®
10
Ano IV - Nº 38 Abril / 2002 ISSN - 1518-3157 Empresa Jornalística Ceres Ltda CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 76,00
Praga no café
Especialista mostra como fazer o controle adequado da broca-do-café
(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Soja na estiagem
Números atrasados: R$ 8,00 Diretor:
Newton Peter
18
Editor geral:
Produzir em tempos de seca é um desafio a ser vencido pelos agricultores
Schubert Peter Redação
Pablo Rodrigues Charles Ricardo Echer Design Gráfico e Diagramação:
26
Fabiane Rittmann
Lesmas
Marketing:
Neri Ferreira
Saiba como manejar esta praga extremamente prejudicial à sua lavoura
Circulação:
Edson Luiz Krause Assinaturas:
Simone Lopes Ilustrações:
Rafael Sica
Arroz contra a fome
Editoração Eletrônica:
Index Produções Gráficas
32
Fotolitos e Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
O arroz é apontado como futura fonte mundial de suprimento de calorias
Mascote:
Missy NOSSOS TELEFONES:
(53)
GERAL / ASSINATURAS: 272.2128 REDAÇÃO : 227.7939 / 272.2105 / 222.1716 MARKETING: 272.2257 / 272.1753 / 225.1499 / 225.3314 FAX: 272.1966
Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br
índice Diretas Força para o trigo Controle da broca-do-café Tratamento de sementes de algodão Escala do algodão Soja em tempo de estiagem Doenças da soja Deterioração ronda a soja Coluna da Aenda Proliferação de lesmas na lavoura Análise de sementes de arroz Arroz no combate à fome Congresso Brasileiro de Plantas Daninhas Ferrugem da soja no MS Agronegócios Mercado agrícola
Nossa capa 04/05 06 10 14 16 18 20 22 25 26 29 32 34 35 36 38
Foto Capa / Paulo Rebelles Reis Fêmea adulta da broca em fruto de café no estádio de “chumbão” mostrando orifício produzido no centro da coroa
diretas Não-Me-Toque
Fundação Bahia
Um dos principais eventos agrícolas do Nordeste, o dia de campo da Fundação Bahia, promoção conjunta com a Associação dos Irrigantes da Bahia (AIBA), este ano teve a presença do ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, que não só percorreu a pé as oito estações do evento, como ouviu boa parte das exposições técnicas. O dia de campo de soja foi realizado no dia 9 de março na Fazenda Acalanto, dos irmãos Walter e Wilson Horita, município de São Desidério, a 180 km de Barreiras, com a participação de mais de 800 produtores.As exposições técnicas englobaram preparo de solo, nutrição, pragas e doenças, novas cultivares e vários aspectos da mecanização agrícola (ver pág. 20/21).
Ministro Pratini de Moraes (centro)
Girassol no motor
Algodão baiano
O algodão baiano promete alta produtividade nesta safra. O período de estiagem de fevereiro/março deixou apreensivos os produtores, que temiam sua prolongação no momento de formação das maçãs. Porém as chuvas chegaram na hora certa e alimentou a perspectiva de grande produção.
A substituição de óleo diesel por óleo de girassol em motores de máquinas agrícolas está chamando a atenção. A novidade é resultado de pesquisa coordenada pelo engenheiro agrônomo, Dilson Rodrigues Caceres, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo. O óleo vegetal apresentou um rendimento 10% maior no motor e o custo de produção é 20% menor em comparação com o custo de produção do litro de diesel.
Mudas
Portaria da Secretaria de Desenvolvimento Rural criou Comissão Técnica de Mudas para rever a legislação referente ao padrão de produção e comercialização de mudas para fruticultura ou plantio florestal. A engenheira agrônoma do SNPC, Vera Lúcia Machado, explica que a atual legislação está defasada e merece uma atualização o mais rápido possível. A Comissão técnica é formada por órgãos públicos e privados ligados ao setor.
Fumacê³
O pesquisador Peter Schuller desenvolveu um produto para eliminação de formigas cortadeiras, responsáveis por grandes prejuízos em canaviais, pastagens e áreas de reflorestamento. O invento, batizado como Fumacê³, consiste em um tubo de 65 gramas contendo formulação fumigante em pasta. O tubo é introduzido no olheiro e quando iniciada a fumigação preenche panelas e galerias, eliminando formigas e fungos de forma eficiente, prática e com custo acessível.
Recorde em vendas
FeniCafé
Reinaldo Caetano, Presidente da Associação dos Cafeicultores de Araguaia, avaliou a Fenicafé deste ano como um sucesso. A feira que aconteceu de 20 a 22 de março, em Araguari, Minas Gerais, teve um aumento de 25% no público participante. Das 70 empresas participantes neste ano, 90% já confirmaram presença na edição do ano que vem, que acontece de 19 a 21 de março.
O prefeito de Não-Me-Toque (RS), Armando Ross, e sua esposa, visitaram o estande da Revista Cultivar na Expodireto. Armando disse estar investindo na cidade como forma de atrair novos investimentos. Durante os dias do evento, os hotéis da cidade estiveram lotados a ponto de os moradores alugarem suas casas para os visitantes. A Expodireto trouxe a Não-Me-Toque grandes benefícios sociais como a demanda por mão-de-obra. O desemprego caiu a zero nos dias do evento.
Reinaldo Caetano
A Expodireto Cotrijal 2002 encerrou no dia 22 de março com um recorde em vendas. Nos quatro dias de exposição, só as instituições financeiras fecharam contratos que atingem R$ 53.647.000,00. O presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, disse que ainda não há condições de apresentar os valores finais porque muitas empresas têm financiamentos diretos, como é o caso de colheitadeiras e tratores, assim como não foram computados os valores de negociação ocorridas nos setores de sementes, defensivos e fertilizantes. Ele adiantou que só uma dessas empresas vendeu R$ 4 milhões.
Peter Schuller
Grupo Cultivar
O Grupo Cultivar recebeu prêmio por ter participado da cobertura jornalística da Expodireto, em Não-Me-Toque (RS). Otávio Pereira, do Marketing da Cultivar Máquinas, esteve presente ao auditório da Expodireto Cotrijal para receber a premiação em nome da empresa.
Guilherme Minozzo
Altech
A Alltech do Brasil, empresa especializada em biotecnologia animal, participou pela primeira vez da 3ª Expodireto Cotrijal, onde apresentou ao público a campanha Aprovado pelo Produtor , além de toda sua linha de produtos. A campanha mostrou depoimentos de produtores, especialmente de leite, sobre as vantagens do uso dos inoculantes Sill-All C4 e Maize-All nas silagens utilizadas para alimentação do gado.
04
Cultivar
Até quando?
O desperdício de grãos no transporte continua sendo um dos grandes males da agricultura brasileira. A foto mostra parte da estrada que liga São Desidério e Barreiras na Bahia. A quantidade de grãos de milho caídos à beira do caminho é assustadora. Até quando os produtores vão continuar perdendo boa parte da sua produção para as estradas?
www.cultivar.inf.br
Abril 2002
Trigo
Divulgação Embrapa Soja
Força para o trigo
As novas cultivares de trigo para o mercado paranense – BRS 117, BRS 193, BRS 193 e BRS 208 – trazem diversas vantagens aos produtores, além de incentivar a triticultura nacional
C
om a divulgação do plano de recuperação da triticultura brasileira, em fevereiro, o governo federal, apoiado pelo setor produtivo e pela pesquisa, pretende ampliar a área cultivada com trigo no Brasil e, conseqüentemente, diminuir a dependência brasileira da Argentina. O primeiro passo para estimular a produção de trigo foi a ampliação do preço mínimo pago pela tonelada, que subiu de R$ 225 para R$285. Esses valores representam um aumento de 26% nos valores pagos aos produtores do Sul, região tradicional no cultivo do grão. Na tentativa de estimular o plantio na região Centro-Oeste, o governo se propõe a pagar R$300 a tonelada. Todo esse es06
Cultivar
forço porque, na última safra, o Brasil produziu apenas 3 das 10 milhões de toneladas de trigo que consome, importando 80% do produto da Argentina. Com o lançamento da Estratégia para Recuperação da Triticultura Nacional, o governo federal espera, na safra 2002, que o Brasil produza 600 mil toneladas a mais de trigo. E até 2006, a expectativa é de que o país consiga suprir em 60% a demanda interna. Esta retomada da triticultura está sendo possível porque, há muito tempo, a pesquisa vem desenvolvendo tecnologias adequadas para o Brasil. A Embrapa, por exemplo, lançou no ano passado, cultivares com alto potencial de rendimento e força de glúten, características www.cultivar.inf.br
que conferem volume e qualidade industrial para a produção de pão, reivindicação antiga da indústria moageira nacional. O Paraná é o maior produtor de trigo do Brasil. Na última safra, foram cultivados 800 mil hectares, com produção estimada de 1,7 milhão de toneladas do cereal, o que representa mais de 50% da safra brasileira. Dentre os recentes lançamentos da Embrapa, está a cultivar BRS 193. Sua principal característica é o potencial de rendimento de quatro mil quilos por hectare, cerca de 5% acima das cultivares com as quais foi comparada. Esse material atende a grande demanda do mercado de farinha para fabricação de pão de forma ou francês.
...
Abril de 2002
A BRS 193 possui grão de glúten forte (W = 267), indicado para a produção de pães, característica exigida pela indústria moageira. A nova cultivar apresenta ciclo precoce, resistência ao acamamento. É suscetível ao oídio, porém apresenta moderada tolerância às demais doenças do trigo. A cultivar é indicada para as regiões Norte e Centro Oeste do Paraná. Futuramente, pretende-se indicá-la para São Paulo e para as regiões irrigadas nos Cerrados do Brasil Central. Outra nova cultivar de trigo, altamente produtiva é a BRS 208, que pode ser plantada em todo o estado do Paraná. Nos experimentos, essa cultivar superou os cinco mil quilos por hectare, produtividade 15% superior às testemunhas com as quais foi comparada. Os dados de qualidade, obtidos de grande número de amostras coletadas nas diferentes regiões do Paraná, indicam que a BRS 208 apresenta elevados valores de peso do hectolitro e excelente força de glúten (W=282). Portanto, produz farinha de qualidade que atende à demanda da indústria moageira: trigo da classe Pão.
Fotos Divulgação Embrapa Soja
...
A BRS 192 é uma cultivar de porte médio e resistente ao acamamento
próximos anos deverá ser indicada, também, para Mato Grosso do Sul, São Paulo e os Cerrados do Brasil Central. A BRS 208 é uma opção para os agricultores que
Luis César fala sobre as novas cultivares de trigo para o mercado paranaense
A BRS 208 é resistente às principais doenças do trigo: oídio e ferrugem da folha. Outra importante característica do novo material genético é a tolerância à presença de alumínio, elemento tóxico encontrado em cerca de 60% dos solos paranaenses. Apesar de, inicialmente, estar indicada apenas para o Paraná, a BRS 208 tem apresentado ampla adaptação e nos 08
Cultivar
desejam reduzir os custos de produção, porque pode produzir satisfatoriamente sem grandes investimentos com o controle de doenças. Isso contribui para que o produtor de trigo brasileiro se torne mais competitivo. As cultivares BRS 208 e BRS 193 são as primeiras cultivares de trigo desenvolvidas no Paraná pela Embrapa Soja, (Londrina - PR) em cooperação com a www.cultivar.inf.br
Embrapa Trigo, (Passo Fundo - RS). Uma terceira cultivar indicada para o Centro Oeste e Sul do Paraná, é a BRS 192. Trata-se de uma cultivar de excelente potencial de rendimento, cerca de 15% superior à média das testemunhas. Em ensaios, atingiu produtividades superiores a três mil quilos por hectare. Produz farinha de média força de glúten (W =167), própria para fabricação de bolachas, biscoitos e pizzas. Seu ponto forte é fornecer farinha mais clara, ajudando no branqueamento das farinhas mais escuras. A BRS 192 é de porte médio, resistente ao acamamento. Quanto às doenças, o oídio é o que requer maior atenção nesta cultivar. É moderadamente resistente à ferrugem da folha e destaca-se por apresentar boa sanidade de espigas. Isso facilita o controle de doenças pelos produtores, diminuindo o custo de produção. Específica para o Sul e para as zonas mais frias do Centro Oeste do Paraná, a BRS 177 é outro lançamento para o Paraná. O material apresenta alto potencial de rendimento, possui boa tolerância às principais doenças, inclusive resistência ao vírus do mosaico do trigo. Destaca-se, também, pela melhor resistência às doenças da espiga, como a giberela. A BRS 177 possui, ainda, resistência à germinação da espiga, quando ocorrem períodos chuvosos na . colheita. Dionisio Brunetta, Sergio Dotto e Luis César Tavares, Embrapa Soja Abril de 2002
Nossa capa do tipo 2 ao tipo 7 com o aumento da infestação. As perdas aumentam na operação de beneficiamento devido à fragilidade que o grão atacado passa a apresentar. A qualidade da bebida do café parece não ser diretamente influenciada pelo ataque da broca, mas sim indiretamente pela facilidade que os danos proporcionam à penetração de microorganismos, como fungos dos gêneros Fusarium e Penicillium, que estão relacionados com a alteração da qualidade da bebida do café. Os danos provocados pela broca começam quando a infestação, nos frutos da primeira florada, atinge 3 a 5%. No estado de Minas Gerais, este índice geralmente ocorre a partir de novembro na Zona da Mata e janeiro no Sul de Minas, ocasião em que os frutos, ainda muito aquosos, se apresentam já desenvolvidos e aptos a serem perfurados pelos adultos da broca. No Sul de Minas, próximo à represa de Furnas, esse nível de infestação pode ocorrer a partir de novembro, devido às condições mais propícias à praga.
Prejuízo certo Controle a Broca-do-café - segunda praga em importância desta cultura no Brasil - capaz de causar aumento de 46% na queda dos frutos
A
ro de cor preta, luzidio, medindo a fêmea cerca de 1,7 mm de comprimento por 0,7 mm de largura. O macho é menor e apresenta cerca de 1,2 mm de comprimento por 0,5 mm de largura. Os machos não voam e permanecem constantemente dentro dos frutos onde se realiza a cópula e fecundação das fêmeas. As fêmeas perfuram os frutos, desde verdes (chumbões) até maduros (cerejas) ou secos (passas), geralmente na região da coroa, cavando uma galeria com cerca de 1 mm de diâmetro até atingir a semente.
