Cultivar 47

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Ano V - Nº 47 Fevereiro / 2003 ISSN - 1518-3157 Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 76,00

Segunda safra Safrinha de milho é fundamental para atender a demanda interna

(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 8,00 Diretor:

Newton Peter

Irrigado em perigo

Editor Geral:

S.K. Peter

Manejo de pragas é a saída para a cultura de arroz irrigado

Editor Assistente:

Charles Ricardo Echer

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Redação

Pablo Rodrigues Gilvan Dutra Quevedo

Design Gráfico

Fabiane Rittmann

Marketing:

Neri Ferreira

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Diagramação

Fabiane Rittmann Christian Pablo C. Antunes

Perigo escondido

Circulação:

Saiba as causas do insucesso no manejo dos percevejos fitófagos da soja

Edson Luiz Krause Jociane Bitencourt

Assinaturas:

Simone Lopes

Ilustrações:

Rafael Sica

Revisão:

Carolina Fassbender

Pragas do algodão

Editoração Eletrônica:

Index Produções Gráficas

Fotolitos e Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

NOSSOS TELEFONES: (53) GERAL / ASSINATURAS: 3028.4008 ATENDIMENTO AO ASSINANTE: 3028.4006 REDAÇÃO : 3028.4001 / 3028.4002 / 3028.4003 MARKETING: 3028.4004 / 3028.4005 EDITORAÇÃO: 3028.4007 FAX: 3028.4001

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Controle inadequado do curuquerê pode causar quedas de até 35% na produção

índice

Nossa capa

Diretas

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Detecção de aflatoxinas em grãos

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Perspectivas para safrinha

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Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br

PD como tratamento do solo

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Manejo de pragas para o arroz irrigado

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Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Aenda

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Emprego de aminoácidos

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Cuidados com o pulgão no algodão

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Pragas foliares do algodão

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Informe técnico - Cooplantio

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Agronegócios

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Mercado agrícola

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Incidência de percevejos fitófagos na soja 16

Foto Capa / Dirceu Gassen O percevejo é um dos principais inimigos da sojicultura brasileira


diretas José Mauro Kruker

Cristina Palma

Cargil

A Cargil Agrícola se prepara para a construção de uma indústria de derivados de soja no município de Rio Verde, em Goiás. O investimento previsto é de R$ 65 milhões oriundos do projeto de incentivo financeiro do programa Produzir. A expectativa é de que sejam gerados 80 empregos diretos com o novo empreendimento. Também está sendo estudada a abertura de uma unidade em Mato Grosso, onde seriam investidos R$ 130 milhões.

Eleições

A Apassul elege em 11 de março nova diretoria para o triênio 2003/ 2006. De acordo com o secretário Antonio Eduardo Loureiro da Silva, os representantes da entidade serão escolhidos pelo Conselho de Administração.

Antonio E. Loureiro 04

Cultivar

Algodão

Aliança

Novos rumos

A gerência de comunicação da Basf está sob novo comando. Cristina Palma, que anteriormente atuava na Bayer CropScience, acaba de assumir o cargo. Formada em Marketing, pela Fundação Getúlio Vargas, Cristina adquiriu larga experiência ao longo de 7 anos de trabalho em importantes empresas químicas do segmento agrícola.

Aquisição

A Syngenta adquiriu a Diversa, empresa norte-americana que atua na área de biotecnologia. O valor da transação comercial foi de US$ 118 milhões que deverão ser pagos dentro de sete anos. Com a compra a Syngenta amplia a participação no ramo de pesquisas agrícolas e farmacêuticas.

A Bunge e a Dupont acabam de formar aliança para expandir a produção e distribuição de alimentos, além de cooperação na área de biotecnologia. Do acordo nasce a Solae L.L.C., com previsão de início das atividades no primeiro semestre de 2003. A estimativa é de que o novo empreendimento gere receitas de US$ 800 milhões por ano. O controle fica com a Dupont que terá participação de 72%. A parceria vale para os mercados da Europa, Estados Unidos, Ásia e Brasil. A base da Solae L.L.C. será instalada em Saint Louis.

Representatividade O engenheiro agrônomo José Amauri Dimárzio, expresidente da Abrasem, é o novo secretário executivo do Ministério da Agricultura. A indicação gera expectativa no setor sementeiro, ao qual Dimárzio está ligado. Como chefe de gabinete foi escolhido João Henrique Humel Vieira, também da Abrasem.

Homenagem

O professor Milton Guerra, um dos fundadores da Cultivar, acaba de ser laureado com a Medalha e o Livro do Mérito, concedidos pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea). A Medalha teve como primeiros homenageados o expresidente Juscelino Kubistschek de Oliveira, o engenheiro Octávio Marcondes Ferraz e o arquiteto Lúcio Costa. No Livro do Mérito estão inscritos os nomes do engenheiro José Maria da Silva Paranhos Visconde do Rio Branco e do engenheiro Alfredo d Escragnolle Taunay Visconde de Taunay. A Condecoração, instituída em 1958, é um reconhecimento à contribuição de profissionais para o desenvolvimento tecnológico do país.

Precisão

A Serrana, uma das marcas da Bunge Fertilizantes, desenvolve trabalho pioneiro na aplicação da Agricultura de Precisão para o uso de adubos e corretivos. Com a utilização do sistema via satélite (GPS), é feito o mapeamento do solo e a retirada de amostras precisas, que permitem aplicar os fertilizantes em doses

variáveis. A empresa mantém, ainda, um banco de dados dos clientes que adotam esta tecnologia, com informações relativas à fertilidade do solo. Esses dados podem ser transferidos via Internet, comparados ao longo dos anos e estudados para formar novos indicadores e ações de manejo.

Amauri Dimárzio

Evento

Demonstração de tecnologias para as culturas do milho e soja, além de integração agricultura-pecuária. Esse é o principal enfoque do Showtec, preparado pela Fundação MS para o período de cinco a oito de fevereiro em Maracaju, no Mato Grosso do Sul. Apresentação de plantadoras e pulverizadores, novas cultivares, espaçamentos e adubação integram a agenda do Showtec 2003.

Arroz

A Embrapa Arroz e Feijão está oferecendo mais uma alternativa para o cultivo de arroz de terras altas. Trata-se da variedade BRS Talento, indicada para Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rondônia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais e Amazonas. As principais vantagens são maior produtividade, melhor arquitetura da planta e resistência à brusone, doença que pode causar perda total da produção. Nesta safra estão sendo oferecidas mais de mil toneladas de sementes. Embrapa Arroz e Feijão

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O chefe da Embrapa Algodão, Eleusio Curvelo Freire, comemora a criação de quatro novas variedades da cultura. Estão sendo preparados documentos para colocar no mercado a BRS Verde e BRS Acala. Também já estão prontas para lançamento outras duas cultivares para plantio na região dos cerrados, cujos nomes ainda não foram definidos. A BRS Verde é composta de fibra natural, enquanto a Acala apresenta como característica fibra extra-longa, destinada a fios finos para linhas de costura.

Balanço

O gerente executivo da Pioneer, Daniel Galt, festeja os resultados obtidos pela empresa em 2002. No ano em que completou 30 anos no Brasil a Pioneer alcançou record de crescimento em venda de sementes. Foram contabilizadas 1.700.000 hectares plantadas com milho e mais de 500 mil hectares cultivadas com soja. Para 2003 estão previstos vários investimentos, entre eles a construção de novas estações de pesquisa, contratações de pesquisadores, criação de unidade de classes superiores de soja, admissão de mais profissionais para as áreas de assistência técnica, logística e produção de sementes.

Ferrugem

A ferrugem da soja acaba de ser encontrada em lavouras de Itapeva, no sul de São Paulo. Facilmente disseminada pelo vento, a doença foi detectada pela primeira vez no Brasil na safra passada, quando causou prejuízo aproximado de

tor Vinícius Terin foi agraciado com computador, calculadoras e GPS. O programa Prima Classe foi criado há duas safras com o objetivo de premiar a fidelidade dos clientes na utilização de produtos FMC.

tantes das quatro províncias maiores produtoras de soja na China. A polêmica em torno do plantio comercial de soja transgênica e o funcionamento do sistema de produção e comercialização de sementes foram outros assuntos tratados com o presidente Caio Vidor.

Fevereiro de 2003

Fevereiro de 2003

A Embrapa Agropecuária Oeste apresenta cinco novas cultivares de trigo (BRS 49, BRS 193, BRS 208, BRS 210 e BRS 220). A expectativa é de que a indicação de cultivo, já existente para lavouras do Paraná se estenda também para o sul de Mato Grosso do Sul. Com produção de até 2.706 quilos por hectare, o BRS 208 desponta como destaque entre os novos produtos e deve apresentar excelente comercialização de sementes em 2003.

10% em lavouras do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás. De acordo com a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, os fungos infectam a planta quando existe água na superfície da folha, por um período de pelo

menos seis horas. Isso é possível nas noites de temperaturas amenas, onde há formação de orvalho ou quando ocorrem chuvas bem distribuídas.Mais informações no Sistema de Alerta da Embrapa, disponível no site www.cnpso.embrapa.br.

Colorido

O município de Patos, na Paraíba, lançou em janeiro a safra de algodão colorido. São 6 mil hectares cultivadas basicamente com a BRS 200, produzida pela Embrapa Algodão. Segundo o chefe Eleusio Curvelo Freire, a área plantada está em ampla expansão.

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Monsanto

Um acordo de US$ 11 milhões vai permitir à Monsanto construir uma unidade de produção de formol em Camaçari, na Bahia. O produto é utilizado na fabricação do Roundup, um dos principais herbicidas da empresa no Brasil. A construção está sendo realizada em parceria com a Companhia Petroquímica do Nordeste (Copenor) que se comprometeu em fornecer, durante os próximos dez anos, toda a produção da nova unidade para a Monsanto. Com a medida, a agroquímica deixa de importar U$$ 150 milhões em matéria-prima. A expectativa é de que as obras estejam concluídas até o final do ano.

O novo presidente da Embrapa, engenheiro agrônomo Clayton Campanhola, definiu a política a ser adotada pela empresa em relação aos transgênicos. Usaremos o princípio da precaução , resumiu. Campanhola enfatizou que a biotecnologia tem propostas interessantes, mas é incapaz de resolver o problema de todos os agricultores. Destacou também que não há comprovação quanto à ausência de riscos para a saúde humana e o meio ambiente. O novo presidente é graduado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz /USP, tem mestrado em energia, pela USP, doutorado em entomologia pela Texas A&M University/EUA e pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas.

Visita

Lançamento

Prêmios

A FMC Química do Brasil entregou prêmios do programa Prima Classe a mais dois produtores. Josué Corso Neto, que atua no cultivo de algodão, soja e milho, recebeu cinco motos, dois notebooks e GPS. Já o cotonicul-

Precaução A Embrapa Soja recebeu em janeiro a visita de uma missão chinesa, interessada em manter intercâmbio tecnológico com o Brasil. Chefiada por Sui Pegfei, vice-diretor do departamento de produção vegetal do ministério da agricultura chinês, a missão trouxe ao País 13 represen-

Soja

Os produtores de Campo Mourão, no Paraná, se preparam para enfrentar o percevejo da soja, um dos principais inimigos da cultura. Para esta safra, o Centro de Multiplicação de Trissolcus basalis (vespinha da soja) deve disponibilizar 800 mil unidades para atuar no controle biológico da praga.

Abag

O empresário Carlo Lovatelli, da Bunge, é o novo presidente da Associação Brasileira de Agrobusiness (Abag). Ele ocupa o cargo que pertencia ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Como vice foi eleito o engenheiro agrônomo Cristiano Walter Simon, que desempenhará interinamente a função enquanto Lovatelli permanecer na Europa.

