum esforço para efetuar ilações dessa ordem, eis que Davos está mais para Academia do que para determinador de rumos globais. Trata-se de um encontro de cientistas políticos, economistas, formuladores de políticas públicas para discutir conjunturas, analisar o passado, aventar cenários e tendências. Seu principal desdobramento tem sido influenciar lideranças públicas e privadas em direção a determinados rumos de consenso, apresentados com convicção no foro. A globalização não é filhote de Davos, mas foi lá discutida inúmeras vezes, e muitos dos rumos e desdobramentos que assumiu foram gestados a partir de suas discussões ou por participantes do evento. Existe a alusão jocosa que o olho de vidro do banqueiro é o que chora, e o estereótipo de que todo o economista é um insensível social. Como corolário, não seriam esperadas propostas socialmente justas em Davos que, se não está muito longe da verdade, também não é a verdade completa. www.cultivar.inf.br
Os encontros de Davos e Porto Alegre se propuseram a encontrar alternativas para a construção de uma sociedade melhor. Será que algum deles conseguiu?
PORTO ALEGRE
A contestação cristalizou-se no Fórum Social de Porto Alegre, contraponto ao Fórum Econômico de Davos, assestado na discussão e proposição de políticas globais mais justas, equânimes, com oportunidades iguais, sem o domínio do poderoso sobre o apoderado. Transbordam motivos para questionamentos e proposituras que, se não obnubilem, ao menos corrijam rumos e atentem para as implicações sociais das políticas econômicas. Impossível negar esse mérito aos organizadores do Fórum Social Mundial, porém a impressão que o mesmo deixou foi de um convescote, com odor démodè saudosista a la Easy Rider dos anos 60, composto de tantas idéias, facções ou propostas quantos eram seus participantes - uma anarquia que impediu consolidar um documento síntese do evento. O ponto mais baixo do Fórum Social foi o factóide que entronizou como herói Monsieur José Bové, lídimo representante do establishment agrícola mais retrógrado da Europa, ferrenho defensor dos privilégios dos agricultores franceses, subsidiados ao extremo. LastimáMaio de 2001
vel, porque destruir lavouras ou lanchonetes é uma alquimia para distrair a atenção do fato central: subsídios e xenofobia são a fórmula para manter os agricultores ineficientes dos países ricos no mercado competitivo, condenando à eterna pobreza países agrícolas como o nosso. O Senhor Bové tem todo o direito de não concordar com o uso de transgênicos, mas tem o dever de ser educado e cumpridor das leis do país anfitrião. E, ao invés de vir aos países emergentes pregar sua religião, deveria atentar para as nossas vicissitudes e propor ao seu próprio país, e aos demais membros da União Européia e outros países ricos, que eliminem os seus subsídios agrícolas para que a nossa agricultura possa mostrar o seu potencial, até mesmo sem o uso de variedades transgênicas.
NENHUM?
Vade retro Satanás, não pretendo ser oráculo de Delfos, entretanto nem Davos nem P. Alegre contribuiu para um mundo melhor. Propostas claras, exeqüíveis, consensuadas de tornar o mundo mais justo, sem qualquer retrocesso, sequer roçaram ambos os eventos: se justas eram inexeqüíveis e vice-versa. Minha visão distante da emoção da capital gaúcha e da frieza acadêmica de Davos é a seguinte: é importante um regulamento internacional de proteção de patentes, da propriedade intelectual, da segurança do capital, da tecnologia, do patrimônio? Sim, é. É importante a Declaração Universal dos Direitos Humanos? Sim é. Pois bem, apliquemos ambas, porém com a clareza de que qualquer direito não pode se sobrepor ao direito à alimentação, à moradia, à saúde, a uma vida digna. Como conciliar os antípodas Maio de 2001
é o desafio da nossa geração. E não será arrancando pés de soja de experimentos científicos que vamos atingir esse objetivo. Em especial, mecanismos deverão ser encontrados para que países com vocação agrícola venham a se posicionar adequadamente no mercado internacional, livres das barreiras atualmente impostas pelos países ricos, tornando a alimentação a grande prioridade do terceiro milênio.