CONTROLE
Serão discutidas, além do controle químico tradicional, algumas formas de controle natural ou aplicado, que podem auxiliar na redução da praga, porém nem sempre com eficiência que permita reduzir danos.
DANO
O ataque da broca-do-café causa a redução do peso dos grãos, queda de frutos (prejuízo quantitativo) e redução da qualidade do café através da alteração no tipo e às vezes da bebida (prejuízo qualitativo). Os danos são causados pelas larvas do inseto, que vivem no interior do fruto de café, atacando uma ou as duas sementes para sua alimentação, podendo a destruição do fruto ser parcial ou total. Inicialmente os prejuízos são ocasionados pela queda de frutos. Para o cafeeiro arábico (Coffea arabica L.) foi constatado
CONTROLE FÍSICO
Fotos Paulo Rebelles Reis
broca-do-café, Hypothenemus hampei (Ferrari, 1867) (Coleoptera: Scolytidae) é considerada, atualmente, e para a maioria das regiões cafeeiras do Brasil, a segunda praga em importância depois do bicho-mineiro. Conhecida no Brasil desde 1922, e que até 1970 era considerada a principal praga do cafeeiro, passou a ser a segunda ou até terceira praga em importância na maioria das regiões cafeeiras do país, com exceção da Zona da Mata de Minas Gerais, estados do Espírito Santo e Rondônia, e lavouras muito próximas às grandes represas em qualquer região, devido às condições de alta umidade e temperatura nesses locais, condições ideais para o desenvolvimento do inseto. O motivo deste fato foi que a partir da constatação da ferrugem-do-cafeeiro, Hemileia vastatrix Berk. e Br., e da necessidade de novo sistema de plantio, mais aberto e arejado, para propiciar o controle da doença, ocorreram condições desfavoráveis à sobrevivência da broca, fato que pode ser revertido com a crescente adoção de cafezais adensados ou muito sombreados. O inseto adulto é um pequeno besou-
Fruto broqueado; adulto na entrada da galeria, já morto pelo fungo Beauveria bassiana, exibindo micélio do fungo
10
Cultivar
www.cultivar.inf.br
Corte de um fruto de café mostrando a broca morta antes de danificar a semente, e exibindo micélio do fungo Beauveria bassiana
que a broca aumenta a porcentagem de queda natural de frutos da ordem de 8 a 13%; para cafeeiro canéfora (Coffea canephora Pierre & Froenher) a broca pode ser responsável por um aumento da queda de frutos da ordem de 46%. Os frutos broqueados que permanecem Abril de 2002
nas plantas sofrem redução de peso, tendo sido já demonstrado experimentalmente, em Minas Gerais, que essas perdas podem chegar a 21% ou 12,6 kg por saco de 60 kg de café beneficiado (Tabela e Figura). Foi constatado que a qualidade do café ficou alterada com o ataque da broca, passando Abril de 2002
Adultos da broca (fêmeas) são atraídas pelo álcool etílico (etanol) e por esse motivo as armadilhas, chamadas de armadilhas de etanol, podem ser utilizadas para monitoramento da broca, e mesmo controle, pois capturam fêmeas adultas responsáveis pela disseminação e procriação da praga. A adição ao etanol de álcool metílico (metanol), na proporção de 1:3, e 0,5 ml de óleo de café melhora a eficiência de atratividade das armadilhas. Essas armadilhas podem ser confeccionadas com garrafas plásticas vazias de refrigerante de dois litros.
CONTROLE CULTURAL
Constitui-se talvez no mais eficiente método de controle da broca-do-café. Os cafezais devem ser plantados em espaçamentos que permitam um maior arejamento e penetração de luz a fim de propiciar baixa umidade do ar em seu interior, condições que são desfavoráveis à praga. A colheita do café deve ser muito bem feita, devendo ser evitado que fiquem frutos nas plantas e no chão, nos quais a broca poderá sobreviver na entressafra. Após a colheita, caso tenham ficado muitos grãos nas plantas e no chão, é recomendável fazer o repasse ou catação dos frutos rewww.cultivar.inf.br
Detalhe da broca morta na entrada da galeria, antes de danificar a semente, exibindo micélio do fungo B. basiana
manescentes da colheita. Estudo realizado com cafeeiro da espécie C. canephora cv. Conilon, no Espírito Santo, mostrou cinco meses após a colheita que cerca de 71,7 % dos frutos remanescentes estavam atacados pela broca, o que evidencia a importância da colheita bem feita e do repasse. Em 2000, no estado de Rondônia, a infestação média de frutos na entressafra, caídos no solo, foi de até 76,3 %. A colheita deve ser sempre iniciada nos talhões que apresentem cafeeiros mais infestados, a fim de que sejam evitados maiores prejuízos, pois a broca apresenta grande capacidade de reprodução e, em anos de alta infestação, os últimos talhões a serem colhidos apresentarão, sem dúvida, grande população de broca e, conseqüentemente, maiores prejuízos.
CONTROLE BIOLÓGICO
Numa tentativa de controlar biologicamente a broca-do-café, foi introduzido, em 1929, no estado de São Paulo, proveniente de Uganda, África, o microhimenóptero Prorops nasuta Waterston, 1923 (Hymenoptera: Bethylidae) que recebeu o nome vulgar de vespa-de-Uganda, que parasita larvas e pupas da broca. Liberada em grandes quantidades, não só em São Paulo, mas também no Sul de Minas, teve a princípio boa performance no controle da broca, porém não conseguiu se estabelecer em condições naturais, a não ser em algumas regiões cafeeiras montanhosas, onde até hoje pode ser encontrada. O insucesso do controle é em parte atribuído ao uso, na época, do inseticida BHC. Insucesso também aconteceu com a introCultivar
... 11
... dução dessa vespa na Indonésia e Ceilão.
Após 40 anos da introdução da vespa no estado do Paraná foi constatada a aclimatação dessa espécie, apesar das geadas e do uso de inseticidas. No estado do Espírito Santo, foi encontrada infestação natural da vespa-de-Uganda da ordem de 2,3 % nos frutos remanescentes, após cinco meses da colheita. A partir de 1994 vem sendo estudada a eficiência de outra vespa introduzida também da África, a Cephalonomia stephanoderis Betrem, 1961 (Hymenoptera: Bethylidae) e conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim. Acredita-se ser esta espécie mais agressiva que a vespa-de-Uganda. Espera-se que a liberação de parasitóides, criados em laboratório, no período da entressafra, reduza a população da broca para a safra seguinte de café. Uma forma de liberação é com o uso de sacolas de filó, dependurados nos cafeeiros, com grãos de café broqueados e as vespinhas. As larvas da vespa são parasitóides das fases imaturas da broca, e os adultos são considerados predadores de ovos, larvas pequenas e adultos da broca-do-café. Também está sendo estudada a possibilidade de utilização de outro parasitóide, o chamado endoparasitóide de adultos da broca-do-café ou vespa-do-Togo, o microhimenóptero Physmatichus coffea La Salle (Hymenoptera: Eulophidae). Traba-
12
Cultivar
CONTROLE COM EXTRATOS VEGETAIS
lho de simulação sugere que dos três parasitóides, somente P. coffea exibe características demográficas para potencialmente controlar populações de broca. Um predador ocasional encontrado no Brasil é a formiga Crematogaster curvispinosus Mayr, 1862 (Hymenoptera: Formicidae) que destrói, nos frutos, grande número de formas imaturas da broca.
Embora ainda no início, pesquisas com extratos de plantas mostram resultados promissores no controle da broca-do-café. Em laboratório já foi demonstrado o efeito do extrato hexânico (hexano como solvente) de folhas de chagas, Tropaeolium majus (Trapeolaceae), planta conhecida também como sete-chagas ou capuchinha, e também do extrato de mentrasto (Ageratum conyzoides L.) (Compositae, Asteraceae) no controle de adultos da broca.
Perda de peso de café beneficiado em função da porcentagem de infestação pela broca-do-café
CONTROLE QUÍMICO
A fim de que o controle seja iniciado em época correta, deve-se proceder as amostragens periódicas dos frutos, nos diversos talhões da lavoura, começando pelas partes mais baixas e úmidas. As amostragens devem ser em 50 plantas por talhão (cafeeiros plantados em áreas mais ou menos homogêneas), colhendo-se 100 frutos da primeira florada/planta, preferencialmente 25 de cada face, contando-se os frutos sadios e broqueados. Embora seja uma operação bastante trabalhosa, o monitoramento é de suma importância para o manejo da broca. Amostradores experientes podem fazer a avaliação da infestação sem retirar frutos dos ramos, porém sem a precisão necessária. Atualmente também já está disponível a amostragem seqüencial, rápida e com resultados confiáveis. Na prática o tamanho dos talhões pode ser delimitado por: a) carreadores e pendentes; b) idade das plantas; c) porte das plantas e outras características que permitam separar a lavoura em grupos menores de cafeeiros. Elaborar um mapa de localização dos talhões para facilidade de identificação. Como o ataque não se distribui uniformemente numa lavoura, recomenda-se o controle apenas nos talhões cuja infestação já atingiu 3 a 5% dos frutos (com brocas vivas no interior) na época do chamado trânsito do inseto (deslocamento de um fruto para outro). Portanto, na maioria das vezes, o controle não é feito em toda a lavoura, mas, limitando-se a alguns talhões.
Porcentagem de infestação
Abril de 2002
Paulo Rebelles mostra como controlar a broca-do-café
A inspeção deve continuar em todos os talhões, mesmo naqueles já controlados (onde os frutos devem ser abertos para verificar se as brocas estão vivas ou mortas), até que passe o período crítico de ataque, que se estende até próximo da colheita. Quando a infestação atingir os índices recomendados para controle, o mesmo deve ser repetido, respeitando-se os limites de carência dos inseticidas. Geralmente uma só pulverização tem sido suficiente para o controle da broca. Lavouras velhas e fechadas requerem maiores cuidados, pois em tais condições são mais suscetíveis ao ataque da broca. O inseticida recomendado para o con-
trole é o Endosulfan 350 g /l CE à razão de 1,5 a 2,0 l /ha, ou a 0,5% (500 ml do produto comercial /100 l de água, com gasto de água a partir de 300 l /ha). Adicionar espalhante adesivo à calda inseticida. Embora seja um produto químico, o Endosulfan é considerado seletivo a microhimenópteros que são parasitóides de pragas. O controle da broca pode ser feito simultaneamente com o controle da ferrugem e aplicação de micronutrientes via foliar, pois há uma coincidência de época para . tais operações. Paulo Rebelles Reis, EPAMIG / EcoCentro
Média de perda de peso, porcentagem de redução de produção e perda de peso em café beneficiado segundo o grau de infestação pela broca
0 1 3 5 7 10 20 40 50 80 100 www.cultivar.inf.br
EPAMIG
Paulo Rebelles Reis
Corte de um fruto de café mostrando uma das sementes, totalmente, danificadas
Outro agente de controle biológico da broca, já constatado no Brasil, é o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana (Bals.) Vuil., cuja multiplicação em grande escala vem sendo desenvolvida através de pesquisas, porém ainda sem uma perspectiva de uso eficiente. As condições que favorecem a infestação de B. bassiana são o tempo nublado e alta umidade relativa (cerca de 80%). Essas condições ideais para o fungo nem sempre são encontradas em cafezais com espaçamento convencional, o que provavelmente torna os cafeeiros adensados, sombreados ou arborizados, como promissores ao controle da broca com o uso de fungos entomopatogênicos. O fungo Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorokin (Deuteromycotina: Hyphomycetes, Moniliaceae) é um agente de controle biológico também promissor no controle da broca, tendo sido já constatado mais de 60% de mortalidade após três dias da aplicação, numa concentração de 1,5 x 108 conídios /ml, aplicados diretamente sobre os insetos ou indiretamente nos grãos e folhas.