Cultivar

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Milho Cultivar

ração amarelo-esverdeada para o espectro visual humano. O cálculo segue a fórmula:

Olho vivo Especialistas analisam metodologia simplificada de detecção das aflatoxinas em grãos de milho

1. MATERIAL E MÉTODOS AMOSTRAGEM

A matéria-prima utilizada na pesquisa foi amostras de grãos de milho integral, 06

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totalizando 144, divididas em dois lotes de 72 amostras cada, provenientes de diversas partes do Estado do Paraná e cada uma contendo cinco quilogramas, sendo embaladas em saco de papel multifolhado com a terceira folha impermeável. Na preparação da amostra foi utilizado 4,5 kg de grãos de milho para a análise de aflatoxinas por CFLAE e, para a análise por TLC, foi efetuado o quarteamento manual, que consiste em agrupar a amostra e espalhá-la sobre uma superfície lisa em forma de retângulo. Por meio de uma tira de madeira cortou-se em metades até adquirir a quantidade de duas amostras de 250g cada, sendo em seguida moída a uma granulometria em torno de 20 mesh.

te de luz ultravioleta com comprimento de onda de 265nm, conforme Figura 1. O método de análise consiste em pesar 4,5 kg da amostra e colocá-la no funil de entrada do equipamento. Liga-se à fonte de luz ultravioleta com comprimento de onda de 265nm, abre-se a parte inferior do funil e o controle de passagem dos grãos é feito manualmente de acordo com cada analista, sendo a leitura feita entre 3 a 8 minutos. Pelo visor conta-se quantos grãos da amostra existem com coloração amarelo-esverdeada. Somente devem ser contados os grãos de coloração amarelo-esverdeada, as outras cores possíveis de apare-

Os fungos do grupo Aspergillus flavus são produtores de aflatoxinas

cer como a branca, verde, amarela forte, rosa, vermelha, azul, roxa, violeta entre outras, são consideradas negativas, indicando ausência da micotoxina. A fluorescência é a absorção molecular da luz ultravioleta da estrutura eletrônica da molécula. A absorção de energia é quantizada e conduz a passagem dos elétrons de um orbital de estado fundamental para um orbital de maior energia em estado excitado. A absorção eletrônica das aflatoxinas é devido aos seus radicais, furano, cumarina e lactona, os quais são grupos insaturados covalente, com o estímulo da luz ultravioleta resulta em cromóforos, podendo obter um deslocamento batocrômico ou hipsocrômico, para maior ou para menor comprimento de onda, respectivamente. A tonalidade elaborada pela excitação do radical furano, bem como da cumarina e da lactona, formará a tonalidade azulada, devido à insaturação e ao deslocamento do átomo de oxigênio e do hidrogênio. Como o milho possui a xantofila oxigenada cha-

METODOLOGIA CFLAE

O equipamento CFLAE possui um gabinete (cuba) nas dimensões 50 x 40 x 65cm, de metal, sendo que a parte interna tem pintura fosca na cor preta, com um visor de vidro de proteção à luz ultravioleta, incolor e transparente, no formato retangular nas dimensões 20 x 8cm, com uma abertura retangular e suporte de abrir / fechar, para entrada de amostra. No interior da cuba, junto à saída da abertura retangular se fixa uma rampa de metal com ângulo de inclinação na faixa de 40º a 46º para que a amostra possa deslizar e a partir do visor ser analisada, finalizando com uma abertura na parte inferior da cuba para o descarte da amostra em um recipiente. Essa rampa é iluminada por uma fonwww.cultivar.inf.br

mada zeaxantina, responsável pela coloração amarela, esta também é estimulada pela luz UV e, com a excitação dos radicais das aflatoxinas, produzem uma colo-

METODOLOGIA TLC

O método de TLC segue a metodologia oficial da American Oil Chemists Society (AOCS, 1985).

...

ESQUEMA BÁSICO DO EQUIPAMENTO CFLAE Fig.01

Fotos Rupérsio Cançado

E

m grãos, a maior inconveniência é o crescimento de fungos, já que esses podem ocasionar perdas nutricionais devido à transformação ou degradação de nutrientes. O principal fator a considerar nesse desenvolvimento de fungos é a possibilidade de espécies toxigênicas produzirem metabólitos tóxicos (micotoxinas) ao homem e aos animais. As micotoxinas estão espalhadas pelos cinco continentes; na América do Norte observa-se a presença das micotoxinas aflatoxinas, vomitoxinas, zearalenona e ocratoxina; na América Central e do Sul ocorrem aflatoxinas, vomitoxinas, fumonisinas, ocratoxinas e a toxina T-2; já na Europa e Ásia observa-se a presença de aflatoxinas, vomitoxinas e zearalenona; na África observam-se as aflatoxinas, as fumonisinas e a zearalenona; e na Oceania verificam-se as aflatoxinas e as fumonisinas. O objetivo deste trabalho foi comparar a metodologia simplificada de detecção das aflatoxinas através da Contagem por Fluorescência com Luminosidade Amarelo-Esverdeada (CFLAE) em grãos de milho, com o método oficial da AOCS, detecção por cromatografia de camada delgada (TLC).

CFLAE/Kg= nº de grãos positivos 4,5 Kg Para relatar o resultado da análise de aflatoxinas em ppb (ìg/kg) , conforme a unidade da TLC, deve-se seguir o resultado calculado pela fórmula; com resultado igual a 1, tem-se um teor de aflatoxina igual a 5,0ppb; igual a 2, tem-se 10,0ppb; igual a 4, tem-se 20,0ppb; igual a 5, tem-se 30,0ppb; igual a 7, tem-se 50,0ppb e igual a 9, tem-se 80,0 ppb. Esses valores estão de acordo com estudos de BARABOLAK [3,4], adaptados com resultados de amostras de milho dos Estados de São Paulo e Paraná, no período de 1987 a 1995 e confirmados com as amostras desse trabalho.

As micotoxinas são tóxicas ao homem e aos animais

Fevereiro de 2003

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...

ANÁLISE ESTATÍSTICA

As variáveis consideradas foram o teor de aflatoxinas pelo método TLC e o teor de aflatoxinas pelo método CFLAE. Esses dados foram obtidos nos grãos de milho em ensaios experimentais onde foi utilizado um delineamento em blocos ao acaso com parcelas subdivididas. Para os cálculos estatísticos utilizou-se o Programa STATISTICA para Windows, versão 5.1.D, 1996, da empresa Statsoft, Inc., produzido em Tulsa/OK USA.

2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fotos Rupérsio Cançado

Nas análises efetuadas pelo método TLC, para o primeiro lote de 72 amostras (A) obteve-se 22,2% com contaminação positiva em aflatoxinas, sendo igual ou inferior a 20ppb; o segundo lote de 72 amostras (B) obteve 100,0% com contaminação negativa em aflatoxinas. Nas análises efetuadas pelo método CFLAE, o lote A obteve 36,1% com contaminação positiva em aflatoxinas, sendo igual ou inferior a 20 ppb; já o lote B obteve 11,1% com contaminação positiva em aflatoxinas, sendo inferior a 20 ppb. Vale ressaltar que os valores encontrados são para as aflatoxinas B 1 e G 1, não detectando valores positivos para B2 e G2. As análises efetuadas via CFLAE foram mais sensíveis que a TLC, tanto para o lote A como para o lote B, com

um total de 144 análises. Alguns resultados pelo CFLAE foram de 20ppb, enquanto que pelo TLC obtiveram valor zero; demonstrando que quando é feito o quarteamento, e mesmo por utilizar uma amostra muito pequena do total adquirido, a TLC pode dar falso negativo. Como a CFLAE utiliza uma quantidade de amostra maior e faz o rastreamento por completo, considerase que foi mais eficiente, neste caso, do que a TLC. É certo que nesse resultado de 20ppb, o valor obtido pela CFLAE é aproximado, podendo ser maior ou menor, porém com um percentual de erro 0,036%, que é um valor mínimo e pode ser desconsiderado já que teve 99,96% de precisão.

3. CONCLUSÕES

A contaminação das aflatoxinas pelo método de cromatografia em camada delgada (TLC) para o lote A encontrou valores entre 0,00 e 10,57 ppb, com um percentual de 22,2% de contaminação do total de amostras e, para o lote B, obteve 100,0% das amostras com contaminação negativa, resultados abaixo do valor requerido pela legislação vigente, 20ppb. Quanto à contaminação das aflatoxinas pelo método de contagem por fluorescência com luminosidade amarelo-esverdeada (CFLAE), para o lote A constatou-se valores entre 0 e 20 ppb, com um percentual de 36,1% de contaminação do total de amostras e, para o lote B, constatou-se valores entre 0 e 20 ppb, com um percentual de 11,1% de contaminação do total de amostras, o que mostra um resultado suficiente perante o valor requerido pela 08

Cultivar

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Detalhes de equipamento utilizado para a detecção de micotoxinas em grãos

legislação vigente, 20 ppb. Em relação às análises de aflatoxinas TLC e CFLAE, constataram-se a correlação bem como a sensibilidade próxima entre os métodos. No método CFLAE constatou-se ainda que a a contagem dos grãos de milho não deve ultrapassar a 18 grãos com coloração positiva para o teste, para que esse resultado esteja no limite requerido pela legislação do país, 20 ppb; as amostras com resultados acima desse valor deverão ser des. cartadas. Rupérsio Alvares Cançado e Renato João Sossela de Freitas, UFPR Fevereiro de 2003


Milho

Pioneer

Salvador da Pátria Safrinha de milho é fundamental para atender a demanda interna e até mesmo para o cumprimento de contratos de exportação

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Brasil nestes últimos anos viu o seu setor de agribusinnes crescer de importância no cenário econômico, com avanço forte nas exportações e auxiliando fortemente para que tenhamos uma economia estabilizada e favorável a novos investimentos. O setor agropecuário teve exportações de aproximadamente US$ 26 bilhões em 2002 e importou pouco mais de US$ 5,6 bilhões, ou seja, o saldo da balança comercial foi de aproximadamente US$ 20,3 bilhões. Isso tem dado ao governo um grande suporte para sustentar o Real e a economia. E dentre os produtos que mais vêm crescendo temos o complexo soja e, principalmente, o setor de carnes, sendo o Brasil o país mais competitivo do mundo, mostrando grande avanço dos embarques de frangos, que já somam volume para superar a marca de 1,5 milhões de todo setor de suínos, que em 2002 já se aproximou de 0,5 milhões de t. Lembrando que as exportações de suínos foram de apenas 265 mil t em 2001, e as de frangos de 1,2 milhões de t. Ou seja, ambos estão com forte avanço nos embarques, o que nos traz os dólares que sustentam o crescimento da economia brasileira e viabilizam grandes investimentos neste segmento das carnes. Mas o ponto prin10

Cultivar

cipal é que para dar sustentação a todo este avanço temos um produto fundamental, o milho, que nos últimos anos não conseguiu avançar a produção e caminha para novamente ter um quadro bastante apertado em 2003. A oferta e demanda deste novo ano aponta para 36 milhões de t produzidas para cerca de 37 milhões de t consumidas, havendo um buraco grande no abastecimento interno. Não podemos esquecer que já temos pelo menos 700 mil t contratadas para serem exportadas neste ano, e os negociantes de porto sinalizam que as exportações devem superar com facilidade a marca de 1 milhão de t. Há também os mais otimistas, apontando que 1,5 milhões de t seria o número mais próximo da realidade que virá à frente. Com isso, o quadro de oferta e demanda tende novamente a ser bastante apertado.

