Muitas empresas estão comentando sobre isso atualmente. Nós, da Continental Eagle, estamos fazendo mais do que comentários. Estamos comprovando nossa Qualidade. Somos o primeiro e único Fabricante de Descaroçadores a receber o certificado do Instituto de Administração de Qualidade. Organização essa, que nos ajudou a alcançar o padrão internacionalmente reconhecido ISO9001. Neste momento, a pergunta que fica é: O que isso significa para o cliente?... Significa que não podemos, simplesmente, pedir-lhe para confiar em nossa Qualidade. Temos de comprovar e documentar como a mantemos em nossa organização. ISO 9001 não é apenas uma certificação técnica, mas um processo, onde, Padrões de Excelência em Qualidade uma vez estabelecidos, são diariamente fiscalizados. Desta forma, todas as operações são antecipadamente planejadas e realizadas com consistência. Por isso, mantêm a Companhia em melhoria contínua seja dos projetos, ou da eficiência dos nossos produtos. Nosso ISO 9001, basicamente, garante-lhe que a Qualidade encontrada hoje na Continental Eagle será a mesma que você encontrará futuramente em nossos produtos. Investir na Qualidade é antes de tudo, uma necessidade. Porém, foi a forma que encontramos de provar a você, nossa dedicação.
06
Ano III - Nº 29 - Junho / 2001 ISSN - 1518-3157 Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 58,00
Antracnose no sorgo Importante doença causada pelo patógeno Colletotrichum graminicola é explicada neste artigo
(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 6,00
Agente do bem
Diretor:
Newton Peter
A braquiária , benéfica ao feijão, é capaz de reduzir o inóculo de fusarium solani f. sp. phaseoli no solo
Editor geral:
10
Schubert Peter Redação
Pablo Rodrigues João Pedro Lobo da Costa Design Gráfico e Diagramação:
Fabiane Rittmann
28
Apoio de Arte:
Christian Pablo Costa Antunes
Nutrição adequada
Marketing:
Plantas com equilíbrio nutricional são menos suscetíveis à doenças, portanto, mais produtivas
Neri Ferreira Circulação:
Edson Luiz Krause Assinaturas:
Simone Lopes Ilustrações:
Caderno Técnico
Rafael Sica Editoração Eletrônica:
Encartado nesta edição; saiba como diagnosticar injúrias causadas por herbicidas no algodoeiro
Index Produções Gráficas Para maiores informações sobre nossos equipamentos de descaroçamento e processamento de sementes, ou algum tipo de melhoria em sua estrutura: Contate: Engenheiro Agrônomo Delano M.C. Gondim Gerente Nacional de Vendas - Fone: (65) 9981.0956 End.: Rua Marechal Antônio Aníbal da Motta, 479 Cep.: 78020-090 - Cuiabá / Mato Grosso Fone: (65) 322.3272 / 322.3277 - E-mail: coneagle@terra.com.br
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(53)
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SUCURSAIS
Mato Grosso Gislaine Rabelo
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Bahia
José Claudio Oliveira
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índice Diretas Ataque ao sorgo Doenças de solo no feijoeiro Inimigas do trigo Agricultura sem contra-indicações Melhoramento genético em arroz Algodão é na Bahia Horita colhe 400 @ por hectare Combatendo formigas cortadeiras Coluna da Aenda Plantas bem nutridas Soja no Cerrado Café no alto Agronegócios Mercado Agrícola
04 06 10 12 14 16 18 21 23 27 28 31 33 36 38
Nossa capa
Foto Capa - Embrapa Soja
Falta de nutrientes causa sérios danos às plantas; abaixo soja com deficiência de cálcio
diretas DuPont
Com parte de um grande processo de redução de pessoal, José Perdomo assume a vicepresidência da DuPont Brasil Produtos Agrícolas. A empresa vai juntar ao seu portifólio de produtos os da Griffin do Brasil e da Pioneer.
José Perdomo
Contaminação do solo
Grande preocupação mostrada por palestrantes do III Encontro sobre Manejo Integrado realizado em Viçosa, MG, em 15 e 16 de maio: o acúmulo de resíduos de herbicidas em camadas cada vez mais profundas do solo começa a influir na germinação das sementes das culturas plantadas. O assunto é sério e começa a ser alvo de pesquisas.
Embrapa lança livro
A Embrapa está lançando o livro Sementes de Feijão Produção e Tecnologia. O volume reúne informações sobre os principais procedimentos de produção, pós-colheita e comercialização da leguminosa. O livro é resultado do trabalho de um grupo de pesquisadores especializados da Embrapa Arroz e Feijão e pode ser adquirido através do telefone (61) 448 4155 ou pela internet: www. spi.embrapa.br
Errata
Erramos na edição de março da revista Cultivar, onde contávamos sobre como fora o Show Rural da Coopavel. Escrevemos incorretamente, naquela oportunidade, o nome de dois dos produtos que a Hokko estava apresentando para a cultura da soja. Para que se desfaça o equívoco, eis os nomes corretos: Flumyzin e Scepter.
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Cultivar
Plantio Consorciado
O pesquisador Tarciso Cobucci (Embrapa Arroz e Feijão) agitou os meios acadêmicos com sua pesquisa sobre plantio consorciado, publicada na edição de abril da Cultivar, onde foi matéria de capa. O novo sistema de plantio consorciado pode ser a salvação para milhares de agricultores.
Agricultor condenado
transgênica da multinacional sem pagar royalties. O produtor disse que não Percy Schmeiser, pequeno plantou as sementes da agricultor de 70 anos, foi Monsanto, mas que seus condenado pela justiça campos foram contaminacanadense a pagar uma dos por pólen proveniente indenização de US$ 9.800 de plantações vizinhas. à Monsanto. A empresa Também alegou que grãos norte americana pediu transgênicos caíram de US$ 68.600. Há ainda a caminhões de transporte possibilidade de acordo. que passaram pela sua Schmeiser teria usado propriedade, contaminando o local. sementes de canola
Medidores de umidade
Artigo do professor Tetuo Hara (UNV) publicado na edição de janeiro da revista Cultivar MÁQUINAS sobre medidores de umidade provocou imediata resposta
Manejo
O III Encontro sobre Manejo Integrado, organizado pelo prof Laércio Zambolin na Universidade Federal de Viçosa (MG), teve mais de 500 participantes. Discussões interessantes e trabalhos especiais deram destaque ao evento, que já se firmou como o principal do país na área, que busca alternativas para controle químico de pragas, doenças e plantas daninhas das culturas nacionais.
Rejeição a OGMs
Mais da metade dos consumidores norteamericanos dizem não desejar comidas geneticamente modificadas. Pior, 25% deles acreditam que os OGMs não são seguros para a saúde humana. A pesquisa foi realizada pelo Pew Initiative on Food and Biotechnology.
do Ministério da Agricultura, que deu prazo a todos os organismos oficiais para que abandonem os sistemas antigos - suscetíveis de erros- e passem a usar os novos já disponíveis no mercado.
Laércio Zambolin
Reconhecimento A Matsuda Sementes e Nutrição Animal foi eleita a empresa destaque 2000 pela Associação dos Engenheiros Agrônomos de São Paulo (AEASP) e recebeu o prêmio Deusa Ceres. A cerimônia aconteceu no dia 10 de maio e contou com a participação de nomes expressivos do setor que prestaram sua homenagem aos agraciados. Esse é o terceiro prêmio que a Matsuda recebe em menos de um ano. Em 2000, o grupo conquistou o Nelore de Ouro O Oscar da pecuária na categoria sementes, num evento promovido pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) e o prêmio Mão Preta oferecido pela Associação dos Produtores de Sementes do Mato Grosso do Sul (Aprossul) em reconhecimento ao trabalho desenvolvido naquele estado.
Unimilho mantém comando
Lavoura danificada
DANOS NO ALGODÃO
Fortes chuvas caídas em Primavera do Leste, MT, no final de maio, causaram pesados prejuízos a diversos produtores de algodão. No dia 25 uma tempestade de granizo dizimou algumas áreas. Os danos ainda estão sendo avaliados. Um dos locais mais prejudicados é a Fazenda Itaquerê, (3.600 ha de algodão) onde 400 ha estão perdidos. O restante também, sofreu danos. Tudo isso levou Elói Brunetta, diretor do Grupo Itaquerê, a suspender o dia de campo programado para o dia 8 de junho, já que está perdido o produto da mostra. O evento é considerado um dos melhores do Mato Grosso e recebe a cada ano a nata dos produtores de algodão.
Os integrantes da diretoria da Unimilho foram reconduzidos aos respectivos cargos, em eleição realizada no último dia de março. A nominata da diretoria é a seguinte: Diretor Presidente : Luiz Vicente Souza Queiroz Ferraz / Brasmilho (Sementes Semel); Vice Presidente : Edeon Vaz Ferreira / Sementes Polato; Diretor Tesoureiro : Luiz Fernando Gonçalves / Sementes Chimarrão; Diretor Secretário : Donizete Alves Machado / Primaiz Sementes; Diretores Consultivos : Paulo Celso Tiballi / Sementes Embrião; Alan Leví Gomide Reis / Brasmilho (Planagri); Eusébio Grzybowski / Sementes Demefértil; Conselho Fiscal (Titulares) Antônio F. Antoniali / Semeali - Sementes Antoniali; Alex Merege / Aventis Seeds; Ivan Guerra / Sementes Guerra; (Suplentes) Otávio Rapchan / Sementes Selegram; Nicola Di Salvo / Di Solo Sementes. Na secretaria executiva permanecerá o eng. agr. Ademir Vieira da Silva, assessoranLuiz Queiroz do, apoiando e colaborando com todos os membros eleitos e demais associados da Unimilho.
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Maio de 2001
Carlos Casela
Sorgo
Ataque ao sorgo Sob condições de epidemias severas, a antracnose causa reduções superiores a 50% na produção de grãos de cultivares suscetíveis
06
Cultivar
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A
antracnose, causada pelo patógeno Colletotrichum graminicola, é uma das mais importantes doenças da cultura do sorgo, pela sua ampla disseminação, estando presente em todas as áreas de plantio de sorgo no Brasil, com sua capacidade de causar danos à cultura. Os danos são maiores quando há alternância de condições secas e úmidas associadas a temperaturas elevadas e são influenciados pelo grau de suscetibilidade da cultivar, pela ocorrência de condições ambientais favoráveis, pela agressividade das raças do patógeno predominantes em uma determinada área e pelo estádio fisiológico da planta. O patógeno apresenta uma alta variabilidade genética, o que pode dificultar o manejo da doença através da resistência genética, na medida em que esta resistência pode ser superada pelo surgimento de novas raças na população do patógeno. A doença não é um problema apenas no Brasil, tendo sido constatada pela primeira vez em 1902 no Oeste da África em Toga, estando hoje presente e sendo também um sério problema na maioria das regiões tropicais e subtropicais do mundo, onde predominam condições de altas temperatura e umidade relativa. A antracnose aparece em toda a parte aérea da planta de sorgo: folha, bainha, colmo, panícula e semente. A fase foliar da doença é a mais comum e pode causar reduções superiores a 50% na produção de graõs de cultivares suscetíveis, sob condições de epidemias severas. A antracnose pode também causar severas perdas ao sorgo cultivado para silagem e pastejo. A infecção da panícula e do grão contribui para a disseminação da doença para novas áreas através do transporte da semente.
SINTOMAS
Os sintomas da antracnose podem expressar-se em 3 fases na planta: a antracnose foliar, a antracnose da panícula e do grão e a fase de podridão do colmo.
ANTRACNOSE FOLIAR
A fase foliar da antracnose pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, mas aparece normalmente, em cultivares suscetíveis, aos 30 a 40 dias após a emergência. Os sintomas típicos da antracnose foliar caracterizam-se pela presença de lesões elípticas a circulares, medindo até 5mm de diâmetro. Essas manchas desenvolvem pequenos centros circulares de coloração palha a cinza, com margens avermelhadas, alaranjadas, púrpuro-escuras ou castanhas, dependendo da cultivar. Sob condições de alta umidade e de alta precipitação, as manchas aumentam em número e tamanho e coalescem, cobrindo a maior parte da folha. No centro da lesão formam-se numerosos acérvulos, que permitem a rápida identificação da doença no campo. Sob condições ambientais favoráveis, há a formação de uma massa de coloração creme, Maio de 2001
resultante da produção de esporos e setas negras, estruturas típicas do acérvulo de C. graminicola, facilmente visíveis com o auxílio de uma lente manual. A infecção na nervura central da folha pode ocorrer em cultivares que não apresentam os sintomas foliares da doença, uma vez que a resposta à infecção na nervura pode ser independente da resposta à infecção foliar. Na nervura central os sintomas caracterizam-se pela presença de lesões elípticas a alongadas, de coloração avermelhada, púrpura ou preta, sobre as quais são formados os acérvulos em grande quantidade . Os danos podem ser maiores se as infecções foliares e da nervura ocorrerem simultaneamente.
ANTRACNOSE DA PANÍCULA E DO GRÃO
As infecções na panícula e no grão ocorrem em plantas já desenvolvidas e podem ou não estar correlacionadas com as fases foliares e de podridão do colmo da doença. Os sintomas caracterizam-se pela formação de lesões abaixo da epiderme, que têm, inicialmente, um aspecto encharcado, adquirindo, posteriormente, uma coloração cinza a púrpura-avermelhada. Se a panícula for cortada longitudinalmente, será possível verificar a presença de uma coloração castanha-avermelhada alterna-
Casela explica as fases do desenvolvimento da antracnose e como controlá-la
da com áreas de tecido esbranquiçado. Essa fase da doença é também causada por conídios produzidos durante a fase foliar da doença, os quais são levados à bainha da folha pela água de chuva. Esses conídios germinam e penetram no pedúnculo ou na panícula, cau-
sando podridão no interior do colmo. A infecção da panícula pode ser uma extensão da fase de podridão do colmo. A esporulação pode ocorrer na raque, nas ramificações primárias, secundárias e terciárias, nas glumas e nos grãos, em estádios mais avançados do desenvolvimento da doença. As panículas das plantas infectadas apresentam, geralmente, tamanho reduzido, têm peso menor e atingem a maturação mais cedo, podendo ocorrer, sob condições de ataques mais severos esterilidade parcial da panícula . A infecção da panícula pode resultar, também, na produção de sementes menores que podem também se apresentar infectadas, apresentando, neste caso, estrias castanho escuras a pretas. Estas sementes não germinam ou podem dar origem a plântulas doentes.
