Cultivar 34

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Ano III - Nº 34 - Novembro / 2001 ISSN - 1518-3157 Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 76,00

Sem soqueiras

Estamos no período indicado para destruir as soqueiras e reduzir as pragas no algodãoÃO

(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 8,00

Muito gás

Diretor:

Newton Peter

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Editor geral:

Schubert Peter

Agripec comemora 40 anos e anuncia novos produtos e planos de expansão

Redação

Pablo Rodrigues João Pedro Lobo da Costa

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Design Gráfico e Diagramação:

Fabiane Rittmann Christian P. Costa Antunes

Campo limpo

Marketing:

Invasoras prejudicam o desenvolvimento da cultura do milho; atualize seus conhecimentos

Neri Ferreira Circulação:

Edson Luiz Krause Assinaturas:

Simone Lopes Ilustrações:

Rafael Sica

Produto certo

Editoração Eletrônica:

Index Produções Gráficas

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Fotolitos e Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES:

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GERAL / ASSINATURAS: 272.2128 REDAÇÃO : 227.7939 / 272.2105 / 222.1716 MARKETING: 272.2257 / 272.1753 / 225.1499 / 225.3314 FAX: 272.1966

SUCURSAIS

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Ceres Empresa Jornalística

Pesquisador compara defensivos usados contra a mancha angular na cultura do feijoeiro

índice Diretas Destruição de soqueiras Algodão protegido Trigo dá lucro Boas sementes de soja Soja: tratar ou não? Coluna da Aenda Futuro do mercado de arroz Plantas daninhas em soja Avaliação nutricional em soja Agripec completa 40 anos Bayer compra Aventis Cuidados no plantio de milho Manejo de plantas daninhas em milho Avaliação de fungicidas em feijão Agronegócios Mercado agrícola

Nossa capa 04 06 08 12 14 17 18 19 20 22 24 25 26 30 34 36 38

Foto Capa / Cultivar

Especialista avalia a qualidade da soja cultivada no Brasil


diretas Reflorestamentos

Trigo em alta no Paraná

A próxima safra de sementes de trigo no Paraná terá número bem superior às 73 mil toneladas colhidas anteriormente. E poderá melhorar ainda mais se o Governo Federal der incentivo à lavoura, disse o secretário executivo da Apasem, Eugênio Bohatch. Alguns problemas no final de ciclo (geadas tardias e chuvas) prejudicaram a safra em algumas regiões. Sobre a soja, diz que a Apasem já vendeu praticamente toda a produção de sementes.

Eugênio Bohatch

Só falta liberar

Alkagro

Cresce no País a expectativa em torno da liberação dos transgênicos. As contrariedades, ou pelo menos os fatos que suscitaram a ação judicial contra, foram satisfeitas. Sabe-se que é grande o volume de soja transgênica no Brasil, em torno de 3 milhões de hectares este ano. No próximo ano, espera-se o cultivo de metade da área destinada à soja com transgênicos. Em caráter oficial, porém, os organismos geneticamente modificados não existem nas lavouras brasileiras.

Manah

Para descobrir os novos talentos a Manah avalia as médias dos alunos da Esalq e da Universidade Federal de Lavras nas disciplinas de Introdução à Ciência do Solo, Características e Propriedades dos Solos, Fertilidade dos Solos, Nutrição Mineral de Plantas e Levantamento e Conservação do Solo e Água. Com o prêmio, o primeiro e segundo

José Alexandre Loyola, engenheiro agrônomo formado pela FCA-Unesp, assumiu a função de gerente administrativo da Alkagro em julho deste ano. Loyola diz que procura inovar em sua área, buscando sempre simplicidade e objetividade nos processos e metas a serem atingidas.

colocados de cada universidade no curso de Engenharia Agronômica recebem um diploma e uma quantia em dinheiro. Em julho deste ano, durante a colação de grau de mais uma turma da UFLA, de Lavras, a Manah entregou os prêmios para os alunos Lourenço Viana de Souza, primeiro colocado, e Rodrigo de Souza Martins, segundo colocado.

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Cultivar

Antônio E. L. da Silva

RS aposta na cultura

Congresso ABMR

O 7º Congresso Brasileiro de Marketing Rural, promoção de final de ano da ABMR, foi adiado para o mês de março de 2002. A ABMR tomou a medida após o cancelamento da vinda de palestrantes estrangeiros, que alteraram as agendas após os atentados de setembro. O presidente da entidade, Nivaldo Carlucci, está enviando comunicações diretamente aos tradicionais participantes.

Nivaldo Carlucci

A Apassul vê boas perspectivas para o trigo no próximo ano e já está fazendo contatos com seus associados no sentido de produzirem o máximo que puderem, em função das dificuldades que outros Estados produtores enfrentam, ou enfrentaram, com esta cultura. Segundo o secretário executivo da entidade, Antônio Eduardo Loureiro da Silva, é hora de viabilizar a soja e o milho e fazer uma rotação com o trigo, plantando um terço da área de inverno com tal cultura. Não tem outra saída , completa.

A hora das forrageiras

Carmélio R. Roos

Forrageiras em discussão

Maria S. Carvalho

O software SisEucalipto, um simulador utilizado no gerenciamento de reflorestamentos de eucalipto, foi apresentado aos participantes do 34° Congresso e Exposição Anual de Celulose e Papel, entre os dias 22 e 25 de outubro, em São Paulo. Desenvolvido pela Embrapa Florestas, o software constitui-se em mais uma ferramenta de trabalho que permite calcular quando, quanto e como desbastar cada floresta de eucalipto, além de definir qual a idade ideal para o corte final.

Dia 8 de novembro, no Hotel Vilalba, Uberlândia, a Apsemg reunirá seus associados em assembléia geral. Na pauta: discussão de decisões internas, prestação de contas, relatório de atividades da diretoria e explanação sobre convênio para desenvolvimento de pesquisas junto aos órgãos oficiais, informou a secretária executiva Maria Selma Carvalho. Outro assunto de muita importância é a discussão sobre o fechamento de parceria com a Embrapa, na área de desenvolvimento de cultivares de forrageiras tropicais, centrando fogo na melhoria da qualidade e no trabalho com novas variedades.

A Aprossul tem significativa produção de sementes de forrageiras e o setor está começando a se organizar agora no Mato Grosso do Sul, informou o presidente da Associação, Carmélio Romano Roos. O primeiro passo dado pelos produtores é procurarem se associar à entidade que, por sua vez, está formalizando parceria com a Embrapa, mais extensiva, para produção de novas cultivares de forrageiras tropicais, englobando na parceria os estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. O grupo terá exclusividade de uso dos materiais que forem gerados.

Transgênicos em SC

A Aprosesc está pedindo junto à Secretaria de Agricultura e ao governo catarinense, a permissão para instalação de VCUs (Valor de Cultivo e Uso) nas áreas oficiais de Abelardo Luz, Campos Novos e Mafra, através de convênio com a Embrapa e Fundação Meridional. Ao mesmo tempo, circulam informações de que o governo se www.cultivar.inf.br

mostra intransigente quanto à liberação do cultivo de transgênicos no Estado, e poderá ocorrer em SC o que já ocorre no Rio Grande do Sul: o cultivo indiscriminado. Nas vendas, a Aprosesc já comercializou toda a produção de sementes de soja e prepara-se para começar a safra de trigo, prejudicada pelas geadas fora de época.

Soja em SP

Apesar das dificuldades criadas pelo mercado clandestino de sementes, a APPS viu bom comportamento no mercado de soja, cuja área aumentou em relação a anos anteriores. Os produtores compraram sementes de diversas cultivares, incluindo as mais caras, e estão investindo na cultura. Segundo o secretário executivo da APPS, Cássio Luiz C. de Camargo, o milho começou fraco no início de maio (preços baixos e soja muito atrativa), o que resultou na preferência pela soja. Após, o preço do milho reagiu e a procura por sementes cresceu. A safra do verão poderá ser menor, mas não muito diferente da anterior - em torno de 15% a menos.

Novembro de 2001


Cultivar

Algodão

Destruição de soqueiras de algodão é obrigação legal do produtor

Soqueiras, fora N

o momento em que o homem primitivo, objetivando satisfazer suas necessidades, desbravou e cultivou determinada área de terra fazendo crescer elevado número de plantas de uma mesma espécie, quebrou e alterou o equilíbrio biológico natural, ali estabelecido. Deu início à agricultura, atividade que, até hoje, continua interferindo no equilíbrio natural entre espécies. Insetos, fungos e bactérias dependentes daquela espécie cultivada tiveram condições especialmente favoráveis ao seu desenvolvimento, com alimento praticamente ilimitado. Aumentaram rapidamente sua população e determinaram danos à produção da cultura. Tornaramse pragas e doenças. Portanto, desde o início da agricultura, as pragas e doenças têm-se constituído em problema de gran06

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de importância para o homem e exigiram dele, as maiores atenções. Assim, a cultura do algodoeiro, exposta durante todo o seu ciclo ao ataque de grande número de pragas e doenças, requer uma maior atenção e convivência por parte dos agricultores, técnicos e empresários agrícolas. Exige vigilância constante e apurada, com inspeções realizadas semanalmente. Requer, após a colheita do algodão a eliminação mais completa possível; das populações restantes das pragas e doenças através da destruição das soqueiras. A boa destruição é indispensável para que as populações de pragas e doenças se mantenham baixas no início de cada ano agrícola e para que o algodoeiro continue sendo uma cultura economicamente interessante, de maneira sustentável através dos anos. www.cultivar.inf.br

ARRANCAMENTO E QUEIMA

O arrancamento e queima dos restos culturais do algodoeiro, o mais cedo possível após a colheita, é preconizada no Brasil desde o início do Século passado, como medida profilática e de fundamental importância para a produção econômica do algodoeiro, Gridi-Papp et al. (1992) e Vieira et al. (1999). Essa prática limita drasticamente as populações de pragas como broca-da-raiz, bicudo, lagarta rosada, broca-do-ponteiro, assim como; a quantidade de inóculos de doenças como murcha de fusarium, murcha de verticillium, ramulose, mancha angular, nematóides e antracnose, no período de seca e do processo de hibernação. A sua boa execução proporciona, em médio prazo, economia de inseticidas e dificulta o aparecimento de doenças com caráter epidêmico. O arrancamento e queima dos restos Novembro de 2001

nidas através da Resolução no. 012/88, de 17 de fevereiro de 1988 (Yamaoka & Pires, 1993), até o dia 30 de maio deve ser roçado e incorporar até o dia 30 de julho. Ocorrendo a rebrota fazer o controle manual ou químico desta brotação. Vieira et al. (1999), em revisão recente, relata que o Estado da Bahia, através do decreto no 1214, de julho de 1988, torna obrigatório o arranqueiro pelas raízes e queima dos restos da lavoura de algodão até 30 dias após o término da colheita, enquanto que o Estado do Ceará, pelo decreto no. 24.038, de 13 de março de 1996, torna obrigatório o arranqueiro e queima dos restos culturais do algodoeiro com destruição completa das plantas. Após o arrancamento das plantas de algodão com raízes, elas devem ser enleiradas com auxílio de um rastelo tracionado com trator. Em seguida, as leiras devem ser queimadas. Como a queima das leiras é bem localizada, em pequenas faixas no terreno, não há, de maneira geral, prejuízo para os microorganismos do solo. Recomenda-se, em seqüência, a realização de aração profunda e gradeação o mais cedo possível. Passos et al. (1983), Gridi-Papp et al. (1992). Existem diversos métodos de arrancamento de soqueira do algodoeiro, conforme o implemento usado, podendo ser, manual ou mecânico.

ato de ser golpeado o solo. As duas lâminas têm uma distância bem calculada entre si para arrancar a planta, pegando nas raízes secundárias do algodoeiro. O instrumento, recomendado para solos argilosos, tinha as lâminas mais estreitas para maior penetração, enquanto que para solos arenosos, as lâminas eram mais largas.

MÉTODO MECÂNICO Com arado de aiveca a tração animal. O trabalho é feito pelo arado de aiveca fixo, o bico do arado entrando por baixo das fileiras das plantas de algodão, arrancando-as. Deve usar uma parelha de burros ou dois bois. Uma guia longitudinal, de barra de ferro redondo, deve ser adaptado ao arado, fixo perto da ponta do apo ou mastro, na frente da aiveca, com curvatura adequada a inclinar as plantas para o lado direito na frente da aiveca e tombálas ao serem arrancadas. Convém, também, levantar as rédeas, por meio de outra guia, com a finalidade de evitar o amaranhamento com os galhos das plantas. Com arado três discos a tração tratorizado. Eliminam-se os dois discos dianteiros. O sistema hidráulico do trator deve ser regulado até o terceiro disco afunde corretamente para realizar o arrancamento. A operação leva uma linha por passada.

...

MÉTODO MANUAL

culturais do algodoeiro é obrigatório no Estado de São Paulo através do decreto no 19.594-A, de 27 de julho de 1950. Determina que o agricultor precisa arrancar e queimar os restos da cultura de algodão, até o dia 15 de julho; e de plantas que possam servir de hospedeiras às pragas e doenças comuns à cultura, como também determina que as indústrias de beneficiamento destruam, pelo fogo, todos os resíduos provenientes do algodão, Righi et al. (1965). No Estado do Paraná a destruição dos restos culturais é obrigatória por lei, desde 1953. Com o aparecimento do bicudo do algodoeiro a data limite foi antecipada para 30 de maio, devendo ser arrancada e queimada ou destruição completa e enterrio fundo dos restos culturais. Houve alteração na legislação após análise do comportamento das pragas e nas dificuldades encontradas para a adoção das práticas defiNovembro de 2001

A maneira mais primitiva de arrancar as plantas é com as mãos, planta por planta, que já foi praticada em pequenos cultivos de quintal. Mas em culturas de porte razoável a enxada e o enxadão foram os implementos mais usados, Carvalho et al. (1983). Em qualquer dos casos o implemento quase nunca atinge a mais de 5 centímetros abaixo da superfície do solo. A parte aérea solta-se toda, mas a raiz fica no solo, contendo larvas da broca-daraiz e inóculos de várias doenças. Foi citado pela Revista do Algodão, em 1936 e Righi et al. (1965), como tendo bom desempenho um arrancador que se assemelha a um enxadão. Apresenta uma abertura longitudinal, na região central, desde o corte até próximo ao cabo, formando assim um vão para a raiz pivotante no www.cultivar.inf.br

Cultivar

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Com grade em X a tração tratorizado. Dos quatro conjuntos de discos eliminam-se dois. Os dois restantes são montados em diagonal na mesa, de maneira a arrancar duas fileiras por passada.

Fotos Cultivar

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Arrancador de 14 discos. Arranca duas fileiras com discos de 18 polegadas de diâmetro, dispostos em diagonal. É de fácil regulagem, de bom rendimento mesmo em cultura no mato. Deixa, porém, bastantes galhos e pés secos, quebrados, espalhados na superfície do solo quando a terra é seca. A penetração dos discos sendo insuficiente, deixa plantas inteiras sem arrancar. Arrancador de seis discos tipo Orlândia Apresenta seis discos dispostos em V, três mais três. Arranca duas fileiras e joga as soqueiras para os dois lados. É de fácil regulagem e proporciona bom rendimento. Tem a desvantagem de amontoar um

ROÇADEIRA E ESCARIFICADOR

Luiz salienta a importância de destruir as soqueiras do algodão

duas fileiras amontoando as plantas no meio. É de fácil regulagem, de baixo custo e de bom rendimento operacional. Não quebra ramos e deixa os restos em beira. Muito mato compromete o seu rendimento. É acoplado diretamente ao engate de três pontos do trator. Arrancador de lâmina CNPA É semelhante ao arrancador tipo Leme. Foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa do Algodão da Embrapa-CNPA e apresenta estrutura mais resistente, para as condições de clima e solo no Nordeste, SILVA et al. (1986).

ARRANCADORA E PICADORA

Destruir as soqueiras é fundamental para manter baixas as populações de pragas e doenças

pouco de terra em cima das plantas arrancadas e de ter o seu rendimento prejudicado na presença de mato. Arrancador tipo Leme É constituído, basicamente, de dois facões de 75 cm de comprimento aproximadamente e 10 a 15 cm de largura, afiados em um Aldo e apontados nas extremidades, montados em posição quase diagonal, com ângulo regulável, em baixo de uma mesa-suporte. O implemento pode ser confeccionado aproveitando-se uma mesa de adubadeira e molas de caminhão. Arranca 08

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os detritos das plantas roçadas na superfície do solo, sem a incorporação, podem aumentar o potencial de pragas e doenças no solo para a safra do ano seguinte. Portanto, é indicado após a roçagem dos restos culturais, sua incorporação através de uma gradagem pesada, (Yamaoka et al. 1986; Silva et al. 1991; Gridi-Papp et al. 1992; Soares et al. 1994), como sendo a mais eficiente no controle e redução de população de insetos.

