Cultivar 30

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Muitas empresas estão comentando sobre isso atualmente. Nós, da Continental Eagle, estamos fazendo mais do que comentários. Estamos comprovando nossa Qualidade. Somos o primeiro e único Fabricante de Descaroçadores a receber o certificado do Instituto de Administração de Qualidade. Organização essa, que nos ajudou a alcançar o padrão internacionalmente reconhecido ISO9001. Neste momento, a pergunta que fica é: O que isso significa para o cliente?... Significa que não podemos, simplesmente, pedir-lhe para confiar em nossa Qualidade. Temos de comprovar e documentar como a mantemos em nossa organização. ISO 9001 não é apenas uma certificação técnica, mas um processo, onde, Padrões de Excelência em Qualidade uma vez estabelecidos, são diariamente fiscalizados. Desta forma, todas as operações são antecipadamente planejadas e realizadas com consistência. Por isso, mantêm a Companhia em melhoria contínua seja dos projetos, ou da eficiência dos nossos produtos. Nosso ISO 9001, basicamente, garante-lhe que a Qualidade encontrada hoje na Continental Eagle será a mesma que você encontrará futuramente em nossos produtos. Investir na Qualidade é antes de tudo, uma necessidade. Porém, foi a forma que encontramos de provar a você, nossa dedicação.

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Ano III - Nº 30 - Julho / 2001 ISSN - 1518-3157 Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 58,00

Controle do bicudo Oeste baiano, através de estratégias regionais de controle, conseguiu diminuir a população dessa praga

(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 6,00

Bolsa branca

Diretor:

Newton Peter Editor geral:

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Schubert Peter

Comércio ilegal de sementes continua em pleno crescimento; conheça as razões

Redação

Pablo Rodrigues João Pedro Lobo da Costa Design Gráfico e Diagramação:

Fabiane Rittmann

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Apoio de Arte:

Christian Pablo Costa Antunes

Falsa proteção

Marketing:

Herbicidas não totalmente seletivos causam danos ao milho; veja como evitá-los

Neri Ferreira Circulação:

Edson Luiz Krause Assinaturas:

Raquel Jardim Ilustrações:

Doenças secundárias

Rafael Sica Editoração Eletrônica:

Index Produções Gráficas Para maiores informações sobre nossos equipamentos de descaroçamento e processamento de sementes, ou algum tipo de melhoria em sua estrutura: Contate: Engenheiro Agrônomo Delano M.C. Gondim Gerente Nacional de Vendas - Fone: (65) 9981.0956 End.: Rua Marechal Antônio Aníbal da Motta, 479 Cep.: 78020-090 - Cuiabá / Mato Grosso Fone: (65) 322.3272 / 322.3277 - E-mail: coneagle@terra.com.br

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Fotolitos e Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES:

Essas doenças continuam causando grandes prejuízos à cultura da soja

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GERAL / ASSINATURAS: 272.2128

REDAÇÃO : 227.7939 / 272.2105 / 222.1716

MARKETING:

272.2257 / 272.1753 / 225.1499 / 225.3314

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SUCURSAIS

Mato Grosso Gislaine Rabelo

Rua dos Crisântemos, 60 78850-000 / Primavera do Leste Tel.: (65) 497.1019 ou 9954.1894

Bahia

José Claudio Oliveira

Rua Joana Angélica, 305 47800-000 / Barreiras Tel.: (77) 612.2509 ou 9971.1254

índice Diretas Nematóides no algodoeiro Oeste baiano contra o bicudo Mega-evento da Fundação MT Algodão no Mato Grosso Mercado negro de sementes Tecnologia na Bahia Fitotoxidade de herbicidas em milho Redução do espaçamento Detecção de plantas daninhas Maturação do café Doenças secundárias da soja Coluna da Aenda Agronegócios Mercado Agrícola

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Nossa capa Foto Capa - Cultivar

Saiba como o Oeste baiano conseguiu bloquear o ataque do bicudo em lavouras de algodão


diretas FMC avança

A FMC, líder no mercado de algodão, pretende aumentar ainda mais sua participação no mercado, segundo o diretor presidente Antonio Carlos Zem, que reformou a equipe na área e firmou diversos acordos de parceria com outras empresas. Além disso, está anunciando nova estratégia de aproximação com os agricultores, buscando ouvir suas opiniões. Zem anunciou que nos próximos meses a FMC lançará dois novos produtos: um herbicida e um inseticida contra insetos sugadores. Antonio Carlos Zem

Laboratório da Aprosmat

Pioneer

No dia 03 de junho, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) completou 100 anos. A Esalq representa atualmente expressiva contribuição na área científica, tecnológica, no ensino e extensão no campo das Ciências Agrárias, Ambientais, Econômicas e Sociais. Em homenagem ao centenário da Escola, a sede do Governo do Estado de São Paulo foi transferida para Piracicaba, nos dias 02 e 03 de junho.

O presidente mundial da Syngenta Seeds, Jeff Beard, veio ao Brasil para prestigiar os bons resultados que a empresa tem registrado no cenário mundial. Beard esteve no País de 27 a 29 de junho para conhecer melhor as estratégias desenvolvidas nas unidades brasileiras. Sua visita fez parte de uma programação de compromissos na

No dia 29 de maio de 2001, o Laboratório Remoto de Diagnóstico Fitossanitário do Centro de Pesquisa da Pioneer de Itumbiara recebeu oficialmente o certificado ISO 9001/94. A entrega oficial foi feita pelo Dr. Bill Dolezal, representando o grupo de patologia Pioneer Hibred International. A certificação foi obtida após o grupo envolvido passar por muitas horas de treinamentos, implementação, e auditorias interna e externa.

Ciro Lopes, gerente de produtos da linha para algodão, fala sobre a importância do evento em Rondonópolis para o aperfeiçoamento tecnológico dos produtores. Ciro comentou ainda que a Basf tem trabalhado para oferecer aos cotonicultores um portifólio completo de produtos, visando otimizar a produtividade e aumentar o lucro dos produtores. Ciro Lopes

Olho vivo

Está circulando, com muitos elogios, a edição de 2001 do anuário da Abrasem. Destque para a pirataria de sementes. Pedidos pelo tel.: (61) 226.9022

MILHO Atividade

Valdomiro Rocco, presidente da AMPA, está bastante empenhado na busca de novas tecnologias para a cultura do algodão no Mato Grosso, sem descuidar a estratégia de vendas, atualmente uma das maiores preocupações dos produtores de algodão. Valdomiro Rocco

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Cultivar

América Latina, onde o Brasil tem conseguido bastante destaque. Jeff avaliou as oportunidades futuras e os lançamentos de produtos da empresa. Ele fez no dia 28 uma visita a Matão (SP), para conhecer a unidade e ver os resultados dos investimentos realizados nos últimos três anos que modernizaram a usina de beneficiamento de sementes.

Basf

Edeon Ferreira, presidente da Aprosmat Associação dos Produtores de Sementes do Mato Grosso, está exultante com a recente inauguração do moderno Laboratório de Análise de Sementes , em Rondonópolis, MT. O Laboratório garantirá ainda mais a qualidade das sementes produzidas e utilizadas naquele Estado.

100 anos da Esalq

Syngenta Seeds

Notícias Unimilho

A UniMilho com seus associados e licenciados, realizaram juntamente com a Embrapa a Convenção Nacional de Vendas 2001 , de 29 de Maio a 01 de Junho, em Sete LagoasMG. O evento ocorreu no NIA Núcleo de Informação do Agronegócio, divisão da Embrapa adequadamente estruturada para realização de tal evento. No encontro participaram mais de 30 empresas parceiras, com seus principais executivos e as respectivas equipes comerciais . Luiz Vicente Ferraz, Diretor-Presidente da Unimilho e participante ativo em todos os grupos de trabalho, ressalta que já foi a época em que o negócio parava no balcão da revenda ou da cooperativa, agora os profissionais têm a função de ajudar o parceiro a chegar até o agricultor, e não só com produtos, mas com serviços adequados e a preços justos. Para o final do mês de junho está programado um evento com um grupo de proprietários e principais executivos para discussão estratégica das empresas associadas Unimilho.

Mega evento

O Brasil está se firmando no exterior por não produzir milho transgênico, afirmou o pesquisador Flavio Lazzari, da UFPr, no fórum Valorização da Produção e Conservação de Grãos no Mercosul, em Londrina. O país produz 7 milhões de toneladas de milho safrinha (40% no Paraná). Após 17 anos sem exportar o produto, voltamos a fazê-lo este ano, com 2 milhões de toneladas para o mercado externo. Se a exportação brasileira se consolidar, o trigo terá dificuldades para recuperar a área perdida para o milho safrinha, na sua opinião.

Flavio Lazzari

Dario Hiromoto, superintendente da Fundação Mato Grosso, recebendo cumprimentos pela organização do maior dia de campo já visto no estado. Cerca de 3,5 mil pessoas visitaram a Fazenda Santa Mônica, em Rondonópolis, no evento dedicado à cultura do algodão.

Dario Hiromoto

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Julho de 2001

Esalq-USP

Algodão

Atacado por nematóides N

o Brasil, as espécies de nematóides mais daninhas ao algo doeiro são o nematóide das galhas radiculares (Meloidogyne incognita), o nematóide reniforme (Rotylenchulus reniformis) e o nematóide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus).

NEMATÓIDE DAS GALHAS RADICULARES

Duas espécies do gênero Meloidogyne parasitam o algodoeiro, Meloidogyne incognita e M. acronea. A primeira tem distribuição mundial, enquanto a outra ocorre apenas em algumas regiões do sul da África. Além disso, M. incognita apresenta um elevado número de hospedeiros, entre plantas cultivadas e perenes, e será a única espécie de Meloidogyne que merecerá nossa atenção neste texto. Nem todas as populações desse nematóide reproduzemse em algodoeiro; das quatro raças de M. incognita, apenas as raças 3 e 4 são seus parasitos. A raça 3 é a mais comum nos algodoais dos estados de São Paulo, Paraná e Goiás. Não há provas de que uma raça seja mais daninha que a outra ao algodoeiro. As raças 3 e 4 são menos freqüentes que as outras, mas o monocultiJulho de 2001

vo do algodoeiro acaba por selecioná-las. A distribuição do nematóide das galhas em uma área normalmente é muito irregular. Em função disso, temos, numa cultura infestada com Meloidogyne incognita, reboleiras de plantas pequenas e pouco vigorosas, freqüentemente murchas, formadas nas manchas de solo onde a população do nematóide é maior. Um sintoma nas folhas conhecido como carijó é muito comum. As folhas medianas do algodoeiro apresentam um amarelecimento, às vezes avermelhamento, da região internerval. O quadro pode evoluir para necrose e desfolha. Como outros nematóides ou agentes também podem levar à formação de reboleiras, devemos confirmar a presença de Meloidogyne coletando raízes de plantas da reboleira e procurar por galhas radiculares, o sintoma mais típico da presença desse nematóide. As galhas induzidas por Meloidogyne são engrossamentos radiculares que geralmente são formadas em torno do corpo do nematóide, resultante do aumento do tamanho das células do córtex e também, em algumas vezes, do aumento do seu número. Nosso diagnóstico será melhor www.cultivar.inf.br

ainda se coletarmos também raízes de plantas de fora da reboleira. Se Meloidogyne for o responsável pela formação da reboleira, é de se esperar que tenhamos mais galhas nas raízes das plantas da reboleira que nas raízes das plantas de fora. O nematóide das galhas prejudica o funcionamento do sistema radicular das plantas hospedeiras que, absorvendo menos água e nutrientes, apresentam uma parte aérea pequena, sem vigor e exibindo murchamento anormal. As perdas de produção normalmente são acentuadas, mas dificilmente a planta morre. Infelizmente, porém, é comum a ocorrência simultânea de M. incognita e do fungo Fusarium oxysporum f. vasinfectum, causador da murcha ou fusariose do algodoeiro. A murcha do algodoeiro é uma das principais doenças dessa planta, e em cultivares de algodoeiro susceptíveis ao fungo, seus sintomas (principalmente murcha) são agravados. O principal método de controle da murcha é o uso de cultivares resistentes, mas a resistência pode ser quebrada pelos ação do nematóide das galhas. Assim, solos contaminados com F. oxysporum f. vasinfectum somente podem Cultivar

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sua fibra, apresenta baixos níveis de resistência a M. incognita e ao complexo nematóide-fusário. Dentre as cultivares atualmente utilizadas, IAC-20 e IAC-22 figuram entre as que possuem melhores níveis de resistência ao nematóide das galhas. As cultivares CNPA ITA-90, CNPA ITA-96 e BRS-Antares são consideradas tolerantes, ou seja, apesar de serem favoráveis à multiplicação do nematóide, sofrem danos apenas moderados. O algodoeiro mocó, resultante da hibridação natural entre G. hirsutum e G. barbadense cv. Sea-Island apresenta elevada resistência ao nematóide das galhas.

NEMATICIDAS

... ser cultivados com cultivares resistentes

ao fungo se o nematóide das galhas não estiver presente. Caso contrário, a cultivar deve apresentar também resistência a M. incognita. O nematóide das galhas ainda aumenta a incidência de tombamento causado por Rhizoctonia solani. Em relação ao controle do nematóide das galhas, recomenda-se sempre que possível fazer um levantamento nematológico, a fim de conhecer o nível de infestação, antes de se adotar qualquer medida. Agindo dessa maneira, será possível concentrar os esforços de controle nas áreas onde a infestação é maior e provavelmente as perdas de produção são mais significativas. Os principais métodos de controle são:

Fotos Esalq-USP

Área infestada por Meloidogyne incognita em Vargem Grande do Sul (SP); à esq. com nematicida e à dir. sem nematicida

NEMATÓIDE RENIFORME

ESCOLHA DO LOCAL DE PLANTIO

Se possível, evitar áreas muito infestadas. Se isso não for possível, evitar as áreas com solos arenosos, distróficos e/ou pobres em matéria orgânica, e também as áreas sujeitas a secas acentuadas, pois esses fatores aumentam os danos causados pelo nematóide.

ROTAÇÃO DE CULTURA

Em áreas infestadas com M. incognita, sugere-se a rotação com amendoim (Arachis hypogeae), crotalárias (exceto Crotalaria juncea) ou mucunas. Há também algumas cultivares e alguns híbridos de milhos resistentes. As seguintes cultivares de soja são resistentes a M. incognita: BR-8, Cobb, IAC-8 e Tropical. Infelizmente a maioria das plantas cultivadas é boa hospedeira desse nematóide. 06

Cultivar

Tendo em vista os danos ambientais que acarreta, seu uso deve ser restrito às situações em que não for possível utilizar nenhum dos métodos acima. Em geral, o emprego de nematicidas é economicamente viável apenas quando o nematóide está em populações muito altas. Os produtos já registrados no Brasil são o aldicarb e o carbofuram.

Exemplares de Pratylenchus brachyurus no interior de raízes de algodoeiro

CULTIVARES RESISTENTES E TOLERANTES

Quando dizemos que uma cultivar é resistente a determinado nematóide, queremos dizer que essa cultivar é imprópria para a multiplicação do nematóide e que, em função disso, sofre poucos danos na sua presença. Há várias fontes conhecidas de resistência ao nematóide das galhas, mas as cultivares comerciais apresentam níveis baixos ou moderados de resistência. A maioria das cultivares oriundas dos E.U.A., preferidos pelos cotonicultores brasileiros pela qualidade da www.cultivar.inf.br

ROTAÇÃO DE CULTURA

É uma técnica ainda pouco utilizada para o controle do nematóide reniforme. A seguintes plantas são boas opções para rotação: arroz (Oryza sativa), milho (Zea mays), sorgo (Sorghum bicolor), milheto (Pennisetum glaucum), cana-de-açúcar (Saccharum spp.), trigo (Triticum aestivum), capim Rodes (Chloris gayana), feijão-mungo (Phaseoulus aureus), mostarda (Brassica nigra), amendoim (Arachis hypogeae) e algumas espécies de crotalárias (Crotalaria breviflora, C. lanceolata e C. mucronata). A destruição dos restos culturas do algodoeiro seguido do plantio de uma cobertura vegetal como o milheto é muito recomendável, pois diminui a população do nematóide reniforme, evita sua reprodução em ervas daninhas e impede sua disseminação pelo vento ou por enxurradas. Por outro lado, algumas plantas devem ser evitadas, como soja e fumo, por serem boas hospedeiras do nematóide reniforme. Cultivares resistentes e cultivares tolerantes. Apesar de serem conhecidos alguns materiais com altos níveis de resis-

tência ao nematóide reniforme (ex.: Gossypium arboreum Nanking CB 1402 e G. barbadense Texas 110 ), os cultivares de algodoeiro atualmente disponíveis apresentam baixos níveis de resistência. Nematicidas. Vide os comentários feitos no item sobre o controle dos nematóides das galhas.