PODRIDÃO DO COLMO
A podridão do colmo causada pela antracnose pode ser reconhecida pela produção de cancros caracterizados pela presença de áreas mais claras circundadas pela pigmentação característica da planta hospedeira. As lesões ocorrem no tecido internodal, principalmente no pedúnculo, podendo apresentar-se de forma contínua ou na forma de manchas isoladas. O crescimento do fungo nos tecidos vas-
...
... culares interfere no movimento de água e de
Fotos Carlos Casela
nutrientes, resultando em um menor desenvolvimento dos grãos e da panícula.
ORGANISMO CAUSAL
A antracnose é causada pelo fungo Colletotrichum graminicola (Ces.)G. W. Wilson (sin. C. sublineolum P. Henn. in Kabat & Bubák). Colletotrichum graminicola é morfologicamente muito semelhante a C. sublineolum sendo relatado como capaz de infectar diversas gramíneas, incluindo milho. Colletotrichum falcatum Went., outra espécie semelhante, infecta a cana de açúcar. Essas três espécies têm sido distinguidas com base em diferenças no apressório e através de análise do rRNA. Uma outra espécie, C. gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. in Penz. (forma sexual Glomerella cingulata (Stonemam) Spald. & H. Schrenk), tem sido também relatada como agente causal de antracnose em sorgo. Colletotrichum graminicola produz frutificações denominadas acérvulos, de coloração rósea ou castanho-escura e de formato oval a cilíndrica. Essas estruturas são formadas na epiderme e cavidades subepidérmicas de ambas as superfícies da folha e produzem numerosas setas de coloração negra e são produzidas, normalmente, no centro das lesões. Os conidióforos, produzidos em grande quantidade no interior dos acérvulos, são eretos, hialinos, e não apresentam septos. Os conídios de C. graminicola são produzidos terminalmente nos conidióforos são hialinos, não septados e falciformes. Colletotrichum graminicola esporula abundantemente em meio de farinha de aveiaágar, mantido sob luz contínua a uma temperatura de 22 a 300C, durante sete ou dez dias.
CICLO DA DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA
Microesclerócios, sementes infectadas e hospedeiros alternativos como Sorghum halepense têm sido considerados como fonte primária de inóculo. O fungo pode sobreviver como micélio em restos de cultura, podendo persistir por até 18 meses na superfície do solo. O fungo pode também sobreviver em espécies hospedeiras selvagens como Sorghum halepense. Os conídios produzidos nestas espécies são a forma primária de inóculo disseminando-se pelo vento e, principalmente, através de respingos de chuva. Em cultivares suscetíveis pode haver a produção de microesclerócios em colmos de sorgo já secos (Figura 10). Essas estruturas são esporogênicas e podem permitir a sobrevivência do patógeno na ausência do hospedeiro, em restos de cultura deixados na superfície do solo ou mesmo enterrados. Os conídios germinam quando estão em contacto com filmes de água; os tubos germinativos desenvolvem apressórios e penetram a epiderme diretamente ou através dos estômatos. O patógeno é um necrotrófico mas não é capaz de colonizar o hospedeiro sem 08
Cultivar
A antracnose, causada pelo patógeno Colletrotrichum graminicola, é uma das principais doenças
Planta sadia (esq.) ao lado de planta atacada por antracnose; note-se a severidade do ataque
antes passar por uma fase biotrófica. A infecção de plântulas a partir de restos culturais é aumentada através dos respingos de chuva e o contacto da folhagem com o solo. Há relatos de resistência em plantas jovens resultantes de altos níveis de ácido cianídrico ou fitoalexinas. A antracnose é mais severa durante períodos prolongados de alta temperatura e de alta umidade, principalmente se essas condições coincidem com a fase de desenvolvimento dos grãos, pois são também favoráveis à produção e germinação de conídios e facilitam a penetração na planta hospedeira.
CONTROLE DO PATÓGENO
A medida mais econômica e ecologicamente segura de se controlar a antracnose é através do uso de cultivares resistentes. A resistência à fase foliar da doença e à podridão do colmo é determinada por genes dominanwww.cultivar.inf.br
tes diferentes e ligados. Outros genes aparentemente afetam a resistência, considerandose que híbridos F1 resistentes ocorrem, algumas vezes, na progênie de cruzamento entre linhagens suscetíveis. O uso da resistência genética e, entretanto, dificultado pela ocorrência de raças na população do patógeno, as quais podem se adaptar à resistência de cultivares comerciais. A Embrapa Milho e Sorgo realiza um intenso trabalho de seleção de genótipos resistentes à doença levando em consideração este importante aspecto da variabilidade apresentada pelo patógeno. Um contínuo trabalho de monitoramento de raças de C. graminicola é realizado nas principais regiões de plantio de sorgo onde a doença está presente. Esta informação é utilizada como subsídio para a avaliação dos materiais experimentais desenvolvidos pelo programa de melhoramento da Embrapa Milho e Sorgo. Pirâmides entre linhagens com alta resistência doença têm sido uma estratégia para se obter resistência de alta durabilidade ao patógeno. Cultivares e linhagens também são avaliados quanto à sua capacidade de limitar o progresso da doença. Esta resistência, do tipo horizontal, apresenta como característica principal uma maior estabilidade e durabilidade, por exercer uma menor pressão de seleção sobre a população do patógeno. Outras medidas devem estar também associadas ao manejo da antracnose do sorgo, como a rotação de culturas, a eliminação de restos culturais e de gramíneas hospedeiras nas quais o patógeno possa sobreviver. Tais mediadas além de reduzirem o potencial de inóculo na área, contribuem também para aumen. tar a durabilidade da resistência. Carlos Roberto Casela e Alexandre da Silva Ferreira, Embrapa Milho e Sorgo Maio de 2001
Atenção para com as doenças de solo é fundamental para uma boa colheita; braquiária constitui-se como alternativa para o controle
O
mofo branco causado por Sclerotinia slcerotiorum e as podridões radiculares causadas por Rhizoctonia solani e Fusarium solani f. sp. phaseoli são as principais doenças do feijoeiro causadas por fungos habitantes do solo. Uma das possibilidades de se minimizar a ocorrência dessas doenças consiste na redução do inóculo inicial, que pode ser obtida através de práticas culturais. Nesse sentido, certas práticas culturais, como a rotação de culturas e a eliminação de restos culturais, contribuem para o controle da doença, eliminando hospedeiros alternativos e reduzindo o potencial de inóculo para a cultura subseqüente. Entretanto, devido à versatilidade ecológica destes fungos, isto pode 10
Cultivar
não ocorrer em todas as rotações. A rotação de culturas pode ser mais eficiente quando promover uma alteração qualitativa na microflora do solo, favorecendo o crescimento e o estabelecimento de microorganismos antagônicos ao patógeno, induzindo assim níveis de supressividade a doenças. Nos últimos cinco anos a população microbiana, atividade microbiana e a incidência de patógenos do sistema radicular do feijoeiro foram monitorados em um solo sob plantio direto desde sua instalação. Nesta área, o sistema de rotação utilizado consistiu de milhofeijão (primeiro ano), milho-milheto-feijão (segundo ano), milho-feijão (terceiro ano), e milho-feijão-feijão (quarto ano). Os resultados do monitoramento da powww.cultivar.inf.br
Maio de 2001
500 0 T r a ta m A rroz
M ilh o
M
Figura 2
Influência da palhada incorporada no solo sobre a podridão radicular seca do feijoeiro a b
0 ,8
0 ,6
Índice de doença
2 x 1013
1 x 1016
2 x 1018
Atividade Microbiológica (FDA/min/gr)
0,55
0,48
0,92
1,09
1,52
Fusarium spp. (ppg)
3125
3995
4913
2715
1024
45
53
63
25
11
0 ,5 0 ,4 0 ,3 0 ,2
Milho
Milh
2000 1 x 1022
Obs.: 1 Levantamentos efetuados logo após colheita do feijão de inverno. 2 Soma das populações totais de fungos, bactérias e actinomicetos
Tabela 2 Efeito de Brachiaria plantaginea na população de fungos do solo patogênicos no feijoeiro (Silvânia-GO, 1999)
1
1000
Tra ta m e
9 x 1013
Obs.:
1500
A r roz
1999
Controle1 Brachiaria plantaginea2
2000
Anos 1997
Tratamentos
b
2500
0
1995
Rhizoctonia solani (% de resíduos orgânicos colonizados)
a 3000
0 ,1
Pré plantio
População Microbiana Total2 (ppg)
Influência da palhada incorporada no solo sobre a população de Fusarium solani f. sp. phaseoli
0 ,7
Jefferson Luis da Silva Costa Embrapa Arroz e Feijão
Tabela 1 Alterações microbiológicas no solo sob plantio direto1
Parâmetros
Figura 1
População Fusarium (PPG)
No que concerne ao Sistema Santa Fé recentemente desenvolvido pela Embrapa, a braquiaria plantada em consórcio com o milho promove uma intensa produção de palhada. Através dos anos, ou com o seu uso contínuo, esta palhada de algumas espécies de Brachiaria pode induzir a redução nas populações de Rhizoctonia solani e Fusarium solani f. sp. phaseoli ou servir como barreira física à disseminação do mofo branco (Tabela 3) quando esta doença for proveniente de ascósporos originados do inóculo no solo (escleródios). Esses resultados sugerem que no sucesso do plantio direto, a escolha das culturas na rotação é de fundamental importância no manejo de doenças causadas por fungos de solo e que as braquiarias podem ter um papel preponderante neste sistema de manejo. Entretanto, estudos adicionais são necessários para avaliar se outras espécies de Brachiaria têm o mesmo efeito na supressividade de R. solani e F. solani ou no controle (barreira física) de S. . sclerotiorum (Figura5).
plantio direto seriam úteis como barreira física para a germinação dos apotécios, estrutura do fungo originária dos escleródios que ao vir à superfície do solo liberam os esporos que infestarão a planta e darão início ao processo da doença. Os primeiros ensaios foram efetuados com sucesso utilizando a palhada de milheto (Figura 3). Posteriormente, a palhada de Brachiaria brizantha tornou-se igualmente adequada por permitir eficientes níveis de controle da doença (Figura 4). Em todos estes estudos, as palhadas foram eficientes em reduzir o potencial de inóculo aflorando à superfície do solo, e conseqüentemente permitindo reduzir de duas outras pulverizações apenas para uma pulverização com similar eficiência de controle. Por ter demonstrado boa resistência às intempéries climáticas e apresentando decomposição mais lenta mesmo sob o efeito de aplicações nitrogenadas de cobertura via água de irrigação a Braquiaria brizanta comportou-se como uma cobertura promissora, servindo de barreira física à disseminação do agente causal do mofo branco. Outros tipos de palhada como o milheto, também são igualmente eficientes.
Atividade biológica no solo
População Fusarium solani f. sp. phaseoli (ppg)
% de resíduos orgânicos colonizados com Rhizoctonia solani
0,35 0,50
20.000 6.000
16 4
Figura 3
Efeito da palhada de milheto no manejo integrado do mofo branco do feijoeiro (Silvânia-GO e Cristalina-GO, 1998).
Severidade da doença
O perigo vem de baixo
pulação microbiana e da atividade microbiológica total, indicaram que, inicialmente, os patógenos e habitantes naturais do solo podem ser igualmente favorecidos sob o sistema de plantio direto. Após o terceiro ano, no entanto, observou-se que os habitantes naturais passaram a promover um aumento na atividade microbiológica total do solo, resultando na redução das populações de Fusarium spp. e Rhizoctonia solani, com a conseqüente redução na incidência das doenças (Tabela 1). Por este motivo, questionou-se se haveria alguma cultura que pudesse entrar no sistema de cultivo do feijoeiro que permitisse acelerar a redução da densidade de inóculo destes patógenos no solo, promovendo o controle das doenças que estes causam. Assim, um estudo conduzido em condições controladas revelou a possibilidade de se introduzir a braquiária no sistema de cultivo do feijoeiro. Esse estudo foi realizado utilizando Brachiaria plantaginea e o Fusarium solani f. sp. phaseoli foi escolhido como patógeno teste. Em apenas uma safra, a braquiaria, quando incorporada ao solo, demonstrou sua capacidade de reduzir o inóculo de Fusarium solani f. sp. phaseoli no solo, e de promover uma redução de 60% na incidência da doença (Figuras 1 e 2). Posteriormente, outros experimentos de campo realizados em áreas de produtores confirmaram a supressividade a Fusarium solani e os resultados ainda indicaram que esta braquiaria poderia induzir supressividade também a Rhizoctonia solani (Tabela 2). Quanto ao mofo branco do feijoeiro, o uso de palhadas densas de braquiaria tem-se apresentado como uma ferramenta promissora no controle integrado da doença, principalmente devido aos resultados erráticos obtidos com o controle químico. Foi demonstrado em trabalhos anteriores que em áreas sob plantio direto, a eficiência de controle do mofo branco correlaciona-se negativamente com o número de escleródios presentes no solo. O controle químico adequado da doença só foi obtido em áreas contendo menos de 19 escleródios por m3 de solo. Em solos contendo mais de 27 escleródios por m3 os fungicidas são ineficientes no controle da doença. A inversão de solo com arado de aiveca, em profundidades variando de 22 a 37 cm, foi bem sucedida como medida de enterrio de escleródios, reduzindo a densidade de inóculo inicial. Essa medida restabeleceu a eficiência do controle químico, com ganhos expressivos na produção. Os resultados indicaram que a densidade de inóculo no solo, portanto, limita a eficiência de fungicidas no controle do mofo branco; e que a inversão do solo com aiveca poderia ser uma medida a ser integrada ao manejo racional da doença. Entretanto, por considerar que o uso do aiveca uma medida drástica de manejo no solo, especulou-se se o uso de palhadas densas de
10 8 6
a b
4 2 0 Tratam
Milheto + Fungicida (1 aplicação)
Milh Milheto
Controle: plantio de feijão sobre feijão. Brachiaria plantaginea: Plantio de Capim marmelada logo após a colheita do feijão
2
Tabela 3 Efeito da rotação de culturas e uso de braquiaria sobre a microbiologia de solos cultivados com o feijoeiro no Sistema Santa Fé
Rotação Arroz Rotação Milho Brachiaria ruziziensis Brachiaria brizantha Soja Maio de 2001
Atividade Microbiológica
0,46 0,55 0,45 0,50 0,29
Fusarium solani (ppg)
1120 2720 1560 1340 3160
Rhizoctonia solani (ppg)
83 42 28 24 32 www.cultivar.inf.br
Figura 4
Influência da palhada de Brachiaria brizantha no controle do mofo branco do feijoeiro (Brasília-DF, 1999)
Sclerotinia sclerotiorum (escleródios/m3)
0 0 0 0 3
Severidade da doença
Cultivar
Feijão
10 8 6
b
b
4 2 0 Tratam
Brachiaria brizantha + Fungicida (1 aplicação Fungicida (2 aplicações)
Cultivar
11
Trigo
Adeus às lagartas Causadoras de sérios danos econômicos à lavoura de trigo, as lagartas podem ser controladas através de agroquímicos
A
cultura do trigo tem grande importância econômica no Sul do Brasil. Entre os fatores que prejudicam o rendimento, destacam-se as lagartas desfolhadoras tanto pela quantidade de área foliar que necessitam para completar sua fase larvária, quanto pelo período de maior ocorrência durante o ciclo da cultura, que vai do espigamento até a fase de maturação. Mais de 20 espécies de lagartas podem se
alimentar da planta do trigo. As mais freqüentes e de maior importância são Pseudaletia sequax , P. adultera e Spodoptera frugiperda. As lagartas de Pseudaletia ocorrem em maior número e na maior parte da área cultivada com trigo no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As lagartas de Spodoptera são mais comuns e em maior quantidade no Mato Grosso do Sul e em São Paulo. Os danos são decorrentes da destruição
das folhas e, principalmente da espiga onde devoram aristas e espiguetas, podendo deixar apenas o ráquis. Alimentam-se durante o período noturno e durante o dia, somente quando está nublado. Passam a maior parte do tempo, escondidas sob as plantas acamadas. A distribuição na lavoura é na forma de manchas, principalmente nos locais mais densos e acamados.