É um novo implemento tracionado por trator que realiza, simultaneamente, as operações: 1. Corte do sistema radicular, a 1020 cm de profundidade; 2. Arranquio das plantas inclusive boa parte das raízes; 3. Operação de picar a planta toda em pequenos tamanhos; 4. Operação de espalhar na superfície do solo. Este implemento está em fase final de teste e avaliação pela indústria J. F. Máquinas Agrícolas.

DESTRUIÇÃO COM ROÇADEIRA

Existem no comércio, várias marcas e tamanhos que realizam este trabalho e apresenta bom rendimento operacional. A operação consiste em roçar a parte aérea da planta, mais rente possível da superfície do solo, deixando os restos roçados sobre o solo. Ocorrendo a roçagem em torno 15 cm de altura da planta, pode ocorrer o brotamento de gemas, retomando o crescimento da planta. A permanência de plantas mal destruídas com rebrota mais www.cultivar.inf.br

Após a colheita do algodão é feita a roçagem das plantas e, em seguida faz a escarificação ou subsolagem. A operação de escarificação ou subsolagem, além de deixar o sistema radicular solto no solo, promove a descompactação do solo.

ROÇADEIRA E CONTROLE QUÍMICO

Este método é adotado em áreas onde o sistema de produção utilizado é o plantio direto da cultura do algodoeiro. Após realizar a colheita do algodão é feita a roçagem das plantas e, como há, em geral rebrota de algumas plantas aplicamse herbicidas em seguida. Caso, isto não seja feito, as plantas rebrotadas irão se desenvolver e produzir no meio da cultura de entressafra, proporcionando um foco permanente de pragas (principalmente bicudo) e doenças para a cultura de algodão seguinte. A aplicação do herbicida se faz quando a rebrota do algodoeiro está em torno de 5 cm de crescimento vegetativo, quando já apresenta uma área foliar razoável para absorver a solução aplicada. O herbicida, além de eliminar as rebrotas, atua também como controle de plantas infestantes, promovendo a limpeza da área para a cultura sucessora. São utilizadas várias marcas comerciais, dos seguintes princípios ativos: 1. N (fosfonometal) glicina, (Glyphosate) 2. Sal de N- fosfonometil glicina trimetilsufônico, (Sulfosate) 3. Éter ou sal amina do ácido 2,4 diclorofenoxiacetico, (2,4-D) A destruição efetiva dos restos culturais do algodoeiro, no final da safra, em uma grande área ou por um conjunto de agricultores de um município, possibilita limitar as populações iniciais de pragas e doenças que infestarão os futuros algodoais. O espírito de equipe e solidariedade entre os cotonicultores pode ser decisivo na obtenção de eficiência da destruição em . termos regionais. Luiz Henrique de Carvalho, IAC Novembro de 2001

Augusto C. P. Goulart / CNPAO

Algodão

Doenças fúngicas fúngicas causam causam Doenças graves danos danos àà cultura cultura do do graves algodoeiro. Especialista algodoeiro. mostra como como controlá-las controlá-las mostra

Injúrias no algodão A

cultura do algodoeiro é atacada por um grande número de doenças fúngicas, que podem causar prejuízos tanto nos aspectos quantitativos como qualitativos da fibra e da semente. A maioria das doenças de importância econômica que ocorrem no algodoeiro é causada por patógenos que são transmitidos pelas sementes, resultando na introdução de doenças em áreas novas ou mesmo na sua reintrodução em áreas já cultivadas. Potencialmente, todos os organismos fitopatogênicos podem ser transmitidos pelas sementes, sendo o grupo dos fungos o mais numeroso. Dentre as doenças fúngicas que atacam o algodoeiro, a antracnose e a ramulose são consideradas as principais, podendo reduzir o estande e a produtividade da cultura. Ambos os patógenos são transmitidos pelas sementes que são consideradas a principal via de disseminação da doença principalmente para áreas indenes. Em função da importância que a semenNovembro de 2001

te assume neste contexto, a identificação correta destes patógenos nas sementes e o seu controle devem ser considerados como uma das estratégias a serem implementadas, visando dar maior sustentabilidade à cultura.

OS FUNGOS

1) Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides causador da ramulose O patógeno é transmitido tanto externa quanto internamente pelas sementes de algodão, que são o mais eficiente veículo de disseminação do mesmo. O papel das sementes na transmissão do patógeno fica evidente ao constatar-se a doença em áreas novas. As taxas de transmissão de C. gossypii var. cephalosporioides da planta para a semente e da semente para a planta são bastante elevadas e por esta razão, a utilização de sementes portadoras do patógeno torna-se um sério risco de sua introdução em áreas novas. Esse microorganismo pode ainda sobreviver de um ano para outro em solo www.cultivar.inf.br

contaminado, podendo provocar também o tombamento de pré e pós-emergência, reduzindo o estande. Lesões inicialmente encharcadas e posteriormente deprimidas, pardo-escuras, atingindo grande extensão do colo e da raiz das plântulas são os sintomas característicos provocados por esse patógeno. 2) Colletotrichum gossypii causador da antracnose As sementes de algodão contaminadas ou infectadas por C. gossypii constituem-se no principal meio de disseminação da antracnose, podendo dar origem a plântulas com sintomas de tombamento. Deve-se ressaltar que esse patógeno pode causar também tombamento de pré e pós-emergência, ocasionando redução de estande. A sua ocorrência é muito influenciada pela temperatura, sendo que o tombamento é mais severo a temperaturas de 20 a 26°C. Os sintomas, na fase de plântula, são semelhantes aos descritos anteriormente para o fungo C. gossypii var. cephalosporioides.

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DETECÇÃO EM SEMENTES

com o desenvolvimento de novas técnicas de análise baseadas no hábito de crescimento dos fungos nas sementes, desenvolvidas por Tanaka et al. (Summa Phytopathologica, v. 22, n°2, p.116-122, 1996 e Bragantia, v. 15, n° 1, p. 95-104) a identificação precisa desses dois patógenos já é possível em testes de sanidade de sementes. Conforme estes autores, a reprodutibilidade do método (fácil execução e baixo custo) foi demonstrada, o que permite a preconização do mesmo para ser utilizado como rotina em testes de sanidade de sementes de algodoeiro. Entretanto, torna-se imprescindível que sejam feitos testes de aferição com diversos laboratórios e treinamento dos analistas para não haver erro no diagnóstico. Na Figura 3 podem ser observadas as diferenças no hábito de crescimento dos dois patógenos e detectar as diferenças entre eles. A semente da direita apresenta-se com C. gossypii, com as estruturas do fungo desenvolvidas rente ao tegumento e ausência de micélio aéreo. À esquerda, semente com C. gossyppi var. cephalosporioides, com abundante micélio aéreo e aspecto menos compacto.

Augusto C. P. Goulart / CNPAO

É sabido que a qualidade das sementes é determinada pelo somatório de atributos físicos, genéticos, fisiológicos e sanitários. De uma maneira geral, nos sistemas de produção de sementes no Brasil, a qualidade sanitária tem sido freqüentemente relegada a segundo plano. Nesse contexto, a sanidade de sementes apresenta-se com significativa importância, uma vez que 90% das espécies destinadas à produção de alimentos no mundo são propagadas por sementes e essas plantas estão sujeitas ao ataque de doenças com a maioria de seus agentes causais podendo ser transmitida pelas sementes. As sementes, como principal insumo, devem merecer uma maior importância por parte de qualquer seguimento agrícola, uma vez que determinados microorganismos, associados a elas, podem constituir-se em fator altamente negativo no estabelecimento inicial de uma lavoura. Dessa forma, fica evidenciado que para se atestar a verdadeira qualidade de um lote de sementes, devese, obrigatoriamente, levar em conta o somatório dos atributos físicos, genéticos, fisiológicos e sanitários.

Planta de algodão apresentando tombamento

Em estudos de Patologia de Sementes esses dois patógenos são considerados os mais importantes para a cultura do algodão, sendo que o agente da ramulose é considerado o mais importante, o que torna de fundamental importância a sua identificação nas sementes submetidas à análise de sanidade. Até algum tempo atrás, apenas se relatava a presença de C. gossypii nas sementes analisadas, não se fazendo menção a C. gossypii var. cephalosporioides, embora ambos pudessem estar ocorrendo. Ocorria então que, em função da grande semelhança das estruturas desses patógenos nas sementes, a distinção entre eles tornava-se muito difícil pelos métodos rotineiros. Atualmente, 10

Cultivar

CONTROLE

1) Uso de sementes sadias A sementes de algodão tem um papel fundamental no estabelecimento da lavoura, além de ser o mais importante veículo de disseminação e sobrevivência de muitos patógenos, principalmente nos casos de C. gossypii e C. gossypii var. cephalosporioides. Através das sementes, esses microorganismos são introduzidos em novas áreas, sobrevivem através dos anos e se disseminam pela população de plantas, como focos primários de doenças. Para reduzir a disseminação de patógenos via sementes, o melhor método é o uso de sementes livres de contaminações ou www.cultivar.inf.br

Maria Tanaka/IAC

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Diferenças no hábito de crescimento dos dois patógenos

dentro de padrões de tolerância estabelecidos para a cultura. Desta maneira, do ponto de vista sanitário, a semente ideal seria aquela livre de qualquer microorganismo indesejável. Entretanto, isso nem sempre é possível, uma vez que a qualidade sanitária das sementes é altamente influenciada pelas condições climáticas sob as quais foi produzida e armazenada. Do ponto de vista prático, o uso de sementes sadias só faz sentido quando se considera a semeadura em áreas novas ou naquelas em que se pratica a rotação de culturas ou o pousio, onde os patógenos necrotróficos foram suprimidos. Desta forma, se forem utilizadas sementes infectadas nestas áreas, o efeito de controle dos patógenos já obtido será anulado, uma vez que a única possibilidade desses patógenos reencontrarem o algodão nestas situações é a sua associação com as sementes. 2) Tratamento químico das sementes O tratamento químico de sementes de algodão com fungicidas é um dos métodos mais simples, de custo relativamente baixo e resulta em reflexos altamente positivos para sustentabilidade da cultura. Quando se analisa a questão ambiental, apresenta a vantagem ainda de não alterar a biologia do solo, pois a quantidade por hectare é mínima, sendo rapidamente diluída e degradada no solo. Além disso, dentre os demais defensivos, os fungicidas são os que apresentam o menor impacto negativo no ambiente. Trata-se de prática indispensável quando se reduz a quantidade de sementes na semeadura, com vistas a eliminar a operação de desbaste, sendo reconhecida em todo o mundo como uma medida das mais eficazes e convenientes, tornando-se cada vez mais difundida e adotada em esquemas de controle integrado de doenças do algodoeiro. A cada ano, um grande número de fungicidas são testados com o objetivo de verificar sua eficiência no controle dos principais patógenos presentes nas sementes. Estudos mais recentes, conduzidos em diferentes regiões do país, têm demonstrado que os fungicidas atualmente disponíNovembro de 2001

veis para tratamento de sementes de algodoeiro (protetores ou sistêmicos) têm controlado de forma variável o complexo de fungos associados às sementes dessa cultura. Os fungicidas registrados para tratamento de sementes de algodão e atualmente disponíveis no mercado pertencem a dois grandes grupos os sistêmicos e os protetores. Os mais utilizados são aqueles à base de captan, thiram, carboxin, quintozene, benomil, carbendazin, tolylfluanid, pencycuron, triadimenol, triticonazole e difenoconazole. A combinação de dois ou três fungicidas sistêmicos com protetores tem proporcionado um maior espectro de ação no controle dos fungos presentes nas sementes e no solo, em comparação ao uso isolado de um determinado fungicida. Dados de pesquisa têm demonstrado que a eficiência de um

determinado fungicida está relacionada diretamente com o nível dos fungos nas sementes, sendo maior em lotes de baixa infecção. Nesse contexto, o ideal e recomendável do ponto de vista epidemiológico, seria fazer o tratamento com fungicidas em sementes com baixos níveis de infecção/contaminação, pois nelas o controle é mais efetivo. Diversos trabalhos de pesquisa foram desenvolvidos na Embrapa Agropecuária Oeste nos últimos 5 anos, na área de tratamento de sementes de algodão com fungicidas, visando o controle desses patógenos nas sementes de algodão. Os resultados de um desses trabalhos podem ser observados . nas tabelas. Augusto César Pereira Goulart, Embrapa Agropecuária Oeste

Tabela 1 Efeito do tratamento de sementes de algodão com fungicidas no controle de Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides (blotter test) e na emergência de plântulas Tratamentos

Vitavax-thiram (V-T) Euparen Baytan Euparen+Baytan V-T + Benlate V-T + Derosal Rhodiauram+Tecto+Spectro Sialex+Captan Sumilex+Cercobin Testemunha

Dose (g ou ml do p.c./ 100kg de sementes)

Incidência de C.g.c. nas sementes Blotter test (%)

Emergência de plântulas (%)

500 150 200 150+200 500+100 500+100 560+400+34 100+160 300+300 -

0,0 e 0,0 e 11,5 b 0,0 e 0,0 e 0,0 e 0,0 e 2,5 d 4,0 c 21,5 a

92,0 a 83,5 c 77,5 e 86,0 b 79,5 d 86,5 b 88,5 b 87,0 b 76,5 e 50,0 f

Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si (Duncan,5%). C.g.c.=Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides As sementes utilizadas neste trabalho foram inoculadas com o patógeno

Tabela 2 Efeito do tratamento de sementes de algodão com fungicidas no controle de Colletotrichum gossypii (blotter test) e na emergência de plântulas. Tratamentos

Vitavax-thiram (V-T) Euparen Baytan Euparen+Baytan V-T + Benlate V-T + Derosal Rhodiauram+Tecto+Spectro Sialex+Captan Sumilex+Cercobin Testemunha

Dose (g ou ml do p.c./ 100kg de sementes)

Incidência de C.g. nas sementes Blotter test (%)

Emergência de plântulas (%)

500 150 200 150+200 500+100 500+100 560+400+34 100+160 300+300 -

0,0 e 0,0 e 14,0b 0,0 e 0,0 e 0,0 e 0,0 e 0,5 d 3,5 c 34,5 a

80,5 c 84,5 b 62,5 e 84,5 b 90,0 a 90,0 a 89,0 a 82,5 bc 67,0 d 51,0 f

Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si (Duncan,5%). C.g.=Colletotrichum gossypii As sementes utilizadas neste trabalho foram inoculadas com o patógeno

Novembro de 2001

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Cultivar

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Trigo Fotos Cultivar

Ricardo Sleutjes, em sua fazenda em Tibagi (PR), conseguiu produtividade entre 3 mil kg/ha e 3,5 mil kg/ha. Cauteloso, ele reluta em afirmar que terá lucro. Prefere o certo: os custos de produção serão cobertos pela venda do cereal e o lucro virá da divisão dos custos fixos da lavoura com as demais plantações. Os benefícios que o cultivo de inverno traz ao solo, por causa da adubação e rotação de culturas, são o seu maior retorno, explica.

Produtores mostram como é possível modificar a cultura de simples alternativa para rotação em uma fonte de renda

OTIMISTAS

João Batista Menarin, da fazenda Monte Negro, consegue lucro de US$ 52.44 por hectare de trigo

Lucro com trigo T

rilhando o caminho inverso, Walter van Halst, holandês de nascimento, apostou na agricultura brasileira como fonte do seu sustento. Há quinze anos concluiu o curso de agricultura tropical em seu país de origem e veio para o Brasil. Trabalhou com outros

Walter van Halst trocou a Holanda pelo Brasil, que considera um país com grande futuro

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holandeses migrantes e hoje possui fazenda e concessionária de tratores própria. Na contra-mão três vezes, além de escolher um país de onde sai muita gente, optou por plantar uma cultura tida como patinho feio entre as grandes culturas agrícolas, o trigo. Pior, acha que o governo brasileiro não deve subsidiar a produção, mas investir mais em pesquisa. O resto o agricultor garante, como sempre fez. Com um leve sotaque, perceptível quando usa artigos, Walter conta com orgulho que se naturalizou brasileiro, casou com brasileira e tem filhos. Em sua propriedade, no interior do Paraná, na região de Castro, forte colônia holandesa, consegue produtividade média de 3,2 mil kg/ha de trigo. Com o lucro prova que às vezes se consegue bons resultados com uma visão diferente do negócio. Os ventos não sopraram a favor sempre. Entre os anos de 96 a 98 houve um período muito difícil, conta. Teve de enfrentar desafios em duas frentes, na lavoura e na concessionária New Holland, pois os preços dos produtos agrícolas estavam baixos e muitos produtores tiveram dificuldades de honrar compromissos assumidos. O sol sempre aparece depois das tempeswww.cultivar.inf.br

financiamentos agrícolas houve caos. Produtores viram seu mundo, de financiamento e inflação, desaparecer. O que surgiu em seguida complicou ainda mais. Era preciso trabalhar com dinheiro próprio, venda antecipada e financiamento de empresas privadas, como as de defensivos agrícolas. O trigo enfrentava forte concorrência do argentino, principalmente, por causa das vantagens de pagamento oferecidas aos moinhos. Nesse período considerava-se que se o trigo conseguisse cobrir os custos de produção da lavoura tudo estava bem. Mesmo hoje, dependendo da forma de cultivo, o princípio vale. Muitos produtores têm os custos apenas cobertos pela venda do trigo, mas mesmo assim o negócio é bom.