NEMATÓIDES DAS LESÕES RADICULARES

No Brasil, Pratylenchus brachyurus é a espécie desse grupo mais disseminada em áreas cultivadas com algodoeiro. Embora reproduza-se satisfatoriamente em algodoeiro, sua importância para essa malvácea é discutível. Há relatos de danos causados por P. brachyurus em algodoais nos E.U.A. e no Brasil, mas a maioria dos testes em casa-de-vegetação têm mostrado que tais danos somente ocorrem sob altas populações do nematóide. Em testes realizados no Brasil, as cultivares IAC-20 e IAC22 comportaram-se como tolerantes a P. brachyurus, ou seja, permitiram a reprodução do nematóide mas não sofreram danos significativos. Por outro lado, a cultivar Acala-90, de origem norte-americana comportou-se como susceptível, permitindo a reprodução do ne-

matóide e sofrendo reduções significativas de crescimento. Isso indica que há variação na reação das diferentes cultivares de algodoeiro a esse nematóide, e mostra que o agricultor deve estar alerta para possíveis danos causados pelo nematóide das lesões à cultura do algodão. Não se conhece a importância desse nematóide na cultura do algodão nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas em princípio deve-se evitar o plantio em áreas muito infestadas, tomando-se cuidado com cultivares norte-americanas, pois aparentemente são mais susceptíveis, e com o plantio sobre antigas pastagens, pois as gramíneas geralmente são boas hospedeiras de P. brachyurus.

OUTROS NEMATÓIDES

Existem espécies muito daninhas ao algodoeiro, como Belonolaimus longicaudatus e Hoplolaimus columbus, que não ocorrem no Brasil. É importante a adoção de medidas sanitárias que evitem sua introdução no nosso . território. Mario Massayuki Inomoto, Esalq-USP

O nematóide reniforme (Rotylenchulus reniformis) é uma espécie de clima tropical e tem um grande número de hospedeiras, entre plantas cultivadas e invasoras. Há informações de que a reprodução do nematóide reniforme é favorecida em solos com pH 4,8-5,2. No Brasil, ele é um importante parasita do maracujazeiro, podendo causar danos também à soja e ao coentro. Em algodoais, sua distribuição no campo normalmente é mais uniforme que a de Meloidogyne incognita. Tem causados danos crescentes à cultura do algodão, em função do aumento de sua ocorrência. Tais danos são importantes principalmente em áreas com solos argilosos e em que se pratica a monocultura do algodão, como o norte do Paraná e na região de Leme, SP. A importância do nematóide reniforme nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul ainda é desconhecida. As plantas de algodão, quando infestadas pelo nematóide reniforme, são menores e apresentam as folhas medianas com clorose internerval, podendo evoluir para necrose internerval. O sintoma foliar é semelhante ao causado por Meloidogyne incognita, e também é conhecido como carijó . As raízes das plantas infestadas por R. reniformis são pouco desenvolvidas, com reduzido número de raízes secundárias, e podem apresentar solo aderente. Os principais métodos de controle , além da escolha do local de plantio, são: Julho de 2001

Julho de 2001

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Nossa capa

Bloqueio ao bicudo A região do Oeste baiano conseguiu uma efetiva redução da população do bicudo do algodoeiro graças à implantação de uma estratégia regional de controle. A economia foi de mais de US$ 2 milhões no último ano

O

s resultados da Estratégia de Bloqueio do Bicudo do Algodoeiro no Oeste Baiano (safra 2000-2001) superaram as expectativas neste primeiro ano de implantação. A efetiva redução da população da praga estava prevista para a safra 2002-03. Basicamente, os resultados positivos alcançados são decorrentes da rápida e ampla adesão dos produtores e demais profissionais envolvidos com o agronegócio do algodão na Região. Graças à implantação da estratégia regional de bloqueio do bicudo, estimase que o conjunto dos produtores de algodão do oeste baiano economizaram mais de US$ 2 milhões durante o último ano agrícola, somente em produtos que seriam utilizados nas pulverizações para o controle da praga.

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Também ocorreram benefícios ambientais e sociais com a adoção da estratégia, difíceis de serem medidos economicamente, mas muito importantes no manejo ambiental e agro-sociológico. E como os danos da praga foram minimizados e as produtividades não foram ameaçadas, diminuíram os riscos da atividade.

A PRAGA E O PROBLEMA

Se não controlado corretamente, o inseto Anthonomus grandis pode causar perdas de até 70% da produção em função da sua alta capacidade de reprodução e

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elevado poder destrutivo. Devido ao seu ataque, botões florais, flores e maçãs novas caem da planta. A praga também destrói, internamente, maçãs firmes (provocando o carimã ). O aspecto vegetativo da lavoura atacada é bom, mas sem produção. Seus danos repercutem em redução da produção e a perda da qualidade do algodão colhido. Este foi o inseto que mais provocou prejuízos ao algodoeiro no oeste da Bahia na safra passada (1999-2000), daí a razão da reação da coletividade do oeste baiano para detê-lo nesta safra. Buscando alternativas para o mane-

Julho de 2001

...


...jo racional do complexo de pragas que

atacam o algodoeiro, agrônomos e produtores da região decidiram tomar uma atitude conjunta, com o intuito de bloquear explosões populacionais do bicudo, e então assumiram a Estratégia de bloqueio como uma ação coletiva.

AS TÁTICAS DO BLOQUEIO

Devido às características bioecológicas do bicudo, é de suma importância considerar ações regionais para controlá-lo. Por isso, a estratégia de bloqueio ao bicudo baseia-se em cinco pontos, que adotados em conjunto por todos os produtores participantes, fundamentalmente visa eliminar a primeira geração da praga regionalmente. São eles: 1. Aplicar inseticida altamente eficiente no final do ciclo da cultura, no momento do desfolhante/maturador; 2. Manter a entressafra livre de alimento para a praga (rigoroso controle das plantas de algodão - foto). Deixar um período mínimo e ideal de 4 meses livre de algodoeiros ou soqueiras (de agosto até dezembro). Manter um controle altamente eficiente da sementeira ou tiguera de algodão nas culturas subseqüentes. Enfim, obedecer a legislação. 3. Concentrar a época de semeadura da macro-região em até 40 dias; 4. Tratamento rigoroso nas bordaduras com inseticida (foto), as quais devem ter 40 m de largura, inclusive nas cabeceiras. Estas aplicações nas bordaduras devem começar no primeiro sinal da praga, na situação que primeiro ocorrer: a) aparecer o 1º bicudo nas armadilhas de feromônio (foto); b) for encontrado o 1º bicudo na lavoura (bordadura); c) aparecer o 1º botão floral na área; 5. Uma a duas aplicações, conforme intensidade da praga, em área total no momento da emissão dos primeiros botões florais;

SOLIDIFICANDO O MANEJO

Nas propriedades, devem ser adotadas as medidas usuais de manejo de pragas. a) Nível de controle: 5% de botões atacados, devendo-se amostrar 250 botões preferidos por talhão de até 100 ha. b) Usar inseticidas eficientes para o controle de bicudo, evitando-se o uso de piretróides antes dos 70 a 80 dias (inclusive bordaduras e plantas iscas, pois são produtos repelentes, e a praga pode se espalhar para o interior da área pre10

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cocemente). Evite produtos que desequilibram populações de ácaro rajado.

USO RACIONAL DE INSETICIDAS

Levando em conta os produtos atualmente disponíveis, eficácias de controle, manejo da resistência (rotação de modos de ação de produtos, ver tabela), prevenção de desequilíbrios biológicos, tecnologias de aplicação disponíveis, seletividade a inimigos naturais e custos de produção, são sugeridos: 1) Tratamento de bordaduras: paration metílico ou fosmet a cada cinco dias. Se aí existir focos iniciais de ácaro, na 1ª aplicação destas bordaduras acrescentar à calda um acaricida a base de abamectin + óleo, fazendo a pré-mistura. Caso as plantas ainda estejam muito pequenas, usar doses reduzidas do abamectin. Nas aplicações subsequentes de bordadura utilizar abamectin + óleo a cada 15 dias, se for necessário o acaricida. 2) Tratamento da área total: endosulfan por ocasião dos primeiros botões florais, e até os 80 dias de idade da cultura quando a praga atingir nível de controle. A partir dos 80 dias passar a usar os inseticidas piretróides formulação SC ou EW, como betaciflutrina, deltametrina ou zetacipermetrina, entre outros, desde que registrados e altamente eficientes para o bicudo. Integrando as medidas de controle a) Plantio isca: nas áreas adjacentes aos refúgios da praga (matas, capoeiras, capinzais, proximidade de rios ou aguadas e focos) pode-se instalar o plantioisca nos bordos da cultura para atrair os insetos que conseguiram sobreviver durante a entressafra, pulverizando-o metodicamente; b) Variedade, espaçamento, densidade e altura de plantas: variedades que formam carga mais cedo e em período curto permitem a redução da fase crítica das plantas em relação à praga, além de possibilitar que a colheita e a destruição dos restos culturais também seja antecipada. O espaçamento, a densidade e altura de plantas devem permitir populações adequadas de algodoeiros, evitando-se o fechamento excessivo da cultura, que dificulta a boa fotossíntese e as pulverizações. O uso de regulador de crescimento é necessário nas áreas em que as plantas tenham crescimento exagerado; c) Catação dos botões florais e maçãs caídas: visa coletar e destruir as estruturas que caíram no solo, matando larvas e pupas do bicudo. É de fácil aplicabilidade nas reboleiras, bordaduras e plantioJulho de 2001

...


Algodão Grupo químico (exemplo de ingrediente ativo)

Modo de ação no inseto (sítio primário)

Organofosforado (paration metílico e fosmet) Éster do ácido sulfuroso / ciclodieno (endosulfan)

Inibidores da enzima acetilcolinesterase Antagonistas de canais do íon Cl- mediados pelo GABA (ácido gama aminobutírico) Afetam o fluxo de íons Na+ nos canais do axônio, mantendo-os abertos

Piretróide (betaciflutrina, deltametrina e zetacipermetrina)

Mais de 3 mil pessoas estiveram presentes ao evento organizado pela Fundação MT, que mostrou aos produtores os principais aspectos do plantio e manejo da cultura do algodão

BENEFÍCIOS DA ESTRATÉGIA DE BLOQUEIO DO BICUDO DO ALGODOEIRO NO OESTE BAIANO CUSTOS COMPARATIVOS E ECONOMIA (R$) NO MANEJO DO BICUDO - SAFRA 2000/01

Faz. II

440 26 10400,00 11400,00 6600,00 3900,00

1050 52 18500,00 25200,00 16000,00 6000,00

3200,00 45500,00 103,41 16500,00 62000,00 40,91

51000,00 116700,00 111,14 36500,00 153200,00 145,90

Faz. III

315 21 8000,00 7500,00 4700,00 2500,00

9500,00 32200,00 102,22 12600,00 44800,00 142,22

... isca, bem como em área total

nas pequenas lavouras. A operação de catação manual dos botões e/ou maçãs novas que caem da planta deve ser feita até os 80 dias após a emergência das plantas, sendo recomendável sua realização a cada 5 dias a partir do início da queda dos botões; d) Uso do desfolhante: permite também uma única, rápida, e eficiente colheita. Ao ser usado com inseticida tem seu benefício ampliado no controle do bicudo; Essa ação de responsabilidade para com a cotonicultura da região é um exemplo positivo, pois sua adoção não permite que tenham descrédito pelo uso incorreto das tecnologias disponíveis ou pelo simples desleixo em relação a atitudes que devessem adotadas coletivamente. A seguir encontram-se os custos comparativos da tecnologia de bloqueio versus o convencional, evidenciando os benefícios econômicos:

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Cultivar

A adesão de todos os produtores e consultores regionalmente a estas medidas, tem reduzido significativamente o potencial de infestação da praga e por conseqüência o número de aplicações de inseticidas para a praga, na safra, com benefícios econômicos, ecológicos e sociais que se alinham com a sustentabilidade. E, para as próximas safras, todos os produtores têm sido convidados para aderir às ações regionais com vistas a um bloqueio ainda mais efetivo e vantajoso para todo agronegócio do algodão baiano. Têm estado envolvidos com a estratégia proposta os seguintes engenheiros www.cultivar.inf.br

Faz. Convencional

Mega-evento

315 21

4700,00 2800,00 64260,00 71760,00 227,81 12600,00 84360,00 267,81

A

Fundação Mato Grosso mostrou no mês passado todo seu potencial e domínio absoluto na área de produção de algodão, realizando um megaevento do qual participaram mais de 3 mil pessoas, na grande maioria produtores, mas também técnicos e especialistas da área comercial. Dezenas de estrangeiros, principalmente de empresas importadoras e adidos comerciais de embaixadas, percorreram lavou-

agrônomos consultores da região: Ezelino Carvalho, José Olinto Giongo e Sidnei Antonio Marchesan da Proplanta; Celito Eduardo Breda e Pedro Brugnera da Círculo Verde; Antonio Cássio de Oliveira Filho da Plasteca; José Cláudio de Oliveira da Jco Agronômica; além dos agrônomos autônomos João Rosin e Valmor dos Santos. Além destes profissionais, as entidades de pesquisa e representação dos produtores (Fundação Bahia, Abapa e Aiba), Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri, Ebda e Adab), empresas fornecedoras de insumos, equipamentos e serviços têm sido fundamentais. Sem a participação dos quais não seria possível atingir este . sucesso nesta safra. Paulo E. Degrande, UFMS; Ezelino Carvalho, Proplanta; Celito E. Breda, Círculo Verde Julho de 2001

para atualizar os produtores com relação aos principais aspectos do plantio e manejo da cultura, ainda relativamente nova no Mato Grosso, e por isso despertando sempre atenção e curiosidade dos produtores. Divididos em três áreas de interesse, os grupos de visitantes foram levados a diversas estações onde ouviram palestras sobre temas escolhidos em áreas de seu interesse direto. Além de consultores de áreas específicas Fotos Cultivar

Área total (ha) Área da bordadura pulverizada (ha) Aplicação das bordaduras (12x) Aplicação nos 1ºs botões florais (1x) Aplicação no desfolhamento (1x) Armadilhas de ferômonio TMB Aplicação p/ controle (1,5 a 2,0 x)* Sub-total Custo / ha (específico p/ bicudo) Controle indireto ** TOTAL GERAL CUSTO / ha

Faz. I

ÁREAS DE PRODUTORES

Walter Jorge discorreu sobre as pragas que atacam o algodoeiro

ras examinando o algodão plantado, mantendo contatos com produtores e empresas brasileiras e ouvindo explanações sobre as perspectivas de colheita e qualidade do produto. O próprio governador do estado, Dante de Oliveira, presidiu as solenidades no dia de campo realizado na Fazenda Santa Mônica, em Rondonópolis. Mais do que tudo, porém, o evento serviu Julho de 2001

comerciais, como Fernando Muraro, analista da Agência Rural, e Hans-Jorg Ruckriem, consultor no projeto de marketing da AMPA, que falaram sobre a competitividade do algodão brasileiro e os mercados mundiais, especialistas em nutrição, manejo e controle de doenças e insetos mostraram aos produtores o que existe de melhor para maximizar a cultura no estado. www.cultivar.inf.br

Ciro Rosolen mostrou aspectos do clima que influenciam o manejo da planta

Na área de fisiologia de solos, por exemplo, o professor Ciro Rosolen, da Unesp, mostrou aspectos do clima que influenciam o manejo da planta. Basicamente demonstrou como funciona a resposta do algodoeiro às temperaturas e à luminosidade que, junto com a água, têm a maior influência sobre o algodão. Existem algumas atitudes de manejo que o agricultor pode executar para minimizar as perdas em condições adversas de luz e temperatura, disse, demorando-se especificamente no uso de reguladores de crescimento e na necessidade de definição do estande ideal da lavoura. Os agrônomos Paulo Aguiar e Fabiano Siqueri, da Fundação MT, falaram sobre melhoramentos e doenças, respectivamente, enfocando as maiores necessidades verificadas, fatores que interferem na escolha das cultivares e sua adaptação, bem como os meios de controle das doenças. O entomologista Walter Jorge dos Santos estendeu-se sobre as pragas que atacam o algodoeiro. Desde os ácaros e chegando aos pulgões, analisou o modo de ataque de cada uma e rapidamente mostrou os meios eficazes de controle. Mais atenção, entretanto, dedicou ao bicudo, a praga que mais dano tem causa. do a cultura. NP Cultivar

13


Safra no MT dos pelas condições climáticas conseguiram realizar a semeadura durante um período propício ao estabelecimento do algodoeiro. A exemplo desta safra a época de semeadura deverá ser mantida e os esforços para concentrar a semeadura durante o período recomendado em cada região sempre será um fator decisivo para altas produtividades do algodoeiro. Determinar a melhor época poderá ser uma estratégia para reduzir custos e otimizar o controle de insetos, principalmente em regiões com a presença de bicudo. Um bom planejamento é o primeiro passo para a semeadura na época mais favorável.