ABASTECIMENTO INTERNO

Como estamos em um novo ano e com um quadro de aperto na oferta e demanda, o milho da Safrinha vem como salvador da pátria para atender a demanda necessária e até mesmo ser utilizado para cumprir contratos de exportações que já estão abertos. A safra de verão responderá por cerca de 30 milhões de t, e a safrinha com cerca de 6

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milhões, ou seja, vem com um volume de apenas 20% da primeira safra, e chegará no período de entressafra nacional. Só este fator já seria suficiente para dar aos produtores uma rentabilidade melhor que a safra de verão. Mas temos outros pontos importantes para serem levados em consideração na safrinha deste ano. Um dos principais é a boa tecnologia que deve ser empregada, para que se tenha a melhor produtividade possível. Também não podemos deixar de lado outro ponto que crescerá de importância neste ano, que é a qualidade dos grãos colhidos, já que o milho da safrinha vira com dois objetivos importantes, ou seja, o consumo e também a exportação. E para se enquadrar nestas posições, terá de ter boa qualidade, tendo o produtor também de zelar pela qualidade das lavouras para se manter com boa rentabilidade.

ÁREA E TECNOLOGIA EM CRESCIMENTO Seguindo as necessidades do mercado em ter maiores ofertas de milho e também em busca de qualidade cada vez maior, os produtores estão aumentando a área a ser plantada neste ano, que já começa com atraso porque a maior parte deverá ser plantada Fevereiro de 2003

entre fevereiro e março, ao invés de janeiro e fevereiro que normalmente seria o ideal. Desta forma, estamos vendo crescer a procura por sementes de boa qualidade, o que normalmente já dá aos produtores chances maiores de ganhos. Também deveremos ter avanço no uso de tecnologia, como fertilizantes e defensivos, que geralmente protegem as plantas para que estas expressem melhor o seu potencial produtivo. Assim, caminhamos para ver 2,7 milhões de hectares plantados contra pouco mais de 2,3 milhões plantados na safra passada. Novamente o maior produtor deverá ser o Paraná, onde a safrinha já está consolidada como uma segunda safra de verão, que tem dado boa rentabilidade aos produtores. Há até muitos casos que apontam ser esta a safra que lhes dá melhor rentabilidade econômica. Os produtores nestes últimos anos tiveram a comprovação de que investindo na safrinha os ganhos geralmente vêm multiplicados, devendo crescer o uso de tecnologia, o que resultará em avanço na produtividade. O plantio neste ano deverá se concentrar depois de 15 de fevereiro e entrar março adiante. Poderemos ver casos de produtores plantando adiante destes períodos, mas já correndo o risco de enfrentar as adversidades climáticas. O plantio deverá crescer forte no Paraná, que aponta para 860 mil ha; seguido de São Paulo, que vem apontando para os 480 mil ha; e pelo MT, com 450 mil ha previstos. Nestes três Estados a safrinha estará com mais de 65% de seu potencial produtivo instalado. O atraso do plantio da soja exigirá dos produtores um grande esforço para entrar com a safrinha no melhor momento possível, ou seja, estará se colhendo a soja enquanto as plantadeiras do milho estarão atrás a todo o vapor para não perder tempo e dar mais chances para que o cereal tenha as melhores condições possíveis de clima, com uma ou duas chuvas a mais, chegando à maturação antes do inverno no Paraná.

MAIS RECURSOS

O governo começou a se movimentar já nos primeiros dias do ano e acenava com o crescimento dos recursos para os produtores plantarem a nova safrinha, apontando para se chegar à marca dos R$ 500 mil por produtor, contra o limite de financiamento de R$ 250 mil que vigorava até aqui. Assim, as grandes lavouras do Centro-Oeste terão melhores condições de investimento, já que antes os recursos vinham limitados e isso acabava comprometendo o investimento tecnológico. Com mais recursos e juros coerentes, de 8,75% ao ano, os produtores terão melhores condições para investir em uma boa safra. Outra notícia que vem do governo segue apontando para recursos na colheita, para que se possa reter a safra sem forçar a venda, garantindo cotações melhores ao setor, dando-se a garantia de ganhos, fato que antes não ocorria e se estava na dependência única de uma demanda crescente ou das exportações para que as cotações não recuassem.

TENDÊNCIAS POSITIVAS PARA 2003

Neste ano, o quadro geral do milho já começa com grande aperto na oferta e demanda porque no ano passado o governo gastou todos os estoques que tinha nas mãos e até teve de entrar comprando mais produto no final do ano para atender a demanda dos pequenos granjeiros. Sem estoque inicial, e indicativos de estabilidade na produção, além de dificuldade para se importar, segue-se com a tendência de um bom ano para o setor produtivo. Os produtores devem encontrar um governo com maior intenção de apoio ao setor, com recursos para a comercialização na colheita e menor flutuação nos indicativos, diminuindo a queda que normalmente ocorre nesta fase. Estamos com todos os fatores favorecendo o segmento produtivo para que novamente se tenha um bom desempenho econômico com a safrinha. . Vlamir Brandalizze, Consultor

Evolução da área plantada do milho em Safrinha (mil hectares)

Estados

2003 2002 2001 2000

RS SC PR SP MG GO MS MT Centro-Sul BR

90 85 860 480 180 270 300 450 2.715

90 85 750 420 140 220 260 360 2.325

55 60 600 420 100 170 200 270 1875

80 100 850 550 140 250 285 350 2605

Fonte: BRANDALIZZE CONSULTING (*)estimativa Fevereiro de 2003

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Cultivar

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Plantio direto

Case

Solo tratado

fdslklf fds fsdlf sdlkjfsd f sdlkfjsçdlfkjsdçlf kjsdklfj sdklfj sdkljf sdklfj dlsk

A

s plantas utilizam a maior parte dos insumos vitais e necessários ao seu desenvolvimento através da solução do solo, que é também o seu principal fornecedor. No entanto, nem todos os solos apresentam, em formas prontamente utilizáveis, todos os nutrientes que elas necessitam. No caso da região sob cerrado, os solos são originalmente pobres em nutrientes e muito ácidos, necessitando de calagem e adubação de correção, principalmente para aumentar os seus teores de fósforo e potássio. Muitas dúvidas têm surgido quanto ao modo de efetuar as correções e adubações; se antes de iniciar ou durante a manutenção do plantio direto. Partindo-se de um solo virgem , a melhor maneira de realizar a calagem e a correção é incorporar o calcário ao solo antes do início das chuvas, aplicando-se posteriormente o fósforo e o potássio. Áreas mecanizadas há vários anos podem necessitar de nova aplicação de calcário. Se a dose for menor ou igual a 2 t/ha e o solo apresentar boas condições de infiltração, a aplicação de calcário pode ser feita a lanço e sem incorporação. Caso contrário (>2 t/ha), recomenda-se parcelar a aplicação em duas vezes ou mais conforme a quantidade de calcário. Por se tratar de um elemento pouco móvel no solo, o fósforo tem sua aplicação sempre envolta em alguma dúvida. Quando o teor no solo for baixo, faz-se a correção de duas maneiras: 12

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A maioria dos produtores sabe que efetuar correção do solo é uma necessidade. No entanto, a principal dúvida é quando e como realizar

1) antes do início do Sistema Plantio Direto (SPD), utilizando-se a dose total e incorporando-a ao solo na profundidade de 15 a 20 cm; 2) correção gradativa, que consiste na adubação de manutenção com doses mais elevadas do nutriente, visando atingir o nível de suficiência em quatro anos. No entanto, existem diversos resultados de pesquisa que indicam a viabilidade do uso da adubação fosfatada em superfície, desde que os teores desse elemento no solo estejam em níveis altos, que não haja impedimento à infiltração e que a distribuição das chuvas esteja normal. O potássio também pode ser aplicado em superfície. Quando aplicado na linha de semeadura e a dose for superior a 60 kg de K2O/ha, esse fertilizante pode causar algum dano, principalmente em sementes de leguminosas, devido ao seu efeito salino. Quando a necessidade de aplicação de potássio for alta, em solos com baixa capacidade de troca de cátions e em áreas sujeitas a precipitações pluviais intensas, como na região dos Cerrados, o potássio deve ser aplicado a lanço, em doses que permitam a manutenção dos níveis adequados no solo e que reponham as quantidades exportadas pelas culturas. O enxofre é outro elemento importante, mas sua utilização normalmente é feita de forma indireta porque é componente de www.cultivar.inf.br

alguns adubos, principalmente os que contêm fósforo e/ou nitrogênio. Outra forma de suprir o solo deste nutriente é a utilização do gesso agrícola. Deve-se usá-lo somente quando houver interesse em introduzir enxofre no sistema, ou o cálcio em profundidade em solos mais argilosos. Em solos de textura arenosa ou média, no SPD, o próprio calcário pode enriquecer as camadas mais profundas com cálcio. O nitrogênio é um nutriente que se perde mais facilmente que os outros, por desnitrificação e/ou lixiviação; portanto deve-se ter mais cuidado com a sua utilização. Para suprir as necessidades desse nutriente em gramíneas, como milho, sorgo e outras, uma terça parte da dose deve ser aplicada na semeadura e a dose restante em cobertura, preferencialmente antes de uma chuva. Quando incorporado, sua eficiência é maior, principalmente se a fonte for a uréia. Na cultura da soja não há necessidade de aplicar nitrogênio via adubação química, porque por simbiose as bactérias encarregam-se de fixar o nitrogênio existente no ar e torná-lo disponível para as plantas. Deve-se, no entanto, tratar as sementes com inoculantes específicos e com os micronutrientes cobalto e molibdênio, que são fundamentais para o pro. cesso da fixação simbiótica. Amoacy Carvalho Fabrício, Embrapa Agropecuária Oeste Fevereiro de 2003


Arroz

Fotos José Francisco Martins

Cada vez mais, setor produtivo e instituições de pesquisa buscam soluções aos problemas causados por insetos à cultura do arroz, através do manejo integrado de pragas

A

Infestação no irrigado

ação de insetos, sem dúvida, é um dos principais fatores que afetam a rentabilidade da orizicultura irrigada no Rio Grande do Sul, por impedir melhor aproveitamento do potencial produtivo das cultivares atualmente disponíveis. Além das perdas anuais de produção de grãos, que ultrapassam o índice de 10%, existem os riscos de impacto ambiental negativo, em decorrência do persistente e crescente uso irracional de inseticidas químicos. Diversas espécies de insetos danificam a cultura do arroz irrigado, desde a semeadura até a fase de formação de grãos. De modo geral, dependendo da época e da parte da planta que atacam, podem ser classificadas em: (1) insetos da fase pré-perfilhamento, que danificam sementes, raízes e plântulas; (2) insetos da fase vegetativa, que danificam os colmos em formação e folhas; (3) insetos da fase reprodutiva, que danificam os colmos após o início do desenvolvimento da panícula e os grãos, nas diferentes etapas de formação. As espécies consideradas de importância primária, em ordem de surgimento na lavoura, são: a pulga-do-arroz, Chaetocnema sp. (Coleoptera: Chrysomelidae); o cascudo-preto, Euetheola humilis (Coleoptera: Scarabaeidae); a lagarta-da-folha, Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae); o gorgulho-aquático, 14

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Oryzophagus oryzae (Coleoptera: Curculionidae); o percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris (Hemiptera: Pentatomidae) e o percevejo-do-grão, Oebalus poecilus (Hemiptera: Pentatomidae). Outras espécies, como o pulgão-da-raiz, Rhopalosiphum rufiabdominalis (Homoptera: Aphididae); o percequito, Collaria scenica (Hemiptera: Miridae); a brocado-colmo, Diatraea saccharallis (Lepidoptera: Pyralidae) e a lagarta-boiadeira, Nymphula indomitalis (Lepidoptera: Nymphulidae), consideradas de importância secundária para a cultura do arroz irrigado, podem em algumas situações provocar danos de maior expressão econômica que os próprios insetos de importância primária. O nível de prejuízo causado por insetos, entretanto, é variável, dependendo da região do Estado considerada. Na Depressão Central, na Campanha e na Fronteira Oeste, os danos são mais elevados do que no Litoral Norte e Litoral Sul. Na Depressão Central os prejuízos são maiores, principalmente em pequenas lavouras submetidas ao cultivo contínuo durante vários anos, devido tal prática favorecer a manutenção e o desenvolvimento de elevadas densidades populacionais de insetos. Na Campanha e na Fronteira Oeste, os maiores índices de infestação estão ligados, principalmente, à predominância de lavouras