DANOS OCASIONADOS
Os níveis de danos econômicos ainda não estão bem definidos, mas a maioria considera uma infestação de 10 lagartas/m2, a partir do espigamento como base para aplicação do controle químico. A amostragem geralmente é feita com um aro de arame ou madeira, medindo 50cm x 50cm, jogado ao acaso na lavoura. Examina-se cuidadosamente a área, revolvendo inclusive torrões e contam-se as lagartas encontradas, separando-se em pequenas (<2cm) e grandes (>2cm); As amostras devem ser feitas próximas à borda da lavoura, no seu interior e em locais com maior desenvolvimento da planta, maior densidade e plantas acamadas. Um mínimo de 10 amostras para cada talhão de 30 ha é o recomendado. Quando a densidade média ficar em torno de 10 lagartas grandes/m2 e a lavoura estiver na fase de espigamento ou mais adiantada, o controle químico é preconizado. Aproximadamente 40% da área cultivada com trigo é tratada com inseticida para o controle das lagartas que danificam o trigo. Para o controle químico da lagarta, devem ser utilizados inseticidas registrados no Ministério de Agricultura e Abastecimento, para esta finalidade . (tabela). Dionisio Link, UFSM
Alguns inseticidas registrados para o controle das lagartas do trigo e indicados pela COMISSÃO SUL BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO. 2000
Inseticida
i.a. g/ha
Betaciflurina Clorpirifós etílico Diflubenzuron Fenitrotion Lambdacialotrina Metamidofós Monocrotofós Paratiom metílico Permetrina Triazofós Triclorfom Triflumurom
5 480 25 1000 5 180 180 480 25 200 500 15
Toxicidade* Intervalo predador/parasitóide de segurança -/A/B -/A/M -/S -/A/B A/A -/S A/S -/S -/-
20 21 30 14 15 21 21 15 18 28 7 14
*toxicidade aos predadores, Cycloneda sanguinea e Eriopis connexa e aos parasitóides, Aphidius spp. S seletivo(0-20% de mortalidade); B baixa (21-40%); M média (41-60%) e A alta (61-100%); - não conhecida. Intervalo de segurança intervalo entre a aplicação e a colheita.
Controle biológico Fotos Wilmar Cório
Limpeza na agricultura Controle biológico de pragas e doenças proporciona tudo o que os consumidores desejam, ou seja, produtos sadios e de qualidade
com métodos não pesticidas certamente traz um benefício que é difícil de vencer. O tratamento biológico das sementes de milho também tem sido investigado pela Embrapa Trigo. A tabela 2 mostra os efeitos do bioprotetor sozinho ou em combinação com fungicida na germinação das sementes e no rendimento de milho. A idéia é usar micróbio contra micróbio, entretanto este método pode ser usado no controle integrado, com fungicidas. O controle biológico da giberela, doença da parte aérea do trigo apresenta resultados satisfatórios. Essa doença é responsável por perdas significativas de rendimento de grãos da cultura, além de diminuir a qualidade devido à micotoxina produzida pelo patógeno Fusarium graminearum. As pesquisas realizadas no Brasil estão sendo confirmadas nos Estados Unidos com redução significante da vomitoxina nos grãos de trigo com aplicação do bioprotetor Paenibacillus macerans isolado pela Embrapa Trigo no Brasil. A agricultura limpa é o grande desafio para o novo milênio e o trigo de sua massa ou pão poderá em breve ser cultivado com menos micotoxina produzida pelos fungos patogênicos e sem a utilização exagerada de fungicidas, se o controle biológico continuar controlando a giberela do trigo e de outros cereais. Compostos químicos oriundos, ou sintéticos derivados de microrganismos, tais como Fludioxonil e Estrobilurinas por certo também, contribuirão muito no rumo
Wilmar explica o que é a agricultura limpa e qual a sua importância para a natureza
da agricultura limpa. Compostos indutores de resistência às doenças e harpina são armas adicionais que podem ser usadas com sucesso no manejo de doenças. A demanda mundial de controle de doenças de plantas é pelo manejo biointensivo para chegarmos a uma agricultura limpa. Os bioprotetores, sejam eles bactérias ou fungos apresentam-se extremamente promissores para proteger as plantas contra certas doenças. Será uma verdadeira guerra biológica contra os patógenos para vencer o desafio da agricultu. ra neste século. Wilmar Cório da Luz, Embrapa Trigo
Tab. 01
A
agricultura do século XXI de manda produtos sadios e de qualidade. Isto é, que tenham o mínimo de produtos tóxicos e níveis toleráveis de micotoxinas para dieta humana e dos animais. Este é o principal objetivo da agricultura limpa (Clean Agriculture). Algumas culturas de baixo valor econômico por hectare, tal como o trigo, devem ser adequadamente protegidas contra as doenças e pragas, sem depender de pesticidas. As indústrias químicas na última década já iniciaram uma trajetória inadiável, diminuindo as dosagens de alguns produtos por hectare e estão descobrindo novas moléculas químicas que podem ser utilizadas gramas ao invés de centenas de gramas ou
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kilogramas por hectare. O controle biológico deve substituir os pesticidas neste novo milênio no manejo de algumas doenças das plantas. Em Passo Fundo, RS pesquisador da Embrapa Trigo tem encontrado microrganismos benéficos que protegem o trigo contra algumas doenças. Esses produtos biológicos usados sozinhos ou em combinação com fungicidas, diminuindo a dosagem dos pesticidas têm alcançado ótimos resultados (Tabela 1 e 2). O controle biológico, ao mesmo tempo que controla as doenças, melhora a qualidade dos grãos para o consumo humano e animal. O controle biológico das doenças dos cereais é um passo firme para atingir a agricultura limpa. O manejo de doenças
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Efeito do bioprotetor Paenibacillus macerans (144) e sua interação com o fungicida Spectro no tratamento de semente de trigo Tratamento Testemunha Paenibacillus macerans (11g) Pae. macerans (11g) + Spectro (100g) Spectro (200g)
% de fungos patogênicos 42 c 10 b 2a 13 b
Nº de plantas 291 c 322 b 341 a 319 b
Rendimento (kg/ha) 3134 c 3545 b 3816 a 3543 b
Tab. 02
Efeito do bioprotetor Paenibacillus macerans (144) e sua interação com o fungicida Maxim XL no tratamento de semente de milho Tratamento Testemunha Paenibacillus macerans (11g) Pae. macerans (11g) + Maxim XL (75g) Maxim XL (150g)
Sementes de trigo, milho e cevada tratadas com Bioprotetores da Embrapa Trigo
Maio de 2001
Maio de 2001
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% de fungos patogênicos 53 c 12 b 0a 13 b
germinação (%) 77 c 86 b 93 a 87 b
Rendimento (kg/ha) 5168 c 6124 b 6626 a 6119 b
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John Deere
Arroz
Técnica biotecnológica reduz pela metade o tempo gasto para a obtenção de cultivares mais resistentes e produtivas
Tempo é dinheiro O
arroz é uma das principais culturas alimentícias do Brasil, sendo cultivada em todas as unidades da federação. A produtividade média brasileira é de 1,6 mil kg/ha, que pode ser considerada baixa quando comparada com a de outros países produtores de arroz. Essa baixa produtividade está relacionada, além de estresses ambientais a que a planta do arroz é submetida, ao baixo uso de modernas tecnologias por parte dos produtores de arroz. Uma das tecnologias de mais fácil aceitação pelo produtor é o uso de cultivares melhoradas, adaptadas às condições edafoclimáticas de cada região. Essa tecnologia, além de incrementar a produtividade, é um dos insumos relativamente de menor custo na produção agrícola. Assim, a Embrapa Arroz e Feijão tem dado ênfase ao seu programa de melhoramento do arroz, que associado à geração de práticas culturais adequadas a novas cultivares, possibilitará o incremento da produtividade dessa cultura no Brasil. A demanda por parte dos produtores por cultivares mais produtivas e de melhor qualidade de grãos tem sido muito grande. Por outro lado, o uso dos métodos convencionais de melhoramento do arroz tem-se mostrado um tanto quanto moroso para atender essa demanda já que, 16
Cultivar
normalmente, são gastos de 10 a 12 anos para se obter, com essas técnicas, uma nova linhagem com possível potencial para uso comercial. Assim, dada a urgente necessidade de se criar cultivares com as características desejadas pelos produtores e consumidores, a Embrapa Arroz e Feijão tem procurado desenvolver técnicas que reduzam o tempo necessário para se obter novas linhagens de arroz. Para isso, técnicas biotecnológicas vêm sendo implementadas no sentido de reduzir o tempo e custos de obtenção de novas cultivares. Uma dessas técnicas que se tem mostrado mais eficiente é a cultura de anteras e que consiste na obtenção de uma nova planta a partir de uma única célula reprodutiva masculina (grão de pólen) em condições in vitro. Essa técnica diminui substancialmente o tempo de obtenção de linhas fixadas em materiais segregantes de arroz. Comparada com os métodos convencionais de melhoramento, essa técnica reduz praticamente pela metade o tempo gasto na obtenção de novas cultivares. Além disso, o espaço físico, insumos, máquinas, implementos e recursos humanos são bastante reduzidos, já que a maior parte dos trabalhos de pesquisas são desenvolvidos em laboratório. A técnica de cultura de tecidos é usawww.cultivar.inf.br
da no programa de melhoramento do arroz nas seguintes situações: a) obtenção de linhagens haplodiploides através da cultura de anteras de plantas F1; b) obtenção de linhagens haplodiploides a partir de plantas selecionadas em populações melhoradas através de seleção recorrente; c) melhoramento genético da qualidade físico-química do grão e outras características da planta através da variação somaclonal. Com o uso dessa técnica, já foram criadas várias linhagens de arroz de terras altas com maior precocidade, maior resistência à seca e a doenças e, principalmente, de grão da classe longo e fino. Algumas dessas linhagens estão em fase final de avaliação em nível nacional e têm-se mostrado bastante promissoras para lançamento comercial em futuro bem próximo. Essa expectativa é baseada na maior produtividade, qualidade dos grãos, resistência ao acamamento e doenças dessas novas linhagens. Isso, certamente promoverá um substancial aumento da produtividade da cultura com conseqüente aumento da renda e bem estar do produtor, além de refletir na melhoria de toda ca. deia produtiva do arroz. Evaldo Pacheco Sant Ana Embrapa Arroz e Feijão Maio de 2001
Algodão de verdade
Fotos Cultivar
Algodão
A região de Barreiras, na Bahia, desponta como grande produtora e já apresenta produtividade maior do que as do Mato Grosso
João Carlos, da Abapa; Walter Horita, da Fundação Bahia; Joaquim Santana, da Seagri; e o represantante da EBDA
C
om o crescimento constante des-de a safra 95/96, quando foi introduzida, a cultura do algodão é o sonho dourado da maioria dos produtores agrícolas do Oeste Baiano, observando-se a massa frenética de conhecimentos técnicos sobre ela. Muitos perdem o sono imaginando onde buscar recursos para o custeio e assim passar a integrar o seleto grupo dos hoje 80 produtores da região de Barreiras que em 45 mil hectares colherão este ano, em média, 190 arrobas/ ha em sequeiro e mais de 260 nas áreas irrigadas. Mas há notícias de colheitas, este ano, de 330 arrobas/ha em sequeiro e perspectivas de 400 com irrigação. Os resultados econômicos são em muito superiores aos obtidos com a soja, por exemplo, em 18
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que a produtividade média regional chega este ano a 41 sacas/ha. Um dia de campo organizado pela Fundação Bahia na fazenda Independência, em Formosa do Rio Preto, reuniu mais de 300 produtores, uma façanha considerando as enormes distâncias regionais. O evento, apoiado pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão Abapa- e pela Associação dos Irrigantes da Bahia, a poderosa AIBA, serviu para se aquilatar o interesse geral pela cultura e avaliar as gestões em todos os sentidos. Constata-se, por exemplo, a aguda necessidade de se viabilizar o Programa de Incentivo à Cultura do Algodão no Cerrado Baiano, que já tem nome PROALBA- mas ainda não saiu do papel. Baseado www.cultivar.inf.br
no programa que desencadeou a explosão agrícola no Mato Grosso, o PROALMAT, o projeto baiano porém não conseguiu do governo estadual redução superior a 50% no ICMs. Mesmo aceitando, os produtores não conseguem no entanto desenferrujar a lenta engrenagem política e implementar o plano, vital em se tratando de uma cultura cujos custos chegaram a US$ 1.163,94/há nesta safra. Apesar disso, estão plantando. E como estão. Já conseguiram vitórias importantes, como deter o avanço da principal praga do algodão, o bicudo, graças a um sistema especial que propiciou a certos produtores economia de até R$ 140,00/ha na aplicação racional de inseticidas. A pesquisa também se acelera e até novas cultivares, adapMaio de 2001
tadas às condições regionais, estão em desenvolvimento. Duas serão lançadas pela Embrapa e Fundação Bahia na próxima safra, a Aroeira e a Sucupira. Mostradas no dia de campo, provocaram reações entusiasmadas pela produtividade e qualidade de fibra. A atração do algodão se acentua na medida em que a soja, principal produto regional, teve percalços na última safra. Primeiro o clima não ajudou, faltando chuvas. Segundo, o modelo de financiamento de custeio, centrado nas indústrias que adiantam recursos ao produtor com base na variação cambial, mostrou-se desfavorável este ano. Terceiro, os preços do produto não ajudaram. A esperança? O algodão, claro, para quem plantou. Maio de 2001
Mas não basta a vontade e recursos para se plantar algodão no oeste baiano. Três coisas são imprescindíveis: em primeiro lugar é preciso terra apropriada. Quase uma ironia em se tratando de zona de cerrado onde o que menos falta é terra. Mas antes é preciso abrir os locais, retirando a vegetação natural, e depois aos poucos corrigir o solo, arenoso em demasia e lixiviado por milhares de anos de chuvas que carregam os elementos nutritivos. Antes de tudo toneladas de calcáreo e gesso mineral para neutralizar a acidez e reter os fertilizantes que a seguir são despejados em profusão. Depois é plantar arroz seguido de milho e/ou soja. Alguns anos depois, já com o solo apresentando fertilidade adequada, pode-se pensar em algodão. Por isso o crescimento da área plantada, embora constante e gradual, também tem sido lento, limitado ao disponível. Foram 2,4 mil ha em 95/96, que se tornaram 41.mil em 99/00 e passaram a 45 mil em 00/01. A meta, possível e planejada, é chegar a 150 mil há em 03/04. Se houver incentivo, claro. Esse, aliás, o segundo passo. Poucos têm recursos próprios para bancar tendo a terra e água os US$ 1.163,94 do custeio. E finalmente precisam de tecnologia, o que vem chegando em www.cultivar.inf.br
massa à região, graças à Fundação Bahia, à AIBA, ABAPA, Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola e Embrapa. Com o algodão chega o que a população regional mais precisa: empregos. As 23 usinas de beneficiamento instaladas, com capacidade de 1.359 t/dia de algodão em caroço, geram hoje 740 empregos diretos.