Assim foi o algodão

14

Cultivar

ÉPOCA DE SEMEADURA

Um dos fatores mais relevantes e responsáveis pelas altas produtividades é a época de semeadura, nesta safra os agricultores favoreciwww.cultivar.inf.br

O Mato Grosso possui uma extensa fauna de insetos na cultura do algodão que se dividem em insetos benéficos e maléficos. As pragas sempre são evidenciadas pelo grau de destruição provocada e pelas in-

...

A diversificação de variedade é a característica marcante dessa safra, os agricultores conseguiram agregar ganhos com a mudança ou incorporação de novas cultivares. Torna-se necessário o desenvolvimento de manejo específico para cada material. Entre as variedades cultivadas, a principal delas ainda é a CNPA ITA 90, dependendo da região ocupando entre 65 a 90% da área semeada no Estado. As características da cultivar são bastante conhecidas, trata-se da variedade há mais tempo cultivada no Estado. Um processo de degeneração da variedade CNPA ITA 90 com plantas de características morfológicas bem distintas são observados nas lavouras do Estado. Para manter a variedade nos campos comerciais com as mesmas características que o fizeram ser a CNPA ITA 90 mais plantada no Estado é preciso um processo de purificação. Os cultivares COODETEC 404, FMT SATURNO e DELTAOPAL estão distribuídos em todo Estado e caminham para sua instalação definitiva nos campos de algodão do Mato Grosso, adequando-se o manejo e o domínio dos aspectos problemáticos poderá garantir a estabilidade na produtividade e rentabilidade. O processo de regionalização de cultivares é uma realidade e as perspectivas de boas produtividades colocam todas variedades em igualdade à variedade padrão no Estado (CNPA ITA 90), basta que estratégias específicas sejam adotadas para que se explore o máximo do potencial de cada variedade.

Fotos Cultivar

P

expansão do algodão ocupando áreas marginais, obriga o desenvolvimento de pesquisas para geração de novas técnicas. A dinâmica da agricultura retira do mercado os agricultores que permanecerem estáticos a mudanças. Nesta safra o início da colheita no Mato Grosso confirma as boas produtividades previstas, seguramente a média de 1.350 quilogramas de pluma por hectares deverá ser confirmada nos 360 mil hectares plantados nos cerrados matogrossenses, sendo superior a safra 1999/2000. Para sustentar esse patamar de produtividade a responsabilidade é cada vez maior e os ajustes requeridos são mais minuciosos. Os fatores limitantes devem ser identificados com segurança e os antigos problemas não poderão ser repetidos.

COMPORTAMENTO DE INSETOS

tensas discussões em que são os centros das atenções. Entre as pragas do algodoeiro o complexo de lagarta das maçãs e o ácaro rajado ocuparam posição de destaque em várias regiões. Os severos surtos e a necessidade de controle intenso ressaltaram a importância desses insetos. Os percevejos migrantes de outras culturas atacaram as lavouras de algodão e consolidam a importância deste grupo como pragas do algodoeiro. Os controles dessas pragas nas culturas adjacentes evidenciam o conceito de sistema agrícola integrado entre várias culturas. Ataques

VARIEDADES AJUDAM

Os erros e acertos desta safra servem como referenciais para o produtor

ara servirem como fonte de dados para projeção das demais safras, os aspectos das lavouras de algodão em Mato Grosso da safra 2000/ 2001 serão avaliados para que os agricultores possam ordenar todos os elementos integrantes do sistema produtivo, aprimorando-os e introduzindo o conceito de best management practices BMP ou boas práticas de manejo da cultura do algodão. O aprimoramento do estágio atual requer o impulso criativo e a capacidade de raciocínio de todos colaboradores do processo produtivo que são essenciais para o sucesso da atividade nos momentos de dificuldade que a cultura deverá atravessar nas próximas safras. A ameaça de dificuldade dessa nova situação obriga o agricultor sair da área de conforto , isso pode ser a mola propulsora para uma nova era da cultura do algodão no país. Desta forma torna-se indispensável à utilização de técnicas adequadas, colocando em prática todo conhecimento que será o antídoto para essa ameaça. Os resultados anteriores norteiam os ajustes e os novos procedimentos, mas a

torna o conceito de fertilidade mais completo. O problema relacionado à nutrição do algodoeiro orienta a erros no equilíbrio de nutrientes acarretando disfunções na fisiologia da planta, em pouquíssimos casos a deficiência provocou perdas de produtividade.

NUTRIÇÃO DO ALGODOEIRO

Um programa nutricional mais equilibrado é a tendência das lavouras de algodão, não é necessariamente a utilização da maior quantidade de fertilizante. Atualmente discute-se a parte biológica do solo, além do aspecto químico e físico, o que

Evaldo Takizawa fala sobre os aspectos das lavouras de algodão em Mato Grosso

Julho de 2001

Julho de 2001

www.cultivar.inf.br

Cultivar

15


Informe Técnico

... ocasionais de tripes, beneficiado pelo cli-

ma seco, alertam a consideração que deverá ser dada a todos os insetos presentes no algodoeiro. O avanço do bicudo para regiões indenes reacende a necessidade de um acompanhamento técnico sério em todas as lavouras do Estado, principalmente neste momento em que a redução de custos passa ser obrigatoriamente necessária para permanência na atividade.A aplicação de inseticidas mais eficientes e a menor pressão de ataque do pulgão nesta safra facilitou o controle do afídeo. O manejo integrado de pragas (MIP) e a exploração da fauna benéfica de insetos são uma realidade que alguns agricultores se favoreceram e como conseqüência à incidência de lagartas das maçãs foi leve.

COMPORTAMENTO DE DOENÇAS

A diversificação de variedade tornou o algodão mais vulnerável a determinadas doenças como a ramulária e a ramulose e aumentou a resistência à doença azul . O controle através de intervenções químicas é uma realidade, nes-

te momento esse manejo passa por um processo de ajuste. As lavouras de melhor estado sanitário são diretamente proporcionais à qualidade de destruição e preparo de solo, demonstrando que o início de um bom programa de controle de doenças começa com uma boa destruição dos restos de cultura.

CLIMA

O clima foi caracterizado por períodos de pouca pluviometria durante as fases de crescimento do algodoeiro, em março as chuvas regularizaram. Durante a fase de deiscência (abertura dos capulhos) as chuvas provocaram podridão de maçãs e favoreceram a retenção foliar. Isso resultou no uso mais intenso de maturadores e desfolhantes. Nesta safra o baixo dimensionamento das máquinas poderá provocar atraso nas operações de colheita e destruição de soqueira. É um alerta para os agricultores que ampliaram sua área de cultivo e não se redimensionaram. As discussões sobre os custos de produ-

ção nunca tiveram tanta evidência como nessa safra, os funcionários do campo têm a responsabilidade de transformar os recursos financeiros que o produtor investe na cultura do algodão em execuções práticas, portanto esses colaboradores devem conhecer os meios e estratégias para reduzir os custos de produção. Os custos de produção variam entre R$ 1,9 mil até R$ 2,9 mil por hectare, essa diferença de R$ 1 mil por hectare poderá ser o diferencial da permanência ou não na atividade. Uma característica marcante da atual safra é o termo qualidade discutida em todos os eventos sobre algodão, porém a essência do conceito deverá ser conhecida e não tê-la como bandeira apenas por modismo. Nosso aprendizado e conseqüente crescimento estão numa razão diretamente proporcional à nossa capacidade de assumir riscos e descobrir o novo, este é o caminho da sobrevivência na agricultura do ponto de vista e a con. tribuição da consultoria agronômica.

Algodão na Austrália Grupo de produtores brasileiros aumenta seus conhecimentos através de viagens de estudos

Evaldo K. Takizawa, Ceres Consultoria

A

Continental Eagle, empresa líder na produção de descaroçadores de algodão, através do seu representante no Brasil, Delano Carlos Gondim, participou de uma viagem à Austrália para conhecer o sistema de produção adotado naquele país. A Austrália é, reconhecidamente, um dos maiores produtores de algodão, principalmente quando se fala em produtividade por hectare. Somente os Estados Unidos a superam. O algodão australiano é produzido sem nenhum tipo de subsídios e comercializado livremente, sem envolvimento governamental. De toda a produção, apenas 10% permanece naquele país, os outros 90% são dedicados à exportação, o que gerou nos últimos cinco anos um faturamento anual entre US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão. A maioria dos 1,4 mil produtores australianos de algodão trabalham em fazendas familiares. As áreas estão divididas em: pequenas propriedades entre 100 e 400 hectares; grandes famílias que plantam entre 1 mil e 5 mil hectares e grandes corporações que estão plantando entre 5 mil e 30 mil hectares. Cerca de 70% do algodão australiano é produzido em New South Wales. Os 30% restantes são produzidos em Queensland. Na maioria dos anos, mais de 80% da área e 90% da produção é cultivada sob irrigação. A produção em se16

Cultivar

www.cultivar.inf.br

Julho de 2001

Informe Técnico

queiro varia de ano para ano e é fortemente influenciada pelos preços do algodão em relação às outras culturas; e pelas condições climáticas.

CONTROLE DE DOENÇAS

O controle mais eficiente das doenças é feito através de variedades resistentes e/ou tolerantes. Para os agricultores australianos não existe custo extra na compra dessas variedades. Contudo, um grande número de doenças continua a causar danos às lavouras australianas. O grupo de produtores brasileiros que

visitou a Austrália era dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Do dia 23 de março ao dia 1º de abril, os produtores puderam entrar em contato com todo o modelo australiano de produção de algodão e informar-se quanto a novas tecnologias e técnicas de comercialização. Segundo Delano, responsável por emitir relatório sobre a visita, a viagem deu subsídios para que os produtores brasileiros possam aprimorar seus trabalhos, já que a Austrália constitui-se como um dos países que mais geram tecnologia para . o algodão. PR

ESTIVERAM PRESENTES: Adelcio Maeda ,Adilson Jesus Perez, Segura, Airton Perera, Beijamin Zandonadi, Carlos Alberto Menegatti, Carlos Augustin, Cirineu De Aguiar, Cristiano Marin, Delano Marcus Coutinho Gondim, Dirk J. Janse, Eizi Maeda, Eloi Brunetta, Everaldo Reis, Eraí Maggi Scheffer, Geoclésio Martins Pereira, Gercindo Zarpelon, Gilnei Luiz Rizardi, Ildo Crestani, Itamar Locks, Jaime Basso, Jesur José Cassol, João Carlos Jacobsen Rodrigues, João Luiz Pessa, José Ricardo Calera, Jonas Guerra, José Humberto Da Silveira, Tadashi Mine, Sueli Mine, José Roberto Caio, Léo Gonçalves Da Silva, Luis Fernando Sartini Felli, Luiz Augusto Barbosa Carmo, Maria Paula Luporini, Meewis Breure, Melhem Naim Charafeddine, Milton Akio Ide, Nelson Roso, Nelson Vigolo, Nelson Schneider, Norberto Tofano, Olme Ivo Bellandi, Orlando Polato, Ricardo Seabra, Rogério Arioli Silva, Roberto Bortolozzo, Rogério Sachet, Rui Rezende Ribeiro, Sandra Paschoaletti, Selson Alves Neto


Fotos Cultivar

Sementes área, com as empresas transnacionais adquirindo os bancos de germoplasmas de suas similares nacionais, na esperança de grandes lucros. A inoperância da fiscalização, a demora na decisão sobre a comercialização de plantas geneticamente modificadas foram as principais molas que impulsionaram as vendas ilegais e estão até mesmo ameaçando a sobrevivência dos produtores legalizados de sementes. Enquanto as empresas estrangeiras já contabilizam prejuízos imensos, o mercado negro, popularmente conhecido como da bolsa branca , cresce sem medidas. Basta examinar-se os dados de produção e consumo das últimas três safras nos estados do Sul para se ter idéia da redução do uso de sementes certificadas, considerando-se que a área plantada aumentou.

FALTA DE SEMENTES

A Abrasem, Associação Brasileira de Sementes, observa as mudanças e alerta: a disponibilidade de sementes de soja para a próxima safra é a menor dos últimos 15 anos. Por conta disto o setor está quase parado. Produtores, entidades estaduais do

Mais pirataria

segmento e a Abrasem, estão avaliando o problema para buscar alternativas de preço e produção, com o menor comprometimento para a safra 2001/2002. O aviso é do diretor da área de sementes da Abrasem e presidente da Associação Paranaense de Sementes - Apasem, Ywao Miyamoto. Ele afirma que a comunidade de produtores de sementes de todo País está aguardando definições sobre a demanda (a área plantada deve ser superior à do ano passado) e os preços, que já vêm oscilando com relação às primeiras vendas do ano, feitas nos meses de abril e maio. Só então a comercialização dessas sementes deverá ser plenamente retomada. Segundo Miyamoto, é provável uma escassez de sementes certificadas de soja para a próxima safra, devendo faltar 76 mil toneladas, no Brasil. Faltarão, principalmente, sementes certificadas e aprovadas, elas que apresentam maior tecnologia genética e que obtêm melhor produtividade e arquitetura de planta, maior resistência a doenças e adaptabilidade aos diferentes climas, entre outros. Também são as que oferecem melhor vigor e

...