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implantadas em terrenos inclinados, conhecidas por lavouras de coxilha, as quais requerem maior número de taipas e, conseqüentemente, de leiveiros, que são valetas paralelas às taipas. O cultivo de arroz dentro dos leiveiros e sobre as taipas, depressões e elevações do terreno, respectivamente, é altamente favorável ao crescimento da população de várias espécies de insetos. Além do tipo de relevo da lavoura, o sistema de cultivo de arroz, conforme já citado, é outro fator que exerce bastante influência na ocorrência de insetos, sendo que as principais diferenças são detectadas entre lavouras implantadas em solo seco com posterior inundação (plantio direto e convencional) e lavouras de arroz pré-germinado. Há necessidade de melhorar o sistema de transferência das tecnologias disponibilizadas pelas instituições de pesquisa de modo a aumentar a disposição dos orizicultores em adotá-las. Ainda é rara a adoção dos critérios indicados para avaliar densidades populacionais e seus efeitos na produção de grãos, o que induz ao uso irracional de inseticidas. Essa situação tende a se agravar devido ao crescente interesse comercial do mercado de inseticidas, que muitas vezes preconiza aplicações sem base em critérios técnicos. Neste contexto, na safra 2001/02, quando ocorreu maior intensidade de infestação do percequito do que em Fevereiro de 2003

anos anteriores, principalmente em municípios da região da Campanha do Estado, mesmo tendo sido o ataque concentrado em partes das lavouras e sem haver certeza se o inseto, nos níveis populacionais em que foi encontrado, estava causando dano econômico, e foram realizadas inúmeras aplicações de inseticidas químicos, sem registro oficial para uso no controle do inseto. Perante a intensidade de infestação ocorrida, instituições de pesquisa, comprometeram-se em iniciar estudos sobre métodos de controle do percequito. Os problemas causados por insetos à cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul não vinham sendo devidamente considerados comparativamente a outros fatores redutores da rentabilidade desse agroecossistema. Há poucos anos atrás, muitos produtores tinham a produtividade de suas lavouras sensivelmente reduzida por danos causados por insetos e não se apercebiam disso. Porém, devido às alterações ocorridas no setor agrícola, principalmente de restrição de crédito, muitos orizicultores passaram a atentar a aspectos antes relevados a um segundo plano e atualmente demandam fortemente por tecnologias voltadas ao aperfeiçoamento do manejo integrado de pragas. Ademais, com a globalização da economia, entre outros aspectos do arroz a ser produzido, há necessidade de melhoria da qualidade, de modo a obter maior competi-

O cultivo contínuo numa mesma lavoura, por vários anos, favorece o desenvolvimento de insetos-pragas

tividade perante mercados consumidores, nacional ou até mesmo internacional. Surge aí o binômio: segurança alimentar e segurança ambiental, que muito depende de boas práticas de manejo integrado de insetos, principalmente de tecnologias que pos-

sibilitem a minimização ou a eliminação do uso de inseticidas químicos (agrotóxicos), isto dependendo do estrato produtivo enfocado (empresarial, de base familiar...). Dentro do enfoque reducionista de uso de inseticidas químicos, conforme observado nos últimos congressos de arroz irrigado, as instituições de pesquisa regionais passaram a intensificar estudos do tipo: (1) controle biológico com agentes entomopatogênicos (fúngicos e bacterianos) e peixes; (2) métodos culturais envolvendo a recuperação de plantas danificadas através de fertilizantes; (3) efeitos de inseticidas reguladores de crescimento, seletivos a inimigos naturais; (4) levantamento populacional, multiplicação e efeito de inseticidas sobre inimigos naturais; (5) ecologia nutricional de insetos, (6) resistência genética de cultivares; (7) minimização de dosagens de inseticidas e avaliação de impactos ambientais no ecossistema de arroz irrigado. Portanto, no presente, tanto o setor produtivo como instituições de pesquisa estão buscando soluções aos problemas causados por insetos-pragas à cultura do arroz, através de estratégias que privilegiem a segurança alimentar e segurança ambiental. . José Francisco Martins, Embrapa Clima Temperado


Nossa capa

Perigo escondido

H

á cerca de dez espécies de percevejos fitófagos que incidem na cultura da soja no Brasil. Na Região Sul do país predominam o percevejo verde, Nezara viridula e o percevejo verde pequeno, Piezodorus guildinii, ao passo que no norte do Estado do Paraná e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, prevalece o percevejo marrom, Euschistus heros. Após a colheita da soja cultivada no sistema tradicional, os percevejos sobrevivem nas vegetações nativas circundantes. No caso das propriedades que utilizam o Sistema Plantio Direto, esses insetos dispõem de alternativa de abrigo: as ervas daninhas que vegetam entre duas safras de verão. No final da entressafra, os indivíduos remanescentes normalmente migram para as plantas de soja da próxima semeadura, ainda na fase vegetativa destas. Após um breve período, começarão a acasalar-se e ovipositar intensamente. Decorrido menos de uma semana da oviposição, nascem as formas jovens (ninfas). Nos casos de N. viridula e do 16

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P. guildinii, as ninfas são essencialmente diferentes das formas adultas, não apenas por serem destituídas de asas e não se reproduzirem, mas também por serem menores e apresentarem colorações e pigmentações diferentes nos distintos ínstares. Enquanto a planta não apresentar as primeiras vagens em início de formação, os chamados canivetinhos , os percevejos não causam danos à soja, não havendo, portanto, necessidade de medidas de controle. A partir desta fase até a maturação fisiológica, contudo, é necessário o máximo de cuidado. Ataques severos nesse momento podem abortar vagens, resultar em sementes podres, deformadas, menores em tamanho e peso; podem redundar em alteração do teor de proteínas e na qualidade do óleo obtido, além da possibilidade da ocorrência da chamada soja louca (retenção foliar), que dificulta sobremaneira a colheita. Além disso, as perfurações que os percevejos realizam nas plantas, no momento da alimentação, podem transformar-se em rota para www.cultivar.inf.br

A incidência dos percevejos fitófagos da soja aumenta a cada safra. As causas de insucesso no manejo podem estar relacionadas a aplicações inadequadas e desenvolvimento de resistência

a penetração de microorganismos fitopatogênicos, sem mencionar que o produto assim obtido será impróprio para ser usado como semente. Reclamações por parte dos agricultores e técnicos vêm intensificando-se, nas últimas safras, especialmente na região dos cerrados, em torno das dificuldades do controle dessas pragas na cultura da soja. Algumas das prováveis causas de insucesso no manejo desses insetos são abordadas a seguir: É possível que as aplicações de inseticidas tenham sido feitas quando as populações de percevejos já estivessem muito elevadas. Essa situação pode materializar-se das seguintes maneiras: a) ausência de um bom monitoramento das lavouras, com realizações de amostragens pelo método do pano, prática a que alguns agricultores e técnicos são pouco afeitos; b) as cultivares semitardias e tardias têm as suas populações originais adensadas pela migração dos percevejos que permaneceram no campo após a coFevereiro de 2003

lheita das precoces. Assim, dependendo do tamanho da população, é possível que, mesmo que seja atingido um percentual de controle considerado adequado para as pragas da soja (85%), ainda sobrem percevejos em quantidades suficientes para causar danos. Tecnologia de pulverização (aérea e terrestre) inadequadas, tais como: equipamentos mal regulados; baixo volume de calda/unidade de área; aplicações com ventos fortes e temperaturas elevadas; usos de subdoses de inseticidas e de inseticidas ineficientes etc. Desenvolvimento de resistência das populações de percevejos aos produtos utilizados para controlar essas pragas. Trabalho desenvolvido pelo Dr. Daniel Ricardo Sosa-Gomez, da Embrapa Soja, mostrou que, em determinadas regiões produtoras do Brasil, há populações de percevejos com distintos graus de suscetibilidade aos

Fotos Crébio José Ávila

Medidas de controle só são necessárias após a planta apresentar as primeiras vagens

inseticidas recomendados pela pesquisa oficial. É provável que o mesmo esteja ocorrendo em outras regiões produtoras do país. O problema torna-se mais crucial, porque os produtos, ora recomendados, apresentam praticamente o mesmo modo de ação, o que aumenta a possibilidade de ocorrência de resistência cruzada. Manejo inadequado da lagarta da soja. Muitos agricultores iniciam a aplicação de inseticidas quando notam os primeiros sintomas de ataque da lagarta, sem levar em consideração a grande capacidade de recuperação que as plantas de soja apresentam, principalmente quando o dano ocorre nas fases iniciais da fase vegetativa da cultura. Também não acreditam que normalmente as lagartas da primeira geração normal-

...


AENDA

Defensivos Genéricos

para atingir o nível de controle. Não consideram igualmente que, em contrapartida, aquelas poucas lagartas (controladas sem necessidade) poderiam ter sido úteis para o estabelecimento inicial de parasitóides, predadores e patógenos nas lavouras e que estes, aliados a outros fatores de mortalidade, poderiam manter as populações dos insetos-praga sob controle na maior parte do ciclo da cultura. Para agravar ainda mais a situação, além de aplicarem sem necessidade, fazem-na com produtos nãoseletivos aos inimigos naturais. Assim são criadas condições para rápidas ressurgências da lagarta da soja, requerendo repetidas pulverizações (há casos de mais de quatro aplicações). Em seguida esses procedimentos podem dar origem a outros problemas: na ausência dos predadores e parasitóides e sem a possibilidade de aumento do potencial de inóculo dos patógenos que atacam os insetos, ocorrem as erupções de pragas secundárias. Desta forma, lagartas rotineiramente pouco importantes (Pseudoplusia includens, Spodoptera eridania, S. latifascia, Heliothis spp., Hedylepta indicata) instalam-se nas lavouras

causando danos. Como são de difícil controle, normalmente demandam uso de misturas de inseticidas de largo espectro para controle. Desse modo, o impasse relacionado aos inimigos naturais continua e quando os percevejos iniciam a infestar a lavoura deparamse com uma condição excepcionalmente fa-

Cultivar

Veredicto sem julgamento Medida tomada pelo DECEX, em março de 2002, afastou diversas pequenas empresas do mercado

N

Nezara viridula, um dos percevejos predominantes na região Sul do país

vorável (ausência de inimigos naturais) para crescer em número e apresentarem-se em populações anormalmente elevadas. Predadores (Callida sp. Callida scutellaris, Calosoma sp., Lebia concina, Orius Parasitismo natural em ovos de Euschistus heros e de Piezodorus guildinii, em lavouras de soja spp., Nabis sp. Geode Mato Grosso do Sul (três safras) coris sp. etc.), patógenos (Nomuraea Fig.01 rileyi, Beauveria sp., Baculovirus anticarsia etc.) e os parasitóides das ordens Diptera e Hymenoptera, principalmente, teriam sido preservados e concorrido para evitar os problemas citados, caso a primeira aplicação para o controle da lagarta da soja tivesse sido Fonte: Godoy & Ávila (2000) retardada ao máxi-

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mo e que, quando fosse inevitável fazê-lo, o agricultor tivesse optado por um inseticida seletivo. O controle dos percevejos também teria sido facilitado em campos conduzidos com as técnicas do Manejo de Pragas da Soja, porque muitos daqueles predadores, principalmente Geocoris e Nabis são vorazes conCrébio José Ávila