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...
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Algodão E há notícias de outras usinas em projeto. A Cotton Placas Ltda, sociedade dos Irmãos Gatto com Hélio Basso, inaugurou uma grande unidade no dia 25 de maio para beneficiar 400 fardos/dia, suficiente para receber o produzido em 6.000 há, ou 15% da área total regional atual.
RECURSOS NECESSÁRIOS
O que mais desejam os produtores é o incentivo fiscal. O PROALBA foi projetado pela AIBA e adotado também pela depois criada ABAPA para reduzir em 75% o ICMS na comercialização do produto, contribuindo o produtor com 15% para a pesquisa agrícola através do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio, o FUNDEAGRO. O governo baiano endureceu a
negociação e promete 50%, dos quais 10% a serem destinados à pesquisa, cabendo ao produtor uma redução real de 40% do imposto correspondente. Se não é o ideal, no entanto ajuda, servindo de lastro em momentos difíceis. Os recursos servem basicamente para a compra de insumos (56%), mão-de-obra (29%) e custos administrativos e tributos (15%). Naturalmente ocorrem variações nos índices, dependendo do pacote tecnológico adotado. Uma parte do aumento de custos da lavoura do algodão na Bahia decorre da chegada das pragas, em especial o bicudo. Por isso um plano especial de controle foi adotado no início do ano. Com o controle de soqueiras, semeadura concentrada em períodos definidos, controle de bordadu72600 67005
Evolução de área e da produtividade do algodão na região oeste da bahia Área/há
Pluma/tn
52800 48734 45000
41043
Caroço/tn 19305
2400 2160 2970
95/96
5000 5100
7013
96/97
Itens
8000 8640
11880
97/98
Total (US$) 11,90 15,21 202,76 132,81 278,83 5,22 646,73
% 1,02% 1,31% 17,42% 11,41% 23,96% 2,69% 55,56%
1-Semente 2-Tratamento Semente 3-Fertilizantes 4-Herbicidas 5-Inseticidas 6-Fungicidas Subtotal Insumos 7-Operações Mecânicas Operações Mecânicas 335,50 28,82% TOTAL(1+2+3+4+5+6+7) 982,23 84,39% 8-Outros: Impostos 44,20 3,80% Custo Administrativo 39,29 3,38% Custo Financeiro 98,22 8,44% Subtotal 181,71 15,61% TOTAL GERAL(US$) 1.163,94 100,00% 9-Ponto de Nivelamento @/ha Preço Médio @/US$ 193,99 6,00 20
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13000 14040
98/99
99/00
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.
CUSTO DE PRODUÇÃO O custo médio de produção na região oeste é de US$:1.160,00 por hectare. Sendo 56% dos custos representados pelos insumos (defensivos e fertilizantes ). As operações mecânicas e de máe-de-obra representam 29% dos custos,ficando para os custos financeiros, administrativos e impostos os 15% restantes. Estes custos variam proporcionalmente ao pacote tecnológico aplicado na produção. O incremento de tecnologia tem respondido satisfatoriamente nos níveis de produtividades. www.cultivar.inf.br
ras, de tigueras, aplicações de inseticidas em área total na emissão dos botões florais e uso de inseticidas específicos, o resultado foi excelente, como testemunharam no dia de campo o entomologista José Jandui Soares, da Embrapa, e o agrônomo Ezelino Carvalho, consultor técnico na região. Mas nem só o bicudo povoa as apreensões dos produtores baianos. Eles temem também o pulgão e a mosca branca, que com suas fezes provocam o algodão doce, de preço baixo e prejuízo certo. O controle adequado reduziu os efeitos dessas pragas e seus indesejados efeitos este ano, animando a se buscar resultados ainda melhores no próximo.
A maior
produtividade
QUALIDADE DO PRODUTO
Se o algodão baiano tem ótimo rendimento de pluma, excelente qualidade de fibra, produtividade elevada, cor branca invejável, baixa coloração amarela e menor índice de neps do Brasil, o que em resumo é sinônimo de bons resultados comerciais, tem também problemas a resolver. Os principais, o algodão de fibras curtas e o elevado teor de açúcar. O pesquisador Eleusio Curvelo Freire, da Embrapa Algodão, lançou no dia de Campo na fazenda Independência a idéia de se promover uma campanha para baixar os teores de açúcar e de fibras curtas, pensando na exportação. Já na próxima safra, diz Eleusio, isso precisa ser corrigido. O elevado índice de açúcar se deve especialmente à mosca branca, porque a região produtora baiana é a que apresenta menor quantidade de chuvas, o que satisfaz ao inseto. O pulgão pouco dano causa na Bahia, ao contrário do Mato Grosso, onde é o principal problema. O controle do teor de açúcar será reduzido pelo controle de mosca branca e pulgão, algo relativamente simples. Já o problema das fibras curtas é atribuído à chegada de diversas novas algodoeiras na região, que não estão usando serras muito novas. Interessante, porém, é a introdução de novas variedades. A Embrapa desenvolveu e apresentou três novas variedades: a BRS Aroeira (todas as cultivares baianas terão nomes de árvores da região), que também será distribuída em Goiás, e a BRS- 700, batizada de BRS Sucupira e a BRS 4565, ainda sem nome, para lançamento na próxima safra. Nas pesquisas, tiveram produtividade de 13% acima da ITA-90, uma das que têm maior potencial no Brasil. São mais resistentes a viroses e bactérias do que esta. E a 4565 ainda tem um por cento a mais de fibra do que a ITA-90, o paradigma. . Maio de 2001
Walter Horita está colhendo, em média, 330 arrobas de algodão por hectare em sequeiro; o irrigado vai a mais de 400 arrobas
O
que torna um engenheiro industrial paranaense, formado em São Carlos (SP) um campeão da agricultura no Nordeste? Entre outras coisas, provavelmente o amor pelo cálculo que o levou às ciências exatas. Se agricultura é atividade de risco, reduza-se ao mínimo esse risco, é o seu sistema. Walter Yukio Horita, com 37 anos, filho de agricultor paranaense, chegou ao oeste baiano em 1984, ainda estudante, aproveitando uma greve prolonMaio de 2001
gada na faculdade. Apaixonou-se pela potencialidade da região, cancelou a matrícula no fim da greve e lá ficou dois anos abrindo a área comprada pelo pai (1.200 ha), enquanto o irmão, Wilson, outro engenheiro, terminava a faculdade. Substituído pelo irmão, completou os estudos e voltou à toda. Iniciou a colheita de algodão, este ano, obtendo 330 arrobas por hectare em área de sequeiro. São 50 arrobas a mais do que supunha colher - 140 acima da média regional. E, sem querer parecer esnobe, www.cultivar.inf.br
acha que o resultado seria melhor se esperasse um pouco, mas teve de cumprir prazos de entrega. Nas primeiras semanas de junho a média vai subir, pois as maçãs ainda fechadas em maio mostrarão todo o potencial das lavouras. Nas áreas irrigadas Horita espera produtividade superior a 400 arrobas/ha. A julgar pelo estado das lavouras, completamente carregadas, vai colher mesmo. Horita é metódico e planeja tudo. Só arriscou mesmo nos primeiros anos, quando fez o pai hipotecar as terras no Paraná garantindo o empréstimo que pagou a Segunda área (1170 há) comprada na Bahia. Foi sua maior apreensão, pois o pai admitia até perder a terra, mas não queria ser gozado pelos amigos por participar do que poderia ser uma aventura na Bahia. Deu certo. Uma boa colheita e preços à altura ajudaram. O resto foi acontecendo sob planejamento. Atualmente planta soja, milho, feijão e algodão em 12.000 ha. Está ganhando em todas. Este ano a soja deu 41 sacas/ha, em média, na região. No entanto ele colheu 57,5. E acha que perdeu com a seca. Afável, de modos suaves e riso fácil, Walter é um grande curioso. Sempre ouvindo e perguntando sobre o que lhe interessa. Divide tarefas com o irmão Wilson, este mais ligado à execução. Por não ser engenheiro agrônomo, está cercado deles, ouvindo sempre a opinião de um, José Cláudio de Oliveira, seu consultor há sete anos. Foi este que o aconselhou, várias vezes, a plantar algodão, cultura que Horita temia por não conhecê-la. Quase por acaso, para cobrar uma dívida, entrou no ramo em 99. Colheu em média 276 arrobas/ha, quando a média
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José Cláudio e Walter examinam o excelente resultado obtido nas lavouras de algodão
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Formigas Fotos Cultivar
... regional anda pelas 190. Pegou a febre
e dos 3.500 ha plantados nesta safra pretende passar a 4.500 na próxima. Só não vai além por não dispor de mais terras corrigidas. Mas em 02/03 quer chegar aos 6.000, limite estabelecido. O que o torna um campeão de produtividade é a segurança de engenheiro com que calcula e a confiança com que segue fielmente a orientação técnica. Por isso José Cláudio, o consultor, é um dos seus admiradores. Seja plantando soja, milho ou algodão, quer a melhor tecnologia. Compra insumos sem dis-
Gesso mineral em profusão para corrigir o solo arenoso é uma das armas usadas por Horita
cutir. E o equipamento é o melhor disponível no mercado. Não importa o preço. Mas que não se tente enganá-lo. Ao comprar já analisou suas necessidades e o potencial da máquina, obtendo assim a melhor relação custo-benefício. Sempre à distância de um telefonema, Walter atende a todos, mesmo se na maioria das vezes encaminhe os assuntos aos assessores. Mas ouve tudo e aprende. Assim sempre sabe o que acontece, os negócios em perspectiva e suas possibilidades. Mede, pesa, calcula e decide. Investe onde precisa, terceiriza quando deve. Sua meta é chegar em breve à completa independência, com capital próprio para todo o negócio. Uso um princípio de equilíbrio no negócio , explica. Primeiro, plantar em terra devidamente corrigida. Por isso gasta toneladas e toneladas de calcáreo e gesso mineral na correção de solos. E só de fertilizantes comprou 10 mil toneladas na safra de verão. Tem fornecedor certo, pois não pretende misturar adubo ainda que pudesse economizar um pouco. Também ainda não montou uma usina algodoeira. Prefere ocuparse da matriz produtiva, cada vez mais aperfeiçoado, do que abrir novas frentes que distrairiam sua atenção. Nem por isso deixa de saber quanto custaria sua misturadora de adubos ou o valor de uma usina de beneficiamento. Na maior parte do tempo está calculando a redução de riscos. Na safra 00/01 investiu US$ 7 milhões. Vai faturar US$ 10 milhões. O excedente já está em boa parte aplicado em novas e potentes máquinas para a safra 01/02. Ou vai ser parte do lastro no plano de eliminar custos financeiros. Horita é modelo de produtor, sabe disso mas, modesto, não alardeia. Aconselha apenas e acredita que copiar bons . exemplos é sinal de sabedoria. 22
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Luiz C. Forti
Combate às cortadeiras Estudos sobre extratos vegetais podem auxiliar no aprimoramento das estratégias de controle de formigas cortadeiras
Q
uando se fala em extratos de plantas visando o controle de pragas, a primeira idéia que surge é a pulverização de caldas, obtidas de macerados ou infusão de vegetais, sobre os insetos, a exemplo da calda de fumo para controle de pulgões. Nas últimas cinco décadas, o empirismo deu lugar às sofisticadas técnicas e métodos científicos que têm permitido a descoberta de compostos ou substâncias químicas, a partir de extratos vegetais, responsáveis, em parte, pelo grande avanço na luta pela saúde humana e animal e na defesa sanitária vegetal. Os conhecimentos acerca dos efeitos de extratos vegetais sobre operárias de formigas cortadeiras e/ou sobre os fungos que cultivam, podem ter várias aplicações. Não bastaria descobrir um extrato tóxico com ação de contato e pulverizá-lo sobre as trilhas ativas de formigueiros adultos, porque apenas 10% da população, aproximadamente, estaria sendo afetada, o que certamente não eliminaria a colônia. As verdadeiras sociedades constituídas pelas formigas cortadeiras e a simbiose que mantêm com funMaio de 2001
gos são o grande diferencial desses insetos em relação às muitas outras pragas agrícolas, fato que tem sérias implicações na escolha de métodos e estratégias de controle. Então, como os extratos vegetais podem auxiliar no aprimoramento das estratégias de controle de formigas cortadeiras? De modo sintético, três linhas de pesquisa e formas de aplicação dos conhecimentos podem ser apontadas: 1) plantas tóxicas: descobrir substâncias tóxicas à formiga ou ao fungo simbionte, presentes nas plantas, com a finalidade de sintetizá-las e utilizá-las como um inseticida e/ou fungicida; 2) extratos atrativos: para incorporação às iscas tóxicas comerciais ou às embalagens de porta-iscas, visando aumentar sua atratividade e, conseqüentemente, aumentar as taxas de carregamento das iscas e de mortalidade de colônias; 3) resistência de plantas: compreender os mecanismos químicos de seleção de plantas pelas formigas cortadeiras e utilizar estes conhecimentos no manejo varietal da área cultivada. As pesquisas nessas áreas são relativamente recentes, mas muitos avanços já foram obtidos. www.cultivar.inf.br
PLANTAS TÓXICAS
Na linha de plantas tóxicas, as pesquisas com extratos orgânicos já permitiram identificar a sesamina, substância presente no gergelim e em Virola sebifera. A sesamina exerce efeitos tóxicos, em aplicação tópica, sobre operárias e efeito inibidor no crescimento do fungo simbionte da saúva-limão (Atta sexdens). Outras plantas estudadas são a mamona, a batata doce, o inhame, o jacatupé, a Canavalia ensiformes, etc.. Diversos compostos, presentes em extratos ou nas ceras foliares de plantas que escapam ao ataque das formigas cortadeiras, são comprovadamente repelentes às operárias de formigas cortadeiras, em alguns casos por apresentarem efeito fungicida ou inseticida.