Ywao Miyamoto salienta que a disponibilidade de sementes de soja é a menor dos últimos 15 anos

A comercialização de sementes ilegais cresce a cada dia. A inoperância da fiscalização e a demora na decisão sobre a comercialização de plantas transgênicas de soja são os fatores que impulsionam essa atividade

S

em nenhuma perspectiva de re dução na área plantada de soja, começa no entanto a faltar sementes certificadas. A explicação é bastante simples: aumenta a cada ano a venda de sementes produzidas pelos agricultores, sem o pagamento de direitos aos obtentores das cultivares, ao mesmo tempo em que prolifera no Sul do país a distribuição de sementes de variedades transgênicas, ainda proibidas. Só o Rio Grande do Sul, onde o governo estadual nas últimas duas safras abor18

Cultivar

tou uma campanha contra os transgênicos desencadeada na safra 98/99 quando os agricultores enfrentaram a polícia e prenderam os fiscais no campo, há notícias de que na próxima safra serão plantados mais de 1,5 milhão de hectares de cultivares transgênicas originárias da Argentina e multiplicadas naquele estado, com um aumento de 50% em relação à safra passada. Em 98 o governo gaúcho jactava-se de estar no caminho de tornar o estado livre de transgênicos . Hoje seus funcionários nem reswww.cultivar.inf.br

pondem a perguntas sobre o assunto. Mas nem só de transgênicos vive esse mercado negro. As demais cultivares nacionais estão sendo multiplicadas no Brasil sem nenhum controle, o que coloca em cheque o futuro da pesquisa de novas variedades. As empresas começam a repensar os investimentos em pesquisa num mercado que desrespeita abertamente a legislação, por falta de fiscalização oficial. A partir de 1997, ano em que foi promulgada a Lei de Proteção de Cultivares, registraram-se milionárias transações na Julho de 2001

Julho de 2001

www.cultivar.inf.br

Cultivar

19


... menor quebra de germinação .

COMPARAÇÃO ENTRE PRODUTIVIDADE E TAXA DE UTILIZAÇÃO DE SEMENTES DE SOJA 5.000 4.500

100%

4.500 4.500

95%

90%

4.000 90% 85%

80%

3.500 80%

70% 3.000

70%

3.100 2.900

2.500

2.600

60%

2.700

2.620

50%

2.000

40%

1.500

1.000 RS

MG

SC

MS

GO

SP

PR

MT

Melhor

EVOLUÇÃO DO PREÇO DE SOJA EM 2000 E EM 2001 ALTA DE 10% EM MAIO/01 E 36% EM JUNHO/01 TOTALIZANDO 49% EM RELAÇÃO A ABRIL/01

2.000 2.001

25,00

2.001 24,00 23,00 22,00 21,00 20,00

Fonte: Agromercado

19,00

2.000

18,00 17,00 16,00 15,00 JAN

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

DEZ

Ywao

EVOLUÇÃO DO MERCADO DE SEMENTES DE SOJA NO BRASIL 1.200 Produção Consumo Potencial

1.100

1.000 Potencial 880.000 900

800 Consumo 704.000

700

600 Produção 628.011

500 1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

Nas primeiras negociações de semente de soja feitas este ano, logo após a colheita, acreditava-se que haveria excesso do produto. O fato acarretou uma corrida para venda antecipada, o que gerou preços abaixo do custo de produção. Desde 1998 o Brasil apresentava super oferta de sementes de soja, e isto certamente influenciou os produtores na hora da comercialização. No ano passado, a sobra foi de 43 mil toneladas. Após a última colheita, depois de a semente passar pelos rigorosos processos de beneficiamento e análises de germinação, a disponibilidade do produto mostrou-se inferior às expectativas. Por outro lado, calcula-se que a área plantada este ano será superior à do ano passado, com substituição de lavouras de milho pela cultura de soja. Além disto, ao presumir a falta de sementes, Miyamoto considera as perdas no processo de beneficiamento, que variam de 5% a 45%, o que reduz ainda mais a oferta de sementes de qualidade. Outro fator determinante para a falta do produto é a quebra de germinação que normalmente é de 5% e que na última safra foi de até 10%, sem razão aparente. Com tudo isso, enquanto não houver segurança para o produtor, os preços de sementes de soja, e suas variedades, não deverão ser estabelecidos. E o reaquecimento da comercialização da semente deverá ser retomado apenas em meados de agosto, cerca de três meses antes do plantio. A retração no comércio de sementes, segundo o diretor da Abrasem, deverá permanecer até que seja estabelecida a disponibilidade de

DISTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO DE SEMENTES NO BRASIL SAFRA 1999/2000 TRIGO 13%

ALGODÃO 1%

ARROZ 12%

FEIJÃO 1%

EVOLUÇÃO DE PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA 1.988/2.001 (mil t) 1988 POTENCIAL PRODUÇÃO CONSUMO

MILHO 13%

1.190.000 1.068.000 848.800

1995

SOJA 60%

POTENCIAL PRODUÇÃO CONSUMO

YWAO Ywao FONTE: ABRASEM

868.400 783.224 649.300

1989

1990

1.126.000 950.200 9 6 7 . 4 0 0 896.500 764.400 620.000

1996

894.200 998.881 674.800

1997

973.400 857.728 773.800

1991

1992

1993

1994

924.400 819.500 613.100

924.400 819.500 613.100

1.178.000 1.128.000 850.500

953.900 866.800 701.500

1998

881.900 961.451 684.800

1999

873.000 794.953 650.800

2000

873.000 698.657 650.000

2001

880.000 628.011 704.000

Fonte: ABRASEM / YWAO 15/06/01

PRODUÇÃO E CONSUMO DE SEMENTES SELECIONADAS (mil t) DISTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO DE SEMENTES NO BRASIL SAFRA 1999/2000 15%

1%

12%

ALGODÃO

1% 13%

ARROZ FEIJÃO MILHO SOJA TRIGO

58% YWAO

estoques em todas as regiões produtoras, inclusive com divulgação das variedades em escassez (o que deverá ser feito por associações da classe e fundações). Também dependerá da atualização de preço da matéria-prima, considerando-se as oscilações do mercado e do dólar; e do acompanhamento atento das áreas de plantio de soja em substituição à de milho, o que agravará ainda mais a falta de sementes certificadas.

PANORAMA NACIONAL

O Rio Grande do Sul deverá diminuir sensivelmente a disponibilidade de sementes de soja com relação às expectativas anteriores. A colheita de ciclos semi-precoce e médio sofreu com as chuvas, e as cultivares de ciclo precoce, que foram colhidas em boas condições de clima, têm apresentado problemas de germinação. O mesmo ocorreu no Estado de Santa Catarina. No Paraná, há quebra de mais de 1 mi-

ESTADOS PARANÁ RIO GRANDE DO SUL SANTA CATARINA SÃO PAULO SUB TOTAL - 1 MATO GROSSO DO SUL MINAS GERAIS GOIÁS MATO GROSSO SUB TOTAL - 2 TOTAL (1+2) PRODUÇÃO CONSUMO PRODUÇÃO - CONSUMO

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2001 - 2000

175.148 237.175 70.738 21.554 504.615 41.000 48.806 73.173 115.630 278.609 783.224 783.224 649.300 133.924

195.000 336.154 76.070 22.972 630.196 53.108 48.601 75.810 191.166 368.685 998.881 998.881 674.800 324.081

178.000 260.000 76.363 16.574 530.937 42.744 53.793 75.887 154.367 326.791 857.728 857.728 773.800 83.928

224.388 291.427 69.008 26.200 611.023 47.971 54.290 81.703 163.537 347.501 958.524 958.524 684.800 273.724

206.718 154.000 65.597 29.500 455.815 46.000 53.584 76.017 166.464 342.065 797.880 797.880 650.800 147.080

206.172 116.104 42.027 26.974 391.277 33.198 42.004 65.453 160.725 301.380 692.657 692.657 650.000 42.657

178.600 100.000 28.000 21.411 328.011 33.000 42.000 65.000 160.000 300.000 628.011 628.011 704.000 (75.989)

(27.572) (16.104) (14.027) (5.563) (63.266) (198) (4) (453) (725) (1.380) (64.646)

Fonte: ABRASEM / YWAO

15/06/01

lhão de sacas de 50kg devido à chuva na colheita e às perdas ocorridas pelos rigores do beneficiamento e na germinação. Esses fatores evidenciam a falta de sementes no Paraná, o que se agravará com o incremento de cerca de 100 mil sacas de 50kg na região do arenito, no oeste do Estado. Em Goiás, Mato Grosso e na região norte do Estado de São Paulo deverá haver equilíbrio entre oferta e demanda. Já a região sul de São Paulo dependerá da produção de outros Estados, principalmente do Paraná. O Estado de Mato Grosso do Sul é um mercado comprador, principalmente de materiais de ciclo precoce; Goiás apresenta oferta ligeiramente menor do que o volume comercializado nos anos anteriores naquele Estado, isto sem considerar o aumento de área plantada de soja, no . lugar do milho. Ywao Miyamoto, Abrasem


Parceria

Tecnologia na Bahia União entre Fundação BA e Aiba trará ainda mais desenvolvimento para o Cerrado baiano, comenta Walter Horita

P

ara envolver o maior número possível de agricultores e empresas no desenvolvimento de novas tecnologias adaptadas ao Cerrado Baiano, os sócios cotistas da Fundação Bahia criaram a categoria de Produtor Associado. Assim, os associados da Aiba passam a ser também da Fundação Bahia, tendo acesso a todos os resultados de pesquisas, podendo participar das assembléias, conselho técnico e da diretoria. Através da união, explica o presidente da Fundação BA, Walter Horita, espera-se fortalecer o associativismo, delegando à fundação a parte técnica de pesquisa e à Aiba a parte institucional e política. Com o novo modelo, busca-se potencializar as

aptidões e melhorar o resultado final. Horita comenta que o processo de ocupação econômica dos Cerrados do Brasil Central obteve êxito, em grande parte, porque a pesquisa sempre esteve presente ao lado da coragem dos agricultores que acreditaram na região. O estado teve função fundamental, pois gerou e difundiu tecnologias através da pesquisa. Hoje, entretanto, Horita diz que os governos federal e estadual estão se distanciando da responsabilidade de custear e conduzir a pesquisa, ficando a responsabilidade a cargo da iniciativa privada. Nesse contexto, as fundações de pesquisa, através de convênios firmados com empresas públicas e mantidos por produtores e empresas, são

os principais difusores de tecnologia para os agricultores. Daí a importância da parceria entre Aiba e Fundação Bahia.

SEM LUZ

A Aiba enviou correspondência a diversas autoridades enfatizando sua preocupação com as conseqüências que o racionamento de energia elétrica terá para os agricultores. Os irrigantes já racionam energia, evitando o uso de equipamentos nas três horas de pico no consumo. Reduzir ainda mais o uso de energia será bastante difícil. A região tem 67 mil hectares de culturas temporárias irrigadas e 23 mil de perenes. Qualquer redução na irrigação poderá cau. sar prejuízos irrecuperáveis.


Herbicidas da nessa fonte poderá refletir no desenvolvimento da planta e na produção de grãos. Resultados experimentais em milho tem demonstrado que entre as folhas superiores e inferiores as primeiras tem uma contribuição mais significativa para a produção de grãos ( Allison & Watson 1966). Soma-se a isso o fato do milho conter uma considerável reserva de fotoassimilados no colmo (Duncan et al. 1967; Tollenaar & Daynard 1978b), os quais podem ser translocados para os grãos na fase de enchimento (Adelana & Milbourn 1972; Jones & Simmons 1983; Lucas 1981). Não existem atualmente dados suficientes na literatura para responder questionamentos relativos a uma possível queda na produção de grãos quando as plantas de milho são atingidas por herbicidas não totalmente seletivos. Dentro deste contexto o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da fitotoxidade causada pela aplicação dos herbicidas na fase inicial da cultura e o seu efeito na produção de grãos.

Perdas no milho Herbicidas não totalmente seletivos bloqueiam a fotossíntese, causando, portanto, injúrias às plantas de milho

C

om o aumento da área planta da em milho no Brasil, (Milho, 1998), e a adoção das tecnologias disponíveis, a utilização de herbicidas em pósemergência na cultura do milho tem se tornado cada vez mais freqüente (Silva et al. 1998). No entanto, herbicidas não totalmente seletivos podem causar injúrias às plantas de milho, quando estas são involuntariamen24

Cultivar

te atingidas. Como esses agentes químicos são basicamente bloqueadores de processos metabólicos, entre os quais a fotossíntese, a grande questão que surge é: quais serão os efeitos dessas injúrias no processo produtivo da cultura?. A área foliar verde do milho é tida como a principal fonte de fotoassimilados para a planta (Magalhães et al. 1995; Magalhães & Jones 1990a) e, segundo Fancelli (1998). uma perwww.cultivar.inf.br

no ensaio foram: Blazina SC (cyanazine + simazine) a 6,4 l/ha; Gramoxone (paraquat) a 2 l/ha; Gesapax (ametryn) a 3 l/ha; Assist a 0,5% v/v e, Extravon a 0,1% v/v. A aplicação dos tratamentos foi estabelecida em diferentes estádios de desenvolvimento da cultura (4, 6 e 12 folhas completamente desenvolvidas (Ritchie & Hanway 1989). A pulverização nos estádios iniciais foi realizada em área total, utilizando-se um pulverizador tipo monociclo equipado com barra de oito bicos APJ-110.R, pressão de 2,75 Kgf/cm2, com uma vazão de 240 l/ha. A pressão de pulverização foi obtida através de um cilindro de CO2 e controlada por um manômetro de baixa pressão. As condições climáticas para o ano agrícola 1994/95, no período da aplicação (es-

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido na área experimental do Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo (CNPMS), Sete Lagoas MG, durante dois anos agrícolas (1994/95 e 1995/96). O solo utilizado foi um latossolo vermelho escuro, fase cerrado, textura argilosa, adubado de acordo com a análise do solo. Para o ano agrícola 1994/95 foi aplicado 350 kg/ha da fórmula 4-30-16 + zinco e 45 kg/ha de N cobertura, no ano seguinte 400 kg/ha da fórmula 4-14-8 + zinco e 45 kg/ha de N em cobertura. A área experimental foi irrigada sempre que necessário baseando-se em leituras de tensiômetros instalados previamente a 20 e 40 cm de profundidade. Adotou-se o limite de -0.07 MPa como o momento da irrigação (Resende et al. 1992). Foi utilizado o milho híbrido triplo BRS 3123, nos seguintes tratamentos: 1. Cyanazine + Simazine + assist (pós 4 folhas) 2. Cyanazine + Simazine (pós 4 folhas) 3. Cyanazine + Simazine + assist (pós 6 folhas) 4. Cyanazine + Simazine (pós 6 folhas) 5. Paraquat+extravon (jato no 1° par de folhas, estádio de 12 folhas) 6. Paraquat+extravon (jato no 3° par de folhas, estádio de 12 folhas) 7. Ametryn + Assist (jato no 1° par de folhas, estádio de 12 folhas) 8. Ametryn + Assist (jato no 3° par de folhas, estádio de 12 folhas) 9. Retirada manual do 1° par de folhas, (estádio de 12 folhas) 10. Retirada manual do 1° ao 3° pares de folhas, (estádio de 12 folhas) 11. Testemunha com capina 12. Testemunha sem capina As doses e produtos comerciais utilizados Julho de 2001

tádios de 4 e 6 folhas) apresentaram-se com uma temperatura média em torno de 30.5o C e umidade relativa de 63%. Para o ano seguinte, no mesmo período foram registrados 29.5o C de temperatura e umidade relativa de 68%. No estádio de 12 folhas a pulverização foi feita no centro das entrelinhas com um pulverizador costal tipo mochila, tanque de 10 L, pressurizado a CO2 e munido de um bico TFVS3 (floodjet), pressão de 2,00 Kgf/cm2, com uma vazão de 295 l/ha, ajustando-se a altura do bico para atingir-se o primeiro par de folhas baixeiras do milho (tratamentos 5 e 7) e o terceiro par de folhas (tratamentos 6 e 8). As condições climáticas relativas à temperatura e umidade relativa para essa época de aplicação foram respectivamente 29.1o C e 75% (ano agrícola 1994/95) e 29.0o C e 79% (ano agrícola 1995/96). Para evitar-se o efeito da matocompetição sobre a cultura, mascarando o efeito de injúrias químicas sobre a proJulho de 2001

dutividade, todas as parcelas, com exceção das parcelas testemunhas sem capina (tratamento 12), foram capinadas manualmente sempre que necessário. Nesse trabalho, não se cogitou o efeito dos tratamentos químicos sobre as plantas daninhas, fato bastante conhecido e registrado na literatura (Silva & Karam, 1994; Silva & Pires, 1990; Silva et al. 1998). O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com 12 tratamentos e quatro repetições. Na época do florescimento foram avaliados as seguintes características: altura da planta, área foliar, matéria seca das plantas e teor de clorofila nas folhas. No final do ciclo da cultura: altura final da planta, altura de inserção das espigas, diâmetro do colmo, peso de espigas, peso de 1 mil grãos e produção de grãos. A parcela experimental foi constituída de 4 linhas de 9 metros de comprimento espaçadas de 0.90 m com cinco sementes por metro, sendo que para a área útil foi considerada as duas fileiras centrais de 8 m de comprimento, abandonando se 0.50 m nas cabeceiras. Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias separadas pelo teste de Tukey. Para discussão dos resultados nos dois agrícolas foram selecionados dois componentes de crescimento (área foliar e matéria seca) e também dois componentes de produção (peso de espigas e grãos), corrigidos para a umidade padrão de 13%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

TABELA 1. Área foliar e matéria seca de plantas de milho nos diferentes tratamentos estudados, no ensaio de 1994/95. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG.