Abril de 2002
Peso médio de 1.200 sementes (g)
Porcentagem de redução da produção em peso
Perda de peso em café beneficiado (g/60 kg)
Observado
Esperado
Observado
Esperado
Observado
Esperado
401,8 401,7 399,1 396,1 393,9 393,3 385,0 371,2 361,4 332,5 317,2
402,0 401,2 399,2 397,4 396,5 393,8 385,3 370,5 358,1 332,4 317,2
0,025 0,697 1,419 1,966 2,116 4,181 7,616 10,055 17,314 21,055
0,199 0,697 1,144 1,368 2,040 4,154 7,836 10,920 17,314 21,055
14,9 418,1 851,2 1.179,7 1.269,3 2.508,7 4.569,4 6.032,8 10.348,4 12.633,2
119,4 417,9 686,6 820,9 1.223,9 2.492,5 4.701,5 6.552,2 10.388,0 12.656,7
www.cultivar.inf.br
Cultivar
13
Semente protegida O
uso de sementes como método de propagação de plantas constitui uma atividade universal, utilizada no cultivo de, aproximadamente, 90 % das espécies de importância econômica. A semente é um insumo biológico, sujeito a interferências diversas e que exerce influência direta sobre o sistema produtivo. Portanto, a sua qualidade é fundamental para o sucesso de um empreendimento agrícola. A associação de patógenos às sementes pode ser vista sob diferentes pontos de vista, porém a dimensão econômica dependerá da resultante de cada interação patógeno-hospedeiro. Assim sendo, o significado econômico da sanidade das sementes tem uma estreita relação com o nível de dano que uma determinada doença poderá causar, considerando, ainda, a capacidade de transmissão do patógeno através da semente. Deve-se considerar, ainda, que patógenos associados às sementes, mesmo que não sejam por elas transmitidos ou que as doenças decorrentes de sua transmissão não expressem graus de intensidade significativos, há o efeito sobre a qualidade fisiológica, com reflexos diretos na planta. A semente constitui um dos mais importantes meios de disseminação de pa14
Cultivar
tógenos do algodoeiro. Estes, podem ser transportados para áreas indenes tanto na superfície interna quanto na externa das sementes. Além disso, restos de cultura associados a lotes de sementes conduzidos sob as mais diversas formas de armazenamento, constituem um risco permanente à introdução de patógenos em áreas onde estes ainda não foram constatados. Por outro lado, há os patógenos do solo que também podem afetar as sementes e plântulas, induzindo o tombamento de pré e pós-emergência, afetando o stand final e, conseqüentemente, a produção. Para minimizar os prejuízos causados por patógenos associados às sementes ou indutores de tombamento de plântulas, o tratamento químico das sementes apresenta-se como uma prática indispensável, onde as condições edafo-climáticas são favoráveis à ação dos mesmos. Diferentes fungicidas, com princípios ativos diversos e de amplo espectro de ação, encontram-se disponíveis no mercado. O tratamento químico visa erradicar ou reduzir a baixos níveis, os fungos associados às sementes, bem como oferecer proteção a estas e às plântulas contra fungos patogênicos habitantes do solo, tendo como conseqüência um melhor percentual de germinação das sementes e emergência de plântulas, evitando, tamwww.cultivar.inf.br
O tratamento de sementes de algodão é abordado por Goulart
bém, o rápido crescimento de epidemias no campo, pela redução do nível de inóculo inicial. Do ponto de vista do manejo integrado de doenças, é um dos métodos mais simples, de baixo custo e contribui para o
aumento da produtividade da cultura. Do ponto de vista ambiental, apresenta a vantagem de não promover alteração na biologia do solo, tendo em vista a quantidade mínima empregada por hectare, a qual é rapidamente diluída e degradada no solo. O tratamento de sementes é recomendado quando estas encontram-se contaminadas por fungos, identificados através de testes de sanidade; quando as condições de semeadura são adversas ao hos-
pedeiro, sobretudo em solos frios e úmidos, bastante favoráveis à ocorrência de tombamento; em casos de rotação de culturas ou plantio em áreas recém-abertas ou com histórico de tombamento. Os principais patógenos, considerados como alvos para o tratamento químico das sementes do algodoeiro são: Rhizoctonia solani, principal agente causador do tombamento de plântulas no Brasil; Colletotrichum gossypii, agente causal da antracnose do algodoeiro e o Colletotrichum gossypii, var. cephalosporioides, agente causal da ramulose. O complexo de fungos que induz o tombamento de plântulas do algodoeiro ainda registra os fungos Fusarium spp., Pythium spp., Macrophomina phaseolina e Botriodiplodia theobromae. As principais espécies de Fusarium associadas ao tombamento do algodoeiro são: Fusarium moniliforme, F. oxysporum e Fusarium solani. A presença e ação dos mesmos, depende do ambiente e local. Os fungicidas utilizados no tratamento de sementes podem ser os protetores ou de contato e os sistêmicos. Os primeiros têm a vantagem de apresentar amplo espectro, sendo efetivos no controle de diversas espécies de fungos presentes no solo ou na semente, porém, apresentam baixo poder residual, atuando sobre as plântulas por curto espaço de tempo. Os sistêmicos podem controlar os fungos diretamente na semente, por meio de doses menores e atuam sobre patógenos presentes no solo, tendo efeito protetor, erradicante e curativo. Além disso, apresentam menos problemas de fitotoxicidade e têm alto poder
residual (Tabela). É recomendável que seja feita uma avaliação da qualidade sanitária e fisiológica do lote de sementes a ser tratado, antes que se proceda o seu tratamento. Um histórico da área onde será feita a semeadura pode constatar a presença de patógenos para os quais o tratamento pode ser direcionado, aumentando a probabilidade de acerto na escolha do fungicida. O organismo alvo é o primeiro aspecto a ser considerado na escolha do produto. Além de ser de fácil execução, ser seguro para o homem e o ambiente, tendo em vista as baixas doses aplicadas, da ordem de 50 m2/ha, o tratamento químico Cultivar
Fotos Embrapa Algodão
Cultivar
Algodão
Alderi fala sobre os fungicidas empregados no tratamento de sementes de algodão
Tabela 1. Fungicidas empregados no tratamento de sementes de algodoeiro Nome técnico Captan Thiran Difenoconazole Tolylfluanid Pencycuron Quintozene (PCNB) Carboxin +Thiran Benomyl Carbendazin Triadimenol
O correto tratamento de sementes evita o tombamento em algodão
Produto comercial
Dose para 100kg de sementes
Captan 750 TS Rhodiauran 500 SC Spectro Euparen 50 WS Monceren 50 PM Kobutol/Brassicol Vitavax-Thiran 200 SC Benlate 500 Derosal 500 SC Baytan FS
Ingrediente ativo 120g 280ml 5ml 75g 150g 300g 100 +100ml 100g 40ml 30ml
Fonte: Goulart, 1998
Abril de 2002
Abril de 2002
www.cultivar.inf.br
Produto comercial 160g 560ml 33,4ml 150g 300g 400g 500ml 200g 80ml 200ml
da semente oferece proteção contra patógenos das sementes e do solo durante um período que se estende ao início do estabelecimento da cultura, propiciando condições para a uniformidade do stand e vigor às plântulas nos primeiros dias após a emergência. Ademais o custo do tratamento de sementes de algodoeiro representa apenas 0,17% do custo total de produção da cultura por hectare, apresentando, assim, uma relação custo/benefício favorável, tendo em vista a obtenção de populações uniformes e adequadas de plantas, evitando-se custos adicionais . com o replantio. Alderi Emídio de Araújo, Embrapa Algodão Augusto César Pereira Goulart, Embrapa Agrpecuária Oeste Cultivar
15
Algodão
Escala do algodão Um sistema de referência para a determinação de fases de crescimento e desenvolvimento do algodoeiro
U
ma escala de crescimento e desenvolvimento do algodoeiro identifica, de forma mais precisa, cada uma das fases da planta, independente da variedade, época ou local de plantio. Este trabalho foi apresentado recentemente em congressos nacionais e internacionais de algodão, com grande aceitação por parte da comunidade científica, e começa a ser difundido junto aos órgãos da assistência técnica e extensão rural para utilização no manejo da cultura. A escala tem o mérito de unificar e universalizar a linguagem para identificação de cada uma das fases do algodoeiro, propiciando ferramenta útil para determinação mais precisa do momento adequado de se efetuar práticas recomendadas de manejo da cultura, como adubação em cobertura, aplicação de redutor de crescimento, etc. O objetivo principal da agricultura moderna é obter o máximo rendimento e Fase B. O ramo frutífero onde surge o botão floral na primeira posição caracteriza o estádio correspondente
Fig. 2 Estádios de desenvolvimento B1 e B3
16
Cultivar
Fase V. O ponto de mudança é determinado pelo comprimento da folha: 2,5 cm
a melhor qualidade com o menor impacto ambiental. Independente da técnica utilizada durante o cultivo, os melhores resultados são conseguidos quando as recomendações são executadas nos momentos mais adequados de desenvolvimento da lavoura. Assim, o conhecimento de como a planta cresce e a caracterização, com maior precisão, dos diferentes estádios de seu desenvolvimento, são instrumentos fundamentais para que produtor e técnico possam usar, de maneira mais eficiente, as práticas de manejo. Ao se proceder a uma prática ou observação em lavoura ou experimento de algodoeiro, é usual dizer que tal prática ou observação ocorreu aos tantos dias após a emergência ou do início do florescimento. A caracterização das fases de desenvolvimento da cultura pelo parâmetro cronológico resulta em variações importantes quanto ao real estádio fenológico, em comparações de ambientes e/ou anos diferentes, por serem altamente influenciáveis pelo ambiente, em especial quanto às suas exigências térmicas. A planta de algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L. r. latifolium Hutch), por seu hábito de crescimento indeterminado, apresenta uma das mais complexas morfologias entre as culturas anuais cultivadas. Seu crescimento e desenvolvimento estão detalhadamente descritos em inúmeras publicações; no entanto, nos trabalhos de pesquisa com o algodoeiro, ou no manejo de lavouras, ressente-se da falta de www.cultivar.inf.br
Fig. 1 Estádios vegetativos do algodoeiro V0, V1, V2, V3, V4 e V5
uma escala detalhada onde se possa identificar, com precisão e facilidade, o estádio de ocorrência de um evento ou de adoção de certa prática cultural, a exemplo do que se tem para a soja, milho e trigo. Visando contribuir para tornar mais precisa a caracterização do crescimento da planta de algodoeiro, o presente trabalho apresenta uma escala que identifica facilmente os seus estádios de desenvolvimento, independente de cultivar, época ou local de plantio.
PROPOSTA DE UMA NOVA ESCALA
Os estádios de crescimento e desenvolvimento são caracterizados, basicamente, em função de suas fases fenológicas, ou seja, vegetativa (V), formação de botões florais (B), abertura da flor (F) e abertura do capulho (C).
Fase F. O ramo no qual se abre a 1ª flor caracteriza o estádio F Abril de 2002
As diversas cultivares de algodoeiro apresentam diferentes ciclos, ou seja, podem ser precoces ou tardias. Algumas fecham seu ciclo produtivo em 130 dias, enquanto outras podem fazê-lo em mais de 170 dias, por exemplo. Independentemente do ciclo, a escala define as fases de acordo com o estado em que a planta se encontra. Assim, a fase vegetativa vai de V0 a Vn; a de botões florais de B1 a Bn; a fase de floração de F1 a Fn e, finalmente, de capulho, de C1 a Cn. A escala do algodão é bastante intuitiva, bastando ao usuário conhecer a quais fases se refere (V, B, F e C) e o princípio que rege a aplicação da mesma. No período vegetativo, entre a emergência da plântula e até que a primeira folha verdadeira tenha o comprimento de 2,5 cm de nervura principal, o estádio será V0 (Figura 1); a partir do momento que a primeira folha verdadeira já atingiu 2,5 cm e até que a segunda folha verdadeira tenha a sua nervura principal com comprimento de 2,5 cm, o estádio será V1. Sucessivamente, aplicando-se o mesmo critério, a planta avançará para os estádios V2, V3, V4, V5 etc (Figura 1), fase em que se considera folha verdadeira expandida quando a nervura principal de seu limbo foliar for maior que 2,5 cm. No início da fase reprodutiva, ou seja, quando o primeiro botão floral estiver visível, o estádio passa a ser B1 (Figura 2). Quando o primeiro botão floral do terceiro ramo reprodutivo estiver visível, a planta estará no estádio B3 (Figura 2). Neste estádio, estará sendo formado, também, o segundo botão floral no primeiro ramo frutífero. Sucessivamente e a medida em que o primeiro botão floral de um novo ramo frutífero estiver visível, o estádio passará a ser Bn (Figura 3). A partir do momento em que o primeiro botão floral do primeiro ramo frutífero se transformar em flor, a indicação B não será mais utilizada. A
Fig. 3 Estádios de desenvolvimento B5 e B7
Abril de 2002
partir de então, o estádio de de- O ramo frutífero em que se abre o primeiro capulho determina o estádio C senvolvimento passará a ser F1 (Figura 4). O estádio de desenvolvimento será F3 na abertura da primeira flor do terceiro ramo frutífero (Figura 4). Nota-se, nesta fase, também, a abertura da flor na segunda estrutura do primeiro ramo frutífero. Sucessivamente e à medida que ocorrer a abertura da primeira flor do ramo frutífero de número n, o estádio passará a ser Fn. Quando a primeira estrutura do primeiro ramo se transformar em capulho, o estádio de desenvolvimento passará a ser C1 (Figura 5). Sucessivamente, o estádio será Cn à medida que ocorrer a abertura da primeira bola do ramo frutíFig. 5 Estádios de desenvolvimento C1 e C5 fero de número n. Ilustrando com exemplos práticos, imaginemos um observador no campo, em uma lavoura nova, onde ainda não se tenha nenhum botão floral. Basta verificar madas ao acaso e distantes entre si. No qual a última folha verdadeira que tenha caso de uma lavoura, usar o mesmo proaparecido e que tenha mais de 2,5 cm; su- cedimento para cada hectare de área plan-
Principais práticas culturais e períodos críticos de ocorrência de pragas na cultura do algodoeiro ESTÁDIO DE DESENVOLVIMENTO DA CULTURA
OCORRÊNCIA
V1 V2 V3 V4 V5 B1 B2 B3 B4 Bn F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 Fn C1 C2 C3 C4 C5 C6 Cn DESBASTE TRIPES BROCA DA RAÍZ PULGÃO INICIO DE APLICAÇÃO DE REGULADOR DE CRESCIMENTO PRIMEIRA ADUBAÇÃO EM COBERTURA (N ou N+K2O) LAGARTA DA MAÇÃ PERCEVEJOS BICUDO CURUQUERÊ SEGUNDA ADUBAÇÃO EM COBERTURA SPODOPTERA ÁCAROS LAGARTA ROSADA APLICAÇÃO DE MATURADOR E DESFOLHANTE A aplicação de inseticidas deverá ser realizada quando o monitoramento populacional das pragas indicar o nível de contrôle
pondo tratar-se da quarta folha verdadeira, o estádio será V4. Se em outra situação as plantas já apresentam botões, por exemplo, o último botão que apareceu esteja na primeira posição do terceiro ramo, o estádio será B3. Assim, se as plantas apresentam flores, segue-se a mesma lógica, sem se preocupar mais com os estádios anteriores. Da mesma forma, quando já se encontram capulhos abertos, esta estrutura é que deve ser considerada. Para a determinação do estádio de desenvolvimento predominante das plantas de um experimento, sugere-se que sejam observadas no mínimo vinte plantas, towww.cultivar.inf.br
tada. Assim, a definição final do estádio de desenvolvimento da população de plantas será dada por aquele estádio que ocorreu com a maior freqüência na amostragem. Na tabela 1 encontram-se as principais práticas culturais e períodos críticos de ocorrência de pragas na cultura do algodoeiro. Os eventos são indicados com base na fase fenológica da cultura, e não . mais em dias após a emergência. Celso Jamil Marur e Onaur Ruano, IAPAR Cultivar