...mente não incidem em número suficiente

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sumidores de ovos de percevejos e de ninfas pequenas. Além disso, teria sido propiciado ambiente favorável para a multiplicação de microhimenópteros, como o Telenomus podisi, que no Estado de Mato Grosso do Sul, por exemplo, é capaz de parasitar até 80% dos ovos de E. heros (Figura 1) em lavouras conduzidas de acordo com os preceitos do Manejo de Pragas da Soja. A Pesquisa está ciente da existência de problemas reais, como a resistência que os percevejos vêm desenvolvendo aos inseticidas e, certamente, procurará soluções, mas também tem consciência que, sem a ajuda dos técnicos de campo e dos agricultores, o sucesso nessa missão será . muito dificultado. Sérgio Arce Gomez e Crébio José Ávila , Embrapa Agropecuária Oeste Karlla Barbosa Godoy UNESP Fevereiro de 2003

a edição de novembro esse editorial desnudou para o público a grave ameaça da volta do monopólio na oferta do herbicida glifosato, por conta do processo de dumping aberto pela MONSANTO e NORTOX contra as parcas importações que algumas indústrias nacionais fazem de matéria-prima da China, transformando-a em produto técnico e daí em produto formulado que oferecem ao agricultor brasileiro, mantendo acesa a chama da concorrência, uma verdadeira âncora, não permitindo empuxo nos preços deste importante produto. Na ocasião, não atacamos o governo, que a bem da verdade através do seu departamento DECOM está investigando o assunto com mais profundidade. Dirigentes da multinacional norte-americana, MONSANTO, haviam feito declarações dando conta que a empresa estava promovendo uma redução do preço no mercado internacional para aquecer a demanda e deter a crescente concorrência de produtores independentes. Também, a pressão dos preços da matéria-prima chinesa sobre o produto acabado ofertado ao mercado brasileiro, bem como o dano dessa conjuntura sobre as denunciantes não foram satisfatoriamente comprovados. É evidente que os preços já vinham declinando antes mesmo da entrada dos asiáticos. Juntando tudo, a desconfiança se instalou. Todavia, um departamento vizinho àquele, o DECEX, pertencente ao mesmo Ministério do Desenvolvimento e à mesma Secetaria-SECEX, estabeleceu em março de 2002 um Preço Referência para a matéria-prima procedente da China. Um verdadeiro veredicto sem julgamento, posto que houve clara desobediência ao Decreto 1602/95, bem como ao Artigo

12 do Acordo Sobre Implementação do Artigo VI do Acordo Geral de Tarifas e Comércio de 1994 (Decreto 1355/94 promulgou esses dispositivos no Brasil). O objetivo foi alcançado: afastou do mercado diversas pequenas empresas que estavam sem estoque, com um simples toque no teclado do computador. As transações internacionais de Ácido Glifosato 95% (a matéria-prima em questão) giram em torno de US$ 3,00 / kg. As importações brasileiras e argentinas na faixa de US$ 2,80 / kg (são grandes consumidores e com economias de baixa renda). Pois bem, o tal preço referência foi estabelecido em US$ 9,80/kg. Portanto, um aumento de 250 %. A medida kafkiana foi tomada de forma repentina, sem consultas ou notificações e sem publicação no Diário Oficial, e mais, simplesmente com base nas informações contidas no dossiê entregue por MONSANTO/NORTOX. Os incautos importadores só tomaram conhecimento quando ao desembaraçar a mercadoria recebiam a burocrática exigência: pague o imposto de importação (14% na ocasião) sobre US$ 9,80/kg e a mercadoria será liberada . Ora, 14% sobre 9,80 é um custo a mais de US$ 1,37/kg, quase 50% a mais que o preço real de compra. Os dispositivos anti-dumping legais anteriormente citados estabelecem que quaisquer medidas provisórias são cabíveis apenas se: (I) tiver ocorrido um processo de consultas entre a administração aduaneira e o importador; (II) houver uma determinação preliminar positiva de existência de dumping e conseqüente dano à indústria doméstica; (III) as autoridades decidirem que tais medidas são necessárias para impedir a perpetuação do dano durante a investigação; (IV)

notificação às partes interessadas, citando os critérios razoáveis que levaram à medida, sendo que não podem incluir valores aduaneiros mínimos e (V) publicação no Diário Oficial. Semanas após tal medida, ao deparar com inúmeros argumentos contrários da AENDA e de seus associados, aquele órgão de comércio exterior reduziu o tal preço-referência de US$ 9,80 para US$ 3,37 por kg. Mais algumas semanas e voltou a subir esse preço referência para US$ 4,12 por quilo, quando percebeu que aquele novo preço ainda deixaria alguma margem para lucro para a Indústria Nacional restante. Também é interessante observar que o Diretor do DECOM foi afastado do cargo. Ocorreram pressões ocultas no DECEX, em razão do DECOM estar demorando a concluir o processo? Por que essa barreira contra o Ácido Glifosato chinês, que representa apenas 6% do mercado brasileiro do insumo? Será alguma forma de contra-atacar as barreiras dos países mais ricos contra o açúcar ou suco de laranja nacional ou mesmo porque ousamos exportar aço em vez de minério de ferro? Se for, por favor, alguém precisa avisar o governo que está destruindo o pequeno parque de empresas plenamente nacionais deste setor em prol de uma empresa estrangeira aqui instalada que detém 80% do fornecimento deste insumo. Alguém precisa avisar o governo que está pondo em risco os preços dos alimentos, inflacionando a base dos insumos via a contração da oferta, no caso patrocinando a volta de um execrável duopólio de passado próximo. Estamos em fevereiro de 2003 e essa incompreensível arbitrariedade ainda . está em vigor.


Fotos Cultivar

Aminoácidos

A utilização de aminoácidos na agricultura começa a ganhar força no Brasil. Alguns estudos apontam que as plantas ficam mais bem nutridas e, portanto, tornam-se fisiologicamente superiores.

Para produzir mais A

descoberta dos benefícios da aplicação de aminoácidos na agricultura foi feita pelo espanhol José Guerra, radicado no Brasil há mais de quatro décadas. Especialista em bioquímica molecular, ele pesquisou durante 12 anos a multiplicação e sintetização em laboratório dos compostos de aminoácidos, que são as estruturas básicas para formação de proteínas e dos hormônios das plantas. O resultado foi o desenvolvimento de um processo original para a síntese de aminoácidos em escala industrial, que permite o aproveitamento dessas substâncias com base em produtos que podem ser utilizados na agricultura, na medicina, na veterinária e também na cosmética. Na agricultura, esses compostos, aplicados às plantas, oferecem o que, naturalmente, elas levariam até meses para produzir. Existem estudos de que com os aminoácidos sintéticos os vegetais ficam mais bem nutridos e, portanto, tornam-se fisiologicamente superiores.

dos de potencializadores de funções, pode reduzir à metade o uso dos defensivos químicos na lavoura, por dar mais força à ação do inseticida ou fungicida.

PESQUISA

Roberto Reis, pesquisador da Funda-

MANEIRAS DE APLICAR

De modo geral, os aminoácidos podem ser utilizados diretamente no solo, diluídos em água aplicada na irrigação por gotejamento (fertirrigação) ou por adubação foliar. A aplicação desses aminoácidos sintetizados, também chama20

Cultivar

Pesquisas avaliam a eficiência do uso de aminoácidos na soja

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ção Chapadão (MS), diz que a entidade está desenvolvendo trabalho de pesquisa para avaliar a eficiência do uso de aminoácidos na cultura da soja. Na safra passada, a avaliação foi prejudicada porque houve a ocorrência severa de ferrugem. Contudo, ainda na última safra, para a cultura do algodão, o uso dessa substância mostrou-se importante porque, apesar do déficit hídrico, as plantas reagiram e apresentaram produtividade superior em relação à testemunha. A Fundação Chapadão, segundo Reis, está trabalhando com dois objetivos: fazer a calibração de doses de aminoácidos para a sojicultura e avaliar o efeito desses compostos na redução da fitoxicidade de herbicidas. A expectativa é muito boa. Porém, só teremos resultados seguros depois da colheita . Pesquisadores da Destilarias Reunidas Lenzi, localizada em Mogi Mirim (SP), obtiveram êxito na utilização de aminoácidos na cana-de-açúcar. Nessa cultura, houve aumento do teor de sacarose e maior produção por hectare. Também foi percebido o superior crescimento do sistema radicular das plantas, o que contribuiu para maior absorção de nutrientes e melhor tolerância à falta de . chuva. PR Fevereiro de 2003


Algodão

Todo cuidado é pouco Cultivar

O ataque de insetospraga – direta ou indiretamente – tem prejudicado a qualidade da fibra do algodão brasileiro e, conseqüentemente, dificultado a exportação. Walter Jorge (foto) alerta os cotonicultores para o crescimento populacional dos pulgões

A

pesar de não haver liberação para o cultivo de algodão transgênico no Brasil, a cotonicultura brasileira tem boa competitividade no mercado internacional. Entretanto, a comercialização do produto é extremamente dependente da qualidade da pluma a ser comercializada, bem como da imagem social e ambiental do sistema de produção adotado. Independente dos efeitos na produtividade, algumas pragas afetam seriamente a qualidade da fibra, em função de seus danos diretos e indiretos. Pelos danos diretos, podem ser destacados os seguintes artrópodes: percevejos, insetos desfolhadores, bicudo, lagarta-rosada, broca-da-haste e ácaros. Pelos prejuízos indiretos, destacam-se os pulgões, a mosca-branca e o percevejo.

PULGÃO

Entre os vetores de viroses, o pulgão (Aphis gossyipii) é um dos que mais ocasiona danos ao algodão. Sobretudo, porque esse inseto transmite a doença azul às folhas. No Brasil, é imensa a quantidade de áreas plantadas com cultivares suscetíveis ao pulgão. Portanto, todo 22

Cultivar

cuidado deveria ser pouco. Contudo, segundo o engenheiro agrônomo Walter Jorge (IAPAR), os produtores, em geral, têm deixado aumentar o índice populacional desse inseto. A falta de informação básica, por parte dos agricultores, como a resistência ou suscetibilidade da variedade plantada tem criado ambiente favorável ao desenvolvimento do pulgão .