Tratamentos Cyanazine + Simazine + Assist (4 F) Cyanazine + Simazine (4 F) Cyanazine + Simazine + Assist (6 F) Cyanazine + Simazine (6 F) Paraquat + Extravon (Jato 10 par 12 F) Paraquat + Extravon (Jato 30 par 12 F) Ametryn + Assist (Jato 10 par 12 F) Ametryn + Assist (Jato 30 par 12 F) Retirada manual 10 par (12 F) Retirada manual do 10 ao 30 pares (12 F) Testemunha com capina Testemunha sem capina F Tratamento C.V (%) d.m.s. 1

Área foliar (cm2)

Matéria Seca (g)

3.7601 A 3.937 A 3.577 A 4.119 A 3.889 A 3.303 A 4.150 A 3.678 A 4.236 A 3.335 A 3.834 A 3.704 A 1,24 ns 14,41 1.373

1361 A 129 A 121 A 139 A 135 A 120 A 130 A 119 A 155 A 111 A 146 A 131 A 0,80 ns 20,14 65,9

Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

TABELA 2. Peso de espigas e grãos de plantas de milho nos diferentes tratamentos estudados, no ensaio de 1994/95. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG.

Tratamentos

Peso de espigas Produtividade (kg/ha) (Kg/ha)

Cyanazine + Simazine + Assist (4 F) Cyanazine + Simazine (4 F) Cyanazine + Simazine + Assist (6 F) Cyanazine + Simazine (6 F) Paraquat + Extravon (Jato 10 par 12 F) Paraquat + Extravon (Jato 30 par 12 F) Ametryn + Assist (Jato 10 par 12 F) Ametryn + Assist (Jato 30 par 12 F) Retirada manual 10 par (12 F) Retirada manual do 10 ao 30 pares (12 F) Testemunha com capina Testemunha sem capina F Tratamento C.V (%) d.m.s.

6.6171 AB 5.405 AB 7.031 A 6.728 AB 5.731 AB 5.787 AB 6.034 AB 5.534 AB 5.959 AB 5.502 AB 5.747 AB 5.137 B 3,06* 11,14 1.653

5.4161 AB 4.350 AB 5.764 A 5.475 AB 4.619 AB 4.695 AB 4.883 AB 4.516 AB 4.794 AB 4.432 AB 4.670 AB 4.126 B 3,00* 11,89 1.430

No ano agrícola 1994/95, as variáveis relacionadas ao Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. crescimento e desenvolvimento das plantas não apresentaram diferenças estatisticamente signifina foi o pior tratamento, o que demonstra que cativas entre os diversos tratamentos (Tabela o efeito de matocompetição foi maior do que 1). Isso mostra uma certa tolerância do milho os possíveis danos causados pela fitotoxidade aos herbicidas pós emergentes aplicados. No dos herbicidas. Os demais tratamentos situaentanto, o peso de espigas e a produtividade ram-se em uma posição intermediária com reforam afetados (Tabela 2). lação a estas características. A aplicação de Cyanazine + Simazine + A aplicação dos herbicidas cyanazine + Assist propiciou o maior peso de espigas e de simazine, com e sem Assist, no período de degrãos, enquanto que a testemunha sem capisenvolvimento de quatro folhas da cultura 1

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Milho grãos, através da redistribuição de carboidratos acumulados na planta conforme exestudados, no ensaio de 1995/96. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG. plicou Magalhães et al. (1998). Área foliar Matéria Tratamentos A área foliar é uma ca(cm2) seca (g) racterística importante para determinar tamanho da fon1611 AB 4.4431BCD Cyanazine + Simazine + Assist (4 F) te supridora de fotoassimila4.964 A 158 AB Cyanazine + Simazine (4 F) dos (Magalhães et. al. 1995). 4.665 ABC 168 ab Cyanazine + Simazine + Assist (6 F) Apesar de que, em ambien4.517 ABCD 157 ab Cyanazine + Simazine (6 F) tes tropicais, o milho é geral4.246 CDE 147 bc Paraquat + Extravon (Jato 10 par 12 F) mente limitado pelo dreno e 3.930 EF 141 bc Paraquat + Extravon (Jato 30 par 12 F) não pela fonte (Tollenaar 1977); uma redução na área 4.122 DE 151 ab Ametryn + Assist (Jato 10 par 12 F) foliar pode acarretar proble0 4.257 CDE 138 bc Ametryn + Assist (Jato 3 par 12 F) mas para a planta durante o 0 4.821 AB 188 a Retirada manual 1 par (12 F) período de enchimento de 4.209 CDE 174 ab Retirada manual do 10 ao 30 pares (12 F) grãos, uma vez que as folhas 4.289 CDE 160 ab Testemunha com capina juntamente com o colmo são a principal fonte para satis3.454 F 111 c Testemunha sem capina fazer, neste período, a alta de5,44* 2,21* F Tratamento manda dos grãos (Magalhães 8,02 17,08 C.V (%) & Jones 1990b e Magalhães 501 38,10 d.m.s. et al. 1998). Mackinnon (1979), confirmando dados 1 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. experimentais de Allison & Watson (1966) e Magalhães et al. (1999), concluiu que, em ambientes desfavoráveis, TABELA 4. Peso de espigas e grãos de plantas de milho nos diferentes tratamentos como as de alguns tratamenestudados, no ensaio de 1995/96. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG. tos do trabalho, o colmo mostra maior participação do que Peso de espigas Produtividade em ambientes favoráveis, ou Tratamentos (kg/ha) (kg/ha) seja, maior quantidade de fotoassimilados é alocado do 1 1 6.283 B 7.279 B Cyanazine + Simazine + Assist (4 F) colmo para o grão em situaCyanazine + Simazine (4 F) 7.768 ab 6.755 AB ção de estresse, onde as foCyanazine + Simazine + Assist (6 F) 8.032 ab 6.922 ab lhas são menos saudáveis. Com relação aos efeitos Cyanazine + Simazine (6 F) 8.226 a 7.084 a da retirada mecânica das foParaquat + Extravon (Jato 10 par 12 F) 8.449 a 7.322 a lhas comparada aos trata7.170 a Paraquat + Extravon (Jato 30 par 12 F) 8.366 a mentos químicos, foi verifi8.106 ab 7.199 a Ametryn + Assist (Jato 10 par 12 F) cado nesse ano agrícola que, 8.428 a 6.998 ab Ametryn + Assist (Jato 30 par 12 F) praticamente não houveram 8.174 ab 6.954 ab Retirada manual 10 par (12 F) diferenças tanto nas características de crescimento 6.567 ab Retirada manual do 10 ao 30 pares (12 F) 7.580 ab como nas características de 8.293 a 7.125 a Testemunha com capina produtividade (Tabelas 1 e 5.947 C 5.084 c Testemunha sem capina 2). O fato da retirada mecâ6,49** 7,27** F Tratamento nica das folhas não ter afe7,05 6,67 C.V (%) tado o desenvolvimento da planta e a produtividade dis1.389 1.132 d.m.s. corda do trabalho de Fance1 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. lli (1988); acredita-se no entanto que o genótipo estudado no presente trabalho, além de proporcionar um bom controle das BRS 3123, o qual tem características de maplantas daninhas, não afetou o desenvolvi- terial tropical , seja a principal razão para o mento do milho. Apesar de as folhas baixei- resultado encontrado. Germoplasmas tropiras terem sido pulverizadas diretamente, re- cais geralmente são limitados pelo dreno e sultando com isso sintomas visuais de necro- não pela fonte de fotoassimilados (Tollenaar se e perda de área foliar verde, as plantas de 1977, Magalhães et al. 1998 e Magalhães et milho foram capazes de compensar essa per- al. 1999). No agrícola 1995/96 as variáveis avaliada e ainda alcançar um bom rendimento de TABELA 3. Área foliar e matéria seca de plantas de milho nos diferentes tratamentos

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Cultivar

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das no período de floração do milho, (área foliar e a matéria seca das plantas) apresentaram diferenças estatisticamente significativas (Tabela 3). Verificou-se um melhor desenvolvimento das plantas com a aplicação de cyanazine + simazine com e sem óleo mineral aplicados nos estádios de 4 e 6 folhas. A aplicação de paraquat+extravon; ametryn+assist no estádio de 12 folhas provocou injúrias que resultaram na redução de área foliar e matéria seca das plantas. As parcelas testemunhas sem capina, devido ao efeito da competição pelas plantas daninhas, apresentaram também redução da área foliar e da matéria seca de plantas. A análise da produção de espigas e de grãos (Tabela 4) mostrou no entanto, que houve uma reversão, sendo os melhores resultados obtidos com aplicação do paraquat+extravon e ametryn +assist, apesar das injúrias observadas. Salienta-se que a aplicação desses herbicidas, apesar de causar perda de área foliar verde e matéria seca, proporcionou um bom controle de plantas daninhas no final do ciclo da cultura. O milho foi capaz de recuperar-se, através da redistribuição de fotoassimilados acumulados na planta e alcançar bom rendimento de grãos. A retirada mecânica das folhas, quando comparada a maioria dos tratamentos químicos, afetou somente a área foliar, quando aquele tratamento foi imposto no estádio de 12 folhas (retirando-se o 1o ao 3o pares, Tabela 3). No entanto para a matéria seca das plantas, esse mesmo efeito já não foi observado (Tabela 3). Com relação às características de produção, não foram verificados nenhum afeito estatisticamente significativo dos tratamentos de retirada mecânica das folhas. A performance das plantas nesses tratamentos foi semelhante aos dos tratamentos químicos. Os comentários realizados anteriormente para o ano agrícola 1994/95 são válidos para esse ano agrícola. A aplicação de herbicidas em pós-emergência na fase inicial da cultura, além de proporcionar um bom controle das plantas daninhas, não afetou o desenvolvimento do milho. Na aplicação dirigida, apesar de as folhas baixeiras terem sido pulverizadas diretamente, ocasionando com isso sintomas visuais de necrose e perda de área foliar verde, as plantas de milho foram capazes de compensar essa perda e ainda alcançar um bom rendimento de grãos, através da . redistribuição de carboidratos acumulados na planta. Paulo C. Magalhães, Embrapa Milho e Sorgo - Sete Lagoas/MG;

João B. da Silva,

Mais plantas, menos espaço Redução do espaçamento na cultura do milho aumenta o retorno, mas requer uma criteriosa análise da propriedade

T

odos os anos, empresas privadas, órgãos estatais de pes qui-sa e produtores através de associações, buscam novas opções de práticas de manejo, visando aumentar a produtividade e a rentabilidade das diferentes culturas. Essas pesquisas são necessárias devido às modificações introduzidas nas características agronômicas dos híbridos e mudanças ocorridas no solo, nas condições climáticas e ambientais nas diferentes regiões do Brasil. Dentre as práticas de manejo que receberam especial atenção nesses últimos anos, destaca-se a redução de espaçamento de milho para 45 a 50 cm. Entretanto, como toda e qualquer prática de manejo, a redução de espaçamento requer por parte dos produtores, análise prévia, visando obter benefícios através da adoção dessa prática.

DIAGNÓSTICO DA PROPRIEDADE

Consultor;

Frederico O. M. Durães,

Embrapa Milho e Sorgo - Sete Lagoas/MG;

Julho de 2001

Antes de o produtor efetuar a redução de espaçamento no milho é imJulho de 2001

portante que ele faça um diagnóstico dos problemas existentes na propriedade. É de fundamental importância que ele tenha em mãos dados e informações que indiquem as razões da baixa produtividade ou mostrem os caminhos para aumentá-la. Como em qualquer atividade, na agricultura não se pode investir sem prévio diagnóstico que aponte uma elevada margem de segurança sobre o que está influenciando os resultados da lavoura. Será de posse dessas informações que o produtor fará um adequado diagnóstico e, assim, investirá com um retorno assegurado. Dentro desse diagnóstico, o produtor deverá analisar todos os fatores que poderão estar influenciando no resultado da sua lavoura, desde a data de plantio, seleção dos híbridos, nível de fertilidade do solo, distribuição de plantas, população de plantas, dentre outras. Esse diagnóstico será a base de todo o planejamento futuro da sua lavoura.

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Lavoura de milho em que é utilizada a técnica de redução de espaçamento

Cultivar

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Fotos Pioneer

A redução de espaçamento na cultura do milho, quando bem conduzida promove aumento da produtividade

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VANTAGENS DA TECNOLOGIA

É comum produtores plantarem, além do milho, a soja e algodão. Assim, um dos maiores argumentos que os produtores têm usado, para buscarem a redução do espaçamento, é a maximização dos equipamentos, principalmente das plantadeiras, evitando as constantes modificações das linhas de plantio. Com a adoção da redução do espaçamento no milho, segundo os produtores, haveria uma economia significativa em tempo, pois tanto a soja como o milho poderiam ser plantados com o mesmo espaçamento, ganhando tempo e flexibilidade no plantio.

taforma de colheita, já que as plataformas convencionais mais modernas colhem o milho plantado com espaçamentos de 70 cm. Entretanto, têm sido observados resultados vantajosos com aumento de até 6% a 7% com a redução do espaçamento para 45 a 50 cm naquelas propriedades cujo produtor já domina as demais técnicas de manejo, tais como uma adequada distribuição de plantas, nível de adubação, época de plantio, adequado sistema de seleção de híbridos e onde não existem grandes pressões de doenças, principalmente as foliares. Os resultados são diretamente influenciados pelas características agronômicas particulares de cada híbrido, da população de plantas utilizada, nível de adubação, condições ambientais locais, principalmente temperatura e predisposição ao aparecimento de doenças.