17
Soja
FORMA TRADICIONAL
Produzir na seca A
tividade até zero, quando vai às condições extremas. Para grandes problemas exige-se engenhosas e por vezes simples soluções. Por isso os grandes produtores estão desenvolvendo estratégias para aumentar a profundidade das raízes ao máximo, com o objetivo de perder menos nutrientes com a lixiviação e aumentar a reserva de água para as plantas. Para isso, precisa-se enriquecer o perfil do solo com cálcio, por exemplo. Uma das maneiras é incorporar cálcio com arado a uma profundidade de 30 a 35 centímetros. Para atingir profundidades maiores em algumas áreas já se atinge a 1,50 m passou-se a usar gesso, que fornece enxofre, além do cálcio. Além disso, lixivia com rapidez, levando o cálcio a maiores profundidades. Quando se iniciou o uso do gesso o obje-
tivo era criar uma espécie de seguro, através do sistema que garantiria, no caso de estiagem pronunciada, resultados capazes de empatar com o custo de produção ou obter perdas mínimas. A idéia de salvaguarda foi boa e atualmente, nas áreas onde já se emprega gesso há mais tempo, a filosofia mudou: já se pensa em colher muito bem nos anos normais e ganhar menos nos de estiagens maiores. Mas ganhar sempre. Este ano, em que o nível pluviométrico normalizou-se na região apenas no dia 16 de março foram períodos variáveis, dependendo da localização, de 26 a 42 dias sem chuva comprovou-se mais uma vez a eficiência do sistema. No dia 9 de março, por exemplo, dia de campo da Fundação Bahia, na Fazenda Acalanto, dos irmãos Horita, os visitantes surpreenderam-se com o excelente estado das
Diferença entre gesso normal (direita) e gesso pedrisco (esquerda)
18
Cultivar
Calcário incorporado em
grade intermediário -
duas etapas. 1ª Arado à 30
PLANTA FRACA
cm - 2ª Grade à 15 cm
www.cultivar.inf.br
Abril de 2002
3º ESTÁGIO
O mesmo calcário e forma de
O mesmo do 2º estágio
aplicação do 1º estágio mais
mais gesso em pedrisco -
gesso
PLANTA FORTE
lavouras de soja, que não mostravam sinais de estresse hídrico mesmo com 20 dias de estiagem e submetida a altas temperaturas. Em alguns talhões os visitantes pensavam tratarse de áreas irrigadas, devido à proximidade de pivôs centrais de algodão. É necessário sempre um perfeito acompanhamento com análises de solo e folhas, mantendo-se o equilíbrio nutricional, bastante sensível ao uso destes insumos. Porém o sistema completo compreende uma segunda fase. As áreas de tratamento mais antigas, já gessadas, recebem enxofre na
Fotos Cultivar
safra de soja no oeste baiano, região polarizada por Barreiras, teve substancial quebra de produtividade devido à estiagem que se prolongou pelos meses de fevereiro e março a dentro. As primeiras estimativas são de que se colherá algo em torno de 30% a menos do que o esperado, isto é, 28 sacas por hectare em média, no lugar das 40 normais. A estiagem é uma constante na região, que vem despontando na produção de soja e algodão nos últimos 10 anos. São veranicos de períodos variáveis, intercalados, no entanto, por períodos de chuva em excesso. Lá os produtores estão apreendendo a conviver com os dois grandes problemas no mesmo ano: excesso que sucede a escassez. O primeiro ocasiona a lixiviação de potássio, enxofre e nitrogênio do solo. A falta de chuva diminui a produ-
Calcário incorporado com
2º ESTÁGIO
Oeste baiano colherá cerca de 30% a menos do que o esperado devido à estiagem
1º ESTÁGIO
camada superficial do solo (até 10 cm) para melhor aproveitamento das plantas, principalmente soja e feijão, dotadas de um sistema radicular mais superficial. Para isso usa-se gesso em pedrisco, com granulometria de até 10 cm, a fim de que as pedrinhas se dissolvam lentamente com as águas das chuvas. Um bom exemplo do emprego desta técnica foi obtido na Fazenda Aurora, em 6.700 ha de soja e milho. Com o objetivo de se criar uma planta forte, ainda se destacam testes com fontes de silício em milho, soja, algodão e arroz,
José Cláudio Oliveira explica como produzir em tempos de estiagem
com a expectativa de se obter plantas mais eretas e resistentes a pragas, doenças e até a estiagens. As primeiras lavouras de milho mostraram colheitas com produtividade de até 5 sacos a mais por hectare. As áreas de soja assim tratadas apresentam condições de produzir 40 sacas/ha e até 50 nas menos expostas à estiagem, em lugar das 28 s/ha que deverão ser colhidas em . média na região. José Cláudio Oliveira,
Engenheiro Agrônomo - Consultor
Fotos Cultivar
Soja
Para minimizar o problema da seca é necessário seguir à risca as recomendações técnicas
NEMATÓIDE ERA ESPERADO
Para Tadashi o importante é seguir à risca as recomendações técnicas
Manejo na estiagem O
maior problema dos produtores agrícolas do oeste baiano não está exatamente nas doenças das plantas, mas na seca, e, portanto, o mais importante de tudo é seguir à risca as recomendações técnicas, explicou o fitopatologista José Tadashi Yorinori, da Embrapa Soja, aos participantes do dia de campo que a Fundação Bahia organizou para debater a produção de soja. O evento, realizado na Fazenda Acalanto, dos irmãos Horita, no município de São Desidério, a 180 km de Barreiras, reuniu mais de 800 produtores, uma façanha considerando-se as grandes distâncias a percorrer na região. 20
Cultivar
Tadashi bateu firme para mostrar que a agricultura, uma das atividades econômicas de maior risco, é também a que mais desequilíbrios causa à natureza. Temos aqui uma região de cerrado, com um sistema equilibrado há milhares de anos, e destruímos sua vegetação para introduzir uma planta nova, totalmente estranha. É só uma questão de tempo para chegarem os inimigos desta cultura , explicou para mostrar como é normal o aparecimento do nematóide de cisto descoberto na região naquela semana pelo nematologista João Flávio Velloso Silva, da Embrapa Soja e da ferrugem da soja, que ele próprio estava constatando naquele dia, junto com a www.cultivar.inf.br
dashi, mas uma importante ferramenta para o produtor de soja é uma simples vara para mexer nas plantas. Revirando com ela as plantas pode observar o estado das partes inferiores, se atingidas pelo oídio, por exemplo, e se já chegou ao verso das folhas. O controle só começa quando 30% da área foliar é atingida. Também com a vara se observa o estande da lavoura. Se há aglomeração excessiva está criado o ambiente próprio para a antracnose; se ao contrário há plantas isoladas, a produção será baixa.
haste negra da soja, também confirmada na ocasião. Em 94/95 Tadashi recomendou, para controlar o cancro da haste na soja da região, o plantio de variedades resistentes, provocando iradas críticas dos produtores de sementes. Agora está na hora de buscar variedades resistentes ao nematóide de cisto, digam o que quiserem em contrário, afirmou. Na sua opinião, estão usando mal o sistema de plantio direto na região, onde as lavouras sofrem pela falta de cobertura vegetal para dar perfeitas condições de desenvolvimento da raiz, que não se aprofundam como deveriam para buscar água em momentos de estiagem, que ali são a regra. Além disso, ao sofrerem estresse hídrico, as plantas são atacadas pelos fungos, que normalmente lhes seriam benéficos, porque ajudam na função de mineralização. Ao encontrarem raízes fracas, os fungos acabam produzindo toxinas que bloqueiam o sistema vascular, resultando nas doenças de final de ciclo, comuns na área. A solução é simples. Basta efetuar um preparo de solo profundo. Tadashi recomendou também o uso de múltiplas variedades de soja, com ciclos diferentes, para evitar prejuízos. Pode parecer bobagem, insistiu TaAbril de 2002
A chegada do nematóide de cisto era apenas questão de tempo, explicou, pois a praga se encontrava no Mato Grosso. No oeste baiano há muita deficiência de magnésio, o que demonstra mau preparo de solo. E não adianta apenas aplicar grandes quantidades de nutrientes, pois a planta não tem condições de absorver. Com a chegada do nematóide, haverá áreas em que nem valerá a pena o esforço de colher . Se o nematóide chegou, diz Tadashi, é preciso cuidar o manejo de solo, aprendendo a conviver com a praga. É importante por exemplo uma correta rotação de culturas para se obter uma população de microorganismos hostis ao nematóide. Só a rotação com o milho não é suficiente, necessitando manejo correto, plantio direto adequado, plantio de algodão, atividades que, somadas, podem matar os ovos de nematóides. Se houver plantio de uma só variedade de soja não haverá controle do nematóide, mas ao contrário poderá se selecionar novas raças, resistentes a esta cultivar, pois a praga tem população heterogênea, enquanto a soja é homogênea. Além disso, em razão da seca que costuma afetar a região de Barreiras, a rotação de culturas não é tão eficiente quanto no Mato Grosso. Mesmo assim, devese procurar rotacionar a soja com algodão e depois milho, antes de voltar a esta cultura, sempre destruindo-se a palhada quando afetada.
NOVAS DOENÇAS
Tadashi Yorinori alertou sobretudo para a descoberta da ferrugem da soja no local, uma doença importante capaz de causar perdas de 50% e até 75% da safra, e para cujo controle se necessita de fungicidas de alto preço. Recomendou extremos cuidados com os locais já infectados, pois ainda são desconhecidos os efeitos que a doença poderá causar na Bahia. A Embrapa está monitorando a moléstia mas ainda não possui dados conclusivos. O fitopatologista confirmou também o que apenas se suspeitava: um surto da Abril de 2002
Amostras da planta de soja doente
doença popularmente conhecida como haste negra da soja, uma virose talvez transmitida pelo pulgão que havia sido detectada nas duas safras anteriores, na região de Morrinhos. Algumas variedades são excepcionalmente suscetíveis à doença, o que pode significar má deficiência genética.
Os sintomas são bastante simples e fáceis de identificar, pois a gema apical, isto é, a ponta da planta, vai secando até acabar negra. A infecção se alastra de dentro para fora, de modo que mesmo partes aparentemente sadias de uma planta atacada, quando cortada, se mostram pretas . por dentro.
Usando a palhada A agricultura não é uma atividade maniqueísta, em que se pode dividir os seres em amigos e inimigos. Nela, deve-se usar todos os recursos disponíveis. O mato, por exemplo, um dos melhores aliados do agricultor se ele souber reconhecer isso e usá-lo da forma correta. Em síntese, eis o tema central de outra concorrida palestra ministrada no dia de campo da Fundação Bahia pelo diretor da Porafós, Tsuioshi Yamada, que aconselhou um manejo especial das plantas invasoras como forma de conservação e melhoria de solo. Yamada acredita que o manejo adequado do mato, através de roçadeiras, é um meio seguro de controlar novas invasoras, obter adubação barata e de qualidade, e de manter a umidade do solo. E o agricultor que não souber aproveitar bem o solo não sobreviverá, afirmou. No caso da soja, salientou, o uso correto da palhada é um fator importante de redução de custos, ainda mais em se tratando da Bahia, onde a seca exige que se fortaleça o sistema radicular das plantas, fazendo-o descer até onde se encontram as reservas de umidade.
www.cultivar.inf.br
Cultivar
21
Soja contínuo de fórmulas com baixo teor desse elemento nas principais áreas de produção, insuficientes para repor a quantidade extraída pelas plantas. A necessidade de utilização de calcário para elevar o índice de saturação de bases para 60 e 70%, visando eliminar o efeito tóxico do manganês (MASCARENHAS ET AL., 1982) pode induzir, ainda, maior desbalanço nu-
A senescência anormal em soja – processo deteriorativo que cessa a vida funcional de um organismo vegetal - causada por disturbios fisiológicos, traz imensos prejuízos aos produtores
Deterioração ronda a soja
22
Cultivar
tricional pela elevação dos teores de cálcio e magnésio em relação ao potássio. Em solos ácidos, a adubação com excesso de potássio também leva ao desequilíbrio dos referidos elementos induzindo deficiência de magnésio (Figura 1) e menor pegamento de vagens (MIRANDA et al., 1984). O sintoma de deficiência foliar de po-
RETENÇÃO FOLIAR POR PERCEVEJOS
O complexo de percevejos pentatomídeos constituído pelas espécies Euchistus heros (Fabricius). Piezodorus guildini (Weswood) e Nezara viridula (L.) é um dos principais fatores que causam prejuízos econômicos à sojicultura paulista. Os danos às plantas de soja ocorrem apenas na fase de frutificação, especialmente durante o enchimento das vagens. Os percevejos sugam o conteúdo das vagens, causando a sua perda ou impossibilitando a formação das sementes, deixando-as murchas,
Fotos IAC
O
processo deteriorativo que cessa espontaneamente a vida funcional de um órgão ou de um organismo vegetal é denominado senescência. Esta envolve uma série de eventos fisiológicos que podem estar associados a fatores internos da planta e ao ambiente. Em plantas anuais como a soja, a senescência é rápida e total e ocorre após a floração e a frutificação. A redução na taxa fotossintética da planta é um fator importante na senescência. Na folha isolada, essa redução tem início quando ela atinge a sua expansão máxima, ocorrendo então uma diminuição na atividade respiratória e na síntese de proteínas, carboidratos e ácido ribonucléico (RNA) (DELVIN & BARKER, 1971). É conhecido o papel das citocininas no
Corte transversal do nó (esq.) ausência e, à dir. presença de amido, pela coloração azul-marinho da reação de iodo
tássio, observado principalmente em reboleiras, consiste no amarelecimento das bordas das folhas (Figua 2). Após o florescimento, há baixo índice de pegamento de vagens nas plantas, com muitas delas vazias e retorcidas, além de algumas com sementes chochas e, na maturação, maior ataque de Diaporthe phaseolorum sojae, conforme Figura 3. A deficiência aguda de potássio acarreta retenção de folhas, permanecendo a planta com haste verde e vagens secas, mostrando senescência anormal (Figura 4) Quando há adequado balanceamento entre cálcio, magnésio e potássio, ocorre amarelecimento das folhas devido à senescência normal, seguido da queda destas, ficando as plantas secas, prontas para a colheita. Os resultados da análise química do solo apresentados no Quadro 1 exemplificam relações entre a disponibilidade de cálcio, magnésio e potássio e os sintomas observados em plantas de soja.
controle da senescência, regulando a hidrólise das proteínas. As raízes são o local principal da síntese das citocininas, havendo nelas, por ocasião da senescência, uma diminuição acentuada do teor desse hormônio (WEAVER, 1976). Segundo Molich, citado por LEOPOLD & KRIEDMANN (1975), a causa provável da senescência é a mobilização de nutrientes e de citocininas na direção dos frutos e sementes, ocorrendo um esgotamento de nutrientes da parte vegetativa. A confirmação desse fato é o adiamento da senescência pela remoção de flores e frutos, que são as fontes de consumo dos produtos da fotossíntese. Fatores ambientais como temperatura elevada, fotoperiodismo e deficiência hídrica e nutricional podem acelerar a senescência. www.cultivar.inf.br
O objetivo do presente trabalho é demonstrar que em soja ocorre a senescência anormal devido a distúrbios fisiológicos decorrentes de desequilíbrio entre as fontes de consumo de fotossintetizados.