EXTRATOS ATRATIVOS
Quanto aos estudos de extratos atrativos, pesquisas recentes foram desenvolvidas na Faculdade de Ciências Agronômicas/ Unesp, Botucatu, SP, em parceria com o Centro de Estudos de Insetos Sociais/Unesp, Rio Claro, SP, e com a Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, para as espécies Atta capiguara e Atta bisphaerica. Cultivar
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Fotos Luiz C. Forti
Papéis-filtro impregnados com extratos de gramíneas forrageiras sendo processados e incorporados ao jardim de fungo pelas operárias
FIG. 01
Extrato de brachiaria brizantha
FIG. 02
Extrato de capim jaraguá
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Além das particularidades comportamentais e de arquitetura interna dos ninhos dessas saúvas, a preferência de corte por plantas monocotiledôneas, especialmente gramíneas, é um fator muitas vezes responsável pelo baixo carregamento das iscas tóxicas comerciais, que são à base de polpa cítrica desidratada (subproduto de planta dicotiledônea). Os trabalhos com extratos vegetais tiveram como base em resultados prévios sobre gramíneas preferidas para corte e atratividade de vários tipos de iscas formuladas com polpa cítrica em mistura com folhas de gramíneas. Os estudos foram iniciados a partir de extratos aquosos (prensados) de folhas de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), grama batatais (Paspalum sp), capim elefante (Pennisetum purpureum cv. Cameron) e capim jaraguá (Hyparrhenia rufa). Os testes foram realizados em laboratório e em campo, utilizando-se papel-filtro ou celulose como veículo, impregnados com extratos a 5,5% (p/v). Em campo, os extratos mais atrativos foram aqueles obtidos de cana-de-açúcar e dos capins elefante e jaraguá. Operárias de Atta bisphaerica, de colônias mantidas em laboratório, demonstraram boa aceitação e incorporação ao jardim de fungo dos papéis de filtro impregnados com extratos aquosos (Figura 1). Apesar dos resultados promissores, são muitas as dificuldades encontradas para se trabalhar com extratos aquosos, principalmente do ponto de vista industrial, quando há necessidade de alto rendimento operacional, padronização dos produtos utilizados e estabilidade química dos compostos. www.cultivar.inf.br
Assim, foram selecionados os capins jaraguá e elefante para a obtenção de extratos orgânicos, os quais apresentam vantagens em relação aos extratos aquosos, principalmente quanto às condições de armazenamento e rendimento na extração dos compostos. A partir de folhas secas e moídas dessas gramíneas foram obtidos os extratos com os solventes hexano, diclorometano, acetato de etila e metanol. Os extratos foram oferecidos a operárias de colônias A. bisphaerica e de A. capiguara, em campo, diluídos em óleo de soja a 0,5% (frações de hexano, diclorometano e acetato de etila) ou em água a 0,5% (fração metanólica), usando retângulos de celulose como veículo. Todas as frações das duas gramíneas mostraram-se muito atrativas, destacando-se as frações diluídas em óleo. Estudos anteriores já haviam demonstrado que o óleo de soja é atrativo para operárias de Atta capiguara. A associação óleo-extrato resultou em taxas médias de carregamento próximas a 100%. O mesmo fato também foi confirmado em testes com extratos metanólicos de cana-de-açúcar e capim andropogon, diluídos em óleo de soja, na mesma concentração, revelando alta atratividade a operárias de A. bisphaerica. Os estudos continuaram porém, com tentativas de incorporação dos extratos orgânicos atrativos nas iscas granuladas comerciais, visando chegar ao objetivo final: aumentar a atratividade das iscas comerciais através de extratos de gramíneas. Em campo, estudos com iscas contendo extratos orgânicos nas concentrações de 0,5% e 5,0% indicaram melhorias na atratividade, mas não em níveis satisfatórios. Novas tentativas foram feitas utilizando-se iscas incorporadas com o extrato de acetato de etila do capim elefante, em várias concentrações, tendo sido obtidos excelentes resultados de carregamento, processamento e incorporação das iscas contendo extrato na concentração 0,25% . Ainda, nesse estudo, constatou-se que não houve devolução das iscas oferecidas, fato que é fundamental em qualquer tipo de trabalho que vise o desenvolvimento de iscas para formigas cortadeiras. O carregamento total das iscas é importante, mas de nada adianta se os grânulos não são processados pelas formigas ou se são devolvidos para exterior dos ninhos, porque é justamente durante a etapa de processamento que ocorre intoxicação de grande parte das formigas que trabalham dentro do ninho. Ainda, do ponto de vista industrial, folhas de cana-de-açúcar seriam a matériaprima de menor custo. Não haveria necessidade de manter áreas cultivadas com determinada gramínea para obtenção de massa verde para extrato, bastaria coletar as foMaio de 2001
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... lhas do chão, provenientes do corte das pon-
tas das plantas, durante o período de safra dos canaviais. Então, ficou demonstrado que a atratividade das iscas comerciais à base de polpa cítrica para as saúvas cortadeiras de gramíneas pode ser efetivamente aumentada pela adição de extrato vegetal. Mas, será que resultados semelhantes poderiam ser obtidos para outras formigas cortadeiras de gramíneas, como Acromyrmex balzani, que justificasse a indústria produzir uma isca diferenciada para esse grupo de cortadeiras? Acromyrmex balzani é uma espécie de quenquém muito comum nas pastagens da Bahia e de Minas Gerais. Na década de 70 essa formiga comprometeu seriamente áreas cultivadas com capim pangola localizadas no Recôncavo Baiano. Estudos com extratos para essa quenquém estão sendo iniciados na região sudoeste da Bahia, através de parcerias entre a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e a UNESP de Botucatu. Acredita-se que, além da utilização dos extratos diretamente nas iscas, os extratos podem ser utilizados para impregnar embalagens de porta-iscas, também visando aumentar as possibilidades das operárias encontrarem as iscas.
Fotos Luiz C. Forti
Aenda - Defensivos Genéricos
Dentro de cada grupo, as cortadeiras apresentam nítidas preferências por determinadas espécies de vegetais
RESISTÊNCIA DE PLANTAS
Uma das questões mais intrigantes sobre as formigas cortadeiras são os mecanismos que elas utilizam para escolher a planta para o corte. De modo geral, as formigas cortadeiras cortam uma gama variada de vegetais, mas há grupos de formigas especializadas em cortar gramíneas, outro em cortar plantas dicotiledôneas e ainda há espécies que cortam ambos os tipos de plantas. Dentro de cada grupo, elas apresentam nítidas preferências por determinadas espécies de vegetais. Vários fatores interferem na escolha do vegetal a ser cortado e existe uma série de teorias que tentam explicar a seleção de plantas pelas formigas cortadeiras, englobando características físicas, anatômicas, fisiológicas e químicas dos vegetais, bem como aspectos genéticos das rainhas, túneis de forrageamento, requerimentos nutricionais das larvas e do fungo simbionte, etc. Atta capiguara e Atta bisphaerica têm preferências por algumas gramíneas forrageiras, a exemplo do capim jaraguá , considerado extremamente atrativo para as duas saúvas. Por outro lado, espécies de braquiária são pouco cortadas pelas saúvas e quenquéns. Alguns estudos têm demonstrado que 26
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Extrato de capim elefante
Extrato de paspalum sp
um dos fatores responsáveis por esse comportamento das formigas em relação às espécies de braquiária, talvez o principal é a inadequação das folhas dessas plantas como substrato para crescimento dos fungos simbiontes. O fungo simbionte de Atta capiguara foi isolado e cultivado em meio artificial contendo extratos aquosos de váwww.cultivar.inf.br
rias gramíneas forrageiras. O crescimento do fungo no meio de cultura contendo extrato de Brachiaria brizantha foi significativamente menor em relação àqueles contendo extratos dos capins jaraguá e elefante e grama batatais (Figura 2). Esses resultados tornaram evidente que um dos mecanismos de resistência de B. brizantha é a inibição do crescimento do fungo simbionte. Poderia se pensar então que os problemas com formigas cortadeiras em pastagens poderiam ser solucionados com a formação de pastos a partir de espécies de braquiária. No entanto, não é tão simples como parece. Outros aspectos importantes devem ser considerados, como a suscetibilidade das gramíneas às cigarrinhas, perfil do pecuarista, sistema produtivo, condições climáticas, etc.. Na maioria dos casos, as não-preferências das formigas e das cigarrinhas pelas gramíneas forrageiras não são coincidentes. Quanto às condições climáticas, a maioria das espécies de braquiária não são adaptadas para cultivo em regiões áridas, como os sertões do nordeste brasileiro. Na verdade, ainda não há subsídios suficientes para recomendações de controle de formigas cortadeiras através do manejo varietal. Sabe-se que em pastagens, a melhor forma de amenizar problemas com cortadeiras é a manutenção de pastos bem manejados e . livres de gramíneas invasoras. Luiz Carlos Forti, Roseli Chela Fenille, Aldenise Alves Moreira, Ana Paula Protti Andrade, Vânia Maria Ramos e Roberto da Silva Camargo, FCA/UNESP, Botucatu/SP Maria Aparecida C. Boaretto, UESB, Vitória da Conquista/BA Maio de 2001
Agilização no registro de genéricos O
governo instituiu em março do ano passado uma comissão interministerial para revisar o Decreto 98.816/ 90, coluna mestra do registro de produtos fitossanitários. A comissão elaborou um novo texto de decreto que foi levado à consulta pública e, neste momento, as sugestões da sociedade estão sendo examinadas.Os objetivos básicos buscados pelas autoridades são: (a) adotar o agrotóxico similar no contexto da legislação; (b) agilizar o processual de registro. Esses objetivos, claramente, espelham a preocupação governamental com a diminuição da concorrência neste segmento e buscam recuperar uma maior oferta via produtos compostos por ingredientes ativos em domínio público. O texto apresentado para consulta pública, necessariamente deverá ser aprimorado no tocante a agrotóxico similar, porquanto trouxe definições merecedoras de reparos e não estabeleceu as exigências específicas para esse tipo de produto. Também, não estabeleceu as regras para se comparar um produto candidato a similar com um produto referência. Acreditamos que não haverá qualquer problema para essas correções, pois as definições, exigências e parâmetros de comparação estão bem determinados pela FAO e pelo COSAVE, bastando inseri-los. A AENDA, em suas sugestões, anexou todas essas regras. Nossa entidade propôs ainda uma centralização na avaliação dos processos dos produtos candidatos a similar, visando uma agilização do sistema. Hoje, um pedido de registro passa por três ministérios, com gerenciamentos diferentes, ritos burocráticos específicos, prioridades próprias e problemas ocasionais de gestão bem distin-
tos, dificultando naturalmente a fluidez de uma avaliação completa. Assim, imaginamos um grupo multidisciplinar, composto por especialistas nas áreas de agronomia, ecologia, toxicologia e química, formado por professores universitários e técnicos dos ministérios da agricultura, saúde e meio ambiente, os quais formariam um Conselho Interministerial e realizariam a avaliação do agrotóxico similar, agora condicionado a regras claras e racionais. Com a aludida centralização do exame dos produtos similares, a velocidade do sistema proporcionaria ao país um rápido aumento do número de registros, e conseqüentemente maiores opções de escolha por parte do agricultor.
Um outro efeito salutar seria observado, qual seja, um maior espaço para os ministérios avaliarem os produtos novos, contendo ingredientes ativos ainda desconhecidos no país. Estes também, seriam lançados no mercado em ritmo maior, disponibilizando ao agricultor tais insumos inovadores, numa medida mais próxima do que se passa na agricultura de países mais desenvolvidos. Apesar de estarmos falando em tecnicidade de registro, o alcance do propósito é bem maior com esse modelo de agilização: estamos querendo atingir índices melhores de competitividade para nossa agricultura. Em primeiro lugar, com a
similaridade, não é só a oferta beneficiada, mais que isso, similaridade é um salto na averiguação da qualidade dos produtos. Todo produto similar é uma cópia de um produto original, que teve sua patente caducada após 20 anos de exclusividade. E, para que essa cópia tenha um selo de qualificação, a comunidade científica internacional elaborou regras rigorosas que nos dão a certeza de estar diante de um produto com os mesmos atributos químicos do produto outrora sob patente e com semelhantes riscos toxicológicos e ambientais.
É examinado não só o teor do ingrediente ativo, mas a natureza e a quantificação das impurezas presentes, sejam de significância toxicológica ou não. Em segundo lugar, a introdução mais célere, tanto de produtos similares quanto de produtos novos, bem qualificados, colocará a agricultura nacional diante de instrumentos adequados para realizar manejo integrado das pragas, racionalizando o uso dos pesticidas. E, por fim, o mercado estará mais democratizado, com mais empresas e produtos, a custos sempre forçados pelo novo modelo de competição responsável desenhado nesta revisão do Decreto. WWW.AENDA.ORG.BR / AENDA@STI.COM.BR
Equilíbrio nutricional proporciona aumento da resistência fisiológica das plantas envolvidos na biossíntese da lignina. O seu efeito na lignificacão da sarna da batateira.