RECOMENDAÇÕES

têm apresentado variações de 0% a 8%, sendo que os aumentos médios de rendimento têm sido da ordem de 4% a 6%. Esses resultados foram obtidos sob condições ideais de adubação e sob total controle das práticas de manejo tais como população de plantas, adubação de base e de cobertura, controle de ervas, dentre outras. Os resultados têm sido similares nas propriedades que vem adotando a redução de espaçamento para 45 a 50 cm, quando comparados com os espaçamentos tradicionais de 70 ou de 80 cm. Porém, com a vantagem que para os espaçamentos de 70 ou 80 cm não há necessidade de novos investimentos, principalmente no que se refere a pla-

Antes de realizar a redução do espaçamento recomendamos que o produtor faça um diagnóstico dos reais problemas da baixa produtividade, para que ele possa priorizar as mudanças, assegurando assim os seus investimentos através de um retorno adequado. Desta forma, podemos listar algumas sugestões e orientações na hora da decisão: Certifique-se de que realmente a redução de espaçamento no milho para 45 a 50 cm aumentará a produtividade. Veja se não existem outras práticas que prioritariamente deveriam ser realizadas antes da redução do espaçamento. Lembre-se que um bom resultado num produtor vizinho, não significa necessariamente o mesmo resultado na sua

RESULTADOS OBTIDOS

Existe uma série de resultados contraditórios na maioria das áreas comerciais e de ensaios conduzidos até a presente data. Eles podem ser explicados por inúmeros motivos. Dentre os principais, destacam-se as diferenças significativas entre os híbridos quanto às características agronômicas (porte, área foliar, a inserção das folhas, etc); às diferentes respostas a determinadas práticas como a população de plantas; às diversas condições ambientais a que os materiais são submetidos favorecendo o aparecimento de doenças e por que na maioria das vezes, o principal responsável pela baixa produtividade na lavoura não é o espaçamento, mas sim a baixa saturação de bases do solo, acidez, distribuição de plantas, nível de fertilização, inadequada população de plantas, dentre outros. Quando se reduz o espaçamento de milho de 80 cm para 45 cm, por exemplo, na média os resultados de pesquisa 28

Cultivar

Recomenda-se que o produtor faça um diagnóstico dos reais problemas da baixa produtividade

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Julho de 2001

Peixoto explica quais as vantagens obtidas através da redução do espaçamento no milho

propriedade. Faça uma análise de quanto custará uma nova plataforma para colheita desse milho a 50 cm, levando em consideração que ela é fixa e não permitirá uma colheita num outro espaçamento. Certifique se a plantadeira distribuirá adequadamente uma menor quantidade de sementes por metro linear e se para isso haverá uma dependência muito grande do tipo de peneira. Reflita a respeito de como será feita a aplicação nitrogenada em cobertura e o controle de insetos e de ervas em pós-emergência após essa redução de espaçamento, observando o quanto isso poderá influenciar em novos investimentos e/ou mudanças de outras práticas, tais como adaptações para elevar a altura dos tratores e equipamentos e/ou utilização de aviação agrícola. Analise se na região está ocorrendo elevada pressão de determinadas doenças como a Cercospora e o quanto a redução de

espaçamento poderá alterar as condições ambientais, favorecendo a sua disseminação e os seus possíveis danos a cultura. Observe se a redução de espaçamento no milho irá implicar obrigatoriamente em modificações no espaçamento de outras culturas, a exemplo da soja, como forma de melhor aproveitamento de maquinários. Caso isso ocorra, é importante que seja feito um estudo de viabilidade na outra cultura também. Solicitar dados das empresas responsáveis pelos produtos, a fim de que se possa obter informações específicas de cada produto individualmente. Nunca efetuar a mudança de uma única vez. É importante que as mudanças sejam feitas aos poucos, para que possa adquirir conhecimento e, assim, administrar e solucionar os possíveis pro. blemas. Claudio de Miranda Peixoto Pioneer Sementes


Plantas daninhas

Daninhas e resistentes

cializadas para sua manipulação. Esses métodos são inviáveis na prática para uma determinação da resistência de forma rápida e prática, em nível de produtor; sendo portanto utilizado apenas com finalidades experimentais. Sendo assim, propomos, com este artigo, um método prático e rápido de determinação da resistência, através do uso de bioensaio com as enzimas KARI e ALS. Nesse método são utilizados dois herbicidas, um inibidor da ALS e outro inibidor da KARI, que são duas enzimas seqüenciais no processo metabólico de síntese dos aminoácidos valina, leucina e isoleucina. O ácido ciclopropanodicarboxílico (CPCA) é usado para inibir a cetoácido reductoisomerase (KARI). Esta enzima catalisa a segunda reação na rota metabólica de síntese dos aminoácidos valina, leucina e isoleucina, na qual os substratos acetolactato e acetohidroxibutirato são convertidos em 2,3-dihydroxi-3isovalerate ou 2,3-dihydroxy-3-methylvalerate, respectivamente. O esquema da reação bioquímica encontra-se representado na Figura 1. A metodologia para execução prática do bioensaio é a seguinte: a. pulverização da planta suspeita com um pulverizador manual contendo a mistura dos seguintes componentes: (esta pulverização pode ser feita diretamente no campo ou em plantas transplantadas para vasos, no estádio de 2 a 4 pares de folhas verdadeiras): 1. Um herbicida inibidor da ALS (normalmente é usado o chlorimuron-ethyl a 0,20 g de produto comercial/100 ml de água ou imazethapyr na dose de 0,25 mL de produto comercial/100 mL) 2. CPCA na dose de 0,50 mLCPCA/ 100mL de água. Este produto pode ser obtido diretamente em empresas fornecedores de produtos laboratoriais. b. quarenta e oito horas da aplicação são colhidos aproximadamente 5 g de material vegetal, folhas jovens, que é lavado em água corrente e congelado por duas horas. c. transferência para tubo de ensaio sen-

Para o manejo de populações de plantas daninhas é necessário que o produtor identifique imediatamente a existência de um biótipo resistente em sua propriedade

A

seleção de plantas daninhas resistentes aos herbicidas inibidores da ALS, que inclui os herbicidas pertencentes aos grupos das imidazolinonas, sulfoniluréias e triazolopirimidinas (vide tabela 1), aplicados na região produtora de soja no Brasil, tem sido observada com freqüência não só em nosso país como em várias outras regiões cultivadas com soja no mundo. Atualmente, há cerca de 55 espécies de plantas daninhas apresentando biótipos resistentes a estes herbicidas. As espécies que possuem biotipos resistentes confirmados no Brasil, até o momento são: Bidens pilosa; Bidens subalternans; Euphorbia heterophylla e Sagitaria montevidensis. Um relato detalhado de todos os casos de resistência até hoje constatados e pesquisados no Brasil e no mundo pode ser consultado no Web site http:// www.PlantProtection.org/HRAC, compilado pelo pesquisador Ian Heap do comitê internacional de resistência de plantas daninhas a herbicidas (HRAC herbicide resistance action committee). Existem diversas medidas que são recomendadas para manejo de populações de plantas daninhas resistentes; no entanto, para aplicação destas medidas é necessário que o produtor identifique de imediato a existência de um biótipo resistente em sua propriedade. Sendo assim, é importante a detecção rápida no campo da existência da resistência para que medidas de manejo sejam adotadas prontamente, antes que a proporção do biótipo resistente aumente. Dentre os métodos de identificação de um biótipo resistente de planta daninha aos herbicidas inibidores da ALS destacam-se ensaios de campo e casa de vegetação, porém os métodos de campo são muito demorados, levando às vezes meses para obtenção do resultado final. Ensaio laboratoriais podem também ser utilizados como o isolamento da ALS; no entanto, para isto é necessário o uso de metodologias laboratoriais bastante sofisticadas e equipamentos de leitura espectométrica que necessitam de pessoas espe-

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Cultivar

Tab1. Principais herbicidas inibidores da ALS aplicados na cultura da soja.

ingrediente ativo Imidazolinonas Chlorimuron-ethyl Imazethapyr Oxasulfuron Sulfoniluréias Imazaquin Imazethapyr Triazolopirimidinas Cloransulam-metil Diclosulan Flumetsulan

Grupos químicos Tubos de ensaio mostrando resultados com o biótipo resistente; 1=testemunha, 2=inibidor da KARI(CPCA), 3=inibidor da KARI + inibidor da ALS (CPCA + Pivot), 4= inibidor da ALS (Pivot)

1 principal produto comercial existente no mercado

www.cultivar.inf.br

Julho de 2001

Julho de 2001

Produto Comercial1 Classic Pivot Chart Scepter Pivot Pacto Spider Scorpion

Pedro e Patrícia comentam que existem diversas medidas para o manejo de plantas daninhas Figura 1. Explicação bioquímica para a aplicação do bioensaio é a seguinte: Processo metabólico normal das plantas sem a aplicação de herbicidas:

Processo metabólico em uma planta suscetível com a aplicação dos inibidores da ALS e KARI: inibidores da ALS

Como a planta é suscetível não há a formação de acetolactato e portanto existe um acúmulo de piruvato na planta e portanto a solução não desenvolve complexo colorido rosa ou vermelho, tornandose marrom

Processo metabólico em uma planta resistente com a aplicação dos inibidores da ALS e KARI: inibidores da ALS

inibidores da KARI

Como a planta é resistente há a formação de acetolactato e portanto com a formação de acetoína e um complexo colorido na presença de creatina e naftol.

do então acrescentado água duas vezes o volume do material colhido, macerando com um bastão de vidro e deixado repousar por uma hora. d. remoção de uma alíquota de 0,5 mL do líquido sobrenadante e transferência para novos tubos de ensaios, onde é acrescentado 0,1 mL de ácido sulfúrico 5% e deixado em repouso por 15 minutos. e. adição de 0,5 ml de creatina 0,5%, depois é agitado, deixado em repouso por 15 minutos. f. adição de 0,5 mL de naftol 5%, nova agitação e repouso por uma hora em temperatura ambiente. g. agitação vigorosa em agitador automático, de preferência do tipo Vortex, sendo então observada a coloração da solução, se rosa ou vermelho, a planta é resistente, se www.cultivar.inf.br

marrom é suscetível ao herbicida. observação: é importante que as soluções de cretina e naftol sejam preparadas pouco antes da utilização. Desta forma, em três dias é possível verificar se a planta é realmente resistente o não aos herbicidas inibidores da ALS. Assim, medidas de manejo podem ser adotadas imediatamente para evitar a disseminação da resistência na propriedade. O bioensaio é bastante simples, pois os reagentes podem ser facilmente obtidos em empresas que revendem produtos laboratoriais e os equipamentos necessário são comuns de qualquer . laboratório. Pedro Jacob Christoffoleti Patrícia Andrea Monquero, Esalq - USP Cultivar

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Café

O etileno deve ser aplicado nos frutos em estádio já desenvolvido, a fim de se obter a maturação ideal

ANTAGONISTAS DO ETILENO

São conhecidas também algumas substâncias, conhecidas como antagonistas do Etileno, divididas em inibidores da atividade e inibidores da síntese. Do primeiro grupo fazem parte CO2 em altas concentrações (5 a 10%), compostos à base de prata, como o nitrato ou o tiossulfato (STS), que inibem a abscisão de folhas, flores e frutos e o 1-metilciclopropano (1-MCP), comercializado com o nome de Ethylbloc, que diminui a atividade, por competir com o Et ligando-se ao seu receptor por um ponto, impedindo a ligação do Et com o receptor, que se faz por dois pontos. Como inibidores da síntese são conhecidos o cobalto, o ácido amino oxiacético (AOA), triazóis como o uniconmazole (Sumisevenâ) e o paclobutrazol (Paclobutrazolâ, Bonziâ, Cultarâ), além do AVG (aminoetoxivinilglicina), utilizado comercialmente como Retainâ.

(polifenol oxidase). Deve ser destacado a importância do Etileno, na síntese dos compostos fenólicos, tanto dos ácidos fenólicos simples como dos flavonóides, através das enzimas PAL, PPO e chalcona sintetase. Também ativa a enzima peroxidase.

EFEITOS FISIOLÓGICOS

O Etileno apresenta inúmeros efeitos fisiológicos, como quebra da dormência de gemas e sementes, expansão de órgãos, formação de raízes, floração, expressão sexual, epinastia, formação do gancho plumular, senescência de folhas e flores, abscisão e maturação de frutos, entre muitos outros. Dentro da ótica deste artigo, vamos nos deter apenas em dois desses efeitos fisiológicos, fundamentais para a colheita e maturação do café, que são a abscisão e a maturação. Abscisão- ou seja, o afrouxamento com posterior rompimento do pecíolo (folhas) ou

haver acompanhamento técnico e dosagem correta, para se evitar a desfolha, que também pode ocorrer e assumir proporções indesejadas, em dosagens elevadas ou mal aplicadas do produto. Nas condições recomendadas, a desfolha que ocorre seria das folhas mais velhas, já no final do ciclo, com baixa atividade fisiológica, que sofreriam abscisão natural. Ainda mais, essa desfolha ocorreria na colheita manual ou mecânica. Maturação- O fruto do cafeeiro é um fruto climatérico (Figura 3), ou seja, vai apresentar uma fase de maturação caracterizada fisiologicamente pela elevação da atividade respiratória, após a queda desta no final do período de crescimento do fruto. Essa elevação da respiração, após o crescimento do frutos, no período de maturação, que se estende por vários dias, é que é chamada de climatério respiratório. Nesse processo, ocorrem as chamadas trocas fisiológicas da maFotos Cultivar

Na hora certa

sintetase, a nível de transcrição gênica, no RNA mensageiro. Os outros fitorreguladores, como ABA, o próprio Et e as CK também levam à síntese de Et, ao passo que as giberelinas (GA) apresentam pouco efeito.

MODO DE AÇÃO

A

comercialização do Etileno, composto gasoso, faz-se na forma do produto comercial ETHREL, que contém 240 ou 720g.L-1 de Ethephon, sendo esta última concentração a mais usual. O Ethephon, também chamado CEPA, de nome químico ácido 2-cloroetilfosfônico, é um líquido estável a pH igual ou inferior a 4.0. Em valores de pH superiores a 4.1 no citoplasma celular, libera Etileno dentro das células, além de cloreto e fosfato. O Etileno, quando endógeno, trata-se de hormônio gasoso, de fórmula simples, C2H4, sendo sintetizado desde fungos e bactérias até fanerógamas e em todos os órgãos vegetais. Por ser gasoso, o seu transporte se faz do local de síntese ou de liberação por difusão, apesar de poder existir o seu transporte na forma de ACC (ácido aminociclopropano carboxílico), composto precursor do Etileno. O Etileno se origina a partir da metionina, um aminoácido, numa síntese simples, como pode ser vista na Figura 1, fundamental para entender os efeitos fisiológicos desse composto. Na Figura 1 deve ser destacado, além da síntese do Etileno, a formação de um composto importante, precursor do Etileno, o ACC já citado anteriormente, bem como as

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Cultivar

enzimas ACC sintetase e ACC oxidase, além de outros compostos cuja presença promovem a síntese do Etileno como BR (brassinoesteróides), Ax (auxinas), CK (citocininas), ABA (ácido abscísico), cálcio e o próprio Et (etileno). Ao mesmo tempo, composto como AVG (aminoetoxivinilglicina), AOA (acido amino-oxiacético), CO2 (dióxido de carbono), Co (cobalto), PBZ (paclobutrazol) e uniconazole inibem a síntese do Et. Condições do meio e ataque de insetos ou patógenos, bem como qualquer condição estressante, como um simples manuseio, pode levar ao aumento da síntese. Dessa maneira, ocorrem vários efeitos do meio na síntese do Et, como ação da temperatura, onde elevação desta até 35oC, aumenta a produção de Et. Valores de temperatura acima desse, podem inibir a produção por sua ação como inibidores das enzimas de síntese. Temperaturas muito baixas podem ter também efeitos inibitórios. O próprio CO2, a níveis de até 0,5% ativa a ACC oxidase, elevando a síntese. Em concentrações altas (5 a 10%), CO2 transforma-se em antagonista do Etileno, pois compete com este pelo mesmo sítio de ligação no receptor protéico. Para a síntese é necessário condições de aerobiose, para a conversão de ACC a Et. Logo,

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anaerobiose inibe a síntese. Normalmente, a luz inibe a passagem de ACC à Etileno. As injúrias causadas à planta, seja por efeito mecânico (manuseio inclusive), insetos, baixas temperaturas, estresse hídrico por falta ou excesso, doenças, mesmo a aplicação de defensivos, leva ao aumento do estresse nas plantas e este fato, aumenta a atividade da enzima PAL (fenilalaninaamonialiase), enzima chave do metabolismo de fenólicos, levando portanto, à elevação da concentração desses compostos na planta, aumentando a produção de Et, por elevação da atividade da ACC sintetase. Logo, condições de estresse, quaisquer que sejam elas, são condições fundamentais para a elevação da síntese de Et, que quando não for desejada, devem ser evitadas. Os reguladores também estão envolvidos com a síntese de Et, principalmente as auxinas, as quais estimulam a síntese de ACC