Ricardo Sleutjes em sua plantação de triticale: a indústria está comprando

tades. É um provérbio chinês lembrado pelo holandês de nascimento e brasileiro de coração.

PARA EMPATAR

Quando nos anos 90 o governo brasileiro decidiu minimizar sua participação nos Novembro de 2001

Sinval Silva mostra como ganhar dinheiro cultivando trigo com tecnologia

Novembro de 2001

Empate já se conseguiu. O desafio do trigo agora é ganhar. O produtor João Batista Menarin, proprietário da Fazenda Monte Negro (Ventania - PR), e o seu agrônomo responsável, Sinval Ferreira da Silva, acompanharam as transformações. Na colheita desta safra comemoraram a alta produtividade das suas lavouras, todas com mais de 3 mil kg/ha, com médias de 3,5 mil kg/ha, e picos de produção atingindo os 5 mil kg/ha. A produtividade resulta da aplicação de alta tecnologia. Nos locais mais produtivos houve um excesso benéfico. O operador errou no cálculo e largou mais adubo do que o recomendado. Mas a realidade da propriedade é o cálculo exato, direcionado para a melhor rentabilidade econômica, o que nem sempre significa maior produtividade. Estranho? De forma alguma. Ao aplicar mais adubo do que o recomendado, está-se usando um insumo caro sem a certeza do benefício. Todo o investimento extra em adubação pode ser comprometido caso haja uma geada. Aconteceu na safra de 2000. Desde o cuidado com o solo, manejado em plantio direto, os detalhes da propriedade recebem atenção. As sementes, em sua maioria, são da variedade OR-1, escolhida por causa da maior produtividade. É material de ponta e requer monitoramento de doenças, atacadas com quatro aplicações de fungicidas ao longo www.cultivar.inf.br

Demonstrativo da cultura do trigo na Fazenda Monte Negro. Valores expressos em dólares por hectare

Receita Bruta

341.09

Semente Tratamento de Semente Adubo Herbicida Inseticida / fungicida Total insumos Serviços Outros Custo Total de Produção Receita Líquida

34.61 5.81 81.41 6.06 41.17 169.07 70.69 48.90 288.66 52.44

do desenvolvimento da lavoura. Na colheita, as perdas têm de ser mantidas abaixo do limite máximo de 1%. Outro diferencial competitivo da propriedade é a secagem, que reduz o custo do frete, e o armazenamento, para venda na melhor época. Somando-se todos os segredos e cuidados, a Fazenda Monte Negro apresenta o resultado: US$ 52.44 de lucro líquido por . hectare com o trigo.

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Fotos Nilton P. Costa / Embrapa Soja

Nossa capa

Agricultura globalizada exige controle de qualidade nas diferentes etapas da cadeia produtiva da soja

AVALIAÇÃO

Perdas e qualidade O

controle de qualidade da soja é de fundamental importância dentro do contexto das cadeias produtivas, pois, ou o produtor adota regras claras desse controle, ou provavelmente será eliminado do mundo dos negócios. O novo milênio descortina a ascensão irrefreável da marca certificada, a garantia dos consumidores por alimentos de alta qualidade. É ela que provoca a conciliação entre a oferta rural e a demanda urbana; que integra e aproxima; que racionaliza os mecanismos de distribuição de produtos de alta qualidade. Dentro desse cenário, o processo de competição entra em evidência e os países detentores de altas tecnologias tentam a todo custo depreciar os produtos originários do terceiro mundo, especificamente do Brasil, (segundo produtor mundial de soja). Como exemplo dessa evidência, artigo publicado recentemente no UNITED SOYBEAN BOARD, USB , Estados Unidos, indica que a soja brasileira e argentina têm apresentado sérios problemas de qualidade, com variações nos percentuais de proteína, quando comparada com a soja produzida nos Estados Unidos. Todavia, resultados de três de pesquisa conduzidos pela Embrapa Soja e Emater-Paraná em parceria com outras instituições brasileiras contestam tais afirmações e mostram que a 14

Cultivar

soja produzida no Brasil, apresenta índices elevados de proteína, de óleo e reduzidos níveis de acidez (Figura 2) indicando desta forma que a afirmação do UNITED SOYBEAN BOARD é inverídica e sem suporte científico.

PROBLEMAS NA COLHEITA MECANIZADA

Sabe-se que a soja é um dos produtos de maior importância para a economia nacional. Na década de 70, a expansão de área cultivada desta leguminosa chegou a registrar taxas geométricas anuais de crescimento de 30%. Todavia, a tecnologia de produção utilizada naquela época pela maioria dos produtores era considerada precária. Na operação de colheita, por exemplo, os desperdícios tanto quantitativos como qualitativos eram extremamente elevados. Atualmente, apesar de todo avanço tecnológico, o produtor ainda deixa nos campos grandes quantidades de sementes e/ou grãos nas lavouras de soja do Brasil. Segundo Costa et al. (2001), este desperdício é superior a um milhão e 500 mil toneladas por ano, resultando em cifras superiores a 700 milhões de reais. Além dos desperdícios em quantidade, a qualidade do produto é também afetada de modo expressivo. Essa situação pode ser atribuída à falta de cuidados operacionais, de manuwww.cultivar.inf.br

tenção preventiva e de ajustes na máquina colhedora, e também ao manejo inadequado das lavouras de soja. No contexto do programa brasileiro de qualidade e produtividade, o governo brasileiro definiu como uma de suas prioridades o desenvolvimento de ações voltadas a reduzir o desperdício. Estima-se que, no Brasil, jogam-se no lixo US$ 2,3 bilhões por ano. Há setores que chegam a perder 80% do que produzem. No intuito de resolver esse grave problema o Estado do Paraná foi praticamente o único do Brasil que

adotou seriamente o programa de combate ao desperdício na colheita da soja, obtendo resultados significativos em termos de redução de perdas na colheita, conforme valores contidos na Figura 1. Por outro lado, o problema de controle de qualidade merece destaque especial, pois, os estados do Paraná, de Minas Gerais, do Mato Grosso e do Rio Grande Sul têm realizado nos últimos três anos levantamentos de amostras de sementes/grãos de diferentes cultivares de soja durante a colheita mecânica, enviando-as à Embrapa Soja para análise de qualidade. Os resultados desse período mostram que mais de 10% dos lotes já chegam comprometidos em termos de quebras e de injúria de percevejos (Costa et. al. 1999). A semente de soja é muito sensível aos impactos mecânicos, uma vez que as partes vitais do embrião, como radícula, hipocótilo e plúmula estão situados sob o tegumento pouco espesso que praticamente não lhes oferece proteção. A principal fonte de danos mecânicos é a operação de colheita, ainda que parte expressiva dos mesmos possam resultar das operações de secagem, processamento, transporte, armazenamento e semeadura (França Neto, 1984). Para melhor entendimento do problema, Costa et al. (1979) através de estudo realizado no Estado do Paraná, detectaram que a faixa ideal para colheita mecânica da soja, com o mínimo de dano mecânico, situou-se na faixa de 12% a 14% de umidade da semente (Figura 3). Sabe-se que o tegumento da semente de soja é muito fino e apresenta reduzido conteúdo de lignina, oferecendo pouca proteção ao frágil eixo-embrionário que está posicionado logo abaixo. Os valores de sementes quebradas e bandinhas

Fig.04

aumentam quando a umidade da semente/ grão estiver abaixo de 12% e os de sementes amassadas e com injúria não visualmente perceptíves aumentam com grau de umidade acima de 15%. Ambos os tipos de danos me-

AVALIAÇÃO DE PERDAS

cânicos podem ser facilmente identificados através do teste de tetrazólio. A negligência e a falta de cuidados por parte de alguns produtores de soja, durante a operação de colheita, têm resultado na obtenção de matéria prima abaixo dos níveis dos padrões toleráveis, o que poderá comprometer, em futuro próximo, a competição de mercado da soja brasileira. Dessa forma, parece inadmissível, como segundo produtor mundial de soja e

Sementes de soja com altos índices de enrugamento causado por altas temperaturas no período de maturação

Novembro de 2001

Novembro de 2001

dispondo de tecnologia avançada para o desenvolvimento de cultivares para baixas latitudes, que o Brasil não utilize corretamente as técnicas consideradas factíveis e fundamentais ao aumento da eficiência e, por conseguinte, na melhoria da qualidade e da produtividade. Já são conhecidos, na indústria de sementes, alguns problemas referentes à qualidade, onde as condicões climáticas rigorosas de algumas regiões, associadas à aplicacão deficiente de técnicas de manejo de pragas, especialmente para prevenir a alta incidência de percevejos, têm comprometido as qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias das mesmas. Todavia, quanto ao aspecto químico, ou seja, as partes referente a proteínas, ao teor de óleo e à acidez de soja, não existem informações científicas suficientes que possam ser fornecidas, quando solicitadas pelos usuários.

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Historicamente na década de 1970, o Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e outros estados produtores de soja compravam volumes significativos de sementes de soja do Rio Grande do Sul, apenas com base na germinação. Com a entrada de novas cultivares de soja e com o avanço do setor da tecnologia de sementes, a maioria dos estados produtores se tornou auto-suficiente, resultando atualmente em excesso de sementes na maioria dessas regiões. Mesmo assim, o controle de qualidade em algumas regiões deixa muito a desejar tanto na produção de semente como do grão, principalmente, em algumas regiões onde predomina o emprego de sementes próprias, que reduzem de maneira substancial, tanto a qualidade como a produtividade das lavouras. Durante três safras agrícolas foram avaliadas as qualidades fisiológicas, físicas e químicas de sementes/grãos de mais de 30 cultivares de soja, provenientes de três estados. Os resultados do estudo indicaram que a qualidade de sementes/grãos variou de região para região, tendo-se detectado que o material proveniente do Estado do Rio Grande do Sul, e do Sul do Paraná e região de Marilândia do Sul (Norte do Paraná) apresentou melhor padrão de qualidade, tanto de sementes como de grãos. Ainda observouse que a soja proveniente de todas as regiões foi sensivelmente afetada por índices relativamente elevados de quebras, de ruptura de tegumento, de danos mecânicos e de lesões de percevejos. O controle desses parâmetros é fundamental para obtenção de uma soja Cultivar

... 15


Fig. 01 - Retorno econômico para o estado do Paraná proporcionado com o programa de redução de perdas na colheita da soja durante o período de 23 anos. Embrapa Soja, Londrina, PR. 2001

Fig. 02 - Índice de proteína, de óleo e de acidez de diversos grãos produzidos em diferentes regiões produtoras de soja do Brasil. Embrapa Soja, Londrina, Pr. 2001

Fig. 03 -Relação da umidade das sementes na colheita mecânica da soja, com seu vigor [TZ (1-3)] e sua viabilidade [TZ (1-5)]. Embrapa Soja. Londrina-PR, 2001

... de alta qualidade, principalmente, quando a

matéria-prima é destinada para a indústria de esmagamento, visando melhor padrão de qualidade química. Os dados também mostram que a soja brasileira apresentou percentuais elevados de proteína, óleo e com baixos índices de acidez, conforme valores contidos

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Cultivar

na Figura 2 em todas as regiões onde o estudo foi conduzido. Desse modo, pode-se afirmar que, mesmo não ocorrendo controle rigoroso na etapa de colheita, obteve-se, durante as safras estudadas, um alto padrão de qualidade, considerado dos melhores do mundo. www.cultivar.inf.br

REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS

1) No período de 23 anos, o Brasil economizou, com este programa, segundo dados estimados, cerca de 5,4 bilhões de reais; 2) em 1978/79, as perdas na colheita de soja giravam em torno de 4 sacas/ha e na safra 2000/2001 essas perdas ficaram na faixa de 1,7 a 2,0 sacas/ha; 3) as perdas durante a colheita de soja da safra 1999/2000 apresentaram níveis de desperdícios estimados para o Brasil, de 2,0 sacas/ha, proporcionando prejuízos superiores a 560 milhões de reais, porém, neste ano o Estado do Paraná apresentou os menores índices de perdas na colheita (1,1 saca/ha); 4) os resultados também indicam que cerca de 80% das perdas, durante a colheita da soja ocorrem na plataforma de corte e em torno de 20% nos mecanismos internos da máquina colhedora; 5) resultados de três anos de estudo, mostram que os níveis de perdas de grãos, de danos mecânicos e de grãos quebrados independem das marcas e da idade das colhedoras, embora colhedoras com mais de 15 anos tendam a perder mais; 6) as médias de perdas de grãos, durante a colheita, sendo inferiores a 60 kg/ ha indicam boa capacitação de mão-de-obra de operação das colhedoras; 7) as perdas tendem a aumentar de forma acentuada com velocidades de trabalho superiores a 7 km/ hora; 8) as sementes e grãos produzidos no Sul do Paraná, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso apresentam melhor qualidade fisiológica, em função do melhor vigor e da viabilidade, quando comparados com os de Minas Gerais, de Goiás e das regiões Norte e Oeste do Paraná; 9) elevados valores de ruptura de tegumento e de danos mecânicos ocorridos na colheita mecânica da soja comprometem seriamente a qualidade tanto da semente como dos grãos de soja; 10) os teores de óleo (média de 20%) e de proteína (média de 40%) contidos na soja produzida nas diferentes regiões do Brasil se encontram dentro dos padrões internacionais; 11) o índice de acidez do óleo, aparentemente não foi afetado pelos elevados índices de danos mecânicos e de ruptura do tegumento de sementes/grãos resultantes da colheita mecânica; 12) um indicativo bastante confiável para a colheita mecânica da soja com o mínimo de danos mecânicos e com índice de vigor dentro de um padrão seguro é quando a faixa de umidade das sementes estiver entre 12% a 14% conforme dados contidos na (Figura 3); e 13) de uma maneira geral sugere-se, quando possível, o emprego do teste de tetrazólio para avaliação da qualidade da semente de soja, pois, é uma ferramenta indispensável para o controle de qualidade dos lotes produzidos, . conforme ilustrado na Figura 4. Nilton Pereira da Costa e Cezar de Mello Mesquita, Embrapa Soja Novembro de 2001

SrolfsiiSclerotium rolfsii fungo habitante de solo que causa morte de plântulas e por último Tombamaneto

Ademir Henning

Soja aos fungicidas e aos micronutrientes. Que existe interferência dos produtos com o inoculante não há dúvidas, explica, pois este último é um ser vivo, como a semente. Devese, portanto, ter bom senso e utilizá-lo da melhor maneira, como indicado nas recomendações de pesquisa, fazer corretamente o tratamento, inocular e esperar a chuva na hora certa, para evitar qualquer tipo de problemas.