CRÍTICA E AUTOCRÍTICA
Quem teve a pachorra de assistir ao teledebate entre membros dos dois fóruns, viuse frustrado pelo vácuo de propostas claras de reordenamento mundial, e pelo excesso de acusações de ambas as partes, recheado de emocionalismo piegas. Reparos de toda a ordem têm sido argüidos pelos simpatizantes de cada corrente à outra. A Academia e os governos reunidos em Davos começam a ouvir a voz rouca das ruas, e esquecer o que escreveram. O mercado já não é o deus exmachina venerado e louvado nas últimas décadas. Concessões terão que ser feitas às questões sociais e ambientais, compatibilizando-as com as facetas econômicas. A função social do capital volta à cena, e os próprios economistas do fórum passam a acalentar a idéia de taxar as movimentações financeiras internacionais, compondo um fundo de auxílio aos países mais pobres. Concedem que justiça social somente será conseguida com a eliminação dos subsídios agrícolas dos países ricos, e com equidade de tratamento no comércio internacional. Autocrítica também não faltou no Fórum Social Mundial, e uma de suas expressões foi cunhada por Liandro Lindner (jornalista e consultor da Prefeitura Municipal de Porto Alegre) em seu ensaio Loucos de toda a ordem em Porto Alegre . De acordo com ele ...nos painéis, depoimentos emocionados narravam a fé, disposição e esperança de que um mundo novo mais solidário e igualitário pudesse ser possível. Gente sofrida, que não perdia a esperança de que o avanço do capitalismo, e de suas conseqüências nefastas, pudesse ser contido . Faltou criatividade e visão de futuro para transformar a ameaça em oportunidade, pró-atividade para sair do queixume para o plano das ações.
DESDOBRAMENTO COMERCIAL
Assumindo que um país à margem do mercado globalizado estará condenado à miséria, e sua população pagará o preço da baiwww.cultivar.inf.br
xa qualidade de vida, é necessário fazer as devidas ligações entre o que tem se passado em Davos e o que ainda se passará e o ocorrido em Porto Alegre, e como essa questão será encaminhada no futuro, para balizarmos nossa inserção na globalização. Ainda estamos no rescaldo da crise da vaca louca , por um lado um fiasco da política externa canadense, mas por outro um avant première do que nos espera na guerra santa do mercado internacional. Tivemos habilidade e capacidade de sair por cima da crise, ganhando conceito nível 1 da OIE (o mais elevado), enquanto nossos detratores, Canadá e Estados Unidos, ficaram com as restrições do nível 2. Os conflitos comerciais, outrora restritos aos gigantes do Hemisfério Norte, começam a confluir para embates Norte-Sul, com intensidade crescente. Ocorre que alguns países começam a colocar as mangas de fora , e disputar espaços comerciais. O Brasil, particularmente, tem potencial para ser o país líder mundial no setor de agronegócios. Isso posto, é necessário prepa-
rar-se para a guerra que será sobreviver nesse mercado. Por exemplo, vivemos no momento o conflito entre a obediência cega aos preceitos do TRIPS (Acordo internacional para proteção de patentes) e a salvação de milhões de pessoas afetadas por endemias e epidemias que grassam no Terceiro Mundo, variando da malária à AIDS. Ocorre que os detentores de patentes valem-se do monopólio que a lei lhes confere para praticar preços absurdos, inviabilizando campanhas de saúde nos países pobres. Que, no desespero, ameaçam quebrar as patentes, caso os preços não sejam trazidos a patamares razoáveis. Do resultado desse embate sairão indicadores claros de como será encarado o conflito conceitual no setor de agronegócios, por envolver a mesma polarização de interesses entre países ricos e pobres, pois o anacronismo dos subsídios agrícolas que impedem o Brasil de alçar-se à liderança dos agronegócios mundiais será pauta recorrente tanto em Davos quanto em Porto Alegre. . Décio Luis Gazzoni, Embrapa Soja Cultivar
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O futuro dos grãos A