CONTROLE

A aplicação de produtos sistêmicos e a alternância de inseticidas contribuem para o controle populacional dessa praga. Para evitar que as chuvas dificultem a absorção dos agroquímicos, é necessário que haja a correta diminuição do intervalo entre as aplicações , diz Walter. Conforme explica o pesquisador Paulo Degrande (UFMS), até 30 dias após a emergência (dae) nas variedades suscetíveis à virose, deve-se controlar 3% das plantas infestadas aquelas que têm pulgão. Nas variedades resistentes, deve-se controlar até 40% de plantas infestadas nesse caso, planta infestada deve ter colônias. Em variedades suscetíveis, dos 30 aos 120 dae, deve-se fazer a primeira avaliawww.cultivar.inf.br

ção de incidência de virose aos 30 dae as demais devem ser feitas aos 60, 90 e 120 dae e controlar a praga de acordo com os seguintes critérios: até 2% de plantas com virose elevar o nível até 10% de plantas atacadas. Após 60 dae, se continuar a incidência baixa de virose, elevar o nível de controle para 15 a 20% de plantas infestadas; 2 a 6% de plantas com virose manter o nível em 3 a 5% de plantas infestadas por pulgão; Mais de 6% de plantas com virose realizar controle total, ou seja, nova aplicação assim que acabar o residual do produto e eliminar (através de roguing) as plantas doentes. Dos 120 dae ao final do ciclo, a recomendação é para que se controle o pulgão com até 40% das plantas infestadas. Em verdade, esse nível é teórico. O importante é dar continuidade na avaliação da lavoura e detectar os primeiros sinais de mela nas folhas e pluma para fazer o controle da praga. Deve-se levar em consideração também a infestação de pulgão, avaliando o tamanho das colônias, o parasitismo e o potencial da praga em causar mela , diz . Degrande. PR Fevereiro de 2003


Cultivar

Algodão

CONTROLE BIOLÓGICO

Como característica intrínseca da natureza, todos os organismos são atacados por uma série de inimigos naturais, que exercem papel de reguladores das populações de insetos. Entretanto, monoculturas agrícolas, como o algodão, exercem pressões de seleção sobre os insetos, favorecendo a disseminação de determinadas espécies através do aumento da disponibilidade de alimento. É desta forma que surgem os surtos populacionais de espécies de insetos como o curuquerê. Uma das ferramentas do MIP usadas para reverter este quadro, o controle biológico, é compatível com outras estratégicas do MIP, de custo relativamente baixo e ecologicamente correto. O uso de bactérias e fungos entomopatogênicos que causam doenças em insetos tem dado excelentes resultados contra o curuquerê. Produtos à base da bactéria Bacillus thuringiensis encontramse disponíveis no mercado. Da mesma forma, existem produtos à base do fungo Beauveria bassiana que também contro-

Apetite voraz

O curuquerê, também conhecido como lagarta das folhas, ocasiona perdas de 35% na produção, se não houver o controle adequado

O

algodão há muitos séculos é reconhecidamente a fibra vegetal mais importante para o homem, que o utiliza como matéria-prima na fabricação de tecidos. Depois da invenção e popularização do índigo blue, hoje mais conhecido como jeans, não se consegue imaginar o homem sem o algodão. No entanto, existe um longo caminho a ser percorrido no sistema de produção até se chegar ao tão valoroso tecido, que começa na produção agrícola, passa pelo beneficiamento da fibra, tecelagem e, finalmente, pela confecção. Primeira etapa deste processo, o cultivo do algodão (Gossypium hirsutum), como toda cultura agrícola, apresenta uma série de riscos. O algodoeiro é atacado por um complexo de pragas que, sem as devidas medidas de controle, podem reduzir significativamente a produção. Manter seu nível sob controle configura-se como um grande desafio ao agricultor. Dentre as pragas que atacam a cultura, merece destaque o curuquerê-doalgodoeiro (Alabama argillacea), uma das mais sérias, podendo causar danos que chegam a até 35% de perdas na produção.

BIOLOGIA E COMPORTAMENTO

Também conhecida como lagartas das folhas do algodoeiro, o curuquerê é uma espécie que se desenvolve quase que exclusivamente no algodoeiro. O adulto do curuquerê é uma maripo24

Cultivar

togênicos e o manejo cultural, visando a redução da população de insetos-praga a níveis que não causem danos econômicos.

sa de hábitos noturnos, cor pardo-avermelhada, com asas marcadas por manchas circulares ao centro. Apresenta comprimento de cerca de 30 mm e faz as posturas sobre a página superior ou inferior das folhas da planta. As mariposas fazem a oviposição tanto na página superior como na inferior das folhas, sendo os ovos de formato arredondado e estriado, e de cor azulesverdeada. As lagartas apresentam listras longitudinais ao longo do corpo e coloração inicialmente verde-clara, tendendo ao preto, à medida que crescem e de acordo com o nível de infestação. As lagartas são do tipo mede-palmo e inicialmente alimentam-se do parênquima das folhas. Posteriormente, passam a devorar os tecidos da folha, podendo restar somente as nervuras, se a infestação for alta. No máximo de seu desenvolvimento, chegam a medir de 35 a 40 mm de comprimento. Pouco antes de empupar, as lagartas expelem fios de seda ao mesmo tempo em que promovem a dobra das folhas, construindo assim casulos no interior do qual se transformam em pupa e permanecem até a emergência como adultos. O ciclo total da espécie varia de 23 a 36 dias, durando o período entre a oviposição e a eclosão, de 3 a 5 dias; a fase larval de 13 a 15 dias e a fase pupa de 7 a 8 dias. A fêmea adulta coloca entre 500 e 700 ovos durante sua vida, com uma postura de 50 a 70 ovos por dia. www.cultivar.inf.br

DANOS

Ocorrendo desde a emergência das plantas até a formação dos capulhos, o curuquerê promove danos tanto quantitativos quanto qualitativos ao algodão. Ao causar o desfolhamento da planta, reduz a capacidade de fotossíntese e, conseqüentemente, a quantidade de fibras produzida pela planta. No caso de ataques tardios, com as maçãs já formadas, ocorre a maturação precoce das maçãs, o que deprecia a qualidade da fibra. O ataque inicia-se nas folhas do ponteiro e vai se estendendo para as folhas localizadas em partes mais baixas. Favorecem o aumento populacional as condições de temperatura e umidade elevadas.

MANEJO DA PRAGA

É de suma importância que o produtor saiba reconhecer as pragas e seus inimigos naturais, para que possa empregar com eficiência as formas de controle disponíveis. Para o controle de infestações de curuquerê devem-se adotar estratégias dentro do Manejo Integrado de Pragas. O manejo integrado de pragas (MIP) considera que nem todas as pragas têm a importância que lhes são atribuídas e que há níveis populacionais que devem ser tolerados. Deve ser executado integrando-se uma série de medidas de controle, englobando a introdução e proteção de inimigos naturais, o uso de microrganismos paFevereiro de 2003

lam infestações de curuquerê. Estes produtos devem ser preferencialmente aplicados quando as lagartas estiverem ainda pequenas. A presença de inimigos naturais na lavoura deve ser favorecida através do uso de produtos seletivos. Entre os predadores do curuquerê, encontram-se os percevejos Podisus nigrispinus, Geocoris spp., Nabis spp., Orius spp. e Zellus spp.; o bicho-lixeiro Chrysoperla spp.; as joaninhas Cycloneda sanguinea e Scymnus spp.; os besouros Calosoma sp. e Lebia concinna e tesourinhas Dorus sp. Entre os parasitóides, citam-se as espécies Thrichogramma spp. e Cerastomicra intmaculata. Entre os entomopatógenos, existem os fungos Beauveria bassiana, Nomuraea rileyi e o vírus da poliedrose nuclear (doença preta).

CONTROLE QUÍMICO

Fator chave para determinar o nível populacional de pragas, a amostragem periódica da lavoura deve ser uma tarefa rotineira na área agrícola. A partir dela, consegue-se estabelecer o melhor momento de controle das pragas, antes que estas cheguem a causar prejuízo econômico. Geralmente, as amostragens devem ser

feitas a cada cinco dias, tomando-se 100 plantas ao acaso em áreas de até 100 hectares, através de caminhamento em ziguezague. O início da infestação do curuquerê normalmente acontece no começo do período chuvoso e surtos podem ocorrer até a fase de formação do primeiro capulho. Para amostrar sua população, examina-se a terceira folha a partir do ponteiro de cada planta. O controle químico do curuquerê deve ser feito quando 50% das plantas amostradas apresentarem 5 lagartas pequenas ou 33% das lagartas apresentarem duas lagartas grandes. Até o aparecimento das primeiras maçãs firmes (cerca de 70 dias após a semeadura) não devem ser utilizados produtos piretróides, pois estes promovem o aumento da infestação de ácaros. A escolha do produto deve ser realizada com a participação de um engenheiro agrônomo, considerando questões importantes relacionadas à eficiência, seletividade a inimigos naturais, toxicidade, poder residual e período de carência. . José Ednilson Miranda e Wagner Alexandre Lucena, Embrapa Algodão


Este inseto ocorre em todas as regiões produtoras de soja, atingindo o nível de praga praticamente em todos os anos

A

lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis, é a praga com maior área de uso de inseticidas no Brasil. O inseto ocorre em todas as regiões em que se planta soja, atingindo o nível de praga, praticamente, todos os anos. A lagarta é um dos insetos com grande volume de pesquisa no Brasil, nos Estados Unidos, na Argentina e em outros países produtores da leguminosa. Mesmo assim, alguns aspectos sobre a biologia, sobre o dano em soja e sobre o controle são pouco conhecidos do produtor rural.

CICLO BIOLÓGICO

O ciclo biológico, de ovo a adulto reprodutivo, completa-se em pouco mais de um mês, resultando em três a quatro gerações na cultura da soja. A fase de incubação dos ovos se completa entre três e cinco dias. A fase de larva varia entre 12 e 18 dias, dependendo das condições de clima e de qualidade do alimento. A fase de pupa ocorre no solo e se completa em menos de duas semanas. Na fase adulta, de mariposa, ocorre a disseminação e oviposição. Cada fêmea adulta pode pôr centenas de ovos e algumas vezes mais de mil ovos.

A SOBREVIVÊNCIA NO INVERNO

Pouco ou quase nada se conhece sobre o local de sobrevivência da lagarta-da-soja nos meses de inverno. As fases de ovo, de larva ou

de pupa não ocorrem em áreas de lavouras de soja ou em outras culturas adjacentes. As mariposas também não são constatadas em lavouras nos meses de inverno. Sugere-se a possibilidade de migração da mariposa, infestando as lavouras de soja durante o desenvolvimento vegetativo. Na realidade se desconhece o local e o ambiente de sobrevivência da praga nos meses de inverno. As lagartas ocorrem com o aparecimento das primeiras mariposas, desenvolvem populações elevadas e podem causar danos severos. No fim do desenvolvimento da soja (abril a maio), as mariposas desaparecem e nova infestação se estabelece no final da primavera.

fio e impede o ataque. Talvez, por essa característica de defesa contra inimigos naturais, em geral, apenas a Anticarsia gemmatalis atinge o nível de praga na cultura. Outras espécies encontram na soja, alimento e ambiente favoráveis, porém, não conseguem se defender contra os agentes de controle biológico tão bem quanto a lagarta-da-soja.

A CAPACIDADE DE CONSUMO

Fotos Dirceu Gassen

Lagarta-da-soja

O local de sobrevivência da lagarta-da-soja nos meses de inverno ainda é desconhecido

OS NÍVEIS DE DANO ECONÔMICO

Os níveis de dano e os níveis de controle da lagarta-da-soja também foram exaustivamente estudados e a indicação consagrada é de 30 % de desfolhamento até a fase de floração e 15 % de desfolhamento na fase reprodutiva da soja. A população crítica de 40 lagartas com mais de 2 cm de comprimento por m2 ou, aproximadamente, duas fileiras de um metro. O momento de controle e a capacidade da planta em tolerar danos dependem do modo de ação do inseticida utilizado, das características da cultivar de soja e das condições de nutrição das plantas combinado com o clima.

O MISTÉRIO DA LAGARTA NO FIO

Entre as diferentes espécies de lagartas que ocorrem em soja, apenas a lagarta-da-soja (A. gemmatalis) apresenta a característica de dependurar o corpo por um fio de teia. Sob a ameaça de predadores ou de parasitos, as larvas pequenas, nos primeiros estádios de desenvolvimento, produzem um fio no qual soltam o corpo, permanecendo dependuradas nas plantas por alguns segundos ou minutos. O agricultor mais atento constata o início da infestação da lagarta-da-soja justamente pela denominação de lagarta no fio . Essa característica confere à lagarta-da-soja grande vantagem de sobrevivência e de defesa contra predadores e parasitos, quando comparado às outras espécies de lagartas que ocor-

Os resultados de vários estudos desenvolvidos na Embrapa, em Universidades e outras entidades de pesquisa demonstram que cada lagarta consome em torno de 100 cm2 de área foliar de soja. Isso é equivalente a uma folha com três folíolos médios de soja. O tamanho da folha e a área foliar da soja variam muito com a cultivar, a fertilidade do solo e a distribuição de chuvas.