ACERTE NA CULTIVAR

SEMENTES

Tratar ou não? A

melhor garantia do produtor de soja ainda é o tratamento da semente, alerta Ademir Henning, pesquisador da Embrapa e presidente da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes, Abrates. A reafirmação desse conceito, introduzido no Brasil a partir de 1981 e de uso crescente até os últimos anos, ocorre quando se reativa a polêmica, após um acidente na fabricação de um agroquímico, na safra passada, e a forte suspeita de que certas substâncias interferem na nodulação. Henning, enfático quanto à necessidade de se tratar a semente, contemporiza porém em relação aos trabalhos sobre a possibilidade de prejuízos à nodulação e aprecia a idéia de se ativar a pesquisa de produtos menos agressivos, ou de misturas mais seguras. E salienta que para esta safra as recomendações técnicas já incluem duas misturas que

levam em conta esse risco. Não haveria maior problema para germinação, lembra, no caso de uso de semente de boa qualidade em condições ideais de umidade e temperatura de solo. Basta alterar as condições para se correr risco sem tratamento. Além disso, do ponto de vista fisiológico, não tratar é dar passe livre para semente vendida ilegalmente, no mercado da bolsa branca, ou para o contrabando, com a forte possibilidade de facilitar a entrada no país de novas raças de patógenos. Ademir está considerando boa a iniciativa industrial de se oferecer ao mercado fungicidas menos agressivos ao rizóbium. A Bayer e a Syngenta tomaram a dianteira e já estão comercializando o Topsin 500 SC e o Maxin XL, respectivamente. Da mesma forma, sugeriu-se aos fabricantes de inoculantes a pesquisa de produtos mais tolerantes

Já o coordenador técnico da da Embrapa Agropecuária Oeste, Camilo Placido Vieira, está alertando os agricultores para que exijam a indicação da cultivar de acordo com o zoneamento agrícola safra 2001/2002, não se sujeitando à chamada venda casada de sementes, operação comum no Brasil, em que se induz o comprador a levar uma parte de material sem indicação técnica. Isso pode provocar prejuízos técnicos e econômicos em grande escala, diz, lembrando que o uso de variedades indicadas para a região é condição imperativa às lavouras seguradas em casos de sinistros, como veranicos e granizo. Por isso recomenda-se que o agricultor conheça a qualidade e a origem do produto que está adquirindo, podendo recorrer aos laboratórios de análise de sementes, que informam sobre a germinação, pureza física e varietal e qualidade sanitária, dados extremamente importantes para a implantação da lavoura. Outra maneira de conhecer a qualidade do produto é consultar o Atestado de Garantia de Semente fornecido pelo vendedor, que transcreve os laudos oficiais de análise de semente, com validade de até cinco meses. Camilo salienta que após a compra as sementes devem ser armazenadas em boas condições até a época de semeadura, cuidando-se da ventilação, afastadas das paredes e de adubo, calcário ou agroquímicos. O ambiente deve estar livre de fungos e roedores e a temperatura não deve ultrapassar . 25ºC e com umidade abaixo de 70%.


AENDA

Manejo - Soja

Defensivos Genéricos

Soja e Glifosato transgênicos Atual sistema de registro brasileiro de produtos fitossanitários não prevê o regime da equivalência química

O

título deste artigo é apenas um jogo de palavras. A transgenia ocorre em ser vivo; no caso presente, introduziu-se por engenharia genética um novo comando na cadeia de gens da planta Soja, que passou a metabolizar o herbicida glifosato aplicado sobre suas folhas, de forma eficiente e distinta da sua variedade-irmã não-modificada, tornando-se imune aos efeitos destrutivos e letais do herbicida. As demais características orgânicas e estruturais da planta permanecem, de modo que continua sendo Soja, até onde a ciência biológica alcança em conhecimentos. Por sua vez, ao menos no limite do ser inanimado conhecido por molécula, ou seja, um conjunto de átomos bem identificados e distribuídos espacialmente de forma específica, a ciência química entende que qualquer modificação nesta estrutura, tais como substituição ou introdução de algum radical químico, resultará em uma nova identidade, uma nova molécula. Portanto, o glifosato é uma molécula de identidade única, quimicamente bem caracterizada, identidade essa já em regime de domínio público, podendo ser fabricada por quem tiver recurso e tecnologia. Com a liberação da soja transgênica resistente ao glifosato, o volume desse herbicida se avizinhará dos 200 milhões de litros, a se repetir o mesmo fenômeno ocorrido nos Estados Unidos e na Argentina.

Esse enorme volume adicional poderá ficar cativo apenas de uma empresa e suas concessionárias. Senão vejamos. Quem está autorizado a colocar nos rótulos e bulas que o seu produto comercial contendo glifosato pode também ser aplicado contra as ervas daninhas infestantes nas plantações de soja? ResposSe atentarem os leitores, porém, para o processo que despercebidamente vem tomando corpo com a aproximação da liberação no Brasil da soja modificada geneticamente, compreenderão que se trata mais que um mero jogo de palavras. Na verdade trata-se da maior onda de concentração da oferta de um defensivo agrícola na história deste país ta: pelas regras em vigor de registro de produto, somente quem apresentou testes de eficácia (contra as ervas daninhas) em aplicação de pósemergência na soja, além de demonstrar que esta lavoura não foi afetada economicamente pelo produto. Pois bem, somente a Monsanto e empresas com ela acordadas puderam, podem ou poderão realizar tais experimentos, visto que a semente da soja transgênica é de pro-

priedade daquela companhia. A Monsanto venderá a semente de soja e o herbicida - sem concorrência - em toda a lavoura transgênica do Brasil. Portanto, aquilo que deveria ser motivo da ampliação da renda agrícola, poderá se transformar no grande pesadelo do agricultor brasileiro, por não encontrar produtos similares legalmente habilitados à sua disposição, para formar um ambiente de oferta ampla e concorrida. E não se culpe a Monsanto por este cenário esdrúxulo. Essa companhia não precisou desenvolver qualquer estratégia de domínio para a venda exclusiva do glifosato em lavouras de soja transgênica. O vilão é o atual sistema de registro brasileiro de produtos fitossanitários que não prevê o regime da similaridade ou equivalência química. Nos Estados Unidos e na Argentina, o mercado não enfrentou essas vicissitudes, porque naqueles países o registro por equivalência já vigorava quando do ingresso da soja transgênica, sendo os glifosatos genéricos analisados criteriosamente em suas características químicas, dispensando-se os estudos para avaliação de usos e efeitos, os quais logicamente são os mesmos do glifosato original. O governo federal deve examinar detidamente a questão e, se necessário, baixar medidas extraordinárias para garantir ao agricultor brasileiro o indeclinável direito de escolha, porquanto se trata de um produto genérico.

Reflexões sobre invasoras O controle de plantas daninhas não se limita ao uso de técnicas, mas a uma filosofia de manejo da propriedade

H

avendo limitações nos fatores luz, água, nutrientes e espaço, haverá competição entre a cultura explorada comercialmente e as invasoras. O resultado indica, sempre, prejuízo na qualidade e na quantidade do produto desejado. As perdas variam conforme a espécie invasora, sua densidade, o local e as condições da competição. Essas afirmativas são feitas com freqüência desde que se iniciou o cultivo da soja no Brasil, e continuam válidas até hoje, muito embora se saiba que o conhecimento sobre o problema Plantas Daninhas evoluiu significativamente nos últimos 20 anos. Além da interferência direta, algumas espécies prejudicam o agricultor de forma variada, seja por redução no coeficiente técnico da colheita ou aumento da impureza, com o implacável desconto no momento da entrega, seja por causar danos às colhedeiras, a exemplo do que ocorre em áreas infestadas por Desmódio. Enfim, todos sabem que a presença das invasoras deve ser evitada. Como fazêlo? As alternativas de controle, na prática, são relativamente poucas. Há o método químico, como o principal meio, e o controle cultural, como uma alternativa que deve ser mais bem compreendida e utilizada. O conceito básico do controle cultural pressupõe o manejo das culturas e da propriedade, como forma de promover o controle das plantas daninhas. É um método abrangente que inclui várias práticas agrícolas. O planejamento e a rotação das culturas, a tecnologia adotada, o sistema e a época de semeadura, as coNovembro de 2001

berturas, a nutrição mineral e as culturas são exemplos de alternativas que podem ser trabalhadas visando promover o rápido e o vigoroso desenvolvimento da cultura, criando-lhe condições para competir com as invasoras.

CONTROLE FÍSICO

Não se pode esquecer do controle físico, mas é sabido que sua utilização tem diminuído. Como controle físico, incluem-se as capinas manual e mecânica. A capina manual assume uma função social importante e tecnicamente pode-se afirmar que é eficiente e útil, especialmente nos casos de produção de sementes, em áreas com resistência de plantas daninhas. A erradição é uma alternativa cara e provavelmente inviável nas áreas extenwww.cultivar.inf.br

sas. Mas a prevenção, sem nenhuma dúvida, tem efeitos altamente positivos e compensadores. Apesar disso, não é valorizada como deve. A disseminação de novas invasoras está intimamente ligada às atividades do homem. Máquinas e impleCultivar

... 19


... mentos são os principais meios, mas o

homem é o agente causal. Quando do processo de introdução da soja no Brasil Central, perdeu-se a grande oportunidade de colocar em prática as alternativas para prevenir a entrada de novas espécies daninhas naquela área. Talvez não fosse possível impedir a disseminação das plantas daninhas, mas certamente seria fácil retardar o problema. Agora, vive-se uma nova fase na qual a prevenção pode ser valorizada. Com a identificação de áreas com plantas daninhas resistentes aos herbicidas é de se esperar que as máquinas sejam novamente os veículos de disseminação. Além disso, a prevenção da resistência por si só também pode ser adotada sem maiores dificuldades. Afinal, manejar herbicidas com mecanismo de ação diferenciado não é tão difícil assim.

CONTROLE QUÍMICO

Cultivar

Mas é, sem dúvida, o método químico o principal meio utilizado para controlar as plantas daninhas. Nesse segmento, a evolução foi surpreendente. Novos produtos e família de produtos foram colocados à disposição no mercado. Atualmente, são utilizadas doses reduzidíssimas, impactando menos o ambiente. É possível, mas isso depende de cada um. Tal qual um remédio para o homem, o herbicida pode ajudar ou prejudicar. Depende da forma como é utilizado. Dizem que a diferença entre o remédio e o veneno, é a dose, em alusão à necessidade do uso adequado. O uso adequado é necessário não só por razões da segurança do homem e do ambiente, mas também porque é necessário o retorno do investimento: a compra do produto e o controle efetivo das plantas daninhas. A decisão sobre que herbicida, como e quando utilizar é muito mais séria do que simplesmente pensar no controle.

Cada produto possui as suas especificações. O conhecimento e o mapeamento dos problemas específicos de cada área são fundamentais para se tirar o máximo proveito do produto. Na realidade, esse é o primeiro passo a ser dado: o mapeamento da área. Tão importante quanto a escolha do produto é a sua aplicação, e tão importante como conhecer os produtos é conhecer as pontas de pulverização. Da mesma forma que os herbicidas, existem várias alternativas de bicos de pulverização no mercado. E cada um possui características próprias, que são adequadas a uma ou outra situação. Dentre os problemas encontrados, a tecnologia de aplicação é um dos mais sérios e que precisa evoluir ainda mais. Mas não basta apenas um bom pulverizador. A experiência do aplicador também é fundamental, pois cabe a ele parte importante da responsabilidade na aplicação. O controle das plantas daninhas na cultura da soja não envolve apenas a compra e a aplicação do produto. Para gerenciar um problema como esse é preciso conhecimento e planejamento. Com base nisso, foi proposto o manejo integrado. Na realidade, trata-se de uma filosofia de trabalho e não apenas de uma prática. Baseia-se na análise de cada problema individualmente, sem levar em conta as receitas prontas, e na adoção de

Dionísio L. P. Gazziero, Embrapa Soja; Fernando S. Adegas, Embrapa Soja; Cassio E. Prete, UEL; Alexandre M. Brighenti, Embrapa Soja; Elemar Voll, Embrapa Soja

Gazziero fala sobre as maneiras de controlar as plantas daninhas em soja

20

Cultivar

um conjunto de práticas e ações. Se o homem não ocupar o solo, as plantas daninhas certamente o farão. Portanto, o controle das plantas daninhas para a cultura da soja não deve ser pensado apenas na soja, mas durante o ano todo. Permitir o aumento do banco de sementes nos períodos de entressafra ou nas culturas de sucessão certamente significará dificuldades de controle na soja. A capacidade de produção de sementes é uma das armas importantes que as invasoras dispõem. Algumas, como o picão-preto, que produzem comparativamente poucas sementes, mas usam o artifício do elevado poder de germinação para sua garantia, enquanto outras, como o caruru, utilizam a quantidade como artifício. Uma única planta pode produzir 120 mil sementes. A natureza dotou as plantas daninhas com mecanismos hábeis na luta pela sobrevivência. Nessa competição, cabe ao homem aprender a conviver com elas, . manejando-as adequadamente.

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Novembro de 2001


A

soja cultivada no Brasil teve, nos últimos dez anos, um aumento significativo de produtividade. No Estado do Paraná, por exemplo, nesse período, a produtividade média aumentou de 1905 kg/ha em 91/92 para 2950 kg/ha em 00/01. Esse aumento de mais de 1000 kg/ha é justificado principalmente pelo atual potencial produtivo das cultivares de soja, obtidas através do melhoramento genético. Com esse aumento da produtividade da soja, há necessidade premente de se nutrir com equilíbrio a soja através das práticas de adubação. Normalmente, as adubações são definidas pela interpretação de resultados de análises de solo, aliadas às recomendações estabelecidas por tabelas de adubação regionais, levando em conta, também, aspectos de tempo de uso do solo, condições de manejo do solo como plantio direto ou convencional e um histórico da evolução da fertilidade. Porém, quanto maior o potencial produtivo das cultivares, maior é a necessidade de adubações equilibradas, em termos de macro e micronutrientes.

ANÁLISES DE FOLHAS

O uso de análises das folhas, revelando o estado nutricional da soja, também tem se mostrado como uma ferramenta eficiente para maior entendimento das necessidades nutricionais dessa leguminosa. Devido principalmente às altas produtividades da soja, ultimamente obtidas em lavouras, mais de 3000 kg/ha até 4500 kg/ha, a simples comparação entre os teores dos diversos nutrientes nas folhas com os níveis críticos estabelecidos nas tabelas usadas para interpretação de resultados de análises de folhas, não tem sido suficiente para diagnosticar qual ou quais os nutrientes estariam afetando a produtividade da soja por excesso ou escassez.

O DRIS

O sistema integrado de diagnose e recomendação (DRIS), desenvolvido por Beaufils (1971), baseia-se no cálculo de índices para cada nutriente nas folhas de uma cultura, considerando a sua relação com os demais e comparando cada relação com as re-lações médias de uma população de referência. Essas relações experimentam menores variações com os fatores que afetam as concentrações foliares de nutri22

Cultivar

Cultivar

Dris

O sistema DRIS da Embrapa Soja é um importante meio para avaliar o estado nutricional da cultura da soja

Nutrição na medida

entes e permitem um diagnóstico mais apurado do estado nutricional das lavouras. Da população de referência, são estabelecidas as normas para a elaboração de padrões de índices DRIS, daí a importância devida à representatividade dessa população. A Embrapa Soja estabeleceu normas para utilização de índices DRIS para a cultura da soja, utilizando como população de referência os resultados de produtividade e de concentrações de nutrientes nas folhas, das linhagens e cultivares obtidos no ensaio final do Programa de Melhoramento da Embrapa Soja, totalizando 1536 amostras. Para o adequado emprego das normas DRIS pelos agricultores, o programa deve ser aferido pelo provedor, ou seja, calibrada com base na produtividade da soja, sob diversas condições de fertilidade do solo e nas respectivas análises de tecido vegetal, para cada região. Desta forma, estará se assegurando a eficiência do padrão DRIS. Os valores negativos ou positivos, obtidos quando da aplicação das normas DRIS em uma amostra, significam escassez ou excesso de um determinado nutriente, assim como, quanto mais próximos de zero estiverem os índices, mais equilibrada estaria a situação nutricional da soja. As atuais normas DRIS, estabelecidas pela Embrapa Soja, foram aferidas, ou seja, aplicawww.cultivar.inf.br

das sobre produtividades de soja, com respectivas análises de tecido vegetal, provenientes dos resultados de um experimento para avaliar os efeitos de fósforo e potássio sobre a produtividade da soja, em dois anos. Nas Tabelas 1 e 2 observam-se as produtividades de soja, obtidas em função dos diferentes tratamentos com fósforo e potássio aplicados para a sucessão soja/trigo e os valores das respectivas concentrações de macro e micronutrientes nas folhas. Os rendimentos de soja nos dois anos foram afetados pelos tratamentos com fósforo e potássio, com maiores ou menores rendimentos onde houve ou não adubação com fósforo e potássio. Da mesma forma, que se observam maiores ou menores concentrações de fósforo e de potássio nos tecidos da soja. Os teores adequados de fósforo e potássio nas folhas de soja são entre 2,6 a 5,0 g/kg e 17,5 a 25,05 g/kg, respectivamente. Os melhores rendimentos da soja (3542 kg/h, no ano 98/99, e 3489 kg/ha, no ano 99/00) tiveram concentrações de P e K no tecido de 3,82 g/kg e 22,2 g/ kg e 4,13 g/kg e 24,7 g/kg, respectivamente. Porém, menores rendimentos (3193 kg e 3155 kg) também apresentaram concentração de P e K em nível adequado. Essa observação sugere que a simples comparação das concentrações desses nutrientes nas folhas não estaria justificando as variações de rendimento (Tabs.1 e 2). Novembro de 2001