idéia de temer pelo futuro da produção de grãos no Brasil não passa nesse momento pela cabeça de José Luiz Glaser, vice-presidente do complexo soja da Cargill Agrícola, que apresentou perspectivas otimistas aos participantes do VIII Seminário da Associação Brasileira de Marketing Rural, em São Paulo, que analisou a comercialização da próxima safra. Longe de espelhar o clima entrevisto pelos demais palestrantes do evento, Glaser acha que não temos razões para tremer. Outros participantes demonstraram grande preocupação com a política norteamericana de subsídios aos agricultores, por exemplo. Ou com a falta de melhor aproveitamento de mecanismos de securitização pelo produtor brasileiro. Ele não vê a questão por esses ângulos. E lembra que o Brasil experimentou nos últimos anos um aumento absurdo de demanda e respondeu com quatro safras recordistas. Os preços não aumentaram, é verdade, porque enfrentamos hoje uma revolução nos padrões de consumo mundial, com os países economicamente emergentes substituindo grãos por proteína animal. Em contrapartida, os estoques mundiais de grãos não param de cair nos últimos quatro anos, sinal certo de que haverá falta em seguida, explicou. Os Estados Unidos, o maior produtor, não tem como enfrentar essa demanda, já esgotadas as fronteiras agrícolas. Quando aumenta a área de soja, como fez agora, é obrigado a diminuir a de outro produto, como o trigo. E precisa alternar a soja com o milho, também. Se persistir o crescimento de demanda, com os Estados Unidos no máximo da capacidade, vai faltar soja dentro de dois ou três anos. Para preencher o mercado o Brasil teria de produzir algo como 50 milhões de toneladas de soja, pois a China não possui água para plantar e a Argentina não tem mais área. Assim, quem quiser ganhar dinheiro, em dois ou
três anos, precisa apenas estar vivo até lá. Glaser acha que crescemos muito, resolvemos vários problemas. A produtividade, por exemplo, que era de 2.000 kg/ha, já anda pelos 3.100 e mais, um aumento brutal. Mudaram os padrões. Hoje não é possível colher como ontem. Mas ainda persistem coisas a fazer, como na logística, onde já houve progressos. As ferrovias tiveram melhorias substanciais e os portos mais baratos, ainda que acima do aceitável. Como solução para o transporte das safras, aposta nas ferrovias, não na hidrovia, pois os rios brasileiros não correm para o mar. Já o agricultor brasileiro, afirma, faz a sua parte, mostrando um choque brutal de eficiência, com melhores sementes e maior produtividade. José Glaser acha que deve ser estudada bem a questão do armazenamento deficiente, que cria problemas quando se resolve vender grãos, como o milho, agora, de uma vez, como os engarrafamentos nos portos em abril. Além disso, as exportações esbarram na questão fiscal, que está por resolver há anos. Hoje é melhor importar soja do Paraguai para industrializar no Brasil, enquanto o grão fica no Mato Grosso, devido ao acréscimo de ICMS. Mas não se deve esperar pelo governo, que anda sempre atrás. A soja tem expressão nacional graças aos desbravadores gaúchos que subiram pelo Centro-Oeste. O que se precisa é debater formas de retirar o governo do processo. Algumas alterações no mercado devem ser consideradas, porém. As crises do rebanho europeu, dizimado pelo medo de doenças, reduziu o consumo de farelo. Mas logo haverá reflexos, com os importadores de carne europeus tendo de comprar mais porco e frango do Brasil, pois os Estados Unidos esgotaram a capacidade.
Glaser afirma que o Brasil não tem razões para temer quanto ao futuro da produção de grãos
AS BARREIRAS AMERICANAS Já o professor Marcos Sawaya Jank, da Esalq, demonstrou a evolução dos negócios agrícolas entre Brasil e Estados Unidos, nos últimos anos, com notável decréscimos de resultados para o primeiro. As exportações estão caindo, provou, e crescem as barreiras protecionistas americanas contra o Brasil, favorecendo países como o Canadá e o México, por exemplo, parceiros na Alca, ou a União Européia. Os americanos compraram no ano do Canadá mais US$ 5 bilhões do que no ano anterior, em produtos agrícolas, um acréscimo de 10,6%. Da Europa compraram mais US$ 5,8 bilhões (5,8%), do México US$ 2,47 bilhões (mais 7,9%), do Chile mais US$ 466 milhoes ( + 8,3%) e até da China mais US$ 464 milhões (+ 10,1%), enquanto reduziam em US$ 148 milhões (-1,1%) as compras do Brasil. Os Estados Unidos dificultam ao Brasil a chegada aos mercados de açúcar, álcool, suco de laranja, têxteis, calçados, fumo e óleo de soja; e impõem barreiras sanitárias (não alfandegárias) para a compra de carnes, fumo e legumes Marcos também demonstrou que a área cultivada com milho nos Estados Unidos vem se mantendo estável, porém a de soja registra notável crescimento, coincidente com o percentual reti. rado da cultura de trigo.