Julho de 2001

Para exercer sua ação o Etileno se liga a receptores protéicos da membrana plasmática (hidroxiprolina-ETR1), que contém Cu2+ ou Zn2+ como sítio de ligação. Esse complexo Et-receptor, através de um mensageiro secundário, leva o sinal do Et até o DNA (núcleo), o que é chamado de transdução do sinal. No núcleo ocorre a produção de mRNA (RNA mensageiro) específico de algumas enzimas hidrolíticas (celulase, poligalacturonase, pectinases), sendo essa fase denominada de transcrição gênica. Em seguida, com o mRNA no citoplasma, ocorre a fase de tradução do sinal, ou seja, a síntese dessas enzimas no R.E. (retículo endoplasmático). Essas enzimas migram ao Complexo de Golgi, onde são liberadas na PC (parede celular), ocorrendo, em função da ação da enzima específica, a degradação da celulose, da pectina, etc, amolecendo a parede iniciando o processo de maturação. Assim, temos uma série de enzimas que são reguladas pelo Et, com ação na parede celular: celulase, pectinase, poligalacturonase, b-1,3-glucanase. Com ação nos frutos: poligalacturonase, b-1,3-glucanase, PAL e PPO Julho de 2001

Maturação uniforme dos frutos é fundamental tanto para colheita quanto para secagem do café

do pedúnculo (frutos). É um processo fisiológico complexo, que envolve a interação de hormônios como as auxinas, Etileno e ABA, entre outros, que tentaremos explicar de forma simples e prática. Em frutos, esse processo ocorre na fase final da formação, póscrescimento, quando o nível de auxinas endógenas produzidas pelo fruto diminui. Isto aumenta o nível endógeno de Etileno no pedúnculo, que sintetiza as enzimas hidrolíticas já citadas, promovendo o afrouxamento da ligação fruto/ramo, facilitando a queda desse fruto, ou seja, a colheita. Este processo acontece de forma natural, em função das variações hormonais da auxina, do ABA e do Etileno endógenos mas que pode ser sincronizado e acelerado pela utilização de Etileno exógeno, como o caso do Ethrel. Então, normalmente, o Ethrel aplicado na concentração correta, vai sincronizar e facilitar a colheita do café por acelerar o processo da abscisão dos frutos. Evidentemente, que deve www.cultivar.inf.br

turação , ou seja, as mudanças de cor, de sabor, de aroma e do amolecimento do fruto, na verdade a mudança de fruto verde para maduro. Essa elevação na atividade respiratória (climatério respiratório) acontece conjuntamente ou logo após a elevação da síntese de Etileno, composto que poderíamos chamar de gatilho do climatério respiratório. Na maturação vai ocorrer aumento na atividade da ACC oxidase, levando à elevação na concentração do Etileno endógeno. Este acelera a maturação, então, por incrementar a respiração e a síntese de enzimas ligadas à maturação (cor, sabor, aromas, amolecimento). Logo, como uma das conseqüências da maturação, temos o desverdecimento dos frutos, que se caracteriza por diminuição da clorofila, aumento de carotenóides, elevação de antocianinas e de antocianidinas. Como já escrevemos, deve ser destacada a ação do Etileno na síntese de compostos fenólicos, Cultivar

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... sejam os ácidos fenólicos ou os flavonóides.

Essa ação, como já dito, se faz por aumentar a atividade de enzimas chaves nesse processo como a PAL, que vai elevar a concentração de ácidos fenólicos precursores dos dihidroflavonóis. Essa passagem acontece por ação da chalcona sintetase, outra enzima chave ativada por ação do Etileno, que acaba originando a síntese de antocianinas e antocianidinas, flavonóides que darão a cor vermelha aos frutos. Ao mesmo tempo, no sentido de melhorar o sabor, o Etileno também ativa a PPO, que reduz a concentração de ácidos fenólicos, quando em altas concentrações. Assim, o aumento de carotenóides e, principalmente, de flavonóides como antocianinas e antocianidinas, mudam a cor do fruto verde para vermelho. Ao mesmo tempo, como mais um efeito do Etileno na maturação temos a transformação do fruto verde, duro e rígido, num fruto mais macio, característica de frutos maduros. Esse efeito no amaciamento é causado pela ação do Etileno na síntese e no aumento da concentração das enzimas poligalacturonase, celulase, pectina metilesterase e b-1,3-glucanase, enzimas responsáveis pelo amolecimento da parede celular. Ao mesmo tempo o Etileno

diminui a concentração de poliaminas no fruto. Estes mecanismos podem ser visualizados na Figura 4, que aborda a interação entre síntese de Etileno na maturação e as mudanças na expressão gênica. Dessa maneira, a nosso ver, fica claro que a aplicação de Etileno no fruto de café, por todas as razões já expostas, vai acelerar a maturação desses frutos além de sincronizar esse processo. Por outro lado, deve-se ter claro que a aplicação do Etileno pode levar à aceleração do climatério respiratório, com a redução do período deste, ou seja, podendo a colheita ser manuseada no sentido de acelerá-la, reduzindo o período da colheita. Ao mesmo tempo, fica claro que a aplicação desse fitorregulador pode levar à maturação uniforme do fruto do cafeeiro, aumentando a população de frutos cereja , ao mesmo tempo que sua ação na abscisão, facilita muito a colheita, a manual e, principalmente, a mecânica, por deixar os frutos praticamente soltos. Finalizando, alguns cuidados devem ser tomados na aplicação do Etileno, em nível de cultura. O produto deve ser aplicado nos frutos, em estádio já desenvolvido, pois frutos que ainda não atingiram o desenvolvimento ple-

no, respondem ao Etileno mas não apresentam maturação normal. Logo, a definição do estádio de desenvolvimento, para a aplicação do produto é a chave do sucesso, devendo ser analisado pelo produtor a porcentagem de frutos granados, no terço inferior da planta e porcentagem de frutos cereja , englobando o terço superior médio e inferior dessa planta. A aplicação deverá ocorrer quando 90% dos frutos do terço inferior da planta estiverem granados. Este fato, muda o conceito da aplicação do produto, que antigamente baseavase na porcentagem de frutos cereja e hoje, no estádio de desenvolvimento do fruto, o que definimos como granação, momento fisiologicamente mais adequado para o efeito do etileno na manutenção e colheita do cafeeiro. Portanto, o momento correto da aplicação deste produto é fundamental para a obtenção de resultados favoráveis e que com certeza justificarão a utilização desta tecnologia, como mais uma forma de manejo da . cultura cafeeira.

Fig. 01 - Biossíntese do Etileno

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Cultivar

Fig.04 - Interação entre síntese de Etileno na maturação e as mudanças na expressão gênica www.cultivar.inf.br

Doenças nesta safra É preciso ter o máximo de cuidado com as doenças secundárias da soja para que se obtenha uma boa produção

João Domingos Rodrigues e Elizabeth Orika Ono, Unesp

Fig. 03 - Curva da respiração de frutos climatéricos

Fig.02 - Esquema do modo de ação do Etileno.

Fotos Fundação MT

Soja

Julho de 2001

D

iversos fatores limitam os altos rendimentos da soja e asdoenças estão entre os mais importantes e difíceis de se controlar. De um modo geral, os problemas de doenças estão relacionados com a monocultura, o uso inadequado do solo (conduzindo à compactação e aos desequilíbrios nutricionais), o uso de cultivares geneticamente semelhantes e suscetíveis, sementes com baixa qualidade fisiológica e sanitária, e à falta de opção de espécies economicamente viáveis para a rotação de culturas. Tudo isso tem influenciado no aumento do número de doenças causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus. A forma mais eficaz e econômica de controlar as doenças é através do uso de cultivares resistentes. Entretanto, para a maioria das doenças da soja, ainda não foram obtidas fontes de resistência. A importância das doenças da soja varia ano após ano, entre regiões e propriedades, dependendo das cultivares utilizadas, das condições climáticas de cada safra, da época de semeadura e das práticas agronômicas adotadas. A cada safra que passa, novas doenças surgem e outras, tiJulho de 2001

Sintoma de Mancha foliar de Mirotécio, causada por Mirothecium rodium

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das como secundárias, aparecem em certas regiões, porém sem danos mensuráveis. Na safra (2000/01), algumas doenças da soja apareceram em certas regiões, contrapondo-se à ocorrência freqüente. Uma das primeiras ocorrências de doença nesta safra, em Mato Grosso, foi o míldio, considerado de pouca importância, mas que, ao longo dos anos, vem se manifestando mais agressivamente. O agente causal da doença é o fungo Peronospora manshurica, que ocorre nas folhas, vagens e sementes. O sintoma nas folhas se caracteriza por pequenas manchas de coloração verde-clara que rapidamente passa a amarela, na face superior das folhas, com o crescimento micelial do fungo (de coloração rosa) na face inferior. A seguir ocorre necrose desses tecidos afetados. Até este momento, no Brasil, há poucos estudos que ofereçam informações sobre o potencial de dano que este patógeno pode causar na produtividade. A doença tem um aspecto muito interessante, pois quando surge, e em certos casos a infecção atinge mais de 60% da área foliar, causa grandes preocupações aos produtores; entretanto, em poucos dias, ninguém mais Cultivar

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Tiago e Márcia comentam sobre a importância de se controlar as doenças secundárias da soja

de controle é através do uso de cultivares resistentes ou tolerantes. BRSMT Pintado, FMT Cachara e FMT Tucunaré são algumas das cultivares em que a ocorrência da doença atinge baixos índices. O uso de fungicidas não é recomendado, pois não há verificação de controle da doença em experimentos. A mancha foliar de Mirotécio, causada por Mirothecium roridum, também está surgindo em algumas regiões com bastante severidade. Não se conhece cultivar resistente, mas o controle com fungicidas tem apresentado bons resultados. O dano da doença é devido à diminuição da área fotossintetizante e ao abortamento de folhas. Inicialmente, o sintoma é caracterizado por lesões arredondadas a irregulares, de coloração verde-clara com aspecto oleoso. Infestações severas podem causar sobreposição de lesões. Outro modo de identificação da doença é através da observação de sinais: crescimento micelial branco e formação de frutificações negras (esporodóquios sésseis) no centro da lesão, em ambas as faces da folha. A doença, geralmente, ocorre em regiões de Cerrado com altitudes inferiores a 550 metros, com alta umidade e temperatura. Inicialmente, ocorre em reboleiras e através da dispersão pela chuva e pelo vento, atingem a lavoura de maneira generalizada. Outra doença foliar pouco conhecida e que pode ser confundida com Mirotécio é a mancha de Ascoquita, causada por Ascochyta sojae. Tem preferência por regiões com altitudes acima de 650 metros, associadas a altas umidades com temperaturas amenas à noite e altas durante o dia. De todas as cultivares observadas nestas regiões com ocorrência da doença, a única que se mos-

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Cultivar

trou resistente foi a FMT Mutum. Com relação ao controle com fungicidas, não há relatos de eficiência. O fungo pode ocorrer em qualquer estádio da cultura, geralmente sendo observado após a floração. As lesões se caracterizam por manchas castanhoclaras, circulares, com halo castanho-avermelhado, podendo atingir até 1,5 cm, as quais podem coalescer tomando mais de 70% da superfície foliar. A parte central da

Fundação MT

... ouve comentários sobre o míldio. A forma

do vento. Inicialmente, ocorre em reboleiras, mas pode se disseminar pela lavoura de maneira generalizada. O principal dano é com relação à desfolha, que pode atingir mais de 50%. A mela, considerada uma das doenças mais agressivas da soja nos Cerrados, é causada pelo fungo Rhizoctonia solani (anamorfo) / Thanatephorus cucumeris (teliomorfo), habitante do solo e que, sob condições de excesso de umidade e temperaturas elevadas, causa grandes epidemias. Porém nesta safra, foi observada a ocorrência da doença em condições de estiagem prolongada na região de Nova Xavantina, Água Boa, Canarana e Querência, em Mato Grosso. Entretanto, o orvalho presente nestes locais permanecia por longo tempo sendo o possível fator agravante dessas severas infecções. Atualmente, essas doenças secundárias da soja (com exceção da mela) não apresentam grande importância econômica para a cultura, no entanto estudos mais aprofundados devem ser realizados para um melhor conhecimento, visto que estes patógenos poderão se tornar mais agressivos em função de condições climáticas a eles favoráveis, e causar uma epidemia de uma hora para outra. Um exemplo recente, foi o que aconteceu com o oídio (Microsphaera diffusa), que se tornou de repente em uma doença impor-

Míldio causando necrose na folha de soja; os danos ocasionados são visíveis

lesão apresenta pequenos pontos castanhoescuros que constituem os picnídios do fungo, além de que esta área pode ser destacada com facilidade, ficando a folha com aspecto rasgado ou furado, principalmente pela ação do vento. A disseminação do fungo é, principalmente, pela ação da chuva e www.cultivar.inf.br

tante, necessitando de medidas de controle imediatas para evitar maiores preju. ízos aos agricultores. Tiago Vieira de Camargo, Márcia Midori Yuyama, Fundação MT Julho de 2001


Aenda - Defensivos Genéricos

Postos volantes N

o ano de 1999, os defensivos agrícolas foram acondicionados e comercializados em 107 milhões de embalagens, que, vazias, pesariam cerca de 24 milhões de quilos, segundo levantamento do setor industrial. Retirar todo esse contingente de vasilhames do campo, a cada ano, é uma tarefa colossal, considerando: (a) a grande extensão do território brasileiro, (b) a discussão do projeto e organização em cada comunidade, (c) o levantamento dos recursos, (d) a obtenção de licenças e alvarás para construção dos projetos (unidades de recebimento), (e) o treinamento de técnicos e operadores e, (f) a educação de massa para motivar o usuário a devolver. Contudo, o sistema de recebimento dessas embalagens vazias toma corpo em todo o País, visando facilitar a devolução pelo usuário e a logística de encaminhamento ao destino final. Construídas e operando, já se pode contar 50 unidades; em construção ou em planejamento para este ano, outras 50 unidades. Considerese, ainda, que esse número de unidades foi em maioria de iniciativa da Indústria, que estimulou técnica e financeiramente as comunidades locais a realizarem os projetos (uma exceção a destacar é o Programa do Paraná, cujas unidades foram construídas pelo Governo Estadual).