Na fase reprodutiva da soja, o controle tornase mais difícil

rem em soja. Sempre que um predador (formiga, besouro, percevejo e outros inimigos naturais) se aproxima da lagarta, essa dependura pelo

O ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR

A definição de 30 % de desfolhamento em soja, por lagarta, pode ser exagerada para cultivares precoces, em períodos de estiagem e em solos de baixa fertilidade. Já, em cultivares de ciclo tardio, em solos férteis e períodos de chuvas abundantes e regulares, a cultura pode tolerar desfolhamento mais intenso. Pesquisas na área de fisiologia de plantas

de soja indicam que a cultura necessita de aproximadamente 4 m2 de área foliar para cada m2 de área física de solo, na fase de enchimento de grãos, para obter o máximo rendimento de grãos. Ou seja, um índice de área foliar de 4:1. Portanto, além de determinar a população de lagartas em soja é importante considerar o índice de área foliar com base no ciclo da cultura, na fertilidade do solo e na projeção de clima. Desfolhamentos em sojas precoces que tenham índice de área foliar 2:1 podem resultar em perdas no rendimento de grãos. Nas lavouras com índice de área foliar superior a 6:1, plantas com mais de 1 m de altura e crescimento vegetativo abundante, o desfolhamento por lagarta pode ser desejável. O excesso de folhas dificulta a aeração e favorece o desenvolvimento de doenças. É importante equilibrar as características da planta, com o clima e as do solo para atingir o máximo rendimento econômico.

HÁBITOS ALIMENTARES DA LAGARTA

As lagartas preferem consumir as folhas mais tenras (jovens). Por isso, na fase de crescimento vegetativo o desfolhamento causado pela lagarta-da-soja ocorre na parte superior das plantas. O agricultor constata o dano visualmente e o controle da praga ocorre com facilidade. As aplicações de inseticidas, mesmo desuniformes resultam em controle satisfatório. A lagarta se desloca na planta e ao buscar as folhas jovens na parte superior da planta acaba se intoxicando e morrendo.

DIFICULDADE DE CONTROLE

soja na fase reprodutiva da cultura é mais difícil, à semelhança da lagarta-das-vagens. A praga permanece no interior da massa foliar e não se expõe à parte superior da planta onde foi aplicado inseticida, exigindo melhor qualidade na aplicação e doses mais elevadas de inseticidas.

A MISTURA DE INSETICIDAS

Com freqüência se adota a mistura de inseticidas denominados biológicos e fisiológicos com inseticidas piretróides ou fosforados com o objetivo de aumentar o período de controle e evitar novas aplicações na lavoura. O uso de inseticidas de ação específica como o Baculovirus e o Bacillus ou os de ação mais seletiva como os denominados fisiológicos é desejável para o manejo adequado de pragas. São inseticidas eficazes e, em geral, têm período de proteção maior do que os inseticidas piretróides e fosforados. A reinfestação da praga é retardada pela sobrevivência de predadores e de parasitos da lagarta. Esse grupo de inseticidas deve ser aplicado quando predominam larvas pequenas (< 2 cm) e com área foliar que não ameace o potencial da lavoura. A mistura de inseticidas piretróides ou fosforados, mesmo em doses menores, resulta na morte da maioria dos parasitóides e dos predadores. Além disso, mata as lagartas pequenas onde os biológicos e os fisiológicos agem com maior eficiência. Quando predominam as lagartas de tamanho maior (> 2 cm) e o índice de área foliar está no limite inferior do necessário para a plena produção de grãos, é desejável optar por inseticidas de ação rápida como os piretróides ou fosforados. O manejo eficiente de pragas envolve o conhecimento da biologia, dos fatores de controle natural, das características da planta cultivada e do clima, combinados com as expec. tativas de produção do agricultor.

Na fase reprodutiva da soja, depois da formação dos legumes, a eficácia de inseticidas Dirceu Gassen, Gerente técnico da Cooplantio no controle da lagarta-da-soja é limitada. Quando a planta pára de emitir folhas novas na extremidade superior a lagarta-da-soja permanece nas partes mediana e inferior das plantas, consumindo brotos e eventualmente legumes. Nessa situação, o contato do inseticida com o ambiente onde se encontra a praga é difícil e a dose eficaz na fase de crescimento vegetativo já não mata mais a praga. Em geral, ocorrem comentários atribuindo a ineficácia de inseticidas à resisO uso de inseticidas, no momento tência da praga ou à qualidade adequado, contribui para o controle dos produtos aplicados. da lagarta-da-soja O controle da lagarta-da-


Agronegócios na produção de bio-energia, centrada em produtos com alto teor de carboidratos, oleaginosas e no reflorestamento. A agricultura familiar, paradigma da Serra Gaúcha, ganha força, espaço e se diversifica, conquistando não apenas o mercado interno, mas ambicionando inserir-se qual cunha no mercado globalizado. Além de uma série de outras atividades que ocorrem no espaço geográfico definido como rural que, muitas vezes, se distanciam da produção agropecuária, como a conhecemos. Vejamos alguns exemplos:

Décio Gazzoni fala sobre a dinâmica do novo rural brasileiro

Caipira sô?

AGROINDÚSTRIA

Não, agricultor multifuncional! A Serra Gaúcha virou sinônimo de qualidade de vida. Não é uma avaliação empírica, porém uma constatação amparada nos indicadores internacionais de qualidade de vida, adotados pela ONU. No início de 2002, a cidade de Feliz, no sopé da Serra, foi decantada em prosa e verso como a cidade com melhor qualidade de vida do Brasil. O nome da cidade já era um prenúncio de seu destino. Mas, foi sempre assim? Não, e quero dar o testemunho de quem nasceu e cresceu em Bento Gonçalves, cidade encravada na região fisiográfica da Encosta Superior do Nordeste, nome oficial da Serra Gaúcha. A colonização da região pelos imigrantes europeus, em especial italianos e alemães, ocorreu na segunda metade do século XIX. Lembro das tertúlias em que meus avós teatralizavam as peripécias dos migrantes recém-chegados da Itália, abandonando seu país por absoluta falta de perspectivas. Aqui aportavam sem conhecer a lín-

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gua, com a roupa do corpo e mais duas mudas na mala, dopo trenta e sei giorni di machina a vapore 1 . Abundavam apenas qualidades como esperança, persistência, coragem e visão de negócio. Auxiliava-os a tradição de muitas gerações sofridas, a cultura milenar da Europa e o espírito empreendedor.

MIGRANTES PAUPÉRRIMOS

Em chegando, receberam algumas léguas de terra precariamente demarcadas, invariavelmente uma encosta de morro, onde algum solo poderia ser vislumbrado entre o pedregulho. Solidariedade e apoio mútuo substituíam ferramentas, sementes e fertilizantes. Agrotóxicos sequer existiam. Minhas lembranças remontam aos anos 50, quando ainda persistia a pobreza. Uma pobreza digna e democrática. Fortunas eram raras, contavam-se-nas nos dedos. As famílias mais abastadas eram admiradas pelo suor desprendido e por sua capacidade empresarial. Fome zero, assim como miséria ou analfabetismo zero! Todos os habitantes tinham uma fonte de renda e uma casa para morar. A força vinha do que hoje se emoldura como agricultura multifuncional, o pano de fundo do Novo Rural brasileiro. Pelo agricultor da Serra Gaúcha nunca passou a idéia de perpetuar a pobreza. Contrariamente, sempre houve uma confiança cega em dias melhores, no progresso continuado. O segredo estava no entendimento da diversificação de atividades (diversificando riscos, ameaças e oportunidades), no engajamento comunitário, na agregação de valor. Historicamente, o agricultor típico da Serra Gaúcha não vende trigo ou milho, ele leva ao consumidor pães, bolos, tortas, brioches, bolachas e biscoitos, devidamente recheados e embalados, etiquetados e diferenciados. Pode até vender a uva (selecionada, embalada e etiquetada), mas seu negócio é vender o vinho, a www.cultivar.inf.br

grappa, o brandy ou o vinagre, distanciandose da álea mercadológica. Não há interesse em vender cana ou pêssego. É mais importante vender o açúcar mascavo, o mandolate, o pé-de-moleque, os sucos. Quem compra pão e vinho, também adquire queijos, coalhada, salame, copa e aproveita para comprar uma espiga de milho verde, cozida na água ou assada no fogo - o freguês é quem manda. Fiquemos com esse exemplo: uma espiga vendida a R$1,00 significa que, hipoteticamente, um hectare rende R$100.000,00, em milho assado ou cozido, vendido na barraquinha do produtor. O mesmo hectare produz 50 sacos de milho, que valem R$1.250,00. A diferença é a decantada agregação de valor! No rastro do agricultor multifuncional surgiram cidades pujantes como Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Gramado e outras, onde é muito difícil separar o rural do urbano, se forem usados conceitos rígidos, que podem ser válidos para outras regiões. A mesa variada, barata e farta é hoje um dos símbolos da região, substituindo a pugna pelos ababalhos, marca da sobrevivência dos duros tempos do início da colonização.

O BRASIL MUTANTE

Com graus diferenciados, a revolução silenciosa, que transformou a Serra Gaúcha em um lídimo enclave europeu no Brasil, multiplicou-se pelo país, aproveitando as potencialidades locais e abrindo novos mercados, infensa à intercadência das políticas governamentais para o setor. Quando se projeta o futuro próximo do mundo rural, é possível diferenciar algumas linhas mestras, por vezes entrelaçadas. Sempre haverá uma agricultura empresarialmente forte, pautada em comodities, cujo diferencial será a economia de escala. Surge no horizonte uma oportunidade ímpar, derivada da anterior, porém lastreada Fevereiro de 2003

Agregar valor em produtos de grande escala de produção é o objetivo permanente de todos os países, por ser o caminho mais curto para a geração de emprego e renda. Essa disputa vem sendo vencida pelos países centrais, obviamente perenizando a pobreza nos países periféricos. A válvula de escape está na pequena produção rural, especialmente a produção familiar, muitas vezes artesanal, que se viabiliza na agregação de valor, posto não possuir escala produtiva. O processamento de frutas, a produção de sucos, embutidos, derivados lácteos, carnes processadas, bebidas fermentadas e destiladas são bons exemplos de atividades agroindustriais. Sai de cena a cana e abre-se o palco para a abacaximbirra, a ximbica, a ximbira e assemelhados, de muito maior valor.

CRIAÇÕES EXÓTICAS

A avestruz talvez seja o exemplo mais conhecido, por ser exótica, de introdução recente e de rápida expansão, gerando muito interesse no meio rural. Além da carne apreciada, que possui elevado valor intrínseco, da avestruz aproveitam-se as penas e o couro, expandindo o leque de negócios. Compõem esse segmento outras aves, entre elas o faisão, codornas e pássaros importados, como canários. Até a galinha caipira está sendo ressuscitada, para atender a um segmento de consumidores. As rãs estão deixando de ser um melancólico coaxar noturno para transmutar-se em um grande negócio, no qual o Brasil desponta como o maior produtor mundial. O produtor rural também se dedica à criação de jacarés, capivaras, camarões, peixes, javalis, escargots. Esse segmento de carnes especiais possui um valor intrínseco elevado e serve de base para uma cadeia produtiva que vai desde o fornecimento de ovos, passa por empresas de melhoramento genético de rãs, alcançando os frigoríficos que processam as carnes.