RESISTÊNCIA FISIOLÓGICA
N
A
P
capacidade que as plantas têm em se defender é sem dúvida influenciada pelo vigor e seu estádio fenológico. Uma planta com deficiências nutricionais é normalmente mais vulnerável ao ataque de patógenos do que outra em condições nutricionais ótimas. O equilíbrio nutricional é importante, pois plantas com excesso de nutrição podem tornar-se, também, mais predispostas às doenças. Os mecanismos da interação hospedeiro-planta-nutriente não são completamente conhecidos, mas admite-se hoje que a severidade pode ser reduzida por: A) Aumento da tolerância às doenças; B) facilitar a evasão às doenças; C) aumentar a resistência fisiológica das plantas e D) reduzir a virulência do patógeno. Aumento de resistência das plantas a doenças Como exemplo deste mecanismo seria a formação de novas raízes,substituindo aquelas destruídas por patógenos do solo. Para isso é importante a disponibilidade dos principais elementos, especialmente o fósforo (P), o nitrogênio (N) e o balanço entre estes dois elementos. Um exemplo deste tipo de comportamento e interação do P e do N trata-se da redução da severidade da podridão da raiz 28
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K do trigo, causada por G. graminis e da podridão das raízes da cana de açúcar, causada por Pythium.
EVASÃO
O efeito de determinados nutrientes sobre as plantas pode levar à evasão em função do desenvolvimento e maturidade de determinados órgãos. O fósforo, por exemplo, pode reduzir a fase vegetativa da planta e com isto reduzir o período de suscetibilidade à ferrugens. O contrário é verificado com altos níveis de nitrogênio onde normalmente o período vegetativo é aumentado e a senescência natural retardada, criando condições de hospedeiro disponível para o ataque do patógeno. Alguns nutrientes fortalecem os tecidos como o fósforo e o potássio, enquanto que outros tornam os tecidos mais tenros e suculentos e consequentemente mais sensíveis (ex: altas doses de Nitrogênio). Em feijoeiro, o fungo Rhizoctonia solani tem preferência por tecidos jovens. A resistência nestes tecidos aumenta com o conteúdo de substâncias pécticas e de cálcio no hipocótilo. A interação de diferentes elementos em equilíbrio pode facilitar a evasão, como por exemplo o Cu, B, Fe e Mn, que estão www.cultivar.inf.br
Todos os aspectos fisiológicos da resistência estão intimamente relacionados com o status nutricional das plantas e refletem tanto uma modificação no ambiente nutricional do patógeno como a produção e acúmulo de compostos inibidores da patogênese. Os elementos minerais não somente servem como substratos, mas também a rota das reações fisiológicas do metabolismo. O aumento da taxa de respiração, permeabilidade celular e translocação podem aumentar a disponibilidade de nutrientes para o patógeno. O estado nutricional do hospedeiro é particularmente crítico no caso de patógenos obrigatórios. Os mecanismos de resistência fisiológica pelos nutrientes minerais têm sido à regulação de aminoácidos e à síntese de proteínas. O Nitrogênio normalmente estabelece a composicão de certos aminoácidos e proteínas, enquanto que o Zinco e outros elementos interagem com o nitrogênio para regular aminoácidos, amidas e concentração de proteínas. Alguns aspectos contraditórios, relatados na literatura, podem estar associados aos efeitos indiretos dos nutrientes e sua interação. Um exemplo destes efeitos seria a redução da severidade de Diplodia zeae com KCI, que possivelmente inibe o NH-N retido pelo íon de cloro e não seria o efeito direto do potássio. Para justificar essa hipótese, a aplicação de NO-N sem cloro aumenta a podridão do colmo, enquanto que a aplicação de cloro sem o nitrogênio tem pouco efeito na severidade da doença. Ao contrário, a podridão do colmo de milho, causada por Fusarium moniliforme é reduzida pelo NO-N e aumentada pelo NH-N. O aumento da severidade da gomose dos citros, causada por Phitophthora parasítica, associada com altos níveis de Potássio, Maio de 2001
téria Erwinia amylovora. Altas concentrações de cobre induzem à polifenoxidação, a qual converte os fenóis em quinonas com potencial efeito bactericida.
REDUÇÃO DA VIRULÊNCIA DO PATÓGENO
A adubação tem um efeito direto, modificando o ambiente físico e químico,afetando a sobrevivência dos patógenos. No caso de Fusarium oxysporum f. sp. Phaseoli, sabe-se que o NH-N estimula a formação de clamidosporos, aumentando a densidade do inoculo no solo. A formação de clamidosporos de Fusarium oxysporum é inibida por NON, enquanto que a uréia ou NH CI reduz a lise. A Fusariose do feijoeiro(Fusarium solani f. sp. Phaseoli) aumenta com a localização de NH-N na zona do hipocótilo, enquanto que o mesmo não se verifica em plantas adubadas com NO-N. O NH-N aumenta os níveis de glutamina e asparagina nas plantas comparativamente com o NO-N. Normalmente, a arginina aumenta com o aumento do K. A atividade pectinolítica de certos fungos é inibida pelo NO3-N enquanto que o NH-N favorece estas atividades. No entanto, o zinco também poderá aumentar a incidência de doenças, como no caso da murcha de Fusarium em tomateiro, onde o zinco induz a produção de toxinas do patógeno. A adição de zinco em meio de cultura aumentou a produção de ácido fusárico de F.oxysporum f. sp. Udum. O ferro inibe a germinação de esporos e a formação de apressórios de certos patógenos. Condições de pH do solo limitam a disponibilidade de micronutrientes essenciais ao Embrapa Soja
Nutrição contra doenças
pode na realidade ser devido à alteração da relação K:Ca na permeabilidade diferencial das membranas celulares. Em contraste, a murcha de Fusarium em algodoeiro, decresce quando se aumenta o NO-N, havendo contudo neste caso o efeito da temperatura. O cálcio pode induzir resistência em plantas através do seu efeito no metabolismo de pectinas. Esse elemento modifica as pectinas hidrossolúveis em polipectato insolúvel, o qual é resistente às enzimas pectolíticas dos patógenos. A severidade da murcha do tomateiro, causada por Fusarium oxysporum f. sp. Lycopercisi, tem sido relatada, associada com deficiências de cálcio. A aplicação de cálcio tem controlado a doença em condições experimentais. Admite-se que o cálcio inibe a atividade da poligalacturonase produzida pelo Fusarium, e assim, influi no estado de murcha pela decomposição de substâncias pécticas no hospedeiro. Por outro lado, o cálcio também protege a membrana celular das células do hospedeiro e reduz a ligação eletrolítica induzida pelo patógeno. O ferro, por sua vez é essencial na síntese de algumas substâncias fungitoxicas, presentes no hospedeiro como por exemplo as fitoalexinas, que induzem resistência à invasão de determinados patogénos. A resistência do algodoeiro à murcha de Fusarium( F. oxysporum f. sp. Vasinfectum) está associada ao zinco que aumenta os teores de ácido ascórbico e carboidratos nas plantas. O efeito do cobre tem sido associado à resistência a determinadas bacterioreses. Este efeito parece associado à inibição das peroxidases e catalases que, resultando no acúmulo de peróxidos, tem efeito bactericida. O
Folha de soja com sintoma de deficiência de Potássio; note-se sua coloração
decréscimo da atividade da peroxidase resulta na acumulação de compostos fenólicos, considerados com potencial bactericida, tornando plantas de macieira resistentes à bacMaio de 2001
Cultivar
Nossa capa
crescimento, esporulação e virulência de certas murchas de fusarium. A flora microbiana do solo, em especial actinomicetos e bactérias, é favorecida pelo pH do solo mais www.cultivar.inf.br
Zambolim fala sobre a importância dos nutrientes para o aumento da resistência e produtividade das plantas
elevado. Estes microrganismos são antagonistas para determinadas formas especiais de Fusarium oxysporum, inibindo a germinação de esporos e o crescimento vegetativo, além de competirem por nutrientes orgânicos e inorgânicos da solução do solo. Alguns nutrientes como o zinco, regulam a eclosão de larvas de nematóides. A redução da severidade de murchas causadas por fusarium solani tem sido associada ao zinco, ferro e manganês, que parecem reduzir a virulência através da inibição da produção de certas enzimas pectinolíticas.
CONCLUSÕES
Os elementos minerais utilizados como nutrientes das plantas mantêm a produção, qualidade e o valor estético dos produtos. Por outro lado, os patógenos, os quais são uma das principais causas na perda da produção e qualidade comercial dos vegetais podem, em alguns casos, ter suas atividades reduzidas na presença de nutrientes essenciais ao crescimento e ao desenvolvimento da planta, além de poder influenciar direta ou indiretamente na infecção e na taxa de reprodução dos patógenos. Neste sentido, é importante fazer o manejo da cultura e reconhecer que: A nutrição mineral da planta pode substituir, reduzir e até aumentar a demanda por agroquímicos no controle de doenças em plantas; A nutrição é um dos componentes essenciais no processo de controle integrado de doenças de plantas, e por si só, pode não resultar em controle adequado das doenças; Na maioria dos casos a deficiência
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Cálcio (meq/100g) 1,02 1,05 0,90 0,85
Substância Pécticas (%) 0,88 0,81 0,52 0,35
Doenças Altamente Resistente Resistente Suscetível Altamente Suscetível
Thomas, 1966.
Severidade de murcha de fusarium em plantas de tomateiro, que receberam diferentes concentrações de cálcio após a inoculção
Cálcio (ug/ml) 0 50 200 1000
Corden, 1965.
Concentração de Ca na Seiva de Planta 73 219 380 1081
... ou desequilíbrio dos nutrientes no solo
ou nos tecidos vegetais predispõe as plantas ao ataque de patógenos; A nutrição pode em certos casos induzir resistência, tolerância e escape às doenças; O balanço nutricional da planta hospedeira sempre deverá ser previsto antecipadamente antes do surgimento das doenças nas plantas, de acordo com o patógeno, características físicas e químicas do solo, espécie de planta e exigência nutricional; Danos ocasionados por doenças em plantas, originados por deficiência ou desequilíbrio nutricional dificilmente são recuperados na mesma estação de crescimento; A forma como os nutrientes estão disponíveis para as plantas influencia a incidência e a severidade das doenças; A nutrição do hospedeiro afeta diferencialmente os diferentes agentes bióticos causadores de doenças; A construção da fertilidade do solo influencia diretamente na supressividade ou condutividade do solo às doenças; Existe um nível ótimo do nutriente para crescimento e produção na planta. Entretanto, este nível nem sempre coincide com aquele requerido para redução da intensidade da doença; Aplicações parceladas de nutrientes no solo, principalmente n nitrogênio, podem em certos casos não só reduzir a in-
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Doença (%) 100 92 80 9
Embrapa Soja
Folhas deficientes em Zinco apresentam coloração amarelo-ouro entre as nervuras
tensidade das doenças, mas também manter a doença sob controle durante o período de crescimento da planta; A quantidade de nutrientes a ser empregada em determinada cultura em parcelamento dependerá se as condições do meio ambiente forem ou não favoráveis a uma maior ou menor severidade da doença na cultura; www.cultivar.inf.br
Vários fatores influenciam a eficiência da nutrição mineral, entre os quais destacam-se: tipo de patógenos espécie de planta, variedade, tipo de solo, fertilizantes, modo de aplicação etc. De um modo geral, a relação entre a nutrição da planta e as doenças é a seguinte: a) deficiência em macro e micronutrientes tem propiciado maior incidência e severidade de doenças; b) a acidez do solo geralmente aumenta certas doenças do solo, principalmente aquelas causadas por f fungos; c) adubacão com N geralmente aumenta a incidência e a severidade de doenças, principalmente as causadas por fungos da parte aérea das plantas; Entretanto o emprego de nitrogênio sob a forma amoniacal tem levado a um maior aumento das doenças fúngicas, principalmente as murchas vasculares, pelo fato da diminuição do PH; já a utilização da forma nítrica aumenta doenças de natureza bacteriana pela elevação do pH; d) a adubação com P205, em excesso, aumenta a severidade das doenças, pelo fato de afetar o teor de Cu, Fé, Mn e Zn; e) a adubação com K O tem tido pouco aumento nas doenças, devido ao fato de afetar a relação N/K, mas o excesso aumenta doenças fúngicas; f) a adubação com micronutrientes, em geral, reduz doenças; g) a presença de silicatos no solo tem reduzido doenças. Um dos efeitos indiretos da adubação com silicato é a maior disponibilidade de P O e Mn. Os relatos na bibliografia, demonstram que os nutrientes maximizam a resistência das plantas a determinadas doenças, facilitam a evasão e alteram o ambiente externo, atuando na sobrevivência, germinação e penetração dos patógenos, interferindo assim na interação PLANTA x PATÓGENO x AMBIENTE. O uso e manejo dos nutrientes de forma equilibrada têm demonstrado ser uma alternativa válida e eficiente no controle de determinadas doenças de plantas, havendo contudo a necessidade de se desenvolver mais pesquisas nas nossas condições com as nossas culturas, procurando conhecer as exigências nutricionais, comportamento das doenças em diferentes níveis, fontes e com. binação de nutrientes. Laércio Zambolim e Francisco X. R. do Vale, UFV Hélcio Costa, Incaper (Artigo extraído de um trabalho apresentado no III Encontro sobre Manejo Integrado emMaio Viçosa, MG) de 2001
P
referir produtos de qualidade comprovada, procurar evitar desperdício de tempo e recursos, exigir tratamento diferenciado, tender a optar por produtos mais saudáveis não são características apenas do mercado consumidor. Hoje, também o produtor rural, mais informado e organizado, passou a ser mais exigente quanto ao que vai plantar, pois isso pode significar ter lucro ou prejuízo na hora de colher. No caso da soja, por exemplo, o produtor quer variedades cada vez mais produtivas e que sejam resistentes às principais doenças diminuindo, assim, os riscos e o custo de produção pelo menor uso de agroquímicos. Além disso, elas devem possuir ciclos diferenciados (precoce, médio e tardio) permitindo-lhe escalonar melhor sua produção e, em conseqüência, reduzir os efeitos de veranicos e os gastos com máquinas, já que a colheita pode ser feita em diferentes etapas. Mais recentemente, a essas características somou-se outra, presente em segmentos de produtores que fizeram a opção pela agricultura orgânica: variedades adequadas a esse tipo de cultivo. Para atender a essas demandas, a Embrapa Cerrados lançou quatro variedades de soja, desenvolvidas em parceria com a Fundação Cerrados, entidade formada por produtores de sementes. As novas cultivares são: BRS Nova Savana e BRS Pétala, de ciclo tardio (entre 135 e 140 dias), BRS Flora e BRS Nina, de ciclo precoce (cerca de 115 dias). Todas já foram aprovadas nos estados de Goiás, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e no Distrito Federal, estando disponíveis para o próximo plantio. Além de elevada produtividade e resistência às principais doenças, características comuns a todas elas, cada cultivar apresenta vantagens que as diferenciam. A Nova Savana, cultivar já consagrada entre os produtores, foi melhorada, mostrando-se ótima para fechamento de plantio. A Pétala é resistente ao nematóide-de-galha, M. javanica, e bastante tolerante ao M. incognita. A Flora e a Nina aliam precocidade com alta produtividade, permitindo a prática da safrinha. A Nina demonstra, ainda, aptidão para o cultivo orgânico.