DESEQUILÍBRIO NUTRICIONAL
Conforme apontado por MASCARENHAS et al., (1987), no Estado de São Paulo, a deficiência generalizada de potássio em soja pode ser causada pelo uso Abril de 2002
Amarelecimento e queima de bordas de folhas de soja causados pela deficiência de potássio
Abril de 2002
Clorose internerval em soja devido à deficiência de magnésio
chatas, planas e muitas vezes retorcidas e deformadas (ROSSETTO et al., 1984). Como corolário desse ataque com prejuízos diretos, os percevejos são responsáveis pelos sintomas de retenção foliar e haste verde que inviabilizam a colheita normal de campo. Cultivares de soja suscetíveis, infestados por percevejos, retém as folhas, que permanecem verdes, alongando o ciclo vegetativo da planta e dificultando a determinação do ponto de colheita, o qual, na lavoura não infestada é indicado pela senescência e queda das folhas e pela seca das plantas.
MACHO-ESTERILIDADE GENÉTICA
A macho-esterilidade genética, embora relativamente rara, tem sido observada em muitas espécies de plantas autógamas (DUVICK, 1966). BRIM & YONG (1971) relatam essa característica em soja, como sendo herdada por um par de genes recessivos. Dada a possibilidade de obtenção de um número razoável de sementes por planta, muito maior do que se poderia obter em cruzamentos artificiais, a macho-esterilidade vem sendo utilizada para possibilitar maior recombinação genética, através de seleção recorrente, que é apontada por HANSON et al. (1967), MATZINGER & WERNSMAN (1968) e MILLER & RAWLINGS (1967) como nova alternativa para os procedimentos tradicionais no melhoramento da soja. Os métodos tradicionais diminuem a possibilidade de recombinação genética, pois as plantas alcançam rapidamente a situação de quase homozigose na quinta ou sexta geração após a realização dos cruzamentos.
...
www.cultivar.inf.br
Cultivar
23
AENDA
Defensivos Genéricos Fotos IAC
... As plantas macho-estéreis são facilmente reco-
nhecíveis na maturação pois apresentam senescência anormal com folhas espessas, carnudas e de coloração verde-escura. O diâmetro do caule é maior do que o das plantas normais (Figura 5), especialmente nos nós, sugerindo o acúmulo de fotossintetizados nessas estruturas, principalmente de amido. A figura 6 mostra a reação de iodo com amido, comprovando esse acúmulo. Como o pólen é inviável, todas as sementes produzidas nas plantas macho-estéreis são produtos de cruzamento realizado por polinização entomófila. Como conseqüência, há a formação de poucas vagens, na maioria das vezes com apenas uma semente em cada uma delas. A planta macho-estéril também pode ser caracterizada pela presença de roseta de vestígios florais (sépalas) causada por sucessivos reflorescimentos, além de frutos partenocárpicos. Essas duas características são diferenciais em relação à infecção por vírus, quando também são observadas poucas vagens por planta. Existe no IAC o composto IAC-1, constituído a partir de uma fonte de macho-esterilidade genética descoberta no cultivara Santa Rosa. Nesse composto, que apresenta grande variabilidade genética quanto ao teor de óleo nas sementes (13 a 23%), tamanho de sementes e resistência a insetos, está sendo realizada seleção recorrente, baseada em resultado de análises efetuados em espectômetro de ressonância nuclear magnética (NMR).
CONCLUSÃO
Conclui-se que todos os efeitos fisiológicos que causam retenção foliar convergem para um ponto comum, ou seja, o acúmulo de substâncias fotossintetizadas, causado por distúrbios como: desequilíbrios nutricionais, ataques de percevejos e macho. esterilidade genética. Hipólito A. A. Mascarenhas, Manoel A. C. de Miranda, Sandra Sevá Nogueira e Eduardo A Bulisani,
Plantas de soja de mesma idade (dir.) , apresentando senescência e, (esq.) machoesterilidade com rosetas de vestígios florais
Instituto Agronômico de Campinas
Quadro 1. Resultados de análise química do solo e dos sintomas observados em soja de campo Amostra Localidade Cultivar 1
Ipuã
IAC-11
P(resina) mg/dm3 41
K
Ca Mg mmolc/dm3
0, 80 30
18
V %
Relação (Ca+Mg)/K
Sintomas
61
60
Inicialmente, sintomas de deficiência de potássio nas folhas, seguidos por mau pegamento das vagens nas plantas, vagens vazias e retorcidas e haste de difícil colheita.
2
Ipuã
Foscarin-31
67
0,80 39
19
63
73
Haste verde, retenção foliar e vagens verdes com maturação prolongada, de difícil colheita.
3
Ipuã
Foscarin-31
30
1,8 37
12
65
27
Maturação normal, haste seca e vagens secas, prontas para colheita.
24
Cultivar
www.cultivar.inf.br
Abril de 2002
Ilusão de escala Finalmente estão engajados no PREVPF os 4 milhões de pequenos proprietários por vezes esquecidos nas escalas de produção agropecuária ATO I Oitocentos e cinqüenta milhões de hectares é a dimensão do território brasileiro. No entanto, cabe tudo nos mapas escolares com escala planimétrica em minguados 500 centímetros quadrados. Outro dia, só por brincadeira, projetei num desses mapas, nas zonas agricultáveis, 90 pequenos círculos representando as Centrais estimadas do Programa de Recebimento das Embalagens Vazias de Produtos Fitossanitários (PREVPF). Em torno delas desenhei pequenos triângulos, eram os Postos de Recebimentos auxiliares da infra-estrutura. Apenas cinco para cada Central, foram 450 triângulos. Foi o bastante, mais não cabiam, começavam a tangenciar-se. Aí fui a Barreiras, oeste da Bahia, visitar a Central daquela região. Olhei em volta, chão pra todo lado. Peguei meu mapa e imaginei um Posto em Correntes, a 240 km, outro em Javi, a 110 km. Parei, pois lembrei a escala econômica. Recorri a algumas anotações sobre o consumo de defensivos e conferi: em toda a Bahia a demanda é de 2 milhões de embalagens por ano, cerca de 440 mil quilos/ano de sucata. Para a Bahia foram projetadas 5 Centrais (Ilhéus, Vitória da Conquista, Bom Jesus da Lapa e Teixeira de Freitas, além de Barreiras), ou seja, uma média de 88 mil quilos/ano/Central. A venda de parte dessa sucata (tríplice lavada) para reciclagem, poderá suportar os seus custos administrativos e operacionais. Mas, os Postos em volta também terão custos, que em parte poderão ser supridos pela receita da Central. Portanto, a infraestrutura, mesmo quando operando a toda, terá limites de auto-sustentação, regulados pela demanda regional.
ATO II Resolvi visitar um plantador de algodão. O agrônomo da ADAB (Agência de Defesa Agropecuária) me levou em seu carro utilitário. Fazenda grande, sem casasede, só galpões para máquinas e pequenos ranchos de tábua para operários, vigias e tudo o mais que a gente precisa. Em um desses, estavam lá, à sombra, ventiladas, em piso de terra bem batida, um sem número de embalagens vazias. Seriam entregues na Central de Barreiras na camioneta F-150, 60 km para o norte. No trajeto da volta, vimos uma casinha de reboco desgastado à frente de um roçado de milho e feijão, com galinhas ciscando e porcos grunhindo, claro. Perguntei ao homem que fazia capina mecânica (enxada, mesmo!) onde estavam as embalagens vazias dos agrotóxicos. Ele mostrou: atrás e encostado na casa, um cercadinho de tijolos crus, com três desses de alto, escorando uma pequena tábua larga, envergada em um lado, a servir de cobertura. Levantei a tábua, lá estavam: 1 vidro de inseticida e um frasco sem rótulo. Havia usado o inseticida para matar lagartas no milharal e o outro produto fora indicado para controlar a mosca branca que sempre infesta o feijão. E o rótulo?, indaguei. Os porcos, seu moço, fuçam em tudo . Quis saber, então, se ele ia devolver lá na Central de Barreiras. Ele me olhou e perguntou se eu queria um cafezinho. Insisti, disse que era importante para o bem do meio ambiente... Finalmente, concordou. Pegou as 2 embalagens vazias e disse: Eu vou com o senhor . Fomos, 40 km de utilitário. Ao entregar,
recebeu um comprovante, guardou no bolso de trás da calça e apertou minha mão, despedindo-se. Fiquei pensando, como ele vai voltar? 40 km de carro, quantos são a pé? Alcançamos o homem e demos mais uma carona humanitária.
ATO III Chapecó, Santa Catarina. Reunião da Promotoria Pública, Cooperativas, Revendedores, Fabricantes, Agricultores. Missão: organizar o projeto de Recolhimento das Embalagens Vazias da região. Lá pelas tantas palestras e discussões, foi a vez da fala de um técnico da CIDASC (Companhia de Desenvolvimento Agrícola). Apresentou um kit-coleta para pequenas devoluções. Uma bombona de 50, 100 ou 200 litros, tampa com rosca, e trazendo simbologia de periculosidade. O comerciante teria duas, uma para embalagens tríplice-lavadas e outra para embalagem não lavada. O pequeno agricultor devolveria onde comprou e estamos conversados. O comerciante, quando enchesse o recipiente, levaria (de carro) até o Posto ou Central mais próximos, esvaziaria e voltaria com o dito cujo, orgulhoso por estar prestando um bom serviço ao seu cliente e a todos nós. Agora o Programa ganha mais crédito ainda. Finalmente estão sendo engajados os 4 milhões de pequenos proprietários, por vezes esquecidos nas escalas de produção agropecuária. Ainda temos que estimulá-los mais, por ora, é um bom começo. E, em áreas com distribuição dispersa, mais soluções alternativas deverão surgir, com certeza.
Com o início das chuvas as lesmas ficam cada vez mais vorazes...Conheça mais sobre esta praga e saiba como manejá-la em sua lavoura
Lesmas ... A
Várias espécies de lesmas ocorrem no Brasil causando dano a diferentes culturas. No estado de São Paulo, a espécie Sarasinula linguaeformis foi observada causando danos no feijoeiro. Esta espécie também tem se tornado praga chave em cultivos de feijão e soja em algumas áreas do oeste Catarinense. No sul do Brasil, o nabo-forrageiro (crucíferas) e leguminosas têm favorecido a proliferação das lesmas do gênero Derocerus spp, Limax spp e Phyllocaulis spp. Na América Central, a espécie mais importante é a Sarasinula plebeia e tem sido observada em El Salvador, Nicarágua, Guatemala,
Os ataques de lesmas às culturas do feijoeiro e da soja em Goiás têm reduzido em até 90% a produção
26
Cultivar
www.cultivar.inf.br
de irrigação, em solos argilosos, em campos com alta concentração de ervas daninhas e em áreas com cobertura morta em SPD. Em hortaliças, o rejeito vegetal, originário do desbaste e raleamento nos canteiros, favorece a concentração de alta população deste molusco.
DANOS
Fotos Eliane Quintela
proliferação de lesmas em culturas anuais, como as leguminosas, tem aumentado significativamente em diferentes regiões do Brasil, principalmente em sistemas de cultivo em plantio direto (SPD). As lesmas são muito sensíveis à desidratação e preferem ambientes úmidos e temperatura amena para se desenvolverem, ambiente normalmente encontrado em SPD, devido a maior cobertura do solo pela palhada. Nas lavouras de minifúndios, proliferam nos montes de palha de feijão ou de soja, colhidas com trilhadoras estacionárias.
Planta danificada pelo ataque severo de lesmas
Costa Rica, Panamá e Belize, causando danos principalmente em feijão. Na Colômbia, a lesma ocorre principalmente na cultura da mandioca.
ASPECTOS
A lesma é um molusco de corpo achatado de coloração marrom, parda ou cinza que quando adulto mede 5 a 7 cm de comprimento. Durante a locomoção, deixa atrás de si um rastro brilhante, resultado do secamento da secreção (muco) que expele para facilitar a locomoção e manter o corpo úmido. As lesmas são hermafroditas e colocam em média 80 ovos em massas em resíduos de plantas ou em rachaduras no solo. Os ovos são ovais, translúcidos e eclodem em 20-24 dias a 27ºC. Em temperaturas mais elevadas, os ovos desenvolvem mais rapidamente. Em períodos de seca, os ovos podem demorar 6 meses para eclodirem. As lesmas jovens são parecidas com os adultos e ficam adultas em 2 a 5 meses. As lesmas vivem por 12-18 meses. Em Honduras, uma geração se desenvolve em 8 semanas, podendo haver 2 gerações por ano. As lesmas têm hábitos noturnos e durante o dia escondem-se debaixo de pedras, restos culturais (sob ou dentro da palhada) e no solo. Elas são inativas durante os períodos de seca (enterram-se no solo) e as condições de alta umidade são ideais para o seu desenvolvimento. Populações mais altas ocorrem perto de rios, córregos ou canais Abril de 2002
A maioria do dano ocorre nas bordas da cultura, perto das áreas mais úmidas, e avança para o interior especialmente se a vegetação e os restos de cultura oferecerem proteção para as lesmas durante o dia. Com a chegada do período seco e com a colheita
do milho e da soja, as lesmas migram para áreas de cultivo sob pivô central. Os danos ocasionados por lesmas jovens é aparente quando a folha inteira é consumida restando somente o talo. Lesmas mais desenvolvidas consomem toda a folha e podem cortar as plantas rente ao solo, semelhante a lagarta rosca. Plântulas inteiras podem ser consumidas e dano nas vagens pode ser observado. Pesquisadores determinaram que a presença de uma lesma ativa/m2 pode causar, por noite, uma redução de 20% no estande de plantas de feijão, reduzindo o rendimento em 16%. Estabeleceram assim, que o nível de dano econômico é de 0,25 lesmas ativas/ m2 ou 0,4 lesmas por armadilha/noite. Entretanto, em trabalhos conduzidos em Honduras, o nível de dano econômico no feijão foi aumentado para 1 lesma/m2 ou 1 lesma/ armadilha por noite. Na América Central, lavouras de mais de 500.000 agricultores são atacadas anualmente por lesmas. Em Honduras e Nicarágua, o problema causado por esta praga é mais sério, afetando em até 53% da área plantada em alguns anos. Em algumas regiões do estado de Goiás, os ataques de lesmas às culturas do feijoeiro e da soja têm
Cultivar
Pragas
Eliane Quintela fala sobre o manejo das lesmas
reduzido em até 90% a produção. No Distrito Federal, foi constatada alta incidência de lesmas (até 35 lesmas/m2 ), causando dano em várias espécies de hortaliças. Na região Oeste de Santa Catarina, esta praga tem causado dano em aproximadamente 1.500 ha.