A aplicação da norma DRIS Embrapa Soja nesses resultados mostrou uma variação de valores de negativos a positivos para o fósforo e para o potássio, consoante com os tratamentos menos ou mais adubados com esses nutrientes respectivamente, para o P de 18,3 a 16,5, no ano 98/99, e de 13,8 a 3,3, no ano 99/00, para o K de 5,6 a 6,8 no ano 98/99 e de 10,3 a 18,0 no ano 99/00. Também foi observado que os índices mais elevados de P ou de K, não corresponderam às maiores produtividades, evidenciando desequilíbrios por excesso desses nutrientes. (Tabs. 3 e 4). Uma das observações, também importante, quanto ao estabelecimento dos índices DRIS, neste trabalho, é com relação ao enxofre. O valor médio e adequado de S nas folhas de soja é de 3,0 mg/g. No primeiro ano a concentração foi menor e no segundo maior do que a referência de 3,0 mg/kg e os índices DRIS para S, foram todos negativos, no ano 98/99, e todos positivos, no ano 99/00. (Tabs. 3 e 4). Com as observações de que as normas DRIS Embrapa Soja, foram aplicáveis aos resultados de um experimento com P e K e permitiu sua aferição, entende-se que as normas estão ajustadas, para se perceber possíveis desequilíbrios nutricionais na soja. No entanto, quando de seu uso deve-se verificar o seguinte: 1) o DRIS Embrapa Soja tem maior eficiência quando aplicado em amostras do Estado do Paraná; 2) por ser o DRIS um índice relativo, será sempre necessário efetuar a aplicação da norma DRIS em pelo menos duas amostras de uma mesma área e com diferentes produtividades; 3) os índices negativos ou positivos não indicam, necessariamente a falta ou o excesso de um ou mais nutrientes no solo e sim, que há um desequilíbrio que poderá estar afetando a produtividade. 4) os índices DRIS determinados para um rendimento de soja, não devem ser observados isoladamente, há necessidade de uma analogia com: a situação da fertilidade do solo, o histórico de produtividades anteriores, as informações sobre quantidades e composição de fertilizantes adicionados ao solo, as quantidades e épocas da aplicação de calagem e das condições climáticas que ocorreram durante o de. senvolvimento da cultura. Áureo Francisco Lantmann, Embrapa Soja aureo@cnpso.embrapa.br Novembro de 2001

Tabela 1. Produtividade da soja, ano/safra 98/99, e concentração de nutrientes nas folhas em função de fertilizantes aplicados para a sucessão soja trigo, em solo Latossolo Roxo distrófico. Embrapa Soja. Londrina PR. 2001

Tratamentos

Concentração de nutrientes em folhas

Soja

Trigo

P2O5 K2O

kg ha P2O5 K2O

0 0 0 0

0 0 0 0

0 50 50 0

0 30 0 30

30 60 0 0

0 0 50 100

50 50 50 50

30 60

50 100

50 50

g ha

Produtividade

N

P

K

Ca

Mg

S

Zn

Mn

2884 3539 3344 2510

49,3 55,6 54,1 45,5

2,75 3,62 3,70 2,54

20,1 22,0 20,1 20,1

9,13 8,35 10,0 14,5

4,10 3,98 4,67 5,44

2,63 2,75 2,69 2,47

49,6 43,7 49,3 84,6

138 134 149 205

30 30 30 30

3373 3389 3451 3418

54,1 57,7 54,8 54,2

4,13 4,00 3,62 3,42

22,1 21,7 21,2 21,2

12,7 11,8 10,9 9,92

5,32 4,87 4,42 4,01

2,51 2,39 2,10 2,09

60,6 60,6 52,3 56,3

30 30

3542 3193

57,6 55,7

3,82 4,31

22,2 22,2

9,51 8,73

4,09 3,71

2,13 1,97

48,2 43,2

mg ha Fe

Cu

B

127 122 149 239

10,3 11,3 10,6 7,44

75,9 69,1 69,2 61,3

179 178 166 182

204 210 181 170

8,25 8,52 7,80 7,92

57,6 54,0 52,8 51,7

160 117

172 169

8,26 7,53

50,7 44,6

Cu

B

Tabela 2. Produtividade da soja, ano/safra 99/00, concentração de nutrientes nas folhas em função de fertilizantes aplicados para a sucessão soja trigo, em solo Latossolo Roxo distrófico. Embrapa Soja. Londrina PR. 2001

Tratamentos

Soja

P 2 O5 K2 O

Trigo kg ha K2O P 2O 5

0 0 0 0

0 0 0 0

0 50 50 0

0 30 0 30

30 60 0 0

0 0 50 100

50 50 50 50

30 60

50 100

50 50

Concentração de nutrientes em folhas g ha

Produtividade

mg ha Fe

N

P

K

Ca

Mg

S

Zn

Mn

2245 3157 2724 1977

52,2 58,9 57,9 56,7

2,90 3,83 3,93 2,75

19,0 22,6 17,4 22,4

8,95 9,28 9,03 8,63

5,10 4,80 5,73 4,73

3,80 3,65 3,58 3,85

60,3 50,7 47,5 57,6

146 142 125 125

182 179 151 193

11,6 13,0 11,9 12,6

38,3 36,6 29,9 35,8

30 30 30 30

3228 3322 3164 3155

58,6 54,4 55,0 54,4

3,80 4,00 3,78 3,78

17,8 22,6 28,1 30,3

9,95 9,55 9,68 11,4

5,08 4,73 4,68 4,83

3,55 3,53 3,65 3,40

46,3 44,0 48,9 44,0

142 131 133 121

165 146 153 181

12,0 12,0 13,1 13,3

24,0 28,5 33,3 29,5

30 30

3161 3489

59,9 57,1

4,03 4,13

23,5 24,7

8,70 8,93

4,98 4,48

3,75 3,60

61,4 53,7

179 133

200 184

13,3 12,8

43,8 51,7

Tabela 3. Produtividade da soja, ano/safra 98/99, e índice DRIS para concentração de nutrientes nas folhas em função de fertilizantes aplicados para a sucessão soja trigo, em solo Latossolo Roxo distrófico. Embrapa Soja. Londrina PR. 2001

Tratamentos

Índice DRIS

Soja

Trigo

P2O5 K2O

kg ha P 2O 5 K2O

0 0 0 0

0 0 0 0

0 50 50 0

0 30 0 30

30 60 0 0

0 0 50 100

50 50 50 50

30 60

50 100

50 50

Produtividade

N

P

K

Ca

Mg

S

Zn

Mn

Fe

Cu

B

2884 3539 3344 2510

-0,3 5,4 -0,7 -12,4

-9,9 2,8 0.5 -18,3

-0,4 3,5 -4,5 -5,6

0,4 -4,5 0,6 17,1

-2,5 -5,1 -0,1 5,2

-1,7 -1,3 -4,3 -5,7

2,0 -4,8 -3,4 23,2

0,7 -0,3 0,5 11,8

-12,0 -13,7 -8,2 13,0

3,3 6,5 1,2 -14,7

22,2 16,9 14,0 6,8

30 30 30 30

3373 3389 3451 3418

-6,0 -1,1 1,2 2,0

2,0 0,8 0,0 2,0

3,7 3,9 0,4 0,4

8,2 -3,9 5,4 0,4

-2,1 -2,4 -2,8 -7,1

-7,4 -9,2 -10,7 -10,4

1,1 2,1 -1,1 4,5

4,2 5,0 6,4 13,7

3,1 6,1 2,5 -0,3

-12,6 -10,4 -9,9 -8,7

3,8 2,2 4,3 4,1

30 30

3542 3193

5,6 8,2

3,8 16,5

2,7 6,8

-1,2 -0,8

-5,8 -7,0

-10,3 -10,2

-3,7 -4,3

6,4 -6,4

1,4 6,1

-7,1 -8,3

3,6 2,4

Tabela 4. Produtividade da soja, ano/safra 99/00, e índice DRIS para concentração de nutrientes nas folhas em função de fertilizantes aplicados para a sucessão soja trigo, em solo Latossolo Roxo distrófico. Embrapa Soja. Londrina PR. 2001

Tratamentos

Soja

Índice DRIS

Trigo

kg ha

Produtividade

P2O5 K2O

P 2O 5

K2O

N

P

K

Ca

Mg

S

Zn

Mn

Fe

Cu

B

0 0 0 0

0 0 0 0

0 50 50 0

0 30 0 30

2245 3157 2724 1977

-2,6 1,7 5,2 2,9

-11,3 0,0 5,7 -13,8

-7,1 -0,7 -10,3 1,4

-6,5 -5,4 -2,8 -7,6

4,6 -1,3 15,1 0,0

12,2 6,8 9,6 12,2

8,2 -3,2 -2,3 6,5

-1,0 -3,1 -5,7 -8,4

2,5 0,6 -5,0 7,3

2,4 6,7 5,1 6,4

-5,0 -6,8 -9,4 -6,3

30 60 0 0

0 0 50 100

50 50 50 50

30 30 30 30

3228 3322 3164 3155

5,9 0,6 -1,7 -3,0

3,5 6,6 0,2 -0,2

-9,3 2,9 13,3 18,0

2,4 0,8 -1,4 8,8

5,9 2,1 -1,4 -0,3

9,1 8,9 7,6 3,5

-4,5 -6,2 -3,3 -9,4

1,2 -2,8 -5,1 -10,0

-0,2 -6,5 -6,9 2,5

6,0 6,0 8,3 9,1

-13,3 -10,4 -8,4 -10,7

30 60

50 100

50 50

30 30

3161 3489

-1,5 -1,4

-0,7 3,3

-2,2 3,0

-12,9 -8,3

-3,1 -6,0

5,0 5,5

2,9 -0,7

5,4 -7,8

2,5 1,3

4,7 5,4

-4,5 1,6

www.cultivar.inf.br

Cultivar

23


Evento

Negócios

A Agripec completa 40 anos e consolida-se como uma das maiores empresas do setor agrícola brasileiro

Bayer compra Aventis

Histórico de qualidade U

ma pequena fábrica criada no Ceará nos anos 60 para abastecer de formicida o mercado agrícola regional, desprezado pelas grandes empresas, está comemorando 40 anos de atividades, com expressiva participação nas vendas de agroquímicos em todo o país. A Agripec, uma empresa que vem desafiando e vencendo conceitos tradicionais, apresenta um faturamento anual de US$ 50 milhões, que pretende dobrar até 2004. Meta ambiciosa porém nada surpreendente nesta empresa familiar com fábrica na pequena Maracanaú, município vizinho de Fortaleza, acostumada a quebrar paradigmas, principalmente o da distância. Longe dos grandes centros agrícolas, a Agripec está no entanto ao lado do Porto de Fortaleza, de baixo custo e sem greves. Frete barato, com alto aproveitamento de retornos, esse item não atrapalha. Além disso, as condições regionais favorecem uma gestão de fábrica de menor custo e coloca a Agripec em condições altamente competitivas no mercado. Daí ninguém estranhar mais ao ver agroquímicos fabricados no Ceará em alto uso nas lavouras do Rio Grande do Sul, por exemplo. O elevado crescimento da empresa demonstra como se pode aproveitar as vantagens regionais para obter destaque nacional. Criada em 1961, apenas para produzir formicida, por Francisco de Assis Correa, com a morte deste, em 1968, passou a familiares entre os quais o cunhado, médico e diretor de hospital, que viu na pequena empresa uma oportunidade de negócio para o filho, o atual diretor-presidente, Carlos Alberto Studart Filho, que todo o Brasil conhece apenas por Beto Studart. Foi este que elevou exponencialmente o potencial da Agripec, cuja primeira quota adquiriu em 1969 e da qual hoje é proprietário com o filho, Carlos Alberto Studart Neto, 24

Cultivar

o Deda como é conhecido nos negócios. Tem filiais em Passo Fundo (RS), Londrina (PR) e em Guarulhos (SP), além da base no Ceará que atende todo o Nordeste. As filiais, estrategicamente localizadas, atendem à logística, não tendo estrutura administrativa ou industrial. Os negócios são geridos por quatro gerentes regionais (Sul, Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste) e um diretor comercial baseado em São Paulo. Beto lembra o início difícil e que em 1970 a Agripec vendia três produtos, o formicida original, um imunizante de grãos e o inseticida BHC. Constatando que as oportunidades estavam no Sul, foi buscar negócios, mas es-

Deda e Beto Studart comandam a Agripec no seu momento de maior crescimento no mercado

barrou na exigüidade de sua linha de produtos. Decidiu então fabricar o primeiro produto líquido (Agritoato), um inseticida sistêmico. Na época buscou os mercados de Pernambuco e Bahia, ainda não freqüentados pelas grandes multinacionais e onde apenas se viswww.cultivar.inf.br

C

lumbrava a idéia de instalação do pólo produtor de hortifrutigranjeiros. Em 1980, lançado o Folisuper, veio o gostinho de ter um produto competindo em boas condições com uma empresa estrangeira. E o resto, nos últimos 20 anos, tem sido uma sucessão de lançamento de bons produtos, de ganho de mercados cada vez mais ao sul, e ultimamente de uma visão de mercado nacional que colocou a Agripec definitivamente no mapa. Ainda propriedade da família, possui sólida estrutura administrativa liderada por executivos de primeira linha, dando-lhe mobilidade e destreza. Assim como iniciou focalizada em formicida, hoje a Agripec tem um respeitável portfólio de produtos, porém ainda com predominância na cultura de soja, o que começa a mudar, segundo Beto. Já há avanços significativos em direção ao milho, café e algodão. Na área de hortifrutigranjeiros, a empresa está consolidando forte ação nas culturas de batata e tomate. Trabalhando com previsão realística de mercado, Beto Studart acredita que este ano, apesar da turbulência cambial e de mercados, será de bom resultados, pois o agricultor vem trabalhando em posição cômoda por gerir commodities exportáveis, e portanto obtendo bons preços, o que afasta o fantasma da inadimplência, de triste memória como em 1995, por exemplo. E enquanto aciona sua estrutura para conquistar fatias cada vez maiores de mercado, a Agripec permanece em rigoroso stanby em relação a produtos que passam ao domínio público, pronta para lançar novas marcas. Com fornecedores confiáveis principalmente na Índia e China, a empresa se beneficia e transfere vantagens aos produtores, uma vez que ampliar a concorrência é oferecer a possibilidade de negociar qualidade como também condições de preços e prazos de paga. mentos. Novembro de 2001

om a aquisição da Aventis CropScience (ACS) a Bayer irá expandir amplamente seu segmento fitossanitário no mundo. A compra foi assinada depois do sucesso das negociações com os atuais proprietários da ACS, Aventis (76%) e Schering (24%). Com um preço de 7,25 bilhões de euros, incluindo as dívidas assumidas, esta foi a maior aquisição feita pela Bayer até hoje. As atividades fitossanitárias serão concentradas numa empresa independente, com o nome de Bayer CropScience, refletindo a nova e ampla estratégia para estes negócios. Com a aquisição da Aventis CropScience seremos uma das líderes mundiais no segmento de agronegócios. Além disso, a aquisição incrementará substancialmente a rentabilidade do Grupo Bayer , comentou o dr. Manfred Schneider, presidente mundial do Grupo Bayer. Esta aquisição evidencia novamente nossas estratégias em investir de forma consistente em nossos principais negócios e nos mercados em crescimento. Agora, pretendemos formar uma sociedade independente dentro do Grupo, já que estamos convencidos de que esta é a maneira mais indicada para facilitar a integração e a estruturação competitiva da Empresa . Schneider afirmou que as expectativas são de que as sinergias reduzirão os custos em 500 milhões de euros ao ano. E o custo da incorporação será do mesmo montante, contabilizado uma única vez. A nova companhia será dirigida pelo Dr. Jochen Wulff, atualmente diretor mundial do segmento de Proteção das Plantas da Bayer. Bertrand Meheut, presidente e principal executivo da Aventis CropScience irá apoiar o dr. Wulff no processo de integração. Para o dr. Wulff, a aquisição e a integração da Aventis CropScience é um marco importante para a história da Bayer. Trata-se de duas importantes empresas que se completam de forma ideal, porque se concentram em âmbitos diferentes. E vamos criar um novo empreendimento com todas as premissas para garantir crescimento duradouro e de liderança no segmento de agronegócios . Novembro de 2001

Espera-se que o volume de vendas neste ano das duas empresas juntas alcance entre 6,5 e 7 bilhões de euros, o que projeta a Bayer como uma das líderes do mercado. O negócio irá reunir todas as atividades do ramo agroquímico, incluindo biotecnologia e sementes. Iremos unir os pontos fortes de cada uma das duas companhias e assim ofereceremos em todo o mundo uma excelente gama de produtos. Até 2005 esperamos alcançar uma rentabilidade de 20% nas vendas , continua Wulff. A preparação para a integração já foi iniciada. A Bayer CropScience terá sua sede em Monheim - próxima da cidade de Colônia Cultivar