Agora, está em curso uma grande movimentação das Cooperativas e Revendedores, agregando força e dinamismo ao sistema. Portanto, é impossível estimar qual será o mapa dessas unidades, conhecidas por postos e por centrais (essas últimas processam as embalagens, reduzindo o volume para o transporte ao destino final.), nos próximos 12 meses. Paralelamente, um outro subsistema de recebimento das embalagens se estabelece, como um poderoso aliado das unidades. Trata-se da coleta programada, um verdadeiro mutirão de limpeza que, de forma organizada, recebe diretamente do usuário e entrega em uma unidade. Na prática, pode ser um caminhão gôndola ou mesmo de caçamba removível, fazendo um roteiro pré-estabelecido e com datas pré-agendadas, tudo bem divulgado na comunidade rural. Também, podem ser, pontos fixos de recepção, onde o material é recolhido e, ao final do dia, é levado para armazenamento em uma unidade. Dispõem de pessoas treinadas para fazer uma primeira triagem e separação do material coletado, bem como instruir corretamente os agricultores porventura ainda carentes de informação. Essas formas, inventivas e práticas, devem adaptar-se, é claro, aos novos ditames de legislação específica, em especial, mantendo controles de identifica-

ção dos usuários e suas respectivas embalagens devolvidas. Etiquetas podem ser coladas em cada embalagem ou em cada agrupamento de embalagens (em caixas, sacos, etc.). Separar as embalagens contaminadas das não-contaminadas é outro cuidado necessário, bastando agrupá-las e isolá-las no transporte. O usuário, por seu turno, deve receber algum comprovante da entrega. É um sistema interessante para ser aplicado, principalmente em regiões com concentração de minifúndios ou por cooperativas com entrepostos. A época escolhida, deve ser aquela em que a demanda por serviços de transporte em outros setores seja mais baixa e, as datas préfixadas devem ser sincronizadas com o gestor da unidade de recebimento que acolherá o material. É, também, importante aproveitar os períodos em que os agricultores estão comprando os defensivos agrícolas, pois podem trazer as embalagens vazias acumuladas da safra anterior e entregar no ponto de recepção. Que esses Postos Volantes, também chamados de Transbordos ou de Coletas Itinerantes, se multipliquem, pois a função que, em especial, desenvolvem junto a pequenos agricultores é essencial ao sucesso da grande tarefa que o País se propôs realizar. www.aenda.org.br / aenda@sti.com.br


Agronegócios POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO

Mina de OURO Os bionegócios prometem tornar-se os componentes mais importantes dos agronegócios no futuro próximo

É cristalina a mudança do paradigma da base geradora de inovações nos agronegócios, que se desloca da área química para a bioquímica avançada, alicerçada na biotecnologia. Mais que deter o conhecimento sobre a substância química importa dominar o gene. Assistiremos a uma verdadeira enxurrada de patenteamento de genes que codificam para substâncias com potencial mercadológico. No novo paradigma, os vegetais (e os animais) substituem em grande parte as complexas instalações industriais, fonte de riscos e de poluição, além de ineficientes do ponto de vista econômico, se cotejadas com as fábricas vivas . À indústria caberá a parte final do processo: extração, purificação, formulação, embalagem, posto que a síntese ocorrerá nos cam-

INVESTIR NO FUTURO

Não basta apenas mapear nossos campos, rios e matas, embora essa seja uma atividade essencial, alicerce do processo de formação do conhecimento. Uma vez identificado nosso banco genético, é necessário associar um organismo a um uso potencial, navegar nas suas correntes de DNA para entender como Deus arquitetou a micro-indústria no âmago das células. O mapeamento genético tem a função de descrever a seqüência de bases protéicas, ou seja, desvendar o segredo como uma substância é sintetizada. A partir dessa informação básica, a ciência pode transformar, transferir, amplificar ou tomar qualquer procedimento que permita atingir o objetivo de produzir a substância desejada. Obtida a nova configuração do organismo, compete a outro grupo de cientistas desenvolver um sistema de produção competitivo, ou seja, associando qualidade esmerada com alta rentabilidade.

ESPAÇO PARA NEGÓCIOS

P

rimeiro foi a Xylella fastidiosa, que teve suas entranhas reviradas pelo avesso por cientistas brasileiros, que mapearam por completo seu DNA. Aproveitando o embalo, vamos dissecar a Xanthomonas axonopodis pv citri, agente causal do cancro cítrico, sob a batuta do professor Jesus Ferro. Na área animal, Vitória é um bezerro clonado pela Embrapa, que descortina o potencial que pode ser despertado do berço esplêndido quando se investe em cientistas de valor. Essas e outras pesquisas têm um traço comum: elas sinalizam o futuro, um cruzamento entre biodiversidade e biotecnologia, que vai criar o Bionegócio, talvez o componente mais importante do Agronegócio no futuro próximo. Continuaremos a produzir grãos, frutas e hortaliças, a criar porcos, galinhas e bois, mas com um toque cada vez mais futurístico. Além de alimentos e fibras, missão milenar da agricultura, vamos produzir medicamentos, vacinas, cosméticos e outras substâncias da química fina do III Milênio. O Brasil tem, novamente, enormes vantagens comparativas no limiar da reconversão dos negócios agropecuários a maior biodiversidade do planeta, e o cabedal científico para transforma-la em negócio rentável.

A, C, G, T

As características dos organismos vivos são determinadas pelo seu código genético, herança de seus pais. Ele pode ser comparado a um programa de computador, onde cada comando representa uma ação diferente que o computador realiza. A estrutura molecular do DNA parece um zíper, onde cada dente é representado por uma de quatro letras (A, C, G ou T), formando pares (AT ou GC), e repre40

Cultivar

sentam as substâncias Adenina, Citosina, Guanina e Timina. A informação contida no DNA é determinada pela seqüência de letras. Se fossem algarismos como 1, 2, 3, 4, observe que as combinações 1234, 2341, 3241, 4123, 3124, 1342, 1324 seriam números diferentes, e representariam instruções diferentes. É através da descoberta dessa combinação que um cientista transforma seqüências protéicas os genes - em bionegócios do III milênio, permitindo que substâncias armazenadas por milhões de anos no interior de organismos vivos possam ser úteis à Humanidade.

BIODIVERSIDADE

Indo do microscópico para o macroscópico, quem não conhece um uso medicinal ou estético de uma planta? Quem circulou pelo Pantanal sabe que Viagra de caboclo atende pelo nome de nó de cachorro , ingerida com cachaça que ninguém é de ferro. Se não servir para tanto, a Unifesp garante que há substâncias extraídas da planta que combatem a fadiga e aguçam a memória. E daí? Daí que os cientistas viram nisso um enorme potencial para produzir medicamentos que combatem o mal de Alzheimer, um mercado de mais de US$3 bilhões/ano. Um exemplo isolado? Não, certamente você já ouviu falar de unha de gato, que ativa o sistema imunológico; ou de pedra ume, para tratamento do diabetes; de copaíwww.cultivar.inf.br

ba, um antibiótico, ou do anestésico jambú. Exemplos abundam, porque o Brasil detém um quarto da biodiversidade mundial. A Suíça, maior renda per cápita do mundo tem apenas uma planta endêmica do país. A poderosa Alemanha nem chega a 20. O México, com sua grande extensão geográfica, tem 3 mil. Só na Amazônia o Brasil passa de 20 mil! E temos os Cerrados, a Caatinga, o Pantanal, a Serra do Mar, os banhados do Sul. Cerca de 75% dos ingredientes ativos dos medicamentos mais potentes são derivados de plantas, ou foram inspirados em substâncias nelas existentes. Entretanto, 95% da flora mundial sequer foi estudada, e menos de 1% vem sendo aproveitada pela farmacologia. E esse aproveitamento marginal gera negócios que se aproximam dos US$800 bilhões/ano. Caso computemos o valor futuro da biodiversidade brasileira, em função de sua funcionalidade e do espaço negocial que pode ser ocupado por ela, chegaremos a alguma coisa além dos US$2 trilhões, enquanto o PIB nacional pré-crise energética mal roça 25% desse valor. Essas cifras indicam que investir, digamos, 0,5% desse valor na ciência brasileira, ao longo dos próximos anos, será a garantia do porvir das novas gerações. Basta que algum cérebro iluminado, bem postado nos escalões governamentais, consiga assestar sua luneta para o futuro e enxergar a manada de cavalos que vão passar encilhados. Julho de 2001

pos. O Brasil ainda tateia em busca de seu modelo de desenvolvimento científico, em especial para aproveitamento de sua biodiversidade. No momento vivemos a era da Medida Provisória que veda qualquer intercâmbio de material genético. Melhor assim que a biopirataria deslavada do passado recente. Porém atitudes como essa devem servir apenas como pausa obrigatória para gerar um modelo que permita transformar vantagens comparativas em oportunidades competitivas. O tripé gerador de negócios passa pela prospecção da biodiversidade, pela capacidade científica instalada para perenizar o ciclo frutuoso da geração da informação até o desenvolvimento tecnológico, finalizando pela concretização da instalação industrial que vai permitir transformar biodiversidade não apenas em produtos comerciais, mas em progresso, desenvolvimento, recursos para educação, segurança, saúde e melhoria da qualidade de vida do país. Julho de 2001

Parcerias serão formadas envolvendo os diversos elos da cadeia, de maneira a garantir o fornecimento do produto final com alta qualidade. Em especial, institutos de pesquisa e desenvolvimento estarão associados a produtores, por sua vez concatenados a grupos de processamento, para garantir o fluxo produtivo. A área farmacológica é a que apresenta, no momento, melhores perspectivas, pela tradição de uso de produtos derivados de plantas. A expansão dos negócios cunhou a expressão nutracêutica , o que significa que o produto tanto cumpre uma função nutritiva quanto farmacêutica. Por exemplo, é possível produzir hormônio de crescimento humano a partir de plantas édulas, sendo que o custo atual de um quilo do hormônio é de US$20 milhões. O taxol, anticancerígeno, vale US$12 milhões por quilo. Vacinas também poderão estar presentes na batata ou na alface, que aliarão as funções nutritivas às medicinais. Além desses exemplos, existem diversas plantas que possuem ingredientes ativos usados na indústria de cosméticos, ou de produtos de limpeza. Sem esquecer do potencial não perscrutado para uso agrícola, como novas plantas ornamentais, ou a produção de substâncias com potencial inseticida, fungicida ou nematicida.

simos da composição chamada agronegócios, porque potencializará não apenas o espaço de negócios, mas também o volume de recursos envolvido nas transações comerciais. Isso porque o segmento de bionegócios possui um valor agregado muito maior que os agronegócios tradicionais, em especial quando substâncias com ação farmacológica estiverem envolvidas. Podemos criar diversos nichos mercadológicos associados a especializações dos bionegócios, e assumir uma liderança clara no setor, desempenhando um papel crucial no contexto do intercâmbio comercial e do fornecimento de produtos essenciais. Equivaleria a deter o comando do segmento de energia, como a OPEP, ou dominar a indústria eletrônica, que são dois outros negócios vitais nesse começo de século. Para que essa visão de futuro tenha uma probabilidade de êxito é necessário agir estrategicamente nesse período de incubação, quando os bionegócios buscam seu rumo. A FAPESP vem dando sua contribuição, financiando grupos científicos que operam na fronteira da ciência, e o CNPq lança um programa de R$240 milhões para incentivar a pesquisa biotecnológica, um dos fundamentos dos bionegócios. A Embrapa investe com carinho em cérebros dedicados à genômica. Entretanto, é fundamental que a Nação disponha de uma política de longo prazo, consensuada entre os diferentes segmentos da sociedade, e buscando incentivar com equilíbrio cada um dos alicerces desse novo ramo negocial. O investimento de hoje, caso repouse em uma política focada na busca da liderança dos bionegócios, será o sustentáculo de . um país melhor no amanhã. Décio Luiz Gazzoni, Embrapa Soja

VISÃO ESTRATÉGICA

O Brasil tem à sua frente mais uma daquelas grandes oportunidades que o bom Deus lhe reservou, a partir das suas condições naturais. Embora nosso país esteja postergando a decisão de assumir o comando da locomotiva do agribusiness global, os econegócios e os bionegócios constituem vagões importantíswww.cultivar.inf.br

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Mercado Agrícola - Brandalizze Consulting

Safrinha e geadas no abastecimento Os produtores apontam perdas na semana que passou em cima das geadas que atingiram as lavouras do Paraná, de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. Pelo menos 300 mil T na produtividade foram perdidas, e poderá piorar. Os indicativos da safrinha continuam em cima das 6 milhões de T. A produtividade das primeiras lavouras veio muito acima do projetado, com casos isolados acima dos 7 mil Kg por hectare - o normal são 3 mil kg em média. Assim, mesmo com as perdas, a produtividade alta deverá diminuir o impacto do frio. Os produtores plantaram a safrinha entre o começo de fevereiro e praticamente a segunda quinzena de março. Áreas plantadas tardiamente devem ter grandes perdas; as que foram plantadas em fevereiro e começo de março já estão com as espigas formadas e pouco perdem.

Área plantada da safrinha de Milho em 2000 e 2001 em mil hectares Estados

RS

SC

PR

SP

MG

GO

MS

MT

BR

2001 2000

55 80

60 100

600 850

420 550

100 140

170 250

200 285

270 350

1.875 2.605

Fonte: Brandalizze Consulting

Milho

Mercado segue apertado O mercado do milho teve pressão de alta em junho, conseguindo colocar correções nas posições de R$ 0,60 e R$ 1,00 sobre os indicativos praticados em maio. Os produtores, vendo a redução das ofertas, começaram a forçar os indicativos para cima. O mercado no segundo semestre deverá mostrar redução das ofertas. Mesmo com uma safra grande, o quadro de abastecimento chegará apertado ao final do ano. As exportações seguem com indicativos de avanço para cima das 3 milhões de T. O consumo deverá chegar a marca das 37 ou 38 milhões de T e teremos um aperto final e valorização do milho que restar. Outra dica é para os produtores que podem fazer o plantio do cedo com a colheita em janeiro, que devem ter bom resultado econômico com o milho que for negociado em janeiro de 2002.

em diante, as chances de grandes avanços estarão mais atreladas ao cambio e a Chicago do que de produto local. Ainda temos cerca de 13 milhões de T para serem negociadas.

da que vem do varejo neste período de férias. Com novos avanços devendo vir de agosto em diante.

FEIJÃO

ARROZ

Estabilidade em junho; calmaria em julho O mercado do arroz, depois de ver os novos números da safra ficando ao redor das 10 e no máximo 10,5 milhões de T, e assim com um aperto previsto mais a frente, conseguiu colocar avanços nos indicativos em maio, com alta de até R$ 3,00 por saca mostrando o mercado gaúcho em cima dos R$ 15,50 pela saca. Trabalhou calmo em junho e deverá se manter com poucas alterações também em julho em cima da fraca deman-

Preto dispara e supera o carioca O mercado do feijão se manteve firme em junho. O ponto importante veio do Preto, que depois de constatada a escassez de ofertas, com importações dificultadas pelo câmbio, fez com que as cotações avançassem e fossem acima dos R$ 80,00, superando até mesmo o Carioca de Ponta. Devendo continuar com o Preto firme e com expectativa de nova pressão sobre o Carioca entre julho e agosto para demanda do segundo semestre.

CURTAS E BOAS SOJA Plantio chegando ao final nos EUA Fechou o plantio da safra nos EUA com uma área considerada grande. A produção deverá superar a marca das 80 milhões de T. Se isso se confirmar, haverá pressão nos indicativos variando entre os US$ 4,30 e US$ 4,50 por bushel em Chicago. Enquanto também temos que levar em consideração que boa parte dos analistas internacionais apostam em uma safra abaixo das 78 milhões de T. Levando em consideração a baixa qualidade das lavouras americanas, inferiores às do ano passado, quanto também se apontava safra acima das 80 milhões de T, que acabou ficando pouco acima das 75 milhões. Enquanto isso, por aqui, o quadro baixista do câmbio em junho deu um susto nos produtores e, de agora 42

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TRIGO - as geadas ocorridas em junho no Paraná causaram perdas às lavouras, os produtores apontam em pelo menos 50 mil T ceifadas antes do tempo. A previsão do Paraná é de fechar 1,8 milhões de neste ano. Mas que já esta comprometida. ALGODÃO - continuou mostrando pouca liquidez, favorecendo a vida dos produtores que têm contratos antecipados em dólar ou exportações fechadas no final do ano passado e entregas agora. O produto livre continuará com fraca liquidez pelo menos nos próximos 45 a 60 dias.

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ESTOQUES - o governo tem 1,6 milhões de T em estoque de milho e 2,2 milhões de T de arroz, sendo que parte do arroz e do milho é de Opções, que poderão não aparecer. O governo terá que vender grande parte do que tem no segundo semestre. SOJA - os indicativos de importações de soja pela China foram ajustados para mais de 12 milhões de T em junho e já se comenta que poderá chegar a 14 e até 16 milhões neste ano. Contra 11 do ano passado. A seca que o país passou neste ano causou grandes perdas aos produtores.

Julho de 2001



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