Ao gosto do produtor
Diferentes cultivares de soja; cada uma adaptada às diversas necessidades do produtor
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Relação entre níveis de cálcio e substâncias pécticas com a resistência de girassol a Phytophthora drechsleri
Embrapa Soja
Soja
ADAPTADA ÀS NECESSIDADES
A Nova Savana foi desenvolvida a partir da cultivar Savana, já bastante conhecida dos produtores. Embora sua Maio de 2001
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elevada produtividade tenha despertado o interesse e a boa aceitação dos sojicultures, o fato de ser suscetível ao cancro da haste acabou levando-a a perder mercado. Com as pesquisas realizadas, chegou-se à Nova Savana, cultivar que alia um potencial produtivo de até 75 sacas por hectare à resistência ao cancro da haste. De ciclo tardio, a Nova Savana tem porte alto e adequado em diferentes épocas e regiões, é ótima para fechamento de plantio, tem estabilidade e boa resistência ao acamamento. Seu hilo tem coloração marrom clara, o que indica certa adequação para a agricultura orgânica. Quanto ao plantio, recomenda-se o período de outubro a meados Cultivar
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Embrapa vem desenvolvendo cultivares adaptadas às necessidades dos sojicultores
... de dezembro para a maioria da região
do Cerrado, à exceção dos estados do Maranhão e Piauí, cuja época apropriada é o mês de novembro. Para o produtor que quiser aliar elevada produtividade, resistência ao nematóide de galha (M.Javanica) e alta tolerância ao M.incognita, a opção é a BRS-Pétala, também de ciclo tardio. O fato de ser resistente e tolerante ao nematóide de galha é uma novidade entre as cultivares de soja até agora lançadas. O nematóide ataca a raiz da planta, formando uma espécie de batata que reduz sua capacidade de absorção de água e nutrientes. Outros pontos fortes da Pétala são a boa resistência ao acamamento, porte adequado em diferentes épocas e regiões, resistência às principais doenças e grande estabilidade de produção. Seu potencial produtivo chega a 75 sacas por hectare. Em geral, as melhores épocas de semeadura vão de meados de outubro até meados de dezembro. Em Mato Grosso, Maranhão e Piauí, esse período se restringe do final de outubro a novembro. Para os produtores que preferem ciclos precoces, a Flora e a Nina são a melhor opção. Face à precocidade e ao fato de permitirem a prática da safrinha, recomenda-se seu plantio nos meses de outubro e novembro. No caso de optar pela cultivar Nina, o produtor dos estados do Maranhão e do Piauí deverá semear nos primeiros 15 dias de novembro. Ambas as variedades associam precocidade com alta produtividade, chegando a atingir um potencial de até 70
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sacas por hectare. Até então, essa produtividade elevada era característica das cultivares de ciclo médio e tardio, o que as tornava mais rentáveis para o produtor. Outros pontos comuns entre elas são sua boa resistência ao acamamento, porte elevado apesar da precocidade, e a capacidade de permitir ao produtor maior segurança da lavoura e melhor planejamento. A possibilidade de escalonar a produção deve-se justamente à precocidade de seus ciclos. O maior diferencial da cultivar BRS Nina é a coloração marrom clara, quase translúcida, do seu hilo, o que evita influências na cor dos subprodutos da soja, como a farinha e o queijo. Além disso, por ser precoce, a colheita é feita mais cedo, deixando o grão menos sujeito a ervas daninhas e pragas. Essas características fazem com que demonstre certa aptidão para o cultivo orgânico, prática que vem ganhando espaço entre os produtores de soja da região do Distrito Federal.
PARCERIA NO TRABALHO
Iniciado em 1996, mediante um convênio firmado entre a Embrapa Cerrados, a Embrapa Soja e a Fundação Cerrados, o trabalho conjunto de pesquisadores e produtores de semente tem proporcionado bons resultados para os sojicultores. A redução do tempo entre o processo de melhoramento de uma cultivar de soja e seu lançamento no mercado é um deles. Antes o programa de soja lançava, em média, uma cultivar a cada quatro anos. Agora, com a www.cultivar.inf.br
parceria, está podendo lançar até quatro cultivares. Outro ponto positivo é o crescimento da produtividade dessas novas cultivares. Além das quatro cultivares lançadas, a parceria entre pesquisadores e sementeiros já colocou no mercado três variedades de alta produtividade, estabilidade de produção e resistência às principais doenças e pragas: BRS Celeste, BRS Carla e BRS Milena. De ciclo precoce-médio, a cultivar Carla, filha da produtiva BR16, apresenta elevada produtividade. De ciclo médio, a cultivar Milena vem superando a cultivar Conquista não só por sua elevada produtividade como também por ser altamente tolerante ao fusarium (Fusarium solani f.sp.glycines) e ao oídio (Microsphaera diffusa), doenças provocadas por fungos. Diferentemente dos primeiros agricultores que, na década de 70, se aventuraram a plantar soja no Cerrado, sendo considerados loucos por investirem numa cultura típica do clima frio da região Sul, os produtores de soja hoje já contam com variedades adaptadas à essa região e reconhecidamente produtivas. Além disso, podem fazer sua escolha entre cultivares de ciclo precoce, médio ou tardio, mais voltadas para o plantio convencional ou orgânico, para ser usada nos períodos de plantio tradicionais ou para aproveitar a safrinha. Com todas essas possibilidades, não é sem motivo que o Cerrado brasileiro produziu, na última safra, metade da soja brasileira, com uma produtividade supe. rior a 2,5 mil quilos por hectare. Plínio Itamar de Mello de Souza, Embrapa Cerrados
ONDE ADQUIRIR SEMENTES DESSAS CULTIVARES DE SOJA · · · · · · · · · · ·
Sementes Ampessan (61) 631 4880 Fazenda Celeste (62) 612 6000 Sementes Cereal Ouro (62) 612 6200 Sementes Morinaga (61) 361 9929 Sementes Moura (61) 622 1528 Sementes MR (61) 502 0128 Sementes Pamplona (61) 622 1399 Sementes Produtiva (61) 631 2992 Sementes São José (61) 631 234 5610 Sementes Wehrmann (61) 504 0225 Sementes Ypotiuá (61) 631 4886
Maio de 2001
Nas alturas A influência da altitude é um fator determinante sobre a qualidade da bebida de café
A
altitude constitui-se em um importante fator considerado pelas cartas de zoneamento, das quais constam as regiões aptas ou não para a cafeicultura, pois influi diretamente sobre a temperatura e as chuvas. A cada 100 metros que sobe a altitude, a temperatura cai ao redor de 0,7°C. As regiões mais altas são, do mesmo modo mais chuvosas. Sob condições favoráveis (elevada umidade do ar prolongada durante a secagem), uma diversidade de microrganismos tais como leveduras, fungos e bactérias desenvolvem-se infectando os grãos. Estes microrganismos em seu desenvolvimento produzem suas próprias enzimas que agem sobre os componentes químicos da mucilagem, principalmente sobre os açúcares, fermentando-os e conseqüentemente dando origem à bebidas de pior qualidade. O levantamento realizado entre os produtores classificados nas fases eliminatóMaio de 2001
Cultivar
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Café
ria e final do 4° Prêmio Brasil de Qualidade do Café para Expresso revelou alguns fatores que podem colaborar para obter uma café fino. Os dados mostraram entre outros fatores que todos as lavouras finalistas encontravam-se acima de 800 m de altitude e 98 % dos mesmos colhiam e secavam seus cafés sem exposição dos mesmos à chuva. Uma pesquisa foi realizada envolvendo 14 municípios localizados na região Sul do estado de Minas Gerais, visando demonstrar a influência da localização das lavouras em diferentes classes de altitude sobre a incidência de chuvas durante as fases de colheita e secagem do café e os possíveis efeitos sobre a qualidade final do produto. Dessa forma, foram visitadas 126 propriedades, coletadas amostras, entrevistados os proprietários ou responsáveis e selecionadas 24 propriedades localizadas em cada classe das seguintes altitudes: Classe 1 - 700 a 800 m Classe 2 - 801 a 900 m Classe 3 - 901 a 1000 m Esse estudo limitou-se ao intervalo de 700 até 1000 m porque apenas 1% e 3% das propriedades apresentaram altitudes, respectivamente, acima e abaixo desses valores.
AVALIAÇÃO DAS AMOSTRAS
A qualidade das diferentes amostras coletadas foi avaliada através da atividade da enzima polifenoloxidase ( u / min / g) proposta por CARVALHO em 1994 e transformada em valores numéricos segundo GARRUTI e CONAGIN (1961), conforme resultados apresentados na tabela 1. Observa-se que as diferentes classes nas quais se distribuíam a grande maioria dos cafezais amostrados diferenças estatísticas significativas quanto aos padrões de bebida, embora tenha-se observado uma ten-
...
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...dência à obtenção de cafés de pior quali-
dade em lavouras localizadas na classe de altitude de 901 a 1000 m. Na Figura 1 encontram-se representados os períodos em que se realiza a colheita nos municípios estudados. Embora o início da colheita ocorra em meses do ano geralmente não chuvosos, como o período de abril a julho/agosto, na maioria das localidades a colheita prolonga-se pelos meses de setembro/outubro e mesmo novembro, épocas em que a qualidade dos frutos colhidos pode ser comprometida devido a ocorrência de condições climáticas adversas. Na Figura 2 encontram-se apresentadas as freqüências de ocorrência dos períodos de colheita e secagem com chuvas, sem chuvas e com chuvas ocasionais nas propriedades localizadas em diferentes altitudes. Observa-se que houve uma ten-
Fig.02 MAI
Ocorrência de chuvas durante os períodos de colheita e secagem do café em diferentes altitudes da Região Sul do Estado de Minas Gerais. Ano agrícola 1992/93
ABR
JUN
AGO
SET
NOV
OUT
************************************************* São Sebastião do Paraíso ****************************************** Cabo Verde ***************************************************** Botelhos *****************************************Guapé ****************************************** Boa Esperança **********************************Areado ****************************************** Carmo do Rio Claro ************************************************************ Três Pontas ****************************************** Nepomuceno ************************************************* Campos Gerais ************************************************* Alfenas ************************************************* Machado ************************************************************ P. Caldas ***************************************************** Guaxupé
Fig.01 Épocas de colheita em municípios cafeicultores da região Sul do Estado de Minas Gerais 700 a 800 m
JUL
PERÍODO SECO
PERÍODO CHUVOSO
Tab. 01 Influência da altitude sobre a bebida de cafés provenientes de diferentes municípios da região Sul do Estado de Minas Gerais
801 a 900 m
Classes de altitude ( m )
Padrões médios de bebida *
1. 700 800
17,25 a
2. 801 900
17,25 a
3. 901 1000
13,90 a
* Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Duncan, ao nível de 5% de probabilidade
901 a 1000 m
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dência de as propriedades localizadas na classe de altitude mais elevada apresentarem o período de colheita e secagem sob condições de ocorrência de chuvas, o que pode ter ocorrido devido ao efeito da altitude sobre o regime de chuvas e ao atraso no início da colheita, concordando com afirmativas de que nas altitudes mais elevadas a maturação é desigual e atrasada. Deve-se considerar que nos últimos anos tem ocorrido, na região Sul do Estado de Minas Gerais, sistematicamente um atraso no início das chuvas, o que tem permitido, de uma maneira geral, o prolongamento do período de colheita e secagem e mesmo o atraso no início dessas operações sem grandes prejuízos sobre a qualidade. No entanto, restabelecendo-se o padrão normal da região de início do período chuvoso no www.cultivar.inf.br
mês de setembro, o prolongamento ou atraso das operações de colheita e secagem além do mês de agosto implicarão em sérios riscos para a qualidade do café produzido. As informações contidas no presente artigo indicam a importância do adequado planejamento das propriedades, principalmente naquelas situadas a altitudes mais elevadas visando fazer face à situação de freqüente ocorrência de chuvas e conseqüente exposição dos frutos a condições climáticas adversas (elevada umidade) que possam promover a sua deteri. oração. Sara Maria Chalfoun, Epamig Vania Déa de Carvalho, UFLA Maio de 2001
Agronegócios
Econegócio, um grande agronegócio blema tão sério que o então candidato George W. Bush ouviu a voz rouca das ruas e assumiu o compromisso público e solene de implantar as recomendações de Kyoto assim que eleito. Feito presidente, tratou rapidamente de pedir que esquecessem o que havia escrito, e declarou formalmente que não quer ser o coveiro da antiquada indústria americana, logo ele proveniente do petrolífero Texas. Investir na preservação do ar puro pode ser um golpe na competitividade americana, que demoraria algum tempo para se recuperar, ferindo o orgulho da águia americana de ser sempre o maior e melhor. Mas quem vai primeiro respirar o ar empestado, e morrer de câncer derivado da poluição seguramente não serão os pigmeus africanos.