Longueteau afirmou que até a aprovação das autoridades competentes as empresas atuarão como companhias separadas

na Alemanha - e as duas principais unidades da Aventis CropScience, situadas em Lyon (França) e Frankfurt (Alemanha) continuarão sendo importantes suportes para a nova empresa. A tecnologia StarLink e todas as suas potenciais pendências foram excluídas da transação e continuarão sob responsabilidade da Aventis. Assim, a Bayer não se responsabilizará por nenhum eventual objeto de reclamação. Toda a transação ainda está sujeita à aprovação das autoridades competentes. A www.cultivar.inf.br

autorização é esperada para o primeiro trimestre de 2002, quando será fechada definitivamente a transação. A Bayer planeja financiar o negócio através de financiamentos, sem incremento de capital próprio. A Bayer é um grupo internacional, solidificado em pesquisas, cujas principais atividades concentram-se nos segmentos de saúde, agropecuários, polímeros e especialidades químicas. No final do ano 2000, constava em seu quadro mundial 122 mil empregados. Entre os resultados do ano passado, o Grupo Bayer alcançou vendas de 31 bilhões de euros e 1,8 bilhão de lucro líquido. No mesmo ano, investiu em pesquisas e desenvolvimentos 2,4 bilhões de euros e os investimentos em imobilizados somaram 2,6 bilhões de euros. Segundo Helge K. Reimelt, presidente da Bayer S.A. e porta-voz do Grupo Bayer no Brasil, a compra da Aventis CropScience será muito significativa também para o Brasil, afinal o agronegócio brasileiro é uma atividade em constante crescimento e que gera importantes reservas para o País, além de muitos empregos. O agronegócio está entre os principais segmentos exportadores. No Brasil, a área fitossanitária da Bayer concentra sua produção na fábrica de Belford Roxo (RJ). Já a fábrica da Aventis CropScience está na cidade de Portão (RS). J.P. Longueteau, diretor da Área Proteção das Plantas da Bayer para a América Latina, afirmou que até a aprovação das autoridades competentes, ambas as empresas continuarão a atuar e serão gerenciadas como companhias separadas e concorrentes no mercado. O processo de integração será a base para as futuras políticas de negócio. Estamos certos de que estas mudanças representarão uma oportunidade única de desenvolver novos negócios, oferecendo à comunidade agrícola um portfólio dinâmico de soluções inovadoras , completou Longueteau. O faturamento total das duas empresas deverá superar US$ 500 milhões no País, tornando a Bayer uma das maiores empresas do ramo no Brasil. Na América Latina, juntas, o faturamento poderá alcançar cer. ca de US$ 900 milhões. Cultivar

25


Pioneer

Milho

Cuidados de sempre

Otimizar a produtividade é o desejo de todo o agricultor. Porém, para que isso aconteça, são necessários cuidados na semeadura e adubação

nal. Semeamos um número determinado de sementes em vários locais da lavoura e algumas em solo similar, que não recebeu aplicação de herbicida e damos a elas condições normais de germinação. Após isso, irrigamos e observamos como será o seu desenvolvimento inicial na área que recebeu o herbicida bem como da área que não o recebeu. Se as plantas apresentarem o mesmo vigor até 20 dias após a semeadura, significa que aparentemente não há problemas de residual no solo. No entanto, alguns produtos aparentemente não afetam o processo de germinação e de crescimento inicial, estando as culturas sem sintomas de fitotoxidade, mas afetam grandemente a produtividade final, ocasionando o que normalmente também se chama de fito oculta. Estes sintomas e conseqüências são extremamente variáveis de acordo com o híbrido. Pode-se também fazer o uso de plantas indicadoras, que são culturas de mesma família das que serão cultivadas, porém, apresentam um grau de sensibilidade maior a estresses químicos, devendo ser semeadas junto com a cultura a ser estabelecida no Bioensaio. Dentre estas, destacam-se o sorgo e o feijão, sendo mais sensíveis, devendo ser implantados juntamente com o milho e a soja, respectivamente.

Gráfico 01 Efeito de Épocas de Semeadura de 4 Híbridos de Milho de Diferentes Ciclos em Rio Verde, GO, média de 3 anos, Projeto Renda Real Pioneer Sementes

Gráfico 02 Efeito de Épocas de Semeadura de 3 Cultivares de Soja de Diferentes Ciclos em Rio Verde, GO, média de 3 anos, Projeto Renda Real Pioneer Sementes

DESSECAÇÃO

É

nesta época, todo ano, que a maioria dos produtores ficam apreensivos, pois será dada a largada para mais uma safra. Apesar de ser uma corrida contra o tempo, alguns cuidados são extremamente necessários para que o empenho do agricultor resulte em ótimas produtividades e baixos custos. A semeadura em condições ideais é o principal fator para que isto ocorra. No decorrer do artigo chamamos a atenção para o que acreditamos serem os pontos fundamentais para o êxito da atividade.

HISTÓRICO DA ÁREA

É o principal fator que deve ser observado antes do plantio. É de suma importância conhecer com antecedência quais são as condições químicas e físicas do solo para a implantação da cultura. Apesar de óbvio, alguns técnicos dão extrema atenção para doenças como, por exemplo, o nematóide de cisto - que tem uma limitação no solo a saturações de bases mais baixas, o que leva os técnicos a trabalharem com saturações de bases extremamente baixas na soja e não a 26

Cultivar

elevando para cultura seguinte, que pode ser o milho, ocasionando grandes perdas nesta cultura, favorecendo ataque de doenças de colmo e de folhas. Já em casos de herbicidas, quando são usados anteriormente, principalmente em regiões onde se opta por safrinha, plantando-se milho após soja precoce, vários produtores utilizam herbicidas que podem causar fitotoxidade em milho ou sorgo, se estes forem plantados posteriormente na safrinha. Dentre eles, destacam-se as restrições de uso alguns em pré-emergentes, como o Diclosulan, não devendo se plantar milho e sorgo após a soja que se utilizou tal produto (COMPÊNDIO, 1999), ou produtos a base de Imazaquin, no qual se deve esperar no mínimo 300 dias para a semeadura do milho. Outros produtos são utilizados em pós-emergência da soja, como o caso do Fomesafen, que na dose recomendada pelo fabricante são necessários 150 dias após a aplicação para que se possa semear milho ou sorgo (Compêndio de Defensivos Agrícolas, 5a. Edição, 1999). No entanto, a degradação destes produtos no solo está diretamente ligada aos sewww.cultivar.inf.br

guintes fatores: Textura do solo: quanto mais arenoso for o solo, maior será o tempo necessário para a degradação do principio químico; Precipitação: quanto menor for a precipitação pluviométrica, maior será o tempo necessário para tal processo; Temperatura: quanto menor for a temperatura, mais lento será o processo de decomposição; Matéria orgânica: quanto menor a matéria orgânica do solo, provavelmente maior deverá ser o tempo necessário para esta degradação. Como pode ser visto, são vários os fatores que influenciam a eliminação dos princípios ativos destes produtos no solo para a cultura seguinte. Então, qual seria o meio de sabermos se poderíamos plantar uma cultura, como, por exemplo, o milho?

BIOENSAIO

Um processo bastante eficaz é o que chamamos de Bioensaio, que consiste em se semear o híbrido que iremos plantar quando a cultura antecessora ainda está na sua fase fiNovembro de 2001

Em sistema de plantio direto, que no momento já abrange a maior parte dos solos cultivados no Brasil, a dessecação é fundamental para o estabelecimento da cultura sem a matocompetição inicial da lavoura. O que destacamos é o cuidado que se deve ter com produtos hormonais de maior persistência no solo, como é o caso do 2,4 D, que devido ao seu custo é amplamente utilizado na dessecação nas culturas de milho e de soja. Para o Milho, quando aplicado, o 2,4 D não apresenta grandes danos quando se respeita o prazo de espera (carência) estipulado pelo fabricante, no entanto no assunto seguinte poderemos contabilizar as possíveis reduções na produtividade do milho em função do atraso desta semeadura. Problemas de reduções de produtividade e tombamento tem se notado quanto se utiliza este produto após a semeadura do milho ou mesmo em pósemergência.

ÉPOCA DE PLANTIO (SEMEADURA)

Ensaios conduzidos recentemente com soja e milho também dão respaldo à grande preocupação que os produtores têm, que é a pressa em semear. Nestes ensaios, conduzidos em Rio Verde, Goiás, por 3 anos através de uma união de produtores, cooperativas e empresas privadas, observou-se que a partir da primeira época tida como ideal, que é aquela em que o solo já está com ótima umidade, no caso no início de outubro para aqueNovembro de 2001

Gráfico 03 - Distribuição sementes em falhas de semente e sementes duplas em função a velocidade de semeadura, utilizando o sistema de disco.

la região, os decréscimos em produtividade eram nítidos para a soja e o milho - independente do ciclo de milho (um super precoce, dois híbridos precoces e um de ciclo normal) - e da soja - (uma precoce, uma de ciclo médio e uma tardia) estudados, Gráficos 01 e 02. Sendo que para o milho verificou-se nos três anos estudados uma perda de 58,11 kg de grãos/ha por dia de atraso de semeadura na época de verão (início de outubro) e 38,06 kg de grãos/ha por dia de atraso de semeadura na época de safrinha, a contar www.cultivar.inf.br

a partir de 15 de janeiro. Já na soja, verificou-se perdas de 26,75 kg de grãos/ha por dia de atraso de semeadura.

VELOCIDADE

Cada vez mais, tem-se notado o desenvolvimento tecnológico deste implemento visando maior eficiência no plantio. No entanto, apesar de se trabalhar com alta tecnologia para se efetuar um plantio mais rápido, tem se verificado que a melhor velocidade de semeadura, principalmente para o milho, é Cultivar

... 27


... de 6 km/hora, onde ocasiona menor número

de falhas e sementes duplas, Gráfico 03 (Dados do Departamento de Pesquisa e Produção da Pioneer Sementes).

TRATAMENTO DE SEMENTE

Toda safra, vários produtos são lançados no mercado para o tratamento de sementes. No entanto, alguns não são devidamente testados para este fim. Entre eles, destacam-se os micronutrientes para o milho. Na medida do possível, estes produtos devem ser evitados, pois o índice salino destes micronutrientes é muito alto e qualquer forma de estresse que a semente sofra no solo juntamente com estes sais pode ocasionar a morte ou debilitação da semente. Além disso, foram testados vários inseticidas para tratamento de sementes e verificou-se que dentre os produtos do grupo dos organofosforados registrados para este fim no Ministério da Agricultura pecuária e Abastecimento, somente os inseticidas à base de Thiodicarb apresentaram menores efeitos no vigor e germinação da semente, após alguns dias do tratamento. A utilização de grafite em semeadeiras de disco é de fundamental importância. Testaram-se várias quantidades de grafite por kg de semente e verificouse que a dose de 3 gramas de grafite por kg de sementes apresenta os melhores resultados, no entanto, este grafite deve ser misturado por igual. Na soja, são cada vez mais freqüentes as restrições no uso de micronutrientes e/ou fungicidas, juntamente com o inoculante (Bradyrhizobium sp.) no tratamento de sementes, pois estes produtos afetam a sobrevivência da cultura (XXIII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, Londrina, 2001.). Devendo, por exemplo, em áreas novas com baixa ou nenhuma população de rizobium, optar por uma semente de boa procedência, tratá-la com fungicidas pó e duas doses de inoculante, devendo aplicar somente os micronutrientes cobalto e molibdênio via foliar, aos 25 dias de nascida a soja.

PROFUNDIDADE DE SEMEADURA

Este item é de suma importância para o agricultor, pois, no caso do milho, o aprofundamento da semente à medida que a umidade da superfície do solo é reduzida, é uma ótima estratégia. No entanto, a maioria dos equipamentos não consegue manter a distância do adubo na mesma proporção quando se aprofunda a semente, ocasionando o depósito da semente logo acima do adubo. Em condições normais de chuvas, possivelmente nada ocorre, no entanto quando passa por pequenos períodos de falta de umidade, verificamos em nível de campo que doses de potássio maiores que 60 kg de K2O/ha ocorre uma salinização e morte da semente de milho. 28

Cultivar

Comparativo de Métodos e Doses de Adubação de Semeadura e Cobertura no Milho N

P2O5

Média K2O 3 anos safra 99/00

1 500 Kg 0.20.20 + 200 Kg uréia (25 DAE)

90

100

100

7247 a

6690 abc

2 500 Kg 8,20.20 + 110 Kg uréia plantio

40+ 50

100

100

7328 a

6766 abc

3 500 Kg 4.20.20 + 160 Kg

20+72

100

100

7219 a

6878 ab

4 500 Kg 8.20.20 + 110 Kg uréia V4

40+50

100

100

7079 ab

7038 a

5 500 Kg 8.20.20 + 45 Kg + uréia (25 DAE)

40+20

100

100

6691 bc

6626 abc

6 500 Kg 4.20.20 + 90 Kg uréia (25DAE)

20+40,5

100

100

6540 c

5848 bc

7 500 Kg 8.20.20 + 110KgUréia(25 DAE)

40+ 50

100

100

7019 abc

6664 abc

8 500 Kg 4.20.20 + 160Kg Uréia(25 DAE)

20 + 72

100

100

7072 abc

6512 abc

9 500 Kg 8.20.20 + 180Kg uréia (8/12)

40 + 81

100

100

7286 a

6729 abc

10 500 Kg 4.20.20 + 220Kg Uréia(25 DAE)

20 + 99

100

100

7126 ab

6381 abc

11 500 Kg 8.20.08+zn + 110Kg Uréia(25 DAE)

40 + 50

100

40

6979 abc

6484 abc

12 500 Kg 8.20.08+zn + 110Kg Uréia+70kg KCl(25 DAE)

40 + 50

100

40

7023 bc

6495 abc

13 500 Kg 8.20.08+zn + 200Kg 25-0-30+35kg KCl(25DAE)

40 + 50

100

40 + 70 6709 bc

Tratamento

5707 c

Médias seguidas de mesma letra são iguais significativamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade V4 - Fase fisiológica onde as plantas de milho apresenta-se com 4 folhas verdadeiras; DAE - Dias após a emergência.

Para a soja, o aprofundamento da semente em busca de maior umidade para o processo de germinação é uma técnica bastante arriscada, pois a soja requer um maior consumo de energia para o processo de germinação. Neste, com a demora da germinação, tem se verificado uma maior disposição da soja a infecções de fungos de solo, como a rizoctoniose e fuzariose, fungos estes responsáveis por grandes reduções de produtividade de soja em condições ambientais favoráveis para o seu desenvolvimento.

ADUBAÇÃO

A adubação de semeadura/plantio é uma fundamental ferramenta para se obter ótimas produtividades, principalmente quando se faz toda a aplicação dos fertilizantes nitrogenados, potássicos e fosfóricos a lanço, antes da semeadura, e principalmente agilizando a semeadura. Vários consultores têm se aprimorado nesta técnica para incrementar a produtividade e aumentar a eficiência dos agricultores. No entanto, em Rio Verde, Goiás, no Renda Real (projeto da Pioneer Sementes), conforme descrito acima, também se estudou por 3 safras a utilização de várias metodologias de adubação no milho, Quadro 01. Este local apresentava as seguintes características: solo argiloso (37% de argila), matéria orgânica de 4,4 g/dm3 e saturação de bases de 53% e CTC de 8,1 cmolc/dm3. Verificamos que na média dos 3 anos que se conduziram as pesquisas, não houve diferença entre as épocas de aplicação de uréia. Porém, na safra 99/00, ocorreu bastante chuva no início da cultura até fevereiro e os resultados modificaram significativamente, www.cultivar.inf.br

sendo que a aplicação parcelada do nitrogênio apresentou-se melhor que a sua total aplicação na semeadura. Como não sabemos de que forma as chuvas iriam se comportar, sugerimos que fosse feita pelo menos a adubação nitrogenada parcelada no milho até aos 25 dias de nascido.