VETORES DE DOENÇAS
Além de causar danos às plantas, as lesmas, em altos níveis populacionais, podem
...
Computador X lesmas
Lesma cinzenta: uma das mais prejudiciais à agricultura
...transmitir doenças. O nematóide Angios-
trongylus costaricensis, pode ser transmitido ao ser humano, principalmente em crianças, através do muco produzido pela lesma, doença denominada angiostrongilose abdominal. Muitos casos desta doença tem sido diagnosticada no Sul do Brasil, tornandose um problema de saúde pública. Para evitar a transmissão do verme, não se deve tocar as lesmas ou entrar em contato com a secreção do muco. As lesmas podem também ser vetores de patógenos de plantas, por exemplo, Phytophthora infestans em batatinha, Mycospharella brassicola em repolho e Peronospora sp em feijão-de-lima.
MANEJO DAS LESMAS
Várias técnicas de controle podem ser utilizadas com o objetivo de manter a população da lesma em níveis que não causem dano econômico às culturas. A utilização de práticas isoladas para o controle das lesmas normalmente não surtem efeito, devido às características biecológicas desta praga, como, por exemplo, polifagia, hibernação, hábito noturno, localização no solo etc. O controle das lesmas deve ser iniciado com as primeiras chuvas para evitar que se multipliquem e o controle fique mais difícil. A detecção da presença das lesmas, ou mesmo o controle na área de cultivo, ou nas regiões circunvizinhas, antes do plantio, pode ser feita com armadilhas confeccionadas com sacos de aniagem. Estes sacos são umedecidos e embebidos em diferentes substâncias que atraem as lesmas, como cerveja, leite, suco de folhagem de rabanete, melaço + cerveja. Em Morrinhos, GO, foram capturadas em média 70 lesmas/saco, quando armadilhas em sacos de aniagem e cerveja foram distribuídas a cada 10 m em uma área sob pivô central. Em pequenas áreas, a eliminação das lesmas à noite, com uma estaca de madeira pontiaguda, pode diminuir significativamente a população, uma vez que elas saem à noite para alimentarem (a maior atividade de deslocamento 28
Cultivar
dos moluscos em busca de alimento ocorre nas primeiras horas da noite). Nas áreas infestadas, deve-se evitar o plantio de plantas hospedeiras como as cucurbitáceas, leguminosas e convolvuláceas. As gramíneas, euforbiáceas e as solanáceas são pouco atrativas e as lesmas rejeitam plântulas de sorgo. A manutenção das bordas do campo livre de ervas daninhas, eliminação dos restos vegetais e dejetos animais, dessecação com antecedência e revolvimento periódico do solo são medidas que dificultam a sobrevivência das lesmas pela redução do grau de umidade do ar, baixo teor de água na superfície do solo e pela falta de alimento. A drenagem dos campos também é recomendada. A utilização de faixa coberta de cal ou cinza evita a entrada de lesmas de fora nas áreas a serem protegidas. Em áreas sob SPD, pode-se usar um compactador leve na superfície do solo durante as noites quentes e úmidas. Após a compactação, pode-se complementar o controle com a aplicação de uréia. A pulverização de uréia na concentração de 20%, 100 a 200 l de calda/ha, à noite, pode causar morte por desidratação. O controle químico pode ser obtido com iscas preparadas com metaldeido ou thiodicarbe. O alto custo destas iscas, associado à necessidade de aplicar periodicamente doses de 20 a 30 kg/ha, torna inviável seu uso em áreas extensas. Além disso, o efeito residual desses produtos é pequeno, principalmente em condições de alta umidade e precipitação pluviométrica, características dos locais preferidos ao ataque das lesmas. As iscas não devem ser aplicadas quando o solo estiver seco, porque nessa condição a lesma não sai para alimentar. Pulverizações foliares com inseticidas não controlam bem as lesmas e os inseticidas granulares aplicados ao solo . são menos eficientes que as iscas. Eliane Dias Quintela, Embrapa Arroz e Feijão www.cultivar.inf.br
Até o momento a luta contra as lesmas consistia em reparar os danos por elas causados. Ou, no máximo, atrai-las com iscas quando constatado o ataque. Mas na Europa as coisas estão mudando: a Bayer Agro lançou na França um programa de computador para prevenir os ataques e iniciar o controle evitando os danos. O objetivo é vender seu moluscida, o Mesurol Pro, e o programa é distribuído gratuitamente pela Bayer. O software se baseia em diferentes análises de riscos, associando alguns critérios: a natureza das lesmas e sua população, uma grade de incidências anteriores em cada local, e o índice climático de risco (temperatura e umidade do ar). O programa foi desenvolvido em parceria com a Associação de Coordenação de Tecnologias Agrícolas durante dois anos, o tempo necessário para os estudos que resultaram num índice de riscos baseado num banco de informações climáticas regionais detalhadas. No ano passado funcionou experimentalmente nas culturas de colza e trigo e este ano já está em aplicação nas lavouras de milho e girassol. E a beterraba será a próxima. O banco de informações compreende dados recolhidos em 170 estações meteorológicas francesas e permite estabelecer um índice de riscos semanalmente. Esse índice, editado para cada zona geográfica, é comparado com as pesquisas anteriores efetuadas com os agricultores. O resultado é uma curva de risco potencial, que estabelece o momento certo de se aplicar as iscas, prevenindo o ataque às culturas. Abril de 2002
Embrapa Clima Temperado
Y. Ballanger/Cetiom
Arroz
Sob Sob análise análise Análise de sementes é um processo processo fundamental fundamental para que seja atestada a qualidade dos lotes produzidos produzidos
A
análise de sementes é uma prática realizada em laboratório que tem por finalidade informar ao produtor a qualidade dos lotes produzidos. Para tanto, o produtor deverá enviar ao laboratório uma amostra de cada lote, contendo as seguintes informações: nome e endereço completo do produtor, técnico responsável, número do lote com a respectiva quantidade, cultivar, safra, se a semente foi tratada (nome do produto e dosagem), e se foi ou não classificada. A amostra que é enviada ao Laboratório de Análise de Sementes (LAS) é denominada de amostra média. Para arroz, deve pesar aproximadamente 1,0 kg. Dessa amostra, após prévia homogeneização e divisões sucessivas, é obtida uma subamostra (100 g.) denominada de amostra trabalho, a qual é utilizada para realização da análise de pureza e outras determinações. Da amostra média, uma outra subamostra de (500 g.) é obtida para a realização do exame de sementes nocivas. O restante da semente deve permanecer armazenada, em câmara de conservação, durante um período de 8 meses (constitui a contraamostra). Ao entrar no laboratório, a amostra é protocolada, recebendo uma ficha de anáAbril de 2002
lise com o respectivo número de identificação. Após, é submetida às análises solicitadas. Em sementes de arroz são realizadas a análise de pureza, o exame de sementes cultivadas, o exame de sementes silvestres comuns e nocivas, a verificação de espécies e cultivares, sementes descascadas, sementes atípicas quanto a pilosidade e teste de germinação.
ANÁLISE DE PUREZA
O objetivo da análise de pureza é determinar a composição da amostra e, consequentemente, a do lote de sementes, a identidade das diferentes espécies de sementes que compõe a amostra e a natureza do material inerte presente na mesma. Na análise de pureza, a amostra de trabalho (100 g.) é separada nos três componentes seguintes: semente pura, outras sementes ( cultivadas e silvestres) e material inerte. A semente pura e o material inerte são indicados em porcentagem por peso e as outras sementes indicadas em número por peso da amostra de trabalho. Sementes puras: são consideras puras todas as sementes pertencentes à espécie e cultivar em exame, indicadas pelo remetente ou identificadas como predominanwww.cultivar.inf.br
te na amostra. Sementes menores que o tamanho normal, imaturas e sementes descascadas também são consideradas puras. Sementes cultivadas : são todas as sementes de outras variedades ou outras espécies cultivadas que se encontram misturadas na amostra. Sementes silvestres : são todas as sementes de plantas invasoras do arroz que podem ocorrer na amostra, consequentemente no lote. Apesar de haver determinações especiais para sementes silvestres em arroz estas são separadas na análise de pureza, por serem consideradas impurezas. Material inerte : compreende sementes e unidades de dispersão de espécies cultivadas e silvestres e outros materiais estranhos que não sejam sementes, tais como restos de plantas, folhas, cascas e partículas de solo. As sementes cultivadas, sementes silvestres e os materiais inertes constituem as impurezas e as sementes puras constituem a porcentagem de pureza.
ANÁLISE DE SEMENTES SILVESTRES
As sementes silvestres são aquelas pertencentes as plantas não cultivadas e consideradas, portanto, invasoras da cultura Cultivar
... 29
amostra de trabalho (100 g.) retirada da amostra média. Esta determinação é válida somente para cultivares indicadas pelo remetente e se houver a disponibilidade de uma amostra padrão para comparar com a amostra em exame. O resultado desta determinação é expresso em gramas por peso da amostra analisada.
tes silvestres comuns quando não são prejudiciais, dentro de certos limites de tolerância; e como sementes silvestres nocivas quando são prejudiciais, mesmo dentro de determinados limites de tolerância. As sementes consideradas nocivas por lei distribuem-se em duas categorias: toleradas e proibidas. Toleradas são aquelas cuja presença nas sementes da amostra é permitida dentro de limites máximos específicos e globais, fixados por lei. Proibidas são aquelas cuja presença não é permitida junto as sementes de outro lote. O arroz- preto é uma semente silvestre nociva proibida, enquanto que a semente de arroz- vermelho (Oriza sativa) , angiquinho (Aeschynomene rucis) e corriola (Ipomoea grandifolia), são sementes silvestres nocivas toleradas. A determinação dessas sementes silvestres é feita em 500 g. de amostra, por meio da identificação visual. No caso do arroz- vermelho, a determinação é feita após o descasque dos 500 g. da amostra.
Padrão de semente
ANÁLISE DE SEMENTES DESCASCADAS
A determinação de sementes descascadas é realizada na mesma operação da análise de pureza. As sementes descascadas são consideradas sementes puras, quando em excesso prejudicam a qualidade do lote. O resultado desta determinação é expresso em número de sementes descascadas por peso da amostra analisada.
Lavoura de arroz em fase de enchimento de grãos
ANÁLISE DE SEMENTES ATÍPICAS
São consideradas sementes atípicas todas aquelas sementes que possuem determinadas características quanto a presença ou ausência de pilosidade. Sementes sem pilosidade são consideradas glabras e com pilosidade são consideradas pilosas. A determinação de sementes atípicas é realizada em uma subamostra (30 g.) retirada da porção semente pura da análise de pureza. O resultado desta determinação é expresso em número de sementes atípicas (glabras ou pilosas) por peso da amostra analisada.
VERIFICAÇÃO DE ESPÉCIES E CULTIVARES
Fotos Embrapa Clima Temperado
O objetivo da verificação de espécies e cultivares é verificar qual a porcentagem de sementes da amostra que está de acordo com a espécie ou cultivar nela indicada e, verificar o número de outras cultivares presentes na amostra de trabalho (100 g.) retirada da porção semente pura da análise de pureza ou em uma
TESTE DE GERMINAÇÃO
O objetivo do teste de germinação é obter informações sobre a qualidade das sementes para fins de semeadura em campo e fornecer dados que possam ser usados, juntamente com outras informações, para comparar diferentes lotes de sementes. Métodos de análise em laboratório, efetuados sob condições controladas, de
alguns ou de todos os fatores externos, têm sido desenvolvidos de maneira a permitir uma germinação mais regular, rápida e completa da maioria das sementes contidas nas amostras. Estas condições , consideradas ótimas,, são padronizadas para que os resultados dos testes de germinação possam ser reproduzidos e comparados, dentro de limites tolerados (Brasil, 1992). A realização destes testes em condições de campo não é, geralmente, satisfatória pois, dada a variação das condições ambientais, os resultados nem sempre podem ser fielmente reproduzidos. O teste de germinação é realizado com quatro repetições de cem sementes, oriundas da porção semente pura da análise de pureza, e levadas ao germinador à temperatura de 25ºC. A duração do teste é de 14 dias, sendo feita uma contagem de plântulas normais aos 7 dias e uma avali-
Observação a cultivar Bluebelle do tipo patna, no fator outras cultivares , tem a tolerância ampliada para 15/100g, na categoria de SEMENTE FISCALIZADA, atendendo aos seguintes desdobramentos: Sementes de cultivares Tipo *PATNA* (nº)
Panícula de arroz bem ramificada
30
Cultivar
15 14 13 12 11 10 09
+ + + + + + + www.cultivar.inf.br
Tolerância
Fatores
Sementes de outras cultivares (nº)
Total (nº)
0 1 2 3 4 5 6
15 15 15 15 15 15 15
ação final aos 14 dias. O resultado do teste de germinação é expresso em porcentagem do número de plântulas normais, em números inteiros. Consideram-se plântulas normais aquelas que mostram potencial para continuar seu desenvolvimento e originar plantas normais, quando desenvolvidas em solo de boa qualidade e sob condições favoráveis de umidade, temperatura e luz. Muitas vezes ocorre que uma semente não germina até os 14 dias. Neste caso, a semente está morta ou apresenta dormência. Se a semente está morta não serve para plantio e , se apresenta dormência, esta pode ser superada por meio de tratamentos especiais. Como são várias as causas que determinam a dormência, são, também, vários os métodos empregados nos laboratórios para provocar a germinação dessas sementes. Em arroz, um dos métodos mais utilizados para superação da dormência das sementes, é submetê-las, durante 120 horas, em uma estufa à temperatura de 45ºC. Após esse período, as sementes são levadas ao germinador à temperatura de 25ºC.