CAÇA E PESCA

Pescador que apenas garganteia, mas no fundo não é de nada, diz que não pesca em poça d água. É a forma de não expor a sua falta de habilidade e pendor para a pesca aos outros adeptos do hobby, que borbotam aos milhões no meio urbano, atraído pela febre de Fevereiro de 2003

pesque-e-pague, que vicejam na periferia das cidades e no meio rural. Atividade típica de quem dispõe de pouco espaço para buscar um empreendimento sustentável, o pesque-e-pague alimenta toda uma cadeia de interesses negociais, desde os materiais e insumos para pesca, os alevinos, a ração até o processamento do peixe. Além do lazer da fisga, a atividade engloba bar, restaurante, parque infantil, áreas para prática de esportes e outras atividades de interesse de seu público. Embora em menor escala, porém dentro dos mesmos propósitos, surgem as fazendas de caça, que criam animais para atrair caçadores provenientes do meio urbano.

CULTIVOS DIFERENCIADOS

Agricultor multifuncional não entrega alface e repolho para o atravessador. Se ainda não o é, almeja ser um produtor orgânico. No pós-colheita, efetua um pré-processamento, seleção e limpeza de tomates, pepinos e rabanetes. Cogumelos são um must e sempre encontram consumidores. O sistema de produção, o processamento e a embalagem multiplicam a receita do produtor. As frutas atendem as exigências de qualidade do mercado, as flores e outras plantas ornamentais, os temperos, aromáticos, fitoterápicos e outras potencialidades da nossa biodiversidade brotam da cornucópia do empresário do novo rural brasileiro. Mesmo que esse empresário se valha apenas do tempo parcial da mulher e três filhos, além de escassos empregados fixos.

FESTA, QUE NINGUÉM É DE FERRO!

Aqui vale a criatividade. Vale quadrilha de São João em plena fazenda, complexos hípicos bem organizados, festa de rodeio, leilões, exposições agropecuárias, shows folclóricos, bailões e bailinhos. Vale a chácara para o chur-

rasco de final de semana, para o futebol, a festa de aniversário do caçula ou de casamento do primogênito. O lazer rural, ao contrário do que possa ser imaginado, vive do público urbano, seu maior freqüentador. O movimento financeiro estimado dessas atividades ultrapassa a R$ 20 bilhões, um agregado que rivaliza com a produção brasileira de soja.

TURISMO RURAL

Na mesma linha do lazer, começam a ganhar espaço os hotéis fazendas e as fazendas hotéis. Espaços sofisticados ou espaços com a rusticidade e a simplicidade da roça. Acordar às 4 h da matina para tentar, desajeitadamente, ordenhar a teta da vaca. Caminhar pelos campos, para aguçar os sentidos. Sentir o cheiro de bosta, observar o serpenteio do riacho, ouvir o arrulho de ximangos, guarubas, acauãs, açores, alcíones, urutaus, alvéloas e taralhões, aves virtuais para reclusos em apartamentos, acostumados a pombinhas, pardais e andorinhas ou aos abutres do lixão.

O NOVO RURAL

Impossível esgotar, neste espaço, a descrição dessa revolução fascinante da introversão do Brasil em sua vocação maior, da busca de oportunidades na área rural, quando elas escasseiam no meio urbano. A dinâmica do novo rural brasileiro possui o condão de resgatar a dignidade de milhões de famílias do interior do Brasil, permitindo reacender a chama da esperança em dias melhores. O Brasil urbano, mais do que admirar, precisa mirar-se no exem. plo pujante do novo Brasil rural. Décio Luiz Gazzoni

Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa Soja e Diretor Técnico da FAEA-PR http://www.gazzoni.pop.com.br

1 Trinta e seis dias em navio a vapor, o tempo de viagem entre Gênova e Santos.

O Engenheiro Agrônomo José Graziano da Silva, professor da Unicamp, tem se dedicado a pesquisar o Novo Rural Brasileiro, sendo reconhecido como um emérito estudioso dos meandros do perfil moderno das atividades que ocorrem no meio rural brasileiro. Seu trabalho está consolidado no projeto Rurbano, que pode ser visitado no endereço www.eco.unicamp.br/projetos/rurbano/rurbanw.html. Quem estiver interessado em conhecer o assunto em profundidade deve buscar as obras do Professor Graziano para maiores informações. Seguem duas recomendações aos interessados:

las no meio rural brasileiro e paulista vêm aumentando o número de pessoas ocupadas e propiciando uma remuneração significativamente maior do que as obtidas nas atividades rurais ligadas à agropecuária tradicional. Há um conjunto de atividades não-agrícolas - como a prestação de serviços (pessoais, de lazer ou auxiliares das atividades econômicas), o comércio e a indústria - que responde cada vez mais pela nova dinâmica populacional do meio rural brasileiro. Por tudo isso, já não se pode caracterizar mais o meio rural brasileiro como estritamente agrícola.

O Novo Rural Brasileiro. O Novo Rural Brasileiro: uma análise nacional e regional. Autores: Dr. Clayton Campanhola (Embrapa Meio Ambiente) e Prof. José Graziano da Silva.

Novo Rural uma abordagem ilustrada Autores: Mauro Eduardo Del Grossi (IAPAR) e Prof. José Graziano da Silva

Os resultados obtidos nas Fases I e II do Projeto Rurbano mostram que o meio rural do nosso país, à semelhança do que ocorre em outras partes do mundo desenvolvido, apresenta uma crescente diversificação de atividades agrícolas e não-agrícolas. Mais ainda: enquanto as atividades agrícolas vêm reduzindo sistematicamente o nível de ocupação e gerando um volume de renda cada vez menor, as atividades não-agríco-

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São dois volumes que procuram traçar uma radiografia do novo rural brasileiro. O primeiro volume trata da modernização da agropecuária, dedica um capítulo especial à terceirização no meio rural e descreve as novas atividades que ocorrem na área rural. O segundo volume efetua diversas análises, baseadas em estatísticas e estudos, incluindo a ocupação das pessoas e as conseqüências nas famílias do meio rural, as dinâmicas geradoras do novo rural e as políticas para o setor.

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Mercado Agrícola - Brandalizze Consulting

Novo governo e a fome zero O setor agrícola está iniciando mais um ano e mais uma safra de verão com uma grande proposta do governo que está começando, a bandeira e o programa da Fome Zero, que todo o setor agrícola está apoiando porque dará maior espaço para crescer a produção e, ao mesmo tempo, diminuir as grandes flutuações de cotações que normalmente ocorrem nos períodos de colheita, onde os produtores ganham pouco e os consumidores não chegam a ter grandes vantagens. Com isso, espera-se que este ano venha trazer avanço no consumo interno dos alimentos básicos e que o governo venha apoiar o setor de exportação, que está trazendo um saldo de US$ 20,3 bilhões na balança comercial, para que se consiga manter a economia estabilizada e também controlar a inflação, que normalmente não traz benefícios ao setor produtivo. Há indicativos de ser este um grande ano para o setor agrícola, novamente trazendo sucesso econômico.

MILHO

Safra chegando e mercado calmo O mercado do milho está em plena safra de verão e, assim, os picos de preços conseguidos no final do ano passado agora perdem forças Mesmo assim, as cotações praticadas são bastante remuneradoras aos produtores. Neste mês de fevereiro, o mercado deverá receber pelo menos 10 milhões de t de milho novo, e como a demanda prevista para este mês não vai além das 3 milhões, isso faz com que a entrada seja muito acima do consumo, o que normalmente não é favorável aos produtores. Portanto, para se conseguir trabalhar com boas médias, estamos entrando no período dito mais crítico para a comercialização do cereal. As vendas devem ser as mínimas possíveis para não inflar o mercado de ofertas e, com isso, forçar as cotações para grandes quedas. Também deveremos ver alguns embarques na exportação, que foram efetivadas no ano passado, servindo como limitador de queda. Estamos num momento de mercado lento e com compradores dominando os negócios.

SOJA USDA assusta e cotações seguem calmas O mercado internacional da soja viu com surpresa o relatório do USDA de janeiro, que aumentou a safra americana, junto com o crescimento da safra brasileira, o que elevou em 2 milhões de t a safra mundial, com reflexos diretos nas cotações que foram abaixo em Chicago, e junto tivemos retração no Brasil. Como o câmbio vem trabalhando com menor pressão altista, as cotações da soja que chegaram a superar a marca dos R$ 50,00 nos últimos meses, agora caminham para trabalhar abaixo dos R$ 40,00. Mesmo assim, com bons ganhos aos produtores. O mercado de safra segue apontado para números menores em função da concentração da colheita que deverá se dar entre 15 de fevereiro e o final de março, onde se espera uma entrada de 25 a 30 milhões de t, um volume grande, que terá de ser bem administrado pelos produtores, não forçando o fechamento. 30

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FEIJÃO

Safra chegando agora O atraso do plantio da safra do Nordeste e do Brasil central está fazendo com que a colheita, que em outros tempos se daria em janeiro, venha agora em fevereiro. Assim, se espera pelo crescimento das ofertas neste mês, com limitação das cotações, que poderão apresentar momentos de pressão se as chuvas comprometerem a colheita. A safra do Sul entrou em janeiro e neste começo de fevereiro, devendo aos poucos diminuir a pressão de venda. Mesmo assim, não se espera por grandes cotações no curto prazo, com o mercado do Carioca devendo girar entre R$ 65,00 e R$ 85,00, e o do Preto em R$ 60,00 e R$ 75,00, podendo, ainda, sofrer pressão positiva pelos produtores. A demanda tende a um bom avanço neste ano.

ARROZ

Colheita forçando com aumento das ofertas O mercado do arroz está entrando na colheita efetiva agora em fevereiro e, com isso, o volume de produto que estará chegando às indústrias, cooperativas e comerciantes tende a crescer, deixando as cotações com pouca sustentabilidade. Os produtores que necessitarem de caixa de curto prazo terão de se adaptar a números menores do que vinham sendo praticados até as últimas semanas. Deveremos ver queda nos indicativos neste mês, com chances de termos o produto em casca do Sul girando ao redor dos R$ 20,00 contra R$ 28,00 e R$ 30,00 que chegou a trabalhar na entressafra.

CURTAS E BOAS EUA - A safra americana foi corrigida para cima pelo USDA, que agora aponta para 74,3 milhões de t contra 73,2 milhões divulgadas em dezembro. A dúvida que ficou em aberto é que o relatório de dezembro veio com a safra toda colhida, e normalmente o país de maior tecnologia do mundo já estaria com a contabilidade da safra toda pronta. Os novos números nos chegaram com surpresa, já que o USDA normalmente é um órgão conservador e não provoca grandes alterações após a colheita. SOJA - Os novos números da produção mundial estão na casa de 190,9 milhões de t, ficando acima de 184,3 milhões da safra passada. O consumo continua em crescimento e os estoques que estavam em 32,2 milhões de t, agora estão apontados para fechar o ano na casa de 30,7 milhões, ou seja, além da produção, o consumo levará mais 1,5 milhões de t dos estoques mundiais. CHINA - Continuará sendo o grande comprador da soja. Os novos números de importação da soja pela China são de 14,5 milhões de t, mas para atender a demanda de 32 milhões de t que o país terá neste ano este terá de comprar mais produto, já que a safra local está em 15,4 milhões de t. ALGODÃO - Com forte queda na produção mundial, que segundo o USDA deverá vir na casa das 87,4 milhões de t, frente às 98,4 milhões da safra passada, o mercado já trabalha com expectativas de cotações maiores para 2003, diminuindo as necessidades de apoio do governo para a comercialização. Começa a sinalizar um bom ano para o algodão. TRIGO - Continuaremos com boas expectativas para a safra nova e também para o trigo que os produtores têm para ser comercializado. Continuamos com dependência das importações. A safra mundial está com queda novamente, devendo ficar em 567 milhões de t, fazendo com que os estores recuem forte, já que o consumo mundial caminha para bater a marca de 595 a 600 milhões de t.

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Fevereiro de 2003



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