POPULAÇÃO E ESPAÇAMENTO

Este é, sem dúvida, um dos assuntos mais polêmicos que se discute, principalmente por industrias de máquinas equipamentos agrícolas. Durante 3 anos, nas safras de verão, trabalhou-se com vários ensaios sobre o assunto e o que foi verificado é o seguinte: Reduções de espaçamento entre linhas de 80 cm para 40 cm apresentaram acréscimos médios de 5 %, em função do material; Híbridos de ciclos mais precoces e recomendados para o sul do Brasil têm mais possibilidades de acréscimos um pouco maiores do que 5% de produtividade; Em materiais mais tropicais, que são a base para todas as empresas de híbridos de milho recomendados para o centro oeste brasileiro, os ganhos são menores que 5%, porém com um maior risco de ataque de doenças como Cercospora e Diplodia; Produtores que possuem uma produtividade média para a região em que se situam devem ser avisados que existe tecnologia mais barata e eficaz para aumentar a sua produtividade do que investir em novos equipamentos tentando reduzir o espaçamento entre li. nhas do milho. André Ramos Aguirre, Pioneer Sementes Novembro de 2001


Plantas Daninhas mico. Mais recentemente, com os problemas causados pelo uso indevido de herbicidas e pelo impacto que causam no ambiente e nos custos de produção, medidas complementares e alternativas a eles, têm sido empregadas. Entre essas alternativas, o uso de restos de culturas, através de seus efeitos físicos e alelopáticos, tem se mostrado efetivo. Embora a alelopatia tenha potencial no manejo de plantas daninhas, são necessários ainda estudos para a comprovação de sua importância em condições de campo. No entanto, é reconhecido que a cobertura morta, proporcionada por restos de culturas, desempenha papel importante no controle de plantas daninhas, em plantio direto, pois muitas espécies não germinam se cobertas por uma camada uniforme de palha, fazendo-o somente quando pelo menos parte dos resíduos se decomporem. Isso causa atrasos na germinação de sementes e na emergência de plântulas, reduzindo as populações dessas espécies indesejáveis na cultura. Esses efeitos dependem do tipo de restos de cultura e de sua distribuição e quantidade, assim como das condições climáticas. Os restos culturais de aveia preta têm demonstrado grande potencialidade no controle de plantas daninhas no sistema plantio direto. Além de produzir grande quantidade de matéria seca, cobrindo o solo, a cultura pode ser usada para a produção de sementes e de forragem para a produção de carne e de leite, possibilitando importante renda aos agricultores. O azevém é outra espécie utilizada para tal propósito, devido ao fato de ser uma espécie adaptada, com ressemeadura natural e controlar várias espécies de plantas daninhas, como papuã, milhã e guanxuma. No

Milho limpo Há alternativas para controlar as invasoras na cultura, mas o manejo integrado continua a melhor

INTERFERÊNCIA

A interferência das plantas daninhas tem importância à medida que se estabelece a competição pelos fatores de produção. Além disso, os efeitos alelopáticos justificam a intervenção para o manejo das espécies indesejáveis, de modo a evitar as suas conseqüências negativas no crescimento e desenvolvimento das culturas. Os prejuízos causados pelas plantas daninhas não devem ser atribuídos somente à competição exercida pelas plantas daninhas sobre as plantas da cultura mas sim a um conjunto de fatores. Esses fatores podem representar efeitos diretos (competição, alelopatia e interferência na colheita) 30

Cultivar

ou indiretos (hospedagem e transmissão de doenças e pragas). O nível de competição está relacionado com diversos fatores, tais como as espécies em competição e as sua densidades populacionais. Esses fatores podem também sofrer modificações em função dos fatores de ambiente, tais como a disponibilidade de água no solo, de práticas culturais tais como a adubação e correção da acidez do solo, além das variações climáticas durante o ciclo das espécies em confronto. O período de competição entre a cultura e as plantas daninhas presentes no local, assume grande importância para o estabelecimento de um programa de manejo adequado, de modo a minimizar os possíveis efeitos indesejáveis antes que tal situação ocorra de maneira irreversível das plantas daninhas na cultura do milho (Silva et al., 1998). A pressão de infestação assume também relativa importância tendo em vista a variação na densidade de plantas daninhas observada em algumas áreas cultivadas. Têm sido observados níveis populacionais médios que chegam a atingir 400 plantas/ m2, além da própria diversidade da sua composição florística. Além disso, as gramíneas são geralmente mais competitivas. Áreas com elevadas infestações de papuã (Brachiaria plantaginea), irão apresentar elevadas perdas na produção de grãos. www.cultivar.inf.br

HERBICIDAS

Na cultura do milho e do feijão, o uso de herbicidas constitui uma opção para o manejo da comunidade infestante presente no local, tendo como principais vantagens o controle efetivo das plantas daninhas inclusive na linha de plantio, aliado à rapidez da operação e sem causar injúrias ao sistema radicular do milho (porta de entrada de doenças). Existem várias opções para o controle químico de plantas daninhas nessa cultura, com herbicidas passíveis de aplicação em pré e em pós-emergência. As recomendações encontram-se nos documentos das reuniões das comissões de pesquisas. Eles podem ser aplicados de maneira a economizar tempo e mão-de-obra. Enquanto a capina manual de um hectare requer cerca de 10 homens/dia, a aplicação de um herbicida, dependendo do equipamento empregado, pode levar menos de 15 minutos/ha. No entanto, causa impacto ao meio ambiente e aos custos de produção dessas culturas, uma vez que são insumos caros e, muitas vezes, não recomendados para determinadas propriedades, especialmente aqueles baseadas no trabalho familiar. Dessa forma, a busca por métodos alternativos deve ser um objetivo de pesquisa.

RESTOS CULTURAIS

Tradicionalmente, o manejo de plantas daninhas tem se utilizado do controle quíNovembro de 2001

MANEJO INTEGRADO

Os sistemas de produção usados no Sul do Brasil, nos quais duas culturas são semeadas no mesmo ano, possibilitam que os restos culturais sejam usados também em programas de manejo integrado de plantas

...

Fotos Paulo Kurtz / Embrapa Trigo

A

s plantas daninhas podem interferir negativamente na produção do milho principalmente devido à competição por água e nutrientes minerais, além de luz e dos possíveis efeitos alelopáticos, podendo também hospedar pragas e organismos causadores de doenças e nematóides. Na cultura do milho, em algumas glebas, espécies como papuã (Brachiaria plantaginea), picão preto (Bidens pilosa), leiteira (Euphorbia heterophylla) e corriola (Ipomoea spp), têm causado sérios problemas por dificultarem e reduzirem o rendimento da colheita mecanizada, além de reduzirem a qualidade do produto colhido.

entanto, assim como a aveia preta, pode infestar as próximas culturas de inverno, constituindo-se planta daninha a essas espécies. A ervilhaca é uma leguminosa muito usada para cobertura de solo na região sul, por proporcionar proteção ao solo e melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo, além de produzir forragem de qualidade para os animais, sendo, no entanto, sensível ao pisoteio. Fornece considerável quantidade de nitrogênio às culturas integrantes dos sistemas de produção. Produz quantidades relativamente elevadas de matéria seca. No entanto, seus restos culturais decompõem-se rapidamente, tendo pouca persistência, sendo, portanto, insuficiente para controlar plantas daninhas. Trabalhos de pesquisa realizados no Rio Grande do Sul demonstraram que os resíduos culturais de espécies de inverno, mantidos na superfície do solo, controlam algumas espécies de plantas daninhas que germinam e se desenvolvem durante o verão, possibilitando, pelo menos, a redução no uso de herbicidas dessecantes. Assim, restos culturais de aveia preta, de aveia branca, de azevém, de nabo forrageiro e de ervilhaca foram os mais eficientes no controle de plantas daninhas em pré-semeadura (Tabela 1). Durante o ciclo das cultura, os restos culturais de aveia preta, de aveia branca e de azevém foram os mais eficientes no controle de guanxuma, de papuã e de picão preto (Tabela 2).

Milho saudável apresentando alta qualidade

Novembro de 2001

www.cultivar.inf.br

Cultivar

31


herbicidas de pós-emergência, onde e quando ocorrerem plantas daninhas cujo controle por restos culturais não tenha sido suficiente para que o desenvolvimento da cultura ocorra sem a interferência dessas plantas indesejáveis. Escapes podem ocorrer em anos com condições erráticas de clima, quando a umidade do solo é suficiente para a germinação de sementes de plantas daninhas, mas não o é para lixiviar possíveis compostos alelopáticos de restos culturais para o solo. Escapes podem ocorrer também em anos chuvosos, quando esses compostos, por serem de elevada solubilidade em água, são lavados para camadas mais profundas do solo, abaixo da camada onde germinam as plantas daninhas. As culturas de inverno podem ter diferentes usos, como, por exemplo, produção de grãos, forragem ou unicamente para cobertura de solo. O corte de espécies destinadas exclusivamente à cobertura de solo deve ser realizado na floração, podendo ser feito usando-se roçadora ou rolo faca. Herbicidas des-

Fotos Paulo Kurtz / Embrapa Trigo

...daninhas. Nesses programas, pode-se usar

Lavoura de milho livre do ataque de plantas daninhas

secantes também podem ser usados, embora impliquem algum impacto no ambiente e nos custos de produção. No caso de ervilhaca, o seu manejo pode também ser realizado mecanicamente, ou

Tabela 1 Controle de plantas daninhas (em %) em pré-semeadura de culturas anuais, por restos de culturas mantidos na superfície do solo (Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS, 1991/92) Espécie de Planta Daninha Resto cultural Aveia preta Colza Aveia branca Trigo Nabo Forrageiro Centeio Ervilhaca comum Aveia preta + ervilhaca Azevém

Guanxuma (Sida rhombifolia)

(Ipomoea grandifolia)

Picão (Bidens pilosa)

Controle médio

100,0 91,2 97,5 0,0 97,5 65,0 97,5 97,5 100,0

100,0 77,5 100,0 0,0 97,5 62,5 97,5 100,0 100,0

100,0 67,5 100,0 0,0 98,7 57,5 100,0 100,0 100,0

100,0 78,7 99,2 0,0 97,9 61,7 98,3 99,2 100,0

Corriola

Tabela 2 Controle de plantas daninhas (em %), aos 40 dias após o plantio de culturas anuais, por restos de culturas mantidos na superfície do solo (Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS 1989/90) Espécie de Planta Daninha Resto cultural Aveia preta Colza Aveia branca Trigo Nabo Forrageiro Centeio Ervilhaca comum Aveia preta + ervilhaca Azevém

32

Cultivar

Guanxuma (Sida rhombifolia)

Corriola (Ipomoea grandifolia)

Picão (Bidens pilosa)

Controle médio

77,5 20,0 76,2 0,0 0,0 0,0 0,0 67,5 82,5

100,0 87,5 100,0 75,0 87,5 88,7 60,0 92,5 100,0

100,0 100,0 100,0 30,0 72,5 100,0 60,0 100,0 100,0

92,5 69,2 92,1 35,0 53,3 62,9 40,0 86,7 94,2

www.cultivar.inf.br

mediante o uso de herbicidas. Os herbicidas para essa finalidade são os produtos à base de paraquat ou 2,4-D. Quando a cultura a ser estabelecida for o milho, o manejo poderá ser feito pelo uso de herbicidas pertencentes ao grupo das triazinas, os quais, além de dessecarem a ervilhaca, apresentam efeito residual no solo, controlando as plantas daninhas durante o ciclo de milho, reduzindo, assim, os custos de produção. A distribuição de restos culturais na superfície do solo é importante para que haja formação de uma camada uniforme de palha. No caso de culturas que se destinam também à produção de grãos, o emprego de picador e de distribuidor de palha, bem regulados e balanceados, capazes de fracionar a palha e de distribuí-la uniformemente na mesma largura da plataforma de corte da automotriz, facilita a operação de semeadura da cultura seguinte e o controle de plantas daninhas. Quando a palha é uniformemente distribuida sobre o solo, obtém-se máximos efeitos físicos e químicos sobre as plantas daninhas, ocorrendo, também, melhor funcionamento de herbicidas que porventura sejam necessários para complementar o controle. Quando para pastoreio, é fundamental que o manejo da pastagem seja feito quando o solo apresentar condições adequadas de umidade. O manejo de animais também é importante, pois a manutenção destes nessas áreas em condições de chuva e, portanto, com solo muito úmido provoca amassamento de plantas, o que altera os respectivos ciclos, o que faz com que, mais tarde, sejam necessários herbicidas . dessecantes para o seu controle. Erivelton Scherer Roman, Embrapa Trigo Novembro de 2001


Novo fungicida é mais uma opção para o produtor garantir a produtividade da lavoura

Opção contra a Mancha Angular O

Cultivo do feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) constitui-se numa das principais explorações agrícolas do País, não apenas pela área semeada e pelo valor da produção mas, principalmente, por ser esta leguminosa, um dos principais componentes da alimentação básica do povo brasileiro. Essa atividade agrícola, de primordial importância econômica e social, está sujeita a grandes riscos, entre os quais podem ser citadas as doenças que, muitas vezes, têm sido responsáveis por perdas significativas de produção. Entre os riscos mencionados, encontram-se as doenças incitadas por fungos, bactérias, vírus e nematóides. Dentre as doenças fúngicas, a mancha angular, cujo agente causal é o fungo Phaeoisariopsis griseola (Sacc.) Ferr., apresenta distribuição mundial. Nas duas últimas décadas, esta doença tornou-se um dos principais problemas fitopatológicos desta cultura afetando, com maior ou menor intensidade, todas as cultivares recomendadas. As perdas no rendimento devidas à doença são maiores quanto mais precoce for o seu aparecimento na cultura, podendo reduzir a produção em até 70%. 34

Cultivar

A mancha angular pode ser mais eficientemente controlada através de cultivares resistentes e da pulverização foliar de fungicidas. O desenvolvimento de cultivares resistentes, entretanto, é dificultado pela grande variabilidade patogênica que o fungo, agente causal da doença, apresenta. Conseqüentemente, na maioria das vezes, o produtor não tem outra alternativa a não ser utilizar cultivares suscetíveis tornando obrigatório o emprego de produtos químicos. Em nosso país, o controle químico desta doença tem sido mais utilizado pelos médios e grandes produtores. Inúmeros fungicidas tem sido recomendados para o controle da mancha angular do feijoeiro comum. Entretanto, a indústria tem desenvolvido novas moléculas, as quais apresentam uma maior eficiência de controle do que os produtos até o momento indicados, além de apresentar um menor grau de toxicidade ao meio ambiente. Os fungicidas avaliados pela Embrapa Arroz e Feijão, no último ano, e suas eficiências relativas quando aplicados pelo método convencional, estão apresentados na Tabela. www.cultivar.inf.br

Folha do feijoeiro apresentando severo ataque da mancha angular

Novembro de 2001

Fotos Aloisio Sartorato

Feijão

Tabela 1 Efeito de fungicidas na severidade da mancha angular e no rendimento do feijoeiro comum. Santo Antônio de Goiás, 2000 Tratamento Fungicida Testemunha Brestanid Palisade Brestanid + Palisade Brestanid + Derosal Derosal + Palisade

Dose (mL p.c./ha)1 400 500 300 + 350 300 + 500 500 + 350

Severidade Doença (%)

Rendimento (kg/ha)2

Eficiência Controle (%)

50,83 c3 7,50 b 1,33 a 2,50 a 6,67 b 1,50 a

1833 b3 2170 a 2125 a 2454 a 2235 a 2205 a

85,24 97,38 95,08 86,88 97,05

Mililitros do produto comercial por hectare. 2Kilogramas por hectare. 3 Médias assinaladas pela mesma letra não diferem ao nível de P£0,05 segundo o teste de Scott-Knott. 1

Na tabela pode-se observar que o Palisade (fluquinconazole) foi o fungicida mais eficiente no controle da mancha angular, tanto aplicado sozinho como em mistura com o Brestanid (trifenil hidróxido de estanho) ou Derosal (carbendazin). O fungicida Brestanid e a mistura de Brestanid + Derosal também apresentaram boa eficiência de controle da doença. A eficiência das misturas de fun-

gicidas utilizadas permite ampliar o seu espectro de ação permitindo, com isto, controlar simultaneamente outras doenças que possam ocorrer na cultura do feijoeiro comum além de diminuir a possibilidade de seleção de biótipos do patógeno resistentes a estes fungicidas. Com relação ao rendimento de grãos, os fungicidas propiciaram aumentos significativos quando comparados com a

Sartorato fala sobre a nova opção para controle da mancha angular do feijoeiro

testemunha. O emprego do fungicida Palisade no controle da mancha angular do feijoeiro comum, depende de seu registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas. tecimento MAPA. Aloisio Sartorato, Carlos Agustin Rava, Embrapa Arroz e Feijão


Agronegócios

O jogo da ALCA

tre eles alguns entravam os agronegócios brasileiros, como o suco de laranja, cacau, derivados do leite, tabaco, açúcar, etc. Tamanha é a inferioridade competitiva americana nesse segmento, que apenas a proteção tarifária não lhe confere o necessário suporte, obrigando o recurso a cotas de importação. O caso do açúcar é didático, e as cotas impostas ao Brasil claramente nos desfavorecem em relação a outros concorrentes, porque somos altamente competitivos, e justamente por sermos competitivos somos o primeiro produtor e exportador mundial de açúcar. O álcool de cana cai no mesmo padrão, até por ser proveniente da mesma matriz produtiva do açúcar.