PADRÃO DE SEMENTES
A CESM-RS, por meio de suas Normas para Produção de Sementes de Arroz Irrigado (CESM-RS, 1998), estabelece os padrões para as diferentes classes de sementes, utilizadas para plantio. . Daniel Fernandez Franco e José Alberto Petrini, Embrapa Terras Baixas Abril de 2002
Abril de 2002
GERMINAÇÃO MÍNIMA (%) PUREZA MÍNIMA (%) ARROZ SEM CASCA* (nº máximo em 100g) OUTRAS SEMENTES (nº máximo em 100g): Outras espécies cultivadas Sementes silvestres SEMENTES ATÍPICAS** (nº máximo em 30g) OUTRAS CULTIVARES*** (nº máximo em 100 g.) SEMENTES NOCIVAS TOLERADAS**** (nº máximo em 500g): Arroz vermelho Outras espécies SEMENTES NOCIVAS PROIBIDAS**** (nº máximo em 500g)
Básica 70 99 25
Registrada 80 99 25
Certificada 80 99 25
Fiscalizada 80 99 30
1 zero 5 1
2 zero 10 2
3 zero 10 3
6 zero 20 6
zero zero
zero zero
zero 1
2 1
zero
zero
zero
zero
(*)Exigido somente para o comércio interestadual. (**)Sementes com pilosidade, em amostras de cultivares glabras e vice-versa. (***)Sementes com caracteres distintos da cultivar em análise, que possam ser reconhecidos pelo exame visual, com base nos descritores referidos pela entidade que melhorou ou lançou a cultivar. (****)Ver Portaria nº 439, ANEXO V.
Informe Técnico Rigran Um dos fatores limitantes no tratamento de sementes é a dificuldade na fixação dos produtos químicos nos grãos. No tratamento convencional o produto se solta da semente na hora do plantio e perde a eficiência. Se o plantio for feito com plantadora a vácuo a perda é maior ainda, pois parte do produto acaba ficando na própria máquina, sem chegar ao solo. O Grupo Horita, de Barreiras, Bahia, encontrou uma solução para o problema, acrescentando 100 ml de CF-CLEAR da Rigran por 100 kg de sementes. Segundo o engenheiro agrônomo José Cláudio Oliveira, a aplicação do produto garante uma boa fixação dos fungicidas, inseticidas e do trichodermil, mantendo as características fisiológicas sem alterar a eficiência na germinação.
www.cultivar.inf.br
Cultivar
...do arroz. São identificadas como semen-
José C. Oliveira Cultivar
31
Arroz
Arroz que salva Alimento básico do brasileiro, o arroz agora é apontado como futura fonte mundial de suprimento de calorias
A
da metade da ração em calorias de mais de três bilhões de asiáticos e um terço das necessidades calóricas de grande parte da África e América Latina. Para fazer frente a esse crescimento demográfico, a produção rizícola deverá aumentar cerca de 30% no curso dos próximos 20 anos, estimam os especialistas. Após os ganhos de produtividade obtidos graças à revolução verde, os rendimentos chegaram ao topo. No continente asiático, que assegura mais de 90% da ´produção mundial, a colheita não aumenta mais do que um por cento ao ano. A explicação é simples: a rarefação das terras cultiváveis próximas ao centros urbanos, a falta de mão-de-obra agrícola, e, por fim, a concorrência das necessidades industriais e domésticas sobre os recursos de água necessários á irrigação. Além disso, certas tentativas de transferência tecnológica dos modelos produtivistas de cultura intensiva para os países do hemisfério Sul esbarram em obstáculos erosão do solo, poluição das águas e, Embrapa Arroz e Feijão
produção de arroz deverá aumentar 30% nos próximos 20 anos e as esperanças estão centralizadas no arroz de sequeiro, no plantio direto e no melhoramento genético. O arroz está no centro da questão sobre como prover as necessidades alimentares de uma população mundial que vai passar, no próximo quarto de século, de seis para oito bilhões de indivíduos. E foi o tema principal de estudos desenvolvidos no Salão de Agricultura, em Paris, no final de fevereiro, onde se discutiram também quotas de exportação e reservas, organizado pelo Centro de Cooperação Internacional de Pesquisa Agronômica (CIRAD, sigla em francês) e a participação de governos, instituições de pesquisa e produtores do Brasil, Vietnam, Tailândia e Madagascar. Por que o arroz? Porque esse cereal, um dos três mais cultivados no mundo após o milho e o trigo, com uma produção de 585 milhões de toneladas (390 milhões de T descascado), é a base da alimentação da metade da humanidade. Ele fornece perto
Arroz de terras altas da cultivar primavera
32
Cultivar
www.cultivar.inf.br
no fim das contas, empobrecimento das terras e dos agricultores que destacam outros sistemas de cultura que respeitam o ambiente, e portanto mais duráveis e definidos com os produtores locais. As esperanças estão centralizadas na promoção da rizicultura de sequeiro, ou pluvial, como alternativa aos sistemas irrigados que cobrem hoje 55% das superfícies cultivadas e fornecem 75% da produção mundial, mas que são extremamente dependentes de água e que exigem equipamentos custosos. A cultura de sequeiro, em que a planta se satisfaz das precipitações naturais, não representa ainda mais de 13% das superfícies agrícolas. Mas ela constitui o sistema dominante na África e progride rápido na América Latina. Os agrônomos do CIRAD trabalham para ultrapassar esses limites com os agricultores de diversos países, inclusive do Brasil, no Centro-Oeste. É assim que esta cultura, de início restrita às zonas de baixa e média altitudes, já está com sucesso implantada nos altos platôs de Madagascar, graças à criação de variedades tolerantes não somente aos períodos de seca, que se Abril de 2002
sucedem aos de excesso de chuvas, mas também ao frio. Essas variedades, rapidamente adotadas pelos produtores malgaches, ainda estão sendo testadas na China, na província montanhosa de Yunnan, e nos Andes colombianos.
VARIEDADES RESISTENTES
A rizicultura de sequeiro não é, entretanto, a panacéia que alimentará o planeta. Outras práticas, como a semeadura direta sobre cobertura vegetal permanente, são experimentadas em muitas regiões. Esta técnica, que evita o trabalho de solo, tem a vantagem de proteger o solo da erosão graças às plantas de cobertura. Este tipo de cultura, associado à criação de novas variedades de arroz de sequeiro, já permite aos produtores de Mato Grosso obter uma produtividade de 4 a 6 toneladas de arroz por hectare contra as 1,2 T dos anos 80. No Brasil, 3,5 milhões de hectares são ocupados hoje por essas culturas, com o arroz em rotação com a soja e o milho, e o princípio começa a desenvolver-se em Madagascar, Guiiné, Vietnam e Laos. Ao mesmo tempo, os agrônomos do Abril de 2002
CIRAD buscam melhorar geneticamente as variedades de arroz resistentes às doenças. Esse trabalho segue os métodos clássicos de seleção a partir de cerca de 100 mil variedades e formas selvagens registradas. O CIRAD se interessa também pela pesquisa de arroz geneticamente modificado, apesar de seu diretor geral, Bernard Bachelier, frisar que a pesquisa de OGMs representa apenas 2% dos trabalhos da instituição. A pesquisa genética sobre o arroz, cujo genoma deverá ser inteiramente descrito no próximo ano, visa inicialmente a localizar os genes de interesse agronômico para permitir sua transferência por cruzamento, explica. Porém, o CIRAD não elimina a possibilidade de criar a longo prazo arroz transgênico melhor adaptado ás condições locais de seca ou de salinidade, ou menos sensíveis aos insetos. Aliás, esse era o caso das plantas experimentais destruídas em 1999 em Montpelier pelos militantes da confederação de produtores de José Bové, que valeu a condenação do controvertido militante pela justi. ça francesa. www.cultivar.inf.br
Parcelas de demonstração em arroz de terras altas
Cultivar
33
Doenças Cultivar
Congresso
O
XXIII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas será realizado de 29 de julho a 1º de agosto de 2002, no Hotel Serrano, em Gramado, região serrana do Rio Grande do Sul. O evento é promovido por uma comissão organizadora composta por Instituições de ensino e pesquisa dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e pela Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas (SBCD). O tema central do XXIII Congresso é dedicado aos Novos Paradigmas no Manejo de Plantas Daninhas. O programa científico do evento terá o foco em aspectos práticos e científicos, importantes e recentes da Ciência das Plantas Daninhas, oferecendo a oportunidade para a discussão e a revisão dos avanços na área com pesquisadores, extensionistas, representantes de empresas do setor e produtores. Devido ao programa, durante o evento haverá a possibilidade de os participantes escolherem diferentes sessões para participação. Cientistas nacionais e internacionais de grande experiência profissional estarão presentes no Congresso, estreitando relações entre instituições de pesquisa, extensão, empresas, governos e sociedade, buscando contribuições para tornar o combate às plantas daninhas mais moderno, eficiente e ambientalmente seguro. Três assuntos principais serão desenvolvidos no XXIII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas: Resistência de plantas daninhas a herbicidas; Plantas geneticamente modificadas e sua se34
Cultivar
gurança ambiental; e Interação de herbicidas com o meio-ambiente. O Manejo da resistência de plantas daninhas a herbicidas será abordado pelo Dr. Pedro Christoffoleti, Esalq Piracicaba (SP). O Dr. Stevan Knezevic, University of Nebraska (USA), abordará a biotecnologia x manejo integrado de plantas daninhas. O destino dos herbicidas no ambiente será o tema que o Dr. Ronald Turco, Purdue
University (USA), desenvolverá em sua palestra. Além destes, diversos outros pesquisadores nacionais e internacionais desenvolverão assuntos relacionados à Ciência das Plantas Daninhas. Maiores informações podem ser obtidas através do site do Congresso: www.ufsm.br/xxiiicbcpd ou na Office Marketing pelo fone: (51) 3226 . 3111. PR
Planta que possui cutícula protetora que dificulta o controle por herbicidas
www.cultivar.inf.br
Abril de 2002
Epidemia de ferrugem da soja assusta produtores de Mato Grosso do Sul
Pintou ferrugem? A
Ferrugem da soja, da qual ainda não havia registro de ocorrência em Mato Grosso do Sul, está atacando 100% das lavouras plantadas na região de Chapadão do Sul, causando sérias preocupações aos produtores e em especial aos pesquisadores Paulino José Melo Andrade, da Embrapa Agropecuária Oeste (órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Donita Figueiredo de Alencar Araripe Andrade, da Fundação Chapadão. Para os pesquisadores, ela vem se manifestando de forma muito agressiva na maioria das variedades recomendadas para a região, podendo causar perdas consideráveis na produtividade, já que tem provocado queda das folhas antes de ser finalizada a granação. Os sintomas da doença caracterizam-se pelo surgimento de pequenas lesões necróticas de coloração pardo-avermelhada, na parte superior da folha, coincidindo, na parte inferior, com pústulas castanho-claras a castanhos-escuras , explicam. De acordo com a literatura, a ferrugem da soja, causada pelo fungo Phakopsora sp, foi constatada no Brasil em 1979, no município de Lavras-MG, causando grande alarde entre os pesquisadores devido ao seu alto potencial de danos nos países asiáticos. Nas Américas, a doAbril de 2002
ença foi relatada pela primeira vez no Hawai, preocupando as autoridades norteamericanas. Desde que foi detectada pela primeira vez no Brasil, tem havido apenas surtos esporádicos e imprevisíveis da doença. Pesquisadores da Embrapa Soja, de Londrina-PR, relataram que na safra 1990/ 91 a ferrugem atingiu níveis epidêmicos em São Gotardo e Presidente Olegário, em Minas Gerais, e em áreas do Distrito Federal. Em São Gotardo, estimou-se que a doença provocou redução do rendimento entre 30% e 40%. Anualmente, na área experimental da Fundação de Apoio a Pesquisa Agropecuária de Chapadão (Fundação Chapadão), instituição de pesquisa conveniada à Embrapa de Dourados-MS, são testados diferentes genótipos de soja quanto à reação às principais doenças.Na safra atual, no ensaio de competição de genótipos de soja, onde estão sendo avaliados 40 materiais, a incidência da doença tem sido generalizada e a severidade de ataque tem apresentado pequenas diferenças entre os materiais. Em alguns, percebe-se intensa desfolha, antes mesmo da completa granação. Avaliações mais detalhadas estão sendo efetuadas, bem como estudos de perdas e controle químico da doença. Informações, (67)-562-2032 ou . (67)425-5122 ramal 275. www.cultivar.inf.br
.
Cultivar
35
Agronegócios
Agricultural Outlook Balanço da agricultura norteamericana feito anualmente pelo Departamento de Agricultura dos EUA transformou-se em um foro privilegiado e insubstituível para antecipar tendências e balizar comportamentos do agronegócio em escala planetária
H
á 78 anos que, no mês de fevereiro, o Departamento de Agricultura dos EUA faz um balanço da sua agricultura, com projeções para o restante do mundo, no evento denominado Agricultural Outlook Forum. Esse acontecimento tornou-se um foro privilegiado e insubstituível para antecipar tendências e balizar comportamentos do agronegócio em escala planetária, com ênfase para o comércio internacional de produtos agropecuários. Analistas do mundo inteiro, governamentais e privados, têm participado do Outlook e têm transmitido suas impressões sobre aspectos técnicos e comerciais do evento. Durante o II Congresso Brasileiro de Soja, promovido pela Embrapa (Foz do Iguaçu, 3-6/6/2002), as questões afetas ao agronegócio da soja serão apresentadas e discutidas com os participantes. Porém existe outra faceta, não menos importante, que é o componente político, posto que o Governo americano utiliza o discurso de abertura do Outlook para transmitir suas mensagens e tornar públicas suas diretrizes. Dessa forma julgamos conveniente analisar e comentar o discurso da Secretária de Agricultura Ann Veneman, na abertura do Outlook. 36
Cultivar
LEI AGRÍCOLA
Praticamente todo o discurso da secretária esteve voltado para ressaltar aspectos da Lei Agrícola, que se encontra em discussão no Capitólio. Um ponto importante foi a referencia aos US$73,5 bilhões adicionais de suporte aos agricultores, caso os preços não melhorem. Pontuou o desafio que significa oferecer subsídios sem que estes redundem em super-oferta de produtos agrícolas, contribuindo ainda mais para a derrubada de seus preços. A secretária não explicitou que mecanismos seriam esses, embora os subsídios dos EUA sejam um dos fatores mais firmes para impulsionar o movimento baixista de preços no mercado mundial.