OPORTUNIDADE
P
or muito tempo o Brasil foi vilipendiado por poluir a atmosfera com as queimadas, mormente na Amazônia. Até teses de ocupação internacional (leia-se americana) da região foram aventadas, para enquadrar o moleque rebelde . Até que estudos sérios demonstraram que 80% da poluição atmosférica mundial provém dos países ricos, metade dela concentrada nos Estados Unidos. Ao contrário do processo agrícola, o fulcro do problema está na atividade industrial, em especial as instalações antigas, pautadas em paradigmas superados de uso da energia e de conservação ambiental. Cientistas e líderes políticos e privados rapidamente perceberam que o mundo todo estará ameaçado no curto prazo, se medidas urgentes não forem tomadas. Esse foi o mote do Encontro de Kyoto, que estabeleceu uma agenda para reduzir os dejetos gasosos na atmosfera, causa principal do aquecimento global, um Apocalypse now com data marcada, com poder de mudar a face do planeta. 36
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AMEAÇA
Ocorre que o compromisso de cada um fazer o dever de casa implica em mudanças ponderáveis no xadrez do comércio internacional, por demandar pesados investimentos industriais para modernização industrial. Esses investimentos, destarte seu montante, não afetariam sensivelmente a produtividade industrial e a qualidade dos produtos, o que geraria um baque de competitividade pelo acréscimo de custos a amortizar no curto prazo. Aí a porca torceu o rabo, e desde então os países ricos agem feito avestruz, fugindo do problema como o diabo da cruz. Os americanos inventaram um tal de Clean Air Act (Lei do Ar Limpo), em que reconhecem que algumas fábricas antigas não têm como se modernizar e permanecer no mercado. Então se lhes é dada a oportunidade de fazer contrição e penitência, pagando uma taxa, que é utilizada para plantar árvores em algum lugar do mundo, como forma de limpar o ar que emporcalharam. É cristalino que esse paliativo não resolve um prowww.cultivar.inf.br
Se os industriais não vão fazer a lição de casa, embora de todo condenável, amplia-se a oportunidade de a agricultura reafirmar seu desígnio de ser uma atividade que limpa e purifica o ar, quando conduzida de acordo com os preceitos técnicos. É o que vem sendo chamado de Environmental Services, tendo até um segmento da economia (Environmental Economics) a fornecer o suporte teórico. Os serviços ambientais significam que alguém vai pagar para outrem retirar poluentes da atmosfera, mantendo florestas, matas ciliares e até pomares ou reservas faunísticas, expandindo para o Mundo o Clean Air Act americano.
E o assunto não é coisa de xiita ecológico nem de visionário futurista, mas assunto dos vetustos debates no FMI, nos templos do hard core do capitalismo americano, como Harvard ou Stanford. É o capitalismo selvagem elevado à última potência, sem qualquer trocadilho. Como qualquer coisa em economia, os serviços ambientais são determinados pela lei da oferta e da procura. A sociedade mundial (excluída a americana, a crer nas palavras do presidente Bush) procura cada vez mais preservar o ambiente para as gerações futuras, gerando a demanda ambiental . Como os EUA são a locomotiva industrial do planeta, e o maior poluidor individual, e se recusam a mudar o padrão emporcalhador de sua indústria, a oferta de ar puro diminui. Elementar, meu caro Watson: o preço sobe. Sobe no sentido de que se paga coletivamente por um ar puro que será respirado individualmente.
NEGÓCIOS AMBIENTAIS
Se você mora em Piracicaba, deve ter reparado que paga um centavo por mês na conta de água para recuperar a mata ciliar do Capivari. Similarmente, o governo do Estado de Nova Iorque está investindo US$1 bilhão para recuperar as matas das montanhas Catskill, para economizar US$6 bilhões em tratamento de água. Decisão semelhante tomou a cidade de Campo Mourão-PR, em parceria com a Embrapa Soja, ao investir pesadamente em controle biológico na Bacia do Campo, não interessando a que preço, para poder ter água limpa nas torneiras. Se alguém está pagando, alguém está prestando um serviço, concretizando-se o negócio que tem um fundo ambiental. O International Institute for Environment and Development (IIED) está financiando 180 projetos do gênero no Mundo, com recursos públicos e privados, inclusive de investidores. Na Costa Rica, fazendeiros recebem US$100/ha líquidos mensalmente, para manter uma reserva de mata. É o dobro do que recebem na área que plantam! O tema já entrou na Bolsa de Valores. O pioneiro é a Earth Sanctuaries Ltd (Austrália), que recupera áreas degradadas, e depois cobra ingresso para visitantes. Pasme, porém acredite: no balanço da empresa consta US$24 milhões de ativos em ... animais selvagens!!!
CARBONO COMMODITY
O III milênio vai nos reservar surpresas inimagináveis. Ou você havia sonhado com alguma coisa parecida com o carbono virando commodity (carbon credits)? O artigo 6 do Protocolo de Kyoto cria a oportunidade quando refere que ...as unidades de redução de emissão resultantes dos projetos que visam reduzir as emissões antropogênicas por Maio de 2001
Maio de 2001
fonte, em qualquer setor da economia, são negociáveis. O negócio é simples: se você quer continuar poluindo, é só pagar a alguém para que produza o equivalente em ar puro, em qualquer lugar do mundo. Está certo que parece que alguém pode pecar à vontade, desde que outrem faça a penitência em seu lugar, por um determinado preço, but business is business. Só o BIRD está investindo esse ano US$34 milhões em projetos do gênero. Na Internet começam a pipocar sites de negociação de créditos de carbono (www.carbonexchange.com, www. carbonmarket.com , www.carboncredits.com.ca). Na prática significa
o seguinte: um investidor do Brasil pode captar um recurso de investimento de qualquer país que emporcalhe o ambiente, tipo os EUA, para plantar florestas ou pomares, desde que demonstre tecnicamente que vai retirar x unidades de gás car-
um dos eco-negócios pioneiros. A redução de carbono vai acontecer com a mudança de carvão para gás natural como fonte energética da Niagara. A mesma Suncor também participa num projeto de conservação de florestas em Belize, onde comprou 400 mil ton de CO2. 2. A companhia de energia do Nebraska (Tenaska) investiu US$500 mil em florestas tropicais da Costa Rica, comprando o equivalente em créditos de carbono. 3. Os japoneses da Sumitomo desenvolveram uma engenharia digna dos nipônicos: vão auxiliar a recuperar os dinossauros energéticos russos, fornecendo equipamentos modernos, recebendo em troca o equivalente em créditos carbono para o Japão. 4. A Toyota não fica atrás e criou uma floresta modelo de US$800 mil, onde botânicos e geneticistas desenvolvem plantas transgênicas com maior capacidade de absorção de gás carbônico. 5. Na Inglaterra, a British Petroleum aproveita sua situação de multinacional para negociar entre as suas próprias filiais esquemas de purificação de ar, para garantir créditos carbono para as plantas industriais altamente poluentes do reino de Sua Majestade. 6. Na Austrália, a Pacific Power, a maior geradora de energia elétrica, comprou os créditos de carbono de uma floresta artificial de 1000 ha durante os próximos 10 anos, estimando-se que a floresta vá seqüestrar 250 mil ton de CO2.
E O BRASIL?
bônico do ar e devolver y unidades de oxigênio. Não precisa sequer ser proprietário da terra, pode até arrendá-la pelo tempo de duração do projeto, normalmente de longo prazo. Além de receber o dinheiro dos créditos de carbono, ainda dá para obter um lucro com a venda das frutas produzidas.
BAITA NEGÓCIO
Tanto é um bom negócio que tem peso pesado entrando nessa. Além da compra de créditos de carbono, ainda existem os serviços de auditoria e certificação, para garantir que tudo está conforme as disposições do Protocolo de Kyoto, o que também é um econegócio. Veja mais exemplos de projetos do gênero já em andamento: 1. Suncor, a companhia canadense de energia, comprou 100 mil toneladas de CO2 da congênere americana Niagara Mohawk Power Corp., com opção de compra de outras 10 milhões a partir desse ano. Esse foi www.cultivar.inf.br
Ao invés de apenas chorar o leite derramado, assinar notas de protesto contra o presidente Bush, devemos protestar (e violentamente!), mas também aproveitar a oportunidade. Está na hora de uma junção entre governo e iniciativa privada, para captar agressivamente os créditos carbono que começam a rolar pelo planeta, transformando-os em reflorestamento, em matas ciliares, em pomares de plantas perenes. É uma excelente oportunidade de atuar em duas pontas o agronegócio e o econegócio e beneficiar-se de ambos, tanto do ponto de vista ambiental quanto do econômico, com profundos reflexos no campo social (geração de emprego e renda) e na melhoria da nossa imagem na sociedade mundial. Novamente, o Brasil tem tudo para ser o líder do econegócios, como o tem para ser líder dos agronegócios. Vamos entregar o ouro de graça para os bandidos mais uma vez? Com a palavra lideranças públicas e privadas, de larga visão . estratégica. Décio Luiz Gazzoni, Embrapa Soja Cultivar
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Mercado Agrícola - Brandalizze Consulting Cultivar
Câmbio sustenta boas cotações Neste ano os produtores da soja tiveram dois fatores favoráveis em cima da cultura. O primeiro foi a boa produtividade conseguida, onde a grande parte dos estados produtores conseguiu bater recorde, e assim resultando em 36,4 milhões de T, que para a indústria é de 37,1 milhões, ou seja um pouco mais otimista. E o segundo é o câmbio que em cima de um quadro político desequilibrado no Brasil e a economia à deriva na Argentina, mantiveram o dólar em alta,o qual deu aos produtores boas condições de fechamentos. O câmbio instável tem sido muito vantajoso para o setor produtivo, que neste ano teve a maior parte dos custos em reais e agora está recebendo dólares mais valorizados pela soja. Só para recordar no ano passado nesta mesma época o dólar valia R$ 1,85 e agora no final de maio estava cotado a R$ 2,30 e chegou a bater próximo dos R$ 2,50, com isso possibilitou boas condições de fechamentos aos produtores, que mesmo em ano de supersafra estão conseguindo tirar lucratividade. O ponto mais importante para o setor foi o crescimento da produtividade, que a cada ano avança e deixa os produtores e o governo americano com os cabelos em pé, porque força-os a um aumento dos gastos com subsídios e diminui a lucratividade dos agricultores dos EUA. Neste ano estamos colhendo a melhor safra de nossa história.
ESTIMATIVA DE ÁREA PLANTADA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE (dados em 1000 ha e 1000 T e Kg/ha) ITEM ÁREA PROD Produtividade
UNID HÁ T kg/Ha
MG 830 1850 2229
GO 1270 3350 2638
MT 2680 8450 3153
SP 590 1550 2627
MS 1410 3450 2447
PR 2640 8180 3098
RS 3120 6550 2099
BA 645 1480 2295
BR 13765 36380 2643
Fonte: Brandalizze Consulting
MILHO
Na expectativa da safrinha
O mercado do milho que era muito vendedor até há poucos dias, agora começa segurar as ofertas. Os produtores e comerciantes, apontavam que já seguraram até agora, não custa nada segurar mais um pouco e ver como é que se desenrolará a safrinha, e grande parte aposta que as perdas na produtividade são irreversíveis, principalmente no Paraná, São Paulo e Goiás, onde as primeiras lavouras que estão em fase de maturação foram fortemente atingidas pela seca, e assim não tem como recuperar e devem entrar em colheita em poucas semanas. Como temos lavouras em fase de maturação, outras em formação de espigas, e até áreas em crescimento vegetativo, o impacto da seca é diferente, e as lavouras mais novas que foram beneficiadas com chuvas na semana passada, podem ter melhorado de condições. Assim continuamos vendo números que vão das 3,5 milhões até 6 milhões de T, para a safrinha. Os compradores não têm forçado agora porque temem que haja avanços nos indicativos, como vem ocorrendo no Rio Grande do Sul, e também dá sinais no Paraná. O mercado poderá ter pressão de alta nas próximas semanas. E a safrinha corre riscos com geadas até julho.
SOJA
Chicago em cima do clima americano
O mercado da soja em Chicago em maio andou com boa pressão de alta nas primeiras semanas e depois em cima de chuvas e clima melhorando mostrou pressão de baixa. Devendo seguir assim até o final de julho, quando se define a produção. De agora em diante é importante acompanhar as lavouras nos EUA. Mas se 38
Cultivar
não tivermos problemas e perdas em terras americanas, as cotações têm poucas chances de avanços, já que a previsão da safra local é de recorde histórico, ou mais de 81 milhões de T, contra 75 da safra passada.
da mais os indicativos. O mercado está melhor que no ano passado e projeta bons ganhos aos produtores. Deveremos ter crescimento do consumo neste ano que assim dará suporte aos ajustes.
ARROZ
Cotações favoráveis aos produtores
Alta nas cotações em maio
O final da colheita da safra do arroz, que está resultando em números de 10,4 a 10,7 milhões de T, contra um consumo de 12 milhões, fez com que os produtores e comerciantes forçassem ajustes e já conseguissem bons ganhos em maio, onde as cotações passaram dos R$ 11,50 para os R$ 14,00 e haviam ofertas em cima dos R$ 15,00. Mostrou crescimento da presença dos compradores e assim forçando ain-
FEIJÃO
Os produtores de feijão estão colhendo as lavouras da segunda safra que foi plantada escalonadamente e assim favorecendo o setor, porque não forçou o mercado com grandes ofertas. Os indicativos se mantiveram firmes e devem continuar assim pelo restante do ano. Para favorecer quem tem feijão, houve problemas na safra do nordeste, que não recebeu chuvas a tempo do plantio. A terceira safra chegará com bons ganhos aos produtores.
CURTAS E BOAS TRIGO
O plantio já esta em andamento em partes do Paraná e tudo aponta para crescimento da área. Os agricultores vão em busca de ganhos, já que as importações estão com custos finais em alta, e já se negocia trigo próximo dos R$ 300 por T.
ALGODÃO
O governo entrou no mercado em maio para apoiar a comercialização e dar liquidez ao setor. Os produtores que fixaram exportação antes da colheita estão satisfeitos com os números.
EXPORTAÇÃO
Neste ano o Brasil deverá embarcar cerca de 25,5 milhões de T, contra as 22 www.cultivar.inf.br
do ano passado. Poderemos ter aperto no final do ano.
CARNES
Com os frangos embarcando volumes recordes nos primeiros meses do ano, aponta-se fechar 2001, com mais de 1 milhão de T, contra as 880 mil T do ano passado. Muito milho e soja devem ser consumidos para que isso se concretize. E os mais otimistas apontam em fechar 1,1 milhões de T embarcadas.
MILHO
Com os fretes voltando aos patamares normais, volta a se abrir espaço para a exportação, que já soma cerca de 1,8 milhões de T, e poderá passar das 2 milhões. Maio de 2001