PROTECIONISMO

Para o Brasil só faz sentido negociar a ALCA se for possível pôr fim a protecionismos de toda ordem

V

amos colocar a questão como se fosse o Campeonato Brasileiro, para melhor entendimento. As regras do campeonato devem ser iguais e valer para todo o mundo. Entretanto, alguns times poderiam entender que são mais iguais que os outros e impor regras próprias para garantir o seu passado de glórias e a sua sobrevivência futura. Mesmo que isso significasse acabar com o passado e o futuro dos outros. Até mesmo o meu time, o super-campeão Grêmio de Porto Alegre, poderia ser tentado a colocar algumas regrinhas que o beneficiassem (embora não precise delas!). Por exemplo, poderia estabelecer que, em média, todos os jogos valeriam três pontos. Porém, os jogos contra Flamengo, Corinthians e Internacional, que são seus fregueses habituais, valeriam seis pontos. Com outros times onde a parada é mais dura, valeriam apenas um ou dois pontos. Poderia até estabelecer a cota de gols que o outro time poderia aplicar na sua defesa, ou extorquir uma sobretaxa da renda da partida para todos os gols excedentes ao primeiro. Poderia dar um subsídio de 2 pontos a cada derrota do time. Poderia também ampliar o exame anti-doping, incluindo mais substâncias proibidas do que as definidas pelas regras, válidas apenas para seus adversários. Convenhamos, um campeonato unilateral assim não interessaria aos outros participantes.

AGROPECUÁRIA NO PIB

Existe um contraditório entre o discurso e a prática comercial dos EUA, o que nos desfavorece profundamente. Para o Brasil os agronegócios representam mais de 20% do PIB, 36

Cultivar

25% dos empregos e mais de 40% do ingresso de divisas. Prevê-se para 2001 um equilíbrio entre as contas de importação e exportação. Porém, como se estima o superavit das exportações agrícolas em US$15 bilhões, o déficit dos demais setores deverá aproximar-se desse valor. A agropecuária é muito importante para a formação de capital no Brasil, seja por sua dimensão, pelo menor prazo de maturação ou pelo menor volume de investimentos necessários. Quando todos os governos do mundo debatem-se com a questão do desemprego e suas conseqüências, o Brasil não pode desconsiderar o setor que emprega um quarto da população. Finalmente, a agropecuária é o único setor que pode, no médio prazo, produzir excedentes cambiais para nos liberar do garrote da dívida e de seu serviço, que empacam o desenvolvimento do Brasil. Enquanto isso, nos EUA os agronegócios representam menos de 10% do PIB, a mão-de-obra empregada não ultrapassa 10%, o peso da balança comercial na arrecadação de divisas é preponderantemente inferior ao dos serviços, e a contribuição dos agro-produtos é marginal.

ALÍQUOTAS E QUOTAS

Recentemente, ao participar de uma reuwww.cultivar.inf.br

nião no USDA, ouvimos um conferencista posicionar a economia americana como a mais aberta do mundo, pelo critério da tarifa média de importação. O que é verdade, pois a média flutua entre 4 e 5%. No entanto, foi necessário lembrar ao prelecionista que, por ser a maior economia do mundo, o universo comercial americano abrange dezenas de milhares de mercadorias, com diferentes graus de competitividade. Para aqueles itens em que não há possibilidade de

produção interna, ou que não há conflito com outras mercadorias produzidas localmente, a alíquota de importação é baixa. Igualmente, para produtos nos quais os EUA são altamente competitivos, detém o controle do mercado, possuem tecnologia avançada e poucos competidores externos, as alíquotas também são baixas. Entretanto, para setores nos quais os EUA não conseguem competir adequadamente, esse país mantém 150 produtos tarifados acima da alíquota máxima do Imposto de Importação Brasileiro. Eis o ponto G: mais de 70% desses produtos são provenientes da agropecuária! EnNovembro de 2001

Cotas e alíquotas proibitivas não são suficientes para transmutar o agricultor americano de deficitário em competitivo. Nem mesmo a imposição de sobretaxas, como a aplicada ao suco de laranja, em que o exportador brasileiro é obrigado a doar o equivalente a três toneladas de soja para poder vender uma tonelada de suco aos americanos. Algo assim como fazer transfusão de sangue do pedestre atropelado ao camioneiro que o atropelou. O arsenal casuístico não se esgota nos aspectos financeiros. Restam as barreiras para-fiscais, técnicas e sanitárias. Essas, mesmo quando lisamente brandidas, são fruto do esmiuçar à cata de algo que possa retardar, onerar, entravar, de alguma forma complicar uma exportação brasileira. Sobre um aparato institucional de dezenas de milhares de cientistas e um batalhão assemelhado de oficiais de defesa agropecuária, não é difícil para os EUA argüirem questões sanitárias contra nossos produtos, mantendo-nos permanentemente na defensiva, tendo que explicar a todo o instante que não existe chifre em cabeça de cavalo.

SUBSÍDIOS

Quando tudo o mais não foi suficiente para conferir competitividade, entra o Tesouro Americano e pergunta, como na canção de Vicente Celestino: Machucou-se o pobre filho meu? . No ano passado a resposta foi: Sim, mamãe Tesouro. Nesse caso você poderia me arranjar uns 30 bilhões de dólares para cobrir a minha ineficiência? E a mamãe deu! Vamos a algumas comparações: O subsídio aos agricultores americanos no ano fiscal de 2000 equivaleu a mais de 200% do valor médio expendido entre 1990 e 97; correspondeu a 35% de todo o valor do agronegócio brasileiro, ou a 80% do valor da produção brasileira dentro da porteira; aproximou-se do valor da exportação do agronegócio brasileiro; o subsídio à soja equiparou-se a dois terços das exportações do complexo soja brasileiro. Os EUA acrescentam, em forma de subsídio, 60% a mais de renda líquida aos seus produtores. Novembro de 2001

E aí vem o contra-senso, porque o acordo da OMC é claro nos conceitos (comércio liberalizado, nada de subsídios) e mais claro ainda nas operações, quando aceitou conceder um período de graça aos americanos e europeus, subordinado à retirada gradual de toda a forma de subsídios (à produção, ao crédito, à exportação). Ao contrário do que pregam, e em oposição às regras internacionais que eles impingiram ao resto do mundo, os americanos aumentaram escandalosamente seus subsídios. Por exemplo, o Loan Deficiency Payment garante um preço para o produtor de soja de US$ 5,26 por bushel, o que significa risco zero para o produtor dos EUA, enquanto o brasileiro está totalmente entregue ao mercado.

MODELO FALIDO

Não há futuro para um modelo protecionista dessa ordem, a menos que todos os conceitos de livre comércio sejam jogados no lixo da História. Mesmo internamente os EUA praticam uma forma de discriminação entre seus produtores, pois os beneficiários maiores dos subsídios são os grandes agricultores, que embora detenham um quinto da área respondem por quatro quintos do subsídio recebido. Os demais sobrevivem como seus congêneres europeus ou japoneses, em regime de part time , ou seja, tendo a agricultura mais como bico e auferindo renda de outros empregos, aposentadorias, aplicações financeiras, etc. Assim como o Brasil foi forçado a encarar o monstro impiedoso da abertura de seu mercado e da liberalização comercial, que quase decepou nossa industria têxtil ou de autopeças, que aniquilou o cultivo de algodão, também a agricultura dos EUA deverá marcar encontro com a verdade dos fatos. Mesmo que seja para reerguer-se em outras bases e em outros padrões financeiros, comerciais e tecnológicos, como o Brasil o fez. E, de quebra, diminuir o ódio mortal que os EUA inspiram na população dos países onde o protecionismo comercial gera fome e pobreza. www.cultivar.inf.br

OMC

A primeira oportunidade pode ser em novembro, na reunião da OMC, em Doha, no Qatar (se a situação de beligerância no Oriente Médio o permitir). O Grupo de Cairns, formado por países que exportam produtos agrícolas (Brasil entre eles) luta para que sejam retirados os entraves às suas vendas, como as barreiras tarifárias e sanitárias, têm se reunido freqüentemente e deixado claro que não aceitam mais ser bobos da corte. Para vender óleo de soja na Europa pagamos 6,4%, no Japão 25%, nos EUA, 19% e na China inacreditáveis 112%. Maior produtor de laranja do mundo, o Brasil paga US$ 418 por tonelada de suco vendida aos EUA, ou 15,2% ao vender na Europa. A partir da adoção de cotas de importação de açúcar brasileiro, para proteger a ineficiente industria de açúcar de beterraba dos EUA, nossa exportação se reduziu em dois terços. Alegando a presença de febre aftosa temos o mercado de carne fechado nos EUA. Segundo maior exportador de frango, os EUA não aceitam importar do Brasil sem a certificação do APHIS, burocrática, cheia de exigências, como a prova da ausência de New Castle, já banida de nossos aviários.

ALCA

O segundo momento pode ser a negociação da ALCA. Está absolutamente certa a diplomacia brasileira, ao propor uma ação conjunta com o Grupo de Cairns. Corretissima a postura do Ministro Pratini de Morais, como acertadas estão as posições das instituições privadas brasileiras ao deixarem patente que somente iremos para a negociação da ALCA ou da OMC se todas as cartas estiverem em cima da mesa. A postura americana de tentar manter o status quo, ou agir como o time de futebol lá do primeiro parágrafo não nos interessa. Não é possível imaginar o Brasil como líder mundial da indústria de informática ou da exploração espacial, mas um cenário no qual o país desponte como líder dos agronegócios é perfeitamente factível. É por isso que negociar a ALCA somente faz sentido se for possível por um fim a protecionismos de toda a ordem, como subsídios, cotas, sobretaxas e outras barreiras. A única e solitária voz discordante foi a de Luiz Inácio Lula da Silva, ao elogiar entusiasticamente os subsídios que os franceses concedem à sua agricultura, que aumentam a pobreza nos países do Terceiro Mundo, inclusive no Brasil. Um acordo na ALCA ou na OMC, sem tratamento igualitário para todos os parceiros comerciais, equivaleria a retornar à Roma antiga com os nossos negociadores dirigindo-se ao Tio Sam dizendo: Ave Caesar, . morituri te salutant! Décio Luiz Gazzoni, Engenheiro Agrônomo Cultivar

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Mercado Agrícola - Brandalizze Consulting

Plantio começa e confirma avanço da soja O plantio da safra de verão está a todo o vapor, com a maior parte das áreas do milho e do feijão plantadas, com o primeiro perdendo espaço e o segundo ganhando. Também há avanço no uso de tecnologia. Mas o destaque deste ano é a Soja, cultura cuja área plantada deverá superar a marca dos 15 milhões de hectares, com as posições mais otimistas apontando que possa chegar aos 15,5 milhões de ha. Com isso já projetando a safra em 41 a 42 milhões de T. Os produtores estão otimistas e já negociaram parte da safra com indicativos vantajosos. Ainda devem haver fechamentos futuros nas próximas semanas, com chances de lucros antes mesmo da colheita. A cultura do Algodão que vinha em bom ritmo de crescimento nos últimos dois anos, deverá estabilizar já que os produtores encontraram dificuldade para negociar. Somente aqueles que tinham fechamentos antecipados conseguiram ter boa liquidez. O algodão continuará com liquidez pequena para o mercado interno onde as indústrias levam das mãos para boca. Para sair dessa situação será preciso disputar espaço no mercado externo. O arroz está com o plantio adiantado, com as lavouras do Sul sinalizando crescimento na área por causa do bom desempenho e altas cotações do segundo semestre. Os produtores gaúchos apontam para crescer cerca de 30 mil hectares e cerca de 5 mil a mais em Santa Catarina. Haverá estabilidade no Centro-Oeste, onde a soja ganhou espaço do arroz e do algodão e somente as áreas novas devem apresentar crescimento com o arroz. Os produtores estão satisfeitos com a agricultura neste ano e assim estão entrando forte com avanço tecnológico.

MILHO Esperando pelos compradores O mercado do milho estabilizou-se em outubro com poucos fechamentos. Como tivemos problemas com o trigo, que recebeu geadas e mostrou perdas, parte do produto vai para ração e também tivemos a entrada do Triticale. Com isso as indústrias de ração seguraram as compras do milho e mantiveram as cotações estabilizadas. O quadro deve mudar em novembro, com crescimento na procura para formar estoques. Podendo haver pressão de alta. Algumas lavouras tiveram que ser replantadas no Sudoeste do Paraná em função das geadas que pegaram as lavouras do cedo, devendo atrasar a entrada da nova safra.

SOJA Queda e estabilidade O mercado da soja mostrou queda nos indicativos em Chicago em outubro, período de colheita da safra dos EUA. O USDA veio com números da safra acima do que o mercado esperava, apontando para as 79,1 milhões de T, contra as 76/77 milhões esperadas. Isso também derrubou os indicativos. Por aqui o quadro já era de entressafra, com pouco produto em oferta e pressão para manter os indicativos. Como os compradores não tinham como derrubar as cotações pagaram acima do que liquidaria na exportação, buscando repassar as posições no farelo e no óleo. A safra nova mostrou pouco movimento em outubro, período que normalmente não é vantajoso para os produtores porque é a colheita dos norte-americanos. Continuaremos com poucas ofertas e os vendedores fazendo as cotações da soja, com fechamentos localizados. Muitas indústrias podem entrar em manutenção neste mês.

ARROZ Leilões limitam o crescimento O governo colocou parte dos seus estoques no mercado em outubro e segurou os avanços do arroz que chegou a superar a marca dos R$ 20,00 por saca, tanto no Rio Grande do Sul como também para o ponta no Mato Grosso. Com a grande venda dos es38

Cultivar

toques oficiais as cotações caíram um pouco, para os R$ 19,00 e levemente abaixo no Sul e R$ 18,00 no Centro-Oeste. Mesmo assim, o mercado atual é vantajoso aos produtores que plantaram com boa tecnologia e avançaram em produtividade e qualidade do produto final.

do produto novo. Os indicativos praticados continuaram estabilizados de R$ 45,00 aos R$ 55,00 por saca para o Carioca. O Preto, escasso, é negociado de R$ 80,00 até, em alguns casos, acima dos R$ 90,00.

FEIJÃO

Geadas e chuvas na colheita

Geadas tomam lavouras no Sul O feijão da primeira safra foi afetado pelas geadas do final de setembro. Muitas áreas foram atingidas no Oeste do Rio Grande do Sul, sul e sudoeste do Paraná, onde as primeiras lavouras foram replantadas. Com isso, a entrada das primeiras lavouras, previstas para o final de novembro, acontecerá em dezembro e as replantadas entram somente em janeiro. Novamente, estaremos espaçando a entrada

TRIGO Os produtores apontam perdas com as geadas que atingiram o Paraná, principalmente da região de Guarapuava. Houve perdas também pelo excesso de chuvas de outubro, que afeta a qualidade. Assim se aponta que entre 250 e 350 mil T do trigo deverão ir para ração. Há indicativos de que os moinhos receberão trigo com pH menor neste ano. Os indicativos estiveram girando dos R$ 290,00 aos R$ 320,00 por T. É uma boa cultura para os produtores, já que a produtividade cresceu e tem dado bons ganhos.

CURTAS E BOAS ALGODÃO - os produtores ainda estão indefinidos sobre a realidade do novo plantio. Mostrando que aqueles que estão estruturados devem manter a área. Os avulsos ou temporários, que não tiveram boa liquidez, devem migrar para a soja. A safra deve ter excelente qualidade e produtividade, já que os produtores que ficam são os mais tecnificados e capitalizados. ARROZ - as exportações previstas para este mês foram inviabilizadas pelo avanço ocorrido internamente e assim o governo pretende usar os estoques para atender a demanda interna e parte para usar no ano que vem, que terá eleição e normalmente cresce o consumo dos alimentos básicos. SOJA - o USDA em seu relatório de outubro mostrou a safra mundial 2001/2002 com 180 milhões de T, contra as 173 do ano passado, sinalizando crescimento no consumo mundial que deverá aumentar cerca de 7 milhões de T, e equilibrar a oferta e demanda. Também prevê a safra de 27 milhões de T para Argentina. MILHO - as exportações continuam a todo o vapor, com cerca de 4,2 milhões de T registradas. Como o mercado interno esteve em ritmo lento, há indicativos que poderemos bater a casa das 5 milhões de T embarcadas nesta safra. FEIJÃO - neste mês deveremos ter a entrada de pequenas áreas, já que grande parte foi afetada pelas geadas, teremos colheita localizada e escalonada no final do mês, favorecendo os produtores.

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Novembro de 2001



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