COMÉRCIO INTERNACIONAL
A secretária afirmou textualmente: Os nossos agricultores e fazendeiros são os mais eficientes do mundo e têm muito a ganhar com o livre comércio internacional. As políticas agrícola e comercial não devem se opor, porém caminhar lado a lado. Essa afirmativa pode levar a duas interpretações. A primeira delas é que a secretária estava fazendo um discurso próforma, sabendo do antagonismo inconciliável entre as duas políticas, porém quis www.cultivar.inf.br
marcar posição para os incautos e acólitos. A segunda interpretação é que a secretária por extensão o Governo americano e o país acreditam que isso seja verdade. Os fatos contradizem as duas afirmativas. A nova Lei Agrícola americana é essencialmente protecionista e restringe o acesso de outros países ao mercado americano, até para os excepcionalmente eficientes, ao impor cotas de importação. Por outro lado, para mim é acaciano que agricultor eficiente não precisa de subsídio. Se tiver subsídio é ineficiente, logo o produtor americano ou não precisa dos subsídios que recebe ou é ineficiente.
MEIO AMBIENTE
O recado foi claro: A Lei Agrícola deve auxiliar os agricultores a encaminhar corretamente as questões relativas à proteção ambiental. A burocracia governamental deve ser reduzida ao estritamente necessário, deve permitir escolhas e não deve onerar em demasia o produtor rural. A pressão social pela produção com responsabilidade ambiental deverá ser uma das marcas da Lei Agrícola. Um detalhe pouco explorado da Lei Agrícola é o seu capítulo de Meio Ambiente. Além dos subsídios diretos à agricultura, o produtor americano disporá de alguns bilhões de dólares para manutenção de reservas de matas, reflorestamento, matas ciliares, proteção da fauna, controle de erosão, proteção de cursos d água e destinação de dejetos. Com a crescente pressão internacional para vincular o mercado de produtos agrícolas às práticas conservacionistas, o agricultor americano passa a receber um diferencial de apoio que lhe permite operar em faixas de remuneração cada vez menores, por ter seu custo absorvido pelos subsídios governamentais. Os Abril de 2002
fundos conservacionistas que irão auxiliar os agricultores a atenderem as demandas ambientais são o Environmental Quality Incentives Program (EQIP), o Conservation Reserve Enhancement Program (CREP) e o Conservation Reserve Program (CRP).
SANIDADE AGROPECUÁRIA
Os programas de sanidade agropecuária constituem parte da infra-estrutura produtiva, na visão da secretária Veneman. Pelo segundo ano consecutivo, o órgão de fiscalização sanitária (APHIS) está recebendo uma dotação orçamentária recorde. A secretária prometeu um esforço redobrado de Defesa Agropecuária, entendendo que um programa permanente de prevenção e de erradicação de pragas está na base do sucesso da agricultura. O bicudo do algodão já causou prejuízos de 14 bilhões de dólares, e o programa de erradicação já livrou da praga sete dos principais estados produtores. Os EUA estão lançando um
programa de segurança interna, em que a produção agrícola é um dos itens mais importantes, em especial no atinente à Defesa Agropecuária.
SEGURANÇA INTERNA
O Governo americano está destinando US$474 milhões para ações emergenciais de segurança interna, em virtude dos atentados terroristas de 11 de setembro passado. O entendimento é que os alimentos representam um alvo muito atrativo para terroristas, donde a necessidade de diversas medidas para sua prevenção. Investimentos serão efetuados em equipamentos de raios X para detecção de material orgânico, novos inspetores serão contratados, novas tecnologias baseadas em sistemas informatizados e equipamentos de última geração serão alocados nos laboratórios do sistema de Defesa Agropecuária.
ENERGIA
O Governo americano aposta firme no uso de combustíveis líquidos, derivados de produtos agrícolas, como o etanol e o biodiesel, entre outras fontes alternativas de energia. Lembrou que, em 2001, foram consumidos 7 bilhões de litros de etanol, produzidos a partir do milho, sendo meta do Governo triplicar essa produção até o final da década. A soja é a base da produção do biodiesel americano, sendo este o tema de uma das conferências do II CBSoja.
PESQUISA AGROPECUÁRIA
O Governo Bush está destinando 2,3 bilhões de dólares de recursos ordinários, além de Abril de 2002
www.cultivar.inf.br
100 milhões de dólares para prioridades especiais de pesquisa. Salientou a prioridade para questões de biotecnologia avançada e usou o exemplo do algodão Bt como forma de reduzir o impacto ambiental e o custo dos produtores. Também referiu a prioridade para aplicações biotecnológicas na agropecuária, que melhorem a qualidade de vida, em especial aquelas destinadas a preservar a saúde ou a curar doenças. Referiu um convênio entre a NASA e o USDA para desenvolver aplicações de satélites na agricultura de precisão americana, em especial com as culturas de milho, trigo, soja e algodão. Estabeleceu como diretriz o desenvolvimento de novos produtos com melhores características nutricionais, cultivares mais produtivas, tolerantes à seca e resistentes a pragas. Instigou o desenvolvimento de novos produtos, usando como exemplo as fibras têxteis e os plásticos produzidos a partir da dextrose ou de monômeros de soja. Percebe-se, com os pesados investimentos em sanidade e pesquisa agropecuária, que o Governo americano está investindo forte para recuperar competitividade perdida ao longo do tempo e que o obriga a despender vultosos recursos em subsídios agrícolas.
RECADOS
A secretária enfatizou que os EUA produzem muito mais alimentos do que consomem, e anunciou mais agressividade na ocupação dos mercados. Salientou que não aceitará restrições sanitárias que não estejam cientificamente fundamentadas, incluso as aplicadas a produtos biotecnológicos. Citou especificamente que a União Européia, a China e o Japão adotaram políticas que retrocedem em relação ao livre mercado e prejudicam os produtores norte-americanos. Reafirmou que os EUA não aceitarão práticas desleais de mercado. Entretanto, esqueceu de classificar como tal os subsídios que o seu país fornece aos agricultores americanos, que prejudicam milhões de agricultores de outros países. Também salientou a importância de o Congresso americano aprovar o Fast Track para as negociações internacionais, porém novamente olvidou-se de comentar que, nas condições leoninas impostas pelo Senado americano, não haverá negociação possível. Enfim, o discurso da secretária trouxe um punhado de boas novas ao público interno e outro tanto de preocupações para os demais pa. íses produtores agrícolas. Décio Luiz Gazzoni
Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa e Diretor Técnico da FAEA-PR http://www.agronomo.eng.br/agronegocios/
Cultivar
37
Mercado Agrícola - Brandalizze Consulting
Chuvas seguram a colheita em fevereiro As chuvas escassearam sobre grande parte do Centro Oeste e Nordeste do Brasil em março e assim as perdas das lavouras de soja cresceram e já estão refletindo nos novos números para a produção Brasileira. Os indicativos do começo do ano apontavam uma safra de 42,5 a 43,5 milhões de T. Mas as lavouras tardias foram tomadas pelo tempo seco e altas temperatura em plena fase de enchimento dos grãos e assim as perdas foram grandes. Com isso os novos números da safra apontam para 41,5 milhões de T ou até abaixo porque muitas áreas que devem ser colhidas em abril poderão ter perdas superiores a 50% na produtividade. Desta forma comprometeu o número final da safra brasileira. Por incrível que pareça, o USDA continua apontando a safra brasileira maior do que normalmente é, mas neste ano a posição é mais espantosa, divulgando em março no seu relatório mensal a safra em 43,5 milhões de T, ou seja cerca de 2 milhões de T acima do que estamos projetando por aqui. Este número serve para intimidar os avanços no mercado de Chicago e assim prejudicando os produtores que necessitam fechar parte da safra agora na colheita. A quebra na produtividade deverá trazer como consolo, cotações médias maiores que as projetadas e isso já esta sendo visto no mercado brasileiro, onde a soja parou de cair, e poderá enfrentar os primeiros ganhos positivos já em abril.
Estimativas para a safra Brasileira da SOJA 2001/2002 Estado Área Produção Kg/ha
RS 3.150 6.150 1.952
PR 3.200 9.500 2.969
SP 550 1.410 2.564
MG 810 1.880 2.320
GO 1.750 4.650 2.657
MS 1.280 3.450 2.695
MT 3.450 11.050 3.202
BA 800 1.380 1.725
BR 15.500 41.490 2.677
Vlamir Brandalizze
Fonte: Brandalizze Consulting
MILHO
Poucas ofertas em plena colheita
O mercado do milho esta em cima da colheita, com grande parte das lavouras já finalizadas, e mesmo assim não tem mostrado grandes ofertas de milho livre. Os produtores vêm entregando nas cooperativas e comerciantes e estes não tem colocado o produto no mercado, sem ter antes fechado com os produtores(fato este que normalmente não ocorria antes), o setor teme por perdas se as cotações crescerem logo. Enquanto isso os produtores não fecham porque esperam alta. Quando se aponta pelo lado das cooperativas, estas vêm apontando que seguram boa parte do produto, para consumo próprio e que a safra de verão foi fortemente prejudicada pela redução da área plantada e também pela estiagem que passou o Sul do país. Com isso trabalhamos o último mês com poucas ofertas de milho livre e negócios escassos aqui e ali, mantendo os indicativos firmes, com as posições sendo feitas pelos vendedores. Com os produtores recebendo de R$ 11,50 a R$ 13,00 por saca.
casca no Sul e também no Centro-Oeste. Os produtores tem entrado forte nos pregões de Opções do governo para garantir lá na frente cotações acima do R$ 16,00/16,50 por saca. A safra esta em colheita e deverá avançar neste mês de abril. A maior pressão de venda deverá ocorrer em abril, quando ainda poderemos ter momentos desfavoráveis aos produtores. Não devendo ser um bom momento para vender a safra.
FEIJÃO
Seca toma conta das lavouras no Irece
A seca tomou conta de mais de 50% das lavouras de feijão do Irece na Bahia, e assim comprometeu a grande safra esperada para a região que apontava para 150 mil T, e agora sinaliza que poderá não fechar 100 mil T. Com isso o mercado nacional passou por mais um momento que deveria ter grande oferta e queda nos indicativos, sem ver as cotações recuarem. Como estamos num ano de grande ex-
pectativa de demanda, podemos novamente apontar que a comercialização continuará andando do lado favorável aos produtores. Os indicativos do feijão carioca têm ficado entre os R$ 45,00 e R$ 55,00 por saca enquanto isso o Preto tem rodado cerca de R$ 10,00 acima.
TRIGO
Plantio cresce em cima da safrinha
Os produtores devem realizar um grande plantio de Trigo neste ano, com crescimento da área, aumento do uso de tecnologia e principalmente buscar sementes de melhor qualidade que resultam em produtividade maior e qualidade superior do produto final. Desta forma, o mercado vem aguardando que a nova safra venha para indicativos de 3,5 a mais de 4 milhões de T, contra as 2,9 colhidas no ano passado. O Trigo neste ano esta ganhando espaço do Milho safrinha no Paraná, e Mato Grosso do Sul. Os produtores estão otimistas pelos indicativos próximos dos R$ 300,00 por T.
CURTAS E BOAS
SOJA
Comercialização lenta a espera de cotações maiores
O mercado da soja andou em compasso de espera, com os produtores buscando cumprir os contratos antecipados, que lhes deram bons ganhos e segurando o restante para momentos mais favoráveis à frente. O setor espera por novos ajustes positivos nas cotações, fato este já ocorrido em março, quando os Chineses deram sinais de voltar as importações de soja e assim aumentar a demanda internacional. Desta forma o mercado começa a sinalizar que teremos novamente um mercado sinalizando com uma tendência de ajustes positivos. Os piores momentos da soja aparentemente estão passando e abril poderá mostrar alguns indicativos mais favoráveis.
ARROZ
Colheita chegou e opções como alternativa
O mercado do arroz bateu no fundo do poço em março, e, aparentemente, mostra indicativos de R$ 14,00 / 14,50 pela saca de arroz com
38
Cultivar
ALGODÃO - a seca que tomou conta dos estados centrais esta causando grandes perdas nas lavouras de Goias e Minas Gerais, além das áreas da Bahia, com isso já se aponta para nova redução da produção, que, neste ano, teve forte queda na área plantada e agora apresentará queda na produtividade. Devendo resultar em crescimento das cotações. EUA- o plantio da safra americana esta começando agora em abril, com indicativos que venha plantar cerca de 31,9 milhões de hectares de milho, contra os 30,7 milhões da safra anterior e cerca de 30 milhões de ha de Soja, semelhante a safra passada. Com indicativos de produzir 250 milhões de T de milho e cerca de 78 milhões de T de soja, isso sem El Niño. FRANGOS - mais uma empresa americana chega ao Brasil, desta vez no Rio Grande do Sul, onde comprou uma estrutura de produção de 200 mil frangos por dia, a qual deverá ser ampliada e modernizada. Com isso cresce a necessidade do estado em milho. Os antigos proprietários usarão os recursos para ampliar a produção do braço paulista da empresa, que não foi vendido, devendo passar de 300 para 500 mil frangos por dia. Mais soja e milho sendo consumidos e agregando valor ao agribusinnes brasileiro. Então que seja bem vinda a OSI, nova empresa do setor de frangos. MILHO - a safrinha teve um bom arranque inicial, vai bem no Mato Grosso, mas esta sofrendo em Goias, e tem recebido poucas chuvas no Oeste e Norte do Paraná, que passa pelo verão mais quente dos últimos anos. Podendo comprometer a produção, que já chegou a ser indicada em 9 milhões de T e agora aponta para as 7 ou 7,5 milhões de T.
www.cultivar.inf.br
Abril de 2002